Jesus... eu te amo! - ESCOLA-EBD

Transcrição

Jesus... eu te amo! - ESCOLA-EBD
Metáforas
Ilustrações
Jesus... eu te amo!
Reflexões
Testemunhos
Relatos
Meditações
Fábulas
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
Esta obra é carinhosamente dedicada a católicos, espíritas,
evangélicos, religiosos e àqueles que não confessam
nenhuma religião. É a realização de um sonho. Alguém já
disse que “Um homem se realiza quando planta uma árvore,
tem um filho e escreve um livro”. Eu acrescentaria: Um
homem realmente se realiza quando ele se converte de todo
coração ao Evangelho do Senhor Jesus.
Muito embora tenha aprendido certas regras de bem-viver,
aparentemente um pouco tarde, passei a colocar em prática
todos os ensinamentos da Palavra que procede da boca de
Deus, imediatamente após ter concluído que valia muito
mais a pena proceder com ética e dignidade, vivenciando
assim uma verdadeira conversão de caráter.
Este volume, como outros, é resultado da seleção de vários
textos extraídos na Internet, enviados por diversas pessoas
até então desconhecidas e anônimas.
São mensagens de encorajamento, que procuram transmitir
uma visão positiva da vida. Contem muitos ensinamentos
úteis e a mensagem que transmitem realmente nos faz sentir
bem.
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Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Esta coleção, é claro, nunca ficará completa. A minha
intenção é constantemente agregar novas mensagens.
Colaborações são bem-vindas.
Neste volume foram acrescidos, a pedido, alguns contos
infantis, inteiramente dedicados à primeira infância.
Quem desejar pode enviar as colaborações diretamente para
[email protected]
Uma das grandes vantagens que a Internet nos traz é a
possibilidade do trabalho cooperativo. Tenho certeza de que
em breve esses livros estarão muito melhores,
principalmente, porque já contarão com a sua participação.
No tocante às colaborações, peço que não me enviem
material que seja protegido por direito autoral. A Internet
contem uma quantidade enorme de material que pode ser
usado livremente e eu certamente não tenho a intenção de
atrair a ira de ninguém por distribuição indevida de material
protegido.
Tentei não incluir nenhum material protegido por direito
autoral. A maioria das mensagens que recebi pela Internet
não continha nenhuma atribuição de autoria. Daí o porquê
de algumas duplicidades. Perdão pelas omissões. Caso haja
alguma falha de minha parte, com inclusão indevida de
material, por favor, me avisem que farei a remoção imediata
dos originais.
Segue-se pequena explanação do real entendimento que
tenho sobre Contos Populares.
O conto é um tipo de narrativa que se opõe, pela extensão,
quer à novela, quer ao romance. Historieta mais ou menos
longa, que ilustra uma lição de sabedoria e cuja moralidade é
expressa como conclusão. De fato, é sempre uma narrativa
pouco extensa e a sua brevidade tem implicações estruturais:
reduzido número de personagens; concentração do espaço e
do tempo, ação simples e decorrendo de forma mais ou
menos linear.
Embora o conto seja hoje uma forma literária reconhecida e
utilizada por inúmeros escritores, a sua origem é muito mais
humilde. Na verdade, nasceu entre o povo anônimo.
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Começou por ser um relato simples e despretensioso de
situações imaginárias, destinado a ocupar os momentos de
lazer. Um contador de histórias narra a um auditório
reduzido e familiar um episódio considerado interessante. Os
constrangimentos de tempo, a simplicidade da assembléia e
as limitações da memória impõem que a "história" seja
curta. Essas mesmas circunstâncias determinam, como já
vimos, a limitação do número de personagens, a sua
caracterização vaga e estereotipada, a redução e imprecisão
das referências espaciais e temporais, bem como a
simplificação da ação.
Dada a sua origem popular, o conto de que falamos aqui não
tem propriamente um autor, entendido como um ser humano
determinado, ainda que desconhecido. Na realidade ele
constitui uma criação coletiva, dado que cada "contador" lhe
introduz inevitavelmente pequenas alterações ("Quem conta
um conto, acrescenta um ponto.").
E é por essa razão que convém esclarecer que nenhum livro
substitui a Bíblia Sagrada, muito menos este. Não tenho essa
pretensão. Da mesma forma que não espero que ele se torne
um livro de auto-ajuda. Nem mesmo ditar regras ou normas
de comportamento. Meu único objetivo é fazer com que o
leitor reflita, baseado nos exemplos citados.
Entretanto, confio que muitas das mensagens contidas nas
páginas seguintes, possam vir a ser um bom instrumento de
evangelização. Mas, não se incomode. Não se trata de
nenhum convite pra você “vir” pra essa ou àquela igreja. Os
próprios textos de todas as mensagens se encarregam de lhe
convidar a refletir. Meditar. Tirar suas próprias conclusões.
De modo que o autor somente lhe incita a abrir o seu
coração para o que está, principalmente, nas entrelinhas.
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De modo que com plena confiança digamos: O Senhor é
quem me ajuda, não temerei; que me fará o homem?
(Hebreus 13:6)
Antes, porém, um breve relato sobre a Bíblia.
A Bíblia,
é o livro vivo que dá testemunho das obras de Deus desde a
criação até o fim dos tempos. Nela os servos de Deus podem
encontrar as respostas e confirmações que sustentam, não
apenas seus atos de fé, mas, a verdade que o homem busca
em seu íntimo ainda que não saiba disso.
O termo Bíblia vem do grego “Biblos” e, seu uso se dá a
partir de 200 dC. Movidos pelo Espírito de Deus, escribas,
sacerdotes, reis, profetas e poetas (2º Tm 3.16; 2º Pe
1.20,21) a escreveram, o período de sua elaboração é de
aproximadamente 1.500 anos, mais de 40 pessoas
registraram os fatos e mensagens de seus dias, e para dias
vindouros, sob a ordem e direção do próprio Deus, e
percebe-se facilmente a mão de Deus na sua unidade. Seus
ensinamentos são plenos e não necessitam da interferência
humana, pois a Bíblia é auto-suficiente, não se contradiz, é
com ela o Espírito de Deus caminha junto, pois este
confirma através dos sinais que o testemunho que ela dá de
Deus é verdadeiro.
Mas, segundo a própria Bíblia, deve-se receber esta Palavra
misturada com fé, ou será vista apenas como um livro
grosso, no qual se achará contradições que nós mesmos
buscamos. Isto se tentarmos encontrar explicações às
dúvidas da nossa mente vã, cheia das tradições e
ensinamentos mundanos, guiada pelo espírito materialista e
egoísta que domina entre os homens perdidos, que apesar de
toda a confirmação, clara e evidente, da Palavra, nos nossos
dias, preferem permanecer na obscuridade, sem Deus.
Por isso a Palavra diz:
“Porque também a nós foram pregadas as boas novas,
assim como a eles; mas a palavra da pregação nada lhes
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aproveitou, porquanto não chegou a ser unida com a fé,
naqueles que a ouviram“ (Hebreus 4: 2).
A Legitimidade da Palavra ao longo dos anos
Seus textos foram escritos e reescritos, por várias gerações,
e em diversos idiomas, como: Hebraico, Aramaico e grego;
até nossos dias, e nossas línguas.
Está comprovado, por estudiosos que 99% dos textos
mantêm-se fiel aos originais, é certamente uma obra divina,
levando em consideração os milhares de anos entre a escrita
e nossos dias. As partes mais antigas das Escrituras
encontradas são um pergaminho de Isaías em hebraico do
segundo século aC, descoberto em 1947 nas cavernas do
Mar Morto e um pequeno papiro contendo parte do Livro de
João 18.31-33,37,38 datados do segundo século dC.
A Bíblia em sua forma original é desprovida das divisões de
capítulos e versículos. Para facilitar sua leitura e localização
de “citações” o Prof. Stephen Langton, no ano de 1227 dC a
dividiu em capítulos. Até o ano de 1551 dC não existia a
divisão denominada versículo. Neste ano o Sr. Robert
Stephanus chegou a conclusão da necessidade de uma
subdivisão e agrupou os texto em versículos.
Até a invenção da gráfica por Gutenberg, a Bíblia era um
livro extremamente raro e caro, pois eram todos feitos
artesanalmente (manuscritos) e poucos tinham acesso às
Escrituras.
O povo de língua portuguesa só começou a ter acesso à
Bíblia de uma forma mais econômica a partir do ano de
1748 dC, quando foi impressa a primeira Bíblia em
português, uma tradução feita a partir da “Vulgata Latina”.
É composta de 66 livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos,
mais de 773.000 palavras e aproximadamente 3.600.000
letras. Se gasta em média 50 horas (38 VT e 12 NT) para lêla ininterruptamente ou pode-se lê-la em um ano seguindo
estas orientações: 3,5 capítulos diariamente ou 23 por
semana ou ainda, 100 por mês em média.
Encontra-se traduzida em mais de 1000 línguas e dialetos, o
equivalente a 50% das línguas faladas no mundo. Há uma
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estimativa que já foi comercializado no planeta milhões de
exemplares entre a versão integral e o NT. Mais de 500
milhões de livros isolados já foram comercializados.
Afirmam ainda que a cada minuto 50 Bíblias são vendidas,
perfazendo um total diário de aproximadamente 72 mil
exemplares!
§
Porém, antes de dar início às ilustrações: - Que fique bem
claro que reconhecemos a existência de pessoas de caráter
ilibadíssimo, fora das igrejas, sem compromisso com Deus,
mas que procedem decentemente, sendo dignas de serem
apresentadas como exemplo, pelas suas atitudes. Muito
embora, NÃO possa ver nelas a presença do Espírito Santo
de Deus, pois acredito que as fariam bem mais felizes...
As ilustrações que você desfrutará á seguir, foram escolhidas
com um único e grande propósito: o de abençoar a sua vida.
Muitas dessas reflexões, que aqui figuram, me foram
enviadas, acompanhadas de um testemunho do que Deus
operou na vida daqueles que realmente se sentiram
exortados, advertidos pelo próprio Deus. Daí há acreditar
que essas poucas páginas sejam realmente um instrumento
de evangelização.
É isso que espero, que Ele fale ao seu coração, através
desses contos. Que venham a ser na verdade, mensagens
enviadas diretamente ao seu coração.
§...........§
Existem quatro coisas na vida que não se recuperam:
a pedra, depois de atirada;
- a palavra, depois de proferida;
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- a ocasião, depois de perdida;
- e o tempo, depois de passado".
§§§§§§
Que as mensagens a seguir lhe abençoem, de fato. Que
cada uma delas venha representar, verdadeiramente, um
grande livramento e/ou um MILAGRE também na sua
vida.
..............
Muitos de nós, às vezes, pensamos que nunca tivemos
experiências dignas de serem testemunhadas.
Às vezes ouvimos falar de um milagre, ou de uma benção
que uma pessoa recebeu e pensamos:
"- Será que nunca vai acontecer comigo?"
Mas no dia-a-dia, acontecem inúmeros "pequenos milagres",
coisas que ao nossos olhos são tão pequenas que
praticamente passam desapercebidas.
Mas, que em uma reflexão mais cuidadosa, revela-se um
"pequeno milagre".
A vida está cheia desses acontecimentos... pequenos
tropeços que te fazem parar e ver, que, por pouco você se
machucaria, ou seria atropelado.
Uma sombra, que chama sua atenção e dá asas a sua
imaginação...
Um amigo ia toda quinta-feira à noite a uma piscina coberta.
Sempre via ali um homem que lhe chamava atenção: ele
tinha o costume de correr até a água e molhar só o dedão do
pé. Depois subia no trampolim mais alto e com um
esplêndido salto mergulhava na água. Era um excelente
nadador.
Não era de estranhar, pois, que meu amigo ficasse intrigado
com esse costume de molhar o dedão antes de saltar na água.
Um dia tomou coragem e perguntou
a razão daquele hábito. O homem sorriu e respondeu:
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- Sim, eu tenho um motivo para fazer isso. Há alguns anos,
eu era professor de natação de um grupo de homens. Meu
trabalho era ensiná-los a nadar e a saltar de trampolim. Certa
noite não conseguia dormir e fui a piscina para nadar um
pouco.
Sendo o professor de natação, eu tinha uma chave para
entrar no clube. Não acendi a luz porque conhecia bem o
lugar. A luz da lua brilhava através do teto de vidro. Quando
estava sobre o trampolim, vi minha sombra na parede em
frente.
Com os braços abertos, minha silhueta formava uma
magnífica cruz. Em vez de saltar, fiquei ali parado,
contemplando aquela imagem.
O professor de natação continuou:
- Nesse momento, pensei na cruz de Cristo e em seu
significado. Eu não era um cristão, mas quando criança,
aprendi um cântico cujas palavras me vieram a mente e me
fizeram recordar que Jesus tinha morrido para nos salvar por
meio de seu precioso sangue... Não sei quanto tempo fiquei
parado sobre o trampolim com os braços estendidos e nem
compreendo por que não pulei na água.
Finalmente voltei, desci do trampolim e fui até a escada para
mergulhar na água. Desci a escada e meus pés tocaram o
piso duro e liso... na noite anterior haviam esvaziado a
piscina e eu não tinha percebido...
Após uma longa pausa, ele continuou:
- Tremi todo e senti um calafrio na espinha. Se tivesse
saltado, seria o meu último salto. Naquela noite, a imagem
da cruz na parede salvou a minha vida.
Fiquei tão agradecido a Deus, que em Sua graça me permitiu
continuar vivo, que me ajoelhei na beira da piscina. Tomei
consciência de que não somente a minha vida, mas minha
alma também precisava ser salva.
Para que isso acontecesse, foi necessária outra cruz, aquela
na qual Jesus morreu para nos salvar.
Ele me salvou quando confessei os meus pecados e me
entreguei a Ele.
Naquela noite fui salvo duas vezes. Agora tenho um corpo
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sadio porém, o mais importante é que sou eternamente salvo.
Talvez agora você compreenda porque molho o dedão antes
de saltar na água...
Às vezes, os milagres acontecem em nossas vidas, mas, não
como nós esperávamos.
Deus tem uma forma maravilhosa de agir, Ele não faz
barulho, não chama a atenção! Mas nem por isso torna-se
ineficiente.
Abramos nossos olhos e estejamos bem acordados,
testemunhemos do amor de nosso Salvador, com fervor e
alegria, pois as pequenas coisas que o mundo ocultou, serão
as grandes maravilhas que Deus revelará!!!
I Coríntios 1:18 “Porque a palavra da cruz é deveras loucura
para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o
poder de Deus”.
Hebreus 12:2 “fitando os olhos em Jesus, autor e
consumador da nossa fé, o qual, pelo gozo que lhe está
proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está
assentado à direita do trono de Deus”.
...................................................
Ele tinha onze anos e, a cada oportunidade que surgia, ia
pescar no cais próximo do chalé da família, numa ilha que
ficava no meio de um lago. A temporada de pesca só
começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da
tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava
autorizada. O menino amarrou uma isca e começou a
praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na
água. Logo, elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua
nascendo sobre o lago. Quando o caniço envergou, ele soube
que havia algo enorme do outro lado da linha. O pai olhava
com admiração, enquanto o garoto habilmente, e com muito
cuidado, erguia o peixe exausto da água. Era o maior que já
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tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada.
O garoto e o pai olharam para o peixe tão bonito, as guelras
movendo para trás e para frente. O pai, então, acendeu um
fósforo e olhou para o relógio. Pouco mais de dez da noite...
Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da
temporada. Em seguida, olhou para o peixe e depois para o
menino, dizendo:
Tens que devolvê-lo, filho!
Mas, pai, reclamou o menino.
Vai aparecer outro, insistiu o pai.
Não tão grande quanto este, choramingou a criança.
O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores
ou embarcações à vista. Voltou novamente o olhar para o
pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza da
sua voz, que a decisão era inegociável. Devagar, tirou o
anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura.
O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu.
Naquele momento, o menino teve certeza de que jamais
pegaria um peixe tão grande quanto aquele.
Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje, o garoto é um
arquiteto bem sucedido. O chalé continua lá, na ilha no meio
do lago, e ele leva seus filhos para pescar no mesmo cais.
Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar
um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém,
sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que depara com
uma questão ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é
simplesmente uma questão de certo e errado. Agir
corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa.
A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém
está vendo. Essa conduta só é possível quando, desde
criança, aprende-se a devolver o peixe à água. A boa
educação é como uma moeda de ouro: Tem Valor Em Toda
Parte. - James P. Lenfestey
"O caráter é aquilo que você é no escuro." "E também o que
você é de dia, quando acha que ninguém está olhando."
I Coríntios I
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11 Quando eu era menino, pensava como menino; mas,
logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de
menino.
12 “Porque agora vemos como por espelho, em enigma,
mas então veremos face a face; agora conheço em parte,
mas então conhecerei plenamente, como também sou
plenamente conhecido”.
13 “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor,
estes três; mas o maior destes é o amor”...
.................
Era uma vez um tempo em que as árvores decidiram que
elegeriam para si um rei. Se no reino dos homens e também
no dos animais havia rei, achavam que seria próprio que
igualmente no reino vegetal existisse um rei Árvore.
A primeira árvore convidada a reinar foi a oliveira, já que
ela produz o óleo com o qual são ungidos os profetas e reis.
Com seu óleo, acendem-se as lâmpadas que iluminam as
trevas e dão direção ao viajante durante a noite. Ele mistura,
ainda, a massa do pão e dá beleza aos cabelos dos homens.
Diz a Palavra de Deus que Absalão, filho do rei Davi,
banhava seus longos cabelos louros no óleo da oliveira e os
salpicava com pó de ouro, com um gesto de extrema
vaidade, e ia cavalgar contra o vento, no alto do morro,
fazendo com que o sol reluzisse o ouro e o óleo de sua
cabeleira esvoaçante.
Tinha ele verdadeira adoração por seus próprios cabelos. Por
causa deles, acabou morrendo, pois ficaram enganchados
nos galhos de uma pequena árvore, sob a qual passou
montado em um burro quando fugia de uma batalha.
Pendurado pelos cabelos, foi atingido no coração pelo dardo
de seu perseguidor e, ali mesmo, morreu.
Voltando à nossa fábula, a oliveira respondeu ás demais
árvores: “Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os
homens prezam, e iria labutar em favor das outras espécies?
Não, amigos, procurais vós outra árvore”.
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Foram então as outras árvores à procura da figueira, e lhe
pediram: “Vem tu e reina sobre nós”. A figueira, porém,
respondeu: Deixaria eu a minha doçura e o meu bom fruto, e
iria labutar sobre as árvores? Não, absolutamente não!”. E,
assim, igualmente desprezou o convite”.
As árvores não desistiram e foram conversar com a videira:
“Vem tu e reina sobre nós”, imploraram. A jovem e alegre
videira respondeu: “Deixaria eu meu mosto, que Deus e os
homens prezam, e ia lutar em beneficio das outras árvores?
Não, eu não”. E, assim , declinou do convite.
Então, todas as árvores, sem opção, lembraram do
espinheiro, e foram até ele: “Vem tu e reina sobre nós”,
clamaram, já sem esperança. O espinheiro, que não tinha
nada a perder, aceitou o encargo, tornou-se o rei das árvores.
Ora, esta fábula, escrita para lá de três mil anos, é bem
curiosa. É Impressionante como encontramos, por todo o
mundo e em todos os tempos, espinheiros reinando,
governando e tomando decisões. Eles nada têm para dar;
apenas assumem o comando porque as boas árvores não
querem se envolver com os problemas relativos ao ato de
reinar.
Nos países da África, esses governantes espinheiros têm
mantido nações sob os ferros dos seus espinhos, levando
seus povos à falência e às guerras.
Costumam só deixar o poder depois de mortos ou depostos
por uma revolução.
Oremos, amados irmãos, para que as oliveiras, videiras e
figueiras deixem de pensar tanto em si próprias e aceitem o
peso do governar com responsabilidade, para o bem de todas
as árvores, e para que os espinheiros fiquem quietos em seus
cantos!
....................
Era uma vez um rapaz que ia muito mal na escola. Suas
notas e o comportamento eram uma decepção para seus pais
que sonhavam em vê-lo formado e bem sucedido. Um belo
dia, o bom pai lhe propôs um acordo: - Se você, meu filho,
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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mudar o comportamento, se dedicar aos estudos e conseguir
ser aprovado no vestibular para a Faculdade lhe darei então
um carro de presente.
Por causa do carro, o rapaz mudou da água para o vinho.
Passou a estudar como nunca e a ter um comportamento
exemplar.
O pai estava feliz, mas tinha uma preocupação. Sabia que a
mudança do rapaz não era fruto de uma conversão sincera,
mas apenas do interesse em obter o automóvel. Isso era mau.
O rapaz seguia os estudos e aguardava o resultado de seus
esforços.
Assim, o grande dia chegou.
Fora aprovado pra o curso que almejava.
Como havia prometido, o pai convidou a família e os amigos
para uma festa de comemoração.
O rapaz tinha por certo que na festa o pai lhe daria o
automóvel.
Quando pediu a palavra, o pai elogiou o resultado obtido
pelo filho e lhe passou às mãos uma caixa de presente.
Crendo que ali estavam as chaves do carro.
O rapaz abriu emocionado o pacote.
Para sua surpresa, o presente era uma Bíblia.
O rapaz ficou visivelmente decepcionado e nada disse.
A partir daquele dia, o silêncio e distância separavam pai e
filho.
O jovem se sentia traído, e agora, lutava por ser
independente.
Deixou a casa dos pais e foi morar no Campus da
Universidade.
Raramente mandava notícias à família.
O tempo passou, ele se formou, conseguiu um emprego em
um bom hospital e se esqueceu completamente do pai.
Todas as tentativas do pai para reatar os laços foram em vão.
Até que um dia o velho, muito triste com a situação, adoeceu
e não resistiu. Faleceu.
No enterro, a mãe falou-lhe da Bíblia que tinha sido o último
presente do pai.
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De volta à sua casa, o rapaz, que nunca perdoara o pai,
quando finalmente abriu o livro, notou que havia um
envelope dentro dele.
Ao abri-lo, encontrou uma carta e um cheque. A carta dizia:
“Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro.
Eu prometi e aqui está o cheque para você, escolha aquele
que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de lhe dar um
presente ainda melhor: A Bíblia Sagrada! Nela aprenderás o
Amor de Deus e a fazer o bem, não pelo prazer de
recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência.”
Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto.
Como é triste a vida dos que não sabem perdoar. Isto leva a
erros terríveis e a um fim ainda pior.
Antes que seja tarde, perdoe aquele a quem você pensa ter
lhe feito mal.
Talvez se olhar com cuidado, vai ver que há também um
cheque escondido em todas as adversidades da vida.
..............................
Eram dois vizinhos. O primeiro vizinho comprou um
coelhinho para os filhos. Os filhos do outro vizinho pediram
um bicho para o pai. O homem comprou um pastor alemão.
Papo de vizinho:
- Mas ele vai comer o meu coelho.
- De jeito nenhum. Imagina. O meu pastor é filhote. Vão
crescer juntos, pegar amizade. Entendo de bicho. Problema
nenhum.
E parece que o dono do cachorro tinha razão. Juntos
cresceram e amigos ficaram.
Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa.
As crianças, felizes.
Eis que o dono do coelho foi passar o final de semana na
praia com a família e o coelho ficou sozinho. Isso na sextafeira.
No domingo, de tardinha, o dono do cachorro e a família
tomavam um lanche, quando entra o pastor alemão na
cozinha.
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Trazia o coelho entre os dentes, todo imundo, arrebentado,
sujo de terra e, claro, morto. Quase mataram o cachorro.
O vizinho estava certo. E agora?
- E agora eu quero ver!
A primeira providência foi bater no cachorro, escorraçar o
animal, para ver se ele aprendia um mínimo de civilidade e
boa vizinhança. Claro, só podia dar nisso.
Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar. E agora?
Todos se olhavam.
O cachorro chorando lá fora, lambendo as pancadas.
- Já pensaram como vão ficar as crianças?
- Cala a boca!
Não se sabe exatamente de quem foi a idéia, mas era
infalível.
Vamos dar um banho no coelho, deixar ele bem limpinho,
depois a gente seca com o secador da sua mãe e colocamos
na casinha dele no quintal. Como o coelho não
estava muito estraçalhado, assim o fizeram. Até perfume
colocaram no falecido. Ficou lindo, parecia vivo, diziam as
crianças. E lá foi colocado, com as perninhas cruzadas,
como convém a um coelho cardíaco. Umas três horas depois
eles ouvem a vizinhança chegar.
Notam os gritos das crianças, Descobriram! Não deram
cinco minutos e o dono do coelho veio bater à porta. Branco,
assustado. Parecia que tinha visto um fantasma.
- O que foi? Que cara é essa?
- O coelho...o coelho....
- O que tem o coelho?
- Morreu!
Todos:
- Morreu? Ainda hoje à tarde parecia tão bem..
- Morreu na sexta-feira!
- Na sexta?
- Foi. Antes de a gente viajar, as crianças o enterraram no
fundo do quintal!
A história termina aqui. O que aconteceu depois não
importa. Nem ninguém sabe. Mas o personagem que mais
cativa nesta história toda, o protagonista da história, é o
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cachorro.
Imagine o pobre do cachorro que, desde sexta-feira,
procurava em vão pelo amigo de infância, o coelho. Depois
de muito farejar descobre o corpo. Morto. Enterrado. O que
faz ele? Com o coração partido, desenterra o pobrezinho e
vai mostrar para os seus donos.
Provavelmente estivesse até chorando, quando começou a
levar pancada de tudo quanto era lado. O cachorro é o herói.
O bandido é o dono do cachorro. O ser humano.
O homem continua achando que um banho, um secador de
cabelos e um perfume disfarçam a hipocrisia, o animal
desconfiado que tem dentro dele.
Julga os outros pela aparência, mesmo que tenha que deixar
esta aparência como melhor lhe convier. Maquiada.
Coitado do cachorro. Coitado do dono do cachorro. Coitados
de nós, animais racionais , que muitas vezes não passamos
de completos irracionais...
Qual o seu perfume ? Será este simplesmente um véu para a
hipocrisia ou é aquele que realmente exala as virtudes de um
verdadeiro servo , de um verdadeiro filho , de um(a)
verdadeiro(a) Homem ou Mulher (sim ., com H ou M
maiúsculo)
de Deus . Procure em oração verificar como Jesus Cristo te
vê , se Ele te olha com um sorriso como se falasse : valeu à
pena morrer por você ou com tristeza...
.................................
Era uma vez uma família muito pobre, cujo filho se
encontrava terrivelmente doente. Seus pais já haviam
tentado de tudo para lhe salvar a vida, mas o menino piorava
a cada dia. Naquela casa humilde, a alegria havia murchado,
como uma flor sem chuva.
Aquela criança, com sua ternura e inocência, era a luz que
brilhava e encantava o coração de sua mãe, trazendo ao rosto
cansado do pai, após uma longa jornada de trabalho, o
sorriso de quem via no filho a recompensa de seus esforços.
Para aquela família a vida parecia injusta e o destino severo
demais. Por que coisas tão terríveis acontecem com pessoas
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tão boas? Era impossível achar uma explicação, muito
menos consolar o coração daquela mãe aflita, que sem
dúvida, era a mais diretamente envolvida naquele drama.
Em momentos assim é comum que as pessoas assumam
culpas que não têm. A mãe, que sempre havia sido dedicada
e zelosa, achava que de alguma maneira poderia ter cuidado
melhor do menino. O pai por sua vez, pensava que tudo
poderia ter diferente se tivesse um emprego melhor, com um
salário mais digno. Obviamente eles não tinham culpa de
nada. Ninguém tem culpa de ser pobre, de nunca ter tido
uma oportunidade de melhorar na vida. Essas coisas,
infelizmente, não estão ligadas ao esforço pessoal ou à
honestidade e moral. O Brasil é um país de imensas
desigualdades, as quais se refletem no abismo que separa
ricos e pobres, e que se chama injustiça social.
O menino, magrinho, deitado sobre a cama, era de dar dó.
Que mal ele havia feito a Deus para receber tal castigo?
Criança não tem pecado. Ou tem? E Deus? Será que ouve a
oração aflita de uma família sofrida, ou será Ele tão distante,
que nem sabe do que se passa aqui na Terra, principalmente
com gente pobre, lá da roça?
Alguns dizem que essas coisas acontecem para Deus nos
ensinar a paciência. Para que venhamos a nos resignar e
obedecer, sofrendo calados em última instância.
Muitos pensamentos conflitantes passavam na cabeça
daquela família triste. Um dia, quando parecia que o fim se
aproximava, o pai, de joelhos, ao lado da cama da criança,
exclamou com lágrimas nos olhos: “Agora, só um milagre
pode salvar meu filho!”
O irmão mais novo do menino, que assistia tudo sem
entender bem a situação, saiu de casa correndo e foi em
direção á cidadezinha, que ficava uns trinta minutos estrada
abaixo.
Correu o tempo todo, sem parar. Na cidade, foi direto à
farmácia, onde chegou ainda ofegante, e pediu: “Por favor,
moço! Eu preciso de um milagre! Meu irmão está muito
doente, e meu pai disse que só um milagre pode salvá-lo. O
senhor tem esse remédio aí?”
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18
O farmacêutico se surpreendeu com a pergunta e com o
amor que o menino trazia nos olhos pelo irmão enfermo.
Naquele momento, entretanto, um médico da capital, de
passagem pela cidade, estava na farmácia e ouviu a
conversa.
Comovido, não pôde deixar de intervir. Sabia do que se
tratava: uma epidemia que varria a região, e para qual ele
tinha o remédio certo.
“Eis aqui, meu filho, o remédio que vai salvar seu irmão”,
disse o médico.
“E quanto custa? Eu só tenho uma moeda de 10 centavos!”,
disse o pequenino.
“Tudo bem”, disse o médico. “Este é o preço que lhe
cobrarei”, completou ele.
O menino correu de volta para casa e deu o remédio a seus
pais, contado o que o médico lhe dissera. Assim, que o
irmão começou a tomá-lo, a febre baixou e ele, rapidamente,
foi se recuperando.
Que lição maravilhosa aquele pequenino nos deixou! Em
meio às dúvidas do coração, aos questionamentos da mente,
aos assaltos do medo e da incredulidade, o preço do milagre
continua sendo apenas 10 centavos, mais a fé de uma
criança!
.......................................
Conta-se que por volta do ano 250 a.c, na China antiga, um
príncipe da região norte do país, estava às vésperas de ser
coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se
casar.
Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as
moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua
proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que
receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e
lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos,
ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma
leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um
sentimento de profundo amor pelo príncipe.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
19
Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao
saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula :
- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as
mais belas ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da
cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o
sofrimento uma loucura.
E a filha respondeu :
- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos
louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é
minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos
perto do príncipe, isto já me torna feliz.
À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato,
todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as
mais belas jóias e com as mais determinadas intenções.
Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio :
- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que,
dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será
escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições
daquele povo, que valorizava muito a especialidade de
"cultivar" algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos
etc...
O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita
habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita
paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza
da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não
precisava se
preocupar com o resultado.
Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara,
usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia
nascido. Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o
seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. Por fim,
os seis meses haviam passado e nada havia brotado.
Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a
sua mãe que,independente das circunstâncias retornaria ao
palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada
além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
20
Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como
todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais
bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela
estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.
Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa
cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção.
Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e
indica a bela jovem como sua futura esposa.
As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações.
Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido
justamente aquela que nada havia cultivado.
Então, calmamente o príncipe esclareceu:
- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se
tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as
sementes que entreguei eram estéreis.
A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que
ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor
- Que esta nos sirva de lição e independente de tudo e todas
as situações vergonhosas que nos rodeiam , possamos ser luz
para aqueles que nos cercam .
Aproveitem e leiam : Ef 5.9 ( pois o fruto da luz está ....) e
Mt 5.16 (Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,
para ...)
..........................
Parado ao sol, o escorpião olhava ao redor da montanha
onde morava.
"Positivamente, tenho de me mudar daqui" - pensou.
Esperou a madrugada chegar, lançou-se por caminhos
empoeirados até atingir a floresta. Escalou rochedos, cruzou
bosques e, finalmente, chegou às margens do rio largo e
caudaloso.
"Que imensidão de águas! A outra margem parece tão
convidativa... Se eu soubesse nadar..."
Subiu longo trecho da margem, desceu novamente, olhou
para trás. Aquele rio certamente não teria medo de
escorpião. A travessia era impossível.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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"Não vai dar. Tenho de reconsiderar minha decisão" lamentou.
Estava quase desistindo quando viu a rã sobre a relva, bem
próxima à correnteza. Os olhos do escorpião brilharam:
"Ora, ora... Acho que encontrei a solução!" - pensou rápido.
- Olá, rãzinha! Me diga uma coisa: você é capaz de
atravessar este rio?
- Ih, já fiz essa travessia muitas vezes até a outra margem.
Mas por que você pergunta? - disse a rã, desconfiada.
- Ah, deve ser tão agradável do outro lado - disse - pena eu
não saber nadar.
A rã já estava com os olhos arregalados: "será que ele vai
me pedir...?"
- Se eu pedisse um favor, você me faria? - disse o escorpião
mansamente.
- Que favor? - murmurou a rã.
- Bem - o tom da voz era mais brando ainda - bem, você me
carregaria nas costas até a outra margem?
A rã hesitou:
- Como é que eu vou ter certeza de que você não vai me
matar?
- Ora, não tenha medo. Evidentemente, se eu matar você,
também morrerei - argumentou o escorpião.
- Mas... e se quando estivermos saindo daqui você me matar
e pular de volta para a margem?
- Nesse caso eu não cruzaria o rio nem atingiria meu destino
- replicou o escorpião.
- E como vou saber se você não vai me matar quando
atingirmos a outra margem? - perguntou a rã.
- Ora, ora... quando chegarmos ao outro lado eu estarei tão
agradecido pela sua ajuda que não vou pagar essa gentileza
com a morte.
Os argumentos do escorpião eram muito lógicos. A rã
ponderou, ponderou e, afinal, convenceu-se. O escorpião
acomodou-se nas costas macias da agora companheira de
viagem e começaram a travessia. A rã nadava suavemente e
o escorpião quase chegou a cochilar. Perdeu-se em
pensamentos e planos futuros, olhando a extensão enorme
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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do rio.
De repente se deu conta de que estava dependendo de
alguém, de que ficaria devendo um favor para a rãzinha.
Reagiu, ergueu o ferrão.
"Antes a morte que tal sorte" - pensou.
A rã sentiu uma violenta dor nas costas e, com o rabo do
olho, viu o escorpião recolher o ferrão. Um torpor cada vez
mais acentuado começava a invadir-Ihe o corpo.
- Seu tolo - gritou a rã - agora nós dois vamos morrer! Por
que fez isso?
O escorpião deu uma risadinha sarcástica e sacudiu o corpo.
- Desculpe, mas eu não pude evitar. Essa é a minha natureza.
Entretanto a sua “natureza” pode ser perfeitamente
modificada... e pra melhor...
.......................
Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes,
ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele
carregava atravessada em seu pescoço. Um dos potes tinha
uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre
chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço
e a casa do chefe; o pote rachado chegava apenas pela
metade. Foi assim por dois anos, diariamente, o carregador
entregando um pote e meio de água na casa de seu chefe.
Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações.
Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua
imperfeição, e sentindo-se miserável por ser capaz de
realizar apenas a metade do que ele havia sido designado a
fazer.
Após perceber que por dois anos havia sido uma falha
amarga, o pote falou para o homem um dia à beira do poço.
"Estou envergonhado, e quero pedir-lhe desculpas."
"Por quê?" Perguntou o homem.
"De que você está envergonhado?"
"Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas a metade
da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com
que a água vaze por todo o caminho da casa de seu senhor.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo esse
trabalho, e não ganha o salário completo dos seus esforços,"
disse o pote.
O homem ficou triste pela situação do velho pote, e com
compaixão falou:
"Quando retornarmos para a casa de meu senhor, quero que
percebas as flores ao longo do caminho."
De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote
rachado notou as flores selvagens ao lado do caminho, e isto
lhe deu certo ânimo. Mas ao fim da estrada, o pote ainda se
sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu
desculpas ao homem por sua falha.
Disse o homem ao pote:
“Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado.
Eu ao conhecer o seu defeito, tirei vantagem dele. E lancei
sementes de flores no seu lado do caminho, e cada dia
enquanto voltávamos do poço, você as regava. Por dois anos
eu pude colher estas lindas flores para ornamentar a mesa de
meu senhor.”
Sem você ser do jeito que você é, ele não poderia ter esta
beleza para dar graça à sua casa.
Cada um de nós tem nossos próprios e únicos defeitos.
Todos nós somos potes rachados. Porém, se permitirmos, o
Senhor vai usar estes nossos defeitos para embelezar a mesa
de seu Pai. Na grandiosa economia de Deus, nada se perde.
Nunca deveríamos ter medo dos nossos defeitos. Se os
reconhecermos, eles poderão ser transformados por Deus
para causar beleza. Nas nossas fraquezas o Senhor diz que
seremos fortes, portanto vamos deixá-Lo agir com liberdade
em nossas vidas para sermos sim transformados a Sua
REAL imagem e semelhança .
Deus te abençoe e capacite...
.........................
Conta-se que um rei que viveu num país além-mar, há
muito tempo atrás, era muito sábio e não poupava esforços
para ensinar bons hábitos a seu povo.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Freqüentemente fazia coisas que pareciam estranhas e
inúteis; mas tudo que fazia era para ensinar o povo a ser
trabalhador e cauteloso.
Nada de bom pode vir a uma nação - dizia ele - cujo povo
reclama e espera que outros resolvam seus problemas.
Deus dá as coisas boas da vida a quem lida com os
problemas por conta própria.
Uma noite, enquanto todos dormiam, ele pôs uma enorme
pedra na estrada que passava pelo palácio. Depois foi se
esconder atrás de uma cerca, e esperou para ver o que
acontecia.
Primeiro veio um fazendeiro com uma carroça carregada
de sementes que levava para a moagem na usina.
Quem já viu tamanho descuido? Disse ele contrariado,
enquanto desviava sua carroça e contornava a pedra.
Por que esses preguiçosos não mandam retirar essa pedra
da estrada?
E continuou reclamando da inutilidade dos outros, mas
sem ao menos tocar, ele próprio, na pedra.
Logo depois, um jovem soldado veio cantando pela
estrada. A longa pluma de seu quepe ondulava na brisa, e
uma espada reluzente pendia da sua cintura.
Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na
guerra e não viu a pedra, mas tropeçou nela e se estatelou
no chão poeirento.
Ergueu-se, sacudiu a poeira da roupa, pegou a espada e
enfureceu-se com os preguiçosos que insensatamente
haviam largado aquela pedra imensa na estrada.
Então, ele também se afastou sem pensar uma única vez
que ele próprio poderia retirar a pedra.
E assim correu o dia...
Todos que por ali passavam reclamavam e resmungavam
por causa da pedra no meio da estrada, mas ninguém a
tocava.
Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por lá
passou. Era muito trabalhadora e estava cansada, pois
desde cedo andava ocupada no moinho, mas disse a si
mesma:
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
25
Já está escurecendo, alguém pode tropeçar nesta pedra e se
ferir gravemente. Vou tirá-la do caminho. E tentou arrastar
dali a pedra. Era muito pesada, mas a moça empurrou, e
empurrou, e puxou, e inclinou, até que conseguiu retirá-la
do lugar.
Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra.
Ergueu-a. Era pesada, pois estava cheia de alguma coisa.
Havia na tampa os seguintes dizeres: "esta caixa pertence
a quem retirar a pedra".
Ela a abriu e descobriu que estava cheia de ouro.
O rei então apareceu e disse com carinho:
Minha filha, com freqüência encontramos obstáculos e
fardos no caminho.
Podemos reclamar em alto e bom som enquanto nos
desviamos deles, se assim preferimos, ou podemos erguêlos e descobrir o que eles significam.
A decepção, normalmente, é o preço da preguiça.
Então, o sábio rei montou em seu cavalo e, com um
delicado boa noite, retirou-se.
...............................
Assim acontece com a gente.
As grandes transformações acontecem quando passamos
pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida
inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa.
Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o
melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca
imaginamos: a dor.
Pode ser fogo de fora:
perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o
emprego ou ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro:
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
26
pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas
causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo!
Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade
da grande transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela,
lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou:
vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma,
ela não pode imaginar um destino diferente para si.
Não pode imaginar a transformação que está sendo
preparada para ela.
A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande
transformação acontece:
BUM!
E ela aparece como uma outra coisa completamente
diferente,
algo que ela mesma nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que
se recusa a estourar.
São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo
esquente, se recusam a mudar.
Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do
que o jeito delas serem.
A presunção e o medo são a dura casca do milho que não
estoura.
No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a
vida inteira.
Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva.
Não vão dar alegria para ninguém.
...........................
Conta-se que um dia um homem parou na frente do
pequeno bar, tirou do bolso um metro, mediu a porta e
falou em voz alta: dois metros de altura por oitenta
centímetros de largura.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
27
Admirado mediu-a de novo.
Como se duvidasse das medidas que obteve, mediu-a pela
terceira vez. E assim tornou a medi-la várias vezes.
Curiosas, as pessoas que por ali passavam começaram a
parar.
Primeiro um pequeno grupo, depois um grupo maior, por
fim uma multidão.
Voltando-se para os curiosos o homem exclamou,
visivelmente impressionado: "parece mentira!" esta porta
mede apenas dois metros de altura e oitenta centímetros de
largura, no entanto, por ela passou todo o meu dinheiro,
meu carro, o pão dos meus filhos; passaram os meus
móveis, a minha casa com terreno.
E não foram só os bens materiais. Por ela também passou
a minha saúde, passaram as esperanças da minha esposa,
passou toda a felicidade do meu lar...
Além disso, passou também a minha dignidade, a minha
honra, os meus sonhos, meus planos...
Sim, senhores, todos os meus planos de construir uma
família feliz, passaram por esta porta, dia após dia... gole
por gole.
Hoje eu não tenho mais nada... Nem família, nem saúde,
nem esperança.
Mas quando passo pela frente desta porta, ainda ouço o
chamado daquela que é a responsável pela minha
desgraça...
Ela ainda me chama insistentemente...
Só mais um trago! Só hoje! Uma dose, apenas!
Ainda escuto suas sugestões em tom de zombaria: "você
bebe socialmente, lembra-se?"
Sim, essa era a senha. Essa era a isca. Esse era o engodo.
E mais uma vez eu caía na armadilha dizendo comigo
mesmo: "quando eu quiser, eu paro".
Isso é o que muita gente pensa, mas só pensa...
Eu comecei com um cálice, mas hoje a bebida me
dominou por completo.
Hoje eu sou um trapo humano... E a bebida, bem, a bebida
continua fazendo as suas vítimas.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
28
Por isso é que eu lhes digo, senhores: esta porta é a porta
mais larga do mundo! Ela tem enganado muita gente...
Por esta porta, que pode ser chamada de porta do vício, de
aparência tão estreita, pode passar tudo o que se tem de
mais caro na vida.
Hoje eu sei dos malefícios do álcool, mas muita gente
ainda não sabe. Ou, se sabe, finge que não, para não
admitir que está sob o jugo da bebida.
E o que é pior, têm esse maldito veneno, destruidor de
vidas, dentro do próprio lar, à disposição dos filhos.
Ah, se os senhores soubessem o inferno que é ter a vida
destruída pelo vício, certamente passariam longe dele e
protegeriam sua família contra suas ameaças.
Visivelmente amargurado, aquele homem se afastou, a
passos lentos, deixando a cada uma das pessoas que o
ouviram, motivos de profundas reflexões.
...................................
desesperadamente, fazia soar as notas musicais, mas sem
resultado algum. O leão não dançava. E enquanto tocava e
tocava, o caçador foi devorado. Dois macacos, em cima de
uma árvore próxima, a tudo assistiam. Um deles observou
com sabedoria:
Eu sabia que eles iam se dar mal quando encontrassem um
surdinho...
Não confie cegamente nos métodos que sempre deram certo,
pois um dia podem não dar. Tenha sempre planos de
contingência, prepare alternativas para as situações
imprevistas, analise as possibilidades de erro. Esteja atento
às mudanças e não espere as dificuldades para agir.
Cuidado com o leão surdo.
Era uma vez um caçador que contratou um feiticeiro para
ajudá-lo a conseguir alguma coisa que pudesse facilitar seu
trabalho nas caçadas. Depois de alguns dias, o feiticeiro
entregou-lhe uma flauta mágica que, ao ser tocada,
enfeitiçava os animais, fazendo-os dançar.
Entusiasmado com o instrumento, o caçador organizou uma
caravana com destino à África, convidando dois outros
amigos. Logo no primeiro dia de caçada, o grupo se deparou
com um feroz tigre. De imediato, o caçador pôs-se a tocar a
flauta e, milagrosamente, o tigre começou a dançar. Foi
fuzilado à queima roupa.
Horas depois, um sobressalto. A caravana foi atacada por
um leopardo que saltava de uma árvore. Ao som da flauta,
contudo, o animal transformou-se: de agressivo, ficou manso
e dançou. Os caçadores não hesitaram: mataram-no com
vários tiros.
E foi assim até o final do dia, quando o grupo encontrou um
leão faminto. A flauta soou, mas o leão não dançou, mas
atacou um dos amigos do caçador flautista, devorando-o.
Logo depois, devorou o segundo. O tocador de flauta,
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
29
Era uma vez uma família de classe média alta, que vivia em
São Paulo. O pai, homem sério e competente, galgava postos
cada vez mais importantes na empresa em que trabalhava.
Saindo cedo e voltando tarde, esforçava-se com afinco na
carreira profissional e nada deixava faltar para sua família.
A mãe havia montado uma loja de roupas que também, a
despeito de toda crise econômica, ia muito bem. Sua
presença constante à frente dos negócios, aumentava os
lucros, mês a mês.
O pai sonhava chegar a presidente da empresa; a mãe em
abrir uma filial da sua loja.
Em casa, o único filho do casal crescia sob a supervisão
amorosa de uma babá, que junto com outras empregadas –
uma cozinheira e uma arrumadeira – cuidava de tudo.
Assim foram se passando os anos. O pai foi nomeado vicepresidente da empresa e passou a ter de viajar
constantemente pelos estados do Brasil.
A mãe realizou seu sonho e abriu um filial enorme em uma
das ruas mais chiques de São Paulo, que, a pedido das
..................................
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
30
clientes, passou a funcionar das 10 às 22h, inclusive aos
sábados.
O filho crescia com as melhores roupas, os brinquedos mais
caros, TV a cabo, computador... E nas férias ia em excursão
para a Disneyworld. Tinha professor particular e motorista,
que o levava para escola e para o clube, e no final de semana
para uma eventual festa na casa de algum coleguinha.
Parecia ser uma família feliz e próspera, um lar onde não
havia brigas, dívidas, ou vícios. Um lar onde as pessoas
eram boas, educadas e inteligentes e, acima de tudo,
trabalhadoras.
Finalmente o pai realizou seu sonho: merecidamente, depois
de quase 20 anos de trabalho, foi nomeado presidente da
companhia.
Havia dedicado toda sua vida àquele objetivo e se sentia
perfeitamente realizado. Era o típico exemplo de que, com
trabalho e dedicação, a gente chega lá.
A noticia de sua posse foi capa de jornal. A festa saiu em
detalhes nas colunas sociais. Como prêmio recebeu da
empresa uma viagem para Londres, capital inglesa.
Pela primeira vez em muitos anos, ele, a esposa e o filho,
agora um adolescente de 17 anos, tinham a oportunidade de
ficarem juntos como passageiros na primeira classe daquele
avião.
Quando chegaram ao hotel, o rapaz pediu ao pai alguns
dólares, para comprar um tênis que havia visto numa loja. O
pai e a mãe subiram para o quarto e foram descansar daquele
longo vôo.
À noite ficaram esperando rapaz no lobby – salão – do hotel, onde haviam combinado de se encontrar para jantarem
juntos.
Como ele não descia, ligaram para o quarto, mas ninguém
respondeu. Estranho, porque o porteiro havia visto o menino
voltar da rua, e a chave do apartamento não estava na
portaria.
Com a ajuda do gerente, subiram para acordar o rapaz, que,
certamente, cansado da viagem, devia ter caído num sono
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
31
pesado. Horrorizados, encontraram-no desmaiado no
banheiro, e sobre a pia uma carreirinha de pó branco.
Era a maldita droga. Cocaína pura. O rapaz estava
acostumado com a mesma quantidade no Brasil, mas é que
aqui ela é misturada. Lá, era pura e foi demais para ele.
Hoje, dez anos depois, o rapaz continua em coma num
hospital de São Paulo. E o pai muito triste, pergunta-se: onde
foi que eu errei?
Diz a Palavra de Deus: “Ensina a criança no caminho em
que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará
dele” (Provérbios 22.6).
..........................................
A estação de trem estava bem movimentada naquela
manhã cinzenta, na cidade de Salvador.
A chuva caía, insistente e fria, e as pessoas indo e vindo,
apressadas, nem percebiam o doloroso drama que ali se
desenrolava.
Afinal, cada criatura se detinha nas suas próprias
preocupações, sem tempo para olhar ao redor.
Mas, para as frágeis forças do pequeno Fábio, o
sofrimento se fazia quase insuportável.
Ele estava diante do seu ídolo, do seu herói, do seu
protetor, para dizer adeus...
Seu pai o estava abandonando... E ele, no auge dos seus
cinco anos de idade, não conseguia entender o porquê,
nem a necessidade daquela separação que lhe fora
imposta.
Sabia que a providência tinha sido tomada por sua mãe,
mas não compreendia a razão que o forçaria a viver longe
do seu amado pai.
O trem iria partir em breve. A mãe o apressava. Mas seus
pequenos braços se esforçavam para reter o pai, num
abraço demorado...
Eu o amo, papai! Dizia baixinho, entre soluços. Não
entendo por que, papai... Por que tenho que me separar de
você a quem tanto amo?
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
32
O pai permanecia calado. Afinal, não tinha uma resposta
convincente para aliviar a dor daquela separação.
Sua amargura não se pode mensurar, pois estava perdendo
seu filho por causa do álcool.
Ele era alcoólatra, e a mãe desejava preservar o filho da
convivência infeliz, para oferecer a ele um futuro digno.
É bem possível que o pai tenha sentido a amargura
daquele momento, mas sua vontade não era bastante firme
para renunciar ao vício... Preferiu renunciar ao filho, a
quem dizia amar.
Aquela triste experiência abalou profundamente o coração
do pequeno Fábio.
Aquele dia deixou marcas indeléveis em sua alma infantil.
As gotas de chuva, que se confundiam com suas lágrimas
quentes, foram testemunhas silenciosas do seu drama de
menino.
O trem partiu... O pai ficou na plataforma, observando o
filho desaparecer ao longe...
O tempo passou... Hoje Fábio já conta com mais de vinte e
cinco primaveras, mas em sua retina ainda ecoa o ruído de
seu coração aflito daquela manhã chuvosa de despedida e
dor.
Seu pai ainda não largou o vício. E Fábio, mesmo não
sendo mais um garotinho, ainda sente que cada gole que o
pai ingere é como se desferisse uma punhalada em seu
peito sensível.
A história é verdadeira e, infelizmente, não é um caso
isolado.
Há muitos filhos de pais alcoólatras amargando a triste
sina de presenciar ou de sofrer a violência por parte
daquele que assumiu a responsabilidade de proteger e
educar.
Indefesas, essas crianças têm que se submeter a todo tipo
de constrangimento provocado no lar por pais
desequilibrados sob o vício do álcool.
Outras tantas, embora permaneçam debaixo do mesmo
teto, amargam a indiferença que aniquila e mata a
esperança.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
33
E quantas crianças que, como nosso pequeno Fábio,
tiveram que se distanciar de pais aos quais amavam e de
quem desejavam proteção?
Importante que se pense com seriedade a esse respeito.
Importante, ainda, que o pai ou a mãe consciente possa
preservar os filhos dessas tragédias conseqüentes do
alcoolismo.
As lesões causadas nos corações infantis são de difícil
cura.
Quantos dramas, quantas fobias, quantos desequilíbrios
podem surgir de uma lesão afetiva provocada na infância,
e seguir o indivíduo por toda uma existência!
Por essa razão, vale a pena tratar essa questão com muito
carinho e atenção.
.....................................
Há alguns anos, num reinado distante, havia um rei muito
rico e orgulhoso, que achava que sabia tudo. Para ele,
ninguém tinha importância: desprezava a todos. Um dia,
passeando pela cidade em sua carruagem, ouviu um homem
gritar: “Uma esmola, pelo amor de Deus!” Indignado com
aquele que ousara perturbar seu passeio, mandou que o
cocheiro parasse a carruagem. Ao olhar pela janela, avistou
o pobre homem, sentado à beira do caminho.
O semblante humilde e necessitado daquele cidadão, ao
invés de comover, irou ainda mais o rei.
Quem é você que ousa me dirigir a palavra?
Sou apenas um pobre homem que lhe implora uma esmola.
E por que eu lhe daria alguma coisa? Você é um miserável.
Certamente não terá nada para me dar em troca.
Embora eu seja muito pobre, já andei por muitos lugares e
aprendi muita coisa nesta vida. Sei que poderia dar algo ao
rei.
Você acha, seu infeliz, que meus olhos já não viram tudo o
que há para ser visto, e que já não provei de tudo o que
pudesse ser provado?
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
34
Pois eu digo que posso mostrar-lhe algo que vossa majestade
nunca viu. Sou capaz fazer um burro falar.
Como? Dizes a verdade?
Certamente que sim, meu rei. Em troca da esmola, darei ao
rei a rara oportunidade de ver um burro falar.
Tudo bem. Se é assim como dizes, darei dez mil moedas de
ouro. Se, no entanto, não fizeres o burro falar, serás
enforcado. Tua fama de mentiroso percorrerá todo este reino
e como tal serás lembrado para sempre.
Majestade, tenho tanta certeza que posso fazer um burro
falar que aceito vossas condições.
O rei, então, mandou chamar seus ministros e todos os
nobres da corte, e mandou que lhe trouxessem também um
burro. O pobre mendigo estava agora numa situação difícil.
Reuni meus ministros para serem testemunhas do negócio
que faço com este miserável. Por dez mil moedas ele disse
ser capaz de fazer um burro falar. Se não o fizer, morrerá
enforcado - afirmou o rei, já mandando um de seus soldados
preparar a forca.
Imediatamente, o pobre homem pediu a palavra:
Vossa majestade! Antes que assine este contrato, devo dizer
que o método de ensino infalível que aprendi para fazer o
burro falar toma um certo tempo.
Como este burro já não é jovem, precisarei de dez anos para
que ele possa estar falando perfeitamente, sem sequer
gaguejar.
Nem em dez nem em mil anos farás o que prometes. Eis
aqui o dinheiro e o burro, e lembra-te que se não cumprires o
que prometeste, morrerás.
Assim, aquele homem deixou o palácio, puxando o burrinho
e carregando o saco de dinheiro nas costas. Ao atravessar o
portão, um amigo se aproximou desesperado e disse:
És louco? É impossível fazer um burro falar! Assinastes hoje
tua sentença de morte!
Eu sei, mas daqui a dez anos, das três uma: ou morri eu, ou
morreu o rei, ou morreu o burro, que também já não é
jovem!
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
35
Assim, o homem aplicou uma grande lição no rei: ganhou
um burrinho e dez mil moedas de ouro para viver com
fartura pelo menos pelos próximos dez anos.
Essa história mostra muito claramente a importância da
humildade diante da soberba, e o orgulho de quem pensa ser
mais que os outros. No final das contas, acaba prevalecendo
aquele versículo da Bíblia: “Quem a si mesmo se exaltar
será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será
exaltado’. (Mateus 23.12)
................................
Linda tinha 7 anos quando ouviu sua mãe comentar com
uma de suas amigas que, no dia seguinte, faria 30 anos.
Jamais Linda soubera que sua mãe fazia aniversário.
Também nunca a vira ganhar um presente.
Por isso, foi até seu cofrinho, juntou todas as moedas e se
dirigiu à loja da esquina.
Procurou um presente que pudesse se encaixar naquele
preço. Havia bibelôs, mas ela pensou que sua mãe teria
que espaná-los todos os dias.
Havia caixinhas de doces, mas sua mãe era diabética.
Finalmente, conseguiu comprar um pacote de grampos de
cabelo.
Os cabelos de sua mãe eram longos e escuros. Ela os
enrolava duas vezes na semana e, quando os soltava,
ficava parecendo uma artista de cinema.
Em casa, Linda embrulhou os grampos em uma página de
histórias em quadrinhos do jornal, porque não sobrou
dinheiro para papel de presente.
Na manhã seguinte, à mesa do café, entregou o pacote à
sua mãe e disse: "Feliz aniversário, mamãe!"
Em silêncio, entre lágrimas, a mãe abriu o pacote. Já
soluçando de emoção, mostrou ao marido, aos outros
filhos: "Sabe que é o primeiro presente de aniversário que
recebo na vida?"
Beijou a filha no rosto, agradecendo e foi para o banheiro
lavar e enrolar os cabelos, usando os grampos novos.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
36
Quando a mãe saiu da sala, o pai aproximou-se de Linda e
confidenciou: “Linda, quando eu era menino, lá no sertão,
não nos preocupávamos em dar presentes de aniversário
para adultos. Só para as crianças”.
E, na família de sua mãe, eles eram tão pobres que nem
isso faziam. Mas você me fez ver, hoje, que isso precisa
mudar. Você inaugurou uma nova fase em nossa vida."
Depois desse dia, a mãe de Linda ganhou presentes em
todos os seus aniversários.
Os filhos cresceram. As condições da família melhoraram.
Então, quando a mãe de Linda completou 50 anos, os
filhos todos se reuniram e lhe compraram um anel com
uma pérola rodeada de brilhantes.
Programaram uma festa e o filho mais velho foi quem, em
nome dos irmãos, entregou o anel.
Ela admirou o presente e mostrou a todos os convidados.
"Não tenho filhos maravilhosos?" Ficava repetindo de um
em um.
Depois que todos os convidados se retiraram, Linda foi
ajudar na arrumação.
Estava lavando a louça na cozinha, quando ouviu seus pais
conversando na sala.
"Bem", dizia o pai. "que lindo anel seus filhos lhe deram.
Acho que foi o melhor presente de aniversário de sua
vida."
Depois de um breve silêncio, Linda ouviu a voz de sua
mãe responder docemente: "Sabe, Ted, é claro que este
anel é maravilhoso. Mas o melhor presente que ganhei, em
toda minha vida, foi aquela caixa de grampos. Aquele
presente foi inesquecível."
Os atos que colocam colorido especial nas vidas são
pequenos, silenciosos, e podem se manifestar a qualquer
tempo.
É suficiente querer, usar a imaginação e deixar extravasar
o coração.
Se nunca brindamos alguém com flores, com um cartão
escrito de próprio punho;
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
37
Se nunca surpreendemos alguém com uma festa surpresa,
um presente inesperado, tentemos hoje.
Hoje é sempre o melhor tempo para começar o que é bom,
novo e portador de felicidade.
........................
A chuva caía fina e gélida na tarde quieta. Longe, na
estrada, um carro parou. Era pequeno e meio velho.
Um rapaz saltou, levantou o capô e se pôs a mexer em
tudo que viu.
O fazendeiro, de onde estava, pensou: "Coitado! Pelo
jeito, não entende de mecânica."
Vestiu sua capa de chuva e caminhou até a estrada. O
jovem estava muito nervoso, mexia no carro, voltava,
tentava dar a partida, passava as mãos pelos cabelos.
"Quer ajuda?"
O rapaz parecia preste a chorar.
"É a bobina." - diagnosticou o fazendeiro, depois de uma
boa olhada.
Buscou seu cavalo, rebocou o carro até o seu celeiro e com
seu próprio carro, foi à cidade comprar uma bobina nova.
Estranhou que, ao chegar à loja, o rapaz não quisesse
entrar.
Deu-lhe o dinheiro necessário e disse que tinha vergonha,
por estar molhado.
Algum tempo depois com o carro funcionando, pronto
para partir, a esposa do fazendeiro insiste para que fique
para o jantar.
Não era hábito convidar estranhos para adentrar a casa.
Contudo, aquele rapaz parecia aflito, meio perdido.
Poderia, talvez ser seu filho.
Ele quase não comeu. Continuava preocupado, ansioso. A
chuva se fez mais forte. O casal preparou o quarto de
hóspedes e pediu que ficasse.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
38
Na manhã seguinte, suas roupas estavam secas e passadas.
Ele se mostrava menos inquieto. Alimentou-se bem e
despediu-se.
Quando pegou a estrada, aconteceu uma coisa estranha.
Ele tomou a direção oposta da que seguia na noite
anterior. Isto é, voltou para a capital.
O casal concluiu que ele se confundira na estrada.
O tempo passou. Os dias se transformaram em semanas,
meses e anos. Então, chegou uma carta endereçada ao
fazendeiro:
"Sr. Mcdonald,
Não imagino que o senhor se lembre do jovem a quem
ajudou, anos atrás, quando o carro dele quebrou.
Imagine que, naquela noite, eu estava fugindo. Eu tinha no
carro uma grande soma de dinheiro que roubara de meu
patrão.
Sabia que tinha cometido um erro terrível, esquecendo os
bons ensinamentos de meus pais.
Mas o senhor e sua mulher foram muito bons para mim.
Naquela noite, em sua casa, comecei a ver como estava
errado.
Antes de amanhecer, tomei uma decisão. No dia seguinte,
voltei ao meu emprego e confessei o que fizera.
Devolvi todo o dinheiro ao meu patrão e lhe implorei
perdão.
Ele podia ter me mandado para a prisão. Mas, por ser um
homem bom, me devolveu o emprego. Nunca mais me
desviei do bom caminho.
Estou casado. Tenho uma esposa adorável e duas lindas
crianças.
Trabalhei bastante.
Não sou rico, mas estou numa boa situação.
Poderia lhe recompensar generosamente pelo que o senhor
fez por mim naquela noite. Mas não acredito que o senhor
queira isso.
Então resolvi criar um fundo para ajudar outras pessoas
que cometeram o mesmo erro que eu. Desta forma,
acredito poder pagar pelo meu erro.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
39
Que Deus o abençoe, senhor, e a sua bondosa esposa, que
me ajudou ainda mais do que o senhor sabia."
Enquanto o casal lia, os olhos se encheram de lágrimas.
Quando acabaram, a esposa colocou a carta sobre a mesa e
citou versículos do capítulo 25 do Evangelho de Mateus:
(35) porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me
destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes;
(36) estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava
na prisão e fostes ver-me.
(37) Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te
vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te
demos de beber?
(38) Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te
vestimos?
(39) Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos
visitar-te?
(40) E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que,
sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos
mais pequeninos, a mim o fizestes.
...........................
Quando falou que se alguém nos batesse numa face,
deveríamos oferecer a outra, Jesus expressou um
grandioso ensinamento que, se levado em conta, teríamos
a solução para todas as situações desagradáveis que
surgissem em nossa vida.
Oferecer a outra face não quer dizer dar o rosto para bater.
É uma metáfora que sugere que se a situação nos chega de
forma desagradável, devemos mostrar a face oposta.
Dar a outra face é mudar a paisagem, é uma ação positiva
diante de uma negativa.
Assim, quando todos atiram pedras, ofereça uma flor.
Quando todos caminham para o lado errado, mostre o
passo certo.
Se tudo estiver escuro, se nada puder ser visto, acenda
você uma luz, ilumine as trevas com uma pequena
lâmpada.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
40
Quando todos estiverem chorando, dê o primeiro sorriso;
não com lábios sorridentes, mas com um coração que
compreenda, com braços que confortem.
Quando ninguém souber coisa alguma, e você souber um
pouquinho, ensine, começando por aprender, corrigindo-se
a si mesmo.
Quando alguém estiver angustiado, mostre-lhe a face do
conforto.
Se encontrar alguém em desespero, acene com a
esperança, mesmo que isso seja um desafio para você
mesmo.
Quando a terra dos corações estiver seca, que sua mão
possa regá-las.
Quando a flor do afeto estiver sufocada pelos espinhos da
incompreensão, que sua mão saiba arrancar a praga, afagar
a pétala, acariciar a flor.
Onde haja portas fechadas para o entendimento, leve a
chave da concórdia e da compreensão.
Onde o vento sopra, frio, enregelando corações, que o
calor de sua alma seja proteção e abrigo.
Se alguém caminha sem rumo, mostre-lhe as pegadas que
conduzem a um porto seguro.
Onde a crítica azeda for o assunto principal, ofereça uma
palavra de otimismo, um raio de esperança, uma luz que
rompe as trevas e clareia o ambiente mental.
Quando todos parecerem perdidos, mostre o caminho de
volta.
Quando a face da solidão se mostrar como única
alternativa na vida de alguém, seja uma presença que
conforta, ainda que uma presença silenciosa.
Onde o manto escuro da morte se apresenta como um beco
sem saída, fale da vida exuberante que aguarda os seres
que fazem a passagem pela porta estreita do túmulo.
Seja você a oferecer a face sorridente e otimista da vida,
onde a tristeza e o pessimismo marcam presença.
.............................
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
41
Pedro, um lenhador, após um grande trabalho em uma área
de desmatamento, se viu desempregado. Após tanto tempo
cortando árvores, entrou no corte! A madeireira precisou
reduzir custos...
Saiu, então, à procura de nova oportunidade de trabalho. Seu
tipo físico, porém, muito franzino, fugia completamente do
biotipo de um lenhador. Além disso, o machado que
carregava era desproporcional ao seu tamanho. Aqueles que
conheciam Pedro, entretanto, julgavam-no um ótimo
profissional.
Em suas andanças, Pedro chegou a uma área reflorestada
que estava começando a ser desmatada. Apresentou-se ao
capataz da madeireira como um lenhador experiente. E ele o
era! O capataz, após um breve olhar ao tipo miúdo do Pedro
e, com aquele semblante de selecionador implacável, foi
dizendo que precisava de pessoas capazes de derrubar
grandes árvores, e não de "catadores de gravetos".
Pedro, necessitando do emprego, insistiu. Pediu que lhe
fosse dada uma oportunidade para demonstrar sua
capacidade. Afinal, ele era um profissional experiente! Com
relutância, o capataz resolveu levar Pedro à área de
desmatamento. E só fez isso pensando que Pedro fosse servir
de chacota aos demais lenhadores. Afinal, ele era um
fracote...
Sob os olhares dos demais lenhadores, Pedro se postou
frente a uma árvore de grande porte e, com o grito de
"madeira", deu uma machadada tão violenta que a árvore
caiu logo no primeiro golpe. Todos ficaram atônitos!
Como era possível tão grande habilidade e que força
descomunal era essa, que conseguira derrubar aquela grande
árvore numa só machadada? Logicamente, Pedro foi
admitido na madeireira. Seu trabalho era elogiado por todos,
principalmente pelo patrão, que via em Pedro uma fonte
adicional de receita.
O tempo foi passando e, gradativamente, Pedro foi
reduzindo a quantidade de árvores que derrubava. O fato era
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
42
incompreensível, uma vez que Pedro estava se esforçando
cada vez mais.
Um dia, Pedro se nivelou aos demais. Dias depois,
encontrava-se entre os lenhadores que menos produziam... O
capataz que, apesar da sua rudeza, era um homem vivido,
chamou Pedro e o questionou sobre o que estava ocorrendo.
"Não sei", respondeu Pedro, "nunca me esforcei tanto e,
apesar disso, minha produção está decaindo".
O capataz pediu, então, que Pedro lhe mostrasse o seu
machado. Quando o recebeu, notando que ele estava cheio
de "dentes" e sem o "fio de corte", perguntou ao Pedro: "Por
que você não afiou o machado?".
Pedro, surpreso, respondeu que estava trabalhando muito e
por isso não tinha tido tempo de afiar a sua ferramenta de
trabalho. O capataz ordenou que Pedro ficasse no
acampamento e amolasse seu machado. Só depois disso ele
poderia voltar ao trabalho. Pedro fez o que lhe foi mandado.
Quando retornou à floresta, percebeu que tinha voltado à
forma antiga conseguia derrubar as árvores com uma só
machadada.
A lição que Pedro recebeu cai como uma luva sobre muitos
de nós, preocupados em executar nosso trabalho ou, pior
ainda, julgando que já sabemos tudo o que é preciso,
deixamos de "amolar o nosso machado", ou seja, deixamos
de atualizar nossos conhecimentos.
Sem saber por que, vamos perdendo posições em nossas
empresas ou nos deixando superar pelos outros. Em outras
palavras, perdemos a nossa potencialidade.
Muitos avaliam a experiência que possuem pelos anos em
que se dedicam àquilo que fazem. Se isso fosse verdade,
aquele funcionário que aprendeu, em 15 minutos, a carimbar
os documentos que lhe chegam às mãos, depois de 10 anos
na mesma atividade poderia dizer que tem 10 anos de
experiência. Na realidade, tem 15 minutos de experiência
repetida durante dez anos.
A experiência não é a repetição monótona do mesmo
trabalho, e sim a busca incessante de novas soluções, tendo
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
43
coragem de correr riscos que possam surgir. É "perder
tempo" para afiar o nosso machado.
..................
O pobre homem chegara ao fundo do poço e resolveu
procurar seu pastor para pedir conselhos.
- Amado Pastor! - clamou ele. - As coisas estão indo mal
comigo, e piorando a cada momento! Somos pobres, tão
pobres, que minha esposa, meus seis filhos, meus sogros e
eu temos que viver num casebre de um só cômodo. Estamos
sempre no caminho uns dos outros e com os nervos à flor da
pele por causa de todas as nossas desgraças. Não paramos de
brigar e discutir. Acredite: meu lar é um inferno e eu
preferiria morrer a continuar vivendo assim!
O pastor ponderou a questão gravemente.
- Meu filho - disse por fim, - prometa que fará exatamente
como eu lhe disser e sua condição irá melhorar.
- Eu prometo, pastor - respondeu o homem atormentado. Farei tudo e qualquer coisa que me pedir.
- Diga-me, então, que animais ainda possui?
- Tenho uma vaca, uma cabra e algumas galinhas.
- Ótimo! Volte para sua família e coloque as galinhas dentro
de casa para morar com vocês.
O pobre homem ficou estupefato, mas, como havia
prometido ao pastor, voltou para casa e levou as galinhas
para morar com a família dentro de casa.
Alguns dias depois, porém, retornou ao pastor e lamentouse:
- Pastor! Fiz como você havia dito e levei as galinhas para
dentro de casa. Mas o que aconteceu? Uma desgraça, pastor,
uma desgraça. As coisas estão piores do que nunca! Minha
vida está um verdadeiro inferno. A casa está agora cheia de
penas e titica de galinha! Salva-me, pastor, salva-me, por
favor!
- Meu filho - respondeu o pastor com serenidade. - Não se
desespere. Volte para casa e coloque a cabra dentro de casa
para morar com vocês. Deus irá ajudá-lo!
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
44
O pobre homem achou que ia enlouquecer, mas voltou para
casa e levou a cabra para dentro de casa. Mas não demorou
até que voltasse correndo até o pastor.
- Santo Pastor! - lamuriou-se. - Ajude-me, salve-me! A
cabra está destruindo tudo dentro de casa: está
transformando a minha vida num pesadelo. O cheiro está
insuportável e ninguém agüenta mais a sujeira.
- Meu filho - condoeu-se o pastor. - Não se desespere. Deus
irá ajudá-lo. Volte para casa e traga também a vaca para
morar com vocês.
O pobre homem achou que ia enlouquecer, mas voltou para
casa e levou a vaca para morar com a família dentro de casa.
Logo no dia seguinte, porém, voltou desesperado ao pastor.
- Pastor, Pastor! Seus conselhos só estão nos trazendo
desgraças! As coisas não param de piorar. A vaca
transformou minha casa num curral e agora estamos vivendo
de fato no meio do esterco. Como pode um ser humano
dividir o seu espaço com um animal? É um inferno, pastor,
um inferno!
- Meu filho, você tem razão. Volte e tire todos os bichos de
dentro de casa.
No mesmo dia o homem correu para procurar o pastor.
- Pastor! Pastor! - gritou ele com o rosto resplandecente. Minha vida voltou a ser um paraíso. A casa está limpa,
sossegada e vazia como não se via há muito tempo. É um
prazer viver nela.
A que conclusão chegamos? R.:
.................................................................................
........................................
O pai de família chegou em casa após o dia de trabalho e
encontrou a mesa do jantar já posta à sua espera.
Quando todos os familiares tomaram seus lugares para
compartilhar daquele momento que deveria ser de
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
45
tranqüilidade, o pai começou a contar sobre um incêndio
criminoso ocorrido na cidade.
Referiu-se à esperteza do malfeitor que o provocou.
Explicou, nos mínimos detalhes, todos os passos do
criminoso para atingir seu objetivo. Descreveu cenas
emocionantes.
Contava tudo gesticulando como se estivesse fazendo a
reconstituição da cena. Enumerou todos os materiais que o
rapaz usara para desencadear o incêndio.
Depois que acabou sua refeição, ausentou-se, em
companhia da esposa, para suas atividades costumeiras no
templo religioso.
Entretanto, não havia passado uma hora quando foi
chamado às pressas para que voltasse ao lar.
De retorno, pôde perceber, ao longe, que sua casa estava
em chamas.
As labaredas consumiam com voracidade o lar que até
bem pouco tempo abrigava a família tranqüila.
Imediatamente o pai de família começou a praguejar
contra tudo e contra todos, tentando achar o responsável
pela desgraça.
Pensava, consigo mesmo, que isso só poderia ser obra de
um louco.
Em poucos minutos vários pensamentos passaram por sua
mente em busca de algo que justificasse aquele ataque
misterioso.
Não tinha inimigos declarados. Não se lembrava de ter
dívidas com ninguém.
Por fim, admitiu que o incêndio só poderia ser fruto de um
acidente. Sim, teria que ser um mero acidente.
Preocupado com os filhos, buscou-os imediatamente em
meio à fumaça e os encontrou protegidos em baixo de uma
das árvores do quintal.
Notou, todavia, que o seu garoto de oito anos se escondia
por trás dos demais, temendo reprimendas.
Aproximou-se, para ficar sabendo que fora o próprio filho
a atear fogo na casa, copiando todos os pormenores da
descrição do incêndio criminoso feita pelo pai.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
46
Nunca nos esqueçamos da cautela que devemos ter em
nossos comentários sobre acontecimentos menos felizes.
Quem nutre conversação inconveniente, pode estar
colaborando com a divulgação do mal dentro do próprio
lar.
Devemos considerar que o mal não merece comentários
em momento algum, a menos que seja para ser corrigido.
Quando você quiser que uma notícia ou idéia seja
esquecida, não a comente.
Foi combatendo as doutrinas e idéias consideradas
maléficas que a humanidade as popularizou e tornou
conhecidas. Assim, a melhor maneira de se combater o
mal é dar-lhe total esquecimento.
..................................
Numa aula de filosofia , o professor quis demonstrar um
conceito aos seus alunos. Ele pegou um vidro de boca larga,
e dentro colocou pedras grandes. E perguntou à classe:
— Este vaso está cheio?
Vendo o vaso repleto de pedregulhos, os alunos
responderam:
— Sim!
Imediatamente, o professor pegou um balde de britas e virou
dentro do vaso.
Os pequenos pedregulhos ocuparam os espaços entre as
pedras grandes. Então, ele perguntou aos alunos:
— E agora?
Desta vez, alguns emudeceram, mas a maioria respondeu:
— Agora está cheio!
O professor, então, levantou uma lata de areia e a derramou
dentro do vaso. A areia preencheu os espaços entre as
pequeninas pedras e pedregulhos. E, pela terceira vez, o
professor perguntou:
— Respondam-me: deu para encher?
A essa altura, os alunos estavam receosos, mas novamente,
alguns responderam:
— Sim!
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Finalmente, o mestre pegou um jarro com água e despejou o
líquido dentro do vaso. A água encharcou e saturou a areia,
tomando todo o vaso.
Neste ponto, o professor perguntou para a classe:
— Qual é o objetivo desta demonstração?
O melhor aluno da classe levantou a mão e respondeu:
— Não importa quanto a vida de alguém esteja saturada, ele
sempre conseguirá espremer dentro algo mais!
— Não exatamente! – respondeu o professor:
— O ponto é o seguinte: a menos que você, em primeiro
lugar, coloque as pedras grandes dentro do vaso, nunca mais
conseguirá colocá-las lá dentro. Vamos! Experimente – disse
o professor ao aluno, entregando-lhe outro vaso igual ao
primeiro, com a mesma quantidade de pedras grandes, de
pedregulhos, de areia e de água.
O aluno começou a experiência, colocando primeiramente a
água, depois a areia, depois os pedregulhos e, por último,
tentou colocar as pedras grandes. Verificou, surpreso, que
elas não couberam no vaso, que já estava repleto com as
coisas menores. Então, o mestre explicou para o rapaz:
— As pedras grandes são as coisas realmente importantes de
sua vida: seu crescimento espiritual.
Quando você dá prioridade a isso e se mantém aberto para
Deus, as demais coisas se ajustarão por si só: seu
relacionamento pessoal (família, amigos), suas obrigações
(profissão, afazeres), seus bens e todas as demais coisas
menores que completam a vida. Mas, se você preencher sua
vida somente com as coisas insignificantes (pequenas), então
aquelas que são realmente importantes, nunca terão espaço
em sua vida. Esvazie seu vaso (coração) e comece a
preenchê-lo com as pedras grandes (rocha que é o Senhor
Jesus).
“Buscai, pois em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça,
e todas as cousas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33).
....................
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
48
A família, constituída do pai e um filho menor era pobre,
vivendo com os poucos recursos financeiros que o pai
ganhava no trabalho de vigilância noturna.
Certo dia o pai adoeceu, ficando acamado por tempo mais
longo do que podiam suportar suas economias.
Com falta do que comer em casa, o filho pequeno saiu às
ruas pedindo comida para ele e para o pai doente.
Escondendo as lágrimas pela tristeza e pela preocupação,
passou o primeiro dia sem nada conseguir.
No segundo dia, quase ao anoitecer, enquanto revirava um
saco com lixo residencial em frente a uma loja que estava
encerrando o expediente, viu se aproximar um senhor de
meia idade, sorridente, com ar bondoso, que trazia nas
mãos um marmitex, bem quentinho, que lhe ofereceu.
Meio receoso, o menino segurou a marmita ouvindo a
recomendação do seu benfeitor: "Coma enquanto está
quente!"
"Muito obrigado, senhor, mas gostaria de ir comê-la em
casa, para repartir com meu pai." Disse o menino.
Sorridente e paternal, o lojista perguntou-lhe: "o que o seu
pai faz em casa, enquanto você sai por aí procurando o que
comer? Ele não trabalha?"
"Trabalha sim, e muito. Mas, há dias está acamado. Como
acabou o dinheiro para comprar comida, fui obrigado a
sair pedindo um pedaço de pão. Só que não tenho recebido
quase nada." Respondeu o pequeno andarilho.
"Você mora muito longe daqui?" Continuou o bom
senhor.
"Não, não. Em pouco tempo eu chego lá. E sei que a
comida ainda estará bem quentinha." Apressou-se em
dizer o menino, com olhos um pouco mais alegres.
"Quer saber, meu pequeno, eu vou até lá com você, se
você deixar. Assim, aprendo onde você mora e aproveito
para conhecer seu pai. Que tal?" Acrescentou o jovem
senhor.
O menino concordou e lá se foram os dois.
O quadro com que se deparou o dadivoso lojista, ao entrar
no barraco, era de lastimar.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
49
No entanto, pai e filho sorriam diante do alimento, que o
menino rapidamente dividiu em dois pratos e serviu logo
ao chegar em casa.
Depois que os dois terminaram a rápida refeição, a
primeira nos últimos dois dias, o nobre comerciante
despediu-se e retornou ao seu lar, prometendo voltar em
breve.
Alguns dias se passaram, quando, também num final de
tarde, entram na loja o menino e seu pai, este um pouco
mais disposto, procurando pelo dono.
Vieram para agradecer, disseram à jovem senhora que
estava atendendo no balcão, ao tempo que queriam saber o
que poderiam fazer para retribuir a dádiva da comida
limpa e quentinha, que haviam recebido dele.
Enquanto seu pai falava com a atendente, o menino
começou a juntar pedaços de papel que estavam no chão,
quando chegou o dono da loja, marido da senhora que os
atendia.
Alegria, abraços e boa conversa.
Ao se despedirem, o lojista olha demoradamente para o
menino e lhe diz: "meu pequeno, você não tem o que me
agradecer, eu apenas fiz o que faria por um filho meu.
Fico feliz de ter podido ajudar. No entanto, se você quiser,
poderá vir trabalhar comigo, ajudando-me na loja, assim,
não será preciso você sair por aí pedindo comida, caso o
seu pai volte a adoecer. Que tal?"
O menino timidamente olhou para o seu pai, como a
perguntar com o olhar: "e aí, o que eu digo?"
O pai, discretamente lhe fez um sinal afirmativo com a
cabeça, sem nada falar.
A partir daí, o menino começou trabalhar. Passado um
tempo, voltou para a escola, e continuou trabalhando.
Cresceu, tornou-se adulto e, na loja continuava a trabalhar.
Sempre com muita seriedade, responsabilidade e espírito
de gratidão.
Seu pai veio a falecer, por causa da idade avançada.
O casal de lojistas não tinha filhos. Com o tempo, chegou
a velhice dos dois. Logo mais a esposa faleceu.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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E aquele menino, agora já um homem, foi quem ficou
cuidando da loja e do bondoso lojista, amparando-o na
velhice, auxiliando-o na enfermidade, acompanhando-o no
dia-a-dia, como devotado filho.
E pensar que tudo começou com um prato de comida!
Uma pequena dádiva, modificando destinos.
Um sorriso, um gesto de carinho, um telefonema, um email, um abraço, um beijo, uma palavra de apoio e de
incentivo, uma flor, um bilhete, um cartão postal, um
aceno, um bombom, um copo com água, um pedaço de
pão.
Nós podemos fazer muito, com tão pouco...
.......................
O jovem de dezenove anos, internado em um hospital de
grande capital do nosso país, aguardava a morte, em seu
leito de dor.
Instalado em uma enfermaria, junto a outros doentes, tão
graves quanto ele, olhou para os lados e se sentiu
terrivelmente só.
Os familiares o viriam visitar, logo mais. Mas, ele ficou a
pensar que talvez eles não chegassem a tempo de
encontrá-lo ainda com olhos abertos para este mundo.
Alongou o braço até a mesinha próxima, tomou de um
pedaço de papel, um lápis e com muito esforço, escreveu:
Pai, sinto muito. Sinto muito mesmo, mas está em tempo
do senhor saber a verdade que nunca nem desconfiou.
Vou ser breve e claro, bastante objetivo.
Travei conhecimento com meu assassino aos 15 ou 16
anos. É horrível, não é, pai? Sabe como nos conhecemos?
Através de um cidadão elegante, muito bem vestido e bem
falante. Ele nos apresentou.
De início, tentei recusar o que me era oferecido. Contudo,
o cidadão mexeu com os meus brios. Falou que eu não era
homem. Não é preciso dizer mais nada, não é, pai?
Ingressei no mundo do tóxico, o meu assassino.
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No começo passava mal. Depois vinha o devaneio e a
seguir, a escuridão. Não fazia nada sem o tóxico estar
presente. Logo veio a falta de ar, os medos, as alucinações.
Mas, em seguida, a euforia do pico.
Eu me sentia mais gente do que as outras pessoas. O meu
amigo inseparável, o tóxico, sorria. Sorria...
Sabe, pai, quando a gente começa acha tudo ridículo e
muito engraçado. Até Deus eu achava ridículo. Hoje, no
leito do hospital, reconheço que Deus é o mais importante
de tudo no mundo. Tenho certeza de que, sem a ajuda
dele, eu não estaria tendo forças para escrever esta carta.
Pai, tenho só 19 anos. Sei que não tenho a menor chance
de viver. É muito tarde para mim. Entretanto, tenho um
último pedido a fazer para o senhor.
Diga a todos os jovens que o senhor conhece o que me
aconteceu. Diga a eles que em cada porta de escola, em
cada cursinho de faculdade, em qualquer lugar há sempre
alguém que poderá lhes mostrar o seu futuro assassino e
destruidor de suas vidas: o tóxico.
Por favor, papai, faça isso, antes que seja tarde demais
para eles.
Perdoe-me pelo que estou lhe fazendo sofrer. Perdoe-me
por fazê-lo sofrer pelas minhas loucuras. Eu mesmo já
sofri demais.
Adeus, meu pai.
Ele acabou de escrever a carta, com dificuldade a colocou
sobre a mesinha. Tentou respirar mas já não conseguiu. O
lápis escorregou da mão para o chão. Pendeu a cabeça
para o lado e morreu.
Ser feliz é uma escolha. A vida se renova a cada momento.
Ninguém está destinado ao sofrimento. Ele é
simplesmente o resultado da ação negativa. Não a sua
causa.
Importante que o ser se envolva com o programa divino e
se conscientize de que é senhor do seu destino.
Quem se desvaloriza e se desmerece, quem se entrega à
ociosidade, traça para si mesmo caminhos de infelicidade.
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Como pais e educadores, cerquemos os nossos jovens, as
nossas crianças com o algodão do afeto, a gaze protetora
da educação e o veludo insubstituível da crença em Deus,
que alimenta as vidas e as enriquece.
(Carta de Adeus de um jovem de 19 anos, autor
desconhecido)
....................
Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo
e estava resolvido a encontrar meios de minorá-los. Passava
dias em seu laboratório em busca de respostas para suas
dúvidas...
Certo dia, seu filho, de sete anos, invadiu o seu "santuário"
decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela
interrupção, tentou fazer com que o filho fosse brincar em
outro lugar.
Vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo
que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair
sua atenção. De repente, deparou-se com o mapa do mundo
e alegrou-se, pois era exatamente o que procurava! Com o
auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços
e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho
dizendo:
"Você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o mundo
para consertar... Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se
consegue consertá-lo bem direitinho, mas não se esqueça:
faça tudo sozinho!"
Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa.
Algumas horas depois, ouviu a voz do filho que o chamava
calmamente:
"Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!"
A princípio, o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria
impossível, na sua idade, ter conseguido recompor um mapa
que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os
olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho
digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos
devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia
sido capaz? Perguntou-se o cientista e resolveu averiguar
com o filho como ele tinha conseguido tal feito:
"Você não sabia como era o mundo, meu filho, como
conseguiu?"
"Pai , eu não sabia como era o mundo, mas, quando você
tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado
havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo
para consertar, eu tentei... mas não consegui. Foi aí que me
lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o
homem, que eu sabia como era. Quando consegui consertar
o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo!"
...............................
Em determinada passagem do evangelho, o apóstolo Paulo
afirma: "Pois aquilo que o homem semear, isto também
ceifará".
Habitualmente se entende que somente após a vida
terrestre faremos um balanço de nossas ações, recebendo a
justa recompensa, seja paz ou desequilíbrio.
Ocorre que não é necessário morrer para perceber a
atuação da lei das compensações.
Reparemos o cenário da luta vulgar na terra.
Há homens que são indiferentes às dores do próximo.
Por seu turno, eles também recebem a indiferença quanto
às dores que experimentam.
Muitos optam pelo afastamento do convívio social.
Para esses a solidão deprimente é a resposta ao mundo.
Alguns se permitem utilizar extrema severidade no trato
com o semelhante.
Mas também são julgados pelos outros com rigor e
aspereza.
Há quem pratique, em sociedade ou em família, a
hostilidade e a aversão.
Naturalmente encontra entre vizinhos e parentes
primordialmente antipatia e desconfiança.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Entretanto, muitos optam por demonstrar carinho e
respeito, mesmo por desconhecidos.
Esses gestos amigos granjeiam o concurso fraterno até de
grupos anônimos que a todos cercam.
Pequeninas sementeiras de bondade geram abençoadas
fontes de alegria.
O trabalho bem vivido produz o tesouro da competência.
Atitudes de compreensão e gentileza estabelecem
solidariedade e respeito, junto a nós.
Otimismo e esperança, nobreza de caráter e puras
intenções atraem preciosas oportunidades de serviço, em
nosso favor.
Todo dia é tempo de semear.
Todo dia é tempo de colher.
Não é necessário atravessar as portas do túmulo para
encontrar a justiça, face a face.
A justiça revela-se no cotidiano, nos princípios de causa e
efeito, em todos os instantes de nossa vida.
A justiça divina é, em última instância, uma lei de
harmonia.
Deus criou o mundo com base em leis perfeitas, que
regem a vida e a evolução das criaturas.
A energia que lançamos no mundo, seja de paz ou de
desarmonia, nos pertence.
Ela até pode afetar momentaneamente os outros, mas
sempre volta à origem, para quem a emitiu.
Esse raciocínio evidencia o equívoco de pretender que
Deus castiga suas criaturas.
É inconcebível imaginar Deus no papel de carrasco,
sondando os atos de cada um de seus filhos, para puni-los
ao menor desvio.
Ele nos dá livre-arbítrio, a fim de que cresçamos em
experiência, discernimento e compreensão.
Mas também nos dá responsabilidade por nossos atos,
permitindo que experimentemos as conseqüências de
todos eles.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
Assim, se causamos desequilíbrio no universo, fazendo
mal a um semelhante, devemos restabelecer o equilíbrio
original, reparando as conseqüências.
Nesse contexto, está inteiramente em nossas mãos optar
pela paz ou pela discórdia, pela saúde ou pela doença.
Se tudo o que ofertamos ao mundo a nós retorna, é questão
de bom senso adotarmos um padrão de conduta generoso e
nobre.
A sementeira de ontem já foi lançada e hoje colhemos os
seus frutos.
Não há como retornar sobre os próprios passos e desfazer
o passado.
Mas o amanhã está inteiro por construir.
Optemos firmemente pelo bem, seguindo os exemplos do
cristo.
Bem rápido a vida nos dará frutos de paz e amor.
Afinal, como disse o apóstolo, "aquilo que o homem
semear, isto também ceifará".
.............................
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Um homem foi chamado à praia para pintar um barco.
Trouxe com ele tinta e pincéis, e começou a pintar o barco
de um vermelho brilhante, como fora contratado para fazer.
Enquanto pintava, viu que a tinta estava passando pelo fundo
do barco. Percebeu que havia um vazamento e decidiu
consertá-lo. Quando terminou a pintura, recebeu seu
dinheiro e se foi.
No dia seguinte, o proprietário do barco procurou o pintor e
presenteou-o com um belo cheque. O pintor ficou surpreso:
O senhor já me pagou pela pintura do barco! - disse ele.
Mas isto não é pelo trabalho de pintura. É por ter consertado
o vazamento do barco.
Ah!, mas foi um serviço tão pequeno... Certamente, não está
me pagando uma quantia tão alta por algo tão insignificante!
Meu caro amigo, você não compreende. Deixe-me contarlhe o que aconteceu. Quando pedi a você que pintasse o
barco, esqueci de mencionar o vazamento. Quando o barco
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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secou, meus filhos o pegaram e saíram para uma pescaria.
Eu não estava em casa naquele momento. Quando voltei e
notei que haviam saído com o barco, fiquei desesperado,
pois lembrei-me que o barco tinha um furo. Imagine meu
alívio e alegria quando os vi retornando sãos e salvos. Então,
examinei o barco e constatei que você o havia consertado!
Percebe, agora, o que fez? Salvou a vida de meus filhos!
Não tenho dinheiro suficiente para pagar a sua "pequena"
boa ação.
Não importa para quem, quando ou de que maneira: mas,
ajude, ampare, enxugue as lágrimas, escute com atenção e
carinho, e conserte todos os "vazamentos" que perceber, pois
nunca sabemos quando estão precisando de nós ou quando
Deus nos reserva a agradável surpresa de ser útil e
importante para alguém.
....................
Só não sente, não vê, quem não quer.
Um professor ateu desafiou seus alunos com a seguinte
pergunta:
Deus fez tudo que existe?
Um estudante respondeu corajosamente:
Sim, fez!
Mas, Deus fez tudo mesmo?
SIM, professor - respondeu o jovem.
O professor replicou:
Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o
mal existe, e considerando-se que nossas ações são um
reflexo de nós mesmos, então Deus é mal.
O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor,
feliz, se vangloriava de haver provado uma vez mais que a
Fé era um mito.
Outro estudante levantou sua mão e disse:
Posso lhe fazer uma pergunta, professor?
Sem dúvida, respondeu-lhe o professor.
O jovem ficou de pé e perguntou:
Professor, o frio existe?
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Mas que pergunta é essa? Claro que existe, você por acaso
nunca sentiu frio?
O rapaz respondeu:
Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da
Física, o que consideramos frio, na realidade é ausência de
calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado quando tem
ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com
que tal corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a
ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam
inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos
esse termo para descrever como nos sentimos quando nos
falta o calor. E a escuridão, existe? continuou o estudante.
O professor respondeu:
Mas é claro que sim.
O estudante respondeu:
Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco
existe. A escuridão é na verdade a ausência de luz. Podemos
estudar a luz, mas a escuridão não. O prisma de Newton
decompõe a luz branca nas varias cores de que se compõe,
com seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão
não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a
superfície que a luz toca. Como se faz para determinar quão
escuro está um determinado local do espaço? Apenas com
base na quantidade de luz presente nesse local, não é
mesmo? Escuridão é um termo que o homem criou para
descrever o que acontece quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:
Diga, professor, o mal existe?
Ele respondeu:
Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos
roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do
mundo, essas coisas são o mal.
Então o estudante respondeu:
O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si
só. O mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos
casos anteriores, um termo que o homem criou para
descrever essa ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não
é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus
presente em seus corações. É como o frio que surge quando
não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz.
..................
Numa grande e agitada cidade do Sudeste brasileiro vivia
um solitário menino. Nada lhe faltava: estudava no melhor
colégio do bairro, possuía todos os brinquedos que eram
anunciados na televisão como sendo “de última geração”,
sua alimentação era completa e balanceada e, caso
adoecesse, era levado aos melhores médicos e especialistas.
A primeira vista parecia que tudo estava perfeito em sua
vida, mas havia uma coisa da qual ele sentia muita falta.
Certa noite, quando seu pai regressou de mais um dia de
trabalho, estressado como todos os outros dias de todos os
outros meses e de todos os outros anos, Rubinho – este era
seu apelido – surpreendeu a todos com a seguinte pergunta:
Pai, quanto você ganha por hora?
O pai, um tanto irritado, questionou:
- Que pergunta é essa, garoto?
- Por favor, pai! Responda! Quanto você ganha por hora? –
insistiu Rubinho.
- Não revelo isso a ninguém! Nem a sua mãe sabe! Porque
você quer saber – foi a resposta.
Mas o garoto não desistiu. Afinal, demorara tanto para tomar
coragem...
Por favor, pai! É importante para mim!
Diante da insistência do filho, o pai acabou dizendo:
-Cinqüenta reais a hora!
- Então, pai, dá para me emprestar 20 reais?
Muito indignado, aquele pai largou até os talheres, empurrou
o prato com o jantar e esbravejou:
Era para isso que você queria saber quanto ganho por hora?
Seu moleque interesseiro! Está querendo me sugar ainda
mais o sangue? Já não basta eu me matar de trabalhar para te
sustentar com tudo do bom e do melhor? Você não me
perguntou se eu estou cansado, se tive um dia difícil, mas o
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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meu dinheiro você quer! Vá já para cama e não me amole
mais!
Coitado do Rubinho! Muito triste, mas obediente como
sempre, foi para se quarto, mas não conseguia dormir.
Algumas horas mais tarde, o pai, arrependido de ser tão
grosseiro com o filho, foi ao quarto do menino e disse:
Desculpe, meu filho. Eu ando muito nervoso e acabei
dizendo o que não queria. Está aqui o dinheiro que você
pediu.
Com os olhos ainda molhados de lágrimas, o menino enfiou
a mãozinha debaixo do travesseiro e pegou 30 reais. Muito
feliz, disse:
Agora já completei! Pai, você pode me vender uma hora do
seu tempo?
Certa vez, o nosso Senhor repreendeu Seus discípulos por
impedirem as crianças de se achegarem a Ele, alegando que
Jesus não tinha tempo para elas. No entanto, nosso amado
Senhor disse: “Deixai vir a mim os pequeninos , não os
embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus”.(Marcos
10.14).
...................
Havia um rei que apesar de ser muito rico, tinha a fama de
ser um grande doador, desapegado de sua riqueza. De uma
forma bastante estranha, quanto mais ele doava ao seu povo,
auxiliando-o, mais os cofres do seu fabuloso palácio se
enchiam.
Um dia, um sábio que estava passando por muitas
dificuldades, procurou o rei. Ele queria descobrir qual era o
segredo daquele monarca.
Como sábio, ele pensava e não conseguia entender como é
que o rei, que não estudava as sagradas escrituras, nem
levava uma vida de penitência e renúncia, ao contrário, vivia
rodeado de luxo e riquezas, podia não se contaminar com
tantas coisas materiais.
Afinal, ele, como sábio, havia renunciado a todos os bens da
terra, vivia meditando e estudando e, contudo, se reconhecia
com muitas dificuldades na alma. Sentia-se em tormenta. E
o rei era virtuoso e amado por todos.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Ao chegar em frente ao rei, perguntou-lhe qual era o segredo
de viver daquela forma, e ele lhe respondeu:
"Acenda uma lamparina e passe por todas as dependências
do palácio e você descobrirá qual é o meu segredo." Porém,
há uma condição: se você deixar que a chama da lamparina
se apague, cairá morto no mesmo instante.
O sábio pegou uma lamparina, acendeu e começou a visitar
todas as salas do palácio. Duas horas depois voltou à
presença do rei, que lhe perguntou:
"Você conseguiu ver todas as minhas riquezas?"
O sábio, que ainda estava tremendo da experiência porque
temia perder a vida, se a chama apagasse, respondeu:
"Majestade, eu não vi absolutamente nada. Estava tão
preocupado em manter acesa a chama da lamparina que só
fui passando pelas salas, e não notei nada."
Com o olhar cheio de misericórdia, o rei contou o seu
segredo:
"Pois é assim que eu vivo. Tenho toda minha atenção
voltada para manter acesa a chama da minha alma que,
embora tenha tantas riquezas, elas não me afetam."
"Tenho a consciência de que sou eu que preciso iluminar
meu mundo com minha presença e não o contrário."
O sábio representa na história as pessoas insatisfeitas,
aquelas que dizem que nada lhes sai bem. Vivem irritadas e
afirmam ter raiva da vida.
O rei representa as criaturas tranqüilas, ajustadas, confiantes.
Criaturas que são candidatas ao triunfo nas atividades que se
dedicam. São sempre agradáveis, sociáveis e estimuladoras.
Quando se tornam líderes, são criativas, dignas e
enriquecedoras.
Deste último grupo saem os que promovem o
desenvolvimento da sociedade, os gênios criadores e os
grandes cultivadores da verdade.
..........................
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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O lobo-guará mandou o delegado cachorro prender o preá
para obrigá-lo a casar com sua filha, com quem estava
compromissado. É que ele já estava se engraçando com a
filha do compadre gambá.
Foi preparada uma grande festa para recepcionar os noivos.
E o macaco, o mais esperto de todos os animais, foi
distribuir os convites para os parentes e amigos dos noivos.
O convite foi enviado também para os parentes que
trabalhavam nas cidades. Enfim, todos foram convidados.
O último convite, o macaco ia jogar fora. Era o da comadre
onça. Ela sabia da fama do seu desafeto e por isso vivia
dizendo que, na primeira oportunidade, o comeria, bastava
ele estar a um palmo dela. Então, o macaco imaginou: “A
dona onça... numa festa de pequenos animais é um banquete
e tanto! E os primeiros a serem comidos serão os próprios
noivos”.
Ele bolou um plano. Ao chegar perto da toca da felina,
pegou alguns cipós e começou a se amarrar para chamar sua
atenção. Logo a onça viu e disse:
– Agora você não me escapa. Eu estou muito faminta, vou te
comer.
O macaco, colocando seu plano em ação, respondeu:
– Não estou nem um pouco preocupado com isso, comadre,
mas sim com uma ventania muito forte que está chegando, e
quem não se amarrar o vento vai levar. Todos os bichos da
selva estão se amarrando...
A onça, coitada, caindo naquela armadilha, apavorada,
implorou ao macaco:
– Por favor, compadre, me ajude, pois eu não consigo me
amarrar sozinha!
O macaco começou a amarrá-la entre duas árvores, até ela
não poder mais se mover. Ao perceber que caíra numa
armadilha, a felina começou a bufar de tanta raiva e gritar:
– Eu te pego, seu bandido, você vai ver!
Ao se certificar de que estava seguro, o macaco foi curtir a
festa até o raiar do novo dia. Quando voltou, com sono e
cansado de tanto farrear, viu uma rede armada no meio da
floresta, entre duas árvores. Então, o macaco resolveu deitar
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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ali mesmo. Pela manhã, ao acordar, deu um salto e fugiu,
pois viu que dormira em cima do grande terror da selva.
A onça, por sua vez, nada pôde fazer de tão cansada que
estava por ter lutado a noite inteira para tentar se livrar do
cipó.
Ao acordar, ela soube do ocorrido: de que o macaco não só
esteve a um palmo do seu nariz como também dormiu em
cima dela. Aí que aumentou sua ira.
E assim, mais uma vez, a onça perdeu a caça, a festa e a
moral. Esta história nos ensina que a esperteza e a burrice
caminham juntas.
....................................
Um homem de idade já bem avançada veio à Clínica onde
eu trabalhava, para fazer um curativo na mão ferida. Estava
apressado, dizendo-se atrasado para um compromisso, e
enquanto o tratava perguntei-lhe sobre qual o motivo da
pressa. Ele me disse que precisava ir a um asilo de anciãos
para, como sempre, tomar o café da manhã com sua mulher
que estava internada lá.
Disse-me que ela já estava há algum tempo nesse lugar
porque tinha um Alzheimer bastante avançado. Enquanto
acabava de fazer o curativo, perguntei-lhe se ela não se
alarmaria pelo fato de ele estar chegando mais tarde.
Não, ele disse. Ela já não sabe quem eu sou. Faz quase cinco
anos que não me reconhece.
Estranhando, lhe perguntei:
- Mas se ela já não sabe quem o senhor é, porque essa
necessidade de estar com ela todas as manhãs?
Ele sorriu e dando-me uma palmadinha na mão, disse :
- É . Ela não sabe quem eu sou, mas eu, contudo sei muito
bem quem é ela.
Meus olhos lacrimejaram enquanto ele saía e eu pensei:
Essa é a classe de amor que eu quero para a minha vida.
O verdadeiro amor não se reduz ao físico nem ao romântico.
O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é, do
que foi, do que será e... do que já não é..."
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.................
O segredo para vencer todas as barreiras e lutas nessa vida é
obedecer, praticar, e guardar a Palavra de Deus, agindo de
acordo com Sua vontade, jamais deixando que a nossa
vontade prevaleça. Quando a pessoa reconhece que não é
nada e não merece a graça divina, obedece, torna-se fiel aos
ensinamentos do Senhor Jesus Cristo e é abençoada. A partir
do momento que essa pessoa começa a se desenvolver
espiritualmente na obra de Deus, vai tendo sucesso,
conquistando vitória; mas, infelizmente, passa a se
considerar importante, uma pessoa especial e o seu coração é
tomado pela soberba.
Quando permitimos que o orgulho e a vaidade entrem em
nossos corações, aí começa o declínio, a nossa queda. Por
isso é importante que tenhamos, sempre em mente, o
conselho do apóstolo Paulo quando escreveu aos cristãos
que moravam em Roma: “Tende o mesmo sentimento uns
para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos,
condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos
vossos olhos” (Romanos 12.16).
Com esse conselho em mente, é preciso exercer constante
vigilância com o coração, pois é ele quem determina a
benção ou a maldição para nossas vidas. Devemos estar
sempre abertos para receber os ensinamentos do Senhor
Jesus e prontos para obedecer a Sua voz.
O momento é de reflexão, de parar e perguntar: “Onde tenho
colocado o meu coração?” É importante questionarmos isso,
pois só assim poderemos evitar que ele se corrompa,
buscando os deuses deste mundo, o dinheiro e os bens
materiais.
É importante limparmos o nosso coração, tirar dele tudo que
está impedindo a ação de Deus em nossas vidas, a exemplo
do que fez Zaqueu, que era avarento e adorava o dinheiro.
Segundo a Bíblia, Zaqueu era um homem muito rico que
acumulou bens roubando as pessoas e o Estado, através da
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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cobrança de impostos; porém, quando se encontrou com
Jesus, reconheceu seu pecado e sua dependência d’Ele.
Tudo que havia conquistado, perdeu o valor; resolveu mudar
de vida: “...Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor,
resolvo dar aos pobres a metade de meus bens; e, se nalguma
cousa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais”
(Lucas 19.8).
Zaqueu se redimiu. Ele não quis mais saber das coisas do
mundo. “Então Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta
casa, pois que também este é filho de Abraão” (Lucas 19.9).
Houve salvação, porque ele tirou do seu coração tudo o que
impedia a ação do Espírito Santo. Isso é o que nós devemos
fazer. Tirar do coração tudo aquilo que tem impedido a ação
de Deus.
Todo cuidado é pouco, pois o diabo, nosso inimigo, é
traiçoeiro; está sempre ao nosso redor, procurando uma
oportunidade para nos atacar e nos destruir. Por isso, é
importante que andemos no Espírito, sempre com os nossos
pensamentos em Deus, ouvir e praticar a Palavra, porque se
ouvirmos e não praticarmos, nossa vida espiritual será como
a casa edificada sobre a areia, sem base e alicerce, e quando
cair a chuva, transbordarem os rios, soprarem os ventos e
derem com ímpeto contra esta casa, ela não podendo se
manter firme, desabará.
Por isso é importante que estejamos sempre vigiando. Não
vamos nos envaidecer, ou ensoberbecer para que não
venhamos a permitir que o diabo nos tente e nos derrote.
Estejamos atentos porque a salvação é uma conquista que
fazemos dia após dia. Não sejamos apenas ouvintes da
Palavra de Deus, e sim, praticantes. Vamos viver o dia de
hoje como se Jesus fosse voltar amanhã, para que possamos
merecer o nosso lugar no Seu Reino.
.............................
Aquele homem estava um pouco apressado e quase não
viu a senhora, com o carro parado no acostamento. Mas
percebeu que ela precisava de ajuda.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Assim, parou seu carro e se aproximou. O carro da
senhora era novo, mas estava com problemas.
Mesmo com o sorriso que o homem estampava na face,
ela ficou preocupada.
Ninguém tinha parado para ajudar durante a última hora.
Quais seriam as intenções daquele estranho? Pensou a
senhora.
Ele percebeu que ela estava com muito medo e lhe disse:
"Eu estou aqui para ajudar, madame. Pode esperar dentro
do carro que está mais quentinho. A propósito, meu nome
é Bryan".
Bem, o problema era só um pneu furado, mas para uma
senhora era ruim o bastante.
Bryan abaixou-se, colocou o macaco e levantou o carro.
Logo o pneu já estava trocado. Mas ele ficou um tanto
sujo e ainda feriu uma das mãos.
Enquanto ele apertava as porcas da roda a senhora abriu a
janela e começou a conversar com ele.
Contou que estava de passagem por ali, pois morava
noutra cidade, e que não sabia como agradecer pela
preciosa ajuda.
Bryan apenas sorriu enquanto se levantava. Ela perguntou
quanto devia. Qualquer quantia teria sido muito pouco
para ela. Já tinha imaginado todas as terríveis coisas que
poderiam ter acontecido se Bryan não tivesse parado.
Mas Bryan não pensava em dinheiro. Aquilo não era um
trabalho para ele. Gostava de ajudar quando alguém tinha
necessidade e Deus já lhe ajudara bastante. Aquele era seu
modo de viver e nunca lhe ocorreu agir de outra maneira.
"Se realmente quiser me reembolsar, disse Bryan, da
próxima vez que encontrar alguém que precise de ajuda,
dê a ela a ajuda que precisar". E acrescentou: "e pense em
mim".
Ele esperou até que ela saísse com o carro e também se
foi.
Aquele havia sido um dia frio e cinzento, mas ele se sentia
muito bem.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
66
Algumas milhas abaixo a senhora encontrou um pequeno
restaurante e entrou para comer alguma coisa. Não era um
restaurante muito limpo, daqueles que ela costumava
freqüentar.
A garçonete veio até ela e trouxe-lhe uma toalha limpa
para que pudesse secar um pouco o cabelo molhado e lhe
dirigiu um doce sorriso, um sorriso que mesmo com os pés
doendo por um dia inteiro de trabalho não pôde apagar.
Notou que a garçonete estava nos últimos meses de
gravidez, e ainda assim não deixou a tensão e as dores
mudarem sua atitude. A senhora ficou curiosa em saber
como alguém que tinha tão pouco, podia tratar tão bem a
um estranho. Então se lembrou de Bryan.
Depois que terminou a refeição, enquanto a moça buscava
o troco para a nota de cem dólares, a senhora se retirou. A
garçonete voltou e procurou localizar a freguesa, mas
achou apenas algo escrito no guardanapo, sob o qual tinha
mais 4 notas de $100 dólares.
Havia lágrimas em seus olhos quando leu o que estava
escrito. O bilhete dizia o seguinte: "você não me deve
nada, eu já tenho o bastante. Alguém me ajudou há pouco
e da mesma forma estou lhe ajudando. Se você realmente
quiser me reembolsar não deixe este círculo de amor
terminar com você".
A garçonete ainda tinha muito trabalho a fazer naquela
noite. Mesas para limpar, açucareiros para encher, e
pessoas para servir. Mas quando foi para casa deitou-se ao
lado do marido e ficou pensando no dinheiro e no que a
senhora deixou escrito. Como podia aquela senhora saber
o quanto ela e o esposo precisavam de dinheiro? Com o
bebê para o próximo mês, como estava difícil!
Virou-se para o marido que dormia tranqüilamente ao
lado, deu-lhe um beijo carinhoso e sussurrou: "tudo ficará
bem, Bryan. Eu amo você."
O amor produz sempre um efeito positivo em quem o
recebe e, de maneira mais intensa, em quem o pratica.
Por essa razão, o amor é, e sempre será, a melhor opção.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
67
...................
Serapião era um velho mendigo que perambulava pelas ruas
da cidade. Ao seu lado, o fiel escudeiro, um vira lata branco
e preto que atendia pelo nome de Malhado. Serapião não
pedia dinheiro. Aceitava sempre um pão, uma banana, um
pedaço de bolo ou um almoço feito com sobras de comida
dos mais abastados.
Quando suas roupas estavam imprestáveis, logo era
socorrido por alguma alma caridosa. Mudava a apresentação
e era alvo de brincadeiras. Serapião era conhecido como um
homem bom, que perdera a razão, a família, os amigos e até
a identidade. Não bebia bebida alcoólica, estava sempre
tranqüilo, mesmo quando não havia recebido nem um pouco
de comida. Dizia sempre que Deus lhe daria um pouco na
hora certa e, sempre na hora que Deus determinava, alguém
lhe estendia uma porção de alimentos.
Serapião agradecia e rogava a Deus pela pessoa que o
ajudava. Tudo que ganhava, dava primeiro para o Malhado,
que, paciente, comia e ficava a esperar por mais um pouco.
Não tinham onde dormir, onde anoiteciam, lá dormiam.
Quando chovia, procuravam abrigo embaixo da ponte do
ribeirão Bonito e, ali o mendigo ficava a meditar, com um
olhar perdido no horizonte.
Aquela figura me deixava sempre pensativo, pois eu não
entendia aquela vida vegetativa, sem progresso, sem
esperança e sem um futuro promissor que Serapião levava.
Certo dia, com a desculpa de lhe oferecer umas bananas fui
bater um papo com o velho Serapião. Iniciei a conversa
falando do Malhado, perguntei pela idade dele, o que
Serapião, não sabia. Dizia não ter idéia, pois se encontraram
um certo dia quando ambos andavam a toa pelas ruas. Nossa amizade começou com um pedaço de pão - disse o
mendigo. Ele parecia estar faminto e eu lhe ofereci um
pouco do meu almoço e ele agradeceu abanando o rabo, e
daí, não me largou mais. Ele me ajuda muito e eu retribuo
essa ajuda sempre que posso.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Como vocês se ajudam? Perguntei.
Ele me vigia quando estou dormindo; ninguém pode chegar
perto que ele late e ataca. Também quando ele dorme, eu
fico vigiando para que outro cachorro não o incomode.
Continuando a conversa, perguntei:
Serapião, você tem algum desejo de vida?
Sim - respondeu ele - tenho vontade de comer um cachorro
quente, daqueles que a Zezé vende ali na esquina.
Só isso? Indaguei. - É, no momento é só isso que eu desejo.
Pois bem, vou satisfazer agora esse grande desejo. Saí e
comprei um cachorro quente para o mendigo. Voltei e lhe
entreguei. Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu
a dádiva e em seguida tirou a salsicha, deu para o Malhado,
e comeu o pão com os temperos. Não entendi aquele gesto
do mendigo, pois imaginava ser a salsicha o melhor pedaço.
Por que você deu para o Malhado logo a salsicha? Perguntei
intrigado. Ele, com a boca cheia, respondeu:
Para o melhor amigo, o melhor pedaço. E continuou
comendo, alegre e satisfeito. Despedi-me do Serapião, passei
a mão na cabeça do Malhado e saí pensando com meus
botões: Aprendi alguma coisa hoje. Como é bom ter amigos.
Pessoas em que possamos confiar. E saber reconhecer neles
o seu real valor, agindo em consonância. Por outro lado, é
bom ser amigo de alguém e ter a satisfação de ser
reconhecido como tal. Jamais esquecerei a sabedoria daquele
eremita.
Para O Melhor Amigo O Melhor Pedaço...
......................................
Um velho lobo, que há muito tempo nada caçava, se viu
numa situação difícil, pois nada tinha para comer.
Caminhava cambaleante pela savana na esperança de ver
uma presa, doente ou ferida, a fim de matar a sua fome que
era grande. O sol castigava fortemente sua cabeça, fazendo-a
latejar de tanta dor que, em certo momento, até amenizava a
dor no estômago, que também era constante. De repente, o
velho lobo avistou um belo cão, bem tratado e forte, e o
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
69
admirou. Logo, aproximou-se do seu parente no intuito de
saber de onde viera. Ele acreditava que de onde o cão veio
havia comida e bebida em abundância. Então, o lobo o
abordou, e começou a choramingar a sua dor maior, que era
a fome:
Veja, velho amigo, eu que sempre fui respeitado como um
exímio caçador, temido e respeitado por todos os animais da
floresta, agora estou velho e nada tenho para comer, pois há
muito tempo que nada apanho, nem se quer uma lebre
perneta...
Se você vier comigo, ficará como eu. Só precisa agradar as
pessoas que moram na casa e ser companheiro do dono. Ele
dará deliciosos restos de comida para você – completou o
cão, comovido com a situação do velho lobo.
Após o papo amigável, o lobo resolveu ir com o cachorro
para o seu novo destino. Entraram floresta adentro, numa
jornada longa e cansativa. Embora fraco e debilitado, o que
animava o lobo era saber que, no final do percurso, teria a
oportunidade de comer um suculento prato de comida
acompanhado de uma boa tigela de leite. Bastava agradar ao
“dono”. Dono!? Hummm! Aquilo começava a preocupar o
velho lobo.
Então enquanto acompanhava o cão, o lobo percebeu que
seu companheiro tinha o pescoço cheio de feridas. Esperou
uma oportunidade para perguntar como as adquiriu. Depois
de pararem para um descanso, de imediato, o lobo
perguntou:
Amigo, se mal lhe pergunto, que feridas enormes são essas?
Quem lhe feriu?
A corrente! – respondeu o cão.
Que corrente? – questionou o lobo.
A que me mantém preso. Ela acaba me machucando todo! –
explicou o cão.
Você fica preso e não pode correr para onde quiser? Não
tem liberdade?
Então, de que adianta tanta fartura e beleza se não há
liberdade? – indagou o lobo, retrocedendo de imediato.
O cão entristeceu-se.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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E continuou o lobo:
Por esse preço, não quero nem o mais valioso tesouro!
É, amigo leitor, ao término desta narrativa, chegamos à
conclusão de que a liberdade não tem preço, e que nada
neste mundo pode pagá-la. Esta é a razão pela qual o nosso
Deus deu o seu Único Filho: para nos resgatar da prisão e
partir os grilhões que nos aprisionam. E também para nos
salvar e trazer a verdadeira libertação.
...................
Uma antiga lenda conta que, ao regressar vitorioso de suas
guerras pelos reinos do Oriente, o imperador romano Caio
Fábio convocou todos os seus oficiais, e disse: “Tenho
realizado tantas conquistas que meu vasto império se espalha
por todos os povos e nações. Meu exército é o mais poderoso de todo o meu mundo.
Sou ainda sábio e formoso, temido pelos meus inimigos e
amado pelo meu povo. A partir desta data, quero que todos
me chamem de Deus, pois sou tão poderoso quanto Ele”.
Os bajuladores irromperam em palmas e gritos, aclamando o
imperador com brados de “Deus, Deus, Deus!!!”
Um velho e sábio viajante, presente àquele grande banquete,
vendo o delírio insano dos convidados, interrompeu a
multidão, levantando sua voz em um pedido:
“Senhor Deus, venho com humildade pedir-lhe ajuda.
Tenho, neste instante, duas fragatas carregadas de
mercadorias, ambas na entrada da baía, com o casco
encalhado em um banco de areia”, disse ele.
“Não há problema, meu caro”, respondeu o imperador.
“Mandarei sete dos meus navios, com os mais fortes
remadores da minha Marinha, para rebocarem suas
fragatas”, completou.
O homem ouvindo a resposta, retrucou respeitosamente:
“Não se importune a tal ponto, Senhor Deus, de incomodar
centenas de homens em tantos navios. Apenas mande que o
vento sopre duas fortes lufadas nas velas das embarcações e,
em segundos, resolveremos o problema”, disse.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
71
Nesse instante, o imperador Caio Fábio “caiu na real”.
Houve um profundo silêncio no salão.
Ele e a multidão de convidados viram quão distante e
absurda era a comparação de um simples homem com o
próprio Deus.
Caro leitor, quantas vezes, ainda que não sejamos loucos de
pensarmos ou dizermos que somos Deus, temos um pouco
do imperador romano Caio Fábio quando julgamos,
condenamos ou criticamos alguém, ou mesmo determinamos
que iremos aonde quisermos, esquecendo de dizer:
“Se Deus me permitir, irei a tal lugar”, como se
assumíssemos a posição do próprio Deus?
Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos ensine a
servir!
......................
Um dia Paulinho voltou da escola muito bravo, fazendo o
maior barulho pela casa. Seu pai, percebeu a irritação e
chamou-o para uma conversa. Meio desconfiado e sem dar
muito tempo ao pai, Paulinho falou irritado:
Olha, pai, eu estou com uma tremenda raiva do Pedrinho.
Ele fez algo que não deveria ter feito. Espero que ele leve a
pior. O Pedrinho me humilhou na frente de todo mundo. Não
quero mais vê-lo. E espero que ele adoeça e não possa mais
ir à escola.
Para surpresa de Paulinho, seu pai nada disse. Apenas foi até
a garagem e pegou um saco de carvão e dirigiu-se para o
fundo do quintal e lhe sugeriu:
Filho, está vendo aquela camiseta branca no varal? Vamos
fazer de conta que ela é o Pedrinho. E que cada pedaço de
carvão é um pensamento seu em relação a ele. Descarregue
toda a sua raiva nele, atirando o carvão do saco na camiseta,
até não sobrar mais nada. Daqui a pouco eu volto, para ver
se você gostou, certo?
O filho achou deliciosa a brincadeira proposta pelo pai e
começou. Como era pequeno e estava um pouco longe, mal
conseguia acertar o alvo. Após uma hora, ele já estava
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
72
exausto, mas a tarefa estava cumprida. O pai, que o
observava de longe, aproximou-se e perguntou:
Filho, como está se sentindo agora?
Isso me deu a maior canseira, mas olhe, consegui acertar
muitos pedaços na camiseta - disse Paulinho, orgulhoso de
si.
O pai olhou para o filho, que até então não havia entendido a
razão daquela brincadeira, e disse carinhosamente:
Venha comigo até o quarto, pois quero lhe mostrar uma
coisa.
Ao chegar no quarto, colocou o filho diante de um grande
espelho, que ficou sem entender nada. Quando olhou para
sua imagem, ficou assustado ao ver que estava todo sujo de
fuligem. Tão imundo que só conseguia enxergar seus dentes
e os pequenos olhos. O pai então lhe explicou:
Veja como você ficou. A camiseta que você tentou sujar está
mais limpa que você. Assim é a vida. O mal que desejamos
aos outros retorna para nós próprios. Por mais que possamos
atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a
mancha, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós
mesmos.
...................
Certo dia, uma moça estava à espera de seu vôo na sala de
embarque de um aeroporto. Como ela deveria esperar por
muitas horas, resolveu comprar um livro para matar o
tempo. Também comprou um pacote de biscoitos.
Então, ela achou uma poltrona numa parte reservada do
aeroporto para que pudesse descansar e ler em paz. Ao lado
dela se sentou um homem.
Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também
pegou um. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada. Ela
pensou para si: "Mas que cara de pau. Se eu estivesse mais
disposta, lhe daria um soco no olho para que ele nunca mais
esquecesse..."
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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A cada biscoito que ela pegava, o homem também pegava
um. Aquilo a deixava tão indignada que ela não conseguia
reagir. Restava apenas um biscoito e ela pensou:
"O que será que o abusado vai fazer agora?” Então, o
homem dividiu o biscoito ao meio, deixando a outra metade
para ela. Aquilo a deixou irada e bufando de raiva. Ela
pegou o seu livro e as suas coisas e dirigiu-se ao embarque.
Quando sentou confortavelmente em seu assento, para
surpresa dela, o seu pacote de biscoito estava ainda intacto,
dentro de sua bolsa.
Ela sentiu muita vergonha, pois quem estava errada era ela, e
já não havia mais tempo para pedir desculpas. O homem
dividiu os seus biscoitos sem se sentir indignado, ao passo
que isto a deixara muito transtornada.
Em nossas vidas, por vezes, estamos comendo os biscoitos
dos outros, e não temos a consciência de que quem está
errado somos nós."
......................
Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma
garotinha muito bonita. Ela freqüentava a escola local. Sua
mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se
apresentava suja. Suas roupas eram muito velhas e
maltratadas.
O professor ficou penalizado com a situação da menina.
"Como é que uma menina tão bonita, pode vir para a escola
tão mal arrumada?".
Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com
dificuldade, resolveu lhe comprar um vestido novo. Ela
ficou linda no vestido azul.
Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu
que era lamentável que sua filha, vestindo aquele traje novo,
fosse tão suja para a escola. Por isso, passou a lhe dar banho
todos os dias, pentear seus cabelos, cortar suas unhas.
Quando acabou a semana, o pai falou: "mulher, você não
acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem
arrumada, more em um lugar como este, caindo aos
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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pedaços? Que tal você ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu
vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar
um jardim."
Logo mais, a casa se destacava na pequena vila pela beleza
das flores que enchiam o jardim, e o cuidado em todos os
detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em
barracos feios e resolveram também arrumar as suas casas,
plantar flores, usar pintura e criatividade.
Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado. Um
homem, que acompanhava os esforços e as lutas daquela
gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das
autoridades. Foi ao prefeito expor suas idéias e saiu de lá
com autorização para formar uma comissão para estudar os
melhoramentos que seriam necessários ao bairro.
A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas
de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o
bairro ganhou ares de cidadania.
E tudo começou com um vestido azul.
Não era intenção daquele professor consertar toda a rua, nem
criar um organismo que socorresse o bairro. Ele fez o que
podia, deu a sua parte. Fez o primeiro movimento que
acabou fazendo que outras pessoas se motivassem a lutar por
melhorias.
Será que cada um de nós está fazendo a sua parte no lugar
em que vive?
Por acaso somos daqueles que somente apontamos os
buracos da rua, as crianças à solta sem escola e a violência
do trânsito?
Lembremos que é difícil mudar o estado total das coisas.
Que é difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa
calçada.
É difícil reconstruir um planeta, mas é possível dar um
vestido azul.
Há moedas de amor que valem mais do que os tesouros
bancários, quando endereçadas no momento próprio e com
bondade.
Você acaba de receber um lindo vestido azul.
Faça a sua parte.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Ajude a melhorar o planeta!
..................................
Era uma vez um escritor que morava em uma tranqüila
praia, junto de uma colônia de pescadores. Todas as manhãs
ele caminhava à beira do mar para se inspirar, e a tarde
ficava em casa escrevendo.
Certo dia, caminhando na praia, ele viu um vulto que parecia
dançar. Ao chegar perto, ele reparou que se tratava de um
jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia para, uma por
uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.
- Por que está fazendo isso? - perguntou o escritor.
- Você não vê! - explicou o jovem - a maré está baixa e o sol
está brilhando. Elas irão secar e morrer se ficarem aqui na
areia.
O escritor espantou-se.
- Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praias por
este mundo afora, e centenas de milhares de estrelas-do-mar
espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas
poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de
qualquer forma.
O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao
oceano e olhou para o escritor.
- Para essa aqui eu fiz a diferença...
Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, sequer
dormir. Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniuse a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de
volta ao oceano.
Cada um de nós pode fazer a diferença, através de nossa
capacidade...nosso comportamento...nossas atitudes... junto
aos amigos... na família....
De alguma forma podemos contribuir para um mundo
melhor e cada um sabe a melhor maneira de se fazer isso. A
esperança neste mundo melhor é o alimento para nossas
almas e o impulso a continuarmos cada dia em busca de
nossos ideais. Para isso é precisamos acreditar que é
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
76
possível!
Sejamos, portanto, mais um dos que querem fazer do mundo
um lugar melhor.
"Sejamos a diferença"!!!
....................
Conta uma brasileira, que foi trabalhar algum tempo na
Suécia, que várias vezes fez comparações entre suecos e
brasileiros.
A forma de resolver problemas, a maneira de conduzir
determinadas dificuldades no ambiente de trabalho, etc.
Nessas suas observações, concluiu, em um primeiro
momento, que os suecos tinham alguns comportamentos
muito próprios.
Em verdade, ela jamais imaginara que com eles aprenderia
uma extraordinária lição. Algo que a faria admirá-los e
seguir-lhes o exemplo.
No seu primeiro dia de trabalho, um colega da empresa a
veio apanhar em casa e eles seguiram, juntos, no carro
dele.
Ao chegarem, ele entrou no estacionamento, uma área
ampla para mais de 200 carros.
Como haviam chegado cedo, poucos veículos estavam
estacionados, mas o rapaz deixou o seu carro parado logo
na entrada do portão.
Assim, ela e ele tiveram que caminhar um trecho
considerável, até chegar à porta da empresa.
No segundo dia, o fato se repetiu. Eles tornaram a chegar
cedo e, novamente, o carro foi colocado logo na entrada.
Outra vez tiveram que atravessar todo o extenso pátio do
estacionamento, até chegarem no escritório.
No terceiro dia, um tanto mais confiante, ela não se
conteve e perguntou ao colega: “Por que é que você deixa
o carro tão distante, quando há tantas vagas disponíveis?”.
Por que não escolhe uma vaga mais próxima do acesso ao
nosso local de trabalho?"
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
77
A resposta foi franca e rápida: "o motivo é muito simples.
Nós chegamos cedo e temos tempo para andar, sem perigo
de nos atrasarmos. Alguns dos nossos colegas chegam
quase em cima da hora e se tiverem que andar um trecho
longo, correm o risco de se atrasarem. Assim, é bom que
encontrem vagas bem mais próximas, ganhando tempo."
O gesto pode ser qualificado de companheirismo,
coleguismo. Não importa. O que tem verdadeira
importância é a consciência de colaboração.
Ela recordou que, algumas vezes, em estacionamentos, no
Brasil, vira vagas para deficientes sendo utilizadas por
pessoas não deficientes.
Só por serem mais próximas, ou mais cômodas.
Recordou dos bancos reservados a idosos, gestantes em
nossos ônibus e utilizados por jovens e crianças, sem
preocupação alguma.
Lembrou de poltronas de teatros e outros locais de
espetáculos tomadas quase de assalto, pelos mais ágeis,
em detrimento de pessoas com certas dificuldades de
locomoção.
Pensou em tantas coisas. Reflexionou. Ponderou...
E nós? Como agimos em nossas andanças pelas vias do
mundo? Somos dos que buscamos sempre os lugares mais
privilegiados, sem pensar nos outros?
Alguma vez pensamos em nos acomodar nas cadeiras do
centro do salão, quando vamos a uma conferência,
pensando que os que chegarem em cima da hora, ocuparão
as pontas, com maior facilidade?
Pensamos, alguma vez, em ceder a nossa vez no caixa do
supermercado a uma mãe com criança ou alguém que
expresse a sua necessidade de sair com maior rapidez?
Pensemos nisso. Mesmo porque, há pouco mais de dois
milênios, um Rei que se fez carpinteiro, ensinou
sabiamente: "quando fordes convidados a um banquete,
não vos assenteis nos primeiros lugares..."
O ensino vale para cada dia e situação das nossas vidas.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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...................................
Todos os dias o Mullah Nasrudin ia esmolar na feira, e as
pessoas adoravam vê-lo fazendo o papel de tolo, com o
seguinte truque:
Mostravam duas moedas, uma valendo dez vezes mais que a
outra. Nasrudin sempre escolhia a menor. A história correu
pelo condado.
Dia após dia, grupos de homens e mulheres mostravam as
duas moedas, e Nasrudin sempre ficava com a menor. Até
que apareceu um senhor generoso, cansado de ver Nasrudin
sendo ridicularizado daquela maneira. Chamando-o a um
canto da praça, disse:
Sempre que lhe oferecerem duas moedas, escolha a maior.
Assim terá mais dinheiro e não será considerado idiota pelos
outros.
Nasrudin lhe respondeu:
O senhor parece ter razão, mas se eu escolher a moeda
maior, as pessoas vão deixar de me oferecer dinheiro, para
provar que sou mais idiota que elas. O senhor não sabe
quanto dinheiro já ganhei, usando este truque.
E cheio de sabedoria acrescentou:
Não há nada de errado em se passar por tolo, se na verdade o
que você está fazendo é inteligente. Às vezes, é de muita
sabedoria se passar por tolo e é muito melhor passar por tolo
e ser inteligente do que ter inteligência e usar fazendo
tolices.
"Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que
dizem!"
......................
O que você faz quando está com dor de cabeça, ou quando
está chateado? Será que existe algum remédio para aliviar a
maioria dos problemas físicos e emocionais? Pois é, durante
muito tempo estivemos à procura de alguma coisa que nos
rejuvenescesse, que prolongasse nosso bom humor, que nos
protegesse contra doenças, que curasse nossa depressão e
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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que nos aliviasse do estresse. Sim, alguma coisa que
fortalecesse nossos laços afetivos e que, inclusive, nos
ajudasse a adormecer tranqüilos.
Encontramos! O remédio já havia sido descoberto e já estava
à nossa disposição. O mais impressionante de tudo é que
ainda por cima não custa nada. Aliás, custa sim, custa abrir
mão de um pouco de orgulho, um pouco de pretensão de ser
auto-suficiente, um pouco de vontade de viver do jeito que
queremos, sem depender dos outros.
É o abraço. O abraço é milagroso. É medicina realmente
muito forte. O abraço, como sinal de afetividade e de
carinho pode nos ajudar a viver mais tempo, proteger-nos
contra doenças, curar a depressão, fortificar os laços
afetivos.
O abraço é um excelente tônico. Hoje sabemos que a pessoa
deprimida é bem mais suscetível a doenças. O abraço
diminui a depressão e revigora o sistema imunológico. O
abraço injeta nova vida nos corpos cansados e fatigados, e a
pessoa abraçada sente-se mais jovem e vibrante. O uso
regular do abraço prolonga a vida e estimula a vontade de
viver.
Recentemente ouvimos a teoria muito interessante de uma
psicóloga americana, dizendo que você precisa de quatro
abraços por dia para sobreviver, oito abraços para manter-se
vivo e doze abraços por dia para prosperar. E o mais bonito
é que esse remédio não tem contra-indicação e não há
maneira de dá-lo sem ganhá-lo de volta.
Pense nisso!
Já há algum tempo temos visto, colado nos vidros de alguns
veículos, um adesivo muito simpático, dizendo: abrace mais!
Eis uma proposta nobre: abraçar mais. O contato físico do
abraço se faz necessário para que as trocas de energias se
dêem, e para que a afetividade entre duas pessoas seja
constantemente revitalizada.
O "abraçar mais" é um excelente começo para aqueles de
nós que nos percebemos um tanto afastados das pessoas, um
tanto frios no trato com os outros. Só quem já deu ou
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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recebeu um sincero abraço sabe o quanto este gesto,
aparentemente simples, consegue dizer.
Muitos pedidos de perdão foram traduzidos em abraços...
Muitos dizeres "eu te amo" foram convertidos em abraços.
Muitos sentimentos de saudade foram calados por abraços.
Muitas despedidas emocionadas selaram um amor sem fim
no aconchego de um abraço.
Assim, convidamos você a abraçar mais.
Doe seu abraço apertado para alguém, e receba
imediatamente a volta deste ato carinhoso.
Pense nisso! Abrace mais você também.
.............
Diz a lenda que existiu um velho que tudo sabia e tudo
adivinhava. Um dia, dois meninos resolveram pôr o sábio a
prova.
"Vamos levar um passarinho vivo, escondido na mão, e
perguntar a ele:
"Está vivo ou morto?".
Se disser "está morto", a gente solta o passarinho vivo.
Se o velho disser que está vivo, a gente esmaga o passarinho
na mão e mostra que ele errou.
Dito e feito.
"O que é que eu tenho na mão ?" Perguntou um dos garotos.
"Um passarinho." . Afirmou o sábio.
"Está vivo ou morto?".
O velho olhou o menino no fundo dos olhos e respondeu :
"A resposta está em suas mãos".
...................
Há muito tempo atrás, havia um mestre que vivia junto com
um grande número de discípulos em um templo arruinado.
Os discípulos sobreviviam através de esmolas e doações
conseguidas numa cidade próxima. Logo, muitos deles
começaram a reclamar sobre as péssimas condições em que
viviam. Em resposta, o velho mestre disse um dia: "Nós
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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devemos reformar as paredes do templo. Desde que nós
somente ocupamos o nosso tempo estudando e meditando,
não há tempo para que possamos trabalhar e arrecadar o
dinheiro que precisamos. Assim, eu pensei numa solução
simples".
Todos os estudantes se reuniam diante do mestre, ansiosos
em ouvir suas palavras. O mestre disse: "Cada um de vocês
deve ir para a cidade e roubar bens que poderão ser vendidos
para a arrecadação de dinheiro. Desta forma, nós seremos
capazes de fazer um boa reforma em nosso templo".
Os estudantes ficaram espantados por este tipo de sugestão
vir do sábio mestre. Mas, desde que todos tinham o maior
respeito por ele, não fizeram nenhum protesto. O mestre
disse logo a seguir, de modo bastante severo: "No sentido de
não manchar a nossa excelente reputação, por estarmos
cometendo atos ilegais e imorais, solicito que cometam o
roubo somente quando ninguém estiver olhando. Eu não
quero que ninguém seja pego".
Quando o mestre se afastou, os estudantes discutiram o
plano entre eles. "É errado roubar", disse um deles, "Por que
nosso mestre nos solicitou para cometermos este ato ?".
Outro respondeu em seguida, "Isto permitirá que possamos
reformar o nosso templo, na qual é uma boa causa". Assim,
todos concordaram que o mestre era sábio e justo e deveria
ter uma razão para fazer tal tipo de requisição. Logo,
partiram em direção a cidade, prometendo coletivamente que
eles não seriam pegos, para não causarem a desgraça para o
templo. "Sejam cuidadosos e não deixe que ninguém os veja
roubando", incentivavam uns aos outros.
Todos os estudantes, com exceção de um, foram para a
cidade. O sábio mestre se aproximou dele e perguntou-lhe:
"Por que você ficou para trás?".
O garoto respondeu: "Eu não posso seguir as suas instruções
para roubar onde ninguém esteja me vendo. Não importa
aonde eu vá, eu sempre estarei olhando para mim mesmo.
Meu próprios olhos irão me ver roubando". O sábio mestre
abraçou o garoto com um sorriso de alegria e disse: "Eu
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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somente estava testando a integridade dos meus estudantes e
você é o único que passou no teste!"
Após muitos anos, o garoto se tornou um grande mestre.
...........
Conta a lenda que uma jovem mariposa de corpo frágil e
alma sensível voava ao sabor do vento certa tarde, quando
viu uma estrela muito brilhante e se apaixonou.
Voltou imediatamente para casa, louca para contar à mãe
que havia descoberto o que era o amor, mas a mãe lhe disse
friamente: que bobagem! As estrelas não foram feitas para
que as mariposas possam voar em torno delas. Procure um
poste ou um abajur e se apaixone por algo assim; para isso
nós fomos criadas.
Decepcionada, a mariposa resolveu simplesmente ignorar o
comentário da mãe e permitiu-se ficar de novo alegre com a
sua descoberta e pensava: que maravilha poder sonhar!
Na noite seguinte, a estrela continuava no mesmo lugar, e
ela decidiu que iria subir até o céu, voar em torno daquela
luz radiante e demonstrar seu amor. Foi muito difícil ir além
da altura com a qual estava acostumada, mas conseguiu
subir alguns metros acima do seu vôo normal. Entendeu que,
se cada dia progredisse um pouquinho, iria terminar
chegando à estrela, então armou-se de paciência e começou
a tentar vencer a distância que a separava de seu amor.
Esperava com ansiedade que a noite descesse e, quando via
os primeiros raios da estrela, batia ansiosamente suas asas
em direção ao firmamento.
Sua mãe ficava cada vez mais furiosa e dizia: estou muito
decepcionada com a minha filha. Todas as suas irmãs e
primas já têm lindas queimaduras nas asas, provocadas por
lâmpadas! Você devia deixar de lado esses sonhos inúteis e
arranjar um amor que possa atingir.
A jovem mariposa, irritada porque ninguém respeitava o que
sentia, resolveu sair de casa. Mas, no fundo, como, aliás,
sempre acontece, ficou marcada pelas palavras da mãe e
achou que ela tinha razão.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
83
Por algum tempo, tentou esquecer a estrela, mas seu coração
não conseguia esquecer a estrela e, depois de ver que a vida
sem o seu verdadeiro amor não tinha sentido, resolveu
retomar sua caminhada em direção ao céu.
Noite após noite, tentava voar o mais alto possível, mas,
quando a manhã chegava, estava com o corpo gelado e a
alma mergulhada na tristeza. Entretanto, à medida que ia
ficando mais velha, passou a prestar atenção a tudo que via à
sua volta.
Lá do alto podia enxergar as cidades cheias de luzes, onde
provavelmente suas primas e irmãs já tinham encontrado um
amor. Mas, ao ver as montanhas, os oceanos e as nuvens que
mudavam de forma a cada minuto, a mariposa começou a
amar cada vez mais sua estrela, porque era ela quem a
empurrava para ver um mundo tão rico e tão lindo.
Muito tempo depois resolveu voltar à sua casa e aí soube
pelos vizinhos que sua mãe, suas irmãs e primas tinham
morrido queimadas nas lâmpadas e nas chamas das velas,
destruídas pelo amor que julgavam fácil.
A mariposa, embora jamais tenha conseguido chegar à sua
estrela, viveu muitos anos ainda, descobrindo que, às vezes,
os amores difíceis e impossíveis trazem muito mais alegrias
e benefícios que aqueles amores fáceis e que estão ao
alcance de nossas mãos.
Com esta lenda aprendemos duas coisas: valorizar o amor e
lutar pelos nossos sonhos, porque sabemos que é a
realização deles que nos faz feliz e lembremos:
O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de
sonhar, e correr o risco de viver seus sonhos.
...........
Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o
invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco...
Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o
homem dizia:
Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E
como se pode vender uma pessoa, um amigo ?
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
84
O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo. Numa
manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A
aldeia inteira se reuniu, e disseram:
Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria
roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça.
O velho disse:
- Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo
não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento. Se
se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque
este e apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai se
seguir ?
As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele
era um pouco louco. Mas, quinze dias depois, de repente,
numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele
havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera
uma dúzia de cavalos selvagens consigo.
Novamente, as pessoas se reuniram e disseram:
- Velho, você estava certo. Não se trata de uma desgraça, na
verdade provou ser uma benção.
O velho disse:
- Vocês estão se adiantando mais uma vez. Apenas digam
que o cavalo está de volta... quem sabe se e uma benção ou
não? Este e apenas um fragmento. Você lê uma única
palavra de uma sentença - como pode julgar todo o livro?
Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas
interiormente sabiam que ele estava errado. Doze lindos
cavalos tinham vindo...
O velho tinha um único filho, que começou a treinar os
cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu
de um cavalo e fraturou as pernas. As pessoas se reuniram e,
mais uma vez, julgaram. Elas disseram:
Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único
filho perdeu o uso das pernas, e na sua velhice ele era seu
único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca. O
velho disse:
Vocês estão obcecados por julgamento. Não se adiantem
tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma benção. A
vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado.
Aconteceu que, depois de algumas semanas, o pais entrou
em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forçados a se
alistar.
Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois
recuperava-se das fraturas. A cidade inteira estava chorando,
lamentando-se porque aquela era uma luta perdida e sabiam
que a maior parte dos jovens jamais voltaria.
Eles vieram até o velho e disseram:
Você tinha razão, velho - aquilo se revelou uma benção. Seu
filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos
filhos foram-se para sempre. O velho disse:
Vocês continuam julgando. Ninguém sabe ! Digam apenas
que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que
meu filho não foi. Mas somente Deus sabe se isso é uma
benção ou uma desgraça. Não julgue, porque dessa maneira
jamais se tornará um com a totalidade. Você ficará obcecado
com fragmentos, pulará para as conclusões a partir de coisas
pequenas.
Quando você julga você deixa de crescer. Julgamento
significa um estado mental estagnado. E a mente deseja
julgar, por estar em um processo que é sempre arriscado e
desconfortável. Na verdade, a jornada nunca chega ao fim.
Um caminho termina e outro começa: uma porta se fecha,
outra se abre. Você atinge um pico, sempre existirá um pico
mais alto. Aqueles que não julgam estão satisfeitos
simplesmente em viver o momento presente e de nele
crescer... somente eles são capazes de caminhar com Deus.
Na próxima vez que você for tirar alguma conclusão
apressada sobre um assunto ou sobre uma pessoa, lembre-se
desta mensagem.
.............
Quando eu era criança, por causa do meu caráter impulsivo,
tinha raiva de qualquer coisa. Na maioria das vezes, depois
desses incidentes me sentia envergonhada me esforçava para
consolar a quem eu tinha magoado.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Um dia , minha professora me viu pedindo desculpas, depois
de uma explosão de raiva e entregou-me uma folha de papel
lisa e disse:
Amasse-a!
Com medo, obedeci e fiz com ela uma bolinha. A professora
me disse novamente: agora deixe-a como estava antes.
Óbvio que não pude deixá-la como antes. Pôr mas que
tentasse, o papel continuava cheio de pregas.
A professora me disse: o coração das pessoas é como esse
papel. A impressão que neles deixamos será tão difícil de
apagar como esses amassados. Assim, aprendi a ser mas
compreensiva e mais paciente.
Quando sinto vontade de estourar, lembro daquele papel
amassado. A impressão que deixamos nas pessoas é
impossível de apagar. Quando magoamos alguém com
nossas ações ou com nossas palavras, logo queremos
consertar o erro, mas é tarde demais....
Alguém já me disse uma vez: "fale somente quando suas
palavras possam ser tão suave como o silêncio. Mas não
deixe de falar, por medo da reação do outro.
Acredite, principalmente em seus sentimentos!
Seremos sempre responsáveis pelos nossos atos.
..........
"Um viajante ia caminhando às margens de um grande rio.
Seu objetivo era chegar à outra margem. Suspirou
profundamente enquanto tentava fixar o olhar no horizonte.
A voz de um homem de idade, um barqueiro, quebrou o
silêncio, oferecendo-se para transportá-lo.
O pequeno barco envelhecido era provido de dois remos de
carvalho. Logo os seus olhos perceberam o que pareciam ser
letras em cada remo. Ao colocar os pés dentro do barco o
viajante observou que eram duas palavras. Num dos remos
estava escrito Acreditar e no outro Agir.
Curioso, o viajante perguntou a razão daquelas palavras nos
remos. O barqueiro então pegou o remo chamado Acreditar
e começou a remar. O barco começou a dar voltas sem sair
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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do lugar em que estava. Em seguida, pegou o remo chamado
Agir e começou a remar. Novamente o barco girou em
sentido oposto, sem ir adiante.
Finalmente o velho barqueiro, segurando os dois remos,
remou com eles simultaneamente, e o barco, então,
impulsionado por ambos os lados, navegou através das
águas, chegando ao outro lado do rio.
Então, o barqueiro disse ao viajante:
Este porto se chama autoconfiança. É preciso Acreditar e
também Agir para que possamos alcançá-lo".
...........
Conta-se que em uma ocasião, Cristóvão Colombo foi
convidado para um banquete onde lhe haviam designado,
como é natural, um posto de honra.
Um dos convidados era um cortesão que estava muito
enciumado com o grande descobridor. E quando teve a
oportunidade dirigiu-se a ele e lhe perguntou de uma forma
um tanto impertinente:
Se você não tivesse descoberto a América, por acaso não
existem outros homens na Espanha que poderiam fazê-lo?
Colombo preferiu não responder diretamente àquele homem.
Lhe propôs uma prova antológica:
"Levantou-se, pegou um ovo de galinha fresco e convidou a
todos os presentes que tentassem colocá-lo de forma que se
mantivesse em pé sobre um dos seus extremos".
A ocorrência teve bastante aceitação. Quase todos os
presentes entraram logo naquele jogo e tentaram um após o
outro, uns com mais, outros com menos convicção, ante o
olhar atento dos demais. Mas passava o tempo e ninguém
conseguia descobrir a maneira de conseguir que aquele ovo
danado mantivesse o equilíbrio.
Finalmente Colombo se pôs em pé, com ar solene, se
aproximou, pegou o ovo e o bateu levemente contra a
superfície da mesa até que quebrou um pouco da casca de
uma das pontas e graças a este pequeno achatamento o ovo
se manteve perfeitamente na posição vertical.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Claro que desta maneira qualquer um pode faze-lo! - objetou
um pouco alterado, o cortesão.
Sim qualquer um. Mas "qualquer um" ao que se lhe tivesse
ocorrido fazê-lo. E acrescentou: - "Uma vez eu mostrei o
caminho ao Novo Mundo", "qualquer um" poderá segui-lo.
Mas "alguém" teve antes que ter a idéia. E "alguém" teve
depois, que decidir-se a colocá-la em prática.
Esta velha e conhecida anedota tem ultrapassado os séculos
e levado a formar a expressão de "O Ovo de Colombo", para
referir-se a soluções aparentemente muito naturais, sim, mas
... "Alguém teria que ter pensado nelas, e alguém depois teve
que decidir-se a fazê-las".
Muitas transformações importantes nas pessoas, nas
empresas, nos clientes, no mundo do pensamento, ou na
sociedade em geral, tem sua origem em descobrimentos
naturais, simples, aos que "alguém" tem sabido tirar
proveito. Alguém que soube tirar partido do óbvio, a estas
verdades, às que todos teremos acesso.
E lembrem, apenas pessoas como vocês e nós, podem fazer
estas coisas simples, naturais.
..................
Um homem muito rico que resolveu viajar e então pegou seu
iate e saiu pelo mundo. Certo dia, chegou a uma ilha
maravilhosa, cheia de riachos, de água cristalina e
cachoeiras. Tinha também muitos tipos de arvores frutíferas
e muito peixe. O homem rico começou a andar pela ilha e
encontrou um homem deitado numa rede, olhando para
aquele mar muito azul.
Chegou bem perto do homem e puxou conversa:
- Muito bonito tudo por aqui...
- É...disse o homem, sem tirar os olhos daquele mar.
- Tem muito peixe nesse mar?
- É só jogar a rede e pegar quantos quiser.
- Por que você não pesca bastante?
- Para que?
- Ora, você pega um montão de peixes e vende.
- Para que?
- Com o dinheiro destes peixes, você compra uma canoa
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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maior, vai mais no fundo e pega mais peixe ainda.
- Para que?
- Com o dinheiro você compra mais um barco, pega mais
peixe e ganha mais dinheiro.
- Para que?
- Você vai juntando, cada vez mais dinheiro, compra cada
vez mais barcos, ate chegar uma dia em que você terá uma
industria de pesca.
- Para que?
- Ora, meu homem, você então será um homem poderoso,
um homem rico, terá tudo que quiser, tudo o que sonhar,
poderá comprar um iate como o meu, poderá comprar uma
ilha como esta e então ficar o resto da vida descansando,
sem preocupações...
- E o que é que eu estou fazendo agora?
............
Um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, quando
passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo
arrastado pelas águas.
O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e
tomou o bichinho na mão.
Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à
dor, o homem deixou-o cair novamente no rio. Foi então à
margem, tomou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a
correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o
salvou.
Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na estrada .
Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e
penalizados.
- Mestre deve estar muito doente! Porque foi salvar esse
bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos!
Veja como ele respondeu à sua ajuda, picou a mão que o
salvara! Não merecia sua compaixão!
O monge ouviu tranqüilamente os comentários e respondeu:
- Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a
minha.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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................
O velho estava cuidando da planta com todo o carinho.
O jovem aproximou-se e perguntou:
Que planta é esta que o senhor está cuidando?
É uma jabuticabeira, respondeu o velho.
E ela demora quanto tempo para dar frutos?
Pelo menos uns quinze anos, informou o velho
E o senhor espera viver tanto tempo assim? - indagou,
irônico, o rapaz.
Não, não creio que viva mais tempo, pois já estou no fim da
minha jornada, disse o ancião.
- Então, que vantagem você leva com isso, meu velho?
Nenhuma, exceto a vantagem de saber que ninguém colheria
jabuticabas, se todos pensassem como você...
"Não importa se teremos tempo suficiente para ver mudadas
as coisas e pessoas pelas quais lutamos, mas sim, que
façamos a nossa parte, de modo que tudo se transforme a seu
tempo."
...................
Dono de um pequeno comércio, amigo de um grande poeta,
abordou-o na rua:
Sr. poeta, estou precisando vender o meu sítio que o senhor
tão bem conhece. Será que o senhor poderia redigir o
anúncio para o jornal?
poeta apanhou o papel e escreveu:
"Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os
pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por
cristalinas águas de um ribeirão. A casa banhada pelo sol
nascente oferece a sombra tranqüila das tardes na varanda".
Meses depois topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se
havia vendido o sítio.
Nem pense mais nisso, disse o homem. Quando li o anúncio
é que percebi a maravilha que tinha!
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
91
Às vezes, não descobrimos as coisas boas que temos
conosco e vamos longe atrás da miragem de falsos tesouros.
Valorize o que você tem... as pessoas que estão perto de
você... esse é o seu verdadeiro tesouro.
.................
O ancião descansava sentado em um velho banco à sombra
de uma árvore, quando foi abordado pelo motorista de um
automóvel que estacionou a seu lado:
- Bom dia !
- Bom dia ! Respondeu o ancião.
- O senhor mora aqui ?
- Sim, há muitos anos...
- Venho de mudança e gostaria de saber como é o povo
daqui.
Como o senhor vive aqui há tanto tempo deve conhecê-lo
muito bem.
- É verdade, falou o ancião. Mas por favor me fale antes da
cidade de onde vem.
- Ah ! É ótima. Maravilhosa ! Gente boa, fraterna... Fiz lá
muitos amigos.
Só a deixei por imperativos da profissão.
- Pois bem, meu filho. Esta cidade é exatamente igual. Vai
gostar daqui.
O forasteiro agradeceu e partiu.
Minutos depois apareceu outro motorista e também se
dirigiu ao ancião :
- Estou chegando para morar aqui. O que me diz do lugar ?
O ancião, lançou-lhe a mesma pergunta :
- Como é a cidade de onde vem ?
- Horrível ! Povo orgulhoso, cheio de preconceitos,
arrogante !
Não fiz um único amigo naquele lugar horroroso !
- Sinto muito, meu filho, pois aqui você encontrará o mesmo
ambiente...
Todos vemos no mundo e nas pessoas algo do que somos, do
que pensamos, de nossa maneira de ser.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Se somos nervosos, agressivos ou pessimistas, veremos tudo
pela ótica de nossas tendências, imaginando conviver com
gente assim.
Em outras palavras, o mundo tem a cor que lhe damos
através das nossas lentes.
..............
Você já escutou o som de uma plantinha quando cresce?
Já ouviu o som de uma flor que se abre à luz do sol? Escutou
o som da sombra da noite, quando envolve a terra na sua
escuridão? Já sentiu a leveza da aurora quando, ao
amanhecer, pousa sobre o mundo a sua luz?
Se você ainda não se deu tempo para escutar a natureza...
Ao menos captou o movimento de sua mente quando se abre
para a compreensão de uma palavra? Já percebeu a beleza de
uma expressão carinhosa, quando desliza da mente até o
coração?
É possível que toda esta realidade já esteja envolvendo sua
vida. Pode ser também que você ainda não tenha
desenvolvido tal sensibilidade... para crer sem ver.
Assim é no plano da fé. É a fé que nos faz ver o invisível e
experimentar a sua realidade: Deus ama você. Ele enviou
seu filho Jesus para indicar-lhe o caminho da salvação. Jesus
deu sua vida para que ninguém permanecesse na morte.
Com sua ressurreição revelou e nos trouxe aquela vida nova
que, no profundo de seu coração, você deseja viver. Cada
dia de sua vida sintonize o que Jesus fez por você! Descubra
a beleza da fé... agarre a força da esperança... sintonize o
sentido profundo desta vida nova...
E corra... Para testemunhar a outros esta maravilha!
Jesus é paz, mansidão,sorriso sincero, alegria, carinho, luz....
Amor!!!
..................
Uma família de tartarugas decidiu sair para um piquenique.
As tartarugas, sendo naturalmente lentas, levaram sete anos
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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para prepararem-se para seu passeio.
Finalmente a família de tartarugas saiu de casa para procurar
um lugar apropriado. Durante o segundo ano da viagem
encontraram um lugar
ideal!
Por aproximadamente seis meses limparam a área,
desembalaram a cesta de piquenique e terminaram os
arranjos.
Então descobriram que tinham esquecido o sal. Um
piquenique sem sal seria um desastre, todas concordaram.
Após uma longa discussão, a tartaruga mais nova foi
escolhida para voltar em casa e pegar o sal, pois era a mais
rápida das tartarugas. A pequena tartaruga lamentou, chorou,
e esperneou. Concordou em ir, mas com uma condição: que
ninguém comeria até que ela retornasse. A família consentiu
e a pequena tartaruga saiu.
Três anos se passaram e a pequena tartaruga não tinha
retornado.
Cinco anos... Seis anos... Então, no sétimo ano de sua
ausência, a tartaruga mais velha não agüentava mais conter
sua fome. Anunciou que ia comer e começou a desembalar
um sanduíche.
Nesta hora, a pequena tartaruga saiu de trás de uma árvore e
gritou: - Viu!
Eu sabia que vocês não iam me esperar. Agora que eu não
vou mesmo buscar o sal.
Descontando os exageros da estória, na nossa vida as coisas
acontecem mais ou menos da mesma forma. Nós
desperdiçamos nosso tempo esperando que as pessoas vivam
à altura de nossas expectativas. Ficamos tão preocupados
com o que os outros estão fazendo que deixamos de fazer
nossas próprias coisas.
Um dia um homem recebeu a notícia de que acabara de ser
nomeado mandarim.
Ficou tão eufórico que quase não se conteve:
Serei um grande homem agora - disse a um amigo - Preciso
de roupas novas imediatamente, roupas que façam jus à
minha nova posição na vida.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Conheço o alfaiate perfeito para você - replicou o amigo - É
um velho sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito.
Vou lhe dar o endereço.
E o novo mandarim foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou
suas medidas.
Depois de guardar a fita métrica, o homem disse:
Há mais uma informação que preciso Ter. Há quanto tempo
o senhor é mandarim???
Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu manto?? perguntou o cliente surpreso.
Não posso fazê-lo sem obter esta informação, senhor. É que
um mandarim recém-nomeado fica tão deslumbrado com o
cargo que mantém a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o
peito.
Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a
de trás. Ano mais tarde, quando está ocupado com o seu
trabalho e os transtornos advindos da experiência o tornam
sensato, e olha adiante para ver o que vem em sua direção e
o que precise ser feito a seguir, aí então eu costuro o manto
de modo que a parte da frente e a de trás tenham o mesmo
comprimento.
E mais tarde, depois que o senhor está curvado pela idade e
pelos anos de trabalho cansativo, sem mencionar a
humildade adquirida através de uma vida de esforços, então
faço o manto de modo que as costas fiquem mais longas que
a frente.
Portanto, tenho que saber se há quanto tempo o senhor está
no cargo para que a roupa lhe assente apropriadamente.
O novo mandarim saiu da loja pensando menos no manto e
mais no motivo que levara seu amigo a mandá-lo procurar
exatamente aquele alfaiate.
.................
Um discípulo e seu mestre estavam sentados à sombra de
uma figueira.
O mestre perguntou ao discípulo :
- Que coisa o perturba, meu filho ?
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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- Ainda bem que perguntas, ó mestre.
Sinto que é chegado o momento de eu partir à procura de
minha alma gêmea, aquela que haverá de ser minha parceira
perfeita, a mais linda mulher do Universo.
O mestre disse :
- Assim seja, meu filho, mas lembra-te : quando tua busca
terminar, volta aqui com ela.
- Sem dúvida, mestre. Decerto será assim.
Muitos anos depois, o discípulo regressou, sozinho e
desanimado.
Quando se encontraram, o mestre o acolheu calorosamente e
perguntou-lhe sobre a sua busca :
- Encontraste aquela que procuravas ?
- Sim, querido mestre, encontrei. Encontrei aquela com
quem sonhava.
Era na verdade uma perfeição de sonho, era a mulher
perfeita...
- Bem, filho, onde está ela ?
- Ah, mestre, que tristeza !
Ela estava à procura do homem perfeito !!!
............
Diz a lenda que, certa vez, um homem caminhava pela praia
numa noite de lua cheia.
Pensava desta forma :
"Se tivesse uma casa grande, seria feliz".
“Se tivesse um excelente trabalho, seria feliz”.
"Se tivesse uma companheira perfeita, seria feliz".
Nesse momento, tropeçou com uma sacolinha cheia de
pedras e começou a jogá-las, uma a uma, no mar, a cada vez
que dizia :
"seria feliz se tivesse..."
Assim o fez até que a sacolinha ficou com uma só pedrinha,
que decidiu guardá-la.
Ao chegar em casa, percebeu que aquela pedrinha tratava-se
de um diamante muito valioso.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Você imaginou quantos diamantes jogou no mar, sem parar
para pensar ?
Quantos de nós vivemos jogando fora nossos preciosos
tesouros por estar esperando o que acreditamos ser perfeito
ou sonhando e desejando o que não temos, sem dar valor ao
que temos perto de nossas mãos ?
Olhe ao seu redor e, se você parar para observar, perceberás
quão afortunado você é.
Muito perto de ti está tua felicidade.
Observe a pedrinha, que pode ser um diamante valioso.
Cada um de nossos dias pode ser considerado um diamante
preciso e insubstituível.
Depende de nós aproveitá-lo ou lançá-lo ao mar do
esquecimento para nunca mais recuperá-lo.
.............
Uma mãe e a sua filha estavam a caminhar pela praia. Num
certo ponto, a menina disse:
- Como se faz para manter um amor ?
A mãe olhou para a filha e respondeu :
- Pega num pouco de areia e fecha a mão com força...
A menina assim fez e reparou que quanto mais forte
apertava a areia com a mão com mais velocidade a areia se
escapava.
Mamãe, mas assim a areia cai !!!
Eu sei, agora abre completamente a mão...
A menina assim fez mas veio um vento forte e levou consigo
a areia que restava na sua mão.
Assim também não consigo mantê-la na minha mão !
A mãe, sempre a sorrir disse-lhe :
- Agora pega outra vez num pouco de areia e mantenha na
mão semi-aberta como se fosse uma colher...
bastante fechada para protegê-la e bastante aberta para lhe
dar liberdade.
A menina experimenta e vê que a areia não se escapa da mão
e está protegida do vento.
É assim que se faz durar um amor...
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
97
.............
Uma vez um homem estava sendo perseguido por vários
malfeitores que queriam matá-lo.
O homem, correndo, virou em um atalho que saía da estrada
e entrava pelo meio do mato e, no desespero, elevou uma
oração a Deus da seguinte maneira :
"Deus Todo Poderoso fazei com que dois anjos venham do
céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me
matem !!!"
Nesse momento escutou que os homens se aproximavam da
trilha onde ele se escondia e viu que na entrada da trilha
apareceu uma minúscula aranha.
A aranha começou a tecer uma teia na entrada da trilha.
O homem se pôs a fazer outra oração cada vez mais
angustiado :
"Senhor, eu vos pedi anjos, não uma aranha."
"Senhor, por favor, com tua mão poderosa coloca um muro
forte na entrada desta trilha, para que os homens não possam
entrar e me matar..."
Abriu os olhos esperando ver um muro tapando a entrada e
viu apenas a aranha tecendo a teia.
Estavam os malfeitores entrando na trilha, na qual ele se
encontrava esperando apenas a morte.
Quando passaram em frente da trilha o homem escutou :
"Vamos, entremos nesta trilha !"
"Não, não está vendo que tem até teia de aranha !? Nada
entrou por aqui.
Continuemos procurando nas próximas trilhas".
Fé é crer no que não se vê, é perseverar diante do
impossível.
Às vezes pedimos muros para estarmos seguros, mas Deus,
como sempre, em sua sabedoria e bondade infinita, dá a cada
ser, tão só o que é necessário para sua subsistência, e
somente espera que tenhamos confiança n'Ele para Seu
Poder, Glória e Proteção se manifeste de forma justa e
perfeita.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
98
Faça você, algo como uma teia, que nos dá a mesma
proteção de uma muralha.
Que nesta nova semana possamos entender as coisas de
Deus e o que Ele tem feito em nossas vidas !!!
.................
Em agosto de 1918, um saveiro estava sendo puxado por um
rebocador, no Rio Niágara, quando o cabo arrebentou.
As fortes correntezas logo conduziram o barco em direção às
cataratas.
Quando estava para cair, o barco encalhou em algumas
rochas bem acima das quedas.
Os dois homens que estavam a bordo foram salvos apenas
no dia seguinte.
Eles passaram uma noite de tensão pois esperavam, a
qualquer momento, despencar para a morte.
Isso aconteceu faz quase noventa anos e a velha barcaça
continua lá, no mesmo lugar, até hoje.
Jamais aconteceu a queda prevista.
Os dois homens se preocuparam por nada.
A esperada queda do barco, que trouxe ansiedade e
desespero aos dois homens, não aconteceu...
Da mesma forma, a maioria dos problemas que tiram nossa
paz e alegria, também não nos atingirão.
A preocupação é como um barco encalhado nas pedras.
Ela nunca levará você a lugar algum !
período. Contudo, uma coisa lhe veio à mente: "Onde estão
os reis anteriores?"
Logo ele descobriu que ao final daquele tempo não haveria
competição com outro rei. Simplesmente, como os demais,
seria colocado em uma ilha deserta onde sofreria até à
morte. É claro que ele não gostou nem um pouco desta parte.
Tomou uma decisão e começou a elaborar sua estratégia. Ele
escolheu uma ilha de seu agrado e convocou carpinteiros
para construírem barcos. Em seguida conclamou fazendeiros
para que fossem até aquela ilha e plantassem todo tipo de
árvores frutíferas e outras lavouras. Enviou pedreiros e
carpinteiros para edificarem casas onde poderia estar
abrigado. Finalmente enviou alimentos e pessoas que sabiam
confeccionar roupas. No final de seu ano como rei, ele tinha
uma bela ilha, bem equipada, onde poderia viver para
sempre.
Temos, muitas vezes, estado tão satisfeitos com nossa
aparente prosperidade que não atentamos para o fato de que
um dia tudo isso será deixado para trás e que teremos de
viver em outro lugar. Dizemos que o importante é gozar a
vida agora e que, mais tarde, poderemos nos preocupar com
isso. E se não houver tempo?
Deus nos colocou nesta terra apenas por um período. Muito
em breve teremos de deixá-la. E para onde iremos? De que
forma ali viveremos? Temos investido na construção de
nossa morada na eternidade?
..................................
..........
Certo marinheiro, tendo naufragado, foi levado pelas ondas
até uma ilha desconhecida. Muito cansado, adormeceu junto
à praia. Ao acordar, viu-se carregado nos ombros por grande
número de nativos que o colocaram em um rústico trono.
Sem entender, ele começou a perguntar o que estava
acontecendo. A resposta dos nativos foi:
"Você será o rei desta ilha durante um ano." Ele gostou
muito da idéia. Poderia ter tudo o que quisesse nesse
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
99
Um casal, recém casados, mudou-se para um bairro muito
tranqüilo.
Na primeira manhã que passavam na casa, enquanto
tomavam café, a mulher reparou através da janela em uma
vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o
marido:
Que lençóis sujos ela está pendurando no varal!
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
100
Provavelmente está precisando de um sabão novo. Se eu
tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a
lavar as roupas!
O marido observou calado.
Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a
vizinha pendurava lençóis no varal e a mulher comentou
com o marido:
Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu
tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a
lavar as roupas!
E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu
discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal.
Passado um mês a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis
brancos, alvissimamente brancos, sendo estendidos, e
empolgada foi dizer ao marido:
Veja ! Ela aprendeu a lavar as roupas, será que a outra
vizinha ensinou !? Porque , não fui eu que a ensinei.
O marido calmamente respondeu:
Não, é que hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da
nossa janela!
E assim é.
Tudo depende da janela através da qual observamos os fatos.
Antes de criticar, verifique se você fez alguma coisa para
contribuir; verifique seus próprios defeitos e limitações.
Devemos olhar, antes de tudo, para nossa própria casa, para
dentro de nós mesmos.
Só assim poderemos ter real noção do real valor de nossos
amigos.
Lave sua vidraça.
Abra sua janela.
"Tire primeiro a trave do seu olho, e então verás claramente
para tirar o cisco do olho do teu irmão" (Mateus 7:5)
Deus te abençoe !
...............
dificuldades, possuía alguns cavalos para ajudar nos
trabalhos em sua pequena fazenda.
Um dia, seu capataz veio trazer a notícia de que um dos
cavalos havia caído num velho poço abandonado.
O poço era muito profundo e seria extremamente difícil tirar
o cavalo de lá. O fazendeiro foi rapidamente até o local do
acidente, avaliou a situação, certificando-se que o animal
não se havia machucado.
Mas, pela dificuldade e alto custo para retirá-lo do fundo do
poço, achou que não valia a pena investir na operação de
resgate.
Tomou, então, a difícil decisão: determinou ao capataz que
sacrificasse o animal jogando terra no poço até enterrá-lo, ali
mesmo.
E assim foi feito: os empregados, comandados pelo capataz,
começaram a lançar terra para dentro do buraco de forma a
cobrir o cavalo.
Mas, à medida que a terra caía em seu dorso, os animal a
sacudia e ela ia se acumulando no fundo, possibilitando ao
cavalo ir subindo.
Logo os homens perceberam que o cavalo não se deixava
enterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a
terra enchia o poço, até que, finalmente, conseguir sair.
Sabendo do caso, o fazendeiro ficou muito satisfeito e o
cavalo viveu ainda muitos anos servindo, fielmente, a seu
dono na fazenda.
Se você estiver "lá embaixo", sentindo-se pouco valorizado,
quando, certos de seu "desaparecimento", os outros jogarem
sobre você a "terra da incompreensão, da falta de
oportunidade e de apoio", lembre-se desta história.
Não aceite a terra que jogaram sobre você, sacuda-a e suba
sobre ela.
E quanto mais jogarem, mais você vai subindo... subindo...
subindo ...
Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía
alguns cavalos para ajudar nos trabalhos em sua pequena
fazenda. Um fazendeiro, que lutava com muitas
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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.........
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Esta é a historia de um menino que tinha um mau caráter.
Seu pai lhe deu um saco de pregos e lhe disse que cada vez
que perder a paciência, ele deveria pregar um prego atrás da
porta.
No primeiro dia, o menino pregou 37 pregos atrás da porta.
As semanas que seguiram, a medida que ele aprendia a
controlar seu gênio, pregava cada vez menos pregos atrás da
porta. Com o tempo descobriu que era mais fácil controlar
seu gênio que pregar pregos atrás da porta.
Chegou o dia em que pode controlar seu caráter durante todo
o dia.
Depois de informar a seu pai, este lhe sugeriu que retirasse
um prego a cada dia que conseguisse controlar seu caráter.
Os dias se passaram e o jovem pode finalmente anunciar a
seu pai que não havia mais pregos atrás da porta.
Seu pai o pegou pela mão, o levou até a porta e lhe disse:
Meu filho, vejo que tens trabalhado duro, mas veja todos
estes buracos na porta. Nunca mais será a mesma.
Cada vez que tu perdes a paciência, deixa cicatrizes
exatamente como as que vê aqui. Tu podes insultar alguém e
retirar o insulto, mas dependendo da maneira como fala
poderá ser devastador e a cicatriz ficará para sempre. Uma
ofensa verbal pode ser tão daninha como uma ofensa física.
Os amigos são jóias preciosas. Nos fazem rir e nos animam a
seguir adiante. Nos escutam com atenção e sempre estão
prontos a abrir seu coração.
................
Certa vez, em uma cidade do interior de Minas, um padeiro
foi ao delegado e deu queixas do vendedor de queijos que
segundo ele estava roubando, pois vendia 800 gramas de
queijo e dizia estar vendendo 1 quilo.
O delegado pegou o queijo de 1 quilo e constatou que só
pesava 800 gramas e mandou então prender o vendedor de
queijos sob a acusação de estar fraudando a balança.
O vendedor de queijos ao ser notificado da acusação,
confessou ao delegado que não tinha peso em casa e por
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
103
isso, todos os dias comprava dois pães de meio quilo cada,
colocava os pães em um prato da balança e o queijo em
outro e quando o fiel da balança se equilibrava ele então
sabia que tinha um quilo de queijo.
O delegado para tirar a prova mandou comprar dois pães na
padaria do acusador e pode constatar que dois pães de meio
quilo se equivaliam a um quilo de queijo. Concluiu o
delegado que quem estava fraudando a balança era o mesmo
que estava acusando o vendedor de queijos.
Nós somos um pouco assim e muitas vezes acusamos os
outros de nossos próprios vícios.
....................................
Um casal de jovens recém casados, muito pobre, vivia de
favores num sítio do interior.
Um dia o marido fez a seguinte proposta para a esposa:
Querida, eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe,
arrumar um emprego e trabalhar até ter condições para
voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável.
Não sei quanto tempo vou ficar longe, mas só te peço uma
coisa: que você me espere e, enquanto eu estiver fora, seja
fiel a mim, pois eu serei fiel a você.
Assim sendo, o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que
encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém
para ajudá-lo.
O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi
aceito.
Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi
aceito.
O rapaz pediu o seguinte:
Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e,quando eu
achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas
obrigações.
Eu não quero receber o meu salário agora. Peço que o senhor
o coloque na poupança até o dia em que eu for embora. No
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
104
dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o
meu caminho.
Tudo combinado, o jovem trabalhou durante vinte anos, sem
férias e sem descanso. Depois, chegou para o patrão e disse:
Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a
minha casa.
O patrão então lhe respondeu:
Tudo bem, afinal, fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que
antes quero lhe fazer uma proposta: eu lhe dou o seu
dinheiro e você vai embora, ou então lhe dou três conselhos
e não lhe dou o dinheiro e você vai embora.
Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos, se eu
lhe der os conselhos, eu não lhe dou o dinheiro.
Vá para o seu quarto, pense e depois me dê a resposta.
Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe:
Quero os três conselhos.
O patrão novamente frisou:
Se eu lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro.
E o empregado respondeu:
Quero os conselhos.
O patrão então lhe falou:
Conselho 1: “nunca tome atalhos em sua vida”.
Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua
vida.
Conselho 2: nunca seja curioso para aquilo que é mal,
pois a curiosidade para o mal pode ser mortal.
Conselho 3: nunca tome decisões em momentos de ódio ou
de dor, pois você pode se arrepender e ser tarde demais.
Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não
era tão jovem assim:
Aqui você tem três pães: dois para comer durante a viagem e
o terceiro é para comer com sua esposa quando chegar à sua
casa.
O homem então seguiu seu caminho de volta, depois de
vinte anos longe de casa e da esposa que tanto amava.
Após o primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que
o cumprimentou e lhe perguntou:
Para onde você vai?
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
105
Ele respondeu:
Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte
dias de caminhada por essa estrada.
O andarilho disse-lhe então:
Rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho
que é dez, você chega em poucos dias.
O rapaz, contente, começou a seguir pelo atalho,quando
lembrou do primeiro conselho. Então,voltou e seguiu o
caminho normal. Dias depois, soube que o atalho levava a
uma emboscada.
Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo,
achou uma pensão à beira da estrada, onde pôde hospedarse.
De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor.
Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para ir até o
local do grito. Quando estava abrindo a porta, lembrou-se do
segundo conselho. Voltou, deitou- se e dormiu.
Ao amanhecer, após tomar café, o dono da hospedagem
perguntou-lhe se ele não havia ouvido um grito, e ele disse
que sim.
E o hospedeiro:
E você não ficou curioso?
Ele disse que não. No que o hospedeiro respondeu:
Você é o primeiro hóspede a sair daqui com vida, pois meu
filho tem crises de loucura, grita durante a noite e, quando o
hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal.
Depois disso, o rapaz prosseguiu na sua longa jornada,
ansioso por chegar à sua casa. Depois de muitos dias e noites
de caminhada, já ao entardecer, viu entre as árvores a
fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre os arbustos a
silhueta de sua esposa.
Estava anoitecendo, mas ele pôde ver que ela não estava só.
Andou mais um pouco e viu que ela retinha entre as pernas
um homem a quem acariciava os cabelos. Quando viu a
cena,seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se
a correr de encontro aos dois e matá-los.
Respirou fundo, apressou os passos,quando lembrou-se do
terceiro conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir ali
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
106
mesmo naquela noite,e no dia seguinte tomar uma decisão.
Ao amanhecer,já com a cabeça fria, disse:
Não vou matar minha esposa e nem o seu amante.
Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de
volta.
Só que, antes, quero dizer à minha esposa que eu sempre lhe
fui fiel.
Dirigiu-se à porta da casa e bateu.
Quando a esposa abriu a porta, reconheceu-o imediatamente,
atirou-se em seu pescoço e abraçou-o afetuosamente.
Ele tentou afastá-la, mas não conseguiu.
Então, com as lágrimas nos olhos, disse-lhe:
Eu fui fiel a você e você me traiu...
Ela, espantada, respondeu:
Como? Eu nunca lhe traí, esperei durante esses vintes anos.
Ele então lhe perguntou:
E aquele homem que você estava acariciando ontem, ao
entardecer?
Ela lhe respondeu:
Aquele homem é nosso filho.
Quando você foi embora, descobri que estava grávida.
Hoje ele está com vinte anos.
Então o marido entrou, conheceu,abraçou o filho e contoulhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o seu
café.
Sentaram-se para comer juntos o último pão.
Ele então parte o pão e, ao abri-lo, encontra todo o seu
dinheiro - o pagamento por seus vinte anos de dedicação!
Muitas vezes achamos que o atalho "queima etapas" e nos
faz chegar mais rápido, o que nem sempre é verdade.
Muitas vezes somos curiosos, queremos saber de coisas que
nem ao menos nos dizem respeito e que nada de bom nos
acrescentará.
Outras vezes agimos por impulso, na hora da raiva,e
fatalmente nos arrependemos depois.
Ouve o conselho e recebe a instrução, para que sejas sábio.
(Provérbios 19:20)
..........................
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
107
Existiu um lenhador que acordava às 6 da manhã e
trabalhava o dia inteiro cortando lenha, e só parava tarde da
noite.
Esse lenhador tinha um filho, lindo, de poucos meses e uma
raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua
total confiança.
Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa
cuidando de seu filho. Todas as noites ao retornar do
trabalho, a raposa ficava feliz com sua chegada. Os vizinhos
do lenhador alertavam que a raposa era um bicho, um animal
selvagem; e portanto, não era confiável.
Quando ela sentisse fome comeria a criança.
O lenhador sempre retrucando com os vizinhos falava que
isso era uma grande bobagem. A raposa era sua amiga e
jamais faria isso.
Os vizinhos insistiam:
- "Lenhador abra os olhos! A raposa vai comer seu filho."
- "Quando sentir fome comerá seu filho!”
Um dia, o lenhador muito exausto do trabalho e muito
cansado desses comentários - ao chegar a casa viu a raposa
sorrindo como sempre e sua boca totalmente
ensangüentada... O lenhador suou frio e sem pensar duas
vezes acertou o machado na cabeça da raposa...
Ao entrar no quarto desesperado, encontrou seu filho no
berço dormindo tranqüilamente e ao lado do berço uma
cobra morta...
O lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.
Se você confia em alguém e já orou e perguntou a Deus
sobre isto e Ele confirmou, não importa o que os outros
pensem a respeito e siga sempre o que diz seu coração, pois
é lá que o Senhor vai falar e lhe mostrar. Não se deixe
influenciar...
.................
Na Romênia , um homem dizia sempre a seu filho:
Haja o que houver, eu sempre estarei a seu lado.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
108
Houve, nesta época um terremoto de intensidade muito
grande, que quase arrasou as construções lá existentes nesta
época.
Estava nesta hora este homem em uma estrada. Ao ver o
ocorrido, correu para casa e verificou que sua esposa estava
bem, mas seu filho nesta hora estava na escola.
Foi imediatamente para lá. E a encontrou totalmente
destruída. Não restou, uma única parede de pé...
Tomado de uma enorme tristeza. Ficou ali ouvindo, a voz
feliz de seu filho e sua promessa (não cumprida).
Haja o que houver : eu estarei sempre a seu lado.
Seu coração estava apertado e sua vista apenas enxergava a
destruição. A voz de seu filho e sua promessa não cumprida,
o dilaceravam. Mentalmente percorreu inúmeras vezes o
trajeto que fazia diariamente segurando sua mãozinha. O
portão (que não mais existia) ; Corredor... Olhava as
paredes, aquele rostinho confiante. Passava pela sala do 3º
ano, virava o corredor e o olhava ao entrar .
Até que resolveu fazer em cima dos escombros, o mesmo
trajeto. Portão... Corredor... Virou a direita... E parou em
frente ao que deveria ser a porta da sala. Nada! Apenas uma
pilha de material destruído. Nem ao menos um pedaço de
alguma coisa que lembrasse a classe Olhava tudo desolado.
E continuava a ouvir sua promessa Haja o que houver, eu
sempre estarei com você. E ele não estava...
Começou a cavar com as mãos. Nisto chegaram outros pais,
que embora bem intencionados, e também desolados,
tentavam afastá-lo de lá dizendo:
Vá para casa. Não adianta, não sobrou ninguém. - Vá para
casa.
Ao que ele retrucava:
Você vai me ajudar? Mas ninguém o ajudava, e pouco a
pouco, todos se afastavam. Chegaram os policiais, que
também tentaram retirá-lo dali, pois viam que não havia
chance de ter sobrado ninguém com vida. Haviam outros
locais com mais esperança.
Mas este homem não esquecia sua promessa ao filho, a
única coisa que dizia. para as pessoas que tentavam retirá-lo
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
109
de lá era : - Você vai me ajudar ? Mas eles também o
abandonavam.
Chegaram os bombeiros, e foi a mesma coisa.
Saia daí, não está vendo que não pode ter sobrado ninguém
vivo? Você ainda vai por em risco a vida de pessoas que
queiram te ajudar pois continuam havendo explosões e
incêndios.
Ele retrucava : - Você vai me ajudar?
Você esta cego pela dor não enxerga mais nada. Ou então é
a raiva da desgraça.
Você vai me ajudar? Um a um todos se afastavam Ele
trabalhou quase sem descanso, apenas com pequenos
intervalos , mas não se afastava dali. 5 - 10 – 12 – 22 – 24 30 horas. Já exausto, dizia a si mesmo que precisava saber se
seu filho estava vivo ou morto. Até que ao afastar uma
enorme pedra, sempre chamando pelo filho, ouviu:
Pai ...estou aqui!
Feliz fazia mais força para abrir um vão maior e perguntou:
Você esta bem?
Estou. Mas com sede, fome e muito medo.
Tem mais alguém com você?
Sim, dos 36 da classe 14 estão comigo, estamos presos em
um vão entre dois pilares. Estamos todos bem.
Apenas conseguia se ouvir seus gritos de alegria .
Pai, eu falei a eles: Vocês podem ficar sossegados, pois meu
pai irá nos achar. Eles não acreditavam, mas eu dizia a toda
hora ... Haja o que houver, meu pai, estará sempre a meu
lado.
Vamos, abaixe-se e tente sair por este buraco .
Não! Deixe eles saírem primeiro... Eu sei ; que haja o que
houver... Você estará me esperando!
(Esta história é verídica)
.....................
Um homem investe tudo o que tem numa pequena oficina.
Trabalha dia e noite, inclusive dormindo na própria oficina.
Para poder continuar nos negócios, empenha as próprias
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
110
jóias da esposa. Quando apresentou o resultado final de seu
trabalho a uma grande empresa, dizem-lhe que seu produto
não atende ao padrão de qualidade exigido. O homem
desiste ?
Não ! Volta à escola por mais dois anos, sendo vítima da
maior gozação dos seus colegas e de alguns professores que
o chamavam de "visionário". O homem fica chateado ? Não
!
Após dois anos, a empresa que o recusou finalmente fecha
contrato com ele.
Durante a guerra, sua fábrica é bombardeada duas vezes,
sendo que grande parte dela é destruída. O homem se
desespera e desiste ? Não ! Reconstrói sua fábrica, mas um
terremoto novamente a arrasa. Essa é a gota d'água e o
homem desiste ? Não !
Imediatamente após a guerra segue-se uma grande escassez
de gasolina em todo o país e este homem não pode sair de
automóvel nem para comprar comida para a família. Ele
entra em pânico e desiste ? Não ! Criativo, ele adapta um
pequeno motor à sua bicicleta e sai às ruas. Os vizinhos
ficam maravilhados e todos querem também as chamadas
"bicicletas motorizadas".
A demanda por motores aumenta muito e logo ele fica sem
mercadoria. Decide então montar uma fábrica para essa
novíssima invenção. Como não tem capital, resolve pedir
ajuda para mais de quinze mil lojas espalhadas pelo país.
Como a idéia é boa, consegue apoio de mais ou menos cinco
mil lojas, que lhe adiantam o capital necessário para a
indústria.
Encurtando a história: Hoje a HONDA CORPORATION é
um dos maiores impérios da indústria automobilística
japonesa, conhecida e respeitada no mundo inteiro. Tudo
porque o Sr. Soichiro Honda, seu fundador, não se deixou
abater pelos terríveis obstáculos que encontrou pela frente.
Portanto, se você, como infelizmente tem acontecido com
muitas pessoas, adquiriu a mania de viver reclamando e
lamentando, pare com isso ! Vá em frente ! Sempre.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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........................
Uma filha se queixou a seu pai sobre sua vida e de como as
coisas estavam tão difíceis para ela. Ela já não sabia mais o
que fazer e queria desistir. Estava cansada de lutar e
combater. Parecia que assim que um problema estava
resolvido um outro surgia.
Seu pai, um "chef", levou-a até a cozinha dele. Encheu três
panelas com água e colocou cada uma delas em fogo alto.
Logo as panelas começaram a ferver. Em uma ele colocou
cenouras, em outra colocou ovos e, na última pó de café.
Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma palavra. A filha
deu um suspiro e esperou impacientemente, imaginando o
que ele estaria fazendo.
Cerca de vinte minutos depois, ele apagou as bocas de gás.
Pescou as cenouras e as colocou em um prato. Retirou os
ovos e os colocou em uma tigela. Então pegou o café com
uma concha e o colocou em uma caneca. Virando-se para
ela, perguntou:
"Querida, o que você está vendo?"
"Cenouras, ovos e café," ela respondeu.
Ele a trouxe para mais perto e pediu-lhe para experimentar
as cenouras.
Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias.
Ele, então, pediu-lhe que pegasse um ovo e o quebrasse.
Ela obedeceu e depois de retirar a casca verificou que o ovo
endurecera com a fervura.
Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole do café.
Ela sorriu ao provar seu aroma delicioso.
Ela perguntou humildemente "O que isto significa, pai?"
Ele explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma
adversidade, a água fervendo, mas que cada um reagira de
maneira diferente.
A cenoura entrara forte, firme e inflexível.
Mas depois de ter sido submetida à água fervendo, ela
amolecera e se tornara frágil. Os ovos eram frágeis. Sua
casca fina havia protegido o líquido interior. Mas após terem
sido colocados na água fervendo, seu interior se tornou mais
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
112
rijo. O pó de café, contudo, era incomparável. Depois que
fora jogado na água fervente, ele havia mudado a água.
"Qual deles é você?" ele perguntou a sua filha.
"Quando a adversidade bate a sua porta, como você
responde?
Você é uma cenoura, um ovo ou um pó de café?"
E você? Com quem mais parece?
Você é como a cenoura que parece forte, mas com a dor e a
adversidade você murcha e se torna frágil e perde sua força?
Será que você é como o ovo, que começa com um coração
maleável? Você teria um espírito maleável, mas depois de
alguma morte, uma falência, um divórcio ou uma demissão,
você se tornou mais difícil e duro? Sua casca parece a
mesma, mas você está mais amargo e obstinado, com o
coração e o espírito inflexíveis?
Ou será que você é como o pó de café? Ele muda a água
fervente, a coisa que está trazendo a dor, para conseguir o
máximo de seu sabor, a 100 graus. Quanto mais quente
estiver a água, mais gostoso se torna o café. Se você é como
o pó de café, quando as coisas se tornam piores, você se
torna melhor e faz com que as coisas em torno de você
também se tornem melhores. Como você lida com a
adversidade?
Você é do tipo cenoura, ovo ou café?
................
O local estava deserto quando sentei-me para ler embaixo
dos longos ramos de um velho carvalho. Desiludido da vida,
com boas razões para chorar, pois tinha a impressão que o
mundo estava tentando me afundar. E se não fosse razão
suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante chegou
perto de mim, cansado de brincar. Ele parou na minha
frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria:
- Veja o que encontrei!
Na sua mão uma flor. E que visão lamentável! Estava
murcha com muitas pétalas caídas...
Querendo ver-me livre do garoto com sua flor, fingi pálido
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
113
sorriso e virei-me.
Mas ao invés de recuar, ele sentou-se ao meu lado, levou a
flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:
- O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso a peguei.
Pegue-a, é sua!
A flor à minha frente estava morta ou morrendo. Nada de
cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu
sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá. Então
estendi-me para pegá-la e respondi:
- Era o que eu precisava...
Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele a segurou no
ar sem qualquer razão.
Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego, e
que não podia ver o que tinha nas mãos. Senti minha voz
sumir. Lágrimas despontaram ao sol, enquanto lhe agradecia
por escolher a melhor flor daquele jardim.
- De nada... - respondeu sorrindo.
E então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve
em meu dia.
Sentei-me e comecei a pensar como ele conseguiu enxergar
um homem auto-piedoso sob um velho carvalho. Como ele
sabia do meu sofrimento auto-indulgente? Talvez no seu
coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão.
Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi
que o problema não era o mundo, e sim EU! E por todos os
momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a
beleza da vida e apreciar cada segundo que é só meu. Então
levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de
uma bela flor, e sorri enquanto via aquele garoto com outra
flor em suas mãos prestes a mudar a vida de um insuspeito
senhor de idade...
As melhores coisas da vida são vistas com o coração!
.............................
Contam que em uma carpintaria houve, certa vez, uma
estranha assembléia. Foi uma reunião de ferramentas para
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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acertar suas diferenças. O martelo exerceu a presidência,
mas os participantes lhe notificaram que teria de renunciar.
A causa? Fazia demasiado barulho e, além do mais, passava
todo tempo golpeando.
O martelo aceitou a culpa, mas pediu que também fosse
expulso o parafuso que, segundo ele, dava muitas voltas para
conseguir algo. Diante do ataque, o parafuso concordou,
mas, por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era
muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre
em atritos.
A lixa acatou, com a condição que se expulsasse o metro que
sempre media os outros segundo a sua medida, como se fora
o único perfeito. Nesse momento, entrou o carpinteiro,
juntou o material e começou seu trabalho.
Utilizou o martelo, o parafuso, a lixa, e o metro. Finalmente,
a madeira rústica se converteu num fino móvel.
Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia
reativou a discussão.
O serrote tomou a palavra:
- Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o
carpinteiro trabalha com as nossas qualidades, com nossos
pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos
fracos e concentremos-nos em nossos pontos fortes.
Todos entenderam, então, que o martelo era forte, o parafuso
unia, a lixa era especial para limar e afinar as asperezas e o
metro era preciso e exato. Sentiram-se, então, como uma
equipe capaz de produzir móveis de qualidade e passaram a
trabalhar, com alegria, em equipe.
Este texto, de autor desconhecido, mostra o que realmente
acontece, em diversas ocasiões, com seres humanos. Basta
observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos
em outra, a situação se torna tensa e negativa; ao contrário,
quando se busca, com sinceridade, os pontos fortes dos
outros, florescem as melhores conquistas humanas. É fácil
encontrar defeitos.
Qualquer um pode fazê-lo, mas encontrar qualidades... isto é
para os sábios!
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
115
....................................
Olavo foi transferido de projeto.
Logo no primeiro dia, para fazer média com o novo chefe,
saiu-se com esta:
Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito
do Silva. Disseram que ele...
Nem chegou a terminar a frase, e o chefe, apartou:
Espere um pouco, Olavo.
O que vai me contar já passou pelo crivo das Três Peneiras?
Peneiras? Que peneiras, Chefe?
A primeira, Olavo, é a da VERDADE.
Você tem certeza de que esse fato é absolutamente
verdadeiro.
Não. Não tenho, não. Como posso saber?
O que sei foi o que me contaram. Mas eu acho que...
E, novamente, Olavo é interrompido pelo chefe:
Então sua história já vazou a primeira peneira.
Vamos então para a segunda peneira que é a da BONDADE.
O que você vai me contar, gostaria que os outros também
dissessem a seu respeito?
Claro que não! Deus me livre, Chefe! - diz Olavo, assustado.
Então, - continua o chefe - sua história vazou a segunda
peneira.
Vamos ver a terceira peneira, que é a da NECESSIDADE.
Você acha mesmo necessário me contar esse fato ou mesmo
passá-lo adiante?
Não chefe. Pensando desta forma, vi que não sobrou nada do
que eu iria contar. - fala Olavo, surpreendido.
-Pois é Olavo! Já pensou como as pessoas seriam mais
felizes se todos usassem essas peneiras - diz o chefe sorrindo
e continua:
Da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o
ao crivo das Três Peneiras:
Verdade - Bondade - Necessidade
Antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante, porque:
Pessoas mesquinhas falam sobre pessoas
Pessoas comuns falam sobre coisas
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
116
Pessoas inteligentes falam sobre idéias
..................
Cinco homens escalavam uma montanha quando, de repente,
um grande estrondo. Era uma avalanche de neve.
Procurando escapar com vida, acabaram entrando numa
caverna, ficando presos dentro dela pela imensa quantidade
de neve que bloqueou a entrada. Teriam que esperar até o
amanhecer para poderem receber socorro.
Cada um deles levava consigo um pedaço de lenha, mas
havia bastante lenha no chão da caverna, e assim acenderam
uma pequena fogueira ao redor da qual procuravam se
aquecer.
O tempo foi passando e a fogueira consumiu toda lenha
encontrada no local. Se o fogo se apagasse, certamente todos
morreriam. Chegou assim a hora de cada um colocar sua
lenha na fogueira.
O primeiro era um racista. Discretamente percorreu os olhos
por todos os companheiros de infortúnio e descobriu que um
deles era negro.
Então ele raciocinou consigo mesmo: “Não quero que aquele
negro se esquente com o fogo da minha lenha”. E assim
guardou-a disfarçadamente, cobrindo-a com o casaco,
escondendo-a dos demais.
O segundo homem era muito rico, porém tremendamente
avarento, o que popularmente chamamos de “pão-duro”,
sovina. Em tudo na vida objetivava apenas obter lucros.
Assim, ele perguntou aos demais:
“Quanto” vocês me pagariam por este pedaço de lenha que
tenho?
Posto que ninguém lhe ofereceu a quantia que ele esperava,
também guardou sua lenha.
O terceiro homem era o negro. Embora aquele racista tenha
procurado disfarçar, ele tinha percebido sua mudança de
comportamento após contemplar seu rosto mais atentamente
e ter notado sua cor escura. Seus olhos faiscavam de
ressentimento quando lembrava do acontecido.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
117
Então, ele pensou: “Esses homens não merecem minha lenha
e, de mais a mais, talvez precise dela para me defender se
quiserem me matar”. E assim também guardou sua lenha.
O quarto homem era um juiz. Depois de se identificar,
usando sua autoridade, determinou que cada um lhe
entregasse sua lenha, para que ele mesmo fosse colocando
na fogueira, à medida que fogo começasse a se apagar.
Como ninguém obedeceu, ele também não colocou o seu
pedaço de lenha na fogueira.
O quinto homem era um pobre morador daquela montanha,
que conhecia muito bem a região e sabia que a nevasca
poderia durar toda noite.
Portanto, preferiu esperar e colocar sua lenha na fogueira
mais tarde.
Com esses pensamentos, os cinco homens permaneceram
imóveis e, nessa indecisão, aconteceu do fogo se apagar.
Todos contemplaram atônitos, a última brasa da fogueira se
transformar em cinzas e finalmente se apagar.
Quando amanheceu o dia, a equipe de socorro chegou à
caverna e encontrou cinco cadáveres congelados, cada qual
segurando um feixe de lenha.
Olhando para aquele triste quadro, o chefe daquele
agrupamento exclamou:
O frio que os matou não foi o de fora, mas o de dentro.
Meditando sobre essa história, lembramos dos ensinamentos
dos nosso Senhor Jesus Cristo: “Daí, e dar-se-vós-à; boa
medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente
vos darão, porque com a medida com que tiverdes medido
vos medirão também” (Lucas 6.38).
Quantos morrem agarrados a seus “feixes de lenha”, não
sabendo que esse apego é exatamente o que lhes tira a vida?
Para cada um daqueles homens da história, o feixe de lenha
materializava o próprio coração: arrogância, ganância,
orgulho, mágoa e, finalmente, para o último, seu próprio
medo.
O segredo é dar o coração para Jesus e viver livre de si
próprio e desse mundo.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
118
..............
Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e
sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de
comida que poderia haver ali. Ao descobrir que era uma
ratoeira ficou aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda
advertindo a todos:
Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa!
A galinha, disse:
Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande
problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não
me incomoda.
O rato foi até o porco e lhe disse:
Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!
Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que
eu possa fazer, a não ser rezar. Fique tranqüilo que o senhor
será lembrado nas minhas preces.
O rato dirigiu-se então à vaca. Ela lhe disse:
O que Sr. Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo?
Acho que não!
Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para
encarar a ratoeira do fazendeiro. Naquela noite ouviu-se um
barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A
mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No
escuro, ela não viu que a ratoeira havia pego a cauda de uma
cobra venenosa. E a cobra picou a mulher...
O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou
com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém
com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O
fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente
principal. Como a doença da mulher continuava, os amigos e
vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los o fazendeiro
matou o porco. A mulher não melhorou e acabou morrendo.
Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então
sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo.
Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante
de um problema e acreditar que o problema não lhe diz
respeito, lembre-se que, quando há uma ratoeira na casa,
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
119
toda a fazenda corre risco. O problema de um é problema de
todos.
.................
Há muitos e muitos anos, um homem partiu em direção a
Jerusalém, carregando uma cruz grande e pesada. Ela media
três metros de altura por dois de envergadura. Enquanto
carregava a cruz, lembrava-se do sofrimento de Jesus, e
imaginava a dor que Ele havia sentido quando foi pregado
nela.
Assim, o homem seguia compenetrado em sua resolução e,
passo a passo, lentamente carregava a cruz cuja ponta
inferior se arrastava pelo chão, fazendo um risco na terra.
Depois de muitas horas de caminhada, o homem avistou um
morro. Esgotado como estava, teve dúvidas se conseguiria
vencer aquela subida acentuada. Enquanto meditava na
dificuldade à sua frente, alguém que passava sugeriu que
cortasse um pedaço da cruz, tornando-a mais leve.
- É uma boa idéia! Diminuindo um pouco a carga terei mais
condições de subir a montanha.
Assim, tirou um pedaço da cruz, que se tornou bem mais
leve, e continuou sua caminhada.
Quem já esteve em Jerusalém sabe que para se chegar lá é
preciso subir muitas montanhas. A cidade do rei Davi,
também chamada na Bíblia de “umbigo do mundo”, fica no
topo de uma montanha e é cercada por muitas outras. Tratase, portanto, de um terreno difícil, em ambiente arenoso,
seco, e muito quente durante o dia e muito frio à noite.
A cada subida que encontrava no caminho ele cortava um
pedaço da cruz. Assim, com o decorrer da jornada, a cruz
pesada foi ficando cada vez mais leve, e ao invés da
caminhada lenta do início o homem já podia andar a passo
acelerado e ia cantarolando descontraidamente.
Tudo parecia ir muito bem até que surgiu em seu caminho
um rio caudaloso, cujas águas desciam volumosas do alto da
montanha para banhar os vales. A ponte sobre o rio estava
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
120
partida, faltando-lhe exatamente um trecho de quase três
metros no vão central.
Diante daquele obstáculo, o peregrino fez a seguinte oração:
- Senhor, Tu sabes que meu maior desejo é chegar a
Jerusalém. Venho de longe e agora que me aproximo de
realizar meu sonho, não sei como poderei fazer para, sem
arriscar a vida, chegar ao outro lado do rio. Vês, Senhor, que
a ponte está rompida e não tenho como atravessá-la.
Então uma voz do céu respondeu:
- Meu filho, para transpor este obstáculo com segurança,
basta usares a cruz que lhe dei!
Muito triste, o homem constatou que a cruz, agora, depois de
tantos pedaços cortados, havia se tornado pequena demais e
não vencia o vão que ele precisa transpor. A cruz do início,
com seus três metros tinha exatamente a medida que ele
precisava para transpor a ponte quebrada.
Na vida, cada um de nós carrega a cruz necessária a nos
preparar para vencer os obstáculos que surgem durante a
jornada. Não é maior nem menor: é exata!
Moisés, o grande líder do povo de Israel, é um exemplo
nítido disso. Foi peregrino por quarenta anos no deserto do
Sinai. Enfrentou o calor do dia e o frio da noite, como um
simples pastor do rebanho do seu sogro. Então, preparado,
também por outros quarenta anos liderou a caminhada de
três milhões de israelitas à Terra Prometida.
.................
No tempo em que os homens resolviam seus problemas ao
fio da espada e tinham como lei o “olho por olho e dente por
dente”, havia um rei bom que se destacava entre todos os
reinos da terra por sua forma de reinar, pois seu trono tinha
como base a justiça.
Sempre que fazia prisioneiros, esse rei não os matava, mas
os levava a uma cela onde seus arqueiros se posicionavam
de um lado e uma imensa porta de ferro ficava do outro.
Viam-se gravadas figuras de caveiras cobertas por sangue
nas ombreiras da porta.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
121
Nesta cela, ele os fazia enfileirar-se em círculo e fazia-os
escolher:
– Vocês decidem entre morrer flechados por meus arqueiros
ou passarem por aquela porta e lá serem trancados por mim.
Todos escolhiam serem mortos pelos arqueiros.
Ao terminar a guerra, um leal súdito que fazia parte da
guarda pessoal do rei e que a sua vida toda o servira, dirigiuse ao soberano e perguntou:
– Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?
– Diga, soldado!
– O que há por detrás da assustadora porta, a ponto de fazer
todos os acusados escolherem morrer pelos arqueiros? –
indagou o súdito.
– Ora, vá e veja você mesmo – respondeu o rei.
O soldado, então, dirigiu-se ao local, abriu vagarosamente a
porta e, na medida em que o fazia, raios de sol iam
adentrando e clareando o ambiente. E finalmente ele
descobre, surpreso, que a porta se abria sobre um caminho
que conduzia para fora do castelo.
O soldado, admirado, apenas olha seu rei e diz:
– ...Mas aqui conduz à liberdade!
E o rei, sabiamente, diz ao súdito:
– Eu dava aos prisioneiros a escolha, mas preferiam morrer a
arriscar-se abrir esta porta!
Quantas portas deixamos de abrir com medo de nos arriscar?
Quantas vezes perdemos a liberdade e morremos por dentro
apenas por sentirmos medo de abrir a porta para que o
Senhor Jesus entre em nossos corações e assumamos um
compromisso com Ele?
O Senhor Jesus disse:
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e
abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele
comigo”. (Apocalipse 3.20).
Pense nisso e não tenha medo de abrir a porta do seu coração
para que Ele possa entrar e fazer você feliz.
..................
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
122
É preciso ter um coração humilde diante de Deus, para
aceitar aqueles que nos são enviados e receber a ajuda que
nos vêm trazer.
Trabalhando, por muitos anos, como missionário na África,
vi muitas pessoas em sofrimento. Creio que todas pedem a
Deus ajuda em suas orações. Creio também que em resposta
a essas orações é que somos enviados a ajudá-las, porém
muitas não nos aceitam.
Conta-se que pelos idos de 1940, uma pequena cidade da
Flórida, nos Estados Unidos da América, foi assolada por
fortes tempestades. À medida que as chuvas se
prolongavam, o sistema de escoamento se mostrou
deficiente e a cidade começou a inundar nos bairros mais
baixos.
O governo, então, anunciou, pelo rádio e televisão, que os
moradores daqueles trechos deveriam se deslocar para
ginásios e prédios públicos, na parte alta da cidade, onde
receberiam assistência até que pudessem voltar às suas
casas.
Numa das ruas da parte baixa, um dos moradores se negava
a deixar sua casa. Dizia ter fé que Deus iria socorrê-lo. Seus
vizinhos, antes de partirem, bateram insistentemente à sua
porta, pedindo-lhe que os acompanhasse. Pelo menos uns
dez. A todos o homem respondia:
- Deus vai me salvar!
Aquela rua ficou deserta. As outras também; aliás, todo o
bairro. Até os gatos e cachorros se foram. Somente o homem
continuava em casa.
As águas cobriram as calçadas, avançaram pelo jardim e já
estavam chegando à porta da casa, quando um enorme
caminhão do Exército, deslocando-se lentamente, anunciou
que se alguém ainda estivesse no local, que embarcasse
imediatamente. O homem nem deu as caras.
Assim, viu as águas entrarem por baixo da porta e encherem
a sala. Subiu na cadeira, da cadeira passou para a mesa, da
mesa foi para o telhado.
A essa altura, os soldados do Corpo de Bombeiros,
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
123
vasculhando a área, aproximaram-se num barco e insistiram
para que ele os acompanhasse.
Lançaram corda, colete salva-vidas, e nada. O homem, já no
telhado da casa, repetia:
- Deus vai me salvar!
Ao entardecer, o nível da água já lhe tocava os pés, quando
um helicóptero da força Aérea lançou sobre ele um possante
jato de luz. Foi, então, desenrolada uma escada, a qual no
balanço do vento, tocava-lhe os braços e o corpo como que,
calada e humilde, lhe implorasse que nela subisse. O homem
encolheu as pernas para fugir da água, mas nem sequer
olhou para cima. O helicóptero foi embora, em busca de
outros que quisessem socorro. A chuva continuou a cair e o
homem morreu afogado.
No Céu, ele chegou muito zangado e passou a reclamar e
inquirir o porquê de sua fé não ter sido honrada. Então, foilhe dito:
- Sua oração chegou por aqui e a resposta voltou de
imediato. Em seu socorro foram mandados mais de dez
vizinhos, o Exército, os Bombeiros e finalmente até um
helicóptero da Força Aérea. Mas você não aceitou nenhuma
ajuda!
A Bíblia ensina que Deus constitui autoridades
governamentais e espirituais.
O coração humilde as conhece, respeita e acata. E assim se
vive com sabedoria.
................
Uma nova igreja fora construída e as pessoas vinham de
todas as partes para admirá-la. Passavam horas admirando a
beleza da obra!
Lá em cima, no madeiramento do telhado, um pequeno
prego à tudo assistia. E ouvia as pessoas elogiando todas as
partes da encantadora estrutura - exceto o prego!
Sequer sabiam que estava lá, e ele ficou irritado e com
ciúmes.
- Se sou tão insignificante, ninguém sentirá minha falta!
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
124
Então o prego desistiu de sua vida, deixou de fazer pressão e
foi deslizando até cair ao chão.
Naquela noite choveu e choveu muito. Logo, onde faltava
um prego, o telhado começou a ceder, separando as telhas. A
água escorreu pelas paredes e bonitos murais. O gesso
começou a cair, o tapete estava manchado e a bíblia estava
arruinada pela água.
Tudo isto porque um pequeno prego desistira de seu
trabalho!
E o prego?
Ao segurar o madeiramento do telhado, era obscuro, mas era
útil.
Agora, enterrado na lama, não só continuara obscuro, como
também se tornara um completo inútil e acabou comido pela
ferrugem!
................
Demonstrar o amor é uma forma de deixar a vida
transbordar dentro do próprio coração.
A maioria das pessoas estabelece datas especiais para
manifestar o seu amor pelo outro: é o dia do aniversário, o
natal, o aniversário de casamento, o dia dos namorados.
Para elas, expressar amor é como usar talheres de prata: é
bonito, sofisticado, mas somente em ocasiões muito
especiais.
E alguns não dizem nunca o que sentem ao outro.
Acreditam que o outro sabe que é amado e pronto.
Não é preciso dizer.
Conta um médico que uma cliente sua, esposa de um homem
avesso a externar os seus sentimentos, foi acometida de uma
supuração de apêndice e foi levada às pressas para o
hospital.
Operada de emergência, necessitou receber várias
transfusões de sangue sem nenhum resultado satisfatório
para o restabelecimento de sua saúde.
O médico, um tanto preocupado, a fim de sugestioná-la, lhe
disse: pensei que a senhora quisesse ficar curada o mais
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
125
rápido possível para voltar para o seu lar e o seu marido.
Ela respondeu, sem nenhum entusiasmo:
- O meu marido não precisa de mim. Aliás, ele não necessita
de ninguém. Sempre diz isto.
Naquela noite, o médico falou para o esposo que a sua
mulher não queria ficar curada.
Que ela estava sofrendo de profunda carência afetiva que
estava comprometendo a sua cura.
A resposta do marido foi curta, mas precisa:
- Ela tem de ficar boa.
Finalmente, como último recurso para a obtenção do
restabelecimento da paciente, o médico optou por realizar
uma transfusão de sangue direta.
O doador foi o próprio marido, pois ele possuía o tipo de
sangue adequado para ela.
Deitado ao lado dela, enquanto o sangue fluía dele para as
veias da sua esposa, aconteceu algo imprevisível.
O marido, traduzindo na voz uma verdadeira afeição, disse
para a esposa:
- Querida, eu vou fazer você ficar boa.
- Por que? perguntou ela, sem nem mesmo abrir os olhos.
- Porque você representa muito para mim. Você é a minha
vida!
Houve uma pausa.
O pulso dela bateu mais depressa.
Seus olhos se abriram e ela voltou lentamente a cabeça para
ele.
- Você nunca me disse isso.
- Estou dizendo agora.
Mais tarde, com surpresa, o marido ouviu a opinião do
médico sobre a causa principal da cura da sua esposa.
Não foi a transfusão em si mesma, mas o que acompanhou a
doação do sangue que fez com que ela se restabelecesse.
As palavras de carinho fizeram a diferença entre a morte e a
vida.
É importante saber dizer: amo você!
O gesto carinhoso, a palavra gentil autêntica, a
demonstração afetiva num abraço, numa delicada carícia
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
126
funcionam como estímulos para o estreitamento dos laços
indestrutíveis do amor.
É urgente que, no relacionamento humano, se quebre a
cortina do silêncio entre as criaturas e se fale a respeito dos
sentimentos mútuos, sem vergonha e sem medo.
A pessoa cuja presença é uma declaração de amor consegue
criar um ambiente especial para si e para os que privam da
sua convivência.
Quem diz ao outro: eu amo você, expressa a sua própria
capacidade de amar, mas também, afirmando que o outro é
amado, se faz amar e cria amor ao seu redor.
Não basta amar o outro.
É preciso que ele saiba que é amado!
................
Era véspera de Natal.
Em todas as casas havia intensa alegria. Nas ruas, era grande
o movimento.
Pessoas transitavam com pacotes, entrando e saindo de lojas
cheias de compradores e vendedores ansiosos.
O homem e a mulher se aproximaram de um restaurante. A
mulher trazia nos olhos o brilho dos que sabem compartilhar
alegrias e se sentem felizes com pequenas coisas. Sorria.
O homem se apresentava carrancudo. O rosto marcado por
rugas de preocupação. No coração, um tanto de revolta.
Sentaram-se à mesa e, enquanto ela olhava o cardápio,
procurando algo simples e gostoso para o lanche, ele
começou a reclamar. Reclamou que as coisas não estavam
dando certo.
Ele tinha investido em um determinado produto em sua loja,
contando que as vendas fossem excelentes, mas não foram.
O produto não era tão atraente assim. Ou talvez fosse o
preço.
Enfim, o comerciante reclamava e reclamava.
De repente, ele parou de falar.
Observou que sua esposa parecia não estar ouvindo o que ele
dizia.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
127
Em verdade, ela estava mesmo era em outra esfera.
Olhava fixamente para uma árvore de natal que enfeitava o
balcão do pequeno restaurante.
Sim, ela não estava interessada na sua conversa.
Ele também olhou na mesma direção e, de forma mecânica,
comentou: a árvore está bem enfeitada, mas tem uma
lâmpada queimada no meio das luzes.
É verdade, respondeu a mulher. Há uma lâmpada queimada.
E você conseguiu vê-la porque está pessimista, meu amor.
Não conseguiu perceber a beleza das dezenas de outras luzes
coloridas que acendem e apagam, lançando reflexos no
ambiente.
Assim também acontece com a nossa vida.
Você está reclamando da venda do produto que não deu
certo e se mostra triste.
Mas está esquecido das dezenas de bênçãos que brilharam
durante todo o ano para nós.
Você está fixando seu olhar na única lâmpada que não
iluminou nada.
Não há dúvida de que acharemos, no balanço das nossas
vidas, diversas ocorrências que nos infelicitam.
Podemos chegar a sentir como se o mundo ruísse sob os
nossos pés.
Porém, a maior tristeza que pode se abater sobre a criatura,
multiplicando dificuldades para o espírito, é o mau
aproveitamento das oportunidades que Deus lhe concede,
para evoluir e brilhar.
Meditemos sobre isso e descubramos as centenas de
lâmpadas que brilham em nossos caminhos.
Ao lado das dores e problemas que nos atingem as vidas,
numerosas são as bênçãos que nos oferece a divindade.
Apliquemo-nos no dom de ver e ouvir o que é bom, belo e
positivo.
Contemplemos a noite que se estende sobre a terra e sem nos
determos no seu manto escuro, descubramos no brilho das
estrelas as milhares de lâmpadas que Deus posicionou no
espaço para encher de luz os nossos olhos.
Acostumemo-nos a observar e a ver o bem em toda a parte a
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
128
fim de que a felicidade nos alcance e possamos sentir a
presença do criador, que é amor na sua expressão mais
sustentando-nos as vidas.
.................
Conta uma fábula portuguesa que a coruja encontrou a
águia, e disse-lhe:
O águia, se vires uns passarinhos muito lindos em um ninho,
com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá não os coma,
que são os meus filhos!
A águia prometeu-lhe que não os comeria; foi voando e
encontrou numa árvore um ninho, e comeu todos filhotes.
Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comido os
filhos, foi ter com a águia, muito aflita:
O águia, tu foste-me falsa, porque prometeste que não me
comias meus filhinhos, e mataste-os todos!
Diz a águia:
- Eu encontrei uns pássaros pequenos num ninho, todos
depenados, sem bico, e com os olhos tapados, e comi-os; e
como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e
tinham os biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.
Pois eram esses mesmos, disse a coruja.
Pois então queixa-te de ti, que é que me enganaste com a tua
cegueira.
Essa fábula é atribuída ao surgimento da expressão "mãe
coruja "pois aos olhos das mães os filhos são sempre
perfeitos e lindos, o coração de uma mãe é o lugar mais
seguro do mundo e se precisar até sangra por um filho.
...............
Você certamente já leu ou ouviu, algum dia, a notícia de
roubo, incêndio, naufrágio ou explosão de algum bem
móvel ou imóvel que pertencia a alguém, não é mesmo?
No entanto, ninguém jamais ouviu ou leu uma manchete
com os dizeres: "foi roubada a coragem desta ou daquela
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
129
pessoa", "foi extraviada grande porção de otimismo, quem
a encontrar favor devolver no endereço citado".
Ou então, "incêndio consumiu toda a fidelidade de fulano"
ou, "naufragou a honestidade de beltrano".
Enfim, nunca se ouve falar que as virtudes de alguém
tenham sofrido assaltos ou outro dano qualquer.
Todavia, alguns podem argumentar que isso acontece
diariamente quando as negociatas indignas põem por terra
a honestidade e a honradez deste ou daquele cidadão, que
sucumbe ante grandes quantias em dinheiro ou
favorecimentos de toda ordem.
No entanto, as virtudes que se deixam arrastar por
interesses próprios, não são virtudes efetivas, são ensaios
de virtudes.
Quem, verdadeiramente, conquista uma virtude, jamais a
perde.
Contou-nos um amigo, jovem advogado, que labora num
órgão público que, em certa ocasião, estava com uma pilha
de processos sobre a mesa, quando seu superior entrou na
sala e tomou dois daqueles processos e pôs de lado,
dizendo-lhe:
"Quero que você arquive estes processos."
O advogado perguntou por que razão deveria arquivá-los,
e o diretor respondeu simplesmente: "porque os acusados
são meus amigos e me pediram esse favor".
O moço que, por sua vez, tinha um compromisso sério
com a própria consciência, que é onde estão inscritas as
leis divinas, fez com que os processos seguissem seu
curso, sem interferir.
Tempos depois, os amigos do diretor tiveram que arcar
com as custas do processo e indenizar vários cidadãos, aos
quais haviam prejudicado de alguma forma.
E, quando o diretor foi tirar satisfação com o advogado,
este argumentou que o fato de os acusados serem seus
amigos, não era suficiente para isentá-los da
responsabilidade dos seus atos. E que somente a falta de
provas poderia livrá-los, o que não era o caso.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
130
Se esse jovem advogado não tivesse firmeza de caráter,
poderia ter dado ocasião a que fosse registrado em sua
ficha espiritual a seguinte anotação:
Esta pessoa sofreu, em tal data, um assalto da corrupção e
da prepotência e teve seus bens mais preciosos, que são a
fidelidade e a honestidade, roubados.
Mas, felizmente, isso não aconteceu.
Toda vez que permitimos que nossas virtudes sejam
compradas ou roubadas, ficamos mais pobres
espiritualmente.
Toda vez que aplaudimos a corrupção e a ganância,
tirando proveito de cargos, posições sociais, ou de
situações diversas em benefício próprio e em detrimento
de outrem, estamos nos candidatando a entrar no mundo
espiritual como mendigos morais.
..................
Era uma vez, dois reinos que entraram em guerra. Enquanto
um deles tinha um pequeno exército, o outro era
poderosíssimo com o número incontável de soldados. Era,
portanto, uma batalha bem desequilibrada com resultado
previsível.
Os generais do reino em desvantagem se reuniram para
tentar encontrar uma tática que pudesse salvá-los do
iminente massacre. Mas, quanto mais pensavam nas suas
chances e procuravam encontrar caminhos, mais se
convenciam da impossibilidade de vencer aquele poderoso
adversário.
Não havia chance de paz. Não havia chance de vitória. O
que fazer? Quando tudo parecia perdido um velho sábio
apresentou a solução do problema. Disse ele: “Senhores,
assim como uma pequena fonte no seu gotejar diário, forma
um caudaloso rio, a fúria que move o exército de nossos
inimigos e se espalha pelo coração de numerosos soldados
também nasce de uma fonte. Existe no reino dos nossos
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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inimigos, um ministro cujo ódio contra nosso povo vem de
longo tempo. Ele cria histórias e influencia o rei contra nós”.
Assim, eles resolveram enviar naquela noite, um soldado
disfarçado para se infiltrar nas fileiras do inimigo com a
missão de matar aquele ministro. Entretanto,
silenciosamente em sua barraca, colocou um poderoso
veneno na botija de água. No dia seguinte, quando o homem
tomou a água, veio a morrer em poucas horas.
Eliminado a fonte, o caminho para a paz estava aberto. O
exército mais fraco enviou uma comissão e negociou um
acordo. A guerra sem solução estava resolvida.
Quando Gideão se organizava pensando na multidão de seus
inimigos, cento e trinta e cinco mil, Deus lhe disse: “Tu os
ferirás como a um homem”. Ele não conseguiu entender essa
palavra. Alguns dias se passaram e vários sinais lhe foram
concedidos. No entanto, Gideão ainda pensava como agir, e
na noite que devia atacar, o Senhor o encontrou ainda
medroso.
Assim, o Senhor o enviou ao arraial dos midianitas onde ele,
escondido ouviu da boca de uma sentinela a narrativa de um
sonho. Neste sonho, um pequeno pão de cevada lutava
contra o comandante e prevalecia.
Estava provado. A luta não era um contra centro e trinta e
cinco mil, mas um contra um, ou seja, Gideão contra o
diabo. E quando Gideão agiu pela fé, isto é, obedeceu a
Palavra de Deus, amarrou o diabo que agiu como um
comandante a chefiar os midianitas, e a vitória veio.
Assim é na nossa vida. Ainda que sejam muitos os nossos
problemas temos todos apenas um inimigo: o diabo – o
ladrão que veio para roubar, matar e destruir.
.................
Contam que certa vez, duas moscas caíram num copo de
leite. A primeira era forte e valente. Assim, logo ao cair,
nadou até a borda do copo. Mas como a superfície era muito
lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair.
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Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou
de nadar e se debater e afundou.
Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte,
era tenaz. Continuou a se debater, a se debater e a se debater
por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com
toda aquela agitação, foi se transformando e formou um
pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca tenaz conseguiu
com muito esforço subir e dali alçar vôo para algum lugar
seguro.
Durante anos, ouvi esta primeira parte da história como
elogio à persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos
leva ao sucesso, no entanto...
Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido ou acidente,
novamente caiu no copo. Como já havia aprendido em sua
experiência anterior, começou a se debater, na esperança de
que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca, passando
por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou
na beira do copo e gritou: “Tem um canudo ali, nade até lá e
suba por ele” A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseandose na sua experiência anterior de sucesso e, continuou a se
debater e a se debater, até que, exausta, afundou no copo
cheio de água.
Quantos de nós, baseados em experiências anteriores,
deixamos de notar as mudanças de ambiente e ficamos nos
esforçando para alcançar os resultados esperados, até que
afundamos na própria falta de visão? Fazemos isso quando
não conseguimos ouvir aquilo que quem está de fora da
situação nos diz.
...............
Há muito tempo, quando ainda era um bebê, você tentou
levantar para dar o primeiro passo da sua vida e caiu. Você,
eu e os outros bilhões de bilhões de pessoas que já andaram
sobre a Terra, desde a criação. Não havia nada de errado
com você. Cair é o esperado, o normal. Por que, então, você
acha que não deveria cair em outras áreas da vida, ao dar os
primeiros passos?
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Ninguém estranharia se o filho tentasse dar os primeiros
passos e se estatelasse no chão, mas por alguma razão,
algumas vezes esquecemos que falhar nas primeiras
tentativas, é um princípio da natureza contra o qual não há
meios de lutar, e achamos que temos obrigação de acertar da
primeira vez. Não temos; nem eu, nem você. Você não tem
obrigação de acertar da primeira vez. Você tem obrigação de
não desistir nas primeiras quedas, porque elas virão. Você
errará quando começar qualquer coisa. Você falhará. Você
vai se estatelar contra o chão – não importa sua idade,
experiência, inteligência ou saúde – sempre que começar
algo novo, algo inesperado, algo diferente, algo que valha a
pena.
Se um bebê de colo não desiste, não importa quantas quedas
ele tenha, será uma vergonha se você desistir agora. Se um
bebê chora ao cair, mas logo depois esquece a dor e tenta
outra vez, será uma vergonha você apenas sentar e ficar
eternamente chorando dores que há muito tempo se foram.
Algumas empresas também se esquecem deste princípio e
criam cronogramas e projetos que não incluem potenciais
falhas, erros de gestão, problemas de produtos e de saúde na
equipe. Então, por criarem projetos “no vácuo”, se
desesperam quando a dura realidade aparece para fazer com
que venham os primeiros e inevitáveis tombos.
Seja em projetos novos, seja em relacionamentos
românticos, seja em sonhos profissionais ou em qualquer
coisa na qual você esteja dando os primeiros passos, se você
acertar da primeira vez, é porque errou em algum lugar.
Considere sempre que as primeiras tentativas provavelmente
falharão, mas você não pode desistir. Levante-se e faça
como qualquer bebê faria: tente outra vez.
Este é um princípio da natureza. Use-o a seu favor.
................
Essa história relata as proezas de um grande equilibrista,
cujo empresário garantia que ele podia ir sempre mais além.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Aquele homem havia atravessado por diversas vezes as
cataratas do Niágara, sobre um finíssimo cabo de aço, com a
tranqüilidade que eu ou você atravessaríamos uma calçada.
Era realmente um espetáculo observar aquele artista, e em
todas as vezes se apresentava, uma pequena multidão se
ajuntava.
A fama daquele homem correu o mundo e ele chegou entrar
no livro dos Recordes, o Guiness Book of Records. Seu
empresário gabava-se daquele talento e por vezes achava
que os aplausos eram para ele mesmo.
Garantindo que ele podia se superar, o empresário fazia com
que o equilibrista se atravesse cada vez mais em seus shows.
Certa vez, durante uma apresentação nas nossas Cataratas do
Iguaçu, ele atravessou aquela imensidão de água,
empurrando um carrinho de mão. Sem poder usar as mãos
para se equilibrar, o suspense foi muito maior. Lentamente e
com o semblante tenso e molhado de suor, o homem
conseguiu realizar a proeza. Ao chegar do outro lado, platéia
caiu em delírio.
Eram tantos os aplausos, gritos e assobios, que o empresário
se entusiasmou. Para o espanto de todos, ele anunciou que o
equilibrista era capaz de ir mais além. Desta vez empurraria
o carrinho de mão com um saco de 70kg de areia. O
equilibrista vacilou, mas seu empresário lhe passou tanta
confiança que ele acabou aceitando o desafio.
Teve gente que sentiu o coração saltar pela boca e preferiu
se retirar. Mas a grande maioria permaneceu completamente
assombrada.
O equilibrista, após se concentrar e ouvir várias vezes seu
empresário dizer que confiava nele, empunhou o pesado
carrinho e começou com visível dificuldade seu árduo
desafio. Durante os minutos daquela apresentação, a platéia
ficou muda e em suspense. Mas, para o alívio de todos, ele
chegou são e salvo até o outro lado, ao som de uma explosão
de aplausos.
Um tanto quanto empolgado, o empresário pede um
voluntário para entrar no carrinho. A risada foi geral e
ninguém se atreveu a se candidatar. Diante disso, o
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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empresário disse: depois de tudo que vocês testemunharam
vocês ainda duvidaram da sua capacidade?
Foi, então, a vez do equilibrista dizer ao empresário: “Vem
você, amigo. Ninguém conhece melhor a minha capacidade
do que você”.
Por esta ele não esperava. E saiu de fininho.
Às vezes, o cristão, se torna empresário do Senhor Jesus.
Faz a maior propaganda d’Ele para os outros, mais na hora
de confiar, ele mesmo sai de fininho...
...............
Um jovem estava no centro da cidade, proclamando ter o
coração mais belo da região. Uma multidão o cercou e todos
admiraram o seu coração.Não havia marca ou qualquer outro
defeito. Todos concordaram que aquele era o coração mais
belo que já tinham visto.
O jovem ficou muito orgulhoso por seu belo coração. De
repente, um velho apareceu diante da multidão e disse:
Por que o coração do jovem não é tão bonito quanto o meu?
A multidão e o jovem olharam para o coração do velho, que
estava batendo com vigor, mas tinha muitas cicatrizes. Havia
locais em que pedaços tinham sido removidos e outros
tinham sido colocados no lugar, mas estes não encaixavam
direito, causando muitas irregularidades. Em alguns pontos
do coração, faltavam pedaços.
O jovem olhou para o coração do velho e disse:
O senhor deve estar brincando... compare nossos corações.
O meu está perfeito, intacto e o seu é uma mistura de
cicatrizes e buracos!
Sim, - disse o velho. – olhando, o seu coração parece
perfeito, mas eu não trocaria o meu pelo seu. Veja, cada
cicatriz representa uma pessoa para a qual eu dei o meu
amor. Tirei um pedaço do meu coração e dei para cada uma
dessas pessoas. Muitas delas deram-me também um pedaço
do próprio coração para que eu colocasse no meu, mas,
como os pedaços não eram exatamente iguais, há
irregularidades. Mas eu as estimo, porque me fazem lembrar
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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do amor que compartilhamos. Algumas vezes, dei pedaços
do meu coração a quem não me retribuiu. Por isso, há
buracos. Eles doem. Ficam abertos, lembrando-me do amor
que senti por essas pessoas... um dia espero que elas
retribuam, preenchendo esse vazio. E aí, jovem? Agora você
entende o que é a verdadeira beleza?
O jovem ficou calado e lágrimas escorriam pelo seu rosto.
Ele aproximou-se do velho. Tirou um pedaço de seu perfeito
e jovem coração e ofereceu ao velho, que retribuiu o gesto.
O jovem olhou para o seu coração, não mais perfeito como
antes, contudo, mais belo que nunca.
Os dois se abraçaram e saíram caminhando lado a lado.
Como deve ser triste passar a vida com o coração intacto.
........................
Falar do amor de Deus para conosco é extremamente
gratificante.
Quero que seja igualmente agradável pra você.
Senão, vejamos, como poderia ser interessante um relato de
triste episódio, muito embora, com um final feliz?
Creio ser mais cativante para o leitor quando ele se depara
com uma ilustração na sua narrativa, para tal, gostaria de
comparar o que se deu comigo, com uma historinha que já é
conhecida por muitos, como verídica.
Conta-se que um certo desportista desafiando sua própria
capacidade, anunciou à mídia que escalaria uma montanha
que alguns atribuem ao Aconcágua, até então somente
grupos de especialistas em ajuda mútua, haviam obtido êxito
numa investida dessas.
Mas ele se achava capaz. E assim o fez. Marcou com os
repórteres que a uma determinada hora, dali a tanto tempo
uma coletiva pra detalhar os passos para o sucesso.
Deu início a sua escalada ao topo. Sua experiência lhe dizia
que o tempo, as condições meteorológicas estavam
extremamente favoráveis.
E assim é que ele foi fincando suas estacas e pinos, por onde
passava a corda de segurança atada à sua cintura.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
137
As tão esperadas noites enluaradas, estreladas, não vieram. E
sim a escuridão total. Juntando-se a isso, uma pequena
nevasca começou a cair.
Mas aquele alpinista já estava há poucos metros do cume.
De repente, um escorregão...
Precipitado para baixo, o peso do seu corpo associado à
velocidade, fez com que os grampos se soltassem da
montanha, fazendo com que fosse arremessado contra as
paredes de gelo, como que quicando, tal e qual uma bolinha
de ping-pong, dando tempo pra refletir e recorrer ao Único
que poderia lhe ajudar naquela hora.
“Ó Deus! Me salve!” – gritou.
Naquele instante, a corda se travou. Como se u’a mão forte
tivesse detido, segurado aqueles pinos enterrados nas rochas,
estancando a sua queda.
A seguir, ele pode ouvir uma voz forte, como que vinda dos
céus:
“Que quer que eu te faça?”
Que me salve!
“Acreditas realmente que possa salvá-lo?”
Sim, Senhor!
“Então, nesse caso, corte a corda.”
...
A reação daquele homem foi de se agarrar ainda mais àquela
corda. A razão lhe dizia que sua vida dependia mais daquela
corda do que...
E assim permaneceu.
Com a chegada do pessoal da TV e dos jornais, a
estupefação foi geral.
Deparam-se com o corpo dum homem congelado, agarrado à
uma corda...
há apenas dois metros do chão.
......................
Era uma vez um reino distante, nos confins do Oriente, onde
havia uma árvore muito especial. Era inigualável. Seus
galhos e folhas protegiam do sol os que abrigavam em sua
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
138
sombra, enquanto suas flores espalhavam no ar um perfume
suave.
O mais formidável disto tudo era que o fruto desta árvore era
o pão. Sim, isso mesmo! Cada manhã essa extraordinária
árvore produzia pães frescos. Pães da cor do trigo, que
cintilavam sob os raios do Sol que passavam por entre as
folhas.
O pão sempre foi e sempre será a alimentação básica de
todos os povos. No Brasil, quando os portugueses aqui
desembarcaram, os índios já produziam seu próprio pão,
feito de mandioca.
Imagine o valor de uma árvore que produzia pão a cada
manhã, em abundância e para sempre! Não há preço que
pague isso!
Os pássaros se ajuntavam a cada amanhecer, batendo suas
asas e bicando os pães. Como a árvore estava à beira de um
riacho, seus pães também alimentavam os peixes, que
abocanhavam as migalhas que caíam na água.
Um certo pardal vivia a se gabar e a zombar dos peixes. Ele
dizia em tom de deboche:
-Tenho pena de vocês, que comem o pão molhado. Eu posso
saboreá-lo fresco e seco. Se ao menos soubessem voar...
Os peixes não viam nada demais em comer o pão molhado,
uma vez que sempre comeram tudo molhado. Contudo, a
arrogância do pardal incomodava.
Com o fim do outono, o vento frio trouxe as chuvas geladas.
O pardal, que havia nascido na última primavera, não se
preveniu como os outros pássaros mais velhos. Assim, num
sábado pela manhã, após uma noite de sono profundo, como
de costume, foi até a árvore-pão para se alimentar.
Quando deu a primeira bicada, ficou horrorizado com aquele
sabor gelado. A chuva que embalara seu sono durante a
noite havia estragado seu alimento favorito. O pássaro ficou
desolado e voava em círculos ao redor da árvore, na
esperança de encontrar um pedaço seco.
Os peixes também apareceram para comer e ficaram
curiosos com a atitude do passarinho zombador:
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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- O que houve, passarinho? Por que tanto desespero ao redor
dessa árvore?
O pardal percebeu que todo aquele tempo em que zombara
dos peixes lhe veio com uma bofetada, pois agora passava
fome, enquanto aqueles, a quem sempre humilhara, comiam
do pão com o mesmo prazer, pois a chuva em nada mudava
o sabor de seu alimento.
Os dias foram passando e o pardal não encontrava pão seco.
O frio do inverno aumentou, ele adoeceu e morreu.
Nesta história, a árvore que produz pão representa o Senhor
Jesus, chamado de “Árvore da vida”, e também “Pão da
vida”. Os pássaros e os peixes somos nós, os cristãos.
Alguns de nós somos como os peixes. Devido às
perseguições e injúrias que sofremos, as constantes
acusações e deboches, estamos acostumados a comer nosso
pão, isto é, servir a Jesus, molhado pelas lágrimas que
vertemos nos momentos das dificuldades.
Já outros cristãos são semelhantes aos pássaros, apenas a
costumados a comer o pão nos dias ensolarados pela alegria
e o sucesso.
Quando chegam as perseguições e o pão se torna molhado,
rejeitam-no e acabam por morrer na fé.
..............................
No tempo em que o continente africano era habitado apenas
por duas tribos, houve um grave problema na floresta de
Gana. Um terrível incêndio começou a se levantar no
horizonte, e suas chamas, espalhadas pelo vento, foram
formando um circulo, que precisava ser abandonado antes
que se fechasse elevasse à morte todos os que estivessem
dentro dele.
A bicharada nunca havia enfrentado uma situação de perigo
como esta. O pior é que os animais eram desunidos e
egoístas. Corriam para um lado e para o outro, de maneira
desordenada, procurando se defender, e se bobeassem, o
maior pisoteava o menor. Cheios de dúvidas, logo voltavam
atrás e assim promoviam, com relinchos, rugidos, e urros,
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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toda aquela desesperada balbúrdia. Instaurou-se então o caos
na floresta. Do jeito que a coisa ia, poucos se salvariam.
Claro que precisavam de alguém com uma ampla visão da
situação, que lhes guiassem com segurança pelo melhor
caminho. Unidos e um ajudando ao outro, teriam melhores
chances de escapar daquele horrendo incêndio.
Quando estavam exaustos, e muitos choravam achegados
aos seus filhotes, vieram parar no alto de um monte, onde a
fumaça vinha de todos os lados. Parecia que o circulo já
havia se fechado. Era só esperar o fogo chegar para
morrerem todos.
Foi neste instante de angustia que, olhando para o alto,
viram o vôo de um bando de gansos liderados por Didi. Ela
ia à frente daquela formação em “V”, lutando contra a
dificuldade do ar aquecido pelo fogo e, portanto, com pouca
sustentação para o vôo. Incentivado pelos gritos de seus
companheiros que vinham atrás. Didi batia suas asas cada
vez mais forte, guiando-os para fora daquele circulo mortal.
Didi sabia que o ganso que vai à frente não está lá para se
exibir vaidosamente. Pelo contrario, tem uma grande
responsabilidade, pois o movimento de ar que provoca na
formação em “V” da esquadra, ao bater suas asas com
empenho e força, facilita em setenta por cento o vôo dos
demais.
Assim ia ele, com toda a coragem, vencendo a barreira da
fumaça e de calor, conduzindo os demais ao caminho da
salvação!
Que lição maravilhosa para aquele momento de desespero.
Aquele “V” voando no céu era na verdade o “V” de vitória,
e era também como a seta de uma bússola a apontar o
caminho da saída.
Imediatamente os animais aprenderam a lição e nomearam a
girafa para os guiar. A ela caberia o dever de manter os
olhos na esquadra de gansos do Didi, e todos os demais
iriam segui-la. Assim encontraram a única saída disponível e
salvaram-se todos. Mais que isso: aprenderam uma grande
lição.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
141
A união em torno de seu líder é na verdade o segredo de um
vôo seguro, onde os que vêm atrás se aproveitam do esforço
do que vai á frente.
Não foi assim que o Senhor Jesus nos ensinou? Que aquele
que é o primeiro serve todos os demais?
Só os cegos, pela vaidade ou orgulho, não entendem e
preferem voar sós.
...................
Conta a lenda que morava um homem já idoso, porém muito
sábio, numa vila em um país distante do oriente e que tinha
respostas para tudo. Um velho amigo resolveu fazer –lhe
companhia junto a um oásis para aprender com ele o segredo
da vida. E viu quando um jovem viajante aproximou-se do
ancião e perguntou-lhe:
– Que tipo de pessoas vive aqui?
– E que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem? –
perguntou, por sua vez, o ancião.
– Oh! Um grupo de egoístas e malvados – replicou-lhe o
rapaz. Estou satisfeito em ter abandonado aquele lugar e em
nada me arrependo.
A isso o velho replicou:
– A mesma coisa haverá de encontrar por aqui.
E o rapaz fugiu rapidamente com a resposta.
No dia seguinte, lá estavam os dois amigos no mesmo lugar,
quando um outro andarilho aproximou-se do oásis para
beber água e, vendo o ancião, perguntou-lhe:
– Senhor, como são as pessoas que vivem nessa vila?
O velho respondeu com a mesma pergunta:
– E que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem?
Ao que o rapaz respondeu:
– Pessoas amigas, honestas, seletas e hospitaleiras. Fiquei
muito triste por ter de deixá-las para trás.
– É o mesmo tipo de gente que encontrará por aqui –
respondeu o ancião.
O amigo, que havia escutado as duas conversas, perguntou:
– Como é possível você dar respostas tão diferentes à mesma
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
142
pergunta, satisfazendo-as?
Ao que o velho responde:
– Ora, amigo, cada um carrega no seu coração o meio
ambiente em que vive. Nós somos os responsáveis pela
transformação do mundo exterior. Aquele que nada semeou
de bom no passado, não pode querer colher bons frutos no
futuro. Porém, o que faz amigos e cultiva amizades, semeará
o fruto deste plantio.
“E não vós conformeis com este século, mas transformai-vos
pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos
12.2).
Conhecer a alma do ser humano significa conhecer o que ele
sente por dentro realmente, o que deseja e busca. Só assim
poderemos entendê-lo melhor e por inteiro.
Precisamos de amigos para trocar, nos ensinar, nos conduzir,
nos alegrar.
Cada um é muito especial para Deus e tem algo a dizer.
Mesmo que seja breve, com certeza deixará um ensinamento
para nós.
Somos todos viajantes no tempo e o futuro de cada um é
escrito por si no passado. O ambiente, o presente e o futuro
somos nós que criamos e isso só depende de nós mesmos.
............................
Conta-se que, certa vez, dois irmãos, que moravam em
fazendas separadas apenas por um riacho, entraram em
conflito. Foi a primeira grande desavença, em toda uma
vida, trabalhando juntos, repartindo as ferramentas e
cuidando um do outro.
Durante anos percorreram a estrada que seguia ao longo do
rio para, ao final de cada dia, poderem desfrutar da
companhia um do outro.
Apesar do cansaço, faziam a caminhada com prazer, pois se
amavam, mas agora tudo havia mudado.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
143
Tudo começou com um pequeno mal-entendido explodindo
numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de
total silêncio.
Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta.
Era um carpinteiro procurando trabalho.
Você tem algum serviço que eu possa executar?
Sim, claro que tenho! Veja aquela fazenda além do riacho. É
do meu irmão mais novo. Nós brigamos e eu não o suporto
mais! Preciso viajar para arejar a cabeça. Vê aquela pilha de
madeira perto do celeiro? Quero que você construa uma
cerca bem alta ao longo do rio para que eu não precise mais
vê-lo.
Acho que entendo a situação – disse o carpinteiro.
Apanharei minhas ferramentas e certamente farei um
trabalho que lhe deixará satisfeito.
O irmão se foi, e o homem trabalhou arduamente durante
todo aquele tempo, medindo, cortando e pregando. No
terceiro dia, já anoitecia quando terminou a sua obra. O
trabalho demorou, mas a obra foi feita. O fazendeiro, ao
voltar da sua viagem, seus olhos não podiam acreditar no
que viam. Não havia qualquer cerca, e sim uma ponte que
ligava as duas margens do riacho.
Ficou enfurecido e falou:
Você foi muito atrevido construindo essa ponte após tudo
que lhe contei.
No entanto, as surpresas não haviam terminado.
Ao olhar novamente para a ponte, viu seu irmão aproximarse da outra margem, surpreso com aquela construção. Por
um instante, ambos permaneceram imóveis, cada um no seu
lado do rio. Mas, de repente, num só impulso, correram
juntos na mesma direção, e abraçaram-se chorando bem no
meio da ponte.
O carpinteiro, após receber, estava partindo com sua caixa
de ferramentas quando um dos irmãos pediu-lhe,
emocionado:
Espere! Fique conosco mais alguns dias.
E o carpinteiro respondeu:
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
144
Eu adoraria ficar, mas, infelizmente, tenho muitas outras
pontes para construir... “O homem iracundo suscita
contendas, mas o longânimo apazigua a luta”. (Provérbio
15.18).
....................
A vida de Ana se tornara muito ruim, desde o momento
em que começou a desconfiar que Artur, seu marido, tinha
outra mulher.
Ana olhava para ele e se sentia traída. Toda vez que Artur
chegava atrasado do trabalho, mesmo que dissesse que
fora o trânsito complicado ou uma reunião de última hora,
ela pensava: "demorou por causa da outra. Devem ter se
encontrado hoje. Por isso se atrasou."
A paz do lar ficou comprometida. Ele chegava cansado,
ela estava mal-humorada e procurava todos os motivos
para reclamar.
Por vezes, ela surpreendia Artur dispersivo, distante. O
pensamento longe.
Era o suficiente para pensar consigo mesma: "olhe só
como está pensativo! Aposto que está pensando nela."
Finalmente, um dia, ela resolveu seguir o marido para o
surpreender.
Esperou-o na saída do trabalho. Ele pegou o carro, andou
algumas quadras e parou na floricultura. Ela viu quando
ele escolheu as maravilhosas flores e saiu carregando-as
com carinho.
"Mau-caráter", pensou ela. "gastando com outra."
Aquilo a deixou de tal forma desconsertada, que começou
a chorar. Foi para casa e se jogou na cama. Chorou muito.
Pouco depois, ela ouviu a porta abrir e seu marido chegar.
Escutou os passos dele na escada, subindo até o quarto do
casal, onde ela estava.
Mal o viu adentrar o quarto, ela se sentou na cama, os
olhos vermelhos de chorar, os cabelos em desalinho e
desabafou:
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
145
"Eu vi tudo. Você não pode negar. Comprou flores para
ela. Rosas vermelhas maravilhosas. Você me traiu. Traiu o
nosso amor."
Alterada, ela se levantou e avançou na direção dele.
Para sua surpresa, verificou que ele trazia nas mãos o
lindo ramalhete de rosas vermelhas.
Um pouco chateado, estendendo o ramalhete para ela, ele
falou:
"Ana, hoje é dia do nosso aniversário de casamento. Você
nem se lembrou?"
O ciúme cria quadros exagerados, fomentando
desconfiança. Atestado de insegurança, destrói o
relacionamento pelo clima de tensão que cria a todo
momento.
Cultivador da infelicidade, o ciúme altera a correta visão
dos fatos, aumentando a importância de pequenos atrasos,
desejos não atendidos, esquecimentos de datas e
compromissos a dois.
Criando azedume, envenena a alma e desassossega o
pensamento.
Colocando óculos escuros na visão mental, tudo faz
parecer escuro, sombrio, devastador.
Uma distração é tida à conta de desinteresse. O atraso para
um encontro é considerado desrespeito.
Fora da realidade sempre, o ciúme provoca cenas
desastrosas e desgastantes, em situações onde uma leve
indagação ou uma conversa a dois, com toda a certeza,
resolveria.
Nunca deixemos que o ciúme nos atormente. Ele é o
responsável pela devastação de corações e de lares.
Se nos sentimos inseguros, fortifiquemos a relação a dois
com diálogos mais profundos, com saídas para um passeio
ao luar ou um final de semana a sós.
Se o outro estiver, verdadeiramente, permitindo que a
relação esfrie, que o amor amorne, providenciemos o
melhor para o estreitamento dos laços afetivos, guardando
a certeza de que é nos pequenos gestos que a relação se
torna mais forte, mais firme.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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.........................
Diante de uma vitrine atrativa, um menino pergunta o preço
dos filhotes à venda. “Entre 30 e 50 dólares”, respondeu o
dono da loja. O menino puxou uns trocados do bolso e disse:
“Eu só tenho 2,37 dólares, mas eu posso ver os filhotes?” O
dono da loja sorriu e chamou Lady, que veio correndo,
seguida de cinco bolinhas de pêlo. Um dos cachorrinhos
vinha mais atrás, mancando de forma visível.
Imediatamente, o menino apontou aquele cachorrinho e
perguntou: “O que é que há com ele?” O dono da loja
explicou que o veterinário tinha examinado e descoberto que
ele tinha um problema na junta do quadril, sempre mancaria
e andaria devagar.
O menino se animou e disse: “Esse é o cachorrinho que eu
quero comprar!”. O dono da loja respondeu: “Não, você não
vai gostar dele. Se você realmente quiser ficar com ele, eu
lhe dou de presente”. O menino ficou transtornado e,
olhando bem na cara do dono da loja, com seu dedo
apontado, disse: “Eu não quero que você o dê para mim.
Aquele cachorrinho vale tanto quanto qualquer um dos
outros e eu vou pagar tudo”.
Na verdade, eu lhe dou 2,37 dólares agora e 50 centavos por
mês, até completar o preço total”.
O dono da loja contestou: “Você realmente não vai gostar
deste cachorrinho. Ele nunca vai poder correr, pular e
brincar com você e com os outros cachorrinhos”. Aí, o
menino abaixou e puxou a perna esquerda da calça para
cima, mostrando a sua perna com um aparelho para andar.
Olhou bem para o dono da loja e respondeu: “Bom, eu
também não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de
alguém que entenda isso”.
Muitas vezes desprezamos as pessoas com as quais
convivemos diariamente, simplesmente por causa de seus
“defeitos” quando, na verdade, somos todos iguais ou pior
que elas, e sabemos que essas pessoas precisam apenas de
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
147
alguém que as compreendam e as amem, não pelo que elas
podem fazer, mas pelo que são.
Essa linda história me faz lembrar o que Deus mostrou a
Moisés na visão da sarça do deserto. Havia um fogo na sarça
que não a consumia. E Moisés chamou de grande maravilha.
A sarça é algo seco, sem vida, cresce, vive e morre no
deserto sem receber importância de qualquer um.
Sua forma é feia, sua cor é de poeira, não tem aroma nem
flor. No entanto, foi nela que o nosso Deus mostrou Sua
glória. A Bíblia diz: “Deus escolheu as cousas loucas do
mundo para envergonhar os sábios”
(I Coríntios 1.27).
.................
Era uma vez três pinheiros plantados numa vasta floresta no
reino da Swazilândia, Sul da África. Cada um deles tinha um
sonho.
O primeiro muito, ambicioso, sonhava ser rico, o mais rico
de todos os pinheiros. Queria ser, no futuro, um grande baú,
adornado por pedras preciosas, onde o rei guardasse o que
de mais valioso possuísse. Já podia se ver como centro das
atenções, na sala mais luxuosa do palácio, aberto apenas em
ocasiões especiais e para convidados ilustres.
E então, neste instante em que fosse aberto, veria o olhar de
admiração daqueles que tivessem tido a honra de contemplálo. Era a glória que ele mais queria na vida.
O segundo pinheiro, que só pensava em si mesmo, queria
aproveitar a vida e viajar pelo mundo. Seu sonho era se
tornar uma caravela, que os ventos empurrassem pelos
mares da vida.
Imaginava-se aportando nas belas ilhas do Caribe ou nos
luxuosos portos da Europa, recebendo a brisa fresca do
Pacífico e sendo beijado pelas águas frias do Índico. Queria
ter da vida o que ela de melhor pudesse lhe oferecer.
O terceiro pinheiro era bem diferente dos outros dois. Não
era tão alto quanto ao primeiro e nem tinha um tronco tão
forte quanto o segundo. Seu sonho era ser útil de alguma
forma e poder ajudar quem dele precisasse. Achava que não
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
148
havia maior riqueza do que servir, e para ter o melhor que a
vida pudesse oferecer, devia amar e se dedicar ao próximo.
Assim tinha certeza que encontraria a paz e a felicidade.
É claro que os outros dois pinheiros o consideravam
estúpido e ingênuo. Eles o desprezavam, e embora tivessem
sido plantados próximos uns dos outros, mantinham-no fora
das conversas.
O tempo foi passando e os três pinheiros crescendo. Um dia
apareceu na floresta um oficial do rei, com a missão de
escolher o pinheiro ideal para construir um baú onde o rei
pudesse guardar seu tesouro.
Quando o primeiro pinheiro ouviu isso, entendeu que sua
chance havia chegado. Esticou o máximo que pôde seus
galhos e estufou seu tronco. Era mesmo muito lindo.
Quando o homem o viu, ficou impressionado e o comprou. E
lá se foi o primeiro pinheiro se tornar o guardião do tesouro
do rei.
Não muito depois, outro comprador visitou a floresta. Era
um capitão que procurava madeira para construir uma
caravela. O segundo pinheiro tinha agora a chance que
esperava. Envergou-se o quanto pôde para um lado e para o
outro mostrando grande elasticidade em suas fibras, para se
adaptar à forma do casco do navio.
Não precisou de mais nada. O marinheiro o comprou. Lá se
foi o segundo pinheiro para se transformar em caravela, o
que era seu sonho.
Assim vieram compradores de todas as partes do mundo
para escolher a madeira que melhor se adaptasse aos seus
negócios. Uma a uma, as árvores se foram, e daquela imensa
floresta que cobria as montanhas como um tapete, restou
apenas o terceiro pinheiro. O único que não foi escolhido,
porque achavam que não servia para os negócios deste
mundo.
Até que um dia, um carpinteiro veio á procura de madeira.
Queria um bem simples, sem nada de especial, pois o que
pretendia fazer com ela não era uma suntuosa arca de
tesouro, tampouco uma caravela.
Assim, o terceiro pinheiro foi levado embora da floresta,
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
149
onde foi iniciado um processo de reflorestamento.
O primeiro pinheiro se transformou numa linda arca,
entalhada com o brasão real. Ficava no centro da sala mais
bela do palácio. Até que um dia o palácio foi invadido por
inimigos, que mataram o rei e lhe saquearam o tesouro.
Como a arca era muito grande e pesada, tiraram tudo que
havia nela e puseram fogo no palácio. O pobre pinheiro
morreu queimado nas chamas do incêndio sozinho e vazio.
O segundo pinheiro, quando viajava pelos mares gelados do
Norte, foi açoitado pelos ventos e lançado violentamente
contra as rochas de uma ilha vindo a se despedaçar. Dessa
forma morreu afogado, sendo sepultado no fundo de mar
O terceiro pinheiro, cujo sonho era servir, foi transformado
pelas mãos do carpinteiro numa cruz, a qual um dia foi
colocado sobre as costas ensangüentadas do Senhor Jesus
Cristo.
Ali, ajudou o Senhor a cumprir o maior serviço que um
servo jamais cumpriu: a dar a Sua própria vida para salvar
Seus irmãos.
Seu desejo de servir fez dele o mais precioso tesouro de
madeira da humanidade: a cruz de Jesus. E ainda o levou a
viajar por todas as partes do mundo, carregado por aqueles
que sabem que a verdadeira riqueza é servir, e obedecem à
ordem: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9.23).
..............................
Era uma vez um jovem pastor que apascentava seu rebanho
nas colinas da terra de Judá.
Tinha ele muitos e fiéis carneiros que lhe ouviam a voz e o
seguiam por onde quer que fosse. Um dia, o pastor viu ao
longe um grupo de carneiros soltos que parecia vagar sem
dono. Interessado em aumentar seu rebanho com um
crescimento rápido, ele procurou atrair aquele rebanho
levando seus carneiros a pastar próximo a ele. Deu certo:
Em questão de algumas horas os carneiros estavam
misturados e agregados ao grupo.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
150
Não tardou a chegar o inverno naquela região desértica do
oriente. Os dias eram frios e as noites mais ainda. Logo, a
pastagem se tornou escassa e os lobos, famintos, começaram
a atacar em bandos tudo que pudesse lhes servir de alimento.
Num desses ataques, os lobos avançaram em dois pontos
diferentes. Em um deles estavam os carneiros novos e foi
para lá que o rapaz correu e lutou com tal valentia que
afastou as feras. Porém, do outro lado, um carneiro velho foi
sacrificado por falta de proteção.
Rapidamente, o pastor levou seu rebanho para uma caverna
onde poderia protegê-lo e alimentá-lo com ração que havia
previamente armazenado.
Ali, a melhor ração ele dava para os carneiros novos que
haviam conquistado toda a sua atenção.
Os dias eram longos e as noites sombrias, até que o inverno
passou e a terra começou novamente a enverdecer.
O pastor abriu as portas do seu redil e o rebanho correu solto
pelos campos. Era a vida que se renovava mais uma vez.
Mas, qual não foi a surpresa do pastor ao notar que os
carneiros novos começaram a se afastar do rebanho e seguir
outro caminho.
- Ei, gritou o pastor, para onde vocês vão? Não lhes tratei
com o melhor que tinha e lutei com os lobos para lhes
defender a vida? Porque deixam o rebanho?
Ao que o líder dos carneiros novos respondeu:
- Pastor, esses carneiros não seu rebanho fiel que lhe segue
por toda a vida? Pois a partir da nossa chegada você os
desprezou e passou a dar a nós, a quem pouco conhecia, a
melhor reação e a melhor proteção. Ficou claro para nós o
seu coração. Se você não é amigo dos que estão contigo há
tanto tempo, amanhã, quando um novo bando se aproximar
do rebanho, certamente farás conosco o mesmo que fizeste
com eles. Pensamos que seja melhor contarmos conosco
mesmo ao invés de confiarmos em um falso pastor.
................
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
151
Muitas pessoas se comportam da forma que imaginam que
agradará a todos.
Esta metáfora nos fala da impossibilidade de realizar este
objetivo e sobre a necessidade de confiarmos em nosso
julgamento interno.
Em pleno calor do dia um pai andava pelas poeirentas ruas
de Keshan junto com seu filho e um jumento.
O pai estava sentado no animal, enquanto o filho o conduzia,
puxando a montaria com uma corda.
"Pobre criança!", exclamou um passante, "suas perninhas
curtas precisam esforçar-se para não ficar para trás do
jumento.
Como pode aquele homem ficar ali sentado tão calmamente
sobre a montaria,
ao ver que o menino está virando um farrapo de tanto correr.
O pai tomou a sério esta observação, desmontou do jumento
na esquina seguinte e colocou o rapaz sobre a sela.
Porém não passou muito tempo até que outro passante
erguesse a voz para dizer:
Que desgraça! O pequeno fedelho lá vai sentado como um
sultão, enquanto seu velho pai corre ao lado.
Esse comentário muito magoou o rapaz, e ele pediu ao pai
que montasse também no burro, às suas costas.
Já se viu coisa como essa?, resmungou uma mulher usando
véu. Tamanha crueldade para com os animais!
O lombo do pobre jumento está vergado, e aquele velho que
para nada serve e seu filho abancaram-se como seu o animal
fosse um divã.
Pobre criatura! "Os dois alvos dessa amarga crítica
entreolharam-se e, sem dizer palavra, desmontaram.
Entretanto mal tinham andado alguns passos quando outro
estranho fez troça deles ao dizer:
Graças a Deus que eu não sou tão bobo assim!
Por que vocês dois conduzem esse jumento se ele não lhes
presta serviço algum, se ele nem mesmo serve de montaria
para um de vocês?
O pai colocou um punhado de palha na boca do jumento e
pôs a mão sobre o ombro do filho.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
152
"Independente do que fazemos", disse, sempre há alguém
que discorda de nossa ação.
Acho que nós mesmos precisamos determinar o que é
correto".
você."
"Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa
uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você
fizer na vida irá deixar traços, e procure ser consciente de
cada ação".
..............................
O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura,
perguntou:
- Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco?
E por acaso, é uma história sobre mim?
A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:
- Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais
importante do que as palavras, é o lápis que estou usando.
Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.
O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de
especial.
- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!
- Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há
cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será
sempre uma pessoa em paz com o mundo.
"Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas
não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus
passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre
conduzi-lo em direção à Sua vontade".
"Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o
que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o
lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado.
Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão
ser uma pessoa melhor."
"Terceira qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma
borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que
corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo
mau, mas algo importante para nos manter no caminho da
justiça".
"Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a
madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro.
Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
153
............
Cada dia, ao meio-dia, um pobre velho entrava na Igreja, e
poucos minutos depois, saía.
Um dia, o pastor lhe perguntou o que fazia, tão rapidamente.
Venho orar, respondeu o velho.
Mas é estranho, disse o pastor, que você consiga orar tão
depressa.
Bem, retrucou o velho, eu não sei recitar aquelas orações
compridas.
Mas todo dia, ao meio-dia eu entro na Igreja e só falo:
"Oi Jesus, eu sou o Zé, vim te visitar."
Num minuto, já estou de saída.
É só uma oraçãozinha, mas tenho certeza que Ele me ouve.
Alguns dias depois, o Zé sofreu um acidente e foi internado
num hospital e, na enfermaria, passou a exercer uma
influência sobre todos:
os doentes mais tristes se tornaram alegres, muitas risadas
passaram a ser ouvidas.
Zé, disse-lhe um dia a enfermeira, os outros doentes dizem
que você está sempre tão alegre....
É verdade, minha irmã, estou sempre tão alegre. É por causa
daquela visita que recebo todo dia. Me faz tão feliz.
A enfermeira ficou atônita.
Já tinha notado que a cadeira encostada na cama do Zé
estava sempre vazia.
O Zé era um velho solitário, sem ninguém.
Que visita? A que hora?
Todos os dias. Respondeu Zé, com um brilho nos olhos.
Todos os dias ao meio-dia Ele vem ficar ao pé cama.
Quando olho para Ele, Ele sorri e diz:
-"Oi, Zé, eu sou Jesus, eu vim te visitar".
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
154
..................
Havia duas vizinhas que viviam em pé de guerra.
Não podiam se encontrar na rua que era briga na certa.
Depois de um tempo, dona Maria descobriu o verdadeiro
valor da amizade e resolveu que iria fazer as pazes com dona
Clotilde. Ao se encontrarem na rua, muito humildemente,
disse dona Maria:
Minha querida Clotilde, já estamos nessa desavença há anos
e sem nenhum motivo aparente. Estou propondo para você
que façamos as pazes e vivamos como duas boas e velhas
amigas.
Dona Clotilde, na hora estranhou a atitude da velha rival, e
disse que iria pensar no caso. Pelo caminho foi matutando:
Essa dona Maria não me engana, está querendo me aprontar
alguma coisa e eu não vou deixar barato.
Vou mandar-lhe um presente para ver sua reação.
Chegando em casa, preparou uma bela cesta de presentes,
cobrindo-a com um lindo papel, mas encheu-a de esterco de
vaca.
“Eu adoraria ver a cara da dona Maria ao receber esse
‘maravilhoso’ presente”.
Vamos ver se ela vai gostar dessa". Mandou a empregada
levar o presente a casa da rival, com um bilhete: "Aceito sua
proposta de paz e para selarmos nosso compromisso, enviote esse lindo presente".
Dona Maria estranhou o presente, mas não se exaltou. Que
ela está propondo com isso? Não estamos fazendo as pazes?
Bem, deixa pra lá. Alguns dias depois dona Clotilde atende a
porta e recebe uma linda cesta de presentes coberta com um
belo papel.
É a vingança daquela asquerosa da Maria. Que será que ela
me aprontou!
Qual não foi sua surpresa ao abrir a cesta e ver um lindo
arranjo das mais belas flores que podiam existir num jardim,
e um cartão com a seguinte mensagem:
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
155
"Estas flores é o que te ofereço em prova da minha
amizade”.
Foram cultivadas com o esterco que você me enviou e que
proporcionou excelente adubo para meu jardim.
Afinal, cada um dá o que tem em abundância em sua vida.
...................
Um jovem e bem sucedido executivo dirigia na vizinhança,
correndo em seu novo Jaguar.
Observando crianças se lançando entre os carros
estacionados, diminuiu um pouco a velocidade, quando
achou ter visto algo.
Enquanto passava, nenhuma criança apareceu.
De repente um tijolo espatifou-se na porta lateral do Jaguar.
Freou bruscamente e deu ré até o lugar de onde teria vindo o
tijolo.
Saltou do carro e pegou bruscamente uma criança
empurrando-a contra um veículo estacionado e gritou:
- Por que você fez isto? Quem é você? Que besteira você
pensa que está fazendo?
Este é um carro novo e caro, aquele tijolo que você jogou
vai me custar muito dinheiro.
Por que você fez isto?
- Por favor senhor me desculpe, eu não sabia mais o que
fazer!
Implorou o pequeno menino
- Ninguém estava disposto a parar e me atender neste local.
Lágrimas corriam do rosto do garoto, enquanto apontava na
direção dos carros estacionados.
- É o meu irmão. Ele desceu sem freio e caiu de sua cadeira
de rodas e eu não consigo levantá-lo.
Soluçando, o menino perguntou ao executivo:
- O senhor poderia me ajudar a recolocá-lo em sua cadeira
de rodas?
Ele está machucado e é muito pesado para mim.
Movido internamente muito além das palavras, o jovem
motorista engolindo "nó imenso" dirigiu-se ao jovenzinho,
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
156
colocando-o em sua cadeira de rodas.
Tirou seu lenço, limpou as feridas e arranhões, verificando
se tudo estava bem.
- Obrigado e que meu Deus possa abençoá-lo A grata
criança disse a ele.
O homem então viu o menino se distanciar... empurrando o
irmão em direção à sua casa.
Foi um longo caminho de volta para o Jaguar... um longo e
lento caminho de volta.
Ele nunca consertou a porta amassada.
Deixou amassada para lembrá-lo de não ir tão rápido pela
vida, que alguém tivesse que atirar um tijolo para obter a sua
atenção.
Deus sussurra em nossas almas e fala aos nossos corações.
Pense nisso, Deus é bom e está sempre esperando por todos
nós...
....................
Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por
isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do
comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e
que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado
diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã
até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais
prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por
perto.
É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que
criticam.
Nas pessoas que escutam mais do que falam.
E quando falam, passam longe da fofoca, das maldades
ampliadas no boca a boca.
É possível detectá-las nas pessoas que não usam um tom
superior de voz.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
157
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque
não sentem prazer em humilhar os outros.
É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que
desconhece, é quem cumpre o que promete e, ao receber
uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes
quem está falando e só depois manda dizer se está ou não
está.
É elegante não ficar espaçoso demais.
É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de
outro.
É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos
informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.
Sobrenome, jóias, e nariz empinado não substituem a
elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do
mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da
observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.
Educação enferruja por falta de uso.
"LEMBRE-SE de que colheremos, infalivelmente aquilo que
houvermos semeado. Se estamos sofrendo, é porque estamos
colhendo os frutos amargos das sementeiras errôneas. Fique
alerta quanto ao momento presente. Plante apenas sementes
de sinceridade e de amor, para colher amanhã os frutos
doces da alegria e da felicidade. Cada um colhe, exatamente,
aquilo que plantou."
.................
Um dia, um rapaz pobre que vendia mercadorias de porta em
porta para pagar seus estudos, viu que só lhe restava uma
simples moeda de dez centavos e tinha fome.
Decidiu que pediria comida na próxima casa. Porém, seus
nervos o traíram quando uma encantadora mulher jovem lhe
abriu a porta.
Em vez de comida pediu um copo de água. Ela pensou que o
jovem parecia faminto e assim lhe deu um grande copo de
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
158
leite.
Ele bebeu devagar e depois lhe perguntou?
- Quanto lhe devo?
- Não me deves nada - respondeu ela.
- Minha mãe sempre nos ensinou a nunca aceitar pagamento
por uma oferta caridosa.
Ele disse:
- Pois te agradeço de todo coração.
Quando Howard Kelly saiu daquela casa, não só se sentiu
mais forte fisicamente, mas também sua fé em Deus e nos
homens ficou mais forte.
Ele já estava resignado a se render e deixar tudo.
Anos depois essa jovem mulher ficou gravemente doente.
Os médicos locais estavam confusos. Finalmente a enviaram
a cidade grande, onde chamaram um especialista para
estudar sua rara enfermidade.
Chamaram ao Doutor Howard Kelly para examiná-la
quando escutou o nome do povoado donde ela viera, uma
estranha luz encheu seus olhos.
Imediatamente subiu do vestíbulo do hospital a seu quarto.
Vestido com a sua bata de doutor foi ver a paciente.
A reconheceu imediatamente. Retornou ao quarto de
observação determinado a fazer o melhor para salvar aquela
vida.
À partir daquele dia dedicou atenção especial aquela
paciente.
Depois de uma demorada luta pela vida da enferma, ganhou
a batalha.
O Dr. Kelly pediu a administração do hospital que lhe
enviasse a fatura total dos gastos para aprová-la. Ele a
conferiu e depois escreveu algo e mandou entregá-la no
quarto da paciente.
Ela tinha medo de abri-la, porque sabia que levaria o resto
da sua vida para pagar todos os gastos. Mas finalmente abriu
a fatura e algo lhe chamou a atenção, pois estava escrito o
seguinte:
Pago totalmente, faz muitos anos, com um copo de leite.
(assinado) Howard Kelly
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
159
.......................
Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus
discípulos :
"Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas ?"
"Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles.
"Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado
?", questionou novamente o pensador.
"Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos
ouça", retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar :
"Então não é possível falar-lhe em voz baixa ?"
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o
pensador.
Então ele esclareceu :
"Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se
está aborrecido ?"
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus
corações se afastam muito.
Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem
escutar-se mutuamente.
Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que
gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão
enamoradas ?
Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê ?
Porque seus corações estão muito perto. A distância entre
elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam,
somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer
sussurrar, apenas se olham, e basta.
Seus corações se entendem.
É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão
próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo :
"Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois
chegará um dia em que a distância será tanta que não mais
encontrarão o caminho de volta".
Créditos atribuídos à Mahatma Gandhi
....................
Após uma caminhada exaustiva pelo campo, os quatro
amigos sentaram à beira do caminho, embaixo da sombra da
velha mangueira. Era ela a única árvore numa plantação de
melancias. Era como se representasse com dignidade a
espécie das árvores, num planeta onde alguns humanos não
importam em destruí-las em nome de um progresso
duvidoso. Aquele era o local preferido dos rapazes - jacas e
melancias à vontade! Aquele dia era especial... Terminou o
curso e, provavelmente, seria a última vez que caminhariam
juntos. Embora nem admitissem, estavam conscientes do
momento e não perceberam o estranho brilho pairando sobre
a copa da jaqueira.
Não fiquem tristes, nós nos veremos novamente...
Os amigos se entreolharam, espantados.
Quem disse isso? perguntou Eduardo, intrigado.
A voz era suave e nem parecida com nenhum deles.
Ouvi! confirmou Pedro.
Parece que veio lá de cima.
Também escutei! disse Silas.
Estranho! comentou Antônio. Acho que pegamos sol demais
pelo caminho.
Ei! exclamou Silas. Vocês estão notando uma luz estranha
no alto da árvore?
Todos olharam para cima.
É verdade. Vai ver é um disco voador!
Escutaram a voz novamente:
Não é brincadeira! Eu posso atender um pedido de cada um
de vocês para que sejam felizes...
O susto foi grande. Uma árvore falante! Árvores não falam!
Ou falam? O conhecimento científico, impõe-se de maneira
preponderante, de tal forma que acabamos por crer apenas
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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no que conseguimos pesar, medir, reduzir, ao mesmo tempo
que passamos a recusar tudo o que não se enquadre nesses
experimentos científicos.
Vo... você é um tipo de árvore da felicidade? perguntou
Antônio.
Não importa agora. Façam logo seus pedidos...
Quero ser o homem mais rico do mundo! falou Antônio,
superando os instantes de incredulidade. Ninguém consegue
ser feliz sem dinheiro.
Silas pediu:
Quero ser o homem mais amado do mundo, já que dinheiro
não traz felicidade.
Eduardo falou:
Eu quero ser muito inteligente! E também jovem! Mocidade
e inteligência são, sem dúvida, as maiores felicidades.
Pedro pediu:
Eu quero ser o homem mais famoso, com glória.
E todos riram. Rapidamente a copa da jaqueira mudou de
cor, soltou estranho zunido e, por fim, subiu velozmente
para o céu, deixando um rastro luminoso e os quatro amigos
boquiabertos. O tempo passou... Cada um seguiu seu
caminho. Conforme pediram, seus desejos foram realizados,
embora não tivessem conseguido a tão ansiada felicidade...
Antônio tornou-se o homem mais rico, graças a uma
estranha sorte no mundo dos negócios. Acumulara fortuna,
mas a riqueza só lhe trouxe problemas. Nunca tinha certeza
se as pessoas que conviviam ao seu redor estavam
interessadas nele ou na sua fortuna, e por isso ia se tornando
taciturno, entediado, egoísta, isolando-se de todos. Só saía
protegido por guarda-costas, por medo de seqüestros.
Silas, por sua vez, era muito amado. Ainda que fizesse as
piores maldades, seus fanáticos admiradores sorriam para ele
e lhe adoravam. Mas sentia-se muito só. Não fazia diferença
como tratava as pessoas: o resultado era o mesmo. Tinha
muitas mulheres, mas não amava nenhuma. O amor das
pessoas, sem que fizesse nada para conquistá-lo, tornou-o
cruel e perverso. Sentia prazer em maltratar as pessoas.
Eduardo permanecia jovem e inteligente. Era requisitado
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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para palestras pelo mundo todo. Governantes solicitavam
sua sabedoria. Mas era infeliz e solitário. Era alvo constante
da inveja das pessoas. Coisas simples como sair à rua ou ter
amigos, era impossível agora. Vivia recluso, por evitar os
jornalistas e a milhares de convites para apresentações em
público.
Antônio, Silas e Pedro viam a morte como libertadora de
tanta infelicidade e frustração. Para Eduardo, sempre jovem,
pensava ele mesmo dar fim a sua vida infeliz.
1990... 1996... 2000... 2003... 2008...Embora nunca mais
tivessem se encontrado depois daquele dia, os quatro
mantinham o hábito de olhar o céu em noites estreladas, à
procura de um estranho brilho esverdeado. Um dia, os
quatro largaram tudo e fugiram. Viram-se novamente no
local da velha jaqueira.
- Fomos enganados. Mas o que podemos fazer agora? E
choraram, abraçados um ao outro.
Foram vocês que escolheram assim!
A voz! Maldita! Maldita! Você nos enganou com sua
conversa de felicidade! esbravejou Pedro.
Vocês se enganaram. Todos sempre se enganam, quando
acham que para ser feliz é preciso alguma condição como
dinheiro, inteligência, mocidade, amor ou glória..
.- Pelo amor de Deus! Filosofia barata não! Já estou farto de
conselhos! falou Antônio. Você prometeu felicidade, mas
hoje, olhe para nós: somos os homens mais infelizes do
mundo!
Vocês quiseram ser felizes. Fizeram seus pedidos e foram
atendidos. Mas esqueceram que a felicidade não pode ser
possuída... tem que ser conquistada, assim como o amor e a
liberdade. Cada pessoa sobre a Terra é um ser único e
imprevisível. Não existem fórmulas ou soluções que sirvam
para todos. Cada um precisa escolher o seu próprio caminho
e o seu jeito de caminhar! Vocês terão uma nova
oportunidade...
E como será essa nova oportunidade? perguntou Pedro. Mas
não ouviram resposta. De novo o rastro prateado confundiuse com o brilho das estrelas.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Já é noite! surpreendeu-se Silas. Mas como? Será que
cochilamos os quatro ao mesmo tempo? Eram novamente
jovens, ainda cansados pela caminhada, a última que faziam
como internos do colégio.
Engraçado... aconteceu alguma coisa que não consigo me
lembrar...disse Antônio. Os quatro levantaram-se e já iam
pôr-se a caminho, quando Antônio percebeu um pedaço de
papel esverdeado pregado na jaqueira.
Um bilhete! E é para nós! verificou Silas. Ninguém sabia
quem tinha deixado aquilo.
Amigos Queridos:
Ninguém precisa de riqueza, poder, fama, mocidade,
inteligência, ou qualquer outra coisa para ser feliz. A
felicidade não pode ser comprada. Ela é fruto de nosso
compromisso com a paz, a justiça, a alegria, o equilíbrio
entre os seres do planeta, pois não é só a nossa felicidade
que importa, mas a dos que virão depois de nós e de nossos
filhos. Ser feliz é isso: aproveitar intensamente este presente
cotidiano – a vida - vivê-la plenamente e permitir que os
outros também façam o mesmo. Afinal, vivemos um dia de
cada vez e quem deixa seu tempo presente preocupado com
o que ainda não aconteceu ou angustiado pelo que já passou,
perde a oportunidade de ser feliz aqui e agora e, um dia, sem
que se saiba quando, será tarde para voltar atrás. No
caminho de volta, entre milhares de estrelas, havia agora um
brilho esverdeado, cuja luz parecia ter compartilhado
daquele estranho acontecimento...
..........................
Parado ao sol, o escorpião olhava ao redor da montanha
onde morava.
"Positivamente, tenho de me mudar daqui" - pensou.
Esperou a madrugada chegar, lançou-se por caminhos
empoeirados até atingir a floresta. Escalou rochedos, cruzou
bosques e, finalmente, chegou às margens do rio largo e
caudaloso.
"Que imensidão de águas! A outra margem parece tão
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convidativa... Se eu soubesse nadar..."
Subiu longo trecho da margem, desceu novamente, olhou
para trás. Aquele rio certamente não teria medo de
escorpião. A travessia era impossível.
"Não vai dar. Tenho de reconsiderar minha decisão" lamentou.
Estava quase desistindo quando viu a rã sobre a relva, bem
próxima à correnteza. Os olhos do escorpião brilharam:
"Ora, ora... Acho que encontrei a solução!" - pensou rápido.
- Olá, rãzinha! Me diga uma coisa: você é capaz de
atravessar este rio?
- Ih, já fiz essa travessia muitas vezes até a outra margem.
Mas por que você pergunta? - disse a rã, desconfiada.
- Ah, deve ser tão agradável do outro lado - disse - pena eu
não saber nadar.
A rã já estava com os olhos arregalados: "será que ele vai
me pedir...?"
- Se eu pedisse um favor, você me faria? - disse o escorpião
mansamente.
- Que favor? - murmurou a rã.
- Bem - o tom da voz era mais brando ainda - bem, você me
carregaria nas costas até a outra margem?
A rã hesitou:
- Como é que eu vou ter certeza de que você não vai me
matar?
- Ora, não tenha medo. Evidentemente, se eu matar você,
também morrerei - argumentou o escorpião.
- Mas... e se quando estivermos saindo daqui você me matar
e pular de volta para a margem?
- Nesse caso eu não cruzaria o rio nem atingiria meu destino
- replicou o escorpião.
- E como vou saber se você não vai me matar quando
atingirmos a outra margem? - perguntou a rã.
- Ora, ora... quando chegarmos ao outro lado eu estarei tão
agradecido pela sua ajuda que não vou pagar essa gentileza
com a morte.
Os argumentos do escorpião eram muito lógicos. A rã
ponderou, ponderou e, afinal, convenceu-se. O escorpião
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acomodou-se nas costas macias da agora companheira de
viagem e começaram a travessia. A rã nadava suavemente e
o escorpião quase chegou a cochilar. Perdeu-se em
pensamentos e planos futuros, olhando a extensão enorme
do rio.
De repente se deu conta de que estava dependendo de
alguém, de que ficaria devendo um favor para a rãzinha.
Reagiu, ergueu o ferrão.
"Antes a morte que tal sorte" - pensou.
A rã sentiu uma violenta dor nas costas e, com o rabo do
olho, viu o escorpião recolher o ferrão. Um torpor cada vez
mais acentuado começava a invadir-Ihe o corpo.
- Seu tolo - gritou a rã - agora nós dois vamos morrer! Por
que fez isso?
O escorpião deu uma risadinha sarcástica e sacudiu o corpo.
- Desculpe, mas eu não pude evitar. Essa é a minha natureza.
Entretanto a sua “natureza” pode ser perfeitamente
modificada... e pra melhor...
................................
Nos capítulos da história dos reis de Israel há um momento
de rara beleza. Trata-se do período do rei Ezequias. Esse
homem bom e temente a Deus nos deixou uma das mais
lindas lições de como se obter a vitória nas ocasiões
adversas da vida. Sua fé me faz lembrar uma história
interessante, narrada já em muitos livros, que ilustra muito
bem o que gostaria de ressaltar.
Conta-se que um idoso espadachim chinês, que se tornara
uma lenda em seu país por ter derrotado todos os seus
inimigos, fora desafiado por um inescrupuloso guerreiro,
cujo principal objetivo era transferir a fama de maior
espadachim para si. Usava a técnica da provocação para
irritar seus adversários e no contra-ataque os derrotava.
A aldeia toda ficou em suspense, pois o encurvado
espadachim já não tinha o vigor de outrora, mas todos
sabiam, também, que ele jamais fugiria a um desafio. Havia
no ar um sentimento de tristeza, pois era praticamente
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inevitável a derrota e, conseqüentemente, a morte do tão
amado e respeitado ancião.
Ao redor da praça central, aglomerou-se uma pequena
multidão. Bem no centro estavam o idoso espadachim e o
altivo guerreiro. Começaram, então, os insultos por parte do
jovem. Iam dos mais infantis até os de mais baixo calão.
Não vendo reação alguma por parte do velho, o guerreiro
passou a ofender seus ancestrais e até cuspir-lhe no rosto.
Foram horas e horas de ofensas e humilhações.
A multidão se enfurecia e queria tomar as dores do
impassível velhinho, mas a tradição não permitia que
alguém interferisse num duelo como aquele.
No final do dia, exausto e doente por deferir tanta maldade e
ódio, o jovem guerreiro se deu por vencido. Imediatamente,
os perplexos aldeões vieram inquirir do velhinho como ele
havia suportado tantos insultos. Alguns chegaram a pensar
que o lendário espadachim havia encarnado o famoso ditado
que diz: “mais vale um cão vivo do que um leão morto”.
Estavam decepcionados.
Quando todos se aquietaram, o velho e sábio espadachim
falou: “Se alguém lhe traz um presente e você não o aceita,
de quem é o presente?”
Ao que todos responderam: “Daquele que o trouxe”.
“O mesmo vale para inveja,o ódio, os insultos e as
ameaças”, disse o velho, “quando não aceitos, continuam
pertencendo a quem os carregava”.
Assim, também, fez o rei Ezequias em relação aos insultos e
ameaças do rei da Assíria. Dessa forma, seu coração não
temeu e ele acabou vencendo seus inimigos.
Nós também não podemos permitir que as palavras dos
“senaqueribes” nos tirem a fé no Deus vivo.
.................................
O velho se chamava Fleming e era um pobre fazendeiro
escocês.
Um dia, enquanto trabalhava, ouviu um pedido desesperado
de socorro vindo de um pântano nas proximidades. Largou
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suas ferramentas e correu em direção aos gritos. Lá
chegando, encontrou, enlameado até a cintura, um menino
gritando e tentando se safar da morte. O fazendeiro salvou o
rapaz de uma morte lenta e terrível.
No dia seguinte, uma carruagem riquíssima chega à humilde
casa do camponês. Um nobre, elegantemente vestido, sai e
se apresenta como o pai do menino que o fazendeiro tinha
salvo.
Eu quero recompensá-lo por você salvar a vida do meu filho
- disse o nobre.
Não, eu não posso aceitar pagamento algum pelo que fiz respondeu o fazendeiro.
Naquele momento, o filho do fazendeiro veio à porta do
casebre.
É seu filho? - perguntou o nobre.
Sim - respondeu orgulhosamente o fazendeiro.
Pois eu lhe faço uma proposta: deixe-me levá-lo e dar-lhe
uma boa educação. Se o rapaz for como o seu pai, crescerá e
será um homem do qual você ainda terá muito orgulho.
E assim foi.
Tempos depois, o filho do fazendeiro formou-se no St.
Mary's Hospital Medical School de Londres e ficou
conhecido no mundo todo como o notável Sr. Alexander
Fleming, um dos descobridores da penicilina e prêmio Nobel
de 1945.
Anos depois, aquele mesmo filho do nobre ficou doente,
com pneumonia. E o que o salvou? A penicilina. O nome do
nobre que educou Alexander Fleming? Sr. Randolph
Churchill. O nome do filho dele? Winston Churchill...
...........................
Conta-se que o legislador Licurgo foi convidado a proferir
uma palestra a respeito de educação. Aceitou o convite, mas
pediu, no entanto, o prazo de seis meses para se preparar. O
fato causou estranheza, pois todos sabiam que ele tinha
capacidade e condições de falar a qualquer momento sobre o
tema, e por isso o haviam convidado. Transcorridos os seis
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meses, compareceu ele perante a assembléia em expectativa.
Postou-se à tribuna e logo em seguida entraram dois criados,
cada qual portando duas gaiolas. Em cada uma havia um
animal, sendo duas lebres e dois cães. A um sinal
previamente estabelecido, um dos criados abriu a porta de
uma das gaiolas e a pequena lebre, branca, saiu a correr,
espantada. Logo em seguida o outro criado abriu a gaiola em
que estava o cão e este saiu em desabalada correria ao
encalço da lebre. Alcançou-a com destreza, trucidando-a
rapidamente.
A cena foi dantesca e chocou a todos. Uma grande
admiração tomou conta da assembléia e os corações
pareciam saltar do peito. Ninguém conseguia entender o que
Licurgo desejava com tal agressão. Mesmo assim, ele nada
falou. Tornou a repetir o sinal convencionado e a outra lebre
foi libertada. A seguir, o outro cão.
O povo mal continha a respiração. Alguns, mais sensíveis,
levaram as mãos aos olhos para não ver a reprise da morte
bárbara do indefeso animalzinho que corria e saltava pelo
palco. No primeiro instante, o cão investiu contra a lebre.
Contudo, em vez de abocanhá-la, bateu-lhe com a pata e ela
caiu. Logo a lebre ergueu-se e se pôs a brincar com o cão.
Para surpresa de todos, os dois ficaram a demonstrar
tranqüila convivência, saltitando de um lado a outro do
palco.
Então, e somente então, Licurgo falou: - Senhores, acabais
de assistir a uma demonstração do que pode a educação.
Ambas as lebres são filhas da mesma matriz, foram
alimentadas igualmente e receberam os mesmos cuidados.
Assim, igualmente, os cães. A diferença entre os primeiros e
os segundos é, simplesmente, a educação.
E prosseguiu vivamente o seu discurso, dizendo das
excelências do processo educativo:
- A educação, baseada numa concepção exata da vida,
transformaria a face do mundo.
Eduquemos nossos filhos, esclareçamos sua inteligência,
mas, antes de tudo, falemos aos seus corações, ensinemos a
eles a despojarem-se das suas imperfeições. Lembremos-nos
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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de que a sabedoria por excelência consiste em nos tornarmos
melhores.
...................
Esta é uma história de um homem que contratou um
carpinteiro para ajudar a arrumar algumas coisas na sua
fazenda.
O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil.
O pneu do seu carro furou.
A serra elétrica quebrou.
Cortou o dedo.
E ao final do dia, o seu carro não funcionou.
O homem que contratou o carpinteiro ofereceu uma carona
para casa.
Durante o caminho, o carpinteiro não falou nada.
Quando chegaram a sua casa, o carpinteiro convidou o
homem para entrar e conhecer a sua família.
Quando os dois homens estavam se encaminhando para a
porta da frente, o carpinteiro parou junto a uma pequena
árvore e gentilmente tocou as pontas dos galhos com as duas
mãos.
Depois de abrir a porta da sua casa, o carpinteiro
transformou-se.
Os traços tensos do seu rosto transformaram-se em um
grande sorriso, e ele abraçou os seus filhos e beijou a sua
esposa.
Um pouco mais tarde, o carpinteiro acompanhou a sua visita
até o carro.
Assim que eles passaram pela árvore, o homem perguntou:
Porque você tocou na planta antes de entrar em casa ?
Ah! esta é a minha Árvore dos Problemas.
Eu sei que não posso evitar ter problemas no meu trabalho,
mas estes problemas não devem chegar até os meus filhos e
minha esposa.
Então, toda noite, eu deixo os meus problemas nesta Árvore
quando chego em casa, e os pego no dia seguinte. - E você
quer saber de uma coisa !
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Toda manhã, quando eu volto para buscar os meus
problemas, eles não são nem metade do que eu me lembro
de ter deixado na noite anterior.
................
Numa determinada floresta havia 3 leões. Um dia o macaco,
representante eleito dos animais súditos, fez uma reunião
com toda a bicharada da floresta e disse:
Nós, os animais, sabemos que o leão é o rei dos animais,
mas há uma dúvida no ar: existem 3 leões fortes. Ora, a qual
deles nós devemos prestar homenagem? Quem, dentre eles,
deverá ser o nosso rei?
Os 3 leões souberam da reunião e comentaram entre si:
É verdade, a preocupação da bicharada faz sentido, uma
floresta não pode ter três reis, precisamos saber qual de nós
será o escolhido. Mas como descobrir?
Essa era a grande questão: lutar entre si eles não queriam,
pois eram muito amigos. O impasse estava formado. De
novo, todos os animais se reuniram para discutir uma
solução para o caso. Depois de usarem técnicas de reuniões
do tipo brainstorming, uma técnica de dinâmica de grupo,
uma atividade desenvolvida para explorar a potencialidade
criativa do indivíduo, etc, eles tiveram uma idéia excelente.
O macaco se encontrou com os 3 felinos e contou o que eles
decidiram:
Bem, senhores leões, encontramos uma solução desafiadora
para o problema. A solução está na Montanha Difícil.
Montanha Difícil? Como assim?
É simples, ponderou o macaco. Decidimos que vocês 3
deverão escalar a Montanha Difícil. O que atingir o pico
primeiro será consagrado o rei dos reis.
A Montanha Difícil era a mais alta entre todas naquela
imensa floresta. O desafio foi aceito. No dia combinado,
milhares de animais cercaram a Montanha para assistir a
grande escalada. O primeiro tentou. Não conseguiu. Foi
derrotado. O segundo tentou. Não conseguiu. Foi derrotado.
O terceiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. Os animais
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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estavam curiosos e impacientes, afinal, qual deles seria o rei,
uma vez que os três foram derrotados? Foi nesse momento
que uma águia sábia, idosa na idade e grande em sabedoria,
pediu a palavra:
Eu sei quem deve ser o rei!!!
Todos os animais fizeram um silêncio de grande expectativa.
A senhora sabe, mas como? - todos gritaram para a Águia.
É simples - confessou a sábia águia - eu estava voando entre
eles, bem de perto e, quando eles voltaram para o vale, eu
escutei o que cada um deles disse para a montanha. O
primeiro leão disse:
Montanha, você me venceu!
O segundo leão disse: - Montanha, você me venceu!
O terceiro leão disse: - Montanha, você me venceu, por
enquanto! Mas você, montanha, já atingiu seu tamanho final,
e eu ainda estou crescendo.
A diferença - completou a águia - é que o terceiro leão teve
uma atitude de vencedor diante da derrota e quem pensa
assim é maior que seu problema: é rei de si mesmo, está
preparado para ser rei dos outros.
Os animais da floresta aplaudiram entusiasticamente ao
terceiro leão que foi coroado rei entre os reis.
............
Um membro de um determinado grupo, ao qual prestava
serviços regularmente, sem nenhum aviso deixou de
participar de suas atividades.
Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitálo. Era uma noite muito fria.
O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante
da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas
ao líder, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e
ficou quieto, esperando. O líder acomodou-se
confortavelmente no local indicado, mas não disse nada.
No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a
dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que
se formaram e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais
incandescente de todas, empurrando-a para o lado.
Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel.
O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto.
Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que
houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez.
Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz,
agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de
carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem
acinzentada.
Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar
cumprimento inicial entre os dois amigos.
O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente
o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo.
Quase que imediatamente ele tornou a incandescer,
alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno
dele.
Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião
disse:
Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou
voltando ao convívio do grupo. Deus te abençoe!
Reflexão: Aos membros de um grupo vale lembrar que eles
fazem parte da chama e que longe do grupo eles perdem
todo o brilho. Aos lideres vale lembrar que eles são
responsáveis por manter acesa a chama de cada um e por
promover a união entre todos os membros, para que o fogo
seja realmente forte, eficaz e duradouro.
partindo e ele pediu ao pedreiro para trabalhar em mais um
projeto como um favor.
O pedreiro não gostou mas acabou concordando. Foi fácil
ver que ele não estava entusiasmado com a idéia. Assim ele
prosseguiu fazendo um trabalho de segunda qualidade e
usando materiais inadequados. Foi uma maneira negativa
dele terminar a carreira. Quando o pedreiro acabou, o chefe
veio fazer a inspeção da casa construída.
Depois deu a chave da casa ao pedreiro e disse:
"Esta é a sua casa. Ela é o meu presente para você". O
pedreiro ficou muito surpreendido. Que pena! Se ele
soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito
tudo diferente....
O mesmo acontece conosco. Nós construímos nossa vida,
um dia de cada vez e muitas vezes fazendo menos que o
melhor possível na sua construção. Depois, com surpresa,
nós descobrimos que precisamos viver na casa que nós
construímos. Se pudéssemos fazer tudo de novo, faríamos
tudo diferente.
Tu és o pedreiro. Todo dia martelas pregos, ajustas tábuas e
constróis paredes.
Alguém já disse que: "A vida é um projeto que você mesmo
constrói".
Tuas atitudes e escolhas de hoje estão! construindo a "casa"
em que vai morar amanhã. Portanto a construa com
sabedoria!
...............
Certa lenda conta que estavam duas crianças patinando em
cima de um lago congelado. Era uma tarde nublada e fria e
as crianças brincavam sem preocupação. De repente, o gelo
se quebrou e uma das crianças caiu na água. A outra criança
vendo que seu amiguinho se afogava de baixo do gelo,
pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas
forças, conseguindo quebrá-lo e salvar seu amigo.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia
acontecido, perguntaram ao menino: - Como você conseguiu
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Um velho pedreiro que construía casas estava pronto para se
aposentar. Ele informou o chefe, do seu desejo de se
aposentar e passar mais tempo com a sua família. Ele ainda
disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria se
aposentar.
A empresa não seria muito afetada pela saída do pedreiro
mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário
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..........
fazer isso? É impossível que você tenha quebrado o gelo
com essa pedra e suas mãos tão pequenas!
Nesse instante apareceu um ancião e disse: - Eu sei como ele
conseguiu.
Todos perguntaram: - Como?
O ancião respondeu: - Não havia ninguém ao seu redor para
dizer-lhe que ele não seria capaz.
Assim, a estória se repete.
Era uma vez uma corrida de sapinhos !
O objetivo era atingir o alto de uma grande torre. Havia no
local uma multidão assistindo. Muita gente para vibrar e
torcer por eles. Começou a competição. Mas como a
multidão não acreditava que os sapinhos pudessem alcançar
o alto daquela torre, o que mais se ouvia era: "Que pena !!!
esses sapinhos não vão conseguir... ...não vão conseguir..."
E os sapinhos começaram a desistir.
Mas havia um que persistia e continuava a subida em busca
do topo...
A multidão continuava gritando : "... que pena !!! vocês não
vão conseguir !..."
E os sapinhos estavam mesmo desistindo, um por um...
menos aquele sapinho que continuava tranqüilo... embora
cada vez mais arfante.
Já ao final da competição, todos desistiram, menos ele...
A curiosidade tomou conta de todos. Queriam saber o que
tinha acontecido...
E assim, quando foram perguntar ao sapinho como ele havia
conseguido concluir a prova, aí sim conseguiram descobrir...
que ele era surdo !
Não permita que pessoas com o péssimo hábito de serem
negativas, derrubem as melhores e mais sábias esperanças de
nosso coração !
Lembre-se sempre : Há poder em nossas palavras e em tudo
o que pensamos...
Portanto, procure sempre ser positivo.
.....................
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Em uma cidade interiorana havia um homem que não se
irritava e não discutia com ninguém.
Sempre encontrava saída cordial, não feria a ninguém, nem
se aborrecia com as pessoas.
Morava em modesta pensão, onde era admirado e querido.
Para testá-lo, um dia seus companheiros combinaram levá-lo
à irritação e à discussão numa determinada noite em que o
levariam a um jantar.
Trataram todos os detalhes com a garçonete que seria a
responsável por atender a mesa reservada para a ocasião.
Assim que iniciou o jantar, como entrada foi servida uma
saborosa sopa, que o homem gostava muito.
A garçonete chegou próximo a ele, pela esquerda, e ele,
prontamente, levou seu prato para aquele lado, a fim de
facilitar a tarefa.
Mas ela serviu todos os demais e, quando chegou a vez dele,
foi embora para outra mesa.
Ele esperou calmamente e em silêncio, que ela voltasse.
Quando ela se aproximou outra vez, agora pela direita, para
recolher o prato, ele levou outra vez seu prato na direção da
jovem, que novamente se distanciou, ignorando-o.
Após servir todos os demais, passou rente a ele,
acintosamente, com a sopeira fumegante, exalando saboroso
aroma, como quem havia concluído a tarefa e retornou à
cozinha.
Naquele momento não se ouvia qualquer ruído. Todos
observavam discretamente, para ver sua reação.
Educadamente ele chamou a garçonete, que se voltou,
fingindo impaciência e lhe disse: O que o senhor deseja?
Ao que ele respondeu, naturalmente: a senhora não me
serviu a sopa.
Novamente ela retrucou, para provocá-lo, desmentindo-o:
servi, sim senhor!
Ele olhou para ela, olhou para o prato vazio e limpo e ficou
pensativo por alguns segundos...
Todos pensaram que ele iria brigar... Suspense e silêncio
total.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Mas o homem surpreendeu a todos, ponderando
tranqüilamente: a senhorita serviu sim, mas eu aceito um
pouco mais!
Os amigos, frustrados por não conseguir fazê-lo discutir e se
irritar com a moça, terminaram o jantar, convencidos de que
nada mais faria com que aquele homem perdesse a
compostura.
Bom seria se todas as pessoas agissem sempre com
discernimento em vez de reagir com irritação e
impensadamente.
Ao protagonista da nossa singela história, não importava
quem estava com a razão, e sim evitar as discussões
desgastantes e improdutivas.
Quem age assim sai ganhando sempre, pois não se desgasta
com emoções que podem provocar sérios problemas de
saúde ou acabar em desgraça.
Muitas brigas surgem motivadas por pouca coisa, por coisas
tão sem sentido, mas que se avolumam e se inflamam com o
calor da discussão.
Isso porque algumas pessoas têm a tola pretensão de não
levar desaforo para casa, mas acabam levando para a prisão,
para o hospital ou para o cemitério.
Por isso a importância de aprender a arte de não se irritar, de
deixar por menos ou encontrar uma saída inteligente como
fez o homem no restaurante.
Pense nisso!
.................
Entre os feridos, uma menina de 8 anos. Os médicos
precisavam fazer uma transfusão, mas como?
Reuniram as crianças e, entre gesticulações, esbarradas no
dialeto local, tentavam explicar que precisavam de um
voluntário para doar sangue.
Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho
levantar-se. Era um menino chamado Heng. Ele foi
preparado e espetaram-lhe uma agulha na veia.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Passado algum momento, ele deixou escapar um soluço. O
médico perguntou se estava doendo e ele negou.
Mas não demorou muito e voltou a soluçar, contendo as
lágrimas. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro
silencioso, mas ininterrupto.
Era evidente que alguma coisa estava errada. Foi então que
apareceu uma enfermeira da região e começou a conversar
com o garoto.
Seu rostinho se aliviou e ficou novamente tranqüilo. A
enfermeira então explicou aos americanos: “ Ele pensou que
ia morrer. Não tinha entendido direito o que vocês disseram
e estava achando que ia Ter que dar todo o seu sangue para a
menina não morrer”.
O médico se aproximou dele e perguntou: “Mas se era
assim, porque você se ofereceu para doar seu sangue?”
E o menino respondeu simplesmente: “Ela é minha amiga”.
...............
Numa grande empresa trabalhava Álvaro, um funcionário
sério, cumpridor de suas obrigações e, por isso mesmo, já
com 20 anos de casa.
Um belo dia, Álvaro vai ao presidente da empresa fazer uma
reclamação: - Tenho trabalhado durante estes 20 anos em
sua empresa com toda a dedicação, e agora me sinto um
tanto injustiçado. Juca, que esta conosco ha somente três
anos, esta ganhando mais que eu.
O patrão fingiu não ouvi-lo e, cumprimentando, falou:
Foi bom você ter vindo aqui. Tenho um problema para
resolver e você poderá ajudar-me. Estou querendo dar ao
nosso pessoal uma sobremesa para o almoço de hoje. Aqui
na esquina tem uma barraca de frutas. Vá até lá e verifique
se tem abacaxi.
Álvaro, sem entender, saiu da sala e foi cumprir a missão a
ele designada. Em cinco minutos estava de volta.
Como foi ? - disse o patrão.
Verifiquei como o senhor mandou e a barraca tem o abacaxi,
disse Álvaro.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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E quanto custa cada? - perguntou o patrão.
Isto eu não perguntei! - respondeu Álvaro.
Eles tem quantidade suficiente para atender todos os
funcionários? - perguntou o patrão.
Não sei. - respondeu Álvaro.
Muito bem, Álvaro, sente-se ali naquela cadeira e me
aguarde um pouco. Pegou o telefone e mandou chamar o
Juca. Quando Juca entrou na sala o patrão foi logo dizendo:
Juca estou querendo dar ao nosso pessoal uma sobremesa
para o almoço hoje. Aqui na esquina tem uma barraca de
frutas, vá até lá e verifique se tem abacaxi.
Em oito minutos Juca estava de volta.
E então, Juca? - perguntou o patrão.
Tem abacaxi, sim. Tem quantidade suficiente para todo o
pessoal e se o senhor quiser eles tem também laranja e
banana.
E o preço? - perguntou o patrão.
Bom o abacaxi eles estão vendendo a R$1,00 o quilo, a
banana a R$0,50 o quilo e a laranja a R$20,00 o cento, já
descascada. Mas como eu disse que a quantidade era grande
eles me concederam um desconto de 15%. Deixei reservado
o abacaxi. Caso o senhor resolva, eu confirmo. Agradecendo
a Juca pelas informações o patrão dispensou-o e voltou-se
para Álvaro na cadeira ao lado e perguntou-lhe:
Você perguntou alguma coisa quando entrou em minha sala
hoje. O que era mesmo?
Nada sério, patrão - respondeu Álvaro.
...................
Um dia, a Verdade andava visitando os homens sem roupas
e sem adornos, tão nua como o seu nome.
E todos que a viam viravam-lhe as costas de vergonha ou de
medo e ninguém lhe dava as boas vindas.
Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, rejeitada e
desprezada.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a
Parábola, que passeava alegremente, num traje belo e muito
colorido.
Verdade, por que estás tão abatida? - perguntou a Parábola.
Porque devo ser muito feia já que os homens me evitam
tanto!
Que disparate! - riu a Parábola - não é por isso que os
homens te evitam. Toma, veste algumas das minhas roupas e
vê o que acontece.
Então a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola
e, de repente, por toda à parte onde passava era bem vinda.
Pois os homens não gostam de encarar a Verdade nua; eles a
preferem disfarçada.
........................
Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai,
vendo-o fazer arreios e selas. Quando crescesse, queria ser
igual ao pai. Tentando imitá-lo, tomou um instrumento
pontudo e começou a bater numa tira de couro. O
instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho
esquerdo. Logo mais, uma infecção atingiu o olho direito e o
menino ficou totalmente cego.
Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se
lembrar, as imagens foram gradualmente desaparecendo e
ele não se lembrava mais das cores. Aprendeu a ajudar o pai
na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Ia para a
escola e todos se admiravam da sua memória.
De verdade, ele não estava feliz com seus estudos. Queria ler
livros. Escrever cartas, como os seus colegas.
Um dia, ouviu falar de uma escola para cegos. Aos dez anos,
Louis chegou a Paris, levado pelo pai e se matriculou no
instituto nacional para crianças cegas.
Ali havia livros com letras grandes em relevo. Os estudantes
sentiam, pelo tato, as formas das letras e aprendiam as
palavras e frases. Logo o jovem Louis descobriu que era um
método limitado. As letras eram muito grandes. Uma
história curta enchia muitas páginas.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
180
O processo de leitura era muito demorado. A impressão de
tais volumes era muito cara. Em pouco tempo o menino
tinha lido tudo que havia na biblioteca.
Queria mais. Como adorava música, tornou-se estudante de
piano e violoncelo.
O amor à música aguçou seu desejo pela leitura. Queria ler
também notas musicais.
Passava noites acordado, pensando em como resolver o
problema.
Ouviu falar de um capitão do exército que tinha
desenvolvido um método para ler mensagens no escuro.
A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços
em relevo no papel. Os soldados podiam, correndo os dedos
sobre os códigos, ler sem precisar de luz.
Ora, se os soldados podiam,os cegos também podiam,
pensou o garoto.
Procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como
funcionava o método. Fez uma série de furinhos numa folha
de papel, com um furador muito semelhante ao que cegara o
pequeno.
Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema
de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o.
Suportou muita resistência. Os donos do instituto tinham
gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em
relevo. Não queriam que tudo fosse por água abaixo.
Com persistência, Louis Braille foi mostrando seu método.
Os meninos do instituto se interessavam.
À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender.
Finalmente, aos 20 anos de idade, Louis chegou a um
alfabeto legível com combinações variadas de um a seis
pontos.
O método Braille estava pronto.
O sistema permitia também ler e escrever música.
A idéia acabou por encontrar aceitação. Semanas antes de
morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: "Tenho
certeza de que minha missão na Terra terminou."
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
181
Dois dias depois de completar 43 anos, Louis Braille
faleceu. Nos anos seguintes à sua morte, o método se
espalhou por vários países.
Finalmente, foi aceito como o método oficial de leitura e
escrita para aqueles que não enxergam.
Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos.
Tudo graças a um menino imerso em trevas, que dedicou sua
vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os
que se encontram privados da visão física.
...............
Ria estrepitosamente o senhor da fortuna ao ver o sábio que,
entregue às tarefas próprias de seu gênio, não se alterava
ante situações econômicas adversas, e com zombaria lhe
disse:
Como é que com tanto saber você não faz uma fortuna como
a minha?
O sábio respondia com invariável calma:
Você tem uma fortuna sem saber como a conseguiu; eu, ao
contrário, sei, sim senhor, e disponho de bens que você não
possui. Quer algo maior do que ver um homem que, com
fortuna ou sem ela, seja tão digno de respeito, alguém cuja
integridade de espírito nem as maiores contrariedades
conseguem ferir?
Um dia, o sábio objetou a seu insistente polemista:
Diga-me: se, de repente você perdesse toda a sua fortuna e
ficasse pobre e à mercê do abatimento ocasionado por
semelhante situação, o que faria?
Oh! - respondeu com supresa o endinheirado, - não poderia
resistir a esse golpe: eu me mataria em seguida.
Mas... como?!... - replicou o sábio. - Você não seria capaz de
refazer a fortuna que hoje possui?
Não!... Como poderia eu tolerar viver um só dia sem as
minhas riquezas? Impossível!
Bem... bem... - disse o homem que encarnava a Sabedoria. Eu, sem que nada afete minha condição de homem capaz,
poderia perder cem vezes meus bens materiais e voltar a
refazê-los. O tempo, que sei empregar com inteligência, me
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
182
espera; e aqueles que me conhecem não costumam notar
quando tenho muito ou nada tenho disso que move a cobiça
humana. No entanto, quando uma fortuna cai, esmaga o
homem que a possuía.
.....................
Conta-se que em um lugar muito distante, há muitos e
muitos anos atrás, havia um reino. E neste reino morava um
homem de muita fé que sempre dizia:
- Tudo que o Senhor Deus faz é bom!
”Em tudo daí graças...”
Este homem era amigo do rei.
Certa vez o rei, acompanhado de toda a sua comitiva, bem
como, este seu amigo, o conselheiro, o seu braço-direito,
saíram para caçar e, isto se deu tão logo foi descoberta a
pólvora, as armas de fogo estavam se desenvolvendo; de
longe avistaram um animal. Imediatamente o rei pegou sua
arma e atirou. Sem saber como, ele o rei perdeu um de seus
dedos. O tiro havia saído pela culatra. O rei caindo no chão e
chorando de dor, esbraveja:
Prendam esse armeiro! Levem-no para o calabouço,
juntamente com a fabricante da arma!
O tal amigo se aproxima e diz:
Majestade, foi um acidente. Uma fatalidade.
Imediatamente o rei o interrompe, ameaçando:
Quer ir com eles, pra masmorra?
- Tudo que o Senhor Deus faz é bom! Em tudo daí graças...
O rei irou-se contra seu amigo e mandou prendê-lo.
Passaram-se três anos, o rei voltou a caçar com uma
comitiva (mas agora sem seu amigo que mandara prender).
Mas uma surpresa os aguardava na floresta. Logo ao chegar
foram capturados e presos por uma tribo de canibais.
Antropófagos primitivos extremamente supersticiosos.
Todos iam sendo comidos um a um. Quando chegou a vez
do rei ser devorado, os canibais o mandaram embora,
simplesmente porque só comiam homens perfeitos e ao rei
faltava um de seus dedos.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
183
Assim o rei percebeu que seu amigo estava certo ao dizer: “
Em tudo daí graças.”..
E ao chegar em seu reino, ordenou que soltassem aquele seu
amigo imediatamente e lhe pediu desculpas dizendo:
- Meu amigo, me perdoa por eu ter te mantido preso durante
todo esse tempo.
E o amigo o respondeu dizendo:
- Majestade, não tem do que me pedir perdão. Entretanto,
devo-lhe confessar:
Muitas vezes eu também não sei porque tenho que dar
graças à Deus. Mas desta vez, o Senhor Deus me deu essa
oportunidade. Pois se eu tivesse livre, também teria ido nesta
caçada e como sou perfeito, certamente eu também seria
devorado.
"Em tudo daí graças, pois esta é a vontade de Deus em
Cristo para conosco."
Como essas palavras poderiam vir a se encaixar no meu
caso, em particular? Deveria eu ter que agradecer a Deus por
um A. V. C.?
Baseado no conhecimento dessas narrativas, é que firmei
minhas convicções a seguir.
É difícil começar.
Principalmente quando não se sabe onde é o começo.
Escolho começar do meio.
Em meados de julho de 2004, passava por tenebroso
“deserto”. Após sofrer um tremendo desfalque de credores e
devedores, fui acometido de derrame cerebral, como pode
ser confirmado por laudos médicos.
Entretanto, não era para a morte, mas para que fosse
manifesto o grande, o imenso poder do Deus Altíssimo em
minha vida.
A enfermidade me tirou os movimentos de todo o lado
direito do meu corpo, paralisando inclusive a minha fala.
Via e ouvia tudo com perfeição. No momento do transporte
pro Pronto Socorro, queria ajudar, mas não podia nem
sequer dizer como fazer, orientar.
Até os movimentos do lado esquerdo ficaram inibidos.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
184
Quando fui levado pra um outro local pra fazer uma
tomografia computadorizada, o “maqueiro”,
inadvertidamente, quase me deixou cair da maca, na saída da
ambulância. Não haviam me prendido devidamente. Percebi
minha perna escorregar e o peso dela, quase levar todo o
meu corpo ao chão.
Apesar de toda essa situação, acreditei. Melhor que isso:
confiei.
Confiei que o Todo Poderoso não me abandonaria.
E mais, Ele falava ao meu coração: “Não temas, Eu sou
contigo. Ainda que tu passes pelo vale da sombra da
morte”...
E era essa fé que me fortalecia.
Interessante.
Logo eu que sempre vivi muito mais pela razão do que pela
fé.
Mas, a misericórdia dEle dura para sempre.
Após as primeiras vinte e quatro horas, recuperei os
movimentos da mão e do braço, nas quarenta e oito horas os
da perna.
Com setenta e duas horas, já podia ler a Bíblia, sentado na
cama. Pra surpresa dos médicos, que esperavam um outro
fim praquele quadro que se apresentava no início.
As seqüelas, ditas como naturais, nessas situações,
desapareciam aos olhos da ciência. A ponto dos médicos se
renderem.
Admitiram tratar-se de um milagre.
Aquela recuperação não poderia advir somente de
medicamentos.
Muitos outros pacientes, com a mesma extensão de
gravidade, quando sobrevivem, mesmo devidamente
tratados, saem de uma situação dessa com muitas seqüelas.
Entretanto...
Pra resumir, no quarto dia, já estava sendo levado pra casa.
Sozinho. Sentado no banco da frente, ao lado do motorista
da ambulância.
A recomendação médica era de algumas sessões de
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
185
fisioterapia, pois achavam que meus reflexos estavam lentos,
quanto a minha coordenação motora.
E foi aí, que se deu início ao segundo grande milagre dos
últimos tempos na minha vida.
Dentre as recomendações, uma era de caminhar.
E não podia ser diferente. A clínica de reabilitação, situada
há uns quatro quilômetros da minha casa não me dava
alternativa. Uma vez que, sem recurso até pra nos alimentar
adequadamente, dispúnhamos.
Meu filho, na idade de alistado para o serviço militar, não
conseguia trabalhar.
Minha esposa é que arcava com a árdua tarefa de conseguir
trazer o pão nosso à nossa mesa, vendendo bala no comércio
de uma pequena cidade “veranista”.
Após uma sessão de fisioterapia, fui avistado por um vizinho
que me ofereceu carona, e disse ter tomado conhecimento da
minha situação, indagando se eu não tinha nenhuma renda,
como aposentadoria, por exemplo.
Respondi que não.
Sensibilizado talvez, ou quem sabe, meramente um
instrumento nas mãos de Deus...
Ofereceu-me uma
”colocação”, apesar de muito modesta, irrecusável.
Mas, veja só como Deus faz as coisas.
O fato é que se não tivesse sido acometido daquele acidente,
não se configuraria minha verdadeira história.
Mas, voltemos ao grande livramento e as conseqüentes
bênçãos.
Numa situação dessa. Nessa idade (na época: cinqüenta e
quatro). E nessa cidade.
Só sendo um MILAGRE.
Quando, alguém que, como eu, vivendo pela razão,
acreditaria ser possível ser convidado por um estranho, pra
trabalhar com ele, sem nem sequer conhecer minhas
aptidões, etc.
Milagre!
Deus é grande! É maravilhoso! Não há, dentro do
conhecimento humano, qualificações que expressem
tamanhas virtudes.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
186
As palavras não são suficientes pra expressar tamanho amor,
como o do nosso Deus!
Portanto, você que toma conhecimento agora desse relato,
não se esqueça jamais...
Não basta somente acreditar em Deus.
Faz-se necessário confiar!
(...............)
No início de cada ilustração você observou umas reticências,
feitas aleatoriamente, pra que você escolha um título, que
esteja de acordo com suas convicções. Se desejar expressar
sua decisão, e quiser que ela conste nas próximas edições,
envie-as para: [email protected]
§§§§§§§§§§§§
Propositalmente o relato a seguir foi deixado por último, na
esperança de que, mesmo após todas essas exortações, você
ainda tivesse dúvidas a respeito da veracidade da Palavra de
Deus, possa tirar suas próprias conclusões.
Atente agora para a descrição das dores de Jesus feita
por um grande estudioso francês, o médico Dr. Barbet :
dando a possibilidade de compreender realmente as
dores de Jesus durante a sua paixão. "Eu sou um
cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos
vivi em companhia de cadáveres e durante a minha
carreira estudei a fundo anatomia. Posso, portanto
escrever sem presunção."
Jesus entrou em agonia no Getsemani - escreve o
evangelista Lucas - orava mais intensamente. "E seu
suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
187
terra". O único evangelista que relata o fato é um
médico, Lucas. E o faz com a precisão dum clínico. O
suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno
raríssimo. Se produz em condições excepcionais: para
provocá-lo é necessário uma fraqueza física,
acompanhada de um abatimento moral violento causado
por uma profunda emoção, por um grande medo. O
terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se
carregando todos os pecados dos homens devem ter
esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o
rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob
as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e
se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o
corpo até a terra.
Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio
hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o
procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então
ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam
Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A
flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as
quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos
ossos.
Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de
diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já
alterada por milhões de microscópicas hemorragias do
suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue
espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de
dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a
fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea,
calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse
preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.
Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos,
mais duros que aqueles da acácia, os algozes entrelaçam
uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os
espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar
(os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).
Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado
à multidão feroz, o entrega para ser crucificado.
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço
horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca
vertical já está plantada sobre o Calvário.
Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno
irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam
com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros.
Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro,
freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de
Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra,
a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.
Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos
despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas
chagas e tirá-la é atroz. Alguma vez vocês tiraram uma
atadura de gaze de uma grande chaga? Não sofreram
vocês mesmos esta experiência, que muitas vezes precisa
de anestesia? Podem agora vos dar conta do que se trata.
Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a
túnica, se laceram as terminações nervosas postas em
descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão
violento.
Como aquela dor atroz não provoca uma síncope?
O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as
suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos.
Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os
algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um
furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos;
horrível suplício! Os carrascos pegam um prego (um
longo prego pontudo e quadrado), o apóiam sobre o
pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o
plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter
contraído o rosto assustadoramente. No mesmo instante
o seu pólice, com um movimento violento se posicionou
opostamente na palma da mão; o nervo mediano foi
lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter
provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se
difundiu pelos dedos, e espalhou-se, como uma língua de
fogo, pelos ombros, lhe atingindo o cérebro. Uma dor
mais insuportável que um homem possa provar, ou seja,
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
189
aquela produzida pela lesão dos grandes troncos
nervosos. De sólido provoca uma síncope e faz perder a
consciência. Em Jesus não. Pelo menos se o nervo tivesse
sido cortado!
Ao contrário (constata-se experimentalmente com
freqüência) o nervo foi destruído só em parte: a lesão do
tronco nervoso permanece em contato com o prego:
quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará
fortemente como uma corda de violino esticada sobre a
cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará
despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará
três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da
trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e
depois em pé; conseqüentemente fazendo-o tombar para
trás, o encostam-se à estaca vertical. Depois rapidamente
encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca
vertical. Os ombros da vítima esfregaram dolorosamente
sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande
coroa de espinhos o laceraram o crânio. A pobre cabeça
de Jesus inclinou-se para frente, uma vez que a espessura
do capacete o impedia de apoiar-se na madeira. Cada vez
que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas
agudíssimas.
Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não
bebeu desde a tarde anterior. As feições são impressas, o
vulto é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta
e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe
queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado
lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja
embebida em bebida ácida, em uso entre os militares.
Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno
se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se
enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os
deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos se
curvam. Se diria um ferido atingido de tétano, presa de
uma horrível crise que não se pode descrever. A isto que
os médicos chamam tetania, quando os sintomas se
Seleções de Sabedoria - Autor: pauloaz
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generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em
ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os
do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco
a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não
consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos
pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena
crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho,
depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em
cianótico.
Jesus atingido pela asfixia, sufoca. Os pulmões cheios de
ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está
impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Que
dores atrozes devem ter martelado o seu crânio!
Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobrehumano, Jesus tomou um ponto de apoio sobre o prego
dos pés.
Esforçando-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a
tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A
respiração se torna mais ampla e profunda, os pulmões
se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.
Porque este esforço? Porque Jesus quer falar: "Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem".
Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e
a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases
pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar,
deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés,
inimaginável!
Enxames de moscas, grandes moscas verdes e azuis,
zunem ao redor do seu corpo; irritam sobre o seu rosto,
mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu
escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura se
abaixa.
Logo serão três da tarde. Jesus luta sempre: de vez em
quando se eleve para respirar. A asfixia periódica do
infeliz que está destroçado. Uma tortura que dura três
horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o
latejar dos nervos medianos, lhe arrancaram um
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lamento: "Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonastes?". Jesus grita: "Tudo está consumado!".
Em seguida num grande brado disse: "Pai, nas tuas
mãos entrego o meu espírito". E morre.
O Batismo De "Sangue" Dos Apóstolos
Simão Pedro: segundo a tradição foi crucificado de cabeça
para baixo; André: segundo a tradição crucificado numa cruz
em "X", que a partir daí levou o nome de "cruz de Santo
André"; Tiago, irmão de João: decapitado (At 12:2); Tiago:
segundo a tradição crucificado no Egito; Judas Tadeu:
segundo a tradição martirizado na Pérsia; Felipe: segundo a
tradição morreu na Frígia; Bartolomeu: segundo a tradição
morreu esfolado; Mateus Levi: segundo a tradição
martirizado na Etiópia; Tomé Dídimo: segundo a tradição
transpassado por flechas; Simão Zelote: crucificado; Judas
Iscariotes: suicidou-se após trair o seu Mestre (Mt 27:50);
João: segundo a tradição o único a morrer por morte natural
depois de tentarem matá-lo mergulhando-o em óleo
fervente; "Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua
vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos" I Jo
3:16.
E nós reclamamos de um arranhão ou de uma batida no
dedinho do pé...
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