6°ano artes visuais - arte indígena ii

Transcrição

6°ano artes visuais - arte indígena ii
D epa r ta m e nt o d e De se nh o e
Colégio Pedro II
Ar t e s Visua is
Departamento de Desenho e Artes Visuais
Campus São Cristóvão II – Coordenador Pedagógico de Disciplina: Shannon Botelho
6º ano. TURMA: ________
NOME: ____________________________________________________ nº ______
ARTE INDÍGENA
Enquanto a América ainda não tinha sido ocupada pelos europeus, aqui no Brasil já existia a
arte indígena: adornos feitos de plumas multicoloridas, pintura corporal e cerâmica decorada
com motivos geométricos.
Em 1500 quando os colonizadores portugueses chegaram aqui, encontraram as novas terras
habitadas por indígenas. Eles estavam organizados em tribos, onde seu modo de vida
apresentava muitas características comuns, inclusive a arte.
Quando os colonizadores portugueses chegaram ao Brasil, havia aproximadamente, 3 milhões
de índios. Hoje em dia, eles não chegam a 200 mil. Ao longo desse tempo, nossa cultura
sofreu muita influência dos indígenas. Alguns dos hábitos por nós adquiridos são o de dormir
em redes (muito comum no Nordeste), de tomar banhos diários (novidade para os
portugueses), além da prática do cultivo do milho, da mandioca, do mate, feijão etc.
Na sociedade indígena não há escolas. Não há, assim, distinção entre fazer arte, ciência ou
religião. Entre nós, isso é diferente, já que cada uma dessas atividades acontece em
determinado momento e lugar.
Entre os indígenas, tudo é vivenciado em conjunto e naturalmente. Os mais velhos ensinam os
mais jovens nas experiências comuns do dia-a-dia e nos rituais onde o saber e as tradições
são passadas oralmente. Dessa forma, os rituais envolvem, muitas vezes, explicações sobre a
origem da tribo e até sobre a origem do mundo, através de encenações, onde entram a dança,
a música, vestimentas, ornamentos, pinturas corporais e comidas típicas.
Quando falamos em arte indígena, consideramos, como tal, objetos utilitários, a pintura
corporal, a cestaria, as máscaras, a cerâmica, a arte plumária e arquitetura.
É importante lembrar que os índios não fazem esses objetos com uma finalidade puramente
artística (como, geralmente nós fazemos com a arte em nossa sociedade). Esses utensílios
fazem parte de seu dia-a-dia e estão presentes a todo o momento.
A primeira questão que se coloca em relação à arte indígena é defini-la ou caracterizá-la entre
as muitas atividades realizadas pelos índios. Para eles, o objeto precisa ser mais perfeito na
sua execução do que sua utilidade exigiria. Nessa perfeição para além da finalidade é que se
encontra a noção indígena de beleza.
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A tendência indígena de fazer objetos bonitos para usar na vida tribal pode ser apreciada
principalmente na cerâmica, no trançado e na tecelagem.
Outro aspecto importante a ressaltar: a arte indígena é mais representativa das tradições da
comunidade em que está inserida é por isso que os estilos da pintura corporal, do trançado e
da cerâmica variam significativamente de uma tribo para outra.
A situação dos índios brasileiros, hoje em dia, é muito ruim. Com o desmatamento, os animais
sumiram e eles já não caçam, mas ainda coletam cipós e madeira nas matas que restaram com
os quais produzem o seu artesanato – samburás, peneiras, gamelas, cestos que são
comercializados nas cidades e vilas vizinhas. Porém, muitos índios não conseguem sobreviver
apenas com os recursos naturais e as atividades desenvolvidas nas terras indígenas,
passando a vender sua mão-de-obra desqualificada e desvalorizada no mercado regional.
Diante da atual degradação ambiental das terras indígenas e da política do governo, o futuro
dos indígenas é incerto.
As artes indígenas mais notáveis:
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1 – Pintura Corporal:
Essa atividade varia de tribo para tribo com inúmeras diferenças entre elas. Os homens sempre
se enfeitam mais que as mulheres e alguns deles fazem tatuagens, como os Carajás.
Serve para expressar a vaidade
pessoal do índio, distinguir ou
destacar sua posição dentro da
tribo, usada em festas ou rituais
religiosas, para guerras ou receber
visitantes.
.
As cores mais usadas pelos índios para pintar seus corpos são:




o vermelho muito vivo do urucum,
o negro azulado da tintura do suco de jenipapo,
o branco da argila tabatinga e
o preto da fuligem de certas madeiras queimadas.
A escolha dessas cores é importante, porque o gosto pela pintura corporal está associado ao
esforço de transmitir ao corpo a alegria contida nas cores vivas e intensas.
As cores são extraídas das sementes, frutos, barro, terra ferruginosa, etc e são fixados com
seivas de certas plantas como o babaçu.
As tintas são aplicadas com os dedos, pequenas varetas, penas finas, com a mão toda e com
carimbos de madeira usando como tema desenhos geométricos e abstratos.
Envolvido pela natureza, o indígena se inspira em formas como o cipó entrelaçado na mata, a
carapaça do jabuti, o favo de mel da abelha etc, fazendo abstrações geométricas que cobrem o
corpo.
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São os Kadiwéu que apresentam uma
pintura corporal mais elaborada. Os
desenhos são geométricos, complexos e
revelam um equilíbrio e uma beleza que
impressionam o observador.
Os primeiros registros dessa pintura datam
de 1560, pois ela impressionou o
colonizador e os viajantes europeus.
Mais tarde foi analisada também por vários
estudiosos, entre os quais Lévi-Strauss,
antropólogo francês que esteve entre os
índios brasileiros em 1935.
De acordo com Lévi-Strauss, “as pinturas do rosto conferem, de início, ao indivíduo, sua
dignidade de ser humano; Em seguida, diferentes quanto ao estilo e à composição segundo as
castas, elas exprimem, numa sociedade complexa, a hierarquia dos status. Elas possuem
assim uma função sociológica”.
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2 – Arte Plumária:
Esta é uma arte muito especial porque não está
associada a nenhum fim utilitário, mas apenas à
pura busca da beleza. É usada como adorno no diaa-dia e nos rituais.
Existem dois grandes estilos na criação das peças de plumas dos indígenas brasileiros. As
tribos dos cerrados fazem trabalhos majestosos e grandes. As tribos silvícolas fazem peças
mais delicadas, sobre faixas de tecidos de algodão. A maior preocupação é com o colorido e a
combinação dos matizes. As penas são sobrepostas em camadas, como nas asas dos
pássaros.
Graças à variedade de nossa fauna, a arte plumária é bastante
desenvolvida nas várias tribos brasileiras. Ela revela a criatividade
Cocar
indígena e um perfeito senso artístico.
Colar
r
Os indígenas confeccionam artefatos como colares, pulseiras, cocares,
mantos, leques, usando as penas ou, simplesmente, colocando-as sobre a
pele uma camada de resina. A maior preocupação é com o colorido e com
a combinação das cores, sendo as penas, geralmente, sobrepostas em
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camadas, como nas asas dos pássaros. Os arranjos são feitos presos a cordões ou colocados
com resina.
As penas também podem ser usadas na ornamentação do próprio corpo do indígena.
3 – Arte em Pedra:
Pontas de
lança.
machado
Os indígenas faziam instrumentos de
pedra como: machados, clavas,
panelas, cuias e esculturas de aves,
peixes ou mamíferos.
clava
Para certos rituais importantes eles utilizam instrumentos de pedra herdados de seus
antepassados.
4 – Arte em Madeira:
Os trabalhos em madeira são muito variados. É costume cada um fazer seus objetos de uso
pessoal:
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- utensílios e objetos de uso geral da tribo – colheres, pilão, raladores, grelha, cuias, pentes.
pilão
pente
- instrumentos musicais – maracá (chocalho de sementes), assobios, bastões de ritmo, etc.
- máscaras decorativas (de madeira) e anatômicas (entrecasca de árvores) com função
religiosa, mágica e decorativa.
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- esculturas de homens e animais, bastões para danças rituais, colares Zoomórficos, licocós
(bonecos Karajás).
- armas – arcos, flechas, clava, tacape, lanças, zarabatanas, etc.
Arco e flecha
zarabatana
- remos – de madeira resistente e decorado.
- ocas e malocas – armação de madeira coberta com palha para uma família ou toda tribo.
- canoas – usadas para locomoção fluvial e para pesca. A canoa é um trabalho que serve para
toda a comunidade, portanto é feita em equipe.
5 – Arte em Cerâmica:
Há milênios o homem utiliza-se do
barro endurecido pelo fogo para
fazer objetos utilitários e decorativos.
As peças de cerâmica que se conservaram testemunham muitos costumes dos diferentes
povos indígenas e uma linguagem artística que ainda nos impressiona. São assim, por
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exemplo, as urnas funerárias lavradas e pintadas de Marajó, a cerâmica decorada com
desenhos impressos por incisão dos Kadiwéu, as panelas zoomórficas dos Waurá e as
bonecas de cerâmica dos Karajás. Seus objetos são decorados com desenhos geométricos
ou figurativos.
Urna funerária Marajoara
Bonecas de cerâmica dos Karajás
Panelas zoomórficas dos Waurá
O trabalho oleiro é de enorme
importância
tribos,
para
determinadas
muito
apreciado
comercialmente
e
sempre
executado por mulheres e meninas
aprendizes.
Além de objetos de uso pessoal geral como as tigelas, as indígenas também fazem urnas
funerárias, vasos, bonecos, jarros, cachimbos e chocalhos.
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Aqui no Brasil, por sua originalidade, destacam-se as cerâmicas indígenas Marajoara, Tapajós
(Pará) e Maracá (Amapá). Os mais divulgados destes utensílios estão na Ilha de Marajó, no
Pará (cerâmica Marajoara) e constituem peças de confecção apropriada e de grande beleza
pela presença de estilizações geométricas. As cerâmicas mais famosas:
Marajoara
Santarém
6 – Arte em Trançados:
A partir de materiais presentes em seu dia-a-dia como folhas, palmas, cipós, talos e fibras, os
indígenas produzem uma grande variedade de utensílios: peneiras, cestos, abanos, redes,
esteiras etc.
Usam, para isso, a tecelagem que é a técnica de trançar estas fibras. Em alguns casos,
selecionam folhas claras e escuras (tingidas) entrelaçando-as para obter um efeito
geometrizado.
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As meninas desde cedo, aprendem a
fiar, tecer e trançar.
7 – Máscaras:
Para os indígenas, as máscaras têm um caráter duplo: ao mesmo tempo em que são adornos
produzidos por um homem comum, são as figuras vivas do ser sobrenatural que representam.
Elas são feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas de buriti e são usadas geralmente
em danças cerimoniais como, por exemplo, quando representam heróis que mantém a ordem
do mundo.
Máscara do sobrenatural
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8 – Arquitetura:
No caso dos indígenas brasileiros, a aldeia (taba) é formada por pequenos núcleos dispersos
pela área, composta por duas ou mais casa. As moradias abrigam famílias nucleares (pais e
filhos), que são parentes de quase todos os outros membros da aldeia.
As casas (ocas e malocas) têm, em média, 3m de largura por 4m de comprimento e 2m de
altura. As paredes são construídas com estacas de madeira dispostas lado a lado e, em alguns
casos, recebem uma cobertura de barro. A amarração é feita com cipós e a cobertura de
esteiras de taquara, sapés ou palha, geralmente em feitio arredondado.
Eles fazem vários tipos de arquitetura:
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Contribuições Indígenas
Fazem parte da cultura humana: os costumes, os hábitos alimentares, as vestimentas, os
idiomas, as religiões, as artes, como por exemplo: música, dança, literatura, pintura, escultura,
arquitetura, etc.
São as diversas trocas entre as diferenças culturais dos povos que enriquecem e aproximam
os homens. Nossa cultura sofreu muita influência da cultura indígena. Eles nos ensinaram a
cultivar: o milho, o mate, a mandioca, o fumo.
Graças a ele conhecemos: o algodão, o cacau, o guaraná, o palmito e a batata (hoje chamada
de batata inglesa).
Além dos hábitos alimentares nossa língua também foi muito influenciada com inúmeras
palavras indígenas, tais como: carioca, Janaína, Itacoatiara, Tijuca – que são palavras de
origem Tupi-Guarani.
O hábito de dormir em redes e de tomar banho diariamente nós adquirimos dos indígenas.
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