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Tel. e FAX (021)2567‐5118 ‐38727361 ‐ CPNJ 29365293/0001‐92 E‐mail [email protected] ‐ Site: www.adcefetrj.org.br Haiti, um ano de terremoto
Torna-se imperativa a organização social e a solidariedade real, desinteressada, em especial
dos governos da América Latina.
Crianças confinadas em albergues veem o sonho da educação como algo cada vez mais
distante. Homens e mulheres tentam ganhar a vida em meio a escombros. Com baldes na
cabeça, em busca da cada vez mas escassa água potável, ou com carrinho de mão,
perambulam sem esperança. Esse é um dos retratos do Haiti um ano após o devastador
terremoto que deixou mais de 250 mil mortos e 1,5 milhão de desabrigados.
Quem aterriza na terra de Toussaint Louverture tem a impressão de que Porto Príncipe
nunca deixou de tremer. Afirmar que desde a tragédia nada mudou seria exagerar no
otimismo. De lá para cá, a intervenção estrangeira – antes limitada à atuação das tropas da
Minustah, que está no país desde 2004 – se incrementou. Imediatamente após o terremoto,
o governo dos EUA enviou pelo menos dez mil soldados ao país. O direito à
autodeterminação no Haiti não existe. A miséria e a fome, que já eram parte do cotidiano,
também aumentaram.
As Nações Unidas admitem que um ano após o terremoto ainda há mais de 800 mil
desalojados vivendo em condições miseráveis. A violência sexual contra mulheres e crianças
nos acampamentos também é parte do drama. A epidemia de cólera, que desde outubro do
ano passado já cobrou a vida de quase 3,8 mil pessoas e afetou mais de 181 mil haitianos,
segundo o Ministério de Saúde do Haiti, ainda tem origem desconhecida. Haitianos
responsabilizam as tropas da Minustah por usar o rio Artibonité, fonte de água para a
população, como latrina. As fossas comuns abertas para enterrar as vítimas do terremoto
agora dão lugar às vítimas da cólera.
O mundo e a América Latina, em especial, não apenas mantêm, como ampliam, sua dívida
com o Haiti. Apesar das acertadas críticas ao oportunismo estadunidense e europeu, que
veem na tragédia uma porta aberta para a neocolonização da ilha caribenha, pouco foi feito
pelos hermanos para ajudar a reconstruir esse país de maneira sustentável.
Não fosse a atuação de duas brigadas internacionalistas da América Latina – a de médicos
cubanos e da Via Campesina –, a atuação dos países da região e do bloco da Alba,
particularmente, seria, no mínimo, vergonhosa. Pelo menos 1,2 mil médicos cubanos
atuam em 40 centros de saúde em todo o país e já trataram de mais de 30 mil pessoas
doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve atua na
prevenção à doença, percorrendo casa por casa, com folhetos na mão, explicando métodos
básicos de higiene para evitar a propagação ainda maior da epidemia. São o maior
contingente estrangeiro no país, dedicado a salvar vidas.
Um pequeno grupo de brasileiros da brigada Dessalines da Via Campesina – que também
Att., Prof°.Julio Vaz - Diretoria da Gestão 2009/2010
Tel. e FAX (021)2567‐5118 ‐38727361 Tel. e FAX (021)2567‐5118 ‐38727361 ‐ CPNJ 29365293/0001‐92 E‐mail [email protected] ‐ Site: www.adcefetrj.org.br chegou ao Haiti meses antes do terremoto – trabalha sem descanso na instalação de
cisternas para captar água da chuva e, assim, amenizar a crise de acesso à água potável. Pelo
menos 1,2 mil cisternas já foram construídas, em trabalho conjunto com as comunidades
haitianas. A produção de sementes para o plantio de alimentos e a organização de famílias
camponesas é parte do trabalho dessa brigada.
A comunidade internacional, inicialmente abalada pela tragédia, prometeu 5,3 bilhões de
dólares para a reconstrução das zonas afetadas pelo terremoto. De acordo com o Banco
Mundial, apenas 1,2 bilhão de dólares foi entregue. O cenário poderia ser diferente caso a
cooperação financeira internacional fosse maior? Talvez. Organizações sociais haitianas afi
rmam que sem um governo autônomo capaz de gerenciar os recursos em favor da
reconstrução do país e do bem-estar de sua população, qualquer iniciativa financeira corre o
risco de permanecer tal como a atual: entregue à organizações não governamentais,
nacionais e estrangeiras, e à corrupção institucionalizada.
Tal crise de institucionalidade, refletida durante as controvertidas eleições realizadas em
novembro, tende a se agravar ainda mais. O mandato do presidente haitiano René Préval
termina no dia 7 de fevereiro, e o segundo turno das eleições ainda não puderam ser
realizados. Uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) encarregada de
verifi car as acusações de fraude eleitoral poderá indicar que o candidato governista, Jude
Celestin, fi que fora da disputa eleitoral no segundo turno. Se isso ocorrer, as eleições serão
disputadas pela ex-primeira dama Mirlande Manigat e pelo cantor Michel “Sweet Micky”
Martelly, em primeiro e segundo lugar na contagem dos votos, de acordo com a OEA.
A indicação da OEA não deixa de surpreender. Não foi casual a decisão do governo
haitiano de deixar fora da disputa eleitoral o partido do ex-presidente Jean-Bertrand
Aristide, o Familia Lavalas – um dos mais populares no país – e outros 14 partidos. Está em
jogo a promessa de que pelo menos dez bilhões de dólares possam ser investidos em
contratos para a reconstrução. Para isso, investidores interessados em transformar o Haiti
em uma gigantesca maquiladora, com mão de obra semiescrava, necessitam que o novo
presidente esteja alinhado a esses interesses, independentemente das necessidades da
população haitiana.
Diante desse cenário, torna-se imperativa a organização social e a solidariedade real,
desinteressada, em especial dos governos da América Latina.
FONTE: Brasil de Fato
Att., Prof°.Julio Vaz - Diretoria da Gestão 2009/2010
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