TEORES DE NUTRIENTES EM LARANJEIRAS `PÊRA` EM FUNÇÃO

Transcrição

TEORES DE NUTRIENTES EM LARANJEIRAS `PÊRA` EM FUNÇÃO
SOLOS E NUTRIÇÃO
TEORES DE NUTRIENTES
EM LARANJEIRAS ‘PÊRA’
EM FUNÇÃO DA CLOROSE
VARIEGADA DOS CITROS
ADRIANA PATRÍCIA RICCI (1,2); FRANCISCO DE ASSIS ALVES MOURÃO FILHO (1,3);
PAULO SÉRGIO RODRIGUES DE ARAÚJO (1); MARIA JULIA GOBBO BERETTA (4)
e KEN DERRICK(5)
RESUMO
Avaliaram-se os teores de macronutrientes e micronutrientes em laranjeiras ‘Pêra’ [Citrus sinensis (L.)
Osbeck] enxertadas sobre limoeiro ‘Cravo’ [Citrus limonia
(L.) Osbeck], com seis anos de idade, cultivadas em
espaçamento 8,0 x 4,0 m, em função da presença ou não
dos sintomas da clorose variegada dos citros (CVC). Selecionaram-se as plantas mediante diagnose visual e por
serologia, adotando-se o delineamento estatístico inteiramente casualizado em esquema de parcela subdividida, sendo as parcelas compostas pelos estádios de CVC, a saber:
plantas sadias; estádio I - plantas com aproximadamente um
(1)
Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Departamento de Produção Vegetal, Caixa Postal 9, 13418-900 Piracicaba (SP).
(2)
Bolsista Fundecitrus.
(3)
Bolsista CNPq.
(4)
Instituto Biológico de São Paulo - Seção de Bioquímica Fitopatológica, Caixa Postal 7119,
01064-970 São Paulo (SP).
(5)
University of Florida - CREC, 700 Experiment Station Road, Lake Alfred, FL., 33850 USA.
ARTIGO TÉCNICO
518
ADRIANA PATRÍCIA RICCI et al.
ano de doença, caracterizadas apenas pelos sintomas foliares;
estádio II - plantas com dois ou mais anos de doença, caracterizadas pela redução do tamanho dos frutos. Formaram-se
subparcelas pelos locais de amostragem (casca e lenho do
tronco e da raiz, folhas e frutos), com cinco repetições.
Observou-se que as plantas com sintomas de CVC apresentaram teores significativamente inferiores de N, P e Mg em
relação às sadias. Os teores de Fe e de Mn foram superiores
naquelas sadias. Os maiores teores de N, K, Ca e Mg foram
observados nas folhas, sendo que os dois últimos não apresentaram diferenças em relação aos encontrados na casca
do tronco. Os maiores teores de Cu, Fe e Zn foram encontrados na casca do tronco, enquanto B e Mg foram mais elevados nas folhas.
Termos de indexação: Citrus sinensis (L.) Osbeck, nutrição, Xylella fastidiosa.
SUMMARY
NUTRIENT CONTENT OF ‘PÊRA’ SWEET ORANGE
TREES AFFECTED BY CITRUS VARIEGATED
CHLOROSIS
Macro and micronutrient contents in different organs
of ‘Pêra’ sweet orange trees (Citrus sinensis L. Osbeck) on
‘Rangpur’ lime (Citrus limonia L. Osbeck) affected by citrus
variegated chlorosis (CVC) were investigated. Sampling
trees were selected from a 6-year-old grove spaced at 8 x 4
m, and based on the presence or absence of visual symptoms
and serological tests for CVC. The experimental was a splitplot design, with 18 treatments and five replications. Main
plots consisted of three levels of CVC infection (healthy
trees; trees infected after 1 year and characterized by leaf
symptoms; and trees infected after 2 or more years and
characterized by reduction of fruit size), and subplots were
LARANJA, Cordeirópolis, v.22, n.2, p. 517-531, 2001
TEORES DE NUTRIENTES EM LARANJEIRAS ‘PÊRA’...
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six plant tissues (phloem and xylem of trunk and roots,
leaves, and fruits). Results showed that, under the conditions
of this experiment, trees affected by CVC showed lower N,
P, and Mg concentrations than those of healthy trees. Healthy
trees showed higher Fe and Mn concentrations than CVC
affected trees. Leaves presented the highest concentrations
of N, K, Ca, and Mg, even though concentrations of the last
two nutrients were not significantly different from trunk
phloem. The highest Cu, Fe, and Zn concentrations were
found in trunk phloem, whereas B and Mg concentrations
were higher in leaves.
Index terms:Citrus sinensis, nutrition, Xylella fatidiosa.
1. INTRODUÇÃO
A clorose variegada dos citros (CVC), também conhecida como
“amarelinho”, foi constatada pela primeira vez em 1987 em pomares do
Norte e do Nordeste do Estado de São Paulo e na região do Triângulo
Mineiro (ROSSETTI et al., 1990). MALAVOLTA et al. (1993) sugeriram que a presença de sintomas de desordem nutricional em frutos e folhas indicava algum tipo de associação entre a anormalidade e a deficiência ou o excesso de nutrientes. A bactéria Xylella fastidiosa foi confirmada como agente causal dessa doença ao serem completados os postulados de Koch (CHANG et al., 1993; LEE et al., 1993).
Os sintomas iniciais da CVC aparecem, em geral, na parte superior da copa e, posteriormente, evoluem para o restante da planta. Em
estádios avançados, as plantas afetadas brotam pouco e têm crescimento
bem reduzido em relação às sadias (GARCIA JUNIOR et al., 1995).
Até o momento, já se constatou a presença da bactéria em todos os
cultivares de laranja-doce estudados e em algumas tangerinas e seus híbridos. Apesar disso, só foram encontrados danos em laranjas-doces, com perdas que ultrapassam cem milhões de dólares anuais (LARANJEIRA et
al.,1998).
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ADRIANA PATRÍCIA RICCI et al.
MACHADO et al. (1992), em experimentos de enxertia com material que apresentava os sintomas da CVC, constataram que, após o
pegamento do enxerto, seu desenvolvimento apresentava acentuada deficiência nutricional inespecífica, isto é, clorose generalizada e redução de
crescimento. Embora possa ser considerado mais vigoroso em relação à
capacidade de pegamento e desenvolvimento das borbulhas, o limoeiro
‘Cravo’ sobreenxertado apresentou problemas de mortalidade das
brotações, provavelmente associadas à intensa incidência de CVC, embora se tenha realizado a fertilização do solo conforme recomendação.
Segundo MACHADO et al. (1994), as folhas das plantas com CVC
apresentaram sintomas de deficiência hídrica, em função do aumento da
resistência dos vasos xilemáticos, associados com decréscimos significativos na taxa de transpiração, na condutância estomática e no potencial
de água em relação às plantas sadias.
SANTOS COSTA et al. (1992) admitem a possibilidade de existir
interferência entre a causa primária, patogênica, a qual desencadeia uma
série de alterações na fisiologia e bioquímica da planta, e a manifestação
dos sintomas de carência de molibdênio.
Reconhecendo-se que a bactéria X. fastidiosa é o agente causal da
CVC e a influência desse patógeno sobre diversos aspectos fisiológicos
das plantas cítricas, instigam-se investigações referentes à interação planta
x patógeno, destacando-se o aspecto nutricional das plantas afetadas.
Há necessidade de avaliar se a desordem nutricional é causada pela
concorrência da bactéria pelo consumo nutricional ou se há possibilidade
da presença de barreira física no xilema, conseqüente ao crescimento da
colônia de bactéria, impedindo a translocação dos nutrientes ou ambos
os eventos.
Neste trabalho, foi avaliada a variação dos teores de nutrientes em
diferentes partes e órgãos das plantas cítricas, em função da presença ou
não da síndrome da clorose variegada dos citros.
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2. MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi desenvolvido na Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), no Departamento de Produção Vegetal, em Piracicaba (SP). Os dados foram coletados
em laranjeira ‘Pêra’ [Citrus sinensis (L.) Osbeck] enxertadas sobre limoeiro ‘Cravo’ [Citrus limonia (L.) Osbeck], com seis anos de idade, cultivadas em espaçamento 8 x 4 m, efetuando-se tratos culturais de acordo
com as recomendações técnicas para o cultivo comercial de citros, incluindo calagem e adubações.
Selecionaram-se, mediante diagnose visual, as plantas aparentemente isentas de outros problemas fitossanitários, submetendo-as ao teste de diagnose por serologia (LEE et al., 1992), no Instituto Biológico de
São Paulo, na Seção de Bioquímica Fitopatológica, em São Paulo (SP).
A coleta das amostras de folhas e frutos realizou-se em junho de
1997 e, as demais, em setembro do mesmo ano, conforme descritas a
seguir:
Casca do caule – foi retirado acima da enxertia um semi-anel
do tronco com cerca de 15,0 x 10,0 cm (comprimento x largura respectivamente) e, depois, moído;
z
Lenho do caule – com o auxílio de um arco de poa, retiraram-se
porções de, aproximadamente, 200 g do lenho do tronco, a 15-30 cm
acima da altura da enxertia;
z
Raízes - foram amostradas entre 5 e 10 cm de profundidade, distantes cerca de 50 cm do tronco, coletando-se um semi-anel da casca da
raiz com cerca de 20 cm de comprimento. Nas mesmas raízes, retiraram-se porções do lenho com cerca de 3 x 2 cm (comprimento x largura
respectivamente), procedendo-se à moagem;
z
z Folhas – amostraram-se quarenta folhas pecioladas, de tamanho
normal, com 4 a 7 meses de idade e isentas de danos, coletadas em ramos
não frutíferos;
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Frutos – coletaram-se seis frutos com diâmetro médio de 3,0 cm,
na região mesial.
z
As análises dos macronutrientes nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre, e dos micronutrientes boro, cobre, ferro,
manganês e zinco na matéria seca da casca e lenho do tronco e das raízes
e folhas foram realizadas no laboratório de Análises de Fertilidade do
Solo e Nutrição Mineral de Plantas, no Instituto Agronômico de Campinas (SP). As análises dos referidos nutrientes nos frutos foram efetuadas
no Departamento de Química (Área de Nutrição Mineral de Plantas) na
ESALQ, em Piracicaba (SP), segundo a recomendação de SARRUGE e
HAAG (1974).
Os tratamentos foram as combinações de três estádios da CVC, a
saber: plantas sadias; estádio I - plantas com aproximadamente um ano
de doença, caracterizadas apenas pelos sintomas foliares; estádio II - plantas com dois ou mais anos de doença, caracterizadas pela redução do
tamanho dos frutos, constando seis amostragens por planta: casca e lenho
do tronco, casca e lenho das raízes, folhas e frutos, perfazendo 18 tratamentos.
O delineamento estatístico adotado foi o inteiramente casualizado
em esquema de parcela subdividida, sendo as parcelas compostas pelos
estádios da CVC e, as subparcelas, pelas partes de coleta nas plantas,
com cinco repetições.
O nível mínimo de significância adotado para o teste F foi de 0,05.
O detalhamento da análise para estádios, partes da planta e interação desses
dois fatores, foi comparado pelo teste de Tukey, considerando-se 0,05
para o nível mínimo de significância. A análise exploratória dos dados
foi feita por meio da análise dos resíduos e do diagrama de ramos e folhas. A análise de resíduos sugeriu transformações de log (x + 1) para as
variáveis fósforo, magnésio e log (x + 0) para as demais, com exceção do
enxofre.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode ser observado, na Tabela 1, considerando-se os estádios da
doença, isoladamente, que houve diferença apenas para os teores de N e
P, que apresentaram médias significativamente maiores para plantas sadias; para os teores de Mg, o estádio II foi inferior às plantas sadias e
àquelas no estádio I. Para K e Ca, não se observaram diferenças entre as
médias nos três estádios avaliados.
Considerando-se somente as partes amostradas na planta, destacaram-se as médias de N, K, Ca e Mg obtidas nas folhas, não apresentando,
estes dois últimos nutrientes, diferença significativa em relação à casca
do tronco; as menores médias foram encontradas nos frutos; para os teores de P, os maiores valores foram observados no lenho da raiz, detectando-se o menor nos frutos.
Na interação entre os estádios x partes da planta em relação aos
teores de Mg nas folhas, a média do estádio II foi inferior à sadia e ao
estádio I. Nota-se que o comportamento dos teores encontrados nas plantas sadias e no estádio I foi igual em todas as partes da planta, sendo
superior nas folhas e inferior nos frutos; contudo, no estádio II, obtiveram-se a maior e a menor média na casca do tronco e nos frutos respectivamente.
Na Tabela 2, considerando-se, isoladamente, os estádios de doença,
verifica-se que as concentrações de Fe e Mn são superiores aos teores
encontrados em plantas sadias e significativamente inferiores no estádio
II. Para os teores de B, Cu e Zn, não se observaram diferenças entre as
médias nos três estádios.
Considerando-se apenas as partes de coleta na planta, encontraram-se os maiores valores para B e Mn nas folhas e, as menores médias,
no lenho do tronco; para Cu, Fe e Zn, as maiores médias foram obtidas na
casca do tronco e, as menores, para o Cu, no lenho da raiz; para o Fe nos
frutos e, para o Zn, no lenho do tronco.
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LARANJA, Cordeirópolis, v.22, n.2, p. 517-531, 2001
K
P
Médias/Partes
Sadia
Estádio I
Estádio II
Médias/Partes
Sadia
Estádio I
Estádio II
6,46 C
6,86 a A
5,78 a A
6,74 a A
0,65 C
0,76 a A
0,58 a A
0,62 a A
11,56 B
11,92 a A
11,50 a A
11,26 a A
Sadia
Estádio I
Estádio II
N
Médias/Partes
Casca/
Tronco
Estádio
Nutrientes
2,45 E
3,02 a A
1,96 a A
2,38 a A
0,70 C
0,90 a A
0,68 a A
0,52 a A
2,97 D
3,40 a A
2,88 a A
2,62 a A
Lenho/
Tronco
9,67 B
,
10,20 a A
9,84 a A
9,02 a A
0,75 C
0,84 a A
0,68 a A
0,74 a A
11,25 B
11,78 a A
10,86 a A
11,12 a A
Casca/
Raiz
3,13 D
3,60 a A
2,84 a A
2,94 a A
2,39 A
2,92 a A
2,26 a A
2,00 a A
4,75 C
5,04 a A
4,16 a A
5,04 a A
g kg-1
Lenho/
Raiz
14,23 A
14,10 a A
11,80 a A
16,78 a A
1,26 B
1,42 a A
1,24 a A
1,12 a A
24,31 A
26,26 a A
23,64 a A
23,02 a A
Folhas
1,59 F
1,61 a A
1,69 aA
1,47 a A
0,20 D
0,20 a A
0,21 a A
0,20 a A
1,26 E
1,31 a A
1,25 a A
1,22 a A
Frutos
Continua
,–
6,56 a
5,65 a
6,55 a
,–
1,17 a
0,94 b
0,87 b
,–
9,95 a
9,05 b
9,05 b
Médias/
Estádios
Tabela 1. Teores médios de macronutrientes na matéria seca dos tecidos de laranjeiras ‘Pêra’ sadias e
com sintomas de CVC. Piracicaba (SP), 1997
524
ADRIANA PATRÍCIA RICCI et al.
Médias/Partes
Sadia
Estádio I
Estádio II
Médias/Partes
Sadia
Estádio I
Estádio II
–
–
–
–
1,45 A
1,56 a B
1,52 a B
1,26 a A
–
–
–
–
0,23 C
0,26 a D
0,22 a D
0,22 a C
1,98 C
2,12 a A
1,90 a A
1,92 a A
Lenho/
Tronco
–
–
–
–
0,99 B
1,12 a C
1,08 a C
0,78 a B
20,09 B
19,38 a A
22,82 a A
18,08 a A
Casca/
Raiz
–
–
–
–
0,85 B
0,88 a C
0,86 a C
0,80 a B
2,23 C
2,26 a A
1,96 a A
2,46 a A
g kg-1
Lenho/
Raiz
–
–
–
–
1,70 A
2,24 a A
1,94 a A
0,92 b B
38,63 A
38,32 a A
40,34 a A
37,24 a A
Folhas
Médias seguidas de letras minúsculas iguais, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05.
Médias seguidas de letras maiúsculas iguais, nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05.
S
Mg
35,66 A
35,66 a A
35,30 a A
36,02 a A
Sadia
Estádio I
Estádio II
Ca
Médias/Partes
Casca/
Tronco
Estádio
Nutrientes
Tabela 1. Conclusão
0,16
0,15 a
0,15 a
0,18 a
0,11 C
0,11 a E
0,11 a D
0,11 a C
0,43 D
0,47 a A
0,40 a A
0,41 a A
Frutos
,–
,–
,–
,–
,–
1,03 a
0,96 a
0,68 b
,–
16,37 a
17,12 a
16,02 a
Médias/
Estádios
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LARANJA, Cordeirópolis, v.22, n.2, p. 517-531, 2001
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Fe
Cu
199,43 A
4,89 D
7,02 a CD
4,50 a D
3,16 a D
9,15 D
11,84 a E
6,52 a D
8,98 a E
Lenho/
Tronco
8,01 C
9,54 a C
7,36 a C
7,12 a C
49,95 B
66,04 a B
48,80 a B
35,00 b C
Casca/
Raiz
Folhas
1,79 E
1,26 b E
1,82 ab E
2,28 a D
10,97 D
26,18 B
24,30 a B
26,98 a B
27,26 a B
98,93 A
13,74 a DE 80,80 b A
9,32 a D
98,20 ab A
9,84 a E 117,80 a A
mg kg-1
Lenho/
Raiz
Médias/Partes
705,09 A
280,17 B
889,27 A
87,46 C
139,87 BC
Sadia
624,94 a B 468,90 a C 1566,10 a A 137,86 a D 124,80 a D
Estádio I 795,04 a A 339,10 a B 688,22 ab A 71,02 ab C 141,00 a B
Estádio II 695,30 a A
32,50 b C 413,54 b A 53,50 b C 153,80 a B
Médias/Partes
Sadia
247,78 a A
Estádio I 206,92 a A
Estádio II 143,60 a A
49,17 B
47,62 a C
51,38 a B
48,52 a B
Sadia
Estádio I
Estádio II
B
Médias/Partes
Casca/
Tronco
Estádio
Nutrientes
–
39,71 a
38,65 a
39,59 a
Médias/
Estádios
,–
38,20 D
Continua
–
52,20 a E 495,80 a
31,60 a D 344,33 a
30,80 a C 229,91 b
6,00 CD
5,00 a D 49,15 a
5,00 a CD 42,10 a
8,00 a C
31,90 a
17,73 C
18,20 a D
17,60 a C
17,40 a D
Frutos
Tabela 2. Teores médios de micronutrientes na matéria seca dos tecidos de laranjeiras ‘Pêra’ sadias e
com sintomas de CVC. Piracicaba (SP) 1997
526
ADRIANA PATRÍCIA RICCI et al.
63,58 B
55,30 a A
62,84 a A
72,60 a A
Casca/
Tronco
Médias/Partes
127,62 A
Sadia
124,78 a A
Estádio I 133,36 a A
Estádio II 124,72 a A
Médias/Partes
Sadia
Estádio I
Estádio II
Estádio
Casca/
Raiz
2,77 E
4,58 a D
2,72 a E
1,00 a E
4,17 E
35,19 C
40,04 a B
39,36 a C
26,18 a C
128,57 A
5,52 a A 183,48 a A
3,94 a A 102,34 a A
3,04 a A
99,90 a A
Lenho/
Tronco
9,23 D
11,58 a C
7,78 a D
8,34 a D
11,70 D
19,48 a A
7,54 a A
8,08 a A
mg kg-1
Lenho/
Raiz
60,12 B
41,18 b B
64,90 ab B
74,28 a B
120,20 A
145,64 a A
114,18 a A
100,78 a A
Folhas
Frutos
–
71,57 a
50,51 b
49,70 b
Médias/
Estádios
5,47 DE
–
5,20 a CD 37,89 a
6,40 a DE 42,42 a
4,80 a D 39,87 a
15,33 C
20,00 a A
12,20 a A
13,80 a A
Médias seguidas de letras minúsculas iguais, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05.
Médias seguidas de letras maiúsculas iguais, nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5%.
Zn
Mn
Nutrientes
Tabela 2. Conclusão
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LARANJA, Cordeirópolis, v.22, n.2, p. 517-531, 2001
528
ADRIANA PATRÍCIA RICCI et al.
Com relação a B, houve diferença significativa entre os estádios
nas folhas e na casca da raiz, com posições inversas das médias dessas
duas partes: nas folhas, a maior média foi obtida no estádio II e a menor
na sadia, enquanto, na casca da raiz, a maior média de B foi obtida na
sadia e, a menor, no estádio II. Observa-se, também, que as maiores médias de B, nos três estádios avaliados, foram obtidas nas folhas e, as menores, no lenho da raiz para sadia e estádio II, e no lenho do tronco para
o estádio I.
Para Cu, ocorreu diferença significativa entre os estádios apenas
no lenho da raiz, onde a maior média foi obtida no estádio II e, a menor,
na sadia. As maiores médias nos três estádios foram obtidas na casca do
tronco e, as menores, no lenho da raiz, mas as médias intermediárias
diferiram de posição nas partes da planta dentro de cada estádio.
Para Fe, as maiores médias foram encontradas nas plantas sadias e,
as menores, no estádio II, em relação às três partes de coleta avaliadas.
Nota-se que as maiores médias de Fe no estádio sadia foram obtidas na
casca da raiz, enquanto, no estádio I e II, as maiores médias encontravam-se
na casca do tronco, não diferindo da casca da raiz; as menores médias foram
obtidas para frutos nos três estádios estudados; as médias intermediárias
também diferiram de posição nas partes da planta dentro de cada estádio.
Pode-se observar para Zn, em relação aos estádios, que apenas nas
folhas o estádio II foi superior em relação à sadia. Nos demais órgãos,
não se observaram diferenças significativas no seu teor, independentemente do estádio analisado. As maiores médias de Zn nos três estádios
foram observadas na casca do tronco e, as menores, no lenho do tronco;
as médias intermediárias diferiram de posição nas partes da planta dentro de cada estádio.
A CVC é causada pela bactéria Xylella fastidiosa e a manifestação
da doença resulta em sérios distúrbios nutricionais ou alterações no
metabolismo de vários nutrientes (LEE et al.,1993).
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TEORES DE NUTRIENTES EM LARANJEIRAS ‘PÊRA’...
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Os teores de B e Zn nas folhas de plantas no estádio II (117,80 e
74,28) foram significativamente superiores em relação àqueles encontrados em plantas sadias (80,80 e 41,18). Esses resultados ratificam os
obtidos por MALAVOLTA e PRATES (1992), os quais reportaram que a
caracterização visual da CVC se assemelha à deficiência de Zn e/ou à
toxicidade de B, pois os dados médios obtidos se acham na faixa ótima
para ambos os micronutrientes.
4. CONCLUSÕES
1. As plantas com presença de Xylella fastidiosa (identificadas com
sintomas de clorose variegada dos citros), em relação às sadias, apresentaram teores significativamente inferiores dos macronutrientes nitrogênio, fósforo e magnésio, não diferindo, este último, em relação ao estádio I, com síndrome menos severa.
2. Em relação aos micronutrientes, os teores de manganês foram
superiores nas plantas sadias em comparação àquelas com sintomas de
CVC. Quanto ao ferro, as sadias e no estádio I apresentaram teores superiores em relação ao II.
3. Quanto às partes de coleta nas plantas, os maiores teores dos
macronutrientes nitrogênio, potássio, cálcio e magnésio foram encontrados nas folhas, não apresentando, os dois últimos, diferenças em relação à casca do tronco.
4. Os maiores teores dos micronutrientes cobre, ferro e zinco foram obtidos na casca do tronco, e boro e manganês, nas folhas.
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ADRIANA PATRÍCIA RICCI et al.
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