ciências sociais e humanas

Transcrição

ciências sociais e humanas
Número 18, dezembro 2011
RIA
ECUNDÁ AVIRA
S
A
L
O
C
T
ES
Correia Dr. Jorge
O,50€
BIBLIOTECA
ALUNOS DE EXCELÊNCIA
Para a Joana Pereira (melhor aluna finalista dos Cursos Centífico-Humanísticos):
Tive o prazer de ter sido professora da Joana Pereira na disciplina de Português, no derradeiro ano
do seu percurso académico de nível secundário. Ter uma aluna como ela, é um privilégio, já que nem sempre encontramos num aluno as qualidades que a Joana evidenciou: uma atitude sempre correta, relacionando-se muito bem com os diversos elementos da comunidade escolar, um grande sentido de responsabilidade, um elevado grau de maturidade, um exemplar empenho, dedicação, persistência, uma particular capacidade intelectual e analítica, com muito gosto em enriquecer os seus conhecimentos e com vontade de se
superar. Estas são razões mais que suficientes para acreditar que terá um futuro promissor à sua frente e
que estará à altura do curso que escolheu.
Maria Antonieta Couto, professora de Português
Para a Ana Laura (melhor aluna finalista dos Cursos Profissionais):
Ao longo da minha vida profissional, foram raras as vezes que me deparei com alunos que concentrassem em si a elevada inteligência da Ana Laura, a capacidade de aprendizagem e uma humilde maneira
de estar e de ser. Ela começou o seu percurso no ensino secundário de uma forma discreta e educada e
cedo demonstrou o seu esforço e competências face às exigências e desafios que lhe iam sendo propostos
e para os quais esteve sempre à altura com um ritmo certo e de progresso, ao longo dos três anos de curso. Termino com um misto de satisfação e tristeza. Satisfação pelas realizações escolares de uma estudante ímpar, tristeza porque não é todos os dias que nos deparamos com pessoas fora do vulgar. Fica a
admiração e o carinho de todos os professores do Curso Profissional Técnico de Gestão.
António Silva, diretor de curso
Para o João Rodrigues (melhor aluno do Agrupamento D. Manuel I):
“Um aluno muito trabalhador e empenhado, desejo-lhe as maiores felicidades para o futuro.”
Helena Domingues, professora de Matemática
“Continua com o mesmo interesse e empenho que tens mostrado
ao longo do teu percurso escolar!”
Fernanda Mestre, professora de E.M.R.C.
“Aluno que demonstrou empenho em todas as áreas disciplinares.
Em Educação Física, mostrou interesse em todas as modalidades,
revelando-se um desportista completo.”
Elizabeth Cavaco, professora de E. Física
“O João sempre foi um aluno muito empenhado e com um grande sentido de responsabilidade.
Sempre lutou para fazer o seu melhor.”
Guilhermina Reis, professora de Língua Portuguesa.
Para a Cláudia Rodrigues
(melhor aluna do Agrupamento D. Paio Peres Correia):
A Cláudia, que frequentou a Escola Dom Paio Peres Correia
do 5º ao 9ºano, sempre se distinguiu pelo seu comportamento
responsável, pelo empenho com que desempenhou cada tarefa,
pelas atividades em que se envolveu.
Deste modo, constitui-se como um elemento central e aglutinador na turma que frequentou durante todo o 3º ciclo, ajudando
muitas vezes alguns colegas a ultrapassar dificuldades.
É, portanto, bem merecida esta distinção e deve servir de
estímulo e exemplo para todos os alunos do Agrupamento.
Odília Pereira, professora de Língua Portuguesa
Nesta edição:
Reportagem
Ciências Experimentais
Ciências Sociais e Humanas
Eco dos Espaços
Línguas
Escrita Criativa
Visitas de Estudo
Projetos
Cinema
Associativismo
Opinião
REPORTAGEM
PRÉMIOS DE MÉRITO 2011
Depoimentos
de Mestrado Integrado espero sair da faculdade e
poder ser uma boa profissional na minha área.
Por fim, espero que sirva de exemplo para os
alunos das próximas gerações e, tal como eu, se
esforcem durante todo o vosso percurso escolar,
para alcançarem sempre o patamar mais elevado.
Porque nada se consegue sem esforço, lutem
sempre para atingir a meta, mesmo que ela vos
pareça distante. Lembrem-se que nada é impossível e, por vezes, querer é poder.
O
lá a todos!
Como me foi solicitado, estou aqui
para vos transmitir um pouco da minha passagem
por esta escola que foi durante três anos a minha
segunda casa, onde passei alguns dos bons
momentos da minha vida.
Posso dizer que os três anos de ensino secundário me deixam muitas recordações: os colegas
de turma que foram, e são, muito mais do que
isso, muitos deles são amigos para a vida; os
memoráveis professores que me ajudaram a
conhecer um pouco mais de mim, pessoas singulares que ficarão para sempre na minha memória;
os funcionários, que são muitas vezes esquecidos, mas que desempenham um papel também
muito importante nesta escola, pois sem eles nada
funcionaria. Todos eles me ajudaram a crescer
como pessoa e a eles agradeço pelos momentos
bem passados, pelas conversas, pelos sorrisos,
pela palavra de conforto quando ela era mais
necessária. Não poderia deixar de agradecer à
minha família que sempre me apoiou, principalmente à minha mãe e a minha irmã, que são dois
dos meus alicerces.
O Prémio de Mérito que me foi atribuído significa muito para mim, é a recompensa de todo o
meu esforço e trabalho durante o meu percurso
escolar, do qual me orgulho. Posso dizer que tudo
aquilo que alcancei a nível escolar a mim o devo,
nunca ninguém me ensinou a estudar, sempre
aprendi sozinha. No início foi um pouco difícil, mas
ao longo do tempo e com a prática tudo se tornou
mais simples. Agora estou a iniciar uma nova etapa da minha vida na Faculdade de Farmácia de
Lisboa. Este será mais um período de
Página 2
adaptação e após estes cinco anos
Joana Pereira
S
er aluna desta escola foi muito gratificante, pois através do curso profissional que
aqui frequentei (Técnico de Gestão), pude alargar
os meus horizontes e crescer enquanto pessoa,
ao mesmo tempo que aprendi a fazer algo de que
gosto.
Cada etapa deste curso foi um desafio que tive
que assumir e conquistar… da teoria à prática,
passando pela prova de aptidão profissional!
Neste curso, nada se fez sem esforço, responsabilidade e ajuda de todos: colegas de turma e
professores, cuja grande maioria sempre nos
apoiou, revelando serem não só nossos mestres,
mas também nossos amigos.
O mérito é, portanto, nosso! … de todos os
que fizemos parte dos TGES 2008/2011!
Ana Laura Mascarenhas
REPORTAGEM
ROTARY CLUBE DE TAVIRA: PRÉMIOS DE MÉRITO 2011
A Cláudia Rodrigues, melhor aluna
finalista do Agrupamento de Escolas
D. Manuel I , prestou o seguinte
depoimento após a
receção do Prémio
Rotary Clube de
Tavira 2001
2
A
cho que
todos
diriam o mesmo no
meu lugar. Basicamente, todos nós
gostamos de nos
sentir recompensados pelo que fazemos e qualquer tipo de recompensa é sempre bem-vinda.
Fiquei contente, não pelo prémio em si, mas
pelo significado que estava por detrás daquele
diploma e de todo aquele momento.
Houve quem não pudesse ir e outros que não
puderam faltar e toda a espécie de presença foi
igualmente sentida, porque estava lá por mim e
por todos os outros.
Como já referi, fiquei contente pelo prémio,
mas não era nada que precisasse para me sentir
bem ou para mostrar que me tinha esforçado. Na
verdade, foi um pequeno à parte, uma espécie de
aviso para darmos conta de que há alguém a
olhar por nós.
Relativamente à Escola Secundária, é apenas
uma nova etapa que começa a já não ter nada de
novo. É um hábito e como todos os hábitos se tornam rotinas, agora é esta a minha rotina e nas
rotinas (quase) nunca há nada de novo.
Claro que se nota diferença entre esta escola e
a outra escola onde andava, Dom Paio Peres Correia. Ainda bem, porque aqui, para além do nosso
trabalho ser mesmo importante para o nosso futuro, podemos ter sempre TODOS os nossos amigos por perto.
Cláudia Rodrigues, 10ºA3
O João Rodrigues, melhor aluno finalista do Agrupamento de Escolas D. Manuel I , prestou o
seguinte depoimento após a receção do Prémio
Rotary Clube de Tavira 2001
N
o dia 21 de Outubro, recebi o prémio
de melhor aluno da escola D. Manuel I de Tavira.
Esse dia foi muito importante para mim e também
para todos os que me apoiaram, pois iria receber
um prémio muito significativo.
Acho importante que sejamos galardoados
desta maneira pelo nosso trabalho durante o ano
letivo. Nós somos o exemplo de que o trabalho e
a dedicação compensam e que vale sempre a
pena fazer o melhor que podemos. O que mais
me marcou foi ter sido aplaudido por tanta gente,
pois nunca tinha sentido uma sensação como
aquela, de ser reconhecido pelo meu trabalho.
João Francisco Rodrigues, 10º A1
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CIÊNCIAS EXPERIMENTAIS
MOVIMENTO SEGUNDO ARISTÓTELES, GALILEU E NEWTON
Aristóteles, Galileu e Newton foram os três principais cientistas a desenvolver as teorias
sobre o movimento, os quais exploraremos neste trabalho.
Aristóteles e o movimento.
Segundo a física aristotélica, todos os objetos tinham átomos de
uma natureza (terra, água, fogo e ar) e os movimentos dividiam-se em
dois tipos:
Aristóteles
Nascimento: 384 a.C., Estagira
Morte: 322 a.C., Atenas
Ocupação: filósofo e professor
•
Os movimentos naturais onde um objeto se move para outros
objetos com átomos de naturezas iguais. (Ex.: Uma pedra cai
porque os seus átomos são de natureza terra e a pedra é puxada para o chão que é constituído por materiais com átomos
de natureza terra);
•
Os movimentos violentos são forçados, ou seja, existe uma
força a ser exercida sobre o objeto. (Ex: Qualquer movimento causado por agentes externos, como, por exemplo, alguém
a empurrar uma cadeira ou alguém a assoprar um dente de
leão).
Aristóteles afirmava que um corpo só podia manter o seu estado
de movimento se houvesse alguma força a ser
exercida sobre esse objeto.
Defendia, também, a ideia de que objetos
de massas diferentes, quando eram atirados de
alturas iguais, caíam a velocidades diferentes, sendo que o objeto com maior massa caía a uma velocidade superior ao objeto de menor massa.
Galileu Galilei
As experiências de Galileu
Galileu percebeu que era necessário derrubar as ideias de Aristóteles,
que era necessário produzir resultados irrefutáveis. Para isso, apresentou conclusões baseadas na observação e na experiência.
Nascimento: 15.02.1564, Pisa
Morte: 08.01.1642, Florença
Ocupação: físico, matemático,
astrónomo, filósofo e professor.
Desta forma, pensa-se que Galileu subiu ao topo da Torre Inclinada de Pisa e, de
lá , deixou cair vários objetos, de diferentes pesos. Comparando a suas quedas, mostrou que,
ao contrário do que defendia Aristóteles, esses corpos caíam juntos quando abandonados ao
mesmo tempo. Um objeto duas vezes mais pesado não caía duas vezes mais rápido. O que
fazia variar a velocidade da queda era a resistência ao ar. No vácuo, todos os corpos cairiam
à mesma velocidade.
Assim, criou ainda uma nova lei do movimento. Vejamos algumas das simples
experiências realizadas por Galileu e que provaram a
sua teoria. Ele considerou vários objetos, movendo-se
em dois planos inclinados. Notou que corpos descendo
pelo plano ganhavam velocidade, enquanto que subindo pelo plano perdiam velocidade, crianPágina 4
do assim o conceito de aceleração.
CIÊNCIAS EXPERIMENTAIS
Concluiu, dessa simples experiência, que, se o plano for horizontal, as bolas
não ganham nem perdem velocidade. Certamente, na prática, as bolas diminuem a sua velocidade até atingir a condição de repouso. Isso, porém, não era
devido à sua "natureza", mas, sim, ao atrito com a superfície.
Outra experiência foi colocar um corpo a descer um plano inclinado e, de
seguida, fazê-lo subir outro. Observou que, quanto menos atrito houvesse entre
a superfície mais próxima, o corpo alcançava a altura inicial. Se, a seguir ao
plano inclinado, houvesse um plano horizontal, o corpo nunca diminuiria a
velocidade, mantendo-se em movimento para sempre.
O conceito de inércia, que o génio de Galileu fez nascer destas experiências tão
simples, decretou o fim da teoria aristotélica acerca do movimento. Os corpos
podem mover-se sem que seja necessária a atuação de forças externas.
Sir Isacc Newton
Nascimento:
04.01.1643, Woolsthorpe-byColsterworth (Aldeia inglesa)
Morte: 31.03.1727, Londres
Ocupação: cientista
As leis de Newton
Newton desenvolveu a lei da gravitação universal e
as três leis da dinâmica, todas elas desenvolvidas a
partir das teorias/experiências dos cientistas estudados
anteriormente.
Lei da gravitação universal: esta lei uniu a mecânica terrestre e celeste, porque Newton concluiu
que a força que fazia a “maçã” cair era a mesma
que mantinha os planetas em órbita.
Leis da dinâmica:
Lei da inércia: esta lei estabelece que um corpo
em que a força resultante que atua é nula, manter-se-á em repouso ou em movimento uniforme.
Lei fundamental da dinâmica: a aceleração
adquirida por um corpo é diretamente proporcional à intensidade da força que nele atua, tendo a
mesma direção e sentido e inversamente proporcional à sua massa.
Lei da ação-reação: quando um corpo exerce
uma força sobre um corpo que exerce uma força
noutro, este exerce uma força no primeiro com a
mesma intensidade, direção e sentido opostos. A
este par de forças chamamos par ação-reação.
O TRABALHO CONJUNTO DESTES TRÊS CIENTISTAS DEMONSTROU AO MUNDO A VERDADEIRA NATUREZA DOS MOVIMENTOS E A MANEIRA COMO OS CORPOS ATUAM ENTRE SI.
Kevin Rodrigues, Mariana Carlota e Ricardo Rolim , 11ºA2
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ciências sociais e humanas
Reflexão filosófica sobre Aparição , de Vergílio Ferreira (capítulos IX a XVI)
A
Morte é o mistério da vida e é um elemento fortemente
presente neste romance de Vergílio Ferreira. O percurso
de Alberto, a personagem principal, é marcado por uma série de encontros e desencontros consigo próprio e com os outros, nos quais a morte
também está envolvida. A extinção da vida é um dos aspetos deste
romance que, a mim, mais me intriga, ousarei dizer, que até me fascina.
Muitas referências subtis convergem para este assunto. A Morte surge
associada à simbologia da noite, noite das noites, fim de tudo, negrume
eterno a que todas as almas estão condenadas.
No capítulo XI, Alberto regressa à sua terra perto da Serra da Estrela. Todo este capítulo gira em torno do cão Mondego e da sua morte. O
fim encenado do animal representa, para mim, a insuficiência do ser
vivo, a sua ridícula vulnerabilidade quando exposto ao espetáculo encenado pela Morte.
Alberto ganha a atenção de um aluno particular - Bexiguinha - que
também se vê envolto em mistérios existencialistas, que tenta decifrar.
Discute com Alberto o enigma do EU por detrás das palavras, a angústia
do indivíduo na luta contra a morte.
O próprio Bexiguinha mata uma galinha atirando-lhe uma pedra à
cabeça. O desgraçado bicho cambaleia e acaba por cair rotundo no
chão, inerte. A facilidade com que tirou a vida a um ser vivo enche-o de
uma estranha sensação, como se a contemplação dos últimos minutos
de vida terrena apenas comprovasse como somos marionetas comandadas pela Morte.
A vida é um caminho acidentado, onde estradas tortuosas nos levam
a destinos indefinidos; mas uma coisa é certa, ao nosso lado caminha a
Morte certa e empírica, com o seu cheiro intenso, fúnebre, mais percetível nuns estágios da nossa vida do que noutros.
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Hans Baldung Grien, As Três Idades do
Homem e a Morte, 1510
As três figuras femininas - Cristina, Ana e Sofia - começam a
ter contornos mais definidos para mim.
A pequena Cristina é o símbolo da
candura infantil, da
doçura virginal, da
personalidade
incorruptível, das
crenças intactas,
da aparição de
uma pureza anterior às palavras, às
construções que
fazemos sobre a
realidade íntima e
brutal das coisas.
Por isso, em vez
René Magritte (1898-1967), Perpectiva:
de
falar, toca piano
Madame Recamier de David
e toca celestialmente.
Em Ana, Alberto julga pressentir a mesma inquietude de espírito de
que ele padece. Tenta que ela se revolte contra a pacatez do seu casamento (o marido, Alfredo, é grosseiro, pouco instruído e afetado pela
sociedade limitada). Alberto tenta que ela eleve a sua atividade intelec-
ciências sociais e humanas
tual e as suas qualidades morais, que não se torne submissa à vida
enfadonha de Évora. Espera que ela não se deixe levar pelo ciclo
vicioso da vida: nascer, crescer, morrer. Até este ponto do romance, esta situação só conseguiu gerar atrito e divergências entre
ambos.
Sofia é das três personagens femininas aquela que mais afeta
Alberto. O seu corpo lascivo, os seus modos libidinosos e atraentes
conduzem Alberto a muitas situações de auto-humilhação. Cresce
entre eles uma paixão fulgurante, mas Sofia é irreverente e despreza Alberto.
Parece-me uma figura muito à frente do seu tempo. Ainda
assim, a sua personalidade transmite-me uma sensação pesarosa,
pois há qualquer coisa nela que a envolve numa bruma misteriosa
e de certo modo negativa. Acredito que Sofia é uma personagem
cujo relevo irá ascender a uma posição mais privilegiada no decorrer deste romance.
O homem afastou-se da divindade, insurgiu-se contra ela. Foi a
vez de o homem assumir ele próprio a vontade absoluta. Ele é a
sua própria entidade divina. Mas, como consequência direta deste
afastamento de Deus, a morte surge como uma barreira inultrapassável. Todos nós nos questionamos: Porque estou aqui?, O que
me trouxe ao mundo?. Sem Deus não há promessa de recompensa ou condenação após a morte. Não viemos ao mundo com uma
missão. O mundo não está à espera do que temos a dizer. A tarefa
do ser humano no mundo é justificar-se, construir uma razão para a
sua vida e decifrar o milagre de estar vivo contra o absurdo da
morte.
“O existencialista não crê no poder da paixão. Não
pensará nunca que uma bela paixão é uma torrente
devastadora que conduz fatalmente o homem a certos
atos e que, por consequência, é uma desculpa; pensa
que o homem é responsável pela sua paixão.”
Jean-Paul Sartre
Afinal, o amor é uma componente fundamental da condição
humana. Mas, a situação parece-me complicada para Alberto. Sofia
tem a obstinação própria de uma jovem e já dispensou as lições de
latim que Alberto lhe dava, visto que agora mostra uma inclinação
cada vez maior por Bexiguinha.
As estranhas ideias de Alberto Soares começam a difundir-se
em Évora, motivando a tensão e a polémica entre as personalidades eborenses. A relação entre a cidade e Alberto começa a tornar-se cada vez mais difícil. Este confere a si próprio uma faceta messiânica, detentora de uma verdade que ele tenta transmitir aos
outros.
As ideias de Alberto Soares – e no fundo, as ideias que Vergílio
Ferreira procura transmitir - são muito revolucionárias para um
Portugal em pleno regime de ditadura, para um Portugal católico:
Se Deus está morto que sentido tem a vida?
René Magritte
Andreia Viegas, 11º A1
“Os Deuses não têm face nem nome. Habitam-nos o
sangue. São a nossa interrogação. Digo a palavra Deus e a
divindade começa a ser absurda. Os Deuses não são divinos.”
Vergílio Ferreira
Marc Chagall, Êxodo, 1952-66
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ciências sociais e humanas
Reflexão filosófica sobre O
filósofo e o lobo , de Mark Rowlands
E
ste livro conta-nos a história de vida de um filósofo. Mark Rowlands desde pequeno estava habituado a interagir com cães grandes e, um dia, ao ver um
anúncio de venda de filhotes de um lobo, não resistiu. Decidiu ir ter com o dono para escolher um, a quem acabou por
chamar Brenin.
Longe estava Mark de pensar que este
lobo iria mudar a sua maneira de ver a vida. Logo no primeiro
dia, ao chegar a casa e deparar-se com a sua quase total
destruição, percebeu que Brenin era um
lobo que não gostava nada de ficar só.
Prometeu-lhe que nunca mais o iria
deixar sozinho, que iriam juntos para
todo o lado, desde os jogos de râguebi,
às festas da universidade, até às aulas,
do seu dono, a que Brenin assistia,
uivando, quando já não suportava mais
as dissertações sobre os filósofos, tal
como os alunos gostariam de fazer,
mas não podiam.
Mudaram muitas vezes de casa,
tentando sempre que Brenin tivesse
espaço suficiente para terem oportunidade de dar as suas corridas. Faziam
os seus treinos diários, davam passeios
pelas praias, almoçavam e jantavam
juntos em restaurantes. É claro que
Brenin sempre foi entendido pelo seu
dono como um paciente moral e não
como um agente moral, pelo que “não
era o tipo de criatura que podia ser
moralmente responsável”. Como foi
referido, Mark nunca abandonou o seu
lobo, e como consequência desta convivência, podemos perceber as diferenças existentes entre os
lobos e os humanos.
Mark percebeu que tinha muito a aprender com o seu
lobo e os onze anos de amizade entre os dois geraram na
sua mente inúmeras reflexões filosóficas, baseadas nas
ideias de pensadores, como Jean-Paul Sartre, Emmanuel
Kant, Thomas Hobbes e John Rawls, a partir dos quais
escreveu muitas outras obras.
Apesar de este livro fazer referência a vários filósofos, as
mais significativas, para mim, foram as que se referiam ao
filósofo alemão Emmanuel Kant e ao filósofo
Página 8 americano John Rawls, bem como ao inglês
Thomas Hobbes, por já ter tido contacto com
estes filósofos no 10º Ano, na disciplina de Filosofia. Pude
relembrar, a propósito de Thomas Hobbes, que, tal como o
filósofo nos mostrou, o Homem sem a influência e educação
da sociedade tem como único fim a sua sobrevivência, usando para tal a sua força e a fraude como armas principais,
para tramar o próximo.
Encontrei uma crítica à justiça social, defendida por
Rawls, dado que este só falava dos seres humanos e racionais e se esqueceu dos animais no contrato, “mas também
dos géneros humanos que as versões tradicionais do contrato excluíam: crianças, senis, dementes, etc. Resumindo: os
fracos”.
O autor constata que os primatas são seres muito apegados
aos seus interesses, infiéis e desleais, achando-se superiores aos
animais, enquanto os restantes animais são fiéis, sinceros e agem sem
segundas intenções. Conclui, assim,
que os seres humanos têm muito
que aprender com os animais.
Para além da relação com
este fiel amigo, Mark viveu uma vida
feliz ao lado de uma cadela chamada Tess e um dia ainda comprou
uma loba, chamada Nina.
Na obra, assistimos ainda à
morte de Brenin, devido a um tipo
de cancro raro, e à tristeza de Mark
que nos relata o amor que sentia
pelo seu grande amigo e as saudades que dele teve, bem como a certeza de nunca o ir esquecer.
Concordo com muitas reflexões filosóficas que Mark faz.
Concordo também que a maioria dos humanos se acha
superior aos animais, o que não é verdade. Considero que só
temos a aprender com os animais, tal como eles aprendem
connosco. Principalmente com os cães, que têm vindo a
demonstrar que são o melhor amigo que uma pessoa pode
ter.
Gostei de ler este livro, porque, embora não sendo o
género de livros que costumo ler, e isso tenha dificultado, um
pouco, a sua leitura, consegui perceber as ideias e a história.
Não foi um grande sacrifício lê-lo, como pensei que iria ser.
Recomendo-o.
Gyulkibar Ahmed , 11º A2
ciências sociais e humanas
Magusto na escola
O
Magusto é, sem dúvida, uma comemoração apreciada por muitos portugueses, na qual é tradição juntar amigos para
conviverem e assarem castanhas. No dia 11 de
Novembro, dia de São Martinho, vive-se o Magusto, e todos conhecem os tradicionais provérbios:
“No dia de S. Martinho vai-se à adega e prova-se
o vinho” ou “No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho”.
A escola envolveu-se nesta comemoração e
foram visíveis momentos de boa disposição e
descontração tanto entre os que organizaram a
comemoração como entre todos os que aderiram
à iniciativa. Os alunos da turma prepararam tudo
com antecedência para que nada faltasse, houve
castanhas assadas, crepes e waffles. Mais uma
vez, a tradição fez-se sentir com um verdadeiro
dia de verão de S. Martinho.
Este ano, no dia 11 de Novembro, a turma do
11º B, da Escola Secundária Dr. Jorge Correia,
decidiu proporcionar um Magusto a toda a escola.
Assim, podemos dizer que fizemos jus ao lema
“Dia de São Martinho com o 11ºB, castanhas, crepes e bom convívio”.
O 11º B organizou uma feira com o principal
objetivo de festejar este dia, mas também de pôr
em prática algumas competências da disciplina de
economia no domínio das vendas e ainda angariar
fundos para uma visita de estudo a realizar a Lisboa.
A turma quer agradecer o apoio de todos e
até ao próximo ano!
Beatriz Ávila, 11º B
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ciências sociais e humanas
Sessão da DECO
GESTÃO
DO
ORÇAMENTO
FAMILIAR
E
ste relatório dá
conta de uma
palestra promovida pela DECO
sobre “Gestão do orçamento
familiar”, que envolveu algumas
turmas da Escola Secundária Dr. Jorge Correia de Tavira e
teve lugar no dia 2 de novembro de 2011. A sessão foi promovida pelo diretor da escola, em que os principais objetivos
foram levar os alunos a aprofundar os conhecimentos sobre
as aplicações do dinheiro e quais as suas vantagens e desvantagens, por meio de um debate.
Os estudantes e os professores deslocaram-se ao auditório por volta das onze horas e quarenta minutos da manhã,
altura em que se iniciou a palestra com a Dra Cátia Cabanito.
Os alunos tiveram então a oportunidade de aprender a gerir o
dinheiro de forma rentável, assistir a um pequeno vídeo e
partilhar ideias sobre o tema inicial. A responsável pela apresentação da DECO tinha uma excelente capacidade de
comunicação e levou os jovens alunos a refletir sobre determinados assuntos prejudiciais às suas carteiras, que poderão
ser evitados se soubermos gerir convenientemente o dinheiro.
Os alunos visionaram um PowerPoint com os componentes integrados no assunto em discussão, enquanto decorria a
sessão. Entre os vários assuntos debatidos, os que cativaram mais os estudantes foram, sobretudo, a poupança e o
orçamento mensal. A maioria, especialmente os aprendizes
do Curso de Ciências Socioeconómicas, sabia que o conceito
poupança designa a parte do rendimento que não é gasta em
consumo imediato, e como podemos colocá-lo a render. Existem inúmeras formas de reunir alguns euros ao fim do mês
sem abdicarmos das rotinas do nosso dia a dia, tais como:
desligar os aparelhos em modo de espera (standby); escolher alimentos da época e da região, porque são mais baratos e de melhor qualidade; elaborar uma lista dos produtos
em falta, sempre que se for a um supermercado, e evitar
excedê-la; comparar preços e preferir embalagens familiares
e de marca branca.
Foi abordada, de seguida, a necessidade de os consumidores efetuarem empréstimos solicitados aos bancos, cobrados por juros, e da aplicação de seguros (automóvel, saúde, casa, etc) que permitem, muitas vezes,
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proteger o nosso dinheiro e preservar o
estilo de vida, no caso de se verificar algum imprevisto. Na
impossibilidade de cumprir os pagamentos, os dissipadores
podem adquirir um crédito, mas é importante acentuar que
estarão ao mesmo tempo a contrair uma dívida que, mais
tarde, terá de ser paga. Para isso, recorre-se à TAEG (Taxa
Anual Efetiva Global) que permite calcular o custo total de
um contrato de crédito. Assim, quanto mais baixa for esta
taxa, menor será o custo do crédito.
Por outro lado, fazer um orçamento mensal ajuda-nos a
controlar as finanças pessoais e familiares, através de alguns
passos simples: registar todas as despesas mensais num
papel; dividir o rendimento por cada uma delas, colocando
inicialmente uma percentagem para a poupança; por fim,
calcular o seu orçamento mensal pela fórmula:
RECEITAS – DESPESAS = SALDO MENSAL.
O saldo mensal deverá ser positivo, caso contrário estar-se-á
a viver acima das possibilidades e a caminhar para uma
situação difícil.
Assim, esta sessão permitiu aos alunos conhecer melhor
a realidade social e os problemas económicos que estão a
prejudicar diversas empresas financeiras. Os alunos ficaram
também a saber que grande parte do rendimento das famílias é, por vezes, gasto em bens supérfluos e que nem sempre se apercebem disso. Tal facto explica-se pela centralidade do marketing na venda dos produtos.
Conclui-se que a palestra foi uma atividade interessante
e muito proveitosa, porque permitiu aos alunos de Economia
relembrar, e aos outros aprender como fazer uma gestão
eficiente de recursos escassos para satisfazer o maior número de necessidades, a que chamamos princípio da racionalidade económica. Esta é uma forma de nos motivar para
alcançar objetivos de vida, evitando gastos supérfluos.
Em síntese, a técnica da DECO proporcionou uma grande lição de Economia.
Tânia Fernandes, 11º B
ciências sociais e humanas
Sessão da DECO
GESTÃO
DO
ORÇAMENTO
FAMILIAR
N
o dia 2 de Novembro de
2011, a turma B do 11º
ano assistiu a uma palestra cujo tema principal era a gestão e
poupança do dinheiro, que nos foi
apresentado pela Dra. Cátia Cabanita.
Entre os vários assuntos tratados,
destaco a melhor maneira de gerir o dinheiro:
•
Fazer um orçamento
Um orçamento é um plano no qual se registam as
receitas e as despesas previstas para um certo período de tempo. Fazê-lo vai permitir ter mais controlo
sobre o dinheiro gasto, pensar melhor antes de comprar um certo produto, saber melhor quanto dinheiro se
tem disponível para atingir mais rapidamente os objetivos.
Para fazer um orçamento, devemos dividi-lo em
duas partes, receitas - entrada de dinheiro - e despesas - saída de dinheiro; anotar todas as despesas,
sejam elas de baixa ou elevada quantia; nas despesas
deve haver uma rubrica com uma quantia de dinheiro
para imprevistos. No final, devemos calcular o saldo,
que é a diferença entre as receitas e as despesas.
Nas receitas deve haver uma parte do rendimento
para a poupança, pois esta confere-nos mais segurança financeira e torna-nos mais independentes.
•
Poupar
Apagar as luzes quando já não as necessitamos;
fechar a torneira da água, enquanto lavamos os dentes; fazer uma lista quando formos às compras; entre
outras.
O dinheiro também pode ser posto a render através
de um depósito bancário, fazendo-nos receber juros
passivos.
Ao abrirmos uma conta, devemos ver a que melhor
se adapta ao nosso perfil, a que tem melhores condições e menores riscos e custos, como comissões e
penalizações.
No banco, o dinheiro que depositamos vai circular,
na medida em que o banco é um intermediário entre os
depositantes e os que vão pedir dinheiro emprestado.
•
Avaliar o empréstimo a contrair
O crédito é um empréstimo de dinheiro concedido
pelo banco mediante uma determinada taxa de juro. O
juro varia consoante o valor, o tempo e o risco.
A TAEG- Taxa Anual de Encargos Efetiva Global inclui todos os custos do crédito e permite-nos comparar os créditos concedidos pelos diferentes bancos. A
taxa de esforço do devedor do empréstimo traduz-se
na parte do rendimento que vai servir para amortizar as
prestações do crédito contraído.
•
Monitorizar o uso do dinheiro de plástico
Devemos ter cuidado quando utilizamos cartões,
pois através do pagamento com cartão não controlamos tão facilmente as saídas de dinheiro. Enquanto
nos cartões de débito, o dinheiro utilizado é retirado
imediatamente da conta à ordem, nos cartões de crédito o dinheiro utilizado é-nos emprestado pelo banco.
Por isso, devemos ter uma atenção redobrada no
manuseamento deste cartão.
Soraia Louro, 11º B Página 11
eco dos espaços
Biblioteca: espaço ativo
F
eita a receção aos novos alunos e o seu primeiro
contacto com o nosso espaço, pusemos mãos à
obra para atualizar a nossa base de utentes e
bem gerir a requisição de equipamentos e de
material livro e não livro.
Em articulação com Formação Cívica e Português, foram
dinamizadas sessões de formação para os alunos do 10º
ano. Houve uma sensibilização para, como utilizadores da
BE, também aqui porem em prática o lema para o presente
ano letivo: “Cumprir regras, trabalhar melhor”. Por isso,
deu-se a conhecer o Guia do Utilizador da BE, explicaram-se
os critérios de catalogação, segundo o sistema CDU, e os
critérios de arrumação dos materiais nas estantes e nas
várias zonas de trabalho deste espaço pedagógico. O estímulo à autonomia na utilização do espaço foi completado
com a divulgação dos recursos disponíveis no BIBLIOBLOGUE, o acesso ao catálogo on-line e os procedimentos de
segurança a adotar com o uso dos computadores. Por último, foi feito um reforço de motivação para a leitura com a
divulgação de alguns títulos mais recentemente adquiridos
pela BE, bem como de alguns
clássicos que têm cativado
várias gerações de leitores.
Entretanto já decorria o
mês de Outubro, mês internacional da biblioteca escolar, este
ano com o slogan: “Biblioteca.
Saber. Um poder para a vida”.
Deu-se, assim, início a exposições temporárias. No átrio da
BE, montou-se uma exposição
de incentivo à leitura com a
divulgação de postais da RBE
sobre este tema, complementada por slogans criados pelos
alunos da professora Ana Cristina Matias, turma 12º
C1:“Sem leitura não há semente que cresça ou Sol que
doire” (Sara Sousa); “Ler é viver, estudar é aprender” (Tatiana Machado) e “Ler é um dever para mais
aprender e conhecer.” (Verónica Viegas), entre outros.
Página 12
No interior da BE,
cada um dos expositores
foi reservado a um tema
desenvolvido pela professora Margarida Diniz
com os seus alunos das
turmas TCM1 e 2: “O
século de Péricles”,
“As ordens arquitectónicas” e “A cerâmica grega”. Em simultâneo, na
zona de leitura de periódicos estiveram à disposição para leitura presencial umas
brochuras sobre a UE, elaboradas no âmbito da Área de
Integração pelos alunos que compõem as turmas do 11º
ano, dos Cursos profissionais de TOE, TIE e TDIE .
Já em articulação com a professora Maria Alberta Fitas
dedicou-se uma semana à disciplina de Filosofia (14 a 18
NOV.) com obras desta área na mesa de destaques e
publicações diárias no BIBLIOBLOGUE de trabalhos de
alunos das turmas A1, A2, B e E do 10º ano. De imediato,
se seguiu a semana da cultura científica (21 a 25 NOV.)
e, agora em cooperação com as professora Helena Bartolomeu (Física e Química) e Augusta Carvalho (Biologia e
Geologia), renovou-se a mesa de destaques com obras
das ciências experimentais e publicaram-se novos artigos
no BIBLIOBLOGUE, nomeadamente um trabalho de Física
dos alunos Afonso Nunes e Carlos Teixeira, 11º A2, e a
notícia da participação da professora Augusta Carvalho no
2º Encontro Regional do Voluntariado Ambiental para a
Água, apresentando um trabalho desenvolvido neste âmbito com as turmas 10º A2 e A3 no ano letivo transato.
A aplicação do Novo Acordo Ortográfico, obrigatória a
partir de Janeiro de 2011, começou já a efetuar-se na
Escola. Como complemento à divulgação das regras do
mesmo por parte dos professores de Português em situação de aula, a Biblioteca planeou um conjunto de acções
intituladas «Português atual? Efetivamente!». A primeira
actividade ocorreu no dia 25 de NOV. com a realização de
uma palestra, no Auditório, pela Drª Susana Mendonça,
professora de Linguística na UALG. Essa sessão, onde
estiveram presentes as turmas do 10º ano A1,C1,C2 e C3
e o 11º C2, resultou da cooperação do Grupo de Trabalho
das Bibliotecas de Tavira.
Com a mesma finalidade de facilitar o domínio das
regras de ortografia que sofreram alteração com o Novo
Acordo Ortográfico, Maria Antonieta Couto, professora de
Português, dinamizou, por sua iniciativa, no dia 17 de
NOV., uma sessão de formação dirigida a professores.
Estiveram presentes docentes dos diversos departamentos
curriculares que seguiram muito atentamente toda a informação veiculada, tendo até se disposto a realizar exercícios de aplicação no final da sessão.
Ana Cristina Matias, professora bibliotecária.
eco dos espaços
Ai que prazer, ter um livro para ler
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada
O sol doira
sem literatura.
[…]
Fernando Pessoa
S
erá importante a leitura e o estudo para o
Homem? Será apenas uma perda de tempo ou algo extremamente necessário para atingir o conhecimento e o próprio
Homem evoluir? É sobre este dilema que vou argumentar e
exprimir o meu ponto de vista.
No poema “Liberdade” de Fernando Pessoa, num dos
excertos, é apresentada uma conclusão bem diferente dos
dias de hoje. Nessa conclusão, o autor afirma que ler aborrece, “… é maçada…”, e que estudar não tem qualquer valor,
“… Estudar é nada…”. Para suportar essa opinião, o autor
caracteriza a leitura e o estudo como um dever e, por tal,
ainda mais prazer lhe dá por não o fazer.
No entanto, a minha opinião é completamente oposta.
Cada vez mais, a leitura e o estudo têm uma maior relevância na formação do caráter e do conhecimento do indivíduo,
testando os nossos valores e transmitindo experiências.
Pelas ideias, pelos valores, pelas opiniões dos autores, nós,
indivíduos, deixamo-nos influenciar pelo que lemos, ouvimos
e estudamos. Isso transmite-nos emoções e sentimentos que
nos levam a adotar uma posição e, por vezes, a descobrir
algo que não sabíamos acerca de nós próprios. Além disso,
influencia as nossas opiniões acerca de determinados assuntos.
É o caso do que me aconteceu no início deste ano, ao ler
um artigo de uma revista relacionada com a mutilação genital
feminina. Nunca pensara que tal ocorresse em pleno século
XXI. Fiquei deveras espantada, se não horrorizada, e posso
dizer que considero essa prática um desrespeito à mulher,
não só como ser humano, mas sobretudo por ser um ser
igualitário ao homem e tal não acontecer no caso do sexo
masculino. Este foi um
exemplo de como a
leitura nos surpreende e
molda a nossa opinião.
Mas, transmite-nos também cultura e deixa-nos
observar através de
meras palavras ordenadas uma realidade por
vezes diferente da que
nós observamos diariamente. Convoco, como
exemplo, um livro que li
recentemente,
Jane
Eyre, de Charlotte
Brontë, onde é relatada
a vida de uma mulher durante o século XIX . O livro aborda a
emancipação da mulher e do seu espírito, num período onde
as mulheres não eram aptas para trabalhar, devendo casarse para garantir a sua sobrevivência.
Querendo abordar um pouco
mais a minha relação com a leitura,
vou revelar como ocorreu a minha
entrada para este mundo fantástico.
Teria cerca de 12 anos quando a
minha mãe sugeriu que lesse um
livro intitulado Meu pé de laranja
lima, de José Mauro de Vasconcellos. Admito que li obrigada, mas foi
apenas o toque necessário para
querer ler um livro cujo tema fosse
escolhido por mim. Desde então,
não parei de ler e é com todo o prazer e contentamento que anuncio que adoro mergulhar no
fantástico mundo da leitura.
Resumindo, um livro permite partilhar pensamentos, interesses, informações sobre
outras épocas, outros lugares, outras culturas. Enriquece o
espírito e a nossa maneira de pensar e falar. Estimula a nossa mente e a nossa capacidade criativa. Ajuda-nos a sonhar.
Embora, por vezes, seja difícil ler certos livros, ou por serem
de um escritor que desconhecemos, ou por o tema do livro
inicialmente ser desinteressante, não devemos desistir e sim
continuar à espera de uma reviravolta no decorrer da ação.
Ler abre uma porta
para um mundo infinito de descobertas.
Patrícia Horta, 12º C1
Página 13
LÍNGUAS
O MÉRITO DAS LÍNGUAS
O Conselho da Europa elegeu o dia 26 de Setembro
como o Dia Europeu das Línguas e com o mesmo pretende dar ênfase às práticas inclusivas e integradoras no
ensino e aprendizagem de línguas e culturas.
A Biblioteca e os professores de línguas estrangeiras
envolveram-se na celebração da variedade linguística
europeia, sensibilizando os alunos para o respeito e a
convivência entre línguas e culturas no espaço europeu.
Inês Pinheiro, professora de Espanhol
e Serafim Gonçalves, professor de Inglês
¡Hola!
Soy Alice, tengo 15 años y desde hace 3 años que estudio español. Estudiaba en la escuela Dom Paio Peres Correia, una escuela pública.
Para mí es importante estudiar español porque me gustaría estudiar medicina o enfermería pero como la media es muy alta en Portugal estoy pensando en ir a estudiar en España.
A mí me gusta aprender español con diversas actividades, películas, debates, juegos u otras que puedan hacer con que la clase sea más diversificada.
Alice Abreu, 10º A4
Alhambra, Granada
Para mí es primordial aprender un idioma.
Es importante, por ejemplo, para nuestra vida profesional porque hoy
en día casi todos los empleos piden personas que hablen más de una lengua. Yo quiero ser periodista y es muy importante para una periodista saber hablar muchas lenguas.
Personalmente también es fundamental porque se vuelve más fácil
hablar con personas que no hablen el mismo idioma que nosotros. Además,
cuando aprendemos una lengua también aprendemos su cultura.
Por lo dicho antes, es siempre muy útil e importante hablar más de una
lengua.
Basílica de la Sagrada Família,
Adriana Baptista, 10º C2
Barcelona
A new language makes you travel through a different
culture, but above all, helps you find a new world of friends.
Página 14
Patrícia Horta e Teodora Dimitrova, 12º C1
London Bridge
LÍNGUAS
Catedral de Santiago de Compostela
Es importante aprender español u otra lengua, como por ejemplo el
inglés, para que tengamos más cultura en nuestra vida.
Es decir, una persona que en el futuro quiera ser periodista necesita
tener conocimientos de otras lenguas para conseguir hablar con las personas de idioma distinto que va a entrevistar.
Por este y otros motivos es siempre bueno y necesario saber hablar
otras lenguas: cuando vamos a viajar tenemos que comunicar con las
personas de otros países para poder ir a ciudades.
Creo que todos los estudiantes debían dar más valor al aprendizaje
del idioma que estudian. Un día, más tarde, podrá ser necesario en alguna ocasión inesperada.
Ana Sousa, 10ºC2
The European Day of Languages was created on 26th September 2001 to embrace all the national languages around Europe
and respect each one of them, making Europe a very complex
union, rich in culture and knowledge.
Inês Guilherme e Tatiana Machado, 12º C1
Learn a foreign language,
learn your way into the global world.
Mª Margarida Silva e Rita Silva, 12º A3
Westminster Abbey, London
John Bull
Monasterio de El Escorial, Madrid
Soy Hélder y llevo tres años estudiando el español en un instituto público.
Creo que es importante estudiar español porque vivimos en una sociedad donde la busca de trabajo en otros países es muy grande y saber
más un idioma como el español que es una lengua muy hablada en el
mundo es muy importante. Por otro lado estudiar español es importante
porque es una forma de comunicación con personas de otros países como por ejemplo Argentina. En mi perspectiva creo que también es muy
importante el español porque conocimos otras culturas, formas de vivir…
Para estudiar español me gusta hacer trabajos en Power Point con
compañeros y después presentar a la clase, me gusta ver películas,
hacer trabajos en parejas, hacer visitas de estudio…
Por otro lado no me gusta leer, aún sabiendo que la lectura es muy
importante para aprender español.
Hélder Baptista, 10º C2
We talk better, we do better.
The better we talk, the better we do.
As much as we talk, as much as we do.
Patrícia Salvé-Rainha, 12º C1
Página 15
LÍNGUAS
HALLOWEEN BUSINESS
W
e are Class “CEF Assistente de Administração”
and we are only girls: twelve students with ages
between 15 and 17 years old.
In CCLI (Correspondência Comercial em Língua Inglesa) lessons we learn how to write commercial letters in English. We
have already learnt how to write order letters. To approach the
celebration of Halloween from a business and administration
point of view, we decided to write letters ordering Halloween
products, which would be then exhibited in the library.
Here are some of our opinions on this mini-project:
Cândida: “I liked doing the letter and preparing the exhibition.”
Nadine: “It was a very interesting activity, because we typed the
letters in the computer.”
Ana Gomes: “It was a practical activity in the classroom and in
the library.”
Anna Schröder said: “I was happy to see the final product and I
think it was something different from other
mini-projects of English lessons.”
Susana Nassa (teacher):
“In the beginning of the school year the students were a bit
frightened with the name of the subject “CCLI”, but I think that
now that we approached the syllabus in a practical and creative
way, they feel more confident about it.
tion in the “Halloween Business”
mini-project and I hope they keep up
the good work.”
To enrich the letters exhibition the students were asked to
bring some decoration items, which would represent some of
the products they were ordering. I was pleased
Página 16
to see the students’ commitment and coopera-
CEF AADM e
Susana Nassa, professora de Inglês
ESCRITA CRIATIVA
Poesia
Parafraseando Camões, quisemos mostrar como
sentimos o amor.
Amor é lágrima derramada por um sorriso,
É um sentimento profundo, incontrolável,
É doença sem cura.
“Sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança"
António Gedeão.
O Homem e o sonho, duas partes do Universo
que têm uma perfeita relação de simbiose.
Desde os primórdios da Humanidade que o
Amor é um sentimento sofrido.
sonho
nos habita. Sonhou-se com tudo o que
Amor não tem explicação:
hoje possuímos, com a lâmpada, com a eletriciOlha-se nos olhos,
dade e com tudo o que ela faz mover com a sua
Sente-se no coração.
energia. Os motores sempre constituíram o
sonho do Homem de se poder mover sem qualAmor é uma rosa,
quer esforço e rapidamente.
Sem água, murcha.
“O sonho alimenta a vida”, sempre ouvi desde
Amor é como o mar:
pequeno. De facto, o sonho dá luz à Descoberta
Tanto enche como pode vazar.
e à Conquista, comprova-o a saída dos Portugueses da terra Lusa e a sua navegação “por
Amor é como o vento,
mares nunca dantes navegados”. Como a alma
Por onde passa destrói,
não era pequena, tudo aquilo valia a pena.
Mas adoramos o momento.
Para ilustrar o sonho da Esperança, Thomas
Edison, de uma forma muito cómica, em vez de
Por fim, só te peço um favor:
tristonha, comentou a sua descoberta: “Eu não
Nunca duvides do que sinto por ti,
errei nenhuma vez, só descobri duas mil maneiÉ mais que amor.
ras de não fazer uma lâmpada”.
Poema coletivo – 10ºTCM2
O mendigo
O teu corpo é um barco
Que não tem lemes, nem velas
A tua vida é uma casa,
Sem portas e sem janelas.
Não vás ao sabor do vento,
Aprende a canção da esperança,
Vem semear tempestades
Se quiseres colher a bonança.
O Homem sonhou voar como os pássaros e
voou,
sonhou voar até à Lua e voou. O Homem
Soraia Viegas, 10º TCM1
hoje sonha voar até outros planetas e, estou certo, voará até ao espaço nunca dantes atravessado.
Um dia olhei para o céu
Sonhem, vivam e construam o que sonham,
E vi os teus olhos refletirem uma luz.
porque, se não o conseguirem à primeira, o sonho
alimentar-vos-á a Esperança, dando-lhe cada vez
Dentro da luz, estava um espelho,
mais alimento e, consequentemente, aumentando
Dentro do espelho estava a tua vida.
a sua chama até que ela clareie o caminho para a
Dentro da vida, estava o passado,
Descoberta e a concretização do sonho.
Dentro do passado estava o presente,
Por isso, sonhem e gritem ao Mundo o que
Dentro do presente, estava o futuro.
sonham!
A luz do teu olhar
Dentro do futuro estava a tua alma perdida.
Soraia Viegas, 10º TCM1
Rúben de Sousa, 12º A2
Página 17
VISITAS DE ESTUDO
Organização de Eventos e seus meios de divulgação
N
o dia 17 de novembro, a nossa turma
de 14 alunos do 11º ano de Organização de Eventos da Escola Secundária
Dr. Jorge Correia de Tavira efetuou, acompanhada por dois docentes, uma visita de estudo ao
Teatro das Figuras, em Faro, na parte da manhã.
Na parte da tarde, fomos pela cidade tirar fotografias a meios de divulgação de eventos.
Esta viagem, planeada pelo professor António Silva e enquadrada nas disciplinas de Marketing e Comunicação e Produção Técnica de Eventos, permitiu-nos saber um pouco mais sobre a
constituição do teatro, camarins, palcos, montagem de luz e som, segurança, sinalética e os
vários tipos de divulgação de eventos (múpis, cartazes, folhetos, etc.)
No dia 22 de novembro, realizámos outra
Visita de Estudo, mas agora a Lisboa, mais propriamente ao Pavilhão Atlântico. Conhecemos
todo o seu interior (palco, auditório, camarins…) e
aprendemos como fazem a disposição das bancadas, plateia e palco, consoante o tipo de evento,
por exemplo, coisas que não conseguiríamos
saber ou ver se fosse apenas para
assistir a algum evento.
Página 18
Um pouco sobre o Pavilhão Atlântico…
Tem uma capacidade máxima de 20.000 pessoas e é constituído por duas salas principais:
Sala Atlântico e Sala Tejo.
A Sala Atlântico tem capacidade para 12.500
pessoas sentadas e poderá ser modificada conforme seja necessário.
PROJETOS
Causa Animal
Joana Santos, 12º A2, a
ler o poema
“Eu sou o teu cão”
A Sala Tejo é um espaço onde pode decorrer
um evento de menor dimensão e que até pode ser
ao mesmo tempo de outro que esteja a decorrer
na Sala Atlântico que não existe qualquer problema por causa do som. Pode também servir como
apoio de backstage ou complementar à Sala
Atlântico.
Eu sou aquele que te espera.
O teu carro tem um som especial
e eu posso reconhecê-lo entre mil.
Os teus passos têm um timbre de
[magia,
eles são música para meus ouvidos.
A tua voz é o sinal maior do meu
[momento feliz.
E às vezes TU nem precisas falar… […]
N
o Dia Mundial dos Animais, comemorado todos os anos a 4 de outubro, as turmas 12º A2 e A3 prestaram uma homenagem aos animais, realizando uma sessão de
leitura expressiva de poemas: “Ode ao Gato" ,"Eu
sou o teu Cão", "Os Mochos", "O Peixe", "Ninfas
de Jardim" e "A Leoa".
Ode ao Gato
Tipos de Eventos realizados no Pavilhão Atlântico:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
…
Tu e eu temos de permeio
a rebeldia que desassossega,
a matéria compulsiva dos sentidos.
[…]
Eventos Culturais
Congressos
Feiras
Eventos Desportivos
Festivais
Jantares de Gala
Reuniões Anuais
Festas de Natal
Concertos
Conferências
José Jorge Letria, in Animália, Odes aos Bichos
No âmbito do Projeto Causa Animal, essa
homenagem foi retomada na Biblioteca, tendo os
alunos David Amaro e Fátima Guerreiro, 12º A3,
realizado a leitura de dois poemas, dirigida aos
alunos que aí se encontravam presentes.
A turma 11º TOE
Este tipo de abordagem a favor de uma consciencialização e responsabilização pelas condições de vida dos animais será repetida noutros
contextos escolares e extraescolares, designadamente do ensino básico e na
Página 19
Biblioteca Municipal.
CINEMA
Comentário : Psycho, de Alfred Hitchcock e A Suspeita, de José Miguel Ribeiro.
N
o âmbito do JCE (Juventude, Cinema, Escola)
vimos, no dia 27 de outubro, no Cineteatro da
cidade, o filme Psycho, de Alfred Hitchcock, e,
na aula de Filosofia, a curta-metragem A Suspeita, de José
Miguel Ribeiro. Claro que a nossa professora tinha que
inventar e propôs-nos encontrar semelhanças e diferenças
entre as duas películas, reservando-se as naturais distâncias
entre elas. Sentindo que a tarefa não era muito simples,
desenvolvi uma curta reflexão, partindo da ideia do que é
comum a ambas, o suspense.
O suspense é um dado garantido, através das linhas
sinuosas, pela música e modo como é apresentado o elenco,
em Psycho, e na Suspeita pela presença intrigante das páginas de um jornal, bem como da arrepiante
banda sonora.
Em Psycho, o espetador apercebe-se de
imediato que é um filme com um clima envolto em terror e suspense sem cessar, o qual é
acentuado pela opção do preto e branco,
enquanto na curta-metragem as cores estão
presentes e as personagens são animações
engraçadas, dissipando um pouco a névoa de
um assassinato presente em ambas as situações.
Dando também azo à nossa traiçoeira imaginação que,
inconscientemente, assenta em padrões interiorizados na
sociedade, esta película critica a existência de preconceitos
sociais, derivados de estereótipos.É em proveito destes que
o realizador, prevendo antecipadamente as nossas conclusões e suspeitas, conduz e seduz a nossa errada apreciação.
Em Suspeita, o último viajante a entrar na carruagem do
comboio, um jovem, de phones e com ar frio e distante,
preenche todos os requisitos do nosso estereótipo identificado como, razão para suspeitar. Tiramos, portanto, no fim da
curta-metragem uma pequena, mas nem por isso menos
valiosa lição, não devemos julgar ou avaliar as pessoas pelo
seu aspeto, coordenadas irrisórias que tanto nos perseguem,
mas sim pelas condutas apresentadas. Encontramos aqui, no
entanto, um ponto de divergência entre as películas, uma vez
que na curta-metragem o suspense não é contínuo, há
momentos mais suaves e até cómicos, libertando um pouco o
observador da angústia do que vai acontecer.
Nas duas películas há um momento em que
emerge a fatal atracão. Em Psycho, com o
assassino a sentir-se tentado pela presença de
Marion e, numa diferente abordagem, em A Suspeita, com a errada interpretação da arrogante
passageira, sentada em frente ao protagonista,
que concluiu que este se sentira atraído por ela.
Ou seja, normalmente, as pessoas demasiado
cheias de si, tornam-se
Página 20
arrogantes.
A maior das aproximações
encontra-se no derradeiro final, o
inesperado.
Em Psycho, tudo encaminha o
espetador para que seja tentado a
crer que o autor dos crimes é a mãe
de Norman Bates, tal como José
Ribeiro nos encaminha para o assassínio ter sido cometido
pela última personagem a entrar no compartimento do comboio. No entanto, para surpresa do observador, que espera
confirmar as suas suspeitas, a história submete-se a uma
autêntica reviravolta de perspetiva, um twist, em que todas
as evidências que suportavam as nossas conclusões estavam erradas e o assassino é aquele que nunca suspeitaríamos, por ser aos nossos olhos o mais inocente.
Antes de terminar, queria apenas apresentar as
minhas suspeitas em A Suspeita. O meu ponto
de partida foi que todos eram suspeitos, mas
com o desenrolar dos acontecimentos sobressaíram certas personagens. Comecei, então, por
seguir o fio condutor da película. O último viajante a entrar seria a minha primeira suspeita devido à sua blusa com o X, igual à do assassino,
denunciado no jornal. No entanto, concluí que seria uma análise bastante óbvia, demasiado óbvia, portanto passei a redobrar a minha atenção também pelos restantes passageiros.
Surgiu, assim, a minha segunda suspeita, a dita senhora
confiante, pois para se ser assassino e interagir de tão perto
com as suas vítimas requer auto-confiança. Se esta acreditasse que depressa seria descoberta, certamente que não se
iria expor tanto.
No entanto, nenhuma das minhas suposições se confirmou. Resolvi imaginar que o argumento seria uma situação
real e que eu realizava o mesmo ato de quem quis avisar os
outros passageiros da presença do assassino. Faria isso não
tanto para os alertar, mas sim para analisar a sua reação e
pôr de parte a hipótese de estes serem os assassinos, mesmo sabendo que normalmente as nossas conclusões são
encaminhadas pelas perspetivas assentes nos pensamentos
desse momento e não tanto pela verdade.
Em conclusão, foi a curta-metragem que mais me cativou,
porque gosto imenso de filmes de animação. Transmitem lições de uma forma mais
suave, a crítica é sub-reptícia,
pelo que só os mais observadores são capazes de a identificar, brincando com realidades e irrealidades, que nos
deixam bem-humorados.
Erica Laranjo, 11º E
ASSOCIATIVISMO
Muito sabe o rato, mais sabe o gato
A
Associação Internacional de Paremiologia organizou mais um Colóquio
Interdisciplinar de Provérbios, que decorreu entre
6 e 13 de Novembro, em Tavira. Esta quinta edição contou com a participação do 12º A3.
Na sequência de uma palestra alusiva ao
papel dos Provérbios na Educação, dada pelo Dr.
Fátima Guerreiro, a delegada de turma, a
Rui Soares, a 19 de Setembro, na Escola Secuntestemunhar a mais-valia desta experiência.
dária de Tavira, no âmbito da Semana da Juventude, os alunos foram convidados a realizar um trabalho a ser apresentado no Colóquio. O tema seria à sua escolha,
mas teriam de organizar uma sequência de provérbios cuja letra inicial de cada um contribuísse para a composição do abecedário.
Em função deste desafio, os alunos do 12º A3, designadamente
através da iniciativa primordial de Maria Ana, responderam prontamente. Selecionaram como tema “o gato” e o resultado da sua pesquisa foi utilizado para conceber um marcador de livro.
Do conjunto de 23 provérbios listados, damos como exemplos os
seguintes: “Impossível é um rato fazer o ninho numa orelha de um
gato”; “ Ratos correm quando os gatos somem”.
No dia 8 de novembro, a turma deslocou-se ao Hotel Vila Galé
para assistir à apresentação pública do marcador de livro concebido
pela Associação de Paremiologia, bem como dar o seu testemunho
acerca do significado desta experiência na sua vida curricular.
Maria Teresa Afonso, professora de Biologia e Geologia
Alunos dinâmicos
A
pós uma animada campanha eleitoral promovida pela Lista
M , cujo slogan este ano foi: Mantém-te connosco… A fidelidade é
uma Virtude!, no dia 23 de novembro tomou posse a nova Associação
de Estudantes da escola.
A Associação é formada por quatro órgãos: Direção, Assembleia
Geral de Alunos, Conselho Fiscal e Departamento de Relações Externas.
Estamos certo de que a nova direção, constituída por Daniela Pereira
(presidente), Jorge Guerreiro (vice-presidente), Rita Trabulo (tesoureira),
Catarina Rocha (1ª secretária), José Mártires (2ª secretária), Ana Rodrigues (1ª vogal) e Joana Cotovio (2ª vogal), organizará atividades culturais e recreativas tão envolventes como as que decorreram durante a
campanha.
Página 21
OPINIÃO
A mediocridade do nosso ensino
A
o contrário do que os decisores políticos dizem, temos um ensino medíocre em Portugal. Medíocre nos programas, medíocre na gestão
das escolas, medíocre nos professores e medíocre nos resultados dos alunos. Obviamente, todos
passam a culpa a quem está mais em jeito de a
receber. Os pais culpam os professores. Os professores culpam os programas. O Ministério culpa
as escolas e estas, por sua vez, culpam os pais.
Enfim, tudo muito tipicamente português.
É certo que todos têm a sua quota-parte de responsabilidade. As escolas por falta de organização e rigor, os pais por abandonarem a educação
dos filhos às escolas, os programas por estarem
inadequados e desatualizados e o Ministério por
ser francamente incompetente em quase tudo o
que faz. Eu defendo veementemente a autonomia
das escolas e a liberdade de escolha no ensino
pelas razões supra-anunciadas e por crer que o
modelo atual fracassou e carece de mudanças
urgentes.
Atualmente, o Ministério controla tudo o que diz
respeito à educação em Portugal. Os modelos, os
programas, a estrutura curricular, os professores,
o funcionamento das escolas, os horários, etc.
Chama a si tudo o que consegue, delegando apenas algumas tarefas às direções regionais que
constituem a extensão deste monstro burocrático
e tecnocrata chamado Min-Edu.
Explico esta minha posição em cinco ordens
de ideias distintas.
Primeira - Nenhuma escola com autonomia permitiria o regabofe, o comodismo e o desleixo que
atualmente sucedem nos estabelecimentos de
ensino. Quereriam certamente ter os melhores
resultados e a maior eficiência e produtividade
possíveis - e seria apenas natural que assim fosse. Seria o fim dos professores incompetentes
que prejudicam os alunos, enquanto privam outros
professores recém-formados de concorrer aos
lugares, porque, uma vez estando nos quadros,
pouco interessa o desempenho, mantendo-se
assim a hegemonia do laxismo e do caciquismo
dentro das escolas.
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Segunda - A concorrência entre
as escolas seria saudável e produtiva. Todas quereriam obter os
melhores resultados possíveis e tal refletir-se-ia
na qualidade do ensino que ofereceriam, sem
nunca rejeitar a admissão de alunos. Caber-lhesia também criar estratégias de combate ao insucesso e ao abandono escolar, e transformar os
alunos com menor desempenho em casos de
sucesso.
Terceira - Acabava-se com a mediocridade de
alguns cursos profissionais e da área das línguas
e humanidades, que é, sem dúvida alguma, a
área com menor rendimento e produtividade do
ensino secundário. Basta uma breve análise dos
programas para constatar que estão pouco adequados à realidade socioprofissional vigente e
com objetivos muitas vezes irrealistas para a carga horária existente, ficando as dúvidas e a atenção dada aos alunos em segundo plano, face ao
cumprimento do programa curricular.
Para além disto, nesta área, chegados ao 12º
ano, os alunos encontram-se com quatro ou cinco
tardes livres, pois só têm entre 14 e 16 blocos
semanais de aulas. Isto comparado com os mais
de 20 das restantes áreas atesta bem o quanto a
cultura do mérito e do trabalho é ignorada nas línguas e humanidades. E claro que alunos que passam o último ano do secundário tendo tão poucas
aulas não estarão devidamente preparados para o
ensino superior.
OPINIÃO
Isto por si só explica o porquê da decadência
dos cursos de ciências sociais e humanas nas
Faculdades. Não é que não necessitemos de psicólogos, sociólogos, jornalistas, advogados e economistas, mas sim que precisamos mais de bons
psicólogos, bons sociólogos, bons economistas.
Porém, com esta estrutura curricular dificilmente
se formam bons profissionais.
Já nas ciências, o oposto verifica-se. Existe
uma excessiva carga horária, que acaba por compensar a extensão exagerada dos programas,
cuja falta de objetividade obriga os alunos a ter
mais aulas. E ainda que isto possa, em parte, justificar o sucesso da área no ensino superior, talvez signifique que muitas das disciplinas pecam
por demasiada quantidade em detrimento da qualidade.
Há vida para além dos programas, e estes não
dotam os alunos com as competências necessárias e procuradas no mercado de trabalho, devendo essa lacuna ser colmatada pelos professores.
Algo que nem sempre acontece, por falta de capacidade ou falta de vontade.
Quarta - Urge-se motivação! Os docentes de hoje
não se preocupam com mais do que os programas. Os alunos, por sua vez, nem com isso se
interessam de todo. E os pais encaram a educação dos filhos como variáveis quantitativas. Se
têm um filho de 18, o rapaz é excelente. Se é de
11, já é fracote. E um filho de 14 é melhor que um
filho de 13.
Esta visão absurda causa mais danos à nossa
sociedade que a criminalidade ou a pobreza! A
forma como os alunos são encarados é desumana
e desprestigiante, sem falar de injusta, arbitrária e
impessoal. Existem valores e capacidades imensuráveis e que valem muito mais no mundo profissional que a nota a matemática. Mas, como nem
os pais nem os professores conhecem - ou querem conhecer - os nossos estudantes, se forem
alunos de 18 terão um futuro brilhante, mas, se
tiverem 10, não terão onde cair mortos, ainda que
sejam empenhados, solidários, determinados,
criativos e excelentes em relações interpessoais.
O mundo profissional não é feito apenas de
números. Nem sempre são os alunos com médias
altas os melhores profissionais. Da mesma forma,
um aluno com baixo desempenho pode ser um
excelente trabalhador. No entanto, o que temos
na realidade são alunos que se desmotivam e
desistem dos seus sonhos porque os convencem
que toda a sua vida dependerá da nota do exame
de matemática ou de português.
Quinta - Chega de crispação! Climas adversos ao
trabalho e à criatividade refletem-se no desempenho dos alunos. O ministério da educação destruiu por completo o clima de paz no ensino português através de burocracias desnecessárias, processos arbitrários e nada éticos, autênticos protetorados à incompetência e a completa alienação
do propósito de um professor que, antes de ensinar, tem de tratar da papelada e do funcionamento da escola, só depois pode pensar nas aulas,
privando-se, graças a essas trivialidades, de tempo que seria melhor gasto em atividades para os
seus alunos. Tudo isto levou ao panorama atual
onde a crispação e a tensão reinam nas escolas
entre os próprios docentes.
Cabe-nos a todos nós contribuir para a criação de um novo paradigma de ensino. Um ensino
feito para as necessidades do século XXI e que
finalmente valorize o mérito e a criatividade, não
só dos alunos mas também dos professores e das
escolas.
Jorge A. Guerreiro, 12º C2
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e-mail: [email protected]
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BIBLIOTECA
Ficha Técnica
Chefe de Redacção: Ana Cristina Matias
Conselho de Redacção: Carmen Castro e Maria
Antonieta Couto
Redacção: Alunos e Professores da ESJAC
Paginação: Ana Cristina Matias
Impressão: Reprografia ESJAC
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Muitas luzes fazem um clarão e é aí que a mudança começa
O
Debate Humano de Alerta (DHUDA), que ocorreu na
passada sexta-feira, dia 18 de novembro, foi organizado por um conjunto de alunos e docentes da nossa
Escola, em parceria com elementos da equipa da
Unidade de Cuidados na Comunidade Talabriga do Centro de Saúde de Tavira, com a intenção de «informar, esclarecer e interferir na
sociedade, de uma forma clara, dinâmica e apartidária, sensibilizando a comunidade e incentivando a procura de soluções para a
atual situação».
O Debate fora previamente divulgado pela afixação de cartazes, envio de e-mails e a criação de um blog e de uma página no
Facebook, primordialmente pelo empenho dos alunos do 11º A3. Já
na noite do evento, este teve início com a presença pouco discreta
e bastante animada da Orquestra do Ritmo do Algarve (ORA), convidando, agradável e originalmente, os transeuntes a participar no
debate. E foi com surpresa e orgulho que a “casa” se encheu, ainda
mais do que o esperado.
Depois dos agradecimentos, feitos pela professora Fernanda
Santos, a “mãe” do projeto, foi passado um pequeno vídeo, com
cerca de vinte minutos, da autoria do professor José Couto e de um
grupo de alunos que, em conjunto, colecionaram uma notável
quantidade de cartoons, citações e vídeos ilustradores da crise em
Portugal, com “Inquietação” de José Mário Branco como banda
sonora, de modo a demonstrar ao público as situações/
comportamentos incorretos por parte dos governantes políticos da
nossa sociedade.
Para “apimentar” o ambiente foram, de seguida, apresentados,
por alguns alunos do 11º C1 e 11º A3, os oradores e a moderadora
– o presidente da Câmara Municipal de Tavira, Jorge Botelho;
António Fragoso de Almeida, docente na Escola Superior de Educação da Universidade do Algarve; o diretor da RTP2, Jorge
Wemans; o economista Orlandino Rosa; o médico e ex-presidente
da Administração Regional de Saúde do Algarve, Rui Lourenço e a
jornalista Elisabete Rodrigues. Também se contou com a presença,
como oradores, de Carlos Teixeira e Bruna Fernandes, alunos do
11º A3 e A2 de Ciências e Tecnologias; João Tavares, aluno do 11º
C1 de Línguas e Humanidades, e Jorge Guerreiro, vice-presidente
da Associação de Estudantes.
A introdução do debate foi feita pelas alunas de Línguas e
Humanidades, Raquel Silva, do 11º C1, e Telma Pacheco, do 11º
C2. As duas jovens elucidaram os presentes acerca do conceito de
crise de valores e do esbatimento das fronteiras entre o bem e o
mal que se tem vindo a verificar, promovendo também a importância de valores como a Honestidade, a Justiça, a Lealdade, a Cidadania e, sobretudo, a Amizade, no sentido de União e Cooperação.
Convidaram, assim, os presentes a partilhar os seus princípios, de
modo a criarem soluções que levem à construção, espera-se, de
um futuro brilhante.
Quanto ao debate, propriamente dito, os oradores iniciaram os
seus discursos apresentando, de uma forma geral, as suas opiniões
pessoais acerca da situação económica atual. Entre alguma ironia e
um certo humor, foram-se discutindo as várias perspetivas que cada
um possui, e as respetivas soluções para os problemas encontrados.
Os oradores, tendo em conta as áreas em que estão inseridos –
como a saúde, a educação, a comunicação social, a política e as
finanças –, influenciaram, de certa forma, a fundamentação do seu
discurso, acabando por focar vários pontos fortes de cada uma delas
e mostrando-nos como é importante que estas tenham um bom sistema de organização, já que podem justificar ou contribuir para as resoluções de alguns entraves ao desenvolvimento humano. Quanto aos
alunos, exprimiram-se de uma forma bastante clara e marcante,
demonstrando a sua vontade de mudar e algum sentimento de revolta relativamente à maioria dos problemas atuais. Porém, estruturaram
as suas palavras de modo a transmitir uma mensagem de otimismo e
persistência a todas as pessoas que se encontravam ali presentes.
Ao longo do debate, foram-se discutindo pontos essenciais, explicando-se conceitos como o neoliberalismo e a globalização e como os
antecedentes da crise foram cruciais no que diz respeito ao comportamento dos chefes de estado, tendo estes influenciado o sistema
social e económico do presente. Apesar de o tempo dispensado para
falar ter sido muito pouco, tendo em conta que o assunto podia ter
sido muito mais aprofundado, todos tentaram fazer com que a comunidade tavirense ficasse a perceber melhor como funciona o mercado
económico e de que forma afeta o nosso quotidiano.
Foi assim, com música, ilustrações, boa disposição e cidadãos,
uns positivos, outros nem tanto, mas todos com espírito crítico e
observador, que se desenrolou um notável movimento social, que
prova, afinal de contas, que os jovens não estão assim tão desmotivados; estão, sim, interessados em desenvolver as suas potencialidades e as de Portugal. Como o vice-presidente da Associação de Estudantes declarou, «apesar de muita coisa estar mal, esta crise despertou-nos e fará com que, no futuro, não cometamos os erros do passado». João Tavares, por sua vez, acrescentou, «cada um de nós pode
ser apenas uma luzinha, mas muitas luzes fazem um clarão e é aí
que a mudança começa.»
Raquel Silva, 11ºC1, e Telma Pacheco, 11º C2