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CEG
Montanhismo - RJ
Janeiro/2009 - 100 exemplares - Boletim Informativo
Transporte da Cabana à
Sede do Parque
Família Ribeiro, em sua casa, no Grajaú.
Sede do Clube por 10 anos
Nicole e Dione em Machu Picchu, no Peru
IMPRESSO
Mural CEG
www.guanabara.org.br
programação
Data
10
17
Circuito Cocanha - Itaquaruçu
/ Parque Nacional da Tijuca
18
Lionel Terray / PNT
24
aniversariantes do mês
Via / Local
Circuito Tijuca x Tijuquinha
x Vale da Caveira / PNT
Graduação
Guia
Caminhada Leve superior
com banho de cachoeira
Schmidt
Caminhada média
Schmidt
Escalada 3° IV
Ilhas de Angra / Angra e I. Grande
Recreativa
Flavio
Padilha
Os locais e horários de encontro são combinados nas quintas-feiras anteriores às excursões.
Procure o guia responsável nas reuniões sociais, ou ligue para o clube quinta-feira à noite: Tel.: 3285-8653
GRANDE FESTA DOS 50 ANOS DO CEG
Finalmente é chegada a hora!
No dia 14 de fevereiro será realizada
a tão esperada festa dos 50 Anos do CEG
CEG,
no clube Green Village Futebol e Lazer,
que fica na Av. Engenheiro Souza Filho,
681, no Itanhangá. O espaço conta com
uma ótima estrutura para a realização do
evento que acontecerá das 12h às 22h
22h.
O local oferece piscina, campo de
futebol, mesa de totó, mesa de sinuca e
mesa de ping pong, material esportivo
para prática de lazer e estacionamento
próprio, tudo ao valor de R$ 60,00 (com
direito a todas as atividades do local,
refeição e bebida liberadas) mais uma
caneca de chopp comemorativa dos 50
anos. Crianças até 11 anos não pagam; a
partir dos 12 anos pagam meia-entrada.
O encontro contará ainda com
homenagens, exposição de fotografias,
exibição de vídeo e atividades de recreação
infantil e adulta.
Compareçam. Convide a família e
amigos e venham desfrutar desse dia tão
importante para a história de nosso clube.
O convite ainda está à venda na sede
do Guanabara. Até o dia 15 de janeiro
você poderá adquirir seu ingresso em até
2
JANEIRO/2009
aniversariantes do mês
duas parcelas. A partir dessa data, o
pagamento do convite será integral.
Se você tem contato com algum sócio que
está afastado das atividades do CEG,
convide-o. Afinal, a festa é nossa!
Conheça mais sobre o local da festa no
site www.greenvillagefutebol.com.br.
1 Roberto Muylaert de Gusmão
2 José Luiz de Figueredo
2 Nildo Vasti Júnior
4 Luiz Alberto Gouvêa P. de Carvalho
4 Sandra Barrachini da Silva
5 Haroldo de Souza
5 Luís Maurício da Silva
6 Magno Matheus da Rocha
6 Enio de Barros Correia Silva
6 Renoredy da Silva Brito
6 Luiz Nelson Lopes Ferreira Gomes
7 Ytay Admildo de Abreu Lessa
7 Doris Gomes Leite
8 Rizza Curvello de Mendonça
8 Vanessa Brooking
10 Ana Paula Behm
10 Guilherme Lessa Sá
11 Siomara Lima dos Santos
11 Murillo Peixoto de Sant'Anna Júnior
12 Maria Célia Albuquerque Silva
12 Jairo Faria da Silva
13 Roberto Schmidt de Almeida
13 Renata Moraes Franceschi
14 Marcos Alexandre Tavares dos Santos
14 Julio Duarte
15 Giuliano Finetti Lopes das Chagas
16 José Márcio Guimarães
16 Clarisse Lourenço Cintra
19 Miguel Tarcisio de Athayde Costa
19 Luiz José Freitas Leal
19 Mário Sérgio Espírito S. de Carvalho
20 Regina Iara Neves Sarmento
20 Regina Salgado Leal
21 Harald Friedrich
21 Luzia Helena Rodrigues de Oliveira
22 Gustavo Alberto Gomes Pinho
22 Lêa Cordeiro da Cunha
22 Hedson Vieira Linhares
22 Marcelo Rodriguez Campello
22 Juliana Maria Fell
22 Renata Cabral Marques
24 Boris Flegr
24 Alijiere Simões Carneiro
24 Irineu Ferreira Pinto
25 Maria de Fatima Rodrigues Rosado
26 Hein Rabbert Korpershdek
26 Ronaldo Andrade Cotta de Mello
26 Elma Porto
27 Teresa Maria da F. Moniz de Aragão
28 Elizabeth Castro
28 Lilian Gelly Soares de Souza
29 Felipe Maves Crivella
30 Mayara de Azevedo Torelly Martins
31 Magaly Martins Porto
31 Luiz Fernando Melgaço Pimand
31 José Luiz dos Santos Lozada
31 Sérgio Moraes Pinto
31 Lucimara Lima dos Santos
31 Joyce Lesle
31 Cláudio Grangeiro Aguiar
Tabela de PPreços
reços
Mensalidade*:
Mensalidade - casal*:
Matrícula ou Descongelamento:
Curso Básico de Montanhismo:
Curso Avançado de Escalada:
Expediente
Diretoria
Presidente Flavio Peixoto
Vice PPresidente
residente Roberto Schmidt
Te s o u r e i r o Luiz Alberto Correia
Secretaria Geral Ana Lúcia Andrade
Raphael Gouy
Diretor Técnico Boris Flegr
Diretor Social Dione Conde
Nicole Ingouville
Dir
Dir.. Meio Ambiente Francisco Saraiva
Diretor Divulgação Carla Vieira
Conselho Fiscal
Efetivo Carlos Trindade
José Emiliano Starosky
José Ivan Azevedo
Suplente Irini Petro
Rodolfo Campos
Suelly Ribeiro
Colaboraram nesta edição:
Textos: Carla Vieira, Magno Matheus, Nicole
Ingouville, Roberto Schmidt e Sandro Ferreira
Fotos: Nicole Ingouville e Roberto Schmidt
Edição e Diagramação:
Carla Vieira
Reuniões Sociais do CEG
Todas as quintas-feiras, a partir das 19h.
Caso queira contribuir com esse boletim,
envie seus artigos, notícias, comentários e sugestões
para R ua W
Washington
ashington LLuiz,
uiz, 9 - cobertura Rio de Janeiro - RJ - Cep 20230-020 ou
por e-mail: [email protected]
Tel.: 3285-8653
R$ 17,00
R$ 27,00
R$ 45,00
R$ 450,00
R$ 240,00
As matérias aqui publicadas não representam
necessariamente a posição oficial do Centro
Excursionista Guanabara. Ressaltamos
que o boletim é um espaço aberto àqueles
que queiram contribuir.
*Veja no clube, preços especiais para anuidade
11
www.guanabara.org.br
Além de íngreme, o ar me parecia escasso.
Subimos em fila indiana, em passos de
tartaruga, respirando fundo e com
dificuldade. No meio do trajeto escutamos
um estrondo. Era uma avalanche na
montanha ao lado. Era arrepiante ver todo
aquele volume de gelo caindo.
Mas todo aquele esforço compensou ao
chegarmos ao topo. O visual era fantástico.
Estávamos a 4.600 m e vimos a montanha
de 6.271 m de frente, a segunda maior do
Peru. O guia explicou que para os Incas as
montanhas eram deuses e eram muito
temidas e respeitadas. Naquele ponto, no
colo entre as montanhas Umantay e
Salkantay, havia vários totens que
representavam oferendas para esses deuses.
Salkantay é uma montanha selvagem que
não se deixa ser escalada.
Seu nome é uma palavra
antiga dos tempos Incas
que significa “a mais
selvagem das montanhas”
e era a mais sagrada para
os Incas. O guia nos
contou que um alemão se
aventurou a subir há 4
anos mas morreu numa
avalanche. Desde então
ninguém mais ousou tal façanha. Estávamos
no ponto mais alto. Podíamos ver abaixo, vales
e a cadeia montanhosa; estávamos acima
das nuvens. Agora tínhamos que descer até o
próximo acampamento, que estava dois mil
metros abaixo.
À medida que descíamos, o tempo abria.
Fizemos uma breve pausa numa linda planície
cheia de pedras que haviam rolado em
avalanches. Podíamos ver as nuvens subindo,
em direção à montanha. O vento estava cada
vez menos frio e intenso. Almoçamos perto da
casa de uns pastores, num lugar muito frio e
pouco aconchegante. Sequer fizemos pausa
após o almoço, pois não dava para relaxar
naquele frio. Decidimos deixar a bufa para
trás, e seguir em frente.
Uma hora depois já estávamos em outro
10
clima. Já não sentíamos mais aquele frio todo,
podíamos ouvir passarinhos cantando, havia
uma exuberância de verde e as cachoeiras não
estavam congeladas. Ficamos impressionadas
como tudo muda tão rápido, tão radicalmente.
Quando faltava uma hora para chegar ao
acampamento, nos deparamos com uma
vendinha no meio da trilha. O primeiro sinal
de civilização! Havia cerveja e coca-cola, que
alegria! Olhamos para dentro da venda, mas
não vimos ninguém, somente um gato dormindo
em cima de um pacote de Doritos. Decidimos
que não valeria a pena mesmo. Esse negócio
de beber cerveja em temperatura ambiente não
é com a gente.
Quando chegamos ao acampamento,
estávamos exaustas de tanto caminhar, de
tanto descer, e os joelhos já reclamavam.
Eu e Didi decidimos que
não passaríamos mais uma
noite sem tomar banho, e
resolvemos encarar a água
gelada, aproveitando que
ainda estávamos aque–
cidas da caminhada.
Quando passamos de
havaianas e o kit de
banho, o grupo nos
observou perplexo, como se
e s t i v é s s e m o s
enlouquecido. Realmente
estava frio, mas a vontade de tomar banho
era tamanha que encaramos mesmo assim.
Em meio a risadas num banheiro
improvisado nos lembramos do nosso banho
um ano atrás na Laguna Schmoll no Frey, na
Patagônia. Nós duas já tínhamos tomado banho
num lago congelado rodeado de neve, então
não seria um balde de água gelada que iria nos
espantar. A sensação depois foi maravilhosa,
revigorante. Nos cobrimos de lãs e fomos jantar
com o pessoal. Aquela foi a primeira noite que
brindamos com um copo de cerveja. Fizemos
jus ao CEG! Exaustas, fomos dormir felizes, e
passamos uma noite muito mais a gradável do
que a primeira.
Nicole Ingouville
JANEIRO/2009
editorial
2009 - ANO DO CINQUENTENÁRIO
No dia 18/12 tivemos nossa Assembléia Geral Ordinária para a eleição da
nova diretoria do CEG para os anos de 2009/2010.
A chapa única encabeçada pelo Flávio Peixoto foi aclamada por unanimidade
e foi empossada no mesmo dia. Além do Flavinho como presidente, estarão
colaborando com ele, Schmidt (vice), Boris (diretoria técnica), Luiz Alberto
(tesoureiro), Ana Lúcia e Raphael (secretários), Francisco Saraiva (meio ambiente),
Nicole e Dione (social) e Carlinha/Rodolfo (comunicação e internet).
Cabe lembrar que essa diretoria irá executar as festividades do cinqüentenário
do CEG que ocorrerá em fevereiro de 2009, e que foram delineadas ao longo
da gestão Rodolfo Campos (2008). No dia 7 de janeiro de 2009 houve a
primeira reunião da nova diretoria, tendo como principal objetivo organizar os
preparativos da festa de aniversário no dia 14 de fevereiro, principalmente a
campanha de recebimento de pagamento dos convites, pelos sócios do CEG e
para os demais coirmãos da montanha. Essa reunião contou com a presença
da decana dos sócios do CEG Suelly Ribeiro, que está organizando, em paralelo,
a participação dos sócios antigos na festa do dia 14/02. Além disso, foi planejado
um calendário básico de atividades para o ano de 2009.
Serão realizadas atividades nas principais vias que os guias do CEG
conquistaram, caminhadas clássicas que foram realizadas pelos associados
(Itatiaia, PNSO, Caparaó etc.), além das festas que serão realizadas
(Carnaval-CEG Folia, bailes, churrascos etc.). Se houver oportunidade, será
iniciada uma nova conquista de uma via que se chamará CEG 50. Atenção
senhores guias! O desafio está lançado!
Por falar em desafio, o primeiro já foi realizado pelo Seblen Mantovani ao
escalar, nos últimos dias de dezembro, a Agulha Guillaumet (2.593m), juntamente
com Bernardo Colares e Kika Bradford, no conjunto rochoso do Fitz Roy, na
região de El Chaltén na Argentina.
A primeira atividade oficial do CEG em 2009 foi realizada em conjunto com
o CERJ no Parque Nacional da Tijuca no dia 10/01. Schmidt e Walcecy guiaram
23 pessoas no circuito do Pico da Tijuca.
Roberto Schmidt de Almeida
Vice Presidente
Confira a continuação desta aventura na próxima edição
3
notícias
artigo do passado
www.guanabara.org.br
fique por dentro
Aumento na Mensalidade
Feijão Amigo
Aproveite o mês de janeiro para acertar
sua mensalidade do clube. A partir de 1º
de fevereiro, a mensalidade do Centro
Excursionista Guanabara - CEG será
reajustada.
A taxa mensal de R$ 17,00 passará a
R$ 20,00. Confira os demais reajustes na
secretaria do clube.
Para angariar fundos para o Bloco Só o
Cume Interessa, faremos um Feijão Amigo
ou uma Feijoada na sede do clube. A data
será definida.
Fiquem ligados. Venham saborear o
delicioso feijão e se divertir.
O encontro será ao som da dupla
Rodolfo e Padilha.
Exibição de fotos e filmes no CEG
Bloco Só o Cume Interessa
Atenção sócios e frequentadores. Sabe
aquela excursão maneiríssima que rendeu
fotos maravilhosas e que você deseja
compartilhar com todos no clube? A nova
Diretoria criou um dia especial para isso.
Todas as segundas quintas-feiras do mês
serão exibidos fotos e filmes dos sócios. Para
isto, levem - antecipamente - suas imagens
e filmes e deixe reservado no computador
externo (fora do balcão).
Recadastramento dos sócios
Estamos iniciando o recadastramento
dos sócios do CEG.
Envie seus dados para a Secretaria do
clube, aos cuidados de Ana Lucia, para o
email: [email protected]
Matrícula:
Nome:
Endereço:
Bairro:
Cidade/Estado:
CEP:
Telefone:
Celular:
Email:
Data de Nascimento:
Em breve estaremos com um link no site.
4
Está chegando a hora! No dia 7 de
fevereiro a Urca irá bombar com mais uma
edição do Bloco Só o Cume Interessa.
Os ritmistras de Paracambi e os músicos
do CEG já confirmaram presença. Agora
só falta você!!!
Vista a fantasia e caia na folia.
Concentração a partir das 11 horas na
van da tia, na Praia Vermelha.
Camisetas à venda
Iniciaremos em breve a venda das
camisetas dos 50 Anos do CEG e do bloco
Só o Cume Interessa.
Procure a diretoria do clube e reserve a sua.
Carteirinha
Quem tiver interesse em adquirir a
carteirinha de sócio do Guanabara e estiver
em dia com as mensalidades deverá
encaminhar
um
e-mail
para
[email protected] contendo
uma foto 3X4 e as seguintes informações:
nº de matrícula, nome completo, data de
nascimento, data de admissão no clube,
informações médicas (como alergia), nome
para contatar em caso de emergência; caso
seja guia, informar desde quando.
notícias
artigo do passado
montanha e iniciamos a caminhada.
No primeiro dia seria somente subida,
um desnível de aproximadamente 1.300 m.
A paisagem ao longo do trajeto era muito
bonita: vales verdes e cânions abaixo e altas
montanhas com cumes nevados, acima. O
tempo estava nublado, para nossa sorte, e
às vezes sentimos alguns chuviscos que nos
refrescavam.
Ao meio dia chegamos a Challacancha,
onde paramos para almoçar. Sentamos no
gramado à beira do penhasco para
descansar e admirar o visual, enquanto o
cozinheiro terminava o almoço. Durante a
excursão, o cozinheiro e os carregadores
vão à frente para adiantar os preparativos.
Quando chegávamos estava quase tudo
pronto. Uma maravilha!
Sentamos em círculo em banquinhos de
acampamento, com nosso pratinho de sopa
no colo, e nos socializamos com os gringos do
grupo. Eram 2 alemães, 2 canadenses, 2
holandeses, 3 argentinas e 5 brasileiros, além
do guia, peruano. O grupo era muito legal e
animado. Serviram uma sopinha de entrada e,
depois, um prato de arroz e carne saltada, uma
espécie de picadinho de carne com legumes.
A sobremesa era uma geléia de uma fruta local,
e como digestivo, chá de coca. Após o almoço,
tivemos uma breve pausa para o descanso e
continuamos a nossa caminhada.
A próxima parada seria no acam–
pamento. Faltavam cinco horas de caminhada
até Salcantaypampa, a base da majestosa
montanha nevada de Salkantay. Estávamos
ansiosas por chegar, mas conscientes de que
ainda faltava muito e que estávamos numa
altitude cada vez maior. Fomos caminhando
tranqüilamente, com pausas para fotos, água
e biscoito, mas os gringões levaram a
caminhada a sério e ligaram o turbo.
Quando faltava menos de uma hora
para chegar, já começava a anoitecer. O
esforço físico estava cada vez mais
sacrificante. De repente o soroche resolveu
aparecer. Didi foi pega em cheio pelo mal
da altitude, bem na reta final. Ela não
artigo
JANEIRO/2009
conseguia mais andar, estava tonta e com
muita dor de cabeça. Sentamos por um
tempo para que ela tentasse se recuperar,
mas sem sucesso. A coitadinha praticamente
teve que se arrastar até o acampamento.
Eu nunca a tinha visto tão mal.
Quando chegamos ao acampamento
tudo já estava montado, e o jantar, pronto.
Fomos até a barraca que tinham montado
para nós duas, esticamos os nossos sacos
de dormir e fomos jantar com o pessoal na
barraca maior. Estávamos todos apertados.
Dentro da barraca fazia um frio de congelar
os ossos. A holandesa tinha levado uma
garrafinha de rum que foi compartilhada por
todos. Lá fora estava escuro e não podíamos
ver nada ao redor. Sabíamos que estávamos
num vale rodeado por montanhas
esplêndidas, mas não podíamos vê-las,
somente sentir o frio que descia de seus
cumes. Fomos dormir com gorro, luvas e
meias de lã de alpaca, uma espécie de llama
comum no Peru, e várias camadas de roupas
para nos abrigarmos naquela noite gelada.
A primeira noite não foi das melhores.
O cozinheiro nos acordou às 5h da manhã,
levando chá de coca em cada uma das
barracas. Quando abrimos o zíper da
barraca não podíamos acreditar no visual,
que foi suficiente para levantar nosso ânimo.
Estávamos rodeadas por montanhas
majestosas, um visual fantástico, a 3.500
m de altitude. De um lado, Umantay, e do
outro, Salcantay. Já estávamos dispostas a
encarar o novo dia de caminhadas.
Dia 2
No café da manhã o guia trouxe uma
novidade: panquecas com doce de leite!
Enquanto tomávamos o café, ele explicava
como seria o dia. O segundo dia seria o
mais difícil e desafiador. Tínhamos que levar
bastante abrigo pois lá em cima fazia muito
frio. Passaríamos boa parte da manhã
subindo a montanha, e a subida seria bem
difícil. Dito e feito. Sem sombra de dúvida
esse trecho foi o mais difícil da minha vida.
9
www.guanabara.org.br
artigo
artigo
TRILHA SALKANTAY – MACHU PICCHU
A outra trilha Inca
27 a 31 de dezembro de 2008
Em Cusco, no Peru, dizem que todos os
caminhos levam a Machu Picchu. Mas
alguns caminhos são mais difíceis do que
outros. A maioria dos turistas chega à
cidade sagrada dos Incas de trem, mas
muitos chegam a Cusco todo ano em busca
da mundialmente conhecida Trilha Inca, um
trajeto de 45 km pelas montanhas peruanas
até Machu Picchu.
Por ser muito procurada, o governo local
resolveu limitar o acesso à Trilha Inca para
500 pessoas por dia. Mas a idéia de encarar
uma trilha de 4 dias com outros tantos
turistas não nos agradava. Por sorte
descobrimos a Trilha Salkantay, uma trilha
inca alternativa, de 65 km de extensão.
Esta trilha é bem menos conhecida, bem
menos freqüentada, mais desafiadora e tem
um visual muito mais alucinante do que a
Trilha Inca. Ela também era uma antiga
trilha inca, porém não a mais comum, por
isso não tem tantas ruínas como a
tradicional. O nome foi dado porque passa
pela montanha mais sagrada para os Incas,
o Nevado Salkantay, lindo, imponente,
selvagem e coberto de neve o ano todo.
Segundo guias da região, esta é, sem
dúvida, uma experiência muito mais
enriquecedora para montanhistas.
As trilhas de acesso a Machu Picchu
devem ser feitas com guias locais, por
determinação do governo. A trilha é difícil
– a mais difícil que eu já fiz na vida –
principalmente devido à altitude que muda
totalmente o nosso desempenho. A
organização da excursão foi fantástica. Nós
não precisamos carregar nossas mochilas
cargueiras, faziam isso por nós; barraca,
comida, saco de dormir, não tínhamos que
carregar nada. Quando soube disso achei
8
JANEIRO/2009
que seria moleza, mas depois de passar 5
dias caminhando estava claro que teria sido
impossível levar quase 20 kg nas costas.
Atravessamos as mais lindas paisagens
andinas com vistas panorâmicas da cadeia
de montanhas. Passamos por uma variedade
de climas e ambientes, desde o colo da
nevada montanha de Salkantay, a 4.600 m
de altitude, até a selva peruana, no meio da
floresta tropical. E, no final, fechamos com
chave de ouro, com a chegada a Machu
Picchu. Foi o melhor fechamento de ano que
podíamos ter planejado.
Dia 1
Partimos no dia 27 de dezembro às 6h30
da manhã, de Cusco, de van até um vilarejo
chamado Mollepata. Foram quase 2,5h de
viagem, todos em silêncio, escutando baladas
peruanas de dor de cotovelo. Estar em
Mollepata é como fazer uma viagem de volta
ao passado. Não tem quase nada na
pequena vila. Ao redor da pracinha tem uma
igrejinha, um colégio e uma venda, operada
por uma chola, uma indiazinha local de 60
anos. As pessoas se vestem em trajes típicos
peruanos, com panos muito coloridos e
padrões incas, e falam o idioma local
anterior ao espanhol, o quéchua. Todos muito
sorridentes e com aparência indígena.
Tomamos nosso café da manhã na
casa de um dos moradores. Serviram pão
de batata, margarina, geléia, café e chá
de coca, é claro. No Peru o pãozinho é
feito de batata, e não de trigo, pois é
muito mais econômico. Segundo o guia,
no Peru há mais de dois mil tipos de
batata. Enchemos nossos bolsos de folha
de coca para mascar durante a
caminhada, para evitar o mal da
MEU GUANABARA: 1959-2008
Quando entrei em contato com a velha Suelly e Sionil, na Rua Teodoro da Silva,
guarda guanabarina, o grupo ainda se 879, no Grajaú), ficamos pra lá e pra cá,
chamava Jiló, como todos já sabem. Era embora o CEG já tivesse se constituído,
o dia 19 de julho de 1959 e o passeio foi em outubro daquele mesmo ano.
De fato, a acolhida da família Ribeiro
no canal da Barra da Tijuca. Foi
foi
tão
grande que sentimos deixar aquela
maravilhoso e até interessante ver a turma
casa.
A
lembrança dos guanabarinos,
tentando remar e lutar contra o vento e o
daqueles
tempos, ainda está lá.
peso dos barcos. Tive até que entrar
Entre
tantos prazeres que o
n’água e empurrar o nosso, de vez em
Guanabara
nos proporcionou, durante
quando. E a turma não poupou elogios
os
anos
de
1959
até hoje, quando nos
me apelidando de Careca Remador. Eu
reunimos
no
Rio
de
Janeiro, não posso
tinha 27 anos, então.
deixar de ressaltar a amizade que nos
Eu me encantei com o companherismo
uniu. Difícil seria realçar nomes que
da turma e logo me inscrevi para a
deram vida ao Guanabara, mas devo
excursão à Praia de Jurujuba, Niterói, que
destacar, entre tantos, o nome da Suelly
seria no dia 30 de
da Silva Ribeiro, sua
agosto. O encontro foi
grande incentivana Praça Quinze e
Eu me encantei com o dora, e o nosso
quando cheguei a turma companherismo da turma e
saudoso Manoel
já estava reunida,
Armando Rodrigues
logo
me
inscrevi
para
a
faltando apenas uma
da Costa, primeiro
excursão
à
P
raia
de
Jurujuba
Praia
(que ficou famosa pelos
presidente e que tão
atrasos) e que eu ainda
cedo nos deixou.
não conhecia, mas que, depois, veio a se
Sobre Manoel, que todos conhecem
chamar Neyde Luiz da Rocha, minha
pelo menos de ouvir falar, e falar bem,
esposa.
quero ressaltar o seu senso de
Conheci pessoas formidáveis, entre as
responsabilidade, seu carisma e sua
quais Suelly e toda a família Ribeiro,
liderança, sua constante alegria. Com
Manoel, Edna, Fernando, Raul, Serpa,
ele, nós aqui, em Brasília, convivemos e
Sonia (sua esposa), e tantas outras, que
estávamos sempre juntos até sua volta
iriam fazer parte de minha vida para
para o Rio, onde faleceu, tão cedo, com
sempre e onde aprendemos o valor da
apenas 59 anos de idade.
amizade. Aliás, posso dizer que, sem a
Por último, para não ocupar mais
força da amizade o Guanabara não
espaço,
quero deixar aqui meu
mais existiria, tantos obstáculos que se
testemunho
de que devo os melhores
opuseram à sua continuidade,
anos de minha vida ao Centro
principalmente a falta de uma sede.
De fato, depois que não mais Excursionista Guanabara.
A Natureza é o nosso Guia
pudemos nos reunir em “nossa casa” (da
família Ribeiro – Sr. Oswaldo, D. Dalva,
Magno Matheus da Rocha
5
www.guanabara.org.br
artigo
INTERCUME
Após semanas assistindo a muita chuva
nas montanhas cariocas, alguns amigos
planejavam uma aventura diferente. A água
não parava de cair no Rio de Janeiro mas
o otimismo e a vontade de escalar faziam
com que um grupo de amigos combinasse,
não se sabe ao certo o que, algo para o
feriado da consciência negra. Esperávamos
a força de zumbi para assoprar as nuvens
negras para longe de nós, ficando
combinado: 5ª. feira, 6 horas da manhã o
prévio briefing – onde acertaríamos o local
e o ponto de encontro para a escalada.
Nossos despertadores seriam os celulares
que iam dar o sinal verde para a missão do
feriado. Pedro Bugim afirmava: “eu preciso
escalar senão acabou meu final de
semana”; e olha que se tratava de uma
quinta-feira hein?
Local: montanhas de Niterói, cume ainda
desconhecido e horário alternativo que
variou de 6 da manhã às 10:00.
Paula Gabi recebe a ligação de Liane
para o encontro, levanta da sua cama e
diz: a rua aqui tá meio molhada, dorme
mais um pouco e me liga umas 8:00. Poucas
horas de sono depois o encontro foi
marcado. Liane e Pedro pegam Karina e
rumam para Niterói para buscar Paula
Gabi, Sun e o anfitrião das montanhas
fluminenses: Leo Nobre. Leo atende o
telefone numa sonífera ressaca de jogatina
na Limite Vertical, jurando que o encontro
estava marcado para às 11:00hs. Bom,
quem marca de escalar às 11hs? Ainda bem
que esse blefe do Leo não funcionou e
conseguimos arrancá-lo da cama para
buscarmos juntos um lugar para “subir”.
Nos reunimos e tudo nos dava a
6
impressão que teríamos um grande dia pela
frente. Ali estavam: Pedro e Sun (CEB), Paula
Gabi (CEG), Liane e Karina (CERJ) e Leo
(CMN). Quatro clubes dentro de um carro,
lotação mais que esgotada, se perguntando:
onde será que está seco?
Sem saber muito bem a direção a seguir
procuramos um local que tivesse muitas opções
de escalada juntas para vermos o que era mais
viável, indo parar em Itacoatiara. Lá realmente
é um dos paraísos da escalada. Temos vias
longas, vias fáceis, Top Ropes e vias mais
técnicas. Quando chegamos o desejo veio à
tona: que tal irmos escalar a Agulinha
Guarischi. Um antigo desejo de Liane – que
ficou radiante com a idéia.
Entramos na trilha que segue para o
Costão de Itacoatiara, pegando a
bifurcação para o Bananal. Chegando no
Paula Gabi no cume da
Agulha Guarischi
JANEIRO/2009
campo escola Helmut Heske nos deparamos
com uma trilha fechada, trepa-pedras e
muita dificuldade para chegar a base da
Guarischi.
A entrada da via é um 5º grau muito
exposto e que, “para a felicidade” dos
nossos guias, estava levemente umedecida.
Bom, se já havíamos vencido uma trilha
fechada e chata o que seriam uns 30 metros
de pedra úmida né?
Tocamos pra cima em duas cordadas de
três pessoas. Sabíamos que tínhamos muita
pedra pela frente e que tanta gente junta
numa via de 350 metros poderia trazer
problemas no final.
Tentamos ir o mais rápido possível e após
vencermos a primeira enfiada de 5º grau, o
resto da via se transformou num passeio de
feriado. Cada um se divertia como podia.
Pedro vinha fazendo a segurança das suas
participantes com seus móveis, remodelando
a via, e esquecendo dos grampos na pedra.
Liane parecia uma caixinha de música,
cantando: “All i wanna do, its have some
fun”... (tudo que eu quero é ter um pouco
de diversão) e todos desfrutávamos de um
dia lindo, azul, de paisagem limpa e cada
vez mais panorâmico.
Testemunhando nossa escalada,
ouvíamos ao longe os trilheiros que subiam
o costão de Itacoatiara gritando palavras
indecifráveis e vibrando com nossa ascensão.
O cume estava chegando e o dia ficava
cada vez mais belo a cada metro da nossa
escalada. Leo chegou ao falso cume seguido
por Karina. Sun espera no grampo anterior
curtindo o visual privilegiado dali: de frente
para o Sudoeste víamos o Costão, Itacoatiara,
as exuberantes praias fluminenses e o Rio de
Janeiro. À direta tínhamos o morro do
Telégrafo, à esquerda e abaixo podíamos ver
o Bananal, as pedras do campo escola Helmut
Heske e nas nossas costas o Alto Mourão.
Enquanto tirávamos fotos e vibrávamos
muito com aquele visual, sorrateiramente
Paula Gabi faz uma ultrapassagem pela
esquerda e ataca até o ponto mais alto e
isolado da Guarischi. A vontade foi tão
grande de chegar ao cume que ela deixa o
último grampo para trás – junto aos seus
medos, dando espaço para a certeza que
estava segura.
Ela reinou solitária num pequeno bloco de
pedra pontiagudo, o pico da agulha Guarischi
– vibrando a cada pose para as fotos.
A verdade é que não conseguimos frear
o êxtase daquele dia perfeito. Sendo em fotos,
risadas, brincadeiras ou em músicas
cantadas. Esta sensação nos acompanhou,
em segurança, montanha abaixo – na longa
descida de 12 rapéis.
De volta à base da montanha seguimos
toda a trilha de volta: o dia estava quase
acabando e tratamos de recolher tudo e
sofrer um pouco mais nos espinhos
niteroienses. Alguns cortes, furos, topadas
e arranhões depois estávamos no carro rumo
ao boteco mais próximo para selarmos
nossa conquista. Um belo almo-janta, de
um dia que começou às 9 da manhã e
estava sendo selado às 21hs.
Melhor que um dia tão perfeito de
escalada é estar ao lado dos amigos, sem
se preocupar com os rótulos de clubes, sem
discriminações e preconceitos.
Estarmos juntos, desfrutando juntos, onde
todos os olhos viram o mesmo horizonte e
todos os corações puderam vibrar em sintonia
pela conquista coletiva de mais um cume.
Um dia teremos apenas um clube, onde
não haverá melhor nem pior, sem divisões
nem tantas complicações. Neste dia seremos
intercume – pois a meta é sempre a mesma:
só o cume interessa!
Sandro Ferreira
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