Boa leitura! - Núcleo de Estudos Espíritas "Amor e Esperança"

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Boa leitura! - Núcleo de Estudos Espíritas "Amor e Esperança"
abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 9 - nº 86 - Dezembro/2008
Distribuição Gratuita
Léon Denis
Segunda parte
Veja nesta edição:
Os Espíritos durante o Combate
Livros: Indulgência; Mudança de Rumo
Nasce o Senhor
Somos Sadios?
PROIBIDA A VENDA
Editorial
editorial
ÍNDICE
Qual é o significado do Natal para nós, espíritas? Será que não deveríamos
analisar o que entendemos sobre o Natal? Primeiramente, é a comemoração do
aniversário de Jesus Cristo, já que se convencionou ser o dia do Seu nascimento.
Se existe um aniversariante, será que o correto não seria que a comemoração
fosse de acordo com Aquele que está aniversariando?
Como nós nos dirigiríamos ao Mestre para parabenizá-Lo quanto ao Seu
aniversário?
Ao nos lembrarmos de Seus ensinamentos, logo decidiríamos sobre o que
agradaria a Jesus.
Como Ele nos ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a
nós mesmos, já poderíamos começar entendendo que estaremos amando a Deus
quando estivermos amando aos Seus filhos, que são o nosso próximo. Portanto, não
haveria melhor comemoração que a de levar ao nosso próximo o melhor que tivermos
de nós mesmos.
Existem muitas dores na face da Terra e nós ignoramos a sua grande maioria, por
estarmos sempre preocupados com as nossas necessidades e com as dos nossos,
esquecendo-nos de que a necessidade de quem quer que seja é problema nosso
também, como poderíamos estar buscando a felicidade, se sabemos existir uma dor
que podemos amenizar e não estamos nos incomodando com ela?
Será que o Cristo, nosso Irmão Maior, Governador da Terra, que nos ama
infinitamente, esperaria que nós, ao nos lembrarmos Dele, deveríamos ir à compra de
muitos presentes para nós mesmos e para aqueles a quem dizemos amar, e passar a
noite de Natal e mais alguns dias, refestelando-nos no pasto alimentar em que nos
mergulhamos? Será que estaríamos atendendo a vontade do nosso Pai?
Ledo engano o nosso!
O Natal é o momento de nos voltarmos ao nosso Mestre e a Deus, nosso Pai, para
corrigirmos nossa rota de ligação com o Mais Alto, buscando no Evangelho de Jesus o
rumo seguro de como devemos nos corrigir quanto às nossas mazelas espirituais e
morais, e combatermos incessantemente o egoísmo que alimentamos em nós e o
orgulho que extravasa de nossas imperfeições. Nós pouco fazemos para transformar
estas imperfeições em virtudes, que fariam que nos sensibilizássemos pela dor
alheia, de quem quer que seja e não apenas daqueles que dizemos conhecer e que
ainda somos simpáticos a elas.
E não apenas no Natal buscarmos nos ajustar aos Desígnios Divinos, mas a cada
momento de nossa existência, já que, sendo espíritos eternos, a nossa evolução
depende de uma mudança de valores e de clima mental, favorecendo a recomposição
de nosso interior, fazendo com que enxerguemos com os olhos do espírito, e não com
a visão curta da materialidade, que nos aprisiona nos vícios e nas paixões mundanas.
O Natal deveria ser para nós o renascimento a cada instante de nossas vidas, na
luta pelas aquisições mais nobres do sentimento, buscando na dor do próximo a
motivação de servi-lo, assim como o Cristo nos ensinou.
Portanto, quando buscarmos fazer do nosso Natal a nossa aproximação junto
daqueles que sofrem, estaremos seguindo o exemplo do Mestre quando pronunciou:
“Quem é minha mãe e quem são meus irmãos” e quando Ele mesmo diz que “são
aqueles que fazem a vontade do meu Pai que está nos céus”.
Equipe Seareiro
Grandes Pioneiros: Léon Denis Segunda Parte - Pág. 3
Família: Hoje Contigo - Pág. 11
Contos: Nasce o Senhor - Pág. 12
Kardec em Estudo: Os Espíritos
durante o Combate - Pág. 14
Clube do Livro: Mudança de Rumo
2
- Pág. 16
Pegadas de Chico Xavier: Fatos
Pitorescos - Pág. 16
Livro em Foco: Indulgência - Pág. 17
Tema Livre: Somos Sadios? - Pág. 17
Cantinho do Verso e Prosa: Súplica
e Louvor - Pág.19
Seareiro
Publicação Mensal
Doutrinária-espírita
Ano 9 - nº 86 - Dezembro/2008
Órgão divulgador do Núcleo de
Estudos Espíritas Amor e Esperança
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CCM: 39.737
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entre os interessados em âmbito
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Tiragem
12.000 exemplares
Distribuição Gratuita
Seareiro
Grandes Pioneiros
grandes
pioneiros
o achava importante, pois, dessa forma, o povo procurava ler
e ouvir as diferentes opiniões e as reuniões espirituais tinham
mais consistência do lado doutrinário. Cada vez mais ficava
claro, por aquela época, que os espíritas e os ocultistas não
Segunda Parte
se entendiam.
No mês de setembro de 1889, realizavam-se as primeiras
Embora todo o sucesso de suas conferências, Léon era
assembleias mundiais da Doutrina Espírita.
perseguido e sofria toda sorte de ataques, de difamações
O primeiro Congresso realizado contou com as mais
com respeito até à sua vida pessoal. E, para complicar mais a
ilustres escolas espiritualistas, como: os kardecistas,
situação, os ocultistas e os espíritas começaram a se
aqueles que eram favoráveis às teorias de Swedenborg, os
desentender verbalmente, não respeitando nem os lugares
teosofistas, os cabalistas e os rosa-cruzes que, na época,
onde pudessem se encontrar. Formavam grupos e os
contavam com grande número de adeptos aos seus
ataques se sucediam. Léon sofria e se desgastava
conceitos.
tremendamente com isso. Via a doutrina ser atingida e os
Léon Denis já havia alcançado o respeito e a fama de um
componentes do ideal esqueciam a moral cristã e, com o
grande orador e escritor. Nesse congresso foi ele apontado
orgulho ferido, deixavam-se enredar pelas sombras.
pela comissão, composta pelos mais citados espíritas da
Procurou aconselhar-se com os espíritos que lhe davam
época, para ser o divulgador da doutrina. Isso porque os seus
assistência no Grupo de Tours. Dizia-se cansado e com
discursos eram muito esperados, pelo carisma e a forma de
sérios problemas na visão. E os instrutores espirituais o
comunicação ao povo. Diziam as pessoas intelectuais, e até
orientavam:
as mais simples, que Léon Denis reencarnara para ser o
"Nosso desejo é vê-lo fortalecido e o estamos amparando.
condutor de almas, por demonstrar tanta convicção em suas
Seja corajoso, você nunca estará sozinho enquanto
palavras esclarecedoras.
trabalhar com a mesma seriedade que vem fazendo,
A sessão inaugural desse congresso foi presidida por
ressaltando e divulgando a Doutrina de Jesus. Você
Jules Lermina, assistido pelo filósofo Charles Fauvety, pela
conseguirá vencer essa fadiga e essas atribulações com o
Duquesa de Pomar, por Marcus de Veze e Eugène Nus.
auxílio do Alto."
Encontrava-se também como o relator dos trabalhos entre os
Reanimado pelas palavras ouvidas dos mentores
congressistas, o senhor Dr. Encausse, um ocultista célebre,
espirituais, Léon refletia: Jesus ouvira muitas injúrias, muitas
que dirigia a revista A Iniciação, com o pseudônimo de
posições diferentes dos conceitos passados por Ele aos
Papus. Dedicava-se ele às ciências ou artes ocultas, como a
seus próprios discípulos, porém nunca os condenou; ouvia
magia, levitação, telepatia etc.
em silêncio e pregava sua compreensão através dos
Durante a oratória brilhante de Léon, que foi interrompido
ensinamentos cristãos. Léon também precisava
várias vezes pelos aplausos da plateia, não ficou ele impune
compreender que os seres humanos ainda estão muito
aos comentários, por vezes até irônicos, por alguns pontos
arraigados no orgulho e retidos no egoísmo. Sabia que os
abordados com relação às obras kardequianas.
piores ataques vinham exatamente dos chamados
Entre a polêmica iniciada por grupos diferenciados, Léon
espiritualistas, mas ele deveria seguir o exemplo de Jesus,
falou sobre as pequenas formações dissidentes que
trabalhar e silenciar. Afinal, não poderia desistir no meio do
criticavam as obras de Allan Kardec:
caminho. Se parasse, sua consciência martelaria seu
"O esforço pela divulgação de um Espiritismo positivista
cérebro por ser ingrato com o Alto. Procurou conciliar seus
na França, dá a ideia de uma doutrina fria, ressecada dos
horários de trabalho profissional, suas viagens e as tarefas
princípios morais, que nada tem a ver com o ideal de Kardec.
doutrinárias com as conferências e suas obras escritas, já
Alguns tentam transformar suas obras com interpretações
muito solicitadas pelos editores, pelo alcance obtido entre os
errôneas, dizendo-as místicas e voltadas às ideias católicas.
leitores.
Mas isso é pura falsidade. O mestre lionês poupou o
O grande sucesso obtido por Léon com seu livro Depois da
cristianismo e não o catolicismo. Manteve ele a
Morte o revelara muito mais que um
moral evangélica, não só religiosa,
conferencista. Seu nome figurava entre os
pertencente a um povo, a uma raça. Não é só
escritores mais renomados da época. Todos os
isso. Ele quis valorizar a moral superior, aquela
jornais e revistas ecléticas, nos meios sociais,
que é eterna, que reconstrói todas as
queriam ter o privilégio de entrevistá-lo e
sociedades terrenas como as sociedades
conhecê-lo. Esse grande interesse dos meios da
existentes no espaço.”
sociedade em requisitar a presença de Léon fez
Diante da brilhante colocação, os cabalistas
com que Lady Caithness, a Duquesa de Pomar,
e os rosa-crucianos baixaram a cabeça, em
o convidasse para falar sobre questões
sinal de respeito pela firmeza da exposição de
espirituais, em seu palacete. Suas reuniões
Léon e a clareza tão evidente da obra
literárias eram famosas por trazer os mais
kardequiana.
célebres escritores de Paris, onde se
Depois da repercussão desse congresso,
encontravam também as mais distintas damas
com relação à oratória de Léon, não teve ele
da sociedade parisiense. Ao receber esse
mais tranquilidade. Muitas foram as
convite, Léon ficou sem saber o que seria certo
conferências agendadas e o principal tema
fazer. Para ele, era completamente estranho
pedido era O Materialismo e o Espiritismo
falar sobre questões religiosas num meio social
Experimental perante a Ciência e a Razão.
materialista. Sabia que o palacete da Duquesa
Depois da Morte
Isso porque gerava muita polêmica, mas Léon
de Pomar era profundamente rico na sua
Editora FEB
Léon Denis
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
3
decoração. As celebridades ali se
um oratório, numa das salas do
apresentavam para incentivar a
palácio, dedicado à consagração de
vaidade de cada um. As senhoras
Marie Stuart.
traziam suas vestes ricamente
Léon ficou sabendo também, que a
adornadas de joias. Que iria ele fazer
Duquesa de Pomar dirigia uma
num local tão inadequado à sua vida
revista mensal, L´Aurore . Essa
simples e sem utilidade para os que
revista tratava, entre outros assuntos,
ali estariam para ouvi-lo falar de vidas
a principal matéria, que era sobre o
sucessivas, de melhorias espirituais
Cristianismo Esotérico. Faziam parte
sem apegos aos prazeres carnais e
do corpo redator desse periódico, a
materiais?
senhora Adam e Edouard Schuré,
Procurou, através da oração,
que eram escritores espiritualistas e o
estabelecer uma organização mental
padre Petit, que fazia parte dos
para ser intuído no melhor a fazer.
estudos psíquicos e era o secretário
Sentiu a presença de Joana D' Arc.
geral da mencionada revista.
Aprendera a reconhecer seus fluidos
Depois dessa conversação, Léon
e pôde ouvir a orientação dessa
Denis entendeu o recado que
sublime instrutora espiritual:
recebera da mentora Joana D´Arc.
Era necessário falar sobre o Mestre
"O nome de Jesus deverá estar
Jesus e sua vinda à Terra. A Verdade
sendo citado em qualquer ambiente,
sem mistificações. Léon Denis
pois, muitas vezes, na seleção que
Lady Caithness
soubera também, após a sua
ousamos fazer pelo nosso modo de
Duquesa de Pomar
brilhante oratória no salão do palácio,
ser, poderemos intervir em muitos
onde foi muito aplaudido e muito
corações que esperam ouvir algo
criticado, que outros oradores por ali
diferente, para ajudá-los a sair do
já haviam passado, falando sobre o Espiritismo, sendo:
cansaço do orgulho aparente. Lembre-se de que a própria
Didier, Joseph Fabre e Flammarion, o qual falara com muito
Duquesa de Pomar é médium, embora equivocada na
entusiasmo sobre Ciência, História e Astronomia. Porém,
maneira de exercer a mediunidade. Aceite, pois, o convite e
segundo a própria duquesa, nenhum havia levantado tanta
procure saber mais dos feitos da Duquesa de Pomar, que
polêmica sobre o Espiritismo como ele. E a duquesa
poderá vir a ser sua aliada na difusão doutrinária."
Após esse momento tão precioso para Léon,
ressaltava que ela mesma teria que repensar sobre a
agradecendo a presença da amiga espiritual, de imediato
existência dos problemas reencarnatórios e dos conceitos
entrou em contato com a duquesa e comprometeu-se a
cristãos.
aceitar o tão honroso convite.
No dia seguinte, os jornais noticiavam, em suas primeiras
O palácio de Holyrood, situava-se na Rua de Wagram,
páginas, o sucesso que Léon Denis fizera, com sua
trazendo sua fachada uma evocação do século XV.
conferência, no salão do palácio mais comentado da
Era costume, na época, oferecer-se grandes bailes nos
sociedade parisiense.
salões suntuosos, como os da Duquesa de Pomar. Ela
As damas, entre seus adornos, ficaram profundamente
procurava realizar, nos salões de festa de seu palácio, os
impressionadas com a Doutrina Espírita, tema levantado por
mais famosos bailes, com a presença de notáveis músicos. E
Léon. Realmente, diziam os noticiários, Léon deixou todos
muitos comparavam esses salões, pois eram vários, com
preocupados com os horizontes futuros.
ornamentos diferentes, com os salões do Louvre ou de
Nesse mesmo ano, volta Léon ao salão do palácio de
Fontainebleau, que eram revestidos das mais ricas madeiras
Holyrood, para falar sobre O Problema da Vida e do Destino.
e com tetos trabalhados em arabescos suntuosos.
Cada vez mais procurado para as conferências, Léon já não
A chegada de Léon ao palácio foi de muita alegria. A
tinha dias para atender a tantos convites, que se ampliavam
Duquesa de Pomar abraçava-o, agradecida, por ter aceito o
por toda parte da França. E os temas mais concorridos entre
convite. Levando-o para um salão reservado, a duquesa
os assistentes eram: O Espiritismo perante a Ciência e O
queria travar um melhor relacionamento com Léon, antes de
Espiritismo perante a Razão.
apresentá-lo como o conferencista da noite. Nesse ínterim,
Na cidade de Bordeaux, porém, era evidente a aversão
ficou ele sabendo que ela era dedicada ao estudo do
que o clero incutia no povo. A imprensa fora proibida de
ocultismo. Dizia comunicar-se mediunicamente com Marie
anunciar as conferências que a Federação Lionesa faria
Stuart, de quem era profundamente devota, a ponto de ter
realizar após o senhor Henri Sausse, que era o presidente da
Federação de Bordeaux, ter ouvido Léon
falar na Faculdade de Toulose e na
Universidade de Genebra. Fora
aplaudidíssimo, mas o senhor Henri
Você poderá obter
ficara sabendo, por amigos, que Léon,
informações sobre o
por interferência dos católicos, não
Espiritismo, encontrar
pudera cumprir seu compromisso de
matérias sobre a
estar presente no Palácio Saint-Pierre,
Doutrina e tirar dúvidas
sobre o Espiritismo por
para responder às questões espirituais
e-mail. Poderá também
que um grupo de simpatizantes da
comprar livros espíritas
doutrina lhe faria. Ao saber desse
e ler o Seareiro
impedimento, Léon, com os amigos
eletrônico.
doutrinários do local, realizou a
conferência no salão de festas da
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4
www.espiritismoeluz.org.br
Seareiro
cervejaria das Estradas de
Ferro. Dentre os que foram
ouvi-lo, que era uma grande
multidão, por o local ser
m a i s p o p u l a r, h a v i a
m a g i s t r a d o s e
eclesiásticos. O padre
Favie, que era doutor em
Teologia, fez uma série de
perguntas, para ver se Léon
se contradizia no assunto
referente à existência de
Deus, e ouviu-o descrever
Deus numa eloquente
forma positiva, que deixou a
todos emocionados,
inclusive o padre Favie, que
baixou a cabeça, num gesto
de respeito significativo. A
vida de Léon seguia nesse
ritmo contagiante daqueles
que reencarnam para o
glorioso trabalho de Jesus.
Léon era um desses
missionários que
enfrentavam qualquer
obstáculo para fazer prevalecer a Verdade Cristã.
O Espiritismo já alcançava um grande número de curiosos
e, em consequência, grupos iam-se formando por toda parte.
Em Borinage, na Bélgica, cidade de habitantes, em sua
maioria, operários de minas de carvão, começara o
movimento espírita a tomar vulto. Povo simples e sofrido
pelas durezas materiais, foi Léon convidado a vir trazer-lhe,
com suas palavras, o conforto e as elucidações do
Evangelho. E, pela primeira vez, Léon abordou um tema que,
sabia, poderia falar aos chamados pobres de espíritos, tão
mal interpretado entre os intelectuais espíritas da época. A
propaganda em torno da conferência chamou-se Espiritismo
Social. Foi uma bela oratória, onde Léon fora espiritualmente
inspirado por Joana D´Arc. Esse mesmo assunto foi várias
vezes pedido, para que Léon falasse para plateias ávidas
desse conhecimento tão importante para o ser humano.
Cada vez mais o trabalho em divulgar a doutrina, ao qual
Léon se propusera, crescia; já havia ultrapassado em muito
os limites da França. A Bélgica o solicitava para o
conhecimento mais profundo das obras kardequianas.
O conferencista e escritor não se negava a ir onde quer
que fosse. Ele nutria muita simpatia pelos mineiros que,
embora rudes e muitas vezes apresentando-se em estado de
embriaguez, tinham suas qualidades e fé em Deus. Por isso,
sempre que podia, visitava seus amigos belgas.
Em 1898, comemorava-se o cinquentenário do
Espiritismo. Léon Denis amplia mais seu campo de ação.
Viaja para Haia, onde uma multidão o aguardava para o
esclarecimento sobre o desenvolvimento da Doutrina
Espírita. Depois vai para Marseille. Até o ano seguinte, 1899,
chega a completar catorze conferências: temas mais
divulgados: O Espiritismo no Mundo e a Ideia de Deus.
Por esse tempo, seu orçamento salarial estava em alta.
Mesmo assim, continuava a desenvolver seu lado comercial,
firme em seu emprego, a Casa Pillet. O patrão tinha em Léon
profunda confiança pelo trabalho ali desenvolvido. Fora ele
que havia expandido o comércio de couro. O
estabelecimento era conhecido por toda a França e em
outros países graças à presteza e dedicação de Léon. Com
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
Palácio de Holyrood
toda a tarefa de divulgação doutrinária, nunca deixou de
fazer o máximo para valorizar sua condição de trabalhador
honesto, tanto no mundo material, como servidor cristão.
Sentindo-se cansado e com a saúde fragilizada, achou
prudente viajar em férias. Sentia vontade de percorrer
lugares desconhecidos e tratar de uma persistente tosse,
acompanhada de fortes dores no peito, com inflamações nas
vias respiratórias. Após consultas médicas e aconselhado
pelos clínicos, Léon viaja para Uriage, alcança Mont Doré,
passa por Cauteret e chega a Allevard. Ali, hospeda-se no
Hotel do Louvre. A cada ponto visitado por toda a França, ele
escreve para Anne-Lucie, sua adorada mãezinha,
mandando-lhe muitos cartões postais, dizendo:
Mamãe, como gostaria de tê-la comigo, para a senhora
sair um pouco da nossa Tours.
Em outro cartão postal, Léon conta a Anne-Lucie das
geleiras do desfiladeiro, localizado em Allevard. Dizia,
também, que ali estava sentindo-se como um verdadeiro
urso polar, tanto frio que passava.
Após esse descanso, Léon volta às atividades. O ano de
1900 mostrava-se, desde o início, com muitas conferências a
serem realizadas. Em sua agenda constavam palestras a se
realizarem como em: Lyon, Grenoble, Pierrellate, PontSaint-Esprit, Avignon e Arles. Atravessou o Mediterrâneo e
em Argel falou no prédio da Prefeitura, para uma plateia
interessada, e até privilegiada, pelas perguntas relacionadas
sobre a reencarnação.
Dias após, como ficara combinado entre os organizadores
da palestra efetuada, Léon compareceu no mesmo prédio da
Prefeitura, para fundar o Grupo Espírita Argelino.
Ao retornar, passou por Flandres e Bélgica, revendo os
lugares que já havia visitado, assim como a sua querida
cidade de Lorraine, onde muita saudade trazia de sua
infância e adolescência. Após, Léon foi convidado para
visitar Vaucouleurs e Domrémy, berço natal de Joana D´Arc.
Esses locais, por onde Léon passou, foram para ele
maravilhosos, tanto era a sua afinidade com Joana D´Arc.
Pareceu-lhe reviver a infância e a dolorosa juventude dessa
guerreira cristã. Lembrou-se de quando Joana, ainda
menina, viu Jesus, a confiar-lhe as tarefas verdadeiramente
5
sacrificiais, para trazer a paz à
encontrá-la e juntos seguirem o
França, em épocas tão trágicas. E foi
aprendizado espiritual. Para Léon, o
em Tours que Léon fez uma palestra
pai tinha um lugar reservado em seu
para uma seleta plateia de
coração. Aprendera a conhecê-lo em
estudantes franceses, para lembrar
suas dificuldades, mas ele o havia
os grandes feitos missionários desse
incentivado para lutar e alcançar seus
espírito empreendedor de Joana
objetivos.
D´Arc.
O pior, para Léon, era quando
Léon, de retorno a Tours, pôde
voltava de suas viagens. Ao entrar em
sentir que o estado de saúde de sua
seu apartamento, na Rua de L´Alma,
mãezinha não estava bem.
em Tours, sentia o vazio, não mais a
Encontrou-a fraca e visivelmente
alegre saudação à sua chegada, a
deprimida. Já não via seu olhar
mesa posta com seus pratos
brilhante e seus alegres gritinhos ao
preferidos, os remédios e o copo de
vê-lo de retorno ao lar. Preocupado,
água, junto com as medicações para
pois teria que continuar suas viagens,
o tratamento de sua visão. Agora,
pediu ao doutor Encausse que desse
tudo isso já não mais existia. Ficara a
seu diagnóstico. Esse avaliou a
saudade, mas ele resistia por saber
profunda fraqueza física e debilidade
que Anne-Lucie estava sempre a
Henri Sausse
cardíaca, mas como Anne-Lucie fora
acompanhá-lo. Sabia que ela não
sempre forte e nunca quisera prender
gostaria de vê-lo envolvido em
o filho ao seu lado, ela confortou-o, incentivando-o para
tristezas e abandonando suas tarefas. Por isso, Léon retoma
cumprir seus compromissos. Brincando e tomando as suas
suas atividades. A conferência, que faria em Lyon, fora
mãos, dizia-lhe:
remarcada e, ao seu retorno, sua presença foi
entusiasticamente recebida com muitas aclamações de boas
“Fique tranquilo, se eu morrer, serei a primeira a avisá-lo,
vindas.
esteja você, meu filho, onde estiver. Não é assim que nós, os
A vida agitada de Léon continuava. Já estava beirando
espíritas, falamos?”
Léon sorriu e, beijando-a, despediu-se, seguindo para Lyon.
seus 60 anos de existência física. Suas energias, mais fracas
Dias depois de sua chegada a Lyon, estudando suas
e, sempre, a diminuição visual. Sabia que o plano espiritual o
conferências, ouve um leve ruído na porta do quarto do hotel.
ajudava, mas os órgãos desgastados pertenciam à matéria,
Erguendo-se para ver do que se tratava, sentiu que um vulto
portanto, ele é que precisaria tomar cautela. Nessas horas, a
estava ao seu lado. Seus pensamentos repentinamente
lembrança terna de sua mãezinha, chamando-o para tomar
voltaram-se para Anne-Lucie, e lhe parecia ouvi-la dizendo:
cuidado com a tosse. E cada vez que viajava, ao arrumar as
malas, parecia-lhe ouvir Anne-Lucie dizer:
"Filho, não se preocupe."
Ainda absorto nessas frases, alguém bateu à porta, porém
“Meu filho, você colocou agasalho suficiente, pegou as
agora era real, pois o mensageiro dizia:
calças e luvas de lã... não esqueça o cachecol, e que Deus o
“Senhor Léon, acaba de chegar um telegrama de Tours...”
acompanhe...”
Antes que o rapaz terminasse a frase, Léon já estava com
Envolvido por essas lembranças, retorna à realidade de
o telegrama em mãos. Abrindo-o rapidamente, leu a
que era preciso continuar a divulgação da doutrina, embora
confirmação da morte de sua mãezinha, assinada pelo Dr.
todas as aversões e ataques. Era preciso falar sobre o
Encausse. Apertando o telegrama em suas mãos, Léon
Espiritismo em todos os tempos, esclarecendo o povo sobre
chorou convulsivamente. Voltando apressadamente para
a reencarnação.
Tours, realiza os funerais de sua única amiga e companheira
A missão deveria continuar, o século XX se aproximava.
de toda a sua vida. Além de ser sua mãe, Anne-Lucie fora o
Em 1908, Léon contava, em seu currículo, cerca de 300
maior amor em suas pegadas terrenas. Sempre solícita,
conferências realizadas. Havia levado seus conhecimentos
alegre, reerguendo-o quando a saúde e o desânimo queriam
sobre o Espiritismo até Montauban, onde o pastor Bénézech,
derrubá-lo, ela ali estava junto de seu coração, até em suas
que era um grande defensor da Doutrina Espírita, convidou-o
viagens, pois ele sempre a mantinha a par dos
para que sua missão de evangelizador pudesse chegar aos
acontecimentos, escrevendo-lhe longas cartas, mostrando
corações daquela tão longínqua região a semente da Nova
seus feitos, através de fotos e cartões postais.
Revelação. Até esse ponto, Léon dizia ser feliz, pois seus
Esse dia 19 de novembro de 1903 jamais ficaria
esforços tinham alcançado o país inteiro. Todos aqueles que
esquecido. Anne-Lucie estava com mais de 83 anos. Uma
seguiram o caminho da Boa Nova juntaram-se em grupos,
longa vida, repleta de experiências, com muito sofrimento
pequenos ou maiores, simples ou intelectualizados, mas
oculto. Relembrando as dificuldades pelas quais passaram,
passaram a vivenciar o "Culto Cristão", pela paz e união
as tribulações do dia-a-dia, as mudanças constantes e a
fraterna.
insegurança que seu pai, Joseph, deixava em suas vidas. Os
A grande preocupação de Léon Denis, para o século XX,
interesses materialistas do pai, fazendo sofrer o coração de
era o problema da educação dos jovens, para o futuro. Para
Anne-Lucie, por ver o filho sem estudar, sem poder realizar
os que já estavam em cursos universitários, preparando o
seus sonhos intelectuais... enfim, tudo isso aproximou-os
"amanhã" aqui, ainda no plano físico, sem pensarem num
mais. Talvez, pensava Léon, Deus os tivesse reunido para
futuro mais dinâmico, mais voltado ao futuro espiritual. E foi
que pudessem receber um do outro as energias necessárias
pensando nisso, que Léon preparou e enviou uma carta
para vencerem as dificuldades de cada dia. E Léon
aberta ao senhor Combes, Presidente do Conselho das
agradeceu intensamente a valiosa oportunidade desse
Universidades da França.
encontro. Abençoada reencarnação!
Eis um trecho dessa carta:
E quanto a seu pai, cujo desencarne se dera em 1886,
“Artesão do seu próprio futuro, o homem continua sua
talvez, pela compreensão de sua mãezinha, ele pudesse
evolução por meio de numerosas existências, na superfície
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Seareiro
dos mundos, elevando-se gradualmente em direção a um
palavras que conquistavam a freguesia. Desencarnou em
infinito de grandeza, de potência, de beleza...
1860, na cidade de Amiens, passando após alguns anos a
É nosso dever chamar a atenção dos poderes públicos
manifestar-se em vários agrupamentos, onde permitiam-lhe
para a importância de tais elementos do ponto de vista da
a passividade mediúnica.
educação nacional, a fim de proporcionar aos nossos filhos
Numa ocasião, manifestou-se no Grupo Rempart e
um conhecimento mais preciso das leis da vida, de lhes
afeiçoou-se pelos integrantes jovens encarnados, os quais
inspirar mais confiança no destino; de melhor armá-los para
passaram a se integrar com mais assiduidade nas reuniões,
as lutas morais e a conquista do futuro.
pelo estilo alegre e comunicativo de Sophie. Os orientadores
Enquanto as universidades ensinam tantos sistemas
aproveitaram a boa vontade da jovem e, com as mesmas
filosóficos criados pelo pensamento do homem, poder-se-ia
preocupações de Léon, incentivaram Sophie a contar-lhes o
considerar, como desprezíveis, ensinamentos dispensados
que descobrira através do seu desencarne, com a vida física
pelas altas inteligências do espaço. Pertence aos poderes
que levara sem responsabilidades e, até certo ponto, com
públicos regenerar o ensino universitário por essa noção das
leviandade. Trabalhava muito para sustentar-se, sem se
existências sucessivas da alma, por meio das quais o
preocupar com os familiares. Seu dinheiro era somente para
progresso continua e a justiça encontra sua realização.”
sua satisfação pessoal. Era alegre, mas só entendeu que
E no trecho final dessa carta, Léon
nada fizera de útil na reencarnação. Nunca dera
completa:
valor aos familiares, achava-os intolerantes e
"Mas nenhuma educação será eficaz,
chatos. Seu pai fora um bêbado inveterado, e
suficiente, se ela não se inspirar no estudo
nem por isso ela deu atenção aos sofrimentos de
completo da vida, a vida em suas duas formas
sua mãe. Após a desencarnação onde
alternantes, terrestre e celeste; a vida em sua
permaneceu longo tempo em situação
plenitude, em sua evolução ascendente, em
umbralina, só pôde entender o desencarne
direção aos cumes da natureza e do
quando ouvia constantemente os gemidos e, por
pensamento.”
vezes, gritos de dor de seres que ela não atinava
(Essa carta está completa no livro "Os
de onde partiam. Como o lugar em que se
Pioneiros do Espiritismo", autoria de J.
encontrava era muito escuro e úmido, ela quase
Malgras).
não conseguia ficar em pé, porque sentia que o
Léon Denis estava sempre atento aos
solo estava sempre molhado e escorregadio. Já
acontecimentos. Essa carta aberta fora
não suportando as dores que sentia no corpo
divulgada por vários periódicos franceses. Ele
perispiritual, ela se lembrou de orar e pedir
queria alertar os jovens para o futuro, tão
socorro. E foi então, contava mediunicamente,
distantes se mostravam da religião. Via-os
que viu uma intensa luz vir do Alto. Divisou um
entregues aos vícios e prazeres carnais.
Os Pioneiros do Espiritismo vulto que trazia em seus braços algo, como se
Por muitas vezes, Léon os ouvia falar com
fosse uma pessoa doente. Ouviu uma voz a
D P L Editora
respeito à vida:
dizer-lhe:
"Estamos em constantes guerras e até mesmo religiosas;
— Sophie, você precisa ajudar esse ser, tão necessitado
queremos viver, pois o futuro ninguém sabe..." Isso causava,
quanto você.
em Léon, profunda tristeza. Por isso, ele achava que o ensino
E o vulto aproximou-se e colocou aos seus pés o ser que
deveria lhes dar mais noção de vida, incentivá-los a não
estava em seu regaço. Sophie diante da luz que se tornara
perder um futuro mais proveitoso, uma vida mais consciente
mais evidente, abaixando-se, reconheceu seu pai. Esse,
dos deveres a serem cumpridos. E, para ele, só a Religião
olhando-a com gestos desesperados, balbuciou:
— Sophie, precisamos pedir a Jesus, o que não fizemos a
seria o caminho de um ideal consistente.
vida toda, aprendermos a nos amar. Ajude-me e eu a
Sempre voltado para conseguir falar aos corações dos
ajudarei. Não sei quem está nos dando essa chance. O que
jovens, Léon aproximou-se mais do grupo da Rua du
sei é que ambos não pertencemos mais à vida terrena.
Rempart, onde fora um dos fundadores. Esse grupo
localizava-se em Tours, portanto, sua frequência poderia ser
Sophie ficara paralisada, seus pensamentos
constante, por ficar próximo ao seu lar. Tornando-se assíduo
convulsionavam, levantando os braços e, vendo ainda o
às reuniões, percebeu que em certos dias a frequência de
vulto ao seu lado, tentou alcançá-lo com as suas mãos,
jovens era maior. Dirigindo-se às pessoas mais antigas e
porém, meigamente ouviu a voz:
— Atenda o desejo de seu pai, levante-o e sigam juntos o
mais conhecedoras dos espíritos que ali se comunicavam,
caminho indicado pela luz e vocês saberão quem os auxilia.
procurou saber o que os atraía para certas reuniões.
Ficou sabendo que o espírito de uma jovem de nome
Atendendo o pedido daquela entidade, Sophie, com
Sophie era o motivo da presença dos jovens às reuniões.
dificuldades, consegue levantar-se e também a seu pai.
Residia, quando encarnada, nos arredores de Tours. Fora
Ambos amparados pelo espírito amigo, seguiram a luz que
vendedora de frutas e legumes, que alegrava a todos que
os levou a outra região. Puderam sentir o calor e o reconforto
dela se aproximavam, pelas suas maneiras educadas e
vindos de um lugar claro e de ares mais leves. Para Sophie, a
confirmação do fato que ela nunca
pensou que existisse, a continuidade da
vida e de que a morte não existe.
Abraçada ao pai e, vendo-o tão
debilitado, sentiu que um fato estranho
acontecia em seu interior e chegou à
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conclusão de que o homem, o ser que,
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fosse o que fosse, que ora estava junto
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a si era o responsável pela sua vida. A
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vida que ela pouco soubera valorizar
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conformidade com os ensinamentos espíritas.
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
7
Aproveitando esse elo que se estabelecera entre os
pelo seu profundo egoísmo. Repentinamente, reviu em
jovens e a Espiritualidade, começou a realizar uma série de
pensamento a figura sofrida de sua mãe, aquela a quem ela
informações através das palestras, com relação ao tema de
nunca dera valor, pois pouca atenção lhe dava pela
ação e reação. Explicou o medo da
presença, tão resignada fora diante
morte pelas pessoas, justamente por
de tantas privações. Sophie culpavanão compreenderem a maneira de
se muito agora por fazer de sua vida
fazer uso do livre-arbítrio.
uma alegria egoísta, por fechar os
Léon lembrava que a melhor
olhos diante do que era sua realidade
maneira de se conduzir perante a
física, por insular-se em seu mundo
reencarnação, seria a do trabalho
fictício, ilusório, onde mostrava ser,
honrado e digno, que todo ser deveria
por fora, o que nunca acontecia em
preservar. Continuava falando sobre
seu interior. Olhando a paisagem
aquele que é ocioso, que nada
mais amena que os abrigava,
procura produzir e, muitas vezes,
pergunta ao pai:
aproveita-se dos que trabalham
— Será que Deus nos perdoa por
tornando-se um parasita. Que pode
tantos desatinos, papai? E, agora,
esperar de bom numa futura
como reparar tantos erros? Sou-lhe
reencarnação? Quando a mente esta
franca a dizer que tudo poderia eu
ocupada, as paixões se atenuam e
fazer para compreendê-lo... Mas
cresce o desejo de aprender. Porém,
nesse momento, consigo apenas ter
o oposto acontece com a ociosidade,
profunda compaixão do seu estado,
que só propicia a proliferação dos
tanto quanto do meu.
Jerônimo de Praga
arrastamentos maus, levando o ser
Nesse instante, Sophie ouviu uma
aos desvios, por vezes graves e de
voz, muito conhecida, vindo ao
dolorosos resgates.
encontro dos dois dizendo:
Durante as reuniões que aumentavam, a cada dia, o
— Minha filha, Deus nos dá a oportunidade de nos
interesse desses adolescentes, viera Léon, através da sua
perdoarmos mutuamente. Ele nos concede a vida e sei que
mediunidade, a saber que as orientações de suas palestras
breve nos reuniremos para os acertos futuros... Erguendopelo plano espiritual estavam entregues ao espírito de
se, transida de real alegria, Sophie reconheceu-se nos
Jerônimo de Praga. Essa notícia o fez muito feliz. Jerônimo
braços de sua mãe. E os três, espiritualmente reunidos,
de Praga o fazia lembrar-se das primeiras reuniões
agradeciam a Jesus o reencontro.
mediúnicas realizadas com os operários mineiros, onde
Léon estava completamente emocionado. Sentiu nessa
encontrou tanto apoio espiritual e bons amigos.
história verídica, os ensinamentos de Jesus, quando só o
Léon escreveu uma importante obra, também inspirada
exemplo poderá trazer a mudança de comportamento em
em suas conferências, trata-se de “Cristianismo e
cada pessoa. Exemplo que Ele mesmo deu, com a Lei de
Espiritismo”. Ela está compreendida em quatro partes; As
Amor.
Vicissitudes do Evangelho; A Doutrina Secreta do
Os jovens gostavam de ouvir Sophie narrar, a cada
Cristianismo; Relações com os Espíritos dos
reunião, a sua mudança e a sua compreensão
Mortos e a Nova Revelação.
para com Deus. Ela os incentivava para o trabalho
Aos amigos espíritas que ouviam as
cristão e, principalmente, para não perderem a
críticas sobre esse livro entre os religiosos,
reencarnação com frivolidades próprias de
Léon respondia:
juventude. Isso porque Sophie deixava sempre,
“Quis deixar bem claro, com essa obra, que
para o final da sua comunicação, o alerta de que é
sendo o Cristo a voz da humanidade em
preciso preservar a vida com boas atitudes
comunicação com Deus, como o Espiritismo
perante a família e ante qualquer ser humano.
poderia ser indiferente a esses sublimes
Lembrarmo-nos constantemente das palavras de
ensinamentos?
Jesus:
Como falar sobre o Cristianismo sem
“Amai uns aos outros como eu vos amei e ao
mencionar os dogmas da Igreja? Isso seria
próximo como a vós mesmos."
impossível. É necessário esclarecer o povo
Léon tomou-se de simpatia por esse espírito.
sobre os pontos que dão origem à
Sempre que podia, assistia às reuniões junto com
obscuridade da chamada “religião-mater”.
os jovens. Aproveitava para fazer perguntas
Não pretendo, também, dizer que esse livro
relacionadas com a sua evolução espiritual. Ele
seja uma obra “apologética”, isto é o estudo
se admirava da simplicidade de Sophie em falar
da religião com o único objetivo que venha
de sua dificuldade de aceitar determinados
Cristianismo e Espiritismo
restabelecer os argumentos históricos e
conceitos que, para ela, ainda eram difíceis de
Editora FEB
racionais, como o fato da revelação cristã. Só
entender. O importante era que os jovens,
pretendo, continuava Léon, lançar a claridade num estudo
aqueles que se interessaram pela doutrina, através de
tão sério e de tanta necessidade, para os que têm fé saberem
Sophie, ouviam outros espíritos que se comunicavam e
como ela poderá ser alcançada e quais os verdadeiros fins. A
deixavam que seus ensinamentos com as experiências
Doutrina de Jesus é aquela encontrada nos Evangelhos e
vividas os despertassem para as responsabilidades
nas Epístolas; é a Doutrina que ensina a liberdade espiritual.”
reencarnatórias. Com isso, o estudo doutrinário passou a ser
O nome de Léon Denis alcançava todos os meios de
uma matéria importante para eles, que começaram a sentir a
comunicação da época. No segundo Congresso
vida com mais responsabilidade. E Léon pensava: que bom
Internacional, realizado em 1900, em Paris, Léon foi indicado
seria se os jovens, em sua maioria, aceitassem essa
para Presidente Efetivo. Essa proposta feita e aceita por
revelação espiritual.
8
Seareiro
todos foi numa Assembleia realizada por Laurent de Faget.
formar, até mesmo nos agrupamentos sem muito estudo
Hector Durville, que era um estudioso do Magnetismo, e
sério.
Gillard, teosofista, aceitaram assessorar Léon e diziam-se
Como médium, Léon conseguia explicar as diversas
honrados em poderem estar ao lado do escritor mais famoso
faculdades mediúnicas. E, na última parte do livro, ele
no mundo dos espíritas convictos e defensores de Allan
procura justamente isso: tentar fazer com que o raciocínio do
Kardec. Também participaram como Presidentes de Honra,
leitor pudesse entender o perigo que corre o médium
desse segundo Congresso Espiritualista, os renomados
desavisado, dando passividade, sem preparo algum pelos
escritores: Victorien Sardou, Russel Wallace e
assistentes e por ele mesmo.
Aksakof.
Laurent de Faget, ao fazer uma conferência
Durante a duração do congresso, os debates
sobre “Os Pioneiros do Espiritismo”, em 1º de
foram muito concorridos e Léon soube se
novembro de 1903, na Sociedade Francesa de
conduzir, como sempre, com brilhantismo e
Estudos dos Fenômenos Psíquicos, ressaltou
educação.
o livro de Léon Denis, dizendo:
No encerramento, foram muito aplaudidos os
— A belíssima obra de Léon Denis, “No
defensores da Doutrina Espírita, onde já, diziam
Invisível”, nos traz sua experiência nas
muitos, era o surgimento de uma forma
investigações mediúnicas. Sai ele da prática
renovada de entender a Lei de Deus. E Léon,
comum do fenômeno, das rivalidades entre
como o finalizador do movimento espiritual, não
agrupamentos e nos dá a superioridade da
perdeu tempo e acrescentou:
vida espiritual e da moral. É o verdadeiro
impulso da alma em busca da virtude cristã. Em
“O Espiritismo hoje, caros senhores, não
seu último parágrafo, “A Mediunidade
pertence só aos pobres, como muitos diziam há
Gloriosa”, ele se retrata diante da misericórdia
tempos atrás e nem só aos analfabetos. Hoje ele
de Deus, dando a oportunidade do trabalho
está presente entre os cientistas, os intelectuais,
edificante do médium a serviço de Jesus, em
que preferem a obscuridade por não quererem
favor do semelhante.
dar, ainda, seus testemunhos de crença, mas a
No Invisível
No ano de 1905, Léon e os espiritualistas
doutrina já está fazendo parte dos sábios e dos
Editora FEB
belgas foram convidados a participar, em
universitários, dos políticos e dos
Liège, de um congresso que, para os habitantes locais,
administradores, pois todos querem comprovar a realidade
representaria a fortificação dos conceitos espíritas, pois o
das comunicações com o Além.
último congresso ali realizado fora há mais de trinta anos. Por
O Espiritismo ajudará a transformar a ciência e irá
essa data passada, deixaram muitas dúvidas, no meio dos
provocar mudanças nas religiões, para que elas saiam da
agrupamentos, pela falta de conhecimentos doutrinários,
letargia e caminhem para uma evolução mais humana de uns
ainda precários, da parte dos simpatizantes que pouco
para com os outros, procurando o mesmo ideal de
tinham acesso às obras espíritas de Kardec.
compreender a vida eterna e o ser infinito, que é Deus. O
Como convidado de honra, Léon Denis, em seu caloroso
homem jamais caminhará sem a presença de Deus.”
Após esse congresso, onde permaneceram as ideias das
discurso, enfatizou a necessidade da divulgação desses
comunicações com o Além, o guia espiritual do Grupo de
congressos mundiais, a serem realizados com frequência,
Tours sugeriu a Léon que escrevesse uma obra sobre a
para alcançar um número maior dos que confirmam os
mediunidade. Dizia o mentor
princípios reais das nossas crenças espirituais.
ser essa uma ocasião
Outro ponto debatido por Léon, nessa ocasião, foi a sua
importante para maiores
ponderação com respeito à ciência, dizendo:
conhecimentos sobre esse
“Certo é que a ciência será obrigada a uma revisão
assunto. E, em 1903, Léon
completa de seus conceitos, segundo a parte relacionada
publica a obra, “O Mundo
aos fenômenos mediúnicos com base a religião, que a
Invisível”. Nela, o escritor
Doutrina Espírita tão bem explica.”
salienta, em sua primeira
No encerramento desse encontro, Léon agradeceu a mais
parte, o desenvolvimento das
essa favorável companhia dos encarnados, pois tinha
leis do Espiritismo
absoluta certeza de que o mundo Espiritual Superior havia
Experimental, as
coordenado esses laços de solidariedade que, de certa
considerações devidas ao
forma, unia espíritas de várias regiões, para retornarem à
universo feminino. Léon
luta, com novas vibrações benéficas no campo cristão.
acusava o catolicismo de
Embora fragilizado pela saúde do corpo, ele continuava
delegar à mulher a
com sua pouca visão material (mas enriquecido pelos dotes
inferioridade perante a família,
espirituais), produzindo obras importantes para
O Mundo Invisível e a Guerra quando a ela deveria ser dado
esclarecimentos doutrinários, que representavam para ele a
Editora CELD
o domínio do lar, por ser a
didática para as futuras reencarnações.
mediadora de Deus entre os familiares. Hoje, essas ideias de
Sentindo imensa saudade de sua mãezinha e refletindo
Léon estão na prática mas, naquela época, tornou-se
nos problemas do destino humano, pareceu-lhe ouvir os
escandalosa e imprópria, principalmente para os católicos.
passos de Anne-Lucie, chegando vagarosamente, tocando
Mas ele não se deixou abater e manteve a obra em
de leve sua cabeça e que falava ao seu ouvido:
evidência.
“Meu filho, já esta tarde, tome seu remédio e procure
Na parte seguinte, a obra tratou do Espiritismo
descansar. Amanhã será outro dia e creia que suas ideias
Experimental, isto é, estabelecendo uma classificação dos
estarão mais ajustadas e a obra em andamento no seu
fenômenos, em que ele preparava a ideia da Metapsíquica,
cérebro, fluirá para o papel, com muita facilidade.”
que estava bem imatura. A mediunidade precisava ser bem
Na mesma ocasião em que Léon publica o livro,
esclarecida contra as fantasias que já começaram a se
abordando assuntos de grande importância como “O
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
9
problema do ser, do destino e da dor” (o escritor deu esse
problema de sua cegueira. Praticamente cego, resolveu
título para a obra, mas a Editora Calvário o editou com o título
estudar Braile. Com esse seu esforço, continuou a escrever e
“Ser, Destino-Dor em 1969), surgiu a edição do livro “Os
a pesquisar sempre sobre filosofia, ciência e religião. Ele
enigmas do Universo”, de autoria do escritor e filósofo
mesmo se confrontava, pensando:
alemão Haeckel, o que deu início a um duelo
“Será que Deus criou-me para lutar por esses
entre os dois escritores, porque um defendia e
esclarecimentos para o povo?
provava o Espiritismo e o escritor alemão, o
Por que não consigo escrever outros assuntos
Materialismo, onde buscava defesa nas
e, até mesmo, romances?”
filosofias antigas, que afirmavam que a
E, interiormente, levado pela intuição
Ve r d a d e e m s u a p r o f u n d i d a d e e r a
espiritual, ele ouvia:
desconhecida, pois só existem o ser humano e
“Precisamos ir em frente, a obra é essa e ela
suas paixões materiais. Léon deixou claro em
está apenas começando... naturalmente você
seu livro que “por amor, Deus formou os
não verá seu término, pois a obra de
seres”.
esclarecimento do Senhor é eterna. Busque a
“Muitas contradições e problemas
coragem, estamos a renovar-lhe as energias,
angustiosos que passaram a dar origem aos
enquanto Deus permitir.”
Léon Denis continuava seu esforço nos
seres viventes na Terra, perturbaram os
esclarecimentos sérios da doutrina. A questão
cientistas e analistas através dos séculos e os
dos fenômenos mediúnicos tomava vulto,
levaram a dúvidas e ao pessimismo
porque queriam os filósofos materialistas que,
exagerado, vítimas de seu próprio orgulho e
com a metapsíquica avançando, o Espiritismo
egoísmo em não querer aceitar que Deus é a
desapareceria. Léon reagia, falando e
Inteligência Suprema.”
do Ser, do Destino escrevendo. Seu tema era mostrar a diferença
Com isso, continuava o escritor em suas O Problema
e da Dor - Editora FEB
páginas:
entre Espiritismo e Metapsiquismo. Os ataques e
críticas caíam como tempestades sobre Léon. Os membros
“A evolução é lenta, mas contínua. Esse é o preparo para o
da Igreja Católica atacavam a doutrina e seus seguidores,
terreno da ciência, filosofia e religião, há uma união entre
como auxiliares do demônio. Mas Léon, com toda a
esse triângulo. Vejamos: A ciência estuda o átomo, a
dificuldade física, sentia suas energias recompostas e, por
radioatividade dos corpos, a forma assombrosa da
sua fidelidade a Kardec, foi denominado “O Apóstolo do
eletricidade e as ondas hertzianas. Como não associar os
Espiritismo”. Dizia que sua vida era inteiramente dedicada ao
estranhos e até comoventes fenômenos do parapsiquismo?
Espiritismo, porque tinha certeza de que seria essa a crença
A lenta evolução da Humanidade irá tomando consciência de
universal, a religião do futuro.
seu papel diante da vida, para atingir seu verdadeiro objetivo
Ninguém encontrava fatos, na vida de Léon, que
através dos sistemas filosóficos, com os estudos feitos por
pudessem trazer provas para as maldades que inventavam a
Sócrates, Platão e outros filósofos enviados por Deus para o
seu respeito.
progresso do conhecimento humano.
Léon dizia, para os caluniadores, que sua vida seria
Não havendo a profundidade dessas pesquisas, a solução
sempre um livro aberto. Ele tinha convicção do que falava,
dos problemas materiais do destino humano ficará sem
era honesto, nunca tivera favorecimentos ilícitos. Não havia
maiores explicações.”
Embora as divergências entre os estudiosos sobre
terminado curso algum que lhe desse título em formações
Espiritualismo e Materialismo provocassem grandes
acadêmicas. Obtivera todo o conhecimento, que
polêmicas, essa obra de Léon Denis deu-lhe êxito,
demonstrava, pela formação na escola da vida. Por isso, ele
amplamente comentado em todos os jornais e revistas
pouca importância dava para o que diziam de sua vida
principais da França como: A Revue Spirite, Vie Nouvelle, Le
particular. Mas, com relação à doutrina, ele exigia respeito e
Mercure de France, L’Echo de Paris. Todos elogiavam a
não permitia ataques sem provas de sabedoria para com as
escrita clara e elegante de Léon. Sem ferir princípio algum,
leis divinas.
elucidava os pontos-chaves do escritor alemão, ao defender
Léon Denis doava-se, inteiramente, de cérebro e coração
o materialismo explicado pela redundância do “nada”, na
para fazer luz na escuridão humana.
sobrevivência humana.
Final da Segunda parte.
A vida de Léon, como escritor, esbarrava no grave
Eloísa
Bibliografia
! Léon Denis, O Apóstolo do Espiritismo Sua
Vida, Sua Obra - Gaston Luce, Tradução
José Jorge, Editora CELD, 1ª ed., 2003.
! Grandes Espíritas do Brasil - Zêus Wantuil,
Editora FEB, 1ª ed., 1969.
! Imagens:
_
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Segunda-feira a Sábado
Seareiro
Família
familia
Hoje Contigo
“Não olvides que permanecem hoje, contigo, as sombras
que trazes de ontem para a regeneração do próprio destino.”
Somos espíritos milenares.
Desde o ato de nossa criação, até ontem, viemos juntando
sombras pelo nosso caminho, de diferentes formas.
São os rancores e ódios que não soubemos controlar e
deixamos fermentar em nosso espírito e, como nos diz o
Evangelho, um pouco de fermento leveda a massa toda.
Devemos fazer uma análise sincera de como somos
verdadeiramente. Quais são os nossos defeitos, de que forma
tratamos aqueles que nos rodeiam, quais são as nossas culpas
por tudo o que acontece à nossa volta.
Quando nos conhecermos de verdade, poderemos começar
a trabalhar a nossa própria modificação.
Isto demanda coragem!
“Evidenciam-se, a cada passo, impondo-te os problemas
que te assaltam a marcha, propondo-te aprimoramento e
progresso, trabalho e melhoria.”
Interessante a visão de Emmanuel sobre os problemas que
nos rodeiam. Ao invés de considerá-los como empecilhos para
a nossa caminhada, ele os elege (os problemas) à condição de
combustível para o nosso progresso.
Se a cada obstáculo com que nos defrontarmos, colocarmos
todo o nosso empenho para ultrapassá-lo, estaremos em
atividade, aprendendo e progredindo.
E quando estes obstáculos se situarem no campo moral,
quais sejam, o egoísmo, o orgulho e a vaidade, dentre outros,
ao superarmos, estaremos evoluindo espiritualmente.
“São elas, quase sempre: o berço menos feliz em que
renasceste; o corpo enfermiço que te serve de residência; o
campo atormentado da consanguinidade incompreensiva em
que experimentais angústias e solidão; o posto social apagado
e triste, recomendando-te humildade; o carinho recusado e
envilecido pela deserção de quantos te mereceriam afetividade
e confiança; o esposo difícil; a companheira complicada; os
filhos que se desvairam nos labirintos da ingratidão; os amigos
que fogem; o trabalho de sacrifício, em desacordo com as
próprias aspirações; e, sobretudo, a insatisfação na própria
alma, denunciando-te os desajustes da consciência.”
Neste parágrafo Emmanuel menciona todas as sombras que
nos cercam e quais são as que carregamos dentro de nós e que
mais pesam e requisitam a nossa atenção, senão as nossas
relações familiares.
Desde que reencarnamos, lutamos por vencer os
obstáculos que nos são apresentados. A família que nos
acolhe nem sempre é formada por seres angelicais, mas
precisamos aprender a conviver com aqueles a quem Deus
nos oferece a oportunidade para refazer os laços de amor.
O corpo físico no qual renascemos, hoje se apresenta
sob a manifestação desta ou daquela enfermidade, por
culpa dos nossos abusos das mais diferentes ordens.
E o que falar da família constituída por nós, através dos
laços matrimoniais, e que não corresponde às nossas
ambições afetivas?
Esposo ou esposa e filhos que acabam se mostrando
arredios ou desequilibrados, evitando ou não entendendo a
nossa necessidade de carinho.
Todas essas “sombras”, que semeamos durante séculos,
hoje compartilham conosco do mesmo teto para que
possamos, através da luz do Evangelho de Jesus, iluminar a
todos, mas, principalmente, o nosso interior com tolerância,
paciência e respeito vividos.
“À frente de semelhantes sinais, unge-te de coragem e
escuda-te na paciência incansável, oferecendo o bem pelo
mal para que a luz vença a treva em teu caminho, porque se
a evolução pede esforço, a redenção exige renúncia, se
quisermos fitar novamente o sol do pensamento tranquilo.”
Precisamos nos utilizar da alavanca da coragem de servir
e viver, para que jamais desanimemos diante das lutas e
provas, pois elas são necessárias para o nosso
melhoramento próprio.
Devemos perseverar sempre, espalhando o bem a todos
aqueles que nos rodeiam, principalmente para aqueles que
mais nos reclamam a atenção através dos seus
desequilíbrios, porque só assim iluminaremos não só os
caminhos deles, mas também o nosso.
O que Deus nos pede é o esforço da renúncia dos nossos
instintos e que desenvolvamos o sentimento de amor, uns
para com os outros.
Só assim conseguiremos a tão falada consciência tranquila.
“Lembra-te de que a dificuldade de agora é a
1
enquistação dos nossos erros no antes, rogando
entendimento e bondade para que a alegria e a vitória
venham felicitar-nos depois.”
Jesus nos recomendou que seguíssemos os Seus exemplos
de amor ao próximo, pois assim, o fardo se tornaria leve.
Todas as dificuldades, que encontramos em nossa vida,
decorrem de nossa própria teimosia em permanecer nos
erros que nos trazem tanta infelicidade e sofrimento, mas
quão grande é a felicidade daquele que se reconcilia com
alguém que estava afastado por rancor ou ódio. É mais um
irmão que pode ser contado como companheiro.
Esta é a alegria prometida por Jesus, a alegria espiritual!
Trabalhemos com paciência, resignação e coragem e
conseguiremos, um dia, abraçar aquele familiar difícil ou
aquele companheiro afastado, numa união fraternal.
Wilson
___________________________
1
Enquistação: processo pelo qual se forma a pérola, ou seja, o objeto
vai sendo envolvido por camadas. No texto, é usado no sentido de
que fomos envolvendo os nossos erros com várias camadas de
orgulho e, hoje, encontramos dificuldade de remover estas camadas
e eliminar os erros.
Bibliografia: Família - Francisco Cândido Xavier - Espíritos
Diversos, Editora CEU, 3ª ed., 1981.
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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
11
Contos
contos
Nasce o Senhor
Maria despertou, da longa noite de sono, em sua casinha
pobre, em Nazaré.
Lembrava-se de que, à noite, se desprendera do corpo
físico e fora ter com um jovem de belos traços, cabelos
longos, olhos tão verde-azuis quanto os seus.
— Você,... é Jesus?! — perguntara.
Ele confirmou, num gesto silencioso, beijando-lhe
enternecidamente as mãos.
Maria sentia-se deslumbrada e profundamente tímida.
Estava em um jardim de flores que cintilavam quais estrelas
do firmamento.
— O que me dá direito de vir ter a este paraíso?!
— Maria, minha mãe, devo cumprir as Leis Divinas e, por
isso, busco o seu ventre, para ter um corpo humano, a fim de
que possa manifestar-me entre os homens.
— Filho, não posso dar-lhe o conforto necessário! Sou
pobre e minha casa é simples!
— Sei disso, e na Terra farei a vontade de Nosso Pai
Celestial.
— Mas... você é o Governador da Terra!
O Senhor lhe sorriu, esclarecendo:
— Não disputo as glórias humanas, transitórias e
passageiras! Irei ao encontro dos que aspiram crescer
espiritualmente e oferecerei gratidão aos propagadores da
mensagem do Deus único.
Minha mãe, você sofrerá com meus sofrimentos. Contudo,
jamais se rebele com o que os homens confundidos me
imporão de sacrifícios. Em tempo algum, não deixe de
perdoá-los e compreendê-los.
Maria esquece a cena emocionante, ao ouvir José,
visivelmente transtornado, entrando pelo dormitório.
— Que houve, José?!
— Ah! Os romanos trazem a
notícia de um tal de recenseamento
ordenado pelo imperador romano! E
deveremos voltar a Belém, terra de
nossos pais, para cumprir a ordem
do Imperador. Justo nestas últimas
semanas de gravidez!
— Meu querido José! Lembremonos de que o imperador romano
também é inspirado por Deus, como
qualquer um de nós. Cabe-nos
atender-lhe as ordenações, sem
rebeldia.
Eu estou bem! Afinal, gravidez
não é doença! E, além disso,
levaremos este nosso filho a outras
regiões desta nossa abençoada
terra, já que estamos a serviço do
Senhor!
José inspirou fundo e sorriu:
— Minha doce e resignada Maria!
— Sabe, José... meu coração diz
que Belém será o berço de nosso
filho e que o Pai Celestial quer que
assim seja.
E, após ligeira pausa, inteirou:
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— Belém significa "de onde vem o pão". Será que não
estamos indo, para lá, para cumprir alguma profecia e,
também, a fim de que todos saibam que de Belém vem o Pão
da Vida, nosso filho Jesus?
***
O casal chega em Jerusalém.
Ambos atentos, caminham pelas estreitas e agitadas ruas,
a caminho do Templo de Jerusalém. Chegando lá, Maria
confidencia a José:
— José, tenho em meu coração algo que diz que o nosso
Filho andará por aqui, trazendo mensagens de ânimo e de fé
no Pai Celestial.
— Você... acha que ele será um sacerdote?!
— Não! O nosso Filho deverá revelar um novo mundo de
esperanças a todos estes sofredores que temos debaixo de
nossos olhos! E, cumprindo a vontade celestial, Jesus será a
porta para todas estas ovelhas abandonadas e confundidas!
— Você acredita que ele... será um rei ou, então, o
principal entre os sacerdotes do templo?
— Não creio nisso, José! Ele não virá, entre os homens,
para possuir um trono, à semelhança dos príncipes de nosso
tempo. Não deverá impor-se pela política religiosa ou
humana, trazendo morte, suor e lágrimas, qual temos visto
ao longo de nossos dias.
Jesus será o Príncipe da Paz! Virá para salvar-nos do
egoísmo e do orgulho, convocando-nos aos serviços
regeneradores.
***
José parou, suspirou fundo e anunciou:
— Belém, a cidade de David!
O casal, visivelmente exausto, com Maria arfando, mas se
sentindo feliz, contemplava o casario baixo e as ruas
irregulares daquele vilarejo.
Desceram pelas ruelas fervilhantes de forasteiros e de
outros peregrinos, que ali estavam para atender à
convocação do imperador romano
na realização do censo.
O carpinteiro, solícito, amparava
Maria, buscando um lugar onde
ficar.
Uma busca quase inútil! Batiam
de porta em porta para serem
acolhidos. Mas eram tantos os
forasteiros, que nenhuma família os
recebeu.
Finalmente, entraram em uma
estalagem modesta e ali
procuraram o estalajadeiro, que
perguntou:
— O que vocês querem?
— Queremos um abrigo em sua
estalagem — respondeu José.
— Abrigo?! Aqui na estalagem?!
Hoje?!
— Sim, meu senhor. A minha
mulher está grávida e necessitamos
de um lugar para o repouso e para o
parto.
— Desculpem... mas...
— Veja, senhor — insistiu José —
Se fosse só por mim e se não fosse a
gravidez de minha mulher, o céu me
Seareiro
seria um teto.
— Mas, o que você quer que eu faça, homem? Estes
todos, que aqui estão, também buscam um abrigo!
— Suplico-lhe, pelo amor de Deus! — insistiu o carpinteiro.
O estalajadeiro suspirou, contrariado.
Demorou-se, porém, a examinar Maria e, por razões que
ele desconhecia, comoveu-se diante da insistência de José e
informou:
— Infelizmente, só disponho da estrebaria, que fica nos
fundos de minha estalagem! Se servir...
— Aceitamos! — confirmou José, fitando Maria.
— Sigam-me, então!
José e Maria seguiram-no e, após alguns passos, eis que
o estalajadeiro lhes apresentou o pouso dos animais, repleto
de palhas e de sujeiras.
— Infelizmente, é o que me resta! — desculpou-se o
homem — Se quiserem, podem instalar-se aqui!
— Somos-lhe profundamente agradecidos. — confirmou
Maria — Já que estes animais nos aquecerão, libertando-nos
do frio, e estas palhas serão o nosso dadivoso leito.
O estalajadeiro afastou-se.
— Maria — começou José, quase timidamente — você viu
bem onde estamos?
— Claro que sim, José!
— Estamos entre animais, Maria! E, no seu ventre, nesta
hora, está o nosso Senhor e Mestre! Será isto que
poderemos ou deveremos ofertar-lhe?!
— Querido! Estes animais são, também, criados pelo Pai
Celestial! Estão, assim, sob o amparo do carinho divino! E, se
eles podem pernoitar na estrebaria, por que não poderemos
nós aceitar o que eles também aceitam?
***
José demorou-se a ver no céu a lua cheia, transbordando
em raios de prata, como a beijar toda a paisagem da Terra em
sublime serenidade.
Entrou novamente na estrebaria e revelava-se intranquilo.
— Acalme-se, querido! — convidou Maria, num sorriso de
ternura — Estamos abrigados no amor de Deus.
O carpinteiro ajeitava palhas no chão.
— Antes que nos perturbemos, José, convém que nos
dirijamos ao Pai Celestial, por estarmos sob a bênção deste
estábulo.
Ele suspirou e aconchegou-se a Maria.
— Oh! Pai! Rogamos-lhe, Senhor do
Universo, abençoar o coração de nosso
estalajadeiro que nos acolheu nesta hora,
confiando-nos à companhia destas suas
outras criaturas, tão dóceis e tão graciosas.
Os animais como que se asserenaram
ainda mais, revelando-se tranquilos, olhares
serenos.
Maria, de súbito, levou a mão ao seu
ventre e sorriu.
— É chegada a hora, José!
— Deus meu! Só temos um chão de
palhas! E nem um leito para quem vai nascer!
Como poderá o Filho de Deus nascer entre
nós... nesta estrebaria?
Maria sorriu, sentindo o parto.
— José, a luz do Sol pode visitar o pântano
e, mesmo aquecendo os vermes que lá
estejam, continua sempre sendo luz!
— Mas... aqui?!
— Quem chega... nesta hora... não rejeita
a miséria e nem teme a pobreza, José! E não
escolheu um palácio para vir a este mundo
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
em missão de amor e misericórdia.
Maria, lágrimas de alegria a banhar-lhe as faces, sentia-se
integrada com as Esferas Mais Altas do Universo e, num
dado momento, a sua alma amorosa exalava perfumes e
radiações tão sublimes que a própria Natureza como se
aquietou, naquele instante augusto.
De seu ventre, vinha Jesus!
E, entre o suor maternal, com gotas de orvalho a descerlhe pelo aveludado semblante, descerrou as cortinas deste
mundo para o Cristo de Deus.
Jesus nascera!
A singela estrebaria, naquele momento, repletou-se de
luzes do Mais Alto e, no íntimo de sua alma, Maria ouvia os
cânticos de louvor das Almas Purificadas, a emoldurarem a
lição de humildade, de renúncia e de amor do Filho de Deus.
José, em silêncio, trouxe-lhe alva túnica.
Maria-mãe, naquele instante, envolve Jesus na túnica e,
beijando a criança na fronte, ergue-se e toma a direção da
manjedoura.
José estremece e diz:
— Você vai usar a manjedoura como leito... onde comem
os animais?!
— Agora, não são apenas os animais que se alimentam
aqui, José! Jesus, nosso Filho, se oferece como um pão
espiritual do mundo! Aqui está para nutrir, com humildade, a
todos os que tenham fome de amor e de misericórdia.
As mãos carinhosas de Maria-mãe, afagam o filho muito
amado e confessa:
— Sou sua mãe e serva!
José contempla aquele quadro que jamais esquecerá.
E o carpinteiro, em lágrimas, contempla Jesus e,
enternecido, sussurra inteiramente integrado ao
acontecimento:
— Este é o sol de uma nova aurora, revelando novos
caminhos aos que andavam em trevas.
O carpinteiro abraça-se a Maria e ambos, ternamente
enlaçados, erguem preces de gratidão!
Texto adaptado por Silvana
Bibliografia: Maria de Nazaré - Roque Jacintho - capítulos de 6 a 9,
Editora Luz no Lar, 6ª ed., 1998.
Imagem: http://www.newline.com/viewpic.php?dlid=2206
http://www.newline.com/viewpic.php?dlid=2206
13
Kardec em Estudo
kardec
em
estudo
Os Espíritos durante o Combate
O Livro dos Espíritos - Livro II
Capitulo IX - “Intervenção dos Espíritos no Mundo Corporal”
Questão 541: Durante uma batalha, há Espíritos assistindo os
combates e amparando cada um dos exércitos?
“Sim, e que lhes estimulam a coragem.
Os antigos figuravam os deuses tomando o partido deste ou
daquele povo. Esses deuses eram simplesmente Espíritos
representados por alegorias.”
Questão 542: Estando, numa guerra, a justiça sempre de um
dos lados, como pode haver Espíritos que tomem o partido dos
que se batem por uma causa injusta?
“Bem sabeis haver Espíritos que só se comprazem na discórdia
e na destruição. Para esses, a guerra é a guerra: a justiça da
causa pouco os preocupa.”
Questão 543: Podem alguns Espíritos influenciar o general na
concepção de seus planos de campanha?
“Sem dúvida alguma. Podem influenciá-lo nesse sentido, como
com relação a todas as concepções.”
Questão 544: Poderiam maus Espíritos suscitar-lhe planos
errôneos com o fim de levá-lo à derrota?
“Podem; mas, não tem ele o livre-arbítrio? Se não tiver critério
bastante para distinguir uma ideia falsa, sofrerá as
consequências e melhor faria se obedecesse, em vez de
comandar.”
Questão 545: Pode, alguma vez, o general ser guiado por uma
espécie de dupla vista, por uma visão intuitiva, que lhe mostre de
antemão o resultado de seus planos?
“Isso se dá amiúde com o homem de gênio. É o que ele chama
inspiração e o que faz que obre com uma espécie de certeza.
Essa inspiração lhe vem dos Espíritos que o dirigem, os quais se
aproveitam das faculdades de que o veem dotado.”
Questão 546: No tumulto dos combates, o que se passa com os
Espíritos dos que sucumbem?
Continuam, após a morte, a interessar-se pela batalha?
“Alguns continuam a interessar-se, outros se afastam.
Dá-se, nos combates, o que ocorre em todos os casos de morte
violenta: no primeiro momento, o Espírito fica surpreendido e
como que atordoado. Julga não estar morto. Parece-lhe que
ainda toma parte na ação. Só, pouco a pouco, a realidade lhe
surge.”
Questão 547: Após a morte, os Espíritos, que como vivos se
guerreavam, continuam a considerar-se inimigos e se
conservam encarniçados uns contra os outros?
“Nessas ocasiões, o Espírito nunca está calmo. Pode acontecer
que nos primeiros instantes depois da morte ainda odeie o seu
inimigo e, mesmo, o persiga. Quando, porém, se lhe restabelece
a serenidade nas ideias, vê que nenhum fundamento há mais
para sua animosidade. Contudo, não é impossível que dela
guarde vestígios mais ou menos fortes, conforme o seu caráter.
a) Continua a ouvir o rumor da batalha?
Perfeitamente.”
Questão 548: O Espírito que, como espectador, assiste
calmamente a um combate, observa o ato de separar-se a alma
do corpo? Como é que esse fenômeno se lhe apresenta à
observação?
“Raras são as mortes verdadeiramente instantâneas. Na
maioria dos casos, o Espírito, cujo corpo acaba de ser
mortalmente ferido, não tem consciência imediata desse fato.
Somente quando ele começa a reconhecer a nova condição em
que se acha, é que os assistentes podem distingui-lo, a moverse ao lado do cadáver. Parece isso tão natural, que nenhum
efeito desagradável lhe causa a vista do corpo morto. Tendo-se
a vida toda concentrado no Espírito, só ele prende a atenção dos
outros. É com ele que estes conversam, ou a ele é que fazem
determinações.”
Os combatentes antes de irem para a guerra pediam
proteção aos deuses, os sacerdotes abençoavam as armas.
Os soldados pediam a proteção do mais Alto. Realmente
existe a interferência de espíritos num campo de batalha.
Espíritos superiores dão assistência àqueles que estão feridos
e, quando possível, aos que sucumbem na luta.
Também há presença de espíritos que se comprazem na
discórdia e destruição. Para esses, a guerra é oportunidade
para que satisfaçam os seus instintos de discórdia porque,
para eles, a justiça pouco importa.
Os espíritos podem influenciar os generais, mas estes têm o
seu livre-arbítrio, e como cada criatura tem vontade própria, irá
decidir pelo certo ou errado, conforme sua concepção moral.
Este general será intuído pelos bons ou maus espíritos, mas
opinará por aqueles espíritos aos quais se ajustou a vida toda.
Numa guerra, raras são as mortes verdadeiramente
instantâneas, muitos não se dão conta do acontecido.
Entre os espíritos que sucumbem durante um combate,
muitos não se dão conta do desencarne e continuam lutando,
como quando vivos, ouvindo os rumores da guerra e
considerando-se inimigos uns dos outros. Como em todo
desencarne violento, o espírito nunca está calmo e, mesmo
depois da morte, continua a odiar seus inimigos. Quando,
porém, consegue um pouco de serenidade nas ideias,
dependendo do seu caráter, pode ou não guardar vestígios de
rancor. Espíritos socorristas aguardam pacientemente o
momento adequado para tirar estes espíritos do estado em
que se encontram e conduzi-los a tratamento.
IV Semana de
30 de Março a 4 de Abril 2009
19h30 - Passe / 20 horas - Palestra
Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”
Rua das Turmalinas, 56 / 58 - Diadema - SP - (11) 4044-5889
14
Seareiro
A guerra ainda faz
parte da evolução do
homem, e por mais que
se faça, na política, no
comércio, na ciência, na
aproximação entre os
povos o trabalho e a
evolução dos direitos
individuais, os homens
não conseguem resolver
o problema da paz,
porquanto a guerra,
“monstro de mil faces
que começa no egoísmo
de cada um, que se
corporifica na discórdia
do lar, e se prolonga na
intolerância da fé, na
vaidade da inteligência e
no orgulho das raças,
alimentando-se de
sangue e lágrimas,
violência e desespero,
ódio e rapina, tão cruel
entre as nações
supercivilizadas do
século XX, quanto já o
e r a n a c o r t e
obscurantista de
Ramsés II, somente
desaparecerá quando o
Evangelho de Jesus
iluminar o coração
humano, fazendo que os
habitantes da Terra se
amem como irmãos.”
(trecho extraído do livro
“Religião dos Espíritos”,
capítulo “O caminho da
paz”)
“Quando os homens
compreenderem a
justiça e praticarem a lei
de Deus. Nessa época,
todos os povos serão
irmãos.” (Questão 743
de “O Livro dos
Espíritos”)
Para isso será
necessário o esforço de
cada um de nós,
buscando implantar a
paz dentro de nossos
lares, o respeito e o amor
no coração de nossos
familiares, através de exemplos.
A paz deve começar dentro de cada lar.
“O lar é uma célula do mundo.” (Emmanuel)
Um mundo construído de células doentes não pode ser um
mundo sadio...
Que Jesus nos ampare para que possamos ajudar a ter um
mundo melhor.
Ruth
Bibliografia: O Livro dos Espíritos - Allan Kardec, Tradução de Guillon
Ribeiro, Editora FEB, 69ª ed., 1987.
Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”
Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª às 20 horas
3ª e 6ª às 15 horas
Domingo às 10 horas
Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniões
Atendimento às Gestantes: 2ª às 15 horas
Artesanato: Sábado das 14 às 17 horas
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
Tratamento Espiritual: 2ª e 4ª às 19h45
3ª e 6ª às 14h45
Rua das Turmalinas, 56 / 58 - Jardim Donini - Diadema - SP
15
Clube do Livro
clube
do
livro
Mudança de Rumo
Mudança interior, aprimoramento do espírito e a busca de
podermos, no dia-a-dia, melhorar algo, corrigindo nossas
imperfeições.
Diante do pensamento espírita e a ideia da reencarnação,
relata toda a responsabilidade deste conhecimento na busca
da evolução espiritual.
Com sua linguagem acessível, o autor nos chama à
realidade, fazendo com que reflitamos sobre os nossos atos
cotidianos e suas consequências no futuro.
Pois foi o que ocorreu com Belizário, o protagonista de um
enredo que poderia ser o nosso. Após entrar em coma, por
segundos, pôde rever vários pontos de sua atual existência.
O melhor de tudo foi o efeito dessa experiência de quasemorte em Belizário.
E nós, precisaremos de um coma para acordarmos para a
vida?
Como vocês verão, depende mesmo só de nós!
Rosangela e Marcelo
“O homem sempre poderia
vencer suas más tendências
mediante seus próprios
esforços?
Sim, e às vezes com pouco
esforço. O que lhe falta é a
vontade. Ah! Como são
poucos os que se esforçam
entre vós!” (Questão 909, de
O Livro dos Espíritos).
Esta questão vem em
destaque em uma das
primeiras páginas do livro
enviado aos associados do Clube do Livro Espírita “Joaquim
Alves (Jô)”, no mês de setembro de 2008, e retrata, de uma
forma resumida, o conteúdo da mensagem principal que o
autor nos traz em sua obra.
Pegadas de Chico Xavier
pegadas
de
Richard Simonetti
Editora CEAC
208 páginas
1ª edição - 2008
chico
xavier
Fatos Pitorescos
Relataremos um fato acontecido com Chico, já divulgado em
muitos periódicos espíritas e livros escritos pelos amigos do médium.
Certa feita, estando em obras a caixa d´água da casa de Chico e
esta localizada ao lado de seu quarto de dormir, preocupado pelas
visitas espirituais que sempre se sucediam no período noturno,
resolveu para sua tranquilidade deixar um bilhete na porta do quarto
embargado com a reforma, o seguinte:
“Se algum amigo espiritual quiser visitar-me esta noite, terei
imenso prazer de recebê-lo; no endereço ao lado, estarei nesse
cômodo da casa. E muito prestativo, desenhou uma seta indicando a
outra porta.”
E completava o bilhete:
“Amanhã, estarei de retorno no quarto de sempre”, e despediu-se:
Jesus nos abençoe, com todo carinho, despeço-me agradecido.
***
Outro fato interessante e pitoresco da vida desse médium fabuloso
e também muito conhecido do público eram as dúvidas de Chico,
como esta:
Aproximando-se dele uma senhora que estava em visita ao Grupo
Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais, ela amavelmente foi
cumprimentá-lo e ouviu de Chico essa pergunta:
— Desculpe-me, minha senhora, mas estou numa dúvida muito
grande e preciso saber: a senhora está viva ou está chegando do
mundo espiritual?
— Chico, por favor, eu estou no mundo dos vivos, assim como você,
não me assuste...
E Chico meio constrangido beijou as mãos da senhora e,
intimamente, dizia:
— Graças a Deus.
Esse acontecimento era comum na vida dele, confundir os vivos
com os espíritos desencarnados, tanto era a sua vivência com o
mundo espiritual.
***
16
C h i c o
sempre amou as
flores.
A entrada de sua casa era
formada por belas roseiras. Ele as cuidava
com muito carinho.
Era comum vê-lo conversando com plantas
e com os animais que conviviam em sua casa.
Certa feita, o jardim foi inundado de
formigas, que ávidas destruíam as roseiras
deixando-as quase sem folhas. O pessoal da
casa queria comprar "formicida", para acabar
com elas. Já haviam encontrado um imenso
formigueiro, que era o habitat das formigas.
Informaram ao Chico o que seria feito. Ele
ficou profundamente preocupado. Como ele
sabia que o ataque das formigas era à noite,
após o término da reunião, ele vendo a
quantidade de formigas que agiam nas
roseiras, abaixando disse:
Seareiro
— Aviso a vocês minhas irmãs, que embora eu
respeite muito as suas tarefas, sou obrigado a pedir
para que vocês deixem esse jardim, porque senão uma
grande tempestade vai cair sobre vocês. Não voltem
mais aqui. Chico fez isso por várias noites e ele
percebeu, aliviado, que quase todas abandonaram o
que faziam. E ele encerrava contando a todos que as
poucas formigas que restavam tiveram que
desencarnar, envenenadas, porque eram subversivas.
***
Sobre doação de órgãos:
P: — Chico você acha que o espírita deve doar as
suas córneas? Não haveria nesse caso repercussões
para o lado do perispírito, uma vez que elas devem ser
retiradas momentos após a desencarnação do
indivíduo?
R: — Sempre que a pessoa cultive desinteresse
absoluto em tudo aquilo que ela cede para alguém, sem
perguntar ao beneficiado o que fez da dádiva recebida,
sem desejar qualquer remuneração, nem mesmo aquela
que a pessoa humana habitualmente espera com o nome
de compreensão, sem aguardar gratidão alguma, isto é, se
a pessoa chegou a um ponto de evolução em que a noção
da posse não mais a preocupa, esta criatura está em
condições de dar, porque não vai afetar o perispírito em
coisa alguma.
No caso contrário, se a pessoa se sente prejudicada por
isso ou aquilo no curso da vida, ou tenha receio de perder
utilidades que julga pertencer-lhe, esta criatura traz a
mente vinculada ao apego a determinadas vantagens da
existência e, com certeza, após a morte do corpo, se
inclinará para reclamações descabidas, gerando
perturbação em seu próprio campo íntimo. Se a pessoa
tiver qualquer apego à posse, inclusive dos objetos, das
propriedades, dos afetos, ela não deve dar, porque ela se
perturbará.
(Entrevista concedida à Folha Espírita n° 104 em novembro
de 1982.)
Érica
Imagem:http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/images/xavier10.jpg
Livro em Foco
livro
em
foco
Indulgência
“A indulgência é a outra
face da caridade; vejamos...”
Assim começa este livro
que, fazendo referência ao
capítulo XIII, item 15 de “O
Evangelho Segundo o
Espiritismo”, nos recomenda
que pratiquemos, pelo
menos, a caridade da
indulgência.
Sabemos observar e
analisar todos os erros e
defeitos daqueles que nos
rodeiam. Julgamos e
condenamos sem nem um pingo de piedade, mas o que
exemplificou Jesus foi a indulgência, ou seja, verificarmos
aonde há o erro e procurarmos as causas para ajudarmos
àquele que erra.
Saibamos olhar esta face da caridade!
Deus nos oferece tantas bênçãos a todos os momentos.
Desde a oportunidade da reencarnação, o ar que
respiramos, o lar que nos abençoa, o amigo que nos ampara,
o pão que nos alimenta, a ideia, o sentimento, o trabalho, o
repouso, ... Diante de tudo isso, menciona Emmanuel:
“Ante a Eterna Indulgência com que o Céu te acompanha,
Tema Livre
tema
Somos Sadios?
No que tange à nossa saúde, somos irresponsáveis sob
todos os aspectos. Diante das enfermidades que nos
acometem, procuramos, nos facultativos da medicina, a
tentativa de aliviarmos nossas dores ou a nossa cura;
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
Francisco Cândido Xavier
pelo espírito Emmanuel
Editora IDE - 102 páginas
1ª edição - 1980
sê também complacente e usa a misericórdia para que a Paz
Divina permaneça contigo, à maneira de luz que te guarde
hoje e sempre.”
Com esta frase, o autor espiritual faz a introdução dos
temas que são abordados em vinte capítulos, nos quais
comenta sobre o nosso pouco merecimento perante todas
dádivas e Misericórdia recebidas do Pai.
Precioso livro para estudos e reflexões, individuais ou
coletivas, pois oferece rico material para o fortalecimento de
nossa fé e esperança, através de frases que orientam e
socorrem aqueles que buscam entender os mecanismos da
Vida, tais como:
“Recorda que a dor, a luta, a enfermidade e o desencanto
são instrutores da verdade que nos salvará, soberana, e por
isso, transportando contigo o madeiro de tuas penas, pede
ao Senhor ombros fortes para sustentá-lo, de vez que, qual
aconteceu com o Divino Mestre, é dos braços de tua própria
cruz que desferirás o voo divino à Vitoriosa Imortalidade.”
Se sofremos dores físicas e morais, orientam as lições
deste livro que tudo é consequência de um passado de erros
que hoje se refletem e que o único “remédio” para aplacar a
revolta em que nos debatemos é a caridade:
“Cada sofrimento é uma sombra que estendeste no passado
e que volta ao presente, a fim de que a transformes em luz.”
Procuremos o estudo destas lições para que, fortalecidos
em nossa fé, continuemos na jornada que nos compete.
Vitório
livre
entretanto, quantas vezes deixamos de seguir as orientações
médicas, abandonando os remédios e as dietas, assim como
as indicações de nosso controle emocional e, muitas vezes,
as necessidades de uma atividade física e dos
conhecimentos da medicina, que são frutos do trabalho
incansável de inúmeras criaturas que se dedicaram e se
dedicam, ao longo do tempo, em pesquisas para o bem da
17
Reproduziremos um pequeno trecho
Humanidade, sob a inspiração da Sabedoria
relatado por André Luiz, no livro “Libertação”,
Divina que infantilmente desprezamos.
psicografado por Francisco Cândido Xavier,
Incontáveis também são as criaturas que,
onde o instrutor Gúbio faz um esclarecimento
assim como nós, só se lembram do Nosso Pai
sobre a vontade que está entrelaçada com a
Celestial nos momentos da dor maior, após terem
mente.
recorrido à medicina sem muito sucesso e
“Dirija um homem a sua vontade para a
esperam sempre por uma manifestação
ideia de doença e a moléstia lhe responderá
milagrosa, no campo religioso.
ao apelo, com todas as características dos
Mesmo estando a medicina sob a inspiração da
moldes estruturados pelo pensamento
Sabedoria Divina, esses operários da
enfermiço, porque a sugestão mental positiva
Humanidade esbarram na vaidade e no orgulho,
determina a sintonia e receptividade da região
assim como todos nós, pois trabalham ainda na
orgânica, em conexão com o impulso havido,
superfície da solução dos problemas, observando
e as entidades microbianas, que vivem e se
apenas a parte física do ser, esquecendo que o
reproduzem no campo mental dos milhões de
espírito preside o corpo e longe estão de
pessoas que as entretêm, acorrerão em
promover a cura real das várias enfermidades que
massa, absorvidas pelas células que as
fazem parte de nosso estado evolutivo.
Libertação - Editora FEB
atraem, em obediência às ordens interiores,
No campo religioso, existem problemas
reiteradamente recebidas, formando no corpo e enfermidade
maiores, porque muitos sofredores são ludibriados por
idealizada”.
promessas de curas quando elas não podem acontecer,
Como podemos observar nesta colocação, a criatura já
provocando, dessa forma, a descrença de muitos na
tem a mente desequilibrada voltada para a ideia de doenças
existência de Deus o que retarda, ainda mais, o crescimento
que, por sua vez, acabarão se instalando por ela manter os
moral das criaturas.
pensamentos constantes na enfermidade. Outra informação
Catalogar ou enumerar todas as enfermidades, aqui, seria
interessante que ele nos mostra é que a nossa mente, além
impossível, pois nos falta conhecimento e a própria medicina
de outras inúmeras funções, é também um emissor e ao
possui esta dificuldade, pois que, a cada dia, novos
mesmo tempo receptor de energias (visto que o pensamento
diagnósticos são realizados.
é energia) e, no caso em questão, os pensamentos
Não é nossa intenção abordarmos, aqui, a cura ou não, de
enfermiços de uma pessoa entram em sintonia com tantos
determinadas doenças, mas uma coisa é fato: ninguém
outros pensamentos iguais, que promovem, de forma mais
poderá fazer promessas de cura.
agressiva, a instalação da moléstia
As curas podem acontecer, mas nós não sabemos em que
Devemos lembrar também que quando mantemos
momento ou se elas ocorrerão; devemos sempre lembrar
pensamentos constantes na revolta, na cólera, na angustia,
que cada criatura é um ser individual, com as suas próprias
no melindre, no ódio, no pessimismo, na indignação e em
experiências, débitos ou créditos, aquisições essas
tantos outros defeitos morais, estamos, da mesma forma, em
acumuladas em seu passado milenar e no presente e, por
sintonia com milhares de pensamentos, iguais aos nossos,
isso, as enfermidades manifestam-se em cada criatura de
que acabam produzindo fluidos deletérios em nossa mente
forma diferenciada, estando a cura ou não, de cada um,
que, por sua vez, se refletem em nosso organismo físico,
subordinada a uma programação a cumprir, que dependerá
através das enfermidades.
de sua conduta moral no presente e no tempo de resgate
Emmanuel no livro “Fonte Viva”, psicografado por
referente ao seu passado, com vistas ao futuro e cujo
Francisco Cândido Xavier, nos deixou uma elucidação de
conhecimento só a Deus pertence. Aí entrará a nossa fé e a
extrema valia quanto ao assunto e que devemos manter em
vontade sincera de mudar nosso interior (onde reside as
nós, intitulada: “Estás doente?”, que transcreveremos
causas de nossas enfermidades, na mente) e, por isso,
abaixo, encerrando o que desejamos transmitir, ou seja, nos
promessas não podem ser feitas. Como o próprio Cristo
prevenirmos contra as doenças ou procurarmos a cura real e
falava “a tua fé te curou”, Ele não prometia as curas e,
não as ilusórias promessas.
recomendava: vá e não peques mais, ou seja: siga uma vida
“E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará.”
moral irrepreensível, não incorra nos mesmos erros do
(Tiago, 5:15).
passado para que um mal maior não lhe aconteça.
“Todas as criaturas humanas adoecem, todavia, são raros
Todo enfermo é digno de atenção e carinho e não
aqueles que cogitam (cuidam) de cura real.
desejamos discutir neste momento o problema de cada
Se te encontras enfermo, não acredites que a ação
enfermidade ou qual merece maior ou menor dedicação, mas
medicamentosa, através da boca ou dos poros, te possa
gostaríamos de salientar a necessidade de cuidarmos de
restaurar integralmente.
nossa mente e de nossos pensamentos, pois é nela que
O comprimido ajuda, a injeção melhora, entretanto, nunca
residem todas as nossas aquisições como espíritos eternos
te esqueças de que os verdadeiros males procedem do
que somos, ou seja: é o nosso maior patrimônio. Qualquer
coração.
descuido com a mesma deixará reflexos em nosso corpo
A mente é fonte criadora.
físico e não é em vão que há um ditado que diz: ”mente sã,
A vida, pouco a pouco, plasma em teus passos aquilo que
corpo são”. Quando causamos um sério desequilíbrio em
desejas.
nossa mente podemos atravessar varias encarnações para
De que vale a medicação exterior, se prossegues triste,
reajustá-la.
acabrunhado ou insubmisso.
De outras vezes, pedes o socorro de médicos humanos ou
ACEITAMOS SUA COLABORAÇÃO
de benfeitores espirituais, mas, ao surgirem as primeiras
Sua doação é importante para o custeio da postagem do Seareiro
e pode ser feita em nome do
melhoras, abandonas o remédio ou o conselho salutar e
Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança - CNPJ: 03.880.975/0001-40
voltas aos mesmos abusos que te conduziram à
Banco Itaú S.A. - Agência 0257 - C/C 46.852-0
enfermidade.
18
Seareiro
Como regenerar a saúde, se perdes longas
preparar o coração para a Grande Mudança.
horas na posição da cólera ou do desânimo? A
Desapega-te de bens transitórios que te
indignação rara, quando justa e construtiva no
foram emprestados pelo Poder Divino, de
interesse geral, é sempre um bem, quando
acordo com a Lei do Uso, e lembra-te de que
sabemos orientá-la em serviços de elevação;
serás, agora ou depois, reconduzido à Vida
contudo, a indignação diária, a propósito de
Maior, onde encontramos sempre a própria
tudo, de todos e de nós mesmos, é um hábito
consciência.
pernicioso, de consequências imprevisíveis.
Foge à brutalidade.
O desalento, por sua vez, é clima
Enriquece os teus fatores de simpatia
anestesiante, que entorpece e destrói.
pessoal, pela prática do amor fraterno.
E que falar da maledicência ou da
Busca a intimidade com a sabedoria, pelo
inutilidade, com as quais despendes tempo
estudo e pela meditação.
valioso e longo em conversações infrutífera,
Não manches teu caminho.
extinguindo as tuas forças?
Serve sempre.
Que gênio milagroso te doará o equilíbrio
Trabalha na extensão do bem.
orgânico, se não sabes calar, nem desculpar,
Guarda lealdade ao ideal superior que te
se não ajudas, nem compreendes, se não te
ilumina o coração e permanece convicto de que,
humilhas para os desígnios superiores, nem
se cultivas a oração da fé viva, em todos os teus
Fonte Viva - Editora FEB
procuras harmonia com os homens?
passos, aqui ou além, o Senhor te levantará. ”
Por mais se apressem socorristas da Terra e do Plano
Roberto Cunha
Bibliografia: Libertação - Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito
Espiritual em teu favor, devoras as próprias energias, vítima
André Luiz, Editora FEB, 12ª ed., 1986.
imprevidente do suicídio indireto.
Fonte Viva - Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel,
Se estás doente, meu amigo, acima de qualquer
Editora FEB, 22ª ed., 1998.
medicação, aprende a orar e a entender, a auxiliar e a
Cantinho do Verso em Prosa
cantinho
do
verso
em
prosa
Súplica e Louvor
Senhor!...
Aqui estamos nós para louvar-te
E agradecer-te, de alma enternecida,
Pela benção de amor com que vives conosco, em toda parte,
Por presença de luz em nossa vida.
Contigo em nós o coração descansa
E mesmo quando o dia aparece nevoento,
Eis que a Terra se faz um reino de esperança,
Uma escola de paz aos sóis do firmamento!...
Agradeço, Jesus,
Os teus olhos nos meus
Que me fazem saber, de caminho a caminho,
Que não há ser algum desprezado ou sozinho,
Que do monte mais alto ao vale mais profundo,
Todos, sem exceção, nas províncias do mundo,
Somos filhos de Deus.
Em teu discreto amparo que renova
O meu campo mental,
Aprendo hoje a ouvir todas as vozes,
Do cicio da intriga aos gritos mais ferozes,
Sem deixar-me prender às sugestões do mal!...
Esta é uma oração.
Maria Dolores, lembra-nos o quanto deveríamos
agradecer a Deus pela a eterna presença divina, em nossas
vidas, a todas as horas.
Há catástrofes, há desencarnes coletivos, dias de
angústias. Porém o nosso comportamento deveria ser de
nutrirmos esperanças que se renovam, porque, depois das
grandes tempestades, o sol volta a brilhar.
Para completar, a bondade divina permitiu a vinda de
Jesus, seu filho amado, para nos ensinar a fé e o caminho
do amor. Ele indicou aos corações solitários, encontrar no
semelhante a vontade de vencer com a presença de Deus.
Amparada pela prece, a mente enternecida deixa-se
levar pela paz, esquecendo as sugestões do mal.
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
Com tua força em minha força
Venho apagando impulsos infelizes,
E quando o peito se me desarvora,
Conquanto sofra, sei que devo agora
Converter em trabalho as minhas próprias crises.
Ao teu poder sublime,
Escolho o verbo e o modo para o bem,
A fim de que me exprima,
Sem fazer da palavra instrumento de esgrima,
Com que venha a ferir ou condenar alguém.
Com tuas mãos em minhas mãos,
Agradeço os amigos que me ofertas,
Para que eu possa cooperar
No auxílio aos que se vão sem apoio ou sem lar,
Entre as honras de angústia e as estradas desertadas!...
Não nos largues, Senhor, aos nossos próprios passos...
Olvidando-te a luz, quanta vez me perdi!...
Sem teu amor, a vida é um sonho escuro e vago,
Não me deixes a sós, nas fraquezas que trago,
Nada posso sem ti!...
Maria Dolores
Entende-se, nos instantes de sublime elevação, que não vale
o minuto de revolta e nem o fato de ferir verbalmente a criatura
doente, presa à perturbação.
Vale mais a união fraternal, vencendo os instintos primitivos,
lembrando a confiança que Deus deposita em cada filho, para a
reconstrução de um mundo feliz.
Ninguém esta só. A centelha do Pai estará sempre ardente
para quem ama sem guardar mágoas, para não perder o
momento de luz e dizer meigamente:
— Pai, que a sua presença seja constante para todos aqueles
que aprendem a perdoar.
Elielce
Bibliografia: Encontro de Paz - Francisco Cândido Xavier, Editora CEC,
1ª ed., 1973.
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Responsável
FECHAMENTO AUTORIZADO - Pode ser aberto pela ECT
Em ___/___/___
Reintegrado no serviço postal em ___/___/___
Informação escrita pelo porteiro ou
síndico
Falecido
Mudou-se
Desconhecido
Ausente
Recusado
Não procurado
Endereço insuficiente
Não existe o número indicado
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Destinatário
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”
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09910-970
. . . CORREIOS . . .
9912164885 - DR/SPM
SEAREIRO
Especial
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