e-banking um estudo de caso do hsbc bank brasil s.a.

Transcrição

e-banking um estudo de caso do hsbc bank brasil s.a.
59
E-BANKING: UM ESTUDO DE CASO DO HSBC BANK BRASIL S.A.
Joaquim Groth
Marcela Teixeira
Mariana Mashki
Mariana Tinoco
Marina Marinho
Luciano Augusto Toledo Groth
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Resumo: Este trabalho é uma exposição lógica e descritiva dos temas Internet e e-banking. O
trabalho faz uso da metodologia qualitativa inclinada ao uso do estudo de caso. A empresa
investigada foi o HSBC BANK BRASIL S.A. Para tanto foi aplicado um roteiro de questões a uma
unidade de análise pré-estabelecida. Para o tratamento dos dados foi aplicado o método da
adequação ao padrão de Yin. Finalmente pode-se apurar que, a Internet Banking tem papel
estratégico e inovador dentro do setor bancário.
Palavras-chave: Internet; E-commerce; Internet Banking,
Introdução
A sociedade do século XXI é conhecida também como Sociedade da Informação, Sociedade em rede,
Sociedade Global, Sociedade Tecnológica, Sociedade do Conhecimento, Sociedade Pós-Industrial,
entre outros. Diversos autores discutem a sociedade a partir da mudança de paradigma causada pelo
advento do computador e Internet (SQUIRRA, 2006). Com as mudanças tecnológicas vem também um
forte desenvolvimento científico-tecnológico tendendo à convergência entre a Informática, a Eletrônica
e a Comunicação. Segundo Kumar (1997), o que gerou a Sociedade da Informação foi a convergência
entre o computador e telecomunicações, após tal convergência, o computador centralizou funções que
antes eram apresentadas por diversos meios de comunicações. Essa convergência, somada ao
crescimento das redes integradas tornam-se responsáveis pela transição de uma sociedade antes
voltada à indústria, para uma sociedade agora baseada na informação. Manuel Castells (1999),
visualizando a Internet como meio de comunicação, defende que este será um veículo sobre o qual a
nova sociedade estará embasada e que existem múltiplas redes interligadas que se tornam fonte de
formação, orientação e desorientação da sociedade. Desde a popularização da Internet, há mais de 15
anos, este meio vem conquistando espaço em todo o mundo, assumindo as relações de comércio,
divulgação de informações e se tornando um canal de relacionamento entre pessoas de diversas
localidades.
Esse novo paradigma tecnológico, esta sendo realizado em diversas áreas como grupos de bate-papo,
voto eletrônico, banco on-line, comércio eletrônico, entre outros. Atividades as quais são hoje parte
integrante da vida diária na maioria dos grandes centros urbanos no mundo (WERTHEIN, 2000).
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
60
Conforme tabela abaixo, no período de oito anos (2000/2008), o número de contas correntes e de
poupança dobrou. Ou seja, registrou um crescimento médio de 9% a.a. Ao final de 2008, eram cerca de
32,5 milhões o total de contas de Internet Banking. Esta cifra deve ser comparada aos 43 milhões de
internautas maiores de 16 anos (IBOPE/NetRatings). Mais importante ainda é a diversificação
crescente das operações que podem ser realizadas nos sites dos bancos que atuam no Brasil,
certamente um cenário privilegiado em relação a qualquer outro país.
Problema de pesquisa
De que forma a Internet auxilia os negócios de uma instituição do setor bancário brasileiro?
Objetivos
À luz do exposto anteriormente, justifica-se a pertinência de um trabalho acadêmico com foco em um
objetivo geral e um específico.
Objetivo geral
O objetivo geral deste estudo é identificar de que forma a internet é utilizada pelas empresas do setor
bancário brasileiro.
Objetivos específicos
•
Investigar aspectos inerentes a Internet;
•
Investigar os aspectos pertinentes ao e-banking;
•
Estudar o uso da internet nos serviços bancários
Procedimentos metodológicos
A metodologia de pesquisa é como um conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas
científicas que devem ser executadas ao longo da pesquisa. Tais ferramentas devem atingir os
objetivos propostos e também o menor custo, maior rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de
informação (BARRETO; HONORATO, 1998). Segundo Sekaran (1984) o objetivo geral do método de
pesquisa é encontrar respostas ou soluções aos problemas por meio de uma investigação organizada,
crítica, sistemática, científica e baseada em dados observados. O papel da metodologia da pesquisa,
entretanto, é guiar o processo da pesquisa por meios de um sistema dos procedimentos (SEKARAN,
1984). Um método é um conjunto de processos pelos quais se torna possível estudarem uma
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
61
determinada realidade. Caracteriza-se, ainda, pela escolha de procedimentos sistemáticos para
descrição e explicação de uma determinada situação sob estudo (GOODE; HATT, 1972).
Para o atual estudo conjecturou-se utilizar o método do estudo de caso em função do seu caráter
qualitativo. Segundo Yin (2006) o estudo de caso é adotado quando se colocam questões do tipo
“como” e “por quê”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o
foco se encontra fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Ainda em
conformidade ao autor, pelo fator de não se aplicar o conceito corriqueiro de amostra, o presente
trabalho trabalha com a premissa de Unidade de Análise. Assim sendo a Unidade de Análise do estudo
resume-se nas atividades da empresa investigada relacionadas as atividades da internet sob o prisma
do setor bancário brasileiro. Neste contexto as informações coletadas foram analisadas de acordo com
o padrão combinado de Yin (2001) no qual se faz a comparação de padrões com base empírica com os
padrões previstos da teoria preconizada.
Para o mesmo, foi selecionado como forma de coleta de dados o questionário semiestruturado, pela
sua característica fundamental de permitir ao entrevistador extrair o máximo de informação das
entrelinhas das respostas obtidas. Ainda, com base na teoria preconizada por Yin (2006) o tratamento
dos dados foi à adequação ao padrão. Modelo no qual os dados observados são comparados com a
teoria disponível e estudada. Cabe aqui relevar que por se tratar de uma pesquisa exploratória
qualitativa sob os moldes do estudo de caso, os conceitos inerentes e amostragem não se aplicam.
Contudo é pertinente e prudente lembrar que por um processo de triangulação o fenômeno estudado
contou com a aplicação dos questionários aos responsáveis pelos cargos de GERENTE OPERACOES
- GMTO TREASURY OP SP; GERENTE PROJETOS - PROJETOS SD; COORDENADOR MARKETING MKT MEDIA; COORDENADOR MARKETING - MKT INFORMATION; PROJECT TEAM LEADER - IT PROJ
MGMT OFFICE; GERENTE NEGOCIOS DIRETOS - BANK PFS CNL DIRETOS; PRODUCT ESPECIALIST PRODUTOS CMB e COMPLIANCE TREASURY GB/ SPEC II LCO - GBM COMPLIANCE. Assim tem-se um
grupo forma de 8 profissionais que desempenham atividades relacionadas ao problema de pesquisa
deste trabalho no período de janeiro a julho de 2010.
Não obstante, conforme Toledo e Shiraishi (2009) a utilização de um protocolo do estudo de caso é
fundamental para maior credibilidade científica ao trabalho. Assim, tem-se a utilização do mesmo como
uma sequência a ser seguida pelos pesquisadores, contendo um resumo dos conceitos metodológicos
do trabalho e as questões pesquisadas.
Pressupostos teóricos
De acordo com Tânia Limeira (2007), a internet ainda está em desenvolvimento, porém ela cresce de
maneira muito mais acelerada do que outras inovações. A autora descreve que os primeiros passos da
internet foram desenhados durante o conturbado período da Guerra Fria, tendo seu primeiro esboço
desenvolvido pela Advanced Research Projects Agency (ARPA 1). Os estudos desta agência
culminaram na criação da então denominada Arpanet, que tinha a finalidade de conectar diversos
computadores distantes, de maneira que a informação trafegasse entre lês sem ser interrompidas
mesmo com algum ponto da rede desconectado. Já para Deitel, Deitel e Steinbuhler (2004) o grande
1 ARPA - Agencia do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A sua criação, Arpanet, era uma rede que conectava
grandes computadores de universidades americanas estabelecendo uma rede de troca de informação.
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
62
avanço da internet veio com a percepção de seu potencial comercial, obtendo grandes somas de
investimento para sua melhoria e desenvolvimento, se tornando um novo canal de comunicação para
diversas empresas. “A Internet desempenha papel significativo na prosperidade econômica que muitas
nações industrializadas tem desfrutado na ultima década”(DEITEL, DEITEL, STINBUHLER, 2004, p. 5).
Direcionando ao tema de pesquisa deste projeto, o avanço da internet no Brasil foi expressivo nos
últimos anos, obtendo um crescimento de 392% no período de 2001 à 2008 em relação ao número de
usuários (Tabela 1), segundo a CIA World Factbook.
Tabela 1: Número de usuários de Internet
Ano
Usuários de Internet
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
8.650.000 13.980.000 13.980.000 14.300.000 14.300.000 25.900.000 25.900.000 42600000
Fonte: Central Intelligence Agency (CIA).
Seguindo esta tendência, a FEBRABAN também divulgou um crescimento semelhante quanto aos
números de contas de internet banking (Tabela 2). Durante o mesmo período houve um aumento de
269%, e um número total de 27,7 milhões de pessoas físicas utilizando a plataforma de internet
banking.
Tabela 2: Número de contas de Internet Banking
Em milhões
Contas de Internet Banking
Pessoas Físicas
Pessoas Jurídicas
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2008/07
8,3
8,8
9,2 11,7 18,1 26,3 27,3 29,8 32,5
9,10%
25,3 27,7
9,50%
4,5
4,8
6,70%
Fonte: Banco Central do Brasil; Abecip - Associação das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança; Febraban.
Segundo Turban e King (2004) o conceito de comércio eletrônico, negócios da Internet é o processo de
compra, venda e troca de produtos, serviços e informações por redes de computadores ou pela
Internet. As perspectivas deste negócio definidas por Kalakota e Whinston (1997) são: comunicação,
processo comercial, serviços e on-line: “A perspectiva da comunicação: o comércio eletrônico é a
distribuição de produtos, serviços, informação ou pagamentos por meio de redes de computadores ou
outros meios eletrônicos; A perspectiva de processo comercial: o CE é a aplicação de tecnologia para a
automação de transações e do fluxo de trabalho; A perspectiva de serviços: o CE é uma ferramenta
que satisfaz a necessidade de empresas, consumidores e administradores quanto à diminuição de
custos e à elevação nos níveis de qualidade e agilidade de atendimento; A perspectiva on-line: o CE é
a possibilidade de compra e venda de produtos e informações pela Internet e por outros serviços
online.”
Conforme Turban e King (2004) afirmam o comércio eletrônico se faz cada vez mais necessário no dia
a dia das organizações devido a fatores econômicos, sociais e tecnológicos que criaram um ambiente
altamente competitivo. O comércio eletrônico também é visto como uma solução para a pressão deste
ambiente, onde a praticidade na vida do consumidor é extremamente importante. Para tal solução os
autores acima citados vêem os negócios da Internet como um potencial que oferece vantagens
estratégicas, e as ferramentas utilizadas são o e-business, e-commerce e e-banking. A classificação do
comércio eletrônico mais comum é feita pela natureza da transação ou pelo relacionamento entre os
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
63
participantes. A seguir seguem alguns tipos (TURBAN; KING, 2004): “Business-to-business (B2B):
Composta por empresas ou outros tipos de organização, este tipo é o mais encontrado no comércio
eletrônico (CUNNINGHAM, 2001); Business-to-consumer (B2C): Composta por empresa-consumidor,
ou seja, envolve a empresa e os compradores individuais e é também chamado de varejo eletrônico
(Turban e King, 2004); Consumer-to-consumer (C2C): Composta por consumidor-consumidor, onde
estes vendem diretamente uns aos outros. Exemplo: indivíduos que vendem carros ou outros produtos
nos classificados on-line (TURBAN; KING, 2004); E-government: government-to-citizen (G2C):
Composta por governo-cidadão e outros, é quando uma entidade governamental adquire produtos,
serviços ou informação de empresas ou de cidadãos, ou, oferece esses bens a cidadãos e empresas
(TURBAN; KING, 2004).”
É notável que o comércio eletrônico reúna inúmeros benefícios à humanidade, sendo possível atingir
milhões de pessoas com rápida expansão da infra-estrutura (TURBAN; KING, 2004). Não é sem razão
que muitos dizem que a revolução do comercio eletrônico é tão profunda quanto às mudanças que
acompanharam a Revolução Industrial. O Comercio Eletrônico é definido por Turban (2004) pelo
processo de compra, venda e troca de produtos, serviços e informações por redes de computadores.
Esta troca pode acontecer entre clientes, parceiros comerciais e fornecedores. É baseado em alguns
pilares essenciais que impulsionam esta rede como Turban (2004) nos mostra. O primeiro deles são as
pessoas: vendedores, compradores, intermediários, funcionários e outros participantes. O segundo são
as políticas públicas: aspectos legais e políticos determinados pelo governo. O marketing e a
propaganda também são uma área de muita influência, pois são responsáveis pelas pesquisas de
mercado, promoções e considerado o terceiro pilar impulsionador do comercio eletrônico. O quarto e
quinto pilar são os serviços de apoio como a cadeia de logística e por fim os parceiros de negócios,
onde são feitos joint ventures, consórcios e afiliações.
O processo das transações classificadas como comercio eletrônico começou na década de 70, quando
surgiu a transferência eletrônica de fundos, onde se permitiu transferir dinheiro eletronicamente, mas só
eram efetuadas por grandes empresas. Logo em seguida o processo foi aprimorado e surgiu à troca
eletrônica de dados, EDI (electronic data interchange). Processo que incluiu mais uma gama de
empresas nas transações eletrônicas. A partir da década de 90 a internet passou a ser cada vez mais
utilizada comercialmente e a cada dia ganhar mais usuários. Um dos motivos da rápida expansão
deve-se ao aumento de novas redes e softwares, e além dissa o aumento da concorrência. Atualmente,
as empresas precisam estar sempre atualizando sua tecnologia para se adaptar ao cliente final
(TURBAN, 2004).
Conforme a classificação do mesmo autor citado acima, o e-commerce pode ter várias classificações,
dependendo do grau de digitalização do produto ou serviço, processo e agente de entrega. Ou seja,
depende da transformação de físico em digital. No comércio tradicional, as três entregas têm
dimensões físicas, já no eletrônico podem ser todas digitais ou misturadas.
Perfil do comércio eletrônico no Brasil
A evolução do varejo online tem sido bastante positiva, apresentando crescimento anual de em média
2% segundo o site www.e-commerce.org.br. A previsão de faturamento prevista até o final do ano de
2009 é de 10 bilhões de reais. Valor bastante elevado se comparado ao ano de 2001 onde o
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
64
faturamento alcançou pouco mais de 0,5 bilhões. Os produtos mais vendidos atualmente são Livros,
jornais e revistas com 17% dos produtos comprados. Logo em seguida temos os produtos de saúde e
beleza com 12% do mercado. Os produtos de informática, eletrônicos e eletrodomésticos também têm
uma boa porcentagem.
O Brasil tem uma media de 13.2 milhões de consumidores eletrônicos até o ano de 2008. Destes,
quase 70% são formados por consumidores entre 24 e 49 anos. Segundo Deitel, Deitel e Steinbuhler
(2004) no mundo competitivo de hoje, e com o fácil acesso a internet para a população mundial,
empresas precisam se atualizar constantemente em relação a novas tecnologias. O e-business e o ecommerce são ferramentas essenciais para uma vantagem competitiva e têm facilitado muito as
operações das empresas. “E-business é composto de elementos que envolvem trocas entre clientes,
parceiros comercias, fornecedores e também inclui operações realizadas em função do próprio
negocio; por exemplo, produção, desenvolvimento, infraestrutura corporativa e gerenciamento dos
produtos” (DEITEL, DEITEL, STEINBUHLER, 2004, p. 7). Segundo os autores anteriormente citados,
graças ao e-business e ao aumento do número de pessoas que tem acesso a internet no mundo
inteiro, o e-business vem sendo essencial e uma ferramenta muito importante, pois é uma tecnologia
que tem facilitado a vidas das pessoas, onde é possível negociar com o mercado estrangeiro em tempo
real, converter moedas, pagar contas, negociar ações, administrar seus ativos on-line, fazer compras, e
tudo isso sem limitações geográficas. De acordo com dados do Banco Central a internet é o canal de
atendimento bancário que mais cresceu no Brasil no ano de 2008 (13%) e já responde por 29% das
transações bancarias no país.
Deitel, Deitel e Steinbuhler (2004) enfatizam que um e-business pode oferecer um melhor
gerenciamento da cadeia de suprimentos, quando se criam estratégias. Conforme Ramos e Veldman
(2000) as diversas facetas que a tecnologia da informação pode assumir, podem ser de grande ajuda
as empresas. Tudo isso pode ser utilizado para incrementar as ações relacionadas à gestão do
relacionamento com o cliente, nos processos de desenvolvimento do produto, marketing, suporte na
pré-venda, venda e pós-venda. Segundo Rodrigues (2002) a capacidade das novas tecnologias
permite as empresas responder a pressões de um ambiente altamente competitivo, centrado nos
consumidores. Isso confirma mais ainda que os negócios conduzidos no formato eletrônico
conquistassem seu espaço dentro das empresas de forma inusitada, devido a sua grande capacidade
de comunicação, e tudo isso permite aumentar cada vez mais o nível de serviço.
E-banking
Segundo Drucker (2000), os avanços tecnológicos provocaram uma revolução nas informações, e este
cenário afetará as sociedades modernas por muito tempo. Atualmente, a Tecnologia da Informação (TI)
é considerada essencial para organizações de todos os setores, tanto a nível operacional como
estratégico. Segundo Albertin (1998), o setor bancário é apontado como um dos setores da economia
que mais investem em tecnologia, e em especial na internet, que causam uma redução de custos e
uma considerável vantagem competitiva, por isso o setor bancário é considerado um dos mais afetados
pela nova realidade tecnológica. Para Hitt et al (2002), a internet influencia e afeta as escolhas e ações
estratégicas de uma empresa, podendo auxiliar na geração de valor para o cliente reduzindo custos ou
diferenciando negócios. Conforme Diniz (2004), o rápido desenvolvimento da Internet na década de 90
impulsionou a criação de um novo canal de serviços bancários, o Internet Banking. Conceitua-se que eRevista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
65
banking é uma organização bancária eletrônica, oferecendo serviços bancários sem uma agência
física. Os serviços disponibilizados são: saldo e extrato de conta; transferência de fundos; pedido e
desbloqueio de talão de cheque; pagamento de contas e cartões; contato com o banco; investimentos;
empréstimos; dentre outros (TURBAN; KING, 2004).
De acordo com Diniz (2000), as estratégias principais dos bancos para a utilização dos serviços
bancários pela Internet são a redução de custo, utilização do canal para promoção e divulgação, e a
melhoria do relacionamento com o cliente. Ainda para Diniz (2000), a redução de custos para bancos é
importante, pois com o aumento da concorrência e a crescente influência da tecnologia nos produtos e
serviços bancários, é preciso encontrar alternativas para fugir da gradativa diminuição das margens de
lucro.
Operacionalmente uma transação bancária por meio do e-banking custa dez por cento do valor da
própria operação feita em uma agência física (TURBAN; KING, 2004). Alguns bancos eletrônicos
possuem tarifas reduzidas para transações efetuadas on-line em comparação àquelas efetivadas no
mundo físico.
Tabela 3: Custo de operações aos bancos
Quanto custa aos bancos a transação que o cliente faz
em USD
Na agência
1,07
Pelo telefone
0,54
No caixa eletrônico
0,27
Internet Banking
0,10
Fonte: Associação Americana de Bancos (2007).
Segundo Albertin (1999), as aplicações eletrônicas bancárias devem contribuir também para a
obtenção de informações sobre os clientes, podendo ajudar na personalização dos produtos e serviços
bancários oferecidos. O canal também pode contribuir para a divulgação e promoção dos produtos e
serviços da instituição com menor custo. Da perspectiva do cliente, o e-banking reduz custo e tempo
nas transações, e suprime a barreira geográfica do mundo físico (TURBAN; KING, 2004). Os clientes
podem acessar a inúmeras instituições financeiras localizadas em qualquer lugar, com diferentes
ofertas de produtos e serviços. A pesquisa realizada por Szymanski e Hise (2000), concluiu que
conveniência, oferta de produtos, informação de produtos, projeto do website e segurança financeira
são os principais fatores na análise de satisfação dos usuários do e-banking. A segurança da transação
ainda é apontada como a maior preocupação do cliente.
Análise setorial do mercado bancário brasileiro
Segundo relatório anual de 2008 divulgado pela FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos), o
sistema bancário brasileiro é referência internacional em tecnologia, solidez e inserção na economia
nacional. Ao final de 2008, o sistema era composto por 159 bancos. A FEBRABAN afirma também que
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
66
o patrimônio líquido das instituições evoluiu 20,3% em 2008, atingindo R$ 281,4 bilhões, e mais do que
dobrou nos últimos seis anos. Os números de contas correntes e poupanças cresceram 12,1%,
atingindo, respectivamente, 125,7 milhões e 92,0 milhões no final de 2008. Do total de contas
correntes, 82,6 milhões, ou 65,7%, são consideradas ativas, com a realização de alguma transação no
período de seis meses.
Com 177.587 dependências de atendimento, o setor bancário oferece acesso a serviços em todos os
municípios brasileiros. O número de agências cresceu 3,1%, enquanto os postos eletrônicos
avançaram 11,7%, oferecendo maior comodidade e segurança a clientes e não clientes. Foram
realizadas, em 2008, 43,9 bilhões de transações bancárias, 7,0% acima do volume do ano anterior. O
canal de auto-atendimento comporta um terço de todas as transações bancárias e continua a ser o
mais importante do sistema. Em segundo lugar aparece o Internet Banking, que representa 18% do
total. As operações na “boca do caixa”, representam apenas 10% do total. O número de cheques
compensados continua caindo, apresentando em 2008 uma redução de 47% em relação aos ano 2000.
Outro canal que apresenta comportamento declinante é o call center.
A FEBRABAN ainda mostra que o setor bancário vem sofrendo um processo de concentração. Fusões
e aquisições de instituições financeiras é uma tendência não apenas no Brasil, mas também
mundialmente. Os dados de 2008 mostram uma queda de 20% no número de bancos desde o ano de
2000. De acordo com dados divulgados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ao final do
ano de 2008, o número total de contas de Internet Banking era de 32,5 milhões. Se comparado aos 43
milhões de internautas maiores de 16 anos existentes no Brasil (IBOPE/ NetRatings), este número
representa que aproximadamente 75% dos usuários de internet utilizam os serviços de e-banking. A
Febraban ainda demonstra que entre os anos 2000 e 2008 o número de contas correntes e poupança
na internet dobrou. A média de crescimento é de 9% a.a ou 292% se comparado os números de 2000 e
2008.
Gráfico 1 - Número de contas de internet banking
292%
Fonte: Federação Brasileira de Bancos (2009).
A Internet Banking aparece em segundo lugar no ranking das transações bancárias, representando
18% do total das transações e chegando a um total aproximado de 8 bilhões em 2008, um avanço de
14% em relação a 2007. Nas transações de consulta (saldos, extratos) o crescimento em relação ao
ano anterior é ainda maior, 22%, segundo dados da pesquisa.
Gráfico 2: Origem das transações bancárias
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
67
Fonte: Federação Brasileira de Bancos (2009).
De acordo com Marques (2004) os bancos comerciais são coniventes com o desempenho econômico
de uma nação, estes suportando o Banco Central na finalidade de estimularem a economia. De uma
maneira simples, estes captam recursos de pessoas com intuito de acumular riquezas e oferecem
opções de investimento ou financiamentos às pessoas que necessitem. Freaza (2006) aponta a
intermediação financeira como principal função do sistema financeiro nacional, tendo como função
adequar o fluxo de poupança e do investimento existente na economia, ajustando os interesses, em
função dos prazos, volumes, taxas de remuneração e grau de risco, que nem sempre são análogos dos
poupadores e tomadores. Bancos são instituições de intermediação financeira que buscam auferir um
ganho, pagando certo pagamento a quem se interessa em ceder recursos financeiros, recebendo, por
outro, remuneração supostamente superior daqueles que necessitam de recursos prestados. Ainda
segundo o autor, o sistema financeiro brasileiro apresenta características diferenciadas em relação aos
demais mercados. O sistema financeiro em outras nações é resumido, em grande maioria, na
existência de bancos comerciais, com a finalidade de obter recursos, como por exemplo, captação de
depósitos, e realizar empréstimos. Já o sistema financeiro nacional possui uma grande diversificação,
com uma grande variedade de produtos e serviços tanto para quem irá aplicar recursos, ou tomar o
mesmo. No âmbito financeiro inclinado ao mercado eletrônico é interessante lembrar que segundo
dados do IBOPe/NetRatings (2004) o Brasil ocupa o sétimo lugar em número de usuários residenciais
de e-banking (3,985 milhões), em primeiro lugar esta os Estados Unidos com mais de 32 milhões de
usuários e seguido por Alemanha e Reino Unido. Porém os brasileiros são o segundo em tempo de
acesso, quando se trata de acesso a serviços de bancos online, perdendo somente para os suecos.
De acordo com a FEBRABAN (2009), os usuários brasileiros estão perdendo o medo de utilizar os
serviços de e-banking. Segundo os dados de 2008 houve um crescimento de 292% em relação a 2000,
só entre 2007 e 2008 o numero de correntistas que utilizam o internet banking cresceu 9,1%. O grande
crescimento ocorre devido à perda de insegurança em relação às transações financeiras online. Ao
longo de 2008 a FEBRABAN registrou um volume de transações utilizando esta plataforma alcançando
a marca de 7,8 bilhões de operações feitas por usuários. Mesmo assim este volume de operações
representa somente 18,1% do total de operações financeiras, o líder deste segmento são os caixas
automáticos.
Resultado da pesquisa
Breve histórico da empresa estudada
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
68
O Grupo HSBC, originou-se na Inglaterra no século 19. A primeira empresa do Grupo, cujo nome
significa The Hongkong and Shangai Banking Corporation Limited, surgiu em 1865. Ela foi criada para
financiar o crescimento de uma forte parceria na época entre China e Europa. Sua expansão teve forte
impulso entre as décadas de 70 e 90. Na época, o Grupo diversificou seus negócios com uma série de
alianças e aquisições. O fato mais importante do período foi a formação do conglomerado HSBC em
1991. Ele reuniu sob a mesma administração todas as empresas que faziam parte do Grupo. Em 1999,
o HSBC decidiu utilizar apenas a sigla do seu nome para que pudesse ser reconhecido mais facilmente
em todos os lugares do mundo. Iniciou as operações no Brasil em 1997 com a aquisição do banco
Bamerindus. De lá para cá, a empresa se tornou uma das maiores instituição financeiras em operação
no País, com cerca de quatro milhões de clientes e agências presentes em mais de 550 municípios
brasileiros. Com a incorporação da promotora de vendas Losango em 2003, reforçou sua presença no
segmento de crédito de consumo. Mas o HSBC também se destaca nos segmentos de banco de
varejo, comercial, corporate (grandes empresas), investimentos e private banking (segmento pessoa
física de alto poder aquisitivo).
Analise crítica dos dados coletados em relação ao padrão teórico
No transcorrer da entrevista quando questionados sobre a relevância do uso da Internet para o
progresso da instituição, alguns entrevistados apontaram que hoje em dia está se dando cada vez mais
importância para os meios eletrônicos. No contexto competitivo atual é impossível negar a importância
da tecnologia para o desempenho das empresas em seus respectivos mercados de atuação. Novos
desafios se apresentam em frequência e intensidades crescentes, potencializados por uma rede de
mudanças ambientais, políticas, econômicas, sociais e tecnológicas que pressionam a empresa a
assumir novas posturas e procurar novos meios de se diferenciar de seus concorrentes (TOLEDO,
2009). Observa-se que a quantidade de operações feitas eletronicamente tem aumentado, e no caso
de pessoa jurídica, estas buscam cada vez mais soluções eletrônicas. Acabar com o papel e tornar o
processo mais ágil e menos burocrático são vantagens que a internet proporciona. Chiu et alii. (2005)
destaca que a Internet constitui uma notável solução na redução das distâncias entre as empresas,
pois funciona como alternativa eletrônica de comunicação global que pode reduzir custos. Cai et alii.
(2005) lembra ainda, que as aplicações em Internet podem ir além do escopo em servir como canal de
atendimento a clientes e comércio eletrônico. Ainda, para os autores, serviços relacionados com gestão
de relacionamento com clientes e fornecedores; trabalho colaborativo, divulgação de informações
sobre produtos e serviços; segmentação de clientes e redução de custos operacionais com
reengenharia de processos de negócios são algumas das possibilidades que a Internet pode oferecer.
Isto representa ganhos múltiplos, por exemplo, no mercado tem-se a assinatura eletrônica para
contratos de câmbio, eliminando papel, deixando o processo mais ágil, e com menor burocracia e
custos, tanto para as empresas quanto para as instituições financeiras, é uma tendência de expansão.
Segundo Sheth, Eshghi e Krishnan (2002) quando as empresas começam a utilizar a Internet para a
vinculação de seus websites, a mesma passa a constituir em uma estratégia de e-business, que pode
auxiliar a consecução dos objetivos empresariais, tais como: coleta de informações sobre clientes e
concorrentes; conquista e retenção de clientes; realização de pesquisas de mercado; facilitar a
comunicação interna dos funcionários; oferta de serviços personalizados ou não aos clientes;
integração dos processos em uma cadeia produtiva, dentre outras.
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
69
Quando questionados se futuramente o atendimento do banco seria somente on-line, os entrevistados
alegaram que o atendimento on-line é essencial para atrair e manter clientes. Porter (2001) afirma que
investimentos em programas para potencializar a fidelização dos clientes por meio da Internet e por
mecanismos tradicionais poderão tornar algumas empresas mais competitivas no mercado. No entanto,
o contato humano ainda é parte essencial deste processo tanto para pessoa jurídica quanto para
pessoa física. Conforme Kiani (1998) apesar da ampla gama de produtos e serviços digitais disponíveis
atualmente, produtos e serviços físicos continuarão a existir.
Os entrevistados também mostram que a concorrência entre os bancos tende a aumentar, pois os
serviços e produtos ofertados serão muito similares. Com isso o foco no relacionamento será a chave
da diferenciação entre os bancos, ou seja, uma ferramenta essencial na fidelização de clientes. Esta
pode ser definida como uma necessidade competitiva em todos os setores do mercado e que a internet
pode ser utilizada para criar valor singular para os clientes Reichheld e Schefter (2000). Ou ainda
Turban e King (2004) afirmam que fidelização é o grau em que um cliente continuará como um
fornecedor ou comprador de uma marca específica e pode ser obtida pela oferta de serviços e ou
produtos de forma mais simples ou mais fácil com o intuito de criar um valor percebido superior. Os
entrevistados também projetam que futuramente as agências serão habilitadas com foco no
atendimento e não no processamento.
Quando questionado quanto à inovação em relação aos novos clientes e os já existentes, os
entrevistados enfatizaram que a inovação traz sim novos clientes para o banco, mas também tem a
função de mantê-los. Kotler (2000) utiliza categorias de novos produtos, em termos de novidades para
a empresa e para o mercado, indo de um produto totalmente novo a acréscimos e/ou melhorias em
linhas já existentes, produtos antigos para a empresa lançados em novos mercados e ainda novos
produtos com desempenho semelhante a custo mais baixo.
Um fator determinante para a garantia do sucesso e da manutenção de clientes está na capacidade
das áreas de maketing identificarem boas ideias, seja para aprimoramento dos já existentes ou
desenvolvimento de um novo produto ou mercado. Se não houver inovação, perde-se o cliente
existente e também não há conquista de novos. As empresas constantemente observam os
concorrentes nestes aspectos, principalmente nesta geração em que tudo é informatizado e o ritmo de
inovação é muito grande. Segundo Moore (2004) o público consumidor muitas vezes ignora as
competências centrais de uma empresa em favor de produtos bons e mais baratos. Diante do cenário
competitivo, a inovação não é mais um diferencial, passando a ser uma necessidade, um elemento
fundamental dentro da empresa, portanto faz-se necessário incorporá-lo a estratégia empresarial.
Deschamps e Nayak (1997) conceituam o processo de Desenvolvimento de Novos Produtos como “um
caos bem organizado que, a partir de múltiplas interações, resulta na criação de um produto, cujo
princípio é atender às necessidades dos clientes e garantir a sobrevivência e o crescimento da
organização”. Por exemplo, a parte de computadores hoje em dia está muito mais avançada e as
pessoas querem usar isso no seu dia a dia. Existe um fenômeno que se chama miopia em marketing,
que significa a falta de visualização do futuro, em enxergar o próximo passo.
Quanto ao questionamento sobre a importância do papel da Internet na empresa como inovação, foi
afirmado que a mesma é essencial para o sucesso do tema abordado. A sociedade antes voltada para
a indústria, hoje é uma sociedade baseada na informação (KUMAR, 1997). Castells (1999) visualiza a
Internet como meio de comunicação, fonte de formação, orientação e desorientação da sociedade,
divulga informações e se torna um canal de relacionamento. Na atualidade os clientes querem
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
70
praticidade, o máximo de informação com o mínimo de esforço. Segundo Turban e King (2004) o
comércio eletrônico se faz cada vez mais necessário na vida das organizações, é uma solução para a
pressão desse ambiente altamente competitivo, onde a praticidade na vida do consumidor é
extremamente importante. Esses autores vêem a Internet como uma grande estratégia. Deitel, Deitel e
Steinbuhler (2004) afirmam que a Internet se tornou um canal de comunicação para diversas
empresas. Com base em dados do Banco Central, a Internet é o canal de atendimento bancário que
mais cresceu no Brasil no ano de 2008 (13%) e já responde por 29% das transações bancárias no
país. A Internet em bancos é um ganho tanto para o cliente quanto para o banco, pois quanto mais
informações disponíveis para ambos, melhor. De acordo com Diniz (2000) as principais estratégias dos
bancos para a utilização dos serviços bancários pela Internet são a redução de custo, utilização do
canal para promoção, divulgação e a melhoria do relacionamento com o cliente.
Foram questionados também sobre o conceito que os gestores possuem sobre inovação na
perspectiva da empresa, e quais seriam as vantagens e desvantagens. Os entrevistados responderam
que a inovação tem sempre uma vantagem, pois em um mercado extremamente competitivo ganha
quem faz primeiro, e os outros copiam. Sempre há a preocupação em dar o salto de qualidade seja na
parte de atendimento ou na parte de processamento e quanto maior o salto mais tempo os outros vão
demorar a copiar. De uma maneira geral, os bancos que oferecem serviços pela Internet (e-Banking),
mantêm um padrão relativamente semelhante de atividades oferecidas (BOYES; STONE, 2003). Em
suma, os que entram inicialmente na automação pela Internet, oferecem as mesmas opções, e quando
apresentam uma inovação, essa é logo seguida. A inovação é essencial, não só para a indústria
bancária, mas para a indústria em geral. Fingar, Kumar e Sharma (2000) afirmam que as empresas
necessitam manter um fluxo contínuo de inovação para que a vantagem competitiva se mantenha
sustentável por um período de tempo grande.
O impacto é grande na parte de custos e produtos, e são essas coisas que acabam fidelizando o
cliente. Reichheld e Schefter (2000) citam que o sucesso de uma empresa está no processo de criação
de valor para o cliente. Os entrevistados mencionaram o caso da empresa Apple, e de seu produto que
todos querem o IPhone. A Apple é uma empresa de vanguarda, existem pessoas que são fixadas pela
Apple, mesmo que ela não tenha a melhor tecnologia, ela já criou a imagem de que está sempre na
frente. Era uma empresa que não estava tão bem há alguns anos e deu a volta por cima. A única
desvantagem, segundo os entrevistados, seria a empresa errar na escolha da inovação. Fazer alguma
inovação que não tenha demanda, será um investimento jogado no lixo. Segundo Kanter et al. (1998),
para se obter resultados positivos de uma inovação, é necessária alta disponibilização de tempo e
recursos financeiros, o que envolve um risco alto a segurança financeira das empresas. Foi citado o
exemplo da empresa Gilette que gastou milhões desenvolvendo uma nova lâmina e não foi um
sucesso, não trouxe diferencial para o comercial. Inovar por inovar não funciona, tem que haver
benefícios agregados.
Com as informações obtidas através do questionário foi demonstrado que os clientes, principalmente
pessoas jurídicas, utilizam os serviços de mais de um banco, que, de acordo com Turban e King
(2004), é possível através da quebra das barreiras geográficas pelo canal da internet, o ponto de adito
às diversas instituições financeiras é acessado de qualquer localidade. Este perfil, de certa forma
possibilita a comparação entre os serviços oferecidos, tão quanto à relação eletrônica banco e cliente.
O banco por sua vez deve utilizar este ponto de comunicação para obter o máximo de informações de
seus clientes, entendendo seu perfil e fornecendo os produtos que correspondam a ele, de forma
personalizada. Albertin (1999) cita que este canal de comunicação oferece um menor custo às
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
71
instituições financeiras, podendo ser explorado de melhor forma, já que ambos os lados obtêm
vantagens. O questionário aplicado ainda evidenciou que existem algumas maneiras de buscar
diferenciação no setor bancário, se tratando de e-banking. Focando no relacionamento será possível se
diferenciar no setor, uma vez que existe uma previsão apontando que os produtos estarão cada vez
mais padronizados pelas instituições, forçando o consumidor a escolher entre às instituições através da
tarifa cobrada, e não no serviço em si. Szymanski e Hise (2000) apontam que também que é
necessário ter um grande investimento em segurança, pois se trata da maior preocupação dos clientes.
Considerações finais
As instituições bancárias atualmente utilizam cada vez mais a internet banking como ferramenta
estratégica. Essa utilização tem como objetivo fornecer produtos e serviços on-line de acordo com a
necessidade de cada cliente, sendo eles pessoa física ou jurídica, e também seguindo as tendências
mercadológicas que mudam constantemente. Segundo Lambin (2000), as constantes e incontroláveis
mudanças que ocorrem no ambiente de negócios contemporâneo exigem adaptações e ajustes
permanentes em produtos e processos produtivos e administrativos, e aqueles que não procurarem
adequar-se às novas condições ambientais enfrentarão dificuldades para crescerem e sobreviverem. O
HSBC utiliza a Internet como ferramenta estratégica para atrair, manter e fidelizar clientes. Conforme os
dados obtidos na aplicação do protocolo do estudo de caso na empresa estudada, foi possível verificar
que a internet é um dos instrumentos adicionais da melhoria da competitividade empresarial e
impulsionadora do crescimento da corporação. Além disso, a empresa estudada também utiliza a
internet para serviços relacionados com gestão de relacionamento com clientes e fornecedores;
trabalho colaborativo, divulgação de informações sobre produtos e serviços; segmentação de clientes e
redução de custos operacionais com reengenharia de processos de negócios. Neste projeto, objetivouse responder à questão referente à forma como a Internet auxilia os negócios de uma instituição do
setor bancário brasileiro. E, para tanto, foi realizado uma análise formal e descritiva do uso da Internet
no HSBC BANK BRASIL S.A. Esta análise implicou a realização de um levantamento de pressupostos
teóricos e um estudo de caso da instituição financeira supracitada, que sustentam o tema internet como
estratégia de inovação no setor bancário. Assim, à luz do exposto pode-se afirmar que o problema de
pesquisa proposto originalmente foi alcançado, os objetivos atingidos, proporcionando uma
contribuição para o conhecimento e desdobramentos para estudos futuros.
Basicamente a limitação inerente a este trabalho incidiu no cerne da sua metodologia. Metodologia a
qual por ser qualitativa e utilizar o método do estudo de caso não permite generalizações para outros
fenômenos semelhantes ao estudado neste trabalho. Recomenda-se que futuros pesquisadores ao
reproduzir este estudo o façam em acordo a: Utilização de mais de uma empresa; Comparação dos
dados coletados entre as empresas estudadas; Realização da mesma pesquisa na mesma empresa,
porém em períodos distintos; Aplicação de coleta e análise de dados quantitativos.
Referências:
ALBERTIN, Alberto Luiz. Comércio eletrônico: um estudo no setor bancário. Revista de administração
contemporânea, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 47-70, jan./abr. 1999.
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
72
ALBERTIN, L. A. Comércio eletrônico: benefícios e aspectos de sua aplicação. ERA, v. 38 n. 1, São
Paulo: 1998.
BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto; HONORATO, Cezar de Freitas. Manual de sobrevivência na selva
acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998.
BOYES, G.; STONE, M. E-business opportunities in financial services. Journal of financial services
marketing. v. 8, n. 2, 176-189, 2003.
CAI, J.; LU, S. C.; GROBLER, F.; CASE, M.; JING, N. Modeling and managing collaborative process
over the internet. Business process management journal, v. 11, n. 3, p. 255-274, 2005.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. v. 1. São
Paulo: Paz e Terra, 1999.
CHIU, D. K. W.; CHEUNG, S. C.; HUNG, P. C. K.; CHIU, S. Y. Y.; CHUNG, A. K. K. Developing enegotiation support with a meta-modeling approach in a web services environment. Decision support
systems, v. 40, p. 51-69, 2005.
COLLIS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em administração. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
CUNNINGHAM, Michael J., B2B: Como implementar estratégias de e-commerce entre empresas. Rio
de Janeiro: Campus, 2001.
DEITEL, H. M.; DEITEL, P. J.; STEINBUHLER, K. E-business e e-commerce para administradores.
São Paulo: Pearson, 2004.
DESCHAMPS, J. P.; NAYAK, P. R. Produtos irresistíveis. 1. ed. São Paulo: Makron Books, 1997.
DINIZ, E. H. Cinco décadas de automação. GV-Executivo, 3 (3), Edição Especial 50 anos, 55-60,
2004.
DINIZ, E. H. Evolução do uso da web pelos bancos. Revista de administração contemporânea,
Curitiba, v. 4, n. 2, p. 29-50, maio/ago. 2000.
DRUCKER, P. Tecnologia, gerência e sociedade. Petrópolis: Vozes, 2000.
FINGAR, P.; KUMAR, H.; SHARMA, T. Enterprise e-commerce: the software component breakthrough
for business-to-business commerce. Florida: Meghan-Kiffer, 2000.
FREAZA, F. P. Análise de eficiência do mercado bancário brasileiro, utilizando a metodologia da análise
envoltória de dados. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Economia e Finanças, IBMEC, 2006
GOODE, W. J.; HATT, P. K. Métodos em pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Nacional, 1972.
HITT, Michael A. Administração estratégica. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
KALAKOTA, R., WHINSTON, A. Electronic commerce: a manager’s guide. New York: Addison-Wesley,
1997.
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
73
KANTER. R. M. et al. Inovação: pensamento inovador 3M, DuPont, GE, Pfizer e Rubbermaid. Trad. J.
Camargo. São Paulo: Negócio Editora, 1998.
KIANI, G. Marketing opportunities in the digital world. Internet research, v. 8, p. 185-194, 1998.
KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
KUMAR, Krishan; JUNGMANN, Ruy. Da sociedade pós-industrial à pós-moderna: novas teorias sob
o mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003
LAMBIN, J. J. Marketing estratégico. Lisboa: McGraw Hill, 2000.
LIMEIRA, Tania M. Vidigal. E-marketing: o marketing na internet com casos brasileiros. São Paulo:
Saraiva, 2007.
MARQUES, F. T.; MATIAS, A. B.; CAMARGO JUNIOR, A. S. Desempenho dos bancos comerciais e
múltiplos de grande porte no Brasil, CLADEA, 2004.
MOORE, P. The banker supplement. Caring for e-Clients. 2004.
PORTER, M. E. Strategy and the internet. Harvard business review, Boston, p. 63-78, mar. 2001.
RAMOS, A. S., VELDMAN, S. M. Relacionamento com o cliente através da WEB: um estudo teórico
exploratório. 24º Encontro da ANPAD - ENANPAD 2000, [CD-ROM].
REICHHELD, Frederick F.; SCHEFTER, Phil. E-loyalty: your secret weapon on the web. Harvard
business review, Boston, p. 105-113, Jul-Ago. 2000
RODRIGUES, Dario. E-business na óptica de marketing. Lidel, 2002.
SAMPIERI, Roberto. Metodologia de pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill, 2002.
SEKARAN, U. Research methods for managers: a skill-building approach. Chichester: Wiley, New
York, 1984.
SHETH, J. N.; ESHGHI, A.; KRISHNAN, B. C. Marketing na internet. Porto Alegre: Bookman, 2002.
SILVA, A. C. M. da. Análise da eficiência das instituições financeiras, segundo a metodologia do
Data Envelopment Analysis (DEA). Dissertação (Mestrado) – Instituto de Pós Graduação em
Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 2000.
SQUIRRA, Sebastião. Sociedade do Conhecimento. Dossiê: Revista Comunicação e Sociedade 45.
Disponibilizado pelo autor em seminário ministrado ao curso de Pós-Graduação em Comunicação
Midiática da UNESP - Bauru, 2006.
SZYMANSKI, David; HISE, Richard T. E-satisfaction: an initial examination. Journal of retailing,
Greenwich, v. 76, n. 3, p. 309-322, 2000.
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74
74
TURBAN, E., KING, D. Comércio eletrônico: estratégia e gestão. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
TOLEDO, A. L; SHIRAISHI, F. G. Estudo de caso em pesquisas exploratórias qualitativas: um ensaio
para a proposta de protocolo do estudo de caso. Curitiba, Revista da FAE, v. 12, 2009.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
WERTHEIN, J. A sociedade da informação e seus desafios. Ci. Inf, Brasília, v. 29, n. 2, p. 71-77,
mai-ago., 2000.
Websites visitados e consultados:
IBOPE/NetRatings: <http://br.nielsennetpanel.com/pnl/br/home>. Acesso em: 02/12/2009 as 14:00
FEBRABAN: <http://www.febraban.org.br/>. Acesso em: 14/10/2009 as 15:00 - 02/12/2009 as 14:30
BANCO CENTRAL: <www.bancocentral.com>. Acesso em: 04/11/2009 as 20:00
Dados primários (Intranet HSBC).
Revista FACEVV | Vila Velha | Número 4 | Jan./Jun. 2010 | p. 59-74

Documentos relacionados