Notícias de Beja - Diocese de Beja

Transcrição

Notícias de Beja - Diocese de Beja
02 de Fevereiro de 2006
02
FEVEREIRO
2006
SEMANÁRIO REGIONALISTA
Director: ALBERTO GERALDES BATISTA
Ano LXXVIII – N.º 3872
Autorizado pelos C.T.T.
a circular em invólucro
de plástico fechado.
Autorização
N.º DE00552005DCN
Primeira Encíclica de Bento XVI
“Deus é amor”
Nove meses após o início do seu pontificado, o Papa Bento XVI publicou
a primeira Encíclica, com o título “Deus caritas est”, para explicar que Deus
é amor e os cristãos acreditam nesse amor, fazendo dele a «opção
fundamental» da sua vida. O texto, apresentado no Vaticano, no dia 25 de
Janeiro, responde a uma das objecções mais comuns apresentadas à Igreja:
«Com os seus preceitos e proibições, não torna amargo o mais formoso da
vida?»
A esta pergunta, a aguardada Encíclica de Bento XVI responde em dois
tempos, isto é, em duas partes: na primeira, o Papa reflecte sobre o amor
nas suas diferentes manifestações e na sua origem, Deus; na segunda,
explica como a Igreja, como instituição, deve viver o mandamento do amor.
O sucessor de João Paulo II, que em 26 anos de pontificado publicou 14
encíclicas, apresenta à Igreja o que considera essencial sobre a fé cristã,
aquilo que muitos dão por adquirido, mas que tantas vezes esquecem. Não
apresenta uma agenda política, com grandes iniciativas e linhas de acção,
mas o horizonte do Cristianismo, o programa de Jesus: amar a Deus e amar
o próximo.
A temática do amor é urgente, é eterna, está na origem do homem e espera-o no fim do seu caminho. Tudo isto é dito pelo Papa, com uma linguagem
onde ressalta a sua sólida formação teológica, filosófica e cultural, com
citações de outros Papas, do Magistério da Igreja, de filósofos da
antiguidade e modernos, de escritores clássicos.
O programa de Bento XVI tem sido o combate ao que ele próprio designou
a «ditadura do relativismo». Hoje, em vez de ditar regras e anátemas, o
Papa procura responder às perguntas mais profundas da humanidade sobre
a sua existência e o seu destino, lembrando que, no final dos tempos, será
o amor o critério definitivo para decidir sobre «o valor ou a inutilidade de
uma vida».
Como o próprio reconhece, «num mundo em que ao nome de Deus se
associa, às vezes, a vingança ou mesmo o dever do ódio e da violência»,
falar de Deus como amor «é uma mensagem de grande actualidade e de
significado muito concreto».
Presidente
da República eleito,
Cavaco Silva, toma
posse dia 9 de Março
Pág. 4
Governo Português
condecorou o Padre
Luís Kondor, grande
apóstolo de Fátima
Pág. 5
Governo urbaniza
margens de Alqueva
Também em Portugal
Faltam políticas que promovam a família
Se a tendência dos últimos seis
anos se mantiver, em 2012 o número
de divórcios ultrapassará o número
de casamentos em Portugal.
Os dados do Instituto Nacional de
Estatística (INE) revelam que o
número de enlaces, católicos e não
católicos, tem diminuído oito por
cento ao ano, enquanto que as
separações têm registado um
crescimento anual na ordem dos
três por cento.
A ser assim, em 2012 haverá em
Portugal 2 7.400 casamentos, contra
os 49.178 de 2004 e 30.150 divórcios,
ao invés dos 23.348 verificados em
2004.
A situação está a preocupar a
Preço 0,50 € c/ IVA
Conselho Pastoral
Diocesano reflectiu sobre
problemas da Família
Páginas 2, 3 e 6
Associação de Famílias, que não
tem dúvidas em afirmar que, “se
nada for feito, Portugal vai viver uma
crise social sem precedentes”.
Carlos Aguiar Gomes, o presidente
da Associação, diz que “o Governo
tem de inverter o sentido das
políticas que, nos últimos 30 anos,
têm sido sempre contrárias à
PUBLICAÇÕES
PERIÓDICAS
2350-999 TORRES NOVAS
TAXA PAGA
promoção da família”.
“Na Alemanha existe o Ministério
da Família, assim como noutros
países da Europa, e em Portugal,
nem sequer existe uma direcção-geral para acompanhar a célula
fundamental da sociedade”, disse
Carlos Aguiar Gomes.
Igreja condena más políticas
O porta-voz da Conferência Episcopal, D. Carlos Azevedo, diz que “as
políticas dos sucessivos governos, em relação à família, têm sido más e
penalizadoras”. Sublinhando que “a família é a célula fulcral da
sociedade”, o bispo auxiliar de Lisboa diz que “o Estado deve
implementar políticas que promovam a família, nas mais diversas
vertentes, fiscalidade, Segurança Social, emprego, saúde, escola, etc.
“0 Estado não pode ser neutro”, disse, referindo que, também aqui, a
Igreja tem um papel importante a desempenhar, adequando a sua pastoral
e as suas políticas de apoio social. D. Carlos Azevedo adverte também
para a “situação ridícula” que é o facto de as pessoas terem mais
vantagens fiscais sendo separadas do que casadas. “Temos de
combater essa situação, sem medos nem preconceitos”, afirma o prelado.
Natalidade vai cair mais
A falta de apoios concretos à família
promove o aumento dos divórcios, diz
a Associação de Famílias e, por
consequência, acentua a queda da
natalidade. “1982 foi o último ano em
que houve substituição de gerações.
A partir daí, os nascimentos nunca
mais superaram os óbitos”, disse Carlos
Aguiar, lembrando que, nessa altura,
“havia mais de 120 mil casamentos por
ano em Portugal e os divórcios não
chegavam aos dez mil”.
Para tentar evitar “uma catástrofe
social”, diz a Associação de Famílias
“o Governo tem de optar por políticas
concretas de apoio à família e aos
casais com mais filhos”.
Considera a Associação de Famílias
que “o casar e constituir família deve
traduzir-se no pagamento de menos
impostos”, sublinhando que, para além
da saúde e da educação, também a
alimentação e o vestuário dos filhos
deve contar com uma margem de
dedução no IRS. A Associação de
Famílias tenciona, a curto prazo,
interpelar o Governo acerca da sua
política de família.
A Barragem de Alqueva promete ser
uma zona de forte atracção turística,
de acordo com os planos do ministro da Economia.
Manuel Pinho não se dá por satisfeito com o projecto de José Roquette para as imediações da
barragem e pretende atrair, pelo
menos, mais dois ou três investimentos de qualidade. Para cumprir
este objectivo terá de alterar o Plano
de Ordenamento local, o que pretende fazer no curto prazo de três
meses.
José Roquette anunciou o lançamento de um mega-investimento de
mil milhões de euros, que inclui uma
marina, três campos de golfe com
três grandes unidades hoteleiras,
mais de 150 quilómetros de lago,
praias artificiais e uma Ilha do
Tesouro destinada ao público mais
jovem.
Recorda-se que foram também
lançados recentemente no Alentejo
dois grandes projectos turísticos,
situados em Melides, Concelho de
Grândola - A Herdade do Pinheirinho e a Herdade da Costa Terra,
que irão criar mais de 1000 postos
de trabalho, incluindo alguns
hotéis, campos de golfe, clubes de
ténis, moradias de turismo residencial e aldeamentos turísticos.
Alqueva é o maior lago artificial da Europa,
que vai modificar a paisagem alentejana.
IGREJA
2 – Notícias de Beja
02 de Fevereiro de 2006
Recentrar no amor a fé
e o modo de ser cristão
Nesta sua primeira encíclica, o Papa
Bento XVI apela aos cristãos e suas
comunidades a que recentrem, no
amor, a sua fé e a exprimam na sua
opção fundamental de vida de amor
ao próximo. Retoma, assim, a tradição joânica e a síntese maravilhosa de S. João, com que principia a encíclica: “Deus é amor e
quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele.”
É desejo do Papa que os cristãos
suscitem “um renovado dinamismo
de empenhamento na resposta
humana ao amor divino”. Como
sucedeu com os primeiros cristãos,
será pelo amor tornado operativo
em gestos de partilha fraterna que
serão reconhecidos os discípulos
e discípulas de Cristo.
Pese embora a transcendência da
palavra amor, o que significa para o
poeta ou evoca na tradição bíblica,
sucede que, na cultura corrente, o
vocábulo apresenta conotações
muito diferentes. Quem experimentou falar de amor a uma turma de
adolescentes cedo percebe que
deve fazer um longo percurso até
poder comunicar com seriedade
mínima, tal a visão deturpada do
termo.
Não só na linguagem a palavra
carece reabilitação. Em nome do
amor se cometeram, e cometem, as
maiores barbaridades. Em nome do
amor se humilharam pessoas, se
alimentaram dicotomias entre corpo
e alma, carne e espírito, que bloquearam e bloqueiam uma verdadeira humanização.
A encíclica abre o debate nesta
matéria e não deixará de suscitar
posturas filosóficas distintas. Não
há que temê-las; também já passaram os tempos dos anátemas. Serão
bem-vindas todas as reflexões. Que
se anime, pois, o debate filosófico
e teológico, que se afirmem os
fundamentos da “civilização do
amor”.
Na parte mais pastoral da encíclica,
Bento XVI quer encorajar as comunidades cristãs a que revitalizem o
seu empenhamento na acção social
e caritativa, tomando adequadas as
respostas aos novos desafios e
tendo como horizonte não menos
do que erradicar a pobreza nas
respectivas áreas de influência. “No
seio das comunidades dos crentes
não deve haver uma forma de
pobreza tal que sejam negados a
alguém os bens necessários para
uma vida condigna.”
O Papa não inova nesta matéria,
actualiza apenas a tradição apostólica. Pessoalmente, esperaria
maior inovação neste domínio pois
hoje dispomos de conhecimento
científico e experiência sociopolítica
que nos permitem compreender
que o amor cristão se deve estender
também à intervenção sobre as
estruturas e os modelos económicos e sociopolíticos, pugnando
pela justiça, a solidariedade, a
ecologia e a salvaguarda de direitos
humanos universais. Esta é de resto
uma doutrina consolidada em documentos similares, pelo menos desde
o Concílio Vaticano II.
Manuela Silva
Presidente da Comissão Nacional
Justiça e Paz, na Igreja Católica
Uma
V Domingo do
Tempo Comum
Ano B
5 de Fevereiro de 2006
Os Cristãos como “filhos da luz”, são chamados a ser, no meio dos homens,
“luz do mundo” e “sal da terra”. Inseridos, pelo seu Baptismo, no Corpo
Místico de Cristo, ficam, com efeito, a participar da Sua mesma missão.
“Tornados participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de
Cristo” (LG. 31), em virtude dos dons, que lhes foram conferidos, os cristãos
ficam habilitados a ser testemunhas da Ressurreição de Cristo e instrumentos
de toda a acção salvífica da Igreja. Corresponsáveis da obra comum, devem
trabalhar, generosamente, na construção da Igreja no mundo e na inspiração
cristã da ordem temporal.
I Leitura
Job é o tipo de todo o homem que sofre e que não sabe encontrar explicação
para o sofrimento. No entanto, ele sabe que o Senhor não é estranho a esse
sofrimento; por isso, se abandona nas suas mãos, invocando-O e esperando a
sua resposta. Se Job tivesse conhecido a Paixão de Cristo seguida da
Ressurreição, teria encontrado resposta mais completa para a sua dor!
Leitura do Livro de Job
Job tomou a palavra, dizendo:
«Não vive o homem sobre a terra como um soldado? Não são os seus dias como
os de um mercenário? Como o escravo que suspira pela sombra e o trabalhador
que espera pelo seu salário, assim eu recebi em herança meses de desilusão e
couberam-me em sorte noites de amargura.
Se me deito, digo: ‘Quando é que me levanto?’ Se me levanto: ‘Quando chegará
a noite?’ e agito-me angustiado até ao crepúsculo.
Os meus dias passam mais velozes que uma lançadeira de tear e desvanecem-se
sem esperança.
- Recordai-Vos que a minha vida não passa de um sopro e que os meus olhos
nunca mais verão a felicidade».
Salmo Responsarial
encíclica
nosso
Salmo 146 (147)
Refrão: Louvai o Senhor, que salva os corações atribulados.
II Leitura
para o
Job 7, 1-4.6-7
1 Cor 9, 16-19.22-23
O que leva S. Paulo a pregar o Evangelho é exclusivamente a consciência que
tem de que o deve pregar para salvação de todos.
Até o direito que tem de ser assistido materialmente pelos irmãos ele rejeita,
para ficar mais livre na sua pregação. E é na fidelidade à urgência deste serviço
na fé e no amor a Cristo que ele experimenta a alegria da liberdade.
Leitura da Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios
tempo
“Deus Caritas est” (“Deus é Amor”)
constitui uma agradável surpresa.
Estamos perante urna encíclica que
trata de um tema central no mundo
contemporâneo - o lugar do outro
e a relação entre as pessoas. E é
muito interessante que Bento XVI
tenha escolhido um tema transversal e susceptível de mobilizar
vontades e energias.
Assim, com um aparato teológico e
filosófico bastante rico, fazendo jus
a um percurso intelectual fecundo,
o Papa põe no centro da reflexão
da Igreja Católica o tema crucial da
mensagem cristã - susceptível de
lançar pontes de encontro e de
diálogo, designadamente entre as
várias religiões e todas as pessoas
de boa vontade.
“O amor é possível, e nós somos
capazes de o praticar porque criados à imagem de Deus. Viver o amor
é (...) fazer entrar a luz de Deus no
mundo... “ E que método preconiza
Bento XVI nesta encíclica? O
método simples e ancestral do
exemplo, dos sinais concretos
sobre “o amor com que Deus nos
cumula e que deve ser comunicado
aos outros por nós”.
Num tempo em que tanto se fala de
comunicação, torna-se indispensável ir aos fundamentos da relação
entre as pessoas e tirar consequências em termos de responsabilidade para com os outros.
Trata-se de assumir e de preparar o
“face a face”, de que fala S. Paulo,
e que transforma a terceira virtude
teologal, a caridade, em primeira, de
que a fé e a esperança são
subsidiárias.
Eros, philia e agape são formas
diferentes da relação humana. E
eros tem de ser compreendido como
equilíbrio na relação com o corpo,
em lugar de esquecido o suprimido
(“O eros quer-nos elevar “em
êxtase” para o Divino, conduzir nos
para além de nós próprios, mas por
isso mesmo requer um caminho de
ascese, renúncias, purificações e
saneamentos”). E aqui há pistas
muito importantes e inovadoras que
lançam sinais de esperança. Bento
XVI analisa cada uma das formas
da relação humana e fá-lo citando
não apenas (como era tradicional
nas encíclicas) os livros sagrados
e os padres da Igreja, mas também
grandes autores, como Virgílio,
Descartes, Karit, Nietzsche, a
propósito do amor como “cuidado
do outro e pelo outro”.
Não se trata de cultivar uma abstracção, mas de partir e chegar às
situações concretas. “Se na minha
vida negligencio completamente a
atenção do outro, importando-me
apenas com ser “piedoso” e cumprir
os meus “deveres religiosos”,
então definha também a relação com
Deus.” No fundo, mais do que a
felicidade, o que está em causa é o
bem do outro - a partir da concepção de Deus como “fonte originária de todo o ser”. Mas, como
construir uma “comunidade de
amor”? Como assumir a “caridade
como dever da Igreja”? Como ligar
caridade e justiça? Eis o que está
em causa.
Guilherme D’Oliveira Martins
Presidente do Centro de Reflexão Cristã
Irmãos: Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação
que me foi imposta.
Ai de mim se não anunciar o Evangelho!
Se o fizesse por minha iniciativa, teria direito a recompensa. Mas, como não o
faço por minha iniciativa, desempenho apenas um cargo que me está confiado.
Em que consiste, então, a minha recompensa? Em anunciar gratuitamente o
Evangelho, sem fazer valer os direitos que o Evangelho me confere.
Livre como sou em relação a todos, de todos me fiz escravo, para ganhar o maior
número possível. Com os fracos tornei-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Fizme tudo para todos, a fim de ganhar alguns a todo o custo.
E tudo faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dos seus bens.
Evangelho
Mc 1, 29-39
Ao contrário de Job, sofredor e incapaz de superar o mal, Jesus cura as
doenças e expulsa os demónios. Assim Se afirma Senhor da vida e da morte, e
anuncia desde já a ressurreição. E quer levar esta Boa Nova a toda a parte;
por isso, não se deixa ficar preso pelos interesses, sempre limitativos, dos seus
beneficiários, mas alarga a sua acção a todos os lados. Todavia esta actividade
tão intensa não O impede de procurar um lugar ermo para aí orar ao Pai.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a casa de Simão
e André. A sogra de Simão estava de cama com febre e logo Lhe falaram dela.
Jesus aproximou-se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela
começou a servi-los.
Ao cair da tarde, já depois do sol-posto, trouxeram-Lhe todos os doentes e
possessos e a cidade inteira ficou reunida diante da porta. Jesus curou muitas
pessoas, que eram atormentadas por várias doenças, e expulsou muitos demónios.
Mas não deixava que os demónios falassem, porque sabiam quem Ele era.
De manhã, muito cedo, levantou-Se e saiu. Retirou-Se para um sítio
ermo e aí começou a orar. Simão e os companheiros foram à procura
d’Ele e, quando O encontraram, disseram-Lhe: «Todos Te procuram».
Ele respondeu-lhes: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de
pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim».
E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os demónios.
PAPA
02 de Fevereiro de 2006
Notícias de Beja – 3
“Deus é amor”
Primeira Encíclica de Bento XVI explica a essência do
Devolver ao “amor” seu
cristianismo
esplendor original
A Encíclica parte de uma citação da
Primeira Carta de São João: «Deus,
é amor, e quem permanece no amor
permanece em Deus e Deus nele»
(1 Jo 4,16). Para Bento XVI, começa
aqui a desenhar-se o seu primeiro
objectivo, revelado já na semana
passada durante um congresso no
Vaticano: devolver ao “amor” o seu
esplendor original.
Hoje, como lembra o Papa, o amor é
utilizado por tudo e por nada, o que
faz com que, na maioria dos casos,
estejamos na presença de caricaturas e não do verdadeiro amor.
«O termo “amor” tornou-se hoje
uma das palavras mais usadas e
mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente
diferentes», constata.
Por isso, defende que é preciso
regressar à origem, «ao amor com
que Deus nos cumula e que deve
ser comunicado aos outros».
Bento XVI surpreendeu ao anunciar, ele próprio, a data da publicação da encíclica, e tornou-se, esta
segunda-feira, o primeiro Papa a
falar sobre uma encíclica antes que
ela fosse publicada.
A surpresa estende-se, de certa
maneira, ao facto de ter querido
dedicar a sua primeira grande carta
à Igreja ao tema do amor, «uma
única realidade, embora com distintas dimensões», desde o apaixonado “eros” que, passando por
um caminho de «purificação»,
desemboca no “agapé”, no amor
que renuncia a si mesmo, em favor
do outro.
O Papa admite que houve, na
história da Igreja, uma «marginalização» do termo “eros”, apresentando uma visão panorâmica da
concepção desse termo na história
e na actualidade. Para Bento XVI,
contudo, a Igreja «não destruiu» o
“eros”, mas «purifica-o». Mais: «a
falsa divinização do “eros” priva-o
da sua dignidade, desumaniza-o».
Diz também que «a fé bíblica não
constrói um mundo paralelo ou um
mundo contraposto àquele fenómeno originário que é o amor, mas
aceita o homem por inteiro intervindo na sua busca de amor para
purificá-la, desvendando-lhe ao
mesmo tempo novas dimensões».
A encíclica lamenta que, muitas
vezes, o amor entre casais seja
reduzido a um prazer sexual egoísta,
lembrando que o mesmo precisa de
ser purificado, de modo a chegar
«ao cuidado e à preocupação pelo
outro».
Recomendações
aos políticos
A segunda parte do documento é
dedicada ao que Bento XVI
denomina “A prática do amor pela
Igreja, enquanto comunidade de
amor”, para deixar claro que esta
acção não é uma mera assistência
social, um «serviço meramente
técnico de distribuição» ou uma
forma de activismo político-ideológico. «Toda a actividade da Igreja
é manifestação dum amor que
procura o bem integral do homem»,
escreveu o Papa.
Para Bento XVI, a atenção para com
os mais necessitados é uma resposta ao amor que vem Deus e
exprime uma dimensão fundamental
da Igreja, «um dos seus âmbitos
essenciais», tão intrínseco à sua
natureza como a própria celebração
dos Sacramentos ou o anúncio do
Evangelho.
Nenhuma destas dimensões pode
estar separada uma da outra,
sublinha o Santo Padre: «Se na
minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser piedoso
e cumprir os meus deveres religiosos, então definha também a
relação com Deus. Neste caso,
trata-se duma relação correcta, mas
sem amor», explicou.
Bento XVI afirma que a própria
celebração eucarística «é em si
mesma fragmentária se não se
traduzir em amor concretamente
vivido». Quer isto dizer que «Qualquer um que necessite de mim, e eu
possa ajudá-lo, é o meu próximo»,
adverte.
Bento XVI dedica uma parte da sua
reflexão à relação entre os conceitos
de justiça e caridade, começando
por reconhecer que há «algo de
verdade» nas críticas que se fizeram
às obras de caridade da Igreja,
quando não se empenharam para
construir uma «ordem justa».
«A justiça é o objectivo e, consequentemente, a medida intrínseca
de toda a política», escreve, acrescentando que a doutrina social da
Igreja pode ter, neste campo, a
missão da «formação da cons-
ciência na política», respeitando a
separação entre Igreja e Estado.
«O Estado não pode impor a
religião, mas deve garantir a liberdade da mesma e a paz entre os
aderentes das diversas religiões;
por sua vez, a Igreja como expressão social da fé cristã tem a sua
independência e vive, assente na
fé, a sua forma comunitária, que o
Estado deve respeitar», esclarece
Bento XVI.
O Papa considera, contudo, que a
construção de uma «ordem justa»
é uma tarefa «política» numa era
marcada pela globalização da economia. A política, explica, «não
pode ser encargo imediato da
Igreja».
«A Igreja não pode nem deve tomar
nas suas próprias mãos a batalha
política para realizar a sociedade
mais justa possível. Não pode nem
deve colocar-se no lugar do Estado.
Mas também não pode nem deve
ficar à margem na luta pela justiça»,
refere o documento.
Ora, é precisamente sobre o papel
do Estado que o Papa deixa alguns
conselhos aos políticos de todo o
mundo: «Não -precisamos de um
Estado que regule e domine tudo,
mas de um Estado que generosamente reconheça e apoie, segundo o princípio de subsidiariedade, as iniciativas que nascem
das diversas forças sociais e conjugam espontaneidade e proximidade aos homens carecidos de
ajuda», precisa.
Ainda segundo Bento XVI, a humanidade tem de ter consciência de
que «nunca haverá uma situação
onde não seja precisa a caridade
de cada um dos indivíduos cristãos
porque o homem, além da justiça,
tem e terá sempre necessidade do
amor».
O oceano anónimo do Divino
O Papa Ratzinger deu a conhecer a
sua primeira carta dirigida a toda a
Igreja. Numa linguagem que combina o tom poético com a profundidade do filósofo e a elevação do
teólogo, Bento XVI ofereceu ao
mundo um belo texto sobre o amor
cristão Que o Papa alemão era bom
pianista já sabíamos, O que ainda
não tínhamos visto era a sua
sensibilidade emocional. Sem preconceitos, o Papa com esta carta
põe fim a velhos tabus da Igreja à
volta do amor .
O “Papa teólogo” resolveu surpreender e apresentar ao mundo um
texto curto, numa linguagem rica
mas simples . e com uma mensagem
menos dogmática e doutrinal do que
a habitual e centrada no amor. O
Documento papal realça os aspectos positivos do desejo e do
amor erótico. O Papa fala do amor
como dádiva e de como a Igreja o
deve pôr em prática . De acordo com
o Papa, o documento nasceu da
vontade de devolver o esplendor
original à palavra amor.
Num mundo onde ao nome de
Deus, às vezes é ligada a vingança
ou até mesmo o ódio e a violência,
a mensagem cristã de Deus-Amor
é de grande actualidade.
O longo documento assinado por
Bento XVI é um tratado sobre a
visão cristã do amor, numa dimensão mais humana, mas sem
abordar questões polémicas como
a homossexualidade ou as uniões
de facto.
Bento XVI, opta por dedicar a
primeira encíclica ao amor humano,
na tentativa de demonstrar a humanidade da fé, reintroduzindo a visão
católica do amor entre homem e
mulher deturpada por algumas
correntes de pensamento dentro da
Igreja.
O Papa reforça a importância do
corpo, do sensível, como elemento
positivo e integrante de uma caminhada para um amor espiritual
maior. Caso contrário, escreve
Bento XVI, o homem torna-se num
produto sexual e negociável.
Antes mesmo de ser conhecida a
encíclica, Bento XVI disse que se
inspirou na “Divina Comédia”, de
Dante, e que pretende combater a
banalização da palavra amor.
A nova encíclica lança ainda um
desafio concreto aos católicos para
que sejam activos em obras de
caridade, nomeadamente no apoio
a organizações internacionais de
ajuda humanitária.
“O Papa procura apresentar uma
“fórmula sintética da existência
cristã”: Deus é amor e os cristãos
acreditam nesse amor, fazendo dele
a “opção fundamental” da sua vida.
Certamente que depois de ler a
Encíclica de Bento XVI, muita
gente vai sentir alegria de ser
cristão.
Esta encíclica é a primeira do Papa
Bento e, por isso, a mais aguardada.
Todos esperavam ver nela uma
espécie de “programa” de pontificado, e, de certa maneira, ele está
presente nas linhas da “Deus
caritas est”.Para Bento XVI, começa aqui a desenhar-se o seu
primeiro objectivo, devolver ao
“amor” o seu esplendor original.
Hoje, como lembra o Papa, o amor é
utilizado por tudo e por nada, o que
faz com que, na maioria dos casos,
estejamos na presença de caricaturas e não do verdadeiro amor.
Por isso, defende no seu documento que é preciso regressar à
origem, “ao amor com que Deus
nos cumula e que deve ser comunicado aos outros”.
O amor é apresentado como “uma
única realidade, embora com distintas dimensões. É neste contexto
que Bento XVI usa a expressão
oceano anónimo do Divino para
designar o amor humano. Desde o
início da encíclica, o Papa apresentou a relação entre homem e
mulher como o “arquétipo” do
amor. No número 6, explica-se que
o ser humano passa “do amor
indeterminado e ainda em fase de
procura” para “a descoberta do
outro” e que dessa evolução do
amor faz parte que ele procure um
“carácter definitivo”: “no sentido
da exclusividade e no sentido de
ser para sempre”.
O tema escolhido por Bento XVI
para a sua primeira encíclica é “um
mergulhar no seio de Deus para
poder fazer com que a Igreja seja
uma resposta a todas as ausências
de amor que infelizmente ainda
persistem na sociedade moderna”.
Manuel Magalhães
NACIONAL
4 – Notícias de Beja
02 de Fevereiro de 2006
Quem é o novo Presidente da República
Aníbal Cavaco Silva tem o seu
nome associado ao período da mais
duradoura estabilidade política
registada em Portugal nas últimas
décadas, a um ciclo de grandes
transformações económicas e
sociais e de modernização do país,
a um tempo em que os portugueses
recuperaram o optimismo e ganharam maior confiança no futuro.
Único líder a conquistar duas
maiorias absolutas consecutivas, o
que o tornou no primeiro-ministro
português que mais tempo permaneceu em funções em democracia (1985-1995), Cavaco Silva
deixou, nos seus mandatos como
governante, uma marca de determinação e firmeza na aplicação de
um vasto conjunto de reformas
estruturais, que promoveram a
democratização e a liberalização da
sociedade portuguesa. Num momento em que o País enfrentava os
primeiros grandes desafios da
integração europeia, e apoiado na
estabilidade política que os portugueses proporcionaram através
do seu voto, Cavaco Silva levou
Portugal a ultrapassar a quase
estagnação em que estava mergulhado, a beneficiar de um novo
ambiente económico e social, a
aproximar-se dos níveis médios de
desenvolvimento dos seus parceiros da União Europeia e a
assegurar-lhe maior projecção e
reconhecimento internacionais. A
economia portuguesa cresceu a
uma taxa média anual de 4%, o que
possibilitou uma melhoria significativa dos salários reais e das
prestações sociais, incluindo a
criação do 14º mês para os
reformados.
Conduziu um ambicioso programa
que incluiu elevados investimentos
em obras públicas e infra-estruturas
e a adopção de novas práticas na
economia – nomeadamente reduzindo o intervencionismo do Estado, atribuindo um papel mais
relevante às forças de mercado e
admitindo mais investimentos
directos estrangeiros, ao mesmo
tempo que reforçou a coesão
social.
Pôs em marcha uma vasta reforma
fiscal, alterações profundas na
educação, que passaram pela
reforma do sistema educativo e a
modernização do parque escolar,
mudanças significativas na área da
saúde, com a modernização, racionalização e melhoria da qualidade
dos serviços prestados, e ainda a
liberalização da comunicação social, em especial a abertura das
televisões privadas.
A maior afirmação da sociedade civil
e a promoção das liberdades sociais foram grandes eixos sempre
presentes na acção pública de
Aníbal Cavaco Silva. A estabilidade
política que garantiu e a confiança
que fez repercutir nos parceiros
sociais permitiram, nomeadamente,
a celebração dos primeiros acordos
de concertação social em Portugal,
assim sublinhando o acerto das
soluções
socio-económicas
preconizadas.
Cavaco Silva foi um protagonista
activo no processo que conduziu à
aceleração da construção europeia,
em resposta à nova realidade
geopolítica do continente que
sucedeu à queda do Muro de
Berlim, assumindo papel central em
algumas grandes decisões, influenciando as opções inscritas no
Tratado de Maastricht – a propósito da coesão económica e
social e das situações específicas
dos estados-membros – e garantindo a adesão do escudo ao
Sistema Monetário Europeu, com
Portugal integrando o primeiro
grupo de países da moeda única
europeia.
Participou em 29 Conselhos Europeus, onde defendeu com sucesso
os interesses de Portugal, como foi
o caso da aprovação dos Pacotes
Delors I e II, o PEDIP (Programa
Específico para o Desenvolvimento
da Indústria Portuguesa), a criação
de programas específicos de apoio
ao desenvolvimento dos Açores e
Madeira, bem como o programa de
apoio à modernização da indústria
têxtil e vestuário português. No
primeiro semestre de 1992, e sob a
sua empenhada condução, Portugal assumiu, pela primeira vez e com
reconhecido êxito, a presidência
rotativa da União Europeia.
No plano das relações com o
mundo lusófono, Cavaco Silva foi
um promotor da adesão dos regimes africanos à democracia, tendo
patrocinado as negociações de paz
para Angola e apoiado processo
idêntico em Moçambique. Foi também sob a sua liderança que Portugal esteve no embrião da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) e que foi decidida a realização anual das cimeiras
luso-brasileiras.
Aníbal Cavaco Silva imprimiu uma
nova dinâmica à política externa
portuguesa, no reforço do papel
pró-activo de Portugal nas suas
relações bilaterais e multilaterais,
em vários palcos regionais.
Através de cimeiras anuais a nível
de chefes de Governo, aprofundou
o relacionamento com a Espanha,
fomentando os intercâmbios num
vasto leque de áreas e o maior
desenvolvimento das regiões
transfronteiriças, impulsionou as
relações com Marrocos nos planos
político e económico, estabeleceu
um clima de bom entendimento e
cooperação com os Estados Unidos, contribuindo para um melhor
diálogo euro-atlântico, e estreitou
os laços com a China, com a qual
assinou a Declaração Conjunta
para a transferência de Macau,
assegurando ao território um futuro
estável e de progresso.
Aprofundou o relacionamento com
Espanha através de cimeiras anuais
de chefes de Governo. Com Filipe
González na Ilha de Maiorca.
Simultaneamente, ajudou a potenciar o protagonismo das comunidades portuguesas espalhadas
pelo mundo nos países de acolhimento, a maior parte das quais
visitou.
Em 7 de Setembro de 1995, foi
distinguido na Alemanha com o
Prémio Carl Bertelsmann que a
prestigiada Fundação Bertelsmann
decidiu atribuir a Portugal pelo
sucesso das políticas de melhoria
do mercado de trabalho e de luta
contra o desemprego enquanto
Aníbal Cavaco Silva exerceu o
cargo de primeiro-ministro. A escolha de Portugal resultou de uma
análise comparativa de 17 países
europeus, efectuada pelo Instituto
para a Política Económica e Investigação Conjuntural da Univer-
sidade de Witten-Herdecke. Recebeu ainda os Prémios Joseph Bech
(1991), no Luxemburgo, e medalha
Robert Schuman (1998) pela sua
contribuição para a construção
europeia, e Freedom Prize (1995),
na Suiça, concedido pela Fundação
Schmidheiny, pela sua acção como
político e economista.
Na vasta obra publicada há a referir
os livros O Mercado Financeiro
Português em 1966, Economic
Effects of Public Debt, Política
Orçamental e Estabilização Económica, A Política Económica do
Governo de Sá Carneiro, Finanças
Públicas e Política Macroeconómica, As Reformas da Década,
Portugal e a Moeda Única, União
Monetária Europeia, Autobiografia Política, Volume I e II, e
Crónicas de Uma Crise Anunciada. O número de exemplares
vendidos ultrapassa já 170.000.
Os dois volumes da sua Autobiografia Política foram um valioso
contributo para a compreensão dos
seus mandatos como PrimeiroMinistro.
As intervenções mais importantes
produzidas como primeiro-ministro
encontram-se reunidas nos livros
Cumprir a Esperança (1987),
Construir a Modernidade (1989),
Ganhar o Futuro (1991), Afirmar
Portugal no Mundo (1993) e Manter o Rumo (1995).
Afastado da vida política activa
nos últimos anos, durante os quais
retomou a sua actividade académica, Cavaco Silva manteve, todavia, uma importante participação
cívica, nomeadamente através de
intervenções pontuais sobre questões nacionais ou internacionais,
que sublinharam os critérios de
competência, rigor e exigência que
sempre pautaram a sua actuação
pública e constituem relevante
marca da sua credibilidade como
homem político.
Nascido a 15 de Julho de 1939, em
Boliqueime, Loulé, Algarve, Aníbal
Cavaco Silva é licenciado em
Finanças pelo Instituto Superior de
Ciências Económicas e Financeiras,
Lisboa, e doutorado em Economia
pela Universidade de York, Reino
Unido. Foi docente do ISCEF e da
Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa e, actualmente, é Professor Catedrático na
Universidade Católica Portuguesa.
Foi investigador da Fundação
Calouste Gulbenkian e dirigiu o
Gabinete de Estudos do Banco de
Portugal, do qual foi posteriormente consultor. Exerceu o cargo
de ministro das Finanças e do Plano
em 1980-81, no governo do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, e foi presidente do Conselho
Nacional do Plano entre 1981 e 1984.
Presidiu ao Partido Social-democrata (PSD) entre Maio de 1985 e
Fevereiro de 1995.
Cavaco Silva é Doutor Honoris
Causa pelas Universidades de York
(Reino Unido) e La Coruña (Espanha), membro da Real Academia
de Ciências Morais e Políticas de
Espanha, do Clube de Madrid para
a Transição e Consolidação Democrática e da Global Leadership
Foundation.
Ao apresentar a sua candidatura,
pessoal e independente, à Presidência da República, Aníbal Cavaco Silva fundamentou a sua
decisão num imperativo de consciência, declarando que, como
Presidente, contribuirá para abrir
caminho à esperança e ajudará
Portugal a vencer as dificuldades
em que está mergulhado e a construir um futuro melhor para os
portugueses.
Tomada de posse
Cavaco Silva tomará posse como Presidente da República dia 9 de
Março, na Assembleia da República, segundo a Constituição.
Residência
Tal como Jorge Sampaio, Cavaco Silva não deverá ficar a viver no
Palácio de Belém. Após o 25 de Abril, o único que o fez foi Ramalho
Eanes.
Gabinete
Cavaco Silva, Presidente da República eleito, passa a ocupar um
gabinete no Pavilhão D. Maria I, no Palácio Nacional de Queluz.
Pavilhão transformado
O pavilhão D. Maria I, que integra o Palácio de Queluz, da autoria de
Manuel Caetano de Sousa, foi edificado entre 1785 e 1792. A Presidência
da República tem disponibilizado uma ala daquele espaço, uma suite
remodelada há cerca de ano e meio, para chefes de Estado que visitem
o País. A suite foi transformada em três gabinetes e uma sala de reuniões
para o Presidente eleito, Cavaco Silva. O espaço, de facto, não tem
sido muito utilizado. A maioria dos chefes de Estado, normalmente
prefere ficar em hotéis. A última vez que um presidente estrangeiro
escolheu o Pavilhão D. Maria I para residência oficial durante a sua
estada em Portugal foi Alekdander Kwasnieswski, homólogo polaco
de Jorge Sampaio, em Junho de 2004.
DIOCESE
02 de Fevereiro de 2006
Notícias de Beja – 5
A Igreja de Beja em marcha
Pe. José Maria, que seria bom
informar os párocos dos doentes,
para que estes se lembrem deles na
oração paroquial e eventualmente
lhes façam uma visita. Também seria
bom que os párocos informassem
o capelão, quando sabem que
algum paroquiano praticante vai
ser internado.
Em Odemira e
Milfontes
Aproveitando um dos poucos
domingos sem compromissos, fui
com D. Manuel Falcão presidir à
Eucaristia dominical de Odemira,
ver a nova residência e centro
paroquial, visitar a comunidade das
irmãs Oblatas em Odemira e as
obras do seu novo infantário em
Boavista dos Pinheiros. Ao meio da
tarde passamos pelo Instituto de
Vila Nova de Milfontes, oportunidade também para mostrar a D.
Manuel a nova residência do
pároco. Depois, acompanhados do
Cónego Álvaro, fomos a um lugar
distante do centro da vila, para
visitar e apoiar uma pessoa que
telefona muitas vezes a pedir auxílio. O tempo frio e chuvoso, ao
fim do dia a nevar, não nos desviou
dos nossos intentos.
Agenda dos próximos dias
Sétimo ano da
nomeação episcopal
Alguns diocesanos lembraram-se
do sétimo ano da minha nomeação
para bispo de Beja, no dia 25 de
Janeiro, e prometeram-me a sua
oração, que agradeço. A festa da
conversão de S. Paulo, celebrada
nesse dia, é um apelo à conversão
constante a Jesus Cristo e à missão
que nos foi confiada.
Visita a colaboradores
hospitalizados
“Notícias de Beja”
agradece e recomenda-se
Em resposta aos apelos feitos por
mim e pelo Director do nosso jornal,
por ocasião do 78.º aniversário do
“Notícias de Beja”, chegaram muitos novos assinantes e palavras
simpáticas de parabéns e muito
apreço pelo semanário da nossa
Diocese. Regista-se também a
generosidade de alguns assinantes que ao pagarem a sua
anuidade, acrescentam mais alguns
euros aos 21 que estão estipulados
para este ano.
No dia 27 arrajei um pouco de
tempo para fazer uma visita a
alguns colaboradores da diocese
doentes, hospitalizados em Beja:
Carlos Prazeres, de Cuba, membro
da direcção da Caritas e das Conferências Vicentinas, a Lurdes Barão,
de Serpa, durante muitos anos
membro muito activo na paróquia e
na Legião de Maria estão a recuperar de doenças graves e agradecem a nossa oração. Quando se
entra nas enfermarias encontramse sempre outras pessoas dos
nossos conhecimentos e que
também ficam contentes quando
vêm o seu bispo ou o seu pároco a
fazer uma visita aos doentes.
Aproveitei para dizer ao capelão,
No dia 31 começa a visita pastoral
às paróquias confiadas aos cuidados do Pe. Olavo, Ervidel, S. João
de Negrilhos e Canhestros. Por
conveniência do plano pastoral da
paróquia, a Eucaristia de encerramento da visita pastoral a S. João
de Negrilhos será apenas no dia 19
de Março, coincidindo com a
clausura da missão.
No dia 2, festa do patrocínio do
Seminário de Évora, realiza-se uma
reunião do Conselho Superior do
ISTE, uma palestra com o Pe. Feytor
Pinto e uma concelebração solene.
Para facilitar a participação de
todos os consagrados da diocese,
vamos comemorar o Dia do Consagrado no dia 5, com início às 15,00
horas, em vez do tradicional dia 2
de Fevereiro.
Também no dia 5 de Fevereiro o
ofertório das missas reverte a favor
da Universidade Católica Portuguesa, que nestes últimos tempos
atravessa graves dificuldades
financeiras e precisa muito do
nosso contributo. A Igreja em
Portugal e o nosso país devem
muito a esta universidade.
No dia 8 de Fevereiro começa a
visita pastoral a S. Brissos e
Trigaches, que será interrompida no
dia 9, para se realizar a reunião do
Colégio de Consultores.
De 13 a 17 de Fevereiro realiza-se a
17ª Semana de Estudos Teológicos
da Universidade Católica, este ano
com o título de “o dossier Jesus”.
† António Vitalino, Bispo de Beja
Pe. Luís Kondor condecorado com a Ordem de Comendador
O Presidente da República, Jorge
Sampaio atribuiu a Ordem de Comendador ao Pe. Luís Kondor, missionário do Verbo Divino, Vice-Postulador da causa da canonização dos
Pastorinhos de Fátima, Jacinta e
Francisco Marto. A insígnia foi
entregue por Frei Vitor Melícias, na
qualidade de Magno Chanceler das
Ordens Honoríficas Portu-guesas,
em cerimónia pública que teve lugar
no passado dia 18 de Janeiro, às 19
horas, no Grémio Literário, em
Lisboa.
Na cerimónia estiveram também
presentes, entre outros, o Bispo de
Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira da
Silva; o Bispo Auxiliar de Évora, D.
Amândio Tomás; o representante da
Nunciatura Apostólica, Mons. JeanFrançois Lantheaume; o Reitor da
Universidade Católica Portuguesa,
Manuel Braga da Cruz; os embaixadores da Áustria e da Hungria; o
Presidente da Câmara de Ourém,
David Catarino; Acácio Catarino, da
assessoria social da Presidência da
República, e o provincial dos Missionários do Verbo Divino, Pe. José
Augusto Leitão.
O Pe. Luís Ludwig Kondor, nascido
em 1928, em Csikvánd, na Hungria,
foi enviado, pelos superiores da
Congregação do Verbo Divino, para
Portugal, em Novembro de 1954. Dois
anos mais tarde, ao encontrar-se pela
primeira vez com a Irmã Lúcia, iniciou
um trabalho fervoroso de promoção
do catolicismo no mundo, em especial nos países do Centro e Leste da
Europa, para onde canalizou, durante
décadas, literatura e imagens de
Nossa Senhora de Fátima.
Em 1961, o Pe. Kondor foi nomeado
vice-postulador da causa de canonização dos Pastorinhos. Em 1978,
juntamente com o então Bispo de
Leiria, D. Alberto Cosme do Amaral,
encontrou-se com o Papa João
Paulo II para dar entrada oficial do
pedido de beatificação,
No ano 2000, o Papa João Paulo II
anunciava a beatificação de Jacinta
Marto e Francisco Marto, cuja
cerimónia oficial se viria a realiza no
Santuário de Fátima a 13 de Maio
desse ano Actualmente, o Pe. Kondor tem estado empenhado no processo de canonização de Jacinta
Francisco.
Em Outubro de 2005, o Embaixador
da Áustria em Portugal, Ferdinand
Trauttmansdorff, entregou ao Pe.
Kondor a condecoração da Ordem
da Grande Cruz de Honra, que o
Governo Austríaco lhe atribuiu
reconhecendo o seu papel fundamental na ligação entre o povo
austríaco e Portugal, Também no ano
passado, o Pe. Kordor celebrou o seu
jubileu de ouro de sacerdócio que
coincidiu com os cinquenta anos da
sua presença em Portugal.
Nas palavras do próprio, estes foram
cinquenta anos dedicados ao serviço da Igreja e à divulgação da
mensagem de Fátima em todo o
mundo.
Conselho Diocesano de Pastoral
No Centro Pastoral, em Beja, sob a presidência do Senhor Bispo,
reuniu, dia 28 de Janeiro o Conselho Diocesano de Pastoral. Dele
fazem parte quarenta e duas pessoas, oriundas de toda a diocese, e
que fazem parte deste Conselho quer em virtude dos cargos que
ocupam, quer em representação dos leigos e párocos de cada
arciprestado, quer em representação dos serviços e movimentos, quer
por escolha do Bispo.
Neste ano pastoral, a Diocese tomou como elemento mobilizador a
preocupação de integrar a família nas actividades pastorais de cada
paróquia sempre que possível. Nesse sentido, para auscultar o pulsar
da diocese nesta fase, relativamente a este objectivo, foi escolhida a
família como tema de trabalho, para esta primeira reunião, deste ano,
do Conselho de Pastoral. Assim, a partir dos dados recolhidos, foi
possível ter uma ideia concreta sobre como está a ser operacionalizado,
em cada comunidade, o objectivo pastoral proposto para este ano:
sentir como os conselheiros vêem a necessidade de um trabalho mais
atento, exigente e rigoroso com aqueles que pedem à Igreja o seu
casamento; obter um manancial de sugestões em ordem a um plano
pastoral sobre a família.
Para um estudo mais aprofundado da pastoral da família a incentivar
na diocese, e apresentar um projecto de trabalho sobre a mesma, foi
constituída uma Comissão de trabalho que apresentará ao Conselho,
na próxima reunião, as suas sugestões. O Conselho acolheu também a
sugestão de publicar, uma vez por mês, no jornal “Notícias de Beja”
uma página dedicada à família.
António Domingos Pereira
Livro de Registo da Irmandade de
N.ª Senhora do Carmo, de Beja
A Irmandade da Venerável Ordem
Terceira do Carmo da cidade de Beja
foi fundada em 1699 no Convento
de S. Miguel, dos Carmelitas Calçados, nos subúrbios da cidade,
junto ao actual Bairro da Esperança.
Em 1734, o responsável do Convento e a Direcção da Ordem
Terceira acordaram instalar a sede
da Irmandade na Capela de S.ta
Catarina, no Rossio do mesmo
nome. Desde logo, o espaço se
revelou exíguo para albergar uma
das mais importantes instituições
da cidade, pelo que decidiram
construir para o efeito um novo
templo. Em 1755 estava construída
a capela mor daquela que é hoje a
Igreja do Carmo. A Irmandade foi
extinta em 1910, mas renasceu com
novos estatutos aprovados a 28 de
Março de 1920. Quando nos anos
80 do séc. passado visitei, por
motivos do meu ministério pastoral,
a casa que foi do dr. Castro e Brito,
os meus olhos prenderam-se num
livro de grandes proporções –
36,5cm x 23cm, encadernado em
carneira, com a lombada de 9cm de
largo, já desguarnecida e bastante
danificada. Abri e li: “Livro da
Irmandade da Venerável Ordem
Terceira de Nossa Senhora do
Carmo de Beja, feito no anno de
1699, sendo Thezoureiro da Meza
o Irmão Francisco Lopes de Oli-
veira que o mandou fazer”.
O livro tem 335 pág. em papel de
marca, rubricadas por Novaez,
muitas delas em branco, à espera
de acrescentar novos nomes.
Por ordem alfabética, contém o
registo de muitas centenas de
irmãos, desde a fundação até ao ano
de 1899 – 200 anos de memória da
vida e movimento desta venerável
instituição e seu dinamismo. O
registo de nomes dos primeiros
anos é feito em letra gótica de muito
belo efeito. No espaço temporal de
200 anos, só na letra A foram
inscritos 1130 irmãos, com a particularidade de o primeiro e último
serem presumivelmente da mesma
família: António Rodrigues Dória e
Adolpho Augusto Dória, respectivamente. Desde aquela descoberta nos anos 80 do séc. passado,
desenvolvemos diligências para
que o precioso achado fosse entregue à Paróquia do Carmo. Estas
diligências foram agora coroadas
de êxito: a Srª Conceição Figueirinha, herdeira da Família Castro e
Brito, acaba de entregar o dito livro
à Diocese. E eu tive o prazer de
apresentar à Paróquia, no final da
Conferência do Dr. Pinharanda
Gomes, o precioso livro de Registos
da Irmandade, que será integrado
no Arquivo Diocesano.
A. Aparício
Para leitura e reflexão cristã
OPINIÃO
6 – Notícias de Beja
02 de Fevereiro de 2006
Primeira Encíclica de Bento XVI
1 - Desde longa data que os Papas
recorrem à publicação de cartas
encíclicas para tornar conhecido o seu
modo de pensar, sobre determinados
assuntos relacionados com a fé ou,
então, com o governo da Igreja.
São documentos importantes que os
sucessores de S. Pedro publicam na
sua qualidade de bispos de Roma, que
presidem à Igreja Universal de Cristo.
Designam-se encíclicas por se destinarem a circular entre as várias comunidades cristãs, como que levadas de
mão em mão.
O Papa ao decidir publicar uma
encíclica, quase sempre, escolheu já o
assunto.
A partir daqui desenvolve-se o trabalho
necessário para redigir o texto e com
frequência tem sido escolhida uma
pessoa ou grupo de pessoas particularmente competentes na matéria.
Conseguido o texto base é sujeito a
apreciação até se obter o texto definitivo
com a provação do Papa.
Estou com estas informações para se
verificar como é exigente e longo este
trabalho até à apresentação de um texto
que foi julgado fiel ao pensamento do
Papa e na fidelidade à fé da Igreja.
Este é o processo habitualmente
seguido. O Papa, porém, pode escrever
ele mesmo o documento e proceder
depois a consultas particulares, se bem
o entender, como consta que foi feito
agora.
2 – Bento XVI, acaba de publicar a sua
primeira encíclica dedicada ao problema
do amor na dimensão humana e na
perspectiva cristã.
Verifiquei já, que a opinião geral acha
que o Papa foi certeiro na escolha do
assunto para a sua primeira encíclica,
pois à volta deste tema inscrevem-se
grandes e graves problemas da existência humana e eclesial.
Por um lado, o amor (a caridade) está
no cerne da revelação cristã, por outro
lado, o amor é realidade central da
existência do ser humano e conse-
Registado
Como se sabe, existem nos Estados
Unidos vários movimentos cristãos
integristas que pretendem impor como
científica a visão da Criação ensinada
na Bíblia. Tomando a Escritura como
um livro de Biologia, afirmam que nas
escolas a teoria da evolução de Darwin
deve ser substituída, ou pelo menos
completamentada, pelo criacionismo. O
fundamento invocado para essa
proposta, inclusive em tribunal, costuma ser o conceito de liberdade religiosa.
A tolerância de culto constitui, sem
dúvida, um pilar fundamental da
sociedade civilizada. As terríveis
perseguições recentes, que ainda
permanecem em tantas zonas do
mundo, são infâmias inqualificáveis em
qualquer cultura digna. Mas a liberdade religiosa, se dá a cada pessoa e
comunidade o direito à sua fé e
celebração, não lhe concede a possibilidade de impor essa sua visão particular
à totalidade.
Os cristãos integristas, como todos os
outros grupos, devem ter autonomia
para, no respeito pela lei, acreditar e
defender o que quiserem; podem
ensinar aos seus filhos o que acharem
melhor. Mas só uma compreensão
distorcida de liberdade os leva a exigir
que as suas opiniões sejam postas em
quentemente da própria sociedade.
Sobre o tema do amor, tantas vezes,
não há ideias claras, o que provoca
desencontros e desvios de vária ordem
que traumatizam pessoas, a sociedade,
a família, a escola e as próprias
comunidades cristãs.
Basta lembrar os numerosos problemas que se encontram sobre a mesa:
a insegurança de tantos casais legitimamente constituídos; os problemas
decorrentes do divórcio; os problemas
das uniões de facto; os problemas das
uniões jurídicas das pessoas do mesmo
sexo; os problemas decorrentes de uma
educação sexual menos acertada; os
problemas atentatórios da moralidade
pública; os problemas provocados pela
pornografia e pela pedofilia, etc.
Todos começam por uma noção menos
certa e segura do que é o amor, a
sexualidade e a afectividade.
Repito, esta é uma área nevrálgica da
vida da própria humanidade.
A agravar a situação vem certa comunicação social, certa publicidade, certas
propostas concretas que promovem
uma visão pansexualista nada benéfica
à verdadeira concretização do amor
humano e cristão.
Na segunda parte da encíclica, o Papa
sublinha a importância do amor na vida
e na acção pastoral da Igreja.
3 – Creio ser de interesse referir, como
exemplo, importantes temas de algumas
das encíclicas dos últimos papas.
Os temas escolhidos revelam bem a
atenção e interesse dos Papas e da
Igreja ao evoluir da história humana e
eclesial. Ao tratar desses vários
assuntos há a preocupação de orientar
as comunidades eclesiais mas, também,
de colaborar com a sociedade civil.
Aí estão os temas escolhidos por cinco
dos últimos Papas:
Pio XI, foi Papa de 1922 a 1939.
Publicou a encíclica “Divini Illius
Magistri”. É um documento centrado
sobre a Família.Afirma, nomeadamente,
que ela recebeu do criador a missão e,
portanto, o direito de educar os
filhos… direito este que é anterior a
qualquer direito da sociedade e do
Estado.
Pio XII – Papa de 1939 a 1958, publicou
a encíclica “Humani Generis” em que,
corajosamente, afirma que a Igreja não
proíbe que, em conformidade com as
conclusões das ciências e da teologia,
a teoria do evolucionismo seja objecto de investigação e discussão. Não
se esqueça que até ali a Igreja seguia,
quase só, a teoria do criacionismo.
João XXIII – Foi Papa de 1958 a 1963.
Publicou a notável encíclica “Pacem in
Terris”. O papa pede que se acabe com
a corrida aos armamentos. É quase
impossível pensar, diz esta encíclica,
que na era atómica a guerra possa ser
utilizada como meio (instrumento) da
justiça.
Paulo VI – Papa desde 1963 a 1978.
Publicou a, também, notável encíclica
“Populorum Progressio”. Nela lembra
que sem desenvolvimento não há paz.
Sublinha igualmente que os ho-mens
de Estado, educadores… todos, cada
um no seu posto, são construtores de
um mundo novo.
João Paulo II – Foi Papa de 1978 a 2005.
Publicou a famosa encíclica “Redemptor Hominis” em que afirma com
toda a clareza que o Homem é o primeiro
caminho que a Igreja deve percorrer na
realização da sua missão. Esta é a
primeira e fun-damental via da Igreja,
via traçada pelo próprio Jesus Cristo.
Bento XVI – É o actual Papa que
começou o seu ministério de sucessor de S. Pedro no passado mês de
Abril.
Asua primeira encíclica é sobre o amor,
como acima expus.
Por esta simples síntese, repito, vê-se
como os papas estão atentos à vida da
Igreja e da Sociedade e como reflectem
seriamente sobre os seus mais urgentes
problemas e oferecem a todos as
conclusões do seu estudo.
Que esta encíclica seja lida pelos
católicos, pelo facto de pertencerem à
Igreja Católica e deverem, por isso,
sintonizar com o seu Magistério.
Que os organismos de apostolado e
as comunidades cristãs estudem este
documento tão atento ao nosso
tempo.
Aos irmãos não católicos, ou não
crentes a manifestação respeitosa do
meu desejo de que leiam, também, esta
encíclica.
Todos lucramos com a sua leitura.
João César das Neves
Foi uma das leituras mais imprevistas
que vi dos resultados das últimas
eleições presidenciais: ‘Portugal
precisa dum pai’ e, por isso, escolheu
Aníbal Cavaco Silva. Quem exprimiu
esta opinião – que tem tanto de
perspicaz quanto de imprevista – até
referiu que foi votante noutro
candidato.
Ora se por ‘pai’ entendermos alguém
em quem se confia, alguém que
transmite autoridade, alguém de quem
não nos envergonhamos, mesmo que
dele por vezes discordemos, alguém
que é escutado e minimamente credível... Aquela apreciação poderá
condizer com o Presidente eleito, se
tivermos boa vontade de entendimento e capacidade de enquadramento
de tudo quanto foi dito ou desmentido
antes e depois do acto eleitoral.
Mesmo que de forma breve percebese que a crise do ‘pai’ tem percorrido as
mais diferentes instâncias da nossa
vida pública (colectiva ou familiar) e
mesmo na perspectiva pessoal/privada.
Esta visão repercute-se, inconscientemente, na crise de ‘autoridade’ – será
noção de ‘direita’ reclamar este serviço
de quem exerce o governo ou o poder?
– numa certa confusão de valores,
nalguma permissividade ética (dado
que falar de moral poderá soar a
religião), na frequente fuga para o lado
na assumpção de responsabilidades
(sobretudo na discrepância entre
quando se está na oposição e, posteriormente, no governo)...
Das ideias, que foram expostas durante
a contenda eleitoral mais recente,
podemos recolher algumas de que já
não se ouvia falar há demasiado tempo,
tais como: pátria, nação, cultura,
património... Outros termos foram
sendo retomados e/ou retocados com
significados mais abrangentes: cidadania/liberdade, língua/poesia...
Agora que se acalmaram – espera-se!
– as águas (por vezes turvas e purulentas) e o rumo nos faz empenhar a
nossa força de trabalho, precisamos:
* Dar estabilidade às crianças, sem nos
infantilizarmos no endeusa-mento dos
mais novos, protegendo-os em excesso... conferindo-lhes quase só
direitos e com muito poucas obrigações
do Estado providência;
* Recuperar os jovens para o compromisso pelos outros, seja nas lides
da política, seja nas mais diversas
associações, colectividades e iniciativas... tornando-os responsáveis pelo
amanhã da Pátria;
* Tornar os adultos – numa leitura desta
idade enquanto não entram na reforma,
após os sessenta e cinco anos –
capazes de assumir as tarefas de serem
a segurança do presente, permitindolhes serem capazes de diálogo cultural
com o mais novos e os mais velhos e
ocupando o lugar que lhes é próprio,
específico e insubstituível;
* Acompanhar os velhos – nessa
riqueza de sabedoria de vida, agora a
partir dos setenta anos – como reserva
da nossa identidade, sus-tentáculo da
nossa história e enquanto são o melhor
património do nosso passado vivo.
Aquela função de ‘pai’ poderá ser
exercida (eficientemente) pelo Presidente eleito? Não cairemos na tutela
doutras épocas e regimes? A ver
vamos... vigiando em democracia.
“Diário de Notícias” 30.01.06
A. Sílvio Couto
João Alves, Bispo Emérito de Coimbra
Fundamentalismo e homofobia
igualdade com os resultados científicos que toda a sociedade subscreve.
Liberdade e tolerância não significam
imposição de uma atitude minoritária à
globalidade.
Tais exageros são certamente fenómenos típicos da América. Ou não
serão? De facto, na Europa verificamse situações paralelas, em que a única
diferença é que a lei já pretende impor
ao todo a opinião da pequena minoria.
Na sua sessão do dia 18 deste mês, o
Parlamento Europeu aprovou a “Resolução sobre a Homofobia na Europa”
(P6-TA-PROV (2006)0018). Invocando
os direitos humanos e o combate à
discriminação, o documento constata
que “os parceiros homossexuais não
gozam da totalidade de direitos e
protecções de que beneficiam os
parceiros heterossexuais e que, por
conseguinte, são vítimas de discriminação e de desvantagens” (ponto
E) e, por exemplo, “insta os Estados
membros a adoptarem disposições
legislativas para pôr fim à discriminação
de que são vítimas os parceiros do
mesmo sexo em matéria de sucessão,
de propriedade, de locação, de pensões,
de impostos, de segurança social, etc.;”
A homofobia, como qualquer outra
forma de violência, opressão e discri-
minação, é inaceitável e deve ser
fortemente combatida. Qualquer
cidadão europeu tem o direito de não
ser perseguido pelas suas escolhas
pessoais e estilo de vida. Mas isto não
é combate à homofobia, mas promoção
da homossexualidade, insultando toda
a Europa, que desde sempre fez e faz
naturalmente o que esta lei agora
considera discriminação. 0 Parlamento
Europeu, tal como os criacionistas
americanos, distorce o conceito de
liberdade para impor uma visão
aberrante.
A liberdade exige que cada um possa
ter a vida que quiser. Mas não força a
que todos achem que todas as alternativas são equivalentes; tal como a
liberdade religiosa não exige que se
ensinem nas escolas as teorias de
qualquer seita. Uma pessoa, em liberdade, tem o direito de pensar que a
homossexualidade é uma depravação,
tal como pode achar que o criacionismo
não é ciência. Isso, em si, não significa
homofobia e intolerância, desde que
não persiga os que pensam de forma
diferente da sua. Pelo contrário, é o
Parlamento Europeu que, ao consagrar
na lei geral a posição abstrusa, viola a
liberdade.
Não é discriminação tratar de forma
Portugal precisa
d’um pai!
diferente aquilo que é diferente. Os
activistas pensam que a homossexualidade é igual ao casamento, tal
como os criacionistas acham que o
Génesis é ciência. Mas as relações
homossexuais, tal como a promiscuidade, incesto, pedofilia e bestialidade, nunca foram consideradas
equivalentes à família, até nas sociedades antigas que as tinham como
correntes.
Os benefícios que o Estado concede à
família, célula-base da sociedade, não
são direitos individuais ou simples
manifestação do amor mútuo. Eles
provêm dos enormes benefícios que a
comunidade humana recebe da solidez
familiar, no nascimento de bebés,
educação dos jovens, trabalho, estabilidade emocional, amparo de idosos.
Esses benefícios não podem ser
estendidos a qualquer outra relação,
só porque alguém a considere igual.
O Parlamento Europeu não é para levar
a sério.Ao tentar impor dogmas alheios
a toda a legislação dos países civilizados, ao acusar de violação de direitos
humanos todas as sociedades modernas, só se desprestigia a si mesmo.
REGIONAL
02 de Fevereiro de 2006
Periodicidade quinzenal para o Mercado
junto ao Parque de Campismo, em Beja
O Executivo da Câmara Municipal
de Beja decidiu alterar a periodicidade de funcionamento do mercado que se realiza nas instalações
do antigo viveiro municipal, junto
ao Parque de Campismo. Recordese que este espaço ao ar livre se
comercializam, semanalmente, artigos de vestuário e calçado entre
outros.
A decisão municipal entra em vigor
no mês de Fevereiro, altura em que
o mercado passará a realizar-se
quinzenalmente, no segundo e
quarto sábados de cada mês,
respectivamente.
A autarquia dá assim cumprimento
a uma norma de funcionamento que
existia há vários anos mas que,
sistemáticamente, não era
cumprida.
No entender da Câmara Municipal
de Beja a realização deste mercado
nas antigas instalações do viveiro
municipal trouxe melhorias substânciais comparativamente com o
antigo local de funcionamento,
junto à Praça de Touros.
É no entanto consensual que este
não é ainda o local mais adequado
para o funcionamento do mesmo,
tendo sido desde logo considerada
que esta seria uma solução
provisória.
Idálio Ferreira
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LISBOA
Notícias de Beja – 7
Originalidades do Alentejo, nas Presidenciais de 2006
A vitória de Alegre sobre Soares
atingiu números esmagadores. Nos
47 concelhos da região o
candidato-poeta quase duplicou a
votação (72.500 contra 45.249) e a
percentagem (26,51 contra 14,41)
do antigo Presidente da República.
Alegre conquistou seis concelhos
contra a vitória única de Soares em
Campo Maior onde o industrial Rui
Nabeiro era o seu mandatário. E
mesmo neste caso a vitória só lhe
Publ.
Cartório Notarial
de Serpa
Certificado
Certifico para efeitos de publicação que, no
dia 20 de Janeiro de 2006, lavrada a fls. 60
do livro de notas n.º 134-D, deste Cartório,
foi efectuada uma escritura de Justificação
pela qual Isidro Cordeiro Soldado, NIF
180.725.033 e mulher Maria Isabel
Madeira Pós de Mina Soldado, NIF
131.307.479, casados no regime da
comunhão geral, naturais da fraguesia de
Pias, concelho de Serpa, residentes nessa
freguesia na Rua Júlio Dinis, número 28,
alegam que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem dos seguintes
imóveis sitos na freguesia de Pias, concelho
de Serpa: Um - Prédio rústico de cultura
arvense, com a área de três mil centiares,
denominado “Vale de Lagarinhos”, que
confronta do norte com José Manuel Moita
Galado, do sul com Manuel Francisco Batista
Coelho, do nascente com Isidro Cordeiro
Soldado, e pelo poente com Estêvão Parreira
Gomes e outros, inscrito na matriz, sob o
artigo 945, secção R, com o valor patrimonial
de 11,82 euros e o valor patrimonial tributário
para efeitos de IMT de 343,95 euros, a que
atribuem o valor de trezentos e cinquenta
euros; e Dois - Prédio rústico de cultura
arvense, com a área de quatro mil duzentos
e cinquenta centiares, denominado “Vale de
Lagarinhos”, que confronta do norte com
Maria Madre de Deus dos Santos Tiago
Gonçalves Pita e outros, do sul com Manuel
Francisco batista Coelho, do nascente com
Rita da Conceição Figueira, e pelo poente
com Isidro Cordeiro Soldado, inscrito na
matriz sob o artigo 946, secção R, com o
valor patrimonial de 17,35 euros e o valor
patrimonial tributário para efeitos de IMT de
507,08 euros a que atribuem o valor de
seiscentos euros.
Que estes imóveis encontram-se inscritos
na matriz, em nome do justificante marido,
somam o valor total e atribuido de novecentos
e cinquenta euros e não se acham descritos
na Conservatória do Registo Predial de Serpa.
Que os identificados imóveis vieram à posse
dos justificantes por os haverem ajustado
comprar, em dia e mês que ignoram do ano
de mil novecentos e oitenta e dois a Manuel
Gonçalves Pereira, maior, já falecido,
residente que foi na referida freguesia de
Pias, não tendo, todavia, sido celebrada a
respectiva escritura.
Porém, desde aquele ano e sem interrupção,
os justificantes entraram na posse dos
referidos imóveis, cultivando-os e usufruindo
todas as suas utilidades e suportanto os
respectivos impostos e encargos, tendo
adquirido e mantido a sua posse sem a menor
oposição de quem quer que fosse e com
conhecimento de toda a gente, agindo
sempre por forma correspondente ao
exercício do direito de propriedade, tendo
por isso uma posse pública, pacífica,
contínua e de boa fé, que dura há mais de
vinte anos, pelo que os adquiriram por
usucapião, não tendo, toavia, dado o modo
de aquisição, documento algum que lhes
permita fazer a prova do seu direito de
propriedade.
Que desta forma, justificam a sua aquisição
dos aludidos imóveis por usucapião.
Está conforme o original.
Cartório Notarial de Serpa, vinte de janeiro
de dois mil e seis.
O 1.º Ajudante
Vitor Manuel Soares
sorriu por escassos 29 votos.
Jerónimo de Sousa ganhou em Beja,
o único distrito do país em que
Cavaco Silva não ficou à frente dos
outros cinco candidatos.
O triunfo do secretário-geral dos
comunistas foi obtido quase à
tangente com uma vantagem de
157 votos sobre Cavaco e 630
sobre Manuel Alegre quando o
número dos que acorreram às urnas
rondou os 80 mil.
O mais curioso é que Jerónimo
apenas ganhou em quatro concelhos do Baixo Alentejo - que não
incluem o da cidade sede do distrito - enquanto os seus dois
principais adversários lideraram em
cinco cada.
O reverso da medalha ocorreu no
distrito de Évora onde, apesar de
Jerónimo vencer em seis
concelhos, ficou em terceiro lugar,
atrás de Manuel Alegre.
Urbanização
“Colina do Carmo” no
Bairro da Esperança
Prosseguem, em bom ritmo, as obras de construção do “novo” Bairro da
Esperança, a chamada “Colina do Carmo”, uma moderna urbanização com
200 casas, que deverão estar habitadas dentro de dois anos, a cargo da
construtora Hagen, a mesma que construiu o Bairro das Pedreiras, onde se
instalou, há um mês, a etnia cigana que vivia nas 50 barracas existentes
nas imediações da igreja.
Entretanto, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Santa Maria
estão também a proceder a obras de restauro da igreja, que se espera
venha a reabrir ao culto no primeiro domingo da Quaresma, dia 5 de Março.
1.º Centenário da Fundação de Solidariedade Social
“Lar e Centro de Dia Nobre Freire”, de Beja
Esta benemérita Instituição assinalou, no dia 1 de Fevereiro, o 1.º
centenário da sua fundação, com a
presença das mais altas individualidades civis, militares e religiosas de Beja.
No decurso das cerimónias foram
inauguradas novas salas e prestouse homenagem a todos os dirigentes já falecidos, entre os quais
o Eng.º Abílio Ramôa, Eng.º Camacho Barriga e Dr. Marques da
Costa, médico, durante cerca de 30
anos.
Resposta às questões da última página
1. Bíblia: Era Herodes o Magno, homem astuto que, embora não fosse
judeu, acabou por ser nomeado rei da Judeia pelo Imperador Romano.
Entre as principais construções que lhe são atribuídas encontra-se o
Templo de Jerusalém, que Jesus frequentou. De temperamento cruel,
matou parte da sua família e tentou matar o Menino Jesus quando os
Magos lhe disseram que vinham adorá-lo. Morreu aos 74 anos no ano
4 a.C., quando o Menino Jesus, no Egipto, teria cerca de 3 anos. 2.
Figuras nacionais: Manuel Maria Barbosa du Bocage (Setúbal, 1765
- Lisboa, 1805), cujo segundo centenário da morte estamos a celebrar,
foi um dos mais famosos poetas portugueses. Os seus poemas
reflectem a vida agitada e em grande parte irregular que levou. 3.
Cosmografia: A duração do dia em relação à noite varia bastante ao
longo do ano, como é da experiência comum; mas a duração do dia de
24 horas é praticamente uniforme ao longo do ano.
2
Fevereiro
P r o p r i e dade da D i o c e s e d e B e j a
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2006
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Editado em
Portugal
Tiragem
3.000
ÚLTIMA PÁGINA
02 de Fevereiro de 2006
Espaço
Ludo-Cultural
Passagem de testemunho
entre dois Presidentes
Recordar é viver
Jorge Sampaio e Cavaco Silva
estiveram reunidos no dia 30 de
Janeiro, no Palácio de Belém,
formalizando o início da transição
de poderes que ambos os protagonistas desejam que venha a ser
um processo tranquilo.
As Forças Armadas ocuparam parte
substancial da conversa entre
Presidente da República e Presidente da República eleito.
Recorde-se que o actual Presidente
da República conviveu com quatro
primeiros-ministros: António Guterres, que já se encontrava no cargo
quando Sampaio foi eleito; Durão
Barroso, que subiu ao poder em
Março de 2002; Santana Lopes,
empossado na sequência da demissão de Durão que foi ocupar o
cargo de presidente da Comissão
Europeia e, finalmente, José Só-
crates, que venceu as eleições
depois de Jorge Sampaio ter decido
dissolver a Assembleia da República em Dezembro de 2004.
Ao longo destes 10 anos, Jorge
Sampaio teve vários encontros,
alguns públicos, outros privados,
com Cavaco Silva. O Presidente da
República e o ex-primeiro-ministro
mantiveram sempre uma relação
“cordial”, que pode facilitar esta
transição. Mas Cavaco Silva não
entrava em Belém desde 2 de
Agosto, dia em que Sampaio recebeu Mário Soares, a seu pedido, e
Cavaco Silva, também oficialmente
a seu pedido. Cavaco ainda não
tinha quebrado o tabu presidencial.
Só que o Presidente da República,
não querendo receber apenas
Soares, “convidou” Cavaco a fazer
o pedido.
O que segue foi respigado de
antigos números do Notícias de
Beja.
Há 75 anos (1931). 1. Acaba de ser
abolido o passaporte entre Portugal e Espanha, medida há muito
reclamada sobretudo pelos naturais de cada um dos países com
interesses no outro. 2. O jornal fazse eco do discurso de R. Schuman
(um dos futuros construtores da
União Europeia - Nota da Redacção) a 2.000 católicos franceses
sobre as relações entre a Igreja e o
Estado.
Há 50 anos (1956). Foram inauguradas duas novas enfermarias no
velho Hospital da Misericórdia de
Beja, uma das quais para tuberculosos. O provedor Dr. Joaquim
Delgado enalteceu a colaboração
dos Drs. Meneses Soares, Covas
Lima e Marques da Costa. O Bispo
elogiou a dedicação das religiosas
que ali trabalham. O Governador
Civil apelou à participação dos
Alentejanos na cobertura dos
custos do novo Hospital Regional,
estimados em 15 mil contos, dado
que o Estado só comparticipa com
75 %.
Há 25 anos (1931). Prossegue a
renovação da Pastoral do Dia do
Senhor, decidida pelos Bispos na
assembleia de 1978, ao serem-lhes
apresentados os resultados do
recenseamento da prática dominical
de 1977. A Comissão Nacional da
Pastoral do Domingo, então instituída, tem publicado vários “cadernos”, entre os quais dois da
autoria do seu presidente D. Manuel Falcão intitulados “À Descoberta do Dia do Senhor” e “À
Descoberta do Ano Litúrgico”.
Dias comemorativos
Em complemento do que já ficou
dito no passado mês de Janeiro,
informamos que a 4 desse mês
ocorre o Dia Mundial do Braille,
comemorativo do sistema de escrita
e leitura destinado aos invisuais,
inventado pelo francês Luis Braille,
nascido precisamente no dia 4 de
Janeiro de 1809. Tal escrita faz-se
por pequenos furos no papel,
captáveis pelo tacto ao passar com
os dedos por cima. Ao todo o
alfabeto Braille tem 63 sinais,
constituído cada um por um ou
mais furos num conjunto de 6
pontos. Em Portugal há 150 mil
deficientes da vista e 80 mil do
ouvido.
O dia 11 de Fevereiro é o Dia
Mundial do Doente, proclamado
por João Paulo II em Carta de 13 de
Maio de 1992, anteriormente celebrado entre nós no 5º Domingo da
Quaresma.
Enciclopédia
DOENÇA. Todos sabem o que é,
mas os mais sábios reconhecem a
dificuldade em defini-la. Pode dizerse que é uma perturbação da saúde
manifestada por um ou mais sintomas (dor, febre, paralisia, vómitos, etc.) causada pela lesão de
um ou mais órgãos do corpo
humano. (Limitamo-nos aqui à
doença no ser humano, embora
sabendo que os animais e as
plantas também estão sujeitos a
doenças.)
A ciência das doenças chama-se
patologia; o conhecimento da suas
causas (etiologia) faz-se pelo
estudo dos sintomas e porventura
do resultado de análise complementares (diagnóstico); com base
no diagnóstico, chega-se ao prognóstico (previsão da evolução da
doença) e define-se a terapêutica
(tratamento a usar). Pela etiologia
se pode chegar à prevenção das
doenças (profilaxia).
As doenças mais comuns têm
nomes vulgares (constipação,
gripe, tuberculose, lepra, cancro,
doença dos pezinhos, etc.). Algumas destas doenças também têm
nomes científicos (p.ex., a lepra é a
doença de Hansen). Muitas outras,
menos comuns, são em geral conhecidas pelo nome do cientista que
as estudou, p.ex., doença de Parkinson, doença de Alzheimer.
As doenças podem surgir pela
natural degenerescência do organismo ou de alguma das suas
partes, pelo ataque de agentes
nocivos (vírus, micróbios, parasitas), por alimentação errada ou
deficiente, por ambientes poluídos,
por acidentes, etc. A preservação
da saúde é dever natural. E é
obrigação do Estado defender a
saúde pública, pelo saneamento
básico, vacinação, cuidados básicos, manutenção dos serviços
hospitalares, etc.
Mas a doença é também um aviso
de que a vida corre sempre perigo e
de que a morte virá mais tarde ou
mais cedo, sendo da maior importância estar preparado para ela.
Além disso, os sofrimentos que a
acompanham devem ser encarados
cristãmente como forma de participar na paixão e morte redentoras
de Jesus Cristo.
Coisas e loisas
1. Missionários assassinados.
Segundo a Agência Fides, em 2005
foram violentamente mortos 26
missionários católicos, quase o
dobro do ano anterior. Só na
República Democrática do Congo
foram assassinados 6 padres e um
leigo; e na Colômbia 4 padres e uma
religiosa. O caso mais mediático
ocorreu no Quénia com o assassinato do bispo italiano D. Luigi
Locati. Os outros casos ocorreram
no México, Brasil, Jamaica, CongoBrazzaville, Nigéria, Índia, Indonésia, Bélgica e Rússia.
2. Enologia electrónica. O professor norte-americano de engenharia química L. Biegler anunciou
a sua intenção de inventar uma
maquineta electrónica para “provar” os vinhos e dar parecer sobre
a sua qualidade, melhor do que
actualmente fazem os enólogos ou
provadores oficiais desta apreciada
bebida. O dito professor diz que a
tal maquineta identifica as leveduras que entram nas fermentações
que dão origem ao vinho, permitindo uma avaliação global mais
exacta da sua qualidade do que
permite o paladar humano.
3. Falsificação científica. A Universidade de Seul declarou falsas
as células estaminais anunciadas
num artigo de revista científica pelo
médico sul-coreano Hwang WooSuk como extraídas dum embrião
humano obtido por clonagem. Com
a denúncia desta falsidade, parece
estar mais resguardado o respeito
pelo embrião humano.
Veja se sabe
1. Bíblia. Quem era o Herodes que
tentou matar o Menino Jesus?
2. Figuras nacionais. Que sabe
sobre Bocage?
3. Cosmografia. É verdade que os
dias não são todos iguais ao longo
do ano?
(Ver respostas na penúltima página)
Bom humor
1. No bar. O cliente protesta: «Este
leite tem muita água...» Responde
o empregado: «Que quer? A vaca
esteve muito tempo à chuva...»
2. No museu. Dois jovens param
diante duma múmia egípcia: Pergunta um: «Que quer dizer aquela
placa que diz 3500 AC?» Responde
o outro: «É capaz de ser a matrícula
do automóvel que a atropelou...»
3. Na aula. Pergunta a professora:
«Quantos dedos temos?» «Quarenta, stôra.» «Quarenta?» «Sim,
vinte meus e vinte da stôra.»
Manuel Falcão
Aos amigos do “Notícias de Beja”
No início de um novo ano, lembramos aos nossos prezados assinantes o dever de renovarem as
suas inscrições. A assinatura em 2006 é de 21 euros. Aos que puderem, agradecemos a oferta
de mais alguns cêntimos, já que “Notícias de Beja” vive com grandes dificuldades financeiras,
situação, aliás, comum a todos os jornais regionais do País.