Caderno de Resumos - Centro de Estudos das Literaturas e

Transcrição

Caderno de Resumos - Centro de Estudos das Literaturas e
Caderno de Resumos
Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de
Literaturas de Língua Portuguesa
XVI Encontro de Estudos Comparados
de Literaturas de Língua Portuguesa
Comparatismo hoje:
As literaturas e Culturas
de Língua Portuguesa
Caderno de Resumos
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Reitor: Prof. Dr. Marco Antonio Zago
Vice-Reitor: Prof. Dr. Vahan Agopyan
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
Diretor: Prof. Dr. Sérgio França Adorno de Abreu
Vice-Diretor: Prof. Dr. João Roberto Gomes de Faria
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS
Chefe: Profa. Dra. Marli Quadros Leite
Vice-Chefe: Prof. Dr. Paulo Martins
PROGRAMA DE ESTUDOS COMPARADOS DE LITERATURAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Coordenadora: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Vice-Coordenador: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
CENTRO DE ESTUDOS DAS LITERATURAS E CULTURAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Diretora: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Vice-Diretora: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
Equipe técnica
Giovanna Usai
Marinês Mendes
COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO
Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos
Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Edson Salviano Nery (Representante Discente)
Organização das mesas
José Carvalho Vanzelli
Penélope Eiko Aragaki Salles
Diagramação e revisão
Edimara Lisboa
Edson Salviano Nery
Giuliano Lellis Ito Santos
Marinês Mendes
Agosto 2016
Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 – 05508-900
Cidade Universitária, São Paulo-SP / Brasil
Apresentação
O Encontro de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa é
o mais importante evento da área, e já se encontra na sua décima sexta edição.
Este ano, optamos por centrar a atenção nas variadas atividades desenvolvidas
pelos pesquisadores e discentes vinculados ao programa, sem esquecer que elas
são fruto de um trabalho que se iniciou em 1994. Nas mesas plenárias teremos
ainda a participação de colegas da Universidade Estadual do Mato Grosso
(UNEMAT), entidade com que mantemos uma parceria interinstitucional e de
apoio desde 1999.
De 23 a 25 de agosto, buscaremos apresentar os projetos, grupos de
estudos, núcleos de pesquisa, publicações e outras atividades do programa. As
sessões de comunicações, em que mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos
apresentam seus trabalhos, complementarão o evento, que certamente
permitirá que conheçamos melhor o trabalho desenvolvido, e possamos ter uma
ideia mais global de uma atividade intensa e plural.
Comissão Organizadora
XVI EECLLP
Sumário
Programação.......................................................................................................13
Sessões de comunicação.....................................................................................15
Resumos dos docentes da UNEMAT...................................................................23
Resumos do corpo discente................................................................................27
Ordo Amoris – (des)caminhos pelos labirintos de Eros
Adriane Figueira Batista (Mestrado/USP)............................................................................................................27
O Brasil menor de idade – infância e adolescência em Graciliano Ramos
e João Antônio
Adriano Guilherme de Almeida (Doutorado/USP).......................................................................................27
O Atlas de Gonçalo M. Tavares entre Deleuze e Simondon: Considerações
Alessandro Carvalho Sales (Pós-Doutorado/USP; Docente/UNIRIO).........................................28
“Pã”-Américas de Áfricas utópicas: Ossanha, Curupira e o canto rapper
do Afro-Sampa
Aline Aparecida dos Santos (Mestrado/USP)..................................................................................................28
Intertextos literários e históricos nas obras de Ruy Duarte de Carvalho
Andrea Cristina Muraro (Pós-Doutorado/USP; Docente/UNILAB-CE).....................................29
João Vêncio: seus amores – Como um sexopata diz “eu te amo”
Andrea Maria Carvalho Moraes (Mestrado/USP)...........................................................................................29
O romantismo presente na peça Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco
Guarnieri
Anna Carolina Botelho Takeda (Doutorado/USP)........................................................................................30
Romances contemporâneos – Uma leitura histórica: Bricolagens narrativas em
Leite derramado e Terra Sonâmbula
Ari Silva Mascarenhas de Campos (Doutorado/USP)................................................................................31
“Para que o romance não morra”: como ler quando não há literatura?
Arnaldo Delgado Sobrinho (Doutorado/USP)...................................................................................................31
Representações do escravo em narrativas de Joaquim Manuel de
Macedo e Eduardo Tavares
Bárbara Fernandes Ferreira (Mestrado/USP).....................................................................................................32
Percursos da literatura marginal-periférica e a emergência da
questão de gênero
Bianca Mafra Gonçalves (Iniciação Científica/USP)....................................................................................32
Entre memórias: a lembrança como ponte (im)possível
Bruna Del Valle de Nóbrega (Mestrado/USP)....................................................................................................33
Imagens do trauma em Joaquim Pedro de Andrade
Carla Moreira Kinzo (Doutorado/USP)....................................................................................................................33
Questões de classe e tradição em A emparedada da Rua Nova,
de Carneiro Vilela
Carolina Silva Mercês (Mestrado/USP)....................................................................................................................34
Três personagens (uma santa e dois indianos) nos entre-lugares
de O outro pé da sereia, de Mia Couto
Claudia Esperanza Durán Triana (Doutorado/USP)......................................................................................34
Literaturas africanas e afro-brasileiras nas Universidades
Claudia Rocha da Silva (Doutorado/USP)...........................................................................................................35
Belas, Recatadas e do Lar: as insubordinadas mulheres da Via Crucis
do Corpo, de Clarice Lispector
Claudiana Gois dos Santos (Mestrado/USP)....................................................................................................35
Mudança de palco na literatura de Lygia Bojunga: recursos teatrais
& problemas sociais (in)visíveis
Cristiane Figueiredo Florêncio (Mestrado/USP)...........................................................................................36
Caminhos do insólito em Boaventura Cardoso
Cristiane Santana Silva (Doutorado/USP)............................................................................................................36
Protagonistas e coadjuvantes: a amizade (quase) perfeita
em “O Senhor dos Anéis”
Cristina Casagrande de Figueiredo Semmelmann (Mestrado/USP)...........................................37
As mulheres nos textos de imprensa de Eça de Queirós
Daiane Cristina Pereira (Doutorado/USP).............................................................................................................37
Grimm, Dahl e Majidí: A representação da cumplicidade na infância
Dayse Oliveira Barbosa (Mestrado/USP)..............................................................................................................38
Lei 11.645/08: literaturas e ensino
Denise Cenci (Mestrado/USP)........................................................................................................................................38
Literaturas de Goa e Macau em língua portuguesa: tal coisa existe?
Duarte Nuno Drumond Braga (Pós-Doutorado/USP)...............................................................................39
Literatura para crianças e jovens: papéis sociais e novas expressões
Ecila Lira de Lima Mabelini (Doutorado/USP)...................................................................................................39
Lúcio Cardoso e Manoel de Oliveira: artistas da dissidência
Edimara Lisboa (Doutorado/USP)..............................................................................................................................40
A construção poética do imaginário infantil em Cora Coralina e Manoel
de Barros: percepções culturais, identitárias e educacionais nas obras
O prato azul-pombinho e Menino do mato
Edison de Abreu Rodrigues (Doutorado/USP)..............................................................................................40
As manifestações do Silêncio no Imaginário Contemporâneo
Edna Alencar da Silva Rivera (Doutorado/USP)..............................................................................................41
Pedro Casaldáliga e Agostinho Neto: na poesia contra o poder, os versos
que ferem e fazem florescer
Edson Flávio Santos (Doutorado/UNEMAT)....................................................................................................42
O enigma dos detetives: perfis masculinos da narrativa detetivesca
Edson Salviano Nery Pereira (Mestrado/USP)..................................................................................................42
O modelo do provérbio e “a causa africana” em João Albasini
Elídio Miguel Fernando Nhamona (Doutorado/USP)..................................................................................43
Do texto à imagem – caminhos da obra de João Guimarães Rosa pelo sertão
Elizabeth Ziani (Doutorado/USP)................................................................................................................................43
João Paulo Borges Coelho: literatura do incômodo
Emiliano Augusto Moreira de Lima (Doutorado/USP).............................................................................44
A ascensão social como objeto de disputa em “Amigos”, de Luiz Ruffato
Emily Cristina dos Ouros (Mestrado/USP).........................................................................................................44
Angola e Brasil – encontros na música popular urbana
Estefânia Francis Lopes (Mestrado/USP)............................................................................................................44
Um “passeio” pelo imaginário de Andersen
Euclides Lins de Oliveira Neto (Doutorado/USP).......................................................................................45
Espaço e isolamento em Mãe, materno mar
Everton Fernando Micheletti (Doutorado/USP)............................................................................................45
Temporalidade e Finitude: o Lobo na ficção de João Guimarães Rosa
e José Roberto Torero
Fabiana Corrêa Prando (Mestrado/USP)...............................................................................................................46
Infância e Literatura: (re)visitando algumas formas de representação
Fabio Eduardo Muraca (Mestrado/USP)................................................................................................................47
Notas comparativas sobre a formação: América Latina e África Portuguesa
Fábio Salem Daie (Doutorado/USP)..........................................................................................................................47
O romance negro de autoria feminina no Brasil: notas sobre
Um defeito de cor
Fernanda Rodrigues de Miranda (Doutorado/USP).....................................................................................48
Apresentação de autores afro-brasileiros e de africanos por meio de
livros didáticos
Flavia Cristina Bandeca Biazetto (Doutorado/USP)...................................................................................48
Arte, Cores e Transformações: 7 Cartas e 2 Sonhos de Tomie Ohtake
e Lygia Bojunga até o Meu Amigo Pintor
Flávia Maria Reis de Macedo (Mestrado/USP).................................................................................................49
A construção da identidade portuguesa
Flávia Roveri (Iniciação Científica/USP)................................................................................................................49
O Egito sob domínio europeu: um olhar queirosiano
Giuliano Lellis Ito Santos (Pós-Doutorado/USP)..........................................................................................50
Mulheres (negras) escritoras: histórias que se cruzam
Ianá Souza Pereira (Doutorado/USP)........................................................................................................................51
Teoria política e representação literária
Jacqueline Kaczorowski (Mestrado/USP)............................................................................................................51
Entre o visível e o invisível: a narrativa fantástica e a formação do
leitor literário contemporâneo
Joana Marques Ribeiro (Doutorado/USP).............................................................................................................51
Narrativa da espera no romance angolano contemporâneo, a propósito
da escrita ao serviço da nação: uma leitura necessária
Joaquim João Martinho (Mestrado/USP)...............................................................................................................52
O Romantismo goês: a obra do contista Júlio Gonçalves
José Antonio Pires de Oliveira Filho (Doutorado/USP)...........................................................................53
As dimensões do orientalismo anteriano
José Carvalho Vanzelli (Doutorado/USP).............................................................................................................53
O processo de construção identitária em uma abordagem materialista
histórica da obra Hibisco roxo de Chimamanda Ngozi Adichie
Juliana Sant´Ana Campos (Doutorado/USP)......................................................................................................54
Rui Knopfli: uma leitura de A Ilha de Próspero
Kelly Mendes Lima (Doutorado/USP).....................................................................................................................55
Relações literárias entre Brasil e Goa no século XIX: o caso de
Francisco João da Costa
Kouassi Loukou Maurice (Doutorado/USP)......................................................................................................55
Experiências Históricas e Literatura em Moçambique: Suleiman Cassamo
e Ungulani Ba Ka Khosa
Laiz Colosovski Lopes (Mestrado/USP)..............................................................................................................55
Narrativas de esgotamento nas escritas africanas de autoria feminina
Larissa da Silva Lisboa Souza (Doutorado/USP)..........................................................................................56
Moçambique em perspectiva através de As Visitas do Dr. Valdez e
As Duas Sombras do Rio, de João Paulo Borges Coelho
Laurinda Aparecida Maiorquim Gomes da Silva (Mestrado/USP)..................................................57
As vozes narrativas em antes de nascer o mundo: o diálogo entre
Moçambique e Portugal
Léia da Silva Gomes Torres (Doutorado/UNEMAT).......................................................................................57
Recriações históricas em Herculano e Scott: A figura heroica do monarca
Leonardo de Atayde Pereira (Doutorado/USP).............................................................................................58
Cecília Meireles de Ou isto ou aquilo e Liev Tolstói de Contos da
Nova Cartilha: aproximações em literatura e educação
Lívia Galeote (Mestrado/USP)........................................................................................................................................59
Representações do negro: a poética de José Craveirinha em diálogo
com o lusotropicalismo
Luana Soares de Souza (Doutorado/UNEMAT)..................................................................................................59
As masculinidades nas instituições em Princesa
Luciana Miranda Marchini Ulgheri (Doutorado/USP).................................................................................60
Masculinidade de Jaime Bunda
Luiz Carlos Loureiro de Lima Junior (Mestrado/USP)...............................................................................60
Literatura colonial, trabalho e dominação: considerações sobre Brancos
e Negros, de Guilhermina Azeredo (1956)
Luiz Fernando de França (Doutorado/USP; Docente/UFO-PA)...................................................60
A solidão do Astronauta: a representação cultural nas HQs
Márcia de Souza Ravaglio (Mestrado/USP)........................................................................................................61
A desconstrução da propaganda salazarista em O ano da morte de Ricardo Reis
Márcio Aurélio Recchia (Mestrado/USP)...............................................................................................................62
Autonomia literária: um caminho que desvenda a cultura brasileira
Maria da Conceição José de Sousa (Mestrado/UNEMAT)..........................................................................62
Vinil verde e Os lobos dentro das paredes: o medo e as ausências
entre telas e páginas
Maria de Lourdes Guimarães (Doutorado/USP).............................................................................................63
A narrativa das secas- uma comparação entre os romances Vidas Secas,
Os Flagelados do Vento Leste e Famintos
Maria Luzia Carvalho de Barros Paraense (Doutorado/USP)...............................................................63
No cárcere com José Craveirinha e Frei Caneca
Maria Nilda de Carvalho Mota (Doutorado/USP)............................................................................................64
Formação continuada para o ensino das africanidades
Maria Paula de Jesus Correa (Mestrado/USP)...................................................................................................64
O cinema africano de Língua Portuguesa e os critérios de sua historiografia
Marina Oliveira Felix de Mello Chaves (Mestrado/USP)..........................................................................65
O primeiro amor e a cantadeira: a modernidade como estratégia
discursiva em Ana Miranda e Mia Couto
Marluci Cristina da Silva Demozzi (Doutorado/UNEMAT)..................................................................65
Graciliano Ramos: os dilemas da consolidação de um capitalismo
dependente
Miguel Makoto Cavalcanti Yoshida (Doutorado/USP)............................................................................66
Representação e representatividade: o lugar da literatura na equação
do racismo
Nara Lasevicius Carreira (Mestrado/USP)............................................................................................................67
A feição social do narrador em Predadores, de Pepetela
Osvaldo Sebastião da Silva (Doutorado/USP)...............................................................................................67
O deslocamento e a orfandade nas obras Livro, de José Luis Peixoto,
Os Malaquias, de Andrea Del Fuego e Central do Brasil, de Walter Salles
Paula Fábrio (Doutorado/USP).......................................................................................................................................68
Um estudo sobre a violência contra a mulher a partir da ótica do
agressor em o remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãe
Penélope Eiko Aragaki Salles (Mestrado/USP)................................................................................................68
A poesia cabo-verdiana: Corsino Fortes, Arménio Vieira e Filinto Elísio
Raquel Aparecida Dal Cortivo (Doutorado/USP)..........................................................................................69
Amargos e proibidos frutos – o despontar de um empoderamento na
poesia de Paula Tavares
Regina Margaret Pereira (Doutorado/USP).........................................................................................................69
Sociedade e política no teatro de Ariano Suassuna: Auto da compadecida,
Farsa da boa preguiça, O santo e a porca e A pena e a lei
Reila Márcia Borges Rodrigues (Mestrado/UNEMAT)...............................................................................70
A Força da Ilustração em Minsk, conto de Graciliano Ramos
Transformado em Livro para Criança
Ricardo de Medeiros Ramos Filho (Doutorado/USP)................................................................................71
Poesia em Moçambique: negação determinada do presente?
Rodrigo de Oliveira Antonio (Mestrado/USP).................................................................................................71
Literatura Infantil e Educação no início do Século XX
Rogério Bernardo da Silva (Doutorado/USP)...................................................................................................72
Contradições sob a perspectiva de Nós, os do Makulusu, de Luandino Vieira
Rosana Baú Rabello (Doutorado/USP).....................................................................................................................72
A poesia de mulheres em tempo de libertação nacional
Roseleine Vitor Bonini(Mestrado/USP)...................................................................................................................73
Outros sais na beira mar de Filinto Elísio: um labiríntico mosaico de
ficção poética
Rute Maria Chaves Pires (Doutorado/USP; Docente/UEMA).............................................................73
Entre a espera e a jornada: As representações do feminino na literatura
infantil brasileira como metáfora social
Samira dos Santos Ramos (Mestrado/USP).......................................................................................................73
O retrato do colonialismo português em Ninguém matou Suhura
Silvaneide da Silva Costa (Mestrado/USP).........................................................................................................74
Na fronteira das crises: narrativas e representações do homem cabo-verdiano
Sinei Ferreira Sales (Doutorado/USP).....................................................................................................................75
Chinua Achebe e Castro Soromenho: compromisso político e consciência
histórica em perspectivas literárias
Stela Saes (Mestrado/USP)...............................................................................................................................................75
A rede literária de Timor-Leste
Suillan Miguez Gonzalez (Doutorado/USP)........................................................................................................76
Literatura, Narrativas (jornalísticas) e Medicina
Suzie Marra (Doutorado/USP).........................................................................................................................................77
Do Estado Totalitário à Literatura: Sociedade e Política em Fazenda Modelo,
de Chico Buarque e Animal Farm, de George Orwell
Thainá Aparecida Ramos de Oliveira (Doutorado/UNEMAT)...........................................................77
Desabrigo-Mundo: Narrativa no Século XXI
Tiago da Cunha Fernandes (Doutorado/USP).................................................................................................78
Apontamentos sobre a crônica moçambicana: Nelson Saúte e Hélder
Muteia cronistas
Ubiratã Souza (Doutorado/USP)..................................................................................................................................78
Facetas: A imagem do Masculino em Maria Velho da Costa, Nelson Rodrigues
e Tennessee Williams
Vanessa Rodrigues Thiago (Mestrado/USP)....................................................................................................79
Um Homem e seu Carnaval: notas sobre o motivo do Carnaval na lírica
modernista brasileira
Victor Palomo (Doutorado/USP)................................................................................................................................79
O favor em A Mão do Finado e O Filho do Pescador: prefigurações do favor
em Portugal e no Brasil
Yara Vieira de Souza (Mestrado/USP)...................................................................................................................80
13
Programação
23/08 Terça-feira
14h00 Abertura: Profa. Dra. Rejane Vecchia (sala 102)
14h30-16h00 Mesa-redonda I (sala 102)
Coordenação: Profa. Dra. Fátima Bueno
Revendo a trajetória conjunta USP/UNEMAT
Profa. Dra. Elza Miné (USP)
Acervo de Ricardo Ramos: uma abordagem crítica ao rés-do-chão
Prof. Dr. Aroldo José Abreu Pinto (UNEMAT)
Exilados políticos e representações da diáspora portuguesa no Brasil: o caso de Maria Archer
Profa. Dra. Elisabeth Battista (UNEMAT)
16h00-17h45 – Sessões de comunicações
17h45-18h00 – Coffee-break
18h00-19h30 – Apresentação de projetos, grupos e núcleos de pesquisas/Publicações I
(sala 102)
Coordenação: Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos
Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos – Núcleo Portátil – Núcleo de Literatura, Teoria e Vídeo
Profa. Dra. Fátima Bueno – O salazarismo e seus estertores: diálogos entre literatura e cinema
Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior – Graciliano Ramos: pontes literárias, socioculturais e com
outras artes
Giovanna Usai – CELP/Via Atlântica e Maria Paula de Jesus Correa – ECLLP/ Crioula
24/08 Quarta-feira
14h00-14h45 Mesa-redonda II (sala 102)
Coordenação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Política e Comparatismo: Licenciatura e Extensão
Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Profa. Dra. Vima Lia Martin
14h45-16h00 – Mesa-redonda III (sala 102)
Coordenação: Profa. Dra. Simone Caputo Gomes
Aspectos do trágico nos contos de José de Mesquita
Prof. Dr. Dante Gatto (UNEMAT)
14
História e Mito nos Teatros Português e São-Tomense: Luzes e sombras da ditadura nas peças
teatrais Os degraus (Augusto Sobral) e a Berlinização ou Partilha de África (Aíto de Jesus Bonfim)
Prof. Dr. Agnaldo Rodrigues da Silva (UNEMAT)
Cabo Verde: 40 anos de pesquisa
Profa. Dra. Simone Caputo Gomes (USP)
16h00-17h45 – Sessões de comunicações
17h45-18h00 – Coffee-break
18h00-19h30 – Apresentação de projetos e grupos de pesquisas/Publicações II (sala 102)
Coordenação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha – Grupo de Pesquisa em Produções Literárias e Culturais para
Crianças e Jovens / Literartes
Prof. Dr. Carlos Eduardo Pompílio (FMUSP) e Profa. Dra. Fabiana Carelli – Grupo de Estudos
em Narrativa e Medicina – GENAM
Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira – Em torno do século XIX: Camilo Castelo Branco e outros
esquecidos
Prof. Dr. Helder Garmes – Pensando Goa: Uma peculiar biblioteca de língua portuguesa (Projeto
Temático/FAPESP) e Grupo de Estudos Eça de Queirós: uma leitura cronológica de sua obra
25/08 quinta-feira
14h00-15h30 – Mesa-redonda IV (sala 102)
Coordenação: Profa. Dra. Rita Chaves
Do meu Corpo o canto: o corpo e a sua escritura nas Literaturas Brasileira e Portuguesa
Prof. Dr. Emerson Inácio (USP)
Romance de retornados: o Império Colonial Português revisitado
Profa. Dra. Tania Macêdo (USP)
Ossos e cinzas: operações constituintes de Ngungunhane
Profa. Dra. Vera Maquêa (UNEMAT)
15h30-17h30 – Sessões de comunicações
17h30-17h45 – Coffee-break
17h45-18h15 – Encerramento: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior (sala 102)
18h30-19h30 – Auto da Barca do Inferno, auto de Gil Vicente, montagem do Grupo
Dragão 7, direção de Creuza Borges
15
Sessões de comunicação
Terça-feira (23 de agosto)
Mesa 1: Literatura moçambicana 1 (sala 103)
Coordenação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
O primeiro amor e a cantadeira: a modernidade como estratégia discursiva em Ana Mirando e Mia Couto
Marluci Cristina da Silva Demozzi
Orientação: Profa. Dra. Vera Maquêa
Romances contemporâneos – Uma leitura histórica: bricolagens narrativas em Leite Derramado e
Terra Sonâmbula
Ari Silva Mascarenhas de Campos
Orientação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
Três personagens (uma santa e dois indianos) nos entre-lugares de O outro pé da sereia, de Mia Couto
Claudia Esperanza Durán Triana
Orientação: Profa. Dra. Nádia Battella Gotlib
As vozes narrativas em Antes de Nascer o Mundo: o diálogo entre Moçambique e Portugal
Léia da Silva Gomes Torres
Orientação: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
Mesa 2: Literatura moçambicana 2 (sala 104)
Coordenação: Profa. Dra. Vera Maquêa
Rui Knopfli: uma leitura de A Ilha de Próspero
Kelly Mendes Lima
Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Experiências históricas e literatura em Moçambique: Suleiman Cassamo e Ungulani Ba Ka Khosa
Laiz Colosovski Lopes
Orientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
O retrato do colonialismo português em Ninguém matou Suhura
Silvaneide da Silva Costa
Orientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Apontamentos sobre a crônica moçambicana: Nelson Saúte e Hélder Muteia cronistas
Ubiratã Roberto Bueno de Souza
Orientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
O modelo do provérbio e “a causa africana” em João Albasini
Elídio Miguel Fernando Nhamona
Orientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Mesa 3: Literatura Portuguesa (sala 235)
Coordenação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
O Atlas de Gonçalo M. Tavares entre Deleuze e Simondon: Considerações
Alessandro Carvalho Sales
Supervisão: Prof. Dr. Mauricio Salles Vasconcelos
A construção da identidade portuguesa
Flávia Magalhães Roveri
Orientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
A desconstrução da propaganda salazarista em O ano da morte de Ricardo Reis
Márcio Aurélio Recchia
Orientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
16
Mesa 4: Representações de gênero 1 (sala 106)
Coordenação: Profa. Dra. Elisabeth Battista
Facetas: a imagem do masculino em Maria Velho da Costa, Nelson Rodrigues e Tennessee Williams
Vanessa Rodrigues Thiago
Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Um estudo sobre a violência contra a mulher a partir da ótica do agressor em o remorso de baltazar serapião,
de valter hugo mãe
Penélope Eiko Aragaki Salles
Orientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
O enigma dos detetives: perfis masculinos da narrativa detetivesca
Edson Salviano Nery Pereira
Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Belas, recatadas e do lar: as insubordinadas mulheres da Via Crucis do Corpo, de Clarice Lispector
Claudiana Gois dos Santos
Orientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
Mesa 5: Literatura e Imaginário (sala 131)
Coordenação: Prof. Dr. Ricardo Iannace
As manifestações do Silêncio no Imaginário Contemporâneo
Edna Alencar da Silva Rivera
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Infância e Literatura: (re)visitando algumas formas de representação
Fabio Eduardo Muraca
Orientação: Profa. Dra. Maria dos Prazeres Santos Mendes
Um “passeio” pelo imaginário de Andersen
Euclides Lins de Oliveira Neto
Orientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Mudança de palco na literatura de Lygia Bojunga: recursos teatrais & problemas sociais (in)visíveis
Cristiane Figueiredo Florêncio
Orientação: Profa. Dra. Maria dos Prazeres Santos Mendes
Mesa 6: Literaturas asiáticas de língua portuguesa: Goa, Macau e Timor-Leste (sala 132)
Coordenação: Dr. Duarte Nuno Drumond Braga
Literaturas de Goa e Macau em língua portuguesa: tal coisa existe?
Duarte Nuno Drumond Braga
Supervisão: Prof. Dr. Hélder Garmes
O Romantismo goês. A obra do contista Júlio Gonçalves.
José Antonio Pires de Oliveira Filho
Orientação: Prof. Dr. Hélder Garmes
Relações literárias entre Goa e Brasil no século XIX: o caso de Francisco João da Costa
Kouassi Loukou Maurice
Orientação: Hélder Garmes
A rede literária de Timor-Leste
Suillan Miguez Gonzalez
Orientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
Mesa 7: Literatura em diálogos com outras formas do saber (sala 133)
Coordenação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
17
“Para que o romance não morra”: como ler quando não há literatura?
Arnaldo Delgado Sobrinho
Orientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
Desabrigo-Mundo: Narrativa no Século XXI
Tiago da Cunha Fernandes
Orientação: Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos
Literatura, Narrativa (jornalística) e Medicina
Suzie Marra
Orientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Mesa 8: Diálogos com Graciliano Ramos (sala 164)
Coordenação: Prof. Dr. Thiago Mio Sala
O Brasil menor de idade – infância e adolescência em Graciliano Ramos e João Antônio
Adriano Guilherme de Almeida
Orientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
A Força da Ilustração em Minsk, conto de Graciliano Ramos Transformado em Livro para Criança
Ricardo de Medeiros Ramos Filho
Orientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Narrativas da seca: Uma comparação entre os romances Vidas Secas, Os flagelados do Vento Leste e Famintos
Maria Luzia Carvalho de Barros Paraense
Orientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Graciliano Ramos: os dilemas da consolidação de um capitalismo dependente
Miguel Makoto Cavalcanti Yoshida
Orientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Quarta-feira (24 de agosto)
Mesa 9: Literatura moçambicana 3 (sala 103)
Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo Rodrigues da Silva
Entre memórias: a lembrança como ponte (im)possível
Bruna Del Valle de Nóbrega
Orientação: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
João Paulo Borges Coelho: literatura do incômodo
Emiliano Augusto Moreira de Lima
Orientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Moçambique em perspectiva através de As Visitas do Dr. Valdez e As Duas Sombras do Rio, de João Paulo
Borges Coelho
Laurinda Aparecida Maiorquim Gomes da Silva
Orientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Poesia em Moçambique: negação determinada do presente?
Rodrigo de Oliveira Antonio
Orientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Mesa 10: Diálogos Brasil e África (104)
Coordenação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
“Pã”-Américas de Áfricas utópicas: Ossanha, Curupira e o canto rapper do Afro Sampa
Aline Aparecida dos Santos
Orientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
18
Angola e Brasil – encontros na música popular urbana
Estefânia de Francis Lopes
Orientação: Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo
Representações do Negro: a poética de José Craveirinha em diálogo com o lusotropicalismo
Luana Soares de Souza
Orientação: Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo
No cárcere com José Craveirinha e Frei Caneca
Maria Nilda de Carvalho Mota
Orientação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
Mesa 11: Diálogos com outras literaturas africanas (sala 106)
Coordenação: Profa. Dra. Avani Souza Silva
O processo de construção identitária em uma abordagem materialista histórica da obra Hibisco Roxo de
Chimamanda Ngozi Adichie
Juliana Sant´Ana Campos
Orientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia Rocha e Silva
Compromisso político e perspectivas literárias: Chinua Achebe e Castro Soromenho
Stela Saes
Orientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia Rocha e Silva
A poesia cabo-verdiana: Corsino Fortes, Arménio Vieira e Filinto Elísio
Raquel Aparecida Dal Cortivo
Orientação: Profa. Dra. Simone Caputo Gomes
Outros sais na beira mar de Filinto Elísio: um labiríntico mosaico de ficção poética
Rute Maria Chaves Pires
Orientação: Profa. Dra. Simone Caputo Gomes
Mesa 12: Literatura Angolana 1 (sala 131)
Coordenação: Profa. Dra. Débora Leite David
Intertextos literários e históricos nas obras de Ruy Duarte de Carvalho
Andrea Cristina Muraro
Supervisão: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
Amargos e proibidos frutos – o despontar de um empoderamento na poesia de Paula Tavares
Regina Margaret Pereira
Orientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Pedro Casaldáliga e Agostinho Neto: na poesia contra o poder, os versos que ferem e fazem florescer
Edson Flávio Santos
Orientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Teoria política e representação literária
Jacqueline Kaczorowski
Orientação: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
Mesa 13: Literatura Oitocentista 1 (sala 132)
Coordenação: Prof. Dr. Hélder Garmes
Representações do escravo em narrativas de Joaquim Manuel de Macedo e Eduardo Tavares
Bárbara Fernandes Ferreira
Orientação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Questões de classe, forma e tradição em A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela
Carolina Silva Mercês
Orientação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
19
Representação e representatividade: o lugar da literatura na equação do racismo
Nara Lasevicius Carreira
Orientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
A Mão do Finado e O Filho do Pescador: prefigurações do favor em Portugal e no Brasil
Yara Fruteiro Vieira de Souza
Orientação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Mesa 14: Literatura africanas de língua portuguesa: diálogos com educação e ensino (sala 133)
Coordenação: Profa. Dra. Maria Auxiliadora Fontana Baseio
Literaturas africanas e afro-brasileiras nas universidades
Claudia Rocha da Silva
Orientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Lei 11.645/08: literaturas e ensino
Denise Cenci
Orientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Apresentação de autores afro-brasileiros e de africanos por meio de livros didáticos
Flavia Cristina Bandeca Biazetto
Orientação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
Formação continuada para o ensino das africanidades
Maria Paula de Jesus Correa
Orientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Mesa 15: Literatura e cinema 1 (sala 164)
Coordenação: Profa. Dra. Sandra Trabucco Valenzuela
Vinil Verde e os lobos dentro das paredes: o medo e as ausências entre telas e páginas
Maria de Lourdes Guimarães
Orientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Entre o visível e o invisível: a narrativa fantástica e a formação do leitor literário contemporâneo
Joana Marques Ribeiro
Orientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Grimm, Dahl e Majidí: a representação da cumplicidade na infância
Dayse Oliveira Barbosa
Orientação: Prof. Dr. Ricardo Iannace
Os amigos em O Senhor dos Anéis – adaptações
Cristina Casagrande de Figueiredo Semmelmann
Orientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Mesa 16: Literatura infanto-juvenil (sala 235)
Coordenação: Profa. Dra. Lígia Regina Máximo Cavalari Menna
Literatura para crianças e jovens: papéis sociais e novas expressões
Ecila Lira de Lima Mabelini
Orientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
Cecília Meireles de Ou isto ou aquilo e Liev Tolstói de Contos da Nova Cartilha: aproximações em literatura e
educação
Lívia Galeote
Orientação: Prof. Dr. Ricardo Iannace
Literatura Infantil e Educação no início do Século XX
Rogério Bernardo da Silva
Orientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
20
Entre a espera e a jornada: As representações do feminino na literatura infantil brasileira como metáfora social
Samira dos Santos Ramos
Orientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
Quinta-feira (25 de agosto)
Mesa 17: Literatura Angolana 2 (103)
Coordenação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
João Vêncio: seus amores – Como um sexopata diz “eu te amo”
Andrea Maria Carvalho Moraes
Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Notas comparativas sobre a “formação”: América Latina e África portuguesa
Fábio Salem Daie
Orientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Narrativa da espera no romance angolano contemporâneo
Joaquim João Martinho
Orientação: Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo
Contradições sob a perspectiva de Nós, os do Makulusu, de Luandino Vieira
Rosana Baú Rabello
Orientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Mesa 18: Literatura e cinema 2 (sala 104)
Coordenação: Prof. Dr. Alessandro Carvalho Sales
O romantismo presente no filme Eles não usam black-tie, de Leon Hirszman
Anna Carolina Botelho Takeda
Orientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Imagens do trauma em Joaquim Pedro de Andrade
Carla Moreira Kinzo
Orientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Lúcio Cardoso e Manoel de Oliveira: artistas da dissidência
Edimara Lisboa
Orientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
O deslocamento e a orfandade nas obras Livro, de José Luis Peixoto, Os Malaquias, de Andrea Del Fuego e
Central do Brasil, de Walter Salles
Paula Fábrio
Orientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
O cinema africano de Língua Portuguesa e os critérios de sua historiografia
Marina Oliveira Felix de Mello Chaves
Orientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Mesa 19: Literatura angolana 3 (sala 106)
Coordenação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Literatura colonial, trabalho e dominação: considerações sobre Brancos e negros, de Guilhermina de Azeredo
(1956)
Luiz Fernando de França
Orientação: Profa. Dra. Tania Celestino de Macêdo
A feição social do narrador em Predadores, de Pepetela
Osvaldo Sebastião da Silva
Orientação: Profa. Dra. Tania Celestino de Macêdo
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Caminhos do insólito em Boaventura Cardoso
Cristiane Santana Silva
Orientação: Profa. Dra. Tania Celestino de Macêdo
Espaço e isolamento em Mãe, Materno Mar
Everton Fernando Micheletti
Orientação: Profa. Dra. Tania Celestino de Macêdo
Mesa 20: Literatura brasileira 1 (sala 131)
Coordenação: Prof. Dr. Aroldo José Abreu Pinto
Sociedade e Política no teatro de Ariano Suassuna: Auto da Compadecida, Farsa da Boa Preguiça, O Santo e a
Porca e A Pena e a Lei
Reila Márcia Borges Rodrigues
Orientação: Prof. Dr. Agnaldo Rodrigues da Silva
Lúcia Miguel: uma narradora na década de 1930
Tatiane Reghini de Mattos
Orientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Um Homem e seu Carnaval
Victor Roberto da Cruz Palomo
Orientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
Autonomia literária: um caminho que desvenda a cultura brasileira
Maria da Conceição José de Sousa
Orientação: Prof. Dr. Dante Gatto
Mesa 21: Literatura brasileira 2 (sala 132)
Coordenação: Prof. Dr. Dante Gatto
A ascensão social como objeto de disputa em “Amigos”, de Luiz Ruffato
Emily Cristina dos Ouros
Orientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Temporalidade e finitude: o lobo na ficção de João Guimarães Rosa e José Roberto Torero
Fabiana Corrêa Prando
Orientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Do Estado Totalitário à Literatura: Sociedade e Política em Fazenda Modelo, de Chico Buarque e Animal Farm,
de George Orwell
Thainá Aparecida Ramos de Oliveira
Orientação: Prof. Dr. Agnaldo Rodrigues da Silva
A construção poética do imaginário infantil em Cora Coralina e Manoel de Barros: percepções culturais,
identitárias e educacionais nas obras O prato azul-pombinho e Menino do mato
Edison de Abreu Rodrigues
Orientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
Mesa 22: Diálogos entre a literatura e as artes visuais (sala 133)
Coordenação: Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos
Do texto à imagem – caminhos da obra de João Guimarães Rosa pelo sertão
Elizabeth Maria Ziani
Orientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Arte, Cores e Transformações: 7 Cartas e 2 Sonhos de Tomie Ohtake e Lygia Bojunga até o Meu Amigo Pintor
Flavia Maria Reis de Macedo
Orientação: Profa. Dra. Maria dos Prazeres dos Santos Mendes
A solidão do Astronauta: a representação cultural nas HQs
Marcia de Souza Ravaglio
Orientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
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Mesa 23: Literatura Oitocentista 2 (164)
Coordenação: Dra. Carla Carvalho Alves
As mulheres nos textos de imprensa de Eça de Queirós
Daiane Cristina Pereira
Orientação: Prof. Dr. Hélder Garmes
O Egito sob domínio europeu: um olhar queirosiano
Giuliano Lellis Ito Santos
Supervisão: Prof. Dr. Hélder Garmes
As dimensões do orientalismo anteriano
José Carvalho Vanzelli
Orientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
Recriações históricas em Herculano e Scott: A figura heroica do monarca
Leonardo de Atayde Pereira
Orientação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Mesa 24: Representações de gênero 2 (sala 235)
Coordenação: Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo
As masculinidades nas instituições em Princesa
Luciana Miranda Marchini Ulgheri
Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Ordo Amoris – (des)caminhos pelos labirintos de Eros
Adriane Figueira Batista
Orientação: Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos
Na fronteira das crises: narrativas e representações do homem cabo-verdiano
Sinei Ferreira Sales
Orientação: Profa. Dra. Simone Caputo Gomes
Questão da Masculinidade em Jaime Bunda
Luiz Carlos Loureiro de Lima Junior
Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Mesa 25: Literatura de autoria feminina e africanidades (sala 237)
Coordenação: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
Percursos da Literatura marginal-periférica e a emergência da questão de gênero
Bianca Mafra Gonçalves
Orientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
O romance negro de autoria feminina no Brasil
Fernanda Rodrigues de Miranda
Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Marcas da atopia: Reverberações niilistas nas escritas de autoria feminina na África
Larissa da Silva Lisboa Souza
Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
A poesia de mulheres em tempo de libertação nacional: Noémia de Souza
Roseleine Vitor Bonini
Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Mulheres (negras) escritoras: histórias que se cruzam
Ianá Souza Pereira
Orientação: Prof. Dr. José Moura Gonçalves Filho/ Profa. Dra. Rejane Vecchia Rocha e Silva
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Resumos dos docentes da UNEMAT
ACERVO DE RICARDO RAMOS: UMA ABORDAGEM CRÍTICA AO RÉS-DO-CHÃO
Aroldo Jose Abreu Pinto (Docente/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
O intuito dessas reflexões é, primeiramente, o de esquadrinhar e resgatar para,
em seguida, assimilar e, finalmente, traçar um caminho para a compreensão
de alguns atos ou representações intelectuais agudas e intuitivas do escritor
Ricardo de Madeiros Ramos (1929-1992) sobre a sua produção ficcional, a partir
de alguns de seus depoimentos deixados em periódicos na década de 1950, para,
no momento oportuno, problematizar essas questões buscando verificar até que
ponto o autor determina ou está determinado por essas concepções.
Palavras-chave: Acervo, Ricardo Ramos, Periódicos
ASPECTOS DO TRÁGICO NOS CONTOS DE JOSÉ DE MESQUITA
Dante Gatto (Docente/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Refletir-se-á concisamente a condição trágica do homem por meio das evidências
míticas do princípio, em um mundo homogêneo, e como se conquistou a solidão
da individualidade pela produtividade do espírito. Tendo em vista que a religião
é sintoma do trágico, pensou-se a transformação operada na religiosidade do
mundo arcaico ao domínio cristão, bem como a necessidade do surgimento das
demais instituições. A questão crucial que permeou as reflexões foi o avanço da
racionalidade até ao racionalismo em detrimento, como se defendeu, a nossa
natureza irracional. Por fim, refletiu-se o retorno do trágico na pós-modernidade,
conforme vicejava no mundo arcaico, por meio de um enfoque na sabedoria
trágica, tal como se identificou na filosofia nietzschiana. Os contos de José de
Mesquita (1892-1961) exibem em grande medida o choque trágico, enfocando,
principalmente, a irracionalidade do amor em detrimento aos paradigmas da
racionalidade burguesa, as limitações ao ser nas perspectivas da modernidade
enquanto esta prioriza a produtividade como meta de futuro e os apelos da
natureza em confronto aos condicionamentos da cultura.
Palavras-chave: Trágico, Racionalismo, Cultura, Amor
24
HISTÓRIA E MITO NOS TEATROS PORTUGUÊS E SÃO-TOMENSE: LUZES E
SOMBRAS DA DITADURA NAS PEÇAS TEATRAIS OS DEGRAUS (AUGUSTO
SOBRAL) E A BERLINIZAÇÃO OU PARTILHA DE ÁFRICA (AÍTO DE JESUS BONFIM)
Agnaldo Rodrigues da Silva (Docente/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Mito e história articulam-se no texto literário e artístico, no intuito de aprofundar
a discussão sobre sociedade e política em épocas de crises sociais, culturais e
existenciais. O mito é uma profunda e inesgotável fonte de conhecimento
civilizatório, cujos mecanismos internos desenvolvem as relações intrincáveis
entre o real e o imaginário, o material e o metafísico. Nessa direção, a construção
mítica tem a função de ligar o homem ao cosmo, funcionando como enredo
imaginativo no registro histórico de uma comunidade. Em Portugal, Augusto
Sobral produziu Os degraus, reinterpretando o mito de Prometeu, em um
período em que o país sofria a intensa opressão do governo vigente. O Prometeu
construído pelo dramaturgo é uma personagem representativa dos desejos do
povo, um misto de ansiedade, esperança e repulsa contra um sistema opressor
e seletivo. No teatro são-tomense, encontra-se A Berlinização ou Partilha de
África, de Aíto de Jesus Bonfim, texto inserido no contexto de pós-independência
dos países africanos de língua oficial portuguesa. Nessa produção, o teatrólogo
volta-se aos temas ligados à colonização, demonstrando suas consequências e a
necessidade da busca pela identidade nacional e valorização da tradição. O texto
ficcionaliza a Conferência de Berlim, bem como os impactos que as decisões
tomadas causaram no continente africano, mediante a reunião de potências
mundiais, cujo resultado determinou a nova partilha geográfica de África. A
invasão estrangeira e o despovoamento do continente foi simbolizada pelo mito
de Tarzan, sobre o qual concluiu-se que nenhum europeu poderia produzir ações
benéficas à África, em um contexto de colonização. Nas perspectivas acima
descritas, pode-se afirmar que Os degraus e A Berlinização são peças teatrais
que articulam mito e história na construção de um discurso político que visa
combater os abusos de poder, o Capitalismo e, fundamentalmente, o sistema
opressor, instituído para calar as vozes sociais.
Palavras-chave: Teatro Português e São-Tomense, Augusto Sobral e Aíto Bonfim,
Os degraus e A Berlinização ou Partilha de África
EXILADOS POLÍTICOS E REPRESENTAÇÕES DA DIÁSPORA PORTUGUESA NO
BRASIL: O CASO DE MARIA ARCHER
Elisabeth Battista (Docente/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Depois de se sentirem no centro dos acontecimentos em Portugal, em uma
conjuntura de repressão maiúscula à liberdade de expressão do pensamento,
25
o exílio foi, para as gerações de 1950 a 1970, a ruptura com uma realidade e o
desenraizamento do universo de referências que dera sentido à resistência ao
regime vigente em Portugal. O Centro Republicano Português, fundado em 18
de abril de 1908, localizado na altura à Rua Conselheiro Furtado, 191, em São
Paulo, era o espaço aberto aos debates do movimento de resistência à ditadura
salazarista, muito frequentado, de acordo o jornal Semana Portuguesa, por
intelectuais brasileiros e principalmente portugueses como: Casaes Monteiro,
Jorge de Sena, Barradas de Carvalho, Victor Ramos, Rui Luis Gomes; os artistas
Fernando Lemos, Fernando Silva, Sidónio Muralha; os escritores João Maria
Sarmento Pimentel, Maria Archer; os jornalistas Paulo de Castro, João Apolinário,
Armindo Blanco, João Alves da Neves e Urbano Rodrigues; os engenheiros João
dos Santos Baleizão, Carlos Cruz e Rica Gonçalves. Um dos frutos das discussões
será a criação do periódico Portugal Democrático pela ala mais atuante da
representação diaspórica. Nome marcante na vida e cultura portuguesas, a
escritora e jornalista Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira – Maria Archer
(1899-1982), é natural de Portugal e, na época em que viveu, por sua atuação
instigante, foi colocada à margem e considerada uma intelectual incómoda. Esta
comunicação tem a intenção de recuperar a intensa contribuição do núcleo de
intelectuais portugueses exilados no Brasil, nos anos 50 do século passado, por
meio do percurso de uma das suas mais atuantes intelectuais: a autora Maria
Archer.
Palavras-chave: Estudos comparados, Exílio de portugueses, Representação da
diáspora, Maria Archer
OSSOS E CINZAS: OPERAÇÕES CONSTITUINTES DE NGUNGUNHANE
Vera Maquêa (Docente/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Neste trabalho apresentamos uma reflexão sobre migrações de memória no
tecido de narrativas literárias que retomam a figura de Ngungunhane como
leitmotiv de suas elaborações estéticas e políticas, tendo como referência e
foco obras da literatura moçambicana. Último chefe das terras de Gaza, ao sul
do continente africano, Ngungunhane tem sido revisitado por vários escritores
recentemente que abordam a história atual de Moçambique e sua articulação
com o passado da região. O interesse literário do tema repousa, a nosso ver,
sobre dois fundamentais pilares das relações entre ficção, história e memória na
produção literária moçambicana: o primeiro diz respeito ao papel da literatura
na construção da ideia de nação e o segundo delimita um campo político em
que o presente é problematizado por meio de uma investidura crítica nos gestos
do passado. Assim, buscamos aproximar personagens e narradores, investigando
suas consistências e formações ideológicas que traçam o desenho de uma visão
26
humanista nova, buscando apreender também o tratamento de tais valores,
investigamos os diálogos que se construíram no campo literário e as formulações
narrativas que se elaboraram no interior de experiências históricas marcadas
pelo sonho revolucionário, pela resistência, pela luta e pela construção de novas
realidades. Nesse movimento, formas e temas migram, irrompem por fronteiras
que se deslocam, em que tanto narradores e personagens, quanto figuras da
história se confluem na arena da narrativa.
Palavras-chave: Literatura moçambicana, Ngungunhane, Narrativa e Política
27
Resumos do corpo discente
Ordo Amoris – (des)caminhos pelos labirintos de Eros
Adriane Figueira Batista (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mauricio Salles de Vasconcelos
Resumo: O debate mais urgente que cerca o universo contemporâneo e nos
conduz a uma reconfiguração ampla é atravessado por uma erotização pulsante
dentro dos domínios sociais, sexuais, políticos e de criação artística. A cultura
dos afetos ocupa hoje um lugar privilegiado: o lugar de pertença. Ecos que
reverberam na alma coletiva do mundo hibridizado e rasgam caminhos em busca
de novas vozes e tonalidades. Renato Russo e Caio Fernando Abreu deixaram
por meio de suas produções poéticas rastros que nos permitem potencializar
as forças de um Eros rebelde e questionador que nos expõe constantemente ao
conflito com uma parte de nós que não nos pertence, com o saltar e romper das
fronteiras que nos mantém inertes. Este trabalho busca a contribuição destes
dois grandes nomes da cultura contemporânea brasileira, fazendo um brevíssimo
recorte através de uma cartografia, inventários que possam iluminar as tortuosas
e férteis rotas desses labirintos poéticos. Enriquecendo o campo teórico e de
atuação, evoco os debates acalorados e potentes propostos pela sociologia de
Michel Maffesoli e as comunhões emocionais e o pensamento filosófico de Gilles
Deleuze e Félix Guattari e seus platôs que nos conduzem para o muito além das
aparências e do lugar-comum.
Palavras-chave: Erotização, Cultura dos afetos, Renato Russo, Caio Fernando
Abreu
O Brasil menor de idade – infância e adolescência em Graciliano
Ramos e João Antônio
Adriano Guilherme de Almeida (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: Neste trabalho, buscamos apontar algumas aproximações entre as
produções e os projetos literários de Graciliano Ramos e João Antônio, com
destaque para a abordagem que esses autores fizeram da infância e a da
adolescência nos textos “Minsk” e “Mariazinha Tiro a Esmo”.
Palavras-chave: Graciliano Ramos, João Antônio, Infância na literatura, Literatura
e história social da infância
28
O Atlas de Gonçalo M. Tavares entre Deleuze e Simondon:
Considerações
Alessandro Carvalho Sales (Pós-Doutorado/USP; Docente/UNIRIO)
e-mail: [email protected]
Supervisor: Mauricio Salles de Vasconcelos
Resumo: O presente trabalho apresenta considerações acerca do livro Atlas
do Corpo e da Imaginação, do escritor português Gonçalo M. Tavares. É uma
obra singular, compósito transdisciplinar de múltiplas faces, que tece conexões
inesperadas entre inúmeras áreas e autores, mas que podemos situar sobretudo
na fronteira que se estabelece entre a literatura e a filosofia. Os trabalhos de
Deleuze e de Simondon são valorizados uma vez que a potência conceitual
neles presente parece rica para bem circunscrever e compor com as variadas
problemáticas estampadas no livro, especialmente estabelecidas no nível
das novas formas de conhecimento e de pensamento na atualidade, seja por
exemplo através da criação conceitual capaz de valorizar dimensões múltiplas do
corpo e do sensível, seja através da valorização de modos de escrita renovados
e ampliados capazes de potencializar a imaginação como visão e relação entre
diferenças.
Palavras-chave: Gonçalo M. Tavares, Deleuze, Simondon
“Pã”-Américas de Áfricas utópicas: Ossanha, Curupira e o canto
rapper do Afro-Sampa
Aline Aparecida dos Santos (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: O Canto de Ossanha é a primeira canção do álbum Os Afro-Sambas,
produzido em 1966, por Vinicius de Moraes e Baden Powell. Nele temos o
orixá Ossanha, que segundo Prandi (2015, p. 153) é o “senhor das folhas, da
ciência e das ervas, que conhece o segredo da cura e o mistério da vida”, como
protagonista; ele é indispensável no início das cerimônias e é sinônimo de traição
e engano. Nota-se uma aproximação curiosa entre esse orixá e o amor, numa
dialética nos âmbitos do controle, do livre-arbítrio, da dicção que não condiz com
as atitudes, da coita amorosa, da relação entre ser e parecer. Essa dualidade da
letra a torna metalinguagem do álbum e nos permite, por extensão, pensar na
ideia de instâncias de “Áfricas utópicas” desenvolvidas nos afro-sambas. Vinicius
refere-se aos temas negros de candomblé desenvolvidos por seu parceiro Baden,
o elogia, denominando-o de “duende da floresta afro-brasileira de sons” e fica
evidente que na produção se recorre “em última instância para a África” (com
toda a abrangência e imprecisão que essa uniformização abarca). Isso nos
29
permite pensar os afro-sambas dentro do folclore brasileiro e fazer as respectivas
correspondências entre Ossanha, Curupira e Pã, numa densa trama de trocas
lusófonas, semelhanças e idiossincrasias. Tem-se, todavia, a tensa constatação
de que se folcloriza e isso, segundo Cuti (2010, p. 90), “retira o conteúdo vivencial
que, por seu conteúdo humano, traz conflitos”. No entanto, observa-se, desde
2007 (no programa Som Brasil) e em 2013, com a apresentação do show Afro
Sampa, a ressignificação das letras de afro-sambas, que são intertextualizadas
pelo viés contestador dos rappers, como Rael da Rima, Terra Preta e Criolo.
Palavras-chave: Afro-Sambas, Afro Sampa, África
Intertextos literários e históricos nas obras de Ruy Duarte de
Carvalho
Andrea Cristina Muraro (Pós-Doutorado/USP; Docente/UNILAB-CE)
e-mail: [email protected]
Supervisora: Rita de Cássia Natal Chaves
Resumo: Esta comunicação propõe uma breve análise de alguns intertextos (de
M. Twain, R. Burton, B. Cendrars, P. Theroux, B. Chatwin e H. Melville) presentes
na composição do romance A terceira metade (2009), do angolano Ruy Duarte
de Carvalho, parte da trilogia Os filhos de Próspero. Interessa relacionar tais
inserções, em convergência com eventos históricos situados na zona austral
africana, sul-americana e norte-americana. A questão que se coloca é pensar que
tais convergências não figuram apenas como um roteiro de viagem transcrito dos
cadernos do autor, mas que os intertextos literários e históricos, e muitas vezes
também antropológicos, são ali reelaborados tanto para alicerçar a estrutura do
romance, como para discutir as dinâmicas e tensões recuperadas de diferentes
espaços.
Palavras-chave: Literatura angolana, História, Ruy Duarte de Carvalho
João Vêncio: seus amores – Como um sexopata diz “eu te amo”
Andrea Maria Carvalho Moraes (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: O objeto deste trabalho é o estudo da relação entre a masculinidade e
o poder, tendo por corpus o romance João Vêncio: os seus amores, de Luandino
Vieira. Nesse texto, o personagem principal, que aparece no título, está preso
em uma cela por amor. Amor a tudo que despossui: emprego, família, instrução,
dignidade. Para sentir-se senhor de alguma coisa, escolheu sua companheira,
a bailunda, vítima de uma tentativa de homicídio, perpetrada por ele, após
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ter sido surpreendida em adultério com um homem branco. Situado no
contexto da guerra colonial, o crime, aos nossos olhos, se apresenta como uma
internalização dos padrões de comportamento coloniais, ditados pelo homem
branco, heterossexual, homofóbico, lusitano, possuidor de bens. João Vêncio
internaliza tão fortemente esses padrões, isto é, quer tão intensamente viver
como um assimilado que, subordinado, ele quer subordinar. Esse é o resultado
do cruzamento entre uma visão eurocêntrica de amor, sexo e família com a
diversidade das sociedades africanas. De acordo com Albert Memmi, “espelharse no modelo do colonizador”, vestir “máscaras brancas” foi uma forma que o
colonizado encontrou para solucionar o conflito. Este conflito, contudo, sobrevive
latente em cada gesto, em cada palavra copiada dos europeus. “Tornar-se outro”,
é uma primeira tentativa de mudar de condição, já que para João Vêncio a sua
própria nada lhe oferecia. Urgia encontrar-se no modelo do “outro”, prestigioso
e, em nome daquilo que desejava vir a ser, empenhou-se em arrancar-se de si
mesmo.
Palavras-chave: Masculinidade, Colonialismo, Nacionalidade
O romantismo presente na peça Eles não usam black-tie, de
Gianfrancesco Guarnieri
Anna Carolina Botelho Takeda (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: Esta comunicação visa demonstrar a perspectiva romântica existente na
peça Ele não usam black-tie (1956), de Gianfrancesco Guarnieri. Comparando-a
brevemente a dois filmes contemporâneos que discutem a questão do trabalho,
levanta-se o questionamento diante do atual enfraquecimento mundial
das ideologias de esquerda, se ela pode ser considerada um drama datado.
Gianfrancesco Guarnieri cria um espetáculo no qual expõe as inquietações dos
trabalhadores que tentam defender seus interesses. Nota-se que não há na
peça qualquer referência direta a símbolos da esquerda, porém, como salienta
Sábato Magaldi em Panorama do teatro brasileiro (1962), a tese implícita dessa
peça é a marxista, uma vez que traz a ideia de união dos trabalhadores para
reverter a situação de exploração por eles vivida. As personagens, com exceção
de Tião, o protagonista do drama, acreditam na união como forma de reagir às
imposições patronais. Há uma visão romântica que paira na peça, pois ocorre
uma idealização dos trabalhadores enquanto classe integral e combativa. No
entanto, cabe a pergunta para qual esta comunicação tenta encontrar uma
resposta, ou ao menos problematizar a respeito da atualidade da obra mesmo
após sessenta anos de sua realização, num Brasil outro, desconfiado diante de
teses marxistas, das esquerdas demonizadas, sobretudo, por conta da ditadura
civil-militar de 1964 e do desgosto frente aos governos declaradamente de
31
esquerda que assumem o poder em 2003 com a posse de Lula. A mobilização
das personagens pode ser relida como uma manifestação genuína e importante
aos trabalhadores ou, diante do contexto contemporâneo, ela soa, a contragosto
do dramaturgo, como uma experiência dramática ingênua e datada?
Palavras-chave: Eles não usam black-tie, Romantismo, Esquerdas
Romances contemporâneos - Uma leitura histórica: Bricolagens
narrativas em Leite derramado e Terra Sonâmbula
Ari Silva Mascarenhas de Campos (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Vima Lia de Rossi Martin
Resumo: Apresentaremos os alicerces da pesquisa, na área de estudos
comparados das literaturas de língua portuguesa, que analisará as transformações
de consciência do indivíduo “pós-colonial” nos países lusófonos, sob a ótica das
personagens de dois romances contemporâneos em língua portuguesa; Leite
derramado, Chico Buarque, e Terra Sonâmbula, Mia Couto, tendo como base a
leitura desenvolvida por Antonio Candido sobre a criação da verossimilhança e
sua aliança com dados externos, análise das opções polifônicas e monofônicas
dos autores e outros estudos acerca do posicionamento do romance como
espelhamento social.
Palavras-chave: Lusofonia, Polifonia, Resistência
“Para que o romance não morra”: como ler quando não há
literatura?
Arnaldo Delgado Sobrinho (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: Leio, em Lisboaleipzig (2014), da escritora portuguesa Maria Gabriela
Llansol (1931-2008), um fragmento escrito em Jodoigne, na Bélgica, a 25 de
setembro de 1978: “Os meus textos supõem um pacto de inconforto _____
são tal qual, se eu quiser que existam _____ (LLANSOL, 2014, p. 11). Leio, em
Tu não te moves de ti (2004), da escritora brasileira Hilda Hilst (1930-2004), a
cintilante pergunta de Tadeu: “que coisa é essa em mim que aspira esse fulgor
da noite, que coisa é mais que demasia em mim?”(HILST, 2004, p. 20), à qual
somo – somamos: “Mas que nos pode dar a textualidade que a narratividade já
não nos dá (e, a bem dizer, nunca nos deu)?” (LLANSOL, 2014, p. 129). Escrevo –
escrevemos: como ler quando não há literatura?
Palavras-chave: Comparatismo literário, Escrita, Leitura
32
Representações do escravo em narrativas de Joaquim Manuel de
Macedo e Eduardo Tavares
Bárbara Fernandes Ferreira (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Paulo Motta Oliveira
Resumo: Pretendemos estudar a representação do escravo em duas narrativas,
uma brasileira, Pai-Raiol: o feiticeiro, uma das novelas de As vítimas-algozes:
quadros da escravidão, escrita por Joaquim Manuel de Macedo, e outra
portuguesa, o romance Ouro e crime!: mistérios de uma fortuna ganha no Brasil,
de Eduardo Tavares.
Palavras-chave: Escravidão, Brasil, Portugal, Oitocentos
Percursos da literatura marginal-periférica e a emergência da
questão de gênero
Bianca Mafra Gonçalves (Iniciação Científica/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: A chamada “literatura marginal-periférica” conta com mais de quinze
anos de produção e tem cada vez mais abrigado nuances e pluralidades que
sinalizam para novas possibilidades de leituras. A emergência da questão
de gênero, interseccionada à noção de raça, é uma das características que se
destaca nas produções mais recentes dessa literatura, sobretudo na poesia,
protagonizada por escritoras negras. A difusão desses nomes via antologias
projetou poéticas que inscrevem demandas e temas que revisam o sujeito
e o repertório periférico, também possibilitando a visibilidade de autoras
que puderam, em seguida, publicar seus próprios livros. Nesta comunicação
apresentaremos como se deu tal movimento a partir da revisão dos percursos
da literatura marginal, a premência da identidade periférica e o surgimento de
poéticas marcadas pela experiência negra feminina, com destaque à antologia
“Pretextos de mulheres negras” e à produção de Elizandra Souza em “Águas da
Cabaça” e Jenyffer Nascimento em “Terra Fértil”.
Palavras-chave: Gênero, Literatura marginal-periférica, Mulheres negras
33
Entre memórias: a lembrança como ponte (im)possível
Bruna Del Valle de Nóbrega (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rita de Cássia Natal Chaves
Resumo: Procurando observar as relações entre Experiência e História, essa
comunicação pretende trazer o fio condutor que é a Memória no romance As
visitas do Dr. Valdez para analisar como algumas das memórias individuais se
relacionam com as memórias coletivas nas personagens Vicente e Sá Amélia no
referido romance. Pretende-se discutir que espécie de ponte a memória opera
entre essas duas personagens e, por representação, na relação sistema colonial
versus nação independente. Como toda ponte, a memória está no meio, e,
portanto, não situa as personagens em qualquer tempo, mas antes as faz ir e vir,
denunciando a instabilidade do momento e as possibilidades de identidade que
começam a ser exploradas pela jovem nação na imagem do seu representante,
a personagem Vicente. É nesse entrelaçamento de tempos possibilitado pela
memória que inicia a “negociação de diferenças” para Vicente, abordando uma
construção social até então impossível de ser questionada abertamente no
país. Assim, o tempo da memória será importante na construção do sentido da
narrativa e na construção do discurso desse personagem, porque se torna um
espaço de reflexão e discussão. A discussão atentará num segundo momento
para o duo Vicente-Valdez, pois vestir-se de Dr. Valdez pelo ato da memória será
também despir-se, por impossibilidade, desse Dr. Valdez, homem branco, colono,
em quase tudo diferente de Vicente. Trata-se de observar o discurso, a transição,
o ir e vir formativos da construção narrativa e toda a simbologia que faz parte do
universo da memória. Processo versus resultado, voltando ao processo diversas
vezes como caminho de análise.
Palavras-chave: Memória, Colonialismo, João Paulo Borges Coelho
Imagens do trauma em Joaquim Pedro de Andrade
Carla Moreira Kinzo (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: O projeto de pesquisa tem como objetivo analisar três filmes e um roteiro
(não filmado e publicado em forma de novela), do diretor de cinema brasileiro
Joaquim Pedro de Andrade, a saber: O padre e a moça (1965), Os inconfidentes
(1972), Guerra conjugal (1975) e O imponderável Bento contra o crioulo voador
(1a. edição de 1990). Temos em vista, para essas análises, as imagens de nação
que o diretor realiza a partir de uma ideia de trauma. Estudaremos como as
imagens traumáticas nos filmes (e no roteiro), em comparação, constroem uma
34
representação do país, feita de violência e repressão. Além disso, queremos
verificar como essas mesmas imagens falam do contexto de realização dos filmes:
a ditadura civil-militar brasileira. Partimos da relação entre a fragmentação
formal que esses trabalhos propõem com seus contextos, usando a categoria do
trauma, para associar a crise da representação com o processo histórico do país,
notadamente violento. Trazemos para a discussão os estudos de Jeanne Marie
Gagnebin, Jaime Ginzburg, Walter Benjamin e Theodor Adorno, que tratam, de
diferentes maneiras, dessa relação.
Palavras-chave: Joaquim Pedro de Andrade, Trauma, Ditadura Militar
Questões de classe e tradição em A emparedada da Rua Nova,
de Carneiro Vilela
Carolina Silva Mercês (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Vima Lia de Rossi Martin
Resumo: O estudo do romance A emparedada da rua Nova, de Carneiro Vilela,
permite que notemos o desencontro entre os valores morais que provêm do
sistema econômico escravocrata e os valores que provêm da recém-chegada
“modernização” republicana e capitalista. É esse descompasso entre novos
valores emergentes da modernização e aqueles relativos a tradições familiares
locais que motiva os acontecimentos violentos da narrativa. A história do mistério
acerca de um cadáver encontrado em terras de um engenho abandonado e do
emparedamento de uma jovem recifense em fins do século XIX revelam que
o período de “construção nacional” não correspondeu à materialização dos
valores liberais, mas, ao contrário, deixou explícita a permanência de relações
predatórias na tradição social brasileira.
Palavras-chave: Literatura, Sociedade, História
Três personagens (uma santa e dois indianos) nos entre-lugares
de O outro pé da sereia, de Mia Couto
Claudia Esperanza Durán Triana (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Nádia Battella Gotlib
Resumo: Este artigo visa analisar a importância de duas personagens de origem
indiana, nascidas em Goa, presentes na narrativa e portadoras de elementos
significativos, próprios de sua cultura nativa, que permitirão diversas “articulações
comunitárias” (ABDALA JUNIOR, 2012, p. 31), e que constituirão um dos lados
da tríada que fundamenta a identidade moçambicana atual: três comunidades
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supranacionais cuja essência será condensada na unidade simbiótica da figura de
uma Virgem levada de passagem no romance.
Palavras-chave: Literatura Portuguesa, Literatura Moçambicana, Mia Couto
Literaturas africanas e afro-brasileiras nas Universidades
Claudia Rocha da Silva (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: O propósito do projeto de pesquisa, ora apresentado, é investigar a
presença das Literaturas africanas e afro-brasileiras no currículo das Universidades,
com foco especial na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), considerando a
formação e atuação dos professores destes componentes curriculares. Pretende,
ainda, analisar as concepções teórico-metodológicas subjacentes ao ensino
destas literaturas nos cursos de graduação em Letras da UNEB.
Palavras-chave: Ensino, literatura, Universidades
Belas, Recatadas e do Lar: as insubordinadas mulheres da Via
Crucis do Corpo, de Clarice Lispector
Claudiana Gois dos Santos (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: O livro A via Crucis do Corpo é formado por 14 contos, iniciados pela
“Explicação” da autora sobre a concepção da obra. As narrativas exploram
personagens que se destacam por suas vivências eróticas transgressoras e seu
alto teor de estranhamento. Considerado pela própria crítica como um livro
menor, que nada acrescentaria à sua obra ou pela própria autora como possível
de ser “publicado com mala suerte”, pode ser considerado o livro de maior teor
erótico de Clarice Lispector. Em A Via Crucis do Corpo, a autora traz à tona uma
miríade de mulheres que, cada qual à sua maneira, se rebela frente a um papel
social previamente estabelecido por meio de transgressões inusitadamente
apresentadas. Seja pela insubordinação da escrita, pela insubordinação erótica
ou pela insubordinação social, essas protagonistas trazem em si o signo da autocriação, do fazer-se a si mesmas diante de uma sociedade opressora e de um
destino que não lhes cabe. Não obstante, estudiosos da obra sinalizam para um
diálogo de paródia e dissimulação de encenação das 14 estações da Via Crucis
da mitologia Cristã. A partir de uma leitura crítica feminista, neste trabalho serão
analisadas as personagens femininas e as transgressões necessárias para a auto
afirmação de cada uma delas, a partir desse diálogo com a via crucis cristã.
36
Para tanto, os contos e suas protagonistas serão divididas de acordo com o tipo
de insubordinação/transgressão, podendo as personagens flanarem entre as
categorias, transgredindo também as paredes de definições fechadas.
Palavras-chave: Crítica Feminista, Gênero, Clarice Lispector
Mudança de palco na literatura de Lygia Bojunga: recursos
teatrais & problemas sociais (in)visíveis
Cristiane Figueiredo Florêncio (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Maria dos Prazeres Santos Mendes
Resumo: O tema do projeto em questão trata das mudanças na literatura de
Lygia Bojunga tanto da perspectiva da forma quanto do conteúdo. Do plano
do conteúdo, o objetivo é analisar os assuntos trabalhados na obra da autora
de modo a tentar comprovar que os primeiros livros dela têm como base o
imaginário e o lúdico, ao passo que os últimos retratam mais problemas sociais.
Procura-se analisar essa mudança temática por meio da transformação da forma:
a literatura inicial de Bojunga apresenta mais elementos do teatro clássico, ao
contrário da mais recente, cujos traços são oriundos do teatro brechtiano.
Palavras-chave: Lygia Bojunga, Teatro
Caminhos do insólito em Boaventura Cardoso
Cristiane Santana Silva (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: A partir da leitura do romance Mãe, materno mar do escritor angolano
Boaventura Cardoso, pretendemos nesta comunicação discutir se a “filiação”
de textos produzidos no continente africano ao realismo mágico ou outras
vertentes críticas de leitura para o insólito estaria mais próxima à identificação de
confluências estéticas e temáticas ou de uma tentativa de acomodar aquilo que
não se considera racionalmente compreensível num escopo teórico já inteligível
à crítica ocidental. Tal leitura estará ancorada, sobretudo, nas discussões
propostas por Harry Garuba e sua conceituação de realismo animista.
Palavras-chave: Realismo Animista, Boaventura Cardoso, Insólito
37
Protagonistas e coadjuvantes: a amizade (quase) perfeita em “O
Senhor dos Anéis”
Cristina Casagrande de Figueiredo Semmelmann (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: A comunicação pretende se centrar no capítulo “A Montanha da
Perdição” de O Senhor dos Anéis – O retorno do rei, em comparação com cenas
correspondentes no filme homônimo, dirigido por Peter Jackson. Veremos
como Sam, um simples jardineiro, consegue, pela virtude, assim como propõe
Aristóteles, ser um igual diante de seu mestre Frodo, propiciando uma amizade
(quase) perfeita. Poderemos perceber que essa amizade é condição sine qua
non para o final eucatastrófico, contribuindo para os amigos que lutam pela
destruição do Anel se aproximem da eudaimonía, a felicidade última, ou seja,
para que o final feliz na fantasia tolkieniana aconteça, abrindo espaço para novas
histórias, que os conduzirão à tão almejada felicidade plena.
Palavras-chave: Frodo, Sam, O Senhor dos Anéis, Amizade, Virtude
As mulheres nos textos de imprensa de Eça de Queirós
Daiane Cristina Pereira (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Helder Garmes
Resumo: É notável a importância das personagens femininas na obra ficcional
de Eça de Queirós. Amélia, Luísa e Maria Eduarda estão na memória de muitos
leitores do escritor português. No entanto, qual será a imagem das mulheres
que podemos reconstruir a partir de seus textos jornalísticos? No intuito de
responder tais questões, lançaremos um olhar sobre grande parte dos textos não
ficcionais de Eça que saíram em vários periódicos, como o Distrito de Évora (em
Portugal) e a Gazeta de Notícias (no Rio de Janeiro), a fim de analisar como as
mulheres são representadas neles. Desejamos observar quais as características
que apresentam, como são descritas, em que condições e espaços aparecem e,
principalmente, quais as opiniões do autor sobre elas. Dessa maneira, achamos
possível fazer um panorama do papel da mulher portuguesa no século XIX para
Eça de Queirós, que não é só um grande representante dos ficcionistas, mas
também dos cronistas de seu tempo.
Palavras-chave: Eça de Queirós, Mulher, Textos de Imprensa
38
Grimm, Dahl e Majidí: A representação da cumplicidade na
infância
Dayse Oliveira Barbosa (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Ricardo Iannace
Resumo: Esta pesquisa visa ao estudo comparativo dos contos tradicionais João
e Maria, Irmãozinho e irmãzinha (dos irmãos Grimm), a narrativa juvenil A
fantástica fábrica de chocolate (de Roald Dahl) e o filme iraniano Filhos do paraíso
(dirigido por Majid Majidí), a fim de evidenciar como essas obras ficcionais
apresentam crianças, em diferentes épocas e contextos histórico-culturais,
que apesar de viverem em situação de extrema pobreza material, estabelecem
entre si fortes vínculos de cumplicidade e solidariedade capazes de superar as
adversidades impostas pelos adultos. Para a realização dessa pesquisa serão
considerados os estudos de importantes pesquisadores da área de narrativas
tradicionais, como Vladimir Propp e Nelly Novaes Coelho, tanto quanto teóricos
significativos da literatura infantil e juvenil e estudiosos da área do cinema, mais
especificamente, da constituição do cinema iraniano.
Palavras-chave: Contos tradicionais, cinema iraniano, narrativa, literatura infantil
e juvenil
Lei 11.645/08: literaturas e ensino
Denise Cenci (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: A Lei 10.639/03, atualizada na 11.645/08, oficializou reivindicações
históricas de setores da sociedade, notadamente do Movimento Negro, por
uma pedagogia antirracista, promotora de relações étnico-raciais positivas. No
âmbito do ensino de literatura, impõe-se a revisão de paradigmas, práticas e
conteúdos adotados na busca por adequações e avanços nas atuais configurações
curriculares de todos os níveis do sistema educacional. É necessário enfrentar o
desafio e isso começa pelo entendimento, mais específico, sobre quais seriam
os “conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira” exigidos pela
legislação. Dado que, no Brasil, sequer há consenso quanto à nomenclatura e
à conceituação da literatura produzida por autores negros ou identificados com
os temas vinculados à negritude, torna-se imprescindível questionar: A quais
textos e autores a Lei estaria se referindo? Quais dessas vozes literárias estão
ou não presentes na formação inicial dos professores de literatura? Num esforço
de contribuir para reflexões que ajudem a responder esses questionamentos,
serão apresentados elementos que perpassam a busca por um sistema literário
39
canônico nacional voltado ao ensino na perspectiva colocada pela Lei 10.639/03,
em especial, as produções consideradas como literatura afro-brasileira, negra e
negro-brasileira.
Palavras-chave: Literatura, Currículo, Questão étnico-racial
Literaturas de Goa e Macau em língua portuguesa: tal coisa
existe?
Duarte Nuno Drumond Braga (Pós-Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Helder Garmes
Resumo: Não foi dada a devida atenção, sobretudo de um ponto de vista
comparativo, ao aspeto literário, em língua portuguesa, da relação entre as
ex-colónias de Goa e de Macau. Este trabalho visa propor algumas linhas de
leitura para o seu entendimento no que toca a obras pós-coloniais. A partir do
imaginário do deslocamento se permite pensar o próprio e por vezes incerto
estatuto dessas literaturas, bem como a sua natureza periférica, que se veriam
figurados internamente aos textos enquanto interrogação implícita ou explícita
da natureza daquelas.
Palavras-chave: Goa, Macau, Pós-Colonialismo
Literatura para crianças e jovens: papéis sociais e novas
expressões
Ecila Lira de Lima Mabelini (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]/[email protected]
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Resumo: Este trabalho tem como objetivo a análise das relações entre as
linguagens verbal e visual no contexto da literatura para crianças e jovens,
considerando, portanto, as mudanças ocorridas desde o surgimento do dito livro
infantil e juvenil, bem como seu reflexo na atualização de narrativas consagradas
ou clássicas para crianças e jovens. Perspectiva que implica discutir um dado
grau de esteticidade e plasticidade nos textos atuais, a partir, sobretudo, do
surgimento de novas expressões e da recorrente manutenção dos contos de fada
como textos que concretizam o imaginário da criança e do jovem, confirmando
o caráter sedutor da literatura infantil e juvenil ao recriar mundos em que os
sujeitos se reconheçam capazes de interagir.
Palavras-chave: Literatura, Infantil, Atualização, Leitor
40
Lúcio Cardoso e Manoel de Oliveira: artistas da dissidência
Edimara Lisboa (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: A comunicação versará sobre o tema de minha pesquisa de doutorado
em andamento Estranhas Angélicas: confluências entre Manoel de Oliveira e
Lúcio Cardoso, o qual propõe uma análise comparada da peça “Angélica” de
Lúcio Cardoso – escrita em 1945 e encenada pela primeira vez no Teatro de
Bolso, sob direção dele, em 1950 – e o filme O estranho caso de Angélica de
Manoel de Oliveira – cuja primeira versão do roteiro foi escrita em 1952 com o
título Angélica, mas que só veio a ser realizado em 2010, por razões financeiras
e técnicas. Os enredos das duas obras são completamente diferentes, mas
elas se entrecruzam no elemento central: a dubiedade que o nome celestial
das riquíssimas protagonistas ganha no confronto com suas características
infernais e a questão do estranhamento que as perpassa. Nesse confrontar
comparativamente, sobressaem as características que singularizaram o percurso
criativo de Lúcio Cardoso e de Manoel de Oliveira; autores que, cada um a seu
modo, se colocaram em dissidência com as tendências artística de sua geração e
problematizaram a sobrevivência de gestos aristocráticos no espaço mineiro, no
caso do escritor brasileiro, e no espaço portuense, no caso do cineasta português.
Palavras-chave: Comparatismo, Literatura e Cinema, Estranhamento
A construção poética do imaginário infantil em Cora Coralina
e Manoel de Barros: percepções culturais, identitárias e
educacionais nas obras O prato azul-pombinho e Menino do
mato
Edison de Abreu Rodrigues (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Resumo: Este trabalho tem como objetivo ressaltar, a partir de uma breve
análise das obras O prato azul-pombinho de Cora Coralina e Menino do mato
de Manoel de Barros, a construção do imaginário infantil por meio do texto
poético e o quanto é importante apresentar à criança esse tipo de escritura como
manifestação artística, cultural, literária e, acima de tudo, humana, constituindose assim como ferramenta imprescindível para a formação do indivíduo. A
partir dessa premissa, procurar-se-á desenhar possibilidades de construção do
imaginário infantil por meio da escritura poética e também como tal construção
pode simbolizar, ou aguçar, ou ainda, servir de alegoria capaz de constituir
41
percepções culturais e identitárias, contribuindo assim para nossa formação
enquanto leitores de poesia, daí a importância do caráter artístico e estético das
obras, sem desconsiderar também o viés educacional. Vale ressaltar que se está
tomando o termo “educacional” numa acepção extremamente ampla, isto é, não
apenas como ação ou efeito de educar, de aperfeiçoar as capacidades intelectuais
e morais de alguém, aquilo que se entende como “educação formal”; mas acima
de tudo, como elemento imprescindível para formação das novas gerações
enquanto sujeitos-leitores sensíveis às nuances próprias do texto poético, capazes
de compreender como se dá a concepção da tessitura cultural do imaginário
infantil nas regiões onde viveram Cora Coralina e Manoel de Barros, e o quanto
tais concepções acabam por transcender as questões tipicamente regionais,
ressoando na formação identitária, direta ou indiretamente, de todo brasileiro.
Pretende-se, com esta comunicação, apresentar o primeiro esboço da temática
principal da tese, uma vez que esta versará sobre questões ligadas ao imaginário
infantil nas obras dos dois poetas supracitados, a ideia é motivar discussões que
possam contribuir proficuamente para o posterior desenvolvimento do projeto.
Palavras-chave: Cora Coralina, Manoel de Barros, Poesia, Imaginário infantil
As manifestações do Silêncio no Imaginário Contemporâneo
Edna Alencar da Silva Rivera (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: Estabelecer relações entre a oralidade e o silêncio. Buscar elementos
que evidenciem o silêncio como discurso, para esta finalidade estaremos
abordando o imaginário, tangenciando possíveis engendramentos nos quais
como instância significativa, o silêncio adquire sentido integrando a história
humana em referências mitológicas e da narrativa cinematográfica em diálogo
com os textos literários. Partindo de suas especificidades, o silêncio possibilita um
mundo de perspectivas e abordagens, inclusive revelando aspectos discursivos
contraditórios. Como possibilidade, queremos com esta análise demostrar como
o silêncio assume um caráter essencial para e na humanidade, ajudando-nos a
recuperar a nossa capacidade de imaginar.
Palavras-chave: Silêncio, Oralidade, Imaginário, Discurso
42
Pedro Casaldáliga e Agostinho Neto: na poesia contra o poder,
os versos que ferem e fazem florescer
Edson Flávio Santos (Doutorado/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: As análises feitas pelo viés comparatista, aqui expostas, partem da leitura
de poemas de dois escritores que trazem no seu horizonte de expectativa o desejo
de luta. Uma reflexão que veio à luz durante nossos estudos de doutorado, que
ainda encontram-se em fase inicial. Os textos a serem trabalhados são oriundos
das seguintes antologias: Antologia Retirante, Cantigas Menores e Versos
Adversos, de Pedro Casaldáliga e Renúncia Impossível e Sagrada Esperança, de
Agostinho Neto. Casaldáliga, é espanhol, veio para o Mato Grosso/Brasil, em
1968, e é do Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia. Sempre colocouse em oposição declarada aos grandes proprietários de terra, saindo em defesa
das minorias. Agostinho Neto, angolano, filho de pais professores e missionários
religiosos. Decidido a formar-se em Medicina, embarcou para Portugal em 1947
e se matriculou na Faculdade de Medicina de Coimbra. As entradas nos poemas
permitem ensaiar estudos comparados sobre as relações culturais, políticas e
sociais existentes entre esses autores, de Brasil e Angola, e que irão denotar uma
rede de solidariedade entre as duas nações. Essa rede fraterna é sustentada não
só pelos textos produzidos pelos autores em questão, mas de sobremaneira pela
atuação séria e comprometida dos mesmos como cidadãos. A poesia que emana
dos versos das obras estudadas é carreada por uma força interna capaz de ferir,
mas também de fazer florescer uma primavera de mudanças para os membros
da sociedade onde estão inseridos os poetas.
Palavras-chave: Comparativismo Literário, Crítica Literária, Relações Brasil e Angola
O enigma dos detetives: perfis masculinos da narrativa
detetivesca
Edson Salviano Nery Pereira (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: Considerando as contribuições dos Men´s Studies para os estudos
de Literatura, este trabalho tenciona traçar perfis de masculinidade a partir da
observação de alguns personagens da história da narrativa detetivesca. Espera-se
que por meio deste estudo possamos compreender a constituição do paradigma
masculino, bem como observar a permanência, modulações e reformulações
deste mesmo paradigma.
Palavras-chave: Narrativa detetivesca, Masculinidade, Estudos Comparados
43
O modelo do provérbio e “a causa africana” em João Albasini
Elídio Miguel Fernando Nhamona (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: Nos editoriais e crônicas de João Albasini, tanto em O Africano como em
O Brado Africano, temos o abundante emprego de provérbios e outros tipos de
sentenças fixas afins. Presumimos que o seu uso nos escritos do jornalista se deveu
1) à formação do autor, 2) aos leitores que pretendia atingir, 3) mas sobretudo à
necessidade de aglutinar tendências díspares e criar consensos em torno daquilo
que os membros proeminentes da pequena burguesia local designavam de
“causa africana”. O discurso nativista defendia o acesso à cidadania liberal plena
e que, por isso, cabia aos indígenas se tornarem civilizados por meio da instrução
e consequente assimilação da cultura portuguesa. Visto que era necessária
uma ação concertada, o provérbio foi a forma literária que possibilitou criar a
predisposição social suscetível de aglutinar indígenas, assimilados e civilizados.
Palavras-chave: Provérbio, “causa africana”, João Albasini
Do texto à imagem – caminhos da obra de João Guimarães Rosa
pelo sertão
Elizabeth Ziani (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: A nossa tese de doutorado analisa as relações da literatura com outras
artes (artes plásticas, fotografia, bordado, narração de textos) e avalia o seu
potencial enquanto fonte de criação e de transformação social. No âmbito dos
estudos comparatistas, contemplamos as relações interdisciplinares: Literatura
e Oralidade; Literatura e Artes visuais. Abordamos a relação de Grande sertão:
veredas com outras áreas e como essa obra tornou-se fonte de recriações e
estimulou a organização do primeiro Circuito Literário do Brasil (Minas Gerais). A
proposta desta comunicação é apontar aspectos da adaptação de Grande sertão:
veredas de João Guimarães Rosa, realizada pelo artista plástico José Murilo
de Oliveira (J. Murilo), conterrâneo do escritor. Com uma vivência profunda
do sertão, o artista mineiro estabeleceu paralelos entre literatura e pintura,
teve vários trabalhos premiados, até chegar ao projeto Diabo nas Veredas
Mortas, objeto da nossa pesquisa. Destacaremos os seguintes elementos nessa
transposição: processo de criação, recorte da obra literária e técnicas utilizadas.
Palavras-chave: Estudos Comparados, Artes plásticas, Leitor
44
João Paulo Borges Coelho: literatura do incômodo
Emiliano Augusto Moreira de Lima (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: Analisa-se João Paulo Borges Coelho a partir de uma perspectiva
materialista. O objetivo não é apenas uma análise da obra do escritor sob essa
perspectiva, mas, ao fazer a obra passar pela crítica, passar também a própria
crítica pelo crivo. Há no texto literário elementos desestabilizadores, daí a
literatura do incômodo. Esses elementos são desestabilizadores também para
a crítica.
Palavras-chave: João Paulo Borges Coelho, Materialismo histórico, Literatura e
sociedade
A ascensão social como objeto de disputa em “Amigos”, de Luiz
Ruffato
Emily Cristina dos Ouros (Mestrado/USP)
Email: [email protected]
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: A partir da leitura do conto “Amigos”, de Luiz Ruffato, o presente
trabalho investiga como a sensação de proeminência da ascensão social nas
classes mais baixas reproduz o discurso de dominação da lógica capitalista.
Procuramos observar em que medida a relação entre os “amigos” Gildo e Luzimar,
a qual parece se estabelecer cordialmente diante das transformações pelas quais
cada um dos personagens passara, configura uma disputa simbólica da tentativa
de fuga de um cenário social historicamente marcado pela exploração e por
frustrações de diferentes naturezas.
Palavras-chave: Ruffato, Amigos, Ascensão social
Angola e Brasil – encontros na música popular urbana
Estefânia Francis Lopes (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: Na comunicação proposta visamos apresentar um diálogo político
e musical entre Angola e Brasil a partir do projeto Kalunga, espetáculo com
apresentação em Angola, no ano de 1980, que envolveu diversos músicos
brasileiros. Idealizado pelo produtor musical Fernando Faro, a partir do convite em
45
nome do presidente angolano para uma apresentação de Chico Buarque, nasceu
o projeto Kalunga com o intuito de comemorar os cinco anos de independência
do país. A viagem proporcionou o encontro entre músicos angolanos e brasileiros
nos palcos, como também, em novos arranjos de composições e gravações.
Pouco divulgada no Brasil que passava pelo período de abertura política, parte da
experiência ficou registrada na música “Morena de Angola”, de Chico Buarque.
Nesta senda, propomos uma viagem musical para conhecermos um pouco mais
sobre este encontro, como indicam os versos da canção, “Lá de Angola”, de João
Nogueira: “É preciso navegar / Pra poder se esclarecer / Do lado de lá do mar / É
preciso ver pra crer / Gente que lutou para se libertar”.
Palavras-chave: Música popular, Projeto Kalunga, Chico Buarque
Um “passeio” pelo imaginário de Andersen
Euclides Lins de Oliveira Neto (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: O presente trabalho se propõe a estabelecer uma análise
comparativa entre o mito, o conto tradicional e o conto literário a partir do “O
companheiro de viagem” de Hans Chrisitan Andersen, buscando identificar a
presença do arquétipo literário. Portanto, nessa aventura, deseja-se verificar
comparativamente os elementos, diferentes e similares, presentes no mito, no
conto tradicional e no conto literário, tendo em foco as imagens e suas relações
para constatar o “denominador fundamental”, do qual derivam “as criações do
pensamento humano”, no dizer de Gilbert Durand. O esquema arquetípico da
“viagem” nesse conto de Hans Christian Andersen revela relações com o mito
escandinavo e conto tradicional nórdico.
Palavras-chave: Literaturas infantil e juvenil, Imaginário, Andersen
Espaço e isolamento em Mãe, materno mar
Everton Fernando Micheletti (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: No romance Mãe, Materno Mar, do escritor angolano Boaventura
Cardoso, destaca-se o espaço. Trata-se de uma viagem de trem que parte
de Malange, no interior, para a capital Luanda, a uma distância de cerca de
quatrocentos quilômetros, que duraria normalmente algumas horas. No entanto,
ocorrem vários problemas, são feitas várias paradas e o percurso dura incomuns
quinze anos. Os vagões dividem-se em três classes, dos que pertenciam a uma
46
certa elite aos mais pobres. Com as paragens, os passageiros se veem obrigados
a uma convivência forçada, marcada por uma série de conflitos, muitas vezes
resultando em violência e mortes. As primeiras paradas caracterizam-se pelo
isolamento, pela impossibilidade de comunicação com outros lugares. Os
passageiros têm de se adaptar ao espaço em torno do trem parado, em estações
ou na mata, onde refazem a sociedade, havendo, muitas vezes, características
ou problemas que remetem ao país. Como a experiência colonial envolvia um
domínio do território, como bem explica Bosi sobre a origem no verbo “colo”
(eu ocupo a terra), a questão espacial ganha importância na literatura angolana.
Em sua análise da formação do romance angolano, Chaves destaca a prevalência
do espaço nesse processo. Desse modo, propõe-se apresentar uma análise do
espaço no romance quanto ao isolamento, verificando-se as possíveis relações
com o contexto da nação. As referências teóricas e críticas, além das citadas,
abrangem autores que se dedicam ao pós-colonialismo e às literaturas africanas.
Palavras-chave: Boaventura Cardoso, Literatura Angolana, Espaço
Temporalidade e Finitude: o Lobo na ficção de João Guimarães
Rosa e José Roberto Torero
Fabiana Corrêa Prando (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: O Lobo, como qualquer vetor simbólico, é uma imagem altamente complexa,
porque guarda polaridades positivas e negativas. Os símbolos são essencialmente
pluridimensionais e expressam relações e não uma lógica conceitual. O símbolo
permite uma relação de complementaridade e é suscetível a um número infinito
de dimensões. Para a imaginação ocidental, o lobo é o animal feroz por excelência.
Segundo Durand, o grande Lobo Mau, num pensamento mais avançado, é assimilado
aos deuses da morte e aos gênios infernais. No panteão egípcio, Anúbis, o grande deus
psicopompo, é aquele que tem a forma de um cão selvagem e é venerado como deus
dos infernos. Os cães simbolizam igualmente Hécate, a lua negra, a lua devorada,
algumas vezes representada, como Cérbero, sob a forma de um cão tricéfalo. “Há,
portanto, uma convergência muito nítida entre a mordedura dos canídeos e o temor do
tempo destruidor. Cronos aparece aqui com a face de Anúbis, do monstro que devora
o tempo humano ou que ataca mesmo os astros mensuradores do tempo” (DURAND,
2002, p. 87). O tempo travestido de lobo, o devorador terrificante que revela a angústia
diante do devir é o fio condutor de nossa investigação na relação entre as obras Fita
verde no cabelo, de João Guimarães Rosa e Chapeuzinho Preto, de José Roberto Torero.
Vamos observar como a atitude angustiada do homem diante da morte e do tempo se
revelará na ficção dos dois autores. Benedito Nunes, Paul Ricoeur, Heidegger e Durand
darão o aporte teórico para o nosso estudo.
Palavras-chave: Temporalidade, Lobo, Guimarães Rosa e Torero
47
Infância e Literatura: (re)visitando algumas formas de
representação
Fabio Eduardo Muraca (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Maria dos Prazeres Santos Mendes
Resumo: A literatura é, como as demais formas de expressão artística, um
espaço privilegiado para as formas de representação. Representam-se homens
e mulheres, adultos e crianças, situações etc. O objetivo dessa comunicação
é (re)visitar algumas formas de compreender a construção da representação
da infância na literatura, especificamente na literatura infantil e juvenil. Serão
apresentadas e discutidas as noções de infância de Philippe Ariés (História social
da criança e da família), Walter Benjamin (Obras escolhidas II: rua de mão única),
Marie-José Chombart de Lauwe (Um outro mundo: a infância) e Clarice Cohn
(Antropologia da infância). Como contraponto para essas noções de infância,
analisaremos a construção de representação da infância nas obras Aventuras de
Vera, Lúcia, Pingo e Pipoca, da Sra. Leandro Dupré, A Bolsa Amarela, de Lygia
Bojunga e Exercícios de ser criança, de Manoel de Barros.
Palavras-chave: Infância, Literatura, Representação da infância
Notas comparativas sobre a formação: América Latina e África
Portuguesa
Fábio Salem Daie (Doutorado/USP)
E-mail: [email protected]
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: O tema clássico da “formação”, constitutivo de obras centrais do
pensamento social brasileiro, é mobilizado nesta comunicação no intuito de
pensar a posição periférica de América Latina e África portuguesa, no que tange
suas expressões literárias ao longo do século XX. Dessa maneira, desejamos
apresentar algumas conclusões parciais da pesquisa de doutorado que abordarão
o problema da modernidade na periferia; o significado desta “modernidade
periférica” para certa tradição crítica brasileira (Antonio Candido e Roberto
Schwarz) e hispano-americana (Ángel Rama e Beatriz Sarlo); por fim, algumas
inflexões do significado dessa modernidade em autores de América Latina e
África Portuguesa, como Jorge Luis Borges ou Alejo Carpentier; Luis Bernardo
Honwana ou José Luandino Vieira.
Palavras-chave: Formação literária, América Latina, África Portuguesa
48
O romance negro de autoria feminina no Brasil: notas sobre Um
defeito de cor
Fernanda Rodrigues de Miranda (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: Para esta comunicação, focaremos o romance Um defeito de cor, da
escritora mineira Ana Maria Gonçalves. Segundo a autora narra no prólogo, o
romance seria uma livre tradução de um manuscrito escrito em português
arcaico por Kehinde, africana que foi escravizada e morreu na velhice, depois
de idas e vindas através do Atlântico. Considerado romance histórico, articula
uma voz em primeira pessoa que é afirmada como originária de um Testemunho.
Dessa forma, utilizando recursos ficcionais para costurar as lacunas do texto
original, o romance se fundamenta, segundo afirma a autora, como tradução da
autobiografia de Kehinde. Com efeito, a ficção começa no prólogo, tendo em vista
que o manuscrito que a autora afirma ser fonte das memórias construídas no
romance jamais existiu de fato. Em síntese, se constrói uma categoria de verdade
testemunhal, que através de memórias ficcionais, deslinda aspectos da História.
A narrativa é inteiramente perpassada pelo diálogo ficcional com a História,
que por vezes é reinventada. O discurso, dessa forma, vai sub-repticiamente
reinscrevendo o lugar de uma feminilidade que deixa de ser subalterna ao
acionar dispositivos de agência, como entre outros, o ato de nomear, presente,
por exemplo, na passagem em que Kehinde conta como batizou a heroína do
primeiro romance do romantismo brasileiro, A moreninha, de Joaquim Manuel
de Macedo, autor que a certa altura torna-se personagem da narrativa.
Palavras-chave: Literatura negra brasileira, Autoria feminina, Romance
Apresentação de autores afro-brasileiros e de africanos por
meio de livros didáticos
Flavia Cristina Bandeca Biazetto (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Vima Lia de Rossi Martin
Resumo: O objetivo desta comunicação é expor os resultados parciais obtidos
na análise dos materiais didáticos aprovados pelo PNLD 2012-2014 de Língua
Portuguesa, no que se refere à divulgação de Literaturas Africanas e a Afrobrasileira. Para isso, analisamos, como exemplo, a coleção didática “Teláris” (Ed.
Ática), na qual se busca apresentar a obra do escritor angolano Pepetela e alguns
contos da tradição oral. A seleção deste corpus, apesar de ser um retrato restrito
do material que circula no país, é de extrema importância, visto que durante a
primeira distribuição dos livros pelo território nacional, ano de 2013, a coleção
49
foi a segunda mais adquirida pelo governo, mais de 2 milhões de exemplares.
Optamos em explanar sobre o projeto Teláris, pois a coleção mais adquirida, a
saber “Português: Linguagens”, não apresenta nenhum texto de autoria africana
ou afrobrasileira, sendo irrelevante para nossa proposta de análise. Para o
desenvolvimento deste estudo, fundamentamos teoricamente no pensamento
de Bunzen (2008) e Rojo (2005) que definem o objeto, livro didático, como um
exemplar do gênero do discurso. É válido ressaltar que nesta análise não se busca
fazer sugestões de como as práticas de leituras literárias deveriam ser feitas em
sala de aula, mas sim levantar pontos relevantes de como se articula a veiculação
das literaturas supracitadas e os materiais didáticos nacionais.
Palavras-chave: Livro didático, Literaturas Africanas, Literatura Afro-brasileira
Arte, Cores e Transformações: 7 Cartas e 2 Sonhos de Tomie
Ohtake e Lygia Bojunga até o Meu Amigo Pintor
Flávia Maria Reis de Macedo (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Maria dos Prazeres dos Santos Mendes
Resumo: O presente projeto de pesquisa tem como objeto duas diferentes
versões de narrativa juvenil de Lygia Bojunga: a primeira delas é a obra 7 Cartas
e 2 Sonhos, publicada em 1982, contando com reproduções de nove telas de
Tomie Ohtake; a outra é O Meu Amigo Pintor, trazida a público em 1987, já
sem as referidas telas reproduzidas. Investiga-se o processo de criação artística
decorrente do contato de Bojunga com as obras de Tomie Ohtake, verificando-se
o diálogo entre aspectos visuais e verbais, presente na comunicação das pinturas
com a narrativa de Bojunga, explícita pela presença dos dois tipos de signos na
primeira versão e introjetada pelo uso exclusivo da linguagem verbal na segunda,
quando Lygia Bojunga “repinta” a narrativa.
Palavras-chave: Processo de criação artística, Interrelação de texto verbal e
visual, Transformação de narrativas, Literatura juvenil
A construção da identidade portuguesa
Flávia Roveri (Iniciação Científica/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: O projeto de mestrado, em elaboração, busca refletir sobre a identidade
portuguesa, dentro de um recorte específico, o da experiência do retorno
a Portugal, através da trajetória de dois personagens: Ricardo Reis, de O ano
da morte de Ricardo Reis, de José Saramago, e o jovem Rui, de O retorno, de
50
Dulce Maria Cardoso. O primeiro romance, publicado em 1984, retrata o ano de
1936, momento de tensões políticas no cenário internacional, que antecedem
a Segunda Guerra Mundial, com a ascensão e fortalecimento de governos
fascistas e início da guerra civil espanhola. É também um ano importante na
consolidação do projeto salazarista de concentração de poder e do uso da
máquina propagandista a favor da imagem de que em Portugal tudo corria bem,
enquanto as tensões políticas pareciam estar além das fronteiras do país. Por
outro lado, O Retorno, de Dulce Maria Cardoso, publicado em 2011, retrata um
período histórico posterior ao fim do salazarismo e da Revolução dos Cravos.
Trata-se da história de um jovem adolescente nascido em Angola, cuja família
retorna a Portugal após a independência do jugo colonial e do início dos conflitos
que levaram à longa guerra civil, que marcou a história recente da ex-colônia
portuguesa. Nosso objetivo é refletir como acontece o retorno dos protagonistas
do romance, e como se dá a apreensão e contato com a realidade do país,
apesar da diferença geracional existente entre eles (Ricardo Reis, segundo
Fernando Pessoa, tem 48 anos, e Rui apenas 15), e das quatro décadas que,
aproximadamente, separam os dois tempos históricos. Ou seja, nos dois casos,
apesar das diferenças evidentes entre as propostas dos enredos dos romances,
estamos diante de questionamentos a respeito da construção da identidade e da
imagem da pátria.
Palavras-chave: Retorno, Identidade, Portugal
O Egito sob domínio europeu: um olhar queirosiano
Giuliano Lellis Ito Santos (Pós-Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Helder Garmes
Resumo: Eça de Queirós morando na Inglaterra, centro do domínio colonial
europeu, onde exercia função de cônsul, comentava as notícias para os leitores
brasileiros, ou, mais especificamente, os cariocas. Nesse contexto, o escritor
português demonstra um bom entendimento do imperialismo inglês, que está
expresso significativamente em seu texto “Os ingleses no Egipto”, publicado em
1882 nas páginas da Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro. Através de uma leitura
do enquadramento dado por Eça de Queirós ao conflito político-financeiro entre
os ingleses e o Egito, pretende-se destacar a forma de tratamento do assunto e
suas possíveis ligações com outros textos presentes no periódico carioca.
Palavras-chave: Eça de Queirós, Texto de Imprensa, Gazeta de Notícias
51
Mulheres (negras) escritoras: histórias que se cruzam
Ianá Souza Pereira (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadores: José Moura Gonçalves Filho e Rejane Vecchia Rocha e Silva
Resumo: O trabalho discute as limitações de sexo (e também de cor) para a
escrita de mulheres. O texto defende a ideia de que a literatura produzida por
mulheres negras pode muito: pode nos ajudar a compreender melhor a condição
da mulher negra na sociedade capitalista. Pode nos oferecer uma nova visão
para entender o mundo em que vivemos. Pode nos dar consciência das muitas
formas de naturalização das forças sociais que oprime negros e mulheres, graças
as descrições poderosas da experiência, do que é ser mulher e negra numa
sociedade de relações verticais. Pretendemos, portanto, problematizar questões
de gênero e de raça. Levando em consideração os dados de sexo, cor e a escrita.
Que escrita será essa?
Palavras-chave: Mulheres, Raça, Escrita
Teoria política e representação literária
Jacqueline Kaczorowski (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rita de Cássia Natal Chaves
Resumo: A comunicação busca apresentar uma breve leitura do romance Nós,
os do Makulusu, do angolano José Luandino Vieira, dedicando especial atenção
à formulação literária dada a alguns dos dilemas com que a teoria política
produzida no continente africano se deparava no contexto representado na obra.
Palavras-chave: Representação, Literatura Angolana, Teoria Política
Entre o visível e o invisível: a narrativa fantástica e a formação
do leitor literário contemporâneo
Joana Marques Ribeiro (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: O projeto visa estudar o perfil do leitor literário e sua formação
na pós-modernidade. Levando em conta as novas configurações da arte
literária e a atividade de leitores que se formam hoje na fruição de objetos
artísticos construtores de um ambiente insólito, fantástico e plurissignificativo
contemporâneo, propomos analisar composições que refletem o conflito entre
52
realidade e ficção, que problematizam os limites entre realidade e irrealidade
ou que apagam esses limites. Para tanto, serão focalizados os aspectos
implicados no procedimento de leitura do filme Matrix (1999) e das obras
literárias As aventuras de Alice no País das Maravilhas (1965), de Lewis Carroll, A
Metamorfose (1915), de Franz Kafka, e Ensaio sobre a cegueira (1995), de José
Saramago. Nosso objetivo será contemplar os vários níveis ou camadas de leitura
que devem ser realizadas pelo leitor tendo em vista a elaboração estética das
obras selecionadas e compreender como se dão as manifestações do possível e
do impossível e seus efeitos de sentido. Assim, poderemos apreender os tipos
de habilidades sensoriais, perceptivas e cognitivas que estão envolvidas no
processo da atividade leitora na contemporaneidade e observar em que medida
tais narrativas são capazes de desenvolver um modo de ler o texto literário e, em
consequência, o mundo circundante, essenciais à sensibilidade pós-moderna.
Palavras-chave: Leitura, Literatura, Fantástico
Narrativa da espera no romance angolano contemporâneo, a
propósito da escrita ao serviço da nação: uma leitura necessária
Joaquim João Martinho (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: O projecto pretende analisar sintomas caracterizadores da História
em três escritores angolanos: Luandino Vieira, Boaventura Cardoso e José
Luís Mendonça. Nossa propositura consiste em discutir como esses cultores
ficcionam a memória colectiva angolana e aferir, sobretudo, o contexto de que
emergem os loci enunciativos, já que o recurso à História pode constituir uma
forma de rebater a nação. Partindo dessa hipótese de a escrita desses cultores
se enquadra nesse ãngulo, adoptou-se um enquadramento metateorético
comparatista, buscando a escrita literária como suporte mimético das obras
elencadas. Por outro lado, interrogar as causas pelas quais os autores, em
estudo, constroem a tessitura literária calcada no processo histórico-político
angolano.
Palavras-chave: Literatura, História, Nação
53
O Romantismo goês: a obra do contista Júlio Gonçalves
José Antonio Pires de Oliveira Filho (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Helder Garmes
Resumo: A apresentação aqui proposta tem como objetivo um breve comentário
da obra do autor romântico goês Júlio Gonçalves (1846-1896), a qual faz parte
de um projeto mais amplo, que compreende um estudo sobre o conto em língua
portuguesa no século XIX goês. Por questões estruturais, como outros autores
da época, a produção do supracitado autor fora publicada por periódicos, no
caso, a Ilustração Goana (1863-1866), sua obra compreende os contos “Traição
– romance original”, “Amar por Comissão” e “Aventuras de um Simplício”.
A análise dos textos deste escritor, cuja distância dos centros literários de
prestígio, associada a uma dicção romântica nelas presente, resulta em um
olhar particularmente diverso sobre a conjuntura cultural goesa do século XIX. A
articulação teórica comparada e pós-colonial, tal como apresentada por Tânia F.
Carvalhal (1998) bem como de Homi K. Bhabha (2007) e Edward W. Said (1990),
pode ser uma ferramenta pertinente para averiguar as relações entre os contos
e suas condições sociais de produção e recepção. Além do aspecto de discorrer
sobre uma lógica interna ao contexto goês, há de se observar o diálogo com
as produções externas, pertencentes ao mundo de língua portuguesa, os quais
não passavam ao largo dos autores goeses como Júlio Gonçalves. Neste ponto
que a análise descrita por Abdala Junior (2007), sobre a série em português
torna-se muito útil para este trabalho, que se orienta pelo olhar localista bem
como as possibilidades de observar diálogos e contrapontos na série em língua
portuguesa.
Palavras-chave: Literatura Comparada, Literatura Goesa, Estudos pós-coloniais
As dimensões do orientalismo anteriano
José Carvalho Vanzelli (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: Pensar o orientalismo português da segunda metade do século XIX
envolve refletir também sobre duas questões intrínsecas à história e à literatura
lusitana: religião e império. Pois, se por um lado, o orientalismo português foi
um reflexo um pouco tardio da temática em voga desde o final do século XVIII
nos grandes centros europeus, por outro, foi utilizado como uma forma de
interpretação de Portugal, sua política, sua história e seu pensamento. Atentar
para tal fato nos leva diretamente à figura de Antero de Quental (1842-1891),
considerado juntamente com Eça de Queirós um dos primeiros nomes a resgatar
54
o interesse pelo Oriente nas Letras Portuguesas. O orientalismo anteriano é lido
principalmente a partir das reflexões do poeta em relação à fé budista, ganhando
especial destaque o pensamento de seus últimos anos de vida. Entretanto, desde
o início da década de 70, seu período mais combativo, Antero olha para o “Leste”
para entender sua pátria e seu tempo. Deste modo, para esta apresentação,
intencionamos discutir de que maneira o Oriente se faz presente nos escritos de
diversos momentos da vida intelectual do autor de Odes Modernas, procurando
entender quais as dimensões do pensamento orientalista de Antero e de que
modo ele aparece como consequência de uma tendência europeia ou como
fonte de interpretação de Portugal e do século XIX.
Palavras-chave: Antero de Quental, Oriente, Budismo
O processo de construção identitária em uma abordagem
materialista histórica da obra Hibisco roxo de Chimamanda Ngozi
Adichie
Juliana Sant´Ana Campos (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rejane Vecchia Rocha e Silva
Resumo: A literatura se nutre da realidade para agir sobre ela, em um real
processo simbiótico. Contudo a criação literária, apesar de corresponder a certas
necessidades de representação do mundo, socialmente condicionada, também
tem a liberdade de dar ingresso ao mundo da ilusão e se transformar em algo
dialeticamente empenhado, na medida em que não só suscita e explora uma
visão do mundo (CANDIDO, 2011). É nesse sentido que Antonio Candido desenha
o seu método analítico com um traçado de permuta literário-sociológico que
será empregado neste trabalho que olha para o romance em análise como um
processo de construção que responde a um sistema social-histórico que por sua
vez também reage a essa obra, em um movimento cíclico. É a partir desse olhar
que a narrativa Hibisco Roxo da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie
será analisada. É dentro de uma conjuntura histórica com especificidades
definidas que as personagens femininas do romance de Adichie se entrelaçarão
e tensionarão com o universo masculino, para, a partir das tensões, ascenderem
enquanto mulheres que apontam para rupturas nesses sistemas sócio-políticoeconômico-cultural em um processo de reconstrução do seu entorno em novas
relações plurais de identidade. De que modo e como essas relações de tensão
irão ocorrer dentro desse sistema e para qual caminho essas transformações
estão apontando? São algumas das questões a serem trabalhadas nesta análise.
Palavras-chave: Identidade, Processo, Sociedade e literatura
55
Rui Knopfli: uma leitura de A Ilha de Próspero
Kelly Mendes Lima (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: A crítica costuma negar à poesia de Rui Knopfli (1932-1997) uma práxis
negra e/ou uma moçambicanidade. No entanto, é possível encontrar em sua
obra ao menos uma vertente preocupada com a situação de seu país e suas
pessoas, que configura um discurso desestruturador ou questionador do “oficial”
colonialista. A lha de Próspero (1972) será o caminho para argumentarmos nesse
sentido.
Palavras-chave: Rui Knopfli, Literatura moçambicana, Discurso colonial
Relações literárias entre Brasil e Goa no século XIX: o caso de
Francisco João da Costa
Kouassi Loukou Maurice (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Helder Garmes
Resumo: A presente comunicação pretende mostrar as relações literárias entre
Brasil e Goa no século XIX e sobretudo enfatizar o caso do escritor goês Francisco
João da Costa, também conhecido por Gip. Sua obra intitulada Jacob e Dulce:
scenas da vida indiana (1896), pouco conhecida e estudada hoje, teve, naquela
época, uma recepção crítica no Brasil.
Palavras-chave: Literatura goesa, Goa, Brasil
Experiências Históricas e Literatura em Moçambique: Suleiman
Cassamo e Ungulani Ba Ka Khosa
Laiz Colosovski Lopes (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: A presente comunicação tem por finalidade discutir algumas questões
estéticas pertinentes à obra O Regresso do Morto, de Suleiman Cassamo,
e verificar como suas elaborações literárias podem dialogar com os ideais da
FRELIMO expressas em alguns discursos de Samora Machel proferidos logo após a
independência, como “A Libertação da Mulher” e “Educar o Homem para Vencer
a Guerra”. As reflexões apresentadas fazem parte da pesquisa de mestrado
56
em andamento. A pesquisa em questão analisa como duas obras literárias
moçambicanas – O Regresso do Morto (1989), de Suleiman Cassamo, e Orgia
dos Loucos (1990), de Ungulani Ba Ka Khosa – dialogam com as experiências
históricas do processo de libertação em Moçambique. Ambos os livros são
compostos por contos que, para além das inúmeras diferenças estéticas
entre si, também apresentam formulações literárias que permitem reflexões
bastante diversas sobre o projeto de nação criado e difundido pela FRELIMO.
Neste sentido, podemos observar que as narrativas que compõem a obra de
Suleiman Cassamo parecem estar em consonância com as ideias de nação
revolucionária propostas pela FRELIMO durante o processo de libertação e
após a independência do país. Através de uma linguagem híbrida entre a
Língua Portuguesa e a Língua Ronga, Cassamo cria uma atmosfera utópica e
poética ao longo de seus contos que parece reforçar as próprias utopias das
propostas da FRELIMO. Sendo assim, é possível observarmos uma série de
paralelos entre o texto literário e os discursos políticos de líderes da FRELIMO
como, por exemplo, Samora Machel.
Palavras-chave: Literatura, Moçambique, História
Narrativas de esgotamento nas escritas africanas de autoria
feminina
Larissa da Silva Lisboa Souza (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: O projeto propõe-se como um estudo comparado de quatro obras
artísticas de autoria feminina, Ninguém matou Suhura (MONPLÉ, 1988),
Ventos do Apocalipse (CHIZIANE, 1999), Butterfly Burning (VERA, 1998)
e Contours du jour qui vient (MIANO, 2009). A partir das reflexões sobre o
conceito de modernidade reflexiva (GIDDENS e BECK, 1995), consoante com
as perspectivas niilistas do pensamento contemporâneo sobre o continente
africano (MONGA, 2010), a análise tem como objetivo a compreensão do
apagamento das visões utópicas, com base nos textos publicados no final do
século XX, e no início do século XXI, entendendo-os enquanto narrativas de
esgotamento.
Palavras-chave: Literatura, Modernidade reflexiva, Esgotamento, África, Mulher
57
Moçambique em perspectiva através de As Visitas do Dr. Valdez
e As Duas Sombras do Rio, de João Paulo Borges Coelho
Laurinda Aparecida Maiorquim Gomes da Silva (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: O estudo comparativo dos romances As Visitas do Dr. Valdez (2003) e
As Duas Sombras do Rio (2004) permite-nos observar uma “heterogeneidade
cultural” (e política) que precisa ser bem compreendida. Para tanto, temos as
relações sociais configuradas nos romances, relações estas que se abrem a
partir de Vicente em As Visitas do Dr. Valdez e Leónidas em As Duas Sombras do
Rio, e que se configuram como manifestações simbólicas de uma “dominação
política [...] acompanhada de uma dominação cultural”. No ritmo da sucessão
temporal orquestrado por uma variedade de pontos de vista, é possível observar
que as narrativas, tingidas pelos dramas vividos por aqueles que não tinham a
perspectiva de futuro demarcada pelo discurso do “homem novo”, assumem
uma tonalidade dominante, na qual se destaca “relações que não são simples,
no entanto – relações de explorador à explorado, de dominante à dominado –,
em razão da falta de unidade da sociedade colonizada e sobretudo do caráter
radicalmente heterogêneo que ela anima”. Nesse sentido, João Paulo Borges
Coelho, escapando às periodizações essencialmente cronológicas, posto que são
fragmentárias, não iluminando, assim, o movimento orgânico dos acontecimentos
históricos, restringindo-se a demarcá-los, adequou a técnica à construção das
narrativas a fim de alcançar alguns efeitos, pois “cada tipo de estória requer o
estabelecimento de um tipo particular de ilusão que a sustente”.
Palavras-chave: Literatura, História, Moçambique
As vozes narrativas em antes de nascer o mundo: o diálogo
entre Moçambique e Portugal
Léia da Silva Gomes Torres (Doutorado/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Vera Maquêa
Resumo: O presente artigo realiza análise comparativa na obra literária Antes de
nascer o mundo, através de suas vozes narrativas. Mia Couto trabalha com duas
vozes enunciadoras, construindo dois planos narrativos. O primeiro narrador é
Mwanito e a segunda, Marta, a portuguesa. O dilema das personagens na narrativa
nos remete ao dilema do povo moçambicano e na cumplicidade da construção
narrativa entrelaçando oralidade e escrita. Temos também a representação das
vozes do colonizado com Mwanito e do colonizador com Marta. Mwanito dialoga
com a tradição e a cultura de origem do povo moçambicano, Marta, representa
58
a influência da cultura colonizadora sobre a colônia. A obra coutiana apresenta a
dualidade entre tradição e modernidade. Mia Couto resgata através da narrativa
a história colonial de Moçambique, no confronto entre memória e identidade.
Nessa reconstrução identitária as vozes narrativas se ressignificam, fundindo a
cultura europeia e a cultura moçambicana. Nessa nova fronteira temos o lugar
do interdito, no surgimento de novas identidades, as quais são constituídas de
rastros identitários dos povos portugueses e moçambicanos. Apresenta-se nesse
contexto, uma nova ordem social e cada indivíduo que vive esse processo fica
dividido entre a tradição e a modernidade, a oralidade e a escrita, o período
colonial e o pós-colonial.
Palavras-chave: Mia Couto, Vozes narrativas, Tradição, Modernidade
Recriações históricas em Herculano e Scott: A figura heroica do
monarca
Leonardo de Atayde Pereira (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Paulo Motta Oliveira
Resumo: O movimento romântico português, engendrado nas décadas de 30
e 40 do período oitocentista, foi herdeiro de uma tendência historicista que
marcou a produção intelectual europeia desde o final do século XVIII. Alexandre
Herculano como representante dessa atitude de revalorização do passado
medieval soube dialogar com essa prosa “medievalista” europeia e reconfigurou
temas e propostas estéticas para seus escritos historiográficos e ficcionais.
Dentre a miríade de autores que foram lidos e traduzidos por Herculano, Walter
Scott talvez seja aquele que mais caminhos forneceu para a cristalização dum
modelo de narrativa ficcional histórica e duma visão “medievalizante” presentes
nos escritos de Herculano. Na tentativa de mostrar aproximações entre as
ideias que permeiam os textos desses dois autores, analisarei algumas soluções
estéticas e interpretações históricas defendidas por Scott no seu Ivanhoé e por
Herculano na sua narrativa histórica O Bobo. Para melhor alcançar meu objetivo
interpretativo também trabalharei, ao longo do texto, com outros escritos desses
autores, como alguns prefácios de romances escritos por Scott, entre eles o
prefácio de Waverley, e textos historiográficos e ficcionais de Herculano, como
as “Cartas sobre a História de Portugal”.
Palavras-chave: Romance histórico, Romantismo, Idade Média
59
Cecília Meireles de Ou isto ou aquilo e Liev Tolstói de Contos da
Nova Cartilha: aproximações em literatura e educação
Lívia Galeote (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Ricardo Iannace
Resumo: O projeto pretende investigar a produção em literatura infantil de
Cecília Meireles em Ou isto ou aquilo e de Liev Tolstói, nos livros de leitura (em
particular, os Contos da Nova Cartilha produzidos a partir de 1850. As produções
dos dois autores se aproximam na medida em que estes seus “constructos”
apontam para preocupações com o aspecto literário dos textos, assim como
trazem elementos da experiência de dois escritores no campo do magistério em
épocas e sociedades diferentes.
Palavras-chave: Cecília Meireles, Liev Tolstói, Literatura Infantil
Representações do negro: a poética de José Craveirinha em
diálogo com o lusotropicalismo
Luana Soares de Souza (Doutorado/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: Os versos de José Craveirinha transbordam a luta e a resistência dos
negros frente a colonização portuguesa. A leitura crítica sobre o mundo colonial
é adotada como um exercício permanente de luta pela liberdade. É possível
observar que essa leitura se choca com a ótica do sociólogo Gilberto Freyre, “pai”
do lusotropicalismo, que inscreve a figura dos negros em uma relação pacífica
com o branco colonizador. Enquanto o poeta pauta as dores e os antagonismos
do processo colonial, inscrevendo a memória e a ancestralidade moçambicana
como reafirmação da sua cultura, o sociólogo harmoniza os conflitos, propondo
consenso entre negros e brancos. Neste trabalho busco colocar em dinâmica
a poesia e a sociologia, buscando seus contrastes e suas formas de análise
da realidade, considerando as representações do negro na poética de José
Craveirinha e na análise sociológica de Gilberto Freyre, bem como as perspectivas
de cada autor sobre a colonização portuguesa.
Palavras-chave: Lusotropicalismo, Poesia, Negro
60
As masculinidades nas instituições em Princesa
Luciana Miranda Marchini Ulgheri (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: O presente trabalho analisa a construção das masculinidades
hegemônicas no âmbito das instituições família, igreja, escola e forças armadas
no contexto da obra Princesa, de Fernanda Farias de Albuquerque. Ela, uma
transexual brasileira, escreveu sua (auto)biografia com Maurizio Jannelli, um
ex-membro das Brigadas Vermelhas, dentro de um cárcere romano. O livro foi
publicado primeiro na Itália, fato que tem causado grande discussão sobre sua
nacionalidade literária, que para nós figurará sempre num eterno “entrelugar”.
Palavras-chave: Masculinidades, Instituições brasileiras, Princesa.
Masculinidade de Jaime Bunda
Luiz Carlos Loureiro de Lima Junior (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: A pesquisa tem como objetivo analisar a masculinidade e a
desconstrução do seu estereótipo, pregado pela sociedade ocidental durante
muitos anos, em Jaime Bunda, Agente Secreto do escritor angolano Pepetela,
que parodia a literatura policial e o personagem James Bond do escritor inglês
Ian Fleming, através da comparação entre os dois personagens apontando desde
a sua rotina até seu papel na sociedade.
Palavras-chave: Jaime Bunda, Masculinidade, Pepetela
Literatura colonial, trabalho e dominação: considerações sobre
Brancos e Negros, de Guilhermina Azeredo (1956)
Luiz Fernando de França (Doutorado/USP; Docente/UFO-PA)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: Neste trabalho, considerando as características da chamada “literatura
colonial”, analiso a formalização do tema do trabalho no livro de contos Brancos
e Negros, de Guilhermina Azeredo (1956). Procuro evidenciar, na avaliação
dos textos que compõem obra, como os elementos narrativos em conjunto são
articulados para estruturar discursos de promoção do trabalho sob a ótica do
colonizador: defesa do “trabalho civilizador” e materialização de uma relação
61
hierarquizada de trabalho. Assim, partindo das recorrências que envolvem a
estrutura narrativa demonstro como formalmente o livro “louva” o trabalho
dos colonos brancos, subalterniza os trabalhadores africanos e, por tabela,
constitui-se como evidente instrumento de dominação e propaganda da própria
colonização.
Palavras-chave: Literatura colonial, Contos, Trabalho, Colonos
A solidão do Astronauta: a representação cultural nas HQs
Márcia de Souza Ravaglio (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Em 2012 a editora Panini publica a Graphic Novel Magnetar de Danilo Beyruth,
uma revista em quadrinhos em formato de luxo com edição especial em capa
dura, com uma nova releitura do personagem Astronauta, criado por Maurício
de Sousa em 1963, visando o mercado adulto e internacional, segundo Sidney
Gusman editor da Maurício de Sousa Produções (TELÓ 2016). Contudo a diferença
entre uma publicação pensada para a criança e outra para o adulto vai além da
forma, há diferenças estéticas e estilísticas influenciadas por questões sociais,
como moralidade, intencionalidade e permeabilidade. Segundo Will Esiner,
para se contar uma história, o perfil do leitor – sua experiência e características
culturais – tem de ser levado em conta antes que o narrador possa contar a história
com sucesso, pois uma boa comunicação depende da memória, experiência e
do vocabulário visual do próprio narrador (EISNER 2013). Uma das coisas que
diferencia a HQ para criança da HQ para adulto é a escolha de como trabalhar
o nível ou estrutura de realidade, em 1963 Maurício de Souza cria um universo
Maravilhoso e o Alegórico para o personagem, já em 2012 a interpretação
de Danylo Beyruth, traz um confronto entre o Realismo-maravilhoso, onde o
universo ficcional é criado com base na realidade e o maravilhoso está pautado
em uma especulação realista do conhecimento lógico e científico, e o Estranho
ou Unheimtich, que gera a fobia a partir das coisas comuns e familiares, em um
conflito do individuo consigo mesmo e que vai criar uma tensão entre a razão e a
loucura, pondo a prova o herói romântico, ápice do homem civilizado e racional.
As inumeras diferenças de formas e estilos colaboram para ampliar o contrato
entre leitor e universo criado.
Palavras-chave: Literatura Infantil/Juvenil, História em Quadrinhos, Astronauta
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A desconstrução da propaganda salazarista em O ano da morte
de Ricardo Reis
Márcio Aurélio Recchia (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: Minha pesquisa de mestrado consiste em comparar os seguintes
objetos de estudo: o filme Fantasia Lusitana (2010), de João Canijo, e o romance
O ano da morte de Ricardo Reis (1984), de José Saramago. Tanto o filme quanto
o romance utilizam recursos diversos para desconstruir a imagem de um
Portugal perfeito e harmônico, apregoado pela propaganda salazarista. Todavia,
como proposta para apresentação neste encontro, gostaria de trazer algumas
considerações relacionadas ao romance de Saramago e de analisar como a falsa
imagem harmônica do país é desconstruída. A narrativa se desenvolve entre
29 de dezembro de 1935 (data de chegada de Ricardo Reis a Portugal) e 8 de
setembro de 1936 (data da Revolta dos Marinheiros no Tejo, quando Ricardo Reis
desaparece, conforme revela o título do romance). É um período turbulento, em
que os movimentos nacionalistas e fascistas crescem na Alemanha, Itália e em
Portugal, e que a guerra civil espanhola está prestes a eclodir. Este cenário de
apreensão e insegurança se prolifera por toda a Europa. Em Portugal, dirigido
pela “mão de ferro” de Salazar, procura-se controlar as notícias veiculadas pelos
meios de comunicação, utilizando-se para isso do jornal, do rádio e do cinema
panfletários. Além disso, o regime emprega esses mesmos meios para disseminar
a ideia de um panorama aprazível, que apregoa que a população goza de paz e
segurança. Ademais, corroborando com o ideal nacionalista, exalta as conquistas
passadas, vangloria-se do débil império ultramarino e supervaloriza os usos,
costumes e produtos nacionais. Não apenas a ausência de mais três lustros de
seu país, mas também este contexto contraditório em que a personagem Ricardo
Reis foi inserida fará com que a mesma busque compreender, sobretudo através
dos periódicos manipulados, o que está acontecendo em seu entorno.
Palavras-chaves: Salazarismo, Estado Novo Português, O ano da morte de
Ricardo Reis
Autonomia literária: um caminho que desvenda a cultura brasileira
Maria da Conceição José de Sousa (Mestrado/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Orientador: Dante Gatto
Resumo: O trabalho consiste em fazer uma abordagem e, de certa forma,
uma comparação de como a busca da autonomia literária deu-se desde a
independência do Brasil, percorrendo pelos projetos literários que se acentuou
63
no romantismo, até o modernismo com a publicação de Macunaíma. Tendo,
portanto, o intuito de elucidar as contribuições de Mário de Andrade para
o “entendimento” da cultura brasileira, uma vez que, ele “teria teorizado” a
literatura em função do “nacionalismo estético”.
Palavras-chave: Autonomia literária, Cultura, Mário de Andrade
Vinil verde e Os lobos dentro das paredes: o medo e as
ausências entre telas e páginas
Maria de Lourdes Guimarães (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Maria Zilda Cunha
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo sintetizar o estudo que vem sendo
realizado no desenvolvimento da tese que, sob uma perspectiva comparatista,
analisa duas obras de diferentes suportes: o curta-metragem Vinil Verde, de
Kleber Mendonça, e a narrativa gráfica Os Lobos dentro das Paredes, de Neil
Gaiman, com enfoque na construção do medo e do sobrenatural pelo viés das
ausências. A ausência, que é um dos traços marcantes nessas duas obras, se
apresenta de diferentes maneiras, sendo revelada pela falta de identificação
dos personagens, pela incomunicabilidade, pelos locais esvaziados, e também
se faz presente no trânsito pelo entre-lugar e por seus espaços incomuns, entre
outros. Cada um dos suportes se utiliza de seus recursos estéticos próprios para
dimensionar o vazio, a incomunicabilidade, o silêncio, a melancolia, a perda (seja
ela física ou psicológica). As ausências, somadas a existência de maldições e
ameaças sombrias amplificam o clima insólito e assustador. Esse estudo permite,
ao comparar suportes diferentes, como um livro e um curta-metragem (uma
obra audiovisual), tecer uma reflexão sob uma perspectiva multidisciplinar, uma
vez que as obras analisadas englobam literatura, cinema, quadrinhos e artes
plásticas (artes que dialogam com o corpus desse trabalho), e analisar como os
recursos estéticos de cada suporte podem dimensionar o medo e o sobrenatural
revelados pelas ausências e estranhamentos.
Palavras-chave: Literatura infantil e juvenil, Medo, Ausência
A narrativa das secas- uma comparação entre os romances
Vidas Secas, Os Flagelados do Vento Leste e Famintos
Maria Luzia Carvalho de Barros Paraense (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: A comunicação busca comparar a vozes narrativas dos romances Vidas
Secas, de Graciliano Ramos, Os Flagelados do Vento Leste, de Manuel Lopes
64
e Famintos, de Luís Romano afim de observar as estratégias dos três autores
para realizar seus romances. Acreditamos que, a proximidade temática da seca
e da fome que as enlaça possibilita encontros, mas também distanciamentos,
de acordo com a intenção de seus autores, o que resulta em uma gradação nas
intensidades das cenas forjadas pelos autores.
Palavras-chave: Voz narrativa, Seca, Cena
No cárcere com José Craveirinha e Frei Caneca
Maria Nilda de Carvalho Mota (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Vima Lia de Rossi Martin
Resumo: Entre José Craveirinha e João Cabral de Melo Neto, o cárcere. Nesta
comunicação faremos uma análise comparativa entre os livros Cela 1 (Craveirinha)
e Auto do Frade (João Cabral) sob a perspectiva da desumanização vivenciada
pelas personas/personagens ao longo das obras citadas. Veremos ainda como
o poema torna-se arma e ferramenta de resistência ante a expropriação do
humano por parte dos agentes da justiça.
Palavras-chave: Cárcere, José Craveirinha, João Cabral de Melo Neto
Formação continuada para o ensino das africanidades
Maria Paula de Jesus Correa (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: O presente texto tem por objetivo apresentar o trabalho de
Iniciação Científica “Elaborando projetos pedagógicos para uma educação das
africanidades”, publicado no site do NAP Brasil-África. O trabalho, que está
organizado em dois módulos – um para formação teórica e outro com sugestões
de projetos para a aplicação em sala de aula –, pretende contribuir para a
formação continuada dos professores de língua portuguesa da educação básica,
tendo em vista a Lei 11.645/08.
Palavras-chave: Lei 11.645/08, Formação continuada, Africanidades
65
O cinema africano de Língua Portuguesa e os critérios de sua
historiografia
Marina Oliveira Felix de Mello Chaves (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: Esta pesquisa tem como objeto de estudo o cinema africano de língua
portuguesa. O trabalho parte de um projeto realizado anteriormente, que
consistiu no levantamento dos filmes produzidos nos cinco PALOP – Angola,
Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. A partir dos dados
obtidos com este levantamento, é possível refletir sobre o processo histórico
em que está inserida esta produção e ainda pensar na atuação dos filmes – e
em como fazer uma seleção destes filmes – nesta história. A partir da década
de 60, o cinema realizado na África exerceu um papel ativo junto às lutas pela
libertação do colonialismo. Além de registrar os combates, os filmes assumiram
o cargo de instruir o povo e disseminar os ideais revolucionários que agitavam
as independências. Não havia, antes disto, uma estrutura cinematográfica que
propiciasse a produção de filmes próprios e independentes; sob o domínio de
Portugal, a produção se restringia basicamente a propagandas coloniais. Por isso,
foram convidados cineastas estrangeiros para ajudar a desenvolver o cinema
nestes países e até hoje os recursos de outros países (sobretudo europeus) são
essenciais para a viabilização e manutenção das atividades cinematográficas.
É um verdadeiro esforço conhecer este cinema. As informações são bastante
dispersas e pouco divulgadas. Por isto, este trabalho tem o importante intuito de
encontrar, concentrar e organizar os dados referentes a estes filmes. É também
complexa a tarefa de definir concretamente os parâmetros do cinema nacional
destes países. Desta forma, serão analisados os processos de formação destes
cinema, procurando, enfim, estabelecer uma maneira sistemática de defini-lo.
Palavras-chave: Cinema africano, Guerras coloniais, Historiografia
O primeiro amor e a cantadeira: a modernidade como estratégia
discursiva em Ana Miranda e Mia Couto
Marluci Cristina da Silva Demozzi (Doutorado/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Orientador: Vera Maquêa
Resumo: O presente artigo se propõe a uma reflexão sobre as estratégias
discursivas de dois escritores na virada do século XX. O objetivo é apresentar
a forma como as influências sejam elas culturais, históricas ou folclóricas são
retratadas e as estratégias utilizadas para dar vida aos contos. Neste sentido
66
o conceito de Benjamin Abdala Junior aparece de forma sugestiva para
encontrarmos e discutirmos a modernidade como estratégia discursiva na
intelectualidade literária. As estratégias narrativas utilizadas tanto por Mia
Couto como Ana Miranda provoca a idéia do ser melancólico e lírico mediante as
situações do cotidiano que proporciona e (re)cria estruturas amorosas envolvidas
nas experiências dos personagens e aproxima os escritores pela maturidade
em discutir as relações entre arte e a linguagem de forma encantadora e ao
mesmo tempo explora as culturas de dois países de língua portuguesa. O conto
“O primeiro amor” de Ana Miranda e “A cantadeira” de Mia Couto trabalham
com a (re)descoberta da língua com traços de suas origens e mergulham no
encantamento do fazer literário através de realidades encontradas pelo caminho.
O comparativismo destes contos explora o lado poético de ambos os autores
e nos convidam a discutir a simplicidade dos temas através de estratégias
discursivas própria do escritor na modernidade.
Palavras-chave: Estratégia discursiva, Ana Miranda, Mia Couto
Graciliano Ramos: os dilemas da consolidação de um
capitalismo dependente
Miguel Makoto Cavalcanti Yoshida (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: A presente comunicação é fruto de pesquisas parciais da nossa tese
de doutorado, que tem como objeto uma análise comparada de Angústia, de
Graciliano Ramos e Uma abelha na chuva, de Carlos de Oliveira. Buscaremos
analisar aspectos como alguns aspectos da realidade brasileira dos anos
1920-1930 se internalizam em Angústia se constituindo como elementos
organizadores da narrativa. Para nós, essa obra formaliza as contradições
provenientes do rearranjo das classes dominantes; a manutenção do padrão de
dominação de classe, marcado no Brasil pela tradição autocrática; a perspectiva
de futuro bloqueada, devido ao caldo de cultura fascista que ganhava espaço
no país; etc. A lógica e ritmo do capitalismo dependente estão presentes no
plano formal da obra que utiliza técnicas narrativas como o monólogo interior,
o fluxo de consciência, a construção em abismo desenvolvidas, sobretudo,
pelas vanguardas estéticas. Tais técnicas se desenvolvem com vistas a um
mergulho na subjetividade dos personagens, desvinculando-os, em alguma
medida da realidade que os circunda. Contraditoriamente, em Angústia, estas
técnicas alcançam justamente a força desmistificadora da realidade.Por outro
lado, as particularidades de consolidação do capitalismo em Portugal serão a
matéria social a ganhar forma na obra de Carlos de Oliveira. Em Uma abelha
na chuva, a narrativa se organiza em torno das tensas relações estabelecidas
entre diferentes classes sociais em uma província em Portugal, principalmente
67
entre a burguesia e a aristocracia, representadas pelo casal Álvaro Silvestre e D.
Maria dos Prazeres, mas se estendendo também à relação com os trabalhadores
e camponeses. O ganho formal nesta obra, inserida no neorrealismo literário
português se assemelha ao mencionado anteriormente com relação a Angústia.
Palavras-chave: Realismo, Capitalismo dependente, Fascismo
Representação e representatividade: o lugar da literatura na
equação do racismo
Nara Lasevicius Carreira (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: Com o objetivo de compartilhar o percurso da pesquisa de mestrado
que busca pensar, sob a perspectiva da lei 10.639/03, alterada pela 11.645/08,
estratégias de ensino de literatura que contribuam para a construção e o
fortalecimento da autoestima de crianças e adolescentes negras e para a
reflexão sobre alteridade e branquitude entre crianças e adolescentes brancas,
esta comunicação apresentará o que tem sido levantado quanto à representação
de personagens negros e brancos em uma seleção de textos literários, dada
a limitação do trabalho, mapeando a obra de José de Alencar, Lima Barreto,
Conceição Evaristo, entre outros autores. Na etapa seguinte da pesquisa, a
análise do corpus - e as intervenções que dele podem surgir - será orientada
pelo debate histórico promovido sobretudo por Clóvis Moura; pela discussão
pedagógico-literária fomentada por bell hooks, Kabengele Munanga, Nilma Lino
Gomes, Eduardo Assis Duarte, entre outros; e pela contribuição da psicologia
social, na perspectiva do entendimento do racismo como causador de um “malestar psíquico”.
Palavras-chave: Literatura e educação, Racismo e branquitude, Autoestima e
autoconceito
A feição social do narrador em Predadores, de Pepetela
Osvaldo Sebastião da Silva (Doutorado/USP)
E-mail: [email protected]
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: Desde as primeiras linhas do livro, o narrador de Predadores irrompe
em cena, não raro como parte interessada. Ao embuste do introito policialesco,
cuja desfaçatez salta aos olhos, soma-se a derrisão da cultura literária do leitor,
a arrogância e a arbitrariedade transvestidas de zelo profissional, bem como
68
um show de autopromoção desabrida. A impressão que fica é a de que, a todo
o momento e custo, ele disputa os holofotes com o protagonista, transpondo
in orato os desmandos perpetrados por Vladimir Caposso in actu. Em lugar de
mero entretenimento narrativo, as intrusões implícitas e explícitas do narrador
antes parecem constituir um dos eixos formais do romance, consubstanciandose na estilização de disposições de conduta próprias à ordem social angolana
contemporânea.
Palavras-chave: Narrador, Predadores, Ordem social angolana contemporânea
O deslocamento e a orfandade nas obras Livro, de José Luis
Peixoto, Os Malaquias, de Andrea Del Fuego e Central do Brasil,
de Walter Salles
Paula Fábrio (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: As migrações e deslocamentos de indivíduos (e populações) são
temas figurados em diversas narrativas de ficção e, por conseguinte, os
contextos socioeconômicos que possivelmente suscitaram tais movimentos
são (re)pensados nas obras, cuja produção pode concorrer para conformar
uma discussão mais ampla sobre essas questões. Este pré-projeto de pesquisa
propõe a comparação de dois romances e um filme que abordam a temática
do deslocamento e, ao mesmo tempo, representam a orfandade como um dos
fatores determinantes para essa condição. Por meio da análise do deslocamento
dos personagens no espaço, objetivamos observar as aproximações e os
distanciamentos estéticos entre as obras, assim como suas prováveis ligações
e relações com os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais dos países
onde foram produzidas – Brasil e Portugal.
Palavras-chave: Orfandade, Espaço, comparatismo Interartes
Um estudo sobre a violência contra a mulher a partir da ótica do
agressor em o remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãe
Penélope Eiko Aragaki Salles (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: A violência contra a mulher, que esteve sempre presente ao longo da
história, se caracteriza por ser questão que permanece recorrente na sociedade
atual. O presente trabalho pretende analisar como a violência contra mulher
69
é construída no romance do escritor português valter hugo mãe (o nome do
romance, do autor e dos personagens constam em letras minúsculas conforme
as edições publicadas do livro), o remorso de baltazar serapião, e investigar se
os elementos fantásticos e grotescos presentes na obra são utilizados como
estratégias formais e estilísticas para ressaltar a violência contra a mulher.
Palavras-chave: valter hugo mãe, Mulher, Romance
A poesia cabo-verdiana: Corsino Fortes, Arménio Vieira e Filinto
Elísio
Raquel Aparecida Dal Cortivo (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Simone Caputo Gomes
Resumo: José Luís Hoppfer Almada afirma que a preocupação identitária na
literatura cabo-verdiana foi responsável por certa “monocultura literária”
(2010, on-line). Entretanto, conforme aponta o autor, para além dos dilemas
e temas locais, outras preocupações também figuram na mente dos autores e
diversificam a literatura contemporânea em Cabo Verde. Desse modo, podemos
divisar nesse horizonte poético modos diferentes de relação com a história do
país, manifestados em diferentes experiências poéticas. Propomos a leitura
comparada entre as obras dos poetas Corsino Fortes, Arménio Vieira e Filinto
Elísio. As obras dos três autores por nós destacados da vasta produção poética
cabo-verdiana configuram diferentes modos de resistência, cuja força centrípeta
destaca elementos locais, particularizantes e individualizadores que, se por um
lado coloca em foco a questão nacionalista (na literatura de Corsino Fortes), por
outro, a ultrapassa (na poesia de Filinto Elísio). Tal força centrípeta, no entanto,
entra em tensão com uma força centrífuga também metaforizada pela imagem da
ilha, cujas fronteiras se abrem para o exterior; esta força afigura-se na literatura
universal de Arménio Vieira.
Palavras-chave: Poesia cabo-verdiana, Corsino Fortes, Arménio Vieira, Filinto Elísio
Amargos e proibidos frutos – o despontar de um
empoderamento na poesia de Paula Tavares
Regina Margaret Pereira (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: Na década de 1980, em meio às guerras civis de Angola, a autora Ana
Paula Tavares teve publicado seu primeiro livro de poesia, Ritos de passagem. Tal
obra apresenta como uma de suas temáticas a sexualidade da mulher. O presente
70
trabalho pretende analisar, de maneira breve, a forma como o universo feminino
angolano é apresentado nessa que é a publicação inaugural da poeta. A metáfora
dos frutos, sutil e delicada, faz-se presente em toda a obra para trazer ao campo
literário uma mulher outra que, distante dos padrões sociais construídos nas
sociedades urbana e rural, é detentora de força e desejos diversos. Ao trazer para
a literatura uma temática marginalizada à época, a autora tece uma crítica às
formas de opressão operadas pelos paradigmas machistas de organização social.
Palavras-chave: Literatura, Sexualidade, Gênero e sociedade
Sociedade e política no teatro de Ariano Suassuna: Auto da
compadecida, Farsa da boa preguiça, O santo e a porca e A
pena e a lei
Reila Márcia Borges Rodrigues (Mestrado/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Orientador: Agnaldo Rodrigues da Silva
Resumo: O presente trabalho está respaldado nas questões de engajamento
social e político do escritor Ariano Suassuna, atribuindo às suas peças um caráter
essencialmente crítico, desse modo o corpus de interpretação e análise se trata
de quatro peças teatrais do dramaturgo paraibano, a saber, Auto da compadecida,
Farsa da boa preguiça, O Santo e a porca e A pena e a lei. O objetivo é partir dos
textos cênicos para atingir uma reflexão sobre problemas sociais e políticos do
país, principalmente da região nordestina. Dessa forma, a pesquisa encaminha
num profícuo estudo envolvendo literatura e política, verificando como o
escritor trabalhou esses aspectos em suas obras, identificando também como a
cultura popular, sustentação principal de sua criação, pode ser essencialmente
politizada, representando o “grito” do povo sufocado pelo descaso e pela
desigualdade. O tema proposto como objeto de investigação nasceu de inúmeras
leituras que transitam na literatura, arte, política e sociedade; partindo sempre
das possibilidades dos textos teatrais de Suassuna, nesse aspecto, é preciso
ressaltar que a obra não pode ser analisada somente através do contexto que
a solidifica ou simplesmente pelo tema que desenvolve, mas também por seus
valores estéticos. Portanto, os elementos internos e externos caminham numa
conjectura harmônica e crítica, à medida que a estrutura da obra contempla os
fatores que subjaz à vida social.
Palavras-chave: Teatro brasileiro, Ariano Suassuna, Política
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A Força da Ilustração em Minsk, conto de Graciliano Ramos
Transformado em Livro para Criança
Ricardo de Medeiros Ramos Filho (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: Ao prestarmos atenção nas páginas da edição ilustrada de Minsk, obra
de Graciliano Ramos trabalhada pela artista Rosinha Campos, somos levados
a refletir sobre a força da imagem em livros destinados a crianças. O texto,
originalmente publicado em coletânea de contos adultos, não foi pensado
como trabalho destinado ao público infantil. Pelo contrário, a dramaticidade
de uma história com final infeliz, em que a menina Luciana acidentalmente
mata seu periquito de estimação, presente dado por tio Severino, ao caminhar
distraidamente para trás, esquecendo-se de que o animalzinho costumava seguila, faria com que afastássemos a hipótese de indicá-la aos pequenos leitores.
Contudo, a força do texto, com todo o valor estético usualmente presente nos
escritos do autor alagoano, bem como sua temática infantil, fizeram com que a
possibilidade de transformação da obra adulta fosse aventada. Cores, imagens,
movimentos sugeridos nas páginas, diagramação, capa e projeto gráfico (por
Angelo Allevato Bottino), tudo isso poderia fazer com que a criança se interessasse
por Minsk, lesse a história, aceitasse a fatalidade dela. Como resultado surgiu um
livro ricamente editado, objeto de nossa análise neste presente estudo.
Palavras-chave: Graciliano, Literatura infantil, Ilustração
Poesia em Moçambique: negação determinada do presente?
Rodrigo de Oliveira Antonio (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: Pela análise comparativa da poesia de alguns dos autores fundamentais
de Moçambique – Noémia de Sousa, José Craveirinha, Rui Knopfli e Mia Couto
– e da produção difusa de poesia de combate dos anos 1970, abordaremos a
problemática das temporalidades no exercício poético e as possibilidades da
poesia como negação determinada do presente histórico.
Palavras-chave: Moçambique, Poesia, Temporalidades
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Literatura Infantil e Educação no início do Século XX
Rogério Bernardo da Silva (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Resumo: As relações entre a literatura infantil e a educação são sempre muito
próximas. No início do século XX essas relações eram ainda mais estreitas,
pois havia grande número de professores e pedagogos que produziam os livros
destinados às crianças, obras muito mais caracterizadas por suas finalidades
didáticas. As propostas educacionais do período, ainda embevecidas por
princípios da educação jesuítica, ajudavam a configurar o contexto dessas
publicações. Após os dois primeiros decênios, discussões e ações diferentes
passaram a fazer parte do contexto social, político e educacional. Nessa nova
configuração, outro tipo de publicação passou a ser construída e lida, dentro e
fora da escola. Tratava-se da obra de Monteiro Lobato. Nesse sentido, propõese a apresentação de uma breve mirada sobre as articulações e diálogos entre
educação e literatura infantil. Objetiva-se verificar as estratégias discursivas
que permeavam os conflitos entre o estético e o utilitário na constituição dos
primeiros textos literários destinados à infância no Brasil e como isso resultou ou
não em literariedade.
Palavras-chave: Literatura Infantil, Educação, Monteiro Lobato
Contradições sob a perspectiva de Nós, os do Makulusu, de
Luandino Vieira
Rosana Baú Rabello (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: O trabalho propõe-se analisar o romance Nós, os do Makulusu, de
Luandino Vieira, a partir de algumas das refrações que compõe um olhar sobre
as contradições do período de ocupação colonial portuguesa em Angola e sobre
a guerra de libertação. Essas refrações também permitem perceber algumas
possibilidades dinâmicas do desenvolvimento histórico que levam em conta as
tensões do momento de guerra e a dedução crítica sobre as tendências que aquela
configuração histórica propunha. Assim, o romance proporciona um olhar para
a frente que instiga a percepção orientada para o futuro com intuições objetivas
associadas ao possível real e ao excedente de visão de seu autor-criador.
Palavras-chave: Dialética, Historicidade, Excedente de visão
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A poesia de mulheres em tempo de libertação nacional
Roseleine Vitor Bonini(Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mário Cesar Lugarinho
Resumo: O projeto de pesquisa que estou desenvolvendo, tem como objetivo
investigar a obra de Noémia de Sousa. Pretendo entender quais são os processos
que contribuem para as construções identitárias que se configuram no
entrelaçamento das categorias de gênero e raça. Pretendo com isso, pensar nas
reivindicações étnicas e de gênero e de como a experiência literária, pode atuar
no processo de constituição dos indivíduos.
Palavras-chave: Moçambique, identidade, Noémia de Sousa
Outros sais na beira mar de Filinto Elísio: um labiríntico mosaico
de ficção poética
Rute Maria Chaves Pires (Doutorado/USP; Docente/UEMA)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Simone Caputo Gomes
Resumo: Estudo sobre a construção multifacetada do romance Outros sais na
beira mar (2010) do autor cabo-verdiano Filinto Elísio. Obra contemporânea de
construção/desconstrução do próprio gênero narrativo quando mistura, história,
poesia, crônicas, e-mails, fragmentos de um pensar e sentir a própria história,
que se prolonga num verdadeiro mosaico de reminiscências ora lúdico, ora de
engajamento social. Nessa perspectiva, justifica-se a proposta de bricolage,
fragmentação e paródia, num espiralado jogo intertextual que fica explícito
numa pluralidade de vozes reiteradas pelos quadros narrativos que vão sendo
traçados ao longo da obra.
Palavras-chave: Romance cabo-verdiano, Intertextualidade, Filinto Elísio
Entre a espera e a jornada: As representações do feminino na
literatura infantil brasileira como metáfora social
Samira dos Santos Ramos (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Resumo: A pesquisa está inserida na área de Literatura Infantil e Sociedade e
teve como objetivo compreender quais relações entre a sociedade e a literatura
74
legitimam a representação dos valores de um povo através do conto popular; e
como a literatura infantil se apropria dessa estrutura para formar a consciência
crítica do leitor, através do questionamento, validação e de divulgação de novas
proposições de valores, colaborando para a formação de espírito sobre o feminino
em determinada época. Para tanto, realizou-se uma análise comparativa de
obras que tinham como protagonista a figura de uma jovem princesa que se
preparava para a vida adulta através de uma jornada em busca da identidade
e da realização. O corpora é composto por A rainha e as irmãs, conto popular
recolhido por Câmara Cascudo presente na obra Contos Tradicionais do Brasil
(1955), Procurando Firme (1984) de Rute Rocha e Uma, duas, três princesas
(2013) de Ana Maria Machado. A análise tem como aporte teórico a literatura
de CÂNDIDO; COELHO; JOLLES; AZEVEDO; SCOTT; BIRMAN e LUNA. Verificamos
que a função social, a linguagem e a ética interna do conto popular o configuram
como um texto em que se torna possível a transmissão de valores abstratos como
beleza, felicidade, virtude, bondade e maldade. E a possibilidade de atualização
da narrativa por cada comunidade particularizam esses valores, tornando um
conto universal e local ao mesmo tempo. Que a iniciação feminina à vida adulta
que antes se configurava principalmente pelo movimento de espera passou a
conjugar-se com a necessidade da jornada, antes prerrogativa masculina. Nas
obras analisadas, houveram significativas mudanças nas relações entre a figura
da princesa e a família, na preparação para a jornada e nos aspectos valorizados
em cada jornada, acompanhando o discurso sobre o feminino em cada época e
projetando-se sobre a prática da geração seguinte.
Palavras-chave: Literatura Infantil, Feminino, Literatura popular
O retrato do colonialismo português em Ninguém matou Suhura
Silvaneide da Silva Costa (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: A obra, Ninguém matou Suhura: estórias que ilustram a História, escrita pela
moçambicana Lília Momplé, traz sob o gênero do conto cinco narrativas que tratam da
questão colonial portuguesa, no período de 1935 a 1974. A discussão em torno do gênero
das narrativas é abordada por Moama de Lacerda Marques (2012), o que segundo ela,
a escolha advém tanto pelas condições sociais e políticas do momento histórico, bem
como da dificuldade de ordem editorial para publicar obras maiores. Quanto ao tema,
pontuamos o que Francisco Noa (1999) ressalta a respeito, sobretudo, das literaturas
moçambicanas estarem rompendo com a portugalidade manifesta nos textos coloniais.
Observaremos como Lília Momplé ficcionalizou através de cinco micronarrativas
aspectos importantes da história dos oprimidos tanto em Moçambique, quanto em
Angola, inserindo um conto sobre esse último país, a nosso ver, para dar uma ideia de
totalidade do que foi o colonialismo português no solo africano.
Palavras-chave: Lília Momplé, Literatura e história, Conto moçambicano
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Na fronteira das crises: narrativas e representações do homem
cabo-verdiano
Sinei Ferreira Sales (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Simone Caputo Gomes
Resumo: Nesta comunicação, objetivamos apresentar e debater os conceitos
de crise da narratividade e de crise da masculinidade hegemônica na prosa
cabo-verdiana. Para isso, tomaremos os trabalhos de Evel Rocha (Estátuas de
Sal – 2003; Marginais – 2010) e de Fernando Monteiro (Na roda do Sexo – 2009)
como ponto de partida. Tal seleção não se dá de modo aleatório, sim, de modo
sistemático, por serem as primeiras obras a trazer imagens e representações
de personagens masculinas que não atendem aos padrões da masculinidade
hegemônica, nem da heterossexualidade compulsória, incorporando ao corpo
do texto gays e travestis, como figuras que denotam a decadência do Homem.
O ponto de partida para discutir a crise das representações que os gêneros
narrativos nos trazem vem de Walter Benjamin (1994) e seu texto seminal “A
crise do Romance. Sobre Alexanderplatz, de Döblin”. Já para a discussão de
gênero, nos apropriaremos das discussões da Teoria Queer.
Palavras-chave: Crise da narratividade, Crise da masculinidade, Cabo Verde
Chinua Achebe e Castro Soromenho: compromisso político e
consciência histórica em perspectivas literárias
Stela Saes (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: No exercício de comparativismo literário entre as obras Things fall apart,
do escritor nigeriano Chinua Achebe (1958), e Terra morta, do angolano Castro
Soromenho (1949), é possível estabelecer aproximações e distanciamentos
que dialogam entre si e podem trazer reflexões relevantes para o estudo das
literaturas africanas. Enquanto a primeira oferece uma visão inédita a respeito do
funcionamento interno da sociedade Ibo na Nigéria diante da situação colonial, a
segunda transparece as frágeis relações dos colonos portugueses nas instituições
políticas, econômicas e sociais do império na região da Lunda em Angola. Já
por esse aspecto, os romances convergem para um panorama em comum ao
apresentarem o colonizado em Things fall apart quando o colonizador em Terra
morta que não recaem em estereótipos das figuras coloniais, justamente por
problematizarem questões internas e clivagens sociais e históricas. Assim, ao
evidenciaram as fraturas internas, contribuem com a crítica sobre o sistema
colonial ao mesmo tempo em que ajudam a construir outras visões históricas
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sobre o tema. Se, por um lado, os contextos sociais e históricos distanciam os
escritores e seus produtos literários; os romances se aproximam não apenas
pelas categorias narrativas de personagens e espaço, mas também pela posição
político-ideológica assumida por seus narradores. A consciência histórica e o
compromisso político diante dos fatos narrados estão presentes na representação
literária como uma tentativa de entender o funcionamento e apresentar uma
crítica aos diferentes processos coloniais.
Palavras-chave: Literatura nigeriana, Literatura angolana, Chinua Achebe, Castro
Soromenho, Literatura comparada
A rede literária de Timor-Leste
Suillan Miguez Gonzalez (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: Constata-se certa ineficácia ou possível frustração na reconstituição
da historiografia da literatura timorense devido às pausas e retomadas de
publicações condizerem com a conturbada trajetória de formação e estruturação
do Estado, cujo longo processo acarretou na morte ou na diáspora de grande
parte da intelectualidade timorense. A proposta da rede literária de TimorLeste consegue revelar um conjunto de obras e textos das Literaturas de Língua
Portuguesa produzidos para contemplar uma causa e uma nação. Não se trata de
inventariar todas as obras timorenses, acrescer as publicações sobre Timor para
o montante significar a representatividade literária. O que se quer é propor uma
maneira de ler o que seria uma fragilidade beirando a inexistência do sistema
literário, para se pensar em Rede Literária de Timor e problematizar o trânsito e
a permanência de vozes até então pouco conhecidas, porque o que se enxerga
é, essencialmente, uma organização pela análise das relações. Para o caso da
literatura timorense, a dimensão ou novidade de ser abraçada, entrecruzada e
recepcionada por parceiros no ofício de colocar em evidência vozes até então
abafadas pela negligência e complacência de todos, vai além ao resgatar desde a
memória colonial até a retaliação indonésia pelo insucesso da imposição cultural.
No movimento de aproximação entre literatas ou de literatas em relação ao povo
de Timor, são declarados laços de irmandade, pactos de sangue e sentimento de
pertença que não podem ser ignorados: a literatura foi o espaço eleito para a
expressão disso.
Palavras-chave: Literatura timorense, Rede, Solidariedade
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Literatura, Narrativas (jornalísticas) e Medicina
Suzie Marra (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: Esta comunicação parte da minha tese de doutorado, pretende fazer
refletir sobre a responsabilidade das narrativas jornalísticas ligadas à medicina,
buscando por meio da literatura comparada caminhos para que essa atividade
discursiva – em sentido amplo – possa firmar-se em favor da saúde humana.
Palavras-chave: Literatura, Narrativa, Saúde
Do Estado Totalitário à Literatura: Sociedade e Política em
Fazenda Modelo, de Chico Buarque e Animal Farm, de George
Orwell
Thainá Aparecida Ramos de Oliveira (Doutorado/UNEMAT)
e-mail: [email protected]
Orientador: Agnaldo Rodrigues da Silva
Resumo: Em meio aos episódios de guerras e regimes totalitários, ocorridos
durante o século XX, houve a necessidade de repensar o papel da literatura; isso
significa refletir se ela deveria expressar somente o belo ou atuar de maneira mais
incisiva no contexto social. Este período apresentou diversas transformações
nos setores político, econômico e social, tais alterações passaram a percorrer a
literatura, pois esta não poderia mais exprimir apenas o estético, mas também
apresentar sua função social. No bojo dessa discussão, o presente estudo tem
por objetivo realizar uma leitura sobre as obras Fazenda Modelo: novela pecuária
(1974), de Chico Buarque, e Animal Farm (1945), de George Orwell. Trata-se de
produções alegóricas, construídas a partir de símbolos que se interligam com o
cenário político da época em que foram escritas. Como procedimento teórico,
recorremos aos pressupostos da Literatura Comparada, a fim de apontar as
aproximações e distanciamentos entre essas produções, além das reflexões
sobre a relação da arte literária com a sociedade.
Palavras-chave: Fazenda modelo, Animal Farm, Literatura comparada
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Desabrigo-Mundo: Narrativa no Século XXI
Tiago da Cunha Fernandes (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mauricio Salles de Vasconcelos
Resumo: O presente projeto de pesquisa se articula a uma rede de autores e
teorias situados na conjuntura da globalização econômica e na emergência
do que pretendo investigar como cultura da mundialidade. Trata-se de
investigar a transversalidade entre diversas áreas do saber na base da narrativa
contemporânea, em sua proposição de formas autônomas de invenção e cognição.
Centrada numa arqueologia do presente, segundo as premissas filosóficas de
Agamben (Signatura Rerum. Sobre o método), a pesquisa propõe realizar um
desbravamento cartográfico da narrativa como espaço de formulação conceitual
traçada em compasso com as dimensões de saber existentes neste milênio.
Interessa ao projeto abordar autores brasileiros pouco estudados, pautandose nas noções de altermodernidade (Bourriaud), memória e testemunho não
autoritários na América Latina (Achugar) e filosofia da relação (Glissant).
Palavras-chave: Literatura, Teoria contemporânea, Literatura Comparada,
Globalidade
Apontamentos sobre a crônica moçambicana: Nelson Saúte e
Hélder Muteia cronistas
Ubiratã Souza (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: A literatura moçambicana, desde suas origens mais remotas, contou
com a imprensa como instrumento privilegiado de veiculação e instância
de legitimação. Desde os irmãos Albasini, passando pelas revistas literárias
(Msaho e Charrua, por exemplo), à dispersão de poemas em jornais e revistas
até o protagonismo da Revista Tempo na década de 1980 (com sua Gazeta de
artes e letras), a literatura moçambicana sempre esteve ligada às dinâmicas
dos periódicos, e registradas na sua função estética atrelada às vicissitudes de
seus respectivos tempos históricos. Na presente comunicação, objetiva-se à
análise das configurações estéticas das crônicas de Hélder Muteia, reunidas no
volume Nhambaro (1995), e de Nelson Saúte, reunidas no volume O apóstolo
da desgraça (1996). Se é verdade que a crônica enquanto gênero literário oscila
entre o registro ordinário de fatos do cotidiano e a possível ficcionalização livre
do registro do tempo, então a crônica como gênero está a meio caminho entre a
história e a literatura, entre o jornalismo e a ficção. Deste modo, ao empreender
uma análise das crônicas moçambicanas presentes nos volumes referidos,
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pretende-se, a um só tempo, tocar aspectos relevantes da história e da literatura
moçambicana da década de 1990.
Palavras-chave: Literatura moçambicana, Crônica moçambicana, Literatura,
História
Facetas: A imagem do Masculino em Maria Velho da Costa,
Nelson Rodrigues e Tennessee Williams
Vanessa Rodrigues Thiago (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: Este projeto de mestrado visa identificar e analisar figuras masculinas,
as diferentes representações de masculinidades presentes nas peças teatrais
Madame, da escritora portuguesa Maria Velho da Costa; Perdoa-me por me
traíres, de Nelson Rodrigues e Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams,
analisando as diferenças na representação de um personagem dramático e os
tipos presentes nas três obras, buscando principalmente a visão desses sob a
ótica feminina. A temática sexual, os julgamentos morais, a figura do machista
centralizador e do chefe de família disposto a qualquer coisa para manter sua
posição de liderança são constantes nessas obras, bem como a presença do
amigo, o papel do homossexual e do homem romântico.
Palavras-chave: Teatro, Masculinidades, Moral
Um Homem e seu Carnaval: notas sobre o motivo do Carnaval
na lírica modernista brasileira
Victor Palomo (Doutorado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: As figuras do Carnaval compõem imagens prevalentes nos manifestos
e textos poéticos na aurora do projeto modernista brasileiro, como é possível
documentar a partir do Manifesto Antropófago (1928) de Oswald de Andrade
e poemas de Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia, Carlos
Drummond de Andrade e outros autores. A presente comunicação pretende
mencionar aspectos gerais do tema e analisar o poema “O Homem e seu
Carnaval”, integrante do livro Brejo das Almas (1934), de Drummond.
Palavras-chave: Carnaval, Modernismo, Drummond
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O favor em A Mão do Finado e O Filho do Pescador: prefigurações
do favor em Portugal e no Brasil
Yara Vieira de Souza (Mestrado/USP)
e-mail: [email protected]
Orientador: Paulo Motta Oliveira
Resumo: Tanto em Portugal, quanto no Brasil, o romance penetrou antes mesmo
da existência de romancistas em tais países. Ao compararmos brevemente A
Mão do Finado, do português Alfredo Hogan, e O Filho do Pescador, do brasileiro
Teixeira Sousa, veremos que tais escritores, ao utilizarem a forma francesa do
romance e conseguirem abarcar peculiaridades nacionais, como o favor, mesmo
com algumas falhas, entregaram a seus leitores uma literatura inovadora.
Palavras-chave: Favor, Literatura, Sociedade

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