Se o F - Fundamentos
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Se o F - Fundamentos
Seção F RECOMPENSAS/JULGAMENTOS F1: O Certificado de Aprovação de Deus F1.1 - Chamados, Escolhidos e Fiéis .................................................... 1035 F1.2 - Deus Prova os Homens .............................................................. 1041 F2: Coroas/Galardões F2.1 - O Tribunal de Cristo .................................................................. 1051 F3: Julgamento de Obreiros Indisciplinados F3.1 - Líderes lnfiéis ............................................................................. 1056 F3.2 - Líderes Fiéis ............................................................................... 1063 F Escreva abaixo as suas anotações pessoais: O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE DEUS 1035 SEÇÃO F1 O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE DEUS Zac Poonen ÍNDICE DESTA SEÇÃO F1.1 - Chamados, Escolhidos e Fiéis F1.2 - Deus Prova os Homens Capítulo 1 Chamados, Escolhidos e Fiéis Introdução Uma coisa é sermos aceitos por Deus. Uma história totalmente diferente é sermos APROVADOS por Deus. O Livro do Apocalipse fala sobre o triunfo do Cordeiro de Deus. Lemos, no entanto, que o Cordeiro possui um exército de discípulos através dos quais Ele trava as suas batalhas e as vence. Estes discípulos são (1) chamados, (2) escolhidos e (3) fiéis. “... O Cordeiro é Senhor de senhores e Rei de reis, e os que estão com Ele são chamados, escolhidos e fiéis” (Ap 17:14). Muitos são chamados, poucos são escolhidos, e menos ainda são fiéis. Os fiéis são os vencedores citados dez vezes no Livro do Apocalipse. Eles são os discípulos de Jesus que não somente foram aceitos por Deus, mas que também foram provados por Ele através de muitas circunstâncias e também aprovados por Ele. Houve muitos que creram em Jesus quando Ele Se encontrava na terra, mas Ele não Se comprometeu com todos eles. O primeiro grupo foi o das multidões. “E grandes multidões O seguiram...” (Mt 19:2). Mais tarde disseram o seguinte sobre este grupo: “Desde en- tão muitos dos Seus discípulos voltaram para trás e não andavam mais com Ele” (Jo 6:66). O segundo grupo era menor. Havia setenta pessoas neste grupo com um ministério especial às setenta nações gentias (Veja Gênesis 10). “Depois destas coisas o Senhor designou ainda outros setenta’’ (Lc 10:1). O terceiro grupo consistia de doze homens. “E aconteceu naqueles dias que Ele subiu a uma montanha para orar, e passou a noite toda em oração a Deus. “E, quando já era dia, chamou a Si os Seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos (Lc 6:12,13). Destes Ele escolheu o quarto grupo, que consistia de apenas três homens. “Seis dias depois, Jesus tomou a Pedro, Tiago, e João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte. “E transfigurou-Se diante deles; e o Seu rosto resplandeceu como o sol, e as Suas vestes se tornaram brancas como a luz” (Mt 17:1,2). Este grupo de três homens seria o das “... testemunhas oculares da Sua majestade” (2 Pe 1:16). Eles representam os que “... prosseguem para o alvo, pelo prêmio do sublime chamado de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:14). Estes três são como os vencedores, os 1036 / SEÇÃO F1 que são galardoados com o certificado de aprovação de Deus. A. COMO GANHAR A APROVAÇÃO DE DEUS Não são muitos dos seguidores de Jesus que se qualificam para a inclusão neste circulo íntimo. “Quando Jesus Se encontrava em Jerusalém... muitos creram em Seu Nome, vendo os sinais que Ele fazia. Jesus, no entanto, não confiava neles, pois conhecia todos os homens” (Jo 2:23,24). 1. Busque o Bem dos Outros Jesus sabia que a grande maioria dos que acreditavam n’Ele faziam isto por motives egoísticos. Eles O procuravam somente para obterem bênçãos pessoais. Os seus pecados haviam sido perdoados, mas não desejavam ser vencedores. Para sermos vencedores precisamos desejar ardentemente ser libertos de buscarmos o nosso próprio bem às custas dos outros. 2. Passe nos Testes de Deus Quando Gideão reuniu um exército para lutar contra os inimigos de Israel, ele tinha consigo 32.000 homens. Deus, no entanto, sabia que nem todos eles eram dedicados de todo o coração. Assim sendo, Deus reduziu este número. Primeiramente, os medrosos foram mandados para casa. Contudo, restaram ainda 10.000 homens, os quais foram levados ao rio e provados. Somente 300 passaram no teste e foram aprovados por Deus (Jz 7:1-8). A maneira pela qual aqueles 10.000 homens beberam água do rio para aliviar a sua sede foi um meio que Deus usou para determinar quem se qualificava para se alistar no exército de Gideão. Eles mal sabiam que estavam sendo provados. Nove mil e setecentos homens se esqueceram completamente do inimigo, enquanto estavam ajoelhados para satisfazerem a sua sede. Somente 300 deles permaneceram F1.1 – Chamados, Escolhidos e Fiéis de pé, alertas, bebendo a água com as mãos formando uma concha. São nas coisas simples da vida que Deus nos prova – em nossas atitudes com relação ao dinheiro, aos prazeres, a honra dos homens, ao conforto, etc. Semelhantemente ao exército de Gideão, quando as circunstâncias arranjadas por Deus vêm sobre nós, não percebemos que Deus está nos provando, para ver como reagiremos. 3. Não Seja Distraído Pelo Mundo Jesus nos admoestou a não ficarmos oprimidos com os cuidados deste mundo. Ele disse: “Vigiai para que os vossos corações não fiquem sobrecarregados com a glutonaria, embriaguês, e os cuidados da vida, vindo sobre vós repentinamente aquele dia como uma armadilha” (Lc 21:34). Paulo exortou os cristãos de Corinto, dizendo: “De agora em diante também os que têm esposas deveriam ser como se as não tivessem; e os que choram, como se não chorassem, e os que se alegram, como se não se alegrassem; “E os que compram, como se não possuíssem, e os que usam o mundo, como se não estivessem utilizando-o completamente, pois a fama deste mundo esta acabando... “Digo isto para assegurar a vossa devoção ao Senhor sem distração alguma” (1 Co 7:29-35). Não devemos permitir que nada deste mundo nos distraia de uma total devoção ao Senhor. As coisas legítimas do mundo são uma armadilha mais perigosa do que as coisas pecaminosas – porque as coisas legítimas parecem tão inocentes e inofensivas! Nós podemos aliviar a nossa sede – mas precisamos juntar as nossas mãos em forma de concha e bebermos somente o estritamente necessário e ficarmos em alerta com relação a qualquer ataque de surpresa do inimigo. As nossas mentes devem estar ocupadas com a batalha que o Senhor nos deu O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE DEUS 1037 para travarmos, e não com a nossa própria sede, fome, ou desejos. Temos de abandonar tudo e estarmos dispostos a sofrermos dificuldades, se quisermos ser discípulos de Jesus (2 Tm 2: 3). Ele me considerou fiel, introduzindo-me no ministério” (1 Tm 1:12). Paulo estava entre os chamados, os escolhidos, E FIÉIS – e desejava ardentemente que Timóteo estivesse neste grupo também. Paulo, no entanto, havia sido provado antes de ser aprovado. Nós estamos sendo provados também. Deus nunca Se compromete com ninguém antes de prová-lo. As narrativas que nos foram dadas nas Escrituras sobre as provações de vários homens – alguns dos quais foram aprovados e outros rejeitados – podem portanto ser de muita valia para nós pois foram escritas para a nossa instrução. 2. Concentre-se nas Coisas Eternas Semelhantemente a um elástico que é esticado, as nossas mentes podem considerar as coisas terrenas que são necessárias. Uma vez, no entanto, que estas coisas tenham sido consideradas, da mesma maneira em que o elástico retorna à sua posição normal ao ser liberado da sua tensão, as nossas mentes também deveriam retornar às coisas do Senhor e da eternidade. Isto é o que significa termos as nossas mentes “fixadas nas coisas de cima, e não nas coisas que são da terra” (Cl 3:2). Com muitos crentes, no entanto, o elástico funciona da maneira oposta. As suas mentes são esticadas de vez em quando de forma a refletirem sobre as coisas eternas e, quando liberadas, retornam à sua maneira normal, ocupadas com as coisas deste mundo! 5. Precisamos Ser Diligentes Paulo exortou a Timóteo, dizendo: “Nenhum soldado da ativa se embaraça com os afazeres da vida cotidiana, a fim de que ele possa agradar aquele que o alistou como soldado” (2 Tm 2:4). Paulo não estava dizendo a Timóteo como ser salvo, mas sim como ele poderia agradar a Cristo como um eficiente soldado no exército de Deus. “Seja diligente para apresentar-se aprovado diante de Deus”, disse-lhe Paulo (2 Tm 2:15). Timóteo já havia sido aceito por Deus. Agora ele precisava ser diligente para ganhar a aprovação de Deus. O próprio Paulo havia sido colocado no ministério cristão por Cristo, porque ele havia ganho a aprovação de Deus. Ele disse: “Agradeço a Cristo Jesus, nosso Senhor, o Qual me fortaleceu porque B. AGRADÁVEIS OU NÃO AGRADÁVEIS A DEUS Lemos no Novo Testamento sobre Alguém com o Qual o Pai ficou satisfeito, e também sobre um grupo de pessoas com o qual Deus não ficou satisfeito. Um estudo deste contraste é muito interessante. 1. Deus Não Ficou Satisfeito Dos 600.000 soldados israelitas (Nm 1:46) que pereceram no deserto por incredulidade, está escrito que “Deus não ficou satisfeito com eles” (1 Co 10:5). Estes israelitas haviam sido redimidos do Egito através do sangue do cordeiro (simbólico da nossa redenção através de Cristo). Eles haviam sido batizados no Mar Vermelho e na nuvem (simbólicos do batismo na água e do batismo no Espírito Santo) (1 Co 10:2). Contudo, Deus não ficou contente com eles. a. Mesmo Assim Ele Cuidou Deles. No entanto, Deus foi muito bom para eles, no sentido de que Ele supriu sobrenaturalmente todas as suas necessidades físicas e materiais. “Nunca se envelheceu o teu vestido sobre ti nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos”, disse-lhes Moisés no final dos seus quarenta anos de perambulação (Dt 8:4). 1038 / SEÇÃO F1 Deus também curou todas as enfermidades deles. A Bíblia diz: “Não havia nenhum enfermo ou débil dentre eles” (Sl 105:37). Deus fez muitos milagres para eles. Aliás, nenhum grupo específico de pessoas na história do mundo jamais viu tantos milagres quanto viram aqueles israelitas incrédulos, com os quais “Deus Se irou por quarenta anos’’ (Hb 3:17). Isto nos ensina que Deus também responde às orações dos crentes carnais – e que Ele supre as suas necessidades terrenas, ate mesmo sobrenaturalmente, se necessário. O fato de Deus executar um milagre para nós não prova nada sobre a nossa espiritualidade. Prova somente que Deus e um Deus bom, o Qual faz com que o Seu sol brilhe igualmente sobre os retos e sobre os ímpios! b. Os Milagres Não São Nenhuma Garantia. Jesus também nos admoestou que no Dia do Julgamento Final muitos dos que haviam feito milagres no Seu Nome seriam rejeitados e desqualificados porque haviam vivido em pecado. Ele disse: “Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome, e em Teu nome não expulsamos demônios, e em Teu nome não executamos muitos milagres? “E então lhes declararei: Nunca vos conheci: Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7:22,23). Obviamente Ele estava Se referindo aos pregadores cristãos e pessoas com dons de cura, que faziam milagres genuínos em Seu nome. Através das palavras de Jesus, torna-se claro que MUITOS dos homens (não somente alguns deles, nem todos eles, mas muitos) que possuem estes ministérios milagrosos não estão livres do pecado em sua vida pessoal e em seus pensamentos e atitudes. Isto será exposto no Tribunal de Cristo, se não antes. A operação de milagres, por si só, não é nenhuma indicação de que alguém seja aprovado por Deus. Será que compreendemos F1.1 – Chamados, Escolhidos e Fiéis isto de fato? Caso contrário, seremos enganados. 2. Deus Ficou Satisfeito Em contraste com os israelitas do Antigo Testamento com os quais Deus não ficou satisfeito, lemos sobre Jesus no Novo Testamento que o Pai ficou satisfeito com Ele. Quando Jesus tinha trinta anos de idade, o Pai falou publicamente do Céu as seguintes palavras sobre Ele: “Este é o Meu Filho Amado com Quem Me satisfaço” (Mt 3:17). E isto foi dito antes que Jesus tivesse feito um simples milagre ou pregado um simples sermão! Qual foi então o Seu segredo de ser aprovado por Deus? Obviamente não foi devido ao Seu ministério, pois Ele não havia nem mesmo começado o Seu ministério público. O motivo foi o tipo de vida que Ele havia vivido durante trinta anos. a. Fiéis Durante as Tentações. Somos aprovados por Deus não pelo sucesso de nossos ministérios, e sim por nossa fidelidade nas tentações que enfrentamos em nossa vida diária. As duas únicas coisas que lemos sobre os trinta anos “silenciosos” da vida de Jesus (com exceção do incidente no Templo) são que “Ele foi tentado em todas as coisas como nós, e, contudo, não pecou” (Hb 4:15) e que “Ele nunca agradou a Si Próprio” (Rm 15:3). Ele tinha fielmente resistido às tentações em todas as ocasiões e nunca havia buscado os Seus Próprios desejos e vontade em nenhuma questão. Era isto que deleitava o Pai. b. Caráter Santo. As nossas realizações externas talvez impressionem as pessoas mundanas e os crentes carnais. Deus, no entanto, fica mais impressionado com o nosso caráter. É somente o nosso caráter que pode nos trazer a aprovação de Deus. Assim sendo, se quisermos saber qual é a opinião de Deus a nosso respeito precisamos deliberadamente apagar de nossas men- O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE DEUS 1039 tes o que já realizamos em nossos ministérios. Precisamos nos avaliar meramente pelas nossas atitudes com relação ao pecado em nossos padrões de pensamento e o egocentrismo em nossas ações. Somente este é o “termômetro” infalível da nossa condição espiritual. Portanto, o evangelista com dom de curas, que viaja o mundo inteiro, o pregador, e a mãe ocupada, que nunca consegue sair dos confins do seu lar, possuem exatamente as mesmas chances de alcançarem a aprovação de Deus. Descobriremos no Tribunal de Cristo que muitos dos que são primeiros aqui no mundo cristão serão os últimos lá. Muitos que eram considerados os últimos aqui na terra (porque não possuíam um ministério muito reconhecido) serão os primeiros lá! deiro, então ela tomará duas rolas ou dois pombinhos...” (Lv 12:8). E José e Maria tomaram “de acordo com o que foi dito na Lei do Senhor, um par de rolas, ou dois pombinhos” (Lc 2:24). Com relação a Jesus foi dito: “Pois sabeis da graça do nosso Senhor Jesus Cristo, o Qual, muito embora fosse rico, por amor de vós tornou-Se pobre...” (2 Co 8:9). Jesus tinha pelo menos quatro irmãos e duas irmãs mais jovens morando com Ele na mesma casa. Marcos 6:3 nos diz que as pessoas da Sua cidade natal comentaram com relação a Jesus: “Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago e José, e Judas, e Simão? E não estão aqui conosco as suas irmãs?” Podemos imaginar as pressões e lutas que Jesus enfrentou ao crescer naquele lar pobre. Para piorar ainda mais, os Seus irmãos mais jovens eram incrédulos. Está escrito: “Porque nem mesmo os Seus irmãos criam n‘Ele” (Jo 7:5). Eles devem ter zombado d’Ele de muitas maneiras. Ele não tinha nenhum quarto particular em Sua casa para onde pudesse Se retirar ao enfrentar as pressões das tentações dos outros habitantes da casa. Naquela casa também deve ter havido as lutas, discussões, repreensões, e o egoísmo (comum a todos os lares). E no meio dessas circunstâncias, Jesus foi tentado em todas as coisas como nós o somos, e Ele nunca pecou, nem uma vez sequer, numa ação, palavra, pensamento, atitude ou motivação ou de nenhuma outra maneira. Se Jesus tivesse vindo de alguma forma diferente da nossa, em algum tipo de carne que fosse incapaz de ser tentada, então não teria havido nenhuma virtude no Seu viver com pureza nessas circunstâncias. Mas Ele foi feito como nós em todas as coisas. A Palavra de Deus diz: “Ele TINHA QUE C. JESUS É O NOSSO EXEMPLO Jesus é o nosso Exemplo em todas as coisas. O Pai havia feito arranjos para que Jesus passasse os primeiros trinta anos da Sua vida terrena basicamente em dois lugares – o Seu lar e o Seu local de trabalho (a carpintaria). Foi a fidelidade de Jesus nestes dois lugares que Lhe proporcionou a aprovação do Pai. Esta é uma questão que nos estimula muito, pois todos nós constantemente nos encontramos nestes dois lugares – o nosso lar e o nosso local de trabalho. E é nestes dois lugares que Deus geralmente nos prova. 1. Fidelidade em Casa A casa de Jesus era um lar pobre. José e Maria eram tão pobres que não tinham condições de nem mesmo oferecer um cordeiro como oferta queimada. Eles não tinham “pregadores de prosperidade” americanos que lhes ensinassem como poderiam ficar ricos. A Lei havia ordenado que “se ela não tiver condições financeiras para um cor- 1040 / SEÇÃO F1 SER FEITO como os Seus irmãos em todas as coisas, para que pudesse Se tornar um misericordioso e fiel Sumo-Sacerdote nas coisas pertencentes a Deus” (Hb 2:17). Ele passou pelas pressões de todas as tentações que possamos enfrentar. É isto o que nos dá um grande encorajamento nos momentos em que somos tentados, de que nós também podemos vencer. Esta é a esperança que Satanás tenta roubar de nós, tentando esconder de nós esta gloriosa verdade de que Cristo veio em nossa carne e foi tentado exatamente como nós o somos. 2. Fidelidade em Ação Na qualidade de carpinteiro em Nazaré, Jesus deve ter enfrentado as tentações que todos os que se empenham em qualquer forma de trabalho enfrentam. Mas Ele nunca enganava a nenhum dos Seus clientes. Ele nunca cobrava exageradamente por nenhum dos Seus artigos e nunca Se afrouxava em nenhum ponto de retidão, qualquer que fosse o custo (ou perda) para Ele. Ele não era um concorrente dos outros carpinteiros de Nazaré. Ele apenas trabalhava para ganhar a vida. Assim sendo, através de Suas compras, vendas, e do manuseio do dinheiro (na qualidade de carpinteiro), Jesus enfrentou todas as tentações que enfrentamos na área do dinheiro, e venceu. Jesus viveu em submissão a pais adotivos imperfeitos durante muitos anos. Isto deve tê-Lo exposto a várias formas de tentações interiores (na área das atitudes), e, contudo, Ele nunca pecou. Maria se encontrava dentre aqueles que estavam aguardando aquele poderoso e santificador Batismo no Espírito Santo e Fogo no Cenáculo (At 1:14). Desprovidos desse poder, é provável que José e Maria tenham levantado as suas vozes e discutido um com o outro, assim como fazem a maioria dos casais. Jesus, por outro lado, estava vivendo numa perfeita vitória. Contudo, Ele nunca os desprezou. Se tivesse feito isto, Ele teria F1.1 – Chamados, Escolhidos e Fiéis pecado. Ele os respeitava, muito embora fosse muito mais puro que eles. Nisto vemos a beleza da Sua humildade. Vemos assim que Jesus não viveu uma vida monótona durante esses trinta anos em Nazaré. Jesus Se encontrava, o tempo todo, no meio de um conflito contra as tentações – um conflito que aumentava de intensidade à medida que cada ano se passava. Antes que Ele pudesse Se tornar o nosso Salvador e o nosso Sumo-Sacerdote, o Pai teve de conduzir o Capitão da Nossa Salvação através de toda a gama de tentações possíveis aos seres humanos. A Palavra de Deus diz: “Porque convinha, para Quem são todas as coisas, e através do Qual são todas as coisas, trazendo muitos filhos a glória, aperfeiçoar o Autor da salvação deles através dos sofrimentos” (Hb 2:10). Ainda havia algumas tentações (como as que surgem através da fama nacional, etc.) que Jesus enfrentaria nos últimos três anos e meio da Sua vida terrena. Mas as tentações comuns que todos enfrentamos em casa e em nossos locais de trabalho, Ele já havia enfrentado e vencido em Seus primeiros trinta anos. E o Pai deu a Jesus o Seu “certificado de aprovação” em Seu batismo. D. BUSQUE UM CARÁTER TRANSFORMADO Se ao menos os nossos olhos fossem abertos para vermos as condições em que Deus nos dá a Sua aprovação, isto revolucionaria a nossa vida por completo. Nenhum de nós almejaria mais um ministério mundial. Ao invés, ansiaríamos por uma fidelidade nos momentos de tentações em nossa vida diária. Oraríamos pedindo um batismo de fogo que produzisse um caráter transformado, bem como um poder que produzisse milagres. Desta maneira, a nossa mente seriam renovadas de forma a termos as nossas prioridades na ordem correta. Anime-se com o fato de que os maiores O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE DEUS 1041 galardões de Deus e os Seus maiores elogios estão reservados para os que enfrentam as tentações com a mesma atitude de Jesus, que era a seguinte: “Eu preferiria morrer do que cometer um pecado ou desobedecer o Meu Pai num ponto sequer.” Este é o significado da exortação de Filipenses 2:5-8, que diz: “Tenham a mesma atitude de Cristo Jesus... o Qual Se tornou obediente até mesmo a ponto de morrer.” Independentemente do nosso dom, ministério, posição social, sexo, ou idade, todos nós temos a mesma oportunidade de sermos vencedores e de estarmos dentre os chamados, escolhidos e fiéis. capacitar a guardarmos a lei de Deus. “Porque o Espírito... me libertou do pecado... Porque o que a lei não podia fazer por estar débil... Deus enviou o Seu Próprio Filho... para que a retidão da lei pudesse ser cumprida em nós...” (Rm 8:2-4). Portanto, temos um poder disponível a nós e que nos capacita a sermos julgados por um padrão mais elevado. Não se esperava que os santos do Antigo Testamento atingissem os padrões neo-testamentários. Mateus 19:8,9 ilustra isto. Nesta passagem, Jesus explicou aos fariseus o motivo pelo qual Moisés permitiu o divórcio sob a Antiga Aliança. Ele disse: “Devido a vossa dureza de coração Moisés vos permitiu o divórcio de vossas esposas.” Mas, sob a Nova Aliança, Deus remove o nosso coração duro e nos dá, em vez disso, um coração brando. “E também vos darei um novo coração, e um novo espírito colocarei dentro de vós; e removerei o coração de pedra... e vos darei um coração de carne” (Ez 36:26). Assim sendo, o divórcio não é permitido agora. Deus é chamado de “O Deus que prova os justos” (Jr 20:12). Ele não tenta ninguém a fazer o mal. “Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele Próprio não tenta a ninguém” (Tg 1:13). No entanto, Ele PROVA de fato os retos. Capítulo 2 Deus Prova os Homens Introdução As biografias de homens de Deus e daqueles que desapontaram a Deus foram escritas na Bíblia para nossa instrução e admoestação. Há muito que aprender, se nelas meditarmos, com ouvidos sintonizados na voz do Espírito. Ao lermos sobre as pessoas do Antigo Testamento, um fato que precisamos ter em mente é que todas elas viveram numa época anterior à vinda da “graça” através de Jesus Cristo. “Pois a lei foi dada através de Moisés; a graça e a verdade foram dadas através de Jesus Cristo” (Jo 1:17). Neste versículo, a palavra “graça” significa “capacitação”. A lei continha a verdade, mas não capacitava os que a aceitavam para guardar os seus santos mandamentos. “A graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo.” Isto significa que a lei não estava mais escrita sobre a pedra, e sim em nosso coração. “... Porei a Minha lei em seu interior e a escreverei no seu coração; e serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo” (Jr 31:33). Recebemos o Espírito Santo para nos A. DEUS PROVOU A JÓ Jó era um dos servos escolhidos de Deus. Deus podia destacá-lo perante Satanás como um homem na terra que temia a Deus em todos os seus caminhos. “O Senhor disse a Satanás: Consideraste o Meu servo Jó? Pois não há ninguém semelhante a ele na terra, um homem irrepreensível e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1:8). Deus não diz nada sobre a inteligência, os talentos, ou as riquezas de Jó – coisas que não têm valor algum para Deus. Ele apenas ressalta a sua pureza e retidão. Como 1042 / SEÇÃO F1 no caso de Jesus, foi o caráter de Jó, e não as suas realizações ou o seu ministério, que alegrou o coração de Deus. Até mesmo Satanás tem dons sobrenaturais e inteligência. Ele tem conhecimentos bíblicos também! O que Deus procura, no entanto, é o caráter. Quando Deus nos prova, Ele prova o nosso caráter – e não os nossos conhecimentos bíblicos. Quando Deus procura por um homem de quem Ele possa Se orgulhar, alguém que Ele possa destacar perante Satanás, Ele procura um homem de caráter – um homem irrepreensível e reto, alguém que tema a Deus e odeie o mal. Talvez tenhamos uma boa reputação com outros crentes devido à nossa espiritualidade. Mas será que Deus, que nos conhece de ponta a ponta, poderá nos destacar perante Satanás? Um certificado como o que Deus deu a Jó é maior do que qualquer honra terrena que possamos obter. Toda a honra vã do cristianismo também é como lixo inútil em comparação com isto. Portanto, a pergunta mais importante não é: “Qual é a opinião dos outros com relação à minha espiritualidade?” mas sim: “Será que Deus pode me destacar perante Satanás como alguém de quem Ele possa Se orgulhar?” 1. Quatro Testes Usados por Deus Quando Deus falou a Satanás sobre Jó, Satanás disse que Jó estava servindo a Deus porque ele se beneficiava e tirava proveito disto. a. Perda de Posses. “Satanás respondeu ao Senhor: Porventura Jó teme a Deus por nada? Porventura não o cercaste de bens, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? “Tu abençoaste o trabalho das suas mãos, e as suas posses estão aumentando na terra. Mas estende a Tua mão e toca tudo quanto tem. Certamente ele Te amaldiçoará na Tua face” (Jó 1:9-l 1). Deus refutou esta acusação e permitiu F1.2 – Deus Prova os Homens que Satanás pusesse Jó a prova para que ele descobrisse por si próprio que a sua acusação não era verdadeira. Deus fez isto porque Ele conhecia a integridade de Jó. E nós? Será que seguimos a Deus por causa de ganhos materiais? Será que Deus teria de reconhecer que Satanás estaria certo se ele salientasse a qualquer um de nós como alguém que serve a Deus por causa de ganhos pessoais? Infelizmente, o mundo esta repleto de obreiros e pastores cristãos que se encontram na obra de Deus para obterem ganhos pessoais – alguns para ganharem salários, outros honra e posição, e outros a fim de receberem viagens grátis a países ocidentais. Qualquer um que faça uma obra cristã por motivos de ganho pessoal está servindo a Mamom e não a Deus. O serviço para o Senhor executado com as motivações certas sempre nos custa algo. Considere as palavras de Davi quando ele estava a ponto de oferecer um sacrifício ao Senhor. Ele disse: “Não oferecerei ao Senhor, meu Deus, algo que não me custe nada” (2 Sm 24:24). Realmente bem poucos são os que demonstram esta atitude de Davi. O verdadeiro serviço para o Senhor geralmente nos traz perdas materiais e não ganhos. O lucro será espiritual. O que busca os ganhos materiais, por outro lado, pertence à Babilônia, e não a Jerusalém Celestial. A Bíblia diz com relação à Babilônia espiritual: “Os mercadores destas coisas enriqueceram-se com ela” (Ap 18:15). No meio de obreiros cristãos egocêntricos, Paulo podia destacar um Timóteo, como uma rara exceção. Ele disse com relação a ele: “Não tenho ninguém mais com este mesmo espírito, que genuinamente se interesse pelo vosso bemestar. Pois todos buscam os seus Próprios interesses, e não os de Cristo Jesus” (Fp 2:19-21). Paulo não foi enganado. Ele conhecia a condição espiritual dos seus colaboradores. O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE DEUS 1043 Deus tampouco se engana com relação a nós. Deus tinha tanta confiança em Jó que podia permitir que Satanás o provasse. Muito embora Jó tivesse perdido todos os seus filhos e a sua imensa riqueza num único dia, ainda assim ele continuou a adorar e a servir a Deus. Ele disse: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jo 1:2022). Ele sabia que tudo o que possuía – filhos, propriedades, e até mesmo a própria saúde – era um dom de Deus para ele. Deus tinha todo o direito de tirar estas coisas quando assim o desejasse. Não podemos de fato adorar a Deus até que tenhamos deixado tudo – isto é, desistido do direito de possuirmos qualquer coisa. b. Perda da Saúde. Em seguida, Deus permitiu que Satanás fosse um passo além e afligisse a Jó, da cabeça aos pés, com uma chaga maligna. As enfermidades são provenientes de Satanás, mas até mesmo isto pode ser usado por Deus para santificar e aperfeiçoar os Seus servos. Paulo foi atingido por um espinho na carne, o qual ele diz especificamente que era proveniente de Satanás. Não era um mensageiro de Deus, e sim um mensageiro de Satanás. Contudo, Deus permitiu que ele permanecesse e não o removia (apesar das constantes orações de Paulo), pois ele servia para manter Paulo humilde. Paulo diz: “Devido à excelente grandeza das revelações que recebi de Deus, foi dado a mim um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, para impedir que me exaltasse! Com relação a isto, supliquei ao Senhor três vezes para removê-lo de mim. E Ele me disse: A Minha graça é suficiente para ti, pois o Meu poder é aperfeiçoado na tua fraqueza” (2 Co 12:79). c. Esposa Acusadora. O terceiro pas- so de Satanás foi afligir a Jó através da sua esposa. “Aí então a mulher de Jó lhe disse: Ainda retens a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre!” (Jó 2:9). Pode ser um terrível teste da sua santificação o fato de a sua própria esposa se voltar contra você e o acusar. A Palavra de Deus ordena: “Maridos, amai vossas mulheres, e não vos irriteis contra elas... Amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja e a Si Mesmo Se entregou por ela” (Cl 3:19; Ef 5:25). Um marido nunca deve se irritar contra a sua esposa, em nenhuma circunstância. Ele precisa amá-la em todo o tempo, até mesmo se ela for um instrumento de Satanás contra ele. Se você tiver uma esposa difícil, em vez de reclamar da sua sorte na vida e invejar os homens que possuem esposas tementes a Deus, você poderia considerar as suas circunstâncias como um meio para a sua própria santificação. Deus o prova nestas mesmas circunstâncias para ver se você se qualifica a receber o Seu certificado de aprovação. Ele o prova quando a sua esposa grita com você e o ridiculariza, para ver se você se qualifica a ser um verdadeiro representante de Jesus, o Qual foi até mesmo chamado de louco pelos Seus Próprios parentes. O registro bíblico diz: “Os Próprios parentes de Jesus... saíram para prendê-Lo, pois estavam dizendo: Ele está fora de Si” (Mc 3:21). Jesus suportou este insulto com paciência. Somos chamados para segui-Lo e para representá-Lo. d. Amigos Acusadores. O quarto passo de Satanás foi acusar a Jó através dos seus amigos pregadores (Veja Jó 4 a 25). Este foi o golpe mais duro que Jó teve que agüentar – porque esses pregadores vieram a ele e agiram como se fossem profetas de Deus, dizendo-lhe que todas as suas enfermidades eram devidas aos seus pecados secretos. Mal sabiam aqueles pre- 1044 / SEÇÃO F1 gadores que estavam inconscientemente agindo a favor do “acusador dos irmãos” (Ap 12:10). Deus, no entanto, permitiu que fizessem isto a fim de purificarem a Jó. B. VENCEDORES ATRAVÉS DA GRAÇA Hoje Deus promete: “O pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6:14). Jó, porém, viveu numa época em que alguns dos recursos da graça não Lhe eram disponíveis. Assim sendo, ele finalmente se entregou à autocomiseração, auto-justificação, depressão e desânimo. Ocasionalmente, a sua fé brilhava no meio das trevas, mas ainda assim a sua experiência foi algo oscilante. Agora que a graça veio através de Jesus Cristo, caso sejamos provados de maneira semelhante, não há necessidade alguma de um momento sequer de depressão ou desânimo. Os mandamentos do Novo Testamento são: “Não estejais inquietos por coisa alguma... Regozijai-vos sempre no Senhor... Em tudo dai graças...”, etc. (Fp 4:6,4; 1 Ts 5:18). Estes mandamentos não haviam sido dados no Antigo Testamento porque a graça ainda não havia vindo. Deveríamos reconhecer a mão de Deus em tudo. A graça está disponível em todos os momentos para constantemente nos manter vitoriosos. 1. Nós Podemos Ser Vencedores O triunfante clamor de Paulo foi: “Graças a Deus, que sempre nos conduz em Seu triunfo em Cristo” (2 Co 2:14). Podemos ser vencedores agora, até mesmo se perdermos as nossas propriedades e os nossos filhos, ou até mesmo se as nossas esposas nos acusarem. Caso os outros crentes não nos compreendam e nos critiquem, ou se qualquer outra coisa acontecer que Deus considere adequado permitir em nos- F1.2 – Deus Prova os Homens sa vida, “... regozijemo-nos no Senhor sempre” (Fp 4:4). 2. Um Testemunho a Satanás Desta forma, Deus demonstra a Satanás que Ele tem um remanescente na terra que não somente se submete a todos os Seus tratamentos com eles, mas que também aceita todas as tribulações com alegria, convencidos de que estas leves aflições são planejadas por Deus para produzir para eles um eterno peso de glória. A Bíblia diz: “Porque a nossa momentânea e leve aflição está produzindo para nós um eterno peso de glória muito além de toda comparação, não atentando nós para as coisas visíveis, e sim para as coisas invisíveis” (2 Co 4:17,18). O Novo Testamento nos diz que Deus deseja demonstrar a Sua sabedoria aos principados e potestades nos lugares celestiais através da Igreja. Efésios 3:10 diz: “A fim de que a multiforme sabedoria de Deus pudesse agora ser conhecida através da Igreja aos principados e potestades nos lugares celestiais.” Efésios 6:12 nos diz que estes principados são os espíritos malignos nos lugares celestiais. As coisas que nos acontecem não são acidentais, mas são especificamente planejadas para nós e pesadas (de forma a nunca estarem além da nossa capacidade de agüentarmos) “de acordo com o plano pré-determinado e a preciência de Deus” (At 2:23). As tribulações têm o propósito duplo de nos transformar à semelhança de Cristo e de manifestar aos espíritos e principados satânicos nos lugares celestiais que Deus ainda tem um povo na terra que O ama, O obedece, e O louva, com fé, em todas as circunstâncias. 3. Uma Prova da Nossa Fé Toda tribulação pela qual podemos passar é uma prova da nossa fé. Até mesmo na época de Jó, ele podia dizer: “Deus conhe- O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE DEUS 1045 ce todos os detalhes do que está acontecendo comigo” (Jó 23:10). Hoje podemos ir um passo além e dizer (com base em Romanos 8:28) que “Deus PLANEJA e transforma para o bem todos os detalhes que me dizem respeito.” Será que realmente cremos, com relação a tudo o que cruza o nosso caminho, que Deus planejou tudo em perfeita sabedoria e amor e que o Seu poder é todo-poderoso o suficiente para nos livrar da provação quando chegar a hora certa? Será que Deus encontrará em você e em mim aqueles que Ele pode intrepidamente salientar a Satanás como sendo pessoas que nunca reclamam nem resmungam em nenhuma circunstância, mas que somente dão graças por todas as coisas e em todo o tempo? Tu fazes a pregação e eu Te sustentarei financeiramente. “Se o meu negócio de pesca vai ser assim, logo serei o mais rico homem de negócios de todo Israel, e os meus dízimos sustentarão não somente a Ti, mas também a todo o exército de outros obreiros cristãos em muitas partes desta terra e do estrangeiro também!” Aí então, Pedro poderia ter viajado ao redor do mundo, dando o seu testemunho em várias conferências para homens de negócios ensinando-os sobre um Cristo que poderia tornar prósperos os seus negócios. Este é o raciocínio da mente carnal. Pedro, no entanto, não fez isto. a. Ele Desistiu do Seu Negócio. Quando Jesus o chamou para deixar as suas redes, ele deixou o seu negócio de pesca imediatamente e seguiu a Jesus. Ele passou no teste. Os cristãos mal sabem, quando Deus prospera os seus caminhos de forma a ganharem mais dinheiro, que estão sendo testados. A maioria dos cristãos são reprovados no teste neste ponto. Eles se contentam em ser milionários vãos quando poderiam ter se tornado apóstolos. Anos mais tarde, Pedro – longe de ser um rico homem de negócios – podia somente dizer: “Não tenho prata nem ouro” (At 3:6). No entanto, ele tinha algo muito melhor que a prata e o ouro. Ele havia desistido das riquezas terrenas pela riqueza eterna do Reino de Cristo. b. “Rico Para com Deus”. Hoje em dia, as livrarias cristãs estão abarrotadas com livros que alegam ensinar aos cristãos como se tornarem materialmente prósperos e ganharem dinheiro, com Jesus sendo um sócio em suas vidas! Os cristãos são estimulados nesses livros a reivindicarem dispendiosos carros, casas e propriedades – tudo pela fé em Cristo. Até mesmo uma criança consegue ver a preocupação terrena desses escritores, e, C. O TESTE DE PEDRO E JUDAS Dentre os doze apóstolos que Jesus escolheu, talvez o maior contraste de personalidade estivesse entre Pedro e Judas Iscariotes. Pedro era sincero, inculto e afetuoso. Judas Iscariotes era inteligente, astuto, e ambicioso. Deus tinha um grande chamado para Simão Pedro, mas que não poderia ser cumprido até que ele tivesse sido testado e aprovado. Pedro, no entanto, não fazia idéia alguma sobre o maravilhoso plano de Deus na ocasião em que Jesus o chamou. Deus nos revela Seu plano apenas um passo de cada vez. 1. A Atitude de Pedro com Relação ao Dinheiro Certo dia, Jesus entrou no barco de Pedro e Lhe disse para levar o barco para águas profundas e jogar as suas redes para uma pescaria. Pedro obedeceu e fez uma das maiores pescarias da sua vida (Lc 5:1-11). Se Pedro fosse como alguns homens de negócio cristãos de hoje, ele teria dito a Jesus algo semelhante a isto: “Senhor, isto é fantástico! Vamos – Tu e eu – ser sócios. 1046 / SEÇÃO F1 contudo, muitos crentes estão sendo enganados. Os testemunhos dados nestes livros sobre pessoas recebendo coisas materiais podem ser todos verdadeiros – mas quantas delas compreenderam que Deus as estava testando ao lhes dar riquezas? Talvez elas estivessem sendo testadas ao se tornarem ricas para se comprovar se aprenderiam a compartilhar as suas riquezas e tornarem-se “ricas para com Deus” (Lc 12:21). Suspeito, porém, que a maioria delas foram reprovadas no teste – ao contrário de Pedro. O ego é o centro de todo filho de Adão. Quando nos convertemos, o nosso ego não morre, mas tenta de maneiras sutis coagir Deus a servir os seus Próprios interesses. O ego é a fonte do cristianismo carnal que se especializa na obtenção de bênçãos materiais e físicas de Deus. Ele chega até nós hoje em dia através de livros disfarçados com a roupagem da “fé”. Contudo, estes livros também servem a um propósito no sentido de revelarem o que os corações dos seus leitores realmente desejam – o terreno ou o celestial. Assim sendo, o trigo é peneirado do joio no cristianismo! “Pois é preciso que haja também heresias entre vós, para que os que são aprovados possam ser manifestos entre vós” (1 Co 11:19). As heresias revelam os corações e as motivações dos homens. Elas separam os aprovados dos reprovados. 2. A Atitude de Pedro com Relação à Correção Vemos ainda como Jesus testou a Pedro de uma outra maneira ao repreendê-lo publicamente com a mais ríspida repreensão que Ele já deu a qualquer ser humano. Quando Jesus disse aos Seus discípulos que Ele seria rejeitado e crucificado, Pedro – com um intenso amor humano pelo Senhor – “... tomando-O de lado, começou a repreendê-Lo dizendo: Deus Te livre, Se- F1.2 – Deus Prova os Homens nhor! Isto nunca acontecerá Contigo!” (Mt 16:22). Jesus voltou-Se e disse publicamente a Pedro (escutando-O os outros apóstolos). “Para trás de Mim, Satanás! Tu és uma pedra de tropeço para Mim” (Mt 16:23). a. Não Ofendido. É bem insultuoso para o nosso ego sermos repreendidos publicamente. Muito pior ainda é sermos chamados de “Satanás”. Contudo, Pedro nunca ficou ofendido. Quando muitos dos discípulos se ofenderam com a mensagem da “morte ao ego” que Jesus pregava e O abandonaram, Jesus perguntou aos doze apóstolos se eles também gostariam de ir embora. Foi Pedro quem respondeu, dizendo: “Senhor, a quem iremos nós? Tu tens a Palavra da vida eterna” (Jo 6:68). Estas palavras foram expressas por Pedro logo depois de ter recebido uma forte repreensão dos lábios de Jesus. É isto o que torna as palavras de Pedro ainda mais maravilhosas. Ele achava que quaisquer palavras de repreensão dos lábios de Jesus eram somente palavras de vida eterna! A nossa capacidade de aceitarmos repreensões provenientes de irmãos mais velhos é um teste da nossa humildade. Pedro passou no teste magistralmente. 3. A Atitude de Judas com Relação ao Dinheiro Judas Iscariotes, sendo um dos doze apóstolos que Jesus escolhera, tinha exatamente as mesmas chances que os outros para se qualificar para o certificado de “Aprovado por Deus”. Semelhantemente aos outros, no entanto, ele também tinha que ser provado. O registro bíblico diz que “Judas Iscariotes tornou-se um traidor” (Lc 6:16). Isto subentende que ele era exatamente tão sincero quanto os outros doze discípulos quando Jesus o escolheu. Entretanto, através da ambição egoísta ele se desviou terrivelmente. O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE DEUS 1047 A Bíblia nos admoesta: “Onde existe uma ambição egoísta, há desordem e todo tipo de perversidade” (Tg 3:16). A vida de Judas é uma admoestação a todos nós, pois é possível que qualquer um de nós se torne semelhante a ele, caso não sejamos cuidadosos. Ele era o tesoureiro da equipe de Jesus e teve muitas oportunidades de provar a sua fidelidade na área do dinheiro. Ele poderia ter se tornado um dos autores das epístolas do Novo Testamento se tivesse sido fiel. O seu nome certamente teria estado num dos fundamentos do muro da Nova Jerusalém. A Bíblia diz que “o muro da cidade [Nova Jerusalém] tinha doze fundamentos, e neles encontravam-se os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (Ap 21:14). Judas Iscariotes, no entanto, foi reprovado ao ser testado. a. Ele Era um Ladrão. Um dos usos da bolsa de dinheiro era o de se ter fundos para doações aos pobres e necessitados (como podemos ver em João 13:29): “Porque alguns supunham, porque Judas tinha a bolsa de dinheiro, que Jesus estivesse Lhe dizendo para dar algo aos pobres.” Judas afirmava ter um interesse nesta atividade, mas ele roubava todo o dinheiro que era doado aos pobres. Está escrito que “Judas Iscariotes... não se preocupava com os pobres, mas era um ladrão, e, por ter a bolsa de dinheiro, costumava roubar o que era colocado nela” (Jo 12:4-6). Poderíamos fazer a pergunta: “Por que Jesus não desmascarou Judas imediatamente?’’ Para respondermos a esta pergunta, poderíamos fazer uma outra pergunta: “Por que Jesus não desmascara todos os que estão ganhando dinheiro para si Próprios, hoje em dia, em nome do cristianismo?” Há milhares de pessoas, hoje em dia, que servem a Deus pelo dinheiro e que não são 100% honestas com o dinheiro que recebem pela obra de Deus. Se ao menos Judas pudesse ter sabido o que ele perderia por causa da sua escolha pelo dinheiro, como ele poderia ter agido de forma tão diferente! E se ao menos os obreiros cristãos de hoje soubessem o que estão perdendo por causa da sua escolha pelo dinheiro, como agiriam de forma tão diferente com relação ao isto! b. Ele Queria Tudo. O problema de Judas era que ele gostava muito de receber mas detestava dar. Jesus havia ensinado aos Seus discípulos a bem-aventurança da doação. “O Próprio Senhor Jesus disse: É mais abençoado darmos do que recebermos” (Ap 20:35). Pedro compreendia isto, mas Judas não. Judas achava que a felicidade vinha através de recebermos cada vez mais. Todos os cristãos caem numa destas categorias: os que semelhantemente a Pedro abandonam tudo e gostam muito de dar para Deus e para outros necessitados, e os que como Judas gostam muito de receber e de acumular tesouros para si Próprios. Se alguma vez estes “Judas” dão, é de uma forma mesquinha, somente para aliviar as suas consciências – e isto, também, muito relutantemente! Não há nenhuma relutância, no entanto, quando a questão é receber. Deus nos testa na questão de recebermos e darmos para ver se desejamos viver de acordo com os princípios do mundo ou do Seu Reino. Se quisermos ser aprovados por Deus, teremos que crucificar radicalmente “o amor de recebermos dádivas” que se encontra em nossa carne. Teremos que desaprender antigos hábitos, e, ao contrário, aprender novos hábitos. Com a mesma intensidade com que fomos peritos em receber dádivas no passado podemos agora nos tornar peritos nas doações. No entanto, não podemos ter a esperança de nos tornarmos peritos em nada, da noite para o dia. É somente a prática constante que pode nos tornar peritos em qualquer 1048 / SEÇÃO F1 coisa. Temos que começar a dar, e, aí então, continuarmos nesta prática até que o nosso caráter tenha sido de fato transformado, de forma tal que o Próprio Deus possa testificar com relação a nós que preferiríamos dar do que receber. O verdadeiro discípulo de Jesus é alguém que aprendeu como ser rico para com Deus e como dar a outros que se encontrem em necessidade. Na sua própria ocasião de necessidade, ele descobrira que Deus Lhe devolve com a mesma medida que ele usou para dar. Jesus disse aos Seus discípulos: “Dai, e ser-vos-á dado, boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que deres para os outros também vos darão de novo” (Lc 6:38). Jesus ensinou que se formos infiéis com o dinheiro nunca poderemos ter a expectativa de recebermos riquezas espirituais de Deus. Ele disse: “Se não fostes fiéis no uso do Mamom injusto [dinheiro] quem vos confiará as verdadeiras riquezas?” (Lc 16:11). O Senhor colocou Judas Iscariotes num período de provação com a bolsa de dinheiro e ele fracassou. A sua perda foi eterna. Hoje em dia, você e eu estamos num período de provação com a nossa bolsa de dinheiro. 4. A Atitude de Judas com Relação à Correção Vimos que Pedro foi testado por Jesus em sua reação ao fato de ser corrigido publicamente. Judas também foi testado nesta área, mas, diferentemente de Pedro, fracassou. Quando uma mulher despejou um frasco de alabastro de perfume nos pés de Jesus, por gratidão pelo que o Senhor havia feito por ela, Judas expressou a sua opinião que isto era um desperdício de dinheiro. Jesus, no entanto, defendeu aquela mulher e disse: F1.2 – Deus Prova os Homens “Deixai-a, para que ela possa guardálo para o dia da Minha sepultura. Pois os pobres sempre tendes convosco, mas nem sempre tendes a Mim” (Jo 12:7,8). a. Ele Ficou Ofendido. Quase nem é possível dizermos que Jesus repreendeu a Judas Iscariotes nesta ocasião. Aliás, em comparação com a maneira pela qual Jesus repreendeu a Pedro, isto não foi nada! Contudo, Judas Iscariotes ficou ofendido. Na passagem paralela do Evangelho de Mateus, lemos o que Judas fez imediatamente após este evento: “ENTÃO, Judas Iscariotes foi aos principais dos sacerdotes e disse: O que estais dispostos a me dar para entregá-lo a vós?” (Mt 26:14,15). A palavra “Então” é significativa aqui. A provocação imediata que fez com que Judas fosse aos sacerdotes e oferecesse trair a Jesus para eles foi o fato de ele ter sido corrigido pelo Senhor. Pedro passou no teste triunfantemente, mas Judas fracassou miseravelmente. Hoje em dia, você e eu somos testados sempre que somos corrigidos por aqueles a quem Deus colocou em autoridade sobre nós. Os filhos são testados ao serem corrigidos por seus pais. As esposas são testadas ao serem corrigidas por seus maridos. Os empregados são testados quando são corrigidos por seus patrões. E na igreja, todos somos testados ao sermos corrigidos pelos presbíteros. A nossa reação às correções é um dos mais claros testes da nossa humildade. Se nos ofendemos, estamos em companhia de Judas Iscariotes. Se descobrirmos que de fato nos ofendemos ao sermos corrigidos, precisaremos clamar a Deus por ajuda para que possamos morrer para o nosso ego, a fim de que não percamos nada do nosso galardão eterno. Questões eternas dependiam das reações de Pedro e de Judas com relação à correção. O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE DEUS 1049 Mal sabiam eles que estavam sendo provados. Muitos de nós tampouco imaginamos que Deus está observando as nossas reações com relação às correções. Você não pode ser aprovado por Deus se não estiver disposto a ser corrigido ou se você se ofender ao ser corrigido. nenhuma mentira [engano] se encontrou em suas bocas... são irrepreensíveis” (Ap 14:4,5). Estas são as primícias de Deus e compõem a Noiva de Cristo. No Dia das Bodas do Cordeiro ficará evidente a todos que realmente valeu a pena sermos totalmente verdadeiros e fiéis a Deus em todas as coisas – tanto grandes quanto pequenas. Naquele dia, o clamor no Céu será: “Regozijemo-nos, e alegremo-nos e demos-Lhe a glória, pois já são vindas as Bodas do Cordeiro, e a Sua Noiva já se aprontou” (Ap 19:7). D. O GRUPO DOS APROVADOS POR DEUS Em Apocalipse 14:1-5 lemos sobre um pequeno grupo de discípulos que seguiram ao Senhor de todo o coração em sua vida terrena. Eles estão ao lado de Jesus no dia final, como vencedores – pois Deus pode realizar o Seu pleno propósito em sua vida. Como vemos no Livro do Apocalipse, as pessoas cujos pecados foram perdoados formam uma enorme multidão que ninguém pode numerar. “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma grande multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do Trono, e perante o Cordeiro, trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos. E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no Trono e ao Cordeiro” (Ap 7:9,10). No entanto, o grupo de discípulos mencionado em Apocalipse 14 é muito menor e pode ser numerado – 144.000. Quer este número seja literal ou simbólico (como é o caso da maior parte do Livro do Apocalipse) é irrelevante. A questão aqui é que é um numero muito pequeno em comparação com a grande multidão. 1. Verdadeiros e Fiéis Este é o remanescente que foi verdadeiro e fiel na terra. Eles foram testados e obtiveram o certificado de aprovação de Deus. O Próprio Deus certifica com relação a eles que “eles se mantiveram puros... eles seguem o Cordeiro onde quer que Ele vá... 2. Obedeceram os Seus Mandamentos Os que buscaram o seu Próprio benefício e honra na terra perceberão por completo, somente naquele dia, quão grande foi de fato a sua perda. Os que amaram pai ou mãe, esposa ou filhos, irmãos e irmãs, as suas próprias vidas, ou as coisas materiais acima do Senhor, descobrirão naquele dia as suas perdas eternas. Aí então ficará evidente que os mais sábios da terra foram os que obedeceram os mandamentos de Jesus totalmente e que buscaram de todo o coração caminhar como Ele caminhou. A honra vã do cristianismo será então claramente vista como o lixo que é de fato. Veremos então que o dinheiro e as coisas materiais foram apenas os meios pelos quais Deus nos testou para ver se nos qualificaríamos para estarmos na Noiva de Cristo. Que os nossos olhos possam ser abertos ainda agora, para vermos um pouco das realidades que haveremos de ver claramente naquele dia! A maior honra que qualquer ser humano pode ter e encontrar um lugar dentre os vencedores naquele dia – como alguém que foi testado e aprovado pelo Próprio Deus! “Sem dúvida nenhuma, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência 1050 / SEÇÃO F1 F1.2 – Deus Prova os Homens do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo Qual sofri a perda de todas as coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo. “E seja achado n’Ele, não tendo a minha retidão, que vem da lei, mas a que vem através da fé em Cristo, a retidão que vem de Deus pela fé. “Para que eu possa conhecê-Lo e o poder da Sua ressurreição, e a comunhão dos Seus sofrimentos, sendo feito conforme a Sua morte; se de alguma maneira eu puder chegar à ressurreição dos mortos. “Não como se já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para al- cançar aquilo para o que também fui preso por Cristo Jesus. “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço e que é, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim. “Prossigo para o alvo, pelo prêmio do excelso chamado de Deus em Cristo Jesus. “Pelo que todos quantos já somos perfeitos sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa doutra maneira, também Deus vo-lo revelará” (Fp 3:8-15). “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Lc 14:35). Escreva abaixo as suas anotações pessoais: COROAS/GALARDÕES 1051 SEÇÃO F2 COROAS/GALARDÕES Pesquisa e adaptação de Ralph Mahoney Capítulo 1 O Tribunal de Cristo Introdução “Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5:10). A palavra grega correspondente a “Tribunal” é bema, que significa uma “plataforma elevada”. Ela NÃO se refere a um “Tribunal de um Juiz”, onde um austero jurista se assenta e decide que tipo de punição deve ser dado a cada réu. “Bema” era mais semelhante a uma plataforma elevada, ou uma “arquibancada de exames” onde os juízes de uma competição ou corrida decidiam que tipos de GALARDÕES deveriam ser dados a cada concorrente ou corredor. Cristo estará assentado naquele bema ou “arquibancada de exames”. Se, após nascermos de novo (Jo 3:3), vivermos uma vida de fiel serviço ao Senhor, uma vida rica em boas obras, Cristo nos galardoará em Seu Tribunal! No Tribunal de Cristo seremos galardoados – ou as nossas obras serão queimadas como feno, e talvez tenhamos poucos ou nenhum galardão. “E se alguém edificar sobre este fundamento ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha; a obra de cada um será manifesta, pois o dia a declarará, porque ela será revelada pelo fogo; e o fogo provará qual é a obra de cada um. “Se a obra de alguém se queimar, ele sofrerá perda, mas ele Próprio será salvo todavia como pelo fogo” (1 Co 3:10-15). “Se a obra de alguém permanecer,” disse Paulo, “ele receberá um galardão.” Examinemos agora estes galardões ou “coroas”. A. SALVAÇÃO VERSUS GALARDÕES PARA OS CRISTÃOS Há uma enorme diferença entre a doutrina da salvação para os perdidos e a doutrina de galardões para os salvos. 1. A Salvação é Grátis A salvação é “dádiva de Deus, e não provém das obras” (Ef 2:8,9). A salvação é recebida pela fé no que Jesus fez na Cruz. “Este é o Meu sangue..., que foi derramado par muitos para perdão dos pecados” (Mt 26:28). “... Cristo morreu pelos nossos pecados de acordo com as Escrituras” (1 Co 15:3). Quando cremos que o sangue que Jesus derramou na Cruz foi o pagamento total pelos nossos pecados, passamos a ter a vida eterna (Jo 3:36). 2. Os Galardões São Adquiridos Os galardões são de acordo com as obras do crente (Mt 26:27). Os versículos bíblicos de 1 Coríntios 3:8-15 nos dão muitas revelações sobre os galardões. a. Galardoados Pelo Trabalho. Todo crente será galardoado de acordo com o seu Próprio trabalho (vs 8). Não trabalhamos para recebermos a salvação. b. Cooperadores de Deus. “Somos cooperadores de Deus” (vs 9) – não para obtermos a salvação, e sim os galardões. 1052 / SEÇÃO F2 c. Edificamos Sobre o Cristo. O crente deve edificar sobre o Senhor Jesus Cristo – o único fundamento (vs 11). d. Escolha de Materiais. O crente tem uma escolha de dois tipos principais de materiais de construção: “ouro, prata, pedras preciosas” – materiais eternos, ou: “madeira, feno, palha” – materiais temporários (vs 12; compare com 2 Co 4:18). e. Recebe Galardão. O crente que edifica sobre Cristo com materiais eternos, “ouro, prata, pedras preciosas,” receberá um galardão. f. Não Recebe Galardão. O que edifica sobre Cristo com materiais temporários, “madeira, feno, palha”, não receberá nenhum galardão. As obras de “madeira, feno, palha” serão destruídas no “Tribunal de Cristo” (2 Co 5:10) e o crente sofrerá perdas – não a perda da salvação, mas a perda da sua coroa ou do seu galardão. 3. ENVERGONHADOS NA SUA VINDA O Senhor Jesus Cristo deu a todos os cristãos uma tarefa a ser feita. Se ignorarmos os Seus mandamentos, ficaremos muito tristes e assustados ao ficarmos diante d’Ele no Juízo! Observe a admoestação de João. “Filhos, permanecei n‘Ele de maneira que quando Ele aparecer, não fiqueis envergonhados na Sua vinda” (1 Jo 2:28). A palavra “permanecer” significa sermos semelhantes a uma árvore cujas raízes se aprofundam de maneira que ela possa produzir muitos frutos. Precisamos estar profundamente arraigados em Cristo (Veja João 15:5,8). A palavra “envergonhados” significa “recuar de medo e ficar desacreditado”. Alguns crentes recuarão de Cristo, envergonhados durante a Sua vinda, devido à sua vida infrutífera. Foram infrutíferos porque não estavam “profundamente arraigados” em Cristo (Veja Colossenses 2:7; Mateus 13:3-10,18-23). F2.1 – O Tribunal de Cristo No primeiro ano do seu ministério, um pastor assentou-se à cabeceira de um amigo que estava para morrer. Enquanto conversavam sobre a partida para o lar celestial daquele homem moribundo, lágrimas encheram os seus olhos. O pastor pensou que o seu amigo estivesse com medo de morrer e tentou dizer-lhe algumas palavras de encorajamento. O outro homem, no entanto, disse o seguinte: “Não estou com medo de morrer. Estou envergonhado de morrer.” Ele prosseguiu, dizendo que Cristo era o seu Salvador, mas que ele havia vivido uma vida para si Próprio, e agora ele teria que encontrar-se com o Senhor Jesus Cristo de mãos vazias. A sua vida se avultava diante dele como “madeira, feno, palha”. Ele era salvo, mas tinha poucas obras de um aparente valor eterno para oferecer ao Senhor (1 Co 3:15). B. SETE COROAS QUE OS CRISTÃOS PODEM RECEBER 1. A Coroa da Vida “Bem-aventurado é o homem que persevera nas tribulações, porque, depois de ser provado, ele receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que O amam” (Tg 1:12). Este galardão poderia ser chamado de a coroa dos que amam a Deus. Os que amam a Deus usam as Suas bênçãos somente para si Próprios ou oram somente para a sua própria prosperidade e conforto, ou exigem que Ele resolva todos os seus problemas? Não, eles demonstram isto, suportando tribulações por amor a Ele. Através do seu amor por Deus, o crente encontra forças para vencer as tentações e perseverar quando chegam as tribulações. Paulo disse: “Também nos gloriamos nas tribulações”. Será que nos gloriamos nas tribulações? Podemos fazer isto apenas se “o amor de Deus tiver sido derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5:3-5). COROAS/GALARDÕES Sem amor por Deus no coração do crente, as tribulações podem fazer com que ele se torne amargurado e crítico. Talvez ele perca a “coroa da vida” (Tg 1:12). a. Fiéis Até a Morte. Todos os crentes possuem a vida eterna (Jo 3:15,16), mas nem todos os crentes serão galardoados com a “coroa da vida”. Esta coroa será dada aos que são “fiéis até a morte” (Ap 2:10). Para receber a “coroa da vida”, o crente precisa amar ao Senhor mais do que a sua própria vida. “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida [viver para o Próprio ego] perdêla-á, mas qualquer que perder a sua vida por amor de Mim e do Evangelho [viver para Cristo a qualquer custo] esse a salvará” (Mc 8:35). Este galardão será dado aos que vivem para Cristo e suportam as tentações no poder do amor de Deus (1 Co 10:13). 2. A Coroa Incorruptível “Não sabeis vós que numa corrida todos os corredores correm, mas somente um obtém o prêmio? Correi de tal maneira a alcançar o prêmio. “Todos os que competem nos jogos passam por rigorosos treinamentos. Eles o fazem para obterem uma coroa que não perdurará. Nós, porém, o fazemos para recebermos uma coroa que durará para sempre. “Portanto, não corro como alguém que corre sem objetivos, não luto como alguém que dá murros no ar. Não, subjugo o meu corpo e torno-o meu escravo a fim de que, após ter pregado aos outros, eu Próprio não seja desqualificado para o prêmio” (1 Co 9:24-27). Paulo usa os jogos gregos para ilustrar a corrida espiritual dos crentes. Eles corriam para ganharem uma “coroa corruptível, mas nós para ganharmos uma coroa incorruptível” (vs 25). Nenhum rapaz poderia competir num jogo a menos que fosse um cidadão grego, nascido de pais gregos. Nenhuma pessoa não-salva pode parti- 1053 cipar do serviço do Senhor para obter galardões – somente os nascidos de Deus estão qualificados (Jo 3:3). a. Corre Para Ganhar. A Coroa do Corredor é dada ao cristão que se disciplina e mantém o seu corpo e os seus desejos físicos sob rigoroso controle. Exatamente como um atleta se disciplina a fim de poder ganhar a corrida, assim também corremos na corrida que está diante de nós (Hb 12:1). O atleta precisa negar muitos prazeres ao seu Próprio corpo. Assim também o crente precisa “disciplinar o seu corpo e subjugálo”, ou ele será “desqualificado” (1 Co 9:27). Ele não perderá a sua salvação, mas poderá perder os seus galardões. Cristo tem um galardão especial para o crente que luta e combate para resistir as tentações. Eis aqui como você pode ganhar a “coroa incorruptível”: 1) Negue-se a si Mesmo. O crente precisa abster-se de tudo o que poderia oprimi-lo ou retardá-lo (Hb 12:1). 2) Olhos em Cristo. O crente precisa manter os seus olhos fixados em Cristo, não olhando para a direita nem para a esquerda (Hb 12:2). 3) Força no Senhor. O crente precisa encontrar a sua força no Senhor (Ef 6:10-18). 4) Um Sacrifício Vivo. O crente precisa entregar o seu corpo como um sacrifício vivo ao Senhor (Rm 12:1,2). 5) Desobstruídos. O crente precisa, pela fé, recusar qualquer coisa que poderia impedir o seu progresso espiritual (Hb 11:24-29). Não seja um espectador espiritual. Entre na corrida e corra para ganhar a “coroa incorruptível”. 3. A Coroa de Regozijo “Qual é a nossa esperança, a nossa alegria, a nossa coroa em que nos gloriaremos na presença do nosso Senhor Jesus em Sua vinda? Não sois vós [os tessalonicenses, cuja obra missionária de Paulo havia ganho para Cristo]? 1054 / SEÇÃO F2 “Na verdade, vós sois a nossa glória e regozijo” (1 Ts 2:19,20). Esta coroa é concedida aos crentes que persuadem os outros a crerem em Cristo como seu Senhor e Salvador. a. Dada aos Ganhadores de Almas. A “coroa de regozijo” (vs 19) e a coroa do ganhador de almas. A maior obra que você tem o privilégio de fazer para o Senhor é levar os outros ao conhecimento de Cristo como Salvador. Uma grande parte da sua alegria no Céu será determinada pelas almas em que você teve participação de levá-las a Cristo. Paulo diz aos crentes tessalonicenses que eles eram a sua “glória e regozijo”, naquela época, e quando Jesus viesse. b. Razões Para Ganharmos as Almas. A Bíblia também dá as seguintes razões para ganharmos as almas: 1) É Sábio. É sábio ganharmos as almas para Cristo (Pv 11:30). 2) Um Ataque no Pecado. É um ataque ao pecado ganharmos as almas para Cristo (Tg 5:20). 3) Um Motivo de Alegria. É um motivo de alegria no Céu ganharmos as almas para Cristo (Lc 15:10). 4) Brilharão Para Sempre. Os ganhadores de almas brilharão como as estrelas para sempre (Dn 12:3). c. Como Você Pode Ganhar Almas: 1) Testemunhe com a Sua Vida. Viva de maneira que os outros possam ver a Cristo em você (2 Coríntios 3:2, comparado com Gálatas 2:20). 2) Testemunhe com a Sua Boca, confiando que o Espírito Santo dará poder à palavra falada (At 1:8). 3) Testemunhe, Dando dízimos e ofertas, de maneira que os outros possam pregar a Cristo, e você terá “frutos [galardões] que abundem para a sua conta” (Fp 4:15-17; compare com 2 Co 9:6). Deus prometeu que o seu trabalho não será em vão no Senhor (1 Co 15:58). O ganhador de almas não se alegrará sozinho. F2.1 – O Tribunal de Cristo Todo o Céu se alegrará com ele quando ele receber a “coroa de regozijo” (1 Ts 2:19). 4. A Coroa de Retidão “Mas tu... sofre as aflições, faz a obra de um evangelista, cumpre todos os deveres do teu ministério... desde agora a coroa da retidão está guardada e o Senhor, o justo Juiz, me dará naquele dia – e não somente a mim, mas também a todos os que desejarem ardentemente a Sua vinda” (2 Tm 4:5-8). A “coroa da retidão” (vs 8) é um galardão e não deve ser confundida com a “retidão de Deus” que o crente recebe ao se tornar um cristão. Colocamos a nossa fé e confiança em Cristo porque “... Ele [Deus] O [Cristo] fez pecado por nós, Aquele que não conheceu nenhum pecado, para que pudéssemos ser feitos retidão de Deus n’Ele” (2 Co 5:21). Esta retidão é atribuída a todos os salvos pela graça através da fé. A “coroa da retidão’’ é um galardão a ser adquirido pelos salvos. a. Eles Amaram a Sua Vinda. O apóstolo ansiava pelo “Tribunal de Cristo” (2 Co 5:10), onde a “coroa da retidão” será dada aos que “amaram a Sua vinda” (2 Tm 4:8). Se o crente desejar ardentemente e amar a Segunda Vinda de Cristo, isto afetará toda a sua vida. Olhe só o impacto dinâmico que esta verdade teve sobre a vida do Apóstolo Paulo. Ele pôde dizer que: 1) Combateu o Bom Combate. “Combati o bom combate” (2 Tm 4:7; compare com 1 Co 15:32). Ele combateu numa batalha espiritual em toda sua vida cristã e venceu. Ele nunca se entregou aos inimigos da retidão (Ef 6:12). 2) Terminou a Corrida. “Terminei a corrida” (2 Tm 4:7). Ele tinha um caminho a percorrer e não se desviou dos lugares difíceis, nem olhou para trás (Lc 9:61,62). Ele terminou a sua corrida com os seus olhos fixados em Cristo (Fp 1:6). COROAS/GALARDÕES 3) Guardou a Fé. “Guardei a fé” (2 Tm 4:7). Ele pregou “todo o conselho de Deus”, nunca traindo nenhuma das grandes doutrinas bíblicas (At 20:24-31). Você deseja ardentemente a Sua vinda? Você cumpre todos os deveres do seu ministério e evangeliza? Em caso afirmativo, esta coroa é para você . Como é importante para o crente aguardar, com um coração de amor, a Segunda Vinda do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a fim de poder receber a “coroa da retidão” (2 Tm 4:8). 5. A Coroa de Glória “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós... não por torpe ganância... Nem assenhoreando-se da herança de Deus, mas sendo exemplos ao rebanho. “E quando aparecer o Sumo Pastor, recebereis uma incorruptível coroa de glória” (1 Pe 5:2-4). a. Coroa do Pastor Fiel. A “coroa de glória’’ (vs 4) é um galardão especial para os pastores fiéis, obedientes, e chamados por Deus. Eles receberão este galardão quando “aparecer o Sumo Pastor”. Ela é eterna e “incorruptível” (vs 4). Todos os crentes podem compartilhar da “coroa de glória” do pastor. “Quem receber um profeta na qualidade de profeta receberá um galardão de profeta” (Mt 10:41). Sustente o pastor que é chamado por Deus, orando por ele e estimulando-o na obra do Senhor. Sustente o seu ministério com os seus dízimos e ofertas (Ml 3:10), dando liberalmente do seu tempo para o serviço do Senhor. Deus o galardoará por sustentar o Seu servo escolhido, permitindo que você compartilhe do galardão do seu pastor. O pastor adquirirá esta “coroa de glória”: 1) Proclamando a Palavra. Ele deve proclamar a Palavra de Deus sem temores nem privilégios, e, quando necessário, “convencer, repreender, exortar, com toda longanimidade e doutrina” (2 Tm 4:1-5). 1055 2) Tomando a Supervisão Espiritual da Igreja. O pastor é responsável diante de Deus pela mensagem pregada à sua congregação. Nenhum pastor deveria pregar para agradar as pessoas, mas sim ao Senhor (Gl 1:10). 3) Sendo um Exemplo Para a Igreja. Ele não deve servir para ganhar dinheiro. No entanto, a igreja é responsável em cuidar das suas necessidades materiais (1 Tm 5:18). Ele deve ser um líder espiritual, e não um ditador. Ele deve andar com Deus pela fé. “E quando aparecer o Sumo Pastor, recebereis a incorruptível coroa de glória” (1 Pe 5:4). Alguns que são chamados de “pastor” e que foram eleitos e pagos para serem os principais administradores de igrejas institucionais organizadas perderão esta coroa devido a fracassos e pecados. 6. A Coroa do Vencedor “... guarda o que tens, para que ninguém receba a tua coroa. A quem vencer, eu o farei...” (Ap 3:11,12). O vencedor tem a promessa de receber uma coroa se permanecer firme naquilo que lhe foi dado por Deus. É possível que você venha a perder a sua coroa de vencedor. Aquilo que deveria ser dado a você é recebido por uma outra pessoa. Jacó recebeu o que pertencia a Esaú (Gn 25:33; 27:35,36). Matias recebeu o que pertencia a Judas (At 1:20,26). 7. A Coroa do Mártir “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão para que possais ser provados, e tereis tribulações... sê fiel até a morte, e dar-te-ei uma coroa...” (Ap 2:10). Os que têm a grande honra de dar a vida como mártires recebem esta coroa. O mártir é alguém que é “... morto pela Palavra de Deus e pelo testemunho que deram” (Ap 6:9). Estevão foi o primeiro a receber esta coroa (At 7:54-60). 1056 / SEÇÃO F3 F3.1 – Líderes Infiéis SEÇÃO F3 JULGAMENTO DE OBREIROS INDISCIPLINADOS Ralph Mahoney ÍNDICE DESTA SEÇÃO F3.1 - Líderes Infiéis F3.2 - Líderes Fiéis Capítulo 1 Líderes Infiéis Introdução É com pesar e vergonha que precisamos reconhecer que há muitas lideranças no cristianismo que servem aos seus próprios interesses. Isso sempre foi assim e ainda é um dos mais sérios problemas na Igreja em todo o mundo. O Apóstolo Paulo reconheceu este problema na sua época. “Não tenho ninguém mais como Timóteo que sinceramente cuide do vosso bemestar. Porque todos buscam os seus próprios interesses, e não os de Jesus Cristo” (Fp 2:20,21). Dentre as centenas de líderes de igreja que Paulo conhecia, ele tinha apenas um a quem podia confiar as ovelhas – Timóteo – o qual servia as ovelhas, e não a si Próprio. Os outros líderes serviam aos seus Próprios interesses. Há homens e mulheres que possuem poderosos ministérios dados pelo Espírito Santo. Infelizmente, em vez de buscarem a face de Deus com humildade, começam a buscar aquilo que beneficia, ampara e promove os “seus ministérios”. Eles usam e abusam dos seus dons espirituais para o seu Próprio benefício e glória. Tornam-se auto-suficientes e orgulhosos, e há um engano no orgulho. Os desvios carnais e egoísticos são tão graduais que os líderes talvez nem notem que já estão muito longe de Deus. A. TRÊS INIMIGOS DAS OVELHAS Em João 10, Jesus e os líderes de igreja são igualados a pastores. As ovelhas simbolizam os verdadeiros seguidores (crentes) de Jesus. Jesus admoesta os Seus discípulos a se defenderem contra três inimigos principais das ovelhas, que são: • ladrão, • assaltante, e • mercenário. 1. O Ladrão (João 10:1,8,10) O ladrão é alguém que rouba sutil e enganosamente. Ele geralmente entra de noite, quando tudo está escuro e ele não pode ser visto. Ele é furtivo sagaz, e enganoso em suas maneiras. O ladrão é o diabo e os líderes de igreja que são semelhantes a ele (vs 10). 2. O Assaltante/Lobo (João 10:1,8) O assaltante rouba pela força, atacando os outros violentamente e tomando os seus pertences. Eles sobrepuja a qualquer pessoa, a qualquer hora, em qualquer lugar, para tomar o que quiser. Os falsos profe- JULGAMENTO DE OBREIROS INDISCIPLINADOS tas, pastores, etc. são lobos (Mt 7:15; At 20:29). 3. O Mercenário (João 10:12,13) O mercenário é alguém cujo único motivo para trabalhar com as ovelhas é o dinheiro ou o salário. “... o mercenário busca o pagamento do seu trabalho” (Jo 7:2). É somente um trabalho para ele. Ele é infiel no cumprimento do seu dever. O mercenário foge assim que percebe o lobo se aproximando. A sua atitude é de auto-preservação. Assim sendo, ele foge quando o inimigo se aproxima (Jo 10:12). O mercenário não se interessa realmente pelas ovelhas do rebanho de Deus (Jo 10:13). Paulo cita este problema em sua Segunda Carta a Igreja de Corinto: “Diferentemente de muitos, não mascateamos a Palavra de Deus para recebermos lucro. Pelo contrário, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados de Deus” (2 Co 2:17). Paulo não queria ser semelhante aos que transformam num comércio ou profissão os seus ministérios da Palavra de Deus. Ele queria ser um homem de sinceridade. Paulo arrumava um emprego e trabalhava com as suas próprias mãos para se sustentar – antes, até mesmo, de dar a aparência de ser um mercenário (At 18:3; 1 Co 4:12). Infelizmente, tem havido uma tendência na sociedade ocidental de se transformar numa profissão os ministérios que Deus nos deu. Existem pessoas que somente ministram se grandes multidões e quantias em dinheiro forem prometidas de antemão. Os que estabelecem este tipo de condições são geralmente levados a enganos e pecados, e fazem com que outros se desviem no processo. Os verdadeiros homens ou mulheres de Deus não se associam a este tipo de padrões egoísticos, mas são dirigidos somente SEÇÃO 3 / 1057 pela franca, verdadeira e reta percepção da vontade de Deus. Eles têm a coragem de Pedro. Ao ser tentado por Simão a vender o seu dom, “Pedro respondeu: Que o teu dinheiro pereça contigo, porque pensaste que poderias comprar o dom de Deus com dinheiro!” (At 8:20). O dom de Deus nunca deveria estar disponível “para ser alugado”. O ministério não deveria estar “a venda”. Os pregadores nunca deveriam permitir ser comprados nem vendidos! A direção de um verdadeiro profeta precisa vir de uma percepção segura da vontade de Deus. Uma revelação deste tipo somente pode ser gerada de um compromisso para com a integridade, a oração, a intercessão e a busca da face do Senhor. a. Exemplos de Mercenários 1) Um Levita. “Habita comigo, e sême por sacerdote, e te darei dez moedas de prata... e vestuário... Assim sendo, o levita entrou” (Jz 17:10). “E ele disse... assim me tem feito Mica e me contratou, e sou o seu sacerdote” (Jz 18:4). Juízes 17 e 18 relata a história do lastimável levita que vendeu o seu ministério por dez moedas e uma vestimenta. Ele violou o importante princípio do verdadeiro ministério. “Fostes comprados por bom preço [o sangue de Jesus]; não vos façais servos de homens” (1 Co 7:23). Este sacerdote se vendeu para servir a um homem por dinheiro. Ele se entregou aos baixos padrões espirituais da época. Ao fazer isto, ele desperdiçou a oportunidade de elevar toda a Tribo de Dã a um nível de pureza na adoração. O jovem levita (sacerdote) queimou incenso diante de ídolos, e, eventualmente, corrompeu toda uma tribo. Ele poderia ter mudado o curso dos acontecimentos contra a idolatria e causado um retorno da glória de Deus. No entanto, ele escolheu as recompensas materiais, em vez da utilidade espiritual. Este registro bíblico 1058 / SEÇÃO F3 poderia ter sido muito diferente, mas ele fracassou! O que poderia ter acontecido nunca aconteceu de fato! A idolatria triunfou. O julgamento veio e a nação foi eventualmente levada para o cativeiro. Vendendo o seu chamado e o seu ministério, o levita abriu a porta para o julgamento e a destruição. Não cometa este erro fatal! Deus não chama nem unge os líderes para os seus próprios ganhos egoísticos, mas sim para o bem dos outros e a Sua glória. Qualquer outra atitude ou motivação somente causa a nossa perda espiritual – e talvez a dos outros – como na nossa história do levita acima. 2) Geazi. A história de Eliseu curando o general sírio Naamã contém uma seqüência chocante. Depois de mergulhar sete vezes no Rio Jordão, como Eliseu o havia instruído, o general foi purificado da sua lepra. “Aí então Naamã e toda a sua comitiva voltou ao homem de Deus. Ele ficou diante dele e disse: Agora sei que não há nenhum Deus em todo o mundo, a não ser em Israel. Por favor aceite agora uma dádiva do seu servo. “O profeta respondeu: tão certamente quanto o SENHOR vive, a Quem sirvo, não aceitarei nada. E muito embora Naamã insistisse, ele recusou” (2 Rs 5:15,16). Eliseu sabia que era errado usar o dom de Deus para benefícios Próprios. Se Eliseu tivesse aceitado dinheiro, Naamã não teria conhecido nada sobre o generoso caráter de Deus. Deus nos dá de graça e espera que venhamos a dar de graça aos outros. O mandamento de Jesus foi: “Purificai os leprosos... de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10:8). Eliseu havia obedecido esta injunção. Vale ressaltarmos que a reputação e o respeito pelos evangelistas com dons de cura de hoje em dia seriam grandemente intensi- F3.1 – Líderes Infiéis ficados se eles seguissem o exemplo da atitude de Eliseu. Infelizmente, parece que muitos deles comercializam os seus dons para receberem o máximo retorno financeiro possível. Que tristeza! Em alguns casos, parece que possuem o espírito de Geazi em vez do espírito de Eliseu. Geazi, servo de Eliseu, viu o que Eliseu havia feito e decidiu ir atrás do ouro e das vestimentas de Naamã para o seu Próprio ganho pessoal. “Assim sendo, Geazi correu atrás de Naamã. Quando Naamã o viu correndo em sua direção, desceu da carruagem para encontrá-lo... “Geazi respondeu... Por favor dá-me um talento de prata e duas mudas de roupa. “Certamente! Toma dois talentos, disse Naamã. Ele insistiu para que Geazi os aceitasse... Quando Geazi voltou... ele pegou as coisas. ..e as depositou na casa... “Aí então ele entrou e ficou diante do seu senhor, Eliseu. Onde estiveste Geazi? Perguntou Eliseu. O teu servo não foi a parte alguma, respondeu Geazi. “Eliseu, porém, Lhe disse: Porventura o meu espírito não foi contigo quando o homem desceu da carruagem para encontrá-lo? “... A lepra de Naamã se apegará a ti e aos teus descendentes para sempre. Aí então Geazi saiu da presença de Eliseu e ficou leproso, branco como a neve” (2 Rs 5:20-27). Geazi obteve o ouro, as vestimentas – e a lepra de Naamã! É isto o que acontece com os que querem ganhar dinheiro com os dons de Deus e que são cobiçosos. 3) Balaão. “... Balaão... amou a recompensa” (2 Pe 2:15). O profeta Balaão vendeu o seu ministério pela posição (Nm 22:17) e o dinheiro. Balaão foi talvez o profeta mais eloqüente de toda a Bíblia. Suas sublimes palavras revelaram verdades realmente estarrecedoras sobre Deus. JULGAMENTO DE OBREIROS INDISCIPLINADOS Por que então foi ele julgado como um falso profeta? Por que então foi ele apedrejado até a morte em julgamento? Não foi pelo fato de suas profecias serem falsas, e sim porque as suas motivações estavam misturadas. Balaão buscou a glória e o ouro. Quando os representantes do Rei Balaque vieram a Balaão, as instruções do Senhor foram claras: “E Deus disse a Balaão: não irás com eles... E os príncipes voltaram a Balaão e disseram: Assim disse o Rei Balaque: Que nada, rogo-te, te impeça de vir a mim: “Pois promover-te-ei com grande honra, e farei o que quer que me disseres. Vem portanto, rogo-te... (Nm 22:12,16,17). Deus havia dado ao profeta Balaão claras instruções para NÃO ir ao Rei Balaque para ser o seu profeta contratado. Balaão, no entanto, continuou a insistir que Deus Lhe permitisse ir. Balaão queria desesperadamente o dinheiro, o prestígio e a honra que o Rei Balaque havia oferecido. Ele continuou insistindo que o Senhor o deixasse ir. “... Balaão... mataram com a espada” (Nm 31:8). O amor pela posição e o dinheiro custaram a Balaão a sua própria vida. As suas profecias eram verdadeiras mas as suas motivações eram falsas. Ele morreu sob juízo divino. Quando o que queremos é contrário à Sua Palavra e vontade, o pior julgamento que Deus pode nos enviar é permitir que tenhamos aquilo em que insistimos. Balaão aprenderia esta trágica lição sobre Deus. “Ele lhes deu o seu pedido, mas fez definhar as suas almas” (Sl 106:15). Se levantarmos ídolos em nosso coração, o Senhor até mesmo enviará profetas que “... através de suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos símplices’’ (Rm 16:18). Deus frustra as pessoas cujas motivações no ministério estão erradas. “E por este motivo Deus lhes enviará um forte engano para que creiam numa SEÇÃO 3 / 1059 mentira, para que todos eles possam ser condenados, os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na iniqüidade” (2 Ts 2:11,12). O profeta Ezequiel explicou isto. “Portanto, fala com eles e dize-lhes: É isto o que diz o Soberano SENHOR: Quando qualquer israelita levantar ídolos em seu coração e puser uma perversa pedra de tropeço diante da sua farsa para então ir a um profeta, Eu Próprio, o SENHOR, Lhe responderei de acordo com a sua grande idolatria “ (Ez 14:4). Irmos a um profeta com ídolos em nosso coração faz com que Deus somente nos confirme mais ainda em nossos pecados e desobediência, e acabamos como Balaão. Eu já disse ao Senhor: “Senhor! Eu preferiria que Tu me matasses, em vez de me enganares. Por favor não permitas que eu imponha a minha própria vontade quando ela for contraria à Tua vontade. “Faz com que eu conheça a Tua vontade e a cumpra.” Espero que esta seja também a sua atitude e oração. 4) Judas. O Apóstolo Judas vendeu a Cristo por 30 moedas de prata e nunca viveu para gastá-las. Ele se suicidou (Mt 27:310). Como é perigoso permitirmos que a cobiça e o amor pelo dinheiro venham a dominar a nossa vida! b. Exemplos de Outros Motivados Pela Cobiça 1) Ananias e Safira. Safira e Ananias mentiram ao Espírito Santo com relação ao dinheiro e sofreram a sentença de morte (At 5:1-11). 2) Simão, o Feiticeiro. Simão, o feiticeiro, tentou comprar o poder de Deus para transmitir o Espírito Santo através da imposição de mãos e foi julgado de acordo com a sua falta (At 8:12-24). 3) Os que Fazem do Ministério um Negócio. Os que compram e vendem no Templo (que comercializam os seus dons ou ministérios) enfrentarão um julgamento severo (Mt 21:12; Mc 11:15; Lc 19:45; Jo 1060 / SEÇÃO F3 2:15). Terminarão com a marca, o nome e o número do Anticristo (Ap 13:17). B. ARMADILHAS A SEREM EVITADAS O diabo tem três armadilhas simples para trazer a reprovação e a destruição aos líderes de igreja: • O amor pelas posições (orgulho – poder – controle). • O amor (imoral) pelas mulheres (em adultério/fornicação). • O amor pelo dinheiro. Esta última armadilha é colocada para os mercenários. “Pois o amor pelo dinheiro é a raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6:10). “Nenhum servo pode servir a dois mestres... não podeis servir a Deus e a Mamom” (Lc 16:13). “Mamom” significa “dinheiro, riquezas, prosperidade material”. Infelizmente, muitos líderes de igreja servem a Mamom. Os que seguem a Jesus (especialmente os líderes de igreja) precisam renunciar à cobiça e ao amor pelo dinheiro (Lc 14:33; 1 Tm 3:3). “Se não fostes fiéis no... dinheiro, quem vos confiará as verdadeiras riquezas?” (Lc 16:11). As verdadeiras riquezas representam os dons e virtudes espirituais: a unção para pregarmos, ensinarmos, curarmos, etc. Jesus ensinou que o uso correto ou errôneo do dinheiro era uma forma de se identificar um ministério verdadeiro ou falso. Milhares de líderes de igreja possuem um espírito mercenário e exploram o rebanho de Deus. Eles tosquiam as ovelhas, em vez de alimentá-las. 1. A Armadilha de Ordenarmos e Reinvindicarmos Pela Fé Precisamos ser muito cuidadosos com relação a “ordenarmos e reinvindicarmos F3.1 – Líderes Infiéis pela fé” qualquer coisa que talvez queiram. Há um perigo em qualquer ensinamento que subentenda que podemos possuir qualquer coisa que confessarmos se possuirmos suficiente fé. Alguns pegam um único versículo e o isolam como base para os seus ensinamentos ou doutrina. Por exemplo: Alguns dizem que Jesus nos ensinou que podemos possuir qualquer coisa que desejarmos. “Se pedirdes qualquer coisa em Meu nome, Eu o farei” (Jo 14:14). Você acredita que se pedisse a Deus uma prostituta para satisfazer a sua concupiscência Deus concederia este desejo? Será que você pode pedir que Deus mate alguém que você não gosta e Ele o fará? Obviamente, temos que tomar as palavras de Jesus no contexto de “... todo o conselho de Deus” (At 20:27). Precisamos “fazer o melhor passível para nos apresentarmos a Deus como alguém aprovado, um obreiro que manuseia corretamente a palavra da verdade” (2 Tm 2:15). Na ilustração usada acima, demonstramos como as palavras de Jesus podem ser distorcidas para se justificar uma oração carnal. Até mesmo o próximo versículo diz: “Se Me amais, guardai os Meus mandamentos” (Jo 14:15). Se O amamos, jamais pediremos qualquer coisa contrária à Sua vontade e a Seus mandamentos. É isto o que chamamos de “MODIFICADOR”. Tomamos um versículo que queremos interpretar e procuramos outros versículos da Bíblia sobre o mesmo assunto. a. Precisamos de Todo o Conselho de Deus. Quando reunimos todos os versículos, temos “... todo o conselho de Deus” sobre o assunto. Por exemplo, Tiago fala sobre dois problemas na oração: “Não tendes porque não pedis a Deus.” Uns deixam de orar e pedir a Deus por suas necessidades, e ficam carentes. “Quando pedis, não recebeis, porque pedis com motivações erradas, para que JULGAMENTO DE OBREIROS INDISCIPLINADOS possais gastar o que recebeis em vossos prazeres” (Tg 4:2,3). Outros oram com motivações erradas e por cobiça e concupiscência – e não recebem. Além disso, João nos ensina o seguinte: “... esta é a confiança que temos n’Ele, que, se pedirmos qualquer coisa de acordo com a Sua vontade, Ele nos ouvirá: “E se sabemos que Ele nos ouve... sabemos que temos as petições que Lhe fazemos” (1 Jo 5:14,15). A nossa compreensão de João 14:14 é assim modificada através das epístolas de Tiago e João. Compreendemos que precisamos pedir com as motivações corretas e pedir as coisas que estejam de acordo com a vontade de Deus. Com estes “MODIFICADORES” em mente, “se pedirdes qualquer coisa em Meu nome, Eu o farei” (Jo 14:14), ou seja, “... todo o conselho de Deus.” Tenho visto muitos líderes de igreja orando erroneamente porque queriam agradar às pessoas em vez de agradar ao Senhor. É de fato muito mais sábio que a palavra e a vontade de Deus sejam reveladas através do Espírito de Deus antes de orarmos erroneamente ou de expressarmos publicamente uma palavra profética. Um dos maiores perigos para os indivíduos que foram dotados pelo Espírito Santo de palavras proféticas e milagres são as pessoas a quem ministram. b. Evite Prostituir os Dons Espirituais. Há um grande número de indivíduos neste mundo que querem um “desempenho por ordens” com relação aos dons do Espírito Santo. Eles não ficam contentes a menos que haja uma demonstração dramática de um poder miraculoso. Lembramo-nos do Rei Herodes que queria que Jesus aparecesse diante dele e executasse um milagre desses (Lc 23:5-16). Seria um “desempenho por ordens” para satisfazer a sua curiosidade. Este mesmo Herodes também fez com que, certa vez, Salomé executasse uma dan- SEÇÃO 3 / 1061 ça obscena diante dele e dos seus convidados para satisfazer os seus desejos concupiscentes (Mc 6:19-29). Salomé “prostituiu” ou vendeu a sua beleza por um preço – a cabeça de João Batista. Ela estava disposta a desempenhar de acordo com as ordens recebidas. Este, no entanto, não era o caso de Jesus! Há quarenta anos atrás, os Estados Unidos se encontravam no meio de um grande movimento de reavivamento e curas. Dezenas de evangelistas atravessavam a nação com grandes reavivamentos em tendas e cruzadas de curas. Muitos deles eram ministérios genuínos e válidos. Contudo, quando eu era jovem, fiquei profundamente angustiado. Alguns deles aparentemente estavam dispostos a prostituírem os seus dons espirituais em troca do orgulho e do lucro – da fama e da fortuna. Estavam dispostos a desempenhar o seu papel por um preço. Alguns até mesmo afirmavam que o poder de cura de Deus viria se as pessoas dessem o seu dinheiro para sustentar o evangelista. Tragicamente, enquanto estou escrevendo isto, a mesma coisa está acontecendo novamente. Os evangelistas da televisão estão usando os seus dons para receberem dinheiro para si Próprios e para a sua própria glória. Clamei a Deus por uma resposta. Por que havia esta tamanha falta de pureza e sinceridade por parte do povo e também dos ministros? O Senhor me deu a seguinte passagem bíblica: “Alguns dos fariseus e mestres da lei Lhe disseram: Mestre, gostaríamos de ver um milagre como um sinal de Ti. “Jesus respondeu: Somente os ímpios e adúlteros [infiéis] procuram um milagre ou sinal, mas isto não lhes será dado” (Mt 12:38,39). Em outras palavras, havia líderes infiéis dispostos a “prostituírem” ou venderem os seus ministérios a fim de satisfazerem os 1062 / SEÇÃO F3 desejos carnais dos seus seguidores. Havia também os que queriam ver ou receber um milagre e que estavam dispostos a pagar por este privilégio. Jesus rejeitou tanto os compradores como os vendedores. A concupiscência maligna que fez com que Herodes pagasse pela dança obscena de Salomé era a mesma raiz de carnalidade de onde veio o desejo de se ver um milagre. Herodes (como muitos hoje em dia) somente queria satisfazer a sua curiosidade carnal. Jesus não teria parte nenhuma nisto. Que Deus possa guardar os líderes de servirem a esta clamorosa carnalidade hoje em dia! Uma vez mais Deus está querendo Se mover com poder através dos Dons do Seu Espírito. Ele quer um testemunho em que tanto a obra quanto o obreiro tragam honra ao Seu Santo Nome. 2. A Armadilha do Orgulho Religioso e das Posições Deus deseja levantar nestes últimos dias santos profetas de oração. Com o ministério profético, no entanto, encontra-se o grande perigo do orgulho religioso e das posições. Eu gostaria de compartilhar com vocês algumas revelações espirituais que Deus me deu através dos anos com relação a este problema. Há algum tempo atrás fui convidado para falar numa igreja. Fui apresentado como um “grande profeta de Deus”. Creio totalmente nos cinco ministérios dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, e mestres no Corpo de Cristo Contudo, quando me perguntam o que sou, digo-lhes que não sei de fato. Eu simplesmente me vejo como “uma voz clamando no deserto” (Jo 1:23). Não é necessário para mim portar um título para fazer a vontade de Deus. À medida que Ele me mostra a Sua vontade dia após dia, semana após semana, e mês após mês, simplesmente tento fazer a Sua obra. F3.1 – Líderes Infiéis Confesso que fico preocupado com relação às honras e títulos, e com a auto-unção que os líderes de igreja usurpam para si próprios. Fico também temeroso com relação às pessoas que às vezes dão elogios floreados aos que são chamados por Deus ao ministério. Fico preocupado devido ao perigo do orgulho que pode acompanhar um sublime chamado de Deus e a sua resultante posição social proeminente. Não estou dizendo que deveríamos desrespeitar os líderes de igreja. Certamente não estou dizendo que nunca deveríamos honrar os que se encontram em posições de responsabilidade na liderança. O que estou dizendo é que deveríamos ser muito cuidadosos para não exaltarmos nem elevarmos as pessoas a uma posição onde sejam destruídas pelo orgulho devido a elogios desnecessários. a. Procure Uma Descrição de Tarefas e Não um Título. É interessante observarmos no Novo Testamento que os termos apóstolo, profeta, evangelista, pastor, e mestre (Ef 4:11) nunca eram usados como títulos. Eles eram simplesmente usados para se descrever uma feição no Corpo de Cristo. No mundo do trabalho chamamos isto de uma “descrição de tarefas”. Os mecânicos, carpinteiros e encanadores – todos possuem diferentes funções que executam e trabalhos que podem fazer. Não apresentamos alguém como “o grande e honorável encanador João”, mas simplesmente pelo seu nome. Esta mesma coisa deveria ser aplicável às pessoas com ministérios no Corpo de Cristo. As suas funções não deveriam ser usadas como um título. Se alguns o fazem, não os estou condenando. Simplesmente creio que isto pode ser uma perigosa armadilha com relação ao orgulho das posições. O mais famoso evangelista na Igreja, em âmbito mundial, é Billy Graham. Talvez você tenha notado que sempre que alguém JULGAMENTO DE OBREIROS INDISCIPLINADOS da equipe evangelística de Billy Graham o apresenta, é simplesmente como o “Sr. Graham”. Outros talvez o chamem de “Dr. Graham” e acrescentam muitas palavras de honra e estima. No entanto, Billy Graham não presta atenção a estas palavras de elogio porque ele não necessita delas. Ele prefere servir ao Senhor com humildade. Seu desejo é simplesmente ser o que Deus quer que Ele seja e fazer o que Deus quer que Ele faça. Ele está seguro no chamado de Deus para a sua vida. Nada mais é necessário. Estas são as marcas de um verdadeiro e humilde servo do Senhor. Oro para que elas possam ser nossas também. Não necessitamos de uma “posição e título” oficiais e formais no Corpo de Cristo a fim de servirmos ao Senhor. João Batista não tinha nada disto. Ele nem ao menos sabia como responder algumas das perguntas dos que Lhe indagavam sobre a sua identidade. O Apóstolo João registra esta interessante conversação: “Ora isto é o que João Batista disse quando os judeus de Jerusalém enviaram sacerdotes e levitas para Lhe perguntarem quem ele era. Ele disse abertamente que não era o Cristo [Messias]. “Eles Lhe perguntaram: então quem és? És tu Elias? Ele disse: não sou. És tu o profeta? Ele respondeu: não. “Finalmente perguntaram-lhe: Quem és tu? Dá-nos uma resposta para levarmos de volta aos que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?” (Jo 1:19-22). João respondeu com as palavras do Profeta Isaías: “Sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho para o Senhor” (Is 40:3). Moisés havia profetizado e predito 1500 anos antes que o Senhor Deus levantaria algum dia um outro “profeta como ele mesmo” (Dt 18:18). O profeta Malaquias havia dito que “Elias viria antes do grande e terrível dia do Senhor’’ (Ml 4:5). Assim sendo, o povo de Israel estava aguardando a SEÇÃO F3 / 1063 vinda deste grande profeta semelhante a Moisés e Elias. Quando perguntaram a João se ele era este profeta (semelhante a Moisés e Elias), ele disse que era apenas “a voz do que clama no deserto”. Após a morte de João, Jesus nos diz que João Batista tinha um manto (a unção) de Elias (Mt 17:11-13). Parece que Jesus sabia quem João era, mas o próprio João não sabia estes fatos sobre si mesmo! Para crédito seu, João fazia o que Deus Lhe dizia. E Deus realmente falava com João. Ele podia dizer intrepidamente: “Deus me disse...!” João Batista não precisava de um título ou reconhecimento de quem ele era. Ele somente precisava ouvir e obedecer a voz de Deus. João Batista não se preocupava com o seu título e posição entre os homens. Ele simplesmente fazia a vontade de Deus. Ele entregou a sua vida, quando ainda jovem, provavelmente com 30 ou 31 anos de idade. Não é de se admirar que as Escrituras digam que ele seria chamado de “o profeta do Altíssimo... e prepararia o caminho diante do Senhor... no Espírito e poder de Elias” (Lc 1:17,76). Tenhamos CUIDADO COM A ARMADILHA! Capítulo 2 Líderes Fiéis A. SINAIS DOS VERDADEIROS APÓSTOLOS 1. Não Servem a si Próprios O PRIMEIRO sinal de um verdadeiro apóstolo, profeta, evangelista, pastor ou mestre é o seguinte: Ele não usa os Dons do Espírito ou o seu ministério dado por Deus de uma maneira que venha a servir ou salvar a si Próprio. Ele somente usa estes dons quando o Espírito Santo o guia e o dirige. 1064 / SEÇÃO F3 Quando Jesus estava pendurado na Cruz, um dos escárnios lançados sobre Ele foi o seguinte: “Ele salvou os outros, mas não consegue salvar a Si Próprio!” (Mt 27:42). E isto era realmente verdade! Jesus não usaria o Seu ministério no intuito de servir ou salvar a Si Próprio. Ele não podia salvar a Si Próprio! 2. Passam por Sofrimentos EM SEGUNDO LUGAR, o verdadeiro apóstolo, profeta, evangelista, pastor ou mestre está disposto a passar por sofrimentos e dificuldades para cumprir o ministério que Cristo Lhe deu. Esta é a atitude que o Apóstolo Paulo tinha. “Portanto, tenho prazer nas enfermidades, nas repreensões, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor a Cristo... pois quando estou fraco, então sou forte” (2 Co 12:10). Todo ministério que honra a Cristo tem esta mesma atitude. “A vossa atitude deveria ser a mesma que a de Cristo Jesus” (Fp 2:5). B. EXEMPLOS DE LÍDERES FIÉIS 1. Elias – Um Profeta Fiel “Então Elias... disse a Acabe: Assim como o SENHOR, o Deus de Israel vive, a Quem sirvo, não haverá orvalho nem chuva... exceto pela minha palavra” (1 Rs 17:1). À medida que esse julgamento profeticamente declarado continuou por vários anos, a terra de Israel enfrentou uma terrível seca e fome. Tudo foi bem com Elias por algum tempo. Deus o havia dirigido a um riacho onde ele poderia beber. Deus também enviou corvos para fornecerem a Elias pão e carne todas as manhãs e noites. Foi um quadro razoavelmente pacífico. Em vista dos problemas que os outros estavam enfrentando durante esta época de seca e fome, Elias até que não estava se saindo muito mal. F3.2 – Líderes Fiéis Contudo, com o passar do tempo, o riacho finalmente secou e Elias tornou-se uma vítima de sua própria profecia! Pão seco sem nenhuma água não é um piquenique muito agradável. Ele talvez tenha sido tentado a ordenar que chovesse. Se ele tivesse agido com base neste desejo, ele claramente teria estado fora da vontade de Deus. Deus ainda não havia dito a Elias para dar a ordem para a chuva. Se tivesse falado quando deveria ter estado em silêncio, uma dentre duas coisas poderia ter acontecido: Deus não teria honrado a palavra, porque ele teria “pedido erroneamente” – isto é, independentemente da vontade de Deus (Tg 4:3). Se ele tivesse feito isto, Elias teria se tornado um profeta inútil e egoísta. Deus teria honrado a palavra, mas isto poderia ter terminado a história toda. Elias talvez teria perdido o “milagre do fogo procedente do Céu” e se encontrado com “magreza de alma” (1 Rs 18:30-39; Sl 106:1315). Semelhantemente ao Senhor Jesus durante a Sua tentação no deserto (Mt 4:1-4), Elias recusou-se a usar o seu dom para satisfazer a sua própria sede e fome. Ele aguardou que Deus viesse e Lhe dissesse quando usar o seu dom profético. Somente então ele falaria a palavra do Senhor e terminaria a seca. Deus, no entanto, é fiel. O registro diz simplesmente: “Aí então a palavra do Senhor veio a Elias: Vai imediatamente a Sarepta, de Sidom, e permanece lá. Ordenei a uma viúva daquele lugar que te fornecesse comida” (1 Rs 17:8,9). Pelo fato de tanto Elias quanta a viúva terem obedecido a palavra do Senhor, ambos foram galardoados pela bênção e provisão de um sábio e amoroso Deus. A necessidade deles tornou-se a oportunidade para que o Senhor executasse o milagre do “óleo e da farinha” que salvou as suas vidas. Ambos poderiam ter perdido este mila- JULGAMENTO DE OBREIROS INDISCIPLINADOS gre através da incredulidade ou de falarem quando deveriam estar em silêncio, ou por terem estado em silêncio quando deveriam ter falado. Elias nos deu um bom exemplo. Ele não usava o seu dom de poder para resolver os seus próprios problemas ou suprir as suas próprias necessidades. Ele mantinha o dom sob a disciplina da vontade e do controle de Deus. 2. Três Líderes de Igreja Fiéis “Os presbíteros... exorto... Apascentai o rebanho de Deus que está dentre vós... não por torpe lucro [dinheiro]... E quando o Sumo Pastor aparecer, recebereis uma coroa de glória...” (1 Pe 5:1-4). a. Paulo. O Apóstolo Paulo era um líder com um verdadeiro coração de pastor. Ele poderia ter recebido legitimamente um sustento financeiro das igrejas (1 Co 9:17,18; 1 Tm 5:17,18). Para dar um exemplo, ele se sustentava a si próprio. “Mesmo até o presente momento, nós... labutamos, trabalhando com as nossas próprias mãos...” (1 Co 4:11,12). Ele não era um mercenário. “Não cobicei a prata, o ouro, nem as vestimentas de ninguém... vós sabeis que com as minhas próprias mãos tenho suprido as minhas necessidades...” (At 20:33-35). b. Pedro. Quando ofereceram dinheiro a Pedro, ele retrucou: “... O teu dinheiro pereça contigo, porque pensaste que o dom de Deus pode ser adquirido com dinheiro” (At 8:20). Você tem o compromisso de ser um líder semelhante a Pedro? Você deveria ter. Todos os verdadeiros líderes do povo de Deus continuamente se guardam contra o espírito mercenário e odeiam o “amor pelo dinheiro”. c. Timóteo. Paulo disse: “Mas confio no Senhor Jesus que vos enviarei Timóteo... Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que naturalmente cuide do vosso estado. Pois todos [o restante] buscam os seus Próprios interesses...” (Fp 2:19-21). SEÇÃO F3 / 1065 Estas devem ser as palavras mais tristes do Novo Testamento – “Todos buscam os seus próprios interesses...” Paulo conseguiu encontrar apenas um líder cujas motivações eram puras e claras para enviar como auxiílio à Igreja de Filipos. C. GALARDÕES OU JULGAMENTO O Senhor disse o seguinte: “... não vos preocupeis, dizendo: O que haveremos de comer ou beber, ou com que nos vestiremos... O vosso Pai Celestial sabe que tendes necessidades de todas estas coisas. Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a Sua retidão, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:31-33). 1. Galardoados por um Serviço Fiel Deus abençoará os que entregam a vida por Jesus para servirem os outros. Ele suprirá as suas necessidades liberalmente e tomará conta dos Seus servos. Deus não nos chamou para irmos onde há mais dinheiro. Ele nos chamou para irmos onde quer que o Espírito Santo nos dirija. Talvez seja para um povo difícil, como foi o chamado de Jeremias (Jr 6:19), ou para um povo que corresponda prontamente, como foi o caso de Jonas (Jn 3:5-10). O que realmente importa é que façamos com alegria a santa vontade de Deus, motivados por um coração amoroso. Este deve ser o supremo compromisso de nossa vida! 2. Julgados Pela Infidelidade “Nem todos os que Me dizem: Senhor, Senhor, entrarão no Reino do Céu, mas somente aqueles que fazem a vontade do Meu Pai que Se encontra no Céu. “Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, porventura não profetizamos em Teu Nome, e em Teu Nome não expulsamos demônios e fizemos muitos milagres? “Aí então lhes direi claramente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade!” (Mt 7:21-23). 1066 / SEÇÃO F3 O seu galardão baseia-se no que você fez para Cristo na terra e COMO (com quais motivações) você o fez. O uso do poder de Cristo para curar, expulsar demônios e profetizar – e ao mesmo tempo vivendo nas impurezas carnais do amor pelo dinheiro, amor pelo louvor dos homens, e uma vida de imoralidade – trazem o julgamento divino. Qual é este julgamento? O julgamento neste grupo de ministros cristãos foi o seguinte: “APARTAI-VOS DE MIM !” A questão é a proximidade – quão perto você pode chegar de Jesus no Céu. Se você não ficar perto de Jesus no seu caminhar e em sua obra na terra, você não ficará perto d’Ele no Céu. a. Apartai-vos de Mim. Durante uma época de apostasia em Israel, a maioria dos sacerdotes tornaram-se idólatras e sacrificaram a ídolos. Os FILHOS DE ZADOQUE permaneceram fiéis e continuaram perto do Senhor. Quando chegou o tempo de prestação de contas, o julgamento sobre os sacerdotes apóstatas foi o seguinte: “...os levitas que se apartaram para longe de Mim... que se desviaram para longe de Mim para seguirem os seus ídolos; levarão sobre si a sua iniqüidade... não se aproximarão de Mim...” No entanto, os que foram fiéis e permaneceram leais tiveram o seguinte galardão: “Mas os sacerdotes... os filhos de Zadoque, que guardaram a ordenança do Meu santuário quando os filhos de Israel se apartaram de Mim, eles se aproximarão de Mim para ministrarem a Mim e eles permanecerão diante de Mim... diz o Senhor DEUS” (Ez 44:10-15). O julgamento pela desobediência e pelo fracasso foi a recusa à SUA presença. Este é um privilégio que não quero perder. O galardão pela obediência e fidelidade não foi o Céu neste caso. Foi o privilégio da Sua presença. “Eles se aproximarão de F3.2 – Líderes Fiéis Mim... diz o Senhor!” Isto é o que deveríamos desejar mais do que qualquer outra coisa nesta vida e na eternidade – estarmos perto de Jesus. Quão perto você estará de Jesus no Céu? Tão perto quanto você permanecer aqui na terra. Se você caminhar em concupiscências pecaminosas, cobiçar dinheiro, e desejar os louvores dos homens mais do que os de Deus (Jo 12:43), Jesus dirá: “APARTAIVOS DE MIM!”. Você sofrerá a perda de todos os galardões, e o fogo queimará todas as suas obras (Veja 1 Coríntios 3:10-15; 1 João 2:28). Se você caminhar em fidelidade ao seu chamado e ministério, se você mantiver a integridade e as motivações retas, Jesus o galardoará com um lugar ao Seu lado em Seu Trono (Ap 3:21). Você desfrutará da Sua presença íntima por toda a eternidade. D. O JULGAMENTO DO CRENTE “Não muitos de vós deveriam ter a aspiração de serem mestres, meus irmãos, porque sabeis que os que ensinam serão julgados mais rigorosamente” (Tg 3:1). “Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5:10). A Bíblia ensina que os líderes e crentes terão que algum dia prestar contas no “Tribunal de Cristo” pelas coisas feitas no Corpo, quer sejam boas ou más. Com relação ao julgamento do crente, os seguintes fatos deveriam ser mantidos em mente: 1. Todos os Cristãos Todos os cristãos estarão sujeitos a um julgamento. Não haverá nenhuma exceção (Rm 14:12; 1 Co 3:12-15; 2 Co 5:10). 2. Quando Cristo Voltar Este julgamento acontecerá quando Cristo voltar para a Sua Igreja (Veja João JULGAMENTO DE OBREIROS INDISCIPLINADOS 14:3 e compare com 1 Tessalonicenses 4:14-17). 3. O Juiz é Cristo (João 5:22; 2 Timóteo 4:8) 4. Solene e Sério A Bíblia retrata o julgamento do crente como sendo algo solene e sério, especialmente pelo fato de incluir a possibilidade de danos ou “perdas” (1 Co 3:15 comparado com 2 Jo 8), de “ficarmos envergonhados diante d’Ele em Sua vinda” (1 Jo 2:28), e de “queima” de todo o trabalho de nossa vida (1 Co 3:13-15). O julgamento do crente, no entanto, não envolverá uma declaração de condenação por Deus. 5. Tudo Manifesto Publicamente Tudo será manifesto publicamente. A palavra “aparecer” (no grego phaneroo, 2 Co 5:10) significa “ser manifesto aberta ou publicamente”. Portanto, Deus examinará e revelará abertamente, de forma fiel à realidade: a. Os Nossos Atos Secretos (Mc 4:22; Rm 2:16), b. O Nosso Caráter (Rm 2:5-11), c. As Nossas Palavras (Mt 12:36,37), d. As Nossas Boas Obras (Ef 6:8), e. As Nossas Atitudes (Mt 5:22), f. As Nossas Motivações (1 Co 4:5), g. A Nossa Falta de Amor (Cl 3:184:1), e h. A Nossa Obra e Ministério (1 Co 3:13). 6. Prestação de Contas Em suma, o crente terá que prestar contas do nível da sua fidelidade ou infidelidade para com Deus (Mt 25:21,23; 1 Co 4:2,5) SEÇÃO F3 / 1067 e de suas ações, conforme a graça, oportunidade e compreensão disponíveis a ele (Lc 12:48, Jo 5:24). 7. As Obras do Crente As más ações do crente, quando há um arrependimento, são esquecidas com relação à punição eterna (Rm 8:1), mas ainda são levadas em consideração ao serem julgadas para uma recompensa: “O que faz o mal receberá pelo mal que cometeu” (Cl 3:25, comparado com Ec 12:14; 1 Co 3:15; 2 Co 5:10). As boas obras e o amor dos crentes são relembrados por Deus e galardoados (Hb 6:10): “Qualquer coisa boa que alguém fizer, por ela também receberá do Senhor’’ (Ef 6:8). 8. Ganho ou Perda Os resultados específicos do julgamento do crente serão variados. Haverá o ganho ou a perda de: a. Alegria (1 Jo 2:28), b. Aprovação Divina (Mt 25:21), c. Tarefas e Autoridade (Mt 25:1430), d. Posição (Mt 5:19; 19:30), e. Galardões (1 Co 3:12-14; Fp 3:14; 2 Tm 4:8), e f. Honra (Rm 2:10, comparado com 1 Pe 1:7). 9. Tema ao Senhor A expectativa do julgamento vindouro do cristão deveria aperfeiçoá-lo no temor do Senhor (2 Co 5:11; Fp 2:12; 1 Pe 1:17) e fazer com que ele seja sóbrio, vigilante, e que ore (1 Pe 4:5,7), que viva com um comportamento santo e com retidão (2 Pe 3:11), e que demonstre misericórdia e bondade a todos (Mt 5:7, comparado com 2 Tm 1:16-18). Escreva abaixo as suas anotações pessoais:
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