Maio / Junho de 2010 - Associação Brasileira de Angus
Transcrição
Maio / Junho de 2010 - Associação Brasileira de Angus
Impresso Maio / Junho de 2010 Especial 2219/03 – DR/RS Associação Brasileira de Angus 1 CORREIOS MAIO / JUNHO DE 2010 - ANO 11 - Nº 47 INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS 2 Maio / Junho de 2010 Associação Brasileira de Angus VOCÊ SABIA? Diretoria Biênio 2009/2010 Diretoria Executiva Diretor Presidente Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello Diretor 1º Vice-Presidente Fábio Luiz Gomes Diretor vice-presidente Mariana Franco Tellechea Diretor vice-presidente José Roberto Pires Weber Diretor vice-presidente Paulo de Castro Marques Diretor Financeiro Marco Antônio Gomes da Costa Diretor de Marketing João Francisco Bade Wolf Diretor de Núcleos Ignacio Silva Tellechea Diretor sem Designação Específica Ronaldo Zechlinski de Oliveira Conselho de Administração Membros Eleitos Afonso Motta Antônio dos Santos Maciel Neto Cristopher Filippon Renato Zancanaro Washington Humberto Cinel Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA) Angelo Bastos Tellechea Antonio Martins Bastos Filho Fernando Bonotto Hermes Pinto João Vieira de Macedo Neto José Roberto Pires Weber José Paulo Dornelles Cairoli Reynaldo Titoff Salvador Conselho Fiscal Membros Efetivos Eduardo Macedo Linhares Roberto Soares Beck Ruy Alves Filho Membros Suplentes Elizabeth Linhares Torelly Carla Sandra Staiger Schneider Roberta Riemke Leon Conselho Técnico Susana Macedo Salvador – Presidente [email protected] Antônio Martins Bastos Filho [email protected] Luis Felipe Ferreira da Costa [email protected] Luiz Alberto Muller [email protected] Sérgio Tellechea [email protected] Amilton Cardoso Elias - Representante ANC [email protected] Patrono mundial fala sobre a raça Angus Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br [email protected] Associação Brasileira de Angus Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501 CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS www.angus.org.br [email protected] Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. O ano promete! Prezados amigos da raça Aberdeen Angus, sócios e parceiros. Como já sinalizamos neste espaço, o ano de 2010 mostra-se promissor. Realizamos, neste mês, a Exposição de Outono de Uruguaiana com a participação de mais de 200 animais, entre argola e a campo, e com um nível zootécnico tão apurado que impressionou o jurado argentino Norman Catto; no fim de Abril, em evento realizado para a Imprensa especializada no agronegócio, em Porto Alegre (RS), firmamos convênio com a Associação Argentina de Angus para aplicar avaliação de carcaças por ultrassom. A partir desta parceria, vamos padronizar a avaliação de carcaças realizada no Brasil utilizando metodologia internacional adotada pelas demais associações de Angus, no mundo. Com isso, vamos ter, também, mais animais avaliados e condições de oferecer ao mercado um maior número de reprodutores com dados de carcaça e qualidade de carne atendendo necessidades da cadeia produtiva como um todo. O Anuário Angus 2009/2010 está sendo entregue aos HUMOR Coordenação Juliana Brunelli de Moraes [email protected] Jornalistas Responsáveis Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Colaboradores: jorn. Alexandre Gruszynski e jorn. Luciana Radicione Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA - jorn. Luciana Bueno Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Gianna Corrêa Soccol 51 3231.6210 // 51 8116.9784 Edição, Diagramação, Arte e Finalização EDITORIAL associados e parceiros da Associação Brasileira de Angus (ABA) com informações sobre a raça, além de tendências de seleção e mercado da carne através de reportagens e artigos técnicos redigidos por pesquisadores da pecuária de corte, no país. Ainda neste Outono, estamos observando a suprema valorização dos terneiros Angus certificados nas pistas de leilões da temporada. Para citar apenas um exemplo, tivemos lote de terneiro Angus certificado valorizado a R$ 3,56 o quilo vivo em praça como Pelotas, RS. No Outono Angus Show, a ocorrer nesta edição da Fenasul 2010, em Esteio, RS, estaremos apresentando 500 animais Angus certificados na VIII Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas. A aposta pelos terneiros Angus certificados, machos ou fêmeas, tem ocorrido nessa fase de reposição com os compradores investindo em qualidade. Com a indústria pagando premiações, através de bonificações que podem chegar, nos machos Angus, até 10% sobre o valor pago pelo preço base, via parceria da Associação Brasileira de Angus com um dos seus parceiros, como o Marfrig/RS, adquirir ternei- ros ou terneiras Angus passou a ser garantia de lucro e liquidez, mais tarde. A parceria da ABA busca incentivar a raça com premiações a animais Angus Definido e cruza Angus, qualidade de carcaça e rastreabilidade (animais rastreados visando exportação para a União Europeia, e, rastreabilidade desde a desmama). Em Londrina, PR, em abril, o 3º Leilão Conexão Angus – Produtores e Cruzamentos, chancelado pela ABA, negociou um grande volume de animais cruza Angus. Foram 860 animais vendidos e preços médios para os machos cruza Angus próximos dos R$ 3,60 kg/vivo. E, na sequência, tão logo a Feicorte, em junho, em São Paulo, teremos a Expointer, onde, em 2009, já comercializamos cifra superior a R$ 1 milhão. O ano realmente promete! Finalizando, desejamos aos amigos uma ótima leitura e, novos meses promissores. Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello Presidente da ABA Parte do plantel Aberdeen Angus do Príncipe Charles pode ser conhecido através de um vídeo disponível na Internet. No endereço www.youtube/watch?v=ZbbK6-6Qtfo&feature=player_embeddedpode-se também conhecer aquilo que o príncipe Charles pensa sobre a raça. Ele apresenta os animais e fala sobre o gado Angus. Charles é o Patrono mundial da raça, seu plantel é selecionado nas terras do Castle of Mey, na Escócia, sob a orientação do criador John Coultrip, que esteve no Brasil em 2006 como juiz do Outono Angus Show. Seis juízes secretos Os organizadores do Fórum Mundial de Angus 2009, realizado no Canadá, inovaram em vários aspectos. Os julgamentos foram conduzidos por seis juízes, sendo um trio para o julgamento dos animais de pelagem preta e um outro trio para o julgamento dos animais de pelagem vermelha. No Canadá, embora exista uma única associação, os julgamentos são separados. Os juízes foram escolhidos através de votação, porém seus nomes mantidos em sigilo até o início dos respectivos julgamentos. A estratégia surpreendeu muito e teve o propósito de manter o mais alto grau de imparcialidade. Aliás, nem mesmo os juízes convidados sabíam quem integraria os trios. A escolha dos campeões e grandes campeões, por sua vez, seguiu um sistema de notas e igualmente agradou. EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2010 3 4 Maio / Junho de 2010 CARNE Alternativas de Comercialização e Cruzamentos em Londrina Fotos: Divulgação/ABA O cruzamento industrial como ferramenta para melhoria das carcaças das raças continentais e zebuínas e o complemento de qualidade proporcionado pela genética Angus foi uma das tônicas da palestra do sub gerente do Programa Carne Angus Certificada, Fábio Medeiros, no 8º Seminário de Pecuária de Corte, realizado durante a Expo Londrina. O evento teve promoção conjunta da Sociedade Rural do Paraná (SRP) e Emater, com apoio do Ministério da Agricultura, entre outros. Segundo Medeiros, enquanto o Nelore é rústico e adaptado ao carrapato, o Angus apresenta fertilidade, qualidade de carcaça e de carne, além de precocidade sexual e terminação. O técnico da ABA abordou a temática nas palestras Alternativas de Cruzamentos para Produção de Carne de Qualidade e Alternativas de Comercialização e Perspectivas de Mercado para a Carne de Qualidade. As aborda- Abate Técnico Angus na Expolondrina Numa iniciativa inédita durante a Expo Londrina 2010, com a coordenação da Sociedade Rural do Paraná, foi realizado um julgamento e abate técnico de novilhos e novilhas voltados à produção de carne de qualidade. O objetivo foi despertar o interesse do público participante da feira para visualização do potencial de produção de carne de qualidade no Paraná. Paralelamente, como parte do mesmo objetivo, um estande de desossa ao vivo foi montado nas dependências da feira, a exemplo do que já havia sido feito com enorme sucesso durante a Expointer 2009, em Esteio, RS. Tanto no julgamento de animais como no abate na indústria frigorífica, a Raça Angus foi grande destaque, impressionando os jurados e o público que acompanhou a atividade. Em um julgamento realizado por cinco jurados, escolhidos entre técnicos e produtores (onde a ABA foi representada pelo subgerente do Programa Carne Angus – veterinário Fábio Medeiros), exemplares da raça Angus obtiveram importantes premiações. Os animais de propriedade de Marcos Molina – Fazenda Jequitibá, em Porto Feliz, SP -, obtiveram as premiações de Grande Campeão Macho Dente de Leite, Reservado Grande Campeão macho 2 dentes e Grande Campeã Fêmea 2 dentes, entre outros prêmios. Segundo Medeiros, os lotes Angus impressionaram no julgamento de mangueira pela uniformidade e pelos dados de carcaça avaliados por ultrassonografia. Entretanto, foi no abate que os animais campeões encantaram ainda mais a todos. A atividade, que foi organizada com o apoio fundamental do técnico da ABA no Paraná, veterinário Antônio Chaves Neto, reuniu cerca de 40 animais de diferentes raças e cruzamentos. Segundo seus organizadores, no ano que o evento será repetido, devido ao enorme sucesso alcançado. Frigorífico Silva – Ausqual Certified! Durante o período de 19 a 24 de abril, o auditor da Ausmeat, Guilherme Beil Amado, percorreu as unidades do RS onde a certificação do Programa Carne Angus é realizada, verificando a conformidade do Processo de Certificação da ABA, de acordo com os padrões internacionais da Ausmeat. Todas as unidades do RS foram mais uma vez aprovadas, impressionando o auditor pela qualidade do trabalho realizado pela equipe do Programa Carne Angus. Nesta auditoria, a planta do Frigorífico Silva - novo parceiro do Programa Carne Angus Certificada – em Santa Maria, RS, recebeu pela primeira vez a auditoria de certificação da Ausmeat. Após acompanhamento de abates, desossa e minuciosa revisão de procedimentos e documentação, a unidade foi aprovada, passando também a contar com a Certificação Ausmeat para a Carne Angus produzida. A certificação da Ausmeat é um diferencial de grande importância para o Programa Carne Angus Certificada, que agrega padronização, qualidade e credibilidade em nível internacional ao seu processo de certificação. Carne Angus em Santo Antônio das Missões Em atividade conjunta da Emater, Secretaria da Agricultura do RS e do Programa Carne Angus Cerificada, foi promovida no dia 31 de março no município de Santo Antônio das Missões, RS, um encontro que reuniu cerca de 200 produtores e técnicos da região. Eles assistiram a palestras sobre manejo e conservação do campo nativo, implantação de pastagens através da integração Lavoura-Pecuária e sanidade animal. Foi tema ainda de um painel Tendências do Mercado para Produção de Carne de Qualidade, quando o Programa Carne Angus foi representado e apresentado como estratégia de diferenciação pelo técnico da ABA, veterinário Fábio Schuler Medeiros. A palestra despertou o interesse dos produtores da região, onde muitos já são usuários da raça e viram nos programas de fomento da ABA – Carne Angus e Terneiro Angus Certificado – a opção de diferenciação por qualidade de sua produção. gens de Fábio Medeiros foram acompanhadas com vivo interesse por pecuaristas que já realizam o cruzamento industrial com a raça Angus no Paraná, além dos estudantes de cursos da área de Ciências Agrárias. Medeiros ressaltou também a importância de ser realizado um direcionamento quanto aos resultados do cruzamento industrial. “O produtor tem de atentar para a qualidade das carcaças que serão geradas tendo em vista programas de carne como o Programa Carne Angus Certificada”, enfatizou Fábio Medeiros. Por sua vez a zootecnista Ana Lúcia Garcia Spironelli Quintiliano, destacou em sua palestra a importância do bem-estar animal e do manejo racional para a qualidade da carne e a produtividade da cadeia produtiva como um todo. O evento ocorreu no Recinto Horácio Sabino Coimbra, no parque de exposições de Londrina, PR. Núcleo de São Borja O Núcleo de Criadores de Angus de São Borja reuniu no dia 16 de abril, durante o almoço que antecedeu o leilão da Cabanha Santa Clara e Convidados, cerca de 150 produtores para uma palestra do Gerente de Extensão Rural do Frigorífico Marfrig, parceiro do Programa Carne Angus Certificada, Diego Brasil. Em sua apresentação, Brasil apresentou a evolução do Grupo Marfrig no RS e destacou os programas de fomento, onde o Programa Carne Angus é a mola mestra, agregando os maiores diferenciais do mercado a seus participantes. Diego Brasil também chamou a atenção dos produtores para a impor- tância da rastreabilidade e mostrou que para os animais Angus Certificados, unindo além da certificação, a idade, peso, acabamento e habilitação para UE, que as bonificações ao produtor podem chegar a 10% acima do preço base para os machos e mais de 15% acima do preço base para as fêmeas. Cooperativas de carnes do Paraná Durante a Expo Londrina 2010, dirigentes da ABA e de importantes Cooperativas de Carnes do Estado do Paraná estiveram reunidos. As cooperativas manifestaram ao Presidente da ABA, Joaquim Mello, o interesse em passar a fazer parte do Programa Carne Angus Certificada, agregando valor à sua produção e conferindo garantias de qualidade aos consumidores. Restaurante Barranco na VEJA! A Churrascaria Barranco, de Elson Furini e Ilmar Tasca, parceira do Programa Carne Angus Certificada da ABA, obteve destaque na revista Veja Porto Alegre, sendo eleita por um renomado grupo de jurados, especialistas em culinária, como a Melhor Churrascaria à la carte da capital gaúcha. O principal destaque foi para seu mais nobre item do cardápio: a Carne Angus Certificada. Desde 2007, a ABA e o Barranco trabalham em parceria no Estado, unindo a experiência e tradição do renomado restaurante de Porto Alegre à indiscutível qualidade da carne Angus. Maio / Junho de 2010 5 6 Maio / Junho de 2010 CARNE Terminação de novilhos Angus a pasto Fotos: Divulgação/ABA Nos últimos anos o agronegócio passou por mudanças significativas e a globalização é responsável direta por este novo quadro em que a produção de gado de corte é desafiada em sua eficiência, qualidade, baixo custo, além, é claro, nos cuidados com o meio ambiente. Por Nicolau Balaszov D iante desta nova realidade mundial, o Programa Carne Angus Certificada passou a existir, com a meta de dinamizar o setor com organização e pré-requisitos para a produção de carne de qualidade superior, seja ela em sistema de confinamento ou a campo/pasto. Quanto ao “boi de capim” ou “boi a pasto” para a terminação de novilhos, esta pode ser em muitos casos, a melhor alternativa que se apresenta ao produtor, diante da infraestrutura que o confinamento exige e dos altos custos que representa. Historicamente, sabe-se que nas décadas que sucederam a II Grande Guerra Mundial os produtores no Hemisfério Norte aproveitaram os baixos preços da energia elétrica, insumos, combustíveis, máquinas e equipamentos e, com mecanização e utilização de animais de elevada produção individual, conseguiram aumentar os lucros das fazendas. Mais recentemente, com as seguidas quedas nos preços dos animais e com a elevação dos custos financeiros de toda ordem, a prática subsidiada da criação intensiva está sendo aplicada apenas em casos específicos e inúmeras pesquisas já mostraram as vantagens que a terminação de animais a pasto pode oferecer. “Em uma primeira análise, constata-se o aumento da rentabilidade, redução dos riscos e produção de carne de forma altamente competitiva”, confirma o zootecnista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Carvalho. Ele destaca ainda, ser esta uma prática que leva a integração lavourapecuária e que precisa ser considerada no processo de sustentabilidade das propriedades rurais em um sentido amplo, através de benefícios biológicos e financeiros. A Felipe Moura combinação de espé cies forrageiras perenes e anuais, o uso de fertilização das pastagens e técnicas de manejo, assim como a utilização de animais de elevada genética, faz crescer a renda do produtor. Deste modo, observa-se que tanto as atividades agrícolas como pecuárias são beneficiadas num sistema integrado. “Os objetivos de uma terminação a pasto estão sempre associadas em primeiro lugar, com o baixo custo deste tipo de manejo, sendo que qualquer outro sistema vai envolver de 3 a 5 vezes mais de custo por unidade de produto. Em segundo lugar e em menor escala, outros tipos de terminação buscam associar a valorização da natureza dos animais, como é o caso da imagem do boi verde que envolve procedimento ecologicamente correto”, explica o zootecnista. Ele reforça o conceito de que num pasto de qualidade e de manejo correto, o abate também acontece antes dos dois anos de idade. “No Brasil, mais de 90% da produção de carne é predominantemente pastoril e mundialmente somos conhecidos por este tipo de produção”, diz Carvalho. Perguntado sobre por que muitas vezes o pecuarista opta pelo sistema de confina- mento, o professor justifica a escolha, via de regra, pela dificuldade em se tratar e daí obter um pasto de qualidade. “De um modo geral, se erra muito mais no manejo dos pastos do que na alimentação a cocho e isso faz com que o sucesso na terminação a pasto infelizmente não seja muito frequente, por esse motivo, as pessoas pensam que é mais fácil controlar a alimentação dos animais pelo sistema de confinamento”, informa. Por essa razão é recomendável que o pecuarista busque o apoio de um técnico que possa oferecer orientação para a melhor forma de manejo do seu pasto. É preciso considerar, por outro lado, o fato de que o animal produzido a pasto tem uma aceitação maior pelo mercado consumidor graças ao resultado da função alimentar. “Via de regra, explica o zootecnista, o animal de terminação a pasto é reconhecido como de maior qualidade, pois o balanço de ácidos graxos encontrados neste tipo de carne oferece um valor nutricional melhor.” O professor considera importante destacar um equívoco que vem acontecendo, quando algumas entidades têm anunciado que os animais criados no campo sejam responsáveis pela poluição ao meio ambiente e que favoreçam ao aquecimento global devido ao gás metano. “Aí se estabeleceu uma grande confusão quanto ao fato, pois quando consideramos o sistema completo dentro da pastagem é justamente o contrário, quer dizer, embora os animais emitam o metano, a própria pastagem trata de “sequestrar” o equivalente ao metano emitido e em muito maior ordem. O que faz concluir que este sistema é absolutamente correto, diferentemente do animal criado em confinamento, quando não se torna possível essa interação”, esclarece. Confinamento ou pasto O agrônomo e criador Felipe Moura entende que, inicialmente, o pecuarista precisa definir qual o tipo de sistema de produção a ser aplicado em sua fazenda. Ao mesmo tempo, ele traça um paralelo importante quando diz ser necessário diferenciar que tipo de boi Angus está sendo preparado. “Uma coisa é o boi Angus com maior grau de sangue europeu e mais a condição com que se trabalha a campo, somada a resposta que o animal consegue dar”, orienta. Ele explica que os desempenhos podem ser até semelhantes, mas, de um modo geral, as propriedades do Sudeste e Centro-Oeste brasileiros realizam, em sua maioria, a terminação em confinamento. Por outro lado, devido ao clima, dificilmente um criador dessas regiões vai realizar a terminação a campo com animais de alta genética Angus. Ainda assim, Moura reconhece que tudo vai depender da orientação econômica que o pecuarista quer dar com o seu sistema de produção. “Já é o bastante a cria ter 50% utilizam em larga escala tipos de compledo touro Angus para que a precocidade fale mentação nutricional que incluem este mimais alto e daí qualquer tipo de terminação neral. “A utilização desses compostos pode ser válido”, entende ele. oferecer prejuízos, pois o ferro em demasia No Rio Grande do Sul, a interação do tende a bloquear a absorção de fósforo e boi de alta genética Angus com o campo zinco, tão importantes no metabolismo nativo representa uma dobradinha muito animal”, esclarece Ospina. Nutrição de competitiva, porque o desempenho desses precisão é o termo utilizado atualmente animais é bastante significativo graças à com o entendimento de que cada pasto perfeita adaptação ao clima e às pastagens merece um tipo de tratamento e para isso de inverno existentes na região. Este é importante conhecê-lo. “Isso não pode enfoque se baseia ser feito de olhos na constatação de fechados. Afinal de que a marcante contas precisamos precocidade da suplementar o que o raça será favorecipasto não consegue da pelas condições oferecer e essa é uma que a terminação das razões porque se a campo oferece perde muito dinheino sul do país. “A ro”, complementa. escolha do tipo de Além do asprodução é varipecto nutricional, a ável, alguns prosuplementação tem dutores preferem outro enfoque que abrir mão das altas vem merecendo a taxas de lotação, atenção dos pesquiprivilegiando a gesadores e produtores Harold Ospina Patiño nética dos animais rurais. O nutricional e o ganho individual”, discorre Moura ao está diretamente relacionado com o fato de oferecer um comparativo dos sistemas de as plantas forrageiras apresentarem perda produção. Ele explica que, geralmente, de qualidade num determinado período no caso onde exista a predominância das do ano, exigindo-se a suplementação. plantas tropicais o pecuarista pode explorar “Mas também a suplementação está direa genética das pastagens favorecendo um tamente relacionada com uma estratégia maior número de animais por hectare. de diminuição da emissão do gás metano Em contrapartida, quando as pastagens na atmosfera”, informa o zootecnista que são temperadas o criador vai explorar a considera esta uma ferramenta que vem genética dos animais, limitando o número para contribuir na diminuição do efeito destes por hectare. estufa. No Brasil e em outros países da “Como o Programa de Carne Angus América do Sul já se efetuam pesquisas contempla até 50% de sangue da raça, com plantas que apresentam compostos no caso da região Sul caracterizado pelo que tem por finalidade eliminar a emissão cruzamento até a raça pura e no Sudeste do gás metano. “A Leucena é uma dessas e Centro-Oeste com meio sangue Angus plantas e a folha da mandioca é outra”. Elas e a vaca Zebu, eu posso englobar todos apresentam princípios bioativos que impeos tipos de sistemas de produção. Mas é dem ainda na fase ruminante do animal decisivo que o produtor tenha claro qual que haja a emissão do gás. “Nesse processo, o sistema de criação que vai escolher em há um controle sobre os microorganismos sua fazenda, ou seja, se eu estou num local de se reproduzem no estômago do animal onde tenha alta taxa de lotação, eu vou e consequentemente é barrada a produção trabalhar com um tipo de animal e assim do metano”, conclui Ospina. por diante, aí vai depender de cada um”, explica. Ele conclui afirmando que “botando sangue Angus na fazenda, eu coloquei “gasolina no carro” para poder andar, eu tenho a tão decisiva precocidade”. Suplementar ou não “Atualmente se peca muito pelo excesso”, fulmina o professor e zootecnista Harold Ospina Patiño, quando explica que um dos erros mais comuns na suplementação animal de terminação a pasto é a utilização de alguns minerais que, em muitos casos, se mostra totalmente desnecessária. Ele cita como exemplo os pastos do RS, ricos em ferro, e ainda assim, os pecuaristas Paulo Carvalho Maio / Junho de 2010 7 8 Maio / Junho de 2010 CARNE A cereja do bolo Fotos: Divulgação/ABA 2007, no início do programa da ABA, a valorização do terneiro Angus era de 5% a no máximo 11%. “O mercado ainda não conhecida o produto como conhece hoje”, justifica. Mas em 2008 os terneiros certificados já foram cotados num sobrepreço de até 18%. Estrutura que remunera “Hoje, se observarmos os anúncios dos principais remates de terneiros podemos verificar a forte e destacada presença dos Terneiros Angus Certificados nestes eventos, pois o vendedor de terneiros sabe que possui um produto diferenciado, e que este produto terá um sobrepreço frente aos demais, porque quem comprar terneiro Angus estará levando junto toda uma estrutura de programa com identificação individual, certificando sua procedência e sua qualidade, que é confirmada por técnicos da ABA e que culminará no ingresso no Programa de Carne Angus Certificada”, resume a Gerente da ABA, veterinária Juliana Brunelli. Conforme a técnica, o crescimento da demanda por carne de qualidade faz com que o terminador opte por ferramentas que tragam a certeza de resultados superiores ao É mesmo incontestável, senão flagrante, o sucesso que faz no mercado o Terneiro Angus Certificado. Nas principais feiras final do ciclo, no frigorífico. Para especializadas deste outono, que pipocam por todas as regiões produtoras, o terneiro Angus, com sua genética oficialmente reconhecida ela, seja através do uso de pastagens, suplementação, confinamento e prinpela Associação Brasileira de Angus (ABA), já é produto conhecido e disputado pelos investidores como a verdadeira cereja do bolo. cipalmente animais geneticamente superiores, este é o caso dos terneiros no final da cadeia, ao se transformar poeira o restante da bezerrada. Ele é aponta o técnico. E troca em miúdos: Angus e suas cruzas, que ao final da Por Eduardo Fehn Teixeira na melhor carne do mundo: a carne o primeiro elo da cadeia da carne, que “Enquanto os terneiros comuns valem cadeia produtiva irão participar de le tem seu preço, aliás, como Angus certificada. começa com a utilização pelos pro- entre R$ 2,60 a R$ 2,70 de média, os um programa de carne de qualidade, tudo que é bom, que tem alta Um marcante incremento de pro- dutores da eficiente genética Angus, Angus são arrematados à média de R$ consolidado e com reais bonificações qualidade. Mas devolve com dutores em busca da certificação de incluindo no pacote os bons touros 3,42 a R$ 3,68”, revela Luiz Walter. aos seus integrantes. sobras o investimento ao comprador terneiros para comercialização nesta nacionais, o sêmen e as fêmeas. Ele recorda o leilão de cruzamentos “O Programa Terneiro Angus ao tornar-se o galã quando novilho, temporada, deixa claro o que já vem realizado durante a Expo Londrina, Certificado já conquistou produtores brilhando no abate, gerando receita acontecendo, num crescendo, desde Mercado reconhece em Londrina, PR, quando as ternei- cativos”, informa Juliana. Hoje, consuperior ao produtor, agradando ao 2007, quando foi lançado pela ABA o É o que desforme a dirigente, frigorífico por seu padrão imbatível Programa Terneiro Angus Certifica- taca o veterinásão mais de 90 de carcaça e, finalmente, enchendo do: a franca valorização do Terneiro rio Luiz Walter Quem compra terneiro Angus leva junto toda uma produtores, que os olhos e o paladar do consumidor Angus Certificado, que coloca na Leal Ribeiro, anualmente proestrutura de programa com identificação individual, integrante do curam a ABA para certificação de procedência e uma qualidade quadro técnico certificar seus anida ABA. Segunmais, pois sabem atestada por técnicos da ABA do ele, desde a da seriedade do arrancada do trabalho realizado programa o terneiro Angus alcança ras de genética Angus se venderam à dentro deste programa, através da no mercado, em todas as regiões, média de R$ 3,30 e os machos foram manutenção de um banco de dados valores sempre acima da média dos arrematados por R$ 3,60. contendo informações de cada animal demais lotes. Para Luiz Walter, a certificação e sua procedência, do apoio oferecido “Este ano, o mercado já conhece do terneiro representa 33% de todo pela ABA na divulgação do remate e e reconhece esse terneiro, que vem o ciclo da carne Angus. “Os outros do por certo do retorno financeiro recebendo lances de pista que se 66% ficam nas mãos dos produtores, que proporciona. E espelhando-se situam na média de 12% a até 15% porque vão depender da idade e do nestes resultados é que a cada ano o acima dos melhores valores de refe- acabamento dos animais na hora do programa cresce, através da adesão de rência dos demais terneiros nas feiras”, abate”, aponta. Diz também que em novos criadores. Juliana Brunelli Luiz Walter Leal Ribeiro E Maio / Junho de 2010 9 10 Maio / Junho de 2010 CARNE Conheça melhor o programa da ABA Fotos: Divulgação/ABA Com o objetivo de promover, diferenciar e valorizar o terneiro Angus e os animais resultantes de cruzamentos com Angus, com vistas ao abastecimento do Programa Carne Angus Certificada, a Associação Brasileira de Angus (ABA) lançou em 2007 o Programa Terneiro Angus Certificado, incorporado ao Programa Carne Angus desde 2008 O s objetivos do programa, hoje já praticamente cumpridos, incluem agregar valor ao terneiro Angus e às cruzas Angus, fomentar a utilização de touros Angus registrados CA e PO, direcionar a produção de terneiros ao Programa Carne Angus Certificada da ABA, além de fomentar a pré-seleção de ventres de origem desconhecida. Em resumo, a meta ampla do Programa Terneiro Angus Certificado é valorizar o produto de genética e caracterização Angus e o usuário dessa genética. Momento favorável Esta ação de mercado da ABA se deu num momento favorável, de valorização de toda a cadeia produtiva da carne, a começar pelo terneiro Angus, seguindo pelo boi gordo e culminando na Carne Angus Certificada. Como conseqüência, num primeiro momento cresceu a utilização de sêmen de touros provados e de touros registrados Angus. E na seqüência, ganhou destaque a maior oferta de terneiros Angus certificados nas feiras especializadas, um tipo de animal (produto de formato definido) que se transformou numa garantia de mercado para terminadores/confinadores, que ainda tinham alguma dificuldade para a obtenção de animais de genética Angus e, óbvio, de padrão e padronização superiores. Banco de dados A ABA mantém um banco de dados dos rebanhos e dos brincos distribuídos na certificação de terneiros Angus, permitindo rastrear a disponibilidade de terneiros certificados a todo o momento no mercado. Na atualidade, por exemplo, os registros mostram que desde o início do programa já foram cerca de 10 mil terneiros Angus, certificados por quase uma centena de produtores. O brinco, de pequeno formato, tem numeração seqüencial, a um baixo custo unitário, que permite o acompanhando dos animais até o abate. O modelo é uma adaptação de programas da Argentina e dos Estados Unidos, bem como de outros países, que acompanham a produção dos bezerros desde o nascimento. Agregando valor Segundo a Gerente da ABA, veterinária Juliana Brunelli, o produtor de terneiros já sabe que ganha em eficiência ao utilizar o sêmen ou a cobertura com touros Angus registrados. Atualmente, terneiros com este perfil são valorizados acima das demais raças e cruzamentos, nas principais feiras de terneiros. Com a certificação do terneiro, o produtor de terneiros poderá encaminhar estes animais aos produtores de Carne Angus Certificada, agregando ainda mais valor ao seu produto. Os lotes de terneiros vão receber o Certificado Coletivo de Lote de Terneiros Angus e Cruza Angus na inspeção técnica da desmama, por técnicos credenciados da ABA. Entre os pré-requisitos da certificação dos terneiros, os participantes precisam comprovar o uso de touros registrados ou sêmen Angus, comprovados por cópia do registro definitivo dos animais ou nota fiscal da aquisição do sêmen. Com a certificação, cujos dados vão para o banco de dados da ABA, a entidade passa a ter um controle da produção Angus, desde a venda do sêmen, até a venda da carne no varejo, fechando o ciclo da cadeia produtiva. “O produtor de terneiro passa a ser mais um elemento do ciclo a ganhar mais com a valorização da carne”, destaca Juliana. O professor Júlio Barcellos, do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeiras Produtivas, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aprova a medida e afirma: “A certificação da qualidade genética dos animais gerados pelos produtores de terneiros só vêm a agregar no sistema produtivo, pois é uma acreditação através de empresas idôneas, que atestam a real e conhecida qualidade da raça Angus como produtora de carne de qualidade”. A importância do produtor de terneiros O produtor de terneiros, observa Júlio Barcellos, será cada vez mais estimulado no sentido de que ele é a estrutura mais importante em toda cadeia produtiva, pois é o principal responsável pela disseminação da boa qualidade genética nos terneiros que na seqüência vão produzir a carne de qualidade Angus. Além disso, a criação de um banco de dados com potenciais vendedores, além de reduzir os custos das transações comerciais, ainda possibilitam aos produtores de terneiros Angus Certificados atingir mercados maiores, de âmbito nacional, ao invés da comercialização regionalizada que acontece naturalmente, possibilitando preços ainda melhores. Outro ganho importante, segundo observa Juliana Brunelli, promete ocorrer diretamente no Brasil Central, onde há enorme potencial de crescimento para o Programa Carne Angus Certificada. Porém, condiciona a Gerente da ABA, naquela região há uma premente necessidade de difundir a raça e a genética Angus, que já possui demanda direcionada por programas de carne e restaurantes que buscam carne diferenciada, de qualidade superior. O Terneiro Certificado Angus, portanto, já se tornou um produto com garantia de procedência e de qualidade, ambicionada por terminadores / confinadores. A certificação da terneirada ocorre na desmama, no âmbito da propriedade, por um técnico da ABA. Os lotes mais expressivos já desfilam nas pistas de remates neste outono, com a certificação dos animais nascidos na primavera. Terneiros enquadrados no programa Angus e Red Angus definidos (pretos e vermelhos), com o padrão da raça Aberdeen Angus, com tolerância no item referente às manchas brancas. Serão permitidas manchas brancas em toda a extensão da linha inferior. Cruza Angus; cruzamentos com zebuínos: mínimo de 5/8 de sangue Angus (RS); cruzamentos com zebuínos: mínimo de ½ sangue Angus (outros Estados); cruzamentos com raças européias: mínimo de 50% de sangue Angus. Neste padrão de cruzamento, as principais pelagens que ocorrem são: preta, osca, tapada, fumaça, amarela, pampa preta, mascarada preta, mascarada vermelha, brazina e vermelha. E ainda os animais selecionados devem ser mochos, preferencialmente rastreados e os machos obrigatoriamente castrados. Maio / Junho de 2010 11 12 Maio / Junho de 2010 CARNE Fotos de Ana Carolina e Reneu Ries Garantia de maior rentabilidade A criadora Ana Carolina Ferreira Kessler (leia-se Fazenda Calafate, em Rio Grande, RS) está à frente de uma propriedade que lida com Angus desde 1956, e que é reconhecida hoje como um dos estabelecimentos especializados na produção de terneiros de genética Angus – os Terneiros Angus Certificados. “A raça Angus é internacionalmente reconhecida pela qualidade e maciez da carne que gera, e que aqui chega à mesa do consumidor através do Programa Carne Angus Certificada. E nós, da Calafate, estamos bastante satisfeitos com a linha de trabalho que escolhemos e em poder ofertar ao nosso cliente produtos certificados Angus, convictos de ser garantia de melhor remuneração e rentabilidade ao produtor rural”, argumenta a administradora da propriedade. Atual presidente do Núcleo Sudeste de Angus, Ana Carolina avalia o posicionamento de seu trabalho como uma iniciativa que integra os elos da produção de carne de qualidade. “Aumenta a demanda para touros Angus, valoriza o terneiro produto destes touros e, na ponta da cadeia, bonifica na terminação”, avalia. Ana Carolina diz ainda que produzir terneiros com a certificação de genética Angus é uma ação que produz sinergia e excelência, com um reconhecimento cada vez maior do mercado como um todo. “O terneiro que produzimos, se não for o melhor do mercado, está certa- mente entre os primeiros, que por sua qualidade e competente resposta no apronte para abate, obtém também uma dos mais elevados preços nas feiras especializadas e no mercado de modo geral”, orgulha-se a produtora. Questão de tempo O agroempresário Reneu Ries, que tem produção própria de terneiros de genética Angus e que também é importante comprador desta mercadoria, acredita que o mercado já diferencia a carne Angus por sua alta qualidade, e que em função disto os frigoríficos já Ana Carolina Ferreira Kessler Reneu Ries pagam bonificações pelos animais desta genética, que apresentem o padrão de carcaça desejado. À frente da Fazenda Vitória, em Carazinho, RS (onde está a base do processo de terminação) e da Fazenda das Pedras, em Cachoeira do Sul, RS (criação de terneiros), Ries revela que o rendimento da carcaça do terneiros Angus certificado pela ABA tem ficado realmente acima da média. “Especialmente os nichos de mercado já perceberam as vantagens de operar com esses terneiros e já olham com outros olhos para este produto”, diz. Para ele, os frigoríficos já deveriam estar valorizando bem mais os novilhos de comprovada genética Angus, uma vez que o consumidor já paga mais pela carne Angus. “Mas isso é só uma questão de tempo e também da elevação da escala nos abates”, avalia. Reneu Ries faz ainda uma revelação que diz muito: “Compro e vendo terneiros e negocio o abate de meus novilhos terminados com os frigoríficos. E hoje faço todas essas transações por telefone, direto de meu escritório, porque o padrão de qualidade desses produtos já são conhecidos do mercado, eliminando a presença física nos locais, para avaliação visual, o que se reverte em agilidade, redução de despesas e tempo com deslocamentos”, aponta o pecuarista, lembrando que genética Angus é receita certa. CONSELHO TÉCNICO Maio / Junho de 2010 13 Exames de DNA Animal – bovinos A Tipagem Sanguínea é um procedimento obsoleto. O material de coleta para se realizar o exame fica restrito ao sangue. Foi substituído pelos Testes de DNA, com amplas e inquestionáveis vantagens, sendo a principal sua alta capacidade de exclusão (99,99%). Na Tipagem Sanguínea é realizada a identificação do tipo sanguíneo do animal, por meio do qual, na verificação de parentesco, compara-se o tipo sanguíneo do produto com o de seus supostos pais, sendo sua principal desvantagem uma variada capacidade de exclusão (65 a 95 %). Foto: www.merial.com.br PATERNIDADE GENOTIPAGEM Principal aplicação na identificação animal Principal aplicação na determinação de parentesco Determina quais alelos (apresentações diferentes de um mesmo gene) contém o DNA do animal. Compara os alelos do animal em questão com os alelos dos pais. É necessário para sua realização somente a amostra do animal em questão. É necessário para sua realização, além da amostra ou DNA do animal em questão, o DNA do Touro e da Vaca que se busca comparar. É possível reconstituir o DNA de animais através do DNA de suas progênies. Ex.: animais já mortos ou de difícil coleta de amostra. É possível verificar a relação de parentesco a partir de parentes próximos (irmãos completos, meioirmãos, avós). É preciso 4 ou mais parentes. Informar os dados completos do animal que se necessita estar presente no laudo (raça, idade, sexo, HBB, tatuagem, etc.) Informar, além do animal em questão, os dados completos dos pais. Foto: Instituto Hermes Pardini Alta capacidade de exclusão (99,99%) Técnica moderna e de alta precisão. Coleta de material mais comum enviado para extração do DNA: amostras de pêlo, sêmen e sangue. Coleta de pêlo da cauda do animal - quantidade mínima de 20 pêlos. Importante preservar o bulbo (raiz do pêlo), do qual é extraído o DNA. Não pode misturar o pêlo de um animal com o de outro. Somente Laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura podem realizar o Teste para confirmação de parentesco, com o objetivo de registro genealógico dos produtos. Exame de DNA e de Tipagem Sanguínea são técnicas completamente distintas. Portanto, não é possível realizar exame de DNA a partir dos laudos de Tipagem Sanguínea. 14 Maio / Junho de 2010 MELHORAMENTO GENÉTICO Fotos: Horst Knak/Agência Ciranda Joaquim Mello comemorou convênio ABA - AAA em evento durante evento no restaurante Barranco em Porto Alegre/RS ULTRASSONOGRAFIA A carcaça Angus por dentro O convênio entre a Associação Brasileira de Angus (ABA) e a Associação Argentina de Angus (AAA), para a realização da avaliação de carcaças através da ultrassonografia, foi assinado no dia 28 de abril, durante almoço realizado na Churrascaria Barranco, em Porto Alegre, RS. Na ocasião, também foi comemorado o sucesso da comercialização de sêmen Angus em 2009 e lançado o Anuário Angus 2009 A través desta parceria, a ABA se utilizará da experiência adquirida pela coirmã AAA, que vem desenvolvendo consistente trabalho na promoção da avaliação de carcaças por ultrassonografia na Argentina, com resultados altamente positivos. O convênio tem como objetivos a promoção e crescimento da ultras- Susana Salvador sonografia de carcaças no Brasil, a pelo mesmo protocolo utilizado formação de mão-de-obra técnica nos principais países criadores de e a padronização do procedimento Angus no mundo, visando oferecer de coleta e avaliação de imagens, ao mercado um maior número de de acordo com os critérios inter- reprodutores com dados de carnacionais utilizados por criadores caça e qualidade de carne. E com de Angus dos EUA, Austrália e isso, também vamos atender às mais recentemente da Argenti- necessidades da cadeia produtiva na. A técnica irá como um todo”, também incorpoavalia a presidente rar avaliações para ABA e Associação do Conselho Téccaracterísticas de Argentina de Angus nico (CT) da ABA, marmoreio relaciofirmam parceria Susana Macedo nadas à qualidade Salvador. para avaliação da carne. Para a dirigente A partir desta do CT, a nova mede carcaças por parceria, as imaque paultrassonografia todologia, gens de ultrassom droniza a obtenção coletadas nos anie as avaliações das mais Angus passarão a ser avaliadas ultrassonografias de carcaças, vai no Centro de Interpretação de ampliar e qualificar ainda mais este Imagens Ecográficas (CIIE), na trabalho. “Isto vai proporcionar Argentina. “Com este novo tra- ao criador o atingimento de seus balho, estamos buscando ampliar objetivos de seleção com maior o número de animais avaliados segurança e o melhor atendimento ás exigências cada vez maiores do mercado”, assegura Susana. Bastante pontual e baseado na experiência argentina, que há anos já desenvolve as metodologias de exames de carcaças que agora serão aplicadas no Brasil, o presidente da Associação Argentina de Angus, Sebastián Rodríguez Larreta, lembrou que “para superar qualquer crise, a melhor defesa é a qualidade da carne”. Participaram da solenidade de assinatura do convênio, além do presidente da ABA, Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, e da presidente do Conselho Técnico da entidade, Susana Salvador, o vice-presidente da ABA, Fábio Luiz Gomes, o diretor de Marketing da ABA, João Bade Wolf, os representantes da Associação Argentina de Angus (AAA) - o presidente, Sebastián Rodríguez Larreta, o vice-presidente e coor- denador da Comissão Técnica da AAA, Alfonso Bustillo e o coordenador do Programa ERA da AAA, Mariano Fernández Alt. Carne Angus foi servida no evento MELHORAMENTO GENÉTICO Maio / Junho de 2010 15 O que dizem os especialistas nacionais Fotos: Divulgação Jaime Tarouco: economia de vinte meses na identificação do ganho genético “A ultrassonografia tem a enorme vantagem de ser uma técnica não invasiva (o animal não precisa ser abatido – é analisado vivo), o que proporciona a identificação de animais superiores para a produção de carne de qualidade”, sintetiza o médico veterinário José Luiz Quadros, que é especializado em ultrassonografia de carcaças de bovinos e professor de zootecnia de bovinos de corte da Faculdade de Veterinária da PUC, em Uruguaiana, RS. O técnico observa tratar-se técnica da ultrassonografia são de o estado esperado na terminação. Considerado pioneiro na utilide uma ferramenta capaz grande utilidade para o trabalho de zação da técnica da ultrassonografia de orientar o criador na seleção genética. busca das características desejáveis, “Pode-se avaliar o potencial para a avaliação de carcaças bovinas na seleção genética de seu rebanho. genético do animal para a produção no Brasil, o zootecnista e professor “Quando maior for a área de olho de carne, que é demostrado pelo da UFRGS Dr. Jaime Urdapilleta de lombo, haverá também um au- tamanho da área de olho de lombo”, Tarouco, observa que a necessidade mento na proporção dos cortes de explica a expert, acrescentando que de quantificar as relações existentes maior valor agregado na carcaça”, diz também se pode observar o que há de entre as características obtidas por Quadros, enfatizando algumas carac- gordura de acabamento, que indica a ultrassom e características de carcaças terísticas positivas da genética Angus, precocidade do animal. E ainda fica dos tipos biológicos criados em nosso País deve-se às que entre outras peculiaridades de são a precocinutrição, maneA ultrassonografia na pecuária permite a dade sexual das jo e composição fêmeas e o marobtenção de informações sobre rendimento e de carcaça que o moreio (gordura qualidade de carne/carcaça, em idade jovem mercado nacional entremeada) na exige. carne. e sem a necessidade do abate dos animais “É necessário Na mesma identificar a aculinha, a Dra. Lirácia e repetibilidade dos técnicos liane Suguisawa, diretora técnica da possível avaliar o grau de marmoreio DGT Brasil, em Presidente Pruden- do exemplar. “Marmoreio resulta que utilizam à ferramenta ultrassonote, SP, considera a ultrassonografia em suculência e sabor da carne”, grafia para desenvolver as estimativas genéticas para o mérito de carcaça. como “uma ferramenta de seleção enfatiza. incrível, porque com a sua utilização No caso de confinamento de E, ainda, gerar padrões de referência se consegue avaliar cada indivíduo bovinos – observa a Dra. Liliane – se através de uma linha de pesquisa do rebanho para as características de determina peso, gordura e rendimen- para identificar um ótimo critério de carcaça e qualidade de carne, sem que to de carcaça esperados e quanto a avaliação para a realidade brasileira”, o animal precise ser abatido”. dieta vai possibilitar de ganho de peso observa o experiente técnico. Ele Zootecnista por formação, com aos animais encerrados. Assim, com deu início a seu trabalho nesta área mestrado em ultrassonografia pela o uso da ultrassonografia, fica pos- em 1993, na Universidade Federal Esalq/Usp e doutorado em mar- sível estimar uma padronização das Rural do Rio de Janeiro. É doutor cadores moleculares pela Unesp/ carcaças, com a enorme vantagem da em zootecnia pela Ufrgs, com pósBotucatu, SP, ela diz também que eliminação do chamado boi ladrão, doutorado pela Universidade de São as informações obtidas através da que só vai comer e não vai apresentar Paulo ( USP). Tarouco confirma que a grande importância da ultrassonografia para a pecuária é a possibilidade da obtenção de informações sobre rendimento e qualidade de carne/carcaça, em idade jovem e sem a necessidade do abate dos animais. Outra vantagem que cita é a redução do tempo para provar um reprodutor para características de carcaça. “Para isso, com o uso da ultrassonografia, na pior das hipóteses se economiza 20 meses na comparação com o teste de progênie tradicional, onde há a necessidade do abate da produção do touro para que se possa constatar se ele transferiu ou não para seus filhos as suas características e qualidades genéticas. Outro ponto colocado por Jaime Tarouco é que com a ultrassonografia se pode obter uma maior volume de informações das fêmeas, porque em média apenas 20% são descartadas,abatidas e os dados de carcaça podem ser obtidos. Enquanto que na reprodução se retém 80% delas e assim por ultrassom antes do inicio do período reprodutivo podemos obter os dados de composição corporal, isto é importante porque 50% dos genes dos filhos são originários da linha maternal. Mas Tarouco critica os chamados modelos prontos. Ele defende que o Brasil precisa desenvolver seus próprios protocolos nesta área, porque a magnitude das informações das características são diferentes, consideradas as criações de outros países. “Em outros lugares do mundo, o meio é diferenciado do nosso, assim como a alimentação e os sistemas de produção e as idades das avaliações”, diz, exemplificando que nos Estados Unidos essas avaliações por ultrassonografia são feitas dos 12 aos 14 meses, ao passo que no Brasil a idade de avaliação é aos 18 meses. O tecnico da ABA, Fabio Schuler Medeiros, Doutor em produção animal pela Ufrgs, comenta que no protocolo de avaliações de animais Angus no Brasil, as diferenças nos sistemas de produção foram incorporadas com a alteração da idade de coleta das imagens para até 19,5 meses de idade e a incorporação da medida de espessura de gordura na picanha ou P8, para todos os animais. Medeiros explica que esta medida (egp8) permite uma melhor avaliação do acabamento em animais a pastejo, sendo mais adequado aos nossos sistemas de produção, porem sem nenhuma exclusão das medidas tradicionais. Com a alteração da faixa de idade para animais em pastejo teremos também uma maior “precisão” nas avaliações de marmoreio. “A pesquisa de sítios anatômicos alternativos de medidas ultrassônicas e os modelos de predição para o peso e os rendimentos dos cortes comerciais desossados continua sendo um desafio para a pesquisa no Brasil”, adverte. A Ufrgs já iniciou uma linha de pesquisa nesta direção com várias raças e esperamos dentro de um futuro próximo obtermos as informações necessárias para a aplicabilidade prática destes modelos por parte da indústria da carne vermelha. Para ele, a ultrassonografia pode ser uma ferramenta importante para que nossa indústria potencialize a qualidade da carne produzida dentro de especificações que determinados nichos de comercialização exigem e com um maior valor agregado. “A técnica de ultrassonografia em tempo real estima com precisão suficiente para ser utilizada em programas de seleção genética, mas com a ressalva de que o técnico precisa ser capacitado”, condiciona. Liliane Suguisawa: ultrassom também elimina o chamado "boi ladrão" 16 Maio / Junho de 2010 CONSELHO TÉCNICO Fotos: Divulgação/ABA Conselho Técnico: unidade e sintonia fina Corpo Técnico reúne-se anualmente para a realização de atualizações e treinamentos Atualização, capacitação e padronização de critérios no trabalho de seleção genética da raça Aberdeen Angus foram os principais objetivos da já tradicional Reunião do Corpo Técnico da Associação Brasileira de Angus (ABA), que este ano foi realizada nos dias 26 e 27 de abril, em Bagé, RS. C om marcante presença dos técnicos credenciados e dos dirigentes do Conselho Técnico da ABA, foram desenvolvidas várias atividades na sede da Embrapa Pecuária Sul e em propriedades de criação de Angus daquela importante região do Estado gaúcho. A reciclagem, envolvendo palestras técnicas, simulações de julgamentos e produtivos debates com os técnicos, este ano, na opinião dos organizadores do evento, teve como principal destaque a interação e a efetiva participação dos técnicos, debatendo e opinando com desenvoltura sobre os trabalhos realizados por eles no dia a dia da seleção da raça. Maior participação Para a presidente do Conselho Técnico (CT) da ABA, criadora de Angus e médica veterinária Susana Macedo Salvador, o encontro deste ano foi marcado por uma enorme aproximação, integração e efetiva participação dos técnicos. “Inclusive os temas abordados foram indicados pelos próprios técnicos, o que abriu caminho para uma conversa franca, resultando também em várias contribuições que vieram dos próprios profissionais”, ressaltou a dirigente. Susana enfatizou que na atualidade a ABA conta com uma equipe de técni- cos bastante experientes e muito bem entrosados no trabalho com a raça, o que resulta num amadurecimento das atividades, gerando uma sintonia bastante desejável desses técnicos com as metas da ABA na seleção da raça. Amadurecimento e elevado nível Já o agrônomo Amilton Cardoso Elias, superintendente da Associação Nacional dos Criadores – Herd Book Collares, destacou basicamente dois pontos da reunião: a unidade de posições dos técnicos sobre os vários assuntos tratados (o que segundo ele mostra a um só tempo um amadurecimento e um nível elevado), e a palestra do zootecnista William Koury Filho, que considerou uma importante novidade, onde destacou o detalhamento para o olhar de um jurado e a didática mostrada pelo especialista. Controle do Carrapato Segundo a programação, na manhã do dia 26 foram tratados alguns assuntos internos e de interesse do Corpo Técnico, como alterações no Regulamento 2010 da ABA e também passadas informações aos técnicos sobre as atuais parcerias e convênios da ABA. Na seqüência ocupou a cena a palestra da Médica Veterinária Cláudia Cristina Gomes, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul, que abordou o tema Carrapato Bovino e Tristeza Parasitária Bovina. “O manejo do controle do carrapato deve ser realizado de forma a retardar o processo de instalação de resistências aos carrapaticidas”, enfatizou a especialista, detalhando a questão aos técnicos da ABA. Ela também apontou que os animais precisam ter o nível de infestação capaz de promover a imunização natural contra a Tristeza Parasitária Bovina. No turno da tarde foi desenvolvida a área prática, sob a coordenação de Susana Salvador. O grupo se deslocou para a Estância do Salso, do Condomínio Sylvio Claudio Scalzilli, em Bagé, onde foram recepcionados pelo administrador do Grupo Scalzilli e criador de Angus em sua Agropecuária Ponderosa (em São Paulo, SP), o técnico Felipe Moura. Também estiveram presentes o zootecnista do estabelecimento, José Severo, e o técnico da ABA José Carlos Guasso. Ali foram realizadas as simulações de classificação de animais, a partir da apresentação de lotes de exemplares de criação dos Scalzilli. À noite o grupo foi recepcionado com jantar pelo Núcleo Regional de Criadores de Aberdeen Angus de Bagé, liderado por seu presidente, Alfredo Pinheiro. Didática nos julgamentos Já no dia 27 (segundo e último dia do encontro), a parte da manhã foi ocupada pela interessante palestra do especialista em julgamentos de classificação, William Koury Filho, doutor em zootecnia e sócio da empresa de consultoria Brasilcomz. O tema da palestra foi Avaliação Estrutural Linear e Sistema de Julgamento. Segundo ele, para a realização de um julgamento correto e que possa servir de orientação aos criadores na seleção dos animais, o jurado precisa atentar para todos os detalhes técnicos funcionais e exigidos pelo Standard da raça. “É preciso agregar ao conhecimento da raça, uma didática capaz de avaliar os mínimos pontos que são exigidos para os animais, atribuindo-lhes notas, para que no somatório final se tenha o direcionamento de um campeão, de modo técnico, eliminando dúvidas ou discussões sobre as decisões de pista”, observou o especialista. Agindo assim, conforme o técnico, ficará descartada uma avaliação empírica, mais ligada ao gosto pessoal. À tarde foram simuladas situações práticas, com a presença de Koury Filho, na Cabanha da Maya, em Bagé, onde o grupo foi recepcionado pelo administrador, Paulo Flores. Em seguida o deslocamento para a Cabanha São Dionísio, onde a recepção ficou a cargo do criador Ricardo Kalil Gonçalves. Em ambas as visitas o grupo contou com o apoio do técnico da ABA Luiz Walter Ribeiro. Estiveram presentes no encontro, além dos técnicos credenciados da ABA nos estados do RS, PR e SP, a presidente do Conselho Técnico da ABA, Susana Macedo Salvador, Luis Felipe Ferreira da Costa (Membro do Conselho Técnico da ABA), Amilton Cardoso Elias (Representante da ANC), Fábio Schüller Medeiros (subgerente do Programa Carne Angus Certificada e técnico do Melhoramento Genético) e ainda a médica veterinária Débora Brochmann Chait, Assistente Técnica da ABA. NOTÍCIAS DA ABA ABA publica Anuário Angus 2009 É literalmente o ano de 2009 revisitado. Basicamente é o que o leitor vai encontrar ao folhear a bem acabada edição do Anuário 2009, distribuído pela Associação Brasileira de Angus (ABA) no dia 28 de abril, durante almoço realizado na Churrascaria Barranco, em Porto Alegre, RS. Na ocasião também foi comemorado o sucesso da comercialização de sêmen Angus em 2009 e assinado o con- vênio entre a Associação Brasileira de Angus (ABA) e a Associação Argentina de Angus (AAA) para a realização da avaliação de carcaças através da ultrassonografia. A edição destaca o trabalho realizado em 2009 envolvendo a raça Aberdeen Angus no Brasil, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O Anuário Angus também apresenta informações sobre a raça como tendências de seleção e mercado da carne, temas que são registrados em reportagens e artigos técnicos redigidos por pesquisadores da pecuária de corte no Brasil, além de depoimentos de criadores e associados sobre a raça, a genética, produção e qualidade da carne Angus. São mais de 200 páginas coloridas num trabalho realizado pela ABA e os seus departamentos de exposições, leilões, Programa Carne Angus Certificada, Terneiro Angus Certificado e Conselho Técnico. Maio / Junho de 2010 17 Angus bate recorde na venda de sêmen: mais de 1,45 milhão de doses Com a comercialização de 1,452 milhão doses de sêmen, o relatório da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) aponta a liderança isolada da raça Angus entre as raças européias (taurinas) em 2009. Tal desempenho e predomínio da raça no Brasil é recorde e pode ser verificado também ao se observar que a Angus detém mais de 80% do mercado de sêmen das raças taurinas de corte, no somatório de outras 24 européias analisadas no relatório. Para o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, esses números demonstram a qualidade da raça, que a torna preferência nacional quando o assunto é gado de corte europeu e, sobretudo, quando utilizada no cruzamento industrial. “Paralelo a isso, tem o trabalho desempenhado pela ABA que atua na divulgação dos benefícios da raça quando o assunto é genética e carne de qualidade”, enfatizou o dirigente da ABA. O resultado representa um incremento de 405 mil doses sobre o ano anterior (2008), num a alta de 38,68%. No período, o mercado nacional de corte obteve incremento de 18,35%. Somente no RS foram comercializadas 190,72 mil doses de sêmen Angus, o que representa 46% de todo o mercado gaúcho. Nas demais regiões brasileiras foram 1,26 milhão doses de sêmen Angus vendidas, especialmente no Brasil Central, nas regiões Centro-Oeste, Norte e em estados como São Paulo, o que mostra a grande utilização da genética Angus em cruzamentos com o gado zebuíno. PROMOÇÕES A ABA está atuando forte no Fomento da Carne Angus, especialmente no Rio Grande do Sul. Desde janeiro deste ano, a ABA e o Marfrig/ RS premiam o fornecedor de carne Angus, integrante do Programa Carne Angus Certificada no Estado. A parceria selada em dezembro de 2009 busca incentivar a raça Angus com premiações baseadas em três pontos: animais da raça (Angus Definido e Cruza Angus), qualidade de carcaça e rastreabilidade (animais rastreados visando exportação para a União Europeia e rastreabilidade desde a desmama). As premiações foram retomadas com o arrendamento, pelo Marfrig/ RS, das unidades do Frigorífico Mercosul, no RS. Com isso, hoje, todos os parceiros do Programa Carne Angus Certificada premiam os fornecedores de carne Angus: Marfrig/RS - As bonificações nos machos Angus podem chegar até 10% sobre o valor pago pelo preço base (valor refere-se aos animais que integram tabela Trace, isto é, estabelecimentos aprovados para exportar aos países da União Europeia). Já as fêmeas Angus rastreadas, também conforme a tabela Trace, podem ter bonificações superiores a 15% (valor do kg/carcaça do macho + 9%). E os Frigoríficos Silva e Angus da Gruta – os demais parceiros da ABA, no RS, também conferem bonificações diferenciadas aos fornecedores de carne Angus. As premiações aos animais Angus e Cruza Angus ocorrem dentro dos quesitos do Programa Carne Angus Certificada. 18 Maio / Junho de 2010 PARCEIROS Da perspectiva de um comprador de gado Selecionei este artigo para traduzir para a ABA por achar particularmente interessante sob o ponto de vista estratégico e comercial. Os americanos sempre tem algo a ensinar sobre como vender. E isto me chamou a atenção. O produtor muitas vezes preocupa-se com custos e parte técnica - que são fatores importantíssimos - mas esquece outro igualmente importante: a comercialização. Tim Schiefelbein é natural de Kimbal, Minnesota. Lá trabalha como gerente de compras do Swift pela manhã; mas, pela tarde, trabalha em seu negócio familiar de criação de gado de cabanha, de cria e confinamento. Antes de retornar a Minnesota e assumir sua posição atual, Schiefelbein estava alocado no escritório da Swift Greeley, no Colorado, onde operou como chefe de compras, adquirindo cerca de 5 milhões de cabeças por ano. O outro crédito de Schiefelbein foi de desenvolver o primeiro programa de premiação de carcaças, que revolucionou a forma em que o gado é comprado e vendido hoje nos Estado Unidos. É importante ressaltar, para melhor compreensão do artigo, que “Choice” e “Select” são avaliações de carcaça pelas quais os frigoríficos pagam respectivamente mais e menos. Marcos Silveira Médico Veterinário e Criador de Angus Representante CRI Genética Brasil Criando Demanda A vasta experiência deu a ele uma perspectiva única sobre o tipo de gado que os frigoríficos e seus consumidores querem e que rende dinheiro a produtores tradicionais. Se você quiser produzir algo com valor, a primeira coisa a fazer é conhecer quem seu cliente é, e produzir o que aquele cliente quer. Produtores de terneiros não podem satisfazer-se em simplesmente encontrar as necessidades do seu cliente inicial: o terminador. Eles devem também estar preocupados em satisfazer as necessidades do cliente do terminador: o frigorífico. E do cliente do frigorífico; o varejo, os restaurantes, e, por fim, o consumidor. Há muitos clientes com que se preocupar. Ademais, você deve fazer as vacas parirem com facilidade, manter condição corporal e repetir cria todos os anos. A boa notícia é que gado de campo pode ser exatamente o que os clientes querem, e se você produzir o que seu cliente quer, você conseguirá mais dinheiro pelos seus animais. Ainda que haja diferentes tipos de terminadores, todos querem gado saudável. Ninguém quer brincar com terneiros doentes, eles não engordam bem nem ganham boa avaliação de carcaça. Terminadores querem que os terneiros cresçam bastante e rápido. Depois de estes critérios serem alcançados, alguns terminadores, ou terminadores de “commodity” são satisfeitos com um gado de carcaça adequada. Eles não acham que deva ser excepcional; só bons o suficiente para o frigorífico comprá-lo. Um terminador de valor agregado, por outro lado, quer uma carcaça “Premium” e pagará mais para obtê-la, já que ele está vendendo com diferencial de preço. Isto nem sempre foi o caso. Andes de meados de 1990, quando a “revolução de valor de base” começou, as empresas pagavam o mesmo por gado bom e ruim. Eles estavam comprando lotes “Select” e pagando US$ 120, e, por lotes “Choice”, os mesmo US$ 120. Não havia incentivo para você melhorar o gado. Eu decidi que se pagássemos mais por gado melhor, então seria possível que conseguíssemos melhores animais e começou a desenvolver-se o primeiro programa de agregação de valor da indústria de carne; que remunerava animais de características desejáveis tais como marmoreio e carcaças de alto rendimento e descontava aquelas características indesejáveis. A melhor forma de descobrir o que o frigorífico quer é estudar a histórica diferença entre “Choice” e “Select”, que mostra a diferença de valor entre estas duas notas comuns. Para mim, este é um ótimo guia, porque quando eu vendo ao meu cliente; o varejista, é assim que ele está me pagando. Normalmente, em janeiro, frigoríficos tem todos os animais “Choice” que precisam, então a diferença “Choice x Select” é pequena, e o sujeito que tem “Choice” recebe mais do que “Select”, mas não tanto a mais. A variação “Choice x Select” tende a aumentar em abril, maio e junho, quando há normalmente mais “Select” sendo abatido. Carne “Choice” está em alta demanda nesta época do ano, porque é época de churrasco e consumidores querem impressionar amigos com uma boa carne. Conheça seu Gado e Seu Mercado Conhecendo as diferenças sazonais comuns na diferença “Choice X Select” pode ajudar produtores a decidir quanta ênfase eles devem colocar nas características de carcaça quando estiverem tomando decisões de manejo. Se você abater num momento em que o “Choice” for escasso, tenha certeza de seus animais estarem com boa graduação, para ganhar mais dinheiro. Para criar gado para um mercado buscando valor agregado, produtores devem empregar a genética correta. A genética tem um grande papel na qualidade da carcaça porque tem 40% de herdabilidade. Nem todos, no entanto, consideram a herdabilidade das características quando tomam decisões de aquisição. Isto também é motivo pelo qual compradores de gado são desconfiados de comprar linhagens que nunca compraram antes. Provavelmente a maioria graduará bem ou mal devido à alta herdabilidade das características de carcaça. Composição Racial Todos sabemos que a heterose ocorre. Se você tem uma combinação de raças, você sabe que tipo de mistura é necessária; se perguntando como você quer comercializá-la. Quando selecionamos os melhores indivíduos dentro da raça, aí é quando realmente podemos fazer algumas melhoras. Também é importante ficar longe dos extremos, porque você não quer que o terminador de “commodity” não queira seu gado. Você tem um problema de verdade quando seus animais não se encaixam no mercado de “commodity”. Parceria para engorda é a melhor forma de agregar valor, mas também agrega risco. Conceitos básicos, como selecionar o touro certo, assegurar-se do gado estar adequando à sua operação primeiramente e sobretudo, e manter os animais saudável são ainda pontos críticos para o produtor. E até tudo isto perde importância se o produtor não dá garantia do seu gado e não desenvolve uma relação com seus clientes. Relações são fundamentais; você pode se diferenciar dos outros dizendo “obrigado” quando vende seus terneiros, fazendo uma ligação no período de recria e perguntando se os terneiros estão saudáveis, e claro que estão. Faça uma terceira ligação “qual foi a avaliação no abate”. Sabendo que eles irão bem devido ao que você já tem feito para produzi-los assim. E também diga “a propósito, eles vão a venda este ano também, em tal e tal lugar, em tal e tal datas.” Para aonde vão os carrapatos no inverno? As larvas na fase livre (nesta foto, cada pontinho no pasto) não se alimentam Por Octaviano Alves Pereira Neto A crença de que no inverno os carrapatos desaparecem é ilusiória, pois logo na primavera lá estão eles novamente, avançando sua infestação na pastagem. O que ocorre de fato, é uma drástica redução na população de larvas presentes no pasto, acompanhada pela queda ou suspensão total da ovoposição das fêmeas de carrapato (teleóginas) que permanecem no solo, a espera de melhores condições climáticas. Para entender melhor este processo devemos conhecer o ciclo biológico do parasito. O carrapato, como acontece com outros parasitos internos e externos, possui duas fases de vida bem distintas, tanto em termos de duração como de mudanças morfológicas. A fase parasitária, desenvolvida no corpo do hospedeiro, inicia a partir que a larva (o chamado micuim) sobe no bovino, vinda do pasto. A partir de então, fixa-se em uma determinada parte do corpo e começa a se alimentar, sofrendo uma metamorfose após 6 a 8 dias, tornando-se uma ninfa. Esta por sua vez, fixa-se e após cerca de sete dias, muda novamente, atingindo a fase adulta, quando tambéml há a diferenciação sexual de macho e fêmea e o acasalamento do parasito. As fêmeas fertilizadas (teleóginas) ingerem grandes volumes de sangue (± 3mL/parasito) por mais 7 a 8 dias, aumentando de tamanho e caindo ao solo. O macho tem papel pouco importante no parastismo. Assim, a fase parasitária dura em média 22 dias, com pequenas variações para mais ou menos tempo, pois a temperatura corporal e alimentação adequadas. Com a queda da teleógina ao solo, inicia-se a fase não parasitária ou fase de vida livre, que se estende pelos períodos de ovoposição, eclosão dos ovos e larva infestante, terminando quando esta sobe no bovino. Este período é muito influenciado pela temperatura e umidade do ambiente, podendo ser variar 30 dias a vários meses. Cada teleógina dos bovino (B. microplus) põe 1.500 a 3.000 ovos, que se formam a partir dos nutrientes extraídos do sangue do hospedeiro, morrendo em seguida. Após sua queda não se alimentam e buscam locais seguros, à sombra e com umidade, para iniciar sua ovoposição, que dura de 2 a 6 semanas, porém se as condições forem desfavoráveis (temperatura < 15oC ou estiagem) poderá suspender a liberação dos ovos, aguardando melhoria no quadro climático. Paralelamente e pelos mesmos motivos, os ovos já eliminados podem permanecer no ambiente sem eclodir, por exemplo se a temperatura ambiental for < 15oC, mantendo sua viabilidade por período superiores a 60 dias. É comum então, que milhares de teleóginas permaneçam no pasto esperando para por seus ovos e estes aguardando para eclodir, o que acontece de forma massiva e concentrada geralmente a partir do início da Primavera ou da Estação das Águas., Após a eclosão, as larvas migram para o topo da pastagem em 2 a 3 dias, aguardando pela passagem do seu hospedeiro para fixação. Nesta fase elas não se alimentam, sovrevivendo apenas de suas reservas energéticas, podendo sobreviver por 60 a 90 dias nestas condições, sofrendo a ação do frio e da dessecação, nas regiões do país aonde há estiagem marcada. Temos observado que invernos, embora rigorosos e com temperaturas negativas, têm apresentado dias nos quais a temperatura excede os 20oC, ou mesmo, nas regiões de invernos secos há ocorrência de chuvas, o que acaba favorendo o avanço das infestações nos períodos não comuns. Os produtores têm sido obrigados a controlar o carrapato todo o ano, inclusive com banhos. Usando estes conceitos na prática Como pode ser observado, a fase de vida livre do carrapato é afetada diretamente pelas condições climáticas. O parasito criou mecanismos de sobrevivência, permitindo que reduza seu metabolismo e atravesse estas fases ruins até aquelas mais favoráveis. Assim sendo, se o período de inverno é prejudicial à sobrevivência das larvas de carrapatos, o uso de carrapaticidas com efeito de longa ação tem severo impacto sobre a infestação do animal e, por reflexo, na do pasto, pois caso o parasito suba no bovino sofre o efeito do produto, caso fique na pastagem, sofre o efeito do clima. Esta prática, produto mais manejo, favorece a redução das larvas de carrapatos no campo, devendo o produtor lembrar que carrapaticidas chamados adulticidas, ou seja, que matam todas as formas do parasito podem causar, negativamente, a inibição da imunidade contra a Tristeza Parasitária, como é o caso de banhos seguidos com amitraz ou o uso excessivo de vermífugos endectocidas (avermectinas). Os inibidores de crescimento de ácaros, como o fluazuron, são excelentes alternativas, pois ao picar o bovinos, as larvas estimulam a imunidade, morrendo apenas após virarem ninfas mal-formadas. Este processo reduz a quebra da imunidade, embora outros fatores estão também relacionados ao equilíbrio imunológico. Como de praxe, recomendo sempre o assessoramento profissional para definir estratégias que impactem positivamente sobre a infestação dos parasitos e seu controle. Méd. Vet., Mestre em Zootecnia Gerente Técnico – Bovinos Novartis Saúde Animal Ltda. MOVIMENTO Outono Angus Show movimenta Esteio Já está tudo pronto para a realização de mais uma edição da Feira Nacional de Agronegócios do Sul – Fenasul, de 27 a 30 de maio, no parque de exposições Assis Brasil, em Esteio, RS. É um evento com iniciativa da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul e do Governo do Estado gaúcho, onde a Associação Brasileira de Angus (ABA) aparece com uma programação especial, representada pelo já tradicional Outono Angus Show. Fenasul é uma feira voltada para o agronegócio, que tem como objetivo promover a integração, troca de conhecimentos e o intercâmbio dos criadores, produtores, indústria, comércio e serviço, no que tange o agronegócio e suas ramificações. Além do desenvolvimento sócio-cultural do público acadêmico e do Ensino Fundamental. Além do Outono Angus Show, tem como outros eventos paralelos, a 33ª Expoleite, a 8º Feira de Terneiros, Feira de Gado de Corte, Feira de Eqüinos, Feira de Ovinos, 10ª Ex- A poutono - Aves, Coelhos, Chinchilas e Cães, cursos e palestras. Destaque para a mostra Angus O Outono Angus Show é organizado pelo Núcleo Centro-Litorâneo de Criadores de Aberdeen Angus, juntamente com a Associação Brasileira de Angus (ABA). Segundo o atual presidente do Núcleo Centro-Litorâneo de Angus, João Francisco Bade Wolf (leia-se Cabanha dos Tapes, RS), esta sexta edição do já consagrado evento Outono Angus Show, que se realiza paralelamente à Fenasul, além da qualidade dos animais, também aparece como excelente oportunidade para os tradicionais e especialmente para os novos investidores na raça Angus. A programação indica o dia 27 para admissão dos animais, dia 29 julgamentos de argola, dia 30 julgamento de rústicos e leilão do Núcleo, que contará com ofertas de importantes cabanhas de Angus. A 8ª Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas terá oferta de 500 animais Angus certificados, está agendada para o dia 27 de maio, às 14 horas. João Wolf avisa que pretende colocar na pista de julgamento mais de uma centena de animais. O jurado este ano será o técnico da ABA, Renato Pinto Paiva. Wolf também anuncia que neste ano o núcleo deverá organizar algumas feiras de terneiros certificados Angus, além de feiras de rústicos e também de animais de argola. “Crie, cruze e multiplique com Angus, a raça completa”, propagandeia João Wolf. Agregar e criar parcerias com toda a cadeia da carne “Desde que assumimos o comando do núcleo, temos circulado bastante e conversado com as pessoas, porque nossa proposta principal é de agregar, de criar parcerias duradouras com todos os produtores que participam da importante e crescente cadeia da carne Angus”, condiciona o atual presidente do Núcleo Centro-Litorâneo de Criadores de Aberdeen Angus – que também é diretor de Marketing da ABA. Maio / Junho de 2010 19 Exposições Ranqueadas 2010 27 a 30 Maio - Esteio, RS 6º Outono Angus Show Local: Parque Assis Brasil 15 a 19 Junho - São Paulo, SP 16ª Feicorte Local: São Paulo - SP 08 a 18 Julho - Araçatuba, SP 51ª Expoagro - Araçatuba Local: Parque de Exposições Agosto - Guarapuava, PR 28 Agosto a 05 Setembro - Esteio, RS Expointer 2010 Local: Parque Exposições Assis Brasil Outubro - Rio Preto, SP 01 a 10 Outubro - Cachoeira do Sul, RS 60ª Feapec Local: Sind. Rural de Cachoeira do Sul 05 a 10 Outubro - Uruguaiana, RS 74ª Expofeira de Primavera Local: Parque de Exposições de Uruguaiana 06 a 07 Outubro - Pelotas, RS 84ª Expofeira de Pelotas Local: Sindicato Rural de Pelotas 18 a 24 Outubro - Santana do Livramento, RS Expofeira Livramento Local: Parque de Exposições 11 a 17 Outubro - Alegrete, RS 68ª Exposição Alegrete Local: Parque de Exposições 21 a 25 Outubro - S Francisco de Assis, RS 44ª Exposição São Francisco de Assis Local: Parque de Exposições 27 de Outubro - Dom Pedrito, RS Expofeira de Dom Pedrito Local: Sindicato Rural de Dom Pedrito 02 a 12 Novembro - Sta Vitória Palmar, RS 79ª Expofeira de Santa Vitória Local: Parque Exposições 09 a 16 Novembro - Rio Grande, RS 36ª Expofeira de Rio Grande Local: Parque de Exposições Eventos Chancelados 2010 28 maio - 21h - III Catanduva Red Concert Centro de Eventos do Sport Club Internacional - Porto Alegre, RS transmissão Canal Rural 29 maio - 17h - Leilão Outono Angus Show Pista J - Parque de Exposições Assis Brasil – Esteio, RS 08 junho - 18h - 6º Remate de Ventres & Cruzas Angus - Parque de Exposições de São Borja, RS 16 junho – 20h – Leilão Prime Angus Durante a 16º FEICORTE – São Paulo, SP 31 julho – 14h – 10º Leilão VPJ Angus Red Eventos – Jaguariúna, SP Transmissão Canal Rural 30 agosto – à noite – 3º Remate Rincón Del Sarandy - Esteio, RS 18 setembro – 14h – 2º Leilão FSL Angus Itu Fazenda São Luiz – Itu, SP – transmissão Canal Rural 25 setembro – 12h – 2º Leilão Produção Rio da Paz e Ponche Verde - Parque de Exposições de Cascavel – Cascavel, PR 05 outubro – 14h – 11º Remate 3 Marcas - Parque de Exposições General Serafim Dornelles Vargas – São Borja/RS 07 outubro – 21h – 2º Leilão Virtual VPJ Angus Tropical - Transmissão Canal Terra Viva Outros Eventos Exposição de Palermo - 22 de Julho a 4 de Agosto - Buenos Aires Expo Prado - 8 a 19 de Setembro - Montevidéu 7º Leilão Selo Racial - 8 de Outubro - Quaraí - RS Leilão Virtual Angus Produção Fêmeas vende R$ 341 mil O Leilão Virtual Angus Produção Fêmeas, chancelado pela ABA, comercializou 90 fêmeas, apresentadas em 60 lotes, no valor total de R$ 341,04 mil. Entre os destaques desta edição do leilão realizado pela Agropecuária Fumaça (Paranapanema, SP), Agropecuária HR (Pontalinda, SP), Casa Branca Agropecuária (Fama, MG), e 3E Agropecuária (Catanduva, SP), está a venda do lote 52, Catanduva Novelista TE 224, geração 2003, da Casa Branca, adquirida pela FSL Angus Itu (Itu, SP), de Antonio Maciel Neto. O animal foi arrematado por R$ 16,08 mil. Outro lote muito bem valorizado foi o lote 02, 3E Maclony A029, geração 2003, da 3E Agropecuária adquirido por João Emílio, Estância Vale da Alegria, PR. O lote saiu pelo valor de R$ 10,08 mil. A média geral desta edição foi de R$ 4,942 mil. “Houve um bom incremento em relação a 2009 onde a média geral foi de R$ 3,6 mil e, este ano, a liquidez foi maior e com praticamente todos os lotes vendidos”, observou o assessor técnico do evento, Fernando Velloso. Novos investidores também fizeram suas apostas na raça. Entre eles, criadores de Mato Grosso do Sul, de municípios como Paraíso do Leste; Minas Gerais, de Bordas da Mata; e, do Paraná, da capital Londrina. Os proprietários das cabanhas promotoras Elio Sacco, Luís Henrique Campana Rodrigues, Paulo de Castro Marques, e, Renato Ramires Jr. consideraram muito positivo o remate, pois houve incremento nos valores e na liquidez da oferta. “De outra parte, houve comercialização da maioria dos lotes e, para novos criadores, o que comprova o crescimento da raça”, informaram através da assessoria técnica. O Leilão Virtual Angus Produção Fêmeas teve como leiloeiro Lourenço Campo e escritório Remate Leilões e os trabalhos de Fernando Velloso e Dimas Rocha, da FF Velloso & Dimas Rocha Assessoria Agropecuária. Liquidez e liderança em Guarapuava A preferência pela raça Angus ficou evidente na tradicional Feira Estadual de Bezerros de Guarapuava, PR, realizada no dia 02 de maio, no Parque de Exposições Lacerda Werneck, e considerada a melhor feira de bezerros do Estado. Com um total de 1.052 machos - 256 Angus e Cruza Angus e 232 fêmeas - 101 Angus e Cruza Angus, a 36ª edição da feira mostrou a força e o crescimento da raça na região. “A cada ano, observamos o aumento do cruzamento Angus, a partir da entrada de touros no remate Angus, promovido há oito anos pelo Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná durante a Expogua, além do investimento dos pecuaristas no melhoramento genético com a raça Angus”, observa o presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Botelho. Associados da Cooperativa Agroindustrial Aliança de Carnes Nobres Vale do Jordão (Cooperaliança), responsável pela produção de carne de qualidade, adquiriram 80% dos animais Angus à venda no leilão. “A Cooperaliança sentiu, nos clientes varejistas e consumidores, a preferência pela carne Angus, identificando no animal Cruza Angus uma qualidade superior”, destaca o presidente da Cooperaliança, Edio Sander. Na feira, os preços médios por quilo foram de R$ 3,20 machos e R$ 2,75 fêmeas, sendo que um lote de machos Angus atingiu R$ 3,85 o quilo vivo, com peso médio de 155 quilos e outro de fêmeas Angus, R$ 3,60 o quilo vivo, com peso médio de 150 quilos. “Esses foram preços bem acima da média e comprovam a demanda também pelas fêmeas. Os pecuaristas estão investindo na compra de matrizes para o rebanho e, por isso a raça está dando um bom retorno para produtores e terminadores. Sentimos, a cada edição do evento, a oferta diferenciada, lotes padronizados e produtores atentos a essas características, buscando animais de boa qualidade, como os Angus e Cruza Angus”, avalia o vice-presidente do Núcleo de Produtores de Bezerros de Guarapuava, Cláudio Marques de Azevedo. 22 Maio / Junho de 2010 EXPOSIÇÕES Raça faz bonito na Expolondrina Com uma representação de 130 animais de argola, a raça Angus fez bonito no segundo turno da 50ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina (Expolondrina), realizada no Parque de Exposições Ney Braga, entre 6 e 11 de abril. Contando com a participação de 25 expositores do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a mostra teve como jurado o técnico da ABA, Renato Pinto Paiva. O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, que acompanhou a Expolondrina ao lado de parte de sua diretoria, destacou a qualidade dos animais em pista e dos vencedores. “No todo, destacamos uma participação muito boa. Os animais campeões certamente são exemplares que estarão na ponta de qualquer exposição da raça e que mostraram grande qualidade genética e muito apelo de carne”, avaliou. Com essa exposição, assinalou, “a ABA fechou com muito êxito a segunda exposição integrante do ranking nacional do ano”. Fotos: Devanir Parra/ABA Presidente da ABA Joaquim Mello destacou alta qualidade da genética apresentada em pista Reconquista-Red Black ganha nas fêmeas A parceria Reconquista Agropecuária/Red Black, respectivamente de José Paulo Dornelles Cairoli (Alegrete, RS) e Fábio Gomes e Marco Antonio Gomes Costa (Cachoeira do Sul e Santo Antônio da Patrulha, RS), venceu o grande campeonato de fêmeas da raça Aberdeen Angus na 50ª Expolondrina, em Londrina (PR). A roseta de grande campeã da raça foi colocada em 10 de abril em Reconquista Naja, uma vaca adulta de pelagem vermelha. O exemplar também havia vencido o grande campeonato de fêmeas da Angus em Avaré, SP, em março de 2010. Grande Campeã: Reconquista Naja A Fazenda MC (Espírito Santo do Pinhal, SP), de Eloy Tuffi, foi agraciada com o título de reservada grande campeã da raça com a fêmea Rincon Embusteira 1270 del Sarandy, uma vaca jovem, pelagem preta, que também faturou o título de reservada grande campeã da raça em Avaré 2010. Já como terceira melhor fêmea o jurado Renato Paiva escolheu Rita da Corticeira, uma novilha de dois anos da parceria GB Agropecuária/Cabanha da Corticeira, respectivamente de Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno (Porecatu, PR) e Luiz Anselmo Cassol (São Borja, RS). Reservada Grande Campeã: Rincon Embusteira 1270 del Sarandy Terceira Melhor Fêmea: Rita da Corticeira EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2010 Reconquista vence nos machos A Reconquista Agropecuária (Alegrete, RS), de José Paulo Dornelles Cairoli, obteve o grande campeonato dos machos da raça Aberdeen Angus na 50ª Expolondrina e ainda o terceiro melhor macho. Durante o desfile realizado na pista central do parque, o jurado apontou Reconquista 1301 Naco Cachafaz como grande campeão. Ainda este ano, este touro da geração 2007, pelagem vermelha, havia faturado a roseta de grande campeão na Exposição de Avaré. Já a Rincon del Sarandy (Uruguaiana, RS), de Cláudia Indarte Silva, obteve o título de reservado grande 23 campeão. O escolhido foi Rincon Intruso 1248 del Sarandy, um reprodutor da geração 2007 e pelagem preta. Como terceiro melhor macho, novo êxito da Reconquista Agropecuária ao vencer com Reconquista 1391 Nazario Payador, geração 2007 e pelagem vermelha. Conforme Renato Paiva, os vencedores são animais diferenciados e com condições de “serem pais de cabanha em qualquer rebanho nacional e internacional”. Paiva, que acompanha há dez anos a mostra de Londrina, vibrou com o que viu em pista, percebendo uma clara evolução da raça nesta mostra, que integra o ranking nacional da raça. Fotos: Devanir Parra/ABA Grande Campeão: Reconquista 1301 Naco Cachafaz Reservado de Grande Campeão: Rincon Intruso 1248 del Sarandy Terceiro Melhor Macho: Reconquista 1391 Nazario Payador DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES GRANDE CAMPEÃ RECONQUISTA 1338 NAJA NOSTRADAMUS G HBB: 121378 Pel: V Tatuagem: TE1338 Nascimento: 22/07/2007 Idade: 990d Pai: CATANDUVA TE213 NOSTRADAMUS K. ROBTE12 HBB: 99045 Mãe: RECONQUISTA 592 GLEBA CANYON BARTOLOME HBB: 93050 Peso: 734 Alt: 1.31 Frame: 5.15 Expositor: PARC. JOSE PAULO CAIROLI E RED BLACK, RECONQUISTA AGRICULTURA E PECUARIA, ALEGRETE/RS Criador: JOSE PAULO DORNELLES CAIROLI RESERVADA DE GRANDE CAMPEÃ RINCON EMBUSTEIRA 1270 DEL SARANDY HBB: 121578 Pel: P Tatuagem: 1270 Nascimento: 01/10/2007 Idade: 919d Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE HBB: IA796 Mãe: RINCON BALONE HBB: 110102 Peso:762 Alt: 1.38 Frame: 6.62 Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPIRITO SANTO DO PINHAL Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY 3ª MELHOR FÊMEA RITA 230 DA CORTICEIRA HBB: 121890 Pel: P Tatuagem: R848 Nascimento: 19/02/2008 Idade: 778d Pai: TRES MARIAS 5887 HORNERO TE HBB: IA849 Mãe: FOFOQUEIRA DA CORTICEIRA F230 HBB: 73725 Peso: 739 Alt: 1.33 Frame: 5.92 ER: P+ Expositor: PARC.CABANHA DA CORTICEIRA E GB AGROPECUARIA, CAB. DA CORTICEIRA/GB AGROPECUARIA, SAO BORJA/RS E PORECATU/PR Criador: LUIS ANSELMO CASSOL GRANDE CAMPEÃO RECONQUISTA 1301 NACO CACHAFAZ FONO HBB: 122718 Pel: V Tatuagem: TE1301 Nascimento: 24/06/2007 Idade: 1018d Pai: TRES MARIAS 7031 CACHAFAZ 6556 TE HBB: 745150 Mãe: TRES MARIAS 6972 FENOMENA 5494 TE HBB: 741868 Peso: 1.033 C.E.: 46.00 Alt: 1.41 Frame: 4.41 Expositor.: JOSE PAULO D. CAIROLI, RECONQUISTA AGROPECUARIA LTDA, ALEGRETE/RS Criador: JOSE PAULO DORNELLES CAIROLI RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO RINCON INTRUSO 1248 DEL SARANDY HBB: 121584 Pel: P Tatuagem: 1248 Nascimento: 07/09/2007 Idade: 943d Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850 Mãe: RINCON DESTEMIDA TE013 FULL DEL SARANDY HBB: 99953 Peso: 1.019 C.E.: 43.50 Alt: 1.43 Frame: 4.55 Expositor: CAB. RINCON DEL SARANDY, CABANHA RINCON DEL SARANDY, URUGUAIANA/RS Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY 3º MELHOR MACHO RECONQUISTA 1391 NAZARIO PAYADOR C. HBB: 123187 Pel: V Tatuagem: 1391 Nascimento: 01/11/2007 Idade: 888d Pai: TRES MARIAS 6241 PAYADOR TE HBB: IA848 Mãe: PAINEIRAS COOPER ROB 4483 HBB: 89794 Peso: 984 C.E.: 40.00 Alt: 1.40 Frame: 4.34 Expositor: JOSE PAULO D. CAIROLI, RECONQUISTA AGROPECUARIA LTDA, ALEGRETE/RS Criador: JOSE PAULO DORNELLES CAIROLI 3º Leilão Conexão Angus Produtores e Cruzamentos negocia R$ 764,58 O 3º Leilão Conexão Angus – Produtores e Cruzamentos vendeu R$ 764,58 mil na noite de 08 de abril, na 50ª Expolondrina. Foram negociados 860 animais cruza Angus ao preço médio de R$ 767,00, além de 18 touros a campo (16 PO e 02 PC), no valor médio de R$ 5,81 mil. Conforme o coordenador do evento, Antonio Francisco Chaves Neto (Toninho), os machos cruza Angus obtiveram preços médios próximos dos R$ 3,60 o quilo vivo (kg/vv). Já as fêmeas cruza Angus saíram de pista pelo valor médio aproximado de R$ 3,30 o kg/vv. “Esse resultado superou todas nossas expectativas, pois, pensávamos que venderíamos, inicialmente, 500 animais cruza Angus e o número que foi à venda foi muito maior”, apontou. Já entre os touros Angus a campo a média geral foi de R$ 5,81 mil, porém, ao se considerar a venda de 10 touros PO da Reconquista Agropecuária a média dos machos sobe para R$ 6,426 mil. “Seguramente foi o melhor leilão de animais cruzados da Expolondrina. Além da agilidade, em pista, verificamos o aumento das médias da primeira para esta terceira edição”, revelou Toninho. Em 2009, o valor médio dos touros a campo foi de R$ 5,8 mil. Em 2008, os reprodutores a campo saíram do recinto com valor médio de R$ 5,3 mil. Conforme Fábio Medeiros, da coordenação do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus, o diferencial do leilão foi o grande volume de animais “cruza Angus com padronização e qualidade, em pista”. Entre os compradores, destaque para a HR Agropecuária, Marcos Molina, pelo Marfrig, e, pecuaristas da Cooperativa de Produtores de Carnes Nobres do Sudoeste do Paraná (Coopercanes). O 3º Leilão Conexão Angus – Produtores e Cruzamentos, chancelado pela Associação Brasileira de Angus (ABA), ocorreu no Recinto Abdelkarim Janene, no Parque de Exposições Governador Ney Braga, em Londrina (PR). Os trabalhos foram da leiloeira Rural Business Leilões. O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, destacou o “gado excelente que participou do julgamento e do leilão o que ratifica a posição da Angus no relatório Asbia deste ano”. Segundo o presidente da ABA, a posição de liderança da raça entre as taurinas (europeias) no relatório da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) 2009 foi comprovada em pista, no Conexão Angus, ao se observar “bons preços e boa procura por cruza Angus pelo comprador”. Julgamento dos melhores lotes Este ano, como inovação e reconhecimento aos criadores que investem no cruzamento industrial com a raça, ocorreu julgamento dos melhores lotes de terneiros, terneiras, novilhas e garrotes cruza Angus que participaram do leilão. O zootecnista Tito Mondadori e o veterinário Luiz Walter Ribeiro, representando a ABA, e um integrante da Coopercarnes, que também atuou como promotora do evento, realizaram o julgamento. Lote grande campeão terneira: Adolfo Fonseca Lote reservado campeão terneira: Radamés Spironelli Lote grande campeão terneiro: Jaime Mariano Gonçalves Lote reservado campeão terneiro: Guiomar Acorsi Rodrigues Lote grande campeão novilha: Francisco Marcos Penacchi Lote reservado campeão novilha: Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno Lote grande campeão garrote: Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno Lote reservado grande campeão garrote: Marcia de Carvalho 24 EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2010 Alto nível em Uruguaiana Nos machos, Corticeira/GB Agropecuária Diante dos reprodutores apresentados – tanto nas filas de machos, como nas de fêmeas, o jurado Norman Catto destacou o nível técnico uniforme dos animais Angus que disputaram a Exposição de Outono de Uruguaiana, paralelamente à 1ª Exposição Internacional do Mercosul. Segundo Catto, que já havia julgado a raça nas pistas da Expointer, “encontrar um ou dois animais diferenciados em uma exposição, qualquer um acha. Mas, encontrar vários, e superiores, demonstra um nível técnico muito elevado”. O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, acompanhou as atividades da mostra realizada em Uruguaiana. A exposição foi promovida pelo Núcleo Angus Três Fronteiras, presidida por Sérgio Tellechea, com apoio da ABA. A parceria Cabanha da Corticeira/GB Agropecuária, respectivamente de Luiz Anselmo Cassol (São Borja, RS) e Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno (Porecatu, PR), venceu no campeonato de machos de argola. O jurado indicou o reprodutor de pelagem vermelha Quito Quebracho da Corticeira, de tatuagem Q796, como o grande campeão da raça. A Cabanha Rincon del Sarandy, de Claudia Indarte Silva, Uruguaiana,RS, obteve o reservado grande campeonato com o touro Rincon Intruso 1248 del Sarandy, de pelagem preta. O terceiro melhor macho foi da Cabanha da Maya PAP, de Zuleika Borges Torrealba, Bagé, RS - Maya 40TE Ditador, tatuagem TE040, de pelagem vermelha. Rincon del Sarandy e Umbu nas fêmeas O jurado escocês, que fixou residência na Argentina, Norman Catto, revelou ter ficado “muito bem impressionado com as fêmeas Angus que disputaram a pista” da 8ª Exposição de Outono de Uruguaiana, de 12 a 16 de maio, em Uruguaiana, RS. O evento foi promovido pelo Núcleo Angus Três Fronteiras, com apoio da ABA. Cato já havia sido jurado durante a Expointer 2009, em Esteio, RS. A Cabanha Rincon del Sarandy (Uruguaiana/RS), de Claudia Indarte Silva, obteve o grande campeonato de fêmeas, ao expor Rincon Abusada TE 1222 del Sarandy. O título de Reservada Grande Campeã foi para Umbu 1349 Miss Holly, apresentada pela Cabanha Umbu (Uruguaiana/RS), de Angelo Bastos Tellechea. Como terceira melhor fêmea foi escolhida. Rincon Maligna 1192 del Sarandy, também da Cabanha Rincon del Sarandy. Fotos: Gabriel Becco e Elder Filho/ABA Grande Campeão - Quito Quebracho da Corticeira Grande Campeã - Rincon Abusada TE 1222 del Sarandy Terceiro Melhor Macho - Maya 40TE Ditador Reservado de Grande Campeão - Rincon Intruso 1248 del Sarandy Reservada de Grande Campeã - Umbu 1349 Miss Holly Terceira Melhor Fêmea - Rincon Maligna 1192 del Sarandy DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES GRANDE CAMPEÃ RINCON ABUSADA TE1222 DEL SARANDY HBB: 122688 Pel: P Tatuagem: TE1222 Nascimento: 03/09/2007 Idade: 982d Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850 Mae: RINCON MALICIA 909 HBB: 110089 Peso: 740 Alt: 1.33 Dent: 4 Frame: 5.75 ER: P+ AOL: 73.00 EGS: 10.00 P8: 22.00 Expositor: CAB. RINCON DEL SARANDY, CABANHA RINCON DEL SARANDY, URUGUAIANA/RS Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY RESERVADA DE GRANDE CAMPEÃ UMBU 1349 MISS HOLLY HBB: 126332 Pel: P Tatuagem: 1349 Nascimento: 16/03/2008 Idade: 787d Pai: SAV 5175 BANDO 1024 HBB: IA860 Mãe: UMBU 197 MISS HOLLY HBB: 73764 Peso: 772 Alt: 1.36 Dent: 2 Frame: 6.75 ER: P+ AOL: 80.00 EGS: 18.00 P8: 26.00 Expositor: ANGELO BASTOS TELLECHEA, CABANHA UMBU, URUGUAIANA/RS Criador: ANGELO BASTOS TELLECHEA TERCEIRA MELHOR FÊMEA RINCON MALIGNA 1192 DEL SARANDY HBB: 121574 Pel: P Tatuagem: 1192 Nascimento: 13/08/2007 Idade: 1002d Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850 Mae: SARABANA 155 TE APARECIDA HBB: 95435 Peso: 714 Alt: 1.33 Dent: 6 Frame: 5.75 AOL: 70.00 EGS: 7.00 P8: 13.00 Expositor: CAB. RINCON DEL SARANDY, CABANHA RINCON DEL SARANDY, URUGUAIANA/RS Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY GRANDE CAMPEÃO QUITO QUEBRACHO DA CORTICEIRA HBB: 120007 Pel: V Tatuagem: Q796 Nascimento: 05/10/2007 Idade: 950d Pai: TRES MARIAS 5839 QUEBRACHO TE HBB: IA755 Mae: FORTUNA DA CORTICEIRA F231 HBB: 73726 Peso: 1044 C.E.: 44.00 Alt: 1.44 Dent: 4 Frame: 6.00 AOL: 99.00 EGS: 15.00 P8: 20.00 Expositor: PARC.CABANHA DA CORTICEIRA E GB AGROPECUÁRIA, CAB.DA CORTICEIRA/GB AGROPECUÁRIA, SÃO BORJA/RS E PORECATU/PR Criador: LUIS ANSELMO CASSOL RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO RINCON INTRUSO 1248 DEL SARANDY HBB: 121584 Pel: P Premio Tatuagem: 1248 Nascimento: 07/09/2007 Idade: 978d Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850 Mae: RINCON DESTEMIDA TE013 FULL DEL SARANDY HBB: 99953 Peso: 1020 C.E.: 42.00 Alt: 1.43 Dent: 8 Frame: 5.75 AOL: 89.00 EGS: 14.00 P8: 24.00 Expositor: CAB. RINCON DEL SARANDY, CABANHA RINCON DEL SARANDY, URUGUAIANA/RS Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY TERCEIRO MELHOR MACHO MAYA 40 TE DITADOR HBB: 121762 Pel: V Tatuagem: TE040 Nascimento: 17/02/2007 Idade: 1180d Pai: CATANDUVA TE213 NOSTRADAMUS K. ROB TE12 HBB: 99045 Mae: SALA ANCIA HBB: 84246 Peso: 1129 CE: 42.00 Alt: 1.42 Dent: 6 Frame: 5.25 Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA, CABANHA DA MAYA PAP, BAGE/RS Criador: ZULEIKA BORGES TORREALBA EXPOSIÇÕES 25 Remate valoriza Terneiros Angus PO Fotos: Gabriel Becco e Elder Filho/ABA Forte disputa marca campeonato de rústicos Maio / Junho de 2010 Trio Grande Campeão Fêmeas Rústicas PO A Cia Azul, de Susana Macedo Salvador, Uruguaiana, RS, venceu nas fêmeas PO a campo (rústicos) na 8ª Exposição de Outono de Uruguaiana/1ª Exposição Internacional do Mercosul, com o trio de tatuagens 1175, 1173, TE 1157. O jurado Norman Catto indicou como melhor fêmea PO a campo o exemplar de tatuagem 1288 da Cabanha Rincon del Sarandy (Uruguaiana/RS), de Claudia Indarte Silva, que venceu com o trio reservado grande campeão de fêmeas PO (1288, 1237, 1216). Como terceiro melhor trio de fêmeas PO (3634, 3612, 3614) destaque para a GAP Genética (Uruguaiana/RS), de Eduardo Macedo Linhares. Nas fêmeas a campo PC novo êxito da Cabanha Rincon del Sarandy. A propriedade faturou o trio grande campeão de fêmeas PC (729, 724, 705) e o trio reservado grande campeão de fêmeas PC (680, 672, 661). A melhor fêmea a campo PC da exposição pertence ao lote do trio grande campeão, o exemplar de tatuagem 705. Como terceiro melhor trio a campo de fêmeas PC destaque para a GAP Genética (B314, B250, B108). Nos machos a campo PO a premiação do trio grande campeão foi para a Cabanha Rincon del Sarandy (TE 1461, TE 1456, TE 1454). O melhor macho a campo PO é o de tatuagem 3563 que integra o lote reservado grande campeão da GAP Genética (3673, 3577, 3563). Já o terceiro melhor trio de machos PO (6745, 6731, 6723) é da Cabanha São Bibiano (Uruguaiana/RS), de Antonio Martins Bastos Filho. Integrante da programação da 8ª Exposição de Outono de Uruguaiana, o II Remate Raça e Tradição comercializou sete terneiros Angus PO (destes, seis fêmeas) pelo valor médio de R$ 11 mil, informa a leiloeira Tellechea & Bastos. As vendas totais alcançaram os R$ 95 mil. O preço top de R$ 30 mil foi pago pela Agropecuária HR, de Pontalinda, SP, para a terneira PO Cia Azul Morocha 1261, da Cia Azul, de Uruguaiana, RS. Outro destaque foi a venda da terneira ASD 868 TE Brigadier Cuica, da Estância Olhos D´Água (Alegrete/RS), por R$ 20 mil, também adquirida pela Agropecuária HR. O único terneiro PO em pista, Rincon Gelato 1333 del Sarandy, apresentado à venda pela Cabanha Rincon del Sarandy, de Uruguaiana, RS, foi arrematado por R$ 14 mil por Celso Guazzo (RS). Conforme o técnico da ABA, Renato Paiva, também foram comercializados lotes de sêmen no total de R$ 18 mil com doses de sêmen. As doses foram doadas ao Núcleo Angus Três Fronteiras por diversas centrais de inseminação artificial. O presidente do núcleo, Sérgio Tellechea, considerou o “remate espetacular, valorizando a genética produzida pelos associados e muito bem apresentada em pista”. 26 EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2010 Expoagro valoriza raça em Itapetininga Realizada de 22 a 25 de abril, a 41º Expoagro, de Itapetininga, SP, representou a valorização da raça Angus no interior paulista. Exposição ranqueada, a mostra foi promovida pelo Núcleo Paulista de Criadores de Angus. O técnico da Angus, Tito Mondadori realizou palestra sobre o manejo reprodutivo de touros Angus a campo. O julgamento ficou a cargo do técnico da ABA, Fernando F. Velloso, assessorado pelos também técnicos Rednilson Moreli e Tito Mondadori. Estavam inscritos 74 animais, 51 fêmeas e 23 machos. A Grande Campeã foi VPJ Black Thuka, criador Valdomiro Poliselli Jr, expositor Angus Lago Dourado, Piraju, SP, ficando como Reservada Grande Campeã a vaca FSL H Lua TE 525, de Antônio dos Santos Maciel Neto, FSL Angus, Itu, SP. A terceira melhor fêmea foi FSL G Aika TEI 140, exposta por Paulo de Castro Marques, Casa Branca Agropastoril, Fama, MG. O Grande Campeão foi Cassol R 900 Rabino, criador Luiz Anselmo Cassol, São Borja, RS, expositor Angus Lago Dourado, Piraju, SP. O Reservado de Grande Campeão foi FSL I Berriel 721 TE, criador e expositor Antônio Maciel Neto, FSL Angus, Itu, SP. O Terceiro Melhor Macho foi Feliz 242 Licor Aguia 24J TE, criador e expositor Augusto Vieira Pinto Guedes, Cabanha Feliz, Campina do Monte Alegre, SP. Fotos: Divulgação Núcleo Angus São Paulo/ABA Grande Campeão: Cassol R 900 Rabino Reservado de Grande Campeão: FSL I Berriel 721 TE Terceiro Melhor Macho: Feliz 242 Licor Aguia 24J TE Grande Campeã: VPJ Black Thuka Reservada Grande Campeã: FSL H Lua TE 525 Terceira Melhor Fêmea: FSL G Aika TEI 140 Dados dos Animais Campeões Grande Campeã VPJ BLACK THUKA HBB: 120461 Nascimento: 04/09/2007 Idade: 962 d PESO: 712 PAI: BC MATRIX 4132 HBB: IA-867 MÃE: VPJ RED MATISSE HBB:91553 CRIADOR: VALDOMIRO POLISELLI JUNIOR EXPOSITOR: ANGUS LAGO DOURADO FAZENDA LAGO DOURADO - PIRAJU - SP Reservada Grande Campeã FSL H LUA TE 525 HBB: 128805 Nascimento: 01/09/2008 Idade: 599d PESO: 568 ER: P+ AOL: 96,20 EG: 6,60 P8: 13,10 PAI: SAV 8180 TRAVELER 004 HBB: IA-804 MÃE: FSL E TURQUESA TE 120 HBB: 111241 CRIADOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL NETO EXPOSITOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL NETO - FSL ANGUS - ITU - SP Terceira Melhor Fêmea FSL G AIKA TEI 140 HBB: 125278 Nascimento: 13/12/2007 Idade: 862d PESO: 713 PAI: TRES MARIAS 6301 ZORZAL T HBB: IA-850 MÃE: TRES MARIAS 6618 MARABUNTA 4850 TE HBB: 735903 CRIADOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL NETO EXPOSITOR: PAULO DE CASTRO MARQUES FAZENDA ÁGUA LIMPA - FAMA - MG Grande Campeão CASSOL R 900 RABINO HBB-128156 Nascimento: 15/11/2008 Idade: 524d PESO: 727 CE: 37 AOL: 105,70 EG: 7,10 P8: 9,40 PAI: TRES MARIAS 6241 PAYADOR TE HBB: IA-848 MÃE: LAS MISSIONES DA CORTICEIRA L 512 HBB: 99548 CRIADOR: LUIS ANSELMO CASSOL EXPOSITOR: ANGUS LAGO DOURADO FAZENDA LAGO DOURADO - PIRAJU - SP Reservado de Grande Campeão FSL I BERRIEL 721 TE HBB: 134706 Nascimento: 26/08/2009 Idade: 240d Peso: 386 CE: 28 AOL: 67,10 EG: 6,10 P8: 7,20 PAI: SAV DUKE 6313 HBB: IA-1057 MÃE: CARISMA DA JEQUITIBA TE HBB: 88198 CRIADOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL NETO EXPOSITOR: ANTONIO DOS SANTOS MACIEL NETO - FSL ANGUS - ITU - SP Terceiro Melhor Macho FELIZ 242 LICOR AGUIA 24J TE HBB: 130605 Nascimento: 30/03/2008 Idade: 754d PESO: 787 CE: 39 Alt: 1.42 Dent: 6 Frame: 5.25 AOL: 99,30 EG: 3,00 P8: 2,90 PAI: BT RIGHT TIME 24 J HBB: IA-886 MÃE: BELA VISTA 246 AGUIA HBB: 70147 CRIADOR: AUGUSTO VIEIRA RUA PINTO GUEDES EXPOSITOR: AUGUSTO VIEIRA RUA PINTO GUEDES - CABANHA FELIZ - CAMPINA DO MONTE ALEGRE – SP EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2010 27 Feicorte terá Nacional de Angus De 15 a 19 de junho, o Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, SP, será sede da 16ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne - Feicorte, onde paralelamente a Associação Brasileira de Angus (ABA), juntamente com o Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (Angus São Paulo), realizam a X Exposição Nacional Angus. Na escolha dos campeões Angus vai atuar como jurado o norte-americano Mr. Brian Barragree, de Montana, que acaba de escolher os campeões da raça na mostra de Denver, nos Estados Unidos. O julgamento dos machos está marcado para dia 16 de junho e o das fêmeas para o dia 17, Fotos: LAP Amaral/ABA Marcando a 10ª edição da Exposição Nacional Angus, a Feicorte 2010 terá como ponto alto a presença de cerca de 200 animais e a realização do Leilão Prime Angus. ambos às 9 horas, na pista 3 do centro de exposições. A programação do evento também conta com ações especiais que estão sendo preparadas pelo Programa Carne Angus Certificada da ABA e ainda com a promoção do Leilão Prime Angus, evento chancelado pela ABA, que vai acontecer no dia 16 de junho, às 20 horas, no recinto da exposição. Para o presidente do Núcleo Paulista de Criadores de Angus, Renato Segura Ramires Júnior, o momento é mesmo excelente para a genética Angus. “Os criadores estão animados e São Paulo registra o ingresso de vários novos investidores em Angus, o que novamente deverá fazer da nacional da raça um grande acontecimento em São Paulo”, aponta o dirigente, proprietário da 3E Agropecuária, em José Bonifácio, SP. Especialmente para a carne Angus, o momento em São Paulo é para se comemorar. “A partir do trabalho de divulgação desenvolvido até este momento, o Brasil está literalmente em busca da bem falada carne Angus. E como a demanda é bem maior que a oferta, a curiosidade das pessoas cresce a cada momento”, revela Renato Ramires, alegando que as pessoas não só perguntam pela Carne Angus, mas também estão dispostas a pagar mais pelo produto. Ramires Júnior afirma que o mercado interno já está maduro e disposto a remunerar a qualidade da carne Angus, que precisa urgentemente ganhar maior escala para tornar possível o abastecimento de pontos estratégicos do mercado interno, em especial em São Paulo, que é o centro nervoso da economia nacional. Ele estima a presença na feira deste ano de mais de 200 animais, que estarão sendo apresentados por cerca de 30 criadores. Preparada para a crescente demanda da pecuária brasileira por genética selecionada, produtos e serviços, a Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne mudou seu formato no ano passado, quando passou a colocar em prática uma nova planta para o evento, 40% maior. O objetivo, segundo os organizadores, é proporcionar mais espaço e conforto para a exposição de animais e para a montagem de estandes. 28 Maio / Junho de 2010 EXPOSIÇÕES REPORTAGEM Maio / Junho de 2010 Aftosa: com ou sem vacina? 29 O debate ganha corpo. E como dizem na roça, “a carreta vai andando e as abóboras vão se ajeitando ...” Fotos: Divulgação/ABA maior expressão na bovinocultura de corte”, pondera o vice-presidente da ABA. Como está o Brasil nesta área Santa Catarina é zona livre de Aftosa sem vacinação. Uma verdadeira ilha no Brasil, onde o bovino que sai não volta, e o que está fora não entra. O Paraná já encaminhou uma solicitação ao Ministério da Agricultura para ter o reconhecimento de área livre de Aftosa sem vacinação. E, via de regra, no restante do Brasil os debates vem e vão, mas ainda sem sinais visíveis de uma luz clara no final do túnel. Por Eduardo Fehn Teixeira O s gaúchos – e de resto o Brasil – já sentiram literalmente “na carne” os prejuízos amargados com o bloqueio das exportações, no início dos anos 2000, pela ocorrência de focos de Febre Aftosa. O caso deu pano para muitas mangas e serviu como farto argumento aos competidores do Brasil na exportação de carne para os principais (e melhores) compradores internacionais do produto. Os que defendem o status de zona livre sem vacinação (caso do Paraná, que pleiteia o status), alegam que estão estruturados na área sanitária e estão de olho em dois grandes benefícios: a redução dos custos representados pelas vacinas e sua operacionalização e a valorização da carne no mercado internacional, por ser produzida numa região livre da doença e sem vacinação. Mas aí ressurge um verdadeiro monstro que assusta especialmente os produtores e os técnicos mais realistas: e se a vacina for retirada e surgirem focos de Aftosa? A resposta é objetiva: seria um verdadeiro desastre, especialmente porque este fato seria fartamente utilizado como argumento contra a carne brasileira na competição pelo mercado internacional do produto. Isso sem falar em outras restrições de ordem interna. Não vacinar é assumir um grande risco! É o que pensa, por exemplo, o produtor gaúcho Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello. À frente de sua Cabanha Santa Eulália, onde cria Angus e opera forte pecuária em Pelotas, na região Sul do Estado gaúcho, ele teme pela retirada da vacina. “Ainda não existe uma infraestrutura capaz de suportar a ausência da vacinação do gado. Não vacinar seria um risco muito grande”, avalia o agroempresário, que também é o atual presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA). Mello inclusive sinaliza que este debate tem sido permanente na diretoria da ABA e que vai apertar ainda mais, na busca de uma posição clara dos diretores e criadores. Segundo ele, é preciso a realização de um trabalho com a efetiva participação de todo o bloco do Mercosul, pois nossas fronteiras com aqueles países são muito suscetíveis ao contágio do vírus da Aftosa vindo de outros países. “Não vacinar significa assumir um grave risco de, a partir do contágio de nossos animais com a doença, entre outros problemas, termos enormes prejuízos, especialmente com as nossas exportações e com a imagem da carne brasileira no mercado internacional. Na mesma linha, o criador de Angus Fábio Gomes, titular da Cabanha Catanduva, em Cachoeira do Sul, RS, enfatiza que “é um erro político e comercial grave pleitear o novo status de zona livre de Aftosa sem vacinação”. Gomes, atual vice-presidente da ABA, lembra que o Uruguai teve 1,6 mil focos de aftosa em 2001, aplicou a vacina, e seis meses depois já voltava a exportar. Ou seja, as restrições à vacina são uma questão meramente comercial, e não sanitária, já que a Aftosa não é transmitida aos consumidores a partir da carne bovina. Fábio Gomes avalia que a suspensão da vacina pode ser comercialmente vantajosa apenas temporariamente para os invernadores, mas isola o Estado quanto à entrada de material genético, que é indispensável ao trabalho de seleção genética das cabanhas, e também impede que os criadores participem com seus animais de exposições fora do Estado gaúcho, como Londrina, Feicorte e Avaré e, enfim, a médio e longo prazo enseja um prejuízo inestimável. Além de tudo - argumenta o dirigente - a manutenção do “status” de livre de Aftosa sem vacinação é, na prática, inviável, com as fronteiras entre Brasil, Argentina e Uruguai, especialmente. “O vírus, ademais, também é transmitido por animais silvestres, sabidamente incontroláveis, além de ter como veículos seres humanos e diversos outros produtos importados pelo Brasil do Uruguai e Argentina”, aponta. Os uruguaios - exemplifica Gomes, que também possui propriedade naquele país - com muito mais tempo de participação no mercado internacional da carne, não aceitam sequer ouvir falar em não vacinar o seu gado. “A única vantagem de Santa Catarina, que atualmente é zona livre sem vacinação, diz respeito ao mercado de suínos, já que aquele estado não tem O veterinário Bernardo Todeschini, chefe do Serviço de Sanidade Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, explica que na atualidade o Brasil tem três níveis de avanço, de classificação acerca da Febre Aftosa: estados que não são livres de Aftosa, os que são livres com vacinação e um estado (Santa Catarina) que é livre da doença sem vacinação. Segundo ele, zonas livres com vacinação são hoje 15 estados brasileiros, inclusive o Rio Grande do Sul. Neste status, de zona livre com vacinação, estão toda a região Sudeste, a Centro-Oeste, a região Sul (afora Santa Catarina) e parte da região Norte – Tocantins e parte do Pará também são zonas livres com vacinação. Conforme o técnico, cerca de 90% de todo o gado brasileiro está nessas regiões, formando um rebanho estimado em 165 milhões de cabeças. “A idéia da vacinação é garantir a sanidade dos animais quando não é possível assegurar que o vírus não vai aparecer”, diz o dirigente do Ministério da Agricultura. Ele recorda que em 2000/2001, quando tivemos a presença da Aftosa gerando grandes prejuízos, ainda não tínhamos a estrutura que temos hoje na área de controle. Para Todeschini, a evolução para a retirada da vacinação pressupõe um aumento da vigilância, dos controles de fronteiras, entre outras medidas. “Há dez anos vacinamos nosso gado e temos que começar a debater com profundidade essas questões”, aponta. E ressalva que não é uma decisão política, mas sim técnica. Mas está mais do que na hora de colocarmos esse assunto em pauta e gerarmos um amplo debate, para só então seguirmos adiante, preservando nossas conquistas e almejando um futuro promissor para o setor. Retirada da vacina é questão de tempo “O Rio Grande do Sul está há 47 anos vacinando seu gado contra a Febre Aftosa e a evolução desse status para zona livre sem vacinação, apesar de ser algo natural e desejável, precisa ser uma decisão política, mas amparada na área técnica”, condiciona o veterinário Fernando Groff, chefe do Serviço de Doenças Vesiculares da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca do RS. Para o técnico, a evolução do status sanitário depende basicamente de uma mudança de mentalidade do produtor, aliada a alterações na 30 REPORTAGEM Maio / Junho de 2010 Fotos: Divulgação/ABA forma como trabalha do serviço oficial, envolvendo basicamente a Secretaria e o Ministério da Agricultura. “A estrutura que temos já é bastante eficiente, mas para passar à zona livre sem vacinação é preciso priorizar a vigilância sanitária e o controle de trânsito de animais”, sintetiza o dirigente, observando entretanto que a retirada da vacinação é uma questão de tempo e representa a evolução natural desse quadro. “Só não podemos agir de forma irresponsável. Precisamos primeiro criar as condições necessá- rias à garantia da sanidade de nossos rebanhos”, assevera. Farsul quer condições técnicas Já o diretor da Federação da Agricultura do RS, Fernando Adauto de Souza, sai dizendo que a presença da vacina não impede nem as exportações de carne, nem a conquista de novos mercados para o produto. E diz que a retirada da vacina depende de novas posturas do produtor e de melhor estrutura técnica. Ele argumenta que desde 2006 foi criado o Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária no RS (Fundesa), que une várias entidades, entre elas a Farsul, a Fetag e as quatro cadeias representativas do setor - bovinocultura de corte, bovinocultura de leite, suínos e aves, cada uma delas com seu conselho técnico operacional. O dirigente da Farsul relata que quando começou a surgir a discussão sobre retirar ou não a vacinação, o assunto foi parar na Fundesa, onde também estão representantes da Secretaria e do Ministério da Agricultura. “Os debates se seguiram e ainda não foram conclusivos, mas já temos posições solidificadas acerca da questão, que envolve nos debates muita paixão e muitas opiniões infundadas”, antecipa. Conforme Adauto de Souza, o Conselho de Pecuária de Corte decidiu que a retirada da vacina é uma meta a ser alcançada. Mas antes deve ser adotada uma série de medidas, que podem contar com o apoio da Fundesa, que criou um fundo que conta hoje com mais de R$ 16 milhões. As medidas são: • Conclusão do processo de informatização das Inspetorias Veterinárias; • Pessoal capacitado e treinado; • Controles eficientes de fronteiras; • Grupo de emergência formatado e treinado; • Alinhamento de políticas com o Uruguai (fronteira seca); • Laboratórios que tragam segurança e repidez em diagnósticos; • Aprovação e reconhecimento da estrutura pelo Ministério da Agricultura; Apreensão no Paraná “Para se ter zona livre sem vacinação é preciso contar com toda uma estrutura, um sistema de vigilância e pessoal técnico preparado para qualquer emergência, e o que se sabe é que a Secretaria da Agricultura de nosso estado está deficitária em pessoal”, condiciona o atual presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, um importante polo de produção pecuária da região central do Paraná, agrônomo Rodolpho Luiz Wernek Botelho. Também presidente do Conselho de Sanidade Agropecuária daquele município paranaense, Botelho relata que o órgão recentemente esteve reunido com representantes da Secretaria da Agricultura, da Emater e com secretários de agricultura de 21 municípios da região centro-sul do Paraná, quando a questão da retirada da vacinação foi alvo de intenso debate. “Houve questionamento se a secretaria paranaense de Agricultura teria mesmo estrutura para fazer o acompanhamento das barreiras sanitárias de fronteiras para garantir a sanidade dos animais e se teria também como montar e vigiar os corredores sanitários para o trânsito de animais de outros estados, entre outras medidas”, observa o dirigente do Sindicato de Guarapuava. Teremos que vacinar sempre “Sou a favor da vacinação de nosso rebanho, porque isso garante não só a imunidade dos animais, com uma vacina que não deixa resíduos na carne e também garante a manutenção dos mercados para os quais o Brasil já exporta carne bovina, assim como novos mercados a serem conquistados”, opina o agrônomo e consultor da Scot Consultoria, em Bebedouro, SP, Alcides Torres Júnior. Para ele, dentro de uns 15 anos aproximadamente, quando nosso rebanho estará praticamente limpo, livre do vírus encontrado através do exame de sorologia, o Brasil terá que reivindicar áreas livres de Febre Aftosa ,mas com vacinação, com esta nova vacina que não deixa resíduos nos animais e por conseguinte na carne bovina. “Entre outros problemas – casos das fronteiras, por exemplo - estamos num País repleto de animais silvestres, que migram com a abertura de novas áreas para lavouras ou para a criação de gado, animais estes de carregam o vírus da Aftosa e contagiam os bovinos”, argumenta o analista, alegando que por esta e outras razões, o mais seguro sempre será manter o gado vacinado contra a doença. “Creio que sempre teremos que vacinar nosso gado contra a Febre Aftosa”, conclui o técnico da Scot. Maio / Junho de 2010 31 32 Maio / Junho de 2010 REPORTAGEM Saiba mais sobre a doença A Febre Aftosa é uma enfermidade altamente contagiosa, que ataca principalmente bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Atinge os animais em todas as idades, independente de sexo, raça e clima, mas algumas espécies são mais suscetíveis, ou seja, se contaminam com maior facilidade. A doença é produzida por mais de seis tipos de vírus classificados como A, O, C, SAT-1, SAT-2, e SAT-3. E a imunidade contra um deles não protege contra os outros. A gravidade da Aftosa não está relacionada às mortes que pode causar, já que os riscos de vida em animais adultos são baixos, mas sim às enormes perdas econômicas, atingindo todos os pecuaristas, desde os pequenos até os grandes produtores, em conseqüência dos sintomas dos animais infestados (falta de apetite, febre, quebra da produção leiteira, perda de peso, crescimento retardado e menor eficiência reprodutiva). Os animais doentes também ficam fragilizados e suscetíveis em adquirir outras doenças e ocorrem perdas por morte de animais jovens e, para o combate, o sacrifício dos animais contaminados. As propriedades que têm animais doentes são interditadas e a exportação de carne e produtos derivados é dificultada ou mesmo impedida, já que os países importadores querem preservar seus rebanhos. O vírus é veiculado pelo ar, pela água e alimentos, portanto de muito fácil disseminação. O vírus se isola em grandes concentrações no líquido das vesículas que se formam na mucosa da língua e nos tecidos moles em torno das unhas. O sangue contém grandes quantidades de vírus durante o início da doença, quando o animal transmite amplamente a enfermidade. Quando as vesículas se rompem, o vírus passa para a saliva, e pela baba contamina os alojamentos, pastos e todo local por onde o animal doente transitar. O vírus resiste por seis meses em carcaças congeladas, principalmente na medula óssea. Persiste por muito tempo nos pastos, na farinha de ossos e nos couros. As pessoas que entram em contato com animais doentes podem levar o vírus em suas mãos, roupas, calçados e equipamentos, sendo capazes de contaminar animais sadios. Os cuidados 1 - vacinação regular do rebanho conforme a recomendação da inspetoria veterinária da região. 2 - Os animais que receberam a primeira dose da vacina deverão ser revacinados 90 dias após a primeira vacinação. 3 - Suspeitando da existência da doença na propriedade ou na vizinhança, o fato deve ser comunicado imediatamente à inspetoria veterinária do município. 4 - Se a doença for confirmada, os animais doentes devem ser isolados, proibida a entrada e saída de veículos, pessoas e animais. E devem ser seguidas rigorosamente as recomendações dos Médicos Veterinários da inspetoria. 5 - Nos países livres de aftosa com vacinação ou sem, o método geralmente empregado consiste no sacrifício dos animais doentes e suspeitos, destruição dos cadáveres e indenização dos proprietários. 6 - Só compre ou transporte animais vacinados. 7 - A vacinação não causa aborto nos animais. Deve-se ter cuidados especiais com o manejo das vacas prenhes, pois o mau manejo pode levar ao aborto, nunca a vacina. 8 - Antes da aplicação das vacinas devem ser obedecidas as recomendações do fabricante e as vacinas devem ser conservadas na temperatura entre 2 e 6 graus centígrados. 9 - Os efeitos da vacina só aparecem depois de 14 a 21 dias de sua aplicação. Se os animais apresentarem a doença antes desse prazo, é sinal que já estavam com a doença quando foram vacinados. O controle da aftosa é de grande importância econômica, facilitando a exportação de carnes e produtos derivados e diminuindo as perdas em conseqüência dos sintomas. Importante enfatizar que a desossa da carne, seguida da maturação, é um método recomendado pela OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) como suficiente para a inativação do vírus da Febre Aftosa. Veja mais informações http://www.oie.int O site da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), com versão em Espanhol, tem como objetivo informar sobre a situação sanitária mundial por meio de notícias, artigos, editoriais e de um banco de dados. O espaço contém ainda indicações de publicações técnicas e o estatuto e as normas sanitárias oficiais vigentes. As informações são fornecidas pelos países membros da OIE. http://www.panaftosa.org.br Trata-se do site do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), específico sobre a febre aftosa. Nesse espaço, podem ser encontrados os avanços, as espécies, a situação, as vacinas para a doença, além de indicações bibliográficas e de eventos. O portal é em espanhol, porém possui um link para as notícias sobre febre aftosa no Brasil. http://www.agricultura.gov.br Site oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo brasileiro. Contém um link especial com as notícias mais recentes sobre a febre aftosa no Brasil. Além disso, pode ser encontrada a legislação vigente, informe semanal com a ocorrência das principais doenças animais no Brasil e no Mundo e informações sobre os programas do Governo Federal. Maio / Junho de 2010 33 34 Maio / Junho de 2010 PERFIL Qualidade transmitida geneticamente Fotos: Divulgação/ABA Antonino (à direita) na última Expointer Como ocorre com outras tradicionais e renomadas propriedades no Estado, a opção pela raça Angus e suas qualidades parecem ser transmitidas geneticamente de pai para filho. No caso do perfil em destaque não foi diferente. Exercendo a medicina há mais de 40 anos, sem abandonar as origens da família pecuarista da região de Alegrete, Antonino Souza Dorneles (Dr. Antonino) foi o escolhido pela direção da Associação Brasileira de Angus para ilustrar o Perfil desta edição. O Dr. Antonino é o titular da Parceria Agro Pecuária que leva seu nome e tem como parceiros seu genro Luiz Joaquim Rodrigues e seu filho Atila Leães Dorneles, atualmente participantes ativos na administração das Estâncias Olhos D‘Água e Ibirapuitã. Por Alexandre Gruszynski A história da Estância Olhos D’Água tem origem em uma família de pecuaristas que desde o início do século passado cria e seleciona Aberdeen Angus, tendo muitas vezes, naquela época, introduzido em seus planteis, reprodutores oriundos da Inglaterra, através de importadores uruguaios. O tempo foi passando, as gerações foram se sucedendo, mas tradição e o apreço pela criação do Angus se manteve. No ano de 1960 a propriedade mãe foi dividida por herança e uma parte passou a pertencer ao Dr. Antonino e a sua esposa dona Ana Leães Dorneles. A partir daí, foi estabelecido seu próprio criatório dando-lhe o nome de Estância Olhos D’Água, e optando pela criação e cruzamento exclusivamente com a raça Aberdeen Angus, de onde desenvolveu também a raça Brangus. Seis anos depois de iniciar o seu criatório o então jovem pecuarista que estava estudando medicina na Universidade Federal de Santa Maria se forma para exercer as especialida- des de Clinica Médica e Radiologia. “A partir daí foi uma corrida para conciliar as duas atividades”, lembra ele, mesmo com a ajuda da esposa, Ana Leães, bióloga e geneticista, que o ajudava na propriedade quando os filhos, Marta, Cláudia e Atila, eram pequenos. O Dr. Antonino, que atualmente está aposentado da profissão de médico, lembra que os compromissos eram tantos, nas duas atividades, medicina e pecuária, que num determinado momento da sua vida profissional teve que deixar a clínica, dedicando-se apenas à Radiologia. “A atividade da pecuária exige dedicação e esforço para se ter bons resultados”, confessa o criador. A partir de 1996 com a formatura do filho Átila como Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Atila volta para casa e assume a administração técnica e operacional da propriedade, facilitando sua gestão e imprimindo ainda mais entusiasmo pela raça Angus. Logo em seguida ocorreu a incorporação da Estância Ibirapuitã vindo com seu genro Luiz Joaquim Rodrigues a formar a Parceria Agropecuária Antonino Souza Dorneles. A criação de cavalos Crioulos, outra paixão, a orizicultura e a produção de forrageiras são outras das atividades da parceria. “Sempre fui muito exigente com o que produzimos. O exemplo está no gado, onde sempre me baseei nas orientações técnicas, buscando gente capacitada para o trabalho”, destaca. Ele lembra de um velho amigo, o médico veterinário Vicente Jacques Machado, que durante muitos anos deu assistência técnica para o seu criatório e foi de grande valia para os resultados alcançados pela Olhos D’Água. “Os custos para se criar e cuidar um gado bom ou um ruim são praticamente os mesmos, então vale mais a pena criar um gado bom e isto só se consegue com a ajuda de técnicos capacitados, que garantem um retorno em termos de eficiência e qualidade para o criatório”, complementa ele. Esta filosofia e modo de agir deste pecuarista são, sem dúvida, o motivo principal do renome que a Olhos D’Água vem obtendo e que a tornou o primeiro criatório Angus em todo o território nacional a exportar um touro para a Argentina, um fato inédito. O reprodutor Payador Carrasco, Reservado de Grande Campeão da Expointer 2009 foi adquirido no final do ano passado pela Ciale, a maior central de sêmen da Argentina. O sêmen será comercializado para todos os países da América Latina. Outro fato significativo ocorrido em 2009, foi a venda da novilha ASD Traveler 004 Filó, para o criatório Play Fair Farms, de James Play Fair e Rob Wills, Escócia. Qualidade da carne Apaixonado pela raça, devido às inúmeras qualidades que a destacam das demais, ele diz que a Angus é das raças britânicas a mais rústica, “era o gado ideal para os campos que me couberam, que eram os chamados campos de segunda, hoje preferidos por sua versatilidade”. A qualidade da carne, a fertilidade, a precocidade reprodutiva e de acabamento, a habilidade materna, todas estas características exigida pela moderna pecuária de corte estão presentes na raça, confirma o Dr. Antonino, que como todo criador de elite faz a avaliação do Promebo nos seus rebanhos. “O melhoramento genético sempre foi uma das nossas metas”, e não poderia ser diferente, pois com a esposa Ana, filha Cláudia e nora Ximena biólogas e geneticistas a pressão é muito grande. Uma das coisas que não era objetivo dele no início, a produção de animais de argola, veio posteriormente com a assessoria técnica. “A nossa parte técnica viu que isto era uma necessidade de mercado. Eu sempre enfoquei a produção de reprodutores rústicos,mas quando o Átila começou a trabalhar na propriedade, com muito entusiasmo, acabamos produzindo animais de argola”, lembra ele. A partir daí logo começaram a chegar os resultados e estrearam nas pistas de exposições no ano de 2000, tanto no Angus como no Brangus, machos e fêmeas, ganhando prêmios. Antes, os bons resultados eram obtidos só com os lotes de rústicos. Prêmios à dedicação A quantidade de prêmios que ele já obteve em pistas, não sabe dizer, mas uma sala na propriedade está repleta de troféus, testemunhas do trabalho eficiente, dedicado e profissional que o Dr. Antonino e família souberam imprimir no seu criatório. Na Expointer ele já foi Bi-Grande Campeão com uma fêmea Brangus, a Jóia Rara, também teve dois Grandes Campeões machos Brangus, o Fortunato e o Nitro, a Grande Campeã Aberdeen Angus, a Kila, dois Reservados de Grande Campeão, Pandero e Carrasco, já mencionado antes e muitos outros. “Na Olhos D’Água nós primamos por rusticidade, nossa seleção é muito rigorosa, não gostamos de muito artificialismo, mas o mercado gosta” , confirma ele. A Parceria trabalha hoje com 2,7 mil hectares e abriga 1.200 ventres registrados entre Angus e Brangus, produzindo 400 machos anualmente. Destes são selecionados 150 para pro- váveis futuros reprodutores rústicos e de argola. Os Grandes Campeões as Centrais de Inseminação quase sempre levam. Os novilhos (descarte dos touros) são conduzidos para a Estância Ibirapuitã, onde o genro, Luiz Joaquim Rodrigues, faz a recria e invernada antes do abate. Compradores do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e São Paulo buscam animais na propriedade ou compram em remates que participa na Expointer, na Exposição Feira de Alegrete e no Remate Selo Racial, evento que a Olhos D’água realiza juntamente com as cabanhas Azul, Corticeira, Rincon Del Sarandy e Ciazul, nomes históricos e que dispensam comentários no seleto e destacado criatório Angus. Finalizando o criador faz um desabafo: “O mundo é carente de alimentos e particularmente de muita proteína, mas, infelizmente, o Brasil com todo o seu potencial, não desenvolve uma política séria no setor agropastoril, para realmente transformar-se em celeiro do mundo. Ao contrário de países que sabem quão importante é produzir alimentos, inclusive subsidiando sua produção, o produtor primário brasileiro fica a mercê de sua própria sorte. Falta uma política agrícola séria, com preços mínimos verdadeiros, extensão e fomento a produção. É necessário um plano de expansão da fronteira agrícola, neste nosso país de dimensões continentais, e não ficar apoiando a invasão de propriedades já produtivas, que tem muito mais cunho ideológico, do que social, pois as criaturas ali assentadas, também ficam abandonadas a própria sorte”. Segundo ele, “somente a obstinação pelo que faz, ungido por um telurismo heróico é que leva o homem do campo a continuar lutando por aquilo que acredita ser sua predestinação”. Antonino (ao centro) e família com a Grande Campeã da Expointer 2008 Maio / Junho de 2010 35 36 Maio / Junho de 2010 OPINIÃO Considerações sobre a Diferença Esperada na Progênie - DEP Por Leonardo Talavera Campos A diferença esperada na progênie (DEP) é o principal critério utilizado pelos programas de avaliação genética para ordenar os animais pelo seu mérito genético estimado. Consiste de um instrumento poderoso para se fazer mudanças direcionais, em características de performance importantes economicamente, satisfazendo os variados critérios e objetivos de seleção dos criadores de gado de corte. dentificar o componente genético dos animais permite aos criadores, adequar geneticamente, e de maneira rápida, o tipo de vaca e de progênie que se ajuste aos recursos alimentares do estabelecimento, do mercado, e aos seus objetivos de produção. Isto se torna possível graças à implementação de novos procedimentos teóricos ou de metodologia dos programas de melhoramento, associados a um grande aumento da capacidade computacional. A computação dos valores de DEP permite uma avaliação mais acurada do componente genético para diversas características de importância econômica. Embora a teoria seja algo complexa, e os cálculos computacionais difíceis, os resultados são relativamente fáceis de interpretar e usar (Brinks, 1990). Este aumento de exatidão na identificação do componente ou mérito genético dos animais, junto com seu uso subsequente nos programas de seleção, permite ao criador obter valores ótimos para o rebanho de ventres em termos de crescimento, tamanho maduro e nível de produção de leite, ou então, alterar as características na direção desejada. A DEP é uma estimativa da diferença esperada no desempenho dos futuros filhos de um reprodutor em relação ao desempenho esperado dos futuros filhos de todos os outros progenitores avaliados presentes na análise, desde que os acasalamentos sejam entre animais de valores comparáveis. O valor da DEP representa a metade do valor genético, uma vez que um progenitor transmite somente uma amostra da metade de seus genes à sua progênie. Estes valores de DEP são relatados como desvios positivos (+) ou negativos (-) de um ponto base que é zerado. São expressos na mesma unidade de medida da característica avaliada, e um animal terá tantas DEPs quantas forem as características avaliadas. I Cabe destacar ainda que as DEPs já levam No conceito expresso no parágrafo acima, jovens, a partir dos valores de DEPs de seus pais está implícito que a DEP é uma medida com- (metade da DEP do pai mais metade do DEP em consideração o número e a distribuição parativa, que não deve ser encarada em termos da mãe), e somando-se a este resultado, outro das informações que entram nas estimativas. de valores absolutos. É muito importante estar componente, chamado de segregação mendelia- Portanto, as DEPs de touros com números de ciente do ponto base (zero) a que uma DEP na. A segregação mendeliana é estimada a partir filhos diferentes são diretamente comparáveis, qualquer se refere. Este ponto base pode ser das diferenças observadas entre irmãos inteiros mesmo que apresentem exatidão (ou “acurácia”) (filhos de um mesmo touro e vaca). diferente. fixo ou móvel. A DEP interim também é uma estimativa A exatidão pode ser expressa de duas formas. (1). BASE MÓVEL: neste caso, a média das DEPs dos touros pais, como também dos do desempenho da futura da progênie, porém Como exatidão mesmo, sendo os valores relaventres é igualada a zero. A cada avaliação ocorre apresenta uma menor exatidão do que a DEP tados como um número decimal variando de 0 alteração do ponto base, em função de mudanças estimada a partir de dados da progênie. Para a 1.0 (ou o equivalente em percentagem). Ou ocorridas na média das DEPs quando novos seu cálculo exigem-se, além das DEPs dos como um valor de possibilidade de alteração, animais e seus progenitores são adicionados ao pais, informações da própria performance do que é a mudança, positiva ou negativa, que pode animal e do grupo contemporâneo para as ocorrer para cada valor de DEP. É expressa na conjunto de dados. mesma unidade de medida da característica. (2). BASE FIXA: as DEPs são relatadas características. Além da DEP interim, existe ainda outro Esta medida no erro de predição dos valores de em relação a um determinado touro (ou grupo de touros pais) que terá DEP igualada a zero. tipo de DEP que é a chamada DEP pelo pedi- DEP (erro padrão da predição) decresce quando Para os ventres, pode-se adotar como base fixa gree. Esta é estimada como a média das DEPs o valor de exatidão aumenta. - OITO PASSOS PARA a média de vacas nascidas em um determinado do pai e da mãe, ou metade da DEP do pai mais O USO DA DEP: ano, por exemplo. Uma base fixa e única para metade da DEP da mãe. Se somente as inforWilson (1989) resume em oito passos a cada raça pode ser adotada nas avaliações entre mações sobre touros estão disponíveis, pode ser rebanhos. As análises subsequentes são ajustadas, estimada como metade da DEP do pai, mais um utilização da DEP: quarto da DEP do avô materno. Esta estimativa (1). Obter informações mais atualizadas então, para esta base fixa pré-determinada. Um exemplo pode esclarecer melhor o tem uma exatidão mais baixa que um valor de possíveis das avaliações genéticas (sumário de conceito da DEP. Supondo o touro ‘’A’’, de um DEP interim, desde que a informação da própria touros). É necessário se familiarizar com o formato dos relatórios e as características nas quais determinado rebanho, com uma DEP de +10 performance não é incluída nos cálculos. - POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO: os touros foram avaliados. kg para peso à desmama. Numa base fixa, podeA possibilidade de alteração que pode (2). Determinar os objetivos de seleção antes se esperar que este touro “A” produza filhos de se dirigir aos remates que terão, em média, ou a um estabelecimenmais +10 kg de peso à to para observar novos desmama do que a proA computação dos valores de DEP permite uma avaliação touros. gênie do touro base do mais acurada do componente genético para diversas (3). Determinar a rebanho (que tem DEP características de importância econômica escala de variação dos igual a zero), desde que valores de DEP aceitáambos os touros sejam veis para seu rebanho. acasalados com um ocorrer em uma estimativa de DEP, de uma (4). Ter alguma idéia dos aspectos envolgrande número de vacas comparáveis. Na base móvel, os filhos do touro “A” avaliação para outra, é um aspecto importante vidos nos negócios que o criador precisará apresentarão mais +10 kg, em média, do que a a ser considerado, e é representada pela exatidão efetuar. ou “acurácia” da DEP obtida. Naturalmente, (5). Determinar o valor médio das DEPs progênie de um touro médio do rebanho. Já em relação a um touro “B” qualquer, do quanto maior o número de filhos de um dado para a categoria de idade dos touros sob considemesmo rebanho com DEP para peso à desmama touro, maior a exatidão de sua DEP, e portanto, ração de compra. É muito importante conhecer de –10 kg, se espera uma diferença na média esta terá somente reduzida variação com as infor- os pontos de referência (ou a base) das DEPs dos filhos de “A” e “B” de 20 kg a mais para a mações adicionadas de uma análise para outra, apresentadas. desde que os métodos de cálculo não mudem. (6). É importante que o próprio criador progênie do touro “A”. Os valores de exatidão dependem da quan- mude para que conheça mais sobre o assunto - TIPOS DE DEPs: Calcular as DEPs é uma tarefa monumental tidade e distribuição das informações. Entre- DEP do que o próprio vendedor de touros. (7). O criador deve se tornar apto a compue difícil (é claro que facilitada pelo desenvolvi- tanto, produzir uma progênie numerosa requer mento da computação eletrônica), e represen- tempo, o que pode incrementar o intervalo tar uma DEP estimada pelo pedigree para um tam a melhor teoria conhecida até hoje para enter gerações, ao se usar unicamente touros touro jovem. Muitos compradores de touros predizer o mérito genético dos reprodutores. com grande exatidão de DEP. O procedimento para rebanhos comercias estarão interessados As DEPs dos touros e vacas com progênie no mais adequado é usar intensamente (através da em touros jovens, que podem não ter valores rebanho são estimadas a partir das diferenças inseminação artificial, por exemplo) somente de DEPs publicados ou disponíveis. (8). Coletar dados de performance do touro observadas entre meio-irmãos paternos e ma- touros superiores de alta exatidão de DEP. É ternos, respectivamente. No caso dos terneiros, um grande risco usar um único touro jovem em seu próprio rebanho. Procurar saber o que de ambos os sexos, que ainda não produziram maciçamente, sendo mais recomendável, nesse um touro com uma DEP de +10 kg para peso filhos no rebanho, suas DEPs são estimadas de caso, usar um grupo destes tourinhos jovens. à desmama realmente produziu na média da uma forma diferente, característica do modelo Deste modo, se algum destes animais não apre- performance de seus filhos. Isto facilitará a sentar o desempenho esperado, deixará poucos aquisição dos próximos touros. animal. É a chamada DEP interim. A DEP interim é calculada para animais filhos no rebanho. OPINIÃO Maio / Junho de 2010 Tabela 1 TOURO A B Diferença UTILIZAÇÃO DA “DEP” NA SELEÇÃO DE REPRODUTORES: As DEPs não significam a imposição de uma mesma e única direção da seleção nos diferentes programas de melhoramento, seja em rebanhos registrados, seja nos rebanhos comerciais. As DEPs fornecem a melhor descrição genética de um animal, como também comparações genéticas entre os animais. É através das DEPs que os criadores poderão selecionar ou descartar acuradamente os reprodutores, de modo a que seus rebanhos atinjam os objetivos de produção no menor tempo possível. Exemplo do Uso da DEP: A DEP prediz diferenças, não valores absolutos. Como um exemplo, vamos comparar um touro A, com uma DEP para Ganho Final (410 dias) de +15 kg, com um touro B, de DEP –5 kg, para a mesma característica. O que estes valores estão indicando? Estes valores estão indicando que, se estes dois touros forem acasalados com um grupo de vacas comparáveis em um mesmo rebanho e, se os produtos resultantes forem manejados DEP GND + 15 +5 10 uniformemente após o nascimento, pode-se esperar que os animais filhos do touro A pesem, em média, 20 kg a mais aos 410 dias de idade, do que os filhos do touro B. Esta diferença de 20 kg existiria quer estes animais pesassem aos 410 dias de idade 280 ou 400 kg. A Tabela 1 fornece outro exemplo ao mostrar o ganho de peso do nascimento à desmama (GND) médio dos filhos de dois touros, utilizados em dois rebanhos com diferentes médias para a característica: DEP: GUIA RÁPIDO E RESUMIDO Conceito da DEP: A DEP é uma estimativa do desempenho médio esperado dos futuros filhos de um determinado reprodutor (touro pai, vaca ou produto) para uma certa característica, em relação ao desempenho médio esperado de qualquer outro reprodutor presente na análise, desde que os acasalamentos sejam entre animais comparáveis. Rebanho 1 Média 150 kg 165 155 10 Rebanho Média 200 kg 215 205 10 Apresentação: Os valores de DEP são relatados como desvios positivos ou negativos de um ponto base que é zerado. Normalmente é apresentada na mesma unidade de medida da característica que está sendo considerada. Alternativamente pode ser apresentada de forma padronizada, ou seja, em unidades de desvio padrão das DEP’s para a característica. Base Genética: A DEP é uma medida comparativa, que não deve ser observada isolada ou absolutamente. É necessário estar ciente da base à qual um determinado valor de DEP se refere. A base é o ponto zero, isto é, o ponto em que as DEP’s são zeradas. A base adotada pode ser fixa ou móvel. É muito importante salientar, entretanto, que as diferenças entre reprodutores – o que está sendo estimado de fato - não se alteram ou independem da base adotada. (a) Base Fixa: a DEP de um determinado touro, ou grupo de touros e/ou vacas, é fixada como zero, não se alterando mais em avaliações futuras; 37 (b) Base Móvel: quando as DEP’s da totalidade dos touros ou vacas somam a zero, alterando-se a base a cada avaliação efetuada. Acurácia ou Exatidão: A possibilidade de alteração que pode ocorrer na DEP estimada de uma avaliação para outra, é um aspecto importante a ser considerado e é representado pela exatidão ou acurácia desta DEP. Um valor de acurácia está associado a cada valor de DEP e fornece uma medida da confiabilidade da predição. Os valores de acurácia podem variar de 0.0 a 1.0, com valores mais próximos a 1.0 indicando maior confiança, ou menor risco. Quanto maior o número de filhos de um touro e melhor a sua distribuição nos diferentes rebanhos ou grupos, maior será a acurácia de sua DEP. Esta terá, portanto, reduzida variação com as informações adicionadas de uma avaliação para outra, desde que os métodos de cálculo não mudem. Para finalizar, é importante ressaltar que as DEP’s já levam em consideração o número e a distribuição das informações que entram nas estimativas. Na verdade, as DEP’s computadas para todos os animais são diretamente comparáveis, mesmo que tenham acurácias diferentes. Superintendentes da ANC Coordenador Técnico do Promebo® e-mail: [email protected] Dicas para a Formação de Grupos de Manejo e Aumento da Conectabilidade SUMÁRIO DE TOUROS ANC 2010 Estamos preparando a nova edição do Sumário de Touros da ANC. Como sempre, o lançamento ocorrerá durante a próxima Expointer, e sendo seu pré-lançamento previsto para acontecer duas semanas antes da Exposição. Solicitamos aos usuários do PROMEBO® encaminharem, com a maior brevidade possível, os dados de desmama e pós-desmama (ano e sobreano) dos animais controlados. - DATA LIMITE PARA O SUMÁRIO DE TOUROS 2010: Alertamos que a data limite para seu recebimento será 04 de junho de 2010. Entretanto, quanto antes recebermos os dados, tanto melhor. Criadores que remeterem os dados após esta data receberão seus relatórios normalmente, porém, não poderemos garantir a inclusão destas informações no Sumário de Touros 2010. - DIVULGAÇÃO DE LOGOMARCAS: Como sempre ocorre a cada ano, a ANC estará oferecendo aos clientes a oportunidade de divulgação de suas logomarcas nesta publicação. Nos próximos dias estaremos informando procedimentos e valores de investimento para efetivação deste serviço. Aguardem novas instruções para breve. - SITE DO PROMEBO: Todos os criadores estão convidados a consultar a nossa página na Internet. O endereço é: www.promebo.com.br Diversos serviços e novidades estão disponibilizados neste site. - ATUALIZAÇÃO DE E-MAIL: É muito importante que tenhamos sempre atualizado, o endereço eletrônico de nossos usuários. Para quem alterou e/ou ainda não nos repassou esta informação, solicitamos que enviem, sem falta, o seu e-mail. Estamos disponibilizando todos os relatórios por via magnética, em formatos acessíveis – word (.doc) e excel (.xls). A avaliação de performance através da DEP (Diferença Esperada na Progênie) está baseada na comparação entre animais que recebem o mesmo tratamento ou mesmo manejo, do nascimento até a data da avaliação, seja ao desmame ou ao sobreano. É somente depois, através dos laços genéticos, que são feitas as comparações entre grupos do mesmo rebanho ou de rebanhos diferentes. Para que as comparações sejam justas e para que as avaliações tenham grande exatidão, é necessária uma formação criteriosa dos grupos de manejo. O módulo básico para a obtenção do valor genético de cada indivíduo são os grupos contemporâneos, os quais são formados levando em conta as seguintes informações: criador + rebanho + ano + estação + sexo + grupo de manejo a desmame + data da desmame + grupo de manejo ao sobreano + data do sobreano. É importante que os animais sejam agrupados da melhor maneira possível, logo após o nascimento, pro- curando grupos de manejo uniformes e em grande número para melhorar a comparação de performance. Após o desmame, é recomendável juntar lotes desmamados para a avaliação final. Lotes manejados e avaliados juntos no desmame não devem ser separados no manejo pós-desmame, para não prejudicar a avaliação seguinte, pela diminuição do número de animais diretamente comparáveis. É recomendável, dentro do possível, separar os machos das fêmeas, logo após o nascimento, formando grupos contemporâneos maiores (uma vez que o sexo é dos seus fatores componentes) e facilitando as comparações genéticas dentro do mesmo sexo. Ainda, os animais de um mesmo grupo devem ter diferenças de idades mínimas (máximo de 90 a 100 dias) e devem ser pesados e avaliados no mesmo dia. Quanto maior o grupo comparado e menor a variação de idade, dentro do mesmo sexo, maior será a confiabilidade das DEPs obtidas. Para favorecer o conectabilidade dos grupos de um mesmo rebanho é importante: - Não formar grupos somente com filhos de reprodutores múltiplos. - Não usar somente reprodutores múltiplos sobre novilhas. - Não alterar completamente os touros pais utilizados de uma produção para a outra. Utilizar touros provados no Sumário de Touros, com progênie bem distribuída em diversos rebanhos, de acurácia moderada a alta, visando, assim, aumentar a conectabilidade de seu rebanho em relação à raça. (Leonardo T. Campos) 38 O que esperar das vendas de sêmen em 2010? OPINIÃO Maio / Junho de 2010 bovino. por causa do encolhimento do rebanho de matrizes. Veja na figura 2 variação da participação do abate de fêmeas no total abatido e a variação das vendas totais de sêmen bovino. 160% 130% 150% 120% 140% 110% 130% 100% 120% 90% 110% V endas de sêmen de raças de corte 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 70% 2002 90% 2001 100% 80% Bez erro (12 meses - M S) Figura 2 160% 140% 120% 100% 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 80% 2001 A Desde 2006 as vendas de sêmen têm aumentado e, simultaneamente, tem ocorrido redução da participação de fêmeas no abate. Tais comportamentos indicam investimento na atividade de cria. Mas a retenção de matrizes não Figura 1 2000 As vendas de sêmen têm aumentado nos últimos anos. A inseminação artificial é uma técnica consolidada e há espaço para crescer. Em 2009, segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), foram vendidas aproximadamente 9,16 milhões de doses de sêmen, um aumento de 11,65% em relação às vendas de 2008. Foi o maior incremento anual desde 2001. A participação de sêmen importado no total comercializado também surpreendeu, respondendo por 42,2% do total vendido. Maior participação desde 2001. s vendas de sêmen de raças de corte oscilam com o preço do boi gordo. Em anos de preços melhores, há maior investimento na atividade. Tal investimento é observado no uso de insumos, tecnologia, assessoria técnica e retenção de matrizes. Essas ações têm por objetivo aumentar a produção de bezerros. Observe na figura 1 a variação do preço do bezerro de 12 meses no Mato Grosso do Sul e a variação da quantidade de doses de sêmen de raças de corte comercializada. Existe correlação. Com o bezerro valorizado, temos maior movimentação no mercado de sêmen. Figura 2 Variação da participação de fêmeas nos abates totais de bovinos e variação nas vendas totais de sêmen 2000 Por Hyberville Neto Base 100 = ano 2000 Fonte: ASBIA / Scot Consultoria www.scotconsultoria.com.br geraria um excedente de bezerros, o que implicaria em queda nas cotações? A tendência é esta, mas ainda não há sobreoferta. É possível observar isto através da valorização que o bezerro acumula desde o início do ano. O preço do bezerro de 12 meses no Mato Grosso do Sul está 20,3% mais alto que no início do ano e o desmama acumula aumento de V ariação da participação de fêmeas nos abates V ariação das vendas totais de sêmen bovino Figura 3 140% 120% 100% Figura 3 Variação das vendas de sêmen importado, nacional e variação cambial (R$/US$). Base 100 = ano 2000 Fonte: ASBIA / Scot Consultoria www.scotconsultoria.com.br A venda de sêmen importado ignorou a valorização do dólar em 2009. Esse fenômeno pode ser creditado aos benefícios da inseminação artificial e à sua consolidação e, em função desses benefícios, a questão de preços relativizou-se, pois no conjunto de custos o valor do sêmen não é maior parte. Para 2010, as previsões quanto ao valor do dólar apontam para algo ao redor de R$1,80. No entanto, temos vários fatores (como eleições e instabilidade na União Européia) que potencialmente afugentam investimentos estrangeiros, o que causaria a desvalorização do real. O dólar em patamares mais baixos é positivo para as importações, tanto de sêmen quanto de hormônios para inseminação, utilizados em protocolos de sincronização e IATF (inseminação artificial em tempo fixo). A expectativa para este ano é de preço firme para o mercado de animais para reposição. A retenção de fêmeas está acontecendo, mas ainda é insuficiente para atender a demanda. Esse cenário é de investimento em cria, o que favorece o comércio de sêmen. Importado ou nacional. 80% Venda de sêmen nacional Venda de sêmen importado 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 60% 2002 Mesmo com a queda de 4% no preço do bezerro em 2009, em consequência da crise global, houve um aumento na comercialização de sêmen. O pecuarista percebeu que a inflexão dos preços não foi por causa do aumento da oferta e que o mercado continuaria atraente, com a demanda aquecida e a produção correndo atrás, 160% 2001 Base 100 = ano 2000 Fonte: ASBIA / Scot Consultoria www.scotconsultoria.com.br 180% 2000 Figura 1 Variação do preço do bezerro (corrigido pelo IGP-DI) de 12 meses no Mato Grosso do Sul e variação das vendas de sêmen de raças de corte. 28,4% no mesmo período de 2010 (1/1 a 10/5). Outro fator que influencia a venda de sêmen é a cotação do dólar. Mas o câmbio altera mais a participação de sêmen importado na comercialização que o volume total negociado. Na verdade, alterava, pois nos últimos três anos as vendas de sêmen, tanto nacional como importado, aumentaram (figura 3). Câmbio Médico veterinário Scot Consultoria [email protected] Colaboraram: Alcides Torres, engenheiro agrônomo; Cristiane Turco, médica veterinária 39 Fatores de competitividade dentro da porteira em fazendas de bovinos de corte OPINIÃO Maio / Junho de 2010 pode ser mais dependente de um determinado fator numa fazenda do que em outra. Por Júlio Barcellos e Pedro Rocha Marques A pecuária de corte no Brasil vem enfrentando duas realidades bem distintas, ou seja, um produtor ainda tradicional com pouco grau de tecnificação em seu sistema de produção e um segundo produtor desafiando e demandando novas tecnologias, pois pretende elevar constantemente a eficiência bio-econômica do seu sistema de produção. Desse modo, a palavra que diferencia esses dois perfis de produtores chama-se competitividade, pois significa a permanência do sistema de produção de bovinos de corte. Nesse contexto, a continuidade da atividade depende diretamente da eficiência econômica. Desse modo, o pecuarista deve buscar a elevação dos índices produtivos de seu sistema (desfrute máximo do seu rebanho) com o menor custo possível. Além disso, o produtor de bovinos de corte que pretende ser competitivo não poderá deixar a sustentabilidade dos recursos naturais em segundo plano. ara avaliar a competitividade final é necessário identificar como estão sendo geridos os recursos existentes em uma fazenda. Dentre os recursos ou fatores de competitividade são destacados aqueles relativos aos Animais, Nutricionais, Equipamentos, Recursos humanos (RH) e Financeiros. Contudo, vale salientar que cada sistema de produção utiliza os recursos existentes de maneira distinta, sendo que a competitividade P 1. Animais Os animais constituem o principal recurso do sistema de produção de bovinos de corte, uma vez que eles são os geradores do produto final, ou seja, a carne bovina. Nesse sentido, é fundamental avaliar o escore de condição corporal dos animais (ECC) em momentos estratégicos como indicador de como eles estão sendo manejados. Além disso, outro ponto relevante é o calendário sanitário de uma fazenda, pois ao conhecê-lo chega-se a inúmeras justificativas para o ECC dos animais durante o ano. O terceiro ponto a ser avaliado é o biótipo racial e se este está adaptado a região do sistema de produção. Animais zebuínos adaptamse melhor às regiões tropicais em relação a animais de origem européia. Como alternativa para melhorar a competitividade do sistema sugere-se a realização de cruzamentos entre ambos os biótipos. 2. Nutricionais (Fertilidade do Solo) Os recursos nutricionais, como resultantes da fertilidade do solo, são fundamentais para a competitividade de um sistema de produção. Na avaliação da nutrição do rebanho bovino deve-se identificar quais são os recursos alimentares existentes na fazenda e como estão sendo geridos. Recursos como pastagens de Inverno (Azevém, Aveia, Trevo e Cornichão), Pastagens tropicais (Braquiárias, Milheto e Sorgo) e suplementos (silagens, subprodutos agrícolas) são elementos importantes e geradores de diferenciais de competitividade entre fazendas. Desse modo, o gestor da fazenda deve dedicar muitas horas planejando, avaliando e corrigindo quando necessário as falhas nos processos referentes à nutrição do rebanho. 3. Máquinas Agrícolas e Equipamentos A avaliação dos equipamentos e máquinas agrícolas de uma fazenda está diretamente relacionada com a gestão e complementação de recursos nutricionais naturais, pois para implementação de pastagens ou produção de silagens a presença de maquinário é indispensável ao sistema de produção. Nesse contexto, o maquinário pode ser próprio ou alugado de terceiros. Ao decidir por uma das opções o gestor, em função da rentabilidade do sistema, deve considerar o tempo de uso desse maquinário ao longo do ano e o volume de capital imobilizado em máquinas. Além disso, também deve-se considerar a pronta disponibilidade desse recurso no momento oportuno para uso, pois invariavelmente o serviço de terceiros ainda é limitado no Brasil. Em sistemas de produção que realizam a integração lavoura-pecuária (ILP) o maquinário é o grande diferencial, uma vez que a capacidade de formação de áreas de Tabela 1. Comparação entre o pecuarista tradicional e o pecuarista competitivo Pecuarista Tradicional Pecuarista Competitivo Tomada de Decisões Sentimental (euforia) Riscos elevados Planejamento Decisões econômicas Comercialização Baixo Investimento Não participa Alianças entre produtores Instrumentos sofisticados (BM&F e Alianças) Gestão Vende com Preços Baixos (descapitalizado) Gosta de Produzir Não gosta de administrar Capitalização e oportunidades de mercado Controle de Custos rigorosos Administração pastagens e de distribuição de alimentos na forma mecanizada é enorme e com custos minimizados. Além disso, o desfrute do maquinário na ILP é total, ou seja, quando não estiver sendo utilizado pela pecuária estará sendo ocupado pela lavoura. 4. Recursos Humanos (RH) Os Recursos Humanos são os responsáveis por planejar, determinar os objetivos, tomar as decisões e realizar as tarefas em uma fazenda de bovinos de corte. Nesse contexto, eles devem ser constantemente aperfeiçoados e capacitados para que as metas possam ser atingidas. Na realidade a estrutura hierárquica de uma fazenda deve ser vista como um quebra-cabeça (figura 1) e não como uma pirâmide, pois cada função profissional (empresário rural, gerente, capataz e peões) deve ter uma integração total para que a troca de informações e resolução de problemas ocorra de forma conjunta. Desse modo, para que os RH respondam de forma competitiva aos desafios impostos devemos salientar alguns aspectos: • Comunicação deve ser clara entre a equipe. • Realização de reuniões para a apresentação de resultados • Discussão e correção dos problemas identificados entre os envolvidos • Capacitação periódica dos RH 5. Financeiros O controle e a apropriação dos recursos financeiros são o Raio-X do sistema de produção. Se algum dos recursos mencionados anteriormente não estiver contribuindo para a competitividade da fazenda irá refletir na gestão dos recursos financeiros. Nesse contexto, devemos avaliar se no sistema de produção são realizadas os seguintes controles: • Realização de Orçamentos • Fluxo de Caixa (Receita x Despesas) • Plano Anual de Compras • Cálculo do Custo Unitário (Ex: Custo/kg produzido, custo terneiro/ desmamado) • Ferramentas de comercialização (Mercado Futuro, Aliança entre produtores) Na tabela 1 é possível observar a diferença no processo de tomada de decisões, comercialização e gestão do pecuarista não competitivo em relação ao competitivo. Nesse contexto, vale ressaltar que o pecuarista conservador realiza essas três tarefas mencionadas acima de maneira instintiva enquanto o pecuarista competitivo planeja, analisa e decide baseado em informações técnicas. Além disso, o pecuarista competitivo utiliza as informações de mercado a seu favor enquanto o produtor mais tradicional não analisa os períodos de melhores preços, pois quando vende é para pagar as suas despesas, geralmente perdendo oportunidades de bons negócios. Considerações finais O empresário rural e/ou o gestor de uma fazenda é um gestor de recursos, os quais invariavelmente são integrados. Nesse contexto, a avaliação dos recursos disponíveis no sistema de produção deve ser constante para que se conheçam os pontos fortes e corrijam-se os pontos fracos. Desse modo, a competitividade está assegurada. No entanto, é importante ressaltar que cada sistema de produção tem a sua especificidade de recursos e de uso dos mesmos, por isso devem ser gerenciados de forma individual. Para finalizar é fundamental e estratégico que a pecuária de corte faça uma reflexão seja no setor ou dentro da porteira sobre os pontos que limitam ou que potencializam o resultado final – este sim é o melhor indicador da competitividade desejada. NESPRO-CEPAN/UFRGS [email protected] [email protected] www.nespro.ufrgs.br 40 Julho/Agosto de 2009