Leia um trecho do livro

Transcrição

Leia um trecho do livro
capa Spaeth quarta capa:Layout 1
11/5/12
9:16 PM
Page 1
QUEM É EXPERT CONSULTA!
Cirurgia Oftalmológica
4ª EDIÇÃO
George L. Spaeth • Helen V. Danesh-Meyer • Ivan Goldberg • Anselm Kampik
• Domine os procedimentos oftalmológicos por meio de um detalhado guia
colorido com o passo a passo das técnicas e de vídeos online com as
principais técnicas cirúrgicas de uma equipe internacional de editores e
colaboradores especialistas.
• Obtenha a compreensão completa de todas as subespecialidades –
catarata, córnea, refrativa, glaucoma, plástica ocular, estrabismo,
vitreorretiniana, tumores oculares e domine o essencial de todos os
procedimentos.
• Aplique os últimos avanços na cirurgia a laser que se tornaram
prática-padrão na nova seção de cirurgia refrativa.
• Tenha um guia das técnicas cirúrgicas fundamentais graças a mais de 4
horas de vídeo online narrado em inglês em mais de 8 subespecialidades.
• Reforce sua compreensão visual por meio de um projeto gráfico
colorido com mais de 800 ilustrações, desenhos atualizados e revisados,
com imagens coloridas e procedimentos ilustrados.
• Compartilhe a experiência das principais autoridades da área com uma
novíssima equipe editorial da América do Norte, Europa, Austrália e Ásia,
assim como colaboradores internacionais que proporcionam perspectivas
globais de todas as subespecialidades da cirurgia oftalmológica.
4ª EDIÇÃO
Além desses conteúdos, o
código também permite o
acesso gratuito ao conteúdo
integral do livro
em inglês no site
www.expertconsult.com.
A aquisição desta obra
habilita o acesso ao site
www.elsevier.com até o
lançamento da próxima
edição em inglês e/ou
português, ou até que esta
edição em inglês e/ou
português não esteja
mais disponível para
venda pela Elsevier, o que
ocorrer primeiro.
www.elsevier.com.br/medicina
Cirurgia Oftalmológica
TRADUÇÃO DA 4ª EDIÇÃO
Spaeth
Danesh-Meyer
Goldberg
Kampik
Classificação de Arquivo Recomendada
OFTALMOLOGIA
CIRURGIA OFTALMOLÓGICA
WWW.EXPERTCONSULT.COM
Princípios e Prática
– 72 vídeos de
procedimentos cirúrgicos
– 313 imagens no banco de
imagens para uso em seus
estudos
Cirurgia Oftalmológica
Princípios e Prática
Este livro tem conteúdo
extra e gratuito no site
www.expertconsult.com.
Registre o código que está
no verso da capa dentro
deste livro, e conheça uma
nova maneira de aprender:
WWW.EXPERTCONSULT.COM
WWW.EXPERTCONSULT.COM
George L. Spaeth • Helen V. Danesh-Meyer • Ivan Goldberg • Anselm Kampik
Cirurgia Oftalmológica
Princípios e Práticas
4ª EDIÇÃO
George L. Spaeth
MD, FACS
Emeritus Director of the William and Anna Goldberg Glaucoma Service; Director,
Glaucoma Research Center; Louis J. Esposito Research Professor of Ophthalmology,
Wills Eye Institute/Jefferson Medical School, Philadelphia, PA, USA
Helen V. Danesh-Meyer
MBChB, MD, FRANZCO
Sir William and Lady Stevenson Professor of Ophthalmology, Department of
Ophthalmology, University of Auckland, Auckland, New Zealand
Ivan Goldberg, AM
MB, BS, FRANZCO, FRACS
Clinical Associate Professor and Head, Glaucoma Unit, University of Sydney and
Sydney Eye Hospital; Director, Eye Associates, Sydney, Australia
Anselm Kampik
MD, FEBO
Professor and Chairman, Department of Ophthalmology,
Ludwig-Maximilians-University Munich, Munich, Germany
C0365.indd i
11/3/12 3:24:27 PM
© 2013 Elsevier Editora Ltda.
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Saunders, um selo editorial Elsevier Inc.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais
forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
ISBN 978-85-352-5772-4
Copyright © 2012 by Elsevier Inc.
First edition 1982
Second edition 1990
Third edition 2003
This edition of Ophthalmic Surgery, 4th edition, by George L. Spaeth, Helen V. Danesh-Meyer, Ivan Goldberg and Anselm
Kampik is published by arrangement with Elsevier Inc.
ISBN: 978-1-4377-2250-5
Copyright for Chapter 34: Indications for Surgery is held by Keith Barton and Moorfields Eye Hospital.
Copyright for the images in Chapter 52: Surgery of Lacrimal System is retained by Jane Olver.
Copyright for Chapters 12: Capsulorrhexis and hydrodissection and 19: Phaco Complications is retained by Brian C. Little.
Capa
Mello & Mayer Design
Editoração Eletrônica
Thomson Digital
Elsevier Editora Ltda.
Conhecimento sem Fronteiras
Rua Sete de Setembro, n° 111 – 16° andar
20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Rua Quintana, n° 753 – 8° andar
04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP
Serviço de Atendimento ao Cliente
0800 026 53 40
[email protected]
Consulte também nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www.elsevier.com.br
NOTA
Como as novas pesquisas e a experiência ampliam o nosso conhecimento, pode haver necessidade de alteração dos
métodos de pesquisa, das práticas profissionais ou do tratamento médico. Tanto médicos quanto pesquisadores devem
sempre basear-se em sua própria experiência e conhecimento para avaliar e empregar quaisquer informações, métodos,
substâncias ou experimentos descritos neste texto. Ao utilizar qualquer informação ou método, devem ser criteriosos
com relação a sua própria segurança ou a segurança de outras pessoas, incluindo aquelas sobre as quais tenham responsabilidade profissional.
Com relação a qualquer fármaco ou produto farmacêutico especificado, aconselha-se o leitor a cercar-se da mais
atual informação fornecida (i) a respeito dos procedimentos descritos, ou (ii) pelo fabricante de cada produto a ser
administrado, de modo a certificar-se sobre a dose recomendada ou a fórmula, o método e a duração da administração,
e as contraindicações. É responsabilidade do médico, com base em sua experiência pessoal e no conhecimento de seus
pacientes, determinar as posologias e o melhor tratamento para cada paciente individualmente, e adotar todas as precauções de segurança apropriadas.
Para todos os efeitos legais, nem a Editora, nem autores, nem editores, nem tradutores, nem revisores ou colaboradores, assumem qualquer responsabilidade por qualquer efeito danoso e/ou malefício a pessoas ou propriedades envolvendo responsabilidade, negligência etc. de produtos, ou advindos de qualquer uso ou emprego de quaisquer métodos,
produtos, instruções ou ideias contidos no material aqui publicado.
O Editor
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C526
Cirurgia oftalmológica./ George L. Spaeth... [et al.] ; [tradução Claudia Coana... et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2012.
il. ; 28 cm
Tradução de: Ophthalmic surgery: principles and practice, 4th ed
Inclui bibliografia e índice
ISBN 978-85-352-5772-4
1. Olhos - Doenças 2. Olhos - Cirurgia 3. Oftalmologia I. Danesh-Meyer,
Helen. II. Goldberg, Ivan. III. Kampik, Anselm. IV. Título.
12-4694.
C0370.indd ii
CDD: 617.7
CDU: 617.7
11/3/12 4:03:22 PM
Revisão científica e tradução
Revisão científica
Luis Gustavo Biteli (caps. 1, 2, 19 a 31, 34 a 41, 44 a 54, 56, 58 a 69, Apêndices 1 a 3 e Índice)
Especialista em Oftalmologia pela UNIFESP e pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)
Fellow em Glaucoma pela UNIFESP
Tiago Prata (caps. 3-18, 32, 33, 42, 43, 55 e 57)
Doutor em Oftalmologia e Ciências Visuais pela UNIFESP/EPM
Fellow em Glaucoma pela New York Eye and Ear Infirmary – EUA
Tradução
Adriana Paulino do Nascimento (caps. 9 a 11, 26, 41 e 60)
Mestre em Morfologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Doutora em Biologia Humana e Experimental pela UERJ
Andrea Delcorso (caps. 18 a 21)
Tradutora pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), SP
Claudia Coana (caps. 46 a 48, 61, 62, 65 e 66)
Bacharel em Letras/Tradução pelo Centro Universitário Ibero-Americano (UNIBERO), SP
Caroline Amaral Ferraz (cap. 12)
Professora Titular de Oftalmologia da Universidade Anhembi-Morumbi/Laureate International Universities.
Doutora em Oftalmologia e Ciências Visuais pela UNIFESP/EPM
Denise Costa Rodrigues (caps. 31, 39, 44, 58, 59, 67, 68, Apêndices I, II e III)
Bacharel em Tradução pela Universidade de Brasília (UnB)
Licenciada em Letras (Língua e Literatura Inglesas) pela UnB
Pós-Graduada em Tradução pela Universidade de Franca (Unifran)
Eliseanne Nopper (caps. 63 e 64)
Especialista em Psiquiatria Clínica pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro (FMSA) e Complexo Hospitalar do Mandaqui
Médica pela FMSA/Organização Santamarense de Educação e Cultura da Universidade de Santo Amaro (OSEC/UNISA)
José Eduardo Ferreira de Figueiredo (caps. 14 e 22)
Tradutor de Inglês/Português
Marcelo Cairrão Araújo Rodrigues (caps. 1 e 2)
Professor Adjunto do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal de Pernambuco
Mestre e Doutor em Psicobiologia (FFCLRP-USP)
Visiting Research Fellow (University of Leeds, UK)
Pós-Doutor em Fisiologia (FMRP-USP)
Marcelo Sampaio Narciso (caps. 6 a 8, 15 a 17, 23 a 25, 29, 37, 43, 49, 51, 53, 55 a 57)
Professor Adjunto do Programa de Graduação de Histologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (ICB-UFRJ)
Doutor e Mestre em Ciências Morfológicas pelo Programa de Ciências Morfológicas (PCM) do ICB-UFRJ
Especialista em Histologia e Embriologia pela UERJ
Maria Inês Corrêa Nascimento (cap. 38 e Índice)
Bacharel em Letras (Tradução Bilíngue) pela PUC-RJ
C0375.indd iii
11/3/12 4:08:38 PM
Revisão científica e tradução
Renata Scavone de Oliveira (caps. 3 a 5, 27, 36 e 50)
Médica Veterinária pela FMVZ-USP
Doutora em Imunologia pelo ICB-USP
Silvia M. Spada (caps. 13, 28, 30, 32 a 35, 40, 42, 45, 52 e 54)
Especialização em Tradução (cursos extracurriculares) pela Universidade de São Paulo (USP)
Bacharel em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
Thaís Rosalen Fernandes (cap. 69)
Médica Veterinária Patologista pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM), SP
Residência em Patologia Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FMVZ-UNESP)
Mestranda em Patologia Veterinária pela FMVZ-UNESP
iv
C0375.indd iv
11/3/12 4:08:38 PM
Lista de colaboradores
Iqbal Ike K. Ahmed MD
Department of Ophthalmology and Vision Sciences
University of Toronto,
Toronto, ON, Canada
Roberto Bellucci MD
Chief of Hospital Ophthalmology
Hospital and University of Verona
Verona, Italy
Rana Altan-Yaycioglu MD, FEBO
Associate Professor in Ophthalmology
Department of Ophthalmology
Baskent University Faculty of Medicine
Adana, Turkey
Larry Benjamin FRCS(Ed), FRCOphth, DO
Consultant Ophthalmic Surgeon,
Department of Ophthalmology,
Stoke Mandeville Hospital;
Chairman of the Education Committee and
Vice President at the Royal College of Ophthalmologists
London, UK
George William Aylward FRCS, FRCOphth, MD
Consultant Vitreoretinal Surgeon
Moorfields Eye Hospital
London, UK
Augusto Azuara-Blanco PhD, FRCS(Ed), FRCOphth
Health Services Research Unit
University of Aberdeen
Aberdeen, UK
Alessandro Bagnis MD
Research Fellow
Di.N.O.G.,
Clinica Oculistica
Università di Genova
Genova, Italy
Lelio Baldeschi MD, PhD
Pisa, Italy
Michael R. Banitt MD, MHA
Assistant Professor of Clinical Ophthalmology
Bascom Palmer Eye Institute
University of Miami Miller School of Medicine
Miami, FL, USA
Keith Barton MD, FRCP, FRCS
Consultant Ophthalmic Surgeon
Glaucoma Service Director
Moorfields Eye Hospital
London, UK
Darrell E. Baskin MD
Chief, Vitreoretinal Service
Department of Ophthalmology
Wilford Hall Medical Center
Lackland Air Force Base
San Antonio, TX, USA
Martin Baumeister MD
Lecturer
Department of Ophthalmology
Goethe University
Frankfurt, Germany
C0380.indd v
John P. Berdahl MD
Assistant Professor of Ophthalmology
Vance Thompson Vision
University of South Dakota Sanford School of Medicine
Sioux Falls, SD, USA
John Brazier MBBS, DO, FRCS, FRCOphth
Consultant Ophthalmic Surgeon
University College London Hospitals;
Honorary Senior Lecturer
Department of Surgery
University College London
London, UK
Roy D. Brod MD
Associate Clinical Professor of Opthalmology
Penn State University School of Medicine;
Attending Physician
Lancaster General Hospital
Lancaster, PA, USA
Jens Bühren MD
Assistant Professor
Department Ophthalmology
Goethe University
Frankfurt, Germany
Kathryn Burleigh Freidl MD
Clinical Glaucoma Fellow
Department of Glaucoma
Wills Eye Institute
Philadelphia, PA, USA
Massimo Busin MD
Professor of Ophthalmology
University of Bonn, Germany;
Chairman, Department of Ophthalmology
“Villa Igea” Private Hospital
Forli, Italy
11/7/12 2:53:56 PM
Lista de colaboradores
Louis B. Cantor MD
Chair and Professor
Department of Ophthalmology
Eugene and Marilyn Glick Eye Institute
Indiana University School of Medicine
Indianapolis, IN, USA
Javier Elizalde MD
Eyeball Oncology Unit Coordinator
Medical and Surgical Therapy of Retina and Vitreous
Consultant
The Barraquer Institute
Barcelona, Spain
Roberto G. Carassa MD
Director
Italian Glaucoma Center
Milano, Italy
Daniel Epstein MD, PhD
Professor of Ophthalmology
Department of Ophthalmology
University Hospital
Zurich, Switzerland
Joseph Colin MD
Professor and Chairman
Department of Ophthalmology
University of Bordeaux School of Medicine
Bordeaux, France
Sarah E. Coupland MBBS, PhD, FRCPath
Reader and Honorary Consultant Pathologist
Department of Pathology
University of Liverpool
Liverpool, UK
Bertil Damato MD, PhD, FRCOphth
Honorary Professor
Dept of Molecular and Clinical Cancer Medicine
University of Liverpool;
Consultant Ophthalmologist
St Paul’s Eye Unit
Royal Liverpool University Hospital
Liverpool, UK
Steven C. Dresner MD
Director
Fellowship in Oculofacial Plastic Surgery
Eyesthetica
University of Southern California
Keck School of Medicine
Los Angeles, CA, USA
William J. Dupps Jr. MD, PhD
Staff, Ophthalmology
Biomedical Engineering and Transplant
Cleveland Clinic;
Adjunct Associate Professor
Biomedical Engineering
Case Western Reserve University
Cleveland, OH, USA
Tom Eke MA, MD, FRCOphth
Consultant Ophthalmologist
Norfolk and Norwich University Hospitals NHS Trust
Norfolk, UK
Mark J. Elder FRACS, FRACO, CStJ, MD
Associate Professor of Ophthalmology
University of Otago
Christchurch, New Zealand
Daniel Elies MD
Professor
ESASO University School in Lugano
Surgeon
Instituto de Microcirugia Ocular (IMO)
Barcelona, Spain
I. Howard Fine MD
Clinical Professor of Ophthalmology
Casey Eye Institute
Oregon Health and Science University
Portland, OR, USA
Mitchell S. Fineman MD
Associate Professor of Ophthalmology
Thomas Jefferson Medical School;
Associate Surgeon
Retina Service of Wills Eye Institute
Philadelphia, PA, USA
Harry W. Flynn Jr. MD
The J. Donald M. Gass Distinguished Chair in Ophthalmology
Professor of Ophthalmology
Department of Ophthalmology
Bascom Palmer Eye Institute
University of Miami School of Medicine
Miami, FL, USA
Jeffrey Freedman, MB Bch, PhD, FRCSE, FCS(SA)
Professor of Clinical Ophthalmology
Department of Ophthalmology
The State University of New York
Brooklyn, NY, USA
Arnd Gandorfer MD, ÄQM, FEBO
Associate Professor of Ophthalmology
MVZ Memmingen
Munich, Germany
Thomas W. Gardner MD, MS
Professor of Ophthalmology and Physiology
University of Michigan Medical School
Kellogg Eye Center
Ann Arbor, MI, USA
Robert A. Goldberg MD
Chief
Orbital and Ophthalmic Plastic Surgery
Jules Stein Eye Institute;
Karen and Frank Dabby Professor of Ophthalmology
David Geffen School of Medicine
University of California Los Angeles
Los Angeles, CA, USA
Saurabh Goyal MS, DNB, FRCS, FRCOphth
Consultant Ophthalmologist
Queen Mary’s Hospital
South London Healthcare NHS Trust
Kent, UK
vi
C0380.indd vi
11/7/12 2:53:56 PM
Lista de colaboradores
Oscar Gris MD
Department of Cornea and Refractive Surgery
Instituto de Microcirugia Ocular (IMO)
Barcelona, Spain
Frank G. Holz MD
Professor and Chair
Department of Ophthalmology
University of Bonn
Bonn, Germany
Carl Groenewald MD
Consultant Ophthalmologist
St. Paul’s Eye Unit
Royal Liverpool University Hospital
Liverpool, UK
Amy K. Hutchinson MD
Associate Professor of Ophthalmology
Emory University School of Medicine
Atlanta, GA, USA
Jose L. Güell MD
Associate Professor of Ophthalmology
Autonoma University of Barcelona;
Director
Cornea and Refractive Surgery Unit
Instituto Microcirugia Ocular (IMO)
Barcelona, Spain
Catherine J. Hwang MD
Associate Diplomate Physician
Department of Ophthalmology
Division of Orbit and Ophthalmic Plastic Surgery
Jules Stein Eye Institute
University of California
Los Angeles, CA, USA
Shelly R. Gupta MD
Clinical Glaucoma Fellow
Department of Glaucoma
Wills Eye Institute
Philadelphia, PA, USA
Srinivas S. Iyengar MD
ASOPRS Fellow
Eyesthetica
Los Angeles, CA, USA
Katie Hallahan BSE, BA, MD (candidate 2011)
Cole Eye Institute
Cleveland Clinic Lerner College of Medicine
Case Western Reserve University
Cleveland, OH, USA
Dennis P. Han MD
Jack A. and Elaine D. Klieger Professor of
Ophthalmology Vitreoretinal Section Head
Medical College of Wisconsin
Milwaukee, WI, USA
Christos Haritoglou MD
Associate Professor of Ophthalmology
Department of Ophthalmology
Ludwig-Maximilians-University
Munich, Germany
Heinrich Heimann MD
Consultant Ophthalmic Surgeon
Royal Liverpool University Hospital
Liverpool, UK
Kathy J. Hetzler, BCO, BADO, FASO
Hetzler Ocular Prosthetics, Inc.
Indianapolis, IN, USA
Christoph Hintschich MD, FEBO
Professor of Ophthalmology
Head of Orbital and Ophthalmic Plastic Surgery
Department of Ophthalmology
Ludwig-Maximilians-University Munich
Munich, Germany
Richard S. Hoffman MD
Clinical Associate Professor of Ophthalmology
Casey Eye Institute
Oregon Health and Science University, Portland;
Private Practice
Drs. Fine, Hoffman and Packer, LLC
Eugene, OR, USA
Robert L. Johnston FRCOphth
Consultant Ophthalmologist
Department of Ophthalmology
Cheltenham General Hospital
Gloucestershire Hospitals
NHS Foundation Trust
Cheltenham, UK;
Medical Director
Medisoft Limited
Leeds, UK
Eugene de Juan Jr. MD
Jean Kelly Stock Distinguished Professor
Department of Ophthalmology
University of California San Francisco
San Francisco, CA, USA
Aylin Kılıç Uzbek MD
Director of Cataract and Refractive Surgery
Dunya Eye Hospital
Ankara, Turkey
Oliver K. Klaproth Dipl-Ing, FH
Scientific Coordination
Department of Ophthalmology
Goethe-University
Frankfurt, Germany
Thomas Kohnen MD, PhD, FEBO
Professor of Ophthalmology
Department of Ophthalmology
Goethe-University
Frankfurt, Germany
Georgios A. Kontadakis MD, MSc
Clinical and Research Fellow
Institute of Vision and Optics
University of Crete
Heraklion, Greece
Daniel Kook MD, FEBO
Department of Ophthalmology
Ludwig-Maximilians-University Munich
Munich, Germany
vii
C0380.indd vii
11/7/12 2:53:57 PM
Lista de colaboradores
George D. Kymionis MD, PhD
Lecturer
Faculty of Medicine
University of Crete
Heraklion, Greece
Scott R. Lambert MD
R. Howard Dobbs Professor of Ophthalmology and Pediatrics
Chief of Pediatric Ophthalmology
Children’s Healthcare of Atlanta at Egleston
Emory University
Atlanta, GA, USA
Scott D. Lawrence MD
Assistant Professor
Department of Ophthalmology
The University of North Carolina at Chapel Hill
Chapel Hill, NC, USA
Richard K. Lee MD, PhD
Associate Professor of Ophthalmology
Bascom Palmer Eye Institute
University of Miami School of Medicine
Miami, FL, USA
Tina G. Li MD
Ophthalmologist
Permanente Medical Group
Fontana, CA, USA
Phoebe Lin MD, PhD
Vitreoretinal Surgical Fellow
Department of Ophthalmology
Duke University
Durham, NC, USA
Rebecca Anderson Lindsay BA
Medical Student Research Assistant
Casey Eye Institute
Oregon Health and Science University
Portland, OR, USA
Brian C. Little, BSc, MA, FHEA, FRCS, FRCOphth
Consultant Ophthalmologist
Training Director
Cataract Service
Moorfields Eye Hospital
London, UK
Angelo Macrì MD
Consultant, Cornea Service
Divisione Oculistica e Clinica Oculistica
dell’Università di Genova
Azienda Ospedaliera Universitaria
San Martino
Genova, Italy
Marissa R. Malen MD
Compensation and Pension
Richard L. Roudebush VA Medical Center
Indianapolis, IN, USA
Felicidad Manero MD
Corneal and Refractive Surgery Unit
Instituto Microcirugia Ocular (IMO)
Barcelona, Spain
Antonio Marinho MD, PhD
Professor of Ophthalmology
University of Porto
Porto, Portugal
Tara A. McCannel MD, PhD
Assistant Professor of Ophthalmology
Director of Ophthalmic Oncology Center
Department of Ophthalmology
The Jules Stein Eye Institute
University of California
Los Angeles, CA, USA
Darlene Miller DHSc, MPH, SM(ASM,ASCP), CIC
Research Assistant Professor
Scientific Director-Ocular Microbiology Laboratory
Bascom Palmer Eye Institute
Department of Ophthalmology
Miller School of Medicine, University of Miami
Miami, FL, USA
Consuela Moorman MBBS, FRCS, FRCOPhth, MSc
Consultant Ophthalmologist
Buckinghamshire Hospital Trust
Stoke Mandeville Hospital
Aylesbury, UK
Merce Morral MD, PhD
Cornea and Refractive Surgery
London Vision Clinic
London, UK
Marlene R. Moster MD
Professor of Ophthalmology
Thomas Jefferson School of Medicine
Attending Glaucoma Surgeon
Wills Eye Institute
Philadelphia, PA, USA
Peter A. Netland MD, PhD
DuPont Guerry III Professor and Chair
Department of Ophthalmology
University of Virginia School of Medicine
Charlottesville, VA, USA
John D. Ng MD
Associate Professor
Department of Ophthalmology and
Department of Otolaryngology/Head and Neck Surgery
Casey Eye Institute
Oregon Health and Science University,
Devers Eye Institute
Portland, OR, USA
Ken K. Nischal FRCOphth
Consultant Ophthalmic Surgeon
Clinical and Academic Department of Ophthalmology
Great Ormond Street Hospital for Children
London, UK
William R. Nunery MD, FACS
Clinical Associate Professor of Ophthalmology
Department of Ophthalmology, Indiana University;
Clinical Associate Professor of Ophthalmology
Department of Ophthalmology and Visual Sciences
University of Louisville
Louisville, KY, USA
Joan O’Brien MD
Chair
Department of Ophthalmology
University of Pennsylvania;
Director
Scheie Eye Institute
Philadelphia, PA, USA
viii
C0380.indd viii
11/7/12 2:53:57 PM
Lista de colaboradores
Jane Olver FRCS, FRCOphth
Private practice
Harley Street Oculoplastic Clinic
London, UK
Mark Packer MD, FACS
Clinical Associate Professor
Oregon Health and Science University
Eugene, OR, USA
Marina Papadia MD
Research Fellow
Di.N.O.G.
Clinica Oculistica
Università di Genova
Genova, Italy
Louis R. Pasquale MD
Director
Glaucoma Service
Massachusetts Eye and Ear Infirmary
Harvard Medical School
Boston, MA, USA
Amit Patel FRCOphth
Cornea and External Disease Fellow
Villa Serena Hospital
Forlì, Italy
Shuchi B. Patel MD
Director of Glaucoma Services
Department of Ophthalmology
Loyola University Medical Center
Chicago, IL USA
Jacob Pe’er MD
Professor and Chairman
Jonas Friedenwald Professor of Ophthalmic Research
Department of Ophthalmology
Hadassah Hebrew University Medical Center
Jerusalem, Israel
Richard Poetter MD
Chairman
Department of Radiotherapie
Vienna General Hospital
Medical University of Vienna
Vienna, Austria
Som Prasad MS, FRCSED, FRCOphth, FACS
Consultant Ophthalmologist
Eye Department
Wirral University Hospital
NHS Foundation Trust
Wirral, UK
David A. Quillen MD
George and Barbara Blankenship
Professor of Ophthalmology
Chairman
Penn State Hershey Eye Center
Hershey, PA, USA
Robert Ritch MD
Shelley and Steven Einhorn Distinguished Chair in
Opthalmology
Surgeon Director and Chief, Glaucoma Service
The New York Eye and Ear Infirmary, New York;
Professor of Ophthalmology
Department of Ophthalmology
New York Medical College
Valhalla, NY, USA
Geoffrey E. Rose BSc, MBBS, MS, DSc, MRCP, FRCS, FRCOphth
Consultant Orbital, Lacrimal and Oculoplastic Surgeon
Moorfields Eye Hospital
London, UK
Paul Rosen Bsc, MB ChB, FRCS, FRCOphth, MBA
Consultant Ophthalmic Surgeon
Oxford Eye Hospital
John Radcliffe Hospital
University of Oxford
Oxford, UK
Thomas W. Samuelson MD
Clinical Associate Professor
University of Minnesota;
Attending Surgeon
Minnesota Eye Consultants
Phillips Eye Institute
Minneapolis, MN, USA
Andrew P. Schachat MD
Vice Chairman
Cole Eye Institute
Cleveland Clinic
Cleveland, OH, USA
Ann Schalenbourg MD, MER
Médecin Associé
Jules-Gonin Eye Hospital
University of Lausanne
Lausanne, Switzerland
Ulrich H. Schaudig MD
Chief Assistant Professor
Department of Ophthalmology
Asklepios Klinik Barmbek
Hamburg, Germany
Norman Schorr MD
Fellowship Preceptor
Jules Stein Eye Institute;
Clinical Professor of Ophthalmology
David Geffen School of Medicine at UCLA
Los Angeles, CA, USA
Riccardo Scotto
Orthoptist
Research Fellow
Di.N.O.G.
Clinica Oculistica
Università di Genova
Genova, Italy
David Sculfor BSc(Hons)
Head of Optometry
Department of Ophthalmology
Stoke Mandeville Hospital
Aylesbury, UK
ix
C0380.indd ix
11/7/12 2:53:57 PM
Lista de colaboradores
Carol L. Shields MD
Professor of Ophthalmology
Jefferson Medical College;
Attending Surgeon
Ocular Oncology Service
Wills Eye Institute
Philadelphia, PA, USA
Jerry A. Shields MD
Director
Ocular Oncology Service
Wills Eye Institute;
Professor of Ophthalmology
Thomas Jefferson University
Philadelphia, PA, USA
Georges Adrien Shun-Shin FRCS, FRCOphth, MBBS
Consultant Ophthalmologist
Wolverhampton Eye Infirmary
New Cross Hospital
Wolverhampton, UK
Dimitrios S. Siganos MD, MSc, PhD
Chairman and Head
Anterior Segment and Refractive Surgery Service
Vlemma Eye Institute
Athens, Greece
Arun D. Singh MD
Professor of Ophthalmology
Director
Department of Ophthalmic Oncology
Cole Eye Institute
Cleveland Clinic
Cleveland, OH, USA
Alison H. Skalet MD PhD
Resident Physician
Department of Ophthalmology
University of California
San Francisco, CA, USA
Jennifer Hasenyager Smith MD, MBA
Assistant Professor
Department of Ophthalmology
Northwestern University Feinberg School of Medicine
Glenview, IL, USA
Jason A. Sokol MD
Director, Oculofacial Plastic and Orbital Surgery;
Assistant Professor
Department of Ophthalmology
Kansas University Eye
University of Kansas Medical Center
Kansas City, KS, USA
George L. Spaeth MD, FACS
Emeritus Director of the William and Anna Goldberg
Glaucoma Service;
Director
Glaucoma Research Center;
Louis J. Esposito Research Professor of Ophthalmology
Wills Eye Institute/Jefferson Medical College
Philadelphia, PA, USA
Timothy J. Sullivan FRANZCO
Eyelid, Lacrimal and Orbital Clinic
Royal Brisbane and Women’s Hospital, Herston;
Professor of Ophthalmology
University of Queensland
Queensland, Australia
Ramin Tadayoni MD, PhD
Ophthalmologist, Surgeon
Department of Ophthalmology
Hôpital Lariboisière, AP-HP
Université Paris Diderot
Paris, France
Diamond Y. Tam MD
Assistant Professor of Clinical Ophthalmology
Department of Ophthalmology
Stanford University School of Medicine
Palo Alto, CA, USA
Clement C.Y. Tham BM BCh(Oxon), FRCS(Glasgow),
FHKAM(Ophthalmology)
Professor
Department of Ophthalmology and Visual Sciences
The Chinese University of Hong Kong
Hong Kong SAR, China
Peter J. Timoney MBBCh
Oculofacial Plastic and Orbital Surgery Fellow
Department of Ophthalmology
Indiana University
Indianapolis, IN, USA
Carlo Enrico Traverso MD
Professor and Chairman
Clinica Oculistica
Di.N.O.G.
Università di Genova
Azienda Ospedaliera Universitaria San Martino
Genova, Italy
Anthony G. Tyers FRCS (Eng), FRCS (Edin.), FRCOphth
Consultant Ophthalmologist and Ophthalmic Plastic Surgeon
Eye Department
Salisbury District Hospital
Salisbury, UK
Nicolas Uzcategui MD
Private Practice
Eye Consultants Syracuse PC
Syracuse, NY, USA
Davide Venzano MD
Senior staff
Centro di Ricerca Clinica e Laboratorio per il Glaucoma e la
Cornea
Clinica Oculistica Universitaria
University of Genoa
Genova, Italy
David H. Verity MD, MA, FRCOphth
Consultant Orbital, Lacrimal and Eyelid Surgeon
Adnexal Department
Moorfields Eye Hospital
London, UK
Boris V. Stanzel MD
Resident
Department of Ophthalmology
University of Bonn
Bonn, NRW, Germany
x
C0380.indd x
11/7/12 2:53:57 PM
Lista de colaboradores
Mark T. Watts MBChB, FRCOphth
Consultant Ophthalmic Surgeon
Arrowe Park Hospital
Wirral University Teaching Hospital
Wirral, UK;
Surgical Skills Tutor to
The Royal College of Ophthalmologists
London, UK
Louisa Wickham MBBS, FRCOphth, MD, MSc
Consultant Ophthalmologist
Department of Vitreoretinal and Medical Retina
Moorfields Eye Hospital and St George’s Hospital
London, UK
Allison B. Yee MD
Visiting Clinical Lecturer
Indiana University School of Medicine
Midwest Eye Institute
Indianapolis, IN, USA
Martin Zehetmayer MD, ao. Univ. Prof.
Senior Clinical Research Fellow
Department of Ophthalmology
University of Vienna
Vienna, Austria
Leonidas Zografos MD
Professor and Chairman
Jules-Gonin Eye Hospital
Lausanne, Switzerland
xi
C0380.indd xi
11/7/12 2:53:57 PM
Editores de seção
Larry Benjamin, FRCS(Ed), FRCOphth, DO
Consultant Ophthalmic Surgeon
Department of Ophthalmology
Stoke Mandeville Hospital;
Chairman of the Education Committee and
Vice President at the Royal College of Ophthalmologists
London, UK
Massimo Busin MD
Professor of Ophthalmology
University of Bonn, Germany;
Chairman, Department of Ophthalmology
“Villa Igea” Hospital
Forli, Italy
Bertil Damato MD, PhD, FRCOphth
Honorary Professor
Dept of Molecular and Clinical Cancer Medicine
University of Liverpool;
Consultant Ophthalmologist
St Paul’s Eye Unit
Royal Liverpool University Hospital
Liverpool, UK
Christoph Hintschich MD, FEBO
Professor of Ophthalmology
Head of Orbital and Ophthalmic Plastic Surgery
Department of Ophthalmology
Ludwig-Maximilians-University Munich
Munich, Germany
C0385.indd xii
Amy K. Hutchinson MD
Associate Professor of Ophthalmology
Emory University School of Medicine
Atlanta, GA, USA
Thomas Kohnen MD, PhD, FEBO
Professor of Ophthalmology
Department of Ophthalmology
Goethe-University
Frankfurt, Germany
Scott R. Lambert MD
R. Howard Dobbs Professor of Ophthalmology
and Pediatrics
Chief of Pediatric Ophthalmology
Children’s Healthcare of Atlanta at Egleston
Emory University
Atlanta, GA, USA
Carlo Enrico Traverso MD
Professor and Chairman
Clinica Oculistica
Di.N.O.G.
Universit à di Genova
Azienda Ospedaliera Universitaria San Martino
Genova, Italy
11/7/12 3:13:49 PM
Prefácio
O autor sente-se gratificado pela recepção dada às três primeiras
edições desta obra. Os vários erros, tipográficos e os de outra forma, foram, espera-se, corrigidos. Acréscimos, como indicado, têm
sido feitos ao texto em várias subseções para trazer atualização ao
conteúdo. Foram incluídas diversas novas ilustrações, e muitas
outras foram corrigidas. Também parece apropriado expressar
aqui a gratidão por diversas revisões honestas, porém generosas,
que foram adicionadas às primeiras edições.
Na apresentação de um texto cirúrgico para o olho, é necessário
que a oftalmologia seja considerada como uma ramificação da
medicina interna e possuindo um aspecto cirúrgico definido. Os
autores tentaram incluir todas as cirurgias que fazem parte de
nossas próprias práticas, bem como certos procedimentos que
são bem conhecidos (ou mesmo não tão bem conhecidos) e com
aprovação geral. Nenhuma tentativa foi feita para tornar o livro
enciclopédico, pois a experiência em medicina e cirurgia é a melhor professora. Esta simples verdade tem sido a melhor e única
razão para as páginas que se seguem. A sala de cirurgia e a sala de
dissecação são locais onde se aprende a praticar a cirurgia, mas
primeiro é necessário que o estudante de medicina e o médico
conheçam as possibilidades, probabilidades e potencialidades.
Estas palavras foram escritas por Edmund B. Spaeth no prefácio
de sua 2ª edição do que era provavelmente o mais importante
texto cirúrgico oftálmico publicado nos Estados Unidos, especialmente, o “Principles and Practice of Ophthalmic Surgery”. Escrito há
quase exatamente 70 anos, as palavras ainda soam verdadeiras
e servem como um prefácio apropriado para esta 4ª edição do
Cirurgia Oftalmológica: Princípios e Prática.
Muitos, realmente muitos livros grossos não conseguiriam
incluir todo o material escrito que é necessário para se conhecer
sobre a cirurgia oftálmica. No entanto, como acontece com todo o
conhecimento, certas informações são distintivamente relevantes.
Cirurgiões importantes estão cientes de que embora não saibam
tudo, eles conhecem bem suas próprias forças e limitações.
C0390.indd xiii
Tem sido mostrado que os melhores cirurgiões possuem as
características pessoais que tipificam os melhores atletas: eles
se preparam soberbamente (prática, prática, prática), eles visualizam o que antecipam, atuam corajosamente, mas também
evitam riscos quando possível, compreendem realisticamente
suas próprias forças e fraquezas, empenham-se apaixonadamente
pela excelência, possuem um plano cuidadoso em mente, mas são
altamente flexíveis e capazes de mudá-lo se necessário, possuem
habilidades físicas maravilhosas, são exigentes e gentis com seus
estudantes, são atenciosos e gentis com seus pacientes e, finalmente (a característica mais difícil), são sábios, identificando
“quando confortá-los” e quando “dobrá-los”.
Conhecer tudo sobre tudo não torna um cirurgião importante.
Conhecer e utilizar é a chave essencial.
Cirurgia Oftalmológica é um livro-texto sobre conhecer o que é
necessário. O material foi preparado por cirurgiões que estão entre os melhores do mundo− aqueles com maior conhecimento,
maior habilidade e os mais apropriados.
Cirurgia Oftalmológica pretende prover com informação essencial tanto o oftalmologista geral quanto o subespecialista.
Agradeço a todos os coautores, todos muito ocupados, que utilizaram o tempo de suas práticas, suas docências, suas famílias e
suas vidas pessoais, para dividir seu conhecimento de forma que
seus colegas possam ser bem-sucedidos a auxiliar os pacientes a
levarem vidas saudáveis. E ainda, foi um deleite trabalhar com
Russell Gabbedy, Rachael Harrison, e seus colegas altamente
profissionais da Elsevier.
No parágrafo final do prefácio de Edmund Spaeth lê-se uma
“frase de Wilmer, ‘Suaviter in modo, fortiter in re’ [‘Suave na forma,
firme na ação’] que é passado ao estudante como um conselho, e para o oftalmologista formado como uma propriedade
mútua, acredita-se; e é um ideal para todos os nossos esforços.”
Disse bem.
11/3/12 4:24:18 PM
Agradecimentos
Sou profundamente grato a todos os autores por suas contribuições refinadas, e estou certo que os leitores deste texto serão
igualmente gratos a eles. Os autores são mensageiros essenciais
à missão do livro, que é melhorar as vidas das pessoas através
do aperfeiçoamento do cuidado cirúrgico. Mas aqueles que verdadeiramente criaram o substrato deste texto são os cirurgiões
que trouxeram observações acuradas e meticulosas para realizar
a cirurgia ocular e de seus anexos e que compartilharam suas
observações com outros.
Relatos importantes vieram de contextos tão diversos quanto
pequenas práticas individuais e grandes práticas acadêmicas em
C0395.indd xiv
universidades. O que há em comum são: observação aguçada; questionamentos e pensamentos claros e profundos; reconhecimento
e controle de vieses; e coragem – para pensar de forma inovadora,
para tentar novas coisas (mesmo se incerto quanto ao sucesso ou
benefício pessoal), para estar aberto e honesto com os pacientes e
consigo mesmo, e ainda, coragem de sempre intencionar ser o melhor para o paciente, mesmo quando isso signifique não fazer o que
parece mais fácil, mais excitante ou mais útil para o cirurgião.
Estes cirurgiões, de todas as partes do planeta, fizeram e continuam a fazer do mundo um lugar melhor.
O texto é dedicado àqueles que criaram a essência do livro.
11/3/12 4:27:46 PM
Sumário
Revisão científica e tradução
Lista de colaboradores
Editores de seção
Prefácio
Agradecimentos
Sumário dos vídeos
iii
v
xii
xiii
xiv
xxi
SEÇÃO I: Princípios da cirurgia oftalmológica
George L. Spaeth
1. Introdução
1
George L. Spaeth, Shelly R. Gupta e Kathryn Burleigh Freidl
2. Fases do procedimento cirúrgico
6
George L. Spaeth e Kathryn Burleigh Freidl
3. Princípios da cirurgia
12
George L. Spaeth e Kathryn Burleigh Freidl
SEÇÃO II: Catarata
Larry Benjamin
4. Cirurgia de catarata: uma introdução
16
Consuela Moorman
5. História e evolução da cirurgia de catarata
19
Mark T. Watts
6. Aspectos clínicos, diagnóstico e diagnóstico diferencial
23
Georges Adrien Shun-Shin
7. Considerações anatômicas
28
Paul Rosen
8. Princípios fundamentais, objetivos e indicações para a cirurgia
32
John Brazier
9. Avaliação pré-operatória incluindo a biometria
35
David Sculfor
10. Anestesia para cirurgia de catarata
40
Tom Eke
11. Construção da incisão
45
Larry Benjamin
12. Capsulorrexe e hidrodissecção
51
Brian C. Little
13. Técnicas de fratura e conquista do núcleo
56
Mark Packer, I. Howard Fine, Richard S. Hoffman, Jennifer Hasenyager Smith
e Rebecca Anderson Lindsay
14. Irrigação e aspiração
66
Mark Packer
15. Lentes intraoculares
68
Paul Rosen
C0400.indd xv
11/5/12 3:27:28 PM
Sumário
16. Complementos para casos desafiadores
74
Som Prasad
17. Cirurgia de catarata pediátrica
79
Ken K. Nischal
18. Cuidados pós-operatórios
84
Larry Benjamin
19. Complicações da facoemulsificação
86
Brian C. Little
20. Coleta de dados
93
Robert L. Johnston
SEÇÃO III: Córnea
Carlo Enrico Traverso e Massimo Busin
21. Cirurgia de córnea
Trauma corneano e do segmento anterior
96
97
Amit Patel, Massimo Busin e Carlo Enrico Traverso
Cirurgia de flap conjuntival
100
Amit Patel, Carlo Enrico Traverso e Massimo Busin
Cirurgia de pterígio
103
Amit Patel, Carlo Enrico Traverso e Massimo Busin
Ceratectomia fototerapêutica com excimer laser
106
Angelo Macrì e Carlo Enrico Traverso
Transplante de córnea
109
Massimo Busin, Amit Patel, Davide Venzano e Carlo Enrico Traverso
Ceratopróteses
131
Marina Papadia, Alessandro Bagnis, Riccardo Scotto e Carlo Enrico Traverso
SEÇÃO IV: Refrativa
Thomas Kohnen
22. Topografia corneana e análise de frente de onda (wavefront)
145
Jens Bühren e Thomas Kohnen
23. Avaliação e seleção de pacientes submetidos a LASIK
150
Dimitrios S. Siganos
24. Tecnologia do laser (excimer e femto)
154
George D. Kymionis e Georgios A. Kontadakis
25. Ablação de superfície: PRK, LASEK e Epi-LASIK
159
Daniel Epstein
26. LASIK para miopia, hipermetropia e astigmatismo
163
Robert Bellucci
27. Complicações da cirurgia com excimer laser
167
Jose L. Güell, Merce Morral, Daniel Elies, Oscar Gris e Felicidad Manero
28. Biomecânica na cirurgia refrativa
172
William J. Dupps, Jr. e Katie Hallahan
29. Cirurgia incisional: ceratotomia astigmática e incisões relaxantes limbares
179
Thomas Kohnen e Oliver K. Klaproth
30. Cirurgia refrativa com LIOs fácicas
182
Antonio Marinho
31. Facectomia com finalidade refrativa
187
Daniel Kook e Thomas Kohnen
xvi
C0400.indd xvi
11/5/12 3:27:29 PM
Sumário
32. Tratamento refrativo da presbiopia
192
Martin Baumeister e Thomas Kohnen
33. Anéis intracorneanos
198
Joseph Colin e Aylin Kiliç Uzbek
SEÇÃO V: Glaucoma
Helen V. Danesh-Meyer e Ivan Goldberg
34. Indicações cirúrgicas
202
Saurabh Goyal e Keith Barton
35. Cirurgia de filtração de glaucoma
211
Marlene R. Moster e Augusto Azuara-Blanco
36. Cirurgia simultânea de catarata e glaucoma
227
John P. Berdahl e Tom W. Samuelson
37. Tratamento das complicações pós-operatórias após cirurgia de glaucoma
239
Marissa R. Malen, Louis B. Cantor e Allison B. Yee
38. Cirurgia não penetrante
256
Roberto G. Carassa
39. Implantes de drenagem
264
Jeffrey Freedman
40. Glaucoma e cirurgia de córnea
274
Michael R. Banitt e Richard K. Lee
41. Novos avanços na cirurgia do glaucoma
284
Diamond Y. Tam e Iqbal Ike K. Ahmed
42. Tratamento cirúrgico primário para glaucomas do desenvolvimento
294
Scott D. Lawrence e Peter A. Netland
43. Trabeculoplastia a laser
302
Shuchi B. Patel e Louis R. Pasquale
44. Iridotomia e iridoplastia periférica a laser
308
Robert Ritch e Clement C.Y. Tham
45. Ciclofotocoagulação
318
Roberto G. Carassa
SEÇÃO VI: Oculoplástica
Christoph Hintschich
46. Mau posicionamento palpebral: entrópio e ectrópio
326
Ulrich H. Schaudig
47. Tratamento da triquíase/distiquíase
340
Mark J. Elder
48. Cirurgia de ptose
344
Nicolas Uzcategui, Srinivas S. Iyengar e Steven C. Dresner
49. O tratamento dos tumores palpebrais
360
Timothy J. Sullivan
50. Reconstrução da pálpebra
373
Anthony G. Tyers
51. Blefaroplastia
385
Robert A. Goldberg, Catherine J. Hwang, Tina G. Li e Norman Schorr
52. Cirurgia do sistema lacrimal
399
Jane Olver
xvii
C0400.indd xvii
11/5/12 3:27:30 PM
Sumário
53. Abordagens cirúrgicas para a órbita
415
Geoffrey E. Rose e David H. Verity
54. Reabilitação cirúrgica da orbitopatia de Graves
424
Lelio Baldeschi
55. Enucleação e evisceração
441
William R. Nunery, Peter J. Timoney, John D. Ng, Jason A. Sokol e Kathy J. Hetzler
56. Tratamento da síndrome da cavidade anoftálmica pós-enucleação
450
Christoph Hintschich e Rana Altan-Yaycioglu
SEÇÃO VII: Cirurgia dos músculos extraoculares
Scott R. Lambert e Amy K. Hutchinson
57. Cirurgia de estrabismo
462
Scott R. Lambert e Amy K. Hutchinson
SEÇÃO VIII: Cirurgia vitreorretiniana
Anselm Kampik
58. Princípios da cirurgia vitreorretiniana: técnicas e tecnologias
503
Arnd Gandorfer
59. Princípios de aplicação intravítrea de fármacos
510
Phoebe Lin e Eugene de Juan Jr
60. Descolamento de retina e PVR
519
Louisa Wickham e George William Aylward
61. Retinopatia diabética proliferativa
528
David A. Quillen e Thomas W. Gardner
62. Edema macular diabético
536
Thomas W. Gardner e David A. Quillen
63. Estratégias cirúrgicas para a DMRI
541
Boris V. Stanzel e Frank G. Holz
64. Endoftalmite: Diagnóstico, achados clínicos e tratamento
550
Roy D. Brod, Harry W. Flynn, Jr., Dennis P. Han e Darlene Miller
65. Membranas epimaculares e síndrome da tração vitreomacular
561
Christos Haritoglou
66. Cirurgia de buraco macular
568
Ramin Tadayoni e Christos Haritoglou
67. Lensectomia via pars plana para material cristaliniano intravítreo retido
576
Darrell E. Baskin e Mitchell S. Fineman
68. Trauma ocular aberto
585
Darrell E. Baskin e Mitchell S. Fineman
SEÇÃO IX: Oncologia
Bertil Damato
69. Oncologia
Melanoma maligno uveal: Introdução
594
596
Jerry A. Shields e Carol L. Shields
Braquiterapia do melanoma uveal
598
Tara A. McCannel e Bertil Damato
Radioterapia do melanoma uveal com feixe de prótons
600
Ann Schalenbourg e Leonidas Zografos
xviii
C0400.indd xviii
11/5/12 3:27:31 PM
Sumário
Técnicas de radiação estereotáxicas com feixe de prótons
para o melanoma uveal
603
Martin Zehetmayer e Richard Poetter
Ressecção local do melanoma uveal
605
Bertil Damato, Heinrich Heimann e Carl Groenewald
Fototerapia do melanoma uveal
607
Bertil Damato
Tratamento do hemangioma de coroide
609
Heinrich Heimann
Tratamento de metástases uveais
612
Heinrich Heimann e Sarah E. Coupland
Retinoblastoma
613
Carol L. Shields e Jerry A. Shields
Terapia local do retinoblastoma
617
Alison H. Skalet e Joan O’Brien
Tratamento de tumores vasoproliferativos
620
Heinrich Heimann e Javier Elizalde
Tratamento do hemangioma capilar retiniano
622
Arun D. Singh e Andrew P. Schachat
Tratamento do linfoma ocular
623
Sarah E. Coupland e Bertil Damato
Tratamento do melanoma conjuntival
626
Bertil Damato e Sarah E. Coupland
Neoplasia escamosa da superfície ocular
629
Jacob Pe’er
Apêndice 1
Apêndice 2
Apêndice 3
Conselhos para médicos e pacientes sobre medicamentos anticoagulantes
em relação a procedimentos cirúrgicos
Formulários representativos que ajudam a obter informações e estudos
pré-operatórios necessários e a lembrar os pacientes sobre o que eles
precisam fazer. Esses formulários precisam ser customizados para cada prática.
Formulários representativos que ajudam a orientar os pacientes sobre
o cuidado pós-operatório. Eles precisam ser adaptados para o tipo
de cirurgia e o ambiente da cirurgia, de maneira a torná-los adequados
Índice
635
636
640
645
xix
C0400.indd xix
11/5/12 3:27:36 PM
C0400.indd xx
11/5/12 3:27:36 PM
Sumário dos vídeos
Vídeos em inglês disponíveis online em www.expertconsult.com
SEÇÃO II: Catarata
2.1. SubTenons anesthesia: No snip technique
Tom Eke
2.2. Topical intracameral anesthesia
Tom Eke
2.3. SubTenons anesthesia: Standard technique
Tom Eke
2.4. Cataract wound construction
Larry Benjamin
2.5. Hydrodelineation (Reproduced with permission from Benjamin L, Surgical
Techniques in Ophthalmology: Cataract Surgery, Elsevier, 2007)
Brian C. Little
2.6. Cortical cleaving hydrodissection (Reproduced with permission from
Benjamin L, Surgical Techniques in Ophthalmology: Cataract Surgery,
Elsevier, 2007)
Brian C. Little
2.7. Capsulorrhexis masterclass (Reproduced with permission from
Benjamin L, Surgical Techniques in Ophthalmology: Cataract Surgery,
Elsevier, 2007)
Brian C. Little
2.8. Bimanual vertical chop technique
Mark Packer
2.9. Adjuncts for challenging cases
Som Prasad
SEÇÃO III: Córnea
Lamellar, ANTERIOR, Deep (DALK)
3.1. DALK manual technique 1
Davide Venzano
3.2. DALK manual technique 2
Carlo Enrico Traverso
3.3. Deep anterior lamellar keratoplasty (DALK): Anwar’s big bubble
technique surgery
Davide Venzano
C0405.indd xxi
11/3/12 4:49:39 PM
Sumário dos vídeos
3.4. Lamellar keratoplasty for keratoconus with cone collapse
Massimo Busin and Amit Patel
Automated (microkeratome)
3.5. Superficial anterior lamellar keratoplasty for granular dystrophy
Massimo Busin and Amit Patel
POSTERIOR
3.6. Descemet stripping automated endothelial keratoplasty (DSAEK)
Massimo Busin and Amit Patel
Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty (DMEK)
3.7. Sickle Descemet membrane endothelial keratoplasty (DMEK)
Massimo Busin and Amit Patel
3.8. DMABS (Descemet membrane air bubble separation)
Davide Venzano
3.9. Triple procedure: Phacoemulsification and IOL implantation combined with
DMEK
Davide Venzano
Penetrating – Conventional
3.10. Penetrating keratoplasty for far advanced keratoconus combined
with diathermy of the host bed
Carlo Enrico Traverso
3.11. Penetrating keratoplasty combined with filtration surgery (express implant)
Carlo Enrico Traverso
3.12. Penetrating keratoplasty combined with extracapsular cataract extraction
Carlo Enrico Traverso
Penetrating – Shaped edge
3.13. Shaped mushroom penetrating keratoplasty
Massimo Busin and Amit Patel
Keratoprosthesis
3.14. Keratoprosthesis surgery (Boston KPro)
Carlo Enrico Traverso and Marina Papadia
SEÇÃO IV: Refrativa
4.1. Surface ablation (Excimer): PRK
Thomas Kohnen
4.2. LASIK with microkeratome
Robert Bellucci
4.3. Femto-LASIK
Thomas Kohnen and Robert Bellucci
4.4. Astigmatic surgery 1: LRI
Thomas Kohnen
xxii
C0405.indd xxii
11/3/12 4:49:39 PM
Sumário dos vídeos
4.5. Astigmatic surgery 2: AK
Thomas Kohnen
4.6. Phakic IOL 1: Anterior chamber angle supported (e.g. Acrysof)
Antonio Marinho
4.7. Phakic IOL 2: Anterior chamber iris-claw (e.g. Artiflex)
Antonio Marinho
4.8. Phakic IOL 3: Posterior chamber (e.g. ICL)
Antonio Marinho
4.9. Intrastromal corneal implants 1: Femtosecond laser
Joseph Colin
4.10. Intrastromal corneal implants 2: Prolate system
Joseph Colin
4.11. Intrastromal corneal implants 3: Pre- and post-surgical examples
Joseph Colin
SEÇÃO V: Glaucoma
5.1. Trabeculectomy: Fornix based flap
Marlene R. Moster
5.2. Trabeculectomy: Limbal based flap
Marlene R. Moster
5.3. Deep sclerectomy
Roberto Carrassa
5.4. Laser Trabeculoplasty for open-angle glaucoma
Louis R. Pasquale
5.5. Argon laser peripheral iridotomy
Robert Ritch
SEÇÃO VI: Oculoplástica
6.8. Transverse lid split, everting sutures and horizontal lid shortening
Ulrich H. Schaudig
6.9. Lateral canthal sling procedure
Ulrich H. Schaudig
6.10. Lid margin closure and cantholysis (Reproduced with permission
from Tyers A and Collin JRO, Colour Atlas of Ophthalmic Plastic Surgery,
Elsevier, 2007)
Anthony G. Tyers
6.11. Advancement flap (Reproduced with permission from Tyers A and Collin JRO, Colour
Atlas of Ophthalmic Plastic Surgery, Elsevier, 2007)
Anthony G. Tyers
6.12. Upper eyelid blepharoplasty
Robert A. Goldberg
6.13. Left endonasal endoscopic DCR with tubes
Jane Olver
6.14. Removal of tubes
Jane Olver
6.15. Redo left DCR: scar excision with microdebrider
Jane Olver
xxiii
C0405.indd xxiii
11/3/12 4:49:39 PM
Sumário dos vídeos
6.16. Redo DCR membranectomy and a scar excision with thru-cutting forceps
Jane Olver
6.17. Anterior orbitotomy: upper eyelid skin crease approach
Geoffrey E. Rose and David H. Verity
6.18. 3-wall orbital decompression by coronal approach
Lelio Baldeschi
6.19. Enucleation with alloplastic implant wrapped in autogenous sclera
William R. Nunery, Peter J. Timoney, John D. Ng and Kathy J. Hetzler
6.20. Secondary dermofat grafting
Christoph Hintschich
SEÇÃO VII: Cirurgia dos músculos extraoculares
7.1. Medial rectus recession 1
Amy K. Hutchinson
7.2. Medial rectus recession 2
Scott R. Lambert
7.3. Medial rectus resection 3
Amy K. Hutchinson
7.4. Inferior oblique recession
Scott R. Lambert
SEÇÃO VIII: Cirurgia vitreorretiniana
8.1. Principles of vitrectomy/vitreous removal
Arnd Gandorfer
8.2. Vitrectomy for retinal detachment and PVR
Louisa Wickham and George William Aylward
8.3. Transconjuctival 23 gauge pars plana vitrectomy for endophthalmitis
after cataract surgery
Harry W. Flynn, Jr.
8.4. Peeling of epimacular membrane and the ILM
Christos Haritoglou
8.5. ILM peeling during macular hole surgery
Ramin Tadayoni and Christos Haritoglou
8.6. Retained lens material
Mitchell S. Fineman
8.7. Open globe repair
Mitchell S. Fineman
SEÇÃO IX: Oncologia
9.1. Treatment of retinal detachment after proton beam radiotherapy of
choroidal melanoma
Bertil Damato
9.2. Insertion of iodine-125 plaque
Tara A. McCannel
Tempo total de exibição: 4 horas
xxiv
C0405.indd xxiv
11/3/12 4:49:39 PM
Seção V
Glaucoma
C A P ÍTU L O
Vídeo
38
Cirurgia não penetrante
Roberto G. Carassa
Linhas gerais do capítulo
INTRODUÇÃO
256
Princípios fundamentais
260
ESCLERECTOMIA PROFUNDA
256
Objetivos da cirurgia
260
Princípios fundamentais
256
Indicações para a cirurgia
260
Objetivos da cirurgia
257
Avaliação pré-operatória
260
Indicações cirúrgicas
257
Anestesia
260
Avaliação pré-operatória
257
Técnicas cirúrgicas
260
Anestesia
257
Complicações intraoperatórias
261
Técnica cirúrgica
257
Cuidado pós-operatório
261
Complicações intraoperatórias
259
Complicações pós-operatórias
261
Cuidado pós-operatório
259
Resultados da cirurgia
262
Complicações pós-operatórias
259
CONCLUSÕES
262
Resultados da cirurgia
259
REFERÊNCIAS
262
VISCOCANALOSTOMIA E CANALOPLASTIA
260
Introdução
A trabeculectomia é o procedimento de escolha para a cirurgia
do glaucoma graças à sua taxa de sucesso elevada. Contudo, o
procedimento pode estar associado a complicações intraoperatórias e pós-operatórias significativas. Para definir uma cirurgia
mais segura e eficaz, muitas alternativas à trabeculectomia foram
propostas nos últimos 20 anos. Com o passar dos anos, um corpo crescente de evidências sugere que a “cirurgia não penetrante
do glaucoma” (do acrônimo em inglês NPGS - non-penetrating
glaucoma surgery) tem sucesso em reduzir a pressão intraocular
e pode ser considerada uma opção cirúrgica para o glaucoma1,2.
A NPGS está representada por “esclerectomia profunda” (EP) e
por “viscocanalostomia” (VC) (introduzida por R. Stegmann no
início da década de 1990); elas se baseiam em estudos originais
de Krasnov (1972) e Zimmerman (1984) em “trabeculectomia
não penetrante”. Os dois procedimentos também visam a reduzir
a pressão intraocular (PIO) pela drenagem do humor aquoso da
câmera anterior, mas sem uma abertura escleral patente, e sim por
filtração lenta através da malha trabecular e/ou da membrana de
Descemet (a “membrana esclerodescemética”) (Fig. 38.1). Esse
procedimento evita uma queda súbita na PIO, hipotonia e uma
câmera anterior plana. A ausência de abertura da câmera anterior e
C0190.indd 256
a iridectomia limitam a inflamação e o risco de catarata e infecção
intraocular. Comparada à esclerectomia profunda, a viscocanaloplastia tem vantagens significantes: ela não só visa a ser não penetrante como a esclerectomia profunda, mas também a restaurar
a via de efluxo fisiológico, evitando, assim, qualquer filtração externa. Essas características concederiam êxito ao procedimento independente de fibrose episcleral ou conjuntival, uma das principais
causas de insucesso da trabeculectomia, com menos indicações
para modular a cicatrização da ferida. Além disso, a ausência de
uma bolha de filtração evita o desconforto ocular relacionado. E o
procedimento pode ser feito em qualquer quadrante. Uma variação
técnica da viscocanaloplastia, denominada “canaloplastia” (CP),
foi introduzida recentemente com o objetivo de conseguir uma
dilatação melhor e controlada do canal de Schlemm.
Esclerectomia profunda
Princípios fundamentais
A esclerectomia profunda (EP) visa a reduzir a pressão intraocular pela filtração externa do humor aquoso. Diferente da trabeculectomia, o
humor aquoso deixa o olho não por meio de um buraco patente, mas
pela passagem lenta por meio da “membrana esclerodescemética”
11/5/12 12:17:14 PM
Esclerectomia profunda
e o estroma corneano por trás da malha trabecular anterior e da
membrana de Descemet, sem perfurar o olho.
Indicações cirúrgicas
Fig. 38.1 Cirurgia não penetrante do glaucoma: a membrana
esclerodescemética e o canal de Schlemm aberto são visualizados.
Membrana
esclerodescemética
Câmara
intraescleral
Espaço
subconjuntival
A esclerectomia profunda é indicada para olhos com PIO descontrolada a despeito da terapia clínica máxima tolerada e/ou trabeculoplastia a laser, ou em casos de má adesão às prescrições.
Com base em seu perfil de segurança elevado e em seu mecanismo de ação, a esclerectomia profunda é indicada em glaucomas
primários de ângulo aberto, pseudoexfoliativos e pigmentares.
Por ser não penetrante, pode ser útil particularmente em olhos
afácicos com vítreo na câmera anterior, ou em pacientes internados nos quais se deva evitar uma queda súbita na PIO ou hipotonia duradoura, como olhos com hipertensão descontrolada,
olhos com alta miopia ou até mesmo olhos com glaucoma muito
avançado. Observou-se que o procedimento também é eficaz no
glaucoma uveítico3.
As contraindicações são condições que podem comprometer
a filtração do humor aquoso através da membrana esclerodescemética: glaucoma de ângulo fechado, sinequias anteriores
periféricas extensas no quadrante cirúrgico, glaucoma neovascular
e síndrome iridocorneana endotelial (ICE). Olhos com fibrose
difusa no quadrante cirúrgico secundária a trauma ou cirurgias
prévias poderiam apresentar dano escleral e malha trabecular e
canal de Schlemm não funcionais, aumentando tanto a dificuldade quanto o risco de complicações. Da mesma maneira, olhos
tratados por trabeculoplastia com laser de argônio estão em risco
maior de sofrer rupturas da membrana esclerodescemética, o que
muitas vezes requer a conversão em trabeculectomia. Não há informações sobre tal risco em olhos submetidos à trabeculoplastia
seletiva com laser.
Avaliação pré-operatória
A avaliação pré-operatória é semelhante à da cirurgia penetrante. Uma semana antes da cirurgia, deve-se suspender o
uso de medicações anticoagulantes (p. ex., warfarina) ou
antiplaquetárias a fim de minimizar o risco de sangramento
intraoperatório. Medicações hipotensivas oculares de duração
prolongada (p. ex., betabloqueadores) devem ser suspensas
também, se possível, e é preciso tratar blefaroconjuntivite crônica e síndrome do olho seco.
Fig. 38.2 Esquema da esclerectomia profunda: o humor aquoso
está saindo do olho por filtração através da membrana esclerodescemética
para a câmara intraescleral e depois para o espaço subconjuntival.
formada pela porção interna da malha trabecular posterior e anterior
e pela membrana de Descemet adjacente. A membrana é criada
pela remoção da parede interna do canal de Schlemm e o trabéculo justacanalicular (locais de maior resistência ao efluxo no
glaucoma), evidenciando a malha trabecular anterior e a membrana de Descemet. Por meio da filtração da câmera anterior,
o aquoso preenche um “lago” intraescleral ou uma “câmera de
descompressão”, do qual ele drena para o espaço subconjuntival
e/ou é parcialmente reabsorvido no espaço supra-aracnoide
(Fig. 38.2).
Objetivos da cirurgia
A esclerectomia profunda visa a reduzir a PIO por meio da criação
de uma nova via de efluxo do humor aquoso, removendo um
retalho escleral profundo, a parede externa do canal de Schlemm
Anestesia
Assim como na cirurgia penetrante, a anestesia pode variar de
acordo com a preferência do cirurgião e do paciente. Na medida
em que a esclerectomia profunda é um procedimento demorado
e difícil, é preferível uma anestesia efetiva e de longa duração e
acinesia, como a promovida pelo bloqueio peribulbar. Em pacientes jovens ou nos pouco cooperativos, recomenda-se anestesia
geral.
Técnica cirúrgica
Para uma boa exposição da área cirúrgica, faça uma sutura de
tração na córnea ou sob o músculo reto superior. Levante o retalho conjuntival com base no fórnice no quadrante superior e
cauterize levemente os vasos sanguíneos superficiais com cuidado, de modo a preservar os canais coletores e evitar encolhimento escleral e dano ao canal de Schlemm. Seccione um
retalho superficial de 5 × 5 mm, com uma espessura escleral de
1/3, e avance anteriormente na córnea clara cerca de 1-1,5 mm
(Fig. 38.3). Para a escleroceratectomia profunda, seccione um
257
C0190.indd 257
11/5/12 12:17:14 PM
38
Cirurgia não penetrante
Fig. 38.3 O retalho superficial deve ser dissecado anteriormente até chegar
à córnea clara.
Fig. 38.5 Para aumentar o efluxo do humor aquoso, a parede anterior do canal
de Schlemm (a malha trabecular justacanalicular) muitas vezes é desnudada.
Fig. 38.4 O retalho escleral profundo deve ser dissecado anteriormente
próximo da coroide até que o canal de Schlemm seja atingido e destelhado.
Fig. 38.6 Para conseguir pressões intraoculares mais baixas
depois da esclerectomia profunda, deve-se colocar um implante
na câmera intraescleral. Nessa ilustração, um T-flux foi suturado.
segundo retalho escleral com 4 × 4 mm de espessura. A dissecação
deverá ser feita apenas com uma profundidade suficiente para
deixar uma camada fina de esclera (50-100 ␮m) sobre a coroide
e o corpo cilliar com um reflexo escuro visível pouco abaixo das
fibras esclerais. Comece a esclerectomia profunda posteriormente
e prossiga anteriormente até o canal de Schlemm ser destelhado
(Fig. 38.4). Avance a dissecação para a córnea clara a fim de criar
a membrana esclerodescemética, o local de filtração do aquoso.
Aprofunde os dois cortes radiais laterais e avance na córnea clara
sem tocar o trabéculo anterior ou a membrana de Descemet.
Puxando gentilmente o retalho escleral profundo com a pinça e
tração contrária no leito do canal usando uma esponja de celulose
triangular, descole a porção anterior do retalho profundo da
malha trabecular anterior e da membrana de Descemet. Avance
1-1,5 mm anteriormente. Nesse ponto, deverá haver filtração do
aquoso através da membrana. Para otimizar o fluxo, descole a
parede interna do canal de Schlemm (o trabéculo justacanalicular
e o endotélio do canal), puxando-o com uma pinça fina (“trabeculectomia externa”) (Fig. 38.5), o que removerá uma membrana trabecular externa homogênea em um plano coerente e
permitirá que o humor aquoso atravesse as camadas trabeculares
internas remanescentes. Remova o retalho profundo, cortando-o
anteriormente.
Para manter o espaço criado (“lago intraescleral” ou “câmera
de descompressão”) e evitar fibrose pós-operatória, diferentes implantes são usados4. O implante de colágeno porcino absorvível
(Aquaflow®, Staar Surgical AG, Nidau, Suíça), o implante de ácido
hialurônico reticulado (Heala-Flow®, Anteis, Genebra, CH), o implante não absorvível (T Flux®, Ioltech Laboratoires, La Rochelle,
França) ou o implante de PMMA (Homdec SA, Belmont, Suíça)
podem ser suturados ou posicionados no espaço intraescleral
(Fig. 38.6).
258
C0190.indd 258
11/5/12 12:17:20 PM
Esclerectomia profunda
Reposicione e suture o retalho escleral superficial com duas
suturas frouxas de nylon 10-0 e, por fim, feche firmemente a
conjuntiva.
Antes de dissecar o retalho escleral profundo ou pouco depois
de abrir o canal de Schlemm, em todos ou em casos selecionados, alguns cirurgiões aplicam uma esponja embebida com
mitomicina (0,1-0,3 mg/mL) sobre a esclera por 1-3 minutos
para minimizar a cicatrização excessiva, para aumentar a taxa
de sucesso.
As duas complicações intraoperatórias mais comuns são a incapacidade de encontrar o canal de Schlemm e a perfuração da
membrana esclerodescemética. Essas complicações são mais
comuns durante a fase de aprendizagem inicial nos primeiros
15-20 casos, quando podem afetar até 30% dos olhos operados.
Esse número cai para 3% com a experiência5. A incapacidade de
encontrar o canal está relacionada com uma dissecação incorreta
do retalho escleral profundo. Normalmente, o medo de estar
muito próximo da coroide faz com que o cirurgião seja muito
superficial, dissecando, assim, por cima do canal. Geralmente,
um aprofundamento cuidadoso do retalho escleral profundo
basta para atingir e abrir o canal. Rupturas da membrana esclerodescemética podem ser tão diminutas quanto pequenos buracos
ou lineares e transversais. Pequenas rupturas sem prolapso da
íris não têm consequências. No caso de câmeras anteriores rasas
ou planas, o retalho externo deverá ser suturado firmemente
(considere suturas removíveis). Rupturas extensas da membrana
de Descemet ocorrem principalmente na junção com o trabéculo
anterior e são seguidas por prolapso da íris. Uma iridectomia
sempre é necessária com uma conversão para trabeculectomia,
o que pode ser feito pela ressutura do retalho interno na posição
(para cobrir a ruptura) e fazendo-se uma esclerectomia na sua
porção anterior. O retalho superficial pode então ser suturado
como na trabeculectomia-padrão. Essa complicação é mais comum em olhos previamente tratados com trabeculoplastia com
laser de argônio.
de um rompimento não detectado na membrana, que pode
ser tratado com mióticos e iridotomia ou iridoplastia, ou com
iridectomia cirúrgica; uma hemorragia transitória sob o retalho
escleral que não requer intervenção; uma resposta induzida por
esteroide (geralmente depois de várias semanas de tratamento),
que é resolvida pela suspensão da medicação; e, por fim, muito
raramente, glaucoma maligno, que deve ser tratado clínica e/ou
cirurgicamente. Assim como na cirurgia penetrante, vazamentos na ferida com um teste de Seidel positivo podem ocorrer
com o fechamento inadequado da conjuntiva, especialmente
se antimetabólitos foram usados. Essa complicação é menos
frequente com a NPGS do que com a trabeculectomia. O insucesso precoce ou tardio do procedimento, em virtude de
cicatrização excessiva, é mais provável em olhos de alto risco.
Assim como na trabeculectomia, a taxa de sucesso pode ser melhorada pelo uso de antimetabólitos intraoperatórios ou pelo
tratamento do olho operado com agulhamento e/ou injeções
subconjuntivais de antimetabólitos.
É possível observar um aumento progressivo na PIO em até
60% dos casos durante o primeiro ano pós-operatório, relacionado com uma diminuição da permeabilidade da membrana
esclerodescemética. Essa complicação, mais frequente 6-8 meses depois da cirurgia, deve ser tratada com goniopunção com
Nd:YAG. O feixe é direcionado para a membrana trabeculodescemética semitransparente, que com frequência tem uma aparência
côncava, através de uma lente de contato gonioscópica. No modo
Q-switched (Q-comutado) free running com uma potência de
4-8 mJ, são feitas aplicações de YAG laser 4-5, o que criará pequenos buracos na membrana, aumentando sua permeabilidade e,
assim, diminuindo a PIO.
Mesmo rara, pode ocorrer blebite, mas ainda não há relatos de
endoftalmite. Ocorreram poucos casos de migração do implante
para a câmera anterior. Essa complicação ocorreria em olhos
com uma membrana perfurada e sem fixação, ou com fixação
inadequada, do implante ao leito escleral. Pode haver catarata
tardia, mas com uma incidência significativamente menor do
que a subsequente à trabeculectomia6,7. Também foi visto ectasia
escleral ocasionalmente.
Cuidado pós-operatório
Resultados da cirurgia
Durante pelo menos seis semanas no pós-operatório, os olhos
são medicados com antibióticos e corticosteroides tópicos.
Considerando-se a reação inflamatória muito fraca, cicloplégicos são desnecessários e relativamente contraindicados, já que
aumentam o risco de encarceramento iridiano.
No caso de um pequeno rompimento da membrana, recomendase o uso de agentes mióticos por 3-4 semanas, e o paciente deve
ser instruído a evitar pressão ou massagem digital no olho.
Os resultados relatados variam com acompanhamentos e técnicas
diferentes. Em 2004, uma metanálise de 29 artigos observou
que a esclerectomia profunda gerava uma PIO <21 mmHg sem
medicações em 69,7% dos olhos sem implante, 59,4% com implante de colágeno e 71,1% com implante de ácido hialurônico
reticulado. Não foram observadas diferenças significantes entre
as três técnicas8. Em 2008, uma metanálise relatou uma PIO
<21 mmHg em 68,7% dos olhos depois da esclerectomia profunda com implante, 48,6% depois da esclerectomia profunda
sem implante e 67,1% depois da esclerectomia profunda com
antimetabólitos (com ou sem implante)9. Se por um lado isso
confirma uma taxa de sucesso elevada com um implante de
colágeno, o papel dos antimetabólitos era confuso, em parte
porque incluía cirurgias feitas com antimetabólitos diferentes
(mitomicina intraoperatória, e 5-fluorouracil intraoperatório
ou pós-operatório) e cirurgias com e sem implantes. Estudos
controlados randomizados comparando esclerectomia profunda
com e sem mitomicina C (MMC) mostraram um desfecho melhor quando o antimetabólito era usado. Kozobolis et al. mostraram uma taxa de sucesso (PIO <22 mmHg sem medicações) de
72,5% sem MMC e 95% com MMC, sem taxas de complicações
significativamente diferentes entre os grupos10. Neudofer et al.
relataram uma queda média na PIO aos 24 meses de 48% e de
32% nos grupos com MMC e sem MMC, respectivamente.11
Complicações intraoperatórias
Complicações pós-operatórias
A esclerectomia profunda é um procedimento seguro, afetado por
poucas complicações. Espera-se uma hipotonia inicial com PIOs
em torno de 5 mmHg no primeiro dia pós-operatório; trata-se de
um fator prognóstico positivo. Se não houver perfuração, essa
hipotonia é temporária, a câmara anterior permanece profunda
e é possível observar pequenas efusões coroideanas periféricas
em até 5% dos olhos. Pequenos hifemas, principalmente secundários ao refluxo de sangue do canal de Schlemm, são vistos às
vezes e estão associados principalmente à hipotonia. Picos de
PIOs podem ocorrer por diversas razões: uma dissecção cirúrgica
insuficiente da membrana esclerodescemética (detectável durante
a cirurgia pela ausência de filtração do humor aquoso), que pode
ser resolvida com goniopunção a laser; um prolapso da íris através
259
C0190.indd 259
11/5/12 12:18:00 PM
Seção VI
Oculoplástica
C A P ÍTU L O
Vídeo
46
Mau posicionamento palpebral:
entrópio e ectrópio
Ulrich H. Schaudig
Linhas gerais do capítulo
INTRODUÇÃO
326
CONSIDERAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
E TERMINOLOGIA
326
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS
327
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E OBJETIVOS
DA CIRURGIA
327
INDICAÇÕES CIRÚRGICAS
327
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
327
ANESTESIA
328
TÉCNICAS CIRÚRGICAS
328
Ectrópio de pálpebra inferior
328
Excisão tarsoconjuntival
Excisão (tarso)conjuntival, sutura inversora e encurtamento
horizontal da pálpebra (técnica do “lazy T”)
Encurtamento horizontal da pálpebra e excisão
de pele (Kuhnt-Szimanowski)
Plicatura cantal lateral por meio de incisão na prega
palpebral superior
Sling cantal lateral
Esticamento cantal medial – sutura do ramo posterior
Cantopexia medial
Reposição de pele para correção de ectrópio cicatricial
328
328
329
329
329
330
330
332
Introdução
As pálpebras intactas cobrem completamente o olho quando
estão fechadas, e as margens palpebrais permanecem em contato
direto com o globo quando as pálpebras estão abertas1. A linha
de contato das margens palpebrais com a superfície ocular é de
importância vital para a integridade da superfície ocular. A disfunção da mobilidade e da posição das pálpebras pode causar
sintomas que variam de um leve desconforto e olho seco a úlcera
corneana grave e a uma doença da superfície ocular que põe em
risco a visão. Por essa razão, é muito importante utilizar o tratamento cirúrgico adequado para corrigir o mau posicionamento
palpebral2-4. (Outras leituras sugeridas.)
C0230.indd 326
Entrópio da pálpebra inferior
Excisão cutânea direta e fixação dos retratores para correção
de entrópio congênito
Sutura eversora
Divisão horizontal (transversal) da pálpebra e sutura eversora
Plicatura direta dos retratores da pálpebra inferior (Jones)
Encurtamento horizontal da pálpebra
Divisão transversal da pálpebra com sutura eversora
e encurtamento horizontal da pálpebra (Quickert)
Divisão transversal da pálpebra com sutura eversora
e encurtamento horizontal da pálpebra por meio de sling tarsal lateral
Enxerto em lamela posterior
Ectrópio da pálpebra superior
Correção do euribléfaro
Sutura inversora
Reposição de pele de espessura total e encurtamento
horizontal da pálpebra
Correção da pálpebra flácida
Entrópio da pálpebra superior
Encurtamento da lamela anterior com ou sem divisão marginal vertical
Ressecção em cunha do tarso
Divisão da pálpebra e enxerto de membrana mucosa
Correção de dobra tarsal
REFERÊNCIAS
332
332
332
333
333
334
334
334
335
335
335
335
335
336
336
336
337
337
338
339
O entrópio é uma condição na qual a margem palpebral está
virada para dentro por sobre a superfície ocular, enquanto o
ectrópio, por definição, é o contrário, ou seja, é uma condição
na qual a margem palpebral está virada para fora, levando à
exposição da conjuntiva tarsal (Figs. 46.1 e 46.2).
Consideração epidemiológica e terminologia
As anomalias da posição das pálpebras de origem congênita são
raras entre os caucasianos, mas podem colocar em risco a visão
se o atrito dos cílios com a superfície da córnea causar ulceração e
infecção (p. ex., dobra tarsal). A presença de secreção contínua
e abundante, dor, fotofobia e blefaroespasmo em um bebê deve
11/3/12 2:49:08 PM
Avaliação pré-operatória
cutânea, da ação muscular e das forças estabilizadoras dos retratores das pálpebras.
Considerações anatômicas
Fig. 46.1 Entrópio involutivo “espástico”.
Sob o ponto de vista anatômico, tanto as pálpebras superiores
quanto as inferiores podem ser divididas em lamela anterior e
lamela posterior. A lamela anterior é composta de pele e músculo
orbicular. A lamela posterior é formada pela placa tarsal, que
contém as glândulas tarsais (de Meibômio), e pela conjuntiva
que cobre a face posterior da pálpebra. Medial e lateralmente,
os tendões cantais fixam as pálpebras às paredes medial e lateral
da órbita.
Em relação aos procedimentos cirúrgicos realizados na região
cantal, é fundamental entender que, para manter as pálpebras
posicionadas corretamente contra a superfície ocular, o vetor da
fixação cantal profunda precisa estar o mais posterior possível
dentro da órbita, pelo menos tão posterior quanto o equador
do globo ocular.
A posição e o movimento vertical da pálpebra dependem dos
músculos levantador e tarsal da pálpebra superior e do sistema
complexo de retratores da pálpebra inferior. Essas diferenças nítidas tornam impossível a transferência dos princípios cirúrgicos
da pálpebra inferior para a superior.
Na região medial, o ponto e os canalículos lacrimais estão
incrustados na margem palpebral e no sistema de fixação cantal.
Qualquer procedimento cirúrgico que vise à reconstrução ou à
restauração da tensão do tendão cantal tem que lidar com essa
delicada área anatômica.
Princípios fundamentais e objetivos da cirurgia
Fig. 46.2 Ectrópio involutivo com frouxidão horizontal.
Ao corrigir o ectrópio e o entrópio, é preciso empregar todos os
princípios gerais da cirurgia plástica ocular. Excetuando-se a remoção de tumores, as incisões ao redor das pálpebras devem seguir as
linhas de tensão, a fim de evitar a formação de cicatrizes visíveis. É
necessário conhecer a anatomia complexa, sobretudo a da área cantal medial. Todos os procedimentos que lidam com a má posição
das pálpebras visam restaurar a função palpebral ao mesmo tempo
que mantêm ou restabelecem a estética adequada: fechamento
completo, piscamento, distribuição das lágrimas, bombeamento
lacrimal, posição dos cílios e textura da pele palpebral.
Indicações cirúrgicas
sempre levantar a suspeita de alguma anormalidade e levar a um
exame imediato sob anestesia geral. Na população asiática, o
epibléfaro congênito – o posicionamento para dentro dos cílios
na parte medial da pálpebra resultante de uma prega de pele e
músculo orbicular – é um diagnóstico comum. Quando essa
condição é mais grave, toda a margem palpebral está voltada
para o olho, produzindo um entrópio verdadeiro. O ectrópio
congênito crônico e verdadeiro também é raro, e quase sempre
está associado a um distúrbio genético, como, por exemplo, a
trissomia do 21.
A má posição das pálpebras pode ser o resultado do processo
de cicatrização da pele ou conjuntiva que ocorre após um traumatismo ou cirurgia, ou de doenças destrutivas da pele e das
membranas mucosas (p. ex., esclerodermia, penfigoide ocular). O
ectrópio também pode resultar da paralisia do músculo orbicular,
como visto na paralisia facial.
A maioria dos casos de entrópio e ectrópio, contudo, é causada
por alterações involutivas que alteram a homeostasia da tensão
Em princípio, a correção cirúrgica do mau posicionamento palpebral é indicada sempre que o desconforto do paciente puder ser
eliminado com segurança e previsibilidade suficientes.
Enquanto o principal problema acarretado pelo entrópio ou
ectrópio de grau leve é de ordem estética e a indicação da correção
é considerada apenas opcional, os posicionamentos anômalos
que causam infecção e ulceração da superfície ocular devem ser
corrigidos imediatamente.
Avaliação pré-operatória
Ao avaliar um paciente com má posição da margem palpebral, é
muito importante determinar, em primeiro lugar, se a condição
está perturbando o funcionamento normal das pálpebras e, portanto, a cirurgia é necessária para evitar mais danos à superfície
ocular, ou se é basicamente um problema estético cuja cirurgia
corretiva não precisa ser imediata.
327
C0230.indd 327
11/3/12 2:49:08 PM
46
Mau posicionamento palpebral: entrópio e ectrópio
A escolha do procedimento depende da avaliação clínica das alterações anatômicas, e essa avaliação segue uma lista de perguntas:
•
•
•
•
•
•
•
Qual é a posição da margem palpebral na posição primária
do olhar, no olhar para cima e no olhar para baixo?
Esse exame determina a condição e a tensão dos retratores
das pálpebras.
Há frouxidão horizontal das pálpebras? Os tendões cantais
estão alongados? A frouxidão dos tendões cantais requer
correção nos cantos.
Em que parte da pálpebra o ectrópio é máximo – no terço
temporal, médio ou nasal da pálpebra?
Qual é a posição dos pontos lacrimais? O ectrópio nasal
tem que ser abordado pelo lado nasal a fim de evitar um
novo deslocamento dos pontos lacrimais.
Existe hiperatividade ou mau posicionamento do músculo
orbicular? O deslocamento superior do músculo orbicular
é um sinal típico de entrópio involutivo “espástico”.
A pele está esticada ou frouxa? Quando há insuficiência
de pele é preciso repô-la.
Existem outras alterações, como ptose das bochechas
ou das sobrancelhas? A ptose das bochechas pode dar
a impressão de haver insuficiência de pele, e é melhor
tratar essa condição com um lift de bochechas ou SOOF lift
(suborbicularis oculi fat lift) do que com reposição de pele.
Excisão tarsoconjuntival
Se o tendão cantal estiver tenso e o ectrópio do terço medial da
pálpebra tiver provocado a eversão do ponto lacrimal inferior, o
problema será corrigido fazendo-se uma excisão da lamela posterior com ou sem plicatura dos retratores da pálpebra inferior5.
Técnica
Pinça-se a conjuntiva e faz-se uma excisão em forma de losango
da conjuntiva tarsal, abaixo do ponto lacrimal, usando uma
tesoura reta que é mantida paralela à margem palpebral (se o
cirurgião preferir, pode utilizar um bisturi) e deixando conjuntiva
suficiente abaixo do ponto lacrimal para a introdução de uma
agulha. O canalículo é protegido com uma sonda. A extensão
horizontal da excisão é de cerca de 7 mm. Utilizando-se fio de
sutura absorvível 6-0 com duas agulhas, introduz-se uma das
agulhas na borda superior da ferida cirúrgica, logo abaixo do
ponto lacrimal; a outra agulha é passada através da borda inferior
da ferida, pegando os retratores da pálpebra inferior. O ponto
é finalizado com um nó que é sepultado na ferida. O ponto é
deixado no local e sofre absorção espontânea.
Por outro lado – se a eversão for mais extensa – pode-se utilizar um
fio não absorvível. Nesse caso, as extremidades do fio são passadas
através da pele e unidas com um nó ancorado sobre um pedaço de
silicone. Isso produzirá um efeito inversor maior (ver técnica do “lazy
T”, adiante). O ponto poderá ser removido depois de 10-14 dias.
Anestesia
A maioria dos procedimentos cirúrgicos pode ser feita sob anestesia local. Os pacientes claustrofóbicos ou psicologicamente
instáveis também podem ser operados com sedação oral préoperatória ou intravenosa. É muito mais confortável para os
pacientes quando se faz a limpeza cirúrgica de toda a face e, em
seguida, mantém-se a face descoberta. Os adultos criticamente
doentes ou com instabilidade cardiovascular sempre devem ser
supervisionados pelo anestesista durante a cirurgia, e a anestesia
geral sempre deve ser considerada para os pacientes com menos
de 16 anos.
Como anestésico local, a Xilocaína® a 2% (lidocaína, lignocaína) com epinefrina 1:200.000 (adrenalina) é uma boa escolha para a infiltração local. Quando é necessária uma anestesia
prolongada, pode-se adicionar bupivacaína no mesmo volume.
Alguns cirurgiões adicionam hialuronidase à solução para obter
um efeito mais rápido.
Técnicas cirúrgicas
Tanto o entrópio quanto o ectrópio são mais comuns na pálpebra
inferior; nesta seção, as pálpebras superiores e inferiores serão
abordadas separadamente.
Ectrópio de pálpebra inferior
O ectrópio surge como resultado (1) das alterações próprias
do envelhecimento que afetam a pele, os músculos e as fibras do
tecido conjuntivo, (2) da perda do tônus muscular causada pela
falta de inervação, como ocorre na paralisia do VII nervo craniano
ou (3) da formação de cicatrizes na lamela anterior da pálpebra.
A correção cirúrgica visa à restauração da tensão horizontal do
tendão cantal medial ou lateral e da própria margem palpebral,
ou à reconstrução da lamela anterior. Se houver uma deficiência
neurológica e a causa subjacente a ela não puder ser tratada, a
pálpebra deverá ser elevada ou tensionada horizontalmente ou
ambas as ações deverão ser realizadas.
Excisão (tarso)conjuntival, sutura inversora
e encurtamento horizontal da pálpebra
(técnica do “lazy T”)
Se os tendões cantais estiverem tensos e a eversão ocorrer principalmente no terço medial da pálpebra, a inversão da margem
palpebral por meio da excisão de uma parte da conjuntiva e do
encurtamento horizontal da pálpebra corrigirá o mau posicionamento. Depois do fechamento, as linhas de incisão resultantes
formam um T que se deita preguiçosamente sobre seu lado, daí
o nome da técnica6.
Técnica (Fig. 46.3 A, B)
Faz-se uma excisão em forma de losango, com o eixo horizontal
um terço mais longo que o vertical, cerca de 2-3 mm exatamente
abaixo do ponto lacrimal inferior. Para proteger as vias lacrimais, introduz-se uma sonda no canalículo lacrimal. A excisão
é tarsoconjuntival, porém é preciso tomar cuidado para não
danificar a via lacrimal. Utilizando-se um fio de seda 6-0 com
duas agulhas, introduz-se uma das agulhas na borda superior
da ferida, pegando a conjuntiva e a borda do tarso. Em seguida,
ambas as agulhas são passadas através da borda inferior da ferida
conjuntival, pegando os retratores da pálpebra, e saem através
da pele cerca de 1 cm abaixo do ponto lacrimal. As agulhas são
passadas através de um pedaço de silicone; os fios são mantidos
temporariamente frouxos e tensionados depois. Em seguida, fazse um corte vertical de espessura total na margem palpebral cerca
de 3 mm lateral ao ponto lacrimal. A quantidade de pálpebra que
precisa ser ressecada é determinada tracionando-se a pálpebra
no sentido medial. A pálpebra é então encurtada por meio de
uma excisão pentagonal padrão, e a ferida cirúrgica é fechada
com fio de seda 6-0 e pontos separados: utilizam-se dois pontos
intermarginais e 3-4 pontos através da pele e do tarso para fechar
a ferida, exatamente como nas ressecções em cunha do tarso. As
extremidades dos fios são presas com um nó em um nível mais
baixo para evitar que os pontos irritem a córnea.
Os fios da sutura inversora são tensionados até que ocorra a
inversão da margem palpebral na direção do globo. Uma pequena
328
C0230.indd 328
11/3/12 2:50:14 PM
Técnicas cirúrgicas
Faz-se uma excisão pentagonal de espessura total da pálpebra
com tesoura reta ou lâmina de bisturi n° 11. A ferida pentagonal
é fechada do mesmo modo que se faz após a ressecção de um
tumor: colocam-se dois pontos marginais (seda 6-0) para reposicionar a linha cinzenta. As extremidades desses fios devem ser
compridas para serem posteriormente unidas com nós e sepultadas. Utilizando fio Vicryl® 6-0, fecha-se a ferida com 2-3 pontos
que pegam o tarso.
Pede-se ao paciente para abrir a boca e olhar para cima e, nesse
momento, a quantidade de pele a ser ressecada é determinada
e cortada. Em seguida, a pele é fechada com sutura intracutânea
ou contínua comum, utilizando-se fio de nylon 6-0.
Plicatura cantal lateral por meio de incisão
na prega palpebral superior
A
A frouxidão do tendão cantal lateral pode ser corrigida sem seu
encurtamento. Para isso, faz-se a plicatura desse tendão com um
ponto7.
Técnica
Faz-se uma incisão na porção lateral da prega palpebral superior
e secciona-se o músculo orbicular para possibilitar um acesso à
margem lateral da órbita. Identifica-se o tendão cantal lateral, que
é separado parcialmente da margem orbital por meio de dissecção
romba. Utilizando-se fio absorvível de longa duração 5-0 com
duas agulhas, um ponto é introduzido através do tendão pelo
lado interno da ferida cirúrgica, passa através da pele exatamente
no ângulo palpebral e volta pelo mesmo caminho. Com isso,
o tendão é apanhado e, em seguida, esticado passando-se o fio
através do periósteo, em um nível mais profundo dentro da
órbita. O ponto é finalizado com um nó que manterá o tendão
esticado. A pele é fechada com sutura contínua.
Sling cantal lateral
B
Fig. 46.3 (A e B). Técnica do “lazy T”. Excisão tarsoconjuntival em forma
de losango e ressecção pentagonal de espessura total de margem palpebral.
hipercorreção é aceitável. Os pontos da ressecção podem ser removidos em 10 dias, e os pontos da sutura inversora em 14 dias.
Encurtamento horizontal da pálpebra e excisão
de pele (Kuhnt-Szimanowski)
Se houver frouxidão horizontal da pálpebra inferior e abundância
de pele, mas os tendões cantais medial e lateral estiverem tensos,
a pálpebra poderá ser tensionada realizando-se uma excisão
pentagonal e o excesso de pele poderá ser retirado por meio de
uma incisão subciliar.
Técnica (Fig. 46.4 A-D)
Faz-se uma incisão cutânea logo abaixo da linha dos cílios, mas os
cílios não são cortados e uma tira estreita de pele é deixada para
a colocação da sutura mais tarde. A incisão é prolongada sobre a
região cantal lateral, seguindo a prega cutânea lateral. A pele é
descolada do plano muscular e um retalho de pele é levantado
lateral e superiormente.
A frouxidão do tendão cantal lateral leva ao ectrópio da pálpebra
inferior quando as fibras do músculo orbicular enfraquecem e
se tornam incapazes de suplantar a frouxidão horizontal do
tendão. O snap test mostra que a pálpebra não retorna adequadamente para junto do globo quando é tracionada para longe.
O esticamento do ramo inferior do tendão cantal corrigirá essa
frouxidão8.
Técnica (Fig. 46.5 A-D)
No terço lateral da pálpebra inferior, faz-se uma incisão cutânea
subciliar horizontal que é prolongada sobre o canto lateral.
Com cauterização cuidadosa, a incisão é aprofundada até a
margem lateral da órbita. Em seguida, secciona-se o ramo inferior do tendão cantal lateral e cria-se uma tira tarsal9: removemse da margem palpebral as raízes dos cílios, a conjuntiva e
a pele. Utilizando um fio absorvível de longa duração 5-0
com duas agulhas, um ponto é passado através da tira tarsal.
Faz-se uma incisão em fenda no ramo superior do tendão
cantal lateral e, em seguida, cada agulha do fi o de sutura é
passada através da fenda, por trás da margem lateral da órbita,
através do periósteo e emerge anteriormente. Por fim, as extremidades dos fios são unidas com um nó que é sepultado
sob a musculatura.
A tira tarsal tem aproximadamente 5-7 mm de comprimento.
Qualquer excesso de pele poderá ser removido antes do fechamento da ferida cirúrgica. É preciso ter o cuidado de não remover
pele em demasia..
A incisão cutânea pode ser fechada com fio de seda 6-0 e pontos
separados, ou sutura contínua intradérmica.
329
C0230.indd 329
11/3/12 2:50:14 PM
46
Mau posicionamento palpebral: entrópio e ectrópio
Pálpebra excisada
Linha de incisão
A
B
Pele evertida
Pele pinçada
e levantada
Fechamento da pele
com sutura contínua
Quantidade
de pele a ser
ressecada
Ferida palpebral
fechada
C
D
Ferida palpebral
fechada e sepultada
Fig. 46.4 (A-D). Encurtamento horizontal da pálpebra e excisão de pele. (A) Incisão. (B) Porção de pele evertida e pálpebra excisada. (C) Ressecção de pele.
(D) Fechamento da ferida cirúrgica.
Esticamento cantal medial – sutura
do ramo posterior
O esticamento do tendão cantal medial corrige o ectrópio predominantemente medial, causado pela frouxidão cantal medial. A
frouxidão do ramo anterior do tendão cantal medial é corrigida
facilmente, mas com frequência acarreta o mau posicionamento
do ponto lacrimal e não trata da principal causa do problema.
Há várias maneiras de esticar o ramo posterior por meio de abordagem aberta ou fechada. A técnica apresentada a seguir permite
uma fixação posterior profunda e sutura direta.
Técnica (Fig. 46.6)
Faz-se uma incisão diretamente na borda inferior da carúncula
e através dela. A dissecção do tecido é prolongada até a borda
medial do tarso e a parede medial da órbita, por trás das vias
lacrimais, que são protegidas por uma sonda introduzida no
canalículo inferior. O periósteo pode ser exposto por meio de
dissecção romba.
Utilizando-se fio de sutura não absorvível 5-0 com duas agulhas de meio círculo, um ponto é passado através do tarso exposto. Como alternativa, se houver tecido firme o suficiente no ramo
posterior, pode-se criar uma tira de tecido que é atravessada por
um fio de sutura absorvível de longa duração.
Em seguida, as duas agulhas do fio de sutura são passadas
através do periósteo, acima do nível da crista lacrimal posterior.
Se a exposição da parede medial da órbita for boa e ampla o
suficiente, os fios poderão ser unidos diretamente com um nó
que é sepultado. Caso contrário, as extremidades do fio poderão
ser exteriorizadas através da pele, acima do tendão cantal medial
e sepultadas sob uma incisão cutânea.
Cantopexia medial
Se o tendão cantal medial estiver tenso e o ectrópio for pequeno, o
ectrópio medial da pálpebra inferior poderá ser corrigido com um
pequeno procedimento cirúrgico. O princípio é corrigir o ectrópio
e o mau posicionamento do ponto lacrimal inferior levantando a
pálpebra inferior medialmente com a ajuda da pálpebra superior.
Técnica
Inicialmente, introduzem-se sondas nos canalículos lacrimais.
Em seguida, faz-se uma incisão imediatamente medial aos pontos
lacrimais, que é prolongada medialmente sobre o ramo anterior
330
C0230.indd 330
11/3/12 2:50:29 PM
A
B
C
Ai
Di
Bi
Dii
Ci
Fig. 46.5 (A-D). Sling tarsal lateral com enxerto de pele e sutura inversora.
(A) Uma tira de tarso é preparada para ser fixada à margem lateral
da órbita. (B) A ferida aberta é preparada para o transplante de espessura
total. (C) Pálpebra preparada para o transplante de pele. (D) Pálpebra
(i) depois do fechamento da ferida e (ii) depois da remoção dos pontos.
331
C0230.indd 331
11/3/12 2:50:39 PM
46
Mau posicionamento palpebral: entrópio e ectrópio
Carúncula e abertura
da ferida
Agulha
Fio
sutura contínua. Os pontos de tração são deixados no local e presos à testa. Colocam-se sobre o enxerto pomada com antibiótico
e curativo compressivo, que deve permanecer por 2 dias.
Os pontos de tração são mantidos no local por 5 dias, e os
pontos do enxerto são removidos depois de 6 dias.
Entrópio da pálpebra inferior
Ponto lacrimal
Ponto profundo Margem da órbita
Fig. 46.6 Esticamento cantal medial. Sutura do ramo posterior na abordagem
caruncular aberta.
do tendão cantal. Utilizando-se fio de seda ou absorvível 6-0,
colocam-se três ou quatro pontos para reunir as bordas da
ferida (orbicular e pele) da pálpebra inferior e superior. Esse
procedimento inverte o ponto lacrimal e dá suporte à pálpebra
inferior.
Os pontos podem ser removidos após 10 dias ou deixados no
lugar para que caiam espontaneamente.
De maneira geral, a decisão de corrigir um entrópio da pálpebra inferior com determinado procedimento depende de vários
pontos importantes10:
O entrópio é involutivo ou cicatricial? A pálpebra apresenta
frouxidão horizontal excessiva? Qual é a condição dos retratores
da pálpebra inferior (estão tensos ou enfraquecidos)? Qual é a
posição relativa das lamelas palpebrais uma em relação à outra?
Há também triquíase? O quadro é recorrente?
Se houver uma dissociação relativa entre a lamela anterior e a
lamela posterior que permita ao músculo orbicular se mover para
cima e virar a margem palpebral para dentro, a divisão horizontal
da pálpebra (e a colocação de sutura eversora) corrigirá o problema
e impedirá sua recorrência. Se as alterações involutivas tiverem enfraquecido os retratores da pálpebra, eles terão que ser submetidos
a encurtamento ou plicatura. Se as alterações involutivas tiverem
reduzido a tensão horizontal, a pálpebra terá que ser encurtada no
sentido horizontal. Se a placa tarsal estiver espessada ou irregular
como consequência da formação de cicatrizes, a margem palpebral
terá que ser evertida e possivelmente dividida verticalmente. Na
presença de triquíase, a margem palpebral terá que ser dividida
verticalmente, a lamela posterior avançada, ou os cílios terão que
ser sacrificados por crioterapia ou eletrocoagulação.
Excisão cutânea direta e fixação dos retratores
para correção de entrópio congênito
Nas crianças com problemas recorrentes na superfície ocular que
resultam de entrópio congênito e irritação causada pela margem
palpebral invertida, o mau posicionamento palpebral pode ser
corrigido por meio de uma excisão de pele com fechamento
direto e fixação da pele aos retratores da pálpebra na borda inferior do tarso.
Técnica
Reposição de pele para correção
de ectrópio cicatricial
O ectrópio da pálpebra inferior que requer reposição de pele
é causado por procedimentos cirúrgicos prévios (estéticos ou
reconstrutivos) ou por grandes alterações senis. A reposição
de pele deve ser considerada apenas quando houver flacidez
generalizada dos tecidos da bochecha com ptose da bochecha e
essas alterações não puderem ser corrigidas por meio de lift de
bochecha ou SOOF lift.
Técnica (Fig. 46.5 C, D)
Colocam-se dois pontos de tração na margem palpebral para puxar a pálpebra para cima. Faz-se uma incisão subciliar e amplia-se
a ferida cirúrgica. Os tecidos cicatriciais presentes são ressecados,
e o defeito criado é aumentado até o tamanho necessário para
a correção do ectrópio. O leito da ferida é preparado de acordo
com cada caso. Às vezes, é necessário reposicionar ou ressecar a
musculatura orbicular e redistribuir a gordura orbital para obter
uma superfície uniforme.
Coleta-se um enxerto de pele de espessura total que é colocado
sobre o defeito. O enxerto é aparado para que encaixe perfeitamente e, em seguida, suturado utilizando-se fio absorvível 7-0 e
Faz-se uma excisão de pele em forma de elipse abaixo da margem
palpebral e do ponto lacrimal evertidos. A quantidade de pele
removida depende da quantidade de pele que pode ser levantada
quando a margem palpebral é virada para a posição correta. Se
houver remoção excessiva de pele, surgirá um ectrópio com o
processo de cicatrização. Uma tira do músculo orbicular é excisada junto com a pele.
Vários pontos – geralmente três ou quatro – feitos com fio
absorvível 6-0 são passados através da pele, pegando os retratores
da pálpebra inferior exatamente na borda inferior da placa tarsal.
Os pontos podem ser deixados no local até que sejam absorvidos
espontaneamente e caiam, mas também podem ser removidos
depois de 10-14 dias, se necessário.
Sutura eversora
A sutura eversora pode ser utilizada para corrigir o entrópio da
pálpebra inferior quando é necessário realizar um procedimento
rápido e descomplicado (p. ex., no tratamento junto ao leito).
Essa sutura, porém, tem um efeito apenas temporário (i.e., enquanto está no lugar e por pouco tempo depois de retirada) e
deve ser evitada ou substituída quando é possível realizar uma
cirurgia definitiva.
332
C0230.indd 332
11/3/12 2:52:07 PM
Seção VI
Oculoplástica
C A P ÍTU L O
Vídeo
52
Cirurgia do sistema lacrimal
Jane Olver
Linhas gerais do capítulo
HISTÓRICO
399
CIRURGIA DE DCR ENDOSCÓPICA ENDONASAL
406
DEFINIÇÕES
400
Etapas de DCR endoscópica endonasal
406
HISTÓRIA DA DCR MODERNA
401
ANATOMIA NORMAL
401
Drenagem lacrimal
401
Anatomia nasal
401
Tecido mole e ossos da parede nasal lateral
401
Dentro do saco lacrimal
Dacriocistite aguda
Tratamento pós-operatório na cirurgia de DCR externa
ou endoscópica endonasal
Remoção dos tubos
Canaliculite
406
407
407
410
410
ETIOLOGIA E AVALIAÇÃO DO LACRIMEJAMENTO
402
Obstrução do ducto nasolacrimal em adultos
402
REFAZENDO A DCR
411
CIRURGIA PARA EPÍFORA EM ADULTOS
403
CIRURGIA EM CRIANÇAS
412
Bloqueio congênito do ducto nasolacrimal em crianças
412
Opções cirúrgicas para obstrução de ducto nasolacrimal
em adultos
Opções menores
As duas principais opções
403
403
403
Opções cirúrgicas para obstrução dos canalículos
403
Trauma lacrimal
403
CIRURGIA DE DCR COM ABORDAGEM EXTERNA
404
Etapas da DCR externa
404
Histórico
A cirurgia lacrimal existia na Idade Média para tratamento de dacriocistite decorrente de bloqueio do ducto nasolacrimal, embora
restrita à rude drenagem externa do abscesso e extirpação do
saco lacrimal. Só no final do século XVIII é que foram introduzidas técnicas mais modernas para a drenagem do saco lacrimal
dentro do nariz e levou alguns anos para que essa cirurgia de
dacriocistorrinostomia (DCR) estivesse disponível de maneira
ampla (Fig. 52.1).
O espectro da doença lacrimal foi significativamente mais grave
na área pré-antibiótica. O artista impressionista francês Camille Pissarro (1830-1903) aparentemente sofreu de dacriocistite
crônica recorrente, uma doença que o impediu de trabalhar por
alguns períodos de tempo e que se dizia ter influenciado suas
pinturas.
A causa mais comum de lacrimejamento (epífora) é um ducto
nasolacrimal bloqueado. O lacrimejamento em decorrência de
C0260.indd 399
Cirurgia de desvio canalicular: DCR conjuntival com tubo de Jones
Etiologia
Tratamento
410
412
412
RESUMO
413
FUTURO DA CIRURGIA LACRIMAL
413
AGRADECIMENTO
413
LEITURA COMPLEMENTAR
414
ducto nasolacrimal estreitado (estenose ou obstrução parcial
do ducto nasolacrimal) também é uma indicação de DCR. O
espectro da doença se alterou de dacriocistite para obstruções
parciais mais simples do ducto nasolacrimal e, portanto, o limiar
da cirurgia se modificou para incluir a operação em graus menores de obstrução. A sofisticação da cirurgia lacrimal também
avançou usando técnicas cirúrgicas mais precisas e delicadas
com instrumentos intranasais motorizados em miniatura. Esta
modificação é muito semelhante à observada também, nos últimos 20 anos, na cirurgia de catarata, alterando-se da extração da
catarata intracapsular para a extracapsular em casos de cataratas
densas brancas ou nucleosclerose escura, e depois para facoextração nos casos de nucleoesclerose e opacidade lenticular sutil.
A expectativa do paciente sobre a cirurgia aumentou e os estudos
sobre a qualidade de vida mostram a possibilidade de se obter
um benefício real para pacientes com lacrimejamento com a
cirurgia de dacriocistorrinostomia, seja por abordagem externa
ou endonasal.
11/3/12 4:05:52 PM
52
Cirurgia do sistema lacrimal
DCR (abertura criada
acima do bloqueio)
Nova via para o fluxo
lacrimal dentro
do nariz
Ducto
nasolacrimal bloqueado
Fig. 52.2 Dacriocistorrinostomia (DCR).
Fig. 52.1 Diagrama de DCR endonasal de West.
Cortesia de Santiago Ortiz-Perez.
West JM, A window resection in the nasal duct in cases of stenosis. Trans Am
Ophthalmol Soc 1910;12:654 – 8. Kept at Royal Society of Medicine in London.
Em muitos centros, atualmente, a cirurgia lacrimal é feita quase
exclusivamente por via endonasal, e predominantemente por
via endoscópica (em vez disso, pode-se usar um microscópio),
usando instrumentos motorizados bem como instrumentos
cirúrgicos sinusais endoscópicos funcionais para DCR adulta
e pediátrica. O monitoramento endoscópico endonasal com
seringa de irrigação e sondagem, e a colocação endoscópica dos
tubos de vidro de Jones para desvio também são o padrão.
Entretanto, a abordagem externa de DCR através da pele continua a ser uma operação útil para quando não há disponibilidade
de equipamento endonasal e nem habilidade para tal, e podem
ser particularmente importantes para a aprendizagem da anatomia de canto medial e área do saco.
Definições
Há várias abreviações e diferentes operações.
•
•
•
A dacriocistorrinostomia (DCR) é uma operação
para drenar as lágrimas do saco lacrimal dentro do nariz
e tratar o lacrimejamento em decorrência de bloqueio
do ducto nasolacrimal. Dacrio significa “lágrima”, cisto
significa “saco” e rinostomia significa “buraco no nariz”
(Fig. 52.2). Estes termos vêm de palavras gregas (Tabela 52.1).
A dacriocistorrinostomia conjuntival ou DCRC é uma
operação que liga a conjuntiva e a lágrima ao nariz, e é
efetuada quando há bloqueio canalicular extremo, o qual
é desviado com tubo de Jones.
A canalículo-dacriocistorrinostomia também pode
ter a abreviação DCR-C. Esta é efetuada quando
um segmento de canalículos obstruído é excisado e a ponta
aberta é unida ao saco lacrimal e à parte interna do nariz.
Tabela 52.1 Etimologia do termo Dacriocistorrinostomia
4 partes: dacro – cisto – rino – stomia
•
•
•
•
•
•
Grego Antigo
Transliteração
Tradução
␦␣κρ␷ον
dakruon
Lágrima
κ␷στισ
kustis
Bexiga, saco
ρ␩ισ
rhis
Nariz
στο␮␣
stoma
Boca
Canaliculotomia é fazer uma abertura dentro do canalículo.
Dacriocistectomia é a remoção cirúrgica de todo o saco
lacrimal.
Intubação do ducto nasolacrimal é a colocação de tubos
de silicone mole a partir do fórnice conjuntival via canalículos,
via sacolacrimal e embaixo do ducto nasolacrimal, até
emergir no meato inferior.
Endonasal refere-se à via pelo nariz e não inclui
necessariamente a via endoscópica. É o mesmo que
transnasal.
Transcanalicular endoscópica é quando um endoscópio
fino, com 1 mm de diâmetro, é passado pelo ponto sob
o canalículo, dentro do saco lacrimal.
DCR transcanalicular endoscópica é a DCR realizada
via canalículo a partir de dentro do saco lacrimal
para dentro do espaço nasal através da maxila e do osso
lacrimal.
400
C0260.indd 400
11/3/12 4:05:53 PM
Anatomia normal
Incisão cutânea
Broca de diamante
Ducto
nasolacrimal obstruído
Endoscópio nasal
Ducto nasolacrimal
obstruído
Fig. 52.3 Comparação de DCR com abordagem (A) externa e (B) endoscópica endonasal.
Cortesia de Santiago Ortiz-Perez.
•
•
•
DCR endoscópica endonasal (DCR-EE) é a DCR realizada
via espaço nasal usando um endoscópio rígido de Hopkins
como uma fonte de luz.
O tubo de Jones é um pequeno tubo de vidro (8-18 mm)
usado como uma rota de desvio para drenar a lágrima
do fórnice conjuntival através do espaço nasal, quando
há grave obstrução dos canalículos ou falha da bomba
lacrimal.
Obstrução congênita do ducto nasolacrimal (OCDNL) é a
ocorrência comum de uma válvula de Hasner não aberta na
extremidade inferior do ducto nasolacrimal ao nascimento.
História da DCR moderna
Dacriocistorrinostomia foi descrita pela primeira vez em 1893
por Caldwell usando uma abordagem nasal à obstrução do ducto
lacrimal. West desenvolveu mais esta abordagem em 1913 com
uma ressecção em janela do ducto nasolacrimal superior. Toti
defendeu a abordagem externa de DCR, que foi desenvolvida
por Dupuy-Dutemps no início do século XX e se tornou o fundamento para a DCR externa no final do século XX.
O princípio da cirurgia de DCR, seja por abordagem com incisão cutânea externa ou abordagem endonasal, é semelhante.
Destina-se a criar uma boa abertura para toda a altura vertical
do saco lacrimal, dentro da parede nasal lateral, através da qual
a lágrima pode ser drenada sem impedimento de fragmentos
mucosos, ósseos, ou das estruturas nasais adjacentes.
A cirurgia lacrimal por abordagem endonasal desenvolveu-se
mais nos últimos 15 anos empregando técnicas endoscópicas e
visualização com um endoscópio rígido de Hopkins (Fig. 52.3).
A dacriocistorrinostomia endoscópica endonasal (DCR-EE) é
um tratamento primário para a obstrução do ducto nasolacrimal
com uma série de vantagens, se comparada à abordagem externa
tradicional. Essas vantagens incluem evitar a cicatriz cutânea,
visualização direta da anatomia nasal e preservação do tendão
medial cantal e da função de bomba. A taxa de sucesso da cirurgia
de DCR endonasal primária é comparável à da abordagem externa.
Anatomia normal
Drenagem lacrimal
Normalmente a lágrima drena através dos pontos lacrimais para
o nariz, onde pode ser vista no meato inferior (Fig. 52.4). Antes
de se realizar qualquer cirurgia lacrimal, é necessário o completo
conhecimento da anatomia nasal normal e da relação dos tecidos
moles e ossos da parede nasal lateral. Com este conhecimento,
as variações anormais serão facilmente reconhecidas.
Anatomia nasal
Tecido mole e ossos da parede nasal lateral
As principais estruturas de tecido mole da parede nasal lateral
são:
•
•
•
Concha: (superior raro), médio e inferior (Fig. 52.5).
Meato: médio e inferior.
Outros edemas produzidos por agger nasi (etmoide),
processo uncinado e bula etmoidal.
401
C0260.indd 401
11/3/12 4:06:11 PM
52
Cirurgia do sistema lacrimal
Glândula lacrimal
1
Canalículos
3
2
Saco lacrimal
4
Concha média
5
Ducto nasolacrimal
Concha inferior
Cavidade nasal
1. Glândula lacrimal
2. Olho
3. Canalículos
4. Ducto lacrimal
5. Nariz
A
B
Fig. 52.4 (A) Drenagem normal de lágrimas. (B) Anatomia do sistema lacrimal.
Cortesia de Santiago Ortiz-Perez.
•
Aberturas no meato médio: seio frontal, hiato semilunar
e infundíbulo, abertura adicional do seio maxilar (abertura
acessória).
Os principais ossos da parede nasal lateral (Fig. 52.6):
•
•
•
•
•
Maxila.
Osso lacrimal.
Processo uncinado.
Placa perpendicular do etmoide (concha média).
Concha inferior.
Etiologia e avaliação do lacrimejamento
Obstrução do ducto nasolacrimal
em adultos
As causas de lacrimejamento incluem hipersecreção e epífora. As
causas de hipersecreção (conjuntivite, ceratite, corpo estranho corneano etc.) devem ser excluídas ( Fig. 52.7 A–D ). A
cirurgia do sistema lacrimal é para epífora, que é um problema do fluxo de saída, causado por estenose ou obstrução
do sistema excretor lacrimal, ou drenagem funcional muito
precária, como pode ocorrer, por exemplo, na paralisia do
nervo facial.
A área periorbital deve ser examinada, sendo excluídas mucocele, dacriocistite (Fig. 52.8) e fístula do saco lacrimal. Posição
palpebral, particularmente a aposição pontual ao globo ocular,
também deve ser registrada.
A canaliculite, quase sempre omitida, ainda é uma condição
relativamente comum (Fig. 52.9). É um diagnóstico simples
porque o edema se encontra medial ao ponto lacrimal, o qual
com mais frequência tem alguma secreção amarelada. Pode ser
crônica e parcialmente responsiva à medicação tópica, sendo a
cirurgia o tratamento definitivo.
Raramente pode haver causas sérias de obstrução do fluxo de
saída lacrimal, como tumor de saco lacrimal ou de ducto nasolacrimal e devem ser excluídas por cuidadoso histórico e exame
endonasal. Lágrimas sanguinolentas podem indicar tumor de
saco lacrimal.
A causa mais comum da epífora é a inflamação crônica da
mucosa do ducto nasolacrimal e subsequente estenose levando à
completa obstrução, associada à doença mucosa sinusal e nasal,
alergia crônica ou infecções do trato respiratório superior. São
causas mais raras de epífora: granulomatose de Wegener, sarcoidose, cirurgia anterior do seio maxilar e tumor intrínseco ou
extrínseco. Raramente um cálculo lacrimal pode causar obstrução
com epífora, que então se resolve após a passagem do cálculo.
A avaliação deve incluir o exame completo dos pontos lacrimais, teste com o corante fluoresceína, usando seringa de
irrigação e sondagem, e endoscopia nasal. A endoscopia nasal
é feita rotineiramente no pré-operatório para verificar se não
houve uma causa nasal evidente da epífora, para determinar a
anatomia nasal normal e verificar se há quaisquer variações que
possam influenciar a taxa de sucesso da cirurgia. Ela também permite que seja realizada a avaliação do espaço nasal para verificar
se há espaço suficiente para introduzir os instrumentos por via
endonasal, ou se há necessidade de septoplastia ou cornectomia
média para criar mais espaço.
A obtenção adicional de imagens com radionuclídeo (cintilografia nuclear lacrimal) geralmente é realizada na obstrução
parcial, para determinar o nível de bloqueio funcional, enquanto
dacriocistograma ou dacriocistograma com TC é reservado para
402
C0260.indd 402
11/3/12 4:06:15 PM
Cirurgia para epífora em adultos
A
B
C
D
Fig. 52.5 (A–D) Anatomia normal das conchas. (A) Espaço nasal esquerdo da concha média normal. (B) Concha bolhosa no espaço nasal direito da concha
média. Esta é uma concha média aerada. (C) Assoalho nasal esquerdo com o elevador de Freer sob a concha inferior. A concha média é vista a distância. (D)
Fratura interna da concha inferior esquerda para mostrar o meato inferior e a abertura do ducto nasolacrimal.
avaliar as causas anatômicas de lacrimejamento e dos seios paranasais. Todos os achados devem ser cuidadosamente anotados
no registro clínico, tanto em diagramas quanto em texto, para
uma clara comunicação.
As duas principais opções
Cirurgia para epífora em adultos
Opções cirúrgicas para obstrução
dos canalículos
Opções cirúrgicas para obstrução
de ducto nasolacrimal em adultos
Opções menores
•
•
•
A dilatação por balão do ducto nasolacrimal ± intubação
com silicone é efetuada em alguns casos de estenose parcial
do ducto nasolacrimal com taxas de sucesso inferiores a 80%.
DCR a laser transcanalicular é uma nova técnica recente
que mostra alguns resultados promissores, mas a evidência
de bons resultados a longo prazo é necessária antes que
esta se torne a tendência atual de escolha primária aceita.
A cirurgia do meato inferior ± intubação do ducto
nasolacrimal tem um papel limitado. O meato inferior
deve ser checado no momento da cirurgia para detecção
de cálculos e patologia visíveis.
•
•
•
•
•
•
DCR externa ± intubação com silicone.
DCR endonasal + intubação com silicone.
DCR com intubação com silicone retrógrada.
Canaliculectomia com trépano de Sisler para DCR
canalicular.
Encurtamento palpebral com excisão da obstrução
canalicular focal e marsupialização do canalículo
remanescente na conjuntiva.
DCR conjuntival com tubo de Jones.
Trauma lacrimal
•
•
Reparo primário de canalículo lacerado com intubação
com Mini-Monaka de silicone (Crawford ou Ritleng)
DCR endoscópica endonasal primária e desvio com tubo
de Jones.
403
C0260.indd 403
11/3/12 4:06:36 PM
52
Cirurgia do sistema lacrimal
A
B
Osso lacrimal
Processo
uncinado
Crista
lacrimal
C
Osso
da maxila
Seio maxilar
D
Sonda no ducto NL
Fig. 52.6 (A–D) Anatomia da parede nasal lateral. (A) Parede nasal lateral mostrando as conchas média e inferior e a posição do sacolacrimal subjacente.(B)
A concha média e parte da concha inferior foram removidos para revelar a extensão do ducto nasolacrimal. (C) Diagrama mostrando ossos. (D) Sonda azul no
ducto nasolacrimal mostrando sua relação com os ossos e seu ângulo direcionado para posterior.
Cirurgia de DCR com abordagem externa
Esta técnica é considerada o padrão ouro, com o qual são comparadas todas as outras operações de drenagem lacrimal. O sucesso
dos resultados varia entre 70%-98%. Os resultados anatômicos
e funcionais devem ser mensurados registrando-se a resolução
subjetiva dos sintomas de lacrimejamento ± refluxo mucoso
resolvido. O sucesso deve ser avaliado 6 meses após a cirurgia e
depois da remoção dos tubos.
Etapas da DCR externa
•
•
•
•
Faça uma pequena incisão na pele com 12 mm de
comprimento no lado do nariz para ganhar acesso ao saco
lacrimal.
Descole o tendão cantal medial.
Divida o periósteo na crista lacrimal anterior para entrar
na fossa lacrimal e ganhar acesso à sutura óssea entre
a maxila anterior espessa e o fino osso lacrimal
posterior.
Faça uma abertura (osteotomia ou rinostomia)
no processo ascendente da maxila e o osso lacrimal, entre
o saco lacrimal e o nariz, na fossa lacrimal com o fórceps
•
•
•
•
•
•
ósseo. Isso inclui a crista lacrimal anterior e cerca
de 5-10 mm da maxila anterior, a partir da junção
do saco lacrimal e ducto nasolacrimal até o ápice do saco
lacrimal.
A osteotomia deve expor a mucosa nasal e também
a mucosa etmoidal superiormente.
Incise a mucosa nasal verticalmente para criar retalhos
nasais anterior e posterior.
Similarmente, passe uma sonda de Bowman dentro do saco
lacrimal e incise-a para que abra verticalmente usando um
bisturi de cerátomo.
Identifique a abertura canalicular comum. Esta é a abertura
interna e tem uma válvula de Rosenmuller. Se houver
inflamação da válvula, ela pode estar aderente e requerer
a divisão da membrana fina.
Suture os retalhos do saco lacrimal posterior na mucosa
nasal posterior para criar uma passagem direta entre
o saco e o nariz. Este retalho nem sempre requer
suturação.
Coloque tubos de O’Donoghue bicanaliculares, de silicone
mole, a partir do canto medial das pálpebras, através
dos ductos lacrimais dentro do nariz, para manter
a passagem aberta.
404
C0260.indd 404
11/3/12 4:06:55 PM
Cirurgia de DCR com abordagem externa
A
B
C
D
Fig. 52.7 (A–D) Causas de hipersecreção. (A) Conjuntivite. (B) Erosões epiteliais corneanas. (C) Corpo estranho corneano. (D) Ceratite por herpes simples.
A
B
Fig. 52.8 (A e B) Dacriocistite. (A) Dacriocistite direita. (B) Dacriocistite esquerda prévia com fístula do saco lacrimal.
•
•
Esses tubos normalmente não são notados pelo paciente e
são indolores quando na posição correta.
Suture o retalho de saco lacrimal anterior ao retalho
de mucosa nasal anterior.
As suturas cutâneas são removidas 1 semana após a cirurgia
e a fina cicatriz normalmente desaparece em 3 meses.
•
Remova os tubos por via endonasal entre 6-8 semanas
após a operação. Enquanto os tubos estão em posição
pode haver ligeira abundância do lacrimejamento,
que melhora depois de sua remoção. Eles podem ser
removidos já em 2 semanas após a cirurgia de DCR
externa não complicada.
405
C0260.indd 405
11/3/12 4:07:31 PM
capa Spaeth quarta capa:Layout 1
11/5/12
9:16 PM
Page 1
QUEM É EXPERT CONSULTA!
Cirurgia Oftalmológica
4ª EDIÇÃO
George L. Spaeth • Helen V. Danesh-Meyer • Ivan Goldberg • Anselm Kampik
• Domine os procedimentos oftalmológicos por meio de um detalhado guia
colorido com o passo a passo das técnicas e de vídeos online com as
principais técnicas cirúrgicas de uma equipe internacional de editores e
colaboradores especialistas.
• Obtenha a compreensão completa de todas as subespecialidades –
catarata, córnea, refrativa, glaucoma, plástica ocular, estrabismo,
vitreorretiniana, tumores oculares e domine o essencial de todos os
procedimentos.
• Aplique os últimos avanços na cirurgia a laser que se tornaram
prática-padrão na nova seção de cirurgia refrativa.
• Tenha um guia das técnicas cirúrgicas fundamentais graças a mais de 4
horas de vídeo online narrado em inglês em mais de 8 subespecialidades.
• Reforce sua compreensão visual por meio de um projeto gráfico
colorido com mais de 800 ilustrações, desenhos atualizados e revisados,
com imagens coloridas e procedimentos ilustrados.
• Compartilhe a experiência das principais autoridades da área com uma
novíssima equipe editorial da América do Norte, Europa, Austrália e Ásia,
assim como colaboradores internacionais que proporcionam perspectivas
globais de todas as subespecialidades da cirurgia oftalmológica.
4ª EDIÇÃO
Além desses conteúdos, o
código também permite o
acesso gratuito ao conteúdo
integral do livro
em inglês no site
www.expertconsult.com.
A aquisição desta obra
habilita o acesso ao site
www.elsevier.com até o
lançamento da próxima
edição em inglês e/ou
português, ou até que esta
edição em inglês e/ou
português não esteja
mais disponível para
venda pela Elsevier, o que
ocorrer primeiro.
www.elsevier.com.br/medicina
Cirurgia Oftalmológica
TRADUÇÃO DA 4ª EDIÇÃO
Spaeth
Danesh-Meyer
Goldberg
Kampik
Classificação de Arquivo Recomendada
OFTALMOLOGIA
CIRURGIA OFTALMOLÓGICA
WWW.EXPERTCONSULT.COM
Princípios e Prática
– 72 vídeos de
procedimentos cirúrgicos
– 313 imagens no banco de
imagens para uso em seus
estudos
Cirurgia Oftalmológica
Princípios e Prática
Este livro tem conteúdo
extra e gratuito no site
www.expertconsult.com.
Registre o código que está
no verso da capa dentro
deste livro, e conheça uma
nova maneira de aprender:
WWW.EXPERTCONSULT.COM
WWW.EXPERTCONSULT.COM
George L. Spaeth • Helen V. Danesh-Meyer • Ivan Goldberg • Anselm Kampik
COMPRE
AQUI