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CEG Montanhismo - RJ Janeiro/2009 - 100 exemplares - Boletim Informativo Transporte da Cabana à Sede do Parque Família Ribeiro, em sua casa, no Grajaú. Sede do Clube por 10 anos Nicole e Dione em Machu Picchu, no Peru IMPRESSO Mural CEG www.guanabara.org.br programação Data 10 17 Circuito Cocanha - Itaquaruçu / Parque Nacional da Tijuca 18 Lionel Terray / PNT 24 aniversariantes do mês Via / Local Circuito Tijuca x Tijuquinha x Vale da Caveira / PNT Graduação Guia Caminhada Leve superior com banho de cachoeira Schmidt Caminhada média Schmidt Escalada 3° IV Ilhas de Angra / Angra e I. Grande Recreativa Flavio Padilha Os locais e horários de encontro são combinados nas quintas-feiras anteriores às excursões. Procure o guia responsável nas reuniões sociais, ou ligue para o clube quinta-feira à noite: Tel.: 3285-8653 GRANDE FESTA DOS 50 ANOS DO CEG Finalmente é chegada a hora! No dia 14 de fevereiro será realizada a tão esperada festa dos 50 Anos do CEG CEG, no clube Green Village Futebol e Lazer, que fica na Av. Engenheiro Souza Filho, 681, no Itanhangá. O espaço conta com uma ótima estrutura para a realização do evento que acontecerá das 12h às 22h 22h. O local oferece piscina, campo de futebol, mesa de totó, mesa de sinuca e mesa de ping pong, material esportivo para prática de lazer e estacionamento próprio, tudo ao valor de R$ 60,00 (com direito a todas as atividades do local, refeição e bebida liberadas) mais uma caneca de chopp comemorativa dos 50 anos. Crianças até 11 anos não pagam; a partir dos 12 anos pagam meia-entrada. O encontro contará ainda com homenagens, exposição de fotografias, exibição de vídeo e atividades de recreação infantil e adulta. Compareçam. Convide a família e amigos e venham desfrutar desse dia tão importante para a história de nosso clube. O convite ainda está à venda na sede do Guanabara. Até o dia 15 de janeiro você poderá adquirir seu ingresso em até 2 JANEIRO/2009 aniversariantes do mês duas parcelas. A partir dessa data, o pagamento do convite será integral. Se você tem contato com algum sócio que está afastado das atividades do CEG, convide-o. Afinal, a festa é nossa! Conheça mais sobre o local da festa no site www.greenvillagefutebol.com.br. 1 Roberto Muylaert de Gusmão 2 José Luiz de Figueredo 2 Nildo Vasti Júnior 4 Luiz Alberto Gouvêa P. de Carvalho 4 Sandra Barrachini da Silva 5 Haroldo de Souza 5 Luís Maurício da Silva 6 Magno Matheus da Rocha 6 Enio de Barros Correia Silva 6 Renoredy da Silva Brito 6 Luiz Nelson Lopes Ferreira Gomes 7 Ytay Admildo de Abreu Lessa 7 Doris Gomes Leite 8 Rizza Curvello de Mendonça 8 Vanessa Brooking 10 Ana Paula Behm 10 Guilherme Lessa Sá 11 Siomara Lima dos Santos 11 Murillo Peixoto de Sant'Anna Júnior 12 Maria Célia Albuquerque Silva 12 Jairo Faria da Silva 13 Roberto Schmidt de Almeida 13 Renata Moraes Franceschi 14 Marcos Alexandre Tavares dos Santos 14 Julio Duarte 15 Giuliano Finetti Lopes das Chagas 16 José Márcio Guimarães 16 Clarisse Lourenço Cintra 19 Miguel Tarcisio de Athayde Costa 19 Luiz José Freitas Leal 19 Mário Sérgio Espírito S. de Carvalho 20 Regina Iara Neves Sarmento 20 Regina Salgado Leal 21 Harald Friedrich 21 Luzia Helena Rodrigues de Oliveira 22 Gustavo Alberto Gomes Pinho 22 Lêa Cordeiro da Cunha 22 Hedson Vieira Linhares 22 Marcelo Rodriguez Campello 22 Juliana Maria Fell 22 Renata Cabral Marques 24 Boris Flegr 24 Alijiere Simões Carneiro 24 Irineu Ferreira Pinto 25 Maria de Fatima Rodrigues Rosado 26 Hein Rabbert Korpershdek 26 Ronaldo Andrade Cotta de Mello 26 Elma Porto 27 Teresa Maria da F. Moniz de Aragão 28 Elizabeth Castro 28 Lilian Gelly Soares de Souza 29 Felipe Maves Crivella 30 Mayara de Azevedo Torelly Martins 31 Magaly Martins Porto 31 Luiz Fernando Melgaço Pimand 31 José Luiz dos Santos Lozada 31 Sérgio Moraes Pinto 31 Lucimara Lima dos Santos 31 Joyce Lesle 31 Cláudio Grangeiro Aguiar Tabela de PPreços reços Mensalidade*: Mensalidade - casal*: Matrícula ou Descongelamento: Curso Básico de Montanhismo: Curso Avançado de Escalada: Expediente Diretoria Presidente Flavio Peixoto Vice PPresidente residente Roberto Schmidt Te s o u r e i r o Luiz Alberto Correia Secretaria Geral Ana Lúcia Andrade Raphael Gouy Diretor Técnico Boris Flegr Diretor Social Dione Conde Nicole Ingouville Dir Dir.. Meio Ambiente Francisco Saraiva Diretor Divulgação Carla Vieira Conselho Fiscal Efetivo Carlos Trindade José Emiliano Starosky José Ivan Azevedo Suplente Irini Petro Rodolfo Campos Suelly Ribeiro Colaboraram nesta edição: Textos: Carla Vieira, Magno Matheus, Nicole Ingouville, Roberto Schmidt e Sandro Ferreira Fotos: Nicole Ingouville e Roberto Schmidt Edição e Diagramação: Carla Vieira Reuniões Sociais do CEG Todas as quintas-feiras, a partir das 19h. Caso queira contribuir com esse boletim, envie seus artigos, notícias, comentários e sugestões para R ua W Washington ashington LLuiz, uiz, 9 - cobertura Rio de Janeiro - RJ - Cep 20230-020 ou por e-mail: [email protected] Tel.: 3285-8653 R$ 17,00 R$ 27,00 R$ 45,00 R$ 450,00 R$ 240,00 As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição oficial do Centro Excursionista Guanabara. Ressaltamos que o boletim é um espaço aberto àqueles que queiram contribuir. *Veja no clube, preços especiais para anuidade 11 www.guanabara.org.br Além de íngreme, o ar me parecia escasso. Subimos em fila indiana, em passos de tartaruga, respirando fundo e com dificuldade. No meio do trajeto escutamos um estrondo. Era uma avalanche na montanha ao lado. Era arrepiante ver todo aquele volume de gelo caindo. Mas todo aquele esforço compensou ao chegarmos ao topo. O visual era fantástico. Estávamos a 4.600 m e vimos a montanha de 6.271 m de frente, a segunda maior do Peru. O guia explicou que para os Incas as montanhas eram deuses e eram muito temidas e respeitadas. Naquele ponto, no colo entre as montanhas Umantay e Salkantay, havia vários totens que representavam oferendas para esses deuses. Salkantay é uma montanha selvagem que não se deixa ser escalada. Seu nome é uma palavra antiga dos tempos Incas que significa “a mais selvagem das montanhas” e era a mais sagrada para os Incas. O guia nos contou que um alemão se aventurou a subir há 4 anos mas morreu numa avalanche. Desde então ninguém mais ousou tal façanha. Estávamos no ponto mais alto. Podíamos ver abaixo, vales e a cadeia montanhosa; estávamos acima das nuvens. Agora tínhamos que descer até o próximo acampamento, que estava dois mil metros abaixo. À medida que descíamos, o tempo abria. Fizemos uma breve pausa numa linda planície cheia de pedras que haviam rolado em avalanches. Podíamos ver as nuvens subindo, em direção à montanha. O vento estava cada vez menos frio e intenso. Almoçamos perto da casa de uns pastores, num lugar muito frio e pouco aconchegante. Sequer fizemos pausa após o almoço, pois não dava para relaxar naquele frio. Decidimos deixar a bufa para trás, e seguir em frente. Uma hora depois já estávamos em outro 10 clima. Já não sentíamos mais aquele frio todo, podíamos ouvir passarinhos cantando, havia uma exuberância de verde e as cachoeiras não estavam congeladas. Ficamos impressionadas como tudo muda tão rápido, tão radicalmente. Quando faltava uma hora para chegar ao acampamento, nos deparamos com uma vendinha no meio da trilha. O primeiro sinal de civilização! Havia cerveja e coca-cola, que alegria! Olhamos para dentro da venda, mas não vimos ninguém, somente um gato dormindo em cima de um pacote de Doritos. Decidimos que não valeria a pena mesmo. Esse negócio de beber cerveja em temperatura ambiente não é com a gente. Quando chegamos ao acampamento, estávamos exaustas de tanto caminhar, de tanto descer, e os joelhos já reclamavam. Eu e Didi decidimos que não passaríamos mais uma noite sem tomar banho, e resolvemos encarar a água gelada, aproveitando que ainda estávamos aque– cidas da caminhada. Quando passamos de havaianas e o kit de banho, o grupo nos observou perplexo, como se e s t i v é s s e m o s enlouquecido. Realmente estava frio, mas a vontade de tomar banho era tamanha que encaramos mesmo assim. Em meio a risadas num banheiro improvisado nos lembramos do nosso banho um ano atrás na Laguna Schmoll no Frey, na Patagônia. Nós duas já tínhamos tomado banho num lago congelado rodeado de neve, então não seria um balde de água gelada que iria nos espantar. A sensação depois foi maravilhosa, revigorante. Nos cobrimos de lãs e fomos jantar com o pessoal. Aquela foi a primeira noite que brindamos com um copo de cerveja. Fizemos jus ao CEG! Exaustas, fomos dormir felizes, e passamos uma noite muito mais a gradável do que a primeira. Nicole Ingouville JANEIRO/2009 editorial 2009 - ANO DO CINQUENTENÁRIO No dia 18/12 tivemos nossa Assembléia Geral Ordinária para a eleição da nova diretoria do CEG para os anos de 2009/2010. A chapa única encabeçada pelo Flávio Peixoto foi aclamada por unanimidade e foi empossada no mesmo dia. Além do Flavinho como presidente, estarão colaborando com ele, Schmidt (vice), Boris (diretoria técnica), Luiz Alberto (tesoureiro), Ana Lúcia e Raphael (secretários), Francisco Saraiva (meio ambiente), Nicole e Dione (social) e Carlinha/Rodolfo (comunicação e internet). Cabe lembrar que essa diretoria irá executar as festividades do cinqüentenário do CEG que ocorrerá em fevereiro de 2009, e que foram delineadas ao longo da gestão Rodolfo Campos (2008). No dia 7 de janeiro de 2009 houve a primeira reunião da nova diretoria, tendo como principal objetivo organizar os preparativos da festa de aniversário no dia 14 de fevereiro, principalmente a campanha de recebimento de pagamento dos convites, pelos sócios do CEG e para os demais coirmãos da montanha. Essa reunião contou com a presença da decana dos sócios do CEG Suelly Ribeiro, que está organizando, em paralelo, a participação dos sócios antigos na festa do dia 14/02. Além disso, foi planejado um calendário básico de atividades para o ano de 2009. Serão realizadas atividades nas principais vias que os guias do CEG conquistaram, caminhadas clássicas que foram realizadas pelos associados (Itatiaia, PNSO, Caparaó etc.), além das festas que serão realizadas (Carnaval-CEG Folia, bailes, churrascos etc.). Se houver oportunidade, será iniciada uma nova conquista de uma via que se chamará CEG 50. Atenção senhores guias! O desafio está lançado! Por falar em desafio, o primeiro já foi realizado pelo Seblen Mantovani ao escalar, nos últimos dias de dezembro, a Agulha Guillaumet (2.593m), juntamente com Bernardo Colares e Kika Bradford, no conjunto rochoso do Fitz Roy, na região de El Chaltén na Argentina. A primeira atividade oficial do CEG em 2009 foi realizada em conjunto com o CERJ no Parque Nacional da Tijuca no dia 10/01. Schmidt e Walcecy guiaram 23 pessoas no circuito do Pico da Tijuca. Roberto Schmidt de Almeida Vice Presidente Confira a continuação desta aventura na próxima edição 3 notícias artigo do passado www.guanabara.org.br fique por dentro Aumento na Mensalidade Feijão Amigo Aproveite o mês de janeiro para acertar sua mensalidade do clube. A partir de 1º de fevereiro, a mensalidade do Centro Excursionista Guanabara - CEG será reajustada. A taxa mensal de R$ 17,00 passará a R$ 20,00. Confira os demais reajustes na secretaria do clube. Para angariar fundos para o Bloco Só o Cume Interessa, faremos um Feijão Amigo ou uma Feijoada na sede do clube. A data será definida. Fiquem ligados. Venham saborear o delicioso feijão e se divertir. O encontro será ao som da dupla Rodolfo e Padilha. Exibição de fotos e filmes no CEG Bloco Só o Cume Interessa Atenção sócios e frequentadores. Sabe aquela excursão maneiríssima que rendeu fotos maravilhosas e que você deseja compartilhar com todos no clube? A nova Diretoria criou um dia especial para isso. Todas as segundas quintas-feiras do mês serão exibidos fotos e filmes dos sócios. Para isto, levem - antecipamente - suas imagens e filmes e deixe reservado no computador externo (fora do balcão). Recadastramento dos sócios Estamos iniciando o recadastramento dos sócios do CEG. Envie seus dados para a Secretaria do clube, aos cuidados de Ana Lucia, para o email: [email protected] Matrícula: Nome: Endereço: Bairro: Cidade/Estado: CEP: Telefone: Celular: Email: Data de Nascimento: Em breve estaremos com um link no site. 4 Está chegando a hora! No dia 7 de fevereiro a Urca irá bombar com mais uma edição do Bloco Só o Cume Interessa. Os ritmistras de Paracambi e os músicos do CEG já confirmaram presença. Agora só falta você!!! Vista a fantasia e caia na folia. Concentração a partir das 11 horas na van da tia, na Praia Vermelha. Camisetas à venda Iniciaremos em breve a venda das camisetas dos 50 Anos do CEG e do bloco Só o Cume Interessa. Procure a diretoria do clube e reserve a sua. Carteirinha Quem tiver interesse em adquirir a carteirinha de sócio do Guanabara e estiver em dia com as mensalidades deverá encaminhar um e-mail para [email protected] contendo uma foto 3X4 e as seguintes informações: nº de matrícula, nome completo, data de nascimento, data de admissão no clube, informações médicas (como alergia), nome para contatar em caso de emergência; caso seja guia, informar desde quando. notícias artigo do passado montanha e iniciamos a caminhada. No primeiro dia seria somente subida, um desnível de aproximadamente 1.300 m. A paisagem ao longo do trajeto era muito bonita: vales verdes e cânions abaixo e altas montanhas com cumes nevados, acima. O tempo estava nublado, para nossa sorte, e às vezes sentimos alguns chuviscos que nos refrescavam. Ao meio dia chegamos a Challacancha, onde paramos para almoçar. Sentamos no gramado à beira do penhasco para descansar e admirar o visual, enquanto o cozinheiro terminava o almoço. Durante a excursão, o cozinheiro e os carregadores vão à frente para adiantar os preparativos. Quando chegávamos estava quase tudo pronto. Uma maravilha! Sentamos em círculo em banquinhos de acampamento, com nosso pratinho de sopa no colo, e nos socializamos com os gringos do grupo. Eram 2 alemães, 2 canadenses, 2 holandeses, 3 argentinas e 5 brasileiros, além do guia, peruano. O grupo era muito legal e animado. Serviram uma sopinha de entrada e, depois, um prato de arroz e carne saltada, uma espécie de picadinho de carne com legumes. A sobremesa era uma geléia de uma fruta local, e como digestivo, chá de coca. Após o almoço, tivemos uma breve pausa para o descanso e continuamos a nossa caminhada. A próxima parada seria no acam– pamento. Faltavam cinco horas de caminhada até Salcantaypampa, a base da majestosa montanha nevada de Salkantay. Estávamos ansiosas por chegar, mas conscientes de que ainda faltava muito e que estávamos numa altitude cada vez maior. Fomos caminhando tranqüilamente, com pausas para fotos, água e biscoito, mas os gringões levaram a caminhada a sério e ligaram o turbo. Quando faltava menos de uma hora para chegar, já começava a anoitecer. O esforço físico estava cada vez mais sacrificante. De repente o soroche resolveu aparecer. Didi foi pega em cheio pelo mal da altitude, bem na reta final. Ela não artigo JANEIRO/2009 conseguia mais andar, estava tonta e com muita dor de cabeça. Sentamos por um tempo para que ela tentasse se recuperar, mas sem sucesso. A coitadinha praticamente teve que se arrastar até o acampamento. Eu nunca a tinha visto tão mal. Quando chegamos ao acampamento tudo já estava montado, e o jantar, pronto. Fomos até a barraca que tinham montado para nós duas, esticamos os nossos sacos de dormir e fomos jantar com o pessoal na barraca maior. Estávamos todos apertados. Dentro da barraca fazia um frio de congelar os ossos. A holandesa tinha levado uma garrafinha de rum que foi compartilhada por todos. Lá fora estava escuro e não podíamos ver nada ao redor. Sabíamos que estávamos num vale rodeado por montanhas esplêndidas, mas não podíamos vê-las, somente sentir o frio que descia de seus cumes. Fomos dormir com gorro, luvas e meias de lã de alpaca, uma espécie de llama comum no Peru, e várias camadas de roupas para nos abrigarmos naquela noite gelada. A primeira noite não foi das melhores. O cozinheiro nos acordou às 5h da manhã, levando chá de coca em cada uma das barracas. Quando abrimos o zíper da barraca não podíamos acreditar no visual, que foi suficiente para levantar nosso ânimo. Estávamos rodeadas por montanhas majestosas, um visual fantástico, a 3.500 m de altitude. De um lado, Umantay, e do outro, Salcantay. Já estávamos dispostas a encarar o novo dia de caminhadas. Dia 2 No café da manhã o guia trouxe uma novidade: panquecas com doce de leite! Enquanto tomávamos o café, ele explicava como seria o dia. O segundo dia seria o mais difícil e desafiador. Tínhamos que levar bastante abrigo pois lá em cima fazia muito frio. Passaríamos boa parte da manhã subindo a montanha, e a subida seria bem difícil. Dito e feito. Sem sombra de dúvida esse trecho foi o mais difícil da minha vida. 9 www.guanabara.org.br artigo artigo TRILHA SALKANTAY – MACHU PICCHU A outra trilha Inca 27 a 31 de dezembro de 2008 Em Cusco, no Peru, dizem que todos os caminhos levam a Machu Picchu. Mas alguns caminhos são mais difíceis do que outros. A maioria dos turistas chega à cidade sagrada dos Incas de trem, mas muitos chegam a Cusco todo ano em busca da mundialmente conhecida Trilha Inca, um trajeto de 45 km pelas montanhas peruanas até Machu Picchu. Por ser muito procurada, o governo local resolveu limitar o acesso à Trilha Inca para 500 pessoas por dia. Mas a idéia de encarar uma trilha de 4 dias com outros tantos turistas não nos agradava. Por sorte descobrimos a Trilha Salkantay, uma trilha inca alternativa, de 65 km de extensão. Esta trilha é bem menos conhecida, bem menos freqüentada, mais desafiadora e tem um visual muito mais alucinante do que a Trilha Inca. Ela também era uma antiga trilha inca, porém não a mais comum, por isso não tem tantas ruínas como a tradicional. O nome foi dado porque passa pela montanha mais sagrada para os Incas, o Nevado Salkantay, lindo, imponente, selvagem e coberto de neve o ano todo. Segundo guias da região, esta é, sem dúvida, uma experiência muito mais enriquecedora para montanhistas. As trilhas de acesso a Machu Picchu devem ser feitas com guias locais, por determinação do governo. A trilha é difícil – a mais difícil que eu já fiz na vida – principalmente devido à altitude que muda totalmente o nosso desempenho. A organização da excursão foi fantástica. Nós não precisamos carregar nossas mochilas cargueiras, faziam isso por nós; barraca, comida, saco de dormir, não tínhamos que carregar nada. Quando soube disso achei 8 JANEIRO/2009 que seria moleza, mas depois de passar 5 dias caminhando estava claro que teria sido impossível levar quase 20 kg nas costas. Atravessamos as mais lindas paisagens andinas com vistas panorâmicas da cadeia de montanhas. Passamos por uma variedade de climas e ambientes, desde o colo da nevada montanha de Salkantay, a 4.600 m de altitude, até a selva peruana, no meio da floresta tropical. E, no final, fechamos com chave de ouro, com a chegada a Machu Picchu. Foi o melhor fechamento de ano que podíamos ter planejado. Dia 1 Partimos no dia 27 de dezembro às 6h30 da manhã, de Cusco, de van até um vilarejo chamado Mollepata. Foram quase 2,5h de viagem, todos em silêncio, escutando baladas peruanas de dor de cotovelo. Estar em Mollepata é como fazer uma viagem de volta ao passado. Não tem quase nada na pequena vila. Ao redor da pracinha tem uma igrejinha, um colégio e uma venda, operada por uma chola, uma indiazinha local de 60 anos. As pessoas se vestem em trajes típicos peruanos, com panos muito coloridos e padrões incas, e falam o idioma local anterior ao espanhol, o quéchua. Todos muito sorridentes e com aparência indígena. Tomamos nosso café da manhã na casa de um dos moradores. Serviram pão de batata, margarina, geléia, café e chá de coca, é claro. No Peru o pãozinho é feito de batata, e não de trigo, pois é muito mais econômico. Segundo o guia, no Peru há mais de dois mil tipos de batata. Enchemos nossos bolsos de folha de coca para mascar durante a caminhada, para evitar o mal da MEU GUANABARA: 1959-2008 Quando entrei em contato com a velha Suelly e Sionil, na Rua Teodoro da Silva, guarda guanabarina, o grupo ainda se 879, no Grajaú), ficamos pra lá e pra cá, chamava Jiló, como todos já sabem. Era embora o CEG já tivesse se constituído, o dia 19 de julho de 1959 e o passeio foi em outubro daquele mesmo ano. De fato, a acolhida da família Ribeiro no canal da Barra da Tijuca. Foi foi tão grande que sentimos deixar aquela maravilhoso e até interessante ver a turma casa. A lembrança dos guanabarinos, tentando remar e lutar contra o vento e o daqueles tempos, ainda está lá. peso dos barcos. Tive até que entrar Entre tantos prazeres que o n’água e empurrar o nosso, de vez em Guanabara nos proporcionou, durante quando. E a turma não poupou elogios os anos de 1959 até hoje, quando nos me apelidando de Careca Remador. Eu reunimos no Rio de Janeiro, não posso tinha 27 anos, então. deixar de ressaltar a amizade que nos Eu me encantei com o companherismo uniu. Difícil seria realçar nomes que da turma e logo me inscrevi para a deram vida ao Guanabara, mas devo excursão à Praia de Jurujuba, Niterói, que destacar, entre tantos, o nome da Suelly seria no dia 30 de da Silva Ribeiro, sua agosto. O encontro foi grande incentivana Praça Quinze e Eu me encantei com o dora, e o nosso quando cheguei a turma companherismo da turma e saudoso Manoel já estava reunida, Armando Rodrigues logo me inscrevi para a faltando apenas uma da Costa, primeiro excursão à P raia de Jurujuba Praia (que ficou famosa pelos presidente e que tão atrasos) e que eu ainda cedo nos deixou. não conhecia, mas que, depois, veio a se Sobre Manoel, que todos conhecem chamar Neyde Luiz da Rocha, minha pelo menos de ouvir falar, e falar bem, esposa. quero ressaltar o seu senso de Conheci pessoas formidáveis, entre as responsabilidade, seu carisma e sua quais Suelly e toda a família Ribeiro, liderança, sua constante alegria. Com Manoel, Edna, Fernando, Raul, Serpa, ele, nós aqui, em Brasília, convivemos e Sonia (sua esposa), e tantas outras, que estávamos sempre juntos até sua volta iriam fazer parte de minha vida para para o Rio, onde faleceu, tão cedo, com sempre e onde aprendemos o valor da apenas 59 anos de idade. amizade. Aliás, posso dizer que, sem a Por último, para não ocupar mais força da amizade o Guanabara não espaço, quero deixar aqui meu mais existiria, tantos obstáculos que se testemunho de que devo os melhores opuseram à sua continuidade, anos de minha vida ao Centro principalmente a falta de uma sede. De fato, depois que não mais Excursionista Guanabara. A Natureza é o nosso Guia pudemos nos reunir em “nossa casa” (da família Ribeiro – Sr. Oswaldo, D. Dalva, Magno Matheus da Rocha 5 www.guanabara.org.br artigo INTERCUME Após semanas assistindo a muita chuva nas montanhas cariocas, alguns amigos planejavam uma aventura diferente. A água não parava de cair no Rio de Janeiro mas o otimismo e a vontade de escalar faziam com que um grupo de amigos combinasse, não se sabe ao certo o que, algo para o feriado da consciência negra. Esperávamos a força de zumbi para assoprar as nuvens negras para longe de nós, ficando combinado: 5ª. feira, 6 horas da manhã o prévio briefing – onde acertaríamos o local e o ponto de encontro para a escalada. Nossos despertadores seriam os celulares que iam dar o sinal verde para a missão do feriado. Pedro Bugim afirmava: “eu preciso escalar senão acabou meu final de semana”; e olha que se tratava de uma quinta-feira hein? Local: montanhas de Niterói, cume ainda desconhecido e horário alternativo que variou de 6 da manhã às 10:00. Paula Gabi recebe a ligação de Liane para o encontro, levanta da sua cama e diz: a rua aqui tá meio molhada, dorme mais um pouco e me liga umas 8:00. Poucas horas de sono depois o encontro foi marcado. Liane e Pedro pegam Karina e rumam para Niterói para buscar Paula Gabi, Sun e o anfitrião das montanhas fluminenses: Leo Nobre. Leo atende o telefone numa sonífera ressaca de jogatina na Limite Vertical, jurando que o encontro estava marcado para às 11:00hs. Bom, quem marca de escalar às 11hs? Ainda bem que esse blefe do Leo não funcionou e conseguimos arrancá-lo da cama para buscarmos juntos um lugar para “subir”. Nos reunimos e tudo nos dava a 6 impressão que teríamos um grande dia pela frente. Ali estavam: Pedro e Sun (CEB), Paula Gabi (CEG), Liane e Karina (CERJ) e Leo (CMN). Quatro clubes dentro de um carro, lotação mais que esgotada, se perguntando: onde será que está seco? Sem saber muito bem a direção a seguir procuramos um local que tivesse muitas opções de escalada juntas para vermos o que era mais viável, indo parar em Itacoatiara. Lá realmente é um dos paraísos da escalada. Temos vias longas, vias fáceis, Top Ropes e vias mais técnicas. Quando chegamos o desejo veio à tona: que tal irmos escalar a Agulinha Guarischi. Um antigo desejo de Liane – que ficou radiante com a idéia. Entramos na trilha que segue para o Costão de Itacoatiara, pegando a bifurcação para o Bananal. Chegando no Paula Gabi no cume da Agulha Guarischi JANEIRO/2009 campo escola Helmut Heske nos deparamos com uma trilha fechada, trepa-pedras e muita dificuldade para chegar a base da Guarischi. A entrada da via é um 5º grau muito exposto e que, “para a felicidade” dos nossos guias, estava levemente umedecida. Bom, se já havíamos vencido uma trilha fechada e chata o que seriam uns 30 metros de pedra úmida né? Tocamos pra cima em duas cordadas de três pessoas. Sabíamos que tínhamos muita pedra pela frente e que tanta gente junta numa via de 350 metros poderia trazer problemas no final. Tentamos ir o mais rápido possível e após vencermos a primeira enfiada de 5º grau, o resto da via se transformou num passeio de feriado. Cada um se divertia como podia. Pedro vinha fazendo a segurança das suas participantes com seus móveis, remodelando a via, e esquecendo dos grampos na pedra. Liane parecia uma caixinha de música, cantando: “All i wanna do, its have some fun”... (tudo que eu quero é ter um pouco de diversão) e todos desfrutávamos de um dia lindo, azul, de paisagem limpa e cada vez mais panorâmico. Testemunhando nossa escalada, ouvíamos ao longe os trilheiros que subiam o costão de Itacoatiara gritando palavras indecifráveis e vibrando com nossa ascensão. O cume estava chegando e o dia ficava cada vez mais belo a cada metro da nossa escalada. Leo chegou ao falso cume seguido por Karina. Sun espera no grampo anterior curtindo o visual privilegiado dali: de frente para o Sudoeste víamos o Costão, Itacoatiara, as exuberantes praias fluminenses e o Rio de Janeiro. À direta tínhamos o morro do Telégrafo, à esquerda e abaixo podíamos ver o Bananal, as pedras do campo escola Helmut Heske e nas nossas costas o Alto Mourão. Enquanto tirávamos fotos e vibrávamos muito com aquele visual, sorrateiramente Paula Gabi faz uma ultrapassagem pela esquerda e ataca até o ponto mais alto e isolado da Guarischi. A vontade foi tão grande de chegar ao cume que ela deixa o último grampo para trás – junto aos seus medos, dando espaço para a certeza que estava segura. Ela reinou solitária num pequeno bloco de pedra pontiagudo, o pico da agulha Guarischi – vibrando a cada pose para as fotos. A verdade é que não conseguimos frear o êxtase daquele dia perfeito. Sendo em fotos, risadas, brincadeiras ou em músicas cantadas. Esta sensação nos acompanhou, em segurança, montanha abaixo – na longa descida de 12 rapéis. De volta à base da montanha seguimos toda a trilha de volta: o dia estava quase acabando e tratamos de recolher tudo e sofrer um pouco mais nos espinhos niteroienses. Alguns cortes, furos, topadas e arranhões depois estávamos no carro rumo ao boteco mais próximo para selarmos nossa conquista. Um belo almo-janta, de um dia que começou às 9 da manhã e estava sendo selado às 21hs. Melhor que um dia tão perfeito de escalada é estar ao lado dos amigos, sem se preocupar com os rótulos de clubes, sem discriminações e preconceitos. Estarmos juntos, desfrutando juntos, onde todos os olhos viram o mesmo horizonte e todos os corações puderam vibrar em sintonia pela conquista coletiva de mais um cume. Um dia teremos apenas um clube, onde não haverá melhor nem pior, sem divisões nem tantas complicações. Neste dia seremos intercume – pois a meta é sempre a mesma: só o cume interessa! Sandro Ferreira 7
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