estudos comparativos de malhas não aderentes

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estudos comparativos de malhas não aderentes
ESTUDOS COMPARATIVOS DE MALHAS NÃO ADERENTES
Malhas impregnadas com petrolato
cinética, tornando-as razoavelmente estáveis e
homogêneas. Um exemplo de uma substância
emulsificante é a gema de ovo, que contém o
fosfolipídeo lecitina responsável por estabilizar
a emulsão do azeite na água para a produção
da maionese.
O petrolato (petrolatum em inglês) foi
descoberto em 1859 e sua aplicação em
coberturas foi patenteada em 1872 para
serem comercializadas como tratamento
para queimaduras. Sendo assim, a idéia de
impregnar uma gaze com esta substância para
aplicar em feridas, a fim de evitar aderência,
não é tão nova.
ADAPTIC® Cobertura Não Aderente
Em 02 de outubro de 1956 foi patenteada a
cobertura ADAPTIC®, uma malha de acetato
de celulose impregnada com uma emulsão
especial composta basicamente por petrolato
puro (em um nível aceito em produtos para
saúde), água purificada e outros componentes
surfactantes, os quais reduzem a densidade
do petrolato puro. Assim, a emulsão não
obstrui os poros da malha e permite que tanto
componentes do exsudato, bem como o sangue,
passem livremente pela trama sem formar
áreas de adesão devido à formação de coágulos
ou tecidos em desenvolvimento, evitando
danificar o leito e atrasar o reparo tecidual.
O petrolato consiste em uma mistura semisólida de hidrocarbonetos hidrofóbicos
(insolúveis em água) que, quando puro, é
inodoro, insípido e translúcido. A Vaselina é
uma marca registrada de petrolato e, como foi
a pioneira, até hoje é sinônimo da substância.
A grande desvantagem dessas coberturas
é que as propriedades do petrolato puro na
malha tendem a fazer com que o exsudato
se acumule sob elas e provoque maceração,
além de precisarem ter seus dois componentes
esterilizados separadamente, para serem
combinados em seguida em um processo
asséptico. A solução para esses problemas foi
usar uma emulsão invés do petrolato puro.
O acetato de celulose é uma fibra muito valiosa
e ótima para ser tramada, por isso é conhecida
como a “fibra bonita”. Isso pode ser justificado
também por ser uma fibra macia, confortável,
resistente à umidade e fungos, hidrofílica,
possuir excelente absorção e ser hipoalergênica1.
Emulsões
Emulsão é uma mistura entre dois líquidos
imiscíveis em que um deles (a fase dispersa)
encontra-se na forma de finos glóbulos dentro
de outro líquido (a fase contínua), formando
uma mistura estável. Agentes emulsificantes
(ou surfactantes) são substâncias adicionadas
às emulsões para aumentar a sua estabilidade
1
Malhas de rayon e parafina
Atualmente há no mercado outras coberturas
para o tratamento de feridas classificadas como
não aderentes que são compostas por outros
elementos como rayon e parafina.
A parafina pode se apresentar como cera ou
líquido, tem como base o gás metano, é branca,
inodora, insípida e insolúvel em água. O rayon
é uma forma de celulose regenerada alvejada.
Comparação entre malhas não aderentes
Em um ensaio2 foram comparadas as coberturas
não aderentes: CURATEC compressa com
emulsão de petrolatum (LM Farma), JELONET
rayon com parafina (Smith & Nephew) e
ADAPTIC® (Systagenix). As fotos em microscópio,
ao lado, mostram que a trama do ADAPTIC®,
por ser de acetato de celulose tem um perfil
ondulado em suas tramas resultando em
menos pontos de contato com o leito. Quase não
existem partes onde a trama esteja desfiada ou
com fiapos soltos e ainda tem a emulsão que
a impregna uniformemente; isso reduz o risco
de aderência e da liberação de emulsão em
excesso na ferida.
Perfil destaca formato das tramas (esquerda). No detalhe (direita)
tramas após corte com tesoura.
A = ADAPTIC®
B= JELONET
C= CURATEC
O tamanho de seu poro é o menor de todos
e impossibilita a passagem do tecido de
granulação através da malha.
As outras duas coberturas apresentam múltiplos
fios finos, e fiapos podem ficar aderidos na
ferida. Essas malhas possuem a trama disforme
e plana, ou seja, encostam totalmente no leito.
A parafina impregnada na cobertura JELONET
deixou marcas quadriculadas da trama quando
colocada sobre uma superfície absorvente,
evidenciando o seu total contato com o leito.
2
de granulação e causar trauma na retirada da
cobertura.
A compressa CURATEC tem a trama não
uniforme e encharca o papel absorvente
por não reter a emulsão. Isso pode causar o
ressecamento da malha ao longo do tempo e
provocar dano ao leito da ferida e dor durante
remoção.
Aderência em feridas de cirurgia de mão
Um estudo3 prospectivo, controlado e
randomizado comparou o desempenho entre
ADAPTIC®, JELONET e MEPITEL (Mölnlycke)
em feridas de cirurgias de mão. Os autores
descrevem que feridas cobertas com JELONET
tiveram um acúmulo de sangue entre o leito e a
cobertura, o qual coagulou e formou uma ‘cola’.
Isso causou aderência ao leito, ocasionando
dor e dificuldade de remoção. Em contraste,
com ADAPTIC o sangue passou livremente
para a gaze secundária. Na remoção havia uma
pequena quantidade de sangue entre o leito e
a cobertura. Esse estudo concluiu que ADAPTIC®
é mais fácil de remover (p<0,01), requer menos
irrigação na remoção (p<0,05), é menos
doloroso para remover (p<0,05) e causa menos
maceração (p<0,05) que os demais.
Gaze parafinada x espumas
Em outro estudo4 onde é feita a comparação
do desempenho de JELONET com a espuma
de poliuretano ALLEVYN (Smith & Nephew)
em áreas doadoras de enxerto, a aderência da
malha parafinada também foi evidenciada.
Em todos os 44 pacientes, a gaze parafinada
estava aderida no quarto dia, portanto não
foi removida. No sétimo dia não era possível
Tamanhos dos poros de cada cobertura medidos em milímetros.
Esses resíduos que ficam aderidos na lesão são
difíceis de serem removidos. Os seus poros são
mais largos, possivelmente para que a parafina
não bloqueie totalmente o fluxo de exsudato;
contudo podem permitir a passagem de tecido
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removê-la sem causar dor e trauma no
leito da ferida. Os autores concluíram que a
desvantagem típica dessa cobertura é o risco de
aderência, devido à coagulação, dano e trauma
por fricção no leito. Os pacientes relataram
muita dor em suas áreas doadoras. Por fim,
enfatizaram que o trauma por fricção pode
também resultar em uma cicatriz hipertrófica.
ADAPTIC®
JELONET
Enfim, esses são alguns argumentos técnicos
embasados em evidências que podem auxiliar
na avaliação comparativa da qualidade e
desempenho oferecido por algumas malhas
destinadas a evitar a aderência no leito de feridas.
A conclusão desses estudos sugere que ao
selecionar uma malha não aderente, além de
considerar as características fornecidas pelo
material que compõe a trama, também deve
se considerar a substância em que ela está
impregnada. A emulsão especial a base de
petrolato de ADAPTIC® permite a livre passagem
do exsudato através dos pequenos poros da
malha. A maior densidade da parafina das
outras malhas pode criar coágulos e pontos de
aderência no leito da ferida.
CURATEC
Liberação da substância impregnada após uma hora a 37o C sobre
papel absorvente.
Referências
1Morris, P.J. The American Synthetic Rubber Research Program.
Pennsylvania Press 1989: 259.
2 Ensaio comparativo entre 3 coberturas não aderentes para
feridas. Johnson & Johnson Medical Brazil Plant. São José dos
Campos 2007.
3 Terrill, P.J., Varughese, G. A comparison of three primary nonadherent dressings applied to hand surgery wounds. Journal of
Wound Care 2000; 9(8): 359 – 363.
4 Martini, L., Reali, U.M., Borgognoni, L. et al. Comparison of two
dressings in the management of partial-thickness donor sites.
Journal of Wound Care 1999; 8(9): 457 - 460.
Destaque para marcas que ficam estampadas no papel com a
SYS/LA/200/1010
trama de JELONET.
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