Análise termo-infravermelha de diferentes telhas para
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Análise termo-infravermelha de diferentes telhas para
Revista Educação Agrícola Superior Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS - v.28, n.2, p.96-101, 2013. ISSN - 0101-756X - DOI: http://dx.doi.org/10.12722/0101-756X.v28n02a03 ANÁLISE TERMO-INFRAVERMELHA DE DIFERENTES TELHAS PARA CONSTRUÇÕES RURAIS Jordânio Inácio Marques1, José Pinheiro Lopes Neto2 & Gisele Caldas de Araújo Cunha3 RESUMO No Brasil, país de clima tropical com temperaturas elevadas de verão e intensa radiação, os materiais a serem utilizados para a confecção das coberturas nas construções devem permitir bom isolamento térmico para que o ambiente interno das instalações seja menos influenciável pela variação climática. Dessa forma, neste trabalho objetivou-se a análise do comportamento térmico em diferentes tipos de telhas empregadas na construção rural, e para isso utilizou-se a tecnologia de imagens térmicas associadas com um sistema de captação e armazenamento de dados de temperatura. Os tratamentos examinados se constituíram de: telha de material alternativo desenvolvida no LaCRA (TA), telha cerâmica capa canal tipo trapezoidal (TCT), telha cerâmica capa canal tipo colonial envelhecida (TCE) e telha cerâmica capa canal tipo colonial nova (TC). Cada unidade experimental foi composta por seis telhas sobrepostas uma sobre a outra, exceto no tratamento de Telha Alternativa. O delineamento experimental foi feito em blocos inteiramente casualizados com treze repetições e as médias dos tratamentos foram analisadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As telhas com superfície escura possuíram maiores temperaturas na superfície superior. O tratamento TCE obteve maior temperatura da superfície inferior. A telha mais adequada para se empregar em construções rurais nas condições climáticas locais é a do tipo alternativa, pois apresentou menores temperaturas na superfície inferior nos horários mais quentes do dia. PALAVRAS-CHAVE: coberturas, conforto climático, termodinâmica, termografia THERMAL AND INFRARED ANALYSIS OF DIFFERENT TILES FOR RURAL BUILDINGS ABSTRACT In the Brazil, a country of tropical climate with high summer temperatures and intense radiation, the materials to be used for the manufacture of roofing on buildings should allow good thermal insulation for the internal environment of the premises is less influenced by climatic variation. Thus, this study aimed to analyze the thermal behavior in different types of tiles used in rural construction, and for that we used thermal imaging technology associated with a system for capturing and storing temperature data. The treatments examined were constituted of: tile alternative material developed in the LaCRA (TA), ceramic tile cape trapezoidal channel type (TCT), ceramic tile cape type channel colonial aging (TCE) and ceramic tile cape colonial new channel type (CT). Each experimental unit was composed of six tiles overlapping one over the other, except in the tile alternative treatment. The experiment was done in randomized blocks with thirteen repetitions and the treatment means were analyzed by Tukey test at 5% probability. Tiles with dark surface had higher temperatures on the upper surface. The ECT treatment had a higher surface temperature lower. The tile is best suited for use in rural buildings in the local climate is the type alternative because it had lower temperatures on the bottom surface in the hottest hours of the day. KEY WORDS: coverage, climatic comfort, thermodynamics, thermography 1 2 3 Graduando em Engenharia Agrícola, Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande, PB, E-mail: [email protected] Engenheiro Agrícola, Professor. Doutor, Unidade Acadêmica de Engenharia Agricola, UFCG, Campina Grande, PB, E-mail: [email protected] Arquiteta, Mestre em Engenharia Agrícola, Professora do Instituto Federal de Tecnologia da Paraíba, IFPB, Campina Grande, PB, E-mail: [email protected] Análise termo-infravermelha de diferentes telhas para construções rurais INTRODUÇÃO A utilização da tecnologia de imagens termográficas para o estudo das características térmicas das edificações ainda é tema recente e pouco aprofundado, contudo, sua potencialidade direciona a estudos mais precisos, de fácil execução e de possibilidades de aplicações variadas. Sabe-se que os fechamentos das edificações são a principal barreira térmica contra as variáveis externas ficando estes responsáveis por permitir a formação de um microclima interno adequado às atividades desejadas. Desta forma, o conhecimento detalhado das propriedades térmicas dos elementos de revestimentos ou fechamentos representa o primeiro passo rumo a projetos bem definidos das edificações (Moraes et al., 1996). Em regiões de clima quente (como no Brasil) as temperaturas no meio exterior e os níveis de radiação solar incidente nos fechamentos das edificações atingem valores elevados. Nestas condições, a aplicação de materiais que tenham aquecimento reduzido em função da menor absorção da radiação solar pode proporcionar redução dos ganhos de calor e consequentemente melhorar o bem estar dos ocupantes. Além disso, em ambientes condicionados artificialmente estes materiais colaboram para a redução do consumo de energia (Marinoski et al., 2010). Um dos grandes entraves do desenvolvimento agropecuário nacional são as diversidades de clima impostas pela vasta extensão territorial variando desde áreas de clima subtemperado a áreas de clima subtropical. É importante, portanto, desenvolver tecnologias de produção que possam ser empregadas nestas duas situações distintas de forma a minimizar as diferenças produtivas entre estas duas áreas. Outros grandes problemas enfrentados pelos produtores brasileiros são as adversidades climáticas, principalmente nas regiões norte e nordeste caracterizadas por altas temperaturas ao logo do ano. Além da influência da temperatura, outros fatores climáticos como a umidade relativa do ar e a disponibilidade e velocidade dos ventos também apresentam interferências. Estas interferências climáticas determinam as condições de conforto térmico ambiental a que os animais estão submetidos (Azevedo et al., 2005). Para amenizar os efeitos e interferência negativa das variáveis climáticas na produção animal, devem-se adotar técnicas e empregar materiais de construção que favoreçam o acondicionamento nas diferentes situações encontradas nas regiões brasileiras. A utilização de animais de raças mais adaptadas, nutrição adequada e adoção de técnicas construtivas visando conforto térmico são algumas das práticas favoráveis que ajudam a incrementar a produção. Assim, a presente pesquisa teve como objetivo estudar o comportamento térmico de diferentes tipos de telhas empregadas na construção rural, possibilitando maior segurança na tomada de decisão sobre qual tipo de telha utilizar na construção a ser executada. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Construções Rurais e Ambiência (LaCRA) localizado na 97 Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB, no período de 23 de março a 4 de abril de 2013. Os tratamentos avaliados se constituíram de quatro tipos de telhas, sendo estes: telha de material alternativo desenvolvida no LaCRA (TA), telha cerâmica capa canal tipo trapezoidal (TCT), telha cerâmica capa canal tipo colonial envelhecida (TCE) e telha cerâmica capa canal tipo colonial nova (TC). A telha de material alternativo é composta de um tipo de argamassa especial contendo em sua composição resíduos da indústria de calçados e cerâmica, tendo como aglomerante o cimento Portland (Soares, et al., 2009). Para a acomodação das telhas foi confeccionado um protótipo de telhado feito de madeira, com inclinação de 20° e distante 0,6 m do piso, disposto ao ar livre voltado no sentido Leste – Oeste de modo a receber a maior quantidade possível de radiação solar. Cada unidade experimental foi composta de seis telhas sobrepostas uma sobre a outra, exceto no tratamento de TA por possuir dimensões maiores, sendo utilizada apenas uma telha. O delineamento experimental dos dados de temperatura foi feito em blocos casualizados com treze repetições e as médias dos tratamentos foram analisadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade através do software de assistência estatística Assistat versão 7.6 beta (Silva & Azevedo, 2009). Para obtenção das imagens térmicas foi utilizada uma câmera especial modelo Fluke Ti50FT. Posteriormente suas imagens foram analisadas utilizando-se o software Smartview que possibilita a edição das imagens bem como a análise das temperaturas em qualquer parte da imagem captada dentro de diferentes faixas de variação. Foi utilizado ainda, um sistema de aquisição de dados modelo CR1000 (Figura 1) fabricante Campbell Cientific com uma placa multiplexadora de ampliação dos canais de coleta de dados. Foram calibrados e instalados 9 termopares na placa multiplexadora com pinagem de acordo com diagrama fornecido pelo fabricante. Figura 1. Sistema de aquisição de dados e placa multiplexadora com cabos de termometria (azul) Os termopares utilizados foram do tipo T (CobreConstantan) com faixa de medição de -42° a 125ºC com leitura de dados a cada 60 minutos. Como configuração inicial, utilizou-se o software PC200W da Campbell Cientific. Montagem e realização do experimento A estrutura de suporte para as telhas foi montada, e posteriormente colocaram-se as telhas nos devidos lugares conforme é mostrado na Figura 2. Oito termopares foram fixados nas superfícies das telhas, de modo que para cada parcela do experimento, instalaram-se dois termopares, Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.96-101, 2013. Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014. 98 Jordânio I. Marques et al. Figura 2. Estrutura de suporte das telhas com as mesmas já dispostas nos devidos lugares sendo um para a superfície superior (submetida a uma maior exposição à radiação solar direta) e outro na superfície inferior das telhas. Foi ainda instalado um nono termopar ao ar livre para o registro da temperatura ambiente no local de realização do experimento. As temperaturas foram medidas pelos termopares a cada hora durante 13 dias, e também nesse período foram obtidas as imagens térmicas das telhas para a posterior análise e comparação com os dados obtidos pelo sistema de aquisição de dados utilizado. Modelagem matemática Após a obtenção das médias dos dados de temperatura das superfícies superior e inferior das telhas, foram feitos modelos matemáticos para o acompanhamento do comportamento das curvas experimentais ao longo do dia, e para isso foi utilizado o software interativo de alta performance Matlab da MathWorks®. Para o acompanhamento das curvas aos pontos experimentais optou-se por um ajuste polinomial, usando as funções polyfit e polyval. RESULTADOS E DISCUSSÃO A condição essencial para que ocorra a transmissão de calor exige uma diferença de temperatura entre os meios, denominado gradiente de temperatura, onde este indica o sentido de fluxo de calor, que sempre ocorre do maior para o menor valor, consequentemente se as temperaturas dos meios forem iguais não haverá transferência de calor, caso em que se diz que os meios estão em equilíbrio (Abreu et al., 2011). No interior das telhas a transferência de calor ocorre por meio da condução realizada por contato entre as moléculas ou partículas das telhas. Neste contexto, o fluxo de calor através das coberturas, juntamente com as elevadas temperaturas na face inferior das telhas, é a causa principal do desconforto térmico no interior das instalações (Rosa, 1984). Desse modo, a Figura 3, abaixo, revela o sentido do fluxo de calor ao longo do dia no perfil de cada telha. Observando a Figura 3, pode-se perceber que no período das 0 às 6 h e das 16 às 23 h, o sentido do fluxo de calor foi negativo, ou seja, da superfície inferior para a superior das telhas, e teve comportamento praticamente constante, o que indica que nesse período de tempo a parte inferior possuiu uma maior quantidade de calor do que a superior. Porém, a partir das 6 h da manhã a temperatura das superfícies superiores passam a aumentar de forma muito rápida, ocasionando uma mudança no comportamento dos gradientes em todas as telhas, dessa Figura 3. Gradiente de temperatura entre a superfície superior e inferior da telha (Gt = Ts – Ti), onde, Gt = gradiente da telha, Ts = Temperatura da superfície superior da telha Ti = Temperatura da superfície inferior da telha forma, o fluxo de temperatura é invertido, ou seja, passando a se direcionar da parte superior para a inferior. Após às 16 h o fluxo volta a seguir o comportamento inicial. Ainda na Figura 3, observa-se que os gradientes nas superfícies da telha de material alternativo comportam-se de maneira diferenciada das demais, sendo que durante o período noturno, a temperatura na sua superfície inferior é cerca de 0,8°C maior que nas outras telhas. Ao iniciar o dia sua temperatura na superfície superior passa a aumentar mais rápido do que nos outros tipos de telhas, possivelmente devido à coloração escura da sua superfície. Observa-se ainda uma grande diferença entre os picos das curvas, sendo que a de material alternativo possui um pico bem maior cujo comportamento é devido à baixa condução de calor no perfil da telha aumentado a diferença de temperatura nas suas superfícies. Esse fenômeno ocorre devido possivelmente à presença de materiais isolantes na composição do material de confecção da telha. As telhas do tipo TCE e TC são idênticas em sua forma e material de composição, porém diferenciam-se em seu tempo de uso, sendo que a primeira apresenta-se desgastada e com presença de fuligem e fungos, que escureceram sua superfície, ficando claro no gráfico acima, que esses fatores influenciam no comportamento do fluxo de calor, sendo que as curvas diferem entre si ao longo do dia, principalmente no período das 8 às 18 h. Além disso, pode-se também observar a influência da forma geométrica da telha no seu comportamento térmico, sendo que os tratamentos TCT e TC são confeccionados com os mesmos tipos de materiais porém apresentam formas geométricas distintas, podendo-se verificar uma leve diferença nas curvas que descrevem seus gradientes ao longo do dia, apresentando maiores diferenças no período compreendido entre 8 e 17 h. A superfície inferior das telhas está em constante contato com o ar do interior das construções, e sua temperatura pode influenciar no conforto térmico das instalações através da transferência de calor pelo processo de convecção; dessa forma, na elaboração dos projetos de construções rurais devese sempre optar por telhas de materiais adequados para atender às necessidades de cada região. A Tabela 1 apresenta as médias das temperaturas das superfícies inferiores dos quatro tratamentos coletadas nos 13 dias de experimento, ao longo dos dias. Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.96-101, 2013. Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014. Análise termo-infravermelha de diferentes telhas para construções rurais 99 Tabela 1. Médias das temperaturas das superfícies inferiores dos quatro tratamentos Tratamentos TA TCT TCE TC MG DMS CV(%) Fcal TA TCT TCE TC MG DMS CV(%) Fcal 0 18,9±1,9a 18,3±2,1a 18,3±2,1a 18,0±2,2a 18,3 2,2 11,3 0,4ns 12 41,1±3,2a 44,1±4,6a 44,3±4,5a 42,4±4,1a 43,0 4,3 9,6 1,7ns 2 19,3±1,8a 18,6±2,0a 18,7±1,9a 18,4±2,0a 18,7 2,0 10,3 0,5ns 14 38,3±4,6a 39,4±5,3a 39,7±5,2a 38,1±4,7a 38,9 5,2 12,8 0,3ns Períodos do dia (h) 4 6 19,6±1,7a 20,1±1,5a 19,1±1,8a 19,7±1,6a 19,1±1,8a 19,8±1,6a 18,8±1,8a 19,5±1,6a 19,2 19,8 1,9 1,7 9,3 8,1 0,4ns 0,4ns 16 18 29,6±1,8a 19,6±1,6a 28,3±1,5ab 18,5±1,7a 28,8±1,7ab 18,5±1,7a 27,8±1,7b 18,2±1,8a 28,6 18,7 1,8 1,8 6,0 9,1 2,6ns 1,6ns 8 23,0±1,3a 23,2±1,4a 23,0±1,4a 22,9±1,4a 23,0 1,4 5,9 0,01ns 20 17,9±1,3a 17,0±1,5a 17,2±1,5a 16,8±1,5a 17,2 1,5 8,5 1,4ns 10 38,1±4,4a 41,9±5,8a 42,4±5,9a 40,7±6,1a 40,8 5,8 13,7 1,5ns 22 18,2±1,9a 17,5±1,9a 17,5±1,9a 17,2±1,9a 17,6 1,9 10,5 0,7ns Médias seguidas da mesma letra minúscula, na coluna, não diferem estaticamente a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey; MG - Média geral; DMS - Diferença mínima significativa; CV(%) - Coeficiente de variação; Fcal. - F Calculado; *significativo a 5% e **significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F. 1 Foram observadas diferenças significativas nas temperaturas apenas na coluna das 16 horas, apesar de ter ocorrido diferenças consideráveis nas temperaturas dos tratamentos em determinados intervalos do dia. Todos os tratamentos tiveram suas médias de temperaturas máximas por volta do meio dia, aonde algumas telhas chegaram a atingir mais de 44 °C, como no caso da TCT e TCE. Apesar dos tratamentos TC e TCE serem constituídos do mesmo tipo de telha e dos mesmos materiais de composição, é possível observar as diferenças de suas temperaturas, principalmente no período mais quente do dia onde a telha capa canal tipo colonial envelhecida, atingiu temperaturas com aproximadamente 2°C acima do que a telha colonial nova. Isso mostra a importância da conservação dos telhados nas instalações. Fazendo uma breve comparação entre os tratamentos TC e TCT, nota-se que a telha colonial tipo trapezoidal também aquece um pouco mais do que a colonial ondulada nova ultrapassando-a em mais de 1,5°C. Observando os dados obtidos pelos termopares, das superfícies inferiores das telhas, foi possível perceber que as telhas obtiveram picos de temperaturas ao meio dia. Dessa forma, foram obtidas as imagens térmicas das superfícies superiores das telhas para esse determinado horário, conforme Figura 4. Como previsto, nas imagens térmicas acima, pode-se observar que as telhas tipo alternativa e capa canal colonial envelhecida (Figuras 4A e 4C) possuem uma maior quantidade de calor superficial que as demais, esse fato reflete a contribuição da coloração da telha para a absorção da radiação solar. Notou-se ainda na Figura 4 que existe diferença considerável entre as temperaturas dos tratamentos TCE e TC, onde a telha capa canal colonial envelhecida possuiu 6,2°C a mais do que o outro tratamento. Ficando evidente a importância da boa conservação dos telhados nas construções, principalmente nas regiões de clima predominantemente quente, influenciando diretamente no conforto térmico no interior da instalação, podendo prejudicar no bom desempenho das atividades a serem executadas, sendo necessários maiores investimento para a climatização interna do ambiente, encarecendo a produção. Figura 4. Imagem das telhas. A. Telha alternativa (TA) ; B. Telha Capa Canal Trapezoidal (TCT); C. Telha Capa Canal Colonial Envelhecida (TCE); D. Telha Capa Canal Colonial Nova (TC) Visando uma melhor representação do comportamento das temperaturas nas superfícies inferiores e superiores das telhas foram elaborados modelos matemáticos polinomiais de acompanhamento dos pontos experimentais, com isso obtiveram-se equações da forma: T(t) = at10 + bt9 + ct8 + dt7 + et6 + ft5 + gt4 + ht3 + it2 + jt + k sendo: T a temperatura nas superfícies das telhas (variável dependente) que varia ao longo do tempo t (variável independente). Nas Figuras 5A, 5B, 5C e 5D estão representadas as curvas das temperaturas das superfícies superior e inferior dos tratamentos ao longo do dia acompanhadas das curvas dos respectivos modelos matemáticos. Presentes na Tabela 2 estão os coeficientes das curvas geradas, juntamente com os coeficientes de determinação R2, que indica o quanto o modelo adotado consegue explicar os dados dos experimentos. Após o estudo dos modelamentos, para descrever o comportamento da temperatura nas superfícies das Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.96-101, 2013. Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014. 100 Jordânio I. Marques et al. A. B. C. D. Figura 5. Curvas das temperaturas e modelos matemáticos. A. Telha alternativa (TA); B. Telha Capa Canal Trapezoidal (TCT); C. Telha Capa Canal Colonial Envelhecida (TCE); D. Telha Capa Canal Colonial Nova (TC) Tabela 2. Coeficientes das curvas geradas pelos modelos polinomiais e coeficientes de determinação R2 Tratamentos TA (superior) TA (inferior) TCT (superior) TCT(inferior) TCE(superior) TCE(inferior) TC (superior) TC (inferior) a -2,23.10-8 -4,91.10-9 -8,12.10-9 -6,07.10-9 -1,01.10-8 -7,13.10-9 -8,42.10-9 -6,41.10-9 b 1,40.10-6 5,79.10-7 9,20.10-7 6,98.10-7 1,14.10-6 8,24.10-7 9,60.10-7 7,40.10-7 c -6,67.10-5 -2,86.10-5 -4,33.10-5 -3,34.10-5 -5,4.10-5 -3,98.10-5 -4,58.10-5 -3,57.10-5 Parâmetros das equações d e f g 1,72.10-2 -0,02 0,22 -1,06 7,63.10-4 -0,01 0,11 -0,53 1,09.10-3 -0,02 0,13 -0,54 8,59.10-4 -0,01 0,11 -0,47 1,37.10-3 -0,02 0,17 -0,76 1,04.10-3 -0,02 0,14 -0,66 1,17.10-3 -0,02 0,15 -0,71 9,3.10-4 -0,01 0,12 -0,59 telhas ao longo do dia. Observa-se que o modelo apresentou valores de R2 superiores a 98% podendo ser utilizados para a predição das temperaturas nos telhados em condições semelhantes às experimentais. CONCLUSÃO 1. A telha que melhor se adequa para as construções rurais em regiões de clima predominantemente quente é a telha de material alternativo, pois a mesma aquece menos a sua superfície inferior nas horas mais quentes do dia. Proporcionalmente ao tempo de ganho de calor por esse tipo de telha, ela também demora um pouco mais do que as demais para perder o calor h 2,53 1,34 0,90 0,91 1,61 1,60 1,62 1,41 i -2,31 1,42 0,09 0,36 -1,04 -1,52 -1,43 -1,37 j 0,39 0,55 0,81 -0,26 -0,13 0,45 0,31 0,47 k 18,08 18,65 18,14 18,35 18,06 18,27 17,66 18,08 R2 0,98 0,99 0,98 0,98 0,98 0,98 0,98 0,98 retido, e consequentemente fica mais aquecida no período da noite (período mais frio do dia). 2. O estado de conservação das telhas influenciou no seu comportamento térmico, visto que a telha capa canal tipo colonial envelhecida obteve maiores temperaturas (nas duas superfícies) do que a telha capa canal tipo colonial nova. 3. A forma geométrica da telha também influenciou no aquecimento de sua superfície inferior, visto que a telha capa canal tipo trapezoidal obteve maiores temperaturas nas horas de pico do que a TC, sendo elas compostas dos mesmos tipos de materiais e ambas estando em bom estado de conservação. 4. O modelo polinomial pode ser empregado de forma satisfatória na descrição e simulação do comportamento Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.96-101, 2013. Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014. Análise termo-infravermelha de diferentes telhas para construções rurais da temperatura nos telhados das construções, visto que seu coeficiente de determinação variou entre 98 e 99%. AGRADECIMENTOS Ao CNPq pelo financiamento do projeto e pela concessão da bolsa PIBIC e aos colegas do Laboratório de Construções Rurais e Ambiência (LaCRA) da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, onde este projeto foi desenvolvido e realizado, por todo apoio e contribuição. 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Iniciação científica – Universidade Federal de Campina Grande, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: Antônio Farias Leal. Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.96-101, 2013. Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014.
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