A memória a partir da teoria ator-rede

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A memória a partir da teoria ator-rede
Práticas Interacionais em Rede
Salvador - 10 e 11 de outubro de 2012
A MEMÓRIA A PARTIR DA TEORIA ATOR-REDE: DESCREVENDO ACTANTES
NOS SITES DO ESTADÃO E DA FOLHA DE S. PAULO
Allysson Viana Martins1
Resumo: Comunicação é uma área multi ou transdisciplinar desde sua origem. A apropriação
de conhecimentos da Sociologia, Psicologia, Literatura, Matemática, Computação, entre
outros, não é difícil de ser observável. Formação semelhante ocorre no Jornalismo. Aqui,
preocupamo-nos em como as ideias que balizam a Teoria Ator-Rede, a partir do seu principal
representante, o antropólogo Bruno Latour, podem ser base para estudos no webjornalismo.
Buscamos essa compreensão a partir de uma perspectiva transversal da utilização da memória
nos sites do Estadão e da Folha de S. Paulo.
Palavras-chave: Webjornalismo; Teoria ator-rede; Actantes; Bruno Latour.
Abstract: Communication is a multi or transdisciplinary area since its origin. The
appropriation of knowledges of Sociology, Psychology, Literature, Maths, Computing, among
others, is not difficult to be observable. Similar formation occurs in Journalism. Here, we
concerned with how the ideas guiding Actor-Network Theory, from its main representative,
the anthropologist Bruno Latour, can be the basis for studies in web journalism. We seek this
understanding from a cross-sectional view of memory usage on the websites of the Estadão
and Folha de S. Paulo.
Keywords: Webjournalism; Actor-network theory, Actants; Bruno Latour.
INTRODUÇÃO
A memória é uma das características do webjornalismo (MIELNICZUK, 2003;
PALACIOS, 2002, 2003) que proporciona realmente uma ruptura em relação ao jornalismo
realizado em outros meios (PALACIOS, 2003). Luis Nogueira, tendo a memória em
perspectiva, defende que “a grande vantagem da internet é que a capacidade de indexação,
aliada ao poder de computação e de armazenamento da informação, torna toda a informação
virtualmente imediata” (apud CANAVILHAS, 2004, p. 7). O webjornalismo dispõe “de um
espaço praticamente ilimitado para disponibilização de material noticioso (sob os mais
variados formatos mediáticos)”, por conseguinte, “abre-se a possibilidade de disponibilizar
online toda informação anteriormente produzida e armazenada, através da criação de arquivos
digitais, com sistemas sofisticados de indexação e recuperação da informação” (PALACIOS,
1
Mestrando em Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA e integrante do Grupo de Pesquisa em
Jornalismo On-line (GJOL). E-mail: [email protected].
2002, p. 7). E, por meio da convergência, esta disponibilização de conteúdo não se limita
somente àquele produzido diretamente para a web. Como neste espaço “o que jaz submerso
pode ser sempre trazido à superfície” (FIDALGO, 2004, p. 183), fazer apenas o arquivamento
dos conteúdos é escasso, dentre as possibilidades que o meio traz de disponibilizar os
materiais anteriormente divulgados.
Neste artigo procuramos sinalizar alguns caminhos de transversalidade da memória
nos sites do Estadão e da Folha de S. Paulo. De acordo com Marcos Palacios (2008), há uma
“necessidade de superação da evidente pouca atenção que o item [memória no
webjornalismo] vem recebendo nos estudos até aqui realizados, tanto no âmbito nacional
quanto internacional”. Buscamos aplicar os preceitos da Teoria Ator-Rede (LATOUR, 2004,
2008) para compreender o uso de recursos mnemônicos no webjornalismo. O estudo foi
realizado em uma selecionada escolhida aleatoriamente, com intuito de verificar se traz
validade ao trabalho, ainda que diante dessa circunstância, ou seja, se consegue mapear os
recursos mais importantes do uso da memória no webjornalismo para chegarmos a alguns
padrões de utilização. Os sites do Estadão e da Folha foram o objeto da pesquisa por estarem
entre os principais (web)jornais brasileiros, no que tange às experimentações das
características e especificidades do webjornalismo.
MEMÓRIA, JORNALISMO E INTERNET
A memória pode ser trabalhada pelo viés de diversas áreas do conhecimento, como
história, psicologia, antropologia, neurociência, medicina etc. (NUNES, 2001). Podemos
apontar que existe, genericamente, uma memória individual e outra social. Nosso estudo se
finca em um tipo de memória social, a midiática. Para o pesquisador António Fidalgo, esta
forma de memória se subdivide em dois tipos: “arquivo do jornal” e “arquivo de coleção do
jornal” (2004, p. 182). A segunda diz respeito a todo o conteúdo que foi veiculado (na web,
seria mais correto afirmar que foi disponibilizado) pelo jornal; enquanto a primeira conta com
os arquivos de necropsia (materiais pré-formatados de pessoas que poderão morrer em breve),
conteúdos que não foram veiculados, como fotos, vídeos, entrevistas etc., e – podemos
acrescentar devido a essa configuração da memória midiática na web – matérias que os
jornais decidiram não transpor/convergir para o público ter acesso. Portanto, o “arquivo do
jornal” se referiria a um material acessível apenas pelos produtores da informação e o
“arquivo de coleção do jornal” também pelos leitores ou, em alguns casos específicos, pelos
assinantes.
Cumpre esclarecer que o uso da memória não é específico da web, mas é neste meio
que é armazenada e utilizada mais fácil e rapidamente. Podemos observar em outros veículos
a memória sendo usada: na TV, com vídeos de matérias antigas; no jornal, com a reutilização
de fotos produzidas para outras notícias, entre diversos outros exemplos. Contudo, na web, a
memória é potencializada, devido à facilidade, ao barateamento e à simultaneidade da
veiculação do conteúdo com o armazenamento. Palacios percebe essa possibilidade:
através da Convergência de formatos, a Memória na Web tende a ser um agregado
não só da produção jornalística que vem ocorrendo online, mas, gradualmente, de
toda a produção jornalística importante, acumulada em todos os tipos de suportes,
desde épocas muito anteriores à existência da Web e dos próprios computadores
(PALACIOS, 2003, p. 10).
Esse “achatamento das escalas temporais”, nas palavras de Katia Canton (2009, p. 15),
é um dos principais aspectos do mundo contemporâneo. Assim, na internet, o espaço em si
não é problemático, diferente dos outros meios, onde é necessário que ocorra redução da
matéria atual para se trazer um arquivo. Na web, contrariamente, os conteúdos antigos
continuam em outras páginas, podendo ser acessado por meio de alguns recursos, como
hiperlink, republicação, sistema de busca e tags. Se o consumidor não exigisse
(implicitamente ou não) uma matéria não muito extensa, haja vista que é impraticável ler
grandes textos na tela do computador, sendo os curtos bem mais confortáveis (SANTAELLA,
2007), o espaço para produção noticiosa seria praticamente ilimitado. Por isso, o jornalista
deve valer-se mais dos recursos da memória para torná-la visível, para que a matéria principal
não fique ampla demais. Entretanto, ao mesmo tempo, o profissional tem de oferecer um
maior conteúdo àquele navegante que deseja mais informação e conhecimento.
O webjornalismo dispõe de um espaço virtualmente ilimitado, no tocante ao volume
de informação acessível ao público (PALACIOS, 2002; 2003). Os pesquisadores Montenegro
e Silva (2005, p. 2) observam que “a utilização das novas tecnologias pode contribuir tanto na
preservação da memória da cidade quanto no rápido e fácil acesso dos arquivos jornalísticos
para a comunidade em geral e para pesquisadores”. No entanto, para o francês Patrick
Charaudeau (2007, p. 53), apesar de não pertencerem, “as mídias têm a pretensão de incluir-se
nessa categoria” de museu, de “memória da cidade” – como falam Montenegro e Silva (2005)
– ou de “lugar patrimonial” – como prefere Charaudeau (2007). Não obstante, Pinho (2003, p.
9) crê que “as empresas de comunicação tradicionais migraram para a rede mundial buscando
oferecer aos internautas conteúdo e informação durante as 24 horas do dia, todos os dias”.
Contudo, um jornal pode ter seu conteúdo transposto para web visando ainda atingir uma
“comunicação total”, descrita por Erick Felinto como “o instante supremo de realização da
comunicação tecnológica: sem limites, sem fronteiras, sem ruídos” (2006, p. 2). Além da
intenção de preservar seus arquivos, obviamente. Os pesquisadores Jorge Abreu e Vasco
Branco têm um pensamento semelhante ao de Felinto:
talvez a maior vantagem esteja relacionada com a independência espaço-temporal
que estas soluções permitirão. As capacidades de interatividade possibilitadas pela
junção da Web à televisão, pressupõem, à partida, que o utilizador terá um maior
grau de liberdade (quanto mais não seja do ponto de vista temporal) no acesso aos
conteúdos disponibilizados. Por outro lado, a abrangência geográfica da internet
(que se perspectiva cada vez mais global) possibilita independência espacial
(ABREU e BRANCO, 1999, p. 4).
Tendo essa perspectiva em vista, muitos jornais transportaram seu conteúdo para web,
tanto para seus espectadores acompanharem a publicação – quando eles não puderem fazer no
formato primordial – quanto para terem acesso de forma fácil, ágil e barata ao seu próprio
arquivo. Beatriz Ribas (apud PALACIOS, 2008, p. 95) acredita que, em alguns jornais, a
memória já “passou a ser crescentemente incorporada ao fazer jornalístico na Web, seja como
recurso de contextualização/ampliação do material noticioso diário, seja em ‘especiais’ e
reportagens em profundidade”.
Sobre o uso da memória no webjornalismo, Palacios defende que ela “pode ser
recuperada tanto pelo produtor da informação, quanto pelo Utente, através de arquivos online
providos com motores de busca (search engines) que permitem múltiplos cruzamentos de
palavras-chaves e datas (indexação)” (2003, p. 8). Mesmo com essa disponibilização dos
conteúdos no meio digital, há que se reconhecer que o jornal não veicula, de forma alguma,
todo o seu acervo para os leitores. “Parece inquestionável que a manutenção on-line do
arquivo da coleção, organizado em base de dados, incide diretamente sobre a estrutura de um
jornal on-line” (FIDALGO, 2004, p. 183). Apesar dessas facilidades, alguns jornais ainda têm
de entender que novas lógicas estão surgindo e paradigmas antigos são rompidos, pois
a atividade jornalística no ciberespaço representa assim toda uma transformação
estrutural, no modelo de formação da produção noticiosa e sua veiculação,
principalmente por conta da atualização dos recursos hipermidiáticos relacionados
diretamente com o conteúdo informativo (BATISTA, 2009, p. 239-240).
A memória, sobretudo quando situada no webjornalismo, possibilita essa maior
valoração da prática jornalística, haja vista que, “se antes o destino do trabalho jornalístico se
jogava ao nível do efêmero (o curto prazo de validade do conteúdo do jornal, a
irreversibilidade do noticiário televisivo ou radiofônico), agora a informação entrou no regime
do presente contínuo potencial” (NOGUEIRA apud CANAVILHAS, 2004, p. 7). Há toda
uma estratégia nessa práxis jornalística, na qual o jornalista “não transporta a memória
pública, histórica ou coletiva de maneira inocente, mas no enlace com o novo acontecimento,
acondiciona e acomoda na sua própria estrutura e forma, portanto, o passado ao retornar ao
presente da imprensa é trabalho de memória” (BERGER, 2005 p. 66).
“Uma notícia recente remete, mediante a inclusão dos títulos e respectivos links, para
as notícias anteriores que incidam diretamente ou indiretamente com o assunto em questão”
(FIDALGO, 2004, p. 186). Segundo Pinho, uma das características do hiperlink é dar
“profundidade à informação e servem para oferecer dados complementares e explicar o
significado de abreviaturas e termos técnicos” (2003, p. 187). A despeito do apoio dos
arquivos e da memória também existir em outros meios, é na web que são levados ao
extremo.
“Ao analisarmos a memória”, o pesquisador João Canavilhas ressalta ainda que
“devemos separar dois aspectos distintos: por um lado a memória-arquivo, por outro o
mecanismo – fisiológico ou numérico – que permite a pesquisa” (2004, p. 2-3). Apesar de
muitos jornais embarcarem na ideia de utilizar a web como memória, Canavilhas faz uma
alerta: “há pelo menos quatro características identificadas por Gordon Bell que podem
constituir um obstáculo à utilização da Internet como memória” (2004, p. 2). O primeiro seria
a longevidade do suporte, tendo em vista que ficará obsoleto daqui a alguns anos, pois a
tecnologia evolui muito rápido. O segundo obstáculo seria o acesso, pois há uma ausência de
controle sobre a utilização e o acesso de conteúdos, acarretando problemas como plágio,
difícil identificação de fonte, privacidade etc.
O terceiro problema seria as “ferramentas de pesquisa para informação não textual”,
pois é difícil encontrar, por exemplo, uma foto ou um vídeo, já que a pesquisa para isso se
baseia no nome que é dado ao arquivo, não ao conteúdo que dispõe. Por fim, o último
obstáculo seria a usabilidade, para que o internauta não se perca no meio da navegação. Para
que isso ocorra, “uma base de dados digital deve responder a quatro perguntas fundamentais:
Onde estou? Até onde posso ir? Como chego lá? Como regresso a um ponto anterior?”, caso
contrário, a usabilidade se torna difícil e maçante.
Além dos problemas indicados por Bell, Canavilhas enfatiza mais dificuldades no que
concerne à memória como mecanismo: “pouco adianta que a base de dados contenha muita
informação se o utilizador não conseguir aceder a ela de uma forma amigável” (2004, p. 2).
Pensamento convergente tem o também português António Fidalgo, para quem, em alguns
casos, “encontrar uma notícia de uma edição anterior pode revelar-se difícil” (2004, p. 183).
Cumpre perceber, obviamente, que essa memória da web não se refere à individual, da
subjetividade humana, mas sim à coletiva ou social – como explicado no início. E este estilo
surgiu mediante a invenção de imprensa, haja vista que, anteriormente, os meios eram apenas
um apoio para a memória:
Só a invenção da imprensa de Gutemberg permitiu o acréscimo do número de livros
em circulação, libertando-os da sua simples função de apoio. A partir do séc. XVIII surgem os
dicionários e enciclopédias através das quais o conhecimento começa a surgir organizado por
tópicos, facilitando as pesquisas de informação. O livro passa a desempenhar também o papel
de memória coletiva, organizada, pesquisável e dotada de mobilidade (CANAVILHAS, 2004,
p. 5). O estudioso Mike Ward atesta que “um arquivo de dados na web é uma entidade viva,
um elemento essencial de fornecimento de conteúdo do site” (2006, p. 142). Essa forma de
experiência comunicativa é percebida por Canavilhas, salientando que
a questão da contextualização assume particular importância na medida em que a
natureza hipertextual da internet lhe permite o enriquecimento das notícias,
contrariando assim um dos problemas do jornalismo atual: a compatibilização da
velocidade da informação, com o espaço disponível e com a riqueza das informações
disponibilizadas (2004, p. 7).
TEORIA ATOR-REDE
Nossa ideia de identificar uma compreensão a partir de uma perspectiva transversal da
utilização da memória nos sites do Estadão e da Folha de S. Paulo segue a concepção de
pesquisa e alguns conceitos chaves da Teoria Ator-Rede (em inglês, Actor-Network Theory –
ANT), que tem o francês Bruno Latour como seu principal entusiasta. Segundo Latour (2008),
o desenvolvimento da teoria teve início quando não humanos (micróbios, vieiras, rochas e
navios) se apresentaram para a teoria social de uma nova maneira, sobretudo baseado em três
obras: The Pasteurization of France, de Latour (1988), On the Methods of Long-Distance
Control: Vessels, Navigation, produzido por Law em 1986, e Some elements of a sociology of
translation domestication, escrito por Callon em 1986.
Bruno Latour escolheu este nome para definir sua teoria porque “la sigla TAR era
perfectamente adecuada para un viajero ciego, miope, adicto al trabajo, rastreador y colectivo.
Una hormiga que escribe para otras hormigas” (2008, p. 24). A metáfora com a formiga cai
muito bem para a teoria devido ao jogo de palavras que se torna possível em língua inglesa,
pois a sigla em inglês da Teoria Ator Rede é ANT (formiga). Além disso, o autor (2008)
afirma que prefere simplificações às complicações e às erudições, por isso, descartou a opção
da nomenclatura “ontologia do actante-rizoma”.
Na concepção dos pesquisadores Castro e Pedro, na ANT “cada um de ‘nós’ que
compõe a rede, constitui um ator; e este ator é, ao mesmo tempo, uma rede, já que se compõe
a partir das conexões, e estabelece conexões outras, além daquelas que estão em foco”
(CASTRO e PEDRO, 2010, p. 38). Ainda de acordo com os pesquisadores, rede “remete a
uma trama de atores (humanos e não-humanos), que tecem suas relações, traçando um
emaranhado amplo e heterogêneo que caracteriza o coletivo” (ibidem). A rede para a ANT
não está relacionada a algo físico, tecnológico. Para Bruno Latour, “red es un concepto, no
una cosa que existe allí afuera. Es una herramienta para ayudar a describir algo, no algo que
se está escribiendo” (LATOUR, 2008, p. 190). “Redes são, portanto, coletivos sociotécnicos,
configurados em relações fluidas e cambiáveis” (CASTRO e PEDRO, 2010, p. 38). Ainda
que possam existir ambiguidades sobre a noção de rede, Latour prefere a utilização dessa
palavra porque ela parece “mais flexível que a noção de sistema, mais histórica que a de
estrutura, mais empírica que a de complexidade” (1994, p. 9).
A noção de rede vai aparecer forte na obra de Bruno Latour por causa de algumas de
suas crenças, como a ausência de imanência. Para Latour, só existem as relações que se tecem
nas redes, logo, nada possui uma essência, um núcleo imutável. Na visão de Graham Harman
(2009), estudioso da obra do sociólogo e filósofo francês, a ANT defende que um ator é
constituído apenas por suas relações. Em uma de suas obras que considera como fundadora
dos preceitos da ANT, Latour é enfático: “since nothing is inherent in anything else, the
dialectic is a fairy tale. Contradictions are negotiated like the rest. They are built, not given”
(1988, p. 180).
A partir dessa noção, o francês diferencia sua “sociologia das associações” do que os
outros pensadores fazem, denominado por ele de “sociologia do social”. Segundo Latour,
enquanto os sociólogos sociais olham os actantes envolvidos nas ações e redes associativas de
maneira assimétrica, os sociólogos das associações encaram o mundo de maneira simétrica,
ou seja, não dando mais atenção aos humanos nem aos não-humanos. Ou seja, a proposta é
reestabelecer “a simetria entre os dois ramos do governo, o das coisas – chamado ciência e
técnica – e o dos homens” (LATOUR, 1994, p. 137). O autor afirma que “é esta dupla
separação que precisamos reconstituir, entre o que está acima e o que está abaixo, de um lado,
entre os humanos e os não-humanos, de outro” (1994, p. 19). Por fim, conclui que “não é
separadamente que devemos considerar estas duas garantias constitucionais, a primeira
assegurando a não-humanidade da natureza e a segunda, a humanidade do social. Elas foram
criadas juntas. Sustentam-se mutuamente” (LATOUR, 1994, p. 36).
Para preservar a simetria, a ANT utiliza três termos que não deixam claro quem ou o
que está atuando: actante, ator ou agente, afinal, são “much more general than ‘character’ or
‘dramatis persona’, they have the key feature of being autonomous figures. Apart from this,
they can be anything-individual (‘Peter’) or collective (‘the crowd’), figurative
(anthropomorphic or zoomorphic) or nonfigurative (‘fate’) (LATOUR, 1988, p. 252). Harman
explica que “the world is made up of actors or actants (which I will also call ‘objects’). Atoms
and molecules are actants, as are children, raindrops, bullet trains, politicians, and numerals”
(2009, p. 14).
Os actantes se comportam de duas maneiras, como intermediários ou mediadores,
sendo o primeiro caracterizado assim quando não interfere na ação e o último quando é um
agente direto na rede. Nas palavras de Bruno Latour, mediadores são “atores dotados da
capacidade de traduzir aquilo que eles transportam, de redefini-lo, desdobrá-lo, e também de
trai-lo” (1994, p. 80), enquanto “intermediários (...) nada mais fazem do que deslocar ou
transmitir as formas puras, as únicas reconhecíveis” (LATOUR, 1994, p. 56). Harman explica
essa diferença por meio da metáfora que “a mediator is not some sycophantic eunuch fanning
its masters with palm-leaves, but always does new work of its own to shape the translation of
forces from one point of reality to the next” (HARMAN, 2009, p. 15).
Como não existe essência ou imanência e tudo se dá através da ação, da rede que os
actantes criam e tecem entre si, é importante que não partamos de algumas definições
fechadas ou mesmo crer que, a priori, determinados assuntos ou temas irão utilizar um
recurso específico, ou mesmo um tom ou um formato, entre outras questões que nos
propomos a verificar. Não buscamos macro-explicações e definições pré-estabelecidas, pois
isso é característica da “sociologia do social”. Nossa proposta é que: “en vez de explicar
hechos menores por los mayores, y la parte por el todo, explico los parecidos colectivos del
todo por la reunion de acros elementales minimos, explico lo mayor por lo menor y el todo
por la parte” (LATOUR, 2008, p. 32).
Essa não imanência das coisas faz com que Latour seja enfático quanto à importância
da descrição. Para o autor, a descrição deve acontecer de maneira bem feita, afinal, “o leitor
deve apreender o conteúdo e o contexto no mesmo movimento” (1997, p. 34). Para isso, é
nossa função deixar os actantes falarem, como o pesquisador afirma: “hay que escuchar
entonces lo que los actores mismos están diciendo” (2008, p. 93). Como sempre enfatiza,
devemos escutar “fuerte y claro el vocabulario de los actores” (2008, p. 50). Ainda que
Woolgar e Latour enfatizem a dificuldade de descrever em ambientes científicos, seus anseios
podem ser apropriados ao jornalismo, quando dizem que “é extremamente difícil descrever
apropriadamente a natureza da ‘exterioridade’ na qual os objetos supostamente residem,
porque as descrições da realidade científica compreendem muitas vezes uma reformulação ou
uma re-enunciação do enunciado que pretende ‘ser sobre’ a realidade” (1997, p. 194).
Latour (2008) propõe o método de “seguir os atores na rede”, pretendendo fazer uma
ciência mais pontual, na qual o que fique em evidência não seja o macro, mas as
microrrelações que compõem a vida em rede, em associação. O pesquisador André Holanda
esclarece que prezar pela descrição na ANT não deve ser entendido apenas como “focalizar o
dado empírico de modo a tornar o estudo míope para os efeitos de significado e das esferas e
disputas de poder, mas antes, de um esforço para detectar os traços destas tensões e rastreá-los
até perceber as diversas influências sofridas e provocadas por uma nova configuração da
mídia” (2011, p. 14).
DESCREVENDO ACTANTES
Procuramos entender questões transversais à utilização da memória como: atualização
(saber se houve modificação após publicação), fontes (intratextual ou intertextual), gênero
jornalístico (notícia, reportagem, entrevista, perfil, editorial, artigo/crítica e crônica) e estilo
jornalístico (informativo; interpretativo; opinativo) da matéria, além dos formatos midiáticos
(áudio; vídeo; imagem; texto; infográfico-animação; link) e da relação do recurso mnemônico
com o assunto (celebração; continuação; contextualização). A época foi escolhida de maneira
aleatória, pois a apropriação da ANT tem de se mostrar útil em qualquer período, seja um
estudo de caso (tema e época específicas) ou não. A atualização é o que Mielniczuk (2003) e
Palacios (2002, 2003) descreveram como uma característica do webjornalismo, sendo aqui
avaliado pela possibilidade de revelar algo importante para nossa pesquisa.
As fontes serão estudadas como intra ou intertextuais. Para Rodrigo Batista (2009), a
intertextualidade existe quando um meio veicula um conteúdo advindo de outra mídia. Por
outro lado, segundo ainda o mesmo autor, a intratextualidade aparece quando o meio divulga
um material que procedeu de seu próprio banco de dados, aqui, consideramos o domínio
como próprio da memória do jornal. Ou seja, ainda que os grupos Folha e Estado sejam
conglomerados de mídia, consideramos uma memória intratextual quando o domínio do
endereço na internet não se modifica. Os gêneros jornalísticos foram analisados e
disponibilizados em uma das categorias supracitadas.
O estilo jornalístico, para Mario Erbolato (2006, p. 30), pode “ser dividido em quatro
categorias: Informativo, Interpretativo, Opinativo e Diversional” [grifo do autor]; já a autora
Cremilda Medina (1988, p. 70) explica que este último é apenas uma característica (de
transformar a notícia em entretenimento), sendo corroborada pelo português Jorge Pedro
Sousa (2000, p. 93): “hoje as notícias e o entretenimento competem pela audiência. Por isso,
as notícias têm-se, gradualmente, tornado infotainment. As notícias são vistas cada vez mais
como um produto de consumo e menos como um bem social, o que é perigoso”. O estilo
diversional se dilui nos três tipos de estrutura discursiva: informação, interpretação e opinião
– ou como Medina acha mais adequado: informação; informação ampliada; opinião. O
primeiro é caracterizado pela superficialidade, pelo tratamento imediato e sem detalhamento.
O jornalismo interpretativo é uma cobertura mais completa do fato, refletindo sobre suas
consequências em vários âmbitos e o contextualizando. O último estilo é especificado por um
comentário, revelando explicitamente a sua opinião ou a da empresa.
O formato midiático vai ser disposto também a partir da nossa observação dos
materiais. Para descrever a relação do recurso com o assunto, pensamos em três tipos:
contextualização – quando a memória cria uma ligação que não era interdependente;
continuação – próximo ao que se chama no jornalismo de suíte, isto é, o desdobramento de
algum tema; celebração – quando se trata da comemoração de aniversário, ou quando a
relação entre memória e assunto é intrínseca, ou seja, sem a memória a matéria não existiria.
Escolhemos aleatoriamente o período do dia 18 de julho (segunda) até 24 (domingo)
do mesmo mês. Na época, o Estadão teve 541 matérias veiculadas na seção internacional,
equivalente a um número próximo de 77 publicações diárias nesta seção. Os dias de semana
possuem um fluxo maior de publicação, com a terça-feira chegando a 93 matérias, por outro
lado, o final de semana teve sábado com o menor número de material veiculado2. A Folha, na
mesma temporada, veiculou 471 matérias na editoria mundo, aproximadamente 67
publicações diárias. De modo semelhante ao Estadão, os dias de semana obtiveram uma
maior postagem, com o máximo de 89 na terça, e o final de semana tendo apenas 39 no
domingo3. A aplicação da ANT ao estudo do Jornalismo é apenas um teste do que
acreditamos ser um caminho promissor para a área, portanto, selecionamos, em ambos os
jornais, a segunda e o sábado, por se tratarem do início da semana e do final da semana.
Na segunda (18/07), o Estadão realizou 89 postagens na editoria internacional. 23
delas não traziam nenhuma referência à memória, sendo 15 de gênero notícia e estilo
informativo e oito reportagens interpretativas. Em 20 delas, encontramos apenas texto e nas
outras três os jornalistas dispuseram de texto com imagem ou vídeo. Nenhuma trazia
atualização. Das 66 matérias com recurso de memória, oito possuíam relação de celebração,
33 de continuação e 25 de contextualização (ver Gráfico 1). Na celebração, cinco matérias
2
O número de postagem no Estadão durante a semana: 90 na segunda (18/07), 93 na terça (19/07), 90 na quarta
(20/07), 74 na quinta (21/07), 77 na sexta (22/07), 55 no sábado (23/07) e 62 no domingo (24/07).
3
A quantidade de matéria publicada na Folha na semana: 74 na segunda (18/07), 89 na terça (19/07), 78 na
quarta (20/07), 72 na quinta (21/07), 71 na sexta (22/07), 48 no sábado (23/07) e 39 no domingo (24/07).
eram do gênero notícia e três de reportagem. Enquanto, em continuação, observamos apenas
três notícias, um perfil e 29 reportagens e, em contextualização, reportagem e notícia são mais
equilibrados, com respectivamente 13 e 10 matérias destes gêneros, além de encontrarmos um
artigo/crítica e um editorial.
Gráfico 1: Matérias do Estadão (18/07) que possuem relação com memória.
Em contextualização, apenas o texto é predominante em 18 matérias e texto com outro
formato em apenas sete; não houve nenhum link intertextual, mas apenas links intratextuais
incorporados na narrativa em duas matérias e links intratextuais à parte da narrativa em
quatro, além de imagem também está presente em quatro postagens. Em continuação, 19
matérias trazem texto e outro formato midiático, as outras 14 apenas texto. Imagem é
encontrada em oito matérias, link intertextual na narrativa em duas e intratextual em seis. O
link intertextual fora da narrativa foi observado somente em uma matéria e o intratextual em
17. Das oito matérias de celebração, cinco traziam apenas texto e três publicações tinham
texto e outro formato, como imagem e links intratextuais na narrativa e fora dela. A
atualização encontramos em apenas quatro matérias, uma relacionada à contextualização e
três em recurso ligados à continuação.
No sábado (23/07), das 55 matérias, 11 não possuíam recurso mnemônico, com
números próximos de notícia e de reportagem, respectivamente seis e cinco. Todos trouxeram
apenas texto. Não houve nenhuma matéria com memória relacionada à celebração, neste dia.
Continuação contou com 26 e contextualização com 18 (ver Gráfico 2). Em ambas, a
reportagem esteve muito mais presente do que a notícia, contudo, artigo/crítica, entrevista e
perfil apareciam em memória que possuem relação de continuação. Em contextualização,
encontramos apenas texto, sem nenhum outro formato. Em continuação, 20 trouxeram apenas
texto e seis matérias tinham texto e outro formato, como imagem, vídeo, link intertextual na
narrativa e fora dela e link intratextual fora da narrativa. No sábado, nenhuma matéria foi
atualizada.
Gráfico 2: Matérias do Estadão (23/07) que possuem relação com a memória.
A Folha veiculou 74 matérias na segunda (18/07), sendo 15 sem auxílio de nenhum
recurso de memória. A quantidade de notícia e de reportagem é quase equivalente,
respectivamente, sete e oito. Oito também é o número de matéria apenas com texto e sete com
texto e outro formato, como imagem, vídeo e link intratextual na narrativa. 59 conteúdos
continham alguma relação com a memória (ver Gráfico 3) Apenas três matérias trouxeram
memória de celebração, sendo todas reportagens. 34 conteúdos são de memória com
contextualização, com a maioria sendo reportagem, 29, e trazendo dois artigos/críticas, além
de três notícias. 18 matérias tinham apenas texto e 16 possuíam texto com outros formatos,
dentre eles, imagem, infográfico e links intratextuais na narrativa e à parte dela, bem como
links intertextuais fora da narrativa e a constituindo. Memória com continuação é representada
em 22 publicações, sendo todas reportagens e apenas cinco trazendo só texto. 17 das matérias
contêm texto e outros formatos, como imagem, em 11 reportagens, link intertextual na
narrativa e links intratextuais à parte da narrativa e inseridos nela.
Gráfico 3: Matérias da Folha de S. Paulo (18/07) que possuem relação com a memória.
No sábado (23/07), apenas 48 publicações foram realizadas na seção mundo da Folha,
tendo quatro reportagens sem recurso de memória e 44 conteúdos com alguma ligação (ver
Gráfico 4). E contando com apenas uma reportagem com memória de celebração. O recurso
mnemônico com finalidade de contextualização esteve presente em 13 publicações, do qual
12 eram reportagens e uma era entrevista. O texto juntamente com vídeo, imagem e link
intratextual na narrativa pôde ser vislumbrado em três matérias, com as outras 10 se
dedicando apenas ao texto. Dos 30 materiais veiculados com memória de continuação, 28
eram representados por reportagens, um por notícia e outro por perfil. 16 trouxeram apenas
texto e 14 continham texto e imagem, infográfico ou links intratextuais na narrativa e à parte
dela.
Gráfico 4: Matérias da Folha de S. Paulo (23/07) que possuem relação com a memória.
Nas matérias do Estadão sem conteúdos de memória, a notícia aparecia como gênero
predominante, com a diferença em relação à reportagem sendo ínfima. Ainda nessas matérias,
nenhuma delas foi atualizada, com essa especificidade destinada aos materiais com algum
recurso mnemônico. Outra distinção do uso da memória se encontra em comparação ao
gênero. Reportagem é o estilo mais requisitado, em alguns casos específicos, sendo o único
gênero. Memórias com características de continuação eram predominantes, com as de
contextualização com números aproximados. Celebração, por sua vez, manteve proporções
baixas (ver Gráfico 5).
Gráfico 5: Relação entre tipos de memória e gênero nas matérias do Estadão (18/07).
Na Folha, contudo, a realidade é um pouco distinta. Reportagem aparece um pouco
mais, mesmo com pouca diferença, do que notícia, nas matérias sem recurso da memória. Ou
seja, enquanto no Estadão a notícia se mostrava um pouco mais presenta, na Folha ocorreu o
inverso – em conteúdos sem memória. Nos materiais com memória, a utilização da
reportagem foi predominante em todos os tipos, causando a nulidade de outros gêneros, em
algumas circunstâncias. De modo semelhante ao Estadão, a memória de celebração obteve
números baixíssimos, enquanto continuação apresentou maior recorrência, mas com a
memória de contextualização com índices praticamente iguais - diferente do Estadão, onde
continuação abriu certa vantagem (ver Gráfico 6).
Gráfico 6: Relação entre tipos de memória e gênero nas matérias da Folha de S. Paulo
(18/07).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do caráter inicial e experimental do estudo, defendemos que a ANT pode servir
às investigações no campo do Jornalismo, com o pesquisador se valendo de modo direto (com
a teoria como o aporte da pesquisa) ou indireto (com a utilização de seus conceitos
fundamentais) dos preceitos da ANT. Embora a reflexão sobre a memória tenha sido realizada
superficial e apressadamente4 neste artigo, percebemos que em algumas ocasiões, sobretudo
quando o recurso mnemônico tem uma relação de continuação com o tema, os links se
repetem de modo automático. O pesquisador André Holanda se depara com alguns problemas
semelhantes e reflete: “existe a possibilidade de que o papel dos jornalistas (...) seja diminuído
em favor da influência de equipes técnicas, softwares restritivos ou mal escolhidos (...), entre
muitos outros fatores sobre os quais no momento podemos apenas especular” (2011, p. 14).
Essa apropriação da ANT ao Jornalismo serviu para que observássemos a continuação
de cobertura de um assunto nem sempre pede uma memória com relação de continuação.
4
Em nossa dissertação, estudamos de maneira mais aplicada sobre a memória midiática e jornalística,
perpassando por conceitos como: canibalização da memória (NEIGER, MEYERS, ZANDBERG, 2011; SÁ,
2011; ZELIZER, 2011); dinâmicas do campo globital da memória (READING, 2011); redes partilhadas da
memória (FERRAZ, 2010); processo de seleção da memória coletiva e utilização deliberada do esquecimento em
comemorações/celebrações (SILVA, 2002); dimensões da memória social: seleção, conceitualização e
comemoração (HORTA, 2008); incorporação da memória no jornalismo: necessidade; convite; indulgência
(ZELIZER, 2008).
Prova disso é o caso da Folha, quando Hillary Clinton já havia pedido para que os ministros
das Coreias se encontrassem, antes de conversar com eles. Embora a notícia seja uma
continuação da situação (a ida de Hillary à Coreia e o encontro dos ministros para que tudo
ficasse bem, antes de ela chegar), a memória utilizada não frisa o desejo de Hillary, mas a
situação das Coreias. Ainda que outros assuntos sejam claramente uma continuação, às vezes,
não se contextualiza e deixa o leitor perdido, não utilizando nada de memória, como é o caso
de outra matéria de Folha, em que jovens palestinos condenam o atentado na Noruega, mas
não há informação, por exemplo, sobre o ataque, sua motivação, a situação em que ocorreu.
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