a evolução do produto interno bruto brasileiro entre 1993 e

Transcrição

a evolução do produto interno bruto brasileiro entre 1993 e
A EVOLUÇÃO DO PRODUTO INTERNO BRUTO BRASILEIRO ENTRE
1993 E 2009
Francielle Camila Santos Ribeiro
Jaqueline Teleginski
Jodson Henrique de Souza
Renata Maciel Gugelmin
INTRODUÇÃO
A produção global de bens e serviços de um país é mensurada através do Produto Interno
Bruto (PIB). No cômputo da produção total são descontados os gastos com insumos utilizados
no processo produtivo durante o exercício econômico. Essa produção é medida com a soma do
total do valor adicionado bruto gerado por todas as atividades econômicas do país que abrange
os setores agropecuário (agricultura, extração vegetal e pecuário), industrial (extração mineral,
transformação, serviços industriais de utilidade pública e construção civil) e serviços (comércio,
transporte, comunicação, serviços da administração pública e outros serviços).
O PIB é medido pelo IBGE de acordo com a metodologia proposta pela Organização das
Nações Unidas (ONU), levando em consideração levantamentos e sistematizações de
informações primárias e secundárias necessárias. Neste artigo serão discutidos os principais
aspectos determinantes da trajetória do PIB brasileiro a partir do ano de 1993.
A MARCHA DO PIB ENTRE 1993 E 2009
TABELA 1: Brasil – Produto Interno Bruto 1993-2009
Ano
Em R$ bilhões correntes Taxa de crescimento (%)
1993
14,1
4,9
1994
349,2
5,9
1995
705,6
4,2
1996
844,0
2,2
1997
939,1
3,4
1998
979,3
0,0
1999
1.065,0
0,3
2000
1.179,5
4,3
2001
1.302,1
1,3
2002
1.477,8
2,7
2003
1.700,0
1,1
1 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | 2004
1.941,5
5,7
2005
2.147,2
3,2
2006
2.369,8
4,0
2007
2.661,6
5,7
2008
3.004,9
5,1
2009
3.143,0
-0,2
FONTE: IBGE/IPEA/BANCO CENTRAL
A tabela 1 permite compreender que, durante a década de 1990 os resultados
apresentados do Produto Interno Bruto (PIB) tiveram oscilações significativas. Nos anos que
antecederam 1994, a variação do PIB brasileiro foi negativa, decorrente do turbulento cenário
de hiperinflação e instabilidade.
A partir de 1994, com a adoção do Plano Real – considerado um dos mais bem-sucedidos
planos de estabilização da economia brasileira –, o país conseguiu se restabelecer, livrando-se
da indexação da economia, resultando na redução considerável dos exagerados níveis
inflacionários. Em contrapartida, a suscetibilidade externa aumentou devido à elevação da taxa
de juros e ao câmbio “sobredesvalorizado”. Tal fato cerceou o crescimento econômico,
agravando o problema das contas públicas. De acordo com a tabela acima observa-se a
melhora no quadro econômico de 1993 para 1994, com a elevação do PIB em 1%, devendo-se
principalmente aos reduzidos índices de inflação a partir de julho de 1994, revelando saldos
positivos para a produção e para o consumo.
Segundo informações do DIEESE (2010), os índices econômicos do primeiro semestre de
1994 apresentaram picos de inflação, quedas da massa salarial e estagnação do nível da
atividade econômica. No semestre seguinte, houve uma reversão gradual desta tendência, pois
neste período a implementação do Plano Real estava praticamente concluída na economia. O
sucesso da implantação do Plano Real teve como principal elemento a mudança do regime
cambial, uma vez que garantiu a estabilidade do nível de preços internos.
O PIB fechou em 5,9% em 1994 e o setor industrial apresentou expansão de 7%. A
agropecuária mostrou crescimento ainda maior, de 7,6% confirmado pela safra recorde
de cerca de 80 milhões de toneladas de grãos. O setor de serviços cresceu 4%, menos
que os outros setores, o que se explica, em parte, pelo efeito de desaparecimento do
ganho inflacionário, que antes contribuía para o grande desenvolvimento de recursos no
sistema financeiro. (MARQUES, 2006, p. 236)
2 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | De 1994 para 1995, a taxa de crescimento do PIB foi negativa. Esta variação foi reflexo
principalmente da crise mexicana, que impactou no fluxo de capitais dos país emergentes,
assim como o Brasil. De acordo com Marques (2006), no primeiro trimestre de 1995, a
economia manteve-se em expansão, apresentando uma taxa de crescimento (ajustada
sazonalmente) de 3,1% em relação aos últimos três meses do ano anterior. Entre junho de
1994 e março de 1995, a produção industrial mostrou uma elevação de 15,5%. Até março de
1995, a produção de bens duráveis era o maior responsável pelo crescimento industrial. Por
outro lado, o setor de bens de capital possuía grande representatividade na ampliação da
capacidade de oferta da economia, atingindo 27,2% de crescimento.
A queda abrupta da inflação ocasionou efeitos expressivos sobre o poder de compra da
população. Paralelamente, o acréscimo salarial aliado ao aumento do nível de emprego
estimulou o consumo. Os dados do comércio do Estado de São Paulo apontam que o Real foi
bastante impactante sobre o consumo. “O faturamento cresceu quase 18% em março de 1995
em relação a março de 1994 e registrou-se elevação de 57,6% nas vendas do setor de bens
duráveis no mesmo período” (MARQUES, 2006, p. 236). Portanto, de um ano para o outro, as
vendas de automóveis, eletrodomésticos da linha branca e outros produtos duráveis cresceram
mais de 50%.
Por isso, o Brasil passou a adotar algumas medidas restritivas – aumento dos empréstimos
compulsórios, restrições de crédito e juros altos – que sacrificaram os níveis de crescimento
atingidos no início de 1995. Tal medida foi utilizada a fim de amenizar os déficits na balança
comercial e prevenir uma eventual inflação de demanda.
O Brasil termina 1996 com a taxa de crescimento do PIB negativa em relação a 1995. Este
resultado foi reflexo, principalmente do déficit nas contas públicas, originado pelo saldo
negativo da balança comercial e pelo desemprego.
Ao longo dos últimos anos, a queda de participação relativa ao setor industrial e
agropecuário no produto interno bruto (PIB) foi compensada pela expansão relativa do
setor de serviços. “A partir do começo de 1995, o desaquecimento econômico acarretou
a exclusão de postos, especialmente na indústria.” (DIEESE, 2010).
Além disso, em 1996, o setor terciário perdeu grande parte de seu dinamismo, baixando
expressivamente o taxa de crescimento do PIB em relação aos anos anteriores.
O período de 1997 a 2000 foi bastante marcante no governo de Fernando Henrique
Cardoso, pois neste período a país passou por duas crises que impactaram diretamente no
cenário econômico nacional. A primeira delas foi a Crise Asiática, ocorrida em 1997. No ano
seguinte a Crise da Rússia, seguida pela Crise Brasileira em 1999.
3 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | A Crise Asiática teve início na Tailândia. Os países denominados Tigres Asiáticos foram
atingidos por um momento de desvalorização cambial, perda de reservas e seguidas reduções
nas suas bolsas de valores. Com isso, esses países passaram a sofrer com as incertezas
políticas e também com problemas financeiros, o que levou a especulação das moedas locais e
a perda de suas reservas. Os reflexos dessa crise foram percebidos também nas economias
dos países emergentes, dentre elas a do Brasil, que em outubro de 1997 registrou uma
drástica queda na Bolsa de Valores de São Paulo.
Com essa incerteza na economia nacional, houve também tentativa eminente de
especulação do Real, conforme ocorrido na crise que atingiu o México, fazendo com que as
reservas brasileiras, que estavam elevadas, sofressem uma grande redução. Para tentar
corrigir esse momento desfavorável da economia, foi adotada uma elevação da taxa de juros,
praticamente o dobro. Com esse aumento dos juros, o Brasil conseguiu minimizar os impactos
dessa crise, porém, como consequência, ocorreu uma diminuição da produtividade e um
aumento do desemprego. Após esse período de turbulência, a taxa de juros voltou a
“normalidade”. Em 1997, foi possível observar o aumento da dívida externa brasileira, quando o
déficit em conta corrente foi de quase 4% do PIB. Apesar da instabilidade econômica mundial
vivida, o Brasil apresentou um aumento de 3,4% no seu PIB.
O PIB de 1998, apontou que o país não cresceu, ficou estagnado, fato plenamente
justificado pela crise que ocorrera na Rússia. Os sintomas dessa anormalidade econômica
impactaram diretamente na economia nacional. O PIB Brasileiro, em 1998, fechou em 0,00%.
A crise que atingiu os países asiáticos em 1997 foi um dos fatores que contribuiu para a
eclosão da crise russa. O país apresentou déficit externo muito elevado e anunciou moratória e
desvalorização da moeda. O governo russo não conseguia mais pagar os salários, o que
causou grandes manifestações da população. A taxa de desemprego disparou, fazendo com
que grande parte da sociedade ficasse na miséria. Com essa desvalorização cambial, houve
crescente redução na bolsa de valores, diminuindo assim os investimentos internacionais e
também a defasagem de suas reservas, perdendo muito capital.
Os reflexos dessa crise foram plenamente verificados no Brasil, pois como já presenciado
nas crises mexicana e asiática, o remédio adotado pelo país foi a elevação da taxa de juros. O
Brasil elevou sua taxa de juros a 42%, porém o efeito esperado, de estabilizar a economia, não
aconteceu. Novamente o Real foi alvo de especulação, fazendo com as reservas cambias do
país tivessem queda acentuada e as exportações brasileiras foram muito comprometidas.
Já pensando no próximo mandato, no final de 1998, o governo FHC buscou realizar um
acordo com o FMI para que o ano seguinte não fosse comprometido.
4 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | Em 1999, o PIB nacional não teve um desempenho considerável, a taxa de crescimento foi
de 0,3%, resultado devido a uma nova crise que ocorreu no país, a crise brasileira, que adotou
uma política de desvalorização do Real, pois a queda acentuada das reservas no ano anterior
forçou o país a acabar com a estabilidade monetária. O câmbio deixou de ser fixo e passou a
ser flutuante. Os efeitos dessa desvalorização da moeda fizeram com que o preço dos
produtos importados apresentassem incrementos significativos. Com essa elevação dos
preços, aliado à adoção de elevação da taxa de juros, o país não conseguiu atingir um patamar
satisfatório de crescimento.
Já no ano 2000, o Brasil voltou a apresentar uma aceleração do crescimento, o PIB
cresceu 4,3%. O aquecimento da economia estava relacionado com a diminuição das taxas de
juros, imposta rigidamente para ficar no patamar de 15% no ano anterior, o grande período em
que o Real manteve-se estabilizado nos anos anteriores e com a recuperação da confiança,
consequência do comprimento do acordo com FMI.
O ano de 2001 foi marcado por uma desaceleração econômica, a taxa de crescimento do
PIB foi de apenas 1,3%. Isso aconteceu devido à crise energética vivenciada pelo país e pela
insegurança nos mercados externos, provocados pela crise da Argentina e pelos atentados
terroristas contra os Estados Unidos.
Com isso, o mercado de câmbio passou por algumas oscilações, na qual o Real sofreu
uma depreciação média de 28,3% ao ano e a taxa cambial variou de R$1,95/US$, em Janeiro
para R$2,36/US$ em Dezembro.
Apesar disso, o impacto da desvalorização cambial sobre os preços não foi tão acentuado,
o IPCA cresceu 6,8% no ano, justificado pela diminuição da demanda do consumidor e pela
paralisação do mercado de trabalho, em relação a novas contratações e a rentabilidade real.
Além disso, a crise energética também impactaria o nível de preços, e assim, o país operou
com uma política monetária retrativa, através do aumento da taxa básica de juros e dos
depósitos compulsórios, para permanecer dentro da meta inflacionária.
O colapso energético ocorrido no Brasil neste período comprometeu o fornecimento e
distribuição de energia elétrica do país. Esta crise interna, que obrigou os brasileiros a racionar
energia, aconteceu por dois principais motivos: a pequena quantidade de chuva, que deixou
inúmeras represas vazias, e pela carência de planejamento e de investimento, tanto na
geração como na distribuição da energia elétrica.
Em 2001, a economia da Argentina, que estava atrelada ao câmbio fixo, no qual um peso
era equivalente a um dólar, tentou negociar suas dívidas, porém só aprofundou ainda mais a
crise. Em dezembro, o país declarou a moratória de sua dívida, neste mês, o Presidente
5 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | Fernando de La Rua renunciou, e em seguida, outros quatro presidentes assumiram o cargo e
renunciaram em 12 dias.
A taxa de crescimento em 2002 foi de 2,7%, ocasionada devido a vitória nas eleições
presidenciais do país pelo candidato de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, que trouxe
incerteza quanto à sustentação da política econômica, o chamado risco-Lula, nome que faz
alusão ao risco-país. O risco-país tenta medir a instabilidade econômica em um país e assim o
risco que você assume ao investir nele, quanto maior, menores serão as chances de atrair
investidores estrangeiros.
Esse fator, aliado à degradação da economia e da política da Argentina, resultou na queda
do fluxo de capitais e aumentou risco dos países emergentes, pelo provável ataque ao Iraque
pelos EUA, que provocou instabilidade nos preços internacionais do petróleo e afetou os
preços internos de seus derivados.
Em consequência desses fatores, o aumento da taxa cambial não só continuou como
passou a influenciar os preços internos e elevar a dívida pública, pois parte dela estava
acoplada à moeda estrangeira, terminando o ano com a cotação de R$3,63/US$ e com uma
depreciação de 52% do Real. Mesmo com a moeda depreciada e com o aumento da inflação, o
Banco Central decidiu reduzir para 18% a taxa Selic em julho, agosto e setembro, porém no em
outubro teve início um aumento sucessivo da taxa, concluindo o ano em 25%.
Em 2002, o que aumentou o nível desta taxa foi o risco-Lula, que trouxe insegurança
quanto à política econômica que iria empregar.
Em 2003 o governo adotou política fiscal e monetária contracionista, fazendo com que a
taxa de crescimento do PIB voltasse a desacelerar e alcançasse a marca de 1,1%. A
insegurança do período foi caracterizada pelo aumento do risco-país, pela depreciação da taxa
de câmbio, pela saída de capitais e pela queda do crédito internacional.
Com o objetivo de controlar a inflação, o governo optou por aumentar a taxa Selic para
26,5% ao ano em fevereiro, mantendo-a assim até junho. Esta política econômica resultou em
maior confiança dos mercados e na baixa do câmbio, que passou de R$3,59/US$ em fevereiro
para R$2,93/US$ ao final do ano. Com a apreciação do câmbio e com ferramentas monetárias
restritivas, o governo conseguiu obter certo controle sobre a inflação e assim voltou a diminuir a
taxa básica de juros. Mesmo assim, a inflação acumulada do período alcançou 9,3% (IPCA).
O ano de 2004 foi marcado pela retomada do crescimento do PIB brasileiro, alcançando a
taxa de 5,7%. Com um ambiente externo favorável e o contínuo aumento do saldo da balança
comercial, a taxa de câmbio voltou a valorizar-se. Além disso, a queda da inflação, a partir da
metade do ano de 2003, fez com que o Banco Central reduzisse a meta da taxa Selic em 10
pontos percentuais, atingindo, em janeiro de 2004, 16,5% a.a.
6 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | De janeiro a abril, o Comitê de Política Monetária (COPOM) decidiu diminuir a taxa Selic
em meio ponto percentual para prorrogar o crescimento econômico e o pequeno nível da
inflação. Porém, no segundo semestre, o aumento da pressão inflacionária acarretou um
aumento desta taxa, que passou para 17,5% ao ano.
Em 2005, o país apresentou crescimento de 3,2%, desempenho menor que o verificado em
2004, devido à desaceleração dos investimentos, da indústria de transformação e da
agropecuária. Segundo Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE, este resultado foi
puxado pelo consumo das famílias, influenciado principalmente pelo aumento do crédito e dos
salários reais, da ordem de 3,1%, enquanto que o gasto do governo cresceu 1,6% em relação
ao ano anterior.
De acordo com o IBGE, a participação dos componentes da demanda, no resultado do PIB
deste ano, foi de 55,5% consumo das famílias, 20,6% investimento, 19,5% consumo do
governo e exportações líquidas de 4,4%, sendo que as exportações contribuíram com 16,8%,
contra 18,0% de 2004, queda justificada pela apreciação do Real frente ao dólar, enquanto as
importações alcançaram 12,4%, contra 13,4% em 2004.
Os investimentos registraram alta de apenas 1,6%, em relação a 2004, pois a crise de
confiança, motivada pelas incertezas quanto às políticas do governo, fez com que empresários
e consumidores adiassem projetos para 2006. A taxa de juros mais elevadas e o câmbio
contribuíram com esse resultado.
A participação setorial no valor adicionado foi da ordem de R$ 145,8 bilhões para a
agropecuária, redução na participação de 1,70% em relação a 2004, totalizando 8,4% do PIB
2005. A indústria e os serviços apresentaram desempenhos positivos, 40% e 57%,
respectivamente. O PIB per capita a preços correntes, definido como a divisão do total do PIB a
preços correntes pela população residente atingiu R$ 10.520,00 em 2005.
Para o ano de 2006, o crescimento registrado foi de 4,0%, pequena recuperação frente a
2005. O PIB per capita apresentou crescimento real de 1,4% e o consumo das famílias 3,8%
ante 2005.
Com base em dados do IBGE, o setor agropecuário cresceu 3,2% em 2006, a indústria
brasileira avançou 3%, puxada pela indústria extrativa mineral (5,6%) e pela construção civil
(4,5%). O ano foi marcado pelos reflexos da crise do agronegócio iniciada em 2005,
determinada pela ausência de investimentos e de incentivos por parte dos governos e, pela
preocupação mundial com a gripe do frango, febre aftosa, transgênia, que comprometeram as
exportações brasileiras do setor.
7 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | O resultado de 2007 mostra crescimento de 5,7%, conquistado pela recuperação do setor
do agronegócio, atividade que apresentou o maior crescimento no ano com 5,3%, baseado no
bom desempenho da lavoura de trigo, algodão herbáceo, milho em grão, cana e soja. O bom
desempenho da economia também foi motivado pelo volume de investimentos (16,0%).
A indústria cresceu 4,9%, com destaque para a indústria de transformação com
participação de 5,1%, e da construção civil 5,0%, enquanto o setor de serviços apresentou alta
de 4,7% em relação a 2006, desempenho determinado pelo subsetor de intermediações
financeiras e seguros (13,0%), seguido por serviços de informações (8,0%) e comércio (7,6%).
O PIB cresceu 5,1% em 2008, enquanto o PIB per capita cresceu 4,0% em relação a 2007.
A taxa de investimento de 2008 chegou a 18,5% - a mais alta da série iniciada em 2000.
Comparando o quarto trimestre de 2008 com o terceiro, o PIB apresentou queda de 3,6%, se
comparado ao mesmo período de 2007 a economia brasileira registrou expansão de 1,3%.
Os modestos resultados do último trimestre do ano foram motivados pela precipitação da
crise mundial, iniciada nos Estados Unidos, que foi negligenciada pelo governo brasileiro, que
se limitou a reduzir os depósitos compulsórios e preferiu não alterar a taxa Selic. A indústria foi
o setor que mais padeceu, registrando queda de 7,4%, enquanto a agropecuária e serviços
apresentaram resultados de – 0,5% e – 0,4%, respectivamente no período.
De acordo com o relatório trimestral do IBGE, dos componentes da demanda interna,
a Formação Bruta de Capital Fixo teve a maior queda (-9,8%, o maior recuo da série),
seguida pela Despesa de Consumo das Famílias (-2,0%), sendo que essa taxa não é
negativa desde o segundo trimestre de 2003 (-1,2%). Já a Despesa de Consumo da
Administração Pública variou 0,5%. Pelo lado do setor externo, as Exportações de Bens
e Serviços caíram 2,9% e as Importações de Bens e Serviços decresceram 8,2%. A
primeira vez que houve queda nessa taxa desde o terceiro trimestre de 2005 (-0,5%).
Em 2009, a variação do PIB ficou em - 0,2%, totalizando R$ 3.143 bilhões. Os resultados
setoriais também apresentaram queda, sendo o pior desempenho da indústria - 5,5%, no qual
todos os subsetores apresentaram queda, com destaque para a indústria e transformação (7,0%) e construção civil (-6,3%). O agronegócio recuou – 5,2%, devido à redução da produção
de trigo, milho, café e soja. O setor de serviços apresentou alta de 2,6%.
Os componentes da demanda interna agregada apresentaram valores positivos para
consumo das famílias (4,1%) e gastos do governo (3,7%), enquanto que a formação bruta de
capital fixo recuou 9,9%.
A renda per capita caiu em 1,2%, ficando em R$ 16.414,00, resultado maior que em 2008,
devido à baixa taxa de crescimento da população (0,99%) e não ao desempenho da economia.
8 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | A taxa de investimento recuou para 16,7%, resultado diretamente relacionado à crise de
confiança, que rondava a economia mundial no primeiro semestre de 2009, “recessão
pronunciada, acontecida no 1º semestre do ano, reflexo da penetração da crise internacional no
front doméstico, que atingiu de forma profunda os ramos mais articulados ao comércio externo,
pela via perversa da diminuição da demanda, dos preços e do crédito”. (LOURENÇO, 2010).
No segundo semestre, a economia se recuperou, em função do bom desempenho do
mercado interno aquecido pelas reduções do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para
automóveis, eletrodomésticos da linha branca e materiais de construção, e da pequena
melhora apresentada pelo comércio internacional.
O PIB do primeiro semestre, se comparado ao mesmo período de 2008, recuou 1,9% e, no
segundo período de 2009, apresentou alta de 1,5%, seguindo a mesma base comparativa.
Por certo, o retardo no reconhecimento da instabilidade, e a deflagração de iniciativas
localizadas para revertê-la, afetou o timing do alcance dos resultados. Mas, a reação
econômica pode ser confirmada pela expansão do PIB de 1,5% no 2º semestre, frete a
idêntico intervalo do ano antecedente, e 1,4%, 1,7% e 2,0%, no 2º, 3º e 4º trimestre,
respectivamente, contra os três meses imediatamente anteriores. (LOURENÇO, 2010).
As medidas para mitigação dos efeitos da crise foram intensificadas entre 2008 até meados
de 2009, período no qual a política monetária promoveu uma diminuição gradativa na taxa
Selic de 13,75% a.a. em dezembro/2008 para 8,75 a.a. em julho/2009. Portanto, a recuperação
demonstra que as medidas adotadas pelo governo promoveram a reação econômica, fazendo
com que o Produto Interno Bruto crescesse nos últimos seis meses do ano anterior.
CONCLUSÕES
A análise da variação do Produto Interno Bruto (PIB) retrata o desempenho econômico do
Brasil, visto que este indicador engloba a dinâmica de todos os setores da economia e toda
renda por eles gerada.
O crescimento de uma economia é influenciado por inúmeras variáveis que devem ser
observadas e interpretadas criteriosamente com a finalidade de se conseguir determinar quais
delas são realmente responsáveis pela variação dos indicadores.
Para
analisar
um
determinado
indicador
é
necessário
procurar
conhecer
os
acontecimentos que influenciam sua variação ou que provocaram profundas alterações, como
as crises econômicas, guerras e desastres ambientais. É importante também atentar para o
cenário e os agentes econômicos envolvidos no processo, para que a realização das
escolhas sejam bem definidas.
9 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | No presente estudo, buscou-se levantar os fatos relevantes que marcaram o crescimento
do país em alguns anos e a recessão em outros. Pode-se perceber que o maior crescimento do
PIB brasileiro foi registrado em 1994, quando atingiu 5,9%, em decorrência da forte expansão
do consumo após a estabilização econômica a partir da implantação do Plano Real. Entre os
anos de 1997 a 2000, o PIB recuou de forma significativa. Neste período, o cenário mundial
mostrava-se bastante instável devido à Crise Asiática (1997), Crise da Rússia (1998) e à Crise
Brasileira (1999).
A retomada do crescimento do PIB ocorreu em 2004, atingindo 5,7%. Este resultado foi
reflexo da combinação entre ambiente externo favorável, aumento contínuo do saldo da
balança comercial e a queda da taxa de inflação, a partir do segundo semestre de 2003. Em
2009, o PIB brasileiro fecha em recuo de 0,2%, como efeito direto a Crise mundial.
10 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | REFERÊNCIAS
DIEESE – DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS
SÓCIOECONÔMICOS. Disponível em <http://dieese.org.br/esp/real/crisereal.xml>, Acesso em
25/05/2010.
DIEESE – DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS
SÓCIOECONÔMICOS. Disponível em <http://www.dieese.org.br/esp/cju/anote21.pdf>, Acesso
em 24 mai 2010.
Folha Online. Brasil cresce só 2,3% em 2005 e supera apenas o Haiti na América Latina.
Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u105546.shtml>, Acesso em
21 mai 2010.
GIAMBIAGI, Fábio. [et al.]. Economia brasileira contemporânea (1945-2004). 9. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005.
G1. Economia e Negócios. PIB tem queda de 3,6% no 4º trimestre, a maior desde 1996.
Disponível
em:
<http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL10361319356,00PIB+TEM+QUEDA+D E+NO+TRIMESTRE+A+MAIOR+DESDE.html>, Acesso em 26 mai
2010.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/home/#divtema_economia>, Acesso em 15 mai 2010.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/referencia2000/2005/come
ntario.pdf> acesso em 21 mai 2010.
IBGE. Em 2008, PIB cresceu 5,1% e chegou a R$ 2,9 trilhões. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1330&id_p
agina=1>, Acessado em 21 mai 2010.
LOURENÇO, Gilmar Mendes. O PIB de 2009 e o Paraná. Disponível em:
<http://www2.fae.edu/galeria/getImage/1/267094065128530.pdf>, Acessado em 24 mai 2010.
MARQUES, Rosa Maria. Economia Brasileira. 3. Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.
11 Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n. 5, julho 2010 | 

Documentos relacionados