2011 - Brazil Buyers
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2011 - Brazil Buyers
Sílvio Ávila AgroBrasil 2011 1 >>EXPEDIENTE PUBLISHERS AND EDITORS Sílvio Ávila EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA. CNPJ 04.439.157/0001-79 Diretor-presidente: André Luís Jungblut Diretor de Conteúdo: Romeu Inacio Neumann Diretor Comercial: Raul José Dreyer Diretor-administrativo: Jones Alei da Silva Diretor Industrial: Paulo Roberto Treib Rua Ramiro Barcelos, 1.224, CEP: 96.810-900, Santa Cruz do Sul, RS Telefone: 0 55 (xx) 51 3715 7940 Fax: 0 55 (xx) 51 3715 7944 E-mail: [email protected] [email protected] Site: http://www.anuarios.com.br REVISTA AGROBRASIL 2011 Editor: Romar Rudolfo Beling Editora assistente: Angela Zamberlan Vencato Textos: Angela Zamberlan Vencato, Benno Bernardo Kist, Cleiton Santos, Cleonice de Carvalho, Erna Regina Reetz, Heloísa Poll e Romar Rudolfo Beling Supervisão: Romeu Inacio Neumann Tradução: Guido Jungblut Fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann) e divulgação de empresas e entidades Projeto gráfico e diagramação: Márcio Oliveira Machado Arte de capa: Márcio Oliveira Machado, sobre fotografia de Sílvio Ávila Edição de fotografia e arte-final: Márcio Oliveira Machado Marketing: Maira Trojan Bugs, Tainara Bugs e Rafaela Jungblut Supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado Distribuição: Simone de Moraes Impressão: Coan Gráfica e Editora, Tubarão (SC). Revista AgroBrasil 2011 ISSN 1807-6106 2 É permitida a reprodução de informações desta revista, desde que citada a fonte. Reproduction of any part of this magazine is allowed, provided the source is cited. Inor Ag. Assmann >>sumário summary 10>>Apresentação introduction 86>>Gado de leite dairy cattle 14>>Entrevista exclusiva exclusive interview MENDES RIBEIRO FILHO Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) 90>>Hortaliças vegetables 22>>Agroenergia agroenergy 98>>PONTO DE VISTA viewpoint CELSO LUÍS CASALE Presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) 26>>Algodão cotton 30>>Aquicultura aquaculture 34>>PONTO DE VISTA viewpoint PEDRO ANTONIO ARRAES PEREIRA Diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) 104>>Milho corn 42>>Aves poultry 46>>Café coffee 112>>Orgânicos organics 50>>PONTO DE VISTA viewpoint ALESSANDRO TEIXEIRA Secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) 114>>PONTO DE VISTA viewpoint PAULO AFONSO SCHWAB Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) 54>>Cana-de-açúcar sugar cane 118>>Ovinos sheep 58>>Defensivos agrochemicals 122>>Silvicultura silviculture 60>>Feijão black-beans 126>>Soja soy 64>>PONTO DE VISTA viewpoint ROBERTO SIMÕES Presidente do Conselho Deliberativo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) 130>>PONTO DE VISTA viewpoint ADRIANA BRONDANI Diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) 68>>Fertilizantes fertilizers 134>>Suínos hogs 70>>Flores flowers 138>>Tabaco tobacco 74>>Frutas fruits 142>>Trigo wheat 78>>PONTO DE VISTA viewpoint ANTONIO JORGE CAMARDELLI Presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carnes (Abiec) 146>>Uva e vinho grape and wine 82>>Gado de corte beef cattle Revista AgroBrasil 2011 102>>Máquinas machines 108>>PONTO DE VISTA viewpoint JOSÉ ALEXANDRE RIBEIRO Presidente da Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio) 38>>Arroz rice 6 94>>Logística logistics 150>>ENTREVISTA interview KÁTIA ABREU Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) PARA TUDO PARA TODOS que se produz nessa terra. os produtores desse país. www.JohnDeere.com.br É mais que produto. É tecnologia, programas e serviços de qualidade. O Brasil é o maior exportador de carne do mundo e a Dow AgroSciences tem papel importante nessa conquista. Com um portfólio completo de soluções para pastagens, a Dow AgroSciences vai além dos melhores produtos e oferece programas e serviços de qualidade que contribuem para o aumento da produtividade por hectare. Inovações que dão todo o suporte para o pecuarista e o país continuarem crescendo. 0800 772 2492 | www.dowagro.com.br Dow AgroSciences Pastagem. Soluções do tamanho do Brasil. >>Apresentação INTRODUCTION O pulmão da economia É de acreditar que a sociedade brasileira ainda não acordou efetivamente para o que representa a atividade produtiva primária no conjunto da economia nacional. Por um lado, o Brasil a cada ano comunica, e comemora, novos recordes em sua balança comercial e, mais do que isso, o superávit das exportações em relação às importações. Ou seja, qualquer crescimento real e qualquer avanço no desenvolvimento que o País esteja apresentando, especialmente na última década, devem-se em grande medida ao sucesso de seu agronegócio. Revista AgroBrasil 2011 P 10 or outro lado, entretanto, a própria sociedade, ainda que se regozije quanto ao desempenho na economia, não demonstra enxergar quem realmente é o grande responsável por esse sucesso, e muito menos tem tido a preocupação de aplaudir esse protagonista. Que dirá então retribuir a ele com os investimentos de que esse imenso setor, exportador por natureza, anda tão carente e demandante. Aliás, o comportamento da sociedade de certo modo apenas reproduz a atitude do próprio governo, muito mais preocupado em propor avanços em outros segmentos, cujo impacto sobre o ingresso de receita externa é quase nulo, do que exatamente em fertilizar e promover melhorias na competitividade justamente daquele que é o pulmão da sua economia. Já não seria de todo descabido dizer que o Brasil anda investindo em setores completamente alheios a seu potencial produtivo (de alimentos e de matérias-primas) justamente o suor e o sobre-esforço dos seus empresários e trabalhadores do campo. Infraestrutura, logística, pesquisa, ambientes de ensino: eis as carências do meio rural. Em 2011, conforme números divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as vendas externas de produtos agropecuários atingiram o recorde histórico de US$ 94,59 bilhões, surpreendentes 24% acima do alcançado em 2010. Complexos produtivos vitais garantem esse resultado: a soja, na forma de grão, de farelo ou de óleo; o setor sucroalcooleiro e as carnes (de gado, de aves, de suínos) lideram o ranking. Mas não são apenas eles: todo o Brasil se mostrar, em detalhes e com a opinião de lideranças e de entidades, como o País pretende chegar a esse patamar. Só mesmo uma interferência muito grave de fatores externos ao cotidiano do homem do campo (entraves climáticos ou na macroeconomia) poderão inibir esse resultado. Numa hora em que o Brasil se determina a crescer, a se desenvolver e a contribuir com eficiência e competência para a melhoria da qualidade de vida de uma população global que já ultrapassa a 7 bilhões de pessoas, o meio rural é, definitivamente, o pulmão da nossa economia. Graças ao agronegócio, a cada ano, a cada safra, o País respira com fôlego renovado. Sílvio Ávila especializa em produzir com qualidade, colher com eficiência e exportar com competitividade. Em 2011, o superávit na balança comercial do agronegócio brasileiro ficou em US$ 77,51 bilhões. O que isso representa? Esse saldo positivo do setor agropecuário é quase três vezes superior ao acumulado no resultado global da balança comercial brasileira, que fechou o ano com superávit de US$ 29,8 bilhões. É pouco? Pois a meta para 2012, veja só, é ultrapassar, pela primeira vez, a barreira dos US$ 100 bilhões em vendas do agronegócio ao exterior. A Revista AgroBrasil – Balanço Brasileiro do Agronegócio, em sua edição relativa ao desempenho de 2011, vem 11 Inor Ag. Assmann The lung of the economy It looks as if Brazilian society has not yet effectively woken up to what the primary production activity represents to the national economy as a whole. For one thing, year after year Brazil is communicating and celebrating new records in its trade balance and, more than that, surpluses of exports compared to imports. It means that any real growth and any advances in development the Country is displaying, especially over the past decade, are overwhelmingly owed to its agribusiness sector. Revista AgroBrasil 2011 O 12 n the other hand, society itself, although deriving great satisfaction from the performance of the economy, does not seem to be knowledgeable of the driving force behind this success story, nor does it seem to be concerned about giving the protagonist its due recognition. Retribution in the form of investments badly needed by this immense sector, exporter by nature, deficient and demanding, seems to be totally out of the question. By the way, the behavior of society, in a way, just mirrors the attitudes of the government, much more concerned about suggesting advances in other segments, whose impact on the entrance of foreign revenues is almost nil, than trying to fertilize and promote improvements to the competitiveness of the exact segment that is the lung of the economy. It would not be totally unfair to say that Brazil has been investing in sectors completely alien to its production potential (food items and raw materials), exactly the sweat and inhumanly efforts of the entrepreneurs and rural workers. Infrastructure, logistics, research works, educational institutions: all these are in short supply in the rural environment. In 2011, according to numbers published by the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), foreign sales of agriculture and livestock products hit the historical record of US$ 94.59 billion, surprisingly up 24% from 2010. Vital production complexes assure these results: soybean, in the form of grain, meal and oil; the sugar and alcohol sector and meat (bovine,chicken,pigs) are export leaders.That is not all: the entire Country is engaged in producing with quality, harvest with efficiency and export with competitiveness. In 2011, the surplus of the trade balance of Brazilian agribusiness operations remained at US$ 77.51 billion. What does this represent? This positive balance of the agriculture and livestock sector is almost three times the size of the accumulated result of the Brazilian global trade bal- ance, which came to a close in 2011 with a surplus of US$ 29.8 billion. Isn’t it much? Just think, the target for 2012 is to, for the first time, break the US$ 100 billion dollar barrier in agribusiness related sales abroad. Revista AgroBrasil – Brazilian Agribusiness Balance, in its edition focused on the 2011 performance, features in detail, based on the opinions of leaderships and entities, how the Country intends to achieve this mark. Only a very serious interference from factors outside the domain of the people in the countryside (climatic bottlenecks or macroeconomics) could inhibit this result. At a time Brazil is determined to make strides, walk the path of development and contribute efficiently and with competence towards the quality of life of the global population, now comprising upwards of seven billion people, the rural scenario is, definitely, the lung of our economy. Thanks to agribusiness, year after year, crop after crop, Brazil takes a breath of renewed air. >>ENTREVISTA EXCLUSIVA EXCLUSIVE INTERVIEW MENDES RIBEIRO FILHO Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (Mapa) Campo para crescer Revista AgroBrasil 2011 Novo modelo de política agrícola do Mapa prevê a criação de agenda estratégica para cada cadeia produtiva a fim de fortalecer o agronegócio 14 À medida que se conclui cada nova safra, assim como no fechamento dos números da balança comercial, a sociedade brasileira têm tido elementos suficientes a fim de avaliar o peso e a importância do agronegócio para os surpreendentes índices de incremento econômico e social que o País tem apresentado neste princípio de século XXI. J á não é mais possível, para o tomador de decisão, para o analista, para o gestor público ou para o empresário, ignorar o forte grau de contribuição da produção agrícola e pecuária, e de sua indústria de transformação, no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em simultâneo, esse desempenho se traduz na imagem positiva e confiável que a Nação passou a ostentar perante o mundo, como fornecedor regular de alimentos e de matérias-primas e como parceiro comercial e de fortalecimento mútuo. A cada ano que passa, mais e mais o Brasil deve ficar grato ao trabalhador e ao empresário do campo por seus grandes saltos de progresso regional. E hoje, junto ao governo federal, quem se esmera em dar a máxima atenção e o máximo respaldo a esse público é o gaúcho Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho. Ele é o interlocutor na apreciação, no encaminhamento e na resolução de demandas associadas a essa gigante máquina de produção de riquezas e de fortalecimento da autoestima nacional. No cargo de ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento desde o dia 18 de agosto de 2011, Mendes Ribeiro Filho, porto-alegrense de 57 anos, deputado federal em quatro mandatos consecutivos, vem conduzindo a política agrícola que tem por propósito aumentar cada vez mais os já tão expressivos números de produção, produtividade, qualidade e sustentabilidade do agronegócio nacional. Diante de um território de dimensões continentais, e da área de cultivo superior a 50 milhões de hectares, é facilmente compreensível o tamanho do desafio associado a temáticas específicas, locais e regionais (logística, infraestrutura, sanidade e suporte de pesquisa, por exemplo), de maneira a assegurar a estabilidade nos índices de produção e, dentro do possível, a gradativa expansão. A oferta de alimentos e de matériasprimas para dar suporte às crescentes necessidades internas no Brasil, apoiando o boom econômico e social registrado nas mais diversas áreas, e para atender igualmente à procura cada vez mais intensa no mercado internacional, sugere que o campo tende a ser, ano após ano, o motor do desenvolvimento. É para garantir que as oportunidades existentes possam ser aproveitadas ao máximo pelos produtores rurais e Divulgação pelos empresários que o Ministério da Agricultura, sob o olhar de Mendes Ribeiro Filho, projeta as ações para 2012. Na entrevista exclusiva que concede à Revista AgroBrasil - Balanço Brasileiro do Agronegócio, o ministro aponta as estratégias montadas a fim de concretizar esse propósito. Na manifestação de Mendes Ribeiro Filho, a sustentabilidade é o conceito que guia todo esse projeto. Para quem tem familiaridade com o setor primário, afinal historicamente o ambiente por excelência da identidade nacional perante o mundo, uma frase resume essa sintonia: “se a agricultura vai bem, tudo vai bem”. Na atualidade, diante dos níveis de dependência econômica que a sociedade brasileira estabeleceu com o agronegócio, é mais do que oportuno dizer: se a agricultura vai bem, o Brasil vai bem. E cumpre informar: há muito campo para crescer. Revista AgroBrasil – O agronegó- cio tem sido o grande motor do desenvolvimento econômico do Brasil. Como proceder para que, nos próximos anos, esse setor tenha, junto ao governo e à sociedade, tratamento que faça justiça a essa importância? Ministro Mendes Ribeiro Filho – A política agrícola precisa avançar para garantir o desenvolvimento do setor. É preciso atualizar as bases da política agrícola brasileira, que foram estabelecidas na década de 1960. Também temos que avaliar se esses instrumentos ainda permanecem adequados para a realidade do agronegócio brasileiro. A renda da atividade produtiva rural é volátil e em função disso necessitamos de políticas específicas para o setor, com garantia de preços e indenização de perdas em decorrência de intempéries climáticas. Temos que pensar em políticas de médio e longo prazos e que reforcem outras cadeias além dos grãos (pecuária, frutas e cana, entre outras). O novo modelo de política agrícola que propomos prevê a criação de uma agenda estratégica de cada cadeia produtiva com ações voltadas à contenção da volatilidade de preços e à garantia de renda, com foco em agregação de tecnologia, melhoria da gestão, disseminação do seguro contra riscos climáticos e sustentabilidade. A pesquisa tem sido apontada como uma aliada estratégica no avanço da agricultura brasileira. Quais os planos para esse setor em sua gestão? Entre minhas prioridades tenho o apoio irrestrito às ações da Embrapa e, também, das Unidades Estaduais de Pesquisa. Contudo, precisamos avançar na questão da assistência técnica. Esse setor, público ou privado, é o responsável pelos ganhos de produtividade do meio rural. Logo, temos trabalhado junto com a direção da Embrapa não só para ampliarmos as verbas para garantir que não faltem recursos em tempo adequado, mas também para estimular avanços no uso de inovações junto ao meio rural. Entendo que o setor privado – tanto as cooperativas como as empresas – tem feito sua parte. Estamos fazendo o que nos cabe, que é disponibilizar informações aos produtores. A sustentabilidade é talvez o conceito mais largamente utilizado no ambiente dos negócios, e ele é ainda mais significativo no agronegócio, que implica na exploração de recursos naturais. O senhor acredita que o Brasil alcançou níveis de excelência em termos de sustentabilidade no agronegócio? O que precisa ser melhorado? Temos de melhorar sempre em todos os setores que atuamos para garantir a sustentabilidade da agricultura. Temos orgulho de dizer que o Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), que significa produzir mais alimentos com redução dos gases de efeito estufa, está em implementação em todas as pontas. Desde a formatação de crédito, 15 do treinamento de técnicos e produtores até a divulgação da sua importância. O plano é uma prioridade nacional porque a sustentabilidade da agropecuária é uma realidade. Os produtores estão demonstrando interesse pelo ABC e sabemos que em 2012 o crescimento será ainda maior. Há algumas demandas por melhoras e adaptações que estão sendo avaliadas ponto a ponto. A principal conclusão em 2011 é que conseguimos cumprir o nosso papel. Tornamos o plano uma realidade, difundimos as técnicas, divulgamos nos estados, organizamos os grupos gestores, mobilizamos os produtores e agora o Brasil todo conhece o Plano ABC. Revista AgroBrasil 2011 Quais são os principais desafios de 2012 na condução dos trabalhos na gestão pública do agronegócio? Os dados até este momento de área 16 em produção não mostram problemas que impeçam o desenvolvimento das culturas de verão que estão em andamento. Achamos que podemos produzir, em média, mais de 3% em relação ao ano passado. Há expectativa de ampliação da área plantada. A previsão para a safra 2011/12 é de 50,431 a 51,358 milhões de hectares. A safra anterior registrou área de cultivo de 49,919 milhões de hectares. O resultado é esperado com base na tecnologia utilizada nas principais culturas e as previsões em relação ao comportamento do clima para esta safra. A Conab trabalha com a média obtida nas últimas cinco safras, descartando os anos atípicos e agregando novas técnicas agrícolas. Também é necessário observar o comportamento dos fenômenos climáticos para saber se as previsões se confirmam. No último levantamento de sa- fra, a previsão climática indicou maior probabilidade de chuvas no centro e norte da região Norte do País. O Brasil vem sendo mencionado como exemplo mundial na área da agroenergia. Como o País deve se estruturar a fim de explorar devidamente seus inúmeros potenciais internos e externos relacionados a esse setor? Nesta área temos muito que avançar. Temos que ter mais consistência na manutenção da produção de cana-de-açúcar, evitando o que ocorreu em 2011, quando fomos atingidos pela falta de estocagem de etanol para garantir ajudando o governo na formulação de um programa para o setor. O objetivo é manter nossa imagem internacional de uma matriz energética verde. A logística e a infraestrutura s ã o apontadas como gargalos na competitividade do agronegócio brasileiro, seja no abastecimento interno, seja nas exportações. Quais os planos relacionados a esses dois setores para 2012 e para os próximos anos, a fim de melhorar a estrutura existente? A questão da logística está sendo discutida junto com outros ministérios como, por exemplo, o do Transporte. Na nossa área estamos fortalecendo um Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC) para agricultura. Nesse programa devem constar ações de montagem de armazéns para produtores, principalmente nas regiões mais novas na produção, como Centro-Oeste, Matopiba (área que compreende Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), entre outros. No entanto, temos também a preocupação na área de fertilizantes, dada sua importância relativa na produção. Estamos trabalhando para que todas as necessidades sejam contempladas e as ações implementadas. Sílvio Ávila competitividade no seu uso no meio automobilístico. Precisamos ter uma estratégia mais consistente na ampliação de áreas de agroenergia; por isso, estamos 17 Divulgação MENDES RIBEIRO FILHO Minister of Agriculture, Livestock and Food Supply in Brazil Revista AgroBrasil 2011 Room for growth 18 Mapa’s new model of agricultural policy suggests a strategic agenda for the production chain so as to strengthen agribusiness As every new crop comes to a close, just like when it comes to calculating the trade balance, Brazilian society has had sufficient elements to evaluate the weight and the importance of agribusiness for the surprising economic and social strides the Country has experienced at the beginning of the 21st century. I t is no longer possible, for decision makers, analysts, public managers or entrepreneurs to ignore the strong degree of contribution coming from agriculture and cattle farming operations, and from the transformation industry to the growth of the Gross Domestic Product (GDP). Simultaneously, this performance translates into the positive and reliable image the Nation is now projecting to the world, like a regular food and raw materials supplier, like a trade partner and mutual strengthening. Year after year, Brazil owes more and more gratitude to the workers and agriculture entrepreneurs for their leaps in regional progress. And now, jointly with the federal government, if there is a person that deserves praise for his attention and support to the public, it is nobody else than Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho, from Rio Grande do Sul. He is the interlocutor at the evaluation, forwarding and in the solution to the demands associated with this giant wealth producing machine, whilst strengthening our national self-esteem. At his position as Minister of Agriculture, Livestock and Food Supply, since 18th August 2011, Mendes Ribeiro Filho, 57, born in Porto Alegre, federal deputy for four consecutive terms, has been conducting our agricultural policy, whose target is to increase even further the already expressive numbers related to production, productivity, quality and sustainability of our national agribusiness. Within the context of a territory of continental dimensions, with 50 million hectares of arable land, it is easy to grasp the size of the challenge associated with specific themes, of local and regional range (logistics, infrastructure, sanitary issues and support to research, for example), so as the ensure stable production rates and, as far as possible, gradual expansion. Food and raw material supplies to support to the ever-increasing Brazilian domestic needs, lending support to the social and economic boom that is present in a variety of areas, always with an eye towards a bigger share of the international market, he suggests that agriculture, year after year, tends to assume its role as development propeller. And to make sure the existing opportunities are taken advantage of by the rural producers and entrepreneurs, the Ministry of Agriculture, under the vision of Mendes Ribeiro Filho, projects moves for 2012. At the exclusive interview to Revista AgroBrasil – Brazilian Agribusiness Balance, the minister details the strategies intended to materialize this purpose. In the words of Mendes Ribeiro Filho, sustainability is the driving force behind the entire project. For those who are familiar with the primary sector, which has historically been the national identity environment par excellence, one statement summarizes this syntony: “if agriculture fares well, everything fares well”. Nowadays, in light of the levels of economic dependence society has entered with agribusiness, it is more than appropriate to say that: if agriculture fares well, Brazil fares well, too. And it is always good to remember: there is room for growth. Revista AgroBrasil – Agribusiness has been the driving force behind Brazil’s economic development. What should be done for this sector, over the years, to continue being treated by the government and by society in a manner that lives up to its importance? Minister Mendes Ribeiro Filho – Agricultural policy needs to make strides to guarantee the development of the sector. It is time to update the bases of Brazil’s agricultural policy, once they were set forth in the 60s.We also need to evaluate if these tools continue appropriate for the reality of Brazilian agribusiness. Income from rural production activities is volatile and, in light of this, we need specific policies for the sector, whereby prices are guaranteed and compensations are paid to cover losses from erratic climate conditions. We should consider policies for the medium and long run with positive impacts on production chains other than just cereal chains (livestock, fruit and sugar cane, among others). The new agriculture policy model we propose suggests the creation of a strategic agenda of every different production chain, containing initiatives towards curbing price volatility, whilst assuring profits, with the focus on technology, management improvement, an insurance program that covers climate induced risks and sustainability. Research has been viewed as a strategic ally in the progress made by Brazilian agriculture. What are the plans for this sector during your term in office? My priorities include an unquestionable support to Embrapa’s work and to all State Research Corporations. However, we must improve the question of technical assistance.This sector, either public or private, is responsible for productivity gains in the rural setting. We have therefore worked side by side with Embrapa not only to increase the financial grants but to make sure all resources are timely delivered, and equally encourage advances and innovations in the rural area. I understand that the private sector – either cooperatives or corporations – has done its part. We are doing what we are supposed to do, that is to say, making information available to the growers. Sustainability is perhaps the most pressing concept in the business environment, and it is even more significant in agribusiness, which implies in the exploration of natural resources. Do you believe Brazil will reach excellence levels in terms of agribusiness sustainability? We have to improve constantly in every sector we work if agricultural sustainability is to be guaranteed. We are proud to say that the Low Carbon Emissions Agriculture Plan (ABC), which means the production of more food with lower emissions of greenhouse gases, is now under implementation in every extremity. From the creation of credit lines, training given to technicians and producers, to the disclosure of its importance.The plan is a national priority because sustainable agriculture and livestock operations are realities. The farmers are showing interest in the ABC and we know that in 2012, there will be further growth. There are some claims for improvements or adaptations now being examined in detail. The main conclusion we can draw from 2011 is that we managed to perform our role. We turned the plan into a reality, we spread techniques, publicity was given in the states, we organized the managing groups and mobilized the producers and now the ABC Plan is known all over Brazil. What are the main challenges in 2012 in managing agribusiness from the government side? So far, all data regarding the production area do not feature any problems that could impair the development of our summer crops now underway. We think we are able to produce, on average, 3% more compared to last year. There is expectation for planted area expansions. The anticipated numbers for the 2011/2012 crop year refer to 50.431 to 51.358 million hectares. In the previous year’s season, the planted area reached 49.919 million hectares. The result relies greatly on the technology utilized for all major crops and the forecast of the weather conditions during this crop. Conab considers the averages over the past five crops, disregarding atypical years and adding new agricultural technologies. There is also need to observe the behavior of the erratic climate conditions to see if the forecasts come true. At the latest crop survey, weather related forecasts pointed to 19 Sílvio Ávila abundant rainfall in the center and north of the Northern region of the Country. Revista AgroBrasil 2011 Sílvio Ávila Brazil has been cited as a global example in the area of agroenergy. How should the Country get structured in order to duly explore its domestic and foreign potential related to this sector? In this area we still need to make strides. We should be more consistent in maintaining our sugar cane production levels, avoiding what happened in 2011, when we were hit by deficient ethanol stocks, if competitiveness is to be kept in the area of ethanol for powering our ve- 20 hicle fleets. We need a more consistent strategy in the expansion of our agroenergy areas; to this end, we are now engaged, jointly with the government, in setting up a program for the sector. The target is to keep our international image as a green energy matrix. Logistics and infrastructure are viewed as bottlenecks for the competitiveness of Brazilian agribusiness, whether with regard to domestic supplies, whether for exports. What are the plans related to these sectors throughout 2012 and for the coming years, with the aim to improve the ex- isting structure? The question of logistics is now being debated jointly with other ministries like, for example, the ministry of transport. In our area we are engaged in strengthening a Growth Acceleration Program (PAC) for agriculture. This program comprises warehouses for producers, especially in the new production regions, like the CenterWest, Matopiba (are that includes Maranhão, Tocantins, Piauí and Bahia), among others. Nonetheless, we are also concerned about fertilizers, as they play a relevant role in production. We are doing our best to have all areas contemplated and all necessary actions implemented. Seu portal para fazer negócios com o Brasil! www.brasilglobalnet.gov.br Ÿ Informações sobre 8.700 empresas exportadoras brasileiras; Ÿ Dados sobre 2.700 produtos relacionados a comércio exterior; Ÿ Indicadores econômicos, tabelas e gráficos sobre comércio exterior; Ÿ Mais de 300 feiras comerciais a serem realizadas no Brasil em 2011; Ÿ Oportunidades de investimento em infraestrutura, energia, indústria pesada e megaeventos esportivos. Ministério das Relações Exteriores Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial Departamento de Promoção Comercial e Investimentos Sílvio Ávila >>AGROENERGIA Agroenergy Revista AgroBrasil 2011 Na vanguarda 22 Iniciativas brasileiras voltadas à agroenergia visam a diversificar as fontes agrosilvopastoris e a ampliar a oferta de energia renovável Destaque mundial no uso de recursos renováveis na matriz energética, o Brasil ocupa a liderança em termos de fontes agrosilvopastoris, que respondem por 31,5% do total ofertado, segundo divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com base em dados do Ministério de Minas e Energia (MME). Para se consolidar nessa posição, o País busca definir estratégias, aproveitar potencialidades presentes em sua extensão territorial e produção, e superar dificuldades, tendo presente o papel fundamental da pesquisa e tecnologia. Nesse sentido, o Mapa atua na elaboração do novo Plano Nacional de Agroenergia, em sequência ao primeiro PNA/2006-2011. N a pesquisa oficial, a Embrapa Agroenergia, sediada em Brasília (DF), está à frente do processo no País, junto com outras unidades da empresa. O novo chefe-geral do centro, Manoel Teixeira Souza Júnior, avalia a evolução geral do setor em 2011 e as ações que estão sendo empreendidas para gerar conhecimento e tecnologias. Ele enfoca mo- mentos bem distintos das duas principais estrelas da agroenergia no Brasil: o biodiesel e o etanol. No que diz respeito à cadeia produtiva do biodiesel, aponta história positiva com expectativa de um futuro ainda mais promissor. Enfatiza o início de um processo de discussão para definir um novo marco regulatório para o setor, tendo como base o “excelente desempenho do Plano Nacional de Pro- LUZ AMARELA No caso do etanol, o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Teixeira Souza Júnior, observa que a oferta nacional não acompanhou o crescimento da demanda em 2011 e levou à importação do produto dos Estados Unidos. “O que aconteceu POTÊNCIA • POWER Oferta interna de energia (103 tep - toe) Descrição Quantidade Participação Energia não renovável 146.425 54,5% Energia renovável 122.329 45,5% 84.670 31,5% Agroenergia Fonte: Balanço Energético Nacional 2011/Ano-base 2010 – EPE/MME Divulgação: Mapa acendeu uma luz amarela para o Brasil e mostrou que existe a necessidade de repensar o setor para que o País não fique mais vulnerável”. Para isso, é preciso viabilizar o aumento da área cultivada com cana-de-açúcar e da capacidade de processamento, além de pensar em alternativas, como o sorgo sacarino, para complementar as fontes de matériaprima para a produção de etanol, aproveitando a infraestrutura industrial já existente. No que tange à pesquisa, o dirigente reforça o propósito de desenvolver o trabalho para que o setor se torne o mais eficiente possível. O foco principal está em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) e, especificamente quanto à canade-açúcar, tomou-se a decisão de construir e executar, no conjunto da empresa, um programa que tenha como centro o melhoramento genético da cultura. Ainda em relação à planta tem-se em vista o aproveitamento do bagaço e da palhada na perspectiva de uso em cogeração de energia e produção de etanol lignocelulósico. No primeiro eixo, destaca Souza Júnior, o desempenho do Brasil nos últimos anos tem sido bastante superior às expectativas iniciais e dessa forma deve continuar. Na segunda direção, espera-se viabilizar economicamente a utilização da tecnologia nos próximos anos. Quanto ao biodiesel, lembra que a Embrapa continua evoluindo na caracterização e qualificação de novas fontes de óleo vegetal que venham a reduzir a dependência que o setor produtivo tem da soja. Palma-de-óleo (dendê), pinhãomanso, canola, girassol, macaúba e fevilha (andiroba) são algumas das culturas que são pesquisadas com esse objetivo, contribuindo para aumentar a inclusão social e reduzir as desigualdades regionais no País. Sílvio Ávila dução e Uso do Biodiesel, instituído em 2005”. O Brasil, lembra Souza Júnior, saiu de uma produção zero para se tornar o segundo maior produtor e o maior consumidor mundial do produto. Isso, na sua análise, ocorreu pela combinação de três fatores: o marco regulatório definido em 2005, com metas a serem alcançadas; a resposta positiva da iniciativa privada, que criou quase 70 indústrias de processamento de biodiesel; e a produção de soja, já consolidada no País, que garantiu matéria-prima às indústrias. “A partir desses acertos e dos poucos erros cometidos neste primeiro período, têm sido apresentadas propostas ao governo federal para que esse programa continue mostrando resultados e chegue a um patamar ainda mais elevado”, aponta o chefe-geral. Entre as indicações, propõe-se diversificar as matériasprimas, aumentar a porcentagem de biodiesel no diesel e conquistar o mercado internacional. 23 Revista AgroBrasil 2011 Avant-garde initiative 24 Brazilian agroenergy innovations are aimed at diversifying the agrosilvipastoral sources and expand renewable energy supplies Globally renowned as a leading user of renewable resources in the energy matrix, Brazil occupies a leadership position in terms of agrosilvipastoral sources, which account for 31.5% of the total supplies, according to figures released by the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), based on data from the Ministry of Mines and Energy (MME). In an attempt to consolidate this position, the Country seeks to define strategies, take advantage of potentialities available throughout its territorial extension, surmount difficulties, without ever overlooking the fundamental role played by research and technology. Within this context, the Mapa is now engaged in devising a new National Agrosilvipastoral Plan, as a sequence to first PNA/2006-2011. R egarding official research works, Embrapa Agroenergy, based in Brasília (DF), is running the process in the Country, jointly with other units of the corporation. The new chief executive of the center, Manoel Teixeira Souza Júnior, evalu- ates the general evolution of the sector in 2011 and the initiatives now going on in search of knowledge and technology. He focuses on very distinct moments of the two leading agroenergy stars in Brazil: biodiesel and ethanol. With regard to the biodiesel production chain, he Sílvio Ávila points to a positive history with the expectation of an even more promising future. He emphasized the beginning of a debating process intended to define a new regulatory mark for the sector, on the grounds of the “excellent performance of the National Biodiesel Production and Use Program, set up in 2005”. Brazil, Souza Júnior recalls, started from scratch to reach the position as second biggest producer and leading global consumer of the product. This, in his analysis, occurred through the combination of three factors: the regulatory mark defined in 2005, with targets to be achieved; a positive reply from private initiative, which created almost 70 biodiesel processing industries; and the production of soybean, now a reality in the Country, a reliable supplier of raw material for the industry. “Relying on these correct initiatives,with only few mistakes made over the period, proposals have been presented to the federal government for this program to continue producing results and climbing to higher levels of success”, the chief executive comments. The indications include raw material diversification, higher pro- portion of biodiesel in common diesel and the conquest of the international market. YELLOW LIGHT In the case of ethanol, Embrapa Agroenergy chief executive Manoel Teixeira Souza Júnior observes that national supplies did not keep pace with demand in 2011 and forced imports of the product from the United States. “What happened switched on the yellow lights for Brazil and left it clear that there is a need to rethink the sector to prevent the Country from becoming vulnerable”. To this end, the area planted to sugar cane needs to be expanded, and the same goes for the processing capacity, without overlooking such alternatives as saccharine sorghum, so as to complement the sources of raw materials for the production of ethanol, taking advantage of the already existing industrial infrastructure. As far as research is concerned, the official strengthens the bid to develop this work for the sector to become as efficient as possible.The main focus is on research,development and innovation (PD&I) and, specifically with regard to sugar cane, a decision was taken to construct and execute, in the company complex,a program focused on the genetic enhancement of the crop. Still with regard to the plant, an eye is kept towards taking advantage of the bagasse and straw in the perspective to use them in the cogeneration of energy and in the production of lignocellulosic ethanol. In the first hub, Souza Júnior stresses, the performance of Brazil over the past years has by far outstripped initial expectations and should therefore not be interrupted. On a second moment, it is hoped that the use of the technology will turn out to be economically viable over the coming years. As to biodiesel, he recalls that Embrapa continues making strides in the characterization and qualification of new sources of energy from vegetable oils, thus reducing the sector’s high dependence on soybeans. Palm oil (dendê), Barbados nut, canola, macaw palm and crabwood (andiroba) are some of the plants now undergoing research towards this goal, contributing towards social inclusion and reduction of regional inequalities throughout the Country. 25 Inor Ag. Assmann >>Algodão cotton Revista AgroBrasil 2011 Fase de crescimento 26 Abrapa estima cenário otimista para a cotonicutura nacional no ciclo 2011/12, com incremento da colheita e das vendas a outros países As lavouras de algodão devem ganhar terreno na temporada 2011/12. A projeção da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) é de que a área cultivada chegue a 1,469 milhão de hectares, acréscimo de 5,6% sobre o ciclo antecedente. A colheita esperada é de 2,100 milhões de toneladas em pluma. Os números, contudo, diferem dos apurados no quarto levantamento da safra 2011/12 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O órgão público indica que serão cultivados 1,405 milhão de ha, extensão 0,4% maior que a anterior, e colhidas 1,992 milhão de t, ficando 1,7% acima do desempenho passado. Segundo a Conab, a demanda global reprimida, a acentuada retração dos preços mundiais do algodão em pluma no período em que antecede o plantio e a estimativa de custo de produção elevado foram os principais fatores que influenciaram na decisão sobre o tamanho da área a cultivar. D e acordo com a Abrapa, os cotonicultores obtiveram produtividade recorde na temporada 2010/11. O rendimento médio foi de 1.320 quilos de plu- ma por hectare. A produção do período foi de 1,937 milhão de t, bem acima do volume do período anterior (1,148 milhão de t). A área também avançou, passando de 838,6 mil ha, em 2009/10, para De Marco avalia que algumas demandas precisam ser atendidas para melhorar ainda mais o desempenho da atividade. É o caso da falta de investimento, por parte do governo federal, em infraestrutura e logística nas regiões produtoras e do excesso de burocracia, que dificultam a comercialização das safras. “Ainda falta um mecanismo moderno de apoio à comercialização que permita que os produtores e a indústria brasileira façam o hedge do seu produto, garantindo o preço mínimo e participando dos eventuais ganhos de alta de preços no mercado.” Também é reivindicado pelo setor a redefinição das regras da Norma Regulamentadora 31 (NR 31), que define as relações de trabalho no campo, e a colocação em prática dos pontos do novo Código Florestal Brasileiro, aprovado recentemente na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. 1,393 milhão de ha no ciclo seguinte. A temporada teve quebra de 15% por falta de chuva, que afetou o plantio mas não resultou em perda. Os principais estados produtores são Mato Grosso, que na safra 2010/11 colheu 937.351 t de algodão em pluma, seguido por Bahia (625.858 t) e Goiás (157.000 t). “O empreendedorismo do produtor brasileiro é um dos fatores que favorece o desempenho da cultura. Os cotonicultores buscam, cada vez mais, aprimorar seus processos de plantio e de colheita com alta tecnologia e com profissionais capacitados”,destaca Sérgio De Marco, presidente da Abrapa. A entidade investe em marketing internacional para conquistar novos mercados para a fibra brasileira. Como exemplo, cita que China, Coreia do Sul e Indonésia são os grandes compradores do produto nacional. “Isso se deve a um forte trabalho da Abrapa com missões comerciais, visitas técnicas e rodadas de negócios com os industriais desses e de outros países”,destaca. VENDAS O setor algodoeiro exportou 649.619 t de pluma de janeiro a novembro de 2011. A expectativa era que o ano fechasse com o envio de 730.000 t para o mercado externo, segundo estimativas da Conab. O restante da produção atende à demanda interna. No mesmo período de 2010 foram embarcadas 474.172 t.“Os números são ótimos e superaram as expectativas da Abrapa”, afirma Sérgio De Marco, presidente da entidade. A China, um dos grandes compradores, importou 239.938 t em 2011. A Coreia do Sul adquiriu 87.697 t, o equivalente a 50% do consumo no país, e a Indonésia, 79.484 t. Também são clientes nacionais Turquia, Paquistão, Taiwan, Vietnã, Tailândia, Malásia, Bangladesh e Japão. De Marco explica que 850 mil toneladas da safra 2010/11 foram vendidas com antecedência ao preço de US$ 0,74 por libra-peso e, posteriormente, o valor na Bolsa de Nova York chegou a bater em US$ 1,90/lp. Mesmo assim, o produtor brasileiro honrou contratos vendidos ao menor preço.“Por isso e pela qualidade da fibra, o Brasil vem sendo reconhecido internacionalmente e ganhando novos mercados”, destaca. O restante do volume foi negociado, em média, a US$ 1,20/lp. Contabilizando os dois valores, o preço médio chegou a US$ 0,94/lp.“Com essa remuneração, o produtor brasileiro não ganhou dinheiro, mas também não perdeu. Para 2012 esperamos que varie entre US$ 0,90/lp e US$ 1,05/lp”,avalia. A estimativa de área e produção maior para 2011/12 leva o setor a projetar exportação de 1 milhão de toneladas. “Essa perspectiva de crescimento é com base na forte demanda da China”,aponta De Marco. Uma recente missão da Abrapa à Ásia mostrou que os países asiáticos, principalmente China e Índia, estão subsidiando a produção de alimentos, com isso a área de algodão naqueles países deve se manter, não havendo aumento. Da mesma forma, os Estados Unidos não devem apresentar crescimento por conta do bom preço do milho. Os maiores volumes de algodão são exportados por Estados Unidos (3,110 milhões de t), Índia (1,100 milhão de t), Uzbequistão (600 mil t), Austrália (550 mil t) e Brasil (510 mil t), conforme números de novembro de 2011 do International Cotton Advisory Committee (ICAC). Hoje o Brasil é o quarto maior produtor mundial. “Estamos atrás de China, Índia e Estados Unidos, que têm produções de 6,400 milhões, 5,530 milhões e 3,940 milhões de toneladas, respectivamente”, compara o presidente da Abrapa. MAIS BRANCO • WHITER Desempenho do algodão em pluma 2009/10 2010/11 2011/12* Área (ha) Produção (t) Área (ha) Produção (t) Área (ha) 838.600 1.148.341 1.393.689 1.937.481 1.469.732 Fonte: Abrapa (Dez/2011) *Estimativa 27 Growing stage Revista AgroBrasil 2011 Abrapa spots encouraging scenario for the national cotton farming operations in the 2011/12 cycle, with a bigger crop and soaring sales abroad 28 Cotton fields are supposed to gain momentum in the 2011/12 cycle. The projection of the Brazilian Association of Cotton Producers (Abrapa) points to a planted area of 1.469 million hectares, up 5.6% from the previous year. Harvest is estimated at 2.100 million tons of lint. The figures, nonetheless, differ from the fourth 2011/12 crop survey conducted by the National Supply Company (Conab). The public organ refers to a cultivated area of 1.405 million tons, up 0.4% from last year, while the size is estimated at 1.992 million tons, up 1.7% from last year’s performance. Conab officials maintain that stifled demand, steep price declines in global lint just before the planting period and the forecast of high production costs are factors that exerted great influence when it came to deciding about the size of the planted area. A ccording to Abrapa sources, the cotton farmers celebrated record yields in the 2010/11 cycle, with an average of 1,320 kilos of lint per hectare. The volume of the period reached 1.937 million tons, way above the volume of the previous period (1.148 million tons). The planted area also soared, from 838.6 thousand hectares in 2009/10 to 1.393 million hectares in the following cycle. Dry weather conditions reduced the crop size by 15%, a fact that affected plantings but did not result in loss. The leading producers in Brazil are the States of Mato Grosso, with a production of 937,351 tons of cotton lint in the 2010/11 crop year, followed by Bahia (625,858 t) and Goiás (157,000 t). “The entrepreneurial spirit of the Brazilian cotton growers is a factor that favors the performance of the crop.The cotton growers are increasingly improving planting and harvesting operations, based on high technology and performed by qualified professionals”, says Sérgio De Marco, president of Abrapa.The entity invests in international marketing with an eye Sílvio Ávila towards new markets for Brazilian fiber. As an example, he cites China, South Korea and Indonesia as major buyers of our national product. “This is the result of earnest efforts by Abrapa, carried out by commercial delegations, technical visits and business rounds with industries of the above and other countries”,he comments. De Marco understands that some demands need to be fulfilled so as to improve even further the performance of the activity. One such demand is the lack of investments, by the federal government, in infrastructure and logistics in the producing regions, and excessive bureaucracy making it difficult to trade the crops. We are still short of a modern trade support mechanism that allows the Brazilian producers and industries to resort to hedging strategies, ensuring minimum prices and a participation in eventual gains from high market prices”. The sector is also asking for a redefinition of Regulating Standard 31 (NR 31), which defines labor relations in the countryside, and the enforcement of the new Brazilian Forest Code, recently passed by the House of Representatives and the Federal Senate. SALES The cotton sector exported 649,619 tons of lint January through November 2011. The expectation had been for the shipment of 730,000 by year’s end, according to Conab sources. The remaining part of the production fulfills domestic demands. In the same period in 2010, shipments abroad reached 474,172 tons. “These are outstanding figures and they exceeded Abrapa’s expectations”, says Sérgio De Marco, president of the entity. China, a major buyer, imported 239,938 tons in 2011. South Korea acquired 87,697 tons, equivalent to 50% of that country’s annual consumption and Indonesia, 79,484 tons. Other Brazilian clients include Turkey, Pakistan,Vietnam,Thailand, Malaysia, Bangladesh and Japan. De Marco explains that 850 thousand tons of the 2010/11 crop were sold in anticipation at the price of US$ 0.74 per pound and, later, the value in the New York Stock Exchange hit US$ 1.90 a pound. In spite of this discrepancy, the Brazilian growers made good on their smaller price contracts. “Because of this and for the quality of the fiber, Brazil has been winning international recognition and conquering new markets”, he argues. The rest of the volume was traded for an average price of US$ 1.20 a pound. Factoring in the two values, the average price reached US$ 0.94 a pound. “This remuneration represented a break-even point, because neither did the growers make money nor did they lose money. For 2012, we hope prices will range from US$ 0.90 to US$ 1.05 a pound”, he reckons. The anticipated larger planted area and production volume for the 2011/12 crop year have raised export projections to 1 million tons. “This growth perspective is based on strong demand from China”,De Marco comments. A recent delegation of Abrapa to Asia ascertained that Asian countries, particularly China and India, are subsidizing the production of food crops, a fact that should make the cotton areas remain stable, without any increase.Likewise, the United States is not supposed to grow more cotton because of the high prices of corn. The leading cotton exporting countries are the United States (3.110 million tons), India (1.100 million tons), Uzbekistan (600 mil thousand tons), Australia (550 thousand tons) and Brazil (510 thousand tons), according to figures released in November 2011 by the International Cotton Advisory Committee (ICAC). Currently, Brazil ranks as fourth biggest producer. “We are behind China, India and the United States, where production volumes amount to 6.400 million, 5.530 million and 3.940 million tons, respectively”,says the president of Abrapa. 29 Sílvio Ávila >>AQUICULTURA AQUACULTURE Revista AgroBrasil 2011 Estímulo à pescaria 30 Ministério da Pesca e Aquicultura busca incentivar a produção aquícola no Brasil para reduzir as compras de outros países O Brasil compra de outros países muito mais pescado do que exporta, apesar das condições favoráveis que dispõe para a produção. De janeiro a novembro de 2011, as importações somaram 311.766 toneladas e as exportações, 35.033 t, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em relação ao mesmo período de 2010, o volume adquirido foi 27% acima das 245.256 t negociadas. Em valores, as compras significaram US$ 1,137 milhão em 2011 e US$ 875.857 no ciclo anterior. S ó a China enviou para o País 73.498 t nesses meses de 2011, representando 23,57% do total importado. A Argentina entregou 47.790 t, com participação de 13,40%. Da mesma forma, Chile e Noruega contribuíram com 41.790 t e 30.366 t, respectivamente. Outros fornecedores foram Vietnã, Portugal, Uruguai, Marro- cos, Equador, Tailândia, Espanha, Estados Unidos e Islândia. A importação da China evoluiu de 6.998 t, de janeiro a novembro de 2009, para 73.498 t em 2011. “Infelizmente, no que se refere a pescado, mesmo tendo tantos lagos e rios e um enorme litoral, nós temos um enorme déficit, ou seja, importamos muito. Mas vamos virar essa história e seremos ESTRANGEIRO • FROM ABROAD Importação brasileira de pescado (janeiro a novembro) Descrição 2010 2011 Volume (t) 2005 129.368 2006 160.807 2007 191.763 2008 200.275 2009 213.639 245.256 311.766 Valor (US$ milhões) 256.096 394.476 498.680 616.999 627.246 875.857 1.137.224 Fonte: Secex (Dez/2011) Amazônia,também são estimuladas pelo ministério. Hoje, como reflexo do edital publicado em 2009, estão sendo modernizadas cinco unidades no Pará, em parceria com o setor público local. Deverão beneficiar 9.500 famílias e estima-se, no decorrer de 12 meses, uma produção de 41 milhões de alevinos de espécies da bacia amazônica, como tambaqui, piau, pirarucu e pintado. ATENÇÃO ESPECIAL A aquicultura marinha recebe ação contínua de fomento das unidades produtoras de formas jovens de organismos marinhos, como larvas, sementes e alevinos, mediante convênios com estados, municípios e universidades. Entre 2003 e 2010, foram investidos cerca de R$ 8,8 milhões em laboratórios distribuídos em oito estados costeiros para ampliar a capacidade produtiva dessas unidades. O esperado é que beneficiem cerca de cinco mil maricultores e pescadores familiares. Em junho de 2011, os sistemas orgânicos de produção aquícola foram regulamentados, permitindo que camarões cultivados no Nordeste possam ser certificados para exportação. No Estado do Rio Grande do Norte, foram incorporados barcos japoneses modernos à frota nacional de pesca de atuns e afins em águas profundas. Com isso, cerca de 400 pescadores serão capacitados para o trabalho em alto-mar. Outra oportunidade ocorre com a pesca da anchoita (Engraulius anchoita), um peixe menor do que a sardinha, encontrado em grande quantidade na costa Sul-Sudeste, mas ainda não explorado pelo Brasil. A expectativa é que seja possível obter de maneira sustentável 100 mil toneladas da espécie por ano, o que aumentaria em cerca de 20% a produção nacional proveniente da pesca. Outras medidas adotadas pelo MPA dizem respeito à legislação, fiscalização, e a programas de integração e apoio nos diversos segmentos do setor pesqueiro nacional. Sílvio Ávila exportadores”, diz Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, ministro da Pesca e Aquicultura (MPA). Explica que, apesar de o litoral ser extenso e ter uma variedade muito grande de espécies, os cardumes são reduzidos. Porém, para Oliveira, isso não impede a atividade. “Nós podemos produzir mais, mas temos no País uma pesca que está muito limitada à área próxima da costa. Produzimos muito pouco longe, onde estão os peixes mais nobres”,avalia. Os dados oficiais relativos à produção e ao consumo de pescado são de 2009. No entanto, o ministério destaca uma série de ações implementadas para alavancar a produção nacional, que em 2009 foi de 1,240 milhão de toneladas. As espécies que mais se destacaram foram tilápia, tambaqui e pintado. Os maiores produtores foram os estados de Santa Catarina, Pará e Bahia. Em outubro de 2011, o Registro Geral da Pesca (RGP) do MPA apontou a existência de 972.379 pescadores profissionais. Atualmente, existem 42 parques aquícolas implantados nos reservatórios das hidrelétricas de Itaipu (PR), Três Marias e Furnas (MG), Ilha da Solteira (SP/MG/MS), Tucuruí (PA) e Castanhão (CE). Segundo o MPA, esses locais têm capacidade para produzir 279.759 toneladas de pescado por ano. Foram ofertadas de forma gratuita 88% das áreas para beneficiar comunidades ribeirinhas e tradicionais. As áreas de cessão onerosa, que representam 12% do total, foram destinadas aos empreendimentos de criação em escala empresarial. Além disso, o ministério demarcou seis dos 21 parques aquícolas marinhos previstos para o litoral de Santa Catarina e procedeu a licitação em meados de 2011. As unidades produtoras de alevinos em águas continentais, sobretudo na 31 Revista AgroBrasil 2011 Fish-oriented 32 Ministry of Fisheries and Aquaculture encourages the production of fish in Brazil to reduce purchases from abroad Brazil’s seafood purchases from other countries outstrip by far its exports, despite the favorable conditions for the production of fish. January through November 2011, imports reached 311,766 tons and exports, 35,033 tons, according to sources from the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC). Compared to the same period in 2010, the volume was up 27% from the 245,256 t negotiated. In values, the purchases translated into US$ 1.137 million in 2011 and US$ 875,857 in the previous cycle. C hina alone shipped 73,498 t to Brazil over these eleven months in 2011, representing 23.57% of total imports. Argentina delivered 47,790 t, representing a share of 13.40%.In the meantime,Chile and Norway sent 41,790 t and 30,366 t, respectively. Other suppliers included Vietnam, Portugal, Uruguay, Morocco, Ecuador,Thailand, Spain, the United States and Island. Imports from China soared by 6,998 t, January through November 2009, to 73,498 t in 2011. “Unfortunately, with regard to fish, although boasting lots of rivers and lakes and a very long coastal area, we still have a huge deficit, that is to say, we import a lot. We are determined to reverse this trend and begin to export”, says Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, minister of Fisheries and Aquaculture (MPA). He maintains that, in spite of our long coastal area, home to a huge variety of species, shoals are reduced in number. Sílvio Ávila Nonetheless, in Oliveira’s view, this is no obstacle for the activity. ”We can produce more, but in our Country fishing is still restricted to the coastal areas.We scarcely produce anything farther off the coasts, where noble fish live”,he comments. Official data relative to fish consumption and production date back to 2009. Nevertheless, the minister points to a series of actions implemented to leverage our national production operations, which in 2009 reached 1.240 million tons. The species that had the best performance were tilapia, tambaqui and pintado. The leading producers were the States of Santa Catarina, Pará and Bahia. In October 2011, the General Fishing Report (GFR) of the MPA pointed to the existence of 972,379 professional fishermen. Currently, there are 42 aquaculture parks implemented in the hydroelectric dams of Itaipu (PR), Três Marias and Furnas (MG), Ilha da Solteira (SP/MG/MS), Tucuruí (PA) and Castanhão (CE). According to the MPA, these places have a capacity to produce 279,759 tons of fish a year. Communities were granted, free of charge, 88% of the areas to benefit riverside and tradi- tional areas. The areas that were granted under payment, representing 12% of the total, were destined for commercial scale production enterprises. Furthermore, the ministry demarcated six of the 21 marine aquaculture parks along the coastal area of Santa Catarina and invited bids midway through 2011. The units that produce young fish in continental Waters,particularly in the Amazon region, are also encouraged by the ministry. Nowadays, as a reflection of the bid published in 2009, five units in Pará are now being refurbished, jointly with the local government. Some 9,500 families are to benefit from it, while a production of 41 million young fish are expected to be produced over a 12-month period, including species of the Amazon basin, like tambaqui, piau, pirarucu and pintado. SPECIAL HEED Marine aquaculture is constantly fostered by the units that produce young marine organisms, like larvae, seed and young fish, through agreements with states, municipalities and universities. From 2003 to 2010, investments in laboratories scattered across coastal states amounted to R$ 8.8 million, intended to increase the productive capacity of these units. It is hoped that some five thousand fishermen and coastal people will reap the benefit of these initiatives.In June 2011,organic aquaculture producing systems were standardized, allowing for shrimp produced in the Northeast to be granted an export certification. In the State of Rio Grande do Norte, the national deep water tuna fishing fleet was equipped with Japanese boats. This will make it possible for 400 fishermen to work in open sea environments. Another opportunity is granted to anchoity (Engraulis anchoita) fishers, a fish that is smaller than sardines, very abundant in the South-Southeast coast, but not yet explored by Brazil. The expectation is to catch 100 thousand tons a year, in sustainable manner, which increases by 20% our national fish production volumes. Other measures introduced by the MPA have to do with our legislation, inspection services, integration and support programs to the several sectors of Brazil’s fishing operations. 33 >>ponto de vista VIEWPOINT PEDRO ANTONIO ARRAES PEREIRA Diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) O futuro é já Revista AgroBrasil 2011 Embrapa antecipa tendências em tecnologia ao agronegócio do Brasil, servindo de modelo também para outros países tropicais 34 O geneticista Pedro Antonio Arraes Pereira comanda a mais bem-sucedida empresa pública de pesquisas do agronegócio em ambiente tropical do mundo: a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ela é fundamental para o País ter alcançado e manter o status de grande produtor de alimentos e líder de mercados. As tecnologias atendem à produção nacional e são socializadas com países africanos. Ao mesmo tempo, por meio de redes de pesquisas e laboratórios de alta tecnologia, a Embrapa está conectada com o que há de mais moderno internacionalmente para otimizar a produção de alimentos, fibras e agroenergia, além de proteger e conservar os recursos naturais. Pereira lista a pesquisa brasileira entre as melhores do mundo. A lerta que o País não pode “deitar-se em berço esplêndido” e prossegue: “somos referência em clima tropical, com ótimo desempenho em clima temperado, mas nosso papel é antecipar as demandas do agronegócio com materiais mais produtivos e resistentes, com menor custo de produção, tecnologias mais eficientes, sustentáveis e limpas; além de atender a demandas específicas referentes a uma praga, uma invasora, um novo tipo de produto, ou a exigências de mercados, entre outras ações”,afirma. Há, contudo, obstáculos a vencer. Pereira destaca que, apesar de a Embrapa estar fortalecida, as empresas estaduais de pesquisas precisam de atenção e investimentos. “Num país de dimensões continentais, a pesquisa regional, a troca de informações e experiências é fundamental”, frisa. Outro gargalo é a transfe- rência de tecnologias. Na sua avaliação, o Brasil demora para levar a tecnologia dos centros de pesquisas ao campo, o que reflete na produção. Coordenação nacional, mais estrutura e técnicos nos estados e municípios podem mudar essa realidade. Atualmente, materiais e técnicas são disseminados por cooperativas, sindicatos e redes públicas e privadas de extensão rural. Nos últimos anos, foram contratadas centenas de pesquisadores e técnicos, criados centros de pesquisas e renovada a gestão na estrutura da instituição. Hoje são desenvolvidos 1.180 projetos de pesquisa na área agrícola. Há iniciativas visando à sanidade animal, tropicalização de fertilizantes, baixa emissão de carbono, gestão territorial, transferência de tecnologias, melhoria do manejo e melhoramento genético, focando resistência a doenças, pragas e invasoras, pro- Sílvio Ávila rou bastante. “Deixamos a postura reativa de trabalhar contra o desmatamento, simplesmente, para desenvolver projetos de prospecção e alternativas de usos dos produtos amazônicos de forma sustentável”, ressalta. Um dos novos centros criados, a Embrapa Agroenergia, com 40 pesquisadores, estuda fontes e processos de produção agroenergética para o Brasil, inclusive aproveitando materiais renováveis da Amazônia. Outra unidade criada foi a Embrapa Estudos e Capacitação, que treinou quase 300 pessoas de 60 países, entre técnicos e gestores, em programas desenvolvidos com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e outros organismos. Na avaliação de Pereira, nessas relações internacionais, que colocam a Embrapa em escritórios >>PERFIL em países estratégicos da África, mas com laboratórios na Europa, nos Estados Unidos, na Coreia do Sul e a caminho da China e do Japão, todos ganham.“A pesquisa agropecuária está comprometida não só com os produtores nacionais, mas com a agropecuária e a fome no mundo”. O diretor-presidente da Embrapa defende que é preciso ensinar e criar os meios para produzir.“Temos um compromisso por um Brasil sem miséria e há 16 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, dos quais oito milhões na zona rural. É um grande desafio que o País precisa vencer”. Lembra que em 2050 o mundo terá nove bilhões de habitantes. “Para suprir a demanda alimentar, precisaremos produzir 40% mais comida. Isso, só com muita tecnologia e sustentabilidade”,enfatiza. Divulgação dutividade, menor custo e variedades tolerantes à seca, devido aos riscos de mudanças climáticas. Este, aliás, é um tema importante nas pesquisas, inclusive pela redução de danos e pela detecção e adaptação dos genes resistentes à seca e dos sistemas produtivos, como a integração lavourapecuária. “Áreas de biotecnologia, geociências e nanotecnologia mudarão paradigmas num futuro próximo”, assegura Pereira. A Embrapa envolverá os demais elos das cadeias produtivas e avançará nas parcerias público-privadas. FEITOS Um dos grandes feitos da empresa em 2011 foi a aprovação, na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), do feijão resistente ao mosaico dourado, sem similar mundial. “E virá mais: instalamos o único laboratório mundial de nanotecnologia voltado à agropecuária, onde serão produzidos, entre outras coisas, fibras e fios para embalagens comestíveis de alimentos. Há também um trabalho forte no desenvolvimento de sensores para a agricultura de precisão, quase 200 profissionais voltados a projetos com cana-de-açúcar e tantos outros direcionados aos biocombustíveis e à agroenergia”, enfatiza Pedro Antonio Arraes Pereira, diretor-presidente da Embrapa. Na sua opinião, o posicionamento da empresa em relação à Amazônia melho- Pedro Antonio Arraes Pereira é carioca, engenheiro agrônomo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e com mestrado e doutorado em Melhoramento Genético de Plantas pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. Seu pós-doutorado em Genética Molecular e Marcadores Moleculares no Feijoeiro Comum foi concluído em 1996 na Universidade da Califórnia (EUA). Iniciou a carreira de pesquisador em 1977 como bolsista da Embrapa. Graduado, ingressou na Embrapa Arroz e Feijão, em Goiânia (GO), no ano de 1980 e ajudou a desenvolver importantes variedades de feijão. Como gestor, coordenou o Labex dos Estados Unidos, primeiro dos Laboratórios Virtuais da Embrapa no Exterior, de 2004 a 2007. Na Embrapa Arroz e Feijão, foi chefe-geral de 1997 a 2004 e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento de 1989 a 1995. Era, novamente, chefe-geral da unidade quando assumiu o cargo de diretor-presidente da Embrapa. 35 Sílvio Ávila PEDRO ANTONIO ARRAES PEREIRA President of the Brazilian Agriculture Research Corporation (Embrapa) Revista AgroBrasil 2011 The future is now 36 Embrapa anticipates technology trends to Brazilian agribusiness, viewed as model to other tropical countries, too Geneticist Pedro Antonio Arraes Pereira coordinates the most successful public research corporation focused on agribusiness in tropical environments around the world: the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa). This corporation is credited with Brazil’s status as a relevant food producer and market leader. The technologies meet the needs of the national production operations and are shared with African countries. At the same time, through research networks and high technology laboratories, Embrapa is connected with the most modern international breakthroughs, with an eye towards maximizing the production of food, fibers and agroenergy, besides protecting and conserving the natural resources. Pereira puts Brazilian research works on a par with the best research works in the world. H e warns that the Country cannot afford “to lie in a splendid cradle”, and he proceeds: “we are a reference in tropical climate, with an excellent performance in temperate climate, but our role consists in anticipating the demands of agri- business with more productive and resistant materials, with lower production costs, more efficient, sustainable and clean technologies; besides meeting specific demands like the fight against pests, weeds, or the search for a new type of product, or market requirements, netic enhancement programs, focused on disease resistance, pests and weeds, productivity, lower productions costs and varieties tolerant to climate changes. This, by the way, is a relevant subject at research, once it reduces damages, detects and adapts genes resistant to drought conditions, along with crop-livestock integration systems. “Areas related to biotechnology, geosciences and nanotechnology will change paradigms in the near future”,Pereira admits.Embrapa is set to involve all other sectors of the production chains and engage in public-private partnerships. FEAT One of the great deeds by Embrapa in 2011 was the approval, by Brazil’s National Committee on Biosafety (CNTBio), of a variety of black-beans resistant to the golden mosaic virus, unmatched all over the world.“And there is more to come: We set up the only nanotechnology laboratory in the world, focused on livestock, which is to produce, among other things, fibers and threads for food packaging purposes. There is also earnest work going on towards the development of sensors for precision farming,almost 200 professionals focused on sugar cane production projects and lots more geared towards biofuels and agronenergy”,stresses Embrapa chief executive Pedro Antonio Arraes Pereira. In his opinion, the corporation’s stance regarding the Amazon region has improved considerably. “We have abandoned the reactive stance to fight forest cutting, and we are now engaged in developing prospection projects and alternatives for the use of Ama- >>PROFILE zonian products in sustainable manner”, he points out. One of the newly created centers, Embrapa agroenergy, employs 40 researchers, does research on sources and agroenergetic production processes for Brazil, even taking advantage of renewable materials from the Amazon region. Another unit that was created is known as Embrapa Studies and Qualification, which has already trained about 300 people from 60 countries, including technicians, managers, in programs conducted jointly with the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) and other organisms. Pereira maintains that, in these international relations, which have put Embrapa in offices of strategic African countries, and with laboratories in Europe, the United States, South Korea, and soon in China and Japan, the benefits are for all countries. “Livestock and agricultural research is not only committed to the national producers, but to agriculture, cattle farming and hunger around the world”. The chief executive insists that it is necessary to teach and create the means to produce. “We are committed to keep our Country free from poverty, but there are 16 million Brazilians below the poverty line, of which, 8 million in the rural areas.This is a harrowing challenge the Country must conquer”. He recalls that by 2050 the planet will be home to 9 billion people. “To meet the food needs, we will have to produce 40% more food than now. It will only be possible with much technology and sustainability”, he concludes. Divulgação among other initiatives”, he argues. Nonetheless, there are obstacles to surmount. Pereira stresses that, notwithstanding being strong, Embrapa, like any other state corporation, requires attention and investments. “In a country of continental dimensions, regional research works, information and experience exchanges are of fundamental importance”, he insists. Another bottleneck is technology transference. In his view, in Brazil it takes too much time for technology to move from lab to field, with negative reflections on production. National coordination, well defined structure and technicians spread across states and municipalities could change this reality. Nowadays, materials and techniques are disseminated by cooperatives, unions and private and public networks focused on rural extension works. Over the past years, hundreds of researchers and technicians have been hired, research centers were set up and the institute’s administrative structure was renewed. Currently, there are 1,180 research projects underway in the area of agriculture. There are initiatives focused on animal health, fertilizer tropicalization, low carbon emission, territorial management, technology transference, improved cultural practices and ge- Pedro Antonio Arraes Pereira was born in Rio de Janeiro, he is an agronomic engineer and graduated at the Federal Rural University in Rio de Janeiro (UFRRJ), with a master’s degree and PhD in Plant Genetic Enhancement from the University of Wisconsin, in the United States. His post-doctoral degree in Molecular Genetics and Black-Bean Molecular Markers was concluded in 1996 at the University of California (USA). His career as researcher started in 1977 as an Embrapa scholarship holder. After finishing his graduation work, he joined Embrapa Rice and Beans, in Goiânia (GO), in 1980, where he got engaged in the development of new black-bean varieties. As manager, he coordinated the Labex of the United States, the first of Embrapa’s Virtual Laboratories Abroad, from 2004 to 2007. He served Embrapa Rice and Beans as chief executive from 1997 to 2004 and assistant chief executive of Research and Development from 1989 to 1995. He was serving as chief executive again when he took over the presidency of Embrapa. 37 Robispierre Giuliani >>ARROZ RICE Revista AgroBrasil 2011 Comemoração incompleta 38 Brasil tem safra e exportação recordes de arroz, mas as cotações decepcionaram os produtores e trazem preocupações ao novo ciclo O ano de 2011 deixará boas e más lembranças à cadeia produtiva do arroz do Brasil. As boas lembranças são o recorde produtivo, de 13,6 milhões de toneladas, e de exportação, que deve se aproximar de 2 milhões de t. Também foi importante o apoio do governo à comercialização. Em contrapartida, houve excesso de produção interna e no Mercosul, concentração da oferta no Sul do Brasil, que produz 75% do arroz nacional, e queda nos preços internacionais pela grande safra mundial. Esses fatores, associados ao real valorizado em relação ao dólar no primeiro semestre, deixaram os preços médios ao produtor em 2011, exceto em quatro dias de novembro, abaixo do valor mínimo de garantia estipulado pelo governo federal – R$ 25,80 para a saca de 50 quilos – no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. de renda e a migração para o cultivo de soja em várzea ajudaram a reduzir a área arrozeira. A estiagem agravou-se na primavera e no verão. O diretor técnico do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Valmir Gaedke Menezes, diz que não dá para mensurar as perdas, mas se comparado às culturas do seco, o cereal tem menor volume de danos. DESAFIO DA VENDA Com a colheita da nova safra chegando em fevereiro de 2012, a preocupação do setor é com os preços de mercado e o apoio do governo federal para a comercialização em 2012/13. “O apoio oficial é vital, mas o enxugamento da produção e os estoques mais baixos devem levar a preços melhores”, diz Renato Rocha, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). O diretor da Agrotendências Consultoria, Tiago Sarmento Barata, diz que algumas variáveis levam a crer num ano de preços superiores.“Refiro-me à enxuta posição do estoque de passagem privado e à redução das safras brasileira, uruguaia e argentina”. Acrescenta que é preciso considerar que o arroz nacional será menos competitivo no mercado internacional e que, apesar da redução frente à temporada passada, a produção gaúcha será, de acordo com a Conab, a terceira maior da história. “A quebra se sobressai, pois a safra anterior foi a maior de todas. Na verdade a produção gaúcha será 2,8% e a nacional 6,5% menores do que a média dos últimos cinco anos”,cita. Na opinião de Barata, a posição do governo definirá o rumo do mercado em 2012. Dificilmente a intervenção será grande como neste último ano, pois as atenções serão divididas com outros setores. “Como o recurso será menor, é preciso que a aplicação seja eficaz. Nesse sentido, deve-se incentivar o escoamento, mas a capacidade de armazenagem é limitante”. Exportando perto de 2 milhões de t até fevereiro, o Brasil se torna o sexto maior fornecedor do mundo, atrás de Tailândia, Vietnã, Estados Unidos, Índia e Paquistão. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê safra mundial 2,5% maior em 2012, somando 461,8 milhões de t, e estoque inicial de 97,18 milhões de t (branco), 3,2% maior. O ano será de menor comércio internacional: 30,5 milhões de t. Ao longo de 2012 o estoque crescerá 3%, passando as 100 milhões de t, o maior volume dos últimos 10 anos. Sílvio Ávila O clima favorável e o aporte de tecnologias garantiu a safra recorde. Mas o excesso de oferta, que soma excedentes de Uruguai e Argentina, pressionou os preços. A salvação dos arrozeiros foram os mecanismos de comercialização do governo federal. Assim, cotações que andaram na faixa de R$ 20,00 no início de 2011, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, alcançaram o patamar de R$ 25,00 no final do ano e entraram 2012 com a referência do preço mínimo, embora o valor líquido pago ao produtor seja menor. Em Mato Grosso, o preço da saca de 60 kg caiu de R$ 27,00 a R$ 28,00 para R$ 26,00, com a formação de estoques que suprem a demanda interna por parte da indústria. A produção nacional de 13,61 milhões de t foi cultivada em 2,82 milhões de hectares. A produtividade média obtida foi de 4.827 quilos por hectare. Para 2011/12, de acordo com o Levantamento da Safra de Grãos divulgado em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita será 15,8% menor, resultando em 11,46 milhões de t de arroz em casca. É estimada redução de 7% na produtividade média para 4.490 kg/ha. A área diminuirá 9,5% no período para 2,55 milhões de ha, principalmente no Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Com retração de 47,3% na produção, que deve ficar em 419 mil t, o Mato Grosso perderá o posto de maior produtor de arroz de terras altas para o Maranhão, com 644 mil t. No Centro-Oeste do Brasil, soja e milho, com maior rentabilidade, avançaram sobre as lavouras de arroz. No Sul, além da estiagem, das barragens baixas e das chuvas concentradas, que atrasaram o plantio, também o endividamento, a falta ESSENCIAL • ESSENTIAL Balanço de oferta e demanda de arroz em casca (em mil t) Safra Estoque inicial Produção Importação Suprimento Consumo Exportação Estoque final 2009/10 2.107,5 11.660,9 1.044,8 14.813,2 12.500,0 627,4 1.685,8 2010/11 1.685,8 13.613,1 850,0 16.148,9 12.500,0 1.850,0 1.798,9 2011/12 1.798,9 11.462,1 1.200,0 14.461,0 12.500,0 700,0 1.261,0 Fonte: Conab (Jan/2012) 39 Incomplete celebration Brazil harvested and exported a record rice crop but prices let farmers down and are a cause for concern for the next cycle Revista AgroBrasil 2011 F 40 avorable weather conditions and technology-oriented farming are credited with the record crop. But excessive supplies, including surpluses from Uruguay and Argentina, pressed prices down. What came to the rescue of the rice growers were the commercialization mechanisms introduced by the federal government. These mechanisms were responsible for pushing up prices in Rio Grande do Sul and Santa Catarina, from R$ 20 per sack in early 2011 to R$ 25 by year end, and in early 2012 minimum reference prices were still in force, although net farm gate prices are a little lower. In Mato Grosso, a 60-kg sack sold for R$ 27 or R$ 28, but then it dropped to R$ 26, when stocks that fulfill industry demands began to accumulate. The national production volume of 13.61 million tons was grown on 2.82 million hectares. Average productivity reached 4,827 kilos per hectare. For 2011/12, according to the Grain Crop Survey published in January by the National Supply Company (Conab), the crop will recede 15.8%, totaling 11.46 million tons of unhulled rice. Average productivity is estimated to drop 7% to 4,490 kg/ha. The planted area is bound to shrink by 9.5% over the period, to a maximum of 2.55 million hectares, particularly in Rio Grande do Sul and Mato Grosso. With a reduction of 47.3% in production, which should remain at 419 thousand tons, Mato Grosso is bound to lose its position as leading producer of highland rice, falling be- The year 2011 will certainly leave good and bad memories behind for the Brazilian rice production chain. The good memories are the production record, 13.6 million tons and export volumes of close to 2 million tons. Government support to sales was also very relevant. On the other hand, excessive volumes were produced both at home and in other Mercosur countries, and concentration in South Brazil, where 75% of the entire national crop is produced, and declining international prices resulting from the global bumper crop. These factors, associated with the highly valued real against the dollar, in the first half of the year, with the exception of four days in November, pressed average farm gate prices below the minimum prices stipulated by the federal government – R$ 25.80 for a 50-kg sack – in Rio Grande do Sul and Santa Catarina. hind Maranhão, with 644 thousand tons. In the Center-West region, soybean and corn, two crops that are more profitable, began to take over the farm fields. In the South, in spite of the drought conditions, fast exhausting dams and concentrated rainfalls, which delayed seeding, indebted farmers, the lack of profits and the shift to soybean in meadowlands all but made the areas planted to rice recede. The lack of rain became more severe in spring and summer. The technical director of the Rio Grande do Sul Rice Institute (Irga), Valmir Gaedke Menezes, says it is impossible to measure the losses, but if compared to dryland crops, the cereal suffers smaller damages. SALES CHALLENGE With the harvest of the new crop scheduled for February 2012, the sector continues greatly concerned about market prices and about the support from the federal government towards sales, in 2013. “Official support is vital, but the smaller crop size and lower stocks should make the rice fetch better prices”, says Renato Rocha, president of the Federation of Rice Growers’ Associations in Rio Grande do Sul (Federarroz). The director of Agrotendências Consultoria, Tiago Sarmento Barata, maintains that some variables induce us to believe in a year of more attractive prices. “I am talking about the tight private carryover stock and about the smaller crops in Brazil, Uruguay and Argentina”. He adds that it should not be overlooked that our national rice will be less competitive in the international market and that, in spite of the smaller than last year’s crop, the size of the crop in Rio Grande do Sul, according to Conab, will be the third largest on record. “The reduction becomes all the more evident because the previous crop was the biggest of all. As a matter of fact, the crop size in Rio Grande do Sul and the size of the national crop will be 2.8% and 6.5%, respectively, smaller than the average size over the past five years”, he recalls. In the opinion of Barata, the position of the government will define the course of the market throughout 2012. An intervention of last year’s proportions could hardly be expected, as other sectors will equally require attention. “As there will be smaller resources, effective application is required. Within this context, product flow should be greatly encouraged, but our warehousing capacity is limited”. If 2 million tons are shipped abroad until February, Brazil will climb to the position as 6th largest supplier in the world, coming only after Thailand, Vietnam, the United States, India and Pakistan. The United States Department of Agriculture (USDA) forecasts a 2.5percent bigger global crop for 2012, totaling 461.8 million tons, and initial carryover stocks of 97.18 million tons (white), up 3.2%. International rice transactions will go down during the year, reaching a total of 30.5 million tons. Throughout 2012 carryover stocks are bound to increase by 3%, exceeding 100 million tons, the biggest volume over the past 10 years. Inor Ag. Assmann >>AVES POULTRY Revista AgroBrasil 2011 Grandes marcas 42 Avicultura brasileira registra recordes históricos no desempenho da produção, do consumo e das exportações em 2011 A avicultura nacional somou recordes em 2011. A produção de carne de frango totalizou 13,058 milhões de toneladas, avançando 6,8% em relação a 2010. O resultado é destacado como o maior da história do setor pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef). O desempenho, além de manter o Brasil na posição de terceiro maior produtor mundial, aproxima-o do segundo colocado, a China, com 13,2 milhões de t em 2011. O maior volume mundial é dos Estados Unidos, cuja soma foi de 16,757 milhões de t, conforme levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O consumidor brasileiro teve participação relevante no desempenho do setor no período. Segundo a Ubabef, 69,8% da produção foi destinada ao mercado interno. “O produto ofertado internamente tem o mesmo padrão elevado de qualidade e de sanidade do exportado”, destaca Francisco Turra, presidenteexecutivo da entidade. O consumo per capita foi de 47,4 quilos em 2011, contra 44 kg em 2010, incremento de 7,5%. A aquisição do alimento por habitante foi, em média, de quase quatro quilos mensais ou de um quilo a cada semana. Nesse sentido, a demanda per capita no Brasil superou a verificada nos Estados Unidos, que foi de 44,4 quilos em 2011, segundo o USDA. Maior demanda por habitante tam- bém foi verificada para os ovos, chegando a 162,5 unidades no Brasil, contra 148,8 em 2010, significando avanço de 9,2%. “Os resultados positivos do consumo interno de carne de frango e de ovos revelam a superação de mitos que envolviam esses dois alimentos importantes”, relata Turra. Ele salienta que o frango não é mais apenas uma opção no cardápio, mas se tornou de fato um hábito alimentar nutritivo e saudável. A Ubabef finalizava em janeiro de 2012 uma pesquisa sobre os hábitos de consumo dos brasileiros para aprimorar ainda mais o atendimento às demandas dos consumidores. Para a entidade, o País tem plenas condições de atender a um eventual incremento de consumo nos mercados interno e externo em 2012. A constatação leva em conta o alojamento de matrizes, que somou 24,605 milhões de aves entre janeiro e junho de 2011, número que indica a capacidade de produzir carne de frango. Em 2010, o alojamento foi de 46,556 milhões de matrizes. Em outro segmento da avicultura, o de peru, a oferta de carne foi de 305 mil t em 2011, inferior ao volume de 337 mil t em 2010. O recolhimento de ovos somou 31,5 bilhões de unidades (1,9 milhão de t), com acréscimo de 9,4%. A produção foi liderada pelo Estado de São Paulo, que respondeu por 35,85% do total, seguido por Minas Gerais (11,45%), Paraná (6,92%) e Rio Grande do Sul (5,91%). EXPORTAÇÕES As vendas externas do setor avícola também obtiveram resultados inéditos em 2011. Ao todo, os embarques da avicultura (carnes de frango, peru, pato, ganso e outras aves, ovos e material genético) renderam US$ 8,853 bilhões, acréscimo de 19,7% sobre 2010. Em volume, as transações resultaram no envio de 4,118 milhões de t, com crescimento de 2,3%.“Esse desempenho ocorreu mesmo enfrentando dificuldades em mercados importantes para a carne de frango, como o embargo da Rússia e encomendas menores do Egito, neste caso devido à instabilidade política do país”, destaca Franscico Turra, presidenteexecutivo da Ubabef. O embarque de carne de frango, o principal item das exportações avícolas do País, foi de 3,942 milhões de t, montante 3,2% acima do volume de 2010. Em receita, contudo, o acréscimo foi de 21,2%, somando US$ 8,253 bilhões. O preço médio das vendas brasileiras foi de US$ 2.093 a t, avanço de 17,4%. O mix das transações foi composto por 52,4% de frango em cortes, 38,1% de frango inteiro, 4,9% de frango salgado e 4,6% de frango processado. Turra observa que nos últimos anos o Brasil vem ampliando a presença do frango em cortes, processado e salgado no total das exportações. A participação da ave inteira (griller) é explicada por ser a preferência de um dos principais clientes, o Oriente Médio. Outros destinos da avicultura são Ásia, África, União Europeia (UE), Américas, Europa extra UE e Oceania. Os estados que mais negociaram com outros países em 2011 foram Santa Catarina, com 27% de participação, Paraná (26,5%), Rio Grande do Sul (18,9%) e São Paulo (7,4%). As vendas externas de carne de peru caíram 10,5% em 2011 frente ao período anterior. Porém, em valores, o aumento foi de 4,7%, totalizando US$ 444,6 milhões. Diminuiu igualmente a demanda internacional por carne de pato, ganso e outras aves, com o embarque de 1,64 mil t, registrando queda de 61,2% em relação a 2010. Da mesma maneira, a compra de ovos pelo mercado externo foi de 16,6 mil t em 2011, volume 40% menor em relação ao anterior. Os resultados foram positivos para as exportações de material genético, que cresceram 9,2%, com o envio de 1.200 t. De acordo com Turra, as empresas do setor estão prevendo crescimento de até 2% tanto na produção quanto nos volumes exportados em 2012. “A perspectiva é conservadora e considera as incertezas da economia mundial”, afirma. Em relação ao mercado externo, ele explicou que diante da falta de perspectiva de aumento da participação e de ganhos expressivos de market share no comércio internacional de carne de frango – em 2011 a participação do Brasil chegou a 40,2% –, o foco da Ubabef será trabalhar para ampliar a competitividade e a rentabilidade do setor. Isso passa, por exemplo, pela melhoria da infraestrutura logística do País. “Com esse objetivo já entregamos um documento com quase 70 proposições ao governo federal”,conta o dirigente da entidade. Além disso, defende que é necessário adequar a matriz tributária, o que deixa o setor em desvantagem em relação aos concorrentes internacionais. “As recentes medidas provisórias 552 e 556, por exemplo, elevam os custos de processamento do farelo de soja, um dos principais insumos avícolas. São campos em que precisamos avançar no sentido de estimular a avicultura nacional”,enfatiza Turra. POSITIVO • POSITIVE Desempenho do setor avícola brasileiro Produção 2010 Carne de frango (milhões de t) 12,230 Ovos (bilhões de unidades) 28.852 2011 13,058 31.554 Variação (%) 6,77% 9,4% 2011 Variação (%) 4.118 8.853 2,3% 19,7% 3.943 8.253 3,2% 21,2% Fonte: Ubabef Exportação Volume (mil t) Receita (milhões US$) Volume (mil t) Receita (milhões US$) 2010 Avicultura 4.025 7.393 Frango 3.820 6.808 Fonte: Ubabef/Secex 43 Remarkable feats Revista AgroBrasil 2011 Poultry farming in Brazil hits historical records in production, consumption and export performance in 2011 44 Our national poultry farming business hit records in 2011. Broiler meat production totaled 13.058 million tons, up 6.8% from 2010. The result is referred to as the biggest on record by the Brazilian Poultry Farming Union (Ubabef). Besides attesting to Brazil’s status as third largest global producer, the performance brings the Country close to the second biggest producer, China, with 13.2 million tons in 2011. The United States is the leading global producer, with a total of 16.757 million tons, according to a survey by the United States Department of Agriculture (USDA). B razilian consumers played a relevant role in this performance over the period. From Ubabef sources, 69.8% of the entire production volume was destined for the domestic market. “Chicken meat destined for domestic consumption has the same quality and sanitary standards compared to export-oriented meat”, says Francisco Turra, executive president of the entity. Per capita consumption reached 47.4 kg in 2011, against 44 kg in 2010, an increase of 7.5%. Chicken meat purchases per inhabitant averaged 4 kg per month, one kilo per week. Within this context, per capita demand in Brazil outstripped demand in the United States, which was 44.4 kilos in 2011, according to USDA sources. Soaring demand for eggs was also detected, reaching 162.5 units per person in Brazil, compared to 148.8 in 2010, representing a 9.2-percent increase in 2011. “The positive results in the consumption of chicken meat and eggs hint at the dismissal of myths that used to involve these two important food items”, Turra explains. He stresses that chicken meat is no longer just an option on the menu, but has turned into a healthy and nutritive eating habit. In January 2012, Ubabef is completing a survey of the eating habits of the Brazilian people with the aim to improve even further all consumer requirements. Entity officials understand that the Country Sílvio Ávila is in a position to meet possible consumption increases both at home and abroad throughout 2012.This ascertainment takes into consideration the confinement of laying hens, which amounted to 24.605 million birds from January to June 2011, number that indicates the capacity to produce chicken meat. In 2010, confinement reached 46.556 million laying hens. In the turkey segment meat supplies reached 305 thousand tons in 2011, slightly down from the 337 thousand tons in 2010. Bird confinement came to 31.5 billion birds (1.9 million tons), up 9.4%. The leader in production was the State of São Paulo, which accounted for 35.85% of the total, followed by Minas Gerais (11.45%), Paraná (6.92%) and Rio Grande do Sul (5.91%). EXPORTS Foreign sales of the poultry sector also celebrated unprecedented results in 2011. In all, poultry shipments (broiler, turkey, duck, goose meat and other birds, eggs and genetic material) brought in US$ 8.853 billion, up 19.7% from 2010. In volume, these transactions resulted into the shipment of 4.118 million tons, up 2.3% from last year. “This performance occurred in spite of difficulties posed by relevant broiler meat markets, like the Russian embargo and smaller orders from Egypt, stemming from the political instability in that country”, says Franscico Turra, executive president of Ubabef. Broiler meat shipments, the major item on the list of Brazil’s poultry exports, amounted to 3.942 million tons, up 3.2% from 2010. In terms of revenue, however, there was an increase of 21.2%, totaling US$ 8.253 billion. The average price of Brazilian shipments reached US$ 2.093 per tons, up 17.4%. The transaction mix consisted of 52.4% of chicken cuts, 38.1% whole broilers, 4.9% salted broiler meat and 4.6% processed broiler. Turra observes that over the past years Brazil has been increasing its share of broiler meat cuts, processed and salted broiler in the total export volumes.The share of whole broilers (grillers) in exports is because a major client, the Middle East, has a preference for this type of meat. Other destinations of Brazil’s poultry exports are Asia, Africa, the European Union (EU), both Americas, extra-EU countries and Australia. The States that most negotiated with other countries in 2011 were Santa Catarina, with a share of 27%, Paraná (26.5%), Rio Grande do Sul (18.9%) and São Paulo (7.4%). Foreign sales of turkey meat went down 10.5% in 2011 compared to the previous period. Nevertheless, in terms of revenue, there was an increase of 4.7%, totaling US$ 444.6 million. International demand for duck, goose and other bird meats also dropped, with shipments of 1.64 thousand tons, down 61.2% from 2010. Likewise, the purchase of eggs by the foreign market was 16.6 thousand tons in 2011, down 40% from the previous year. Genetic material sales celebrated positive results, they were up 9.2%, with the shipment of 1,200 tons. According to Turra, the companies of the sector are anticipating an increase of 2% both in production and in export volumes throughout 2012.”It is a conservative perspective which takes into consideration the uncertainties of the global economy”, he says. With regard to the foreign market, he explained that, in light of the lack of perspective for a soaring participation and expressive gains in market shares in the international scenario of broiler meat – in 2011 Brazil’s participation reached 40.2% – Ubabef will be focused on expanding the sector’s competitiveness and profitability. This, for example, depends a lot on the improvement of the Country’s logistics infrastructure. “Within this perspective, we have already sent a document to the federal government containing upwards of 70 propositions”, says the entity official. Furthermore, he maintains that there is a need to adjust the taxation matrix, which, under the present circumstances, leaves the sector in disadvantage before the international competitors. “The recent provisional measures 552 and 556, for example, raise the soy meal processing costs, a major poultry farming input. These are areas in which we need to improve if our national poultry farming operation is to continue thriving”, Turra concludes. 45 Sílvio Ávila >>café coffee Revista AgroBrasil 2011 Quanto mais, melhor 46 Em ano de bienalidade alta, País poderá produzir a maior safra desde 2002/03, quando foram colhidas 48,48 milhões de sacas Preços, consumo e produção. No cenário atual, é esse o trio responsável pelo bom momento vivido pelo setor cafeeiro no País. Além dos bons números registrados em 2011, os indicadores dão conta de que virão dias ainda melhores para toda a cadeia produtiva. O melhor: é ano de alta bienalidade. De acordo com a primeira estimativa da safra 2012, publicada em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no ciclo devem ser colhidas entre 48,97 e 52,27 milhões de sacas de 60 quilos (média de 50,62 milhões de sacas). O resultado representa incremento entre 12,6% e 20,2%, quando comparado com o obtido no ciclo anterior, que foi 43,48 milhões de sacas. Se a previsão se confirmar, a safra poderá ser a maior já produzida pelos brasileiros, superando o volume de 48,48 milhões de sacas do período 2002/03. Registros da Conab apontam que, em anos de bienalidade positiva, a produção manteve cresci- mento constante nas últimas quatro temporadas. A maior utilização da mecanização, aliada às inovações tecnológicas e às exigências do mercado, a qualidade do produto e a boa gestão da atividade são fatores necessários e de extrema importância para o avanço e a modernização da cafeicultura. Conforme análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agri- PARA LEMBRAR • TO REMEMBER Evolução da produção brasileira (milhões de sacas de 60 kg) Ano Produção 2008 45,99 2009 39,47 2010 48,09 2011 43,48 2012* 50,62 FONTE: Conab (Jan/2012) - *Estimativa das inovações trazidas pelas indústrias para consumo de café em casa e fora do lar, quanto pelo aumento do poder aquisitivo da classe C. Prova de que o mercado, assim como outros ramos da cafeicultura, passa por um momento de grandes inovações. DÁ GOSTO No quesito exportação, o café nacional também parece ter encontrado a fórmula para o sucesso. Segundo balanço do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), em 2011 os embarques apresentaram recorde histórico. A atividade rendeu ao País receita superior à registrada em 2010, chegando a US$ 8,706 bilhões. Em volume, as 33,455 milhões de sacas enviadas representaram incremento de 1,3% sobre o ano anterior, sendo 82% das vendas de variedade arábica. O diretor-geral da entidade, Guilher- me Braga, afirma que os resultados superaram as expectativas iniciais de US$ 8,4 bilhões. Com isso, o produto conquista participação de 3,4% no total das exportações brasileiras e de 9,2% nos embarques do agronegócio. Para 2012, o executivo espera desempenho semelhante ao de 2011 em volume e aumento moderado da receita. Em escala global, a produção na safra 2011/12 deve ser 3,4% menor com a colheita de 128,6 milhões de sacas, enquanto anteriormente foram obtidas 133,1 milhões. A diminuição, apontada pela Organização Internacional do Café (OIC), deve-se à bienalidade negativa da cultura no Brasil e a problemas climáticos em importantes produtores, como Colômbia, Vietnã e países da América Central. O estoque mundial de entrada para a temporada 2011/12 foi de 29,1 milhões de sacas, volume 6,1% inferior às 31 milhões de sacas verificadas na entrada da safra 2010/11. Dados da OIC indicam que o consumo mundial cresceu 28% nos últimos dez anos, totalizando mais de 135 milhões de sacas em 2010. Para 2011 e 2012, as previsões apontam a manutenção desse patamar. A firme demanda e a redução da oferta global levaram o grão arábica a ser comercializado por preços elevados. No período, os estoques caíram para o menor nível da história, tanto nos países produtores quanto nos consumidores. Inor Ag. Assmann cultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq), vinculada à Universidade de São Paulo (USP), a qualidade dos grãos também está superior aos da temporada 2010/11. Fatores climáticos favoráveis na época de colheita e secagem, e investimentos em despolpamento do café, no intuito de obter o cereja descascado, influenciaram na melhoria. O crescimento também pode ser notado na área cultivada. No total são 2,351 milhões de hectares com as espécies arábica e conilon. O índice representa elevação de 3,21% sobre a área de 2.278,1 ha em 2011. A maior parte do parque cafeeiro está concentrada em Minas Gerais (1,208 milhão de ha), onde o arábica responde por 97,7%. O cultivo estadual representa 51,4% do todo brasileiro. As expectativas otimistas não giram somente em torno da produção. Há igualmente perspectiva de incremento de mercado. Conforme o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, espera-se crescer entre 3,5% a 4%. Para tanto, a entidade deve dar impulso aos seus programas e certificações, que têm garantido o avanço contínuo do setor. O consumo interno anima lideranças e cafeicultores. A estimativa é de que 19,9 milhões de sacas tenham sido industrializadas em 2011, superando as 19,13 milhões de 2010. Herszkowicz acredita que o mercado aquecido é resultado tanto 47 Revista AgroBrasil 2011 The more the better 48 In a high biennial production cycle, Brazil could produce the largest crop since 2002/03, when 48.48 million sacks were harvested Prices, consumption and production. In the present scenario this is the triple factor that accounts for the good moment the coffee sector is experiencing in Brazil. Besides the good figures registered in 2011, all indicators suggest even better days for the entire coffee production chain. Still better: this is a high biennial production cycle. According to the first 2012 crop estimate, published in January, by the National Supply Company (Conab), from 48.97 to 52.27 million 60-kilo sacks are to be harvested in the current cycle (average of 50.62 million sacks). T he result translates into an increase from 12.6% to 20.2% compared to the previous cycle, when 43.48 million sacks were harvested. If the forecast confirms, the crop could be the largest ever produced in Brazil, outstripping the volume of 48.48 million sacks in the 2002/03 season. Conab records show that in high biennial production cycles, volumes have soared constantly over the past four seasons. Intense use of mechanization, along with technological innovations, market requirements, product quality and appropriate management of the activity are indispensable factors and of extreme relevance if coffee farming is to continue making strides and getting modernized. According to an analysis by the Center for Advanced Studies on Applied Economics of the Luiz de Queiroz College of Agriculture (Cepea/Esalq), linked to the University of São Sílvio Ávila Paulo (USP), the quality of the beans is also better than in the 2010/11 season. Favorable climate factors at harvesting and drying, and investments in coffee pulping processes, with the target to obtain hulled cherry coffee, had an influence on the enhancing steps. The planted area has also soared. In all, there are 2.351 million hectares with Arabica and conilon, up 3.21% from the area of 2.278 million hectares in 2011. The largest coffee park is concentrated in Minas Gerais (1.208 million hectares) where the Arabica accounts for 97.7%. The state accounts for a share of 51.4% of the entire Brazilian crop. The optimistic expectations are not only about production volumes. There is expectation for bigger market shares. According to Nathan Herszkowicz, executive director of the Brazilian Coffee Industry Association (Abic), there is hope for a growth of 3,5% to 4%. To this end, the entity should carry on with its programs and certifications, which have ensured the continuous advances of the sector. Domestic consumption has been bringing smiles to leaderships and coffee producers. It is estimated that 19.9 million sacks were indus- trialized in 2011, outstripping the 19.13 million in 2010. Herszkowicz believes that the heated market results from such factors as the innovations introduced by the industry regarding the consumption of coffee at home and out of home and from the soaring purchasing power of Class C. This attests that the market, like other sectors related to coffee farming, are experiencing a moment of great innovations. ENTICING As far as exports are concerned, our national coffee seems to have come up with the success formula. According to figures released by the Brazilian Coffee Exporters Council (Cecafé), in 2011 shipments hit historical records. Revenues brought in by the activity exceeded the 2010 numbers, reaching US$ 8.706 billion. In volume, the 33.455 million sacks shipped abroad represented an increase of 1.3% compared to the previous year, and Arabica sales represented 82% of all foreign sales. The general director of the entity, Guilherme Braga, maintains that the results exceed initial expectations of US$ 8.4 billion. This raises the share of the product to 3.4% in Brazil’s total exports and to 9.2% in agribusiness shipments. For 2012, the chief executive hopes for a performance similar to 2011 in volume, and moderate rise in revenue. At global level, the volume of the 2011/12 crop is estimated to drop 3.4% to 128.6 million sacks, while in the previous crop total harvest reached 133.1 million sacks. The reduction referred to by the International Coffee Organization (ICO) is blamed on the low biennial production cycle of the crop in Brazil and climate problems in relevant coffee producing countries, like Colombia, Vietnam and Central America countries.The global stock in the early days of the 2011/12 season amounted to 29.1 million sacks, down 6.1% from the 31 million sacks at the beginning of the 2010/11 season. Data released by the ICO indicate that global consumption went up by 28% over the past ten years, totaling upwards of 135 million sacks in 2010. For 2011 and 2012, all forecasts point to a repeat of this level. Tight demand and receding global supplies had a positive influence on the prices of Arabica coffee. Over the period, global stocks hit record historical declines in both producing and consuming countries. 49 >>ponto de vista VIEWPOINT ALESSANDRO TEIXEIRA Secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Provedor do mundo Revista AgroBrasil 2011 Brasil quer aproveitar ao máximo a consolidação na produção e na exportação de alimentos, setor no qual já supera as expectativas 50 O Brasil, ano após ano, consolida-se na posição de produtor e exportador agropecuário, observa o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira. O País confirma, assim, o papel fundamental visto pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) de provedor de alimentos ao mundo, apto para atender às necessidades sempre maiores. O agronegócio expande suas exportações a cada ano e o desempenho do setor supera as expectativas definidas pelo governo, tendo sido fundamental para o saldo positivo da balança comercial brasileira, destaca Teixeira. Ele cita números de 2011,entre janeiro e novembro: dos US$ 233,9 bilhões exportados pelo Brasil, o agronegócio foi responsável por US$ 87,6 bilhões, representando 37,4% do total das vendas externas. Nesse período, elevou-se em 24,4% o valor exportado em comparação a 2010. O aumento na cotação dos produtos, analisa o representante do ministério, deu-se principalmente em função da forte demanda externa por alimentos, situação à qual o País respondeu prontamente, incrementando a capacidade de oferta. O complexo soja esteve na liderança, com US$ 23 bilhões, alta de 38,9% no ano, seguido do sucroalcooleiro, das carnes, dos produtos florestais e do café. No que tange às importações, nesse espaço de tempo, foram comprados US$ 15,669 bilhões em produtos do segmento, representando 30,1% a mais em relação a 2010. Os principais itens adquiridos foram papel e celulose (US$ 1,9 bilhão, com incremento de 13,9%), trigo, pescados, borracha natural e lácteos. O superávit no período foi de US$ 72 bilhões. As exportações brasileiras no agronegócio apresentaram crescimento, em valor, para praticamente todos os blocos econômicos, entre janeiro e novembro de 2011: Oceania (49,6%), África (42,1%), demais nações da Europa Ocidental (33,2%), Ásia (31,1%), países do Nafta (22,5%), Mercosul (19,9%) e UE-27 (18,1%). Especificamente em relação ao Mercosul, há déficit no comércio com o bloco: o total embarcado foi de US$ 2,3 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 5,5 bilhões. Alguns produtos, lembra Teixeira, têm sido objeto de preocupação e de constantes debates internos em virtude do crescimento das importações brasi- EFICIÊNCIA No plano geral, o secretário-executivo do MDIC, Alessandro Teixeira, analisa que o Brasil está se consolidando como grande produtor mundial de alimentos. “Isso ocorre não só na produção, mas na qualidade, na tecnologia empregada e, principalmente, na sustentabilidade e no uso da agricultura de baixo carbono”,salienta.“Pode-se dizer que o desempenho do agronegócio nos últimos anos deu-se em função de sua modernização, principalmente em setores voltados ao mercado internacional, como a soja e seus derivados e os animais para exportação de carnes. Empenhados em disputar com os melhores produtores do mundo, os empresários brasileiros tiveram que ajustar sua atividade aos níveis mais altos de eficiência”,assinala. Menciona ainda como fatores de sucesso a disponibilidade de terras, as condições climáticas favoráveis, a geração e a adoção de tecnologias agropecuárias e agroindustriais mais eficientes, as políticas governamentais de suporte ao setor, os agricultores competentes e as empresas com alcance global. Hoje, lembra, o Brasil é líder mundial na exportação de produtos como suco de laranja, carne de frango, açúcar, café e tabaco, e o segundo maior exportador do complexo soja. O governo tem procurado auxiliar e o MDIC está agindo em três frentes para melhorar o processo de promoção das exportações brasileiras, enfatiza o secretário-executivo. “A primeira é o trabalho cada vez maior em relação aos acordos comerciais e às negociações internacionais para acesso a mercados, como Mercosul, México, União Europeia, Estados Unidos e China”, cita Teixeira. “E o segundo ponto, importante também na facilitação do comércio, é a modernização do sistema de comércio exterior brasileiro, antigo Siscomex e atual Novoex”. >>PERFIL Outro elemento de apoio ao processo é o trabalho da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), na qual os principais projetos estão ligados à área agroindustrial, como vinhos, carnes e alimentos em geral, destacando a promoção da qualidade e a imagem dos alimentos brasileiros no exterior. A agroindústria, segundo o dirigente, foi eleita como um dos cinco grandes blocos a serem incentivados no Plano Brasil Maior (PBM), política industrial para o período 2011/2014, priorizando, num primeiro momento, setores como carnes, café, vinho, frutas/sucos, balas, chocolates e pesca/aquicultura, com estímulo à inovação e ao aumento de competitividade. Dessa forma, agregando qualidade e valor aos produtos, conclui Teixeira, o País pretende ir ao encontro da expectativa demonstrada pelo relatório da FAO e da OCDE quanto à liderança no papel de prover alimentos para o mundo. Conforme o documento, em 10 anos haverá necessidade de elevar em 20% essa oferta, em virtude do crescimento da demanda dos países emergentes, e a produção brasileira deverá aumentar bem mais que a de outros países. Projeta-se que o índice de incremento local até 2019 será de 40%, contra 26% na Rússia e na China; 15% nos Estados Unidos e no Canadá; 7% na Austrália e 4% na União Europeia. Divulgação leiras, envolvendo também assimetrias tributárias. Ele entende que o Mercosul constitui um projeto em constante evolução, intimamente ligado ao desenvolvimento econômico e ao fortalecimento da democracia de seus integrantes. O bloco de quatro sócios, que compreende em torno de 243 milhões de habitantes e Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 1,93 trilhão (2009), exportou US$ 280 bilhões e importou US$ 252 milhões (dados de 2010). Seus desafios, comenta o executivo do MDIC, estão relacionados não apenas ao aumento do intercâmbio comercial, mas principalmente à melhoria da qualidade de vida de seus povos e à redução nos desequilíbrios. “É indiscutível a contribuição que o processo de integração trouxe às empresas, à sociedade e à estabilidade na região, favorecendo projetos futuros dos seus membros”,avalia. O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, é gaúcho, natural de Porto Alegre (RS). Presidiu a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), e foi secretário-executivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). É doutor em Economia Industrial e Tecnológica pela Universidade de Sussex (Inglaterra), e mestre em Economia Latino-americana pela Universidade de São Paulo (USP). Foi um dos responsáveis pela implementação da política industrial do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e coordenador-executivo do programa de governo da presidente Dilma Rousseff. É conselheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) há oito anos. Preside a World Association of Investment Promotion Agencies (Waipa), organismo que reúne as agências de promoção de investimentos de 156 países. 51 Sílvio Ávila ALESSANDRO TEIXEIRA Executive secretary of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC) Revista AgroBrasil 2011 Global food purveyor 52 Brazil wants to take maximum advantage of its food production and export status, a sector where the Country is already exceeding expectations Year after year, Brazil has been strengthening its position as an agribusiness producer and exporter, observes the executive secretary of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), Alessandro Teixeira. This comes as a confirmation of the Country’s fundamental role envisioned by the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) and by the Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD) as food provider for the world, in a position to meet ever-increasing needs. A gribusiness is expanding its export operations year after year and the performance of the sector exceeds the expectations set by the government, and has played a relevant role in the Brazilian positive trade balance, Teixeira stresses. He cites figures from 2011, January through November: of the US$ 233.9 billion raked in by Brazilian exports, agribusiness was responsible for US$ 87.6 billion, representing 37.4% of all foreign sales. During this period, exports went up by 24.4% in value from 2010. The soaring prices of the Brazilian products, according to an analysis by the representative of the ministry, resulted particularly from rising demand for food, a situation the Country fulfilled immediately, increasing its supply capacity. The soybean complex took the lead, with US$ 23 billion, up 38.9% over the year, followed by the sugar and alcohol sector, meat, forestry products and coffee. With regard to imports, during this period of time, purchases of products of the segment amounted to US$ 15.669 billion, up 30.1% from 2010. The main items that were imported are paper and cellulose (US$ 1.9 billion, up 13.9%), wheat, sea food, natural rubber and dairy regional stability, favoring future projects of all the members”,he comments. EFFICIENCY In general terms, the executive secretary of the ministry,AlessandroTeixeira, views Brazil as a country that is consolidating its position as a relevant global food producer.“This occurs not only at production,but at quality,technology and,especially,with regard to sustainability and low carbon agriculture”,he points out.“It is quite normal to consider that the performance of agribusiness over the past years stems from its modernization process, particularly in sectors focused on the international marketplace, like soybean and its byproducts and beef cattle for meat exports. Engaged in competing with the best producers in the world, Brazilian businessmen had to adjust their activities to the highest levels of efficiency”,he argues. He also mentions such success factors as the availability of land, favorable climate conditions, the generation and adoption of more effective livestock and agroindustrial technologies, government policies lending support to the sector, competent farmers and companies of global range. Now, he recalls, Brazil is a global leader in the export of such products as orange juice, broiler meat, sugar, coffee and tobacco, and the second-largest exporter of the soybean complex. The government has done its best and the MDIC, in particular, is acting on three fronts towards improving the promotional processes of Brazilian exports, the executive secretary emphasizes.“The first is an ever more effective work regarding trade agreements and international >>PROFILE negotiations for access to markets, like Mercosur, Mexico, the European Union, the United States and China”, Teixeira mentions. “And the second point, also important as a trade facilitator, is the modernization of the Brazilian foreign trade system, former Siscomex , now known as Novoex”. Another element that lends support to the process is the work of the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil), whose major projects are linked to the agroindustrial area, including wines, meat and food in general, stressing the promotion of quality and the image of Brazilian foods abroad. Agroindustry, in the opinion of the official, was elected as one of the five big blocs to be stimulated by the Bigger Brazil Plan (BBP), industry oriented policy for the 2011/2014 period, at a first moment, giving priority to sectors like meat, wine, coffee, fruit, juices, candy, chocolate, fishing, aquaculture, with stimulus to innovation and ever-stronger competitiveness. Following such a pattern, adding quality and value to the products, Teixeira concludes, the Country is on the track to the expectation demonstrated by the FAO and OEDC as to the leadership in the role to provide food for the world. According to the document, in ten years it will be necessary to expand this offer by 20%, by virtue of the rising demand from emergent countries, and Brazil should raise its production volumes way above other countries. The local increase rate until 2019 is projected at 40%, against 26% in Russia, and in China; 15% in the United States and Canada; 7% in Australia, and 4% in the European Union. Divulgação products. Surpluses over the period reached US$ 72 billion. Brazilian agribusiness exports rose in value, for almost all economic blocs, from January to November 2011: Australia (49.6%). Africa (42.1%), other Western European nations (33.2%), Asia (31.1%), Nafta countries (22.5%), Mercosur (19.9%) and EU-27 (18.1%). Specifically with regard to Mercosur, there is a trade shortfall with the bloc: total shipments amounted to US$ 2.3 billion, while imports reached US$ 5.5 billion. Some products, Teixeira recalls, have been cause for concern and constant internal debates by virtue of the rising Brazilian imports, equally involving asymmetric relations. He understands that Mercosur is a project in constant evolution, intimately linked to the economic development and to the strengthening of democracy of its members. The members of the bloc, now comprising about 243 million people, and a Gross Domestic Product (GDP) of US$ 1.93 trillion (2009), exported US$ 280 billion and imported US$ 252 million (2010 data). Its challenges, the MDIC representative comments, are not only related to stronger trade relations, but particularly to the improvement of the quality of life of its people and a reduction to imbalances. “It is impossible to contest the contribution the integration process provided for the companies and society as a whole, along with The executive secretary of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), Alessandro Teixeira, was born in Rio Grande do Sul, in the city of Porto Alegre (RS). He presided over the Brazilian Trade and Export Promotion Agency (Apex-Brasil) and over the Brazilian Agency for Industrial Development (ABDI), and served as executive secretary to the National Council for Industrial Development (CNDI). He has a PhD in Industrial Economy and Technology from the University of Sussex (Britain), and a master’s degree in Latin-American Economy from the University of São Paulo (USP). He was responsible for implementing the industrial policy during the tenure of President Luiz Inácio Lula da Silva and executive coordinator of Dilma Rousseff’s government plan. He is a counselor for the National Bank for Economic and Social Development (BNDES) and of the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) for eight years. He presides over the World Association of Investment Promotion Agencies (Waipa), organ that comprises the investment promotion agencies of 156 countries. 53 Sílvio Ávila >>CANA-DE-AÇÚCAR Sugar cane Mais uma frustração Revista AgroBrasil 2011 Clima novamente não ajudou e produtividade dos canaviais foi prejudicada, diminuindo a quantidade colhida 54 A expansão em quase 700 mil hectares não foi suficiente para que houvesse um aumento na colheita de cana-de-açúcar na safra 2011/12, que se encerra em março. Com área plantada de 8,3 milhões de ha, 3,9% a mais que no ciclo 2010/11, a produção brasileira deve fechar em 571,4 milhões de toneladas, 8,4% menos em relação ao período anterior. O motivo principal está na queda de 11,8% na produtividade. O rendimento será de 68,2 toneladas por hectare, bem abaixo da média histórica de 85 t/ha. A previsão é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em relatório de dezembro de 2011. O s problemas com a cultura vêm se repetindo há três ciclos consecutivos. Na safra 2009/10, o excesso de chuva durante a colheita provocou a sobra de 70 milhões de toneladas no campo. Essa matéria-prima acabou sendo moída no período seguinte, quando novamente houve prejuízos, dessa vez em função da estiagem. Na safra 2011/12, as lavouras do Centro-Sul foram castigadas pela geada, com registros de danos em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Além disso, as condições de luminosidade e de temperatura durante o inverno estimularam o florescimento excessivo das plantas em algumas lavouras. Outro problema foi a pouca chuva entre abril e setembro de 2011, que acelerou a colheita, mas prejudicou o desenvolvimento e a renovação dos canaviais. DESTINAÇÃO Pelo acompanhamento da Conab, 287,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar terão como destino a produção de etanol, o equivalente a 50,4% do total colhido na safra 2011/12. A quantidade esmagada vai resultar em 22,8 bilhões de litros do combustível. Desse volume, 13,7 bilhões são do tipo hidratado e 9,0 bilhões de anidro. A produção total de etanol deve A FONTE • THE SOURCE Comparativo de área, produtividade e produção de cana-de-açúcar Região/UF Área (mil ha) Produtividade (t/ha) 2010/11 2011/12 2010/11 2011/12 Norte Produção (mil t) 2010/11 2011/12 19,6 34,8 65,12 73,88 1.278,4 2.570,6 Nordeste 1.113,2 1.120,1 55,76 60,27 62.079,4 67.520,0 Centro-Oeste 1.202,5 1.379,4 77,62 69,28 93.344,7 95.566,1 Sudeste 5.136,5 5.221,0 82,50 69,76 423.799,5 364.212,5 584,0 613,1 74,31 67,85 43.403,1 41.601,8 Norte/Nordeste 1.132,9 1.154,9 55,92 60,68 63.357,8 70.090,6 Centro-Sul 6.923,1 7.213,5 80,96 69,50 560.547,3 501.380,4 Brasil 8.056,0 8.368,4 77,44 68,28 623.905,1 571.471,0 Sul Fonte: Conab (Dez/2011) apresentar diminuição de 17,1%. O açúcar ficará com os 49,6% restantes da matéria-prima, o que representa o esmagamento de 283,9 milhões de t, que resultarão em 36,8 milhões de t do produto e recuo de 3,3%. No período anterior esse índice foi de 46%. Em torno de 70% do açúcar produzido no Brasil é exportado. O País responde por mais de 40% do comércio mundial. Em 2011, as cotações internacionais do produto tiveram forte valorização. O recuo da produção brasileira e a redução na Índia, outro grande fornecedor mundial, foram os principais motivos. Conforme registros da Secretaria de Comério Exterior (Secex), órgão do Mi- nistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil embarcou 25,3 milhões de t de açúcar em 2011, 9,4% menos que no ano anterior. Com o aumento de 29,2% no preço médio, o faturamento chegou a US$ 14,9 bilhões, incremento de 17,0% em relação a 2010. As exportações do etanol brasileiro, apesar de ainda serem pequenas, não decepcionaram. Em 2011, os embarques do produto tiveram incremento sobre o ano anterior de 3,3%, chegando a 1,9 milhão de metros cúbicos. A receita foi ampliada em 47,0%, totalizando US$ 1,5 bilhão. Esse resultado foi possível pela valorização do preço médio do combustível em 39,8%. Sílvio Ávila Diferente do Centro-Sul, onde a quebra de produtividade deve ficar em 14,2%, segundo a Conab, os estados do Nordeste devem registrar rendimento 8,5% superior. Isso porque as chuvas de maio a agosto de 2011 beneficiaram o desenvolvimento das lavouras. Entre setembro e novembro, com precipitações mais escassas, houve o favorecimento da maturação e da colheita. Além do clima, a falta de renovação dos canaviais,que é recomendada a cada seis cortes, colaborou para o declínio da produtividade. Os canavicultores descapitalizados, por conta da crise econômica mundial, que teve início no segundo semestre de 2008, deixaram de fazer o replantio. Conforme análises da Conab, a lavoura renovada tem rendimento próximo a 115 t/ha nos primeiros dois anos, produtividade que cai para menos de 55 t/ha no sexto período. 55 Revista AgroBrasil 2011 Another frustrating performance 56 Weather conditions were again unfavorable and sugar cane yields decreased, reducing the size of the crop The expansion of the planted area by almost 700 thousand hectares was not enough to increase the size of the 2011/12 sugar cane crop, which comes to a close in March. With a planted area of 8.3 million hectares, up 3.9% from the 2010/11 season, the volume of this year’s crop is estimated at 571.4 million tons, down 8.4% from the previous year. The blame is on the 11.8% drop in productivity. Yields are estimated at 68.2 tons per hectare, way below historical averages of 85 t/ha. The estimate was released by the National Supply Company (Conab), in a December 2011 report. T he problems with the crop have been recurring for three consecutive cycles. At the 2009/10 season, because of excessive precipitation during harvest time, 70 million tons were left unharvested. This raw material was crushed in the following period, when again losses occurred, but from drought conditions. In the 2011/12 crop year, the plantations in the Center-South regions suffered a lot from hailstorms, with damages occurring in São Paulo, Paraná and Mato Grosso do Sul. Furthermore, luminosity and temperature conditions during wintertime prompted excessive Sílvio Ávila plant blossoming in some fields. Another problem was the lack of rain from April to September 2011, which speeded up harvesting operations, but damaged the development and the renewal of the sugar cane fields. Contrary to Center-South problems, where yields are reckoned to drop 14.2%, according to Conab, in the Northeastern states yields are expected to go up 8.5%. This is the result of timely rainfalls May through August which triggered the development of the fields. From September to November, when rainfalls got scarcer, the maturing process and harvesting operations took advantage of the situation. Besides the climate, an interruption to the sugar cane field renewal process, which is recommended at every sixth cut, was also a factor in the declining productivity rates. Cash strapped producers, owing to the global financial crisis, which started in the second half of 2008, failed to carry out replantings. From a Conab analysis, a renewed sugar cane field yields close to 115 tons/hectare during the first two years, and then gradually drops to less than 55 tons in the sixth period. DESTINATION Based on Conab’s surveys, 287.5 million tons of sugar cane will be destined for the production of ethanol, equivalent to 50.4% of the total harvested in the 2011/12 crop year. Once crushed this amount is to result into 22.8 billion liters of fuel. Of this volume, 13.7 billion liters are hydrated ethanol, and 9 billion are anhydrous. Total production is estimated to decrease by 17.1%. The remaining 49.6% of the raw materials are to be destined for sugar, representing the crushing of 283.9 million tons, which in turn will result into 36.8 million tons of sugar, down 2.2% from last year. In the previous period, 46% of the crop had been destined for sugar. About 70% of all sugar produced in Brazil is shipped abroad, which represents 40% of global sugar exports. In 2011, international prices of the product soared considerably. Smaller Brazilian production and a crop reduction in India are the major culprits. According to figures released by the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), Brazil shipped abroad 25.3 million tons of sugar in 2011, down 9.4% from the previous year. With average prices up 29.2%, revenue reached US$ 14.9 billion, up 17% from 2010. Brazilian ethanol exports, although still at a fledgling stage, were encouraging. In 2011, shipments were up 3.3% from the previous year, amounting to 1.9 million cubic meters. Revenues increased by 47.0%, totaling US$ 1.5 billion. This result stems from the 39.8-percent rise in the price of this fuel. 57 Inor Ag. Assmann >>Defensivos AGROCHEMICALS Contemplado Revista AgroBrasil 2011 Cenário positivo para as principais culturas agrícolas estimulou o investimento em defensivos agrícolas, levando o setor a superar metas 58 O setor de defensivos agrícolas deverá atingir, pela segunda vez, a maior receita já obtida com as vendas de produtos nos últimos anos. O projetado era encerrar 2011 com a comercialização total de US$ 8,2 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões), superando em 10% os US$ 7,3 bilhões alcançados em 2010. O otimismo do setor baseia-se no maior investimento em tecnologias nas lavouras, na antecipação de compra nos canais de distribuição, na colheita recorde da safra 2010/11 e nas boas cotações de várias commodities. Para o ciclo 2011/12, existem expectativas de aumento de demanda em diversas culturas, como algodão, trigo, pastagem e café. N os dez primeiros meses de 2011, os negócios somavam R$ 10,198 bilhões, 10% acima do total obtido no mesmo período de 2010, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag).“Os valores mais elevados resultaram de uma maior demanda e não de aumento nos preços dos defensivos”, esclarece Ivan Amancio Sampaio, gerente de informação do sindicato. Ele destaca que o desempenho registrado até outubro foi favorecido principalmente pelas plantações de soja, cana-de-açúcar, milho, algodão, café e pastagem. A classe dos inseticidas, no período de janeiro a outubro de 2011, em relação ao mesmo período de 2010, foi a que mais cresceu, 21%, totalizando R$ 3,512 bilhões. Os valores foram impulsionados pelos mercados de soja, cana-de-açúcar, algodão, café e citros. Os herbicidas, cujas vendas somaram R$ 3,455 bilhões, apresentaram incremento de 8%. As culturas que mais contribuíram para esse desempenho foram cana-de-açúcar, soja, algodão, milho, feijão e pastagem. Menor crescimento obteve o segmento dos fungicidas, 3%, com rendimento de R$ 2,750 bilhões, que foram mais demandados pe- los plantios de café, soja, algodão, trigo e feijão. Acaricidas e outros produtos completam o faturamento do setor com R$ 481 milhões negociados. Mato Grosso destacou-se como o Estado brasileiro que mais consumiu defensivos em 2010, em valores, respondendo por 20,4%, ou seja, US$ 1,49 bilhão. Na ordem aparecem São Paulo (15,3%), Paraná (12,1%), Rio Grande do Sul (10,2%), Goiás (10,2%), Minas Gerais (8,5%), Bahia (7,6%) e Mato Grosso do Sul (4,7%). Os demais estados, juntos, responderam por 11,0% do valor total. De acordo com o Sindag, as importações brasileiras de defensivos agrícolas em 2010 foram praticamente iguais a 2009, próximas de 232 mil t de produtos GANHANDO TERRENO • MAKING STRIDES Vendas (R$ milhões) - Jan-out 2010 vs 2011 Classes 2010 2011 Herbicidas 3.205 3.455 Fungicidas 2.679 2.750 Inseticidas 2.899 3.512 Acaricidas 127 147 Outros 369 334 Total 9.278 10.199 Vendas 2005-2011 (US$ milhões) 2005 2006 2007 2008 2009 4.244 3.920 5.372 7.125 6.626 Variação 2011/10 8% 3% 21% 16% -9% 10% 2010 7.304 2011* 8.200 Fonte: Sindag – *Estimativa técnicos e formulados.No referido ano,verificou-se incremento nas aquisições nas classes dos fungicidas, seguidas por inseticidas e acaricidas. A China foi o principal exportador para o Brasil, com participação de 20%. Na sequência estão Estados Unidos e Argentina. Do total consumido no País, 80% é importado. Beneficiary Positive scenario of most agricultural crops encouraged the investment in agrochemicals, leading the sector to exceed targets The agrochemical sector is for the second time poised to reach the biggest revenues from its sales over the past years. The idea had been to reach year’s end with sales totaling US$ 8.2 billion (about R$ 15 billion), exceeding by 10% the US$ 7.3 billion raked in the previous year, in 2010. The sector’s optimism is based on the soaring investments in field technology, on the anticipation of purchases in the distribution channels, on the record 2010/11 crop and on the good quotes derived by several commodities. For the 2011/12 cycle, expectations are for soaring demand for several crops, like cotton, wheat, pastureland and coffee. O ver the first 10 months in 2011, businesses amounted to R$ 10.198 billion, up 10% from the total obtained in the same period in 2010, according to the National Union of the Agriculture Defense Industry (Sindag). “The higher values stemmed from rising demand and not from higher agrochemical prices”, clarifies Ivan Amancio Sampaio, union information manager. He stresses that the performance registered up to October, took advantage of pasturelands, soybean, sugar cane, corn, cotton and coffee plantations. The insecticide class, January through October 2011, compared to the same period in 2010, was the one that grew the most, 21%, totaling R$ 3.512 billion. These values were driven up by the markets of the following crops: soybean, sugar cane, cotton, coffee and citrus. Herbicides, whose sales amounted to R$ 3.455 billion, were up 8%. The crops that contributed the most towards this performance were sugar cane, soybean, cotton corn, black-beans and pasturelands. The segment of fungicides grew less, only 3%, with revenue of R$ 2.750 billion, mostly demanded by coffee, soybean, cotton, wheat and black-bean plantations. Acaricides and other products complete the sector’s $ 481 million in negotiations. Mato Grosso stood out as the Brazilian State that was the leader in agrochemical purchases in 2010, in values, accounting for 20.4%, that is to say, US$ 1.49 billion. Followed, in decreas- ing order, by the following States: São Paulo (15.3%), Paraná (12.1%), Rio Grande do Sul (10.2%), Goiás (10.2%), Minas Gerais (8.5%), Bahia (7.6%) and Mato Grosso do Sul (4.7%). All other states, together, accounted for 11.0% of the total value. According to Sindag sources, Brazilian imports of agrochemicals in 2010 suffered practically no changes from 2009, and remained close to 232 thousand tons of technical and formulated products. During the said year, higher imports of fungicides were carried out, followed by acaricides and insecticides. China was Brazil’s major supplier, with a share of 20%, followed by the United States and Argentina. Of the total consumed in the Country, 80% is from abroad. 59 Sílvio Ávila >>feijão bLACK-Beans Revista AgroBrasil 2011 Sem deixar saudade 60 Com a desvalorização dos preços em 2011, a redução das áreas plantadas e da produção deve caracterizar a safra atual de feijão no País Anos de altos e baixos. Esse é o cenário que a cultura do feijão enfrenta nos campos brasileiros. Baixa liquidez, instabilidade dos preços, estoques do produto e problemas climáticos assombram o produtor. Por isso, muitos migraram parte da lavoura para outros cultivos. Nesse contexto, conforme o quarto levantamento de grãos do período 2011/12 publicado em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no cultivo de feijão primeira safra parte da lavoura perdeu área para milho e soja. A estimativa sinaliza diminuição da área cultivada na maioria dos estados produtores. A lavoura semeada mais cedo teve colheita próxima do normal, mas da metade do ciclo produtivo em diante surgiram problemas climáticos adversos e significativos, como as chuvas em São Paulo e a seca no Paraná, um dos estados mais prejudicados, além de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O técnico de planejamento da Conab João Ruas afirma que o cultivo já foi bastante prejudicado por esses fatores. A falta de chuva, por exemplo, pode comprometer toda a safra e gera consequências sobre a quali- CONTANDO GRÃOS • COUNTING GRAINS Comparativo de safras de feijão total Safra Área (mil ha) Produtividade (kg/ha) Produção (mil t) 2010/11 4.009,2 945 3.787,1 2011/12 3.861,3 907 3.500,4 Variação (%) 3,7 4% 7,6 Fonte: Conab (Jan/2012) 2012, de haver forte recuo nas cotações. “O estímulo ocasionado pela valorização é e será muito forte”,ressalta. MENOR Tudo indica que a superação do recorde de produção de 3,787 milhões de toneladas obtidas no ciclo 2010/11 não deva ocorrer na temporada atual. Apesar de não dispor de dados sobre a intenção de plantio para a segunda e a terceira safras, a Conab calcula que a colhetita alcance a 3,500 milhões de t no período 2011/12, o que representaria diminuição de 7,6%. Na primeira safra, a área cultivada com o grão deverá ficar em 1,272 milhão de hectares, 10,4% inferior à anterior. Entre os produtores, apenas São Paulo e Distrito Federal não apresentaram redução. Conforme dados da Conab, a queda maior foi constatada no Paraná, segundo maior produtor, que semeou 27,2% a menos. Em termos de produtividade, a média da primeira safra deverá ficar em 1.078 quilos por ha, sendo a melhor delas obtida em São Paulo, com 1.757 kg/ha. Com isso, a produção nacional deve alcançar a 1,371 milhão de t, resultado 18,4% inferior ao obtido no ciclo passado, ou seja, 309 mil t a menos. Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul são os três estados onde deve ocorrer maior diminuição. Inor Ag. Assmann dade do grão. A quebra na colheita pode chegar a 300 mil toneladas, alerta Ruas. Em contrapartida, técnicos e analistas acreditam que poderá haver mudanças no cenário dos preços. Com a oferta inferior à última safra, o técnico da Conab acredita ser possível uma reviravolta no mercado. A mesma opinião é compartilhada pelo presidente do Conselho Administrativo do Instituto Brasileiro de Feijão e Legumes Secos (Ibrafe), Marcelo Eduardo Lüders. Com a queda na produção, que pode render ainda menos que o estimado, no início de janeiro a cotação da saca de 60 quilos já chegava a R$ 200. A elevação é decorrência de dois fatores, acredita o especialista. O primeiro deles é o fato de que poucos compradores semearam a leguminosa. O segundo é o pouco produto colhido por aqueles que decidiram plantar. Com os preços valorizados haverá incremento de área de plantio ainda incalculável, afirma Lüder. Assim há a possibilidade, ainda em 61 Revista AgroBrasil 2011 No missed 62 With the devaluation of the prices in 2011, reduced planted area and smaller production volumes are the major characteristics of the current blackbean crop in the Country A year of ups and downs. This is the scenario now common to the Black-bean crops across the Brazilian fields. Low liquidity, unstable prices, high stocks and climate related problems have left the growers on the alert. As a result, many of them devoted part of their fields to other crops. Within this context, according to the fourth crop survey of the 2011/12 season, published in January by the National Supply Company (Conab), firstblack-bean crop areas were shifted to corn and soybean. E stimates signal lower planted areas in most Brazilian states. Harvest of early plantings remained close to normal, but halfway through the production stage there were significant climate induced problems, like excessive rainfall in São Paulo and drought conditions in Paraná, one of the most affected states, besides Santa Catarina and Rio Grande do Sul. Conab planning technician João Ruas maintains that the crop has already been heavily damaged by these factors. The lack of rain, for example, might jeopardize the entire crop and affects the quality of the cereal. In terms of volume, there might be a reduction of 300 thousand tons, Ruas warns. Sílvio Ávila On the other hand, technicians and analysts believe in a possible change in the price scenario. With supply inferior to last year, the Conab technician believes that a turn in the market is likely. The same opinion is shared by the president of the Administrative Council of the Brazilian Institute of Grain and Dry Legumes (Ibrafe), Marcelo Eduardo Lüders. With the lower production volumes, which could even fall below present estimates, in early January a 60-kilo sack was selling for R$ 200. The rise stems from two factors, the specialist believes. The first of them is the fact that only few buyers have sown the leguminous crop. The second is the product harvested by those who had decided to plant. Higher prices will increase the planted areas in proportions not yet calculated, says Lüder. This could press down prices even before 2012 comes to a close. “The stimulus created by the good prices is and will be very strong”, he warns. SMALLER There is every indication that the record crop of 3.787 million tons in the 2010/11 season shall not be outstripped in the current season. Although no data are available on the planting intentions for the second and third crops, Conab estimates the volume at 3.500 million tons in the 2011/12 crop year, which would represent a reduction of 7.6%. In the first crop, the area devoted to the grain should remain at 1.272 million hectares, down 10.4% from the previous crop. Among the black-bean producers, São Paulo and the Federal District have not reduced their planted area. From data released by Conab, the biggest reduction took place in Paraná, second largest producer, where there was a decrease of 27.2%. In terms of productivity, the average of the first crop should remain at 1,078 kilos per hectare, with São Paulo ranking first on that score, with 1,757 kg/ha. This should raise the national production volume to 1.371 million tons, down 18.4% from the previous cycle, that is to say, 309 thousand tons less than last year. Mato Grosso do Sul, Paraná and Rio Grande do Sul are the three states likely to suffer the biggest reductions. 63 >>ponto de vista VIEWPOINT ROBERTO SIMÕES Presidente do Conselho Deliberativo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Pequeno, mas competitivo Revista AgroBrasil 2011 Empreendimentos rurais de menor porte avançam com respaldo do Sebrae na melhoria de produtos e processos 64 Em 2011, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) manteve o esforço para elevar a competitividade dos pequenos empreendimentos rurais, com a melhoria dos produtos e dos processos nos estabelecimentos e nas agroindústrias. De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo Nacional da instituição, Roberto Simões, o segmento contabiliza 417 projetos ativos em 14 setores, além de 175 mil atendimentos aos produtores. O investimento total alcança a R$ 344 milhões, incluindo R$ 157 milhões de 2.700 parceiros. E ntre as ações desenvolvidas está a Produção de Alimentos Seguros – Programa PAS, no setor leiteiro e derivados, mel, açaí e uva para processamento industrial. O Sebrae apoiou também o Programa Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), juntamente com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), atingindo a meta de aumentar o consumo per capita para 15 quilos um ano antes do previsto. O resultado, assinala Simões, demonstra o êxito das iniciativas de capacitação, sensibilização, boas práticas e gastronomia em nove unidades da federação, com a adesão forte de São Paulo, importante polo de produção em sistemas independentes e maior mercado consumidor do País. O dirigente destaca ainda, na aquicultura e pesca, o lançamento da cartilha sobre licenciamento ambiental, um dos entraves do setor e cujo conteúdo tem ajudado o pescador e o aquicultor a desenvolver de maneira correta a atividade. A cafeicultura e os derivados de canade-açúcar, com ênfase para a cachaça certificada, receberam investimentos para projetos e ações que estão diferenciando produtos e agregando valor, com certificações de origem, indicações geográficas (IG), certificações orgânica e do comércio justo e solidário, denominado fair trade, especificamente no café, em Minas Gerais e no Paraná. No mundo todo, ressalta Simões, cada vez mais a origem do produto e suas especificidades têm gerado valor ao produto e renda ao produtor, e cada tipo de café (do Cerrado, das Matas, da Chapada, etc) e sua certificação estão criando melhores condições de competitividade. O Sebrae tem priorizado ações de inovação e tecnologia que resultem em melhor qualidade e diferenciação. Paralelamente, a capacitação básica em gestão e empreendedorismo ganha atenção, POR AMADURECER No que tange à exportação, o presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae,Roberto Simões,avalia que ainda é incipiente para os micro e pequenos negócios rurais. No entanto, observa que alguns já começam a sentir o bônus da diferenciação: na fruticultura, os produtores de melão do Rio Grande do Norte, após conseguirem o selo de fair trade, obtiveram maior ganho financeiro ao colocar seus produtos Sílvio Ávila nas gôndolas do varejo britânico, assim como cafeicultores de Minas Gerais e do Paraná,que também têm a certificação do comércio justo e solidário. Por outro lado, constata o desafio de barreiras técnicas impostas muitas vezes com rigor excessivo e gerando ganhos bem menores do que poderiam ser obtidos.“O nosso mel e demais produtos apícolas são exportados a granel e depois fracionados, com o preço multiplicado muitas vezes, assim como acontece, por exemplo, com o café convencional exportado para alguns países da União Europeia”,menciona. A liderança do Sebrae ressalta o esforço que vem sendo feito com relação a investimentos e oportunidades de negócio ligados aos grandes eventos programados para ocorrerem no País, como Copa do Mundo, Olimpíadas, Rio + 20 e outros mais.“Brinco às vezes que estão todos preocupados com a copa, mas se esquecem >>PERFIL ‘da cozinha’”,diz Simões, lembrando da necessidade de alimentar turistas e profissionais envolvidos. Para tanto, informa que se está trabalhando de modo bastante seletivo, visto o nível de exigências desses mercados, requerendo um esforço adicional em termos de qualidade e investimentos por parte do agricultor interessado em atendê-los. Aliás, melhorar a qualidade dos produtos, gerando melhor renda e maior produtividade nos processos, continuará sendo o grande desafio do Sebrae em 2012, acrescenta Simões. Além disso, sublinha a relevância de conhecer e se adequar aos requisitos do novo Código Florestal,levando o conceito da sustentabilidade para o dia a dia do produtor rural, que ele qualifica como“herói do cotidiano”na produção para um mercado cada vez mais exigente, diante de obstáculos e adversidades de toda ordem. Divulgação realizando-se, junto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Negócio Certo Rural (NCR), que atingiu mais de 12 mil produtores rurais em cerca de 400 turmas presenciais. Simões enfatiza a participação importante de filhos de agricultores, evidenciando “uma real atenção à questão da permanência da juventude no campo, um gargalo crônico do agronegócio brasileiro”. A instituição prossegue no esforço de adequação a normas compulsórias, como a Instrução Normativa 51 na área da bovinocultura de leite e suas agroindústrias, ou voluntárias,que normalmente buscam melhores mercados para produtos certificados. Na horticultura e olericultura, incentiva a agroecologia por meio da implantação de cerca de 2 mil unidades do sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), gerando segurança alimentar e saúde aos agricultores e suas famílias, além de excedente comercializável. O produtor rural, engenheiro agrônomo e mestre em economia rural Roberto Simões preside o Conselho Deliberativo Nacional (CDN) do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), bem como a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg). É presidente também do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MG) e vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Já atuou como diretor-geral do Centro de Estudos Rurais da Secretaria de Estado da Agricultura de Minas Gerais, coordenador-geral da Comissão Estadual de Planejamento Agrícola (Cepa/MG) e diretor substituto do Conselho Nacional de Desenvolvimento da Pecuária (Condepe). É membro dos Conselhos de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado de Minas Gerais, Administrativo da Emater/MG e do Deliberativo do Sebrae Minas Gerais. 65 Sílvio Ávila ROBERTO SIMÕES President of the Deliberative Council of the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) Revista AgroBrasil 2011 Small, but competitive 66 Under the financial umbrella of Sebrae, smallscale rural enterprises make strides towards improving their products and processes In 2011, the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) spared no effort to strengthen the competitiveness of small rural enterprises, enhancing their business units and agro-based industries. According to the president of the Institution’s National Deliberative Council, Roberto Simões, the segment is running 417 active projects in 14 sectors, besides 175 thousand farm visits provided by the assistance program. It is a total investment of R$ 344 million, including R$ 157 million from 2,700 partners. T he initiatives include the Safe Food Production PAS Program, in the sector of dairy products, honey, Açaí and grapes for industrial processing. Sebrae has also lent support to the National Pig Raising Development Program (PNDS), along with the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA) and the Brazilian Swine Breeders As- sociation (ABCS), achieving the 15-kg per capita consumption a year ahead of schedule. The result, Simões comments, attests to the success of the initiatives focused on qualification, sensitization, best practices and gastronomy in nine states across Brazil, where São Paulo stands out as a relevant production hub in independent systems and largest national consumer. With regard to agriculture and fishing, the official also recalls the launch of the environmental license primer, one of the sector’s bottlenecks, which has helped farmers and fishers carry out their activities in correct manner. Coffee farming and sugarcaneproducts,where certified cachaça deserves praise, were granted investments for projects and innovations, and are now resulting into discerning and value added products, bearing certifications of origin and geographical indications (GI), organic certifications and fair trade, specifically for coffee in Minas Gerais and Paraná. All over the world,Simões emphasizes, increasingly, the origin of the product and its specifications are credited with its high value and the profits to the producers, and every type of coffee (from such regions as the Cerrado, Matas, Chapada, etc) and their certifications are creating better conditions and boosting competitiveness. Sebrae has always given priority to innovation and technology initiatives that result into quality and discerning products. At the same time, basic qualification in management and entrepreneurship are also capturing attention, while the Right Rural Business (RRB) program is being conducted jointly with the National Service for Rural Training (Senar), which was extended to 12 thousand rural producers, with 400 groups attending the program. Simões makes a point of emphasizing the number of farmers’ children attending these training sessions, attesting to “a real concern with the question of young people giving continuity to agriculture, a chronic bottleneck in Brazilian agribusiness”. The institution is always ready to adjust to compulsory standards, like Normative Instruction 51 in the segment of dairy cattle and its agrobased industries, or volunteer industries in search of better markets for their certified products. In Horticulture and olericulture,the focus is on agroecology, through the implementation of about 2 thousand units in the Sustainable and Integrated Agroecology Production System (Pais), generating food safety and health to the farmers and their families, besides marketable surpluses. IN THE PIPELINE With regards to exports, Roberto Simões, president of Sebrae’s National Deliberative Council, understands that it is still too early for small and micro companies to consider sending their products abroad. However, he observes that some of them are coming to grips with the bonus that makes a difference: in fruit farming, the melon growers in Rio Grande do Norte, after being granted the fair trade label, began to reap financial advantages after placing their product in the shelves of supermarkets in Britain, and the same holds for the coffee growers in Minas Gerais and Paraná, who are also under the fair trade umbrella. On the other hand, he also points to the challenges posed by technical barriers, frequently excessively strict, resulting into smaller than expected gains. “Our honey and other bee-based products are exported in bulk, and then transformed in the country of destination and sold at prices multiplied many times over. Just like what happens with conventional coffee exported to some countries in Europe”,he recalls. Sebrae officials point to the great efforts devoted to matters regarding investments and business opportunities linked to upcoming scheduled events in the Country, like the World Cup, Olympic Games, Rio + 20 and others. “I sometimes joke that everybody is preoccupied with the‘cup’, but they seem to forget the‘kitchen’”, Simões jokingly comments, hinting at the need to provide food for tourists and professionals. To this end, he informs that selective work is being conducted, considering the level of requirements of these markets, calling for additional efforts in terms of quality and investments by the farmers interested in fulfilling their needs. By the way, improving product quality, making hefty income and generating higher productivity rates in these processes, will be Sebrae’s major concern throughout 2012, says Simões. Furthermore, he underlines the importance of getting aware of and adapting to the new requisites set forth by the recently enforced Forest Code, whilst taking the sustainability concept to the everyday life of the rural producers, whom he qualifies as “everyday heroes” that supply an increasingly discerning market, in the face of all kinds of obstacles and difficulties. >>PROFILE Rural producer, agronomic engineer and a Master’s Degree in rural economy, Roberto Simões presides over the National Deliberative Council (NDC) of the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) and over the Livestock and Agriculture Federation of Minas Gerais (Faemg). He is also president of the Administrative Council of the National Rural Learning Service (Senar-AR/MG) and vice-president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA). He has already served as director of the Rural Studies Center of the Secretariat of Agriculture in Minas Gerais, general coordinator of the National Committee for Agricultural Planning (Cepa/MG) and assistant director of the National Council for Livestock Development (Condepe). He is a member of the Social and Development Councils of the State of Minas Gerais, Administrative Council at Emater/MG and Deliberative Council of Sebrae Minas Gerais. 67 Inor Ag. Assmann >>fertilizantes fertilizers Excepcional Revista AgroBrasil 2011 Entregas de fertilizantes ao consumidor ultrapassam volumes de anos anteriores, com possibilidade de totalizar 28 milhões de toneladas em 2011 68 O setor de fertilizantes já superava, até novembro de 2011, todos os resultados de vendas alcançados até então. As entregas ao consumidor final somaram 26,509 milhões de toneladas em onze meses, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Os negócios foram 16,3% além do volume de 22,800 milhões de t comercializadas no mesmo período de 2010. “Note que, ainda sem computar o resultado de dezembro, o setor já tinha entregado um volume 7,7% superior ao de todo o ano de 2007, que até o momento era o recorde histórico do segmento, com 24,608 milhões de t”,destaca David Roquetti Filho, diretor-executivo da Anda. O estimado, conforme a RC Consultores, era concluir 2011 com 28 milhões de t entregues. “Se a projeção for concretizada, representará um aumento de 13,8% sobre 2007 e de 14,2% sobre 2010”, compara Roquetti Filho. Relata ainda que o desempenho foi favorecido pela relação de trocas, clima e preços das commodities. As culturas que mais demandaram os produtos foram soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão. O faturamento esperado para 2011 era de US$ 17,2 bilhões. Para 2012, a consultoria projeta o mesmo volume, sinalizando uma tendência de estabilização. Até novembro de 2011, o Brasil importou 18,624 milhões de t e produziu 9,039 milhões de t, significando crescimento de 31,5% e 4,1%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano anterior. A exportação de 623.620 t de fertilizantes, contudo, representa queda de 10,9% sobre igual intervalo de 2010. O aumento do consumo e a dependência externa são motivo de preocupação para a cadeia produtiva de fertilizantes e para o agronegócio nacional. Entre 2006 e 2010, em média, o Brasil importou 90% de potássio (K), 73% de nitrogenados (N) e 45% de fosfatados (P). Em 2010, o País respondeu pela demanda de 6% da produção global dos nutrientes NPK, ocupando a sexta posição no ranking mundial. Em primeiro lugar está a China, com 30% do consumo, seguida por Índia (16%) e Estados Unidos (12%). A produção brasileira e a extração de insumos está concentrada em poucos players. Um dos entraves é que a expansão do segmento de fertilizantes requer capital intensivo. Outro obstáculo é a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre a produção nacional, o que torna os produtos importados mais competitivos. Mesmo assim, segundo o diretor-executivo da Anda, a indústria nacional de fertilizantes deverá investir US$ 13 bilhões até 2015/16. O valor re- INDICADORES • INDICATORS Desempenho do setor de fertilizantes (em t) Janeiro a novembro 2010 2011 Variação (%) Entregas 22.800.641 26.509.539 16,3 Produção nacional 8.679.031 9.039.076 4,1 Importações 14.160.772 18.614.744 31,5 Exportações 699.983 623.620 -10,9 Fonte: Anda presentará 15% de todo o investimento no mundo neste setor, que será em torno de US$ 88 bilhões. Esse recurso global se refere a 250 projetos no mundo todo, que irão permitir o aumento da capacidade mundial em 183 milhões de toneladas. Conforme Roquetti Filho, nos anos 2010/11, o investimento nacional do setor foi de US$ 1,5 bilhão, sendo que em 2011 foram US$ 838,2 milhões, 29,8% a mais que os US$ 646 milhões do ano antecedente. Exceptional Delivery of fertilizers to consumers outstripped volumes of previous years, with chances to reach 28 million tons in 2011 By November 2011, the fertilizer sector had already exceeded all results achieved up to that time. Deliveries to final consumers amounted to 26.509 million tons in eleven months, according to the National Association for Fertilizer Distribution (Anda). The businesses were up 16.3% from the 22.800 million tons sold over the same period in 2010.“It must not be overlooked that, even without factoring in the December result, the sector had already delivered a volume 7.7% higher compared to the entire year of 2007, which had been the historical record of the sector up to that moment, with 24.608 million tons”, says David Roquetti Filho, executive director of Anda. T he projection, according to RC Consultores, was to bring 2011 to a close with 28 million tons delivered. “Should the projection materialize, it will represent an increase of 13.8% over 2007 and 14.2% over 2010”, comments Roquetti Filho. He also maintains that the performance took advantage of exchange relations, climate conditions and prices of the commodities. The crops that most fertilizers required were soybean, corn, sugar cane, coffee and cotton. The projected revenue for 2011 was US$ 17.2 billion. For 2012, RC Consultores is projecting the same volume, signaling a stabilizing trend. Up to November 2011, Brazil imported 18.624 million tons and produced 9.039 million tons, meaning an increase of 31.5% and 4.1%, respectively, from the same period the previous year. Exports of 623,620 tons of fertilizers, nonetheless, represent a decrease of 10.9% from the same period in 2010. Rising consumption and foreign dependence are cause for concern for the fertilizer production chain and for our national agribusiness. From 2006 to 2010, on average, Brazil imported 90% of potassium (K), 73% nitrogen (N) and 45% of phosphate (P). In 2010, the Country met the demand of global production of all NPK nutrients, ranking sixth in the global market. China ranks first, with 30% of all consumption, followed by India (16%) and the United States (12%). Production in Brazil and the extraction of inputs is in the hands of only a few players. One of the hurdles is that the expansion of the fer- tilizer segment requires hefty capital. Another obstacle is the state value added tax (ICMS) levied on fertilizers produced in Brazil, turning the imported products more competitive. Nevertheless, according to the executive director of Anda, the national fertilizer industry has decided to invest US$ 13 billion by 2015/16. The value represents 15% of all global investments in this sector, amounting to about US$ 88 billion. This global financial grant refers to 250 projects around the globe, which will raise the worldwide capacity by 183 million tons. According to Roquetti Filho, in the years 2010/11, national investments in the sector reached US$ 1.5 billion, whilst in 2011 it was US$ 838.2 million, up 29.8% from the US$ 646 million in the previous year. 69 Sílvio Ávila >>flores FLOWERS Regar para florir Revista AgroBrasil 2011 Enquanto as exportações de flores registram baixos índices, o crescimento das importações aquece o mercado brasileiro 70 Ao contrário da beleza das plantas brasileiras, a receita alcançada com as vendas externas murchou em 2011. Nos primeiros cinco meses do ano, as exportações nacionais atingiram a US$ 7,60 milhões, queda de 27,83% sobre os resultados alcançados no mesmo período de 2010, quando ficou em US$ 10,53 milhões. Os valores, conforme análise da Hórtica Consultoria e Treinamento, são reflexo do contexto econômico recessivo dos principais países compradores. O cenário, dessa forma, permanece determinando reduções globais na demanda pelos produtos da floricultura. D e janeiro a maio de 2011, o principal grupo de produtos foi o das mudas de plantas ornamentais (69,01%), que somou melhores resultados financeiros, com vendas externas de US$ 5,24 milhões. Apesar do bom desempenho, esse valor significa redução de 30,04% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando registrou US$ 7,49 milhões em vendas. O grupo dos bulbos, tubérculos, rizo- mas e similares em repouso vegetativo também ocupou lugar de destaque, com representação de 12,14% no mercado externo, somando US$ 922,23 mil. O resultado, contudo, é 40,50% menor em relação ao período de janeiro a maio de 2010. As preferências evidenciam a principal característica das exportações do País – a de mercadorias destinadas à propagação vegetativa. Na balança comercial, as perdas junto ao mercado internacional também MERCADO AQUECIDO Positivo. É assim que o presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Kees Schoenmaker, avalia o ano de 2011 para o setor florista. Mesmo que a exportação de flores cortadas seja praticamente nula, devido ao cenário atual do câmbio, o mercado interno se mostrou favorável e aquecido, afirma. Entre as variedades preferidas de flores cortadas, Schoenmaker destaca rosas, lírios e alstroemérias. A linha de jardinagem, como arbustos, árvores e grama, entre outros, também registrou bom desempenho, devido ao boom da construção civil. Para suprir a demanda dos mercados regionais, a produção ocorre em todos os estados brasileiros. O maior produtor e consumidor é o Estado de São Paulo, onde se localiza o município de Holambra, considerado a capital das flores. Para 2012, a expectativa para o setor de flores é que a produção cresça 5%, enquanto as vendas internas devem apresentar elevação de 10%, afirma Schoenmaker. Estimular o consumo de flores e plantas, que ainda apresenta nível baixo, apesar do bom crescimento, integra o leque de desafios do setor. En- DESEQUILÍBRIO • IMBALANCE Balança comercial da floricultura brasileira em 2011 (US$) Mês Exportação Importação Janeiro 1.813.577 1.871.890 Fevereiro 1.408.081 1.985.351 Março 1.205.526 3.209.067 Abril 1.296.553 3.202.756 Maio 1.874.319 4.708.796 Total 7.598.056 14.977.860 Fonte: Hórtica Consultoria e Treinamento tre as ações estão aparições de espécies em novelas, revistas de moda e cursos para floristas, entre outros. A disponibilidade de produtos em supermercados, por exemplo, possibilita facilidades ao consumidor. Antes de qualquer ação, no entanto, é necessário que o produto esteja disponível com boa qualidade e preço compatível. Um dos fatores que chamaram a atenção em 2011 foi a notável expansão de produtos importados prontos para o consumo. No período de janeiro a maio, as rosas de corte frescas, por exemplo, chegaram a representar 13,69% da pauta global de importações, com crescimento de 6,29% sobre o mesmo período do ano anterior. Esse fenômeno justifica-se pelo conjunto de indicadores favoráveis observados na economia brasileira no tocante à expansão dos níveis de emprego, ocupação e renda, além da estabilidade econômica experimentada pelo País. O fato de países vizinhos de economia florícola essencialmente focada no mercado internacional – especialmente Colômbia e Equador – sofrerem mais intensamente os efeitos da recessão global, e a disponibilidade de seus produtos para o consumo brasileiro têm influência direta na performance importadora. Outro fator é a valorização cambial do real em relação ao dólar, o que favorece o ingresso de mercadorias estrangeiras. Sílvio Ávila foram registradas em outros grupos de flores e plantas ornamentais, focadas no consumo final. As exportações de rosas e seus botões frescos representaram apenas 0,94% dos embarques, enquanto que as de outras flores frescas e seus botões, como gérberas, lírios, antúrios, lisianthus e outras espécies tropicais, somaram participação de apenas 1,36%. Em meio ao cenário de baixas exportações, porém, o Brasil conseguiu aumentar a participação de suas mudas junto a importantes compradores, como Japão, México, Reino Unido, Argentina e Uruguai. As importações, por sua vez, equivaleram praticamente ao dobro dos valores embarcados. Destinados à propagação vegetativa e, em parte, à reexportação, bulbos, rizomas, tubérculos e similares foram as principais mercadorias adquiridas em solo internacional. Juntas sinalizam 31,16% do total importado. 71 Flowers need water to flourish Revista AgroBrasil 2011 While flower exports are lagging behind, imported flowers are selling briskly in the Brazilian market 72 Contrary to the beauty of the Brazilian plants, revenue from foreign sales withered in 2011. Over the first five months of the year, our national exports reached US$ 7.60 million, down 27.83% from the results achieved over the same period in 2010, when revenues remained at US$ 10.53 million. These values, according to an analysis by Hórtica Consultoria e Treinamento, are a reflection of the recessive economic context of the major flower importing countries. Under such circumstances, the scenario continues pressing down global demand for flower products. J anuary through May 2011, a major product group was ornamental plants seedlings (69.01%), which managed to get the best financial results, with foreign sales of US$ 5.24 million. Despite the good performance, this value represents a reduction of 30.04% from the same period last year, when it registered US$ 7.49 million in sales. Bulbs, tubers, rhizomes and similar groups under vegetative dormancy also occupied a prominent position, with a representation of 12.14% in the foreign market, amounting to US$ 922.23 thousand. Nonetheless, the result is down 40.50% from the January-May period last year. Preferences attest to the main characteristics of Brazilian exports – products destined for vegetative propagation. At the trade balance, losses from the international market were also evident in other groups of flowers and ornamental plants, focused on final consumption. Exports of roses and fresh button roses represented only 0.94% Sílvio Ávila of the shipments, while other fresh flowers and buttons, like gerberas, lilies, anthurium, lysianthus and other tropical species, reached a share of only 1.36%. Amid a sluggish export scenario, nevertheless, Brazil managed to boost its share of seedling sales to important buyers, like Japan, Mexico, the United Kingdom, Argentina and Uruguay. Imports, in turn, represented almost twice as much as shipments abroad. Destined for vegetative propagation and, partly, for re-exportation, bulbs, tubers, rhizomes and similar groups were the main products acquired in the international marketplace. Together they account for 31.16% of total imports. HEATED MARKET Positive. This is how the president of the Brazilian Floriculture Institute (Ibraflor), Kees Schoenmaker, views the year 2011 for the flower sector. Although practically no cut flowers are exported, due to the present exchange rate policy, the domestic market remained favorable and heated, he says. Among the most cherished varieties of cut flowers, Schoenmaker highlights roses, lilies and Peruvian lilies. The garden plants line, like shrubs, trees and grass, among others, also showed good performance, due to the boom in civil construction. To supply demand in the regional markets, production occurs in all Brazilian states. The biggest producer and consumer is the State of São Paulo, home to the municipality of Holambra, known as the flower capital. For 2012, the flower sector is expecting a 5-percent growth, while domestic sales are supposed to soar 10%, says Schoenmaker. To encourage the consumption flowers and plants, still lagging behind in spite of the good performance, is on the sector’s agenda. The initiatives towards this end include the presence of flowers in soap operas, fashion magazines and courses for florists, among others. Flowers on supermarket shelves make it easier for buyers to acquire them. Before any move, nonetheless, the product must be available in good quality and at competitive prices. One of the factors that grabbed the attention of customers in 2011 was the incredible expansion of ready to consume products. January through May, fresh cut roses, for example, represented 13.69% of all global flower imports, up 6.29% from the same period the previous year. This phenomenon explains itself through the set of favorable indicators observed in the Brazilian economy with regard to the expansion of job positions, soaring income, besides the economic stability the Country is experiencing. The fact that neighboring countries with their economy essentially focused on the international market – particularly Colombia and Ecuador – have been more intensely affected by the global recession, and the availability of their products to the Brazilian consumers, was a factor in Brazil’s flower importation performance. Another factor has to do with the high value of the real against the dollar, which favors the entrance of foreign products 73 Sílvio Ávila >>frutas FRUITS Revista AgroBrasil 2011 Ascensão doméstica 74 Consumo interno de frutas tem aumentado, enquanto exportações sofreram retração em 2011 e exigem ações para impulsioná-las O crescimento da renda per capita da população brasileira, com a ascensão de mais de 30 milhões de pessoas à faixa de consumo, levou ao aquecimento do mercado de frutas no País em 2011. Essa foi uma boa notícia em um ano em que as intempéries climáticas trouxeram quebras expressivas em importantes espécies. D ados preliminares apontam que a produção em 2011 foi de 42 milhões de toneladas, quantidade similar à colheita de 2010, conforme balanço do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São Paulo domina o parque frutícola nacional, com 42% do total, seguido de Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pará. Entre as espécies de importância comercial, os destaques são para a laranja, com 43% da área cultivada, e a banana, com 16%. Na sequên- cia aparecem melancia, abacaxi, mamão e coco da Bahia. O presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), Moacyr Saraiva Fernandes, destaca que não houve plantios expressivos no que se refere aos cultivos anuais.“O que tem ocorrido são reconversões”, explica. Ele cita o caso da manga, um dos principais itens produzidos no Vale do Rio São Francisco, no Nordeste. “Antes o plantio era concentrado na variedade Tommy Atkins, que chegou a seu esgotamento. Os produ- LÁ FORA O fechamento das vendas externas de frutas em 2011 revelou queda de 10,29% no volume e aumento de 3,94% no faturamento. Os números, divulgados pelo Ibraf, são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No total foram embarcadas 681,2 mil toneladas, que renderam US$ 633,6 milhões. O presidente do Ibraf, Moacyr Saraiva Fernandes, explica que a retração nas vendas ao exterior foi puxada pela menor comercialização de maçãs e de bananas, espécies bastante representativas. Os dois itens tiveram diminuição no embarque de 46,43% e 21,14%, respectivamente. Na receita a retração foi de 34,87% em maçãs e 13,55% em bananas. Outros fatores colaboraram para diminuir as transações internacionais. Um deles foi a valorização do real, que na conversão ao dólar fez com que os PARA VIAGEM • TO THE WORLD Exportações brasileiras das principais frutas frescas Frutas Valor (US$) 2011 Volume (t) 2010 2011 2010 Melão 128.353.767 121.969.814 169.575 177.828 Manga 140.910.324 119.929.762 126.430 124.694 Banana 39.247.836 45.398.163 110.053 139.553 Limão 65.806.140 50.693.603 66.457 63.060 Uva 135.782.857 136.648.806 59.391 60.805 Maçã 36.059.461 55.365.805 48.666 90.839 Laranja 16.364.077 16.276.736 33.310 37.821 Melancia 13.877.107 12.356.105 29.287 28.261 Mamão 38.887.743 35.121.752 28.822 27.057 Total geral 633.639.942 609.612.136 681.268 759.420 Fonte: Secex/Ibraf exportadores perdessem dinheiro. A crise nos países europeus, região que é o destino de 80% das frutas vendidas pelo Brasil, também foi responsável pelo resultado negativo. Para 2012, a perspectiva é de aumento no volume de embarques entre 5% e 10%. Com o intuito de ampliar a participação brasileira no mercado mundial, o Ibraf realiza ações junto à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Em 2010, o setor preparou um planejamento es- tratégico com metas até 2015. Fernandes explica que o objetivo é manter os clientes já consolidados e buscar novos espaços. Estão na mira países da região do Golfo Pérsico, do Leste Europeu e a China. Segundo o presidente do Ibraf, é necessário não somente ampliar o número de clientes, mas diversificar os itens exportados. Ele cita como potenciais fontes de interesse ao público estrangeiro as espécies amazônicas e as chamadas superfrutas, como açaí, guaraná e goiaba vermelha. Inor Ag. Assmann tores fizeram a substituição por outros tipos, como Haden, Palmer e Kent, mais aceitas nos mercados interno e externo”, evidencia. Algumas importantes culturas sofreram duras perdas pela ação devastadora do clima. O pior caso ocorreu com a maçã, principalmente na serra de Santa Catarina, em municípios como São Joaquim e Urupema. Tempestades de granizo em novembro de 2011 e janeiro de 2012 arruinaram pomares. O governo estadual estima quebra de mais de 40% na safra de maçã. No Rio Grande do Sul, em Vacaria, na região dos Campos de Cima da Serra, também ocorreram perdas em macieiras. O mamão, produzido principalmente na região Nordeste, também teve perdas por causa do excesso de chuva. No Sudeste, onde a enchente castigou várias regiões, foram registrados problemas com o cultivo da uva niágara. Fernandes destaca, no entanto, que algumas espécies tiveram boa produção. É o caso da manga, da banana e dos citros. 75 Revista AgroBrasil 2011 Domestic consumption on the rise 76 Fruit consumption has been rising at home, while exports went down in 2011, and actions are required to bring them back on track Soaring per capita income in Brazil, with upwards of 30 million people making their way into the consumer class, had positive reflections on the fruit market, which soared considerably in 2011. This was good news in a year afflicted by unfavorable weather conditions that took a heavy toll on many important fruit crops. P reliminary data point to a production of 42 million tons in 2011, much in line with the previous year, according to a survey conducted by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). São Paulo is the leading player in the national fruit park, with 42% of the total, followed by Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul and Pará. Among the commercial species, oranges and bananas are market leaders, the former accounts for 43% of the planted area, and the latter for 16%. The following fruit come next: watermelons, pineapples, papaya and coconut in Bahia. The president of the Brazilian Fruit Institute (Ibraf), Moacyr Saraiva Fernandes, comments that there have been no expressive plantings in terms of annual cultivations.“Reconversions have been the rule”, he explains. He makes a special reference to mangoes, a major species cultivated in Vale do Rio São Francisco, in the Northeast. “Up to some years ago, Tommy Atkins used to be one of the most planted varieties, but it is now on the decline. Most producers have replaced it with other types, like Kent, Palmer and Haden, now preferred both at home and abroad”, he clarifies. Some important crops suffered severe Sílvio Ávila damage from devastating climate conditions. Apples were hit the most, particularly in the sierra regions of Santa Catarina, in municipalities lilke São Joaquim and Urupema. Hailstorms in November 2011 and January 2012 made entire orchards collapse. The State Government refers to 40% losses in the apple crop. In Rio Grande do Sul, more precisely in the town of Vacaria, in the Campos de Cima da Serra region, apple orchards suffered heavy losses. Papaya plantations, mostly located in the Northeast, were damaged by excessive precipitation levels. In the Southeast, where floods caused havoc in several regions, Niagara grapes seem to have suffered the most. Nevertheless, Fernandes points out that some fruit varieties, like mangoes, bananas and citrus, were characterized by high yields. ABROAD In 2011, fruit sales abroad came to a close with a reduction of 10.29% in volume, while revenues soared 3.94%. The figures published by Ibraf were furnished by the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC). Total shipments amounted to 681.2 thousand tons, which brought in US$ 633.6 million. The president of Ibraf, Moacyr Saraiva Fernandes, explains that the smaller foreign shipments are the result of sluggish sales of apples and bananas, two very representative fruit species. The shipments of the two items decreased by 46.43% and 21.14%, respectively. In revenue this retraction reached 34.87% in apples and 13.55% in bananas. There were other factors that caused international transactions to slow down. One of them was the high value of the real, the Brazilian currency, which, against the dollar, made the Brazilian producers lose money.The crisis in the European countries, region that is the destination of 80%b of all Brazilian fruit shipments, was also responsible for the negative result. For 2012, the perspective is for foreign shipments to soar from 5% to 10%. With the aim to expand the Brazilian share in the global market, Ibraf is taking initiatives jointly with the Brazilian Agency for the Promotion of Investments and Exports (Apex-Brasil). In 2011, the sector came up with a strategic plan setting targets until 2015. Fernandes explains that the intention is to maintain the already consolidated clients and find the way into new markets. Brazil is keeping an eye towards the Persian Gulf region, Eastern Europe and China. According to the president of Ibraf, it is not enough simply to expand the number of clients, but there is need to diversify the items that are exported. He refers to the Amazon species and the socalled superfruit, like açaí, guarana and red guava as items that could possibly attract new foreign markets. 77 >>ponto de vista VIEWPOINT ANTONIO JORGE CAMARDELLI Presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) Sempre melhor Revista AgroBrasil 2011 Queda nas vendas registrada pelo setor pecuário motiva a busca por novas alternativas de mercado e ações que impulsionem o desenvolvimento 78 Frente aos números da exportação brasileira de carne, os sentimentos ficam divididos. Enquanto o volume enviado ao exterior apresentou queda de mais de 10% – foram 1,097 milhão de toneladas –, a receita de US$ 5,375 bilhões representou aumento de 11,65%, devido à alta dos preços. Mesmo com a retração nos embarques, consequência da compra reduzida de importantes clientes, como União Europeia e Rússia, a pecuária não tem motivos para desanimar. E m entrevista concedida, por telefone, à Revista AgroBrasil - Balanço Brasileiro do Agronegócio, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, afirma que, apesar das dificuldades e dos entraves em torno do mercado, da oferta e do câmbio – pilares da economia, de acordo com o executivo –, o ano de 2011 para a pecuária brasileira foi positivo. A meta de arrecadar receita de mais de US$ 6 bilhões ao longo de 2012 reafirma o otimismo da entidade e de toda a cadeia produtiva. No fim do ano, se o objetivo for atingido, será a primeira vez na história que o setor nacional registrará esse resultado. De acordo com Camardelli, ao longo de 2011 a entidade procurou efetivar um novo ambiente de negócios para o setor pecuário. Nos últimos anos, o câmbio desfavorável e as crises financeiras internacionais influenciaram na proximidade do Brasil com os principais mercados competidores. Por isso, a necessidade de estudar e criar estratégias para potencializar a par- ticipação nacional. No primeiro trimestre de 2012, por exemplo, a Abiec deve colocar em prática a primeira fase de um programa de logística criado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP). A iniciativa consiste em um sistema informatizado para desburocratizar o trâmite de embarques de carnes para o exterior. Segundo Camardelli, que acredita no sucesso do experimento, acelerar os processos e trazer eficiência ao processo de exportação são os principais objetivos do projeto. EM FRENTE Assim que assumiu a presidência da Abiec, uma das missões de Antonio Jorge Camardelli era promover a reestruturação da cadeia produtiva da carne. Após o primeiro ano de trabalho, o presidente analisa que há um bom encaminhamento referente à questão. Para exemplificar, cita que há trabalhos de recuperação do mercado nos Estados Unidos, onde as vendas caíram em 2011. A baixa, no entanto, ainda é reflexo do episódio ocorrido em maio de 2010, quando entidade. Ao mesmo tempo há a previsão de crescimento nas exportações de carne bovina, com projeção de 10% nos volumes e de 20% na receita. O incremento justifica-se pela expectativa de vendas para os principais mercados do Brasil, como a Rússia, que deve habilitar mais frigoríficos. Entre a estratégia de trabalho, o setor brasileiro deve atuar com força e perseguir os mercados abertos ao produto, como Angola, Marrocos e Cuba, e superar bloqueios impostos na Coreia do Sul, no Japão e na Indonésia, por exemplo. É importante, contudo, que todos saibam va- lorizar e trabalhar os diferenciais nacionais, como a carne do boi alimentado a pasto. Mais do que recuperar espaços competitivos e aprimorar processos de logística, Camardelli acredita que todos os envolvidos devem ter suas responsabilidades esclarecidas e delimitadas. Minimizar a intervenção do governo e possibilitar garantias de consumo e remuneração ao produtor são pontos-chave para o desenvolvimento. No campo, a pecuária quer mais que cabeças de gado sadias e de qualidade. Ela quer tranquilidade, tanto para quem produz, quanto para quem exporta. >>PERFIL Divulgação Sílvio Ávila os norte-americanos detectaram resíduos de vermífugo, acima do permitido, na carne brasileira. Além da recuperação da imagem em solo estadunidense, Camardelli acredita que o diálogo de todo o setor, principalmente com a cadeia de varejo, é essencial para promover ainda mais a pecuária nacional. Aproximar todos os segmentos envolvidos, contemplar visões a todo o grupo é sinônimo de bons frutos e de ações mais eficientes e melhor estruturadas. Para 2012, o dirigente destaca que a ampliação de mercados, incluindo países da Europa, é uma das perspectivas da Gaúcho, natural de Soledade, nascido em 11 de abril de 1953, Antonio Jorge Camardelli é formado em Medicina Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Antes de ser eleito, no fim de 2010, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), atuou no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi diretor-executivo da Abiec na gestão do ex-ministro Pratini de Moraes, entre 2003 e 2008, além de trabalhar como diretor de estratégia empresarial do Grupo JBS. Na Abiec, seu mandato atual segue até setembro de 2013, quando poderá ser renovado. 79 Robispierre Giuliani ANTONIO JORGE CAMARDELLI President of the Brazilian Association of Meat Exporting Industries (Abiec) Revista AgroBrasil 2011 Better and better 80 Sluggish sales prompt the sector to go in search of new market alternatives and actions that lead to development Brazil’s meat export numbers seem to give rise to divergent opinions. While the volume of shipments sent abroad dropped over 10% - totaling 1.097 million tons -, the revenue of US$ 5.375 billion represented an increase of 11.65%, due to soaring prices. In spite of the retraction in shipments, resulting from reduced purchases by important clients, like the European Union and Russia, the players of our cattle breeding operations have no reasons for discourage. A t an interview given to Revista AgroBrasil – Brazilian Agribusiness Balance, over the telephone, the president of the Brazilian Association of Meat Exporting Industries (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, maintains that, despite all difficulties and bottlenecks faced by the market, supply and the exchange rate – pillars of the economy, in the official’s view – 2011 was a positive year for Brazilian cattle farming business. The target to rake in revenue in excess of US$ 6 billion over 2012 the target is achieved, it will be the first time in history for the sector to celebrate such a result. According to Camardelli, in 2011 the entity was engaged in coming up with a new business environment for the livestock sector. Over the past years, the unfavorable exchange rate and the international financial crises had a negative influence on Brazil’s attempts to get closer to all major competitor markets. Thus, the need to go in search of, and create strategies capable of expanding our national share. In the first quarter of 2012, for example, Abiec is supposed to enact the first phase of a logistic program created jointly with the University of São Paulo (USP). The initiative consists of a computerized system intended to remove the bureaucratic entanglements involved in any meat shipment abroad. According to Camardelli, who believes in the success of the experiment, speeding up the processes and making them more efficient are major objectives of the project. AHEAD As soon as he took office as president of Abiec, one of Antonio Jorge Camardelli’s missions was the promotion and restructuring of the meat production chain. After the first year, he analyzes that the question is now on the right track. As an example, he refers to the recovery endeavors of the North-American market, where sales declined in 2011. The fall in sales, however, is still a reflection of an incident that occurred in May 2010, when the United States detected higher-than-allowed proportions of a certain vermifuge in the meat from Brazil. Besides the recovery of the image in >>PROFILE North-American territory, Camardelli has it that a dialog with the entire sector, especially with the retail chain, is essential to promote even further our national cattle business. To get together all segments involved and let the entire group informed is synonymous with good fruits and more efficient endeavors toward firmly structuring the segment. For 2012, the official mentions that market expansion, including countries in Europe, is one of the entity’s perspectives. In the meantime, there is expectation for soaring bovine meat exports, some 10% in volume and 20% in revenue. This increase is justified by the sales expectations to Brazil’s major markets, like Russia, which is supposed to qualify more meat packing plants. Among the promotional strategies, the Brazilian sector should work in earnest and seek markets open to the product, like Angola, Morocco and Cuba, and surmount barriers imposed by South Korea, Japan and Indonesia. It is also very important for all involved to value and focus on the specific qualities of our meat, like beef from pasture fed cattle. More than just recover competitive markets and improve our logistic processes, Camardelli maintains that all people involved should have their responsibilities clarified and delimited. To minimize government interventions and provide consumption guarantees and grower remuneration are key points that trigger development. On the grasslands, the sector wants more than just healthy and qood quality head of cattle. The sector wants to make it easier for those who produce and for those who export. Divulgação reaffirms the spirit of endeavor of the entire production chain. At the end of the year, if Gaucho, born in Soledade, on 11th April 1953, Antonio Jorge Camardelli graduated in Veterinary Medicine at the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul (PUC-RS). Before his election, in late 2010, as president of the Brazilian Association of Meat Exporting Industries (Abiec), he served as Minister of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), as chief executive of Abiec during former minister Pratini de Moraes’s term in office, from 2003 to 2008, and he also served as entrepreneurial strategy director at Grupo JBS. At Abiec, his current tenure ends in September 2013, when a reelection is possible. 81 Sílvio Ávila >>gado de corte beef cattle Revista AgroBrasil 2011 Queda recompensada 82 Menores em volume, exportações brasileiras de carne foram mais rentáveis em 2011 que no período anterior Em 2011, o Brasil exportou menos carne bovina, mas ainda assim obteve melhores preços no mercado internacional, segundo relatório da Scot Consultoria. Considerando miúdos e tripas, o volume embarcado alcançou a 1,74 milhão de toneladas em equivalente carcaça (tec), ou 10,75% menos que em 2010. O faturamento, no entanto, somou US$ 5,5 bilhões, desempenho 11,73% superior ao obtido no ano anterior. Esse comportamento resulta do aumento do preço médio da carne bovina brasileira no mercado externo para US$ 3.164,64/tec, valor 24,78% maior que a média de 2010. O s embarques voltaram ao patamar de 2008 e indicam para recuperação em 2012, segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli. A valorização do dólar em relação ao real, em certa medida, auxilia as exportações. Conforme relatório da Scot Consultoria, a média do dólar para venda em 2011, que ficou em R$ 1,87, foi 6,25% superior a 2010. “A valorização do dólar pode, por um lado, tornar as exportações mais rentáveis, mas por outro pode encarecer a produção da carne bovina, principalmente em função dos insumos influenciados pela moeda”, explica Alcides de Moura Torres Junior, diretor-presidente da Scot Consultoria. O Brasil importou 45,3 mil toneladas em equivalente carcaça de carne bovina, alta de 10,17% sobre 2010. O produto adquirido no exterior ficou 29,3% mais caro, com preço médio de US$ 5.477,54/tec. O País desembolsou US$ 248,4 milhões, ou 42,4% a mais que no ano anterior. Um conjunto de fatores influenciou o mercado do boi gordo ao longo do ano, como a demanda por carne, a renda da população, a concorrência com carnes alternativas e o clima, que afe- ta o desenvolvimento das pastagens e das culturas agrícolas. “Devido à retenção de matrizes, que ocorreu entre 2007 e 2010, há tendência para 2012 de maior oferta de animais, o que tende a impactar nos preços e nos investimentos da atividade”, comenta Torres Junior. O consumo mundial de carne deverá crescer 1,5% ao ano nos próximos 10 anos, segundo projeções da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). No Brasil, o quadro não é diferente. Para 2012, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta incremento de 2% na demanda. Apesar da crise europeia, que reflete na economia mundial, previsões do USDA para a pecuária de corte no Brasil, em 2012, são positivas e apontam para aumento no rebanho e acréscimo de 2% na produção de carne. “Nesse cenário, a rentabilidade das exportações poderá ser maior, caso o boi não suba mais do que o preço médio da tonelada da carne no mercado externo e o câmbio seja favorável. Estima-se que o Brasil exporte 4% a mais em volume”, afirma Pamela Alves, analista da Scot Consultoria. Para 2012, a Abiec projeta crescimento de 10% nas vendas externas de carne bovina em volumes e 20% em receita com a perspectiva de recuperação das transações para os principais mercados do Brasil. Um deles é a Rússia, que deve habilitar mais frigoríficos. EM CASA O preço médio da arroba do boi gordo no País foi relativamente positivo em 2011. Entre janeiro e outubro, os valores nominais su- peraram o mesmo período em 2010. A cotação média em novembro, em São Paulo, foi de R$ 103,70, a maior do ano. O diretor-presidente da Scot Consultoria, Alcides de Moura Torres Junior, destaca que a diminuição da oferta de gado proveniente de confinamentos e a baixa disponibilidade de animais de pasto em volume suficiente para atender à demanda geraram a valorização. Ainda segundo ele, as escalas de abates nos frigoríficos paulistas foram, em média, de três dias, um a menos que em 2010, o que, em parte, reflete a oferta mais restrita de animais terminados.“Em 2011, os custos da pecuária de corte, de baixa e alta tecnologias e do confinamento, ficaram maiores em 16,6%, 20,3% e 35,3%, respectivamente, sobre 2010”, destaca Torres Junior. Estudo da mesma empresa demonstra que os custos de produção do confinamento subiram devido, principalmente, à alta superior a 30% no preço de alimentos concentrados, suplementos minerais e fertilizantes. “Criar gado exigiu maior desembolso do pecuarista, com destaque para o confinador, que também teve a rentabilidade reduzida”, aponta o analista. O índice Equivalente Carcaça calculado pela Scot Consultoria indica a receita obtida pelo frigorífico com a venda de carne com osso, couro, sebo, miúdos, derivados e subprodutos bovinos. A margem média da indústria frigorífica, em 2011, foi de 14,57%, praticamente igual à média de 2010, de 14,61%. Portanto, compradores de boi e vendedores de carne mantiveram os resultados. MAIS CARO • MORE EXPENSIVE Custos de produção da pecuária de corte (R$) Ano Confinamento (120 dias) Baixa tecnologia Alta tecnologia 2010 652,55 579,84 785,51 2011 721,14 697,38 1.062,90 Variação (%) 16,6% 20,3% 35,3% Fonte: Scot Consultoria 83 Robispierre Giuliani Reaping the result of a decline Revista AgroBrasil 2011 Smaller in volume, Brazilian beef exports brought in more revenue in 2011 than in the previous period 84 In 2011, Brazil exported less bovine meat, but managed to get better prices in the international marketplace, according to a report by Scot Consultoria. Considering giblets and intestines, the volume shipped abroad reached 1.74 million tons carcass weight equivalent, or down 10.75% from 2010. Revenue, however, amounted to US$ 5.5 billion, up 11.73% from the year before. This behavior stems from the higher average price fetched by Brazilian bovine meat in the foreign market, reaching US$ 3,164.64/tec (foreign market tariff), up 24.78% from the average price in 2010. T he shipments receded to the 2008 levels and signal recovery throughout 2012, according to the president of the Brazilian Association of Meat Exporting Industries (Abiec), Antônio Jorge Camardelli. The value of the dollar against the real, in a way, favors exports. According to a report by Scot Consultoria, in 2011, a dollar represented R$ 1.87, on average, meaning it was up 6.25% from 2010. “The rising value of the dollar could, for one thing, make Brazilian exports more profitable, but, on the other hand, could also raise the production costs of the bovine meat, particularly in light of the inputs that suffer an influence from the currency”, explains Alcides de Moura Torres Junior, presi- dent of Scot Consultoria. Brazil imported 45.3 thousand tons equivalent weight carcass of bovine meat, up 10.17% from 2010. The product brought in from abroad was 29.3% more expensive, and was acquired at an average price of US$ 5,477.54/tec. The Country shelled out US$ 248.4 million, or 42.4% more than the previous year. A number of factors exerted an influence on fat animals over the year, like demand for meat, income of the population, competition with alternative meats and the climate, which affects the development pasturelands and other crops. “Due to the retention of the breeding herd, which occurred from 2007 to 2010, the trend for 2012 is for more animals for slaughter, which could have an impact on the prices and investments of this activity”, comments Torres Junior. Global meat consumption is to soar 1.5% a year over the next 10 years, from projections of the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). In Brazil, the picture is not different. For 2012, the United States Department of Agriculture (USDA) projects a 2-percent rise in demand. In spite of the European crisis, which has reflections on the global economy, USDA’s forecasts regarding Brazilian beef cattle for 2012 are optimistic and point to a bigger herd and an increase by 2% in meat production. “Within this scenario, profits from exports could soar, should the price of meat not exceed the average price per ton in the international market, if the exchange rate keeps favorable. Brazilian meat exports are estimated to go up by 4% in volume”, says Pamela Alves, analyst with Scot Consultoria. For 2012, Abiec projects a 10-percent rise in the volume of foreign bovine meat sales and 20% in revenue, with the perspectives of recovering the main transactions with the main Brazilian markets. One of them is Russia, which is supposed to qualify more meat packing industries. AT HOME The average price of an arroba of bovine meat in Brazil was relatively satisfactory in 2011. From January to October, the nominal values outstripped the numbers of the same period in 2010. The average price in São Paulo, in November, was R$ 103.70, the highest over the year. The president of Scot Consultoria, Alcides de Moura Torres Junior, insists that the falling supplies of bovine meat in light of confinement operations and scarce availability of cattle on the pasturelands made it difficult to meet demand and pressed up prices. Still according to him, the slaughter scales in the meat packing plants in São Paulo comprised, on average, three days, one less than in 2010, which, partly reflects the more restrict offer of finished animals. “In 2011, the production costs of beef cattle, either low or high technologies, including confinement, soared by 16.6%, 20.3% and 35.3%, respectively, compared to 2010”, says Torres Junior. A study by the same company demonstrates that the production costs of confinement operations rose due to the 30-percent rise in the price of food concentrates, mineral supplements and fertilizers. “Cattle rearing made things more expensive for the farmers, especially those involved with confinements, whose profits also went down”, says the analyst. The Carcass Weight Equivalent index calculated by Scot Consultoria specifies the profits derived by the meat packing plant from the sales of meat on the bone, leather, tallow, giblets and bovine byproducts. The average margin of the meat packing industry, in 2011, was 14.57%, practically equal to the 2010 average of 14.61%. Therefore, cattle buyers and meat sellers maintained their results. Inor Ag. Assmann >>GADO DE LEITE Dairy cattle Revista AgroBrasil 2011 Ao sabor da demanda 86 Mercado doméstico aquecido estimula o crescimento da produção, que tem espaço para avançar também no cenário internacional Com a melhora da renda da população brasileira, o mercado interno de leite cresceu nesta década e, junto com preços mais atrativos ao produtor, fez elevar a produção. No ano de 2010, foram tirados 30,7 bilhões de litros de 22,9 milhões de vacas no País, conforme apurou o Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG). O aumento foi de 5,5% em relação ao ano anterior, enquanto o rebanho cresceu 2,2% e a produtividade, 3,3%, ficando em 1.340 litro/vaca/ano. O volume obtido em 2011 ainda não estava calculado até o início de 2012, mas previase elevação próxima a 3%, o que resultaria em total de 31,6 bilhões de litros. Para explicar a redução no ritmo do crescimento, mencionava-se o incremento de custos verificado no ano. Ao mesmo tempo em que os preços continuavam interessantes – a variação anual até novembro atingia 19,60%, com remuneração média de R$ 0,854/l neste mês –, os gastos tiveram alta acumulada de 21,11% no período. Acrescia-se às justificativas pequena redução nas cotações internacionais e elevação das importações brasileiras, estimuladas pela defasagem cambial. Enquanto em meados da década o País conseguia alcançar resultados positivos na balança comercial de lácteos, de 2009 para cá a situação se alterou e em 2011 o saldo negativo em receitas ficou em US$ 488 milhões. O valor importado cresceu ESPAÇO MUNDIAL No âmbito internacional, no qual a produção avança anualmente, analistas verificam para o futuro alta demanda por produtos lácteos líquidos, particularmente nos mercados emergentes. Para tanto, vislumbra-se oportunidade de o Brasil crescer nesse comércio a partir de uma situação cambial favorável e do crescimento qualita- DOSE REFORÇADA • REINFORCED DOSAGE Produção de leite no Brasil (mil l) Ano Volume 2009 29.105.496 2010 30.715.459 2011* 31.600.000 Fonte: CILeite/Embrapa Gado de Leite – *Estimativa tivo da produção. Nesse sentido, busca evoluir no controle sanitário, tendo desde 2002 normas específicas, como a Instrução Normativa 51 (IN 51) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), voltadas a esse objetivo. Ao fim de 2011, após negociações entre governo e setor produtivo, o Mapa publicou mais uma instrução normativa, a 62, que altera a de 2002, adaptando prazos e limites para contagem de bactérias e de células somáticas, além de definir outros aspectos no plano da qualidade. Para atingir as metas, destinou-se papel importante à indústria, estimulando, por exemplo, remuneração melhor a quem entrega o leite cru nas melhores condições. A expectativa do governo é que o País possa alcançar uma posição mais forte no mercado mundial de leite, no qual ainda não é significativa. A projeção é de que a exportação possa crescer em torno de 4,3% ao ano na próxima década, atingindo mais de 300 milhões de litros. No plano da produção, igualmente se prevê a continuidade do crescimento. Nos últimos dez anos, o índice de avanço médio anual ficou em torno de 4,4% e o Brasil chegou a ocupar a quinta posição mundial em 2010, ultrapassando a Alemanha. Há previsões de incremento entre 1,9% a 2,5% ao ano, ultrapassando a 40 bilhões de litros na passagem de 2020. A evolução repercute no campo econômico e social do País, onde a cadeia produtiva do setor ocupa, conforme dados de 2010, 4 milhões de trabalhadores, a maioria em 1,2 milhão de propriedades produtoras e de pequeno porte. O faturamento no mercado lácteo brasileiro atingiu no ano o expressivo valor de R$ 44,5 bilhões. Inor Ag. Assmann 84,4% em relação a 2010, chegando a US$ 609 milhões, com destaque para leite em pó e queijos. A exportação diminuiu 22,1%, somando US$ 121 milhões, sobressaindo-se o condensado. Em relação à entrada de produto estrangeiro, a maior parcela provém dos países vizinhos Argentina e Uruguai. Com relação ao primeiro, o Brasil conseguiu renovar em novembro passado um acordo de cotas de importação, que passaram para 3.600 toneladas por mês de leite em pó desnatado. O entendimento evita surtos da operação prejudiciais aos produtores brasileiros. O setor busca também controlar as compras do Uruguai, que cresceram mais em 2011. 87 Revista AgroBrasil 2011 At the mercy of demand 88 With the domestic market back on track, production growth is encouraged and is now in a position to make it to the international scenario With the higher purchasing power of the Brazilian population, the domestic milk market made strides over the decade and, along with more attractive prices at producer level, production went up, too. In the year 2010, 22.9 million cows produced 30.7 billion liters of milk, according to the Milk Intelligence Center (CILeite) of Embrapa Dairy Cattle, based in Juiz de Fora (MG). It was an increase of 5.5% compared to the previous year, while the herd increased by 2.2% and productivity, by 3.3%, remaining at 1,340 liters/cow/year. T he volume achieved in 2011 had not yet been calculated by early 2012, but it was expected to soar close to 3%, which would result in a total of 31.6 billion liters. To explain the reduction in the growth rhythm, the rising production cost over the year was viewed as the culprit. While prices continued alluring – annual variation until November came to 19.60%, with an average remuneration of R$ 0.854/l at that month –, production costs reached 21.11% over the period. Justifications included a slight reduction in international prices and higher Brazilian milk imports, encouraged by the exchange rate gap. Whilst midway through the decade the Country managed to achieve positive results in the trade balance of dairy products, from 2009 to date the situation changed and in 2011 the negative balance in revenue reached US$ 488 Inor Ag. Assmann million. Imported values were up 84.4% from 2010, amounting to US$ 609 million, where milk powder and cheese were major items. Exports, especially of condensed milk, were down 22.1%, reaching US$ 121 million. With regard to foreign dairy products entering Brazil, the biggest volumes come from the neighboring countries Argentina and Uruguay.With the former, in November last year, Brazil managed to renew a quota import agreement, now reaching 3,600 tons per month of skimmed milk powder. This mutual understanding prevents occasional operations harmful to the Brazilian producers. The sector is also seeking to keep purchases from Uruguay under control, in light of their bigger than expected growth in 2011. GLOBAL RANGE In the international scenario, which celebrates annual production increases, analysts hint at high demand for liquid dairy products in the fu- ture, especially in the emerging markets. In light of this, Brazil has opportunities in store for making strides on that score, provided the exchange rate turns more favorable, whilst qualitative growth of the production is also a possibility. Within this context, sanitary control continues to be a major concern, with specific standards in force since 2002, when Normative Instruction 51 was passed by the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), focused on that objective. At the close of 2011, after negotiations between the government and the production sector, the Mapa published Normative Instruction 62, which amends the 2002 Instruction, adapting timeframes and setting limits for counting bacteria, and somatic cells, besides defining other aspects in the quality area. With an eye towards achieving the targets, the industry was given an important role, encouraging, for example, better remuneration for those who deliver raw milk in ideal conditions. The government expects the Country to reach a stronger position in the global milk market, where Brazil is still at a fledgling stage. The projection is for exports to soar 4.3% a year in the next decade, totaling upwards of 300 million liters. In the production plan, the continuity of the growth trend is equally considered. Over the past ten years, average yearly advances remained at 4.4% and Brazil occupied the fifth position in 2010, outstripping Germany. The forecast is for production to rise from 1.9% to 2.5% a year, reaching upwards of 40 billion liters at the turn of the year 2020. The evolution reflects in the social and economic field of the Country, where the production chain, according to data released in 2010, employs 4 million, most of them in 1.2 million dairy farms of small size. Revenue of the Brazilian dairy sector reached the expressive value of R$ 44.5 billion over the year. 89 Inor Ag. Assmann >>HORTALIÇAS Vegetables Revista AgroBrasil 2011 Aposta no consumo 90 Com a produção nacional estável, avanço no desempenho das hortaliças depende da reação na demanda interna, principal destino da colheita A produção de hortaliças tem se estabilizado nos últimos anos no País, após ter avançado, com maiores produtividades, em níveis acima do aumento da população. O consumo, entretanto, apresentou pequena redução, o que motivou o lançamento, em 2011, de campanha para incentivar a maior inserção desses produtos na mesa dos brasileiros, mercado para o qual se destinam em quase sua totalidade. O s últimos dados oficiais sobre o setor alcançam até 2009 e foram divulgados no Anuário Brasileiro de Hortaliças 2011, publicação da Editora Gazeta Santa Cruz, por meio de estudo da Embrapa Hortaliças com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A produção brasileira então levantada ficava próxima a 18 mi- lhões de toneladas em 809 mil hectares. O resultado levou à geração de R$ 24,2 bilhões em receita no período e à ocupação de 7,3 milhões de trabalhadores na produção agrícola. Na comparação com 30 anos atrás, a oferta desses alimentos aumentou 99,4%, enquanto a população cresceu 61,5%. A área ficou nos mesmos níveis no período, mas a produtividade, beneficiada pelas novas tecnologias, elevouse significativamente – acima de 100% OCUPADO • BUSY Variação das áreas de produção (%) Culturas* 2010 2011 Tomate 4,6 -11,0 Batata 10,3 -7,7 Cebola 9,9 -8,8 Cenoura 3,5 1,6 Fonte: Hortifruti Brasil – Cepea/Esalq/Usp *Referente às principais regiões produtoras do custo. Tomate, cebola e cenoura mostraram na safra de inverno performance melhor que a obtida em 2010. Para o verão 2011/12, a previsão era de preços favoráveis aos produtores em função de cultivos mais reduzidos nas principais hortaliças. BARREIRAS Quanto à possibilidade de ampliação da área de produção, a equipe Hortifruti Brasil aponta dificuldades devido à escassez de mão de obra, ao maior rigor da legislação ambiental e à falta de sementes híbridas. Outros desafios em termos de produção, distribuição e comercialização são mencionados no setor e estão sendo tratados por entidades representativas e governo. A questão do consumo, particularmente, é colocada em ênfase, considerando também pesquisas de orçamentos familiares do IBGE feitas entre 2002 e 2008, que indicam diminuição de 6,6% na participação das hortaliças na alimentação dos brasileiros. A média adquirida desses produtos no País passou de 29,00 para 27,08 quilos/per capita/ ano no período. Diante dessa realidade, destacouse em 2011 o lançamento da campanha “Consuma hortaliças diariamente: sua saúde agradece”, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por intermédio da câmara setorial da cadeia produtiva. Nova organização criada, o Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort), dá apoio direto à iniciativa, juntamente com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e demais organismos ligados à câmara, como a Embrapa Hortaliças e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Inor Ag. Assmann –, ultrapassando 22 t/ha em média. Em anos mais recentes da década 20002010, o volume total produzido tem se mantido estável na ampla gama de produtos pesquisados. A mesma realidade apresenta-se em levantamentos mais recentes e que se referem às principais culturas nas regiões mais expressivas de produção, feitos regularmente pela equipe Hortifruti Brasil, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, vinculada à Universidade de São Paulo (Cepea/ Esalq/USP). Tomate, batata, cebola e cenoura, segundo essas pesquisas, tiveram, em média, variação positiva na área entre 2009 e 2010, na ordem de 8,7%, e negativa em 7,3% na temporada 2010/11. Para o próximo ciclo não estão previstas grandes alterações. Em 2011, de acordo com o referido estudo, apresentou-se de modo geral um cenário positivo em termos de rentabilidade para os produtos focados, com exceção da batata, que registrou oferta elevada e preços médios abaixo 91 Revista AgroBrasil 2011 With an eye toward consumption 92 Under stable national production conditions, any advances in the performance of the vegetables depend on the reaction of the domestic demand, main destination of the harvest The production of vegetables has stabilized over the past years in Brazil, after having made strides with higher productivity rates, outstripping the population growth. Nonetheless, consumption has dropped slightly, a fact that in 2011 triggered the launch of a campaign intended to encourage a bigger share of these products on the Brazilian dinner table. T he latest statistical figures of the sector date back to 2009 and were shown in the 2011 Brazilian Vegetable Yearbook, published by Editora Gazeta Santa Cruz, based on a study conducted by Embrapa Vegetables, jointly with the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). Back then, Brazil’s vegetable production volumes reached about 18 million tons cultivated on 809 thousand hectares. This resulted into rev- enue of R$ 24.2 billion over the period, while 7.3 million people were involved in the production operations. Compared to 30 years ago, vegetable supplies soared 99.4%, while the population went up 61.5%. The planted area remained stable over the period, but productivity, taking advantage of new technologies, soared considerably – over 100% -, exceeding 22 tons per hectare, on average. In more recent years, on the 2000-2010 decade, the total volume produced has remained stable in a variety of Inor Ag. Assmann products that were analyzed. The same reality is present in more recent surveys of the leading vegetable types in the more expressive production regions. Such surveys are conducted by the Hortifruti Brasil team, of the Center for Advanced Studies on Applied Economics of the Higher School of Agriculture “Luiz de Queiroz”, linked to the University of São Paulo (Cepea/Esalq/USP). Tomatoes, potatoes, onions and carrots, according to these surveys, showed positive area variations of 8.7%, on average, from 2009 to 2010, and negative area variations of 7.3% in the 2010/11 season. No big alterations have been anticipated for the coming seasons. In 2011, according to the above-mentioned study, the scenario was rather positive in terms of profitability for the products in question, with the exception of potatoes, characterized by excessive supply and prices below production cost. Tomatoes, onions and carrots had a better performance in the winter crop, compared to 2010.For the 2011/12 summer crop, the forecast was for favorable prices at grower level by virtue of planted area reductions of all main vegetables. BARRIERS With regard to planted area expansions, the Hortifruti Brasil team hints at difficulties stemming from workforce shortages, stricter environmental legislation and the lack of hybrid seed. Other challenges in terms of production, distribution and sales affecting the sector are being analyzed by representative entities and by the government. The question of consumption, in particular, is given emphasis, also taking into consid- eration family budget surveys carried out by the IBGE from 2002 to 2008, which point to a 6.6-percent reduction in the share of vegetables on the Brazilian dinner tables. Average consumption of vegetables dropped from 29 to 27.08 kg/person/year over the period. In light of this reality, in 2011 the following campaign was launched: “Eat vegetables every day: your health will be grateful to you”, by the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) through the sectorial chamber of the production sector. As a new organization recently created, the Brazilian Vegetable Institute (Ibrahort) lends direct support to the initiative, jointly with the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) and other organisms linked to the chamber, like Embrapa Vegetables and the National Supply Company (Conab). 93 Inor Ag. Assmann >>LOGÍSTICA logistics Revista AgroBrasil 2011 Afinal, aonde queremos chegar? 94 Brasil dispõe de cenário muito favorável no agronegócio e de excelentes vias para escoamento. Falta apenas concretizar esse potencial O agronegócio brasileiro sabe que até a porteira da fazenda está entre os mais competentes do mundo. Dali em diante a situação é diferente, obrigando a um enorme jogo de cintura nos cálculos a fim de que a ineficiência logística não seja maior do que a eficiência produtiva. De qualquer modo, é de conhecimento que o Brasil evoluiu muito no tema nos últimos anos, embora haja longo caminho a ser percorrido. O fato de o País contar com cerca de 25% das terras ainda agricultáveis do planeta é encarado tanto como mérito quanto como um grande desafio. Isso porque esses locais em geral estão situados muito adiante de cidades ou povoados que hoje são os limites da fronteira agrícola brasileira, e que já sofrem com a falta de infraestrutura. Um dos consensos entre quem trata do tema é a necessidade urgen- do paralelo 15 como referência geográfica para os novos investimentos logísticos do País na área do agronegócio. A latitude que cruza o Brasil lateralmente em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia faz uma divisão importante: acima dessa linha imaginária estão 52% da produção brasileira de grãos, mas apenas 16% das exportações agrícolas. É esse cenário que tende a ser mudado. O vice-presidente da confederação, José Ramos Torres de Melo Filho, explica que entre 2003 e 2011 o custo médio de transporte da lavoura até o porto de embarque aumentou 204%. “Não somos nem capazes de usar os nossos privilégios naturais”, diz ele, referindo-se à utilização de apenas 10 mil dos 56 mil quilômetros de hidrovias brasileiras navegáveis. te de reestruturação da matriz modal brasileira, com ampliação das fatias dos modais hidroviário e ferroviário. A Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), por exemplo, tem como uma de suas bandeiras principais a utilização das hidrovias Madeira-Amazonas, Tapajós-Amazonas e Tocantins. Esta última, no caso, é a prioridade dentre as prioridades, devido às projeções de produção e demanda. “A exportação de soja, milho e seus derivados crescerá particularmente para os mercados da Ásia”, assinala Luiz Antônio Fayet, consultor em logística da CNA. “Se utilizarmos os canais de escoamento do chamado arco norte, ganharemos até quatro dias de agilidade no comércio com a China, pois a rota de navios de grande capacidade utilizando o Canal do Panamá a partir dos portos de Belém e de São Luís se tornará plenamente viável. É uma questão lógica.” A entidade defende a utilização A FAVOR DO VENTO O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Fernando Fialho, aposta numa reestruturação vigorosa do setor hidroviário brasileiro. A transformação inclui desde a formação de mão de obra qualificada para o setor até uma política capaz de gerar projetos eficientes. Ele cita como um dos problemas a falta de diálogo entre as áreas do governo. “Num País que tem o patrimônio fluvial de que dispomos, chega a ser um crime construir uma usina hidrelétrica sem eclusa. E vemos isso acontecendo constantemente. Temos muito a melhorar, assim como já despertamos para esse tesouro aquaviário a nosso dispor”, comenta. A intenção é criar no sistema aquaviário a eficiência que começa a despontar no setor ferroviário. A locomotiva dessa mudança foi justamente a política de concessões de trechos iniciada em 1997. Desde então e até o fim de 2010, a movimentação de cargas cresceu 86%, alcançando a cerca de 25% da matriz de transporte de cargas brasileira, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Fer- roviários (ANTF), entidade que reúne as nove principais empresas privadas que operam as concessões ferroviárias. O transporte de produtos siderúrgicos e de commodities agrícolas, como soja, milho e arroz, foi o grande responsável por essa expansão. Um dos consensos é de que não haverá mudança de cenário logístico se o Brasil não aumentar o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) investido em transportes. Na metade da década de 1970, por exemplo, o índice beirava os 2%; baixou para 0,1% em 2004 e hoje está em cerca de 0,7%. Mas não se trata apenas disso. De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), além de investir em infraestrutura, a resolução de gargalos, como custos, burocracia, flexibilização de regras ultrapassadas e viabilização de parcerias público-privadas, deve ser priorizada pelo governo. PERANTE O MUNDO • BEFORE THE WORLD Investimento do PIB em infraestrutura de transporte País Percentual do PIB investido Brasil 0,42 Índia 8 China 10,6 Rússia 7 Fonte: Confederação Nacional dos Transportes (anobase 2010) HORIZONTE • HORIZON Matriz de transporte de carga Brasil 2005 Modal (%) Rodovias 58 Ferroviário 25 Aquaviário 13 Duto-aéreo 4 2025 Modal (%) Rodovias 30 Ferrovias 35 Aquaviário 29 Duto-aéreo 6 Fonte: Ministério dos Transportes 95 Revista AgroBrasil 2011 After all, where are we going? 96 Brazil boasts a very favorable scenario for agribusiness and excellent transport routes. The only thing to do is to materialize this potential Brazilian agribusiness is well aware of the fact that inside the farm gate, it is one of the most competent in the world. From that point on the situation changes, requiring much resilience in calculations so as to prevent our inefficient logistics from overwhelming our production efficiency. Anyway, it is no secret that Brazil has made big strides on that score over the past years, though there is still a long way to go. T he fact that the Country is still home to 25% of all arable lands around the planet is viewed as both very advantageous and, at the same, as a great challenge. This happens because these lands are usually located near cities or villages that are now the limits of the Brazilian agricultural frontiers, and are already having to put with deficient infrastructures. It has become a clear consensus among those who deal with the subject that there is urgent need for a total restructuring of the Brazilian modal matrix, with the expansion of the waterways and railroad modal. The Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA), for example, has set as a major target the use of the following waterways: Madeira-Amazonas, Tapajós-Amazonas and Tocantins. The latter, in this case, is the priority of all priorities, due to production and demand projections. “Soybean and corn exports, along with their byproducts, will increasingly be focused on the markets in Asia”, argues Luiz Antônio Fayet, logistics consultant with the CNA. “If we utilize the product flow channels of the so-called northern arch, we will save up to four days in our trades with China, as the route of the huge transatlantic ocean liners that cross the Panamá Canal, leaving from the ports of Sílvio Ávila Belém and São Luís, will become totally viable. It is a logical question”. The entity advocates the use of parallel 15 as geographical reference for the new logistics-related investments in the Country, more precisely, in the agribusiness area. The latitude that crosses Brazil laterally in Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais and Bahia performs an important division: above this imaginary line, 52% of the entire grain production volumes are located, but this represents only 16% of all agriculture exports. This scenario is likely to suffer changes. The vice-president of the confederation, José Ramos Torres de Melo Filho, explains that from 2003 to 2011 average transportation costs increased by 204%. “We are not even capable of using our natural privileges”, he admits, hinting at the use of only 10 thousand of the 56 thousand kilometers of navigable waterways in Brazil. TAILWIND The general director of the National Agency for Waterway Transportation (Antaq), Fernando Fialho, bets on a vigorous restructuring of the Brazilian waterways sector. The transformation includes from qualified labor for the sector to policies capable of generating efficient projects. As one of the problems, he refers to the lack of dialogue between the different areas of the government.“In a country that boasts the fluvial asset we have, it reaches the realm of a crime to construct a hydroelectric plant without a dam. And we are constantly witnessing such things. We still have a lot to improve, as we have already woken up to the water treasure at our disposal”,he comments. The intention is to create in the waterways system the efficiency that is now surfacing in the railroad sector. The locomotive of this change was exactly the initial stretch concession policy that started back in 1997. Since then, and until the end of 2010, cargo transportation increased by 86%,reaching about 25% of the Brazilian car- go transportation matrix, according to sources from the National Association of Railroad Transporters (ANTF), entity that encompasses the nine biggest private companies that operate railroad concessions. The transportation of metal products and agricultural commodities, like soybean, corn and rice, was responsible for this expansion. Consensus has it that there will be no changes in the logistics scenario if Brazil does not raise the percentage of the Gross Domestic Product (GDP) invested in transport systems. In the mid 1970s, for example, this rate was 2%; it had gone down to 0.1% in 2004 and now it is at 0.7%. But this is not all. According to the Brazilian Federation of Agriculture and Livestock (CNA), besides investing in infrastructure, the removal of bottlenecks, like costs, bureaucracy, flexibility of old-fashioned rules and the creation of publicprivate partnerships, should be given priority by the government. 97 >>ponto de vista VIEWPOINT CELSO LUÍS CASALE Presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) Além das expectativas Revista AgroBrasil 2011 Desempenho das vendas de máquinas e implementos agrícolas supera a previsão em mais de 20% e impulsiona investimentos do setor 98 Cada vez mais o Brasil é apontado como um dos principais produtores mundiais de alimentos. A disponibilidade de terras agricultáveis, o clima favorável e a excelência na condução dos cultivos fazem do País um importante fornecedor de suprimentos. Um dos termômetros do desempenho da produção primária nacional é a venda de máquinas e equipamentos agrícolas, que em 2011 superou as metas. D ados da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), por meio do Departamento de Competitividade, Economia e Estatística, mostram que o faturamento dos produtos voltados à agricultura cresceu 31,3% de janeiro a outubro de 2011, fechando em R$ 8,3 bilhões. Os números, que não incluem os segmentos de tratores e colheitadeiras, são comparativos a igual período de 2010, que somou R$ 6,3 bilhões. Nesse mesmo intervalo, os empregos na área aumentaram 14,4%. Para o empresário e agropecuarista paulista Celso Luís Casale, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da entidade e vicepresidente da Abimaq, depois de 2010 ter sido marcado como o ano da recuperação para a atividade, 2011 superou as expectativas iniciais, que eram de crescimento em torno de 20% no faturamento. Na sua avaliação, até dezembro as vendas superariam o ano passado em 27%, encerrando o ciclo com receita de R$ 9,5 bilhões. Também apresentaram boa resposta as exportações de máquinas e implementos agrícolas até outubro, cujo incremento foi de 25% sobre os dez primeiros meses de 2010. A receita passou de US$ 649,8 milhões para US$ 817,0 milhões de janeiro a outubro de 2011. Casale destaca que o setor busca constantemente por melhorias para atender à demanda gerada pelos bons preços das commodities, o que permite aos produtores rurais adquirirem mais máquinas e implementos para renovar a frota e ganhar em produtividade. “A tendência é de continuar crescendo a necessidade de alimentos no mundo. Sendo o Brasil um dos principais fornecedores, há um estímulo para que a indústria continue investindo em inovação e produção”,observa. PRESENÇA MARCANTE O bom desempenho do setor de máquinas e implementos agrícolas teve contribuição importante da agricultura familiar. O responsável foi o financiamento Celso Luís Casale, da Abimaq. No entanto, defende o vice-presidente da associação, é necessário que ocorra a desburocratização dos processos de avaliação e liberação dos empréstimos, para que o crédito atinja maior número de produtores com maior agilidade.“Esperamos a continuidade do programa Mais Alimentos, visto sua importância para a indústria de máquinas e implementos e para a agricultura familiar”, ressalta. >>PERFIL Divulgação Inor Ag. Assmann de equipamentos de baixa potência, concedido pelo governo federal, por meio do programa Mais Alimentos.“Esse nicho de mercado deve se consolidar, pois está tendo uma participação cada vez maior nas vendas do setor”, enfatiza O agropecuarista Celso Luís Casale é empresário do setor industrial e comercial de máquinas e implementos agrícolas. Nascido em São Carlos (SP), é formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (MG) e pós-graduado em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Em março de 2009, assumiu a Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq e, em agosto de 2010, a vice-presidência da entidade. O empresário participa ainda do Conselho de Administração da Exposição Agrishow, desde 2007, assim como do Conselho Gestor do projeto Cidade da Energia, em São Carlos. Casale também é membro do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). 99 Sílvio Ávila CELSO LUÍS CASALE President of the Agricultural Machinery and Equipment Sectorial Chamber of the Brazilian Association of Machinery and Equipment (Abimaq) Revista AgroBrasil 2011 Exceeding expectations 100 Sales performance of agricultural machinery and implements exceeds expectations by more than 20% and drives investments in the sector Brazil is increasingly viewed as a major global food producer. Agricultural land availability, favorable climate conditions and excellent crop performance have turned Brazil into a relevant food supplier. A thermometer that reflects the good performance of the primary sector in Brazil is the sales of agricultural machinery and equipment, which outstripped the target in 2011. D ata released by the Brazilian Association of Machinery and Equipment (Abimaq), through its Competitiveness, Economy and Statistics Department, show that revenue from agricultural related products went up 31.3% January through October 2011, reaching a total of R$ 8.3 billion. The numbers, that do not include the segment of tractors and har- vesters, are compared to the same period in 2010, when the total was R$ 6.3 billion. In the meantime, the job market went up 14.4%. Celso Luís Casale, farmer and cattle rearer in São Paulo, president of the Agricultural Machinery and Equipment Sectorial Chamber of the entity and vice-president of Abimaq, understands that while 2010 was marked as the year that witnessed the recovery of the activity, 2011 exceeded initial expectations of a 20-percent increase in revenue. In his evaluation, until December sales are expected to outstrip last year’s sales by 27%, bringing the cycle to a close with total revenue of R$ 9.5 billion. Until October, agricultural machinery and equipment exports also fared well, with a rise of 25% from the first eight months in 2010. Revenue soared from US$ 649.8 million to US$ 817 million from January to October 2011. Casale insists that the sector makes a point of constantly improving its products in order to meet demand generated by the good prices of the commodities, leading the farmers to acquire more machinery and implements to renew their fleet and take advantage of productivity gains. “The trend is for the need for food to continue rising in the world. With Brazil as a major supplier, the industry continues encouraged to continue investing in innovation and production”, he observes. >>PROFILE Divulgação MARKING PRESENCE Family farming is credited with the good performance of the machinery and agricultural implements sector. Credit lines granted by the federal government for the purchase of low power machines, through the More Food program, also had a say in this matter. “This market niche is on its way to consolidation, as it is constantly increasing its share in the sales of the sector”, stresses Abimaq official Celso Luís Casale. Nonetheless, the vice president of the association argues, this requires a removal of excessive bureaucracy in the assessment of loan liberation processes, if these loans are to reach the producers in short time periods. “We hope for the continuity of the More Food program, in light of its importance for the machinery industry and family farming implements”, he points out. Farmer and cattle rearer Celso Luís Casale is an entrepreneur of the commercial and industrial agricultural machinery and implements sector. He was born in São Carlos (SP), and he got his mechanical engineering degree from the Federal University of Uberlândia (MG) and post-graduated in Marketing at Foundation Getúlio Vargas. In March 2009, he took Office as president of Abimaq’s Agricultural Machinery and Equipment Sectorial Chamber, and in 2010, he became vice-president of the entity. The entrepreneur is also a member of the Agrishow Exhibition Administrative Council, since 2007, and also a member of the Managing Council of the Energy City project, in São Carlos. Casale is also a member of the Agribusiness Upper Council of the Federation of Industries in the State of São Paulo (Fiesp). 101 Inor Ag. Assmann >>máquinas machines Na esteira da crise Revista AgroBrasil 2011 Comercialização de máquinas agrícolas automotrizes apresenta retração nos mercados interno e externo devido às turbulências econômicas 102 O segmento de máquinas agrícolas automotrizes fechou 2011 com retração nas vendas, tanto para o mercado interno quanto para o externo, se comparadas ao ano anterior. O resultado consta do relatório da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgado em janeiro de 2012. A explicação para a queda no desempenho está na diminuição da comercialização para agricultores familiares e nas incertezas que rondam a economia mundial. C onforme as estatísticas apuradas pela entidade, foram negociadas no mercado doméstico 65.318 máquinas em 2011, o que significa redução de 4,7% sobre 2010. Para o exterior foram enviadas 18.373 unidades, 4,2% menos. O faturamento com as vendas externas, contudo, cresceu 37,7%, chegando a US$ 3,9 bilhões. Os números da Anfavea englobam tratores de roda, tratores de esteira, cultivadores motorizados, colheitadeiras e retroescavadeiras. Esses itens não são contabilizados no levantamento de máquinas e implementos agrícolas da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O relatório da Anfavea apresenta ainda o fechamento anual da produção de máquinas agrícolas automotrizes. Em 2011, foram fabricadas 7,9% menos que em 2010, com 81.809 unidades. A maior retração se deu no segmento de cultivadores motorizados (29,8%). A fabricação de tratores de roda caiu 11,6%, enquanto a de tratores de esteira aumentou 46,8%. Também as colheitadeiras apresentaram acréscimo de produção de 8%. Uma análise mais minuciosa dos números da Anfavea mostra a desaceleração das vendas para o segmento da agricultura familiar, que foi o grande responsável pela recuperação do setor de máquinas agrícolas em 2009, por meio de programas governamentais como o Mais Alimentos. A maior queda no mercado interno se deu, justamente, na comercialização dos tratores de roda, um dos produtos mais adquiridos pelos pequenos produtores, com 7,3% menos. As colheitadeiras, com maior saída para a chamada agricultura empresarial, tiveram incremento de 17,3% nas vendas domésticas. BOA PERSPECTIVA Cenário distinto do apresentado pela Anfavea é revelado pelo levantamento da Abimaq, cujos dados referentes a máquinas e implementos agrícolas, exceto tratores e colheitadeiras, mostram que o faturamento do setor cresceu mais de 30% entre janeiro e outubro de 2011, na comparação com os mesmos meses do ano anterior. Da mesma forma, houve acréscimo nos pedidos de carteira (compras DE PASSAGEM • MOVING ON Desempenho do setor de máquinas agrícolas automotrizes Descrição 2010 2011 Vendas internas (u) 68.525 65.318 Exportações (u) 19.176 18.373 2,31 3,19 88.874 81.809 Exportações (US$ bi) Produção (u) Fonte: Anfavea (Jan/2012) confirmadas e ainda não entregues) de quase 45% no período analisado. Para o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Celso Luís Casale, a tendência do setor é crescer em 2012 e para isso as empresas devem fazer investimentos. “Os bons preços das commodities permitem aos produtores rurais adquirirem mais máquinas e implementos para renovar a frota e ganhar produtividade”, observa. On the heels of the crisis Sales of automotive agricultural machinery have shrunk both at home and abroad due to economic turbulences The segment of automotive agricultural machinery came to a close in 2011 with a retraction in sales, both at home and abroad, compared to the previous year. The result appears in the report of the National Association of Automotive Vehicle Manufacturers (Anfavea), published in January 2012. The explanation for the shrinking performance lies in the smaller number of sales to family farmers and in the uncertainties that haunt the global economy. A ccording to statistical figures ascertained by the entity, in 2011, the domestic market absorbed 65,318 machines, down 4.7% from 2010. Shipments abroad amounted to 18,373 units, down 4.2%. Nonetheless, revenue from foreign sales soared 37.7%, reaching US$ 3.9 billion. The Anfavea figures include wheeled tractors, caterpillar tractors, automotive cultivators, harvesters and backhoes. These vehicles are not factored in the farm implements and machinery surveys conducted by the Brazilian Association of Machinery and Equipment (Abimaq). The Anfavea report also features the annual output in the production of automotive agricultural machinery. In 2011, a total of 81,809 units were manufactured, down 7.9% from 2010. The biggest fall happened in the segment of automotive cultivators (29.8%). The manufacturing of wheeled tractors fell 11.6%, while the manufacturing of caterpillars soared by 46.8%. The same happened to harvesters, with an increase of 8%. A more accurate analysis of Anfavea’s numbers shows that sales of the segment to family farmers, which were responsible for the recovery of the machinery sector in 2009, through the More Food Program, slowed down considerably. The biggest decrease in the domestic market, 7%, was experienced by the wheeled tractor department, one of the most popular items with family farmers. Harvesters, more popular with the so-called commercial farmers, celebrated a rise of 17.3-percent in domestic sales. GOOD PERSPECTIVE A scenario distinct from the one presented by Anfavea is revealed by a survey conducted by Abimaq, whose numbers related to machines and agricultural implements, except tractors and harvesters, show an increase of 30% in the revenues of the sector January through October 2011, compared to the same months the previous year. Likewise, purchasing orders (confirmed purchases but not yet delivered) soared almost 45% over the period under analysis. The president of the Sectorial Chamber of Abimaq’s Agricultural Machinery and Implements, Celso Luís Casale, understands that the trend of the sector should rise in 2012 and, to this end, the companies do investments. “The good prices derived by the commodities allow the rural producers to renew their fleets through the purchase of new machinery and implements, which will obviously reflect on higher productivity rates”, he observes. 103 Inor Ag. Assmann >>milho Corn Revista AgroBrasil 2011 Sob interferência do clima 104 Seca no Sul compromete expectativa da safra de milho, que pode não alcançar as 60 milhões de toneladas projetadas para 2011/12 A estiagem que afetava o Sul do Brasil no início de 2012 repercutirá nos resultados da primeira colheita de milho do ciclo 2011/12. Consultorias privadas e órgãos estaduais apontam variados índices de quebra na região. Apesar da expectativa de uma boa safrinha no Paraná e no Centro-Oeste, o resultado da primeira safra estabelecerá queda sobre as estimativas que previam rendimento próximo de 60 milhões de toneladas em 2012. O 4º Levantamento da Safra de Grãos 2011/12, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em janeiro, indica a produção total de 59,210 milhões de t, alta de 2,9% em relação à temporada passada, quando foram obtidas 57,514 milhões de t. A área semeada na primeira safra aumentou, estimulada pelos bons preços de mercado aos produtores em 2010 e 2011. Ampliação significativa ocorreu em Paraná, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. O desenvolvimento é satisfatório, pois o clima favorável na semeadura gerou o adiantamento na formação da lavoura se comparado à mesma etapa da safra anterior. A exceção é o Rio Grande do Sul, com COMPARATIVO • COMPARATIVE Balanço de oferta e demanda brasileira de milho (em mil t) Safra Estoque inicial Produção Importação Suprimento Consumo Exportação Estoque final 2009/10 10.322,7 56.018,1 459,4 66.800,2 46.927,4 10.792,6 9.080,2 2010/11 9.080,2 57.514,1 634,5 67.228,8 48.411,5 9.255,0 9.562,3 2011/12 9.562,3 59.210,3 500,0 69.272,6 50.000,0 8.500,0 10.772,6 Fonte: Conab (Jan/2012) esperadas, colherão de 22 a 23 milhões, a média dos últimos cinco anos”, afirma. Isso reduzirá a pressão de oferta do Mercosul. Segundo a Conab, as exportações em 2010/11 somaram 9,25 milhões de t e caíram 14,3% sobre as 10,79 milhões t de 2009/10. Para 2011/12, a expectativa é de embarcar 8,5 milhões t. MUNDO Em janeiro de 2012, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetou a produção mundial 2011/12 em 868 milhões de toneladas, 4,9% superior à temporada passada. A China ampliou em quase 40 milhões t a sua produção; os Estados Unidos colherão 314 milhões de t,abaixo das 316,2 milhões do ciclo 2010/11, e o Brasil, 61 milhões de t.Os estoques mundiais aumentarão 0,7% para 128,1 milhões de t. Rubens de Miranda, da Embrapa, explica que o incremento chinês não preocupa o mercado internacional, que gira em 90 milhões de t ao ano.“A China produz mais para formar estoques e fazer frente à crescente demanda interna”.Assim, impactará mais ao mercado a queda nas colheitas do Brasil, da Argentina e do Estados Unidos e o aumento na ex-União Soviética.“O estoque dos Estados Unidos caiu de uma relação de 18% para menos de 7%, com quebra de safras e demanda para etanol. O país opera com oferta de 50 milhões de t para a exportação, que pode cair frente a novas frustrações. Isso, somado ao fato de a Argentina manter a produção e passar a produzir etanol de milho, pode abrir espaços para o Brasil exportar mais. Nos últimos anos, o Brasil diversificou os destinos de seus excedentes e ampliou a participação em alguns países, absorvendo clientes dos Estados Unidos e da Argentina. “Além da expectativa de um mercado externo demandante, o País precisará atender ao mercado doméstico”, diz o socioeconomista da Embrapa. O governo nacional projeta que, na próxima década, o Brasil consumirá 10 milhões de t de milho a mais só em rações animais. A presença brasileira no mercado mundial também dependerá das políticas de comercialização e dos preços. Inor Ag. Assmann 80% da área semeada de agosto a outubro. Essa parcela sofre os efeitos da estiagem, mais agressiva nas regiões Noroeste, Centro e Norte do Estado. Os 20% restantes, semeados de dezembro a janeiro, tiveram danos ainda maiores. Há prejuízos igualmente no Paraná e em Santa Catarina. Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, a semeadura começou em janeiro, assim como a segunda safra no Paraná e no Centro-Oeste. O cultivo do primeiro período, segundo a Conab, chegaria a 8,634 milhões de hectares, 9,1% a mais que em 2011 (7,916 milhões de ha). A superfície cultivada na safrinha tende a aumentar, pois a soja foi plantada mais cedo. As duas colheitas brasileiras de milho em 2012 devem somar 14,5 milhões de ha, crescendo 5,2% em relação ao ano passado, quando atingiu a 13,84 milhões de ha. A produtividade média prevista pela Conab na primeira colheita é de 4.392 kg/ha, 3,2% a menos que no ciclo 2010/11, quando alcançou a 4.538 kg/ha. Para o segundo período, o rendimento estimado é 3.595 kg/ha. A média das duas safras é de 4.068 kg/ha, com decréscimo de 2,1%. O socioeconomista Rubens de Miranda, da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG), diz que a estiagem não deve permitir que se confirme a estimativa de colheita de 60 milhões de toneladas. O cultivo de verão no Sul é importante por se tratar do grande consumidor interno de milho para aves e suínos.“Uma quebra determina preços remuneradores aos produtores, mas aumenta o custo de produção das carnes”,avalia. Cita ainda que a safra da Argentina, grande fornecedora para os mercados brasileiro e mundial, também será afetada pela estiagem. “De 27 milhões de t 105 Inor Ag. Assmann Under the spell of the climate Revista AgroBrasil 2011 Drought conditions in the South worsen expectations of the corn crop, which might not reach the 60 million tons projected for 2011/12 106 The drought conditions that hit South Brazil in early 2012 will certainly affect the results of the summer crop in the 2011/12 corn cycle. Private consultants and state organs point to varied reduction rates throughout the region. Despite the expectation for a good winter crop in Paraná and in the Center-West, the result of the summer crop will fall short of the estimates which were pointing to a crop close to 60-million in 2012. T he fourth Crop Survey of the 2011/12 Grain Crops, published by the National Supply Company (Conab) in January, points to a total production of 59.210 million tons, up 2.9% from the previous season, when 57.514 million tons were harvested. The planted area of the summer crop went up, stimulated by the good prices paid to the growers in the 2010 and 2011 cycles. Significant area expansions occurred in Paraná, Goiás, Mato Grosso and Grande do Sul. The crop has been shaping up well, and at seeding time the climate was favorable, a fact that prompted the farmers to establish their fields earlier than the previous year. The exception is the State of Rio Grande do Sul, where 80% of the area was seeded from August to October, and is now suffering from the drought conditions, more aggressive in the regions of the Northwest, Center and North of the State. The remaining 20%, seeded December through January, suffered even more severe damages.Losses are equally occurring in Paraná and Santa Catarina. In the North and Northeast of Brazil, seeding started in January, Just like the second crop in Paraná and in the Center-West. The cultivation of the first period, according to Conab, was supposed to reach 8.634 million hectares, 9.1% more than in 2011 (7.916 million hectares). The area planted at the winter crop tends to rise, as soybean was planted earlier. The two Brazilian corn crops in 2012 are estimated at 14.5 million hectares, up 5.2% from last year’s 13.84 million hectares. Average productivity projected by Conab for the first crop is 4,392 kg/ha, down 3.2% from the 2010/11 crop year, when it reached 4,538 kg/ha. For the second period, the estimated yield is 3,595 kg/ha. The average for the two crops remains at 4,068 kg/ha, down 2.1%. Socio-economist Rubens de Miranda, of Embrapa Corn and Sorghum, based in Sete Lagoas (MG), has it that the drought conditions will certainly prevent the crop from reaching the estimated 60 million tons.The summer crop in the South is very important for the State because, as a producer of poultry and hogs, the State is also a relevant consumer of corn. “A crop frustration pushes up the prices at grower level, but has reflections on the production costs of meat producing operations”,he comments. He also recalls that production in Argentina, great supplier of Brazilian and global markets, is also enduring the effects of the drought conditions. “Of the previously estimated 27 mil- lion tons, this country will harvest about 22 to 23 million, the average of the past five years”, he says. This will reduce the pressure from the Mercosur suppliers. According to Conab, exports in 2010/11 amounted to 9.25 million tons and dropped 14.3% over the 10.79 million in 2009/10. For 2011/12, the expectation is for the shipment of 8.5 million tons. WORLD In January 2012, the United States Department of Agriculture (USDA) projected the2011/12 global production at 868 million tons, up 4.9% from the previous season. China has expanded its production volume by almost 40 million tons; the United States is to harvest 314 million tons, compared to 316.2 million in the 2010/11 crop year, and Brazil, 61 million tons. Global stocks are projected to soar 0.7% to 128.1 million tons. Rubens de Miranda, of Embrapa, explains that the bigger Chinese crop is no concern for the international market, which deals with some 90 million tons a year. “China is determined to accumulate stocks and meet domestic demand”. Thus, the market will suffer bigger impacts from the receding crops in Brazil, Argentina and the United States, and the rising crop in the Soviet Union. “The stock in the United States fell from an 18-percent relation to less than 7%, with crop frustrations and corn destined for ethanol. The country operates with a supply of 50 million tons for exports, which might further fall in light of new frustrations. This has to be added to the fact that Argentina is keeping its production and is now producing corn for ethanol purposes, a fact that could pave the way for pushing up Brazilian exports. Over the past years, Brazil has diversified the destination for its surpluses and expanded its share in some countries, absorbing former clients of the United States and Argentina. “Besides the expectation for a demanding foreign market, the Country needs to meet the needs of the domestic market”, says the Embrapa socio-economist. The federal government is projecting the need for an extra 10 million tons of corn for animal feed over the coming decade. The Brazilian presence in the global market will also depend on trade policies and prices. >>ponto de vista VIEWPOINT JOSÉ ALEXANDRE RIBEIRO Presidente da Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio) Saudável desde a raiz Revista AgroBrasil 2011 Produção orgânica avança em território nacional em setores que vão desde a agricultura até o agroecoturismo 108 Foi atendendo no consultório de odontologia que o paulista de Franca, no interior de São Paulo, José Alexandre Ribeiro percebeu que o tipo de alimento consumido faz toda a diferença na prevenção de doenças e na recuperação da saúde. Ele também é descendente de pequenos agricultores daquele município. “Há 50 anos, não se colocava produtos químicos na lavoura”,relembra. Vendo os benefícios que a alimentação saudável proporcionava aos seus pacientes, buscou conhecer alternativas em prol da saúde humana. Percebeu que era necessário aumentar a produção de orgânicos. A constatação levou-o a produzir café orgânico, surgindo o Café IAO 100% Bio-Orgânico em 2002, que já era cultivado por sua família na região da Alta Mogiana. Todo o processo produtivo é certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), pelo Conselho Alemão de Acreditação (DAR) e pelo USDA Organic, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Inicialmente, o produto foi muito bem aceito na Alemanha e em outros países europeus. Hoje, segundo Riberio, a produção de 1.000 sacos ao ano é direcionada integralmente ao mercado nacional. “Mas teria demanda para 10 mil sacos.” A ideia de fundar a Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio) surgiu quando Ribeiro e outros produtores e processadores brasileiros participavam da Feira Internacional de Orgânicos de Nuremberg, a Biofach, na Alemanha, em 2004. Além de representar o movimento orgânico, a entidade teria o papel de intervir junto ao setor público, como governo federal, e outras intituições para que as políticas públi- cas do segmento fossem implementadas. No dia 20 de fevereiro de 2012, a BrasilBio completa oito anos. Ribeiro assumiu a presidência da entidade em 2007 com o propósito de atuar em prol da agricultura ecológica e familiar. Desde sua fundação, a BrasilBio já participou de momentos importantes da história do setor no País. Entre eles, destaca a regulamentação da Lei dos Orgânicos, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2011, com o objetivo de melhorar a garantia da qualidade dos alimentos orgânicos comercializados no País, e a assinatura do decreto que simplificou o registro de insumos usados nesse tipo de agricultura em 2009. A atividade não permite o uso de agroquímicos, adubos químicos e sementes transgênicas, e os animais devem ser criados sem o uso de hormônios de crescimento e outras substâncias, como antibióticos. O solo deve ser mantido fértil e sem risco de contaminação. O agricultor que seguir as regras obterá o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformi- Sílvio Ávila do movimento orgânico na esfera federal, que impedem o desenvolvimento e o progresso da agricultura familiar, da agroecologia e da agricultura orgânica, que é a base para o desenvolvimento sustentável do Brasil”, opina. Por esse motivo e com o apoio dos demais parceiros do setor, concorreu a deputado federal pelo Partido Verde (PV) de São Paulo na eleição de 2010. ENTIDADE A BrasilBio conta com 24 associados dedicados à produção de hortaliças, frutas, cereais, cosméticos e insumos, entre outros. Desde 2005, a associação realiza a Bio Brazil Fair (Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia), em parceria com a Francal Feiras, em São Paulo (SP).“É considerado o maior evento do Brasil em termos de negócios reais e efetivos, com repercussão internacional e presença maciça de expositores locais e estrangeiros”,relata José >>PERFIL Alexandre Ribeiro, presidente da BrasilBio. A 8ª edição ocorre de 24 a 27 de maio de 2012. Outros projetos desenvolvidos pela entidade são a Casa de Lavoura Orgânica e a Recuperação de Áreas Alteradas com Agrofloresta Orgânica; e a elaboração da Universidade Orgânica e da Cooperativa de Crédito Orgânica. Mantém parceria com a Federação Italiana de Agricultura Biológica e Biodinâmica (FederBio) para promover a troca de conhecimentos entre os dois países. A BrasilBio integra a Câmara Setorial de Produção Orgânica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e interage com os ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e de Ciência e Tecnologia (MCT), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e outros importantes órgãos e empresas do setor. Divulgação dade Orgânica, que o consumidor poderá encontrar ao comprar esses alimentos, tendo a segurança de que foram fiscalizados e aprovados. Além disso, a nova regulamentação, com um cadastro nacional de produtores, trará dados oficiais que poderão facilitar a aplicação de políticas públicas específicas. De acordo com Ribeiro, o mercado cresce cada vez mais e o Brasil tem produção em todo o lugar. São 842 mil hectares de agricultura familiar orgânica, todos com certificações feitas por empresas nacionais e estrangeiras. “As vendas devem crescer no Brasil e no mundo entre 30% e 40% ao ano”, estima. A perspectiva é o País ser o celeiro do mundo. “Esperamos que não apenas em quantidade, mas em qualidade também”, diz. Para ele, é impossível falar em sustentabilidade sem incluir o modelo de produção orgânica. Atualmente, aponta que os segmentos que mais crescem nesse sistema são os de hortifrutigranjeiros, plantas medicinais, tecidos e cosméticos. Cita igualmente o de agroecoturismo, com opções nos estados de Espírito Santo, Santa Catarina e São Paulo. Na BrasilBio, Ribeiro envolveu-se com questões relacionadas aos aspectos legais da agricultura orgânica e familiar junto aos respectivos ministérios. Com isso, percebeu a necessidade de ampliar a participação nas políticas públicas por meio de uma maior representação parlamentar em defesa do setor.“Existem dificuldades Pela segunda vez, desde 2007, José Alexandre Ribeiro, 51 anos, preside a Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio), da qual participou da fundação em 2004. Casado e pai de quatro filhos, é descendente de agricultores da região de Franca (SP). Além de cirurgião dentista, é agricultor e diretor-presidente do Café IAO, primeira marca de café orgânico certificado da região. Graduou-se em Odontologia pelas Faculdades Integradas de Uberaba (Fiube) em 1985. É especialista em Implantodontia e Estética; em Homeopatia pelo Intituto François Lamasson; e em Terapias Florais. Formou-se em Medicina Oriental e é especialista em Agricultura Orgânica e Biodinâmica pelo Instituto Elo, de Botucatu (SP). Possui formação Antroposófica em medicina, psicologia (biografia humana) e consultoria empresarial antroposófica pelo Instituto Eco-social. Formou-se em Medicina Indiana (Ayurvédica) pelo Instituto Sudha Dharma. 109 Sílvio Ávila JOSÉ ALEXANDRE RIBEIRO President of the Brazilian Organic Association (BrasilBio) Revista AgroBrasil 2011 Healthy from the start 110 Organic production is finding its way into the national territory in sectors that range from agriculture to agroecotourism While working in his dental office in Franca, São Paulo, José Alexandre Ribeiro realized that the types of food people consume make quite a difference in disease prevention and health recovery. He also comes from small-scale farmers of that municipality. “Fifty years ago, no agrochemicals were used in agriculture”, he recalls. Coming to grips with the benefits healthy food produced in his patients, he went in search of alternatives on behalf of human health. He concluded that organic crops should be given more chances. T his ascertainment induced him to produce organic coffee, giving rise to the IAO 100% Bio-Organic in 2002, which used to be grown by his family in Alta Mogiana. The entire production process is certified by the Biodynamic Institute (IBD), by the German Accreditation Council (GAC) and by USDA Organic of the United States Department of Agriculture (USDA). Initially, the product was well accepted in Germany and other European countries. Nowadays, according to Riberio, the volume of one thousand sacks a year is destined for the national market.“But there is demand for 10 thousand sacks”. The idea to create the Brazilian Organic association (BrasilBio) surfaced when Ribeiro and other producers and processors were attending the International Organic Fair in Nuremberg, the Biofach, in Germany, in 2004. Besides representing the organic movement, the entity’s role was supposed to consist in contacting the public sector, like the federal government, and other institutions in an attempt to have the segment’s public policies implemented. On 20th February 2012, Brasil- ers assurance about the inspection and approval of the products. Furthermore, the new standards, including a record of the national producers, will bear official data that could facilitate the application of specific public policies. According to Ribeiro, the organic market is constantly rising and production is going on everywhere in Brazil. In all, 842 thousand hectares are devoted to small-scale organic farming operations, all of them certified by national and foreign companies. “Annual sales are estimated to increase from 30% to 40% in Brazil and all over the world. “We hope not just in quantity, but in quality, too”, he says. In his opinion, sustainability is out of the question if organic production models are not included. Nowadays, he says the segments that advance the most in this system are horticulture, medicinal plants, textiles and cosmetics. He equally cites agroecotourism, with options in the states of Espírito Santo, Santa Catarina and São Paulo. At BrasilBio, Ribeiro got involved with questions related to the legal aspects of organic farming and, to this end, he contacted all ministries in question. This convinced him of the need to intensify the role of public policies, through a parliament representation working on behalf of the sector. “The organic movement is facing difficulties at federal level, and these difficulties prevent the development and progress of family farming, agroecology and organic farming, which serve as basis for sustainable development in Brazil”, he argues. For this reason and relying >>PROFILE on the support from the other partners of the sector, he ran for federal deputy as a member of the Green Party in São Paulo at the 2010 election. ENTITY BrasilBio comprises 24 associate members devoted to the production of vegetables, fruit, cereal, cosmetics and inputs, among others. Since 2005, the association holds the Bio Brazil Fair (International Fair of Organic Products and Agroecology), jointly with Francal Fairs in São Paulo (SP). “It is viewed as the biggest event in Brazil in terms of real and effective businesses, with international repercussion and massive presence of local and foreign exhibitors”, says José Alexandre Ribeiro, president of BrasilBio. The eighth edition has been scheduled for 24 – 27 May 2012. Other projects run by the entity are Organic Field Home and Recovery of Degraded Areas through Organic Agroforestry; Organic University and Organic Credit Cooperative. The entity works jointly with the Italian Federation of Biological Agriculture and Biodynamics (FederBio) for knowledge exchange between the two countries. BrasilBio is a division of the Organic Production Sectorial Chamber of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), and interacts with the ministries of Agrarian Development (MDA), the Brazilian Export and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil), Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) and other important organs of the sector. Divulgação Bio turns eight. Ribeiro took over as president of the entity in 2007 with the purpose to fight on behalf of family and ecology-oriented agriculture. Since its foundation, BrasilBio has taken part of important moments in the history of the sector in Brazil. Among them, the regulation of the Organics Law, which entered into force on 1st January 2011, with the aim to improve the quality of all organic foods sold throughout the Country, and the signature of the project that simplified the register of inputs used in this type of agriculture in 2009. The activity bans any use of agrochemicals, chemical fertilizers and transgenic seed, and livestock must be reared without the use growth hormones and other substances, like antibiotics. The soil must be fertile and free from any risks of contamination. Farmers that comply with the standards will be granted the label, Brazilian Organic Compliance Evaluation System, giving consum- For the second time, since 2007, José Alexandre Ribeiro, 51, presides over the Brazilian Organic Association (BrasilBio), of which he is a founder member, back in 2004. Married and father of four children, his ancestors were farmers in the region of Franca (SP). He is a dentist, farmer and president of Café IAO, the first certified organic coffee brand of the region. He graduated in Dentistry from the Faculdades Integradas de Uberaba (Fiube) in 1985. He is a specialist in implantodonty and Esthetics; in Homeopathy from the Intituto François Lamasson; and in Floral Therapies. He graduated in Oriental Medicine and is a specialist in Organic Agriculture and Biodynamics from Instituto Elo, in Botucatu (SP). He is qualified in Anthroposophical Medicine, Psychology (human biography) and anthroposophical consultancy from Instituto Eco-social. He graduated in Indian Medicine (Ayurvédica) from the Instituto Sudha Dharma. 111 Sílvio Ávila >>orgânicos organics Avanço contínuo Revista AgroBrasil 2011 País tem 15 mil produtores de orgânicos e fechou 2011 com US$ 85 milhões negociados ou fomentados em feiras internacionais e missões 112 O Brasil contava, em dezembro de 2011, com 15 mil produtores orgânicos. O número consta no banco de dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), responsável pela regulamentação do cultivo e cadastro dos agricultores. Segundo o Mapa, a lista de produtos cadastrados inclui os primários, os itens processados e os industrializados à base de orgânicos. Conforme o coordenador de Agroecologia do Mapa, Rogério Dias, esse crescimento é positivo e tende a ser contínuo. “Quanto mais produtos primários forem regulamentados, haverá mais processados. Esse aumento gera estabilidade e agrega valor aos produtos”,destaca. O projeto Organics Brasil, que reúne 74 empresas exportadoras de produtos e serviços desse segmento, fechou 2011 com US$ 85 milhões negociados ou fomentados em feiras internacionais e missões comerciais. O resultado é inferior ao de 2010, quando foram embarcados US$ 108,2 milhões, que representou aumento de 60% em relação a 2009. As empresas brasileiras exportaram para 70 países em 2010 e o setor de alimentos representou 96% do volume enviado. Os principais produtos embarcados foram açúcar, polpa de fruta, como açaí, acerola e laranja; mel, castanhas e café. Os cosméticos também foram enviados ao exterior e representaram crescimento de 25% em comparação a 2009. Segundo o coordenador-executivo da entidade, Ming Liu, em 2011 o mercado interno fortalecido e o câmbio favorável para investimentos compensaram as incertezas econômicas nos tradicionais clientes – americanos e europeus. “Parte dos produtores voltou a sua produção para o mercado interno”,diz ele. O consumidor começou a incluir itens orgânicos no seu dia a dia, em parte, estimulados por campanhas de conscientização. “Os novos negócios continuam sendo fechados, com a demanda em alta. As empresas e seus clientes reforçaram os relacionamentos e renovaram contratos. Há muita cautela nos investimentos, mas não registramos retração”,analisa Liu. Para 2012, a estratégia da Organics Brasil é montar ações de apresentação dos produtos de seus associados para distribuidores e empresas de Canadá, Argentina, Portugal, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Emirados Árabes, África do Sul e Arábia Saudita. Os produtos orgânicos brasileiros só podem ser comercializados, desde 1º de janeiro de 2011, se estiverem iden- tificados com o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SISOrg). Conforme dados da Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio), que reúne produtores, processadores e certificadores, 80% dos produtores são agricultores familiares. No País existem 90.497 empreededores que produzem os alimentos sem agrotóxicos, segundo o Censo Agropecuário 2006, último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa da BrasilBio é que os agricultores brasileiros PODE MELHORAR • PRONE TO IMPROVE Exportações e negócios gerados por meio do projeto Organics Brasil Ano Receita (US$) 2011 85 milhões 2010 108,2 milhões Fonte: Projeto Organics Brasil deveriam faturar 40% acima dos R$ 500 milhões registrados em 2010. O primeiro produto fitossanitário para a agricultura orgânica foi registrado em 2011, assinado pelo Mapa depois de análise em conjunto com os ministérios da Saúde e do Meio Ambiente. O Brasil deseja ser referência em produtos biológicos de controle de pragas e pretende montar uma delegação de especialistas para discutir o tema junto à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, sigla em inglês) em 2012. O Ministério da Agricultura mantém o hotsite www.prefiraorganicos.com. br com informações sobre os benefícios desse tipo de alimento, entre outras informações. Always on the rise Country is home to upwards of 15 thousand organic producers and 2011 came to a close with US$ 85 negotiated or promoted in international fairs and missions In December 2011, there were 15 thousand organic producers in Brazil. This figure comes from the database of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), responsible for setting the standards for such cultivations and for registering the farmers. According to Ministry of Agriculture, the list of registered farmers includes the primary products, processed items and organic-based industrialized products. According to the coordinator of Mapa’s Agroecology Department, Rogério Dias, this growth is encouraging and tends to continue. “The more primary products are registered, the more processed ones will be on the market”, he argues. T he Organics Brazil project, which comprises 74 companies that export products and services of this segment, came to a close in 2011 with US$ 85 million negotiated or promoted in international commercial fairs and missions. The result is down from 2010, when shipments amounted to US$ 108.2 million, up 60% from 2009. Brazilian companies exported to 70 countries in 2010 and the food sector represented 96% of all shipments. The main products shipped abroad were as follows: sugar, fruit pulp, like açaí, acerola and orange; honey, cashew nuts and coffee. Cosmetics were also shipped abroad and they increased by 25% compared to 2009. According to the executive director of the entity, Ming Liu, in 2011 the heated domestic market and the exchange rate favorable to investments made up for the economic uncertainties affecting the traditional North-American and European clients. “Part of the growers channeled their product to the domestic market”, he says. Brazilian consumers are now including organic products in their daily diets, partly because of awareness campaigns. “New business deals are being closed, with demand on the rise. Companies and clients have strengthened their relationships and renewed contracts. There is now much caution regarding investments, but no retraction has been registered”, Liu comments. For 2012, the strategy of Organics Brazil is to set up initiatives geared towards introducing the products of its associate members to distributors and companies in Canadá, Argentina, Portugal, Belgium, Denmark, Finland, Australia, New Zealand, South Korea, Arab emirates, South Africa and Saudi Arabia. Since 1st February 2011, Brazilian organic products can only be traded if they are identified with the label of the Brazilian System for Organic Compliance Evaluation (SISOrg). According to data from the Brazilian Organics Association (BrasilBio), which comprises producers, processing companies and certifiers, 80% of such products come from family farming operations. The Country is home to 90,497 entrepreneurs that produce food without agrochemicals, according the 2006 Agriculture and Livestock Census, conducted by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). BrasilBio estimates that the Brazilian farmers should rake in 40% in excess of the R$ 500 thousand registered in 2010. The first phytosanitary product for organic farming was registered in 2011, bearing the signature of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), after joint analyses by the Ministries of Health and the Environment. Brazil wants to be a reference in biological pest control and the intention is to set up a delegation of specialists to debate the matter with the Organization for Co-Operation and Economic Development (OECD) in 2012. The Ministry of Agriculture runs a hotsite www.prefiraorganicos.com.br containing information on the benefits of this type of food, among other details. 113 >>ponto de vista VIEWPOINT PAULO AFONSO SCHWAB Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) Em busca do tempo perdido Revista AgroBrasil 2011 Cadeia produtiva da ovinocultura realiza esforços para ampliar o rebanho, abastecer o mercado doméstico e avançar no exterior 114 A liderança na exportação de carnes já é uma marca do Brasil. Aves, suínos e bovinos compõem, nos últimos 10 anos, vendas determinantes para o superávit da balança comercial. O ovino, cujo foco nacional era a produção de lã no Sul e a subsistência no Nordeste, ficou de fora da evolução comercial dessas cadeias produtivas. Hoje a ovinocultura reúne esforços e quer provar que pode, mesmo com atraso, recuperar o tempo perdido, abastecer o mercado doméstico e, no futuro, exportar seus excedentes. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Afonso Schwab, considera o momento, de alta nos preços mundiais e nacionais, oportuno para o segmento crescer. Acredita que o futuro reserva uma década de preços entre estáveis e em elevação para a carne ovina. Há dois anos a escassez da oferta tem valorizado o produto. Em duas décadas os grandes rebanhos mundiais foram reduzidos a 40% do seu tamanho. No Brasil, a produção de carne ovina não atende à demanda.“Há cinco anos a cadeia produtiva começou a se organizar em torno da Câmara Setorial da Ovinocaprinocultura e nas ações regionais que precisam do governo federal para ganharem a dimensão que merecem”, frisa Schwab. Para ele, o País tem o mais importante para chegar à autossuficiência no abastecimento e gerar excedentes exportáveis: clima; genética para aumentar a produtividade; área disponível para multiplicar o rebanho; tecnologias geradas pelas unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por universidades e órgãos estaduais; ações e modelos de gestão e comercialização do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); e, atualmente, mercado remunerador. Mas é preciso vencer gargalos importantes: a predominância do abate clandestino (92%), a assistência técnica deficiente, a falta de mão de obra qualificada, a inexistência de programas de incentivo à produção e ao consumo, a qualificação genética dos rebanhos, a redução da carga tributária para incentivar a formalidade e a falta de um programa nacional de sanidade ovina, além do abate de matrizes provocado pela alta de preços. Schwab acrescenta que “também é preciso reduzir a mortalidade de cordeiros, ampliar a média de produtividade, que é baixa se comparada a padrões internacionais, e garantir o abastecimento com cordeiros o ano todo. pode gerar mais renda à propriedade rural, inclusive à pequena e à média. “O ovino faz o ciclo completo em um ano, portanto gera resultado rápido”,ressalta. Schwab explica que muitas medidas são encaminhadas por meio da câmara setorial e obtêm bons resultados, mas há expectativa em relação a programas mais efetivos, como na área sanitária. Entende que o produtor faz a sua parte, investindo em genética e aperfeiçoando a mão de obra, porém, o apoio oficial ainda deixa a desejar.“Dentro do setor, o desafio é levar a genética de 1,5 milhão de animais de elite para o rebanho geral, transformar isso em carne, lã e pele de altíssima qualidade, e ampliar o rebanho comercial para abastecer o mercado o ano todo”,cita. >>PERFIL Divulgação Inor Ag. Assmann POTENCIAL O presidente da Arco, Paulo Afonso Schwab, exemplifica que o Brasil poderia ampliar em mais de 10 vezes a produção apenas colocando um ovino ao lado de cada bovino nos pastos, sem grandes exigências de manejo. Porém, reconhece que, por enquanto, isso é utopia. Considera que para aumentar entre 50% e 100% o rebanho atual – calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 16,7 milhões de cabeças em 2008 – são necessárias algumas medidas técnicas e vontade política. “Com um empurrãozinho oficial, que garanta assistência técnica e qualificação do produtor, incentivo à qualificação genética, que traz ganhos produtivos, e à produção, podemos aumentar o rebanho, talvez dobrar o seu tamanho, em 10 anos”, avalia. “Para isso, é preciso evitar o abate de fêmeas”. A diversidade pode ajudar. No Sul há ovinos de alta qualidade para lã, carne e leite. No restante do Brasil, a ovelha deslanada oferece carne de qualidade e pele diferenciada, que O médico veterinário Paulo Afonso Schwab, 64 anos, preside há 15 anos a Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco). É advogado, agropecuarista e proprietário da Cabanha dos Pinheiros, em Cachoeira do Sul (RS), onde cria as raças Texel e Corriedale em sociedade com o irmão, o engenheiro agrônomo Luis Alberto Schwab. Preside o Sindicato Rural e a Cooperativa Tritícola de Cachoeira do Sul (Cotricasul). Por 27 anos presidiu o Sicredi Centro-Leste (RS). Nos últimos anos, liderou a reformulação da Arco, incentivando a presença da entidade em todo o Brasil, fomentando a instalação e o fortalecimento de associações estaduais, investindo em tecnologias, que facilitaram o acesso ao sistema de registro genealógico ovino (RGO), e ampliando o número de exemplares registrados para 1,5 milhão de animais Puros por Origem (PO). O RGO é obrigatório aos ovinos de elite das 24 raças presentes no Brasil. 115 Sílvio Ávila PAULO AFONSO SCHWAB President of the Brazilian Association of Sheep Breeders (Arco) Revista AgroBrasil 2011 Making up for lost time 116 Sheep production chain is now engaged in expanding the sheep flock so as to meet the needs of the domestic market, while keeping an eye towards exports A leadership position in meat exports is a Brazilian mark. Over the past ten years, poultry, hogs and bovines have constituted a determining factor for the surpluses in the trade balance. Sheep rearing, whose national focus was the production of wool in the South and subsistence activity in the Northeast, remained outside the commercial evolution of these production chains. Now sheep rearing is picking up steam in an attempt to prove that, although running behind schedule, it is possible to make up for lost time, supply the domestic market and, in the future, venture into international markets. T he president of the Brazilian Association of Sheep Rearers (Arco), Paulo Afonso Schwab,considers the moment of high international and domestic prices very appropriate for the sector to make strides. He believes that the future keeps in store a decade of prices ranging from stable to high prices for sheep meat. For two years now, shortages of the product have pushed prices up. Over a two-decade period, the huge global flocks suffered a reduction of 40% in size. In Brazil, the production of sheep meat is not enough to meet demand. “Five years ago, the production chain started to get organized initiatives that depend on the federal government to reach the dimension they deserve”, Schwab insists. In his view, the Country stands every condition to reach self-sufficiency in supply and generate exportable surpluses: climate; productivity oriented genetics; area available for multiplying the flock; technologies generated by the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa); actions and management and sales models of the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae); and, at the moment, a highly remunerating market. Nonetheless, there are important bottlenecks to be surmounted: predominance of clandestine slaughtering (92%), deficient technical assistance, the lack of skilled labor, the absence of production and consumption incentive programs, genetic herd qualification, the reduction of the tax burden to stimulate formal slaughtering and the lack of a national ovine sanitary program, and the resulting slaughtering of breeding flocks, induced by the soaring prices. Schwab also adds that “there is a need to reduce the mortality rate of the lambs, expand average productivity rates, which is still low if compared to international standards, and make sure lamb is available in the market year-round. POTENTIAL Arco president Paulo Afonso Schwab has it that Brazil could increase tenfold its flock and production, just placing one sheep beside every head of cattle on the grasslands, without strict management requirements. However, he also maintains that, for the time being, this is utopia. >>PROFILE He maintains that if the present herd is to be expanded by 50% to 100% - calculated by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) at 16.7 million head in 2008 – some technical measures and political will are needed. “With a little help from the government, in the form of technical assistance and producer qualification, incentive to genetic qualification, with results showing in production gains, and incentive to production, we could expand our flock, maybe double its size in 10 years”, he thinks. “To this end, female ewes must not be slaughtered”. Diversity might be a good help. In the South, there are sheep that produce high quality wool, meat and milk. In all other regions in Brazil, woolless sheep offer good quality meat and distinguished skin, able to generate more income for the farm, even for small and medium-scale operations. “Sheep complete their cycle in a year, and therefore generate rapid results”, he clarifies. Schwab explains that many measures are channeled through the Sectorial Chamber and achieve good results, but there is expectation with regard to more effective programs, particularly in the sanitary area. He understands that the producers are doing their part, investing in genetics and qualifying the workforce, nevertheless, government support is still lagging behind. “Inside the sector, the challenge consists in taking genetic enhancement to 1.5 million elite animals for the general flock, transform this into meat, wool and skin of high quality, and expand the commercial flock in order to supply the market year-round”, he comments. Divulgação in connection with the Goat and Sheep Rearing Sectorial Chamber and through regional Veterinarian Paulo Afonso Schwab, 64, presides over the Brazilian Association of Sheep Breeders (Arco) for 15 years now. He is a lawyer, farmer, cattle breeder and owner of Cabanha dos Pinheiros, in Cachoeira do Sul (RS), where he raises Texel and Corriedale breeds jointly with his brother, agronomic engineer Luis Alberto Schwab. He also presides over the Rural Union and the Wheat Cooperative in Cachoeira do Sul (Cotricasul). For 27 years he presided over the Sicredi Centro-Leste (RS). Over the past years, he took the initiative to start the reformulation of the association – ARCO – encouraging its presence all over the national territory, strengthening and fostering the creation of state associations, investing in technologies that paved the way for accessing the sheep genealogical record system (RGO), and expanding the number of registered head to 1.5 million Pure Origin (PO) animals. The RGO is mandatory to all elite sheep of the 24 breeds present in Brazil. 117 Robispierre Giuliani >>ovinos sheep Revista AgroBrasil 2011 Potência adormecida 118 Cenário mundial sinaliza com chances para que a ovinocultura brasileira cresça e se imponha de maneira competitiva no mercado O crescimento do consumo de carne ovina no Brasil e no exterior, aliado à redução dos rebanhos dos principais produtores mundiais em mais de 40% nos últimos 20 anos, cria a expectativa de que a ovinocultura brasileira siga o caminho de sucesso de outras cadeias produtivas de criações de animais. O desafio é gigantesco, mas a valorização dos preços internos da carne (e também de produtos como lã, leite e peles) é um grande incentivo. E ssa melhoria nas cotações vem associada, ao mesmo tempo, ao aumento do consumo da carne de cordeiro e à redução da oferta do Uruguai, tradicional fornecedor, que está direcionando a produção a mercados mais remuneradores, como a Europa e o Oriente Médio. Em 2011, a importação de carne ovina uruguaia por parte do Brasil caiu 19,7% em relação a 2010, ficando em 4.771 toneladas. Em 2007, por exemplo, haviam sido ad- quiridas 7.684 t. A redução na oferta de cortes importados no comércio doméstico valorizou a carne brasileira, e o quilo vivo chegou a se posicionar acima de R$ 6,00 ao pecuarista. Nos açougues e nos supermercados, foi comum encontrar preços acima de R$ 15,00 pelo quilo do cordeiro. O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Afonso Schwab, diz que o setor pode obter o mesmo sucesso internacional das CRESCENTE • ON THE RISE Evolução do rebanho brasileiro Ano Rebanho (milhões de cabeças) 2008 16,3 2009 16,8 2010 16,9 2011 17,4 2012 17,78 Fonte: Prime ASC consolidar uma posição de oferta formal, regular, estável e de qualidade”, destaca. A necessidade de profissionalização da cadeia produtiva é elencada como prioridade pelos analistas, tanto em tecnologias agregadas ao rebanho quanto em gestão técnica, administrativa ou comercial. RETRATO O rebanho ovino bra- carnes bovina, suína e de aves. Porém, com o mercado interno remunerador e ávido por carne ovina de qualidade, abastecê-lo é a primeira meta. “A cada 100 gramas de carne ovina per capita a mais no consumo brasileiro, precisamos produzir mais um milhão de cordeiros. Isso define como é grande o desafio, mas mostra que há muito espaço para crescer”, conclui. Hoje, o brasileiro consome, em média, 400 gramas por ano. A analista Raquel Maria Cury Rodrigues, da consultoria Farmpoint, lembra que um dos entraves ao crescimento do mercado da carne ovina é o comércio informal. Os abates informais representam cerca de 90% da carne comercializada no País. A pulverização e a desorganização dos elos produtivos são outro problema a ser resolvido. O setor aguarda por um programa nacional de apoio à ovinocultura que ajude a desenvolver o setor para atender com qualidade e de forma regular ao mercado brasileiro, e que gere excedentes exportáveis.“Há compradores para a carne de cordeiro brasileira, mas os volumes desejados são até maiores do que os que podemos ofertar, mesmo no mercado interno”, explica Schwab. Ele afirma que a cadeia produtiva vem se organizando em torno de entidades, como a Arco, a câmara setorial e órgãos estaduais. “Precisamos de um programa que sirva de guarda-chuva, que coordene, alavanque a ovinocultura para um novo patamar comercial e de consumo”, define. O Brasil consome cerca de 80 mil t de carne ovina por ano. Mas formalmente o volume é pouco maior do que 10 mil t, metade dele importado. A importância da melhor estruturação para abastecer o cliente interno é apontada também pelo consultor da Prime ASC Daniel de Araújo Souza. “Fortalecer o mercado doméstico formará os pilares que sustentarão a cadeia produtiva”,enfatiza. Conforme Raquel Maria, a cadeia produtiva ainda apresenta muitos entraves e pontos fracos que impedem o seu desenvolvimento. “O mercado em alta é importante. Mas há muito a ser feito para sileiro, segundo dados divulgados em 2011, mas referentes a 2010, é de 17,4 milhões de cabeças. O setor trabalha com dado superior a 17,78 milhões de exemplares para 2012, embora haja preocupação com o aumento no abate de matrizes que a elevação de preços pode ter proporcionado. “Criador consciente retém as matrizes, pois o ciclo ovino é curto e em um ano a matriz vai lhe dar um cordeiro ou dois, com ganho que pode chegar a 200%”,afirma Paulo Afonso Schwab, da Arco. A maior parte do rebanho brasileiro está no Nordeste, onde predominam as raças deslanadas. No Sul estão as raças de lã e duplo propósito (lã e carne). O registro genealógico ovino brasileiro, que cadastra os animais de elite e Puros por Origem (PO), mantém-se atualizado com 1,5 milhão de animais de 26 raças. Um desafio do setor é transferir toda essa genética para o rebanho geral, com ganhos produtivos e qualitativos. Essa é uma das fórmulas defendidas pela Arco para que o rebanho nacional aumente, gradativamente e se consolide em patamares capazes de abastecer o mercado doméstico. E, quem sabe, ainda exportar. 119 Revista AgroBrasil 2011 Dormant power 120 Global scenario signals good chances for Brazilian sheep farming to take off and find its way into the market in competitive manner The upward trend in the consumption of sheep meat in Brazil and abroad, along with an over 40-percent decline in the flock size of the major producers around the world, during the past 20 years, creates expectations pointing to Brazil’s sheep farming operations as the right track for other production chains and livestock operations. It is a giant challenge, but the rising value of the meat in the domestic scenario (and the same goes for such products as wool, milk and skins) comes as a great incentive. T hese more attractive prices are, at the same time, keeping pace with soaring lamb consumption and declining shipments from Uruguay, traditional supplier, now directing its production to markets that pay more, like Europe and the Middle East. In 2011, sheep meat imports from Uruguay were down 19.7% from 2010, remaining at 4,771 tons. In 2007, for example, 7,684 tons were acquired. The reduction of imported cuts in the domestic market had reflections on higher prices of Brazilian meat, with per kilo farm gate prices in excess of R$ 6. At butcher’s and supermarkets a kilo of lamb was fetching over R$ 15. Paulo Afonso Schwab, president of the Brazilian Association of Sheep Breeders (Arco), maintains that the sector could become as popular in the international market as bovine, chicken and pig meat. However, with the domestic market paying high prices and eager for sheep meat of good quality, keeping it supplied is a major target. “For every 100 grams more sheep meat consumed per capita in Brazil, we need to produce a million extra lambs. This defines how big the challenge is, but also Sílvio Ávila shows that there is still much room for growth”, he concludes. At the moment, per capita consumption in Brazil reaches 400 grams a year. Analyst Raquel Maria Cury Rodrigues, of Farmpoint Consultants, recalls that one of the hurdles that prevent the sheep meat market from developing is illegal trade. The chain of illegal slaughter represents about 90% of all sheep meat sold in the Country. The small size and the lack of organization of the production chain is just another problem that needs solving. The sector is waiting for a national meat farming support program to develop the sector and make it capable of meeting the Brazilian market with quality meat, on a regular basis, and for exporting surpluses. “There are buyers for Brazilian Lamb, but the volumes outstrip our supply capacity, even for the domestic market”, explains Paulo Afonso Schwab. He maintains that the production chain has been trying to get organized around entities, like Arco, the Sectorial Chamber and state organs. “We need a program that acts like an umbrella, one that coordinates and pushes sheep farming to a higher production and consumption platform”, he defines. Brazil consumes about 90 thousand tons of sheep meat a year, half is imported. The importance of improving the structure for supplying domestic clients is also referred to by Prime ASC consultant Daniel de Araújo Souza. “Strengthening the domestic market seems to be the right course for sustaining the production chain”, he emphasizes. Raquel Maria Cury Rodrigues understands that the production chain has to put up with several hurdles and weak points that ultimately prevent it from developing. “A market on the rise is important. But there is still a lot to do for the consolidation of a normal supply position, regular, stable and quality-oriented”, he stresses. The need for a professionally-oriented production chain is listed as priority by all analysts, either in technologies added to the flock, or in the form of technical, administrative and commercial management practices. PICTURE The Brazilian ovine flock, according to data disclosed in 2011, but refer- ring to 2010, reaches 17.4 million head. The sector considers a total of upwards of 17.78 million head for 2012, although there is much concern about the slaughtering of breeding flocks, which might have been caused by soaring prices. “Conscious sheep breeders do not slaughter their breeding flocks, because the cycle of sheep is very short, in just one year a ewe could give birth to one or two lambs, with gains that could reach up to 200%”, says Arco president Paulo Afonso Schwab. The biggest portion of the Brazilian sheep flock is in the Northeast, where woolless animals prevail. The South is home to wool and dual- purpose sheep. The Brazilian genealogical record of elite and Pure Origin (PO) animals refers to 1.5 million animals of 26 different breeds. One of the challenges of the sector consists in transferring this technology to the general flock, with productive and qualitative gains. This is one of the formulas that is advocated by Arco for the national flock to soar gradually, reaching levels capable of supplying the domestic market. And, who knows, sell sheep meat abroad. 121 Sílvio Ávila >>silvicultura silviculture Revista AgroBrasil 2011 Nem bom, nem ruim 122 Segmentos da silvicultura tiveram desempenho razoável em 2011, levando-se em conta a crise que assola mercados compradores As constantes agitações econômicas dos mercados europeu e norte-americano refletem nos setores exportadores do Brasil. Entre eles encontram-se os segmentos vinculados à silvicultura, que, mesmo com todas as indefinições vindas de fora, fecharam 2011 com desempenho que pode ser considerado razoável. A produção brasileira de celulose e de papel manteve o mesmo patamar de 2010, totalizando 14,2 milhões de toneladas e 9,8 milhões de toneladas, respectivamente, no ano. Os números são da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). As exportações dos dois setores somaram US$ 7,1 bilhões em 2011, o que significa acréscimo de 6,2% sobre o ano anterior, com pequeno incremento de 0,8% na quantidade (10,5 milhões de toneladas). O mercado europeu foi o principal destino da celulose brasileira, com aproximadamente 45% da receita, seguido da China (25%) e da América do Norte (15%). Com relação ao papel, os países da América Latina continuam como os principais clientes, representando 55% AVANÇO TÍMIDO • SHY PROGRESS Exportações de celulose e papel Produto Valor (US$ milhões FOB) 2010 2011 Volume (mil t) 2010 2011 Celulose 4.762 5.002 8.375 8.478 Papel 2.008 2.188 2.074 2.052 Total 6.770 7.190 10.449 10.530 Fonte: Secex TURBULÊNCIA A produção de do faturamento. Na sequência aparecem a Europa (20%) e a América do Norte (10%). Para o setor moveleiro, o ano não foi dos melhores. Segundo relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), houve queda de 3,3% no faturamento com os embarques, fechando em US$ 763,3 milhões. O segmento ainda não conseguiu se recuperar dos reflexos da crise econômica mundial de 2008, que levou à diminuição em 28,5% nas vendas externas em 2009. No ano seguinte a receita foi 11,6% maior e em 2011 voltou a cair. O segmento de madeira processada teve um ano melhor do que o esperado. Mesmo com saldo negativo, o resultado é considerado favorável. Conforme a Secex, de janeiro a novembro de 2011 o setor vendeu US$ 1,7 milhão a outros ferro-gusa (matéria-prima do aço) cresceu 6% em 2011 comparativamente ao período anterior, de acordo com o Instituto Aço Brasil (IABr). Entretanto, esse desempenho não foi suficiente para evitar a crise pela qual passa o setor. Na carona, o segmento de carvão vegetal, altamente dependente da indústria de gusa, também está em dificuldades. A situação de Minas Gerais, que concentra 60% da oferta nacional de ferro-gusa, mostra bem a dimensão do estrago. O Estado tem 64 usinas, que empregavam em torno de 50 mil trabalhadores em 2007, antes da crise econômica mundial. Conforme estimativas do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer), em 2011 o número de empregados nas indústrias baixou a menos da metade com a desativação de vários fornos. A produção calculada para 2011 era de 3,5 milhões de toneladas, enquanto há quatro anos foi de 5,5 milhões de toneladas. O Brasil é exportador de ferro-gusa, tendo como principais mercados os Estados Unidos e a Europa. Como o mundo está com excesso de aço, a demanda por ferro-gusa caiu, prejudicando os negócios dos produtores nacionais. Outro fator que colaborou para a crise foram as altas cotações do minério de ferro e do carvão vegetal, diminuindo a margem de lucro dos guseiros. Sílvio Ávila países, pequeno decréscimo de 1,1% sobre 2010. Análise conjuntural do Centro de Inteligência em Florestas (CI Florestas), de dezembro de 2010, aponta preocupação das empresas do ramo com o risco de ocorrer um “apagão” florestal, o que comprometeria a execução de futuros projetos fabris de celulose e papel, painéis de madeira e energia renovável no País. 123 Revista AgroBrasil 2011 Neither good nor bad 124 Silviculture segments had a reasonable performance in 2011, taking into consideration the crisis now affecting the buying markets The never ending economic turbulences in the European and North-American markets reflect negatively on Brazilian exports. One of the most affected sectors is silviculture, which, despite all deficient definitions coming from abroad, came to a close in 2011 with a performance that might be taken as reasonable. B razilian cellulose and paper production operations matched last year’s levels, totaling 14.2 million tons and 9.8 million tons respectively, a year. The figures come from the Brazilian Cellulose and Paper Association (Bracelpa). Exports of the two sectors reached US$ 7.1 billion in 2011, up 6.2% from the previous year, with a small increase by 0.8% in quantity (10.5 million tons). The European market was the major des- tination of Brazilian cellulose, with approximately 45% of the revenue, followed by China (25%) and North America (15%). With regard to paper, the major clients are South American countries, representing 55% of all revenues. Then come Europe (20%) and North America (10%). For the furniture sector, the year was not promising. According to a report by the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an Sílvio Ávila organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), in terms of revenue, shipments brought in 3.3% less than the previous year, totaling US$ 763.3 million. The segment has not yet managed to recover from the 2008 global financial downturn, which pressed down foreign sales by 28.5% in 2009. The following year, revenue soared 11.6% and in 2011 it declined again. The processed timber segment exceeded expectations. Although experiencing a negative balance, the result is viewed as favorable. According to Secex, January through November 2011 the sector sold US$ 1.7 million to other countries, slightly down 1.1% from 2010. Structural analysis by the Forests Intelligence Center (CI Florestas), of December 2010, refers to the deep concern of the companies of the sector about a possible forest “blackout”, which would enormously jeopardize the execution of future cellulose, paper and wood panel manufacturing processes, whilst also affecting renewable energy initiatives throughout Brazil. TURBULENCE The production of pig iron (raw material for steel) increased by 6% in 2011 compared to last year, according to data released by the Brazil Steel Institute (IABr). Nonetheless, this performance was not enough to avoid the crisis the sector is experiencing. Following on its heels, the vegetable coal segment, highly dependent on the pig iron industry, is also facing difficulties. The situation in Minas Gerais, responsible for 60% of all national pig iron supplies, clearly attests to the damage. The State is home to 64 mills, which employed about 50 thousand workers in 2007, before the global financial crisis broke out. According to estimates by the Iron Industry Union in Minas Gerais (Sindifer), in 2011 the number of employees in the industries had fallen to less than half because many blast furnaces had been shut down. The estimated production for 2011 was 3.5 million tons, while four years ago it was 5.5 million tons. Brazil exports pig iron, and the major markets are the United States and Europe. As there is excessive offer of steel around the globe, demand for pig iron has declined, damaging the businesses of the national producers. Another factor that had a say in the crisis were the high quotes of iron ore and vegetable coal, reducing the profit margins of the pig irons dealers. 125 Inor Ag. Assmann >>soja soy Revista AgroBrasil 2011 Fora de série 126 Safra 2010/11 foi recorde em todos os aspectos, incrementando a produção brasileira da oleaginosa e solidificando sua posição mundial Os resultados da soja no Brasil em 2011 ultrapassaram as expectativas mais otimistas e receberam as melhores avaliações no Anuário Brasileiro da Soja, publicação da Editora Gazeta Santa Cruz.“Foi simplesmente espetacular”,avaliou Amélio Dall’Agnol, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, de Londrina (PR).“A maior safra da história somou três fatores positivos que raramente acontecem de forma concomitante: preços muito bons, produtividade ótima e custos de produção mais baixos”,completou Argemiro Luís Brum, coordenador da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos do Mercado Agropecuário (Ceema) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). A produção recorde, resultado do uso de alta tecnologia e do clima excepcional, alcançou a 75,32 milhões de toneladas, de acordo com os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Houve acréscimo próximo a 10% em relação à safra anterior, enquanto a área avançou 3%, para 24,18 milhões de hectares. O rendimento médio por hectare ficou em 3.115 quilos, destaque nacional e mundial. O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de soja, logo atrás dos Estados Unidos. O ano fora de série permitiu ainda a recuperação da rentabilidade do pro- LEVE RECUO Para 2012, prog- HISTÓRICO • HISTORY Evolução da soja no Brasil Ano 2010 2011 2012* Área (milhões ha) 23,47 24,18 24,63 Produção (milhões t) 68,68 75,32 71,75 Exportação (milhões t/grão) 29,06 32,97 34,00** Fonte: Conab-Mapa/MDIC *Estimativa **Previsão Abiove nóstico feito pela Conab no início de janeiro, com base em levantamento de dezembro, é de que a produção nacional seja menor nesta safra, em razão especialmente de problemas climáticos enfrentados no Sul do País decorrentes do fenômeno La Niña. A previsão é de que fique próxima a 71,75 milhões de toneladas, recuo na ordem de 4,7%, considerando produtividade de 2.913 kg/ha. Em termos de área, com o estímulo do panorama favorável da temporada passada, volta a se registrar ampliação na ordem de 1,9%, somando 24,63 milhões de ha. O maior aumento no plantio deuse na região de expansão no Nordeste – Piauí (14%), Maranhão (9,3%) e Bahia (6,4%), assim como no maior Estado produtor, Mato Grosso (5,8%). Neste a área deve chegar a 6,76 milhões de ha, enquanto em âmbito local o Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea) chega a projetar extensão próxima de 7 milhões de ha. Nessas regiões, o clima apresentava-se favorável a uma boa produção, contrabalançando a situação enfrentada no Sul, onde a escassez de chuvas prejudicava a cultura, levando a Conab a prever quebras de 15,6% no Rio Grande do Sul (3º Estado em produção), 10,7% no Paraná (2º maior) e 7,7% em Santa Catarina. Os dois últimos também haviam reduzido o plantio. De qualquer forma, no primeiro mês do ano havia manifestações de que ainda era cedo para chegar a números adequados da nova safra. Na virada do ano, especulava-se sobre a manutenção da boa rentabilidade na cultura. Uma das posições mais presentes era de que possivelmente os preços seriam menos interessantes do que no ciclo anterior, mas ainda se manteriam em bom nível. Além disso, como se evidenciou no Anuário da Soja, apesar da crise em países desenvolvidos, o cenário nacional e global é favorável à oleaginosa, com o crescimento da economia nos chamados países emergentes e o incremento no consumo de carnes e de óleo. Inor Ag. Assmann dutor. Segundo os estudos do professor Brum, o ganho oscilou, em média, entre 10% e 20%, dependendo da região do País. O valor do produto foi superior ao gasto feito na lavoura, subindo entre 34% (em reais) e 51% (dólares) contra 20% dos custos, conforme se apurou em Sorriso, município maior produtor no Estado líder da cultura, Mato Grosso. No mercado externo, o complexo soja (grãos, farelo e óleo) igualmente foi destaque em 2011. Esteve à frente novamente da pauta das exportações brasileiras do agronegócio e do superávit comercial no setor, que é quase três vezes maior que o desempenho global do País. Foi o que mais contribuiu (38,7%) para a expansão das vendas externas nacionais no ano, conforme divulgou o governo. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou que o crescimento em valor atingiu 41%, totalizando US$ 24,14 bilhões. A China foi o principal importador do produto brasileiro, com US$ 10,96 bilhões. A maior venda de soja do País ao exterior dá-se na forma de grãos. Em 2011, foram embarcadas 32,97 milhões de t, no valor de US$ 16,31 bilhões, o que equivale a 17,2% do total do comércio externo do agronegócio do País. A expansão em relação a 2010 foi de 47,8%, enquanto em volume o índice de incremento situou-se em 13,5%. 127 Revista AgroBrasil 2011 Incredibly big 128 2010/11 crop hit all-time record in every aspect, driving up Brazilian oilseed production volumes, whilst solidifying its global position The results of the Brazilian 2011 soybean crop exceeded even the most optimistic expectations and were highly praised in the Brazilian Soybean Yearbook, published by Editora Gazeta Santa Cruz.“It was simply fantastic”, said Amélio Dall’Agnol, head of Embrapa Soy Technology Transfer Department, in Londrina (PR). “The largest crop on record took advantage of three positive factors that rarely happen simultaneously: very good prices, excellent yield and lower production costs”, completed Argemiro Luís Brum, coordinator of the International Center for Economic Analyses and Agriculture Market Studies (Ceema) of the Regional Northwestern University of the State of Rio Grande do Sul (Unijuí). T he record production volume, resulting from the use of high technology and exceptional weather conditions, reached 75.32 million tons, according to figures released by the National Supply Company (Conab). The volume was up approximately 10% from the previous crop, whilst the planted area soared by 3%, to 24.18 million hectares. Average yield per hectare remained at 3.115 kilos, a remarkable feat at home and abroad. Brazil is the second largest soy producer and exporter, coming right after the United States. This abnormally good year has also recovered profitability at grower level. According to studies conducted by professor Brum, gains oscillated from 10% to 20% on average, depending on the region of the Country. The product brought in revenue that outstripped the production cost, soaring from 34% (in real) and 51% (in dollar) against costs of 20%, according to the professor’s survey conducted in Sorriso, Sílvio Ávila municipality that ranks first in production volumes in the State that is the biggest soybean producer in Brazil, Mato Grosso. In the foreign market, the Soy complex (grains, meal and oil) was equally remarkable in 2011. It ranked first on the Brazilian agribusiness export agenda and was a major factor in the positive trade balance of the sector, which is almost three times as big as the Country’s global performance. It contributed the most (38.7%) towards the rising national foreign sales over the period, according to figures released by the government. The Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) informed that in value growth reached 41%, totaling US$ 24.14 billion. China was the leading importer of Brazilian soybean, with US$ 10.96 billion. Brazilian soybean exports consist mostly in the shipment of grains. In 2011, sales abroad reached 32.97 million tons, which raked in US$ 16.31 billion, equivalent to 17.2% of the entire foreign trade of Brazilian agribusiness. Compared to 2010, this expansion reached 47.8%, while in volume the increase rate remained at 13.5%. SLIGHT REVERSAL For 2012, prognosis conducted by Conab in early January, based on a December survey, points to a smaller size of the national crop, specifically as a result of the unfavorable weather conditions in the South of the Country, induced by the La Niña phenomenon. The forecast is for a crop of 71.75 million tons, down 4.7%, considering yields of 2,913 kg/ha. In terms of planted area, under the influence of the favorable panorama in the past season, a rise of 1.9% was registered, totaling 24.63 million ha. The biggest area increases took place in the now expanding regions in the Northeast – Piauí (14%), Maranhão (9.3%) and Bahia (6.4%), as well as in the leading producer, the State of Mato Grosso (5.8%). In this State the planted area is expected to soar to 6.76 million hectares, while locally the Mato Grosso Institute for Applied Economics (Imea) is projecting the area close to 7 million hectares. In these regions, climate conditions have been favorable for a good crop, counterbalancing the situation that is affecting the South, where drought conditions are taking a heavy toll on the crop, inducing Conab to forecast a reduction of 15.6% in Rio Grande do Sul (3rd largest producer), 10.7% in Paraná (2nd biggest) and 7.7% in Santa Catarina. The second and the third states had also reduced their planted area. Anyway, in the first month of the year the feeling was that it is still too early to forecast exact figures for the new crop. At the turn of the year, there was hope for the crop to keep pace with last year’s profitability levels. One of the most mentioned speculations was that prices would probably not be as interesting as in the previous season, but would still remain at a good level. Furthermore, as shown in the Soybean Yearbook, in spite of the crisis in developed countries, both the local and global scenarios are favorable to the oilseed, due to the growth of the economy in the so-called emerging countries and the trend for soaring consumption of meat and oil. 129 >>ponto de vista VIEWPOINT ADRIANA BRONDANI Diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) Forças aliadas Revista AgroBrasil 2011 Transgênicos ajudam a reduzir as perdas no campo por pragas, doenças e clima adverso, além de contribuírem para melhorar a qualidade dos cultivos 130 O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking dos maiores produtores mundiais de plantas geneticamente modificadas. Em 2010, foram cultivados no País 25,4 milhões de hectares de lavouras transgênicas, atrás apenas dos Estados Unidos, com 66,8 milhões de hectares. Segundo a consultoria Céleres, focada no agronegócio, na safra 2011/12 houve incremento de 21% na adoção da tecnologia em solo brasileiro, chegando a uma área plantada de 31,8 milhões de hectares. D esde 2001 o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) se encarrega de divulgar os benefícios do uso de organismos geneticamente modificados. A organização não governamental reúne mais de 100 profissionais ligados aos principais centros de pesquisa, universidades e institutos científicos do Brasil. Em 2011, a bióloga gaúcha Adriana Brondani assumiu a diretoria executiva do órgão. Para a nova dirigente, a agricultura encontrou na biotecnologia um dos maiores aliados para a produção mais eficiente de plantas. “Pragas, doenças e problemas climáticos sempre foram grandes obstáculos à produção de alimentos, e a aplicação da engenharia genética permitiu o desenvolvimento de cultivos com mais qualidade e menos perdas”,ressalta. Adriana cita estudo da consultoria Céleres que aponta os ganhos da agricultura brasileira com o uso dos transgê- nicos entre as safras 1996/97 e 2009/10. No período deixaram de ser utilizados nas lavouras 16,2 bilhões de litros de água. O uso de óleo diesel nos maquinários agrícolas foi reduzido em 134,6 milhões de litros e, com menos queima de combustível, deixaram de ser jogadas na atmosfera 357 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2). SEGUROS Os produtos geneticamente modificados ainda suscitam muitas dúvidas quanto à segurança para a saúde humana e animal e o meio ambiente. A diretora-executiva do CIB, Adriana Brondani, argumenta que em mais de 15 anos de uso dos transgênicos em 50 países nunca foi registrado impacto negativo. Além disso, segundo ela, o processo regulatório brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos mais rígidos do mundo. Adriana lembra que a Lei de Biossegurança (11.105/05) exige que qualquer organismo transgênico passe pela ava- xicológicas, alergênicas, nutricionais e ambientais, avaliações pelas quais não passam os alimentos convencionais. Só depois disso são aprovados para cultivo e consumo”, destaca. Esses procedi- mentos seguem padrões internacionais definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). >>PERFIL Divulgação Inor Ag. Assmann liação criteriosa da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), formada por 54 profissionais. “Os organismos geneticamente modificados são submetidos a rigorosas análises to- A gaúcha Adriana Brondani é formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Bioquímica, todos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Atua como professora orientadora de pós-graduação em Diagnóstico Genético Molecular na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e Medicina e Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Em 2011, Adriana assumiu o cargo de diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB). 131 Inor Ag. Assmann ADRIANA BRONDANI Executive director of the Information Council on Biotechnology (CIB) Revista AgroBrasil 2011 Allied forces 132 GMOs reduce losses induced by field pests, diseases and adverse climate conditions, besides improving the quality of the crops Brazil ranks second among the largest global producers of genetically modified crops. In 2010, transgenic crops covered an area of 25.4 million hectares, coming only after the United States, with 66.8 million hectares. According to Céleres, a crop consulting company, in the 2011/12 season the use of this technology in Brazilian soil soared by 21%, reaching a total area of 31.8 million hectares. S ince 2001, the Information Council on Biotechnology (CIB) has been giving publicity to the benefits derived from the use of genetically modified organisms. The nongovernmental association comprises upwards of 100 professionals linked to all major research centers, universities and scientific institutes in Brazil. In 2011, gaucho biologist Adriana Brondani took over as executive chairman of the organ. In the words of the new board member, biotechnology has proved to be one of the most effective allies in the production of very efficient plants. “Pests, diseases and climate problems have always been serious obstacles to the production of food crops, and the application of genetic engineering has led to the development of crops that are more productive and less subject to losses”, she points out. Adriana cites a study by Céleres consulting company that points to the benefits derived by Brazilian agriculture from the use of transgenic crops between the 1996/97 and 2009/10 seasons. During this period, the reduction in the use of water in the fields reached 16.2 billion liters. The use of diesel oil in the machines suffered a reduction of 134.6b million liters and, with less fuel burned, 357 thousand tons of carbon dioxide (CO2) were not spewed into the atmosphere. SAFE Genetically modified organisms still raise >>PROFILE Divulgação a lot of doubts about their safety regarding human and animal health and the environment. CIB executive director Adriana Brondani argues that having being used for over 15 years in more than 50 countries no negative impact has so far been registered. Furthermore, according to her, Brazil’s regulatory process is internationally acknowledged as one of the strictest in the world. Adriana recalls that the Biosafety Law (11.105/05) makes it mandatory for any transgenic organism to go through an accurate assessment process by the National Technical Committee on Biosafety (CTNBio), which consists of a group of 54 professionals. “Contrary to conventional food, all genetically modified organisms are submitted to strict toxicological, allergenic, nutritional and environmental analyses, before they get their approval for consumption”, she stresses. These procedures comply with international patterns defined by the World Health Organization (WHO) and by the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). Gaucho Adriana Brondani graduated in Biological Sciences, with a Master’s Degree and PhD in Biochemistry, from the Federal University of Rio Grande do Sul (Ufrgs). She is a guiding professor at the post-graduation course in Molecular Genetic Diagnosis at the Lutheran University of Brazil (Ulbra) and Medicine and Health Sciences at the Catholic University of Rio Grande do Sul (PUCRS). In 2011, Adriana took over the position as executive director of the Information Council on Biotechnology (CIB). 133 Inor Ag. Assmann >>suínos hogs Revista AgroBrasil 2011 Volta por cima 134 Mesmo enfrentando problemas com o principal cliente, exportações de carne suína foram melhores que o esperado e são promissoras para 2012 A Rússia deixou de ser o principal destino da carne suína brasileira em 2011. O ano fechou com Hong Kong ocupando o posto de maior importador do produto, com 129,7 mil toneladas, o equivalente a 25,1% do volume total. A notícia já era esperada, visto que no segundo semestre praticamente nenhum frigorífico nacional conseguiu exportar para a Rússia, que ficou com 24,4% de participação ou 126,4 mil t. O embargo sanitário prejudicou os negócios no período, porém menos que o previsto pelo setor. Conforme o balanço da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), foram embarcadas 516,4 mil t no ano, com receita de US$ 1,4 milhão. Os números mostram queda de 4,4% em volume e acréscimo de 7% em faturamento. O preço médio da tonelada foi de US$ 2,7 mil, aumento de 11,9% sobre 2010. A partir de janeiro de 2011 a autoridade sanitária russa começou a boicotar a carne suína brasileira, com a suspensão de seis frigoríficos sob a alegação de identificação de resíduos proibidos. Em junho, o cancelamento das vendas atingiu 85 estabelecimentos cadastrados de Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. Restaram apenas duas empresas habilitadas a exportar para a Rússia e, poste- RENTÁVEIS • PROFITABLE Exportações brasileiras de carne suína Ano Volume (t) Receita (US$ mil) Preço médio (US$) 2011 516.419 1.434.672 2.778 2010 540.418 1.340.713 2.481 Fonte: Secex/Abipecs tiza Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs. A meta da entidade é voltar a exportar volumes superiores a 600 mil toneladas, como ocorria anos atrás. NÚMEROS EM ALTA Junto ao menor volume de carne suína exportada foi registrado incremento do mercado interno, que absorveu 84,7% da oferta em 2011. A Abipecs divulgou em dezembro que o consumo per capita ficou em 15,1 quilos por habitante/ano, aumento de 500 gramas em relação a 2010. O aquecimento das vendas no País é atribuído à melhora de renda da população, atrelada ao real supervalorizado. Segundo o relatório da Abipecs, a produção de carne suína cresceu 4,9% em 2011, passando de 3,2 milhões de toneladas em 2010 para 3,5 milhões, em função do aumento de produtividade e do peso médio de abate. O plantel de matrizes foi estimado em 2,48 milhões de animais, crescimento de 0,6%. Na oferta para abate a ampliação foi de 5,5%, saltando de 34,3 milhões de cabeças para 36,2 milhões. Em 2012, a oferta de suínos para abate deve crescer 2%. Inor Ag. Assmann riormente, somente uma, que até hoje é a única liberada por aquele país. Conforme análise divulgada pela Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), o cenário das vendas externas em 2012 deve sofrer modificações significativas. Em abril de 2011, a China habilitou três frigoríficos brasileiros, que realizaram os primeiros embarques em novembro. Novas unidades devem ser liberadas no decorrer de 2012. O Japão e a Coreia do Sul, que realizaram missões veterinárias ao Brasil em 2011, devem começar a importar o produto nacional nos próximos meses. Também os Estados Unidos aprovaram a habilitação de empresas brasileiras, que em breve devem passar a fornecer carne suína. “Não esperamos exportar grande volume, porém, representa uma chancela de qualidade indiscutível”,enfa- 135 Revista AgroBrasil 2011 Back on track 136 Although having to put up with problems from the major client, pork exports outstripped initial perspectives and look promising for 2012 Russian was no longer the leading destination of Brazilian pig meat in 2011. The year came to a close with Hong Kong ranking as leading importer of the product, with 129.7 thousand tons, equivalent to 25.1% of the total volume. It came as no surprise, seeing that over the second half of the year practically no national meat packing plant managed to sell pork to Russia, which had a share of 24.4% of the total volume, or 126.4 thousand tons. T he sanitary embargo jeopardized the businesses over the period, but the damage was not as big as previously estimated by the sector. According to figures released by the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), shipments reached 516.4 thousand tons over the year, with revenue of US$ 1.4 million. The numbers point to a decrease by 7% in revenue. Average price per ton remained at US$ 2.7 thousand, up 11% from 2010. As of January 2011,Russian sanitary organs began to boycott Brazilian pig meat, excluding six meat packing plants on the grounds of harmful residues allegedly found in the meat. Inor Ag. Assmann In June, sales cancelings had reached 85 meat packing industries registered in Rio Grande do Sul, Paraná and Mato Grosso. As a result, there were only two companies left in Brazil qualified to export to Russia and, later, it was only one, which continues to be the only one liberated by that country. According to an analysis released by the Brazilian Association of Pork Meat Producers and Exporters (Abipecs), the foreign sales scenario is likely to suffer significant changes in 2012. In April 2011, China qualified three Brazilian meat packing plants, which carried out the first shipments in November. New plants are expected to be liberated throughout 2012. Japan and South Korea, two countries that sent veterinary delegations to Brazil in 2011, are expected to start importing pig meat from Brazil in coming months. The United States also gave its approval to Brazilian meat packing industries, and imports by that country are expected to start soon.“We do not expect to export huge volumes, but the quality approval of this country is unquestionable”, says Pedro de Camargo Neto, president of Abipecs.The target of the entity is to resume exports of upwards of 600 thousand tons, like it used to be years ago. RISING NUMBERS Side by side with smaller export volumes the domestic market began to react positively and absorbed 84.7% of the national pork supply in 2011. Ac- cording to a December report by Abipecs, per capita consumption remained at 15.1 kilos a year, up 500 grams from 2010. The higher purchasing power of the people is credited with the soaring sales, but the highly valued Brazilian currency is also a factor. According to the Abipecs report, pig meat production went up 4.9% in 2011, from 3.2 million tons in 2010 to 3.5 million, by virtue of higher productivity and higher average weight. The breeding herd was estimated at 2.48 million animals, up 0.6%. The number of pigs to be slaughtered went up 5.5%, jumping from 34.3 million head to 36.2 million. In 2012, the number of pigs for slaughter should go up 2%. 137 Inor Ag. Assmann >>tabaco tobacco Revista AgroBrasil 2011 Tempo de ajustes 138 Após alta produção e recorde de produtividade, área plantada é reduzida para se adaptar a novas realidades do mercado Segundo maior produtor mundial e maior exportador de tabaco, o Brasil obteve na safra 2010/11, no Sul do País, onde se concentra a produção destinada a cigarros, aumento de 20,4% na colheita em relação ao ciclo anterior. Foram obtidas 832,8 mil toneladas entre as variedades Virgínia (707,7 mil t), Burley (109,1 mil t) e Comum (15,9 mil t), conforme levantamento da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). A produtividade foi recorde e atingiu a 2.233 quilos por hectare em média, numa área total de 372.930 ha. Em termos de qualidade e remuneração, os índices foram inferiores aos da temporada passada, chegando ao valor de R$ 4,1 bilhões pagos a 186.810 produtores nos três estados sulinos (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná). A exportação, destino de grande parte do produto brasileiro, voltou a sofrer com a defasagem cambial e a maior oferta de países concorrentes. O volume enviado ao exterior em 2010 ficou em 503 mil toneladas e a receita, em R$ 2,730 bilhões, o que equivale, respectivamente, a decréscimos de 24,1% e 9,6% na comparação com 2009, segundo apuração da PricewaterhouseCoopers (PwC) junto a 15 empresas associadas RETRAÇÃO • RETRACTION Exportação sul-brasileira de tabaco Ano Volume (mil t) Valor (milhões US$ FOB) 2009 672 3.020 2010 503 2.730 2011* - 2% a 6% - 2% a 6% Fonte: SindiTabaco e PwC *Projeção Nos estados do Nordeste brasileiro, onde ainda se registra o cultivo do tabaco voltado ao consumo em corda e para charutos e cigarrilhas, embora em menores proporções do que em outras épocas, a produção de 2011 também apresentou recuo. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume obtido situou-se em 21,4 mil toneladas, contra 29,3 mil t do ano anterior, porém superior às 19,3 mil t de 2009. A produção de charutos e cigarrilhas levantada pelo Sindicato da Indústria do Tabaco da Bahia (Sinditabaco-BA) igualmente apresentava números menores em 2010, ficando, respectivamente, em 2,5 milhões e 8,5 milhões de unidades. ao Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco). Quanto aos cigarros, constata-se leve redução nos consumos nacional e internacional. Mundialmente, de acordo com dados da Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA/Afubra), foram consumidas 5.674 bilhões de unidades em 2010, contra 5.680 bilhões no ano anterior. Esse contexto levou o setor a ajustes na safra 2011/12. Por parte da área produtora, embora se recomendasse diminuição maior de área, para adequar oferta e procura, estimava-se que ficaria em torno de 10%, sem contabilizar os prejuízos provocados pela estiagem que se observava no início de 2012. O segmento industrial, por sua vez, previa declínio no plantio entre 6% e 15% no tipo Virgínia e de 10% a 15% no total. Nas vendas externas de 2011, o levantamento junto às empresas projetava índices entre 2% e 6% menores. PRESSÃO No conjunto da atividade, que está presente desde a existência do País, emprega mais de 2,5 milhões de pessoas e arrecada mais de R$ 9,3 bilhões aos cofres públicos, manifesta-se a preocupação com medidas que atingem o setor, em consequência, especialmente, de regulações atinentes à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Nesse sentido, em 2011 enfrentou-se diretamente, com ampla mobilização da cadeia produtiva e de organismos integrados na câmara setorial, as consultas públicas 112 e 117 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), referentes à proibição de aditivos na fabricação de cigarros e a limitações na venda e publicidade do produto. A audiência pública a respeito acabou adiada para o final do ano, assim como definições ficaram postergadas, particularmente no que tange à adição de açúcar, o que repercutiria diretamente no tabaco do tipo Burley. As gestões também foram feitas no plano legislativo, no qual se garantiu a exposição dos produtos na parte interna dos estabelecimentos comerciais. Ao mesmo tempo, foi impedido por lei federal de 2011, ainda a ser regulamentada, o consumo de tabaco em ambientes fechados de acesso público. A determinação legal, na avaliação dos representantes do setor, deverá incentivar ainda mais a ilegalidade, que hoje afeta cerca de 30% do mercado. Além disso, ocorreram mudanças na tributação do cigarro, por meio de medida provisória de agosto de 2011 e que deverão passar a valer a partir de maio de 2012. De um lado é estabelecido preço mínimo para o produto, o que pretende auxiliar no combate à ilegalidade, e se aponta maior flexibilidade no novo sistema, enquanto de outro ocorre novo e gradual aumento do imposto até 2015. Toda a cadeia produtiva continua atenta às intervenções a que se encontra sujeita, atuando no sentido de que haja equilíbrio em qualquer iniciativa oficial para que não se esqueça da importância econômica e social da tradicional atividade. Da mesma forma, ao lado de adversidades, apresentam-se sinais positivos e de alento. No Nordeste, destacase o acordo firmado para exportação do tabaco para a China e a possibilidade de avançar no processo para obtenção da indicação geográfica do charuto baiano. No Sul, há investimentos empresariais na verticalização da produção, em pesquisa e na estrutura industrial. Essas iniciativas, associadas às suas reconhecidas práticas ambientais e sociais sustentáveis, dão vigor também à sustentabilidade econômica do setor e ao seu futuro, do qual depende tanta gente. 139 Inor Ag. Assmann Time of adjustments Revista AgroBrasil 2011 After high production and record productivity rates, planted area is reduced to adjust to new market realities 140 Second largest global producer and biggest exporter of tobacco, in the 2010/11 crop, grown in the South, where the production of cigarette tobacco is concentrated, Brazil celebrated a 20.4-percent increase in volume compared to the previous cycle. The crop totaled 832.8 thousand tons of the following varieties: Virginia (707.7 thousand tons), Burley (109.1 thousand tons) and Comum (15.9 thousand tons), according to a survey by the Tobacco Growers’ Association of Brazil (Afubra). Productivity hit record high and reached 2,233 kilos per hectare, on average, in a total area of 372,930 ha. In terms of quality and remuneration, the rates fell short of the previous year, and the 186 thousand growers in the three states (Rio Grande do Sul, Santa Catarina and Paraná) raked in a total of R$ 4.1 billion. E xports, the destination of a huge proportion of Brazilian leaf, again had to put up with the exchange rate gap and soaring supplies by competitor countries. Shipments abroad in 2010 amounted to 503 thousand tons, bringing in revenue of R$ 2.730 billion, which is equivalent, respectively, to reductions of 24.1% and 9.6%, compared to 2009, according to PricewaterhouseCoopers (PwC), which conducted a survey of the 15 companies associated with the Interstate Tobacco Industry Union (SindiTabaco). With regards to cigarettes, slight fall in consumption has been ascertained both at home and abroad. Globally, according to the International Tobacco Growers’ Association (ITGA/ Afubra), 5,674 billion pieces were consumed in 2010, against 5,680 billion in the previous year. This context has led the sector to adjustments in the 2011/12 crop year. From the growers’ side, although bigger area reductions had been recommended, so as to adjust the supply-demand side, reductions are estimated at 10%, without factoring in the damages induced by the drought conditions in early 2012. The industrial segment, in turn, was expecting a decline from 6% to 15% in Virginia plantations, and from 10% to 15% in the total. With regard to foreign sales in 2011, the survey of the companies pointed to 2% to 6% reductions. In the Brazilian Northeastern states, where the prevalent varieties are cigar, cigarillo and rope tobacco, although in smaller proportions than in the past, the 2011 crop was also down in size. According to data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), the volume of the crop amounted to about 21.4 thousand tons, compared to 29.3 thousand the year before, but higher than the 19.3 thousand tons in 2009. The production of cigars and cigarillos, from figures released by the Tobacco Industries’ Union in Bahia (Sinditabaco-BA) equally showed declining numbers in 2010, remaining, respectively, at 2.5 million and 8.5 million units. PRESSURE Considered as a whole, the activity, present in the Country since its discovery, employs upwards of 2.5 million people and rakes in R$ 9.3 billion in taxes for the public coffers. And there is deep concern about several measures that have affected the sector, stemming particularly from regulations introduced by the Framework Convention on Tobacco Control. In this sense, 2011 was a year when the tobacco production chain, along with organs of the sectorial chamber, staged huge protests against public hearings 112 and 117, promoted by the National Health Surveillance Agency (Anvisa), focused on the ban of cigarette additives, as well s sales and publicity limitations. The public hearing in question ended up being postponed until the end of the year, and definitions were also postponed, particularly with regard to the addition of sugar, which would have direct implications on Burley tobacco. Debates also took place at legislative level, where it was defined that cigarettes could be displayed inside the shops. At the same time, a federal law was passed, but it still needs to be regulated, banning smoking in closed environments open to the public. This legal determination, in the opinion of the sector’s representatives, is likely to encourage even further under-the- counter sales, which now account for about 30% of the cigarette market. Furthermore, cigarette taxation suffered changes, through interim measure of August 2011, scheduled to enter into force as of May 2012. For one thing, minimum prices for the product are set, which is supposed to help fight illegal sales, while the system is to become more flexible. On the other hand, cigarette taxes are to soar gradually until 2015. The entire production chain is paying heed to the interventions it is subjected to, always acting towards keeping a balance with regard to any official measure, and with its focus on the social and economic importance of this traditional activity. Likewise, side by side with the adversities, there are encouraging signs at the end of the tunnel. In the Northeast, an agreement was signed for exporting tobacco to China and there are chances to proceed in the process of the geographic indication for the cigars made in Bahia. In the South, there are investments by companies towards production verticalization, research and industrial structure. These initiatives, associated with their much acknowledged sustainable social and environmental practices, also lend strength to the sector’s economic sustainability status and to its future, representing the livelihoods of so many people. Inor Ag. Assmann >>trigo wHeat Recuar para ganhar Revista AgroBrasil 2011 Produtores brasileiros investem em qualidade, mas reduzem área plantada em busca de melhores preços 142 Após colher 5,79 milhões de toneladas em 2011, o Brasil reduzirá a produção de trigo na próxima safra. Os baixos preços levarão à queda de até 5% na área cultivada, segundo analistas. O levantamento de janeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a safra 2011/12 ocupou 2,17 milhões de hectares, alta de 0,8% sobre a superfície semeada em 2010/11, que ficou em 2,15 milhões de ha. A produção caiu 1,6% em relação à colheita de 5,88 milhões de t em 2010. A produtividade ficou 2,3% menor e alcançou a 2.672 quilos por hectare, contra 2.736 kg/ha em 2010. O cereal é cultivado principalmente na região Sul, onde se concentra 94,7% do plantio, realizado no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O Sudeste responde por 3,3% com a participação de São Paulo e Minas Gerais; e o Centro-Oeste completa a oferta (2%) com os cultivos em Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás. O sistema é o de rotação ou sucessão com a soja. Os dados da Conab apontam o Rio Grande do Sul como o maior produtor nacional, com 2,74 milhões de t em área de 932,4 mil ha, superando o Paraná. Nesse Estado, a colheita rendeu 2,5 milhões de t em 1,042 milhão de ha. O clima adverso e a valorização do milho safrinha, que compete em área com o trigo, afetaram a colheita dos paranaenses. DESACELERANDO • SLOWING DOWN Quadro de oferta e demanda de trigo (mil t) Importação Suprimento 2009/10 Safra Estoque inicial 2.706,7 Produção 5.026,2 5.922,2 13.655,1 Consumo 9.614,2 Exportação 1.170,4 Estoque final 2.870,5 2010/11 2.870,5 5.881,6 5.771,9 14.524,0 10.242,0 2.515,9 1.766,1 2011/12 1.766,1 5.788,6 5.600,0 13.154,7 10.439,0 1.500,0 1.215,7 Fonte: Conab (janeiro de 2012) MERCADO Metade do suprimento de trigo do Brasil é importado a preços menores do que os praticados para o produto nacional. Das 13,15 milhões de toneladas disponíveis no ciclo 2011/12, 5,6 milhões são importadas, 5,79 milhões compõem a safra e 1,76 milhão formam o estoque. O consumo deve chegar a 10,44 milhões de t e a exportação, via Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), a 1,5 milhão de t. Restará em estoque 1,21 milhão de t. O analista da consultoria Safras & Mercado Michael Favero vê como recorrentes os problemas da cadeia tritícola.“Falta de liquidez, cotações abaixo do preço mínimo em boa parte do ano, recursos insuficientes para o escoamento da safra e carência de integração do setor são apenas algumas das questões.”Os preços do mercado doméstico são formados a partir da conjuntura internacional, cuja referência são as bolsas de mercadorias dos Estados Unidos (Chicago e Kansas), que, desde fevereiro de 2011, apresentaram queda nas cotações. O movimento intensificou-se a partir de julho, com a volta ao mercado da Rússia, que teve grande quebra em 2010. A pressão nas cotações foi agravada pela crise financeira internacional, que afetou as commodities agrícolas. A Argentina, maior produtora do Mercosul e exportadora, precisou se adaptar. Em junho, a tonelada do cereal era cotada a US$ 345,00 e, na última semana de dezembro, a US$ 215,00, depreciação de quase 40%. Assim o país vizinho colocou trigo no Brasil com valor abaixo do nacional. Até novembro, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as importações dos argentinos, considerando-se grão e farinha, somaram 4,8 milhões t e representaram 80% das compras externas do alimento em 2011. O volume é normal, mas os preços são abaixo da média. Os moinhos brasileiros, sobretudo de São Paulo, tiveram acesso a trigo bom e barato e o poder de barganha aumentou. As cotações nacionais caíram. Em Maringá (PR), o trigo pão Tipo 1, que estava a R$ 520,00/t em junho, no final de dezembro foi a R$ 450,00/t. Em Carazinho (RS), caiu de R$ 490,00/t em junho até R$ 410,00/t em dezembro. Para o início de 2012 as expectativas não são animadoras. De acordo com Favero, “como a produção mundial foi a maior dos últimos anos (689 milhões de t), gerou uma relação estoque/consumo de 31%, e como a crise financeira internacional se prolonga, a pressão baixista deve permanecer. A Argentina seguirá colocando trigo no Brasil a preços competitivos,o que dificultará negociações de vulto envolvendo o cereal de origem nacional”.Nesse cenário, o analista crê que os leilões do governo federal são o meio do triticultor encontrar mercado ao seu produto em curto prazo. “Afora isso, é aguardar para que no próximo ano haja um esforço dos representantes das duas pontas da cadeia produtiva para que essa dependência do governo seja, pelo menos, atenuada”, destaca.“Até lá, a baixa liquidez deve permanecer como a principal característica do setor.” Inor Ag. Assmann O presidente da Associação Rio-grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), Lino de David, comemora a grande safra do Estado em 2011. A produtividade cresceu 18% para inéditos 2.941 kg/ha. O chefe-geral da Embrapa Trigo, de Passo Fundo (RS), Sérgio Dotto, diz que o triticultor gaúcho ampliou a área com cultivares de trigo pão e melhorador, de maior qualidade. Até 2007, a grande parte do grão cultivado era o brando, com baixo teor de glúten e destinado à produção de biscoitos. A variedade para panificação representava 38% das lavouras. Na última safra chegou aos 90%. 143 Retreating to win Revista AgroBrasil 2011 Brazilian producers invest in quality, but reduce planted area seeking better prices 144 After harvesting 5.79 million tons in 2011, Brazil is poised to reduce its planted area in the next season. Low prices are responsible for a 5-percent reduction in area, analysts conclude. The January survey conducted by the National Supply Company (Conab) points to a 2.17 million hectare crop in 2011/12, up 0.8% from the area planted in 2010/11, which remained at 2.15 million hectares. Production volume went down 1.6% compared to the 5.88 million tons in 2010. Yields receded 2.3% and reached 2,672 kilos per hectare, against 2,736 kg/ha in 2010. T he cereal is particularly grown in the three southern states of Paraná, Rio Grande do Sul and Santa Catarina, responsible for 94.7% of the entire national crop. The Southeast accounts for 3.3%, with the participation of São Paulo and Minas Gerais; and the Center-West is the origin of the other 2%, with cultivations in Mato Grosso do Sul, Federal District and Goiás. Wheat is grown in rotation or succession with soybeans. Conab data point to Rio Grande do Sul as the leading national producer, with 2.74 million tons harvested from an area of 932.4 thousand tons, outstripping the State of Paraná. In this State, the crop reached 2.5 million tons from 1.042 million hectares. Adverse climate conditions and the high value of the off-season corn crop had a negative influence on Paraná’s wheat farming operations. The president of the Rural Extension and Technical Assistance Corporation of Rio Grande do Sul (Emater/RS), Lino de David, celebrates the Inor Ag. Assmann huge crop in the State in 2011. Yields increased by 18% to unprecedented 2,941 kg/ha. Embrapa chief-executive Sérgio Dotto, based in Passo Fundo (RS), says that most growers in Rio Grande do Sul expanded their cultivated area with bread wheat cultivars and enhancer varieties, characterized by higher quality. Up to 2007, soft wheat varieties, with low gluten content, destined for biscuits, were the most common ones. Bread wheat varieties accounted for 38% of the fields. At the last crop, this proportion went up to 90%. MARKET Half of Brazil’s wheat supplies come from abroad, at lower prices than the ones practiced for the cereal produced in Brazil. Of the 13.15 million tons available in 2011/12, 5.6 million are imported, where 5.79 million tons compose the crop, while 1.76 million are for the stock. Consumption is estimated to reach 10.44 million tons, and exports via Program for Product Flow (PEP), 1.5 million tons. This will reduce the stock to 1.21 million tons. Analyst at Safras & Mercado Consultants Michael Favero says wheat production is being affected by the same recurring problems. “Lack of liquidity, quotes below minimum prices most time of the year, insufficient resources for crop flow and faulty integration of the sector are just some of the questions”. Prices on the domestic market are set up in connection with the international scenario, whose reference are the Chicago and Kansas stock exchanges, which, since February 2011, have shown falling prices. The movement got more intense as of July onward, when the Russian market made a comeback, which experienced great problems in 2010. Pressure on quotes was aggravated by the international finance crisis, which affected most agricultural commodities. Argentina, largest Mercosur wheat producer and exporter, had to adjust. In June, a ton of the cereal sold for US$ 345 and, in late December, it was US$ 215, down almost 40%. Under such circumstances, our neighboring country shipped wheat to Brazil at prices below our national quotes. Until November, according to the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), imports from Argentina,including grain and flour,had reached 4.8 million tons and represented 80% of Brazil’s foreign wheat purchases in 2011. The volume is quite normal, but prices are below average. The Brazilian mills, especially in São Paulo, had Access to good and cheap wheat and their bargain Power soared. National prices dropped. In Maringá (PR), Type 1, quoted at R$ 520 a ton, dropped to R$ 450 in late December. In Carazinho (RS), the reduction was from R$ 490 in June to R$ 410 a ton in December. For the beginning of 2012 there are no bright expectations. According to Favero, “as global production was the largest in the past years (689 million tons), it generated a stock/consumption relation of 31%, and as the international crisis is lingering longer than expected, the downward pressure is likely to continue. Argentina will continue shipping wheat to Brazil at competitive prices, which will make things very difficult for any negotiation involving our national cereal”. In such a scenario, the analyst has it that the auctions staged by the federal government are the best course for the wheat producers to find a market for their cereal in the short run.“Apart from this, the only thing is to wait for next year in the hope that both sides of the production chain will come up with a manner to, at least, cushion this dependence on the government”,he says.“Until that time comes, low liquidity should continue as the main characteristic of the sector”. 145 Inor Ag. Assmann >>uva e vinho grape and wine Por pouco Revista AgroBrasil 2011 Após supersafra em 2011, efeitos climáticos frustram expectativas de colheita histórica no Rio Grande do Sul em 2012 146 Sob as parreiras do Rio Grande do Sul, no Sul do País, é o otimismo que rege a colheita de 2012, que pode vir a ser a terceira maior da história. Se não fossem as adversidades do clima, como o granizo e a estiagem, os ânimos poderiam estar melhores. No Estado responsável por mais de 50% da produção nacional de uva e de 90% da elaboração brasileira de vinhos, a lembrança da safra anterior, quando foram colhidos 707,2 milhões de quilos, dá lugar à quebra de produção, estimada em 20%. Com isso, o ciclo atual deve render de 560 a 600 milhões de quilos, segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). M etade das perdas são consequência das precipitações de gelo e da seca, que também castigou outros setores agrícolas. Mesmo com o prejuízo, a safra 2012 ainda pode ser a terceira maior registrada pelos gaúchos. A campeã em produção foi a temporada de 2011, quando os números registrados garantiram crescimento de 180,3 mi- lhões de quilos, ou seja, 34,2% a mais que os 526,9 milhões de 2010. O resultado, divulgado pelo Ibravin, também supera a safra de 2008, considerada até então a maior da história, quando foram produzidos 634 milhões de quilos da fruta, 10,3% menor que a de 2011. No período, as uvas comuns (americanas ou híbridas) registraram o maior acréscimo, com 624,9 milhões de quilos, GRANDES SAFRAS • BUMPER CROPS Produção de uva no Rio Grande do Sul Volume (milhões Ano de quilos) 2006 423,6 2007 570,5 2008 634,0 2009 534,5 2010 526,9 2011 707,2 2012* 560 a 600 FONTE: Ibravin *Estimativa viticultura, a comercialização de vinhos e espumantes ficou abaixo do esperado. Segundo Henrique Benedetti, da Uvibra, o mercado total cresceu apenas 3%, ante os 12% previstos para 2012. Entre os principais fatores para a queda, o presidente cita a considerável diminuição da atividade varejista nos últimos meses do ano e a desaceleração da economia. Neste ano, contudo, o percentual continua entre as metas do setor. De janeiro a novembro de 2011, conforme dados da Uvibra, o Brasil importou 83,753 milhões de litros de vinho e 15,850 milhões de litros de champanhes e espumantes. No mercado interno, a comercialização de vinhos de mesa totalizou 210,184 milhões de litros, enquanto que o suco de uva somou 68,588 milhões de litros. Considerando as vendas dos demais tipos de vinho, o mercado doméstico movimentou 341,432 milhões de litros. Os embarques de vinhos e derivados totalizaram 4,557 milhões de litros. Em 2012, as atenções devem se voltar ao consumidor interno, pois as expectativas giram em torno do bom momento vivido pela economia nacional. A cadeia produtiva também espera melhores resultados devido à previsão de redução da taxa de juros, que hoje está em 11% ao ano.“Quando a economia vai bem, o mercado vai bem”,aponta Benedetti. No cenário internacional, lideranças continuam a participar de importantes feiras e eventos realizados nos principais países compradores, como Inglaterra, Londres e Alemanha. Mas devido à redução de compra da mercadoria brasileira, consequência da crise financeira internacional, o volume de embarques deve diminuir. O fato, porém, não deve apagar o brilho da viticultura nacional. Inor Ag. Assmann sendo que quase a metade foi destinada à elaboração de suco, seguindo uma tendência observada desde a temporada passada. As uvas viníferas somaram 82,3 milhões de quilos, pouco menos que o recorde de 83,8 milhões de quilos do ciclo 2008. Em 2010, a safra de uva vinífera foi de 46,1 milhões de quilos. De acordo com o Ibravin, o crescimento observado em 2011 ocorreu devido às novas áreas de cultivo implantadas nos últimos anos e que só agora entraram, definitivamente, em produção, especialmente na Serra Gaúcha, a mais tradicional região produtora do Brasil. Junto a isso, também houve incremento no número de empresas vinícolas no Estado, que chegaram a 751 em 2011, contra 741 em 2010. No total, 151 municípios gaúchos – 30% do total do Rio Grande do Sul – produziram uva na safra, contra 141 na anterior. Para a temporada 2012, contudo, se o clima continuar favorável, a menor quantidade será compensada por uma excelente qualidade da matéria-prima. Conforme o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Henrique Benedetti, a estiagem deve garantir excelência às uvas. Devido ao clima seco e quente, com temperatura amena à noite – resultado das condições climáticas do fenômeno La Niña – houve aceleração da maturação na Serra Gaúcha, que iniciou a colheita antes do previsto. Em âmbito nacional, dados preliminares disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) apontam para produção nacional de 1,463 milhão de toneladas em 2011, enquanto que no ano anterior foram 1,351 milhão de t. Além do Rio Grande do Sul, a fruta é cultivada em mais seis estados: Pernambuco (208.660 t), São Paulo (177.227 t), Paraná (105.000 t), Santa Catarina (67.767 t), Bahia (65.434 t) e Minas Gerais (9.804 t). A área destinada à fruta é de 81.915 hectares. A exportação nacional de uvas somou, em 2011, 59,391 milhões de quilos. LEVE AVANÇO Em contrapartida aos bons números registrados pela 147 Revista AgroBrasil 2011 Just barely 148 After a bumper crop in 2011, climate induced factors frustrate the expectations for an all-time record in Rio Grande do Sul, in 2012 Under the vineyards in Rio Grande do Sul, in South Brazil, optimism is setting the tune for the 2012 crop, which may turn out to be the third biggest on record. If it had not been for the climatic adversities, like hailstorms and drought conditions, the farmers would certainly be happier. In the State that accounts for upwards of 50% of the national grape crop and 90% of all wines made in Brazil, a look back on the previous crop, when 707.2 tons were harvested, brings to mind this year’s crop frustration, estimated at 20%. This will bring the current crop to a maximum of 560 to 600 million tons, according to the Brazilian Wine Institute (Ibravin). H alf of the losses result from hailstorms and drought conditions, which also affectedotheragriculturalsectors.Despite the losses, the 2012 crop stands chances to be the third biggest on record here in Rio Grande do Sul. The leader in production was the 2011 crop year, when the numbers showed an increase by 180.3 million kilos, in other words, up 34.2% from the 526.9 million kilos harvested in 2010. The result published by Ibravin also outstrips the 2008 crop, up to that time considered to be the largest on record, when the volume reached 634 million kilos of grapes, down 10.3% from 2011. Over the period, common grapes (American or hybrid varieties) celebrated the highest rise, totaling 624.9 million kilos, and almost half of all grapes were destined for juices, in line with a trend that started in the previous crop. Vinifera grapes amounted to 83.8 million kilos in the 2008 cycle. In 2010, the vinifera grape crop reached 46.1 million kilos. According to Ibravin, the growth in volume registered in 2011 resulted from the establish- Inor Ag. Assmann ment of new vineyards over the past years, and are now entering in full production, particularly in the Sierra Gaucha region, the most traditional Brazilian winegrowing area. Along with these bigger volumes, the number of wineries in the State also increased, amounting to 751 plants in 2011, against 741 in 2010. In all, 151 municipalities in Rio Grande do Sul – 30% of all municipalities in the State – produced grapes in the current crop, compared to 141 in the previous season. For the 2012 season, nonetheless, if climatic conditions continue favorable, the smaller crop size will be compensated by the excellent quality of the grapes. According to the president of the Brazilian Winegrowing Union (Uvibra) Henrique Benedetti, the drought conditions will result into a crop of excellent quality. Due to warm and dry climate conditions, with mild temperatures by night –a consequence of the climate changes brought about by the La Niña phenomenon – the grapes in the Sierra Gaucha region began to mature earlier this year. At national level, preliminary data released by the Brazilian Fruit Institute (Ibraf) point to a national production volume of 1.463 mil- lion tons in 2011, while in the previous year it was 1.351 million tons. Besides Rio Grande do Sul, grapes are grown in six other States, too: Pernambuco (208,660 t), São Paulo (177,227 t), Paraná (105,000 t), Santa Catarina (67,767 t), Bahia (65,434 t) and Minas Gerais (9,804 t). The area destined for the fruit is 81,915 hectares. Brazilian grape exports in 2011 amounted to 59.391 million kilos. SLIGHT ADVANCE Contrary to the good numbers registered by the winegrowing operations, sales of wines and sparkling wines did not live up to expectations.According to Henrique Benedetti, of Uvibra, the market as a whole soared only 3%, against the 12% that had been forecast for 2012. Among the factors that account for the fall, the president cites the considerable decrease in retail sales in the last months of the year and the slow-moving economy. In the current year, nonetheless, the percentage keeps on a par with the targets of the sector January through November 2011, from data released by Uvibra, Brazil imported 83.753 million liters of wine and 15.850 million liters of sparkling wines and champagne. In the domestic market, sales of table wines amounted to 210.184 million liters, while sales of grape juice reached 68.588 million liters. Considering the sales of all types of wine,the domestic market absorbed 341.432 million liters. Shipments of wines and byproducts totaled 4.557 million liters. In 2012, the domestic consumers are supposed to be the target of choice, as great expectations arise from the good moment the domestic economy is experiencing. The production chain is also expecting better results from the reduction of the interest rate, which now is 11% a year.“With the economy on the rise, the market follows suit”,Benedetti comments. In the international scenario, leaderships continue attending important fairs and events that take place in most major buying countries, like Britain, London and Germany. However, due to decreasing purchases of Brazilian products, resulting from the international financial crisis, the volume of shipments is bound to fall. A fact that should not overshadow the good moment Brazilian winegrowing business is going through. 149 >>entrevista INTERVIEW KÁTIA ABREU Senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Agroconquistas Divulgação Agropecuária nacional avançou muito para suprir o Brasil e outros países com alimentos, mas setor carece de garantias para seguir evoluindo A premissa de que o Brasil deve ser lembrado como o celeiro do mundo não é em vão. A força dos produtos nacionais vai além das fronteiras e alcança, ano a ano, novos espaços junto ao mercado internacional. Em entrevista realizada por e-mail à Revista AgroBrasil – Balanço Brasileiro do Agronegócio, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), afirma a importância da agropecuária para a economia nacional e a conquista do mercado externo. E os números não deixam dúvidas: o setor responde por 24% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, emprega 37% da força de trabalho e gera 36% das exportações. K átia salienta a relevância de desmistificar algumas práticas agropecuárias, visto que hoje há muitos preconceitos contra quem vive e trabalha no campo. Por isso, acredita que esclarecer os fatos é fundamental. Cita a insegurança jurídica como o principal entrave às atividades rurais e acredita que o novo Código Florestal garantirá ao Brasil o título de País com a melhor e mais sustentável agricultura do planeta. AgroBrasil – Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, a senhora afirma que o Brasil aprendeu a andar com as próprias pernas. As consequências foram a estabilidade da economia e a participação representativa no mercado exterior. De que forma a agricultura e a pecuária contribuíram para esse cenário? Kátia Abreu – O setor agropecuário brasileiro cresceu de forma sustentável nos últimos anos, garantindo o abastecimento do mercado interno, que absorve 70% da produção nacional, e exportando 30% do que produzimos. Revista AgroBrasil 2011 >>PERFIL 150 Kátia Abreu nasceu em Goiânia (GO) em 1962. Formada em Psicologia, assumiu os negócios e a fazenda do marido em 1987, ao ficar viúva. Presidiu o Sindicato Rural de Gurupi, sua cidade no Tocantins, e a Federação da Agricultura do Estado do Tocantins (Faet). Em 2008, foi a primeira mulher eleita presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Dirigiu a entidade no triênio 2009-2011 e foi reeleita para o período 20122014. Disposta a mudar a imagem do setor agropecuário, busca aproximar a CNA e os produtores da sociedade por meio da implantação de um programa de responsabilidade social que inclui projetos nas áreas de saúde, educação e cultura. Atuou como deputada federal de 2000 a 2006 e foi eleita senadora em 2006. No Senado, é membro titular das comissões de Assuntos Sociais, Assuntos Econômicos e de Agricultura e Reforma Agrária. Essa evolução permitiu que o País passasse da condição de importador de alimentos para a posição de maior produtor e exportador de açúcar, café, suco de laranja e etanol, além de ocupar o posto de segundo maior produtor e exportador dos produtos do complexo soja (grão, óleo e farelo). As vendas externas, especialmente de produtos agrícolas, permitiram ao País acumular reservas cambiais, essenciais para o enfrentamento das turbulências externas. Essa condição elevou o Brasil para uma nova posição no cenário mundial. Mas isso não quer dizer que a prioridade sejam as exportações: abastecer o mercado interno com alimentos de qualidade e baratos continua sendo o principal objetivo do setor agropecuário. Apesar das conquistas ao longo das décadas, a imagem em torno da atividade agropecuária no País ainda é cercada por ideias e conceitos equivocados, como a de que a maior parte da produção é exportada, a de que os produtores rurais degradam o meio ambiente e que fazem uso de trabalho escravo. Como isso pode ser trabalhado? Quais as medidas necessárias para mudar essa realidade? São muitos os preconceitos contra quem vive e trabalha na terra e o nosso trabalho é esclarecer os fatos. O aumento da produção de carnes e grãos ampliou a oferta e barateou o preço dos alimentos no mercado interno, o que é positivo para todos. Há 40 anos, as fa- mílias brasileiras gastavam 48% da sua renda com alimentação e hoje esses gastos representam apenas 18% das despesas. No que diz respeito ao meio ambiente, o produtor rural é o maior interessado na preservação ambiental, condição essencial para a continuidade da produção. O fato de 61% do território brasileiro estar preservado como vegetação nativa e de 93,9 milhões de hectares, cerca de 11% do País, terem cobertura nativa dentro das propriedades comprova esse compromisso. Quanto ao trabalho escravo, a CNA defende a punição para os que eventualmente fizerem uso dessa prática nefasta. Mas é preciso uma definição clara do que é trabalho escravo para que isso não se torne outra fonte de insegurança jurídica para o produtor rural. O Brasil hoje é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. O produtor, no entanto, ainda se depara com muitos obstáculos e entraves no campo. Quais a senhora cita como principais? Nesse sentido, é preciso rever as leis trabalhistas, ambientais e agrárias? O novo Código Florestal é uma ferramenta que deve impulsionar o desenvolvimento? A insegurança jurídica no campo é um dos principais entraves para o setor agropecuário. O novo Código Florestal, em tramitação na Câmara dos Deputados, vai resolver uma parte dos problemas dos produtores rurais. A nova lei ambiental permitirá a produção agro- pecuária com respeito ao meio ambiente e garantirá que o Brasil se consolide como o País que tem a melhor e mais sustentável agricultura do planeta. Além das legislações ambiental e trabalhista, há outros temas que provocam insegurança jurídica ao produtor, comprometendo os investimentos na atividade. As regras para a demarcação de terras de quilombolas e indígenas, por exemplo. Com a reeleição para presidir a CNA, o que deve reger a plataforma de trabalho para o próximo triênio? Quais são as lições e principais marcos que ficam dos últimos anos frente à confederação? Foram muitas lutas nos últimos três anos. Avançamos nos debates em torno do novo Código Florestal, cuja votação deve ser finalizada na Câmara dos Deputados nos próximos meses. Também avançamos, juntamente com o Governo federal, nas discussões do modelo da nova política agrícola que garantirá renda ao campo. É preciso solucionar outros problemas antigos, entre eles as deficiências de infraestrutura, além de criar as condições necessárias para ampliar o alcance do agronegócio a partir da inclusão de um milhão de médios produtores ao sistema produtivo. Lidar com os possíveis problemas provocados pela crise econômica mundial, que pode reduzir a oferta de crédito para financiamento da safra e reduzir a demanda por produtos agropecuários, é uma das nossas prioridades neste momento. >>PROFILE Kátia Abreu was born in Goiânia (GO) in 1962. She graduated in Psychology, took over the businesses of her husband’s farm in 1987, when she became a widow. She presided over the Rural Union in Gurupi, her hometown in Tocantins, and also presided over the Federation of Agriculture of the State of Tocantins (Faet). In 2008, she became the first woman to be elected president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA). Her first three-year tenure was from 2009 to 2011, when she was reelected for another three years: 2012-2014. Determined to change the image of the agricultural and livestock sector, she tries to bring together the CNA and the growers through the implementation of a social responsibility program, which includes projects in the areas of health, education and culture. She served as federal deputy from 200 to 2006 and was elected senator in 2006. In the Senate, she is an effective member of the Social Affairs, Economic Affairs, Agriculture and Land Reform committees. 151 KÁTIA ABREU Senator and president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA) Agroconquests Agriculture and livestock operations have made strides to provide Brazil and other countries with food, but sector resents guarantees to continue thriving It is a firm belief that Brazil should be remembered as the granary of the world. The strength of the national products crosses the borders and, year after year, finds its way into new international markets. At an interview by e-mail to Revista AgroBrasil – Brazilian Agribusiness Balance, senator Kátia Abreu, president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA), reinforces the importance of agriculture and livestock for the national economy and the conquest of foreign markets. And the numbers leave no doubt: 24% of the Gross Domestic Product of the Country, employs 37% of the Brazilian workforce and generates 36% of all exports. Revista AgroBrasil 2011 K 152 átia highlights the importance of demystifying some agriculture and livestock rearing practices, seeing that nowadays there is much prejudice against those who live and work in the countryside.To this end, she takes it that clarifying the facts is what really matters. She cites legal insecurity as a major hurdle that jeopardizes all rural activities and believes that the new Forest Code will earn the Country the reputation as the protagonist of the best and most sustainable agriculture on the planet. AgroBrasil – In an article that came out in the Folha de São Paulo newspaper, you affirm that Brazil has learned to walk with its own legs. The consequences were economic stability and a relevant share in the foreign market. In what way did agriculture and cattle farming contribute toward this scenario? Kátia Abreu – The Brazilian agriculture and cattle rearing sector has grown in a sustainable manner over the past years, meeting the needs of the domestic market, which absorbs 70% of the entire national production, while 30% of what we produce is destined for exports. This evolution paved the way for Brazil to shift from food importing country to an exporter of sugar, coffee, orange juice and ethanol, besides occupying the position as second-largest producer and exporter of the soy complex products (grain, oil and meal). Foreign sales, particularly of agricultural products, were responsible for the country to accumulate foreign exchange reserves, essential when it comes to facing the turbulences coming from abroad. This condition pushed Brazil to a new position in the global scenario. Nonetheless, this does not mean that total priority is given to exports: provide the domestic market with cheap and quality foods is still the main target of the agriculture and livestock sector. Although having celebrated conquests over the past decades, the Country’s image regarding agriculture and livestock operations is still surrounded by equivocal ideas and concepts, like the belief that the bulk of our production is exported, that the rural producers are degrading the environment and that slave labor is still taken advantage of. How can this been dealt with? What measures are needed if this wrong concept is to be changed? There is still plenty of prejudice against those who live and work in the rural setting and our work consists in clarifying the facts. Soaring meat and grain production expanded supplies and pressed down the price of food in the domestic scenario, which is quite encouraging for everybody.Forty years ago, most families in Brazil used to spend 48% of their income on food items, now these expenses represent only 18%. With regard to the environment, the rural producers are indeed deeply concerned with preserving our natural resources, which is an essential factor if production is to be continued. The fact that 60% of the Brazilian territory is still covered with native vegetation, along with 93.9 million hectares, about 11% of the entire national territory, covered with native forests within the farms attests to this commitment. As to slave labor, the CNA advocates punishment to those who might still resort to this horrendous practice.However, there is need for a clear definition of what slave labor really is to prevent this issue from becoming a source of legal insecurity for the rural producers. Brazil is now a leading exporter of food in the world. In spite of this, the producers still face lots of obstacles and hurdles at field level. Which ones would take as the major ones? Within this sense, is there a need to revise our labor, environmental and agrarian legislation? Is the new Forest Code a tool capable of driving our development? Legal insecurity in the rural setting is a major hurdle the agricultural and livestock sectors have to put up with. The new Forest Code, now going through the channels of the House of Representatives, will certainly solve a certain number of the problems faced by most rural producers. The new environmental law will allow for agricultural and livestock operations with respect for the environment and will certainly lead Brazil to the position as the protagonist of the best and most sustainable agriculture on the planet. Besides the environmental and labor legislations, there are other matters that arouse juridical insecurity among the farmers, jeopardizing investments in the activity. The rules for the demarcation of the lands of the quilombolas and indigenous people, for example. Having been reelected for another term as president of the CNA, what is supposed to guide your work plan for the next three years? What major lessons and main marks do you derive from your time in office at the confederation? Lots of heated debates took place over the past three years. We made strides with regard to the new Forest Code, which is to go through the final vote in the next three months.We also made progress, jointly with the Federal Government, in the debates about the new agricultural model, which is supposed to turn the rural activities more profitable. Other problems need solving, such as infrastructure deficiencies, besides creating the necessary conditions to expand the range of agribusiness through the inclusion of one million middle-scale farmers in the production system.To deal with the possible problems triggered by the global economic crisis, which could reduce credit lines for crop financing purposes and, consequently reduce the demand for agricultural and livestock products, is one of our priorities at the moment. A PESA NÃO SE CONTENTA COM POUCO Ao completar 65 anos, a PESA nutre um desejo de fazer ainda mais pelos seus clientes: mais qualidade, mais rapidez e mais comprometimento. Porque fazer negócios com a PESA é poder contar com um parceiro que garante as melhores soluções para a sua empresa, sem falar na indiscutível qualidade dos produtos Caterpillar. Por isso, na hora de adquirir ou alugar equipamentos, fale com quem faz mais pelo seu negócio. www.pesa.com.br