Salvia officinalis - Universidade de Franca
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Salvia officinalis - Universidade de Franca
Monique Rodrigues Moreira UNIVERSIDADE DE FRANCA Salvia officinalis: fracionamento biomonitorado de extrato em diclorometano frente a bactérias causadoras de cárie e estudos analíticos em CLAE-DAD Rodrigo Cassio Sola Veneziani Franca 2013 Monique Rodrigues Moreira Salvia officinalis: fracionamento bioguiado de extrato em diclorometano frente a bactérias causadoras de cárie e estudos analíticos em CLAE-DAD Dissertação apresentada à Universidade de Franca como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Química Biológica. Rodrigo Cassio Sola Veneziani (Orientador) Monique Rodrigues Moreira (Mestranda) Franca 2013 Monique Rodrigues Moreira Salvia officinalis: fracionamento bioguiado de extrato em diclorometano frente a bactérias causadoras de cárie e estudos analíticos em CLAE-DAD Presidente:___________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Cassio Sola Veneziani Instituição: Universidade de Franca Titular 1:_____________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Ricardo Ambrósio Instituição: Universidade de Franca Titular 2:_____________________________________________ Prof. Dr. Carlos Eduardo Saraiva Miranda Instituição: Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) Dedico este trabalho a minha família e amigos, As pessoas que estiverem ao meu lado, compreendendo minha ausência e me incentivando sempre. AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu grande exemplo professor orientador Rodrigo Cassio Sola Veneziani, pelos preciosos conselhos, seus ensinamentos e sua inestimável confiança. Aos amigos do laboratório que estiveram presente durante todo esse tempo, Lucas Cintra, Ariana Borges, Lucas Zampar, Maísa Moreira, Marília Rodrigues, Thiago Porto, Moara Garcia, Gabriela de Paula Aguiar, Ana Luísa Mosbacher, Karen Rezende, Thaís Lima, Ana Carolina Soares, Gustavo Pregnolato, Gustavo Morais. Meus respeitosos agradecimentos pela contribuição da banca do exame de qualificação e banca do exame de defesa. E a todos os professores da pós-graduação que contribuíram cada qual da sua forma para o meu aprimoramento profissional e pessoal durante esse período. Agradeço à FAPESP por conceder a bolsa de Iniciação Científica (Nº do processo 2009/17700-0), e também a CAPES pela bolsa de Mestrado, a CNPQ pelo apoio financeiro. “A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, Ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro.” (Albert Einstein) SUMÁRIO LISTA DE SÍMBOLOS, CÓDIGOS E ABREVIATURAS...................................... VII LISTA DE FIGURAS............................................................................................ IX LISTA DE TABELAS............................................................................................ X RESUMO............................................................................................................. XI ABSTRACT.......................................................................................................... XII 1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 01 1.1.Considerações gerais............................................................................... 02 1.2.Importância da descoberta de novos quimioterápicos no combate a patógenos bucais...................................................................................... 03 1.3.Potencial antimicrobiano de Salvia officinalis............................................ 05 1.4.Desenvolvimento e validação de métodos analíticos por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE)............................................................... 07 2. OBJETIVOS.................................................................................................... 10 3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 12 3.1.Preparo e partição líquido-líquido do extrato bruto em diclorometano de Salvia officinalis (SOD).................................................................................... 13 3.2.Fracionamento biomonitorado de SODH................................................. 15 3.3.Avaliação da atividade antimicrobiana...................................................... 17 3.3.1.Determinação da Concentração Inibitória Mínima 18 3.3.2.Determinação da Concentração Bactericida Mínima 19 3.3.3.Avaliação da Cinética Antimicrobiana 20 3.4.Desenvolvimento e validação do método analítico por CLAE................... 21 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 28 4.1. Isolamento e identificação estrutural do manool...................................... 29 4.2. Avaliação da atividade antimicrobiana..................................................... 35 4.3. Desenvolvimento e validação de método analítico por CLAE.................. 37 5. CONCLUSÃO.................................................................................................. 43 6. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 45 7. ANEXO............................................................................................................ 57 VI LISTA DE SÍMBOLOS, CÓDIGOS E ABREVIATURAS ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária AcN - Acetonitrila ATCC – American Type Culture Collection BHI – Brain Heart Infusion CBM – Concentração Bactericida Mínima CCDC – Cromatografia em Camada Delgada Comparativa CIM – Concentração Inibitória Mínima CLAE-DAD – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detector de Arranjo de Diodos CLE – Clorexidina DMSO – Dimetilsulfóxido DPR% - Desvio Padrão Relativo DD – Duplo dubleto D - Dubleto HPLC – High Performance Liquid Chromatography (Cromatografia Liquida de Alta Eficiência) LOD – Limite de Detecção LOQ – Limite de Quantificação MO – Manool PI – Padrão Interno (ent-caurenoato de metila) RMN-13C – Ressonância Magnética Nuclear de 13C RMN-1H – Ressonância Magnética Nuclear de 1H S - Singleto VII SOD – Extrato Bruto de S. officinalis em Diclorometano SODD – Extrato em Diclorometano Obtido por Partição em Diclorometano SODI – Extrato em Diclorometano Insolúvel em metanol/água SODH – Extrato em Diclorometano Obtido por Partição em hexano SODM/A – Extrato em Diclorometano Ressuspendido em metanol /água 7:3 SODH1 – SODH7 – Frações da Coluna Líquida a Vácuo Obtidas a Partir de SODH SODH2.1 – SODH2.6 – Frações Reunidas a Partir do Fracionamento de SODH2 UFC/mL – Unidades Formadoras de Colônia por Mililitro σ – Desvio Padrão Relativo S – Inclinação da Curva de Calibração trr – Tempo de Retenção Relativo δ - ppm VIII LISTA DE FIGURAS Figura 1: Salvia officinalis. 05 Figura 2: Labda-8(20),14-dien-13-ol (Manool), um dos principais 07 diterpenos de Salvia officinalis. Figura 3: Preparo do extrato bruto bruto diclorometânico de Salvia 14 officinalis (SOD). Figura 4: Fracionamento do extrato bruto diclorometânico de Salvia 15 officinalis (SoD).. Figura 5: Fluxograma do fracionamento e isolamento do manool 17 partindo da fração SODH2 Figura 6: Gradiente exploratório proposto por Snyder & Dolan 22 Figura 7: Estrutura do Padrão interno ent-caur-16(17)-en-19-oato de 22 metila Figura 8: Esquema de diluições de maool para elaboração da curva 23 de calibração Figura 9: Esquema de preparo das amostras para determinação da 25 precisão e exatidão do método analítico. Figura 10: Espectro de RMN-1H do manool (400 MHz; CDCl3) 30 Figura 11: Ampliação da região entre δ 6 - δ 4 mostrando os sistemas 31 de duplas ligações manool. Figura 12: Espectro de RMN-13C do manool (100MHz, CDCl3).. 33 Figura 13: Curvas de morte obtidas para o manool (A) e SODH2 (B) frente a Streptococcus mutans usando dicloridrato de clorexidna (CLE) e DMSO 5% como controles positivo e 37 negativo, respectivamente.. Figura 14: Cromatograma obtido por CLAE referente a SODH2, obtido nas condições estabelecidas (sistema isocrático de eluição composto de 90% acetonitrila em água contendo 0.1% de ácido acético numa velocidade de 1.0 mL/min, temperatura da 38 coluna de 40 ºC e detecção a 201 nm. No detalhe, o espectro de UV do MO. Figura 15: Curva de calibração do manool, constando a equação de regressão linear e o coeficiente de correlação linear r2. 39 . IX LISTA DE TABELAS Tabela 1: Fracionamento por CLV de SODH 16 Tabela 2: Fatores e níveis investigados no teste de robustez. 26 Tabela 3: Design experimental de Plackett–Burman para 7 fatores e 8 experimentos. 27 Tabela 4: Dados de RMN-1H (em δ) do manool. 34 Tabela 5: Dados de RMN-13C (em δ) do Manool. 35 Tabela 6: Valores obtidos para CIM do manool (MO) e de SODH2 frente a patógenos bucais. 36 Tabela 7: Valores obtidos para CBM do manool (MO) e de SODH2 frente a patógenos bucais Tabela 8: Parâmetros analíticos de LD, LQ, precisão, exatidão e robustez obtidos para o método desenvolvido. 36 40 X RESUMO Pertencente à família Lamiaceae, Salvia officinalis (Salvia) é uma erva muito cultivada em várias partes do mundo devido ao seu uso culinário como tempero. Seu nome botânico, porém, é baseado em sua importância medicinal. Em latim, “Salvia” significa “curar” e “officinalis” significa “medicinal”. Dentre as várias atividades biológicas descritas, o potencial antimicrobiano desta espécie se destaca devido ao fato de ter sido amplamente investigado e confirmado frente a um grande número de microrganismos. Visando explorar este potencial, neste trabalho, (foram propostos) a obtenção e fracionamento bioguiado do extrato em diclorometano de Salvia officinalis (SOD) frente a um painel de bactérias causadoras de cárie (Streptococcus mutans, ATCC 25275; Streptococcus sanguinis, ATCC 10556; Enterococcus faecalis, ATCC 4082; Streptococcus sobrinus, ATCC 33478; Streptococus. mitis ATCC 49456; Lactobacillus casei ATCC 11578; Streptococcus. Salivarius, ATCC 25975). A fração mais ativa (SODH2) apresentou valores de CIM entre 15,68 e 31,36 µg/mL e seu metabólito secundário majoritário (manool) apresentou valores de CIM entre 6,24 e 24,96 µg/mL. SODH2 e o manool necessitaram de 12 e 6 horas, respectivamente, para exercer seu efeito bactericida. Estes resultados denotam o potencial de Salvia officinalis na busca de novos princípios ativos anticariogênicos. Descreve-se ainda o desenvolvimento e validação de método analítico por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE-DAD) para determinação do teor de manool em SODH2. Os estudos analíticos permitiram estabelecer um método confiável para determinar o teor de manool em SODH2, atendendo às crescentes demandas por qualidade e segurança em produtos fitofarmacêuticos. Palavras-chave: Salvia officinalis, manool, cárie, método analítico, CLAE-DAD XI ABSTRACT Belonging to the family Lamiaceae, Salvia (Salvia officinalis) is an herb cultivated worldwide due to its culinary seasoning use. Its botanical name is based on its medicinal importance. In latin, “Salvia” means “to cure” and “officinalis” means “medicinal”. Among the several biological activities described for this specie, its antimicrobial potential can be highlighted due at the fact have been broadly investigated and confirmed against a large number of microoganisms. Aiming to explore such potential, this works describes: the obtaining and the bioguided fractioning of a dichloromethane crude extract of Salvia officinalis (SOD) through a panel of carigenic bacteria (Streptococcus mutans, ATCC 25275; Streptococcus sanguinis, ATCC 10556; Enterococcus faecalis, ATCC 4082; Streptococcus sobrinus, ATCC 33478; Streptococus. mitis ATCC 49456; Lactobacillus casei ATCC 11578; Streptococcus. Salivarius, ATCC 25975).Fraction more active (SODH2) presented values of the MIC between 15.68 – 31.36 µg/mL and your secondary metabolite majoritarian (manool) presented values of the MIC of the 6.24 – 24.96 µg/mL. SODH2 and manool required 12 and 6 hours respectively, to compounds exert effects bactericide. It’s theses values denote the potential of Salvia officinalis in the search for new active principles anticariogenic. It is also described the development and validation of an HPLC-DAD analytical method to determine the manool content in SODH2. Moreover, the establishment of a validated method to quantify manool in SODH2 attended to the increasing demands in quality and safety of phytopharmaceuticals. Key-words: Salvia officinalis, manool, caries, analytical method, HPLC-DAD XII 1.Introdução 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Considerações gerais Devido à inigualável diversidade química, os produtos naturais proporcionam oportunidades ilimitadas para obtenção de novos princípios ativos, sejam eles na forma de metabólitos isolados ou de extratos padronizados. Para atingir este objetivo, a melhor estratégia consiste na associação entre estudo fitoquímico e ensaios biológicos [1]. Mesmo com o advento da biotecnologia e dos modernos métodos da química combinatória e do design racional de fármacos, os produtos naturais ainda se mostram como uma importante para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos [2-5]. Assim, ainda que a importância relativa dos princípios ativos naturais oscile ao longo do tempo de acordo com as estratégias mercadológicas das grandes companhias farmacêuticas, a tendência atual é largamente favorável ao Brasil devido à sua grande biodiversidade e fronteira agrícola em expansão. [2,3,5]. Geralmente acredita-se que o risco associado ao uso deste tipo de medicamento é pequeno, mas uma série de registros envolvendo graves reações adversas ou ineficácia destes produtos mostra que esta percepção é errônea. Problemas envolvendo contaminação, adulteração e identificação incorreta das espécies vegetais envolvidas no preparo dos produtos fitofarmacêuticos tornam essencial o desenvolvimento de padrões técnicos na manufatura, de avaliações toxicológicas e de métodos analíticos que garantam a qualidade e segurança no uso destes produtos [6-8]. 2 1.2. Importância da descoberta de novos quimioterápicos no combate a patógenos bucais. A saúde bucal é dependente das medidas de caráter curativo e preventivo. Na última década observou-se o crescimento da Odontologia Preventiva, visando à adoção de medidas profiláticas combinadas para manter a cavidade bucal saudável, prevenindo-a de doenças e diminuindo a necessidade de tratamentos curativos [9,10]. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, realizada pelo Ministério da Saúde em 2010, a cárie continua sendo a principal patologia que acomete a cavidade bucal, sendo encontrada em 56% da população brasileira [11]. Ela tem início quando ocorre um desequilíbrio da microbiota residente na cavidade bucal, com o consequentemente acúmulo de certos microrganismos potencialmente cariogênicos que, somados a uma dieta rica em carboidratos (principalmente açucares) podem levar à instalação da cárie dental [12,13]. Em outros termos, trata-se de uma doença de origem bacteriana, que resulta na dissolução do esmalte dentário devido à ação de ácidos produzidos pelo processo de metabolismo bacteriano sobre os carboidratos fermentáveis da dieta. Quando não eliminada, a cárie pode levar à desmineralização dos tecidos dentais e consequentemente à perda do dente [14,15]. Além disso, as bactérias responsáveis pela cárie podem desencadear processos inflamatórios, culminando em doenças como estomatites, gengivites, aftas e ainda outras de maior gravidade, como o câncer bucal [16,17]. 3 O biofilme é composto por microorganismos sobre uma camada liopoprotêica denominada película, constituída por glicoproteínas salivares, fosfoproteínas, lipídeos e componentes do fluído gengival. Sua formação iniciase pela adsorção de bactérias na superfície do dente, seguida da síntese de exopolissacarídeos (EPS) insolúveis que garantem a aderência sua em uma matriz que se torna madura após a reprodução bacteriana associada à aderência de outras espécies de bactérias comensais [21,22]. Diversos ácidos orgânicos são produzidos através da intensa atividade metabólica dessas bactérias aderidas, ocasionando a desmineralização do esmalte dentário [21,22]. Dentre as principais bactérias envolvidas no processo cariogênico, destaca-se a Streptococcus mutans, pois foi demonstrado experimentalmente que ela é a iniciadora de cáries em sulcos e fissuras, superfícies vestibulares e linguais das faces lisas, áreas proximais e mesmas superfícies radiculares, para posterior colonização de outros microrganismos, tais como Streptococcus salivarius, Streptococcus sanguis, Streptococcus mitis, Enterococcus e Lactobacillus sp entre outros [14,18-20]. Como coadjuvantes à remoção mecânica e química dos microrganismos cariogênicos através da escovação e do uso do fio dental, os enxaguatórios bucais têm sido empregados adjuvantes no combate à cárie. Entretanto, alguns problemas relacionados à eficácia e segurança destes produtos têm sido observados, dentre os quais pode-se destacar a resistência microbiana [14,15,23] e os efeitos adversos de seus princípios ativos [24,25]. Neste sentido, há uma crescente necessidade de obtenção de novos princípios ativos anticariogênicos. 4 1.3. Potencial antimicrobiano de Salvia officinalis. Pertencente à família Lamiaceae, Salvia officinalis (sálvia) é uma erva muito cultivada em várias partes do mundo devido ao seu uso culinário como condimento (Figura 1). Seu nome botânico, porém, é baseado em sua importância medicinal. Em latim, “Salvia” significa “curar” e “officinalis” significa “medicinal” [26]. Vários extratos de diferentes espécies de Salvia têm sido investigados para uma série de atividades biológicas, tais como antiinflamatória, antioxidante, espasmolítica, colinérgica e até mesmo para o controle do mal de Alzheimer [27-31]. Figura 1: Salvia officinalis. Fonte: http://www.floridata.com/ref/s/salv_off.cfm Dentre as várias atividades biológicas descritas, o potencial antimicrobiano de Salvia officinalis (extratos e óleos essenciais) se destaca devido ao fato de ter sido amplamente investigado e confirmado frente a um grande número de bactérias, tais como Pseudomonas sp, Staphylococcus sp, Salmonella sp, Bacillus sp, Klebsiella sp, Shigella sp, Enterobacter sp, 5 Escherichia sp, Streptococcus sp e também em algums fungos Verticillium sp, Trichoderma sp, conforme pode se verificar pela quantidade de artigos encontrados na literatura científica [32-41]. Bozin et al [42] e Horiuchi et al [43,44] relatam significativa atividade do óleo essencial (obtido por hidrodestilação) e de vários monoterpenos e sesquiterpenos detectados nesta espécie, e do ácido oleanólico isolado de Salvia officinalis contra bactérias relacionadas às patologias do trato gastrointestinal, algumas delas resistentes ao antibiótico vancomicina. Em outro trabalho produzido no mesmo ano, Horiuchi [43] descreve como o carnosol, um diterpeno do tipo abitetano também isolado de Salvia officinalis, foi capaz de potencializar a ação de antibióticos aminoglicosídicos contra várias espécies de Streptococci. Avaliando extratos preparados de diversas maneiras a partir de sálvia frente a bactérias causadoras de afecções cutâneas, Leelapornipsid et al [45] sugerem que aqueles são promissores para o desenvolvimento de novos medicamentos para o controle da acne. Em termos de metabolismo secundário, é possível afirmar que os diterpenos são uma das classes de micrometabólitos mais característicos de Salvia officinalis [26,46,47]. Dentre tais metabólitos, o manool (MO, Figura 2) se destaca na literatura científica como um dos mais abundantes componentes de óleos essenciais e extratos de Salvia officinalis [48-51], tendo sido reportado que, em alguns destes extratos, seu teor pode chegar a até 11% [51]. 6 OH H Figura 2: Labda-8(20),14-dien-13-ol (Manool), um dos principais diterpenos de Salvia officinalis Em recente revisão da literatura Oliveira et al. [52] acerca da utilização popular de espécies vegetais para tratamento de afecções odontológicas no Brasil, a Salvia officinalis é apontada como uma das mais indicadas, contando com oito citações. Este fato, associado ao seu potencial antimicrobiano, credencia S. officinalis como possível fonte de novos princípios ativos anticariogênicos. 1.4. Desenvolvimento e validação de métodos analíticos por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). A validação é um processo que fornece uma evidência documentada de que um método é confiável ao que se aplica. Consiste em uma série de procedimentos que visam assegurar credibilidade às medidas obtidas. Deste modo, a validação é uma etapa muito importante e necessária para que um método analítico possa ser utilizado na rotina analítica. Porém, antes de iniciar o processo de validação, é necessário desenvolver o método a ser validado [53-56]. O desenvolvimento de um método analítico envolve o estabelecimento do procedimento de extração, as condições cromatográficas e a realização de 7 alguns estudos preliminares quanto à seletividade, sensibilidade, linearidade, parâmetros a serem avaliados, procedimentos utilizados para avaliar parâmetros, critérios de aceitação, resposta do detector e forma de padronização. Segundo Oliveira [57], o desenvolvimento de um método analítico envolve, na verdade, cinco etapas: levantamento bibliográfico, seleção do método, desenvolvimento, otimização e validação. Além da necessidade de garantir a autenticidade e a qualidade de matérias primas vegetais ou de fitofarmacêuticos, existem razões legais que justificam a validação de métodos analíticos. No Brasil, a principal agência governamental que verifica a competência de laboratórios de ensaios é a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Para isso, ela disponibiliza um verdadeiro guia para o procedimento de validação de métodos analíticos [58,59]. Segundo a RE n° 899/2003 “Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos” da ANVISA [60], a metodologia analítica para testes quantitativos para a determinação do princípio ativo em produtos farmacêuticos ou matérias-primas não descritas em farmacopéias ou formulários oficiais, será validada, desde que sejam avaliados os seguintes parâmetros: Seletividade: habilidade do método de detectar, a substância de interesse, dos componentes da amostra que possam também ser visíveis no detector, assegurando-se que o sinal medido não é influenciado por substâncias interferentes [53-56,60]. Linearidade: é a capacidade de um método analítico de gerar resultados proporcionais à concentração do composto em questão, dentro de uma faixa 8 analítica especificada (Intervalo Dinâmico), sendo possível relacionar a resposta do detector à concentração [53-56,60,61]. Exatidão: é a relação entre o valor encontrado pelo método e o valor aceito como verdadeiro ou de referência. A exatidão é normalmente determinada por intermédio de, no mínimo, análises em três pontos: mais diluído da curva analítica, outra em média 40 a 60% do ponto mais concentrado e uma alta 75 a 95% do ponto mais concentrado [53-56]. Outra forma de investigação consiste em comparar a média dos resultados obtidos com a média obtida do programa interlaboratorial, ou ainda por meio de estudos de recuperação de quantidades conhecidas do analito adicionado na matriz limpa da amostra ou ainda na matriz da amostra [61,62]. Precisão: consiste na habilidade do método de repetir o mesmo resultado, embora não necessariamente o correto, sempre que o procedimento é executado [53-56]. Robustez: é a habilidade do método em fornecer resultados inalterados quando sujeitos a pequenas mudanças como diferentes analistas, variações no pH e/ou concentração da fase móvel, alterações na performance da coluna, temperatura do ambiente etc [53-56]. 9 2.Objetivos 10 2. OBJETIVOS Geral O objetivo geral deste trabalho foi avaliar o potencial antimicrobiano de Salvia officinalis frente a patógenos bucais, além de isolar e identificar o(s) princípio(s) ativo(s) e determinar qual a fração mais ativa. Objetivou-se também desenvolver uma metodologia analítica para identificar e quantificar o(s) princípio(os) ativos(s) da referida fração. Específicos Preparar o extrato em diclorometano de partes aéreas de Salvia officinalis e obter frações em hexano, diclorometano e metanol / água através de partição. Avaliar o potencial antimicrobiano do extrato bruto e frações frente ao microrganismo iniciador do processo cariogênico (S. mutans) [10]. Investigar fitoquimicamente a fração mais ativa e também avaliar o potencial antimicrobiano de seu(s) princípio(s) ativo(s) frente a um painel de microrganismos formado por Streptococcus. mutans, Streptococcus sobrinus, Streptococcus mitis, Lactobacillus casei, Streptococcus salivarius, Streptococcus sanguinis, Enterococcus faecalis. Desenvolver e validar uma metodologia analítica, utilizando CLAE, para quantificar o metabólito majoritário (princípio ativo) na fração mais ativa. 11 3.Materiais e métodos 12 3. MATERIAIS E MÉTODOS. 3.1. Preparo e partição do extrato bruto em diclorometano de Salvia officinalis (SOD). Foram adquiridos 1 kg das partes aéreas secas e rasuradas de “Salvia” (Salvia officinalis – lote san01-08, validade até 05/01/2011, colhido dia 01/08/2009) junto ao fornecedor (Nutriervas) localizado em São Paulo, na Rua Bucolismo nº 144 – Brás, CEP: 03008-040. A autenticidade do material foi conferida pelo farmacêutico responsável Dr. Carlos A. K Neves (CRF/SP 8.805). Visando melhorar a eficiência do processo extrativo, o material foi pulverizado em moinho de facas e tamisado em telas de malha nº10. Para a preparação do extrato bruto, 1000 g de Salvia officinalis (processado conforme o parágrafo anterior) foi extraído com 5000 mL de diclorometano por maceração exaustiva durante um período de 24 horas. O procedimento extrativo foi repetido outras duas vezes e, após isso, o material filtrado foi concentrado em rotaevaporador. Após completa evaporação do solvente, foi obtido o extrato bruto em diclorometano (SOD; 45,5 g). A seguir, a Figura 3 apresenta um fluxograma que resume o procedimento extrativo adotado. 13 Salvia officinalis (1000 g) Temperatura ambiente - Maceração por 24h com 5000 mL de diclorometano (3x) - Filtração Salvia officinalis Partes aéreas extraída com diclorometano Extrato diclorometano Concentrado em rotaevaporador Desprezar resíduo Extrato diclorometano concentrado (SOD) m = 45,5 g Figura 3: Preparo do extrato bruto bruto diclorometânico de Salvia officinalis (SOD). Para a partição do extrato bruto, tomou-se 45,5 g de SOD e solubilizouse em 300 mL de Metanol/ H2O (9:1v/v). Em seguida, o material obtido foi filtrado em papel de filtro e o resíduo foi desprezado. O filtrado consistiu numa fração hidroalcóolica que foi então colocada em um funil de separação e extraída com 400 mL de hexano, sendo o procedimento repetido por três vezes. Originou-se assim uma fração em hexano (SODH m= 10,58 g) que, após ter sido concentrada em rotaevaporador, foi reservada em outro frasco. A porção hidroalcoólica solúvel foi concentrada em rotaevaporador e extraída com 400 mL de diclorometano por duas vezes, originando uma fração em Diclorometano (SODD m=6,68 g) que, após ser concentrada em rotaevaporador, foi reservada em outro frasco. A parte hidroalcoólica solúvel restante foi recolhida e nomeada como SoDM/A (m=0,09 g). A Figura 4 a seguir apresenta um fluxograma que descreve os procedimentos adotados durante o fracionamento de SOD. 14 Extrato bruto em diclorometano de Salvia officinalis (SOD) (m= 45,5 g) - Solubilizado em 300 mL Metanol / H2O (9:1 v/v) - Filtração em papel de Filtro Hexano (4X 400 mL cada) Parte insolúvel (SODI, m= 21,6 g) Parte hidroalcoólica solúvel Obs.: Concentrada a parte hidroalcoólica solúvel em rotaevaporador antes de ter sido extraida com diclorometano. Diclorometano (2X 400 mL) Parte hidroalcoólica solúvel Parte hidroalcoólica solúvel Fração em Hexano Concentrada em Rotaevaporador (SODH, m= 10,58 g) Fração em Diclorometano Concentrada em Rotaevaporador (SODD, m= 6,68 g) Fração Hidroalcoólica Concentrada em Rotaevaporador (SODM/A, m= 0,09 g) Figura 4: Fracionamento do extrato bruto diclorometânico de Salvia officinalis (SOD). 3.2. Fracionamento biomonitorado de SODH. Após o parcionamento, SOD e as frações obtidas (SODI, SODH e SODD) foram submetidas a ensaio antimicrobiano para determinação da Concentração inibitória mínima (CIM) frente à Streptococcus mutans (ATCC 25275; que é considerado o microrganismo iniciador do processo cariogênico 15 [10]. SODH foi a fração considerada mais ativa, e portanto foi submetida a fracionamento cromatográfico utilizando sílica gel 60H (500 g) [63] como fase estacionária e n-hexano com percentuais crescentes de acetato de etila como fase móvel (1500 mL cada fração) como mostra a Tabela 1. Após a evaporação do solvente, este procedimento originou sete frações (SODH1SODH7), que também foram investigadas frente a Streptococcus. mutans. Tabela 1: Fracionamento por CLV de SODH Código da Fração Fase móvel Volume (mL) Massa (g) SoDH1 Hex 1500 0,08 SoDH2 Hex/AcOEt 8:2 1500 2,89 SoDH3 Hex/AcOEt 6:4 1500 4,29 SoDH4 Hex/AcOEt 4:6 1500 1,83 SoDH5 Hex/AcOEt 2:8 1500 0,35 SoDH6 AcOEt 1500 0,08 SoDH7 MeOH 1500 0,57 SODH2 (2,89 g) apresentou valores de CIM considerados promissores frente a S. mutans (menores que 100 µg/mL) [64,65], então, 2,00 g desta fração foi fracionada em coluna clássica utilizando sílica gel 60 (100 g) como fase estacionária e n-hexano/acetato de etila 9:1 como fase móvel. Cinquenta novas frações foram coletadas e reunidas em outras seis (SODH2.1 a SODH2.6) após análise via cromatografia em camada delgada comparativa (CCDC) usando sílica gel GF254 (Merck, Darmstadt, Alemanha) como fase estacionária e n-hexano/acetato de etila 9:1 como fase móvel. SODH2.3 (152 mg) foi a fração mais ativa frente Streptococcus. mutans e apresentou apenas uma mancha na análise por CCDC, sendo então submetida à análises por 16 RMN 1H e 13 C, que se tratava do diterpeno do tipo labdano manool (MO). A seguir, a Figura 5 apresenta todo o procedimento. SODH CLV BIOMONITORAMENTO SODH2 SODH1 SODH4 SODH3 SODH5 SODH6 SODH7 -CC (50 frações) -CCDC (reunião) BIOMONITORAMENTO SODH2.1 SODH2.2 SODH2.3 SODH2.4 SODH2.5 SODH2.6 -CCDC -RMN1H e 13C Manool Figura 5: Fluxograma do fracionamento e isolamento do manool partindo da fração SODH2 3.3. Avaliação da atividade antimicrobiana Inicialmente e, conforme a estratégia de biomonitoramento, o extrato bruto SOD, as frações SODH; SODD; SODH1-SODH7 e SODH2.1-SODH2.7 foram submetidas à determinação da concentração inibitória mínima (CIM) apenas frente a S. mutans (American Type Culture Collection, ATCC 25275). Já SODH2 e Manool (MO) foram avaliadas frente a um painel de bactérias cariogênicas que incluiu também: Streptococcus sobrinus ATCC 33478, Streptococcus mitis ATCC 49456, Lactobacillus casei ATCC 11578, Streptococcus salivarius ATCC 25975, Streptococcus sanguinis ATCC 10556, Enterococcus faecalis ATCC 4082. Para SODH2 e o manool (MO) foram 17 também determinados os valores de concentração bactericida mínima (CBM) frente aos microrganismos citados. 3.3.1. Determinação da Concentração Inibitória Mínima A Concentração Inibitória Mínima - (CIM) é definida como a menor concentração capaz de inibir o crescimento dos microrganismos, considerado bacteriostático quando o valor de CBM (Concentração Bactericida Mínima) for superior ao valor de CIM. Os valores foram determinados para cada microrganismo foi realizada em triplicata utilizando-se o método de microdiluição em microplacas [66]. Para isso, foi dissolvidos 1 mg de cada fração ou substância pura em 100 μL de dimetilsulfóxido (DMSO) e 1900 μL de Caldo Triptona Soja (TSB), ou seja em 2000 µL, originando soluções de 500 µg/mL. A concentração final de DMSO não foi superior a 5% e a solução nesta porcentagem foi utilizada como controle negativo. Com o auxílio de uma alça de platina esterilizada, culturas de 24 horas dos microrganismos foram transferidas para tubos contendo 10 mL de solução salina esterilizada. A suspensão foi padronizada por comparação com um tubo 0,5 da escala de McFarland (0,1 mL de uma solução 1% de Cloreto de Bário (BaCl2) em 9,9 mL de uma solução 1% de H2SO4). Em seguida, foram realizadas diluições sucessivas em solução salina e por fim em caldo Triptona Soja, de modo a fornecer um inóculo com uma concentração aproximada de 5 x 105 UFC/mL (Unidade Formadora de Colônia/mL). 18 Em microplacas esterilizadas de 96 poços foi adicionado um total de 100 μL contendo caldo Triptona Soja, as suspensões dos microrganismos e as soluções dos extratos e frações a serem avaliadas, de forma a se obter a concentração final dos agentes antimicrobianos de 2000 µg/mL – 0,98 µg/mL, enquanto o manool, por sua vez, foi avaliado na concentração de 400 µg/mL – 0,195 µg/mL permitindo determinar a concentração necessária para inibir o crescimento dos microrganismos avaliados. Em um dos poços de cada placa fez-se o controle da cultura, a qual apresentou crescimento bacteriano devido à ausência de agentes antimicrobianos. Em outro poço fez-se o controle de esterilidade do caldo Triptona Soja, e em outro, o controle do solvente (DMSO) utilizado para a solubilização dos compostos testados. Como controle positivo, utilizou-se clorexidina em uma faixa de concentração compreendida entre 59,0 µg/mL e 0,115 µg/mL, uma vez que esse é um agente antimicrobiano comumente utilizado em produtos bucais (enxaguatórios e cremes dentais) para controle das cáries. As placas foram incubadas a 37°C por 24 horas. Posteriormente, adicionou-se a cada poço, 30 μL de uma solução aquosa 0,02% de resazurina, sendo as placas reincubadas por 3 horas. Logo após, foram retiradas para a leitura, observando - se visualmente a presença da coloração azul (coloração da solução de resazurina) representou ausência de crescimento bacteriano enquanto a coloração rosa o crescimento dos microrganismos. 3.3.2. Determinação da Concentração Bactericida Mínima 19 A Concentração Bactericida Mínima (CBM); é definida como a menor concentração do composto capaz de matar 99,99% ou mais dos inóculos, ou seja, demonstra o efeito bactericida do extrato ou composto puro avaliado. Os valores de Concentração Bactericida Mínima foram determinados em sequência a partir da metodologia descrita no item anterior (item 3.3.1), lembrando que, antes de adicionar a resazurina para determinar CBM, uma alíquota de cada poço das soluções teste foram assepticamente removida de todos os poços e em seguida transferida para um novo meio de cultura esterilizado. O meio foi novamente incubado a 37ºC por 24 horas. A menor concentração que evitou o crescimento dos microrganismos foi caracterizada como sendo a CBM. 3.3.3. Avaliação da cinética antimicrobiana (Curva de morte) Por fim, a cinética da atividade bactericida (tempo de morte) foi avaliada somente para Streptococcus. mutans frente a SODH2 e o manool. Esse experimento foi realizado no sentido de avaliar o tempo necessário para as amostras em questão provocarem a morte dos microrganismos. Para isso, culturas jovens de Streptococcus mutans foram diluídas até uma concentração de 5 X 105 UFC/mL e ressuspendidas em soluções salina com tampão fosfato. Após a adição da amostra a ser testada na sua CBM, foram retiradas alíquotas em três tempos (6, 12 e 24 horas) e colocadas em placas contendo meio BHI para contagem de colônias. Todo o procedimento foi realizado em triplicata e submetido à análise estatística de acordo como previamente estabelecido por D'Arrigo et al. [67]. 20 3.4. Desenvolvimento e validação do método analítico por CLAE. Para esta etapa do trabalho, foi utilizado um sistema de cromatografia líquida de alta eficiência (Shimadzu, Tóquio, Japão) com duas bombas modelo LC-20A Prominence composto de um injetor automático SIL-20A, forno para coluna CTO-20A, módulo de controle CBM-20A, degaseificador DGU-20A3 e detector de fotoarranjo de diodos SPD-M20A. O processamento dos dados foi realizado com o software LC solution® versão 1.25 e as análises foram realizadas numa coluna Shim-pack CLC-ODS (25 cm X 4.6 mm de d.i.; 5 µm; Shimadzu). Visando o desenvolvimento do método analítico, foram realizados experimentos preliminares baseados no gradiente exploratório descrito por Snyder & Dolan [68] para estimar as melhores condições. Para isto, 0,00482 g de SODH2 e 0,00075 g de ent-caur-16(17)-en-19-oato de metila (Padrão interno -PI); Figura 7); respectivamente 964,0 µg/mL e 150,0 µg/mL) foram solubilizados em 5 mL de acetonitrila num balão volumétrico. Em seguida, 20 µL desta solução foi injetada no cromatógrafo utilizando um sistema gradiente de eluição conforme o gráfico da Figura 6 , vazão a 1,0 mL/min, temperatura da coluna de 40 oC e detecção em 201 nm. 21 100 90 80 % AcN 70 60 50 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 t (min) Figura 6: Gradiente exploratório proposto por Snyder & Dolan [68] Após a avaliação dos parâmetros cromatografados, foi estabelecido um sistema isocrático de eluição com 90% de acetonitrila em água contendo 0,1% de ácido acético a uma vazão 1,0 mL/min. Utilizou-se uma temperatura de 40oC para a coluna e a detecção foi realizada em 201 nm. As amostras foram preparadas dissolvendo-se 964,0 µg/mL de SODH2 e 150,0 µg/mL do padrão interno (PI; ent-caur-16(17)-en-19-oato de metila) em acetonitrila e filtrados em um filtro do tipo seringa UNIFLO 25/02 PTFE (Whatman/Schleicher & Schuell, Maidstone, UK). H COOCH3 Figura 7: Estrutura do Padrão interno (ent-caur-16(17)-en-19-oato de metila) A seletividade do método foi atestada através da pureza espectral dos picos de manool em todas as amostras. Os espectros combinaram-se 22 exatamente, demonstrando que não foram encontradas outras substâncias coeluindo com manool. Para obtenção da curva de calibração, foram preparadas soluções de manool em acetonitrila (500,00; 400,00; 300,00; 200,0; 100,00; 80,00; 40,00 e 20,00 µg/mL) conforme o esquema de diluições demonstrado na Figura 8. 0,025 g de manool Soluçãomãe (SM) 50 mL AcN 500 g/mL 4 mL 5 mL AcN 400 g/mL 1 mL 3 mL 2 mL 5 mL AcN 300 g/mL 5 mL AcN 5 mL AcN 200 g/mL 100 g/mL 1 mL 1 mL 5 mL AcN 80 g/mL 1 mL 5 mL AcN 40 g/mL 5 mL AcN 20 g/mL Figura 8: Esquema de diluições de manool para elaboração da curva de calibração. Posteriormente, alíquotas de 20 µL destas soluções foram injetadas em triplicata no equipamento. Os dados obtidos foram utilizados para construir a curva de calibração em relação à concentração de manool. O coeficiente de determinação (r2) e a equação da reta foram calculados utilizando-se o programa Microsoft Excel®, logo após, o coeficiente de correlação linear (r) foi 23 calculado extraindo a raiz do r2, gerando um bom coeficiente de correlação linear sendo igual a r = 0,9985. Os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) foram determinados com base no desvio padrão relativo da resposta (σ) e na inclinação da curva de calibração (S) através das seguintes fórmulas: LD = 3,3 σ/S e LQ = 10 σ/S. A precisão intra-dia foi determinada através da análise de seis amostras e a precisão inter-dias foi analisada em dois dias consecutivos. A partir dessas análises foram calculadas a concentração de manool em SODH2 e o respectivo desvio padrão relativo (DPR%). Para verificação da precisão interdias, as médias das concentrações de manool entre os dois dias foram comparadas através de teste t (p<0,05) utilizando-se o programa GraphPad Prism®. Para determinar a exatidão foi empregado o método da adição de padrão, desta forma a exatidão é determinada através da concordância das concentrações medidas e nominais do analito na amostra adicionada. Neste sentido, amostras foram preparadas a partir da adição de manool em SODH2 em três níveis (baixo, médio e alto) de concentrações conhecidas, respectivamente 25, 50 e 100% da concentração determinada para manool em SODH2 no ensaio de precisão intra-dia e então analisadas. E a partir dos dados gerados a exatidão foi então calculada utilizando a seguinte fórmula: E (%) (X1 X ) X 100 X Sendo dada em porcentagem, onde X1 é a concentração de manool nas amostras preparadas com os teores conhecidos adicionados do mesmo, e X é a concentração de manool de referência (concentração obtida na precisão). A faixa de aplicação que demonstra o valor superior e inferior do manool é 24 especificada pela ANVISA compreendendo um intervalo de 80 – 120% para medicamentos e determinação de impurezas. A Figura 9, a seguir, apresenta o esquema de preparo das amostras para determinação da precisão e exatidão do método analítico. 0,00482 g de SODH2 + 0,00075 g de Caurenoato de metila Amostra Precisão Intra-dia: Injetou 20L da amostra 18 vezes Inter-dias: Injetou 20L da amostra 18 vezes após finalização exatidão 5 mL AcN 964 g/mL 500 L amostra Alta Concentração (100% de manool) 1000 L padrão 500 L amostra + 300 L AcN Média Concentração (50% de manool) 500 L amostra + 450 L AcN Baixa Concentração (25% de manool) 700 L padrão Exatidão Injetou cada concentração (alta, média e baixa) em triplicata 550 L padrão 0,0025 g de manool Padrão 5 mL AcN 500 g/mL Figura 9: Esquema de preparo das amostras para determinação da precisão e exatidão do método analítico A robustez do método cromatográfico foi determinada segundo o design experimental de Plackett-Burman descrito por Heyden et al.[69]. Para isso, foram selecionados aleatoriamente fatores operacionais relacionados ao método cromatográfico tais como: vazão da fase móvel, temperatura da coluna, porcentagem do solvente orgânico na fase móvel (%B), comprimento de onda do detector e volume da amostra injetada (Tabela 2). 25 Tabela 2: Fatores e níveis investigados no teste de robustez Fatores Vazão da fase móvel Temperatura da coluna Porcentagem de solvente orgânico na fase móvel (%B) Comprimento de onda do detector Volume de amostra injetado Abreviação Unidades Limites Vaz. ± 0.1 0.9 1.1 1.0 o C ±5 35 45 40 %B % ±1 89 91 90 λ nm ±5 196 206 201 Inj. µL ±1 19 21 20 Temp. mL/min Nível Nível Nominal (-1) (+1) Foram estabelecidos então, níveis de variação para cada um desses fatores a partir do método desenvolvido. Esses níveis foram representados como (-1) e (+1), quando relativos respectivamente a variações abaixo e acima dos valores nominais (Tabela 3) e foram divididos em oito experimentos, conforme estipulado pelo design experimental de Plackett-Burman [69]. Deve ser mencionado que dois fatores fictícios foram adicionados de modo a atingir a saturação do design experimental. Cada experimento foi conduzido conforme as variações pré-definidas para os limites de variação −1 e +1 de cada fator e uma das respostas y foram obtidas ao fim de cada um destes experimentos (Tabela 3). 26 Tabela 3: Design experimental de Plackett–Burman para 7 fatores e 8 experimentos [69] Experimento no. 1 2 3 4 5 6 7 8 A B Vel. Temp. +1 -1 -1 +1 -1 +1 +1 -1 +1 +1 -1 -1 +1 -1 +1 -1 Fatores C D Fictício %B 1 +1 -1 +1 +1 +1 +1 -1 +1 -1 -1 +1 -1 -1 +1 -1 -1 E F λ Inj. +1 -1 +1 +1 +1 -1 -1 -1 -1 +1 -1 +1 +1 +1 -1 -1 G Fictício 2 -1 -1 +1 -1 +1 +1 +1 -1 Resposta y1 y2 y3 y4 y5 y6 y7 y8 As respostas selecionadas para o estudo de robustez foram a área do pico e o tempo de retenção relativo (trr) do manool. Entre as oito respostas obtidas, o efeito estimado foi calculado para cada fator levando-se em conta as respostas selecionadas conforme a seguinte equação: Ex y ( ) y ( ) , N /2 N /2 Para qual E é o efeito estimado para a resposta selecionada x; x é a área do pico ou o trr para manool; ∑y(+) é a somatória das respostas em nível positivo; ∑y(−) é a soma das respostas em nível negativo e N é o número de experimentos. Para melhorar a interpretação dos resultados para os estudos de robustez, o efeito estimado Ex foi convertido utilizando-se a equação DPR% = (S/X) 100 onde DPR% é o desvio padrão relativo, S é o valor de Ex e X representa as médias das respostas y, considerando-se diferentes respostas e fatores. 27 4.Resultados e discussão 28 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO. 4.1. Isolamento e identificação estrutural do manool. O espectro de RMN-1H do manool obtido pelo fracionamento (fração SODH2.3) (Figura 10) exibiu quatro sinais bastante característicos de hidrogênios metílicos na região compreendida entre δ 1,50 e 0,50 , onde o sinal da metila em δ 1,27 (s) foi atribuído aos hidrogênios do carbono 16, o sinal em δ 0,86 (s) aos hidrogênios do carbono 18, o sinal em δ 0,79 (s) aos hidrogênios do carbono 19. Por fim, o sinal em δ 0,67 (s) foi atribuído aos hidrogênios metílicos ligados ao carbono 20. Observa-se ainda vários sinais relativos a hidrogênios vinílicos na região entre δ 6,00 e 4,50 e um padrão complexo de sinais equivalentes a carbonos saturados na região entre δ 2,40 e 0,80. Associando-se tais dados ao fato de que plantas do gênero Salvia produzem diterpenos [26,46,47], inferiu-se que a substância da fração SODH2.3 possuía esse tipo de estrutura. 29 1.27 RCSV2.001.ESP 1.0 0.9 0.86 0.79 0.67 0.8 H14 OH 16 14 13 0.6 12 20 11 H15a 15 H15b H17a 17 0.5 2 3 0.4 5.22 5.17 5.06 5.03 4.81 4 10 9 5 6 8 H17b 7 18 2.39 2.34 0.2 1 4.51 19 0.3 5.96 5.92 5.90 5.86 Normalized Intensity 0.7 0.1 0 1.00 7.0 6.5 6.0 1.00 1.03 1.02 1.02 5.5 5.0 4.5 0.96 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 0.91 2.0 3.76 3.17 3.23 3.26 1.5 1.0 0.5 0 Figura 10: Espectro de RMN-1H do manool (400 MHz; CDCl3) 30 Ampliando a região entre δ 6,00 e δ 4,00 observam-se com maior nitidez os padrões de acoplamento dos hidrogênios vinílicos (Figura 11) e nota-se que os hidrogênios em δ 5,91 (dd), δ 5,04 (dd) e δ 5,19 (dd) encontram-se acoplados entre si em um padrão característico de duplas exocíclicas terminais, podendo ser atribuídos aos hidrogênios dos carbonos 14, e 15 (15a e 15b), respectivamente. Os hidrogênios em δ 4,81 (d) e δ 4,51 (d) exibem acoplamento geminal (J= 1,56 Hz), compatível com duplas que possuem apenas dois hidrogênios no mesmo carbono, sendo estes atribuídos aos hidrogênios do carbono 17 (17a e 17b, respectivamente). Assim, é possível estabelecer que a substância em questão possui dois sistemas de duplas ligações. RCSV2.001.ESP 1354.10 1352.85 1445.22 1443.66 1519.01 1508.25 1787.53 1776.76 1770.05 1759.44 Normalized Intensity 0.15 1569.57 1568.16 1552.09 1550.84 0.20 0.10 0.05 0 5.9 5.8 5.7 5.6 5.5 5.4 5.3 5.2 5.1 Chemical Shift (ppm) 5.0 4.9 4.8 4.7 4.6 4.5 Figura 11: Ampliação da região entre δ 6 - δ 4 mostrando os sistemas de duplas ligações do manool. Analisando-se o espectro de RMN-13C desse composto (Figura 12), nota-se a presença de um sinal em δ 73,5, compatível com carbonos carbinólicos. Além disso, nesse mesmo espectro, foi possível verificar a presença de quatro carbonos característicos de duplas ligações na região 31 compreendida entre δ 150,0 e δ 105,0. Finalmente, percebe-se também neste espectro a ausência de sinais relativos a carbonos carbonílicos. 32 33.49 12 H15b H17a 17 19 4 10 9 5 6 8 H17b 33.58 2 1 7 73.50 145.21 11 18 77.42 77.00 0.5 20 3 148.52 Normalized Intensity 0.7 0.6 106.44 0.8 15 24.35 21.67 19.32 H15a 13 14.38 14 27.54 0.9 17.62 H14 OH 16 42.12 38.98 38.28 1.0 57.22 55.49 111.48 RCSV2.015.ESP 0.4 0.3 0.2 0.1 0 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 Chemical Shift (ppm) 50 40 30 20 10 0 Figura 12: Espectro de RMN-13C do manool (100MHz, CDCl3). 33 A análise inicial dos espectros de RMN de 1H e de 13 C permitiu concluir que, muito provavelmente, a fração SODH2.3 é um álcool diterpênico, com duas duplas ligações, sendo uma delas terminal em uma cadeia lateral. Após busca na literatura científica por diterpenos com essas características, chegouse à estrutura do manool (Figuras 2 ou inserida nas Figuras 10 e 12), cuja abundância em Salvia officinalis foi discutida na “Introdução”. A comparação dos dados espectrais experimentais com os da literatura científica (Tabelas 4 e 5) [70,71] confirmam a identificação estrutural. Tabela 4: Dados de RMN-1H (em δ) do manool H Literatura [72] (200MHz; CDCl3) 14 5,91 dd; 1H; vinílico 15a 5,05 ; 1H; vinílico 15b 5,21 dd; 1H, vinílico 16 17a 17b 18 19 20 1,26 s; 3H; metílico 4,8 br s; 1H; vinílico 4,47 br s; 1H; vinílico 0,87 s; 3H; metílico 0,78 s; 3H; metílico 0,67 s; 3H, metílico 1 Experimental (400 MHz; CDCl3) 5,91 dd;1H; (J14, 15b= 17,5 Hz; J14, 15a= 10,6 Hz) 5,04 dd; 1H; (J15a,14= 10,6 Hz; J15a,15b= 1,4 Hz) 5,19 dd; 1H; (J15b,14= 17,5 Hz; J15b,15a = 1,4 Hz) 1,27 s; 3H 4,81 d; 1H; (J17a,17b= 1,5 Hz) 4,51 d; 1H; (J17b, 17a= 1,5 Hz) 0,86 s; 3H 0,79 s; 3H 0,67 s; 3H 34 Tabela 5: Dados de RMN-13C (em δ) do Manool 13 C 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Experimental (100 MHz; CDCl3) 39,0 39,7 19,0 19.3 42,1 42,1 33,5 33,5* 55,5 55,5 24,4 24,3 38,3 38,3 148,4 148,5 57,2 57,2 39,8 39,8 17,6 17,6 41,3 41,2 73,4 73,5 144,9 145,2 111,4 111,5 27,9 27,5 106,2 106,4 33,5 33,5* 21,7 21,7 14,4 14,4 *Podem ser trocados entre si. Literature [70] (25 MHz; CDCl3) 4.2. Avaliação da atividade antimicrobiana Conforme esperado, a análise da Tabela 6 revela que manool apresenta menores valores de CIM quando comparados com SODH2 para todas as bactérias avaliadas. Alguns autores sugerem [64,65] que frações como SODH2 são promissoras na busca de novos e efetivos agentes antimicrobianos em concentrações muito maiores (até 100 μg/mL) que as requeridas para substâncias isoladas como o manool (até 10 μg/mL). Assim, os resultados assinalam a importância de ambos os derivados vegetais (SODH2 e manool) na busca por novos e efetivos agentes antimicrobianos. O controle negativo 35 (solução de DMSO 5%) não afeta o crescimento dos microrganismos, e o Dicloridrato de clorexidina (CLE) foi utilizado como controle positivo. Tabela 6: Valores obtidos para CIM do manool e de SODH2 frente a patógenos bucais Bactéria (ATCC) S. mutans (25275) S. salivarius (25975) S. sanguinis (10556) S. sobrinus (33478) S. mitis (49456) L. casei (11578) CLE* 0,92 CIM em µg/mL MO 6,24 SODH2 15,68 0,92 24,96 31,36 3,69 12,48 15,68 0,92 24,96 31,36 3,69 0,92 12,48 12,48 15,68 31,36 Tabela 7: Valores obtidos para CBM do manool e de SODH2 frente a patógenos bucais Bactéria (ATCC) S. mutans (25275) S. salivarius (25975) S. sanguinis (10556) S. sobrinus (33478) S. mitis (49456) L. casei (11578) CLE* 3,69 CBM em µg/mL MO 6,24 SODH2 15,68 0,92 49,92 31,36 3,69 12,48 15,68 0,92 24,96 31,36 3,69 0,92 12,48 12,48 15,68 62,72 Visando uma melhor compreensão da atividade antimicrobiana, foram conduzidos experimentos para determinar o tempo necessário para que manool e SODH2, em suas respectivas CBMs (Tabela 7) levam para matar completamente o microrganismo considerado como o agente causador primário da cárie [10]. A Figura 13 mostra que o controle positivo (CLE) matou S. 36 mutans na menor concentração (3,69 µg/mL) após 24 horas. Em sua CBM, o manool (6,24 µg/mL) necessitou de 6 horas para matar completamente a bactéria. Já SODH2 necessitou de 12 horas, numa concentração duas vezes maior que sua CBM (31,36 µg/mL). Considerando-se o relativamente curto período de tempo em que os princípios ativos de produtos de higiene bucal permanecem em seu local de ação, pode-se considerar que esses resultados denotam o potencial de Salvia officinalis na busca de novos princípios ativos anticariogênicos. Manool (A) SODH2 (B) 10 10 8 Controle Negativo CHD (3.69 g mL -1) Manool (6.24 g mL -1) Manool (12.48 g mL -1) Manool (18.72 g mL -1) 6 4 2 Log10 UFC mL-1 Log10 UFC mL -1 8 Controle Negativo CHD (3.69 g mL -1 ) SODH2 (15.68 g mL -1 ) SODH2 (31.36 g mL -1 ) SODH2 (47.04 g mL -1 ) 6 4 2 0 0 5 10 15 Tempo (horas) 20 25 0 0 5 10 15 20 25 Tempo (horas) Figura 13: Curvas de morte obtidas para o manool (A) e SODH2 (B) frente a Streptococcus mutans usando dicloridrato de clorexidna (CLE) e DMSO 5% como controles positivo e negativo, respectivamente. 4.3. Desenvolvimento e validação de método analítico por CLAE. As análises foram realizadas conforme descrito no item “Material e métodos”. A Figura 14 apresenta um cromatograma típico de SODH2 juntamente com o respectivo espectro de UV relativo ao pico de manool para assegurar sua pureza espectral e, consequentemente, a seletividade do método. 37 Figura 14: Cromatograma obtido por CLAE referente a SODH2, obtido nas condições estabelecidas (sistema isocrático de eluição composto de 90% acetonitrila em água contendo 0.1% de ácido acético numa vazão de 1.0 mL/min, temperatura da coluna de 40 oC e detecção a 201 nm. No detalhe, o espectro de UV do manool. Foi gerado o coeficiente de determinação (r2 = 0,9971) que expressa a proporção de variação de y em função de x, e um bom coeficiente de correlação linear (r = 0,9985) para o gráfico da concentração versus área do pico de manool [60], conforme pode ser observado na curva de calibração exibida na Figura 15. 38 Figura 15: Curva de calibração do manool, constando a equação de regressão linear e o coeficiente de correlação linear r. A Figura 15 apresenta ainda a equação de regressão linear, para a qual y é a resposta do detector (área) e x é a concentração de manool (em µg/mL). Os valores de LD e LQ encontram-se listados na Tabela 7 e indicam que o método desenvolvido é bastante sensível [60]. 39 Tabela 8. Parâmetros analíticos de LD, LQ, precisão, exatidão e robustez da SODH2 obtidos para o método desenvolvido. Parâmetros trra trr Ex em trr Concentração Concentração DPR% DPR% (µg mL-1) DPR% LQ 0.382 LD 0.126 Precisão Intra-dia 0.594 0.008 174.362 Inter-dias 0.594 0.010 174.028 Exatidãob Baixa 0.593 0.009 212.737 Média 0.593 0.019 254.138 Alta 0.593 0.021 333.639 Robustez Vel. 0.116 Temp. -4.353 %B -2.511 λ -0.010 Inj. -0.038 a Tempo de retenção relativo calculado em relação ao PI; Ex em Área do pico DPR% 0.067 0.217 0.018 0.032 0.046 -19.621 2.134 4.306 -50.590 10.289 b Valores obtidos em relação à concentração intra-dia. A precisão intra-dia foi determinada pela análise do princípio ativo (manool) em seis amostras de SODH2, e a precisão inter-dias foi investigada em dois dias consecutivos. As concentrações obtidas e os respectivos valores de desvio de padrão relativo (DPR%) também encontram-se na Tabela 8. Todos os valores de DPR% das concentrações de manool foram menores que 5% [60] e a média obtida em dias diferentes não diferiu estatisticamente (p<0,05). A Tabela 8 ainda mostra as concentrações obtidas pela adição de quantidades conhecidas de manool em SODH2 nas concentrações baixa, média e alta (respectivamente 43,590; 87,181 e 174,362 µg/mL), analisadas em triplicata cada uma, visando a determinação da exatidão do método. Assim 40 como observado no estudo de precisão, os valores de DPR% também foram menores que 5%, e a faixa de aplicação compreende um intervalo de 88,036 – 91,507% demonstrando a proximidade com o valor de referência, indicando que os resultados foram adequados para os propósitos analíticos do método desenvolvido [60]. O teste de robustez visa investigar potenciais fontes de variação através da avaliação de um ou de um conjunto de respostas relativas ao método. Para investigar estas fontes de variação, seleciona-se uma série de fatores que são então submetidos a pequenas variações controladas. Geralmente estas variações tem como objetivo emular a perspectiva de uma dada oscilação quando o método é aplicado em outros equipamentos ou mesmo outros laboratórios. Seguindo a metodologia descrita para o parâmetro robustez no item “Material e métodos”, os efeitos (Ex) foram calculados e convertidos para DPR% para cada resposta estudada relativa ao manool. Os fatores “comprimento de onda do detector”, “vazão da fase móvel” e “volume de amostra injetado” foram sensíveis em relação à resposta “área do pico” com valores de DPR% de 50, 19 e 10% respectivamente. Os demais valores de DPR% das respostas restantes foram inferiores a 10%. Levando-se em conta o design experimental executado e o número de variáveis envolvidas, considerase que esses valores são aceitáveis até um limite de 20% [69]. É necessário ressaltar que o alto valor de DPR% obtido para as respostas relacionadas à área do pico (50%) se devem ao perfil agudo do espectro de UV do manool (Figura 14). Observando-se a Figura 14, pode-se notar que pequenas variações no comprimento de onda podem acarretar em grandes mudanças na absorbância. 41 Em termos gerais, os resultados obtidos nos estudos de validação permitem considerar que o método desenvolvido é adequado para utilização em diferentes laboratórios e atende aos requisitos preconizados no “Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos” contido na Resolução 899/2003 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) [60]. Finalmente, considerando-se que a amostra de SODH2 é preparada numa concentração de 964 µg/mL e que a concentração de manool nesta amostra é de 174,362 µg/mL, conforme determinada nos estudos de precisão intra-dia, podemos concluir que a porcentagem de manool (marcador químico) é de 18% em SODH2. Dessa forma, demonstra-se que todos os objetivos propostos no desenvolvimento de um método analítico por CLAE para SODH2 foram atingidos. 42 5.Conclusão 43 5. CONCLUSÃO. A estratégia de estudo fitoquímico biomonitorado permitiu não só identificar o diterpeno manool como principal responsável pela atividade antibacteriana in vitro frente a bactérias causadoras de cárie, como também permitiu propor a fração SODH2 como outro derivado vegetal com potencial utilização no combate à cárie. Os estudos analíticos permitiram determinar um método validado para determinar o teor de manool nesta fração, adequando-a as crescentes demandas por qualidade e segurança, no caso de uma futura confirmação de seu uso potencial. Como perspectivas futuras pretende-se preparar formulações contendo o manool ou a fração SODH2 e realizar testes clínicos em pacientes voluntários. 44 6. Referências 45 6. REFERÊNCIAS 1 Cos P, Vlietinck AJ, Vanden Berghe D, Maes L. Anti-infective potential of natural products: How to develop a stronger in vitro 'proof-of-concept'. J Ethnopharmacol 2006; 106: 290-302. 2 Desmarchelier C. 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