tiraj Zaman
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REVISTA INTERDISCIPLINAR A Revista Interdisciplinar, criada em outubro de 2008, órgão oficial de divulgação da Faculdade NOVAFAPI, com periodicidade trimestral, tem a finalidade de divulgar a produção científica das diferentes áreas do saber que seja de interesse das áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas. The Interdisciplinary Journal, founded in October of 2008, is the official publishing organ for NOVAFAPI School with publication every three months and has the objective of making public the scientific production in different areas of knowledge that are of interest to health areas, human sciences and technology. La revista interdisciplinar, creada en Octubre de 2008, órgano oficial de divulgación de la Facultad NOVAFAPI, con periodicidad trimestral, tiene la finalidad de propagar la producción científica de las diferentes áreas del saber que sea de interés de las áreas de la salud, ciencias humanas y tecnológicas. COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO PUBLISHING COMMITTEE/COMISIÓN DE PUBLICACIÓN Diretora/Head/Directora Cristina Maria Miranda de Sousa Editora Científica/Scientific Editor/Redactor Científico Maria Eliete Batista Moura [email protected] Editor Associado/Associate Editor/Redactor Asociado Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes Membros/Members/Miembros Ana Maria Ribeiro dos Santos Claudete Ferreira de Souza Monteiro Fabrício Ibiapina Tapety CONSELHO EDITORIAL EDITORIAL BOARD/CONSEJO EDITORIAL Ana Maria Escoval Silva Universidade Nova de Lisboa - Portugal Antônia Oliveira Silva UFPB Adriana Castelo Branco de Siqueira UFPI Carlos Alberto Monteiro Falcão Faculdade NOVAFAPI Eucário Leite Monteiro Alves Faculdade NOVAFAPI Gerardo Vasconcelos Mesquita Faculdade NOVAFAPI/UFPI Gillian Santana de Carvalho Mendes Faculdade NOVAFAPI Luis Fernando Rangel Tura UFRJ Maria do Carmo de Carvalho Martins Faculdade NOVAFAPI/UFPI Maria do Socorro Costa Feitosa Alves UFRN José Nazareno Pearce de Oliveira Brito Faculdade NOVAFAPI Norma Sueli Marques da Costa Alberto Faculdade NOVAFAPI Paulo Henrique da Costa Pinheiro Faculdade NOVAFAPI Roberto A. Medronho UFRJ Telma Maria Evangelista de Araújo Faculdade NOVAFAPI/UFPI Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses Faculdade NOVAFAPI Bibliotecário/Librarian/Bibliotecario: Secretária/Secretary/Secretaria: Capa/Cover/Capa: Editoração/Lay-out/Diagramación: Tiragem/Number of Issues/Tiraja: Projeto/Project/Projecto: Francisco Renato Sampaio da Silva Elizângela de Jesus Oliveira de Sousa Vieira Time Propaganda Time Propaganda 500 exemplares Faculdade NOVAFAPI Revisão dos Resumos/Abstract Review/Revisión de Resumen Inglês/English/Inglês: Espanhol/Spanish/Español: Bibliotecário/Librarian/Bibliotecario: Harold Marwell de Oliveira Ellyda Fernanda de Sousa Oliveira Francisco Renato Sampaio da Silva R454 Revista Interdisciplinar [publicação da] Faculdade NOVAFAPI. Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação v.2, n. 4, 2009. Teresina: Faculdade NOVAFAPI, 2009 Trimestral ISSN 1983-9413 Saúde Ciências Humanas Tecnologia CDD 613.06 Endereço/Mail adress/Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina • Piauí • Brasil Web site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected] SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO Revista Interdisciplinar NOVAFAPI • Teresina-PI ISSN 1983-9413 v. 2, n. 4, 2009. EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL A Revista Interdisciplinar no Sistema Qualis da CAPES ...................................................................................................................05 The Journal of Interdisciplinary Qualis System CAPES (06) La Revista Interdisciplinar en Sistema Qualis de la CAPES (07) Maria Eliete Batista Moura, Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Significados da sexualidade da pessoa portadora de estomia: um estudo de enfermagem na abordagem fenomenológica ...................................................................................................................................................................................09 Meanings of the sexuality of the person with a stoma: a nursing study on a phenomenological approach. Significados de la sexualidad de la persona con ostomía: un estudio de enfermería en el abordaje fenomenológica Conceição de Maria Franco de Sá Nascimento, Maria Helena Barros Araújo Luz Risco de doença renal crônica em hospital público de Teresina-PI ................................................................................................15 Risk of Chronic Kidney Disease at a Public Hospital in Teresina – PI Riesgo de la Enfermedad Renal Crónica en un Hospital Público de Teresina-PI Ginivaldo Victor Ribeiro do Nascimento, Nara Maria Ribeiro Soares, Sávia Raquel Costa Normando Análise da avaliação da aprendizagem utilizada em um curso de graduação em enfermagem ...............................................22 Analysis of the Evaluation of the Learning Used in a Course of Graduation in Nursing Análisis de la Evaluación de Aprender Usado en un Curso de la Graduación en el Oficio de Enfermera Maria do Rosário de Fátima Franco Batista, Francisca Cecília Viana Rocha, Fernanda Cláudia Miranda Amorim, Fernanda Maria de Jesus Sousa Pires de Moura, Magda Coeli Vitorino Sales Consciência atrás das grades: relatos de quem pratica violência contra a mulher ......................................................................28 Conscience behind grids: reports of those who practice violence against women La conciencia detrás de la grids: informes de los que practian La violência contra La mujer Claudete Ferreira de Souza Monteiro, Isabel Cristina Cavalcante Carvalho Moreira, Ivalda Silva Rodrigues, Nathalia Kelly de Sousa Andrade, Rosilane de Lima Brito Magalhães, Fernando José Guedes da Silva O Uso da Ximenia americana L. como cicatrizante de feridas superficiais em Mus musculus ....................................................33 The use of Ximenia americana L. like healing of wounds surface in Mus musculus El uso de Ximenia americana L. cómo curación de heridas superficiales en Mus musculus Beatriz Evelim Carvalho, Enid Holanda Oliveira Pereira da Silva Santos, Mayara Águida Porfírio Moura, José Zilton Lima Verde Santos Cuidador familiar: dificuldades para cuidar do idoso no domicílio ...............................................................................................40 Family caregiver: learning to care for the elderly at home Cuidador de la família: dificuldad para el cuidado del anciano en el domicilio Valquíria Ferreira Lima, Wânia Cristina Leal Barbosa Santos, Francisca Cecília Viana Rocha, Maria Eliéte Batista Moura, Rosely Vasconcelos Viana, Lucas Pazolinni Viana Rocha 3 SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO Cobertura Vacinal por BCG dos Contatos Intra-Domiciliares de Portadores de Hanseníase.......................................................47 BCG Vaccine Coverage in Household Contacts of Patients With Leprosy Cobertura de la Vacuna BCG en los Contactos Domiciliares de Pacientes con Enfermedad de Hansen Tania Maria Melo Rodrigues, Juliana Mayara Meneses Lustosa Vargas, Lara Ely Sena da Silva, Mirelly da Silva Rosado, Maria Zélia de Araújo Madeira REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN Sexualidade na terceira idade: uma revisão bibliográfica ..............................................................................................................53 The sexuality in the third age: a bibliographical revision Sexualidad en la vejez: una revisión de la literatura Jaqueline Carvalho e Silva, Raphaella Genuíno de Oliveira Breuel, Fernando José Guedes da Silva Júnior, Maria do Livramento Fortes Figueiredo NORMAS PARA PUBLICAÇÃO ..............................................................................................................................................................59 PUBLISHING NORMS............................................................................................................................................................................63 NORMAS PARA PUBLICACIÓN.............................................................................................................................................................67 FICHA DE ASSINATURA ........................................................................................................................................................................71 4 EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL A Revista Interdisciplinar no Sistema Qualis da CAPES Maria Eliete Batista Moura Editora Científico da Revista Interdisciplinar Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes Editora Associada da Revista Interdisciplinar É com muita satisfação que a Diretoria da Faculdade NOVAFAPI, a Editora Científica, a Comissão de Publicação e Membros e Conselho Editorial, comunicam que a Revista Interdisciplinar integra o Sistema Qualis, categoria B5, na área da Enfermagem. Esta conquista foi permeada de grandes esforços e faz jus ao que um grupo de professores da Faculdade vem fazendo para melhorar a produção científica de alunos, professores da nossa IES, assim como de outras instituições do Brasil, com o objetivo de adquirir um meio de socialização do conhecimento no Piauí. Novos horizontes se abrem e esperamos que a Revista Interdisciplinar dissemine ainda mais o conhecimento, pois acreditamos que essa classificação é uma das mais importantes conquistas da Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação em toda a sua história. Com isso, a Faculdade NOVAFAPI, por meio da Revista Interdisciplinar, dá a sua contribuição aos pesquisadores do Piauí no sentido de divulgar o conhecimento produzido e aprimorar a produção científica em benefício da sociedade. Portanto, convidamos você a continuar publicando na Revista Interdisciplinar. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.5, Out-Nov-Dez. 2009. 5 EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL The Journal of Interdisciplinary Qualis System CAPES Maria Eliete Batista Moura Editora Científico da Revista Interdisciplinar Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes Editora Associada da Revista Interdisciplinar 6 The Board of the NOVAFAPI Faculty, the “Editora Científica” and the Commission and Members of Editorial Board are very pleased to report that the Journal of Interdisciplinary integrates the Qualis system, B5 category in the area of Nursing.This achievement was fraught with great effort and does justice to what a group of teachers of this college has been doing to improve the scientific output of students and teachers in our IES, as well as other institutions in Brazil, aiming to acquire a way to socialize the knowledge in Piaui. New horizons open up and we hope the Interdisciplinary Journal disseminates knowledge even more, because we believe that this classification is one of the most important achievements of Research and Pos Graduate Coordination throughout its history. So. the Novafapi Faculty through the Interdisciplinary Journal, gives its contribution to the researchers of Piaui in order to disseminate the knowledge which was produced and to improve the scientific output in society benefit. Therefore, we invite you to continue publishing the Interdisciplinary Journal. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.6, Out-Nov-Dez. 2009. EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL La Revista Interdisciplinar en Sistema Qualis de la CAPES Maria Eliete Batista Moura Editora Científico da Revista Interdisciplinar Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes Editora Associada da Revista Interdisciplinar Es con mucha satisfacción que la Dirección de la Facultad NOVAFAPI, La Editora Cientifica, La Comisión de Publicación y Miembros y Consejo Editorial, comunican que La Revista Interdisciplinar integra el Sistema Qualis, categoria B5, en el área de Enfermería. Esta conquista fue permeada de grandes esfuerzos y justifica lo que un grupo de profesores de la Facultad sigue haciendo para mejorar la producción científica de alumnos, profesores de nuestra IES, así como de otras instituiciones de Brasil, con el objetivo de adquirir un medio de socialización del conocimiento en Piauí. Nuevos horizontes se abren y esperamos que la Revista Interdisciplinar disemine aún más el conocimiento, pues creemos que esa clasificación es una de las más importantes conquistas de la Coordinación de Investigación y Posgrado en toda su historia. Con ello, la Facultad NOVAFAPI, por medio de la Revista Interdisciplinar, da su contribuición a los investigadores de Piauí con el fin de divulgar el conocimiento producido y perfeccionar la producción científica en beneficio de de la sociedad. Por lo tanto, le invitamos a seguir publicando en la Revista Interdisciplinar. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.7, Out-Nov-Dez. 2009. 7 PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Significados da sexualidade da pessoa portadora de estomia: um estudo de enfermagem na abordagem fenomenológica Meanings of the sexuality of the person with a stoma: a nursing study on a phenomenological approach. Significados de la sexualidad de la persona con ostomía: un estudio de enfermería en el abordaje fenomenológica Conceição de Maria Franco de Sá Nascimento Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí. Professora Adjunta do Colégio Agrícola – UFPI. Rua Edvaldo Reinaldo Nº 4074, Ininga, Teresina-PI. Fone: (86)3221 7374/9982 4411. [email protected] Maria Helena Barros Araújo Luz Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da graduação da UFPI. Professora do Programa de Mestrado em Enfermagem da UFPI. RESUMO Em decorrência de doenças crônico-degenerativas e traumatismos advindos da violência urbana, milhares de pessoas se submetem a procedimentos cirúrgicos que resultam em estomas intestinais. O estoma causa impacto em vários aspectos da vida da pessoa, inclusive na vivência da sexualidade. Mudança no estilo de vida com baixa na auto-estima leva o cliente a não satisfazer plenamente suas necessidades sexuais, com conseqüente diminuição na qualidade de vida. O objeto desta investigação foi a sexualidade da pessoa portadora de estomia e teve como objetivo desvelar o sentido da sexualidade desta pessoa a partir da fenomenologia de Martin Heidegger. Participaram do estudo nove portadores de estomia cadastrados em um centro de referência para estomizados em Teresina - PI, cujos dados foram obtidos mediante entrevista semi-estruturada. Da análise compreensiva dos discursos dos sujeitos, resultaram duas unidades de significação que possibilitaram identificar o fio condutor para interpretação dos significados atribuídos à vivência da sua sexualidade pelo estomizado. Esses sujeitos na cotidianidade vivenciam sua sexualidade mergulhada em duvidas, medos e presos ainda nesse modo de ser limitado pela inautenticidade e ambigüidade, entretanto, o estudo aponta também sujeitos otimistas, felizes, que consideram ser possível enfrentar uma ostomia intestinal e viver sua sexualidade de modo mais satisfatório. Descritores: Estomizado. Sexualidade. Fenomenologia. Enfermagem. ABSTRACT Due to chronic degenerative diseases and urban violence, thousands of people undergo surgical procedures that result in intestinal stoma. Stoma causes impact on several aspects of one’s life, including the experience of sexuality. Changes in lifestyle combined with low self-esteem leads the client to not fully satisfy their sexual needs, resulting in decreased quality of life. The object of this investigation was the sexuality of the person with a stoma and aimed to uncover the meaning of sexuality of such person through the phenomenology by Martin Heidegger. Nine ostomy patients registered in a health center in Teresina - PI participated, whose data were obtained through semi-structured interview. From the comprehensive analysis of the speeches of the subjects, two meaning units resulted and they allowed us to identify the main point for interpretation of the meanings attributed to the experience of sexuality of the ostomy patient. In everydayness the ostomy patients experience their sexuality dipped in the doubts, fears and still stuck to this way of being limited by unauthenticity and ambiguity, however, the study also highlights happy and optimistic Submissão: 24.08.2009 Aprovação: 03.09.2009 1. Categoria: Artigo original. * Este artigo é um recorte de dissertação de mestrado Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.9-14, Out-Nov-Dez. 2009. 9 Nascimento, C. M. F. S.; Luz, M.H.B.A. subjects who consider coping with an ileostomy/colostomy and living their sexuality in a more satisfied way something possible. Thus, it was possible to unveil facets that value not only the ontic dimension of sexuality, but that also highlight the ontological. The study contributes for reflections on the care practice, teaching and research. Descriptors: Ostomy. Sexuality. Phenomenology. Nursing. RESUMEN Como resultado del enfermedades crónicas y lesiones derivadas de la violencia urbana, miles de personas se someten a procedimientos quirúrgicos que se traducen en estoma intestinal. El estoma tiene un impacto en diversos aspectos de la vida de las personas, incluso en la sexualidad. Cambio en el estilo de vida con baja autoestima lleva al cliente a no satisfacer plenamente sus necesidades sexuales, resultando en una menor calidad de vida. El objeto de esta investigación fue la sexualidad de la persona con estoma y su objetivo era descubrir el significado de la sexualidad de esa persona a través de la fenomenología de Martin Heidegger. Los participantes del estudio fueron nueve pacientes con ostomía registrados en un centro de referencia para ostomía en Teresina - PI, y los datos fueron colectados a través de entrevista semi-estructurada. El análisis completo de los discursos dio lugar a dos unidades de sentido que lo hizo posible para identificar el hilo conductor para la interpretación de los significados atribuidos a la vivencia de su sexualidad por el paciente con ostomía. Estos sujetos experimentan su sexualidad en la vida cotidiana inmersa en dudas, temores y aún prisioneros en ese modo de ser limitado por la falta de autenticidad y la ambigüedad, sin embargo, el estudio también señala sujetos optimistas, felices, que consideran posible hacer frente a una ostomía intestinal y vivir su sexualidad de manera más satisfactoria. Así, fue posible revelar facetas que no valoran sólo la dimensión óntica de la sexualidad, pero destacan lo ontológico. Se cree que este estudio puede contribuir para la reflexión sobre la práctica asistencial, la docencia y la investigación. Descriptores: Ostomía. Sexualidad. Fenomenología. Enfermería. 1 INTRODUÇÃO A população mundial se encontra exposta a vários problemas de saúde que podem culminar na realização de estomas intestinais. Fatores variados tais como o alto consumo de alimentos industrializados, aumento da expectativa de vida e os efeitos da violência pela urbanização desordenada, trouxeram consigo agravos à saúde e enfermidades tais o câncer colo retal, doenças inflamatórias do intestino, mal formação congênita, dentre outras que determinam a necessidade de intervenções cirúrgicas que resultam em ostomias. Destaca-se dentre as causas externas de estomas, os acidentes automobilísticos em decorrência da violência no trânsito, 10 perfurações por arma de fogo e por arma branca, de modo que a violência urbana é apontada como a causa mais comum da procura de atendimento em serviços de urgência e emergência que constitui fator de crescimento da população de portadores de estomia (PINTO et al, 2006). A literatura científica aponta o termo ostomizado para designar a pessoa que é portadora de um estoma e, mais recentemente, também vem se utilizando a palavra estomizado. Desta forma, tanto um como outro podem ser utilizados, porque apresentam o mesmo significado. O estoma intestinal para eliminação consiste numa incisão cirúrgica no abdome para a exteriorização de um segmento do íleo ou cólon, com a finalidade de eliminar dejetos: fezes e gases. De acordo com Associação Brasileira dos Ostomizados (ABRASCO, 2007) o perfil de pessoas portadoras de algum estoma, que antes era predominantemente constituído por adultos em idades mais avançadas, atualmente sofre mudanças devido a violência urbana, apresentando um número crescente de jovens e crianças estomizadas. A estatística mundial é de uma em cada 10 mil pessoas é estomizada (Conde, 2008). No Brasil, existiam em 2007, de acordo com uma pesquisa realizada pela ABRASO (2007), aponta 33.864 pessoas portadoras de estomias, deixando de ser computados os dados dos estados de Tocantins, Amapá e Roraima devido à inexistência de associações locais para informar os números. Bellato et al (2006) afirma que há uma grande escassez de informes epidemiológicos, tanto em estatísticas nacionais como internacionais. Uma estomia representa para seus portadores uma agressão à integridade física e psíquica. Geralmente, as maiores preocupações dos portadores de estomas abdominais estão relacionadas às repercussões que essas cirurgias ocasionam, quanto aos hábitos alimentares, à falta de controle voluntário das eliminações, higiene pessoal e à atividade sexual, levando a uma baixa da auto-estima, à depressão, revolta e isolamento social (SALIMENA, 2007; SILVA; SHIMIZU, 2006). Desse modo, pelo elevado número de portadores de estomia, verificamos haver em decorrência destes procedimentos, sérias conseqüências no cotidiano destas pessoas, principalmente no que diz respeito à sua sexualidade. Silva e Shimizu (2006), explicam que a maioria dos problemas ligados à sexualidade em pessoas submetidas a cirurgia, que resulta em estomia, decorrem de algumas disfunções fisiológicas tanto no homem quanto na mulher. No homem pode haver a redução ou mesmo a perda da libido, diminuição ou ausência da capacidade de ereção, alteração da ejaculação e, na mulher, a redução ou perda da libido e até mesmo dores durante o ato sexual assim como, dúvidas e medo sobre a capacidade de engravidar e de dar a luz a um filho. Para essas autoras, grande parte das dificuldades sexuais também pode ter origem psicológica, pela vergonha do parceiro, sensação de estar sujo e repugnante o que gera medo de ser rejeitado, o que, sem dúvida, vai refletir no âmbito da sexualidade, resultando em grandes mudanças de atitudes. A sexualidade pode ser entendida como um aspecto fundaRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.9-14, Out-Nov-Dez. 2009. Significados da sexualidade da pessoa portadora de estomia: um estudo de enfermagem na abordagem fenomenológica mental da vida e, segundo Freud (2002), está presente desde o nascimento até a morte e se manifesta com características próprias em cada período do ciclo vital. Tezza (2002) enfatiza ainda que a sexualidade é, portanto, o conjunto das emoções, sentimentos, fantasias, desejos e interpretações que o ser humano vivencia ao longo de sua existência. Ela constitui parte integral da personalidade humana, associando experiências pessoais, afetivas, conhecimentos socioculturais, crenças e valores construídos ao longo da história, não podendo ser, o relacionamento sexual, desvinculado das temáticas sociais, históricas, antropológicas e psicológicas (MARTINS; BICUDO, 2006). Portanto, a sexualidade é parte intrínseca do ser humano e constitui uma necessidade humana básica, expressa não apenas na aparência, mas principalmente na subjetividade individual, é privativa e é inerente a todo ser humano, entretanto cada um tem seu modo próprio de manifestá-la. Isto ocorre porque tem a ver com a educação, com o estilo de vida, percepção de mundo, pois cada um tem sua forma particular de percebê-lo e o que é significativo para uma pessoa pode não ser para outra, ainda que ambas estejam na mesma realidade social. A expressão da sexualidade tem grande abrangência em inúmeros aspectos da subjetividade, envolvendo percepções e significados que sofrem influência também da cultura. Buscamos nesse estudo conhecer os significados da sexualidade vivenciada pela pessoa portadora de estomia, para que a partir desse conhecimento, este “ser” possa ser compreendido e cuidado em sua individualidade como único. A assistência à pessoa portadora de estomia em relação à satisfação de sua sexualidade está pautada na reabilitação, exigindo dos profissionais de enfermagem uma reflexão sobre os diferentes modos de ser destas pessoas, que necessitam de assistência diferenciada em virtude de suas especificidades, que além de serem diversificadas, mudam constantemente. Dessa inquietação, surgida no cotidiano de trabalho, procuramos descobrir o quem, como pensam e se comportam essas pessoas diante da facticidade de se sentirem estomizados e assim, desvelar o fenômeno da sexualidade do portador de estomia. Diante da intencionalidade de buscar a subjetividade do vivido da sexualidade do estomizado, este estudo objetiva desvelar o sentido da sexualidade da pessoa portadora de estomia utilizando o método fenomenológico de Martin Heidegger. Para ele o fenômeno é o que se mostra em si mesmo, não podendo ser tratado como algo acabado, ou que já esteja pronto. Essa busca da compreensão pelo que faz sentido ao ser transita da dimensão ôntica para a ontológica. 2 à interpretação do fenômeno estudado. Neste método o pesquisador procura situar-se diante dos fenômenos, despindo-se de pressupostos ou pré-conceitos para que os sujeitos possam mostrar o que experienciam através da própria linguagem. Portanto o pesquisador solicita que os sujeitos descrevam como estão vivendo, que experiências estão tendo daquela situação de vida e que significados têm para ele (MARTINS, 1992). O cenário foi o Centro Integrado de Saúde Lineu Araújo (CISLA), para a escolha, levou-se em consideração ser este Centro de Saúde referência no atendimento a pessoas portadoras de estomia em Teresina – PI, único no estado. A pesquisa foi submetida à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí (UFPI), conforme CAAE n°. 0091.0.045.000-09/ 2009, em atendimento aos preceitos da Resolução n°. 196 / 96 do Ministério da Saúde. Os dados foram coletados através de nove entrevistas semi-estruturadas, pois nesse tipo de entrevista há perguntas previamente formuladas e ao mesmo tempo pode-se abordar o tema livremente e de forma espontânea. Para a análise e discussão dos resultados, buscou-se a compreensão à luz do referencial fenomenológico de Martin Heidegger, expressos em sua obra “Ser e Tempo”. Foram tomados como referência os três momentos da trajetória fenomenológica descritos por Martins (1992), a descrição, a redução e a compreensão. A descrição fenomenológica é o momento inicial em que o pesquisador interroga o sujeito para que este fale livremente sobre o fenômeno pesquisado em seu mundo vida. Na redução o pesquisador procura se distanciar de todas as concepções e conhecimentos pré-estabelecidos e busca selecionar as partes da descrição que são consideradas essenciais e aquelas que não o são, através da variação imaginativa. A compreensão fenomenológica é o momento em que se tenta obter o significado essencial na descrição e na redução. O pesquisador assume o resultado da redução como conjunto de asserções ou unidade de significado, que se mostram relevantes para ele, apontando também para a experiência do sujeito e para a consciência que o sujeito tem do fenômeno. 3 ANÁLISE INTERPRETATIVA: Buscando a compreensão do fenômeno da vivência da sexualidade pelo estomizado Com a finalidade de compreender os significados atribuídos pelos depoentes à vivência de sua sexualidade, os discursos foram os pontos de partida, por meio das falas e expressões os sujeitos manifestaram a estrutura do fenômeno, correspondendo ao que pensam, percebem e se comportam na cotidianidade em que foram destacadas duas unidades de significação. PERCURSO METODOLÓGICO Esta pesquisa caracteriza-se como estudo descritivo com abordagem qualitativa, na perspectiva fenomenológica heideggeriana, por compreender que este método possibilita a análise de questões particulares e subjetivas, além de um maior entendimento dos significados que as pessoas atribuem à sua vivência, visando Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.9-14, Out-Nov-Dez. 2009. UNIDADE DE SIGNIFICAÇÃO I - O vivido da sexualidade do portador de estomia na cotidianidade é permeado por medo, preocupação, vergonha, preconceito, que levam a mudança de vida A sexualidade ao ser vivenciada na cotidianidade pela pessoa portadora de estomia é manifestada por sentimentos e atitu11 Nascimento, C. M. F. S.; Luz, M.H.B.A. des que podem gerar comportamentos positivos ou negativos. Os sujeitos desse estudo se expressaram externando sentimentos de preocupação, angústia, medo, vergonha, isolamento, inferioridade e controle de seus desejos. Demonstraram perceber que houve uma mudança e se referem ao seu corpo como não sendo igual ao que era antes da cirurgia de confecção do estoma, conforme verificamos nas falas abaixo. [...] no começo, eu achava que ninguém fosse querer quando soubesse. [...] em relação aos gases, que é alto e não tem como controlar, aí as pessoas mão no nariz logo, de imediato, aí eu fico olhando assim... [...] quando a bolsa vaza, eu fico lá no chão, passo assim um dia todinho... Logo sobe aquele mau cheiro imediatamente. Cravo O meu marido nunca mudou em nada, mas eu passei mais de um ano sem me relacionar com meu marido, pois tinha medo de tocar... Fiquei chorando e com medo tinha pavor em tocar achava que ia machucar que ia prejudicar. Dália [...] qualidade de minhas relações sexuais mudou muito e mudou pra pior, pois quando eu me olho e vejo essa bolsa pregada aqui eu não consigo [...] eu tenho vergonha, porque meu corpo não é mais como era antigamente [...] porque mesmo sabendo que não é contagioso, mas tem homem que é assim um animal ignorante. Rosa A preocupação, o medo de experimentarem constrangimento com a saída dos gases ou pelo vazamento de fezes da bolsa, bem como o sentimento de inferioridade foi claramente manifestado, nas falas de Cravo, Dália e Rosa. Observamos que procuram no isolamento o refúgio e solução para seus problemas. Acreditam ter havido uma mudança em suas vidas, enfatizando como sendo uma mudança para pior na qualidade de suas relações sexuais. Entretanto, em outras falas expressaram não ter percebido mudança, conforme verificamos nos depoimentos abaixo: [...] Eu num me sinto rejeitado, minha mulher me adora do mesmo jeito. Girassol [...] eu não me sinto inferior, não me sinto diminuída por causa da colostomia no início eu fiquei muito deprimida, pra baixo, mas depois eu aprendi conduzir com facilidade [...] encaro como oportunidade de vida, se não fosse a colostomia eu não estava aqui contando, pra você agora né?. Violeta [...] Acho que minha sexualidade não afetou em nada. Dália Desse modo os sujeitos do estudo ao significarem sua sexualidade, apontaram para uma vivência permeada de sentimentos conflituosos, ora sentem-se preocupados, com medo, denotando alterações em sua rotina, observando ter havido mudança para pior, ora demonstrando segurança, falam despreocupadamente e dizem que permanecem vivenciando sua sexualidade da mesma forma que antes, sem ter sofrido alteração em seu cotidiano após a colostomia. Desta forma percebemos haver ambigüidade nas falas. Ora relatam alteração quando falam ter passado mais de um ano 12 sem se relacionar sexualmente com o companheiro, para em seguida dizer que não houve mudança em sua sexualidade. Por cotidiano Heidegger (2008) compreende ser um modo de se estar imerso nas preocupações do dia a dia. Diz ainda que, é na cotidianidade que o ser humano se constitui como ser inautêntico determinado pelo impessoal que se traduz por ninguém, que é próprio da cotidianidade sobre o domínio da qual, todos, de início e na maioria das vezes, se encontram submetidos. Os sujeitos desse estudo demonstram inautenticidade uma vez que não aceitam ainda sua condição de portador de estomia, negando a si próprio, não se assumindo de modo apropriado frente ao parceiro. Outra singularidade dos sujeitos é que estes demonstraram vivenciar sua sexualidade com o medo, seus relatos evidenciam que passam a conviver com um constante temor de que algo pode lhes acontecer. Para Heidegger (2008), o temor pode apresentar variações e surgir assumindo as características de pavor, horror e terror. Sobre o pavor esclarece que é de início, algo conhecido e familiar porém surpreendente e quando a ameaça possuir caráter não familiar, transforma-se em horror. Explica ainda que quando a ameaça vem com características de pavor e horror esse medo torna-se terror. Os sujeitos deste estudo vivenciam também essas variações do temor, quando são submetidos à estomia, ao manterem relação sexual com a bolsa coletora e, ao serem surpreendidos pelo aparecimento de eliminações repentinas de gases ou fezes. UNIDADE DE SIGNIFICAÇÃO II - O vivido da sexualidade da pessoa portadora de estomia é expresso pelo surgimento de intercorrências relacionadas ao processo fisiológico, terapêutico e psicológico. Os sujeitos entrevistados se reportam às suas vivências, permitindo des-velar alterações em sua sexualidade após a estomia, ao relatarem não ter mais o mesmo desempenho sexual, sendo as causas relacionadas a fatores fisiológicos decorrendo de alterações próprias da idade e ao comportamento hormonal, conforme demonstram nos discursos abaixo. [...] não vou dizer que eu tenha a potencialidade que tinha antes, aqui acolá eu sinto uma falha não sei se é dada a idade, a coisa não funciona. Girassol [...] A gente às vezes fica com os hormônios à flor da pele, depois que passa a menstruação a minha vontade aumenta. [...] mas passa, eu me controlo já me controlei várias vezes, Rosa A inibição do desejo sexual no período em que a produção hormonal é maior, isto é, no início de um novo ciclo menstrual, é entendida como uma estratégia de enfrentamento utilizada por Rosa, que a fim de não se envolver em alguma situação constrangedora, priva-se dos prazeres pela contensão de sua libido sem se oportunizar outra forma de solucionar suas dificuldades. Com relação às dificuldades observadas em decorrência ao tratamento complementar que às vezes é necessário em casos de Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.9-14, Out-Nov-Dez. 2009. Significados da sexualidade da pessoa portadora de estomia: um estudo de enfermagem na abordagem fenomenológica câncer, os sujeitos se expressaram conforme as falas abaixo [...] surgiu um problema, é... uma obstrução, eu tive uma obstrução pelas radioterapias que eu fiz Violeta [...] como eu fiz as radioterapias e aí no começo num tem secreção né? Eu acho que é por causa das radioterapias que queima tudo ne? Estreitou a vagina, tinha dor quando penetrava aí a gente faz, mas fica com medo. Papoula [...] por apresentar problemas na bexiga, passei uns seis meses botando e tirando sonda... Dália mentos com as respostas insuficientes ou porque não ousaram ir além, em suas buscas. Heidegger denomina a existência cotidiana de inautêntica, pois nesta a pré-sença existe ligada ao espaço e tempo público, ou seja, ao mundo de todos, sob a imposição do “a gente” que é um modo impessoal no qual ela não é ela própria. Importante ressaltar que na visão heideggeriana, autenticidade e inautenticidade são possibilidades do existir humano. A inautenticidade de um ser não significa não ser “trata-se apenas de poder-ser-no-mundo, embora no modo da impropriedade” (HEIDEGGER, 2008, p.240 a 241). 4 Os entrevistados deixam claro terem experimentado alterações em suas atividades sexuais em decorrência de desconforto físico, ao falarem de alterações no pós-operatório e efeitos colaterais do tratamento coadjuvante. Relatam ter havido a necessidade de utilizar sonda vesical e de sintomas vaginais como: estreitamento do canal vaginal, desconforto provocado por falta de lubrificação levando ao ressecamento e dispareunia, os quais são atribuídos à braquiterapia. Também demonstraram ter suas condições psico-emocionais bastante afetadas, quando em seus discursos falaram de trauma, vergonha, medo, preconceito, alterando seus comportamentos conforme destacamos abaixo. Qualquer ser humano quando ele passa por um processo diferente daquele que ele não deseja, vamos dizer que seja o meu caso, não deixa de ter um trauma. Girassol Eu não gosto de estar mentindo, mas é por causa da vergonha. Depois que eu adoeci que fiz a cirurgia, eu coloquei uma coisa na minha cabeça... Assim um entrave eu não queria mais contato, com medo dele descobrir. Rosa [...] Me preocupa. [...] Senti o preconceito por parte de uma parceira, a qua,l estava apaixonado há três anos, mas ela se afastou de mim... Lírio Com relação ao psicológico, é compreensível que alterações físicas inesperadas ou o início súbito de patologias gerem mudanças bruscas, levando o indivíduo a sair de uma situação confortável para vivenciar outra estressante. Paula (2010) explica essa situação afirmando que esse indivíduo passa a experimentar a perda do “status” social em que ele sai da condição de sadio e passa ao “status” de doente, enfrentando assim grandes perturbações. Os sujeitos pesquisados também se mostraram vivenciando sua sexualidade com muitas alterações, as quais foram percebidas como de ordem fisiológica, ou decorrentes do tratamento ou ainda relacionadas ao psicológico. Desse modo mostram-se vivenciando um cotidiano de inautenticidade, pois diante das possibilidades de vivenciarem sua sexualidade prazerosamente, superando as limitações, encarando-a como necessidade que precisa ser saciada, não buscaram alternativas, e ainda aqueles que demonstraram curiosidade sobre sexualidade perderam-se no meio de seus questionaRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.9-14, Out-Nov-Dez. 2009. CONSIDERAÇÕES FINAIS O propósito, ao realizar este estudo, foi aprofundar um conhecimento, indo além da realidade objetiva da sexualidade do ser humano, para buscar a subjetividade no que ela significa ao ser vivenciado pela pessoa portadora de estomia. Assim, utilizando-me da fenomenologia, apoiada na obra Ser e Tempo, de Martin Heidegger, busquei percorrer o caminho, partindo da dimensão ôntica, factual da pessoa portadora de estomia, para desvelar o fenômeno da vivência de sua sexualidade, em sua dimensão ontológica. Ao me apropriar da hermenêutica de Heidegger, vislumbrei que pela facticidade, que é inerente à condição humana, o estomizado depara-se com a estomia, inesperadamente, como uma situação inusitada, imprevisível, que a ele se impôs independentemente de sua vontade e sem opção de escolha para nela opinar. Desta forma segue na cotidianidade que, para o filósofo, compreende um modo de se estar imerso nas preocupações do dia a dia. Explica, ainda, que é na cotidianidade que o ser humano se constitui como ser inautêntico determinado pelo impessoal em que a pré-sença sente-se confortável, pois todos é ao mesmo tempo ninguém. Observou-se nesse estudo que os sentimentos que permeia entre os estomizados é de medo, vergonha, preocupação, inferioridade, preconceito. Admitem ter havido mudanças em suas vidas, de modo geral e em particular, na sexualidade, categorizado-a como desfavorável. Descortinam uma vivência em que, feitos reféns desses sentimentos, mostram-se na inautenticidade sem esboçar um poder-ser liberto do medo, da vergonha ou do preconceito e assim poder se lançar ao modo de ser autêntico, assumindo sua condição própria para vivenciar sua sexualidade. 13 Nascimento, C. M. F. S.; Luz, M.H.B.A. REFERÊNCIAS AMORIM, V. C. O.; FLORES, A. L. G. C T. Sexualidade na gestação: mitos e tabus. Revista Pesquisa Psicológica, Alagoas, v.1, n.1, p. 1644, julh. 2007. Disponível em: <http://www.pesquisapsicologica. pro.br/pu01/revista integral 1.pdf.> Acesso em: 25 out. 2008 Associação Brasileira de Estomizados (ABRASO). Situação de estomizados no Brasil. Rio de Janeiro, 2007. 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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Risco de doença renal crônica em hospital público de Teresina-PI Risk of chronic kidney disease at a public hospital in Teresina – PI Riesgo de la enfermedad renal crónica en un hospital público de Teresina-PI Ginivaldo Victor Ribeiro do Nascimento Doutor em Fisiopatologia em Clínica Médica e Especialista em Nefrologia. Docente do curso de Medicina da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI), Teresina, Piauí, Brasil. Endereço: Rua Visconde da Parnaíba, 2315, apto 202, Horto florestal, CEP: 64049-570. E-mail: [email protected] Nara Maria Ribeiro Soares Alunas do Curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI), Teresina, Piauí, Brasil. Sávia Raquel Costa Normando Alunas do Curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e RESUMO O presente estudo objetivou identificar pacientes sob risco para doença renal crônica dentre aqueles internados no Hospital Mariano Castelo Branco em Teresina- PI, de julho de 2008 a agosto de 2009, em seus respectivos estágios da doença, utilizando registros de anormalidades laboratoriais no sangue e/ou na urina, e/ou anormalidades nos exames de imagem. Foi consubstanciado pelo cálculo estimado da filtração glomerular, seguindo os critérios propostos pelo K/DOQI para classificação da doença renal crônica. Verificou-se que dos 532 prontuários analisados, 66 pacientes tinham diagnóstico de doença renal crônica, sendo que 95,46% desconheciam serem portadores da doença. Acometeu ambos os gêneros igualmente, em uma faixa etária média de 64,20 anos (±16,6), e teve como principal etiologia a Hipertensão Arterial Sistêmica. Assim, conhecer a prevalência da endemia da doença é uma questão desafiadora e vem sendo desenvolvida por meio de estimativas que respaldam a elaboração de estratégias para o rastreamento da doença. Os resultados evidenciam a prevalência da doença não apenas como um indicador epidemiológico, mas sugerem a inclusão de medidas de detecção precoce, a fim de que se possa evitar que mais pacientes cheguem a estágios avançados da doença, cujos cuidados são onerosos e difíceis, em comparação com medidas de prevenção. Descritores: Insuficiência Renal Crônica, Taxa de Filtração Glomerular, Hipertensão. Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI), Teresina, Piauí, Brasil. Submissão: 03.09.2009 Aprovação: 17.09.2009 ABSTRACT The objective of the present study was to identify the risk of chronic kidney disease (CKD) in Hospital Mariano Castelo Branco inpatients, in Teresina-PI, from July 2008 to August 2009 and their respective stages of the disease by the analisys of records of blood and/or urine laboratory abnormalities, and/or abnormalities in methods of image. The diagnosis and staging of CKD were based upon glomerular filtration rate estimated from serum creatinine as recommended by the KDOQI. Five hundred thirty-two medical records were reviewed and sixty-six patients were diagnosed with CKD, but 95.46% of these patients didn’t know that were sick. The results showed that CKD reached both genders in the same way. Patients were predominantly male (prevalence 57.58%), the main cause of CKD was hypertension and the average age was 64.20 (± 16.6). Thus, the knowledge of CKD prevalence is challenger and is being developed through estimates of its taxes that allow the development of strategies to detect that illness earlier. Results showed the prevalence of CKD not only as an epidemiological indicator, but also discloses an alternative operational strategy to identify the disease. So fewer patients will reach advanced stages of disease, whose care is more difficult, compared with prevention of CKD. Descriptors: Chronic Kidney Insufficiency, Glomerular Filtration Rate, Hypertension. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.15-21, Out-Nov-Dez. 2009. 15 Risco de doença renal crônica em hospital público de Teresina-Pi RESUMEN Ese estudio pretende identificar lo riesgo de La enfermedad renal crónica (ERC) en pacientes internados en el Hospital Mariano Catelo Branco en Teresina- PI, de julio de 2008 a agosto de 2009, en sus respectivas etapas de la enfermedad, utilizando registros de anormalidades de laboratorios en la sangre y/o en la orina, y/o anormalidades en los exámenes de imágenes. El estudio fue consagrado por el cálculo estimado de la filtración glomerular, siguiendo los criterios propuestos por el K/DOQI para la clasificación de la ERC. De los 532 gráficos analizados, 66 pacientes tenían diagnóstico de ERC, siendo que 95,46% de los pacientes desconocían ser portadores de la enfermedad. No hubo predominio entre los géneros, siendo la principal etiología de la ERC la hipertensión arterial sistémica, en una faja etárea promedio de 64,20 años (±16,6). Entonces, conocer la prevalencia de la endemia de la ERC es una cuestión desafiante y se ha desarrollado a través de estimaciones que respaldan la elaboración de estrategias para el rastreo de la enfermedad. Los resultados evidencian la prevalencia de la ERC no apenas como un indicador epidemiológico, pero permiten sugerir la inclusión de medidas de detección temprana de ERC, a fin de que se pueda evitar que más pacientes lleguen a etapas avanzadas de la enfermedad, cuyos cuidados son más onerosos y difíciles, en comparación con las medidas de prevención de la ERC. Descriptores: Insuficiencia Renal Crônica, Índice de Filtrado Glomerular, Hipertensión. 1 INTRODUÇÃO A insuficiência renal crônica (IRC) é um processo de múltiplas etiologias, resultando em desgaste do número e da função dos néfrons, caracterizada por uma crescente incapacidade do rim em manter níveis normais dos produtos do metabolismo das proteínas e valores normais da pressão arterial e do hematócrito, bem como o equilíbrio àcido-básico (LUKE, 2005). Como conseqüência haverá elevação das concentrações séricas ou plasmáticas de todos os catabólicos derivados principalmente do metabolismo protéico, tipificados pelo aumento da uréia (DRAIBE, 2006), podendo evoluir para doença renal terminal, com perda irreversível da função renal endógena em grau suficiente para tornar o paciente, permanentemente dependente da terapia de substituição renal (diálise ou transplante) para evitar uremia ameaçadora à vida. (HARRISON, 2006). A fisiopatologia da IRC envolve mecanismos desencadeantes específicos da etiologia subjacente, bem como um conjunto de mecanismos progressivos que representam uma conseqüência comum após redução prolongada da massa renal, independente da etiologia. (HARRISON, 2006). As alterações no perfil de morbimortalidade da população mundial, ocorrido nas últimas décadas, evidenciaram um aumento das doenças crônico degenerativas e projetaram a doença renal 16 crônica (DRC) no cenário mundial como um dos maiores desafios à saúde pública deste século, com todas as suas implicações econômicas e sociais. O crescimento da população idosa e da prevalência de obesidade levou a um aumento das doenças crônicas, com destaque para o diabetes mellitus (DM) e a hipertensão arterial (HAS), principais causas de falência renal em todo o mundo. A vigilância é parte fundamental para conter o aumento da endemia, visto que a expressão clínica das doenças crônicas não transmissíveis, em geral faz-se após longo tempo de exposição aos fatores de risco e da convivência assintomática do indivíduo com a doença não diagnosticada. (BASTOS, 2009). A doença renal pode progredir independentemente da presença do fator causal inicial. Durante a evolução da doença, um número progressivamente menor de néfrons segue funcionando adequadamente. Não se sabe com exatidão como se dá o caráter progressivo. (DRAIBE, 2006). Ocorre hipertrofia glomerular, acentuado aumento do fluxo plasmático glomerular e da taxa de filtração glomerular (TFG) por néfron individual e elevação da pressão capilar. Verifica-se o desenvolvimento de glomeruloesclerose focal nesses glomérulos, que finalmente se tornam não funcionais. Simultaneamente com o desenvolvimento da glomeruloesclerose focal, a proteinúria aumenta de modo acentuado, e ocorre agravamento da hipertensão sistêmica. Outros mecanismos de progressão provavelmente importantes na esclerose dos glomérulos adaptados incluem coagulação glomerular, efeitos hiperlipidêmicos e proliferação das células mesangiais. (LUKE, 2005). No Brasil, a prevalência de pacientes mantidos em programa crônico de diálise dobrou nos últimos oito anos. De acordo com o censo SBN 2008, estima-se um total de 87.044 em 2008, o número de pacientes em programa de terapia renal substitutiva, e entram em programa de diálise em torno de 25.000 por ano. O gasto com o programa de diálise e transplante renal no Brasil situa-se ao redor de 1,4 bilhões de reais ao ano, e, ainda conforme o censo da SBN 2008, o Sistema Único de Saúde (SUS) arca com o custo de 87,2% do total de pacientes em programa de diálise. (SESSO et. al, 2008). Do total de pacientes em programa de terapia renal substitutiva apenas 29% fizeram alguma avaliação renal prévia, o que demonstra a carência de diagnóstico precoce. Além disso, os portadores de disfunção renal nos estágios de II a IV apresentam freqüentemente evolução assintomática, progressiva e insidiosa, dificultando o diagnóstico da disfunção renal. (ROMÃO, 2004). As causas da IRC terminal são bem conhecidas, entretanto, devido à velocidade variável de sua progressão, a prevalência e a freqüência relativa dos diferentes tipos de doença renal crônica não estão bem definidas. Quando o nível sérico de creatinina no adulto atinge cerca de 3 mg/dl, e nenhum dos fatores na patogenia da doença renal é reversível, a doença renal tende a evoluir para a Insuficiência Renal Crônica Terminal (IRCT) no decorrer de um período de tempo muito variável (que se estende de alguns anos até vinte a vinte e cinco anos). (LUKE, 2005). Poucos trabalhos na literatura, sobretudo no Brasil, avaliaram Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.15-21, Out-Nov-Dez. 2009. Nascimento,G. V. R.; Soares,N.M.R.; Normando,S.R.C. a capacidade de detecção precoce de DRC em pacientes assintomáticos (estágios II a IV) através da realização de estimativas da função renal e da creatitina sérica. Assim, realização de exames simples associados a capacitação e vigilância dos médicos da atenção primária podem resultar em ações essenciais para o diagnóstico e encaminhamento precoce a fim de retardar a progressão da DRC, prevenir suas complicações, modificar comorbidades presentes e preparar adequadamente para uma terapia de substituição renal. (ROMÃO, 2004). Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo identificar pacientes sob risco para doença renal crônica dentre aqueles internados no Hospital Mariano Castelo Branco (HMCB), em Teresina-PI, do período de agosto de 2008 a julho de 2009. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo, em que foram analisados os prontuários de todos os pacientes que estiveram internados no Hospital Mariano Castelo Branco (HMCB) no período de agosto de 2008 a julho de 2009. Para organização dos dados foi utilizado um protocolo criado pelos autores do projeto, onde foram avaliados creatinina sérica, depuração de creatinina estimada (MDRD e Cockcroft-Gault), idade, gênero, peso, presença de comorbidades, sumário de urina (EAS) e ultrassonografia do aparelho urinário. Após coleta dos dados foi avaliado o risco de ser portador de DRC baseado na depuração estimada da creatinina e creatinina sérica e foi traçado um perfil epidemiológico destes pacientes. Foram excluídos os pacientes cujos prontuários foram preenchidos incorretamente, pacientes com idade inferior a 18 anos, pacientes com clearance de creatinina estimado (ClCr) > 90mL/ min/1,73m2 à admissão e pacientes inicialmente com ClCr ≤ 90mL/min/1,73m2 que durante a evolução apresentaram a normalização do ClCr. A análise estatística foi realizada utilizando-se o programa SPSS versão 16.0. As variáveis quantitativas foram representadas pela média e desvio padrão e as variáveis qualitativas, por meio de percentagem. Os gráficos e as tabelas foram construídos através do programa Microsoft Excel XP e do programa Microsoft Word XP. Para comparações entre proporções em amostras independentes foi utilizado o teste do Qui-quadrado para as variáveis gênero e classificação do paciente, conforme a filtração glomerular à admissão. O nível de significância utilizado foi de 5% (p<0,05). A pesquisa se iniciou após a autorização da instituição envolvida e da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade NOVAFAPI, conforme prevê a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente trabalho, foram analisados os prontuários de todas as internações do período de agosto de 2008 a julho de Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.15-21, Out-Nov-Dez. 2009. 2009, totalizando 532 pacientes. Observou-se que desse total, 66 (12,40%) eram de pacientes com risco para DRC e desses, 34,85% apresentaram agudização (variação de creatinina >0,3mg/dL em até 48h). Na tabela 1, pode-se visualizar características epidemiológicas da população em estudo. Notou-se que a maioria dos pacientes foi do gênero masculino, perfazendo 57,58% do todo, com p>0,05, o que implica dizer que a IRC acometeu ambos os sexos de forma igualitária, nessa população. A faixa etária média foi de 64,20 anos, com predomínio de pacientes entre 55 e 74 anos, acometendo, em maior grau, os indivíduos de raça parda. Os dados encontrados apontam que a IRC incide em qualquer idade, sexo ou raça. No Brasil, cerca de 60% dos pacientes com IRC estão na faixa etária entre trinta e sessenta anos, sendo 15% abaixo dos trinta anos e 25% acima dos sessenta anos. Cerca de 60% são do sexo masculino e 40% do sexo feminino. (BASTOS, 2008) Um dado de grande relevância aponta que 95,46% dos pacientes desconheciam ser potenciais portadores de DRC. Essa informação corrobora com os dados existentes na literatura. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), cerca de 90% das pessoas não sabem que têm o problema, já que não há sintomas aparentes nos primeiros estágios, o que leva, na maioria dos casos, ao diagnóstico tardio, quando há insuficiência renal avançada e já é necessário fazer diálise ou transplante, realidade que poderia ser evitada. Com relação aos dados laboratoriais da admissão, percebeu-se que a uréia média era de 80,71 mg/dL, a creatinina, de 2,42 mg/ dL e o clearance de creatinina pelo MDRD e pela fórmula de Cockcroft-Gault era de 41,56 ml/min/1,73m2 e 17,55 ml/min/1,73m2, respectivamente. Dos pacientes estudados, apenas 16 (24,24%) apresentavam proteinúria de 24h, com valor médio de 1111,58 mg/24h. No contexto da etiologia da IRC, notou-se que a HAS isolada correspondeu ao principal fator causal da doença, com 39,39%. Ressalta-se que, em 22,73% dos casos, a causa foi HAS associada a DM, conforme o gráfico 1. Nesse caso, não foi possível estabelecer a causa como HAS ou DM, isoladamente, uma vez que os exames utilizados, sobretudo o sumário de urina (EAS), foram compatíveis com ambas as doenças e, por ser um estudo retrospectivo, não foi possível elucidar a real causa através de outros exames complementares. Esses dados vão de encontro com os da literatura, que afirma que a hipertensão arterial é uma das principais causas de insuficiência renal crônica e a associação dessas duas situações clínicas aumenta consideravelmente o risco cardiovascular. Os principais mecanismos da hipertensão arterial na insuficiência renal crônica são sobrecarga salina e de volume, além de aumento de atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e disfunção endotelial. Os objetivos do tratamento da hipertensão arterial em pacientes com insuficiência renal são diminuir a progressão da doença renal nos estágios mais precoces e reduzir o risco cardiovascular em todos os estágios da doença. (BORTOLOTTO, 2008) Vale ressaltar que não existe nenhuma condição, nem mesmo 17 Risco de doença renal crônica em hospital público de Teresina-Pi Tabela 1: Perfil epidemiológico dos pacientes estudados e dados da admissão hospitalar. Teresina-PI, 2008-2009. Variáveis Gênero Mas Fem 64,20 (±16,6) Branca Negra Parda Indeterminado Sim Não 65,16 (±13,78) 80,71 (±43,94) 2,42 (±1,66) 17,55 (±16,26) 41,56(±27,07) 1111,58 (±709,44) Faixa etária média (anos) Raça Paciente sabia ser portador de IRC Peso médio de entrada (Kg) Uréia média de entrada (mg/dL) Creatinina média de entrada (mg/dL) Clearance de creatinina – Cockcroft-Gault (ml/min/1,73m2) Clearance de creatinina – MDRD (ml/min/1,73m2) Proteinúria (mg/24h) N 38 28 3 6 50 7 3 63 - % 57,58 42,42 4,54 9,09 75,76 10,61 4,54 95,46 - Fonte: Prontuários do Hospital Mariano Castelo Branco. o diabetes, que se associe com um risco cardiovascular tão elevado quanto aquele conferido pela DRC. Uma das razões para essa forte associação deve-se aos fatores de risco clássicos para doença cardiovascular (DCV) com potencial aterogênico, incluindo-se idade, hiperten- são arterial, obesidade, dislipidemia e tabagismo, os quais contribuem com uma patogênese semelhante para a perda progressiva da função renal, explicando em parte a elevada proporção de doença aterosclerótica e suas complicações nos pacientes com DRC. (ARANTES, 2008) Gráfico 1: Etiologia associada ao risco de DRC. Teresina-PI, 2008-2009. 40 39,39 22,73 20 16,67 9,09 7,58 0 S DM HA ças en Do 4,54 as c áti st Pro M +D S HA s tra Ou D do eci h on esc Fonte: Prontuários do Hospital Mariano Castelo Branco. Neste estudo observou-se uma maior prevalência de pacientes nos estágios III e IV (p<0,01), como mostra o gráfico 2. Dados do estudo NHANES III (2003) mostram que aproximadamente 11% da população adulta dos Estados Unidos (20 milhões de pessoas de1988 a 1994) tinham DRC. A prevalência dos estágios de I a IV da doença foi de 10,8%, número cem vezes maior do que a prevalência do estágio V ou de falência renal (0,1%). É, entretanto, importante saber que o diagnóstico da DRC, particularmente nos seus estágios iniciais, quando ela é freqüente18 mente assintomática, ficou enormemente facilitado com a adoção, em todo o mundo, da definição da doença introduzida pelo Kidney Disease Outcomes Quality Initiative da National Kidney Foundation americana. Por definição, é portador de DRC todo indivíduo que apresentar: 1. Filtração glomerular (FG) <60mL/min/1,73m2; 2. FG >60mL/min/1,73m2 e pelo menos um marcador de lesão do parênquima renal (p. ex., proteinúria) e 3. Cronicidade das alterações, ou seja, que elas estejam presentes por um período ≥3 meses. Adicionalmente, o grupo de trabalho do KDOQI propôs estagiar a DRC Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.15-21, Out-Nov-Dez. 2009. Nascimento,G. V. R.; Soares,N.M.R.; Normando,S.R.C. baseado na FG (mL/min/1,73m2): estágio 1 (FG ≥90), estágio 2 (6089), estágio 3 (30-59), 4 (15-29) e estágio 5 (<15, estando ou não o paciente em diálise). (BASTOS, 2008). Um aspecto importante na identificação da DRC é decidir quem rastrear. Num país com orçamento limitado para a saúde, fica claro que deveríamos priorizar o diagnóstico da DRC nos indivíduos ou pacientes com maiores chances de desenvolver a doença. Duas estratégias simples de rastreamento deveriam ser consideradas. A primeira baseia-se na estimativa da filtração glomerular (FGe) a partir da creatinina plasmática, utilizando-se, por exemplo, a fórmula desenvolvida para o estudo MDRD, na sua versão simplificada e sem a variável raça (importante para os negros americanos), como foi utilizada nesse estudo. A segunda estratégia baseia-se na determinação urinária da perda de albumina (o marcador de doença renal mais freqüentemente utilizado). (BASTOS, 2008). Gráfico 2: Classificação conforme filtração glomerular à adminssão hospitalar. Teresina-PI, 2008-2009. 50 45,45 40 30 27,27 20 13,64 10,6 10 3,03 0 I II III IV V Fonte: Prontuários do Hospital Mariano Castelo Branco. O diagnóstico da maioria das DRC de caráter progressivo baseia-se principalmente na identificação de hipertensão arterial, na presença de hematúria e/ou proteinúria e/ou leucocitúria e na determinação do TFG. (BASTOS, 2002) Setenta e oito por cento dos pacientes com IRC tiveram EAS colhido, dado justificado pelo tempo de internação e recursos disponíveis no hospital para coleta do exame que inviabilizaram a exe- cução e obtenção dos dados referentes aos EAS. Desses, 68,52% apresentaram o exame com alguma alteração, sendo a mais prevalente a proteinúria > 1+ e hematúria +, de acordo com o gráfico 3. A quantidade de proteinúria se correlaciona com a magnitude da lesão renal em diferentes modelos animais e em seres humanos, e a sua redução se associa com a estabilização do TFG. (REMUZZI, 1998) Gráfico 3: Sumario de urina dos pacientes estudados. Teresina-PI, 2008-2009. Proteinúria > + e hematúria + 18,54 Proteinúria + e hematúria + 14,81 Hematúria + 12,96 Proteinúria > + 12,96 Proteinúria + 9,25 Normal 31,48 0 10 20 30 40 Fonte: Prontuários do Hospital Mariano Castelo Branco. Da mesma forma, 50% dos pacientes com IRC realizaram ultrassom (US) das vias urinárias, sendo que 18,08% apresentaram alterações compatíveis com IRC. Segundo as Diretrizes Brasileiras de Doença Renal Crônica, a lesão renal é definida como anormalidades anatomopatológicas ou marcadores de lesão renal incluindo anormalidades laboratoRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.15-21, Out-Nov-Dez. 2009. riais no sangue ou na urina, ou anormalidades nos exames de imagem (ultra-sonografia com cicatrizes, dilatação pielocalicial, doença policística, redução do tamanho renal). 19 Risco de doença renal crônica em hospital público de Teresina-Pi Gráfico 4: Ultrassom de vias urinárias dos pacientes estudados. Teresina-PI, 2008-2009. Outros 15,16 Doenças prostática 9,09 Hidronefrose Atrofiarenal e 21,21 da diferenciação córtico-medular 3,03 Doença cística 12,12 Redução da diferenciação córtico-medular 15,15 Normal 24,24 0 10 20 30 Fonte: Prontuários do Hospital Mariano Castelo Branco. Os principais motivos de internação no HMCB durante esse período foram pneumopatias (pneumonia, DPOC e tuberculose), com 21,21%, seguida de ICC (16,67%), enteroinfecção (10,61%), DM e suas repercussões (9,09%), pneumopatias associada a ICC (6,06%) e crise hipertensiva (4,54%). É imprescindível que os pacientes com insuficiência renal crônica tenham seu diagnóstico feito mais precocemente e sejam encaminhados a equipes de nefrologia (compostas por médico, enfermeira, nutricionista, assistente social, profissional de saúde mental) a tempo suficiente para que iniciem o programa de diálise em melhores condições. No período anterior à diálise deve ser feito um adequado atendimento em relação ao tratamento da hipertensão arterial, da anemia, da osteodistrofia renal, das condições nutricionais e deve ser estabelecido precocemente o acesso vascular. Este é também um período importante para que se melhore a qualidade de vida durante o tratamento. (SESSO, BELASCO E AJZEN, 1995) A DRC parece ser um problema muito maior do que já se julgou anteriormente. A determinação do número de pessoas portadoras da DRC é fundamental para as projeções de custo e estabelecimento de estratégias de promoção da saúde. Enquanto não se dispõe de uma política pública que contemple todo o espectro da DRC, os esforços devem se concentrar na identificação precoce da doença para, assim, implementarem-se medidas nefroprotetoras que reduzam a velocidade de perda funcional e diminuam as complicações da doença, revertendo o modelo atual de evolução mais freqüentemente para óbito do que para diálise ou transplante. Apenas 33% dos pacientes com insuficiência renal crônica recebem tratamento adequado para a doença no Brasil. Os 67% restantes - cerca de 100 mil doentes - morrem antes mesmo de iniciar a diálise. O destino principal das verbas de saúde tem sido o tratamento. Os 45 mil pacientes em diálise no país consomem R$ 1 bilhão (5% do orçamento de saúde) e faltam recursos para a fase preventiva do atendimento. (BASTOS, 2008) 20 4 CONCLUSÃO Os resultados do presente estudo nos permitem concluir que 12,40% da população total dos pacientes internados apresentaram risco para DRC, predominando em indivíduos com idade média de 64,20 anos (±16,6), atingindo, igualmente, ambos os gêneros e tendo como principal causa a HAS. Ressalva-se que mais da metade dos pacientes avaliados encontravam-se nos estágios III e IV. A grande maioria da população estudada que apresentava tal condição desconhecia ser portadora desta, dado de grande importância médico-social, uma vez que a evolução para estágios avançados é inexorável, sobretudo na ausência de tratamentos baratos e distribuídos gratuitamente pela rede pública de saúde. Este trabalho contribui para fundamentar novas propostas à rotina de rastreamento da DRC, como a inclusão do cálculo da filtração glomerular, como um dado complementar aos resultados das dosagens de creatinina sérica, produzindo benefícios no sentido de reduzir a morbidade e a mortalidade destes pacientes, através do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da doença de base, a fim de evitar complicações como a IRC. Além disso, contribui sobremaneira para fornecer subsídios para estudos dos fatores relacionados à doença renal e para a redução da lacuna hoje existente na literatura sobre a doença renal crônica, no Brasil. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.15-21, Out-Nov-Dez. 2009. Nascimento,G. V. R.; Soares,N.M.R.; Normando,S.R.C. REFERÊNCIAS ANDREW, D.R. Understanding estimated glomerular filtration rate: implications for identifying chronic kidney disease. Current Opinion in Nephrology and Hypertension, v.16, p. 242–249, 2007. ARANTES, R.L. 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Mestre em Enfermagem pela UFPI. A avaliação deve ser vista como um meio para percepção, diagnóstico e análise de problemas no aprendizado. Este estudo objetivou analisar a metodologia de avaliação utilizada pelos professores do Curso de Graduação em Enfermagem de uma Instituição de Ensino particular da cidade de Teresina-PI. Trata-se de estudo descritivo de abordagem quantitativa desenvolvido com uma amostra de 34 professores do curso de Graduação em Enfermagem, utilizando um questionário com perguntas fechadas. Os resultados evidenciaram que a maioria dos professores utiliza a avaliação escrita, caracterizando ainda uma abordagem tradicional, uma valorização do nível de conhecimento em relação ao aprendizado do aluno, a recuperação paralela não é utilizada e a maioria dos professores oportunizam a auto avaliação do aluno. Conclui-se que a avaliação ainda é feita de forma tradicional, o que dificulta na formação do aluno, o desenvolvimento do espírito crítico, reflexivo e transformador. Descritores: Avaliação. Aprendizagem. Enfermagem. Professora do curso de enfermagem da NOVAFAPI. Enfermeira do PSF de Teresina-Pi. Enfermeira Assistencial ABSTRACT da UTI do Hospital de Doenças Tropicais Nattan Portela em Teresina-Pi. Endereço para contato: Rua Desembargador João Pereira, 4177 Apto. 302 BL. D. Bairro: Santa Isabel. Teresina-PI CEP: 640055-100. E-mail: [email protected] Fernanda Maria de Jesus Sousa Pires de Moura Mestre em Enfermagem pela UFPI. Professora do curso de Enfermagem da UFPI. Enfermeira do Hospital Universitário em Teresina-Pi. e-mail: [email protected] Magda Coeli Vitorino Sales Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Professora The evaluation must be seen as a mean for perception, diagnosis and problem analysis in the learning process. This study aimed to analyze the methodology of evaluation performed by the teachers from the Nursing Graduation Course of a private institution in Teresina-PI. It is about a descriptive study of quantitative approach developed with a 34 teacher sample from the Nursing Graduation Course, using a questionnaire with closed questions. The results showed that most teachers use the written assessment, characteristic of a traditional approach, an emphasis on the level of knowledge when it comes to the students’ learning; the final examination is not used and most teachers favor the self-evaluation of the student. We concluded that the evaluation is still developed in a traditional way, which harms the student’s education, as well as the critical reflexive and transformative spirit development. Teachers must seek different strategies of teaching and evaluation, which will allow the education of a new professional suitable for the new pedagogical perspectives. Descriptors: Evaluation. Learning. Nursing. do curso de Enfermagem da Faculdade NOVAFAPI. Teresina-Pi. email: [email protected] Submissão: 08.01.2009 Aprovação: 12.06.2009 22 RESUMEN La evaluación debe ser vista como un medio para percepción, diagnóstico y análisis de problemas en El aprendizaje. Este estudio objetivó analisar la metodología de evaluación desarrollada por professores del Curso de Graduación em Enfermería de uma institución privada en Teresina-PI. Es um estudio decriptivo de abordaje cuantitativo desarrollado con una muestra de 34 professores del Curso de Graduación em Enfermería, usando uns quesRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.22-27, Out-Nov-Dez. 2009. Batista, M. R. F. F. et al. tionario con preguntas cerradas. Los resultados mostraron que la mayoría de los professores usa la evaluación escrita, característica del abordaje tradicional, uma valorización del nível de conocimiento en relación al aprendizaje del alumno; el examen final no es utilizado y la mayoría de los profesores oportuniza la auto-evaluación del alumno. Concluímos que la evaluación todavía es desarrollado de modo tradicional, lo que perjudica la educación de los alumnos, el desarrollo del espíritu crítico, reflexivo y transformador. Los profesores debem buscar diferentes estratégias de enseñanza y evaluación, lo que permitirá la educación de um nuevo profesional adecuado a las nuevas perspectivas pedagógicas. Descriptores: Evaluación. Aprendizaje. Enfermería. 1 INTRODUÇÃO A palavra avaliação é usada com diferentes significados por diferentes pessoas, concorrendo para uma complexidade no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Frequentemente professores usam o termo avaliação, quando na verdade deveriam utilizar a palavra medida, onde medir é o ato de colher informações e ordená-las, levando em conta o seu aspecto quantitativo numérico, medida implica quantificação e avaliação, interpreta os dados fornecidos pela medida e envolve julgamento de valor (BRASIL, 2003). Avaliar é julgar ou fazer apreciação de alguém ou de alguma coisa, baseada em escalas de valores e interesses, prestação de dados quantitativos ou qualitativos para obter um julgamento de valor, tendo por base padrões ou critérios. O propósito da avaliação do aluno é ajudar na sua formação, proporcionando-lhe retro-alimentação sobre o rendimento e o diagnóstico de pontos fortes e fracos, fornecendo-lhe informações que o auxiliem na tomada de decisões (HAYDII, 2001). Um processo avaliativo deve fundamentar-se em três princípios básicos: princípio de investigação docente, que mostra o compromisso do professor em buscar, compreender e participar da caminhada do aluno; princípio da complementaridade, onde nenhuma resposta do aluno é completamente nova, e por último o princípio de provisoriedade, em que nenhum juízo sobre o aluno é absoluto ou definitivo frente à história de seu processo de conhecimento (LUCKESI, 1999). A avaliação é a reflexão transformadora em ação, esta que nos impulsiona a nova reflexão. Reflexão permanente do educador sobre sua realidade e acompanhamento do educando na sua trajetória de construção do conhecimento. Neste pensamento o aluno funciona como sujeito ativo no processo, participando de forma crítica na construção dos critérios avaliativos, tornando assim a avaliação mais humanizada, pois a democracia compartilhada considera as condições sociais e culturais daqueles que são avaliados (HOFMANN, 1995). Alguns princípios que devem ser atendidos visando à garantia dos objetivos e da qualidade do processo de avaliação, como Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.22-27, Out-Nov-Dez. 2009. reflexão, onde a avaliação deve ser uma ação investigativa e reflexiva; cooperação é um ato coletivo e consensual do qual participam todos os envolvidos na ação educativa; continuidade, em que a avaliação acompanha toda ação pedagógica; integração, onde a avaliação é parte integrante da ação educativa; abrangência atinge todos os componentes da ação pedagógica (aluno, ambiente, os meios, o professor e sua prática pedagógica); e por último a versatilidade, que deve se basear em inúmeras aferições, em vários tipos de dados e se processar em diferentes momentos (SILVA, 1999). As abordagens conservadoras citam as funções da avaliação como seletiva e eliminatória, com a finalidade de classificar os alunos com “melhor desempenho” contribuindo para fortalecer o índice de reprovação ou evasão daqueles que apresentaram defasagem de aprendizagem. As funções classificatória, burocrática e de certificação, onde o compromisso da avaliação é com a produção e os registros das notas que classificarão o aluno, promovendo-o ou não, o crescimento em termo de desempenho e o desenvolvimento de habilidades tem boa chance de não serem evidenciados. As funções, disciplinadora e de pressão psicológica são as preferidas pelos professores arbitrários, autoritários e pouco conscientes das reais funções da avaliação (BRASIL, 2003). Já a função de controle é uma modalidade que permite o controle dos objetivos definidos. Na verdade não é função da avaliação contemplar todos os aspectos acima descritos, isso tudo depende da concepção adotada pelos educadores, pelo projeto pedagógico institucional, entre outros. A avaliação deve ser considerada como um instrumento de coleta de informações sobre a aprendizagem do aluno e para fins institucionais o avaliador (professor) deve emitir um juízo de valor, porque o sistema exige uma mensuração – nota, por isso ela tem esse caráter classificatório (LUCKESI, 1999). As abordagens transformadoras enfatizam as funções de dois tipos de avaliação: diagnostica, onde a avaliação tem por função identificar o nível de conhecimento em que se encontra o aluno, quando realizada antes do processo ensino aprendizagem, visa verificar avanços ou obstáculos, nesse caso procurando identificar as causas de repetidas dificuldades de aprendizagem e a normativa que tem por função a regulação do processo de acompanhamento, correção e reorientação do processo e correção em que o próprio aluno, com auxílio do professor deve ser levado a analisar o erro visando a corrigi-lo (SILVA, 1999). Normalmente a avaliação é tema tratado no primeiro contato entre professor e aluno, porém de forma autoritária. Sua função mais freqüente é de classificar e não de diagnosticar. Outra percepção é de que a avaliação é desarticulada do Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição e do que estabelece a Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (LDB) Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996; NOVAFAPI, 2001). É importante lembrar que a Lei de Diretrizes e Bases Curriculares da Educação (LDB), mostra na maioria dos seus artigos um novo momento do ensino brasileiro, neles vemos refletidos muitos dos desafios e esperanças que movem o trabalho de tantos educa23 Análise da avaliação da aprendizagem utilizada em um curso de graduação em enfermagem dores numa nação de realidades tão diversas. A referida lei preconiza o processo de avaliação das instituições de educação superior, assim como do rendimento escolar dos alunos da educação básica, superior (graduação e pós-graduação). Nos termos dessa lei, a verificação do rendimento escolar deve ser contínua e cumulativa e a recuperação deve dar-se, de preferência, paralelamente ao período letivo, com exigência do mínimo de 75% de freqüência, exceto para os sistemas de ensino não presencial, ou seja, educação a distancia (BRASIL, 2001). Uma questão preocupante é a nova concepção de avaliação na escola. O sistema de promoção continuada tem o aspecto positivo de se fundamentar na personalização do ensino, visando atender aos múltiplos ritmos de aprendizagem e às diversas capacidades individuais dos alunos. A filosofia subjacente a esta prática é a de que a diferença não seja mais vista como um desvio a ser condenado e reprovado, mas como uma riqueza de cada personalidade (HAYDII, 2001). Neste sentido o Projeto Político Pedagógico (PPP) é definido como instrumento balizador para o fazer pedagógico, concebido coletivamente, orientado para um curso de graduação específico. Consiste em uma proposta de formação profissional caracterizada como um conjunto de ações e estratégias que expressam as diretrizes políticas, pedagógicas e técnicas de um curso de graduação (SILVA, 1999). Outro aspecto importante é a liberdade que cada Instituição de ensino tem de construir seu PPP, o que possibilita reflexões e discussões no contexto educacional, uma vez que este regulamenta a formação do enfermeiro e deve contemplar as exigências estabelecidas pela LDB em relação às competências e habilidades dos alunos. Dada a complexidade deste processo e estando nós professoras inseridas neste contexto que é a educação e fazendo parte da Instituição que está na linha da educação transformadora, sentimos necessidade de nos aprofundar neste conteúdo de grande relevância no processo ensino-aprendizagem, visando neste trabalho atender a nova proposta do Projeto Político Pedagógico da instituição onde os professores terão oportunidade de refletir sobre sua prática avaliativa no contexto do processo ensino-aprendizagem, a partir da análise LDB e o Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem, revendo e/ou adequando características para a formação de profissionais com o perfil que atenda as exigências da contemporaneidade. Com o propósito de contribuir para a efetivação de uma sistemática de avaliação que atenda os anseios da comunidade acadêmica da Instituição, essa investigação terá como referência os seguintes questionamentos: “A metodologia de avaliação utilizada pelos professores do Curso de Enfermagem, contemplam o Projeto Político Pedagógico do curso e a LDB”. O estudo teve como objetivo geral analisar a metodologia de avaliação utilizada pelos docentes do curso de Enfermagem de uma Instituição de Ensino Particular da cidade de Teresina; e como específicos: conhecer o Projeto Político Pedagógico da Instituição e 24 as Leis de Diretrizes e Bases; identificar a metodologia de avaliação utilizada pelos professores de Enfermagem e discutir a metodologia de avaliação utilizada pelos professores de acordo o Projeto Político Pedagógico do Curso de Enfermagem. 2 METODOLOGIA O estudo foi de abordagem quantitativa com base descritiva, na qual foram identificados aspectos referentes às metodologias utilizadas pelos professores do Curso de Graduação em Enfermagem de uma instituição de ensino particular da cidade de Teresina. A amostra constituiu de 34 professores do curso de Enfermagem, incluindo os da área básica, no universo de 58 professores, atingindo um total de 58%. Na coleta de dados foi utilizado um questionário com perguntas fechadas, os dados foram coletados no primeiro semestre de 2006, considerando as normas do Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição, conforme Resolução 196/96, bem como aprovação da mesma para realização do estudo CAAE Nº 0189.0.043.000.08. Os dados foram distribuídos em uma planilha eletrônica do Excel, aplicados em tabelas e analisados com base no estudo do Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem, Leis de Diretrizes e Bases da Educação, Novas Diretrizes Curriculares e a literatura referente às metodologias de avaliação. 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os resultados foram organizados em tabelas, a partir das correlações das informações apresentadas. Na tabela 1 podemos observar que 29% da avaliação é realizada de forma escrita, 21% na forma de seminário e 21% em grupo de discussão. Pode-se observar que apesar dos docentes conhecerem o Projeto Político Pedagógico, ainda predomina o método tradicional de avaliação do discente. A LDB preconiza que os instrumentos qualitativos substituam os quantitativos, a fim de proporcionar uma melhor avaliação pedagógica. No enfrentamento da distorção da metodologia de avaliação tem-se apontado à necessidade de superação da avaliação tipo “prova” (FIORENTINI, 2002). Também podemos pensar no ponto positivo da avaliação escrita quando se necessita de uma avaliação mais abrangente, onde o aluno poderia fazer uma síntese geral, uma vez que sabemos que o conhecimento se dá por construção, nada mais correto do que avaliar solicitando as elaborações conceituais trabalhadas no processo de ensino, dando liberdade ao aluno exercitar a construção do seu conhecimento. Na tabela 2 verifica-se que 62% dos professores avaliam apenas em nível de conhecimento do aluno e 17% avaliam no nível de análise, o que nos leva a entender que a maioria das avaliações está no nível de conhecimento, mas sob a luz do PPP além da teoria e conceitos há necessidade do aluno desenvolver competências e habilidades. Sabemos que as competências são concebidas como Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.22-27, Out-Nov-Dez. 2009. Batista, M. R. F. F. et al. Tabela 1- Distribuição dos instrumentos de avaliação utilizados na Instituição-NOVAFAPI, Teresina, 2007. Instrumentos de avaliação Freqüência % Avaliação Escrita 34 29 Grupo de Discussão 24 21 Seminário 25 9 Estudo Dirigido 10 2 Gincana 02 2 Estudo de Caso 17 15 Portfólio 02 2 Plano de Estágio 01 1 Relatório de Estágio 01 1 TOTAL 116 82 saberes em uso, necessárias à qualidade de vida pessoal e social de todos os cidadãos, a promover gradualmente ao longo da educação básica. A categoria conhecimento representa o nível mais baixo dos resultados do trabalho de aprendizagem no domínio cognitivo, o que constata que em termos de avaliação, os objetivos desse nível focalizam o processo psicológico da memória, enquanto a categoria do nível de análise que é considerada o ponto culminante do pensamento de produção convergente foi pouco citada. Percebe-se nesta tabela então uma grande ênfase na memorização, mais do que na compreensão, análise, síntese, transferência e julgamen- to, o que acaba levando o aluno a decorar, sem se envolver com a questão crítica dos cenários existentes. Muitos insistem nesta prática, considerando, inclusive, que o fato do aluno repetir o saber, elaborado ajuda a aprender “sem equívocos”, é como o saber se transferisse automaticamente do livro ou da fala do professor para a cabeça do aluno. A avaliação de cunho decorativo, onde o professor quer ouvir o que disse em sala de aula, o que está escrito em livro, tem também uma longa tradição pedagógica, levando a uma profunda distorção da prática de estudo (VASCONCELOS, 1998). Tabela 2- Distribuição por nível de aprendizagem utilizado pelos professores da NOVAFAPI em suas avaliações. Teresina, 2007. Nível de Aprendizagem Freqüência % Conhecimento 51 62 Síntese 10 12 Análise 14 17 Julgamento 07 8,5 TOTAL 82 99,5 Na tabela 3 observa-se que 65% dos professores não realizam recuperação paralela e que uma minoria (29%) realiza, este resultado compromete a produção do aluno, visto que o ensino aprendizagem é um processo contínuo e que a avaliação do conhecimento do aluno deve acompanhar todo o desenrolar deste processo. A avaliação contínua deve ser o principal foco de atenção do professor, aliado a apropriação efetiva do conhecimento por parte do aluno, com a interação aluno-objeto do conhecimento-realidade. Ela fortalece pedagogicamente a ação do professor, é indispensável no sucesso escolar de todos os envolvidos. O professor deve avaliar a turma ou o aluno em particular, quando percebe que o resultado não foi o esperado, ou seja, não houve produção de Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.22-27, Out-Nov-Dez. 2009. conhecimento é o momento então de recuperar. A fundamentação epistemológica da recuperação está no reconhecimento de que o conhecimento no sujeito não se dá de uma vez, mas por aproximações sucessivas e num processo de interação, assim, o que o aluno não captou numa abordagem inicial do conteúdo, poderá fazê-lo numa outra; há necessidade deste tempo de espera, é o respeito ao ser em desenvolvimento. Vale lembrar que este processo deve ser bem trabalhado, pois o que ocorre frequentemente é simplesmente uma recuperação da nota, esquecendo o que é mais importante que é a aprendizagem, neste caso a recuperação da nota está acoplada ao domínio do conteúdo (HAYDII, 2001). 25 Análise da avaliação da aprendizagem utilizada em um curso de graduação em enfermagem Tabela 3 - Distribuição do número de professores da NOVAFAPI que fazem recuperação paralela. Teresina, 2007. Recuperação Paralela Freqüência % Às vezes 01 3 Sim 10 29 Não 22 65 Não se aplica 01 3 TOTAL 34 100 A tabela 4 mostra que 73% dos professores oportunizam ao aluno a auto - avaliação e 26% não permitem este tipo de avaliação. A auto-avaliação busca em um primeiro momento o autoconhecimento, é de consenso da maioria dos educadores que a auto-avaliação proporciona ao aluno realizar a análise dos resultados de sua própria aprendizagem, além disso, é um meio educativo que facilita a auto - reflexão. A auto avaliação estabelece o desenvolvimento da capacidade de reflexão do aluno a fim de analisar seus avanços e dificuldades e fornecer estratégias para superá-las. Além disso, tem uma função educativa, ajuda o aluno a desenvolver um conceito mais realista sobre si mesmo, sendo que o conceito do eu, isto é, a opinião que o individuo tem sobre si mesmo, é fundamental para o seu ajustamento pessoal e social (LUCKESI, 1999). O procedimento da auto-avaliação constitui-se uma ferramenta de elevada importância na identificação de fragilidades e potencialidades do aluno, visando a identificação e correção de deficiências, sendo considerado um instrumento para a melhoria do ensino. Sem esquecer que este processo favorece a construção de uma cultura de avaliação, contribuindo para que este se prepa- re mais adequadamente para as diversas avaliações que possa ser submetido. Este processo oportuniza o aluno conhecer o próprio processo de aprendizagem, o que o leva a se empenhar na superação de suas dificuldades, assim o aluno torna-se o sujeito ativo do processo de aprendizagem, adquirindo responsabilidade sobre ele, aprendendo a enfrentar limitações e a aperfeiçoar suas potencialidades. Não se pode esquecer que este processo só terá efeito se for estabelecido um clima de confiança entre professor e aluno e que este seja sabedor que este instrumento será usado para ajudá-lo a aprender. Para isso é necessário que o professor forneça ao aluno um roteiro de auto-avaliação, definindo as áreas sobre as quais o professor gostaria que ele discorresse, listando habilidades e comportamentos, para ele indicar aquelas em que se considera apto e aquelas em que precisa de reforço. Este roteiro é usado como uma das principais fontes para o planejamento dos próximos conteúdos, em que poderá ser sugerido atividade para ajudá-lo a superar as dificuldades. Tabela 4 - Distribuição dos docentes que utilizam a auto avaliação dos alunos. Teresina, 2007. Utiliza a auto avaliação do aluno 4 Freqüência % Sim 25 73 Não 09 26 TOTAL 34 99 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo realizado nos permite uma reflexão maior sobre a metodologia da avaliação, que utilizamos na nossa prática pedagógica e possibilita um aprofundamento maior sobre o tema, procurando estabelecer uma relação entre o que preconiza o Projeto Político Pedagógico do Curso de enfermagem da instituição e a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A metodologia do ensino-aprendizagem e avaliação são processos vitais para o sucesso de um curso. Refletimos o desenvolvimento de uma metodologia pedagógica que tenham como objetivo repensar o papel do professor e do aluno no processo de ensinar e aprender. Os resultados do estudo mostraram que a avaliação ainda 26 possui uma abordagem tradicional, priorizando a avaliação escrita como forma de avaliação da aprendizagem, no entanto, vale ressaltar que alguns professores utilizam seminários e grupos de discussão para avaliação. Verificou-se também que há a valorização do nível de conhecimento no que diz respeito ao aprendizado do aluno e que a recuperação não é realizada pela maioria dos professores. Porém é de extrema relevância para a avaliação do aprendizado do aluno a oportunidade que é oferecida aos alunos para se auto- avaliarem. É de suma importância a participação da tríade professor-aluno-escola em que o professor deve escolher metodologias que atendam os interesses dos alunos podendo contribuir na mudança da condição de sujeito e não de objeto em direção à práxis transformadora, com ensino de qualidade para todos. No entanto é imRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.22-27, Out-Nov-Dez. 2009. Batista, M. R. F. F. et al. portante relevar a contribuição do aluno no processo da avaliação, pois no momento em que estes colocam suas dúvidas, anseios, questionamentos estão contribuindo para uma transformação da prática pedagógica. Além destes segmentos citamos a escola, cujo envolvimento é relevante, imprescindível para a consolidação de qualquer transformação pedagógica, ela na verdade funciona como o sustentáculo de todas as mudanças. Com a mudança de paradigma na educação, observa-se a necessidade de mudança na forma, no pensar e no conceito da avaliação do aluno, que deixa de ser mero instrumento de avaliação de aprendizagem, para se tornar parte ativa do processo ensino-aprendizagem. A avaliação deve ser vista como um meio para percepção, diagnóstico e análise de problemas no aprendizado. O docente deve buscar diferentes estratégias de ensino e avaliação adequando-se ao PPP e LDB para despertar no aluno espírito crítico, reflexivo e humanístico, o que permitirá a formação de um novo profissional que atenda as novas perspectivas pedagógicas. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Dispõe sobre as bases e diretrizes da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 1996. __________. Parecer CNE/CP de 17 de setembro de 2001. Dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em Nível Superior. Curso de Licenciatura e Graduação Plena. Diário Oficial da União. Brasília, 2001. __________. Proposta pedagógica: avaliando a ação. 2.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. FACULDADE DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ (NOVAFAPI). Projeto Político-Pedagógico do Curso de Enfermagem. Teresina, 2001. HAYDJI, C. Avaliação desmistificada. Porto alegre: Artes Médicas, 2001. 163 p. HOFFMANN, J. Avaliação mito e desafio uma perspectiva construtivista. Porto Alegre, 1995. 103 p. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 9.ed. São Paulo: Cortez, 1999. 124 p. SILVA, A. C. C. Reflexões sobre a experiência da construção de projetos pedagógicos nos cursos de graduação: avanços e recuos. Revista ABMES. Brasília, v. 3, n. 4, p. 56-61, jan.1999. VASCONCELLOS, C. S. Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança por uma práxis transformadora. São Paulo: Libertad, 1998. 154 p. FIORENTINI, L. M. R. Materiais didáticos escritos nos processos formativos a distância. In: Consenso do Ensino Superior a Distância. 1, 2002, Petrópolis. Anais. Petrópolis: EsuD. 2002. p. 34-8. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.22-27, Out-Nov-Dez. 2009. 27 PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Consciência atrás das grades: relatos de quem pratica violência contra a mulher1 Conscience behind grids: reports of those who practice violence against women La conciencia detrás de la grids: informes de los que practian la violência contra la mujer Claudete Ferreira de Souza Monteiro RESUMO Doutora em Enfermagem. Docente da Graduação e do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí. Grupo de Estudos sobre Enfermagem, Violência e Saúde Mental. Endereço: E-mail: [email protected] Isabel Cristina Cavalcante Carvalho Moreira Mestre em Enfermagem. Professora da Faculdade Integral Diferencial. Grupo de Estudos sobre Enfermagem, Violência e Saúde Mental. Email: [email protected] Ivalda Silva Rodrigues Este estudo tem como objetivo conhecer relatos de homens detentos por violência contra a mulher. Os dados foram produzidos de abril a junho de 2009 por meio de entrevista aberta com sete sujeitos que voluntariamente concordaram em participar. Os resultados mostram um misto de amor, paixão, ciúme, insegurança e atitude de defesa pessoal e psicológica quando falam dos crimes por violência contra a mulher. Considera-se uma consciência ancorada na questão de gênero que precisa ser trabalhada estimulando a mudança de comportamento e de concepção sobre a relação que se deve estabelecer entre homens e mulheres. Descritores: Violência contra a mulher. Prisioneiros. Homens. Enfermagem. ABSTRACT Acadêmica da Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí. Grupo de Estudos sobre Enfermagem, Violência e Saúde Mental. Email: [email protected] Nathalia Kelly de Sousa Andrade Acadêmica da Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí. Grupo de Estudos sobre Enfermagem, Violência e Saúde Mental. Email: nathalia-kelly@hotmail. com Rosilane de Lima Brito Magalhães This study aims to evaluate reports of inmates by male violence against women. The data were produced from April to June 2009 by means of open interviews with seven individuals who voluntarily agreed to participate. The results show a mixture of love, passion, jealousy, insecurity and attitude of self-defense and psychological when they speak of the crimes of violence against women. It is considered a consciousness rooted in the gender issue that needs to be solved by encouraging behavior change and design of the relationship that must be established between men and women Descriptors: Violence against women. Prisoners. Men. Nursing. RESUMEN Mestre em Enfermagem. Docente do Curso Técnico em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí. Grupo de Estudos sobre Enfermagem, Violência e Saúde Mental. Email: [email protected] Fernando José Guedes da Silva Júnior Acadêmico da Graduação em Enfermagem da Faculdade NOVAFAPI. Grupo de Estudos sobre Enfermagem, Violência e Saúde Mental. E-mail: [email protected] Submissão: 04.08.2009 Aprovação: 03.09.2009 28 Este estudio tiene como objetivo evaluar los informes de los internos por la violencia masculina contra las mujeres. Los datos fueron producidos entre abril y junio de 2009 por medio de entrevistas abiertas con siete personas que voluntariamente aceptaron participar. Los resultados muestran una mezcla de amor, la pasión, los celos, la inseguridad y la actitud de legítima defensa y psicológica cuando hablan de los delitos de violencia contra la mujer. Se considera una conciencia arraigada en la cuestión de género que hay que ser resuelto por el cambio de comportamiento y diseño de fomentar la relación que debe establecerse entre los hombres y mujeres Descriptores: La violencia contra la mujer. Prisioneros. Hombres. Enfermería. 1. Integra o estudo “Caracterização de homens detentos por prática de violência contra a mulher, em Teresina-PI” (PIBIC/CNPq/ UFPI). Grupo de Estudos sobre Enfermagem, Violência e Saúde Mental. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.28-32, Out-Nov-Dez. 2009. Monteiro, C. F. S. et al. 1 INTRODUÇÃO A violência contra a mulher apresenta magnitude diversa entre os grupos populacionais. A baixa escolaridade, as desigualdades sociais retroalimentando a violência estrutural e o uso de álcool e/ ou de substâncias ilícitas parecem exacerbar a magnitude do problema colocando as mulheres economicamente segregadas em situação de maior vulnerabilidade (ADEODATO, et al.,2005) . Segundo relatório mundial sobre violência e saúde, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a forma mais prevalente de violência contra mulheres é a praticada pelo parceiro íntimo no espaço privado, ainda que não se restrinja ao espaço doméstico, com taxas de prevalência variando entre 15% e 52% de mulheres que experimentaram algum tipo de violência cometida pelo parceiro (MOURA, et al. 2009). A violência contra a mulher ocorre nos mais diversos contextos. No espaço doméstico, ao contrário dos homens, as mulheres e as crianças são as principais vítimas, praticada, sobretudo, por maridos, companheiros, pais e padrastos. Apesar de ser hoje uma evidencia sabe-se que há um elevado número de mulheres que não se declaram vítimas, certamente, por medo (nos casos de estupro) ou por intimidações de diversas naturezas (como na violência doméstica). Essas constatações impedem que muitas mulheres se dirijam às delegacias de polícia para denunciar agressões, ameaças, espancamentos e outras formas de violência (HERMANN; BARSTED, 2004). No campo da saúde coletiva, a violência recebeu da OMS a denominação de “causas externas” figurando na Classificação Internacional de Doenças (CID10), mas desde 1980 tem sido reconhecida como uma questão de saúde pública, não somente do ponto de vista dos traumatismos físicos, mas também sobre os sérios efeitos para a saúde mental de quem a sofre (ALVES; COURA-FILHO, 2001). O Brasil, para enfrentamento dessa questão foi elaborada a Lei Maria da Penha, específica para os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, definindo violência contra a mulher como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. A Lei define ainda as formas de violência vividas por mulheres no cotidiano: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral (BRASIL, 2006). Mulheres, parceiros, incidências e resistências no campo da violência de gênero parecem ser apenas alguns nós de uma rede de processos multidirecionais que, hoje, apresentam a violência como um problema público altamente complexo. Classificado mais recentemente como uma questão de segurança pública e justiça, portanto, alvo de medidas, sobretudo, punitivas, este problema vem sendo considerado também como de saúde e de direitos humanos (GRANJA; MEDRADO, 2009). O enfrentamento da violência exige um olhar e uma escuta diferenciada, com o desenvolvimento de ações individuais e coletivas, em diferentes âmbitos. A gravidade do problema pressupõe ações intersetoriais, envolvendo as áreas da saúde, segurança, Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.28-32, Out-Nov-Dez. 2009. educação, assistência social, entre outras, que necessitam investir em políticas públicas de prevenção e de assistência. No campo da saúde cabe, portanto, aos profissionais de saúde o papel na detecção de casos, na prática de ações preventivas e de tratamento e reabilitação das vítimas (RUCKERT, et al, 2008). Por ser a violência contra a mulher um fenômeno complexo, há que se observar que quem o pratica também não se considera agressor e essa questão parece dar continuidade a tais atos de agressão. Esta foi, portanto, um dos direcionamentos para se buscar conhecer relatos de homens condenados por pratica de violência contra a mulher sobre este tipo de violência. 2 METODOLOGIA O estudo foi desenvolvido na abordagem qualitativa para buscarmos a subjetividade do sujeito. Neste tipo de abordagem se verifica uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números (MINAYO, 2004). O cenário da pesquisa foi a Colônia Agrícola Major Cesar de Oliveira, em Teresina-PI. Os sujeitos foram sete detentos condenados por violência contra a mulher (homicídio, estupro e/ou estupro seguido de homicídio). Os detentos que aceitaram participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para produção dos dados realizamos uma entrevista aberta no período de abril a junho de 2009, em espaço adequado a esta finalidade e utilizamos para gravação um equipamento eletrônico tipo Mp4. Posteriormente transcrevermos as entrevistas na íntegra. Para análise, trabalhamos com Análise de Conteúdo (BARDIN, 2004), na qual se agrupa falas dos diferentes depoimentos para analise com formação de categorias analíticas. Respeitamos os princípios da Resolução 196/96, de forma que o estudo somente foi iniciado após a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí (protocolo nº 0167.0.045.000-08). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Misto de amor, paixão, ciúme, insegurança Nos relatos dos detentos ressaltam-se sentimentos ambivalentes que os levaram a praticarem o crime contra a mulher. Há um embaralhamento de sentimentos presente em afirmações defensivas para justificarem tais atos. No meu ponto de vista, cometi pelo fato dela não querer se reconciliar [...] eu não aceitei a separação. E coloquei na cabeça que ia me suicidar e matar ela primeiro se ela não se reconciliasse. Comprei um revólver de um policial. Era cego, amava muito ela. Meus colegas me chamavam de corno. Nesta hora nenhuma palavra de conforto. Eu apaixonado por ela, na verdade, ela começou a se afastar de mim e não 29 Consciência atrás das grades: relatos de quem pratica violência contra a mulher aceitei a decisão dela [...] esse crime passional sempre vai ocorrer, é o instinto do homem, ele não se conforma em perder [...] para evitar não teria me apaixonado, o homem troca a razão pela paixão [...]. Amava e tinha ciúmes dela [...] eu não tinha intenção de matar ela não, foi um acidente. Até onde questões ligadas à afetividade levam alguém a extrapolar os próprios limites e cometer um ato de violência? O conteúdo das falas dos entrevistados ressalta uma ultrapassagem dos limites moralmente aceitos quando os sentimentos nutridos pela companheira deixam de ser saudáveis, indo em direção a uma obsessão provocada pela dependência afetiva. Esse fato encontra-se enraizado na própria questão de gênero sedimentada pela ameaça de término da relação ou mesmo da separação traduzindo-se na perda de poder. Repete-se aqui a velha visão de que a honra masculina precisa ser lavada ante a vergonha, a desobediência e a traição feminina. Destacamos nas respostas dos sujeitos que perder a mulher ainda é visto como uma grande ofensa. O homem foi e sempre será superior a mulher fisicamente. Emocionalmente, a mulher é superior ao homem. O ser humano é muito complexo, em nossas relações somos muitos imprevisíveis. [...] é o instinto do homem, ele não se conforma em perder. A mente dos humanos é fraca. Primeiro lugar amava muito ela, me dedicava muito a ela, dava tudo a ela. O homem não pode ser muito bom. Você não pode se entregar de corpo e alma. Você tem que ser mais rígido [...]. A rigidade eu digo, e em termo de relação, você não pode dizer que ama muito. Por mais que você goste, não pode demonstrar. Estes conteúdos mostram igualmente a fragilidade das relações entre homens e mulheres que se evidenciam a partir de muitos casos de violência durante separação, ou com o sexo feminino sofrendo chantagem por não querer retornar ao relacionamento ou por estar envolvida com outra pessoa (LAMOGLIA; MINAYO, 2009). A resistência masculina frente a decisões da mulher em romper o relacionamento fere os princípios da masculinidade no qual a mulher é vista como instrumento de posse, de submissão e obediência e a simples idéia de perder esse comando suscitam formas agressivas de retomar o controle. A superioridade masculina, como expressa pelos sujeitos, é colocada como sentimento “natural” entre casais e nessa relação a dois a emoção, a entrega, a declaração do amor ficam a cargo da mulher. Para o homem, quando esses papéis se invertem há perda nítida do controle. Embora com o avanço das lutas contra a desigualdade, o sexo feminino é ainda compreendido como submisso, oprimido, dependente e o masculino como dominador nas relações de gênero. Essa desigualdade é naturalizada ao aceitar tais proposições como verdadeiras e o homem utiliza desse poder para controlar e impor mais medo a companheira (SIGNORI; MADUREIRA, 2007). Através da cultura patriarcal, a sociedade permite ao homem trair, entretanto essa premissa não é aplicável à mulher. Até a década de 80 era comum nos tribunais brasileiros, a argumentação de 30 defesa de honra dirigida às homens. Assim, era exigida fidelidade e decoro a mulher, sendo permitido o castigo para quem infringisse essa norma. O movimento feminista foi precursor dos debates e influenciador de políticas públicas direcionadas a estas situações. Hoje o código penal brasileiro, com a Lei Maria da Penha, os agressores não mais se beneficiam dos chamados “crimes contra a honra”, mas é levada a justiça comum (GOMES; DINIZ, 2008). Pesquisa realizada mostrando a dinâmica da violência doméstica aponta a traição da parceria como um dos motivos alegado pelos homens para agredi-la marcados por sentimentos de sofrimento, culpa e vergonha (DEEKE; OLIVEIRA; COELHO, 2009). A traição e sentimentos semelhantes também fazem parte do nosso estudo quando os homens relembram detalhes das cenas de traição flagradas. História comprida, traição [...] Levei a arma, vi a cena aí esperei um pouco a poeira baixar aí eu só olhando, ela bebendo e ele beijando ela, e eu só olhando, eu não conhecia o rapaz, só conhecia o irmão dela. [...] Se eu tivesse atirado na hora que ia atirar, puxado a arma e atirado na hora que eu vi a cena. [...] Nunca passou na minha cabeça ir lá pegar uma faca e matar ela, eu ia lá só pegar as coisas das crianças. Um dos mecanismos frequentemente utilizado para justificar o crime contra a mulher é o ciúme. Este sentimento, arraigado na questão de gênero, martiriza e leva a perda do próprio controle masculino. E, em função desse sentimento muitas vítimas suportam a violência física e emocional quando esta aparenta ser causada pelo descontrole motivado pelo ciúme. O ciúme é um dos mecanismos de controle à liberdade da parceira e se faz pelo isolamento forçado à vida social, restrições de acesso a recursos financeiros e vigilância de suas ações. Desse modo, o agressor tem poder e controle da companheira (ALMEIDA, 2008). A bebida alcoólica e outras drogas também são apontadas como motivos que levaram os sujeitos a cometerem crimes contra a mulher ancorados na crença de que o álcool é o fenômeno responsável pelas agressões, diminuindo assim a culpa do agressor. O motivo é a bebida. Bebida e comprimido. [...] por causa da bebida alcoólica. Nós bebemos, terminemos de beber [...]. Fomos pagar a bebida que nós tava bebendo [...]. Quando eu vi ela no caminho [...] dei um chute nela [...]. O uso de álcool e outras drogas pelo parceiro e a associação com violência contra a mulher têm sido descritos em vários estudos apontando como o mecanismo pelo qual o álcool potencializa as violências tem sido amplamente discutido como um dos precipitadores para o ato violento (ALVES; DINIZ, 2005). Álcool e outras drogas são substâncias usadas de forma paradoxal, ou seja, tanto são escolhidas em situações de recreação e celebração quanto são usadas como mecanismo de compensação para perdas e sofrimentos. No Brasil, dados do Cebrid registram casos de violência doméstica ligados ao consumo de bebida alcoólica em torno de 52% (CARLINI, et al. 2002). Esta estatística, considerada Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.27-32, Out-Nov-Dez. 2009. Monteiro, C. F. S. et al. alta, também é apontada tanto por mulheres vítimas, como pelos agressores e pela policia que confirmam a utilização da bebida alcoólica como desencadeante de discussões familiares, levando seus consumidores a cometer e ser vitimado pela ocorrência de violência (SIGNORI; MADUREIRA, 2007). O uso do álcool e das drogas, em muitos casos, são substâncias utilizadas para se atingir um estado emocional que incita a praticar delitos ou crimes, ou ainda, a fazer parte da interação grupal. No tocante a essas questões, destaca-se que essa articulação violência-álcool-drogas merece ser mais investigada e melhor delineada, buscando-se aprimorar conhecimentos e práticas que contribuam para a saúde da população. A única afirmação que se pode fazer com segurança diz respeito à alta proporção de atos violentos quando as drogas e o álcool estão presentes (COCCO; LOPES; PERETTO,2009). Em sua maioria, o homem não quer interferência de seus hábitos e comportamentos quanto à bebida e ainda culpabilizam a mulher pelos atos violentos. Esta, por sua vez, também se responsabiliza e o vê como doente, sentindo-se dependente dessa situação. Desse modo a bebida serve tanto como motivo para desencadear discussões entre casais quanto para desenvolver na parceira uma codependencia (DEEKE; OLIVEIRA; COELHO, 2009). Atitude de defesa pessoal e psicológica O fato dos sujeitos não se reconhecerem como agressores os levaram a justificarem essa posição relatando como meras acusações, da inexistencia de problema com violência contra a mulher ou praticados por outra pessoa ou que não tiveram culpa, conforme o conteúdo abaixo. Agredir não. Eu estava com depressão, quer dizer deprimido, nervoso, mas a tentativa não foi agredir, a tentativa foi porte de arma, não foi agredir não. Porque eu acho que as pessoas que estão fazendo essas coisas, pra mim ficar assim era ela[...] Aí eu desconfiei dela e fiz essa tentativa. [...] eu não conhecia essa pessoa não. Só que não foi eu quem pratiquei o delito... Não matei, não roubei, tava era trabalhando com ele. Joguei na água, sou réu confesso, disse o que fiz, o que não fiz não disse. [...] aí aconteceu tudo, quando tava discutindo tudo de repente [...] não mãe eu vou lá no médico, vou lá no delegado e vou dizer que foi um acidente, aí eu pelejando pra levar ela no médico [...] eu não tinha intenção de matar ela não, foi um acidente. Me acusaram [...] fui acusado de tentativa de estupro, só que não aconteceu isso [...]. Nunca tinha me encontrado preso, tem gente que nem acredita, por causa do meu comportamento que eu tinha.Fui acusado pelo 213, só acusado [...] eu não tenho esse problema não. Os sujeitos pesquisados imputam a responsabilidade pelo crime a circunstancias outras numa posição de defesa pessoal e psicológica. No conjunto das falas surgem conotações explicativas associada a fatores como: encontra-se depressivo, não possuir intenção de homicídio, ter sido acidente, não praticou o delito. Expressa também a presença de um comportamento considerado Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.28-32, Out-Nov-Dez. 2009. pelos amigos como incapaz de levar a este tipo de atitude. Essas são condutas masculinas de convencimento para si e para outros, denotando uma banalidade dos atos cometidos. Por outro lado, os sujeitos também se mostram na forma passiva, eximindo-se de sua responsabilidade ao retirar a culpa de seu próprio comportamento. Na construção da identidade de homens que violentam suas companheiras alguns elementos têm origem no relacionamento familiar marcado por diversos fatores, dentre os quais: ausência de diálogo e agressões físicas (GOMES; FREIRE, 2005). Quando perguntado o que fariam para não mais cometerem esse tipo de crime, somente três sujeitos responderam sobre a necessidade de conversar com a mulher. Entretanto, deixam claro mais uma vez a questão de gênero quando, mesmo mostrando que o diálogo é mediador de todas as encruzilhadas, eles terminam por responsabilizar à mulher a falta dessa conversa. É preciso que este diálogo entre o casal acontece na sua cotidianidade, sem queixas ou recriminações. [...] conversar muito, muito com a mulher. Você tem que chamar ela e conversar, mas minha intenção foi essa de chamar ela e conversar. [...] porque se ela tivesse chegado e perguntado [...] tivesse conversado, seria outra história. Entre os agressores, normalmente, espera-se emergir o sentimento de arrependimento quanto à violência praticada, mas isso aparece quando já não conseguem controlar o ato violento e suas conseqüências. No contexto em que este trabalho se insere somente dois dos sujeitos relataram se arrepender pela violência: Me arrependi, eu não estava consciente, estava bêbado. Fazia qualquer coisa para voltar ao tempo [...] arrependimento com certeza, tudo. O erro é inerente ao ser humano. Me arrependi, chorei. Hoje tudo que eu vou falar eu penso. Ninguém deve tirar a vida de ninguém, nunca matei nem um pinto. Ao relatarem sobre arrependimento os sujeitos expressam outras saídas para justificarem o surgimento desse arrependimento como: a transferência da causa da violência à bebida alcoólica ou imputam a natureza humana na compreensão de que este foi um erro e errar é humano e em outro momento condenam quem tira a vida do outro. 4 CONCLUSÃO Conclui-se que os relatos dos sujeitos deste estudo sobre a violência contra a mulher encontram-se ancorada na questão de gênero de forma tão nítida que emerge a revolta pela perda do poder e do domínio sobre os sentimentos e a vida da mulher. São homens que buscam justificar o crime falando de circunstancia como separação, uso do álcool, falta de diálogo, ciúme excessivo, natureza humana e paixão intensa. Traduzem em suas falas uma atitude de defesa pessoal e psicológica. Reafirmam para si que não são culpados, passam a demonstrarem uma posição de naturalidade e de culpabilidade dirigida à mulher, utilizando para isso a noção 31 Consciência atrás das grades: relatos de quem pratica violência contra a mulher de vítima provocadora. O estudo permitiu também identificar o modo como homens constroem sua relação com as mulheres sustentada no controle, no mando e no relacionamento familiar marcado pela ausência de diálogo e cobrança de afeto e fidelidade feminina, nem sempre correspondida. Traz ainda uma contribuição no sentido de permitir uma melhor compreensão do fenômeno da violência contra a mulher na ótica de homens praticantes de tais atos que extrapolam os próprios limites por se sentirem negados, traídos e abandonados. Este estudo mostra que é preciso reforçar a política publica de atenção a mulher e trabalhar com casais estimulando a mudança de comportamento e de concepção sobre a relação que se deve estabelecer entre homens e mulheres, bem como trabalhar com homens detentos por pratica de violência contra a mulher para que ao findar a temporariedade da condição de detento, como egresso do sistema carcerário, não venha a repetir tais atos. REFERÊNCIAS ADEODATO, V.G et al. Qualidade de vida e depressão em mulheres vítimas de seus parceiros. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 1. p. 108-113, jan.; 2005. ALMEIDA, T. A violência no namoro. 2008. Disponível em: >http:// thiagodealmeida.com.br/site/files/pdf/A_violencia_no_namoro. pdf.< . Acesso em em 20 agosto de 2009. ALVES, A.M, COURA-FILHO, P. Avaliação das ações de atenção às mulheres sob violência no espaço familiar, atendidas no Centro de Apoio à Mulher (Belo Horizonte), entre 1996 e 1998. 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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN O uso da Ximenia americana L. Como cicatrizante de feridas superficiais em Mus musculus The use of ximenia americana L. Like healing of wounds surface in Mus musculus El uso de ximenia americana L. Cómo curación de heridas superficiales en Mus musculus Beatriz Evelim Carvalho RESUMO Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. E-mail: [email protected] Enid Holanda Oliveira Pereira da Silva Santos Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. E-mail: [email protected] Mayara Águida Porfírio Moura Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí. E-mail: [email protected]. Correspondências: Avenida Dom Severino, 2600. Ed. Opala. CEP: 64.049- O presente estudo visa constatar efeitos cicatrizantes da casca da Ximenia americana L. no processo cicatricial em feridas superficiais em Mus musculos. Trata-se de uma pesquisa experimental de abordagem quantitativa, na qual foram utilizados trinta animais divididos em três subgrupos, utilizando-se três substâncias: soro fisiológico a 0,9%, solução da casca do caule da Ximenia americana L. e PVPi tópico 10% sobre lesões superficiais produzidas nos dorsos dos animais. Utilizou-se éter por via inalatória para anestesia e sacrifício dos animais. Procedeu-se a análise macroscópica, com posterior realização dos cortes histológicos e análise microscópica. Os dados obtidos foram analisados com o auxílio do software SPSS 13.0. Ao término dos procedimentos foi possível verificar que o uso da solução da casca do caule da Ximenia americana L. favoreceu a cicatrização de feridas superficiais em Mus musculus, tornando o processo mais evoluído quando comparado aos demais grupos testados. Descritores: Fitoterapia; Cicatrização de ferida; Olacaceae. 375. Teresina-PI. ABSTRACT José Zilton Lima Verde Santos Odontologo. Mestre em Odontologia. Docente da Faculdade de Saúde, Ciências humanas e Tecnólogicas – NOVAFAPI. This study aims to find healing effects of the shell of Ximenia Americana L. in the healing in superficial wounds in Mus muscles. This is an experimental research of a quantitative approach, in which thirty animals used were divided into three subgroups, using three substances: saline to 0.9%, solution of the stem bark of American Ximena L. PVPI topic and 10% of superficial lesions produced in the dorsa of the animals. It was used by inhaled ether for anesthesia and sacrifice of animals. There was a macroscopic analysis, with subsequent completion of the histological and microscopic analysis. The data were analyzed using the SPSS 13.0 software. At the end of the procedures it was possible to verify that the use of the solution of the stem bark of American Ximena L. favored the healing of superficial wounds in Mus musculus, making the process more developed compared to other groups. Descriptors: Phitoterapy; Healing of wounds; Olacaceae. RESUMEN Submissão: 10.06.2009 Aprovação: 19.08.2009 Este estudio tiene como objetivo encontrar la curación de los efectos del depósito de Ximena americana L. en el proceso de curación de heridas superficiales de los músculos de Mus. Se trata de una investigación experimental de un enfoque cuantitativo, en el que treinta animales utilizados fueron divididos en tres subgrupos, a través de tres sustancias: solución salina al 0,9%, solución de la corteza del tallo de Ximena americana L. PVPI tema y el 10% de lesiones superficiales producidas en la dorsa de los animales. Fue utilizado por inhalación de éter para la anestesia y el sacrificio de animales. Hubo un análisis macroscópicos, con la posterior realización de los cortes histológicos y análisis microscópico. Los datos Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.33-39, Out-Nov-Dez. 2009. 33 Carvalho, B. E. et al. fueron analizados utilizando el software SPSS 13.0. Al final de los procedimientos fue posible verificar que el uso de la solución de la corteza del tallo de Ximena americana L. a favor de la curación de heridas superficiales en Mus musculus, haciendo el proceso más desarrollado en comparación con otros grupos de la prueba. Descriptores: Fitoterapia; Curación de heridas; Olacaceae 1 INTRODUÇÃO A utilização de plantas no tratamento de patologias remota a história do próprio homem, em diversas civilizações. Este método denominado fitoterapia, visa alcançar a cura por meio dos princípios ativos (drogas) extraídos das plantas baseando-se na necessidade de reparação de tecidos lesados, objetivando a reconstrução substitutiva do tecido perdido. Desde a pré-história é relatado o uso de plantas ou de seus extratos com a intenção de estancar o sangue e favorecer a cicatrização de feridas, utilizando para tal as mais diversas formas de preparo e tipos de plantas (SILVA, 2007) O primeiro estudo sistematizado sobre o uso de plantas para fins de tratamento e cura data de 2.700 a.C., registrado no inventário de Shen-nung, importante monarca e considerado o pai da tradicional medicina chinesa, o qual utilizava plantas para a realização de curativos e escreveu o Pen Tsan (“O herbário”), um tratado que mencionava o uso de plantas como papoula, cânhamo, cinamomo e mandrágora (SILVA, 2007; DAVID, NASCIMENTO, DAVID, 2004). Existem nos registros históricos inúmeros documentos para a trajetória da evolução das plantas medicinais, como por exemplo, o livro chamado “Matéria Médica” escrito pelo médico grego Pedamaos Dioscorides (40 a 90 d.C.), onde era relatado o uso de mais de seiscentas plantas, algumas que hoje se encontram extintas (SANTOS ET AL, 2006). Além da utilização das plantas medicinais, em 300 a.C. Hipócrates, responsável pelo lançamento das bases da medicina científica, recomendava que as feridas fossem mantidas limpas e secas utilizando para tal água morna, vinho e vinagre. Além de sugerir ainda, mel e leite para a assepsia de lesões (MANDELBAUM, SANTIS, MANDELBAUM, 2003). Há relatos que no Egito, no ano de 1550, mais de setecentas substâncias eram utilizadas com o intuito de curar, inclusive no tratamento de feridas, como por exemplo: mel, alho e Aloe vera (SILVA, 2007). Séculos após, durante a 31ª Assembléia da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi oficialmente reconhecido o termo planta medicinal, sendo então definido como aquela que administrada ao homem ou animais, por qualquer via ou sob qualquer forma, exerce alguma espécie de ação farmacológica (BRASIL, 1996; BARROS, PACÍFICO, ARAÚJO, 2005). A OMS afirma que cerca de 80% da população do mundo já fez uso de medicamento a base de produto natural, este comércio movimenta anualmente cerca de sessenta bilhões de dólares. 34 Para tanto, esta organização publicou no ano de 2002 normas de segurança e qualidade de produtos a fim de garantir a eficácia do produto, bem como a escolha correta da forma de preparação e administração (BRASIL, 1996). O uso da solução obtida a partir da casca do caule da ameixeira (Ximenia americana L.) como cicatrizante foi descrito várias vezes principalmente em comunidades mais carentes de Teresina, Piauí, sendo mais conhecidos entre os indivíduos idosos pertencentes a essas comunidades. Esta solução era relatada com muitos benefícios e utilidades, mas o destaque prevalece na utilização em feridas superficiais. Este estudo objetiva identificar os efeitos cicatrizantes da casca do caule da Ximenia americana L. no processo cicatricial de feridas superficiais. 2 METODOLOGIA O presente estudo trata-se de uma pesquisa experimental que consiste essencialmente em submeter os objetos de estudo à influência de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo investigador, para observar os resultados que a variável produz no objeto estudado (REY, 1997). As condições selecionadas pelo pesquisador na experiência são chamadas de variáveis independentes, enquanto que as alterações provocadas ou decorridas durante o experimento são chamadas variáveis dependentes (RICHARDSON, 1999). Logo, neste estudo, as variáveis independentes foram as soluções utilizadas nos animais e as variáveis dependentes forma os processos de cicatrização de cada grupo. A pesquisa experimental tem abordagem quantitativa, que emprega números tanto nas modalidades de coletas de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas (GIL, 1999). Para a realização deste experimento foram utilizados 30 animais da espécie Mus musculus, adultos, do sexo masculino e com peso entre 20 e 35g (gramas). Os critérios de inclusão utilizados para tais animais devem-se à presença de tecido epitelial de rápido processo cicatricial, acessibilidade econômica, à sua padronização em laboratórios de experiências, e principalmente por que estes animais têm o sistema enzimático bastante parecido com o do ser humano. Desta maneira, os animais foram divididos em três grupos de 10 animais. O grupo A denominado grupo controle fez uso de soro fisiológico 0,9%, o grupo B utilizou polvidine tópico 10% e o grupo C a solução com a casca do caule da Ximenia americana L. 20%. A escolha da solução de soro fisiológico 0,9% ocorreu devido a sua composição, cloreto de sódio 0,9%, ser compatível aos fluidos corporais e rotineiramente utilizados na realização de curativos. Já o polvidine tópico 10% é empregado na anti-sepsia de pele e mucosas, na inserção de cateteres, introdutores e fixadores externos com a finalidade de prevenir a colonização de microorganismo (HESS, 2002). Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.33-39, Out-Nov-Dez. 2009. O uso da Ximenia americana L. como cicatrizante de feridas superficiais em Mus musculus O procedimento cirúrgico foi executado, consistindo primeiramente, em submeter o animal à anestesia por via inalatória com solução de éter vaporizado. Posteriormente foi tricotomizada a pele do dorso dos animais, a serem submetidos a experimento, no local a ser incisionado, utilizando para tal, lâminas de bisturi nº 15. Foi realizada em seguida, assepsia local com polvidine tópico, gaze estéril e auxílio de uma pinça “dente de rato”. Tal ação foi seguida de exérese de tecido epitelial (epiderme e derme) com aproximadamente oito milímetros de diâmetro de extensão do dorso de cada animal. Para efetivação do procedimento citado utilizou-se um instrumento cirúrgico denominado pusch® metálico e pinça denteada. Logo após o término da exérese foram administradas soluções de acordo com os grupos: A, B e C. Nos animais do grupo A (grupo controle), utilizou-se 1 ml (mililitro) de solução fisiológica 0,9%; no grupo experimental B, foi utilizado 1 ml de polvidine tópico sobre a lesão e no grupo experimental C, aplicou-se 1 ml da solução da casca do caule da Ximenia americana L. sobre a lesão; as aplicações foram feitas diariamente em cada unidade. Para o preparo da solução experimental, inicialmente esterilizou-se a casca do caule da Ximenia americana L. em autoclave a 150ºC por trinta minutos, sendo em seguida colocadas 200 g da casca em um recipiente fechado contendo 1L (litro) de água destilada em temperatura ambiente, onde permaneceu por doze horas, para que então, pudesse ser aplicada à lesão. Esta técnica levou em consideração, a maneira como a comunidade realiza seu preparo, além de incorporar a esterilização visando a prevenção de possíveis infecções. Após, os animais foram alocados no biotério da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí e isolados em gaiolas individuais com o objetivo de impedir a intervenção nos resultados esperados, e alimentados com dieta padrão de biotério (Labina TM), além de beberem água ad libidum. O controle do experimento realizou-se através da aplicação das soluções, observação das lesões e preenchimento de fichas avaliativas diárias, durante os dez dias de experimento, onde as lesões foram avaliadas e comparadas ao término, para que fosse possível identificar a evolução das cicatrizações das mesmas. Ao final de cinco dias, cinco animais de cada grupo foram novamente anestesiados e tiveram seus tecidos cicatriciais removidos com auxílio de uma lâmina de bisturi n° 15 montada em um cabo de bisturi n°4 para cada animal, afim de realizar análise histológica do referido tecido. Em seguida foram sacrificados com uma overdose de anestésico. Após dez dias, o mesmo ocorreu ao restante dos animais. Todo o tempo utilizado se fez necessário para ser possível avaliar reações das soluções e acompanhar todo processo cicatricial. As peças obtidas através de biópsias foram fixadas em solução de formaldeído 10%. Após a fixação, as peças contendo os tecidos de interesse foram incluídas em parafinas para a realização dos cortes histológicos. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.33-39, Out-Nov-Dez. 2009. Os cortes obtidos foram corados pela técnica da hematoxilina e eosina (HE) para a análise histológica em microscópio óptico comum, visando apreciar o processo cicatricial influenciado por cada substância utilizada. Este corante é usado rotineiramente para avaliação em estudos histológicos. Sendo este, um método adequado para qualificar e identificar os elementos celulares envolvidos no processo cicatricial. A coleta de dados concretizou-se pelo preenchimento de ficha de avaliação macroscópica diária, de elaboração própria. Na primeira parte da ficha de avaliação macroscópica, informou-se acerca da identificação do animal de acordo com a solução utilizada. Na segunda parte, possui um quadro sobre a evolução da ferida, onde foram atribuídos níveis graduados de: presença de crosta, presença de exsudato e cicatrização total. Na terceira parte, foram informados dados sobre o sacrifício dos animais. A análise dos dados obtidos constituiu-se de duas fases: macroscópica e microscópica. Na fase macroscópica, foram analisados aspectos como: presença de crosta e de exsudato, e cicatrização total. Os resultados das análises dos aspectos supracitados foram dispostos em gráficos e tabelas, onde as variáveis (quantidade de animais X evolução diária) foram relacionadas. Com relação à cicatrização, as variáveis foram: aspecto de cicatrização e número de animais. Na etapa microscópica foram observados os seguintes aspectos da cicatrização: processo inflamatório, presença de tecido de granulação, presença de tecido fibrótico e regeneração epitelial; em seguida, as observações foram dispostas em ficha avaliativa. A análise microscópica foi realizada por profissional especialista (histologista). Desta forma, a análise dos dados obtidos foi realizada através das observações das lesões estando dispostos os resultados em tabelas, além disso, utilizou-se o programa SSPS versão 13.0 para elaboração dos mesmos. Todos os preceitos éticos foram respeitados de acordo com a Lei 6.638/79 e os princípios éticos da Experimentação Animal preconizado pela COBEA, com a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas – NOVAFAPI. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Diante dos achados, a tabela 1 mostra a relação das características macroscópicas por grupo, apresentando: presença de crosta, presença de exsudato e cicatrização total. Com base nos dados obtidos pôde-se verificar que o grupo submetido a experimento com solução de Ximenia americana L. apresentou maior número de presença de crosta (61,33%), e o mesmo número de casos de cicatrização total apresentado pelo grupo controle (soro fisiológico 0,9%), no entanto, devido a morte de um animal neste grupo, o valor percentual apresenta-se menor no grupo experimental (Ximenia americana L.). 35 Carvalho, B. E. et al. Tabela 1. Análise macroscópica da aparência das feridas conforme o grupo. Teresina (PI), 2009. Aparência GRUPOS Soro fisiológico 0,9% Polividine tópico Solução de Ximenia americana L. N % N % N % Crosta 29 40.85 37 49,33 46 61,33 Exsudato 10 14,08 06 8 06 8 Cicatrização total 06 8,45 03 4 06 8 TOTAL 75 100 75 100 75 100 Observação: um animal pode apresentar mais de uma aparência; Um animal morreu. A crosta é uma estrutura formada a partir da solução descontinuada da pele, que é preenchida por fibrina, coágulo e exsudato inflamatório, recobrindo assim a ferida (MANDELBAUM, SANTIS, MANDELBAUM, 2003). Após formada, a crosta serve como proteção para o tecido epitelial subjacente contribuindo assim para que as bordas da ferida se unam em um menor espaço de tempo. O grupo que apresenta quantidade superior de animais com crosta foi o grupo submetido a experimento com a solução da casca do caule Ximenia americana L. (tabela 1). Como visto na literatura pesquisada, a crosta é um evento presente na terceira e última fase da cicatrização (fase de epitelização), demonstrando assim que este grupo encontrava-se em estágio mais avançado de cicatrização das feridas em relação aos demais. A produção de exsudato ocorre devido à permeabilidade da parede vascular, variando seu aspecto, cor e consistência de acordo com o tipo de tecido atingido e duração do processo inflamatório. Tal secreção pode ser encontrada em diferentes formas, como: serosa, sanguinolenta e purulenta (HESS, 2002). Ao término do experimento, o grupo que apresentou maior quantidade de animais com presença de exsudato foi o grupo submetido a soro fisiológico a 0,9% (tabela 1). Este evento ocorre ainda na primeira fase da cicatrização de feridas (também chamada de fase exsudativa, de limpeza ou inflamatória) indicando que este grupo do experimento encontrava-se com o processo cicatricial em fase menos evoluída que os demais, evidenciando assim um retardo no processo cicatricial das feridas. Com relação à Ximenia americana L. a pouca quantidade de exsudato pode ser explicada frente ao fato desta apresentar a menor porcentagem de processo inflamatório com relação aos demais grupos, como pode ser observado na tabela 2. A cicatrização de feridas conclui-se com a fase de maturação. Em seres humanos pode durar até dois anos, neste local onde ocorreu a lesão, o tecido encontra-se com o maior risco de ser destruído, pois a sua tensão é diminuída em relação ao tecido normal (BRASILEIRO FILHO, 2004). Ainda na tabela 1, observou-se que o grupo submetido ao uso de solução salina obteve a maior valor relativo de casos de cicatrização total em relação aos demais, porém em termos de valor absoluto, este se equivale ao grupo tratado com solução da Xime36 nia americana L., pois considera-se que um animal do grupo do soro fisiológico morreu ao longo do experimento, não totalizando assim a quantidade de setenta e cinco aplicações, observações e registros. No grupo tratado com polvidine tópico a 10% obteve-se a menor quantidade de registros de cicatrização total. Isto indica que a aplicação desta solução anti-séptica retardou a cicatrização de feridas comparadas com o soro fisiológico e solução da Ximenia americana L. A utilização da solução da casca do caule da Ximenia americana L. sugere indícios de uma melhor cicatrização, não apenas pela ocorrência como também pela qualidade da cicatrização que em relação ao soro fisiológico apresenta-se em grau de maturação mais avançado. Considerando os aspectos microscópicos do processo de cicatrização das feridas, analisou-se conforme a graduação do processo inflamatório conforme o grupo de solução testadas. Na tabela 2, os animais tratados com soro fisiológico 0,9% apresentavam suas lesões ainda na primeira fase do processo de cicatrização, tendo em vista a ocorrência do processo inflamatório está presente na fase inicial da cicatrização. Esta é evidenciada pela presença de células características da inflamação, como macrófagos e neutrófilos, onde estas são as primeiras células a se deslocarem ao local da injúria tecidual, exercendo ação fagocitária, removendo tecido morto e patógenos presentes na lesão. No que se refere ao grupo de animais tratado com polvidine tópico, não houve casos de ausência de processo inflamatório, este grupo deteve 60% dos casos à presença de processo inflamatório leve, 30% em nível moderado e 10% para nível acentuado. Enquanto a solução da casca do caule da Ximenia americana L. obteve 40% dos casos de ausência de processo inflamatório, além de 30% nos níveis leve e moderado, não sendo identificado caso de processo inflamatório acentuado. As células inflamatórias se diferenciam de acordo com o tipo de inflamação (aguda ou crônica). No processo inflamatório agudo há predominância das células polimorfonucleares, neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Em contrapartida, o processo inflamatório crônico apresenta maior incidência de linfócitos, monócitos, macrófagos e plasmócitos. Com base nessas informações é possível afirmar Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.33-39, Out-Nov-Dez. 2009. O uso da Ximenia americana L. como cicatrizante de feridas superficiais em Mus musculus Tabela 2. Análise microscópica do processo inflamatório das feridas conforme o grupo. Teresina (PI), 2009. Processo inflamatório GRUPOS Soro fisiológico 0,9% Polividine tópico Solução de Ximenia americana L. N % N % N % Ausente 01 11,11 0 0 04 40 Leve 04 44,44 06 60 03 30 Moderado 03 33,33 03 30 03 30 Acentuado 01 11,11 01 10 0 0 TOTAL 09 100 10 100 10 100 que o processo inflamatório observado na pesquisa encontrava-se na fase aguda, tendo em vista a maior quantidade de neutrófilos presentes nas lesões cutâneas (CORREA, 2008). Ainda na tabela 2, que se refere ao processo inflamatório, observou-se que o grupo submetido ao uso de PVPi 10% apresentou o maior número de casos de processo inflamatório em grau leve. Isto indica que esse grupo, apresentava cicatrização satisfatória, evoluindo para a segunda fase da cicatrização (fase proliferativa). Enquanto que, o grupo controle deteve o maior número de casos de processo inflamatório moderado e acentuado, e nenhum caso de processo inflamatório ausente. Esse evento indica que este grupo ao término dos procedimentos experimentais encontrava-se ainda em fase inicial do processo cicatricial. E no grupo experimental (Ximenia americana L.) apresentou o maior número de casos de processo inflamatório ausente e nenhum caso de processo inflamatório acentuado. Esse fato demonstra uma melhor qualidade no processo de cicatrização. O fato citado acima, sugere portanto, que a solução da casca do caule da ameixeira (Ximenia americana L.) exerce efeito antiinflamatório sobre as lesões, estando de acordo com as fontes bibliográficas pesquisadas e com o relato de uma parte da população que faz uso desta planta visando a melhora de quadros inflamatórios (BRASIL, 2006). Na análise microscópica em relação ao tecido de granulação conforme o grupo registrado na tabela 3, apresenta que os animais tratado com soro fisiológico 0,9% deteve 55,56% de tecido de granulação em nível leve, o grupo tratado com polvidine tópico apresentou 70% dos casos de nível moderado. Enquanto o grupo de animais tratado com a solução da casca do caule de Ximenia americana L. durante o experimento, apresentou 50% dos casos de ausência de tecido de granulação, 20% dos casos leves, 30% relativo aos casos moderados e finalmente não houveram casos de tecido de granulação em grau acentuado. Totalizando 100%, considerando dez animais. Tabela 3. Análise microscópica da presença de tecido de granulação nas feridas conforme o grupo. Teresina (PI), 2009. Tecido de granulação GRUPOS Soro fisiológico 0,9% Polividine tópico Solução de Ximenia americana L. n % n % n % Ausente 01 11,11 02 20 05 50 Leve 05 55,56 01 10 02 20 Moderado 02 22,22 07 70 03 30 Acentuado 01 11,11 0 0 0 0 TOTAL 09 100 10 100 10 100 O tecido de granulação é constituído por brotos capilares em diferentes formas de organização, estroma essencialmente protéico, leucócitos e hemácias. Posteriormente surgem os fibrócitos produzindo obliterações nos vasos sanguíneos recém-formados. Do tecido de granulação partem as respostas da terceira e última fase da cicatrização (CORREA, 2008; COSTA, 2006). Após análise dos dados, observou-se na tabela 3 que os animais que receberam aplicações de solução da casca do caule da Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.33-39, Out-Nov-Dez. 2009. Ximenia americana L. apresentaram o maior número de casos de tecido de granulação ausente e nenhum caso de tecido de granulação acentuado. Com base nas informações acima, presume-se que o processo de cicatrização neste grupo encontrava-se em estado mais avançado que os demais. Pois, tendo em vista o fato de todos os grupos terem sido submetidos às mesmas técnicas e condições (inclusive dias de experimento) e levando em conta que o tecido de 37 Carvalho, B. E. et al. granulação é a penúltima fase da cicatrização, o grupo tratado com a solução da casca do caule da Ximenia americana L. apresentou estágio mais avançado desta fase. O grupo controle concentrou a maioria dos casos de tecido de granulação em grau leve (como visto na tabela 3). Esta afirmação condiz com as informações encontradas em outros estudos onde, verifica-se a menor quantidade de vasos sanguíneos e fibroblastos quando comparado aos demais grupos testados (VILLA, 2003). A tabela 3 mostra que o grupo submetido ao tratamento com PVPi apresentou tecido de granulação em nível moderado em maior quantidade de casos. Isto indica que o anti-séptico utilizado não produziu efeitos benéficos para o processo de cicatrização neste processo A tabela 4 detalha a distribuição de presença de tecido fibrótico por grupo de experimento, constado em análise microscópica, considerando os diferentes níveis de intensidade: leve, moderado e acentuado. Tabela 4. Análise microscópica do tecido fibrótico conforme o grupo. Teresina (PI), 2009. Fibrose GRUPOS Soro fisiológico 0,9% Polividine tópico Solução de Ximenia americana L. N % N % N % Leve 05 55,56 05 50 04 40 Moderado 02 22,22 03 30 03 30 Acentuado 02 22,22 02 20 03 30 TOTAL 09 100 10 100 10 100 O grupo controle apresenta o maior número de casos de presença de tecido fibrótico em grau leve 55,56%, o grupo de animais tratado com polvidine tópico apresenta 50% dos casos de nível leve, e o grupo de animais tratado com a solução da casca do caule da Ximenia americana L. apresenta 40% dos casos de tecido fibrótico em grau leve, sendo este o nível de maior percentual de ocorrência de tecido fibrótico em relação aos outros grupos experimentais. A última fase da cicatrização, chamada de fase de maturação ou de epitelização, tem início cerca de quarenta e oito horas após a o surgimento da lesão. Nesse momento surgem os fibroblastos que se multiplicam produzindo componentes como o colágeno, substância essencial para a remodelação epitelial. A quantidade de colágeno aumenta com o tempo, e em seres humanos por volta de duas semanas suas fibras predominam no meio extracelular (SANTOS Et Al, 2006). Na apresentação dos dados da tabela 4, foi possível observar que os animais tratados com a solução da casca do caule da Ximenia americana L. obtiveram o maior número de casos de tecido fibrótico em grau acentuado. Este fato demonstra que o uso da planta em estudo sobre as lesões foi benéfico para a evolução do processo cicatricial em Mus musculus, pois quando uma ferida se encontra em grau acentuado da cicatrização, significa mencionar que esta encontra-se na finalização do processo de cicatrização. O grupo tratado com o PVPi 10%, em seu melhor desempenho esteve equiparado aos resultados apresentados pelo grupo experimento, sendo estes em grau moderado. Em uma pesquisa sobre a interferência de solução de polvidine tópico no processo cicatricial em camundongos, onde afirma que esta substância em baixas concentrações inibe a atividade fibroblástica (RIBEIRO, 1995). Os animais pertencentes ao grupo controle (soro fisiológico 0,9%) apresentaram maior percentual de casos de tecido fibrótico leve. Demonstrando assim um pior desempenho em relação às demais soluções, visto que a presença de fibroblastos está diretamente ligada a uma cicatrização satisfatória. A tabela 5 dispõe acerca da regeneração epitelial por grupo de experimento, constatado por análise microscópica, a esta categoria se atribuiu apenas presença e ausência de regeneração epitelial. Estes resultados foram alcançados a partir da avaliação da reconstrução e crescimento do epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. Tabela 5. Regeneração epitelial nas feridas conforme o grupo. Teresina (PI), 2009. Regeneração epitelial GRUPOS Soro fisiológico 0,9% Polividine tópico Solução de Ximenia americana L. N % N % N % Sim 03 33,33 03 30 05 50 Não 06 66,67 07 70 05 50 TOTAL 09 100 10 100 10 100 38 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.33-39, Out-Nov-Dez. 2009. O uso da Ximenia americana L. como cicatrizante de feridas superficiais em Mus musculus O grupo de animais que utilizou soro fisiológico 0,9% apresentou 66,67% dos casos de ausência de regeneração. Em relação ao grupo de animais tratado com polvidine tópico obteve-se a maioria dos casos de ausência de regeneração epitelial (70%), e os animais tratados com a solução da casca do caule da Ximenia americana L. apresentaram maior percentual de presença de regeneração epitelial em relação aos outros grupos experimentais, sendo este de 50. Ou seja, o grupo tratado com a solução da casca do caule da Ximenia americana L. obtiveram maior número de casos de regeneração epitelial, seguindo-se do grupo controle (soro fisiológico 0,9%), e ao fim, com resultado pouco satisfatório o grupo que utilizou o PVPi. A elevada ocorrência de casos de regeneração epitelial do grupo tratado com a Ximenia americana L. demonstra sua eficácia no processo cicatricial e sugere seus benefícios relacionados a práticas alternativas do tratamento de feridas, desta forma fundamenta-se o relato popular que a cicatrização com o uso da solução obtida a partir do caule da Ximenia americana L. induz uma cicatrização mais eficaz e efetiva. O grupo tratado com o PVPi 10% justifica seu desempenho pouco satisfatório neste experimento por sua ação citotóxica. Desta forma, se faz oportuno reforçar a importância da contra-indicação de tal substância em lesões abertas, tendo em vista a sua capacidade de retardar o processo cicatricial da lesão. 4 CONCLUSÃO Ao término dos procedimentos experimentais foi possível verificar que o uso da solução da casca do caule da Ximenia americana L. favoreceu o processo cicatricial em feridas superficiais em Mus musculus, tornando o processo mais eficiente quando comparado aos demais grupos testados. Podendo este fato ser observado tanto nas análises macroscópicas quanto nas microscópicas. Esta comprovação evidencia a importância dos conhecimentos empíricos atribuídos à população para a obtenção de novos conhecimentos científicos, e conseqüentemente, o surgimento de produtos e terapias alternativas para o tratamento de patologias. Desta forma, esta pesquisa sugere conforme os achados que o uso da solução da Ximenia americana L. auxilia no processo de cicatrização. REFERÊNCIAS BARROS, A. N. G. de S.; PACIFÍCO, L. M. M.; ARAÚJO, R. M. de. Uso das plantas medicinais pelas famílias assistidas no centro de saúde da Vila Bandeirantes. [monografia] Teresina (PI), Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas - NOVAFAPI, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. X Conferência Nacional de Saúde. Brasília, 1996. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cns/cns. htm. Acessado em: 04 de novembro de 2007. BRASILEIRO FILHO, G.. Bogliolo: patologia geral. 3. ed. Editora Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2004. JORGE, S. A.; DANTAS, S. R. P. E. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2005. MANDELBAUM, S. H.; SANTIS, E. P. Di; MANDELBAUM, M. H. S. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de janeiro. v. 78, n. 5, p. 525-540, set.-out., 2003. SANTOS, M. F. S. Et al. Avaliação do uso do extrato bruto de Jatropha gossypiifolia L. na cicatrização de feridas cutâneas em ratos. Acta Cir. 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Wânia Cristina Leal Barbosa Santos Enfermeira pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI). Teresina. Piauí. Francisca Cecília Viana Rocha Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professora Trata-se de estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa, que objetivou identificar os cuidados realizados pelos cuidadores de idosos; descrever e analisar as dificuldades enfrentadas pelos cuidadores familiares para cuidar de idosos no domicílio. Os sujeitos foram 21 cuidadores familiares de idosos. Os dados foram produzidos e analisados em categorias temáticas que mostraram as formas de cuidar do cuidador familiar e os fatores que dificultam o seu cotidiano. O estudo revelou que os cuidadores familiares passam por períodos de conflitos, causados pela alta responsabilidade em cuidar de um parente idoso provocando uma sobrecarga para o cuidador. A enfermagem necessita elaborar ações que objetivem oferecer suporte aos cuidadores familiares, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida do cuidador e do idoso. Descritores: Cuidador familiar. Idoso. Enfermagem. da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI). Email: fceciliavr@ ABSTRACT hotmail.com Maria Eliéte Batista Moura Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora da Universidade Federal do Piauí, Coordenadora de Ensino da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI). Rosely Vasconcelos Viana Cirurgiã Dentista. Especialista em Saúde da Família. Email: [email protected] Lucas Pazolinni Viana Rocha Acadêmico em Medicina pela Faculdade NOVAFAPI. This study aims to: identify the care provided by the elderly caregivers, and describe and analyze the difficulties faced by family caregivers to take care of the elderly at home. This is an exploratory-descriptive study, with a qualitative approach. Data were collected through semi-structured interview. We interviewed 21 (twenty one) family caregivers living in the east area of Teresina-PI, registered by the Health Family Team 95. The interviews were recorded in MP4 format and fully transcribed. The data were analyzed and discussed based on the themes: the caregiver ways of taking care and the factors that complicate their daily lives. The study revealed that familiar caregivers go through periods of conflict with the elderly, particularly caused by the high responsibility of taking care of an elderly relative and with difficulties, but also a caregiver overburden. The nursing need to develop actions that aim to support family caregivers, helping to improve the quality of life of the caregivers and the elderly. Descriptors: Take care. Elderly. Nursing. Email:[email protected] RESUMEN Submissão: 03.08.2009 Aprovação: 02.09.2009 40 Es un estudio exploratorio-descriptivo, con abordaje cualitativo, que objetivó identificar los atenciones realizados por los cuidadores de los de edad; describir y analizar las dificultades enfrentadas por los cuidadores familiares para cuidar de las personas de edad avanzada en el domicilio. Los sujeitos fueron 21 cuidadores familiares de los de edad avanzada. Los datos fueron analizados y discutidos desde categorías temáticas que muestran las formas de cuidar del cuidador familiar y los factores que dificultan su cotidiano. El estudio reveló que los cuidadores familiares pasan por períodos de conflicto, causados por la alta responsabiRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.40-46, Out-Nov-Dez. 2009. Lima, V. F. et al lidad de cuidar a un pariente de edad, provocando una sobrecarga del cuidador. La enfermería necesita elaborar acciones que objetiven ofrecer soporte a los cuidadores familiares, aportando así para mejorar la calidad de vida del cuidador y de la persona de edad avanzada. Descriptores: Cuidar. Personas de edad avanzada. Enfermería. 1 INTRODUÇÃO O Brasil está se tornando um país de idosos, justificadamente pela redução da taxa de natalidade, surgimento de novas tecnologias médicas, preventivas e curativas. Além disso, os diagnósticos precoces, com novos recursos terapêuticos fornecendo meios para prevenir as mortes, influem no aumento da sobrevida do indivíduo, melhora a qualidade de vida em função de ações como melhoria das condições de saneamento, condições médicas, higiene e controle de doenças infecto-contagiosas. Ocorrendo assim aumento da expectativa de vida e aumento da longevidade (SUZUKI, 2003). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é um dos países com maior crescimento no número de idosos no mundo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), evidenciados no Censo realizados em 2000, a população de idosos totaliza 14.504.530 (quatorze milhões, quinhentos e quatro mil e quinhentos e trinta), ocupando o décimo quarto lugar entre os países com maior número de idosos. De acordo com projeções feitas para o ano de 2025, o Brasil terá cerca de 32 milhões de idosos (idade superior a 60 anos), ou seja, o país será a sexta maior população de idosos do mundo (BELTRÃO; CAMARANO; KANSO, 2004). A resposta para esse aumento desenfreado de idosos no Brasil deve-se ao declínio da taxa de mortalidade infantil registradas nas últimas décadas e a redução dos índices de fecundidade, principalmente a partir das décadas de 70 (setenta) e 80 (oitenta). As alterações de perfil epidemiológico juntamente com o aumento da expectativa de vida e outros fatores, tende cada vez mais para que existam pessoas atingidas por doenças crônico-degenerativas, e com o agravamento destas, os indivíduos podem apresentar perda da independência e com isso necessitarão de ajuda (BRAZ; CIOSAK, 2009). A capacidade funcional do indivíduo vai diminuindo gradativamente com o passar dos anos. É um processo natural e fisiológico do ser humano, o que pode provocar algum grau de dependência. Com isso, à medida que a diminuição da capacidade funcional progride, surge a demanda por cuidados especiais e esta função é desempenhada pelos cuidadores, que desempenham um papel essencial na vida do idoso com algum tipo de dependência (LAVINSKY; VIEIRA, 2004; NARDI, 2007; PASCHOAL, 2000). Portanto há necessidade dos profissionais de saúde e da família a utilização de habilidades e conhecimentos para diminuir ou até mesmo prevenir os efeitos secundários graves, físicos e/ou psicossocial que surgem em decorrência dessas patologias. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.40-46, Out-Nov-Dez. 2009. De acordo com o Ministério da Saúde cuidador familiar é uma pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exercício de suas atividades diárias, tais como, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano (BRASIL, 2006). Em uma perspectiva mais ampla, o cuidador familiar ultrapassa o simples acompanhamento das atividades do idoso, sendo ele saudáveis ou doentes, acamados ou em situações de risco, ou seja, de qualquer maneira o cuidador pode atuar quando se está necessitando de cuidado. Em consequência disso, muitos idosos necessitam de algum tipo de ajuda para realizarem suas atividades de vida diária devido à diminuição da sua capacidade funcional. É relevante destacar que o cuidador domiciliar não é percebido como alguém merecedor de informações e atenção, fato este que gera a necessidade dos profissionais de saúde proporcionar cuidado ao cuidador domiciliar a partir da perspectiva de que o mesmo também necessita de apoio e atenção, tanto quanto o idoso. É importante que os profissionais de saúde voltem a sua atenção para a realidade dos cuidadores informais que, na maioria das vezes, são ignorados pela sociedade passando a enfrentar muitos desafios e é necessário oferecer capacitação a estes para lidar com os problemas que geram conflitos e tensões (PASCHOAL, 2000; LEOPARDI, 1997). O cuidado de um indivíduo dependente está cada vez mais sob a responsabilidade de sua família em seu domicílio. A família convive com muitas dificuldades para assistir o idoso, dependendo da doença, das suas experiências e dos recursos que elas dispõem e, freqüentemente, esta se apresenta sem suporte adequado para desenvolver o cuidado (NARDI, 2007). O cuidado supera os limites do esforço físico, psicológico, social e econômico. Podendo ocorrer desorganização familiar, quando as habilidades e os recursos familiares não forem efetivos ou insuficientes para o controle da situação, podendo trazer conseqüências negativas. A assistência a idosos com doenças crônicas e que necessitam de cuidados por longos períodos, acarretam para os cuidadores fragilidades e isso leva aos profissionais de saúde e, em especial, para as enfermeiras, a necessidade da elaboração de uma abordagem que insira a família no planejamento das ações de cuidado (SANTOS; PELZER; TORNELLI, 2007). Diante desse contexto, torna-se necessário que, os serviços e profissionais de saúde readequem suas ações, voltando-as à saúde integral do idoso e sua família, buscando a implementação de medidas que visem à prevenção de incapacidades e à promoção de um envelhecimento mais independente e autônomo. Neste sentido, torna-se imprescindível oferecer conhecimento ao sistema de cuidado no domicílio do idoso dependente. Dada essa realidade, o estudo tem como objetivo identificar os cuidados realizados pelos cuidadores de idosos no domicílio, bem como descrever e analisar as dificuldades enfrentadas pelos cuidadores familiares para cuidar de idosos no domicílio em um 41 Cuidador familiar: dificuldades para cuidar do idoso no domicílio território da Estratégia de Saúde da Família (ESF), em Teresina-PI. 2 METODOLOGIA A pesquisa realizada é do tipo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa. A investigação foi realizada nos domicílios dos cuidadores familiares e dos idosos sob seus cuidados, localizadas nas áreas de abrangência da equipe de saúde da família, que corresponde à área 95 pertencente ao Posto de Saúde da Vila Bandeirante, na cidade de Teresina-PI. Os sujeitos do estudo foram 21 cuidadores familiares de idosos que coabitavam com o idoso no mesmo domicílio. Em sua maioria foram mulheres, com idade entre 20 e 60 anos, casada, com baixo grau de escolaridade, domiciliada na área adstrita da equipe da ESF, baseando-se nos critérios para a participação da pesquisa em evidência. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semi-estruturada, mediante visitas domiciliares, pré-agendadas pelos agentes comunitários de saúde, que facilitaram a disponibilidade do entrevistado. O material produzido foi submetido à Análise de Conteúdo (BARDIN, 2004). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade NOVAFAPI, com o parecer do Processo CAEE nº 0255.0.043.00009 juntamente com autorização da instituição para realização da mesma, atendendo a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Para manter a identidade dos entrevistados, os nomes foram trocados por nomes de flores. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo revelou que a maioria dos cuidadores realizava o cuidado de modo permanente, ou seja, dedicavam-se diuturnamente à atenção ao idoso, investindo oito horas ou mais nas atividades como: AS FORMAS DE CUIDAR DO CUIDADOR FAMILIAR Cuidados relacionados à medicação O cumprimento dos horários da medicação revelou-se como a atividade priorizada pelo cuidador familiar. [...] ela tem os horários certo de tomar os remédios dela, não pode esquecer e não pode marcar nada na mesma hora [...] (Íris). [...] só fico lembrando dele, das horas que ele tem que tomar os remédios para não esquecer [...] (Orquídea). A importância dada ao uso da medicação mostra a constante preocupação do cuidador familiar em manter o idoso em boas condições de saúde, mostrando ser uma forma de proteção e de amor. O grande diferencial do cuidador domiciliar é o aspecto humano, a partir do qual a interação se efetiva e então desencadeia o 42 processo de cuidar na família, o cuidado exige muito mais do que uma simples execução de tarefas, dependendo da disponibilidade, dedicação e comprometimento de quem cuida com o ser cuidado (SENA et al., 2000). Percebe-se que os cuidadores realmente têm como referência o comprometimento nessa relação de cuidado porque as falas nos mostram que estes não apenas entregam o remédio, mas fazem também o acompanhamento da tomada, com o intuito de garantir o tratamento adequado ao idoso. [...] fico olhando quando ela toma os remédios pra ela não jogar fora (Hortência). [...] tentar esclarecer algumas coisas e guiar mais ou menos como ela deve usar alguns medicamentos [...] (Girassol). Os relatos refletem que, de certa forma, o cuidador compreende que o idoso que possui doença crônica merece um acompanhamento adequado a fim de evitar sequelas, as quais podem tornar o cuidado um trabalho muito mais cansativo e estressante, dessa forma busca essa estabilização no uso correto da medicação com o objetivo de manter a continuidade da vida e evitar outras doenças (MOTTA, 2004). Diante do exposto, destaca-se a importância do profissional de saúde estar constantemente esclarecendo ao cuidador o nome correto dos medicamentos, a dosagem, o horário, efeitos colaterais e as principais interações medicamentosas, pois sabemos que o cuidador familiar nem sempre está preparado para assumir este papel. A família convive com muitas dificuldades para assistir o idoso, dependendo da doença, das suas experiências e dos recursos que elas dispõem e freqüentemente a família se apresenta sem suporte adequado para desenvolver o cuidado (NARDI, 2007). Observamos ainda que os cuidadores tem o hábito de comprar remédio para o idoso sem receita médica. É importante destacar que, algumas vezes, o cuidador toma decisões acerca da medicação independente de orientações médicas. [...] eu não deixo ele sem a vitamina, porque que ele ainda caminha [...] todos os meses eu compro dois vidros de cálcio [...] (Lírio). No depoimento acima, fica evidente que o cuidado prestado ao idoso inclui também o uso de medicação sem orientação médica e este é um problema freqüente que necessita por parte dos cuidadores conscientização sobre os prejuízos que podem ser causados ao idoso. Cuidados relacionados à alimentação As respostas mostram que há uma preocupação em evitar alimentos que possam causar riscos à saúde do idoso como o uso de sal, óleo e açúcar. [...] não pode fazer comida salgada né, que ele é hipertenso, aí tem que saber fazer direitinho a comida, com menos sal, Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.40-46, Out-Nov-Dez. 2009. Lima, V. F. et al menos óleo [...] (Margarida). [...] Bom, sempre cuido de ter responsabilidade sempre de dar às refeições direitinhas, nem açúcar a gente come [...] (Violeta). Os relatos mostram que há entre os cuidadores o consenso que a alimentação adequada também constitui uma importante ferramenta para a qualidade de vida do idoso, mas reforça também a idéia de que esse é mais um ponto que precisa ser trabalhado para orientar o cuidador, pois sabemos que eles não têm conhecimento científico sobre o assunto e acrescenta-se ainda o fato de que os hábitos alimentares muitas vezes são influenciados por fatores culturais e até mesmo econômicos. O ato de cuidar do outro tem por base valores tomados pelos seres humanos como naturais e são expressos no modo de se relacionar com outras pessoas, sendo influenciado por fatores culturais; todavia, é um processo passível de transformação (KARSCH, 2004). Essa transformação acontece a partir do momento em que o outro se coloca no lugar do que está recebendo o cuidado, passando com isso a valorizar em uma relação de ajuda ao próximo. Cuidados relacionados à segurança Os cuidadores relatam preocupação com a segurança dos idosos. [...] tenho cuidado com ela, com fogo [...] eu fico preocupada com o portão, eu tenho medo dela abrir o portão p/ qualquer pessoa [...] (Verbena). Quando o cuidador assume a tarefa de cuidar, tem a convicção de que seja capaz de realizá-la. Entretanto, com a evolução da fragilização do idoso, e conseqüentemente de sua dependência, as exigências do cuidado se tornam mais intensas e o cuidador precisa abrir mão de necessidades pessoais. Diante do fato, o cuidador sente-se sozinho e percebe a necessidade de ajuda, tanto nas divisões de responsabilidades quanto financeiramente (ALVAREZ, 2001). [...] a gente nunca deixa ele só [...] se eu saio a minha tia fica e se no caso ela sair eu fico [...] ele pode cair e se machucar [...] (Tulipa). [...] eles não podem mais ficar só, porque não é bom não deixar eles só [...] eu fico preocupada em deixar eles só [...] (Magnólia). As falas evidenciam a grande responsabilidade do cuidador e mostra que esse é mais um motivo que leva o cuidador a abrir mão de seus interesses para se dedicar ao idoso. Um estudo realizado com cuidadores familiares de idosos dependentes, mostrou que um dos maiores obstáculos apontados pelos cuidadores era a impossibilidade de sair de casa, passear, pois ficavam atrelados à responsabilidade e preocupação diária com o cuidado ao idoso, o que contribuía para o sentimento de solidão e Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.40-46, Out-Nov-Dez. 2009. de perda da liberdade (CATTANI; GIARDON-PERLIN, 2004). Reitera-se, por conseguinte, a importância de ações que garantam qualidade de vida aos cuidadores e amenizem as percas que lhe são causadas durante este processo. FATORES QUE DIFICULTAM O COTIDIANO DO CUIDADOR Aspectos psicossociais no cuidado ao idoso Nos aspectos psicossociais há necessidade de compreensão por parte dos cuidadores sobre o processo de envelhecimento, haja vista que várias alterações ocorrem como físicas, psicológicas e sociais como é relatado pelo cuidador abaixo: [...] as dificuldade é que eles têm muita cabeça dura, as coisas têm que ser do jeito deles [...] aí fica difícil né a gente lidar num é? [...] eu acho que é a idade já né [...] (Margarida). [...] a dificuldade mesmo é quando ela quer fazer as coisas e não pode, ela não pode lavar roupa, nem varrer a casa [...] (Jasmim). Das dificuldades encontradas no cotidiano dos cuidadores, destaca-se a “teimosia”. O idoso tenta de alguma maneira se tornar útil, pois um cotidiano estável, sem muitas atividades, resulta em tédio, solidão, sentimento de inutilidade e outros sentimentos que os entristecem e o cuidador não está apto a enfrentar essa situação, pois envolve aspectos psicossociais que são bem variados no processo de envelhecer como é descrito nas falas que seguem abaixo: [...] ela é bem cabeça dura com algumas coisas né, as pessoas já de alguma idade elas têm, é difícil a gente convencer de algumas coisas [...] a mudar alguns hábitos que ela já tem [...] (Girassol). [...] o idoso é muito teimoso, eles acham que por eles ter idade bem avançada eles acham que sabem de tudo [...] (Alecrim). As pessoas idosas precisam ser maleáveis e hábeis para enfrentar quando há situações de estresse. Uma auto-imagem positiva estimula a sua participação em papéis novos e não testados (RABELO; SOUZA, 2009). Percebe-se que os cuidadores tratam o idoso como se o mesmo estivesse perdido suas funções e habilidades como é descrito na fala que se segue: [...] quando eu vou trabalhar ela faz as coisas daqui de casa lava as louças, varre a casa, só que eu falo pra minha filha que fica aqui com ela pra não deixar, pois pela idade dela não é mais pra ela ficar fazendo essas coisas [...] (Malmequer). Para o cuidador, o idoso não deve realizar nenhuma atividade quando sabemos que um dos objetivos da própria Política Nacional de Saúde do Idoso é manter a sua capacidade funcional, para isso ele deve exercer suas habilidades para não se sentir inútil e não ser excluído. A habilidade pessoal de se envolver, de encontrar significado 43 Cuidador familiar: dificuldades para cuidar do idoso no domicílio para viver, provavelmente influencia as transformações biológicas e de saúde que ocorrem no tempo da velhice. Assim, o envelhecimento é decisivamente afetado pelo estado de espírito, muito embora dele não dependa para se processar. O papel social dos idosos é um fator importante no significado do envelhecimento, pois o mesmo depende da forma de vida que as pessoas tenham levado, como das condições atuais que se encontram (MENDES et al., 2005). O mesmo autor ressalta que com a idade, a retirada da vida de competição, a auto-estima e a sensação de ser útil se reduzem. No início, a maioria dos idosos se sente satisfeito, pois lhe parece ser muito bom poder descansar. Aos poucos, descobrem que sua vida tornou-se tristemente inútil. Nesta ausência de papéis é que podemos observar situações de angústia, marginalização e isolamento do mundo. Isso afeta a qualidade de saúde e de vida do idoso. A situação que o cuidador familiar impõe ao idoso dificulta o cuidar, sendo necessária a implantação de políticas públicas para capacitar o cuidador informal. O ambiente familiar pode determinar as características e o comportamento do idoso. Assim, na família sadia, onde se predomina uma atmosfera saudável e harmoniosa entre as pessoas o crescimento de todos é possibilitado, incluindo o idoso, pois todos possuem funções, papéis, lugares e posições e as diferenças de cada um são respeitadas e levadas em consideração (SANTOS; PELZER; TORNELLI, 2007). Vale ressaltar que além da família, o convívio em sociedade permita a troca de carinho, experiências, idéias, sentimentos, conhecimentos, dúvidas, além de uma troca permanente de afeto. O idoso necessita estar engajado em atividades que o façam sentir-se útil. Apesar da presença de doenças crônicas, o idoso possui capacidades, algumas delas diminuídas, mas que, com paciência, afetividade e compreensão, isso pode ser desenvolvido de uma forma saudável, o que para o cuidador pode ser uma distração, mas para o idoso é o sentimento de utilidade e de apesar da velhice, ainda ter valores e opiniões. Sobrecarga para o cuidador familiar Em uma perspectiva mais ampla, o cuidador familiar ultrapassa o simples acompanhamento das atividades do idoso, sendo ele saudáveis ou doentes, acamados ou em situações de risco, ou seja, de qualquer maneira o cuidador pode atuar quando se está necessitando de cuidado. O cuidar de um idoso, sendo ele dependente ou não de cuidados exclusivos, exige do cuidador tarefas contínuas, tendo em vista que além das atividades da vida diária (AVD), ele deverá oferecer amor, atenção e apoio emocional, podendo com isso acarretar em um desgaste físico e emocional para o cuidador. Os discursos a seguir revelam a carência do idoso, exigindo cada vez mais carinho e atenção de um só membro que é a figura do cuidador principal. 44 [...] ela pode ser durona, mas agora ela é tipo um bebe, ela sente falta de mim [...] eu tenho três filho e ela é a caçula [...] (Copo de leite). [...] e ele ficava o tempo todo: cadê a Lírio? ele não pode me perder de vista [...] (Lírio). A atenção contínua e, muitas vezes, duradoura requerida pelo idoso torna-se muito estressante para o cuidador, pois o impede de vivenciar outras atividades que o coloquem em contato com outros ambientes sociais e outras relações. Na maioria dos casos, apenas um integrante da família adota o papel de cuidador do idoso, assumindo a responsabilidade na prestação de cuidados no domicílio que realizam as mais variadas tarefas para cuidar e restabelecer a qualidade de vida do idoso. Diversos são os desafios como dificuldade na divisão das tarefas com os outros familiares, expressas nos seguintes relatos: [...] os filhos dele não querem, aí ele veio para passar uns dias e não voltou mais ficou aqui com a gente, já está nem sei quantos anos aqui [...] aí a gente se sente na obrigação de cuidar [...] (Tulipa). [...] a dificuldade maior é com os irmãos, minha irmã, ela não quer [...] eu não quero ela na minha casa [...] joga essa véia dentro da casa dela, joga, tu é besta, tu é idiota, fica se estressando com mãe [...] se fosse eu deixava ela jogada lá sozinha mesmo [...] (Copo de leite). Porém nem sempre todos da família assumem de igual maneira o cuidado com seus dependentes, o cuidador familiar desempenha seu papel sozinho sem ajuda de outros familiares ou de profissionais (SIMONETTI; FERREIRA, 2008). Embora a família declare-se responsável pelo cuidado do idoso, poucos irão realmente assumir esta responsabilidade (ALVAREZ, 2001). A relação prévia com a pessoa cuidada, a causa e o grau da dependência do idoso, a ajuda que prestam os outros membros da família, as exigências que caem sobre os cuidadores, a renda familiar, o estado de saúde do cuidador e a aceitação do cuidado são fatores que geram estresse ao cuidador familiar. A dependência, a necessidade de ajuda e o cuidado que demanda o processo de envelhecimento, a família assume estas responsabilidades que cada vez mais é realizada no domicílio e, com isso, é necessário reestruturar e reorganizar seu papel redefinindo as responsabilidades de seus membros. O cuidador geralmente é escolhido na família, mas, na maioria das vezes, ele assume este compromisso de forma inesperada, sendo assim levado a uma sobrecarga emocional (TAUB; ANDREOLI; BERTOLUCCI, 2004). Estimular o envolvimento da família, bem como fornecer orientações para diminuir as dificuldades do processo de cuidar pode ser uma estratégia para contribuir para o bem-estar dos cuidadores diminuindo assim, as chances do estresse maior que, em geral, ocorrem por falta de ajuda dos familiares na divisão das responsabilidades do ser cuidado (MENDES et al., 2005). As cuidadoras abandonam seu trabalho e passam a cuidar Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.40-46, Out-Nov-Dez. 2009. Lima, V. F. et al [...] é desgastante porque às vezes fica cansada, se estressa, a gente fica muito cansada [...] (Tulipa). apenas do idoso. [...] minha vida parou [...] eu vivi só p/ o meu pai, ele dependia de tudo de mim [...] aí veio minha mãe, meu tio [...] pronto minha vida acabou (chora) (Lírio). [...] não vou botar ela num asilo, tenho que cuidar [...] é difícil, porque às vezes deixamos de viver a nossa própria vida [...] (Crisâtemo). [...] perde muito tempo da vida [...] é desgastante porque às vezes fica cansada, se estressa, a gente fica muito cansada [...] (Tulipa). Muitos cuidadores se deparam com o compromisso de cuidar de um parente idoso e assumem esse compromisso sofrendo assim muitas mudanças na sua vida para cuidar do dependente no ambiente domiciliar. Pressionado por necessidades imediatas, o cuidador de idosos geralmente põe a necessidade do outro em primeiro lugar, esquecendo de si mesmo porque o cuidado constante toma boa parte do seu tempo, as suas forças, o seu lazer e até suas emoções e acaba abrindo mão da sua vida para aquele de quem está cuidando (MOTTA, 2004). O cuidado ao idoso demanda responsabilidade e exclusividade. Esta prestação de cuidados pode ser prejudicial a sua saúde e bem-estar. [...] eu tomo remédio de pressão, tem hora que eu nem escuto, pra ver, mas fica doendo minha cabeça, eu tenho labirintite também [...] (Lírio). [...] eu tenho depressão e ele acha que não sei mais fazer nada [...] (Alfazema). Pode-se notar que a atividade de cuidar pode interferir adversamente na saúde do cuidador. Esta sobrecarga familiar deverá ser reconhecida como um problema de saúde pública. Os cuidadores podem desenvolver sintomas físicos e psicológicos devido ao impacto sofrido com o processo de cuidar. Os sintomas físicos mais observados são: hipertensão arterial, problemas digestivos, respiratórios, infecções. E os sintomas psicológicos mais comuns são: ansiedade, insônia e depressão (SIMONETTI; FERREIRA, 2008). Nos discursos da maioria das entrevistadas, pode-se observar que eles sofrem alterações físicas e psicológicas decorrentes das demandas específicas provocadas pela tarefa de cuidar e obviamente estão relacionados com a sobrecarga do cuidador. O cuidar é uma tarefa difícil e cansativa, de muita responsabilidade, dedicação e que requer muita paciência e força de vontade, influenciado pela obrigação, dever e retribuição relacionados com os bons momentos vivenciados junto ao idoso (NARDI, 2007). O discurso a seguir revela esta afirmação: [...] ah eu me estresso demais [...] dá vontade de morrer, vontade de sair correndo, gritando pedindo socorro [...] é cansativo, a gente chora, se revolta [...] (Margarida). Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.40-46, Out-Nov-Dez. 2009. [...] Mas mesmo assim é bom porque a gente ama e quer ver a pessoa bem, mais é difícil [...] (Flor do campo). Observa-se que os sujeitos do estudo afirmam que o cuidar do idoso é uma tarefa exaustiva e estressante, acarretando para muitos deles sobrecarga e isso pode implicar na qualidade de assistência prestada ao idoso e, conseqüentemente, na qualidade de vida de ambos. Assim, seria de grande importância uma rede de apoio para os cuidadores, no intuito de proporcionar à promoção, prevenção e recuperação da saúde do idoso, cuidador e família (BRAZ; CIOSAK, 2009). [...] uma vez eu fui na assistente social e ela disse que quando eu tiver muito cansada, entregue pro abrigo, mas eu não vou fazer isso até porque é minha família, meu sangue né [...] ( Lírio). A fala em evidência corrobora a falta de suporte ao cuidador, os profissionais de saúde não estão preparados para dar o apoio pertinente aos cuidadores familiares para que eles possam desenvolver esse cuidado de forma mais efetiva e não causando danos para nenhuma das partes relacionadas. Neste sentido, é importante para quem cuida reconhecer os limites e saber a quem recorrer sempre e quando necessário, seja por meio de uma ajuda especializada, seja recorrendo a familiares e amigos. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise dos dados permitiu refletir que o envelhecimento e o papel assumido pelo cuidador familiar exigem novas formas de assistência e novos enfoques por parte das políticas públicas de saúde. O envelhecimento da população brasileira é um fato que não pode mais ser ignorado, pois o número de idosos da população traz um cenário que requer novas posturas de apoios voltados a essa realidade. Observamos com este estudo que este apoio se faz necessário porque o cuidador familiar está inserido no papel de cuidar, mas não está preparado para enfrentar sozinho esse processo que demanda muitas atribuições. Desse modo, o presente trabalho confirmou a importância do cuidador familiar de idosos, no entanto, a maioria das cuidadoras familiares pesquisadas apresentou dificuldades que podem ser amenizadas por intermédio de uma rede de suporte voltada para o cuidador que é uma figura esquecida. Neste sentido, consideramos importante a organização de uma rede de suporte voltada para o cuidador familiar de idosos com o objetivo de ajudar, apoiar e preparar os cuidadores para desempenharem as atividades do cuidado. É necessário que a formação dos profissionais de saúde seja adequada para que estes possam planejar, executar e avaliar a atenção não apenas aos idosos, mas também aos seus cuidadores. Acreditamos que, ao analisar o cuidado ao idoso no domicí45 Cuidador familiar: dificuldades para cuidar do idoso no domicílio lio, contribuímos para a apreensão desta prática milenar, que é o cuidado, possibilitando também o encaminhamento de propostas com vistas à qualidade da assistência ao ser cuidado e as cuidadoras domiciliares. REFERÊNCIAS ALVAREZ, A. M. Tendo que cuidar: a vivência do idoso e sua família cuidadora no processo de cuidar e ser cuidado em contexto domiciliar. Florianópolis, 2001. 181 f. Tese (Mestrado em Ciências e Saúde) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3.ed. Lisboa: Edições 70, 2004. 141 p. BELTRÃO, K. L.; CAMARANO, A. A.; KANSO, S. Dinâmica Populacional Brasileira na Virada do Século XX. Rio de Janeiro: IPEA, 2004. 236 p. BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Cadernos de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Cobertura vacinal por BCG dos contatos intra-domiciliares de portadores de hanseníase BCG vaccine coverage in household contacts of patients with leprosy Cobertura de la vacuna BCG en los contactos domiciliares de pacientes con enfermedad de hansen Tania Maria Melo Rodrigues RESUMO Mestre em Enfermagem pela UFPI; Enfermeira da ESF do município de Teresina (PI); Docente da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI. [email protected] Juliana Mayara Meneses Lustosa Vargas Enfermeira. [email protected] Lara Ely Sena da Silva Enfermeira. [email protected] O presente estudo tem como objetivo identificar a cobertura vacinal por BCG nos contatos intra-domiciliares de portadores de hanseníase. Trata-se de uma pesquisa com abordagem quantitativa. Os dados foram obtidos das fichas do SINAN e dos portadores de hanseníase cadastrados nos hospitais em estudo totalizando 245 contatos intra-domiciliares. O estudo demonstrou que 50.6% dos contatos não possuíam registro da segunda dose da vacina BCG, aumentando a vulnerabilidade para a patologia. Observou-se também, que existe uma possível falha do serviço de saúde ao registrar as informações nos prontuários quando da aplicação da vacina e avaliação dermatoneurológica. Percebe-se a necessidade de intensificar a busca ativa, melhorar o registro dos dados e o controle da aplicação da segunda dose da vacina BCG. Descritores: Hanseníase; Cobertura vacinal; Vacina BCG; Enfermagem. Mirelly da Silva Rosado Enfermeira. [email protected] Maria Zélia de Araújo Madeira Mestre em Educação pela UFPI, Enfermeira, docente do Departamento de enfermagem da UFPI. [email protected] ABSTRACT This study aims to identify the BCG vaccine coverage in household contacts of patients with leprosy. This is a survey of quantitative approach. Data were obtained from medical SINAN and leprosy patients registered in hospitals in the study a total of 245 household contacts. The study showed that 50.6% of the contacts did not have a second shot of vaccine, increasing vulnerability to pathology. It was also observed that there is a possible failure of the health service to record the information in the charts when the vaccination and dermatological evaluation. Note the need to intensify the active search, to improve data recording and control of the second shot of vaccine. Descriptors: Leprosy; Immunization coverage; BCG vaccine; Nursing. RESUMEN Submissão: 08.06.2009 Aprovação: 20.07.2009 Este estudio tiene como objetivo identificar la cobertura de la vacuna BCG en los contactos domiciliares de pacientes con enfermedad de hansen. Esta es una investigación de enfoque cuantitativo. Los datos fueron obtenidos a partir de SINAN y de los enfermos de hansen registrados en los hospitales en el estudio un total de 245 contactos domiciliares. El estudio mostró que el 50,6% de los contactos no tuvieron una segunda dosis de la vacuna, aumentando la vulnerabilidad a la patología. También se observó que existe un posible fracaso de los servicios de salud para registrar la información en los prontuarios en se tratando de la vacunación y de la evaluación dermato-neurológica. Se percibe la necesidad de intensificar la búsqueda activa, para mejorar el registro de datos y el control de la segunda dosis de la vacuna. Descriptores: Enfermedad de Hansen; Cobertura vacunal; Vacuna BCG; Enfermería. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.47-52, Out-Nov-Dez. 2009. 47 Rodrigues, T. M. M. et al. 1 INTRODUÇÃO A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica e granulomatosa, mundialmente conhecida como lepra, já tendo recebido várias denominações como: morféia, mal de pele, doença lasarina e cuja época exata do seu aparecimento não é bem conhecida. Os relatos mais antigos datam de 4.266 a.C no Egito, 500 a 2.000 a.C nos Livros Sagrados da Índia e 1.100 a.C na China. Devido às deformidades e as mutilações que a doença provocava o preconceito e a discriminação persiste até os dias de hoje, por isso o termo lepra e seus derivados caíram em desuso no Brasil, por força da lei nº 9.010 de 29/03/1995, sendo substituído por “mal de Hansen” ou “hanseníase”. (TAVARES, MARINHO, 2005). É uma doença causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, tendo o homem como a única fonte de infecção. O contágio dá-se através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada, que o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis. A principal via de eliminação do bacilo, e a mais provável porta de entrada no organismo passível de ser infectado são as vias aéreas superiores e o trato respiratório. No entanto, a suspeita de hanseníase se baseia na presença de um ou mais dos sinais e sintomas: lesões ou áreas na pele com alteração de sensibilidade, acometimento de nervos com espessamento e baciloscopia positiva, entretanto, estes podem levar de 2 a 5 anos, em geral, para aparecerem. (BRASIL, 2008a). Assim, as pessoas que vivem com o doente de hanseníase, correm um maior risco de serem contaminadas do que a população em geral, por isso a vigilância de contatos intra-domiciliares do doente é muito importante. De acordo com o Ministério da Saúde(3), considera-se como contato intra-domiciliar toda e qualquer pessoa que resida, ou tenha residido com o doente, nos últimos cinco anos. Portanto tem, em seus contatos intra-domiciliares, um importante meio para a manutenção da endemia. No Brasil, a hanseníase continua representando um problema de saúde, e 8% dos casos diagnosticados, em 2006, eram em menores de 15 anos. O adoecimento de crianças e adolescentes, numa área, indica que o bacilo circula livremente nesse local e que a existência de doentes, com alto poder infectante, continua disseminando a doença. Isto exige atenção redobrada dos profissionais nas ações de controle nessa comunidade. (BRASIL, 2002). De acordo com o DATASUS (2009), órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde responsável pela coleta, processamento e disseminação das informações da saúde, apresentou o número de casos novos de hanseníase no Brasil, destacando a queda de 23% entre os anos de 2003 a 2007. No ano de 2003, o total de notificações foi de 51.941. Já em 2007, o quantitativo foi de 40.126 pessoas diagnosticadas. O recuo foi ainda mais significativo na população com menos de 15 anos, com índice de queda de 27% (4.181, em 2003, contra 3.048, em 2007). Acrescenta que o índice de detecção de casos novos da Hanseníase no ano de 2006 em Teresina, foi de 6,64%. Assim, entendemos que os portadores de hanseníase 48 são considerados de importância epidemiológica significativa em termos de endemia e passam a se tornar um grupo de risco vulnerável do ponto de vista da cadeia do processo infeccioso. Estes números nos fizeram refletir sobre a temática, surgiu o interesse pelo tema quando observamos dificuldades da comunidade com a necessidade do cumprimento do calendário vacinal, como também a dificuldade do contato intra-domiciliar dos portadores de hanseníase em comparecerem a unidade de saúde, após convocação para avaliação dermatoneurológica e aplicação da vacina BCG. Portanto, este artigo tem como objetivo avaliar a cobertura vacinal por BCG nos contatos intra-domiciliares de hanseníase. 2 M ETODOLOGIA Trata-se de um estudo de caráter descritivo, com abordagem quantitativa. Os dados da cobertura vacinal dos contatos intra-domiciliares dos casos índices foram coletados por meio das fichas do SINAN e nas fichas individuais dos portadores de hanseníase, totalizando 245 contatos intra-domiciliares dos pacientes cadastrados no Programa de Hanseníase dos Hospitais do Monte Castelo, Parque Piauí e Promorar, os quais são vinculados a Coordenadoria Regional de Saúde Sul do município de Teresina (PI). Para registro dos dados foi utilizado um formulário construído pelos próprios pesquisadores contendo as seguintes variáveis: idade, sexo, estado vacinal, avaliação dermatoneurológica e classificação operacional, buscando verificar se os 245 contatos intra-domiciliares realizaram a 2ª dose da vacina BCG, correspondente ao período entre 2007 a 2008. Os dados foram coletados no mês de fevereiro de 2009, após parecer favorável do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade NOVAFAPI, através do protocolo de número 0293.0.043.000-09. Foram respeitados os princípios éticos de acordo com a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Nos resultados apresentaram-se tabelas e gráficos apropriadas à escala de mensuração das variáveis estudadas. Os dados foram processados e analisados através do programa SPSS (Statistical Product and service Solutions), para tabulação e apresentação dos dados. 3 RESULTADOS De acordo com a tabela 1, de um total de 245 contatos intra-domiciliares, observa-se que 133 (54.29%) dos contatos são do sexo feminino e 112 (45.71%) são do sexo masculino. Com relação à faixa etária o maior número de contatos deu-se em idade igual ou superior a 15 anos com 168 (68.57%); seguido de 51 (20.82%) em menores de 15 anos; e em menor percentagem 26 (10.61%) foram ignorados. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.47-52, Out-Nov-Dez. 2009. Cobertura Vacinal por BCG dos Contatos Intra-Domiciliares de Portadores de Hanseníase Tabela 1 - Distribuição dos contatos intra-domiciliares segundo sexo e faixa etária. Teresina (PI), 2007 - 2008. Nº % Fem 133 54.29 Masc 112 45.71 245 100.00 Sexo Total Idade <15 51 20.82 (anos) >=15 168 68.57 Ignorado 26 10.61 245 100.00 Total Fonte: Prontuários de pacientes cadastrados no programa de Hanseníase dos Hospitais Monte Castelo, Promorar e P. Piauí. O gráfico 1 mostra que apenas 49.6% dos contatos intra-domiciliares receberam a 1º dose da vacina BCG e em 50.2% dos casos observados não há informação sobre a administração da primeira dose de BCG. GRAFICO 1: Distribuição da população do estudo segundo recebimento da 1º dose de BCG. Teresina (PI), 2007-2008. Ignorado 50,2% Sim 49,6% Fonte: Prontuários de pacientes cadastrados no Programa de Hanseníase dos hospitais M. Castelo, Promorar e Parque Piauí. O gráfico 2, referente ao esquema vacinal da segunda dose mostra que 50.6% dos contatos intra-domiciliares são conside- rados ignorados; 26.9% não receberam a segunda dose e apenas 22.4% apresentavam registros das duas doses de BCG. GRAFICO 2: Distribuição da população do estudo segundo recebimento da 2º dose de BCG. Teresina (PI), 2007-2008. Sim 22,4% Ignorado 50,6% Não 26,9% Fonte: Prontuários de pacientes cadastrados no Programa de Hanseníase dos hospitais M. Castelo, Promorar e Parque Piauí. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.47-52, Out-Nov-Dez. 2009. 49 Rodrigues, T. M. M. et al. O gráfico 3 mostra que 50.6% dos registros em relação a avaliação dermatoneurológica dos contatos intra-domiciliares são ig- norados; 31% realizaram a avaliação dermatoneurológica; e 18.4% não realizaram avaliação. GRÁFICO 3: Distribuição da população do estudo segundo avaliação dermatoneurológica dos contatos intra-domicilares. Teresina (PI), 2007-2008. Sim 31,0% Ignorado 50,6% Não 18,4% Fonte: Prontuários de pacientes cadastrados no Programa de Hanseníase dos hospitais M. Castelo, Promorar e Parque Piauí. O gráfico 4 mostra a Classificação Operacional do caso índice dos contatos intra-domiciliares predominando a classificação Pau- cibacilar com 51.4% e com 48.6% os casos Multibacilares. GRÁFICO 4: Distribuição da população do estudo segundo a Classificação Operacional do caso índice. Teresina (PI), 2007-2008. Multibacilar Paucibacilar 48,6% 51,4% Fonte: Prontuários de pacientes cadastrados no Programa de Hanseníase dos hospitais M. Castelo, Promorar e Parque Piauí. 4 DISCUSSÃO DOS DADOS Para melhor elucidação dos resultados encontrados optou-se por caracterizar os contatos intra-domiciliares de hanseníase segundo: idade, sexo, estado vacinal, classificação operacional e avaliação dermatoneurológica. Como também, analisar a cobertura vacinal com BCG desses contatos para hanseníase por se tratar de uma doença infectocontagiosa e de importância epidemiológica significativa em termos de endemia. De acordo com a tabela 1, de um total de 245 contatos intra-domiciliares, observa-se que 133 (54.29%) dos contatos são do sexo feminino e 112 (45.71%) são do sexo masculino. Com relação à faixa etária o maior número de contatos deu-se em idade igual ou superior a 15 anos com 168 (68.57%); seguido com 51 (20.82%) em menores de 15 anos; e em menor percentagem 26 (10.61%) são ignorados. 50 Embora o estudo demonstre o maior percentual de contatos intra-domiciliares na faixa etária em maiores de 15 anos, o Ministério da Saúde recomenda atenção especial na investigação de contatos de pacientes menores de 15 anos, o que se justifica pela possibilidade de transmissão recente e ativa. (BRASIL, 2008b). Em relação aos dados referentes ao sexo, assemelham-se aos encontrados em estudo de Vieira et al 2008, onde o percentual maior (58.5%) de contatos foi também do sexo feminino. Em outro estudo Brasil, 2005, que aborda a detecção de casos novos em relação ao gênero sempre houve predomínio das mulheres. Comenta ainda que a proporção de casos novos em mulheres para o período de 2000 a 2004 apresenta uma média anual em torno de 50,8%. O estado vacinal, em relação à BCG, faz parte das recomendações do Ministério da Saúde para o controle dos contatos. O gráfico 1 mostra a realização da vacina BCG, conforme anotações encontradas nas fichas dos pacientes. Ressalta-se que em 50.2% Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.47-52, Out-Nov-Dez. 2009. Cobertura Vacinal por BCG dos Contatos Intra-Domiciliares de Portadores de Hanseníase não há informação sobre a administração da primeira dose de BCG, entretanto, não se pode afirmar que esses indivíduos não receberam a vacina BCG, demonstrando uma possível falha de registro nos prontuários em relação a aplicação da vacina. Observa-se que 49.8% possuem o registro da primeira dose da vacina no prontuário. O gráfico 2, referente ao esquema vacinal da segunda dose mostra que 50.6% dos contatos são considerados ignorados pois não havia informação sobre a administração da segunda dose de BCG, entretanto, não se pode afirmar que esses indivíduos não receberam a segunda dose vacina, o que ficou evidente mais uma vez uma possível falha de registro nos prontuários; 26.9% não realizou a segunda dose e apenas 22.4% dos contatos apresentavam registros das duas doses de BCG. De acordo com a Portaria conjunta Nº125/2009 a vacina BCG deve ser aplicada nos contatos intra-domiciliares sem presença de sinais e sintomas de hanseníase no momento da avaliação dermatoneurologica, independente de serem contatos de casos Paucibacilar ou Multibacilar. A aplicação da vacina BCG depende da história vacinal e segue as recomendações: sem cicatriz, prescrever uma dose; com uma cicatriz de BCG, prescrever uma dose; com duas cicatrizes de BCG, não prescrever nenhuma dose. Destaca-se que todo contato de hanseníase deve receber orientação de que a BCG não é uma vacina específica para este agravo e neste grupo, é destinada, prioritariamente, aos contatos intra-domiciliares. (BRASIL, 2009). O gráfico 3 mostra que 50.6% dos registros em relação a avaliação dermatoneurológica dos contatos são considerados ignorados; 31% realizaram a avaliação dermatoneurológica; e 18.4% não realizaram avaliação, sendo que mesmo com o registro da administração da segunda dose da vacina, não havia o registro da avaliação dermatoneurológica, e em alguns prontuários havia registro da avaliação, mas não possuía a data da administração da segunda dose. Esses dados podem ser reflexos da ausência dos contatos ao serviço, para a avaliação dermatoneurológica quando convocados após avaliação do caso índice, haja visto que é necessário uma avaliação dos contatos intra-domiciliares para indicação ou não da vacina, uma vez que podem ocorrer situações em que o contato apresente sinais clínicos da doença. Avaliando-se os dados apresentados nos gráficos constata-se a fragilidade dos serviços de saúde nos locais do estudo para o controle dos contatos, tanto na busca ativa para avaliação dermatoneurológica, quanto no acompanhamento desses indivíduos para novas avaliações e efetivação da vacina BCG. A avaliação dermatológica visa identificar as lesões de pele próprias da hanseníase, pesquisando a sensibilidade nas mesmas. A alteração de sensibilidade nas lesões de pele é uma característica típica da hanseníase (DAMASCENO, NEIVA, COSTA, 2007). Assim, recomenda-se o exame dermatoneurológico de todos os contatos intra-domiciliares do caso diagnosticado. Depois do exame clínico o contato será encaminhado para a aplicação da vacina BCG por via intradérmica (ARAÚJO, 2003). A Classificação Operacional do caso Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.47-52, Out-Nov-Dez. 2009. índice dos contatos que predominou foi a paucibacilar (51.4%) e os casos multibacilares representam (48.6%). As formas clínicas da hanseníase operacionalmente são classificadas pelo número de lesões na pele que, em geral, estão relacionadas à quantidade de bacilos. A forma paucibacilar-PB, quando há até cinco lesões na pele e a carga de bacilos é baixa, e multibacilar-MB, quando há mais de cinco lesões e alta carga bacilar. O risco de adoecimento numa determinada área geográfica vai depender da quantidade de pessoas doentes com a forma multibacilar sem tratamento. Os casos diagnosticados como paucibacilares não transmitem a doença, porque o organismo destrói os bacilos, mas necessitam de maior atenção e acompanhamento nos cuidados com as reações e desenvolvimento de incapacidades físicas. (BRASIL, 2008a). Nesse sentido, entendemos que o diagnóstico precoce pode interferir na evolução da doença, uma vez que uma pessoa sem resistência que iria evoluir para uma forma MB, sendo diagnosticada na fase inicial da doença, pode ser diagnosticada e tratada precocemente como PB, não evoluindo para as formas graves da doença. O percentual mais elevado nas formas paucibacilares (51.4%) foram similares aos encontrados por (10) em pesquisa que estudou o perfil endêmico de hanseníase no município de Timon-MA no período de janeiro a outubro de 2007 constataram que 58% dos casos eram paucibacilares. Os contatos dos doentes classificados como paucibacilares têm menor risco de adoecer, se comparado aos contatos de multibacilares. Outro aspecto relevante é que pacientes multibacilares tornam-se capazes de infectar outros indivíduos até mesmo antes da expressão clínica da doença. Entretanto, independente da classificação operacional dos doentes, os contatos de pacientes com hanseníase não tratada têm maior risco de adoecimento (OLIVEIRA et al, 2007). 5 CONCLUSÃO Os resultados dos dados da pesquisa, demonstram que 50.6% não apresentam registro e aplicação da vacina BCG referente a segunda dose tornando este grupo vulnerável para adquirir a doença. Observou-se também, que existe uma possível falha de registro nos serviços de saúde quando os profissionais não realizam o registro no prontuário da data de realização do exame dermatoneurológico e a data de administração da segunda dose da vacina nos contatos, pois o não registro da avaliação e da administração da segunda dose de BCG sugere que o acompanhamento e controle dos contatos pelo serviço, não estão sendo efetivos. Demonstrou ainda que mesmo quando os contatos são encaminhados a sala de vacina, muitos deles podem não estarem comparecendo, provavelmente por falta de conhecimento da importância de receberem a vacina. Nesse sentido, percebe-se a necessidade de implementação na organização e controle dos contatos intra-domiciliares de Han51 Rodrigues, T. M. M. et al. seníase, como também, de intensificar a busca ativa dos contatos, o registro dos dados e o controle da aplicação da segunda dose de BCG, por meio da descentralização das ações em relação ao agravo. Faz-se importante também, colocar as equipes da Estratégia Saúde da Família como principal porta de entrada para a melhoria da qualidade da assistência e o controle da endemia, aliado a vigilância epidemiológica, buscando identificar casos da doença, prevenindo novas fontes de transmissão. REFERÊNCIAS ARAÚJO, M. G. Hanseníase no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. v 36. n 3. Uberaba. mai/jun 2003. 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REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN Sexualidade na terceira idade: uma revisão bibliográfica The sexuality in the third age: a bibliographical revision Sexualidad en la vejez: una revisión de la literatura Jaqueline Carvalho e Silva RESUMO Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Docente da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI). Endereço: Rua Padre Cirilo Chaves, n. 1515, apto. 603, Bairro dos Noivos, CEP: 64045-310. Raphaella Genuíno de Oliveira Breuel Psicóloga. Discente da Pós-Graduação Latu sensu em Saúde Mental da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI). Email: [email protected] Fernando José Guedes da Silva Júnior O estudo objetivou levantar e analisar a produção técnico-científica sobre sexualidade do idoso. Utilizou-se como abordagem metodológica a revisão bibliográfica na base de dados Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), no período de 1998 a 2008. Analisaram-se vinte e quatro artigos, sendo categorizados pelo ano de publicação, cenário, unidade de federação, metodologia abordada e temática apresentada. Como resultado foi observado que os anos de 2005 e 2007 foram os de maior produção científica, destacando o Rio de Janeiro e São Paulo como os estados de maior publicação sobre a sexualidade na terceira idade, quanto ao cenário à prevalência de escolha foi as Universidades Abertas da Terceira Idade (UNATI) e a abordagem metodológica foi a de reflexão, sendo as temáticas agrupadas em duas categorias de análise, quais sejam: um amplo significado da sexualidade na terceira idade e a sexualidade dos idosos enquanto prática sexual propriamente dita. Descritores: Envelhecimento. Sexualidade. Saúde. Graduando em Enfermagem pela Faculdade NOVAFAPI. Email: [email protected] Maria do Livramento Fortes Figueiredo Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal do Piauí. Email: [email protected] ABSTRACT The study it objectified to raise and to analyze the technician-scientific production on sexuality of the aged one. The bibliographical revision in the database was used as methodological boarding Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS), in the period of 1998 the 2008. Twenty and four articles, being categorized per the year of publication, scene, unit of federacy had been analyzed, presented boarded and thematic methodology. As result was observed that the years of 2005 and 2007 had been of bigger scientific production, detaching Rio de Janeiro and São Paulo as the publication states bigger on the sexuality in the third age, how much to the scene to the prevalence of choice it was the Open Universities Senior (OUS) and the methodological boarding was of reflection, being the thematic ones grouped in two categories of analysis, which are: ample a meaning of the sexuality in the third aged age and the practical sexuality of while the sexual one properly said. Descriptors: Again. Sexuality. Health. RESUMÉN Submissão: 12.05.2009 Aprovação: 14.07.2009 El estudio que objectified para levantar y para analizar la producción técnico-científica en la sexualidad de envejecida. La revisión bibliográfica en la base de datos fue utilizada como metodológica que subía a la Literatura Americana Latina y del Caribe en Ciencias de Saúde (LILACS), en el período de 1998 el 2008. Analizados, veinticuatro artículos, clasificados por año de publicación, configuración, la unidad de la federación, y la metodología discuti- Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.53-58, Out-Nov-Dez. 2009. 53 Jaqueline Carvalho e Silva, J. C. et al. do tema presentado. Los resultados mostraron que los años 2005 y 2007 fueron los más científica, destacando Río de Janeiro y Sao Paulo y los estados con la mayor publicación sobre la sexualidad en la vejez, como el paisaje, la prevalencia de la elección fue el Universidades Abiertas Senior (UNAS) y el enfoque metodológico es un reflejo, con los temas agrupados en dos categorías de análisis, que son: un sentido amplio de la sexualidad en la vejez y la sexualidad de las personas mayores como la práctica sexual en sí. Descriptores: Envelhecimento. Sexualidad. Salud. 1 INTRODUÇÃO De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera-se idoso nos países em desenvolvimento a pessoa que possui 60 anos ou mais de idade, constituindo-se a faixa etária que mais cresce (BRASIL, 1999). Segundo Vieira (1996), o processo de envelhecimento se inicia desde o nascimento, sendo então a velhice definida como um processo dinâmico e progressivo no qual ocorrem modificações, tanto morfológicas, funcionais, bioquímicas, como psicológicas, que determinam a progressiva perda das capacidades de adaptação do indivíduo ao meio ambiente. No Brasil o processo de envelhecimento vem acontecendo de forma continua e progressiva, o que pode ser observado nos dados correspondentes ao censo demográfico de 2005 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no qual a população de idosos representa um contingente de quase 18 milhões de pessoas, o que corresponde a 10% da população brasileira, sendo que nos próximos 20 anos o idoso poderá ultrapassar os 30 milhões, o que deverá representar quase 13% da população (BRASIL, 2005). Já no Piauí, segundo o IBGE existem 289.210 pessoas com 60 anos ou mais, correspondendo a 9,9% da população do Estado. Portanto, no Piauí a população de idosos é crescente e acompanha as projeções do país (BRASIL, 2000). De acordo com Lyra e Jesus (2007), o envelhecimento é um processo dinâmico, progressivo e natural da vida humana, que tem início no nascimento e só termina com a morte. Entretanto, este processo não é apenas unilateral, está relacionado a uma série de modificações biopsicossociais. Do ponto de vista biológico podem-se destacar principalmente com a chegada da velhice, as alterações na pele, que se torna mais ressecada, quebradiça e pálida, perdendo o brilho natural da jovialidade, além dos cabelos que embranquecem e caem com maior freqüência e facilidade não sendo mais naturalmente substituídos. Em relação à parte fisiológica, as alterações na maioria das vezes, podem ser observadas pela lentidão do pulso, do ritmo respiratório, da digestão e assimilação dos alimentos, bem como diminuição da ereção peniana, secura vaginal devido à diminuição da lubrificação, dentre outros (MARCHI NETTO, 2004). Podemos destacar no aspecto psicológico que um envelhecimento bem-sucedido refletiria na capacidade da pessoa idosa 54 em adaptar-se as perdas de vínculos, em manter uma satisfação familiar através de interações sociais, além de manter uma satisfação na vida através da situação econômica vivenciada e proporcionada pela aposentadoria (LYRA; JESUS, 2007). Já em relação ao aspecto sócio-cultural, o desconhecimento e à pressão cultural para com os idosos em relação à manutenção da sua sexualidade, fazem com que eles experimentem um sentimento de culpa e de vergonha, chegando a perceberem-se como anormais pelo simples fato de serem sexuados. Assim, os idosos se distanciam e esquecem de seu próprio corpo, gerando um retraimento, perdendo o interesse e criando vergonha do seu desejo (MENEZES; ROSSI; KUDE, 2005). O que pode ser observado na contextualização do mesmo autor, que explica a conseqüência da forma como a sociedade lida com as transformações, provocando nos idosos sentimentos de mágoa e desvalorização, por não possuírem mais o corpo da juventude, consequentemente a concepção de que não atraem mais o parceiro, além de não apresentarem o desempenho desejado. Estas condições podem contribuir para privá-los de experimentarem novas possibilidades de reinvenção e crescimento de sua vida afetiva e sexual. Portanto, o envelhecimento para muitos idosos está envolto de um sentimento de invalidez, como aqueles que estão se despedindo da vida, pois se aposentou do trabalho, de sua função e, portanto devem-se aposentar-se da vida. É importante ressaltar que os sentimentos e sensações perduram com o passar dos anos, isto se refere à sexualidade que nesse estudo é entendida de acordo com Favarato et al. (2000, p. 199): [...] a sexualidade abrange o conjunto de fenômeno da vida sexual. Em geral, designa condutas e comportamentos relacionados à atividade sexual consciente e sua expressão funcional e afetiva; porém, apresenta extensa dimensão, visto que abrange as esferas biológica, psicológica e social podendo assumir diferentes significados em cada campo do saber. Portanto, a sexualidade na terceira idade está intimamente relacionada a uma boa qualidade de vida, podendo ser exercida das mais diversas maneiras, não somente ao ato físico e sexual, mas sim, das mais diversas formas de carinhos, tais como, o beijo, o abraço, a conversa, a dança, a auto-estima elevada, dentre outros. Vasconcelos apud Catusso (2005) afirma que a sexualidade do idoso está relacionada ao processo de intimidade e convivência que há entre ambos e dificilmente esta intimidade e o ato sexual acontecem aleatoriamente, havendo sim uma complementaridade emocional e física do idoso, fazendo com que a sexualidade faça parte da intimidade deste. Assim, na perspectiva de construir um referencial sobre a sexualidade do idoso, propõe-se neste estudo realizar uma revisão bibliográfica acerca deste tema na produção científica da base de dados da Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Partindo desse pressuposto, apresentou-se como questão norteadora: Qual a produção técnico-científica relacionada à área de saúde sobre Sexualidade do Idoso? Com base nesse questioRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.53-58, Out-Nov-Dez. 2009. Sexualidade na terceira idade: uma revisão bibliográfica namento, elaborou-se o seguinte objetivo: Levantar e analisar a produção técnico-científica acerca do tema “Sexualidade do Idoso”. Este estudo se justifica, tendo em vista a realidade atual dos idosos, onde muitos desconhecem a manutenção da sexualidade como um benefício para a própria saúde, prevalecendo idéias deturpadas, pois as orientações que muitos recebem do ambiente social e familiar, bem como nos serviços de saúde, são freqüentemente mascaradas e biologicistas, em decorrência de tabus e preconceitos presentes no imaginário coletivo da sociedade, que estabelece barreiras para abordagem desta temática em qualquer fase da vida, o que se torna ainda mais difícil quando se refere a terceira idade 2 METODOLOGIA O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que de acordo com Gil (2002, p.175), “é desenvolvida a partir de materiais já elaborados, ou seja, referenciais teóricos publicados, permitindo ao investigador uma melhor abordagem da estrutura, do processo e resultados”. Conforme Lakatos e Marconi (2001, p.43) “é um procedimento formal com métodos de pensamentos reflexivos que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. É importante explicitar que, para a elaboração do estudo foi seguido o percurso metodológico sugerido por Lakatos e Marconi (2006), que consiste nos seguintes passos: escolha do tema; elaboração do plano de trabalho; identificação; localização; compilação; fichamento; análise, interpretação e redação. O passo seguinte consistiu na identificação e localização das fontes, com obtenção do material por busca eletrônica (compilação). Depois de adquirir as fontes de referência, partiu-se para organizar os dados em fichas. No decorrer da leitura, analisou-se criteriosamente o conteúdo bibliográfico, no intuito de esclarecer os objetivos formulados, para que se tivesse uma interpretação exata. A última etapa nesse processo foi a redação do trabalho. A base de dados para a obtenção do material foi Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), no qual foi realizado um levantamento da produção científica relacionada à sexualidade no processo de envelhecimento, no período de 1998 a 2008, utilizando os seguintes descritores: sexualidade e envelhecimento. Na busca, realizada nos meses de agosto de 2009, foram detectados 47 artigos relacionados ao tema. Posteriormente a esta etapa foi feita a leitura minuciosa de todos os artigos, na seqüencia delimitou-se as seguintes variáveis para analises: enfoque temático, período de publicação, cenário da pesquisa, metodologia aplicada e unidade da federação. Após este enquadramento foram excluídos da pesquisa vinte e três artigos por não atenderem aos critérios prévios de inclusão, ou seja, dez destes foram publicados antes do ano de 1998 e treze não se enquadravam à temática. Ao término do recorte dos dados, ordenamento do mateRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.53-58, Out-Nov-Dez. 2009. rial e classificação por similaridade, as temáticas foram agrupadas conforme semelhança de conteúdo, as quais foram distribuídas em duas categorias de análise temática para serem discutidas e analisadas em seguida. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Embora a temática que aborda a sexualidade na terceira idade seja relativamente recente, muitos pesquisadores de diferentes áreas tem demonstrado interesse em estudar essa fase de vida. Nesse sentido, este estudo contemplou a produção científica mais recente de diversas áreas da saúde sobre a sexualidade e o envelhecimento. Para a realização da análise e discussão dos dados identificados após a leitura dos artigos, levou-se em consideração o cenário da pesquisa, o ano de publicação, a metodologia abordada, a unidade de federação, bem como a temática. E partindo dessas variáveis, foi possível destacar os seguintes resultados. Das vinte e quatro produções científicas levantadas no banco de dados LILACS concernentes à temática da sexualidade e do envelhecimento, destacam-se os anos de 2003 e 2008 como os de menor produção, com apenas um artigo. Já os anos de 2005 e 2007 foram os de maior produção científica sobre esta problemática com cinco e quatro artigos publicados respectivamente. No que se refere ao cenário dos estudos publicados destacam-se as Universidades Abertas da Terceira Idade (UNATI) em três artigos, revelando a importância desses locais que segundo Figueiredo (2005) tem por objetivo desenvolver atividades de caráter sócio-educativo e artístico-cultural, as quais significam uma contribuição concreta para o processo de envelhecimento saudável e também demonstra a discussão deste fenômeno fora do ambiente hospitalar, o que foi evidenciado em apenas um dos estudos. Além disso, o domicílio foi citado em um dos artigos como cenário da pesquisa. Em relação às abordagens metodológicas utilizadas das vinte e quatro produções científicas, prevaleceu a pesquisa de reflexão com um total de dez artigos, seguida da abordagem qualitativa com seis, posteriormente da revisão bibliográfica com três e da quantitativa com apenas dois artigo. Por fim, três artigos não apresentaram informação esclarecedora sobre a metodologia abordada nos estudos. De acordo com a análise dos dados coletados, as distribuições geográficas por unidade de federação, destacaram-se o Rio de Janeiro e São Paulo como os estados de maior produção científica com dez e sete artigos respectivamente. Já na região Nordeste apenas o estado do Rio Grande do Norte teve uma publicação. Deve-se destacar que alguns países, tais como: Colômbia, Argentina e Cuba também vêm desenvolvendo pesquisas com enfoque na sexualidade e no envelhecimento sendo representado com a publicação de um artigo respectivamente. No que se refere ao enfoque temático o mapeamento dos artigos possibilitou o enquadramento da produção levantada em 55 Jaqueline Carvalho e Silva, J. C. et al. duas categorias temáticas, sendo que na primeira o tema foi abordado a sexualidade na terceira idade abrangendo doze artigos. Já a segunda categoria, limitou-se a estudar a sexualidade dos idosos como prática sexual propriamente dita, restringindo-se aos aspectos fisiopatológicos da atividade sexual na terceira idade, com o mesmo número de publicações. Dessa forma, a sexualidade pode ser entendida de forma ampla, como um conjunto de valores e práticas corporais humanas, algo que transcende a biologia e ao ato sexual propriamente dito, estando relacionada com o íntimo de cada ser humano e suas relações com os outros, consigo mesmo e com o mundo. A sexualidade dos idosos como prática sexual propriamente dita A sexualidade na terceira idade A problemática da aceitação por parte da sociedade em geral em relação às práticas amorosas e suas diversas manifestações por parte das pessoas idosas segundo Beauvoir (1990) tem ocorrido, pois durante muito tempo tanto a história quanto a literatura passaram em silêncio pelos idosos e principalmente pela sexualidade deste grupo populacional. Entretanto, sabe-se que a sexualidade está presente em todas as pessoas, de todas as idades, sendo parte elementar de sua identidade sexual e social. Assim, a sexualidade esta presente desde o nascimento, porém, esta é desfrutada de diferentes maneiras e de acordo com cada etapa de nossas vidas. De acordo com Favarato et al. (2000) a sexualidade pode ser entendida como um conjunto de fenômeno da vida sexual, que está relacionado ao ato sexual propriamente dito e sua expressão funcional e afetiva, sendo influenciado por fatores bio-psico-socio-cultural. Sexualidade é, portanto, a soma de todos esses fatores, mas, principalmente, a preservação do prazer em todos os seus aspectos. O prazer de ter um corpo saudável e a aceitação de seus limites, de interagir em sociedade, da satisfação dos desejos, e principalmente o prazer de compartilhar e de aprender diariamente. Portanto, a abordagem da sexualidade na terceira idade deve ir além das informações sobre anatomia e funcionamento do corpo, incluindo todas as formas de expressão e busca do prazer. Assim, os idosos manifestam sua sexualidade através da dança, do ato teatral, da música, da arte, do beijo, do abraço, dentre outras formas. Nesse sentido, Bonança (2008) afirma que todos os seres humanos nascem sexuados, dando e recebendo amor durante todo o ciclo vital, de maneira diferenciada sim, mas não menos prazerosa. À luz desse contexto é que se insere a sexualidade dos idosos, que segundo Lyra e Jesus (2007) é expressa por um conjunto de sentimentos, atitudes, comportamentos e vivências que vão além do ato sexual, ou seja, manifestada de forma ampla, através de carinho, amor, aconchego, acolhimento, beijo, abraço, conversa e amizade. Basso (1993) em seu estudo afirma que a sexualidade pode ser entendida como forma de expressão integral dos seres humanos, vinculados aos processos biológicos, sociais e psicológicos do sexo. Assim, a sexualidade influencia a forma de sentir todas as coisas, tais como o amor, o prazer, a felicidade e a alegria. E perpassa todas as idades e estágios da vida do ser humano, indo desde o nascimento até a morte, sendo vista como fonte de bem-estar que enriquece a personalidade com várias repercussões familiares e sociais. 56 Para compreender a problemática da sexualidade do idoso fez-se necessário o entendimento sobre a fisiologia da resposta sexual e suas modificações com o processo de envelhecimento, bem como considerar os possíveis fatores que afetam o comportamento e a resposta sexual em qualquer idade, em destaque na terceira idade. De acordo com Risman (1995), o ciclo da resposta sexual tanto para homens quanto para mulheres se divide em quatro fases: excitação, platô, orgasmo e resolução. A fase de excitação é iniciada a partir do estímulo visual, psicológico, da paquera, dos beijos e das carícias. Após essa fase, inicia-se a fase de platô, momento em que as tensões sexuais aumentam e o casal pode atingir o orgasmo, denominado de terceira fase. A partir desse momento, parte-se para fase de resolução. É importante ressaltar que este ciclo modifica-se de indivíduo para indivíduo, podendo estar mais afetado na terceira idade, devido principalmente ao processo de envelhecimento. Outros fatores que afetam a resposta sexual na velhice são explicados por Vasconcellos et al., (2004) como sendo: a saúde física, na qual a presença de uma doença pode reduzir o interesse pela sexualidade; os preconceitos sociais, que fazem os idosos acreditarem que não possuem mais sensualidade, atração e desejo sexual, ficando com a auto-estima baixa; o desconhecimento sobre a própria sexualidade; e por fim o status conjugal no qual a sexualidade está ligada à situação conjugal, podendo ser dificultada ou ausente naqueles idosos que não possuem seus cônjuges. À luz desse contexto, vale destacar as afirmações de Risman (1995) sobre a interferência negativa dos fatores sociais e psicológicos no ciclo da resposta sexual. Nesse sentido, o fator social estaria relacionado aos mitos, tabus e preconceito existentes no imaginário social em relação à manutenção da atividade sexual na terceira idade. Enquanto que o psicológico estaria relacionado às questões que abordam a auto-imagem dos idosos, que se julgam menos atraentes e incapazes de se satisfazerem e de conquistarem seus parceiros. Assim, essa fase da vida para os idosos pode ser vivenciada com dificuldade, pois ser velho em nossa sociedade está envolto de mitos, tabus, e preconceitos, como por exemplo, o aparecimento das incapacidades físicas, a impotência sexual, além da aposentadoria para o homem idoso, no qual o imaginário social acredita que o mesmo perdeu sua identidade, o seu status de provedor e chefe da família e, portanto perdeu sua sensualidade e sexualidade. Já para a mulher idosa o preconceito social gira em torno da impossibilidade de procriar, passando a mesma a ser vista como assexuada. Outra questão trazida por Risman (1995) para explicar as alRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.53-58, Out-Nov-Dez. 2009. Sexualidade na terceira idade: uma revisão bibliográfica terações na sexualidade dos idosos e as mudanças no ciclo de sua resposta sexual refere-se à falta de um cônjuge e/ou companheiro fixo, pois dependendo da formação educacional deste idoso, após a morte, separação ou problemas com o seu parceiro, o mesmo não procurará uma nova companhia para que a sua satisfação sexual seja mantida de forma adequada e satisfatória. Lyra e Jesus (2007) acrescentam ainda que a falta de uma educação sexual adequada durante a vida, permeada de constantes repressões sofridas principalmente durante a fase de descobrimento podem perdurar por toda a vida dificultando também o exercício de uma sexualidade sadia. Entretanto, deve-se destacar que o interesse e o desejo sexual nada têm a ver com a idade, podendo ser manifestado em qualquer etapa da vida do ser humano. Corroborando com o estudo acima Almeida (2008) afirma que o comportamento sexual é influenciado pela cultura, religião e principalmente pela educação, determinando a forma como o idoso irá vivenciar a sua sexualidade. Atrelado a isso se verifica que os idosos da atualidade são frutos de uma educação repressora, pois a sua orientação sexual era oriunda dos conceitos e preconceitos advindos de uma educação ainda mais repressora, submissa e severa, no qual o exercício da sexualidade deveria ser evitado por este grupo populacional. Portanto, para entender a sexualidade dos idosos, é necessário que se tenha conhecimento sobre o processo de envelhecimento, as mudanças que este processo traz para a sexualidade, bem como uma visão holística, partindo do princípio de que a sexualidade compõe a totalidade do ser, não sendo somente algo biológico, mas que envolve os aspectos bio-psico-socio-culturais e que está presente desde o nascimento acabando apenas com a morte. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do estudo em questão observou-se que os anos de 2005 e 2007 foram os de maior produção do conhecimento científico sobre a sexualidade na terceira idade. Entretanto, destaca-se a necessidade do desenvolvimento de novas pesquisas congêneres, em face da incipiência de estudos já produzidos com este enfoque temático. No que tange os cenários dos estudos, destacamos que as Universidades Abertas da Terceira Idade (UNATI) são o grande foco quando se pensa em desenvolver pesquisas que relacionem a sexualidade e o envelhecimento. Esta realidade evidenciada justifica-se pela facilidade de acesso dos idosos neste espaço, bem como a possibilidade de enriquecimento do estudo, uma vez que, os idosos inseridos neste contexto têm a oportunidade de conhecer e discutir temas que abordem a velhice. Sobre as abordagens metodológicas destacamos a prevalência das pesquisas de reflexão. De acordo com a análise dos dados coletados, destacam-se o Rio de Janeiro e São Paulo como os estados de maior produção científica sobre o tema. Nesse sentido, vale destacar que a vivência de uma experiência sexual na terceira idade pode representar a possibilidade de novas descobertas e grandes emoções dando sentido à vida. Assim, a frequência da atividade sexual vai sendo substituída por novas formas de contato que devem ser exploradas, quais sejam: o beijo, o abraço, as carícias, o tocar e ser tocado, a intimidade, a sensação de aconchego, o afeto, o amor, dentre outros. Enfim, a partir do panorama desenhado pela análise das produções científicas destacamos a contribuição deste estudo, na perspectiva da ampliação da produção de conhecimento cientifico sobre o tema, bem como pela avaliação criteriosa da produção literária, em diversas áreas, com o objetivo de apontar lacunas no conhecimento e direcionar trabalhos futuros. REFERÊNCIAS ALMEIDA, T. Amor e Sexo após os 60 anos: utopia ou realidade? Artigonal – Diretório de artigos gratuitos, 2008. Disponível em: <http://www.artigonal.com/psicoterapia-artigos/amor-e-sexo-apos-os-60-anos-utopia-ou-realidade-444432.html>. Acesso em: 08 mai. 2009. BASSO, S. C. Salud y Sexualidad desde uma perspectiva de gênero. In: GOMEZ, G. E. Gênero, mujer y salud em los Ameritas. Revista da Organización Panamericana de la Salud. E.U.A., p.124-129. 1993. BEAUVOIR, S. A velhice. Tradução de Sérgio Miliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. BONANÇA, P. Sexualidade e Tabu na terceira idade. 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Rompendo o silêncio: desvelando a sexualidade em idosos. Rev. Virtual Textos & Contextos, Florianópolis, v. 4, n. 57 Jaqueline Carvalho e Silva, J. C. et al. 4, p. 1-19, dez., 2005. Disponível em: <http://www.pucrs.br/textos/ anteriores/ano4/marilu.pdf>. Acessado em 15 fev. 2008. FAVARATO, M. E. C. S. et al. Sexualidade e climatério: influência de fatores biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Reprodução & Climatério, Rio de janeiro, v. 15, n. 4, p. 199-202, out./dez. 2000. FIGUEIREDO, M. L. F. A mulher idosa e a educação em saúde: saberes e práticas para promoção do envelhecimento saudável. (Tese de Doutorado) – Escola de Enfermagem Anna Nery - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (RJ): 2005, 200p. GIL, A.C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. Ed. 4. São Paulo: Atlas, 2002. LAKATOS, E. M. MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 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A sexualidade no processo de envelhecimento: novas perspectivas – comparação transcultural. Estudos de Psicologia, Natal, v. 09, n. 3, p. 413-419, 2004. LYRA, D. G. P.; JESUS, M. C. P. Compreendendo a vivência da sexualidade do idoso. Revista Nursing. Edição Brasileira, São Paulo, v. 104, n. 9, p. 23-30, jan. 2007. VIEIRA, E. B. Manual de gerontologia. Rio de Janeiro: Revinter, 1996. 58 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.2, n.4, p.53-58, Out-Nov-Dez. 2009. REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICAÇÃO CATEGORIAS DE ARTIGOS A Revista Interdisciplinar publica artigos originais, revisões, relatos de casos, resenhas e página do estudante, nas áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas. Artigos originais: são contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impressos em folhas de papel A4 (210 X 297 mm), com espaço duplo, margem superior e esquerda de 3,0 cm e inferior e direita de 2,0 cm, perfazendo um total de no mínimo 15 páginas e no máximo 20 páginas para os artigos originais (incluindo em preto e branco as ilustrações, gráficos, tabelas, fotografias etc). As tabelas e figuras devem ser limitadas a 5 no conjunto. Figuras serão aceitas, desde que não repitam dados contidos em tabelas. Recomenda-se que o número de referências bibliográficas seja de, no máximo 20. A estrutura é a convencional, contendo introdução, metodologia, resultados e discussão e conclusões ou considerações finais. Revisões: avaliação crítica sistematizada da literatura ou reflexão sobre determinado assunto, devendo conter conclusões. Os procedimentos adotados e a delimitação do tema devem estar incluídos. Sua extensão limita-se a 15 páginas. Relatos de casos: estudos avaliativos, originais ou notas prévias de pesquisa contendo dados inéditos e relevantes. A apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, limitando-se a 5 páginas. Resenhas: resenha crítica de obra, publicada nos últimos dois anos, limitando-se a 2 páginas. Página do Estudante: espaço destinado à divulgação de estudos desenvolvidos por alunos de graduação, com explicitação do orientador em nota de rodapé. Sua apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, com extensão limitada a 5 páginas. Todos os manuscritos deverão vir acompanhados de ofício identificando o nome dos autores, titulação, local de trabalho, cargo atual, endereço completo, incluindo o eletrônico e indicação de um dos autores como responsável pela correspondência. O aceite para publicação está condicionado à transferência dos direitos autorais e exclusividade de publicação (ver anexo). Os trabalhos serão avaliados pelo Conselho Editorial e pela Comissão de Publicação. Os trabalhos recusados não serão devolvidos e os autores receberão parecer sobre os motivos da recusa. Todos os conceitos, idéias e pressupostos contidos nas matérias publicadas por este periódico são da inteira responsabilidade de seus autores. Nas pesquisas que envolvem seres humanos, os autores deverão deixar claro se o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), bem como o processo de obtenção do consentimento livre e esclarecido dos participantes de acordo com a Resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996. FORMA E PREPARO DO MANUSCRITO A Revista Interdisciplinar recomenda que os trabalhos sigam as orientações das Normas da ABNT para elaborar lista de referências e indicá-las junto às citações. Os manuscritos deverão ser encaminhados em três cópias impressas e uma cópia em CD com arquivo elaborado no Editor de Textos MS Word. Página de identificação: título e subtítulo do artigo com máximo de 15 palavras (conciso, porém informativo) nos três idiomas (português, inglês e espanhol); nome do(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando em nota de rodapé o(s) título(s) universitário(s), cargo(s) ocupado(s), nome da Instituição aos quais o trabalho deve ser atribuído, Cidade, Estado e endereço completo incluindo o eletrônico do pesquisador proponente. Resumos e Descritores: o resumo em português, inglês e espanhol, deverá conter de 100 a 200 palavras em espaço simples, com objetivo da pesquisa, metodologia, principais resultados e as conclusões. Deverão ser destacados os novos e mais importantes aspectos do estudo. Abaixo do resumo, incluir 3 a 5 descritores alusivos à temática. Apresentar seqüencialmente os três resumos na primeira página incluindo títulos e descritores nos respectivos idiomas. Ilustrações: as tabelas devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Os quadros são identificados como tabelas, seguindo uma única numeração em todo o texto. O mesmo deve ser seguido para as figuras (fotografias, desenhos, gráficos, etc). Devem ser numeradas consecutivamente com 59 algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Notas de Rodapé: deverão ser indicadas em ordem alfabética, iniciadas a cada página e restritas a no máximo 03 notas de rodapé por artigo. Depoimentos: seguir as mesmas regras das citações, porém em itálico. O código que representa cada depoente deve ser apresentado entre parênteses e sem grifo. tanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93. Congressos, simpósios, jornadas, etc. CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999. Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, jornadas, etc. Citações no texto: Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem ser em caixa-alta baixa, e quando estiverem entre parênteses caixa-alta. Ex.: SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55. Exemplos: Dissertações, Teses e Trabalhos acadêmicos Conforme Frazer (2006), a música sempre foi o ponto central na vida de Madame Antoine “No caso de Madame Antoine, o gosto pela música foi, desde a infância, central em sua vida.” (FRASER, 2006, p.37) As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação. Ex: “Ele se conservava a estibordo do passadismo, tão longe quanto possível” (CONRAD, 1988, p.77) As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, espaço simples, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas. No caso de documentos datilografados, deve-se observar apenas o recuo. Ex: A sete pessoas, Daniel Seleagio e sua mulher Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel e Paulo Reynaud, encheram a boca de cada um com pólvora, a qual, inflamada, fez com que suas cabeças voassem em pedaços (FOX, 2002, p.125) LISTAGEM DAS REFERÊNCIAS - EXEMPLOS Livros como um todo SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p. BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. Publicações periódicas consideradas no todo (relativo à coleção) CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral Artigo de publicações periódicas LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Partes de revista, boletim, etc. Inclui volume, fascículo, números especiais e suplementos, entre outros, sem título próprio. Ex: VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Artigo de Jornal ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16. Legislações - Constituição BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 Capítulo de livro Leis e decretos a. b. 60 Autor do capítulo diferente do responsável pelo livro no todo. ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioética: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34. Único autor para o livro todo – Substitui-se o nome do autor por um travessão de seis toques após o “In.”: PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a dis- BRASIL., Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, jan./mar. 1984. Documentos em Meio Eletrônico Artigos de periódicos (revistas, jornais, boletim) SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: www.sus.inf.br/ frame-artig.html. Acesso em: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponível em: http:// www.biblioteca.htm. Acesso em: 19 mar. 2008. TERMO DE RESPONSABILIDADE Cada autor deve ler e assinar os documentos (1) Declaração de Responsabilidade e (2) Transferência de Direitos Autorais. Primeiro autor: ______________________________________________________________________________________ Título do manuscrito: _________________________________________________________________________________ Todas as pessoas relacionadas como autores devem assinar declaração de responsabilidade nos termos abaixo: • Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade pelo conteúdo; • Certifico que o artigo representa um trabalho original e que não foi publicado ou está sendo considerado para publicação em outra revista, que seja no formato impresso ou no eletrônico; Assinatura do(s) autor(es) Data: __________________________________________________________________________ TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS Declaro que em caso de aceitação do artigo, concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da Revista Interdisciplinar. Assinatura do(s) autor(es) Data: __________________________________________________________________________ ENVIO DE MANUSCRITOS Os manuscritos devem ser endereçados para a Revista Interdisciplinar, em 3 vias impressas, juntamente com o CD ROM gravado para o seguinte endereço: Revista Interdisciplinar Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] 61 INTERDISCIPLINARY MAGAZINE - NORMS FOR PUBLICATION ARTICLE CATEGORIES The Interdisciplinary Magazine publishes original articles, reviews, case studies, and also a student’s page, all this in the areas of health, human sciences and technology. Original articles: contributions destined to reveal results of new research. They are typewritten (using New Roman Times, #12) and printed on sheets of A4 sized (210 X 297 mm) paper, double spaced, with an upper left margin of 3.0 cm., and a lower right one of 2.0 cm. The original articles are at least 15 pages long, and at most 20 pages (including black and white illustrations, graphics, charts, photographs etc.) The charts and figures should be limited to five per group. Figures will be accepted, as long as they do not repeat data contained in the tables. It is recommended that the number of bibliographic references be twenty at most. The structure is conventional and is made up of an introduction, methodology, results, discussion and final conclusions. Reviews: systemized critical evaluations of scientific literature or opinions about certain subjects, with conclusions. The procedures adopted and the delimitation of the theme should be included. Its length is limited to fifteen pages. Original case studies: evaluated studies, or brief notes on research containing new and relevant subjects, they should follow the same norms as the original articles and are limited to five pages. The Student Page: dedicated to publishing articles developed by undergraduate students. These articles will have footnotes written by supervising professors. Their presentations follow the same norms as those demanded by the original articles, limited to five pages. All manuscripts will be turned in with an information sheet which will have the names of the authors, their academic backgrounds, employers, current positions, complete addresses and e-mails. One of the authors will take responsibility for any needed correspondence. Once the article is accepted for publication, it is with the condition that the copyright belongs exclusively to the magazine, (see attachment). The papers will be evaluated by the Editorial Council, and the Publishing Commission. The articles that are rejected will not be returned. The authors will receive a written explanation for the refusal. All concepts, ideas, and prejudices contained in the publications are the sole responsibility of its authors. In research involving persons, the authors should clearly state whether or not their project was approved by the Research Ethics Committee (CEP) It is also necessary to show clearly that the participants involved give their total consent, in accordance with resolution number 196 of the National Health Council of October 10, 1996. THE FORM AND PREPARATION OF THE MANUSCRIPT The Interdisciplinary Magazine recommends that the papers follow the orientations of the norms of the ABNT to make a list of references and indicate them together with the quotes. THE MANUSCRIPTS Three copies of the manuscript should be printed, and one put on CD with an archive developed on the MS WORD TEXT EDITOR. The Identification Page: title and subtitle of the article with a maximum of fifteen words, concise, though informative, in three languages (Portuguese, English and Spanish);with the name(s) of the author(s), six maximum, their university status, position(s), the name of the institution the work should be attributed to, city, state, complete address, including the e-mail of the researcher responsible for the group. The Abstracts and Key words: the abstract, written in the three languages mentioned above, should contain one hundred to two hundred words, be single spaced, stating the objective of the research, methodology, along with the main results and conclusions. The newest and most important aspects of the study should be emphasized. Underneath the abstract should be three to five keywords related to the theme. The three abstracts will be presented in sequence on the first page, including titles and keywords in their respective languages. The Illustrations: Charts should be consecutively numbered using algorisms, in the order which they are mentioned in the text, charts use only one set of numerations for the whole text. The same should be done for any images (Photographs, designs, graphics, etc) they are to follow the same rules as mentioned for charts. The Footnotes: should be mentioned in alphabetical order, appe63 aring at the beginning of the page, and be restricted to three footnotes per article. Testimonies: follow the same rules as quotes, but are in italics. The code which each testimony represents should be in parenthesis, and unmarked. Quotes in the text: Examples In the quotes where the last name of the author, or the responsible institution is mentioned, the name should begin with a capital letter, the rest small., but when in parenthesis should be completely in Capital letters.. According to Frazer (2006), music was always a main part of Madame Antoine’s life. “In the case of Madame Antoine, her love of music was, since childhood, a main part of her life” (FRASER, 2006, p.37) Direct quotes of up to three lines in the text, should be between double quotation marks. Singular quotation marks are to be used for quotes within quotes. Ex: “He maintained himself to the starboard of living in the past, as far away as possible.” (CONRAD, 1988, p.77) Direct quotes from the text with more than three lines, should have a left margin of 4 cm, be single spaced, with a smaller sized letter than the text, and without quotation marks, in the case of typed documents, the margin is all that must be done. Ex: Congresses, symposiums, etc. CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5, 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999. Work presented in congresses, symposiums, etc SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55. Dissertations, Theses and Academic papers. BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. 5 Periodical Publications considered as one. CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral Publication of a periodical article LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Parts of a magazine, bulletin, etc. Include volume, number, and special editions, without a specific title,.: VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. The seven people, Daniel Seleagio and his woman Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel and Paulo Reynaud, filled their mouths with gunpowder, which when lit, blew their heads apart. (FOX, 2002, p.125) REFERENCE LISTS - EXAMPLES Articles from Journals ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16. Legislations – Constitution Entire Books BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 SILVA, A. F. M. Genética humana. 7. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p. The Chapter of a Book a. b. 64 The author of the chapter not being the author of the book ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioética: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. P.17-34. The book having only one author – substitute the name of the author with an underline of six spaces after the word IN: PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida? São Paulo: Loyola, 2001.p.67-93. Laws and Decrees BRASIL, Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, Jan./mar. 1984. Documents in the Electronic Medium. Articles in periodicals (magazines, journals) SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: HYPERLINK “http:// www.sus.inf.br/frame-artig.html” www.sus.inf.br/frame- -artig.html. Acesso em: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponivel em http www.biblioteca.htm. Accesso em 19. mar. 2008. TERMS OF RELEASE Each author should read and sign the documents (1) Declaration of Responsibility and) Transference of Copyright First author: ________________________________________________________________________________________ Title of the manuscript: ________________________________________________________________________________ All the people involved in the project with the authors should sign and swear to the release form below. • I certify that I participated sufficiently enough in this research to sign a term of release making the content of my work public. • I certify that the article is an original paper and was not, nor is being considered to be published in any form, printed or electronic Signature of the author(s) Date: __________________________________________________________________________ TRANSFER OF COPYRIGHT: I declare, in the case of my article being accepted, to agree to the copyright being signed over exclusively to the magazine, Revista Interdisciplinary. Signature of the author (s) Date: SHIPPING OF MANUSCRIPTS Three printed copies of the manuscripts should be sent to Revista Interdisciplinary, together with a copy on CD to the following address: Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] 65 REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICACIÓN CATEGORIAS DE ARTICULOS de los derechos autorales y exclusividad de la publicación (ver anexo). La Revista Interdisciplinar publica articulos originales, revisiones, relatos de casos, reseñas y página del estudiante, en las áreas de la salud, ciencias humanas y tecnológicas. Los trabajos serán evaluados por el Consejo Editorial y por la Comisión de Publicación. Los trabajos recusados no serán devueltos y los autores receberán parecer sobre los motivos de la recusa. Articulos originales: son contribuciones destinadas a divulgar resultados de investigación original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impresos en hojas de papel A4 (210 X 297 mm), con espacio duplo, margen superior y izquierda de 3,0cm e inferior y derecha de 2,0 cm, haciendo un total mínimo de 15 páginas y máximo de 20 páginas para los articulos originales (incluyendo en negro y blanco las ilustraciones, gráficos, tablas, fotografias etc). Las tablas y figuras deben ser limitadas a 5 en el conjunto. Figuras serán aceptas, desde que no repitan datos contidos en tablas. Se recomenda que el número de referencias bibliográficas sea el máximo 20. La estructura es la convencional, conteniedo introdución, metodología, resultados y discusión y conclusiones o consideraciones finales. Todos los conceptos, ideas y presupuestos contidos en las materias publicadas por este periódico son de intera responsabilidad de sus autores. Revisiones: evaluación crítica sistematizada de la literatura o reflexión sobre determinado asunto, debendo contener conclusiones. Los procedimientos adoptados y la delimitación del tema deben estar inclusos. Su extensión se limita a 15 páginas. Relatos de casos: estudios evaluativos, originales o notas prévias de pesquisa conteniedo datos inéditos y relevantes. La presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, limitandose a 5 páginas. Reseñas: reseña crítica de la obra, publicada en los últimos dos años, limitandose a 2 páginas. Página del Estudiante: espacio destinado a la divulgación de estudios desarrollados por alumnos de la graduación, con explicitación del orientador en nota de rodapie. Su presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, con extensión limitada a 5 páginas. Todos los manuscritos deverán venir acompañados de ofício identificando el nombre de los autores, titulación, lugar de trabajo, cargo atual, dirección completa, incluyendo el eletrónico e indicación de uno de los autores como responsable por la correspondencia. La aceptación para publicación está condicionado a la transferencia En las pesquisas que envolucran seres humanos, los autores deberán dejar claro se el proyecto fue aprovado por el Comité de Ética en Pesquisa (CEP), así como el proceso de obtención del consentimiento libre y aclarado de los participantes de acuerdo con la Resolución nº 196 del Consejo Nacional de Salud de 10 de octubre de 1996. FORMA Y PREPARO DEL MANUSCRITO La Revista Interdisciplinar recomenda que los trabajos sigan las orientaciones de las Normas de la ABNT para elaborar lista de referencias e indicarlas junto a las citaciones. Los manuscritos deverán ser encamiñados en tres copias impresas y una copia en CD con arquivo elaborado en el Editor de Textos MS Word. Página de identificación: título y subtítulo del articulo con máximo de 15 palabras (conciso, pero informativo) en tres idiomas (portugués, inglés y español); nombre de lo(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando en nota de rodapié lo(s) título(s) universitario(s), cargo(s) ocupado(s), nombre de la Institución a los cuales el trabajo debe ser atribuído, Ciudad, Estado y dirección completos incluyendo el eletrónico del pesquisador proponiente. Resumenes y Descriptores: el resumen en portugués, inglés y español, deberá contener de 100 a 200 palabras en espacio simples, con objetivo de la pesquisa, metodología, principales resultados y las conclusiones. Deverán ser destacados los nuevos y más importantes aspectos del estudio. Abajo del resumen, incluir 3 a 5 descriptores alusivos a la temática. Presentar secuencialmente los tres resumenes en la primera página incluyendo títulos y descriptores en los respectivos idiomas. Ilustraciones: las tablas deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Los cuadros son identificados como tablas, siguiendo una única numeración 67 en todo el texto. El mismo debe ser seguido para las figuras (fotografias, dibujos, gráficos, etc). Deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Notas de Rodapie: deverán ser indicadas en ordem alfabética, iniciadas a cada página y restrictas al máximo de 03 notas de rodapie por artículo. Testimonios: seguir las mismas reglas de las citaciones, pero en itálico. El código que representa cada depoente debe ser presentado entre parentesis y sin grifo. b. Único autor para todo el libro – Se sustituye el nombre del autor por una raya de seis toques después del “In.”: PESSINI, L. Fatores que impulsionan el debate sobre la distanásia In: _____.Distanásia: ¿hasta cuando prolongar la vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93. Congresos, simposios, jornadas, etc. CONGRESO BRASILIERO DE EPIDEMIOLOGÍA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999. Trabajos presentados en congresos, simposios, jornadas, etc. Citaciones en el texto: En las citaciones, las llamadas por el sobrenombre del autor, por la institución responsable o título incluso en la sentencia deven ser en caja-alta baja, y cuando estea entre parentesis caja-alta. Ex.: Ejemplos: Conforme Frazer (2006), la música siempre fue el punto central en la vida de Madame Antoine “En el caso de Madame Antoine, el gusto por la música fue, desde la infancia, central en su vida.” (FRASER, 2006, p.37) Las citaciones directas, en el texto, de hasta tres líneas, deben estar contenidas entre aspas duplas. Las aspas simples son utilizadas para indicar citación en el interior de la citación. Ex: “Él se conserbaba a estibordo del pasadismo, tan lejos cuanto posíble” (CONRAD, 1988, p.77) Las citaciones directas, en el texto, con más de tres línas, deben ser destacadas con recuo de 4 cm de la margen izquierda, espacio simples, con letra menor que la del texto utilizado y sin las aspas. En el caso de documentos datilografados, se debe observar sólo el recuo. Ex: Las siete personas, Daniel Seleagio y su mujer Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel y Paulo Reynaud, rellenaron la boca de cada un con pólvora, la cual, inflamada, hizo con que sus cabezas volasen en pedazos (FOX, 2002, p.125). Listagen de las Referências - Ejemplos Libros como todo SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Libros Técnicos y Científicos, 2005. 384p. SOUZA, G. T. Valor proteíco de la naranja. In: CONGRESSO BRASILIERO DE NUTRICIÓN. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Asociación Brasiliera de Nutrición. 2000. p.237-55. Disertaciones, Tesis y Trabajos académicos BUENO, M.S.S. El salto en la oscuridad: presupuestos y desdobramientos de las políticas atuales para la enseñanza media. 1998 f. Tesis (Doctorado en Educación) – Facultad de Filosofia y Ciencias, Universidad Estatal Paulista, Marília. Publicaciones periódicas consideradas en el todo (relativo a la colección) CUADERNOS DE SALUD PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965-. Semestral Articulos de publicaciones periódicas LIMA, J. Salud pública: debates. Revista Salud. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Partes de la revista, boletín, etc. Incluye volumen, fascículo, números especiales y suplementos, entre otros, sin título próprio. Ex: VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Artículo de Periodico ALVES, Armando. Mi Teresina no cambio jamás. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Cuaderno 10, p. 16. Legislaciones - Constitución BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 Capítulo de libro Leyes y decretos a. 68 Autor del capítulo diferente del responsable por todo el libro. ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangencia y dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioética: algunos desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34. BRASIL. Decreto n.89.271, de 4 de enero de 1984. Dispõe sobre documentos y procedimientos para despacho de aeronave en servicio internacional. Lex: Coletanea de Legislación y Jurisprudencia. São Paulo, v.48,p.3-4, ener./mar. 1984. Documentos en Meio Eletrónico Artículos de periódicos (revistas, periodicos, boletín) SOUZA. A. F. Salud en primero lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. Jun.2000. Disponible en: www.sus.inf.br/frame-artig.html. Aceso en: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. Qué es una biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponible en: http:// www.biblioteca.htm. Aceso en: 19 mar. 2008. Termo de Responsabilidad Cada autor debe leer y asinar los documentos (1) Declaración de Responsabilidad y (2) Transferencia de Derechos Autorales. Primer autor: _______________________________________________________________________________________ Título del manuscrito: _________________________________________________________________________________ Todas las personas relacionadas como autores deben asinar declaración de responsabilidad en los termos abajo: • Certifico que participé suficientemente del trabajo para tornar pública mi responsabilidad por el contenido; • Certifico que el artículo representa un trabajo original y que no fue publicado o está siendo considerado para publicación en otra revista, que sea en el formato impreso o en el eletrónico; Asinatura de lo(s) autor(es) Fecha: ________________________________________________________________________ Transferencia de Derechos Autorales Declaro que en caso de aceptación del artículo, concordo que los derechos autorales a él referentes se tornaron propiedad exclusiva de la Revista Interdisciplinar. Asinatura do(s) autor(es) Fecha: _________________________________________________________________________ Envio de manuscritos Los manuscritos deben ser direccionados para la Revista Interdisciplinar, en 3 vias impresas, juntamente con el CD ROM gravado para la siguiente dirección: Revista Interdisciplinar Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] 69 REVISTA INTERDISCIPLINAR FORMULÁRIO DE ASSINATURA Caro leitor: Para ser assinante da Revista Interdisciplinar, destaque esta folha, preencha-a e envie por correio ou fax, anexando cópia do depósito bancário. NOME: ____________________________________________________________________________________________ ENDEREÇO: ________________________________________________________________________________________ BAIRRO: ___________________________________________________________________________________________ CEP: ______________ CIDADE: ___________________________________________________________ UF: _________ PROFISSÃO: ________________________________________________________________________________________ FONE: _____________________________________________FAX: ___________________________________________ E-MAIL: ___________________________________________________________________________________________ TIPO DE ASSINATURA DESEJADA Tipo de Assinatura (anual) Valor Profissional R$ 100,00 Estudante R$ 50,00 Institucional R$ 200,00 NÚMERO AVULSO _______________________________________________________________R$ 35,00 Número avulso desejado – Volume ___________________________________ Número ____________________________ INSTRUÇÕES DE PAGAMENTO O valor referente à assinatura ou número avulso deverá ser depositado em favor de: Faculdade NOVAFAPI Banco do Brasil S/A Conta Corrente: 8000-4 Agência: 3178-X Teresina – Piauí ENDEREÇO PARA ENVIO DO COMPROVANTE Endereço/Mail adress//Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina - Piauí - Brasil Web site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected] FONE: 86 2106.0726 • FAX: 86 2106.0740 71