O Budismo - Volney Berkenbrock

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O Budismo - Volney Berkenbrock
O Budismo
A religião do Budismo tem seu início com a vida e experiência religiosa de uma pessoa
chamada Siddharta Gautama. Este, mais tarde, por causa de sua experiência religiosa,
recebeu o título de Buda, que significa “o Iluminado” ou “o Desperto”. Sobre a vida de Siddharta
Gautama não se sabe muita coisa e muitas coisas estão envoltas em lendas surgidas mais
tarde. Sabe-se, porém, o suficiente para se ter uma idéia de sua busca religiosa e o por que de
sua forma de vida ter tido seguidores, originando-se assim a religião do Budismo. Alguns
passos importantes da sua vida: Ele nasceu por volta do ano de 560 antes de Cristo, em
Kapilavastu, (hoje Índia, onde fica a fronteira com o Nepal). Sua família seguia as tradições
religiosas hinduístas. Casou-se aos 16 anos de idade (ou aos 19 segundo outra tradição) e
teve um filho. Aos 29 anos abandonou o palácio para seguir o caminho religioso, teve a
experiência da suprema “iluminação” ou “despertar” religioso quando tinha cerca de 35 anos e
passou o resto de sua vida pregando e vivendo sua verdade religiosa. Teria morrido por volta
de 480 antes de Cristo, com 80 anos de idade. Contam as lendas que desde cedo Siddharta
vivia à procura do sentido da existência. Dentro da tradição religiosa hinduísta de sua família,
acreditava-se na idéia da existência cíclica, ou seja, que os indivíduos nascem, vivem e
morrem, para depois de um tempo novamente renascer, viver e morrer e assim eternamente.
Siddharta perguntava-se pela saída deste eterno ciclo. Deveria existir uma lógica por detrás da
existência, que – uma vez descoberta – poderia levar à quebra do destino cíclico. Para buscar
a resposta a esta pergunta, Siddharta deixa sua casa e sua família. Mas não encontrou tão
facilmente a verdade. Conta a tradição que, quase desanimado de sua busca, Siddharta
senta-se sob uma figueira. Ali finalmente ele “despertou”, ou seja, sua mente iluminou-se e ele
percebeu a lógica da existência e o caminho de saída do eterno retorno. A partir deste
momento, Siddharta passa a ser Buda, ou seja, “o desperto”. A lógica da existência percebida
por Buda são as chamadas quatro nobres verdades sobre o caminho do meio e formam a base
da compreensão e forma de vida do Budismo. As quatro nobres verdades são: 1a A verdade
sobre o sofrimento, 2a a verdade sobre a origem do sofrimento. 3a a verdade que leva à
superação do sofrimento e 4a a verdade sobre o caminho que leva à superação deste
sofrimento. A primeira verdade é a sobre o sofrimento. Buda entende que a existência é
sofrimento. Ele não nega que possam haver momentos de alegria, mas eles não são perenes
nem definitivos. Na verdade, eles são instáveis e esta é a origem da fragilidade e do sofrimento
do ser. A segunda verdade é a verdade sobre a origem do sofrimento. A causa do sofrimento é
o desejo. No desejo está para Buda a origem do sofrimento. O desejo gera a vontade da
saciedade. A não saciedade do desejo, faz com que se busque sempre novamente a
satisfação do mesmo. Com isso, o desejo é a fonte do renascimento (da existência cíclica),
pois a existência deseja continuar para saciar seus desejos. Se os desejos não são saciados,
continua a vontade e esta gera novamente o nascimento, a vida, que é porém sofrimento.
Quanto mais o ser humano mergulha na tarefa de saciar o desejo, mais ele se afunda no
sofrimento. A terceira verdade é a sobre a superação do sofrimento. Existe um meio para
suprimir o sofrimento. Este meio é a aniquilação completa do desejo. O desapego de todo
desejo, interrompe o eterno retorno. A superação do sofrimento não está em saciar o desejo,
mas em interromper o mecanismo do desejo. Por esta terceira verdade o Budismo entende que
é possível superar o destino do eterno retorno, interrompendo a sua causa. O estado de
extinção completa do desejo é chamado pelo Budismo de Nirvana, palavra esta que quer dizer
exatamente “extinção”. Esta palavra (Nirvana) foi muitas vezes mal entendida e interpretada
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O Budismo
como “estado de realização”, quase que um céu ou paraíso. Não se trata porém
necessariamente de um estado pós-morte. Já em vida o budista pode alcançar o nirvana. O
estado de Nirvana alcança toda pessoa que conseguiu livrar-se de todos os desejos e com isto
não está mais apegada a nada. Uma vez tendo sido descoberta a “lógica” do sofrimento, a
quarta verdade anuncia o caminho para se chegar à sua superação. Em primeiro lugar é
necessário evitar os dois extremos: nem uma vida desregrada de prazeres, nem uma vida de
asceta. Por isso, o caminho proposto por Buda é o chamado “caminho do meio”, do equilíbrio.
O caminho para se chegar à superação do sofrimento é tem oito elementos: 1) a palavra
correta, 2) a ação correta e 3) o meio correto de existência; 4) o esforço correto, 5) a atenção
correta e 6) a concentração correta; 7) a compreensão correta e 8) o pensamento correto. Os
oito elementos do caminho a ser seguido não têm ordem de precedência, mas dizem respeito a
três questões: os três primeiros dizem respeito a uma conduta de vida correta, os três
seguintes dizem respeito a uma disciplina mental correta e os dois últimos dizem respeito à
sabedoria. Buda passou o resto de sua vida praticando e ensinando estas quatro nobres
verdades. Em pouco tempo tinha muitos discípulos e formavam grupos que viviam sua forma
de vida. Com a morte de Siddharta Gautama, muitos continuaram sua proposta e assim surgiu
o chamado Budismo. Com o tempo, aconteceu que formaram-se compreensões diferentes da
forma de vida proposta por Buda e hoje temos dentro do Budismo diversas correntes
diferentes. As correntes mais conhecidas são o Theravada (Budismo mais tradicional), o
Mahayana (um Budismo de forma de vida mais simples), o Zen-Budismo (que é o Budismo que
adaptou-se à China e ao Japão) e o Lamaismo (também chamado de Budismo tibetano,
conhecido sobretudo através do líder religioso Dalai Lama).
Prof. Volney J. Berkenbrock
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