2011 - Brazil Buyers

Transcrição

2011 - Brazil Buyers
Sílvio Ávila
AgroBrasil
2011
1
>>EXPEDIENTE PUBLISHERS AND EDITORS
Sílvio Ávila
EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA.
CNPJ 04.439.157/0001-79
Diretor-presidente: André Luís Jungblut
Diretor de Conteúdo: Romeu Inacio Neumann
Diretor Comercial: Raul José Dreyer
Diretor-administrativo: Jones Alei da Silva
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Santa Cruz do Sul, RS
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REVISTA AGROBRASIL 2011
Editor: Romar Rudolfo Beling
Editora assistente: Angela Zamberlan Vencato
Textos: Angela Zamberlan Vencato, Benno Bernardo Kist, Cleiton Santos, Cleonice de Carvalho,
Erna Regina Reetz, Heloísa Poll e Romar Rudolfo Beling
Supervisão: Romeu Inacio Neumann
Tradução: Guido Jungblut
Fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann) e divulgação de empresas e entidades
Projeto gráfico e diagramação: Márcio Oliveira Machado
Arte de capa: Márcio Oliveira Machado, sobre fotografia de Sílvio Ávila
Edição de fotografia e arte-final: Márcio Oliveira Machado
Marketing: Maira Trojan Bugs, Tainara Bugs e Rafaela Jungblut
Supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado
Distribuição: Simone de Moraes
Impressão: Coan Gráfica e Editora, Tubarão (SC).
Revista AgroBrasil 2011
ISSN 1807-6106
2
É permitida a reprodução de informações desta revista, desde que citada a fonte.
Reproduction of any part of this magazine is allowed, provided the source is cited.
Inor Ag. Assmann
>>sumário summary
10>>Apresentação introduction
86>>Gado de leite dairy cattle
14>>Entrevista exclusiva exclusive interview
MENDES RIBEIRO FILHO
Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
90>>Hortaliças vegetables
22>>Agroenergia agroenergy
98>>PONTO DE VISTA viewpoint
CELSO LUÍS CASALE
Presidente da Câmara Setorial de Máquinas e
Implementos Agrícolas da Associação Brasileira
de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)
26>>Algodão cotton
30>>Aquicultura aquaculture
34>>PONTO DE VISTA viewpoint
PEDRO ANTONIO ARRAES PEREIRA
Diretor-presidente da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
104>>Milho corn
42>>Aves poultry
46>>Café coffee
112>>Orgânicos organics
50>>PONTO DE VISTA viewpoint
ALESSANDRO TEIXEIRA
Secretário-executivo do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)
114>>PONTO DE VISTA viewpoint
PAULO AFONSO SCHWAB
Presidente da Associação Brasileira de
Criadores de Ovinos (Arco)
54>>Cana-de-açúcar sugar cane
118>>Ovinos sheep
58>>Defensivos agrochemicals
122>>Silvicultura silviculture
60>>Feijão black-beans
126>>Soja soy
64>>PONTO DE VISTA viewpoint
ROBERTO SIMÕES
Presidente do Conselho Deliberativo do Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
130>>PONTO DE VISTA viewpoint
ADRIANA BRONDANI
Diretora-executiva do Conselho de
Informações sobre Biotecnologia (CIB)
68>>Fertilizantes fertilizers
134>>Suínos hogs
70>>Flores flowers
138>>Tabaco tobacco
74>>Frutas fruits
142>>Trigo wheat
78>>PONTO DE VISTA viewpoint
ANTONIO JORGE CAMARDELLI
Presidente da Associação Brasileira das Indústrias
Exportadores de Carnes (Abiec)
146>>Uva e vinho grape and wine
82>>Gado de corte beef cattle
Revista AgroBrasil 2011
102>>Máquinas machines
108>>PONTO DE VISTA viewpoint
JOSÉ ALEXANDRE RIBEIRO
Presidente da Associação Brasileira de
Orgânicos (BrasilBio)
38>>Arroz rice
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94>>Logística logistics
150>>ENTREVISTA interview
KÁTIA ABREU
Presidente da Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA)
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>>Apresentação INTRODUCTION
O pulmão da economia
É de acreditar que a sociedade brasileira ainda não
acordou efetivamente para o que representa a atividade
produtiva primária no conjunto da economia nacional.
Por um lado, o Brasil a cada ano comunica, e comemora,
novos recordes em sua balança comercial e, mais do que
isso, o superávit das exportações em relação às importações. Ou seja, qualquer crescimento real e qualquer avanço no desenvolvimento que o País esteja apresentando,
especialmente na última década, devem-se em grande
medida ao sucesso de seu agronegócio.
Revista AgroBrasil 2011
P
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or outro lado, entretanto, a própria sociedade, ainda
que se regozije quanto ao desempenho na economia, não demonstra enxergar quem realmente é o
grande responsável por esse sucesso, e muito menos tem tido a preocupação de aplaudir esse protagonista.
Que dirá então retribuir a ele com os investimentos de que
esse imenso setor, exportador por natureza, anda tão carente
e demandante.
Aliás, o comportamento da sociedade de certo modo
apenas reproduz a atitude do próprio governo, muito mais
preocupado em propor avanços em outros segmentos, cujo
impacto sobre o ingresso de receita externa é quase nulo, do
que exatamente em fertilizar e promover melhorias na competitividade justamente daquele que é o pulmão da sua economia. Já não seria de todo descabido dizer que o Brasil anda
investindo em setores completamente alheios a seu potencial
produtivo (de alimentos e de matérias-primas) justamente o
suor e o sobre-esforço dos seus empresários e trabalhadores
do campo. Infraestrutura, logística, pesquisa, ambientes de
ensino: eis as carências do meio rural.
Em 2011, conforme números divulgados pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as vendas
externas de produtos agropecuários atingiram o recorde histórico de US$ 94,59 bilhões, surpreendentes 24% acima do
alcançado em 2010. Complexos produtivos vitais garantem
esse resultado: a soja, na forma de grão, de farelo ou de óleo; o
setor sucroalcooleiro e as carnes (de gado, de aves, de suínos)
lideram o ranking. Mas não são apenas eles: todo o Brasil se
mostrar, em detalhes e com a opinião de lideranças e de
entidades, como o País pretende chegar a esse patamar. Só
mesmo uma interferência muito grave de fatores externos
ao cotidiano do homem do campo (entraves climáticos ou
na macroeconomia) poderão inibir esse resultado. Numa
hora em que o Brasil se determina a crescer, a se desenvolver e a contribuir com eficiência e competência para a
melhoria da qualidade de vida de uma população global
que já ultrapassa a 7 bilhões de pessoas, o meio rural é,
definitivamente, o pulmão da nossa economia. Graças ao
agronegócio, a cada ano, a cada safra, o País respira com
fôlego renovado.
Sílvio Ávila
especializa em produzir com qualidade, colher com eficiência
e exportar com competitividade.
Em 2011, o superávit na balança comercial do agronegócio brasileiro ficou em US$ 77,51 bilhões. O que isso representa? Esse saldo positivo do setor agropecuário é quase três
vezes superior ao acumulado no resultado global da balança
comercial brasileira, que fechou o ano com superávit de US$
29,8 bilhões. É pouco? Pois a meta para 2012, veja só, é ultrapassar, pela primeira vez, a barreira dos US$ 100 bilhões em
vendas do agronegócio ao exterior.
A Revista AgroBrasil – Balanço Brasileiro do Agronegócio, em sua edição relativa ao desempenho de 2011, vem
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Inor Ag. Assmann
The lung of the economy
It looks as if Brazilian society has not yet effectively woken up to what the primary production activity represents to the national
economy as a whole. For one thing, year after year Brazil is communicating and celebrating new records in its trade balance and, more
than that, surpluses of exports compared to imports. It means that any real growth and any advances in development the Country is
displaying, especially over the past decade, are overwhelmingly owed to its agribusiness sector.
Revista AgroBrasil 2011
O
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n the other hand, society itself,
although deriving great satisfaction from the performance of the
economy, does not seem to be
knowledgeable of the driving force behind this
success story, nor does it seem to be concerned
about giving the protagonist its due recognition. Retribution in the form of investments
badly needed by this immense sector, exporter
by nature, deficient and demanding, seems to
be totally out of the question.
By the way, the behavior of society, in a way,
just mirrors the attitudes of the government,
much more concerned about suggesting advances in other segments, whose impact on the
entrance of foreign revenues is almost nil, than
trying to fertilize and promote improvements
to the competitiveness of the exact segment
that is the lung of the economy. It would not be
totally unfair to say that Brazil has been investing in sectors completely alien to its production potential (food items and raw materials),
exactly the sweat and inhumanly efforts of the
entrepreneurs and rural workers. Infrastructure,
logistics, research works, educational institutions: all these are in short supply in the rural
environment.
In 2011, according to numbers published by
the Ministry of Agriculture, Livestock and Food
Supply (MAPA), foreign sales of agriculture and
livestock products hit the historical record of US$
94.59 billion, surprisingly up 24% from 2010. Vital
production complexes assure these results: soybean, in the form of grain, meal and oil; the sugar
and alcohol sector and meat (bovine,chicken,pigs)
are export leaders.That is not all: the entire Country
is engaged in producing with quality, harvest with
efficiency and export with competitiveness.
In 2011, the surplus of the trade balance of
Brazilian agribusiness operations remained at
US$ 77.51 billion. What does this represent? This
positive balance of the agriculture and livestock
sector is almost three times the size of the accumulated result of the Brazilian global trade bal-
ance, which came to a close in 2011 with a surplus of US$ 29.8 billion. Isn’t it much? Just think,
the target for 2012 is to, for the first time, break
the US$ 100 billion dollar barrier in agribusiness
related sales abroad.
Revista AgroBrasil – Brazilian Agribusiness Balance, in its edition focused on the 2011
performance, features in detail, based on the
opinions of leaderships and entities, how the
Country intends to achieve this mark. Only a
very serious interference from factors outside
the domain of the people in the countryside (climatic bottlenecks or macroeconomics) could
inhibit this result. At a time Brazil is determined
to make strides, walk the path of development
and contribute efficiently and with competence
towards the quality of life of the global population, now comprising upwards of seven billion
people, the rural scenario is, definitely, the lung
of our economy. Thanks to agribusiness, year
after year, crop after crop, Brazil takes a breath
of renewed air.
>>ENTREVISTA EXCLUSIVA EXCLUSIVE INTERVIEW
MENDES RIBEIRO FILHO
Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (Mapa)
Campo para crescer
Revista AgroBrasil 2011
Novo modelo de
política agrícola
do Mapa prevê a
criação de agenda
estratégica
para cada cadeia
produtiva a fim
de fortalecer o
agronegócio
14
À medida que se conclui cada nova safra, assim como no fechamento dos
números da balança comercial, a sociedade brasileira têm tido elementos suficientes a fim de avaliar o peso e a importância do agronegócio para os surpreendentes índices de incremento econômico e social que o País tem apresentado neste princípio de século XXI.
J
á não é mais possível, para o tomador de decisão, para o analista,
para o gestor público ou para o
empresário, ignorar o forte grau
de contribuição da produção agrícola
e pecuária, e de sua indústria de transformação, no crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB). Em simultâneo, esse
desempenho se traduz na imagem positiva e confiável que a Nação passou a
ostentar perante o mundo, como fornecedor regular de alimentos e de matérias-primas e como parceiro comercial e
de fortalecimento mútuo.
A cada ano que passa, mais e mais o
Brasil deve ficar grato ao trabalhador e
ao empresário do campo por seus grandes saltos de progresso regional. E hoje,
junto ao governo federal, quem se esmera em dar a máxima atenção e o máximo respaldo a esse público é o gaúcho
Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho. Ele é o interlocutor na apreciação, no encaminhamento e na resolução
de demandas associadas a essa gigante
máquina de produção de riquezas e de
fortalecimento da autoestima nacional.
No cargo de ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento desde o dia
18 de agosto de 2011, Mendes Ribeiro
Filho, porto-alegrense de 57 anos, deputado federal em quatro mandatos
consecutivos, vem conduzindo a política
agrícola que tem por propósito aumentar cada vez mais os já tão expressivos
números de produção, produtividade,
qualidade e sustentabilidade do agronegócio nacional.
Diante de um território de dimensões
continentais, e da área de cultivo superior a 50 milhões de hectares, é facilmente compreensível o tamanho do desafio
associado a temáticas específicas, locais
e regionais (logística, infraestrutura, sanidade e suporte de pesquisa, por exemplo), de maneira a assegurar a estabilidade nos índices de produção e, dentro do
possível, a gradativa expansão.
A oferta de alimentos e de matériasprimas para dar suporte às crescentes
necessidades internas no Brasil, apoiando o boom econômico e social registrado nas mais diversas áreas, e para atender igualmente à procura cada vez mais
intensa no mercado internacional, sugere que o campo tende a ser, ano após
ano, o motor do desenvolvimento.
É para garantir que as oportunidades existentes possam ser aproveitadas
ao máximo pelos produtores rurais e
Divulgação
pelos empresários que o Ministério da
Agricultura, sob o olhar de Mendes Ribeiro Filho, projeta as ações para 2012.
Na entrevista exclusiva que concede à
Revista AgroBrasil - Balanço Brasileiro
do Agronegócio, o ministro aponta as
estratégias montadas a fim de concretizar esse propósito. Na manifestação de
Mendes Ribeiro Filho, a sustentabilidade
é o conceito que guia todo esse projeto.
Para quem tem familiaridade com o
setor primário, afinal historicamente o
ambiente por excelência da identidade
nacional perante o mundo, uma frase resume essa sintonia: “se a agricultura vai
bem, tudo vai bem”. Na atualidade, diante dos níveis de dependência econômica que a sociedade brasileira estabeleceu com o agronegócio, é mais do que
oportuno dizer: se a agricultura vai bem,
o Brasil vai bem. E cumpre informar: há
muito campo para crescer.
Revista AgroBrasil – O agronegó-
cio tem sido o grande motor do desenvolvimento econômico do Brasil.
Como proceder para que, nos próximos anos, esse setor tenha, junto ao
governo e à sociedade, tratamento
que faça justiça a essa importância?
Ministro Mendes Ribeiro Filho – A
política agrícola precisa avançar para
garantir o desenvolvimento do setor.
É preciso atualizar as bases da política
agrícola brasileira, que foram estabelecidas na década de 1960. Também temos
que avaliar se esses instrumentos ainda
permanecem adequados para a realidade do agronegócio brasileiro. A renda da
atividade produtiva rural é volátil e em
função disso necessitamos de políticas
específicas para o setor, com garantia de
preços e indenização de perdas em decorrência de intempéries climáticas. Temos que pensar em políticas de médio
e longo prazos e que reforcem outras
cadeias além dos grãos (pecuária, frutas
e cana, entre outras). O novo modelo de
política agrícola que propomos prevê a
criação de uma agenda estratégica de
cada cadeia produtiva com ações voltadas à contenção da volatilidade de preços e à garantia de renda, com foco em
agregação de tecnologia, melhoria da
gestão, disseminação do seguro contra
riscos climáticos e sustentabilidade.
A pesquisa tem sido apontada
como uma aliada estratégica no
avanço da agricultura brasileira.
Quais os planos para esse setor em
sua gestão?
Entre minhas prioridades tenho o
apoio irrestrito às ações da Embrapa
e, também, das Unidades Estaduais de
Pesquisa. Contudo, precisamos avançar
na questão da assistência técnica. Esse
setor, público ou privado, é o responsável pelos ganhos de produtividade do
meio rural. Logo, temos trabalhado junto
com a direção da Embrapa não só para
ampliarmos as verbas para garantir que
não faltem recursos em tempo adequado, mas também para estimular avanços
no uso de inovações junto ao meio rural.
Entendo que o setor privado – tanto as
cooperativas como as empresas – tem
feito sua parte. Estamos fazendo o que
nos cabe, que é disponibilizar informações aos produtores.
A sustentabilidade é talvez o conceito mais largamente utilizado no
ambiente dos negócios, e ele é ainda
mais significativo no agronegócio,
que implica na exploração de recursos naturais. O senhor acredita que o
Brasil alcançou níveis de excelência
em termos de sustentabilidade no
agronegócio? O que precisa ser melhorado?
Temos de melhorar sempre em todos
os setores que atuamos para garantir a
sustentabilidade da agricultura. Temos
orgulho de dizer que o Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC),
que significa produzir mais alimentos
com redução dos gases de efeito estufa, está em implementação em todas as
pontas. Desde a formatação de crédito,
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do treinamento de técnicos e produtores até a divulgação da sua importância.
O plano é uma prioridade nacional porque a sustentabilidade da agropecuária
é uma realidade. Os produtores estão
demonstrando interesse pelo ABC e sabemos que em 2012 o crescimento será
ainda maior. Há algumas demandas por
melhoras e adaptações que estão sendo avaliadas ponto a ponto. A principal
conclusão em 2011 é que conseguimos
cumprir o nosso papel. Tornamos o plano uma realidade, difundimos as técnicas, divulgamos nos estados, organizamos os grupos gestores, mobilizamos os
produtores e agora o Brasil todo conhece o Plano ABC.
Revista AgroBrasil 2011
Quais são os principais desafios
de 2012 na condução dos trabalhos
na gestão pública do agronegócio?
Os dados até este momento de área
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em produção não mostram problemas
que impeçam o desenvolvimento das
culturas de verão que estão em andamento. Achamos que podemos produzir, em média, mais de 3% em relação ao
ano passado. Há expectativa de ampliação da área plantada. A previsão para
a safra 2011/12 é de 50,431 a 51,358
milhões de hectares. A safra anterior
registrou área de cultivo de 49,919 milhões de hectares. O resultado é esperado com base na tecnologia utilizada
nas principais culturas e as previsões
em relação ao comportamento do clima para esta safra. A Conab trabalha
com a média obtida nas últimas cinco
safras, descartando os anos atípicos e
agregando novas técnicas agrícolas.
Também é necessário observar o comportamento dos fenômenos climáticos
para saber se as previsões se confirmam. No último levantamento de sa-
fra, a previsão climática indicou maior
probabilidade de chuvas no centro e
norte da região Norte do País.
O Brasil vem sendo mencionado
como exemplo mundial na área
da agroenergia. Como o País
deve se estruturar
a fim de explorar
devidamente seus
inúmeros potenciais internos e externos relacionados
a esse setor?
Nesta área temos
muito que avançar. Temos
que ter mais consistência na
manutenção da produção de
cana-de-açúcar, evitando o
que ocorreu em 2011, quando fomos atingidos pela falta de
estocagem de etanol para garantir
ajudando o governo na formulação de
um programa para o setor. O objetivo é
manter nossa imagem internacional de
uma matriz energética verde.
A logística e a infraestrutura
s ã o
apontadas
como
gargalos
na
competitividade do
agronegócio
brasileiro,
seja no abastecimento interno, seja nas
exportações.
Quais os planos relacionados a esses dois setores para 2012 e para os
próximos anos, a fim de melhorar a
estrutura existente?
A questão da logística está sendo
discutida junto com outros ministérios
como, por exemplo, o do Transporte. Na
nossa área estamos fortalecendo um
Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC) para agricultura. Nesse programa devem constar ações de montagem
de armazéns para produtores, principalmente nas regiões mais novas na
produção, como Centro-Oeste, Matopiba (área que compreende Maranhão,
Tocantins, Piauí e Bahia), entre outros. No
entanto, temos também a preocupação
na área de fertilizantes, dada sua importância relativa na produção. Estamos
trabalhando para que todas as necessidades sejam contempladas e as ações
implementadas.
Sílvio Ávila
competitividade no seu uso no meio
automobilístico. Precisamos ter uma estratégia mais consistente
na ampliação de
áreas
de agroenergia;
por isso,
estamos
17
Divulgação
MENDES RIBEIRO FILHO
Minister of Agriculture, Livestock and Food Supply in Brazil
Revista AgroBrasil 2011
Room for growth
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Mapa’s new model
of agricultural
policy suggests
a strategic
agenda for the
production
chain so as to
strengthen
agribusiness
As every new crop comes to a close, just like when it comes to calculating the trade
balance, Brazilian society has had sufficient elements to evaluate the weight and the importance of agribusiness for the surprising economic and social strides the Country has
experienced at the beginning of the 21st century. I
t is no longer possible, for decision makers, analysts, public managers or entrepreneurs to ignore the strong degree of
contribution coming from agriculture and
cattle farming operations, and from the transformation industry to the growth of the Gross
Domestic Product (GDP). Simultaneously, this
performance translates into the positive and
reliable image the Nation is now projecting to
the world, like a regular food and raw materials supplier, like a trade partner and mutual
strengthening.
Year after year, Brazil owes more and more
gratitude to the workers and agriculture entrepreneurs for their leaps in regional progress.
And now, jointly with the federal government, if
there is a person that deserves praise for his attention and support to the public, it is nobody
else than Jorge Alberto Portanova Mendes
Ribeiro Filho, from Rio Grande do Sul. He is the
interlocutor at the evaluation, forwarding and
in the solution to the demands associated with
this giant wealth producing machine, whilst
strengthening our national self-esteem.
At his position as Minister of Agriculture,
Livestock and Food Supply, since 18th August
2011, Mendes Ribeiro Filho, 57, born in Porto
Alegre, federal deputy for four consecutive
terms, has been conducting our agricultural
policy, whose target is to increase even further
the already expressive numbers related to production, productivity, quality and sustainability of our national agribusiness.
Within the context of a territory of continental dimensions, with 50 million hectares
of arable land, it is easy to grasp the size of the
challenge associated with specific themes, of local and regional range (logistics, infrastructure,
sanitary issues and support to research, for example), so as the ensure stable production rates
and, as far as possible, gradual expansion.
Food and raw material supplies to support to the ever-increasing Brazilian domestic
needs, lending support to the social and economic boom that is present in a variety of areas, always with an eye towards a bigger share
of the international market, he suggests that
agriculture, year after year, tends to assume its
role as development propeller.
And to make sure the existing opportunities
are taken advantage of by the rural producers
and entrepreneurs, the Ministry of Agriculture,
under the vision of Mendes Ribeiro Filho, projects moves for 2012. At the exclusive interview
to Revista AgroBrasil – Brazilian Agribusiness
Balance, the minister details the strategies
intended to materialize this purpose. In the
words of Mendes Ribeiro Filho, sustainability is
the driving force behind the entire project.
For those who are familiar with the primary
sector, which has historically been the national
identity environment par excellence, one statement summarizes this syntony: “if agriculture
fares well, everything fares well”. Nowadays, in
light of the levels of economic dependence society has entered with agribusiness, it is more
than appropriate to say that: if agriculture
fares well, Brazil fares well, too. And it is always
good to remember: there is room for growth.
Revista AgroBrasil – Agribusiness has
been the driving force behind Brazil’s economic development. What should be done
for this sector, over the years, to continue
being treated by the government and by
society in a manner that lives up to its importance?
Minister Mendes Ribeiro Filho – Agricultural policy needs to make strides to guarantee the development of the sector. It is time to
update the bases of Brazil’s agricultural policy,
once they were set forth in the 60s.We also need
to evaluate if these tools continue appropriate
for the reality of Brazilian agribusiness. Income
from rural production activities is volatile and,
in light of this, we need specific policies for the
sector, whereby prices are guaranteed and compensations are paid to cover losses from erratic
climate conditions. We should consider policies
for the medium and long run with positive impacts on production chains other than just cereal chains (livestock, fruit and sugar cane, among
others). The new agriculture policy model we
propose suggests the creation of a strategic
agenda of every different production chain,
containing initiatives towards curbing price
volatility, whilst assuring profits, with the focus
on technology, management improvement, an
insurance program that covers climate induced
risks and sustainability. Research has been viewed as a strategic
ally in the progress made by Brazilian agriculture. What are the plans for this sector
during your term in office?
My priorities include an unquestionable
support to Embrapa’s work and to all State
Research Corporations. However, we must improve the question of technical assistance.This
sector, either public or private, is responsible for
productivity gains in the rural setting. We have
therefore worked side by side with Embrapa
not only to increase the financial grants but
to make sure all resources are timely delivered,
and equally encourage advances and innovations in the rural area. I understand that the
private sector – either cooperatives or corporations – has done its part. We are doing what
we are supposed to do, that is to say, making
information available to the growers.
Sustainability is perhaps the most
pressing concept in the business environment, and it is even more significant in
agribusiness, which implies in the exploration of natural resources. Do you believe
Brazil will reach excellence levels in terms
of agribusiness sustainability?
We have to improve constantly in every sector we work if agricultural sustainability is to be
guaranteed. We are proud to say that the Low
Carbon Emissions Agriculture Plan (ABC), which
means the production of more food with lower
emissions of greenhouse gases, is now under
implementation in every extremity. From the
creation of credit lines, training given to technicians and producers, to the disclosure of its importance.The plan is a national priority because
sustainable agriculture and livestock operations
are realities. The farmers are showing interest in
the ABC and we know that in 2012, there will be
further growth. There are some claims for improvements or adaptations now being examined in detail. The main conclusion we can draw
from 2011 is that we managed to perform our
role. We turned the plan into a reality, we spread
techniques, publicity was given in the states, we
organized the managing groups and mobilized
the producers and now the ABC Plan is known
all over Brazil. What are the main challenges in 2012
in managing agribusiness from the government side?
So far, all data regarding the production
area do not feature any problems that could impair the development of our summer crops now
underway. We think we are able to produce, on
average, 3% more compared to last year. There
is expectation for planted area expansions. The
anticipated numbers for the 2011/2012 crop
year refer to 50.431 to 51.358 million hectares.
In the previous year’s season, the planted area
reached 49.919 million hectares. The result
relies greatly on the technology utilized for all
major crops and the forecast of the weather
conditions during this crop. Conab considers
the averages over the past five crops, disregarding atypical years and adding new agricultural
technologies. There is also need to observe the
behavior of the erratic climate conditions to
see if the forecasts come true. At the latest crop
survey, weather related forecasts pointed to
19
Sílvio Ávila
abundant rainfall in the center and north of the
Northern region of the Country.
Revista AgroBrasil 2011
Sílvio Ávila
Brazil has been cited as a global example in the area of agroenergy. How should
the Country get structured in order to duly
explore its domestic and foreign potential
related to this sector?
In this area we still need to make strides. We
should be more consistent in maintaining our
sugar cane production levels, avoiding what
happened in 2011, when we were hit by deficient ethanol stocks, if competitiveness is to be
kept in the area of ethanol for powering our ve-
20
hicle fleets. We need a more consistent strategy
in the expansion of our agroenergy areas; to
this end, we are now engaged, jointly with the
government, in setting up a program for the
sector. The target is to keep our international
image as a green energy matrix.
Logistics and infrastructure are viewed
as bottlenecks for the competitiveness of
Brazilian agribusiness, whether with regard to domestic supplies, whether for exports. What are the plans related to these
sectors throughout 2012 and for the coming years, with the aim to improve the ex-
isting structure?
The question of logistics is now being debated jointly with other ministries like, for example,
the ministry of transport. In our area we are engaged in strengthening a Growth Acceleration
Program (PAC) for agriculture. This program
comprises warehouses for producers, especially
in the new production regions, like the CenterWest, Matopiba (are that includes Maranhão,
Tocantins, Piauí and Bahia), among others.
Nonetheless, we are also concerned about fertilizers, as they play a relevant role in production.
We are doing our best to have all areas contemplated and all necessary actions implemented.
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pesada e megaeventos esportivos.
Ministério das Relações Exteriores
Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial
Departamento de Promoção Comercial e Investimentos
Sílvio Ávila
>>AGROENERGIA Agroenergy
Revista AgroBrasil 2011
Na vanguarda
22
Iniciativas
brasileiras
voltadas à
agroenergia
visam a
diversificar
as fontes
agrosilvopastoris
e a ampliar a
oferta de energia
renovável
Destaque mundial no uso de recursos renováveis na matriz energética, o
Brasil ocupa a liderança em termos de fontes agrosilvopastoris, que respondem por 31,5% do total ofertado, segundo divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com base em dados do Ministério
de Minas e Energia (MME). Para se consolidar nessa posição, o País busca definir estratégias, aproveitar potencialidades presentes em sua extensão territorial e produção, e superar dificuldades, tendo presente o papel fundamental
da pesquisa e tecnologia. Nesse sentido, o Mapa atua na elaboração do novo
Plano Nacional de Agroenergia, em sequência ao primeiro PNA/2006-2011.
N
a pesquisa oficial, a Embrapa Agroenergia, sediada em
Brasília (DF), está à frente do
processo no País, junto com
outras unidades da empresa. O novo
chefe-geral do centro, Manoel Teixeira
Souza Júnior, avalia a evolução geral
do setor em 2011 e as ações que estão
sendo empreendidas para gerar conhecimento e tecnologias. Ele enfoca mo-
mentos bem distintos das duas principais estrelas da agroenergia no Brasil: o
biodiesel e o etanol. No que diz respeito
à cadeia produtiva do biodiesel, aponta
história positiva com expectativa de um
futuro ainda mais promissor. Enfatiza o
início de um processo de discussão para
definir um novo marco regulatório para
o setor, tendo como base o “excelente
desempenho do Plano Nacional de Pro-
LUZ AMARELA No caso do etanol, o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Teixeira Souza Júnior, observa que a oferta nacional não acompanhou o crescimento da demanda em
2011 e levou à importação do produto
dos Estados Unidos. “O que aconteceu
POTÊNCIA • POWER
Oferta interna de energia (103 tep - toe)
Descrição
Quantidade
Participação
Energia não renovável
146.425
54,5%
Energia renovável
122.329
45,5%
84.670
31,5%
Agroenergia
Fonte: Balanço Energético Nacional 2011/Ano-base 2010 – EPE/MME
Divulgação: Mapa
acendeu uma luz amarela para o Brasil
e mostrou que existe a necessidade de
repensar o setor para que o País não fique mais vulnerável”. Para isso, é preciso
viabilizar o aumento da área cultivada
com cana-de-açúcar e da capacidade
de processamento, além de pensar em
alternativas, como o sorgo sacarino, para
complementar as fontes de matériaprima para a produção de etanol, aproveitando a infraestrutura industrial já
existente.
No que tange à pesquisa, o dirigente
reforça o propósito de desenvolver o trabalho para que o setor se torne o mais
eficiente possível. O foco principal está em
pesquisa, desenvolvimento e inovação
(PD&I) e, especificamente quanto à canade-açúcar, tomou-se a decisão de construir e executar, no conjunto da empresa,
um programa que tenha como centro o
melhoramento genético da cultura.
Ainda em relação à planta tem-se
em vista o aproveitamento do bagaço
e da palhada na perspectiva de uso em
cogeração de energia e produção de
etanol lignocelulósico. No primeiro eixo,
destaca Souza Júnior, o desempenho
do Brasil nos últimos anos tem sido bastante superior às expectativas iniciais e
dessa forma deve continuar. Na segunda
direção, espera-se viabilizar economicamente a utilização da tecnologia nos
próximos anos.
Quanto ao biodiesel, lembra que a
Embrapa continua evoluindo na caracterização e qualificação de novas fontes
de óleo vegetal que venham a reduzir a
dependência que o setor produtivo tem
da soja. Palma-de-óleo (dendê), pinhãomanso, canola, girassol, macaúba e fevilha (andiroba) são algumas das culturas
que são pesquisadas com esse objetivo,
contribuindo para aumentar a inclusão
social e reduzir as desigualdades regionais no País.
Sílvio Ávila
dução e Uso do Biodiesel, instituído em
2005”.
O Brasil, lembra Souza Júnior, saiu de
uma produção zero para se tornar o segundo maior produtor e o maior consumidor mundial do produto. Isso, na sua
análise, ocorreu pela combinação de três
fatores: o marco regulatório definido em
2005, com metas a serem alcançadas; a
resposta positiva da iniciativa privada,
que criou quase 70 indústrias de processamento de biodiesel; e a produção de
soja, já consolidada no País, que garantiu
matéria-prima às indústrias.
“A partir desses acertos e dos poucos
erros cometidos neste primeiro período,
têm sido apresentadas propostas ao governo federal para que esse programa
continue mostrando resultados e chegue a um patamar ainda mais elevado”,
aponta o chefe-geral. Entre as indicações, propõe-se diversificar as matériasprimas, aumentar a porcentagem de
biodiesel no diesel e conquistar o mercado internacional.
23
Revista AgroBrasil 2011
Avant-garde initiative
24
Brazilian
agroenergy
innovations
are aimed at
diversifying the
agrosilvipastoral
sources and
expand renewable
energy supplies
Globally renowned as a leading user of renewable resources in the energy matrix, Brazil occupies a leadership position in terms of agrosilvipastoral sources, which account for
31.5% of the total supplies, according to figures released by the Ministry of Agriculture,
Livestock and Food Supply (MAPA), based on data from the Ministry of Mines and Energy
(MME). In an attempt to consolidate this position, the Country seeks to define strategies,
take advantage of potentialities available throughout its territorial extension, surmount
difficulties, without ever overlooking the fundamental role played by research and technology. Within this context, the Mapa is now engaged in devising a new National Agrosilvipastoral Plan, as a sequence to first PNA/2006-2011.
R
egarding official research works, Embrapa Agroenergy, based in Brasília
(DF), is running the process in the
Country, jointly with other units of
the corporation. The new chief executive of the
center, Manoel Teixeira Souza Júnior, evalu-
ates the general evolution of the sector in 2011
and the initiatives now going on in search of
knowledge and technology. He focuses on very
distinct moments of the two leading agroenergy stars in Brazil: biodiesel and ethanol. With
regard to the biodiesel production chain, he
Sílvio Ávila
points to a positive history with the expectation of an even more promising future. He emphasized the beginning of a debating process
intended to define a new regulatory mark for
the sector, on the grounds of the “excellent performance of the National Biodiesel Production
and Use Program, set up in 2005”.
Brazil, Souza Júnior recalls, started from
scratch to reach the position as second biggest producer and leading global consumer
of the product. This, in his analysis, occurred
through the combination of three factors: the
regulatory mark defined in 2005, with targets
to be achieved; a positive reply from private
initiative, which created almost 70 biodiesel
processing industries; and the production of
soybean, now a reality in the Country, a reliable
supplier of raw material for the industry.
“Relying on these correct initiatives,with only
few mistakes made over the period, proposals
have been presented to the federal government for this program to continue producing
results and climbing to higher levels of success”,
the chief executive comments. The indications
include raw material diversification, higher pro-
portion of biodiesel in common diesel and the
conquest of the international market. YELLOW LIGHT In the case of ethanol, Embrapa Agroenergy chief executive
Manoel Teixeira Souza Júnior observes that
national supplies did not keep pace with demand in 2011 and forced imports of the product from the United States. “What happened
switched on the yellow lights for Brazil and left
it clear that there is a need to rethink the sector to prevent the Country from becoming vulnerable”. To this end, the area planted to sugar
cane needs to be expanded, and the same goes
for the processing capacity, without overlooking such alternatives as saccharine sorghum,
so as to complement the sources of raw materials for the production of ethanol, taking
advantage of the already existing industrial
infrastructure.
As far as research is concerned, the official
strengthens the bid to develop this work for the
sector to become as efficient as possible.The main
focus is on research,development and innovation
(PD&I) and, specifically with regard to sugar cane,
a decision was taken to construct and execute, in
the company complex,a program focused on the
genetic enhancement of the crop. Still with regard to the plant, an eye is kept
towards taking advantage of the bagasse and
straw in the perspective to use them in the cogeneration of energy and in the production of
lignocellulosic ethanol. In the first hub, Souza
Júnior stresses, the performance of Brazil over
the past years has by far outstripped initial expectations and should therefore not be interrupted. On a second moment, it is hoped that
the use of the technology will turn out to be
economically viable over the coming years.
As to biodiesel, he recalls that Embrapa
continues making strides in the characterization and qualification of new sources of
energy from vegetable oils, thus reducing the
sector’s high dependence on soybeans. Palm
oil (dendê), Barbados nut, canola, macaw
palm and crabwood (andiroba) are some of
the plants now undergoing research towards
this goal, contributing towards social inclusion and reduction of regional inequalities
throughout the Country.
25
Inor Ag. Assmann
>>Algodão cotton
Revista AgroBrasil 2011
Fase de crescimento
26
Abrapa estima
cenário
otimista para a
cotonicutura
nacional no
ciclo 2011/12,
com incremento
da colheita e
das vendas a
outros países
As lavouras de algodão devem ganhar terreno na temporada 2011/12. A
projeção da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) é de que
a área cultivada chegue a 1,469 milhão de hectares, acréscimo de 5,6% sobre
o ciclo antecedente. A colheita esperada é de 2,100 milhões de toneladas em
pluma. Os números, contudo, diferem dos apurados no quarto levantamento
da safra 2011/12 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O órgão
público indica que serão cultivados 1,405 milhão de ha, extensão 0,4% maior
que a anterior, e colhidas 1,992 milhão de t, ficando 1,7% acima do desempenho passado. Segundo a Conab, a demanda global reprimida, a acentuada retração dos preços mundiais do algodão em pluma no período em que antecede o plantio e a estimativa de custo de produção elevado foram os principais
fatores que influenciaram na decisão sobre o tamanho da área a cultivar.
D
e acordo com a Abrapa, os
cotonicultores
obtiveram
produtividade recorde na
temporada 2010/11. O rendimento médio foi de 1.320 quilos de plu-
ma por hectare. A produção do período
foi de 1,937 milhão de t, bem acima do
volume do período anterior (1,148 milhão de t). A área também avançou, passando de 838,6 mil ha, em 2009/10, para
De Marco avalia que algumas demandas precisam ser atendidas para
melhorar ainda mais o desempenho da
atividade. É o caso da falta de investimento, por parte do governo federal, em
infraestrutura e logística nas regiões produtoras e do excesso de burocracia, que
dificultam a comercialização das safras.
“Ainda falta um mecanismo moderno
de apoio à comercialização que permita
que os produtores e a indústria brasileira
façam o hedge do seu produto, garantindo o preço mínimo e participando dos
eventuais ganhos de alta de preços no
mercado.” Também é reivindicado pelo
setor a redefinição das regras da Norma
Regulamentadora 31 (NR 31), que define
as relações de trabalho no campo, e a colocação em prática dos pontos do novo
Código Florestal Brasileiro, aprovado recentemente na Câmara dos Deputados
e no Senado Federal.
1,393 milhão de ha no ciclo seguinte. A
temporada teve quebra de 15% por falta
de chuva, que afetou o plantio mas não
resultou em perda.
Os principais estados produtores
são Mato Grosso, que na safra 2010/11
colheu 937.351 t de algodão em pluma,
seguido por Bahia (625.858 t) e Goiás
(157.000 t). “O empreendedorismo do
produtor brasileiro é um dos fatores que
favorece o desempenho da cultura. Os
cotonicultores buscam, cada vez mais,
aprimorar seus processos de plantio e de
colheita com alta tecnologia e com profissionais capacitados”,destaca Sérgio De
Marco, presidente da Abrapa. A entidade
investe em marketing internacional para
conquistar novos mercados para a fibra
brasileira. Como exemplo, cita que China,
Coreia do Sul e Indonésia são os grandes
compradores do produto nacional. “Isso
se deve a um forte trabalho da Abrapa
com missões comerciais, visitas técnicas
e rodadas de negócios com os industriais desses e de outros países”,destaca.
VENDAS O setor algodoeiro exportou 649.619 t de pluma de janeiro a
novembro de 2011. A expectativa era que
o ano fechasse com o envio de 730.000 t
para o mercado externo, segundo estimativas da Conab. O restante da produção
atende à demanda interna. No mesmo
período de 2010 foram embarcadas
474.172 t.“Os números são ótimos e superaram as expectativas da Abrapa”, afirma
Sérgio De Marco, presidente da entidade.
A China, um dos grandes compradores,
importou 239.938 t em 2011. A Coreia do
Sul adquiriu 87.697 t, o equivalente a 50%
do consumo no país, e a Indonésia, 79.484
t. Também são clientes nacionais Turquia,
Paquistão, Taiwan, Vietnã, Tailândia, Malásia, Bangladesh e Japão.
De Marco explica que 850 mil toneladas da safra 2010/11 foram vendidas
com antecedência ao preço de US$ 0,74
por libra-peso e, posteriormente, o valor
na Bolsa de Nova York chegou a bater
em US$ 1,90/lp. Mesmo assim, o produtor brasileiro honrou contratos vendidos
ao menor preço.“Por isso e pela qualidade da fibra, o Brasil vem sendo reconhecido internacionalmente e ganhando
novos mercados”, destaca. O restante do
volume foi negociado, em média, a US$
1,20/lp. Contabilizando os dois valores, o
preço médio chegou a US$ 0,94/lp.“Com
essa remuneração, o produtor brasileiro
não ganhou dinheiro, mas também não
perdeu. Para 2012 esperamos que varie
entre US$ 0,90/lp e US$ 1,05/lp”,avalia.
A estimativa de área e produção
maior para 2011/12 leva o setor a projetar exportação de 1 milhão de toneladas.
“Essa perspectiva de crescimento é com
base na forte demanda da China”,aponta
De Marco. Uma recente missão da Abrapa à Ásia mostrou que os países asiáticos,
principalmente China e Índia, estão subsidiando a produção de alimentos, com
isso a área de algodão naqueles países
deve se manter, não havendo aumento.
Da mesma forma, os Estados Unidos não
devem apresentar crescimento por conta do bom preço do milho.
Os maiores volumes de algodão são
exportados por Estados Unidos (3,110
milhões de t), Índia (1,100 milhão de t),
Uzbequistão (600 mil t), Austrália (550
mil t) e Brasil (510 mil t), conforme números de novembro de 2011 do International Cotton Advisory Committee (ICAC).
Hoje o Brasil é o quarto maior produtor
mundial. “Estamos atrás de China, Índia
e Estados Unidos, que têm produções
de 6,400 milhões, 5,530 milhões e 3,940
milhões de toneladas, respectivamente”,
compara o presidente da Abrapa.
MAIS BRANCO • WHITER
Desempenho do algodão em pluma
2009/10
2010/11
2011/12*
Área (ha)
Produção (t)
Área (ha)
Produção (t)
Área (ha)
838.600
1.148.341
1.393.689
1.937.481
1.469.732
Fonte: Abrapa (Dez/2011)
*Estimativa
27
Growing stage
Revista AgroBrasil 2011
Abrapa spots
encouraging
scenario for
the national
cotton farming
operations in the
2011/12 cycle,
with a bigger crop
and soaring sales
abroad
28
Cotton fields are supposed to gain momentum in the 2011/12 cycle. The projection of
the Brazilian Association of Cotton Producers (Abrapa) points to a planted area of 1.469
million hectares, up 5.6% from the previous year. Harvest is estimated at 2.100 million
tons of lint. The figures, nonetheless, differ from the fourth 2011/12 crop survey conducted by the National Supply Company (Conab). The public organ refers to a cultivated area
of 1.405 million tons, up 0.4% from last year, while the size is estimated at 1.992 million
tons, up 1.7% from last year’s performance. Conab officials maintain that stifled demand,
steep price declines in global lint just before the planting period and the forecast of high
production costs are factors that exerted great influence when it came to deciding about
the size of the planted area.
A
ccording to Abrapa sources, the cotton farmers celebrated record yields
in the 2010/11 cycle, with an average of 1,320 kilos of lint per hectare.
The volume of the period reached 1.937 million
tons, way above the volume of the previous
period (1.148 million tons). The planted area
also soared, from 838.6 thousand hectares in
2009/10 to 1.393 million hectares in the following cycle. Dry weather conditions reduced the
crop size by 15%, a fact that affected plantings
but did not result in loss. The leading producers in Brazil are the
States of Mato Grosso, with a production of
937,351 tons of cotton lint in the 2010/11 crop
year, followed by Bahia (625,858 t) and Goiás
(157,000 t). “The entrepreneurial spirit of the
Brazilian cotton growers is a factor that favors
the performance of the crop.The cotton growers
are increasingly improving planting and harvesting operations, based on high technology
and performed by qualified professionals”, says
Sérgio De Marco, president of Abrapa.The entity
invests in international marketing with an eye
Sílvio Ávila
towards new markets for Brazilian fiber. As an
example, he cites China, South Korea and Indonesia as major buyers of our national product.
“This is the result of earnest efforts by Abrapa,
carried out by commercial delegations, technical visits and business rounds with industries of
the above and other countries”,he comments.
De Marco understands that some demands need to be fulfilled so as to improve
even further the performance of the activity.
One such demand is the lack of investments,
by the federal government, in infrastructure
and logistics in the producing regions, and excessive bureaucracy making it difficult to trade
the crops. We are still short of a modern trade
support mechanism that allows the Brazilian
producers and industries to resort to hedging strategies, ensuring minimum prices and
a participation in eventual gains from high
market prices”. The sector is also asking for a
redefinition of Regulating Standard 31 (NR 31),
which defines labor relations in the countryside, and the enforcement of the new Brazilian
Forest Code, recently passed by the House of
Representatives and the Federal Senate.
SALES
The cotton sector exported
649,619 tons of lint January through November
2011. The expectation had been for the shipment of 730,000 by year’s end, according to
Conab sources. The remaining part of the production fulfills domestic demands. In the same
period in 2010, shipments abroad reached
474,172 tons. “These are outstanding figures
and they exceeded Abrapa’s expectations”, says
Sérgio De Marco, president of the entity. China,
a major buyer, imported 239,938 tons in 2011.
South Korea acquired 87,697 tons, equivalent to
50% of that country’s annual consumption and
Indonesia, 79,484 tons. Other Brazilian clients
include Turkey, Pakistan,Vietnam,Thailand, Malaysia, Bangladesh and Japan.
De Marco explains that 850 thousand tons
of the 2010/11 crop were sold in anticipation
at the price of US$ 0.74 per pound and, later,
the value in the New York Stock Exchange hit
US$ 1.90 a pound. In spite of this discrepancy,
the Brazilian growers made good on their
smaller price contracts. “Because of this and
for the quality of the fiber, Brazil has been winning international recognition and conquering new markets”, he argues. The rest of the
volume was traded for an average price of US$
1.20 a pound. Factoring in the two values, the
average price reached US$ 0.94 a pound. “This
remuneration represented a break-even point,
because neither did the growers make money
nor did they lose money. For 2012, we hope
prices will range from US$ 0.90 to US$ 1.05 a
pound”, he reckons.
The anticipated larger planted area and production volume for the 2011/12 crop year have
raised export projections to 1 million tons. “This
growth perspective is based on strong demand
from China”,De Marco comments. A recent delegation of Abrapa to Asia ascertained that Asian
countries, particularly China and India, are subsidizing the production of food crops, a fact that
should make the cotton areas remain stable,
without any increase.Likewise, the United States
is not supposed to grow more cotton because of
the high prices of corn.
The leading cotton exporting countries are
the United States (3.110 million tons), India
(1.100 million tons), Uzbekistan (600 mil thousand tons), Australia (550 thousand tons) and
Brazil (510 thousand tons), according to figures
released in November 2011 by the International
Cotton Advisory Committee (ICAC). Currently,
Brazil ranks as fourth biggest producer. “We
are behind China, India and the United States,
where production volumes amount to 6.400
million, 5.530 million and 3.940 million tons, respectively”,says the president of Abrapa. 29
Sílvio Ávila
>>AQUICULTURA AQUACULTURE
Revista AgroBrasil 2011
Estímulo à pescaria
30
Ministério
da Pesca e
Aquicultura
busca incentivar
a produção
aquícola no Brasil
para reduzir
as compras de
outros países
O Brasil compra de outros países muito mais pescado do que exporta, apesar
das condições favoráveis que dispõe para a produção. De janeiro a novembro
de 2011, as importações somaram 311.766 toneladas e as exportações, 35.033
t, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em relação ao mesmo período de 2010, o volume adquirido foi 27% acima das 245.256 t negociadas. Em
valores, as compras significaram US$ 1,137 milhão em 2011 e US$ 875.857 no
ciclo anterior.
S
ó a China enviou para o País
73.498 t nesses meses de 2011,
representando 23,57% do total importado. A Argentina entregou 47.790 t, com participação de
13,40%. Da mesma forma, Chile e Noruega contribuíram com 41.790 t e 30.366
t, respectivamente. Outros fornecedores
foram Vietnã, Portugal, Uruguai, Marro-
cos, Equador, Tailândia, Espanha, Estados
Unidos e Islândia. A importação da China
evoluiu de 6.998 t, de janeiro a novembro
de 2009, para 73.498 t em 2011.
“Infelizmente, no que se refere a pescado, mesmo tendo tantos lagos e rios e
um enorme litoral, nós temos um enorme déficit, ou seja, importamos muito.
Mas vamos virar essa história e seremos
ESTRANGEIRO • FROM ABROAD
Importação brasileira de pescado (janeiro a novembro)
Descrição
2010
2011
Volume (t)
2005
129.368
2006
160.807
2007
191.763
2008
200.275
2009
213.639
245.256
311.766
Valor (US$ milhões)
256.096
394.476
498.680
616.999
627.246
875.857
1.137.224
Fonte: Secex (Dez/2011)
Amazônia,também são estimuladas pelo
ministério. Hoje, como reflexo do edital
publicado em 2009, estão sendo modernizadas cinco unidades no Pará, em parceria com o setor público local. Deverão
beneficiar 9.500 famílias e estima-se, no
decorrer de 12 meses, uma produção de
41 milhões de alevinos de espécies da
bacia amazônica, como tambaqui, piau,
pirarucu e pintado.
ATENÇÃO ESPECIAL A aquicultura marinha recebe ação contínua
de fomento das unidades produtoras de
formas jovens de organismos marinhos,
como larvas, sementes e alevinos, mediante convênios com estados, municípios e universidades. Entre 2003 e 2010,
foram investidos cerca de R$ 8,8 milhões
em laboratórios distribuídos em oito estados costeiros para ampliar a capacidade produtiva dessas unidades. O esperado é que beneficiem cerca de cinco mil
maricultores e pescadores familiares. Em
junho de 2011, os sistemas orgânicos de
produção aquícola foram regulamentados, permitindo que camarões cultivados no Nordeste possam ser certificados
para exportação.
No Estado do Rio Grande do Norte,
foram incorporados barcos japoneses
modernos à frota nacional de pesca de
atuns e afins em águas profundas. Com
isso, cerca de 400 pescadores serão capacitados para o trabalho em alto-mar.
Outra oportunidade ocorre com a pesca da anchoita (Engraulius anchoita), um
peixe menor do que a sardinha, encontrado em grande quantidade na costa
Sul-Sudeste, mas ainda não explorado
pelo Brasil. A expectativa é que seja possível obter de maneira sustentável 100
mil toneladas da espécie por ano, o que
aumentaria em cerca de 20% a produção nacional proveniente da pesca.
Outras medidas adotadas pelo MPA dizem respeito à legislação, fiscalização, e
a programas de integração e apoio nos
diversos segmentos do setor pesqueiro
nacional.
Sílvio Ávila
exportadores”, diz Luiz Sérgio Nóbrega
de Oliveira, ministro da Pesca e Aquicultura (MPA). Explica que, apesar de o litoral
ser extenso e ter uma variedade muito
grande de espécies, os cardumes são
reduzidos. Porém, para Oliveira, isso não
impede a atividade. “Nós podemos produzir mais, mas temos no País uma pesca
que está muito limitada à área próxima
da costa. Produzimos muito pouco longe,
onde estão os peixes mais nobres”,avalia.
Os dados oficiais relativos à produção e ao consumo de pescado são de
2009. No entanto, o ministério destaca
uma série de ações implementadas para
alavancar a produção nacional, que em
2009 foi de 1,240 milhão de toneladas.
As espécies que mais se destacaram
foram tilápia, tambaqui e pintado. Os
maiores produtores foram os estados de
Santa Catarina, Pará e Bahia. Em outubro
de 2011, o Registro Geral da Pesca (RGP)
do MPA apontou a existência de 972.379
pescadores profissionais.
Atualmente, existem 42 parques aquícolas implantados nos reservatórios das
hidrelétricas de Itaipu (PR), Três Marias e
Furnas (MG), Ilha da Solteira (SP/MG/MS),
Tucuruí (PA) e Castanhão (CE). Segundo
o MPA, esses locais têm capacidade para
produzir 279.759 toneladas de pescado por ano. Foram ofertadas de forma
gratuita 88% das áreas para beneficiar
comunidades ribeirinhas e tradicionais.
As áreas de cessão onerosa, que representam 12% do total, foram destinadas
aos empreendimentos de criação em
escala empresarial. Além disso, o ministério demarcou seis dos 21 parques aquícolas marinhos previstos para o litoral de
Santa Catarina e procedeu a licitação em
meados de 2011.
As unidades produtoras de alevinos
em águas continentais, sobretudo na
31
Revista AgroBrasil 2011
Fish-oriented
32
Ministry of
Fisheries and
Aquaculture
encourages the
production of
fish in Brazil to
reduce purchases
from abroad
Brazil’s seafood purchases from other countries outstrip by far its exports, despite the
favorable conditions for the production of fish. January through November 2011, imports
reached 311,766 tons and exports, 35,033 tons, according to sources from the Brazilian
Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry of Development, Industry
and Foreign Trade (MDIC). Compared to the same period in 2010, the volume was up 27%
from the 245,256 t negotiated. In values, the purchases translated into US$ 1.137 million
in 2011 and US$ 875,857 in the previous cycle.
C
hina alone shipped 73,498 t to Brazil
over these eleven months in 2011,
representing 23.57% of total imports.
Argentina delivered 47,790 t, representing a share of 13.40%.In the meantime,Chile
and Norway sent 41,790 t and 30,366 t, respectively. Other suppliers included Vietnam, Portugal, Uruguay, Morocco, Ecuador,Thailand, Spain,
the United States and Island. Imports from China
soared by 6,998 t, January through November
2009, to 73,498 t in 2011.
“Unfortunately, with regard to fish, although
boasting lots of rivers and lakes and a very long
coastal area, we still have a huge deficit, that
is to say, we import a lot. We are determined to
reverse this trend and begin to export”, says Luiz
Sérgio Nóbrega de Oliveira, minister of Fisheries
and Aquaculture (MPA). He maintains that, in
spite of our long coastal area, home to a huge
variety of species, shoals are reduced in number.
Sílvio Ávila
Nonetheless, in Oliveira’s view, this is no obstacle
for the activity. ”We can produce more, but in our
Country fishing is still restricted to the coastal areas.We scarcely produce anything farther off the
coasts, where noble fish live”,he comments.
Official data relative to fish consumption
and production date back to 2009. Nevertheless,
the minister points to a series of actions implemented to leverage our national production
operations, which in 2009 reached 1.240 million
tons. The species that had the best performance
were tilapia, tambaqui and pintado. The leading producers were the States of Santa Catarina,
Pará and Bahia. In October 2011, the General
Fishing Report (GFR) of the MPA pointed to the
existence of 972,379 professional fishermen. Currently, there are 42 aquaculture parks
implemented in the hydroelectric dams of
Itaipu (PR), Três Marias and Furnas (MG), Ilha da
Solteira (SP/MG/MS), Tucuruí (PA) and Castanhão (CE). According to the MPA, these places
have a capacity to produce 279,759 tons of fish a
year. Communities were granted, free of charge,
88% of the areas to benefit riverside and tradi-
tional areas. The areas that were granted under
payment, representing 12% of the total, were
destined for commercial scale production enterprises. Furthermore, the ministry demarcated
six of the 21 marine aquaculture parks along the
coastal area of Santa Catarina and invited bids
midway through 2011.
The units that produce young fish in continental Waters,particularly in the Amazon region,
are also encouraged by the ministry. Nowadays,
as a reflection of the bid published in 2009, five
units in Pará are now being refurbished, jointly
with the local government. Some 9,500 families
are to benefit from it, while a production of 41
million young fish are expected to be produced
over a 12-month period, including species of the
Amazon basin, like tambaqui, piau, pirarucu and
pintado.
SPECIAL HEED Marine aquaculture
is constantly fostered by the units that produce
young marine organisms, like larvae, seed and
young fish, through agreements with states,
municipalities and universities. From 2003 to
2010, investments in laboratories scattered
across coastal states amounted to R$ 8.8 million,
intended to increase the productive capacity of
these units. It is hoped that some five thousand
fishermen and coastal people will reap the benefit of these initiatives.In June 2011,organic aquaculture producing systems were standardized,
allowing for shrimp produced in the Northeast
to be granted an export certification.
In the State of Rio Grande do Norte, the
national deep water tuna fishing fleet was
equipped with Japanese boats. This will make it
possible for 400 fishermen to work in open sea
environments. Another opportunity is granted
to anchoity (Engraulis anchoita) fishers, a fish
that is smaller than sardines, very abundant in
the South-Southeast coast, but not yet explored
by Brazil. The expectation is to catch 100 thousand tons a year, in sustainable manner, which
increases by 20% our national fish production
volumes. Other measures introduced by the
MPA have to do with our legislation, inspection
services, integration and support programs to
the several sectors of Brazil’s fishing operations.
33
>>ponto de vista VIEWPOINT
PEDRO ANTONIO ARRAES PEREIRA
Diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
O futuro é já
Revista AgroBrasil 2011
Embrapa
antecipa
tendências em
tecnologia ao
agronegócio do
Brasil, servindo
de modelo
também para
outros países
tropicais
34
O geneticista Pedro Antonio Arraes Pereira comanda a mais bem-sucedida
empresa pública de pesquisas do agronegócio em ambiente tropical do mundo: a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ela é fundamental para o País ter alcançado e manter o status de grande produtor de alimentos
e líder de mercados. As tecnologias atendem à produção nacional e são socializadas com países africanos. Ao mesmo tempo, por meio de redes de pesquisas
e laboratórios de alta tecnologia, a Embrapa está conectada com o que há de
mais moderno internacionalmente para otimizar a produção de alimentos, fibras e agroenergia, além de proteger e conservar os recursos naturais. Pereira
lista a pesquisa brasileira entre as melhores do mundo.
A
lerta que o País não pode “deitar-se em berço esplêndido” e
prossegue: “somos referência
em clima tropical, com ótimo
desempenho em clima temperado, mas
nosso papel é antecipar as demandas do
agronegócio com materiais mais produtivos e resistentes, com menor custo de
produção, tecnologias mais eficientes,
sustentáveis e limpas; além de atender a
demandas específicas referentes a uma
praga, uma invasora, um novo tipo de
produto, ou a exigências de mercados,
entre outras ações”,afirma.
Há, contudo, obstáculos a vencer. Pereira destaca que, apesar de a Embrapa
estar fortalecida, as empresas estaduais
de pesquisas precisam de atenção e investimentos. “Num país de dimensões
continentais, a pesquisa regional, a troca
de informações e experiências é fundamental”, frisa. Outro gargalo é a transfe-
rência de tecnologias. Na sua avaliação,
o Brasil demora para levar a tecnologia
dos centros de pesquisas ao campo, o
que reflete na produção. Coordenação
nacional, mais estrutura e técnicos nos
estados e municípios podem mudar essa
realidade. Atualmente, materiais e técnicas são disseminados por cooperativas,
sindicatos e redes públicas e privadas de
extensão rural.
Nos últimos anos, foram contratadas
centenas de pesquisadores e técnicos,
criados centros de pesquisas e renovada a gestão na estrutura da instituição.
Hoje são desenvolvidos 1.180 projetos
de pesquisa na área agrícola. Há iniciativas visando à sanidade animal, tropicalização de fertilizantes, baixa emissão de
carbono, gestão territorial, transferência
de tecnologias, melhoria do manejo e
melhoramento genético, focando resistência a doenças, pragas e invasoras, pro-
Sílvio Ávila
rou bastante. “Deixamos a postura reativa de trabalhar contra o desmatamento,
simplesmente, para desenvolver projetos de prospecção e alternativas de usos
dos produtos amazônicos de forma sustentável”, ressalta. Um dos novos centros
criados, a Embrapa Agroenergia, com 40
pesquisadores, estuda fontes e processos de produção agroenergética para o
Brasil, inclusive aproveitando materiais
renováveis da Amazônia.
Outra unidade criada foi a Embrapa
Estudos e Capacitação, que treinou quase 300 pessoas de 60 países, entre técnicos e gestores, em programas desenvolvidos com a Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO) e outros organismos. Na avaliação
de Pereira, nessas relações internacionais,
que colocam a Embrapa em escritórios
>>PERFIL
em países estratégicos da África, mas
com laboratórios na Europa, nos Estados
Unidos, na Coreia do Sul e a caminho da
China e do Japão, todos ganham.“A pesquisa agropecuária está comprometida
não só com os produtores nacionais, mas
com a agropecuária e a fome no mundo”.
O diretor-presidente da Embrapa
defende que é preciso ensinar e criar os
meios para produzir.“Temos um compromisso por um Brasil sem miséria e há 16
milhões de brasileiros abaixo da linha da
pobreza, dos quais oito milhões na zona
rural. É um grande desafio que o País
precisa vencer”. Lembra que em 2050 o
mundo terá nove bilhões de habitantes.
“Para suprir a demanda alimentar, precisaremos produzir 40% mais comida. Isso,
só com muita tecnologia e sustentabilidade”,enfatiza.
Divulgação
dutividade, menor custo e variedades
tolerantes à seca, devido aos riscos de
mudanças climáticas.
Este, aliás, é um tema importante nas
pesquisas, inclusive pela redução de danos e pela detecção e adaptação dos
genes resistentes à seca e dos sistemas
produtivos, como a integração lavourapecuária. “Áreas de biotecnologia, geociências e nanotecnologia mudarão paradigmas num futuro próximo”, assegura
Pereira. A Embrapa envolverá os demais
elos das cadeias produtivas e avançará
nas parcerias público-privadas.
FEITOS Um dos grandes feitos da
empresa em 2011 foi a aprovação, na
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), do feijão resistente ao
mosaico dourado, sem similar mundial.
“E virá mais: instalamos o único laboratório mundial de nanotecnologia voltado
à agropecuária, onde serão produzidos,
entre outras coisas, fibras e fios para embalagens comestíveis de alimentos. Há
também um trabalho forte no desenvolvimento de sensores para a agricultura
de precisão, quase 200 profissionais voltados a projetos com cana-de-açúcar e
tantos outros direcionados aos biocombustíveis e à agroenergia”, enfatiza Pedro
Antonio Arraes Pereira, diretor-presidente da Embrapa.
Na sua opinião, o posicionamento da
empresa em relação à Amazônia melho-
Pedro Antonio Arraes Pereira é carioca, engenheiro agrônomo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e com mestrado e doutorado em
Melhoramento Genético de Plantas pela Universidade de Wisconsin, nos Estados
Unidos. Seu pós-doutorado em Genética Molecular e Marcadores Moleculares
no Feijoeiro Comum foi concluído em 1996 na Universidade da Califórnia (EUA).
Iniciou a carreira de pesquisador em 1977 como bolsista da Embrapa. Graduado,
ingressou na Embrapa Arroz e Feijão, em Goiânia (GO), no ano de 1980 e ajudou a
desenvolver importantes variedades de feijão. Como gestor, coordenou o Labex
dos Estados Unidos, primeiro dos Laboratórios Virtuais da Embrapa no Exterior, de
2004 a 2007. Na Embrapa Arroz e Feijão, foi chefe-geral de 1997 a 2004 e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento de 1989 a 1995. Era, novamente, chefe-geral
da unidade quando assumiu o cargo de diretor-presidente da Embrapa.
35
Sílvio Ávila
PEDRO ANTONIO ARRAES PEREIRA
President of the Brazilian Agriculture Research Corporation (Embrapa)
Revista AgroBrasil 2011
The future is now
36
Embrapa
anticipates
technology
trends to
Brazilian
agribusiness,
viewed as model
to other tropical
countries, too
Geneticist Pedro Antonio Arraes Pereira coordinates the most successful public research corporation focused on agribusiness in tropical environments around the world:
the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa). This corporation is credited
with Brazil’s status as a relevant food producer and market leader. The technologies meet
the needs of the national production operations and are shared with African countries. At
the same time, through research networks and high technology laboratories, Embrapa
is connected with the most modern international breakthroughs, with an eye towards
maximizing the production of food, fibers and agroenergy, besides protecting and conserving the natural resources. Pereira puts Brazilian research works on a par with the best
research works in the world.
H
e warns that the Country cannot afford “to lie in a splendid cradle”, and
he proceeds: “we are a reference in
tropical climate, with an excellent
performance in temperate climate, but our role
consists in anticipating the demands of agri-
business with more productive and resistant
materials, with lower production costs, more
efficient, sustainable and clean technologies;
besides meeting specific demands like the
fight against pests, weeds, or the search for a
new type of product, or market requirements,
netic enhancement programs, focused on disease resistance, pests and weeds, productivity,
lower productions costs and varieties tolerant
to climate changes.
This, by the way, is a relevant subject at research, once it reduces damages, detects and
adapts genes resistant to drought conditions,
along with crop-livestock integration systems.
“Areas related to biotechnology, geosciences
and nanotechnology will change paradigms in
the near future”,Pereira admits.Embrapa is set to
involve all other sectors of the production chains
and engage in public-private partnerships.
FEAT One of the great deeds by Embrapa
in 2011 was the approval, by Brazil’s National
Committee on Biosafety (CNTBio), of a variety of
black-beans resistant to the golden mosaic virus,
unmatched all over the world.“And there is more
to come: We set up the only nanotechnology laboratory in the world, focused on livestock, which
is to produce, among other things, fibers and
threads for food packaging purposes. There is
also earnest work going on towards the development of sensors for precision farming,almost 200
professionals focused on sugar cane production
projects and lots more geared towards biofuels
and agronenergy”,stresses Embrapa chief executive Pedro Antonio Arraes Pereira.
In his opinion, the corporation’s stance
regarding the Amazon region has improved
considerably. “We have abandoned the reactive stance to fight forest cutting, and we
are now engaged in developing prospection
projects and alternatives for the use of Ama-
>>PROFILE
zonian products in sustainable manner”, he
points out. One of the newly created centers,
Embrapa agroenergy, employs 40 researchers,
does research on sources and agroenergetic
production processes for Brazil, even taking
advantage of renewable materials from the
Amazon region.
Another unit that was created is known
as Embrapa Studies and Qualification, which
has already trained about 300 people from 60
countries, including technicians, managers, in
programs conducted jointly with the Food and
Agriculture Organization of the United Nations
(FAO) and other organisms. Pereira maintains
that, in these international relations, which
have put Embrapa in offices of strategic African countries, and with laboratories in Europe,
the United States, South Korea, and soon in
China and Japan, the benefits are for all countries. “Livestock and agricultural research is
not only committed to the national producers,
but to agriculture, cattle farming and hunger
around the world”.
The chief executive insists that it is necessary to teach and create the means to produce.
“We are committed to keep our Country free
from poverty, but there are 16 million Brazilians below the poverty line, of which, 8 million
in the rural areas.This is a harrowing challenge
the Country must conquer”. He recalls that by
2050 the planet will be home to 9 billion people. “To meet the food needs, we will have to
produce 40% more food than now. It will only
be possible with much technology and sustainability”, he concludes.
Divulgação
among other initiatives”, he argues. Nonetheless, there are obstacles to surmount. Pereira
stresses that, notwithstanding being
strong, Embrapa, like any other state
corporation, requires attention and
investments. “In a country of continental dimensions, regional research
works, information and experience
exchanges are of fundamental importance”, he insists. Another bottleneck is technology transference. In
his view, in Brazil it takes too much
time for technology to move from lab
to field, with negative reflections on
production. National coordination,
well defined structure and technicians spread across states and municipalities could change this reality.
Nowadays, materials and techniques
are disseminated by cooperatives,
unions and private and public networks focused on rural extension
works.
Over the past years, hundreds of
researchers and technicians have
been hired, research centers were set
up and the institute’s administrative
structure was renewed. Currently,
there are 1,180 research projects
underway in the area of agriculture.
There are initiatives focused on animal health, fertilizer tropicalization,
low carbon emission, territorial management, technology transference,
improved cultural practices and ge-
Pedro Antonio Arraes Pereira was born in Rio de Janeiro, he is an agronomic
engineer and graduated at the Federal Rural University in Rio de Janeiro (UFRRJ),
with a master’s degree and PhD in Plant Genetic Enhancement from the University of Wisconsin, in the United States. His post-doctoral degree in Molecular
Genetics and Black-Bean Molecular Markers was concluded in 1996 at the University of California (USA). His career as researcher started in 1977 as an Embrapa
scholarship holder. After finishing his graduation work, he joined Embrapa Rice
and Beans, in Goiânia (GO), in 1980, where he got engaged in the development
of new black-bean varieties. As manager, he coordinated the Labex of the United
States, the first of Embrapa’s Virtual Laboratories Abroad, from 2004 to 2007. He
served Embrapa Rice and Beans as chief executive from 1997 to 2004 and assistant chief executive of Research and Development from 1989 to 1995. He was
serving as chief executive again when he took over the presidency of Embrapa.
37
Robispierre Giuliani
>>ARROZ RICE
Revista AgroBrasil 2011
Comemoração
incompleta
38
Brasil tem safra
e exportação
recordes de
arroz, mas
as cotações
decepcionaram
os produtores
e trazem
preocupações ao
novo ciclo
O ano de 2011 deixará boas e más lembranças à cadeia produtiva do arroz
do Brasil. As boas lembranças são o recorde produtivo, de 13,6 milhões de toneladas, e de exportação, que deve se aproximar de 2 milhões de t. Também
foi importante o apoio do governo à comercialização. Em contrapartida, houve
excesso de produção interna e no Mercosul, concentração da oferta no Sul do
Brasil, que produz 75% do arroz nacional, e queda nos preços internacionais
pela grande safra mundial. Esses fatores, associados ao real valorizado em relação ao dólar no primeiro semestre, deixaram os preços médios ao produtor em
2011, exceto em quatro dias de novembro, abaixo do valor mínimo de garantia
estipulado pelo governo federal – R$ 25,80 para a saca de 50 quilos – no Rio
Grande do Sul e em Santa Catarina.
de renda e a migração para o cultivo de
soja em várzea ajudaram a reduzir a área
arrozeira. A estiagem agravou-se na primavera e no verão. O diretor técnico do
Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga),
Valmir Gaedke Menezes, diz que não dá
para mensurar as perdas, mas se comparado às culturas do seco, o cereal tem menor volume de danos.
DESAFIO DA VENDA Com a
colheita da nova safra chegando em fevereiro de 2012, a preocupação do setor
é com os preços de mercado e o apoio do
governo federal para a comercialização
em 2012/13. “O apoio oficial é vital, mas
o enxugamento da produção e os estoques mais baixos devem levar a preços
melhores”, diz Renato Rocha, presidente
da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).
O diretor da Agrotendências Consultoria, Tiago Sarmento Barata, diz que
algumas variáveis levam a crer num ano
de preços superiores.“Refiro-me à enxuta
posição do estoque de passagem privado e à redução das safras brasileira, uruguaia e argentina”. Acrescenta que é preciso considerar que o arroz nacional será
menos competitivo no mercado internacional e que, apesar da redução frente à
temporada passada, a produção gaúcha
será, de acordo com a Conab, a terceira
maior da história. “A quebra se sobressai,
pois a safra anterior foi a maior de todas.
Na verdade a produção gaúcha será 2,8%
e a nacional 6,5% menores do que a média dos últimos cinco anos”,cita.
Na opinião de Barata, a posição do
governo definirá o rumo do mercado
em 2012. Dificilmente a intervenção será
grande como neste último ano, pois as
atenções serão divididas com outros
setores. “Como o recurso será menor, é
preciso que a aplicação seja eficaz. Nesse
sentido, deve-se incentivar o escoamento,
mas a capacidade de armazenagem é limitante”.
Exportando perto de 2 milhões de
t até fevereiro, o Brasil se torna o sexto
maior fornecedor do mundo, atrás de
Tailândia, Vietnã, Estados Unidos, Índia e
Paquistão. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê safra
mundial 2,5% maior em 2012, somando
461,8 milhões de t, e estoque inicial de
97,18 milhões de t (branco), 3,2% maior. O
ano será de menor comércio internacional: 30,5 milhões de t. Ao longo de 2012
o estoque crescerá 3%, passando as 100
milhões de t, o maior volume dos últimos
10 anos.
Sílvio Ávila
O
clima favorável e o aporte de
tecnologias garantiu a safra
recorde. Mas o excesso de
oferta, que soma excedentes
de Uruguai e Argentina, pressionou os
preços. A salvação dos arrozeiros foram
os mecanismos de comercialização do
governo federal. Assim, cotações que
andaram na faixa de R$ 20,00 no início
de 2011, em Santa Catarina e Rio Grande
do Sul, alcançaram o patamar de R$ 25,00
no final do ano e entraram 2012 com a
referência do preço mínimo, embora o
valor líquido pago ao produtor seja menor. Em Mato Grosso, o preço da saca de
60 kg caiu de R$ 27,00 a R$ 28,00 para R$
26,00, com a formação de estoques que
suprem a demanda interna por parte da
indústria.
A produção nacional de 13,61 milhões
de t foi cultivada em 2,82 milhões de hectares. A produtividade média obtida foi
de 4.827 quilos por hectare. Para 2011/12,
de acordo com o Levantamento da Safra de Grãos divulgado em janeiro pela
Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), a colheita será 15,8% menor, resultando em 11,46 milhões de t de arroz
em casca. É estimada redução de 7% na
produtividade média para 4.490 kg/ha. A
área diminuirá 9,5% no período para 2,55
milhões de ha, principalmente no Rio
Grande do Sul e Mato Grosso. Com retração de 47,3% na produção, que deve ficar
em 419 mil t, o Mato Grosso perderá o
posto de maior produtor de arroz de terras altas para o Maranhão, com 644 mil t.
No Centro-Oeste do Brasil, soja e milho, com maior rentabilidade, avançaram
sobre as lavouras de arroz. No Sul, além
da estiagem, das barragens baixas e das
chuvas concentradas, que atrasaram o
plantio, também o endividamento, a falta
ESSENCIAL • ESSENTIAL
Balanço de oferta e demanda de arroz em casca (em mil t)
Safra
Estoque inicial
Produção
Importação
Suprimento
Consumo
Exportação
Estoque final
2009/10
2.107,5
11.660,9
1.044,8
14.813,2
12.500,0
627,4
1.685,8
2010/11
1.685,8
13.613,1
850,0
16.148,9
12.500,0
1.850,0
1.798,9
2011/12
1.798,9
11.462,1
1.200,0
14.461,0
12.500,0
700,0
1.261,0
Fonte: Conab (Jan/2012)
39
Incomplete celebration
Brazil harvested
and exported a
record rice crop
but prices let
farmers down
and are a cause
for concern for
the next cycle
Revista AgroBrasil 2011
F
40
avorable weather conditions and
technology-oriented farming are
credited with the record crop. But excessive supplies, including surpluses
from Uruguay and Argentina, pressed prices
down. What came to the rescue of the rice
growers were the commercialization mechanisms introduced by the federal government.
These mechanisms were responsible for
pushing up prices in Rio Grande do Sul and
Santa Catarina, from R$ 20 per sack in early
2011 to R$ 25 by year end, and in early 2012
minimum reference prices were still in force,
although net farm gate prices are a little lower. In Mato Grosso, a 60-kg sack sold for R$ 27
or R$ 28, but then it dropped to R$ 26, when
stocks that fulfill industry demands began to
accumulate.
The national production volume of 13.61
million tons was grown on 2.82 million hectares. Average productivity reached 4,827 kilos per hectare. For 2011/12, according to the
Grain Crop Survey published in January by the
National Supply Company (Conab), the crop
will recede 15.8%, totaling 11.46 million tons
of unhulled rice. Average productivity is estimated to drop 7% to 4,490 kg/ha. The planted
area is bound to shrink by 9.5% over the period, to a maximum of 2.55 million hectares,
particularly in Rio Grande do Sul and Mato
Grosso. With a reduction of 47.3% in production, which should remain at 419 thousand
tons, Mato Grosso is bound to lose its position
as leading producer of highland rice, falling be-
The year 2011 will certainly leave good and bad memories behind for the Brazilian rice
production chain. The good memories are the production record, 13.6 million tons and
export volumes of close to 2 million tons. Government support to sales was also very relevant. On the other hand, excessive volumes were produced both at home and in other
Mercosur countries, and concentration in South Brazil, where 75% of the entire national
crop is produced, and declining international prices resulting from the global bumper
crop. These factors, associated with the highly valued real against the dollar, in the first
half of the year, with the exception of four days in November, pressed average farm gate
prices below the minimum prices stipulated by the federal government – R$ 25.80 for a
50-kg sack – in Rio Grande do Sul and Santa Catarina. hind Maranhão, with 644 thousand tons. In the Center-West region, soybean and
corn, two crops that are more profitable, began to take over the farm fields. In the South,
in spite of the drought conditions, fast exhausting dams and concentrated rainfalls, which
delayed seeding, indebted farmers, the lack of
profits and the shift to soybean in meadowlands all but made the areas planted to rice
recede. The lack of rain became more severe
in spring and summer. The technical director
of the Rio Grande do Sul Rice Institute (Irga),
Valmir Gaedke Menezes, says it is impossible to
measure the losses, but if compared to dryland
crops, the cereal suffers smaller damages.
SALES CHALLENGE With the harvest of the new crop scheduled for February
2012, the sector continues greatly concerned
about market prices and about the support
from the federal government towards sales, in
2013. “Official support is vital, but the smaller
crop size and lower stocks should make the
rice fetch better prices”, says Renato Rocha,
president of the Federation of Rice Growers’ Associations in Rio Grande do Sul (Federarroz).
The director of Agrotendências Consultoria, Tiago Sarmento Barata, maintains
that some variables induce us to believe in a
year of more attractive prices. “I am talking
about the tight private carryover stock and
about the smaller crops in Brazil, Uruguay
and Argentina”. He adds that it should not be
overlooked that our national rice will be less
competitive in the international market and
that, in spite of the smaller than last year’s
crop, the size of the crop in Rio Grande do Sul,
according to Conab, will be the third largest
on record. “The reduction becomes all the
more evident because the previous crop was
the biggest of all. As a matter of fact, the crop
size in Rio Grande do Sul and the size of the
national crop will be 2.8% and 6.5%, respectively, smaller than the average size over the
past five years”, he recalls.
In the opinion of Barata, the position of the
government will define the course of the market throughout 2012. An intervention of last
year’s proportions could hardly be expected,
as other sectors will equally require attention.
“As there will be smaller resources, effective
application is required. Within this context,
product flow should be greatly encouraged,
but our warehousing capacity is limited”.
If 2 million tons are shipped abroad until
February, Brazil will climb to the position as
6th largest supplier in the world, coming only
after Thailand, Vietnam, the United States,
India and Pakistan. The United States Department of Agriculture (USDA) forecasts a 2.5percent bigger global crop for 2012, totaling
461.8 million tons, and initial carryover stocks
of 97.18 million tons (white), up 3.2%. International rice transactions will go down during
the year, reaching a total of 30.5 million tons.
Throughout 2012 carryover stocks are bound
to increase by 3%, exceeding 100 million tons,
the biggest volume over the past 10 years.
Inor Ag. Assmann
>>AVES POULTRY
Revista AgroBrasil 2011
Grandes marcas
42
Avicultura
brasileira
registra
recordes
históricos no
desempenho da
produção, do
consumo e das
exportações
em 2011
A avicultura nacional somou recordes em 2011. A produção de carne de
frango totalizou 13,058 milhões de toneladas, avançando 6,8% em relação a
2010. O resultado é destacado como o maior da história do setor pela União
Brasileira de Avicultura (Ubabef). O desempenho, além de manter o Brasil na
posição de terceiro maior produtor mundial, aproxima-o do segundo colocado, a China, com 13,2 milhões de t em 2011. O maior volume mundial é dos
Estados Unidos, cuja soma foi de 16,757 milhões de t, conforme levantamento
do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
O
consumidor brasileiro teve
participação relevante no
desempenho do setor no
período. Segundo a Ubabef,
69,8% da produção foi destinada ao mercado interno. “O produto ofertado internamente tem o mesmo padrão elevado
de qualidade e de sanidade do exportado”, destaca Francisco Turra, presidenteexecutivo da entidade. O consumo per
capita foi de 47,4 quilos em 2011, contra 44 kg em 2010, incremento de 7,5%.
A aquisição do alimento por habitante
foi, em média, de quase quatro quilos
mensais ou de um quilo a cada semana.
Nesse sentido, a demanda per capita no
Brasil superou a verificada nos Estados
Unidos, que foi de 44,4 quilos em 2011,
segundo o USDA.
Maior demanda por habitante tam-
bém foi verificada para os ovos, chegando a 162,5 unidades no Brasil, contra
148,8 em 2010, significando avanço de
9,2%. “Os resultados positivos do consumo interno de carne de frango e de
ovos revelam a superação de mitos que
envolviam esses dois alimentos importantes”, relata Turra. Ele salienta que o
frango não é mais apenas uma opção
no cardápio, mas se tornou de fato um
hábito alimentar nutritivo e saudável.
A Ubabef finalizava em janeiro de 2012
uma pesquisa sobre os hábitos de consumo dos brasileiros para aprimorar
ainda mais o atendimento às demandas
dos consumidores.
Para a entidade, o País tem plenas
condições de atender a um eventual incremento de consumo nos mercados interno e externo em 2012. A constatação
leva em conta o alojamento de matrizes,
que somou 24,605 milhões de aves entre janeiro e junho de 2011, número que
indica a capacidade de produzir carne
de frango. Em 2010, o alojamento foi de
46,556 milhões de matrizes.
Em outro segmento da avicultura, o
de peru, a oferta de carne foi de 305 mil t
em 2011, inferior ao volume de 337 mil t
em 2010. O recolhimento de ovos somou
31,5 bilhões de unidades (1,9 milhão de
t), com acréscimo de 9,4%. A produção
foi liderada pelo Estado de São Paulo,
que respondeu por 35,85% do total, seguido por Minas Gerais (11,45%), Paraná
(6,92%) e Rio Grande do Sul (5,91%).
EXPORTAÇÕES As vendas externas do setor avícola também obtiveram
resultados inéditos em 2011. Ao todo, os
embarques da avicultura (carnes de frango, peru, pato, ganso e outras aves, ovos
e material genético) renderam US$ 8,853
bilhões, acréscimo de 19,7% sobre 2010.
Em volume, as transações resultaram no
envio de 4,118 milhões de t, com crescimento de 2,3%.“Esse desempenho ocorreu mesmo enfrentando dificuldades
em mercados importantes para a carne
de frango, como o embargo da Rússia e
encomendas menores do Egito, neste
caso devido à instabilidade política do
país”, destaca Franscico Turra, presidenteexecutivo da Ubabef.
O embarque de carne de frango, o
principal item das exportações avícolas
do País, foi de 3,942 milhões de t, montante 3,2% acima do volume de 2010.
Em receita, contudo, o acréscimo foi de
21,2%, somando US$ 8,253 bilhões. O
preço médio das vendas brasileiras foi
de US$ 2.093 a t, avanço de 17,4%. O mix
das transações foi composto por 52,4%
de frango em cortes, 38,1% de frango
inteiro, 4,9% de frango salgado e 4,6%
de frango processado. Turra observa que
nos últimos anos o Brasil vem ampliando
a presença do frango em cortes, processado e salgado no total das exportações.
A participação da ave inteira (griller) é explicada por ser a preferência de um dos
principais clientes, o Oriente Médio.
Outros destinos da avicultura são Ásia,
África, União Europeia (UE), Américas, Europa extra UE e Oceania. Os estados que
mais negociaram com outros países em
2011 foram Santa Catarina, com 27% de
participação, Paraná (26,5%), Rio Grande do Sul (18,9%) e São Paulo (7,4%). As
vendas externas de carne de peru caíram
10,5% em 2011 frente ao período anterior. Porém, em valores, o aumento foi
de 4,7%, totalizando US$ 444,6 milhões.
Diminuiu igualmente a demanda internacional por carne de pato, ganso e outras aves, com o embarque de 1,64 mil t,
registrando queda de 61,2% em relação
a 2010. Da mesma maneira, a compra de
ovos pelo mercado externo foi de 16,6
mil t em 2011, volume 40% menor em
relação ao anterior. Os resultados foram
positivos para as exportações de material genético, que cresceram 9,2%, com o
envio de 1.200 t.
De acordo com Turra, as empresas
do setor estão prevendo crescimento
de até 2% tanto na produção quanto
nos volumes exportados em 2012. “A
perspectiva é conservadora e considera as incertezas da economia mundial”,
afirma. Em relação ao mercado externo,
ele explicou que diante da falta de perspectiva de aumento da participação e
de ganhos expressivos de market share
no comércio internacional de carne de
frango – em 2011 a participação do Brasil chegou a 40,2% –, o foco da Ubabef
será trabalhar para ampliar a competitividade e a rentabilidade do setor. Isso
passa, por exemplo, pela melhoria da
infraestrutura logística do País.
“Com esse objetivo já entregamos um
documento com quase 70 proposições ao
governo federal”,conta o dirigente da entidade. Além disso, defende que é necessário adequar a matriz tributária, o que deixa
o setor em desvantagem em relação aos
concorrentes internacionais. “As recentes
medidas provisórias 552 e 556, por exemplo, elevam os custos de processamento
do farelo de soja, um dos principais insumos avícolas. São campos em que precisamos avançar no sentido de estimular a
avicultura nacional”,enfatiza Turra.
POSITIVO • POSITIVE
Desempenho do setor avícola brasileiro
Produção
2010
Carne de frango (milhões de t)
12,230
Ovos (bilhões de unidades)
28.852
2011
13,058
31.554
Variação (%)
6,77%
9,4%
2011
Variação (%)
4.118
8.853
2,3%
19,7%
3.943
8.253
3,2%
21,2%
Fonte: Ubabef
Exportação
Volume (mil t)
Receita (milhões US$)
Volume (mil t)
Receita (milhões US$)
2010
Avicultura
4.025
7.393
Frango
3.820
6.808
Fonte: Ubabef/Secex
43
Remarkable feats
Revista AgroBrasil 2011
Poultry farming
in Brazil hits
historical
records in
production,
consumption
and export
performance
in 2011
44
Our national poultry farming business hit records in 2011. Broiler meat production totaled 13.058 million tons, up 6.8% from 2010. The result is referred to as the biggest on record by the Brazilian Poultry Farming Union (Ubabef). Besides attesting to Brazil’s status
as third largest global producer, the performance brings the Country close to the second
biggest producer, China, with 13.2 million tons in 2011. The United States is the leading
global producer, with a total of 16.757 million tons, according to a survey by the United
States Department of Agriculture (USDA).
B
razilian consumers played a relevant
role in this performance over the period. From Ubabef sources, 69.8% of
the entire production volume was
destined for the domestic market. “Chicken
meat destined for domestic consumption
has the same quality and sanitary standards
compared to export-oriented meat”, says
Francisco Turra, executive president of the entity. Per capita consumption reached 47.4 kg
in 2011, against 44 kg in 2010, an increase of
7.5%. Chicken meat purchases per inhabitant
averaged 4 kg per month, one kilo per week.
Within this context, per capita demand in Brazil outstripped demand in the United States,
which was 44.4 kilos in 2011, according to
USDA sources.
Soaring demand for eggs was also detected, reaching 162.5 units per person in Brazil, compared to 148.8 in 2010, representing a
9.2-percent increase in 2011. “The positive results in the consumption of chicken meat and
eggs hint at the dismissal of myths that used
to involve these two important food items”,
Turra explains. He stresses that chicken meat
is no longer just an option on the menu, but
has turned into a healthy and nutritive eating
habit. In January 2012, Ubabef is completing
a survey of the eating habits of the Brazilian
people with the aim to improve even further all
consumer requirements.
Entity officials understand that the Country
Sílvio Ávila
is in a position to meet possible consumption
increases both at home and abroad throughout 2012.This ascertainment takes into consideration the confinement of laying hens, which
amounted to 24.605 million birds from January to June 2011, number that indicates the capacity to produce chicken meat. In 2010, confinement reached 46.556 million laying hens.
In the turkey segment meat supplies
reached 305 thousand tons in 2011, slightly
down from the 337 thousand tons in 2010.
Bird confinement came to 31.5 billion birds
(1.9 million tons), up 9.4%. The leader in production was the State of São Paulo, which accounted for 35.85% of the total, followed by
Minas Gerais (11.45%), Paraná (6.92%) and Rio
Grande do Sul (5.91%). EXPORTS Foreign sales of the poultry
sector also celebrated unprecedented results
in 2011. In all, poultry shipments (broiler, turkey, duck, goose meat and other birds, eggs
and genetic material) brought in US$ 8.853
billion, up 19.7% from 2010. In volume, these
transactions resulted into the shipment of
4.118 million tons, up 2.3% from last year. “This
performance occurred in spite of difficulties
posed by relevant broiler meat markets, like
the Russian embargo and smaller orders from
Egypt, stemming from the political instability
in that country”, says Franscico Turra, executive
president of Ubabef.
Broiler meat shipments, the major item on
the list of Brazil’s poultry exports, amounted to
3.942 million tons, up 3.2% from 2010. In terms
of revenue, however, there was an increase of
21.2%, totaling US$ 8.253 billion. The average
price of Brazilian shipments reached US$ 2.093
per tons, up 17.4%. The transaction mix consisted of 52.4% of chicken cuts, 38.1% whole
broilers, 4.9% salted broiler meat and 4.6%
processed broiler. Turra observes that over the
past years Brazil has been increasing its share
of broiler meat cuts, processed and salted
broiler in the total export volumes.The share of
whole broilers (grillers) in exports is because a
major client, the Middle East, has a preference
for this type of meat.
Other destinations of Brazil’s poultry exports are Asia, Africa, the European Union (EU),
both Americas, extra-EU countries and Australia. The States that most negotiated with other
countries in 2011 were Santa Catarina, with
a share of 27%, Paraná (26.5%), Rio Grande
do Sul (18.9%) and São Paulo (7.4%). Foreign
sales of turkey meat went down 10.5% in 2011
compared to the previous period. Nevertheless,
in terms of revenue, there was an increase of
4.7%, totaling US$ 444.6 million. International
demand for duck, goose and other bird meats
also dropped, with shipments of 1.64 thousand tons, down 61.2% from 2010. Likewise,
the purchase of eggs by the foreign market
was 16.6 thousand tons in 2011, down 40%
from the previous year. Genetic material sales
celebrated positive results, they were up 9.2%,
with the shipment of 1,200 tons.
According to Turra, the companies of the
sector are anticipating an increase of 2% both
in production and in export volumes throughout 2012.”It is a conservative perspective which
takes into consideration the uncertainties of
the global economy”, he says. With regard to
the foreign market, he explained that, in light
of the lack of perspective for a soaring participation and expressive gains in market shares
in the international scenario of broiler meat
– in 2011 Brazil’s participation reached 40.2%
– Ubabef will be focused on expanding the sector’s competitiveness and profitability. This, for
example, depends a lot on the improvement of
the Country’s logistics infrastructure.
“Within this perspective, we have already
sent a document to the federal government
containing upwards of 70 propositions”, says
the entity official. Furthermore, he maintains
that there is a need to adjust the taxation matrix, which, under the present circumstances,
leaves the sector in disadvantage before the
international competitors. “The recent provisional measures 552 and 556, for example,
raise the soy meal processing costs, a major
poultry farming input. These are areas in
which we need to improve if our national poultry farming operation is to continue thriving”,
Turra concludes.
45
Sílvio Ávila
>>café coffee
Revista AgroBrasil 2011
Quanto mais, melhor
46
Em ano de
bienalidade
alta, País poderá
produzir a
maior safra
desde 2002/03,
quando foram
colhidas 48,48
milhões de
sacas
Preços, consumo e produção. No cenário atual, é esse o trio responsável pelo
bom momento vivido pelo setor cafeeiro no País. Além dos bons números registrados em 2011, os indicadores dão conta de que virão dias ainda melhores
para toda a cadeia produtiva. O melhor: é ano de alta bienalidade. De acordo
com a primeira estimativa da safra 2012, publicada em janeiro pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), no ciclo devem ser colhidas entre 48,97 e
52,27 milhões de sacas de 60 quilos (média de 50,62 milhões de sacas).
O
resultado representa incremento entre 12,6% e 20,2%,
quando comparado com o
obtido no ciclo anterior, que
foi 43,48 milhões de sacas. Se a previsão
se confirmar, a safra poderá ser a maior
já produzida pelos brasileiros, superando o volume de 48,48 milhões de sacas
do período 2002/03. Registros da Conab
apontam que, em anos de bienalidade
positiva, a produção manteve cresci-
mento constante nas últimas quatro
temporadas.
A maior utilização da mecanização,
aliada às inovações tecnológicas e às
exigências do mercado, a qualidade do
produto e a boa gestão da atividade são
fatores necessários e de extrema importância para o avanço e a modernização
da cafeicultura. Conforme análise do
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agri-
PARA LEMBRAR •
TO REMEMBER
Evolução da produção brasileira
(milhões de sacas de 60 kg)
Ano
Produção
2008
45,99
2009
39,47
2010
48,09
2011
43,48
2012*
50,62
FONTE: Conab (Jan/2012) - *Estimativa
das inovações trazidas pelas indústrias
para consumo de café em casa e fora
do lar, quanto pelo aumento do poder
aquisitivo da classe C. Prova de que o
mercado, assim como outros ramos da
cafeicultura, passa por um momento de
grandes inovações.
DÁ GOSTO No quesito exportação, o café nacional também parece ter
encontrado a fórmula para o sucesso.
Segundo balanço do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé),
em 2011 os embarques apresentaram
recorde histórico. A atividade rendeu
ao País receita superior à registrada em
2010, chegando a US$ 8,706 bilhões.
Em volume, as 33,455 milhões de sacas
enviadas representaram incremento de
1,3% sobre o ano anterior, sendo 82%
das vendas de variedade arábica.
O diretor-geral da entidade, Guilher-
me Braga, afirma que os resultados superaram as expectativas iniciais de US$ 8,4
bilhões. Com isso, o produto conquista
participação de 3,4% no total das exportações brasileiras e de 9,2% nos embarques do agronegócio. Para 2012, o executivo espera desempenho semelhante
ao de 2011 em volume e aumento moderado da receita.
Em escala global, a produção na safra 2011/12 deve ser 3,4% menor com
a colheita de 128,6 milhões de sacas,
enquanto anteriormente foram obtidas
133,1 milhões. A diminuição, apontada
pela Organização Internacional do Café
(OIC), deve-se à bienalidade negativa da
cultura no Brasil e a problemas climáticos
em importantes produtores, como Colômbia, Vietnã e países da América Central. O estoque mundial de entrada para
a temporada 2011/12 foi de 29,1 milhões
de sacas, volume 6,1% inferior às 31 milhões de sacas verificadas na entrada da
safra 2010/11.
Dados da OIC indicam que o consumo
mundial cresceu 28% nos últimos dez
anos, totalizando mais de 135 milhões
de sacas em 2010. Para 2011 e 2012, as
previsões apontam a manutenção desse
patamar. A firme demanda e a redução
da oferta global levaram o grão arábica a
ser comercializado por preços elevados.
No período, os estoques caíram para o
menor nível da história, tanto nos países
produtores quanto nos consumidores.
Inor Ag. Assmann
cultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq),
vinculada à Universidade de São Paulo
(USP), a qualidade dos grãos também
está superior aos da temporada 2010/11.
Fatores climáticos favoráveis na época
de colheita e secagem, e investimentos
em despolpamento do café, no intuito
de obter o cereja descascado, influenciaram na melhoria.
O crescimento também pode ser notado na área cultivada. No total são 2,351
milhões de hectares com as espécies arábica e conilon. O índice representa elevação de 3,21% sobre a área de 2.278,1
ha em 2011. A maior parte do parque
cafeeiro está concentrada em Minas Gerais (1,208 milhão de ha), onde o arábica
responde por 97,7%. O cultivo estadual
representa 51,4% do todo brasileiro.
As expectativas otimistas não giram
somente em torno da produção. Há
igualmente perspectiva de incremento
de mercado. Conforme o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz,
espera-se crescer entre 3,5% a 4%. Para
tanto, a entidade deve dar impulso aos
seus programas e certificações, que têm
garantido o avanço contínuo do setor.
O consumo interno anima lideranças
e cafeicultores. A estimativa é de que 19,9
milhões de sacas tenham sido industrializadas em 2011, superando as 19,13 milhões de 2010. Herszkowicz acredita que
o mercado aquecido é resultado tanto
47
Revista AgroBrasil 2011
The more the better
48
In a high biennial
production cycle,
Brazil could
produce the
largest crop
since 2002/03,
when 48.48
million sacks
were harvested
Prices, consumption and production. In the present scenario this is the triple factor that
accounts for the good moment the coffee sector is experiencing in Brazil. Besides the good
figures registered in 2011, all indicators suggest even better days for the entire coffee production chain. Still better: this is a high biennial production cycle. According to the first
2012 crop estimate, published in January, by the National Supply Company (Conab), from
48.97 to 52.27 million 60-kilo sacks are to be harvested in the current cycle (average of
50.62 million sacks). T
he result translates into an increase
from 12.6% to 20.2% compared to
the previous cycle, when 43.48 million
sacks were harvested. If the forecast
confirms, the crop could be the largest ever
produced in Brazil, outstripping the volume of
48.48 million sacks in the 2002/03 season. Conab records show that in high biennial production cycles, volumes have soared constantly
over the past four seasons.
Intense use of mechanization, along with
technological innovations, market requirements, product quality and appropriate management of the activity are indispensable factors and of extreme relevance if coffee farming
is to continue making strides and getting modernized. According to an analysis by the Center
for Advanced Studies on Applied Economics
of the Luiz de Queiroz College of Agriculture
(Cepea/Esalq), linked to the University of São
Sílvio Ávila
Paulo (USP), the quality of the beans is also
better than in the 2010/11 season. Favorable
climate factors at harvesting and drying, and
investments in coffee pulping processes, with
the target to obtain hulled cherry coffee, had
an influence on the enhancing steps.
The planted area has also soared. In all,
there are 2.351 million hectares with Arabica
and conilon, up 3.21% from the area of 2.278
million hectares in 2011. The largest coffee
park is concentrated in Minas Gerais (1.208
million hectares) where the Arabica accounts
for 97.7%. The state accounts for a share of
51.4% of the entire Brazilian crop.
The optimistic expectations are not only
about production volumes. There is expectation for bigger market shares. According to
Nathan Herszkowicz, executive director of the
Brazilian Coffee Industry Association (Abic),
there is hope for a growth of 3,5% to 4%. To
this end, the entity should carry on with its programs and certifications, which have ensured
the continuous advances of the sector.
Domestic consumption has been bringing
smiles to leaderships and coffee producers. It is
estimated that 19.9 million sacks were indus-
trialized in 2011, outstripping the 19.13 million
in 2010. Herszkowicz believes that the heated
market results from such factors as the innovations introduced by the industry regarding
the consumption of coffee at home and out
of home and from the soaring purchasing
power of Class C. This attests that the market,
like other sectors related to coffee farming, are
experiencing a moment of great innovations.
ENTICING As far as exports are concerned, our national coffee seems to have
come up with the success formula. According
to figures released by the Brazilian Coffee Exporters Council (Cecafé), in 2011 shipments hit
historical records. Revenues brought in by the
activity exceeded the 2010 numbers, reaching
US$ 8.706 billion. In volume, the 33.455 million
sacks shipped abroad represented an increase
of 1.3% compared to the previous year, and Arabica sales represented 82% of all foreign sales.
The general director of the entity, Guilherme Braga, maintains that the results exceed initial expectations of US$ 8.4 billion. This
raises the share of the product to 3.4% in Brazil’s total exports and to 9.2% in agribusiness
shipments. For 2012, the chief executive hopes
for a performance similar to 2011 in volume,
and moderate rise in revenue.
At global level, the volume of the 2011/12
crop is estimated to drop 3.4% to 128.6 million
sacks, while in the previous crop total harvest
reached 133.1 million sacks. The reduction
referred to by the International Coffee Organization (ICO) is blamed on the low biennial
production cycle of the crop in Brazil and climate problems in relevant coffee producing
countries, like Colombia, Vietnam and Central
America countries.The global stock in the early
days of the 2011/12 season amounted to 29.1
million sacks, down 6.1% from the 31 million
sacks at the beginning of the 2010/11 season.
Data released by the ICO indicate that
global consumption went up by 28% over the
past ten years, totaling upwards of 135 million
sacks in 2010. For 2011 and 2012, all forecasts
point to a repeat of this level. Tight demand
and receding global supplies had a positive
influence on the prices of Arabica coffee. Over
the period, global stocks hit record historical
declines in both producing and consuming
countries.
49
>>ponto de vista VIEWPOINT
ALESSANDRO TEIXEIRA
Secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC)
Provedor do mundo
Revista AgroBrasil 2011
Brasil quer
aproveitar
ao máximo a
consolidação na
produção e na
exportação de
alimentos, setor
no qual já supera
as expectativas
50
O Brasil, ano após ano, consolida-se na posição de produtor e exportador
agropecuário, observa o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira. O País confirma, assim, o papel fundamental visto pela Organização das Nações Unidas
para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento (OCDE) de provedor de alimentos ao mundo, apto para atender às necessidades sempre maiores.
O
agronegócio expande suas
exportações a cada ano e o
desempenho do setor supera as expectativas definidas
pelo governo, tendo sido fundamental
para o saldo positivo da balança comercial brasileira, destaca Teixeira. Ele cita
números de 2011,entre janeiro e novembro: dos US$ 233,9 bilhões exportados
pelo Brasil, o agronegócio foi responsável por US$ 87,6 bilhões, representando
37,4% do total das vendas externas.
Nesse período, elevou-se em 24,4% o
valor exportado em comparação a 2010.
O aumento na cotação dos produtos,
analisa o representante do ministério,
deu-se principalmente em função da
forte demanda externa por alimentos,
situação à qual o País respondeu prontamente, incrementando a capacidade de
oferta. O complexo soja esteve na liderança, com US$ 23 bilhões, alta de 38,9%
no ano, seguido do sucroalcooleiro, das
carnes, dos produtos florestais e do café.
No que tange às importações, nesse
espaço de tempo, foram comprados US$
15,669 bilhões em produtos do segmento, representando 30,1% a mais em relação a 2010. Os principais itens adquiridos
foram papel e celulose (US$ 1,9 bilhão,
com incremento de 13,9%), trigo, pescados, borracha natural e lácteos. O superávit no período foi de US$ 72 bilhões.
As exportações brasileiras no agronegócio apresentaram crescimento,
em valor, para praticamente todos os
blocos econômicos, entre janeiro e novembro de 2011: Oceania (49,6%), África
(42,1%), demais nações da Europa Ocidental (33,2%), Ásia (31,1%), países do
Nafta (22,5%), Mercosul (19,9%) e UE-27
(18,1%). Especificamente em relação ao
Mercosul, há déficit no comércio com o
bloco: o total embarcado foi de US$ 2,3
bilhões, enquanto as importações somaram US$ 5,5 bilhões.
Alguns produtos, lembra Teixeira,
têm sido objeto de preocupação e de
constantes debates internos em virtude
do crescimento das importações brasi-
EFICIÊNCIA No plano geral, o secretário-executivo do MDIC, Alessandro
Teixeira, analisa que o Brasil está se consolidando como grande produtor mundial de alimentos. “Isso ocorre não só na
produção, mas na qualidade, na tecnologia empregada e, principalmente, na
sustentabilidade e no uso da agricultura
de baixo carbono”,salienta.“Pode-se dizer
que o desempenho do agronegócio nos
últimos anos deu-se em função de sua
modernização, principalmente em setores voltados ao mercado internacional,
como a soja e seus derivados e os animais
para exportação de carnes. Empenhados
em disputar com os melhores produtores do mundo, os empresários brasileiros
tiveram que ajustar sua atividade aos níveis mais altos de eficiência”,assinala.
Menciona ainda como fatores de sucesso a disponibilidade de terras, as condições climáticas favoráveis, a geração e
a adoção de tecnologias agropecuárias e
agroindustriais mais eficientes, as políticas governamentais de suporte ao setor,
os agricultores competentes e as empresas com alcance global. Hoje, lembra, o
Brasil é líder mundial na exportação de
produtos como suco de laranja, carne de
frango, açúcar, café e tabaco, e o segundo
maior exportador do complexo soja.
O governo tem procurado auxiliar e
o MDIC está agindo em três frentes para
melhorar o processo de promoção das
exportações brasileiras, enfatiza o secretário-executivo. “A primeira é o trabalho
cada vez maior em relação aos acordos
comerciais e às negociações internacionais para acesso a mercados, como Mercosul, México, União Europeia, Estados
Unidos e China”, cita Teixeira. “E o segundo ponto, importante também na facilitação do comércio, é a modernização do
sistema de comércio exterior brasileiro,
antigo Siscomex e atual Novoex”.
>>PERFIL
Outro elemento de apoio ao processo é o trabalho da Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), na qual os principais
projetos estão ligados à área agroindustrial, como vinhos, carnes e alimentos em
geral, destacando a promoção da qualidade e a imagem dos alimentos brasileiros no exterior. A agroindústria, segundo
o dirigente, foi eleita como um dos cinco
grandes blocos a serem incentivados no
Plano Brasil Maior (PBM), política industrial para o período 2011/2014, priorizando, num primeiro momento, setores
como carnes, café, vinho, frutas/sucos,
balas, chocolates e pesca/aquicultura,
com estímulo à inovação e ao aumento
de competitividade.
Dessa forma, agregando qualidade e
valor aos produtos, conclui Teixeira, o País
pretende ir ao encontro da expectativa
demonstrada pelo relatório da FAO e da
OCDE quanto à liderança no papel de
prover alimentos para o mundo. Conforme o documento, em 10 anos haverá necessidade de elevar em 20% essa oferta,
em virtude do crescimento da demanda
dos países emergentes, e a produção
brasileira deverá aumentar bem mais
que a de outros países. Projeta-se que o
índice de incremento local até 2019 será
de 40%, contra 26% na Rússia e na China;
15% nos Estados Unidos e no Canadá;
7% na Austrália e 4% na União Europeia.
Divulgação
leiras, envolvendo também assimetrias
tributárias. Ele entende que o Mercosul
constitui um projeto em constante evolução, intimamente ligado ao desenvolvimento econômico e ao fortalecimento
da democracia de seus integrantes.
O bloco de quatro sócios, que compreende em torno de 243 milhões de
habitantes e Produto Interno Bruto (PIB)
de US$ 1,93 trilhão (2009), exportou US$
280 bilhões e importou US$ 252 milhões
(dados de 2010). Seus desafios, comenta
o executivo do MDIC, estão relacionados
não apenas ao aumento do intercâmbio comercial, mas principalmente à
melhoria da qualidade de vida de seus
povos e à redução nos desequilíbrios.
“É indiscutível a contribuição que o processo de integração trouxe às empresas,
à sociedade e à estabilidade na região,
favorecendo projetos futuros dos seus
membros”,avalia.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, é gaúcho, natural de Porto Alegre (RS). Presidiu
a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), e foi secretário-executivo
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). É doutor em Economia
Industrial e Tecnológica pela Universidade de Sussex (Inglaterra), e mestre em Economia Latino-americana pela Universidade de São Paulo (USP). Foi um dos responsáveis pela implementação da política industrial do governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e coordenador-executivo do programa de governo da presidente Dilma
Rousseff. É conselheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) há
oito anos. Preside a World Association of Investment Promotion Agencies (Waipa), organismo que reúne as agências de promoção de investimentos de 156 países.
51
Sílvio Ávila
ALESSANDRO TEIXEIRA
Executive secretary of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC)
Revista AgroBrasil 2011
Global food purveyor
52
Brazil wants to
take maximum
advantage of its
food production
and export status,
a sector where
the Country is
already exceeding
expectations
Year after year, Brazil has been strengthening its position as an agribusiness producer
and exporter, observes the executive secretary of the Ministry of Development, Industry
and Foreign Trade (MDIC), Alessandro Teixeira. This comes as a confirmation of the Country’s fundamental role envisioned by the Food and Agriculture Organization of the United
Nations (FAO) and by the Organization for Economic Co-Operation and Development
(OECD) as food provider for the world, in a position to meet ever-increasing needs.
A
gribusiness is expanding its export
operations year after year and the
performance of the sector exceeds the
expectations set by the government,
and has played a relevant role in the Brazilian
positive trade balance, Teixeira stresses. He cites
figures from 2011, January through November:
of the US$ 233.9 billion raked in by Brazilian exports, agribusiness was responsible for US$ 87.6
billion, representing 37.4% of all foreign sales.
During this period, exports went up by
24.4% in value from 2010. The soaring prices of
the Brazilian products, according to an analysis
by the representative of the ministry, resulted
particularly from rising demand for food, a situation the Country fulfilled immediately, increasing its supply capacity. The soybean complex
took the lead, with US$ 23 billion, up 38.9% over
the year, followed by the sugar and alcohol sector, meat, forestry products and coffee.
With regard to imports, during this period
of time, purchases of products of the segment
amounted to US$ 15.669 billion, up 30.1% from
2010. The main items that were imported are
paper and cellulose (US$ 1.9 billion, up 13.9%),
wheat, sea food, natural rubber and dairy
regional stability, favoring future projects of all
the members”,he comments.
EFFICIENCY In general terms, the executive secretary of the ministry,AlessandroTeixeira,
views Brazil as a country that is consolidating its
position as a relevant global food producer.“This
occurs not only at production,but at quality,technology and,especially,with regard to sustainability and low carbon agriculture”,he points out.“It is
quite normal to consider that the performance
of agribusiness over the past years stems from
its modernization process, particularly in sectors
focused on the international marketplace, like
soybean and its byproducts and beef cattle for
meat exports. Engaged in competing with the
best producers in the world, Brazilian businessmen had to adjust their activities to the highest
levels of efficiency”,he argues.
He also mentions such success factors as the
availability of land, favorable climate conditions,
the generation and adoption of more effective
livestock and agroindustrial technologies, government policies lending support to the sector,
competent farmers and companies of global
range. Now, he recalls, Brazil is a global leader
in the export of such products as orange juice,
broiler meat, sugar, coffee and tobacco, and the
second-largest exporter of the soybean complex.
The government has done its best and the
MDIC, in particular, is acting on three fronts towards improving the promotional processes of
Brazilian exports, the executive secretary emphasizes.“The first is an ever more effective work
regarding trade agreements and international
>>PROFILE
negotiations for access to markets, like Mercosur,
Mexico, the European Union, the United States
and China”, Teixeira mentions. “And the second
point, also important as a trade facilitator, is the
modernization of the Brazilian foreign trade system, former Siscomex , now known as Novoex”.
Another element that lends support to the
process is the work of the Brazilian Trade and
Investment Promotion Agency (Apex-Brasil),
whose major projects are linked to the agroindustrial area, including wines, meat and food in
general, stressing the promotion of quality and
the image of Brazilian foods abroad. Agroindustry, in the opinion of the official, was elected as
one of the five big blocs to be stimulated by the
Bigger Brazil Plan (BBP), industry oriented policy
for the 2011/2014 period, at a first moment, giving priority to sectors like meat, wine, coffee, fruit,
juices, candy, chocolate, fishing, aquaculture,
with stimulus to innovation and ever-stronger
competitiveness. Following such a pattern, adding quality
and value to the products, Teixeira concludes,
the Country is on the track to the expectation
demonstrated by the FAO and OEDC as to the
leadership in the role to provide food for the
world. According to the document, in ten years
it will be necessary to expand this offer by 20%,
by virtue of the rising demand from emergent
countries, and Brazil should raise its production
volumes way above other countries. The local
increase rate until 2019 is projected at 40%,
against 26% in Russia, and in China; 15% in the
United States and Canada; 7% in Australia, and
4% in the European Union.
Divulgação
products. Surpluses over the period reached
US$ 72 billion.
Brazilian agribusiness exports rose
in value, for almost all economic blocs,
from January to November 2011: Australia (49.6%). Africa (42.1%), other Western
European nations (33.2%), Asia (31.1%),
Nafta countries (22.5%), Mercosur
(19.9%) and EU-27 (18.1%). Specifically
with regard to Mercosur, there is a trade
shortfall with the bloc: total shipments
amounted to US$ 2.3 billion, while imports reached US$ 5.5 billion.
Some products, Teixeira recalls, have
been cause for concern and constant internal debates by virtue of the rising Brazilian imports, equally involving asymmetric relations. He understands that
Mercosur is a project in constant evolution, intimately linked to the economic
development and to the strengthening of
democracy of its members.
The members of the bloc, now comprising about 243 million people, and a
Gross Domestic Product (GDP) of US$
1.93 trillion (2009), exported US$ 280 billion and imported US$ 252 million (2010
data). Its challenges, the MDIC representative comments, are not only related to
stronger trade relations, but particularly
to the improvement of the quality of life
of its people and a reduction to imbalances. “It is impossible to contest the contribution the integration process provided for the
companies and society as a whole, along with
The executive secretary of the Ministry of Development, Industry and Foreign
Trade (MDIC), Alessandro Teixeira, was born in Rio Grande do Sul, in the city of
Porto Alegre (RS). He presided over the Brazilian Trade and Export Promotion
Agency (Apex-Brasil) and over the Brazilian Agency for Industrial Development
(ABDI), and served as executive secretary to the National Council for Industrial
Development (CNDI). He has a PhD in Industrial Economy and Technology from
the University of Sussex (Britain), and a master’s degree in Latin-American Economy from the University of São Paulo (USP). He was responsible for implementing
the industrial policy during the tenure of President Luiz Inácio Lula da Silva and
executive coordinator of Dilma Rousseff’s government plan. He is a counselor for
the National Bank for Economic and Social Development (BNDES) and of the
Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) for eight years. He
presides over the World Association of Investment Promotion Agencies (Waipa),
organ that comprises the investment promotion agencies of 156 countries.
53
Sílvio Ávila
>>CANA-DE-AÇÚCAR Sugar cane
Mais uma frustração
Revista AgroBrasil 2011
Clima novamente
não ajudou e
produtividade
dos canaviais
foi prejudicada,
diminuindo a
quantidade
colhida
54
A expansão em quase 700 mil hectares não foi suficiente para que houvesse
um aumento na colheita de cana-de-açúcar na safra 2011/12, que se encerra
em março. Com área plantada de 8,3 milhões de ha, 3,9% a mais que no ciclo
2010/11, a produção brasileira deve fechar em 571,4 milhões de toneladas,
8,4% menos em relação ao período anterior. O motivo principal está na queda
de 11,8% na produtividade. O rendimento será de 68,2 toneladas por hectare,
bem abaixo da média histórica de 85 t/ha. A previsão é da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), em relatório de dezembro de 2011.
O
s problemas com a cultura
vêm se repetindo há três
ciclos consecutivos. Na safra
2009/10, o excesso de chuva
durante a colheita provocou a sobra de
70 milhões de toneladas no campo. Essa
matéria-prima acabou sendo moída no
período seguinte, quando novamente
houve prejuízos, dessa vez em função
da estiagem.
Na safra 2011/12, as lavouras do
Centro-Sul foram castigadas pela geada,
com registros de danos em São Paulo,
Paraná e Mato Grosso do Sul. Além disso,
as condições de luminosidade e de temperatura durante o inverno estimularam
o florescimento excessivo das plantas
em algumas lavouras. Outro problema
foi a pouca chuva entre abril e setembro
de 2011, que acelerou a colheita, mas
prejudicou o desenvolvimento e a renovação dos canaviais.
DESTINAÇÃO
Pelo acompanhamento da Conab, 287,5 milhões
de toneladas de cana-de-açúcar terão
como destino a produção de etanol, o
equivalente a 50,4% do total colhido na
safra 2011/12. A quantidade esmagada
vai resultar em 22,8 bilhões de litros do
combustível. Desse volume, 13,7 bilhões
são do tipo hidratado e 9,0 bilhões de
anidro. A produção total de etanol deve
A FONTE • THE SOURCE
Comparativo de área, produtividade e produção de cana-de-açúcar
Região/UF
Área (mil ha)
Produtividade (t/ha)
2010/11 2011/12 2010/11 2011/12
Norte
Produção (mil t)
2010/11
2011/12
19,6
34,8
65,12
73,88
1.278,4
2.570,6
Nordeste
1.113,2
1.120,1
55,76
60,27
62.079,4
67.520,0
Centro-Oeste
1.202,5
1.379,4
77,62
69,28
93.344,7
95.566,1
Sudeste
5.136,5
5.221,0
82,50
69,76 423.799,5 364.212,5
584,0
613,1
74,31
67,85
43.403,1
41.601,8
Norte/Nordeste
1.132,9
1.154,9
55,92
60,68
63.357,8
70.090,6
Centro-Sul
6.923,1
7.213,5
80,96
69,50 560.547,3 501.380,4
Brasil
8.056,0
8.368,4
77,44
68,28 623.905,1 571.471,0
Sul
Fonte: Conab (Dez/2011)
apresentar diminuição de 17,1%. O açúcar ficará com os 49,6% restantes da matéria-prima, o que representa o esmagamento de 283,9 milhões de t, que resultarão em 36,8 milhões de t do produto e
recuo de 3,3%. No período anterior esse
índice foi de 46%.
Em torno de 70% do açúcar produzido no Brasil é exportado. O País responde por mais de 40% do comércio mundial. Em 2011, as cotações internacionais
do produto tiveram forte valorização. O
recuo da produção brasileira e a redução
na Índia, outro grande fornecedor mundial, foram os principais motivos.
Conforme registros da Secretaria de
Comério Exterior (Secex), órgão do Mi-
nistério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), o Brasil embarcou 25,3 milhões de t de açúcar em 2011,
9,4% menos que no ano anterior. Com
o aumento de 29,2% no preço médio, o
faturamento chegou a US$ 14,9 bilhões,
incremento de 17,0% em relação a 2010.
As exportações do etanol brasileiro,
apesar de ainda serem pequenas, não
decepcionaram. Em 2011, os embarques
do produto tiveram incremento sobre
o ano anterior de 3,3%, chegando a 1,9
milhão de metros cúbicos. A receita foi
ampliada em 47,0%, totalizando US$ 1,5
bilhão. Esse resultado foi possível pela
valorização do preço médio do combustível em 39,8%.
Sílvio Ávila
Diferente do Centro-Sul, onde a
quebra de produtividade deve ficar em
14,2%, segundo a Conab, os estados do
Nordeste devem registrar rendimento
8,5% superior. Isso porque as chuvas de
maio a agosto de 2011 beneficiaram o
desenvolvimento das lavouras. Entre setembro e novembro, com precipitações
mais escassas, houve o favorecimento
da maturação e da colheita.
Além do clima, a falta de renovação
dos canaviais,que é recomendada a cada
seis cortes, colaborou para o declínio da
produtividade. Os canavicultores descapitalizados, por conta da crise econômica mundial, que teve início no segundo
semestre de 2008, deixaram de fazer o
replantio. Conforme análises da Conab, a
lavoura renovada tem rendimento próximo a 115 t/ha nos primeiros dois anos,
produtividade que cai para menos de 55
t/ha no sexto período.
55
Revista AgroBrasil 2011
Another frustrating
performance
56
Weather
conditions
were again
unfavorable
and sugar
cane yields
decreased,
reducing the
size of the crop
The expansion of the planted area by almost 700 thousand hectares was not enough
to increase the size of the 2011/12 sugar cane crop, which comes to a close in March. With
a planted area of 8.3 million hectares, up 3.9% from the 2010/11 season, the volume of
this year’s crop is estimated at 571.4 million tons, down 8.4% from the previous year. The
blame is on the 11.8% drop in productivity. Yields are estimated at 68.2 tons per hectare,
way below historical averages of 85 t/ha. The estimate was released by the National Supply Company (Conab), in a December 2011 report.
T
he problems with the crop have been
recurring for three consecutive cycles.
At the 2009/10 season, because of excessive precipitation during harvest
time, 70 million tons were left unharvested.
This raw material was crushed in the following
period, when again losses occurred, but from
drought conditions.
In the 2011/12 crop year, the plantations
in the Center-South regions suffered a lot from
hailstorms, with damages occurring in São
Paulo, Paraná and Mato Grosso do Sul. Furthermore, luminosity and temperature conditions during wintertime prompted excessive
Sílvio Ávila
plant blossoming in some fields. Another problem was the lack of rain from April to September 2011, which speeded up harvesting operations, but damaged the development and the
renewal of the sugar cane fields.
Contrary to Center-South problems,
where yields are reckoned to drop 14.2%, according to Conab, in the Northeastern states
yields are expected to go up 8.5%. This is the
result of timely rainfalls May through August which triggered the development of the
fields. From September to November, when
rainfalls got scarcer, the maturing process
and harvesting operations took advantage
of the situation.
Besides the climate, an interruption to
the sugar cane field renewal process, which
is recommended at every sixth cut, was also
a factor in the declining productivity rates.
Cash strapped producers, owing to the global
financial crisis, which started in the second half
of 2008, failed to carry out replantings. From
a Conab analysis, a renewed sugar cane field
yields close to 115 tons/hectare during the first
two years, and then gradually drops to less
than 55 tons in the sixth period.
DESTINATION Based on Conab’s
surveys, 287.5 million tons of sugar cane will be
destined for the production of ethanol, equivalent to 50.4% of the total harvested in the
2011/12 crop year. Once crushed this amount
is to result into 22.8 billion liters of fuel. Of this
volume, 13.7 billion liters are hydrated ethanol,
and 9 billion are anhydrous. Total production
is estimated to decrease by 17.1%. The remaining 49.6% of the raw materials are to be destined for sugar, representing the crushing of
283.9 million tons, which in turn will result into
36.8 million tons of sugar, down 2.2% from last
year. In the previous period, 46% of the crop
had been destined for sugar.
About 70% of all sugar produced in Brazil
is shipped abroad, which represents 40% of
global sugar exports. In 2011, international
prices of the product soared considerably.
Smaller Brazilian production and a crop reduction in India are the major culprits.
According to figures released by the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an
organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), Brazil shipped
abroad 25.3 million tons of sugar in 2011,
down 9.4% from the previous year. With average prices up 29.2%, revenue reached US$ 14.9
billion, up 17% from 2010.
Brazilian ethanol exports, although still at
a fledgling stage, were encouraging. In 2011,
shipments were up 3.3% from the previous
year, amounting to 1.9 million cubic meters.
Revenues increased by 47.0%, totaling US$ 1.5
billion. This result stems from the 39.8-percent
rise in the price of this fuel.
57
Inor Ag. Assmann
>>Defensivos AGROCHEMICALS
Contemplado
Revista AgroBrasil 2011
Cenário
positivo para
as principais
culturas
agrícolas
estimulou o
investimento
em defensivos
agrícolas,
levando o setor
a superar metas
58
O setor de defensivos agrícolas deverá atingir, pela segunda vez, a maior receita já obtida com as vendas de produtos nos últimos anos. O projetado era
encerrar 2011 com a comercialização total de US$ 8,2 bilhões (cerca de R$ 15
bilhões), superando em 10% os US$ 7,3 bilhões alcançados em 2010. O otimismo do setor baseia-se no maior investimento em tecnologias nas lavouras, na
antecipação de compra nos canais de distribuição, na colheita recorde da safra
2010/11 e nas boas cotações de várias commodities. Para o ciclo 2011/12, existem expectativas de aumento de demanda em diversas culturas, como algodão, trigo, pastagem e café.
N
os dez primeiros meses de
2011, os negócios somavam
R$ 10,198 bilhões, 10% acima
do total obtido no mesmo período de 2010, de acordo com o Sindicato
Nacional da Indústria de Produtos para
Defesa Agrícola (Sindag).“Os valores mais
elevados resultaram de uma maior demanda e não de aumento nos preços dos
defensivos”, esclarece Ivan Amancio Sampaio, gerente de informação do sindicato.
Ele destaca que o desempenho registrado
até outubro foi favorecido principalmente
pelas plantações de soja, cana-de-açúcar,
milho, algodão, café e pastagem.
A classe dos inseticidas, no período
de janeiro a outubro de 2011, em relação ao mesmo período de 2010, foi a que
mais cresceu, 21%, totalizando R$ 3,512
bilhões. Os valores foram impulsionados
pelos mercados de soja, cana-de-açúcar,
algodão, café e citros. Os herbicidas, cujas
vendas somaram R$ 3,455 bilhões, apresentaram incremento de 8%. As culturas
que mais contribuíram para esse desempenho foram cana-de-açúcar, soja,
algodão, milho, feijão e pastagem. Menor
crescimento obteve o segmento dos fungicidas, 3%, com rendimento de R$ 2,750
bilhões, que foram mais demandados pe-
los plantios de café, soja, algodão, trigo e
feijão. Acaricidas e outros produtos completam o faturamento do setor com R$
481 milhões negociados.
Mato Grosso destacou-se como o Estado brasileiro que mais consumiu defensivos em 2010, em valores, respondendo
por 20,4%, ou seja, US$ 1,49 bilhão. Na ordem aparecem São Paulo (15,3%), Paraná
(12,1%), Rio Grande do Sul (10,2%), Goiás
(10,2%), Minas Gerais (8,5%), Bahia (7,6%)
e Mato Grosso do Sul (4,7%). Os demais
estados, juntos, responderam por 11,0%
do valor total.
De acordo com o Sindag, as importações brasileiras de defensivos agrícolas
em 2010 foram praticamente iguais a
2009, próximas de 232 mil t de produtos
GANHANDO TERRENO • MAKING STRIDES
Vendas (R$ milhões) - Jan-out 2010 vs 2011
Classes
2010
2011
Herbicidas
3.205
3.455
Fungicidas
2.679
2.750
Inseticidas
2.899
3.512
Acaricidas
127
147
Outros
369
334
Total
9.278
10.199
Vendas 2005-2011 (US$ milhões)
2005
2006
2007
2008
2009
4.244
3.920
5.372
7.125
6.626
Variação 2011/10
8%
3%
21%
16%
-9%
10%
2010
7.304
2011*
8.200
Fonte: Sindag – *Estimativa
técnicos e formulados.No referido ano,verificou-se incremento nas aquisições nas
classes dos fungicidas, seguidas por inseticidas e acaricidas. A China foi o principal
exportador para o Brasil, com participação
de 20%. Na sequência estão Estados Unidos e Argentina. Do total consumido no
País, 80% é importado.
Beneficiary
Positive scenario of most agricultural crops
encouraged the investment in agrochemicals,
leading the sector to exceed targets
The agrochemical sector is for the second time poised to reach the biggest revenues from its sales over the past years. The idea had
been to reach year’s end with sales totaling US$ 8.2 billion (about R$ 15 billion), exceeding by 10% the US$ 7.3 billion raked in the previous year, in 2010. The sector’s optimism is based on the soaring investments in field technology, on the anticipation of purchases in the
distribution channels, on the record 2010/11 crop and on the good quotes derived by several commodities. For the 2011/12 cycle, expectations are for soaring demand for several crops, like cotton, wheat, pastureland and coffee.
O
ver the first 10 months in 2011,
businesses amounted to R$ 10.198
billion, up 10% from the total obtained in the same period in 2010,
according to the National Union of the Agriculture Defense Industry (Sindag). “The higher
values stemmed from rising demand and not
from higher agrochemical prices”, clarifies Ivan
Amancio Sampaio, union information manager. He stresses that the performance registered
up to October, took advantage of pasturelands,
soybean, sugar cane, corn, cotton and coffee
plantations.
The insecticide class, January through October 2011, compared to the same period in 2010,
was the one that grew the most, 21%, totaling R$
3.512 billion. These values were driven up by the
markets of the following crops: soybean, sugar
cane, cotton, coffee and citrus. Herbicides, whose
sales amounted to R$ 3.455 billion, were up 8%.
The crops that contributed the most towards
this performance were sugar cane, soybean,
cotton corn, black-beans and pasturelands. The
segment of fungicides grew less, only 3%, with
revenue of R$ 2.750 billion, mostly demanded by
coffee, soybean, cotton, wheat and black-bean
plantations. Acaricides and other products complete the sector’s $ 481 million in negotiations.
Mato Grosso stood out as the Brazilian State
that was the leader in agrochemical purchases
in 2010, in values, accounting for 20.4%, that
is to say, US$ 1.49 billion. Followed, in decreas-
ing order, by the following States: São Paulo
(15.3%), Paraná (12.1%), Rio Grande do Sul
(10.2%), Goiás (10.2%), Minas Gerais (8.5%),
Bahia (7.6%) and Mato Grosso do Sul (4.7%). All
other states, together, accounted for 11.0% of
the total value.
According to Sindag sources, Brazilian imports of agrochemicals in 2010 suffered practically no changes from 2009, and remained
close to 232 thousand tons of technical and formulated products. During the said year, higher
imports of fungicides were carried out, followed
by acaricides and insecticides. China was Brazil’s
major supplier, with a share of 20%, followed by
the United States and Argentina. Of the total
consumed in the Country, 80% is from abroad.
59
Sílvio Ávila
>>feijão bLACK-Beans
Revista AgroBrasil 2011
Sem deixar saudade
60
Com a
desvalorização
dos preços em
2011, a redução
das áreas
plantadas e da
produção deve
caracterizar a
safra atual de
feijão no País
Anos de altos e baixos. Esse é o cenário que a cultura do feijão enfrenta nos
campos brasileiros. Baixa liquidez, instabilidade dos preços, estoques do produto e problemas climáticos assombram o produtor. Por isso, muitos migraram
parte da lavoura para outros cultivos. Nesse contexto, conforme o quarto levantamento de grãos do período 2011/12 publicado em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no cultivo de feijão primeira safra
parte da lavoura perdeu área para milho e soja.
A
estimativa sinaliza diminuição
da área cultivada na maioria
dos estados produtores. A
lavoura semeada mais cedo
teve colheita próxima do normal, mas
da metade do ciclo produtivo em diante
surgiram problemas climáticos adversos
e significativos, como as chuvas em São
Paulo e a seca no Paraná, um dos estados mais prejudicados, além de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. O técnico
de planejamento da Conab João Ruas
afirma que o cultivo já foi bastante prejudicado por esses fatores. A falta de chuva,
por exemplo, pode comprometer toda a
safra e gera consequências sobre a quali-
CONTANDO GRÃOS • COUNTING GRAINS
Comparativo de safras de feijão total
Safra
Área (mil ha)
Produtividade (kg/ha) Produção (mil t)
2010/11
4.009,2
945
3.787,1
2011/12
3.861,3
907
3.500,4
Variação (%)
3,7
4%
7,6
Fonte: Conab (Jan/2012)
2012, de haver forte recuo nas cotações.
“O estímulo ocasionado pela valorização
é e será muito forte”,ressalta.
MENOR Tudo indica que a superação do recorde de produção de 3,787
milhões de toneladas obtidas no ciclo
2010/11 não deva ocorrer na temporada
atual. Apesar de não dispor de dados sobre a intenção de plantio para a segunda
e a terceira safras, a Conab calcula que
a colhetita alcance a 3,500 milhões de t
no período 2011/12, o que representaria
diminuição de 7,6%. Na primeira safra,
a área cultivada com o grão deverá ficar em 1,272 milhão de hectares, 10,4%
inferior à anterior. Entre os produtores,
apenas São Paulo e Distrito Federal não
apresentaram redução. Conforme dados
da Conab, a queda maior foi constatada
no Paraná, segundo maior produtor, que
semeou 27,2% a menos.
Em termos de produtividade, a média
da primeira safra deverá ficar em 1.078
quilos por ha, sendo a melhor delas obtida em São Paulo, com 1.757 kg/ha. Com
isso, a produção nacional deve alcançar a
1,371 milhão de t, resultado 18,4% inferior
ao obtido no ciclo passado, ou seja, 309
mil t a menos. Mato Grosso do Sul, Paraná
e Rio Grande do Sul são os três estados
onde deve ocorrer maior diminuição.
Inor Ag. Assmann
dade do grão. A quebra na colheita pode
chegar a 300 mil toneladas, alerta Ruas.
Em contrapartida, técnicos e analistas acreditam que poderá haver mudanças no cenário dos preços. Com a
oferta inferior à última safra, o técnico
da Conab acredita ser possível uma reviravolta no mercado. A mesma opinião
é compartilhada pelo presidente do
Conselho Administrativo do Instituto
Brasileiro de Feijão e Legumes Secos
(Ibrafe), Marcelo Eduardo Lüders. Com
a queda na produção, que pode render
ainda menos que o estimado, no início
de janeiro a cotação da saca de 60 quilos já chegava a R$ 200.
A elevação é decorrência de dois fatores, acredita o especialista. O primeiro
deles é o fato de que poucos compradores semearam a leguminosa. O segundo
é o pouco produto colhido por aqueles
que decidiram plantar. Com os preços
valorizados haverá incremento de área
de plantio ainda incalculável, afirma Lüder. Assim há a possibilidade, ainda em
61
Revista AgroBrasil 2011
No missed
62
With the
devaluation of
the prices in 2011,
reduced planted
area and smaller
production volumes
are the major
characteristics of
the current blackbean crop in the
Country
A year of ups and downs. This is the scenario now common to the Black-bean crops
across the Brazilian fields. Low liquidity, unstable prices, high stocks and climate related
problems have left the growers on the alert. As a result, many of them devoted part of
their fields to other crops. Within this context, according to the fourth crop survey of the
2011/12 season, published in January by the National Supply Company (Conab), firstblack-bean crop areas were shifted to corn and soybean.
E
stimates signal lower planted areas
in most Brazilian states. Harvest of
early plantings remained close to
normal, but halfway through the
production stage there were significant climate induced problems, like excessive rainfall in São Paulo and drought conditions
in Paraná, one of the most affected states,
besides Santa Catarina and Rio Grande do
Sul. Conab planning technician João Ruas
maintains that the crop has already been
heavily damaged by these factors. The lack
of rain, for example, might jeopardize the entire crop and affects the quality of the cereal.
In terms of volume, there might be a reduction of 300 thousand tons, Ruas warns.
Sílvio Ávila
On the other hand, technicians and analysts believe in a possible change in the price
scenario. With supply inferior to last year, the
Conab technician believes that a turn in the
market is likely. The same opinion is shared
by the president of the Administrative Council of the Brazilian Institute of Grain and Dry
Legumes (Ibrafe), Marcelo Eduardo Lüders.
With the lower production volumes, which
could even fall below present estimates, in
early January a 60-kilo sack was selling for
R$ 200.
The rise stems from two factors, the specialist believes. The first of them is the fact
that only few buyers have sown the leguminous crop. The second is the product harvested by those who had decided to plant.
Higher prices will increase the planted areas
in proportions not yet calculated, says Lüder.
This could press down prices even before
2012 comes to a close. “The stimulus created
by the good prices is and will be very strong”,
he warns.
SMALLER There is every indication
that the record crop of 3.787 million tons in
the 2010/11 season shall not be outstripped
in the current season. Although no data are
available on the planting intentions for the
second and third crops, Conab estimates the
volume at 3.500 million tons in the 2011/12
crop year, which would represent a reduction of 7.6%. In the first crop, the area devoted to the grain should remain at 1.272
million hectares, down 10.4% from the previous crop. Among the black-bean producers,
São Paulo and the Federal District have not
reduced their planted area. From data released by Conab, the biggest reduction took
place in Paraná, second largest producer,
where there was a decrease of 27.2%.
In terms of productivity, the average of
the first crop should remain at 1,078 kilos per
hectare, with São Paulo ranking first on that
score, with 1,757 kg/ha. This should raise the
national production volume to 1.371 million
tons, down 18.4% from the previous cycle,
that is to say, 309 thousand tons less than
last year. Mato Grosso do Sul, Paraná and
Rio Grande do Sul are the three states likely
to suffer the biggest reductions.
63
>>ponto de vista VIEWPOINT
ROBERTO SIMÕES
Presidente do Conselho Deliberativo do Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
Pequeno, mas competitivo
Revista AgroBrasil 2011
Empreendimentos
rurais de menor
porte avançam
com respaldo
do Sebrae na
melhoria de
produtos e
processos
64
Em 2011, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) manteve o esforço para elevar a competitividade dos pequenos empreendimentos rurais, com a melhoria dos produtos e dos processos nos estabelecimentos e nas agroindústrias. De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo Nacional da instituição, Roberto Simões, o segmento contabiliza 417
projetos ativos em 14 setores, além de 175 mil atendimentos aos produtores.
O investimento total alcança a R$ 344 milhões, incluindo R$ 157 milhões de
2.700 parceiros.
E
ntre as ações desenvolvidas está
a Produção de Alimentos Seguros – Programa PAS, no setor leiteiro e derivados, mel, açaí e uva
para processamento industrial. O Sebrae
apoiou também o Programa Nacional
de Desenvolvimento da Suinocultura
(PNDS), juntamente com a Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
e a Associação Brasileira de Criadores de
Suínos (ABCS), atingindo a meta de aumentar o consumo per capita para 15 quilos um ano antes do previsto. O resultado,
assinala Simões, demonstra o êxito das
iniciativas de capacitação, sensibilização,
boas práticas e gastronomia em nove unidades da federação, com a adesão forte
de São Paulo, importante polo de produção em sistemas independentes e maior
mercado consumidor do País.
O dirigente destaca ainda, na aquicultura e pesca, o lançamento da cartilha
sobre licenciamento ambiental, um dos
entraves do setor e cujo conteúdo tem
ajudado o pescador e o aquicultor a desenvolver de maneira correta a atividade.
A cafeicultura e os derivados de canade-açúcar, com ênfase para a cachaça
certificada, receberam investimentos
para projetos e ações que estão diferenciando produtos e agregando valor,
com certificações de origem, indicações
geográficas (IG), certificações orgânica e
do comércio justo e solidário, denominado fair trade, especificamente no café,
em Minas Gerais e no Paraná. No mundo
todo, ressalta Simões, cada vez mais a origem do produto e suas especificidades
têm gerado valor ao produto e renda ao
produtor, e cada tipo de café (do Cerrado,
das Matas, da Chapada, etc) e sua certificação estão criando melhores condições
de competitividade.
O Sebrae tem priorizado ações de
inovação e tecnologia que resultem em
melhor qualidade e diferenciação. Paralelamente, a capacitação básica em gestão
e empreendedorismo ganha atenção,
POR AMADURECER No que
tange à exportação, o presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae,Roberto Simões,avalia que ainda é incipiente
para os micro e pequenos negócios rurais.
No entanto, observa que alguns já começam a sentir o bônus da diferenciação: na
fruticultura, os produtores de melão do
Rio Grande do Norte, após conseguirem
o selo de fair trade, obtiveram maior ganho financeiro ao colocar seus produtos
Sílvio Ávila
nas gôndolas do varejo britânico, assim
como cafeicultores de Minas Gerais e do
Paraná,que também têm a certificação do
comércio justo e solidário. Por outro lado,
constata o desafio de barreiras técnicas
impostas muitas vezes com rigor excessivo e gerando ganhos bem menores do
que poderiam ser obtidos.“O nosso mel e
demais produtos apícolas são exportados
a granel e depois fracionados, com o preço multiplicado muitas vezes, assim como
acontece, por exemplo, com o café convencional exportado para alguns países
da União Europeia”,menciona.
A liderança do Sebrae ressalta o esforço que vem sendo feito com relação a investimentos e oportunidades de negócio
ligados aos grandes eventos programados para ocorrerem no País, como Copa
do Mundo, Olimpíadas, Rio + 20 e outros
mais.“Brinco às vezes que estão todos preocupados com a copa, mas se esquecem
>>PERFIL
‘da cozinha’”,diz Simões, lembrando da necessidade de alimentar turistas e profissionais envolvidos. Para tanto, informa que se
está trabalhando de modo bastante seletivo, visto o nível de exigências desses
mercados, requerendo um esforço adicional em termos de qualidade e investimentos por parte do agricultor interessado em
atendê-los.
Aliás, melhorar a qualidade dos produtos, gerando melhor renda e maior produtividade nos processos, continuará sendo
o grande desafio do Sebrae em 2012,
acrescenta Simões. Além disso, sublinha a
relevância de conhecer e se adequar aos
requisitos do novo Código Florestal,levando o conceito da sustentabilidade para o
dia a dia do produtor rural, que ele qualifica como“herói do cotidiano”na produção
para um mercado cada vez mais exigente,
diante de obstáculos e adversidades de
toda ordem.
Divulgação
realizando-se, junto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Negócio Certo Rural (NCR), que atingiu mais
de 12 mil produtores rurais em cerca de
400 turmas presenciais. Simões enfatiza a
participação importante de filhos de agricultores, evidenciando “uma real atenção
à questão da permanência da juventude
no campo, um gargalo crônico do agronegócio brasileiro”.
A instituição prossegue no esforço de
adequação a normas compulsórias, como
a Instrução Normativa 51 na área da bovinocultura de leite e suas agroindústrias, ou
voluntárias,que normalmente buscam melhores mercados para produtos certificados. Na horticultura e olericultura, incentiva
a agroecologia por meio da implantação
de cerca de 2 mil unidades do sistema de
Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), gerando segurança alimentar e saúde aos agricultores e suas famílias,
além de excedente comercializável.
O produtor rural, engenheiro agrônomo e mestre em economia rural Roberto Simões preside o Conselho Deliberativo Nacional (CDN) do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), bem como a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg). É presidente
também do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar/MG) e vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA). Já atuou como diretor-geral do Centro de Estudos Rurais da
Secretaria de Estado da Agricultura de Minas Gerais, coordenador-geral da Comissão Estadual de Planejamento Agrícola (Cepa/MG) e diretor substituto do
Conselho Nacional de Desenvolvimento da Pecuária (Condepe). É membro dos
Conselhos de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado de Minas Gerais,
Administrativo da Emater/MG e do Deliberativo do Sebrae Minas Gerais.
65
Sílvio Ávila
ROBERTO SIMÕES
President of the Deliberative Council of the Brazilian Micro
and Small Business Support Service (Sebrae)
Revista AgroBrasil 2011
Small, but competitive
66
Under the
financial
umbrella of
Sebrae, smallscale rural
enterprises make
strides towards
improving their
products and
processes
In 2011, the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) spared no effort to strengthen the competitiveness of small rural enterprises, enhancing their business
units and agro-based industries. According to the president of the Institution’s National
Deliberative Council, Roberto Simões, the segment is running 417 active projects in 14
sectors, besides 175 thousand farm visits provided by the assistance program. It is a total
investment of R$ 344 million, including R$ 157 million from 2,700 partners.
T
he initiatives include the Safe Food Production PAS Program, in the sector of
dairy products, honey, Açaí and grapes
for industrial processing. Sebrae has
also lent support to the National Pig Raising
Development Program (PNDS), along with the
Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA) and the Brazilian Swine Breeders As-
sociation (ABCS), achieving the 15-kg per capita
consumption a year ahead of schedule. The
result, Simões comments, attests to the success
of the initiatives focused on qualification, sensitization, best practices and gastronomy in nine
states across Brazil, where São Paulo stands out
as a relevant production hub in independent
systems and largest national consumer.
With regard to agriculture and fishing, the official also recalls the launch of the environmental
license primer, one of the sector’s bottlenecks,
which has helped farmers
and fishers carry out their
activities in correct manner. Coffee farming and
sugarcaneproducts,where
certified cachaça deserves
praise, were granted investments for projects and
innovations, and are now
resulting into discerning
and value added products,
bearing certifications of
origin and geographical
indications (GI), organic
certifications and fair trade,
specifically for coffee in Minas Gerais and Paraná. All
over the world,Simões emphasizes, increasingly, the
origin of the product and
its specifications are credited with its high value and
the profits to the producers,
and every type of coffee
(from such regions as the
Cerrado, Matas, Chapada,
etc) and their certifications
are creating better conditions and boosting competitiveness.
Sebrae has always
given priority to innovation and technology
initiatives that result into
quality and discerning products. At the same
time, basic qualification in management and
entrepreneurship are also capturing attention,
while the Right Rural Business (RRB) program
is being conducted jointly with the National
Service for Rural Training (Senar), which was extended to 12 thousand rural producers, with 400
groups attending the program. Simões makes a
point of emphasizing the number of farmers’
children attending these training sessions, attesting to “a real concern with the question of
young people giving continuity to agriculture, a
chronic bottleneck in Brazilian agribusiness”.
The institution is always ready to adjust to
compulsory standards, like Normative Instruction 51 in the segment of dairy cattle and its agrobased industries, or volunteer industries in search
of better markets for their certified products. In
Horticulture and olericulture,the focus is on agroecology, through the implementation of about 2
thousand units in the Sustainable and Integrated
Agroecology Production System (Pais), generating food safety and health to the farmers and
their families, besides marketable surpluses.
IN THE PIPELINE With regards to
exports, Roberto Simões, president of Sebrae’s
National Deliberative Council, understands that
it is still too early for small and micro companies to consider sending their products abroad.
However, he observes that some of them are
coming to grips with the bonus that makes a
difference: in fruit farming, the melon growers in
Rio Grande do Norte, after being granted the fair
trade label, began to reap financial advantages
after placing their product in the shelves of supermarkets in Britain, and the same holds for
the coffee growers in Minas Gerais and Paraná,
who are also under the fair trade umbrella. On
the other hand, he also points to the challenges
posed by technical barriers, frequently excessively strict, resulting into smaller than expected
gains. “Our honey and other bee-based products are exported in bulk, and then transformed
in the country of destination and sold at prices
multiplied many times over. Just like what happens with conventional coffee exported to some
countries in Europe”,he recalls.
Sebrae officials point to the great efforts
devoted to matters regarding investments and
business opportunities linked to upcoming
scheduled events in the Country, like the World
Cup, Olympic Games, Rio + 20 and others. “I
sometimes joke that everybody is preoccupied
with the‘cup’, but they seem to forget the‘kitchen’”,
Simões jokingly comments, hinting at the need
to provide food for tourists and professionals. To
this end, he informs that selective work is being
conducted, considering the level of requirements
of these markets, calling for additional efforts in
terms of quality and investments by the farmers
interested in fulfilling their needs.
By the way, improving product quality, making hefty income and generating higher productivity rates in these processes, will be Sebrae’s
major concern throughout 2012, says Simões.
Furthermore, he underlines the importance of
getting aware of and adapting to the new requisites set forth by the recently enforced Forest
Code, whilst taking the sustainability concept to
the everyday life of the rural producers, whom
he qualifies as “everyday heroes” that supply an
increasingly discerning market, in the face of all
kinds of obstacles and difficulties.
>>PROFILE
Rural producer, agronomic engineer and a Master’s Degree in rural economy,
Roberto Simões presides over the National Deliberative Council (NDC) of the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) and over the Livestock and
Agriculture Federation of Minas Gerais (Faemg). He is also president of the Administrative Council of the National Rural Learning Service (Senar-AR/MG) and vice-president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA). He has already
served as director of the Rural Studies Center of the Secretariat of Agriculture in Minas Gerais, general coordinator of the National Committee for Agricultural Planning
(Cepa/MG) and assistant director of the National Council for Livestock Development
(Condepe). He is a member of the Social and Development Councils of the State of
Minas Gerais, Administrative Council at Emater/MG and Deliberative Council of
Sebrae Minas Gerais.
67
Inor Ag. Assmann
>>fertilizantes fertilizers
Excepcional
Revista AgroBrasil 2011
Entregas de
fertilizantes
ao consumidor
ultrapassam
volumes de anos
anteriores, com
possibilidade
de totalizar
28 milhões de
toneladas em 2011
68
O setor de fertilizantes já superava, até novembro de 2011, todos os resultados de vendas alcançados até então. As entregas ao consumidor final somaram
26,509 milhões de toneladas em onze meses, segundo a Associação Nacional
para Difusão de Adubos (Anda). Os negócios foram 16,3% além do volume de
22,800 milhões de t comercializadas no mesmo período de 2010. “Note que,
ainda sem computar o resultado de dezembro, o setor já tinha entregado um
volume 7,7% superior ao de todo o ano de 2007, que até o momento era o recorde histórico do segmento, com 24,608 milhões de t”,destaca David Roquetti
Filho, diretor-executivo da Anda.
O
estimado, conforme a RC
Consultores, era concluir
2011 com 28 milhões de t
entregues. “Se a projeção
for concretizada, representará um aumento de 13,8% sobre 2007 e de 14,2%
sobre 2010”, compara Roquetti Filho.
Relata ainda que o desempenho foi
favorecido pela relação de trocas, clima
e preços das commodities. As culturas
que mais demandaram os produtos
foram soja, milho, cana-de-açúcar, café
e algodão. O faturamento esperado
para 2011 era de US$ 17,2 bilhões. Para
2012, a consultoria projeta o mesmo
volume, sinalizando uma tendência de
estabilização.
Até novembro de 2011, o Brasil importou 18,624 milhões de t e produziu
9,039 milhões de t, significando crescimento de 31,5% e 4,1%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano
anterior. A exportação de 623.620 t de
fertilizantes, contudo, representa queda
de 10,9% sobre igual intervalo de 2010.
O aumento do consumo e a dependência externa são motivo de preocupação
para a cadeia produtiva de fertilizantes e
para o agronegócio nacional. Entre 2006
e 2010, em média, o Brasil importou 90%
de potássio (K), 73% de nitrogenados
(N) e 45% de fosfatados (P). Em 2010, o
País respondeu pela demanda de 6%
da produção global dos nutrientes NPK,
ocupando a sexta posição no ranking
mundial. Em primeiro lugar está a China,
com 30% do consumo, seguida por Índia
(16%) e Estados Unidos (12%).
A produção brasileira e a extração de
insumos está concentrada em poucos
players. Um dos entraves é que a expansão do segmento de fertilizantes requer
capital intensivo. Outro obstáculo é a
alíquota do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Prestação de Serviços
(ICMS) sobre a produção nacional, o
que torna os produtos importados mais
competitivos. Mesmo assim, segundo o
diretor-executivo da Anda, a indústria
nacional de fertilizantes deverá investir
US$ 13 bilhões até 2015/16. O valor re-
INDICADORES • INDICATORS
Desempenho do setor de fertilizantes (em t)
Janeiro a novembro
2010
2011
Variação (%)
Entregas
22.800.641
26.509.539
16,3
Produção nacional
8.679.031
9.039.076
4,1
Importações
14.160.772
18.614.744
31,5
Exportações
699.983
623.620
-10,9
Fonte: Anda
presentará 15% de todo o investimento
no mundo neste setor, que será em torno de US$ 88 bilhões. Esse recurso global se refere a 250 projetos no mundo
todo, que irão permitir o aumento da
capacidade mundial em 183 milhões
de toneladas. Conforme Roquetti Filho,
nos anos 2010/11, o investimento nacional do setor foi de US$ 1,5 bilhão, sendo
que em 2011 foram US$ 838,2 milhões,
29,8% a mais que os US$ 646 milhões do
ano antecedente.
Exceptional
Delivery of fertilizers to consumers
outstripped volumes of previous years, with
chances to reach 28 million tons in 2011
By November 2011, the fertilizer sector had already exceeded all results achieved up to that time. Deliveries to final consumers
amounted to 26.509 million tons in eleven months, according to the National Association for Fertilizer Distribution (Anda). The businesses were up 16.3% from the 22.800 million tons sold over the same period in 2010.“It must not be overlooked that, even without factoring
in the December result, the sector had already delivered a volume 7.7% higher compared to the entire year of 2007, which had been the
historical record of the sector up to that moment, with 24.608 million tons”, says David Roquetti Filho, executive director of Anda.
T
he projection, according to RC Consultores, was to bring 2011 to a close with
28 million tons delivered. “Should the
projection materialize, it will represent
an increase of 13.8% over 2007 and 14.2% over
2010”, comments Roquetti Filho. He also maintains that the performance took advantage
of exchange relations, climate conditions and
prices of the commodities. The crops that most
fertilizers required were soybean, corn, sugar
cane, coffee and cotton. The projected revenue
for 2011 was US$ 17.2 billion. For 2012, RC Consultores is projecting the same volume, signaling a stabilizing trend.
Up to November 2011, Brazil imported
18.624 million tons and produced 9.039 million tons, meaning an increase of 31.5% and
4.1%, respectively, from the same period the
previous year. Exports of 623,620 tons of fertilizers, nonetheless, represent a decrease of
10.9% from the same period in 2010. Rising
consumption and foreign dependence are
cause for concern for the fertilizer production
chain and for our national agribusiness. From
2006 to 2010, on average, Brazil imported 90%
of potassium (K), 73% nitrogen (N) and 45% of
phosphate (P). In 2010, the Country met the demand of global production of all NPK nutrients,
ranking sixth in the global market. China ranks
first, with 30% of all consumption, followed by
India (16%) and the United States (12%).
Production in Brazil and the extraction of
inputs is in the hands of only a few players. One
of the hurdles is that the expansion of the fer-
tilizer segment requires hefty capital. Another
obstacle is the state value added tax (ICMS)
levied on fertilizers produced in Brazil, turning the imported products more competitive.
Nevertheless, according to the executive director of Anda, the national fertilizer industry has
decided to invest US$ 13 billion by 2015/16.
The value represents 15% of all global investments in this sector, amounting to about US$
88 billion. This global financial grant refers to
250 projects around the globe, which will raise
the worldwide capacity by 183 million tons. According to Roquetti Filho, in the years 2010/11,
national investments in the sector reached
US$ 1.5 billion, whilst in 2011 it was US$ 838.2
million, up 29.8% from the US$ 646 million in
the previous year.
69
Sílvio Ávila
>>flores FLOWERS
Regar para florir
Revista AgroBrasil 2011
Enquanto as
exportações de
flores registram
baixos índices,
o crescimento
das importações
aquece o mercado
brasileiro
70
Ao contrário da beleza das plantas brasileiras, a receita alcançada com as
vendas externas murchou em 2011. Nos primeiros cinco meses do ano, as exportações nacionais atingiram a US$ 7,60 milhões, queda de 27,83% sobre os
resultados alcançados no mesmo período de 2010, quando ficou em US$ 10,53
milhões. Os valores, conforme análise da Hórtica Consultoria e Treinamento,
são reflexo do contexto econômico recessivo dos principais países compradores. O cenário, dessa forma, permanece determinando reduções globais na demanda pelos produtos da floricultura.
D
e janeiro a maio de 2011, o
principal grupo de produtos
foi o das mudas de plantas
ornamentais (69,01%), que
somou melhores resultados financeiros, com vendas externas de US$ 5,24
milhões. Apesar do bom desempenho,
esse valor significa redução de 30,04%
em relação ao mesmo período do ano
anterior, quando registrou US$ 7,49 milhões em vendas.
O grupo dos bulbos, tubérculos, rizo-
mas e similares em repouso vegetativo
também ocupou lugar de destaque,
com representação de 12,14% no mercado externo, somando US$ 922,23 mil.
O resultado, contudo, é 40,50% menor
em relação ao período de janeiro a maio
de 2010. As preferências evidenciam a
principal característica das exportações
do País – a de mercadorias destinadas à
propagação vegetativa.
Na balança comercial, as perdas junto ao mercado internacional também
MERCADO AQUECIDO Positivo. É assim que o presidente do Instituto
Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Kees
Schoenmaker, avalia o ano de 2011 para
o setor florista. Mesmo que a exportação de flores cortadas seja praticamente
nula, devido ao cenário atual do câmbio,
o mercado interno se mostrou favorável
e aquecido, afirma.
Entre as variedades preferidas de flores cortadas, Schoenmaker destaca rosas,
lírios e alstroemérias. A linha de jardinagem, como arbustos, árvores e grama,
entre outros, também registrou bom
desempenho, devido ao boom da construção civil. Para suprir a demanda dos
mercados regionais, a produção ocorre
em todos os estados brasileiros. O maior
produtor e consumidor é o Estado de São
Paulo, onde se localiza o município de Holambra, considerado a capital das flores.
Para 2012, a expectativa para o setor
de flores é que a produção cresça 5%,
enquanto as vendas internas devem
apresentar elevação de 10%, afirma
Schoenmaker. Estimular o consumo de
flores e plantas, que ainda apresenta
nível baixo, apesar do bom crescimento,
integra o leque de desafios do setor. En-
DESEQUILÍBRIO • IMBALANCE
Balança comercial da floricultura brasileira em 2011 (US$)
Mês
Exportação
Importação
Janeiro
1.813.577
1.871.890
Fevereiro
1.408.081
1.985.351
Março
1.205.526
3.209.067
Abril
1.296.553
3.202.756
Maio
1.874.319
4.708.796
Total
7.598.056
14.977.860
Fonte: Hórtica Consultoria e Treinamento
tre as ações estão aparições de espécies
em novelas, revistas de moda e cursos
para floristas, entre outros. A disponibilidade de produtos em supermercados,
por exemplo, possibilita facilidades ao
consumidor. Antes de qualquer ação,
no entanto, é necessário que o produto
esteja disponível com boa qualidade e
preço compatível.
Um dos fatores que chamaram a
atenção em 2011 foi a notável expansão
de produtos importados prontos para o
consumo. No período de janeiro a maio,
as rosas de corte frescas, por exemplo,
chegaram a representar 13,69% da pauta
global de importações, com crescimento
de 6,29% sobre o mesmo período do
ano anterior. Esse fenômeno justifica-se
pelo conjunto de indicadores favoráveis
observados na economia brasileira no
tocante à expansão dos níveis de emprego, ocupação e renda, além da estabilidade econômica experimentada pelo País.
O fato de países vizinhos de economia florícola essencialmente focada no
mercado internacional – especialmente
Colômbia e Equador – sofrerem mais intensamente os efeitos da recessão global, e a disponibilidade de seus produtos
para o consumo brasileiro têm influência direta na performance importadora.
Outro fator é a valorização cambial do
real em relação ao dólar, o que favorece
o ingresso de mercadorias estrangeiras.
Sílvio Ávila
foram registradas em outros grupos de
flores e plantas ornamentais, focadas no
consumo final. As exportações de rosas
e seus botões frescos representaram
apenas 0,94% dos embarques, enquanto que as de outras flores frescas e seus
botões, como gérberas, lírios, antúrios,
lisianthus e outras espécies tropicais, somaram participação de apenas 1,36%.
Em meio ao cenário de baixas exportações, porém, o Brasil conseguiu
aumentar a participação de suas mudas
junto a importantes compradores, como
Japão, México, Reino Unido, Argentina
e Uruguai. As importações, por sua vez,
equivaleram praticamente ao dobro dos
valores embarcados. Destinados à propagação vegetativa e, em parte, à reexportação, bulbos, rizomas, tubérculos e
similares foram as principais mercadorias
adquiridas em solo internacional. Juntas
sinalizam 31,16% do total importado.
71
Flowers need
water to flourish
Revista AgroBrasil 2011
While flower
exports are
lagging behind,
imported
flowers are
selling briskly
in the Brazilian
market
72
Contrary to the beauty of the Brazilian plants, revenue from foreign sales withered in
2011. Over the first five months of the year, our national exports reached US$ 7.60 million, down 27.83% from the results achieved over the same period in 2010, when revenues
remained at US$ 10.53 million. These values, according to an analysis by Hórtica Consultoria e Treinamento, are a reflection of the recessive economic context of the major flower
importing countries. Under such circumstances, the scenario continues pressing down
global demand for flower products.
J
anuary through May 2011, a major
product group was ornamental plants
seedlings (69.01%), which managed to
get the best financial results, with foreign
sales of US$ 5.24 million. Despite the good performance, this value represents a reduction of
30.04% from the same period last year, when it
registered US$ 7.49 million in sales.
Bulbs, tubers, rhizomes and similar groups
under vegetative dormancy also occupied a
prominent position, with a representation of
12.14% in the foreign market, amounting to
US$ 922.23 thousand. Nonetheless, the result
is down 40.50% from the January-May period
last year. Preferences attest to the main characteristics of Brazilian exports – products destined for vegetative propagation.
At the trade balance, losses from the international market were also evident in other
groups of flowers and ornamental plants, focused on final consumption. Exports of roses
and fresh button roses represented only 0.94%
Sílvio Ávila
of the shipments, while other fresh flowers
and buttons, like gerberas, lilies, anthurium, lysianthus and other tropical species, reached a
share of only 1.36%.
Amid a sluggish export scenario, nevertheless, Brazil managed to boost its share of
seedling sales to important buyers, like Japan,
Mexico, the United Kingdom, Argentina and
Uruguay. Imports, in turn, represented almost
twice as much as shipments abroad.
Destined for vegetative propagation
and, partly, for re-exportation, bulbs, tubers,
rhizomes and similar groups were the main
products acquired in the international marketplace. Together they account for 31.16% of
total imports.
HEATED MARKET Positive. This is
how the president of the Brazilian Floriculture Institute (Ibraflor), Kees Schoenmaker,
views the year 2011 for the flower sector. Although practically no cut flowers are exported, due to the present exchange rate policy,
the domestic market remained favorable
and heated, he says.
Among the most cherished varieties of
cut flowers, Schoenmaker highlights roses, lilies and Peruvian lilies. The garden plants line,
like shrubs, trees and grass, among others,
also showed good performance, due to the
boom in civil construction. To supply demand
in the regional markets, production occurs in
all Brazilian states. The biggest producer and
consumer is the State of São Paulo, home to
the municipality of Holambra, known as the
flower capital.
For 2012, the flower sector is expecting a
5-percent growth, while domestic sales are
supposed to soar 10%, says Schoenmaker.
To encourage the consumption flowers and
plants, still lagging behind in spite of the
good performance, is on the sector’s agenda.
The initiatives towards this end include the
presence of flowers in soap operas, fashion
magazines and courses for florists, among
others. Flowers on supermarket shelves
make it easier for buyers to acquire them.
Before any move, nonetheless, the product
must be available in good quality and at
competitive prices.
One of the factors that grabbed the attention of customers in 2011 was the incredible expansion of ready to consume products.
January through May, fresh cut roses, for example, represented 13.69% of all global flower
imports, up 6.29% from the same period the
previous year. This phenomenon explains itself
through the set of favorable indicators observed in the Brazilian economy with regard to
the expansion of job positions, soaring income,
besides the economic stability the Country is
experiencing. The fact that neighboring countries with
their economy essentially focused on the international market – particularly Colombia and
Ecuador – have been more intensely affected
by the global recession, and the availability of
their products to the Brazilian consumers, was
a factor in Brazil’s flower importation performance. Another factor has to do with the high
value of the real against the dollar, which favors the entrance of foreign products
73
Sílvio Ávila
>>frutas FRUITS
Revista AgroBrasil 2011
Ascensão doméstica
74
Consumo
interno de
frutas tem
aumentado,
enquanto
exportações
sofreram
retração em
2011 e exigem
ações para
impulsioná-las
O crescimento da renda per capita da população brasileira, com a ascensão
de mais de 30 milhões de pessoas à faixa de consumo, levou ao aquecimento
do mercado de frutas no País em 2011. Essa foi uma boa notícia em um ano
em que as intempéries climáticas trouxeram quebras expressivas em importantes espécies.
D
ados preliminares apontam
que a produção em 2011
foi de 42 milhões de toneladas, quantidade similar
à colheita de 2010, conforme balanço
do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). São Paulo domina o
parque frutícola nacional, com 42% do
total, seguido de Bahia, Minas Gerais, Rio
Grande do Sul e Pará. Entre as espécies
de importância comercial, os destaques
são para a laranja, com 43% da área cultivada, e a banana, com 16%. Na sequên-
cia aparecem melancia, abacaxi, mamão
e coco da Bahia.
O presidente do Instituto Brasileiro
de Frutas (Ibraf), Moacyr Saraiva Fernandes, destaca que não houve plantios expressivos no que se refere aos
cultivos anuais.“O que tem ocorrido são
reconversões”, explica. Ele cita o caso da
manga, um dos principais itens produzidos no Vale do Rio São Francisco, no
Nordeste. “Antes o plantio era concentrado na variedade Tommy Atkins, que
chegou a seu esgotamento. Os produ-
LÁ FORA O fechamento das vendas externas de frutas em 2011 revelou
queda de 10,29% no volume e aumento
de 3,94% no faturamento. Os números,
divulgados pelo Ibraf, são da Secretaria
de Comércio Exterior (Secex), órgão do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No total
foram embarcadas 681,2 mil toneladas,
que renderam US$ 633,6 milhões.
O presidente do Ibraf, Moacyr Saraiva Fernandes, explica que a retração
nas vendas ao exterior foi puxada pela
menor comercialização de maçãs e de
bananas, espécies bastante representativas. Os dois itens tiveram diminuição no embarque de 46,43% e 21,14%,
respectivamente. Na receita a retração
foi de 34,87% em maçãs e 13,55% em
bananas.
Outros fatores colaboraram para
diminuir as transações internacionais.
Um deles foi a valorização do real, que
na conversão ao dólar fez com que os
PARA VIAGEM • TO THE WORLD
Exportações brasileiras das principais frutas frescas
Frutas
Valor (US$)
2011
Volume (t)
2010
2011
2010
Melão
128.353.767
121.969.814
169.575
177.828
Manga
140.910.324
119.929.762
126.430
124.694
Banana
39.247.836
45.398.163
110.053
139.553
Limão
65.806.140
50.693.603
66.457
63.060
Uva
135.782.857
136.648.806
59.391
60.805
Maçã
36.059.461
55.365.805
48.666
90.839
Laranja
16.364.077
16.276.736
33.310
37.821
Melancia
13.877.107
12.356.105
29.287
28.261
Mamão
38.887.743
35.121.752
28.822
27.057
Total geral
633.639.942
609.612.136
681.268
759.420
Fonte: Secex/Ibraf
exportadores perdessem dinheiro. A
crise nos países europeus, região que
é o destino de 80% das frutas vendidas pelo Brasil, também foi responsável
pelo resultado negativo. Para 2012, a
perspectiva é de aumento no volume
de embarques entre 5% e 10%.
Com o intuito de ampliar a participação brasileira no mercado mundial,
o Ibraf realiza ações junto à Agência
Brasileira de Promoção de Exportações
e Investimentos (Apex-Brasil). Em 2010,
o setor preparou um planejamento es-
tratégico com metas até 2015. Fernandes explica que o objetivo é manter os
clientes já consolidados e buscar novos
espaços. Estão na mira países da região
do Golfo Pérsico, do Leste Europeu e a
China. Segundo o presidente do Ibraf,
é necessário não somente ampliar o
número de clientes, mas diversificar os
itens exportados. Ele cita como potenciais fontes de interesse ao público estrangeiro as espécies amazônicas e as
chamadas superfrutas, como açaí, guaraná e goiaba vermelha.
Inor Ag. Assmann
tores fizeram a substituição por outros
tipos, como Haden, Palmer e Kent, mais
aceitas nos mercados interno e externo”,
evidencia.
Algumas importantes culturas sofreram duras perdas pela ação devastadora do clima. O pior caso ocorreu com a
maçã, principalmente na serra de Santa
Catarina, em municípios como São Joaquim e Urupema. Tempestades de granizo em novembro de 2011 e janeiro de
2012 arruinaram pomares. O governo
estadual estima quebra de mais de 40%
na safra de maçã. No Rio Grande do Sul,
em Vacaria, na região dos Campos de
Cima da Serra, também ocorreram perdas em macieiras.
O mamão, produzido principalmente na região Nordeste, também
teve perdas por causa do excesso de
chuva. No Sudeste, onde a enchente
castigou várias regiões, foram registrados problemas com o cultivo da
uva niágara. Fernandes destaca, no
entanto, que algumas espécies tiveram boa produção. É o caso da manga,
da banana e dos citros.
75
Revista AgroBrasil 2011
Domestic
consumption
on the rise
76
Fruit
consumption
has been rising
at home, while
exports went
down in 2011,
and actions
are required to
bring them back
on track
Soaring per capita income in Brazil, with upwards of 30 million people making their
way into the consumer class, had positive reflections on the fruit market, which soared
considerably in 2011. This was good news in a year afflicted by unfavorable weather conditions that took a heavy toll on many important fruit crops.
P
reliminary data point to a production of 42 million tons in 2011, much
in line with the previous year, according to a survey conducted by the Brazilian Institute of Geography and Statistics
(IBGE). São Paulo is the leading player in the
national fruit park, with 42% of the total, followed by Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do
Sul and Pará. Among the commercial species,
oranges and bananas are market leaders, the
former accounts for 43% of the planted area,
and the latter for 16%. The following fruit
come next: watermelons, pineapples, papaya
and coconut in Bahia.
The president of the Brazilian Fruit Institute (Ibraf), Moacyr Saraiva Fernandes, comments that there have been no expressive
plantings in terms of annual cultivations.“Reconversions have been the rule”, he explains.
He makes a special reference to mangoes, a
major species cultivated in Vale do Rio São
Francisco, in the Northeast. “Up to some years
ago, Tommy Atkins used to be one of the most
planted varieties, but it is now on the decline.
Most producers have replaced it with other
types, like Kent, Palmer and Haden, now preferred both at home and abroad”, he clarifies.
Some important crops suffered severe
Sílvio Ávila
damage from devastating climate conditions. Apples were hit the most, particularly
in the sierra regions of Santa Catarina, in municipalities lilke São Joaquim and Urupema.
Hailstorms in November 2011 and January
2012 made entire orchards collapse. The
State Government refers to 40% losses in the
apple crop. In Rio Grande do Sul, more precisely in the town of Vacaria, in the Campos
de Cima da Serra region, apple orchards suffered heavy losses.
Papaya plantations, mostly located in
the Northeast, were damaged by excessive
precipitation levels. In the Southeast, where
floods caused havoc in several regions, Niagara grapes seem to have suffered the most.
Nevertheless, Fernandes points out that some
fruit varieties, like mangoes, bananas and citrus, were characterized by high yields.
ABROAD In 2011, fruit sales abroad
came to a close with a reduction of 10.29%
in volume, while revenues soared 3.94%. The
figures published by Ibraf were furnished by
the Brazilian Secretariat of Foreign Trade
(Secex), an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC). Total shipments amounted to 681.2 thousand
tons, which brought in US$ 633.6 million.
The president of Ibraf, Moacyr Saraiva
Fernandes, explains that the smaller foreign
shipments are the result of sluggish sales of
apples and bananas, two very representative fruit species. The shipments of the two
items decreased by 46.43% and 21.14%, respectively. In revenue this retraction reached
34.87% in apples and 13.55% in bananas. There were other factors that caused international transactions to slow down. One
of them was the high value of the real, the
Brazilian currency, which, against the dollar,
made the Brazilian producers lose money.The
crisis in the European countries, region that is
the destination of 80%b of all Brazilian fruit
shipments, was also responsible for the negative result. For 2012, the perspective is for foreign shipments to soar from 5% to 10%. With the aim to expand the Brazilian
share in the global market, Ibraf is taking
initiatives jointly with the Brazilian Agency
for the Promotion of Investments and Exports (Apex-Brasil). In 2011, the sector came
up with a strategic plan setting targets until 2015.
Fernandes explains that the intention is
to maintain the already consolidated clients
and find the way into new markets. Brazil is
keeping an eye towards the Persian Gulf region, Eastern Europe and China. According to
the president of Ibraf, it is not enough simply
to expand the number of clients, but there is
need to diversify the items that are exported.
He refers to the Amazon species and the socalled superfruit, like açaí, guarana and red
guava as items that could possibly attract
new foreign markets.
77
>>ponto de vista VIEWPOINT
ANTONIO JORGE CAMARDELLI
Presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec)
Sempre melhor
Revista AgroBrasil 2011
Queda nas vendas
registrada pelo
setor pecuário
motiva a busca
por novas
alternativas de
mercado e ações
que impulsionem o
desenvolvimento
78
Frente aos números da exportação brasileira de carne, os sentimentos ficam divididos. Enquanto o volume enviado ao exterior apresentou queda de
mais de 10% – foram 1,097 milhão de toneladas –, a receita de US$ 5,375 bilhões representou aumento de 11,65%, devido à alta dos preços. Mesmo com
a retração nos embarques, consequência da compra reduzida de importantes
clientes, como União Europeia e Rússia, a pecuária não tem motivos para desanimar.
E
m entrevista concedida, por telefone, à Revista AgroBrasil - Balanço
Brasileiro do Agronegócio, o presidente da Associação Brasileira
das Indústrias Exportadoras de Carnes
(Abiec), Antonio Jorge Camardelli, afirma
que, apesar das dificuldades e dos entraves em torno do mercado, da oferta e do
câmbio – pilares da economia, de acordo
com o executivo –, o ano de 2011 para a
pecuária brasileira foi positivo. A meta de
arrecadar receita de mais de US$ 6 bilhões
ao longo de 2012 reafirma o otimismo da
entidade e de toda a cadeia produtiva. No
fim do ano, se o objetivo for atingido, será
a primeira vez na história que o setor nacional registrará esse resultado.
De acordo com Camardelli, ao longo
de 2011 a entidade procurou efetivar um
novo ambiente de negócios para o setor
pecuário. Nos últimos anos, o câmbio desfavorável e as crises financeiras internacionais influenciaram na proximidade do
Brasil com os principais mercados competidores. Por isso, a necessidade de estudar
e criar estratégias para potencializar a par-
ticipação nacional.
No primeiro trimestre de 2012, por
exemplo, a Abiec deve colocar em prática
a primeira fase de um programa de logística criado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP). A iniciativa consiste
em um sistema informatizado para desburocratizar o trâmite de embarques de carnes para o exterior. Segundo Camardelli,
que acredita no sucesso do experimento,
acelerar os processos e trazer eficiência ao
processo de exportação são os principais
objetivos do projeto.
EM FRENTE Assim que assumiu
a presidência da Abiec, uma das missões
de Antonio Jorge Camardelli era promover a reestruturação da cadeia produtiva
da carne. Após o primeiro ano de trabalho, o presidente analisa que há um bom
encaminhamento referente à questão.
Para exemplificar, cita que há trabalhos
de recuperação do mercado nos Estados
Unidos, onde as vendas caíram em 2011.
A baixa, no entanto, ainda é reflexo do episódio ocorrido em maio de 2010, quando
entidade. Ao mesmo tempo há a previsão de crescimento nas exportações de
carne bovina, com projeção de 10% nos
volumes e de 20% na receita. O incremento justifica-se pela expectativa de vendas
para os principais mercados do Brasil,
como a Rússia, que deve habilitar mais
frigoríficos.
Entre a estratégia de trabalho, o setor
brasileiro deve atuar com força e perseguir os mercados abertos ao produto,
como Angola, Marrocos e Cuba, e superar
bloqueios impostos na Coreia do Sul, no
Japão e na Indonésia, por exemplo. É importante, contudo, que todos saibam va-
lorizar e trabalhar os diferenciais nacionais,
como a carne do boi alimentado a pasto.
Mais do que recuperar espaços competitivos e aprimorar processos de logística, Camardelli acredita que todos os envolvidos devem ter suas responsabilidades esclarecidas e delimitadas. Minimizar
a intervenção do governo e possibilitar
garantias de consumo e remuneração
ao produtor são pontos-chave para o
desenvolvimento. No campo, a pecuária
quer mais que cabeças de gado sadias e
de qualidade. Ela quer tranquilidade, tanto para quem produz, quanto para quem
exporta.
>>PERFIL
Divulgação
Sílvio Ávila
os norte-americanos detectaram resíduos
de vermífugo, acima do permitido, na carne brasileira.
Além da recuperação da imagem em
solo estadunidense, Camardelli acredita
que o diálogo de todo o setor, principalmente com a cadeia de varejo, é essencial
para promover ainda mais a pecuária nacional. Aproximar todos os segmentos envolvidos, contemplar visões a todo o grupo é sinônimo de bons frutos e de ações
mais eficientes e melhor estruturadas.
Para 2012, o dirigente destaca que a
ampliação de mercados, incluindo países
da Europa, é uma das perspectivas da
Gaúcho, natural de Soledade, nascido em 11 de abril de 1953, Antonio Jorge Camardelli é formado em Medicina Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Antes de ser
eleito, no fim de 2010, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), atuou no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi diretor-executivo da Abiec
na gestão do ex-ministro Pratini de Moraes, entre 2003 e 2008, além
de trabalhar como diretor de estratégia empresarial do Grupo JBS. Na
Abiec, seu mandato atual segue até setembro de 2013, quando poderá
ser renovado.
79
Robispierre Giuliani
ANTONIO JORGE CAMARDELLI
President of the Brazilian Association of Meat Exporting Industries (Abiec)
Revista AgroBrasil 2011
Better and better
80
Sluggish sales
prompt the
sector to go
in search of
new market
alternatives and
actions that lead
to development
Brazil’s meat export numbers seem to give rise to divergent opinions. While the
volume of shipments sent abroad dropped over 10% - totaling 1.097 million tons -,
the revenue of US$ 5.375 billion represented an increase of 11.65%, due to soaring
prices. In spite of the retraction in shipments, resulting from reduced purchases by important clients, like the European Union and Russia, the players of our cattle breeding
operations have no reasons for discourage.
A
t an interview given to Revista
AgroBrasil – Brazilian Agribusiness Balance, over the telephone,
the president of the Brazilian Association of Meat Exporting Industries (Abiec),
Antonio Jorge Camardelli, maintains that,
despite all difficulties and bottlenecks faced
by the market, supply and the exchange
rate – pillars of the economy, in the official’s
view – 2011 was a positive year for Brazilian
cattle farming business. The target to rake in
revenue in excess of US$ 6 billion over 2012
the target is achieved, it will be the first time
in history for the sector to celebrate such a
result.
According to Camardelli, in 2011 the entity was engaged in coming up with a new
business environment for the livestock sector. Over the past years, the unfavorable exchange rate and the international financial
crises had a negative influence on Brazil’s
attempts to get closer to all major competitor markets. Thus, the need to go in search
of, and create strategies capable of expanding our national share. In the first quarter of
2012, for example, Abiec is supposed to enact the first phase of a logistic program created jointly with the University of São Paulo
(USP). The initiative consists of a computerized system intended to remove the bureaucratic entanglements involved in any meat
shipment abroad. According to Camardelli,
who believes in the success of the experiment, speeding up the processes and making them more efficient are major objectives
of the project.
AHEAD As soon as he took office as
president of Abiec, one of Antonio Jorge
Camardelli’s missions was the promotion
and restructuring of the meat production
chain. After the first year, he analyzes that
the question is now on the right track. As an
example, he refers to the recovery endeavors
of the North-American market, where sales
declined in 2011. The fall in sales, however, is
still a reflection of an incident that occurred
in May 2010, when the United States detected higher-than-allowed proportions of a
certain vermifuge in the meat from Brazil.
Besides the recovery of the image in
>>PROFILE
North-American territory, Camardelli has
it that a dialog with the entire sector, especially with the retail chain, is essential to
promote even further our national cattle
business. To get together all segments involved and let the entire group informed is
synonymous with good fruits and more efficient endeavors toward firmly structuring
the segment.
For 2012, the official mentions that market expansion, including countries in Europe,
is one of the entity’s perspectives. In the
meantime, there is expectation for soaring
bovine meat exports, some 10% in volume
and 20% in revenue. This increase is justified
by the sales expectations to Brazil’s major
markets, like Russia, which is supposed to
qualify more meat packing plants.
Among the promotional strategies, the
Brazilian sector should work in earnest and
seek markets open to the product, like Angola, Morocco and Cuba, and surmount
barriers imposed by South Korea, Japan and
Indonesia. It is also very important for all
involved to value and focus on the specific
qualities of our meat, like beef from pasture
fed cattle.
More than just recover competitive markets and improve our logistic processes, Camardelli maintains that all people involved
should have their responsibilities clarified
and delimited. To minimize government
interventions and provide consumption
guarantees and grower remuneration are
key points that trigger development. On the
grasslands, the sector wants more than just
healthy and qood quality head of cattle. The
sector wants to make it easier for those who
produce and for those who export.
Divulgação
reaffirms the spirit of endeavor of the entire
production chain. At the end of the year, if
Gaucho, born in Soledade, on 11th April 1953, Antonio Jorge Camardelli graduated in Veterinary Medicine at the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul (PUC-RS). Before his election, in late 2010, as
president of the Brazilian Association of Meat Exporting Industries (Abiec),
he served as Minister of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), as
chief executive of Abiec during former minister Pratini de Moraes’s term in
office, from 2003 to 2008, and he also served as entrepreneurial strategy
director at Grupo JBS. At Abiec, his current tenure ends in September 2013,
when a reelection is possible.
81
Sílvio Ávila
>>gado de corte beef cattle
Revista AgroBrasil 2011
Queda recompensada
82
Menores
em volume,
exportações
brasileiras de
carne foram mais
rentáveis em 2011
que no período
anterior
Em 2011, o Brasil exportou menos carne bovina, mas ainda assim obteve
melhores preços no mercado internacional, segundo relatório da Scot Consultoria. Considerando miúdos e tripas, o volume embarcado alcançou a 1,74
milhão de toneladas em equivalente carcaça (tec), ou 10,75% menos que em
2010. O faturamento, no entanto, somou US$ 5,5 bilhões, desempenho 11,73%
superior ao obtido no ano anterior. Esse comportamento resulta do aumento do preço médio da carne bovina brasileira no mercado externo para US$
3.164,64/tec, valor 24,78% maior que a média de 2010.
O
s embarques voltaram ao
patamar de 2008 e indicam para recuperação em
2012, segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec),
Antonio Jorge Camardelli. A valorização do dólar em relação ao real, em
certa medida, auxilia as exportações.
Conforme relatório da Scot Consultoria, a média do dólar para venda em
2011, que ficou em R$ 1,87, foi 6,25%
superior a 2010.
“A valorização do dólar pode, por
um lado, tornar as exportações mais
rentáveis, mas por outro pode encarecer a produção da carne bovina, principalmente em função dos insumos
influenciados pela moeda”, explica
Alcides de Moura Torres Junior, diretor-presidente da Scot Consultoria. O
Brasil importou 45,3 mil toneladas em
equivalente carcaça de carne bovina,
alta de 10,17% sobre 2010. O produto adquirido no exterior ficou 29,3%
mais caro, com preço médio de US$
5.477,54/tec. O País desembolsou US$
248,4 milhões, ou 42,4% a mais que no
ano anterior.
Um conjunto de fatores influenciou
o mercado do boi gordo ao longo do
ano, como a demanda por carne, a renda da população, a concorrência com
carnes alternativas e o clima, que afe-
ta o desenvolvimento das pastagens
e das culturas agrícolas. “Devido à retenção de matrizes, que ocorreu entre
2007 e 2010, há tendência para 2012
de maior oferta de animais, o que tende a impactar nos preços e nos investimentos da atividade”, comenta Torres
Junior. O consumo mundial de carne
deverá crescer 1,5% ao ano nos próximos 10 anos, segundo projeções da
Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO). No
Brasil, o quadro não é diferente. Para
2012, o Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA) projeta incremento de 2% na demanda.
Apesar da crise europeia, que reflete na economia mundial, previsões do
USDA para a pecuária de corte no Brasil, em 2012, são positivas e apontam
para aumento no rebanho e acréscimo de 2% na produção de carne.
“Nesse cenário, a rentabilidade das
exportações poderá ser maior, caso o
boi não suba mais do que o preço médio da tonelada da carne no mercado
externo e o câmbio seja favorável. Estima-se que o Brasil exporte 4% a mais
em volume”, afirma Pamela Alves, analista da Scot Consultoria. Para 2012,
a Abiec projeta crescimento de 10%
nas vendas externas de carne bovina
em volumes e 20% em receita com a
perspectiva de recuperação das transações para os principais mercados do
Brasil. Um deles é a Rússia, que deve
habilitar mais frigoríficos.
EM CASA O preço médio da arroba do boi gordo no País foi relativamente positivo em 2011. Entre janeiro e outubro, os valores nominais su-
peraram o mesmo período em 2010.
A cotação média em novembro, em
São Paulo, foi de R$ 103,70, a maior
do ano. O diretor-presidente da Scot
Consultoria, Alcides de Moura Torres
Junior, destaca que a diminuição da
oferta de gado proveniente de confinamentos e a baixa disponibilidade
de animais de pasto em volume suficiente para atender à demanda geraram a valorização.
Ainda segundo ele, as escalas de
abates nos frigoríficos paulistas foram,
em média, de três dias, um a menos
que em 2010, o que, em parte, reflete
a oferta mais restrita de animais terminados.“Em 2011, os custos da pecuária
de corte, de baixa e alta tecnologias e
do confinamento, ficaram maiores em
16,6%, 20,3% e 35,3%, respectivamente, sobre 2010”, destaca Torres Junior.
Estudo da mesma empresa demonstra que os custos de produção
do confinamento subiram devido,
principalmente, à alta superior a 30%
no preço de alimentos concentrados,
suplementos minerais e fertilizantes.
“Criar gado exigiu maior desembolso
do pecuarista, com destaque para o
confinador, que também teve a rentabilidade reduzida”, aponta o analista.
O índice Equivalente Carcaça calculado pela Scot Consultoria indica a
receita obtida pelo frigorífico com a
venda de carne com osso, couro, sebo,
miúdos, derivados e subprodutos bovinos. A margem média da indústria
frigorífica, em 2011, foi de 14,57%, praticamente igual à média de 2010, de
14,61%. Portanto, compradores de boi
e vendedores de carne mantiveram os
resultados.
MAIS CARO • MORE EXPENSIVE
Custos de produção da pecuária de corte (R$)
Ano
Confinamento
(120 dias)
Baixa tecnologia
Alta tecnologia
2010
652,55
579,84
785,51
2011
721,14
697,38
1.062,90
Variação (%)
16,6%
20,3%
35,3%
Fonte: Scot Consultoria
83
Robispierre Giuliani
Reaping the
result of a decline
Revista AgroBrasil 2011
Smaller
in volume,
Brazilian
beef exports
brought in
more revenue
in 2011 than in
the previous
period
84
In 2011, Brazil exported less bovine meat, but managed to get better prices in the international marketplace, according to a report by Scot Consultoria. Considering giblets and
intestines, the volume shipped abroad reached 1.74 million tons carcass weight equivalent, or down 10.75% from 2010. Revenue, however, amounted to US$ 5.5 billion, up
11.73% from the year before. This behavior stems from the higher average price fetched
by Brazilian bovine meat in the foreign market, reaching US$ 3,164.64/tec (foreign market tariff), up 24.78% from the average price in 2010.
T
he shipments receded to the 2008
levels and signal recovery throughout 2012, according to the president of the Brazilian Association of
Meat Exporting Industries (Abiec), Antônio
Jorge Camardelli. The value of the dollar
against the real, in a way, favors exports.
According to a report by Scot Consultoria,
in 2011, a dollar represented R$ 1.87, on average, meaning it was up 6.25% from 2010. “The rising value of the dollar could, for
one thing, make Brazilian exports more
profitable, but, on the other hand, could
also raise the production costs of the bovine
meat, particularly in light of the inputs that
suffer an influence from the currency”, explains Alcides de Moura Torres Junior, presi-
dent of Scot Consultoria. Brazil imported
45.3 thousand tons equivalent weight carcass of bovine meat, up 10.17% from 2010.
The product brought in from abroad was
29.3% more expensive, and was acquired
at an average price of US$ 5,477.54/tec. The
Country shelled out US$ 248.4 million, or
42.4% more than the previous year.
A number of factors exerted an influence on fat animals over the year, like demand for meat, income of the population,
competition with alternative meats and
the climate, which affects the development
pasturelands and other crops. “Due to the
retention of the breeding herd, which occurred from 2007 to 2010, the trend for
2012 is for more animals for slaughter,
which could have an impact on the prices
and investments of this activity”, comments
Torres Junior. Global meat consumption is
to soar 1.5% a year over the next 10 years,
from projections of the Food and Agriculture Organization of the United Nations
(FAO). In Brazil, the picture is not different.
For 2012, the United States Department of
Agriculture (USDA) projects a 2-percent rise
in demand.
In spite of the European crisis, which has
reflections on the global economy, USDA’s
forecasts regarding Brazilian beef cattle for
2012 are optimistic and point to a bigger
herd and an increase by 2% in meat production. “Within this scenario, profits from
exports could soar, should the price of meat
not exceed the average price per ton in the
international market, if the exchange rate
keeps favorable. Brazilian meat exports are
estimated to go up by 4% in volume”, says
Pamela Alves, analyst with Scot Consultoria. For 2012, Abiec projects a 10-percent
rise in the volume of foreign bovine meat
sales and 20% in revenue, with the perspectives of recovering the main transactions
with the main Brazilian markets. One of
them is Russia, which is supposed to qualify
more meat packing industries.
AT HOME The average price of an
arroba of bovine meat in Brazil was relatively satisfactory in 2011. From January
to October, the nominal values outstripped
the numbers of the same period in 2010.
The average price in São Paulo, in November, was R$ 103.70, the highest over the
year. The president of Scot Consultoria, Alcides de Moura Torres Junior, insists that the
falling supplies of bovine meat in light of
confinement operations and scarce availability of cattle on the pasturelands made
it difficult to meet demand and pressed up
prices. Still according to him, the slaughter
scales in the meat packing plants in São
Paulo comprised, on average, three days,
one less than in 2010, which, partly reflects
the more restrict offer of finished animals.
“In 2011, the production costs of beef cattle,
either low or high technologies, including
confinement, soared by 16.6%, 20.3% and
35.3%, respectively, compared to 2010”, says
Torres Junior.
A study by the same company demonstrates that the production costs of confinement operations rose due to the 30-percent rise in the price of food concentrates,
mineral supplements and fertilizers. “Cattle
rearing made things more expensive for the
farmers, especially those involved with confinements, whose profits also went down”,
says the analyst.
The Carcass Weight Equivalent index
calculated by Scot Consultoria specifies the
profits derived by the meat packing plant
from the sales of meat on the bone, leather,
tallow, giblets and bovine byproducts. The
average margin of the meat packing industry, in 2011, was 14.57%, practically equal
to the 2010 average of 14.61%. Therefore,
cattle buyers and meat sellers maintained
their results.
Inor Ag. Assmann
>>GADO DE LEITE Dairy cattle
Revista AgroBrasil 2011
Ao sabor da demanda
86
Mercado
doméstico
aquecido estimula
o crescimento
da produção, que
tem espaço para
avançar também
no cenário
internacional
Com a melhora da renda da população brasileira, o mercado interno de leite
cresceu nesta década e, junto com preços mais atrativos ao produtor, fez elevar
a produção. No ano de 2010, foram tirados 30,7 bilhões de litros de 22,9 milhões de vacas no País, conforme apurou o Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG). O aumento foi de 5,5%
em relação ao ano anterior, enquanto o rebanho cresceu 2,2% e a produtividade, 3,3%, ficando em 1.340 litro/vaca/ano.
O
volume obtido em 2011 ainda não estava calculado até
o início de 2012, mas previase elevação próxima a 3%, o
que resultaria em total de 31,6 bilhões
de litros. Para explicar a redução no ritmo do crescimento, mencionava-se o
incremento de custos verificado no ano.
Ao mesmo tempo em que os preços
continuavam interessantes – a variação
anual até novembro atingia 19,60%, com
remuneração média de R$ 0,854/l neste
mês –, os gastos tiveram alta acumulada
de 21,11% no período.
Acrescia-se às justificativas pequena
redução nas cotações internacionais e
elevação das importações brasileiras,
estimuladas pela defasagem cambial.
Enquanto em meados da década o País
conseguia alcançar resultados positivos
na balança comercial de lácteos, de 2009
para cá a situação se alterou e em 2011 o
saldo negativo em receitas ficou em US$
488 milhões. O valor importado cresceu
ESPAÇO MUNDIAL No âmbito
internacional, no qual a produção avança anualmente, analistas verificam para o
futuro alta demanda por produtos lácteos líquidos, particularmente nos mercados emergentes. Para tanto, vislumbra-se
oportunidade de o Brasil crescer nesse
comércio a partir de uma situação cambial favorável e do crescimento qualita-
DOSE REFORÇADA •
REINFORCED DOSAGE
Produção de leite no Brasil (mil l)
Ano
Volume
2009
29.105.496
2010
30.715.459
2011*
31.600.000
Fonte: CILeite/Embrapa Gado de Leite – *Estimativa
tivo da produção. Nesse sentido, busca
evoluir no controle sanitário, tendo desde 2002 normas específicas, como a Instrução Normativa 51 (IN 51) do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), voltadas a esse objetivo.
Ao fim de 2011, após negociações
entre governo e setor produtivo, o Mapa
publicou mais uma instrução normativa,
a 62, que altera a de 2002, adaptando
prazos e limites para contagem de bactérias e de células somáticas, além de
definir outros aspectos no plano da qualidade. Para atingir as metas, destinou-se
papel importante à indústria, estimulando, por exemplo, remuneração melhor a
quem entrega o leite cru nas melhores
condições.
A expectativa do governo é que o
País possa alcançar uma posição mais
forte no mercado mundial de leite, no
qual ainda não é significativa. A projeção é de que a exportação possa crescer
em torno de 4,3% ao ano na próxima
década, atingindo mais de 300 milhões
de litros. No plano da produção, igualmente se prevê a continuidade do crescimento. Nos últimos dez anos, o índice
de avanço médio anual ficou em torno
de 4,4% e o Brasil chegou a ocupar a
quinta posição mundial em 2010, ultrapassando a Alemanha. Há previsões de
incremento entre 1,9% a 2,5% ao ano,
ultrapassando a 40 bilhões de litros na
passagem de 2020.
A evolução repercute no campo econômico e social do País, onde a cadeia
produtiva do setor ocupa, conforme dados de 2010, 4 milhões de trabalhadores,
a maioria em 1,2 milhão de propriedades produtoras e de pequeno porte. O
faturamento no mercado lácteo brasileiro atingiu no ano o expressivo valor de
R$ 44,5 bilhões.
Inor Ag. Assmann
84,4% em relação a 2010, chegando a
US$ 609 milhões, com destaque para leite em pó e queijos. A exportação diminuiu 22,1%, somando US$ 121 milhões,
sobressaindo-se o condensado.
Em relação à entrada de produto estrangeiro, a maior parcela provém dos
países vizinhos Argentina e Uruguai.
Com relação ao primeiro, o Brasil conseguiu renovar em novembro passado um
acordo de cotas de importação, que passaram para 3.600 toneladas por mês de
leite em pó desnatado. O entendimento
evita surtos da operação prejudiciais aos
produtores brasileiros. O setor busca
também controlar as compras do Uruguai, que cresceram mais em 2011.
87
Revista AgroBrasil 2011
At the mercy of demand
88
With the domestic
market back on
track, production
growth is
encouraged and is
now in a position
to make it to the
international
scenario
With the higher purchasing power of the Brazilian population, the domestic milk market made strides over the decade and, along with more attractive prices at producer level,
production went up, too. In the year 2010, 22.9 million cows produced 30.7 billion liters of
milk, according to the Milk Intelligence Center (CILeite) of Embrapa Dairy Cattle, based in
Juiz de Fora (MG). It was an increase of 5.5% compared to the previous year, while the herd
increased by 2.2% and productivity, by 3.3%, remaining at 1,340 liters/cow/year.
T
he volume achieved in 2011 had not
yet been calculated by early 2012,
but it was expected to soar close to
3%, which would result in a total of
31.6 billion liters. To explain the reduction in
the growth rhythm, the rising production cost
over the year was viewed as the culprit. While
prices continued alluring – annual variation
until November came to 19.60%, with an average remuneration of R$ 0.854/l at that month
–, production costs reached 21.11% over the
period.
Justifications included a slight reduction in
international prices and higher Brazilian milk
imports, encouraged by the exchange rate
gap. Whilst midway through the decade the
Country managed to achieve positive results in
the trade balance of dairy products, from 2009
to date the situation changed and in 2011 the
negative balance in revenue reached US$ 488
Inor Ag. Assmann
million. Imported values were up 84.4% from
2010, amounting to US$ 609 million, where
milk powder and cheese were major items. Exports, especially of condensed milk, were down
22.1%, reaching US$ 121 million. With regard
to foreign dairy products entering Brazil, the
biggest volumes come from the neighboring
countries Argentina and Uruguay.With the former, in November last year, Brazil managed to
renew a quota import agreement, now reaching 3,600 tons per month of skimmed milk
powder. This mutual understanding prevents
occasional operations harmful to the Brazilian
producers. The sector is also seeking to keep
purchases from Uruguay under control, in light
of their bigger than expected growth in 2011.
GLOBAL RANGE In the international scenario, which celebrates annual
production increases, analysts hint at high
demand for liquid dairy products in the fu-
ture, especially in the emerging markets. In
light of this, Brazil has opportunities in store
for making strides on that score, provided the
exchange rate turns more favorable, whilst
qualitative growth of the production is also a
possibility. Within this context, sanitary control
continues to be a major concern, with specific
standards in force since 2002, when Normative
Instruction 51 was passed by the Ministry of
Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA),
focused on that objective.
At the close of 2011, after negotiations
between the government and the production
sector, the Mapa published Normative Instruction 62, which amends the 2002 Instruction,
adapting timeframes and setting limits for
counting bacteria, and somatic cells, besides
defining other aspects in the quality area. With
an eye towards achieving the targets, the industry was given an important role, encouraging, for example, better remuneration for those
who deliver raw milk in ideal conditions.
The government expects the Country to
reach a stronger position in the global milk
market, where Brazil is still at a fledgling stage.
The projection is for exports to soar 4.3% a
year in the next decade, totaling upwards of
300 million liters. In the production plan, the
continuity of the growth trend is equally considered. Over the past ten years, average yearly
advances remained at 4.4% and Brazil occupied the fifth position in 2010, outstripping
Germany. The forecast is for production to rise
from 1.9% to 2.5% a year, reaching upwards of
40 billion liters at the turn of the year 2020.
The evolution reflects in the social and economic field of the Country, where the production chain, according to data released in 2010,
employs 4 million, most of them in 1.2 million
dairy farms of small size. Revenue of the Brazilian dairy sector reached the expressive value
of R$ 44.5 billion over the year.
89
Inor Ag. Assmann
>>HORTALIÇAS Vegetables
Revista AgroBrasil 2011
Aposta no consumo
90
Com a produção
nacional
estável, avanço
no desempenho
das hortaliças
depende da reação
na demanda
interna, principal
destino da
colheita
A produção de hortaliças tem se estabilizado nos últimos anos no País, após
ter avançado, com maiores produtividades, em níveis acima do aumento da
população. O consumo, entretanto, apresentou pequena redução, o que motivou o lançamento, em 2011, de campanha para incentivar a maior inserção
desses produtos na mesa dos brasileiros, mercado para o qual se destinam em
quase sua totalidade.
O
s últimos dados oficiais sobre o setor alcançam até
2009 e foram divulgados
no Anuário Brasileiro de Hortaliças 2011, publicação da Editora Gazeta Santa Cruz, por meio de estudo da
Embrapa Hortaliças com informações
do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e da Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A produção brasileira
então levantada ficava próxima a 18 mi-
lhões de toneladas em 809 mil hectares.
O resultado levou à geração de R$ 24,2
bilhões em receita no período e à ocupação de 7,3 milhões de trabalhadores
na produção agrícola.
Na comparação com 30 anos atrás,
a oferta desses alimentos aumentou
99,4%, enquanto a população cresceu
61,5%. A área ficou nos mesmos níveis
no período, mas a produtividade, beneficiada pelas novas tecnologias, elevouse significativamente – acima de 100%
OCUPADO • BUSY
Variação das áreas de produção (%)
Culturas*
2010
2011
Tomate
4,6
-11,0
Batata
10,3
-7,7
Cebola
9,9
-8,8
Cenoura
3,5
1,6
Fonte: Hortifruti Brasil – Cepea/Esalq/Usp
*Referente às principais regiões produtoras
do custo. Tomate, cebola e cenoura mostraram na safra de inverno performance
melhor que a obtida em 2010. Para o
verão 2011/12, a previsão era de preços
favoráveis aos produtores em função de
cultivos mais reduzidos nas principais
hortaliças.
BARREIRAS Quanto à possibilidade de ampliação da área de produção,
a equipe Hortifruti Brasil aponta dificuldades devido à escassez de mão de obra,
ao maior rigor da legislação ambiental e
à falta de sementes híbridas. Outros desafios em termos de produção, distribuição e comercialização são mencionados
no setor e estão sendo tratados por entidades representativas e governo.
A questão do consumo, particularmente, é colocada em ênfase, considerando também pesquisas de orçamentos familiares do IBGE feitas entre 2002 e
2008, que indicam diminuição de 6,6%
na participação das hortaliças na alimentação dos brasileiros. A média adquirida desses produtos no País passou
de 29,00 para 27,08 quilos/per capita/
ano no período.
Diante dessa realidade, destacouse em 2011 o lançamento da campanha “Consuma hortaliças diariamente:
sua saúde agradece”, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) por intermédio da câmara setorial da cadeia produtiva. Nova organização criada, o Instituto Brasileiro de
Horticultura (Ibrahort), dá apoio direto
à iniciativa, juntamente com o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae) e demais organismos
ligados à câmara, como a Embrapa Hortaliças e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Inor Ag. Assmann
–, ultrapassando 22 t/ha em média. Em
anos mais recentes da década 20002010, o volume total produzido tem se
mantido estável na ampla gama de produtos pesquisados.
A mesma realidade apresenta-se em
levantamentos mais recentes e que se
referem às principais culturas nas regiões mais expressivas de produção, feitos
regularmente pela equipe Hortifruti Brasil, do Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada da Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz, vinculada à Universidade de São Paulo (Cepea/
Esalq/USP). Tomate, batata, cebola e cenoura, segundo essas pesquisas, tiveram,
em média, variação positiva na área entre 2009 e 2010, na ordem de 8,7%, e negativa em 7,3% na temporada 2010/11.
Para o próximo ciclo não estão previstas
grandes alterações.
Em 2011, de acordo com o referido
estudo, apresentou-se de modo geral
um cenário positivo em termos de rentabilidade para os produtos focados,
com exceção da batata, que registrou
oferta elevada e preços médios abaixo
91
Revista AgroBrasil 2011
With an eye
toward
consumption
92
Under stable
national
production
conditions, any
advances in the
performance of
the vegetables
depend on the
reaction of the
domestic demand,
main destination
of the harvest
The production of vegetables has stabilized over the past years in Brazil, after having made strides with higher productivity rates, outstripping the population growth.
Nonetheless, consumption has dropped slightly, a fact that in 2011 triggered the launch
of a campaign intended to encourage a bigger share of these products on the Brazilian
dinner table.
T
he latest statistical figures of the
sector date back to 2009 and were
shown in the 2011 Brazilian Vegetable Yearbook, published by Editora
Gazeta Santa Cruz, based on a study conducted by Embrapa Vegetables, jointly with
the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). Back
then, Brazil’s vegetable production volumes
reached about 18 million tons cultivated on
809 thousand hectares. This resulted into rev-
enue of R$ 24.2 billion over the period, while
7.3 million people were involved in the production operations.
Compared to 30 years ago, vegetable
supplies soared 99.4%, while the population
went up 61.5%. The planted area remained
stable over the period, but productivity, taking advantage of new technologies, soared
considerably – over 100% -, exceeding 22 tons
per hectare, on average. In more recent years,
on the 2000-2010 decade, the total volume
produced has remained stable in a variety of
Inor Ag. Assmann
products that were analyzed.
The same reality is present in more recent
surveys of the leading vegetable types in the
more expressive production regions. Such
surveys are conducted by the Hortifruti Brasil team, of the Center for Advanced Studies
on Applied Economics of the Higher School
of Agriculture “Luiz de Queiroz”, linked to the
University of São Paulo (Cepea/Esalq/USP).
Tomatoes, potatoes, onions and carrots, according to these surveys, showed positive area
variations of 8.7%, on average, from 2009 to
2010, and negative area variations of 7.3% in
the 2010/11 season. No big alterations have
been anticipated for the coming seasons.
In 2011, according to the above-mentioned study, the scenario was rather positive in terms of profitability for the products
in question, with the exception of potatoes,
characterized by excessive supply and prices
below production cost. Tomatoes, onions and
carrots had a better performance in the winter crop, compared to 2010.For the 2011/12
summer crop, the forecast was for favorable
prices at grower level by virtue of planted
area reductions of all main vegetables.
BARRIERS With regard to planted
area expansions, the Hortifruti Brasil team
hints at difficulties stemming from workforce shortages, stricter environmental legislation and the lack of hybrid seed. Other
challenges in terms of production, distribution and sales affecting the sector are being
analyzed by representative entities and by
the government.
The question of consumption, in particular, is given emphasis, also taking into consid-
eration family budget surveys carried out by
the IBGE from 2002 to 2008, which point to a
6.6-percent reduction in the share of vegetables on the Brazilian dinner tables. Average
consumption of vegetables dropped from 29
to 27.08 kg/person/year over the period.
In light of this reality, in 2011 the following
campaign was launched: “Eat vegetables every day: your health will be grateful to you”, by
the Ministry of Agriculture, Livestock and Food
Supply (MAPA) through the sectorial chamber
of the production sector. As a new organization recently created, the Brazilian Vegetable
Institute (Ibrahort) lends direct support to the
initiative, jointly with the Brazilian Micro and
Small Business Support Service (Sebrae) and
other organisms linked to the chamber, like
Embrapa Vegetables and the National Supply Company (Conab).
93
Inor Ag. Assmann
>>LOGÍSTICA logistics
Revista AgroBrasil 2011
Afinal, aonde
queremos chegar?
94
Brasil dispõe de
cenário muito
favorável no
agronegócio e de
excelentes vias
para escoamento.
Falta apenas
concretizar esse
potencial
O agronegócio brasileiro sabe que até a porteira da fazenda está entre os
mais competentes do mundo. Dali em diante a situação é diferente, obrigando
a um enorme jogo de cintura nos cálculos a fim de que a ineficiência logística
não seja maior do que a eficiência produtiva. De qualquer modo, é de conhecimento que o Brasil evoluiu muito no tema nos últimos anos, embora haja longo caminho a ser percorrido.
O
fato de o País contar com
cerca de 25% das terras
ainda agricultáveis do
planeta é encarado tanto
como mérito quanto como um grande desafio. Isso porque esses locais em
geral estão situados muito adiante de
cidades ou povoados que hoje são os
limites da fronteira agrícola brasileira,
e que já sofrem com a falta de infraestrutura. Um dos consensos entre quem
trata do tema é a necessidade urgen-
do paralelo 15 como referência geográfica para os novos investimentos
logísticos do País na área do agronegócio. A latitude que cruza o Brasil
lateralmente em Mato Grosso, Goiás,
Minas Gerais e Bahia faz uma divisão
importante: acima dessa linha imaginária estão 52% da produção brasileira de grãos, mas apenas 16% das
exportações agrícolas. É esse cenário
que tende a ser mudado. O vice-presidente da confederação, José Ramos
Torres de Melo Filho, explica que entre
2003 e 2011 o custo médio de transporte da lavoura até o porto de embarque aumentou 204%. “Não somos
nem capazes de usar os nossos privilégios naturais”, diz ele, referindo-se à
utilização de apenas 10 mil dos 56 mil
quilômetros de hidrovias brasileiras
navegáveis.
te de reestruturação da matriz modal
brasileira, com ampliação das fatias dos
modais hidroviário e ferroviário.
A Confederação da Agricultura e
Pecuária no Brasil (CNA), por exemplo, tem como uma de suas bandeiras
principais a utilização das hidrovias
Madeira-Amazonas, Tapajós-Amazonas e Tocantins. Esta última, no caso,
é a prioridade dentre as prioridades,
devido às projeções de produção e
demanda. “A exportação de soja, milho e seus derivados crescerá particularmente para os mercados da Ásia”,
assinala Luiz Antônio Fayet, consultor
em logística da CNA. “Se utilizarmos
os canais de escoamento do chamado arco norte, ganharemos até quatro
dias de agilidade no comércio com a
China, pois a rota de navios de grande capacidade utilizando o Canal do
Panamá a partir dos portos de Belém
e de São Luís se tornará plenamente
viável. É uma questão lógica.”
A entidade defende a utilização
A FAVOR DO VENTO O diretor-geral da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq), Fernando Fialho, aposta numa reestruturação vigorosa do setor hidroviário
brasileiro. A transformação inclui desde a formação de mão de obra qualificada para o setor até uma política
capaz de gerar projetos eficientes. Ele
cita como um dos problemas a falta
de diálogo entre as áreas do governo.
“Num País que tem o patrimônio fluvial de que dispomos, chega a ser um
crime construir uma usina hidrelétrica
sem eclusa. E vemos isso acontecendo constantemente. Temos muito a
melhorar, assim como já despertamos
para esse tesouro aquaviário a nosso
dispor”, comenta.
A intenção é criar no sistema aquaviário a eficiência que começa a despontar no setor ferroviário. A locomotiva dessa mudança foi justamente
a política de concessões de trechos
iniciada em 1997. Desde então e até o
fim de 2010, a movimentação de cargas cresceu 86%, alcançando a cerca
de 25% da matriz de transporte de
cargas brasileira, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Fer-
roviários (ANTF), entidade que reúne
as nove principais empresas privadas
que operam as concessões ferroviárias. O transporte de produtos siderúrgicos e de commodities agrícolas,
como soja, milho e arroz, foi o grande
responsável por essa expansão.
Um dos consensos é de que não haverá mudança de cenário logístico se
o Brasil não aumentar o percentual do
Produto Interno Bruto (PIB) investido
em transportes. Na metade da década
de 1970, por exemplo, o índice beirava os 2%; baixou para 0,1% em 2004 e
hoje está em cerca de 0,7%. Mas não
se trata apenas disso. De acordo com
a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), além de investir em infraestrutura, a resolução de gargalos,
como custos, burocracia, flexibilização
de regras ultrapassadas e viabilização
de parcerias público-privadas, deve
ser priorizada pelo governo.
PERANTE O MUNDO •
BEFORE THE WORLD
Investimento do PIB em infraestrutura
de transporte
País
Percentual do
PIB investido
Brasil
0,42
Índia
8
China
10,6
Rússia
7
Fonte: Confederação Nacional dos Transportes (anobase 2010)
HORIZONTE • HORIZON
Matriz de transporte de carga Brasil
2005
Modal (%)
Rodovias
58
Ferroviário
25
Aquaviário
13
Duto-aéreo
4
2025
Modal (%)
Rodovias
30
Ferrovias
35
Aquaviário
29
Duto-aéreo
6
Fonte: Ministério dos Transportes
95
Revista AgroBrasil 2011
After all, where
are we going?
96
Brazil boasts a
very favorable
scenario for
agribusiness
and excellent
transport
routes. The only
thing to do is to
materialize this
potential
Brazilian agribusiness is well aware of the fact that inside the farm gate, it is one of the
most competent in the world. From that point on the situation changes, requiring much
resilience in calculations so as to prevent our inefficient logistics from overwhelming our
production efficiency. Anyway, it is no secret that Brazil has made big strides on that score
over the past years, though there is still a long way to go.
T
he fact that the Country is still home
to 25% of all arable lands around the
planet is viewed as both very advantageous and, at the same, as a great
challenge. This happens because these lands
are usually located near cities or villages that
are now the limits of the Brazilian agricultural
frontiers, and are already having to put with deficient infrastructures. It has become a clear consensus among those who deal with the subject
that there is urgent need for a total restructuring
of the Brazilian modal matrix, with the expansion of the waterways and railroad modal.
The Brazilian Agriculture and Livestock
Confederation (CNA), for example, has set as
a major target the use of the following waterways: Madeira-Amazonas, Tapajós-Amazonas
and Tocantins. The latter, in this case, is the priority of all priorities, due to production and demand projections. “Soybean and corn exports,
along with their byproducts, will increasingly
be focused on the markets in Asia”, argues Luiz
Antônio Fayet, logistics consultant with the
CNA. “If we utilize the product flow channels of
the so-called northern arch, we will save up to
four days in our trades with China, as the route
of the huge transatlantic ocean liners that cross
the Panamá Canal, leaving from the ports of
Sílvio Ávila
Belém and São Luís, will become totally viable.
It is a logical question”.
The entity advocates the use of parallel 15 as
geographical reference for the new logistics-related investments in the Country, more precisely,
in the agribusiness area. The latitude that crosses Brazil laterally in Mato Grosso, Goiás, Minas
Gerais and Bahia performs an important division: above this imaginary line, 52% of the entire
grain production volumes are located, but this
represents only 16% of all agriculture exports.
This scenario is likely to suffer changes. The
vice-president of the confederation, José Ramos
Torres de Melo Filho, explains that from 2003 to
2011 average transportation costs increased by
204%. “We are not even capable of using our
natural privileges”, he admits, hinting at the use
of only 10 thousand of the 56 thousand kilometers of navigable waterways in Brazil.
TAILWIND The general director of the
National Agency for Waterway Transportation
(Antaq), Fernando Fialho, bets on a vigorous
restructuring of the Brazilian waterways sector. The transformation includes from qualified
labor for the sector to policies capable of generating efficient projects. As one of the problems,
he refers to the lack of dialogue between the
different areas of the government.“In a country
that boasts the fluvial asset we have, it reaches
the realm of a crime to construct a hydroelectric
plant without a dam. And we are constantly
witnessing such things. We still have a lot to improve, as we have already woken up to the water treasure at our disposal”,he comments.
The intention is to create in the waterways
system the efficiency that is now surfacing in the
railroad sector. The locomotive of this change
was exactly the initial stretch concession policy
that started back in 1997. Since then, and until
the end of 2010, cargo transportation increased
by 86%,reaching about 25% of the Brazilian car-
go transportation matrix, according to sources
from the National Association of Railroad
Transporters (ANTF), entity that encompasses
the nine biggest private companies that operate railroad concessions. The transportation of
metal products and agricultural commodities,
like soybean, corn and rice, was responsible for
this expansion.
Consensus has it that there will be no changes in the logistics scenario if Brazil does not raise
the percentage of the Gross Domestic Product
(GDP) invested in transport systems. In the mid
1970s, for example, this rate was 2%; it had gone
down to 0.1% in 2004 and now it is at 0.7%. But
this is not all. According to the Brazilian Federation of Agriculture and Livestock (CNA), besides investing in infrastructure, the removal of
bottlenecks, like costs, bureaucracy, flexibility of
old-fashioned rules and the creation of publicprivate partnerships, should be given priority by
the government.
97
>>ponto de vista VIEWPOINT
CELSO LUÍS CASALE
Presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação
Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)
Além das expectativas
Revista AgroBrasil 2011
Desempenho
das vendas
de máquinas e
implementos
agrícolas supera
a previsão em
mais de 20%
e impulsiona
investimentos
do setor
98
Cada vez mais o Brasil é apontado como um dos principais produtores mundiais de alimentos. A disponibilidade de terras agricultáveis, o clima favorável
e a excelência na condução dos cultivos fazem do País um importante fornecedor de suprimentos. Um dos termômetros do desempenho da produção primária nacional é a venda de máquinas e equipamentos agrícolas, que em 2011
superou as metas.
D
ados da Associação Brasileira
de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), por meio do
Departamento de Competitividade, Economia e Estatística, mostram que o faturamento dos produtos
voltados à agricultura cresceu 31,3%
de janeiro a outubro de 2011, fechando em R$ 8,3 bilhões. Os números, que
não incluem os segmentos de tratores e
colheitadeiras, são comparativos a igual
período de 2010, que somou R$ 6,3 bilhões. Nesse mesmo intervalo, os empregos na área aumentaram 14,4%.
Para o empresário e agropecuarista
paulista Celso Luís Casale, presidente da
Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da entidade e vicepresidente da Abimaq, depois de 2010 ter
sido marcado como o ano da recuperação
para a atividade, 2011 superou as expectativas iniciais, que eram de crescimento
em torno de 20% no faturamento. Na sua
avaliação, até dezembro as vendas superariam o ano passado em 27%, encerrando o ciclo com receita de R$ 9,5 bilhões.
Também apresentaram boa resposta as exportações de máquinas e implementos agrícolas até outubro, cujo
incremento foi de 25% sobre os dez primeiros meses de 2010. A receita passou
de US$ 649,8 milhões para US$ 817,0 milhões de janeiro a outubro de 2011.
Casale destaca que o setor busca
constantemente por melhorias para
atender à demanda gerada pelos bons
preços das commodities, o que permite
aos produtores rurais adquirirem mais
máquinas e implementos para renovar
a frota e ganhar em produtividade. “A
tendência é de continuar crescendo a
necessidade de alimentos no mundo.
Sendo o Brasil um dos principais fornecedores, há um estímulo para que a
indústria continue investindo em inovação e produção”,observa.
PRESENÇA MARCANTE
O
bom desempenho do setor de máquinas e implementos agrícolas teve contribuição importante da agricultura familiar. O responsável foi o financiamento
Celso Luís Casale, da Abimaq.
No entanto, defende o vice-presidente da associação, é necessário que ocorra a desburocratização dos processos de
avaliação e liberação dos empréstimos,
para que o crédito atinja maior número
de produtores com maior agilidade.“Esperamos a continuidade do programa
Mais Alimentos, visto sua importância
para a indústria de máquinas e implementos e para a agricultura familiar”,
ressalta.
>>PERFIL
Divulgação
Inor Ag. Assmann
de equipamentos de baixa potência,
concedido pelo governo federal, por
meio do programa Mais Alimentos.“Esse
nicho de mercado deve se consolidar,
pois está tendo uma participação cada
vez maior nas vendas do setor”, enfatiza
O agropecuarista Celso Luís Casale é empresário do setor industrial e comercial de máquinas e implementos agrícolas. Nascido em São Carlos (SP), é formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (MG) e
pós-graduado em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Em março de 2009,
assumiu a Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq e,
em agosto de 2010, a vice-presidência da entidade. O empresário participa ainda do Conselho de Administração da Exposição Agrishow, desde 2007, assim
como do Conselho Gestor do projeto Cidade da Energia, em São Carlos. Casale
também é membro do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
99
Sílvio Ávila
CELSO LUÍS CASALE
President of the Agricultural Machinery and Equipment Sectorial Chamber of the Brazilian
Association of Machinery and Equipment (Abimaq)
Revista AgroBrasil 2011
Exceeding expectations
100
Sales performance
of agricultural
machinery and
implements
exceeds
expectations
by more than
20% and drives
investments
in the sector
Brazil is increasingly viewed as a major global food producer. Agricultural land availability, favorable climate conditions and excellent crop performance have turned Brazil
into a relevant food supplier. A thermometer that reflects the good performance of the
primary sector in Brazil is the sales of agricultural machinery and equipment, which outstripped the target in 2011.
D
ata released by the Brazilian Association of Machinery and Equipment (Abimaq), through its Competitiveness, Economy and Statistics Department, show that revenue from
agricultural related products went up 31.3%
January through October 2011, reaching a
total of R$ 8.3 billion. The numbers, that do
not include the segment of tractors and har-
vesters, are compared to the same period in
2010, when the total was R$ 6.3 billion. In the
meantime, the job market went up 14.4%.
Celso Luís Casale, farmer and cattle rearer
in São Paulo, president of the Agricultural Machinery and Equipment Sectorial Chamber
of the entity and vice-president of Abimaq,
understands that while 2010 was marked as
the year that witnessed the recovery of the
activity, 2011 exceeded initial expectations of a 20-percent
increase in revenue. In his evaluation, until December sales
are expected to outstrip last year’s sales by 27%, bringing
the cycle to a close with total revenue of R$ 9.5 billion.
Until October, agricultural machinery and equipment
exports also fared well, with a rise of 25% from the first
eight months in 2010. Revenue soared from US$ 649.8 million to US$ 817 million from January to October 2011.
Casale insists that the sector makes a point of constantly improving its products in order to meet demand
generated by the good prices of the commodities, leading
the farmers to acquire more machinery and implements to
renew their fleet and take advantage of productivity gains.
“The trend is for the need for food to continue rising in the
world. With Brazil as a major supplier, the industry continues encouraged to continue investing in innovation and
production”, he observes.
>>PROFILE
Divulgação
MARKING PRESENCE Family farming is credited with the good performance of the machinery and agricultural implements sector. Credit lines granted by the federal government for the purchase of low power machines,
through the More Food program, also had a say in this
matter. “This market niche is on its way to consolidation, as
it is constantly increasing its share in the sales of the sector”,
stresses Abimaq official Celso Luís Casale.
Nonetheless, the vice president of the association argues, this requires a removal of excessive bureaucracy in
the assessment of loan liberation processes, if these loans
are to reach the producers in short time periods. “We hope
for the continuity of the More Food program, in light of its
importance for the machinery industry and family farming
implements”, he points out.
Farmer and cattle rearer Celso Luís Casale is an entrepreneur of the
commercial and industrial agricultural machinery and implements sector.
He was born in São Carlos (SP), and he got his mechanical engineering
degree from the Federal University of Uberlândia (MG) and post-graduated in Marketing at Foundation Getúlio Vargas. In March 2009, he took
Office as president of Abimaq’s Agricultural Machinery and Equipment
Sectorial Chamber, and in 2010, he became vice-president of the entity.
The entrepreneur is also a member of the Agrishow Exhibition Administrative Council, since 2007, and also a member of the Managing Council
of the Energy City project, in São Carlos. Casale is also a member of the
Agribusiness Upper Council of the Federation of Industries in the State of
São Paulo (Fiesp).
101
Inor Ag. Assmann
>>máquinas machines
Na esteira
da crise
Revista AgroBrasil 2011
Comercialização
de máquinas
agrícolas
automotrizes
apresenta
retração nos
mercados interno
e externo devido
às turbulências
econômicas
102
O segmento de máquinas agrícolas automotrizes fechou 2011 com retração
nas vendas, tanto para o mercado interno quanto para o externo, se comparadas ao ano anterior. O resultado consta do relatório da Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgado em janeiro de
2012. A explicação para a queda no desempenho está na diminuição da comercialização para agricultores familiares e nas incertezas que rondam a economia mundial.
C
onforme as estatísticas apuradas pela entidade, foram
negociadas no mercado doméstico 65.318 máquinas em
2011, o que significa redução de 4,7%
sobre 2010. Para o exterior foram enviadas 18.373 unidades, 4,2% menos. O
faturamento com as vendas externas,
contudo, cresceu 37,7%, chegando a
US$ 3,9 bilhões. Os números da Anfavea
englobam tratores de roda, tratores de
esteira, cultivadores motorizados, colheitadeiras e retroescavadeiras. Esses itens
não são contabilizados no levantamento de máquinas e implementos agrícolas da Associação Brasileira de Máquinas
e Equipamentos (Abimaq).
O relatório da Anfavea apresenta ainda o fechamento anual da produção de
máquinas agrícolas automotrizes. Em
2011, foram fabricadas 7,9% menos que
em 2010, com 81.809 unidades. A maior
retração se deu no segmento de cultivadores motorizados (29,8%). A fabricação
de tratores de roda caiu 11,6%, enquanto
a de tratores de esteira aumentou 46,8%.
Também as colheitadeiras apresentaram
acréscimo de produção de 8%.
Uma análise mais minuciosa dos
números da Anfavea mostra a desaceleração das vendas para o segmento
da agricultura familiar, que foi o grande
responsável pela recuperação do setor
de máquinas agrícolas em 2009, por
meio de programas governamentais
como o Mais Alimentos. A maior queda
no mercado interno se deu, justamente,
na comercialização dos tratores de roda,
um dos produtos mais adquiridos pelos
pequenos produtores, com 7,3% menos.
As colheitadeiras, com maior saída para
a chamada agricultura empresarial, tiveram incremento de 17,3% nas vendas
domésticas.
BOA PERSPECTIVA Cenário
distinto do apresentado pela Anfavea é
revelado pelo levantamento da Abimaq,
cujos dados referentes a máquinas e
implementos agrícolas, exceto tratores
e colheitadeiras, mostram que o faturamento do setor cresceu mais de 30%
entre janeiro e outubro de 2011, na comparação com os mesmos meses do ano
anterior. Da mesma forma, houve acréscimo nos pedidos de carteira (compras
DE PASSAGEM • MOVING ON
Desempenho do setor de máquinas agrícolas automotrizes
Descrição
2010
2011
Vendas internas (u)
68.525
65.318
Exportações (u)
19.176
18.373
2,31
3,19
88.874
81.809
Exportações (US$ bi)
Produção (u)
Fonte: Anfavea (Jan/2012)
confirmadas e ainda não entregues) de
quase 45% no período analisado.
Para o presidente da Câmara Setorial
de Máquinas e Implementos Agrícolas
da Abimaq, Celso Luís Casale, a tendência do setor é crescer em 2012 e para isso
as empresas devem fazer investimentos.
“Os bons preços das commodities permitem aos produtores rurais adquirirem
mais máquinas e implementos para renovar a frota e ganhar produtividade”,
observa.
On the heels of the crisis
Sales of automotive agricultural machinery have shrunk
both at home and abroad due to economic turbulences
The segment of automotive agricultural machinery came to a close in 2011 with a retraction in sales, both at home and abroad, compared to the previous year. The result appears in the report of the National Association of Automotive Vehicle Manufacturers (Anfavea),
published in January 2012. The explanation for the shrinking performance lies in the smaller number of sales to family farmers and in
the uncertainties that haunt the global economy.
A
ccording to statistical figures ascertained by the entity, in 2011, the
domestic market absorbed 65,318
machines, down 4.7% from 2010.
Shipments abroad amounted to 18,373
units, down 4.2%. Nonetheless, revenue from
foreign sales soared 37.7%, reaching US$ 3.9
billion. The Anfavea figures include wheeled
tractors, caterpillar tractors, automotive
cultivators, harvesters and backhoes. These
vehicles are not factored in the farm implements and machinery surveys conducted by
the Brazilian Association of Machinery and
Equipment (Abimaq).
The Anfavea report also features the annual output in the production of automotive
agricultural machinery. In 2011, a total of
81,809 units were manufactured, down 7.9%
from 2010. The biggest fall happened in the
segment of automotive cultivators (29.8%).
The manufacturing of wheeled tractors fell
11.6%, while the manufacturing of caterpillars soared by 46.8%. The same happened to
harvesters, with an increase of 8%.
A more accurate analysis of Anfavea’s
numbers shows that sales of the segment to
family farmers, which were responsible for
the recovery of the machinery sector in 2009,
through the More Food Program, slowed
down considerably. The biggest decrease in
the domestic market, 7%, was experienced
by the wheeled tractor department, one of
the most popular items with family farmers.
Harvesters, more popular with the so-called
commercial farmers, celebrated a rise of
17.3-percent in domestic sales.
GOOD PERSPECTIVE A scenario
distinct from the one presented by Anfavea is
revealed by a survey conducted by Abimaq,
whose numbers related to machines and
agricultural implements, except tractors and
harvesters, show an increase of 30% in the
revenues of the sector January through October 2011, compared to the same months
the previous year. Likewise, purchasing orders (confirmed purchases but not yet delivered) soared almost 45% over the period
under analysis.
The president of the Sectorial Chamber
of Abimaq’s Agricultural Machinery and
Implements, Celso Luís Casale, understands
that the trend of the sector should rise in
2012 and, to this end, the companies do investments. “The good prices derived by the
commodities allow the rural producers to renew their fleets through the purchase of new
machinery and implements, which will obviously reflect on higher productivity rates”, he
observes.
103
Inor Ag. Assmann
>>milho Corn
Revista AgroBrasil 2011
Sob interferência
do clima
104
Seca no Sul
compromete
expectativa
da safra de
milho, que pode
não alcançar
as 60 milhões
de toneladas
projetadas
para 2011/12
A estiagem que afetava o Sul do Brasil no início de 2012 repercutirá nos resultados da primeira colheita de milho do ciclo 2011/12. Consultorias privadas
e órgãos estaduais apontam variados índices de quebra na região. Apesar da
expectativa de uma boa safrinha no Paraná e no Centro-Oeste, o resultado da
primeira safra estabelecerá queda sobre as estimativas que previam rendimento próximo de 60 milhões de toneladas em 2012.
O
4º Levantamento da Safra
de Grãos 2011/12, divulgado
pela Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) em
janeiro, indica a produção total de 59,210
milhões de t, alta de 2,9% em relação à
temporada passada, quando foram obtidas 57,514 milhões de t. A área semeada
na primeira safra aumentou, estimulada
pelos bons preços de mercado aos produtores em 2010 e 2011. Ampliação significativa ocorreu em Paraná, Goiás, Mato
Grosso e Rio Grande do Sul. O desenvolvimento é satisfatório, pois o clima favorável na semeadura gerou o adiantamento
na formação da lavoura se comparado à
mesma etapa da safra anterior.
A exceção é o Rio Grande do Sul, com
COMPARATIVO • COMPARATIVE
Balanço de oferta e demanda brasileira de milho (em mil t)
Safra
Estoque inicial
Produção
Importação
Suprimento
Consumo
Exportação
Estoque final
2009/10
10.322,7
56.018,1
459,4
66.800,2
46.927,4
10.792,6
9.080,2
2010/11
9.080,2
57.514,1
634,5
67.228,8
48.411,5
9.255,0
9.562,3
2011/12
9.562,3
59.210,3
500,0
69.272,6
50.000,0
8.500,0
10.772,6
Fonte: Conab (Jan/2012)
esperadas, colherão de 22 a 23 milhões,
a média dos últimos cinco anos”, afirma.
Isso reduzirá a pressão de oferta do Mercosul. Segundo a Conab, as exportações
em 2010/11 somaram 9,25 milhões de t e
caíram 14,3% sobre as 10,79 milhões t de
2009/10. Para 2011/12, a expectativa é de
embarcar 8,5 milhões t.
MUNDO Em janeiro de 2012, o Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (USDA) projetou a produção mundial 2011/12 em 868 milhões de toneladas, 4,9% superior à temporada passada.
A China ampliou em quase 40 milhões t a
sua produção; os Estados Unidos colherão
314 milhões de t,abaixo das 316,2 milhões
do ciclo 2010/11, e o Brasil, 61 milhões de
t.Os estoques mundiais aumentarão 0,7%
para 128,1 milhões de t.
Rubens de Miranda, da Embrapa, explica que o incremento chinês não preocupa
o mercado internacional, que gira em 90
milhões de t ao ano.“A China produz mais
para formar estoques e fazer frente à crescente demanda interna”.Assim, impactará
mais ao mercado a queda nas colheitas
do Brasil, da Argentina e do Estados Unidos e o aumento na ex-União Soviética.“O
estoque dos Estados Unidos caiu de uma
relação de 18% para menos de 7%, com
quebra de safras e demanda para etanol.
O país opera com oferta de 50 milhões de
t para a exportação, que pode cair frente a
novas frustrações. Isso, somado ao fato de
a Argentina manter a produção e passar a
produzir etanol de milho, pode abrir espaços para o Brasil exportar mais.
Nos últimos anos, o Brasil diversificou
os destinos de seus excedentes e ampliou a participação em alguns países,
absorvendo clientes dos Estados Unidos
e da Argentina. “Além da expectativa de
um mercado externo demandante, o País
precisará atender ao mercado doméstico”, diz o socioeconomista da Embrapa. O
governo nacional projeta que, na próxima
década, o Brasil consumirá 10 milhões de
t de milho a mais só em rações animais. A
presença brasileira no mercado mundial
também dependerá das políticas de comercialização e dos preços.
Inor Ag. Assmann
80% da área semeada de agosto a outubro. Essa parcela sofre os efeitos da estiagem, mais agressiva nas regiões Noroeste,
Centro e Norte do Estado. Os 20% restantes, semeados de dezembro a janeiro, tiveram danos ainda maiores. Há prejuízos
igualmente no Paraná e em Santa Catarina. Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil,
a semeadura começou em janeiro, assim
como a segunda safra no Paraná e no
Centro-Oeste. O cultivo do primeiro período, segundo a Conab, chegaria a 8,634
milhões de hectares, 9,1% a mais que em
2011 (7,916 milhões de ha). A superfície
cultivada na safrinha tende a aumentar,
pois a soja foi plantada mais cedo.
As duas colheitas brasileiras de milho
em 2012 devem somar 14,5 milhões de
ha, crescendo 5,2% em relação ao ano
passado, quando atingiu a 13,84 milhões
de ha. A produtividade média prevista
pela Conab na primeira colheita é de
4.392 kg/ha, 3,2% a menos que no ciclo
2010/11, quando alcançou a 4.538 kg/ha.
Para o segundo período, o rendimento
estimado é 3.595 kg/ha. A média das duas
safras é de 4.068 kg/ha, com decréscimo
de 2,1%.
O socioeconomista Rubens de Miranda, da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete
Lagoas (MG), diz que a estiagem não deve
permitir que se confirme a estimativa de
colheita de 60 milhões de toneladas. O
cultivo de verão no Sul é importante por
se tratar do grande consumidor interno
de milho para aves e suínos.“Uma quebra
determina preços remuneradores aos
produtores, mas aumenta o custo de produção das carnes”,avalia.
Cita ainda que a safra da Argentina,
grande fornecedora para os mercados
brasileiro e mundial, também será afetada pela estiagem. “De 27 milhões de t
105
Inor Ag. Assmann
Under the spell
of the climate
Revista AgroBrasil 2011
Drought
conditions in the
South worsen
expectations of
the corn crop,
which might
not reach the
60 million tons
projected
for 2011/12
106
The drought conditions that hit South Brazil in early 2012 will certainly affect the
results of the summer crop in the 2011/12 corn cycle. Private consultants and state
organs point to varied reduction rates throughout the region. Despite the expectation for a good winter crop in Paraná and in the Center-West, the result of the summer
crop will fall short of the estimates which were pointing to a crop close to 60-million
in 2012.
T
he fourth Crop Survey of the 2011/12
Grain Crops, published by the National
Supply Company (Conab) in January,
points to a total production of 59.210
million tons, up 2.9% from the previous season, when 57.514 million tons were harvested.
The planted area of the summer crop went up,
stimulated by the good prices paid to the growers in the 2010 and 2011 cycles. Significant area
expansions occurred in Paraná, Goiás, Mato
Grosso and Grande do Sul. The crop has been
shaping up well, and at seeding time the climate was favorable, a fact that prompted the
farmers to establish their fields earlier than the
previous year.
The exception is the State of Rio Grande do
Sul, where 80% of the area was seeded from
August to October, and is now suffering from
the drought conditions, more aggressive in the
regions of the Northwest, Center and North of
the State. The remaining 20%, seeded December through January, suffered even more severe
damages.Losses are equally occurring in Paraná
and Santa Catarina. In the North and Northeast
of Brazil, seeding started in January, Just like the
second crop in Paraná and in the Center-West.
The cultivation of the first period, according to
Conab, was supposed to reach 8.634 million
hectares, 9.1% more than in 2011 (7.916 million
hectares). The area planted at the winter crop
tends to rise, as soybean was planted earlier.
The two Brazilian corn crops in 2012 are estimated at 14.5 million hectares, up 5.2% from
last year’s 13.84 million hectares. Average productivity projected by Conab for the first crop is
4,392 kg/ha, down 3.2% from the 2010/11 crop
year, when it reached 4,538 kg/ha. For the second period, the estimated yield is 3,595 kg/ha.
The average for the two crops remains at 4,068
kg/ha, down 2.1%.
Socio-economist Rubens de Miranda, of Embrapa Corn and Sorghum, based in Sete Lagoas
(MG), has it that the drought conditions will
certainly prevent the crop from reaching the estimated 60 million tons.The summer crop in the
South is very important for the State because,
as a producer of poultry and hogs, the State is
also a relevant consumer of corn. “A crop frustration pushes up the prices at grower level, but
has reflections on the production costs of meat
producing operations”,he comments.
He also recalls that production in Argentina,
great supplier of Brazilian and global markets,
is also enduring the effects of the drought conditions. “Of the previously estimated 27 mil-
lion tons, this country will harvest about 22 to
23 million, the average of the past five years”,
he says. This will reduce the pressure from the
Mercosur suppliers. According to Conab, exports in 2010/11 amounted to 9.25 million tons
and dropped 14.3% over the 10.79 million in
2009/10. For 2011/12, the expectation is for the
shipment of 8.5 million tons.
WORLD In January 2012, the United
States Department of Agriculture (USDA) projected the2011/12 global production at 868
million tons, up 4.9% from the previous season.
China has expanded its production volume by
almost 40 million tons; the United States is to
harvest 314 million tons, compared to 316.2
million in the 2010/11 crop year, and Brazil, 61
million tons. Global stocks are projected to soar
0.7% to 128.1 million tons.
Rubens de Miranda, of Embrapa, explains
that the bigger Chinese crop is no concern for the
international market, which deals with some 90
million tons a year. “China is determined to accumulate stocks and meet domestic demand”.
Thus, the market will suffer bigger impacts from
the receding crops in Brazil, Argentina and the
United States, and the rising crop in the Soviet
Union. “The stock in the United States fell from
an 18-percent relation to less than 7%, with
crop frustrations and corn destined for ethanol.
The country operates with a supply of 50 million
tons for exports, which might further fall in light
of new frustrations. This has to be added to the
fact that Argentina is keeping its production
and is now producing corn for ethanol purposes, a fact that could pave the way for pushing up
Brazilian exports.
Over the past years, Brazil has diversified
the destination for its surpluses and expanded its share in some countries, absorbing former clients of the United States and Argentina. “Besides the expectation for a demanding
foreign market, the Country needs to meet
the needs of the domestic market”, says the
Embrapa socio-economist. The federal government is projecting the need for an extra 10
million tons of corn for animal feed over the
coming decade. The Brazilian presence in the
global market will also depend on trade policies and prices.
>>ponto de vista VIEWPOINT
JOSÉ ALEXANDRE RIBEIRO
Presidente da Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio)
Saudável desde a raiz
Revista AgroBrasil 2011
Produção
orgânica avança
em território
nacional em
setores que
vão desde a
agricultura até o
agroecoturismo
108
Foi atendendo no consultório de odontologia que o paulista de Franca, no
interior de São Paulo, José Alexandre Ribeiro percebeu que o tipo de alimento
consumido faz toda a diferença na prevenção de doenças e na recuperação da
saúde. Ele também é descendente de pequenos agricultores daquele município.
“Há 50 anos, não se colocava produtos químicos na lavoura”,relembra. Vendo os
benefícios que a alimentação saudável proporcionava aos seus pacientes, buscou
conhecer alternativas em prol da saúde humana. Percebeu que era necessário aumentar a produção de orgânicos.
A
constatação levou-o a produzir café orgânico, surgindo o
Café IAO 100% Bio-Orgânico
em 2002, que já era cultivado
por sua família na região da Alta Mogiana.
Todo o processo produtivo é certificado
pelo Instituto Biodinâmico (IBD), pelo
Conselho Alemão de Acreditação (DAR)
e pelo USDA Organic, do Departamento
de Agricultura dos Estados Unidos. Inicialmente, o produto foi muito bem aceito na
Alemanha e em outros países europeus.
Hoje, segundo Riberio, a produção de
1.000 sacos ao ano é direcionada integralmente ao mercado nacional. “Mas teria
demanda para 10 mil sacos.”
A ideia de fundar a Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio) surgiu quando
Ribeiro e outros produtores e processadores brasileiros participavam da Feira Internacional de Orgânicos de Nuremberg,
a Biofach, na Alemanha, em 2004. Além
de representar o movimento orgânico, a
entidade teria o papel de intervir junto ao
setor público, como governo federal, e outras intituições para que as políticas públi-
cas do segmento fossem implementadas.
No dia 20 de fevereiro de 2012, a BrasilBio
completa oito anos.
Ribeiro assumiu a presidência da entidade em 2007 com o propósito de atuar
em prol da agricultura ecológica e familiar.
Desde sua fundação, a BrasilBio já participou de momentos importantes da história do setor no País. Entre eles, destaca
a regulamentação da Lei dos Orgânicos,
que entrou em vigor no dia 1º de janeiro
de 2011, com o objetivo de melhorar a garantia da qualidade dos alimentos orgânicos comercializados no País, e a assinatura
do decreto que simplificou o registro de
insumos usados nesse tipo de agricultura
em 2009.
A atividade não permite o uso de
agroquímicos, adubos químicos e sementes transgênicas, e os animais devem
ser criados sem o uso de hormônios de
crescimento e outras substâncias, como
antibióticos. O solo deve ser mantido fértil
e sem risco de contaminação. O agricultor
que seguir as regras obterá o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformi-
Sílvio Ávila
do movimento orgânico na esfera federal, que impedem o desenvolvimento
e o progresso da agricultura familiar, da
agroecologia e da agricultura orgânica,
que é a base para o desenvolvimento sustentável do Brasil”, opina. Por esse motivo
e com o apoio dos demais parceiros do
setor, concorreu a deputado federal pelo
Partido Verde (PV) de São Paulo na eleição
de 2010.
ENTIDADE A BrasilBio conta com
24 associados dedicados à produção
de hortaliças, frutas, cereais, cosméticos
e insumos, entre outros. Desde 2005, a
associação realiza a Bio Brazil Fair (Feira
Internacional de Produtos Orgânicos e
Agroecologia), em parceria com a Francal
Feiras, em São Paulo (SP).“É considerado o
maior evento do Brasil em termos de negócios reais e efetivos, com repercussão
internacional e presença maciça de expositores locais e estrangeiros”,relata José
>>PERFIL
Alexandre Ribeiro, presidente da BrasilBio.
A 8ª edição ocorre de 24 a 27 de maio de
2012.
Outros projetos desenvolvidos pela
entidade são a Casa de Lavoura Orgânica
e a Recuperação de Áreas Alteradas com
Agrofloresta Orgânica; e a elaboração da
Universidade Orgânica e da Cooperativa
de Crédito Orgânica. Mantém parceria
com a Federação Italiana de Agricultura
Biológica e Biodinâmica (FederBio) para
promover a troca de conhecimentos
entre os dois países. A BrasilBio integra a
Câmara Setorial de Produção Orgânica
do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), e interage com os
ministérios do Desenvolvimento Agrário
(MDA) e de Ciência e Tecnologia (MCT),
a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil),
o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae) e outros importantes órgãos e empresas do setor.
Divulgação
dade Orgânica, que o consumidor poderá
encontrar ao comprar esses alimentos,
tendo a segurança de que foram fiscalizados e aprovados. Além disso, a nova
regulamentação, com um cadastro nacional de produtores, trará dados oficiais que
poderão facilitar a aplicação de políticas
públicas específicas.
De acordo com Ribeiro, o mercado
cresce cada vez mais e o Brasil tem produção em todo o lugar. São 842 mil hectares
de agricultura familiar orgânica, todos
com certificações feitas por empresas nacionais e estrangeiras. “As vendas devem
crescer no Brasil e no mundo entre 30%
e 40% ao ano”, estima. A perspectiva é o
País ser o celeiro do mundo. “Esperamos
que não apenas em quantidade, mas em
qualidade também”, diz. Para ele, é impossível falar em sustentabilidade sem
incluir o modelo de produção orgânica.
Atualmente, aponta que os segmentos
que mais crescem nesse sistema são os
de hortifrutigranjeiros, plantas medicinais,
tecidos e cosméticos. Cita igualmente o
de agroecoturismo, com opções nos estados de Espírito Santo, Santa Catarina e
São Paulo.
Na BrasilBio, Ribeiro envolveu-se com
questões relacionadas aos aspectos legais
da agricultura orgânica e familiar junto
aos respectivos ministérios. Com isso, percebeu a necessidade de ampliar a participação nas políticas públicas por meio de
uma maior representação parlamentar
em defesa do setor.“Existem dificuldades
Pela segunda vez, desde 2007, José Alexandre Ribeiro, 51 anos, preside a Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio), da qual participou da fundação em
2004. Casado e pai de quatro filhos, é descendente de agricultores da região
de Franca (SP). Além de cirurgião dentista, é agricultor e diretor-presidente do
Café IAO, primeira marca de café orgânico certificado da região. Graduou-se em
Odontologia pelas Faculdades Integradas de Uberaba (Fiube) em 1985. É especialista em Implantodontia e Estética; em Homeopatia pelo Intituto François
Lamasson; e em Terapias Florais. Formou-se em Medicina Oriental e é especialista em Agricultura Orgânica e Biodinâmica pelo Instituto Elo, de Botucatu (SP).
Possui formação Antroposófica em medicina, psicologia (biografia humana) e
consultoria empresarial antroposófica pelo Instituto Eco-social. Formou-se em
Medicina Indiana (Ayurvédica) pelo Instituto Sudha Dharma.
109
Sílvio Ávila
JOSÉ ALEXANDRE RIBEIRO
President of the Brazilian Organic Association (BrasilBio)
Revista AgroBrasil 2011
Healthy from
the start
110
Organic
production is
finding its way
into the national
territory in
sectors that
range from
agriculture to
agroecotourism
While working in his dental office in Franca, São Paulo, José Alexandre Ribeiro realized
that the types of food people consume make quite a difference in disease prevention and
health recovery. He also comes from small-scale farmers of that municipality. “Fifty years
ago, no agrochemicals were used in agriculture”, he recalls. Coming to grips with the benefits healthy food produced in his patients, he went in search of alternatives on behalf of
human health. He concluded that organic crops should be given more chances.
T
his ascertainment induced him to
produce organic coffee, giving rise to
the IAO 100% Bio-Organic in 2002,
which used to be grown by his family
in Alta Mogiana. The entire production process is certified by the Biodynamic Institute
(IBD), by the German Accreditation Council
(GAC) and by USDA Organic of the United
States Department of Agriculture (USDA).
Initially, the product was well accepted in
Germany and other European countries.
Nowadays, according to Riberio, the volume
of one thousand sacks a year is destined for
the national market.“But there is demand for
10 thousand sacks”.
The idea to create the Brazilian Organic
association (BrasilBio) surfaced when Ribeiro
and other producers and processors were attending the International Organic Fair in
Nuremberg, the Biofach, in Germany, in 2004.
Besides representing the organic movement,
the entity’s role was supposed to consist in
contacting the public sector, like the federal
government, and other institutions in an attempt to have the segment’s public policies
implemented. On 20th February 2012, Brasil-
ers assurance about the inspection and approval of the products. Furthermore, the new
standards, including a record of the national
producers, will bear official data that could
facilitate the application of specific public
policies.
According to Ribeiro, the organic market
is constantly rising and production is going
on everywhere in Brazil. In all, 842 thousand
hectares are devoted to small-scale organic
farming operations, all of them certified by
national and foreign companies. “Annual
sales are estimated to increase from 30%
to 40% in Brazil and all over the world. “We
hope not just in quantity, but in quality, too”,
he says. In his opinion, sustainability is out of
the question if organic production models
are not included. Nowadays, he says the segments that advance the most in this system
are horticulture, medicinal plants, textiles
and cosmetics. He equally cites agroecotourism, with options in the states of Espírito
Santo, Santa Catarina and São Paulo.
At BrasilBio, Ribeiro got involved with
questions related to the legal aspects of organic farming and, to this end, he contacted
all ministries in question. This convinced him
of the need to intensify the role of public policies, through a parliament representation
working on behalf of the sector. “The organic
movement is facing difficulties at federal
level, and these difficulties prevent the development and progress of family farming,
agroecology and organic farming, which
serve as basis for sustainable development in
Brazil”, he argues. For this reason and relying
>>PROFILE
on the support from the other partners of the
sector, he ran for federal deputy as a member
of the Green Party in São Paulo at the 2010
election.
ENTITY BrasilBio comprises 24 associate members devoted to the production
of vegetables, fruit, cereal, cosmetics and
inputs, among others. Since 2005, the association holds the Bio Brazil Fair (International
Fair of Organic Products and Agroecology),
jointly with Francal Fairs in São Paulo (SP).
“It is viewed as the biggest event in Brazil in
terms of real and effective businesses, with
international repercussion and massive presence of local and foreign exhibitors”, says José
Alexandre Ribeiro, president of BrasilBio. The
eighth edition has been scheduled for 24 – 27
May 2012.
Other projects run by the entity are Organic Field Home and Recovery of Degraded
Areas through Organic Agroforestry; Organic University and Organic Credit Cooperative.
The entity works jointly with the Italian Federation of Biological Agriculture and Biodynamics (FederBio) for knowledge exchange
between the two countries. BrasilBio is a
division of the Organic Production Sectorial
Chamber of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), and interacts
with the ministries of Agrarian Development
(MDA), the Brazilian Export and Investment
Promotion Agency (Apex-Brasil), Brazilian
Micro and Small Business Support Service
(Sebrae) and other important organs of the
sector.
Divulgação
Bio turns eight.
Ribeiro took over as president of the entity
in 2007 with the purpose
to fight on behalf of family and ecology-oriented
agriculture. Since its
foundation, BrasilBio has
taken part of important
moments in the history
of the sector in Brazil.
Among them, the regulation of the Organics Law,
which entered into force
on 1st January 2011,
with the aim to improve
the quality of all organic
foods sold throughout
the Country, and the signature of the project that
simplified the register of
inputs used in this type
of agriculture in 2009.
The activity bans any
use of agrochemicals,
chemical fertilizers and
transgenic seed, and
livestock must be reared
without the use growth
hormones and other
substances, like antibiotics. The soil must be
fertile and free from any
risks of contamination.
Farmers that comply with the standards will
be granted the label, Brazilian Organic Compliance Evaluation System, giving consum-
For the second time, since 2007, José Alexandre Ribeiro, 51, presides over
the Brazilian Organic Association (BrasilBio), of which he is a founder member,
back in 2004. Married and father of four children, his ancestors were farmers
in the region of Franca (SP). He is a dentist, farmer and president of Café IAO,
the first certified organic coffee brand of the region. He graduated in Dentistry
from the Faculdades Integradas de Uberaba (Fiube) in 1985. He is a specialist in implantodonty and Esthetics; in Homeopathy from the Intituto François
Lamasson; and in Floral Therapies. He graduated in Oriental Medicine and is a
specialist in Organic Agriculture and Biodynamics from Instituto Elo, in Botucatu (SP). He is qualified in Anthroposophical Medicine, Psychology (human
biography) and anthroposophical consultancy from Instituto Eco-social. He
graduated in Indian Medicine (Ayurvédica) from the Instituto Sudha Dharma.
111
Sílvio Ávila
>>orgânicos organics
Avanço contínuo
Revista AgroBrasil 2011
País tem 15 mil
produtores
de orgânicos e
fechou 2011 com
US$ 85 milhões
negociados ou
fomentados
em feiras
internacionais e
missões
112
O Brasil contava, em dezembro de 2011, com 15 mil produtores orgânicos.
O número consta no banco de dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), responsável pela regulamentação do cultivo e cadastro dos agricultores. Segundo o Mapa, a lista de produtos cadastrados inclui os
primários, os itens processados e os industrializados à base de orgânicos. Conforme o coordenador de Agroecologia do Mapa, Rogério Dias, esse crescimento é positivo e tende a ser contínuo. “Quanto mais produtos primários forem
regulamentados, haverá mais processados. Esse aumento gera estabilidade e
agrega valor aos produtos”,destaca.
O
projeto Organics Brasil, que
reúne 74 empresas exportadoras de produtos e serviços desse segmento, fechou
2011 com US$ 85 milhões negociados
ou fomentados em feiras internacionais
e missões comerciais. O resultado é inferior ao de 2010, quando foram embarcados US$ 108,2 milhões, que representou
aumento de 60% em relação a 2009. As
empresas brasileiras exportaram para 70
países em 2010 e o setor de alimentos
representou 96% do volume enviado. Os
principais produtos embarcados foram
açúcar, polpa de fruta, como açaí, acerola
e laranja; mel, castanhas e café. Os cosméticos também foram enviados ao exterior
e representaram crescimento de 25% em
comparação a 2009.
Segundo o coordenador-executivo
da entidade, Ming Liu, em 2011 o mercado interno fortalecido e o câmbio favorável para investimentos compensaram as
incertezas econômicas nos tradicionais
clientes – americanos e europeus. “Parte
dos produtores voltou a sua produção
para o mercado interno”,diz ele. O consumidor começou a incluir itens orgânicos
no seu dia a dia, em parte, estimulados
por campanhas de conscientização.
“Os novos negócios continuam sendo fechados, com a demanda em alta. As
empresas e seus clientes reforçaram os
relacionamentos e renovaram contratos.
Há muita cautela nos investimentos, mas
não registramos retração”,analisa Liu. Para
2012, a estratégia da Organics Brasil é
montar ações de apresentação dos produtos de seus associados para distribuidores e empresas de Canadá, Argentina,
Portugal, Bélgica, Dinamarca, Finlândia,
Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul,
Emirados Árabes, África do Sul e Arábia
Saudita. Os produtos orgânicos brasileiros só podem ser comercializados, desde
1º de janeiro de 2011, se estiverem iden-
tificados com o selo do Sistema Brasileiro
de Avaliação da Conformidade Orgânica
(SISOrg).
Conforme dados da Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio), que reúne
produtores, processadores e certificadores, 80% dos produtores são agricultores
familiares. No País existem 90.497 empreededores que produzem os alimentos sem agrotóxicos, segundo o Censo
Agropecuário 2006, último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa da
BrasilBio é que os agricultores brasileiros
PODE MELHORAR •
PRONE TO IMPROVE
Exportações e negócios gerados por
meio do projeto Organics Brasil
Ano Receita
(US$)
2011
85 milhões
2010
108,2 milhões
Fonte: Projeto Organics Brasil
deveriam faturar 40% acima dos R$ 500
milhões registrados em 2010.
O primeiro produto fitossanitário
para a agricultura orgânica foi registrado
em 2011, assinado pelo Mapa depois de
análise em conjunto com os ministérios
da Saúde e do Meio Ambiente. O Brasil
deseja ser referência em produtos biológicos de controle de pragas e pretende
montar uma delegação de especialistas
para discutir o tema junto à Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD, sigla em inglês) em
2012. O Ministério da Agricultura mantém o hotsite www.prefiraorganicos.com.
br com informações sobre os benefícios
desse tipo de alimento, entre outras informações.
Always on the rise
Country is home to upwards of 15 thousand organic
producers and 2011 came to a close with US$ 85 negotiated
or promoted in international fairs and missions
In December 2011, there were 15 thousand organic producers in Brazil. This figure comes from the database of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), responsible for setting the standards for such cultivations and for registering the farmers.
According to Ministry of Agriculture, the list of registered farmers includes the primary products, processed items and organic-based
industrialized products. According to the coordinator of Mapa’s Agroecology Department, Rogério Dias, this growth is encouraging
and tends to continue. “The more primary products are registered, the more processed ones will be on the market”, he argues.
T
he Organics Brazil project, which comprises 74 companies that export products and services of this segment, came
to a close in 2011 with US$ 85 million
negotiated or promoted in international commercial fairs and missions. The result is down
from 2010, when shipments amounted to US$
108.2 million, up 60% from 2009. Brazilian companies exported to 70 countries in 2010 and the
food sector represented 96% of all shipments.
The main products shipped abroad were as
follows: sugar, fruit pulp, like açaí, acerola and
orange; honey, cashew nuts and coffee. Cosmetics were also shipped abroad and they increased by 25% compared to 2009.
According to the executive director of the
entity, Ming Liu, in 2011 the heated domestic
market and the exchange rate favorable to
investments made up for the economic uncertainties affecting the traditional North-American and European clients. “Part of the growers channeled their product to the domestic
market”, he says. Brazilian consumers are now
including organic products in their daily diets,
partly because of awareness campaigns.
“New business deals are being closed, with
demand on the rise. Companies and clients
have strengthened their relationships and renewed contracts. There is now much caution
regarding investments, but no retraction has
been registered”, Liu comments. For 2012, the
strategy of Organics Brazil is to set up initiatives
geared towards introducing the products of its
associate members to distributors and companies in Canadá, Argentina, Portugal, Belgium,
Denmark, Finland, Australia, New Zealand,
South Korea, Arab emirates, South Africa and
Saudi Arabia. Since 1st February 2011, Brazilian
organic products can only be traded if they are
identified with the label of the Brazilian System
for Organic Compliance Evaluation (SISOrg). According to data from the Brazilian Organics Association (BrasilBio), which comprises
producers, processing companies and certifiers,
80% of such products come from family farming operations. The Country is home to 90,497
entrepreneurs that produce food without agrochemicals, according the 2006 Agriculture and
Livestock Census, conducted by the Brazilian
Institute of Geography and Statistics (IBGE).
BrasilBio estimates that the Brazilian farmers
should rake in 40% in excess of the R$ 500 thousand registered in 2010.
The first phytosanitary product for organic
farming was registered in 2011, bearing the signature of the Ministry of Agriculture, Livestock
and Food Supply (Mapa), after joint analyses by
the Ministries of Health and the Environment.
Brazil wants to be a reference in biological pest
control and the intention is to set up a delegation of specialists to debate the matter with the
Organization for Co-Operation and Economic
Development (OECD) in 2012. The Ministry of
Agriculture runs a hotsite www.prefiraorganicos.com.br containing information on the benefits of this type of food, among other details.
113
>>ponto de vista VIEWPOINT
PAULO AFONSO SCHWAB
Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco)
Em busca do
tempo perdido
Revista AgroBrasil 2011
Cadeia produtiva
da ovinocultura
realiza esforços
para ampliar
o rebanho,
abastecer
o mercado
doméstico e
avançar no
exterior
114
A liderança na exportação de carnes já é uma marca do Brasil. Aves, suínos
e bovinos compõem, nos últimos 10 anos, vendas determinantes para o superávit da balança comercial. O ovino, cujo foco nacional era a produção de lã no
Sul e a subsistência no Nordeste, ficou de fora da evolução comercial dessas cadeias produtivas. Hoje a ovinocultura reúne esforços e quer provar que pode,
mesmo com atraso, recuperar o tempo perdido, abastecer o mercado doméstico e, no futuro, exportar seus excedentes.
O
presidente da Associação
Brasileira dos Criadores de
Ovinos (Arco), Paulo Afonso
Schwab, considera o momento, de alta nos preços mundiais e
nacionais, oportuno para o segmento
crescer. Acredita que o futuro reserva
uma década de preços entre estáveis e
em elevação para a carne ovina. Há dois
anos a escassez da oferta tem valorizado
o produto. Em duas décadas os grandes
rebanhos mundiais foram reduzidos a
40% do seu tamanho.
No Brasil, a produção de carne ovina
não atende à demanda.“Há cinco anos a
cadeia produtiva começou a se organizar em torno da Câmara Setorial da Ovinocaprinocultura e nas ações regionais
que precisam do governo federal para
ganharem a dimensão que merecem”,
frisa Schwab.
Para ele, o País tem o mais importante
para chegar à autossuficiência no abastecimento e gerar excedentes exportáveis: clima; genética para aumentar a
produtividade; área disponível para multiplicar o rebanho; tecnologias geradas
pelas unidades da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por
universidades e órgãos estaduais; ações
e modelos de gestão e comercialização
do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (Sebrae); e, atualmente, mercado remunerador.
Mas é preciso vencer gargalos importantes: a predominância do abate
clandestino (92%), a assistência técnica
deficiente, a falta de mão de obra qualificada, a inexistência de programas de
incentivo à produção e ao consumo, a
qualificação genética dos rebanhos, a
redução da carga tributária para incentivar a formalidade e a falta de um programa nacional de sanidade ovina, além do
abate de matrizes provocado pela alta
de preços. Schwab acrescenta que “também é preciso reduzir a mortalidade de
cordeiros, ampliar a média de produtividade, que é baixa se comparada a padrões internacionais, e garantir o abastecimento com cordeiros o ano todo.
pode gerar mais renda à propriedade
rural, inclusive à pequena e à média. “O
ovino faz o ciclo completo em um ano,
portanto gera resultado rápido”,ressalta.
Schwab explica que muitas medidas
são encaminhadas por meio da câmara
setorial e obtêm bons resultados, mas
há expectativa em relação a programas
mais efetivos, como na área sanitária.
Entende que o produtor faz a sua parte,
investindo em genética e aperfeiçoando a mão de obra, porém, o apoio oficial
ainda deixa a desejar.“Dentro do setor, o
desafio é levar a genética de 1,5 milhão
de animais de elite para o rebanho geral,
transformar isso em carne, lã e pele de
altíssima qualidade, e ampliar o rebanho
comercial para abastecer o mercado o
ano todo”,cita.
>>PERFIL
Divulgação
Inor Ag. Assmann
POTENCIAL O presidente da Arco,
Paulo Afonso Schwab, exemplifica que
o Brasil poderia ampliar em mais de 10
vezes a produção apenas colocando um
ovino ao lado de cada bovino nos pastos, sem grandes exigências de manejo.
Porém, reconhece que, por enquanto,
isso é utopia. Considera que para aumentar entre 50% e 100% o rebanho
atual – calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em
16,7 milhões de cabeças em 2008 – são
necessárias algumas medidas técnicas e
vontade política.
“Com um empurrãozinho oficial, que
garanta assistência técnica e qualificação do produtor, incentivo à qualificação
genética, que traz ganhos produtivos, e
à produção, podemos aumentar o rebanho, talvez dobrar o seu tamanho, em 10
anos”, avalia. “Para isso, é preciso evitar o
abate de fêmeas”. A diversidade pode
ajudar. No Sul há ovinos de alta qualidade para lã, carne e leite. No restante do
Brasil, a ovelha deslanada oferece carne
de qualidade e pele diferenciada, que
O médico veterinário Paulo Afonso Schwab, 64 anos, preside há 15 anos a
Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco). É advogado, agropecuarista e proprietário da Cabanha dos Pinheiros, em Cachoeira do Sul (RS), onde
cria as raças Texel e Corriedale em sociedade com o irmão, o engenheiro agrônomo Luis Alberto Schwab. Preside o Sindicato Rural e a Cooperativa Tritícola
de Cachoeira do Sul (Cotricasul). Por 27 anos presidiu o Sicredi Centro-Leste
(RS). Nos últimos anos, liderou a reformulação da Arco, incentivando a presença
da entidade em todo o Brasil, fomentando a instalação e o fortalecimento de
associações estaduais, investindo em tecnologias, que facilitaram o acesso ao
sistema de registro genealógico ovino (RGO), e ampliando o número de exemplares registrados para 1,5 milhão de animais Puros por Origem (PO). O RGO é
obrigatório aos ovinos de elite das 24 raças presentes no Brasil.
115
Sílvio Ávila
PAULO AFONSO SCHWAB
President of the Brazilian Association of Sheep Breeders (Arco)
Revista AgroBrasil 2011
Making up
for lost time
116
Sheep production
chain is now
engaged in
expanding the
sheep flock so as
to meet the needs
of the domestic
market, while
keeping an eye
towards exports
A leadership position in meat exports is a Brazilian mark. Over the past ten years, poultry, hogs and bovines have constituted a determining factor for the surpluses in the trade
balance. Sheep rearing, whose national focus was the production of wool in the South
and subsistence activity in the Northeast, remained outside the commercial evolution of
these production chains. Now sheep rearing is picking up steam in an attempt to prove
that, although running behind schedule, it is possible to make up for lost time, supply the
domestic market and, in the future, venture into international markets.
T
he president of the Brazilian Association of Sheep Rearers (Arco), Paulo
Afonso Schwab,considers the moment
of high international and domestic
prices very appropriate for the sector to make
strides. He believes that the future keeps in
store a decade of prices ranging from stable to
high prices for sheep meat. For two years now,
shortages of the product have pushed prices
up. Over a two-decade period, the huge global
flocks suffered a reduction of 40% in size.
In Brazil, the production of sheep meat is
not enough to meet demand. “Five years ago,
the production chain started to get organized
initiatives that depend on the federal government to reach the dimension they deserve”,
Schwab insists.
In his view, the Country stands every condition to reach self-sufficiency in supply and generate exportable surpluses: climate; productivity oriented genetics; area available for multiplying the flock; technologies generated by the
Brazilian Agricultural Research Corporation
(Embrapa); actions and management and
sales models of the Brazilian Micro and Small
Business Support Service (Sebrae); and, at the
moment, a highly remunerating market.
Nonetheless, there are important bottlenecks to be surmounted: predominance of
clandestine slaughtering (92%), deficient
technical assistance, the lack of skilled labor,
the absence of production and consumption
incentive programs, genetic herd qualification,
the reduction of the tax burden to stimulate
formal slaughtering and the lack of a national ovine sanitary program, and the resulting slaughtering of breeding flocks, induced
by the soaring prices. Schwab also adds that
“there is a need to reduce the mortality rate of
the lambs, expand average productivity rates,
which is still low if compared to international
standards, and make sure lamb is available in
the market year-round.
POTENTIAL Arco president Paulo
Afonso Schwab has it that Brazil could increase tenfold its flock and production, just
placing one sheep beside every head of cattle
on the grasslands, without strict management requirements. However, he also maintains that, for the time being, this is utopia.
>>PROFILE
He maintains that if the present herd is to
be expanded by 50% to 100% - calculated
by the Brazilian Institute of Geography and
Statistics (IBGE) at 16.7 million head in 2008
– some technical measures and political will
are needed.
“With a little help from the government, in
the form of technical assistance and producer
qualification, incentive to genetic qualification, with results showing in production gains,
and incentive to production, we could expand
our flock, maybe double its size in 10 years”, he
thinks. “To this end, female ewes must not be
slaughtered”. Diversity might be a good help.
In the South, there are sheep that produce
high quality wool, meat and milk. In all other
regions in Brazil, woolless sheep offer good
quality meat and distinguished skin, able to
generate more income for the farm, even for
small and medium-scale operations. “Sheep
complete their cycle in a year, and therefore
generate rapid results”, he clarifies.
Schwab explains that many measures
are channeled through the Sectorial Chamber and achieve good results, but there is
expectation with regard to more effective
programs, particularly in the sanitary area.
He understands that the producers are doing
their part, investing in genetics and qualifying the workforce, nevertheless, government
support is still lagging behind. “Inside the sector, the challenge consists in taking genetic
enhancement to 1.5 million elite animals for
the general flock, transform this into meat,
wool and skin of high quality, and expand the
commercial flock in order to supply the market year-round”, he comments.
Divulgação
in connection with the Goat and Sheep Rearing Sectorial Chamber and through regional
Veterinarian Paulo Afonso Schwab, 64, presides over the Brazilian Association
of Sheep Breeders (Arco) for 15 years now. He is a lawyer, farmer, cattle breeder and
owner of Cabanha dos Pinheiros, in Cachoeira do Sul (RS), where he raises Texel and
Corriedale breeds jointly with his brother, agronomic engineer Luis Alberto Schwab.
He also presides over the Rural Union and the Wheat Cooperative in Cachoeira do
Sul (Cotricasul). For 27 years he presided over the Sicredi Centro-Leste (RS). Over
the past years, he took the initiative to start the reformulation of the association –
ARCO – encouraging its presence all over the national territory, strengthening and
fostering the creation of state associations, investing in technologies that paved
the way for accessing the sheep genealogical record system (RGO), and expanding
the number of registered head to 1.5 million Pure Origin (PO) animals. The RGO is
mandatory to all elite sheep of the 24 breeds present in Brazil.
117
Robispierre Giuliani
>>ovinos sheep
Revista AgroBrasil 2011
Potência adormecida
118
Cenário mundial
sinaliza com
chances para que
a ovinocultura
brasileira cresça
e se imponha
de maneira
competitiva no
mercado
O crescimento do consumo de carne ovina no Brasil e no exterior, aliado à
redução dos rebanhos dos principais produtores mundiais em mais de 40%
nos últimos 20 anos, cria a expectativa de que a ovinocultura brasileira siga o
caminho de sucesso de outras cadeias produtivas de criações de animais. O desafio é gigantesco, mas a valorização dos preços internos da carne (e também
de produtos como lã, leite e peles) é um grande incentivo.
E
ssa melhoria nas cotações vem
associada, ao mesmo tempo, ao
aumento do consumo da carne de cordeiro e à redução da
oferta do Uruguai, tradicional fornecedor, que está direcionando a produção
a mercados mais remuneradores, como
a Europa e o Oriente Médio. Em 2011,
a importação de carne ovina uruguaia
por parte do Brasil caiu 19,7% em relação a 2010, ficando em 4.771 toneladas.
Em 2007, por exemplo, haviam sido ad-
quiridas 7.684 t. A redução na oferta de
cortes importados no comércio doméstico valorizou a carne brasileira, e o quilo
vivo chegou a se posicionar acima de R$
6,00 ao pecuarista. Nos açougues e nos
supermercados, foi comum encontrar
preços acima de R$ 15,00 pelo quilo do
cordeiro.
O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Paulo
Afonso Schwab, diz que o setor pode obter o mesmo sucesso internacional das
CRESCENTE • ON THE RISE
Evolução do rebanho brasileiro
Ano
Rebanho (milhões
de cabeças)
2008
16,3
2009
16,8
2010
16,9
2011
17,4
2012
17,78
Fonte: Prime ASC
consolidar uma posição de oferta formal,
regular, estável e de qualidade”, destaca. A necessidade de profissionalização
da cadeia produtiva é elencada como
prioridade pelos analistas, tanto em tecnologias agregadas ao rebanho quanto
em gestão técnica, administrativa ou comercial.
RETRATO O rebanho ovino bra-
carnes bovina, suína e de aves. Porém,
com o mercado interno remunerador
e ávido por carne ovina de qualidade,
abastecê-lo é a primeira meta. “A cada
100 gramas de carne ovina per capita a
mais no consumo brasileiro, precisamos
produzir mais um milhão de cordeiros.
Isso define como é grande o desafio, mas
mostra que há muito espaço para crescer”, conclui. Hoje, o brasileiro consome,
em média, 400 gramas por ano.
A analista Raquel Maria Cury Rodrigues, da consultoria Farmpoint, lembra
que um dos entraves ao crescimento
do mercado da carne ovina é o comércio informal. Os abates informais
representam cerca de 90% da carne comercializada no País. A pulverização e a
desorganização dos elos produtivos são
outro problema a ser resolvido. O setor
aguarda por um programa nacional de
apoio à ovinocultura que ajude a desenvolver o setor para atender com qualidade e de forma regular ao mercado
brasileiro, e que gere excedentes exportáveis.“Há compradores para a carne de
cordeiro brasileira, mas os volumes desejados são até maiores do que os que
podemos ofertar, mesmo no mercado
interno”, explica Schwab.
Ele afirma que a cadeia produtiva vem
se organizando em torno de entidades,
como a Arco, a câmara setorial e órgãos
estaduais. “Precisamos de um programa
que sirva de guarda-chuva, que coordene, alavanque a ovinocultura para um
novo patamar comercial e de consumo”,
define. O Brasil consome cerca de 80 mil t
de carne ovina por ano. Mas formalmente o volume é pouco maior do que 10 mil
t, metade dele importado. A importância
da melhor estruturação para abastecer o
cliente interno é apontada também pelo
consultor da Prime ASC Daniel de Araújo
Souza. “Fortalecer o mercado doméstico
formará os pilares que sustentarão a cadeia produtiva”,enfatiza.
Conforme Raquel Maria, a cadeia
produtiva ainda apresenta muitos entraves e pontos fracos que impedem o seu
desenvolvimento. “O mercado em alta é
importante. Mas há muito a ser feito para
sileiro, segundo dados divulgados em
2011, mas referentes a 2010, é de 17,4
milhões de cabeças. O setor trabalha
com dado superior a 17,78 milhões de
exemplares para 2012, embora haja preocupação com o aumento no abate de
matrizes que a elevação de preços pode
ter proporcionado. “Criador consciente
retém as matrizes, pois o ciclo ovino é
curto e em um ano a matriz vai lhe dar
um cordeiro ou dois, com ganho que
pode chegar a 200%”,afirma Paulo Afonso Schwab, da Arco.
A maior parte do rebanho brasileiro
está no Nordeste, onde predominam as
raças deslanadas. No Sul estão as raças
de lã e duplo propósito (lã e carne). O
registro genealógico ovino brasileiro,
que cadastra os animais de elite e Puros
por Origem (PO), mantém-se atualizado
com 1,5 milhão de animais de 26 raças.
Um desafio do setor é transferir toda
essa genética para o rebanho geral,
com ganhos produtivos e qualitativos.
Essa é uma das fórmulas defendidas
pela Arco para que o rebanho nacional
aumente, gradativamente e se consolide em patamares capazes de abastecer
o mercado doméstico. E, quem sabe,
ainda exportar.
119
Revista AgroBrasil 2011
Dormant power
120
Global scenario
signals good
chances for
Brazilian sheep
farming to take
off and find
its way into
the market in
competitive
manner
The upward trend in the consumption of sheep meat in Brazil and abroad, along with
an over 40-percent decline in the flock size of the major producers around the world, during the past 20 years, creates expectations pointing to Brazil’s sheep farming operations
as the right track for other production chains and livestock operations. It is a giant challenge, but the rising value of the meat in the domestic scenario (and the same goes for
such products as wool, milk and skins) comes as a great incentive.
T
hese more attractive prices are, at the
same time, keeping pace with soaring lamb consumption and declining
shipments from Uruguay, traditional
supplier, now directing its production to markets that pay more, like Europe and the Middle
East. In 2011, sheep meat imports from Uruguay were down 19.7% from 2010, remaining at 4,771 tons. In 2007, for example, 7,684
tons were acquired. The reduction of imported
cuts in the domestic market had reflections on
higher prices of Brazilian meat, with per kilo
farm gate prices in excess of R$ 6. At butcher’s
and supermarkets a kilo of lamb was fetching
over R$ 15.
Paulo Afonso Schwab, president of the
Brazilian Association of Sheep Breeders (Arco),
maintains that the sector could become as
popular in the international market as bovine,
chicken and pig meat. However, with the domestic market paying high prices and eager
for sheep meat of good quality, keeping it supplied is a major target. “For every 100 grams
more sheep meat consumed per capita in Brazil, we need to produce a million extra lambs.
This defines how big the challenge is, but also
Sílvio Ávila
shows that there is still much room for growth”,
he concludes. At the moment, per capita consumption in Brazil reaches 400 grams a year.
Analyst Raquel Maria Cury Rodrigues, of
Farmpoint Consultants, recalls that one of the
hurdles that prevent the sheep meat market
from developing is illegal trade. The chain of
illegal slaughter represents about 90% of all
sheep meat sold in the Country. The small size
and the lack of organization of the production chain is just another problem that needs
solving. The sector is waiting for a national
meat farming support program to develop
the sector and make it capable of meeting
the Brazilian market with quality meat, on
a regular basis, and for exporting surpluses.
“There are buyers for Brazilian Lamb, but the
volumes outstrip our supply capacity, even for
the domestic market”, explains Paulo Afonso
Schwab.
He maintains that the production chain
has been trying to get organized around entities, like Arco, the Sectorial Chamber and state
organs. “We need a program that acts like an
umbrella, one that coordinates and pushes
sheep farming to a higher production and
consumption platform”, he defines. Brazil consumes about 90 thousand tons of sheep meat
a year, half is imported. The importance of improving the structure for supplying domestic
clients is also referred to by Prime ASC consultant Daniel de Araújo Souza. “Strengthening
the domestic market seems to be the right
course for sustaining the production chain”, he
emphasizes.
Raquel Maria Cury Rodrigues understands
that the production chain has to put up with
several hurdles and weak points that ultimately prevent it from developing. “A market on the
rise is important. But there is still a lot to do for
the consolidation of a normal supply position, regular, stable and quality-oriented”, he
stresses. The need for a professionally-oriented
production chain is listed as priority by all analysts, either in technologies added to the flock,
or in the form of technical, administrative and
commercial management practices.
PICTURE
The Brazilian ovine flock,
according to data disclosed in 2011, but refer-
ring to 2010, reaches 17.4 million head. The
sector considers a total of upwards of 17.78
million head for 2012, although there is much
concern about the slaughtering of breeding
flocks, which might have been caused by soaring prices. “Conscious sheep breeders do not
slaughter their breeding flocks, because the
cycle of sheep is very short, in just one year a
ewe could give birth to one or two lambs, with
gains that could reach up to 200%”, says Arco
president Paulo Afonso Schwab. The biggest portion of the Brazilian sheep
flock is in the Northeast, where woolless animals prevail. The South is home to wool and
dual- purpose sheep. The Brazilian genealogical record of elite and Pure Origin (PO) animals
refers to 1.5 million animals of 26 different
breeds. One of the challenges of the sector
consists in transferring this technology to the
general flock, with productive and qualitative
gains. This is one of the formulas that is advocated by Arco for the national flock to soar
gradually, reaching levels capable of supplying the domestic market. And, who knows, sell
sheep meat abroad.
121
Sílvio Ávila
>>silvicultura silviculture
Revista AgroBrasil 2011
Nem bom, nem ruim
122
Segmentos da
silvicultura
tiveram
desempenho
razoável em 2011,
levando-se em
conta a crise que
assola mercados
compradores
As constantes agitações econômicas dos mercados europeu e norte-americano refletem nos setores exportadores do Brasil. Entre eles encontram-se
os segmentos vinculados à silvicultura, que, mesmo com todas as indefinições
vindas de fora, fecharam 2011 com desempenho que pode ser considerado razoável.
A
produção brasileira de celulose e de papel manteve
o mesmo patamar de 2010,
totalizando 14,2 milhões de
toneladas e 9,8 milhões de toneladas,
respectivamente, no ano. Os números
são da Associação Brasileira de Celulose
e Papel (Bracelpa). As exportações dos
dois setores somaram US$ 7,1 bilhões
em 2011, o que significa acréscimo de
6,2% sobre o ano anterior, com pequeno incremento de 0,8% na quantidade
(10,5 milhões de toneladas).
O mercado europeu foi o principal
destino da celulose brasileira, com aproximadamente 45% da receita, seguido
da China (25%) e da América do Norte
(15%). Com relação ao papel, os países
da América Latina continuam como os
principais clientes, representando 55%
AVANÇO TÍMIDO • SHY PROGRESS
Exportações de celulose e papel
Produto
Valor (US$ milhões FOB)
2010
2011
Volume (mil t)
2010
2011
Celulose
4.762
5.002
8.375
8.478
Papel
2.008
2.188
2.074
2.052
Total
6.770
7.190
10.449
10.530
Fonte: Secex
TURBULÊNCIA A produção de
do faturamento. Na sequência aparecem a Europa (20%) e a América do Norte (10%).
Para o setor moveleiro, o ano não
foi dos melhores. Segundo relatório da
Secretaria de Comércio Exterior (Secex),
órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
houve queda de 3,3% no faturamento
com os embarques, fechando em US$
763,3 milhões. O segmento ainda não
conseguiu se recuperar dos reflexos da
crise econômica mundial de 2008, que
levou à diminuição em 28,5% nas vendas externas em 2009. No ano seguinte
a receita foi 11,6% maior e em 2011 voltou a cair.
O segmento de madeira processada
teve um ano melhor do que o esperado.
Mesmo com saldo negativo, o resultado
é considerado favorável. Conforme a
Secex, de janeiro a novembro de 2011
o setor vendeu US$ 1,7 milhão a outros
ferro-gusa (matéria-prima do aço) cresceu 6% em 2011 comparativamente ao
período anterior, de acordo com o Instituto Aço Brasil (IABr). Entretanto, esse
desempenho não foi suficiente para
evitar a crise pela qual passa o setor. Na
carona, o segmento de carvão vegetal,
altamente dependente da indústria de
gusa, também está em dificuldades.
A situação de Minas Gerais, que
concentra 60% da oferta nacional de
ferro-gusa, mostra bem a dimensão do
estrago. O Estado tem 64 usinas, que
empregavam em torno de 50 mil trabalhadores em 2007, antes da crise econômica mundial. Conforme estimativas do
Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer), em 2011 o
número de empregados nas indústrias
baixou a menos da metade com a desativação de vários fornos. A produção
calculada para 2011 era de 3,5 milhões
de toneladas, enquanto há quatro anos
foi de 5,5 milhões de toneladas.
O Brasil é exportador de ferro-gusa,
tendo como principais mercados os Estados Unidos e a Europa. Como o mundo está com excesso de aço, a demanda
por ferro-gusa caiu, prejudicando os negócios dos produtores nacionais. Outro
fator que colaborou para a crise foram as
altas cotações do minério de ferro e do
carvão vegetal, diminuindo a margem
de lucro dos guseiros.
Sílvio Ávila
países, pequeno decréscimo de 1,1% sobre 2010. Análise conjuntural do Centro
de Inteligência em Florestas (CI Florestas), de dezembro de 2010, aponta preocupação das empresas do ramo com o
risco de ocorrer um “apagão” florestal, o
que comprometeria a execução de futuros projetos fabris de celulose e papel,
painéis de madeira e energia renovável
no País.
123
Revista AgroBrasil 2011
Neither good
nor bad
124
Silviculture
segments had
a reasonable
performance in
2011, taking into
consideration
the crisis now
affecting the
buying markets
The never ending economic turbulences in the European and North-American markets
reflect negatively on Brazilian exports. One of the most affected sectors is silviculture,
which, despite all deficient definitions coming from abroad, came to a close in 2011 with a
performance that might be taken as reasonable.
B
razilian cellulose and paper production operations matched last year’s
levels, totaling 14.2 million tons and
9.8 million tons respectively, a year.
The figures come from the Brazilian Cellulose
and Paper Association (Bracelpa). Exports of
the two sectors reached US$ 7.1 billion in 2011,
up 6.2% from the previous year, with a small increase by 0.8% in quantity (10.5 million tons).
The European market was the major des-
tination of Brazilian cellulose, with approximately 45% of the revenue, followed by China
(25%) and North America (15%). With regard
to paper, the major clients are South American
countries, representing 55% of all revenues.
Then come Europe (20%) and North America
(10%).
For the furniture sector, the year was not
promising. According to a report by the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an
Sílvio Ávila
organ of the Ministry of Development, Industry
and Foreign Trade (MDIC), in terms of revenue,
shipments brought in 3.3% less than the previous year, totaling US$ 763.3 million. The segment has not yet managed to recover from
the 2008 global financial downturn, which
pressed down foreign sales by 28.5% in 2009.
The following year, revenue soared 11.6% and
in 2011 it declined again.
The processed timber segment exceeded
expectations. Although experiencing a negative balance, the result is viewed as favorable.
According to Secex, January through November 2011 the sector sold US$ 1.7 million to other
countries, slightly down 1.1% from 2010. Structural analysis by the Forests Intelligence Center
(CI Florestas), of December 2010, refers to the
deep concern of the companies of the sector
about a possible forest “blackout”, which would
enormously jeopardize the execution of future
cellulose, paper and wood panel manufacturing processes, whilst also affecting renewable
energy initiatives throughout Brazil.
TURBULENCE The production of
pig iron (raw material for steel) increased by
6% in 2011 compared to last year, according
to data released by the Brazil Steel Institute
(IABr). Nonetheless, this performance was not
enough to avoid the crisis the sector is experiencing. Following on its heels, the vegetable
coal segment, highly dependent on the pig
iron industry, is also facing difficulties.
The situation in Minas Gerais, responsible
for 60% of all national pig iron supplies, clearly
attests to the damage. The State is home to
64 mills, which employed about 50 thousand
workers in 2007, before the global financial
crisis broke out. According to estimates by the
Iron Industry Union in Minas Gerais (Sindifer),
in 2011 the number of employees in the industries had fallen to less than half because
many blast furnaces had been shut down. The
estimated production for 2011 was 3.5 million
tons, while four years ago it was 5.5 million
tons.
Brazil exports pig iron, and the major markets are the United States and Europe. As there
is excessive offer of steel around the globe, demand for pig iron has declined, damaging the
businesses of the national producers. Another
factor that had a say in the crisis were the high
quotes of iron ore and vegetable coal, reducing
the profit margins of the pig irons dealers.
125
Inor Ag. Assmann
>>soja soy
Revista AgroBrasil 2011
Fora de série
126
Safra 2010/11
foi recorde em
todos os aspectos,
incrementando
a produção
brasileira da
oleaginosa e
solidificando sua
posição mundial
Os resultados da soja no Brasil em 2011 ultrapassaram as expectativas mais
otimistas e receberam as melhores avaliações no Anuário Brasileiro da Soja, publicação da Editora Gazeta Santa Cruz.“Foi simplesmente espetacular”,avaliou
Amélio Dall’Agnol, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, de
Londrina (PR).“A maior safra da história somou três fatores positivos que raramente acontecem de forma concomitante: preços muito bons, produtividade
ótima e custos de produção mais baixos”,completou Argemiro Luís Brum, coordenador da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos do Mercado Agropecuário (Ceema) da Universidade Regional do Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul (Unijuí).
A
produção recorde, resultado
do uso de alta tecnologia e do
clima excepcional, alcançou a
75,32 milhões de toneladas,
de acordo com os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Houve acréscimo próximo a 10%
em relação à safra anterior, enquanto a
área avançou 3%, para 24,18 milhões
de hectares. O rendimento médio por
hectare ficou em 3.115 quilos, destaque
nacional e mundial. O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de soja,
logo atrás dos Estados Unidos.
O ano fora de série permitiu ainda a
recuperação da rentabilidade do pro-
LEVE RECUO
Para 2012, prog-
HISTÓRICO • HISTORY
Evolução da soja no Brasil
Ano
2010
2011
2012*
Área (milhões ha)
23,47
24,18
24,63
Produção (milhões t)
68,68
75,32
71,75
Exportação (milhões t/grão)
29,06
32,97
34,00**
Fonte: Conab-Mapa/MDIC
*Estimativa
**Previsão Abiove
nóstico feito pela Conab no início de
janeiro, com base em levantamento de
dezembro, é de que a produção nacional
seja menor nesta safra, em razão especialmente de problemas climáticos enfrentados no Sul do País decorrentes do
fenômeno La Niña. A previsão é de que
fique próxima a 71,75 milhões de toneladas, recuo na ordem de 4,7%, considerando produtividade de 2.913 kg/ha. Em
termos de área, com o estímulo do panorama favorável da temporada passada,
volta a se registrar ampliação na ordem
de 1,9%, somando 24,63 milhões de ha.
O maior aumento no plantio deuse na região de expansão no Nordeste
– Piauí (14%), Maranhão (9,3%) e Bahia
(6,4%), assim como no maior Estado
produtor, Mato Grosso (5,8%). Neste a
área deve chegar a 6,76 milhões de ha,
enquanto em âmbito local o Instituto
Mato-grossense de Economia Aplicada
(Imea) chega a projetar extensão próxima de 7 milhões de ha. Nessas regiões,
o clima apresentava-se favorável a uma
boa produção, contrabalançando a situação enfrentada no Sul, onde a escassez
de chuvas prejudicava a cultura, levando
a Conab a prever quebras de 15,6% no
Rio Grande do Sul (3º Estado em produção), 10,7% no Paraná (2º maior) e 7,7%
em Santa Catarina. Os dois últimos também haviam reduzido o plantio.
De qualquer forma, no primeiro mês
do ano havia manifestações de que
ainda era cedo para chegar a números
adequados da nova safra. Na virada do
ano, especulava-se sobre a manutenção
da boa rentabilidade na cultura. Uma
das posições mais presentes era de que
possivelmente os preços seriam menos
interessantes do que no ciclo anterior,
mas ainda se manteriam em bom nível. Além disso, como se evidenciou no
Anuário da Soja, apesar da crise em países desenvolvidos, o cenário nacional e
global é favorável à oleaginosa, com o
crescimento da economia nos chamados países emergentes e o incremento
no consumo de carnes e de óleo.
Inor Ag. Assmann
dutor. Segundo os estudos do professor
Brum, o ganho oscilou, em média, entre
10% e 20%, dependendo da região do
País. O valor do produto foi superior ao
gasto feito na lavoura, subindo entre
34% (em reais) e 51% (dólares) contra
20% dos custos, conforme se apurou em
Sorriso, município maior produtor no Estado líder da cultura, Mato Grosso.
No mercado externo, o complexo
soja (grãos, farelo e óleo) igualmente foi
destaque em 2011. Esteve à frente novamente da pauta das exportações brasileiras do agronegócio e do superávit comercial no setor, que é quase três vezes
maior que o desempenho global do País.
Foi o que mais contribuiu (38,7%) para a
expansão das vendas externas nacionais
no ano, conforme divulgou o governo.
O Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa) informou que o
crescimento em valor atingiu 41%, totalizando US$ 24,14 bilhões. A China foi o
principal importador do produto brasileiro, com US$ 10,96 bilhões. A maior venda
de soja do País ao exterior dá-se na forma
de grãos. Em 2011, foram embarcadas
32,97 milhões de t, no valor de US$ 16,31
bilhões, o que equivale a 17,2% do total
do comércio externo do agronegócio do
País. A expansão em relação a 2010 foi de
47,8%, enquanto em volume o índice de
incremento situou-se em 13,5%.
127
Revista AgroBrasil 2011
Incredibly big
128
2010/11 crop
hit all-time
record in every
aspect, driving up
Brazilian oilseed
production
volumes, whilst
solidifying its
global position
The results of the Brazilian 2011 soybean crop exceeded even the most optimistic expectations and were highly praised in the Brazilian Soybean Yearbook, published by Editora Gazeta Santa Cruz.“It was simply fantastic”, said Amélio Dall’Agnol, head of Embrapa
Soy Technology Transfer Department, in Londrina (PR). “The largest crop on record took
advantage of three positive factors that rarely happen simultaneously: very good prices,
excellent yield and lower production costs”, completed Argemiro Luís Brum, coordinator of
the International Center for Economic Analyses and Agriculture Market Studies (Ceema)
of the Regional Northwestern University of the State of Rio Grande do Sul (Unijuí).
T
he record production volume, resulting from the use of high technology
and exceptional weather conditions,
reached 75.32 million tons, according to figures released by the National Supply Company (Conab). The volume was up
approximately 10% from the previous crop,
whilst the planted area soared by 3%, to 24.18
million hectares. Average yield per hectare
remained at 3.115 kilos, a remarkable feat at
home and abroad. Brazil is the second largest
soy producer and exporter, coming right after
the United States.
This abnormally good year has also recovered profitability at grower level. According to
studies conducted by professor Brum, gains oscillated from 10% to 20% on average, depending on the region of the Country. The product
brought in revenue that outstripped the production cost, soaring from 34% (in real) and
51% (in dollar) against costs of 20%, according
to the professor’s survey conducted in Sorriso,
Sílvio Ávila
municipality that ranks first in production volumes in the State that is the biggest soybean
producer in Brazil, Mato Grosso.
In the foreign market, the Soy complex
(grains, meal and oil) was equally remarkable
in 2011. It ranked first on the Brazilian agribusiness export agenda and was a major factor in
the positive trade balance of the sector, which
is almost three times as big as the Country’s
global performance. It contributed the most
(38.7%) towards the rising national foreign
sales over the period, according to figures released by the government.
The Ministry of Agriculture, Livestock and
Food Supply (MAPA) informed that in value
growth reached 41%, totaling US$ 24.14 billion. China was the leading importer of Brazilian soybean, with US$ 10.96 billion. Brazilian
soybean exports consist mostly in the shipment of grains. In 2011, sales abroad reached
32.97 million tons, which raked in US$ 16.31
billion, equivalent to 17.2% of the entire foreign trade of Brazilian agribusiness. Compared
to 2010, this expansion reached 47.8%, while in
volume the increase rate remained at 13.5%.
SLIGHT REVERSAL For 2012,
prognosis conducted by Conab in early January, based on a December survey, points to a
smaller size of the national crop, specifically as
a result of the unfavorable weather conditions
in the South of the Country, induced by the La
Niña phenomenon. The forecast is for a crop
of 71.75 million tons, down 4.7%, considering
yields of 2,913 kg/ha. In terms of planted area,
under the influence of the favorable panorama
in the past season, a rise of 1.9% was registered,
totaling 24.63 million ha.
The biggest area increases took place in
the now expanding regions in the Northeast
– Piauí (14%), Maranhão (9.3%) and Bahia
(6.4%), as well as in the leading producer, the
State of Mato Grosso (5.8%). In this State the
planted area is expected to soar to 6.76 million hectares, while locally the Mato Grosso
Institute for Applied Economics (Imea) is projecting the area close to 7 million hectares. In
these regions, climate conditions have been
favorable for a good crop, counterbalancing the situation that is affecting the South,
where drought conditions are taking a heavy
toll on the crop, inducing Conab to forecast a
reduction of 15.6% in Rio Grande do Sul (3rd
largest producer), 10.7% in Paraná (2nd biggest) and 7.7% in Santa Catarina. The second
and the third states had also reduced their
planted area.
Anyway, in the first month of the year the
feeling was that it is still too early to forecast
exact figures for the new crop. At the turn of
the year, there was hope for the crop to keep
pace with last year’s profitability levels. One
of the most mentioned speculations was that
prices would probably not be as interesting as
in the previous season, but would still remain
at a good level. Furthermore, as shown in the
Soybean Yearbook, in spite of the crisis in developed countries, both the local and global
scenarios are favorable to the oilseed, due to
the growth of the economy in the so-called
emerging countries and the trend for soaring
consumption of meat and oil.
129
>>ponto de vista VIEWPOINT
ADRIANA BRONDANI
Diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)
Forças aliadas
Revista AgroBrasil 2011
Transgênicos
ajudam a reduzir
as perdas no
campo por pragas,
doenças e clima
adverso, além
de contribuírem
para melhorar
a qualidade dos
cultivos
130
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking dos maiores produtores mundiais de plantas geneticamente modificadas. Em 2010, foram cultivados no
País 25,4 milhões de hectares de lavouras transgênicas, atrás apenas dos Estados Unidos, com 66,8 milhões de hectares. Segundo a consultoria Céleres, focada no agronegócio, na safra 2011/12 houve incremento de 21% na adoção da
tecnologia em solo brasileiro, chegando a uma área plantada de 31,8 milhões
de hectares.
D
esde 2001 o Conselho de
Informações sobre Biotecnologia (CIB) se encarrega
de divulgar os benefícios do
uso de organismos geneticamente modificados. A organização não governamental reúne mais de 100 profissionais
ligados aos principais centros de pesquisa, universidades e institutos científicos
do Brasil. Em 2011, a bióloga gaúcha
Adriana Brondani assumiu a diretoria
executiva do órgão.
Para a nova dirigente, a agricultura
encontrou na biotecnologia um dos
maiores aliados para a produção mais
eficiente de plantas. “Pragas, doenças
e problemas climáticos sempre foram
grandes obstáculos à produção de alimentos, e a aplicação da engenharia genética permitiu o desenvolvimento de
cultivos com mais qualidade e menos
perdas”,ressalta.
Adriana cita estudo da consultoria
Céleres que aponta os ganhos da agricultura brasileira com o uso dos transgê-
nicos entre as safras 1996/97 e 2009/10.
No período deixaram de ser utilizados
nas lavouras 16,2 bilhões de litros de
água. O uso de óleo diesel nos maquinários agrícolas foi reduzido em 134,6 milhões de litros e, com menos queima de
combustível, deixaram de ser jogadas na
atmosfera 357 mil toneladas de dióxido
de carbono (CO2).
SEGUROS Os produtos geneticamente modificados ainda suscitam
muitas dúvidas quanto à segurança
para a saúde humana e animal e o meio
ambiente. A diretora-executiva do CIB,
Adriana Brondani, argumenta que em
mais de 15 anos de uso dos transgênicos em 50 países nunca foi registrado
impacto negativo. Além disso, segundo
ela, o processo regulatório brasileiro é
reconhecido internacionalmente como
um dos mais rígidos do mundo.
Adriana lembra que a Lei de Biossegurança (11.105/05) exige que qualquer
organismo transgênico passe pela ava-
xicológicas, alergênicas, nutricionais e
ambientais, avaliações pelas quais não
passam os alimentos convencionais. Só
depois disso são aprovados para cultivo e consumo”, destaca. Esses procedi-
mentos seguem padrões internacionais
definidos pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
>>PERFIL
Divulgação
Inor Ag. Assmann
liação criteriosa da Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio),
formada por 54 profissionais. “Os organismos geneticamente modificados
são submetidos a rigorosas análises to-
A gaúcha Adriana Brondani é formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Bioquímica, todos pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (Ufrgs). Atua como professora orientadora de pós-graduação em Diagnóstico Genético Molecular na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e Medicina e Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS). Em 2011, Adriana assumiu o cargo de diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
131
Inor Ag. Assmann
ADRIANA BRONDANI
Executive director of the Information Council on Biotechnology (CIB)
Revista AgroBrasil 2011
Allied forces
132
GMOs reduce
losses induced
by field pests,
diseases and
adverse climate
conditions,
besides
improving
the quality
of the crops
Brazil ranks second among the largest global producers of genetically modified crops.
In 2010, transgenic crops covered an area of 25.4 million hectares, coming only after the
United States, with 66.8 million hectares. According to Céleres, a crop consulting company,
in the 2011/12 season the use of this technology in Brazilian soil soared by 21%, reaching
a total area of 31.8 million hectares.
S
ince 2001, the Information Council
on Biotechnology (CIB) has been
giving publicity to the benefits
derived from the use of genetically
modified organisms. The nongovernmental association comprises upwards of 100
professionals linked to all major research
centers, universities and scientific institutes
in Brazil. In 2011, gaucho biologist Adriana
Brondani took over as executive chairman of the organ. In the words of the new
board member, biotechnology has proved
to be one of the most effective allies in the
production of very efficient plants.
“Pests, diseases and climate problems
have always been serious obstacles to the
production of food crops, and the application of genetic engineering has led to
the development of crops that are more productive
and less subject to losses”, she points out.
Adriana cites a study by Céleres consulting company that points to the benefits derived by Brazilian
agriculture from the use of transgenic crops between
the 1996/97 and 2009/10 seasons. During this period,
the reduction in the use of water in the fields reached
16.2 billion liters. The use of diesel oil in the machines
suffered a reduction of 134.6b million liters and, with
less fuel burned, 357 thousand tons of carbon dioxide
(CO2) were not spewed into the atmosphere.
SAFE Genetically modified organisms still raise
>>PROFILE
Divulgação
a lot of doubts about their safety regarding human
and animal health and the environment. CIB executive
director Adriana Brondani argues that having being
used for over 15 years in more than 50 countries no
negative impact has so far been registered. Furthermore, according to her, Brazil’s regulatory process is
internationally acknowledged as one of the strictest
in the world.
Adriana recalls that the Biosafety Law (11.105/05)
makes it mandatory for any transgenic organism to
go through an accurate assessment process by the
National Technical Committee on Biosafety (CTNBio), which consists of a group of 54 professionals.
“Contrary to conventional food, all genetically modified organisms are submitted to strict toxicological,
allergenic, nutritional and environmental analyses,
before they get their approval for consumption”, she
stresses. These procedures comply with international
patterns defined by the World Health Organization
(WHO) and by the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO).
Gaucho Adriana Brondani graduated in Biological Sciences,
with a Master’s Degree and PhD in Biochemistry, from the Federal
University of Rio Grande do Sul (Ufrgs). She is a guiding professor
at the post-graduation course in Molecular Genetic Diagnosis at
the Lutheran University of Brazil (Ulbra) and Medicine and Health
Sciences at the Catholic University of Rio Grande do Sul (PUCRS).
In 2011, Adriana took over the position as executive director of the
Information Council on Biotechnology (CIB).
133
Inor Ag. Assmann
>>suínos hogs
Revista AgroBrasil 2011
Volta por cima
134
Mesmo
enfrentando
problemas com o
principal cliente,
exportações de
carne suína foram
melhores que o
esperado e são
promissoras para
2012
A Rússia deixou de ser o principal destino da carne suína brasileira em 2011.
O ano fechou com Hong Kong ocupando o posto de maior importador do
produto, com 129,7 mil toneladas, o equivalente a 25,1% do volume total. A
notícia já era esperada, visto que no segundo semestre praticamente nenhum
frigorífico nacional conseguiu exportar para a Rússia, que ficou com 24,4% de
participação ou 126,4 mil t.
O
embargo sanitário prejudicou os negócios no período,
porém menos que o previsto pelo setor. Conforme
o balanço da Secretaria de Comércio
Exterior (Secex), órgão do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), foram embarcadas
516,4 mil t no ano, com receita de US$
1,4 milhão. Os números mostram queda de 4,4% em volume e acréscimo de
7% em faturamento. O preço médio da
tonelada foi de US$ 2,7 mil, aumento de
11,9% sobre 2010.
A partir de janeiro de 2011 a autoridade sanitária russa começou a boicotar
a carne suína brasileira, com a suspensão de seis frigoríficos sob a alegação de
identificação de resíduos proibidos. Em
junho, o cancelamento das vendas atingiu 85 estabelecimentos cadastrados de
Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso.
Restaram apenas duas empresas habilitadas a exportar para a Rússia e, poste-
RENTÁVEIS • PROFITABLE
Exportações brasileiras de carne suína
Ano
Volume (t)
Receita (US$ mil)
Preço médio (US$)
2011
516.419
1.434.672
2.778
2010
540.418
1.340.713
2.481
Fonte: Secex/Abipecs
tiza Pedro de Camargo Neto, presidente
da Abipecs. A meta da entidade é voltar
a exportar volumes superiores a 600 mil
toneladas, como ocorria anos atrás.
NÚMEROS EM ALTA Junto
ao menor volume de carne suína exportada foi registrado incremento do
mercado interno, que absorveu 84,7%
da oferta em 2011. A Abipecs divulgou
em dezembro que o consumo per capita
ficou em 15,1 quilos por habitante/ano,
aumento de 500 gramas em relação a
2010. O aquecimento das vendas no País
é atribuído à melhora de renda da população, atrelada ao real supervalorizado.
Segundo o relatório da Abipecs, a
produção de carne suína cresceu 4,9%
em 2011, passando de 3,2 milhões de
toneladas em 2010 para 3,5 milhões, em
função do aumento de produtividade
e do peso médio de abate. O plantel de
matrizes foi estimado em 2,48 milhões
de animais, crescimento de 0,6%. Na
oferta para abate a ampliação foi de
5,5%, saltando de 34,3 milhões de cabeças para 36,2 milhões. Em 2012, a oferta
de suínos para abate deve crescer 2%.
Inor Ag. Assmann
riormente, somente uma, que até hoje é
a única liberada por aquele país.
Conforme análise divulgada pela
Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína
(Abipecs), o cenário das vendas externas em 2012 deve sofrer modificações
significativas. Em abril de 2011, a China
habilitou três frigoríficos brasileiros, que
realizaram os primeiros embarques em
novembro. Novas unidades devem ser
liberadas no decorrer de 2012.
O Japão e a Coreia do Sul, que realizaram missões veterinárias ao Brasil
em 2011, devem começar a importar o
produto nacional nos próximos meses.
Também os Estados Unidos aprovaram
a habilitação de empresas brasileiras,
que em breve devem passar a fornecer
carne suína. “Não esperamos exportar
grande volume, porém, representa uma
chancela de qualidade indiscutível”,enfa-
135
Revista AgroBrasil 2011
Back on track
136
Although having
to put up with
problems from
the major client,
pork exports
outstripped
initial
perspectives and
look promising
for 2012
Russian was no longer the leading destination of Brazilian pig meat in 2011. The
year came to a close with Hong Kong ranking as leading importer of the product, with
129.7 thousand tons, equivalent to 25.1% of the total volume. It came as no surprise,
seeing that over the second half of the year practically no national meat packing plant
managed to sell pork to Russia, which had a share of 24.4% of the total volume, or 126.4
thousand tons.
T
he sanitary embargo jeopardized the
businesses over the period, but the
damage was not as big as previously
estimated by the sector. According to
figures released by the Brazilian Secretariat of
Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry
of Development, Industry and Foreign Trade
(MDIC), shipments reached 516.4 thousand
tons over the year, with revenue of US$ 1.4 million. The numbers point to a decrease by 7%
in revenue. Average price per ton remained at
US$ 2.7 thousand, up 11% from 2010.
As of January 2011,Russian sanitary organs
began to boycott Brazilian pig meat, excluding six meat packing plants on the grounds of
harmful residues allegedly found in the meat.
Inor Ag. Assmann
In June, sales cancelings had reached 85 meat
packing industries registered in Rio Grande do
Sul, Paraná and Mato Grosso. As a result, there
were only two companies left in Brazil qualified to export to Russia and, later, it was only
one, which continues to be the only one liberated by that country.
According to an analysis released by the
Brazilian Association of Pork Meat Producers
and Exporters (Abipecs), the foreign sales scenario is likely to suffer significant changes in
2012. In April 2011, China qualified three Brazilian meat packing plants, which carried out the
first shipments in November. New plants are
expected to be liberated throughout 2012.
Japan and South Korea, two countries that
sent veterinary delegations to Brazil in 2011,
are expected to start importing pig meat from
Brazil in coming months. The United States
also gave its approval to Brazilian meat packing industries, and imports by that country are
expected to start soon.“We do not expect to export huge volumes, but the quality approval of
this country is unquestionable”, says Pedro de
Camargo Neto, president of Abipecs.The target
of the entity is to resume exports of upwards of
600 thousand tons, like it used to be years ago.
RISING NUMBERS Side by side
with smaller export volumes the domestic
market began to react positively and absorbed
84.7% of the national pork supply in 2011. Ac-
cording to a December report by Abipecs, per
capita consumption remained at 15.1 kilos a
year, up 500 grams from 2010. The higher purchasing power of the people is credited with
the soaring sales, but the highly valued Brazilian currency is also a factor.
According to the Abipecs report, pig meat
production went up 4.9% in 2011, from 3.2
million tons in 2010 to 3.5 million, by virtue
of higher productivity and higher average
weight. The breeding herd was estimated at
2.48 million animals, up 0.6%. The number of
pigs to be slaughtered went up 5.5%, jumping from 34.3 million head to 36.2 million. In
2012, the number of pigs for slaughter should
go up 2%.
137
Inor Ag. Assmann
>>tabaco tobacco
Revista AgroBrasil 2011
Tempo de ajustes
138
Após alta
produção e
recorde de
produtividade,
área plantada é
reduzida para se
adaptar a novas
realidades do
mercado
Segundo maior produtor mundial e maior exportador de tabaco, o Brasil
obteve na safra 2010/11, no Sul do País, onde se concentra a produção destinada a cigarros, aumento de 20,4% na colheita em relação ao ciclo anterior.
Foram obtidas 832,8 mil toneladas entre as variedades Virgínia (707,7 mil t),
Burley (109,1 mil t) e Comum (15,9 mil t), conforme levantamento da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). A produtividade foi recorde e atingiu a
2.233 quilos por hectare em média, numa área total de 372.930 ha. Em termos
de qualidade e remuneração, os índices foram inferiores aos da temporada
passada, chegando ao valor de R$ 4,1 bilhões pagos a 186.810 produtores nos
três estados sulinos (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná).
A
exportação, destino de grande parte do produto brasileiro, voltou a sofrer com a
defasagem cambial e a maior
oferta de países concorrentes. O volume enviado ao exterior em 2010 ficou
em 503 mil toneladas e a receita, em R$
2,730 bilhões, o que equivale, respectivamente, a decréscimos de 24,1% e 9,6%
na comparação com 2009, segundo
apuração da PricewaterhouseCoopers
(PwC) junto a 15 empresas associadas
RETRAÇÃO • RETRACTION
Exportação sul-brasileira de tabaco
Ano
Volume (mil t)
Valor (milhões US$ FOB)
2009
672
3.020
2010
503
2.730
2011*
- 2% a 6%
- 2% a 6%
Fonte: SindiTabaco e PwC
*Projeção
Nos estados do Nordeste brasileiro,
onde ainda se registra o cultivo do tabaco voltado ao consumo em corda e
para charutos e cigarrilhas, embora em
menores proporções do que em outras
épocas, a produção de 2011 também
apresentou recuo. Conforme dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume obtido situou-se
em 21,4 mil toneladas, contra 29,3 mil t
do ano anterior, porém superior às 19,3
mil t de 2009. A produção de charutos e
cigarrilhas levantada pelo Sindicato da
Indústria do Tabaco da Bahia (Sinditabaco-BA) igualmente apresentava números menores em 2010, ficando, respectivamente, em 2,5 milhões e 8,5 milhões
de unidades.
ao Sindicato Interestadual da Indústria
do Tabaco (SindiTabaco).
Quanto aos cigarros, constata-se
leve redução nos consumos nacional e internacional. Mundialmente,
de acordo com dados da Associação
Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA/Afubra), foram consumidas
5.674 bilhões de unidades em 2010,
contra 5.680 bilhões no ano anterior.
Esse contexto levou o setor a ajustes
na safra 2011/12. Por parte da área produtora, embora se recomendasse diminuição maior de área, para adequar
oferta e procura, estimava-se que ficaria em torno de 10%, sem contabilizar
os prejuízos provocados pela estiagem
que se observava no início de 2012. O
segmento industrial, por sua vez, previa
declínio no plantio entre 6% e 15% no
tipo Virgínia e de 10% a 15% no total.
Nas vendas externas de 2011, o levantamento junto às empresas projetava
índices entre 2% e 6% menores.
PRESSÃO No conjunto da atividade, que está presente desde a existência
do País, emprega mais de 2,5 milhões
de pessoas e arrecada mais de R$ 9,3 bilhões aos cofres públicos, manifesta-se a
preocupação com medidas que atingem
o setor, em consequência, especialmente, de regulações atinentes à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco.
Nesse sentido, em 2011 enfrentou-se
diretamente, com ampla mobilização da
cadeia produtiva e de organismos integrados na câmara setorial, as consultas
públicas 112 e 117 da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), referentes à proibição de aditivos na fabricação
de cigarros e a limitações na venda e publicidade do produto.
A audiência pública a respeito acabou adiada para o final do ano, assim
como definições ficaram postergadas,
particularmente no que tange à adição
de açúcar, o que repercutiria diretamente no tabaco do tipo Burley. As gestões
também foram feitas no plano legislativo, no qual se garantiu a exposição dos
produtos na parte interna dos estabelecimentos comerciais. Ao mesmo tempo, foi impedido por lei federal de 2011,
ainda a ser regulamentada, o consumo
de tabaco em ambientes fechados de
acesso público. A determinação legal, na
avaliação dos representantes do setor,
deverá incentivar ainda mais a ilegalidade, que hoje afeta cerca de 30% do
mercado. Além disso, ocorreram mudanças na
tributação do cigarro, por meio de medida provisória de agosto de 2011 e que
deverão passar a valer a partir de maio
de 2012. De um lado é estabelecido preço mínimo para o produto, o que pretende auxiliar no combate à ilegalidade, e se
aponta maior flexibilidade no novo sistema, enquanto de outro ocorre novo e
gradual aumento do imposto até 2015.
Toda a cadeia produtiva continua
atenta às intervenções a que se encontra
sujeita, atuando no sentido de que haja
equilíbrio em qualquer iniciativa oficial
para que não se esqueça da importância econômica e social da tradicional
atividade. Da mesma forma, ao lado de
adversidades, apresentam-se sinais positivos e de alento. No Nordeste, destacase o acordo firmado para exportação do
tabaco para a China e a possibilidade de
avançar no processo para obtenção da
indicação geográfica do charuto baiano.
No Sul, há investimentos empresariais na
verticalização da produção, em pesquisa
e na estrutura industrial. Essas iniciativas,
associadas às suas reconhecidas práticas
ambientais e sociais sustentáveis, dão vigor também à sustentabilidade econômica do setor e ao seu futuro, do qual
depende tanta gente.
139
Inor Ag. Assmann
Time of adjustments
Revista AgroBrasil 2011
After high
production
and record
productivity
rates, planted
area is reduced
to adjust to new
market realities
140
Second largest global producer and biggest exporter of tobacco, in the 2010/11 crop,
grown in the South, where the production of cigarette tobacco is concentrated, Brazil celebrated a 20.4-percent increase in volume compared to the previous cycle. The crop totaled
832.8 thousand tons of the following varieties: Virginia (707.7 thousand tons), Burley (109.1
thousand tons) and Comum (15.9 thousand tons), according to a survey by the Tobacco
Growers’ Association of Brazil (Afubra). Productivity hit record high and reached 2,233 kilos
per hectare, on average, in a total area of 372,930 ha. In terms of quality and remuneration,
the rates fell short of the previous year, and the 186 thousand growers in the three states
(Rio Grande do Sul, Santa Catarina and Paraná) raked in a total of R$ 4.1 billion.
E
xports, the destination of a huge proportion of Brazilian leaf, again had to
put up with the exchange rate gap and
soaring supplies by competitor countries. Shipments abroad in 2010 amounted to
503 thousand tons, bringing in revenue of R$
2.730 billion, which is equivalent, respectively,
to reductions of 24.1% and 9.6%, compared to
2009, according to PricewaterhouseCoopers
(PwC), which conducted a survey of the 15 companies associated with the Interstate Tobacco
Industry Union (SindiTabaco).
With regards to cigarettes, slight fall in consumption has been ascertained both at home
and abroad. Globally, according to the International Tobacco Growers’ Association (ITGA/
Afubra), 5,674 billion pieces were consumed in
2010, against 5,680 billion in the previous year.
This context has led the sector to adjustments
in the 2011/12 crop year. From the growers’ side,
although bigger area reductions had been recommended, so as to adjust the supply-demand
side, reductions are estimated at 10%, without factoring in the damages induced by the
drought conditions in early 2012. The industrial
segment, in turn, was expecting a decline from
6% to 15% in Virginia plantations, and from
10% to 15% in the total. With regard to foreign
sales in 2011, the survey of the companies pointed to 2% to 6% reductions.
In the Brazilian Northeastern states, where
the prevalent varieties are cigar, cigarillo and
rope tobacco, although in smaller proportions
than in the past, the 2011 crop was also down in
size. According to data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), the volume of the crop amounted to about 21.4 thousand tons, compared to 29.3 thousand the year
before, but higher than the 19.3 thousand tons
in 2009. The production of cigars and cigarillos,
from figures released by the Tobacco Industries’ Union in Bahia (Sinditabaco-BA) equally
showed declining numbers in 2010, remaining,
respectively, at 2.5 million and 8.5 million units.
PRESSURE Considered as a whole,
the activity, present in the Country since its discovery, employs upwards of 2.5 million people
and rakes in R$ 9.3 billion in taxes for the public
coffers. And there is deep concern about several
measures that have affected the sector, stemming particularly from regulations introduced
by the Framework Convention on Tobacco
Control. In this sense, 2011 was a year when the
tobacco production chain, along with organs
of the sectorial chamber, staged huge protests
against public hearings 112 and 117, promoted
by the National Health Surveillance Agency
(Anvisa), focused on the ban of cigarette additives, as well s sales and publicity limitations.
The public hearing in question ended up being postponed until the end of the year, and definitions were also postponed, particularly with
regard to the addition of sugar, which would
have direct implications on Burley tobacco. Debates also took place at legislative level, where it
was defined that cigarettes could be displayed
inside the shops. At the same time, a federal law
was passed, but it still needs to be regulated,
banning smoking in closed environments open
to the public. This legal determination, in the
opinion of the sector’s representatives, is likely
to encourage even further under-the- counter
sales, which now account for about 30% of the
cigarette market.
Furthermore, cigarette taxation suffered
changes, through interim measure of August
2011, scheduled to enter into force as of May
2012. For one thing, minimum prices for the
product are set, which is supposed to help fight
illegal sales, while the system is to become more
flexible. On the other hand, cigarette taxes are to
soar gradually until 2015.
The entire production chain is paying heed
to the interventions it is subjected to, always acting towards keeping a balance with regard to
any official measure, and with its focus on the
social and economic importance of this traditional activity. Likewise, side by side with the adversities, there are encouraging signs at the end
of the tunnel. In the Northeast, an agreement
was signed for exporting tobacco to China and
there are chances to proceed in the process of
the geographic indication for the cigars made
in Bahia. In the South, there are investments by
companies towards production verticalization,
research and industrial structure. These initiatives, associated with their much acknowledged
sustainable social and environmental practices,
also lend strength to the sector’s economic sustainability status and to its future, representing
the livelihoods of so many people.
Inor Ag. Assmann
>>trigo wHeat
Recuar para ganhar
Revista AgroBrasil 2011
Produtores
brasileiros
investem em
qualidade,
mas reduzem
área plantada
em busca de
melhores preços
142
Após colher 5,79 milhões de toneladas em 2011, o Brasil reduzirá a produção de trigo na próxima safra. Os baixos preços levarão à queda de até 5% na
área cultivada, segundo analistas. O levantamento de janeiro da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a safra 2011/12 ocupou 2,17
milhões de hectares, alta de 0,8% sobre a superfície semeada em 2010/11, que
ficou em 2,15 milhões de ha. A produção caiu 1,6% em relação à colheita de
5,88 milhões de t em 2010. A produtividade ficou 2,3% menor e alcançou a
2.672 quilos por hectare, contra 2.736 kg/ha em 2010.
O
cereal é cultivado principalmente na região Sul, onde se
concentra 94,7% do plantio,
realizado no Paraná, no Rio
Grande do Sul e em Santa Catarina. O
Sudeste responde por 3,3% com a participação de São Paulo e Minas Gerais; e
o Centro-Oeste completa a oferta (2%)
com os cultivos em Mato Grosso do Sul,
Distrito Federal e Goiás. O sistema é o de
rotação ou sucessão com a soja.
Os dados da Conab apontam o Rio
Grande do Sul como o maior produtor
nacional, com 2,74 milhões de t em área
de 932,4 mil ha, superando o Paraná. Nesse Estado, a colheita rendeu 2,5 milhões
de t em 1,042 milhão de ha. O clima adverso e a valorização do milho safrinha,
que compete em área com o trigo, afetaram a colheita dos paranaenses.
DESACELERANDO • SLOWING DOWN
Quadro de oferta e demanda de trigo (mil t)
Importação
Suprimento
2009/10
Safra
Estoque inicial
2.706,7
Produção
5.026,2
5.922,2
13.655,1
Consumo
9.614,2
Exportação
1.170,4
Estoque final
2.870,5
2010/11
2.870,5
5.881,6
5.771,9
14.524,0
10.242,0
2.515,9
1.766,1
2011/12
1.766,1
5.788,6
5.600,0
13.154,7
10.439,0
1.500,0
1.215,7
Fonte: Conab (janeiro de 2012)
MERCADO Metade do suprimento
de trigo do Brasil é importado a preços
menores do que os praticados para o
produto nacional. Das 13,15 milhões de
toneladas disponíveis no ciclo 2011/12,
5,6 milhões são importadas, 5,79 milhões
compõem a safra e 1,76 milhão formam o
estoque. O consumo deve chegar a 10,44
milhões de t e a exportação, via Prêmio
de Escoamento de Produto (PEP), a 1,5
milhão de t. Restará em estoque 1,21 milhão de t.
O analista da consultoria Safras & Mercado Michael Favero vê como recorrentes os problemas da cadeia tritícola.“Falta
de liquidez, cotações abaixo do preço
mínimo em boa parte do ano, recursos
insuficientes para o escoamento da safra e carência de integração do setor são
apenas algumas das questões.”Os preços
do mercado doméstico são formados a
partir da conjuntura internacional, cuja
referência são as bolsas de mercadorias
dos Estados Unidos (Chicago e Kansas),
que, desde fevereiro de 2011, apresentaram queda nas cotações. O movimento
intensificou-se a partir de julho, com a
volta ao mercado da Rússia, que teve
grande quebra em 2010.
A pressão nas cotações foi agravada
pela crise financeira internacional, que
afetou as commodities agrícolas. A Argentina, maior produtora do Mercosul e exportadora, precisou se adaptar. Em junho,
a tonelada do cereal era cotada a US$
345,00 e, na última semana de dezembro, a US$ 215,00, depreciação de quase
40%. Assim o país vizinho colocou trigo
no Brasil com valor abaixo do nacional.
Até novembro, segundo o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), as importações dos argentinos, considerando-se grão e farinha,
somaram 4,8 milhões t e representaram
80% das compras externas do alimento
em 2011. O volume é normal, mas os preços são abaixo da média.
Os moinhos brasileiros, sobretudo de
São Paulo, tiveram acesso a trigo bom e
barato e o poder de barganha aumentou.
As cotações nacionais caíram. Em Maringá (PR), o trigo pão Tipo 1, que estava a R$
520,00/t em junho, no final de dezembro
foi a R$ 450,00/t. Em Carazinho (RS), caiu
de R$ 490,00/t em junho até R$ 410,00/t
em dezembro. Para o início de 2012 as expectativas não são animadoras.
De acordo com Favero, “como a produção mundial foi a maior dos últimos
anos (689 milhões de t), gerou uma relação estoque/consumo de 31%, e como a
crise financeira internacional se prolonga, a pressão baixista deve permanecer.
A Argentina seguirá colocando trigo no
Brasil a preços competitivos,o que dificultará negociações de vulto envolvendo o
cereal de origem nacional”.Nesse cenário,
o analista crê que os leilões do governo
federal são o meio do triticultor encontrar mercado ao seu produto em curto
prazo. “Afora isso, é aguardar para que
no próximo ano haja um esforço dos representantes das duas pontas da cadeia
produtiva para que essa dependência
do governo seja, pelo menos, atenuada”,
destaca.“Até lá, a baixa liquidez deve permanecer como a principal característica
do setor.”
Inor Ag. Assmann
O presidente da Associação Rio-grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS),
Lino de David, comemora a grande safra
do Estado em 2011. A produtividade
cresceu 18% para inéditos 2.941 kg/ha.
O chefe-geral da Embrapa Trigo, de Passo
Fundo (RS), Sérgio Dotto, diz que o triticultor gaúcho ampliou a área com cultivares
de trigo pão e melhorador, de maior qualidade. Até 2007, a grande parte do grão
cultivado era o brando, com baixo teor de
glúten e destinado à produção de biscoitos. A variedade para panificação representava 38% das lavouras. Na última safra
chegou aos 90%.
143
Retreating to win
Revista AgroBrasil 2011
Brazilian
producers
invest in
quality, but
reduce planted
area seeking
better prices
144
After harvesting 5.79 million tons in 2011, Brazil is poised to reduce its planted area
in the next season. Low prices are responsible for a 5-percent reduction in area, analysts
conclude. The January survey conducted by the National Supply Company (Conab) points
to a 2.17 million hectare crop in 2011/12, up 0.8% from the area planted in 2010/11, which
remained at 2.15 million hectares. Production volume went down 1.6% compared to the
5.88 million tons in 2010. Yields receded 2.3% and reached 2,672 kilos per hectare, against
2,736 kg/ha in 2010.
T
he cereal is particularly grown in the
three southern states of Paraná, Rio
Grande do Sul and Santa Catarina, responsible for 94.7% of the entire national crop. The Southeast accounts for 3.3%, with
the participation of São Paulo and Minas Gerais;
and the Center-West is the origin of the other 2%,
with cultivations in Mato Grosso do Sul, Federal
District and Goiás. Wheat is grown in rotation or
succession with soybeans.
Conab data point to Rio Grande do Sul as the
leading national producer, with 2.74 million tons
harvested from an area of 932.4 thousand tons,
outstripping the State of Paraná. In this State, the
crop reached 2.5 million tons from 1.042 million hectares. Adverse climate conditions and
the high value of the off-season corn crop had
a negative influence on Paraná’s wheat farming
operations.
The president of the Rural Extension and
Technical Assistance Corporation of Rio Grande
do Sul (Emater/RS), Lino de David, celebrates the
Inor Ag. Assmann
huge crop in the State in 2011. Yields increased
by 18% to unprecedented 2,941 kg/ha. Embrapa
chief-executive Sérgio Dotto, based in Passo Fundo (RS), says that most growers in Rio Grande do
Sul expanded their cultivated area with bread
wheat cultivars and enhancer varieties, characterized by higher quality. Up to 2007, soft wheat
varieties, with low gluten content, destined for
biscuits, were the most common ones. Bread
wheat varieties accounted for 38% of the fields.
At the last crop, this proportion went up to 90%.
MARKET Half of Brazil’s wheat supplies
come from abroad, at lower prices than the ones
practiced for the cereal produced in Brazil. Of the
13.15 million tons available in 2011/12, 5.6 million are imported, where 5.79 million tons compose the crop, while 1.76 million are for the stock.
Consumption is estimated to reach 10.44 million
tons, and exports via Program for Product Flow
(PEP), 1.5 million tons. This will reduce the stock
to 1.21 million tons.
Analyst at Safras & Mercado Consultants
Michael Favero says wheat production is being
affected by the same recurring problems. “Lack
of liquidity, quotes below minimum prices most
time of the year, insufficient resources for crop
flow and faulty integration of the sector are just
some of the questions”. Prices on the domestic
market are set up in connection with the international scenario, whose reference are the Chicago
and Kansas stock exchanges, which, since February 2011, have shown falling prices. The movement got more intense as of July onward, when
the Russian market made a comeback, which
experienced great problems in 2010.
Pressure on quotes was aggravated by the
international finance crisis, which affected most
agricultural commodities. Argentina, largest
Mercosur wheat producer and exporter, had to
adjust. In June, a ton of the cereal sold for US$
345 and, in late December, it was US$ 215, down
almost 40%. Under such circumstances, our
neighboring country shipped wheat to Brazil at
prices below our national quotes. Until November, according to the Ministry of Development,
Industry and Foreign Trade (MDIC), imports from
Argentina,including grain and flour,had reached
4.8 million tons and represented 80% of Brazil’s
foreign wheat purchases in 2011. The volume is
quite normal, but prices are below average.
The Brazilian mills, especially in São Paulo,
had Access to good and cheap wheat and their
bargain Power soared. National prices dropped.
In Maringá (PR), Type 1, quoted at R$ 520 a ton,
dropped to R$ 450 in late December. In Carazinho (RS), the reduction was from R$ 490 in June
to R$ 410 a ton in December. For the beginning
of 2012 there are no bright expectations.
According to Favero, “as global production
was the largest in the past years (689 million
tons), it generated a stock/consumption relation
of 31%, and as the international crisis is lingering
longer than expected, the downward pressure is
likely to continue. Argentina will continue shipping wheat to Brazil at competitive prices, which
will make things very difficult for any negotiation
involving our national cereal”. In such a scenario,
the analyst has it that the auctions staged by the
federal government are the best course for the
wheat producers to find a market for their cereal
in the short run.“Apart from this, the only thing is
to wait for next year in the hope that both sides
of the production chain will come up with a
manner to, at least, cushion this dependence on
the government”,he says.“Until that time comes,
low liquidity should continue as the main characteristic of the sector”.
145
Inor Ag. Assmann
>>uva e vinho grape and wine
Por pouco
Revista AgroBrasil 2011
Após supersafra
em 2011, efeitos
climáticos
frustram
expectativas de
colheita histórica
no Rio Grande do
Sul em 2012
146
Sob as parreiras do Rio Grande do Sul, no Sul do País, é o otimismo que rege
a colheita de 2012, que pode vir a ser a terceira maior da história. Se não fossem
as adversidades do clima, como o granizo e a estiagem, os ânimos poderiam estar melhores. No Estado responsável por mais de 50% da produção nacional de
uva e de 90% da elaboração brasileira de vinhos, a lembrança da safra anterior,
quando foram colhidos 707,2 milhões de quilos, dá lugar à quebra de produção, estimada em 20%. Com isso, o ciclo atual deve render de 560 a 600 milhões
de quilos, segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
M
etade das perdas são consequência das precipitações de gelo e da seca, que
também castigou outros
setores agrícolas. Mesmo com o prejuízo, a safra 2012 ainda pode ser a terceira
maior registrada pelos gaúchos. A campeã em produção foi a temporada de
2011, quando os números registrados
garantiram crescimento de 180,3 mi-
lhões de quilos, ou seja, 34,2% a mais que
os 526,9 milhões de 2010. O resultado,
divulgado pelo Ibravin, também supera
a safra de 2008, considerada até então a
maior da história, quando foram produzidos 634 milhões de quilos da fruta, 10,3%
menor que a de 2011.
No período, as uvas comuns (americanas ou híbridas) registraram o maior
acréscimo, com 624,9 milhões de quilos,
GRANDES SAFRAS
• BUMPER CROPS
Produção de uva no Rio Grande do Sul
Volume (milhões
Ano
de quilos)
2006
423,6
2007
570,5
2008
634,0
2009
534,5
2010
526,9
2011
707,2
2012*
560 a 600
FONTE: Ibravin
*Estimativa
viticultura, a comercialização de vinhos
e espumantes ficou abaixo do esperado.
Segundo Henrique Benedetti, da Uvibra,
o mercado total cresceu apenas 3%, ante
os 12% previstos para 2012. Entre os principais fatores para a queda, o presidente
cita a considerável diminuição da atividade varejista nos últimos meses do ano e
a desaceleração da economia. Neste ano,
contudo, o percentual continua entre as
metas do setor.
De janeiro a novembro de 2011, conforme dados da Uvibra, o Brasil importou 83,753 milhões de litros de vinho e
15,850 milhões de litros de champanhes
e espumantes. No mercado interno, a comercialização de vinhos de mesa totalizou 210,184 milhões de litros, enquanto
que o suco de uva somou 68,588 milhões
de litros. Considerando as vendas dos demais tipos de vinho, o mercado doméstico movimentou 341,432 milhões de litros. Os embarques de vinhos e derivados
totalizaram 4,557 milhões de litros.
Em 2012, as atenções devem se voltar
ao consumidor interno, pois as expectativas giram em torno do bom momento
vivido pela economia nacional. A cadeia
produtiva também espera melhores resultados devido à previsão de redução
da taxa de juros, que hoje está em 11% ao
ano.“Quando a economia vai bem, o mercado vai bem”,aponta Benedetti.
No cenário internacional, lideranças
continuam a participar de importantes
feiras e eventos realizados nos principais
países compradores, como Inglaterra,
Londres e Alemanha. Mas devido à redução de compra da mercadoria brasileira,
consequência da crise financeira internacional, o volume de embarques deve
diminuir. O fato, porém, não deve apagar
o brilho da viticultura nacional.
Inor Ag. Assmann
sendo que quase a metade foi destinada à elaboração de suco, seguindo uma
tendência observada desde a temporada
passada. As uvas viníferas somaram 82,3
milhões de quilos, pouco menos que o recorde de 83,8 milhões de quilos do ciclo
2008. Em 2010, a safra de uva vinífera foi
de 46,1 milhões de quilos.
De acordo com o Ibravin, o crescimento observado em 2011 ocorreu devido às
novas áreas de cultivo implantadas nos
últimos anos e que só agora entraram,
definitivamente, em produção, especialmente na Serra Gaúcha, a mais tradicional região produtora do Brasil. Junto a
isso, também houve incremento no número de empresas vinícolas no Estado,
que chegaram a 751 em 2011, contra 741
em 2010. No total, 151 municípios gaúchos – 30% do total do Rio Grande do Sul
– produziram uva na safra, contra 141 na
anterior.
Para a temporada 2012, contudo, se
o clima continuar favorável, a menor
quantidade será compensada por uma
excelente qualidade da matéria-prima.
Conforme o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Henrique
Benedetti, a estiagem deve garantir excelência às uvas. Devido ao clima seco e
quente, com temperatura amena à noite
­– resultado das condições climáticas do
fenômeno La Niña – houve aceleração da
maturação na Serra Gaúcha, que iniciou a
colheita antes do previsto.
Em âmbito nacional, dados preliminares disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) apontam para produção nacional de 1,463 milhão de toneladas em 2011, enquanto que no ano
anterior foram 1,351 milhão de t. Além do
Rio Grande do Sul, a fruta é cultivada em
mais seis estados: Pernambuco (208.660
t), São Paulo (177.227 t), Paraná (105.000
t), Santa Catarina (67.767 t), Bahia (65.434
t) e Minas Gerais (9.804 t). A área destinada à fruta é de 81.915 hectares. A exportação nacional de uvas somou, em 2011,
59,391 milhões de quilos.
LEVE AVANÇO
Em contrapartida aos bons números registrados pela
147
Revista AgroBrasil 2011
Just barely
148
After a bumper
crop in 2011,
climate induced
factors frustrate
the expectations
for an all-time
record in
Rio Grande do Sul,
in 2012
Under the vineyards in Rio Grande do Sul, in South Brazil, optimism is setting the tune for
the 2012 crop, which may turn out to be the third biggest on record. If it had not been for the
climatic adversities, like hailstorms and drought conditions, the farmers would certainly be
happier. In the State that accounts for upwards of 50% of the national grape crop and 90%
of all wines made in Brazil, a look back on the previous crop, when 707.2 tons were harvested,
brings to mind this year’s crop frustration, estimated at 20%. This will bring the current crop to
a maximum of 560 to 600 million tons, according to the Brazilian Wine Institute (Ibravin).
H
alf of the losses result from hailstorms
and drought conditions, which also
affectedotheragriculturalsectors.Despite the losses, the 2012 crop stands
chances to be the third biggest on record here in
Rio Grande do Sul. The leader in production was
the 2011 crop year, when the numbers showed
an increase by 180.3 million kilos, in other words,
up 34.2% from the 526.9 million kilos harvested
in 2010. The result published by Ibravin also outstrips the 2008 crop, up to that time considered
to be the largest on record, when the volume
reached 634 million kilos of grapes, down 10.3%
from 2011. Over the period, common grapes (American
or hybrid varieties) celebrated the highest rise,
totaling 624.9 million kilos, and almost half of
all grapes were destined for juices, in line with
a trend that started in the previous crop. Vinifera grapes amounted to 83.8 million kilos in
the 2008 cycle. In 2010, the vinifera grape crop
reached 46.1 million kilos.
According to Ibravin, the growth in volume
registered in 2011 resulted from the establish-
Inor Ag. Assmann
ment of new vineyards over the past years, and
are now entering in full production, particularly
in the Sierra Gaucha region, the most traditional
Brazilian winegrowing area. Along with these
bigger volumes, the number of wineries in the
State also increased, amounting to 751 plants in
2011, against 741 in 2010. In all, 151 municipalities in Rio Grande do Sul – 30% of all municipalities in the State – produced grapes in the current
crop, compared to 141 in the previous season.
For the 2012 season, nonetheless, if climatic
conditions continue favorable, the smaller crop
size will be compensated by the excellent quality
of the grapes. According to the president of the
Brazilian Winegrowing Union (Uvibra) Henrique
Benedetti, the drought conditions will result into
a crop of excellent quality. Due to warm and dry
climate conditions, with mild temperatures by
night –a consequence of the climate changes
brought about by the La Niña phenomenon –
the grapes in the Sierra Gaucha region began to
mature earlier this year.
At national level, preliminary data released
by the Brazilian Fruit Institute (Ibraf) point to
a national production volume of 1.463 mil-
lion tons in 2011, while in the previous year it
was 1.351 million tons. Besides Rio Grande do
Sul, grapes are grown in six other States, too:
Pernambuco (208,660 t), São Paulo (177,227 t),
Paraná (105,000 t), Santa Catarina (67,767 t),
Bahia (65,434 t) and Minas Gerais (9,804 t). The
area destined for the fruit is 81,915 hectares. Brazilian grape exports in 2011 amounted to 59.391
million kilos.
SLIGHT ADVANCE Contrary to the
good numbers registered by the winegrowing
operations, sales of wines and sparkling wines
did not live up to expectations.According to Henrique Benedetti, of Uvibra, the market as a whole
soared only 3%, against the 12% that had been
forecast for 2012. Among the factors that account for the fall, the president cites the considerable decrease in retail sales in the last months of
the year and the slow-moving economy. In the
current year, nonetheless, the percentage keeps
on a par with the targets of the sector
January through November 2011, from
data released by Uvibra, Brazil imported 83.753
million liters of wine and 15.850 million liters of
sparkling wines and champagne. In the domestic market, sales of table wines amounted to
210.184 million liters, while sales of grape juice
reached 68.588 million liters. Considering the
sales of all types of wine,the domestic market absorbed 341.432 million liters. Shipments of wines
and byproducts totaled 4.557 million liters. In 2012, the domestic consumers are supposed to be the target of choice, as great expectations arise from the good moment the domestic economy is experiencing. The production
chain is also expecting better results from the
reduction of the interest rate, which now is 11%
a year.“With the economy on the rise, the market
follows suit”,Benedetti comments.
In the international scenario, leaderships
continue attending important fairs and events
that take place in most major buying countries,
like Britain, London and Germany. However, due
to decreasing purchases of Brazilian products,
resulting from the international financial crisis,
the volume of shipments is bound to fall. A fact
that should not overshadow the good moment Brazilian winegrowing business is going
through.
149
>>entrevista INTERVIEW
KÁTIA ABREU
Senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
Agroconquistas
Divulgação
Agropecuária
nacional avançou
muito para
suprir o Brasil e
outros países com
alimentos, mas
setor carece de
garantias para
seguir evoluindo
A premissa de que o Brasil deve ser lembrado como o celeiro do mundo não
é em vão. A força dos produtos nacionais vai além das fronteiras e alcança, ano
a ano, novos espaços junto ao mercado internacional. Em entrevista realizada
por e-mail à Revista AgroBrasil – Balanço Brasileiro do Agronegócio, a senadora
Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), afirma a importância da agropecuária para a economia nacional e a conquista do mercado externo. E os números não deixam dúvidas: o setor responde por 24% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, emprega 37% da força de
trabalho e gera 36% das exportações.
K
átia salienta a relevância de
desmistificar algumas práticas
agropecuárias, visto que hoje
há muitos preconceitos contra quem vive e trabalha no campo. Por
isso, acredita que esclarecer os fatos é
fundamental. Cita a insegurança jurídica como o principal entrave às atividades rurais e acredita que o novo Código
Florestal garantirá ao Brasil o título de
País com a melhor e mais sustentável
agricultura do planeta.
AgroBrasil – Em artigo publicado
no jornal Folha de São Paulo, a senhora afirma que o Brasil aprendeu
a andar com as próprias pernas. As
consequências foram a estabilidade
da economia e a participação representativa no mercado exterior. De
que forma a agricultura e a pecuária
contribuíram para esse cenário?
Kátia Abreu – O setor agropecuário
brasileiro cresceu de forma sustentável
nos últimos anos, garantindo o abastecimento do mercado interno, que
absorve 70% da produção nacional, e
exportando 30% do que produzimos.
Revista AgroBrasil 2011
>>PERFIL
150
Kátia Abreu nasceu em Goiânia (GO) em 1962. Formada em Psicologia, assumiu os negócios e a fazenda do marido em 1987, ao ficar viúva. Presidiu o Sindicato Rural de Gurupi,
sua cidade no Tocantins, e a Federação da Agricultura do Estado do Tocantins (Faet). Em
2008, foi a primeira mulher eleita presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA). Dirigiu a entidade no triênio 2009-2011 e foi reeleita para o período 20122014. Disposta a mudar a imagem do setor agropecuário, busca aproximar a CNA e os
produtores da sociedade por meio da implantação de um programa de responsabilidade
social que inclui projetos nas áreas de saúde, educação e cultura. Atuou como deputada
federal de 2000 a 2006 e foi eleita senadora em 2006. No Senado, é membro titular das
comissões de Assuntos Sociais, Assuntos Econômicos e de Agricultura e Reforma Agrária.
Essa evolução permitiu que o País passasse da condição de importador de
alimentos para a posição de maior produtor e exportador de açúcar, café, suco
de laranja e etanol, além de ocupar o
posto de segundo maior produtor e
exportador dos produtos do complexo soja (grão, óleo e farelo). As vendas
externas, especialmente de produtos
agrícolas, permitiram ao País acumular
reservas cambiais, essenciais para o enfrentamento das turbulências externas.
Essa condição elevou o Brasil para uma
nova posição no cenário mundial. Mas
isso não quer dizer que a prioridade sejam as exportações: abastecer o mercado interno com alimentos de qualidade
e baratos continua sendo o principal
objetivo do setor agropecuário.
Apesar das conquistas ao longo
das décadas, a imagem em torno da
atividade agropecuária no País ainda é cercada por ideias e conceitos
equivocados, como a de que a maior
parte da produção é exportada, a de
que os produtores rurais degradam
o meio ambiente e que fazem uso de
trabalho escravo. Como isso pode ser
trabalhado? Quais as medidas necessárias para mudar essa realidade?
São muitos os preconceitos contra
quem vive e trabalha na terra e o nosso
trabalho é esclarecer os fatos. O aumento da produção de carnes e grãos ampliou a oferta e barateou o preço dos
alimentos no mercado interno, o que
é positivo para todos. Há 40 anos, as fa-
mílias brasileiras gastavam 48% da sua
renda com alimentação e hoje esses
gastos representam apenas 18% das
despesas. No que diz respeito ao meio
ambiente, o produtor rural é o maior
interessado na preservação ambiental,
condição essencial para a continuidade
da produção. O fato de 61% do território
brasileiro estar preservado como vegetação nativa e de 93,9 milhões de hectares, cerca de 11% do País, terem cobertura nativa dentro das propriedades
comprova esse compromisso. Quanto
ao trabalho escravo, a CNA defende a
punição para os que eventualmente
fizerem uso dessa prática nefasta. Mas
é preciso uma definição clara do que é
trabalho escravo para que isso não se
torne outra fonte de insegurança jurídica para o produtor rural.
O Brasil hoje é um dos maiores
exportadores de alimentos do mundo. O produtor, no entanto, ainda
se depara com muitos obstáculos e
entraves no campo. Quais a senhora
cita como principais? Nesse sentido, é
preciso rever as leis trabalhistas, ambientais e agrárias? O novo Código
Florestal é uma ferramenta que deve
impulsionar o desenvolvimento?
A insegurança jurídica no campo é
um dos principais entraves para o setor
agropecuário. O novo Código Florestal,
em tramitação na Câmara dos Deputados, vai resolver uma parte dos problemas dos produtores rurais. A nova lei
ambiental permitirá a produção agro-
pecuária com respeito ao meio ambiente e garantirá que o Brasil se consolide
como o País que tem a melhor e mais
sustentável agricultura do planeta. Além
das legislações ambiental e trabalhista,
há outros temas que provocam insegurança jurídica ao produtor, comprometendo os investimentos na atividade. As
regras para a demarcação de terras de
quilombolas e indígenas, por exemplo.
Com a reeleição para presidir a
CNA, o que deve reger a plataforma
de trabalho para o próximo triênio?
Quais são as lições e principais marcos
que ficam dos últimos anos frente à
confederação?
Foram muitas lutas nos últimos três
anos. Avançamos nos debates em torno
do novo Código Florestal, cuja votação
deve ser finalizada na Câmara dos Deputados nos próximos meses. Também
avançamos, juntamente com o Governo
federal, nas discussões do modelo da
nova política agrícola que garantirá renda ao campo. É preciso solucionar outros
problemas antigos, entre eles as deficiências de infraestrutura, além de criar
as condições necessárias para ampliar o
alcance do agronegócio a partir da inclusão de um milhão de médios produtores
ao sistema produtivo. Lidar com os possíveis problemas provocados pela crise
econômica mundial, que pode reduzir a
oferta de crédito para financiamento da
safra e reduzir a demanda por produtos
agropecuários, é uma das nossas prioridades neste momento.
>>PROFILE
Kátia Abreu was born in Goiânia (GO) in 1962. She graduated in Psychology, took over the businesses of her husband’s farm in 1987, when she
became a widow. She presided over the Rural Union in Gurupi, her hometown in Tocantins, and also presided over the Federation of Agriculture of
the State of Tocantins (Faet). In 2008, she became the first woman to be elected president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation
(CNA). Her first three-year tenure was from 2009 to 2011, when she was reelected for another three years: 2012-2014. Determined to change the
image of the agricultural and livestock sector, she tries to bring together the CNA and the growers through the implementation of a social responsibility program, which includes projects in the areas of health, education and culture. She served as federal deputy from 200 to 2006 and was
elected senator in 2006. In the Senate, she is an effective member of the Social Affairs, Economic Affairs, Agriculture and Land Reform committees.
151
KÁTIA ABREU
Senator and president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA)
Agroconquests
Agriculture and livestock operations have made strides
to provide Brazil and other countries with food, but
sector resents guarantees to continue thriving
It is a firm belief that Brazil should be remembered as the granary of the world. The strength of the national products crosses the borders and, year after year, finds its way into new international markets. At an interview by e-mail to Revista AgroBrasil – Brazilian Agribusiness Balance, senator Kátia Abreu, president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA), reinforces the importance
of agriculture and livestock for the national economy and the conquest of foreign markets. And the numbers leave no doubt: 24% of the
Gross Domestic Product of the Country, employs 37% of the Brazilian workforce and generates 36% of all exports.
Revista AgroBrasil 2011
K
152
átia highlights the importance of demystifying some agriculture and livestock
rearing practices, seeing that nowadays
there is much prejudice against those
who live and work in the countryside.To this end,
she takes it that clarifying the facts is what really
matters. She cites legal insecurity as a major hurdle that jeopardizes all rural activities and believes
that the new Forest Code will earn the Country
the reputation as the protagonist of the best and
most sustainable agriculture on the planet.
AgroBrasil – In an article that came out in
the Folha de São Paulo newspaper, you affirm that Brazil has learned to walk with its
own legs. The consequences were economic
stability and a relevant share in the foreign
market. In what way did agriculture and cattle farming contribute toward this scenario?
Kátia Abreu – The Brazilian agriculture and
cattle rearing sector has grown in a sustainable
manner over the past years, meeting the needs of
the domestic market, which absorbs 70% of the
entire national production, while 30% of what
we produce is destined for exports. This evolution paved the way for Brazil to shift from food
importing country to an exporter of sugar, coffee, orange juice and ethanol, besides occupying
the position as second-largest producer and exporter of the soy complex products (grain, oil and
meal). Foreign sales, particularly of agricultural
products, were responsible for the country to accumulate foreign exchange reserves, essential
when it comes to facing the turbulences coming
from abroad. This condition pushed Brazil to a
new position in the global scenario. Nonetheless,
this does not mean that total priority is given to
exports: provide the domestic market with cheap
and quality foods is still the main target of the agriculture and livestock sector.
Although having celebrated conquests
over the past decades, the Country’s image
regarding agriculture and livestock operations is still surrounded by equivocal ideas
and concepts, like the belief that the bulk of
our production is exported, that the rural
producers are degrading the environment
and that slave labor is still taken advantage
of. How can this been dealt with? What measures are needed if this wrong concept is to be
changed?
There is still plenty of prejudice against those
who live and work in the rural setting and our
work consists in clarifying the facts. Soaring
meat and grain production expanded supplies
and pressed down the price of food in the domestic scenario, which is quite encouraging for
everybody.Forty years ago, most families in Brazil
used to spend 48% of their income on food items,
now these expenses represent only 18%. With
regard to the environment, the rural producers
are indeed deeply concerned with preserving our
natural resources, which is an essential factor if
production is to be continued. The fact that 60%
of the Brazilian territory is still covered with native vegetation, along with 93.9 million hectares,
about 11% of the entire national territory, covered with native forests within the farms attests
to this commitment. As to slave labor, the CNA
advocates punishment to those who might still
resort to this horrendous practice.However, there
is need for a clear definition of what slave labor
really is to prevent this issue from becoming a
source of legal insecurity for the rural producers.
Brazil is now a leading exporter of food in
the world. In spite of this, the producers still
face lots of obstacles and hurdles at field level. Which ones would take as the major ones?
Within this sense, is there a need to revise our
labor, environmental and agrarian legislation? Is the new Forest Code a tool capable of
driving our development?
Legal insecurity in the rural setting is a major
hurdle the agricultural and livestock sectors have
to put up with. The new Forest Code, now going
through the channels of the House of Representatives, will certainly solve a certain number of
the problems faced by most rural producers. The
new environmental law will allow for agricultural and livestock operations with respect for the
environment and will certainly lead Brazil to the
position as the protagonist of the best and most
sustainable agriculture on the planet. Besides
the environmental and labor legislations, there
are other matters that arouse juridical insecurity
among the farmers, jeopardizing investments in
the activity. The rules for the demarcation of the
lands of the quilombolas and indigenous people,
for example.
Having been reelected for another term
as president of the CNA, what is supposed
to guide your work plan for the next three
years? What major lessons and main marks
do you derive from your time in office at the
confederation?
Lots of heated debates took place over the
past three years. We made strides with regard to
the new Forest Code, which is to go through the
final vote in the next three months.We also made
progress, jointly with the Federal Government, in
the debates about the new agricultural model,
which is supposed to turn the rural activities
more profitable. Other problems need solving,
such as infrastructure deficiencies, besides creating the necessary conditions to expand the range
of agribusiness through the inclusion of one million middle-scale farmers in the production system.To deal with the possible problems triggered
by the global economic crisis, which could reduce
credit lines for crop financing purposes and, consequently reduce the demand for agricultural
and livestock products, is one of our priorities at
the moment.
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