Aula 01 – O Alfabeto Grego

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Aula 01 – O Alfabeto Grego
Grego Antigo -- Lição 01
O Alfabeto Grego
Comecemos pelas primeiras coisas, como é natural: no caso, o alfabeto grego, sem o qual não
poderemos prosseguir no estudo da língua. Não entraremos em considerações gramaticais no
momento; aprendam o alfabeto de trás para frente, decorem os nomes das letras e, se possível,
também o alfabeto em ordem. Tentem, ademais, pronunciar as palavras gregas e o texto que virá
de acordo com as instruções dadas na tabela, mas não se preocupem demais com uma pronúncia
perfeita − afinal, não se sabe como era de fato a pronúncia do grego antigo, já que o registro
sonoro era impossível à época, então as indicações constituem apenas uma teoria acerca da
pronúncia da língua. De qualquer forma, esta é, com variações aqui e ali, a norma mais difundida
no ocidente para a pronúncia do grego:
Caractere
A, a
B, b
G, g
Nome
a1lfa
bh=ta
ga/mma
Transliteração
alfa
bêta
gamma
D, d
de/lta
delta
E, e
e2 yilo/n
e psilon (e breve)
Z, z
zh=ta
dzêta
H, h
Q, q
h]ta
qh=ta
êta
thêta
I, i
K, k
L, l
i0wta
ka/ppa
la/mbda
iôta
kappa
lambda
M, m
mu=
mu
N, n
nu=
nu
C, c
ci=
ksi
O, o
o2 mikro/n
o mikron (o pequeno)
P, p
R, r
S, s
pi=
r9w=
si/gma
pi
rô
sigma
Pronúncia
"a", como em casa (aberto e não nasal).
"b", como em bola.
"g", como em gasto ou guerra (sempre duro;
jamais tem som de "j" como em gente).
"d", como em dardo. Sempre duro; jamais tem
som de "dj" como em dia (djia) na maioria dos
sotaques brasileiros.
"e" fechado, como em ler. Jamais se pronuncia
como i em final de palavras.
"dz" − não temos esse encontro consonantal em
português, mas é como o z soa em italiano em
algumas palavras, ex.: Manzoni (Mandzoni).
"e" aberto, como é certo.
"th" surdo, como no inglês wrath (não como em
that, em que o th é vozeado).
"i", como em livro.
"c", como em carro.
"l", como em lado; jamais se torna u no final de
uma sílaba. Por exemplo, dir-se-ia caldo e não
caudo.
"m", como em marca; jamais se pronuncia como
uma nasal em final de sílaba. Por exemplo, dir-seia compram e não comprã.
"n", como em nariz. Também não se nasaliza em
final de sílaba.
"cs", como no inglês lax ou ax (respectivamente,
"lacs" e "acs") ou no português sexo (secso).
"o" fechado, como em olho (subst.); jamais se
torna u em final de palavra.
"p", como em porta.
"r" trinado, como em caro.
"s", como em saber; jamais se torna z entre vogais.
T, t
tau=
tau
U, u
u] yilo/n
u psilon (u breve)
F, f
fi=
phi
X, x
xi=
khi
Y, y
W, w
yi=
w] me/ga
psi
ô mega (o grande)
"t" duro, como em teto. Jamais se suaviza como
em tia (tchia) na maioria dos sotaques brasileiros.
"u" fechado e arredondado, como no francês
musique.
"f", como em força, ou "p" aspirado, como no
inglês pet (phet).
"r" velar, como em carro no sotaque carioca, ou
"c" aspirado, como no inglês cat (khat).
"psi", como em psicologia (mas não pisicologia).
"o" aberto, como em olho (1a pessoa singular do
pressente do indicativo); jamais se torna u em
final de sílaba.
Nota 1: Vocês certamente notaram que há vogais chamadas breves ou pequenas e uma vogal
chamada grande. Isso porque o grego distinguia entre vogais por suas durações, algumas tendo
duração curta (breve ou pequena) e outras tendo duração longa (ou grande). Tal fenômeno ocorre
ainda, com maior ou menor difusão, em línguas modernas, como em inglês, língua na qual se
distingue, por exemplo, um e longo de um e breve (ex: meet, met). Porém, como muitas línguas
modernas não são afeitas a tal fenômeno, pronuncia-se geralmente as vogais breves como
fechadas e as longas como abertas, para que alguma distinção entre elas seja preservada.
Nota 2: De certo notaram também que há em grego várias marcas de acentuação que não se usam
em português. Vejamos, uma por uma, essas marcas, porém ignorando por hora as regras de
acentuação:
1) Espíritos: chamam-se espíritos as seguintes marcas: 9 e 0 . À primeira chama-se espírito rude;
à segunda, espírito brando. Colocam-se sobre as vogais ou ditongos (encontros vocálicos) que
iniciam palavras e também sobre a letra rô quando na mesma situação. As vogais ou ditongos
que iniciam palavras sempre vêm acompanhadas de espírito rude ou brando, e o rô que inicia
uma palavra sempre vem acompanhado de um espírito rude. Quando acompanha um ditongo, o
espírito (brando ou rude) sempre se coloca sobre a segunda vogal, como no exemplo que se
segue ao item a − e o mesmo vale para qualquer outra marca de acentuação.
a) Espírito brando: o espírito brando não altera em nada a pronúncia da vogal ou do
ditongo que acompanha; sua função é apenas marcar a ausência de alteração. Ex.: a)rxh/ ,
oi0konomi/a (arkhê, oikonomia).
b) Espírito rude: o espírito rude, quando acompanha uma vogal ou um ditongo, introduz
uma leve aspiração no começo da sílaba, como se, em inglês, por exemplo, colocássemos um h
no começo da sílaba; o som, portanto, é igual ao do inglês hot, hat, harm etc. Ex.: o(do/v ,
a(rmoni/a , ai9re/w (hodos, harmonia, haireô).
2) Acentos: temos em grego três acentos − o agudo ( / ), o grave ( \ ) e o circunflexo ( = ). No
grego antigo, esses acentos, em vez de indicarem a sílaba tônica de uma palavra, como faz o
agudo em português, indicavam movimentos tonais. Assim, o acento agudo indicava uma
elevação no tom da fala, o grave uma queda e o circunflexo uma elevação seguida de uma queda.
Isso quer dizer que a sílaba tônica não era um elemento distintivo no grego antigo, mas que a
língua dependia da percepção desses movimentos tonais para fazer distinções entre palavras
(como ocorre, ainda hoje, no mandarim). Porém, como a maioria das línguas ocidentais não é
afeita a considerar a modulação tonal como traço distintivo, para efeitos práticos, consideramos
apenas que os acentos indicam a sílaba tônica da palavra. No caso de palavras com mais de um
acento, damos predominância ao acento agudo ou, no caso de palavras sobre as quais incidam
dois acentos agudos, consideramos em geral o segundo como mais importante (lembrando que
isso é apenas uma convenção para fins práticos). Para ver exemplos dos acentos, recorra ao texto
que se encontra mais adiante.
Porém, vocês podem se perguntar, o que acontece quando um acento e um espírito
incidem sobre a mesma letra? Vejamos um exemplo para cada caso:
a) espírito brando e rude + acento agudo: o!ntov ; o#lov .
b) espírito brando e rude + acento grave: o2rqov ; i4na .
c) espírito brando e rude + acento circunflexo: ei]nai ; ai[ma .
Agora que já vimos todas as letras, suas pronúncias e a grafia dos acentos, tentem ler as
seguintes palavras:
1.
2.
3.
4.
ψυχή
ξένος
δένδρον
δρᾶμα
5.
6.
7.
8.
μικρός
θεός
λόγος
σκηνή
9.
10.
11.
12.
ποταμός
ἀγορά
φίλος
ἀρχή
13. βάρβαρος
14. ζῷον
Depois que conseguirem ler as palavras acima com rapidez, pratiquem a leitura do texto
que se segue. Como eu disse antes, não se preocupem muito com a pronúncia, por hora, mas
apenas com a agilidade no reconhecimento das letras:
i3na me\gav ei]nai, o3lov i1sqi: ou0de/n
megalhgorei/ sou= h] paraklei/.
o3lov e0n e3kasta i1sqi. ti/qei to/sa ei]
e0n e0laxi/stw| o3sw| poiei/v.
e3kasth| li/mnh| w(v selh/nh pa/nth
fai/nei, ga\r e0n a0kmh=| oi0kei=.
Por hoje é só, pessoal. Na semana que vem, estudaremos as regras de acentuação e
começaremos a lidar com os princípios da gramática. Caso tenham dúvidas, favor me enviar um
e-mail em: [email protected] . Um abraço e até a próxima!

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