Patentes de próteses intravasculares: novos materiais salvando vidas

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Patentes de próteses intravasculares: novos materiais salvando vidas
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Patentes de próteses intravasculares:
novos materiais salvando vidas
Alex Garcia Todorov
As doenças cardíacas representam,
hoje, uma das principais causas de morte em todo o mundo. A progressiva obstrução das artérias coronárias, responsáveis por irrigar com sangue o tecido
cardíaco leva a diversos fenômenos, tais
como: isquemia, angina, insuficiência
cardíaca e, finalmente, o infarto agudo do
miocárdio. Tradicionalmente, a resolução cirúrgica dessa situação se dava através da conexão da artéria aorta às coronárias, desviando o fluxo sangüíneo dos
trechos comprometidos dessas artérias.
Isso é feito utilizando-se uma veia transplantada da perna do paciente, procedimento popularmente conhecido como
"ponte de safena". Embora eficaz, essa
cirurgia é bastante invasiva, sendo inadmissível em determinados pacientes,
quando o risco inerente não compensa o
procedimento.
Mais recentemente, uma alternativa
muito mais segura vem sendo empregada. Trata-se dos dispositivos chamados
stents. Esses artefatos possuem, em geral,
o formato de uma malha metálica, a qual
é inserida numa forma colapsada dentro da artéria, sendo em seguida inflada
através de um balão. A malha então se
expande e empurra as paredes do vaso
sangüíneo de volta à sua forma original,
garantindo a abertura do canal e a circu-
lação livre do sangue. Todo esse procedimento é executado por meio da utilização de um cateter sendo, portanto, muito mais seguro do que uma intervenção
cirúrgica de grande porte. No entanto,
uma alta porcentagem de pacientes submetidos a essa técnica apresenta, cerca
de seis meses depois, uma re-oclusão dessa área expandida, fenômeno denominado reestenose. As causas da reestenose ainda não estão completamente esclarecidas, mas sabe-se que a ocorrência de
inflamação na região do stent é uma das
maiores responsáveis.
Devido à importância econômica dessas cirurgias, muitos grupos de pesquisa vêm se esforçando na criação de novos
stents, e o sistema de propriedade industrial se torna a escolha lógica e natural
para a proteção dos novos produtos e processos desenvolvidos. Para impedir ou
diminuir a ocorrência de reestenose,
novas próteses foram criadas sendo ago26
ra capazes de liberar medicamentos nos
locais em que são implantadas. Dessa
forma, além do efeito mecânico na conformação do vaso, elas apresentam também efeito farmacológico. Tudo isso graças ao desenvolvimento de novos polímeros que revestem a prótese e que são
capazes de reter os medicamentos sobre
a superfície metálica do stent, e seu potencial de liberação lenta dessas substâncias. Um levantamento das publicações
feitas no Brasil e no mundo, nos últimos
nove anos, feito na base de dados do
Escritório Europeu de Patentes (Epodpc),
e classificados em A61K 2/06 na
Classificação Internacional de Patentes,
referente a próteses implantáveis no interior de vasos sangüíneos, permitiu um
acompanhamento da evolução do número de depósitos de pedidos de patente ao
longo dos anos . Ressalta-se o crescimento das publicações em todo o mundo, tendência não verificada no Brasil. Nessas
publicações brasileiras, verifica-se um
baixo índice de participação de depositantes nacionais frente aos estrangeiros
(Gráfico 1).
A seguir, alguns exemplos de pedidos de patentes depositados no Brasil
para esta tecnologia.
Alex Garcia Todorov é pesquisador do Centro
de Divulgação, Documentação e
Informação Tecnológica (Cedin), da
Diretoria de Articulação e Informação
Tecnológica (Dart) do INPI.