10.02.2007 Harmonizando o Ambiente das Empresas Runbeck (15

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10.02.2007 Harmonizando o Ambiente das Empresas Runbeck (15
10.02.2007
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Harmonizando o Ambiente das Empresas
Runbeck (15) dizia que a felicidade era apenas uma “maneira de viajar” pela
vida, muito mais do que um destino. Buscar o que se chama de felicidade,
harmonizar-se com as coisas, é anseio de todos, valores de buscas essenciais
da vida e, por consequência isso deve ser exercido em todas as facetas de
nossas experiências, por isso também no trabalho ou na empresa.
Convivência harmoniosa é indispensável nas relações, também na empresa
em que se trabalha, e não faltam inspirações para impregnar nossa vida de um
dominante bem-estar. Cada um é feito para ser feliz, disse Caetano Veloso
(16). É preciso, assim, criar a atmosfera de um ambiente harmonioso também
dentro das empresas.
Empresas precisam ser ambientes de bem-estar e, invariavelmente, todo o
time empresarial precisa contribuir para esse estado harmonioso.Tomemos
inspirações, se é que se possam receitar caminhos:
1) Anote aí num caderninho tudo o que você fez hoje. Vai descobrir nele
inutilidades, mas do que ações imperiosas. Concentre-se, pois, em ações
concretas, essenciais, isso ajuda a resultados e ações mais felizes para todos,
para você e sua empresa. Assim cobre menos e produza mais. Empresas
precisam de resultados e ambiente feliz, e isso de alguma forma harmoniza as
instituições, e ações imperiosas produzem mais felicidade.
2) Demócrito (17), em sua clássica Meditações, acrescentou evite os gestos
inúteis, mas também os pensamentos desnecessários. Contribua para que o
time aprenda o gesto útil, imprescindível, agregador, pacificador, a iniciativa e o
pensamento necessário, e isso produz bem-estar.
3) Evite o que Sêneca (18) chamava de agitação estéril e preguiça agitada,
assim, a agitação pessoal tem que ser dirigida a esse resultado objetivo e feliz,
ambientando mais harmonia com os vínculos, com os signos, o céu e a terra.
4) O Filósofo Zenão ( 331. a.C – 264 a.C), (19) dizia: “Aceite os tropeços
porque eles são inevitáveis, comportando-se com serenidade diante do revés”.
Assim, não potencialize dificuldades, resistências, desavenças com o time nem
repita apologias de fracassos, não seja reativo, porque ninguém quer saber
muito disso. Não se esconda nas omissões, aja em favor do bem-estar do
ambiente e de todos.
5) “Não se pode pedir que os acontecimentos ocorram como você quer, mas
deve-se querê-los como ocorrem” dizia Epíteto. (20). Não se agaste contra as
circunstâncias, elas não se importam com você. Falar mal do céu normalmente
não faz parar as chuvas. Calma, as coisas sempre se ajeitam.
6) Montaigne (21) escreveu “É digno de piedade quem depende dos outros”.
Sendo assim, não fique sempre esperando o outro fazer, aja também para que
todo o grupo e a empresa se beneficiem de intervenção. Concentre-se,
sobretudo, naquilo que os outros não conseguem realizar e que você pode,
com habilidade e docilidade, produzir, até mais do que lhe pediram. Isso faz
uma enorme diferença.
7) O poeta romano Horácio (65 a.C 8. a.C) (22) disse em certa ocasião “Todas
as minhas esperanças estão em mim”. Tudo que há em você canalizará
benefício em você, para a sua empresa e os que estão em volta.
8) E Sêneca (18) aconselhou ainda: “Menos ruído e mais sentido nas coisas”,
Assim, faça menos barulho inútil. No silêncio, nada lhe tiram, e ele ajuda muito
mais a harmonia e a serenidade.
9) Em Aforismo para a Sabedoria de vida, Shopenhauer (23) afirmou: “Acima
de tudo, o que nos torna mais felizes é a jovialidade do ânimo”. Dispense o
mau humor, a grosseria, o desânimo, eles instabilizam e roubam a harmonia do
ambiente. Por isso, viva como se este fosse um último dia, e maravilhoso,
como disse um sábio.
10) O imperador romano Marco Aurélio (121 d.C- 180 d.C) (24) aconselhou
buscar o “exercício de conduzir a mente, quando agitada, para pensamentos
aquietadores”.E o ambiente de trabalho precisa ter esse controle mais
aquietado de harmonia. Existe tanta burrice concentrada nos escritórios
quando as pessoas escolhem construir um ambiente de trabalho infeliz, de
relações tristes, mesquinhas, onde as pessoas são incapazes de doçuras,
umas
distantes
da
outras,
formando
“panelinhas”
nos
escritórios,
e
desconhecendo a força da harmonia e da doçura do grupo. É tão mais fácil o
caminho do trabalho que nos dirige também a uma harmonia pessoal. A
viagem vai ficar melhor.
(Artigo publicado no Jornal “O Jornal”, Maceió, AL, em 10.02.2007)
Notas:
(15) Margaret Lee Runbeck: “O que conta não é o dito, mas o que nunca é necessário dizer”.
(16) Caetano Emanuel Viana Teles Veloso: (Santo Amaro da Purificação, 1942) Consagrado
músico brasileiro. Nascido na Bahia, é o quinto dos oito filhos de José Teles Veloso (Seu Zezinho),
funcionário público dos Correios, falecido em 13 de dezembro de 1983, aos 82 anos, e Dona
Canô, nascida em 16 de setembro de 1907. Ele escolheu o nome da irmã, inspirado em uma
canção famosa da época (18 de junho de 1946) na voz do cantor Nélson Gonçalves, Maria
Bethânia do compositor Capiba.
Na infância, foi fortemente influenciado por arte, música, desenho e pintura; as maiores influências
musicais dessa época foram alguns cantores então em voga, como "o rei do baião" Luiz Gonzaga,
e músicas de maior apelo regional, como sambas de roda e pontos de macumba. Em 1956,
frequentou o auditório da Rádio Nacional, na capital fluminense, que contava com apresentações
dos maiores ídolos musicais brasileiros. Na seqüência transforma-se num dos maiores cantores e
compositores da Música Brasileira, e em seguida conhecido em todo o mundo como uma
referência musical mundial.
(17) Demócrito de Abdera (cerca de 460 a.C-370 a.C.) é tradicionalmente considerado um
filósofo pré-socrático. Cronologicamente é um erro, já que foi contemporâneo de Sócrates. Do
ponto de vista doutrinário, contudo, faz algum sentido considerá-lo pré-socrático, pois seu
pensamento ainda é fortemente influenciado pela problemática da physis. Demócrito foi discípulo e
depois sucessor de Leucipo de Mileto. A fama de Demócrito decorre do fato de ele ter sido o maior
expoente da teoria atômica ou do atomismo. De acordo com essa teoria, tudo o que existe é
composto de elementos indivisíveis chamados átomos (e é daí que vem a palavra átomo, que, em
grego significa, a, negação e tomo, divisível. Átomo= indivisível). Não há certeza se a teoria foi
concebida por ele ou por seu mestre Leucipo, e a ligação estreita entre ambos dificulta a
identificação do que foi pensado por um ou por outro. Todavia, parece não haver dúvidas de ter
sido Demócrito quem de fato sistematizou o pensamento e a teoria atomista.
Ele avançou também com o conceito de um universo infinito, onde existem muito outros mundos
como o nosso. Na verdade, segundo Demócrito, existe um número infinito de mundos, sendo que
pelo menos um deles, e talvez mais do que um, é uma cópia exata do nosso, com pessoas como
nós. O conceito de um universo infinito contendo inúmeros mundos diferentes foi também aceito
por outros pensadores, incluindo Friedrich Nietzsche.
Demócrito foi um escritor prolífico e Diógenes Laércio o menciona como autor de cerca de noventa
obras. Dentre estas, destacam-se: Pequena ordem do mundo; Da forma do entendimento; Do
bom ânimo; Preceitos. Uma célebre frase de Demócrito é: "Tudo que existe no universo é fruto do
acaso e da necessidade".
(18) Lucius Annaeus Sêneca: (Córdova, 4 a.C.- Roma, 65 d.C.): Mais conhecido como Séneca
(ou Sêneca), o moço, o filósofo, ou ainda, Séneca o jovem. A obra literária e filosófica de Sêneca,
tido como modelo do pensador estóico durante o Renascimento, inspirou o desenvolvimento da
tragédia na Europa. Oriundo de família ilustre, era o segundo filho de Helvia e de Marcus Lucius
Annaeus Seneca (Séneca, o Velho). O pai era um orador eloquente e muito abastado. Séneca, o
Jovem, foi tio do poeta Lucano. Ainda criança, foi enviado a Roma para estudar oratória e filosofia.
Com a saúde abalada pelo rigor dos estudos, passou uma temporada no Egito para se recuperar e
regressou a Roma por volta do ano 31 da era cristã. Nessa ocasião, iniciou carreira como orador e
advogado e logo chegou ao Senado, quando Nero tornou-se imperador.
Sêneca converteu-se em seu principal conselheiro e tentou orientá-lo para uma política justa e
humanitária. Durante algum tempo, exerceu influência benéfica sobre o jovem, mas aos poucos foi
forçado a adotar atitudes de complacência. Chegou mesmo a redigir uma carta ao Senado na qual
justificava a execução de Agripina em 59. Foi então muito criticado pela fraca oposição à tirania e
à acumulação de riquezas, incompatíveis com as concepções estoicas.
Sêneca retirou-se da vida pública em 62. Entre seus últimos textos, estão a compilação científica
Naturales Quaestiones (Problemas naturais), os tratados De tranquillitate animi (Sobre a
tranquilidade da alma), De vita beata (Sobre a vida beata) e, talvez sua obra mais profunda, as
Epistolae morales dirigidas a Lucilius, em que reúne conselhos estóicos e elementos epicuristas
na pregação de uma fraternidade universal mais tarde considerada próxima ao cristianismo. No
ano 65 d.C, Sêneca foi acusado de ter participado na conspiração de Pisão, na qual o assassínio
de Nero teria sido planejado. Sem qualquer julgamento, foi obrigado a cometer o suicídio. Na
presença dos seus amigos cortou os pulsos, com o ânimo sereno que defendia em sua filosofia.
Tácito relatou a morte de Sêneca e da mulher, que também cortou os pulsos. Nero, com medo da
repercussão negativa dessa dupla morte, mandou que médicos a tratassem, e ela sobreviveu ao
marido alguns anos.
Sêneca ocupava-se da forma correta de viver a vida, ou seja, da ética, física e da lógica. Via o
sereno estoicismo como a maior virtude, o que lhe permitiu praticar a tranquilidade da alma,
denominada ataraxia (termo utilizado a primeira vez por Demócrito em 400 a.C.). Juntamente com
Marco Aurélio e Cícero, conta-se entre os mais importantes representantes da stoa romana (stoa
significa literalmente pórtico).
Sêneca via no cumprimento do dever um serviço à humanidade. Procurava aplicar a sua filosofia à
prática. Desse modo, apesar de ser rico, vivia modestamente: bebia apenas água, comia pouco,
dormia sobre um colchão duro. Sêneca não viu nenhuma contradição entre a sua filosofia, estoica,
e a sua riqueza material: dizia que o sábio não estava obrigado à pobreza, desde que o seu
dinheiro tivesse sido ganho de forma honesta. No entanto, devia ser capaz de abdicar dele.
Sêneca via-se como um sábio imperfeito: "Eu elogio a vida, não a que levo, mas aquela que sei
dever ser vivida." Os afetos (como relutância, vontade, cobiça, receio) devem ser ultrapassados. O
objetivo não é a perda de sentimentos, mas a superação dos afetos. Os bens podem ser
adquiridos, na condição de não deixarmos que se estabeleça uma dependência deles.
Para Sêneca, o destino encontra-se predefinido. O homem pode apenas aceitá-lo ou rejeitá-lo. Se
o aceitar de livre vontade, goza de liberdade. A morte é um dado natural. O suicídio não é
categoricamente excluído por Sêneca.
(19) Zenão: (340 a.C-264 a.C.): Flósofo helenista, fundador do estoicismo. Zenão nasceu em
Cítio, na Ilha de Chipre. Transferiu-se para Atenas por volta de 312 ou 311 a.C., atraído pela
filosofia (ou, segundo outros, após perder sua fortuna em um naufrágio na costa da Ática). Em
Atenas, Zenão foi discípulo de Crates de Tebas e estudou os antigos filósofos (dentre estes,
Heráclito de Éfeso, que muito o influenciou). Aos 42 anos, fundou a escola estoica, reunindo seus
alunos sob os pórticos (em grego, "stoa") de templos, mercados e ginásios.
Zenão propôs uma tripartição na filosofia: lógica, física e ética. A lógica fornece um critério de
verdade. A física constitui um materialismo monista e panteísta. A ética regula as ações humanas,
cujo objetivo é a conquista da felicidade, e esta deve ser perseguida segundo a natureza.
A doutrina filosófica de Zenão de Cítio afirma que o ser humano atinge a plenitude e a felicidade
quando abandona todas as paixões terrenas, contrariedades, aborrecimentos e desassossegos.
Para Zenão a única forma de viver sem essas contrariedades é viver em ataraxia ou apatia, ou
seja, abandonado ao destino, impassivelmente, nada receando e nada esperando.
Apesar de compartilhar diversos conceitos básicos da filosofia de Epicuro de Samos, Zenão e o
estoicismo em geral divergem do epicurismo por entender que a virtude, e não o prazer, constitui o
bem supremo. Além disso, consideram que o princípio-chave do universo é a lei racional da
natureza, e não o movimento aleatório dos átomos.
(20) Epiteto: ( Hierápolis, Frígia 55-Nicópolis, Épiro, 135): Filósofo grego estoico que viveu a maior
parte de sua vida em Roma, como escravo a serviço de Epafrodito, o cruel secretário de Nero,
que, segundo a tradição, uma vez quebrou-lhe uma perna.
Apesar de sua condição, conseguiu assistir às preleções do famoso estoico Gaio Musônio Rufo.
De sua obra, conservam-se um Enchyridion, o "manual de Epiteto", e alguns discursos editados
por seu discípulo Flavio Arriano.
Como viver um vida plena, uma vida feliz? Como ser uma pessoa com boas qualidades morais?
Responder a essas duas perguntas fundamentais foi a única paixão de Epiteto. Embora suas
obras sejam menos conhecidas hoje em função do declínio do ensino da cultura clássica, tiveram
enorme influência sobre as ideias dos principais pensadores da arte de viver durante quase 2 mil
anos.
Para Epiteto, uma vida feliz e uma vida virtuosa são sinônimos. Felicidade e realização pessoal
são consequências naturais de atitudes corretas.
(21) Michel de Montaigne: (1533-1592) O grande pensador e escritor humanista da renascença
francesa, o celebrado autor dos Ensaios (1580-1588), era pessimista e cético em relação à
sociedade da sua época. Achava-a viciosa e falsa. Por isso, empenhou-se em encontrar um
espaço próprio, um recanto onde pudesse estabelecer-se com toda a tranquilidade, observar o
jardim e a paisagem que o circundava.
Na torre do seu castelo em Bordeaux, escreveu, então, em prosa soberba, as mais belas páginas
da literatura francesas em todos os tempos.
"[...] há uma peste no homem, é a pretensão de saber alguma coisa. (Ensaios, 1580).
Numa sociedade embebida em falsidades, obcecada por representações e aparências —- na qual
as pessoas tratam de esconder o que verdadeiramente são atuando como se fossem atores e
atrizes —, qual o lugar de um homem sábio? Como lidar no Mundus universus exercet
histrioniam? (O mundo é o universo do histrião), meditando sobre isso, sobre o mundo parecer-se
a um teatro, o filósofo e humanista Michel de Montaigne, morto em 1592, disse que “há em nós
mais vaidade do que infelicidade, mais tolice que malícia, mais vazio do que maldade, mais vileza
do que miséria”. Vivendo em meio a uma comunidade tomada por viciados, ele deve evitar o
contagio com o mal, pois tal conúbio o obriga a duas alternativas: ou adere aos viciados ou os
odiar. Ambas ruins e negativas. Onde, pois, encontrar um sítio que o afastasse do “malefício do
parecer”? Visto que nem o mais prudente dos pensadores escapava da sedução das ilusões , pois
tudo que o circundava era feito de “trapaça, mentira e traição”, onde, raios, ele podia achar um
refúgio?
Os sábios gregos antigos, sabedores disso, abrigavam-se em asilos muito próprios, originais:
Pitágoras entre os esotéricos, Platão na Academia, Aristóteles no Liceu, Zenão no stoa, e o cínico
Diógenes numa barrica. Mas Montaigne não pretendia fundar nenhuma escola, nem queria
discípulos ou seguidores ao seu redor. Desejou somente retirar-se das coisas do mundo para, a
distância, poder entendê-lo: encontrar um mirante para o sábio. No caso dele, a biblioteca que
possuía na torre do castelo da sua família em Bordeaux, onde nascera..
Somente ali, gozando da solidão em meio aos papéis, à tinta e aos livros, sentia-se livre, liberto de
qualquer convenção. Seguia assim o preceito dos estoicos e dos epicuristas que indicava a
necessidade de estabelecer-se “num lugar” que repelisse “a imaginação, a presunção e a
vaidade”, para bem longe de si. Privar do seu próprio jardim, enfim. Como dissera Plínio, no
passado: “No retiro absoluto que criaste, é onde tendes a possibilidade de viver como entendes...
te entregues ao estudo das letras, a fim de chegares a produzir alguma coisa pessoal” (citado nos
Ensaios, I, XXXIX) Eis que o verdadeiro sábio sequestra a si mesmo e, encurralando-se num
recanto, afasta-se das “falsas fisionomias” e das “mascaradas” com que antes era constrangido a
conviver.
(22) Quinto Horácio Flaco: (latim: Quintus Horatius Flaccus) (Venúsia, 65 a.C.- Roma, 8 a.C.)
foi um poeta lírico e satírico romano, além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas
da Roma antiga.
Filho de um escravo liberto, que possuía a função de receber o dinheiro público nos leilões,
recebeu uma boa educação para alguém com suas origens sociais, graças aos recursos que seu
pai conseguiu.
Seus estudos literários de Roma foram completados em Atenas, onde estudou filosofia. Se
envolveu em lutas políticas e tomou com entusiasmo o assassinato de Júlio César. E depois de
Brutus ter formado um exército para batalhar em Filipos (42 a.C.), recebeu deste uma legião para
comandar. Apesar da derrota obtida na batalha, pôde retornar a Roma graças a uma anistia do
segundo triunvirato.
Mas, apesar de ter conseguido a anistia, Horácio perdeu o que lhe restava dos bens paternos,
tendo que trabalhar em Roma como escriba (ou escrivão), o que lhe permitiu poder divulgar seus
primeiros versos, resultando em uma amizade com outro poeta romano, Virgílio. Ele apresentou
Horácio ao confiante ministro do imperador Augusto, Caio Mecenas. Este, por apreciar as
qualidades e o talento de Horácio, tornou-se amigo do poeta e o incluiu nos círculos literários.
Graças à amizade entre Horácio e Mecenas, o poeta pôde conseguir sua ascensão, visitando
frequentemente o palácio imperial, tornando-se também amigo do imperador. Horácio se tornou o
primeiro literato profissional de Roma.
Mecenas ainda concedeu a Horácio uma casa de campo, próxima a Tibur, hoje Tivoli. Daí em
diante ele dedicou-se totalmente à poesia, chegando a recusar o pedido de Augusto para ser seu
secretário particular. Dessa forma passou o resto de sua vida se dedicando às suas obras e
gozando de visitas de amigos e intelectuais que iam até sua casa. Morreu no ano de 8 a.C.,
pouco tempo após a morte de seu amigo Mecenas. Horácio ficou conhecido como o Deus da
Poesia.
(23) Arthur Schopenhauer : (Danzig,1788-Frankfurt, 1860) foi um filósofo alemão do século XIX
da corrente irracionalista. Sua obra principal é O mundo como vontade e representação, embora o
seu livro Parerga e Paralipomena (1851) seja o mais conhecido. Schopenhauer foi o filósofo que
introduziu o budismo e o pensamento indiano na metafísica alemã. Ficou conhecido por seu
pessimismo e entendia o budismo como uma confirmação dessa visão. Schopenhauer também
combateu fortemente a filosofia hegeliana e influenciou fortemente o pensamento de Friedrich
Nietzsche.
Perdoar e esquecer equivale a jogar pela janela experiências adquiridas com muito custo. Se uma
pessoa com quem temos ligação ou convívio nos faz algo de desagradável ou irritante, temos
apenas de nos perguntar se ela nos é ou não valiosa o suficiente para aceitarmos que repita
segunda vez e com frequência semelhante tratamento, e até de maneira mais grave.
Em caso afirmativo, não há muito a dizer, porque falar ajuda pouco.
Temos, portanto, de deixar passar essa ofensa, com ou sem reprimenda; todavia, devemos saber
que agindo assim estaremos a expor-nos à sua repetição.
Em caso negativo, temos de romper de modo imediato e definitivo com o valioso amigo ou, se for
um servente, dispensá-lo. Pois, quando a situação se repetir, será inevitável que ele faça
exatamente a mesma coisa, ou algo inteiramente análogo, apesar de, nesse momento, nos
assegurar o contrário de modo profundo e sincero. Pode-se esquecer tudo, tudo, menos a si
mesmo, menos o próprio ser, pois o caráter é absolutamente incorrigível, e todas as ações
humanas brotam de um princípio íntimo, em virtude do qual, o homem, em circunstâncias iguais,
tem sempre de fazer o mesmo, e não o que é diferente. (...) Por conseguinte, reconciliarmo-nos
com o amigo com quem rompemos relações é uma fraqueza pela qual se expiará quando, na
primeira oportunidade, ele fizer exatamente a mesma coisa que produziu a ruptura, até com mais
ousadia, munido da consciência secreta da sua imprescindibilidade.
Arthur Schopenhauer, in Aforismos para a Sabedoria de Vida.
(24) César Marco Aurélio Antonino Augusto: (em latim Caesar Marcus Aurelius Antoninus
Augustus), conhecido como Marco Aurélio (121-180 d.C), foi imperador romano desde 161 até sua
morte. Nascido Marco Ânio Catílio Severo (Marcus Annius Catilius Severus), tomou o nome de
Marco Ânio Vero (Marcus Annius Verus) pelo casamento. Ao ser designado imperador mudou o
nome para Marco Aurélio Antonino, acrescentando-lhe os títulos de Imperador, César e Augusto.
Aurelius significa "dourado", e a referência a Antoninus deve-se ao fato de ter sido adotado pelo
imperador Antonino Pio.
Seu reinado foi marcado por guerras na parte oriental do Império contra os partas e, na fronteira
norte, contra os germanos. Foi o último dos cinco bons imperadores, e é lembrado como um
governante bem-sucedido e culto; dedicou-se à filosofia, especialmente à corrente filosófica do
estoicismo, e escreveu uma obra que até hoje é lida, Meditações.
O seu tio Antonino Pio designou-o como herdeiro em 138 (pouco depois de ele mesmo ter
sucedido a Adriano. Marco Aurélio tinha então apenas dezessete anos de idade. Antonino, no
entanto, também designou Lúcio Vero como sucessor. Quando Antonino faleceu, Marco Aurélio
subiu ao trono em conjunto com Vero, na condição de serem co-imperadores com Augusto,
ressalvando, no entanto, que a sua posição seria superior à de Vero. Os motivos que conduziram
a essa divisão do poder são desconhecidos.
No entanto, essa sucessão conjunta pode muito bem ter sido motivada pelas cada vez maiores
exigências militares que o Império atravessava. Durante o reinado de Marco Aurélio, as fronteiras
de Roma foram constantemente atacadas por diversos povos: na Europa, germanos tentavam
penetrar na Gália, e, na Ásia, os partos renovaram os seus assaltos.
Sendo necessária uma figura autoritária para guiar as tropas, e não podendo o mesmo imperador
defender as duas fronteiras em simultâneo nem nomear um lugar-tenente que poderia (tal como,
de resto, fizeram Júlio César ou Vespasiano) usar o seu poder, após uma portentosa vitória, para
derrubar o governo e instalar-se a si mesmo como imperador.
Assim sendo, Marco Aurélio teria resolvido a questão enviando o co-imperador Vero como
comandante das legiões situadas no oriente. Vero era suficientemente forte para comandar tropas
e, ao mesmo tempo, já detinha parte do poder, o que certamente não o encorajava a querer
derrubar Marco Aurélio. O plano deste último revelou-se um sucesso — Lúcio Vero permaneceu
leal até à sua morte, em campanha, no ano 169.
De certa forma, esse exercício dual do poder no início do reinado de Marco Aurélio parece uma
reminiscência do sistema político da República Romana, assente na colegialidade dos cargos e
impedindo que uma única pessoa tomasse conta do poder supremo, como sucedia com os
cônsules, sempre nomeados em número de dois. A colegialidade do poder supremo foi reavivada
mais tarde por Diocleciano, quando este estabeleceu a Tetrarquia Imperial em finais do século III.
Marco Aurélio casou-se com Faustina a jovem, filha de Antonino Pio e da imperatriz Faustina, a
Velha, em 145. Durante os seus trinta anos de casamento, Faustina gerou 13 filhos, entre os quais
Cómodo, que se tornou imperador após Marco Aurélio, e Lucila, a qual casou com Lúcio Vero para
solidificar a sua aliança com Marco Aurélio.
Marco Aurélio faleceu em 180, durante uma expedição contra os marcomanos, que cercavam
Vindobona (atual Viena, na Áustria). As suas cinzas foram trazidas para Roma e depositadas no
mausoléu de Adriano.
Poucos anos antes de morrer, designou o seu filho Cómodo como herdeiro (o qual foi o primeiro
imperador a suceder a outro por via consaguínea, e não por adoção, desde o final do século I),
tendo-o ainda feito coimperador em 177.
Cómodo, para além de ser egocêntrico, parecia não estar preparado para o exercício do poder.
Por isso, muitos historiadores fazem coincidir o início do declínio de Roma com a morte de Marco
Aurélio e a ascensão ao trono de Cómodo. Diz-se até que a sua morte foi a morte da Pax
Romana.

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