Encontro de tricoteiras em Curitiba
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Encontro de tricoteiras em Curitiba
nº.12 Jul/Ago/Set 2010 n 12 Jul/Ago/Set 2010 Encontro de tricoteiras em Curitiba Tendências Peças feitas a mão viram hits da estação Pág. 6 Entrevista internacional Produtora faz documentário sobre artesanato Pág. 5 Deu na imprensa Chega ao Brasil os encontros das tricoteiras nos cafés Pág. 12 1 momentos nº.12 Jul/Ago/Set 2010 3º Encontro reúne apaixonadas por tricô em Curitiba O anual Encontro de Tricô surgiu numa das várias listas de tricoteiras divulgadas na internet para possibilitar que amigas se conheçam pessoalmente. Na III edição, o encontro realizado entre 3 e 6 de junho, aconteceu em Curitiba, capital do Paraná, e reuniu mais de 50 tricoteiras de diferentes estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal. A Aslan Trends participou do evento e presenteou as participantes com kits contendo: 2 novelos do fio Haras, 2 novelos de Delicatessen, 1 novelo de Bariloche, 1 par de agulhas de bambu e 1 segurador de pontos. Usando o fio Delicatessen, a tricoteira Beatriz Medina deu uma aula de como confeccionar meias. “São eventos ótimos para conhecermos as tricoteiras com as quais conversamos todos os dias pela internet, mas que devido à distância não conseguimos encontrar pessoalmente”, ressalta Medina. A grande responsável pelo sucesso do evento foi a funcionária pública India O’ Hara Sarti que organizou o acontecimento. Ela diz que a rede tem sido uma ferramenta preciosa para transmitir a arte de tricotar e trocar experiências com as demais tricoteiras. “É o nosso meio diário de contato, nos conectamos e combinamos todos os detalhes para que o evento seja um sucesso”, conclui O’ Hara Sarti, enfatizando que Foto capa: Solange Cristiny 2 “ organizar o evento foi tarefa árdua, porém muiAlém to gratificante. “Como as participantes vinham de de exercitar a vários estados e em dacriatividade, tas e horários diferentes, a logística das caronas a paciência, a foi o item mais complica- persistência e o do de acertar. Em alguns momentos até os filhos e raciocínio, ao final maridos foram consulta- de um trabalho se dos como back-up para tem a alegria de dar carona. Mas, no final foram as próprias trico- produzir uma peça e teiras de Curitiba que de- presentear alguém ram conta do recado”. Sandra Jay e So- com algo exclusivo”. lange Cristiny também Índia O’ Hara Sarti ajudaram a organizar o evento, ambas ficaram responsáveis pelos jogos. “Foi uma experiência muito divertida, minha intenção foi envolver materiais relacionados ao nosso mundo de tricô como fios para interagir e conhecer possibilidades”. Ela apresentou um workshop de Moulagem apresentando como é feita a construção tridimensional de uma modelagem, com informações que até então, não eram acessíveis ao grupo. A organizadora O’ Hara Sarti que aprendeu os primeiros pontos, numa viagem de férias com sua tia, confessa que o evento superou suas expectativas e que o carinho das participantes lhe marcou bastante, “os abraços, a alegria, a emoção e a energia positiva dava para sentir no ar”. Para Sandra, a alegria das tricoteiras foi comovente, “o desejo imenso delas em aprender e compartilhar o que sabem com as outras participantes me tocou muito”. A tricoteira Alina Rizzo diz que o evento foi maravilhoso, “foi uma recarga de baterias, uma troca de energias, de conhecimento, de expe- “ O desejo imenso das tricoteiras em aprender e compartilhar o que sabem com as demais me tocou muito”. Sandra Say Marina Pontieri Trocando experiências - A tricoteira Beatriz Medina deu aula de meias com os fios Delicateessen e Haras. Solange Cristiny “ Temos todo o interesse que os encontros se fortaleçam e sejam até mais freqüentes”. Clara Quintela “ Diversão - A alegria das tricoteiras em aprender e compartilhar o que sabem, fizeram do encontro um sucesso. Marina Pontieri Parabéns à Aslan que sempre apoia e ouve os consumidores, e esteve presente no Encontro Nacional”. Valesca Fortunato nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Kits - As participantes mostram o kit distribuído no evento pela Aslan. 3 4 Tricotando - Pati ensina a consultora de moda Marina Pontieri, da Aslan Trends. Solange Cristiny riências absolutamente inestimáveis e insubstituíveis”, diz admitindo que a presença da Aslan Trends ouvindo-as e presenteando-as com kits foi especial. “Isso denota o interesse a essas artes que por tanto tempo foram discriminadas como ‘coisa velha’ e ainda tive o prazer de finalmente conhecer Marina Pontieri”. Este ano foi a primeira vez que Clara Quintela e Valesca Fortunato, editoras do site tricoteiras.com participaram. “Percebemos que a cada ano, o hobby está mais organizado e ganhando mais adeptas”, diz Clara que ressalta que nos Estados Unidos são organizados verdadeiros congressos, e que são marcados com um ano de antecedência e as participantes pagam por um pacote antecipadamente. “Nós do Tricoteiras acreditamos, torcemos e vamos trabalhar para que os encontros sejam cada vez mais organizados e que no futuro sejam abertos ao público em geral, e não apenas àquelas pessoas que já se conhecem pelas listas”. Para Valesca, este evento além de fortalecer os laços de amizade e divulgar novas, possibilitou a certeza de que o tricô ganhará mais espaço no Brasil. “Mais que rever e conhecer novos amigos, foi saber que estamos ali para um bem comum e que tudo que sempre sonhamos nesses anos da volta do tricô à moda está acontecendo”. O encontro acontece anualmente e quem define o local do encontro é o grupo de tricoteiras. No decorrer do ano, são acertados os detalhes e qual a melhor opção para realização do acontecimento. O próximo já tem local definido, será no Rio de Janeiro, provavelmente em junho de 2011, antes das férias escolares. As datas não foram escolhidas. As tricoteiras da cidade escolhida e as que residem próximas ao Rio, ficam responsáveis em antecipar o local das hospedagens, contratar o transporte e a alimentação. Na edição 2010, a equipe de jornalismo da RPC TV, filial da Rede Globo de Curitiba, esteve presente e presenciou o entrosamento e Solange Cristiny nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Alto Astral - Bia, Sonia A, Zaira, Mada, Angélica, Mariângela, Solange Cristiny. Rosinha, Nilda, India, Ana Rosa Sonia B e Clara. empreendedora da arte tico conversar com todas aquelas pessoas, muitas já conhecia dos chats online. Chegar nos lugares onde elas fazem seu trabalho foi maravilhoso”. Um vídeo de oito minutos postado no YouTube, em 2006, chamou a atenção da Princeton Architectural Press, que encomendou um livro, que Levine escreveu com seu amigo crafter e curador Cortney Heimerl, com o mesmo título do documentário. Em 2004, ela iniciou trabalhos em paArquivo pessoal A mulher de espírito empreendedor, apaixonada pelo artesanato moderno, Faythe Levine conta com exclusividade para Aslan Trends a fantástica experiência de produzir o documentário Handmade Nation:The Rise of Diy,Art,Craft e Design (Uma nação feita a mão: a ascenção do faça você mesmo em arte, artesanato e design), no qual artistas e designers falam sobre o processo de criação. Faythe nasceu em Minneapolis, Minnesota, nos Estados Unidos, cresceu em Seattle, no estado de Washington, e hoje vive em Milwaukee, em Wisconsin. É filha de Rick Levine Merlin, astrólogo que escreve horóscopos para MySpace e AOL e de Suzanne Wechsler, agricultora orgânica e produtora de queijo artesanal. A documentarista de 32 anos começou a se interessar pelo artesanato nos acampamentos de verão, em Girl Scouts que frequentava na adolescência. Para ela, o artesanato vai além de atividade prazerosa, é momento de reflexão. “Faz você pensar no tempo, no que é mais importante, aprecia-se mais as coisas ao seu redor”. Em 2002, ela tornou-se adepta de comunidades de artesanato on-line. “Foi aí que percebi que havia uma revolução no artesanato mundial”. Posteriormente, Faythe fundou uma feira de artesanato popular Art vs Craft, em Midwest, no estado de Oklahoma. Esta iniciativa a levou a produzir e dirigir o documentário. O filme faz um profundo mapeamento de costureiros, bordadeiros, crocheteiros que fazem do artesanato uma arte moderna e contemporânea. Ela percorreu quinze cidades americanas coletando informações e por meio de comunidades, blogs e lojas on-line, galerias e feiras de artesanato foi se aprofundando no assunto. “A produção foi bastante fácil já que tinha contato com quase todos os entrevistados. Minha diretora de fotografia Micaela O’Herlihy e eu, passamos dois anos viajando para colher as entrevistas”,conta Levine revelando que durante as entrevistas tomou alguns cuidados para facilitar o trabalho de edição realizada por Cristina Siqueira.“Foi fantás- entrevista Faythe Levine: nº.12 Jul/Ago/Set 2010 As comunidades, blogs, lojas, galerias e feiras de artesanato ajudaram Faythe a se aprofundar no assunto. tchwork que vendia pela nternet. O negócio tornouse tão popular que Levine não deu conta de acompanhar a demanda. Logo depois, abriu Paper Boat Boutique & Gallery, em Milwaukee, Wisconsin em parceria com a empresa Kimberly Kisiolek. A decoração do apartamento de Levine, está cheia de seus “vícios”,como ela define suas coleções de livros feitos à mão, zines, discos, pinturas, desenhos, arte Outsider e objetos. Atualmente, ela é palestrante em simpósios de arte e está produzindo o documentário Sam Macon que aborda a tradição americana da pintura gestual. 5 6 Moda com detalhes artesanais promete conquistar as ruas A moda das passarelas de várias regiões do Brasil valorizam os artesanatos locais como referenciais que identificam a cultura das comunidades. Os desfiles de moda espalhados pelo Brasil vêm mostrando sua importância como plataforma de pré-lançamentos de tendências a cada temporada. Nos dias 25 a 28 de abril aconteceu em Fortaleza, capital do Ceará, o Dragão Fashion Brasil (DFB), o mais significativo evento de moda do Nordeste. O acontecimento, reconhecido nacionalmente como incentivador de novos talentos na moda brasileira, estabeleceu o diálogo entre artesanato, design e sustentabilidade. Foram 33 desfiles, assinados por estilistas em ascensão de todo o País. A primeira grife a desfilar foi Conexão Solidária, projeto da Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS). Na passarela as peças apresentadas são o resultado de trabalho de artesanato aplicado ao produto de moda, desenvolvido junto às comunidades cearenses em estado de risco. Para a próxima estação,a grife sugere muito crochê, renda e tecidos leves em modelagens amplas e confortáveis, aplicações de flores de crochê nos vestidos, cintos que marcavam a cintura, bordados, carteiras de mão, bolsinhas e macramê. Os babados, volumes, transparência e crochês ressaltavam peças como vestidos, camisetas e calças. Para os homens, o crochê também estará em alta além de túnicas, calças saruel e sungas. Na cartela de cores, tons crus, terrosos, ocres; acompanhados de vermelho e turquesa. A característica principal do evento foi incentivar uma moda sustentável. Não é a toa que o grande destaque do DFB ficou por conta do artesanato. O Dragão Fashion Brasil tem parceria exclusiva com a Estethica, uma promoção da moda sustentável e ecologicamente correta do The British Fashion Council, que realiza a Semana de Moda de Londres. O DFB estará presente no London Fashion Week, em setembro, para lançar o Dragão Fashion Brasil 2011 com o tema Eco Design. Minas Trend Preview é uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) que vem se consolidando como principal evento de pré-lançamentos de moda no País. O acontecimento realizado entre os dias 28 de abril a 1 de maio teve como discussão a importância da água. Muita água rolou na abertura. Na passarela, diversos looks compostos por vestidos e blusas uniram sofisticação, estilo e nuances de dourado e brilho em peças escuras. O grande destaque apresentado pelas grifes foram as peças com detalhes artesanais que usaram macramês e rendas. Divulgação tendências nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Ecofashion - O look masculino apareceu bem despojado e moderno. Para a próxima estação muito crochê, renda e tecidos leves em modelagens amplas e confortáveis. Moda sustentável - As peças são bem leves, o crochê e bordados são ideais para o verão. Rendeiras por hereditariedade A renda é uma das maiores expressões do artesanato no Nordeste e exige mão-de-obra qualificada e cuidadosa. As rendas renascença ou irlandesa, como também são conhecidas, são famosas por sua delicadeza e pelos traços marcantes onde predominam pontos exclusivos e entrelaçados. A arte é uma técnica têxtil de origem italiana e foi introduzida no Brasil por freiras. A atividade difundiuse rapidamente, e passou a fazer parte das tradições culturais e das populações rurais do nordeste brasileiro. Em Pernambuco, a produção tornou-se popular em acabamentos de peças de enxoval, confecção de camisetas, saias e vestidos de noivas. As rendeiras nordestinas passam a arte de geração para geração. Sua maior produção é nos estados da Paraíba, Pernambuco, Ceará, Sergipe e Bahia. Atualmente, a região de Cariri, na Paraíba possui mais de 400 rendeiras que estão organizadas em cinco associações, e criam bordados que são exportados para diversos países. Os materiais necessários para confecção de uma peça são, lacê (uma espécie de viés), linha fina de crochê e agulha de costura comum. Arquivo pessoal Fotos: Divulgação nº.12 Jul/Ago/Set 2010 A artesã Maria das Graças tem como objetivo ensinar a técnica com a comercialização de suas apostilas. 7 nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Beleza exótica e única - De pontos co- tesanato vem desde o berço,“minha mãe bordava na máquina Singer pedaleira, aquelas antigas”. Graça não comercializa suas criações. Seu objetivo é ensinar a técnica com a venda de suas apostilas. “Atendo pessoas de todo o país que adquirem o material, inclusive tenho um cliente de Luanda”. Para ela, as produções em massa tornaram as criações artesanais obsoletas. “Os referenciais que identificam as técnicas vêm se perdendo. A vida humana cada vez mais fica reduzida aos interesses da economia, da razão e da ciência e rompe com a criatividade e a imaginação à fruição da emoção”, conta Graça, revelando que em sua cidade é a única que desenvolve o bordado richelieu, já a renda somente duas pessoas produzem. Ela ainda enfatiza que seu interesse é resgatar através destas técnicas as identidades culturais da sua cidade e até mesmo do Brasil.“O que constitui nossas identidades são as características culturais, as histórias de vida nossas e dos nossos”. A artesã de 43 anos é pedagoga com especialização em Psicopedagogia, Educação especial em Deficiência Mental e Psiquiatria. Atualmente, está cursando mestrado em Cognição e Linguagem pela UENF, Campos dos Goytacazes. “Vou cursar no mestrado, uma disciplina sobre representações mentais na arte”,diz Graça que pretende publicar o artigo,“em que discuta a possibilidade das divulgações do ensino à distância destas técnicas como meio de valorização das técnicas artesanais”. nhecidos como o caseado, palito cerzido e alinhavo nasce o bordado richelieu, técnica que surgiu na França, entre 1624 e 1642, pelo uso frequente nas vestes de Armanol-Jean du Plessis, cardeal e duque de Richelieu. Logo a vestimenta ganhou fama por ser considerada sinônimo de riqueza. Sua técnica diferenciada na qual os fios do tecido são delicadamente retirados até formarem verdadeiros desenhos vazados, lembra um crochê bem fino. O bordado chegou ao Brasil através da colonização portuguesa. A produção do bordado começa com os desenhos e estampas, os tecidos são levados para as bordadeiras que acompanhadas de uma chapa seguem as indicações de cores e pontos a serem utilizados. O ponto é feito enrolando a linha na agulha, com um fio passando por dentro e formando cordões em diferentes volumes. O resultado é uma peça requintada de alta qualidade. A renda ressurge com tudo e é uma das principais tendências da próxima estação. A artesã Maria das Graças Mendonça, desenvolve as duas técnicas: o bordado richelieu e a renda renascença. Aprendeu o bordado richelieu com sua mãe, aos 12 anos. Há três anos uma amiga ensinou-lhe a técnica da renda renascença. O interesse pelo ar- A renda renascença é uma das principais tendências do verão. 8 Arquivo pessoal Tudo começa com a criação dos desenhos no papel de seda e logo depois o mesmo papel é colado num papel mais grosso. Aí nascem as primeiras tramas de uma das rendas mais sofisticadas: a renascença. O resultado é uma peça delicada, sofisticada e exclusiva. A produção de uma peça pode levar dias, semanas ou até meses para ser concluída. Uma blusa simples, por exemplo, leva até 30 dias para ser concluída. A arte ganhou versatilidade e passou a ser confeccionada também nas cores preta, marrom café, laranja e azul marinho. A renda renascença é uma das principais tendências da próxima temporada. nº.12 Jul/Ago/Set 2010 tempo, embora já tenha comprado as revistas e agulhas importadas”. Ela não comercializava suas criações até receber da Aslan doações de fios para as campanhas de seu blog, ao longo do ano passado e neste. “Com os fios mais nobres recebidos, fazemos (somos um grupo de amigas) peças para venda a preços módicos, transformando lãs e fios nobres em alimentos ou fios mais simples e acrílicos. Também usamos o fio Inspiração”. Ela conta que quando está tricotando é um momento precioso onde pode relaxar e aprender. “Sem dúvida o Arquivo pessoal Alina Rizzo participa de vários grupos e comunidades de tricô na internet. Coordena dois blogs maredeamor.blogspot.com, onde faz campanhas sociais e outro pessoal, alinartes.blogspot.com onde troca idéias, receitas de tricô, crochê, culinária e divulga suas criações. Ela conheceu a arte ainda pequena, cresceu em meio a novelos, crochês, tricôs e bordados. Sua família de origem européia sempre valorizou as artes manuais, foi com suas avós que aprendeu os primeiros pontos. “Minha avó paterna fazia crochê divinamente, colchas e peças em linha fininha (mercer crochet), minha tia-avó materna bordava e tricotava muitíssimo bem”. Através de sites e grupos especializados em tricô, Alina aprimorou a arte. “Grupos como o Crazy Knitting Ladies e no site Tricoteiras foi onde aprendi quase tudo, graças à generosidade de tricoteiras experientes, sempre dispostas a ensinar e dar dicas”. Ela conta que tem como missão ajudar e amparar aqueles que necessitam. Há alguns anos, iniciou em Atibaia, um grupo local com amigas artesãs e voluntárias para a comercialização de peças. “Algumas tricotam para vender e arrecadar fundos para compra de fios mais simples ou outras peças para doação, como mantas, gorros, cachecóis, chinelos, etc...”. Para ela, a internet conseguiu unir as tricoteiras, que acabaram se conhecendo pela rede criando laços fortes de amizade, além de ser uma ferramenta de divulgação. “O trabalho do nosso grupo local só tem sido possível graças às doações de amigas preciosas conquistadas graças à internet e por meio dos grupos e comunidades do Orkut”. Alina gosta muito de aprender e sempre está à procura de novidades. Além do crochê e tricô, faz tunisiano, tear de pente liço, crochenit (técnica com agulha de tunisiano com 2 pontas), e pretende aprender cro-tat, uma mistura de frivolité com crochê, “mas ainda não deu blog da vez “Sem dúvida o tricô e o crochê são fundamentais para que minha vida seja completa” Alina sempre gostou muito de aprender e está sempre em busca de novidades na rede. tricô e o crochê são fundamentais para que minha vida seja completa, ao lado da família e dos meus bichos”. Alina quer continuar tricotando e ajudando as pessoas e assim que possível, pretende comprar um notebook, para acessar a internet onde estiver. 9 tricô e cultura nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Althea Crome e suas miniaturas Tricotar minúsculas peças, sejam blusas, casacos, luvas e meias, com agulhas tão finas quanto um fio de cabelo, exige muita paciência. Althea Crome, especialista em micro vestuário vem se destacando por seu trabalho excepcional. Seu talento e atenção aos detalhes não passam despercebidos por Laika Estúdio que a convidou para fazer o figurino do filme Caroline. Sua paixão pelo tricô vem desde a época da faculdade, foi com um miniaturista que aprendeu a importância de uma escala adequada. Seu sucesso no desenvolvimento de padrões comerciais e técnicas para a escala 1:12 com luvas, meias e outras peças, a inspiraram a ousar mais. Althea tinha a curiosidade e o desejo de desenvolver peças originais que mostrassem seu amor pela arte, dentro das possibilidades ilimitadas da escala e miniatura. Em 2000, seu fascínio pelo mini tricô, a fizeram buscar novos desafios técnicos e novos designs. Suas criações combinam tradição, inovação e fusão de formas surpreendentes. Cada uma de suas miniaturas está enraizada na tradição,mas nenhuma é cópia de modelos existentes ou estilos. Cada peça leva cerca de seis meses para ser criada e confeccionada. Atualmente, vive em Bloomington, Indiana, nos Estados Unidos, com seus quatro filhos, seu cachorro Herbie e seu antigo gato Nellie. As miniaturas combinam tradição e inovação, cada peça leva cerca de 6 meses para ser confeccionada. Tradição e inovação – Cada uma de suas miniaturas, tem estilo próprio e são produzidas uma única vez. 10 Divulgação Novas tricoteiras chegando A oficina de tricô do projeto Corte e Costura, no município de Viradouro, interior de São Paulo está a todo vapor. Todas as terças, quartas e quintas-feiras as aprendizes de tricô reúnemse para a confecção de cachecóis, sapatos e gorros, que depois de prontos são doados para a entidade, Lar Central Nossa Senhora Aparecida, no mesmo município. Fotos: Arquivo pessoal curiosidades nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Fotos: AP Vovós posam cobertas apenas por peças tricotadas Por uma boa causa - Marsha Cunningham, 63, Debby Sims, 57, Barbara Weber, 76, e Lavonne Northcutt, 48, posam para calendário. O quarteto ainda exibe no ensaio algumas peças tricotadas pelo grupo. Um grupo de tricoteiras de Tacoma, em Washington, nos Estados Unidos, tiraram a roupa para posar para calendário com intuito de arrecadar dinheiro para tratamento de netos autistas. As amigas Marsha Cunningham, 63, Debby Sims, 57, Barbara Weber, 76, e Lavonne Northcutt, 48 posaram cobertas apenas por peças tricotadas pelo grupo. O calendário será vendido na região, em beneficio dos dois netos de Marsha e de outras crianças que sofrem com o mesmo problema. Não basta só gostar tem que tatuar Tricotar é uma ótima maneira de expressar a criatividade, encarar novos desafios e além de ser um método de terapia, é relaxante e faz bem à saúde. Para não esquecerem de sua atividade preferida, algumas tricoteiras resolveram inovar e tatuaram no corpo novelos, com várias cores, e em alguns deles tem até agulhas inseridas. Originalidade – Tricoteira tatua no corpo a paixão pela arte. 11 nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Tricoteiras mais que modernas Matéria do Jornal Diário de S. Paulo - Publicada em: 4/7/2010 Grupo de mulheres de todas as idades se reúne mensalmente para fazer tricô em um café da capital. Um inusitado encontro de mulheres movimenta, mensalmente, um café nos Jardins, na Zona Oeste da capital, com direito a gritinhos de euforia, gargalhadas, troca de confidências e de informações sobre a arte do tricô. E não, elas não são vovozinhas que resolveram levar as lãs na bolsa para se encontrar. São mulheres de negócios, modernas, ousadas e tricoteiras. É o “The Crazy Knitting Ladies”, ou como elas mesmas traduzem,“As Senhoras Loucas do Tricô”. A ideia surgiu na internet, como cópia do que já acontece em outros países, onde vários sites e blogs agrupam pessoas apaixonadas pelo tricô, criando uma rede enorme de interessados em saber todas as novidades que envolvam essa arte. No Brasil, um grupo de mulheres de vários estados passou a se falar constantemente pelos blogs criados aqui, até que uma paulistana resolveu que era hora do encontro cara a cara e agulha com agulha.“Em 2002 uma moça participou de um encontro desses em Portugal, e resolveu criar o ‘Tricoteiras de São Paulo’. Mas, depois de um tempo ele acabou, e montamos então o ‘The Crazy Knitting Ladies’”, relatou uma das organizadoras, a jornalista Clara Quintela, de 33 anos, há seis uma tricoteira dedicada. O grupo começou em 2005, com as integrantes batendo papo através de blogs. 12 Hoje é sitiado virtualmente no site www.tricoteiras. com, e uma vez por mês, no Vanilla Café da Alameda Itu, as tricoteiras se reúnem no segundo andar em uma verdadeira festa do tricô. Quem sabe mais, ensina. Quem viajou e conheceu uma lã nova, conta. Quem quer conhecer uma técnica, pergunta. “É uma troca que estimulamos o tempo todo, nos falamos pela internet todos os dias, porque é esse intercâmbio que nos atualiza”, revelou a carioca analista de sistemas Valesca Fortunato, de 29 anos, que aprendeu a tricotar há seis anos, e aproveitou a vinda a São Paulo para participar do evento. Ela também mantém o “The Crazy Knitting Ladies” no Rio. O encontro, no entanto, é curioso, mas não é único. Mais uma leva de mulheres se juntam com seus novelos em vários outros como o “Agulha Mágica”, o “Café Tricô”, o “Simplesmente Tricô”, o “Crocheterapia”e o“Tricoteiras Solidárias”, todos na terra da garoa, mas em contato com o mundo. E por que elas tricotam? “Por prazer, terapia, por ser uma arte”, disse Clara Quintela. Fernando Dantas - Diário de São Paulo Mulheres se reúnem todo mês em café do Jardins para fazer tricô. As Boas Compras deu na imprensa nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Matéria da Revista Veja S. Paulo Publicada em: 14/7/2010 Por Kiki Romero e Tati Amaro Chaveiro de crochê. Sapatinhos de tricô. Manta de lã feita a mão. Colar de crochê. Broches de tricô. Almofadas de tricô. Botas de tricô forradas de pele. Blusa de babados em crochê. Gorro e cachecol infantis de crochê . Bolsa de mão de crochê. Mantinhas de tricô. 13 receitas nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Pullover em Puffy Por: Jussineide Evaristo Tamanho: 40/42 Material: 4 novelos de fio Puffy cor (61),1 novelo de fio Puffy cor (1323), agulha de tricô n.08 da Aslan Trends, agulha para costura, agulha circular n.7 Ponto Fantasia: primeira carr-direito 1m,1t; segunda carr: avesso tudo em trico, ponto barra 1/1. Costas Monte 36 p.na agulha n.8 com 2 fios na cor 61 e tricota em ponto fantasia por 42cm,arrematar para a cava 4 p.de cada lado de uma vez só, tricota mais 20 cm arremata 10 p centrais para o decote e 9 p.de cada lado para os ombros. Frente Monte 36 p na agulha n.8 com 2 fios na cor 61 e tricota em p,fantasia por 34 cm, dividir o trabalho em duas partes iguais para fazer o decote,dim.um p. a cada 7 carr. 5x,ao mesmo tempo a 42 cm do começo, arrematar para a cava 4 p de uma vez.A 62cm do início arrematar os 9 p. do ombro, fazer outro lado igual. Manga Monte 16 p. na agulha n.8 com 2 fios da cor 61,tricota em p.fantasia,aum.1 pt de cada lado a cada 14 carr.6x,a 48cm do inicio arrem.1 pt de cada lado a cada 3 carr.ate ficar 8 pt ,arrematar. Decote Levantar na agulha circular n.7 90 pt com 2 fios na cor 1323,tricotar em ponto barra 1/1 e dim.V.1p.de cada lado toda as carr.por 4 cm e arrematar. Acabamento: costurar os ombros, as laterais, feche as mangas e prenda na cava. 14 nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Blusa Marc com Haras Por Eleonore Elsner Material: 5 novelos de fio Haras (100g) cor 5687 agulha de tricô nº 4,5 Pontos utilizados: Ponto Jersey (direto em tricô, avesso em meia). Ponto fantasia: 1ª carr: 4m, * mate simples, laç, 1 m.,laç., 2 jts.m., 7m., * term. com 4m. 2ª carr: todas as pares acompanhar o ponto 3ª carr: 3m, *mate simples., laç., 3m., laç., 2 jts.m., 5m., * term com 3m 5ª carr: 2m., *mate simples., laç., 5 m., laç, 2 jts.m., 3m., * term com 2 m 7ª carr: 4m., * mate simples, laç, 1 m., laç., 2 jts.m., 7m * term com 4 m 9ª carr: 3m., * mate simples., laç., 3 m., laç, 2 jts.m., 5m * term com 3 m 11ª carr: 4 m., * laç., mate simples., 1 m., 2 jts.m., laç., 7m., * term com 4 m 13ª carr: 1 m., laç., * 2jts.m., 2 m., laç., mate duplo., laç, 2m., mate simples., laç., 1m.,laç., * term mate simples, laç, 1m 15ª carr: 2m., laç., * 2 jts.m., 5m., mate simples., laç., 3 m., laç.,* term com mate simples, laç., 2 m. 17ª carr: 3m., laç., * 2 jts.m., 3 m., mate simples., laç., 5 m., laç * term com mate simples, laç., 3 m. 19ª carr: 1 m., laç., * 2 jts.m., 7 m., mate simples., laç., 1 m., laç., * term com mate simples, laç., 1 m. 21ª carr: 2 m., laç., 2 jts.m., 5 m., mate simples., laç., 3 m., laç., * term com mate simples, laç., 2 m. 23ª carr: 1 m., * 2 jts.m., laç., 7 m., laç., mate simples., 1 m., * 25ª carr: 2 jts.m., * laç., 2 m., mate simples., laç., 1 m., laç., 2 jts.m., 2 m., laç., mate duplo., * term com laç mate simples. sia, por 48 cm. e fazer o decote. Arrematar 21 pontos no centro do trabalho e trabalhar cada lado separadamente = 33 pontos. Diminuir do lado do decote a cada 2 carreiras 2 pontos por 3 vezes. = 27 pontos. Arrematar e fazer o outro lado igual invertendo as explicações. Fechar um dos ombros e deixar o outro lado aberto. Levantar 94 pontos ao redor dos decotes da frente e das costas. Fazer 6 carreiras de sanfona 1/1 e arrematar.Fechar o outro ombro. Manga Começar com 36 pontos e trabalhar no ponto Jersey por 43 cm., aumentando a cada 8ª carr., 1 ponto de cada lado por 15 vezes = 66 pontos. Arrematar e costurar nas cavas. Execução Costas Começar com 87 pontos e trabalhar reto no ponto fantasia por 58 cm. Dividir em duas partes, deixando 25 pontos no meio para o decote e 31 pontos de cada lado. Trabalhar cada parte (31 pontos) separadamente e diminuir 2 pontos a cada 2ª carr do lado do decote por 2 (duas) vezes = 27 pontos. Arrematar e fazer o outro lado igual, invertendo as explicações. Frente Começar com 87 pontos e trabalhar reto, no ponto fanta- 15 nº.12 Jul/Ago/Set 2010 Bolsa-carteira estilo Chanel com Engenho Por Karen Burns Material: 1 novelo de 100g. do fio Engenho bege, cor 0091 ag. reta ou circular 5,0 e 5,5 mm. de 40 cm. ag. de crochê 5,0 mm 1 fecho magnético pequeno 60 x 35 cm. de tecido para forro (alpaca ou cetim grosso) 55 x 30 cm de entretela grossa termocolante 1 m. de corrente fina dourada oxidada 1 botão dourado oxidado decorativo (pode ser substituído por broche) agulha e fio para costura Pontos empregados: Cordões de tricô: todas as carreiras em meia ou em tricô Relevo de tranças: sobre 8 + 2 p 1ª, 5ª e 7ª carr.: toda em meia 2ª e todas as carr. pares: teça acompanhando o ponto 3ª carr: *1m, coloque 2 p. na agulha auxiliar na frente do trabalho, 2m.; teça os p. da ag. auxiliar em m.; coloque p. na agulha auxiliar atrás do trabalho, 2m teça os p. da ag. auxiliar em m.* ; repita de * a * 9ª carr.: * 1 m.; coloque 2 p. na agulha auxiliar na atrás do trabalho, 2m.; teça os p. da ag. auxiliar em m.; coloque p. na agulha auxiliar na frente do trabalho, 2m teça os p. da ag.auxiliar em m.*; ; repita de * a * 11ª carr.: repita a partir da 5ª carr.. Ponto baixo (crochê) Execução Com a ag. 5.0 mm. e o fio Engenho monte 48p. teça 6 carr em m. Mude para a ag. 5.5 mm. e teça os 3 primeiros p.e os 3 últimos p. em m. e restante no p. relevo de tranças. por 45cm. Mude para a ag.5.0 mm e teça mais 12 carr em cordões de tricô, diminuindo no início de cada carr. 1p x 3 vezes. Arremate os p. restantes. Montagem e acabamento: corte 2 vezes o tecido para o forro no tamanho do trabalho e 1 vez a entretela 0,5 cm menor que na medida da bolsa. Vire uma das partes do forro para o avesso e pregue à entretela. Coloque o fecho magnético no tecido sem entretela, nos lados mais estreitos. Costure o pedaço de forro com o fecho magnético pelo avesso, deixando um dos lados aberto para virar o conjunto (forro, entretela, forro) para o direito. Feche com uma costura a parte aberta do forro. Prenda o forro ao corpo da bolsa, deixando uma folga de meio cm. ao redor de toda a bolsa. Sobreponha as laterais mais longas da bolsa de modo que1/3 do trabalho seja a aba de fechamento e o restante, o corpo da bolsa. Uma as partes, direito com direito com uma carr. de p. baixo. Contorne a aba da bolsa com 1 carr. em p. baixo. Pregue a corrente no lado interno da aba. 16