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Veículo Informativo Oficial da Diretoria Geral do C.E.B.U.D.V. — Edição Outubro/2013 eletrônico Orientação Espiritual e Plantio Orientação Espiritual com Crianças e Jovens Páginas 2 a 7 Plantio Páginas 8 a 18 Conage integra Orientação Espiritual com Crianças e Jovens ao Departamento de Instrução e Doutrinação Espiritual De onde viemos? Naturalmente, crianças e jovens sempre estiveram presentes na história da União do Vegetal, com seus pais, seguindo nosso grande Mestre Gabriel, fundador desta obra sagrada. O Mestre Gabriel, que sempre se mostrou um homem de bem e pai de família honrado, viveu e nos ensina a viver e a caminhar dentro de conduta moral e ética exemplar. Com a prática de valores como respeito, fraternidade, honestidade, fieldade, amizade, união e fé, ele fez, junto a sua companheira, M. Pequenina, um trabalho coerente no seio de sua família, educando 11 filhos e cumprindo a sublime missão da paternidade e da maternidade. Depoimentos dos próprios filhos mostram que o casal preceituava dar a eles nem sempre o que queriam, mas sim o que precisavam, mostrando o Norte, para que, ao crescerem, pudessem ser pessoas de bem, corretas e cumpridoras de seus deveres. Sempre crendo na boa semente da orientação, que começa dentro de casa, conforme ele mesmo nos ensinou. E esse mesmo bem vem esbrandindo no Centro a todos os filhos desta Sagrada União, pois a base cristã da educação dada a seus filhos é a mesma que sustenta nossa religião, reafirmando para todos nós o símbolo da Luz, da Paz e do Amor. Para onde vamos? Com o crescimento exponencial da UDV, o tempo trouxe a necessidade de desenvolver atividades direcionadas a nossos filhos e netos, ainda não sócios. Assim, aos poucos, nós, pais, viemos nos organizando da melhor forma para conduzir nossos filhos e as futuras gerações no caminho do bem. Assim, em 2007, iniciouse oficialmente o Grupo de Trabalho de Ensino Religioso para Crianças e Adolescentes da UDV (GTER). Criado com a missão de estudar e implantar esta frente para crianças e jovens da União, tendo como base o Guia de Orientação Espiritual para Crianças e Adolescentes da UDV, livro publicado pelo Centro naquele ano, o grupo conta hoje com 30 voluntários. Reunido na Gestão Geral, o GTER busca zelar pela organização e vem realizando o trabalho de maneira colaborativa, cativando as irmandades de núcleos e regiões, que apresentam boas experiências com resultados crescentes e expressivos. Então, em reunião do Conselho da Administração Geral (Conage), realizada em Brasília, no dia 26 de maio de 2013, o GTER foi elevado a novo patamar e passou a integrar o Departamento de Instrução e Doutrinação Espiritual da União do Vegetal. Ata da reunião, item 4 Grupo de Trabalho de Ensino Religioso – ficou aprovado que o Grupo de Trabalho de Ensino Religioso, de ora em diante denominado Orientação Espiritual com Crianças e Jovens, passa a integrar o Departamento de Instrução e Doutrinação Espiritual. O Mestre Representante do Núcleo indicará o responsável local, ficando este sob sua supervisão. O Mestre Central indicará o responsável regional, ficando este sob a sua supervisão. A supervisão em todo o Centro é da Representação Geral, que indicará o responsável geral. Nesse trabalho, são consideradas “crianças” pessoas até a idade de 12 anos incompletos e “jovens” pessoas de 12 até 18 anos incompletos. Serão oportunamente encaminhados à Direção estudos que indiquem os valores morais que devem nortear a conduta dos jovens do Centro. ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 2 Não somos mais GT: subimos um degrau! De agora em diante, o então GTER passa a ser oficialmente chamado de Orientação Espiritual com Crianças e Jovens O trabalho de Orientação Espiritual com Crianças e Jovens está inserido no Departamento de Instrução e Doutrinação Espiritual, que tem por objetivo dar ao sócio o Conhecimento Universal, bem como trabalhar pela evolução do ser humano no sentido de desenvolver suas virtudes morais, intelectuais e espirituais. E assim chegamos neste momento de valor para esta nobre missão, em que o trabalho com crianças e jovens na União do Vegetal chega ao Quadro de Mestres, os guardiões da Doutrina do Mestre Gabriel, devidamente auxiliados pelo Corpo do Conselho. A beleza deste momento vem pela ordem desse movimento, que coloca a Orientação Espiritual sob a guarda da Direção da UDV. Esse trabalho existe porque os pais dessas crianças comungam o Vegetal na União. Por mais habilidosos, assertivos e criativos que sejam os trabalhos de Orientação Espiritual, a necessidade do envolvimento dos pais nas atividades, nos núcleos e em casa, é tanta quanto a necessidade de uma plantinha por água e luz. Vemos pais buscando o que precisam na sessão para praticar isso em seu dia a dia, o que é suporte para uma educação mais caianinha, e pais e filhos sendo bem orientados espiritualmente é algo muito precioso. QM e CDC (orientadores que são orientados pela Força e pela Luz do Nosso Guia) + Pais e Famílias (orientadores sendo bem orientados) = Crianças e Jovens (sendo bem orientados espiritualmente). Uma linha unindo tudo, tocando os corações das pessoas e reforçando a qualidade de nossas famílias, o real pilar desse trabalho. E neste pilar, que é a família, o amor é a linha que alinha todos nós para cada dia mais vivermos uma cultura caianinha como nossa identidade neste mundo. Abraços fraternos, Bases de Gestão Geral OEUDV “ O reconhecimento deste trabalho pela Direção do Centro nos confirma o caminho certo e nos fortalece o querer no plantio de dias cada vez melhores nessa Missão. ” Voluntários das Bases de Gestão Geral OEUDV “ Cada um tem sua missão dentro da União do Vegetal. Eu estou sabendo a missão de todos. ” Mestre Gabriel ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 3 Por uma identidade caianinha ENTREVISTA: m. Edison Saraiva, responsável geral pelo trabalho de Orientação Espiritual Por: *Ana Cristina Porfírio AF – Qual o objetivo da solicitação de inclusão da Orientação Espiritual (OE) com crianças e jovens no Departamento de Doutrinação Espiritual da UDV? Edison Saraiva – A solicitação ao Conage tem quatro objetivos. Primeiramente, promover a ligação de nossas crianças e jovens com nossa religião de maneira mais efetiva e oficial. Outro ganho é o de chamar a Direção Geral para a corresponsabilidade na preparação desses futuros dirigentes, objetivando um futuro de protagonismo social e espiritual consciente. Tal corresponsabilidade é “interceirizável”. Cabe à Direção unir forças e conduzir a OE primeiramente para o espaço interno dos núcleos, de maneira concomitante a suas casas, e posteriormente para a casa de todos os irmãos e irmãs. Estas três conquistas se darão na dimensão “terrena”, obviamente. Agora, como objetivo superior, esta decisão vista do “andar de cima”, ou seja, da dimensão espiritual, refletirá positivamente em todos os responsáveis, trazendo genuína inspiração àqueles que se envolverem de coração aberto na causa. É a continuidade intensificada da concretização da palavra do Mestre Gabriel de que a União dominará o mundo pela Paz, pelos filhos de nossos filhos. E o que muda após esta adequação? Acredito que o vínculo direto com o Quadro de Mestres e o Corpo do Conselho, por meio do departamento, trará maior efetividade ao trabalho, na medida em que chama a todos para uma profunda reflexão familiar. A OE transcende o portão dos núcleos e das distribuições. O maior desafio é, como já disse e sublinho, instalá-la, inicialmente, nas casas dos dirigentes para então chegar aos discípulos. Para tanto, teremos de identificar os valores intelectuais, morais e espirituais da sociedade caianinha. O exercício é “ É a continuidade intensificada da concretização da palavra do Mestre Gabriel de que a União dominará o mundo pela Paz, pelos filhos de nossos filhos. ” imaginar como era viver no reinado do Rei Inca quando este prosperava. Perguntas inspiradoras, ao serem feitas, nos norteiam na caminhada. Aqui, exemplifico com algumas: Como era a organização familiar? Como era a educação? Como era a relação dos jovens entre si? Como era a tecnologia e qual seu papel na organização do reinado? Como era a comunicação, a arte e todas as suas vertentes? Como era a agricultura, a alimentação e a medicina? Como era o cuidado com o planeta Terra? É a única escola que temos para aprender ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 o caminho de volta para casa. E, por fim, como eram as leis e a aplicação delas? Quanto à mudança de faixas etárias, qual o pensamento que norteou o GT para fazer o pedido? É simples. Observando por anos o pensamento que dirige as autoridades constituídas com suas consequências visíveis na sociedade brasileira, decidimos retornar à brasileiríssima concepção de que no Centro “jovem” (que não caracteriza gênero, e sim predicado) deveria ser só até 18 anos incompletos. E assim, fizemos o pedido e nos foi concedido. No Brasil, a tradição era que, ao colocar os “pés” nos 18, já recebíamos como presente o título de homem e de mulher. Com direitos, sim, mas com deveres indissociáveis. Atualmente, tal elástica faixa de idade praticada por toda a sociedade ocidental é sinônimo de um visível “o que vocês podem fazer por mim”, substituindo o corretíssimo “o que eu posso fazer por vocês”. Um egoísmo supremo observável por sinais gritantes de distorção sutil da concepção da felicidade alcançável pela satisfação imediata dos sentidos. Tristes tempos de desenfreado e inconsequente consumo, tanto de coisas como de seres humanos. Assim, identifica-se com facilidade o status socioeconômico ditando, pela lógica do interesse, as interações sociais na irmandade e/ou distorções graves de sexualidade, como duas cunhas querendo retirar o sagrado de nosso meio. Infelizmente, refriso, do Oiapoque ao Chuí, 4 observamos tal desordem penetrando sutilmente na trama social do Centro. Entre os jovens é “namorido” (namoro com vida sexual ativa) consentido pelos pais, é “fiquismo” inconsequente acobertado por um acordo silencioso de cumplicidade e algumas outras distorções que ganham a permissão liberal do rótulo “contemporaneidade”. Como se pecado novo houvesse. É claro que não somos crianças a ponto de achar que sexualidade é fácil de se trabalhar. Que dinheiro é fácil de se ter. Muitos exemplos temos entre nós, adultos, que nos mostram que não. São duas das maiores dificuldades a se vencer, salvo melhor juízo, para uma vida de virtudes. Qual a orientação quanto aos responsáveis pelas atividades? Entendo que a decisão da melhor maneira de conduzir as atividades nos núcleos, bem como de designar o responsável, é do arbítrio dos Mestres Centrais e Representantes, de acordo com a realidade de cada localidade e a experiência bem-vinda das pessoas já plenamente envolvidas advindas do antigo GTER. Não há restrições, por exemplo, de que o(a) responsável nuclear seja do Corpo Instrutivo, desde que seja uma pessoa acessível, querida pela irmandade e principalmente pelas crianças e pelos jovens, mas, em especial, que tenha como princípio a perseverança acrescida de alegria e simplicidade. A supervisão, repito, é do comando maior e a corresponsabilidade é da Direção, isto sim é a pedra de talismã da Orientação Espiritual. *CI – N. Sabiá – 8ª Região Bases de Gestão Geral OEUDV Passo a passo à família embro-me que disse isto em 2009, quando ainda era um sonho: “o trabalho é feito aos passinhos”. E assim continuo pensando. Devemos trabalhar conforme nossas condições, nossa capacitação, a concordância dos dirigentes em nossos núcleos, a boa vontade dos pais que abraçam esta causa de coração aberto. Isso é um passinho fundamental. Muitos são os valores que precisamos desenvolver e que vem requerendo de nós, dirigentes, maior atenção quanto ao trabalho com as crianças e os jovens. Mas entendemos que estes valores estão e, assim continuarão, na lida do dia a dia, estritamente ligados à vivência e à orientação familiar. Considerando a família, base importante para a ordem e o equilíbrio indispensáveis à evolução espiritual, o tempo já vem nos mostrando o despertar de pais e mães para a essência de sua missão de conduzir seus filhos, crianças e jovens. Sendo capacitados cada vez mais pela doutrina desta União, cientificando-se da importância do que fazem, os pais repassam para seus filhos as experiências e os aprendizados advindos de sua vivência religiosa. L ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 Hoje, vendo o sonho se realizar, testemunho nossos passinhos direcionados nessa caminhada sob a regência auspiciosa do Departamento de Instrução e Doutrinação Espiritual. A todos, que juntos sonhamos, minha alegria de viver esta oportunidade secular e histórica em nova religião, mas que tem suas bases no início de todas as coisas. Minha especial gratidão a nosso guia, Mestre Gabriel. Maria Ivone de Castro Menão CDC – N. Luz do Oriente – 8ª Região Corresponsável Geral OEUDV “ Dentro da família criam-se com maior facilidade laços de amor e solidariedade, fundamentais ao desenvolvimento das virtudes e das aptidões positivas. Por aí, chega-se à ordem e ao equilíbrio e, por estes, ao progresso. ” (Trecho do capítulo “Família”, do Guia de Orientação Espiritual) 5 Metodologia e como fazer com alegria que anunciamos que vamos continuar trabalhando mais fortes sob a supervisão e o apoio do Quadro de Mestres e do Corpo do Conselho Oriental, e com o suporte das Bases de Gestão Geral, indicando os temas do Guia de Orientação Espiritual, bem como a forma de trabalho para que os responsáveis continuem realizando as atividades da melhor maneira possível dentro da realidade local. A tarefa é escolher bem os conteúdos, trazer os pais para a responsabilidade de planejar e realizar o trabalho, respeitando a memória de nossos filhos, netos e dos filhos de nossos irmãos de caminhada, cativando os caianinhos desde cedo, fazendo que eles gostem de estar na União e que possam viver a vida pautada nos bons valores. Nossos filhos são parte da tribo e, como tal, merecem nossa atenção e consideração. A metodologia desse trabalho continua sendo a mesma, pelo lúdico e vivencial, o que significa menos falação e mais ação, brincadeiras e oficinas, músicas, teatros, filmes, histórias, artes, jogos recreativos, acampamentos, passeios extramuros, encontros de pais, de jovens e de famílias. Um aspecto importante, tratado nas Bases de Gestão Geral, é, ao desenharmos uma atividade, considerar se o Mestre Gabriel a aprovaria e, É até mesmo, se a realizaria. Esta atitude é fundamental pelo ônus de estar sob o Departamento de Instrução e Doutrinação Espiritual. Além disso, as atividades devem estar afinadas com os temas que a gestão coloca na lista como fio condutor, a exemplo do início dos trabalhos do GTER, no qual as temáticas eram aprovadas pelo Conage. É a melhor forma de trabalhar com o Guia de Orientação. Não existe fórmula exata de como cada um fará o tema ter corpo e alma, mas é bom que tudo seja dirigido de forma que integrem as gerações e os demais departamentos, podendo também ter momentos direcionados a faixas etárias diferenciadas: crianças, jovens e famílias. Na continuidade dessa lida, todas as atividades com crianças e jovens precisam ser alinhadas com os responsáveis (geral, regional e nuclear) pela Orientação Espiritual, que precisam estar cadastrados na nossa lista online, procurando seguir as orientações das Bases de Gestão Geral com a devida supervisão do Conage, dos Mestres Representantes e Centrais. Todos os mestres e os interessados também são bemvindos em nossa lista! Sigamos unidos, como diz a música Tear, de Renato Teixeira: Unam-se todos aqueles que pensam também em um novo tear, Que tecerá este linho de gente bonita que gosta da Paz Dar para nossas crianças apenas as frutas que dão no pomar E pro coração da gente o suficiente direito de amar... Peço ao Mestre que continue nos guiando e guarnecendo nossas famílias. Abraços fraternos, com votos de Luz, Paz e Amor. Érica Monteiro Sacco de Almeida CDC – N. Rei Divino – 3ª Região Corresponsável Geral OEUDV Nossa nova sigla: OEUDV Nossos novos e-m@ils (Lista Geral): Estamos estudando a melhor forma de mudança em nosso email lista geral ora [email protected] De forma que possamos migrar todos os cadastrados Neste primeiro momento já está entrando na caixa com nosso novo nome (OEUDV) E-mail para pedido de cadastramentos por enquanto é este [email protected] E-mail de contato com a Gestão Geral: [email protected] ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 6 E por que criar um site? estes cinco anos de GTER, conseguimos trabalhar cinco temas principais do Guia de Orientação Espiritual e 27 subtemas. Catalogamos todos os relatórios que nos foram enviados e deles extraímos as melhores ideias apresentadas para as atividades. A proposta é alimentarmos uma Biblioteca de Investigações, Experiências e Soluções (BIES), que servirá às gerações futuras, com amplo material para consulta, facilitando os planejamentos vindouros. De tão rico o material, já temos até o primeiro livro sistematizado, contendo o melhor que foi desenvolvido no tópico: “Deus, o Criador”. E outros vêm chegando. Com esta expansão, teremos a Direção da UDV mais ativa nesta frente de ações, que naturalmente envolverá mais pessoas e exigirá estrutura de suporte para a gestão dos trabalhos. Para enriquecer, ampliar e fortalecer o trabalho, necessitamos de uma plataforma online, um site nosso, que abrigue tudo isto e que traga maior interatividade e autonomia para os responsáveis desta frente de ações nas regiões e N Viva! Vamos nos encontrar! É a volta da espiral, após quatro anos de nosso primeiro encontro do GTER em Brasília, em 2009. E essa espiral vem trazendo vitórias e alegrias: subimos mais um degrau. Este upgrade é um passo importante, pois somos todos responsáveis pela educação moral e pelo desenvolvimento espiritual nos núcleos. Porém, a execução deste site em forma plena exigirá a dedicação exclusiva de um técnico na área de informática, um profissional que será especialmente contratado para atender esta demanda. Em resumo, o objetivo é desenvolver uma estrutura básica para o uso da internet como instrumento facilitador para execução dos objetivos do Departamento de Instrução e Doutrinação Espiritual, focado na Orientação Espiritual com Crianças e Jovens da União do Vegetal. Atualmente, temos aproximadamente 600 pessoas na Lista Geral. Nestes cinco anos de trabalho, já trocamos mais de 16.500 e-mails. Até 2011, segundo os relatórios oficialmente emitidos pelos núcleos, cerca de 2.515 crianças e 1.540 adolescentes participaram das atividades. Com esses números, ficou evidente que precisamos elaborar um subdomínio no site principal do Centro, com endereço próprio, para inserção de dados relevantes à execução dos objetivos definidos pelo responsável, sempre em sintonia com a Representação Geral. Também consideraremos aspectos específicos e gerais do trabalho, como o alinhamento com as diretrizes da Diretoria Geral em relação ao uso da internet – por exemplo, segurança, baixo custo, interatividade, ludicidade etc. – e buscaremos facilidades para alimentação de dados e conteúdos, além do suporte técnico necessário. Com o volume de informação existente hoje, que deve crescer ao longo do tempo, é vital o armazenamento adequado de vídeos, fotos e relatórios, de modo que estejamos com o material organizado, de fácil acesso e com espaço para crescimento contínuo, com a devida discrição quanto à Doutrina do Mestre Gabriel. É chegada a hora, dentro do Tempo, de elaborar nosso site como forma de compartilhar os materiais que já temos em nossa BIES para que, assim, possamos multiplicar ideias e soluções lavradas na prática de cada núcleo. Em nosso próximo encontro, em Cuiabá, dedicaremos um tempo para, juntos, pensar na construção desse espaço virtual, mas concreto. A contribuição de todos será bem-vinda e importante. de nossas crianças e jovens. Ligados em unir nossas famílias nesta nobre missão, estamos somando esforços, ideias e pensamentos na construção da educação e da boa orientação espiritual de nossas crianças e jovens. Queremos continuar aperfeiçoando nosso trabalho, nos encontrar, trocar experiências, pensar uma linguagem com identidade mais caianinha de transmissão da espiritualidade e os bons valores que precisamos cultivar em nossos filhos. Com esse objetivo, estamos organizando o I Encontro da OE com Crianças e Jovens da UDV, nos dias 15 e 16 de novembro deste ano, no núcleo Breuzim, em Cuiabá (MT), 13ª Região. Os interessados em conhecer mais o trabalho de Orientação Espiritual com Crianças e Jovens da UDV podem acessar o link http://www.flipsnack.com/ FA77E8EC5A8/ftp5e99k e ler o compilado de informativos que contam sua história e trajetória. ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 7 Plantio eletrônico Pensando nas próximas gerações e compararmos o crescimento do Centro com outras religiões, podemos até pensar que estamos, após 52 anos, crescendo bem mais moderados. E estamos. Mas se considerarmos nossas particularidades, principalmente com o uso do Chá e a necessidade das duas plantas – Mariri e Chacrona –, e ainda tivermos em vista a expansão para regiões que não possuem condições de solo e clima, iniciamos uma trajetória avaliativa que nos exige mais S cuidados e atenção ao tema “plantio”. Em 52 anos, passamos de pouco mais 100 sócios para quase 17 mil. Nesse mesmo período, milhares e milhares de hectares de florestas viraram lembranças de um passado recente. Pensar nas futuras gerações e agir no presente é estar com os pés no chão e a cabeça no além. Se imaginarmos que também estaremos nessas próximas gerações, pelo fato de nossa crença reencarnacionista, e nos consideramos “do Vegetal”, nada mais inteligente que cuidar ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 dessa “poupança espiritual”. Portanto, o estudo do plantio em suas diferentes formas de abordagens, o investimento em áreas para o plantio de Mariri e Chacrona, juntamente com o uso sustentável da biodiversidade, com vista a garantir renda para sua manutenção, deve ser uma pauta presente em nossa organização. Aos que estão nessa lida do Plantio, nossa gratidão. Flores é o que desejo. Carcius Azevedo Presidente do CEBUDV 8 O Bom Plantador e o Jardim do Chacronal o fim dos anos 1960, M. Cruzeiro, portando cinco litros de Vegetal, faz a opção de ir a Manaus dar o Chá para sua família, em detrimento de ter uma vida de riquezas materiais em Porto Velho, prevista pelo Mestre Gabriel. Começava aí uma história que hoje é de suma importância para todos nós caianinhos. Nos primeiros anos de trabalho da UDV, em Manaus, o Vegetal era preparado em Porto Velho. Com o crescimento da irmandade, houve a necessidade de realizar Preparos na capital do Amazonas, com Mariri e Chacrona que vinham da então Sede Geral. Pela longa viagem percorrida, de Jarú (RO) a Manaus, era possível aproveitar, no máximo, 50% da Chacrona transportada, o que incentivou a produção das primeiras mudas da planta. Inicialmente cultivadas no quintal do M. Florêncio, quando cresceram, foram entregues a algumas pessoas que tinham disponibilidade para cultiválas em seus quintais e, assim, a pequena plantação do M. Florêncio abastecia os primeiros Preparos. Algumas mudas de Mariri feitas a partir dos nós também foram cultivados e distribuídos para alguns sócios que dispunham de quintais, pois ainda não se conhecia Mariri nativo na região. Isto foi fundamental para a nova fase que se iniciava com o crescimento da irmandade, fundação do núcleo de Manaus, posteriormente nomeado de Caupuri. Em seu terreno definitivo, no fim dos anos 1970, começava um grande plantio das mudas formadas por M. Florêncio. Tendo em vista a terra ácida do local, N dominado pelo sapé, M. Florêncio consultou um agrônomo para a análise do solo, que, depois da correção, recebeu as primeiras mudas daquele que é considerado hoje um dos chacronais mais bonitos da União. Naquela oportunidade, também foram plantadas as primeiras mudas de Mariri próximo ao templo. A prática cabocla juntavase ao conhecimento acadêmico para construírem um grande patrimônio verde que, por tempos, sustentou as necessidades de toda a 2ª Região. Iniciavase também a formação de um grupo de pessoas dedicadas ao cultivo das plantas sagradas, hoje conhecido como “equipe do Plantio”, princípio de organização que cresce em nosso meio. Também começava aí uma fase importante de formação e instrução dos futuros dirigentes, que ainda em nossos dias vem retransmitindo essa arte aos novos caianinhos. Tive a oportunidade de ver M. Florêncio defendendo ferrenhamente a manutenção das árvores do terreno em detrimento de outras necessidades de ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 expansão das obras, pois sombreavam o chacronal, prioridade para nossa sociedade hoasqueira. Desde o início, quando ainda nem existia a palavra agroecologia, M. Florêncio era defensor da manutenção da camada de folhagem sobre o solo, que alguns ainda “varriam” para deixar o plantio mais “bonito”. Ele comparava o plantio como uma floresta, em que as árvores se mantém sadias, mesmo no pobre solo amazônico, com a cobertura de folhas e galhos que naturalmente caem das árvores que as sombreiam. Até hoje, quem conhece a 2ª Região e visita o chacronal do núcleo Caupuri pode sentir de perto o amor e a dedicação do M. Florêncio. De seu trabalho surgiram todos os outros chacronais da região, abastecidos por este primeiro trabalho que, por certo, será continuado para sempre. Assim, o Jardim do Chacronal reflete a dedicação e o amor do nosso Bom Plantador. Moacir Tadeu Biondo MR N. Tiuaco – Manaus (AM) 9 Expansão e consumo de Vegetal na UDV primeira avaliação a respeito do “Consumo de Vegetal na UDV” foi realizada em 2004 pelo Departamento de Plantio e um novo levantamento foi obtido ao longo dos anos de 2009 e 2010 pelo Grupo de Trabalho destinado ao Estudo dos Índices de Sustentabilidade de Mariri, Chacrona e Lenha. Estes resultados foram apresentados no I Congresso do Plantio do CEBUDV, realizado nos dias 13 e 14 de novembro de 2010, em Manaus, Amazonas. Em 2004, o consumo de Vegetal foi estimado em 47.500 litros/ano em toda a UDV, ocasião em que tínhamos 9.597 sócios, resultando em um consumo aproximado de 4,95 litros/sócio/ano. Em relação aos dados apresentados no Congresso do Plantio, realizado em novembro de 2010, esses indicaram o consumo de 62 mil litros/ano aproximadamente, quando a UDV tinha 14.600 sócios, apontando um índice de consumo de 4,24 litros/ sócio/ano. Essa diferença nos índices verificados pode ser explicada pelas diferentes metodologias de levantamento e cálculos efetuados em ambos os levantamentos. As projeções de crescimento do consumo de Vegetal para o futuro da UDV, feitas nos dois levantamentos, mostraramse imprecisas, principalmente pela dificuldade de projetar o crescimento do número de sócios. Em 2004, utilizou-se um crescimento de 10% ao ano para nossa sociedade, A enquanto em 2010 utilizou-se a taxa de crescimento de 8,8% ao ano. Ambas as previsões não se comprovaram ao longo dos anos subsequentes, sendo que hoje a Diretoria Geral está trabalhando com uma taxa média de 7% de crescimento. No entanto, do ano passado para este ano, o crescimento foi de apenas 4,4% (agosto de 2012 a agosto de 2013), não confirmando essa projeção. De todo modo, aplicando o índice de consumo de Vegetal apurado em 2010, de 4,24 litros/ sócio/ano, com uma irmandade atual de 16.876 sócios (setembro de 2013), temos um consumo atual de 71.554 litros/ano de Vegetal no CEBUDV. Seguindo as previsões de crescimento ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 da sociedade de 7% ao ano, o Centro consumirá anualmente 126.046 litros em 2020, em torno de 247.952 litros em 2030 e aproximadamente 959.499 litros no ano de 2050. Durante a realização do Congresso de Plantio em Manaus, cujas apresentações refletiram os resultados finais de todos os estudos e trabalhos iniciados durante a Reforma do Centro, ficou definido, entre outras diretrizes, que o plantio de Mariri e Chacrona pelo CEBUDV deverá ser realizado dentro dos princípios agroecológicos, não utilizando adubos químicos e pesticidas. Também como parâmetro de sustentabilidade, foi estipulado que cada núcleo seja responsável em suprir a necessidade de Mariri, Chacrona e lenha para 225 sócios. Este número de sócios foi considerado pela necessidade de suprimento da demanda dos futuros desmembramentos por um período mínimo de cinco anos. Com o levantamentos desses e os índices estipulados, podemos estimar mais alguns parâmetros úteis no planejamento e nas ações, visando assegurar o fornecimento de Mariri, Chacrona e lenha com a qualidade e a quantidade necessárias para nossa demanda futura. Ou seja, para efeito de planejamento, e cálculos da necessidade de plantio e áreas para atender nossa sociedade, podemos considerar que, cada sócio da UDV necessita de 2,2 pés de Mariri e aproximadamente de 0,7 pés de Chacrona, sendo 10 que cada núcleo deve ter uma área disponível para plantio de 2,5 ha (25 mil m²), já incluindo o plantio de lenha. Os estudos até agora realizados apontaram que a maior parte do Mariri e da Chacrona plantados na UDV encontram-se na região Norte do país, geralmente onde também estão essas plantas em seu estado nativo. Portanto, há necessidade de maior empenho no plantio nas demais regiões do país, e também pelas irmandades de outros países. O crescimento da UDV fora da região amazônica tem sido bem superior aquele encontrado nessa região, o que pode ser uma constatação preocupante em termos de nosso futuro, pois nossas reservas de Mariri e Chacrona nativos são limitadas e escasseiam a cada ano. Muito se fala a respeito da prioridade do Plantio dentro da UDV, mas o que se constata é apenas um discurso sem a devida prática, com raras exceções. É muito fácil constatar que essa prioridade não é uma realidade no Centro, bastando verificar nossos balancetes financeiros, que não chega a onerar 5% do orçamento com essa atividade, em sua grande maioria. Por isso, é necessário maior conscientização e empenho dos nossos dirigentes a respeito do cuidado e do zelo com essa atividade e com o planejamento de nosso crescimento como sociedade que depende do Vegetal para sua existência. Em relação ao futuro, há um consenso entre os plantadores de Mariri e Chacrona de que devemos buscar áreas mais propícias para o plantio em maior escala. Essa realidade já pode ser constatada nos locais que mais fornecem Mariri oriundos de plantio para os núcleos da UDV. Ainda precisamos desenvolver melhor os contratos de fornecimento, as avaliações de despesas de custeio, os contratos das áreas em comodato, o custo/benefício em áreas de difícil adaptação das plantas, e muitos outros itens que já são demandados na atualidade e que nos esperam no futuro. Preocupa também a necessidade de lenha certificada para atender nossa demanda de preparos, principalmente nas áreas urbanas, em que esse material é cada vez mais escasso. No primeiro levantamento de consumo de Vegetal (2004), esse item foi o que mais chamou atenção na pesquisa, sobretudo devido à necessidade de a UDV se adequar aos aspectos legais da sua utilização. No entanto, há constante aperfeiçoamento em nossas fornalhas, que tendem ao menor consumo de lenha e também à utilização de outros tipos de fornecimento de calor para os Preparos, como é o caso da fornalha ecológica (núcleo Sagrada Família, Cuiabá/MT), alimentada com rejeitos de carvão, mas podendo funcionar com outros materiais orgânicos e caldeiras para a produção de ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 vapor que aquecem os panelões, com baixo consumo de lenha e bom rendimento de Vegetal preparado. Mas o assunto em destaque nesta edição do Alto Falante é a necessidade urgente de conservação das variedades de Mariri e Chacrona, pois elas possuem a capacidade de adaptação a diversas realidades do país e até mesmo em outras regiões do Planeta, bem como uma fonte de resistência a pragas e doenças a que estão sujeitas todas as plantas cultivadas. Além disso, essas variedades correm o risco de desaparecer com o tempo, colocando em questão nosso futuro e também a expansão de nossa sociedade. Algumas regiões já constataram, na prática, a serventia dessa diversidade, pois lutaram muitos anos com plantio sem a obtenção de resultados satisfatórios em relação a uma boa burracheira, quando descobriram que certas variedades de Mariri plantados naquela região eram mais eficientes no grau do Vegetal. Daí a importância do Banco de Matrizes Mestre Luiziário, que pretende conservar, para a posteridade e para a necessidade de nossos núcleos, as diversas variedades de Mariri e Chacrona existentes na região amazônica. Até aqui, a maioria dos estudos realizados em relação ao plantio foram conduzidos de maneira empírica e dispersos, havendo necessidade de reunirmos esforços e mais empenho para novas pesquisas e desenvolvimento dos plantios, de modo a estudar e preservar a riqueza desse nosso patrimônio. Paulo Afonso Amato Condé Mestre do Conage 11 Domesticação e alterações genéticas do Mariri e da Chacrona Enfraquecimento genético das plantas e fortalecimento através de matrizes originais A domesticação de plantas acompanha a história da civilização e domesticar significa: “trazer para perto do convívio”. Este processo tem se mostrado benéfico para a humanidade, porém prejudicial à própria espécie que está sendo cultivada no processo de ser domesticada. O cultivo de plantas, visando atender à necessidade humana, pode muitas vezes gerar prejuízos irreparáveis para a espécie. Ao longo do tempo de cultivo, verifica-se que ocorre um enfraquecimento da espécie, devido à perda de características que garantem a vitalidade e a reprodução na natureza. Em contraste com a seleção natural, a domesticação provoca uma seleção artificial de características em detrimento de outras. Portanto, a domesticação é fator de redução da biodiversidade e enfraquecimento das plantas, e pode levar à extinção da espécie. Uma planta domesticada é distinta geneticamente de seus progenitores selvagens (silvestres, “originais”). Uma planta totalmente domesticada pode ser completamente dependente do homem para sua sobrevivência; assim, não terá mais condições de se reproduzir na natureza sem a intervenção humana. Existem diversos casos em que a domesticação foi letal para a espécie selvagem, de tal forma que a espécie original desapareceu para sempre da Chacrona Cabocla - Plantio Mogi das Cruzes N. Rei Davi (Matriz - origem desconhecida) Chacrona caianinha - Serra da Cantareira (Matriz vinda do Plantio de Mogi das Cruzes) Detalhes das guias de folha de Chacrona - São Paulo - (colhida da Matriz Campinas vinda de Manaus) Chacrona Cultivada em SP - Matriz Campinas (da matriz de Manaus. Alterações na folha após geada Chacrona Caianinha - Matriz Mata Atlântica Plantio Mogi das Cruzes Chacrona Cultivada em Campinas - Matriz de Manaus natureza. Por exemplo, algumas plantas que usamos em nosso dia a dia na alimentação. O milho é um destes casos, em que a forma selvagem desapareceu com o processo de domesticação. É certo que, sem a mão humana, o milho que conhecemos hoje não existiria. Porém, sem que haja a intervenção humana, o milho não tem a menor condição de sobreviver em condições naturais, pois os grãos do milho não são liberados, ficando aderidos ao sabugo. Ao longo de anos de estudos, a ciência mostrou que o milho selvagem era uma planta muito semelhante ao teosinto, uma espécie que ainda se conserva selvagem, que produz uma espiga bem pequena de cerca de 2,5 cm, com poucos grãos, e estes são liberados espontaneamente. Atualmente, existem mais de 200 espécies de milho, fruto de cruzamentos e melhoramento genético da espécie, inclusive usando o teosinto para estes cruzamentos. Esse exemplo ilustra a necessidade de investir no ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 12 conhecimento de nossas plantas sagradas e obter recursos para conservar o patrimônio genético do Mariri e da Chacrona, mantendo a diversidade biológica destas plantas, de modo a garantir sua variabilidade silvestre. As plantas cultivadas originaram-se a partir de ancestrais selvagens em locais conhecidos como “centros de origem” ou “centros de diversidade”, que são áreas geográficas específicas e mais ou menos restritas. O conhecimento a respeito dos centros de diversidade e os estudos multidisciplinares realizados nesses locais são fundamentais para o entendimento da origem das plantas cultivadas, para seu fortalecimento e para a conservação de seu material genético. As espécies domesticadas apresentam uma série de modificações morfológicas (raiz, caule, flores, frutos, sementes), quando comparadas com seus ancestrais selvagens. Estas mudanças são denominadas “síndrome da domesticação”. Entre estas modificações, podemos citar: perda de dormência de sementes; aumento ou redução do tamanho de frutos e sementes; mecanismos ineficientes de dispersão das sementes; perda da capacidade da semente de germinar; hábito de crescimento mais compacto, maior uniformidade e redução pronunciada na produção de substâncias; aumento do número de sementes por inflorescência e estas já não podem germinar; e outras características que se modificam ao longo do tempo. Na prática, o cultivo que fazemos com o Mariri e a Chacrona é um processo de domesticação aleatório, sem um conhecimento do que estamos realmente isolando e selecionando ao longo de todo estes anos. Mesmo intuitivamente querendo fazer o melhor, é possível que algumas características que estamos selecionando em nossos plantios não determinem, em um futuro próximo, a qualidade de plantas que necessitamos. Esta seleção em nossos plantios é denominada “artificial” e, sem que possamos controlar, ela pode estar trabalhando no sentido oposto da seleção natural. O ser humano seleciona indivíduos portadores de características agronômicas desejáveis em ambientes diversificados, enquanto a natureza seleciona indivíduos mais adaptados e aptos a se perpetuarem na natureza. Descrevendo bem superficialmente sobre como atuam os mecanismos da genética de populações, é possível ter uma noção aproximada dos riscos que existem de enfraquecer a genética de nossas plantas sagradas por meio do cultivo em nossos plantios. Um gene é a unidade fundamental da hereditariedade. Esta unidade fundamental existe para uma ou mais características de um ser vivo, permitindo que estas características sejam transmitidas ao longo das gerações. Algumas características podem ser vistas por nós, e outras não. Denominam-se “alelos” as formas alternativas de expressão de um mesmo gene. Por exemplo: o gene “C” em uma planta é responsável pela coloração verde das folhas, e nesta mesma planta o alelo “c” é responsável pela ausência da coloração verde nas folhas. Este alelo “c” condiciona a morte da planta alguns dias após germinar, pois esta planta não pode realizar a síntese de alimento que necessita usando a coloração verde. Em geral, cada gene possui um, três ou mais pares de alelos para cada característica. Para cada um destes pares, diversos processos podem ocorrer. As mutações são alterações, naturais ou não, que ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 Mariri Caupuri - Cultivo Lupunamanta origem da Matriz não registrada ocorrem nos “blocos construtores” dos genes. As mutações naturais agem alterando ou modificando a frequência dos alelos, e assim a natureza “imprime um ritmo”, diversificando e selecionando as espécies, com o objetivo de torná-las aptas a permanecer na natureza. Mesmo utilizando matrizes de boa qualidade em nossos plantios, o cultivo do Mariri e da Chacrona é realizado em ambientes diferentes dos centros de diversidade, expondo as plantas a processos de cruzamentos, doenças e outros fatores ambientais que alteram e modificam a frequência dos genes. A proposta do Banco de Matrizes visa iniciar um trabalho de preservar, em uma área de floresta amazônica, as matrizes e as linhagens selvagens (“originais”) do Mariri e da Chacrona obtidas de diversas regiões amazônicas, que possam ser estudadas, gerando recursos para que possamos fortalecer nossos plantios com matrizes fortes e abastecer as gerações futuras de plantas sadias, vigorosas e com os princípios ativos presentes, na quantidade e qualidade suficiente para nos atender. c. Maria Alice Corrêa Secretária Geral, Consultora do Plantio - n. São João Batista 13 PROJETO BANCO DE MATRIZES Há tempos, a UDV vem se preocupando com as diferenças existentes entre as populações de Mariri e Chacrona. m todas as espécies de plantas, embora existam características comuns presentes nos indivíduos, há certa diferença entre os indivíduos. A justificativa para isto é a existência de diferenças nas informações genéticas trazidas por cada indivíduo da população, e a forma como estes indivíduos se adaptaram nestes milhares de anos a fatores adversos, ou seja, quando plantados em outros locais, diferentes do de origem, apenas parte da população conseguirá sobreviver e produzir seus descendentes. Contudo, grande parte da Amazônia, onde vivem estas plantas, está sendo destruída, e as florestas antes intocáveis estão se transformando em áreas de pasto ou soja. Estas variedades de matrizes, as quais já podem estar sendo perdidas para sempre, podem nos fornecer material para, em um futuro próximo, conhecermos melhor nossas plantas sagradas. Além disso, possibilitamencontrar dentro das populações originais plantas adaptadas a doenças, frio, seca, áreas encharcadas, com mais princípio ativo, e outros fatores que proporcionem mais produtividade e menos dificuldades com o cultivo destas plantas nas regiões do Brasil e no exterior. Preocupada com isso, a UDV adquiriu 120 hectares de terra no município de Santo Antônio do Tauá (PA), objetivando o plantio das matrizes colecionadas na região amazônica. As matrizes E serão coletadas de sementes e de estacas em seus locais de origem, sendo que, em cada local, pretendemos fazer uma análise do microclima (índice de cobertura foliar, luminosidade, temperatura ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 e umidade relativa), do solo (textura, estrutura, nutrientes, pH, matéria orgânica), de plantas companheiras e da topografia. Após coletadas as matrizes, será construído um banco de dados para que toda 14 a informação do local de origem da matriz seja armazenada. As matrizes coletadas na região amazônica serão plantadas no Banco de Matrizes Mestre Luziário, em parcelas previamente demarcadas. Todas as parcelas terão um código de identificação. Esse banco será construído em sistemas agroflorestais para que possa proporcionar um retorno financeiro ao desenvolvimento continuado da manutenção das matrizes. Para tanto, será contratado um zelador, que residirá na área, e um técnico florestal ou agrícola para cuidar das atividades do banco de matrizes e da produção na área. Além das matrizes de Chacrona e Mariri, queremos produzir plantas medicinais, madeira, lenha, frutos, resinas, mel, própolis, pólen e pequenos animais (carneiro, galinha caipira etc.). A produção de pequenos animais será feita em uma área já desmatada dentro do terreno, que atualmente está com pasto degradado. Como mencionado, para que estas atividades produtivas sejam viabilizadas, será necessária a contratação de um técnico agrícola ou florestal para implementação e manutenção das atividades produtivas e do banco de matrizes. Com essas atividades, planeja-se que as receitas cubram os custos fixos desse banco. No momento, já estamos com o terreno do Banco de Matrizes MestreLuziário registrado em nome da Diretoria Geral da UDV, sendo que o terreno já está todo com cerca nova. Precisamos, com certa urgência, que o terreno seja habitado por um zelador. Para isso, existe a necessidade de construção de uma casa (custo previsto em R$ 40 mil) e abertura de um poço artesiano (custo previsto em R$ 6 mil). Após as instalações básicas, será preciso coletar as matrizes para que sejam preservadas e reproduzidas. Neste momento do projeto, necessitaremos da colaboração das regiões em que existem variedades de Mariri e Chacrona nativos. As coletas serão de sementes e estacas; portanto, é necessário saber os períodos de produção de sementes nas localidades. A detenção deste tesouro, que são as plantas originárias de ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 toda a diversidade de tipos de Mariri e Chacrona que podemos identificar, é de suma importância para a UDV. Nesse sentido, é inegável a priorização desta atividade para que no futuro não tenhamos perdido algum tipo de Mariri ou Chacrona adaptados às condições que teremos aqui, na Terra, daqui a 100 ou 200 anos. Henrique Cattanio - Consultor do Plantio - CI n. Rei Canaã 15 Um jardim de Mariri no Cerrado m se tratando de matrizes, lembramos aqui o trabalho do m. Luziário. Homem simples, de sensibilidade ímpar, reforçada pelo respeito e pelo estudo da natureza. Dedicado ao trabalho de plantio, estudou com a prática cada uma das espécies e suas variedades, distribuindo, por onde passava, o conhecimento adquirido quanto a manejo e cultivo adequados do Mariri e da Chacrona. Tinha o dom de encontrar reinados de Mariri em lugares ainda pouco explorados e foi mensageiro em inúmeras missões floresta adentro, reforçando seu compromisso com o crescimento da União do Vegetal. Quando veio do Norte com sua família para tratamento de saúde no estado de Goiás, trouxe consigo algumas mudas de Mariri Tucunacá e dez mudas de Chacrona. Logo após, estabeleceu-se com sua esposa, a cons. Generosa, e seus filhos, em Chapadão do Céu, município localizado no cerrado próximo a Goiânia, onde bebia o Vegetal com a família e um pequeno grupo de pessoas. Começava ali, o plantio de um considerável acervo que, em pouco tempo, reuniu espécies de Mariri conhecidas popularmente pelos caboclos da floresta como ourinho, casca de jacaré, pajezinho, entre outras, trazidas de suas viagens Brasil afora! Explicava, com propriedade, a peculiaridade E de cada uma delas, quanto a diferenciação pela casca, tonalidade e formato das folhas, grossura do cipó e de como reconhecer sua maturação para colheita e preparo, sempre zelando pelo desenvolvimento de seu jardim. A resposta misteriosa da natureza a este plantio veio quando algumas mudam já floriram no primeiro ano e outras, que de apenas uma semente, resultaram em pés de diferentes espécies. Conselheira Generosa lembra o trabalho dedicado do esposo neste cultivo. “Onde ele chegava, já procurava logo saber do plantio daquele núcleo e buscava ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 auxiliar. Quando trazia uma muda nova, logo fazia o ‘berço’ com o adubo e aguardava até a guia aparecer. Os meses preferidos para o replantio eram setembro e outubro, quando ele dizia ter mais concentração de luz do sol”, relembra. Hoje o local tornou-se o núcleo Mestre Luziário e é referência de concentração de espécies do Vegetal na parte centro-sul do país. Perguntado um dia a respeito do adubo mais indicado para o cipó, respondeu sorrindo e ensinando, como de costume: “o melhor adubo é o amor”. Ana Cristina Porfírio CI - N. Sabiá 16 DEPARTAMENTO DE PLANTIO Semeado com amor, cultivado com trabalho União do Vegetal chegou a São Paulo na primeira metade dos anos 1970, semeada pelas mãos de M. Florêncio e cultivada por tantos irmãos do sul do país. Nesse início, com o apoio e a estrutura oferecida por nosso saudoso m. Mário Piacentini, que cedeu um sítio em Cotia para os trabalhos da UDV, os irmãos conheceram o Chá, a burracheira, os ensinos do Mestre Gabriel e também os primeiros pés de Mariri e Chacrona cultivados em solo paulista. Alguns de nós pudemos auxiliar nos trabalhos deste plantio e fomos cativados por este encanto, que liga os planos material ao espiritual – a força da natureza, o Plantio, o Preparo e a comunhão do Vegetal. Com a vinda do querido M. Paixão para São Paulo em 1978, que em suas doutrinações falava da orientação do Mestre Gabriel de que os hoasqueiros precisavam plantar Mariri e Chacrona, dali para frente participei ativamente do Plantio na UDV, na instalação do núcleo Sumaúma, em Araçariguama em 1980 (localização atual), e na fundação do núcleo São João Batista, na Serra da Cantareira em 1988, iniciando com tantos irmãos um trabalho de amor e zelo por nossas plantas sagradas. Observando o Regimento Interno do Centro, que prevê a criação de departamentos, “haverá tantos Departamentos quantos se fizerem necessários”, A pensei em organizarmos o trabalho do Plantio para um melhor resultado. Sentimos que era preciso fazer análises do solo, melhorar a adubação e saber lidar com as matrizes, além de multiplicar o conhecimento. Quando estive em Belo Horizonte participando de um curso de formação profissional, fui visitar e dirigir uma sessão no núcleo Lagoa da Prata. Falei da ideia de realizar um encontro de responsáveis pelo Plantio. De pronto, o m. Euclides, Mestre Representante à época, ofereceu que ali se realizasse o encontro, pois estavam iniciando um trabalho com o Plantio. Então, nos dias 7 e 8 de novembro de 1992, foi realizado o primeiro encontro de responsáveis pelo Plantio de âmbito nacional, com apoio da Diretoria Geral, então presidida pelo m. Edson Lodi. Coordenei o encontro, auxiliado pelos mestres Almir Nahas, Sergio Polignano e outros mestres da terceira região, de outros lugares do Brasil, e secretariado pela cons. Lacy Valente Vila dos Santos. Os temas tratados naquele primeiro encontro ainda estão bem presentes em nosso trabalho. Foram palestras e apresentações com os assuntos ligados ao Mariri e à Chacrona em relação a medicina, botânica, uso do solo, ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 adubação, irrigação, estudos meteorológicos, preparação de mudas, uso de florestas para plantio e criação de equipe para aquisição de terras junto ao governo federal para plantio. Durante o encontro, em votação unânime entre os participantes, foi redigida uma carta à Diretoria Geral da UDV com o pedido de criação do Departamento de Plantio. Mais de 30 pessoas assinaram o livro de presença desta reunião. O objetivo do encontro está presente: reunir as experiências adquiridas para seu aproveitamento em escala maior. Aquela carta com pedido encaminhado à Sede Geral, período em que Mestre Monteiro era o Mestre Geral Representante, ficou registrada em Ata do Conselho da Representação Geral, de 13 e 14 de novembro de 1993, sendo também definidas as competências e criado o nome de Departamento de Pesquisa e Cultivo de Mariri e Chacrona. Luiz Antônio dos Santos Filho 17 Propostas de ações do Departamento de Plantio – Triênio 2012-2015 Ações em âmbito nacional: a) promover a reorganização dos arquivos do departamento, tanto no aspecto físico como digital; b) criar lista dos consultores, incluindo os coordenadores regionais e ex-diretores, para tomada de decisões em conjunto e de alto nível; c) realizar o Censo Nacional do Plantio, inclusive os comodatos em nome do Centro. Motivo: saber o que temos, onde temos e o que precisamos fazer para ser autossustentáveis; d) saber as reais condições das terras do Bujarú (PA), que estão em nome do Centro; e) fazer o levantamento dos consórcios existentes de plantio de Mariri e Chacrona nas regiões e quais os núcleos consorciados. Incentivar a criação de novos consórcios em terras reconhecidamente boas para cultivo de nossas plantas sagradas e aumentar nossa área de plantio; f) fazer o preenchimento do Mapa Mental do Plantio, disponibilizado no portal colaborativo, com as experiências dos núcleos – ações exitosas ou não. Desenvolver o portal para que sua utilização seja cada vez mais frequente e proveitosa para todos os usuários; g)trazer ao conhecimento de todos os núcleos o resultado dos 9 GTs do Centro, inclusive divulgando cartilhas e guias já montados desses GTs; h) incentivar nos núcleos as ações integradas do Plantio com a Novo Encanto, inclusive com projetos de financiamento baseados no Termo de Cooperação Técnica entre o Centro e a Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico; i) incentivar nos núcleos os plantios de árvores para lenha – obter autossuficiência; e j) incentivar a criação de novas Centrais de Formação de Plantadores nos diversos biomas do Brasil e promover que a irmandade possa conhecer a central em São João da Baliza. As propostas de ações do Departamento de Plantio estão alinhadas às diretrizes da atual Diretoria Geral da União do Vegetal: 1. Apoio à Representação Geral na preparação de dirigentes: promover o conhecimento do Mariri na floresta, por meio dos itens h e j, em São João da Baliza e no Seringal Novo Encanto. 2. Permanência da garantia de beber o Vegetal: itens c e g – conhecimento dos GTs, principalmente no tocante a segurança, transporte e mensagem de Mariri, sustentabilidade do Plantio; e item e, com aumento significativo da área plantada em terras de excelência. 3. Diminuição da demanda administrativa dos núcleos: item f – com o Mapa Mental do Plantio, podemos economizar tempo com a consulta de experiências exitosas e não exitosas; item h – captação de financiamento externo para as demandas do Plantio e outras dos núcleos relativos às áreas agroflorestal e ambiental. Mauro Mesquita e José Onofre Diretor e Vice-diretor do Plantio Triênio 2012-2015. Colabore: Leve uma cópia ao presidente de seu núcleo para ser afixada no mural. Fale conosco: [email protected] Mestre Geral Representante: Francisco Herculano de Oliveira. Presidente da Diretoria Geral: Carcius Azevedo dos Santos. Coordenador de Comunicação: Jocimar Nastari. Editora do AF: Adriana Freitas. Revisão: Cida Taboza. Diagramação: Alexandre Moura. Fotos: Departamento de Memória e Documentação, Yuugi Makiuchi e acervo pessoal. Auxiliaram nesta edição - Especial Orientação Espiritual: m. Edison Saraiva Neves, Fernando Honorato, Maria Ivone de Castro Menão, Ana Cristina Porfírio Ribeiro Xavier, Érica Monteiro Sacco de Almeida e Bases de Gestão Geral. Especial Plantio: Paulo Afonso Amato Condé, Carcius Azevedo dos Santos, Maria Alice Corrêa, Mauro Mesquita, José Onofre Pereira, Luiz Antônio dos Santos Filho, Edson Romão Gomes, Moacir Tadeu Biondo, Henrique Cattanio e Ana Cristina Porfirio. Versão traduzida para o inglês, com o apoio da irmandade dos Estados Unidos. Informações: [email protected] ALTO-FALANTE ELETRÔNICO ESPECIAL • OUTUBRO/2013 18