Capítulo VII
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Capítulo VII
Capítulo VII: Introdução a Hidráulica 7.0. Classificação dos escoamentos quanto à pressão de funcionamento 7.1. Classificação quanto à trajetória das partículas 7.2. Conceitos básicos em Hidráulica 7.2.1.Raio hidráulico 7.2.2.Tensão tangencial média de Cisalhamento da corrente 7.2.3.Potência da corrente em função do raio e da vazão 7.2.4.Velocidade de cisalhamento 7.2.5.Número de Reynolds do escoamento 7.2.6.Número de Froude do escoamento I.1 7.3. Classificação da perda de carga 7.3.1.Perda de carga contínua 7.3.2.Perda de carga unitária 7.3.3.Perda de carga localizada 7.4. Fórmulas práticas para o cálculo da perda de carga contínua 7.4.1. Equação Universal de perda de carga: Darcy Weisbach 7.4.1.1. Determinação do fator de atrito através de ábacos 7.4.1.2. Problemas tipos: solução com o Ábaco de Rouse 7.4.2. Fórmula de Hazen-Williams 7.4.3. Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao I.2 7.5. Determinação da perda de carga localizada 7.5.1.Método de Borda Belénger ou Método da Equação Geral 7.5.2.Método dos comprimentos virtuais 7.6.Estabelecimento do perfil de tensões tangenciais 7.6.1.Relação entre a tensão tangencial média de cisalhamento e o fator de atrito da equação de Darcy 7.7. Estabelecimento do perfil de velocidades 7.7.1.Para o escoamento laminar 7.7.2.Para o escoamento turbulento I.3 7.0 - Classificação dos escoamentos quanto à pressão de funcionamento Tendo em vista a pressão de funcionamento os condutos hidráulicos são classificados em Condutos Livres e Condutos Forçados. 7.0.1 - Condutos Livres Quando o fluido estiver sob pressão atmosférica. Ex.: canais abertos, cursos d’água naturais e coletores de esgoto. 7.0.2 - Condutos Forçados Quando o fluido estiver totalmente em contato com as paredes do conduto exercendo pressão sobre ele. Ex.: condutos de adutoras, tubulações industriais, sifões verdadeiros e sifões invertidos. I.4 7.1 – Classificação dos escoamentos quanto à trajetória das partículas A classificação é feita através do Número de Reynolds: este número (eq.7.1) representa a relação entre as forças de inércia e as forças viscosas do escoamento. Re VL (7.1) Onde: V : velocidade média de escoamento L : dimensão linear característica : viscosidade cinemática do fluido 7.1.1 – Classificação do escoamento de acordo com o número de Reynolds Laminar: Re < 2000 Transição: 2000 < Re < 4000 Turbulento: Re 4000 I.5 7.2 - Conceitos Básicos em Hidráulica I.6 7.2.1 – Raio Hidráulico (RH) R H Área Perimetro (7.2) i) RH em Condutos Forçados: R H R² R D R H 4 2 R 2 (7.3) ii) RH em Canal Largo: B H R Rh H H 2H B (7.4) Nas quais R: raio do conduto I.7 D: diâmetro do conduto B: base do canal H: altura do canal 7.2.2. Profundidade Hidráulica A profundidade hidráulica é a razão entre a área molhada e a largura superficial. Como a forma das seções dos canais apresentam grande variabilidade, costuma-se, para efeito de cálculo, da dinâmica do escoamento, definir a profundidade hidráulica, como a razão entre a área molhada e a largura superficial. Este conceito serve para verificar se a seção é bem encaixada ou não, ou seja, se a seção se aproxima sobremaneira da seção retangular. I.8 7.2.3 – Tensão Tangencial média de cisalhamento da corrente É a resistência imposta pelo movimento do fluido em uma fronteira próxima à parede do conduto, é normalmente chamada de resistência específica. 0 RH S (7.5) Onde: : peso específico do fluido em kgf/m3 RH: Raio hidráulico na seção em m S: gradiente de energia. Declividade na linha de carga ou de energia do conduto em m/m ( S h L ). I.9 7.2.4 – Potência da corrente (Pc) Pc 0 Q (7.6) (7.7) Pc Rh S Q 7.2.5 – Velocidade de cisalhamento ( ) V 0 (7.8) 7.2.6 – Número de Froude do escoamento (Fr) Fr V gL (7.10) Onde: L: dimensão linear característica típica I.10 7.2.6.1.Classificação do escoamento de acordo com o número de Froude Fonte: Batista e Lara (2010, pag. 210) I.11 7.2.6.2. Caracterização do Regime de Escoamento em função da celeridade Fonte: Batista e Lara (2010, pág.210) I.12 7.3 – Classificação da perda de carga 7.3.1 – Perda de Carga Contínua ( hf ) Dissipação contínua de energia em forma de calor, que se verifica durante o escoamento. A dissipação de energia, uma vez ocorrida, não é mais recuperável. 7.3.2 – Perda de Carda Unitária ( J ) É a perda de carga total ou contínua dividida pelo comprimento do conduto. J hf L (7.11) I.13 7.3.3 – Perda de Carda Localizada ( hf L ) São provocadas por ações pontuais que interferem no movimento e no comportamento natural do escoamento. A perda de carga localizada é determinada pelo método dos comprimentos virtuais e pelo método da equação geral. 7.3.4 – Perda de Carda Total ( hf t ) hf t hf hf (7.12) L 7.4 – Fórmulas Práticas para o Cálculo de Perda de Carga Devido a uma infinidade de variáveis que interferem no escoamento, a definição de uma equação para descrever o fenômeno da perda de carga torna-se difícil. Muitas vezes, faz-se necessário recorrermos às equações empíricas, as mais usadas estão apresentadas a seguir. I.14 7.4.1 – Fórmula Universal de perda de carga de Darcy-Weisbach L V2 hf f . D 2g (7.13) Onde hf: perda de carga total f: fator de atrito ou coeficiente de atrito ou de perda de carga; L: comprimento do tubo D: diâmetro do conduto V: velocidade média da seção. Observação: A equação de Darcy supera todas as equações de estimativa da perda de carga, porque pode ser usada no regime laminar, de transição e turbulento, e ainda pode ser aplicada para qualquer diâmetro, entretanto deve se ter cuidado na determinação precisa do fator de atrito ”f”. I.15 7.4.1.1 – Determinação do fator de atrito f da equação de Darcy através de ábacos A determinação do fator de atrito através de ábacos é vantajosa porque serve para qualquer regime de escoamento. São utilizados dois tipos de ábacos: o Ábaco de Rouse e o Ábaco de Moody. 7.4.1.1.1 – Ábaco de Rouse Região I: Região de escoamento laminar, f independe de D e só depende de Reynolds f 64 . Re Região II: Região crítica, região de transição do escoamento laminar para o turbulento. Não há definição para o fator de atrito f. Região III: Região de escoamento turbulento, hidraulicamente liso ( a espessura da sub-camada limite laminar encobre as asperezas do tubo - >K). A perda de carga só depende do número de Reynolds (Re). I.16 Figura 7.1: ábaco de Rouse I.17 Região IV: Região de transição entre o escoamento turbulento hidraulicamente liso e o hidraulicamente rugoso. Situação em que ocorre a oscilação ente K e . A perda de carga depende de Re e da relação D . Região V: Região de turbulência completa quando o escoamento se diz hidraulicamente rugoso. A perda de carga só depende de D , independe de Re. 7.4.1.1.1.1 – Ábaco de Rouse: teste para verificar se o escoamento é hidraulicamente liso ou rugoso Calcula-se o numero de Reynolds da Rugosidade: U Re * U Re * 5 escoamento turbulento hidraulica mente liso I.18 U 5 Re * 70 Transição entre escoam. turb. hidraulica mente liso e o rugoso U Re * 70 escoamento turbulento hidraulica mente rugoo 7.4.1.2 - Problemas tipos: solução com o Ábaco de Rouse TIPO DADOS CALCUL SOLUÇÃO AR I hf,Q Direta ,L,V,D, II Q,V Direta ,L,D,hf, III D,V ,Q,L,hf, 8 fLQ 2 D5 IV ,L,V,hf, (*) 2 h . g f fLV 2 D (*) 2 gh f D * solução por processo iterativo I.19 Tabela 7.1 - Valores das rugosidades internas de tubos – para uso na Equação de Darcy Características da tubulação Rugosidade e (mm) Mínima Usual Máxima 1. Tubos de aço, juntas soldadas, interior contínuo Grandes Incrustações ou tuberculizações 2,40 7,00 12,2 Tuberculização geral de 1 a 3 mm 0,90 1,50 2,40 Pintura à brocha, com asfalto, esmalte ou betume 0,30 0,60 0,90 Leve enferrujamento 0,15 0,20 0,30 Revestimento obtido por imersão em asfalto quente 0,06 0,10 0,15 Revestimento com argamassa de cimento obtida por 0,05 0,10 0,15 centrifugação Tubo revestido de esmalte 0,01 0,06 0,30 2. Tubos de concreto Superfície obtida por centrifugação 0,15 0,30 0,50 Superfície interna bastante lisa, executado com formas metálicas 0,06 0,10 0,18 3. Tubos de cimento amianto 4. Tubos de ferro fundido Ferro galvanizado, fundido revestido Ferro fundido, não revestido, novo Ferro fundido com corrosão Ferro fundido com depósito 5. Latão, cobre, chumbo 6. Tubos de plástico – PVC - 0,015 0,025 0,06 0,25 1,00 1,00 0,04 0,0015 0,15 0,50 1,50 2,00 0,007 0,06 0,30 1,00 3,00 4,00 0,01 - Fonte: Baptista, M.; Lara, M. Fundamentos de Engenharia Hidráulica. 2ª Edição Revista. Editora UFMG, 2003. 70, 71, p. I.20 7.4.1.1.2 – Ábaco de Moody I.21 7.4.2 – Fórmula de Hazen-Williams: Segundo Azevedo Neto (1982, pág.186) a Fórmula de Hazen-Williams pode ser usada satisfatoriamente para qualquer tipo de conduto e de material. Seja em condutos livres ou forçados, conduzindo água ou esgoto. Os autores basearam-se em diversos tipos de materiais para o estabelecimento da fórmula: aço, cimento, chumbo, estanho, ferro fundido, latão, madeira, tijolo e vidro. Segundo Batista e Lara (2012, pág. 71) a Equação de Hazen-Williams é usada para transporte de água somente e para conduto circular. Usada para tubos: 50mm<D<3500mm. 10,641 Q 1,85 J 4,87 C D (7.14) Onde: Q: Vazão em m3/s D: Diâmetro em m C: Coeficiente que depende do material empregado no tubo e das condições da parede (envelhecimento) I.22 Tabela 7.2 - Coeficiente C: Azevedo Neto (pag. 187) I.23 7.4.3 – Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao 7.4.3.1 – Aço galvanizado conduzindo água fria 1,88 0,002021Q J 4,88 D (7.15) 7.4.3.2 – Tubo de cobre ou latão conduzindo água fria 1,75 Q J 0,00086 4,75 D (7.16) Recomendada pela ABNT para o cálculo das instalações hidráulicas prediais. Usada para 12mm<D<100mm. I.24 7.5 - Determinação da perda de carga localizada Perdas de cargas localizadas são aquelas provocadas por ações pontuais que alteram o comportamento normal do escoamento (peças e conexões). 7.5.1 - Método de Borda Belénger ou Método da Equação Geral V2 h K f 2g (7.17) K – Tabelado (função do tipo de peça ou conexão) A expressão geral da perda de carga localizada é baseada no teorema de Borda Belénger, que descreve a perda de carga localizada devido a um alargamento brusco de uma seção. I.25 Enunciado: “Em qualquer alargamento brusco de seção há uma perda de carga local, medida pela altura cinética correspondente a perda de velocidade”. h f V V 2 1 2 (7.18) 2g Demonstração Figura 7.3: determinação de perda de carga localizada I.26 Na seção imediatamente após a saída do conduto a velocidade e a pressão se conservam. A perda de carga localizada é provocada pelo choque de massa de fluido proveniente do conduto de seção menor (velocidade maior) com a massa de fluido no conduto de seção maior (velocidade menor). Aplicar a equação da quantidade de movimento ao volume de controle preestabelecido. P S P S P S .QV V 11 1 2 2 1 2 P S P S S P S .QV V 1 1 1 2 1 2 2 1 2 P S P S P S P S .QV V 11 1 2 11 2 2 1 2 P S P S .QV V 1 2 2 2 1 2 S P P .V S V V 2 1 2 2 2 2 1 P P .V V V 2 2 1 2 1 P P V 1 2 2 V V g 2 1 I.27 Bernoulli ao pontos 1 e 2: 2 P V1 P V2 1 2 2 hf 2g 2g 2 P P V1 V 2 hf 1 2 2 2g 2g V 2 V V V 2 V2 hf 2 1 2 1 2 g g 2g 2g 2V 2 2V V V 2 V 2 1 2 1 2 hf 2 2g 2 V V hf 1 2 (*) 2g Expressando a perda de carga em função da velocidade: I.28 Para chegarmos a equação geral basta aplicarmos a equação da continuidade. Para tanto, basta isolar uma das velocidades em função da área e substituir em (*). V S V S 11 2 2 S V 2V 1 S 2 1 h f h h f f Observação S 2 .V V 2 2 S 1 2g V 2 S 2 1 2 2 g S 1 V2 K 2 2g 2 2 Para Re > 50.000 pode-se considerar o valor de K constante para qualquer peça independente do diâmetro da tubulação, do tipo de fluido em escoamento e da velocidade. I.29 Tabela 7.3 – Coeficiente K da Fórmula de Borda-Bélanger I.30 7.5.2 - Método dos comprimentos virtuais Este método consiste em adicionar ao comprimento da tubulação, somente para efeito de cálculo, comprimentos de tubos com o mesmo diâmetro do conduto em causa. À cada peça localizada é atribuído um comprimento que representa a perda de carga por ele gerada. Comprimento equivalente (Le): É o comprimento adotado para substituir a perda de carga gerada pela conexão. Comprimento Virtual (Lv): É o comprimento real do conduto mais o comprimento equivalente: Lv L Le (7.19) Lv – Comprimento Virtual; L – Comprimento real do conduto; Le – Comprimento equivalente. I.31 I.32 Figura 7.7 – Método dos comprimentos virtuais simplificados I.33 7.6 - Estabelecimento do perfil de tensões tangenciais Descrição válida para o escoamento laminar e o turbulento. 7.6.1 - Relação entre a tensão tangencial média de cisalhamento e o fator de atrito da equação de Darcy Equação da quantidade de movimento para o tubo de corrente, esquematizado na figura 7.5, no qual ocorre escoamento com as seguintes características: Escoamento permanente e uniforme Fluido incompressível I.34 Figura 7.5 : tubo de corrente para a obtenção do perfil de tensões e de velocidade Na Figura 7.5 consideremos: 0: tensão imposta pela parede do conduto no fluido : tensão entre as partículas de fluido em cada linha de corrente do escoamento P1 e P2: pressões estáticas, respectivamente na seção 1 e 2. I.35