Aquisições chinesas têm se dado em escala

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Aquisições chinesas têm se dado em escala
Destaque Depec - Bradesco
Ano XIII - Número 140- 01 de abril de 2016
Aquisições chinesas têm se dado em escala global, o que
deve aumentar a presença do país em importantes cadeias
produtivas
A forte e rápida desaceleração da economia
chinesa, a saída expressiva de capital do país e
a necessidade de ajuste de capacidade produtiva
em diversos setores chamam atenção e trazem
preocupações aos mercados mundiais. Ao mesmo
tempo, destacam-se também as aquisições feitas
por empresas chinesas em escala global e de
volumes significativos. Acentuando a tendência da
última década, corporações de origem chinesa –
estatais e privadas – têm anunciado compras dos
mais diversos negócios, inclusive de importantes
multinacionais, em busca de novos mercados,
aquisição de tecnologia, ampliação da influência
econômica e social, além da aquisição de recursos.
aquisições de empresas com representatividade
local, os mais recentes anúncios fazem com que
a China ganhe escala global em negócios, com a
participação em grandes empresas multinacionais.
O Brasil, naturalmente, faz parte dessa nova fase
de investimentos chineses – seja por estar incluído
em operações de grandes multinacionais, seja
pelas nossas características, dadas pelas atuais
circunstâncias do País, pelas oportunidades de
investimentos, especialmente em infraestrutura, e
pelo atrativo vindo da oferta de recursos naturais,
hoje mais concentrada em alimentos.
Os chineses começaram a investir no exterior ao
final da década de 70, estimulados pela política de
Somente em 2015, segundo levantamento do portas abertas. No entanto, o impulso maior veio
Rhodium Group 1, as operações de compras em 1992 com Deng Xiaoping e com a estratégia Go
feitas por empresas chinesas ultrapassaram Global iniciada em 1999. O volume atual, contudo,
US$ 60 bilhões, o nível mais alto da história. diverge bastante do que observamos nesses anos
Somente neste ano, segundo a Dealogic, 144 anteriores. Enquanto o país representava 0,2%
intenções de compras e aquisições já foram do volume investido no exterior em 1999, subiu
anunciadas, somando US$ 88 bilhões2. Assim, a para 5% em 2009 e hoje chega a 8%, segundo
internacionalização de grupos chineses – através levantamento da Unctad, com a última atualização
de compras, empréstimos, aportes em startups feita em 2014. Assim, atualmente ocupa o terceiro
ou abertura da filial de suas empresas – tem lugar no ranking global de maiores investidores,
características diversificadas que consolidam através somente dos EUA e de Hong Kong, seguido
o país como um novo player em importantes de Japão e Alemanha. Aliás, se somarmos o volume
de investimentos
feitos pela China continental com
cadeias, como
de infraestrutura,
Fluxo de as
Investimentos
feitos pela China efinanceira,
por Hong Kong no mundo,
US$
milhões.de
Fonte:
Unctad
do agronegócio e alimentícia,
tecnologia
e Hong Kong, chegamos a uma participação de 18%
de entretenimento. E, mais do que aportes ou do total mundial, em 2014.
160000
China
140000
142.700
Hong Kong
120000
116.000
96.341
100000
80000
74.654
Fluxo de Investimentos
feitos pela China e por
Hong Kong no mundo, US$
milhões
80.773
43.637
26.531
21.160
20000
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2004
2003
2002
2001
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
1990
1989
1988
1987
1986
2000
6.885
4.400
2005
40000
0
64.166
54.079
60000
1985
Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos
Fabiana D’Atri
Fonte: Unctad
Elaboração: BRADESCO
1
http://rhg.com/notes/chinas-global-outbound-ma-in-2015, consultado em 28 de março de 2016
Vale dizer que para essa consultoria, no ano passado, ocorreram 607 transações, somando US$ 112,5 bilhões. http://www.businessinsider.
co.id/china-is-buying-a-lot-of-foreign-companies-2016-2/, consultado em 29 de março de 2016. Parte da diferença entre os monitoramentos
pode se dar pela diferença entre anúncios e negócios finalizados.
2
1
É notável o aumento dos investimentos chineses, não investiram no exterior 41% a mais em 2015 do que
só em número de operações, como também em valor em 2014. Já os dados do balanço de pagamentos,
e abrangência dos negócios, crescendo o movimento pela metodologia BPM6, apontam que o volume
de compras de empresas, além dos investimentos em de inversões feito pela China no exterior ainda é
greenfields. Somando-se às estatísticas da Unctad menor do que o recebido, ainda que a tendência
já mencionadas e ao monitoramento de anúncios do primeiro seja ascendente e a do segundo,
de investimentos divulgados na imprensa, temos decrescente. Os números apresentados por essas
duas referências oficiais. São os dados fornecidos duas estatísticas diferem porque no Balanço de
(i) pelo Ministério de Comércio (MOFCOM), com Pagamentos são considerados também lucros não
dados de recebimento de investimento estrangeiro pagos e não remetidos, lucros retidos, empréstimos
e de investimentos feitos pelos chineses no exterior, intracompanhias, capital estrangeiro utilizado por
e (ii) pelo Balanço de Pagamentos, com registros instituições financeiras e imóveis comprados por
na conta financeira. Segundo o MOFCOM, pela não residentes. Cabe ainda uma observação sobre
primeira vez em 2015, o país investiu mais no os destinos finais, que têm Hong Kong e paraísos
exterior do que recebeu aportes de estrangeiros3, fiscais como destaque, o que dificulta a análise do
China: investimentos feitos no exterior e recebidos. Fonte: Ministério do Comércio da China
com somatórios estimados de US$ 174,020 e US$ destino final dessas inversões4. De fato, entre 2009 e
126,266 bilhões, respectivamente, como observamos 2014, Hong Kong se coloca como o principal receptor
no gráfico a seguir. Com isso, empresas chinesas de investimentos, com 57% de todas negociações5.
182.000
China: investimentos
feitos no exterior e
recebidos (US$ milhões)
174.020
Investimentos feitos pela China no exterior
162.000
Investimentos recebidos pela China do exterior
142.000
114.734
122.000
123.985
123.911
121.073
126.267
107.844
102.000
82.000
128.502
123.120
94.065
87.804
68.811
62.000
74.654
China: investimentos recebidos e feitos no exterior. Fonte: Balanço de Pagamentos
56.529
42.000
2009
2010
China: investimentos
recebidos e feitos no
exterior (US$ milhões)
2011
2012
320.000
2013
2014
Fonte: Ministério do Comércio da China
Elaboração: BRADESCO
2015
investimentos feitos pela China no exterior
292.888
281.129
investimentos recebidos pela China
284.688
249.859
240.000
237.523
180.433
187.801
131.057
105.245
72.971
80.000
56.742
70.768
48.421
15.943
set/15
dez/15
jun/15
mar/15
set/14
dez/14
jun/14
mar/14
set/13
dez/13
jun/13
mar/13
set/12
dez/12
jun/12
mar/12
set/11
dez/11
jun/11
mar/11
set/10
dez/10
jun/10
set/09
mar/10
jun/09
dez/09
mar/09
set/08
dez/08
jun/08
mar/08
set/07
dez/07
jun/07
mar/07
17.155
set/06
0
dez/06
Fonte: Balanço de Pagamentos
Elaboração: BRADESCO
jun/06
Destaque DEPEC - Bradesco
160.000
3
Para tanto, assumimos que o volume de investimentos feito no setor financeiro em 2015 igualou-se aos realizados em 2014, uma vez que esse dado não
foi disponibilizado. Em média, 25% dos investimentos se dão no setor financeiro e 75% nos demais segmentos (cujas estatísticas já foram conhecidas
para o ano passado).
4
Por isso também que, analisando as estatísticas brasileiras, a China ainda se coloca como um parceiro pequeno em termos de recebimento de investimento
estrangeiro direto. Parte dos aportes ocorre através de paraísos fiscais.
5
Sabe-se que as empresas chinesas têm incentivos para usar Hong Kong como intermediário de suas movimentações. Especialmente por facilidades
fiscais e pelas instituições legais e financeiras mais desenvolvidas presentes em Hong Kong. Além disso, pode ficar mais fácil a movimentação de capital
entre subsidiárias e matriz.
DEPEC
2
Maiores receptores de investimentos da China (US$ milhões), 2014. Fonte: CEIC
72.000
70.867
Maiores receptores
de investimentos da
China (US$ milhões),
2014
63.000
54.000
45.000
36.000
27.000
De forma simplificada, podemos caracterizar a fase
anterior de investimentos chineses no mundo pela busca
de recursos naturais, liderada por empresas estatais.
Os aportes eram dirigidos a países desenvolvidos, mas
também a países com ambiente institucional mais fraco
(com destaque para a África)6. Mais recentemente,
contudo, a internacionalização das empresas chinesas
têm se dado de forma mais diversificada, tanto em
termos de destinos, como setores e montantes.
Assim, somadas essas estatísticas, analisando os
investimentos anunciados na imprensa global e por
consultorias especializadas, notamos características
muito interessantes dessa nova fase de compras e
aquisições, que elencamos a seguir:
Destaque DEPEC - Bradesco
• Volume de aquisições ligadas a energia e a outros
recursos naturais vem caindo, ao mesmo tempo em
que aumenta o interesse por ativos de tecnologia,
marca, setor financeiro e setor imobiliário. As
compras no setor de energia e mineração caíram
de pouco mais de 80% em 2011 para cerca de 15%
em 20157;
• Com a redução de operações relacionadas aos
recursos naturais, as negociações tendem a
ter um valor menor. Em 2014, por exemplo, as
transações pequenas e médias, de até US$ 1
bilhão, responderam por 40% dos investimentos;
• A campanha anticorrupção pode ter reduzido a
disposição de investimento das empresas estatais,
abrindo espaço para as empresas privadas;
• O menor interesse por ativos na área de mineração
migrou para o agronegócio. Exemplos disso são: a
compra da Smithfields pela Shuanghui; a compra
feita pela Bright Food de 60% da inglesa Weetbix
6
7
8
9
705
666
634
Rússia
Brasil
708
Argelia
730
Bermuda
839
Emirados
Arábes
904
Tailândia
Paquistão
Laos
Holanda
Indonésia
Alemanha
Reino Unido
Singapura
Australia
Ilhas Cayman
Ilhas Virgens
4.578 4.570 4.192 4.049
2.814 1.499 1.439
1.272 1.030 1.027 1.014
Luxemburgo
Hong Kong
0
EUA
7.596
9.000
Canadá
18.000
Fonte: CEIC, MOFCOM
Elaboração: BRADESCO
(especializada em cereais) e da Manassen Foods
da Austrália; a aquisição de várias fazendas de leite
na Nova Zelândia pela Pengxin. O interesse dos
chineses por cana de açúcar na Austrália também
tem crescido, com investimentos da Cofco e do
grupo Xangai8;
• Países desenvolvidos ainda respondem pela maior
parte das compras chinesas, com a Europa muito
atrativa, os EUA ganhando participação e Austrália
se consolidando com um dos principais destinos
dos investimentos chineses. Esses três destinos
responderam por 2/3 das aquisições chinesas no
ano passado9. Japão e Canadá, por outro lado, têm
perdido espaço;
• Investidores financeiros, através de empresas
de private equity, conglomerados financeiros e
seguradoras, têm aumentado a participação nas
operações, à medida que a China começa a relaxar
as restrições para essas entidades investirem
no exterior. Nesse sentido, cresce também o
envolvimento dos bancos de desenvolvimento e de
fundos soberanos;
• A estratégia de investir em países que antes
pertenciam à rota da seda (estratégia conhecida
como One Road, One Belt, lançada em 2014),
parece ainda avançar de forma tímida com poucos
negócios realizados no ano passado em Israel,
Cazaquistão e Turquia. Eventualmente, nesses
países, a estratégia possa ser de investir através de
greenfields e empréstimos e não através da compra
de empresas já existentes;
• Aquisições recentes como a da unidade de
eletrodomésticos da GE pela Haier e da Syngenta
KOLSTAD, Ivar e WIIG, Arne. What determines Chinese Outward Investment?. CHR Michelsen Institute. 2009
Segundo dados do Rhodium Group.
Segundo levantamento do escritório em Pequim da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA).
Segundo dados do Rhodium Group.
DEPEC
3
pela ChemChina (que se mostra como a maior
compra feita por uma empresa chinesa) revelam
a busca por mercados consolidados, pelo
reconhecimento global das marcas e pelo acesso
à pesquisa e tecnologia;
• O segmento de entretenimento vem se colocando
como estratégico para grupos chineses. O grupo
Wanda, após adquirir a rede de cinemas AMC,
comprou neste ano a Legendary Entertainment. A
China Media Capital injetou US$ 100 milhões na
Imagine Enterteinment e a Perfect World Pictures
fechou um financiamento de US$ 500 milhões com
Destaque DEPEC - Bradesco
Ano
Empresa compradora
a Universal Pictures. No segmento de games, as
movimentações também têm sido crescentes;
• No segmento hoteleiro deveremos observar
também o aumento da presença de chineses. Vale
lembrar a compra do hotel Waldorf-Astoria pelo
grupo segurador Anbang por US$ 1,95 bilhão – que
tentou (sem sucesso, por enquanto) adquirir a rede
de hotéis Starwood;
Assim, cabe uma pequena lista com exemplos de
aquisições mais recentes e mais expressivas, ocorridas
nos últimos anos10
Empresa comprada/ País de origem
Valor (referente à
data do anúncio)
Setor
2005
Lenovo
IBM PC Units, EUA
US$ 1,25 bilhão
Tecnologia
2007
China Investment Corporation
Morgan Stanley (9,9% da operação), EUA
US$ 5,6 bilhões
Financeiro
2007
Industrial and Commercial Bank of China
Standard Bank (20% da operação), África do Sul
US$ 5,5 bilhões
Financeiro
US$ 14,3 bilhões
(parte da operação)
Alumínio
2008
Chinalco
Rio Tinto, Anglo Australiana
2009
Sinopec
Addax Petroleum, Suíça
US$ 7,3 bilhões
Petróleo
2010
Sinopec
Repsol – 40% da operação brasileira
US$ 7,1 bilhões
Petróleo
2010
Zhejiang Geely Holding Group Volvo (unidade da Ford Motors Co’s), Suécia
Automotivo
2011
China National Agrochemical Corporation (Chem
China)
Makhteshim Agan – ADAMA, Israel
US$ 1,5 bilhão
(US$ 2,4 bilhões),
equivalente a 60% da
companhia israelense
2011
China National Bluestar (80% da ChemChina e
20% Blackstone)
Elkem, Noruega
US$ 2 bilhões
Química
Química
€ 2,7 bilhões
Energia
US$ 2,6 bilhões
Entretenimento
2011
China Three Gorges (CTG)
EDP (21,35% da companhia), Portugal
2012
Wanda Group
AMC Theaters, EUA
2013
CNOOC
Nexen, Canadá
US$ 15,2 bilhões
Petróleo
2013
Shuanghui International Holdings
Smithfield Foods, EUA
US$ 7,1 bilhões[1]
Alimento
2014
China Minmetals
Glencore Xstrata`s Las Bambas mina de cobre
no Peru
US$ 7 bilhões
Mineração
2014
COFCO
Noble, Nidera Agri, Holanda
US$ 2,8 bilhões e
US$ 750 milhões
Agronegócio
2014
Lenovo
Motorola Mobility, EUA
US$ 2,9 bilhões
Telefonia
2015
China Cinda Asset Management
Nanyang Commercial Bank,Hong Kong
US$ 8,8 bilhões
Financeiro
US$ 7,7 bilhões
Automotivo
€ 939 milhões
Entretenimento
2015
ChemChina
Pirelli, Itália
2015
Fosun
Club Mediterranee, França
2015
China General Nuclear Power Corp
Edra Global Energy, Malasia
US$ 2,3 bilhões
Energia
2015
HNA
Avolon Holdings, Irlanda
US$ 2,6 bilhões
Financeiro/Aviação
2015
HNA
Swissport, França
US$ 2,8 bilhões
Aviação e Logística
2016
China National Chemical Corporation
(ChemChina)
Syngenta, Suíça
US$ 43 bilhões
Agronegócio/
químico
2016
Qingdao Haier
GE appliances unit, EUA
US$ 5,4 bilhões
Eletrodomésticos
2016
Zoomlion Heavy
Terex Corporation, EUA
US$ 3,4 bilhões
Equipamentos e
maquinário
2016
Dalian Wanda
Hollywood’s Legendary Entertainment, EUA
US$ 3,5 bilhões
Entretenimento
2016
Tianjin Tianhai Investement Development
Co.(HNA)
Ingram Micro, EUA
US$ 6,3 bilhões
Tecnologia
2016
ChemChina
KraussMafei, Alemanha
US$ 1 bilhão
Máquinas e
Equipamentos
2016
Qihoo 360 Technology
Norwegian Opera Software ASA, Noruega
2016
Midea
Toshiba (80,1% da operação), Japão
2016
Beijing Enterprises Holdings Limited
EEW (Energy from Waste), Alemanha
2016
Anbang Insurance
Strategic Hotels, EUA
US$ 1,2 bilhão
Tecnologia
US$ 4,67 bilhões
Eletrodomésticos
€ 1,438 bilhão
Saneamento
US$ 6,5 bilhões
Hoteleiro
[1] A compra foi de US$ 4,7 bilhões e o restante foi empréstimo.
Fonte: Imprensa
Elaboração: BRADESCO
10
Cabe a ressalva de que esses dados foram coletados em veículos da imprensa internacional. Muitas vezes há divergência entre os valores divulgados
por mais de um canal. E, não necessariamente, o valor anunciado foi o valor acordado ao final da operação entre as empresas envolvidas.
DEPEC
4
Contextualizar essa nova fase mais agressiva
de internacionalização das empresas chinesas é
fundamental. Assim, entendemos que a desaceleração
da economia, levando ao baixo crescimento da indústria
e do setor imobiliário, somada à capacidade ociosa
existente, à redução de oportunidades de investimento
no setor imobiliário e ao crescente número de medidas
protecionistas contra o país, são os grandes motivadores
das aquisições mais recentes. A expectativa de
depreciação adicional do renmimbi – após perda de
valor aproximada de 5% nos últimos doze meses – pode
também ter acelerado o movimento mais recente. A
garantia de fornecimento de alimentos e a preocupação
com segurança alimentar também têm pautado outra
parte relevante das compras. Ainda, a China tem
buscado adquirir tecnologia, conquistar mercados em
segmentos em que não tem participação e influência
global, como entretenimento (que também é crescente
na própria China). Como estratégia do governo, temos
também a política do One Road, One Belt, que deverá
ganhar força nos próximos anos. Financiando esse
movimento, temos os bancos de desenvolvimento e
os bancos comerciais – além do estabelecimento do
Banco Asiático de Infraestrutura – para dar suporte à
internacionalização das empresas chinesas.
Destaque DEPEC - Bradesco
Esse movimento das empresas chinesas, por sua vez,
tende a trazer importantes ganhos de produtividade ao
país. Seja através do conhecimento de novas práticas
(trabalhistas, legais, etc), seja através da melhora na
qualidade de produtos e transferência de tecnologia11.
Esse movimento se coloca cada vez mais estratégico
em uma fase de mudança do modelo de crescimento,
em que ganhos de eficiência e produtividade serão
um dos fatores a sustentar a expansão da China em
ritmo ainda forte.
Finalmente, da mesma forma como se observa no
restante do mundo, o interesse da China pelo Brasil
tem se concentrado nos investimentos, ultrapassando
apenas as relações comerciais. A presença de
empresas chinesas no País é crescente e se deu,
inicialmente, e principalmente, através da abertura
de filiais, com a presença de empresas importantes
em diversos segmentos e das aquisições de negócios
ligados ao segmento de commodities e de energia.
Mais recentemente, os segmentos industrial e
financeiro ganharam relevância, com companhias do
setor automotivo, eletrodomésticos, máquinas pesadas
e os principais bancos chineses, além dos grupos de
telefonia e de energia. A presença asiática também
avança através dessas aquisições globais, à medida
que importantes multinacionais atuam aqui, com a
COFCO, por exemplo, ganhando rápida participação
na exportação de grãos no País. Há ainda uma grande
expectativa de maior envolvimento de grupos chineses
no segmento de infraestrutura. Dois exemplos bem
recentes são emblemáticos: a China Three Gorges
arrematou por R$ 13,8 bilhões as concessões de
hidrelétricas e a HNA comprou, por R$ 1,7 bilhão, 23,7%
da Azul Linhas Aéreas. Em nosso monitoramento de
anúncios de investimentos, conseguimos selecionar
diversas experiências da chegada das companhias
chinesas no Brasil, disponíveis nesta tabela final12.
Chen, Wenjie e Tang, Heiwai. The Dragon is Flying West: Micro-Level Evidence of Chinese Outward Direct Investment. Asian Development Review,
vol 31, no2. 2014
12
Cabe a ressalva de que esses são anúncios coletados na imprensa. Não necessariamente são projetos e montantes que se confirmaram no momento
posterior à divulgação. Sobre isso, interessante estudo explora a diferença entre os anúncios e as negociações, de fato, ocorridas. Segue como leitura de
referência: https://www.ciaonet.org/attachments/16891/uploads, consultado em 29 de março de 2016
11
DEPEC
5
Anúncio de investimentos chineses no Brasil
Empresa
Setor
Econômico
Beigi Foton Motor Co.
Complexo
Automotivo
Fundo Chinês para
Investimento na
América Latina (Clai- Construção Civil
Fund) / China Railway
Engineering Group
China Railway
Construction
Construção Civil
Corporation Limited
(CRCC)
R$300,0
R$2.600,0
Montante
(R$-em
milhões)
Período
R$300,0
nd
Expansão do projeto da fábrica de Guaíba
(RS) para passar a produzir vans e utilitários
esportivos (SUVs).
R$2.600,0
Tipo
País
origem
Greenfield
China
nd
Construção e operação do Porto Sul e de quatro
trechos da Ferrovia Integração Oeste Leste,
Greenfield
entre as cidades de Ilhéus e Caetité no estadado
da Bahia.
China
Fará aportes no estado do Pará atuando
nas áreas de produção industrial, logística e
desenvolvimento imobiliário.
Greenfield
China
Modernização
China
Greenfield
China
Greenfield
China
Ampliação
China
Greenfield
China
Greenfield
China
Greenfield
China
Greenfield
China
Greenfield
China
Greenfield
China
Greenfield
China
Greenfield
China
Investimentos no setor elétrico brasileiro.
Greenfield
China
Investimento no setor de agronegócios, com
focos nas áreas têxtil e de fertilizantes na Bahia.
Construção de uma fábrica de caminhões em
Lages (SC).
Greenfield
China
Greenfield
China
Construção de uma fábrica em Guaíba (RS).
Greenfield
China
Instalação de uma fábrica em Anápolis (GO).
Greenfield
China
Construção de uma unidade fabril em
Adrianópolis (PR).
Greenfield
China
Abertura de uma loja em São Paulo (SP).
Greenfield
China
Inauguração de 50 novas concessionárias.
Ampliação
China
Construção de empreendimento logístico em
Garuva (SC).
Greenfield
Brasil /
China
Abertura de uma nova unidade fabril em
Venâncio Aires (RS).
Greenfield
China
nd
nd
nd
Jinheng-Jinhua
Holdings
Indústria
Alimentícia
R$10,0
R$10,0
2016
Shandong Sanjing
Lighting
Eletroeletrônica
R$100,0
R$100,0
nd
R$100,0
R$100,0
nd
R$400,0
R$400,0
2015-2017
Zhengchang
Chery
Chery no Brasil
BYD (Build Your
Dream)
LiuGong Machinery
Yunlihong
Sany
Máquinas e
Equipamentos
Complexo
Automotivo
Complexo
Automotivo
Máquinas e
Equipamentos
Máquinas e
Equipamentos
Complexo
Automotivo
Material de
Construção
US$300,0
R$1.157,9
nd
R$150,0
R$150,0
2015-2016
R$120,0
R$120,0
2015-2017
R$230,0
R$230,0
nd
US$300,0
R$673,7
2014-2016
Huawei
Tecnologia
R$200,0
R$200,0
2014
Huawei
Tecnologia
R$10,0
R$10,0
2014
Lenovo
Tecnologia
US$100,0
R$238,5
State Grid
Chongqing Grain
Sinotruck
Foton Motor
Foton Lovol Bramax
(FLB)
Destaque DEPEC - Bradesco
Montante
(em milhões)
Citic HIC
Energia Elétrica US$10.000,0
Agroindústria
Complexo
Automotivo
Complexo
Automotivo
Máquinas e
Equipamentos
Máquinas e
Equipamentos
US$1.000,0
ND
R$23.847,0
20132015
R$2.384,7
nd
R$300,0
R$300,0
R$250,0
R$250,0
R$150,0
R$150,0
2013 2015
2013 2015
2013 2015
nd
nd
nd
Yishion
Comércio
R$10,0
R$10,0
2013
Shineray
Comércio
nd
nd
nd
Kerry Logistics /
Ascensus Trading &
Logística
Transporte e
Logística
R$50,0
R$50,0
2013
XCMG
Máquinas e
Equipamentos
nd
nd
nd
Investimentos
Aquisição de equipamentos e reestruturação
dos pavilhões do empreendimento PET HM,
localizado em Taquari (RS).
Construção de uma fábrica de lâmpadas led em
Itapetininga (SP).
Instalação de uma fábrica de equipamentos
agrícolas em Curitiba (PR).
Construção de uma nova linha de produção em
sua fábrica de Jacareí (SP).
Instalação de um polo de fornecedores em
Jacareí (SP).
Construção de fábrica células fotovoltaicas em
Campinas (SP).
Construção de fábrica de equipamento para
construção civil em Mogi Guaçu (SP).
Construção de uma fábrica de caminhões em
Camaquã (RS).
Construção de uma fábrica de equipamentos
para construção civil, em Jacareí (SP).
Construção de três centros de pesquisa e
desenvolvimento, cujo foco será em áreas como
computação em nuvem, big data, cibersegurança
e aplicações móveis.
Construção de um laboratório de P&D, em
Salvador (BA).
Investimento em um novo centro de P&D em
software em Campinas (SP).
Fonte: Imprensa
Elaboração: BRADESCO
DEPEC
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Destaque DEPEC - Bradesco
Equipe Técnica
Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos
Marcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivo
Economia Internacional:
Economia Doméstica:
Pesquisa Proprietária:
Análise Setorial:
Estagiários:
Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires / Ellen Regina Steter
Igor Velecico / Estevão Augusto Oller Scripilliti/ Andréa Bastos Damico / Myriã Tatiany Neves Bast / Daniela Cunha de Lima / Ariana Stephanie Zerbinatti
Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo
Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi Barufi
Gabriel Marcondes dos Santos / Wesley Paixão Bachiega / Carlos Henrique Gomes de Brito
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