o padrão - Gemalto

Transcrição

o padrão - Gemalto
Edição 2 2015
Ideias inteligentes para um mundo digital
DEFININDO
O PADRÃO
O Diretor Executivo da W3C, Jeff Jaffe,
revela quais são as consequências de
ser o guardião da World Wide Web
TECNOLOGIA WEARABLE SALVA VIDAS • O CAMPO CONECTADO • SEGURANÇA PARA O PAGAMENTO EM NUVEM
BEM-VINDO
Soluções simples
A tecnologia não tem que ser complicada. Podem ter demorado anos na
fabricação, exigindo algumas mentes brilhantes e equipamentos de ponta,
mas os melhores exemplos apresentam soluções simples para problemas,
necessidades ou desejos que, por vezes, são complicados.
Nós somos grandes seguidores desta filosofia - basta olhar para o
nosso lema, “Security to be free” (Segurança para ser livre). Na melhor
das hipóteses, a tecnologia coloca o poder nas mãos dos usuários,
simplificando suas vidas e economizando tempo, e até mesmo dinheiro.
Pegue os pagamentos sem contato, por exemplo. Como nosso artigo em
destaque na página 32 explica, alguns consumidores podem inicialmente
ficar nervosos em fazer pagamentos com o seu telefone celular, mas,
quando começam a fazê-lo, logo percebem que é realmente mais seguro e
mais rápido do que usar um cartão de plástico.
Outro exemplo positivo é a Estônia, que adotou a tecnologia digital
em áreas que variam desde a saúde até votação. Os cidadãos com quem
falamos para a nosso hotsite (review.gemalto.com/estonia) eram só elogios
sobre como os serviços eletrônicos tornaram suas vidas mais simples. Veja
uma amostra na página 20.
Na página 10, observamos como os agricultores também estão se
beneficiando da moderna tecnologia de Internet das Coisas. Ela está
eliminando as conjeturas do cultivo de lavouras e gestão do gado - e está
até mesmo permitindo-os dirigir veículos agrícolas com segurança, do
conforto de suas mesas.
E, embora a sua função de guardião da World Wide Web, com todos
os seus um bilhão de sites, possa parecer imensamente complicada à
primeira vista, a missão de Jeff Jaffe é simples: fomentar o consenso entre
os desenvolvedores e tornar a experiência dos usuários simples e segura. A
nossa entrevista exclusiva com ele está na página 22.
Há muito mais nesta edição da The Review.
Espero que você goste de lê-la.
Colaboradores
Charles Arthur
Charles foi Editor de Tecnologia no
Guardian de 2005 até 2014. Ele faz
reportagens sobre ciências, tecnologia,
negócios e esportes há mais de 20 anos.
Kate Bevan
Kate é uma jornalista e locutora que vive e
respira tecnologia através de seus trabalhos
em publicações tais como The Financial Times
e, também, de suas aparições na TV e no rádio.
Tim Green
Tim Green é um jornalista especializado em
pagamentos móveis. Ele foi analista sênior
na Screen Digest antes de lançar o site
Mobile Entertainment sobre B2B em 2005.
Cath Everett
Jornalista e editora há mais de 20 anos, Cath
está voltada para as questões comerciais,
recursos humanos e implicações sociais e
culturais da tecnologia.
Tamsin Oxford
Vice-Presidente Executivo, Produtos e Softwares Embarcados,
Gemalto
gemalto.com/latam
@gemaltoLatam
linkedin.com/company/gemalto
A The Review é publicada pela Gemalto Corporate
Communications – www.gemalto.com.
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A The Review é impressa em papel Cocoon Silk 50. Certificado
como um produto de fontes mixas com certificação FSC, o Cocoon
Silk 50 é produzido com 50% de fibras recicladas de fontes pré e
pós-consumo, junto com 50% de fibra virgem com certificação
FSC de florestas bem manejadas.
2
Tamsin é jornalista e editora há quase 20 anos
e mora na África do Sul. Ela é especialista nos
mercados de TI comercial e de consumo e
editou títulos como a PC World Magazine.
A The Review é produzida para a Gemalto por Wardour,
Drury House, 34-43 Russell Street, Londres, WC2B 5HA,
Reino Unido +44 (0) 20 7010 0999 wardour.co.uk
GERENTE DE COMUNICAÇÕES, GEMALTO Laurence Manouelides
EDITOR Lauren Dowey
EDITOR DIGITAL Molly Bennett
DIRETOR DE ARTE Steven Gibbon
DESIGNER Annelise Nelson
PRODUÇÃO Jack Morgan
DIRETOR DE PRODUÇÃO John Faulkner
GERENTE DE CONTA Matt Goodenday
DIRETOR DE CONTA SÊNIOR Emma Fisher
DIRETOR DE CONTEÚDO Tim Turner
DIRETOR CRIATIVO Ben Barrett
DIRETOR ADMINISTRATIVO Claire Oldfield
DIRETOR-PRESIDENTE Martin MacConnol
Capa: Scott Nobles
Frédéric Vasnier
O que você gostaria de saber?
Gosta da nossa revista? Quer ler artigos sobre um
determinado assunto? Nós adoraríamos saber o
que você acha da revista The Review. Para nos
ajudar a melhorar ainda mais esta premiada
revista, acesse review.gemalto.com/survey e siga
as instruções.
8
28
10
22
Nesta edição…
4 SUMÁRIO DIGITAL
De países que não fazem uso do dinheiro físico
a combates a incêndios florestais, confira essas
interessantes histórias da tecnologia do mundo
todo.
8 INOVAÇÃO
Seu coração monitorado a cada minuto
Os wearables poderiam ser a resposta
aos problemas de segurança dos esportes
profissionais.
10 INOVAÇÃO
18 SOCIEDADE
A tecnologia está tornando a nossa vida
mais simples?
Como os bancos estão reagindo à demanda da
Geração Y por produtos e serviços inovadores.
20 INSPIRAÇÃO
Pagamentos seguros
Por que os estonianos amam o governo
eletrônico?
Alguns cidadãos da Estônia falam sobre as
credenciais de governo eletrônico do país.
À medida que os pagamentos sem contato se
tornam comuns, quais são as implicações para
a segurança de dados?
36 INSPIRAÇÃO
O guardião da World Wide Web
O Diretor-Presidente da W3C, Jeff Jaffe, fala
sobre os desafios que vêm junto com o exercício
da função de administrador da web.
Emmanuel Routier, Vice-Presidente de M2M
Global da Orange Business Services, sobre o
futuro M2M na área comercial.
26 PLANETA DIGITAL
38 PIONEIROS
As mais graves violações de dados do primeiro
semestre de 2015 - e como evitá-las.
Rótulos de produtos inteligentes estão
revolucionando o mundo do marketing. Saiba
como.
16 SOCIEDADE
Conheça a nova tecnologia que está
transformando as eleições em muitas nações
africanas.
32 INOVAÇÃO
A Tecnologia M2M: uma perspectiva
privilegiada
22 PRIMEIRA PESSOA
A tecnologia pode tornar uma nação
mais democrática?
A nova fronteira para os bancos
Os consumidores querem dispositivos que
tornem a vida mais fácil. Mas será que os
desenvolvedores estão trabalhando para isso?
Agricultura inteligente
Como a tecnologia M2M está fazendo a
diferença no setor agrícola.
28 INOVAÇÃO
Violações de Dados
O marketing de uma forma inovadora
3
REVISTA DIGITAL
“Como organização, somos apenas bem sucedidos se
conseguirmos envolver o mundo inteiro, que compreendem
todas as partes interessadas na web.”
JEFF JAFFE, W3C
Leia mais na página 22
Uma ideia revolucionária é a grande
vencedora do #IoTMaker Challenge
INSTANTÂNEO
O ENVIO E RECEBIMENTO
DE MENSAGENS MÓVEIS
ATINGE NOVO PATAMAR
160 trilhões
ISTOCK
O tráfego de mensagens móveis e online atingirá
160 trilhões por ano até 2019.
438
bilhões
A #IoTMaker Challenge é uma competição destinada a desenterrar as novas
e mais empolgantes ideias da Internet das Coisas, e que terá um protótipo do
dispositivo vencedor construído de verdade. O vencedor deste ano foi Jason
Mitcheson, da Austrália. Aqui, Jason nos conta sobre o que inspirou a sua
ideia vencedora - um sistema de alerta de incêndio florestal 3G - e o potencial
da tecnologia IoT nas áreas rurais.
Quando surgiu a inspiração?
Eu estava em um acampamento de férias na época dos incêndios florestais
na Austrália, o que significa verificar as proibições de fogo e passar por um
monte de placas de advertência na estrada. E minha mente vagou enquanto
viajava no banco de trás. Eu pensei sobre a possibilidade de utilizar os
módulos Java da Gemalto como detectores de incêndio compactos para as
regiões remotas.
Como você se sentiu ao ver sua ideia se tornar um protótipo real?
Fiquei extremamente orgulhoso. Ver um pensamento solto que você teve no
banco de trás de um carro se materializar no outro lado do mundo é uma
viagem e tanto.
Que conselho você daria a qualquer pessoa que queira embarcar em
um projeto de Internet das coisas?
Comece pequeno e tente se basear ao máximo em kits como o Gemalto
Concept Board, que tem uma comunidade onde você pode observar para
encontrar soluções existentes. Quando você constrói o lado da nuvem do
seu projeto de IoT, você precisará construir ferramentas de depuração e
de introspecção de rede desde o início. Se você não fizer isso, você terá
problemas com certeza!
Você trabalha para uma empresa que fabrica soluções de tecnologia
para o setor agrícola. Você acha que a tecnologia IoT está causando um
impacto aqui?
Com certeza. Cada equipamento agrícola já pode ser conectado à Internet. Isso
está tendo um impacto enorme sobre os custos agrícolas com mão de obra,
economia de energia e uma gestão eficiente da água nas culturas.
Veja os demais finalistas em
tinyurl.com/IoTmakerfinalists
4
438 bilhões de mensagens são enviadas e
recebidas via SMS, MMS, Mensagens Instantâneas
(IM), mídias sociais e e-mail todos os dias.
400
milhões
Embora o e-mail respondesse pela maior parte
do tráfego no ano passado - com não menos de 35
trilhões de mensagens - o IM deverá ultrapassá-lo nos
próximos 12 meses. Devido ao custo insignificante
do IM, os prestadores de serviços, tais como
WhatsApp e WeChat agora têm mais de 400
milhões de usuários ativos.
5.8
bilhões
Os sites de mídias sociais também continuam a
aumentar em popularidade, e, só o Facebook, tem
mais de 5,8 bilhões de publicações, curtidas e
comentários por dia.
Fonte: juniperresearch.com
Mantenha-se atualizado sobre as
notícias de segurança digital em
blog.gemalto.com
VEJA ISTO
GERADORES DE RECEITAS
PARA A INTERNET DAS
COISAS, SETOR INDUSTRIAL (IIOT)
GETTY
Quando perguntado o que seria o maior
gerador de receitas para a Internet das Coisas
(Setor Industrial), os entrevistados do
relatório IoT Outlook 2015 disseram:
A Dinamarca começa a tornar-se
uma nação sem uso de dinheiro
físico
Em uma etapa histórica a Dinamarca decide se
tornar o primeiro país a proibir o dinheiro de papel
no país. O Parlamento dinamarquês propôs uma lei
que permitiria que as lojas recusassem pagamentos
em espécie. A Câmara de Comércio Dinamarquesa
recomendou que as lojas fossem autorizadas a proibir
o uso de dinheiro em espécie completamente e
insistir que os clientes pagassem apenas com cartões
de débito e crédito ou smartphones.
A medida é apoiada pela aliança Better Than Cash
Alliance do Fundo de Desenvolvimento de Capital das
Nações Unidas, que tem como objetivo promover a
transição digital dos pagamentos. Se o Parlamento
dinamarquês aprovar o projeto de lei, os lojistas
poderão começar a recusar dinheiro a partir de
janeiro de 2016.
Sensores
Nuvem e Big Data
23,6%
22,2%
Serviços da Internet
das Coisas para
empreendimentos
profissionais
Tablets e
Dispositivos
wearables
18,7%
15,9%
Identificação por
Radiofrequência
(RFID) e tecnologia de
rastreamento
Software
embarcado
10,5%
8,2%
Outros
0.9%
Leia o relatório completo IoT Outlook 2015 em
gemalto.com/iot/documents/iot-survey
5
REVISTA DIGITAL
Este segmento de clientes jovens é o mais desvinculado
do setor bancário”
GENEVIEVE GAY, BANCO OCBC
Leia mais na página 28
INTERNET DAS COISAS PARA SISTEMAS
A Tecnologia M2M permitiu que diversos produtos se tornassem
tanto inteligentes quanto conectados, possibilitando sistemas
de produtos conectados. Agora, graças às soluções de Internet
das Coisas, eles estão evoluindo para sistemas de informações
conectados em nuvem, também conhecidos como Internet das
Coisas para Sistemas.
GETTY
Isso significa que um produto - como, por exemplo, um trator agora não é somente inteligente, mas, também, está conectado a
várias peças de equipamentos agrícolas inteligentes em torno dele,
como reboques e ceifeiras-debulhadoras. Por meio da Internet das
Coisas, aquele “sistema de equipamento s agrícolas” também pode
se conectar a outros sistemas de produtos conectados na fazenda,
tais como os sistemas de irrigação, de dados meteorológicos e de
otimização de sementes para formar um grande “sistema de gestão
agrícola.”
Os EUA adotam o pagamento
sem contato
O CAMPO CONECTADO
O setor de pagamentos dos EUA é historicamente associado
aos cartões tradicionais de tarja magnética, mas uma nova
pesquisa da MasterCard sugere que a maré pode finalmente
estar mudando em favor da tecnologia sem contato. Cerca
de 82% dos consumidores norteamericanos já ouviram falar
de pagamentos sem contato, enquanto 75% deles já ouviram
falar de pagamentos biométricos e 56% atualmente fazem
pagamentos móveis online ou em app.
Clima
As novas descobertas foram retiradas da pesquisa
Emotion of Safety & Security Survey da Mastercard, que
entrevistou 1.000 consumidores norteamericanos. Havia
muitos resultados positivos, com 77% dos entrevistados
considerando que as novas tecnologias de pagamento têm
um efeito global positivo sobre a segurança pessoal, e 83%
se sentindo animados porque as novas tecnologias ajudam
a proteger as suas informações financeiras. No entanto,
as preocupações com a segurança dos dados também
predominaram nas respostas, com 77% dos consumidores
dos EUA se sentindo ansiosos quanto ao roubo ou
comprometimento de suas informações financeiras.
Descubra formas inovadoras de pagar
em tinyurl.com/4waystopay
Equipamentos
agrícola
Sistema de
gestão agrícola
Sistemas de
irrigação
Saiba mais sobre o campo conectado na página 10
6
Otimização
de sementes
Explore a versão online da The
Review review.gemalto.com
Os tablets estão mudando a vida
das crianças na Guatemala
Sem serviço de internet, fornecimento de energia elétrica
variável e trilhas e caminhos em vez de estradas, obter
fontes de educação para as crianças dos remotos vilarejos
da Guatemala não é uma tarefa fácil. Agora, o Magic
Classroom - um programa de ensino digital gratuito - está
ajudando a ensinar as crianças com cinco e seis anos de
idade em todo o país.
As crianças aprendem a partir de um tablet carregado com
atividades interativas e um programa de áudio que promove
a alfabetização e outras competências essenciais. Ao invés
de um professor, um jovem facilitador - geralmente alguém
da comunidade local na faixa etária dos 16 aos 24 anos
de idade - usa um alto-falante sem fio para amplificar as
lições em aula. Devido à falta de cobertura da Internet,
o tablet usa as funções Android e Bluetooth, que estão
cada vez mais disponíveis em áreas isoladas, devido à
quantidade de smartphones que estão sendo usados.
“A ideia do tablet surgiu quando nós estávamos tentando
descobrir como poderíamos manter os materiais do
currículo atualizados e nos comunicarmos com os
professores nas áreas rurais”, disse o fundador do
programa, Fred Zambroski.
MAGIC CLASSROOM
O Magic Classroom atende atualmente 168 crianças em
nove comunidades da Guatemala, com a inclusão de mais
10 salas de aula até o final de 2015.
Conheça mais em
thenetwork.cisco.com
7
INOVAÇÃO
SEU CORAÇÃO MONITORADO A CADA MINUTO
AUTOR LAUREN DOWEY
Será que os dispositivos
wearables seriam a solução
para os problemas de
segurança nos esportes
profissionais?
SEU CORAÇÃO MONITORADO
A CADA MINUTO
CATAPULT
Os torcedores de futebol assistiram, em choque,
quando Fabrice Muamba do Bolton Wanderers desmaiou
em campo durante um jogo da Copa Inglesa FA contra o
Tottenham Hotspur em 2012. A maioria dos espectadores
não conseguia entender como um atleta tão jovem e
saudável poderia, de repente, cair sobre o gramado sem
que houvesse qualquer colisão com um jogador adversário.
Descobriu-se que Muamba, 23 anos, sofreu uma parada
cardíaca causada por um problema cardíaco não detectado.
Embora ele tenha ficado clinicamente morto durante
78 minutos, ele se recuperou após ficar 30 dias em um
hospital londrino. Porém, ele nunca mais voltará a jogar
futebol profissionalmente.
E se a perigosa alteração na freqüência cardíaca de
Muamba tivesse sido detectada em tempo real? Os novos
dispositivos wearables ultrainteligentes estão tornando
essa visão uma realidade, com vários dispositivos
chegando ao mercado, capazes de medir uma série
de dados biométricos e que, além disso, usam
a tecnologia máquina a máquina (M2M) para
retransmitir instantaneamente os resultados
aos treinadores e médicos. Os sistemas de
monitoramento GPS, como o S4 da Catapult, já
estão sendo usados por equipes profissionais de
rugby, incluindo os times British e Irish Lions,
assim como equipes do futebol inglês, tais como
Newcastle United e Aston Villa.
Essencialmente um sistema de
monitoramento GPS clip-on, o Catapult S4 é
preso às camisetas dos jogadores e ele mede
a velocidade, frequência cardíaca, distância
percorrida, aceleração e carregamento de impacto
para determinar se os índices estão dentro de sua
PRESO AOS JOGADORES DO
faixa determinada ou em risco de lesão. Os dados
JERSEYS, O CATAPULT S4
REALIZA VÁRIAS MEDIÇÕES coletados são, então, transmitidos sem fio para
o banco de análise em tempo real. Embora seja
E TRANSMITE OS DADOS
usado principalmente para avaliar o desempenho,
PARA A CENTRAL.
8
ele também é um avanço no monitoramento das possíveis
lesões.
A marca de roupas esportivas Under Armour deu um
passo à frente e introduziu uma camisa com toda essa
tecnologia integrada. A camisa E39 Compression, que tem
sido usada por até 50 equipes esportivas profissionais e
universitárias nos EUA, possui um disco fino que contém
sensores, uma fonte de energia, um transmissor com
Bluetooth e armazenamento de memória. Juntamente
com eletrodos de tecido, o sistema monitora a atividade
cardíaca de quem está usando a camisa, além do limiar
anaeróbio e a capacidade aeróbica. Depois de analisar
as medições, treinadores e preparadores físicos podem
aprender a maximizar o desempenho dos seus jogadores,
ao mesmo tempo em que os médicos podem detectar
sinais de alerta, como, por exemplo, a desidratação.
INDO NA DIREÇÃO CERTA
Outro aspecto perigoso dos esportes que, recentemente,
tem estado no centro das atenções é a concussão. No rugby
e no futebol americano, assim como em outros esportes
de alto contato, como o futebol gaélico e o futebol com
regras australianas, é comum os jogadores sofrerem lesões
por concussão. No entanto, nos últimos tempos, a mídia
tem reagido contra a evidente falta de preocupação das
autoridades que deveriam estar preocupadas com os efeitos
desde tipo de lesão.
Em janeiro de 2015, a Saracens, uma equipe inglesa
de rúgbi da primeira liga, chegou às manchetes após os
jogadores usarem patches com sensores atrás das orelhas
em um jogo profissional, pela primeira vez. Criado pela
empresa de tecnologia X2 Biosystems, sediada em Seattle,
o xPatch é uma unidade de equipamento de alta tecnologia
que mede e registra o ângulo e a força dos golpes na cabeça
durante o jogo. Assim como o Saracens, diversas equipes
norteamericanas de futebol e de futebol universitário
também estão usando o dispositivo na batalha contra os
Saiba mais sobre a tecnología
wearable en blog.gemalto.com
efeitos da concussão no médio e no longo prazo. Conforme
admitiu Ed Griffiths, o então Diretor-Presidente do
Saracens: “O efeito da concussão é uma questão que o
esporte não se atreveu a perguntar por medo das respostas
que poderiam ser dadas.”
No entanto, a progressão da tecnologia wearable pode
significar que podemos evitar concussões graves no futuro.
O inventor irlandês Mark Dillon criou o protetor de
boca Mamori, que atualmente está na fase experimental.
Ele foi projetado para coletar dados importantes, ao
mesmo tempo em que protege os dentes e atua como
um eficaz escudo de goma. Os sensores embutidos do
Mamori podem comunicar quando a pessoa que o está
usando sofreu uma lesão grave na cabeça, mesmo que
não esteja fisicamente evidente. E, se a força absorvida
for suficientemente significativa, os dados podem ser
transferidos para um computador através do aplicativo
Mamori instantaneamente.
Como qualquer pessoa que já tenha assistido a um
esporte já sabe, os jogadores muitas vezes se livram de
golpes poderosos, sem perceber que já sofreram uma
concussão. Podem, então, surgir problemas sérios caso
eles sejam atingidos de novo, quando, então, já existe
uma concussão anterior, e a tecnologia wearable, como o
Mamori, pode ajudar a garantir que isso não aconteça mais.
FIQUE NO CONTROLE
Essa nova tecnologia não só representa um avanço para
a segurança dos atletas, mas, também, uma vantagem
essencial na análise dos esportes, com uma diversidade
de dispositivos portáteis já disponíveis para avaliação de
desempenho.
Da relativa simplicidade do Fitbit aos Heads-up
Displays (HUD), como o Recon Jet, os óculos inteligentes
que mostram os dados dos sensores portáteis e de seu
smartphone diretamente à vista, a capacidade da tecnologia
wearable para informar a análise táctica está crescendo o
tempo todo.
No mundo da navegação, os HUDs anteriormente
somente estavam disponíveis para a elite dos esportistas
da Copa das Américas. Mas, agora, qualquer velejador com
US$ 1.899 pode comprar o Afterguard, um sistema para
corridas com tecnologia de ponta que fornece informações
instantâneas para toda a tripulação. Usando a tecnologia
dos óculos inteligentes, a pessoa que está utilizando
este dispositivo HUD da Afterguard pode ver todas as
informações que devem ser conhecidas do barco, assim
como a inteligência para tomada de decisão imediata, a fim
de lhes dar uma vantagem competitiva em uma corrida.
Para aqueles que estão em terra firme, a Sensoria criou o
Smart Sock, que promete ajudar os corredores a aperfeiçoar
o seu estilo. O Smart Sock lhe informa a sua velocidade,
distância e quão bem você corre. Os sensores têxteis
detectam a pressão do pé e as fibras condutoras transmitem
os dados coletados pelos sensores fixados a uma
tornozeleira. Ela é, então, emparelhada a um aplicativo,
para que você possa receber feedback em tempo real.
Quando se trata de tornar os esportes mais seguros
e permitir que os atletas avaliem o seu desempenho, o
céu é o limite para os dispositivos wearables. Como esta
tecnologia continua a crescer e se desenvolver, certamente é
apenas uma questão de tempo antes que o uso de sistemas
de monitoramento inteligente pelos atletas se torne uma
norma, tornando os esportes mais seguros para todos.
OS ÓCULOS RECON
JET SMART FORNECEM
DADOS DOS SENSORES
WEARABLES PARA
VISUALIZAÇÃO
GETTY
X2 BIOSYSTEMS
USADO ATRÁS DA ORELHA, O
XPATCH REGISTRA O ÂNGULO E A
FORÇA DAS PANCADAS NA CABEÇA
SOFRIDAS DURANTE A PARTIDA
O avanço da tecnologia wearable pode
significar que, no futuro, poderemos
impedir ferimentos graves nos esportes,
inclusive concussão.
9
INOVAÇÃO
AGRICULTURA INTELIGENTE
AUTOR KATE BEVAN
ILUSTRAÇÃO SAM FALCONER
Do rastreamento remoto dos animais no interior
da Austrália até a análise de sensores sem fio
nos vinhedos da Espanha, a revolução agrícola
inteligente está plantando as sementes do
futuro sucesso do setor agrícola.
Será que os agricultores sonham com ovelhas elétricas? Com um pedido de desculpas
a Philip K. Dick, a resposta é “sim”. Eles provavelmente sonham com isso. Não só a
tecnologia agrícola moderna pode acompanhar os movimentos de um rebanho e
registrar os dados sobre os animais, mas, também, as ovelhas que usam dispositivos sem
fio podem criar uma rede em malha para oferecer-lhes a conectividade em áreas onde
não há qualquer sinal de celular ou Wi-Fi.
Tudo isso faz parte do setor em expansão de “agricultura inteligente”, que usa a
tecnologia máquina a máquina (M2M) para rastrear os animais, gerenciar os campos
minuciosamente, manter o controle sobre máquinas
agrícolas e edifícios e, até mesmo, implantar enxames de
robôs para cuidar dos campos . O “campo conectado” está
fornecendo aos agricultores enormes quantidades de dados
para ajudá-los a obter a máxima produtividade de suas terras
e maquinário.
De acordo com a Cisco, existem mais de 16 bilhões de
pessoas, processos e dispositivos conectados à internet, e ela
estima que esse número deverá aumentar para mais de 50
bilhões até 2020. Embora alguns desses dispositivos sejam
os termostatos conectados e portas do tipo “cat flaps” que
tuitam desse mundo, os outros são dispositivos agrícolas
que estão em uso no mundo todo, em locais que vão desde
pastagens de gado na Escócia a produção de ostras na
Austrália.
“A agricultura é uma das principais áreas da atividade
de Internet das Coisas [IoT],” diz Adrian Segens, Diretor
Comercial da empresa de software RedBite. Ele caracteriza a
Internet das Coisas como “um mundo de objetos e sistemas,
no qual o espaço em branco representa as pessoas que
precisam interagir com eles.”
DIVERSÃO DIGITAL NA FAZENDA
A busca pelo uso eficiente de recursos e terras é o
impulso para as tecnologias como a SAP Digital Farming,
em que a caixa de ferramentas digitais de sensores de um
fazendeiro, software e análises criam um rico panorama da
propriedade. A partir dessa perspectiva geral, o agricultor
pode dar zoom em campos individuais e partes dos
campos individuais para obter uma visão minuciosa.
Isso é possível graças aos sensores que comunicam
dados sobre métricas tais como de nutrientes, umidade e
condições meteorológicas em uma representação visual
simples, para que o agricultor possa, então, ser preciso
sobre quais partes do campo precisam de mais água e
fertilizantes.
“Você quer otimizar o uso da terra arável e usar
cada milímetro do terreno de forma inteligente”, diz
Saverio Romeo, um dos autores do relatório Towards
Smart Farming, produzido pela Beecham Research,
10
TODOS ESSES DADOS ESTÃO SEGUROS?
Uma área de interesse em torno da agricultura inteligente
compreende os dados gerados e coletados pelos dispositivos. A
menos que sejam usados em setores como os da saúde móvel
e governo eletrônico, os dados M2M não são considerados
dados pessoais. Assim, não estão cobertos pela legislação de
proteção de dados. No entanto, eles precisam ser protegidos da
mesma forma que os dados pessoais, sobretudo porque podem
ser usados para identificar pessoas.
Embora aparentemente não há registros de um ataque
prejudicial aos dispositivos agrícolas, a Internet das Coisas já
demonstrou que pode ser vulnerável aos hackers: em julho
de 2015, a Chrysler anunciou o recall de segurança que afetou
1,4 milhão de seus carros após pesquisadores de segurança
provarem que eles poderiam ser assumidos por hackers
mal-intencionados.
Graham Cluley, um especialista independente de segurança,
destaca que as questões relacionadas aos dispositivos
da Internet das Coisas também se aplicam à agricultura
inteligente. “O que descobrimos com esses dispositivos de uma
ponta a outra é que eles representam um verdadeiro desafio:
uma empresa analista de M2M, sobre esse tipo de
monitoramento. “Os dados do solo podem ser utilizados
pelo agricultor para mapear a densidade das mudas,
otimizando a sua semeadura através dos valiosíssimos
dados coletados.”
O software também sugere quais as tarefas que devem
ser priorizadas, como, por exemplo, a fertilização do
campo, e pode, inclusive, recomendar subcontratadas
locais para vir e fazer o trabalho. Depois do agricultor
escolher alguém para a realização da tarefa, eles podem
compartilhar os dados relevantes com a subcontratada –
como, por exemplo, quais partes do campo precisam de
mais atenção do que outras.
O agricultor pode, então, usar a telemática em
veículos agrícolas para monitorar o progresso da pessoa
que está efetivamente dirigindo os veículos agrícolas e,
também, ficar de olho no consumo de combustível e na
quantidade de fertilizante usada. O software também
pode sugerir tarefas a serem priorizadas com base nas
previsões meteorológicas e alocar recursos, dependendo da
rentabilidade do campo.
Os dados telemáticos coletados pelas máquinas
agrícolas são uma parte importante disso, enviando dados
de volta para o escritório da fazenda ou para o celular do
agricultor. Ao invés de ter que ir até os campos, o agricultor
pode localizar os veículos através de um aplicativo de
smartphone.
O artigo continua na página 14
haverá uma infraestrutura segura?,” questionou ele.
Ele acrescenta que esses dispositivos podem muito bem ser
baratos, mas adverte que os produtos baratos podem não ser
capazes de criptografar dados. Além disso, dispositivos de baixo
custo podem não ser atualizados regularmente para se manter
no topo das ameaças de segurança à medida que elas surjam.
Para os agricultores que pensam em implantar sensores
inteligentes e outros dispositivos, Cluley adverte: “A base de
tudo na Internet das Coisas é começar tornando-a segura, e,
depois, torná-la útil. Eu me preocupo caso esses dispositivos
sejam disponibilizados a um custo muito baixo, e não haja uma
preocupação com o futuro da segurança.”
Portanto, a mensagem é clara: pense duas vezes antes de
escolher os sensores mais baratos para as suas vacas ou seus
pastos, e certifique-se de que você sabe que eles sejam tão
seguros quanto úteis.
Leia mais sobre a Internet das
Coisas em gemalto.com/IoT
De acordo com a Cisco, haverá
mais de 50 bilhões de pessoas,
processos e dispositivos conectados
à Internet até 2020.
11
INOVAÇÃO
AGRICULTURA INTELIGENTE
Ovelhas inteligentes
que usam dispositivos
sem fio podem
criar uma rede de
malha para dar-lhes
conectividade em
todas as áreas onde
não há qualquer sinal
de celular ou Wi-Fi.
12
O CAMPO
CONECTADO
EM AÇÃO
Os agricultores podem mapear a
densidade das mudas e otimizar a
semeadura. Eles podem até mesmo
obter recomendações sobre as
contratadas melhor colocadas para
o trabalho.
Os viticultores usam
sensores para medir a
temperatura ambiente,
umidade, pressão
atmosférica e a umidade das
folhas nos vinhedos.
A próxima fase do
desenvolvimento no campo
conectado compreende
os veículos agrícolas sem
motoristas. Alguns fabricantes
já estão na fase do protótipo.
Coleiras inteligentes para
vacas usam acelerômetros
para monitorar como os
animais se movimentam e
podem identificar quando
uma vaca entra no cio ou fica
doente.
Sensores no campo podem informar
dados sobre as medições, tais como
nutrientes, umidade e as condições
climáticas para determinar quais
as áreas precisam de mais água e
fertilizante.
Os veículos agrícolas equipados
com telemática podem informar
suas locações, consumo de
combustível e suprimento de
fertilizante para a sede da
fazenda ou para o smartphone
do agricultor.
13
INOVAÇÃO
AGRICULTURA INTELIGENTE
Nós pensamos muito sobre as nossas cidades, mas
não pensamos o suficiente sobre as áreas rurais”
SAVERIO ROMEO, BEECHAM RESEARCH
Se um veículo
for roubado, por
exemplo, o seu
computador de
bordo pode ser
configurado para
telefonar para o
celular do agricultor
assim que deixar a
área definida
14
Como alternativa, um dispositivo dedicado, como o
monitor GreenStar da John Deere, pode ser implantado,
quer usando a rede celular ou, considerando quão irregular
a recepção do telefone pode ser no país, a conectividade via
satélite.
A próxima fase de desenvolvimento, de acordo com
Romeo, compreende os veículos agrícolas sem motorista.
Ele diz que os fabricantes já estão na fase de protótipo e são
“mais avançados do que os carros sem motorista do Google”.
Ele ressalta que “veículos agrícolas sem motoristas não
terão que se preocupar com buracos e pedestres, já que eles
dirigem em um espaço vazio.”
Os agricultores também podem usar a delimitação
geográfica, onde o usuário define uma determinada área
geográfica usando o software do dispositivo, para ficar de
olho nas máquinas. Se um veículo for roubado, por exemplo,
o seu computador de bordo pode ser configurado para
telefonar para o celular do agricultor assim que deixar a área
definida, e o agricultor pode rastrear seu paradeiro e, com
um pouco de sorte, direcionar a polícia para o ladrão.
SENTINDO O PERIGO
Os sensores estão no centro de qualquer sistema de
agricultura inteligente, coletando e transmitindo dados para
análise e resolução de problemas. A viticultura é apenas uma
área que usa sensores para reduzir problemas, tal como a
compactação do solo, que leva à erosão e à necessidade de
aumento da rega. Outro problema que pode ser reduzido
pelo uso de sensores se refere aos fungos nocivos, como o
Oídio e o Botrytis Cinerea.
Em um vinhedo na região de Pontevedra, na Espanha,
viticultores têm usado os sensores Waspmote para
monitorar o estado das uvas, enquanto modelos estatísticos
desenvolvidos pelo Grupo Austen preveem um possível
surto de pragas de fungos nos vinhedos. Os sensores
medem, entre outros fatores, a umidade e a temperatura
ambiente, bem como a pressão atmosférica e a umidade
das folhas. Eles, então, alimentam os dados nos modelos
e alertam os sistemas de irrigação e de condicionamento
de ar a fim de permitir respostas a qualquer mudança nas
condições.
Esse sistema também tira o máximo proveito do sol
abundante da Espanha usando painéis solares para manter
tudo alimentado com energia. Enquanto isso as próprias
uvas são rastreadas através de tecnologias de identificação
por radiofrequência (RFID) para que o resultado possa ser
medido.
A tecnologia RFID também é usada para monitorar os
animais: A Austrália implementou seu Sistema Nacional
de Identificação de Gado em 1999 para rastrear os animais
destinados ao comércio de carne. As orelhas dos animais
são marcadas com um chip com tecnologia RFID, que lhes
fornece um número único que é, então, registrado no banco
de dados nacional. Em todas as fases de sua vida, o animal
é digitalizado, registrando os dados sobre vacinações e
exposição a produtos químicos, entre outras informações.
O registro termina com informações do matadouro onde o
animal for abatido.
Outras tecnologias são usadas para monitorar a saúde dos
animais: A Silent Herdsman, sediada na Escócia, produz
colares para vacas que usam acelerômetros para monitorar
como os animais se movimentam e software associado, que
pode identificar quando uma vaca entra no cio ou adoece.
E o sistema suíço Anemon utiliza sensores para monitorar a
temperatura do corpo da vaca e identificar quando ela está
no cio.
Não são apenas os mamíferos cuja saúde pode ser
monitorada: em uma colaboração entre a CSIRO, um
órgão nacional das ciências da Austrália, a Universidade da
Tasmânia e a Sense-T, uma empresa de dados inteligentes,
três áreas de ostreicultura na Tasmânia estão sendo
monitoradas por sensores minúsculos colocados nas ostras,
que coletam e informam em tempo real sobre as condições
ambientais e a saúde das próprias ostras. Além de ajudar
as fazendas de ostras da Austrália a operar de forma mais
eficiente e sustentável, o projeto também deve garantir que
uma maior quantidade de ostras chegue ao seu destino final
num piscar de olhos - o prato de um cliente -, sendo elas,
portanto, comestíveis e, provavelmente, não farão com que
um cliente lamente a sua escolha do cardápio.
Faça download do guia Gemalto Netsize Guide
2015 para saber sobre o Impacto da Internet das
Coisas: gemalto.com/mobile/netsize-guide
APROXIME-SE COM CAUTELA
No entanto, toda essa tecnologia e informações são
“apenas mais uma ferramenta”, diz Belinda Clarke,
Diretora da Agri-Tech East, um grupo tipo guarda-chuva
de agricultores, produtores, pesquisadores e criadores. “Os
agricultores estão interessados em grandes brinquedos
atrativos, mas eles estão ao lado das ferramentas
mais tradicionais”, diz ela. Ela observa que embora as
tecnologias e as ferramentas de grandes dados possam
ajudar na “compreensão da variabilidade no campo”, essas
ferramentas ainda têm de contribuir para o processo de
tomada de decisão dentro da fazenda. É fundamental
compreender como usar tanto as novas quanto as antigas
ferramentas para obter os melhores resultados. “Se você tem
alguns dados de satélite que podem lhe dar informações
em pequena escala, isso é ótimo. Mas se você só tem um
pesticida para pulverização, que é um instrumento pouco
preciso, então, os dados não têm sentido”, diz ela.
Outro problema a retardar o uso eficiente da tecnologia
da agricultura inteligente é “uma falta de cultura digital”
entre os agricultores, diz Romeo. Ele indica a existência
de uma falta de vontade entre a geração mais velha para
realizar investimentos em tecnologia e acrescenta que
outra barreira é o acesso irregular e, muitas vezes, caro,
à rede - celular, banda larga e satélite - nas áreas rurais.
“Nós pensamos muito sobre as nossas cidades, mas não
pensamos o suficiente sobre as áreas rurais,” diz ele. A falta
de padrões que permitam que as diferentes tecnologias
trabalhem em conjunto também é um problema. “A
interoperabilidade entre sistemas é fundamental”, diz
Romeo.
Clarke concorda: “A interoperabilidade é um grande
desafio.” Ela vai mais longe, salientando que a ausência de
padrões “levanta dúvidas sobre as rotas até o mercado para
as empresas que desenvolvem essas tecnologias.” Como
ocorre com o consumidor e a tecnologia de negócios, isso
significa o surgimento de ecossistemas dominados por
fornecedores cujos dados são incompatíveis com outros
sistemas. “Nós estimulamos a partilha de dados para o bem
maior”, diz Clarke.
No entanto, mesmo com o cenário comercial
fragmentado, fica claro que a agricultura inteligente
significa que os agricultores podem gastar menos tempo
nos campos com ventos fortes e mais tempo monitorando
sua propriedade do conforto do escritório da fazenda - ou
até mesmo de suas camas antes de sonhar com as ovelhas
elétricas.
Uma falta de cultura digital entre os
agricultores está retardando o avanço
da tecnologia agrícola inteligente
no próprio setor para o qual ela foi
projetada para beneficiar.
15
SOCIEDADE
A TECNOLOGIA PODE TORNAR UMA NAÇÃO MAIS DEMOCRÁTICA?
AUTOR TAMSIN OXFORD
A nova tecnologia está revolucionando as
eleições em muitos países africanos –
e tem potencial para mudar o futuro do
continente.
A TECNOLOGIA PODE
TORNAR UMA NAÇÃO
MAIS DEMOCRÁTICA?
Poucos quenianos se esquecerão dos dias sombrios no final de 2007. No dia
27 de dezembro o país foi às urnas para eleger seu presidente e, apenas um dia
depois, em meio a alegações de fraude eleitoral que mantiveram o presidente
atual no poder, os defensores partidários dos dois principais candidatos
transformaram o país, normalmente pacífico, em um campo de batalha.
Infelizmente essa é uma história familiar em muitas
nações africanas. Estima-se que pelo menos 80% das
eleições africanas estão associadas à violência e mortes.
E, ainda assim, esse período negro na história do
Quênia também deu à luz a uma das ferramentas mais
extraordinárioa de nosso tempo: Ushahidi, uma aplicação
que mapeia os surtos de violência em tempo real,
permitindo que os quenianos denunciem os locais via SMS.
O Ushahidi tem crescido desde então para se tornar
a ferramenta imprenscindível para o mapeamento de
multidão. Ele foi implantado em lugares tão distantes
como Brasil, Macedônia e Índia para permitir que os
cidadãos denunciem a corrupção política e ajudem na
causa de responsabilidade democrática.
O Ushahidi pode ser o maior nome, mas está longe de
ser a única tecnologia usada para promover a democracia
na África. Os ativistas de base e as instituições políticas
estão encontrando maneiras da alta tecnologia tornar as
eleições na África mais justas, transparentes e seguras.
Tomemos, por exemplo, a plataforma GotToVote
desenvolvida pela organização sem fins lucrativos Code for
Africa. Esta ferramenta de código aberto tem sido utilizada
no Quênia, Malawi e Gana para ajudar os cidadãos se
registrarem para votar, ao localizar centros de registro
nas proximidades. Ela também cria campanhas de mídias
sociais para incentivar as pessoas a se inscreverem.
No nível institucional, muitos países se voltaram para
esquemas de identificação biométrica para combater
a fraude eleitoral generalizada. Registro biométrico geralmente usando reconhecimento por impressão digital
e fotografia - garante que os requerentes não se registrem
mais de uma vez para votar. Muitos governos consideram
que os títulos de eleitor mais seguros produzidos no curso
de tal programa têm valor de identidade, tanto quanto uma
carteira de identidade.
Mais de 25 países africanos, incluindo a Namíbia,
Quênia, Nigéria e República Democrática do Congo
(RDC), já implantaram esta tecnologia. Evidentemente,
em países africanos carentes em recursos - a RDC tem a
16
CARL DE SOUZA, GETTY
MUDANÇA DO SISTEMA
Leia mais sobre a solução Coesys da Gemalto para o
registro eleitoral em tinyurl.com/coesys-solution
QUAIS AS DIFERENÇAS ENTRE A TECNOLOGIA
ELEITORAL DA ÁFRICA E A DA EUROPA?
EXCELÊNCIA EM COMORES
Historicamente, a liderança de Comores foi caracterizada
por golpes e conflitos, mas o país insular, localizado ao largo
da costa sudeste da África, tem passado por mudanças
desde 2010.
Fevereiro 2012 o Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD) trabalhou com a Secrétariat
National Administratif Permanent para adquirir kits de
eleitores digitais que incorporavam câmeras digitais e
sensores de impressão digital. O objetivo era criar um
sistema de registro biométrico dos eleitores sob a orientação
do PNUD e fornecer a cada eleitor comorense um título de
eleitor biométrico. Isto foi projetado para mitigar o impacto
da fraude e ser mais inclusivo quanto a todos os cidadãos.
O processo foi iniciado bem antes da próxima eleição em
2016 para garantir o registro do número máximo de pessoas.
Mais da metade do total estimado de 400 mil eleitores já
foram inscritos no primeiro ano da implantação do sistema.
mesma população que a Nova Zelândia, mas apenas 1/77
da quantidade de energia elétrica - as soluções de alta
tecnologia têm que superar desafios significativos e nem
sempre têm êxito.
A eleição na Nigéria em março de 2015, por exemplo,
ocorreu com uma semana de atraso. Uma das razões para
o atraso foi o mau funcionamento de alguns leitores de
cartões projetados para autenticar as impressões digitais
dos eleitores.
PLANOS MELHORES
E o Quênia? Em 2013, o país planejou o que deveria
ser uma das eleições gerais tecnologicamente mais
avançadas registradas, com identificação e registro
biométrico dos eleitores, voto eletrônico e coleta de
resultados em tempo real via SMS.
Mas isso não ocorreu conforme planejado: laptops
sem bateria, falhas de software deixaram os leitores
biométricos incapazes de dar boot e um resultado
excepcionalmente próximo significou que todas as
cédulas tiveram que ser contadas manualmente. E, no
entanto, apesar das altas tensões e espera prolongada
para os resultados, a eleição foi uma das mais pacíficas na
história recente do Quênia.
Felizmente, existem muitos exemplos da tecnologia
trabalhando para levar paz e resultados não contestados
nas eleições africanas. Nas eleições locais de Gana em
setembro passado, o Novo Partido Patriótico alegou
ter excluído 76 mil eleitores falsos do cadastro eleitoral
usando a tecnologia de reconhecimento facial para
detectar duplicações. Portanto, há uma esperança de alta
tecnologia à frente.
IBRAHIM YOUSSOUF, GETTY
No nível institucional, muitos
países se voltaram para
esquemas de identificação
biométrica para combater a
fraude eleitoral generalizada.
VOTO ELETRÔNICO NA ESTÔNIA
Enquanto as tecnologias emergentes estão moldando o
cenário eleitoral em muitos países africanos, o mesmo pode ser
dito de alguns países europeus. A Estônia, em particular, é uma
líder mundial nesse setor.
Em 2007, a Estônia se tornou o primeiro país do mundo
a permitir que os seus cidadãos votassem pela internet nas
eleições parlamentares. Outros países já experimentaram a
votação online, mas apenas a Estônia a adotou de uma forma
permanente.
Um sistema de votação eletrônica não é apenas conveniente
para o eleitorado, mas, também, reduz o fardo administrativo
quando se trata da coleta e contagem de votos. Isso certamente
foi bem sucedido: a participação dos eleitores aumentou de
61,9% em 2007 para 64,2% em 2015. Além do mais, as eleições
parlamentares de março de 2015 estabeleceram um novo
recorde, com mais de 30% dos cidadãos votando online. O
objetivo do voto eletrônico na Estônia não é eliminar a votação
com cédula de papel, mas incentivar mais pessoas a votar em
geral.
Graças à tecnologia, o maior envolvimento e melhor qualidade
da votação também estão sendo sentidos na África. Embora exista
ainda um caminho a percorrer antes que uma nação africana
possa competir com da Estônia na esfera da votação eletrônica,
está claro que eles estão se movendo na direção certa.
Saiba o que os estonianos têm a dizer sobre o
governo eletrônico na página 20
17
SOCIEDADE
A TECNOLOGIA ESTÁ TORNANDO NOSSAS VIDAS MAIS SIMPLES?
AUTOR ADAM OXFORD
Os psicólogos nos dizem que ter muitas
opções é prejudicial, mas, quando se trata de
tecnologia, quanto é demais? A The Review
mergulha no debate.
Será que a tecnologia
está tornando nossas
vidas mais simples?
Já em 2005, o Professor Barry Schwartz, um psicólogo
de Nova York advertiu que as pessoas estavam se
sentindo oprimidas pela ênfase do mundo moderno na
opção. Em sua obra seminal “The Paradox of Choice”,
ele mostrou que as muitas opções, em vez de fazerem as
pessoas se sentirem poderosas, na verdade, as fazia se
sentirem oprimidas.
Isso ocorreu dois anos antes do lançamento do iPhone.
Hoje, temos acesso a mais de 1,5 milhão de aplicativos
que podem fazer tudo, desde pedir uma pizza a aumentar
o aquecimento antes de chegar em casa.
É por isso que é mais importante do que nunca que
os desenvolvedores de novas aplicações e dispositivos se
concentrem na redução da complexidade e em facilitar a
vida dos usuários.
No entanto, uma pesquisa encomendada pela Gemalto
mostra consistentemente que embora os usuários e
tecnólogos acreditem que a tecnologia deveria estar
tornando suas vidas menos estressante, muitas pessoas
acham que ela, na verdade, dificulta ainda mais suas
vidas.
“Eu tenho tantas formas de efetuar pagamentos que
saber qual a melhor forma de fazê-lo e monitorar o que
eu gasto são um incômodo para mim,” disse um dos
entrevistados.
Adrien Weinert da C Space, a empresa de pesquisa
de mercado por trás da pesquisa, diz que ficou surpreso
com seus resultados. As pessoas estão cada vez menos
interessadas em “dominar” a tecnologia, diz ele, e estão
mais impacientes se essa tecnologia não faz o que elas
acham que deveria.
“As pessoas não estão tão impressionadas pelas
realizações técnicas quanto como estão pelo valor
18
que os produtos trazem para suas vidas”, diz Weinert.
“Nós já passamos do ponto em que a novidade técnica
impressiona as pessoas. Estamos no que eu chamo de
‘mundo pós-tecnofílico’.”
A TECNOLOGIA DE FÁCIL UTILIZAÇÃO
Algumas empresas encontraram o equilíbrio certo.
A Google lançou o seu famoso motor de busca com um
design simples e minimalista em um momento em que
seus rivais estavam abarrotando cada vez mais suas
páginas iniciais (homepages). O foco da Apple em tornar
a tecnologia que “simplesmente funciona” a viu se tornar
a empresa de TI mais valiosa do mundo.
“Eu acho que os lançamentos de produtos da Apple
sem manuais de instrução foi simbólico sobre o que os
usuários finais esperam agora: que a tecnologia deve se
adaptar a suas competências e conhecimentos, ao invés
do contrário”, diz Weinert.
A mesma filosofia pode ser aplicada a quase todas as
tecnologias, desde casas inteligentes - onde os tecnólogos
estão aguardando ansiosamente pelo HomeKit da Apple
- a serviços de governo e engajamento cívico.
Thiago Olson é o Diretor-Presidente da Stratos Card,
um novo cartão de pagamento universal lançado nos
EUA, que substitui toda a sua carteira de opções de
pagamento com um pedaço de plástico. A tecnologia
é elegante: os usuários armazenam os dados de todos
os seus cartões de tarja magnética - incluindo cartões
fidelidade - em seu smartphone, que, em seguida,
sincroniza com a Stratos Card por Bluetooth. A tarja
programável do Stratos Card pode, então, se fazer
passar por qualquer dos cartões armazenados,
dependendo de onde você o estiver usando.
OS DISPOSITIVOS WEARABLES AJUDARÃO?
“Os projetistas do produto devem facilitá-lo e torná-lo
intuitivo para começar”, diz Olson. “A nova tecnologia
precisa ser capacitadora, formadora de hábito e integrada
na vida cotidiana do usuário, sem provocar reações
estressantes.”
PROSSIGA COM CUIDADO
Olson acrescenta que os consumidores em geral
também estão cada vez mais cautelosos sobre as novas
tecnologias. Eles aguardarão por mais um tempo e
lerão mais opiniões antes de realizarem compras. Para
ser adotada, uma nova tecnologia deve formar hábitos
rapidamente.
“O produto também precisa permitir que o consumidor
se sinta inteligente e bem-sucedido. Eles precisam ter
confiança de que o produto sempre funcionará,” diz
Olson. “Um produto que seja muito difícil de usar ou
entender, ou que não seja consistentemente confiável,
pode ser rapidamente abandonado e nunca mais utilizado
novamente.”
O outro lado é que, se um produto ou dispositivo for
fácil de usar, compreensível e consistentemente confiável,
você terá um usuário por toda a vida.
Na verdade, parece haver uma correlação direta entre
a simplicidade da tecnologia e a sua capacidade para
simplificar a vida moderna.
O sucesso dos dispositivos wearables é indiscutivelmente mais
dependente da simplicidade do design e clareza do objetivo do que
qualquer tecnologia anterior. Ninguém precisa de um smartwatch caro:
ele tem que ter um objetivo real e funcionar elegantemente em uma tela
pequena.
Mark Skilton, Professor de Prática na Warwick Business School, destaca
o monitorador de condicionamento físico Fitbit como um bom exemplo
sobre como tornar os dispositivos wearables relevantes e fáceis de usar - e
diz que a sua simplicidade e versatilidade foram recompensadas pelos
excelentes resultados no mercado.
“A história do Fitbit é um grande exemplo de uma empresa que
compreende a mistura de design, forma e função em uma nova categoria
de tecnologia de negócios”, diz Skilton. “Em particular, os dispositivos
exibem informações facilmente, que é uma diferença fundamental para
o Apple Watch e outros dispositivos wearables. Isso, mais o fato de que as
funções de sincronização do smartphone são essencialmente as mesmas,
a um custo 40% a 80% menor, fornecem um argumento convincente.
“Um smartwatch precisa ser pensado como um “serviço baseado em
localização em seu pulso”, em vez do equívoco de um acessório add-on
ou uma versão digital do seu antigo relógio”, acrescenta. “É, de fato, uma
“balança para pesar”, “lista de tarefas”, “assistente de loja”, “instrumento
de pagamento”, dentre outras coisas, que o conecta ao espaço onde você
está morando, em movimento e viajando.”
Descubra como a tecnologia wearable está ajudando a
combater a Doença de Parkinson em tinyurl.com/
wearables-parkinsons
19
INSPIRAÇÃO
POR QUE OS ESTONIANOS ADORAM O GOVERNO ELETRÔNICO?
FOTOGRAFIA OHANNA WARD
Lançamos recentemente um projeto
multimídia de olho no líder em governo
eletrônico: a Estônia. Aqui está o que alguns
dos seus cidadãos tinham a dizer sobre isso
POR QUE OS ESTONIANOS ADORAM
O GOVERNO ELETRÔNICO?
Eu voto online, eu entrego
relatórios fiscais online e faço
todos os tipos de transações
bancárias online. Eu assino
documentos com meu celular Eu nunca assino nada no papel.
Eu abro empresas online. Eu
faço praticamente tudo online,
exceto comer.”
GUSTAF HERTSIUS, CONSULTOR DE NEGÓCIOS E
EMPRESÁRIO
Na Estônia, você pode começar
sua própria empresa dentro de dois
a três dias. Todas as declarações
de impostos e tudo mais - é
muito tranquilo e fácil e não há
qualquer documentação extra
envolvida. Você só precisa da
sua carteira de identidade
eletrônica, acessar o site,
fazer login nele e pronto.”
JOHANNES KANTER, COMERCIANTE, FLEEP
20
Há um ditado
que diz que, para
os estonianos, a
internet não é um
luxo, é um direito
humano.”
KATRIN KOCH-MAASING,
PROPRIETÁRIA DE EMPRESA
DE PEQUENO PORTE
Veja toda a experiência multimídia,
inclusive vídeos de pessoas citadas
aqui em review.gemalto.com/estonia
Você não percebe, quando você está sentado aqui,
com o que você está acostumado, mas eu viajo muito
entre os EUA e a Estônia, e comecei a perceber que,
em primeiro lugar, nós realmente não utilizamos
muito papel. Eu brinquei que a única vez em que os
estonianos usam papel é no banheiro. E quando você
se acostuma a não ter mais o incômodo da burocracia,
você consegue fazer muito mais coisas. Portanto, a
Estônia é um país muito produtivo para se trabalhar.”
KAROLI HINDRIKS, FUNDADORA E DIRETORA-PRESIDENTE (CEO), JOBBATICAL
Quando você combina bons
serviços com uma vontade de
tentar coisas tecnologicamente
novas, eu acho que a Estônia está
bem à frente de outros países em
termos de tecnologia.”
CARLOS MICELI, CONCEPT PIONEER E BIZ DEV
WIZ, JOBBATICAL
Eu realmente espero que possamos
ter esse tipo de serviços eletrônicos
transfronteiriços em um futuro próximo. Da
Estônia, estamos trabalhando firme para
criar serviços transfronteiriços, começando
com os países vizinhos, como a Letônia e a
Finlândia, mas estamos de olho para fazer
um uso mais amplo deles.”
TIIT TAMMISTE, DIRETOR DE TECNOLOGIA, EESTI TELEKOM
21
PRIMEIRA PESSOA
JEFF JAFFE
AUTOR CHARLES ARTHUR
FOTOGRAFIA SCOTT NOBLES
“Pastorear gatos na selva da web” é apenas uma maneira
de descrever o dia de trabalho de Jeff Jaffe, DiretorPresidente do W3C. Ele nos fala aqui sobre os desafios que
vêm junto com a direção do World Wide Web Consortium
GUARDIÃO
DA WORLD
WIDE WEB
22
No W3C, nós
nos vemos como os
administradores
da web”
Na história da internet, há algo de especial sobre a
década de 1970: era uma época em que tudo parecia
ser possível e tudo podia acontecer ao mesmo tempo.
Para Jeff Jaffe, que iniciou um curso de graduação
em matemática no MIT em 1972, “foi quando toda a
revolução da tecnologia da informação começou e era
a coisa mais empolgante para se fazer naquela época.”
Com os computadores sendo repentinamente não só
disponibilizados, mas, também, falados, “era evidente
que ali era o lugar do futuro para a sociedade, e que a
sociedade seria transformada pela tecnologia e eu queria
ter um papel nisso.”
Jaffe mudou o curso para ciências da computação
em seu PhD paralelo em computação e, em seguida,
foi trabalhar na IBM, onde permaneceu por mais de 20
anos, trabalhando, principalmente, em pesquisas de
rede. Depois de passar cinco anos na Bell Labs (empresa
de equipamentos de telecomunicações cindida da
AT&T e seus laboratórios de pesquisa, que procuravam
comercializar suas pesquisas) e, depois, ocupar o cargo
de Diretor de Tecnologia na Novell de 2005 a 2010, Jaffe
decidiu “que estava na hora, em minha carreira, de
compensar a comunidade e se concentrar no local onde
o crescimento real estava acontecendo, que era na web,
ao invés de se concentrar nas empresas e estratégias
individuais.”
CONTROLE DA WEB
Jaffe se juntou ao W3C como Diretor-Presidente
em 2010, mudando de uma só vez para um campo
completamente diferente. O W3C, ou World Wide
Web Consortium, é uma besta estranha na selva da
web: a comunidade técnica da web global se reúne no
W3C para definir os padrões de interoperabilidade para
que as pessoas saibam o que fazer em uma rede onde os
pontos finais (sites, apps ou dispositivos) podem fazer o
que quiserem, e as únicas coisas que são normalmente
acordadas são os protocolos de transporte utilizados
para o transporte de informações.
“No W3C, nós nos vemos como os administradores
da web”, diz Jaffe. “É claro que ninguém controla a web.
A web apenas está lá. Por outro lado, o que é desafiador
sobre isso é que, conforme as pessoas desenvolvem
novas tecnologias - melhorando a tecnologia da
segurança e agregando recursos que torna a web mais
acessível - a questão é, como a comunidade da web
se reúne para aproveitar essas novas tecnologias em
um campo que muda rapidamente e levá-las a todos,
considerando que ninguém a controla?”
A função do W3C é estimular o consenso entre todos
os players - grandes e pequenos - que estão fazendo
a web avançar. Isso pode ser complicado: As listas de
correio do W3C muitas vezes ecoam o som das batalhas
obscuras que são travadas quanto ao que parece ser
trivial, mas que, ao longo dos anos, pode vir a se tornar
profundamente importante.
O consenso também é demorado. Em setembro
de 2014, o W3C publicou a especificação final para
HTML5, a quinta interação padrão da linguagem de
marcação da web. Foi uma longa trajetória: o primeiro
projeto de trabalho foi publicado sete anos atrás, em
setembro de 2008. Jaffe disse que fazer com que as
diferentes estratégias de negócios de até 400 membros
se alinhem de acordo com um padrão pode ser
“bastante desafiador”.
O HTML5 já está completo, mas ainda há muito
mais na agenda do W3C: especialmente seu esforço
para continuar a criar uma Plataforma Aberta de
Serviços Web (OWP) e adicionar novas capacidades
padrão, tal como seu Web Payments Interest Group, o
WPIG, que está interessado em pagamentos, e não em
juros sobre pagamentos.
ESPAÇO SEGURO
A OWP é uma ideia que vem na sequência natural
da conclusão do HTML5. A confluência de HTML,
CSS (Cascading Style Sheets, para a formatação
de elementos em uma página da web) e JavaScript
(oferecendo comportamento programático)
significa que uma página da web pode se comportar
indistintamente a partir de um app. Assim, a
combinação fornece uma OWP construída sobre esses
padrões abertos. Uma pesquisa com mais de 10 mil
desenvolvedores de apps no final de 2014 concluiu que
42% dos desenvolvedores estavam usando HTML, CSS
e/ou JavaScript para desenvolver aplicações. Isso é um
grande voto de confiança na web. Mas Jaffe enxerga isso
apenas como o começo do que tem que ser uma extensa
fundação, com múltiplas camadas de padronização,
que funcionarão com todos os dispositivos possíveis
23
PRIMEIRA PESSOA
JEFF JAFFE
RODADA RÁPIDA
Quem te inspira?
Sem dúvida alguma - para qualquer pessoa na comunidade
web, quem me inspira é Tim Berners-Lee. Bem, se você
for inglês, Sir Tim. Ele é o inventor da web e também
Diretor do W3C. O que ele fez - a partir de uma perspectiva
tecnológica, que está inventando a web, e a partir de uma
perspectiva social, que está levando o mundo a optar por
ficar completamente virado de cabeça para baixo com base
em sua invenção - é incrível.
Haverá um HTML6?
O HTML é uma tecnologia implantada e continuará a ser
reforçada. O HTML5 passou por um longo período de
desenvolvimento e obtenção de consenso - foi realmente
difícil. Provavelmente teremos o 5.1 antes de termos o 6,
porque colocamos muitos esforços no HTML5. Precisamos
de algum tempo para absorver isso, e ainda não está
perfeito. Quanto ao HTML6, reservaremos essa fase para a
próxima grande virada na tecnologia. Nós ainda não temos
uma data ou programação para isso.
O que lhe dá satisfação no trabalho?
Imaginar o futuro e, depois, tentar descobrir como trabalhar
com os nossos 400 membros, que têm diferentes pontos de
vista e estratégias de negócios. É muito mais fácil ter visões
do que materializá-las.
Às vezes é como pastorear gatos, entende?
(Pausa) Há dias que são sim.
- computadores de mesa, smartphones, leitores
eletrônicos, TVs inteligentes, sistemas de informação e
entretenimento de veículo, dispositivos wearables - que
a web alcançar.
Uma parte fundamental da OWP é a segurança, uma
área que Jaffe considera “bastante complexa” porque
ela confia tanto no comportamento humano (cuidando
de senhas) e na implementação dos dispositivos (não
adianta ter boa criptografia em um dispositivo se os
desenvolvedores não a usam). “Queremos padronizar
meios de autenticação sofisticados, assim, nem sempre
você estará usando senhas fracas”, diz ele. “Você pode
usar esquemas de autenticação multifator ou hardware
seguro para ser aceito. Essas são algumas das coisas em
nosso plano.”
A OWP pode criar um espaço online seguro e
confiável com identidade segura? “Para ser sincero,
eu não sei se algum dia chegaremos a um espaço
online seguro e completamente confiável,” admite
Jaffe. “A maioria das falhas de segurança tende a
remontar não a bugs de segurança [de software], mas
a implementações humanas de sistemas, levando a
quebras de segurança.”
24
ASSUNTOS MÓVEIS
Enquanto isso, para uma organização que se
desenvolveu em torno da formação gradual de consenso,
há um desafio na mudança abrupta do uso da internet
pelas pessoas. Elas se afastaram do desktop e do laptop e
foram para o telefone celular, que, em alguns países, está
se tornando a primeira opção das pessoas e, por vezes,
a única via para a internet. Mas, em muitos casos, essas
pessoas nos telefones celulares não estão usando a “web
aberta” em um navegador. Elas estão usando aplicativos
em sua plataforma nativa, que não se comporta da mesma
maneira e que pode variar de dispositivo para dispositivo
(ou até mesmo estar indisponível em alguns dispositivos)
Jaffe e o W3C enxergam a popularidade dos aplicativos
nativos como um problema ou uma oportunidade? “Há
algumas funções que são mais naturais para as pessoas
acessarem via web. Existem outras funções que são mais
naturais para as pessoas acessarem através de aplicativos”,
diz ele. “Nós achamos que ambas as formas coexistirão, e
não temos qualquer problema quanto a isso. O importante
é saber o que as plataformas nativas fazem bem e tentar
incorporar esses recursos na web”, acrescenta ele.
Tais como? “Uma das coisas que as plataformas
nativas fizeram muito bem foi a criação das estruturas de
pagamento. Vemos que as pessoas têm necessidade de ter
um sistema de pagamento baseado nos padrões da web, e
não em estruturas proprietárias.”
Para esse fim, o WPIG foi formado para ajudar a tornar
os pagamentos na web mais fáceis e seguros, aproveitando
tecnologias como, por exemplo, as “carteiras digitais”.
Cada vez mais Jaffe diz: “Nós temos milhares de pessoas
desenvolvendo aplicativos da web e querendo ser pagos
por isso de uma forma padrão, e não necessariamente
ter que passar por uma loja proprietária para obter o
pagamento por suas aplicações.” Para resolver isso,
várias empresas estão desenvolvendo métodos de
pagamento, mas eles tendem a ser incompatíveis. “Há
um sentimento crescente no setor de que é hora de criar
alguns padrões para pagamentos na web: como gerenciar
o fluxo de transações, como garantir a segurança, como
usar a criptografia? Precisamos chegar a um ponto de
padronização já.”
Existem muitos padrões de pagamentos hoje, mas não
existem interfaces de programação padrão que conectem
aplicativos da web a diversos sistemas de pagamentos
subjacentes.
Em última análise, os esforços do W3C em pagamentos
teriam como objectivo a introdução de padrões para
interações com as carteiras digitais de modo que “a carteira
A World Wide Web abrigava 1 bilhão
de sites em setembro de 2014, de
acordo com a Pesquisa Web Server
Survey da NetCraft.
[na realidade, o navegador interagindo com a
carteira por meio da estrutura W3C] saiba como
você deseja pagar. Assim, quando você compra
algo, você tem uma maneira padrão de dizer ao
comerciante que aqui está o meio de pagamento
adequado para aquela determinada transação,” diz
Jaffe. A forma de pagamento desejada não importa;
a carteira será inteligente o suficiente para transferir
o crédito.
Há muito mais, é claro. Um potencial foco do
grupo é trabalhar com aqueles que padronizam
os meios de autenticação e segurança,
proporcionando um maior nível de segurança aos
comerciantes de que a cobrança é legítima e que
não há qualquer fraude envolvida.
Quanto tempo levará para o grupo produzir
resultados úteis? “Eu não acho que estamos falando
de meses”, diz Jaffe. “A forma como o processo de
padronização funciona é que pessoas diferentes
trazem propostas em conjunto, e, depois, você
desenvolve um consenso sobre as propostas.”
ENVOLVENDO O MUNDO
EO WPIG é apenas um dos muitos projetos
paralelos que Jaffe supervisiona. Outro é o Web of
Things, cujo objetivo é criar uma interpretação da
Internet das Coisas na Web que deverá incorporar
sensores e acionadores conectados a uma enorme
velocidade ao longo dos próximos anos. “O que o
Web of Things diz é que o êxito da web resultou da
interoperabilidade e dos dados abertos, para que
possamos pegar quaisquer dados, disponibilizá-los
para o mundo, e as pessoas irão descobrir como
reutilizá-los”, diz Jaffe.
“Um medo que temos para a Internet das Coisas
é que muita coisa é orientada por aplicações
isoladas (stovepipe) [de uso único e proprietárias].
O Web of Things está questionando como
podemos ter certeza que usamos formatos de
dados abertos para a Internet das Coisas de modo
a podermos obter a interoperabilidade baseada em
metadados ricos e semântica compartilhada em
muitas aplicações diferentes.”
Tem-se a sensação de que a paciência necessária
para ver através de projetos de pesquisa da IBM
que duraram anos, e, depois, tentar fazer com que
pesquisas não utilizadas sejam comercializadas na
Lucent colocou Jaffe em uma excelente posição para
o progresso deliberado e essencial dos padrões web.
“Como organização, somos apenas bem
sucedidos se conseguirmos envolver o mundo
inteiro, que compreendem todas as partes
interessadas na web”, diz ele. “É importante
trazermos as partes interessadas de todos os
países, todos os grandes e pequenos players,
players inovadores, governos e universidades do
mundo todo. Precisamos da participação de todos
para tornar essa plataforma a melhor plataforma
possível e garantir que ela tenha a abertura
necessária. E a comunidade web tem atuado muito
bem a esse respeito.”
Queremos
padronizar meios
de autenticação
sofisticados”
25
PLANETA DIGITAL
VIOLAÇÕES DE DADOS
Graves violações de dados estão
afetando as organizações - e
seus clientes - no mundo todo.
Quais os países que foram mais
atingidos no primeiro semestre
de 2015?
Fonte: breachlevelindex.com
O grupo Telecom TalkTalk foi a organização do Reino Unido
mais afetada no primeiro semestre de 2015. Cerca de
quatro milhões de registros de seus clientes foram violados
em um ataque de roubo de identidade por um estranho
mal intencionado. Desde o ataque, alguns dos clientes da
TalkTalk foram declaradamente contatados pelos scammers,
que se faziam passar por legítimos funcionários da TalkTalk
ao mencionar informações da conta do usuário. Outros
casos de alto perfil incluíram a firma de cartões presentes
personalizados Moonpig, que teve mais de 3,5 milhões de
registros violados, e, ainda, a British Airways, que teve 10 mil
registros comprometidos.
GETTY
AUTOR LAUREN DOWEY
63 Reino Unido
Talvez de forma não surpreendente,
em um país de mais de 300 milhões
de pessoas, os EUA tiveram o maior
número de violações de dados no primeiro
semestre de 2015. Esse número enorme
representa mais de três quartos de todas
as violações naquele período: no total,
ocorreram 888 violações no mundo todo.
A maior violação nos EUA foi um
ataque sensacionalista para o roubo
de identidades na Anthem Insurance.
Ele expôs 78,8 milhões de registros e
marcou um 10 (a pontuação máxima)
em termos de gravidade no Índice do
Nível de Violação. Essa violação sozinha
representou quase um terço (32%) do total
de registros de dados roubados no mundo
todo dentro do período.
26
245.919.393
Total de registros
violados no primeiro
semestre de 2015
4 Turquia
Embora a Turquia tivesse apenas quatro
registros de violações de dados, dois deles foram
excepcionalmente destrutivos. Sua maior violação foi
o roubo de identidade em massa: mais de 50 milhões
de registros foram roubados da Direção-Geral de
Assuntos de Cidadania e População do governo no
início de janeiro. Apenas seis dias após a violação,
15 milhões de arquivos do Ministério da Educação
desapareceram em um caso de perda acidental.
Todas as quatro violações da Turquia atingiram os
setores governamentais ou de educação.
GETTY
671 EUA
TOPFACE
2 Rusia
Havia apenas duas violações de dados
registradas na Rússia no primeiro semestre
do ano, mas uma delas foi um ataque ao
serviço de encontros online Topface, que
resultou no roubo de 20 milhões de arquivos.
De acordo com um relatório da Bloomberg, as
informações roubadas incluíam os nomes de
usuários e endereços de e-mail de 20 milhões
de visitantes do site. Com uma pontuação de
risco de 9,2, foi uma das cinco piores violações
do mundo.
10%
de aumento das
violações de dados em
comparação com o
primeiro semestre
de 2014
9 Japão
9 Índia
Um estranho mal intencionado se
infiltrou na autoridade reguladora
de telecomunicações da Índia, a
Telecom Regulatory Authority of
India (TRAI), na maior violação de
dados do país de 2015. Dois milhões
de registros foram comprometidos
no ataque que, supostamente, foi
efetuado em retaliação à TRAI por
ter intencionalmente exposto quase
um milhão de endereços online dos
entrevistados que participaram de uma
pesquisa da empresa. Outras violações
incluíram o roubo de identidade de 50
mil registros do Controlador Principal
de Contas da Defesa da Índia e um
número desconhecido de registros
roubados da OlaCabs, uma empresa de
minitáxis de Bangalore.
Embora o Japão tenha sofrido
apenas nove violações de dados
dentro do período, duas foram
relativamente graves. Em abril,
quase oito milhões de registros
foram violados em um ataque contra
várias empresas na web, inclusive a
Rakuten, um operador de shopping
de compras online, e o aplicativo de
mensagens LINE Corp. A fraude foi
detectada quando o Departamento
de Polícia Metropolitana do Japão
encontrou IDs e senhas de mais
de cinco milhões de compradores
online em um computador que foi
apreendido em uma investigação
sobre o acesso não autorizado
através de servidores proxy.
A segunda maior violação foi no
sistema de aposentadorias do
Japão. Os hackers roubaram os
dados de mais de 1,25 milhão de
pessoas.
3 MANEIRAS DE REFORÇAR
SUAS DEFESAS
Não é mais uma questão de se a sua
rede será violada, mas quando. É por
isso que é fundamental saber como se
defender de uma potencial violação.
1. Controle o acesso de usuários
A autenticação forte protege as
identidades dos usuários, ao mesmo
tempo em que garante que somente
usuários autorizados tenham acesso
a sistemas e aplicações.
2. Gerencie chaves de criptografia
Use uma plataforma de
gerenciamento de criptografia para
gerar, armazenar e gerenciar com
segurança as chaves, pois, mesmo se
os dados forem capturados, eles não
poderão ser descriptografados.
3. Criptografe seus dados
(armazenados ou em trânsito)
A criptografia de dados de voz,
vídeo e metadados, conforme eles
se movimentam pela sua rede, é
fundamental. Você também deve
criptografar dados estruturados
e não estruturados em ambientes
físicos, virtualizados ou em nuvem,
pois isso tornará os dados inúteis aos
olhos curiosos.
Fonte: securethebreach.com
CONHEÇA OS TIPOS
DE FRAUDE
Há muitos tipos diferentes de
violação de dados. Aqui estão os
mais frequentes:
Nuisance: um ataque malicioso
criado para causar problemas no
site de uma organização.
Roubo de identidade: quando as
informações sobre a identidade
de uma pessoa, tais como nome,
data de nascimento e endereços
atual ou anteriores, são acessadas.
Informações financeiras: quando
as informações financeiras de uma
organização são comprometidas em
um ataque.
Acesso à conta: quando os
registros ou contas de usuário
são acessados e, frequentemente,
expostos.
Dados existenciais: quando e-mails,
nomes de usuário e/ou senhas
são acessados e potencialmente
expostos.
27
INOVAÇÃO
A NOVA FRONTEIRA DOS BANCOS
Os consumidores mais jovens querem produtos e serviços
inovadores - e eles os querem já. Como os bancos estão
atendendo às necessidades desta geração familiarizada
com a tecnologia – e indo além?
A NOVA
FRONTEIRA
DOS BANCOS
A geração “Milênios” – também conhecida como
a Geração Y - é uma força a ser reconhecida. É a
demografia de mais rápido crescimento de clientes de
serviços bancários e abrange quase 25% da população
dos EUA¹. Esta geração está tomando decisões
financeiras e bancárias significativas, oferecendo
uma oportunidade para os bancos conquistarem sua
fidelidade por toda a vida.
De acordo com o recente relatório Generation
mBanking da Gemalto, cerca de quatro em cada cinco
(77%) jovens usam os serviços bancários online, mais
de três em cada cinco (62%) usam aplicativos de
banco móvel e quase a metade deles (47,6%) usam
o banco por telefone. Além disso, 27% dos jovens
disseram que nunca vão a uma agência, com outros
27% estimando que vão apenas uma vez por mês.
ADEUS ÀS AGÊNCIAS BANCÁRIAS?
Esses números ilustram o rápido crescimento
do banco online e do elevado número de opções
de banco móvel que estão disponíveis. É por
causa de evidências como essa que alguns bancos
estão adotando novas abordagens para o futuro
das agências. Enquanto os novos participantes
do setor bancário estão respondendo aos clientes
familiarizados com a tecnologia somente online,
outros estão usando a tecnologia para reinventar a
filial para essa nova geração.
O banco francês BNP Paribas revelou um
novo modelo de banco para a geração digital em
novembro de 2013. Hello Bank! foi o primeiro banco
28
1
generationy.com
AUTOR FRANCES FAULDS
ILUSTRAÇÃO IKON
A ideia de que os serviços bancários são diferentes ou
deveriam ser mais difíceis de usar do que outros serviços é
inaceitável, especialmente para a geração mais jovem”
TEPPO PAAVOLA, BBVA
PIONEIRO DA PERSONALIZAÇÃO
O BBVA da Espanha, um dos maiores bancos do
mundo, é um pioneiro na transformação do ramo
bancário.
Em 2008, ele se tornou um dos primeiros bancos
na Europa a introduzir um serviço online de gestão
de finanças pessoais que permitia aos clientes
ver os saldos das contas e realizar transações de
diferentes fornecedores em um único lugar, assim
como ofertas de produtos personalizados.
Desde então, o BBVA testou e desenvolveu uma
série de outras inovações através do seu Centro de
Inovação dedicado. Essas inovações incluem:
• Caixas eletrônicos ABIL adaptáveis: um novo
design radical de caixas eletrônicos com tela de
toque, onde um caixa virtual chamado Hero orienta
os clientes na realização das operações
• Transferêncas Efectivo Móvil: um recurso
de caixa móvel para suas aplicações de iPhone,
Android, BlackBerry e iPad, que permite aos
clientes enviar dinheiro a partir de um smartphone
• BBVA Contigo Adviser: um consultor pessoal
para cada cliente que pode ser contatado por
e-mail e telefone
• BBVA Compass Virtual Banker: combina a
tecnologia de vídeo com as redes da filial do banco,
para que os consultores possam trocar documentos
simultaneamente com os clientes na tela a partir de
um local remoto.
Teppo Paavola, Diretor de Desenvolvimento,
Gerente Geral de Novos Negócios Digitais do BBVA,
diz que a geração de hoje espera o mesmo serviço
de seus bancos que teriam de qualquer provedor
de serviços de telefonia móvel, e os bancos têm de
enfrentar o desafio.
“A ideia de que os serviços bancários são
diferentes ou deveriam ser mais difíceis de usar do
que outros serviços é inaceitável, especialmente
para a geração mais jovem”, diz ele.
“Os bancos precisam estar disponíveis em todos
os lugares, acessíveis através de um número
mínimo de cliques, visíveis e sem quaisquer atrasos
desnecessários.”
29
INOVAÇÃO
A NOVA FRONTEIRA DOS BANCOS
A tecnologia é o ponto crucial para fornecer
uma experiência superior.”
BANKMOBILE
LEFT: GETTY, RIGHT: FRANK
LUVLEEN SIDHU, BANKMOBILE
30
totalmente móvel da Europa, permitindo aos clientes
interagir com o seu banco inteiramente através de
seus smartphones e tablets, usando apps dedicados.
Para necessidades mais complexas, tais como
serviços de consultoria, os clientes recebem acesso
estendido ao seu gerente de conta por chamada de
vídeo, chat online ou telefonema.
BankMobile, uma divisão do Customers Bank,
lançado em janeiro de 2015. Foi o primeiro banco
americano a oferecer serviços bancários grátis
exclusivamente em celulares e tablets. Luvleen
Sidhu, sua Diretora de Estratégia e Marketing, diz
que o banco está atraindo clientes de todas as faixas
etárias, com cerca de 55% deles com menos de 35
anos de idade. O que a maioria dos seus clientes têm
em comum, no entanto, é um desejo de soluções
financeiras que melhorem as experiências de
compras, ao invés de simplesmente novos produtos.
Por exemplo, o BankMobile está lançando seu
app 2.0 no próximo ano. Através dele, os clientes
não só podem receber seu financiamento de
carro, mas, também, ver e comprar um carro, tudo
dentro do app. “Modelos tradicionais voltados
inteiramente ao financiamento de automóveis como
um produto, mas, agora, trata-se do fornecimento
de uma experiência de compra completa e sua
complementação com um produto”, diz Sidhu.
Ela acredita que as grandes redes de agências
impedem que os bancos tradicionais sejam tão
ágeis e flexíveis quanto os novos participantes. “A
tecnologia é o ponto crucial para fornecer uma
experiência superior, diz ela. Demora menos que
cinco minutos para configurar um novo cliente ao
autopreencher as informações pessoais de suas
carteiras de identidade. Os pagamentos de contas
automáticos e os pagamentos de pessoa para pessoa
usando números de telefone celular também
podem ajudar o cliente a economizar tempo.
“Continuaremos a criar novas maneiras de tornar
as transações bancárias algo que não exija esforço,”
disse Sidhu.
DESIGN DIFERENTE
Embora o Frank, um novo banco lançado em
Singapura destinado a adolescentes e jovens adultos
que trabalham, podem ter abandonado o ramo
tradicional, ele o substituiu por lojas de varejo
projetadas para shopping centers. Lançado pela
Oversea-Chinese Banking Corporation (OCBC) em
2011, o Frank já conquistou um grande segmento do seu
mercado-alvo.
Genevieve Gay, Diretor do Segmento de Jovens,
Propaganda e Marca, do OCBC Bank, disse: “Os
clientes do Frank são atendidos por lojas de varejo da
Faça o download do relatório Generation mBanking
da Gemalto em tinyurl.com/mbankingreport
OCBC em vez das filiais [de bancos tradicionais]. A loja
é projetada de forma diferente de uma agência bancária
tradicional e permite que os clientes tenham tempo
para navegar, tocar e fazer perguntas sobre os produtos
e suas necessidades bancárias.” O banco é voltado para
o design: os clientes podem personalizar seu cartão de
débito e de crédito a partir de mais de 100 modelos.
“Reconhecemos que este segmento de clientes
jovens é o mais desvinculado do setor bancário em
termos de como os bancos fornecem os seus produtos
e serviços”, diz Gay. “Os jovens acham que os bancos
são indiferentes, e não confiam neles para fazer a coisa
certa para eles. Nós aproveitamos a oportunidade para
implementar um programa bancário direcionado e
uma experiência que seja holística e significativa para
eles.”
Embora seja importante para os bancos manter o
ritmo com a nova tecnologia, também é fundamental
que eles mantenham os seus valores de segurança
“normais”, tais como manter as identidades dos
clientes em segurança e proteger os dados pessoais e as
transações.
NOVOS FUNDAMENTOS
Seja qual for o canal de distribuição escolhido por
um banco, a mais recente tecnologia irá sustentar seus
produtos hoje e no futuro. Teppo Paavola, Diretor de
Desenvolvimento, Gerente Geral de Novos Negócios
Digitais do BBVA, acredita que nós já estamos no ponto
em que o smartphone é mais essencial do que uma
carteira devido à crescente adoção dos pagamentos NFC.
“Eu acredito na integração dos pagamentos com
outras experiências”, diz Paavola. “Uma vez que você
tem um método de pagamento, tal como um cartão de
débito ou de crédito, integrado a um app, então você
não pensa mais sobre os pagamentos. Os consumidores
tornaram-se tão acostumados à tecnologia móvel que
você realmente tem que ter um motivo para não fazê-lo
através de dispositivos móveis.”
No futuro, ele diz que a tecnologia biométrica
reforçará ainda mais a segurança e agregará mais
serviços bancários de conveniência. Com a primeira
camada de pagamento sem contato do mundo, o
resultado da parceria entre o Barclaycard e a marca de
moda Lyle & Scott, agora disponível, parece que não há
volta.
GETTY
No Frank by OCBC Bank, os clientes
podem personalizar seus cartões
de débito e crédito a partir de mais
de 100 modelos diferentes.
ALÉM DOS SERVIÇOS BANCÁRIOS
Construir um relacionamento com a nova geração
de clientes vai muito além da produção de aplicativos
eficazes e do investimento na educação desta e de
futuras gerações.
Através de programas de responsabilidade social
corporativa, muitos bancos estão tentando fazer uma
contribuição positiva com iniciativas que educam e
apoiam o ambiente empresarial e a empregabilidade.
O Banco Santander é um deles. Em 1996, o
presidente Emilio Botín decidiu que o banco deveria
ser útil para as comunidades em que atua. Com a
convicção de que as universidades eram uma pedra
angular vital de desenvolvimento e progresso, o
programa Santander Universidades iniciou a sua
atividade na Espanha.
A divisão, desde então, expandiu-se para mais
de 20 países, incluindo Brasil, México, Argentina,
Portugal e Reino Unido, e agora tem parceria com
mais de 1.200 universidades em todo o mundo.
Até agora, o Santander Universidades doou
mais de € 1 bilhão em bolsas de estudo, estudos
internacionais, apoiou projetos especiais e
acadêmicos e prêmios não-acadêmicos por meio
de pacotes de financiamento e iniciativas que
são específicas para as necessidades de cada
universidade.
Conheça mais sobre o Desafio Santander
Universidades em
tinyurl.com/santanderuniversity
31
INOVAÇÃO
PAGAMENTOS SEGUROS
Os pagamentos móveis EMV sem contato tornam o ato de pagar
seguro e conveniente. A adesão deste método de pagamento
cresce a cada dia no mundo todo, mas quais são implicações para
a segurança dos dados armazenados em servidores ou que vivem
em torno das redes financeiras?
32
AUTOR TIM GREEN
ILUSTRAÇÃO NEIL WEBB
PAGAMENTOS
SEGUROS
Quando Tim Cook, Diretor-Presidente (CEO) da Apple, divulgou pela
primeira vez o Apple Pay, em Setembro de 2014, a essência do seu discurso
foi esta: agora você pode fazer pagamentos ao aproximar seu dispositivo do
terminal de pagamento. As pessoas na plateia ficaram malucas com isso.
Aproximar para pagar? Que mágica estranha é essa?
Mas muitos dos viciados em tecnologia não ficaram muito impressionados.
A tecnologia já estava disponível há muitos anos em alguns smartphones
e cartões de pagamento sem contato. Apenas em 2014, no Reino Unido, as
pessoas gastaram mais de £ 2 bilhões (US$ 3,06 bilhões) usando cartões sem
contato.
Agora, a tecnologia sem contato está se popularizando nos Estados Unidos.
Isso ocorre porque o EMV - o padrão no qual chips e cartões sem contato se
baseiam - agora é obrigatório para os varejistas americanos e já está disponível
em 250 mil pontos de venda. Assim, embora o aspecto NFC do Apple Pay e
do recém-lançado Samsung Pay não seja novo, ele levanta algumas novas
questões, tais como:
• Como os usuários de smartphones capturam e incorporam as informações
de seus cartões de forma segura dentro do aparelho?
• Se um cartão de pagamento tem um chip físico inteligente, o que acontece
com esse chip quando o cartão é “desmaterializado” em uma aplicação?
• Se você usa um smartphone para efetuar um pagamento em uma loja, isso
é considerado uma compra com “cartão presente” (mas sem a presença de um
cartão)? Ou é considerado uma compra “com cartão não presente” (mesmo que
seja feita pessoalmente)?
Essas perguntas estão obrigando o setor de pagamentos a repensar a sua
abordagem das informações confidenciais do cartão. De acordo com o Nilson
Report, as perdas com fraudes globais indevidas por bancos e comerciantes em
todos os cartões de crédito, débito e pré-pagos atingiram US$ 16,31 bilhões em
2014. Isso significa US$ 5,65 para cada US$ 100 transacionados.
Evidentemente, o antigo ecossistema não pode lidar com um mundo onde
os consumidores entregam as informações de seu cartão a comerciantes online
com centros de dados vulneráveis, e, infelizmente isso é inadequado para um
mundo que transforma cartões em dados em uma tela de telefone.
DADOS VULNERÁVEIS
A principal defesa do setor até agora tem sido o PCI DSS, um conjunto de
padrões em conformidade com os padrões necessários criado para qualquer
empresa que lide com dados confidenciais. Essas normas incluem orientações
para a criptografia dos dados do titular do cartão armazenados e para tornar
33
INOVAÇÃO
PAGAMENTOS SEGUROS
Quando as pessoas virem a situação a partir de uma
perspectiva mais ampla, acredito que a mudança ocorrerá
mais rápido do que pensamos.”
DAVE BIRCH, CONSULT HYPERION
reduz o encargo da obrigação de conformidade de um
comerciante (porque ele não armazena mais os dados
confidenciais).
Embora a criptografia de dados em trânsito seja
uma necessidade para qualquer empresa que lide com
informações de pagamento, a verdade é que, na teoria,
os hackers poderiam ainda assim roubar os dados se
puderem acessá-los quando estivessem armazenados
(estáticos). E eles realmente desenvolveram maneiras
inteligentes para fazer isso. Ataques de alto perfil em
comerciantes como a Neiman Marcus, por exemplo,
usaram o malware “RAM Scraper”. Ele intercepta
dados não criptografados milissegundos antes de serem
armazenados na memória do sistema.
Embora a criptografia permaneça uma arma essencial
na luta contra o roubo cibernético, o setor de pagamento
também está atrás de outra maneira para proteger os
dados confidenciais: a tokenização.
ISTOCK
A TOKENIZAÇÃO DECOLA
Os limites entre
os pagamentos
online e off-line
acabarão por
desaparecer.
34
o PAN do cartão (Número da Conta Primária) ilegível
onde quer que ele esteja armazenado. No entanto, as
orientações são confusas quando se trata de proteger os
dados em trânsito.
Em resumo, os dados enviados pelos comerciantes
podem ser descriptografados, e, portanto, são
vulneráveis, quando estão a caminho de um processador.
Essas vulnerabilidades levaram a ataques, tais como o
dos hackers que roubaram informações de 40 milhões de
cartões da loja varejista americana Target em 2014.
É por isso que a dinâmica por trás da criptografia
ponto a ponto (P2PE), que criptografa os dados do
cartão de crédito do ponto de entrada (em um leitor
de POS ou finalização de compra em um site) até o
processamento do cartão, está ganhando força. Em
junho de 2015, o Payment Card Industry Security
Standards Council divulgou os novos padrões para P2PE.
Para habilitar o P2PE, os comerciantes precisam
atualizar seus sistemas de pagamentos e software
ao tempo em que trabalham com empresas como a
Gemalto nos módulos de segurança de hardware que
gerenciam as chaves de criptografia e nos codificadores
de rede que protegem os dados de pagamento conforme
se deslocam entre comerciantes, bancos e processadores
de pagamento. Há um incentivo real para fazê-lo: O
P2PE não só protege contra violações, mas, também,
Com a tokenização, os dados do cartão são enviados
por um comerciante a um especialista bancário ou de
pagamento, que, em seguida, retorna um token que
representa aquele cartão. O token é totalmente inútil
para qualquer pessoa que o intercepte, já que os dados do
cartão real são armazenados em local seguro fora dali.
Dave Birch, Diretor de Inovação na Consult Hyperion,
uma empresa especializada em pagamentos, é um
grande fã da tokenização. Ele diz o seguinte: “Em termos
gerais, existem duas maneiras de lidar com o roubo de
dados pessoais: dificultar o roubo ou dificultar o uso.”
“No passado, nós estávamos concentrados em
dificultar o roubo através do padrão PCI DSS, mas
isso não deu certo. Nós ainda temos essas grandes
violações de dados. Assim, considerando que não
podemos transformar locais comerciais em fortalezas
impenetráveis, não temos outra escolha a não ser
dificultar o uso dos dados roubados.”
“E é aí que a tokenização entra. Se o seu telefone
coloca as informações do seu cartão dentro de um token,
aqueles dados não podem ser usados em qualquer outro
contexto.”
Birch também gosta da tokenização porque ela torna
as transações mais privadas: o comerciante não precisa
saber nada sobre você, apenas que você é o legítimo
proprietário do token. E você pode fazer isso com um
PIN ou, no caso da Samsung e Apple Pay, uma impressão
digital.
“As pessoas dizem que estão ficando mais nervosas ao
realizar pagamentos a partir de um telefone, mas estou
convencido de que os pagamentos móveis são realmente
muito mais seguros do que os pagamentos com cartão”,
disse ele. “Quando as pessoas virem a situação a partir
de uma perspectiva mais ampla, acredito que a mudança
ocorrerá mais rápido do que pensamos.”
Saiba mais sobre as soluções de pagamento
da Gemalto em gemalto.com/financial
OS MÉTODOS DE PAGAMENTO SE
MULTIPLICAM
Nos últimos dois anos, as redes de cartões aceleraram
a mudança para a tokenização. A MasterCard e a Visa
lançaram os “serviços de habilitação digital” para
padronizar a maneira como eles gerenciam os tokens e
os termos comerciais para usá-los.
Ed McLaughlin, Diretor de Pagamentos Emergentes
na MasterCard, diz: “Os comerciantes continuam
a inovar de muitas maneiras diferentes, inclusive
em aplicativos, comércio eletrônico e ambientes de
pagamento recorrentes e baseados na assinatura.
Queremos tornar todos esses ambientes de compras
mais seguros e convenientes para os clientes que utilizam
tokens.”
No momento, há muitas maneiras diferentes de
realizar pagamentos móveis. A Apple e a Samsung têm
uma abordagem de elemento seguro, já que controlam o
design do aparelho. Essa tecnologia oferece um elevado
nível de segurança. Para trabalhar com arquitetura de
elemento seguro, bancos, varejistas e outros emissores
precisam fazer parcerias com os fabricantes de
equipamentos originais (OEMs) a fim de implantar o
pagamento sem contato seguro.
Uma alternativa é o HCE – Host Card Emulation, que
desloca a segurança do dispositivo para os servidores:
em outras palavras, a nuvem. Isto oferece às instituições
financeiras uma maior independência ao implantar suas
próprias abordagens de carteira móvel. Isso é bastante
atrativo para os bancos maiores que querem melhorar os
seus serviços móveis com sua própria marca.
Assim, um cliente pode adicionar um cartão com
um código de verificação do banco, e, depois, fazer
pagamentos sem contato diretamente do seu app
bancário. No longo prazo, esse processo de registro
simples poderia ser acelerado ainda mais: quando
os cartões se tornarem itens em um app, em vez de
pedaços de plástico, eles poderiam ser emitidos pelo ar
(tecnologia over-the-air). Na verdade, o Barclaycard no
Reino Unido já está fazendo isso.
O outro motivo pelo qual o HCE está ganhando força
é que ele funciona bem para usuários do Android. Em
contraste com a Apple e a Samsung, o Android é um
sistema operacional que existe dentro de uma infinidade
de dispositivos produzidos por dezenas de fabricantes
de equipamentos originais (OEM). Como tal, o próximo
sistema Android Pay não poderá incluir as credenciais de
cartão no equipamento. Ele simplesmente gerenciará os
tokens.
É por isso que o Android Pay (que fará parte do
Sistema Operacional Android M) usará o HCE. Cabe
ainda destacar que o Google tem o apoio das redes
de cartões. Quando a Visa anunciou um serviço
padronizado de HCE - grátis para qualquer parceiro
que se juntar a ele - ela confirmou o Google como seu
primeiro signatário. Enquanto isso, a MasterCard
confirmou que seus projetos HCE baseados em Android
estão em andamento em mais de 15 países.
PROTEGENDO A NUVEM
Evidentemente, quando os dados estão sendo
transferidos para a nuvem, a necessidade de
protegê-los é ainda mais premente. É por isso que
a tokenização e a criptografia em nuvem são tão
cruciais para o sucesso da emulação de cartão.
Birch disse: “Se você for usar o HCE você tem que
armazenar algumas das informações do cartão na
memória do telefone. E você obviamente desejará
transmitir tokens em vez das informações reais, que
podem ser roubadas.”
“Para tornar isso mais seguro ainda, você pode
adotar ainda as chaves de uso limitado ou tokens
específicos para determinados ambientes, ou
limitados a um dia ou o que quer que seja.”
A migração para pagamentos móveis está
ainda em um estágio inicial. No momento, alguns
consumidores têm estado hesitantes quanto a sua
abordagem para adotá-los devido a preocupações
com a segurança.
James Wester, Diretor de Pesquisa de Pagamentos
Globais na IDC, acredita que isso mudará. “Todas
as pesquisas mostram que os consumidores
estão nervosos”, diz ele. “Mas com o tempo, eles
certamente verão que uma transação autenticada por
uma impressão digital que envia um token sem valor
para um servidor seguro é muito mais segura do que
um pagamento feito com cartão de tarja magnética.”
Assim que eles o fizerem, as coisas realmente
começarão a se agitar. O pagamento móvel poderia
tornar as transações de “cartão não presente”
tão seguras quanto aquelas de “cartão presente”.
Atualmente, as transações de “cartão não presente”
têm seu processamento mais oneroso. Com o tempo,
as redes terão que repensar as suas tarifas.
Como o plástico se transforma em um software,
os limites entre os pagamentos online e off-line
acabarão por desaparecer. E isso pode ter profundas
implicações para o ecossistema de pagamento.
“Se você tem uma plataforma segura, como a
móvel, por exemplo, haverá uma pressão para reduzir
o número de players no processo”, diz Birch.
“Os varejistas desejarão apenas conectar a sua
conta com a deles, sem nada entre elas. Assim,
quando eu me dirijo ao caixa, o app deles é exibido,
eu clico “OK” e pronto. Eu não tenho nenhuma
dúvida de que essa é a direção para onde estamos
indo. E as implicações estruturais para a indústria de
pagamentos serão enormes.”
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INSPIRAÇÃO
A TECNOLOGIA M2M: UMA PERSPECTIVA PRIVILEGIADA
AUTOR CATH EVERETT
Emmanuel Routier, Vice-Presidente de M2M Global
na Orange Business Services, explica porque
trabalhar no setor pode ser fascinante e ao mesmo
tempo desafiador
A TECNOLOGIA M2M:
UMA PERSPECTIVA
PRIVILEGIADA
Os sistemas de
localização e
rastreamento em
carros poderiam
ser conectados
a uma
aplicação que
o guiasse para
uma vaga de
estacionamento
vazia.
Tradicionalmente, o foco das operadoras de
telecomunicações no espaço business-to-business
(B2B) tem sido ajudar os clientes a encontrar os
serviços de telecomunicações certos para uma operação
mais eficiente. Mas, no mundo máquina a máquina
(M2M), trata-se mais de ajudá-los a mudar totalmente
seu modelo de negócios. E, porque algo novo acontece
nesse setor de rápida transformação todos os dias, as
novas oportunidades de negócios surgem a um ritmo
acelerado.
A desvantagem é que, como a tecnologia permite
novas aplicações em tantos mercados verticais e entre
tantos dispositivos, pode ser complicado permanecer
no topo dos novos desenvolvimentos ao mesmo tempo
em que continua focado nas áreas de maior potencial.
Emmanuel Routier, Vice-Presidente de M2M Global
na Orange, é um especialista na área, tendo trabalhado
nela durante os últimos nove anos. Na verdade, ele é o
representante da Orange dentro do comitê de direção
da Global M2M Association –um grupo que reúne
as principais operadoras de telefonia móvel com o
objetivo de facilitar o desenvolvimento de negócios
M2M através de uma ação comum em inovação,
processos e facilitadores específicos no mundo todo.
Ele administrou o International M2M Center da
Orange, que foi hospedado pela Mobistar, uma afiliada
da empresa na Bélgica, desde a sua criação no início de
2009 e, agora, faz parte da Orange Mobile Enterprise,
uma divisão dentro da Orange Business Services
voltada para serviços relacionados à telefonia celular
para empresas internacionais.
Routier oferece para a The Review sua percepção
sobre como o mercado M2M está atualmente e como
ele enxerga o seu desenvolvimento no futuro.
Por que as organizações estão implantando a
tecnologia M2M hoje, e de que forma?
36
Existem diferentes fatores que impulsionam
o mercado a evoluir rapidamente, como ele vem
evoluindo. Um dos principais é que as empresas estão
procurando reduzir os seus custos operacionais.
Assim, por exemplo, a tecnologia M2M pode
alertar uma empresa que vende produtos através das
máquinas de venda automática que uma delas precisa
ser reabastecida. A disponibilidade das informações
em tempo real permite à empresa enviar um caminhão
com os produtos certos, no momento certo, o que
significa que ela pode enviar menos caminhões com
menor frequência.
O principal impulsionador, no entanto, são os novos
fluxos de receita. Pegue, por exemplo, uma empresa
que vende caldeiras para instalações industriais: em vez
de apenas vender os produtos juntamente com serviços
básicos de manutenção, se ela puder prever quaisquer
problemas ao ter acesso a informações em tempo real,
tais como o volume de água quente produzida, ela pode
mudar o seu modelo de negócios e começar a vender
água quente, entre outros serviços. Essas informações
transformam a sua abordagem.
Para quais inovações o setor está voltado?
A Global M2M Association lançou recentemente
um Serviço Multidoméstico no Mobile World
Congress. Ele se destina especialmente a empresas
globais internacionais nos setores automotivo e de
eletrônicos de consumo, e os clientes corporativos já
estão testando uma solução.
A solução compreende cartões SIM embarcados
(eSIMs), uma plataforma de gerenciamento baseada
em assinatura e uma plataforma de gestão de
conectividade para permitir que os players globais
obtenham a melhor conectividade, permitam usos
pesados, cumpram os regulamentos e prestem
suporte a seus dispositivos M2M, não importando
onde eles estejam localizados no mundo.
A ideia é que os eSIMs sejam incluídos no
processo de produção de cada participante industrial
global. Como qualquer outro componente da
máquina, eles podem ser testados na fábrica e ter o
perfil de um dos membros da associação, uma vez
3 MANEIRAS COMO A TECNOLOGIA M2M AFETARÁ NOSSAS VIDAS FUTURAS
1. Conexão dos carros
“Como consumidor e pessoa de negócios, eu
vejo que os carros conectados têm um grande
atrativo. Existem mais de 300 milhões de carros
na Europa, e o uso das informações de localização
e rastreamento para ajudá-los a transitar e
estacionar, estes são dois exemplos concretos da
tecnologia M2M que poderia ajudar a melhorar as
nossas vidas cotidianas.”
2. Salvando colméias
“Um de nossos clientes opera um apiário e
colocou alguns sensores M2M em suas colméias.
Ao saber simplesmente o peso da colmeia e
quão pesado o mel é, ele pode dizer se ela está
que a máquina seja enviada para o exterior. Portanto,
se um carro na Alemanha for enviado para a França,
o eSim se torna um SIM da Orange, que suporta
uma variedade completa de serviços no carro, desde
a telemática padrão aos serviços de informação e
entretenimento.
Na Orange, também estamos trabalhando em
novos tipos de sensores de máquinas que não têm
uma fonte de alimentação e dependem da duração
da bateria para transmitir as informações daquele
sensor. Essa tecnologia nos permitirá usar sensores
em itens como medidores de água e sensores de
estacionamento externo, sobre os quais eu já falei
anteriormente, o que lhes abre para um maior
número de aplicações.
O problema atual é que, embora a tecnologia
exista, não existem padrões. Juntamente com o
setor móvel e a GSMA, estamos pressionando para a
implantação de novos padrões o mais rapidamente
possível.
crescendo, ou não. Ele pode, assim, avaliar se algo
está errado e tomar as medidas adequadas.”
3. Ajuda aos agricultores
“A pequena empresa Dacom está trabalhando
em sensores de água que os agricultores possam
colocar no solo para testar a sua umidade. Os
sensores podem informar se seus campos
precisam de rega e se eles devem fazer tal rega
com maior ou menor frequência. Pode, ainda, ser
usado em qualquer lugar do mundo e permitir que
o consumo de água caia pela metade.”
Saiba mais sobre as soluções M2M da
Gemalto em gemalto.com/m2m/solutions
Também estamos trabalhando em novos tipos
de sensores de máquinas que não têm uma fonte
de alimentação e dependem da duração da bateria
para transmitir as informações daquele sensor.”
O que o futuro reserva para a tecnologia M2M?
Alguns dos maiores casos de uso da tecnologia
M2M giram em torno do transporte. Os sistemas
de localização e rastreamento em carros poderiam
ser conectados a uma aplicação que tenha acesso a
um banco de dados de sensores de estacionamento
externos, o que, então, o orientaria para uma vaga
de estacionamento desocupada. Trata-se do uso dos
grandes dados para criar valor, e já existem testes em
andamento para isso.
Há também aplicações na área da saúde que
ajudam a tratar doenças crônicas. Por exemplo,
alguém com um marca-passo normalmente tem
que ir ao hospital regularmente para que os dados
possam ser extraídos e analisados. Mas faz uma
enorme diferença para a vida do paciente se esses
dados puderem ser recuperados remotamente - sem
que o paciente tenha que sair do conforto de seu
lar - e o médico pode propor uma adaptação do
tratamento se, e quando, da alteração de uma
indicação.
Isto não é um sonho impossível. Já está
acontecendo hoje.
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PIONEIROS
O MARKETING DE UMA FORMA INOVADORA
AUTOR TIM GREEN
O que aconteceria se, cada vez que você abrisse uma garrafa de uísque,
uma receita de coquetel piscasse em seu smartphone? Bem-vindo
à nova era do marketing pós-venda, onde as etiquetas inteligentes
estão permitindo que a embalagem do produto “converse” com os
consumidores
Para ver as últimas notícias
sobre tecnologia, acesse o
blog da Gemalto em
blog.gemalto.com
DIAGEO
O Marketing de uma forma inovadora
Durante décadas, os comerciantes
tentaram nos fazer prestar atenção nos
seus produtos e, depois, comprá-los.
Eles usaram dados e psicologia para
facilitar esse processo de persuasão.
Mas o que acontece depois que você
compra o produto?
Bem, não muito. Houve pouco
progresso nesse setor desde que
Wrigley introduziu o primeiro código
de barras digitalizável em um pacote
de goma de mascar há 41 anos. Agora,
finalmente, a mudança está no ar.
Um conjunto de tecnologias surgiu
para tornar as embalagens inteligentes.
De repente, as marcas têm o poder de
saber onde um produto está e quando
ele foi aberto. Em qualquer momento,
eles podem, então, usar os rótulos
interativos para enviar mensagens
diretamente para o smartphone do
comprador.
Os componentes chave nessa
revolução são os sensores impressos e a
tecnologia NFC. O primeiro deles - os
sensores impressos - permite que os
fabricantes codifiquem as informações
sobre uma película de plástico,
enquanto o último - a tecnologia NFC -
38
garante que a etiqueta inteligente pode
transmitir dados para outro dispositivo
NFC, como um smartphone, por
exemplo.
As bebidas da empresa Diageo
foram as pioneiras. O protótipo de sua
garrafa inteligente do uísque Johnnie
Walker Blue Label apresenta uma tag
NFC de sensor impresso na tampa
da garrafa, que pode detectar se ela
está lacrada ou aberta. Isto significa
que ele pode ajustar o seu sistema
de mensagens. Assim, quando um
consumidor aproxima seu smartphone
habilitado com tecnologia NFC de uma
garrafa lacrada, ele vê as informações
sobre o produto na tela. Aproxime o
aparelho de em um frasco aberto, e,
neste instante, ele mostra as receitas de
coquetéis.
A ESCOLHA INTELIGENTE
Embora a Diageo esteja aderindo
a mensagens de marketing, outras
empresas veem as embalagens
inteligentes como um meio para
aumentar as vendas.
No início deste ano, a firma
australiana especialista em NFC Tapit - se associou à Gemalto para
produzir rótulos inteligentes que,
quando aproximados do aparelho,
fornecem ao cliente um link para um
site de comércio eletrônico. Uma vez
lá, eles podem comprar conteúdos
pertinentes a produtos que podem ser
baixados com um clique e o preço de
compra será simplesmente adicionado
à sua conta de telefone celular.
Justin Lello, um consultor da Tapit,
acredita que as marcas de brinquedos
poderiam usar a tecnologia para
vender conteúdo com base em
suas licenças. Ele diz o seguinte:
“Estamos ampliando a experiência
digital de modo que, para as marcas,
a embalagem pode efetivamente se
tornar um meio de comunicação até
após a compra.
“Digamos que você tenha comprado
o seu brinquedo Star Wars da Lego.
Depois de tê-lo levado para casa e
brincado, você poderia, então, fazer
o download e pagar pelo jogo digital após a compra.”
A empresa holandesa Strangelove
está usando a tecnologia Power-Coat
baseada em RFID para alimentar uma
plataforma chamada LoyaltyGrid,
testada com marcas de luxo. Os
clientes podem usar seus smartphones
para desbloquear recompensas,
conteúdo exclusivo e convites para
eventos especiais diretamente da
própria embalagem. Teddy Gude,
Diretor Comercial da Strangelove de
Produtos e Inovações, diz: “É uma
ótima maneira para as marcas de luxo
criarem exclusividade em torno de seus
produtos. E quando os consumidores
fazem login através das mídias sociais,
as marcas podem descobrir muito
sobre eles.”
Outra razão pela qual as marcas
de alto padrão gostam das etiquetas
inteligentes é sua capacidade
antifraude. Todas as etiquetas
inteligentes são únicas. Assim, os
consumidores podem usá-las para
diferenciar os produtos genuínos das
falsificações e validar a autenticidade
do referido produto.
Na mesma linha, as marcas podem
incorporar etiquetas inteligentes com
informações de geolocalização para
acompanhar quaisquer produtos
enviados para um país não autorizado,
ao mesmo tempo em que uma maior
segurança dos produtos é outro
benefício em potencial. A gigante
de embalagens Avery Dennison
atualmente está fazendo um teste
piloto com supermercados varejistas
para testar as etiquetas RFID em
produtos perecíveis. O esquema
permite que os empregados usem
scanners para encontrar produtos
vencidos muito mais rapidamente
do que através da leitura de etiquetas.
É fácil ver como os consumidores
poderiam verificar os alimentos
em casa usando seus próprios
smartphones habilitados para NFC.
Por enquanto, as embalagens
inteligentes são uma nova tecnologia
praticamente não testada. No entanto,
com a quantidade de telefones
Android habilitadas com NFC, prevista
para aumentar para 844 milhões até
2018, segundo a empresa de pesquisa
IHS Technology, é improvável que isso
fique assim por muito tempo.
Na verdade, os detentores
de informações privilegiadas, os
chamados insideres, estão confiantes
de que as etiquetas/rótulos inteligentes
serão a maior inovação a atingir as
embalagens desde a inovação da goma
de mascar de Wrigley, há mais de
quatro décadas.