Própolis Verde, Própolis Marrom e Monensina

Transcrição

Própolis Verde, Própolis Marrom e Monensina
Própolis Verde, Própolis Marrom e Monensina Sódica na Dieta de Cordeiros na Fase de
Terminação: Metodologias para Avaliação de Características de Carcaça Ovina
Maria da Graça Morais1, Camila Celeste Brandão Ferreira Ítavo1, Ciniro Costa2, Luís Carlos Vinhas
Ítavo3, Gumercindo Loriano Franco1, Liliane Suguisawa4, Francisco Assis de Fonseca Macedo5
1
Professores do Departamento de Zootecnia da FAMEZ da UFMS. e-mail: [email protected]; [email protected];
[email protected]
Professor do Programa de Pós-graduação em Zootecnia – UNESP/Botucatu. e-mail: [email protected]
3
Professor da Universidade Católica Dom Bosco – UCDB. Pesquisador do CNPq. e-mail: [email protected]
4
Professora da Universidade Católica Dom Bosco – UCDB. e-mail: [email protected]
5
Professor da Universidade Estadual de Maringá – UEM. e-mail: [email protected]
2
Resumo: Objetivou-se avaliar os efeitos dos aditivos própolis verde, própolis marrom e monensina
sódica sobre características de carcaça através de avaliações ultra-sonográficas in vivo em cordeiros
terminados em confinamento. Foram utilizados 32 cordeiros, com oito animais por tratamento,
distribuídos em blocos, por peso, ao acaso entre tratamentos: (1) controle, (2) monensina sódica, (3)
própolis marrom e (4) própolis verde. Foram obtidas medidas de espessura de gordura subcutânea (EGS),
área de olho de lombo (AOL) e marmoreio através de ultra-sonografia, 30 dias após o início do
confinamento e no dia anterior ao abate. Após o abate foram feitas medidas de EGS e AOL na meia
carcaça esquerda para fins de comparação de método. Não houve efeito (P>0,05) de tratamento para
AOL, EGS e marmoreio. As médias de ganho de AOL e EGS foram 1,26 cm2 e 0,60 mm,
respectivamente. Houve efeito de metodologia, sendo que o método tradicional, pós-abate, apresentou
maiores médias para AOL (11,87 vs. 8,94 cm2) e menores para EGS (2,42 vs. 2,67 mm). A correlação
entre medidas de AOL pós-abate e por ultra-som foi de 0,8597. Não houve efeito dos aditivos nas
medidas de AOL, EGS e marmoreio. A realização de ultra-sonografia para avaliação de carcaça in vivo
em ovinos apresenta bom potencial de utilização.
Palavras-chave: aditivos, área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, marmoreio
Green Propolis, Brown propolis and Sodic Monensin in the Lambs Diets in the Finishing Phase:
Metodologies for Evaluation of Carcass Characteristics of Sheep
Abstract: It was aimed at to evaluate the effects of the additive green propolis, brown propolis and sodic
monensin about ultrasound measures of lambs carcass. It were used 32 lambs, males, without defined
breed, with eight animal per treatment. The animals were distributed in blocks, for weight, at random
among the treatments: (1) control, (2) sodic monensin, (3) brown propolis and (4) green propolis. They
were obtained the measures of fat thickness (FT), ribeye area (REA) and marbling through ultrasound
scan, 30 days after the beginning of the feedlot period and in the day previous to the discount. After the
slaughter were also made FT and REA measures in the stocking left carcass for the method comparison.
There was not treatment effect (P>0.05) for REA, FT and marbling. The averages of gain of REA and FT
were 1.26 cm2 and 0.60 mm, respectively. There was methodology effect, and the traditional method,
after slaughter presented the largest averages for REA (11.87 vs. 8.94 cm2) and smaller for FT (2.42 vs.
2.67 mm). 0.8597 was the correlation among the after slaughter and ultrasound REA measures. There
was no effect of the additives on FT, REA and marbling measures. The accomplishment of ultrasound
measures for evaluation of carcass alive in sheep presents good use potential.
Keywords: additives, ribeye area, marbling, fat thickness
Introdução
A ultra-sonografia possibilita a descrição dos níveis de musculosidade e acabamento de
carcaças, assim como gordura intramuscular (Suguisawa et al., 2006) e pode ser utilizada em programas
de seleção, formação de lotes para acabamento homogêneo e avaliações de diferentes regimes
alimentares (Silva et al., 2003). Entretanto, são escassos os trabalhos na literatura acerca do uso de
técnicas ultra-sonográficas para avaliação de características de carcaça ovina. Além disso, em todo o
país, empresas produtoras de alimentos para animais têm buscado alternativas para melhora do
desempenho animal, sem causar prejuízos à saúde da população consumidora. Neste contexto, objetivou1
se avaliar os efeitos dos aditivos própolis verde, própolis marrom e monensina sódica na dieta total,
sobre as características de carcaça e comparar metodologias de avaliação de carcaça em cordeiros
terminados em confinamento.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na UFMS, em Campo Grande-MS, entre fevereiro e abril de 2007.
Foram confinados 32 cordeiros, machos, desmamados, sem raça definida, com peso médio de 20,45 kg,
por 64 dias. Os animais foram vacinados, vermifugados e também foram tratados contra coccidiose. Os
cordeiros foram alojados em baias individuais, de 3m2, com piso ripado, onde receberam água e sal
mineral à vontade. A dieta (feno de capim-Tifton (Cynodon dactylon) e concentrado comercial), na
relação volumoso:concentrado de 50:50, com base em MS, foi balanceada com estimativa de ganho de
peso de 250 g/dia, e apresentou 89,85% MS; 93,22% MO; 16,30% PB; 44,63% FDN; 21,49% FDA;
2,27% EE; 74,66% CHOT; 30,03% CNE; 70,35% NDT, obtidos de acordo com Silva & Queiroz (2002).
Os animais foram distribuídos em blocos, por peso, ao acaso entre os tratamentos: (1) controle, (2)
monensina sódica, (3) própolis marrom e (4) verde. A monensina foi adicionada na quantidade suficiente
para ingestão diária de 30 ppm por animal. A própolis verde foi obtida em colméias com acesso a
Baccharis dracunculifolia (alecrim-do-campo), enquanto a própolis marrom em colméias com acesso a
B. dracunculifolia e Vernonia polyanthes (assa-peixe), em Contagem, MG. Para obtenção do extrato,
foram utilizados 30 g de própolis bruta triturada para cada 100 ml de solução hidro-alcoólica (70%), por
um período de 10 dias, com posterior filtragem em papel-filtro, obtendo-se a solução-estoque. Foi feita
diluição em água deionizada em 50%, antes da adição diária na quantidade de 30 ml por animal. A
alimentação foi fornecida diariamente as 8:00h e 16:00h, ad libitum, permitindo 10% do fornecido em
sobras. Foram obtidas medidas de EGS, AOL e marmoreio através de ultra-sonografia, 30 dias após o
início do período de confinamento e no dia anterior ao abate, compreendendo um período de 34 dias,
através de equipamento de ultra-sonografia Aloka 500V, com transdutor de 12 cm e frequência de 3,5
MHz, e guia acústica para acoplamento. Foi realizada tricotomia, limpeza e aplicação de óleo vegetal
para perfeito acoplamento do transdutor. As avaliações foram realizadas no lado esquerdo do animal.
Para mensuração de AOL e EGS, o transdutor foi disposto de maneira perpendicular ao comprimento do
Longissimus dorsi, entre 12ª e 13ª costela, ao passo que para mensuração do marmoreio (gordura
intramuscular), o transdutor foi disposto de maneira longitudinal, entre 11ª e 13ª costela. O grau de
marmorização, de 0 a 10, foi obtido através do software Bia Pro Plus, da Empresa Designer Genes
Tecnologies, Inc., USA. Após o abate também foram medidas EGS e AOL na meia carcaça esquerda, no
músculo Longissimus dorsi. A AOL foi obtida transversalmente em transparência e, posteriormente,
através do programa computacional AUTOCAD. A EGS foi obtida com auxílio de paquímetro, sobre a
secção do L. dorsi, entre a última vértebra dorsal e primeira lombar. Os tratamentos foram arranjados em
delineamento blocos casualizado, com oito repetições por tratamento. Os dados de características de
carcaça dos cordeiros foram avaliados por meio de análises de variância e de correlação de Spearman, e
as médias foram comparadas através do teste de Tukey, em nível de 5% de significância.
Resultados e Discussão
As médias de AOL inicial e final, ganho total e diário de AOL, EGS inicial e final, ganho total e
diário de EGS, marmoreio inicial e final, ganho total e diário de marmoreio de ovinos, em função dos
tratamentos, estão apresentadas na Tabela 1. Não houve efeito (P>0,05) de tratamento para características
avaliadas. As médias de AOL final foram de 9,08; 9,09; 8,56 e 9,94 cm2, respectivamente, para
tratamentos controle, monensina sódica, própolis marrom e verde. Todos os resultados de EGS final
foram acima de 2,5 mm, indicando bom acabamento dos animais ao abate, de acordo com o intervalo 2 a
3 mm, preconizado para bovinos por Luchiari Filho (2000). Tal fato pode ser corroborado pelo
marmoreio (escala de 0 a 10, sendo 1 sem gordura e 10 com excelente deposição de gordura
intramuscular), com média obtida de 6,60. Também Menezes et al. (2006) não encontraram influência da
monensina sódica sobre o marmoreio da carne de novilhos.
As médias de AOL e EGS de ovinos terminados em confinamento, em função do método de
avaliação, estão apresentadas na Tabela 2. Medidas realizadas pós-abate foram superiores (P<0,01) as
ultra-sonográficas. Da mesma maneira, Suguisawa et al. (2006) estudando correlações entre medidas de
ultra-som e pós-abate de bovinos jovens também encontraram valores inferiores de AOL por ultra-som,
sendo que a remoção do couro, método de suspensão da carcaça, corte inadequado na seção de costelas e
posicionamento diferente foram citados como alguns dos fatores que poderiam comprometer
comparações entre os métodos (Suguisawa et al., 2006).
As correlações de Spearman entre AOL e EGS medidas por ultra-sonografia e pós-abate estão
apresentadas na Tabela 3. Segundo Silva et al. (2003), a correlação entre AOL por ultra-som e pós–abate
para bovinos tem sido reportada em vários trabalhos como sendo ao redor de 75 a 80%, enquanto que as
2
correlações entre EGS realizadas por ultra-sonografia e na carcaça apresentam valores ao redor de 85 a
90%. Observa-se elevada correlação entre AOL obtidas pós-abate e por ultra-sonografia, com valor igual
a 0,8597; ao passo que a correlação entre EGS obtidas pós-abate e por ultra-sonografia foi de 0,3926.
Silva et al. (2003) obtiveram correlação para AOL, obtida pós-abate e através de ultra-sonografia, igual a
0,74; inferior a obtida neste experimento. Entretanto, a correlação obtida por Silva et al. (2003) para
EGS, obtida pós-abate e através de ultra-sonografia, foi de 0,89; superior ao obtidos neste ensaio.
Tabela 1 - Médias de área de olho de lombo (AOL) inicial e final, ganho total e diário de AOL, espessura
de gordura subcutânea (EGS) inicial e final, ganho total e diário de EGS, marmoreio inicial e
final, ganho total e diário de marmoreio, medidas por ultra-sonografia, em ovinos terminados
em confinamento, em função dos tratamentos
Tratamentos1
Variáveis
P
Controle
Monensina
Própolis
Própolis
Sódica
Marrom
Verde
AOL inicial (cm2)
8,34a
7,95a
6,88a
8,30a
0,16040
AOL final (cm2)
9,08a
9,09a
8,56a
9,94a
0,27995
Ganho total de AOL (cm2)
0,97a
1,14a
1,27a
1,65a
NS
EGS inicial (mm)
2,35a
2,07a
1,87a
2,14a
0,17697
EGS final (mm)
2,94a
2,68a
2,55a
2,63a
0,40261
Ganho total de EGS (mm)
0,59a
0,61a
0,69a
0,50a
NS
Marmoreio inicial (pontos)
6,38a
5,16a
6,62a
6,43a
0,27028
Marmoreio final (pontos)
7,35a
5,86a
7,10a
6,11a
0,10203
Ganho total de marmoreio
0,98a
0,71a
0,38a
-0,32a
NS
1
Médias seguidas por letras iguais na mesma linha, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
Tabela 2 -
Médias de área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura subcutânea (EGS) de
ovinos terminados em confinamento, em função do método de avaliação
Método de avaliação1
P
Físico
Ultra-sonográfico
AOL (cm2)
11,87 a
8,94 b
0,00001
EGS (mm)
2,42 b
2,67 a
0,04966
1
Médias seguidas por letras iguais na mesma linha, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
Tabela 3 – Correlação de Spearman entre variáveis área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura
subcutânea (EGS) medidas por ultra-sonográfica e na carcaça de ovinos terminados em
confinamento (P<0,05)
AOLC
AOLU
EGSC
EGSU
AOLC
1,0000
AOLU
0,8597
1,0000
EGSC
0,3038
0,2808
1,0000
EGSU
0,1206
0,2250
0,3926
1,0000
Conclusões
Os aditivos não influenciaram as medidas de área de olho de lombo, espessura de gordura
subcutânea e marmoreio. A realização de medidas ultra-sonográficas para avaliação de carcaça in vivo
em ovinos apresenta bom potencial de utilização.
Literatura citada
LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da carne bovina. 1.ed. São Paulo, 2000, 134p.
MENEZES, L.F.G.; KOZLOSKI, G.V.; RESTLE, J. et al. Perfil de ácidos graxos de cadeia longa e
qualidade da carne de novilhos terminados em confinamento com diferentes níveis de monensina
sódica na dieta. Ciência Rural, v.36, n.1, p.186-190, 2006.
SILVA, S.L.; LEME, P.R.; PEREIRA, A.S.C. et al. Correlações entre Características de Carcaça
Avaliadas por Ultra-som e Pós-abate em Novilhos Nelore, Alimentados com Altas Proporções de
Concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.5, p.1236-1242, 2003.
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos (Métodos químicos e biológicos). 3.ed. Viçosa:
Universidade Federal de Viçosa, 2002. 235p.
SUGUISAWA, L.; MATTOS, W.R.S.; OLIVEIRA, H.N. et al. Correlações simples entre as medidas de
ultra-som e a composição da carcaça de bovinos jovens. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35,
n.1, p.169-176, 2006.
3

Documentos relacionados

estimativa das correlações fenotípicas relacionadas às

estimativa das correlações fenotípicas relacionadas às P<0,01). Em trabalhos realizados por CULLER et al. (1978), encontrou altas correlações deste índice com a força de cisalhamento (r = -0.72; P<0,01). O índice de fragmentação miofibrilar (MFI) pode ...

Leia mais