Terminação de Bovinos de Corte com Ênfase na

Transcrição

Terminação de Bovinos de Corte com Ênfase na
Terminação de Bovinos de Corte com Ênfase na Utilização de
Volumosos Conservados
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Flávio Dutra de Resende , Ricardo Dias Signoretti , Rogério Marchiori Coan , Gustavo Rezende
1
Siqueira
1
Pesquisador Científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Colina-SP, Email: [email protected]
2
.Zootecnista, Doutor em Produção Animal, Diretor da COAN Consultoria, Jaboticabal/SP.
E-mail:[email protected]
1. Introdução
A estacionalidade de produção das plantas forrageiras é reconhecida como
um dos principais fatores responsáveis pelos baixos índices de produtividade da
pecuária nacional, visto que ocorre redução de produção das pastagens em
períodos em que há diminuição da disponibilidade de luz (dias são mais curtos), a
temperatura média é menor e o índice pluviométrico é drasticamente reduzido.
Esses três fatores juntos impedem que a pastagem cresça de uma forma uniforme
durante o ano todo. No Brasil Central, esse período corresponde aos meses de
maio a setembro, época em que ocorre drástica redução no crescimento de
gramíneas forrageiras tropicais, resultando em menor disponibilidade quantitativa
e qualitativa de forragem, afetando de maneira significativa o desempenho dos
animais mantidos a pasto. Os principais prejuízos causados pela estacionalidade
na produção de forrageiras são relacionados ao atraso no crescimento de animais
jovens, perda de peso nos machos adultos e conseqüentemente aumentando a
idade de abate dos bovinos, atraso na idade da primeira parição e baixa fertilidade
do rebanho.
De maneira geral, a relação entre a produção de verão e inverno é de
aproximadamente 4:1, ou seja, do total de forragem produzida durante o ano, 80%
está concentrado em aproximadamente 6 meses de verão, enquanto nos demais,
apenas 20%. É importante ressaltar que a estacionalidade de produção forrageira
é mais marcante para as espécies de capim pertencentes ao gênero Panicum
(Tanzânia, Mombaça e Colonião), comparativamente àqueles do gênero
Brachiaria (Marandu, Decumbens e Humidicola), que apresentam maior
plasticidade de produção e manejo.
Os efeitos desse fato sobre a pecuária de corte são evidentes, ocorrendo
uma variação acentuada de ganho de peso, provocando um efeito “sanfona” sobre
os animais, e um conseqüente atraso da idade de abate destes. Durante o inverno
é comum que os animais percam peso, enquanto no verão, estes apresentam
ganhos acentuados. A lotação das pastagens sofre redução, já que a oferta de
forragem é reduzida. O preço da arroba de carne oscila durante o ano devido à
existência de períodos de alta e baixa disponibilidade de animais prontos para o
abate, bezerros, vacas, novilhas e bois magros. Para reduzir tais efeitos é
necessário a utilização de volumoso suplementar, o qual pode ser conservado na
forma de silagem.
A escolha de alternativas visando minimizar os efeitos da estacionalidade
na produção de plantas forrageiras deve ser coerente com o nível de exploração
pecuária, diferenciando-se, principalmente pela necessidade de intensificação de
uso das pastagens. É nesse sentido, que as técnicas de conservação de forragens
têm sido adotadas como estratégia para manutenção do equilíbrio entre a oferta e
demanda de alimentos nos sistema de produção.
Outra razão para a utilização de técnicas de conservação de forragens é o
melhor uso do solo. É possível o plantio de duas a três culturas em sucessão ou
vários cortes de forrageiras perenes, em contraste com alternativas de produção e
estocagem de “feno-em-pé” ou plantio de lavouras para colheita de grãos, que
demandam um período prolongado de utilização do solo.
Para tentar solucionar ou pelo menos minimizar o problema e estratificar
uniformemente a produção de carne durante o ano, o pecuarista pode adotar
inúmeras estratégias, cada qual mais apropriada às condições do sistema de
produção que estiver sendo utilizado na propriedade. O uso de forragens
conservadas, a suplementação concentrada no pasto e o uso de irrigação são
alternativas utilizadas para contornar a escassez de pasto nesse período do ano.
A conservação de forragens proporciona alimentos de alta qualidade, de
maneira mais uniforme, ao longo do período de suplementação. A silagem e o
feno, com destaque para o primeiro, são as principais formas de uso de forragens
conservadas.
A alternativa mais simples para intensificar (aumentar) a produção de carne
é a suplementação (alimentação adequada) durante o período seco. Contudo,
com a globalização das economias que vem ocorrendo, incluindo-se neste
contexto a produção de carnes, há necessidade de aprimorar os sistemas de
produção, quer seja por meio da redução de custos ou aumento da qualidade dos
produtos ofertados. Nesse sentido, do ponto de vista nutricional, a intensificação
dos processos de produção de carne envolve desde o manejo racional das
pastagens durante a estação de crescimento abundante de forragem até a
suplementação, o semiconfinamento e o confinamento dos animais no período de
pouca disponibilidade de forragem (Esteves, 1997).
A conservação de forragens surge como alternativa interessante para suprir
a baixa produção de forragens no período seco do ano e de forma a manter o
nível de suprimento de alimentos derivados da bovinocultura para a população.
Existem diversas formas de conservação de alimentos, tanto para uso
humano quanto para uso animal. É pertinente e correta a afirmação de Ashbell
(1994) de que não existe tecnologia de conservação que impeça mudanças na
qualidade dos alimentos ou perdas durante a estocagem; contudo, o uso correto
da tecnologia pode reduzi-las ao mínimo.
2. Tipos de volumosos como fonte suplementar
A utilização da suplementação de bovinos com forragens conservadas
depende dos requerimentos nutricionais da categoria de bovinos de corte e da
composição de nutrientes da forragem.
Segundo o NRC (1996), a máxima eficiência de utilização da dieta resulta
do suprimento de dietas nutricionalmente balanceadas, sendo o desempenho do
animal afetado pelo principal nutriente limitante. Neste sentido, quando a energia é
o principal nutriente limitante, outros nutrientes não serão eficientemente
utilizados. Da mesma forma, se a proteína for o principal nutriente limitante, o
suprimento de energia adicional poderá não otimizar o desempenho animal.
Além das exigências nutricionais dos animais, deve-se conhecer a
composição dos alimentos concentrados ou volumosos para melhor equilibrar a
dieta dos animais em questão. Algumas forragens são pobres em proteína, não
atendendo as exigências de qualquer categoria de bovinos, principalmente
aqueles em fase de terminação.
As silagens de milho, sorgo forrageiro, cana-de-açúcar, dentre outras,
precisam ser suplementadas com proteína. Independentemente do tipo de
forragem, a suplementação protéica deve ser calculada com base nas exigências
da categoria animal e no teor de proteína bruta da forragem.
Os compostos nitrogenados não protéicos (NNP), principalmente a uréia,
têm sido amplamente utilizados como fonte de nitrogênio, em dietas para
ruminantes. Uma das razões para o uso de fontes de NNP é o menor custo do
quilograma de nitrogênio, em relação aos concentrados protéicos.
Quando o consumo de energia proveniente da forragem limita o
desempenho animal, será necessária a suplementação com uma fonte rica em
energia, como a silagem de milho, a suplementação energética poderá não ser
necessária, a não ser no caso de bovinos em terminação (Coan et al, 2003).
2.1. Opções de volumosos suplementares
As principais opções de volumosos suplementares a serem utilizados na
forma de silagem são: silagens de sorgo, girassol, milho, cana de açúcar e capim.
A escolha do tipo de volumoso a ser utilizado deve levar em consideração
aspectos técnicos e econômicos. Neste sentido, Nussio et al. (2003) avaliou
diferentes fontes de volumosos suplementares (silagens de sorgo, girassol, milho,
milho safrinha e capineira de cana-de-açúcar sob colheita manual e mecanizada)
para ganhos de peso de 0,85 e 1,25 kg/dia, sob regime de confinamento. Nesta
avaliação foram considerados os parâmetros nutricionais médios baseados no
NRC (1996) e os custos de produção estimados pelo CEPEA/ESALQ de abril de
2003. Os autores concluíram que o custo total médio das culturas anuais (sorgo,
girassol e milho) foram inferiores ao das culturas perenes (capim tanzânia e cana
picada). O custo total considerou etapas desde o cultivo, colheita e oferta de
volumosos aos animais, considerando perdas inerentes aos processos. Dos
principais componentes do custo de produção, evidenciam-se aqueles relativos
aos insumos (fertilizantes, inseticidas, herbicidas, combustível, lona plástica, etc)
os quais corresponderam a 57,1% do custo total de produção e 29% na opção
relativa à capineira de cana-de-açúcar, justificado pela sua não conservação na
forma de silagem. Para a silagem de milho produzida na safra convencional
(set/out) e durante o período de safrinha (fev/mar), Nussio et al. (2003) ponderou
sobre a menor produtividade e o valor nutritivo inferior característico dessas
culturas cultivadas na safrinha o que pode representar fontes de nutrientes menos
competitivos na composição de rações para bovinos em engorda. No caso da
silagem de capim tanzânia, Nussio et al (2003) observou que apesar de gerar um
baixo custo por tonelada de massa verde em função da grande produção de
biomassa, esta apresentou custo elevado
por tonelada de matéria seca,
assemelhando-se ao custo da silagem de culturas anuais, constituindo-se assim
numa fonte de nutrientes de custo elevado. Além disso o manejo insatisfatório que
normalmente é utilizado no processo de ensilagem dessas plantas, tem como
agravantes perdas totais estimadas superiores a 40% da matéria seca (MS) em
silos de grande porte (Nussio et al, 2003).
Quando se pensa nas culturas anuais, dos custos totais de produção de
silagem, cerca de 50% são representados por fertilizantes e custos associados
com o processo de ensilagem (colheita, transporte e lona plástica) o que indica a
importância da profissionalização na compra desses insumos e serviços visando
buscar a redução no custo unitário desses volumosos (Nussio et al, 2003).
A segui será apresentada uma discussão sobre os principais volumosos
suplementares na forma de silagem.
a) Cana-de-Açúcar
Cada vez mais a cana-de-açúcar tem sido utilizada como volumoso
suplementar para terminação de bovinos, em virtude dos seus atributos positivos:
cultura de fácil implantação, requerendo poucos tratos culturais; elevada
produtividade (ao redor de 90 t./ha) em uma única colheita, melhor qualidade no
período de escassez das pastagens; bem consumida pelos animais.
Apesar de todos os atributos positivos, a mecanização do corte, em
algumas situações, é problemática. As máquinas forrageiras utilizadas para essa
finalidade são pouco eficientes, apresentam baixo rendimento, necessidade
freqüente de manutenção e principalmente o tamanho de corte das partículas o
qual, muitas vezes, não é adequado para potencializar o consumo e
consequentemente o desempenho animal. Para o corte mecanizado, muitas
propriedades têm utilizado máquinas forrageiras inicialmente utilizadas para
ensilagem de milho e sorgo. Problemas de manutenção, longevidade e rendimento
dessas máquinas sempre se apresentaram como limitantes ao desenvolvimento e
à evolução de grandes sistemas de produção baseados na utilização da cana-deaçúcar como recurso forrageiro.
No que diz respeito ao valor alimentício da cana-de-açúcar, esta ao
contrário da maioria das plantas forrageiras, apresenta melhora da digestibilidade
da MS com o avanço da maturidade fisiológica em função do aumento dos teores
de carboidratos solúveis. Dependendo da idade fisiológica no momento do corte, o
teor de FDN pode variar de 40 a 65%, porém próximo da idade ideal de corte essa
variação é menor. Oliveira (1996), citado por Coan et al. (2003) em uma avaliação
de 16 variedades, sendo 15 originárias do Centro de Ciências Agrárias da
UFSCAR (RB) e a CO 413, observou que a proporção de FDN variou de 45,1 a
58,0% da MS, enquanto que o teor de FDA, variou de 25,9 a 37,5% na MS. A
cana-de-açúcar integral é uma forragem rica em energia (aproximadamente 60%
NDT na MS), mas apresenta baixos teores de proteína bruta (2 a 3% na MS),
enxofre, fósforo, zinco e manganês.
a. 1- Utilização da cana-de-açúcar para produção de silagem
Durante o período das chuvas, não só a confecção de silagem é mais
problemática, como também, ao optar-se pelo fornecimento da cana fresca, reduzse a capacidade de mecanização das operações de campo, dificultando o corte
diário e conduzindo a irregularidades no fornecimento do alimento.
Tendo em vista esta constatação, muito se tem discutido sobre a ensilagem
da cana-de-açúcar. O que se pode afirmar é que atualmente se faz necessário o
desenvolvimento de trabalhos de pesquisa na área de conservação da cana na
forma de silagem, levantando problemas com o processo fermentativo
(principalmente produção de álcool), colheita, armazenamento e desempenho
animal (consumo de matéria seca, digestibilidade e produção de carne e leite).
Momentaneamente os resultados de desempenho animal com uso da silagem de
cana são inferiores aos encontrados para a cana-de-açúcar in natura. Isso ocorre
principalmente pela maior produção de ácido acético e álcool, fatores esses que
limitam sobremaneira o consumo do material, por apresentarem influência direta
sobre os receptores bioquímicos ligados à saciedade.
O uso de aditivos microbiológicos à base de bactérias lácticas pode ser
uma alternativa para limitar o crescimento de leveduras, e consequentemente o
aumento da produção de álcool e redução de consumo, digestibilidade e
desempenho animal com o uso dessa silagem. Devido ao alto custo desse aditivo
e da falta de garantia de retorno financeiro, a recomendação do seu uso é
questionável, porém, à medida que estes produtos sofrerem melhoria de qualidade
e redução de preço e o processo de produção de silagem (todo o sistema, desde o
plantio da cana até o manejo da desensilagem e alimentação) esteja otimizado.
Uma visão mais ampla de negócio, ou seja, a visão de um sistema de
produção de carne ou leite, ao invés de simplesmente avaliar o alimento volumoso
individualmente, permitirá ao produtor decidir pela utilização da cana-de-açúcar na
forma de silagem ou in natura, concluindo-se que a decisão pode ser mais
acertada com qualquer uma, desde que outros parâmetros do sistema indiquem
isso,
principalmente com
disponibilidade
e
custo
relação
de
à disponibilidade
mão-de-obra,
da
disponibilidade
cana
de
(excesso),
silos
para
armazenamento, disponibilidade de máquinas para colheita e ou picagem e até a
terceirização da colheita. O que atualmente se constata é que a qualidade da
silagem é menor do que a cana in natura, tanto do ponto de vista de ingestão de
matéria seca como da sua digestibilidade, porém ganhos em outros segmentos do
sistema de produção podem compensar essa perda e até aumentar a lucratividade
do produtor.
b. Silagem de milho
O milho é a mais popular cultura utilizada no processo de ensilagem, e
extensas áreas são cultivadas em diferentes partes do mundo.
Esta opção permite que a semeadura possa ser realizada entre os meses
de agosto e janeiro, com ciclo de 110 a 180 dias, de acordo com o híbrido
utilizado. Nos cálculos é considerado o plantio no mês de novembro. Recomendase o uso de 27 a 32 kg de sementes viáveis por ha, com espaçamento de 0,7 a
1,0 m entre linhas. O ponto de colheita do material é caracterizado pelo estado
farináceo-duro do seu grão, com matéria seca variando entre 30 e 35%. A
produção média estimada e usada para os cálculos apresentados para a cultura é
de 15 t de MS por ha; o teor de PB é aproximadamente 6 a 8%, e de NDT, de 65 a
75%. A maior quantidade de grãos no material ensilado poderá representar
economia em ingredientes concentrados, sendo assim, a escolha dos materiais
genéticos para produção de silagens deve recair não só sob o fato do mesmo ser
adaptado à determinada região geográfica e ser mais produtivo, mas sim sob o
aspecto de minimizar o custo da ração total a ser fornecida aos animais (Coan et
al, 2003).
c. Silagem de sorgo
A semeadura do sorgo pode ser realizada na mesma época da semeadura
do milho ou, alternativamente, no final de janeiro ou início de fevereiro. Esta opção
é dada pela maior resistência a déficits hídricos desta cultura. Este fato está
associado a características da planta, como serosidade foliar e sistema radicular
mais profundo. Recomenda-se que o plantio seja realizado com espaçamento de
0,5 a 0,7 m entre linhas, utilizando-se de 8 a 10 kg de sementes por ha. A
profundidade ideal de semeadura é de, no máximo, três cm, e o ciclo da cultura
pode ser de 100 a 210 dias, de acordo com o híbrido.
A produção esperada para o material é de 18 toneladas de matéria seca por
hectare, com teores aproximados de 6% de proteína bruta e 60% de NDT.
O sorgo tem como característica favorável uma maior flexibilidade no
momento da ensilagem, mantendo-se por mais tempo no ponto adequado de
colheita, quando comparado ao milho. As silagens obtidas apresentam entre 85 a
90% do valor nutricional do milho. Este fato é devido a uma menor digestibilidade
em decorrência de tanino, menor digestibilidade do amido e a presença do
tegumento do grão.
O conteúdo de matéria seca desempenha papel importante na confecção
da silagem, quer aumentando a proporção de nutrientes e facilitando os processos
fermentativos, quer diminuindo a ação de microrganismos do gênero Clostridium,
responsáveis pela produção de ácido butírico e degradação da fração protéica,
com conseqüente redução do valor nutricional da silagem. Quanto maior a
umidade, menor será o pH limite para inibir o crescimento, mesmo com níveis
adequados de carboidratos solúveis para promover fermentação lática, silagens
muito úmidas, são pouco desejáveis devido ao menor consumo voluntário,
reduzindo o desempenho animal. Além disso, silagens com menores teores de
umidade possuem menor custo de transporte, pois cada vagão leva maior
quantidade de matéria seca. Silagens com maior teor de água produzem maior
quantidade de efluentes, responsáveis por perdas de nutrientes de alta
digestibilidade.
Por outro lado, silagens com alto teor de matéria seca têm grande
tendência à produção de calor e crescimento de fungos devido à dificuldade de
compactação e exclusão do oxigênio, promovendo assim a perda do valor nutritivo
do material final. Dados de Andrade & Carvalho (1992), citados por Coan et al
(2003) mostra resultados de diferentes ensaios onde foram comparados diferentes
teores de MS e estágios de maturação (Tabela 01). De um modo geral, híbridos
de sorgo em estágio de grãos leitosos normalmente apresentam maiores
coeficientes de digestibilidade da porção fibrosa. No entanto o rápido aumento da
proporção de grãos e consequentemente de amido altamente digestível que
ocorre com o amadurecimento, compensam a diminuição da digestibilidade da
fração fibrosa, mantendo inalterada a digestibilidade da MS.
Tabela 01- Média dos teores de matéria seca (MS), fibra bruta (FB), proteína bruta (PB),
digestibilidade aparente da matéria seca (DMS) e da fibra bruta das silagens
de sorgo AG-2002 e BR-506.
Estágios de
AG - 2002
BR-506
maturação (grãos)
MS
FB
PB
DMS DFB MS
FB
PB
DMS DFB
Leitoso
23,2 33,5 5,3
57,3
51,2 26,6 31,4 6,1
61,4
54,2
Farinácio
30,3 24,3 5,9
61,7
42,2 28,2 25,8 5,0
63,7
52,2
Duro
31,0 28,7 5,5
59,0
43,5 29,2 28,0 5,4
62,0
44,1
Fonte: Adaptado de Andrade & Carvalho (1992), citado por Coan et al. (2003)
d. Silagem de girassol
De forma semelhante ao sorgo, o girassol pode ser cultivado no mesmo
período que o milho, isto é, com semeadura entre os meses de setembro e
dezembro, ou para a safrinha, de janeiro a março. O girassol possui elevada
capacidade de adaptação, desenvolvendo-se bem em climas temperados,
subtropicais e tropicais. As vantagens mais nítidas de sua utilização estão
relacionadas à sua maior produção de massa verde por unidade de área e maior
resistência à falta de chuvas e às baixas temperaturas. Existem restrições,
associadas há alguns cultivares e efeitos residuais de herbicidas ou presença de
nematóides, sob a emergência de plântulas de girassol.
A semeadura deve ser realizada numa profundidade de 3 a 5 cm, deve
utilizar 3 a 6 kg de sementes por ha, com espaçamento de 0,65 a 0,90 m entre
linhas e 0,25 a 0,30 m entre plantas. A produção estimada é de 15 t de MS por ha,
com teores de 64% de NDT e 10,5% de PB.
e. Silagem de capim
A produção de silagens de capins vem sendo utilizada como uma
alternativa
às
culturas
tradicionais,
apresentando
como
vantagens
as
características de serem perenes, além da possibilidade do aproveitamento do
excedente de produção das águas (Nussio et al., 2000). Esta prática que vem
sendo adotada com freqüência no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, em
substituição a fenação que, invariavelmente, é prejudicada pelas condições
climáticas predominantes na época chuvosa do ano (outubro a março).
No entanto, para obtenção de silagem de alta qualidade, faz-se necessário
que alguns fatores sejam considerados, como por exemplo, os teores de matéria
seca (MS), que devem estar entre 28,0 e 35,0%, a riqueza em carboidratos
solúveis (CS) e o baixo teor tampão (PT), que não deve oferecer resistência à
redução do pH para valores entre 3,8 e 4,2 (Mccullough, 1977). Esses parâmetros
influem, de maneira decisiva, na natureza da fermentação e na conservação da
massa ensilada. Woolford (1984), relata que os teores de MS, de carboidratos
solúveis e a capacidade tampão, são fatores importantes no que diz respeito à
ensilagem de uma planta forrageira. O autor sugeriu que os teores de MS devem
ser no mínimo de 25% e a relação entre carboidratos solúveis/capacidade tampão,
sendo inferior a 3,0 de forma a possibilitar a obtenção de silagem de qualidade
satisfatória (Figura 01).
Figura 01. Relação entre conteúdo de matéria seca e proporção açúcar:capacidade
tampão e seus efeitos na qualidade final das silagens.
Fonte: Weissbach et al., citado por Woolford, 1984.
A essência do processo de ensilagem é promover rápida fermentação lática
oriunda de bactérias predominantemente homofermentativas sob condições
anaeróbicas, as quais ocorrem naturalmente, porém, as bactérias láticas não são
as únicas que ocorrem nas silagens. Inúmeros microorganismos indesejáveis,
como enterobactérias e Clostridium, os quais podem concorrer com as bactérias
láticas pelos mesmos substratos, dependendo das condições encontradas no silo.
Diversos capins tropicais têm sido estudados no sentido de encontrar
alternativas para conservação na forma de silagem e entre eles, destacam-se:
tanzânia, mombaça e tobiatã (gênero Panicum), braquiarão, decumbens (gênero
Brachiaria) e Napier (gênero Penissetum). Estas plantas apresentam limitações ao
processo de ensilagem devido ao fato de apresentarem baixo teor de MS no
estádio de maior valor nutritivo, elevado poder tampão e baixo conteúdo de
carboidratos solúveis. Esses fatores associados prejudicam o processo de
fermentação, além de promover perdas de nutrientes (proteína, açúcares,
vitaminas, etc.) no efluente produzido (Ashbell (1994)) (Tabela 2). Além disso a
silagem produzida, apresentam médio valor nutritivo, apresentando ao redor de
53-55% de NDT e 6 a 8% de PB, na MS.
Tabela 2 – Produção de efluentes e perda de matéria seca (MS) em silos tipo trincheira
Conteúdo de MS
Produção de efluentes
Perdas de MS
(%)
30
25
20
15
(litros por t. de silagem)
0
20
60
200
(%)
0,0
0,4
1,6
7,2
Fonte: Ashbell (1994)
Diante das limitações dos capins tropicais para serem ensilados, justifica-se
o uso de aditivos que favoreçam o processo fermentativo de forma a melhorar a
qualidade da fermentação no silo, reduzirem perdas de nutrientes e aumentar a
ingestão e o desempenho animal (Wilkinson, 1983). Os aditivos podem ser
divididos em substratos ou fontes de nutrientes, tais como melaço, polpa cítrica,
rolão de milho, etc. e os estimulantes de fermentação, tais como enzimas e
inoculantes bacterianos. Alguns substratos podem estar associados a mais de um
efeito, como os que estimulam a fermentação, têm capacidade absorvente e
também são fontes de nutrientes (Coan, 2003)
3. Utilização de volumosos conservados no confinamento
O sistema de produção, como parte integrante de uma cadeia produtiva
eficiente de carne, terá de fazer inserções diversas, especialmente tecnológicas,
visando promover a intensificação do sistema e objetivando maximização da
produção e da competitividade (Euclides et al., 2000).
O confinamento de bovinos na fase de terminação tem se revelando como
alternativa tecnológica importante na intensificação de sistemas de produção de
bovinos de corte buscando atender o exigente mercado consumidor interno, e
principalmente externo.
O confinamento, bem planejado, tem possibilitado o aumento do ganho de
peso diário dos animais e notável redução da idade de abate, com reflexos
positivos na taxa de desfrute, na obtenção de carcaças de melhor qualidade e no
maior giro de capital.
Para tanto, é fundamental a utilização de forragens conservadas de
qualidade
superior,
associadas
a
alimentos
concentrados,
utilizando-se
ingredientes disponíveis na região a baixo custo. Desta maneira, podem-se
garantir ganhos de peso e o uso de animais de alto potencial genético,
normalmente mestiços ou provenientes de cruzamentos industriais entre raças
zebuínas (Nelore) e européias, cuja heterose proporciona maior velocidade de
crescimento e melhor qualidade de carcaça, em relação aos de algumas raças
puras.
O consumo de matéria seca é uma das variáveis mais importantes que
afetam o desempenho animal, sendo influenciado por características do animal, do
alimento e das condições do manejo alimentar.
O consumo é inversamente correlacionado ao teor de parede celular,
quando este se situa acima de 55 – 65%. E, quando a densidade energética da
dieta é alta, em relação às exigências do animal, e, se a dieta apresenta baixa
densidade energética, o consumo será limitado pelo efeito de enchimento físico
(Mertens, 1992).
O estádio de maturidade da planta à colheita influencia seu valor nutritivo
mais do que qualquer outro fator, notadamente, em gramíneas e leguminosas
forrageiras, quando colhidas para feno ou silagem. Neste sentido, é fundamental o
conhecimento do momento da colheita, pois a forragem de melhor qualidade com
certeza será aquela que promoverá maiores consumos e, conseqüentemente
melhor desempenho animal.
Para se conseguir maximizar o consumo de energia deve-se manipular de
maneira eficiente a proporção de volumoso:concentrado na dieta. Desta maneira,
no balanceamento de dietas, devem-se suplementar os volumosos disponíveis
com concentrados, procurando corrigir suas deficiências de nutrientes, seja em
virtude a mais baixa qualidade da forragem ou à impossibilidade de atendimento
das exigências nutricionais de categorias de animais de desempenho mais
elevado.
Como a alimentação representa o maior componente do custo operacional
nos confinamentos, deve-se escolher criteriosamente o programa de alimentação
a ser adotado, o qual deve ser técnica e economicamente viável.
O confinamento de bovinos no período seco pode ser uma estratégia
interessante, quando utilizado de maneira integrada com a atividade de cria e/ou
recria e com o sistema intensivo de utilização das pastagens no período das
“águas”. Isto porque, como menciona Esteves (1997), o custo total por arroba
produzida no confinamento pode ser até maior que a cotação de mercado do boi,
devido à elevação nos custos de produção, em termos de animais de reposição,
alimentação, mão-de-obra, produtos veterinários, amortização de instalações.
Dentre os vários sistemas de produção de bovinos, o confinamento é
aquele com maior potencial para reduzir a idade de abate, embora o custo de
produção possa ser mais elevado que nos sistemas à base de pastagens.
Contudo, quando se levam em conta outras vantagens da técnica do
confinamento, como por exemplo: 1) o aumento da taxa de desfrute, 2) o retorno
mais rápido do capital, 3) a produção de carcaças mais pesadas que nos sistemas
em pastagens, 4) a liberação de áreas de pastagens para outras categorias
animais durante o período seco, 5) a maior produção de carne por unidade de
área, é provável que o retorno sobre o capital investido seja mais elevado.
Até a alguns anos, a prática de confinamento de bovinos de corte, no Brasil,
tinha como principal premissa a possibilidade de aproveitar o diferencial de preços
da arroba do boi gordo, entre a safra e a entressafra. Este fato possibilitava o
recebimento de um valor da arroba pelo menos 30% mais alto que o praticado na
safra, além de permitir que o pecuarista produzisse animais mais jovens, com
melhor acabamento de carcaça e com custo relativamente baixo da arroba
engordada.
Entretanto, observa-se que essa atividade tem apresentado rentabilidade
reduzida, e as justificativas para sua adoção não são mais preponderadamente de
ordem econômica e sim de ordem estratégica, uma vez que permite solucionar o
problema da estacionalidade de produção forrageira através da utilização de
volumosos conservados na forma de silagem.
Nos dias atuais tem ocorrido a tendência dos confinamentos com maior
escala de produção serem implantados no Centro-Oeste e Norte do País,
acompanhando o deslocamento da produção de grãos e rebanhos bovinos (na
fronteira agrícola), onde os custos destes insumos (animais de reposição e
ingredientes para ração) para os confinadores são mais baixos. O custo da terra
nas regiões de fronteira agrícola também é mais baixo que nas regiões de
agricultura e pecuária tradicional, o que favorece o produtor que deseja realizar
todo o ciclo de produção de maneira eficiente com a ajuda do confinamento.
3.1 Suplementação com silagem
A maioria dos estudos desenvolvidos com silagens tem avaliado diferentes
níveis de suplementação de concentrados sobre o desempenho dos animais.
Em estudo conduzido por Steen & Kilppatrick (2000), os autores avaliaram
níveis crescentes de concentrados, em dietas á base de silagens de gramíneas,
fornecidas ad libitum e restrita, a novilhos mestiços Simental x Holandês,
verificaram que com o aumento na proporção do concentrado na dieta houve uma
redução no consumo de silagem em 0,56 kg de matéria seca/kg de matéria seca
de concentrado (Tabela 3). Portanto, ocorreu um típico efeito associativo
substitutivo, condição que foi caracterizada pela substituição no consumo de
silagens de gramíneas por alimentos concentrados de alta digestibilidade. Vale
ressaltar, que a resposta à suplementação com concentrado depende da
qualidade da silagem e do potencial de ganho do animal.
A produção animal a partir de silagens depende de características inerentes
das silagens (teor de matéria seca, estágio de maturidade, tipo de fermentação,
entre outros fatores) e do animal que influenciam o nível de consumo de matéria
seca, a digestibilidade dos nutrientes, nível nutricional anterior, e de outros fatores
tais como: potencial genético do animal, idade, estágio de produção e/ou
reprodução.
Tabela 3 - Consumo, desempenho animal e rendimento de carcaça1
Níveis de concentrado na dieta (g/kg)
Parâmetros
0
120
240
360
0/360
3602
6,3c
7,4c
4,1f
6,6e
Consumo
MS da silagem (kg/dia)
MS total (kg/dia)
a
b
7,0
7,0d
6,6
7,5bc
a
b
5,7d
7,7b
5,2e
8,4a
Desempenho animal
Período de confinamento (dias)
Peso da carcaça (kg)
298
298
247
298
207c
301
165d
298
247b
298
263b
301
Ganho de peso vivo (kg/dia)
0,56a
0,69b
0,84c
1,04d
0,70b
0,67b
532
532
542
531
532
538
Rendimento de carcaça
Ganho de carcaça (kg/dia)
1
Adaptado de Steen e Kilppatrick (2000)
2
80% do consumo ad libitum
a
0,34
b
0,41
c
0,53
d
0,61
b
0,42
0,42b
A colheita de plantas para ensilagem no ótimo estádio de maturidade, para
máximo rendimento de nutrientes digestíveis, necessariamente não resulta em
elevados consumos de forragem e altas taxas de desempenho animal, dado que o
processo de ensilagem resulta em perdas na colheita e no armazenamento, bem
como no consumo potencial da forragem ensilada, em comparação ao mesmo
material, na forma fresca. Erdman (1993) verificou redução no consumo potencial
de silagem variando de 30 a 40 %. As maiores reduções no consumo de silagem
estão associadas com aquelas forrageiras de alta umidade ou colhidas
diretamente, sem pré-secagem prévia. Estas silagens sofrem fermentação mais
intensa, resultando em maiores perdas e aumentos na produção de ácidos acético
e butírico.
O pH da silagem é outro fator que pode afetar o consumo. Trabalhos de
pesquisa verificaram que o ótimo consumo de silagem, ocorreu a um pH de 5,6.
Entretanto, a faixa de pH da silagem que resultou em redução mínima do
consumo variou de 4,5 a 7,0. Se o pH estiver fora dessa faixa, o consumo pode
ser reduzido de 5 a 15% (Erdman,1993).
Outro aspecto negativo de silagens com baixo teor de matéria seca é a
produção de efluentes (perdas por lixiviação), conforme pode ser observado na
Tabela 2, citado por Ashbell (1994). Efluentes contêm elevadas concentrações de
carboidratos solúveis, ácidos orgânicos, macro e microelementos minerais,
nitrogênio
não-protéico,
que
constituem
perdas
de
nutrientes
altamente
digestíveis, restando no silo um produto de qualidade inferior ao material original.
4. OPERACIONALIZAÇÃO DO CORTE E COLHEITA PARA ENSILAGEM
A utilização de silagens na alimentação animal, principalmente de
ruminantes, tem tido importância cada vez maior no Brasil, com o objetivo de
minimizar os efeitos deletérios causados pela estacionalidade de produção
forrageira nos níveis de produção animal (carne/leite), bem como visando tornar a
pecuária mais competitiva quando comparada às alternativas de uso do solo
(citricultura, sojicultura, entre outras).
Entretanto, a utilização das silagens nos sistemas intensivos de produção
apresenta uma restrição muito grande no que diz respeito à mecanização do corte.
De maneira geral, observa-se que as máquinas nacionais utilizadas para essa
finalidade são pouco eficientes, apresentando baixos rendimentos de corte,
necessidade freqüente de manutenção e, principalmente, o tamanho de corte das
partículas não é adequado para o adequado consumo, metabolismo e,
consequentemente, desempenho animal.
A principal limitação das máquinas forrageiras, do ponto de vista estrutural,
refere-se à pequena abertura da boca de colheita, que está associada e
dimensionada de acordo com outros componentes ativos da máquina, como
sistema picador, sistema repicador (rotor) e unidade de lançamento (bica) do
material picado (Figura 2).
Sistema
Repicador
Unidade de
Lançamento
Sistema
Picador
Boca de
Colheita
Figura 2. Máquina para corte e colheita de gramíneas para ensilagem.
Outro fator a ser considerado, principalmente para a cultura da cana-deaçúcar, refere-se ao sistema de corte dessas máquinas, que por não ser de
precisão, promove dilaceramento das estruturas da planta (caule), condição que
prejudica o perfilhamento e perda de material (não retirado da área). De acordo
com Balsalobre et al. (1999) a quantidade de caules coletados após o corte pode
chegar a 8 t./ha. Diante dessa condição, o manejo correto implicaria no corte
manual do caule remanescente, que embora oneroso economicamente, implica
em manutenção das gemas basais, de forma a perpetuar uma rebrota vigorosa.
Com vistas a minimizar os investimentos em mão-de-obra para essa finalidade,
tem-se recomendado a utilização de unidades roçadoras tratorizadas. Vale
lembrar que esse manejo deve ser adotado imediatamente após o corte da “rua de
cana”.
Nos últimos anos, embora ainda de forma incipiente, tem havido grande
preocupação das indústrias na melhoria do desempenho das forrageiras utilizadas
para o corte e colheita. Porém, um aspecto que deve ser lembrado, é que não
existe tendência de correlação entre a melhoria no desempenho das máquinas e
as exigências dos animais, no sentido de um alimento com tamanho de corte
menor. O direcionamento dado pela indústria diz respeito à melhoria na eficiência
de corte, traduzida por maior volume de forragem por unidade de tempo de
trabalho (toneladas/hora) e, não necessariamente na redução do tamanho de
partículas, sendo esse o grande desafio à ser superado.
Além disso, as máquinas com características de elevado rendimento por
unidade de tempo apresentam maior exigência do ponto de vista energético, ou
seja, esses implementos necessitam de unidade tratorizadas com maior potência,
o que acarreta elevação dos custos de produção da ensilagem ou do volumoso
produzido (cana-de-açúcar).
Quanto à classificação das máquinas forrageiras para corte, essas podem
ser classificadas tendo em vista três parâmetros: forma de acionamento, modo de
deslocamento e sistema picador. De acordo com Herradina (1993) e Balastreire
(1987), essas máquinas seguem as seguintes classificações:
a) Quanto a forma de acionamento:
1- Tratorizada
2- À motor elétrico ou gasolina
b) Quanto ao deslocamento:
1- Montada ao trator
2- Estacionária
c) Quanto ao sistema picador:
1- Em disco ou volante (6 a 16 facas)
2- Em cilindro (tambor)
Comumente, observa-se forrageiras tratorizadas, montadas na lateral do
trator, cujo sistema picador apresenta grande variação de modelos no mercado,
desde o tipo cilíndrico até discos com 16 facas. Dentre esses modelos, algumas
empresas implementaram o corte/colheita de duas linhas ao mesmo tempo,
condição que permite melhor rendimento por unidade de tempo, embora com os
mesmos problemas já referenciados acima (elevado tamanho de partícula).
O mecanismo picador do tipo volante proporciona máquinas mais
compactas e, portanto, mais leves, enquanto que as máquinas cujo mecanismo
picador é do tipo tambor são maiores, porém não necessariamente apresentam
maior capacidade de colheita. Nas máquinas dotadas de sistema com tambores, a
grande vantagem é que as facas apresentam uma superfície de contato maior
com o alimento, isso pode promover maior uniformidade e precisão de tamanho de
partículas e um provável menor desgaste das facas.
Quanto à capacidade de corte, uma máquina é influenciada por:
a) Superfície de abertura de entrada (boca de colheita) do material cortado;
b) Velocidade e taxa de alimentação;
c) Densidade do alimento (Smith & Wilkes, 1979).
A regulagem deve estar associada a sua própria capacidade interna,
principalmente no que diz respeito à capacidade de corte e picagem do material,
além da exigência em qualidade da forragem em relação ao tamanho de corte. A
máquina forrageira deve ser regulada em relação à altura de corte e ao tamanho
da partícula a ser cortada. O sistema de corte ou barra recolhedora deve ser
regulada em relação à altura do corte, ao aproveitamento da forragem a ser
colhida e altura que essa está sendo cortada. Em determinada áreas, com preparo
de solo precário, onde o relevo se torna irregular, e também em áreas onde o
sulco de plantio foi profundo, deve-se proceder ao aumento da altura de corte, o
que prejudica o aproveitamento da forrageira, repercutindo em menor produção de
silagem e/ou volumoso por unidade de área.
Quanto à capacidade de colheita, as máquinas forrageiras apresentam
essa variável em unidade de tempo, a qual pode ser estimada em função da
potência desenvolvida na tomada de potência (TDP) do trator. Essa capacidade
de colheita, em toneladas por hora, pode ser calculada pela fórmula descrita por
Catt (1984):
2
1
Capacidade de Colheita =
3
Potência da TDP (cv) - Potência Máquina (cv)
1,43 cv.h/t.
Onde:
1) Capacidade de colheita instantânea (potencial da forrageira);
2) Potência medida na TDP = 86% da potência do motor;
3) Potência exigida para o deslocamento da máquina.
O desempenho da máquina, portanto, deve estar associado à potência do
trator que está sendo utilizado. Como exemplo, se considerarmos uma densidade
média de cana-de-açúcar na linha de corte de 15 kg, um conjunto forrageira-trator
se movimentando a 2000 m/h, significa que em 1 hora a máquina forrageira
deverá ter cortado 30.000 kg de cana-de-açúcar.
Em condições práticas, poucas máquinas no mercado apresentam tal
desenvolvimento quando em trabalho. Na realidade o fluxo de corte de 500
kg/minuto é extremamente elevado, o que impede um processo eficiente de
corte/colheita da forragem. Nesse sentido, a utilização de tratores com menor
velocidade de deslocamento (70 m/hora) seria o ideal para tais circunstâncias. No
entanto, somente algumas empresas fabricantes de tratores detém tal tecnologia,
denominada de redutor de velocidade.
Caso essa operação não seja realizada, o operador do conjunto forrageiratrator terá de ajustar a velocidade do trator com a embreagem, sendo esse recurso
de baixa eficiência operacional e implicando em maior manutenção do trator (troca
do sistema de platô e disco de embreagem), o que implica em elevação dos
custos operacionais do processo de produção do alimento volumoso em questão.
5. MANEJO DO FORNECIMENTO DE SILAGENS
Diversos fatores limitam o desempenho dos animais mantidos em regime
de confinamento, e o manejo da alimentação no cocho destaca-se, principalmente
por influenciar as taxas de ganho de peso diário e a eficiência alimentar, condição
essa que pode definir o sucesso ou o fracasso na adoção da tecnologia.
Oscilações
no
comportamento
ingestivo
dos
animais
ruminantes,
alimentados com dietas contendo média a alta quantidade de concentrado (% da
matéria seca) podem afetar negativamente seu desempenho, causando
desordens metabólicas e comprometendo toda a economicidade da operação.
A terminologia "manejo de cocho" refere-se à técnica de manejo alimentar
utilizada em confinamentos com o intuito de se reduzir variações no consumo,
mediante o planejamento e controle sistemático do fornecimento da dieta aos
animais.
De maneira geral, observa-se nos confinamentos comerciais que o
fornecimento ininterrupto da dieta é realizado com o objetivo de se maximizar o
consumo. Também é de conhecimento geral, que as taxas de ganho de peso
diário apresentam elevadas correlações com a ingestão de MS, embora, animais
que recebem ração à vontade ou em excesso geralmente desenvolvem
comportamento “vicioso”, sendo caracterizado por elevados e baixos consumos.
Dessa forma, pode-se concluir que o manejo alimentar correto não é aquele
que oferta o máximo e sim àquele que oferta o necessário para o ótimo
desempenho animal. A oferta contínua e abundante de alimento pode até fazer
com que animais consumam mais inicialmente, mas eles possivelmente perderão
o apetite e não irão consumir bem nos dois ou três dias seguintes.
O manejo de cocho é um processo dinâmico, que sofre variação em função
de fatores como: tipo de alimento volumoso, relação volumoso/concentrado,
densidade energética da dieta, animais, raça, sexo, clima e espaço de cocho
disponível. Esse manejo é aplicado aos currais, mesmo considerando que podem
ocorrer diferenças marcantes entre animais do mesmo grupo em termos de
características ruminais (Pritchard and Bruns, 2003).
O comportamento dos animais em confinamento deve ser monitorado
constantemente, de forma a minimizar os problemas decorrentes de falhas de
manejo da alimentação. Nesse sentido, se os cochos estão completamente vazios
e os animais apresentam-se tranqüilos e descansando, significa que a quantidade
de ração fornecida está provavelmente dimensionada ao sistema. No entanto, se
no período que antecede o fornecimento, os cochos encontram-se vazios a ponto
de serem visíveis as marcas de saliva, e os animais aparentam estar estressados
e famintos, a quantidade de ração provavelmente precisa ser aumentada. O
"ideal" para quando o vagão forrageiro ou caminhão tratador chegar, é que 25%
dos animais do curral estejam no cochos alinhados e esperando o trato, que 50%
estejam em pé e já se encaminhando para o cocho e que 25% estejam se
levantando (Horton, 1990).
5.1. Cana-de-açúcar “in natura” e silagem
O manejo da alimentação em sistemas de produção que fazem uso da
cana-de-açúcar, como fonte de alimento volumoso, deve ser coerente com as
características e limitações desse tipo de alimento.
De maneira geral observa-se que a cana-de-açúcar sofre rápido
aquecimento no cocho, principalmente quando associada à presença de fontes de
carboidratos altamente fermentescíveis, como milho moído, farelo de soja, polpa
cítrica peletizada, embora, a mesma seja rica em sacarose, fornecendo hidratos
de carbono em teores suficientemente elevados para manutenção do processo
oxidativo pelos microrganismos aeróbios. Dentre os microrganismos aeróbios, as
leveduras, os fungos filamentosos e as enterobactérias são os principais
responsáveis pelo inicio do processo de deterioração. As leveduras apresentam
desenvolvimento mais acelerado, utilizando a sacarose e os demais carboidratos
para a síntese de etanol, condição essa que impõe restrições ao consumo dos
animais confinados e, consequentemente no desempenho dos mesmos.
Diante dessa condição, recomenda-se o fracionamento da ração total em
3 a 5 vezes ao longo do dia e, de preferência em intervalos semelhantes. É
importante lembrar, no entanto, que os animais apresentam pico de consumo da
dieta logo no amanhecer do dia (6 horas), logo após o almoço (13:00 hs) e ao
entardecer (17:00 hs), sendo tal condição de fundamental importância para o
planejamento do fornecimento da dieta, uma vez que a quantidade disponibiliza
para os animais logo após o almoço, não será a mesma que aquela fornecida ao
entardecer, uma vez que os animais terão um intervalo entre o final da tarde e
início da manhã de 13 horas.
O processo de obtenção da silagem de cana-de-açúcar implica na
fermentação por leveduras epífitas, que convertem a sacarose a CO2, etanol e
água. Essa conversão acarreta redução drástica no valor nutritivo e elevadas
perdas durante a estocagem do material e fornecimento aos animais. As principais
perdas, quando do fornecimento aos animais, referem-se à baixa estabilidade
aeróbia no pós-abertura dos silos, bem como no cocho, em detrimento da elevada
concentração de etanol.
Apesar de potencialmente aproveitável como substrato energético para os
ruminantes, através da conversão a acetato no rúmen, grande parte do etanol
produzido nas silagens é perdido por volatização, durante a estocagem nos silos,
retirada e fornecimento da silagem no cocho.
Além do efeito deletério do etanol sobre o consumo de matéria seca,
observa-se também, em condições práticas, que a silagem de cana-de-açúcar
apresenta baixa “vida de cocho”, uma vez que em curto espaço de tempo, o
material apresenta-se seco, em decorrência da volatização do álcool e dos efeitos
da radiação solar incidente, principalmente se o tamanho das partículas for
reduzido. Observa-se, portanto, um contra-senso técnico, pois se reduzimos o
tamanho de partícula do material visando beneficiar o processo de compactação,
fermentação no silo e metabolismo animal, há a agravante do efeito de altas taxas
de secagem quando do fornecimento no cocho. Recomenda-se, também, para
este tipo de volumoso, o mesmo manejo adotado para a cana-de-açúcar “in
natura”.
5.2. Silagem de Milho e Sorgo
O milho e o sorgo são as culturas mais utilizadas no processo de produção
de silagens, e grandes áreas são cultivadas em diferentes partes do mundo. No
entanto, essas silagens apresentam baixa estabilidade aeróbia quando da
abertura dos silos.
A estabilidade aeróbia das silagens é determinada pela fermentação
aeróbia (pós-fermentação) que ocorre após a abertura. A pós-fermentação será
mais intensa quanto melhor for a qualidade da silagem, em função dos maiores
teores de carboidratos solúveis e de ácido lático residuais. Os principais
substratos utilizados pelos microrganismos envolvidos no processo fermentativo
são o ácido lático, o etanol e os açúcares solúveis, resultando em aumento do pH
e redução na digestibilidade e no conteúdo de energia.
De acordo com Pitt et al.(1991) a temperatura, a concentração de
carboidratos solúveis, a população de fungos e a concentração de ácidos
orgânicos em interação com o pH são os parâmetros que mais afetam a
estabilidade das silagens. O aumento do pH após a exposição da silagem ao ar,
queda no teor de carboidratos solúveis e baixa concentração de ácido lático são
importantes indicadores da deterioração da massa ensilada. Em temperaturas
inferiores a 10 ºC e superior a 40 ºC, a silagem poderá apresentar
maior
estabilidade pela inibição no crescimento de fungos. Todavia, as temperaturas
intermediárias favorecem uma alta taxa de crescimento dos fungos.
A deterioração aeróbia da silagem está associada principalmente, com o
desenvolvimento de fungos e leveduras. Segundo Muck et al.(1991) e Ruiz e
Munari (1992) o processo inicia-se com leveduras, que transformam os açúcares
em álcool. Esses microrganismos apresentam alta resistência às variações do pH
e sobrevivem em meio anaeróbio.
Silagens, que na abertura do silo, apresentam contagem de 106 UFC
(Unidade Formadora de Colônia) de leveduras/grama de silagem, podem
atingirem dois a três dias 109 UFC/grama, sendo
consideradas de baixa
estabilidade (Pitt et al., 1991).
No cocho as silagens de milho e sorgo apresentam comportamento
semelhante, sendo agravado ainda o quadro, em decorrência da presença de
outras substâncias fermentescíveis, advindas dos alimentos concentrados
utilizados. A principal limitação dessas silagens refere-se à elevada capacidade de
produção de amônia no material presente no cocho, em virtude da ocorrência de
proteólise da fração protéica, pela atuação de enterobactérias, leveduras e
bacilos. A amônia produzida acarreta perda de valor nutritivo da dieta como um
todo, além de promover diminuição acentuada no consumo de matéria seca da
dieta, justificando, dessa forma, práticas de manejo que venham a contornar esse
problema.
Como forma de solucionar esse questão, recomenda-se o fracionamento da
dieta de 3 a 6 vezes ao dia. Com isso, haverá a formação de uma pequena
“lâmina” dos alimentos no cocho, sendo insuficiente, por questões cronológicas,
para que ocorram atuação e degradação dos nutrientes pelos microrganismos
aeróbios.
5.3. Silagem de capim
Diversas propriedades rurais têm produzido silagens de capim de elevada
qualidade devido aos cuidados tomados durante todo o processo de ensilagem
(corte, colheita, picagem, compactação, vedação e uso de aditivos), porém, com
alta freqüência, têm ocorrido erros no manejo da retirada do material dos silos,
provocando grandes perdas de matéria seca durante o fornecimento da silagem
aos animais. Além disso, outro fator que merece destaque refere-se à elevada
taxa de desidratação desses materiais no cocho, que associada ao elevado
tamanho de partícula (fibra longa) e presença de concentrações significativas de
ácido acético na silagem, em decorrência do processo fermentativo por bactéria
heterofermentativas,
acabam
por
limitar
o
consumo
da
dieta
total
e,
consequentemente o desempenho animal.
Vale ressaltar, ainda, que o elevado tamanho de partícula, juntamente com
a formação de “placas de silagem” são fatores limitantes para a efetiva mistura
com os alimentos concentrados, condição essa que favorece a seleção animal,
além de muitas vezes repercutir em quadros de acidose metabólica e laminite,
pelo consumo excessivo desses alimentos.
Com vistas a contornar essa problemática, recomenda-se que o manejo da
retirada da silagem do silo seja realizada de forma lenta e com equipamentos que
promovam a ruptura das placas de silagem. Para tanto, diversas propriedades têm
utilizado o sistema de “concha de garfos”, que permite a retirada e revolvimento do
material antes de ser colocado no vagão ou caminhão misturador.
Quanto ao fornecimento da dieta, recomenda-se o fracionamento de 4 a 8
vezes ao longo do dia, com o objetivo de minimizar os problemas supracitados e
de forma a potencializar o consumo e, conseqüentemente o desempenho dos
animais.
Figura 3. Concha de garfos para retirada de silagem.
6 - Simulações sobre desempenho econômico de animais alimentados com
volumosos conservados
A qualidade da forragem é adequadamente avaliada através do
desempenho animal, contudo estas informações são escassas na literatura,
principalmente quando se avalia as silagens de gramíneas forrageiras tropicais,
notadamente aquelas dos gêneros Brachiaria, Cynodon, Panicum e Pennisetum.
Em relação ao ganho de peso de novilhos, Ferreira et al. (1995) avaliando o
efeito de silagens de milho, de sorgo e de capim elefante no desempenho de
novilhos confinados, verificaram que a compra dos animais no início das águas
(Sistema 1-S1), e a recria dos mesmos no pasto, o custo final do novilho confinado
variou de U$ 18,48 a U$ 20,64/arroba. No caso da compra do novilho no início do
confinamento (Sistema 2-S2), o custo final variou de U$ 21,72 a U$ 23,98 por
arroba do novilho confinado. Verificaram, ainda, que a silagem de capim
proporcionou baixo ganho de peso (0,791 kg/dia), e mesmo com baixo custo por
tonelada dessa silagem (US$ 7,56/t), o custo por arroba ganha foi alto (US$
19,06/@ para o S1 e de US$ 22,55/@ no S2) e que o menor ganho de peso dos
novilhos alimentos com silagem de capim elefante esteve associado ao menor
consumo dessa silagem (7,93 kg/dia) e pior conversão alimentar.
O balanceamento de dietas dos confinamentos realizados no Brasil, na sua
grande maioria utiliza-se dos dados de NRC (1996), os quais estão mais
adequados às nossas raças e condições, porém precisam de alguns ajustes.
Os ajustes mais importantes referem-se aos teores de proteína e energia na
dieta. As pesquisas que geram os dados para as tabelas do NRC são baseadas
em dietas de alto grão, balanceadas para levar os animais a um grau avançado de
terminação, com elevado teor de gordura na carcaça. Nas dietas à base de
volumosos e destinadas a bovinos com mais de 50 % de sangue zebuíno, deve
existir a preocupação de proporcionar melhor digestão de fibra no rúmen. Para
tanto, é necessário utilizar nas dietas, níveis de proteína mais elevados,
garantindo um teor de proteína degradável no rúmen que proporcione nitrogênio
suficiente para manutenção de uma intensa atividade microbiana.
Com relação á exigência de energia dos bovinos confinados no Brasil, o
mercado demanda carcaças com muito menos gordura do que o mercado
americano, de modo que se pode utilizar dietas menos energéticas, obtendo
resultados equivalentes de ganho de peso.
6.1 Escolha do volumoso
A pergunta mais freqüente feita por pecuaristas aos nutricionistas é sobre
qual tipo de volumoso utilizar para confinamento de bovinos de corte. A seguir
foram simulados os resultados de desempenho utilizando silagem de milho
(Tabela 4) variando a concentração energética (baixa, média e alta), demonstrado
a necessidade de concentrado a ser utilizado, buscando reduzir o custo de
produção, com as mesmas exigências para ganho de 1.000 g/dia em bovinos
zebuínos com 400 quilos (Tabela 5).
Com essa simulação verificou-se que para bovinos de raças zebuínas com
consumo de matéria seca de 2,2 % em relação ao seu peso vivo, ocorreu maior
utilização da silagem de milho, com maior nível energético, e conseqüentemente
menor aporte de concentrado resultando em menor custo de produção de arrobas
em confinamento, mostrando sua melhor viabilidade econômica em relação a
dietas com silagem de milho com níveis médio e baixo de energia, demonstrando
assim a importância de se produzir uma silagem de alta qualidade. Vale ressaltar
que os custos operacionais para produção de silagem independem da sua
qualidade, são os mesmos (Tabela 4).
Tabela 4 - Composição e preços dos alimentos
Composição** e preço dos alimentos concentrados
Ingredientes
MS
NDT
PB
Degr. PB
PDR
(%)
(% da MS) (% da MS) (% da MS) (% da MS)
Silagem de capim tropical
22,00
54,00
8,00
65,00
5,20
Silagem de sorgo
30,00
60,00
7,50
75,00
5,63
Cana-de-açúcar
30,00
58,00
2,50
65,00
1,63
Silagem de milho (baixa energia) 33,00
55,00
7,00
75,00
5,25
Silagem de milho (média
33,00
62,00
7,00
75,00
5,25
energia)
Silagem de milho (alta energia)
33,00
69,00
7,00
75,00
5,25
Composição** e preço dos alimentos concentrados
Milho, grão
88,00
85,00
9,50
45,00
4,28
Algodão, farelo
91,00
68,50
31,00
56,00
17,36
Uréia + sulfato de amônio*
99,00
0,00
260,00
80,00
208,00
Suplemento mineral
100,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Polpa cítrica
91,00
79,00
6,50
65,00
4,23
Ca
(% MS)
0,56
0,35
0,23
0,31
0,31
P
Preço *
(% MS) (R$/kg)
0,42
0,042
0,21
0,054
0,06
0,032
0,22
0,060
0,22
0,060
0,31
0,22
0,060
0,03
0,22
0,00
12,00
1,90
0,30
0,76
0,00
8,00
0,12
0,292
0,230
1,075
0,900
0,175
* Dados obtidos da Scot consultoria (Setembro/2005)
** Dados adaptados do NRC (1996)
Tabela 5 - Comparação entre dietas com silagens de milho com qualidade variável
(teores de energia).
Silagem de milho
Volumoso (kg/animal/dia)
Concentrado (kg/animal/dia)
Polpa Cítrica
Farelo de Algodão
Uréia
Mistura Mineral
Total
Relação volumoso:concentrado
Baixo
9,553
Médio
13,556
Alto
19,543
4,890
1,908
0,065
0,057
6,920
34:66
3,353
2,006
0,053
0,057
5,470
48:52
1,012
2,201
0,030
0,057
3,300
68:32
PVE (kg)
400
400
PVE (@)
13,33
13,33
Custo cabeça comprada (R$/cab)
666,50
666,50
GPD (g/dia)
0,980
0,986
PVS (kg)
498,00
498,60
PVS (@)
17,93
17,95
Tempo confinado (dias)
100
100
Custo dia (R$/animal/dia)
1,99
1,97
Custo total (R$)
199,00
197,00
@ ganha
4,60
4,62
Rendimento de carcaça (%)
54
54
Custo do ganho (R$/@)*
43,26
42,64
Preço da @ vendida (R$)
50,00
50,00
Recebido por cabeça vendida (R$)
896,50
897,50
Lucro total (R$)
31,00
34,00
Lucro Confinamento (R$)
31,00
34,00
PVE - Peso Vivo de Entrada; 1@ = 30 kg = R$ 50,00 para animais zebuínos.
PVS - Peso Vivo de Saída; GPD - Ganho de Peso Diário.
*Somente ingredientes da ração.
400
13,33
666,50
1,042
504,2
18,15
100
1,94
194,00
4,82
54
40,25
50,00
907,50
47,00
47,00
Por outro lado, quando foram simuladas dietas contendo diferentes
volumosos suplementares para bovinos, com as mesmas características citadas
acima, verificou-se que o menor custo por ganho em arrobas foi quando se utilizou
a cana-de-açúcar nas dietas, seguida pela silagem de sorgo, de milho e de capim
tropical (Tabela 6).
Tabela 6 - Comparação entre dietas com diferentes volumosos
Volumosos
Volumoso (kg/animal/dia)
Concentrado (kg/animal/dia)
Milho Grão Moído
Polpa Cítrica
Farelo de Algodão
Uréia
Mistura Mineral
Total
Relação volumoso:concentrado
PVE (kg)
PVE (@)
Custo cabeça comprada (R$/cab)
GPD (g/dia)
PVS (kg)
PVS (@)
Tempo confinado (dias)
Silagem de
milho**
13,556
Silagem de
sorgo
13,454
Silagem de
capim
17,114
Cana-de-açúcar
0,000
3,353
2,006
0,053
0,057
5,470
34:66
400
13,33
666,50
0,986
498,6
17,95
100
0,000
3,898
1,943
0,51
0,058
6,930
43:57
400
13,33
666,50
0,983
498,3
17,94
100
1,963
4,083
0,000
0,197
0,057
6,300
40:60
400
13,33
666,50
0,987
498,7
17,95
100
1,368
3,015
1,707
0,142
0,058
6,290
40:60
400
13,33
666,50
0,990
499,0
17,96
100
12,533
Custo dia (R$/animal/dia)
1,97
1,96
2,27
Custo total (R$)
197,00
196,00
227,00
@ ganha (@)
4,62
4,61
4,62
Rendimento de carcaça (%)
54
54
54
Custo do ganho (R$/@)*
42,64
42,52
49,13
Preço da @ vendida (R$)
50,00
50,00
50,00
Recebido por cabeça vendida (R$)
897,50
897,00
897,50
Lucro total (R$)
34,00
34,50
4,00
Lucro Confinamento (R$)
34,00
34,50
4,00
PVE - Peso Vivo de Entrada; 1@ = 30 kg = R$ 50,00 para animais zebuínos.
PVS - Peso Vivo de Saída; GPD - Ganho de Peso Diário.
*Somente ingredientes da ração.
** Teor energético médio
1,93
193,00
4,63
54
41,68
50,00
898,00
38,50
38,50
Observa-se na Tabela 6, que a menor rentabilidade foi obtida quando se
utilizou a silagem de capim. Tal resultado, provavelmente, foi devido ao alto custo
da silagem (Tabela 4) e do menor aporte de energia fornecida por esta, o que
levou a maior utilização de alimentos energéticos (milho e polpa cítrica) na dieta
refletindo num maior custo por animal por dia.
Dentro deste contexto, a escolha dos alimentos concentrados deve ser
avaliada com critério, principalmente do custo/kg de MS e NDT, possibilitando a
redução do custo do concentrado e conseqüentemente da arroba produzida.
As dietas com elevada proporção de volumosos, normalmente são mais
econômicas para terminação de bovinos de corte em confinamento no Brasil,
tirando maior proveito da habilidade de animais ruminantes para digestão de
fibras. Porém, exige um planejamento do pecuarista no que diz respeito à
qualidade do volumoso e a sua produtividade por área para minimizar o custo de
produção por arroba.
7. Considerações finais
Apesar do seu reconhecido valor como recurso forrageiro para o período de
escassez de pastagens, a cana-de-açúcar ainda está longe de atingir níveis de
utilização compatíveis com o seu potencial. Os sistemas de produção de carne
que requeiram suplementação volumosa podem recorrer à cana e obter
excelentes ganhos de peso por animal e principalmente por área. O que é
absolutamente necessário é que o pecuarista tenha uma visão ampla da ração ou
dieta utilizada e que a mesma procure atender adequadamente as exigências
nutricionais dos animais, o que garantirá que todas as deficiências da cana sejam
solucionadas. Apesar da qualidade da cana-de-açúcar ser inferior a muitos outros
volumosos, a sua produtividade por área e o seu baixo custo podem trazer ao
pecuarista retornos econômicos satisfatórios quando passamos a avaliar a
produtividade animal não mais individualmente (kg / animal / dia), mas por área
(kg de carne ou leite / hectare).
Na avaliação do custo benefício da utilização das silagens de capins e
cana-de-açúcar é de suma importância observar os custos do concentrado, pois
em função do valor nutricional, é imprescindível a correção das deficiências
nutricionais deste volumoso. Assim, os resultados estão diretamente relacionados
ao custo da silagem e dos ingredientes utilizados na formulação dos
concentrados. Todavia, há que se considerar que para se corrigir a deficiência de
NDT da silagem de capim sempre haverá necessidade de se adicionar uma fonte
energética, e o custo desta prática determinará a eficiência econômica do uso
deste volumoso a despeito do menor custo de produção comparado à silagem de
milho.
Dessa forma, constata-se que antes de se decidir sobre a utilização das
diferentes fontes volumosas, deve-se considerar o beneficio potencial e a possível
relação custo/benefício da utilização das diferentes forrageiras no processo de
ensilagem, considerando sempre o custo do concentrado a ser utilizado.
7. Referências bibliográficas
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