A memória a partir da teoria ator-rede
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A memória a partir da teoria ator-rede
Práticas Interacionais em Rede Salvador - 10 e 11 de outubro de 2012 A MEMÓRIA A PARTIR DA TEORIA ATOR-REDE: DESCREVENDO ACTANTES NOS SITES DO ESTADÃO E DA FOLHA DE S. PAULO Allysson Viana Martins1 Resumo: Comunicação é uma área multi ou transdisciplinar desde sua origem. A apropriação de conhecimentos da Sociologia, Psicologia, Literatura, Matemática, Computação, entre outros, não é difícil de ser observável. Formação semelhante ocorre no Jornalismo. Aqui, preocupamo-nos em como as ideias que balizam a Teoria Ator-Rede, a partir do seu principal representante, o antropólogo Bruno Latour, podem ser base para estudos no webjornalismo. Buscamos essa compreensão a partir de uma perspectiva transversal da utilização da memória nos sites do Estadão e da Folha de S. Paulo. Palavras-chave: Webjornalismo; Teoria ator-rede; Actantes; Bruno Latour. Abstract: Communication is a multi or transdisciplinary area since its origin. The appropriation of knowledges of Sociology, Psychology, Literature, Maths, Computing, among others, is not difficult to be observable. Similar formation occurs in Journalism. Here, we concerned with how the ideas guiding Actor-Network Theory, from its main representative, the anthropologist Bruno Latour, can be the basis for studies in web journalism. We seek this understanding from a cross-sectional view of memory usage on the websites of the Estadão and Folha de S. Paulo. Keywords: Webjournalism; Actor-network theory, Actants; Bruno Latour. INTRODUÇÃO A memória é uma das características do webjornalismo (MIELNICZUK, 2003; PALACIOS, 2002, 2003) que proporciona realmente uma ruptura em relação ao jornalismo realizado em outros meios (PALACIOS, 2003). Luis Nogueira, tendo a memória em perspectiva, defende que “a grande vantagem da internet é que a capacidade de indexação, aliada ao poder de computação e de armazenamento da informação, torna toda a informação virtualmente imediata” (apud CANAVILHAS, 2004, p. 7). O webjornalismo dispõe “de um espaço praticamente ilimitado para disponibilização de material noticioso (sob os mais variados formatos mediáticos)”, por conseguinte, “abre-se a possibilidade de disponibilizar online toda informação anteriormente produzida e armazenada, através da criação de arquivos digitais, com sistemas sofisticados de indexação e recuperação da informação” (PALACIOS, 1 Mestrando em Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA e integrante do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line (GJOL). E-mail: [email protected]. 2002, p. 7). E, por meio da convergência, esta disponibilização de conteúdo não se limita somente àquele produzido diretamente para a web. Como neste espaço “o que jaz submerso pode ser sempre trazido à superfície” (FIDALGO, 2004, p. 183), fazer apenas o arquivamento dos conteúdos é escasso, dentre as possibilidades que o meio traz de disponibilizar os materiais anteriormente divulgados. Neste artigo procuramos sinalizar alguns caminhos de transversalidade da memória nos sites do Estadão e da Folha de S. Paulo. De acordo com Marcos Palacios (2008), há uma “necessidade de superação da evidente pouca atenção que o item [memória no webjornalismo] vem recebendo nos estudos até aqui realizados, tanto no âmbito nacional quanto internacional”. Buscamos aplicar os preceitos da Teoria Ator-Rede (LATOUR, 2004, 2008) para compreender o uso de recursos mnemônicos no webjornalismo. O estudo foi realizado em uma selecionada escolhida aleatoriamente, com intuito de verificar se traz validade ao trabalho, ainda que diante dessa circunstância, ou seja, se consegue mapear os recursos mais importantes do uso da memória no webjornalismo para chegarmos a alguns padrões de utilização. Os sites do Estadão e da Folha foram o objeto da pesquisa por estarem entre os principais (web)jornais brasileiros, no que tange às experimentações das características e especificidades do webjornalismo. MEMÓRIA, JORNALISMO E INTERNET A memória pode ser trabalhada pelo viés de diversas áreas do conhecimento, como história, psicologia, antropologia, neurociência, medicina etc. (NUNES, 2001). Podemos apontar que existe, genericamente, uma memória individual e outra social. Nosso estudo se finca em um tipo de memória social, a midiática. Para o pesquisador António Fidalgo, esta forma de memória se subdivide em dois tipos: “arquivo do jornal” e “arquivo de coleção do jornal” (2004, p. 182). A segunda diz respeito a todo o conteúdo que foi veiculado (na web, seria mais correto afirmar que foi disponibilizado) pelo jornal; enquanto a primeira conta com os arquivos de necropsia (materiais pré-formatados de pessoas que poderão morrer em breve), conteúdos que não foram veiculados, como fotos, vídeos, entrevistas etc., e – podemos acrescentar devido a essa configuração da memória midiática na web – matérias que os jornais decidiram não transpor/convergir para o público ter acesso. Portanto, o “arquivo do jornal” se referiria a um material acessível apenas pelos produtores da informação e o “arquivo de coleção do jornal” também pelos leitores ou, em alguns casos específicos, pelos assinantes. Cumpre esclarecer que o uso da memória não é específico da web, mas é neste meio que é armazenada e utilizada mais fácil e rapidamente. Podemos observar em outros veículos a memória sendo usada: na TV, com vídeos de matérias antigas; no jornal, com a reutilização de fotos produzidas para outras notícias, entre diversos outros exemplos. Contudo, na web, a memória é potencializada, devido à facilidade, ao barateamento e à simultaneidade da veiculação do conteúdo com o armazenamento. Palacios percebe essa possibilidade: através da Convergência de formatos, a Memória na Web tende a ser um agregado não só da produção jornalística que vem ocorrendo online, mas, gradualmente, de toda a produção jornalística importante, acumulada em todos os tipos de suportes, desde épocas muito anteriores à existência da Web e dos próprios computadores (PALACIOS, 2003, p. 10). Esse “achatamento das escalas temporais”, nas palavras de Katia Canton (2009, p. 15), é um dos principais aspectos do mundo contemporâneo. Assim, na internet, o espaço em si não é problemático, diferente dos outros meios, onde é necessário que ocorra redução da matéria atual para se trazer um arquivo. Na web, contrariamente, os conteúdos antigos continuam em outras páginas, podendo ser acessado por meio de alguns recursos, como hiperlink, republicação, sistema de busca e tags. Se o consumidor não exigisse (implicitamente ou não) uma matéria não muito extensa, haja vista que é impraticável ler grandes textos na tela do computador, sendo os curtos bem mais confortáveis (SANTAELLA, 2007), o espaço para produção noticiosa seria praticamente ilimitado. Por isso, o jornalista deve valer-se mais dos recursos da memória para torná-la visível, para que a matéria principal não fique ampla demais. Entretanto, ao mesmo tempo, o profissional tem de oferecer um maior conteúdo àquele navegante que deseja mais informação e conhecimento. O webjornalismo dispõe de um espaço virtualmente ilimitado, no tocante ao volume de informação acessível ao público (PALACIOS, 2002; 2003). Os pesquisadores Montenegro e Silva (2005, p. 2) observam que “a utilização das novas tecnologias pode contribuir tanto na preservação da memória da cidade quanto no rápido e fácil acesso dos arquivos jornalísticos para a comunidade em geral e para pesquisadores”. No entanto, para o francês Patrick Charaudeau (2007, p. 53), apesar de não pertencerem, “as mídias têm a pretensão de incluir-se nessa categoria” de museu, de “memória da cidade” – como falam Montenegro e Silva (2005) – ou de “lugar patrimonial” – como prefere Charaudeau (2007). Não obstante, Pinho (2003, p. 9) crê que “as empresas de comunicação tradicionais migraram para a rede mundial buscando oferecer aos internautas conteúdo e informação durante as 24 horas do dia, todos os dias”. Contudo, um jornal pode ter seu conteúdo transposto para web visando ainda atingir uma “comunicação total”, descrita por Erick Felinto como “o instante supremo de realização da comunicação tecnológica: sem limites, sem fronteiras, sem ruídos” (2006, p. 2). Além da intenção de preservar seus arquivos, obviamente. Os pesquisadores Jorge Abreu e Vasco Branco têm um pensamento semelhante ao de Felinto: talvez a maior vantagem esteja relacionada com a independência espaço-temporal que estas soluções permitirão. As capacidades de interatividade possibilitadas pela junção da Web à televisão, pressupõem, à partida, que o utilizador terá um maior grau de liberdade (quanto mais não seja do ponto de vista temporal) no acesso aos conteúdos disponibilizados. Por outro lado, a abrangência geográfica da internet (que se perspectiva cada vez mais global) possibilita independência espacial (ABREU e BRANCO, 1999, p. 4). Tendo essa perspectiva em vista, muitos jornais transportaram seu conteúdo para web, tanto para seus espectadores acompanharem a publicação – quando eles não puderem fazer no formato primordial – quanto para terem acesso de forma fácil, ágil e barata ao seu próprio arquivo. Beatriz Ribas (apud PALACIOS, 2008, p. 95) acredita que, em alguns jornais, a memória já “passou a ser crescentemente incorporada ao fazer jornalístico na Web, seja como recurso de contextualização/ampliação do material noticioso diário, seja em ‘especiais’ e reportagens em profundidade”. Sobre o uso da memória no webjornalismo, Palacios defende que ela “pode ser recuperada tanto pelo produtor da informação, quanto pelo Utente, através de arquivos online providos com motores de busca (search engines) que permitem múltiplos cruzamentos de palavras-chaves e datas (indexação)” (2003, p. 8). Mesmo com essa disponibilização dos conteúdos no meio digital, há que se reconhecer que o jornal não veicula, de forma alguma, todo o seu acervo para os leitores. “Parece inquestionável que a manutenção on-line do arquivo da coleção, organizado em base de dados, incide diretamente sobre a estrutura de um jornal on-line” (FIDALGO, 2004, p. 183). Apesar dessas facilidades, alguns jornais ainda têm de entender que novas lógicas estão surgindo e paradigmas antigos são rompidos, pois a atividade jornalística no ciberespaço representa assim toda uma transformação estrutural, no modelo de formação da produção noticiosa e sua veiculação, principalmente por conta da atualização dos recursos hipermidiáticos relacionados diretamente com o conteúdo informativo (BATISTA, 2009, p. 239-240). A memória, sobretudo quando situada no webjornalismo, possibilita essa maior valoração da prática jornalística, haja vista que, “se antes o destino do trabalho jornalístico se jogava ao nível do efêmero (o curto prazo de validade do conteúdo do jornal, a irreversibilidade do noticiário televisivo ou radiofônico), agora a informação entrou no regime do presente contínuo potencial” (NOGUEIRA apud CANAVILHAS, 2004, p. 7). Há toda uma estratégia nessa práxis jornalística, na qual o jornalista “não transporta a memória pública, histórica ou coletiva de maneira inocente, mas no enlace com o novo acontecimento, acondiciona e acomoda na sua própria estrutura e forma, portanto, o passado ao retornar ao presente da imprensa é trabalho de memória” (BERGER, 2005 p. 66). “Uma notícia recente remete, mediante a inclusão dos títulos e respectivos links, para as notícias anteriores que incidam diretamente ou indiretamente com o assunto em questão” (FIDALGO, 2004, p. 186). Segundo Pinho, uma das características do hiperlink é dar “profundidade à informação e servem para oferecer dados complementares e explicar o significado de abreviaturas e termos técnicos” (2003, p. 187). A despeito do apoio dos arquivos e da memória também existir em outros meios, é na web que são levados ao extremo. “Ao analisarmos a memória”, o pesquisador João Canavilhas ressalta ainda que “devemos separar dois aspectos distintos: por um lado a memória-arquivo, por outro o mecanismo – fisiológico ou numérico – que permite a pesquisa” (2004, p. 2-3). Apesar de muitos jornais embarcarem na ideia de utilizar a web como memória, Canavilhas faz uma alerta: “há pelo menos quatro características identificadas por Gordon Bell que podem constituir um obstáculo à utilização da Internet como memória” (2004, p. 2). O primeiro seria a longevidade do suporte, tendo em vista que ficará obsoleto daqui a alguns anos, pois a tecnologia evolui muito rápido. O segundo obstáculo seria o acesso, pois há uma ausência de controle sobre a utilização e o acesso de conteúdos, acarretando problemas como plágio, difícil identificação de fonte, privacidade etc. O terceiro problema seria as “ferramentas de pesquisa para informação não textual”, pois é difícil encontrar, por exemplo, uma foto ou um vídeo, já que a pesquisa para isso se baseia no nome que é dado ao arquivo, não ao conteúdo que dispõe. Por fim, o último obstáculo seria a usabilidade, para que o internauta não se perca no meio da navegação. Para que isso ocorra, “uma base de dados digital deve responder a quatro perguntas fundamentais: Onde estou? Até onde posso ir? Como chego lá? Como regresso a um ponto anterior?”, caso contrário, a usabilidade se torna difícil e maçante. Além dos problemas indicados por Bell, Canavilhas enfatiza mais dificuldades no que concerne à memória como mecanismo: “pouco adianta que a base de dados contenha muita informação se o utilizador não conseguir aceder a ela de uma forma amigável” (2004, p. 2). Pensamento convergente tem o também português António Fidalgo, para quem, em alguns casos, “encontrar uma notícia de uma edição anterior pode revelar-se difícil” (2004, p. 183). Cumpre perceber, obviamente, que essa memória da web não se refere à individual, da subjetividade humana, mas sim à coletiva ou social – como explicado no início. E este estilo surgiu mediante a invenção de imprensa, haja vista que, anteriormente, os meios eram apenas um apoio para a memória: Só a invenção da imprensa de Gutemberg permitiu o acréscimo do número de livros em circulação, libertando-os da sua simples função de apoio. A partir do séc. XVIII surgem os dicionários e enciclopédias através das quais o conhecimento começa a surgir organizado por tópicos, facilitando as pesquisas de informação. O livro passa a desempenhar também o papel de memória coletiva, organizada, pesquisável e dotada de mobilidade (CANAVILHAS, 2004, p. 5). O estudioso Mike Ward atesta que “um arquivo de dados na web é uma entidade viva, um elemento essencial de fornecimento de conteúdo do site” (2006, p. 142). Essa forma de experiência comunicativa é percebida por Canavilhas, salientando que a questão da contextualização assume particular importância na medida em que a natureza hipertextual da internet lhe permite o enriquecimento das notícias, contrariando assim um dos problemas do jornalismo atual: a compatibilização da velocidade da informação, com o espaço disponível e com a riqueza das informações disponibilizadas (2004, p. 7). TEORIA ATOR-REDE Nossa ideia de identificar uma compreensão a partir de uma perspectiva transversal da utilização da memória nos sites do Estadão e da Folha de S. Paulo segue a concepção de pesquisa e alguns conceitos chaves da Teoria Ator-Rede (em inglês, Actor-Network Theory – ANT), que tem o francês Bruno Latour como seu principal entusiasta. Segundo Latour (2008), o desenvolvimento da teoria teve início quando não humanos (micróbios, vieiras, rochas e navios) se apresentaram para a teoria social de uma nova maneira, sobretudo baseado em três obras: The Pasteurization of France, de Latour (1988), On the Methods of Long-Distance Control: Vessels, Navigation, produzido por Law em 1986, e Some elements of a sociology of translation domestication, escrito por Callon em 1986. Bruno Latour escolheu este nome para definir sua teoria porque “la sigla TAR era perfectamente adecuada para un viajero ciego, miope, adicto al trabajo, rastreador y colectivo. Una hormiga que escribe para otras hormigas” (2008, p. 24). A metáfora com a formiga cai muito bem para a teoria devido ao jogo de palavras que se torna possível em língua inglesa, pois a sigla em inglês da Teoria Ator Rede é ANT (formiga). Além disso, o autor (2008) afirma que prefere simplificações às complicações e às erudições, por isso, descartou a opção da nomenclatura “ontologia do actante-rizoma”. Na concepção dos pesquisadores Castro e Pedro, na ANT “cada um de ‘nós’ que compõe a rede, constitui um ator; e este ator é, ao mesmo tempo, uma rede, já que se compõe a partir das conexões, e estabelece conexões outras, além daquelas que estão em foco” (CASTRO e PEDRO, 2010, p. 38). Ainda de acordo com os pesquisadores, rede “remete a uma trama de atores (humanos e não-humanos), que tecem suas relações, traçando um emaranhado amplo e heterogêneo que caracteriza o coletivo” (ibidem). A rede para a ANT não está relacionada a algo físico, tecnológico. Para Bruno Latour, “red es un concepto, no una cosa que existe allí afuera. Es una herramienta para ayudar a describir algo, no algo que se está escribiendo” (LATOUR, 2008, p. 190). “Redes são, portanto, coletivos sociotécnicos, configurados em relações fluidas e cambiáveis” (CASTRO e PEDRO, 2010, p. 38). Ainda que possam existir ambiguidades sobre a noção de rede, Latour prefere a utilização dessa palavra porque ela parece “mais flexível que a noção de sistema, mais histórica que a de estrutura, mais empírica que a de complexidade” (1994, p. 9). A noção de rede vai aparecer forte na obra de Bruno Latour por causa de algumas de suas crenças, como a ausência de imanência. Para Latour, só existem as relações que se tecem nas redes, logo, nada possui uma essência, um núcleo imutável. Na visão de Graham Harman (2009), estudioso da obra do sociólogo e filósofo francês, a ANT defende que um ator é constituído apenas por suas relações. Em uma de suas obras que considera como fundadora dos preceitos da ANT, Latour é enfático: “since nothing is inherent in anything else, the dialectic is a fairy tale. Contradictions are negotiated like the rest. They are built, not given” (1988, p. 180). A partir dessa noção, o francês diferencia sua “sociologia das associações” do que os outros pensadores fazem, denominado por ele de “sociologia do social”. Segundo Latour, enquanto os sociólogos sociais olham os actantes envolvidos nas ações e redes associativas de maneira assimétrica, os sociólogos das associações encaram o mundo de maneira simétrica, ou seja, não dando mais atenção aos humanos nem aos não-humanos. Ou seja, a proposta é reestabelecer “a simetria entre os dois ramos do governo, o das coisas – chamado ciência e técnica – e o dos homens” (LATOUR, 1994, p. 137). O autor afirma que “é esta dupla separação que precisamos reconstituir, entre o que está acima e o que está abaixo, de um lado, entre os humanos e os não-humanos, de outro” (1994, p. 19). Por fim, conclui que “não é separadamente que devemos considerar estas duas garantias constitucionais, a primeira assegurando a não-humanidade da natureza e a segunda, a humanidade do social. Elas foram criadas juntas. Sustentam-se mutuamente” (LATOUR, 1994, p. 36). Para preservar a simetria, a ANT utiliza três termos que não deixam claro quem ou o que está atuando: actante, ator ou agente, afinal, são “much more general than ‘character’ or ‘dramatis persona’, they have the key feature of being autonomous figures. Apart from this, they can be anything-individual (‘Peter’) or collective (‘the crowd’), figurative (anthropomorphic or zoomorphic) or nonfigurative (‘fate’) (LATOUR, 1988, p. 252). Harman explica que “the world is made up of actors or actants (which I will also call ‘objects’). Atoms and molecules are actants, as are children, raindrops, bullet trains, politicians, and numerals” (2009, p. 14). Os actantes se comportam de duas maneiras, como intermediários ou mediadores, sendo o primeiro caracterizado assim quando não interfere na ação e o último quando é um agente direto na rede. Nas palavras de Bruno Latour, mediadores são “atores dotados da capacidade de traduzir aquilo que eles transportam, de redefini-lo, desdobrá-lo, e também de trai-lo” (1994, p. 80), enquanto “intermediários (...) nada mais fazem do que deslocar ou transmitir as formas puras, as únicas reconhecíveis” (LATOUR, 1994, p. 56). Harman explica essa diferença por meio da metáfora que “a mediator is not some sycophantic eunuch fanning its masters with palm-leaves, but always does new work of its own to shape the translation of forces from one point of reality to the next” (HARMAN, 2009, p. 15). Como não existe essência ou imanência e tudo se dá através da ação, da rede que os actantes criam e tecem entre si, é importante que não partamos de algumas definições fechadas ou mesmo crer que, a priori, determinados assuntos ou temas irão utilizar um recurso específico, ou mesmo um tom ou um formato, entre outras questões que nos propomos a verificar. Não buscamos macro-explicações e definições pré-estabelecidas, pois isso é característica da “sociologia do social”. Nossa proposta é que: “en vez de explicar hechos menores por los mayores, y la parte por el todo, explico los parecidos colectivos del todo por la reunion de acros elementales minimos, explico lo mayor por lo menor y el todo por la parte” (LATOUR, 2008, p. 32). Essa não imanência das coisas faz com que Latour seja enfático quanto à importância da descrição. Para o autor, a descrição deve acontecer de maneira bem feita, afinal, “o leitor deve apreender o conteúdo e o contexto no mesmo movimento” (1997, p. 34). Para isso, é nossa função deixar os actantes falarem, como o pesquisador afirma: “hay que escuchar entonces lo que los actores mismos están diciendo” (2008, p. 93). Como sempre enfatiza, devemos escutar “fuerte y claro el vocabulario de los actores” (2008, p. 50). Ainda que Woolgar e Latour enfatizem a dificuldade de descrever em ambientes científicos, seus anseios podem ser apropriados ao jornalismo, quando dizem que “é extremamente difícil descrever apropriadamente a natureza da ‘exterioridade’ na qual os objetos supostamente residem, porque as descrições da realidade científica compreendem muitas vezes uma reformulação ou uma re-enunciação do enunciado que pretende ‘ser sobre’ a realidade” (1997, p. 194). Latour (2008) propõe o método de “seguir os atores na rede”, pretendendo fazer uma ciência mais pontual, na qual o que fique em evidência não seja o macro, mas as microrrelações que compõem a vida em rede, em associação. O pesquisador André Holanda esclarece que prezar pela descrição na ANT não deve ser entendido apenas como “focalizar o dado empírico de modo a tornar o estudo míope para os efeitos de significado e das esferas e disputas de poder, mas antes, de um esforço para detectar os traços destas tensões e rastreá-los até perceber as diversas influências sofridas e provocadas por uma nova configuração da mídia” (2011, p. 14). DESCREVENDO ACTANTES Procuramos entender questões transversais à utilização da memória como: atualização (saber se houve modificação após publicação), fontes (intratextual ou intertextual), gênero jornalístico (notícia, reportagem, entrevista, perfil, editorial, artigo/crítica e crônica) e estilo jornalístico (informativo; interpretativo; opinativo) da matéria, além dos formatos midiáticos (áudio; vídeo; imagem; texto; infográfico-animação; link) e da relação do recurso mnemônico com o assunto (celebração; continuação; contextualização). A época foi escolhida de maneira aleatória, pois a apropriação da ANT tem de se mostrar útil em qualquer período, seja um estudo de caso (tema e época específicas) ou não. A atualização é o que Mielniczuk (2003) e Palacios (2002, 2003) descreveram como uma característica do webjornalismo, sendo aqui avaliado pela possibilidade de revelar algo importante para nossa pesquisa. As fontes serão estudadas como intra ou intertextuais. Para Rodrigo Batista (2009), a intertextualidade existe quando um meio veicula um conteúdo advindo de outra mídia. Por outro lado, segundo ainda o mesmo autor, a intratextualidade aparece quando o meio divulga um material que procedeu de seu próprio banco de dados, aqui, consideramos o domínio como próprio da memória do jornal. Ou seja, ainda que os grupos Folha e Estado sejam conglomerados de mídia, consideramos uma memória intratextual quando o domínio do endereço na internet não se modifica. Os gêneros jornalísticos foram analisados e disponibilizados em uma das categorias supracitadas. O estilo jornalístico, para Mario Erbolato (2006, p. 30), pode “ser dividido em quatro categorias: Informativo, Interpretativo, Opinativo e Diversional” [grifo do autor]; já a autora Cremilda Medina (1988, p. 70) explica que este último é apenas uma característica (de transformar a notícia em entretenimento), sendo corroborada pelo português Jorge Pedro Sousa (2000, p. 93): “hoje as notícias e o entretenimento competem pela audiência. Por isso, as notícias têm-se, gradualmente, tornado infotainment. As notícias são vistas cada vez mais como um produto de consumo e menos como um bem social, o que é perigoso”. O estilo diversional se dilui nos três tipos de estrutura discursiva: informação, interpretação e opinião – ou como Medina acha mais adequado: informação; informação ampliada; opinião. O primeiro é caracterizado pela superficialidade, pelo tratamento imediato e sem detalhamento. O jornalismo interpretativo é uma cobertura mais completa do fato, refletindo sobre suas consequências em vários âmbitos e o contextualizando. O último estilo é especificado por um comentário, revelando explicitamente a sua opinião ou a da empresa. O formato midiático vai ser disposto também a partir da nossa observação dos materiais. Para descrever a relação do recurso com o assunto, pensamos em três tipos: contextualização – quando a memória cria uma ligação que não era interdependente; continuação – próximo ao que se chama no jornalismo de suíte, isto é, o desdobramento de algum tema; celebração – quando se trata da comemoração de aniversário, ou quando a relação entre memória e assunto é intrínseca, ou seja, sem a memória a matéria não existiria. Escolhemos aleatoriamente o período do dia 18 de julho (segunda) até 24 (domingo) do mesmo mês. Na época, o Estadão teve 541 matérias veiculadas na seção internacional, equivalente a um número próximo de 77 publicações diárias nesta seção. Os dias de semana possuem um fluxo maior de publicação, com a terça-feira chegando a 93 matérias, por outro lado, o final de semana teve sábado com o menor número de material veiculado2. A Folha, na mesma temporada, veiculou 471 matérias na editoria mundo, aproximadamente 67 publicações diárias. De modo semelhante ao Estadão, os dias de semana obtiveram uma maior postagem, com o máximo de 89 na terça, e o final de semana tendo apenas 39 no domingo3. A aplicação da ANT ao estudo do Jornalismo é apenas um teste do que acreditamos ser um caminho promissor para a área, portanto, selecionamos, em ambos os jornais, a segunda e o sábado, por se tratarem do início da semana e do final da semana. Na segunda (18/07), o Estadão realizou 89 postagens na editoria internacional. 23 delas não traziam nenhuma referência à memória, sendo 15 de gênero notícia e estilo informativo e oito reportagens interpretativas. Em 20 delas, encontramos apenas texto e nas outras três os jornalistas dispuseram de texto com imagem ou vídeo. Nenhuma trazia atualização. Das 66 matérias com recurso de memória, oito possuíam relação de celebração, 33 de continuação e 25 de contextualização (ver Gráfico 1). Na celebração, cinco matérias 2 O número de postagem no Estadão durante a semana: 90 na segunda (18/07), 93 na terça (19/07), 90 na quarta (20/07), 74 na quinta (21/07), 77 na sexta (22/07), 55 no sábado (23/07) e 62 no domingo (24/07). 3 A quantidade de matéria publicada na Folha na semana: 74 na segunda (18/07), 89 na terça (19/07), 78 na quarta (20/07), 72 na quinta (21/07), 71 na sexta (22/07), 48 no sábado (23/07) e 39 no domingo (24/07). eram do gênero notícia e três de reportagem. Enquanto, em continuação, observamos apenas três notícias, um perfil e 29 reportagens e, em contextualização, reportagem e notícia são mais equilibrados, com respectivamente 13 e 10 matérias destes gêneros, além de encontrarmos um artigo/crítica e um editorial. Gráfico 1: Matérias do Estadão (18/07) que possuem relação com memória. Em contextualização, apenas o texto é predominante em 18 matérias e texto com outro formato em apenas sete; não houve nenhum link intertextual, mas apenas links intratextuais incorporados na narrativa em duas matérias e links intratextuais à parte da narrativa em quatro, além de imagem também está presente em quatro postagens. Em continuação, 19 matérias trazem texto e outro formato midiático, as outras 14 apenas texto. Imagem é encontrada em oito matérias, link intertextual na narrativa em duas e intratextual em seis. O link intertextual fora da narrativa foi observado somente em uma matéria e o intratextual em 17. Das oito matérias de celebração, cinco traziam apenas texto e três publicações tinham texto e outro formato, como imagem e links intratextuais na narrativa e fora dela. A atualização encontramos em apenas quatro matérias, uma relacionada à contextualização e três em recurso ligados à continuação. No sábado (23/07), das 55 matérias, 11 não possuíam recurso mnemônico, com números próximos de notícia e de reportagem, respectivamente seis e cinco. Todos trouxeram apenas texto. Não houve nenhuma matéria com memória relacionada à celebração, neste dia. Continuação contou com 26 e contextualização com 18 (ver Gráfico 2). Em ambas, a reportagem esteve muito mais presente do que a notícia, contudo, artigo/crítica, entrevista e perfil apareciam em memória que possuem relação de continuação. Em contextualização, encontramos apenas texto, sem nenhum outro formato. Em continuação, 20 trouxeram apenas texto e seis matérias tinham texto e outro formato, como imagem, vídeo, link intertextual na narrativa e fora dela e link intratextual fora da narrativa. No sábado, nenhuma matéria foi atualizada. Gráfico 2: Matérias do Estadão (23/07) que possuem relação com a memória. A Folha veiculou 74 matérias na segunda (18/07), sendo 15 sem auxílio de nenhum recurso de memória. A quantidade de notícia e de reportagem é quase equivalente, respectivamente, sete e oito. Oito também é o número de matéria apenas com texto e sete com texto e outro formato, como imagem, vídeo e link intratextual na narrativa. 59 conteúdos continham alguma relação com a memória (ver Gráfico 3) Apenas três matérias trouxeram memória de celebração, sendo todas reportagens. 34 conteúdos são de memória com contextualização, com a maioria sendo reportagem, 29, e trazendo dois artigos/críticas, além de três notícias. 18 matérias tinham apenas texto e 16 possuíam texto com outros formatos, dentre eles, imagem, infográfico e links intratextuais na narrativa e à parte dela, bem como links intertextuais fora da narrativa e a constituindo. Memória com continuação é representada em 22 publicações, sendo todas reportagens e apenas cinco trazendo só texto. 17 das matérias contêm texto e outros formatos, como imagem, em 11 reportagens, link intertextual na narrativa e links intratextuais à parte da narrativa e inseridos nela. Gráfico 3: Matérias da Folha de S. Paulo (18/07) que possuem relação com a memória. No sábado (23/07), apenas 48 publicações foram realizadas na seção mundo da Folha, tendo quatro reportagens sem recurso de memória e 44 conteúdos com alguma ligação (ver Gráfico 4). E contando com apenas uma reportagem com memória de celebração. O recurso mnemônico com finalidade de contextualização esteve presente em 13 publicações, do qual 12 eram reportagens e uma era entrevista. O texto juntamente com vídeo, imagem e link intratextual na narrativa pôde ser vislumbrado em três matérias, com as outras 10 se dedicando apenas ao texto. Dos 30 materiais veiculados com memória de continuação, 28 eram representados por reportagens, um por notícia e outro por perfil. 16 trouxeram apenas texto e 14 continham texto e imagem, infográfico ou links intratextuais na narrativa e à parte dela. Gráfico 4: Matérias da Folha de S. Paulo (23/07) que possuem relação com a memória. Nas matérias do Estadão sem conteúdos de memória, a notícia aparecia como gênero predominante, com a diferença em relação à reportagem sendo ínfima. Ainda nessas matérias, nenhuma delas foi atualizada, com essa especificidade destinada aos materiais com algum recurso mnemônico. Outra distinção do uso da memória se encontra em comparação ao gênero. Reportagem é o estilo mais requisitado, em alguns casos específicos, sendo o único gênero. Memórias com características de continuação eram predominantes, com as de contextualização com números aproximados. Celebração, por sua vez, manteve proporções baixas (ver Gráfico 5). Gráfico 5: Relação entre tipos de memória e gênero nas matérias do Estadão (18/07). Na Folha, contudo, a realidade é um pouco distinta. Reportagem aparece um pouco mais, mesmo com pouca diferença, do que notícia, nas matérias sem recurso da memória. Ou seja, enquanto no Estadão a notícia se mostrava um pouco mais presenta, na Folha ocorreu o inverso – em conteúdos sem memória. Nos materiais com memória, a utilização da reportagem foi predominante em todos os tipos, causando a nulidade de outros gêneros, em algumas circunstâncias. De modo semelhante ao Estadão, a memória de celebração obteve números baixíssimos, enquanto continuação apresentou maior recorrência, mas com a memória de contextualização com índices praticamente iguais - diferente do Estadão, onde continuação abriu certa vantagem (ver Gráfico 6). Gráfico 6: Relação entre tipos de memória e gênero nas matérias da Folha de S. Paulo (18/07). CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar do caráter inicial e experimental do estudo, defendemos que a ANT pode servir às investigações no campo do Jornalismo, com o pesquisador se valendo de modo direto (com a teoria como o aporte da pesquisa) ou indireto (com a utilização de seus conceitos fundamentais) dos preceitos da ANT. Embora a reflexão sobre a memória tenha sido realizada superficial e apressadamente4 neste artigo, percebemos que em algumas ocasiões, sobretudo quando o recurso mnemônico tem uma relação de continuação com o tema, os links se repetem de modo automático. O pesquisador André Holanda se depara com alguns problemas semelhantes e reflete: “existe a possibilidade de que o papel dos jornalistas (...) seja diminuído em favor da influência de equipes técnicas, softwares restritivos ou mal escolhidos (...), entre muitos outros fatores sobre os quais no momento podemos apenas especular” (2011, p. 14). Essa apropriação da ANT ao Jornalismo serviu para que observássemos a continuação de cobertura de um assunto nem sempre pede uma memória com relação de continuação. 4 Em nossa dissertação, estudamos de maneira mais aplicada sobre a memória midiática e jornalística, perpassando por conceitos como: canibalização da memória (NEIGER, MEYERS, ZANDBERG, 2011; SÁ, 2011; ZELIZER, 2011); dinâmicas do campo globital da memória (READING, 2011); redes partilhadas da memória (FERRAZ, 2010); processo de seleção da memória coletiva e utilização deliberada do esquecimento em comemorações/celebrações (SILVA, 2002); dimensões da memória social: seleção, conceitualização e comemoração (HORTA, 2008); incorporação da memória no jornalismo: necessidade; convite; indulgência (ZELIZER, 2008). Prova disso é o caso da Folha, quando Hillary Clinton já havia pedido para que os ministros das Coreias se encontrassem, antes de conversar com eles. Embora a notícia seja uma continuação da situação (a ida de Hillary à Coreia e o encontro dos ministros para que tudo ficasse bem, antes de ela chegar), a memória utilizada não frisa o desejo de Hillary, mas a situação das Coreias. Ainda que outros assuntos sejam claramente uma continuação, às vezes, não se contextualiza e deixa o leitor perdido, não utilizando nada de memória, como é o caso de outra matéria de Folha, em que jovens palestinos condenam o atentado na Noruega, mas não há informação, por exemplo, sobre o ataque, sua motivação, a situação em que ocorreu. REFERÊNCIAS ABREU, Jorge; BRANCO, Vasco. A convergência TV-web: motivações e modelos. BOCC – Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação, Portugal, 1999. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/abreu-ferraz-convergencia-TV-Web.pdf>. Acesso em: 25 de outubro de 2009. BATISTA, Rodrigo. A cibernotícia como reconfiguração da atividade jornalística no ciberespaço. In: NUNES, Pedro (org.). Mídias digitais & interatividade. 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