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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2014/2015
RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA
JESSICA JENIFFER KERSCHER
INICIAÇÃO CIENTÍFICA – VOLUNTÁRIA/ EDITAL IC 2014/2015
PLANO DE TRABALHO:
Surgimento e evolução da habitação unifamiliar na América Central
Relatório final apresentado à Coordenadoria de
Iniciação Científica e Integração Acadêmica da
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR por
ocasião do desenvolvimento das atividades
voluntárias de Iniciação Científica – Edital
2014-2015.
NOME DO ORIENTADOR:
Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
TÍTULO DO PROJETO:
História da Habitação no Continente Americano
BANPESQ/THALES: 2014015431
CURITIBA PR
2015
1
1
TÍTULO
Surgimento e evolução da habitação unifamiliar na América Central
2
RESUMO
As condicionantes da produção arquitetônica relacionam-se tanto a fatores geográficos,
incluindo clima e topografia, como aos recursos materiais e humanos, os quais proporcionam que
ela aconteça. Denomina-se arquitetura vernacular aquela que é produzida por pessoas comuns,
não ligadas ao conhecimento erudito e/ou à atividade oficial de construção, mas diretamente
influenciada por esses aspectos contextuais. Quando ela surge a partir do primeiro contato de
comunidades originais de determinada região e situação sociocultural com elementos exteriores
àquelas, por meio de um processo transformador e adaptativo, constitui-se o chamado colonial
vernáculo. Tal categoria arquitetônica pode ser observada em toda a América Central, que foi
palco do encontro histórico entre civilizações distintas, do qual resultou, já nos primeiras décadas
de ocupação, em uma mistura de elementos provindos tanto do colonizador como do colonizado.
Considerando o processo de colonização europeia das Américas entre os séculos XVI e
XVII, esta pesquisa em iniciação científica teve como meta descrever, de forma geral, o
desenvolvimento do espaço doméstico vernacular na América Central, abordando dados
históricos, técnico-formais e funcionais. De modo específico, pretendeu-se selecionar, analisar e
comparar exemplares documentados da moradia colonial vernácula centro-americana em países
de colonização espanhola, francesa e holandesa. Empregando como metodologia científica o
estudo descritivo-exploratório, utilizou-se de investigação web e bibliográfica, com o estudo de
casos ilustrativos, de modo a contribuir com o projeto intitulado “História da Habitação no
Continente Americano”. Como resultado, constatou-se que as habitações pioneiras derivaram da
interinfluência entre os povos primitivos e os primeiros europeus que ali chegaram – seja na parte
continental, onde se situam países como México, Guatemala e Nicarágua, seja na porção insular,
representada por nações como Cuba, Haiti e República Dominicana –, utilizando os materiais
disponíveis, tais como o barro e as madeiras abundantes na região, além de técnicas e tipologias
do Velho Mundo, que resultaram em construções adaptadas às dinâmicas e necessidades
daqueles locais de características contrastantes às europeias. Concluiu-se que o resgate dessa
arquitetura vernacular, observada nas últimas décadas em cidades caribenhas, comprova haver a
permanência de tipologias tradicionais, como o esquema compositivo em bangalôs ou da casa
senhorial das plantações, que atestam a validade da arquitetura vernácula como referência para
uma produção arquitetônica contemporânea mais adequada às condições bioclimáticas e
socioculturais.
Palavras-chave: Arquitetura. Habitação. América Central.
2
3
OBJETIVOS
Esta investigação preliminar busca como objetivo geral apresentar um panorama das
habitações vernaculares produzidas na região em foco – América Central – durante o processo de
colonização europeia, ocorrido entre os séculos XVI e XVIII, dando destaque às condicionantes
locais e culturais, além das referências trazidas da Metrópole europeia. Busca, por meio da
revisão web e bibliográfica e estudos de casos ilustrativos exemplificar o tema em questão, ou
seja, o espaço doméstico vernacular centro-americano no período colonial. Como objetivo
específico, pretende-se descrever 03 (três) habitações vernaculares produzidas nesse período,
analisando os aspectos estéticos, funcionais e técnicos; e utilizando como critério de seleção a
influência provinda de diferentes colonizações: espanhola, francesa e holandesa, de modo a obter
como resultado um quadro comparativo entre esses casos particulares.
FIGURA 01
4
INTRODUÇÃO
Define-se geograficamente a América Central ou Centro-América como o istmo que une a
América do Norte à do Sul, sendo portanto um subcontinente limitado ao norte pela Península de
Yucatán, no México e, ao sul, pela Colômbia; e sendo banhado a leste pelo Oceano Atlântico e a
oeste pelo Pacífico (Figura 01). Em termos geológicos, a macrorregião localiza-se em uma placa
tectônica própria, esta denominada Placa Caribeana, a qual se divide em duas partes: a
continental e a insular, sendo a primeira formada pelos países: Belize, Costa Rica, El Salvador,
Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá. A segunda parte, situada no Mar do Caribe ou das
Caraíbas, é conhecida simplesmente por Caribe ou Antilhas que, por sua vez, subdivide-se em
dois conjuntos de inúmeras ilhas, as quais são as seguintes:
3

Grandes Antilhas: Cuba, Haiti, Jamaica e República Dominicana, além dos territórios dependentes
de Puerto Rico (EUA) e Ihas Caimãs (Reino Unido)

Pequenas Antilhas: Antígua-e-Barbuda, Bahamas, Barbados, Dominica, Granada (Grenada), Santa
Lúcia, São Cristóvão-e-Névis (Saint Kitts-e-Nevis), São Vicente-e-Granadinas e Trinidad-e-Tobago.
Há ainda várias possessões estrangeiras, como: Aruba, Bonaire, Curaçao, Saba, Santo Eustáquio
(Sint Eustatius) e parte sul da ilha de São Martinho (Sint Maarten) as quais pertencem aos Países
Baixos; Guadalupe, Martinica, São Bartolomeu (Saint-Barthélemy) e parte norte de São Martinho
(Saint-Martin), que pertencem à França; Anguila (Anguilla) e as Ilhas Virgens Britânicas, Montserrat
e Turks-e-Caicos, que são do Reino Unido; e as Ilhas Virgens Americanas e Navassa, pertencentes
aos EUA.
Historicamente, em decorrência da colonização e desigualdade de recursos, a América
Central representa uma miscelânea de povos, etnias, línguas e níveis de desenvolvimento
socioeconômico, fazendo com que cada localidade apresente características próprias. Em termos
políticos, são ao total 20 países e 18 territórios coloniais que ocupam os cerca de 522.760 km2 e
são habitados por aproximadamente 45 milhões de pessoas. A semelhança está presente nas
forças das tradições de cada país, as cores fortes e um sincretismo religioso. (DERAIME, 2002)
A colonização centro-americana teve forte presença dos espanhóis, mas outros povos
também deixaram suas influências tanto políticas como culturais. Os britânicos já tomaram Belize
(Honduras Britânicas), tendo sido Antígua, Barbados e Jamaica algumas de suas outras colônias
na região. Os franceses também colonizaram Guadalupe e Martinica, que ainda hoje fazem parte
do território insular francês, além do Haiti, hoje independente. Quanto aos holandeses, estes
ocuparam um território composto por várias ilhas, as quais são chamadas Antilhas Neerlandesas
ou Holandesas e que ainda constitui seu território insular. (ENCICLOPEDIA ESCOLAR
BRITANNICA, 2015)
Desde a Descoberta da América, em 12 de outubro de 1492, ocorrida oficialmente por
Cristóvão Colombo (1451-1506) quando da sua chegada à Ilha de São Domingos –, então
batizada de La Hispaniola pelo navegador genovês, que lá fundou a primeira colônia da América,
La Navidad; e hoje dividida entre o Haiti e a República Dominicana –, até o processo de efetiva
independência dos territórios ocupados pelos europeus, ocorreram diversas manifestações
arquitetônicas a que se define genericamente como Arquitetura Colonial. De acordo com
Castelnou (2014), trata-se de uma das categorias da arquitetura vernácula, a qual é realizada por
pessoas sem formação acadêmica e, por isto, também pode ser nomeada como anônima, cuja
origem acontece a partir do primeiro contato entre povos primitivos e colonizadores civilizados.
Quanto à suas obras
[...] podendo ou não serem realizadas pelos seus próprios moradores, [...] são
construídas com o material disponível no local, porém procurando copiar modelos
alheios à sua cultura ou fazendo adaptações e/ou transformações, muitas vezes
produzindo novas soluções técnicas ou estéticas. (CASTELNOU, 2014, p.35)
Segundo Bethell (1999), logo após a descoberta das ilhas do Mar das Caraíbas, os
conquistadores começaram em Hispaniola um vasto programa de ocupação, ainda representado
4
por exemplares na cidade de Santo Domingo. Essa primeira etapa de construções fazia uso da
combinação de materiais locais com técnicas europeias: não havendo nada com que construir
exceto barro e palha, os colonizadores construíam eles próprios cabanas iguais às do tainos1. A
arquitetura espanhola na colônia preocupava-se mais com edifícios religiosos, sendo todos os
demais de responsabilidade da igreja e deixando de lado a arquitetura doméstica, que era muito
menos pretensiosa e recebia influências mormente do estilo espanhol puro, seja do sul
(Mediterrâneo) como do norte (Nórdico).
As tecnologias empregadas pelos espanhóis já eram manejadas pelo povos préhispânicos, como o adobe, além de outras que foram trazidas pelo colonizadores, a exemplo da
taipa, de origem árabe. A telha e o ladrilho foram associados a técnicas antigas, acrescentando-se
sensibilidade artística, muito notável nos tetos em estilo mudéjar, que se espalharam por todo o
território centro-americano nos séculos XVI e XVII. Nas habitações rurais desenvolvidas nas
colônias, provieram técnicas da cultura indígena, como o sistema de bahareque, que consiste em
uma estrutura mista de cana, madeira e barro com palha. Além disso, muitos elementos
desenvolvidos na casa rural espanhola e lusitana, tais como o sótão ou os sobrados, os moinhos
d’água e de vento, entre outros, foram incorporados à vida americana (GUTIERREZ, 1992). Nos
países de fala inglesa, francesa ou holandesa, estes situados na América Central, o legado
arquitetônico está presente nas casas de fazenda, além de em residências urbanas simples e
singulares. (SEGRE, 1991)
5
REVISÃO DA LITERATURA
Conforme indícios arqueológicos, o povoamento do continente americano ocorreu quando
viajantes procedentes da Ásia atravessaram o atual estreito de Bering quando o nível do oceano
era mais baixo e o Alasca ligava-se à Sibéria por uma nesga de terra firme. Teria sido uma
jornada difícil e para se realizar, os viajantes devem ter feito uso de jangadas e barcos. Isto
somente pôde ter ocorrido quando variantes da espécie Homo sapiens alcançou um equipamento
cultural (vestuário, abrigo e instrumentos) que o permitissem sobreviver em temperaturas frias.
(LEONARD, 1967)
Ainda
segundo
o
mesmo
autor,
as
civilizações
pré-colombianas
tiveram
um
desenvolvimento afastado do resto do mundo. Embora possuíssem a mesma origem,
apresentavam diferenças culturais e também sociais. Inicialmente, todos os grupos tinham como
subsistência a caça de animais de pequeno porte e a coleta de frutos. Com o progresso das
1
Os tainos foram indígenas pré-colombianos que habitavam as Bahamas e demais ilhas das Pequenas Antilhas,
principalmente as do norte, além das Grandes Antilhas. Supostamente vinculados aos índios aruaques da América do
Sul e de idioma pertencente à família linguística maipureana, os tainos, na época da chegada de Colombo à América,
possuíam cinco reinos distribuídos em Hispaniola, a saber: Marién, Maguá, Maguana, Higüey e Jaragua. (BOOTH;
WADE et WALKER, 2010)
5
ferramentas – em especial, a chamada ponta de lança clovis2 –, houve um avanço significativo no
modo de vida dos primeiros americanos. As variações no clima que ocorreram nas Américas
também influenciaram nas descobertas das técnicas de agricultura pelos indígenas do oeste
americano, Planalto do México e Cordilheira dos Andes, as quais culminaram nas primeiras
aldeias e, a partir daí, nas primeiras civilizações pré-colombianas de maior representatividade:
Astecas, Maias e Incas. O fato é que com a expansão da agricultura, os primeiros americanos
dessa vasta região foram deixando seus hábitos nômades e começaram a gerar aldeias e
técnicas vernáculas de construção de espaços domésticos, tais como as casas de taipa, as quais
são excelentes para climas mais quentes, deixando de lado suas antigas moradias primitivamente
subterrâneas.
No primeiro milênio anterior a Cristo, de acordo Schwarz et Lockhart (2002), já havia
ocorrido a formação dos impérios mesoamericanos, além do crescimento de cidades, unidades
políticas e produção artística. Na época da chegada dos exploradores europeus, praticamente
toda a América era ocupada por uma diversidade de povos que podem ser classificados em:
sedentários, semissedentários e nômades, baseando-se na adaptação a determinando ambiente
e na tecnologia existente (Figura 02).
Todos os povos americanos tinham práticas capazes de aterrorizar os europeus e
que, quando estes acharam necessário, puderam interromper rapidamente. Foram
características básicas e duráveis da vida local, como o cultivo, a organização do
trabalho e a natureza da territorialidade, que deixaram sua marca na sociedade
latino-americana e determinaram as diferenças de um lugar para o outro.
(SCHWARZ et LOCKHART, 2002, p.80)
No
início
da
colonização
europeia,
FIGURA 02
praticamente no começo do século XVI, a área
geográfica da atual América Central abrigava várias
povos, sendo os que merecem destaque: os maias,
os astecas, os arauaques e os caraíbas ou caribes.
Foi já por volta de 500 a.C. que os maias iniciaram a
ocupação dos territórios da atual Guatemala, El
Salvador, Honduras e grande parte da península de
Yucatán
possuíam
(México).
escrita
conhecimentos
Segundo
Deraime
desenvolvida,
astronômicos
e
(2002),
além
de
matemáticos,
organizando-se em Cidades-Estado e economia
baseada
2
na
agricultura
e
comércio.
Denominam-se ponta de lança clovis os artefatos líticos encontrados em números sítios arqueológicos da América do
Norte, estes associados ao período paleoamericano de aproximadamente 13.500 a.C. e que se caracterizam por seu
formato lanceolado, cuja manufatura exigiu a aplicação cuidadosa de pressão em toda a sua borda. Tal designação
refere-se ao local onde foram primeiramente encontradas estas peças pré-históricas em 1929: a cidade de Clovis,
situada no Novo México (EUA). (N. Autora)
6
Aproximadamente no ano de 800 d.C, uma crise atingiu os povos maias, a qual provavelmente
provinha da falta de recursos disponíveis, o que fez com que muitos centros fossem abandonados
e destruídos, talvez por conta de epidemias e também revoltas camponesas. (GUIA VISUAL:
COSTA RICA, 2012)
Do colapso da civilização maia e dos reinos que a sucederam nos séculos seguintes,
floresceu e cresceu o mundo asteca, que dominou a terra rude e montanhosa do México entre
1345 e 1521. Procedentes do norte, os astecas migraram até essa região durante os séculos XII e
XIII devido a longos períodos de seca e fome.
As famílias comuns viviam em casas térreas, feitas de tijolos de barro secos ao sol
e cobertos por camadas de cal. Na capital do império, Tenochtitlán, onde o espaço
habitado era cuidadosamente planejado, muitas moradias eram dispostas ao redor
de um pátio central, de onde saíam ruas, caminhos e canais. No campo, as casas
e demais construções amontoavam-se ao redor da praça do povoado.
(MACDONALD, 1996, p.22)
Situados precisamente na região centro-sul mexicano e algumas áreas da Guatemala, os
astecas vivenciaram o fim de seu império com a chegada dos europeus, que destruíram sua
civilização e impuseram à força seu domínio, transformando o México em colônia espanhola em
1535. Conforme MacDonald (1996), as terras e os campos de cultivo foram divididos entre os
espanhóis e os astecas sobreviventes foram obrigados a trabalhar para eles, sendo suas
tradições – religião, cultura e língua nahuatl – bombardeadas por missionários, os quais
impuseram crenças, usos e costumes, inclusive relacionados à arquitetura e construção.
Quanto aos povos arauaques (Tribo Arawak), estes foram os primeiros a ter contato direto
com os exploradores europeus, pois viviam nas ilhas caribenhas que tiveram o início da sua
ocupação a cerca de 7.000 anos atrás, quando comunidades indígenas da bacia de Orinoco
começaram a chegar nas ilhas através de grandes canoas. (GUIA VISUAL: COSTA RICA, 2012)
No início da era cristã, os tainos – um povo de língua aruaque correspondente ao último e
mais avançado período daquela civilização –, ocuparam as ilhas do Caribe, submetendo à
escravidão os habitantes originais, chamados siboneys ou guanahatabeys. Os tainos dividiram a
região em unidades administrativas conhecidas como cacicados, tratando-se de uma cultura
sedentária que ainda praticava a caça, a peça e a coleta de frutos, mas conhecia a agricultura e a
cerâmica; e tinha na canoa um instrumento muito importante para suas atividades comerciais e de
subsistência. Conforme o manual Arte Precolombino (2001), a partir do século IX, ocorreu uma
maior evolução cultural e um avançado desenvolvimento artesanal e estilístico de sua cerâmica,
baseada em técnicas complexas, os quais se expandiram por toda sua região de influência.
Segundo o Guia visual: Costa Rica (2012), os arauaques viviam em clãs, onde a liderança
cabia a um cacique; e, embora agricultores habilidosos, sua cultura foi eternizada em paredes de
cavernas sagradas, onde eram registrados a veneração do povo pelos “espíritos endeusados”.
Além deles, as ilhas caribenhas eram ocupadas à época da descoberta pelos índios caraíbas ou
7
caribes (Tribo Karib) – o quais acabaram batizando toda a região –, sendo estes originários da
região central do continente (Índias Ocidentais) e não do sul como os tainos, provenientes da
costa venezuelana e que tiveram suas ilhas menores (Pequenas Antilhas) tomadas pelos caraíbas
durante as últimas gerações. Em suma, viviam em pequenas aldeias e eram bastante
especializados como povo nômade marítimo. (SCHWARZ et LOCKHART, 2002)
Em meados do século XV, os tainos – povos arauaques de língua maipureana – já
estavam sendo afetados pela expansão dos povos de línguas caribes, que dominavam as
FIGURA 03
pequenas ilhas do sul das
Antilhas (Figura 03). Foi nesse
momento
que
Colombo
desembarcou nas Bahamas,
tomando posse do território
em
nome
travando
da
Espanha
contato
com
e
os
iucateianos, outro povo aruaque. Os primeiros contatos
com
os
nativos
foram
amistosos, mas, um século
após este encontro inicial, os
povos aruaques e caraíbas
estavam praticamente dizimados pelas doenças trazidas – principalmente, a varíola e o sarampo –
, além da violência e trabalhos forçados a que foram submetidos pelos colonos, obcecados por
metais preciosos ou qualquer outra riqueza que pudessem extrair das terras americanas, incluindo
algodão e outros produtos agrícolas, os quais deveriam ser pagos aos espanhóis a título de
tributo. (SAUNDERS, 2005; BOOTH; WADE et WALKER, 2010)
Como a etapa inicial da conquista espanhola sobre a América foi no Caribe, esta região
recebeu o primeiro impacto cultural no Novo Mundo. A inexistência de grupos indígenas de maior
desenvolvimento e capacidade de defesa facilitou aos espanhóis a imposição de seus conceitos e
experiências, o que também aconteceu nas áreas de arquitetura e construção. O processo
colonial de toda área – que foi gradativo, mas intenso – produziu manifestações vernaculares de
distintas
feições,
incluindo
particu-
laridades que vieram de outras nações.
Em
Hispaniola,
atual
Ilha
de
São
Domingos – originalmente habitada por
cinco reinos tainos (Figura 04) –, a
chegada dos exploradores possibilitou a
implantação da primeira vila americana:
FIGURA 04
8
Santo Domingo de Guzmán, fundada em 1496 pelo irmão de Cristóvão, Bartolomeu Colombo
(1461-1515); e que foi transladada para o sítio atual em 1502, tornando-se o mais antigo
assentamento europeu de ocupação contínua da América, transformado na primeira sede do
governo colonial espanhol no Novo Mundo e que atualmente é a capital e maior cidade da
República Dominicana.
As primeiras obras na colônia recém-fundada foram realizadas em tecnologia local
(bahareque3) e madeira, a exemplo a primeira catedral americana, que utilizou as técnicas e
materiais locais. No entanto, esta arquitetura “espontânea” logo foi substituída pela oficial,
importando pedreiros e construtores, além de estilos predominantes na Europa. Nessa primeira
fase, a influência provinda dos povos americanos não passava das condicionantes locais e da
própria mão-de-obra. (GUTIERREZ, 1992)
Originalmente chamada de Juana em homenagem a um dos filhos do então rei da
Espanha, a ilha de Cuba permaneceu com seu nome nativo, sendo sua condição insular –
Colombo acreditava se tratar de uma península – comprovada pela sua circunavegação por
Sebastián de Ocampo (1460-1510) em 1509. Em 1511, Diego Velázquez de Cuéllar (1465-1524)
desembarcou na ilha e fundou a vila de Baracoa, no extremo leste, que se transformou na cidade
mais antiga e primeira capital de Cuba4. (GUIA VISUAL: CUBA, 2004)
De acordo com Gutierrez (1992), já a ocupação da ilha de Puerto Rico iniciou-se com a
fundação de sua capital, San Juan, em 1521. Suas primeiras construções foram resultado da
fusão de taipa e pedra cobertas com madeira, material abundante na ilha, a que depois se
acrescentou a telha e o ladrilho. Até hoje, a cidade conserva bonitas construções restauradas, em
suas ruas estreitas e de pedras, típicas do período colonial.
Colombo chegou à parte continental da América Central em 1502, ancorando na baía de
Portobello, localizada no atual território do Panamá; e, fundando, no ano seguinte, Santa María de
Belén, que é considerado o primeiro assentamento europeu em terras continentais americanas,
3
Denomina-se bahareque, bajareque ou – como é conhecido em alguns países da América do Sul – bareque o sistema
construtivo de moradias feitas a partir de varas ou juncos entrecruzados e barro, o que foi utilizado desde a
antiguidade por povos indígenas das Américas. Um exemplo de construção feita nessa técnica é o bohío, que é uma
espécie de cabanamuito usada por ameríndios, principalmente na Colômbia e Venezuela. Empregam-se geralmente
varas vegetais da família Poaceae, embora também sejam utilizadas outras espécies, tais como: Caña de Castilla,
Cañabrava, Cardón (Costa Atlântica), Chusque (terras altas) e Guadua (bambu), além de madeiras finais (Cedro,
Cucharo, Nogal, etc.). Para cobertura, em geral se trabalha com palha (Cagajón), tábuas de madeira e, mais
recentemente, lâminas metálicas ou de fibrocimento. (ROBLEDO CASTILLO, 1993)
4
A atual capital de Cuba, Havana, situa-se onde os colonizadores fundaram, em 1519, a Villa de San Cristóbal de La
Habana, junto ao porto de Carenas, embora já conhecessem o local desde 1517. No século XVII, a cidade tornou-se
uma das mais importantes da região caribenha e centro de construção naval. Seu centro histórico (Habana Vieja),
tombado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 1982, abrange a cidade colonial que ficava dentro das
muralhas, agora em boa parte demolidas; e reúne um importante acerto de monumentos arquitetônicos compostos por
conventos, museus e praças calçadas, os quais passaram por um vasto processo de restauração. Além de Baracoa e
Havana, foram importantes centros urbanos durante a colonização espanhola as cidades de Bayamo, fundada em
1513 e, portanto, a segunda cidade mais antiga da ilha; Trinidad e Santiago de Cuba, ambas fundadas em 1514.
(GUIA VISUAL: CUBA, 2004)
9
embora mal-sucedido5. Em 1508, a Coroa espanhola ordenou a colonização do istmo (Tierra
Firme) e nomeou Diego de Nicuesa (14??-1511) como primeiro governador do território, então
denominado Castilla de Oro. Em 1510, Nicuesa fundou o porto de Nombre de Dios, na costa
caribenha; e, em 1519, Pedrarias Dávila (c.1468-1531), governador da Castilla de Oro, criou a
Ciudad del Panamá, que logo se desenvolveu, graças ao caminho construído até Nombre de Dios.
Isto devido ao fato de que era obrigatório que o ouro proveniente do Peru, assim como o tráfego
de pessoas e mercadorias entre as colônias e a metrópole, passasse pelo istmo. Assim, uma frota
ligava o porto de Callao, próximo a Lima (Peru), com o do Panamá, que se dirigia à Europa.
(ARAUZ et PIZZURNO, 1991; BOOTH; WADE et WALKER, 2010)
A colonização espanhola prosseguiu pelo continente durante todo o século XVI, dirigindose para o interior do território da Guatemala a partir de 1523, quando explorou uma vasta área
povoada por descendentes dos maias: os quiches (Tribo K’iche’), os quachiqueles (Tribo
Kakchikel) e os tzutoiles (Tribo Tzu’Toil). Encontrando forte resistência, a ocupação efetiva
demorou para acontecer, completando-se somente em 1544. No entanto, fundada em 1532, a
cidade de Guatemala conserva até hoje edifícios confeccionados em argila e argamassa, tendo
aparência baixa e pesada6. (BETHELL, 1999)
A Capitania Geral da Guatemala abrangia toda a parte continental da América Central,
desde a região de Chiapatas até a atual Costa Rica. Seu processo de independência foi
intimamente associado ao mexicano, ocorrendo nas primeiras décadas do século XIX; e de cuja
intensa disputa entre liberais e conservadores conduziu à sua completa fragmentação políticoterritorial, originando os seguintes países de colonização hispânica: Honduras, Nicarágua e Costa
Rica, em 1838; El Salvador, em 1841; e Guatemala, em 1848. Durante o século XVIII, piratas e
comerciantes ingleses exploravam a madeira da Costa dos Mosquitos, autorizados pelo Tratado
de Paris (1763); concessão que culminou com a incorporação do território à coroa britânica, que
passou, em 1862, a se chamar Honduras Britânicas; e, após sua independência, em 21 de
setembro de 1981, Belize. (BOOTH; WADE et WALKER, 2010)
5
Em 24 de fevereiro de 1503, em sua quarta viagem, Colombo fundou esse pioneiro assentamento americano,
deixando-o a cargo de seu irmão Bartolomeu. Uma vez criada a colônia, conseguiu-se uma aliança de paz com várias
tribos de Veragua; o nome indígena daquela região, que, entretanto, foi quebrada. Após vários ataques por parte dos
índios, Santa María de Belén foi abandonada por seus habitantes, que partiram novamente à Espanha. Com isto,
muitos autores consideram a vila de Santa María la Antigua del Darién, fundada em 1510 na costa panamenha, por
Martín Fernández de Enciso (1470-1528) e Vasco Núñez de Balboa (c.1475-1519), como a primeira cidade efetiva no
continente americano, tendo sido a capital de Castilla de Oro até 1520. Contudo, vale destacar que houve outros
assentamentos anteriores a este, embora também em 1510, como o de Santa Cruz, levantado por Alonzo de Ojeda
(c.1468-1515) em Conquivacoa, hoje La Guairita, na costa venezuelana, durando apenas três meses; e do forte de
San Sebastián de Urabá, também criado por Ojeda no atual território da Colômbia e que foi rapidamente abandonado
na busca por um lugar mais seguro. (ARAUZ et PIZZURNO, 1991)
6
Em 1773, a capital, também chamada Guatemala, foi destruída por um terremoto e suas ruínas formam, atualmente a
Antiga Guatemala – ou simplesmente Antigua –, sendo a reconstrução de toda a área urbana autorizada em 1775.
Entre as cidades guatemaltecas mais antigas destacam-se as seguintes, com indicação do ano de sua fundação:
Quetzaltenango (1524), Chimaltenango (1526) e Mixto (1526). (N.Autora)
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Os principais territórios centro-americanos dominados pelo Reino Unido foram a Jamaica e
as diversas ilhas das Bahamas7. Em 1494, quando Colombo chegou à ilha jamaicana, que é a
terceira maior das Antilhas, encontrou mais de 200 aldeias governadas por caciques tainos e
reivindicou sua posse com o assentamento de Sevilla, a oeste da St. Ann Bay, que foi criado em
1509, mas abandonado em 1524 por questões de salubridade. A capital foi então transferida para
San Jago de la Veja, onde atualmente se situa a cidade de St. Catherine. Entretanto, os
britânicos, liderados por sir William Penn (1644-1718), acabaram expulsando os espanhóis e
tomando a ilha em 1655, transformando nos próximos séculos em uma das maiores produtoras de
açúcar do mundo. Na Jamaica, Spanish Town tem a catedral mais antiga das colônias britânicas
no Caribe. A atual capital, Kingston, foi fundada pelos ingleses em 1692, situando-se a sudeste do
país, que se tornou independente somente em 1962, permanecendo as Ilhas Cayman sob o
domínio da Grã-Bretanha até hoje. Sua capital, George Town, é um grande destino turístico de
lazer e comércio. (BOOTH; WADE et WALKER, 2010; GUIA VISUAL: CARIBE, 2012)
Quanto à colonização francesa da região, esta pode ser representada principalmente pelo
Haiti e por algumas das Pequenas Antilhas, como Guadalupe e Martinica8, entre outras. Dividindo
com a República Dominicana a maior ilha do Caribe, Hispaniola (atual Ilha de São Domingos), o
Haiti ocupa sua parte ocidental; território que foi cedido à França pela Espanha em 1697. No
século XVIII, foi a mais próspera colônia francesa na América, graças à exportação de açúcar,
cacau e café. No mesmo ano em que o Haiti tornou-se o primeiro país a abolir o trabalho escravo
no mundo, em 1794, a França passou a dominar toda a ilha, o que, devido a problemas de
instabilidade, não durou muito e, em 1º de janeiro de 1804, o Haiti conseguiu sua independência.
Sua atual capital, Porto Príncipe (Port-au-Prince), situa-se na região onde foram fundadas, por
Nicolás de Ovando (1460-1511), então governador de Hispaniola, as vilas de Santa María de la
Vera Paz, depois abandonada; e Santa María del Puerto, incendiada pelos franceses em 1535,
7
Estima-se que, quando da chegada de Colombo à região em 1494, cerca de 30.000 lucaios ou lucaianos – indígenas
de origem taina que provavelmente imigraram a partir das ilhas de Hispaniola e Cuba – viviam no conjunto insular
batizado de Bahamas; termo de origem espanhola proveniente da expressão Baja Mar (“águas rasas”). Acredita-se
que a população indígena foi praticamente dizimada por doenças ou forçada a emigrar pelos espanhóis,
permanecendo a colonização inativa até metade do século XVII. Em 1648, puritanos ingleses emigraram das
Bermudas, ocupadas desde 1609; e, liderados por William Sayle, fundaram o primeiro assentamento europeu
permanente nas ilhas, o qual foi denominado Eleuthera (“Liberdade”). Mais tarde, estabeleceram-se em Nova
Providência, que hoje é a ilha mais populosa das Bahamas e onde se situa a capital, Nassau, definida após a
independência do país, em 10 de julho de 1973. Atualmente, permanecem sob domínio britânico as ilhas de Turks-eCaico, a sudeste das Bahamas, as quais, desde 1799, foram ocupadas pelos ingleses e exploradas em suas jazidas
de sal marinho. Sua capital, Cockburn Town, foi fundada em 1681 por coletores de sal, tendo sido o primeiro
estabelecimento permanente das ilhas. (BOOTH; WADE et WALKER, 2010)
8
Igualmente descobertas por Colombo, as ilhas de Guadalupe e Martinica são atualmente territórios ultramarinos da
França, tendo sido incorporadas ao domínio francês em 1635, com a chegada do comerciante e aventureiro Pierre
Belain d’Esnambuc (1585-1636). Juntamente com St. Barthélemy e St. Martin, formam as Antilhas francesas,
conquistadas após batalhas com a Holanda, Inglaterra e Suécia; e sobrevivendo até hoje graças às mercadorias
tropicais como: cana-de-açúcar, cacau, café e rum. Na Martinica, enquanto os índios caraíbas preferiam o lado dos
ventos (Costa atlântica), os colonos franceses instalaram-se na zona protegida destes (Costa caribenha), por meio da
construção do Fort Saint-Pierre (1635), na desembocadura do rio Roxelane, o qual foi seguido por Fort Saint-Louis
(1638) e Fort-de-France (1638). Após várias catástrofes naturais, a erupção vulcânica que levou à destruição completa
da primeira fortificação, em 08 de maio de 1902, concedeu o papel de capital à cidade administrativa e militar de Fortde-France até hoje. Já a cidade mais populosa de Guadalupe é Pointe-à-Pitre, fundada somente em 1874. (BOOTH;
WADE et WALKER, 2010)
11
passando a substituir a capital colonial de Saint-Domingue, Cap-Français (atual Cap-Haitian),
como capital do país recém-independente, em 1804. (GIRARD, 2010)
A ilha de São Bartoloneu (St. Barthélemy) foi cedida pela França à Suécia em 1785,
voltando ao domínio francês em 1878 e tendo sua principal cidade, Gustavia, batizada em
homenagem ao rei sueco Gustavo III (1746-92). Por fim, a ilha de São Martinho ocupa o menor
território contínuo governado por dois países, uma vez que possui somente 96 km 2 e divide-se
entre o domínio francês, em sua parte setentrional (Saint-Martin); e o holandês, na parte
meridional (Sint Maarten). Descoberta por Colombo em 11 de novembro de 1493 – que é o Dia de
São Martinho de Tours, daí seu nome –, foi efetivamente ocupada pelos holandeses em 1631, os
quais, após diversas missões de reconhecimento em busca de salinas naturais, instalaram uma
pequena guarnição de 30 homens em uma península da Grande Baía, sítio da atual Philipsburg,
capital holandesa da ilha. Na mesma época, algumas famílias francesas provenientes da colônia
de São Cristóvão (St. Christopher) passaram a cultivar tabaco na porção oriental da ilha. Nascia
assim a divisão, a qual perdura até hoje, consagrada com o tratado de partilha assinado em 23 de
março de 1648 e que nunca foi revogado9. (GUIA VISUAL: CARIBE, 2012)
6
MATERIAIS E METODOS
De caráter teórico-conceitual e cunho exploratório, esta pesquisa de iniciação científica foi
fundamentada na revisão web e bibliográfica, realizando-se por meio da investigação, seleção e
coleta de fontes impressas (livros nacionais e internacionais) e publicações on line, que tratavam
direta ou indiretamente sobre o tema: evolução da casa vernácula centro-americana no período
colonial. Em resumo, a metodologia de pesquisa seguiu as seguintes etapas:
a) Revisão Bibliográfica e Coleta de Dados: Pesquisa sobre a localização geográfica,
colonização e desenvolvimento histórico centro-americano, através da seleção de
informações, coleta e síntese das ideias;
b) Seleção de Exemplares Habitacionais: Identificação e descrição de 03 (três) obras
ilustrativas do espaço doméstico centro-americano no período colonial;
c) Análise e Avaliação dos Casos: Descrição e comparação de características funcionais,
técnicas e estéticas mais relevantes, ilustrando-se com imagens dos exemplares
escolhidos;
d) Conclusão e Redação Final: Elaboração do RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA, e também
material expositivo por ocasião do 23º Evento de Iniciação Científica da UFPR – EVINCI,
previsto para ocorrer em outubro de 2015.
9
As Antilhas neerlandesas ou holandesas compõem-se, além da porção sul de São Martinho (Sint Maarten), da ilha de
Santo Eustáquio (Sint Eustatius) – colonizada pela Companhia Holandesa das Ilha Ocidentais em 1635 –; e da ilha de
Saba (Capital: The Bottom) – território holandês desde 1640 –; podendo aí serem incluídas as ilhas de Aruba (Capital:
Oranjestad) , Bonaire (Capital: Kralendijk) e Curaçao (Capital: Willemstad)– também conhecidas como Ilhas ABC –,
embora não pertençam às Antilhas, situando-se mais ao sul do Mar das Caraíbas (Caribe), o que permite que sejam
incluídas geograficamente na América do Sul. Alinhadas ao norte do litoral venezuelano, essas três ilhas foram
tomadas dos espanhóis em 1634 e, desde então, transformaram-se em destinos de luxo, principalmente após a
instalação recente de grandes cassinos e resorts. (GUIA VISUAL: CARIBE, 2012)
12
FIGURA 05
7
RESULTADOS E DISCUSSÕES
De
ocupação
predominantemente
hispânica, a região da América Central tem
sua história colonial iniciada com a chegada
de Cristóvão Colombo em 1492, a qual
atraiu
o
interesse
de
outras
nações
europeias, especialmente a França, o Reino
Unido e os Países Baixos. Os séculos XV e
XVI caracterizaram-se pelas expedições de
reconhecimento e exploração dos novos
territórios, além dos conflitos com os nativos,
que acabaram escravizados ou dizimados
por guerras ou doenças. Do início do século
XVII até os processos de independência dos
países centro-americanos,
compreendidos
principalmente no decorrer do século XIX, a
arquitetura colonial, tanto a erudita como a
vernácula, marcou a paisagem cultural de
toda a área (Figura 05).
Para exemplificar influências coloniais
distintas – espanhola, francesa e holandesa
–, considerou-se como critério de seleção
dos
casos
as
primeiras
edificações
residenciais com caráter colonial produzidas
em três ilhas, onde cada uma recebeu
colonização
diferente.
Nesses
territórios
selecionados, em geral em decorrência da
precariedade
de
materiais,
conhecimento
de
técnicas
falta
de
construtivas
aplicadas a esses materiais disponíveis e
ainda novas condicionantes climáticas e da
urgência
de
edificações,
as
primeiras
construções residenciais seguiam a tipologia
das casas usadas pelos habitantes nativos
da região. Os Arawaks e Caribs, por
exemplo, usavam um método de construção
simples: folhas de palmeira e palha presas
13
em forma de “leque” constituíam a cobertura; as paredes eram estruturadas pelo caule das folhas
dessa mesma planta, tornando mais fácil o manuseio; e, por fim, o chão era em terra batida.
Basicamente, o nome dessa tipologia de
habitação era Bohío (Figura 06); vocábulo de
origem taíno que remetia a ideia de casa de “doiscômodos”, em estrutura de madeira. As paredes
eram constituídas por cana ou palmeira; e o teto
de palha. Os colonizadores modificaram a forma
dessas casas, transformando o formato de elipse
ou poligonal em retangular. O chão manteve-se
em terra batida ou madeira. (CRAIN,1994)
FIGURA 06
As moradias dos taínos albergavam todo o grupo familiar, incluindo avós, tios e primos,
além das filhas que, ao se casarem, ainda viviam com os pais. Geralmente as aldeias se
agrupavam em torno de uma praça chamada Batey. Ali se celebravam as principais festividades,
como os areítos (cantos e bailes), além de jogos de bola. Os bohíos também podiam ser
chamados de eracras, tendo sua forma predominantemente circular e tetos cônicos. Havia, ainda,
a tipologia do Caney (Figura 07), que era o nome dado à casa dos caciques, ocasionalmente
retangular e um tanto mais espaçosa, com cobertura em duas águas e uma estrutura frontal de
recepção, situada em frente à batey. (LOZADA, 2015)
Ainda segundo Lozada (2015), os taínos dormiam em hamacas ou redes, as quais eram
tecidas de algodão (Gossypium barbadense) ou maguey10 (Agave spp.), presas em seus extremos
por hicos ou cordas de cabuya (Furcraea hexapétala) ou henequén (Agave sisalana). Quando
empreendiam alguma viagem, transportavam suas hamacas e outros pertences em cestas
chamadas jabas. As halmacas eram penduradas em árvores ou em estruturas temporárias feitas
por ramos denominadas barbacoas.
FIGURA 07
Bohío
Caney
10
Planta de folhas largas, triangulares e carnudas, que cresce em forma de leque, com floração amarela em buquê de
escape central. Originária do México e das Antilhas, também é conhecida como piteira ou agave americana, sendo
utilizada para o fabrico de fibras têxteis e também para o desenvolvimento de pulque, mezcal e tequila. (N. Autora)
14
ESTUDO DE CASO I
CUBA
Arquitetura Colonial Espanhola
Após a chegada dos espanhóis, duas expedições atravessaram a ilha cubana de leste a oeste,
entre 1510 e 1515, fundando as vilas de: Assuncion de Baracoa, San Salvador de Bayamo, Santa Maria del
Puerto del Principe (Camagüey), Santiago de Cuba, Santíssima Trindade, Sancti Spiritus, San Cristóbal de
La Habana, e, quase imediatamente, Santa Cruz de La Sabana (Remedios). A principio, as instruções
dadas aos governantes visavam a construção de um espaço para uma praça com a Igreja, a Câmara
Municipal e as casas das famílias mais representativas, sendo que o restante ocupou as ruas estreitas e
geralmente irregulares. (ECURED, 2015)
As primeiras habitações na ilha de Cuba (Figura 08)
caracterizavam-se por bohíos e tal tipologia foi adotada
durante muito tempo. Na segunda metade do século XVI,
ocorreram algumas alterações e iniciou-se o uso da taipa e
madeira para a vedação e telhas para a cobertura das casas,
o que não excluiu por completo o emprego do vegetal para a
cobertura das mesmas e, ainda no século XVII, segundo a
mesma fonte, havia em meio às sintuosas construções
algumas reminicencias dessa tipologia.
FIGURA 08
De acordo com Weiss (2002), durante o período
colonial, os Bohíos foram se modificando e, finalmente,
geraram 03 (três) estruturas diferentes: a tradicional e
precária das cabanas pré-colombianas; aquela de casas com
fechamento realizado em madeira e, por fim, aquela com o
uso do barro nas paredes de espessura significativa para
suportar o peso do telhado ainda em palha (Figura 09). O
desaparecimento dos Bohíos em meio urbano deu-se pelo
progresso econômico, o que permitiu o acesso a novos
materiais e marcou o ínicio de uma nova fase da expressão
arquitetonica de Cuba, o chamado mudejarismo hispânico.
Com a chegada de novos mateirias também vieram
os árabes ou mouros, que trouxeram suas técnicas e
FIGURA 09
influência através de um estilo arquitetonico especifico. A
arte moura desenvolvida em Cuba teve que se adaptar aos
materias mais abundantes da região, ao clima e à precariedade da época, tornando o estilo mudejar
produzido em Cuba único. As principais influências são observdas nos tipos de portas e janelas, no
emprego de baluestres e nas coberturas em telhas dos beirais (Figura 10), além da distribuição do espaço
em torno de um pátio central, a existência de corredores e arcos, entre outros.
Lastra (2013) realça as diferenças entre a arquitetura
produzida em Cuba nos primeiros séculos de colonização e a
arquitetura mudéjar realizada na Península Ibérica durante o
período medieval, nas quais identifica uma adequação do
estilo nos seguintes pontos:
 Uso de cores fortes ao contrário das casas muçulmanas;
 Grande número de varandas no exterior das moradias;
 Maior simplicidade das plantas das casas cubanas; e
 Decoração mais simplória que a dos mouros.
FIGURA 10
15
Crain (1994) afirma que, nesse novo período,
edificações retangulares com tábuas de madeira na posição
horizontal começaram a serem comuns nos processos
cubanos de construção, ao mesmo tempo em que varandas
apoiadas em pilares de madeira se estabeleciam em um ou
em todos os lados da edificação, em resposta às demandas
climáticas da região. Tais casas eram dispostas lado a lado,
sendo as aberturas muitas vezes persianas fixas que
funcionavam como filtros de luz e, em alguns casos, davam
para um pátio interno. Exemplos caracteristícos ainda são
encontrados em Havana (La Habana), capital de Cuba,
especialmente na rua Obispo (Figuras 11 e 12).
FIGURA 11
FIGURA 12
Pode-se dizer que a arquitetura colonial produzida
em Cuba consiste na arquitetura mais complexa e melhor
representada no continente americano.
Sua personalidade é clara e definida; suas soluções, inteiramente
funcionais, refletem de uma maneira impressionante o meio social
em que foi produzida, a vida e os costumes do país, os materias
disponíveis. A sobriedade e simplicidade de suas soluções não
poderiam estar mais em sintonia com os ideais modernos. (WEISS,
2003, p. 16)
A Casa de la Obra Pía (Figuras 13 a 16), localizada
no centro histórico de Havana, é considerada como uma das
joias da arquitetura colonial cubana, devido à sua
balaustrada de madeira polida, suas paredes com afrescos e seus luxuosos salões, que eram usados por
jovens nobres para debutar em sociedade. Seu nome celebra as ações de Martín Calvo de la Puerta y
Arrieta (1614-96); um abastado nobre espanhol que passou a residir ali em 1669. Todo ano ele fazia uma
generosa doação a cinco meninas órfãs para que elas a usassem para casar ou entrar em um convento.
Um século mais tarde, a residência tornou-se a casa de Don Agustín de Cárdenas y Castillón (1742-?), a
quem foi outorgado o título de marquês por defender a Espanha em 1765 durante a ocupação britânica de
Havana. Em 1793, foi acrescentada ao edifício nova decoração, além do elaborado arco que leva à galeria
do
primeiro andar.
FIGURA 13
FIGURA 15
FIGURA 14
FIGURA 16
16
ESTUDO DE CASO II
MARTINICA
Arquitetura Colonial Francesa
Assim como outros países europeus, a França também queria fazer a transição da pirataria à
posse terrritorial e, por fim, à colonização. Contudo, no século XVI, conflitos internos de caracter religioso e
também entre a monarquia absolutista e a nobreza francesa fizeram com que esse país ficasse para trás no
processo de conquista das Américas. Foi somente em 1635 que o ministro-chefe de Louis XIII, o Cardeal
Richelieu (1585-1642) estabeleceu a Compagnie des Isles d'Amerique, promovendo deste modo o apoio
para a expansão francesa no Caribe. Nesse mesmo ano, inciou-se a conquista de Martinique (Martinica) e
Guadeloupe (Guadalupe); e, nas duas décadas seguintes, os franceses moveram-se para as ilhas menores
de Saint-Barthélemy, Les Saints e Marie-Galante. Em todos esses lugares, tiveram que lidar com a
resisitencia dos Caribs, que muitas vezes atacavam assentamentos e transportes. (FERGUNSON, 2008).
A Martinica (Figura 17) começou a ser colonizada
em 1635 com a construção do forte de Saint-Pierre, sendo
durante muito tempo a colônia francesa mais próspera,
produzindo açúcar, café, coca e índigo. Antes da chegada de
Colombo, os Arawaks que se estabeleciam na ilha residiam
em cabanas que eram geralmente instaladas próximas a
córregos ou até mesmo do mar. Uma cabana maior (Carbet)
centrava as atividades e outras menores (Ajoupas) eram
usadas para moradia (Figura 18). Basicamente, havia dois
espaços: uma cozinha separada por comodidade e
segurança e outro servindo como quarto. Tal tipologia
inspirou os colonizadores, cujas primeiras residências eram
cabanas unitárias compostas por vedações feitas de ramos
trançados, cobertura vegetal e chão batido, além de outra
edificação realizada para comportar a cozinha. (ZANANASMARTINIQUE, 2004)
FIGURA 17
Com o tempo, essas construções foram melhoradas
com o uso de madeiras na vedação e telhas para a
cobertura, além de uma base cimentada mais resistente à
umidade e ao mau tempo. Isto resultou em uma
característica única das pequenas edificações de Martinica –
as Casas Cimentées (Figuras 19 e 20) –, que apresentam o
FIGURA 18
cuidado dado à fundação com essa base cimentada
estendendo-se como um muro em volta de todas as edificações, dando espaço apenas para a porta e os
pilares de madeira nos cantos da casa. As demais aberturas constituem-se de janelas com aberturas em
venezianas. Tais casas ainda trazem, segundo Crain (1994), o emprego de cores fortes e contrastantes. A
vila de Trois-Îlets conserva várias residências com essa tipologia, especialmente as da Rue du Bourg, sendo
conhecidas como Maisons Créoles (Figuras 21).
FIGURA 19
FIGURA 20
17
Ainda de acordo com Crain (1994), nas áreas de aglomerações, como Fort-de-France, capital da Martinica,
as residências de dois pavimentos (Figura 22) mantiveram as mesmas características das casas cimentées,
trazendo ainda consigo o uso de águas-furtadas ou lucarnas (trapeiras ou gateiras) – uma estrutura que se
projeta de um telhado com caimento, geralmente com uma janela ou veneziana para entrada de luz e
circulação de ar –, o que reafirma a influência francesa na ilha. A partir do século XVIII, as casas coloniais
dos franceses em Martinica ganharam a presença de varandas, além do uso de ferro fundido na estrutura e
adornos (Figuras 23 e 24).
FIGURA 21
FIGURA 22
FIGURA 23
FIGURA 24
ESTUDO DE CASO III
CURAÇAO
Arquitetura Colonial Holandesa
Após um longo período de conflito – a Guerra dos Oitenta Anos, que durou de 1568 a 1648 –, os
Países Baixos conquistaram sua independência da Espanha e do então Sacro Império Romano-Germânico.
No ínicio do século XVII, mais precisamente em 1609, o império espanhol reconheceu a República
Holandesa dos Países Baixos Unidos, governados pela casa de Orange-Nassau e os Estados Generais; e,
a partir de então, a rivalidade decorrente por conta de questões religiosas e pela guerra entre os dois
países, tornou a Holanda uma grande ameaça aos
interesses comercias da Espanha no Caribe. (FERGUNSON,
2008)
Segundo o mesmo autor, a guerra privou a Holanda
de um item básico para a conservação de seus produtos
provindos da economia pesqueira: o sal. Em busca de novas
alternativas, os mercadores holandeses voltaram-se
primeiramente para Cabo Verde e, em seguida, para as ilhas
caribenhas. Com a fundação, em 1621, da empresa de
comércio e colonização denominada Companhia Holandesa
das Indias Ocidentais, a Holanda focou-se no Caribe, com
FIGURA 25
18
uma politica que se concentrava mais em romper o monopolio espanhol e conquistar supremacia nos
negócios do que fundar colonias agrícolas. Assim, entre 1630 e 1640, tomou posse de quatro pequenas
ilhas – Curaçao, Saba, St. Eustaquio e St. Martinho –, as quais, por sererm inadequadas ao cultivo extenso,
tornaram-se depósitos comerciais, em que comerciantes construíam armazéns e dirigiam o fluxo de bens e
mercadorias entre a Holanda e o Novo Mundo.
Com base em uma sociedade predominantemente urbanizada, as cidades coloniais holandesas
refletiam suas prórpias leis que ao final gerariam a aparência típica de aglomerado urbano, como os fatos
de que os lotes de esquina deveriam ser edificados por primeiro, a fim de dar a aparência de densidade; e
de que os lotes que permanecessem vagos poderiam ser confiscados e revendidos aos compradores que
ali iriam construir. (CRAIN, 1994)
Tomada
pelos
FIGURA 26
holandeses em 1634, a ilha
de Curaçao (Figura 25) –
que, juntamente com Aruba e
Bonaire, forma as Ilhas ABC
ou Antilhas Holandesas –
teve
a
sua
capital,
Willemstad, iniciada com a
construção do Fort Amsterdam no mesmo ano.
Embora haja registros de
regulamentos neerlandeses
na ilha desde 1621, foi a
partir desta fortificação que a
cidade
se
desenvolveu
continuamente,
abrigando
hoje 04 (quatro) distritos históricos construídos em épocas distintas (Figura 26), onde cada um preserva
caracteristicas evolutivas da colonização holandesa, a saber:




Punda: Parte mais antiga da cidade, cercada por muros e que inclui o Fort Amsterdam;
Pietermaai: Área mais rica da cidade, abrigando várias mansões;
Otrobanda: Setor com edificações mais baixas, separadas em lotes espaçosos; e
Scharloo: Distrito residencial de comerciantes, sendo a maioria judeus.
As influências holandesas são encontradas em Willemstad principalmente nos padrões das vias de
Otrobanda (Figura 27), os quais são repletos de becos e ruas principais largas, diversas praças e telhados
íngremes, que terminam em frontões e também marcam presença nas construções de Piertermaai e
Scharloo. Os elementos arquitetônicos sofreram influências não apenas da arquitetura neerlandesa, mas
igualmente do clima tropical e até dos estilos de outras cidades caribenhas. As primeiras residências
construídas em Punda seguiam o padrão holandês, mas, com o passar do tempo, essas edificações foram
se modificando para se adaptar-se aos ventos e ao clima seco da ilha, fazendo com que toques
carinbenhos fossem adicionados, tais como: varandas, alpendres, arabescos e persianas, além do padrão
de cores, com tons fortes e brilhantes. (CURAÇAO TOURISM BOARD, 2015)
FIGURA 27
FIGURA 28
19
8
CONCLUSÃO
A partir do pesquisado, conclui-se que efetivamente houve a tentativa de trazer para as
colônias centro-americanas as referências arquitetônicas produzidas na Metrópole. No entanto,
nos primeiros séculos de colonização, a precariedade de recursos, a ausência de materiais e a
nova realidade encontrada no Caribe, fizeram com que os elementos trazidos para o espaço
doméstico se adaptassem às condicionantes locais. Percebeu-se ainda que, além das
condicionantes locais, havia questões sociais e políticas distintas do ambiente europeu.
Nos estudos de caso, observou-se que, independente da origem da colonização, todos as
edificações residenciais iniciaram-se de modo emergencial, já que havia a necessidade de marcar
e proteger o território recém-conquistado, o que fez com se apropriasse de elementos nativos nas
primeiras moradias, como materiais naturais e técnicas artesanais. Tal situação ia se ajustando
com o passar do tempo, de acordo com a
FIGURA 29
função da cidade, a chegada de novas etnias,
etc. Em Cuba, por exemplo, a arquitetura
colonial residencial emergiu na metade do
século XVII e foi recebendo influências ao
longo dos anos, como mostra a Figura 29, que
ilustra esse processo evolutivo na cidade de
Camagüey (Cuba).
Embora careçam dados planimétricos das habitações coloniais, devido à dificuldade de
acesso a maiores informações a respeito dessas moradias, os casos selecionados puderam
exemplificar o fato de que as necessidades dos usuários, conforme o local específico, iam se
sobrepondo a qualquer tentativa de se impor uma forma predefinida. Ou seja, a tentativa de
reproduzir uma tipologia residencial existente na metrópole em áreas tão distintas acabou sendo
falha, devido à diversidade de fatores comparada à origem dos colonizadores, o que é
comprovado pelas adaptações aos recursos disponíveis que se verificaram ao longo do tempo.
Portanto, conclui-se que é a partir do estudo desse processo adaptativo, o qual ocorreu em
tempos e espaços distintos, que se pode identificar a origem do espaço doméstico de cada
comunidade centro-americana; este reflexo de fatores históricos, culturais e físico-geográficos. Tal
estudo deve ir além de simplesmente conhecer o passado, mas sim compreendido como uma
forma de reinterpretá-lo, percebendo que pode estar nele as soluções para projetos futuros que
visem a reafirmação de uma identidade cultural e/ou conscientização ambiental. Aliás, nas últimas
décadas em várias cidades caribenhas, vem ocorrendo um progressivo regate de elementos
coloniais, de bases vernaculares, comprovando haver a permanência de tipologias tradicionais,
como o esquema compositivo em bangalôs ou da casa senhorial das plantações, que atestam a
validade
da
arquitetura
vernácula
como
referência
para uma
produção
contemporânea mais adequada às condições socioculturais e bioclimáticas.
arquitetônica
20
9
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02
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Continua
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Continuação
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PARECER DO ORIENTADOR
Este trabalho de iniciação científica cumpriu o cronograma inicial, permitindo atingir os objetivos
iniciais, não ocorrendo atrasos e imprevistos. Seu desenvolvimento junto ao professor-orientador
permitiu a complementação e publicação de material didático do curso de arquitetura e urbanismo da
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR. A aluna voluntária demonstrou interesse e dedicação
parcial na elaboração das tarefas indicadas pelo professor-orientador, permitindo o desenvolvimento
regular da pesquisa. Tratando-se de um trabalho introdutório sobre o tema e da vastidão de questões
possíveis de serem abordadas em investigações nesse campo de trabalho, considera-se que os
resultados atingidos foram satisfatórios, embora incompletos, tendo em vista os meios utilizados e
também os fins pretendidos.
DATA E ASSINATURAS
Curitiba, julho de 2015.
Jessica Jeniffer Kerscher
Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto