Edição nr. 44 - Associação Médica Fluminense

Transcrição

Edição nr. 44 - Associação Médica Fluminense
editorial
Associação Médica Fluminense
M
Mais uma vez o ano acabou! Dezembro está começando,
as vitrines já estão repletas de Papai Noel, a cidade começa
a se enfeitar e as crianças (não somente as minhas) começam a preparar as suas listas infindáveis de desejos, que nem
sempre serão atendidos (seja felizmente ou infelizmente).
O importante é lembrar-nos que o Espírito Natalino é muito
mais do que o consumo. É a união entre as famílias e entre os homens, mesmo os
não religiosos, na Ressurreição de Cristo. No entanto, sempre desejamos muitas
coisas e acabamos fazendo muitos pedidos e muitas promessas nesta época. Da
minha parte, desejo, é claro, aquelas coisas de sempre, para mim, minha família,
amigos, conhecidos e até para os desconhecidos. Paz, amor, SAÚDE, prosperidade
etc. Mas não para por aí... Para a nossa AMF (nossa Casa do Médico), desejo que
continue grande e fortalecida, unida às outras entidades irmãs que sempre participaram da sua existência. União que é e sempre foi o maior objetivo da nossa gestão
e de tantas outras que passaram por aqui. Estamos caminhando a passos largos
para uma maior conscientização de toda classe sobre a importância de andarmos
de mãos dadas, perfazendo uma longa corrente, capaz de abraçar todas as nossas
causas. Desejo, por fim, que, neste último final de ano como Presidente desta Casa,
sejamos suficientemente sábios para preparar uma equipe nova e revitalizada, capaz de dar sequência às realizações de todas as gestões anteriores. Cada uma, ao
seu modo, fez muito para manter vivo o associativismo e a próxima equipe saberá
certamente dar continuidade a este esforço. O importante é amar esta Casa, como
muitos já amaram.
Nostalgias a parte, vamos ao último exemplar do ano da nossa Revista AMF.
Recheada pelas comemorações do mês de Outubro e ainda com eventos do mês
anterior, este número traduz-se num verdadeiro passeio fotográfico, onde podemos
ver inúmeras pessoas que não apenas frequentam os nossos salões, mas os engrandecem com a sua presença e animação. É muito bom ver estampado no rosto de
cada um a satisfação por fazer parte da nossa história. Aniversário da AMF, Café
da Manhã, Baile dos Médicos, aniversário da Unicred, Torneio da AMF etc. Todos
com uma cobertura fotográfica e jornalística de grande qualidade. Artigos científicos
e de Opinião, com a participação dos nossos homenageados do ano e de ilustres
colegas da cidade. Os habituais colaboradores, com as suas já aguardadas palavras
sobre os mais diversos assuntos. Por causa deste inestimado auxílio de nos atender
com seus artigos, nossa revista tem sido sempre tão elogiada, por todos que a leem.
Sempre cabe lembrar, que nas páginas finais, o leitor poderá encontrar uma ficha
de afiliação à AMF, que lhe possibilitará corrigir esta falha gritante que vem cometendo até hoje de não ter ainda se tornado nosso associado. Para que se anime,
vale a leitura do “Porque sou sócio da AMF”, brilhantemente escritos por mais dois
queridos colegas, que prontamente aceitaram dar seu depoimento.
À todos, desejo tudo de bom neste Natal e um Ano Novo cheio de novidades
muito boas! Degustem a nossa revista!
Glauco Barbieri - Presidente da AMF
Ano VII - nº 44 - Set/Dez- 2010
Produzida por LL Divulgação Editora Cultural Ltda.
Redação e Publicidade
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Coordenador da Revista AMF
Glauco Barbieri
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necessariamente, a opinião da LL Divulgação e da AMF.
Revista AMF
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Diretoria da Associação Médica Fluminense
Gestão: 2008/2011
Presidente: Glauco Barbieri
Vice Presidente: Benito Petraglia
Secretário Geral: Gilberto Garrido Junior
Primeiro Secretário: Marcos de Souza Paiva
Primeiro Tesoureiro: Gustavo Emílio Arcos Campos
Segundo Tesoureiro: Osvaldo Queiroz Filho
Diretor Científico: Wellington Bruno Santos
Diretor Sócio Cultural: Sônia Maris Oliveira Zagne
Diretor de Patrimônio: Jackson Ferreira Galeno
Conselho Editorial da Revista da AMF
Glauco Barbieri
Gustavo Campos
Felipe Carino
Sônia Maris Zagne
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Conselho Deliberativo
Membros Natos
Alcir Vicente Visela Chacar
Alkamir Issa
Aloysio Decnop Martins
Celso Cerqueira Dias
Flávio Abramo Pies
Herman Lent
José Hermínio Guasti
Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto
Miguel Angelo D’Elia
Waldenir de Bragança
Membros Efetivos
Antonio Chinelli
Ary César Nunes Galvão
Carlos Murilo Guedes de Mello
Carlos Roberto Ferreira Jardim
Cláudio Pinheiro Cardoso
Emanuel Decnop Martins Junior
Ivani Cardoso
Jano Alves de Souza
Jorge José Abunahman
Jose de Moura Nascimento
José Emídio Ribeiro Elias
Mario Roberto Moreira Assad
Miguel Luiz Lourenço
Pedro Ivo Bastos Pereira
Raul Luiz de Souza Muniz
Membros Suplentes
Alex Bousquet
Amaro Alexandre Neto
Anadeje Maria da Silva Abunahman
Carlos Esmeraldino de Oliveira Caldas
Christina Thereza Machado Bittar
Clovis Abrahim Cavalcanti
Edson Cerqueira Garcia de Freitas
Eliane Bordalo Cathalá Esberard
Frederico Valadares de Souza Pena
Jairo Roberto Leite Caldas
Jorge da Costa Pereira
Josemar da Silveira Reis
Leonardo Jorge Lage
Luiz Fernando Alves do Carmo
Paulo Roberto Visela Chácar
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Claudio Costa Ortega
Nédio Mocarzel
Norma Mattos de Souza Franco
Membros Suplentes
Daniel Jose da Silva Filho
Luiz Armando Rodrigues Velloso
Pedro Ângelo Bittencourt
Evento
Aniversário da AMF marca homenagem
à classe médica
Pág. 07
Sumário
Evento:
Dia dos Médicos: um momento de
homenagens e reflexão
Pág. 10
Evento:
Classe festeja Dia do Médico
com charme e glamour
Pág. 14
Tecnologia:
O Google Knol®
Pág. 20
Artigo Científico:
Psoríase: uma visão atual
Pág. 22
Vacinas para Zoster e para Influenza
Pág. 25
Sindicato:
Pedidos de Natal
Pág. 28
UNIMED
Pág. 25
Artigo:
Os cinco passos da saúde
Pág. 30
Fórum:
Fórum debate desafios da saúde pública e privada
Pág. 32
CREMERJ
Manifestação em Copacabana: médicos pedem
mudanças urgentes na saúde pública
Pág. 34
4 - Jul/Set-09
Revista AMF
Artigo:
Métodos de imagem em mastologia
Pág. 35
Academia Fluminense de Medicina:
Já é tempo de pensarmos na valorização
do pediatra
Pág. 36
Prevenção / Poesia:
Pág. 39
Enofilia:
Geografia do Vinho - Espanha
Pág. 46
Cultura:
Livros em foco
Pág. 49
Pág. 40
Opinião:
Por que sou sócio da AMF?
Pág. 42
Revista AMF
UNICRED
A UNICRED Niterói
comemora
15 anos
com grande festa
no Clube Naval
Pág. 50
Set/Dez-10
Jul/Set-09 - 5
evento
Aniversário da AMF marca
homenagem à classe médica
A
Associação Médica Fluminense comemorou seus 81
anos, no dia 17 de outubro,
com um coquetel dançante. O evento, realizado na
sede da AMF, sediou ainda
a reunião anual da Somerj, ocorrida
no dia seguinte. Na ocasião, marcaram presença os presidentes e representantes de diversas entidades médicas, tais como Clóvis Cavalcante, do
Sindicato dos Médicos de Niterói e São
Leonardo Laje, Roberto Wermelinger, Luis Fernando Moraes e Nedio Mocarzel
Sergio, Sônia, Jose Antonio e Jacira Guasti
Paula Ramos Pestana e sua família
Alkamir Issa, Vera Fonseca e Alcir Chacar
Luis Fernando Moraes, Oscarino Santos, Márcia
Rosa, Vera Fonseca, Carlindo e Denize Machado
Oscarino Santos e Clovis Cavalcanti
Gonçalo; Gilberto Garrido, presidente da Unicred Niterói; Igor Borges de
Abrantes, da Academia de Medicina
do Estado do Rio de Janeiro; Carlindo
Machado e Silva, da Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro, e
Alkamir Issa, secretário Municipal de
Saúde de Niterói.
A novidade da festa comemorativa
deste ano foi a instituição da meda-
Revista AMF
Marcos de Souza Paiva, Maria Jacqueline e Amaro
Alexandre
Set/Dez-10 - 7
Luis Fernando Moraes e Alcir Chacar
Gilberto Garrido, Luis Fernando Moraes, Glauco Barbieri, Alkamir Issa, Clovis Cavalcanti e Carlindo
Machado
Glauco Barbieri, Luis Fernando e Alkamir Issa
lha José Hermínio Guasti, conferida
à Paula Pestana, primeira colocada
na prova de Cirurgia Geral da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Com essa iniciativa, a AMF marca a
iniciativa de trazer o jovem profissional para dentro da Casa do Médico,
aproximando-o do convívio com a experiente categoria médica já atuante
há vários anos na profissão. A personalidade escolhida para dar nome à
honraria também tem um simbolismo
muito forte como um dos mais importantes membros da sociedade médica
Pietro Accetta, Nedio Mocarzel, Gilberto Garrido, Aloysio Decnop, Waldenir de Bragança e Ivani Cardoso
Jose Antonio Guasti, Paula Ramos Pestana e Pietro Accetta
8 - Set/Dez-10
Jan/Mar-09
e professor da UFF, falecido
recentemente. A residente de
Medicina recebeu a medalha
das mãos do neurocirurgião
José Antonio Guasti, filho de
José Hermínio.
No dia seguinte ao coquetel dançante, que rendeu muitos elogios à AMF
pela ação de reunir a classe
médica em um movimento
de valorização da profissão, os participantes se concentraram mais uma
vez na sede da Associação. Dessa vez,
com o objetivo de discutir as questões
que envolvem a categoria, durante a
reunião itinerante da Somerj, que este
ano ocorreu na própria AMF, como
uma homenagem da Sociedade a essa
instituição que vem prestando relevantes serviços à classe médica.
Revista
Revista AMF
AMF
evento
Dia dos Médicos: um momento
de homenagens e reflexão
Um café da manhã realizado na
Associação Médica Fluminense
(AMF) marcou a comemoração
pelo Dia dos Médicos, no dia
18 de outubro, data em que
também se homenageia o padroeiro
da classe, São Lucas. Na ocasião,
uma missa na Capela de São Lucas
não só abriu os festejos, como
também ressaltou os 40 anos de
fundação desta capela e da Casa
do Médico. O momento também
foi reservado para homenagens
àqueles que se destacaram no
exercício da profissão, com uma
sessão solene no Teatro Eduardo
Glauco Barbieri, Jane Marcy Neffá, Luiz Carlos Pacheco, Alexandre Vianna e Hamilton Figueiredo
Kraichete. O número de convidados
que lotou o salão nobre da AMF revelava, conforme destacou o seu presidente Glauco Barbieri, que a
escolha dos médicos homenageados deste ano, Jane Marcy Neffá Pinto, Alexandre Vianna,
Luiz Carlos Pacheco e Hamilton Nunes de Figueiredo, este último como Mérito Cooperativista pela
Unimed, foi bastante acertada.
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Jan/Mar-09
Revista
Revista AMF
AMF
Alexandre Vianna com esposa e amigos
“U
m momento de comemoração, confraternização,
união e valorização das
pessoas que fazem uma
medicina de primeira linha”. Com essas palavras, o presidente da AMF destacou a
importância daquele momento como
uma forma de se recuperar do dia a
dia que é a vida do médico. “Eu sempre
costumo dizer que a vida do médico é
uma corda bamba, o nosso sucesso
é obrigatório e do outro lado está o
paciente. Por causa disso, muitas vezes
somos mal compreendidos”, ressaltou
Barbieri. Ele explicou que a escolha
dos nomes a serem homenageados é
fruto de uma votação que ocorre o ano
inteiro, ficando para a Associação Médica Fluminense a tarefa de corroborar
esses nomes que dignificam a medicina
e valorizam o nome do médico, seja na
medicina pública ou privada e no ensino médico. “Essas pessoas trabalham
com extrema dignidade e merecem ser
homenageadas”, concluiu.
O presidente da Unimed Leste
Fluminense, Carlos Jardim destacou a
relevância destas comemorações como
uma forma de despertar a atenção das
autoridades para a falta de estrutura
enfrentada pela classe médica, sobretudo, pelos médicos plantonistas. Ele
lembrou que a estrutura da Casa do
Médico, que reúne a Unimed, Unicred,
Associação Médica, Sindicato e Academia Fluminense de Medicina, está unida na defesa do profissional e que, por
Revista AMF
Modestino Salles, Jane Marcy Neffa, Neide Kalil,
e Antonio Pedro
Gustavo Campos e Glauco Barbieri
esse motivo, faz questão de organizar
uma grande festa para mostrar a organização da classe médica. “A maioria
absoluta dos médicos trabalha com
um senso de profissionalismo. Apesar
das dificuldades, a grande maioria
supera tudo isso”, refletiu. Para Jardim,
é preciso daqui por diante criar uma
força classista para que se consiga em
Brasília e nas Assembleias Municipais
e Estaduais sanar o problema, pois
toda melhoria no atendimento ao
médico repercutirá no atendimento à
população.
Emoção marca homenagens
Entre os que receberam as justas
homenagens, a emoção era visível,
porém entre aqueles que ficaram na
plateia havia um consenso sobre a
relevância desse reconhecimento no
âmbito profissional e pessoal. Para
o subsecretário de Saúde, Roberto
Carlos de Brito, presente ao evento
representando o secretário de Saúde,
Alkamir Issa, o dia era não só de co-
Sonia Maris Zagne, Alice Regina e Luiz Carlos
Pacheco
memoração, como também de reflexão sobre a importância do apoio de
toda comunidade para a valorização
da classe médica. Ele falou ainda da
baixa remuneração da classe, tanto na
medicina privada quanto na pública.
Porém, a despeito das condições de
trabalho, ele abordou a importância
do profissional da área como formador
de opinião na sociedade.
O presidente da Academia Fluminense de Medicina, Alcir Chácar
lembrou que, em 2011, serão comemorados 50 anos da fundação dessa
entidade e que a sua criação deve-se
à Associação Médica Fluminense. Em
seguida, ele fez questão de mencionar
os presidentes que passaram por esta
instituição dando uma contribuição
inestimável, desde Waldenir Bragança,
passando por José Hermínio Guasti
até chegar ao atual presidente, Glauco Barbieri. Para ele, cada um dos
colegas presentes no auditório é uma
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Glauco Barbieri, Arnolpho Briggs, Alexandre Vianna
e Osvaldo Queiroz
Benito Petraglia, Gustavo Campos, Glauco Barbieri, Sonia Maris, Dr. Arnolpho Briggs, Neide Kalil,
Jane Neffá, Alexandre Vianna, Luiz Carlos Pacheco e Waldenir de Bragança
história que merece ser lembrada.
Em seu discurso, Guilherme Eurico
Bastos, representante do presidente do
Conselho Regional de Medicina do
Estado do Rio de Janeiro (Cremerj),
reverenciou os médicos homenageados, destacando a passagem gloriosa
destes brilhantes profissionais no
exercício da medicina. Dos nomes
evocados, coube a Bastos evidenciar
as qualidades de um deles, Luiz Carlos
Pacheco. Ele o conhece desde quando
o homenageado ainda era estudante
no Hospital Universitário Antonio Pedro, onde até hoje permanece como
médico sério e atuante. “Homem galhardo, brilhante, que trabalha honesta
e seriamente e, acima de tudo, com
uma dignidade ímpar”, enalteceu.
A médica Valéria Patrocínio, representando a Unicred, falou das
histórias bonitas presentes naquele
salão e revelou seu sonho de um dia
também receber essa homenagem. Em
seguida, Carlos Jardim, presidente da
Unimed Leste Fluminense, destacou
a força emergente do cooperativismo
médico no cenário da medicina suplementar no Brasil. E falou de uma
dessas pessoas que luta pela causa,
Hamilton Nunes de Figueiredo, que foi
homenageado por sua atuação como
integrante do Comitê Educativo e
professor dedicado a passar os ensinamentos da doutrina cooperativista, proporcionando aos recém-ingressos nas
Cooperativas passar por uma atividade
societária pluralista em contrapartida
ao viés individualista transmitido na
universidade. Para Hamilton, professor
da Universidade Federal Fluminense
(UFF), o cooperativismo, embora seja
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um caminho longo, reflete que é possível acreditar nos principais valores do
ser humano e dedicou aquela homenagem a todos os médicos que contribuem com o cooperativismo médico.
Homenageada pela médica e
amiga Neide Kalil, Jane Marcy Neffá
Pinto foi definida como aquela que tem
coragem para criar laços, temperança
para vencer nos momentos difíceis,
capacidade de agregar colegas, fidelidade a seus princípios e a força
do trabalho da pesquisa, capaz de
mudar culturas. Para finalizar, Neide se
referiu à amiga como o modelo ideal
do médico que todos querem ser. Em
seu discurso de agradecimento, Jane
confidenciou a honra que tem de ser
médica e da realização de um sonho
que ela acalenta desde menina. Ela
também atribui suas experiências às
pessoas importantes nessa trajetória,
como Neide Kalil e Antônio Pedro, que
contribuíram para sua capacitação,
assim como o seu tio, Marcelo Neffá.
Outro homenageado do dia, Alexandre Vianna, teve como orador o
seu amigo Arnolpho Ferreira Briggs,
que lembrou os 40 anos de atuação
profissional conjunta e de amizade.
Ele lembrou que Vianna, a despeito da
gloriosa carreira de seu pai, Dr Altamiro Vianna, soube marcar a sua própria
trajetória, dedicando-se ao exercício
da medicina, além de ser uma pessoa
humana e caridosa. Essa dedicação se
dá sem julgar seu paciente pela classe
social e, sobretudo, pela sua contribuição à mastologia, proporcionando às
pacientes vítimas de câncer de mama
uma cirurgia simples e eficiente, reconstruindo não só a parte afetada do
Carlos Roberto Jardim, Hamilton Figueiredo e Benito
Petraglia
Glauco Barbieri, Sonia Maris Zagne, Luiz Carlos
Pacheco e Waldenir de Bragança
seu corpo, como também sua dignidade como mulher. Alexandre Vianna
lembrou que nada se faz sozinho e que
todo o seu trabalho só é possível em
função da contribuição de sua família
e amigos. “Eu não seria nada se não
fossem Arnolpho, Arnaldo, Nadir, Ivan,
enfim, se não fossem as pessoas com
quem lido no dia a dia. Eu sou um
pouquinho de cada um, sem esquecer
dos meus pais. Eu quero agradecer a
todos porque não conseguiria fazer
nada se não fosse por eles”, relatou
emocionado.
Para finalizar a solenidade, Luiz
Carlos Pacheco foi homenageado por
Waldenir de Bragança e Sônia Maris,
que lhe entregou a placa e o diploma.
Bragança falou também sobre os 40
anos da Casa do Médico e da Capela
de São Lucas, uma demonstração
objetiva do poder de união dos médicos, que transformaram em matéria
concreta e visível um símbolo de perseverança e ética.
Revista
Revista AMF
AMF
evento
A
classe médica fez uma
pausa no dia a dia corrido para viver o glamour
de uma “Noite em Paris”. Realizada no Country
Club de Niterói, no dia 29
de outubro, a nona edição da festa promovida pela Associação Médica Fluminense, sob o patrocínio
do Hospital de Clínicas de Niterói e
Hospital Icaraí e apoio da Unicred,
Labs D´Or, Med Imagem, Centro
Oncológico de Niterói, Life Imagem,
e Unimed Leste Fluminense, proporcionou momentos de deleite para os
seus convidados.
Logo na entrada, os participantes
já eram convidados para um mergulho nos ícones parisienses, tais como
uma réplica da torre Eiffel e da Mona
Lisa, além da marca Louis Vitton, que
traduz uma história de elegância e
estilo, arquétipos do estilo parisiense de ser. Durante a noite inteira, os
convidados puderam apreciar pratos
da mais alta gastronomia francesa
em um cardápio único e exclusivo
para os médicos com barquetes, canapés e folheados, entre os pratos
principais, penne negro com cama-
14- Jun/Ago - 10
Ana Claudia, Osvaldo Queiroz, Davi,
Samuel e Rebeca
Ana Claudia Ramis e Glauco Barbieri
Benito e Tania Petraglia
Gustavo e Miriam Campos
João Marcos, Marcos Paiva, Debora e Davi
Revista AMF
Priscila e Felipe Rocha, Monica e Wellington
Bruno
Rafaela Mello, Tiago Galeno, Pedro Sampaio, Bruna Galeno, Jackson Galeno, Lara
Galeno, Larissa Galeno, Maitê Risso, Luiz
Galeno, Patricia Canda e Henrique Oliveira.
Gilberto e Marli Garrido
Cristiane Oliveira e Kerman Gervásio
Abdu Kexfe e Monica Farias
Mixel e Mathilde Tenembaum
Vera Fonseca, Carlos Alberto da Silva Gomes,
Ana Claudia Ramis e Glauco Barbieri
Carlos Jardim e Vera
Carlindo Machado e Silva Filho
Ana Dantas e Ilza Fellows
Maria Claudia e Alkamir Issa
Paulo Cesar Geraldes e Aline
Karla e Savio Tinoco
Revista
AMF Barbosa e Simone Borborema
Washington
Luis Fernando Moraes e Graciele
Márcia Rosa, Ana e Sergio Albieri
rões flambados e mix de cogumelos
e raviolines de brie ao molho sugo.
Pontos marcantes, tais como o
Budha Bar e a Creperia La vie Rose,
se tornaram um espaço onde os convidados puderam apreciar algumas
iguarias da comida japonesa, além
de crepes de diversos sabores. Para
completar o clima de festividade, o
som e a performance contagiante do
grupo “Soul de Quem Quiser”, que
Jun/Ago - 10 - 15
Nathalia, Jorge Abunahman, Anadeje e
Samir Abunahman
Luiz Carlos Pacheco e Alice Regina
José Luiz Oliveira, Rejane e Leda Barbieri
Modestino Salles e Jane Neffá
Zila e Gilberto Almeida
Felipe Carino e Adriana Paes
Nanci e Edson Rosina
Ilza Fellows, Paulo Cesar Dias, Valdenia,
Ana Dantas e Mauro Bellece
José Luiz e Ada Maria Guarino, Ismênia
Martins e Aloysio Decnop
Rosilene Mattos, Mathilde e Mixel Tenenbaum, Elias Brum, Fabricio Correa e Renata
Ferreira, Victor Machado e Flavia
16- Jun/Ago - 10
Emanuel Decnop e Maria Angela
Ana Rizzo, Clovis Cavalcanti e Karla Doming
Alcir Chacar e Regina
relembraram alguns dos maiores sucessos dos anos 70, 80 e 90.
Uma pausa para as
homenagens
O presidente da AMF, Glauco Barbieri, fez uma pausa na festa
para uma sucessão de homenagens
e agradecimentos, em especial, aos
patrocinadores, Hospital de Clínicas
de Niterói e Hospital Icaraí. O médico Sávio Tinoco parabenizou a classe
e lembrou que daqui a quatro meses a cidade de Niterói ganhará um
belo presente, com a inauguração do
Hospital Icaraí e os médicos, mais um
espaço para o exercício da profissão.
Em seguida, Ilza Fellows, do Hospital de Clínicas de Niterói, parabenizou a AMF e cada um dos médicos
presentes que a fazem se orgulhar
da profissão e, sobretudo, pertencer
a uma comunidade diferenciada.
“E tenho certeza que só cabe a nós,
a mim e ao Sávio, trabalharmos para
termos, cada vez mais, também, um
espaço digno para que todos vocês
possam exercer assim o que nos traz
orgulho”, concluiu.
Após alguns discursos, os médicos Jane Marcy Neffá, Luiz Carlos
Pacheco e Alexandre Vianna foram
chamados ao palco pelo mestre de
cerimônias para mais uma homenagem aos destaques do ano em suas
áreas de atuação. Em seguida, o
presidente da AMF utilizou-se de um
pout-pourri de várias letras de música
para realçar seus sentimentos em relação à sua vida, trabalho e amigos.
Neste ponto, chama atenção para
seus funcionários e os chama ao palco para homenageá-los, assim como
toda a diretoria. E, para brindar o encontro, Glauco ergueu a taça, sendo
acompanhado pelos convidados ao
som do músico italiano, Peppino Di
Cappri, com “Champagne”.
Revista AMF
Victor Machado e Flávia
Wilson, Norma Mattos, Marina e Thiago
Felipe Peixoto e Glauco Barbieri
Carlos Alberto Martins e Flavio Martins
José Luiz e Regina Santos
Beto da Pipa e Marcia Guimarães
Ane e Paulo Bastos
Glauco Barbieri, Gustavo Campos e Alkamir Issa
Katia e Claudio Cardoso
Nedio e Delva Mocarzel
Flavia Caetano e José Luiz Paschoal
Depoimentos que permearam
a festa dos médicos, no Country
Club de Niterói:
Dilson Reis e Simone Oliveira
Comte e Magda Bittencourt
Valéria Patrocínio, Ralph e Helena Yamaguti
Revista AMF
Andreia e Falcão
“Esse é o resultado de uma luta que
a gente vem tratando no Conselho,
na Associação Médica, e que acaba
unificando a classe. A festa pode
não ser considerada um coroamento
completo, mas sinaliza que os frutos já
estão sendo colhidos.”
Alkamir Issa, secretário Municipal
de Saúde de Niterói, sobre os
avanços experimentados pela
classe médica depois de anunciada
a aprovação do ato médico, há um
ano, e o que representa a festa.
Jun/Ago - 10 - 17
Eliane e Eduardo Duarte
“Realmente, o que nós temos para comemorar é a atuação do médico, sua
dedicação e esforço. Afinal, o que os governos investem ainda é pouco diante
das condições de trabalho que o médico enfrenta e a baixa remuneração. Isso
são coisas que ainda estão aquém e precisam ser melhoradas. Com muita luta,
existem alguns avanços, mas ainda é pouco.”
Carlindo Machado e Silva, presidente da Sociedade Médica do Estado
do Rio de Janeiro (SOMERJ), que falou ainda sobre os nove anos de
realização da festa, considerada uma referência entre profissionais e
patrocinadores.
“Nossas causas são sempre muito nobres porque quando o médico é bem
remunerado e trabalha com condição, quem lucra é a população, a saúde
pública.”
Luís Fernando Moraes, presidente do Conselho Regional de Medicina do
Estado do Rio de Janeiro, destacou a festa refinada e chique como uma
forma de proporcionar a confraternização de todos, além da troca de
ideias.
Renata e Claudio Ortega
Sandra e Walter
“A festa representa uma união dos médicos, mas de um modo diferente de
comemoração, celebração. É, acima de tudo, o reconhecimento de um trabalho
que gera orgulho. Nós quanto médicos, um dia estudamos e juramos para
sermos médicos e precisamos estar juntos, criando cada vez mais condições de
termos um bom local de trabalho e o reconhecimento da população pelo que
realizamos. No momento, que estamos aqui, conseguimos simbolizar isso tudo.”
Ilza Fellows, diretora do Hospital de Clínicas de Niterói, refletiu ainda
sobre a necessidade da classe estar junta em um firme propósito de lutar
por melhores condições de trabalho.
“Ser médico...
Ser médico é um ato altruísta da prática do bem. Participar do congraçamento
com a classe médica é elevar, ao ponto máximo, o exercício da benevolência na
Associação Médica Fluminense.
Somos a profissão mais antiga e, ao mesmo tempo, a mais moderna, pois
sempre elaboramos a atividade para melhorar a qualidade do ser humano.”
Savio Tinoco - Diretor do Hospital Icaraí
Ismênia Martins, Emanuel Decnop e Maria
Angela
Aline Biz e Natache A. Andreolli
Banda Soul de Quem Quiser animou a festa
18- Jun/Ago - 10
Revista AMF
tecnologia
O
Ronaldo Curi Gismondi*
O Google Knol®
O Google™ parece uma fonte
inesgotável de surpresas. Acompanhar
o trabalho dos desenvolvedores dessa
empresa revela uma novidade a cada
dia. Já não bastassem as inúmeras
ferramentas que fazem parte do diaa-dia das pessoas, como o Gmail®,1,
Orkut®,2, Buscas®,3, descobre-se equipes trabalhando em novas e fascinantes iniciativas.
Em um domingo chuvoso, estive a
navegar no Mundo Google™, como
costumo chamar o trabalho coletivo
desenvolvido por essa empresa e seus
colaboradores. Destaquei algumas iniciativas, entre novos serviços a serem
oferecidos, softwares, etc, os quais
apresentarei em sucessivas matérias na
Revista AMF.
Hoje vamos abordar o Google
Knol ® , 4 , que se constitui em uma
base de artigos e textos, escritos por
especialistas em assuntos os mais variados, os quais são disponibilizados
aos usuários, através de http://knol.
google.com.
Na página inicial do Google Knol,
o usuário poderá optar por uma língua
diferente do inglês; essa opção deve
ser feita no rodapé da página. Para
a elaboração deste artigo, considerese que foi feita a opção pelo idioma
português.
A tela inicial, de http://knol.google.
com encontra-se exibida na Figura 1.
Pode-se observar que o usuário conta
com a interface de busca do próprio
Google para procurar textos do seu
interesse, baseado em termos que
podem estar no título ou conteúdo
dos artigos. No canto superior direito,
observam-se as categorias mais popu20 - Set/Dez-10
lares, ou seja, aquelas que dispõem de
maior números de artigos.
Ainda na Figura 1, observe-se, no
canto superior direito, a expressão
“Fazer login”. Neste caso, o usuário
poderá utilizar seu endereço eletrônico
e senha do Gmail®, ou de outro serviço do Google™, para registrar-se no
sistema, quando então novas opções,
espera-se, estarão disponíveis.
A página inicial do Knol® exibe
textos e artigos sobre assuntos variados, além de disponibilizar acesso
àqueles “mais discutidos”, “mais
vistos”, “mais votados”, “o que há de
novo?”, dentre outras opções.
O mais interessante, contudo, será
buscar por textos de interesse, com
base na busca por palavras. Apenas a
título de exemplo, procedeu-se a uma
busca pelo termo “mata atlântica” (o
acento é opcional). Observe-se, na
Figura 2, os seis primeiros textos recuperados, com dados relativos à data
de elaboração, número de versões
publicadas, número de vezes em que
foi consultado, o que serve para orientar o usuário. Se a figura pudesse ser
maior, para baixo, o leitor veria outros
artigos; isso será fácil de conferir, através de um exercício, com seu próprio
navegador Internet.
Este artigo é breve, porém apresenta um repositório de informações,
acompanhado por um mecanismo de
busca que poderá, a conferir, ser muito
útil em estudos nos diferentes níveis. O
autor deixa ao leitor o sabor e a tarefa
de testar bastante o serviço, que ainda
se encontra em sua fase experimental
Figura 1. Página inicial do Google Knol®.
Revista AMF
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Figura 2. Resultado da busca por “mata atlântica”, no Google Knol®.
1. Google Gmail. [online] Disponível
na Internet via WWW. URL: http://www.
gmail.com, julho de 2010.
2. Orkut. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.orkut.
com, julho de 2010.
3. Google Search. [online] Disponível
na Internet via WWW. URL: http://www.
google.com, julho de 2010.
4. Google Knol. [online] Disponível na
Internet via WWW. URL: http://knol.
google.com, julho de 2010.
Observação: todas as marcas e
produtos eventualmente citados são de
propriedade de seus respectivos fabricantes, editores ou detentores.
Endereço do Autor: Ronaldo Curi
Gismondi – [email protected]
para isso se encontram na página
inicial do serviço.
Vale a pena utilizar! Boa navegação a todos e até o próximo número.
* Médico, professor adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e
Membro Titular da Academia Fluminense de Medicina.
de desenvolvimento e, por isso, é chamado de versão “beta”.
Por último, o leitor poderá contribuir com a base de dados; instruções
Revista AMF
Set/Dez-10 - 21
artigo científico
Jane Marcy Neffá Pinto*
PSORÍASE: uma visão atual
A
A Psoríase é uma doença inflamatória, eritemato-escamativa, de evolução crônica, com predileção pelo acometimento da pele e articulações. Trata-se de uma doença multifatorial onde fatores genéticos (loci PSORS 1 a 7) e influências
ambientais levam à disfunção imunocelular, responsável
pelo quadro inflamatório. Apresenta caráter recidivante e
pode levar a grandes repercussões clínicas sistêmicas, que
envolvem diferentes comorbidades como elevado risco de
doença cardiovascular, diabetes, depressão, doença de
Crohn e mortalidade.
O impacto negativo na qualidade de vida e sua alta
prevalência fazem da psoríase uma doença de caráter psicosocial muito importante.
A adequada compreensão dos mecanismos imunomediadores, como a ativação do linfócito T pela sua interação com
células apresentadoras de antígenos (células de Langerhans
da epiderme) que têm na sua superfície vários receptores
(IL-1, IL-6, IL 17A, IL22, TNF-2, INF- , GM-CSF, receptor Fc
para IgG e IgE) os quais expressam moléculas de adesão,
integrinas, e ainda secretam citocinas, as quais vão estimular
a imunidade mediada por células (TH1), a imunidade humoral (TH2) e ainda uma linhagem de células T (TH17) que
são ativadas por células CD4. O equilíbrio entre TH1, TH2,
TH17 são orquestrados pelas citocinas, desencadeando a
doença com seu caráter inflamatório e variadas apresentações clínicas.
A severidade da Psoríase pode ser observada pela área
afetada da pele: leve: 5%; moderada: 5% a 10%; e grave:
mais de 10%. Apresenta grande polimorfismo de lesões
cutâneas: infiltradas, eritemato-escamosas, pruriginosas e
os tipos clínicos são lesões em placa, 90% dos casos, gutata
e pustular. O comprometimento ungueal apresenta lesões
como: depressões cupuliformes, onicólise, onicodistrofia e
anoníquia. As lesões de mucosas e semimucosas são raras e
inespecíficas. A forma generalizada da doença cutânea é a
psoríase eritrodérmica com manifestações sistêmicas como
febre, taquicardia e linfadenopatia.
Vale lembrar as formas pustulosas como a Psoríase generalizada (Von Zumbusch), que caracteriza-se por febre alta,
erupção súbita generalizada, pústulas estéreis e manifestações sistemicas. A acrodermatite contínua de Hallopeau
acomete mãos e pés formando pústulas ou lagos de pus, um
curso crônico sem tendência a remissão espontânea.
Devemos considerar que 10 a 20% dos pacientes com
psoríase podem cursar com artrite.
Com relação ao tratamento, até o final do século XX a
psoríase foi considerada por muitos pacientes e médicos
como uma pura doença de pele, a ser tratada com diversas
terapias tópicas (corticosteróides, análogos da vitamina D,
22 - Set/Dez-10
Jul/Set-09
l d
l
d luz
l
coaltar, LCD, antralina e imunomoduladores,
além
da
ultravioleta, ou ambos). Embora essas terapias beneficiem
pacientes com psoríase leve a moderada, elas tinham eficácia limitada e potencial de efeitos adversos. A terapia sistêmica amplamente utilizada (metotrexato), obteve eficácia no
tratamento da psoríase, mas a dose cumulativa foi limitada
pela toxicidade hepática. Em geral, a acitretina era mais
segura do que o metotrexato, no entanto ambas as drogas
são contra-indicadas durante a gravidez. A terceira droga
sistêmica aprovada para a psoríase grave foi a ciclosporina,
que foi muito eficaz, mas a duração do tratamento foi limitada pelo potencial a hipertensão, lesão renal e pan-supressão
do sistema imunológico, podendo levar ao aumento das
infecções oportunistas e doenças malignas.
O século XXI marcou o início de terapias mais específicas
para a psoríase, ou seja, agentes biológicos. O primeiro destes agentes, alefacepte, afeta o tráfico de células T e, como
as outras drogas nesta classe, o efalizumabe beneficiou a
pele, mas não as articulações. Quando o fator de necrose
tumoral alfa foi identificado como mediador da psoríase
e artrite psoriásica, inibidores desta citocina (etanercepte,
infliximabe e adalimumabe) foram aprovados para ambos
os transtornos, oferecendo benefícios concomitantes para a
pele e as articulações.
Mas, recentemente, foi identificado que as interleucinas
12 e 23 possuem um papel importante na fisiopatologia da
psoríase. A administração subcutânea de ustequinumabe, um
anticorpo monoclonal humano específico para a proteína
p40 das interleucinas 12 e 23 que se ligam com alta afinidade, evitando assim a interação com o seu receptor IL-12R
β, tem boa eficácia na psoríase moderada e grave.
Os biológicos são medicações de primeira linha, não de
primeira escolha, e devem ser usados em pacientes graves,
especialmente aqueles com acometimento articular, os que
já tenham tentado as terapêuticas tradicionais ou com grave
comprometimento da qualidade de vida.
O protocolo terapêutico, aprovado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, é de grande ajuda e eficaz. Inicialmente, tratamos os pacientes com as medicações que sempre utilizamos. Porém, quando estas não mais apresentam resultado
ou apresentam efeitos colaterais que impossibilitem seu uso,
optamos pelos biológicos, procurando evitar a banalização do
seu uso. A abordagem multidisciplinar do paciente psoriásico
é a opção ideal para controle da doença e suas comorbidades. No sentido de trocar e somar experiências sobre indicações e resultados com o uso de biológicos, foi criado o grupo
brasileiro de biológicos (GBB), que se reúne regularmente,
buscando melhor acompanhamento dos nossos pacientes.
* Dermatologista e Médica Homenageada do Ano
Revista AMF
artigo científico
V
VACINAS
para ZOSTER e para INFLUENZA
Vamos abordar aqui os conceitos atuais sobre duas vacinas para adultos e idosos que apresentaram novidades nos
últimos meses.
A vacina para prevenção de herpes zoster e por consequência de neuropatia pós-herpética, que é uma novidade
promissora, já que este mal acomete tantos pacientes e nós,
médicos, sabemos quanta morbidade traz.
Também analisaremos as vacinas para Influenza, que
tem sido objeto de muitas perguntas por parte dos pacientes, bem como as novas determinações para esta, após o
aparecimento da pandemia da assim chamada gripe suína.
INFLUENZA
Atividade da influenza – Os Centros de Controle
de Doenças (CDC), em colaboração com a Organização
Mundial da Saúde e sua rede de Laboratórios de referência,
traçam a atividade da doença e os vírus influenza isolados
através do mundo, assim também programam a composição
da vacina a ser desenvolvida para o ano seguinte.
Desenho da Vacina – É uma característica do vírus
influenza sua alta taxa de mutação e isto compromete a capacidade do sistema imune de oferecer proteção contra as novas
variedades. Em consequência, novas vacinas são produzidas,
anualmente, na tentativa de produzir imunidade contra os vírus
que circularão no ano seguinte. O vírus influenza A é o que
apresenta maior variabilidade das glicoproteínas da sua superfície (a hemaglutinina e a neuraminidase). Variações menores
destas ocorrem todos os anos e induzem novos surtos de gripe.
Variações maiores ocorrem esporadicamente e são responsáveis pelas grandes pandemias, como vimos recentemente em
relação a assim chamada gripe suína. As cepas que circulavam
antes eram H3N2 (indicando o tipo de hemaglutinina e neuraminidase), e a gripe suína foi provocada por um vírus H1N1,
com as consequências de uma pandemia que todos nós pudemos acompanhar. Existem entre os vírus influenza A que afetam
humanos três tipos de hemaglutininas (H1, H2, H3) e dois
tipos de neuraminidase (N1 e N2) Nas aves e outros animais
existem outras hemaglutininas como, por exemplo, no caso da
assim chamada gripe aviária, o vírus H5N1 que também afetou
humanos de forma localizada e não pandêmica.
A OMS e outras instituições mundiais recomendaram que
a vacina para influenza a ser utilizada no hemisfério norte, na
estação 2010/2011, incluísse os seguintes antígenos virais
na sua composição:
A / Califórnia/7/ 2009 (H1N1) (contra o H1N1 pandêmico)
A/Perth/16/2009 (H3N2)- vírus (contra o vírus influenza
sazonal)
Revista AMF
José Luis Reis Rosati*
B/Brisbane/60/2008-contra influenza B vírus
Normalmente a vacina é desenhada assim, contra vários
tipos, incluindo vírus A e B.
São citados ainda, o local onde a amostra foi isolada, o
número da amostra, o ano e a composição antigênica do
vírus A.
Para o hemisfério Sul, com vacinação prevista entre maio
e outubro, a mesma composição foi recomendada.
O Ministério da Saúde optou pela vacina com vírus inativado sob via intramuscular, que apresenta várias vantagens
sobre a vacina de vírus atenuado para uso intranasal (LAIV),
pois esta necessita de cuidados especiais, como não aplicação em imunodeprimidos ou grávidas, o que seria uma
limitação ao programa de vacinação.
Reações adversas - As vacinas inativadas são em geral
bem toleradas com efeitos adversos, ocorrendo, em cerca de
6 a 19 % (com exceção de sintomas no local da aplicação),
taxas estas similares ao placebo. Como os vírus são incubados em ovos, há pequena quantidade de proteínas do ovo
nestas vacinas o que pode provocar alergia. A história de
alergia a ovo é uma contraindicação relativa à vacina.
Dor ou maior sensibilidade no local da injeção é sentida
por 64% dos vacinados. Outros efeitos colaterais consistiram
em febre baixa e sintomas gripais leves por 8 a 24 horas,
após a imunização.
Um aumento do risco de síndrome de Guillain Barré foi
associado com a vacinação para influenza em determinados
anos, porém este risco é considerado muito menor que o
risco da não vacinação. Não houve relato de aumento desse
risco durante a vacinação para a gripe H1N1 recente.
Indicações – Até 2010, a vacinação para influenza era
feita nos indivíduos acima dos 60 anos e naqueles portadores de doenças crônicas, além dos contatos próximos destes
e dos profissionais de saúde. Embora a gripe seja uma
doença em geral leve e bem tolerada, nos grupos citados
há significativo aumento da morbidade e mesmo mortes.
Após o aparecimento da gripe H1N1 (assim chamada gripe
suína), em 2009, houve mudança na recomendação de vacinação, tendo as autoridades de saúde, nos EUA, passado
a recomendar a vacinação para toda a população, a partir
dos 6 meses de idade. O mesmo fez o Ministério da Saúde
no Brasil com relação à vacina contra o vírus H1N1, tendo
sido comemorada, com razão, a vacinação de mais de 80
milhões de pessoas em todo território nacional.
Os indivíduos em risco aumentado ao contraírem influenza são:
• Os acima de 60 anos, especialmente se portadores de
comorbidades;
• Residentes em casas de repouso ou lares geriátricos, de
Set/Dez-10
Jul/Set-09 - 25
qualquer idade, que possuam doenças crônicas;
• Adultos com doenças crônicas como:
• Doenças pulmonares, incluindo asma
• Doenças cardiovasculares (exceto hipertensão isolada)
• Doença maligna ativa
• Insuficiência renal crônica
• Hepatopatia crônica
• Diabetes melito
• Hemoglobinopatias, como anemia falciforme
• Transplantados de medula óssea
• Imunossupressão, incluindo HIV, particularmente se
com CD4 < 200 cel / microL, portadores de doenças inflamatórias, tratados com imunossupressores.
• Adultos com qualquer doença neurológica que possa
comprometer o manejo de secreções respiratórias, como
trauma raqui medular, disfunção cognitiva, doenças neuromusculares, risco de crises convulsivas entre outros;
• Mulheres grávidas ou que possam engravidar durante a
estação da influenza;
• Qualquer pessoa que deseja reduzir o risco de influenza
em si ou de transmiti-la.
A vacina para influenza inativada pode ser dada com
segurança para imunodeprimidos e não há evidência de que
exacerbe doenças neurológicas crônicas, como a esclerose
múltipla.
Pode ainda ser dada a indivíduos com sintomas respiratórios menores, mas não deve ser aplicada em pacientes
com doença febril aguda até que os sintomas estejam
resolvidos.
Contraindicações - É prudente não vacinar indivíduos
que tiveram síndrome de Guillain Barré nos seis semanas
após vacina de influenza dada em anos anteriores. Não
deve ainda ser aplicada nos pacientes com alergia a ovo, a
não ser em casos muito específicos a serem analisados pelo
médico assistente, pesando riscos e benefícios.
CASOS ESPECIAIS
Grávidas - As grávidas têm preocupação de que a
vacina não provoque problemas para seus filhos. Nas
avaliações feitas em grávidas da vacina para o vírus
H1N1, esta foi geralmente bem tolerada não tendo
mostrado problemas para mães ou fetos, mesmo as que
contem thimerosal.
Este grupo teve morbimortalidade aumentada durante a
pandemia H1N1 (gripe suína) sendo grupo prioritário para
vacinação e para atenção especial em caso de doença.
Vacinação para Pneumococo - Durante os surtos de
influenza, a vacinação contra o pneumococo pode ser útil
na prevenção das infecções bacterianas secundárias entre os
infectados, devendo-se vacinar os grupos de risco.
Vacinação conjunta - A vacinação contra a gripe sazonal não imuniza contra a H1N1pandêmica e vice versa.
A novidade é que agora ambas vacinas são apresentadas
numa mesma injeção, tornando desnecessária a vacinação
em duas etapas para os que
Crianças abaixo de 10 anos – embora este trabalho
foque nos adultos e idosos, a recomendação é que crianças
abaixo dos 10 anos de idade recebam duas doses com, no
26 - Set/Dez-10
Jul/Set-09
mínimo, 21 dias de intervalo entre elas, de forma diferente
das demais faixas etárias onde se recomenda apenas uma
dose
VACINA NO BRASIL
Vacina - informações importantes sobre a vacina
O Ministério da Saúde adquiriu as doses da vacina
contra a Influenza H1N1 de três laboratórios: Glaxo Smith
Kline (GSK), SANOFI Pasteur (em parceria com o Instituto
Butantan) e Novartis, que são fornecedores de vacinas para
todos os países. Estes laboratórios já tinham experiência
com a produção da vacina contra os vírus de Influenza sazonal (vacina administrada anualmente nos idosos no Brasil),
e investiram em tecnologia num processo de preparação
para a produção de uma vacina para a prevenção do vírus
pandêmico (H1N1).
A vacina é segura e já está em uso em outros países,
não tendo sido observada uma relação entre o uso da
vacina e a ocorrência de eventos adversos graves. A OMS
estima que foram distribuídas cerca de 80 milhões de doses
da vacina contra a Influenza pandêmica e até o final de
novembro foram vacinadas aproximadamente 65 milhões
de pessoas. A grande maioria do que vem se apresentando
se assemelha à vacina sazonal administrada em idosos, que
são reações leves: dor local, febre baixa, dores musculares,
que se resolvem em torno de 48 horas.
A vacina registra uma efetividade média maior que 95%.
A resposta máxima de anticorpos se observa, entre o 14º e
o 21º dia, após a vacinação. No Brasil, está sendo utilizada
a vacina injetável, administrada por via intramuscular, ou
seja, com a introdução da solução dentro do tecido muscular. O Ministério da Saúde orienta que a população busque
a vacina em lugares seguros e faça denúncias em caso de
dúvidas sobre sua procedência, distribuição e uso.
Sumário
A vacina para influenza A pandêmica H1N1 é, em geral,
segura e bem tolerada, sendo indicada, atualmente, para
todas as pessoas acima dos seis meses de idade. Isto representou uma grande mudança na indicação pois antes de
2010 só se vacinavam as faixas consideradas de risco como
descrito anteriormente.
Após encerrarmos esta revisão, a Organização Mundial
da Saúde lançou informe sobre o controle da pandemia de
influenza H1N1. Talvez, com isso, a normatização atual de
vacinar grande parte da população mude para o próximo
ano e volte a ser apenas direcionada às populações de
risco, pois sempre são levados em consideração os altos
custos destas campanhas de vacinação em massa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Up To Date . com , janeiro 2010
1- Seasonal influenza vaccination in adults
Author - Patricia L Hibberd, MD, PhD / Section Editor - Martin S Hirsh, M D / Deputy Editor - Anna R Thorner, MD
2- Pandemic H1N1 influenza (‘swine influenza’) vaccine
Author - Anna R Thorner, MD / Section Editor - Martin S
Hirsch, MD / Deputy Editor - Barbara H McGovern, MD
3- Site Ministério da Saúde do Brasil - www.saude.gov.br
Revista AMF
VACINA PARA ZOSTER
Tipo de vacina - vacina de vírus vivo atenuado.
Indicações - Prevenção de herpes zoster em pacientes
acima dos 60 anos .
Reduz a incidência de neuralgia pós herpética.
Nome - Zostavax. Fabricante- Merck apresentação –
frascos para aplicação subcutânea
Administração - aplicar um frasco (0,65 ml) Via
subcutânea na região deltóidea. No máximo 30 min após
reconstituição. O zostavax é estocado congelado e deve ser
reconstituído imediatamente, após retirada do congelador.
O diluente é estocado separadamente, à temperatura ambiente ou na geladeira.
A vacina demonstrou eficácia por quatro a cinco anos e
é incerta necessidade dose de reforço após este prazo.
Reações adversas - É em geral bem tolerada e eventos adversos sérios são comparáveis aos do placebo. Mais
frequentemente encontra-se discreta reação no local da aplicação em cerca de 1/3 dos casos (eritema, dor e aumento
de volume). Menos frequentemente há prurido (6,6%), hematomas (1,4%), febre baixa (1,5%) e cefaléia (1,4%).
Raramente (menos de 2% dos casos) ocorre quadro
gripal, podendo haver febre, diarréia, coriza, erupções
cutâneas e astenia.
Como se trata de vacina com vírus vivo , atenuado, não
se deve usar em pacientes em uso de imunossupressores ou
corticosteróides em altas doses.
O uso desta vacina é contraindicado em pacientes
alérgicos a neomicina, gelatina ou outros componentes da
vacina. Pacientes imunossuprimidos, com tuberculose ativa,
gravidez, ou possibilidade desta em 1 mês.
Revista AMF
Quanto à efetividade clínica geral da vacina , considerase que previne herpes zoster em 51% e neuralgia pós herpética em 39% dos casos. A efetividade é maior na faixa
etária dos 60 aos 79 anos, decaindo após e não sendo tão
significativa após os 80 anos. Nestes casos houve redução
em apenas 18% da incidência de HZ.
Em geral a vacina para herpes zoster é bem tolerada e
proporciona proteção em cerca de metade dos vacinados e
diminui o risco de neuralgia pós-herpética.
Esta vacina NÃO deve ser confundida com a vacina para
varicela e NÃO deve ser dada para crianças
A vacina para Zoster é recomendada para pessoas acima
dos 60 anos, incluindo os que relatarem episódio prévio de
Zoster ou que tenham doenças crônicas (exceto as contraindicações já citadas). Pode ainda ser dada a pacientes que usam
doses mais baixas de corticosteróides (por exemplo, menos de
20 mg de prednisona ao dia). Não há necessidade de testes
sorológicos para se determinar imunidade para varicela ou
mesmo informação sobre varicela na infância. Não há certeza
sobre necessidade de dose de reforço.
REFERÊNCIAS
Rothberg MB, Virapongse A, Smith KJ. Cost effectiveness of a
vaccine to prevent herpes zoster and postherpetic neuralgia
in older adults. Clin Infect Dis, 2007, vol 44 : 1280-8
Oxman MN, Levin MJ, Johnson GR, et al. A vaccine to prevent herpes zoster and postherpetic neuralgia in older adults.
N Engl J Med , 2005 vol 32: 2271-84
Advisory Committee on Immunization Practices [ACIP] Prevention of Herpes Zoster; MMWR 2008 vol 57: 1-30
* Mestrado em Medicina (UFF) e Doutorado em Medicina
“Doenças Infecciosas” (UFRJ)
Set/Dez-10
Jul/Set-09 - 27
sindicato
Clóvis Abrahim Cavalcanti*
Pedidos de
NATAL
Papai Noel:
Precisamos de uma visão mais global de tudo o que esta
acontecendo.
Urge um maior fortalecimento da classe, assim como,
uma maior valorização de nosso Sindicato, que continua
mantendo acesa, a duras penas, a chama da dignidade
médica.
Precisamos da união da classe para lutarmos pela valorização da nossa sublime função de curar, minimizar sofrimentos, salvar, devolver sorrisos, terminando com a tristeza e
com a dor, dando mais dignidade de vida aos que padecem
por falta de acesso aos tratamentos, aos medicamentos e,
por conseguinte, à cura.
Precisamos acordar definitivamente para os baixos salários que recebemos, não condizentes com a nossa profissão.
Precisamos de tempo para nós mesmos e para nossa
família, assim como, para darmos continuidade aos estudos
atualizados, tão necessários na arte de curar.
Precisamos de tempo para tratamento médico, pois também adoecemos e envelhecemos.
28 - Set/Dez-10
Jul/Set-09
Precisamos demonstrar para todos, sem exceção, que
apesar dos baixos salários, e das péssimas condições de
trabalho, continuamos atendendo aos pacientes, pela honra
da medicina.
Precisamos lutar pelos médicos aposentados que, após
dedicar toda sua vida pela medicina e pelos seus semelhantes, se aposentam com salários miseráveis, sem que consigam levar uma vida digna.
Precisamos de férias como qualquer trabalhador, sem a
preocupação na queda de nossos vencimentos.
Enfim, precisamos de tantas outras coisas importantes
para nós, nossa família e para nossos pacientes, que deixarei
o bom velhinho, que tudo sabe e sempre lembra dos seus
filhos, deixar os presentes que nos faltam, desejando a todos
um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, com muita paz,
felicidade, melhores salários, mais medicamentos e equipamentos e que a Saúde Pública saia da UTI.
Que o idealismo não seja substituído pela desesperança!
Visite o nosso site! - www.sindmedniteroi.org.br
* Presidente do SINMED
Revista AMF
unimed
Carlos Roberto Ferreira Jardim*
Prezados colegas,
O cenário atual reserva muitas oportunidades para os
empresários em nosso país: aumento de renda da população, em especial das classes c e d, e estabilidade e crescimento econômico, o que gera condições favoráveis para o
desenvolvimento das empresas. Ao lado destas oportunidades residem inúmeros desafios que exigem muito cuidado:
a alta carga tributária, a informalidade em vários setores e
a carência em infraestrutura. De todos esses, o mais estimulante está no próprio cerne do ambiente empresarial: a
competitividade entre as empresas.
Nesse contexto, a cooperação entre as empresas tem se
destacado como um meio capaz de torná-las mais competitivas. Fortalecer o poder de compras, compartilhar recursos,
combinar competências, dividir o ônus de realizar pesquisas
tecnológicas, partilhar riscos e custos para explorar novas
oportunidades e oferecer produtos com qualidade superior
e diversificada são estratégias cooperativas que têm sido
utilizadas com mais frequência, anunciando novas possibilidades de atuação no mercado.
Varias dessas estratégias cooperativas ganham um caráter formal de organização e caracterizam-se como “Empreendimentos Coletivos”. A legislação brasileira possibilita várias modalidades de formalização desses empreendimentos.
Destacam-se as Associações, as Cooperativas, as Centrais
de Negócios, os Consórcios de Empresas, as Empresas de
Revista AMF
Participação Comunitárias, as Sociedades de Propósito Específico e a Sociedade Garantidora de Crédito, entre outras.
Aprender a trabalhar em conjunto, estabelecendo e mantendo relações de parceria, passa a ser uma nova fronteira
para ampliar a competitividade das instituições.
A Unimed Leste Fluminense, seguindo esta tendência em
seu planejamento estratégico, procurou contemplar essas
diretrizes e levar a experiência bem sucedida do modelo
cooperativista para as instituições de classe da nossa região,
lutando pela UNIÃO MÉDICA, com gestão compartilhada
na Associação Médica Fluminense - CASA DO MÉDICO,
em Niterói.
Saudações cooperativistas,
* Diretor presidente da Unimed Leste Fluminense
Set/Dez-10
Jul/Set-09 - 29
artigo
OS CINCO PASSOS
O
Os métodos diagnósticos, como ecocardiograma, colordoppler, estudos vasculares, teste ergométrico em esteira
computadorizada (prova de esforço), M.A.P.A. 24h, eletrocardiograma de repouso e dinâmico (sistema Holter), são
exames fundamentais para o diagnóstico e o acompanhamento de diversas doenças. Para se ter uma idéia do quanto
esses exames são essenciais, eu costumo compará-los à
importância da ultra-sonografia para a mulher grávida. E o
que o ultra-som faz? Nos permite acompanhar a gestante,
ainda que ela não apresente nenhum sintoma de problemas
na gravidez. O que, como sabemos, não descarta a possibilidade de o bebê ter alguma doença grave, que só será
detectada precocemente através do exame.
Através dos meus mais de 30 anos de experiência na
área da cardiologia clínica, acredito que é imprescindível
fazer exames preventivos ao longo de toda a vida, desde
antes do nascimento e independentemente da manifestação
de quaisquer sintomas, baseando-se principalmente no histórico de doenças na família (genética).
Os métodos diagnósticos mais complexos e resolutivos
foram incorporados de maneira definitiva ao cenário da
medicina a partir dos anos de 1980, mas, ainda assim, as
pessoas não adquiriram o hábito de praticar a prevenção
quando o assunto é saúde. Sempre me preocupou muito o
desconhecimento que as pessoas têm do próprio corpo, da
saúde e da história familiar (genética). Com a realização de
exames simples e baratos, podemos nos antecipar à doença
e agir de maneira curativa e não paliativa, quando nada
mais pode ser feito, além de aliviar os sintomas manifestos.
Sobre a prática desenfreada de exercícios sem um
acompanhamento médico, mostro-me bastante preocupado. Crianças e jovens também podem ter doenças graves,
mas, muitas vezes as pessoas se esquecem disso. É comum
jovens praticarem exercícios sem saberem se têm patologias que podem por em risco as suas vidas. Estimula-se
a prática de atividades físicas, mas se esquece de advertir
que é indispensável fazer um check-up antes de dar início a
qualquer atividade. Através da realização de alguns exames
e do diagnóstico precoce de doenças, podemos evitar o que
temos visto hoje - jovens protagonizando cenas de morte
súbita em campos de futebol, piscinas e academias.
Por tudo isso, aconselho a população a praticar o que
chamo de “OS CINCO PASSOS DA MEDICINA PREVENTIVA”:
1) REALIZAR UM CHECK-UP ANUAL, mesmo que
não haja sintoma de quaisquer doenças, conforme as seguintes recomendações:
a. Crianças: do pré-natal aos 14/15 anos de idade 
Pediatra (todo ano)
b. Jovens: dos 15/16 anos aos 35 anos  Clínico
Geral (todo ano)
30 - Set/Dez-10
Jul/Set-09
Luiz Carlos Pacheco*
DA
SAÚDE
Q
E
c. Adultos: dos 35 anos aos 120 anos  Quatro
Especialistas (todo ano):
c.1 - Ginecologista (mulheres) / Urologista (homens)
(todo ano)
c.2 – Oftalmologista (todo ano)
c.3 – Gastroenterologista/Clínico Geral (todo ano)
c.4 – Cardiologista (todo ano)
Lembrem-se: estamos querendo trabalhar a prevenção
dos diversos órgãos do corpo humano, como se trabalha no
preventivo ginecológico.
2) CONHECER O HISTÓRICO DE DOENÇAS DA
FAMÍLIA (genética): é muito importante o conhecimentos das diversas doenças nos familiares (avós, irmãos, tios
de primeiro grau e, principalmente, pais) como auxílio no
diagnóstico médico.
3) GUARDAR TODOS OS EXAMES REALIZADOS
DURANTE A VIDA, em uma pasta própria (prontuário
de saúde), que deverá ser levada a toda consulta (com
qualquer especialista), na realização de exames, cirurgias,
nos atendimentos em serviços de emergência, nas consultas
ambulatoriais, etc.
4) MUDAR HÁBITOS NÃO-SAUDÁVEIS DE VIDA,
tais como fumo, exagero na bebida alcoólica, má alimentação (abusos no sal, frituras/gorduras, doces, etc).
- A participação do paciente, ao meu ver, representa
50% do sucesso nos tratamentos. Como controlar doenças
como diabetes, hipertensão arterial, aterosclerose, obesidade, etc, sem uma alimentação saudável e sem controle
do estresse? É fundamental uma orientação nutricional e
psicológica, desde o pré-natal, até aos 120 anos de idade,
no tratamento das diversas doenças e, principalmente, na
prevenção das enfermidades. Recomendo: sempre de olho
na história das doenças em familiares.
5) PRATICAR ATIVIDADES FÍSICAS REGULARMENTE - pelo menos 4 a 5 dias na semana e de forma contínua
por 30 minutos a 1 hora.
- O combate à vida sedentária é muito importante no
tratamento de diversas doenças (acidente vascular cerebral,
infartos, diabetes, obesidade, períodos pós-operatórios
diversos, pós-angioplastias, etc), porém é muito mais importante fazê-lo com o objetivo de prevenir estas mesmas
doenças. Nesse sentido, a orientação de profissionais especializados em cultura física e/ou reabilitação cardiovascular
é extraordinariamente importante.
Quando a pergunta é: ‘o que fazer com exames antigos?’, sou taxativo. Considero criminoso jogar exames fora.
Eles devem ser “guardados em mãos” eternamente, servindo
inclusive para os filhos, netos e sobrinhos de primeiro grau
dos pacientes para prevenção, diagnóstico e tratamento
das diversas doenças. Da mesma maneira, acredito que,
hoje em dia, o primeiro documento de uma pessoa não é
Revista AMF
a certidão de nascimento, mas a sua ultra-sonografia. Ou
seja, tento passar para os meus pacientes que todo exame
deve ficar numa pasta, pen drive ou CD, que é o seu prontuário de saúde. Com esses exames em mãos, como se
fossem passaporte ou documento de identidade do carro ou
carteira de motorista quando você está dirigindo, o paciente
facilita o trabalho do médico. Em qualquer lugar do mundo,
este pode, através de comparações, acompanhar a evolução da saúde do paciente, além de ter maior segurança
para proferir um diagnóstico, tanto nas cirurgias e consultas,
com qualquer especialista, como no pronto-socorro e/ou na
realização de diversos exames, como: mamografias, endoscopias, testes de esforço, eletro e ecocardiogramas, ultrassonografias, cateterismos cardíacos, radiografias do tórax,
exames de sangue, urina e fezes, enfim, todos e quaisquer
exames realizados na vida da pessoa. Não bastasse isso,
com o prontuário de saúde em mãos, barateamos os custos, tanto para o paciente quanto para os planos de saúde/
convênios, pois evitam-se as repetições desnecessárias de
vários exames e procedimentos às vezes invasivos ao corpo
humano.
À frente da SEACOR, tenho combatido com sucesso os
obstáculos à prática da medicina preventiva. Obstáculos
que nada têm a ver com os avanços da tecnologia na
área da medicina diagnóstica, mas sim com a cultura das
pessoas que não foram capazes de acompanhá-los. Muitos
pacientes ainda estão presos a um passado, quando não
existiam os meios diagnósticos que temos hoje. Antes dos
anos 80, só se procurava médico com sintomas/queixas da
evidência de uma doença, enquanto que hoje o diagnóstico precoce nos possibilita agirmos de maneira curativa e
Revista AMF
não paliativa. Além disso, tem aqueles mais temerosos: “ai,
doutor, quem procura acha”. Eles se esquecem de que os
exames não são para provocarem a doença. Se a encontramos é porque a pessoa já estava com ela, mesmo sem
sintomas. Aliás, a maioria das doenças pode não apresentar
sintomas no seu início (hipertensao arterial, diabetes, infarto,
câncer, etc). Algumas pessoas têm medo de descobrir uma
doença grave, mas elas não sabem que mesmo a doença
mais grave, quando diagnosticada precocemente, pode ser
na maioria das vezes curada.
A medicina não é uma ciência exata, logo todo cuidado
é pouco para evitarmos uma catástrofe. No nosso país, ‘preventivo’ tornou-se sinônimo de ir ao ginecologista, quando
deveria ser a necessidade de ir aos profissionais das mais
diferentes especialidades.
Para ilustrar a importância do trabalho preventivo, cito
como exemplo o caso da Maria Rita – esposa do cantor
Roberto Carlos - que descobriu um câncer tardiamente e,
mesmo com todos os recursos financeiros, nada pôde fazer.
Vejo várias famílias fazendo esse trabalho de prevenção.
Mas, o grande problema é que muitas pessoas procuram o
médico para tratar uma doença, quando o enfoque deveria
ser a prevenção. Elas agem conforme aquele ditado e esperam a porta ser arrombada para depois colocar a tranca de
ferro. Com a saúde isso pode ser fatal. Por isso investimos
tanto na prevenção. Tratar a saúde é como saborear uma
fruta, como a manga, por exemplo: antes está verde, depois, podre. E como descobrir o momento exato de intervir
numa doença? Só com a prevenção!
* Cardiologista e Médico Homenageado do Ano
Set/Dez-10
Jul/Set-09 - 31
fórum
Fórum debate desafios da
SAÚDE PÚBLICA E PRIVADA
O
O I Fórum das Entidades Médicas de Niterói, realizado,
em setembro, na Associação Médica Fluminense, reuniu
lideranças médicas, gestores e prestadores dos sistemas públicos e privados de saúde de Niterói, São Gonçalo e demais
municípios que integram a região Metropolitana II. Na pauta
do dia, os graves problemas de atendimento que afetam os
dois sistemas e as formas de melhorar esse processo. Essa é
a primeira vez que as lideranças de ambos os lados se unem,
motivados pela vontade de melhorar o desempenho de suas
atividades.
A primeira edição do fórum foi idealizada pelo Movimento União Médica, que nada mais é do que uma aliança
entre os sistemas públicos e privados da região MetroCarlos Jardim, Alkamir Issa, Alcir Chacar, Glauco Barbieri, Nedio
politana II, apoiada pela Unimed Leste Fluminense e Uni- Mocarzel e Gilberto Garrido
cred Niterói. Em seu discurso de abertura do encontro, o
presidente da Unimed Leste Fluminense, Dr. Carlos Jardim,
expressou a sua satisfação em promover o encontro, contribuindo, de alguma forma, em prol da classe médica e da
população. O presidente da AMF, Glauco Barbieri, disse
que compartilha e apoia a união de toda a classe médica
nesse movimento.
O fórum teve como palestrantes, a advogada Marta
Menezes, representando o Conselho de Defesa do Consumidor; o Dr. Rubens Antunes, que coordena a Central de Regulação, da Secretaria Estadual de Saúde da Metropolitana
II; a Dra. Ilza Fellows, que dirige o Hospital de Clínicas de
Niterói (maior hospital privado da região), e o Dr. Mário Eckert, um alto dirigente do sistema Unimed, cuja explanação
focou os desafios e o futuro da saúde suplementar. Ao final,
foi consenso entre todos os participantes a necessidade de
prosseguir com eventos como estes que tragam frutos para
a comunidade médica.
32 - Set/Dez-10
Jul/Set-09
Revista AMF
cremerj
MANIFESTAÇÃO EM COPACABANA
Médicos pedem mudanças
urgentes na saúde pública
A
A classe médica se reuniu, em Copacabana, liderada
pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de
Janeiro – CREMERJ, para clamar por melhores condições de
trabalho e salários justos. A categoria ocupou uma parte do
calçadão da Avenida Atlântica, onde distribuiu panfletos que
esclareciam a população sobre como se encontra a saúde
pública e o movimento pela valorização profissional. Estiveram presentes à manifestação, realizada no mês de outubro,
as lideranças de sociedades de especialidades médicas e de
associações médicas de bairro.
Para o presidente do CREMERJ, Luis Fernando Moraes,
é preciso lutar por condições de trabalho adequadas, assim
como vínculos profissionais estáveis e melhores salários.
Todas essas melhorias têm como objetivo proporcionar
um atendimento mais ético e de qualidade ao cidadão.
Entretanto, ele destaca que o médico tem de honrar o seu
compromisso com o paciente, acima de qualquer coisa, e,
por esse motivo, briga pela sua valorização. “Queremos
um cenário mais justo para a saúde deste Estado, deste
país”, sentenciou Moraes em meio a faixas e cartazes que
inundaram o calçadão.
O presidente da Associação Médica Fluminense, Glauco Barbieri, destacou que esse é o momento do médico
mostrar que vale muito e que o CREMERJ está trabalhando,
juntamente com outras entidades, para demonstrar o peso
que tem a saúde na sociedade. O representante do Estado
do Rio de Janeiro no CFM, Conselheiro Aloísio Tibiriçá
Miranda; o presidente da Associação de Médicos da Barra
da Tijuca, Miguel Ângelo Baez Garcia, e a Secretaria-Geral
da Associação Médica de Residentes do Estado do Rio de
Janeiro (AMERERJ), representado pela residente em cardiologia, Luisa Chuairi Cruz, completaram o coro dos que lutam
por melhores condições de trabalho.
CREMERJ marca dia dos Médicos com
festa no Citibank Hall
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ) comemorou o dia dos Médicos com uma animada festa no Citibank
Hall. O evento, ocorrido no dia 11 de outubro, teve como atração musical
o cantor Lulu Santos, que levantou a plateia com músicas memoráveis, tais
como, “Descobridor dos sete mares”, “Aviso aos navegantes” e “Dancin
Days”. Cerca de cinco mil pessoas prestigiaram a comemoração na casa
de show carioca.
Outro ponto marcante da festa foi a elegante decoração dos vários
lounges com pufes e os delicados arranjos de flores das mesas. Porém, o
que trouxe maior emoção foram os milhares de balões verdes e brancos que
caíram sobre a pista de dança ao final do show, refletindo um grand finale
para a noite badalada da classe médica.
34 - Set/Dez-10
Jul/Set-09
Revista AMF
artigo
Alexandre de Souza Vianna*
Métodos de Imagem
O
em Mastologia
O principal objetivo dos profissionais que lidam com
patologia mamária é a descoberta precoce do câncer de
mama, sendo os métodos de imagem sua principal ferramenta.
Mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética
são os métodos mais usados.
A mamografia é o principal método de rastreio do câncer de mama, diminuindo em cerca de 30% a mortalidade,
permitindo também um maior número de cirurgias conservadoras. É amplamente usada em pacientes sintomáticos para
fins de diagnósticos.
Atualmente dispomos de 2 tipos de equipamentos mamográficos: o convencional ou analógico (mamografia de
alta resolução) e o digital. Estudos realizados concluíram
que a acurácia dos dois métodos se equivale na detecção
do câncer de mama, porém, a mamografia digital mostrou
maior eficácia nas mamas densas em mulheres na pré e
perimenopausa.
A ultrassonografia é amplamente utilizada e importante
no diagnóstico do câncer de mama, auxiliando na diferenciação de nódulos sólidos e císticos, permitindo o estudo
do interior dos cistos. É utilizada, também,na avaliação de
mamas de pacientes jovens, de grávidas, lactantes, para
complementar o exame em mamas densas e avaliar implante mamário.
Outro método complementar é a ressonância magnética, cada vez mais usada por sua alta sensibilidade, principalmente nas lesões não detectadas na mamografia e na
ultrassonografia.
É indicada em pacientes de alto risco, na avaliação da
mama contralateral em pacientes com diagnósticos de
câncer de mama, nas pesquisas de neoplasia sincrônica, na
procura de lesões primárias ocultas em pacientes com axila
comprometida por câncer de mama, no esclarecimento de
achados duvidosos na mamografia e na ultrassonografia
e na determinação de extensão local de um carcinoma. É
também utilizada na avaliação de doença residual na resposta a quimioterapia neoadjuvante, na recorrência tumoral
e na integridade de próteses.
Esses métodos permitem realizar biópsia e marcação
pré-cirúrgicas de lesões não palpáveis por eles detectados
(PAAF, CORE BIOPSY e MAMOTOMIA).
Assimetria focal, distorção de parênquima e cistos com
vegetação em seu interior devem, preferencialmente, ser
agulhados para sua retirada cirúrgica.
É relevante, também, correlacionar o resultado da biópsia com o diagnóstico esperado. Em caso de resultados
discordantes, deve-se realizar nova biópsia.
* Mastologista e Ginecologista e Médico Homenageado do
Ano
somerj
Aproveito a oportunidade para ao final de mais um ano de minha gestão frente à SOMERJ, me
dirigir aos médicos de Niterói.
A AMF, uma das mais tradicionais e atuantes de nossas filiadas, vem ao longo dos meus seis anos
de mandato participando ativamente de todas as lutas encampadas pelas entidades médicas, sempre
se fazendo presente em todas as nossas manifestações.
Seu presidente, Glauco Barbieri, foi sempre presente em todos os momentos e em todos os lugares, tendo nos ajudado muito em nossa atuação à frente da Associação Médica de nosso Estado.
No momento em que nos preparamos para mais uma Festa de Final de Ano, a última em que estarei como Presidente
P d
da SOMERJ, após duas gestões à frente de nossa entidade, gostaria de trazer meu abraço, meu carinho e minha gratidão
a cada um de vocês, sobretudo, pelo apoio e amizade com que me destingiram este tempo todo.
Muito obrigado e um 2011 repleto de realizações para todos nós.
Dr. Carlindo Machado - Presidente SOMERJ
Revista AMF
Set/Dez-10
Jul/Set-09 - 35
academia fluminense
de medicina
Alcir Vicente Visela Chácar*
JÁ É TEMPO DE PENSARMOS NA
VALORIZAÇÃO DO PEDIATRA
(Carta aberta SBP)
Examinei com atenção a vossa preocupação em aumentar o período curricular de residência em pediatria de dois
para três anos. Felicito aos proponentes
pela preocupação em ampliar e melhorar o ensino na especialidade, melhor capacitando os novos profissionais que abraçam esta
profissão.
Não seria este um motivo para ampliarmos o debate sobre a
proposta em tela? Será que antes de pensarmos de forma tão parcial não deveríamos priorizar o debate em torno da valorização do
Pediatra, dando melhores condições de trabalho e respeito ao seu
ato médico? Observamos que esta é, atualmente, uma das poucas
especialidades que não possui procedimentos médicos remunerados
a nível ambulatorial!
O Pediatra é um profissional que atende desde a prevenção
através do pré-natal, passando pela puericultura, até o atendimento médico à criança propriamente dito. Mas só lhe é dado o
direito a receber uma consulta por mês, qualquer que seja o seu
diagnóstico e o tratamento a ser desenvolvido. Lembrando ainda
que ele permanece 24 horas preso ao atendimento que realizou,
dando acompanhamento, em tempo integral, não só à criança, mas
36 - Set/Dez-10
Jul/Set-09
também aos seus pais e responsáveis, para quem tudo aquilo que
foge ao comum no estado de seus filhos, se torna sempre um caso
de emergência médica, qualquer que seja o motivo ou a hora! E
tudo isso ao valor de uma só consulta mensal!
Em pediatria são raríssimos os procedimentos que podem ser
cobrados à parte, a nível ambulatorial, sendo considerados, em
sua grande maioria, como procedimentos pertinentes ao ato de
atendimento do pediatra durante a consulta médica, e não como
mais um serviço prestado por este profissional – ao contrário do que
acontece com as demais especialidades.
E por que não atentarmos também para um outro fato, ainda
mais próximo da proposta dos colegas e que me chama especialmente a atenção: por que estariam as vagas da Residência Pediátrica sobrando em vários Estados brasileiros?
Portanto, caros colegas, não seria esta uma ótima oportunidade
para repensarmos a pediatria como um todo e não apenas nos focarmos no período de residência a ser cumprido pelos novos pediatras?
Já está mais do que na hora que atentemos para a valorização
do Pediatra!!!!
* Ex-presidente da Sociedade Fluminense de Pediatria, atual SOPERJ,
Presidente da ACAMERJ.
Revista AMF
prevenção
poesia
Homenagem ao Dia do Idoso – 27 de setembro
LAR DE SÃO FRANCISCO*
O
Caminhada
da Saúde do
Procordis
O PROCORDIS, através de seu centro de estudos (CEPRO), promoveu, no dia 30 de outubro, uma caminhada
da saúde destinada a seus funcionários e colaboradores.
O movimento, realizado da Praça Arariboia até o restaurante Tibau em Piratininga, reuniu inúmeros participantes,
que receberam dos organizadores do evento todo o suporte
técnico: camisa de identificação, água, barra de cereal e
orientação sobre os benefícios desta iniciativa. De acordo
com o presidente do CEPRO, Heraldo Victer, “a caminhada
da saúde foi um sucesso!”
Sob a organização geral da enfermeira Juliana Silva e
apoio logístico e material do deputado Felipe Peixoto, que
na época era vereador, os entusiastas do esporte puderam
aprender sobre os benefícios da prática do exercício físico,
sobretudo, dos chamados aeróbicos, entre eles, a caminhada. Além de ser benéfica para o organismo, aumentando a
capacidade física e aumentando a oxigenação sanguínea
dos órgãos do praticante, ela também melhora consideravelmente o trabalho cardíaco.
Revista AMF
Thales Barbosa Pinheiro**
Num parque antigo e mal cuidado
os três conversavam bem baixinho,
comentando coisas do passado:
uma árvore, um pássaro e um velhinho.
Disse a árvore:
“Já fui tronco vigoroso,
fui amada e tive amor.
Já dei sombra e dei frutos,
tive pássaros nos ramos, tive flor.
Hoje, árvore morta, ninguém me quer,
não sou abrigo e não sou porta,
como outrora,
por onde entrava um riso de mulher.
Aqui estou, sem folhas, ressequida,
sem frutos, sem flores e sem vida.”
E disse o pássaro:
“Já fui jovem também.
O céu foi meu caminho,
a quadra azul dos meus folguedos.
Num galho teu, um dia construí meu ninho
e vivia a cantar pelos vargedos,
às matas, ao sol, à primavera!
Como doce era a vida! Como era!
Agora, pássaro tristonho,
vivo aqui, sozinho com meu pranto,
infeliz e desprezado, já não canto!”
E, por fim, disse o velhinho:
“Sob tua copa, ó árvore amiga,
eu me escondi da tempestade.
Ouvi a música do ninho
e o trinar do passarinho.
Tive consciência do dever cumprido:
fui bom filho, bom pai e bom marido”.
E o velho, olhando ao longe,
olhando o nada,
cabeça baixa, terminou chorando:
“Mais chocante do que tu, árvore morta,
mais triste que pássaro sem canto,
mais terrível que criança abandonada,
é o velho esquecido num asilo!
Sem rumo e sem norte, vagando por aí,
fui conduzido a este lar abençoado
que me acolheu.
Vem ver-me!
Vem falar ao velhinho tão tristonho,
sem esperança e sem sonho!
Dizem que, lá fora, é belo o dia!
Deixa que um pouco de alegria
me conforte o coração.
Pelo menos um sorriso,
um aperto de mão!
Volve para este lar os olhos teus!
Deposita o teu amor, o teu carinho!
E receberás em dobro!
Pois aqui, meu amigo, é o Banco de Deus!”
* Do livro “90 poesias”.
** O autor escreveu este poema aos 74 anos, em 1985,
em homenagem ao Abrigo São Vicente de Paula, em Palma – MG, onde, como médico, prestava assistência. Hoje
está com 99 anos.
Set/Dez-10
Jul/Set-09 - 39
torneio de tênis
Ruth e Bianca Stamato (Pinheiro Pereira)
Antonio Américo e
Mauricio Veloso
A
Luiz Abelardo, Antonio Américo e Glauco Barbieri
12ª edição do Aberto de
Tênis da AMF contou com
a participação de mais de
100 médicos, de diversas
especialidades. Os tenistas
se enfrentaram nas quadras da Academia Total Tennis, em
Pendotiba, de 15 de outubro a 07 de
novembro, nas categorias Iniciante,
Intermediária, Avançada, Máster, Feminina e Duplas.
Para sorteio das chaves a AMF
promoveu um churrasco, em sua
sede, com o apoio do Laboratório
Boehriger. Na ocasião, quando grande parte dos inscritos estavam presentes, os adversários foram definidos
sob a supervisão do Árbitro Geral,
Everton. Também prestigiaram o evento, o colunista da mídia especializada
no esporte, Murilo Gomes, do jornal
O Fluminense.
Os jogos foram disputados de
sexta a domingo, por três semanas
consecutivas. No último domingo,
40 - Set/Dez-10
Jan/Mar-09
após a disputa das finais, um grande
churrasco foi oferecido (realizado pelo
Carne e Carvão) para a confraternização dos médicos e seus familiares.
Foram sorteadas raquetes de tênis,
raqueteiras (Otávio Tênis) e uma pasMaurício Veloso e
Alkamir Issa
Revista
Revista AMF
AMF
Emanuel Decnop e
Gilberto Garrido
Neil Machado e Jackson Galeno
Carlos Murilo e Mauro Cherman
sagem Rio x NY x Rio, da American
Airlines.
A edição deste ano contou com a
organização de Pedro Affonso Mainier
da agência BLOOM e da Comissão
desportista da AMF (Glauco Barbieri, Carlos Murilo, Jackson Galeno e
Luis Abelardo). A empresa atuou em
todos os momentos do torneio, desde
a captação de recursos até a organização da festa de encerramento do
torneio. O objetivo da contratação foi
criar um ambiente mais profissional,
mas nunca esquecendo que se trata
de um torneio de confraternização
para reunir a classe médica.
Não podemos deixar de ressaltar
a importância dos nossos parceiros
que, a cada ano, tornam este evento
possível. Em 2010, além dos habituais parceiros (Hospital de Olhos de
Niterói, Med Imagem, DASA, Pinheiro
Pereira, Unimed, American Air Lines
e Gatorade), conseguimos novas e
importantes empresas, a Rede Tamoio
e o CHL.
Prêmio:
Passagem American Airlines (Rio x NY x Rio) – Antonio Américo
Categorias:
Feminino: Campeã: Rebecca Soares
Vice-Campeã: Ruth Silberman
Master: Campeão: Antonio Américo
Vice-Campeão: Maurício Velloso
Iniciante: Campeão: Emanuel Júnior
Vice-Campeão: David França
Intermediário: Campeão: Laurinei Cunha
Vice Campeão: Mauro Massa
Avançado: Campeão: Luiz Alberto
Vice Campeão: Guilherme Peralta
Dupla Iniciante: Campeões: Ruth Silberman e Rebecca Soares
Vice-Campeões: Edgard Porto e Hamilton Filho
Dupla Intermediário: Campeões: Mauro Massa e Laurinei Cunha
Vice-Campeões: Cláudio Ortega e Ricardo Rangel
Dupla Avançado: Campeões: Guilherme Peralta e André Carpi
Vice-Campeões: Luiz Alberto e Antonio Américo
Revista AMF
Mauro Barros e
Emanuel Decnop
Gustavo Patrão (repres. Hospital
de Olhos) e Laurinei Cunha
Set/Dez-10 - 41
opinião
Por que sou sócio da AMF?
Sou médico, Oncologista, Clínico,
formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em
1970.
Há quinze anos, abri minha clínica
de oncologia, em Icaraí, na Miguel
de Frias, e, há quatro anos, me mudei para o Bairro de São Francisco,
transformando uma bela residência
em uma clínica de oncologia e hematologia num ambiente onde mistura tecnologia, medicina e
humanização.
Nesta trajetória, fui incentivado por uma funcionária a
me aproximar da AMF, através do patrocínio da festa em comemoração ao dia do médico, que a associação promove
todo ano com grande alegria e competência.
Na época, relutei um pouco em aceitar a ideia porque
não tinha noção da grandiosidade do evento e nem da
importância da entidade.
Após a festa, percebi o quanto a AMF aproxima a classe,
tanto no âmbito profissional quanto no social.
Após este primeiro relacionamento com a AMF, comecei
a observar suas atividades com outros olhos e perceber que
fazendo parte da classe médica de Niterói é essencial ser
afiliado à casa do médico.
Sendo assim, resolvi me tornar um membro desta casa.
Desde então, já participei de diversos eventos, científicos
e sociais, dentre reuniões de interesse geral da classe, clube
da mama, festas e teatro.
Neste caminho tive a alegria de reencontrar amigos que
frequentam a casa e me aproximar de duas pessoas muito
especiais, Dr. Alkamir e Dr. Glauco.
Pessoas que nos representam no nosso Conselho Regional com muita dignidade e aos quais parabenizo pela garra
e determinação de fazer a AMF se tornar o que ela é hoje,
a Casa do Médico de Niterói.
Agradeço ao incentivo de me tornar sócio e, principalmente, pelo carinho que fui recebido nesta casa.
Desejo que toda a classe médica de Niterói venha a ter,
em algum momento, este incentivo e com isso entender que
a união faz a força.
Mixel Tenenbaum
Tornei-me sócia da AMF há dois
anos. Confesso que nunca tinha parado para pensar sobre a utilidade da
AMF e sua relevância. Andava sempre
com pressa, pensando no trabalho
de maneira individualista e não na
classe médica. Então num momento
de confraternização super gostoso
(campeonato de tênis anual), que
participo desde o início, há 12 anos,
pude perceber a importância da AMF como fator aglutinador desta união de médicos.
Esta mesma associação que investiu num espaço
cultural tão importante para a cidade de Niterói, que é
o teatro da AMF, me faz sentir orgulho em ser médica.
Tem um patrimônio maravilhoso com sua sede em local
nobre de Icaraí, fazendo tudo isto para valorização
da classe médica, cuja banalização e desrespeito vem
aumentando muito ultimamente. Por esses e outros motivos, a Associação Médica Fluminense merece o nosso
reconhecimento e apoio para que cresçamos fortes e
coesos.
É fundamental que a classe médica seja unida e ter uma
associação forte é o primeiro passo para isto. O apoio à
associação, através da representatividade dos colegas, permite que nossas reivindicações sejam atendidas. É através
da associação que poderemos ter alguém que nos ofereça
momentos de prazer, lazer, comunhão, cursos de educação
médica continuada e cursos de utilidade pública. Alguém
que cuide de nós, para que possamos trabalhar em paz e
cuidar dos outros.
Rebecca do Monte Lima Aitken Soares
42 - Set/Dez-10
Revista AMF
enofilia
Vinho & Bem-Estar
Geografia do vinho
Espanha
Por: Dra. Valéria Patrocínio
Regiões
Espanha possui as seguintes regiões vinícolas:
Andalucia
Castilla Y León
Cataluña
Costa Valenciana - Murcia
Extremadura
Galícia
Ilhas Atlânticas
Ilhas Mediterrâneas
La Mancha - Madrid
Norte Central
O País
A Espanha é o país com a maior área de vinhedos
do mundo.
Ocupando mais de 80% da Península Ibérica, seu
território possui diversos microclimas, conforme sua constituição geográfica e suas diferentes relações com o Oceano
Atlântico, o Mar Mediterrâneo, a França e Portugal.
Podemos agrupar as localidades produtoras de vinhos em
regiões, segundo suas características geográficas e climáticas, constituindo setores que compartilham condições similares para a produção de vinhos.
Os vinhos espanhóis estão classificados em três níveis de
qualidade, a saber:
1. Vino de mesa - vinho inferior, cuja produção pode ser
feita em qualquer região do país, e que não se enquadra na
categoria Denominación de Origen (D.O.).
2. Vino de la Tierra - vinho de mesa um pouco mais diferenciado, produzido em região vinícola tradicional do país (Andalucía, Castilla-La Mancha, etc.), e que não se enquadra
na categoria D.O.
3. Vino de Denominación de Origen (D.O.) - vinho de qualidade, produzido em região delimitada e sujeito a severas
regras que regulam as características do solo, os tipos de
uvas utilizadas, o método de vinificação, o teor alcoólico, o
tempo de envelhecimento, etc. equivale a AOC francesa e
à DOC italiana.
46 - Set/Dez-09
Outras categorias
Existem categorias baseadas no tempo de envelhecimento dos vinhos que foram utilizadas, inicialmente, pela
região de Rioja, e são adotadas na maioria das D.O.s, a
saber:
• Vino joven ou Vino Sin Crianza ou Vino del Año - Vinho
jovem, um pouco envelhecido, mas não o suficiente para
ser considerado “crianza”.
• Vino de Crianza - Vinho (tinto, branco ou rosé) de melhor
qualidade, envelhecido pelo tempo mínimo de 2 anos, dos
quais pelo menos 12 meses em barril de carvalho para os
vinhos tintos e 6 meses em barril de carvalho para os brancos e rosados.
• Vino Reserva - Vinho superior feito nas melhores safras.
Os tintos devem ser envelhecidos pelo tempo mínimo de 3
anos, dos quais pelo menos 1 ano em barril de carvalho,
enquanto os brancos e rosés podem envelhecer apenas 2
anos, dos quais 6 meses em carvalho.
• Vino Gran Reserva - Vinho superior feito nas safras excepcionais. Os tintos devem envelhecer pelo tempo mínimo
de 5 anos, dos quais pelo menos 2 anos em barril de carvalho. Os vinhos brancos e rosés podem envelhecer apenas
4 anos, dos quais 6 meses em carvalho.
www.academiadovinho.com.br
http://www.e-vinho.com.br
Revista AMF
Dica de leitura
1001 Vinhos para Beber Antes de Morrer
JOHNSON , HUGH; Beckett, Neil
Entre os milhares de grandes vinhos disponíveis no mercado, quais eu
deveria experimentar pelo menos um vez na vida? Este livro é a garantia de que
você irá encontrar uma ótima resposta para essa e outras perguntas. Reunindo
1001 resenhas sobre os mais notáveis vinhos produzidos em todas as regiões do
mundo, ele leva você além da descrição das sensações da desgustação e apresenta a história e as curiosidades escondidas por trás dos rótulos.
Vinho sugerido
Campillo Gran Reserva tinto
Denominación de Origen Calificada Rioja (Espanha)
Uva: Tempranillo
Grau Alcoólico: 13 %. Vol.
2008 VINUM LAUGARICIO. Eslovaquia - Medalha de Prata
2008 TEMPRANILLOS DE ORO. París (Francia) - Tempranillo de Oro
Gastronomia
Recomendado com carnes vermelhas suavemente temperadas, caça menor (perdiz) e caça maior
(javali). Um vinho poderoso, harmonizado e equilibrado terá sua melhor companhia com receitas
clássicas temperadas com ervas aromáticas.
Revista AMF
Set/Dez-09 - 47
cultura
Wellington Bruno, cardiologista e diretor científico da AMF
Livro: “As cariocas”
Autor: Sérgio Porto
Editora: Agir
A primeira vez que li uma crônica de Stanislaw Ponte
Preta num livro didático do quinto ano ginasial, ora chamado fundamental, fiquei encantado com o que um escritor
inspirado podia fazer com palavras e frases organizadas
para contar uma história ou estória- de acordo com as preferências de cada um. Era aquela da velhinha que durante
anos passava pela fronteira com uma lambreta e o fiscal
da alfândega nunca descobria o que ela contrabandeava
apesar das inúmeras revistas. Até que o fiscal estava para se
aposentar e ele a implorou que ela revelasse seu segredo,
deixando a todos nós- o guarda e a nós leitores- perplexos
quando ela revela que eram as lambretas. Então, o professor da época nos disse que Stanislaw Ponte Preta era o
pseudônimo de Sérgio Porto (1923-1968). Desde então, eu
me tornei seu fã (ou de seu pseudônimo). Anos depois eu
descobri este livro “As cariocas”, de 1967, reeditado pela
Editora Agir em 2006. Era sua estreia como novelista naquele ano, com prefácio de Jorge Amado para a primeira
edição e de Aldir Blanc para esta última.
Uma turma talentosa da Rede Globo de Televisão também vem transpondo para a tela “As cariocas”, numa versão
Revista AMF
atualizada. “A grã-fina de Copacabana” virou“A emergente
de Ipanema”e surgiu até uma “A internauta da Mangueira”,
quando, na verdade, o autor morreu antes do advento desta
maravilha da comunicação. Mas a turma trabalha com tal
maestria que parece que Sérgio Porto foi ressuscitado através da extensão de sua obra.
Sérgio Porto foi uma figura muito admirada em seu meio
artístico, como também o foi pelas mulheres e por seus fãs.
Com certeza, um legítimo carioca que soube deitar ao papel a alma carioca, e por que não a brasileira, com humor
e empatia. Guardado certo exagero de elogios de Jorge
Amado em seu prefácio à primeira edição de “As cariocas”,
quando ele o compara a Machado de Assis, Lima Barreto,
Marques Rebelo e Miécio Táti como novo novelista da vida
carioca nas letras, Sérgio Porto conseguia contar histórias
divertidas com seu estilo engraçado. Provavelmente, não
muito diferente de como ele devia contá-las verbalmente no
seu quotidiano. (Aliás, exageros de elogios e de premiação
também ocorrem nos nossos dias como no caso de Chico
Buarque nas letras. E ai de quem for contra!)
Frases como “sua última esperança para trocar de
estado civil”, referindo-se à solteirona que se decepciona
com um possível candidato ao matrimônio são típicas deste
carioca de bom humor no relato de seus casos da gente
do Rio de Janeiro. São impagáveis! Mas eu ainda prefiro o
Stanislaw Ponte Preta de “Primo Altamirando e elas”, “Rosamundo e os outros” e “Tia Zulmira e eu”. E também “A
Revista do Lalau”, todas editadas pela Editora Agir,onde se
incluem “As Certinhas do Lalau”e seus conhecimentos sobre
“mulherologia”e Jazz. Ótimos livros para se curtir nas férias
e afastar o estresse dos nossos dias de trabalho, pois humor
e leitura fazem bem à saúde de todas as pessoas.
Relaxe, e até a próxima (leitura)!
Abr/Jun-09
Set/Dez-10 - 49

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