Relatório Anual 2012
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Relatório Anual 2012
Cáritas Brasileira Cáritas Brasileira Quadriênio 2012-2015 Expediente EXPEDIENTE: Cáritas Brasileira – Organismo da CNBB Endereço: SGAN – Av. L2 Norte, Quadra 601, Módulo F CEP: 70830-010 / Brasília (DF) Site: www.caritas.org.br Email: [email protected] Telefone: +55-61-3521-0350 Fax: +55-61-3521-0377 SECRETARIADO NACIONAL Diretoria Presidente: Dom Flávio Giovenale Vice-Presidente: Anadete Gonçalves Reis Diretor-Secretário: Pe. Evaldo Praça Ferreira Diretor-Tesoureiro: Aguinaldo Lima Coordenação Colegiada Nacional Diretora executiva nacional: Maria Cristina dos Anjos da Conceição Coordenador: Jaime Conrado de Oliveira Coordenador: Luiz Cláudio Mandela Relatório geral de atividades 2012 Sistematização e organização I José Magalhães I Ana Mendes Esta Publicação I Revista Cáritas Brasileira 2012 Organização de conteúdo I arteemmovimento.org Textos l Mayrá Lima – MTB 1877/CE Fotos l arquivo Cáritas I arquivo Arte em Movimento Projeto gráfico l arteemmovimento.org Coordenação de arte l Patrícia Antunes Brasília, 2012. Sumário Nossos Compromissos Apresentação Siglas Cáritas no Mundo Cáritas no Brasil Voluntariado Economia Popular Solidária Infância e Juventude Convivência com o Semiárido Catadores de Recicláveis Segurança Alimentar e Nutricional Políticas Públicas Gestão de Riscos e Emergências Formação Demonstrativo Financeiro Rede Permanente de Solidariedade Lista das Cáritas no Brasil 5 6 7 9 12 16 19 23 27 32 36 40 45 49 51 56 57 4 Nossos Compromissos Missão Testemunhar e anunciar o evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em situação de exclusão social. Diretrizes institucionais A Cáritas Brasileira se compromete com a construção do Desenvolvimento Solidário Sustentável e Territorial, na perspectiva de um projeto popular de sociedade democrática. Princípios Defesa e promoção da vida humana Defesa e promoção da sociobiodiversidade Mística e espiritualidade libertadora Ecumenismo, diálogo interreligioso e intercultural. Cultura da solidariedade Relações igualitárias de gênero, raça e etnia e geração. Protagonismo dos excluídos e excluídas Projeto de sociedade solidária e sustentável Democracia participativa 5 Apresentação O ano de 2012 inaugurou as ações que fazem parte do Plano Quadrienal da Rede Cáritas no Brasil. O novo período, que durará até 2015, será orientado por três prioridades ligadas a uma diretriz geral de desenvolvimento solidário e sustentável. A primeira delas diz respeito ao fortalecimento de iniciativas locais vinculada às questões territoriais e ambientais; a segunda se preocupa com o apoio a grupos em situação de vulnerabilidade social e a articulação de espaços de controle social, onde as organizações sociais formulam e controlam a execução de políticas públicas e a terceira se debruça em debater distintos aspectos da Rede Cáritas, em busca do fortalecimento da entidade. A Cáritas não atua sozinha no processo de defesa e promoção de direitos. Diversas organizações articulam forças, assumindo o papel de protagonista lado a lado. As prioridades estratégicas adotadas como plataforma de trabalho para o quadriênio 2012/2015 são proposições que contribuem para o avanço do projeto de política pública solidária e sustentável. Em conjunto com movimentos sociais, organizações populares, sobretudo aquelas relacionadas aos trabalhadores, à educação política, à reforma agrária e urbana, ao associativismo e à construção da cidadania, a Cáritas reafirma, dia a dia, a sua missão. Esta revista traz para o conjunto da sociedade as principais ações da Cáritas Brasileira no ano de 2012. Os dados aqui contidos são fruto da síntese das informações repassadas pelas doze unidades regionais da Cáritas. Trazemos, nesta publicação, a metodologia da Cáritas no atual contexto sociopolítico do Brasil. Nas próximas páginas, descrevemos as nossas principais ações, programas e projetos de alcance nacional e regional bem como os espaços de articulação política com a sociedade civil organizada e os estados. Esboçamos ainda os desafios e perspectivas futuras, além de conter o balanço financeiro e os relatórios de auditoria. Aqui está registrada a dedicação de cada agente Cáritas que, através das regionais e das Entidades-Membro, trabalha com afinco e determinação por cada linha temática de nossas prioridades. Esperamos que as próximas linhas levem um pouco de nossa mística, animando para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Maria Cristina dos Anjos da Conceição Diretora Executiva Nacional 6 Siglas AACC – Associação de Apoio às comunidades do Campo ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais ABRALATAS – Associação Brasileira de Produtores de Latinhas de Alumínio ADL – Agente de Desenvolvimento Local AP – Assembleia Popular APACC – Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes APP/BA – Articulação de Políticas Públicas da Bahia ASA – Articulação do Semi-Árido AVESOL – Associação do Voluntariado e da Solidariedade BASA – Banco da Amazônia BNB – Banco do Nordeste do Brasil BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BL – Brasil Local CAJU – Casa da Juventude CAMP – Centro de Educação Popular CAV – Centro de Agricultura Vicente Nica CB – Cáritas Brasileira CEB – Comunidade Eclesial de Base CECI – Centro de Estudos e Cooperação Internacional CEEPS-PE – Conselho Estadual de Economia Popular Solidária de Pernambuco CF – Campanha da Fraternidade CFES – Centro de Formação em Economia Solidária CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNES – Conselho Nacional de Economia Solidária CONSEA – Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional CONSOCIAL – Conferência Nacional da Transparência e Controle Social CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social CONSEP – Conselho Episcopal Pastoral CONTAG – Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura COPPETEC – Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos CPT – Comissão Pastoral da Terra CRB – Conferência dos Religiosos do Brasil CREFAS – Centro de Referência e Formação da Criança e Adolescente Surdos DSS – Desenvolvimento Solidário Sustentável DSS-T – Desenvolvimento Solidário Sustentável e Territorial ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente ECOCUT – Escola Centro Oeste de Formação Sindical da CUT – Central Única dos Trabalhadores ECOSOL – Economia Solidária EES – Empreendimento Econômico Solidário 7 Siglas EPS – Economia Popular Solidária ENFF – Escola Nacional Florestan Fernandes ETENE – Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional FBES – Fórum Brasileiro de Economia Solidária FBSAN – Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional FCVSA – Fórum Cearense pela Vida no Semiárido FDS – Fundos Diocesanos de Solidariedade FIESS – Fórum internacional de economia social e solidária FNRA – Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo FNS – Fundo Nacional de Solidariedade FORTEES – Fortalecimento de Empreendimentos Econômicos Solidários GT – Grupo de Trabalho IMS – Instituto Marista de Solidariedade ITASA – Instituto de Tecnologia para o Agronegócio e Meio Ambiente Selva Amazônica MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário MNCR – Movimento Nacional dos Catadores/as de Materiais Recicláveis MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MTE – Ministério do Trabalho e Emprego P1+2 – Programa Uma Terra e Duas Águas P1MC – Programa Um Milhão de Cisternas PAA – Programa de Aquisição de Alimentos Pangea – Centro de Estudos Ambientais PIAJ – Programa da Infância, Adolescência e Juventude PMAS - Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Sistematização PSAN – Programa de Segurança Alimentar e Nutricional RCSES – Rede Cearense de Sócio-Economia Solidária RECID – Rede de Educação Cidadã RESAB – Rede de Educação do Semiárido Brasileiro RPS – Rede Permanente de Solidariedade SAN – Segurança Alimentar e Nutricional SENAES/MTE – Secretaria Nacional de Economia Solidária SOMEC – Sociedade de Meio Ambiente, Educação e Cidadania SRT – Superintendência Regional do Trabalho STTR – Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais TPJ – Tribunal Popular do Judiciário UFC – Universidade Federal do Ceará Unisol Brasil – Central de Cooperativas e empreendimentos Solidários 8 Cáritas no Mundo Sem fronteiras para a solidariedade A Cáritas Brasileira também realiza várias ações pelo mundo. A partir de campanhas de solidariedade, os SOS, a Cáritas atuou em situações emergenciais graves como no Haiti, afetado por um grande terremoto que feriu 250 mil pessoas, matou mais de 200 mil e deixou 1,5 milhão de habitantes desabrigados. A campanha recebeu o apoio e a solidariedade de boa parte da população, sendo uma das mais expressivas já realizadas pela Igreja no Brasil. Grande parte dos recursos arrecadados foi empenhada durante o processo de cooperação, visando à reconstrução do país, além da contribuição com a Igreja do Haiti. Dois anos após o terremoto, meio milhão de haitianos ainda vivem em acampamentos e tendas espalhadas por todo país. Segundo dados da Cáritas, a população enfrenta enormes carências e desafios, além de expor-se ao risco permanente de violências e doenças. Nossa equipe de campo viveu, lado a lado, com as comunidades sob o trauma de ver ruas inteiras destruídas e não saber se os membros daquelas famílias estavam vivos ou mortos. Em 2012 a Cáritas Brasileira participou do Seminário que discutiu um plano estratégico da Caritas Haiti para o quadriênio 2012/2015. O plano centra toda a sua ação na superação da pobreza naquele país e na organização para o enfrentamento das emergências. Também evidencia a importância de dar uma atenção especial às mulheres Haitianas que são as responsáveis pela geração da economia informal naquele pais. A Cáritas Brasileira tem visitado o Haiti para garantir o processo de acompanhamento/monitoramento das ações que estão sendo realizadas. Foto 9 Cáritas no Mundo A II Etapa do programa de reabilitação, que envolverá a construção de mais 60 casas, cinco escolas paroquiais e trabalho de formação para a Economia Solidaria, já está iniciada. Em 2013, pela primeira vez, a Cáritas fará um intercâmbio com dois de seus agentes. Eles passarão por um processo de aprendizagem, em que partilharão os seus conhecimentos com os dos haitianos. O intercâmbio vai concentrar o processo de formação e organização de comunidades acompanhadas pela Cáritas haitiana para atuação na Economia Solidária. Além dos trabalhos ligados às emergências, destaca-se a atuação da Cáritas Brasileira em eventos importantes, como a Rio+ 20 e a preparação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Durante a Rio +20, tivemos a participação de mais de 300 agentes Cáritas na Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro. A atividade proporcionou debates e apontou direções para as das ações desenvolvidas pela Rede em defesa do meio ambiente. A comunicação teve importante papel na articulação da Rio+20/Cúpula dos Povos. Além da retomada de referência para a rede de comunicadores da América Latina e Caribe, desenvolveu ações de articulação e divulgação por meio de matéria, fotos, vídeos e desenvolvimento de página especial na internet. Houveram processos de formação local sobre a temática da Rio + 20 e Cúpula dos Povos. Para a Jornada Mundial de Juventude (JMJ), a presença da Cáritas foi articulada para a preparação do evento. Durante a passagem dos símbolos pelo Brasil, os jovens Cáritas se fizeram presentes. Debates sobre as experiências na realizadas na área de emergências e direitos humanos, tal como a realidade juvenil e políticas públicas estão entre os temas principais da juventude Cáritas. Como parte das atividades, o cardeal Oscar Andrés Rodrígues Maradiaga, bispo de Honduras e presidente da Caritas Internationalis, fará um intercâmbio com os jovens Cáritas da América Latina durante a JMJ, com a presença do Monseñor Dumas, presidente da Caritas Haitiana e Monseñor Rosa Chávez presidente da Caritas de El Salvador. 10 Cáritas no Mundo Caritas na América Latina e Caribe Durante os dias 12 a 15 de junho de 2012, a Coordenação Regional de Cáritas e Pastoral Social do Secretariado Latino-americano e Caribenho de Cáritas (SELACC) se reuniram no Rio de Janeiro. O encontro contou com a participação de representantes Cáritas de dez países de todas as regiões para acompanhar os trabalhos desenvolvidos a partir dos seguintes eixos pastorais: Desenvolvimento Humano Integral e Solidário, Igualdade entre Homens e Mulheres, Meio Ambiente e Gestão de Risco, Formação, Espiritualidade e Comunicação. Neste encontro, foi realizada a oficina “Equidade entre Homens e Mulheres”. O objetivo da atividade foi debater o tema como as Cáritas da América Latina e Caribe, além de apresentar o plano de trabalho da equipe, para os próximos anos. A proposta traz alguns objetivos como: promover a apropriação do conceito de igualdade entre homens e mulheres; promover a integração da temática de equidade nos eixos pastorais; promover iniciativas e articulações com a Rede Cáritas e outras organizações sociais, bem como consolidar e fortalecer a Comissão de Regional de Gênero. Foto 11 Cáritas no Brasil A Cáritas no Brasil em 2012 Durante todo o ano de 2012, a Cáritas Brasileira cumpriu o seu papel histórico de contribuir com a construção da cidadania nacional. Suas prioridades foram centradas no compromisso com a construção do Desenvolvimento Solidário Sustentável e Territorial, na perspectiva de um projeto popular de sociedade democrática, através da mobilização em favor de políticas públicas que atendam os direitos sociais e para a organização das populações. O cenário foi de muitos desafios. Os povos do semiárido passaram por uma crise, diante da falta de políticas públicas que respondam à emergência socioambiental agravada pela falta de chuvas. A juventude também sofre com a violência. Os dados mostram que, de 2009 a 2012, o número de assassinatos de jovens no país chegou a 33,4 mil. A cada mil brasileiros, três morrem antes de completar 19 anos. A corrupção mostrou sua face por meio de denúncias de fraudes e furto ao dinheiro público, mas, ao mesmo tempo, foi alvo de conquistas populares no que tange as cobranças contra a impunidade. Mobilizações tomam conta da América Latina e do mundo e mostram a necessidade e o direito de cidadãos e cidadãs de assumirem o seu papel como protagonistas de sua própria história. O foco da Cáritas Brasileira está na integração em espaços de articulação e de controle social para contribuir com as lutas por mudanças, provocadas e desejadas pelos cidadãos de todos os estados e municípios do país. Nossa instituição tem compromisso firme e experiência consolidada na participação em instâncias de governos, do movimento social nacional e internacional, das Igrejas do mundo, nos palcos de debates e decisões que se transformam em políticas públicas para o benefício das populações, especialmente as mais pobres. Como exemplos do empenho e do papel político desempenhado pela Cáritas estão a sua liderança em fóruns e conselhos da juventude, das crianças, dos idosos, da agricultura familiar e dos portadores de necessidades especiais. A Cáritas também participa do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, da Plataforma por um novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil, do Conselho e Fórum Nacional de Economia Solidária, do Conselho das Cidades, do Secretariado Latino Americano e Caribenho de Cáritas, do Fórum de Mudanças 12 Cáritas no Brasil Climáticas e Justiça Social e da Articulação do Grito dos Excluídos. Todas instituições que, notoriamente, vêm contribuindo com uma nova história do Brasil, da América Latina e de outros países que superam, mas ainda convivem com a cruel experiência das exclusões sociais. As Entidades-Membro que integram a rede Cáritas Brasileira são elos que dão vida a todas nossas ações. Somos 178 entidades, com cerca de 12 mil voluntários localizados em todos os estados do País. A maior parte das Entidades-Membro se organiza em alguma regional, mantém veículos institucionais de comunicação com outras regionais da Cáritas e possuem programas próprios de formação de agentes. O diálogo e atuação com as Pastorais Sociais da Igreja também é parte de nosso cotidiano. A Cáritas ainda contribuiu, em 2012, na organização e articulação em todo país do debate da 5ª Semana Social Brasileira, cujo tema “O Estado que temos, o Estado que queremos” trouxe para o debate as relações entre sociedade civil e o Estado. Também é parte de nossa atuação a convivência e apoio a movimentos sociais urbanos e rurais, tais como a construção de experiências que desenvolvam a Economia Solidária e articulação via sindicatos de trabalhadores. Prioridades Diante desta conjuntura, o IV Congresso da Cáritas Brasileira, na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul em novembro de 2011, foi determinante para a fixação de prioridades estratégicas que orientam a nossa atuação pelos próximos quatro anos. A primeira delas trata da Promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais de desenvolvimento solidário e sustentável, de forma a reafirmar a crítica sobre o modelo capitalista de desenvolvimento. Neste ponto, nossas ações se voltam para as questões socioambientais, aliadas à preservação dos territórios tradicionais indígenas, quilombolas e ribeirinhos, além do apoio a iniciativas de Economia Solidária e de Segurança Alimentar e Nutricional. Seja no campo, ou nas cidades, é possível desenvolver ações tendo como referência a cultura, o ambiente, o jeito de ser e fazer das comunidades. 13 Cáritas no Brasil Também é prioridade da Cáritas Brasileira a Defesa e promoção de direitos, mobilizações e controle social de políticas públicas. Estamos atentos às mudanças climáticas, às relações entre governo e sociedade, principalmente diante da luta pelo direito à organização dos setores populares, incluindo a participação de homens, mulheres e jovens, em contextos urbano e rural. A Cáritas privilegia a ocupação de espaços de controle e fiscalização de políticas públicas, tais como Fóruns e Conselhos. A nossa terceira prioridade está na Organização e fortalecimento da Rede Cáritas, que dá o suporte necessário para a execução de cada ação. A partir de uma perspectiva ecumênica e de diálogo interreligioso, a Cáritas Brasileira promove a gestão institucional compartilhada, despertando o sentimento de responsabilidade e pertencimento por toda a rede. A formação de novos agentes, tal como o fortalecimento da Rede de Comunicadores e o incentivo ao voluntariado são atividades organizativas que, em 2012, resultaram em maior participação nos grandes eventos, tais como a Cúpula dos Povos, na Rio + 20. São muitas as conquistas construídas a partir das prioridades da Cáritas Brasileira. Através da atuação em rede e de forma coletiva, pode-se afirmar que a Cáritas é uma entidade referência no debate sobre desenvolvimento solidário e sustentável. O envolvimento da Rede Cáritas na crítica e denúncia do modelo de desenvolvimento e seus efeitos socioambientais, tal como a participação em eventos de mobilização e denúncia foi o nosso esforço durante o ano de 2012. Realização de intercâmbios, articulação e participação em conferências, contribuição para o fortalecimento da Economia Solidária, com forte atuação na coleta de assinaturas para a criação da Lei Nacional de Economia Solidária são exemplos. É preciso destacar ainda o reconhecimento a incidência da Rede Cáritas nas políticas controle social. Agentes Cáritas se destacam como protagonistas em fóruns de forte atuação nacional, a exemplo do Fórum de Economia Solidária. A juventude é priorizada no conjunto da Rede e nas participações das ações, em uma perspectiva de retomada da atuação da Cáritas Brasileira em Fóruns e instâncias nacionais, a exemplo do Fórum de Prevenção do Trabalho Infantil e Fórum do Direito da Criança e do Adolescente. Se o trabalho em conjunto possibilitou que comunidades e territórios fossem beneficiados, os desafios também estão postos. Um deles é a reestruturação e retomada do Centro de Formação em Economia Solidária (CFES), dentro de uma nova sistemática de gestão e formação para mobilizar os agentes Cáritas para participação efetiva nas Conferências temáticas. É preciso ainda consolidar uma grande campanha de defesa das comunidades tradicionais, além de articular a rede de Fundos Solidários em todo o país. 14 Nossa Abrangência Boa Vista Macapá Belém Manaus São luís Teresina Fortaleza Natal João Pessoa Rio Branco Recife Porto Velho Maceió Aracajú Palmas Salvador Cuiabá DF Goiânia Belo Horizonte Campo Grande Vitória Rio de Janeiro São Paulo Curitiba Florianópolis Porto Alegre Na página 58 você pode verificar os contatos de todas as Cáritas no Brasil. 15 Voluntariado O papel do voluntário na construção da participação popular O trabalho com grupos e comunidades mostra que é preciso ter a perspectiva do diálogo com os protagonistas e uma metodologia que promova a ação-participação coletiva no processo pedagógico de ação-reflexão-ação. É neste contexto que os voluntários da Rede Cáritas possuem a mística de quem busca o compromisso com os pobres, na perspectiva de uma sociedade justa e igualitária. Os(as) voluntários(as) são responsáveis pela animação, planejamento participativo das ações e das mediações internas e externas que pessoas têm condição de realizar. São ainda militantes educadores que assumem tarefas de organização e mobilização dos grupos de base, participando na gestão, decisão e planejamento local, regional e nacional. Em seus 57 anos de existência, a Cáritas passou por diversas fases. Em cada uma delas, predomina um tipo de ação e um perfil de voluntariado: a fase da caridade tutelada, a da caridade promocional e a da caridade libertadora. Em todas há um “chamamento” para ação: o voluntariado eventual das campanhas e emergências (dar o peixe), o das ações promocionais (ensinar a pescar) e o da militância (pescar juntos). Acreditamos na coletividade na forma de atuação na sociedade. O voluntário da Cáritas Brasileira tem na educação popular o método para a garantia da participação de todos e todas na busca por direitos. Isso exige perfis de voluntários(as) próximos do serviço social. Outras Cáritas, que assumiram a responsabilidade de resolver questões de legalização e administração de recursos, necessitam de voluntários(as) administradores(as). Há Cáritas que nascem de lutas sociais de direitos e cidadania. Essas configuram perfis de voluntários militantes. Dos 12 mil agentes Cáritas no Brasil, 89% são voluntários(as), a maioria formado por mulheres leigas, mas também há a forte presença de diáconos, sacerdotes, religiosas(os). Em toda a Rede Cáritas, buscamos a vivência da espiritualidade libertadora, o compromisso ético-político com a instauração de um novo projeto societário e a prática coerente com uma metodologia participativa. 16 Voluntariado Os voluntários doam seu tempo, seus conhecimentos técnicos com satisfação e alegria. É quem dá vida ao trabalho da Cáritas. A cada novo sonho realizado, a cada nova família equilibrada e inclusa social e financeiramente é a certeza de que estamos no caminho certo para a construção da tão sonhada sociedade justa, fraterna, solidária e defensora do planeta sustentável. 17 Voluntariado Cáritas na Prática A Cáritas Diocesana de Dourados (MS) foi criada em março de 2003 pelo Bispo emérito Dom Alberto e apoiada por sacerdotes, religiosos(as) e leigos voluntários. Através das ações realizadas pela Cáritas, a diocese ampliou sua presença missionária e de testemunho do Evangelho no meio das famílias, apoiando projetos sociais de geração de trabalho e renda, formação humana, religiosa e política. São mais de 150 projetos apoiados nesses nove anos de existência. São 21 pessoas que trabalham na realização dos projetos, todas voluntárias. O trabalho destes agentes estimulou a organização e criação de duas Cáritas Paroquiais no município de Maracaju e Laguna. Neste último, foi montada uma Feira da Solidariedade para a venda da produção da comunidade, após a celebração religiosa. 18 Economia Popular Solidária Economia Popular Solidária como alternativa ao modelo de desenvolvimento hegemônico A Economia Popular Solidária (EPS) é uma estratégia de desenvolvimento sustentável e solidário fundamentada na organização coletiva de trabalhadores e trabalhadoras com interesse de melhorar a qualidade de vida por meio do trabalho associado, cooperativado ou mesmo em grupos informais. É ainda uma maneira de combater as desigualdades do atual sistema e de construção de outro modo de produzir, consumir e de pensar as relações entre as pessoas. A EPS surge em um contexto de crítica a um modelo de desenvolvimento que produz riquezas gerando miséria e depredando o meio ambiente. Esse modelo, fundamentado no “progresso” do conhecimento técnico-científico e no domínio da natureza, coloca o crescimento econômico e a acumulação dos bens como bases do desenvolvimento. A exploração desordenada dos recursos e a acumulação das riquezas têm como consequências a perda do equilíbrio ambiental e o esgotamento de recursos naturais, o que coloca em risco o futuro da vida na terra e promove a crescente exclusão social de bilhões de pessoas. Há mais de 30 anos, a Cáritas Brasileira apoia grupos de EPS voltados à emancipação social, política e econômica de comunidades em situação de pobreza. A EPS ao longo dos anos se constitui em um movimento social formado por diversas instituições, trabalhadores e gestores públicos. O trabalho da Cáritas é articular e mobilizar os diferentes trabalhadores e trabalhadoras na constituição de suas identidades de sujeitos de direitos com respeito a diversidade das mais variadas experiências que forma a EPS. Desta forma, a Cáritas conta com, aproximadamente 600 agentes de 178 Entidades-Membro. Estes acompanham grupos de cultura, catadores(as), mulheres, populações rurais e urbanas, migrantes, comunidades em situação de risco, famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa-Família, quilombolas, indígenas, acampados e assentados da reforma agrária. Desde 2004, cerca de 100 mil trabalhadores(as) foram apoiados pela entidade. 19 Economia Popular Solidária A Cáritas ainda articula fóruns e espaços de troca de experiências e fortalecimento da Durante osSolidária. dias 12 aA15 de junho de 2012, a Coordenação de éCáritas e Pastoral Economia Feira de Economia Solidária em SantaRegional Maria (RS) um exemplo. SãoSocial do Secretariado Latino-americano e Caribenho de Cáritas (SELACC) se reuniram no mais de 200 mil pessoas que participam da maior feira de Economia Solidária do mundo.Rio de Janeiro. O encontro contou com a participação de arepresentantes Cáritas dez países de todas No ano de 2012, ainda se somaram às atividades Feira do Mercosul e ode II Fórum e Feira as regiõesdapara acompanhar os trabalhos desenvolvidos a partir seguintes pastorais: Mundial Economia Solidária, todos ocorridos em Santa Maria dos durante o mêseixos de julho. Desenvolvimento Humano Integral Solidário, Igualdade entre Homense eencontros Mulheres, Foram mais de 10.000 variedades de eprodutos e serviços, além de debates queMeio Ambiente e Gestão Formação, Espiritualidade envolveram pessoasde deRisco, 28 países, dos cinco continentes.e Comunicação. Neste encontro, foi realizada a oficinado “Equidade entre Homens e Mulheres”. O objetivo da atividade Outro destaque está nas articulações Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) que envolve foi debater o tema como as Cáritas da América Latina e Caribe, aléme de apresentar o plano trabalho da empreendimentos solidários, entidades de assessoria e fomento gestores públicos, alémdedos 15 fóruns equipe, para anos. A proposta traz alguns objetivos como: promover conceito o estaduais queosapróximos Cáritas participa. A mobilização dos empreendimentos apoiadosa apropriação pela Cáritas do consolidou de igualdadede entre homens e mulheres; promover integração da temática de equidade nos eixos pastorais; movimento Economia Solidária que, por sua vez,a fortalece o desenvolvimento local através de experiências promover iniciativas e articulações com a Rede Cáritas e outras organizações sociais, bem como consolidar e significativas como Catende (PE), Assema (MA), Cooesperança (RS) e Pintadas (BA). Dentre as redes e cadeias fortalecer a destacam-se: Comissão de Regional de Gênero. produtivas, Rede Abelha (mel), Justa Trama (algodão), Rede Bode (BA), Rede Marcas (MG) e Rede Mandioca (MA). Nestes 30 anos, foram muitas conquistas para o movimento de Economia Solidária. A criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), dentro da estrutura do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2003, pelo governo federal, e o Conselho Nacional de Economia Solidária, em 2006, são frutos da luta e articulação de todas as experiências de EPS, demonstrando que, se organizados, conseguimos propor novas políticas públicas para um novo modelo de economia e desenvolvimento. Assim, somos participantes de uma cultura de cooperação. Os valores da solidariedade, reciprocidade, compaixão, respeito à diversidade, sob os princípios da autogestão, democracia e cuidado com o meio ambiente é o que orienta toda a ação da Cáritas Brasileira na construção de um novo projeto de desenvolvimento sustentável, com novos padrões de consumo a partir de uma ética solidária. 20 Economia Popular Solidária Cáritas na Durante os dias 12 aPrática 15 de junho de 2012, a Coordenação Regional de Cáritas e Pastoral Social do Secretariado Latino-americano e Caribenho de Cáritas (SELACC) se reuniram no Rio de Janeiro. O encontro contou com a participação de representantes Cáritas de dez países de todas Fundos Solidários as regiões para acompanhar os trabalhos desenvolvidos a partir dos seguintes eixos pastorais: Desenvolvimento Humano Integral e Solidário, Igualdade entre Homens e Mulheres, Meio As experiências de Economia Solidária dependem da capacidade de autogestão de seus componentes. Ambiente e Gestão de Risco, Formação, Espiritualidade e Comunicação. Desta forma, os Fundos Solidários se constituem em uma ótima ferramenta organizativa e de financiamento para osencontro, empreendimentos solidários, bem como uma estratégia deeautonomia Neste foi realizada a oficina “Equidade entre Homens Mulheres”.das O comunidades. objetivo da atividade foi debater o tema como as Cáritas da América Latina e Caribe, além de apresentar o plano de trabalho da Os Fundos Solidários são anos. processos de gestão coletivaobjetivos de recursos, para a sustentabilidade local e equipe, para os próximos A proposta traz alguns como:voltados promover a apropriação do conceito territorial. Cumpre o papel de libertação e resistência, necessários para a gestação de outro modelo de igualdade entre homens e mulheres; promover a integração da temática de equidade nos eixos pastorais; de desenvolvimento. Sãoe articulações instrumentos concretos de desenvolvimento social sociais, e democratização da gestão edos promover iniciativas com a Rede Cáritas e outras organizações bem como consolidar recursos, além da promoção da participação popular. fortalecer a Comissão de Regional de Gênero. Tem-se mapeado 535 fundos solidários espalhados por 888 municípios de todos os estados brasileiros. Há a expressiva presença dos fundos solidários em espaços rurais, no apoio à agricultura familiar e camponesa e nos empreendimentos de Economia Popular Solidária sejam eles do campo, ou da cidade. Vale destacar os Fundos Rotativos Solidários, quando a arrecadação se dá pelos membros/sócios/participantes/contribuintes da mesma experiência que será usuária dos recursos. Estes fundos podem ser monetários, ou não monetários – estes quando há a troca de produtos, ou serviços. Este método garante ainda a participação de mulheres e jovens na gestão dos recursos e amplia o sentimento de solidariedade e comunidade, necessários para os empreendimentos de Economia Solidária e para o desenvolvimento solidário sustentável das comunidades. 21 Economia Popular Solidária Você Sabia? A Cáritas por meio das organizações coletivas de produção, distribuição e consumo apoia mais de 10 mil trabalhadores e trabalhadoras na geração de renda e melhoria da qualidade de vida. Em 2012 foi lançado o livro: A Economia Solidária em Construção uma Sistematização de experiências do Brasil Local. Capa Brasil Local.pdf 1 19/03/201 3 18:01:29 Realização: Parcer ia: Entidades parceir as do projeto Brasil Local: Apoio: 22 Infância e Juventude Crianças, adolescentes e jovens na luta por protagonismo de direitos Há mais de 10 anos, a Cáritas Brasileira definiu sua política nacional para o trabalho com a infância, adolescência e juventude. A política, centrada no horizonte político da ação da Rede Cáritas, permitiu que os agentes intensificassem o trabalho na formação para o protagonismo e trabalho junto aos conselhos de políticas públicas relativos à criança, ao adolescente e à juventude. É neste contexto que nasce o Programa de Infância, Adolescência e Juventudes da Cáritas Brasileira (PIAJ). A proposta é vincular a garantia dos direitos das crianças, dos adolescentes e juventude à concepção de desenvolvimento solidário e sustentável. Deste modo, a Cáritas Brasileira realiza encontros nacionais de adolescentes, formação política com grupos e comissões regionais de adolescentes e jovens a partir das campanhas e mobilizações para garantia de direitos. O PIAJ incentiva e apoia atividades educativas com foco no Estatuto dos Direitos da Criança e Adolescentes (ECA) e outros referenciais de apoio na defesa e proteção destas categorias sociais, estimulando a participação política em suas comunidades e Conselhos de Direito e Fóruns da Criança, adolescente e Juventude. A Rede Cáritas compreende que as crianças, os adolescentes e a juventude são sujeitos de direitos. Potenciais transformadores da realidade, eles(as) podem intervir de forma concreta nos espaços efetivos de vivência, como a família, bairro, universidade, igreja, etc. Animados pela solidariedade que gera mudança, apostamos no protagonismo da juventude para a construção de uma sociedade em que a violência seja superada e uma cultura de paz e tolerância seja efetiva entre todos(as). 23 Infância e Juventude No que tange às crianças e adolescentes, a referência ao ECA é fundamental para o combate ao trabalho infantil e ao abuso e exploração sexual, para o trabalho do protagonismo deste público, além do atendimento a crianças em situação de vulnerabilidade pessoal e social. Dentre as ações desenvolvidas, pode-se destacar o Voto Adolescente, o Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual, a Participação na Gestão de Políticas Públicas, as ações contra a redução da maioridade penal, seminários regionais e nacionais com temáticas sobre a conjuntura atual e elaboração dos Planos de ação regional e nacional. Através do PIAJ, a Cáritas também atua nos espaços de mobilização para efetivação dos direitos, como na Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Campanhas contra a Violência e Extermínio de Jovens e pela Aprovação do Estatuto da Juventude e Jornada Mundial da Juventude. Todas essas ações alcançaram direta e indiretamente quase 10 mil crianças, adolescentes e jovens. Não menos grave é a situação da juventude brasileira. De acordo com o censo 2010 (IBGE), a faixa etária dos 15 aos 29 anos representa 26,8% da população brasileira. A exclusão social nos desafia a refletir e agir sobre a violência contra jovens sejam eles urbanos, ou camponeses. A cada mil brasileiros, três morrem antes de completar 19 anos. Mas a violência não é apenas física, é também retratada no cotidiano, quando os jovens se deparam com a falta de transporte, de emprego e meios de produção, na falta de moradia, do acesso à educação de qualidade, ao lazer e cultura. Está ainda na intolerância religiosa e sexual. Diante deste quadro, as ações e discussões dentro do tema Desenvolvimento Solidário Sustentável e Territorial devem envolver o olhar da juventude, seja no apoio à participação, seja no incentivo à organização para luta por direitos. O desafio para a sociedade brasileira é o enfrentamento das múltiplas violências (doméstica, cultural, econômica, institucional e social) que envolvem tais sujeitos, garantindo o princípio da proteção integral, afirmados nos instrumentos nacionais e internacionais, tais como a Constituição Federal de 1988, o ECA, além dos indicadores das Conferências nacionais e da Convenção Internacional sobre os direitos das Crianças, Adolescentes e Jovens. A consolidação total dos direitos humanos para toda a humanidade passa, necessariamente, pela eliminação das situações de exclusão social e vulnerabilidade à violência deste segmento social. 24 Infância e Juventude Cáritas na Prática PIAJ realiza seminário sobre ECA e Políticas Públicas Durante os dias 28 e 29 de janeiro de 2012, o Programa Infância, Adolescência e Juventude (PIAJ) realizou um seminário sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA e Políticas Públicas na Pastoral de Santa Maria, município de Cametá (PA). A atividade contou com a participação de 200 alunos do PIAJ, além de pais, monitores e colaboradores. O objetivo do seminário foi orientar os participantes acerca dos direitos e deveres constitucionais e para a construção coletiva de uma proposta de desejos dos direitos necessários ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social das crianças e adolescentes. Com brincadeiras e desenhos, os participantes ainda elaboraram, coletivamente, um conjunto de propostas relacionadas ao 4° artigo do ECA. Segundo o Estatuto, “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e a convivência familiar e comunitária”. Desta forma, as crianças puderam expressar, no plenário, seus anseios em relação aos direitos garantidos pelo Estatuto. Através das atividades lúdicas, a timidez foi embora e as proposições de cada grupo foram feitas em plenário. O seminário ainda distribuiu para cada criança e adolescente participante, uma cartilha com os personagens do gibi da Turma da Mônica. Através dos desenhos em quadrinhos, o ECA é aprofundado pelos próprios protagonistas como método de consolidar os direitos ali trabalhados. 25 Infância e Juventude Você Sabia? A terceira edição do prêmio Odair Firmino de Solidariedade escolheu como tema “Juventude, desenvolvimento e solidariedade”, a partir da conjuntura dos índices de homicídios de adolescentes e jovens no Brasil. Os finalistas selecionados entre os 97 inscritos apresentam a juventude como protagonista principal de seu desenvolvimento e da superação dos desafios próprios e sociais: a solidariedade, na visão da Cáritas, é componente essencial do desenvolvimento. Mais de 36 mil crianças e adolescentes já participaram de ações em defesa de seus direitos e de atividades sócio educativas promovidas pela Cáritas Brasileira. 26 Convivência com o Semiárido Tecnologias sociais e participação para a convivência com o semiárido Em 2012, o semiárido brasileiro enfrentou situação de emergência socioambiental de grandes proporções, ocasionado pela estiagem prolongada, considerada a maior dos últimos 40 anos. Mais de mil municípios decretaram estado de emergência, com o reconhecimento do Governo Federal, devido aos grandes prejuízos para as populações e economias locais. Baseados ainda em políticas de combate à seca, os programas emergenciais do Estado foram e são, desarticulados e insuficientes para alcançar o atendimento de urgência para as populações que sofrem com as calamidades ocasionadas pelo fenômeno neste período. Nas últimas duas décadas a sociedade civil desta região tem construído uma compreensão de que precisamos não combater, mas conviver com os diferentes biomas, ecossistemas com suas diversas e inumeráveis características físico-geográficas do Brasil, ou seja, buscar o desenvolvimento apropriado à realidade local. No entanto, o governo brasileiro insiste nos grandes projetos, tais como a transposição do Rio São Francisco, em detrimento do trabalho de convivência com o semiárido. Diante desta conjuntura diversas manifestações populares, todas elas, exigindo políticas públicas estruturantes para a captação de água e produção de alimentos, além de soluções para as urgências provocadas pela seca, aconteceram durante todo o ano de 2012. Não se trata de apenas tecnologias e ou técnicas especificas. Estamos falando de um território que abrange uma área com a maior parte dos estados do Nordeste (86,48%) e se estende para a região setentrional do estado de Minas Gerais (11,01%) e norte do Espírito Santo (2,51%). São 1.133 municípios, totalizando mais de 22,6 milhões de habitantes, representando 11,8% da população brasileira, sendo 44% desta residente na área rural, a maior porcentagem do país. 27 Convivência com o Semiárido Estudos do IPEA¹ (2012) mostram que 36% dos extremamente pobres são camponeses que residem na região Nordeste. A região também sofre um forte déficit hídrico, embora seja a região que tem o maior índice pluviométrico entre as regiões semiáridas do mundo, com uma média de 800 mm/ano, ainda que a evaporação seja três vezes maior que a quantidade de chuva. Conviver com o semiárido é uma estratégia que foca nas condições e potencialidades dos biomas e ecossistemas que o compõe. É preciso aprender a lidar com os ambientes para transformar a vida daqueles que vivem neles. O lugar e suas características climáticas não podem e nem devem determinar a pobreza e a exclusão social de uma população, ou seja, privá-los das condições mínimas para a sobrevivência humana, tais como alimentação, saúde, educação, água potável e saneamento básico. A Ação Cáritas no semiárido compreende atividades para o convívio com o bioma, através da adoção de tecnologias sociais que oferecem condições para a inclusão social e melhoria de vida da população. Estamos falando dos projetos de reciclagem de água, das cisternas construídas para armazenamento de água, barragens subterrâneas, bombas de água, dos círculos produtivos “Mandalas", e do H2SOL, que trabalha na instalação de microssistemas produtivos de irrigação, com uso de energia renovável. Significa um processo de convivência em que são privilegiadas estratégias de longo prazo e de efeitos permanentes, como tecnologias de armazenamento de água da chuva, de criação de animais adaptados à região e de plantios agroecológicos apropriados ao clima. EnconASA: troca de saberes para fortalecer a luta Para a sistematização destas experiências e para o debate político-organizativo, o VIII O Encontro Nacional da Articulação no Semi-Árido (EnconASA), em novembro de 2012, foi um espaço fundamental. Com o tema “Convivência com o Semiárido Brasileiro - Trajetórias de Luta e Resistência para Superação da Pobreza e Construção da Cidadania”, o encontro de mais de 700 pessoas, entre camponeses, povos indígenas e de comunidades tradicionais, além de 28 Convivência com o Semiárido O encontro foi um momento de celebrar as conquistas. Uma das mais visíveis está na paisagem, com a instalação de uma densa malha hídrica composta por mais de 600 mil cisternas de placa. Isso significou a democratização do acesso à água potável para mais de três milhões de homens e mulheres, resultado de trajetórias de luta e resistência. Por outro lado, os desafios estão postos para a população que vive no semiárido. A concentração de terras, o abandono da agenda da reforma agrária, o acirramento da disputa pelos bens da região, alvo do interesse de mineradoras, do agronegócio, dos grandes projetos de irrigação, das barragens são alguns dos graves problemas, cujo o enfrentamento, na maioria das vezes, resulta na expulsão de comunidades inteiras, na violação dos direitos humanos, quando não em morte de indígenas, quilombolas, ribeirinhos e camponeses. A Cáritas Brasileira participa e apoia a Articulação no Semiárido. Reafirmamos o projeto político que privilegia o protagonismo de agricultores/agricultoras familiares e comunidades tradicionais. Nossa aposta está no compartilhamento do poder decisório, nas soluções que levam em conta a realidade de cada território e no intercâmbio como método estruturante para a manutenção dos saberes dos povos que vivem no semiárido. 29 Convivência com o Semiárido Cáritas na Prática Piauí se mobiliza por medidas estruturantes no semiárido O ano de 2012 ficou marcado pelas mobilizações da população do semiárido do Piauí. O Grito do semiárido aconteceu em Picos e São Raimundo Nonato e exigiu do Governo medidas estruturantes para a convivência com o semiárido. Em São Raimundo Nonato, a marcha, realizada no dia 28 de junho com a participação de mais de mil pessoas de 22 municípios, repudiou a instalação das mineradoras e carvoarias na região. Além do protesto, uma audiência pública foi realizada com a participação de entidades que formam o Fórum de Convivência com o Semiárido e representantes do governo do estado Piauí. Em Picos, mais de 1.500 pessoas foram às ruas no dia 31 de outubro para demonstrar a insatisfação com as medidas emergenciais tomadas por órgãos que atuam no enfrentamento da seca no Piauí. “O grito serve para dizer aos poderes instituídos do município, do Estado e também do Governo Federal que por mais que se estejam encaminhando ações emergenciais e compensatórias do problema da seca, há de haver ainda um relacionamento, uma interface das várias políticas e serviços públicos que se façam chegar às famílias em tempo hábil, com efetividade”, pontua o coordenador da Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato, Hildebrando Pires. A Cáritas promove a convivência com o Semiárido, mobilizando as comunidades e realizando capacitação técnica e política para o desenvolvimento local. A Cáritas Piauí desenvolve, desde 2008, as ações do Programa de Convivência com o Semiárido, da Articulação do Semiárido Brasileiro – ASA Brasil, trabalhando na construção de tecnologias sociais para o armazenamento de água da chuva e na capacitação as famílias agricultoras no manejo da terra e da água para produção de alimentos. Além disso, compõe o Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, uma organização composta por 15 entidades da sociedade civil, que há mais de dez anos trabalha para construção da cidadania e superação da pobreza no semiárido piauiense. 30 Convivência com o Semiárido Você Sabia? Que a Cáritas brasileira atuando no semiárido brasileiro já atendeu aproximadamente 65 mil famílias com obras hídricas e outras 70 mil famílias com atividades educacionais e produtivas. A Cáritas tem como fundamento metodológico o trabalho em rede ou em redes, no plural. Algumas despontaram e devem ser citadas com especial destaque pela trajetória de luta e conquistas, são elas a Rede Marcas, Rede Bodega, Rede Ecovida. Em 2012, em parceria com a Fundação Banco do Brasil, está sendo construído o Centro Estadual de Referência em Comercialização, sede da “Rede Mandioca”, no Maranhão. A Rede Cáritas comemora! 31 Catadores de Recicláveis Reciclando vidas através da organização Durante os dias 12 a 15Solidária de junho de 2012, a Coordenação Regional de Cáritas e Pastoral Social e Economia do Secretariado Latino-americano e Caribenho de Cáritas (SELACC) se reuniram no Rio de A formação e fortalecimento de grupos de catadores(as) sob os princípios da Economia Janeiro. O encontro contou com a participação de representantes Cáritas de dez países de todas Solidária é uma das principais atuações da Cáritas Brasileira. As ações, iniciadas em 2003, as regiões para acompanhar os trabalhos desenvolvidos a partir dos seguintes eixos pastorais: na cidade de Belo Horizonte através da Regional Minas Gerais, já podem ser encontradas no Desenvolvimento Humano Integral e Solidário, Igualdade entre Homens e Mulheres, Meio Distrito Federal, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Sul, Manaus, além das Regionais Nordeste Ambiente e Gestão de Risco, Formação, Espiritualidade e Comunicação. III e Norte II da Cáritas. A Cáritas Brasileira assessora pedagogicamente juridicamente grupos ou indivíduos a Neste encontro, foi ainda realizada a oficina “Equidade entree Homens e Mulheres”. O objetivo da para atividade foi construção de espaços de América debate sobre a lei de dostrabalho resíduosda debater o tema como aspolíticos Cáritas da Latinapolíticas e Caribe,públicas, além deprincipalmente apresentar o plano sólidos (Lei os 12.305/2012). Desta forma, traz iniciativas locais e como: territoriais são adesenvolvidas deconceito maneira equipe, para próximos anos. A proposta alguns objetivos promover apropriação do sustentável e solidária. de igualdade entre homens e mulheres; promover a integração da temática de equidade nos eixos pastorais; promover iniciativas e articulações com a Rede Cáritas e outras organizações sociais, bem como consolidar e Os catadores(as) de materiais recicláveis encontram no lixo um meio de sustento das suas famílias. No ciclo da fortalecer a Comissão de Regional de Gênero. cadeia produtiva apresentada pelo Movimento Nacional de Catadores, 89% do trabalho de produção da matéria prima que vai para a indústria é feita pelos catadores e catadoras. No entanto, a realidade destes trabalhadores(as) se traduz em condições precárias de moradia, desnutrição, pobreza, ausência de equipamentos de proteção, pesagem e transporte adequados, óbitos e doenças relacionadas a ambientes insalubres. A maioria dos catadores(as) enfrentam o desafio da baixa escolaridade. Nos municípios em que a Cáritas Brasileira atua, estes trabalhadores não conseguem acessar os programas governamentais com facilidade, principalmente por não possuírem um registro civil. Trata-se de um segmento da população geralmente vivendo em condições insatisfatórias de moradia em áreas marginalizadas ou habitando os lixões e ruas das cidades. Verifica-se entre estes grupos uma alta incidência de doenças relacionadas à higiene precária como a hanseníase e diversos tipos de verminose. Grupos de catadores frequentemente não possuem espaço físico apropriado para o transporte, depósito, triagem e beneficiamento dos materiais coletados. Estes fatores, aliados ao difícil acesso à informação, colocam-os em uma 32 Catadores de Recicláveis situação de grande vulnerabilidade à exploração por parte de “atravessadores” ou intermediários, para terem acesso ao mercado e comercializarem o fruto de seu trabalho. Das 178 Entidades-Membro de toda Rede Cáritas, 72 trabalham diretamente com organizações e grupos de catadores(as) de materiais recicláveis. São mais de 5,7 mil pessoas, inseridas em 52 organizações que vão desde grupos informais, até mesmo cooperativas. Organizados, os catadores(as) trabalham com segurança e dignidade. Com o apoio da Cáritas Brasileira, galpões de estoque, equipamentos de proteção (luvas e sapatos), máquinas de processamento de matérias, além da inserção em comitês regionais e estaduais são algumas das conquistas alcançadas. Os projetos dão conta da formação profissional e política dos(as) catadores(as), bem como da ampliação da sua capacidade de geração de renda. As mulheres, neste contexto, ganham uma atenção especial, pois muitas acumulam tarefas domésticas e familiares, uma tripla jornada de trabalho. Também é objetivo das ações apoiadas pela Rede Cáritas o fortalecimento da participação feminina, com a garantia de sua articulação e diálogo com os coletivos. As ações também trabalham para a superação do trabalho infantil nos locais de coleta de materiais. Desafios Em 2010, foi aprovado a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que disciplina a coleta, o destino final e o tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais, entre outros. A lei estabelece metas importantes para o setor, como o fechamento dos lixões até 2014, a elaboração de planos municipais de resíduos, a inclusão e contratação dos catadores e a implantação da coleta seletiva. No entanto, o direito dos catadores e sua valorização enquanto categoria produtiva continuam sendo um dos principais desafios a ser enfrentado. Por isso, a Cáritas Brasileira considera importante o fortalecimento do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), além do desenvolvimento de projetos como o Cataforte, que desenvolve ações de formação, assistência técnica e mobilização na área de reciclagem dos resíduos sólidos. 33 Catadores de Recicláveis Cáritas na Prática Ceará fortalece o Movimento de Catadores(as) com projeto Cataforte. Desde 2010, a Cáritas Regional Ceará é a entidade executora do projeto Cataforte. O projeto contribui na organização de 400 catadores(as) de materiais recicláveis, de 26 empreendimentos, em 11 municípios do estado, fortalecendo as bandeiras de luta e articulação do Movimento Nacional dos Catadores(as) de Materiais Recicláveis no Ceará. Como resultado desse projeto, destaca-se a constituição de novos grupos e associações de catadores(as), além da criação de três redes de comercialização no Estado: Rede Fortaleza e Região Metropolitana, Rede Cariri e Rede Jaguaribe. A Cáritas Regional Ceará, em parceria com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), ampliou o número de catadores(as) e grupos assistidos, passando de 400 para 800 catadores(as) em 33 empreendimentos formalizados ou não, em 17 municípios. As ações do Regional também envolvem as crianças e adolescentes, filhos de catadores(as). São desenvolvidas atividades de arte-educação, constituição de bandas de lata, redes locais com a participação de atores do sistema de garantia de direitos, Festivais de arte e cultura em seis comunidades, totalizando 250 crianças e adolescentes que participam das atividades. 34 Catadores de Recicláveis Você Sabia? A Cáritas Regional Maranhão realiza em parceria com Kindermission, o Projeto Catadores de Direito, visando a erradicação do trabalho infantil no contexto da catação de lixo. Defendendo os direitos dos filhos e filhas de catadores. Que a Cáritas Brasileira já beneficiou aproximadamente 5,7 mil catadores e catadoras de materiais recicláveis com as ações dos projetos realizados. Os beneficiados participam de atividades de capacitação, recebem materiais de segurança, equipamentos de produção e participam de processos de organização. 35 Segurança Alimentar e Nutricional Agricultura familiar: a saída para a segurança Durante os dias 12 ae 15 nutricional de junho de 2012, a Coordenação Regional de Cáritas e Pastoral Social alimentar do Brasil do Secretariado Latino-americano e Caribenho de Cáritas (SELACC) se reuniram no Rio de Janeiro. O encontro com a participação de representantes Cáritas de dezde países de atodas Segurança Alimentarcontou e Nutricional significa garantir a todos e todas condições acesso alimentos as regiões para acompanhar osem trabalhos desenvolvidos dos permanente, seguintes eixos pastorais: básicos, seguros, de qualidade, quantidade suficienteaepartir de modo com base em práticas Desenvolvimento Humano Solidário, Igualdade entrepelo Homens e Mulheres, alimentares saudáveis. ApósIntegral intensae mobilização encabeçada Conselho NacionalMeio de Segurança Ambiente (CONSEA), e Gestão deem Risco, Formação, Espiritualidade e Comunicação. Alimentar 2010, a Constituição Federal, em seu artigo 6°, passou a considerar a alimentação adequada como um direito humano. Neste encontro, foi realizada a oficina “Equidade entre Homens e Mulheres”. O objetivo da atividade foi debater o temacolocam como asa segurança Cáritas da alimentar América Latina e Caribe, além demaior apresentar o plano de trabalho da Estes conceitos e nutricional como algo que o combate à fome, ou mesmo parasanitária os próximos A proposta traz alguns objetivos como:das promover a apropriação do conceito aequipe, qualidade dos anos. alimentos. Isso significa o relacionamento várias dimensões necessárias para a de igualdade homens e mulheres; promover a integração da temática de equidadede nosalimentos. eixos pastorais; garantia desteentre direito, tais como a produção, o acesso, a comercialização e consumo É preciso promover iniciativas e articulações com a Rede Cáritas e outrase organizações sociais, bem como e da ainda incluir os fatores que influenciam na disponibilidade qualidade dos alimentos, alémconsolidar da garantia fortalecer alimentar a Comissãodas decomunidades Regional de Gênero. soberania envolvidas. Hoje, o sistema agrícola e alimentar é monopolizado por poucas empresas da indústria agroalimentar e de distribuição que impõem seus interesses particulares, em detrimento dos direitos dos agricultores e as necessidades alimentares das pessoas. Modificações na dieta alimentar da população, roubo dos conhecimentos camponeses para a industrialização de produtos sem qualidade e o alto preço destes ainda fazem com que cerca de 900 milhões de pessoas passem fome no mundo, segundo dados da FAO (Food and Agriculture Organization). Ainda que sob os efeitos do monopólio agroalimentar, o Brasil é considerado um país de vanguarda no que se refere à promoção da segurança alimentar e nutricional. Em 1993, houve a criação do CONSEA e, em 1994, houve a I Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. É importante citar a criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em 2004, além da instituição da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN- Lei 11.346/2006) e da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN), em 2007. 36 Segurança Alimentar e Nutricional Segundo o CONSEA, a Segurança Alimentar deve ser intersetorial e participativa, sendo o modelo de produção elemento fundamental para a segurança alimentar. A Cáritas Brasileira vê na interação campo-cidade e nas reformas agrária e urbana os instrumentos necessários para o desenvolvimento de forma solidária, sustentável e territorial. Por isso a aposta no desenvolvimento da agricultura familiar e camponesa como a saída para a garantia do direito humano à alimentação. Os projetos desenvolvidos pela Rede Cáritas são realizados em parceria com diversas organizações sociais de luta pela terra. A entidade também conta com recursos públicos estaduais e federais para projetos voltados a comunidades em situação de pobreza. A Cáritas Brasileira ainda apoia ações em acampamentos e assentamentos da reforma agrária, trabalhando o conceito de Soberania Alimentar com os agricultores. Soberania alimentar significa devolver a capacidade de decidir sobre a produção, a distribuição e o consumo de alimentos aos principais atores envolvidos neste processo, ao campesinato e aos consumidores. Ser soberano é ter a capacidade de decidir, quando se diz respeito a nossa alimentação. Desde 2005, já são cerca de 20 mil camponeses beneficiados na formação de hábitos alimentares saudáveis, no cultivo de hortas medicinais e plantios agroecológicos, na criação de pequenos animais, no acesso ao crédito e na gestão de fundos rotativos solidários. Com o objetivo de proteger a preservar a flora e fauna, a Cáritas Brasileira ainda capacita os grupos para o manejo sustentável de nascentes, rios e açudes, visando o aproveitamento responsável dos recursos hídricos locais. O reflorestamento das matas ciliares e o plantio de árvores frutíferas também fazem parte dos projetos comunitários. Além disso, a Cáritas compõe o Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional (FBSAN) e também os fóruns estaduais. O espaço articula entidades, movimentos sociais da sociedade civil organizada, indivíduos e instituições que se ocupam da soberania alimentar e do direito humano à alimentação. 37 Segurança Alimentar e Nutricional Cáritas na Prática Rede de sementes para a promoção da agrobiodiversidade A Cáritas Regional Minas Gerais, através das Casas de Sementes, desenvolve o trabalho de promoção dos espaços de intercâmbio de sementes e saberes, além da construção de políticas públicas para a promoção, proteção e fomento da agrobiodiversidade. Só em Minas Gerais, foram construídas 27 casas de sementes, com a formação de 540 pessoas em manejos, produção, gestão e conservação de sementes. Com a implementação de 22 campos, já foram produzidos 48 toneladas de sementes que foram comercializadas através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Além disso, com parceria da Cáritas e apoio da Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO), o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas e a Rede de Guardiões da Agrobiodiversidade realizará a construção de um plano de manejo com o objetivo de reduzir os riscos climáticos. O Regional também faz parte da campanha “Semente da Gente” que conscientiza o conjunto da sociedade sobre os riscos de consumir alimentos transgênicos e contaminados com agrotóxico. A campanha promove os benefícios dos alimentos produzidos através de sistemas agroecológicos e suas ações já atingiram mais de 3 mil pessoas no estado. 38 Segurança Alimentar e Nutricional Você Sabia? Que mais de 25 mil famílias já foram apoiadas em produções agrícolas coletivas e na criação de pequenos animais para subsistência. O projeto Curumim, realizado na Cáritas Regional Norte II se dedica a ensinar o manejo racional da apicultura e meliponicultura, como parte integrante do sistema agroecológico da produção de alimentos limpos de agrotóxicos. Desencadeando assim, o desenvolvimento político, econômico e social das famílias camponesas. Que a Cáritas Regional Rio Grande do Sul produziu o documentário “Sementes Crioulas e a Biodiversidade para gerações futuras”. 39 Políticas Públicas Controle social e políticas públicas para a efetivação das conquistas e da participação popular O compromisso da Cáritas pela busca de uma nova sociedade com o protagonismo das populações mais pobres, motivou inúmeros grupos e comunidades a ela vinculados a se empenhar para que fossem alteradas as suas condições de vida, pela conquista de direitos e acesso aos bens e riquezas da nação, além da redução das desigualdades. Por isso, é importante a integração em espaços de articulação e de controle social para contribuir com as lutas por mudanças efetivas, provocadas e desejadas pelos cidadãos de todos os estados e municípios do país. A Cáritas tem compromisso firme e experiência consolidada na participação em instâncias democratizadas de governos, do movimento social nacional e internacional e das Igrejas do mundo, nos palcos de debates e decisões que se transformam em políticas públicas para o benefício das populações, especialmente as mais pobres. É forte a presença dos(as) Agentes Cáritas desempenhando papel de animação em fóruns e conselhos da juventude, das crianças, dos idosos, da agricultura familiar e dos portadores de necessidades especiais, em diferentes espaços de lutas por Direitos e por Desenvolvimento. Em nível nacional destacam-se as participações no Conselho Nacional Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF), no Conselho Nacional de Economia Solidária (CNES), no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), no Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC), no Conselho das Cidades (CONCIDADES), além do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). No contexto das políticas públicas, a luta pela instituição da Lei da Ficha Limpa foi fundamental para o processo de exercício da cidadania e da democracia participativa. Aprovada em junho de 2010, a Lei Complementar 135 proíbe a candidatura de políticos que tenham sido condenados por improbidade 40 Políticas Públicas administrativa e diversas formas de crimes contra a vida, a economia, o meio ambiente, o patrimônio público, entre outros. O poder popular, conferido ao povo pela Constituição Federal, tornou efetiva uma das formas mais democráticas que é a iniciativa de lei por parte da população. Mais de um milhão e meio de assinaturas foram colhidas. Sendo parte integrante do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, a Cáritas Brasileira, em conjunto com as pastorais, organismos e movimentos sociais da Igreja, foi uma das grandes responsáveis pela mobilização. Como resultado: prevaleceu a soberania do povo! A nossa instituição também esteve presente nas principais mobilizações populares que reivindicaram avanços nas políticas públicas para a convivência com o semiárido, para o desenvolvimento da Economia Solidária, para a defesa dos direitos da juventude, além de campanhas pela democratização do Poder Judiciário e das articulações em torno de um marco nacional que regule as relações entre organizações da sociedade civil (OSCs) e o Estado. Contra a criminalização das organizações O debate permanente é essencial para que o Governo Federal não se exima da responsabilidade de criar uma política voltada para o relacionamento com as organizações da Sociedade Civil – com leis, normas e padrões de conduta claros, que não deixem dúvidas sobre direitos e obrigações de cada uma das partes. Vivemos momentos de criminalização dos movimentos populares. Organizações dos mais diversos segmentos sociais, inclusive as religiosas, têm sido colocadas sob suspeita, acusadas de atos ilegais, tanto pelo Estado como pela mídia, que transmite à opinião pública uma imagem falsa e negativa sobre as OSCs. Hoje, há um desacerto e contradições nas relações entre Estado e Sociedade para o acesso a recursos públicos. É urgente que o Estado crie um marco regulatório para proporcionar um ambiente de transparência e eficiência no cumprimento das funções dessas entidades, que já comprovaram a importância do papel que desempenham. As organizações ainda sofrem com a burocracia. As mudanças nas regras das relações do Estado com as instituições populares transformaram-se em problemas de difíceis soluções. Ações que beneficiavam populações pobres foram suspensas no meio do caminho, por causa de normas dúbias e decisões inadequadas tomadas pelo Poder Público. 41 Políticas Públicas A Cáritas Brasileira, juntamente com outras OSCs, fazem parte da Articulação por um Novo Marco Regulatório. As organizações da Sociedade Civil nascem, majoritariamente, dos movimentos populares e do desejo militante de provocar mudanças coletivas. Entretanto, convênios historicamente aprovados pelo Governo Federal têm sido suspensos, empurrando-os para o risco de extinção. A Cartilha de sistematização da luta de resistência frente à ameaça real de extinção das OSCs lançada pela Cáritas, conta uma história que já tem 10 anos, contra a criminalização e pelo reconhecimento das organizações da sociedade civil. Mas também traz propostas dessa articulação para a construção do Marco Regulatório, considerando ser fundamental o reconhecimento do papel das OSCs como atores de participação ativa na sociedade por seu poder de organização, mobilização e autonomia nos processos de desenvolvimento social e democrático no país. Desta forma, o Marco Regulatório deve estabelecer uma relação de parceria entre o Estado e a Sociedade Civil na prestação de serviços à sociedade, levando em consideração diferenças regionais, bem como grupos vulneráveis e organizações de pequeno porte. É preciso ainda garantir a ampla participação da sociedade civil, inclusive as de caráter filantrópico, nos processos decisórios, de controle social e de debate de novas políticas públicas, pois assim garantimos a verdadeira democracia participativa em nosso País. 42 Políticas Públicas Cáritas na Prática Cisternas: manifestações para garantir uma conquista popular Em dezembro de 2011, a OSC Articulação do Semiárido (ASA) foi informada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) sobre a suspensão do repasse de verbas para o Programa Um Milhão de Cisternas, que até então já havia instalado 371 mil cisternas construídas por 12 mil pedreiros e pedreiras, em sistema de mutirão comunitário, beneficiando 2 milhões de pessoas, em 1.076 municípios. Mesmo com esses resultados, o Governo anunciou que passaria a implementar o Plano Brasil Sem Miséria e ampliar convênios com os estados e, assim, a ASA foi orientada a negociar com estados e municípios, se quisesse dar continuidade ao projeto. A notícia revoltou a população, que se sentiu excluída pelo Governo Dilma. Manifestações em diversos municípios do semiárido foram realizadas, sendo a maior delas a de Petrolina (PE), que reuniu cerca de 15 mil pessoas de todos os estados do semiárido brasileiro. Os cidadãos também protestaram contra a substituição das cisternas por outras de plástico. A iniciativa foi péssima! Além de o custo ser maior, muitas racharam e se deformaram. Além disso, a assistência técnica e a tecnologia social, oferecida pela ASA e de domínio popular, não estava contemplada com as mudanças oferecidas pelo Governo. A construção das cisternas deixaria de ser um trabalho de envolvimento social, humanitário, de conscientização sobre os direitos da cidadania e até mesmo representava a autoestima do povo, para algo burocrático e sem participação popular. O Governo recuou desta decisão. Mas temos a clareza que isso só aconteceu devido à pressão popular, à mobilização social nas ruas. 43 Políticas Públicas Você Sabia? Os movimentos sociais juntamente com a sociedade piauiense realizam a Campanha em defesa das terras e das águas dos povos do Piauí. A Campanha tem o objetivo de chamar a atenção da população para os prejuízos gerados com os grandes projetos que estão sendo implantados no Piauí, fazendo com que o poder público e os órgãos competentes garantam os direitos das famílias atingidas por meio dessas ações. A campanha visa combater também, a venda de terras e o licenciamento de grandes projetos pelo governo estadual que violem os direitos das populações e degradem o meio ambiente. 44 Gestão de Riscos e Emergências Emergências: o mais puro sentimento de Cáritas No Brasil e no mundo, as consequências dos acontecimentos climáticos de proporções socioambientais devastadoras atingem principalmente, as populações mais pobres. As políticas públicas de proteção e defesa civil são ineficientes e não respondem nem protegem os direitos à vida e ao ambiente seguro. As pesquisas científicas em meteorologia mostram que aumentarão, cada vez mais, as chuvas intensas, provocando inundações, desmoronamentos, destruição de culturas agrícolas e de moradias. Como já acontece na atualidade na região do semiárido, as estiagens serão mais longas e mais frequentes. Isso significa mais dificuldade para a produção de alimentos, diminuição da água doce disponível e mais pessoas desalojadas e desabrigadas. O modelo de gerenciamento de desastres adotado pela Defesa Civil privilegia o resgate, como o ápice do esforço profissional digno de reconhecimento e mérito. A informação de que o motivo dos desastres é o “excesso de chuvas” ou os “fortes vendavais” é assim utilizada para isentar os entes públicos de sua cota de responsabilidade perante os desastres. Em 2012, foi promulgada nova lei (Lei 12.608/12) que redefine o Sistema de Proteção e Defesa Civil, estabelecendo várias obrigações para os municípios no que respeita a ações de prevenção de desastres. A lei não foi, até o momento, regulamentada. O que mostra o descaso do poder público sobre normas e políticas de prevenção, deixando as populações em situações de risco mais vulneráveis ainda. Em contraposição o Congresso aprovou o novo Código Florestal, que retrocede em relação à legislação anterior no que diz respeito aos cuidados imprescindíveis com o meio ambiente. A atuação nas situações de emergência é uma das marcas da história da Cáritas Brasileira. O reconhecimento da sociedade e da Igreja das ações da nossa instituição em momentos em que há pessoas e comunidades atingidas pelas diversas formas de emergência social e por fenômenos da natureza que agravam suas condições de vida, ou mesmo na assistência a populações que vivem em situações de risco, ocasionadas pelo modo precário de sobrevivência. A “política de atuação em situações de emergência” indica a metodologia e a forma e agir. Ligamos a compreensão crítica da realidade sociopolítica, com a reflexão bíblico-teológica e com os princípios e valores que fundamentam a 45 Gestão de Riscos e Emergências missão da Cáritas. Assim, nossas ações dão conta da relação entre emergências e as nossas prioridades. Ou seja, o diálogo com a economia solidária, a segurança alimentar, o controle social, as mobilizações, a sustentabilidade, as realizações dos direitos são o que orientam a política de emergências. Os acontecimentos dos últimos anos (Santa Catarina, 2008; Pernambuco/Alagoas, 2010; Rio de Janeiro, 2011) tiveram a ajuda direta da Cáritas. Campanhas de solidariedade foram promovidas levaram os primeiros socorros às populações atingidas, com a distribuição de alimentos, medicamentos e roupas. Além disso, a Cáritas incentiva a organização popular para a reconstrução das vidas atingidas através dos recursos coletados com a solidariedade da sociedade. Esse momento, na nossa política, é o do trabalho com a consciência social com a necessidade das ações preventivas que procuram transformar as condições de risco em que viviam, evitando ou diminuindo os efeitos dos fenômenos naturais, sempre observando o conjunto dos direitos humanos. No âmbito internacional, destaca-se as ações de solidariedade com o Haiti e a África. Por ação da Cáritas Brasileira, foi possível, no Haiti pós-terremoto, a construção de mais de 100 casas com cisternas, além de um novo ambulatório com capacidade de atendimento para 200 pessoas, a construção de escolas que beneficiam 2.500 alunos e a construção de cozinhas comunitárias com produção de alimentos e criação de pequenos animais e hortifrutigranjeiros. Já para o continente africano, a Cáritas arrecadou R$ 1,3 milhões junto ao povo brasileiro que beneficiou, dentre outras ações, a construção de tanques de água que beneficia 12.360 pessoas, a formação de 96 promotores de saúde e a construção de latrinas para 935 famílias. A Cáritas trabalha com a compreensão de que é preciso garantir os direitos destas populações junto ao Estado. Pode-se, ainda, socorrer, se necessário, e implementar iniciativas diretas de reconstrução, mas sempre acompanhadas por ações de denúncia e de pressão sobre os responsáveis pela garantia dos direitos das pessoas e das comunidades. Desta forma, temos contribuído para uma política de atuação junto às pessoas que sofrem situações de emergência socioambientais, sem deixar de levar em conta o grito profético presente nelas; um grito que exige mudanças estruturais profundas. 46 Gestão de Riscos e Emergências Cáritas na prática Construindo comunidades mais seguras Apoiado pela Cáritas Alemã e executado pelas Regionais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o projeto “Prevenção de Emergências: construindo comunidades mais seguras” visa a implantação de políticas públicas de prevenção de riscos ambientais e situações de emergências. Neste sentido, o projeto se dedica a formar e orientar lideranças locais a respeito de tema ambientais, tais como, mudanças climáticas, prevenção de desastres e direitos socioambientais. Além disso, identifica áreas de risco, atua como mediador entre o poder público e organizações sociais e prevê ações de articulação, mobilização, formação e práticas pedagógicas relacionadas à prevenção de situações de emergências em locais de risco e vulnerabilidade social. Só no Rio Grande do Sul, que sofreu com a estiagem, foram quase 4 mil pessoas beneficiadas, inúmeros seminários e palestras com escolas e comunidades, 4 canoagens ecológicas, 4 pontos de coleta de óleo saturado, vários mutirões de limpeza, 85 nascentes recuperadas e 3 cisternas construídas. O agricultor do município de Maximiliano de Almeida, Vitório Rebicki, falou sobre sua dificuldade em permanecer na agricultura. “Não tinha água perto da minha casa, íamos buscar muito longe e se não fosse a ajuda do projeto eu ia morar na cidade, não tinha mais como permanecer no interior”. O município se destacou pelos inúmeros mutirões comunitários para recuperação de fontes. 47 Gestão de Riscos e Emergências Você Sabia? Que a Cáritas Brasileira atua na prevenção de situações de emergências e no socorro imediato à vítimas. Mais de 100 mil famílias já foram atendidas. Em 2012, foi criado o MONADES Movimento Nacional dos Atingidos pelos Desastres Socioambientais, de atuação nacional com o intuito, de pressionar politicamente, atuando na organização dos atingidos, promovendo o debate com a sociedade e incidindo sobre os espaços de controle social. A Cáritas Regional Espírito Santo realiza o Projeto Depois da Chuva vem a Solidariedade, atendendo a famílias que sofreram com as chuvas no município de Barra de São Francisco. Já foram construídas 32 casas. 48 Formação A formação para a construção de uma Durante dias 12 a 15 depolítica junho de 2012, a Coordenação Regional de Cáritas e Pastoral Social novaoscultura do Secretariado Latino-americano e Caribenho de Cáritas (SELACC) se reuniram no Rio de Janeiro. encontro contou comBrasileira a participação de representantes Cáritasde deseus dez países de todas Desde osO anos 1970, a Cáritas se preocupa com a formação agentes as regiões para acompanhar os trabalhos desenvolvidos a partir seguintes pastorais: para a qualificação de suas ações. São profissionais das áreas do dos serviço social,eixos sociologia, Desenvolvimento Humano Integral e Solidário, Igualdade entre Homens e Mulheres, Meio filosofia, teologia, direito, pedagogia e outras que passaram a integrar equipes de Ambiente e Gestão de Risco, Formação, Espiritualidade e Comunicação. Secretariados Regionais e de algumas Cáritas Diocesanas. No entanto, a formação para a Cáritas é mais que a reunião de várias competências. A partir do legado da Educação Popular, Neste foiprocessos realizada aformativos oficina “Equidade entre Homens Mulheres”. objetivo da coletiva atividade foi nossa encontro, Rede vê nos a oportunidade de trocaede saberes e Oa construção debater o tema como as Cáritas da América Latina e Caribe, além de apresentar o plano de trabalho da de conhecimento para a assistência aos excluídos. equipe, para os próximos anos. A proposta traz alguns objetivos como: promover a apropriação do conceito de igualdade entre homens da e mulheres; promover a integração temática equidadetais noscomo eixos apastorais; O programa de formação Cáritas Brasileira deu unidades da a temas de de formação, análise da promover iniciativas e articulações com a Rede Cáritas e outras organizações sociais, bem como consolidar realidade brasileira, a missão da Igreja frente à realidade social, a metodologia de ação para o trabalhoede fortalecer a Comissão de Regional de Gênero. pastoral social, tal como a ação política com movimentos sociais, além da mística do agente da Cáritas e avaliação e planejamento à luz da fé. Neste contexto, a formação para os direitos humanos anima a Rede Cáritas e coloca-nos como sujeitos de direitos e com condições de construir outra cultura política, baseada na participação popular, na cidadania, na democracia. Deste processo, toda Rede passou por mudanças nas formas de trabalho. Primeiro, verificamos que para destacar a gravidade da situação de desigualdade social, no lugar dos termos “pobre”, “empobrecido” ou “marginalizado”, era preciso a utilizar o termo excluído(a) para designar os diferentes processos de “apartação social” resultantes do nefasto modelo de exploração capitalista. Segundo, para tratar da questão da dominação política, social e econômica no sertão/semiárido brasileiro, passamos a trabalhar com a política de convivência com o semiárido e abandonamos o discurso e a prática de combate à seca. 49 Formação A política de formação funda-se na concepção dialógica da produção saber e na metodologia participativa e emancipadora que favoreça a superação dos diferentes processos e graus de exclusão social, assumindo como temas transversais as questões de gênero, raça/etnia e geração. Atualiza a educação popular, valoriza a tradição pastoral no método ver/julgar/agir, como processo dinâmico, rompe com processos lineares com vistas a consolidar uma educação contextualizada e inspirada, no legado de educadores como Paulo Freire. Ou seja, a formação requer uma metodologia que valorize os vários mecanismos de expressão do povo, que garanta a vivência, a troca de experiências e a ação como método. Esse processo de aprendizagem faz com que nos percebamos como aliados e não como professores e aprendizes. A convivência do saber acumulado com os novos desafios estabelece um processo que nos cria e recria e referencia nossa ação libertadora. A Cáritas faz assistência social, mas não abre mão do protagonismo popular. Por isso, a necessidade da articulação de três tipos de ações sociais: a) A assistência – Caracteriza-se pela ajuda emergencial, para propiciar condições mínimas de sobrevivência digna, afirmando que é o Estado que tem o dever de garantir os mínimos sociais a todas as pessoas. b) A promoção humana – Refere-se ao processo de formação integral no decorrer das práticas sociais que integram questões pessoais e sócio-históricas. c) A organização e o engajamento solidário – Envolve os excluídos e potencializa sua participação nas organizações representativas que assumem lutas populares nos níveis local, estadual e nacional. Numa instituição de tanta história, precisamos conciliar os velhos desafios, com os novos diante das novas conjunturas sociais e políticas. É a criação e recriação de referências para uma ação libertadora, sem nunca se esquecer da reflexão, da construção coletiva e da formação como pilar estruturante. 50 Demonstrativo Financeiro Durante os dias 12 a 15 de junho de 2012, a Coordenação Regional de Cáritas e Pastoral Social Cáritas Brasileira mobilizou eme2012 cerca de milhões de reaisseque foram totalmente doASecretariado Latino-americano Caribenho de40Cáritas (SELACC) reuniram no Rio de aplicados em projetos de desenvolvimento sustentável solidário. Janeiro. O encontro contou com a participação de representantes Cáritas de dez países de todas as regiões para acompanhar os trabalhos desenvolvidos a partir dos seguintes eixos pastorais: Cerca de 36% são de origem em convênios públicos voltados ação de Políticas Públicas; Desenvolvimento Humano Integral e Solidário, Igualdade entrepara Homens e Mulheres, Meio 19% são projetos específicos de recursos nacionais não governamentais como os do Fundo Nacional de Solidariedade da CNBB; Ambiente e Gestão de Risco, Formação, Espiritualidade e Comunicação. 18% são projetos de apoio da Cooperação Internacional; 15% são projetos apoiados por Campanhas Emergenciais específicas, para asituações de desastres, secas; e 11% são provenientes Neste encontro,voltadas foi realizada oficina “Equidade entreinundações, Homens e Mulheres”. O objetivo da atividadedefoidoações e outros aportes eventuais. debater o tema como as Cáritas da América Latina e Caribe, além de apresentar o plano de trabalho da equipe, para os próximos anos. A proposta traz alguns objetivos como: promover a apropriação do conceito de igualdade entre homens e mulheres; promover a integração da temática de equidade nos eixos pastorais; promover iniciativas e articulações com a Rede Cáritas e outras organizações sociais, bem como consolidar e fortalecer a Comissão de Regional de Gênero. Convênios Públicos 11% Acordos Internacionais 15% 36% Cooperação Internacional Campanhas Diversas 18% Outras Receitas 19% 51 Demonstrativo Financeiro Composição das Receitas Executivas no Exercício de 2012 Origem Cooperação Internacional Acordos Nacionais Convênio Público Campanhas Diversas Outras Receitas Valor 11% Total das Receitas 18% 7.256.763,43 7.653.064,19 14.424.193,25 6.107.448,64 Percentual 18,29 19,29 36,35 15,39 4.237.688,35 10,68 39.679.157,86 100% 19% 52 Demonstrativo Financeiro ANEND AUDITORES INDEPENDENTES S/C À D.D. DIRETORIA DA CÁRITAS BRASILEIRA BRASÍLIA – DF CNPJ: 33.654.419/0001-16 RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES Examinamos as demonstrações contábeis da CÁRITAS BRASILEIRA, que compreendem o balanço patrimonial em 31 de dezembro de 2012 e as respectivas demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, assim como resumo das principais práticas contábeis e demais notas explicativas. Responsabilidade da administração sobre as demonstrações contábeis A administração da CÁRITAS BRASILEIRA é responsável pela elaboração e adequada apresentação dessas demonstrações contábeis de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e pelos controles internos que ela determinou como necessário para permitir a elaboração de demonstrações contábeis livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro. 53 Demonstrativo Financeiro Responsabilidade dos auditores independentes Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis com base em nossa auditoria, conduzida de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Essas normas requerem o cumprimento de exigências éticas pelos auditores e que a auditoria seja planejada e executada com o objetivo de obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis estão livres de distorção relevante. Uma auditoria envolve a execução de procedimentos selecionados para obtenção de evidência a respeito dos valores e divulgações apresentados nas demonstrações contábeis. Os procedimentos selecionados dependem do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção relevante nas demonstrações contábeis, independentemente se causada por fraude ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor considera os controles internos relevantes para a elaboração e adequada apresentação das demonstrações contábeis da CÁRITAS BRASILEIRA e para planejar os procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias, mas não para fins de expressar uma opinião sobre a eficácia desses controles internos da CÁRITAS BRASILEIRA. Uma auditoria inclui, também, a avaliação da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião. Opinião Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da CÁRITAS BRASILEIRA em 31 de dezembro de 2012, o desempenho de suas operações e seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. 54 Demonstrativo Financeiro Outros Assuntos De acordo com os nossos testes e avaliações, somos de opinião que além das Práticas Contábeis adotadas no Brasil a entidade atendeu ao contido na Lei 12.101 e ao Decreto Lei 7.237 e tanto no que tange as gratuidades quanto a prestação de serviços de assistência social. Brasília, 05 de abril de 2013. ANEND AUDITORES INDEPENDENTES S/S CRC/RJ - 003550/S-DF 55 Rede Permanente de Solidariedade A Solidariedade que transforma! As borboletas são o símbolo da transformação. Em função do seu processo de transmutação, a lagarta ganha asas e consegue voar para outros caminhos. Com quase 60 anos de história, a Cáritas Brasileira ajuda comunidades a se desenvolverem com autonomia, por meio do trabalho solidário para a promoção e defesa dos direitos humanos. Como as borboletas, temos uma linha transformadora. Para a Cáritas, a solidariedade é o pilar que estrutura todo o processo de transformação social. A solidariedade nos mantém mobilizada e sempre pronta para enfrentar os desafios da superação da pobreza, caminhando para um modelo de desenvolvimento sustentável. Somos uma rede solidária de mais de 10 mil agentes em todo o país, sendo a maioria voluntária. Nos últimos 10 anos, pudemos apoiar mais de 300 mil famílias, contribuindo para a transformação de suas vidas e devolvendo a elas a esperança de vida nova. A Cáritas Brasileira apoia comunidades a se desenvolverem com autonomia, por meio do trabalho solidário, da promoção e da defesa dos direitos humanos. Mas nós só conseguimos realizar o nosso trabalho porque contamos com a parceria de milhares de pessoas que, assim como nós, acreditam que superar a pobreza e construir um mundo mais justo e igualitário é possível. Se você acredita na força da solidariedade, junte-se a nós. 56 Lista das Cáritas no Brasil Entidade Cidade E-mail Telefone Fortaleza Cratéus Crato Iguatu Itapioca Limoeiro do Norte Sobral Tianguá Vitória [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (85) 3388.8716 (88) 3692.3623 (88) 3521.8046 (88) 3581.0340 (88) 3631.0484 (88) 3423.3222 (88) 3611.1149 (88) 3671.2378 (27) 2104.0250 Cáritas Diocesana de C. do Itapemirim Cáritas Diocesana de Colatina Cáritas Diocesana de São Mateus Cáritas Arquidiocesana de São Luís Cáritas Diocesana de Bacabal Cáritas Prelatícia de Balsas Cáritas Diocesana de Brejo Cáritas Diocesana de Caxias C. do Itapemirim Colatina São Mateus São Luís Bacabal Loreto S. Bernardo Caxias [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] zefi[email protected] [email protected] [email protected] (28) 2101.7612 (27) 2102.5016 (27) 3763.1169 (98) 3223.9204 (99) 3621.1280 (99) 8102.5722 (98) 8183.0598 Cáritas Diocesana de Coroatá Cáritas Diocesana de Imperatriz Cáritas Diocesana de Viana Ação Social Arquidiocesana - ASA Cáritas Arquidiocesana de Diamantina Cáritas Arquidiocesana de Mariana Cáritas Arquidiocesana de Montes Claros Coroatá Imperatriz Viana Belo Horizonte Diamantina Mariana Montes Claros [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (98) 9174.8540 (99) 3524.8665 (98) 3664.6736 (31) 3428.8046 (38) 3531.3583 (31) 3557.1237 (38) 3222.9736 Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza Cáritas Diocesana de Cratéus Cáritas Diocesana de Crato Cáritas Diocesana de Iguatu Cáritas Diocesana de Itapioca Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte Cáritas Diocesana de Sobral Pastoral Social da Diocese de Tianguá Cáritas Arquidiocesana de Vitória 57 Lista das Cáritas no Brasil Entidade Cáritas Arquidiocesana de Juiz de Fora Cáritas Diocesana de Almenara Cáritas Diocesana de Araçuaí Cáritas Diocesana de Governador Valadares Cáritas Diocesana de Itabira Cáritas Diocesana de Janaúba Cáritas Diocesana de Januária Cáritas Diocesana de Leopoldina Cáritas Diocesana de Paracau Cáritas Arquidiocesana de Juiz de Fora Cáritas Diocesana de Macapá Cáritas Diocesana de Castanhal Cáritas Metropolitana de Belém Cáritas da Prelazia de Cametá Cáritas da Prelazia de Óbidos Obras Sociais da D. Abaetetuba Obras Sociais da D. de Bragança Obras Sociais da D. de Ponta de Pedras Cáritas Arquidiocesana de Maceió Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios Cáritas Diocesana de Penedo Ação Social Arquidiocesana - ASA Ação Social da Diocese de Patos Ação Social D. Cajazeiras - ASDICA Cidade Juiz de Fora Jequitinhonha Araçuaí Governador Valadares João Molevade Janaúba Januária Leopoldina Paracatu Juiz de Fora Macapá Castanhal Belém Cametá Óbidos Abaetetuba Bragança Ponta de Pedras Maceió Palmeira dos Índios Penedo João Pessoa Patos Cajazeiras E-mail Telefone [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (32) 3226.1089 (33) 3741.1447 (33) 3731.2143 (33) 3276.6220 (31) 3852.6377 (38) 3821.6851 (38) 3621.3102 (32) 3441.2008 (38) 3671.4421 [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (32) 3235.8760 (96) 3222.0426 (91) 3711.3390 (91) 3225.0370 (91) 3781.1157 (93) 3547.1950 (91) 3751.1088 (91) 3425.3855 (91) 3225.1625 (82) 3223.3290 (82) 3421.6796 (82) 3551.2227 (83) 3241.3048 (83) 3421.2250 (83) 3531.1335 [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] 58 Lista das Cáritas no Brasil Entidade Cidade Cáritas Diocesana de Campina Grande Cáritas Diocesana de Guarabira Ação Social da Paróquia de Palmares Cáritas Diocesana de Caruaru Cáritas Diocesana de Garanhuns Cáritas Diocesana de Nazaré da Mata Cáritas Diocesana de Pesqueira Cáritas Arquidiocesana de Natal DTO de Ação Social D. de Mossoró Campina Grande Guarabira Palmares Caruaru Garanhuns Nazaré da Mata Pesqueira Natal Mossoró Departamento Diocesano Social Associação E. C. e FAM. A. da Bahia - AECOFABA Cáritas Arquidiocesana de Feira de Santana Cáritas Arquidiocesana de Vitória da Conquista Cáritas Diocesana de Alagoinhas Cáritas Diocesana de Catité Cáritas Diocesana de Barreiras Cáritas Diocesana de Ilhéus Cáritas Diocesana de Irecê Cáritas Diocesana de Paulo Afonso Cáritas Diocesana de Ruy Barbosa Cáritas Diocesana de Serrinha Cáritas Arquidiocesana de Aracaju Cáritas Diocesana de Estância Cáritas Diocesana de Propriá Caicó Riacho de Santana Feira de Santana Vitória da Conquista Alagoinhas Catité Barreiras Ilhéus Irecê Canudos Ruy Barbosa Serrinha Aracaju Estância Propriá E-mail Telefone [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (83) 3321.4199 (83) 3363.2046 (81) 3661.1505 (81) 3721.8719 (87) 3761.0805 (81) 3633.1009 (87) 3835.2646 (84) 3615.2800 (84) 3314.7255 [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (84) 3421.3632 (77) 3457.5154 (75) 3623.2875 (77) 8802.4957 [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (74) 3641.3422 (77) 9963.1071 (77) 3613.6620 (73) 9961.4257 (75) 3252.2605 (75) 9983.4483 (79) 3522.2138 (77) 3457.5154 59 Lista das Cáritas no Brasil Entidade Cáritas Arquidiocesana de Teresina Cáritas Diocesana de Bom Jesus da Gurgéia Cáritas Diocesana de Campo Maior Cáritas Diocesana de Floriano Cáritas Diocesana de Oieiras Cáritas Diocesana de Picos Cáritas Diocesana de S. Raimundo Nonato Ação Social do Paraná Cáritas Diocesana de Apucarana Cáritas Diocesana de Ponta Grossa Associação de Reflexão e Ação Social de Maringá Cáritas Arquidiocesana de Londrina Cáritas Diocesana de Foz do Iguaçu Cáritas Diocesana de Umuarama Cáritas Arquidiocesana de Cascavel Cáritas Diocesana de S. José dos Pinhais Ação Social Diocesana de Bagé Ação Social da Diocese de Pelotas Ação Social da Dioc. de Santa Clara do Sul Ação Social da Dioc. de Santa Maria Cáritas Diocesana de Cachoeira do Sul Cáritas Diocesana de Caxias do Sul Cáritas Diocesana de Cruz Alta Cáritas Diocesana de Erexim Cidade E-mail Telefone Teresina Bom J. da Gurgéia Campo Maior Floriano Oieiras Picos S. Raimundo Nonato Curitiba Apucarana [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (86) 9972.0911 (89) 3563.1063 (86) 8136.6674 (86) 9981.5387 (89) 3462.1710 (89) 3422.1276 (89) 3582.1476 (41) 3330.6200 (43) 3033.6732 Ponta Grossa Maringá Londrina Foz do Iguaçu Umuarama Cascavel S. José dos Pinhais Bagé [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (42) 3028.2308 (44) 3263.4887 (43) 3338.7252 (45) 3574.5706 (44) 3622.1301 (45) 3222.4313 (41) 3282-1957 (53) 3241.1701 [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (53) 3223.0828 (51) 3715.6971 (53) 3219.4599 Pelotas Rio Pardo Santa Maria Cachoeira do Sul Caxias do Sul Cruz Alta Erexim (54) 3211.5032 (54) 3522-3611 60 Lista das Cáritas no Brasil Entidade Cidade Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo Cáritas Diocesana de Passo Fundo Cáritas Diocesana de Rio Grande Cáritas Diocesana de Santo Ângelo Cáritas Diocesana de Vacaria Secretaria de Ação Social Aq. Porto Alegre Cáritas Diocesana de Uruguaiana Cáritas Diocesana Frederico Westpalen Diocese de Osório Novo Hamburgo Passo Fundo Rio Grande Santo Ângelo Vacaria Porto Alegre Uruguaiana Novo Barreiro Maquine Ação Social de Bagé Ação Social da Diocese de Pelotas Associação Diocesana de Promoção Social Ação Social Arquidiocesana - ASA Ação Social Diocesana - ASDI Cáritas Arquidiocesana de Ribeirão Preto Cáritas Diocesana de Blumenau Cáritas Diocesana de Caçador Bagé Pelotas Joinville Florianópolis Chapecó Ribeirão Preto Blumenau Caçador Cáritas Diocesana de Criciúma Cáritas Diocesana de Lages Cáritas Diocesana de Rio do Sul Cáritas Diocesana de Tubarão Cáritas Arquidiocesana de São Paulo Cáritas Diocesana de Botucatu Cáritas Arquidiocesana de Campinas Criciúma Lages Rio do Sul Tubarão São Paulo Botucatu Campinas E-mail Telefone [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (51) 3035.4678 (54) 3045.1262 (53) 3231.9568 (55) 3313.5263 (54) 3231.1373 (51) 3223.2555 (55) 3412.1246 (55) 9953.7779 (51) 3662.1833 [email protected] [email protected] [email protected] asa@arquifloripa.org.br [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (53) 3241.1701 (53) 3223.0828 (47) 3451.3715 (48) 3224.8776 (49) 3322.3045 (17) 2136.8699 (47) 3237.0037 (49) 3222.4384 [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (47) 3521.2497 (49) 3222.4384 (47) 3521.2497 (48) 3622.1504 (11) 3105.4023 (14) 9786.3131 (19) 3237.2631 61 Lista das Cáritas no Brasil Entidade Cidade Cáritas Diocesana de Amparo Cáritas Diocesana de Sorocaba Cáritas Diocesana de Araçatuba Cáritas Diocesana de Bauru Cáritas Diocesana de Bragança Paulista Cáritas Diocesana de Campo Limpo Cáritas Diocesana de Caraguatatuba Cáritas Diocesana de Catanduva Cáritas Diocesana de Franca Amparo Sorocaba Araçatuba Bauru Itatiba São Paulo Caraguatatuba Catanduva Franca [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (11) 5563.1599 (15 )3234.8158 (18) 3624.3561 (14) 3223.6576 (11) 9989.5846 (11) 5841.3365 (12) 3883.8250 (17) 3521.6501 (16) 3721.6109 Cáritas Diocesana de Guarulhos Cáritas Diocesana de Itapeva Cáritas Diocesana de Jales (Sacra) Cáritas Diocesana de Jundiaí Cáritas Diocesana de Limeira Cáritas Diocesana de Lins Cáritas Diocesana de Marília Cáritas Diocesana de Mogi das Cruzes Guarulhos Itapeva Jales Jundiaí Limeira Lins Marília Mogi das Cruzes [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (11) 2440.5752 (15) 3522.4157 (17) 3632.1370 (17) 3632.1370 (19) 3441.5329 (14) 3522.6892 (14) 3433.9944 (11) 4799.9133 [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (11) 3683.4522 (14) 3322.6733 (11) 5563.1599 (11) 4971.9171 (13) 3222.5824 Cáritas Diocesana de Osasco Cáritas Diocesana de Ourinhos Cáritas Diocesana de Santo Amaro Cáritas Diocesana de Santo André Cáritas Arquidiocesana de Santos Cáritas Diocesana de São Carlos Cáritas Diocesana de São José do Rio Preto Osasco Ourinhos São Paulo Santo André Santos São Carlos São José do Rio Preto E-mail Telefone (17) 2136.8699 62 Lista das Cáritas no Brasil Entidade Cidade E-mail Telefone São José dos Campos Taubaté Piracicaba Brasília Goiás Tocantins Duque de Caxias Rio de Janeiro Nova Friburgo [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (11) 3905.5101 (12) 3632.2855 (19) 3426.5727 (61) 3321.1762 (62) 3373.1979 (63) 8475-2250 (21) 2652-1518 (21) 2240-2819 (21) 2521.1203 Cáritas Diocesana de Nova Iguaçu Cáritas Diocesana de Valença Cáritas Diocesana de Jales (Sacra) Cáritas Diocesana de Jundiaí Cáritas Arquidiocesana de Cuiabá Cáritas Diocesana de Juína Cáritas Diocesana de Rondonópolis Cáritas Diocesana de Sinop Nova Iguaçu Valença Jales Jundiaí Cuiabá Juína Rondonópolis Sinop [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (21) 2767.7677 (24) 2453.3996 (17) 3632.1370 (11) 4583.7472 [email protected] [email protected] [email protected] (66) 3566.1011 (66) 3426.1001 (66) 3531.5201 Cáritas Diocesana de Dourados Cáritas Arquidiocesana de Manaus Cáritas Diocesana de Tefé Cáritas Diocesana de Cruzeiro do Sul Cáritas Diocesana de Rio Branco Cáritas Arquidiocesana de Porto Velho Cáritas Diocesana de Ji-Paraná Cáritas Guajará-Mirim Dourados Manaus Tefé Cruzeiro do Sul Rio Branco Porto Velho Ji-Paraná Guajará-Mirim [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] (67) 9632.3807 (92) 3212.9030 (97) 3343.2775 (68) 3342.1145 (68) 8408.4998 (69) 3224.5750 (69) 3422.3507 (69) 3541.2275 Cáritas Diocesana de São José dos Campos Cáritas Diocesana de Taubaté Pastoral do Serviço da C. Piracicaba Cáritas Arquidiocesana de Brasília Cáritas Diocesana de Goiás Ação Social Diocesana Porto Nacional Ação Social Diocesana Paulo VI Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro Cáritas Diocesana de Nova Friburgo 63 Lista das Cáritas no Brasil Endereços dos regionais CB-SECRETARIADO NACIONAL MARIA CRISTINA DOS ANJOS [email protected] | [email protected] SGAN 601 - MÓDULO “F”, s/nº 70830-010 - BRASÍLIA/DF Telefone: (61) 3521-0350 - Fax: (61) 3521-0377 Celular: (61) 9217-9740/8134-1001 CNPJ: 33.654.419/0001-16 CB-REGIONAL NORDESTE III CLEUSA ALVES DA SILVA [email protected] [email protected] Rua Emilia Couto, 270 - Brotas 40285-030 - SALVADOR/BA Telefone: (71) 3357-1667/3356-8013 Celular: (71) 8643-5148 / 9653-1031 CNPJ: 33.654.419/0002-05 CB-REGIONAL CEARÁ MARIA GLÓRIA CARVALHO [email protected] Rua Rufino de Alencar, 80 – Centro. 60060-620 - FORTALEZA/CE Telefone: (85) 3253-6998 Celular: (85) 9620.5995/9620.5999 CNPJ: 33.654.419/0005-40 CB-REGIONAL PIAUÍ MARIA HORTÊNCIA MENDES DE SOUSA [email protected]; [email protected] [email protected] Rua Agnelo Pereira da Silva, 3135 - São João 64045-260 - TERESINA/PI Telefax: (86) 3233-6302 Celular: (86) 8802-5479 CNPJ: 33.654.419/0007-01 CB-REGIONAL NORDESTE II Pe. JANDEILSON ALENCAR [email protected] [email protected] Rua Monte Castelo, 176 - Boa Vista 50050-310 - RECIFE/PE Telefone: (81) 3231-4923/3435/3532 Celular: (81) 9913-5256 CNPJ: 33.654.419/0011-98 CB-REGIONAL NORTE SOLANGE VILHENA FERREIRA [email protected]; [email protected] Trav. Barão do Triunfo, 3151 – MARCO 66093-050 - BELÉM/PA Telefone: (91) 3226-9273 - (91) 8178-0042 Solange: (91) 9112-7702 CNPJ: 33.654.419/0003-88 CB-REGIONAL SÃO PAULO JOÃO SÉRGIO DA SILVA [email protected] [email protected] Av. Thomaz Edison, 355 - Barra Funda 01140-000 - SÃO PAULO/SP Telefone: (11) 3392-5911 Celular: (11) 99113-6032 CNPJ: 33.654.419/0009-73 CB-REGIONAL MINAS GERAIS VALQUÍRIA ALVES SMITH LIMA [email protected] [email protected] Rua Fornaciari, 129 - Caiçara 30770-010 - BELO HORIZONTE/MG Telefax: (31) 3412-8743 Celular: (31) 9922-9898/(81)9607-1186/(31) 8423-1623 CNPJ: 33.654.419/0008-92 CB-REGIONAL RS MARINÊS BESSON [email protected] [email protected] Rua Cel André Belo 452 – 3º andar Menino Deus 90110-020 - PORTO ALEGRE/RS Telefone: (51) 3272-1700 Celular: (51) 9612-5466 CNPJ: 33.654.419/0010-07 64 Lista das Cáritas no Brasil Endereços dos regionais CB-REGIONAL PARANÁ AMAURI ANTÔNIO MOSSMANN [email protected]; [email protected] Rua Manuel Eufrásio - 78 Bairro Juvevê 80030-440 - CURITIBA/PR Telefone: (41) 3023-9907 - (41) 9692-6519 CNPJ 33.654.419/0014-30 CB-REGIONAL DE SANTA CATARINA Pe. ROQUE ADEMIR FAVARIN [email protected] Rua Dep. Antônio Edu Vieira, 1524 – Pantanal 88040-001 - FLORIANÓPOLIS/SC Telefone: (48) 3234-7033/ (48) 3207-7033/ Pe.Roque (48) 9137-1030 CNPJ: 33.654.419/0012-79 CB-REGIONAL MARANHÃO RICARTE ALMEIDA SANTOS [email protected] [email protected] Rua do Alecrim, 343 – Centro 65010-040 - SÃO LUÍS/MA Telefone: (98) 3221-2216/3221-2412 Celular: (98) 9112-2872 CNPJ: 33.654.419/0004-69 CÁRITAS ARQUIDIOCESANA DE MANAUS Pe. IZAIAS JUNIOR DE ANDRADE [email protected] v. Joaquim Nabuco 1023 - Centro 69020-030 - MANAUS/AM Telefone: (92) 3212-9030 Fax: (92) 3234-9031 Celular: (92) 8816-1865/8414-8610 CNPJ: 33.654.419/0013-50 CB- REGIONAL ESPÍRITO SANTO ELIZABETH REGINA LOPES [email protected] [email protected] [email protected] Rua Abílio dos Santos, 47 - Centro 29015-620 - VITÓRIA/ES Fone: (27) 3222-0824 - Fax: 3222-0824 (27) 9801-8973 (institucional) (27) 3326-3933 - 9266-3356 (pessoal) / (27) 9801-8973(Beth) CNPJ: 33.654.419/0001-16 65