Uma Resposta Breve para uma Pergunta
Transcrição
Uma Resposta Breve para uma Pergunta
Uma Resposta Breve para uma Pergunta Complexa (Salmos 119) David Roper Nesta lição, veremos uma das passagens mais incomuns da Bíblia, Salmos 119. Para começar, trata-se do “capítulo”1 mais comprido da Bíblia; ele contém 176 versículos 2 ! (Isto faz de Salmos 119 um dos salmos mais assustadores para se pregar!) Além disso, cada um dos 176 versículos (com poucas exceções3 ) utiliza um sinônimo para a Palavra de Deus. É um cântico de louvor à Palavra de Deus. Salmos 119 é um poema acróstico baseado no alfabeto hebraico: contém oito versos que começam com a primeira letra do alfabeto hebraico, alefe, e oito versos que começam com a segunda letra, bete, e assim por diante com as demais vinte e duas letras do alfabeto hebraico4 . Salmos 119 tem sido chamado de “o acróstico alfabético mais perfeito em hebraico e possivelmente em qualquer outra língua” 5 . Finalmente, se a tradição judaica estiver correta e o salmo tiver sido escrito por Esdras6 , ele foi um dos últimos salmos a serem escritos. Salmos 119 não é só uma passagem bíblica incomum; é também uma passagem poderosa. Pode ser que não enxerguemos isso à primeira leitura. Por causa da sua configuração, Salmos 119 não flui como outros salmos e é bastante repetitivo. Por isso, talvez, este salmo não mexa conosco tanto quanto outros salmos. Todavia, não devemos subestimá-lo. É um ótimo salmo. Na velhice, John Ruskin escreveu: É estranho que de todas as partes da Bíblia que minha mãe me ensinou, a que me custou mais para aprender, e que parecia mais repulsiva para a minha mente infantil — o salmo 119 — tornou-se agora de todas a mais preciosa para mim, em seu glorioso e transbordante sentimento de amor pela Lei de Deus7 . William Wilberforce, o estadista, escreveu em seu diário: “Caminhei em volta do Hyde Park, repetindo Salmos 119, o que me trouxe grande conforto” 8 . Isto fez um outro escritor sugerir: “Quando não conseguir dormir à noite, não conte carneirinhos. Conte as letras do alfabeto hebraico e recite os versos deste salmo”9 . Muitas verdades grandiosas se encontram neste salmo, mas a presente análise será no sentido de que ele contém “Uma Resposta Breve para uma Pergunta Complexa”. Pela forma final do texto, supomos que ele bem redigido e aprimorado, mas temos de reconhecer que a mensagem básica do salmo não surgiu da composição de um lingüista, mergulhado na quietude do seu estudo. Trata-se de um salmo cheio de sentimentos e emoções. O versículo 53 menciona uma “indignação” consumidora que “se apoderou” do salmista por causa da atitude de muitos para com a Palavra de Deus. O versículo 120 fala da carne se “arrepiar”; o versículo 136 fala das lágrimas do escritor. Este salmo foi escrito a partir da experiência de vida do salmista. Minha sugestão é que o salmista estava lutando para responder a uma pergunta complexa. Também sugiro que, no salmo, ele apresentou uma resposta breve para uma pergunta complexa. Embora Salmos 119 seja comprido, a resposta é breve e objetiva. É uma resposta que se repete vez após vez no salmo. 1 Vejamos primeiramente o salmista e a resposta a sua pergunta complexa; depois, faremos aplicações para as nossas vidas. O SALMISTA O salmista tinha uma multiplicidade de problemas. Ele falou deles numa série de versículos. No versículo 50, mencionou “minha angústia”. No versículo 107, disse: “Estou aflitíssimo”. O versículo 28 diz: “A minha alma, de tristeza, verte lágrimas”. Na língua original, este versículo fala da alma “como se estivesse derretendo no escoamento das lágrimas”10 . Não sabemos a natureza exata das muitas angústias do salmista. Possivelmente eram como as nossas, todos os problemas que nos afetam na vida: problemas de família, de saúde e problemas emocionais. O escritor, porém, mencionou um problema específico: ele estava sendo perseguido. Disse ele: “São muitos os meus perseguidores e os meus adversários” (v. 157). O salmista alistou uma variedade de formas de perseguição. Falavam contra ele (v. 23). “Forjavam mentiras contra ele” (v. 69); o hebraico diz “sujaram-me com mentiras”. (Utilizaram táticas desonestas contra ele. Isto parece tão atual, não é?) Armaram armadilhas para ele (v. 61). Tentaram destruí-lo (v. 95). O salmista disse: “Estou de contínuo em perigo de vida” (v. 109). Os versículos 83 a 87 são exemplos típicos de passagens sobre a perseguição do salmista: “Já me assemelho a um odre na fumaça” (v. 83). Um odre ficaria seco, rachado, pretejado e inútil se fosse deixado na fumaça e no calor do fogo. O escritor estava dizendo: “Por causa de tudo pelo que estou passando, estou virando um inútil!” E prosseguiu dizendo: Quantos vêm a ser os dias do teu servo? Quando me farás justiça contra os que me perseguem? Para mim abriram covas os soberbos… eles me perseguem injustamente; ajuda-me! Quase deram cabo de mim, na terra (vv. 84–87a). Observemos o que ele coloca depois da lista dos seus problemas no versículo 88: “Vivifica-me, segundo a tua misericórdia” (grifo meu). Uma tradução possível seria: “Traze-me de volta à vida!” Ele se sentia morto por dentro! Pelo menos nove vezes no salmo, ele disse: “Vivifica-me. Traze-me de volta à vida!” (vv. 25, 37, 40, 88, 107, 149, 154, 156, 159). No topo da lista de todos os problemas do 2 escritor, ele lutava para saber o que Deus estava fazendo com respeito a tudo isso. Observemos os versículos anteriores aos que acabamos de ler: o versículo 81 diz: “Desfalece-me a alma, aguardando a tua salvação…” Literalmente, o hebraico diz: “Minha alma está fatigada de esperar que Tu me salves”. O versículo 82 diz: “Esmorecem os meus olhos de tanto esperar por tua promessa, enquanto digo: quando me haverás de consolar?” (grifo meu). Qual é a pergunta complexa com a qual o escritor estava se debatendo? A pergunta é: “Como posso enfrentar a vida, com tudo o que está acontecendo comigo?” Isto nos leva à resposta breve. O escritor respondeu sua própria pergunta em quase cada um dos versículos do capítulo: “Posso vencer através da Palavra de Deus”. Já observamos a grande ênfase do salmo na Palavra de Deus. Oito sinônimos são usados para a revelação divina (mais algumas palavras relacionadas). Aqui estão os oito sinônimos em ordem de ocorrência no salmo: 1) “Lei” (v. 1). Justamente neste salmo, a palavra “lei” não se restringe aos livros da lei, os primeiros cinco livros do Antigo Testamento; mas, refere-se à totalidade da revelação divina. 2) “Prescrições” (v. 2). 3) Seus “caminhos” (v. 3). 4) “Leis” (NTLH) ou “ensinamentos” (v. 4). 5) “Preceitos” (v. 5). 6) “Mandamentos” (v. 6). 7) “Juízos” (v. 7) ou “ensinamentos” (NTLH). 8) “Palavra” (v. 9). Assim como oito notas musicais, essas oito palavras são repetidas vez após vez, em novas combinações, novos acordes, neste cântico de louvor à Palavra de Deus. Naturalmente, o escritor não estava dizendo que a mera existência da Palavra de Deus o capacitara a vencer. A Bíblia que fica em cima da mesa de café não ajudará a ninguém. Ele disse, sim, que quando a Bíblia passou a fazer parte dele, ele foi capaz de enfrentar quaisquer desafios da vida: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (v. 11; grifo meu). A ERC diz: “Escondi a tua palavra no meu coração” (grifo meu). Como o escritor escondeu a Palavra no seu coração? Ele não fez uma cirurgia cardíaca para inserir a Bíblia no músculo que bombeia o sangue pelo corpo; mas escondeu a Palavra em seu coração — seu ser interior — lendo-a, estudando, memorizando-a e esforçando-se para entendêla. Vez após vez, o salmista rogou que Deus lhe ensinasse a Palavra (vv. 12, 26, 33, 124; veja também vv. 66, 108) — e o ajudasse a entendê-la (vv. 27, 34, 73, 169; veja também vv. 99, 100, 104, 130). O salmo coloca ênfase especial na questão de meditar na Palavra de Deus — pensando nela e ponderando-a (vv. 15, 48, 78). O escritor disse que ele meditava na revelação de Deus “todo o dia”(v. 97) e durante a noite (v. 148). A chave para esconder a Palavra no coração era a atitude que o escritor desenvolvera em relação à Palavra. A Palavra de Deus era preciosa para ele. No versículo 14 ele disse: “Mais me regozijo com o caminho dos teus testemunhos do que com todas as riquezas”. A Palavra valia mais para ele do que milhares de peças de ouro e prata (v. 72). No versículo 162, ele declarou: “Alegro-me nas tuas promessas, como quem acha grandes despojos [ou grandes tesouros]”. No versículo 103, ele mudou a figura: “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca”. Uma forma pela qual o salmista expressou sua apreciação pela revelação de Deus foi usando a palavra “prazer”. Na ERAB, ele disse oito vezes neste salmo que a Palavra de Deus era o seu prazer. Ele descreveu a Palavra de Deus como “admirável” (v. 129). O termo usado mais expressivo, porém, é a palavra “amor”. Vez após vez, o salmista expressou seu amor pela Palavra de Deus. Os versículos 47 e 48 se referem aos “teus mandamentos, que eu amo”. O versículo 97 é um dos mais conhecidos do salmo: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” Outros versículos enfatizam o mesmo ponto: “Aborreço a duplicidade, porém amo a tua lei” (v. 113; veja também 163); “amo os teus testemunhos” (v. 119). “Amo os teus mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro refinado” (v. 127); “amo os teus preceitos” (v. 159). O versículo 167 refere-se aos testemunhos de Deus, dizendo: “eu os amo ardentemente” (grifo meu). Às vezes como pais, balançamos a cabeça em espanto diante dos atos de um filho genioso. “Ensinamos a ela a Palavra de Deus”, dizemos. “Não sabemos o que deu errado. Ele sabe o que a Bíblia ensina.” Talvez, tenhamos deixado de ensinar esse filho a amar a Palavra de Deus. Nas cadeias e prisões, há pessoas que memorizaram trechos das Escrituras e podem até citar versículos de cor, mas não aprenderam a amar a Palavra de Deus quando eram crianças. Desenvolvendo uma atitude de amor pela Palavra de Deus, tudo o que estava envolvido em esconder a Palavra no coração tornou-se automático para o salmista: leitura, estudo, esforço para entender a Palavra, memorização e meditação. No versículo 131 ele disse: “Abro a boca e aspiro, porque anelo os teus mandamentos”. A ilustração é de um animal com sede (quando leio o versículo 131, penso num cão arquejando). Não é preciso persuadir um cão sedento a beber — nem é preciso forçar uma pessoa que ama a Palavra de Deus a estudá-la, de forma pessoal ou coletiva, numa aula bíblica ou culto! Além disso, com essa atitude de amor, obedecer à Palavra tornou-se automático para o salmista. No versículo 106, ele falou do voto que fizera a Deus: “Jurei e confirmei o juramento de guardar os teus retos juízos” (grifo meu). Não podemos fazer uma promessa mais séria a Deus do que esta: “Obedeceremos à Sua Palavra!” No versículo 60 o salmista disse que não hesitou em cumprir essa promessa sagrada: “Apresso-me, não me detenho em guardar os teus mandamentos”. Deixe-me enfatizar, porém, que ele não fingiu simplesmente que estava obedecendo a regras proibicionistas e mortas. Ele disse: “Eu guardo de todo o coração os teus preceitos” (v. 69; grifo meu). O que a Palavra fez por ele quando ele teve esse tipo de atitude? Ela respondeu sua pergunta complexa? Ela o capacitou a vencer tudo o que a vida estava lançando contra ele? A revelação divina lhe deu bênçãos que podem ser resumidas em três itens: 1) “Liberdade” — “E andarei com largueza, pois me empenho pelos teus preceitos” (v. 45). Outra tradução possível seria: “Andarei com liberdade”. Através da Palavra de Deus, o salmista foi libertado do pecado. O versículo 9 está entre os versículos mais conhecidos do salmo: “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra”. O salmista também foi libertado do medo. Além disso, ele obteve liberdade para expressar totalmente uma vida centrada em Deus. 2) “Luz” — “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (v. 105). “A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples” (v. 130). A Palavra 3 deu-lhe entendimento e orientação. A Palavra deulhe discernimento — discernimento, por exemplo, do valor das coisas que estavam acontecendo com ele. Observemos os versículos 67 e 71: “Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra… Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos”. 3) “Vida” — Lembremos que o salmista pediu repetidas vezes para ser vivificado ou trazido à vida. A Palavra de Deus fez isso por ele. “Nunca me esquecerei dos teus preceitos, visto que por eles me tens dado vida” (v. 93). Sendo assim, o salmista disse: “Grande paz têm os que amam a tua lei” (v. 165). Quando o escritor considerou tudo o que a Palavra de Deus fez por ele, automaticamente quis louvar a Deus (vv. 7, 62, 164, 171, 175) e quis partilhar a Palavra com outros (vv. 13, 26, 27, 108, 172). Quando falamos do amor do salmista pela Palavra e dele ser capaz de vencer as dificuldades através da Palavra, não estamos falando meramente de letras pintadas num pedaço de pergaminho. Alguns que não crêem na inspiração verbal da Bíblia ridicularizam este salmo e o classificam como bibliolatria — fazer da Bíblia um ídolo, adorando-a no lugar de Deus. Afinal de contas, as quase duzentas referências à Palavra e os fortes sentimentos em relação à Bíblia são impressionantes. Todavia, temos de olhar mais de perto para o que o salmista estava dizendo. Vamos rever “a resposta breve” enfatizando as duas últimas palavras: o escritor disse: “Posso vencer as dificuldades através da Palavra de Deus”. Em algum lugar da sua casa, você deve ter uma carta, um cartão ou um bilhete guardado. Esse pedaço de papel está num lugar especial — talvez numa gaveta, talvez dentro da Bíblia. De vez em quando, você o pega e olha para ele. Quando faz isso, fica cheio de um sentimento caloroso. Deixe-me perguntar a você: você se sente assim por que existe algo especial no papel… ou na caneta ou lápis… ou na combinação das letras? Ao contrário disso, não seria por que a carta veio de alguém muito especial? Presumo que se você tem esse papel guardado, você o ama não somente por causa das palavras escritas ali, mas porque você ama a pessoa que lhe mandou essa mensagem. É esse o caso deste salmo. Já observamos a ênfase que o salmo dá à Palavra de Deus. Quando olhamos para ele mais profundamente, vemos que a ênfase na verdade 4 é dada ao Autor da Palavra: Deus. Começando pelo versículo 4, o salmo se torna uma oração dirigida a Deus. Observemos como o salmo é direcionado a Deus. O versículo 10 diz: “De todo o coração te busquei” (grifo meu). Os versículos 76 e 77 dizem: “Venha, pois, a tua bondade consolar-me… Baixem sobre mim as tuas misericórdias, para que eu viva”. De modo simplificado, o versículo 86 diz: “O Senhor é a minha porção” (grifo meu). Cantamos um cântico baseado nesse versículo: “A Minha porção é o Senhor”. Uma tradução moderna seria: “O Senhor Deus é tudo o que eu quero”. Não podemos separar Deus de Sua Palavra. A Palavra de Deus é uma expressão dEle mesmo. De fato, é a expressão mais completa que temos dEle. Trata-se de algo diferente da maioria das leis e regulamentos humanos. Quando paro diante de uma placa “Pare” ou pago impostos, não tenho idéia de quem foi o autor dessas leis — e esta não é uma questão relevante para mim. Com a Palavra de Deus é diferente. O ato de obedecer ou desobedecer às Suas leis baseia-se no relacionamento que temos com Deus. Visto que não podemos separar Deus de Sua Palavra, duas conclusões devem ser deduzidas: 1) Nossa obediência à Palavra de Deus não é algo que fazemos simplesmente para não sermos castigados. Em vez disso, devemos obedecer porque amamos Deus e Sua Palavra. Temos de obedecer de coração: “Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições e o buscam de todo o coração” (v. 2). “De todo o coração te busquei; não me deixes fugir aos teus mandamentos” (v. 10). “Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei; de todo o coração a cumprirei” (v. 34). 2) Não podemos amar a Deus sem amar também a Sua Palavra. Se negligenciarmos a Palavra, estaremos negligenciando a Deus. Não podemos ter um relacionamento correto com Deus sem ter um relacionamento correto com a Palavra dEle! Guarde bem essas conclusões ao partirmos para a aplicação destas verdades às nossas vidas. NÓS Nós, também temos nossas perguntas difíceis. Temos tribulações de toda sorte, todos os problemas que a vida traz. Talvez, assim como o salmista, tenhamos até pessoas se opondo a nós e nos dificultando as coisas. Talvez, como o salmista, também estamos relutando com as coisas que estão nos acontecendo — e onde Deus está nisso tudo. E então, questionamos: “Como podemos vencer?” A resposta breve permanece a mesma: “podemos vencer através da Palavra de Deus”. A Bíblia é a provisão especial de Deus para nos ajudar a aprender sobre Ele, Seu caráter, Seus planos e propósitos e como podemos nos aproximar dEle obedecendo à vontade dEle. Para usufruirmos dessa provisão, temos de aprender a amar a Palavra de Deus em sua totalidade. O versículo 160 diz: “As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre” (grifo meu). Em 2 Timóteo 3:16, 17, Paulo disse basicamente a mesma coisa: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (grifo meu). Precisamos amar a Palavra de Deus — e precisamos escondê-la em nossos corações lendoa, estudando-a, meditando nela e obedecendo a ela. Colossenses 3:16 serviria de um bom resumo de Salmos 119: “Habite, ricamente [sublinhe esta palavra], em vós a palavra de Cristo” (grifo meu). Gostaria de fazer uma aplicação especial àqueles dentre nós que ensinam a Palavra de Deus, sejam eles pais, avós, professores de aulas bíblicas ou cristãos que estão tentando ajudar outras pessoas amadas: nossos filhos ou netos ou alunos ou amigos chegam até nós com perguntas complexas. É preciso entendermos que a ajuda que eles mais precisam encontra-se na Bíblia. Nossa sabedoria, experiência, educação ou conhecimento humano são limitados; as respostas completas estão no Livro de Deus. Portanto, ensinemos esse Livro. Vamos ensiná-lo, ensiná-lo e ensinálo. Todavia, não podemos ensinar somente fatos e leis mortas. Temos de apresentar a Bíblia como a carta de amor escrita por Deus aos homens e temos de levar nossos alunos a amarem o Deus que nos deu a Bíblia! Sei que é isto o que muitos de vocês estão se esforçando para fazer. Que Deus os abençoe por isso! CONCLUSÃO Encerremos esta lição, olhando para o último versículo do salmo, o versículo 176. Ao lermos Salmos 119, ficamos impressionados com o fato de o escritor ser o que chamaríamos de um “homem bom”, melhor do que a maioria de nós. Todavia, a luz da Palavra de Deus (vv. 105, 130) é como um holofote que expõe as falhas do homem. Portanto, vejamos como o salmista termina sua mensagem: “Ando errante como ovelha desgarrada; procura o teu servo, pois não me esqueço dos teus mandamentos” (v. 176). Depois de fazer uma avaliação da Palavra, o salmista ficou ciente das necessidades de sua vida e suplicou pela ajuda de Deus. Após analisarmos a maravilha da Palavra de Deus, é possível que também tenhamos ficado cientes de nossa pecaminosidade. Talvez nossa resposta seja: “Nós, também, andamos errantes como ovelhas desgarradas”. Jamais nos esqueçamos que por trás da Palavra que expõe o nosso pecado está o Autor dessa Palavra, o qual nos ama e deseja nos perdoar por meio da Sua graça e misericórdia — se nos arrependermos e voltarmos para Ele! Você não quer ir até Ele hoje?ASDF 11 Coloquei “capítulo” entre aspas porque, de um modo restrito, o Livro de Salmos não está dividido em capítulos, mas em salmos. Todavia, é comum se falar em Salmos 119 como “o capítulo mais comprido da Bíblia” e Salmos 117 como “o capítulo mais curto”. 12 O salmo mais curto está dois capítulos atrás: Salmos 117, que contém apenas dois versículos. 13 Um, dois ou três versículos são exceções, dependendo do que se considerar como sinônimos. 14 As traduções mais modernas indicam isto. 15 H. L. Ellison, The Psalms (“Os Salmos”). Londres: Scripture Union, 1968, p. 100. 16 Alguns crêem que ele foi escrito por Davi. 17 Citado por J. Vernon McGee em Psalms, vol. III. Pasadena, Calif.: Thru the Bible Books, 1977, p. 102. 18 Ibid. 19 J. Vernon McGee. 10 C. F. Keil e F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament, vol. 5: Psalms (“Comentário do A. T., vol. 5, Salmos”). Peabody, Mass.: Hendrickson Publishers, 1989, p. 248. Reflexões sobre Salmos 119 “…o paradoxo entre uma aparente simplicidade e uma insondável profundidade.” Henry Parry Liddon “…há música em sua monotonia, que é sutilmente variada”; “são poucas as partes no caleidoscópio do salmista, mas se dividem em muitas formas de beleza”. Ian Maclaren “…ele se destaca igualemente em largura de pensamento, profundidade de sentido e altura de fervor”; “é tão pesado quanto seu volume”. Charles H. Spurgeon ©Copyright 2004, 2006 by A Verdade para Hoje TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 5