ANEXO A – Capa

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ANEXO A – Capa
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GESTÃO FINANCEIRA PARA UMA PEQUENA
EMPRESA DO RAMO DE VAREJO
Daniel José de Oliveira1
Carina Inês Panke da Silva2
RESUMO
Este estudo tem como foco estudar a gestão financeira de uma pequena
empresa, sendo esta do setor comercial do ramo de varejo no segmento de
confecções, calçados, tecidos, material esportivo, cama, mesa e banho. O
objetivo da pesquisa é preparar a empresa para diagnosticar e interpretar
possíveis problemas financeiros, contribuindo para melhorar a eficácia da gestão
financeira da empresa. A metodologia escolhida tem abordagem qualitativa,
baseada em questionário, entrevistas não-estruturadas, observações diretas com
o gestor e colaboradores além de pesquisas documentais e bibliográficas. Assim,
foi possível constatar os principais problemas na gestão financeira da empresa
como falta de planejamento financeiro para médio e longo prazo, a deficiência de
capital de giro, ciclo financeiro mal ajustado, ou seja, prazos de pagamentos de
compras menores do que os prazos de vendas dos produtos. Logo, foram
sugeridas alternativas para qualificar a gestão financeira da empresa como
desestimular o crédito nos meses com maior índices de inadimplência, criar
alternativas para melhor suprir as faltas de capital de giro, ajustar ciclos
financeiros quando viável, planejar o fluxo de caixa a longo prazo, criar um capital
de reservas para se precaver de possíveis sazonalidades de mercado, realizar
feiras com incentivo a venda a vista transformando capital imobilizado em
estoque, em receita.
Palavras chaves: Finanças; Gestão Financeira; Pequena Empresa.
ABSTRACT
This study has as focus to study the financial management of a small
company which acts in the commercial sector of the retail segment such as
apparel, footwear, woven, sporting goods, bed and bath. The research aims to
prepare the company to diagnose and to interpret possible financial problems
helping to improve the effectiveness of financial management of the company.
The chosen methodology is a qualitative approach based on a questionnaire,
unstructured interviews, direct observations with the manager and employees as
well as documentary and bibliographic research. Thus it was observed that the
main problems in the financial management of the company were the lack of
financial planning for medium and long-term working capital deficiency, poorly
adjusted financial cycle, i.e. payment terms for purchases less than the deadlines
sales of products. Therefore alternatives have been suggested to describe the
financial management of the company as to discourage the credit in the months
with higher default rates creating better alternatives to cover the shortage of
working capital, adjusted financial cycles where feasible, plan cash flow in the long
term, create a capital reserve to guard against possible market seasonality, make
fairs with a view to encouraging the sale transforming fixed capital stock in income
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Acadêmico do Curso de Administração da Faculdade Dom Alberto.
Orientadora, Professora do Curso de Administração da Faculdade Dom Alberto.
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Key words: Finance, Financial Management, Small Business.
1 INTRODUÇÃO
Este estudo foi realizado na área financeira e buscou mostrar a
importância de um controle financeiro em uma pequena empresa do ramo de
varejo a fim de construir uma estabilidade financeira, com baixos índices de
inadimplência de clientes, ciclos financeiros eficazes, planejamento de fluxo de
caixa a longo prazo, aumentando respectivamente sua receita, criando uma
capacidade de liquidez maior.
Nesse sentido, o estudo foi desenvolvido para responder a seguinte
questão-problema: Como qualificar uma gestão financeira de forma eficaz, a fim
de maximizar os lucros de uma pequena empresa do ramo de varejo no
segmento de confecções, calçados, tecidos, material esportivo, cama, mesa e
banho?
Geralmente, o empresário inicia a empresa a partir de uma habilidade com
vendas, conhecimento específico, experiência, recursos financeiros, entre outros,
supondo que as finanças consistem em apenas pagar e receber, deixando a
organização financeira em segundo plano. Todavia, para que as decisões tenham
efeito positivo, devem ser baseadas em informações exatas, armazenadas e
tabuladas no seu sistema financeiro.
Nesse sentido o objetivo geral deste estudo foi diagnosticar e interpretar
possíveis problemas financeiros, buscando uma sustentabilidade financeira
continua.
É do controle financeiro que depende a situação da empresa, porém, em
muitas empresas, o mesmo recebe pouca atenção, até que ocorram dificuldades
que obriguem empresas a dar mais ênfase às finanças (ROSE, 1971).
Além do objetivo geral, este estudo abordou outros objetivos específicos,
como analisar ciclos financeiros, operacionais e propor formas de melhoria para a
gestão financeira da empresa.
Com a finalidade de aumentar a receita da empresa, há necessidade de
conhecer e organizar seus controles financeiros, como princípio de gestão, para
assim analisar ciclos financeiros e operacionais, avaliar problemas financeiros e
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por fim propor formas de melhorias para a gestão financeira.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Na visão de Gitman (2004), finanças é arte e a ciência da gestão do
dinheiro, assim todos os indivíduos e organizações recebem ou alçam, gastam
ou investem dinheiro.
2.1 Administração Financeira
De acordo com Rose (1971), administração financeira compreende o
registro e análise da vida econômica da empresa, metas a serem atingidas em
determinado prazo, gerência das fontes de renda e dos investimentos
destinados a gerar recursos que a sustentem. Trata das atividades de controle
contábil abrangendo tanto a contabilidade comercial quanto a fiscal, o controle
financeiro das contas a receber e dos valores a pagar, bem como distribuição
dos recursos na empresa.
Trata-se também das responsabilidades de manter um fluxo contínuo de
recursos para que não sejam adiadas decisões importantes para a vida da
organização.
Na visão de Gitman (2004), a administração financeira preocupa-se
com as tarefas do administrador financeiro na empresa. Todavia o
administrador financeiro deve gerir todo tipo de assunto financeiro e não
financeiro, privado, público, grande ou de pequena relevância, com ou sem fim
lucrativo. Nos últimos anos, a mudança dos ambientes econômico e
regulamentar tem aumentado a complexibilidade das tarefas do administrador
financeiro.
O autor Gitman (2004, p.97), entende que o administrador necessita
canalizar a influência do ambiente econômico de forma positiva, conforme cita:
Um dos principais motivos para a mudança de ambiente econômico
é que as organizações modernas são sistemas que recebem
influência do ambiente e estão em constante interação com o
mesmo, portanto cabe ao administrador canalizar essas influências
para uma direção positiva para que a administração possa reagir
adequadamente e intensificar o sucesso da empresa. (GITMAN,
2004, p.97).
Assim, administradores financeiros precisam compreender o mercado
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econômico e estarem atentos para as consequências das variações dos níveis
de atividades econômicas e das mudanças de política econômica.
Ainda conforme Gitman (2004), o objetivo da empresa é sempre
maximizar o lucro. A maximização do lucro não considera o risco, porém a
maximização da riqueza considera explicitamente diferenças no risco. Uma
premissa básica na administração financeira é que existe uma relação entre
risco e retorno os gestores esperam alcançar maiores retornos de
investimentos de maior risco e vice-versa. Os administradores financeiros
precisam levar em conta o risco ao avaliarem investimentos potenciais.
Na visão de Schmidt (2005), um plano administrativo bem elaborado
representa um salto qualitativo para quem busca um norte para seus negócios,
organizar idéias e objetivos de forma clara. Com um planejamento bem
delineado, as empresas obtêm ferramentas necessárias para uma melhor
gestão dos recursos disponíveis e conhecimento mais amplo de seu mercado
de atuação. Isso possibilita antever o comportamento do setor concorrente,
sazonalidade, entre outros fatores e assim adequar as ações à sua realidade.
Segundo Rose (1971) é necessário analisar os principais controles
financeiros para exercer uma boa gestão observando os controles de caixa,
contas à pagar e Contas à receber.
2.2 Controles financeiros
Segundo Gitman (2004), o porte e a relevância das finanças da empresa
dependem do tamanho da organização. Nas pequenas empresas, geralmente
as finanças são feitas por uma empresa de contabilidade e, à medida que a
empresa aumenta essa função transforma-se em mais um setor da empresa,
sempre ligado ao gestor.
De acordo com Rose (1971), o Controle de caixa tem a finalidade de
manter registro de todos os recebimentos e pagamentos da empresa, que
ocorrem diariamente.
O contas à pagar possibilita que o empresário fique permanentemente
informado sobre vencimento dos compromissos, como estabelecer prioridades
de pagamento e o montante dos valores à pagar.
Tratando-se das contas à receber são representadas por faturas ou
duplicatas e são relacionadas com as receitas da empresa.
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A autora Rose (1971, p.53) entende que A falta de controles gerenciais
e informações para a gestão do capital de giro provocam desajuste financeiro.
A falta de controles gerenciais e informações para a gestão do
capital de giro (compras, estoques, contas a receber e contas a
pagar), gestão de preços e margens de lucro, provocam um
permanente desajuste financeiro, aumentando as preocupações do
dia-a-dia. Nessa situação, o empresário passa a administrar a
empresa sob forte pressão dos credores e grande parte de seu
tempo e esforços são dedicados para apagar "incêndios" e não para
produzir (ROSE,1971, p.53 ).
Outro fato relevante é que o gestor financeiro deve classificar os custos
de acordo com sua natureza, elaborar uma melhor maneira para uma análise
adequada. Os custos nas empresas podem ser: custos fixos, custos variados e
custos semivariáveis.
O objetivo do administrador de custo é analisar uma série de
componentes como: se o preço de venda é o mais viável aos seus produtos
para adicionar competitividade sem perder rentabilidade, como calcular todos
os custos de cada produto com exatidão, qual a quantidade de produção e
venda ideal para cada produto, a tecnologia usada mais viável, a necessidade
de mudanças, entre outros fatores. A escolha do método de análise de custo
deve ser de acordo com o porte de cada empresa, sua área de atuação, seus
diferencias entre seus produtos.
Segundo Gitman (2004), a demonstração do fluxo de caixa permite ao
administrador fazer uma análise regular das suas finanças. Enfatizando as
principais categorias de caixa quanto às entradas e saídas, para verificar se
aconteceu algo contrário à sua política empresarial. Além disso, serve para
identificar situações de ineficiência, como contas a receber ou estoques,
resultando em saídas significativas de caixa.
Neste sentido, Schmidt (2005) enfatiza que o administrador deve ter um
cuidado especial na elaboração das estimativas de fluxo de caixa, pois temos
que levar em conta as taxas de descontos adequadas a cada fluxo de caixa.
Portanto, o administrador financeiro precisa analisar diariamente o fluxo
de caixa do acionista (custo do patrimônio líquido), fluxo de caixa da empresa
(custo do capital), fluxo de caixa antes da tributação, fluxo de caixa após a
tributação, fluxo de caixa nominais (taxas nominais), fluxo de caixa reais (taxas
reais).
O fluxo de caixa da empresa é aquele que remanesce após o
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pagamento de todas as despesas operacionais e tributos, mas antes que
sejam feitos quaisquer pagamentos aos detentores de direitos, acionistas e
credores.
Para qualificar a gestão da empresa é fundamental ajustar o seu ciclo
operacional e financeiro para que as suas necessidades de recursos sejam
cobertas com um menor custo possível.
2.3 Ciclo financeiro e Operacional
Para Mellagi Filho (2007), o ciclo financeiro representa o tempo
decorrido entre o instante do pagamento dos fornecedores pelas matériasprimas ou mercadorias adquiridas e o recebimento das vendas efetuadas. Em
outras palavras, é o período em que a empresa necessita ou não de
financiamento para complementar o seu ciclo operacional.
Se o giro do estoque é lento, primeiro a empresa pagará para após
receber, ocasionando em desembolso desnecessário, ou seja, quanto maior for
o ciclo financeiro, maior será a necessidade da empresa para obter um crédito
ou financiamento, contemplando assim o giro de seus negócios.
O capital de giro liquido é a diferença entre ativo circulante e passivo
circulante de uma empresa. Uma possível variação desse capital normalmente
é acompanhada de um investimento, ou problemas financeiros.
Mellagi Filho (2007) conclui que a parte final do ciclo financeiro são as
contas a pagar. O prazo médio de dias é contado a partir da compra do
produto até o envio de pagamento para o fornecedor. Estabelecer longos
prazos de pagamento para essas dívidas é de vital importância para a
empresa, pois, alongando a dívida, ela poderá ter um fluxo de caixa mais
elástico priorizando os pagamentos essenciais como folha de pagamento e
demais custos fixos.
A empresa com o objetivo de pagar menos pelo produto e vender pelo
preço máximo possível esquece, na maioria das vezes, de negociar prazos e
pagamentos com seus fornecedores, prazos de recebimento de seu cliente,
podendo gerar ciclo financeiro errado prejudicando o saldo de caixa. Deste
modo, não adianta a empresa dispor de um alto faturamento e ocorrer
prejuízos, muitas vezes é mais viável ter um baixo faturamento, porém mais
rentável.
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O ciclo operacional da empresa é o prazo médio de recebimentos, que
indica o tempo decorrido, em média, entre a venda de seus produtos e o
efetivo ingresso de recursos, reflete na forma de pagamento e de recebimento
da empresa, já que vendendo com um prazo de pagamento muito estendido o
capital da empresa fica nas mãos de terceiros sem condições de ser
trabalhado.
3 METODOLOGIA
No ponto de vista metodológico, foi realizado um estudo de caso
singular, de caráter teórico-empírico de natureza qualitativa com objetivo de
buscar uma análise profunda da empresa verificando a funcionalidade de seus
procedimentos para criar uma gestão financeira forte e equilibrada.
Também foram realizadas pesquisas bibliográficas documentais e
exploratórias, buscando familiarizar-se e identificar autores e conceitos
importantes para o trabalho, além de observações de rotinas, conversas e
entrevistas não estruturadas, buscando investigar o conhecimento do
empresário e seus colaboradores sobre os processos e seus planejamentos.
Foi elaborado um questionário, a fim de entender e aprimorar os processos
criando uma maior competitividade futura, composto por 14 questões abertas
aplicados ao gestor da Empresa, com a intenção de buscar a opinião do gestor
da empresa sobre alguns aspectos administrativos da empresa refletindo
diretamente na maximização do lucro da empresa. As suas contribuições são
importantes para a identificação de possíveis problemas financeiros e
operacionais a fim de qualificar a gestão da empresa a curto e longo prazo.
4 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Sobre a empresa estudada, seu funcionamento ocorre em dois turnos:
manhã das sete horas e trinta minutos até as doze horas, tarde das treze e
trinta às dezoito horas, de segunda à sexta-feira; e no sábado, das sete horas
e trinta minutos até as doze horas. Essas atividades ocorrem em um prédio de
1500 metros quadrados, construídos em alvenaria, apresentando ênfase na
loja com um ótimo layout com provadores, estantes, modernas gôndolas, entre
outros atrativos, salas específicas para estoque, recebimento de clientes e
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fornecedores, e parte fiscal, além de dois banheiros. O prédio é próprio, outro
fator importante em relação a empresa está na sua localização, situada no
centro da cidade de Paraíso do Sul no estado do Rio Grande do Sul.
4.1 Principais problemas financeiros da empresa
Na visão Gitman (2004), más decisões de gestão incluem decisões
financeiras de investimento incorretas como previsões de vendas e custos
pouco realistas, deixando de identificar todos os fluxos de caixa relevantes ou
de medir o risco adequadamente. Outro problema é a avaliação financeira
deficiente, ou seja, planos estratégicos da empresa antes de assumir
compromissos financeiros, planejamento de fluxo de caixa inadequado,
vinculados a falta de controle de contas a receber e estoques.
Como as contas à receber da empresa não são monitoradas
diariamente e a mesma tem um grande volume de vendas à prazo sem a
confiabilidade de sistemas informatizado de pagamentos à prazo, confiando
somente na índole do cliente, é necessário um acompanhamento maior,
buscando tabular dados diários para uma melhor exatidão da inadimplência de
seus clientes.
Quando se fala em inadimplência de clientes, temos que entender a
política de crédito da empresa. A empresa não usa de nenhum artifício
informatizado para auxiliar a concepção de crédito como cadastro de clientes,
relatórios de inadimplência ou cálculos de riscos, entre outros. As únicas
ferramentas de apoio são: consulta ao Serasa e SPC. O gestor da empresa é
quem concede o aval para a liberação de crédito aos clientes, sendo um
mecanismo rápido sem burocracias, facilitando o crédito, mas com grandes
riscos, pois são baseados em informações e intuições do gestor da empresa.
A demonstração do fluxo de caixa permite ao administrador fazer uma
análise do fluxo de caixa enfatizando as principais categorias de caixa quanto
nas entradas e saídas para verificar se aconteceu algo contrario a sua política
empresarial. Além disso, serve para identificar situações de ineficiência como
contas a receber ou estoques, resultando em saídas significativas de caixa.
Foi identificado que, em determinados períodos, a empresa não
consegue pagar as despesas operacionais e financeiras, pois as saídas são
maiores que as entradas e sem um planejamento de caixa a empresa recorre a
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bancos para financiar capital de giro pagando juros desnecessários.
Conforme gráfico que leva em conta o período de Janeiro de 2009 a
dezembro de 2010, é notável que a empresa possui três meses críticos, no
qual nestes períodos ocorrem uma diminuição da liquidez do caixa, pois falta
capital de giro e a empresa recorre a empréstimos bancários.
GRAFICO 1 – Capital de giro x Caixa mínimo
Fonte: Elaborado pelo autor
Identifica-se então, que os maiores problemas de capital de giro surgem
nos meses de março, junho e novembro. Nesses períodos críticos, a empresa
necessita de empréstimos devido a uma redução de vendas e inadimplência
dos clientes. Nos períodos que antecedem as compras da empresa, existe
uma liberação excessiva de crédito refletindo no aumento da inadimplência nos
meses de março, junho e novembro passando de 5% para 20% o índice de
inadimplência conforme análises documentais e questionário respondido pelo
gestor. Portanto, perdendo ou imobilizando sua receita, muitas vezes gerando
mais custos para empresa e contratando mão de obra especializada a fim de
cobrar clientes inadimplentes entre outros custos.
Como há um aumento significativo previsto nas vendas, devido à troca
de estação em datas especiais como dia dos namorados, entre outros, a
empresa necessita renovar seus estoques, comprando mais, aumentando seus
custos e diminuindo capital de giro nos períodos que compreendem março,
junho e novembro.
A redução de capital de giro em fevereiro é notável, ficando abaixo do
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caixa mínimo sugerido para a empresa, fator o qual não ocorre em janeiro
devido ao alto faturamento em dezembro criando entradas em janeiro devido a
vendas a prazo do mês anterior.
Deste modo, é de suma importância a realização de análises
minuciosas diárias em cima do fluxo de caixa, mas esse processo diário
tomaria um tempo significativo do gestor, pois atualmente é feito de modo
manual. A maior dificuldade para se ter um fluxo de caixa realmente eficaz é
gerenciar adequadamente este sistema de informações, que no caso da
empresa pode ser resolvido com a utilização de simples planilhas eletrônicas
ou manuais.
Outro fator determinante para reduzir a inadimplência de cliente, é que a
empresa não possui outras formas de pagamentos para seus clientes, como
cartão de crédito, carnê, entre outros, relacionados a fim de reduzir
inadimplência. O comércio não informatizado dificulta alguns processos como:
gestão de estoque diário criando gargalos de certos produtos, acessos a
internet para atualizações e pesquisas, entre outras funcionalidades ligadas a
informática.
O gestor não tem informações de relatórios, bancos de dados de preços
de compra e venda de produtos, bancos de dados de preços dos produtos da
concorrência, fornecedores ou parceiros. Essas informações precisariam ser
armazenadas de maneira organizada, de modo a estarem disponíveis quando
necessárias auxiliando no planejamento da empresa.
Conforme questionário respondido pelo gestor da empresa e pesquisas
documentais e exploratórias com observações e pareceres em entrevistas não
estruturadas com o gestor e colaboradores da empresa, apontam-se como os
principais problemas financeiros da empresa a falta de planejamento financeiro
para médio e longo prazo, a deficiência de capital de giro, ciclo financeiro mal
ajustado, ou seja, prazos de pagamentos de compras menores do que os
prazos de vendas dos produtos. Como o gestor está interessado em pagar
menos pelos produtos e vender pelo máximo possível a empresa acaba se
esquecendo de negociar os prazos de pagamentos com seus fornecedores e
principalmente prazos de recebimentos de seus clientes.
4.2 Sugestões para qualificar a Gestão financeira da empresa
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Depois de identificados os principais problemas na gestão financeira da
empresa como falta de planejamento financeiro para médio e longo prazo,
deficiência de capital de giro, ciclo financeiro mal ajustado, pode-se pensar em
como qualificar a gestão da empresa. Para tais problemas foi sugerido ao
gestor da empresa planejar o fluxo de caixa a longo prazo podendo criar
relatórios diários para auxiliar a tomada de decisão, reduzir custos, diminuir o
índice de inadimplência.
Segundo Schmidt (2005), o fluxo de caixa é um controle adotado pelo
administrador financeiro que tem como objetivo básico a projeção das entradas
e saídas de recursos financeiros para determinado período visando identificar a
necessidade de captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa nas
operações rentáveis para a empresa.
Sobre a previsão de fluxo de caixa da empresa, a mesma é feita
mensalmente, levando em conta as entradas (contas a receber e empréstimos)
e saídas (contas a pagar, despesas gerais de administração, custos fixos,
pagamento de empréstimos e compras à vista) onde as quais são feitas de
modo manual, em cadernos de caixa. Para a montagem de um fluxo de caixa é
preciso determinar as entradas e saídas de caixa de maneira confiável e
criteriosa, para que não tragam futuros problemas, determinando um caixa
mínimo para que sirva como ajuste para possíveis oscilações do caixa.
A empresa não possui nenhum relatório de controle financeiro e
administrativo para avaliar o desempenho da empresa. É notável a urgência de
informatizar a empresa, pois, decisões impulsivas podem comprometer a
saúde da empresa. A melhor forma de evitá-las é criar um controle financeiro e
mantê-lo atualizado para auxiliar o gestor na tomada de decisões, podendo
criar relatórios de desempenho semanal com informações comerciais (volume
de vendas, clientes conquistados), marketing (participação de mercado,
incremento em vendas em função de campanhas), financeiras (produtos mais
e menos rentáveis, custos financeiros, relatórios diários de fluxo de caixa
margem de lucro), operacionais (controle de estoque, processos interno,
operações e serviços pós-venda).
Se a empresa começar a planejar e informatizar seu fluxo de caixa, esta
pode obter muitos benefícios como honrar os compromissos nos prazos
estabelecidos, evitando o pagamento de juros e multas; análises diárias, onde
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através do fluxo de caixa o administrador financeiro prevê a falta de recursos
ou pode investir os recursos financeiros disponíveis evitando que fiquem
parados.
Assim, pode-se saber antecipadamente quando faltará recurso para a
empresa, ou analisar as melhores fontes de recursos tais como descontos,
empréstimos e linhas de crédito buscando o equilíbrio entre a liquidez e a
rentabilidade.
Portanto, a empresa precisa dispor internamente de informações
organizadas que permitam o gestor visualizar as contas a receber, contas a
pagar e de todos os desembolsos geradores dos custos fixos a fim de fazer
uma projeção para seu fluxo de caixa.
Deste modo, seria interessante e de grande importância para a gestão
da empresa, que o gestor com estas informações em mãos, se reunisse uma
vez por mês com seus colaboradores para avaliação do desempenho do mês,
comparando com meses anteriores. Buscando analisar as vendas, se foram
suficientes para cobrir os gastos do mês ou se há necessidade de incrementálas; verificando também se a empresa não está vendendo somente produtos
de baixa lucratividade. O gestor pode analisar os custos dos produtos
vendidos, das mercadorias ou serviços se não subiram ou se a folha de
pagamento da empresa continua a mesma, ou seja, verificar se os gastos
gerais não se alteraram.
Segundo Gitman (2004), um bom sistema de controle administrativo é
aquele que acusa, de forma rápida, a necessidade de adoção de medidas
preventivas visando eliminar, ou mesmo a minimizar, perdas decorrentes de
ineficiências, desvios e a maximização do lucro da organização.
O prazo de pagamento da empresa, normalmente, a seus fornecedores
é de 25 a 30 dias. A empresa, na maioria das vezes, paga seus fornecedores
antes de receber os pagamentos de seus clientes, sendo que o prazo médio de
recebimento de clientes da empresa é de 30 a 45 dias conforme análises
documentais. Assim, provavelmente irá faltar dinheiro para os pagamentos,
sendo necessário o uso de seu capital de giro ou tomar empréstimos, para
cobrir a falta de recursos financeiros nestes momentos, pagando muitas vezes
juros bancários desnecessários.
Depois de uma série de análises minuciosas verificou-se que podemos
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ajustar melhor o ciclo financeiro da empresa aumentando o prazo médio de
pagamento dos fornecedores e diminuindo o prazo de recebimento das contas
dos clientes. Embora pareça simples, tal decisão precisa ser estudada, pois
como a empresa consegue bons descontos e agilidade na entrega, a mesma
poderá prescindir esses benefícios quando aumentar os seus prazos de
pagamento.
Outro fator relevante é que para adquirir certas marcas a empresa deve
respeitar um pedido mínimo solicitado pelo fornecedor, ou seja, caso o prazo
de pagamento aumente, o pedido mínimo aumentará, desencadeando uma
série de problemas a curto prazo como, imobilizar o capital aumentado
estoques, custos, diminuição de capital de giro, tornando-se inviável
reduzirmos tal prazo em muitos casos.
Em determinados períodos, se houver a diminuição do prazo médio de
recebimento da empresa, a mesma poderá perder uma estratégia comercial
importante, visto que a concessão de crédito é uma forma de facilitar a venda.
Deste modo, precisa-se ajustar um melhor ciclo financeiro para a
empresa que em determinados períodos necessita capital de giro, e quando
esta encontra dificuldades em vender, a mesma só consegue vender com
financiamento exagerado de seus clientes, muitas vezes passando inclusive o
prazo médio de recebimento e ocasionando atrasos e inadimplência de
clientes.
Como nem sempre é viável alterar o prazo de pagamento e recebimento
em períodos críticos muito menos restringir crédito para os clientes, aponta-se
algumas alternativas para criar capital de giro sem utilizar empréstimos.
Uma sugestão é que a empresa deve estimar um volume de reserva
financeira criando um caixa mínimo que levará em conta o grau de proteção
que se deseja para o capital de giro. Claro que está decisão tiraria recursos
financeiros que de outra forma deveriam ser aplicados no investimento em
ativos fixos, de modo a permitir a expansão da empresa.
Cabe
ao
gestor calcular e analisar custo/benefício
tanto
dos
empréstimos como de uma possibilidade de criar um capital de reserva para
resolver o problema de capital de giro a fim de recuperar a lucratividade da
empresa e a recomposição de seu fluxo de caixa.
Outra sugestão para gerar capital de giro foi a realização de feiras nos
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períodos anteriores a escassez desse capital. Esse processo já vem
mostrando ótimos resultados, pois como a empresa necessita de um pedido
mínimo para conseguir certas marcas correlacionado a falta de demanda,
criam-se gargalos de certos produtos, ficando imobilizado esse capital. Assim,
realizando as feiras a empresa diminui o capital imobilizado e os índices de
inadimplência desses períodos, pois a forma de pagamento é somente a vista.
Além de a empresa vender mais mercadorias e possuir preços especiais a
mesma incentiva a venda casada de produtos por meios de bonificações e
brindes aumentando a receita refletindo significativamente na liquidez do caixa
não precisando recorrer a empréstimos bancários.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve por objetivo diagnosticar e interpretar possíveis
problemas financeiros, buscando qualificar a gestão financeira da empresa, a
fim de maximizar seus lucros.
Inicialmente, foram identificados os principais problemas de gestão
financeira da empresa e logo sugerido melhorias para qualificar as finanças da
mesma. Os resultados relatam que a empresa precisa qualificar tais controles,
informatizando seus controles financeiros, a fim de emitir relatórios diários para
auxílio a gestão, criando ferramentas para uma maior exatidão das finanças da
empresa,
possibilitando
acompanhamentos
diários
minuciosos,
pois
atualmente não existe planejamento de fluxo de caixa na empresa a longo
prazo. Outra sugestão foi a criação de uma maior interação com os
colaboradores da empresa identificando possíveis problemas.
Após organizar os controles financeiros e criar algumas ferramentas
para auxiliar a gestão financeira, foram sugeridas algumas alternativas para
qualificar a gestão como desestimular o crédito nos meses com maior índices
de inadimplência, pois existe um incentivo exagerado de crédito devido a
diminuição das vendas nesse período buscando criar outras alternativas para
melhor suprir essas faltas de capital de giro como: ajustar ciclos financeiros
quando viável, planejar o fluxo de caixa a longo prazo, criar um capital de
reservas para se precaver de possíveis sazonalidades de mercado.
Outra sugestão foi a realização de feiras com incentivo a venda a vista
transformando capital imobilizado no estoque, em receita. Com novas entradas
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de receita não precisando recorrer a empréstimos bancários, a empresa não
pagará juros desnecessários, diminuindo os custos da empresa, contribuindo
para uma melhor saúde financeira da mesma, criando liquidez de caixa e
maximização dos lucros.
Para trabalhos futuros, cumpre ressaltar a importância de um estudo
de viabilidade, a fim de implementar as formas de concepção de crédito da
empresa e implantar novas formas de pagamento para seus clientes.
REFERÊNCIAS
GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 10ª Ed. São Paulo:
Pearson Addison Wesley, 2004.
MELLAGI, A. Curso básico de finanças. São Paulo: Atlas, 2007.
ROSE, T. G.; Controle administrativo. Rio de Janeiro: Livro Técnico S.A.,
1971.
SCHMIDT, P. J. L. Fundamentos de avaliação de empresas: foco no método
de fluxo de caixa descontado. São Paulo: Atlas, 2005.

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