ilhabela - Revista Náutica

Transcrição

ilhabela - Revista Náutica
são paulo
rio de janeiro
minas gerais
espírito santo
ilha anchieta
A Alcatraz de Ubatuba
edição nº 5 | junho 2014 | R$ 12,00
As 12 melhores
coisAs de
ilhAbelA
ou uma dúzia de motivos que
tornam a ilha mais bonita de São
Paulo ainda mais gostosa
Xi, não pega...
Tudo o que você
precisa saber sobre
baterias, para não
ficar a ver navios...
prancha
de pesca
Um stand up paddle
para quem gostar de
remar e pescar
pra que isso?
As tralhas inúteis
mais comuns a bordo
dos barcos e como
elas atrapalham
Índice
NESTA EDIÇÃO...
POR JORGE DE SOUZA
aMPro4
POR JORGE DE SOUZA
A ALCATRAZ
DE UBATUBA
FOTO TONY FLEURY
ainda vive das lembranças do tempo em que era um
U m a d ú z i a d e ( ó t i m o s ) m o t ivo s q u e d e i x a m a m a i s b on it a i l h a do l itora l p au l i st a a i n d a m a i s l i n d a
famigerado presídio, cuja história terminou em tragédia
32
NÁUTICA SUDESTE
pág. 16
UÉ, NÃO PEGA...
1
BATERIAS
Sem elas, nenhum barco a motor vai a lugar algum.
Mas poucos donos de lanchas dão a devida importância a este
equipamento tão fundamental quanto o próprio motor
V
ocê já deve ter vivido isso. Planeja o passeio, convoca a família, convida os amigos, liga para a
marina mandando colocar a lancha na
água e, lá chegando, liga a chave, aciona a partida e... nada. O motor mal se
move. Pronto! Lá se foi o passeio. E por
causa da bateria, que está descarregada.
Para evitar isso, há alguns cuidados a serem tomados, mas o primeiro de todos
é saber se a bateria está dimensionada
para a carga necessária a bordo.
Dimensionar as baterias de um
barco é algo que exige certa habilidade com números, mas não chega a ser
complicado. Mas, antes de mais nada,
é preciso compreender como se mede
a carga de uma bateria, o que é dado
em Ah ou “ampères-hora” e que, ao
contrário do que muita gente imagina,
não significa ampères “por” hora. Esta
medida apenas indica a corrente elétrica constante liberada durante um período de 20 horas, antes de a bateria ficar
74
sem carga. Para saber de quanto é essa
corrente, basta dividir o número de Ah
por 20. Assim sendo, uma bateria de
100 Ah, por exemplo, proporciona 5 A
durante 20 horas, entendeu?
Com base nisso, defina quantos
aparelhos elétricos e eletrônicos terão de
ser alimentados pela bateria e se a rede
de energia a bordo é de 110 V e 12 V (por
meio do uso de um inversor) ou apenas
12 V. Em seguida, faça uma lista de todos os aparelhos a bordo e verifique qual
a potência de cada um (para aparelhos
de 110 V) ou o consumo em ampères
(para aparelhos de 12 V).
Vamos supor que você queira instalar um forno de micro-ondas (cuja potência é de 1 300 W), uma tv (200 W), duas
bombas de porão (5 A cada), uma bomba de água doce (6 A), luzes de fundeio
(1 A) e um gps de 5 polegadas com sonda
(1A). Nesse caso, você deve transformar
em ampères todas as medidas e somar.
Para fazer essa conversão, divida o valor
Baterias do tipo chumbo-ácido têm uma taxa
natural de autodescarga mensal que vai de 1%
nas melhores marcas (feitas com ligas de PbCa/
chumbo-cálcio ou PbCaAg/chumbo-cálcio prata)
a 10 % nas mais comuns (liga de PbSb/chumboantimônio). Mas outros fatores também aceleram
a autodescarga, como temperatura ambiente
elevada, alta umidade e tempo de uso da bateria.
Por isso, mesmo que não pretenda sair com o
barco, ligue (ou peça para alguém da marina ligar)
o motor pelo menos uma vez por semana, a fim de
repor essa perda natural de energia de toda bateria.
2
3
4
Aguardar um tempo entre
uma tentativa e outra de partida
indicado em Watts por 12. No caso da tv,
por exemplo, 200 W ÷ 12 = 16,7 A. Faça,
então, uma estimativa de quanto tempo
utilizará cada aparelho por dia e multiplique esse tempo pela potência do aparelho. Para a tv, três horas por dia estão de
bom tamanho. Para o micro-ondas, calcule no máximo meia hora. Gps com
sonda, cerca de oito horas. Luzes de fundeio, outras oito horas/dia. E assim por
diante. No caso da tv, a conta seria 16,7 A
x 3 horas, o que dá 50 A/dia. O micro-ondas, 55 A/dia. O gps com sonda, 8 A/dia.
Pronto: é só somar tudo e obter o consumo diário estimado para a sua lancha.
Por fim, para ter uma margem de segurança de dois dias sem ter de recarregar as baterias, multiplique o consumo
total por dois (para veleiros, o ideal é multiplicar por duas vezes e meia). Assim, se
o consumo diário foi de aproximadamente 140 A, a capacidade das baterias deve
ser de 280 Ah (ampère-hora). Como não
existe uma bateria com tanta energia, é
Você e seu barco
O consumo médio de energia dos
equipamentos mais frequentes em um barco
Ligar ou mandar ligar o motor pelo
menos uma vez por semana
TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE
Por duas razões básicas: a primeira é que a
energia elétrica da bateria vem de uma reação
química. Portanto, deixá-la “repousar” entre uma
tentativa e outra permite que essa reação se
complete, “acumulando” assim energia suficiente
para a próxima tentativa. E a segunda razão é
evitar superaquecimento do motor de arranque.
Só usar baterias do tipo “náutico”
Há algumas características importantes que as
baterias para uso náutico têm que as comuns,
de automóveis, costumam não apresentar, como
capacidade de operar inclinadas, maior resistência a
temperaturas elevadas, maior controle da emissão
de gases nocivos, maior resistência mecânica da
estrutura, menor taxa de autodescarga e maior
vida em ciclos de carga-descarga.
Ampères Horas Ampères/
uso
dia
Luz da âncora
0,80
Guindaste da âncora
150,00
Piloto automático
0,70
12h00
9,60
0h12
30,00
8h00
5,60
Exaustor do porão
6,50
0h12
1,30
2 ventiladores na cabine
0,20
48h00
9,60
3 lâmpadas fluorescentes p/ a cabine
0,70
12h00
1 lâmpada incandescente p/ a cabine
1 lâmpada p/ mesa de navegação (10 W)
2,10
1h00
8,40
0h30
0,40
0,10
8h00
0,80
6,00
0h30
3,00
Sonda de profundidade
0,20
8h00
Indicador de combustível
0,30
24h00
7,20
GPS
0,50
8h00
4,00
Inversor
1,60
0,20
2h00
0,40
100,00
0h06
10,00
Bomba de porão
15,00
0h06
1,50
Bomba de água doce
6,00
0h02
0,20
Forno de micro-ondas (600 W)
Bomba do tanque de esgoto
2,00
Radar
4,00
3h00
4h00
4h00
3,20
5,00
12h00
60,00
2,50
8h00
20,00
0,80
8h00
1,00
Televisão (13 polegadas)
Hodômetro
2h00
3,50
2h00
0,10
8h00
0h12
S
im, é um filme. Faça o teste: abra os paióis do seu
barco e coloque tudo o que há neles para fora.
Depois, espalhe tudo no convés e responda: será
que você precisa mesmo levar tudo isso a bordo
quando sai para um simples passeio? Será que irá mesmo precisar de tantas mangueiras, galões e ferramentas
ou apenas uma ou outra coisa já daria conta de eventuais
problemas? Acumular coisas inúteis a bordo (as chamadas “tralhas”) é um hábito que 99% dos donos de barcos
cultivam. Mas não deveriam, porque qualquer coisa pesa
e peso é algo crucial no desempenho de qualquer barco
— seja ele a vela ou a motor. É bem provável que você
mesmo esteja levando uma série de quinquilharias e inutilidades náuticas a bordo, com a mínima chance de vir
a precisar de alguma delas — se é que se lembrará delas,
caso seja preciso.
Peso rouba muito desempenho. Só para ter uma
ideia, numa lancha de 26 pés, 100 quilos extras a bordo
(coisa fácil de juntar quando há espaço para guardar coisas a bordo) representam uma queda de cerca de 10%
no desempenho e elevam o consumo em outros 5%. E a
grande maioria dos barcos de médio porte carrega bem
mais do que isso na forma de tranqueiras que jamais serão usadas e que ficam esquecidas nos armários da cabine e paióis do convés. Outra consequência do acúmulo
de coisas a bordo é o aumento no risco de incidentes, especialmente se o porão do casco também for usado como
depósito, o que jamais deveria ocorrer, por sinal. Qualquer coisa que deslize pode romper a fiação ou impedir
o funcionamento do motor. Sem falar que peso excessivo
compromete a estabilidade de qualquer barco.
0,10
0,80
Geladeira
Luz de navegação
Luz de navegação tricolor
PRA QUE TUDO ISSO?
Juntar tralhas a bordo é um hábito de todo dono de barco. Mas isso pode custar caro
16,00
2 lâmpadas halogênicas p/ leitura
Toca-fitas
EM PÉ OU
SENTADO
Na F-Men, que é
bem mais larga do
que as pranchas
convencionais,
é até possível
remar sentado,
mas o objetivo
da cadeirinha é
apenas aumentar
o conforto
durante a espera
pelos peixes
2,10
0,80
Iluminação da bússola
Iluminação do convés
SUP PARA PESCAR
6,40
2,00
Os pescadores acabam de ganhar mais uma opção
para pescar: esta nova prancha inflável de stand up
7,00
0,80
Ao recarregar a bateria,
faça isso bem lentamente
SSB (receptor)
30,00
SSB (transmissor)
30,00
0h12
6,00
A corrente elétrica máxima para recarregar uma
bateria é de 10% do valor de sua capacidade. Exemplo:
uma bateria de 100Ah deve receber, no máximo, 10Ah.
Correntes maiores que isso geram superaquecimento,
o que causa danos permanentes. E baterias
armazenadas por muito tempo devem ser carregadas
com correntes ainda menores, perto de 5%.
Videocassete
2,00
2h00
4,00
2,50
VHF (receptor)
0,50
4h00
2,00
VHF (transmissor)
5,00
0h12
1,00
Indicador de vento
0,10
8h00
0,80
DVD
1,10
4h00
4,40
NÁUTICA SUDESTE
NÁUTICA SUDESTE
S
75
pág. 74
Por que é legal?
É bem mais larga
É inflável, mas rígida
Tem três câmaras de ar
Cabe no porta-malas
n Tem acessórios específicos
n Não molha o pescador
n Custa menos que um barquinho
n
n
n
pág. 69
n
e depender apenas da
criatividade dos fabricantes
e usuários de pranchas a
remo, a onda do stand up paddle
(ou apenas “sup”) só tende a
aumentar. Nascidas originalmente
apenas para remar e, em seguida,
ampliadas para surfar (usando,
neste caso, o remo como uma
espécie de “leme” potencializador
de manobras), as grandes
pranchas que logo viraram moda
no mundo inteiro não param de
ganhar novos usos e modelos - já
são usadas para até para fazer ioga
sobre a água!
A mais recente novidade é
esta prancha, a F-Men, da marca
carioca Kaneca, que foi criada
para atender aos pescadores -
sim, um sup para pesca, o que
até então não existia. Ela é inflável
(leva menos de três minutos para
encher, com a bomba manual
que acompanha a prancha),
pesa apenas 14 quilos, quando
vazia cabe no porta-malas de
qualquer carro, é feita com duas
camadas de PVC, que aumentam
a resistência e rigidez, tem três
câmaras de ar em vez de apenas
uma, como nas pranchas infláveis
convencionais, e é bem mais larga
do que demais (tem 40 polegadas
de largura contra pouco mais
de 30 da maioria), justamente
para aumentar o espaço e a
estabilidade para o pescador,
que nem sempre está a fim de se
molhar. Aliás, segundo o fabricante
NÁUTICA SUL
78
Portanto, a regra é, de tempos em tempos, fazer o que
o primeiro parágrafo deste texto sugere (botar tudo pra
fora e fazer um pente fino) e, dali em diante, passar a perguntar a si mesmo qual a real utilidade de qualquer coisa
que entrar a bordo e nele ficar. Afinal, pra que levar três
latas de óleo se uma só já basta para completar o nível do
motor, no caso de um (improvável, por sinal) vazamento
durante um passeio? Pense nisso. E em muitas outras coisas também.
A tralha mais frequente
O que geralmente vai a bordo,
sem a menor necessidade
O QUÊ?
E PRA QUÊ?
MUITOS LIVROS
Não basta aquele que você
está lendo?
MUITAS PANELAS
Não bastariam duas ou três
delas?
TODAS AS FERRAMENTAS
Uma caixa já dá conta do
recado
CAPA DO BARCO
Você pretende cobri-lo
durante o passeio?
LOUÇAS DE PORCELANA
Vidro pesa bem mais que
plástico. E quebra
MUITAS PEÇAS
De que adianta, se não há
como trocá-las?
ROLOS DE CABOS
Um a mais é mais do que
suficiente
VERSÃO ELETRÔNICA
gRÁTIS!
69
Acesse www.
nautica.com.br/
nauticasudeste
e baixe, de graça, esta edição
de NÁUTICA
SUdeSTe
MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO
SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO
300
CLASSIFICADOS
EDIÇÃO Nº 1 | OUTUBRO 2013 | R$ 12,00
são paulo
rio de janeiro
minas gerais
espírito santo
SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO
300
CLASSIFICADOS
são paulo
rio de janeiro
minas gerais
espírito santo
PARA VOCÊ COMPRAR
UM BARCO USADO
para você comprar
um barco usado
EDIÇÃO Nº 3 | FEVEREIRO 2014 | R$ 12,00
NAZARÉ PAULISTA
A represa que é uma surpresa
edição nº 4 | abril 2014 | r$ 12,00
NOVA
REVISTA
A Alcatraz de Ubatuba
EDIÇÃO Nº 5 | JUNHO 2014 | R$ 12,00
As 12 Melhores
CoisAs de
ilhAbelA
R
io TieTê
DÁ PRA CRER?
Quanto mais se afasta de São Paulo, mais o rio mais mal falado do país surpreende
As dúvidas que
todo pescador iniciante
sempre tem
O REI
DO ANZOL
O que o mais
famoso pescador de
mar tem a ensinar
CHURRASCO
NO BARCO
As dicas para
o seu passeio ficar
ainda mais gostoso
SÃO PAULO
BOAT SHOW
2013
Os barcos que você
não pode perder
Edição 1
XI, NÃO PEGA...
São Sebastião
O endereço certo do verão
CARRETILHA
OU MOLINETE?
Tudo o que você
precisa saber sobre
baterias, para não
ficar a ver navios...
Ilhas e PraIas
de
Ou uma dúzia de motivos que
tornam a ilha mais bonita de São
Paulo ainda mais gostosa
PRANCHA
DE PESCA
Um stand up paddle
para quem gostar de
remar e pescar
PRA QUE ISSO?
As tralhas inúteis
mais comuns a bordo
dos barcos e como
elas atrapalham
VICE-PRESIDEnTE
Denise Godoy
um rotEiro PElo
rio tiEtê
E + Piçinguaba, Litoral
Norte de SP
AVARÉ
A represa de
que todo mundo
gosta
O que fazer
para se
proteger bem
REDAÇÃO E ADmInISTRAÇÃO
Av. brigadeiro Faria lima, 3 064, 10o andar, CEP 01451-000,
São Paulo, SP. Tel. 11/2186-1000
DIRETORA DE mERCADO náuTICO
mariangela bontempo [email protected]
COlAbORARAm nESTA EDIÇÃO: Haroldo J. Rodrigues (arte),
Aldo macedo (imagens), maitê Ribeiro (revisão)
Os lançamentos
do São Paulo
Boat Show
SOL DE VERÃO
Edição 2
DIRETOR COmERCIAl
Afonso Palomares [email protected]
DIRETOR DE REDAÇÃO
Jorge de Souza [email protected]
NOVOS BARCOS
PESCA DE PRAIA
11 dicas para
se dar bem com
os peixes areia
ilhas E Praias
dE são sEbastião
E + Represa
de Avaré
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Náutica SudeSte
250
classificados
edição nº 2 | dezembro 2013 | r$ 12,00
ILHA ANCHIETA
PRESIDEnTE E EDITOR
Ernani Paciornik
6
27/05/14 18:02
BAIXE TAMBÉM AS EDIÇÕES ANTERIORES DE gRAÇA
PARA VOCÊ COMPRAR
UM BARCO USADO
RIO DE JANEIRO
pág. 78
NÁUTICA SUDESTE
78 Tralhas_REV OK.indd 78
SÃO PAULO
33
pág. 32
Farol
QUANTO CADA
COISA CONSOME
4 dicas para não ficar
sem bateria na hora agá
NÁUTICA SUDESTE
17
NÁUTICA SUDESTE
Você e seu barco
NÁUTICA SUDESTE
FOTOS DIVULGAÇÃO
16
ILHABELA
MELHORES COISAS DE
Mesmo com lindas praias e muito verde, a Ilha Anchieta
FOTO JORGE DE SOUZA
PRESA AO
PASSADO
A Ilha Anchieta,
coladinha ao
continente, e as
ruínas do presídio
que existia na ilha:
um passeio que
contempla história
e natureza
ExECuTIVOS DE COnTAS
Eduardo Santoro [email protected]
Eduardo Saad [email protected]
Glauce Gonçalez [email protected]
A PrAiA dos B
Em AngrA, ninguEm
rEsistE A tEntAcAo
dA PrAiA do dEntistA
COMO COMBATER
O ENJÔO
Tudo o que você pode
fazer para (tentar)
não enjoar no mar
Edição 3
VELA PARA
CRIANÇAS
As escolas do Rio
e de São Paulo que
ensinam a velejar
rcos
E MAIS...
As outras praias
ainda mais
bonitas de
ANGRA DOS REIS
os agitos da Praia
do dEntista
E + Outras praias e ilhas
de Angra dos Reis
Nas Águas de
Paraty
DO ASFALTO
PARA A ÁGUA
Os passeios turísticos
em ônibus-anfíbios são
a nova onda no Rio
NÃO FAÇA
ONDA!
Você sabe o que
uma simples marola
é capaz de fazer?
RIO BOAT SHOW
18 bons motivos
para você ir
ao salão
Edição 4
na águas dE Paraty
E + Represa
de Nazaré
Paulista
Guilherme Rabelo [email protected]
leide Ortega [email protected]
PARA AnunCIAR
[email protected] Tel. 11/2186-1022
NÁuTica SudeSTe é uma publicação da G.R. um Editora ltda.
— ISSn 1413-1412. Abril 2014. Jorn. resp: Denise Godoy (mTb
14037). Os artigos assinados não representam necessariamente
a opinião da revista. Direitos reservados.
FOTOS DE CAPA marcio Dufranc e Tony Fleury
CTP, Impressão e Acabamento — IbEP Gráfica
Aconteceu...
Fabricantes e expositores já confirmaram
presença no grande salão paulista deste ano
FOTOS MOZART LATORRE
cOQueteL de
LaNÇaMeNtO
SÃO PauLO
BOat SHOW 2014
ApresentAndo
novidAdes
Ao lado, Ernani
Paciornik,
organizador do
salão, apresenta
as novidades
para este ano.
Abaixo, Bill Gress,
presidente da
Mercury para a
América do sul
O local será o mesmo dos anos
“anteriores:
o Transamérica Expo Center
escolhA com
Atenção
A escolha da
localização
dos estandes é
um momento
importante. Ao
centro, Chico Fragoso
e Rodrigo Chies,
da Sailing. Ao lado,
Marcio Schaefer com
Lenilson Bezerra,
da Associação dos
Fabricantes
Quem vier de outras regiões,
“agências
terá pacotes especiais das
de viagens para o salão
“
Este ano, o salão de São Paulo
acontecerá entre os dias 25 e 30 de setembro
estAleiros
representAdos
Acima, as equipes
da Mestra e Ventura.
À esquerda, Eduardo
Colunna, da Colunna,
com Paulo Thadeu,
da Real, e Antonio
Galízio, da Intech.
À direita, Edward
Moraes, da Phoenix,
escolhe o local
do seu estande
8
Náutica SudeSte
sorteio de
prêmios
A empresa aérea
Swiss, que está
apoiando o
São Paulo Boat
Show este ano,
sorteou prêmios
entre todos os
participantes — que
não foram poucos.
Ao lado, uma das
contempladas
Náutica SudeSte
9
Aconteceu...
PRESTIGE, muito além
do que se pode imaginar.
FeiRa
aVeNtuRa
Náutica
FOTOS DIVULGAÇÃO
Para mostrar a linha Ventura
Marine, a concessionária
Aventura Náutica promoveu um
mês inteiro de feira, em Bertioga
“
Além de conhecer os
barcos, os visitantes também
puderam testá-los na hora
FeirA QUAse
permAnente
Quase toda a linha
Ventura foi exposta na
feira, que se estendeu
por todos os fins de
semana de maio.
A iniciativa foi dos
sócios da Aventura
Náutica, Rubens
Espallargas e Celso
Ortolan (ao lado)
aconteceu na Marina Capital, uma
“ dasA feira
melhores do litoral norte de São Paulo
Loja Angra dos Reis
Marina Pirata’s - Lj. 148B
Escritório RJ - Iate Clube RJ
Av. Pasteur, 333 Lj. 14 - Urca
(21) 2543-3070
Assistência Técnica - Lj. 06
(24) 3365-3880
10
Náutica SudeSte
Representante exclusiva da PRESTIGE no Brasil com embarcações em pronta entrega.
/yachtcentergroup
www.yachtcentergroup.com
Aconteceu...
1ª ReGata La BeLLe cLaSSe
dO iate cLuBe de SaNtOS
diretoriA
presente
Ao lado, o comodoro
Berardino Fanganiello
e a esposa, Manuela
(ao centro), com Mario
e Fernanda Simonsen,
Jonas de Barros
Penteado, Natalia
Pupo e Carlos Calza.
Abaixo deles, Roberto
Geyer, comandante
do barco Cairu III,
e Odoardo Lantieri,
diretor de vela do clube
Para incentivar a preservação da história náutica, o Iate Clube de Santos
começou a promover também regatas de veleiros clássicos
Até Torben Grael participou
“da prova,
disputada nas
FOTOS DIVULGAÇÃO/BETO SODRÉ
águas do Frade, em Angra dos Reis
participaram da primeira
“regata14 barcos
do gênero promovida pelo clube
FestA e
dispUtA
Velhos
amigos se
reencontraram
na raia, apesar
do tempo frio
e chuvoso.
À noite, houve
um jantar
de premiação
12
Náutica SudeSte
Até torben
O vice-comodoro
do clube, Jonas de
Barros Penteado,
recepcionou Torben
Grael, que também
participou das
regatas, já que é
um entusiasta dos
veleiros clássicos
POR jorge de souza
16
Náutica SudeSte
Mesmo com lindas praias e muito verde, a Ilha Anchieta
foto tony fleury
foto jorge de souza
presa ao
passado
A Ilha Anchieta,
coladinha ao
continente, e as
ruínas do presídio
que existia na ilha:
um passeio que
contempla história
e natureza
A ALCATRAZ
de ubATubA
ainda vive das lembranças do tempo em que era um
famigerado presídio, cuja história terminou em tragédia
Náutica SudeSte
17
fotos jorge de souza
mariana boro
ilha anchieta
foto tony fleury
ruínas
turísticas
A área do antigo
presídio ocupa
a principal praia
da ilha (que não
é a mais bonita),
sempre visitada
pelas escunas. Das
velhas instalações,
restaram boas
ruínas. E histórias
melhores ainda
“
Quem chega
é convidado a
anhã de 20 de juvisitar o presídio
nho de 1952, uma
sexta-feira. Um peloe ouvir suas
tão de 117 detentos marcha a caminho do trabalho
histórias
M
diário de cortar lenha na mata, quando um deles dá o sinal e começa a barbárie. A primeira vítima, um dos dois únicos policiais que escoltavam
aquela turma inteira de criminosos e bandidos, cai em
seguida, alvejada por um disparo da arma tirada das mãos
do outro policial, que foi rendido e amarrado a uma árvore. Em
seguida, os amotinados avançam na direção do presídio e dão forma à pior rebelião de presos no Brasil até então, deixando um rastro
de mortes e destruições, que durou o dia inteiro. A Ilha Anchieta nunca
mais seria a mesma depois daquele 20 de junho de 1952.
A história da Ilha Anchieta, um paradisíaco naco de mata atlântica
com meia dúzia de praias bem diante do litoral sul de Ubatuba, se divide em
antes e depois daquela data. Até então, como era costume nas ilhas do Brasil
de antigamente, abrigava um famigerado presídio, com quase 500 detentos —
o primeiro do país dedicado aos piores tipos. Depois, não só perdeu a condição de ilha-penitenciária como virou um pacífico parque dedicado à preservação do meio ambiente. Mas continuou a viver das lembranças e assombrações
daquele triste dia, o que permanece até hoje.
Náutica SudeSte
19
ilha anchieta
“
A ilha é grande e
muito bonita. A segunda
maior do litoral paulista
foto tony fleury
playground
dos barcos
A Ilha Anchieta é
hoje um parque
de preservação do
meio ambiente,
mas sua visitação
não só é permitida
como estimulada.
É o principal
destino dos barcos
de passeio de
Ubatuba
Uma ilha cheia de história Alguns fatos que marcaram a Ilha Anchieta ao longo dos tempos
1530 A ilha, então
1540 O padre
1800 A ilha
chamada Pô-Quá
vira morada do mais
poderoso chefe dos
índios tupinambás,
o cacique
Cunhambebe, que
dominava todo o
litoral entre os atuais
estados do Rio
e São Paulo.
José de Anchieta
se aproxima de
Cunhambebe, para
negociar o fim
dos ataques aos
portugueses.
E consegue.
Por isso mesmo,
a ilha hoje leva
o seu nome.
ganha um
destacamento do
exército português
para proteger a
região contra
os invasores
holandeses e
franceses, que
vasculhavam
o litoral.
20
Náutica SudeSte
1850 A
Inglaterra monta
uma base na
ilha para combater
o tráfico de escravos
que vinham da
África, algo então já
proibido, mas
ainda bem
frequente no
litoral brasileiro.
1908 É
inaugurado o
presídio, mas
para abrigar
apenas “vadios e
vagabundos”, já que
se tratava de uma
colônia correcional.
Na época, Anchieta
ainda se chamava
Ilha dos Porcos.
1914 O isolamento
inviabilizou a
colônia penal, que
foi desativada, e
os seus detentos,
transferidos. A ilha
foi, então, arrendada
a um comerciante de
pescados, mas logo
tomada de volta
pelo Estado.
1926 A ilha
1930 A ilha
recebe 2 000
imigrantes russos,
que o governo não
sabia onde alocar.
Mas 200 deles logo
morrem, intoxicados
pela mandioca, que
não sabiam ser
venenosa. Foram
enterrados na ilha.
volta a ser presídio,
mas, desta vez, para
abrigar os presos
políticos gerados
pela ditadura de
Getúlio Vargas.
Logo, contudo,
começa a
receber também
criminosos comuns.
1934 Para
homenagear os 400
anos do nascimento
de Anchieta, a ilha
é rebatizada com
o nome do famoso
padre e deixa de ser
chamada de
Ilha dos Porcos,
nome dado pelos
portugueses.
1945 Além
1952 Estoura
de bandidos, o
a rebelião que
marcaria a história da
ilha para sempre e,
em seguida, começa
a evacuação dos
presos recapturados.
Três anos depois,
o presídio é
definitivamente
fechado.
presídio passa a
receber membros
do grupo nipônico
Shindo Renmei,
que assassinava
imigrantes japoneses
que não acreditavam
na vitória do Japão
na II Guerra Mundial.
1977 A ilha
inteira passa a
ser um parque
estadual, dedicado
à preservação do
meio ambiente. Mas,
em respeito a sua
história, manteve
tudo o que restou
dos prédios
do presídio.
1983 O
fechamento de um
zoológico inunda
a ilha de animais
não nativos, como
macacos e capivaras.
A fauna aumenta,
mas de maneira
desequilibrada.
Capivaras passam a
frequentar o presídio.
1990 O Parque
da Ilha Anchieta
se estrutura para
receber visitantes
e vira um dos
principais destinos
turísticos do litoral
norte de São Paulo.
A ilha volta a ser
famosa, por uma
razão mais nobre.
Náutica SudeSte
21
ilha anchieta
T
“
odos os dias, os visitantes que chegam à ilha a bordo de escunas de passeios ou de barcos particulares, depois de atravessarem a estreita faixa
de mar que separa a Ilha Anchieta do continente, são convidados a visitar as ruínas do antigo presídio e ouvir a história da rebelião, muitas
vezes contada por sobreviventes daquele próprio episódio. São os Filhos da Ilha, voluntários de uma associação que congrega os que escaparam do massacre de policiais e funcionários e seus descendentes, cuja missão é manter viva a
memória da ilha. E nada na história da Ilha Anchieta (que os índios chamavam de
Pô-Quá e os portugueses interpretaram erroneamente como “Ilha dos Porcos”) foi
mais marcante do que a rebelião de detentos que ali aconteceu, 62 anos atrás. É uma
história ainda viva, pulsante, com testemunhas oculares e que pode ser tocada e
sentida nas úmidas paredes de tijolos carcomidos pelo tempo, que dão forma ao
que restou dos barracões e solitárias que formavam o presídio. Só os telhados
não suportaram o peso dos anos e desabaram, apesar dos esforços dos responsáveis pelo parque em manter no melhor estado possível as velhas
instalações, construídas há mais de 100 anos e inauguradas em 1908.
Enquanto ouvem as explicações e narrativas dos monitores
do parque ou dos Filhos da Ilha (que só costumam aparecer
nos fins de semana, quando aumenta o movimento), os visitantes, que ali chegam em busca de praias, mas acabam fisgados por peculiaridades bem mais interessantes da ilha, visitam celas, sentem as barras de ferro
das janelas, caminham pelo mesmo piso sobre o
qual passaram bandidos lendários e se horrorizam com o isolamento claustrofóbico das
solitárias — nas quais mensagens escavadas pelos presos no cimento ao
longo de anos de confinamento
arrepiam ainda mais.
22
Náutica SudeSte
em nome da
preservação
A ilha tem gostosas
trilhas, mas nem
todas as praias
são acessíveis por
terra, como a bela
Praia de Leste (ao
lado), onde só se
chega de barco.
Tem, também,
muitos bichos,
mas a maioria não
nativos, por causa
de um desastrado
repovoamento
no passado, que
colocou quatis e
capivaras na área
do presídio
ito cornelsen
fotos jorge de souza
Trilhas
na mata
levam a praias
tão intocadas
quanto na época
dos presidiários
Náutica SudeSte
23
ilha anchieta
“
fotos jorge de souza
Para inibir as
uma delas, há o desefugas, os guardas
nho de uma caveira no
chão da cela. Em ouexibiam tubarões
tra, uma frase de autoconsolo tenta amenizar
capturados
a penitência do preso: “É preciso conhecer o sofrimenentre a ilha e to para avaliar a felicidade”, diz o primitivo grafite, que
resiste ao tempo na cela escura, com um vaso sanitário e
Ubatuba
mais nada. Impossível não se sentir impactado por aquele am-
cenas da ilha
Os tubarões que
tanto assustavam
os presos no
passado (acima)
hoje não existem
mais nas águas
da ilha, onde
agora reinam
apenas a beleza e
a tranquilidade de
suas praias, como
a idílica Praia do
Sul (ao lado)
24
Náutica SudeSte
N
biente ao mesmo tempo mórbido e histórico. A Ilha Anchieta é a
Alcatraz brasileira. Com a diferença de que é muito mais bonita.
Hoje, as histórias do velho presídio e da espetacular fuga de presos na rebelião que selou para sempre o destino da ilha servem como
um complemento do principal atrativo da Ilha Anchieta, que é a sua natureza privilegiada, com muito verde e gostosas trilhas na mata, que conduzem
a praias tão intocadas quanto na época dos presidiários. Duas delas são particularmente muito procuradas pelos donos de barcos de Ubatuba, que, não por
acaso, têm na Ilha Anchieta o seu destino predileto, já que ela fica praticamente colada ao continente, a menos de 15 minutos de navegação do principal reduto de marinas da região, o Saco da Ribeira. “É o nosso playground”, diz um
frequentador assíduo das duas mais encantadoras praias da ilha, a do Sul e do
Leste, onde o verde da água contrasta fortemente com o amarelado da areia.
Nos fins de semana, chega a faltar espaço para tantos barcos nestas duas prainhas, que têm nascentes de água doce e pura que escorrem dos morros e vão dar
na areia e o mar é tão limpo que mergulhar para ver peixinhos — e também graciosos cavalos-marinhos — é o principal passatempo de crianças e adultos.
Mas a ilha tem bem mais do que isso. Em tamanho, é a segunda maior do
litoral paulista e só perde para a quase vizinha Ilhabela. Tem 17 quilômetros de
beira-mar e o tamanho aproximado de uns 800 campos de futebol, embora seja
repleta de morros revestidos por um tapete verde de mata, que só não é original
porque, no passado, o presídio também tratou de dizimar boa parte das árvores,
para gerar lenha e evitar a fuga de presos em improvisadas jangadas.
Náutica SudeSte
25
ilha anchieta
O dia em QUe O ParaÍsO
VirOU Um iNFerNO
62 anos atrás, uma feroz rebelião de presos terminou
em tragédia e mudou para sempre o destino da Ilha Anchieta
“
A ilha
nunca mais
foi a mesma,
depois daquele
20 de junho de 1952
26
Náutica SudeSte
fotos jorge de souza
V
ista de longe, Anchieta nem parece uma ilha. Fica tão próxima do
continente (menos de 500 metros na parte mais estreita de mar que a
separa de Ubatuba) que mais parece um prolongamento dele. Mesmo
assim, nos tempos de ilha-penitenciária, isso bastava para tirar dos presos qualquer plano de fuga a nado, porque os administradores do presídio faziam questão de exibir a fartura de tubarões capturados nas águas daquele
estreito, entre a ilha e o continente — o temido “Boqueirão”, que, naquela época, tinha mesmo muito peixe. “Os tubarões eram os verdadeiros ‘muros’ do presídio, já que os presos passavam a maior parte dos dias soltos, trabalhando na ilha”,
conta o talvez maior pesquisador do período em que a Ilha Anchieta foi uma espécie de Carandiru caiçara, o tenente Samuel Messias de Oliveira, autor de um
completo livro a respeito, o Ilha Anchieta — Rebelião, Fatos e Lendas, e um
dos principais incentivadores da propagação do passado sombrio da ilha.
“Todo fato histórico deve ser contado e preservado, mesmo que ele
não seja lá muito agradável”, defende. “E tanto em beleza quanto
em história, a Ilha Anchieta é um prato cheio”, conclui.
De fato. Quem já a conhece, como quase todos os
moradores e frequentadores de Ubatuba, sabe muito
bem disso. Mas, quem chega à ilha pela primeira vez, sempre se admira com o que encontra –
uma rara combinação de histórias com belas
praias e bonitas paisagens, que ajudam a
compreender por que a Ilha Anchieta sempre foi considerada um paraíso, mesmo durante o infernal
período do seu presídio.
lembranças
do presídio
A parte que mais
impressiona os
visitantes são as
solitárias (acima),
onde ainda são
visíveis algumas
mensagens
deixadas pelos
presidiários,
como a caveira
que “decora” o
chão de uma das
celas (no alto)
stava tudo tramado
e minuciosamente
planejado, sem que ninguém
no presídio desconfiasse
de nada. Assim sendo,
quando o líder da rebelião,
o detento João Pereira Lima,
surpreendeu o policial que
caminhava à sua frente e
tomou-lhe a arma, não houve
nenhuma reação a não ser
a estupefação do soldado. E
nem poderia ser diferente,
já que, além dele, só havia
mais um policial para tomar
conta de todos aqueles 117
presos, que seguiam para o
trabalho diário de derrubada
de árvores escoltados por
guardas que, há muito,
já haviam virado quase
camaradas, tal a pacificidade
que reinava naquela ilhapresídio. A única sensação foi
de traição, uma vez que todos
na ilha se consideravam quase
amigos dos presos, já que
conviviam estreitamente com
eles. Mas, que nada: aquela
aparente camaradagem
e docilidade dos presos,
cultivada ao longo de
meses, apenas fazia parte do
audacioso plano de rebelião
e fuga em massa da ilha. E
assim foi feito, naquele trágico 20
de junho de 1952.
O soldado que perdeu a
arma foi amarrado a uma árvore
e ali deixado. Já o segundo
foi abatido na hora, com um
tiro da própria espingarda
confiscada, porque aquele
disparo também serviria para
avisar os demais presos de
que a rebelião começara.
Os policiais que estavam no
presídio nem estranharam o
estampido distante, porque
(e isso também fazia parte do
plano) estavam acostumados
a ouvir os disparos dos
exercícios de tiro que o diretor
do presídio frequentemente
fazia, estimulados pelo preso
que sempre o acompanhava
e que também fazia parte do
grupo. Estava tudo armado e
meticulosamente planejado pelo
mentor da rebelião, o detento
Álvaro Carvalho Farto, o Portuga
— que, ironicamente, morreria de
infarto durante a fuga, quando
já estava fora da ilha. Além
disso, para fragilizar o esquema
de segurança e diminuir a
quantidade de policiais na ilha no
ilha com
história
Manchete
de jornal da
época (acima)
e grupos
de presos
recapturados
(abaixo).
Fugiram mais
de 120, mas só
seis sumiram
para sempre,
na maior
rebelião de
presos
até então
reproduções
E
Náutica SudeSte
27
ilha anchieta
A ilha sempre
foi um paraíso.
Mesmo na época
do presídio
reproduções
a ilha
antigamente
Os presos
passavam os
dias soltos,
trabalhando
na ilha, e só
retornavam às
celas para dormir.
Mesmo assim,
tramaram um
plano minucioso
para fugir dali
28
Náutica SudeSte
dia combinado, os amotinados
mataram e enterraram
na areia da praia um dos
detentos, no dia anterior, a
fim de insinuar que ele havia
fugido da ilha, o que levou
muitos policiais a procurálo inutilmente no continente,
desfalcando assim o
contingente — daí só haverem
dois policiais tomando conta
de tantos homens naquela
caminhada na qual foi
deflagrada a revolta.
Ficou, então, fácil para os
453 detentos do presídio da Ilha
Anchieta dominarem os míseros
50 policiais e funcionários que
estavam em serviço naquela
manhã. E o que se seguiu
foi uma chacina até então
sem precedentes no sistema
carcerário do país, alimentada
pela sede de vingança de
alguns presidiários, que só não
atacaram também as famílias
dos funcionários (as mesmas
que hoje fazem parte dos
chamados Filhos da Ilha) porque
o próprio líder da rebelião
não permitiu que mulheres e
crianças fossem molestadas.
Mesmo assim, ao cabo de
algumas horas, oito policiais e
dois empregados do presídio
foram mortos a tiros e golpes de
machados, e o prédio principal,
onde estavam os processos de
todos os presos, incendiado, para
destruir as provas do passado.
Fora dali e sem o testemunho
dos processos, os presos
imaginavam que estariam
livres para sempre. Mas não foi
bem assim.
O plano começou a
afundar quando o grande barco
que semanalmente abastecia
o presídio (e que os presos
sabiam que chegaria naquele
dia e pretendiam usar na fuga)
desviou da ilha, por precaução,
quando viu a fumaça do prédio
em chamas. Restou apenas a
pequena lancha do presídio
(que era tão precária que seu
apelido era “Bailarina”, porque
vivia dançando no mar), que,
incapaz de levar todo mundo,
foi tomada por mais de 100
homens enfurecidos, embora
não comportasse nem metade
disso. O resultado é que alguns
caíram (ou foram atirados) ao
mar durante a travessia, que
pretendia chegar a Paraty,
mas não passou da Praia do
Poruba, na própria Ubatuba.
Dali, os fugitivos que restaram
se embrenharam na serra do
mar, na tentativa de chegar a
Taubaté, onde facilmente se
misturariam aos moradores,
já que no então primitivo
Litoral Norte seriam facilmente
identificados. Mas o que eles
não contavam é que um dos
policiais sobreviventes tivesse
atravessado a nado o canal
que separa a ilha do continente
e alertado as autoridades.
Logo, até a Aeronáutica estava
caçando os fugitivos — que, um
a um, foram todos capturados.
Quer dizer, quase isso.
Dos 129 presos que escaparam
da ilha naquele dia, só seis
sumiram para sempre. Mas
ninguém jamais soube se eles
se deram bem ou morreram,
também. Até hoje, 62 anos
depois, a histórica rebelião
da Ilha Anchieta continua
rendendo histórias que
ninguém se cansa de ouvir.
Especialmente se forem
contadas ali mesmo, pelos seus
próprios sobreviventes.
ilha anchieta
A
Ilha Anchieta é hoje um parque
estadual com visitação permitida
(e até estimulada!), mas cobra por
isso. Cada visitante precisa comprar
o ingresso, que custa R$ 12, exceto
crianças, idosos, escolas, deficientes
físicos e moradores de Ubatuba, que
não pagam nada (para estudantes,
há meias entradas). Como se trata de
uma ilha e não há serviço regular de
transporte para lá, é preciso, também,
ter barco próprio ou embarcar nos
passeios regulares que algumas escunas
de Ubatuba fazem, quase sempre com
saída no Saco da Ribeira, que fica
quase em frente à ilha. Os passeios de
escuna também incluem outros lugares,
mas, justamente por causa disso, o
tempo de visitação na ilha fica restrito a
um par de horas.
Já quem for com barco próprio,
além de ter acesso a outras praias que
não apenas as que ficam diante do
presídio (como as lindíssimas Leste e
Sul), ainda podem escapar da cobrança
da taxa de visitação, se não visitarem a
área do presídio, já que os fiscais não
têm como controlar a visitação nas
outras partes da ilha. É, no entanto, uma
economia tola, moralmente condenável
jorge de souza
Para quando você for
A qualidade e a tecnologia Air Step proporcionam uma navegação incomparável.
e que não vale a pena, porque o
presídio faz parte das atrações da ilha
tal como as praias que a cercam.
Mas, qualquer que seja o meio e o
objetivo do passeio, quem quiser chegar
lá já sabendo bastante sobre a ilha e o
presídio convém ler o livro
Ilha Anchieta – Rebelião,
Fatos e Lendas, de Samuel
Messias (pedidos para
tenentesamueldailha@
ig.com.br), o que só
aumenta a curiosidade
sobre a ilha e sua história.
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ilhabela
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32
Náutica SudeSte
Náutica SudeSte
33
o melhor de ilhabela
I
lhabela é a maior
atrações que mais
ilha do litoral pau-
se destacam na ilha que tem
lista e a segunda em
beleza até no seu próprio nome. O re-
tamanho das regi-
sultado está nas páginas seguintes, com uma
ões Sul e Sudeste do
dúzia de motivos pelos quais todo mundo de-
país (só perde para
veria sair correndo
a de Santa Catari-
para esta ilha já, até
na, onde fica Floria-
porque, ao contrário
nópolis), o que, por
do que acontece na
si só, dá ideia da dificuldade que é indicar as melhores
coisas de um lugar
tão amplo e bonito.
Mesmo assim, após
34
“
maioria dos locais do
nosso litoral, o mês de
julho é quase alta temporada em Ilhabela, a começar pela sua festiva
Semana de Vela. Con-
ouvir ilhéus e fre-
fira as dicas (que não
quentadores assídu-
estão em ordem de classificação, apesar dos
os do lugar, NÁU-
números que antecedem os textos) e, concorde
TICA SUDESTE
ou não com todas elas, uma coisa é certa: não
resolveu listar as 12
há como não gostar de uma ilha como esta.
Náutica SudeSte
Difícil é indicar
o melhor em uma ilha
que tem tudo o que
todo mundo gosta. A
começar por suas praias
só sua
Praia do
Jabaquara,
num típico dia
ensolarado
na ilha. Ou
seja, vazia
o melhor de ilhabela
o pôr do sol
nas praias
do curral
e Feiticeira
o espetáculo do sol caindo
é sempre lindo. Mas
fica ainda mais bonito
nestas duas praias da ilha
A
imagem do sol baixando
no horizonte e tingindo o
azul de dourado é sempre
mágica. Mas fica ainda mais bo-
onde fica?
show da
natureza
Na Praia da
Feiticeira, o últimos
raios do sol
costumam gerar
espetáculos
no céu e no mar
Tanto a praia do
Curral quanto a
da Feiticeira ficam
na parte sul da
ilha, uma bem
pertinho da outra.
36
Náutica SudeSte
nita quando acontece junto ao mar,
como acontece em algumas praias de
Ilhabela. Duas delas são especialmente
indicadas para quem quer apreciar o pôr
do sol na ilha de camarote: as praias do Curral e da Feiticeira, onde o espetáculo do sol
se despedindo de mais um dia é particularmente lindo e torna qualquer passeio de fim
de tarde algo inesquecível. Quer dizer, só até
o dia seguinte, quando um novo pôr do sol,
nestes dois mesmos lugares, deixará a ilha
ainda mais bonita. Se é que isso é possível.
Ninguém
cansa de ver o
sol se pondo
no mar da ilha.
MODELOS
o melhor de ilhabela
2
A COMPRA INTELIGENTE
340 T
mergulhar em nauFrágios
360 SHT
360 FLY
Ilhabela tem a maior concentração de navios afundados da
região sudeste e não é só isso que atrai os mergulhadores
380 T
380 HT
A
combinação de águas claras com muitos naufrágios registrados
ao longo de uma história que sempre esteve ligada à das rotas de
380 FLY
descobrindo
a história
Mergulho
no cargueiro
Velásquez (abaixo)
e o rico Museu
Náutico, que
conta as histórias
dos naufrágios.
Em Ilhabela, até
o fundo do mar
esconde surpresas
navegação fazem de Ilhabela uma espécie de parque de diversões para
os apreciadores do fundo do mar. Há navios afundados por toda a ilha (este aqui é
o cargueiro Velásquez, naufragado na Ponta da Sela) e naufrágios, como se sabe, atraem e
concentram ainda mais a vida marinha. Boa parte da história desses naufrágios está
contada no Museu Náutico de Ilhabela, não por acaso um dos mais completos do gênero no
país. Mas há bem mais para ser descoberto pelos próprios mergulhadores, mesmo que num
simples passeio de superfície, com máscara e snorkel, nas imediações da Ilha das Cabras, num
dos pontos mais centrais da ilha. Em Ilhabela, o fundo do mar está sempre por perto.
380 SUNDECK
410 T
410 HT
410 FLY
CIMITARRA 340
410 SUNDECK
500 HT
No mar da
ilha há bem
mais do que
apenas peixes
500 FLY
560
760
alcides falanghe
Há naufrágios
por toda a ilha e
as imediações da
Ilha das Cabras é
particularmente
rica em vida
marinha.
Náutica SudeSte
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o melhor de ilhabela
o casquinho
da casquinha
No deque à beiramar da Praia do
Viana, a casquinha
de camarão
do restaurante
homônimo
fica ainda mais
saborosa. E
até o casco do
barquinho é
para ser comido
A receita
foi patenteada
pela família
casquinha de
3acamarão
do Viana
Há três gerações, uma família prepara e serve a
maior iguaria da ilha, num cenário ainda gostoso
É
um clássico da ilha — tanto quanto as lindas praias,
como aquela onde ele é servido. A casquinha de camarão do restaurante Viana (que tem este nome porque fica
na areia da praia homônima) é o símbolo gastronômico de Ilhabela,
embora não passe de uma singela — mas deliciosa — entrada. Trata-se
de uma espécie de creme de camarão servido num “casquinho” que imita um
barquinho (e que também deve ser comido!), cuja receita é guardada a sete
chaves por três gerações da mesma família, que até patenteou a iguaria. É, também, o começo perfeito para qualquer almoço ou jantar literalmente à beira-mar,
já que o Viana oferece, além do restaurante em si, do outro lado da estradinha que
margeia a ilha, um gostoso deque sobre a areia da praia, que combina ainda mais
com os seus pratos à base de frutos do mar. Nove em cada dez frequentadores do
lugar pedem a famosa casquinha. E o décimo não sabe o que está perdendo...
40
Náutica SudeSte
onde fica?
O restaurante
Viana fica na
praia do mesmo
nome, logo após o
centrinho da ilha.
Se não o encontrar,
pergunte. Todo
mundo na ilha
sabe onde fica.
o melhor de ilhabela
Em julho, a maior
regata do país
acontece na ilha
4Velejar no canal
fotos carlo Borlenghi/divulgação risW
ilha a vela
As altas
montanhas
afunilam os
ventos no canal
que separa a ilha
do continente e
fazem a alegria
dos velejadores.
Às vezes, até
golfinhos
aparecem
Ilhabela sedia o mais importante evento da
vela nacional e isso não acontece por acaso
I
lhabela já foi apelidada de “Ilhavela” e por um bom
motivo: bons ventos são o que não faltam na ilha.
onde fica?
As regatas da
Semana de Vela
acontecem por
toda a ilha, mas
a maioria das
competições
acontece no canal
que separa a ilha
do continente, onde
sempre venta mais.
42
Náutica SudeSte
Especialmente no canal que a separa do continente,
porque as altas montanhas afunilam os ventos e fazem a
alegria dos velejadores. Também não por acaso, a ilha sedia,
sempre no mês de julho (ou seja, agora!), o maior evento de
barcos a vela do país, a Semana de Vela de Ilhabela, que costu-
ma reunir mais de 200 barcos e perto de 3 000 competidores, que transformam a ilha numa espécie de verão em pleno inverno. Este ano, por causa da Copa do Mundo, o evento começa mais tarde, em 19 de julho (e vai
até 26), mas com a mesma empolgação de sempre — leia-se muita festa
na vila e na sede no Yacht Clube de Ilhabela, que promove a disputa.
o melhor de ilhabela
Paixão e Confiança
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5o saco do eustáquio
tudo de bom
O Saco do
Eustáquio é o
principal destino
de quem sai para
passear com um
barco pela ilha
Neste tesouro náutico só se chega de barco. Mas
não existe melhor destino para quem navega na ilha
E
squeça o carro e as caminhadas. No Saco do Eustáquio só se chega de barco, ao fim de uma travessia
nem sempre curta, já que ele fica na parte leste da ilha,
vizinho à Baía de Castelhanos. Grandes lanchas sempre apare-
cem por lá nos fins de semana, mas, para a turma dos sem-iate, há
barcos que fazem passeios, a partir da Praia do Perequê. No Eustáquio,
além do mar muito verde, há dois atrativos extras: uma prainha ao fundo da
bem fechada e abrigada baía e rústicos bares que servem frutos do mar preparados
na hora. E, como não há acesso por terra, ele nunca lota, embora o movimento de
barcos seja intenso. É o mais precioso tesouro náutico de uma ilha repleta deles.
44
Náutica SudeSte
onde fica?
O Saco do
Eustáquio fica
na parte leste de
Ilhabela, diante do
mar aberto
e no lado oposto
ao da vila.
Guarujá . SP . 13 3354 5540
Rua Francesca Sapochetti Castrucci, 805 . Marina Astúrias
São Paulo . SP . 11 3672 6060
Rua Vergueiro, 2.045 . 5º andar - Conjs. 504/505/506 . Vila Mariana
www.safegroup.com.br
o melhor de ilhabela
6o centrinho da Vila
divulgação
A Ponto
das Letras
existe há
22 anos
Jeito de vila
A igreja e a livraria
Ponto das Letras,
na antiga casa
da colônia de
pescadores: visitar
o centrinho da
ilha é conhecer
um pouco da
Ilhabela do tempo
dos caiçaras
As lojinhas, a igreja e uma livraria a que
ninguém resiste fazem todo mundo dar, pelo
menos, uma paradinha no coração da ilha
I
lhabela é uma ilha, mas o seu centrinho tem jeito de cidadezinha do interior: uma praça, uma igrejinha, o co-
mércio em volta do principal quarteirão e não muito mais
que isso. Mesmo assim (ou justamente por causa dessa bucólica
atmosfera à beira-mar), todo mundo sempre faz pelo menos uma vi-
sita ao “centrinho da vila”, como aquele pedacinho da ilha é chamado. Nem
que seja apenas para dar uma entradinha no estabelecimento mais tradicio-
nal do lugar, o simpático Café Ponto das Letras, que, como o nome sugere, também é uma livraria. Ele existe há 22 anos e funciona na mesma casa da antiga colônia de pescadores da ilha, cuja fachada lhe acrescenta um charme extra. Mas
o sucesso não veio só por isso. O Ponto das Letras foi uma das primeiras livrarias
do país a “convidar” os clientes a degustar os livros, sem a obrigação de comprálos, muito antes de as grandes redes começarem a fazer o mesmo. E, desde então,
passou a fazer parte da paisagem da ilha tanto quanto suas lindas praias.
46
Náutica SudeSte
onde fica?
A Ponto das Letras
fica na parte
mais nobre do
centrinho da vila,
de frente para
o mar. Não tem
como errar.
o melhor de ilhabela
7
o Verde da natureza
Ilhabela é uma ilha, mas sua oferta de
vida não se restringe ao mar que a rodeia
I
lhabela é verde não só na água, mas também na
mata abundante que, até hoje, domina mais de 80%
da ilha. Boa parte disso é ocupada por um parque estadual,
que trata de garantir ainda mais a preservação da natureza local —
que é riquíssima em espécies animais e vegetais. Aves, por exemplo, dominam os céus da ilha e garantem empolgantes avistagens para
quem tiver disposição e curiosidade para procurá-las, em meio à densa vegetação da ilha. O próprio parque oferece alguns locais onde o cara a cara com a
natureza acontece naturalmente e deixa lembranças para sempre. Sim, Ilhabela é uma ilha. Mas sua oferta de vida vai bem além do mar que a rodeia.
cara a
cara com a
natureza
As aves, bem
como as
trilhas, estão
espalhadas
por toda a ilha.
Mas um bom
local para vê-las
de perto é no
mirante do
Parque Estadual
onde fica?
O Parque Estadual
de Ilhabela ocupa
a maior parte
da ilha, que tem
mais de 80% da
área preservada.
Quem cruzar até
Castelhanos verá
a sua entrada.
48
Náutica SudeSte
Aves coloridas
dominam
o céu da ilha
o melhor de ilhabela
A ilha tem
cerca de 40
praias, cada
uma diferente
da outra
para todos
os gostos
Em Castelhanos,
o mar mais
agitado desenha
curvas na areia.
Já na Praia Grande
(à esquerda) e
na singela Praia
do Poço (no
alto), reina a
tranquilidade
50
Náutica SudeSte
Náutica SudeSte
51
o melhor de ilhabela
8
a cachoeira da laje
onde fica?
A Cachoeira da
Laje fica, mais
ou menos, na
metade da trilha
que leva à Praia
do Bonete, na
parte sul da ilha.
Não tem como
errar, porque a
trilha “atravessa” a
própria cachoeira.
100
95
75
25
5
0
Em Ilhabela, o que não faltam são cachoeiras. Mas esta
aqui é, além de linda, divertida e de relativo fácil acesso
C
om tantos morros, matas e nascentes d’água era de se
esperar que Ilhabela tivesse, também, muitas cachoei-
ras. E tem. São mais de 40, apenas entre as maiores, mais
bonitas e mais acessíveis. Mas, nestes três quesitos, a melhor de todas é esta aqui: a Cachoeira da Laje, que fica na trilha que leva à Praia
do Bonete — também ela uma das doze maravilhas da ilha (confira na página seguinte). O acesso é apenas a pé, mas a caminhada é bem mais curta do que
até a praia, o que leva muita gente a dar meia-volta depois de um banho refrescante
nas suas águas cristalinas. Ou (o que é melhor ainda) de deslizar pedra abaixo, até
o poço que se forma na base da cachoeira. Daí, aliás, o outro nome pela qual ela é
conhecida: Cachoeira do Escorrega. Ninguém resiste.
A trilha
passa “dentro”
da cachoeira
cachoeira
do escorrega
Na Cachoeira da
Laje, não é só a
água que desliza
pedra abaixo
100
95
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25
5
0
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Náutica SudeSte
o melhor de ilhabela
o Bonete é a praia
mais cobiçada
onde fica?
No lado sul da ilha,
ao fim de uma
trilha que costuma
consumir cerca
de três horas de
caminhada,
fora as paradas.
9a trilha do bonete
Não é perto e caminha-se um bocado. Mas quem
chega à praia do Bonete nunca se arrepende
A
distante (só chega a pé ou de canoa de pescador)
e isolada (justamente por causa disso...) praia do
Bonete é um daqueles desejos que acalentam os
sonhos de nove em cada dez visitantes mais bem infor-
mados sobre as verdadeiras belezas de Ilhabela. Não é apenas
uma praia; é uma espécie de prêmio aos persistentes que não
desanimarem frente a uma caminhada que pode consumir boa parte do dia — mas que oferece, em contrapartida, o bônus de um revigorante banho na Cachoeira da Laje (veja na página anterior), na metade
do caminho. A praia é uma vila de pescadores, que mais parece cenário de
novela da Globo, mas já com alguma estrutura para abrigar quem não encarar a trilha de volta no mesmo dia. Quem ficar, ganha o benefício da praia
vazia, na manhãzinha seguinte, antes da chegada dos andarilhos do dia. Se
vale a pena? Nunca ninguém se arrependeu.
54
Náutica SudeSte
vista
paradisíaca
Na chegada ao
Bonete, a trilha
revela a praia e
já dá pista dos
prazeres que
aguardam
os andarilhos
o melhor de ilhabela
Castelhanos é
um prêmio aos
aventureiros
linda é pouco
Do mirante do
morro, se tem esta
vista geral da praia.
E, atrás dela, ainda
há uma cachoeira
PRÓXIMA AO CANAL DE BERTIOGA,
DE FRENTE PARA A RODOVIA RIO-SANTOS
10a praia de castelhanos
para chegar a Castelhanos é preciso atravessar a ilha
de um lado a outro, mas — acredite! — vale o esforço
onde fica?
Do outro lado da
ilha, ao fim de uma
estradinha de terra,
só acessível aos
jipes ou aos mais
aventureiros
A
praia mais distante do centro de Ilhabela por terra (e
“por terra” mesmo, já que para chegar lá é preciso en-
carar uma estradinha só propícia aos jipes) é, também, a
mais desejada pelos turistas. Por um bom motivo: ela é linda! Cas-
telhanos fica no lado oposto da parte, digamos, “civilizada” da ilha, bem
diante do mar aberto e, por isso mesmo, tem características diferentes
das demais praias de Ilhabela, a começar por uma generosa faixa de areia e ondas
vibrantes. Tem, também, uma trilha que leva à igualmente estupenda Cachoeira
do Gato (uma das mais bonitas da ilha) e outra que sobe o morro do seu canto direito e conduz a um mirante (este, da foto), de onde só a vista já vale o quase sufoco que é chegar até esta grande praia. Nos dois sentidos.
56
Náutica SudeSte
Venha nos fazer uma visita e conhecer nossa infraestrutura
Rod. Rio-Santos Km 224,5 Bertioga - SP
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o melhor de ilhabela
a praia do jabaquara
11
Quem é que não gosta de praia bonita
e vazia? pois esta aqui é a melhor pedida
Q
uem sair da balsa, dobrar à esquerda e seguir o principal caminho da ilha até o fim chegará a esta praia,
onde fica?
A Praia do
Jabaquara é a
última no lado
Norte da ilha, ao
final da estradinha
que margeia
parte da ilha
que é o último acesso possível do lado Norte de Ilhabela. Não é tão perto assim e o estado da estradinha costuma fazer
muita gente desanimar no meio do caminho. Mas, quem não desistir e
seguir em frente, encontrará, depois de alguns mirantes naturais com vistas
sensacionais (a começar por este aqui, que permite ver a praia inteira de cima),
os 500 metros de areias quase sempre desertas da Praia do Jabaquara, que, como
se não bastasse o mar sempre limpo, ainda é ladeada por dois riachos, um de
cada lado da praia — o da direita forma até uma caprichosa lagoa de água doce na
areia. Uma praia perfeita para quem busca beleza e sossego. Ou seja, todo mundo.
o caminho
até aqui é outro
espetáculo
58
Náutica SudeSte
uau!
Na chegada, o
visual paradisíaco
da Praia do
Jabaquara já
surge na beira
da estrada
betônico
o melhor de ilhabela
Dizem que o
sombrio esconde
um tesouro
onde fica?
O Saco do Sombrio
fica na parte de
fora da ilha, ao
lado da Baía de
Castelhanos, onde
também só se
chega de barco.
NÃO
COMPRE
B A R C O N E M J E T S K I !
LIGUE NA
CONFIRA
PRECOS
DO
o saco do sombrio
12
VS NÁUTICA E
OS MELHORES
E CONDIÇÕES
BRASIL.
Uma pequena enseada de águas bem
verdes do lado de fora da ilha abriga
muitos barcos e um velho enigma
Q
uem tiver um barco e navegar até o lado de
fora de Ilhabela, encontrará, quase junto à Baía
“saco”), batizado de Saco do Sombrio. Lá chegando, encontrará a bonita sub-sede do Yacht Clube da ilha, razão pela qual
tantos barcos costumam ir até lá. Encontrará, também, uma história de arrepiar: a do engenheiro belga Paul Thiry, que passou 40
anos naquele lugar em busca de um tesouro que ele morreu jurando
existir — o que, até hoje, ninguém ousou desmentir. O tesouro do Saco
do Sombrio é a cereja do bolo de qualquer passeio até esta garganta de
águas muito verdes, onde quem manda ainda é a natureza. Tanto que é o
acesso difícil e a topografia íngreme que jamais permitiram que a história
do tal tesouro fosse, de vez, concluída. O que só alimenta o enigma.
60
Náutica SudeSte
www.vsnautica.com.br
fotos edu grigaitis
de Castelhanos, um trecho de mar bem abrigado (característica geográfica que os caiçaras chamam de
sombrio
até no nome
O mistério que
alimenta a busca de
um suposto tesouro
tornou o Saco do
Sombrio, onde hoje
existe uma sub-sede
do Iate Clube
de Ilhabela, ainda
mais famoso
o melhor de ilhabela
tradicional loja náutica Celmar), na tranquila
Praia de Itaguassu, que oferece uma dúzia de
poitas praticamente diante das suas camas.
restaurantes coM frutos do Mar
Praticamente todos os restaurantes da ilha
oferecem peixes e frutos do mar no cardápio,
mas alguns se destacam, seja pela comida,
qualidade dos serviços, localização ou (o
os melhores lugares de
Ilhabela para quem chega pelo
mar e perto dele quer ficar
Marinas
Fora os iates clubes, que geralmente só aceitam
sócios, Ilhabela possui meia dúzia de marinas
que abrigam, também, barcos de visitantes. A
melhor de todas é a Porto ilhabela (tel. 12/38961243), que tem até um gostoso restaurante, que
também vale a pena experimentar.
hotéis “náuticos”
Para quem não for dormir no barco, mas
quiser ficar perto dele, alguns hotéis da ilha
1
11/11/13
oferecem poitas próprias, quase sempre
sem custo extra. É o caso dos hotéis
itapemar (www.itapemar.com.br), dnPY
(www.dnpy.com.br), Mercedes (www.
hotelmercedes.com.br), real villa Bella
(www.realvillabella.com.br) e Barra do
Piúva Porto hotel (www.barradopiuva.
com.br), este também com píer para
desembarque. O mais recente de todos
é o confortável abayomi hotel (www.
abayomihotel.com.br), do casal Celso
Almeida e Eliana Alvim (também donos da
cluBes de Praia
Os dois mais recentes locais de eventos na
ilha são o elegante Pier 151 (www.pier151.
13:58
SUA EMBARCAÇÃO SEM
DOCUMENTO VIRA ENFEITE
D E S P A C H A N T E
N A V A L
Inscrição e Transferência de Embarcações.
Registro de Rádio, Epirb e AIS junto a Anatel.
Seguros para Embarcações.
Registro para Pesca Amadora no Ministério da Pesca.
tupicomunicacao.com.br
AF_anuncio_nautica_JG.pdf
que geralmente acontece) as três coisas
juntas. Como o capitano (tel. 12/38965241), que serve um famoso risoto de
vieiras; o ilha sul (tel. 12/3894-1536), com
um bom polvo a provençal; o all Mirante
(tel. 12/3894-1831), cujo prato principal é o
badejo grelhado; o ilha deck (tel. 12/38961489), que oferece moqueca de congro
com frutos do mar; o viana (tel. 12/38961089), que tem até serviço de delivery
para os barcos ancorados na praia; o
nova iorque (tel. 12/3894-1833), dono
de uma vista sensacional); o tradicional
Portinho (tel. 12/3896-7171), que é italiano
mas tem algo do mar até no nome; e o
badalado Marakuthai (tel. 12/3896-5874),
da competente chef Renata Vanzetto, que
serve delícias exóticas como atum selado
ao molho de queijo cabra.
78 TRADIÇÃO
anos de
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fernando toManik
Vai de barco?
Então, anote
com.br), ao lado do Yacht Club e perfeito
para festas (literalmente) à beira-mar e
o animado sea club (www.seaclub.com.
br), bem diante da Praia da Capela, onde
também é possível deixar o barco. Este é
um beach club, ótimo para passar o dia,
entre a praia e a piscina, no melhor estilo
dos famosos clubes de Ibiza.
O fim
anunciadO
A Tenente Loretti
não resistiu e foi a
pique no trapiche
onde estava
abandonada,
apenas dois
meses depois
da reportagem
de NÁUTICA
SUDESTE
(abaixo), que
denunciava o
descaso com
o barco mais
histórico da
Ilha Grande
Notícias e novidades náuticas
ricardo rodrigues
Farol
POR JORGE DE SOUZA
FOTOS OTTO AQUINO E JORGE DE SOUZA
ONTEM
E HOJE
Constantino,
pouco antes de
morrer, e a lancha
a qual dedicou boa
parte de sua vida,
antes (ao lado) e
agora (abaixo),
abandonada
num trapiche de
Angra: sem o seu
guardião, a histórica
Tenente Loretti está
apodrecendo
O VELHO E O BARCO
Uma emocionante
história de amor
entre um homem
e um barco
ganhou contornos
dramáticos. No ano
passado, o guardião
do barco mais famoso
da Ilha Grande,
Constantino
Cokotós, morreu.
E, sem ele, a histórica
lancha Tenente
Loretti está
morrendo também
“A
h, se o Constantino estivesse vivo...”
Os turistas que chegam ao Cais de Santa Luzia, no centro de Angra
dos Reis, para embarcar nas escunas que fazem passeios pela baía,
costumam notar, logo na entrada do trapiche, um grande e antigo barco de madeira, clamando por uma reforma. Seu estado é deplorável. A proteção de ferro da proa
está solta e torta, parte da amurada carcomida, o casco está encardido que só, o barco
parece ligeiramente adernado na água e a pintura, que um dia já foi azul, hoje está
desbotada e descascada pelo tempo e pelo descaso. Panos sujos costumam ficar pendurados no seu casario, que, como há muito não é usado, foi transformado em varal
pelos pescadores dos barcos vizinhos. E, vira e mexe, algum mendigo dorme a bordo ou alguém atira um saco de lixo no seu convés. Só mesmo a tábua de proa com
o nome do barco continua em razoável bom estado. Ela diz: “Tenente Loretti” — o
que, no entanto, para os turistas, também não diz nada. Mas, para os antigos moradores da vizinha Ilha Grande, aquele velho barco (que, para as outras pessoas não passa de um barco velho) é histórico. E, para um deles em especial, foi bem mais do
que isso: foi um fiel amigo, que não merecia estar do jeito que está. Muito menos caminhando para o mesmo fim que teve o homem que passou a vida inteira cuidando dele: Constantino Cokotós, morto no ano passado —para muitos, de desgosto, por
ver aquele barco de tantas façanhas abandonado num píer de Angra.
NÁUTICA SUDESTE
E
Não foi por
falta de aviSo!
Como NÁUTICA SUDESTE havia
alertado, a lancha-símbolo da Ilha Grande
afundou em Angra, vítima do descaso
75
m fevereiro, uma reportagem de NÁUTICA SUDESTE
mostrou que quem chegasse ao cais de Santa Luzia,
no centro de Angra dos Reis, notaria, logo na entrada
do trapiche, um grande e antigo barco de madeira, clamando
por uma reforma. Era a lancha Tenente Loretti, o outrora
barco-símbolo da vizinha Ilha Grande e velho amor de um dos
seus mais lendários moradores, o comandante Constantino
Cokotós, também retratado na reportagem e morto meses
antes, de desgosto por ver o barco, que ele tratava feito um
filho, esquecido e abandonado daquele jeito. Hoje, quem
for ao mesmo local não verá mais o barco naquele estado.
Porque ele afundou de vez, no mês retrasado.
Não foi por falta de aviso que a lancha Tenente Loretti,
de 1910, o que a torna, também, um dos barcos mais
antigos do país, foi ao fundo do cais central da cidade e se
assentou sobre a lama, de onde será bem difícil sair intacta.
A reportagem previa que isso aconteceria rapidamente, caso
providências imediatas não fossem tomadas.
Náutica SudeSte
65
Farol
fez enquanto o barco ainda
flutuava, quando então qualquer
operação de recuperação seria
bem mais fácil. Com isso, o
destino do barco mais histórico
do litoral sul carioca parece
mesmo fadado ao ocaso. “Só
acredito que a Loretti será
retirada de lá porque é preciso
liberar aquele espaço para
outros barcos, não para ser salva,
o que, para mim, não tem mais
como acontecer”, diz, resignado,
outro morador da Ilha Grande
com estreita relação com aquele
barco, o mestre Natalino Pereira,
que durante quase 40 dos seus
91 anos trabalhou a bordo da
Tenente Loretti. “Comecei em
1939, aos 16 anos de idade,
como ajudante de bordo, e
passei boa parte da vida como
naufragOu
ali mesmO
A Tenente
Loretti só não
afundou de vez
porque o local
é raso. Mas é
muito provável
que seu casco
não resista ser
retirado
mestre daquele barco, levando e
trazendo coisas e pessoas para
a Ilha Grande”, recorda Natalino,
que, desgostoso (tal qual o
amigo falecido Constantino),
nem quis ir ver a Loretti
inundada e apoiada no fundo da
baía. “A gente já sabia que isso
ia acontecer”, diz, amargurado,
como quem perde um amigo.
“Com boias de inflar, até dá
para fazê-la voltar a flutuar, mas
duvido que o seu casco aguente
ser transportado”, diz Natalino,
confirmando o que NÁUTICA
SUDESTE previu, meses atrás.
Que a lancha cuja história está
intimamente ligada a da própria
Ilha Grande está mesmo fadada
ao fim, vítima do descaso.
Fone:: +55.19.3515-5500 / Fax: +55.19.3856-4279
.com.br
“
Agora, os
responsáveis
dizem que vão
recuperar o barco.
Ninguém acredita
fotos ricardo rodrigues
C
omo nada foi feito, bastou
uma maré mais alta e uma
pane nas bombas d´água
que a mantinham flutuando para
que a história da lancha pela
qual passaram todos os famosos
detentos do antigo presídio da
Ilha Grande, de Graciliano Ramos
a Fernando Gabeira (sem falar
em praticamente tudo e todos
da centenária Vila do Abraão)
ganhasse mais um triste capítulo
— muito provavelmente, o último.
“Estamos abrindo uma licitação
para contratar uma empresa
especializada em resgates, a
fim de retirar a lancha de lá
e levá-la para reforma”, diz,
agora, o órgão responsável pelo
barco, a Turisangra, que nada
DEPoIS
jorge de souza
ANTES
em pé Ou
sentadO
Na F-Men, que é
bem mais larga do
que as pranchas
convencionais,
é até possível
remar sentado,
mas o objetivo
da cadeirinha é
apenas aumentar
o conforto
durante a espera
pelos peixes
fotos divulgação
Farol
Sup para peScar
Os pescadores acabam de ganhar mais uma opção
para pescar: esta nova prancha inflável de stand up
s
Por que é legal?
n
n
n
n
n
n
n
É bem mais larga
É inflável, mas rígida
Tem três câmaras de ar
Cabe no porta-malas
Tem acessórios específicos
Não molha o pescador
Custa menos que um barquinho
e depender apenas da
criatividade dos fabricantes
e usuários de pranchas a
remo, a onda do stand up paddle
(ou apenas “sup”) só tende a
aumentar. Nascidas originalmente
apenas para remar e, em seguida,
ampliadas para surfar (usando,
neste caso, o remo como uma
espécie de “leme” potencializador
de manobras), as grandes
pranchas que logo viraram moda
no mundo inteiro não param de
ganhar novos usos e modelos —
já são usadas até para fazer ioga
sobre a água!
A mais recente novidade é
esta prancha, a F-Men, da marca
carioca Kaneca, que foi criada
para atender aos pescadores —
sim, um sup para pesca, o que
até então não existia. Ela é inflável
(leva menos de três minutos para
encher, com a bomba manual
que acompanha a prancha),
pesa apenas 14 quilos, quando
vazia cabe no porta-malas de
qualquer carro, é feita com duas
camadas de PVC, que aumentam
a resistência e rigidez, tem três
câmaras de ar em vez de apenas
uma, como nas pranchas infláveis
convencionais, e é bem mais
larga do que as demais (tem 40
polegadas de largura contra pouco
mais de 30 da maioria), justamente
para aumentar o espaço e a
estabilidade para o pescador,
que nem sempre está a fim de se
molhar. Aliás, segundo o fabricante
Náutica SudeSte
69
tupicomunicacao.com.br
Farol
“
prende aqui,
senta ali
Porta-varas
podem ser
instalados na
prancha e a
cadeirinha é
presa por um
sistema de
correias, que
permite retirá-la
para usar a
F-Men como
prancha normal
(que, no entanto, manda fazer
esta prancha na China), com a
F-Men, a pessoa só se molha se
quiser, porque as duas câmaras
laterais de ar são bem maiores
do que a central e atuam como
flutuadores, praticamente
impedindo que a prancha
vire. E mais: como se trata de
uma prancha para pescadores
(embora também possa ser
usada para simples passeios,
sozinho ou acompanhado de
mais uma pessoa), permite uma
série de acessórios, como portavara, cadeirinha, caixa para peixes
e até sombrinha, para aumentar
o conforto durante a espera pelos
peixes. Foi lançada no último Rio
Boat Show e está sendo vendida
pela Kaneca (www.kaneca.com.br,
tel 21/3328-2083) por
R$ 4 100, sem os acessórios.
Nem os peixes, claro.
fotos divulgação
Ela custa R$ 4 100.
Não é barata, mas é
menos do que um barco
SIMPLESMENTE A MELHOR E MAIS
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Coordenadas
da Marina:
S 23° 45’ 49.0”
w 045° 45’ 32.9”
Farol
Tradicional estaleiro
de lanchas de pesca
ganha nova fábrica e
nova parceria técnica
o tradicional estaleiro paulista Fishing,
que produz algumas das mais famosas
lanchas de pesca do país, firmou uma
joint venture com a empresa Kuarup, do
engenheiro aeronáutico Walter Baere, com
vasta experiência em compostos para a
exigente indústria aeronáutica de São José
dos Campos, e, por conta disso, já está
produzindo seus barcos numa nova fábrica,
de 3 000 m², em Caçapava, no interior
de São Paulo. o objetivo da parceria é
aumentar ainda mais a qualidade das
lanchas da marca, já reputadas como uma
das melhores do segmento, e modernizar
os processos produtivos, visando produzir
mais e melhor, em menos tempo.
ou seja, todos saem ganhando.
A nova fábrica já está em operação.
ARMADA AGoRA TAMBÉM É FIBRAFoRT
As lanchas de
40 e 44 pés da
Armada
Boats passarão
a ser produzidas
pela Fibrafort
Dentro do seu objetivo de ser tornar, no futuro, o maior
fabricante brasileiro de barcos de passeio, o estaleiro Fibrafort,
que já produz a maior quantidade de lanchas de pequeno
porte do país, anunciou, no mês passado, que, a partir do ano
que vem, passará a produzir, também, os modelos de 40 e 44
pés do estaleiro Armada Boats, que, com isso, transferirá sua
linha de montagem para a fábrica da marca. “É um importante
passo rumo ao nosso objetivo”, comemorou o presidente da
Fibrafort, Marcio Ferreira, ao anunciar a novidade.
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Você e seu barco
Ué, não pega...
QUanto cada
coisa consome
4 dicas para não ficar
sem bateria na hora agá
1
O consumo médio de energia dos
equipamentos mais frequentes em um barco
Ligar ou mandar ligar o motor pelo
menos uma vez por semana
Tudo o que você precisa saber sobre
baTerias
Sem elas, nenhum barco a motor vai a lugar algum.
Mas poucos donos de lanchas dão a devida importância a este
equipamento tão fundamental quanto o próprio motor
V
ocê já deve ter vivido isso. Planeja o passeio, convoca a família, convida os amigos, liga para a
marina mandando colocar a lancha na
água e, lá chegando, liga a chave, aciona a partida e... nada. O motor mal se
move. Pronto! Lá se foi o passeio. E por
causa da bateria, que está descarregada.
Para evitar isso, há alguns cuidados a serem tomados, mas o primeiro de todos
é saber se a bateria está dimensionada
para a carga necessária a bordo.
Dimensionar as baterias de um
barco é algo que exige certa habilidade com números, mas não chega a ser
complicado. Mas, antes de mais nada,
é preciso compreender como se mede
a carga de uma bateria, o que é dado
em Ah ou “ampères-hora” e que, ao
contrário do que muita gente imagina,
não significa ampères “por” hora. Esta
medida apenas indica a corrente elétrica constante liberada durante um período de 20 horas, antes de a bateria ficar
74
NáuTica sudesTe
sem carga. Para saber de quanto é essa
corrente, basta dividir o número de Ah
por 20. Assim sendo, uma bateria de
100 Ah, por exemplo, proporciona 5 A
durante 20 horas, entendeu?
Com base nisso, defina quantos
aparelhos elétricos e eletrônicos terão de
ser alimentados pela bateria e se a rede
de energia a bordo é de 110 V e 12 V (por
meio do uso de um inversor) ou apenas
12 V. Em seguida, faça uma lista de todos os aparelhos a bordo e verifique qual
a potência de cada um (para aparelhos
de 110 V) ou o consumo em ampères
(para aparelhos de 12 V).
Vamos supor que você queira instalar um forno de micro-ondas (cuja potência é de 1 300 W), uma tv (200 W), duas
bombas de porão (5 A cada), uma bomba de água doce (6 A), luzes de fundeio
(1 A) e um gps de 5 polegadas com sonda
(1A). Nesse caso, você deve transformar
em ampères todas as medidas e somar.
Para fazer essa conversão, divida o valor
indicado em Watts por 12. No caso da tv,
por exemplo, 200 W ÷ 12 = 16,7 A. Faça,
então, uma estimativa de quanto tempo
utilizará cada aparelho por dia e multiplique esse tempo pela potência do aparelho. Para a tv, três horas por dia estão de
bom tamanho. Para o micro-ondas, calcule no máximo meia hora. Gps com
sonda, cerca de oito horas. Luzes de fundeio, outras oito horas/dia. E assim por
diante. No caso da tv, a conta seria 16,7 A
x 3 horas, o que dá 50 A/dia. O micro-ondas, 55 A/dia. O gps com sonda, 8 A/dia.
Pronto: é só somar tudo e obter o consumo diário estimado para a sua lancha.
Por fim, para ter uma margem de segurança de dois dias sem ter de recarregar as baterias, multiplique o consumo
total por dois (para veleiros, o ideal é multiplicar por duas vezes e meia). Assim, se
o consumo diário foi de aproximadamente 140 A, a capacidade das baterias deve
ser de 280 Ah (ampère-hora). Como não
existe uma bateria com tanta energia, é
Baterias do tipo chumbo-ácido têm uma taxa
natural de autodescarga mensal que vai de 1%
nas melhores marcas (feitas com ligas de PbCa/
chumbo-cálcio ou PbCaAg/chumbo-cálcio prata)
a 10 % nas mais comuns (liga de PbSb/chumboantimônio). Mas outros fatores também aceleram
a autodescarga, como temperatura ambiente
elevada, alta umidade e tempo de uso da bateria.
Por isso, mesmo que não pretenda sair com o
barco, ligue (ou peça para alguém da marina ligar)
o motor pelo menos uma vez por semana, a fim de
repor essa perda natural de energia de toda bateria.
2
3
4
Aguardar um tempo entre
uma tentativa e outra de partida
Por duas razões básicas: a primeira é que a
energia elétrica da bateria vem de uma reação
química. Portanto, deixá-la “repousar” entre uma
tentativa e outra permite que essa reação se
complete, “acumulando” assim energia suficiente
para a próxima tentativa. E a segunda razão é
evitar superaquecimento do motor de arranque.
Só usar baterias do tipo “náutico”
Há algumas características importantes que as
baterias para uso náutico têm que as comuns,
de automóveis, costumam não apresentar, como
capacidade de operar inclinadas, maior resistência a
temperaturas elevadas, maior controle da emissão
de gases nocivos, maior resistência mecânica da
estrutura, menor taxa de autodescarga e maior
vida em ciclos de carga-descarga.
Ampères Horas Ampères/
uso
dia
Luz da âncora
Guindaste da âncora
Piloto automático
0,80
12h00
9,60
150,00
0h12
30,00
0,70
8h00
5,60
Exaustor do porão
6,50
0h12
1,30
2 ventiladores na cabine
0,20
48h00
9,60
3 lâmpadas fluorescentes p/ a cabine
0,70
12h00
8,40
1 lâmpada incandescente p/ a cabine
2,10
1h00
2,10
1 lâmpada p/ mesa de navegação (10 W)
0,80
0h30
0,40
Iluminação da bússola
0,10
8h00
0,80
Iluminação do convés
6,00
0h30
3,00
Sonda de profundidade
0,20
8h00
1,60
Indicador de combustível
0,30
24h00
7,20
GPS
0,50
8h00
4,00
Inversor
0,20
2h00
0,40
Forno de micro-ondas (600 W)
100,00
0h06
10,00
Bomba de porão
15,00
0h06
1,50
Bomba de água doce
6,00
0h02
0,20
Bomba do tanque de esgoto
2,00
3h00
0,10
Radar
4,00
4h00
16,00
2 lâmpadas halogênicas p/ leitura
0,80
4h00
3,20
Geladeira
5,00
12h00
60,00
Luz de navegação
2,50
8h00
20,00
Luz de navegação tricolor
0,80
8h00
6,40
Toca-fitas
1,00
2h00
2,00
Televisão (13 polegadas)
3,50
2h00
7,00
Hodômetro
0,10
8h00
0,80
Ao recarregar a bateria,
faça isso bem lentamente
SSB (receptor)
30,00
0h12
2,50
SSB (transmissor)
30,00
0h12
6,00
A corrente elétrica máxima para recarregar uma
bateria é de 10% do valor de sua capacidade. Exemplo:
uma bateria de 100Ah deve receber, no máximo, 10Ah.
Correntes maiores que isso geram superaquecimento,
o que causa danos permanentes. E baterias
armazenadas por muito tempo devem ser carregadas
com correntes ainda menores, perto de 5%.
Videocassete
2,00
2h00
4,00
VHF (receptor)
0,50
4h00
2,00
VHF (transmissor)
5,00
0h12
1,00
Indicador de vento
0,10
8h00
0,80
DVD
1,10
4h00
4,40
NáuTica sudesTe
75
Você e seu barco
preciso montar um banco com algumas
delas — por exemplo, duas baterias de
150 Ah, ou quatro de 75 Ah.
Lembre-se, contudo, que não é recomendável ligar todos os aparelhos ao
mesmo tempo, pois as baterias não geram toda a energia que o fabricante estipula em Ah na embalagem. Este valor
representa o que ela libera em 20 horas
diretas. Ou seja, uma bateria de 100 Ah
gera 5 A por 20 horas seguidas. Desse
modo, com o nosso hipotético banco de
baterias só seria possível ligar, ao mesmo
tempo, aparelhos com o consumo somado de até 30 A. Uma última precaução: o banco de baterias não deve estar
conectado diretamente ao motor, sob o
risco de ficar sem partida, caso elas descarreguem. O motor exige uma bateria
exclusiva para ele. Mas, durante a navegação, é recomendável ligar o motor ao
banco de baterias, para recarregá-las.
como recarregar?
As respostas para as dúvidas mais frequentes
O tempo para recarregar uma bateria
depende da potência do carregador?
Não. Uma bateria obtém energia a partir de uma reação química.
Para recarregá-la, é preciso “reverter” esta reação, aplicando uma tensão
(V, de volt) e uma corrente elétrica (A, de ampère). Este processo ocorre
em uma velocidade própria, que, quando não respeitada, gera um
recarregamento apenas parcial e pode danificar a bateria para sempre. Em
geral, o tempo de recarga deve ficar entre 8 e 12 horas, independentemente
da potência do carregador de energia de toda bateria.
Usar o alternador do motor é bom para recarregar a bateria?
É uma forma simples, mas precária. Na maioria dos casos, o
conjunto alternador/regulador fornece tensão entre 13 V e 14 V e
correntes elevadas. Com isso, uma bateria descarregada receberá
uma corrente acima da recomendada e, na medida em que sua carga
for aumentando, a tensão do alternador se tornará insuficiente para
continuar o processo de recarga. Resultado: uma recarga parcial (de
70% a 80% da capacidade), além da diminuição na vida útil da bateria.
Painéis solares são eficientes para recarregar uma bateria?
São bons para manter as baterias carregadas quando o barco
não estiver em uso, suprindo assim a “autodescarga” que toda bateria
sofre. Um painel solar rígido de silício cristalino (mais eficiente que
os flexíveis de silício amorfo), com 0,6 m x 0,3 m, pode gerar até
20 w, ou cerca de 1,4 A com 14 V. Para recarregar uma bateria de 150
Ah (ampères/hora), com meia carga, ele exigirá, portanto, cerca de
53 horas de sol forte. E se for um painel flexível, subirá para 120 h!
Portanto, convém avaliar se o investimento em painéis realmente vale
a pena, caso o principal objetivo seja recarregar baterias.
E os geradores eólicos, muito usados nos veleiros?
Sim, mas com ressalvas. A maior vantagem dos
geradores eólicos é funcionar dia e noite, pois não dependem da luz
solar, como os painéis — mas, desde que os ventos estejam acima dos
10 km/h. Para um gerador médio, com um diâmetro próximo de 1,2 m,
ventos de 20 km/h podem gerar em torno de 3 A (14 V). É, portanto,
uma boa opção para quem navega em locais de vento constante,
como o Nordeste, por exemplo. Mas, mesmo nessas condições, serão
necessárias mais de 25 horas para deixar uma bateria de 150 Ah a meia
carga. O investimento é alto e a interferência estética no barco, grande.
Por que não se deve deixar um carregador
comum ligado à bateria por muito tempo?
Porque, em geral, eles operam com corrente constante, ou seja,
vão aumentado a tensão sobre a bateria na medida em que ela se
carrega. Esta tensão não deveria ultrapassar 14,8 V ou 15 V. Dentro
desse limite, evitaria o superaquecimento e a decomposição do
líquido da bateria. Ocorre, contudo, que este tipo de carregador não
tem capacidade de ir diminuindo a corrente/tensão. Por isso, pode
danificar a bateria se não for desconectado a tempo.
o QUe levar em
conta ao instalar
Peso Uma bateria pesa cerca de 45 quilos e
quanto mais abaixo da linha d´água e centralizada
ela estiver, melhor para a estabilidade do barco.
Ventilação Toda bateria emite gases
potencialmente perigosos, o que exige bom
sistema de exaustão — além disso, boa ventilação
evita o aquecimento inadequado delas.
Acesso É fundamental que estejam à vista.
Baterias “escondidas” são um incômodo e risco.
Instale-as o mais próximo possível do motor.
Assim, você evita a perda de energia através dos
cabos. Se isto não for possível, use cabos de maior
diâmetro.
Tipos Nunca misture baterias velhas com
novas, porque as já usadas comprometerão a
durabilidade das novas.
Você e seu barco
Pra quE tudo isso?
Juntar tralhas a bordo é um hábito de todo dono de barco. Mas isso pode custar caro
S
im, é um filme. Faça o teste: abra os paióis do seu
barco e coloque tudo o que há neles para fora.
Depois, espalhe tudo no convés e responda: será
que você precisa mesmo levar tudo isso a bordo
quando sai para um simples passeio? Será que irá mesmo precisar de tantas mangueiras, galões e ferramentas
ou apenas uma ou outra coisa já daria conta de eventuais
problemas? Acumular coisas inúteis a bordo (as chamadas “tralhas”) é um hábito que 99% dos donos de barcos
cultivam. Mas não deveriam, porque qualquer coisa pesa
e peso é algo crucial no desempenho de qualquer barco
— seja ele a vela ou a motor. É bem provável que você
mesmo esteja levando uma série de quinquilharias e inutilidades náuticas a bordo, com a mínima chance de vir
a precisar de alguma delas — se é que se lembrará delas,
caso seja preciso.
Peso rouba muito desempenho. Só para ter uma
ideia, numa lancha de 26 pés, 100 quilos extras a bordo
(coisa fácil de juntar quando há espaço para guardar coisas a bordo) representam uma queda de cerca de 10%
no desempenho e elevam o consumo em outros 5%. E a
grande maioria dos barcos de médio porte carrega bem
mais do que isso na forma de tranqueiras que jamais serão usadas e que ficam esquecidas nos armários da cabine e paióis do convés. Outra consequência do acúmulo
de coisas a bordo é o aumento no risco de incidentes, especialmente se o porão do casco também for usado como
depósito, o que jamais deveria ocorrer, por sinal. Qualquer coisa que deslize pode romper a fiação ou impedir
o funcionamento do motor. Sem falar que peso excessivo
compromete a estabilidade de qualquer barco.
78
Náutica sudEstE
Portanto, a regra é, de tempos em tempos, fazer o que
o primeiro parágrafo deste texto sugere (botar tudo pra
fora e fazer um pente fino) e, dali em diante, passar a perguntar a si mesmo qual a real utilidade de qualquer coisa
que entrar a bordo e nele ficar. Afinal, pra que levar três
latas de óleo se uma só já basta para completar o nível do
motor, no caso de um (improvável, por sinal) vazamento
durante um passeio? Pense nisso. E em muitas outras coisas também.
A tralha mais frequente
O que geralmente vai a bordo,
sem a menor necessidade
O quê?
E pra quê?
Muitos livros
Não basta aquele que você
está lendo?
Muitas panelas
Não bastariam duas ou três
delas?
todas as ferraMentas
Uma caixa já dá conta do
recado
Capa do barCo
Você pretende cobri-lo
durante o passeio?
louças de porCelana
Vidro pesa bem mais que
plástico. E quebra
Muitas peças
De que adianta, se não há
como trocá-las?
rolos de Cabos
Um a mais é mais do que
suficiente
cruzadas náuticas
Você entende de mar?
HORIZONTAIS
2 Peixe da região amazônica; sua carne é muito consumida pela população local e sua pele utilizada na fabricação de couro • 6 A maior do Brasil,
em área, é a de Sobradinho, na Bahia • 8 Primeira graduação na hierarquia do pessoal subalterno da Marinha do Brasil • 10 Ser mitológico, metade mulher, metade peixe,
que, com seu canto mavioso, atraía marujos para o mar, onde morriam afogados • 13 Grande planície inundável da América do Sul, um dos ecossistemas mais ricos do
planeta • 15 Enchova, especialmente a preparada na salmoura para conserva • 16 A maior reentrância marítima do mundo • 19 Repartição da Marinha encarregada
da segurança e do tráfego marítimo em sua jurisdição • 21 Limite territorial entre dois ou mais países • 22 O recipiente usado para servir a feijoada • 23 Condição
urgente, que demanda ação ou assistência rápida • 26 Data comemorada pelos cristãos em 25 de dezembro • 31 Navegação com vento de viés • 32 Carroceria
metálica usada para depositar entulho de obras, lixo etc., posteriormente transportadas por um caminhão • 33 Palavra do alfabeto fonético que representa a letra F.
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Prestige 400 Keep Rocking
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Nome desta ave
1 A constelação austral cuja estrela mais brilhante é dupla • 2 Nevoeiro muito denso (principalmente nas manhãs de inverno, em terra ou no mar) que
impede a visão a grande distância • 3 Um mecanismo para reduzir atrito entre superfícies • 4 Um tipo de poltrona que se pode recostar para melhor
se acomodar • 5 Peixe de pequeno e médio porte, corpo fusiforme e fendas branquiais laterais, ambém conhecido como cação • 6 Força que se
opõe ao deslocamento de um corpo que se move • 7 O grande lago da capital federal • 9 O percurso de um navio no mar ou de um avião em voo
• 11 Oficial que ocupa o segundo lugar na linha de comando de um navio • 12 O ato de subsistir, de escapar de um acidente, desastre, naufrágio,
incêndio etc. • 13 Uma ave que não sabe voar, característica do hemisfério Sul • 14 Material plástico sintético usado como matéria-prima para cordas,
roupas, material esportivo etc. • 17 Monte de areia típico de praias como Jericoacoara e Natal • 18 Lado direito do navio, olhando da popa para
a proa • 20 Cômodo e fácil de ser usado • 24 (Fig.) Alta, aumento • 25 Cada um dos sete amiguinhos da Branca de Neve • 27 Interjeição usada
pelos que saúdam com copos de bebida • 28 Cidade histórica de Santa Catarina, com importante porto • 29 O automático é o aparelho do barco, que
dispensa a intervenção da tripulação durante a navegação, mantendo a velocidade e a direção • 30 Unidade de medida da energia elétrica, de símbolo V.
V
E
R
T
I
C
A
I
S
Respostas na página 79
80
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arquivo pessoal
3 perguntas
a raiNha do remo
A paulista Roberta Borsari transformou as remadas com uma prancha de stand up
paddle em profissão, mas continua tão empolgada quanto no primeiro passeio
A
paulista Roberta Borsari é uma das maiores incentivadoras do stand up paddle no Brasil, criadora do projeto Suptravessias e uma das praticantes profissionais do esporte que mais viajou para o
exterior, a fim de remar em diferentes locais e situações, para aprimorar sua técnica. Graças a isso, é capaz de fazer longas travessias (como sair do litoral nor-
te de São Paulo e remar até Alcatrazes ou dar a volta
na ilha de Fernando de Noronha) como se estivesse passeando. E, quase sempre, está mesmo, porque
é uma apaixonada pela pranchas a remo e o prazer
que elas proporcionam. “Mas desde que a pessoa esteja bem orientada e com o equipamento certo”, ressalva, como conta neste rápido bate-papo.
1 2 3
Sup é
apenas moda?
Qual a
melhor prancha?
Qual conselho
daria aos iniciantes?
“De jeito algum! O stand up paddle veio pra ficar e o segredo desse sucesso é a sua praticidade e versatilidade.
Qualquer pessoa apta a fazer alguma atividade física, independentemente da idade, é capaz de remar uma prancha. Mas
é claro que quem começa com a postura
errada e remando sem nenhuma técnica, desenvolve vícios que comprometem
a performance. E isso, às vezes, desanima a pessoa, porque ela se cansa e não
avança. Por isso, o ideal é, sempre, consultar um profissional do assunto, seja
para aprender direito ou escolher o melhor equipamento, que, por sinal, varia de
pessoa para pessoa”.
“Não existe ‘a melhor prancha’.
O que existe é o equipamento ideal para
cada pessoa e o que ela pretende fazer
com ele — se apenas passear, brincar nas
ondas ou fazer um exercício mais intenso. O biotipo do remador também conta muito, porque prancha e remo inadequados ao peso, altura e condição física
da pessoa logo se tornam um incômodo.
E tudo o que incomoda não dá prazer, o
que vai de encontro ao principal objetivo do sup, que é a satisfação da interação com a água. Mas essa é uma escolha que exige ajuda profissional, porque
há muitos modelos e marcas, o que sempre confunde os iniciantes.”
“Além de procurar um profissional para orientá-lo, jamais descuidar da segurança. Como não ir além dos limites físicos e sempre checar a previsão do tempo.
Às vezes, o dia está lindo e o mar um espelho, mas pode virar de repente. E, se não
conhecer bem a região, também ficar atento às correntezas, que podem surpreender
os remadores menos experientes. Mas, de
resto, é só colocar a prancha na água e se
divertir. Mesmo quem tem um barco deveria levar uma prancha a bordo, porque não
há nada melhor do que chegar numa praia
ou ilha e sair remando, sentindo a natureza
bem de perto. Por isso, também, que o sup
é um sucesso”.
82
Náutica SudeSte
C
M
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CM
MY
CY
CMY
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