soap opera vivere

Transcrição

soap opera vivere
N º. 2 1
AUDIOVISUAL
Coração D’ouro de A a Z
Exteriores Quando as novelas
saem dos estúdios
A experiência de Mar Salgado
Entrevista Maria das Dores Meira,
Presidente da Câmara Municipal de Setúbal
TURISMO
EC Travel Award
para o Adriana Beach Club
INTERNACIONALIZAÇÃO
Séries de TV pelo mundo
.
O U T
.
2 0 1 5
ÍNDICE
Tema de capa
CORAÇÃO D’OURO
de A a Z
4
Saúde
BASE HOLDING
COM NOVA PARCERIA
|
22
Vinhos
VINDIMAS
NA QUINTA DE
SÃO SEBASTIÃO
10
Entrevista
MARIA DAS DORES MEIRA
24
32
|
Prémios
MULTIWINES
E ADRIANA BEACH CLUB
|
Imobiliário
JARDINS
DE SANTA EULÁLIA
20
Audiovisual
BEM-VINDOS A BEIRAIS
CHEGOU AO FIM
|
Edição
LANÇAMENTOS
DO OUTONO
16
|
|
Agroalimentar
AS PRIMEIRAS AMORAS
DA AGRIVABE
14
|
37
|
Audiovisual
PINTO BALSEMÃO
VISITOU A SP TELEVISÃO
|
40
|
FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE : Madre, SGPS SEDE : Av. da Liberdade, 144-156, 6º Dtº, 1250-146 Lisboa, Tel: 213 243 220, Fax: 213 243 239 [email protected]
www.madre.com.pt FOTOGRAFIAS : Arquivo Madre e stock.xchng. PAGINAÇÃO E ARTE FINAL: Inês Mateus IMPRESSÃO E ACABAMENTO : Europress Indústria Gráfica PERIODICIDADE : Semestral TIRAGEM : 800 exemplares DEPÓSITO LEGAL N.º 272037/08
1
Marta Cavaco
A Quinta de São Sebastião, em Arruda dos Vinhos, enquadrada pela vinha,
onde são produzidas as marcas Quinta de São Sebastião, S. Sebastião, Mina
Velha e Mil Caminhos
JOSÉ PINTO RIBEIEIRO
EDITORIAL
A
resiliência do tecido empresarial português é um caso notável de estudo e que merece
os maiores louvores. O mercado interno é exíguo, a esfera financeira da economia
está aparentemente mais debilitada do que a esfera real e as crises políticas associadas
ao comportamento errático na regulação de alguns setores vitais vão criando bolsas de
incerteza que minam a confiança e contribuem para a retração do investimento.
Sem procura interna, com crescentes obstáculos no acesso ao financiamento e sem grandes
perspetivas de estabilidade política no médio prazo é uma enorme aventura para a grande
maioria das empresas nacionais conseguirem atingir níveis de criação de riqueza satisfatórios.
Resta como orientação estratégica (ou de sobrevivência) o mercado externo. Este, porém,
não pode ser visto como uma salvação mas sim como uma plataforma, por um lado, de maior
exigência competitiva; por outro, potencia as necessidades de mobilização de recursos financeiros para assegurar as dificuldades inerentes ao início de qualquer actividade em ambiente
empresarial e cultural diferente, muitas vezes hostil.
Perante este enquadramento de dificuldades para os países pequenos e periféricos como
Portugal, cujas complicações aumentaram com a crescente mundialização da economia,
é importante que se mantenha intacta a criatividade e a capacidade de encontrar mesmo
dentro do País espaço para criar valor acrescentado. Ora, esta maneira de olhar a realidade
empresarial necessita de outro elemento de sustentação − a diversidade − que dilui o risco do
excesso de concentração.
Muitas vezes em conversas que vamos tendo, nomeadamente em ocasiões de apresentação
daquilo que fazemos e das atividades onde temos investimento muitos se interrogam e acham
estranho a multiplicidade de atividades que se integram no Grupo Madre: Audiovisual,
Agroalimentar, Turismo, Energias Renováveis, Imobiliário, Montagens Industriais, Aluguer de
Equipamento, Edição, Saúde, para além de alguns outros investimentos de caráter puramente
financeiro e estratégico. Porém, é essa diversidade que alisa o risco e permite movimentos de
compensação setorial que não seriam possíveis caso nos focássemos apenas em uma ou duas
áreas de negócios.
É difícil para países que tradicionalmente não são acumuladores de riqueza por falta de
recursos naturais e produtividades tradicionalmente baixas, como Portugal, criarem unidades
de negócio que extravasem a dimensão do País. Nesse sentido creio que o melhor é ajustarmos
os processos empresariais a unidades pequenas e flexíveis com equipas de gestão conhecedoras e eficientes que possam antecipar dificuldades mas que simultaneamente adiram a uma
cultura de risco controlado.
Esta foi a estratégia seguida por nós desde há muito e que julgamos ajustado prosseguir
aprofundando os princípios-chave da diversidade, da criatividade, do conhecimento e do risco
controlado como elementos basilares do processo de criação de valor face ao enquadramento
económico que temos.
Como elemento prático, convido-vos agora à leitura de mais um número da nossa revista,
onde fazemos a atualização das notícias mais importantes da maior parte das atividades que
fazem parte do conjunto. De registar também a entrada de uma nova participada, a Ipsuminvest,
unidade com vocação imobiliária, para atuar em pequenos nichos de mercado, nomeadamente na recuperação de imóveis para revenda. Acreditamos que é uma área com hipóteses
de registar níveis interessantes de funcionamento desde que assertivamente dirigida.
Até breve!
António Parente
3
TEMA DE CAPA AUDIOVISUAL
CORAÇÃO D’OURO
Projeto ambicioso ‘viaja’ de Lisboa
ao Porto e Açores
Mãe e filha.
Um conflito,
um dilema moral.
A condição humana
e as relações familiares
estão no centro
de Coração d’Ouro,
novela produzida pela
SP Televisão e que está
no ar no horário nobre
O
Portugal contemporâneo está em
Coração d’Ouro, cujos exteriores vão
ter uma incidência significativa e paisagens espetaculares, algumas delas classificadas Património da Humanidade
pela UNESCO. Uma das novidades
deste título, com o que se aposta em
surpreender o público, são as imagens
captadas em diversos locais nos Açores,
permitindo perceber que, mais do que
a contemplação da Natureza, existem
inúmeras possibilidades de atividades
ao ar livre, em terra e no mar, como
adiantou Bruno José, Diretor-Geral da
SP Televisão, que produz esta novela.
Lisboa vai aparecer num dos núcleos e
os exteriores incluem ainda o Douro.
No Porto, vão figurar locais como a
Ribeira, a Casa da Música, a Torre dos
Clérigos, a Universidade do Porto, o
Jardim da Cordoaria, a Livraria Lello,
o Passeio das Virtudes, os jardins do
Palácio de Cristal e o Parque da Cidade.
Na vertente técnica, Patrícia Sequeira, a
quem cabe a direção geral artística do
projeto, salienta o facto de os exteriores
da SIC. Com autoria
de Pedro Lopes,
é um original e propõe-se surpreender
os espectadores,
quer pela narrativa,
quer pela imagem,
graças a exteriores
gravados em Lisboa,
Porto, Douro e Açores
Rita Blanco protagoniza Coração d'Ouro
4
N º 21 . OUTUBRO
serem feitos com câmeras fixas, «o que
já não é completamente novidade pois
já temos usado estas lentes em outros
projetos» − sublinhou. E comenta, a
propósito: «De realização desta vez é
mostrar bem... uma paisagem assim
fotogénica não precisa de grandes
inovações técnicas, apenas de ser bem
filmada».
A novela vai viver de conflitos dilacerantes dos quais se destaca o que opõe
Maria João Bastos, Beatriz em Coração d'Ouro
AaZ
mãe e filha (papéis desempenhados por
Rita Blanco e Mariana Pacheco, respetivamente) e temas fraturantes, como
uma relação multiétnica enquadrada
numa família, e os que se prendem com
a prática médica e a investigação clínica.
Este novo título estreou a 7 de setembro e substituiu Mar Salgado, líder
de audiências no mesmo horário na
SIC, confirmando-se as grandes expectativas quanto ao seu desempenho.
Comédia.
R
A inclusão de núcleos de
humor tornou-se uma característica das
novelas da SIC, que surgem para aliviar
a tensão criada em cenas densas e de
grande tensão dramática. O resultado é
Algumas palavras-chave ajudam a conhecer
comparável às emoções sentidas numa
Coração d’Ouro e a forma como o género da ficção
de comédia permitem ao espectador
televisiva se alicerça no panorama audiovisual
respirar fundo.
montanha russa, pelo que os momentos
Douro.
Base
A paisagem do rio, da qual
o Alto Douro Vinhateiro é classificado
Autoria. Coração d’Ouro é uma novela
na
original, à semelhança das anterior-
Televisão está a preferência do público,
UNESCO, consiste num dos atrativos da
mente produzidas pela SP Televisão,
com ponto alto para a exibição de
novela. De resto, os exteriores de
seja por autores da produtora ou
Dancin’ Days, que conquistou a lide-
Coração d’Ouro repartir-se-ão ainda
externos, à exceção de Dancin’ Days,
rança no horário nobre para a SIC. Este
pela Ribeira do Porto, Lisboa e várias
remake do original brasileiro. A equipa
‘pico’ nunca foi ultrapassado até agora,
localizações nos Açores, da Terceira ao
de autoria, liderada por Pedro Lopes,
com mais de um milhão e meio de
Pico. A convicção é de que os exteriores
integra José Pinto Carneiro, Filipa
espectadores.
«’enchem o olho’, deixam que a novela
do êxito das novelas da SP
Património
da
Humanidade
pela
Poppe, Lígia Dias, Manuel Moura
respire, tenha outros ambientes, não
Marques, Marina Ribeiro, Marta Pais
fique só saturado de ambiente de
Lopes e Miguel Simal.
estúdio» − refere Pedro Lopes.
2 0 1 5
R
5
TEMA DE CAPA AUDIOVISUAL
Episódios. A duração das novelas atuais
Inovação.
Surpreender o público e
Melodrama. A Televisão consagrou a
tende a ser cada vez mais longa, o que
contribuir para o desenvolvimento do
telenovela como género melodramá-
se explica pelos custos da produção,
género é desejo constante das equipas
tico mais popular, segundo a entrada
que se atenuam com a extensão deste
responsáveis, da autoria à realização,
dedicada a este conceito no E-Dicio-
produto. Serão para cima de 300,
passando pela produção. Estes contri-
nário de Termos Literários, de Carlos
embora o número exato não esteja
butos distribuem-se desde o ineditismo
Seia. Para Pedro Lopes, a novela joga-se
determinado nesta fase.
dos temas à abordagem técnica, esté-
muito em torno das tensões familiares,
tica e artística, procurando-se novos
neste caso entre mãe e filha, estando
rumos, muitas vezes arriscando, ao pisar
em causa relações de poder. E aponta
terreno ainda não explorado.
exemplos de que a novela pode socor-
Ficheiro. As incontáveis resmas de papel
rer-se: colocar uma figura masculina a
contendo os episódios necessários
ganhar mais do que o elemento femi-
para circular entre produção e elenco
nino do casal; ou revelar que as relações
são coisa do passado, reduzindo a
Jovens atores. As novelas representam
importância das impressoras, agora
rampas de lançamento de carreira para
apenas um equipamento, para um
os mais novos, ainda que não corres-
coletivo de 30 autores. Hoje as cerca de
pondam a estreias absolutas, como
38 páginas de cada capítulo estão
aconteceu com Joana Santos em Laços
contidas em ficheiro informático e a
de Sangue ou Joana Ribeiro em Dancin’
escrita centrada num servidor.
Days. Em Coração d’Ouro, surgirão tam-
Nomeações… e prémios. A candidatura
bém caras novas, a exemplo de Mariana
da SP Televisão ao Emmy Internacional
Pacheco, no papel de Catarina, prota-
para o género telenovela ocorreu duas
gonista e filha de Maria, uma grande
vezes, a primeira com Laços de Sangue,
aposta desta produção.
título que saiu vencedor na competição
‘Gancho’.
Palavra-chave nas novelas,
é fundamental para a estrutura dramá-
extraconjugais de um personagem se
dão com o conhecimento da mulher.
Tudo isto configura relações de poder.
e a segunda com Rosa Fogo, consa-
tica do género, em que a história está
grando a atuação de uma produtora
concebida diariamente para funcionar
com uma determinada unidade dramá-
Língua portuguesa.
Segundo Pedro
relativamente nova e abrindo perspe-
tica. Acontece, porém, a exibição não
Lopes, proporcionar ao público produ-
tivas para a internacionalização dos
corresponder por vezes exatamente a
tos de ficção nos quais a portugalidade
respetivos títulos.
essa estrutura.
está impressa vai ao encontro do apreço deste pelas histórias em português.
Além disso, o facto de diversos sotaques
Horário.
A consistência da exibição
num horário regular, ao princípio do
serão, na chamada primeira faixa do
horário nobre, é considerada condição
essencial para a fidelização do público.
regionais estarem contemplados em
Coração d’Ouro consiste num grande
desafio, principalmente por se tratar de
uma produção muito longa, nuances
que enriquecem este título.
Objetivo de excelência. A preocupação
com a receção pelo público e com a
qualidade do produto é a única forma
de fazer Televisão, na opinião de Pedro
Lopes. Acredita que a novela é um produto de ficção que deve ser trabalhado
Coração d’Ouro é exibido a partir das
com o objetivo da excelência como
21.30.
qualquer outro género de ficção. Nesta
postura distingue-se do que acontece
por vezes com a alguma crítica, ao
considerar este um género menor.
6
N º 21 . OUTUBRO
Segundo Pedro Lopes, Diretor de
Conteúdos da SP Televisão, a novela
decorre do projeto ambicioso de representar o País inteiro: não o rural, mas
um país moderno, e que ainda assim
valoriza a memória e tradições.
O elenco de consagrados e de novos
valores integra entre outros Miguel
Guilherme, João Reis, Ana Padrão,
Maria João Bastos, Alexandre Sousa,
Lúcia Moniz, Anabela Teixeira, Fátima
Belo, Custódia Gallego, José Raposo,
Diana Chaves e Luciana Abreu. Ana
Zanatti está de volta à Televisão com
esta novela no papel de uma psicóloga
e João Perry surge numa breve aparição
na figura de António, o patriarca da
família, personagem que morre após o
início da narrativa.
A novela foi lançada a 6 de setembro
numa gala na Alfândega do Porto,
promovida pela SIC e pela SP televisão,
com a presença do elenco e convidados. Os resultados na estreia e nas
semanas que se seguiram confirmam a
liderança da estação no seu horário.
Mariana Pacheco, num desempenho de grande destaque no papel de Catarina
Pedro Lopes
A novela é um produto
muito sincero
O Emmy atribuído a uma novela de sua autoria,
Laços de Sangue, seria o suficiente para
a consagração de Pedro Lopes
JOSÉ PINTO RIBEIRO
S
Pedro Lopes, Diretor de
Conteúdos da SP Televisão e
autor de Coração d'Ouro
2 0 1 5
e o currículo já vasto na escrita de
ficção não bastasse, o Emmy atribuído
a uma novela de sua autoria, Laços de
Sangue, seria o suficiente para a consagração de Pedro Lopes, guionista e Diretor de Conteúdos da SP Televisão, na
produtora desde a fundação, em 2007.
A experiência, maturidade e autoconfiança marcam a postura do autor,
além de mostrar ideias claras: não encara a novela como um género menor
e trabalha para a excelência, em todas
as componentes deste produto, que
conquistou inegavelmente as preferências do público televisivo. Acredita que,
mais do que «atirar dinheiro para o
ecrã», uma produção assenta na história que lhe está na base, a exemplo de
uma peça de teatro «que pode ser toda
passada num quarto». Opinião em que
terá certamente muitos a secundá-lo e
que ecoa a afirmação sempre repetida
por Manoel de Oliveira, de que «o cinema é teatro filmado». Ou seja: o que
interessa é o drama que se passa à
frente da câmara.
7
R
TEMA DE CAPA AUDIOVISUAL
a visão em família no sofá, contando
Pressão. O facto de este título suceder
Sinopse ou story line prende-se com o
a Mar Salgado, líder de audiências
conceito da novela, apresentada à
no canal no mesmo horário, exerce
estação para ser aprovado, antes do
pressão sobre a autoria. Porém, nada
desencadear da produção. No caso de
que não tenha acontecido antes, em
Coração d’Ouro, pode resumir-se a
particular desde a atribuição do Emmy
«Que fazer quando o nosso maior ini-
a Laços de Sangue, em 2010. A
migo é a pessoa que mais amamos?». A
capacidade de ter um produto que
ideia integra sempre um dossier de
Verosimilhança. Alicerce do género, a
«comunique bem» é uma preocupação
cerca de 50 páginas, que já contempla
procura de conflitos da atualidade
constante.
o levantar do véu sobre a história, os
em que o público se reveja, não o
perfis dos personagens e permite ava-
remetendo para o passado, contrói a
liar o potencial da novela. Designado
ponte para a desejada verosimilhança
high-low concept pelos americanos,
da novela, resultando no esbatimento
permite perceber se o conflito pode ser
de fronteiras entre ficção e realidade.
Quebra-cabeças. O controlo da narrativa é um imperativo para a autoria,
evitando situações que podem resultar
(em detrimento da visão em equipamentos como tablets e telemóveis)
potencia este efeito.
de longa duração, como numa novela.
em ‘nós’ difíceis de desatar na con-
Xenofobia. Lutar contra conflitos sociais
dução do argumento, de que existem
exemplos na ficção contemporânea
Temas
internacional, frequentemente aponta-
fazendo jus à tradição deste género
dos pela crítica (a série Lost é um deles).
televisivo. Porém, se anteriormente era
fraturantes.
São
diversos,
comum haver um grande tema de
merchandising social eleito para cada
Répérage
com ecrãs cada vez de maior dimensão
como a marginalização de minorias
étnicas é recorrente nas novelas, graças
ao
poder
de
a
ficção
televisiva
influenciar comportamentos, lutando
contra o preconceito. Em Coração
d’Ouro, vai surgir um casal multiétnico,
de locais. A escolha dos
ficção, atualmente grande número de
exteriores a incluir nas novelas dá-se
temas aparece ‘pulverizado’ pela narra-
após persistente procura dos espaços
tiva, associados a diferentes persona-
que melhor se adequem ao desen-
gens. Vão surgir a investigação médica,
volvimento da narrativa. Estão a cargo
os testes clínicos e o transplante pul-
de um produtor de locais, experiente
monar. A crise económica está ausente
nestas andanças, implicam muitos quiló-
deste universo, com a evolução da
Zanatti, Ana. A atriz, autora literária e
metros de estrada e uma agenda de
situação do País e principalmente com
ex-apresentadora de TV interpreta o
contactos recheada. Segundo Bruno
uma mudança de comportamento da
papel da psicóloga Sara Amaral, que
José, a atual novela exigiu contactos
população em prol de uma atitude mais
assinala o seu regresso ao ecrã, depois
de raiz, por se tratar de regiões onde a
positiva.
de ter integrado o elenco da série
Teresa e Jonas, integrando um núcleo
familiar que permite desenvolver esta
questão.
produtora nunca tinha gravado ante-
Os Compadres, na RTP1, em 2012,
riormente.
o seu anterior trabalho na Televisão. Foi
Uau factor. Surpreender entre outras
formas pela imagem é um dos objetivos
da novela atual, e a inserção de paisa-
muito desejada para o papel pela
produtora, que não imaginava mais
ninguém para o desempenhar.
gens espetaculares do Douro aos Açores
é um dos meios para atingir esse fim. O
facto de no caso das novelas prevalecer
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N º 21 . OUTUBRO
O autor defende também o que se
tornou uma característica distintiva das
novelas da SIC, a integração de núcleos
de comédia no decorrer da história,
criteriosamente inseridos de forma a
permitir uma dinâmica da narrativa, nos
quais a produtora investe na escrita,
no elenco, na produção e na realização.
Além de mestre do ofício da escrita,
é também um observador do fenómeno e reflete sobre o terreno que pisa
todos os dias, em jornadas longas
rodeado de equipas de profissionais
escolhidos a dedo. Não gosta de escrever à partida para atores específicos, o
que redundaria numa limitação, preferindo pensar nas personagens. Porém,
Mariana Monteiro e Mariana Pacheco
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Mariana Pacheco e Rita Blanco: o confronto de uma consagrada com uma atriz da nova geração
reconhece que, a partir de certa altura
do desenrolar da produção, se enceta
um diálogo entre a escrita e a interpretação: «A partir desse momento, o que
me atrai no ator é a capacidade que
tem de agarrar num determinado
personagem e trabalhá-lo».
Sobre a telenovela como género e a
evolução a que se tem assistido, que faz
com que se distinga da tradicional soap
opera americana, equaciona a questão
colocando as diferenças nos devidos
lugares: vê o género ficcional em
Portugal com origem no ramo latino
oriundo do Brasil e da Argentina, distinto do anglo-saxónico, caracterizado
para ser exibido durante o dia. Do
primeiro decorreu o prime-time soap,
melodrama de periodicidade semanal,
a exemplo de Revenge e Empire; a telenovela portuguesa distingue-se pelas
características próprias, afirma Pedro
Lopes, pois tal como outras indústrias,
acabou por conquistar maturidade e
autonomizar-se.
A relação entre orçamento e produto
final não é linear, ao contrário do que
possa pensar-se, e contém a sua subtileza, como salienta. Sendo um produto
de orçamento controlado, evidencia as
suas imperfeições. Afinal, a novela «é
um produto muito sincero». Sobre a
ficção televisiva e o universo da língua
portuguesa, enuncia um sonho: «Seria
interessante que o Português não fosse
apenas a nossa fronteira, mas que
permitisse a ligação aos países de língua
portuguesa, e haver aqui um viajar da
ficção maior do que existe».
B
9
VINHOS
Da vinha para a adega
As vindimas na Quinta de São Sebastião e nas propriedades dos parceiros
da Multiwines em Arruda dos Vinhos, na Região de Lisboa, saldaram-se pela
recolha de 600 toneladas de uva, destinadas às diferentes chancelas
A
habitual azáfama das vindimas
animou a Quinta de São Sebastião desde o final de agosto (o arranque deu-se
a 25 daquele mês), durante cerca de
quatro semanas. A campanha de 2015
mobilizou braços da propriedade e
ainda uma equipa de trabalhadores
temporários, de origem cabo-verdiana,
contratada especialmente para o efeito.
A apanha de uva nesta propriedade é
manual, dadas as características do
terreno, de acentuado declive.
O final do mês de agosto representa o
culminar de um processo de trabalho
árduo, persistente e minucioso, levado
10
a cabo ao longo de todo o ano, gera
invariavelmente enormes expectativas e
é acompanhado à minúcia pelo enólogo da Multiwines, Filipe Sevinate Pinto.
As semanas a anteceder as vindimas
são particularmente críticas, exigindo
uma monitorização permanente dos
cachos. É altura de fazer os controlos
de maturação, com análises de campo
(dos níveis de açúcar, acidez, ph), o parâmetro mais objetivo desta abordagem,
realizado talhão a talhão. Estes controlos começam por ser semanais, mas
essa periodicidade pode ser encurtada,
à medida que a vindima se aproxima. O
MARTA CAVACO
da empresa, rumo aos mercados nacional e internacional
N º 21 . OUTUBRO
MARTA CAVACO
acompanhamento é realizado não apenas na Quinta de São Sebastião, como
nas propriedades dos parceiros, pelo
que nada é deixado ao acaso. Para imponderáveis, já basta a meteorologia!
A acrescer a estes parâmetros, existem
outros, mais subjetivos, em que o
enólogo se socorre da experiência e
conhecimento. É altura de «ir percebendo a dinâmica da vindima» − refere
o enólogo, em que o sucedido no ano
anterior se destaca na memória mais
recente. Acontece, porém, que todos
os anos a vindima resulta num acontecimento diferente. «Varia a dinâmica −
2 0 1 5
a circunstância de ser uma vindima
espaçada no tempo, ou muito concentrada – e a decisão sobre se se apanha
primeiro nos terrenos mais férteis, ou
nos mais pobres», revela o enólogo.
Percebida a referida dinâmica da vindima, de que é exemplo o facto de as
castas menos produtivas serem aquelas
que amadurecem mais cedo, é com a
rios, basta saber que alguns deles são
detentores de mais do que uma propriedade na região. A operacionalização é outra das questões, em locais
onde a vindima é manual ou mecânica,
consoante os casos, neste último com
recurso a equipamentos próprios ou
alugados para o efeito.
As vindimas de 2015 culminaram um
leitura desses indicadores que se vai
tomando decisões. Daí que a colheita
comece habitualmente pelas castas
brancas, já que «os vinhos aqui produzidos exigem níveis de maturação médios, de álcool médio e alguma acidez,
o que lhes confere frescura. Já nos tintos é preciso chegar a maturações um
pouco mais altas» − confia o enólogo.
Neste processo, há que pôr em prática
uma cuidadosa logística, com a calendarização das vindimas na Quinta de
São Sebastião e nas propriedades dos
parceiros. Para se perceber a importância das vindimas para estes proprietá-
ano agrícola seco. Assim, no caso da
vinha da Quinta de São Sebastião, as
uvas ficaram dependentes das reservas
de água que se acumularam durante o
Inverno. Além disso, o balanço de 2015
assinala-se por uma episódica queda de
granizo na Primavera que danificou
algumas cepas, do que ainda estão a
ressarcir-se. Antecipando-se um ano de
produção média-baixa, Filipe Sevinate
Pinto revela que antevê, em contrapartida, uma produção de vinhos de
qualidade soberba.
Ao atingir-se, no final de setembro, um
total de 600 toneladas de uva para
11
R
VINHOS
Produtores unem esforços
com a Fine Wine Alliance
Recentemente criada, a Fine Wine Alliance integra propriedades de diferentes
regiões vínicas. Além da Quinta de São Sebastião e da Wine Ventures (Região de
Lisboa), a Quinta de Cottas (Douro) e a Santa Vitória (Alentejo). Esta parceria empresarial propõe-se responder às necessidades dos atuais mercados, crescentemente competitivos e que exigem respostas rápidas, com um portfolio diversificado de marcas de vinhos premium e canais de comunicação centralizados.
A união de esforços da parceria, criada em 2015, dá continuidade à expressão
nacional e internacional das exportações dos respetivos vinhos (de que se salienta
42% na Europa, 27% na América do Sul, 16% em África e 8% na América do
Norte).
O portfolio citado inclui marcas como o Cottas Douro Reserva, Quinta de Cottas
Touriga Nacional, Cottas 20 Year Old (vinho do Porto) e Prova Régia (Arinto –
Bucelas, Lisboa), Morgado de Sta Catherina, Principium, Vivere, as diversas
designações do Quinta de S. Sebastião (branco, rosé, Colheita, Reserva, Syrah e
Grande Escolha Touriga Nacional), Mina Velha (tinto, branco, rosé e Selection) e
S. Sebastião (tinto, branco e rosé), da Região de Lisboa. As marcas Versátil e Santa
Vitória integram o leque na Região do Alentejo, assim como o Longue Tubi
representa a Região da Provença, em França.
Nas referidas propriedades, as marcas são criações de enólogos como João Silva
Sousa (Quinta de Cottas), Bernardo Cabral (Santa Vitória), Manuel Pires da Silva
e Maria Godinho (Quinta da Romeira), Manuel Vieira (Quinta da Romeira e Quinta
de Cottas) e Filipe Sevinate Pinto (Quinta de São Sebastião).
Grande parte destas marcas de vinhos já arrecadaram prémios de relevo, com
destaque para as medalhas de ouro obtidas no Sommeliers Wine Awards, Selections Mondiales des Vins Canada, Berliner _Wine Trophy, Concurso de Vinhos de
Lisboa e no Concours Mondial de Bruxelles, assim como classificações destacadas
pelo prestigiado crítico norte-americano Robert Parker.
Africa 16%
América do Sul 27%
Ásia 2%
Oceania 1%
Outros 4%
Europa 42%
América do Norte 8%
Fonte: Fine Wine Alliance
12
vinificação das marcas da empresa,
está-se perante um crescimento de
50% (recorde-se que no ano de 2014
se recolheram 400 toneladas). Este contingente destina-se a uma produção já
com colocação no mercado e corresponde, portanto, a um crescimento
sustentado da empresa.
Novos equipamentos
aumentam capacidade
da empresa
Na adega a azáfama não é menor do
que no terreno. Sérgio Lopes não tira
os olhos da entrada do amplo espaço,
pois espera a todo o momento a chegada de mais uvas, oriundas de uma propriedade parceira da empresa, num dia
em que o contingente recebido chegou
às 50 toneladas. Os cachos destinam-se
ao novo tegão da adega, o mais recente investimento na receção de uva, onde
são rapidamente esmagados e desengaçados, sem mais demoras.
A novidade das vindimas de 2015 é a
ampliação e reequipamento da adega
da empresa, em Arruda dos Vinhos. O
espaço inclui também novas cubas de
fermentação, que dispõem de um sistema de refrigeração, tudo dispositivos
que representam a vanguarda deste
setor de atividade. A adega da Multiwines conquistou um espaço contíguo,
ampliando para o dobro a área já
existente, destinado a funcionar para
engarrafamento, etiquetagem e armazenagem do produto final, de onde
sairá diretamente para a expedição.
Criou-se assim um circuito de entrada
de matéria-prima e de saída de produto
acabado, para a distribuição.
A Multiwines é responsável pela comercialização das marcas Quinta de
N º 21 . OUTUBRO
6 PERGUNTAS A… Filipe Sevinate Pinto
Jogo de xadrez
afirmar que a intervenção do enólogo é fundamental no decorrer
das vindimas. Porém,
Filipe Sevinate Pinto
tem consciência de que,
para a generalidade
de quem está fora do
meio, a sua função
nos bastidores deste
processo é praticamente
desconhecida. Sublinha
que a vindima consiste
num jogo de xadrez
cujo imperativo é
a qualidade
da matéria-prima
S. Sebastião, S. Sebastião, Mina Velha
e Mil Caminhos, vinhos da Região de
Lisboa, distribuídos por todo o território
nacional e ainda fora do País, nomeadamente em países como a Suíça,
países do Benelux, Reino Unido, Brasil,
2 0 1 5
NM − De que forma intervém nas
vindimas?
FSP − O mês de agosto é a altura para
uma permanente monitorização das
uvas, tanto na Quinta de São Sebastião
como nas propriedades dos parceiros
fornecedores. Nenhuma uva entra na
adega sem ter sido observada.
− A vindima todos os anos traz
surpresas?
− Sempre. A frase não é minha, mas é
comum dizer-se que «cada vindima é
diferente, tal como um parto é sempre
diferente de outro».
− Fica ansioso?
− Um pouco, porque há sempre circunstâncias que nos escapam, como as
condições meteorológicas. Depois, a
logística das vindimas passa por uma
enorme pressão por parte dos parceiros, que querem vindimar o mais cedo
possível as suas uvas, pois realizam
enormes investimentos nas propriedades, enquanto nós, por um imperativo
de qualidade, queremos manter as
uvas o mais possível na vinha, tirando
o máximo partido delas. Pretendemos
apanhá-las e trabalhá-las no momento
Moçambique e Colômbia. Estas marcas
têm vindo a conquistar o seu espaço,
despertando a atenção dos críticos
da imprensa especializada e das instituições nacionais e estrangeiras, que
as têm distinguido em concursos de
RODRIGO DE SOUZA
É um lugar-comum
ideal. É difícil conseguir montar este
jogo de xadrez.
− O que mais o preocupa, nesta
altura?
− A possibilidade de chover, ou o excesso de calor. Tratando-se de películas
muito sensíveis, no primeiro caso, porque podem rebentar e, no segundo,
porque desidratam.
− Prevê-se o surgimento de novas
marcas da Multiwines em 2016?
− Marcas, não, mas novas designações
nas diversas marcas já existentes.
− Fica satisfeito com os prémios
atribuídos às marcas da Multiwines,
em particular os mais recentes?
− É sempre bom vermos o nosso trabalho reconhecido por entidades externas, algo que ajuda na comercialização
dos vinhos.
âmbito internacional. A atestar da sua
oferta diversificada no mercado, a
Multiwines já dispõe do catálogo de
Natal, no qual incluiu amostragem
das marcas e designações disponíveis
no mercado.
B
13
AGROALIMENTAR
Agrivabe
Já há amoras na Quinta
do Mirante
As amoras já estão a
ficar maduras na Quinta
do Mirante,
propriedade explorada
pela Agrivabe, que se
dedica à produção
de pequenos frutos
vermelhos. Depois da
floração, a nova cultura
experimental dá
os primeiros sinais.
Segue-se a plantação
de mirtilos de modo
a diversificar a
atividade da empresa
14
E
m plena segunda campanha de
framboesa na Agrivabe, empresa que
se dedica à cultura de pequenos frutos
vermelhos em hidroponia no concelho
de Tavira, num pequeno setor do Bloco
5, vão ser colhidas amoras pela primeira
vez. Esta espécie começou a ser produzida este ano a título experimental; da
experiência faz parte também o mirtilo,
que entra na estufa em novembro e só
dará frutos em 2016.
A produção destas duas espécies junta-se à cultura tradicional de framboesa
na Quinta do Mirante, explorada pela
empresa naquele concelho. Integra-se
numa estratégia de diversificação encorajada pela Driscoll’s, distribuidora
multinacional e parceira da empresa,
que coloca estes pequenos frutos no
mercado internacional. À semelhança
das framboesas que saem das estufas
desta propriedade, amoras e mirtilos
serão encaminhados para países do
Norte da Europa, tradicionalmente consumidores e apreciadores de pequenos
frutos vermelhos.
Muito semelhante à framboesa, é
principalmente conhecida em Portugal
a amora silvestre, geralmente mais pequena do que a produzida em estufa.
Já em cultura, ainda não existe experiência significativa da produção de
amora em Portugal no Outono, pelo
que praticamente não se conhece histórico do seu desenvolvimento. Na região,
até agora, apenas outra empresa integrante da organização de produtores
local, a Hubel, já produziu amoras, no
mesmo sistema. No que respeita ao
mirtilo, Portugal situa-se na linha da
N º 21 . OUTUBRO
frente desta cultura em hidroponia, a
par da Califórnia (principalmente no
Norte do Pais).
Assim, a experiência agora a decorrer
na Agrivabe reveste-se de algum vanguardismo − daí que os pequenos frutos
ocupem nesta fase inicial apenas um
pequeno setor no Bloco 5, o mais recente, erguido na Quinta do Mirante já
no decorrer de 2015 e a produzir desde
junho passado. Por tudo isto, é natural
que os resultados sejam aguardados
com expectativa.
Com as novas culturas, além de diversificar a oferta para o mercado, a empresa potencia a sua atividade, preenchendo um período do ano em que a
cultura da framboesa não acontece
na região e aproveitando assim todo o
potencial da estrutura. Como explica
Carla Martins, Diretora Geral e Gerente
da Agrivabe, a amora produz até dezembro, dando depois lugar à primeira
campanha de framboesa, para voltar
em junho e julho. O grande desafio que
se coloca à Agrivabe com esta cultura
experimental e no qual a empresa vai
Carla Martins, Diretora Geral e Gerente
da Agrivabe
2 0 1 5
pôr à prova a sua capacidade técnica e
experiência consiste em produzir de
acordo com os padrões de qualidade
exigidos pelos mercados internacionais,
à semelhança do que acontece com a
restante produção.
Já no que respeita à valorização destas
espécies pelos mercados é cedo para
falar, esperando-se conhecer esse dado
na altura em que começar a distribuição. Quanto à aceitação pelos consumidores destes pequenos frutos, espera-se que haja uma evolução nos hábitos
dos consumidores na Europa por forma
a aumentar o consumo per capita, à
semelhança do que acontece nos EUA,
ainda que sejam conhecidas a composição nutritiva, com percentagem de
fibras e vitaminas, as qualidades estimulantes e anti-envelhecimento deste
fruto, com benefícios para a saúde.
Balanço positivo
da produção de 2015
Perto do fim do ano, ainda não é possível àquela responsável avançar um
balanço de 2015, pois prefere uma
postura cautelosa. Ainda assim e pelos
dados conhecidos até agora, revela que
foram atingidos os objetivos pretendidos e quantificados em 23 a 24 toneladas de frutos vendáveis por hectare.
O facto de não terem existido excedentes de frutos por escoar levou a que
esteja por avançar a participação no
projeto de aproveitamento de frutos
que não seguem para a distribuição
para a produção de sumos, compotas e
polpas, em parceria com outros produtores da organização Madrefruta. Isso
não significa, no entanto, que a iniciativa tenha deixado de estar em análise,
e a ser equacionado o respetivo custo-benefício pois, a ser concretizada,
exige investimento de vulto em infra-estruturas.
«Estamos animados com o conseguimos fazer este ano» − afirma Carla
Martins, referindo-se à evolução de
janeiro a setembro, ao progredir-se
com aquilo que foi «mais um degrau»
na atividade da empresa. Confiante no
desenvolvimento gradual da Agrivabe,
com etapas a vencer a cada ano, revela
que 2015 correu dentro das expectativas. Mostrando uma postura ambiciosa a pensar em 2016, avança que «é
natural que queiramos sempre mais»,
tratando-se de uma estrutura aguerrida
e que quer destacar-se no setor em que
atua.
Recorde-se que a Quinta do Mirante,
uma das propriedades exploradas pela
empresa, dispõe de 13.3 hectares de
estufas, até à atual experiência exclusivamente preenchidas por framboesas.
Exigindo uma permanente monitorização dos frutos, a produção em
hidroponia no Algarve, em estufa,
consiste num desafio acrescido, devido
às condições meteorológicas. No caso
de temperaturas muito elevadas, diurnas e noturnas, implicam recursos que
Carla Martins designa como «driblar» o
clima e as temperaturas, por exemplo
fazendo incidir mais ou menos luminosidade sobre as plantas e promover
maior arejamento dentro das estufas
ou fechar para manter temperaturas
noturnas.
E o Verão de 2015, no Sotavento algarvio, onde a propriedade se situa, foi
exemplo disso ao registarem-se temperaturas elevadas com especial incidênB
cia no mês de julho.
15
EDIÇÃO
O ex-diplomata português Luís Pinto Coelho
com Kit Talbot, evocado no livro O Meu Avô
Luís, de Sofia Pinto Coelho. O casal visto pelo
fotógrafo Lew Parrella
O MEU AVÔ LUÍs
e o Portugal de meados do século XX
A rentrée editorial
da Guerra & Paz aposta
na coleção Clube
do Livro SIC com cinco
novos títulos, de que se
destaca O Meu Avô Luís,
da jornalista Sofia Pinto
Coelho. Em destaque,
a figura do ex-diplomata
Luís Pinto Coelho
e a época em que viveu,
o Portugal de meados
do século XX, do regime
de Salazar e o meio social
da Linha de Cascais
16
P
ara Sofia Pinto Coelho, jornalista da
SIC e agora autora, Luís Pinto Coelho
(1912-1995) foi simplesmente ‘o avô
Luís’. Para o regime, ele foi um homem
de confiança, comissário da Mocidade
Portuguesa, jurista, docente universitário de Direito e diplomata. Colocado
na embaixada em Madrid após o eclodir
da Guerra Colonial, em 1961, quando
a estratégia motivada pelo conflito
obrigou Salazar a uma mudança de
cadeiras, este momento da sua vida
está na origem do livro.
Semelhante perfil faria deste homem
casado e patriarca de uma família
numerosa, conhecido por ser católico,
alguém de destaque. E, no âmbito
familiar, semelhante a outros que contribuíram para os contornos conservadores da sociedade portuguesa de
meados do século XX. Não se imaginaria uma história controversa, não fosse
o imprevisto que acabou por revelar
a personalidade frontal e inequívoca do
então embaixador de Portugal no país
vizinho.
Em plena capital madrilena, Pinto
Coelho trava conhecimento com uma
americana de grande beleza (como as
fotografias incluídas no livro atestam),
rompe com o círculo familiar ao separar-se da mulher legítima, abdica do
cargo e inicia uma nova etapa da vida
com a recente paixão. As circunstâncias
levá-lo-ão para a América Latina, nomeadamente o Brasil, onde voltará
a exercer a profissão original, num
processo não isento de dificuldades e
agruras, junto da que foi a sua companheira até ao final da vida. Detentora
de informação privilegiada e de documentos fotográficos que ilustram este
percurso, Sofia Pinto Coelho não se
limita a escrever a biografia do avô,
N º 21 . OUTUBRO
enriquecendo a obra com o enquadramento na época. O Portugal de meados
do século XX, e no meio social em que
o avô se moveu, no restrito círculo das
famílias abastadas da Linha de Cascais
e do Estoril.
O perfil de Luís Pinto Coelho pode ser
identificado no seguinte parágrafo do
livro: «Quando comecei a dizer que ia
contar a história dele, houve quem
achasse «corajoso» contar-se a história
de um «fascista». Como se fosse o
mesmo que ser um assassino ou outra
coisa terrível. À medida que ia lendo as
suas cartas e conhecendo o que viveu e
sentiu, fui-me interessando pela história
do meu país, de uma forma que nunca
tinha sentido quando lia o Manuais de
História no liceu. Na história do avô,
todos os acontecimentos adquiriam
vida. Enquanto estava a visionar os seus
filmes, por exemplo, aparece Salazar.
Nessas imagens havia um toque familiar que me causou estranheza, pois
estamos habituados a vê-lo, hirto e
solene, a discursar com a habitual pose
de estadista, mas ali estava Salazar a
chegar, descontraidamente, à inauguração do Estádio do Braga (foi no dia
28 de Maio de 1950) e a sorrir».
A história serviu de tema para o livro
O Meu Avô Luís, da autoria da neta do
diplomata e incluído nos lançamentos
da rentrée editorial da Guerra & Paz,
no âmbito da ‘locomotiva’ da editora,
o Clube do Livro SIC. Esta coleção inclui
agora mais quatro títulos, e consiste na
iniciativa editorial mais expressiva desta
chancela, no que se refere às vendas.
A paralisia cerebral
na primeira pessoa
As edições da rentrée do Clube do Livro
SIC incluem ainda Vamos falar de sexo,
versão em livro de uma série de reportagens da SIC, coordenada por Maria
João Ruela, pivô da estação e pelo jornalista do Expresso Bernardo Mendonça.
O volume consagra em texto os testemunhos dos que deram o nome e a
cara, falando sobre as suas fantasias
e desejos, e conta com posfácio da
sexóloga Marta Crawford.
Os restantes lançamentos são Anjos e
Milagres, de Maria Helena, conhecida
apresentadora do programa A vida
nas cartas. O Dilema, das manhãs da
SIC e igualmente campeã de vendas
da editora. Neste novo título, a autora
inclui um conjunto de elementos de
autoajuda, como orações e conselhos
sobre os aspetos centrais da vida, da
profissão à saúde, passando pelas relações afetivas. Dado o êxito da anterior
edição desta autora (60 mil exemplares), o título está no mercado num lançamento inicial de 17 mil exemplares,
esperando-se que possam surgir novas
edições, consoante o comportamento
das vendas.
O outro título, Aos Olhos da Rita, é
escrito por Rita Bulhosa, adolescente de
16 anos, testemunho inspirador sobre
a paralisia cerebral na primeira pessoa.
Assumindo as limitações que este
quadro clínico acarreta, redunda numa
mensagem de esperança e ajuda para
outros que se encontram na mesma
situação. A obra é enriquecida com um
conjunto de mais de três dezenas de
ilustrações, uma para cada entrada
do livro, por diferentes artistas. Conta
ainda com textos assinados por Mário
Augusto, jornalista da RTP e pai de Rita,
e de Francisco José Viegas, prefácio
de Valter Hugo Mãe e um contributo
de Diogo Mainardi, cronista brasileiro
igualmente familiarizado com esta
condição.
Aposta nos clássicos
Com O Principezinho, de Saint Exupery,
a Guerra & Paz completa este ciclo de
grandes apostas da rentrée na referida
coleção, ao mesmo tempo que marca
presença no mercado dos clássicos,
2 0 1 5
17
R
EDIÇÃO
nicho em que se propõe investir. Esta
edição conta com tradução nova da
autoria conjunta de Manuel S. Fonseca
e Rui Santana Brito. Com o
lançamento, a editora propõe-se massificar este título
junto do público leitor.
Ainda no âmbito dos clássicos, está no mercado Os
Maias, de Eça de Queiroz,
que ganhou uma nova
fixação de texto de Helder
Guégués, linguista e conhecido por ser autor do
blogue Linguagista (recorde-se que a fixação vigente, até agora,
era de Helena Cidade Moura). Esta
edição contou com a colaboração do
bisneto do autor oitocentista, António
Eça de Queiroz, que assina o posfácio.
Os Maias inaugura uma coleção que vai
distinguir-se pelas capas características,
desenhadas a partir da repetição de um
ícone que se associa ao autor,
no caso de Eça de Queiroz o
bigode e o monóculo.
Conhecida pelo lançamento
de livros práticos e de temas
de atualidade, a editora lançou
Remar Contra a Maré, de Luís
Ferreira Lopes, que apresenta
regularmente na SIC Notícias
o programa Sucesso.pt no qual
aborda casos de sucesso no
tecido empresarial português.
O livro conta com prefácio de Filipe de
Bottom.
A economia, neste caso a nível global,
está em foco em Estados Unidos, a
Globalização e o Desafio do Novo
Milénio, de José Manuel Felix Ribeiro, já
autor da chancela, onde publicou
anteriormente Portugal – A economia
de uma nação rebelde, muito bem acolhido pelo mercado. Este economista,
que integrou um gabinete de estudos
prospetivos do Estado antes de se
retirar, analisa nesta obra as questões
centrais na economia e geoestratégia
de grandes potências como os EUA,
China, Japão, Rússia e Índia.
De contornos práticos e um precioso
auxiliar de quem escreve, ensina, ou
simplesmente aspira ao domínio do
falar, escrever e pronunciar corretamente, é a obra Em Português se faz
favor, de Helder Guégués, onde se
abordam nomeadamente os erros mais
Fernando Pessoa E AS mulheres
Manuel S. Fonseca regressa à figura de Fernando Pessoa para tema do volume de luxo
a lançar em outubro e destinado às vendas natalícias – quando se sabe que o período
entre setembro e dezembro é o mais animado em termos de aquisições de livros pelos
leitores. O poeta, recorde-se, já foi o autor escolhido para obra de destaque na quadra
de Natal passada. Esse volume consistiu numa fortíssima aposta, quer em termos da
materialidade do livro, extremamente original, quer do seu conteúdo, num lançamento
limitado e numerado, As Flores do Mal. Desta vez, o objeto da edição intitulada Minha
Mulher a Solidão consiste em reunir textos de Fernando Pessoa e dos heterónimos, entre
os quais Maria José, sobre mulheres, mas também homoeróticos e até masoquistas.
A edição, limitada a 1800 exemplares e numerada, propõe-se surpreender também pela originalidade da materialidade do
objeto. A capa, com o título gravado, deixa ver a costura dos cadernos, ficando presa ao volume apenas na contracapa.
Com recurso a três diferentes papéis (o munken print white e o munken pure, por exemplo), o livro conta ainda com encartes
em papel de jornal e de uma pintura original da artista plástica Ana Vidigal, além de um poema escrito a pedido para esta
edição de Eugénia de Vasconcelos.
Produzido com grande recurso a trabalho manual, o que encarece a edição, está à venda por 55 euros, e resulta numa obra
de luxo organizada para enriquecer o conhecimento quer de pessoanos, quer do público em geral, sobre a complexidade
deste autor, que certamente marca o catálogo da editora.
Este livro está a ser objeto de uma campanha de crowdfunding, dados os custos inerentes à edição. Assim, a Guerra & Paz
faz um apelo ao público para que se torne co-editor desta emblemática obra.
18
N º 21 . OUTUBRO
comuns da língua portuguesa, além
de referências aos numerais, verbos,
regências verbais, plurais, modismos
e maus usos, e a ortografia de certo
tipo de palavras. Ainda a pensar em
professores e formadores, refira-se o
guia prático sobre avaliação, Avaliar
é Preciso? Guia prático para professores
e formadores, de Anabela Costa Neves
e Antonieta Lima Ferreira, que pode
ainda ser útil às empresas onde os procedimentos de avaliação são realizados.
O conjunto de lançamentos não fica
pelos temas práticos e inclui um romance de estreia, de autor até agora desconhecido do público (e também até
agora da editora, à qual o original
chegou por correio eletrónico), e que
assina sob o pseudónimo Daniel Simon.
Como Musgo na Pedra, assim se inti-
tula, impressionou o Administrador
Editorial da chancela, Manuel S. Fonseca, pela qualidade literária. Trata-se
igualmente de um testemunho de alguém que descobre que é seropositivo,
informação na base de uma autêntica
reviravolta na sua vida. Esta obra
distingue-se também pelo facto de
trabalhar um tema inédito na literatura
em Portugal.
B
Quero, posso e edito
A autoedição é um dos
fenómenos da atualidade no setor livreiro,
assim como o print on
demand, referidos num
estudo da Associação
Portuguesa de Editores
e Livreiros (APEL),
que identificou
as tendências no setor
no decorrer da segunda
década do século,
no contexto nacional
e internacional
2 0 1 5
A
entrada das grandes superfícies
comerciais no retalho livreiro, iniciada
nos EUA, e a mudança de paradigma
das indústrias culturais, incluindo o modelo de negócio de edição e comércio
livreiro, são consideradas pela APEL,
num relatório publicado em setembro
de 2014, realizado em parceria com o
Centro de Investigação e Estudos de
Sociologia do Instituto Universitário de
Lisboa (CIES-IUL) e intitulado Comércio
livreiro em Portugal. Estado da arte na
segunda década do século XXI como
fenómenos na origem das grandes
transformações que influenciaram o
panorama internacional do comércio
do livro.
O estudo da APEL identificou um conjunto de tendências «susceptíveis de
condicionar a situação atual do comércio livreiro em Portugal», a começar
pela inversão da tendência de crescimento do universo de leitores; por
outro lado, de acordo com o mesmo
estudo, a oferta de livros eletrónicos
«ganhou uma dimensão relevante, e
em acelerado crescimento». E, como se
lê, «embora ainda longe da do formato
impresso, nomeadamente em português e por editoras portuguesas».
Segundo o mesmo estudo, os hábitos
de consumo dos portugueses passam
sobretudo pelos centros comerciais e
pelas livrarias situadas nesses locais e
pelos super e hipermercados (que ocupam, com as cadeias de livrarias, três
quartos do mercado, em detrimento
das livrarias independentes), com consequências para o modelo de negócio
e para as margens de comercialização.
O setor assiste ainda aos fenómenos
de auto-edição, e de print on demand,
assim como os cartões de desconto
e campanhas de Natal e noutros períodos, que passaram a ser práticas
correntes.
Em conclusão, o estudo sintetiza que
são enormes os desafios enfrentados
pelo comércio livreiro do livro impresso,
numa altura em que se assiste à mudança de perfil da população, em prol
de uma maior qualificação, aos efeitos
da crise e em que se sublinha o valor
cultural do livro.
B
19
IMOBILIÁRIO
DESIGN contemporâneo
para os Jardins de Santa Eulália
A IPSUMINVEST, Lda., sociedade participada
em 50% pela Madre Imobiliária, vai reabilitar
um imóvel recentemente adquirido junto à praia
de Santa Eulália, no concelho de Albufeira,
no Algarve, para posterior revenda,
destinado a habitação e comércio
20
O
projeto de arquitetura dos Jardins
de Santa Eulália, em Albufeira, recentemente adquirido pela IPSUMINVEST,
aposta numa atualização do edifício
existente, conferindo-lhe um aspeto
moderno e elegante. Destina-se a reabilitar uma antiga unidade hoteleira e
reconvertê-la para habitação e comércio, valorizando o edificado, as zonas
N º 21 . OUTUBRO
comuns e áreas verdes, com um design
simultaneamente arrojado e contemporâneo. Nas linhas direitas e na escolha de uma paleta de cores que vai do
branco tradicional no Sul do País, a
vários tons de cinzento, esta opção
arquitetónica conjuga-se em harmonia
com a mancha verde de arbustos,
plantas e árvores.
A reabilitação do edifício, com projeto
da empresa Ofiarte − Oficina de Arquitectura, Engenharia e Construção, passará por intervir no edifício existente,
na alteração da fachada, nos arranjos
exteriores e na piscina. A valorização,
que permitirá a esta unidade destacar-se pela sua modernidade e conforto na
zona onde está implantada, destina-se
a posterior venda no mercado nacional
e internacional. O complexo distribui-se
por dois pisos com um total de 40 apartamentos de tipologias do T0 ao T2 e
uma área comercial com 1.100m2, a
que acrescem 110 lugares de garagem
e 39 garagens-box.
Este projecto insere-se na estratégia
de abordagem ao mercado que a
IPSUMINVEST pretende concretizar, nos
2 0 1 5
setores de habitação, turismo e comércio, promovendo a respetiva valorização para posterior comercialização ou
aluguer, consoante as oportunidades
proporcionadas pelo mercado.
Esta iniciativa em Santa Eulália vem ao
encontro de uma tendência de recuperação do mercado imobiliário, que se
confirma pelos dados mais recentes
vindos a público. Segundo os indicadores contidos no relatório Marketbeat
Outono 2015 para Portugal, da consultora Cushman & Wakefield, de 16
de setembro, o mercado residencial
«manteve na primeira metade do ano
a tendência de recuperação que se tem
vindo a sentir desde 2013». A recuperação é decorrente da subida do nível
de confiança das famílias, da correção
em baixa do desemprego e, entre
outros fatores que contribuíram para
a retoma do setor, do aumento considerável da procura por parte de
estrangeiros não residentes. De acordo
com a consultora, o mesmo se passa
com o investimento imobiliário, em que
também se confirma a retoma sentida
desde meados do ano passado.
B
21
SAÚDE
O HPA Gambelas, em Faro
Base Holding com nova parceria
no Algarve
A Base Holding está
a crescer. Por um lado,
aumentando a sua
implantação no território, com uma nova
parceria no Algarve
no âmbito de um
dos setores tradicionais
em que atua, a
Imagiologia. E, por
outro, alargando o
espetro da sua atuação
a duas novas áreas,
a Gastroenterologia
e a Cardiologia de
Intervenção
22
A
ntes do final do ano, a Base Holding
terá novidades na sua estrutura e âmbito
de atuação, decorrentes de negociações
levadas a cabo ao longo dos últimos
meses e já firmadas em contrato. Destaca-se a nova parceria com o Hospital
Particular do Algarve (Grupo HPA Saúde
ou HPA), que detém um conjunto de
equipamentos de Saúde no Algarve.
O HPA foi criado na origem há 25 anos
pelo Dr. João Bacalhau para dar resposta à população estrangeira que, de
forma consistente, tem acorrido àquela
região, quer para passar férias, quer
para ali residir.
O grupo tem vindo a crescer ao passo
da expressão da referida população,
atendendo também às necessidades
dos residentes locais. Detém atualmente três hospitais, o HPA Alvor, HPA
Gambelas Faro e gere o Hospital de S.
Camilo, em Portimão, detido pela Santa
Casa da Misericórdia daquela cidade.
Além disso, dispõe de um conjunto de
clínicas, estruturas de proximidade, o
Centro Médico Internacional de Vila
Real de St.º António, a Clínica Particular no Algarve Shopping, a Medchique,
em Monchique, a Clínica International
Health Center e a Clínica Particular em
Vilamoura.
Ao estabelecer uma parceria com este
Grupo, a Base Holding passará a gerir
os respetivos serviços de Imagiologia e
de Medicina Nuclear, tratando-se neste
último caso do único serviço de Medicina Nuclear a Sul de Lisboa, através da
Dr. Campos Costa (DCC), estrutura que
se integra no seu universo empresarial
e é referência nas referidas áreas, Imagiologia e Medicina Nuclear.
A nova sociedade entre as duas entidades designa-se Centro Integrado de
Diagnóstico do Algarve (CDA), é detida
em 51% pela DCC e em 49% pelo HPA
e dá continuidade à anterior parceria na
N º 21 . OUTUBRO
área das Análises Clínicas, firmada em
2009. A nova parceria foi concretizada
a 1 de julho passado.
A Base Holding detetou ali uma oportunidade, uma vez que é crescente a
procura do Algarve por cidadãos estrangeiros, que escolhem a região para
residir ao longo de todo o ano, permitindo ao Grupo alargar o seu espetro
de atuação: «Vamos contribuir com
as nossas competências nestas áreas,
designadamente em termos de organização, processos e corpo clínico»
− no que consiste a mais-valia que a
empresa vai aportar ao HPA, referiu
António Aguiar Moreira, CEO da
empresa. Este responsável sublinha o
interesse do contrato, não só pela associação de longo prazo a um Grupo de
referência como o HPA, como pelo perfil muito diferenciado dos seus utentes.
Considera de igual modo que este
suporte hospitalar «é fundamental para
a fixação da população estrangeira na
região», se bem que a prestação de
serviços aos residentes também seja
expressiva.
A Base Holding vai aportar não só o seu
know how na gestão, como as competências tecnológicas e do corpo clínico
(já que o sistema Medweb utilizado
na DCC agiliza a comunicação entre
os corpos clínicos dos hospitais), e vai
fazer novas contratações de médicos.
O Grupo prevê realizar também investimentos em equipamentos de Imagiologia, de forma a dar resposta à procura
nestes hospitais pelos utentes.
Novo Centro
de Cardiologia
de Intervenção no Porto
No Porto, a Base Holding acaba de estabelecer outra parceria, desta vez com
os Profs. Henrique Cyrne de Carvalho e
José Baptista, duas figuras de referência
na sua especialização, para o Centro de
Cardiologia de Intervenção (CCI), agora
criado. Instalado na Casa de Saúde da
Boavista, este novo centro passará a
dispor do seu próprio espaço e de apoio
tecnológico de ponta, de que é exemplo um novo angiógrafo, e prestará um
serviço até agora não existente naquela
instituição.
2 0 1 5
Por outro lado e na sequência do concurso lançado pelo Governo para a
criação de novas convenções na prestação de serviços de Gastroenterologia,
através do qual procurou dar resposta,
nomeadamente, à capacidade de realização de colonoscopias (um tema que
esteve muito em foco na Comunicação
Social, dada a incapacidade de as parcerias darem resposta às necessidades
da população), a Base Holding candidatou-se a dez convenções em todo o
País. Anteriormente, o Grupo apenas
prestava este serviço no âmbito privado, na Clínica Dr. Krug Noronha.
Gerido pelo Ministério da Saúde, o processo de celebração das convenções,
habitualmente demorado, avançou rapidamente no caso de Lisboa, pelo que
já foram celebradas com a Base Holding
a 28 de setembro passado os primeiros
acordos, que darão origem à prestação
destes serviços na Cardioteste da Avenida da Liberdade. Para acolher esta
nova prestação, serão realizadas obras
nesta clínica, onde será instalado novo
equipamento. Além da capital, a Base
Holding candidatou-se a convenções
no Porto, Amarante, Aveiro, Braga,
Guimarães e Chaves, entre outras cidades, esperando-se a curto prazo o
resultado dos concursos.
A acrescentar às suas iniciativas, conta-se a aquisição em junho passado a um
grupo de médicos da Centac – Centro
de Tomografia Computorizada de
Aveiro, adicionando esta cidade ao
mapa da implantação da Base Holding
no território nacional.
A Base Holding surgiu em janeiro de
2009 e atua no setor da Saúde, em três
grandes áreas das Análises Clínicas,
Imagiologia e Cardiologia.
B
23
AUDIOVISUAL ENTREVISTA
Maria das Dores Meira, presidente da Câmara Municipal de Setúbal
MAR SALGADO fez justiça a Setúbal
No último dia de gravações de Mar Salgado, a 13 de maio, registaram-se
imagens da cerimónia do círio fluvial das Festas de Nossa Senhora do Rosário
de Troia, com a participação de Maria das Dores Meira, presidente da autarquia.
Em entrevista realizada antes da travessia, confiou-nos as suas impressões
sobre o protagonismo de Setúbal na novela, que resultou numa influente
operação de branding da cidade
novela), no sentido de saber do eventual interesse do município quanto às
gravações dos exteriores de uma telenovela na cidade. Entretanto, o tempo
foi passando e os produtores não se
decidiam, achando que Setúbal era
bonito, mas… falta-lhe algo. E perguntavam-se: «O que vamos filmar?».
Colocaram-se questões que evidenciavam as dificuldades dos produtores e
a sua indecisão. Nessa altura, comecei
a ver as coisas a descambarem. E agarrei-me à telenovela com convicção,
porque considerei que era uma oportunidade única de Setúbal tomar este
comboio, de aparecer numa ficção televisiva e nos efeitos que isso traria para
a terra − seja esta, ou outra qualquer –
de projeção e de visibilidade.
NM – É possível ter a noção já do
impacto que as gravações de Mar
Salgado tiveram em Setúbal, ou é
algo que se vai conhecer com o
tempo?
24
MDM – Fomos abordados pelos responsáveis da SIC, mas primeiro houve
um contacto exploratório, de Alexandre
Hachmeister (na altura produtor da SP
Televisão e Diretor de Produção da
– Quais eram as suas expectativas?
Impacto no Turismo?
– Projeção, visibilidade, protagonismo,
tudo! Isso traz Turismo. E acima de
tudo, fazer justiça a Setúbal, que é das
mais belas terras de Portugal e há muito
sofria de uma espécie de estigma.
N º 21 . OUTUBRO
– Por causa da pobreza que afeta
alguma da população?
– Questões da pobreza, das questões
sociais, dos bairros mais problemáticos. E Setúbal tinha uma espécie de
Estão instaladas
no município
das maiores fábricas
e das maiores empresas
do País
carimbo. Tentámos retirá-lo, através da
requalificação da cidade, da melhoria
dos bairros sociais, de criação de mais
emprego com a instalação de maior
número de empresas na cidade. Mas
era preciso mostrá-lo a nível nacional.
– Ao País. E fora?
– Era preciso dizer que Setúbal tem
uma serra que casa com o rio. Um rio
único, que faz parte do Clube das Mais
Belas Baías do Mundo (criado em 1997,
em Berlim, e que a cidade integra desde
novembro de 2002). E tem os golfinhos,
e parece que ninguém se apercebe!
Aparentemente, o estigma que pendia
sobre Setúbal sobrepunha-se a todas
estas belezas. E cultura: Luísa Todi,
Bocage! E concentrados, na Península
da Mitrena, dos maiores PIBs nacionais,
com a Portucel, a maior fábrica de papel
do mundo, e a Lisnave, o maior estaleiro de reparação naval da Europa. Estão
instaladas no município das maiores
fábricas, das maiores empresas. Portanto, eu tinha de dizer isto, custasse o que
custasse. Logo, insisti para que a novela
se concretizasse.
– Estão representados no argumento alguns setores da atividade
económica. A pesca, a indústria conserveira, a aquacultura, o pequeno
comércio, com o mercado.
– E temos os serviços, o Turismo.
– Estava a enumerar o que está contido no argumento. E as atividades
náuticas de recreio, além da paisagem. A novela está a acabar de ser
gravada. Costuma ver?
– Sempre que possível, porque às vezes
o horário não o permite.
– Na sua opinião, a cidade e o município ficaram bem representadas
em Mar Salgado?
25
R
AUDIOVISUAL ENTREVISTA
Perfil Ao leme DA autarquia
Falámos no interior de um armazém. (O elenco já estava a almoçar, apesar
de ser cedo – meio-dia – imperativos da produção. A ementa constava de
cozido à portuguesa). A entrevista deu-se antes da entrada na embarcação,
operação que recriou uma tradição de Setúbal e que foi produzida de
propósito para as gravações pela SP Televisão. Maria das Dores Meira,
presidente da autarquia de Setúbal desde setembro de 2006, após ter
sido vereadora desde 2002, teve a seu cargo pelouros tão decisivos como
a cultura, educação, juventude, inclusão social e deporto. Assumiu as atuais
funções naquela data, em substituição do anterior presidente da autarquia,
Carlos Sousa. No ato eleitoral de 2009, venceu por maioria absoluta, com
38,8 % dos votos.
Militante do PCP, é advogada especializada em Direito Industrial e Propriedade Intelectual, área em que completou uma pós-graduação e na qual
desenvolveu, desde muito jovem, intensa atividade empresarial. Fundou,
apenas com 24 anos, a que viria a ser uma das mais importantes empresas
na área do registo de marcas e patentes. Foi agente oficial de Propriedade
Industrial no Instituto Nacional da Propriedade Industrial e representante da
Organização Mundial da Propriedade.
É natural de Lisboa, mas criou uma relação com a cidade de Setúbal, construindo uma pertença à cidade, com tudo o que isso acarreta, o apego ao
lugar e à população local. Ao longo da entrevista, sublinha repetidamente
essa ligação: «A nossa cidade, as nossas tradições, os nossos pescadores».
A atuação de Maria das Dores Meira em Setúbal tem apostado na requalificação do concelho e na melhoria da qualidade de vida das populações,
nomeadamente através de um conjunto de candidaturas lideradas pela autarquia no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), da
Direção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo (DRELVT) e do Turismo de Portugal. Podem citar-se a valorização da Zona Ribeirinha da cidade,
a regeneração urbana do Centro Histórico e da Bela Vista e zona envolvente,
o Plano que permitiu melhorar o acesso à Internet no 1.º Ciclo do Ensino
Básico e a instalação da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, entre outras
iniciativas e empreendimentos. Incluem-se neste impulso programas de qualificação dos profissionais da Administração Pública, de igualdade de género
e de mobilidade dos cidadãos.
26
– Muito bem! Quero dizer que gostei
muito. Os naturais de Setúbal olham
para a cidade e reconhecem que afinal
a nossa terra é muito bonita. Nós não
tínhamos bem esta noção porque há
muita gente que está cansada da vida,
do clima social. Foi possível levantar
a autoestima dos setubalenses, algo
conseguido e que resultou num tra-
Saíram daqui muitos afetos
e proximidades,
entre a população
e os atores
balho fantástico. A novela teve outra
particularidade: criou-se uma relação
da comunidade com os artistas, de
parte a parte. Saíram daqui muitos afetos e proximidades, um carinho muito
grande. As pessoas adoram os nossos
atores! O que é importante, porque
eles são nossos e têm de ser muito
acarinhados.
– Qual a razão da sua presença
nas gravações, no decorrer da cerimónia? Veio ver as filmagens, vai
participar?
– Nós damos grande importância às
nossas tradições, às festas e romarias.
Por isso, eu dizia no princípio aos produtores da SP Televisão que aqui existe
muita matéria para se fazer a telenovela. Os exteriores, eu acho, foram
também uma chave importante para o
sucesso desta ficção, como é óbvio.
E na apresentação das nossas tradições,
uma das mais importantes das quais o
culto religioso dos pescadores; um desses cultos, que se manifestam de várias
N º 21 . OUTUBRO
formas, é a procissão das Festas da
Nossa Senhora do Rosário de Troia, que
é hoje (13 de maio). Eu participo em
tudo e, por consequência, nessas festas
tradicionais. Costumo ir no barco que
transporta a imagem de Nossa Senhora, embarcação que habitualmente sai
da Caldeira, do lado de lá do rio (Sado)
e vem para cá. Eu venho de lá, entro no
início da procissão, até aqui (Setúbal).
Hoje parece-me que a procissão sairá
daqui, mas o que interessa é o percurso
no rio. Portanto, eu vou fazer aquilo
que costumo fazer normalmente, que
é acompanhar a procissão no rio.
− E vai aparecer?
− Provavelmente, sim.
− Aparecem nesta novela mulheres
das mais variadas condições e de
diferentes atividades profissionais.
Como detentora de um cargo público, político, o que lhe parece a atenção prestada à condição feminina
em Mar Salgado?
− Muito justa, porque também se cruza
com a história da cidade. Em Setúbal,
as mulheres têm estado sempre na vanguarda. Aqui já houve governadores
civis (Eurídice Pereira), é a primeira vez
que existe uma presidente (da autarquia) mulher. E, no passado, na história
laboral deste município, as mulheres
estiveram sempre na linha da frente.
Aqui, na Av. Luísa Todi, caiu Mariana
Torres, operária conserveira, por reivindicar melhores salários. À semelhança
do que aconteceu com Catarina Eufémia, estava grávida e foi assassinada
pela GNR.
B
2 0 1 5
Veio gente de Norte a Sul
O
impacto no Turismo em Setúbal
começou a sentir-se logo no decorrer
da transmissão de Mar Salgado na SIC,
que estreou em setembro de 2014.
Segundo a presidente da autarquia,
«já vem muita gente de Norte a Sul
do País, saber se Setúbal, de que existia
má impressão generalizada, corresponde de facto ao que está a passar
na telenovela». Quando chegam cá,
não escondem a surpresa: «Ninguém
nos enganou…isto é mesmo assim!».
Maria das Dores Meira salienta a importância da novela para a autarquia,
ao proporcionar protagonismo, brilho
e visibilidade a Setúbal, valores que a
cidade «nunca devia ter perdido».
Resta saber como a gestão autárquica
conseguirá manter o interesse pela
cidade como destino turístico, após
o termo da transmissão da novela. Vai
apostar-se na visibilidade e na dinâmica
local, do Turismo à Cultura e ao Desporto, no âmbito do que Setúbal vai ser
Cidade Europeia em 2016. Entretanto,
espera-se a abertura de dois hostels
na cidade, iniciativa que a autarquia vê
com bons olhos, por se tratar de uma
modalidade ajustada à procura turística
local, em detrimento de unidades hoteleiras de grande dimensão.
As condições naturais contribuem para
a procura por nacionais e estrangeiros
(Ver pág. 28), com a Baía de Setúbal
e o estuário do Sado no âmbito da
Reserva Ecológica Nacional (REN); o
Portinho da Arrábida, uma das Sete
Maravilhas Naturais de Portugal, na orla
costeira da baía, e a Pedra da Anixa,
Reserva Zoológica. Já quanto aos golfinhos, a espécie local é o roaz-corvineiro, conhecida por ser uma das raras
comunidades sedentárias de golfinhos
da Europa.
B
27
AUDIOVISUAL
Crescimento no Turismo
A Câmara Municipal
de Setúbal
comenta os dados
disponíveis sobre
a afluência de turistas
nacionais à cidade
como possível
consequência
da exposição
na telenovela
É
possível avaliar o impacto da exibição da novela Mar Salgado no Turismo
de Setúbal? A partir de dados disponibilizados pela autarquia, com origem na
Entidade Regional de Turismo de Lisboa
e Vale do Tejo, números do primeiro
trimestre de 2015, aquela entidade
conclui que existe «um crescimento de
turistas nacionais, o que pode ser um
resultado motivado pela exposição de
Setúbal na telenovela», se bem que
apenas através de um inquérito específico se poderia chegar a resultados
rigorosos e conclusivos, refere a mesma
fonte.
Vista panorâmica da Arrábida
A autarquia precisa ainda que «as informações de que dispomos referem-se a
87% da oferta turística (praticamente
todo o universo, o que confere a estas
informações um grau de rigor bastante
grande)».
28
A entidade prossegue, acrescentando
que «ainda assim, medindo a evolução
entre os primeiros semestres de 2015 e
2014 e descriminando os resultados do
mercado nacional (o único que pode
ser influenciado pela novela) em relação
aos resultados dos mercados internacionais, podemos concluir o seguinte:
– Setúbal cresceu (dormidas na hotelaria,
1º. Semestre 2015 versus 1º. Semestre
2014) 10,5%;
– Para o mesmo referencial as dormidas
de portugueses cresceram 15,2%;
– Para o mesmo referencial as dormidas
de estrangeiros cresceram 5,2%.»
Ainda no âmbito do mesmo comentário aos referidos dados, pode ler-se:
«Aparentemente, dentro de resultados
globais positivos, os resultados do
mercado nacional são cerca de 3 vezes
superiores aos dos mercados internacionais».
Aquela entidade sublinha ainda dois
aspetos relativos a algumas peculiaridades do ano 2015 em Setúbal. Trata-se do encerramento, em 2015, de duas
unidades hoteleiras em Setúbal (o Hotel
Isidro e a Pousada de São Filipe) que,
somadas, valiam cerca de 20 mil dormidas/ano; por outro lado, o facto de
não se ter realizado, em 2015, a final
da Champions League em Lisboa, como
no ano passado (a 24 de maio), «realização que teve impacto expressivo na
ocupação hoteleira em Setúbal». Tais
circunstâncias levam a autarquia a referir que, «exatamente por estas duas
condicionantes negativas os resultados
que se verificaram são ainda mais relevantes e mais positivos».
B
N º 21 . OUTUBRO
António Parente, Presidente da SP Televisão e
Maria das Dores Meira, Presidente da Câmara
Municipal de Setúbal, após a assinatura do
protocolo entre as duas entidades
Quando a novela sai dos estúdios
Destino: Setúbal
As gravações dos exteriores de Mar Salgado
foram objeto de um
protocolo entre a SP
Televisão, produtora
da novela, e a Câmara
Municipal de Setúbal.
Entre as condições
acordadas contam-se
o apoio à produção de
cerca de 30 entidades,
que obtiveram a visibilidade proporcionada
por um programa líder
de audiências
2 0 1 5
A
Câmara Municipal de Setúbal foi
umas das cinco autarquias que prestaram apoio à produção no decorrer
das gravações em exteriores em Mar
Salgado. A produtora contou também
com o apoio de Alcácer do Sal, Grândola, Palmela e Sesimbra. As autarquias
não foram as únicas entidades envolvidas: contaram-se também a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra
(APSS), Marinha, Docapesca, Direção
Geral dos Recursos Naturais, Segurança
e Serviços Marítimos (DGRM), Federação Portuguesa de Vela, Associação
Nacional dos Industriais de Conservas
de Peixe (ANICP), Clube Naval de
Sesimbra, Clube Naval Setubalense e a
transportadora Atlantic Ferries. Contam-se também entidades públicas e
privadas ligadas ao mar e uma dezena
e meia de entidades públicas e privadas
associadas ao projeto.
O apoio prestado por estas entidades –
de resto, consagrado em protocolo –
prevê o retorno para estes parceiros de
uma telenovela líder de audiências,
vista por mais de milhão e meio de
espectadores, diariamente, e com 32%
de share diário médio. As parcerias
previam igualmente, de acordo com a
SP Televisão, «visibilidade ímpar para
todos os parceiros envolvidos, para a
cidade de Setúbal, para a economia do
mar, Turismo de Troia e Arrábida».
O protocolo celebrado com a Câmara
Municipal de Setúbal, por exemplo,
contemplou 104 dias de isenção de
taxas e licenças; e apoio logístico diverso, utilização de equipamentos municipais, etc. (sem valor estipulado).
Segundo Bruno José, Diretor-Geral da
SP Televisão, os apoios citados agilizam
e facilitam a tarefa da Produção. No que
respeita a Mar Salgado, o responsável
recorda situações concretas como o
apoio da Marinha para a gravação de
cenas como a do salvamento da protagonista, Leonor, papel interpretado
por Margarida Vila-Nova, e o constante
apoio de entidades oficiais com recurso
a um submarino, um helicóptero e
outros meios, que permitiram conferir
o realismo desejado às cenas desempenhadas, impossível de conseguir de
B
outra forma.
29
AUDIOVISUAL
À volta do Mundo
As gravações em
exteriores acrescentam
valor de produção
a uma série ou novela.
Mas o mais importante
continua a ser
o argumento
ilustrado pela criação de um circuito
turístico em Nova Iorque na sequência
do êxito da série O Sexo e a Cidade,
a partir dos locais frequentados pelas
protagonistas.
Tudo isto decorre de uma aliança entre
as autarquias locais e a produtora. Este
investimento merece um comentário de
Bruno José, Diretor Geral da SP Televisão, para quem os exteriores redundam em valor de produção que consiste
num atrativo para o público interno,
ó com a indústria bem rodada, a
teledramaturgia portuguesa começou
a usar exteriores do País de forma
expressiva, pois constrangimentos do
orçamento remeteram os argumentos
das novelas para o interior dos estúdios
durante muito tempo. Outra prática
consistiu em incluir imagens de exteriores em países estrangeiros, mesmo
noutros continentes.
O impulso conferido pelos exteriores,
de que Mar Salgado, com imagens
nomeadamente em Setúbal, é exemplo
recente, permitiu promover as localidades, mostrando a uma vastíssima audiência as paisagens mais características
de determinadas cidades e países,
entrosando a trama na vivência local.
A prática é corrente numa estação de
referência como a Rede Globo, mas o
repetido recurso a imagens do Pão de
Açúcar acabou por banalizar o efeito
desejado, situação a que o conceituado
guionista brasileiro Aguinaldo Silva fez
referência no seu blogue numa postagem de 4 de abril de 2015, no seu estilo incisivo e informal. Outro exemplo
que ilustra o impacto dos exteriores é
30
JOSÉ PINTO RIBEIRO
S
Margarida Vila-Nova, Ricardo Pereira e as
gémeas Inês e Joana Aguiar em Mar Salgado
mas também num argumento de venda
de séries e novelas nos mercados internacionais. José Amaral, Diretor de
Planeamento e Novos Negócios da SP
Televisão, corrobora esta opinião, ao
salientar que «as cenas em exteriores
são normalmente mais espetaculares e
os grandes eventos acontecem fora do
estúdio». Por outro lado, «acresce ainda que um conteúdo com uma elevada
percentagem de exteriores pressupõe
um significativo investimento, o chamado production value que numa leitura
mais técnica torna o conteúdo mais interessante atendendo ao investimento
que foi realizado». No entanto e apesar
do peso deste dado, José Amaral salienta que «em termos de venda nos
mercados internacionais o que conta é
uma boa história e as audiências que
foram atingidas».
Tendo em conta a variedade de locais
já registados em séries e novelas da
SP Televisão, a recorrência de imagens
semelhantes ao referido no caso do
Rio de Janeiro nunca se verificou. Antes
pelo contrário, impera a diversidade.
As gravações em exteriores, além do
investimento exigido, têm condicionantes que se prendem, por exemplo,
com a meteorologia, o único fator
impossível de prever com precisão e
que pode deixar uma equipa inteira
de braços cruzados, com os inevitáveis
prejuízos para o andamento da produção. Anteriormente produtor de
exteriores, Bruno José confessa que os
imprevistos do tempo sempre foram o
que mais o angustiou na sua atividade,
por deixarem as equipas frequentemente paralisadas. Hoje em dia –
lembra ainda – já existem recursos para
fazer frente à chuva e à humidade, de
resto postos em prática no decorrer dos
Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
Ali, lembra, recorreu-se a técnicas para
manipular o clima, dentre as quais o
bombardeio de nuvens com iodeto
de prata para aumentar a condensação
e provocar a chuva antes de grandes
eventos (para que fizesse sol durante
estes). Também se testou técnicas in-
N º 21 . OUTUBRO
Público global para ficção portuguesa
A
s séries Voo Directo e Lua Vermelha
e as novelas Perfeito Coração e Rosa
Fogo, produzidas pela SP Televisão,
prosseguem o seu percurso internacional, com vendas para o continente
europeu, África, América do Norte e do
Sul e Médio Oriente.
De outubro de 2014 até agora, realizou-se a segunda venda da primeira
daquelas produções para a Nigéria (em
inglês), e para os países de língua oficial
francesa em África e na Europa (em
francês).
Confirma-se também a segunda venda
da telenovela Rosa Fogo (versão internacional/SIC em francês) e a comercialização desta produção para os territórios ultramarinos franceses, assim como
para Madagáscar.
Após a comercialização para um canal
do Paquistão, já conhecida, a novela
Perfeito Coração (versão internacional/SIC em russo) foi comercializada
para dois canais na Rússia.
Quanto à série juvenil Lua Vermelha,
podem referir-se seis vendas já confirmadas (em espanhol) para o Equador,
Estados Unidos, México, Panamá, Peru
e Venezuela.
Entretanto, a SP Televisão está a desenvolver contactos internacionais com
vista à internacionalização da atividade
da produtora, e foram estabelecidos
como prioridade os mercados de Espanha, Alemanha e EAU, de acordo com
um comunicado conjunto de José Amaral, Diretor de Planeamento e Novos
Negócios da SP Televisão, e Piethein
Bakker, Diretor da SP Entertainment.
Segundo a mesma fonte, «através de
uma parceria estratégica celebrada
com a Globomedia, a maior produtora
de ficção independente em Espanha,
a SP Televisão encontra-se em contacto
estreito com as principais estações de
televisão Espanholas com o intuito
de poder vir a produzir alguns dos seus
títulos em parceria com a referida pro-
dutora». Ao mesmo tempo, o comunicado revela que foram encetadas negociações na Alemanha, com vista a estabelecer parceria com uma produtora
local e desenvolver a produção de long
run fiction. Para o último trimestre de
2015, perspetivam-se algumas novidades sobre o desenvolvimento de
produção de ficção neste país.
Revelaram também que, no mercado
dos EAU, a SP Televisão celebrou uma
parceria com a produtora Creative
Venture, com o objetivo de adaptação
de histórias para a realidade e costumes
locais, de forma a serem produzidas para
o mercado pan-árabe. A SP Televisão
está em contacto com algumas estações de televisão locais interessadas nos
seus conteúdos e modelo de produção.
Aqueles dois responsáveis estão convictos de que «o último trimestre de 2015
e o ano de 2016 serão momentos de
viragem para o exterior onde o conteúdo SP Televisão correrá, seguramente,
além-fronteiras».
B
versas, bombardeando as nuvens com
diatomita, um mineral com grande
poder de absorção, para impedir a chuva. Bruno José comenta, a propósito,
com humor: «Pode ser que um dia seja
mais fácil para todos nós!».
As novelas desta produtora há muito
que saem dos estúdios, mostrando paisagens do País e também no exterior.
Podia Acabar o Mundo (2008-2009) foi
uma delas, ao incluir exteriores em
Lisboa e Viana do Castelo, nomeadamente para a reconstituição histórica
da chegada dos retornados das ex-colónias a Portugal. Perfeito Coração (2009/
2010), contou com imagens captadas
na Suíça e exteriores na Baixa de Lisboa,
onde foi gravada uma manifestação
popular pelo emprego, incluindo um
confronto com as forças de segurança,
envolvendo os protagonistas e dezenas
de figurantes. Já a série Voo Directo
(2010), incluiu imagens gravadas em
Angola; quanto a Laços de Sangue
(2010), novela galardoada com um
Emmy Internacional, incluiu gravações
no Brasil e em Itália. Outros locais longínquos situados em Moçambique,
Argentina, Dubai e Malásia apareceram
no desenrolar de títulos como Rosa
Fogo (2011-2012), Sol de Inverno
(2013-2014), Mar Salgado (2014-2015)
B
e Poderosas (2015).
2 0 1 5
2016, ano de viragem
31
AUDIOVISUAL
BEM-VINDOS A BEIRAIS chegou ao fim
Voltem sempre
Bem-Vindos a Beirais
vai deixar saudades.
É o sentimento generalizado junto da SP
Televisão, que produziu,
do elenco e dos
habitantes do Carvalhal,
onde os exteriores
foram rodados.
Fomos conhecer
alguns contornos
dos bastidores da série
mais longa da Televisão
portuguesa
O elenco no arraial de despedida da série
E
streada a 13 de maio de 2013,
a produção de Bem-Vindos a Beirais
cessou em junho passado. A série,
produzida pela SP Televisão para a RTP
1, termina com a 5.ª temporada. Com
mais de 600 episódios, gira em torno
da figura de Diogo Almada (Pêpê
Rapazote), que troca o estilo de vida
intenso na cidade pela aldeia de Beirais,
integrando-se nesta comunidade. Este
projeto é totalmente inédito, como salienta Pedro Lopes, Diretor de Conteú-
32
dos da SP Televisão, graças ao número
de autores envolvidos, num total de
quatro dezenas, e também a um extenso elenco, renovado na temporada
final.
Caso de sucesso, o projeto destinava-se
inicialmente a três meses de produção
mas acabou por se tornar a série mais
longa da Televisão portuguesa. Com
um percurso ascensional nas audiências, gerou tal entusiasmo que o anúncio do fim da série esteve na origem de
N º 21 . OUTUBRO
uma petição pública à RTP em junho
passado, para que continuasse. O elenco também se manifestou e a imprensa
e os blogues especializados em Televisão fizeram eco da postagem de Luísa
Ortigoso (Olga Fontes na série) no
seu perfil do Facebook, sobre o
balanço entre a expectativa inicial e
aquilo em que o projeto se tornou:
«Esta é a estatística dos 3 meses
previstos: 2 anos, 3 meses, 3 semanas e 1 dia. Durante este tempo,
gravámos, para vocês 22.125 páginas, 14.610 cenas, 640 episódios,
25.600 minutos, 426 euros e 40
minutos. São 18 dias inteirinhos a
ver Beirais na tv».
Na 5.ª temporada da série, Beirais é
candidata à eleição da Melhor Aldeia
de Portugal e está prestes a viver os
seus dias de glória. Toda a população –
ou quase toda – contribui como pode.
Afinal, o orgulho dos beiralenses está
em jogo nesta circunstância. E também
as finanças da Junta, que se encontra
falida. Surgem igualmente novos personagens e situações, como uma comunidade hippie, entre muitos outros.
Apesar da sua extensão, Beirais distingue-se das novelas. Ainda que, segundo Pedro Lopes, tenha características
de soap opera, o único produto da SP
Televisão com semelhante perfil, por
integrar episódios ‘fechados’ – ou seja,
com uma história que termina no final
de cada um – e com um modo de escrita em que cada episódio tem autoria
individual. Inicialmente prevista para 80
episódios, a série acabou por ter mais
de seis centenas. Tudo isto o leva a
afirmar que a série vai deixar saudades.
Bruno José acompanhou de perto todo o projeto na qualidade de Diretor-
2 0 1 5
-Geral da SP Televisão, com experiência alicerçada na produção. Recorda
como se chegou à escolha da aldeia do
Carvalhal, no concelho do Bombarral,
para as gravações de exteriores, depois
Luísa Ortigoso e Carla Chambel, com Duarte
Ferreira
de muita pesquisa. Por um lado, a localidade parecia perfeita para o objetivo
pretendido, salienta aquele responsável, por conter num perímetro relativamente pequeno um conjunto de
características necessárias: a igreja e
as fachadas de habitações particulares
que foram cenografadas de forma a
figurarem como estabelecimentos comerciais, tais como o minimercado e a
agência funerária, a sociedade recreativa e as residências dos personagens
que integram a série. Por outro lado,
e apesar de corresponder ao que se
imagina ser uma aldeia nos confins de
Portugal, era relativamente próxima da
sede da produtora, condição para ser
eleita para as gravações de exteriores.
O processo de negociação entre a produtora e as entidades locais decorreu
como habitualmente. Iniciou-se pelos
contactos institucionais – neste caso
com a Junta de Freguesia, cujo presidente, João Mendonça, se revelou uma
pessoa aberta ao projeto – até aos
contactos com os particulares. De uma
ligeira desconfiança inicial, passou-se à
criação de laços de amizade, gerados
por uma convivência intensa ao longo
de dois anos. Bruno José acredita que,
hoje, é natural que os residentes do
Carvalhal, alguns dos quais foram
figurantes na série, até sintam saudades da azáfama que marcou as
gravações, que exigiram a presença
de grande número de pessoas, entre
técnicos, produtores e atores.
Segundo o mesmo responsável, a
presença das equipas e a utilização
de espaços, assim como os apoios
locais são todos protocolados e as
situações previstas ao pormenor.
Ainda assim, as equipas de produção não estão livres de imprevistos,
como aconteceu recentemente em Vila
Nova de Gaia, no decorrer das gravações de Coração d’Ouro, quando
estas foram confrontadas com o aparecimento de roulottes de farturas e um
carrocel em pleno set de exteriores,
sem aviso prévio à produção.
Beirais trouxe visitantes
ao Carvalhal
O principal interlocutor de Bruno José
na negociação das gravações em
exteriores da série foi João Mendonça,
presidente de Junta de Freguesia local.
O autarca revela que a única exigência
que fez à SP Televisão foi de que 80%
dos figurantes da série fossem recrutados junto da população, reivindicação
aceite. Além disso, este responsável
envolveu-se em todos os pormenores
da relação entre a produção e a freguesia, à exceção dos contratos para o
aluguer de residências particulares, que
foram desenvolvidas entre a produtora
33
R
AUDIOVISUAL
e os próprios. «Apercebi-me de que
esta iniciativa seria benéfica para a freguesia», reconhece, para acrescentar:
«Portanto, ou a agarrava ou perdia-se
a oportunidade».
João Mendonça faz um balanço muito
positivo da exibição da série, à qual assiste diariamente com a família, fazendo
eco dos restantes habitantes locais, na
generalidade apreciadores desta produção. Conta também que, como seria
de prever, o Carvalhal nunca mais foi o
mesmo a partir da estreia de série, ao
atrair visitantes, tanto nacionais como
estrangeiros – que chegam a vir de
regiões tão distantes como os Estados
Unidos e, na Europa, do Reino Unido,
França e Luxemburgo, entre outros –
para conhecer a localidade de perto.
Com a Junta a servir de ponto de referência a quem chegava, as funcionárias
deste serviço de atendimento dos habitantes acabaram por se tornar fonte
de informação preciosa para forasteiros
e turistas. E a economia local também
beneficiou, principalmente os quatro
restaurantes ali estabelecidos, que ganharam novos clientes entre os visitantes. À semelhança de muitos, das
equipas técnica e artística, habitantes
locais e público em geral, lamenta o
termo da série, que gostava de ver
prolongada. Não podendo ser assim,
João Mendonça espera que a localidade possa vir a figurar de novo noutra
produção vindoura, como está a acontecer no Sanguinhal, aldeia da mesma
freguesia, onde são gravados exteriores
da novela Poderosas, da SIC.
Entretanto, o Carvalhal tem sido alvo
do interesse do setor imobiliário, com
os forasteiros a adquirirem casas para
segunda habitação, o que também tem
contribuído para animar a economia da
localidade e tem trazido gente nova.
É que, à semelhança da generalidade
do País, a freguesia perdeu muitos
filhos da terra nos últimos anos para a
emigração.
Para este responsável, não foi apenas
a transmissão de Beirais que impulsionou o entusiasmo pelo Carvalhal.
Conta que foi sempre prioridade da sua
atuação que a localidade mantivesse as
características históricas e a sua beleza
original, evitando a adulteração da
identidade local.
B
Os primos dos ‘esquemas e negociatas’
Miguel Dias e Heitor Lourenço interpretaram os personagens de Joaquim
e Moisés, os primos proprietários da agência funerária da localidade.
À falta de movimento no negócio original, promovem as alternativas,
como o contrabando, que procuram disfarçar a todo o custo
M
iguel Dias, o Joaquim de Beirais,
um dos proprietários na agência funerária da série, juntamente com o
primo Moisés, afirma o mesmo. Que a
série deixa saudades. E porquê? O ator
volta algum tempo atrás para lembrar
um trabalho que começou por ser gizado para ter 80 episódios e acabou por
ter mais de 600. E ocupar nada mais
nada menos do que dois anos e quatro
34
meses da vida de elenco, equipa técnica
e de produção.
De permeio criou-se um espírito de
equipa ímpar, um excelente ambiente
de trabalho, sem fricções nem atritos.
Por tudo isso, Miguel Dias não hesita
em afirmar que se tratou do projeto
em que mais aprendeu e se divertiu.
Com Bem-vindos a Beirais regressou
à ficção após um afastamento de sete
anos, cabendo-lhe o que considera
«um bom-bom»: o personagem que
lhe foi atribuído, a parceria com Heitor
Lourenço e o ambiente de trabalho na
generalidade.
Miguel Dias e Heitor Lourenço, que
nunca anteriormente tinham trabalhado juntos, dão corpo a «uma dupla
de aldrabões, sempre prontos para
esquemas e negociatas», no dizer do
N º 21 . OUTUBRO
Miguel Dias e Heitor Lourenço, uma dupla de
comediantes em Beirais
primeiro. Como frequentemente acontece nas terras pequenas, apesar de
existir habitualmente uma agência
funerária, o movimento não é grande,
o que justifica a procura de atividades
alternativas dos dois, no caso o contrabando dos mais variados produtos.
O intérprete de Joaquim lembra que os
dois atores partiram para o projeto
apenas dispondo da sinopse da série,
dos perfis dos personagens e duas
cenas. A partir daí, foi trabalhar à
medida que a série se desenvolvia e
aprendendo um com o outro. Salienta
o desempenho do Coordenador de
Projeto, o realizador Manuel Amaro da
Costa, e de Bruno José (Produtor Executivo da série), que são vistos como
«autênticos ‘pais’ de todos nós», pela
2 0 1 5
condução de todo o processo, assim
como da Direção de Atores, a cargo de
Rita Lello e Inês Rosado. Neste processo, ao criar uma empatia com o elenco,
acabaram por permitir que este o
transmitisse esse clima ao público, que
aderiu de tal forma que a série «começou com 200 mil espectadores e
acabou por chegar a um milhão».
Para Heitor Lourenço, que estava um
pouco receoso, de início, da relação de
trabalho que então se iniciava com
Miguel Dias, o rumo indicado pelo ‘trio’
Miguel Amaro da Costa, Rita Lello e
Inês Rosado foi fundamental para
o bom desenvolvimento do trabalho.
A dupla de personagens – como veio
a provar-se – vivia disso mesmo: uma
química mútua, por não se tratar de
personagens isolados e que, no início
da primeira temporada, dispunham de
pouco material. A dupla foi sendo
construída a dois: «Ouvimo-nos muito
reciprocamente e sobretudo entendíamo-nos e trabalhávamos muito com
o contributo mútuo. Eu trabalhava
muito com o que o Miguel me dava, e
o Miguel trabalhava muito com aquilo
que eu lhe dava a ele. E fomos construindo assim os papéis até parecermos
um bocado siameses!», recorda, com
humor.
Esta foi parte da preparação inerente a
todo o trabalho do ator, semelhante a
toda a criação artística, «a do pintor
quando pinta um quadro, do escultor
uma escultura e do escritor um livro».
A figura de Moisés acabou por «sair
muito naturalmente, até em termos
físicos», quase sem o ator dar por isso,
se bem que tenha tido de «perceber
este homem, além das coisas que
estavam mais à vista, as coisas mais
escondidas, para lhe dar um corpo e
uma identidade».
No termo de primeira temporada, a
única que estava inicialmente prevista,
Heitor Lourenço recebeu um convite da
concorrência, que acabou por declinar,
contra a opinião do agente. Este considerou «uma loucura» recusar trabalho
numa conjuntura em que as propostas
não abundavam. O ator explica a recusa, confessando que se sentia cansado
e não queria envolver-se tão cedo num
novo projeto. Eis que, contra as expectativas, a série é retomada, o que lhe
deu muita satisfação. E apesar da exigência desta produção, Heitor Lourenço conciliou este papel com um desempenho na peça O Guru, produção da
UAU, que esteve em cena cerca de um
ano, a que se seguiu outro projeto
teatral, intitulado Sílvia.
Um dos segredos do êxito da série,
segundo o intérprete de Moisés, reside
na estrutura da equipa técnica, a todos
os níveis, da coordenação à direção de
atores e à realização. O ator destaca
ainda a pós-produção áudio e a banda
sonora, que conferiu ao produto final
contornos muito originais, graças à
selecção de música contemporânea,
«engraçada, inovadora e dissonante,
do jazz a Massive Attack», em detrimento de soluções mais óbvias que
seriam ilustrar as cenas exclusivamente
com temas populares portugueses.
Sobre a receção à série, sublinha a
transversalidade (no que respeita às
gerações e aos estratos sociais) do
público.
B
35
AUDIOVISUAL
MAR SALGADO bate recorde de audiências
no episódio final
A
A exibição de Mar
novela Mar Salgado, produzida
pela SP Televisão e exibida pela SIC,
estreou a 15 de setembro de 2014 e foi
escrita por Inês Gomes. Contou com
Margarida Vila-Nova, Ricardo Pereira,
Joana Santos e José Fidalgo nos papéis
principais.
Segundo números divulgados pela imprensa e com origem nas audiências
oficiais, o programa, estreado com
média 14,8 % rating e 29,1 % de share
e 1 milhão e 438 mil espectadores, teve
um percurso ascensional de audiências,
com picos nos dias 25 de setembro de
2014 (16,5% de rating e 33,9% de
share), a 6 de outubro (16,9% de rating
e 33,6% de share). A evolução das audiências até ao final da exibição situou-
Salgado terminou
a 18 de setembro,
com 19,6% de rating,
42,8% share e 1.862 mil
espectadores, audiência
recorde. Ao longo de
316 episódios, registou
uma audiência média
que a colocou
no segundo lugar
as novelas mais vistas
da SIC
17,0
0
16,
16
5
16,5
0
16,0
15,5
15,
5
15,0
0
14,
,5
14,5
14,0
0
13,5
13,
5
Rating
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No
Novembro
ovembro Dezembro
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15
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15
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O
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Se
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20
14
0
13,0
Setembro
Outubro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
A
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Setem
mbro
2014
2014
2
2014
2014
2015
2015
2015
20
2015
015
2015
2015
2015
2015
201
2015
5
15,0
14,8
14,4
15,2
16,6
15,9
15,7
15
5,5
15,5
15,1
14,6
14,3
14,3
16,0
16,0
Fonte: página de Mar Salgado, Wikipedia.
36
-se entre os 14,3% de rating e 31,7%
de share (agosto de 2015) e os 16,6 %
de rating e 33,1% de share (janeiro de
2015). A média de audiências, ao longo
de toda a exibição, foi de 15,2% de
rating e 31,5% de share. A exibição terminou a 18 de setembro, com 19,6%
de rating e 42,8% share e 1.862 mil
espectadores, audiência recorde.
Um comunicado da Impresa, detentora
da SIC, de agosto deste ano, destaca o
desempenho das audiências da estação
e de Mar Salgado, ao continuar no topo
das audiências televisivas em Portugal.
O comunicado sublinha: «“Mar Salgado” é líder de audiências desde a estreia,
desde setembro do ano passado.“Mar
Salgado” é líder incontestável e absoluto nos targets comerciais (A/B C D
15/54 e A/B C D 25/54) com 29.5% e
30.4% de share respetivamente. “Mar
Salgado” apresenta uma performance
bastante heterógena, uma vez que lidera em ambos os géneros, em todas as
classes sociais (na classe A/B lidera no
universo dos canais generalistas) e em
todos os grupos etários acima dos
25 anos, e vista em agosto por perto
de 1 milhão e 400 mil telespectadores».
Os dados divulgados pela SIC têm
origem na GfK/CAEM.
Os últimos episódios de Mar Salgado
antecederam na SIC os primeiros de
Coração d’Ouro, que estreou a 7 de
setembro e é exibida no Brasil, na SIC
Internacional, desde 13 de abril, às
17.30, com repetição às 21.00.
B
N º 21 . OUTUBRO
VINHOS
Medalhas de Ouro para
Grande Escolha e S. Sebastião
A Multiwines soma galardões. Desta vez, têm origem na CVR Lisboa,
onde obteve duas
medalhas de ouro
no mais recente
concurso
promovido
por esta
entidade
2 0 1 5
O
s vinhos Quinta de S. Sebastião
Grande Escolha Touriga Nacional 2012
e S. Sebastião Tinto 2013 foram galardoados com medalhas de ouro no Concurso de Vinhos de Lisboa deste ano,
promovido pela Comissão Vitivinícola
da Região de Lisboa (CVR).
A Multiwines, que comercializa estas
marcas, manifestou satisfação com a
atribuição das distinções, salientando
que, no caso da última destas marcas,
se tratou de um prémio atribuído a uma
marca no seu primeiro mês de mercado.
Quanto ao vinho Quinta de S. Sebastião
Grande Escolha Touriga Nacional 2012,
a empresa destaca o facto de se tratar
do reconhecimento «da qualidade e
consistência do nosso vinho».
O Concurso de Vinhos de Lisboa, organizado pela CVR de Lisboa, em parceria com a Confraria dos Enófilos
da Estremadura, recebeu a concurso
119 participantes, sendo galardoados
34 vinhos e aguardentes (29 com medalha de ouro e cinco com medalha de
prata).
Num comunicado à imprensa, a Multiwines recorda a afirmação do presidente da Comissão Vitivinícola da
Região de Lisboa, Vasco Torre do Vale
d' Avilez, a propósito do certame. O
responsável sublinha a satisfação ao
atribuir aos vinhos da Região de Lisboa
«estas merecidas distinções, a profissionais cuja grande motivação é produzir
vinhos de grande qualidade com cada
vez mais aceitação nos mercados internacionais».
A atribuição dos galardões ocorreu a
coincidir com o anúncio, pela CVR, de
que o consumo dos vinhos de Lisboa
disparou 26% nos primeiros meses do
ano, com a certificação de 16.3 milhões
de garrafas. Aquela entidade estima
que até ao final de 2015 sejam atribuídos 30 milhões de selos.
A CVR considera que, a contribuir para
esta «excelente performance» estão as
exportações, que representam 65% da
produção da Região. Nos lugares cimeiros dos principais destinos dos Vinhos
de Lisboa figuram os países nórdicos,
Brasil, EUA, Benelux, Angola e Rússia,
entre outros.
Já no que respeita ao mercado interno,
e segundo dados vindos a público, a
Região dos Vinhos de Lisboa está a conquistar terreno, representando já 35%
do total da produção, o equivalente a
6.5 milhões de garrafas só nos primeiros seis meses do ano, ao encontro de
um público-alvo entre os 30 e os 40
anos. Esta região é a segunda maior do
país, logo a seguir ao Douro, e produz
cerca de 100 milhões de litros de vinho
em anos normais.
B
37
MARTA CAVACO
TURISMO
EC Travel distingue
Adriana Beach Club
O Adriana Beach Club
Hotel Resort foi
distinguido em julho
com o prémio para o
melhor All Inclusive
pelo operador turístico
EC Travel. Para a
Diretora desta unidade
hoteleira, Mar Bayo,
trata-se do reconhecimento de um trabalho
de equipa que tornou
este equipamento uma
referência no Algarve
38
O
Adriana Beach Club Hotel Resort
recebeu, na quarta edição da gala
Algarve Travel Awards, realizada a 10
de julho no Hotel Grande Real Santa
Eulália, em Albufeira, promovido pela
EC Travel, a distinção para o melhor
estabelecimento hoteleiro na categoria
All Inclusive. No evento, a EC Travel
distingue os melhores parceiros daquele operador turístico em diversas categorias, como o aluguer de veículos,
hotel de 3* e de 4*, aparthotel, aldeamento, cadeia de hotéis, apartamentos
turísticos, All Inclusive, departamentos
de reservas e comercial, entre outros
galardões.
A EC Travel é um operador recetivo
relativamente novo, que iniciou a atividade em 2010. Desde 2012 para cá,
tem promovido anualmente uma gala
na qual premeia as diferentes empresas
do setor turístico por categorias. Não se
tratou da primeira vez que o Adriana
Beach Club Hotel Resort figura entre os
finalistas da categoria Melhor Resort
Tudo Incluído, acabando por ser galardoado na mais recente edição.
Segundo Mar Bayo, Diretora-Geral
deste equipamento hoteleiro, o prémio
corresponde a «mais um reconhecimento pelo trabalho que a equipa,
junto com o apoio da nossa Administração tem vindo a desempenhar,
que nos motiva para continuar a ser um
referente no Algarve».
Crescimento consistente
no setor
Este galardão surge em plena conjuntura favorável do Turismo, em termos
N º 21 . OUTUBRO
Outro fator relevante são as 85 bandeiras azuis atribuídas às praias da costa
portuguesa, e as 91 praias com Qualidade de Ouro, segundo designação da
Quercus.
A região venceu os World Travel Awards
2015 em mais de dez categorias, com
destaque para Melhor Destino Europeu
de Praia.
Entre as circunstâncias que permitiram
estas variações contam-se a abertura de
novas rotas de voos low cost diretos,
por exemplo entre Madrid e Faro, rea-
MARTA CAVACO
MARTA CAVACO
Mar Bayo, Diretora Geral do Resort (ao centro), rodeada da sua equipa nos jardins do resort
globais do País, mas também no Algarve.
Estratégico para a Economia nacional,
o setor representa 46% das exportações de serviços e 14% das exportações
totais, segundo o relatório Desafios do
Turismo em Portugal 2014, da responsabilidade da consultora PwC Portugal.
Destino tradicional de férias de nacionais e de estrangeiros, o Algarve tem
registado um crescimento consistente
nos últimos anos. Já em 2013 se veri-
2 0 1 5
ficaram valores crescentes em todos
os indicadores (hóspedes, dormidas,
proveitos e taxas de ocupação), com o
ano que se seguiu a alcançar recordes
no setor. Com efeito, em 2014, alcançaram-se «os melhores números dos
últimos 20 anos, pelo menos», segundo o Boletim Algarve Conjuntura
Turística n. 8, de junho de 2015, publicação do Turismo de Portugal Algarve,
que analisa os dados do ano passado.
lizados pela AirNostrum, companhia
operada pelo Grupo Iberia. É de referir
ainda a ligação da capital do Algarve a
Barcelona pela Vueling. Estas são as
duas mais recentes novidades da
operação de baixo custo entre cidades
da Europa e o Algarve, ligações que,
em todo o caso, se restringem aos
meses de Verão.
E, se bem que, até agora, sejam apenas
conhecidos os valores deste setor relativos a 2014, são expressivos, no sentido em que apontam para a afluência
turística se ter situado, em termos
globais do País, nos 17 milhões e os
valores despendidos em 10 mil milhões
de euros. Os dados citados têm origem
no documento Estatísticas do Turismo
do Instituto Nacional de Estatística
(INE), publicado em julho passado e
divulgado pela imprensa.
B
39
AUDIOVISUAL
Pinto
Balsemão
visitou a
SP Televisão
F
rancisco Pinto Balsemão, fundador
e chairman da Impresa (detentora da
SIC e do semanário Expresso, no âmbito de um vasto grupo editorial), visitou
no dia 16 de julho passado as instalações da SP Televisão, em S. Marcos,
no concelho de Sintra. Foi acompanha-
JOSÉ PINTO RIBEIRO
Da esquerda para a direita: Pedro Norton, Francisco Pinto Balsemão, Jorge Marecos e António
Parente
do por Pedro Norton, CEO da Impresa,
e recebido pelo Presidente da produtora,
António Parente e por Jorge Marecos,
administrador da SP Televisão.
Neste local está situado o coração da
produtora televisiva, que verá o seu
perímetro alargado a novos estúdios
e funcionalidades em breve, após a
aquisição de um terreno contíguo e
consequente remodelação do edifício
existente. Na sede da empresa, encontram-se atualmente três dos estúdios
e ainda um conjunto de serviços de
apoio.
Pinto Balsemão só tinha estado nas
instalações anteriormente por ocasião
do lançamento da novela Laços de
Sangue, em setembro 2010, sem nessa
altura ter tido oportunidade de conhecer o espaço com mais pormenor.
A SP Televisão produz ficção para a SIC
desde a fundação e tem atualmente
duas novelas saídas dos seus estúdios
em exibição na primeira e segunda
faixas do prime-time, Coração d’Ouro e
Poderosas, respetivamente, a primeira
das quais detém a liderança das audiências televisivas.
B
40
N º 21 . OUTUBRO