Proposta de resolução
Transcrição
Proposta de resolução
Propostas de Resolução da Prova Escrita de História A – 12.o Ano – 2010 (1.ª Fase) GRUPO I 1. Na perspectiva do autor, a instabilidade da I República Portuguesa na década de 1920 explica-se pelos aspectos políticos seguintes: – a ineficácia dos políticos que “não têm sabido actuar e têm-se limitado a dizer palavras”; – o enfraquecimento e inoperância do poder central (Parlamento, Governo e Presidência da República); – o clima generalizado de desordem e “confusão” social; – a divisão dos partidos políticos “minados por elementos de desorganização”; – o clientelismo político que mantém numerosos organismos “condenados a uma função parasitária”. Nota: A identificação clara de três dos aspectos enunciados responde plenamente à questão. 2. Segundo o autor, são os seguintes os factores de ordem socioeconómica que fragilizavam o regime republicano: – a escassez de recursos financeiros; – o fraco desenvolvimento económico; – a desvalorização da moeda; – a “fome e a miséria” que afectam as famílias dos trabalhadores; – o descontentamento social que, adicionado às restantes “condições”, fazem da ditadura uma “necessidade inadiável”. Nota: A identificação clara de quatro dos aspectos enunciados responde plenamente à questão. 3. O modelo político considerado como uma “necessidade inadiável” pelo autor e adoptado por Portugal a partir de 1926 apresenta as seguintes características: – antiparlamentar, autoritário e ditatorial (abolição do sistema demoliberal e do pluripartidarismo); – repressivo (criação da polícia política e da censura); – corporativista (organização corporativa do trabalho e da vida social); – nacionalista (afirmação da supremacia e da unidade da Nação fundada na exaltação da sua história); – colonialista (fundamentação histórica e civilizacional do direito colonial de Portugal); – política económica intervencionista (intervencionismo estatal) e autárcica (ideal da auto-suficiência/nacionalismo económico); – promotor do culto do chefe enquanto símbolo do poder e unidade nacionais (veiculado por uma sistemática política de propaganda oficial). Nota: A explicação clara de três dos aspectos enunciados responde plenamente à questão. GRUPO II 1. Tendo como referência os dados do documento 1, o clima de Guerra Fria caracterizou-se pelos seguintes aspectos: – a escalada armamentista entre as duas superpotências: EUA e URSS (aumento exponencial do número de bombas e ogivas nucleares dos EUA no período de 1945 e 1960 seguido de uma redução entre 1965 e 1970, retomando a tendência de crescimento entre 1975 e 1985; evolução idêntica da URSS de 1955 a 1985, verificando-se uma desacelaração desta escalada entre 1985 e 1990); – superioridade nuclear clara dos EUA, até 1985; – clima de terror decorrente da capacidade destrutiva e da proliferação das armas nucleares; – divisão bipolar do Mundo (bipolarismo) entre dois blocos rivais, hostis: o Bloco Ocidental, capitalista, liderado pelos EUA, e o Bloco de Leste, comunista, liderado pela URSS. 2. As perspectivas sobre a divisão político-administrativa da Europa patentes nos documentos 2 (Bloco Ocidental) e 3 (Bloco Oriental/Comunista) são, evidentemente, distintas: Perspectiva do Bloco Ocidental (documento 2): – repartição do poderio militar (“número de divisões militares”) muito desequilibrado a favor do “Bloco Oriental” (61 divisões vs. 265); – desconfiança relativamente ao Bloco de Leste, visto como uma ameaça para a Paz, patente na pergunta: – “Qual é o lado da Paz?”; – Bloco Ocidental, instrumento necessário para a defesa da paz e da liberdade na Europa (“Europa Livre”). 1 Perspectiva do Bloco de Leste/Oriental ou Comunista: – desconfiança relativamente ao Bloco Ocidental, visto como uma ameaça para a paz, como “o agressor”; – exércitos do Pacto de Varsóvia considerados como “Guardiões da Paz”, “Hércules” defensores da paz na Europa ameaçada pelo Ocidente. 3. Os objectivos da OTAN/NATO redefinidos em 1991 expressos no documento são os seguintes: – preservar a estabilidade na Europa; – garantir a segurança dos seus membros; – fazer frente aos novos perigos e “ameaças... com que se confrontam muitos países da Europa, central e oriental”; – “manter relações pacíficas e amistosas com os países do Mediterrâneo meridional e do Próximo Oriente”, uma vez que se considera que “a estabilidade e a paz nos países da periferia sul da Europa são importantes para a segurança da Aliança”. Nota: A explicitação clara de três dos objectivos enunciados responde plenamente à questão. 4. “A política de alianças, desde o mundo bipolar até à actualidade”, tendo em conta os dados dos documentos 1 a 5 e os tópicos propostos, caracterizou-se pelos seguintes aspectos: Política de alianças do Bloco Ocidental/Capitalista após o fim da 2.a Guerra Mundial: – organização liderada pelos EUA, tendo como objectivo fundamental a contenção do avanço do comunismo, considerado uma ameaça real para o “mundo livre”, tal como está patente nos documentos 1, 2, 4 e 5; – lançamento do Plano Marshall, uma criação norte-americana, para apoiar a recuperação da economia europeia devastada pela Guerra, um plano rejeitado pela URSS que impôs a tomada de uma posição idêntica aos países do Leste europeu sob a sua influência; – a fundação da OTAN/NATO, criada como suporte do Tratado do Atlântico Norte assinado em Washington em 1949, e do qual Portugal é um dos países signatários, tendo como objectivos essenciais promover a cooperação política e militar entre os Estados-membros em tempo de paz e assegurar o auxílio mútuo em caso de ataque a qualquer um deles; alargamento sucessivo ao longo do período da Guerra Fria a novos Estados-membros da Europa Ocidental; inclusão, após a implosão do Bloco de Leste nos finais da década de 1980/inícios dos anos 90, de países do Leste europeu, antigos membros do Pacto de Varsóvia, concretamente a Polónia, República Checa e Hungria, em 1999, e a Bulgária, Países Bálticos, Eslovénia, Eslováquia e Roménia, em 2004 (documento 5); – extensão dos pactos político-militares, multilaterais e bilaterais, constituindo o que foi designado por “cordão sanitário” à escala mundial (OEA, ANZUS, OTASE, etc.) para travar o avanço/ameaça comunista; – desenvolvimento de uma política armamentista expressa, nomeadamente, na escalada nuclear (documento 1), na corrida pelo domínio do espaço e por uma política sistemática agressiva de propaganda (documentos 2 e 3); – criação de outras organizações de natureza política e económica para reforço da coesão e da cooperação do mundo capitalista/Bloco Ocidental, concretamente a OECE/OCDE e a CEE, entre outras. Política de alianças do Bloco de Leste/Comunista até à sua desintegração: – formação do Bloco de Leste/Comunista sob a tutela da URSS, com o objectivo de organizar os países comunistas na luta contra a ameaça do mundo Ocidental, capitalista, liderado pelos EUA (documentos 1 e 3); – fundação do Pacto de Varsóvia, em 1955, com o objectivo de solidarizar os países de “democracia popular”/comunistas do Leste Europeu na luta contra “o agressor” capitalista (documento 3); – adopção de estratégias de apoio à expansão do comunismo, através, designadamente, da criação do Kominform (1947), do apoio a guerrilhas marxistas e movimentos independentistas nos continentes africano, asiático e europeu; – desenvolvimento de uma política armamentista expressa, nomeadamente, na escalada nuclear (documento 1), na corrida pelo domínio do espaço e por uma política sistemática e agressiva de propaganda político-ideológica (documentos 2 e 3); – criação do COMECON, em 1949, liderado pela URSS, em resposta ao Plano Marshall, com o objectivo de promover a integração das economias dos países comunistas do Leste europeu. Problemas transnacionais no mundo pós-Guerra Fria: A implosão da URSS e do Bloco de Leste nos finais da década de 1980/inícios dos anos 90 pôs termo ao período de Guerra Fria que dominara as relações internacionais durante mais de quatro décadas após a Segunda Guerra Mundial, mas não significou o fim dos problemas, conflitos e tensões internacionais. Na verdade, subsistem graves problemas transnacionais que afectam o mundo pós-Guerra Fria, concretamente: – confrontos étnicos e nacionalistas e as disputas territoriais em múltiplos pontos do planeta, constituindo uma ameaça particular para a estabilidade e a paz na Europa as tensões e conflitos nos Centro e Leste europeus, aos quais não é alheio também o alargamento da OTAN/NATO, facto ilustrado pelo documento 5, bem como no Mediterrâneo meridional e no Próximo Oriente, palcos de guerras extremamente violentas como as dos Balcãs e da Guerra do Golfo de 1991 (documento 4); 2 – as migrações internacionais cujos fluxos pressionam as regiões mais ricas, designadamente a América do Norte e a Europa, constituindo um factor de empobrecimento para as sociedades que perdem os seus recursos humanos e de conflitualidade elevada para as sociedades de acolhimento que se sentem ameçadas no seu bem-estar; – o terrorismo internacional, hoje uma ameça globalizada e devastadora pelo elevado grau de sofisticação dos meios logísticos que consegue mobilizar; – a proliferação das armas de destruição maciça, químicas, biológicas e nucleares, facilitada pela sua progressiva miniaturização e enfraquecimento dos controlos estatais dos respectivos arsenais militares depois do fim da Guerra Fria; – a degradação ambiental (níveis elevadíssimos de poluição atmosférica, hídrica e dos solos, a desertificação, a extinção das espécies vegetais e animais, a escassez de água potável, etc.); – os fundamentalismos religiosos – e não apenas o muçulmano – potenciadores de tensões e conflitualidade; – os tráficos de armas e de droga que desafiam a autoridade e a capacidade reguladora dos Estados de direito e de seres humanos que violam os mais elementares direitos humanos. FIM 3
Documentos relacionados
9º ano - Guerra Fria
e culturais. Durante o período da Guerra Fria, o pesadelo da chamada "hecatombe nuclear“ ou “Apocalipse nuclear” rondou a vida dos habitantes do planeta. • Em abril de 1949, diversos países ocident...
Leia maisO pacto de Varsóvia e OTAN
maio de 1955 pelos países socialistas do leste europeu e pela União Soviética. O tratado foi firmado na capital da Polônia, Varsóvia e estabeleceu o alinhamento dos países membros com Moscou, mas n...
Leia maisATIVIDADES ON-LINE – 9º ANO GUERRA FRIA – PROF. JOSÉ
internos que se dispuseram a salvaguardar o “mundo livre”. (LOPEZ, 2008, p. 792). Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Guerra Fria, indique duas situações — uma de caráter ideológico e out...
Leia mais