Teoria Psicanalítica II – Resumo PR1

Transcrição

Teoria Psicanalítica II – Resumo PR1
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Teoria Psicanalítica II – Resumo PR1
08-08-05
Textos para ler:
• Primeiro Ensaio
o Origem do conceito de Pulsão
o Caráter traumático da sexualidade – 3ª aula
o Questões
• Capítulo 1 do livro de Garcia Rosa Pulsão
O programa da disciplina está dividido em três partes:
• Três Ensaios da Sexualidade Infantil Pulsão e Representação Garcia Rosa
• Narcisismo
• Pulsão de morte
PR1 parte discursiva e parte objetiva.
PR1 além dos 2 ensaios, entra representação da pulsão mas não inclui a pulsão de morte.
15-08-05
Os Três Ensaios da Sexualidade Infantil
Questões sobre a leitura do Primeiro Ensaio:
Dúvida entre instinto e pulsão:
Este texto é onde Freud define pela primeira vez o conceito disciplina e esse é o objeto de
estudo dessa disciplina.
O texto da Interpretação dos Sonhos inaugurou a psicanálise segundo o próprio Freud, mas os
três ensaios opera o conceito do inconsciente. Sem a pulsão não tem como ratificar o
conceito e ICs. O homem é um ser pulsional.
Este texto opera uma subversão no saber do conhecimento sobre o que opera no homem, as
determinações tão enigmáticas das escolhas do sujeito.
Os Três Ensaios está fazendo 100 anos. A publicação foi em 1905. Opera uma subversão no
saber da época e tem a ver com o fato de que tudo que vigorava do que era sexual no homem
e vinha de um saber daquela época, quase sinônimo de conhecimento, que vinha como
resposta, inclusive a psiquiatra falava da importância do sexual nas neuroses. Onde a
psiquiatria tinha respostas Freud começa a fazer perguntas - opera uma torção no pensamento
existente - uma revolução. Onde lidavam com respostas Freud opera com perguntas. Freud
apresenta a sexualidade como um enigma a ser decifrado.
Os sintomas eram uma forma de apresentar de forma cifrada a significação do sexual
pro paciente.
Ele coloca o sexual como interrogação e é lógico então que não está falando do sexual que
toda a comunidade falava.
O que era reconhecido como sexual eram as manifestações e a sexualidade viria com o
próprio desenvolvimento físico, a puberdade, a primeira menstruação, os pelos, etc. A
1
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
sexualidade era encarada na época no sentido da atividade sexual, ligada ao erotismo
genital.
Sexual pra Freud não se restringe as manifestações de ordem sexual genital, ao
hedonismo, a escolha de parceiros sexuais.
Ele apresenta um novo conceito, o da pulsão, a viga mestra da psicanálise.
O conceito de pulsão deve ser diferenciado do conceito de instinto.
A tradução nova já está sendo mais fiel ao alemão.
Pulsão (Trieb) é diferente de instinto (instinkt).
Devemos a Lacan o retorno à obra original.
A primeira tradução foi do alemão pro inglês com uma leitura biologizada da obra de Freud e os
psicanalistas que fizeram recorriam a seu próprio repertório de entendimento. Toda tradução é
traição.
Lacan relendo apontou os erros e disse que os pós-freudiano não estavam fazendo jus ao
legado de Freud. O que estava se apresentando era uma visão medicalizada, biologizada, que
não coincidia com o que Freud apresentou.
Imagina a questão da sexualidade sendo apresentada com toda a moralidade da época? Freud
vai com calma, dando tratos a bola, no que ele estava fazendo isso não era só pro leitor mas
pra ele mesmo se certificar.
Lacan é pós-freudiano. Ele ainda pegou Freud vivo, mas pegou só o finalzinho.
Talvez não tenha havido nenhum autor que tenha se encontrado tanto com Freud nos
pensamentos como Lacan, mas não houve um encontro real entre os dois.
O movimento do texto, no capítulo I, é devotado pras aberrações sexuais. Um monte de coisas
que hoje não seriam aberrações lá recebe esse título.
Ele começa tentando definir objeto sexual a pessoa da qual procede a atração sexual
Objetivo é a satisfação, o ato ao qual a pulsão conduz.
Diferença entre instinto e pulsão:
Justamente por ser enigmático, comportando tantos destinos diferentes não é possível pensar
em instinto do homem. Não é possível encerrar o sexual como meramente instintivo. O homem
é um ser de cultura não só da natureza. Os animais têm sua própria cultura mas existe um
elemento fundamental na diferença das culturas dos animais e do homem - o homem é
habitado pela linguagem. Ai vai abrir toda uma diferença da ordem dos instintos e da pulsão.
Quando falo linguagem não é palavra - um recém-nascido não tem palavra mas já tem
linguagem - linguagem é todo o caldeirão do simbólico que nos banha. Uma cachorrinha
não fala dos filhotes antes de nascer. A linguagem é comum a todos os seres humanos, somos
banhados por ela, com essa potencialidade que a linguagem dá.
Uma dificuldade pode afetar esse potencial de se valer da linguagem.
A linguagem dos animais é uma linguagem sígnica diferente da linguagem do homem
que é significante. Nos animais a linguagem representa um sinal. Ex: o canto de determinada
ave significa algo e não tem equivoco, é uma relação biunívoca. Um signo representa algo para
alguém. Nos também temos linguagem sígnica, muitas vezes a neurose nos faz usar essa
linguagem sígnica e ficamos impossibilitados de significar - está ligado a patologias, altistas
repetindo, obsessivos onde aquela palavra faz que ele ligue o pensamento daquela palavra a
um comportamento repetitivo.
O ato falho é um exemplo de escapar ao controle.
2
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
A linguagem significante escapa, excede a bionicidade, tem múltiplas formas, tem uma
multiplicidade de interpretações.
Uma das formas mais orientadores pra diferenciar pulsão de instinto é a questão da
linguagem.
Set da ética da psicanálise - "A moral de Treib é a troca" a moral da pulsão comporta
sempre substitutos. não existe um objeto único pra satisfação da pulsão, pelo menos para
Freud.
Existem outras maneiras de pensar uma escolha sexual como sendo o sujeito já nasceu com
aquilo ali. Isso fica complicadíssimo de pensar psicanaliticamente.
Existe uma determinação de gênero porem as características biológicas não são suficientes pra
tornar uma criatura que nasceu com genitália feminina ter feminilidade. Nada obriga do ponto
de vista da pulsão. O que vai obrigar é a sobre-determinação da história daquele sujeito, entra
a linguajem, entram elementos que não tem a ver com características fixas.
Freud vai juntar a biologia com a cultura.
Instinto está ligado com respostas fixas, pulsão não tem essa fixidez. Se ha muita fixidez ha
neurose.
Ex: criança que quando quer algo só fica chorando, não aceita troca, esta muito ligada à mãe...
A criança troca o leitinho pelo bifinho. Olha a troca.
A mulher que escolhe uma mulher não deixa de ser mulher, às vezes tem mais feminilidade
que muitas outras.
Tentaram colocar uma lei que foi vetada tentando "tratar os homossexuais pra curar". Estavam
tentando voltar atrás de 1905.
Na medida em que a pulsão se diferencia do instinto ao contáario do que sempre se
convencionou é como se a sexualidade antes de Freud, nos nascêssemos com ela,
assim como a necessidade de comer. Nos não viemos ao mundo com a sexualidade.
Segundo as coordenadas de Freud a sexualidade vem de fora pra dentro, no contato
com o outro. Somos a espécie mais dependente, o outro tem um papel de importância e nos
cuidados da mãe (ou cuidador) não vai apenas a execução burocratizada, vai junto o sentido
libidinal, ela erogeniza a sexualidade do indivíduo. Nenhum de nos escapa do investimento
amoroso, libidinoso do cuidador materno. E ele é necessário pra que possa ir se engendrando
um sujeito, pra que aquela promessa de gente se humanize.
Todos os cuidados maternos são atravessados pelo afeto, pela libido, pelo erotismo, mas pela
imagem também. No projeto fantasmático materno a mãe já fala que o bebe, dentro do útero,
será assim ou assado, Já nasce num lugar que esta sendo colocado pra ela. E tem um nome
que representa aquele corpo. Olha a linguagem. Já entra a escolha dos pais. Já tem uma
sobre-determinação.
A linguagem participa o tempo todo tendo a ver com a questão da interpretação.
Uma criança pequena quando entra em aperto, constrangida (frio, fez xixi, etc) chora, depois as
vezes grita. Quando ela chora o outro aparece. Choro pode ser interpretado como uma reação
puramente física, mas mesmo assim vai entrar na rede de significações, vai ser interpretado
pelo choro materno. Pra uma mãe sadia o choro não é só choro, é demanda. O choro, o grito
passa pelo registro da interpretação, e é chamado, é pedido, é demanda do outro.
No luto, período apos a perda, onde é muito difícil não ir as lagrimas, é um momento onde fica
muito próximo do outro. O outro ainda está tão nele. Depois vai dando lugar a um vazio, que
3
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
alguns falam ate que o choro é melhor. Na cultura judaica visitasse a família do morto por 7
dias pra dar apoio.
A cultura de hoje cobra que você saia do luto rapidinho.
Porque é traumático?
Traumático é o efeito e não a coisa em si. Do ponto de vista Freudiano, que começou a
psicanálise com a Teoria do Trauma, onde o trauma é sexual, não é o evento em si e sim o
efeito que teve sobre a pessoa.
Do ponto de vista do caráter libidinoso do cuidado materno seria pra Freud um excesso desse
amor que não consegue ser elaborado completamente ainda pela criança. A criança chorou e
não imaginava que ia receber mais de que ela pediu e menos do que ela esperava. Cólica não
da pra acabar só com o colo da mãe. Não ha uma maneira de fixar o tempo entre o desconforto
e a satisfação. Veremos isso muito na questão da droga e por isso a deterioração é
geométrica.
É traumático porque o bebe já é posto pra trabalhar psiquicamente um excesso, uma voz que
ele não sabe nem se está dentro dele ou não. Winnicott diz que o bebê não sabe se o seio
esteve sempre ali ou se foi ela que acabou de criar. É traumático nesse sentido, nada a ver
com trauma de guerra por exemplo.
Não dá pra pensar no homem sendo regido só pelo instinto.
O traumático coloca a criança pra pensar, a criança vai aprendendo como é que chama, o
tempo de espera, vai conseguindo inventar substitutos, chupa a língua, o punho. Se fosse só
instinto não tinha substituto.
Enquanto o objeto que satisfaz o instinto é fixo, programado pela própria natureza, como
ele vai buscar satisfação, etc (pra animal fome é pra procurar comida, sexo é pra procriar), o
objeto da pulsão é o que existe de mais variável e contingencial. O objeto da pulsão é
criado. Pro homem a fome e o sexo se juntaram ate no mesmo verbo - comer.
Anorexia é um sintoma muito atual - ha um excesso de objetos no mundo - não é que a
anoréxica não quer nada, ela quer nada, segundo Lacan.
O instinto, mesmo o sexual (pra procriação principalmente) está para o biológico assim
como a pulsão sexual está para o prazer. O que o homem busca na sua satisfação não
se trata meramente de atender necessidades. Está em jogo o prazer, o desejo.
Comer não é só necessidade. Mesmo em necessidade extrema o que faz o homem comer o
que jamais comeria é o desejo pela vida. (ex: comer carne humana no desastre de avião no
Himalaia)
Anorexia tem a ver com a pulsão de morte sim, mas todos nos temos pulsão de morte (será
visto no final desta disciplina).
Quero NADA é um esvaziamento. Vê pelo próprio sintoma. Uma economia monstruosa do
desejo.
Que excesso é esse que ela tem que reduzir tanto? Se expressa pelo peso, mas é um
equívoco que a pessoa está fazendo.
Sempre terá uma coisa de excesso ligada. Ela mesma excede a necessidade de nadificar o
desejo dela.
Os três ensaios obedecem ao estilo do Freud de sempre partir do patológico, daquilo que
é ejetado pela sociedade, preocupado com o que não caminha bem, nem está preocupado
4
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
com fazer caminhar bem. Ele é muito voltado pra tentar desvendar enigmas, não pela resposta
mas porque um vai levando ao outro.
Freud tem uma crítica muito grande ao assistencialismo. A via do Freud é a via de dar a
vara e não o peixe.
Isso aparece claramente com o interesse em abrir os três ensaios pelos desvios. É essa
sexualidade perversa, polimorfa, que vai mostrando o modo como vai se estruturando a
sexualidade no homem de forma geral, também no "normal".
Objeto é da onde procede a atração sexual.
Ele trabalha a questão de pessoas imaturas e animais como objetos sexuais.
Ele diz que "devemos afrouxar os laços que unem pulsão e objeto..." "é provável que a
pulsão seja independente do objeto" o objeto é contingencial. A tarefa que ele se coloca é
de repensar a noção de desvio. A pulsão já não é um desvio? Ela não tem objeto prédeterminado, sempre vai se orientar pra algo que não é fixo. não existe desvio se não existir a
norma. Isso vai refletir nos conceitos das patologias da medicina e psiquiatria que era inspirada
na aposta da modernidade que a ciência traria a felicidade pelo progresso cientifico. Para que a
ciência pudesse conquistar esse objetivo era importante ter nítido o que era normal e não
normal, cultivar, civilizar, domesticar o que se mostrava pro lado do não civilizado. Tudo que
não funcionava passava pro lado do patológico, e se excedia virava barbárie.
Barbárie X Civilização tanto mais civilizado qto menos barbárie e entre a barbárie estavam
os perversos, os loucos, etc.
A 2ª guerra mostra que isso não funciona. Na civilização tem lugar pra barbárie. A barbárie está
na civilização. Não dá pra separar o normal e o patológico como a medicina da época
queria fazer, principalmente quanto à sexualidade. Antes de Freud a qualidade ou a
quantidade de sexo praticado iria determinar a neurastenia. O excesso criaria até a idiotia
(idiotas) - tinha uma certa sabedoria que escapava pra eles (pois o cara só pensava naquilo).
Mas eles viam com cunho moral.
A psiquiatria da época sabia da participação da sexualidade nas doenças mentais. Freud ao
estudar isso vê que muito das aberrações estão presentes nas pessoas normais
Pra Freud a bissexualidade é constitucional, participa da nossa existência, assim como
características perversas da nossa personalidade.
O que vai caracterizar a perversão ser um problema é o elemento da fixação, o não poder
trocar, é não estar na moral da pulsão.
Não existe linha direta entre pulsão e objeto. Nas perversões patológicas o que existiria são
elementos fixos cujo elemento paradigmático é o fetichismo - paradigma da perversão. Para
todos os mortais a sexualidade é muito enigmática. É próprio da pulsão se equivocar. A pulsão
comporta sempre equívocos - o instinto já é inequívoco.
Na perversão como patologia o fetichismo é paradigmático porque o fetiche é um objeto
substituto que é escolhido e cuja presença dele é condição pra satisfação sexual do perverso
(ex: liga roxa - ele já leva a liga no bolso, já vai na suposta garantia de se satisfazer, um modo
do sujeito não estar exposto aos equívocos).
A denominação perverso vem de desvio.
Na perversão algumas condições têm que estar preenchidas, a priori, antes de encontrar o
objeto o sujeito já sabe o que é, o que vai encontrar. Ele determina de que maneira esse objeto
tem que gozar e se comportar, é uma sexualidade contratual.
5
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
A perversão implica em pessoas que se constituem subjetivamente se colocando ao abrigo da
castração (não dar certo, satisfação parcial).
No perverso ha uma fixação que não comporta substitutos, completamente diferente da
sexualidade neurótica.
A perversão (traços perversos) pra Freud estaria presente em toda sexualidade. A
própria pulsão sexual, o erotismo, convoca elementos de perversão. Ex: pai vira pro filho e
diz "vem cá que vou comer sua bochecha". Isso faz parte. não da pra separar assim. O que vai
caracterizar é a fixação.
No neurótico os traços perversos participam mas não estão fixos como no perverso.
Frase que dá sentido ao texto: A neurose é o negativo da perversão. Se revelar a
atividade sexual do neurótico vai aparecer os traços de perversão.
Normalmente o perverso não sofre, a hora que sofrer vai buscar ajuda.
29-08-05
Primeiro ensaio - continuação
Freud estava trabalhando nas aberrações sexuais.
Capítulo I - desvios relativos ao objeto sexual
Examina a questão da inversão e animais como objeto sexual.
Toda uma analise que ele faz pra mostrar a variabilidade e a contingência do objeto sexual
Item II - desvios relativos ao objeto sexual
•
Extensões anatômicas tece uma idéia que vai ampliando a questão da sexualidade e
as várias possibilidades. Não podia mais ficar restrita a idéia de conjuga-la apenas ao uso
dos genitais. Inclui outras partes do corpo. Levanta questões relativas a:
o Supervalorização do objeto sexual
o Uso da membrana mucosa - lábios e boca
o Uso sexual do orifício anal
o A significância das demais partes do corpo
o Substitutos para o uso sexual fetichismo aborda uma conexão simbólica na
substituição do objeto pela eleição de um fetiche
O fetichismo seria algo da ordem de uma patologia por conta da exclusividade e da
condição necessária da presença de um determinado objeto para a satisfação. Está em
jogo uma supervalorização.
Mas a supervalorização está presente em todas as neuroses. Faz parte da vida amorosa
normal uma certa valorização do objeto. Uma supervalorização já é diferente - ciúme
patológico por exemplo.
No fetichismo há supervalorização mas com exclusividade. Na neurose há
supervalorização mas não com exclusividade. Freud coloca como distinção à
fixação.
Freud amplia a questão da sexualidade dizendo que o objeto está sempre sujeito a
substituições. Isso leva a definição de zonas erógenas que é base na obra dele.
6
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Freud diz que determinadas partes do corpo detêm um certo privilégio de possibilidades
de satisfação erótica. É erótica! Não é por ser um bebê que não tem. Todo o corpo na
verdade pode ocupar o lugar que seria dos órgãos genitais para a satisfação.
Um ponto importante nas zonas erógenas (item 5) é que as zonas privilegiadas que vão
gerar a teoria da libido - fase oral, anal, fálica, latência - está sempre ligada a orifícios do
corpo. É através dos orifícios que vai sendo possibilitada a erogenização do corpo e dos
humanos. Leva Freud a pensar que é impossível dar conta da sexualidade sem a
relação do sujeito com o outro.
O sexual pra Freud vai entrando por esses buracos que o corpo tem, zonas de borda,
que permite uma troca do interno com o meio - boca, olhos, narinas, orifício anal, etc.
Lacan acrescenta a voz, que não é um orifício, mas os orifícios são zonas do corpo que
tem essa coisa da troca mas também não admite o retorno. A voz não tem retorno. Você
pode ate ouvir sua voz numa secretaria eletrônica - tem pessoas que não gostam.
O olhar também não tem retorno e você não tem como apreender seu próprio olhar. O
olhar é um objeto perdido - uma coisa que faz parte de você, que é tão singular,
privilegiado de erotização. Do mesmo modo o olfato.
Da ordem do erotismo existe a impossibilidade de ter aquilo do mesmo jeito. A memória
vai vasculhando procurando repetições, mas sempre vai escapar uma margem do
inapreensível.
Ex: se sozinha quiser lembrar o cheiro do cachimbo do meu pai não consigo mas se
sentir na rua me remete.
A questão de zonas erógenas faz ver que não ha como pensar numa pulsão
totalizante - tudo que é da ordem do ser humano é parcial.
Muitos dramas vêm da dificuldade de conviver com a parcialidade. Na criança você vê
muito isso - a criança chamando atenção, os ciúmes infantis, não aceita que a mãe olhe
pro lado.
Essa dimensão do todo vai começando a ser questionada.
Temos esses buracos todos que fazem barreira a questão da totalização e é uma de
cada vez.
Um bebê que se humaniza, que tem condições de se humanizar, já é um corpo erótico.
Não tem a ver com sexologia. É um corpo que guarda significações próprias pra cada
um. Por isso pra cada um tem zonas mais erógenas que outras. Ate mesmo a questão
da profissão do individuo tem a ver com isso.
Freud sofreu muitas criticas em relação a isso - diziam que era pansexual.
Pra poder afirmar o que é sexual tem que dizer o que não é sexual.
Livro: O erotismo - Bataille
Bataille diz que se o sexual não fosse atravessado por essas marcas que se inscrevem
na relação com o outro o sexo seria como água na água - não teria diferença. A
diferença existe porque tem algo que vem de fora.
Freud vai mais tarde construir a hipótese da pulsão de morte que seria o não
sexual em nós.
•
Fixação dos objetivos preliminares
O tocar e o olhar (exibicionismo e voyeurismo / escopoficia) - vergonha
7
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Freud mostra exemplos dessa questão. O exibicionismo e o voyeurismo como duas faces
da moeda. Tudo faz parte da questão da pulsão parcial. A questão é a fixação - condição
“sine qua non” para a satisfação ai sim é perversão.
Freud pensa isso tudo no inicio do século.
Hoje com tudo sendo mostrado o mistério, o véu causa mais efeito.
A escopoficia está ligado ao prazer do conhecimento - o desejo de conhecer, de pesquisar,
faz parte da curiosidade humana.
Em algumas situações patológicas você vai ver a pulsão escopofílica reprimida - a criança
reprime o desejo de saber. Ex: a mãe de uma criança adotada não permitia que a criança
soubesse da verdade. Na terapia ficava claro que a questão da adoção já era uma coisa
incorporada por ela mas em função do impedimento de saber isso ela reprime a pulsão
escopofílica - ela não podia saber, não tinha consentimento pra usar esse saber, então
reprime.
Proibições parentais tem muita força.
Ex: uma adolescente tinha uma me que competia com ela pra ver quem era mais
adolescente. E ela tinha uma fantasia que se ela crescesse a mãe iria morrer. Então ela
não queria crescer, tinha fala tatibitate. Essas coisas vão impedindo a liberação da pulsão.
Ex: um obsessivo grave, com necessidade de controlar tudo coloca ele com o escopofismo
em altíssimo grau - não pisa em terreno que não conhece.
Você vai desde a possibilidade saudável, colocando a pulsão escopofílica até relações
patológicas tanto por repressão da pulsão como por majoração da mesma.
O normal e o patológico não pode ser decidido por um critério externo que a norma
preconiza. O que define é cada um é um.
A vergonha é um elemento capital na diferenciação entre neurose e perversão. Um
exibicionista ou voyeur perverso não é tocado pela vergonha. Ele pode ter cuidado pra não
ser pego mas não tem vergonha.
Já pra neurose a vergonha é um dique que limita o voyeurismo e o exibicionismo.
A vergonha vai funcionar apontando como um limite, um dique, produz margem.
•
Sadismo e masoquismo
Freud nesse momento ainda trabalha com uma forma que depois vai mudar.
Ele diz que o que esta presente na criança seria o sadismo, com o desejo de dominar o
ambiente e dá exemplos da criança matar bichinho. Mas ele esta falando de sadismo não
perverso. Freud fala do uso que a criança faz do controle dos esfíncteres para controlar o
ambiente através da retenção ou expulsão das fezes.
Ele vê o sadismo como um dado primário, presente no sujeito.
Pensa assim o masoquismo como um sadismo voltado pra si mesmo. Sempre que você
quer exercer domínio sobre o outro é pra obter algum gozo com isso - subjuga o outro,
ataca o outro.
O masoquismo é um sadismo às avessas - fazer-se dominar pelo outro.
Em 1920 ele muda e diz que o que é primário é a posição masoquista - não como perversão
- mas como uma posição de se submeter ao outro. O sujeito repete ações mesmo que
tragam sofrimento - veremos isso no futuro.
3 - As perversões em geral
O item que mais interessa são as duas conclusões:
8
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
1. A vergonha, a repugnância e a moralidade Freud interpreta como diques de
resistência a uma suposta satisfação total
2. Observação clínica das "anormalidades" na sexualidade apontam para o fato da
parcialidade das pulsões (instintos componentes - tradução antiga - o correto é
pulsões parciais)
Freud forjou um mito pra dar conta de como se estrutura o psiquismo humano. Freud
considerava o Édipo o complexo nuclear das neuroses. O modo como cada um atravessa e
como se coloca nessa questão, apontando para a questão da castração, da função paterna,
vai definir a neurose.
A castração no sentido Freudiano tem a ver com a incompletude do desejo. Sem castração
não tem desejo. A castração é a presença da incompletude em nós. A criança vai tendo a
possibilidade de se aproximar disso quando a criança nasce é empurrada pros braços do
outro e ai vai se aninhar, mas pra virar gente terá que se separar. É um processo
complicado, com registros psíquicos. Como a criança vai entrando em contato com os
limites. Os diques se apresentam conforme a criança vai crescendo. Ate mesmo uma
criança bem pequena, começa a ter um tempo entre ela chorar e mamar.
Uma criança que está saindo das fraldas, começa a ir ao banheiro, se as coisas estão
caminhando bem, vai começar a ter vergonha de se exibir na sala.
Ex: menino com função masturbatória muito intensa, não tem limites de nada, criado pela
avo que faz o que ele quer a qualquer hora.
A experiência subjetiva vai acontecendo ate que a criança de uma solução pro conflito
Edípico - e vermos que somos exilados do paraíso materno desde que nascemos (o que
seria catastrófico pra todo ser humano).
Vergonha, repugnância e moralidade Esses elementos se mostram com muita clareza
pela solução do Édipo - ela vai aprendendo o não. Tem que ter algo que barre a pulsão e os
diques vão sendo construídos.
Ex: uma moça com o filho bem pequeno, quando entrava em depressão tentava se matar. A
resposta imediata do menino era fazer coco e esfregar no berço. Mas ele era brilhante estava sendo colocado numa coisa tão traumática que desviava.
Freud tira a conclusão que esses diques não estariam vigorando da mesma forma na
neurose e na perversão. Na perversão os diques não funcionam.
Freud diz que o perverso atua aquilo que o neurótico pode tão somente fantasiar (porque os
diques não deixam).
Na segunda conclusão o importante é ressaltar o caráter totalmente parcial das
pulsões. Não existe pulsão total.
4 - "A neurose é o negativo da perversão"
É uma derivação do que foi dito acima.
É negativo como se fosse um filme quando se revela a neurose aparece a perversão.
A criança pequena é perverso-polimorfa. É a castração, os diques, a impossibilidade de
conviver com a completude, que faz a neurose.
5 - Definição de pulsão esse é o ponto principal do curso.
Na pagina 171 é a primeira vez que Freud define pulsão.
"O conceito de pulsão é um dos que se situam na fronteira entre o psíquico e o físico.
A mais simples e mais provável suposição sobre a natureza das pulsões pareceria
9
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
ser que, em si uma pulsão não tem qualidades, e no que concerne a vida psíquica
deve ser considerado apenas como uma medida de exigência de trabalho feito à
mente (...) A fonte de uma pulsão é um processo de excitação que ocorre num órgão
e o objetivo imediato da pulsão consiste na eliminação deste estimulo orgânico".
(Freud)
Conceito que se situa entre o psíquico e o físico era uma questão da filosofia a
maneira como era encarada a dualidade entre corpo e mente. Freud trabalha a questão
dessa conjugação pra uns e separação pra outros do corpo com a mente. O conceito de
pulsão é um conceito de fronteira, alguma coisa que articula o físico com a mente - fica
entre. Ele tenta responder a essa intrincada questão do ENTRE - entre sujeito e mundo,
entre o Eu e não Eu. Jamais vai poder pensar o ser humano sem ser inserido no social.
Não nascemos com esse ENTRE - ele se funda.
A pulsão ele vê como uma força - alguns falam energia mas é melhor pensar em força
pra não confundir com Jung.
A excitação é vivida no corpo do sujeito. Mas algo estimula o corpo. Pela resposta que
recebe é como se fundasse também a mística que o objeto que sacia está sempre fora
dele.
O bebê não tem noção de dentro e fora.
Pulsão como uma força sem qualidade não é bom nem ruim, é puro efeito da
excitação no corpo, alguma coisa estimulou.
No que concerne a vida psíquica é uma medida é um certo "quanto" de uma
exigência de trabalho. Essa excitação no corpo promove uma exigência de trabalho pro
psiquismo representar essa excitação. O psíquico vai começar a fazer registros de como se
da essa excitação que se da no corpo ate a sua satisfação - é assim que se faz o ENTRE.
Dependendo de como os registros são feitos a qualidade vai ser diferente de cada um pra
cada um. O que se representa são rastros, pedaços da experiência, cada um representa de
uma forma. A pulsão impõe um trabalho ao psíquico. A questão é que nem tudo da força
conseguimos representar - vai sempre sobrar um resto - por isso não tem como existir
completude.
Instinto não se confunde com pulsão.
Pulsão vai impor um trabalho ao psiquismo - você tem ai colocado um aparelho simbólico.
O que se tem por instinto nos animais não tem a ver com nenhum aparelho simbólico.
É da responsabilidade de cada ser humano como ele faz representar a força
pulsional.
Essa força sem qualidade passa a ter um mediador da sua intensidade. A linguagem é um
mediador da força pulsional e o destino que será dado aquela força.
A pulsão esta ENTRE corpo e linguagem. Não tem uma linha direta com o psiquismo.
Não se pode dissociar o psiquismo humano dessa máquina linguageira - linguagem
significante.
Esse psíquico que é linguagem eletrifica o corpo todinho da criança - já nasce com um
nome.
Pulsão exige o trabalho de representar e ai já está embutido a pulsão de morte que Freud
só Vera em 1920. O que não se faz representar não está investido de pulsão sexual, de
libido.
10
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Quando você sonha você tem força pulsional que se faz representar.
05-09-05
Conceito de pulsão aparece diversas vezes na obra do Freud - foi o último item visto na
última aula
Sobre a dúvida entre os conceitos de instinto e pulsão:
• O que motiva, o que dá sentido ao conceito de pulsão é a necessidade de dar um outro
nome. Houve a necessidade de dar um outro nome pois o conceito de pulsão é uma idéia
nova. Todo conceito é uma forma de resolver um problema, dada por um cientista.
• O mais importante é tentar desenvolver um pensamento de pesquisa e saber que tem
coisas que não vamos conseguir amarrar.
• Devemos nos perguntar porque Freud resolveu inventar um conceito novo? O que ele
acrescenta na possibilidade de entender o psiquismo humano.
• Pulsão é um conceito introduzido em função do conceito de instinto não dar conta de como
se dá a articulação entre corpo (somático) e a psique. É um conceito tipo dobradiça. Fez os
filósofos se ocuparem dessa questão desde que o mundo é mundo.
As leituras no campo da psicanálise não são iguais pra todas as correntes e nem pra todos os
analistas.
No ponto de vista da professora não dá nem pra pensar que o bebê nasce com necessidades,
ele é todo um porvir, está se constituindo.
A questão de instinto e pulsão é uma pergunta base.
Pulsão é um conceito situado entre o somático e o psíquico. A fonte da pulsão é sempre o
corpo. Está ligada a uma medida de exigência de trabalho a mente. Aí já vemos uma diferença
fundamental pro instinto - vai configurando um mundo simbólico que não há no instinto. A
grande diferença é a linguagem que no humano é muito diferente de no animal. A medida de
trabalho que a pulsão exige coloca como uma diferença fundamental entre pulsão e instinto.
As experiências vêm através do corpo, até mesmo a voz da mãe é percebida pelo corpo.
Tudo que estamos vendo agora como sexual vai dar origem a pulsão de vida e em
contraposição o que não é sexual vai dar origem à pulsão de morte.
Por ora estamos falando da pulsão sexual.
No mundo animal (não doméstico) eles já tem uma orientação de como lidar com as feridas,
até mesmo nos rituais de quando se aproxima a morte.
Um analista fala que estamos lidando com um homem “desbussolado” - nunca tivemos bússola
- mas as instituições, o mundo, nos ofereciam bússolas. Hoje nós estamos muito
desamparados - os valores, as crenças se modificaram muito. A idéia dele é muito boa.
O que é da pulsão é da ordem de fora da bússola.
O instinto seria da ordem da bússola. A professora diz que não é ela que vai dizer que não
temos instintos.
Freud usa sempre o termo "trieb" (pulsão) - nunca usa “instinkt” (instinto).
O último item do primeiro ensaio - indicação do infantilismo da sexualidade.
Fecha o capitulo das perversões e depois ele entra na sexualidade infantil.
Ele termina o pensamento dele sobre as perversões falando do infantilismo da sexualidade. Ele
fala de um caráter infantil da sexualidade humana.
11
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Pra destacar a "A infância não nos abandona jamais, pertencemos a ela quase da mesma
maneira como temos um nome e um corpo. Dela brota uma certeza inexaurível. Acontece
dele tornar-se inacessível para dar fim ao infantilismo".
O segundo ensaio é todo voltado pra Freud lançar a idéia da sexualidade na infância. A idéia
naquele momento era que só surgia a sexualidade na puberdade. A criança era vista como não
polida, um pequeno selvagem que devia ser educado. não tinha a idéia de que a criança
sofreria os efeitos da sexualidade. A psicanálise tornou-se notória por dar importância a
infância. É impossível falar de psicanálise sem infância ou sexualidade. Pra Freud os 5
primeiros anos de vida de uma criança são importantes na forma como o sujeito se constitui.
Sem a amnésia infantil não haveria amnésia histérica todos nós esquecemos as coisas
da infância. Temos pedaços mas até mesmo esses pedaços não são confiáveis. Ficamos com
rastros.
Freud considera o complexo de Édipo como o núcleo das neuroses. Toda neurose conta a
maneira como cada um atravessou o complexo de Édipo.
A histeria é uma neurose.
Quando Freud começou a escutar as histórias que as histéricas tinham pra contar viu que os
sintomas eram substitutos das idéias que não podiam ser admitidas por serem insuportáveis.
Ex: caso Elizabeth que amava o cunhado e também amava a irmã. Quando a irmã morre, ela
desenvolve o sintoma de dores nas pernas. Nas associações Freud interpreta como o sintoma
dela - a impossibilidade dela caminhar bem - em função da culpa que ela sentia em função de
livre do impedimento da irma agora morta, ela se impede de caminhar pra não ceder ao desejo.
A moral da historia é que o sintoma de Elizabeth era o substituto de uma satisfação proibida
pra ela - amar o cunhado.
Você sintomatiza e vive acostumada com aquele sintoma.
Freud mostra a importância dos 5 primeiros anos. Na interpretação dos sonhos ele já tinha
mostrado que o sonho era uma forma de retornar o que estava recalcado, esquecido. O sujeito
faz o sintoma porque não pode lembrar, o sintoma é uma defesa contra a verdade.
Freud propunha como tratamento ajudar o sujeito a lembrar de alguma coisa que ele nunca
pode esquecer, mas que ele possa esquecer numa boa, que ele possa tornar passado o que
se presentifica na vida dele e o atrapalha. Sintomatizado, sem fazer a articulação entre
passado, presente e futuro, o sujeito está preso e amarrado de uma forma perpétua.
Quando ele escreveu o segundo capítulo da sexualidade infantil ele já sabia - as crianças tem
sexualidade e ela vai se modificando. O complexo de Édipo promove uma transformação nessa
sexualidade.
Freud diz que a sexualidade infantil até o complexo de Édipo é perverso-polimorfa.
Perverso se desvia de uma norma. A sexualidade normal era buscar uma parceria hetero e
procriarem. Escapa a qualquer norma.
Polimorfa os modos de satisfação são de múltiplas maneiras. Privilegio de zonas erógenas
desde o inicio.
O modo de satisfação é auto-erótico.
Outra diferença que mostra que Freud trata de pulsão e não instinto O instinto está todo
voltado pra preservação da espécie (procriação) e o objetivo da pulsão é o prazer e não botar
filho no mundo.
12
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
No Édipo, à medida que introduz a lei, cria diques, a criança vai introjetando valores da
cultura que ela está. Você universaliza o Édipo nesse sentido - em cada lugar vai
introjetar as leis de onde ela esta- constrói os diques.
Vai haver a transformação dessa pulsão perverso-polimorfa pros caminhos que são próprios
para aquele sujeito. Vai ter que se adaptar à cultura. O complexo de Édipo promove uma
transformação da pulsão sexual perverso polimorfa para modos de satisfação compatíveis com
a sociedade.
Tudo que é individual em cada um de nós é o amalgama da nossa experiência com o
mundo.
Neste sentido podemos dizer que o infantil para Freud não se restringe ao conjunto de imagens
da infância conforme se representa à psicologia.
Segundo a proposta de Freud o infantil é encarado como movimento do próprio
nascimento do humano; como motor e momento estrutural da organização subjetiva. Em
suma, o infantil constitui a própria estrutura pulsional enquanto história e enquanto
organização.
Não tem uma coisa já organizada a priori. O infantil vai nos organizando e cada um vai se
organizando de uma determinada maneira.
Falar que tem que passar pelo infantil é falar que todos passamos pelo perverso-polimorfo que
vai ser modificado pelo Édipo.
Perverso polimorfo da sexualidade infantil não tem nada a ver com a perversão enquanto
patologia que advêm pós Édipo. Essa perversão patológica já é uma resposta a como esse
sujeito se humanizou. A perversão como patologia é serio, cria problemas sérios inclusive pra
sociedade - o perverso se coloca como aquele que faz exceção a lei, aquele que pode tudo.
A diferenciação entre a estrutura perverso-polimorfa da criança é que ela faz parte do processo
de constituição da estrutura em nós, e a perversão patológica já é depois.
A organização já é a resposta de como você vivenciou. Nem temos acesso a como
vivenciamos. Temos acesso a como respondi o que vivenciei.
Depois que passa pelo Édipo a criança ingressa no período de latência da sexualidade. não
significa que a criança não esteja sujeita aquela pressão que a pulsão faz, que coloca o
psiquismo pra trabalhar - a pulsão não está dormindo, está ali, mas a criança começa a se
interessar por jogos, pelo social. O período de latência é importante porque nos ensina a
sublimar. Com a sublimação a criança pode direcionar a pulsão sexual pra outras finalidades
que não as sexuais. O mundo vai se ampliando. O objeto é o ponto mais contingencial da
pulsão, a pulsão não tem objeto único. Com a sublimação você consegue fazer uso dos
objetos como deve ser - aceita substitutos. Há uma abertura pra canalizar a forca pulsional pra
outras finalidades que não as sexuais.
Quanto maior a capacidade sublimatória menor a possibilidade de ser neurótico.
Pensar no sublimar da química e não da religião. Um artista não renuncia ao prazer por fazer
uma obra. A sublimação na química é a passagem do sólido pro gasoso sem passar pelo
liquido.
Não é o sublimar da religião que colocaria como uma coisa lá em cima e o sexo como algo lá
em baixo.
Estudar e trabalhar são sublimações, mas isso não significa uma renúncia.
Sublimar é mudar de um estado de maior fixação pra uma ampliação de possibilidades
dos objetos.
13
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Ex: tem um trabalho psíquico na criança que substitui a presença da mãe por um bichinho.
A sublimação é o conceito que mais fala da característica da pulsão - usar objetos da
forma mais variada - substitutos.
Paradigma da sublimação O artista é um transformador - transforma a dor
Se o Édipo não foi bem interfere no período de latência e uma coisa comum é o prejuízo na
aprendizagem.
Uma criança que está com dificuldade na escola Se a criança está bem neurologicamente
há uma grande possibilidade dos diques não estarem funcionando de forma a faze-la canalizar
a energia dela pros amigos, achar horrível não passar de ano, etc...
As inibições intelectuais, as inibições em geral aliás, em Freud sempre são vistas a luz
de inibições sexuais.
Inibição como paralisia, impossibilidade de caminhar, não é como timidez - a timidez é apenas
uma das inibições.
O psicótico nem passa pelo Édipo, nem pelo período de latência. O psicótico não
atravessou o Édipo.
Você não vê um psicótico isolado numa família, lógico que tem uma transferência simbólica
que não pode ser desprezada - a transmissão simbólica faz a gente dizer "igualzinho ao pai"
por ex. Mas no caso de doenças graves como a psicose, a esquizofrenia pode haver uma
transmissão.
Mas é lógico que a ambiência facilita - não é dizer que os culpados são os pais, mas a forma
como o sujeito passa por aquilo, como ele responde.
É maravilhosa a plasticidade da organização psíquica de cada ser humano.
De qualquer forma, mesmo que a causa seja genética ou orgânica, o sujeito terá que lidar com
isso. O que importa é como ajudar esse sujeito a ter menos crise, a ser menos dependente da
família. A condição de ser psicótico quase que vira uma holófrase como se ser psicótico já
definisse tudo, mas não é assim. Com um paciente, se a história é essa, o que vamos fazer
com isso?
12-09-05
Inibição seria a impossibilidade da sublimação
No texto do Freud ele fala que o período de latência é o que se segue a travessia edípica.
Logo depois ele introduz as inibições sexuais diques anímicos asco, vergonha,
exigências dos ideais estéticos e morais.
Os termos que ele usa são muito ligados a época que vivia criança é tido como não
civilizada e os adultos devem poli-las.
Nas crianças civilizadas, a educação tem muito a ver com a construção de diques, mas eles
não dependem disso.
Os diques não aparecem de uma hora pra outra, vão sendo construídos.
14
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
A solução (no sentido de destino) para o Édipo define que destino a criança dará para
seu próprio erotismo.
O destino que uma criança da é indissociável do que a criança foi encontrando no seu
contexto. Uma ausência de limites por exemplo ira cavando um destino complicado pra solução
que a criança dará.
No momento da solução edípica a criança já subjetivou esses diques. De acordo com o
ambiente a criança pode encontrar uma solução favorável pra dar um curso a sua energia
sexual sem ter que renunciar totalmente a ela mas tendo diques, limites, pra não deixar essa
energia avassaladora.
Ex: pode estar morrendo de raiva do colega mas não deixar dar vazão de uma forma
descontrolada.... Pode substituir a excitação física, sexual, por outras atividades. Uma criança
muito agitada pode não estar conseguindo dar um bom curso pra essa energia. A idéia de
margem é muito importante.
Se pensarmos a pulsão como uma corrente, vemos que ela tem que fluir mas se não tiver
margem ela escapa.
Diques, curso, margens são palavras chave.
A pulsão, uma vez colocada em funcionamento estará sempre em movimento, é próprio da
pulsão estar em movimento.
Freud fala no item seguinte sobre a formação reativa O que se coloca como obstáculo a
ela são os diques, as exigências culturais. Se esses diques falham o que temos é a
possibilidade da barbárie. A vergonha, o asco, a moral são formações reativas que tendem a
inibir o curso da pulsão.
Não existe educação sem um pouco de repressão - tanto a falta (ausência de limites) assim
como o excesso, são ruins.
Freud esta construindo uma perspectiva de sujeito que é impensável sem essa concepção de
sexualidade - essa é que é a questão.
É algo enigmático, pois não é da ordem de uma transmissão orgânica, hereditária. Podemos
entender pela nossa própria experiência de vida - pelas enigmáticas escolhas de gostar ou não
de uma pessoa.
Freud esta tentando construir de alguma maneira uma forma de nos aproximarmos de uma
questão tão complexas e poder ajudar as pessoas que não estão satisfeitas - a palavra é
satisfação.
Uma coisa é admitirmos forçosamente, até pela nossa experiência cotidiana que é impossível
uma satisfação total - Só aconteceria numa situação de não vida. Dai Freud falar que a pulsão
de morte busca acabar com o desejo - Mas não é a incompletude da satisfação que nos
adoece e sim a não realização daquela cota de satisfação que é desejável.
A realização é sempre da ordem da parcialidade - não temos realizações totais.
Não podemos confundir satisfação com realização de desejos. Adoecemos quando não
conseguimos realizar nossos desejos pelo menos em parte.
O que esta em jogo é uma posição ética quanto à realização do desejo e não uma posição
moral. A posição moralista diria que teríamos que aprender a renunciar. Freud vai dizer que as
pessoas podem ficar doentes em função de suas renúncias.
A psicose é uma doença seria - o que está em jogo é a impossibilidade de estar nesse terreno
da realização.
15
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Uma coisa é tentar realizar o desejo, mas tem que poder se contentar com a realização parcial.
A formação reativa são os próprios diques - formação reativa ao livre curso da pulsão.
O desejo comporta de tudo - pensamentos bons, ruins, fantasias sexuais, etc...
Uma solução pro Édipo pode fazer formação reativa de uma forma muito rígida leva a
obsessão.
Pra Freud (diferente da medicina) todo sintoma é uma resposta a como o sujeito
solucionou o drama edípico. Todo sintoma é uma resposta a castração.
Três grandes linhas de resposta
• Neurose
• Psicose
• Perversão
Se não houver castração a resposta será a psicose.
Freud deu o nome de Édipo a um conjunto de experiências da criança quando a
simbiose mãe e filho se rompe - é uma experiência de separação - quando a criança percebe
que não é tudo pra mãe.
A castração remete o tempo todo a incompletude. Porque a idéia de completude é você ser
tudo pro outro e o outro ser tudo pra você.
Castração é um complexo de experiências que não se da de uma só vez mas tem um
ponto de culminância que é a solução edípica.
Na psicose o que se vê é que há um problema muito sério em que a experiência da castração
sequer pode ser atravessada por aquela criança - não houve a entrada dessa possibilidade.
A castração, dentro da perspectiva do Freud é que vai ajudar a estruturar a sexualidade que
em todos nos é perverso-polimorfa em criança. Vai dar uma direção.
Na psicose isso não ocorre dessa forma.
Existem psicóticos fora de crise, que nunca tiveram crise, que você pode pensar que são
neuróticos. E existem psicoses mais graves que outras, com prognósticos melhores ou piores.
Temos na psicose desde o autismo grave, sério, que não consegue entrar em contato com o
social, quase com ausência da palavra, até outros leves.
Freud considera a paranóia uma esquizofrenia bem sucedida. Onde o esquizofrênico vive uma
fragmentação do corpo, não consegue ter idéia do corpo como um todo, enquanto na paranóia,
as custas da construção de seus delírios e alucinações conseguem organizar o seu mundo.
Delírios e alucinações como tentativa de organizar o mundo fragmentado.
A castração já esta desde o inicio, porque a criança chupa o seio da mãe mas já faz a primeira
experiência de separação. A separação você faz o tempo todo. Freud não fala de trauma de
nascimento, o que ele coloca como sendo traumático é o encontro com o outro e ao mesmo
tempo tem a experiência da separação. Mas não tem ainda corpo, subjetividade,
desenvolvimento neurológico suficiente pra simbolizar essa experiência.
16
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
O bebe é invadido por um monte de experiências e não tem um aparelho simbólico nem
neurológico pra digerir, elaborar todas essas experiências.
Nos 5 primeiros anos a criança fará a experiência de simbolizar o que já estava lá desde o
inicio.
A psicose fala de uma impossibilidade de lidar simbolicamente com a castração. A castração
acaba acontecendo no real, na concretude.
Ler o livro "Nunca te prometi um jardim de rosas" relato de uma analista, psiquiatra
sobre a experiência com uma paciente esquizofrênica. Aparece muito o sofrimento da moca
quanto a não ter a menos noção do próprio corpo, ela se cortava, o sangue jorrava, numa
tentativa de se aproximar. A analista interpreta esse momento como uma tentativa de
recuperação.
Uma castração no real - diferente da castração do neurótico.
Resposta a castração = resposta aos enigmas da sexualidade.
Depois Freud vai falar das regiões e das diversas fases de desenvolvimento das zonas
erógenas - não nos deteremos a isso pois já é visto em outras disciplinas.
O importante é que todas essas fases estão ligadas a primazia de uma zona erógena num
determinado momento.
A zona anal é uma luta de prestígio com as pessoas da casa - o reter ou o doar - Freud faz
analogias com a generosidade e com avareza, seja com dinheiro, com amor, etc.
Mostra o caráter extremamente simbólico que essas zonas podem ter.
São zonas de borda do corpo por onde se estabelece o contato eu-mundo.
A concentração em cada uma dessas zonas vai falar de modos de lidar com a vida amorosa de
forma bem especifica - modos de exigir satisfação.
Vamos dar como encerrado aqui o tema dos três ensaios.
Pulsão e Representação
Ler o capítulo 5 do livro do Garcia Rosa - Freud e o Inconsciente.
Esse capítulo é importante. Garcia Rosa faz um apanhado onde ele tira muitos elementos do
texto do Freud a pulsão e suas vicissitudes, que é um texto muito denso.
Pulsão e representação é o titulo que Garcia Rosa escolheu pra falar de como se articulam o
que da pulsão consegue se fazer representar no psiquismo.
Pulsão tem origem no corpo e impõe uma medida de trabalho ao psiquismo no sentido
de se fazer representar.
A questão desse capitulo é essa. Como a pulsão se faz representar no psiquismo.
Não se consegue falar de pulsão a não ser pelos seus representantes psíquicos.
Representantes Psíquicos da Pulsão
Freud diz que existem apenas 2 representantes da pulsão:
• Através de uma idéia
• Através dos afetos
Representantes da Idéia sofrem destinos, vicissitudes diferentes do afeto.
17
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Representante ideativo da pulsão
Representante já não é a coisa em si. não é o rebatimento de um original, já foi
atravessada pela percepção da criança. No nosso psiquismo podemos juntar coisas diferentes
num único traço.
Ex: bebe mamando tem um estimulo na boca, a forca pulsional tem o inicio ao seu périplo e
terá que ser representada - naquele momento tem um cheiro, pode estar escutando um som e
pode estar sentindo por exemplo o roçar de um pano (pedaços de coisas - cheiro, som, pano).
Esses três elementos mesmo sendo completamente diferentes um do outro se unem pra formar
um registro. E também não foi a toa que a criança selecionou esses três elementos, poderia ter
selecionado outros.
O representante ideativo é a confluência de elementos diferentes num único traço.
Os destinos dos representantes da idéia no psiquismo são:
• Retorno ao próprio Eu
• Reversão ao seu oposto
• Recalque
• Sublimação
Segundo Freud o representante ideativo poderia conhecer um desses 4 destinos e não são
excludentes. A sublimação não nos protege de recalcar. Quanto mais sublimo menos recalco
mas não significa que não recalque.
Destinos dos afetos ou melhor Destinos dos Representantes Afetivos da Pulsão
• Transformação do afeto exemplo paradigmático é a histeria de conversão
• Deslocamento do afeto exemplo paradigmático a neurose obsessiva
• Troca de afeto exemplo marcante é a melancolia e a neurose de angústia.
A utilidade de fazer essa diferença, que faz necessário na clínica, das quais não posso
prescindir.
Faz parte da metapsicologia Freudiana tentativa de Freud teorizar sua experiência clínica
de modo a tornar transmissível essa experiência.
Se a experiência da clínica é um a um, caso a caso, como isso pode ser transmitido de modo a
outras pessoas poderem trabalhar com isso de forma confiável.
Metapsicologia meta significa ir alem. Dar um passo além, sem se prender a experiência
dos sintomas. Se ele viu que os sintomas são formações do ICs eles se formam do mesmo
modo que os sonhos se formam a custa do desejo ICs, as imagens oníricas são como textos
em imagens - muitas vezes não nos lembramos de nada do que nos foi dado a ler e tentamos
ao acordar dar uma ordenação. Graças a condensação e o deslocamento quando o ego se
dispôs a dormir o sujeito pode pensar de um modo que acordado não pensaria.
Os sintomas se formam também por descolamento e condensação. As histéricas da época
apresentavam muita conversão no corpo que eram substitutos de idéias. O mecanismo da
histeria era o seguinte a histérica separava a idéia do afeto. Freud não estava preocupado
com o comportamento com o que se mostra. O afeto ficava estrangulado. A idéia era proibida,
como no exemplo de Elizabeth. Na histeria o afeto é convertido pro corpo na forma de um
sintoma. O destino da idéia foi o recalque e o afeto tem como destino a conversão pra uma
parte do corpo - no caso a perna, ela não podia dar um passo, pois o passo seria na direção da
paixão.
Isso é importante conhecer se pretendermos trabalhar clinicamente considerando o ICs.
18
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Sintoma resposta.
Um sintoma foi a melhor forma que conseguimos dar pra uma encrenca. O tratamento pode dar
uma resposta melhor que aquela. As encrencas não mudam muito. A questão é a solução que
daremos a elas.
Por isso é importante saber o destino das idéias e do afeto.
Não podemos ficar baseados só no afeto. O afeto é uma bússola. Informa o destino da idéia.
Histérica é eterna insatisfeita, não se satisfaz nunca em realizar o desejo - permanente
insatisfação.
Numa análise a oferta que se faz ao paciente pra que ele fale convoca a histeria. Todos nós na
neurose, nos constituímos com um pé na histeria.
Todos somos insatisfeitos.
Freud fala que neurose mesmo é a neurose obsessiva que é um dialeto da histeria. A língua é
a histeria. A neurose é um dialeto.
Reversão ao seu oposto
O primeiro destino pela qual a pulsão pode passar é a reversão a seu oposto.
• Pode acontecer como uma reversão do objetivo, uma mudança por exemplo da atividade
pra passividade.
• Ou a reversão no conteúdo, transformação do amor em ódio por exemplo.
A noção de atividade e passividade em relação ao sujeito é um pouco complicada.
Uma forca é sempre ativa. A pulsão é sempre ativa e só tem um único objetivo a
satisfação.
Só que tem um sujeito ai e essa forca tem que ser representada e o sujeito tem diques em
oposição a essa forca.
A pulsão é sempre ativa ainda que coloque o sujeito numa posição passiva. Ex: pessoas que
se satisfazem em estar como vitimas.
Essa mudança de atividade pra passividade não pode deixar de fora em momento algum o fato
de estar trabalhando com um sujeito que esta fazendo uma escolha, ainda que inconsciente.
Ex: a inclinação de uma pessoa é por pessoa do mesmo sexo mas essa idéia é angustiante pra
pessoa e ela pode ir por outro caminho e só muito mais tarde ver que não tem como fugir
aquela pulsão. Dai que vem a palavra renuncia. Renunciar é complicadíssimo. E a religião
defende muito a renúncia.
A pulsão é ativa esta ali, ainda que a pessoa tenha recalcado idéia, e a pessoa vai fazendo
sintomas.
Tem toda uma idéia de resignação. Nem ousar apostar, tentar, renuncia antes. E você paga um
preço muito grande.
Freud diz que o superego cobra um pedágio enorme em cima das nossas renúncias. Não
significa que devemos fazer só o que queremos, existem as conseqüências.
É próprio do sintoma se transferir de uma idéia pra outra. O próprio sintoma já é um
substituto.
Nós não temos outra coisa que não sintomas. O que podemos fazer é trocar um sintoma por
outro.
Pra Freud sintoma não é doença. Sintoma é o modo como respondemos.
19
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Não existe objeto da pulsão determinado então como vai haver o que é sadio e o que não é. É
lógico que existem situações e situações. Freud não esta riscando as patologias dos
compêndios mas esta dando uma forma deferente de podermos operar com esses sintomas.
Esses elementos são operadores.
Anorexia é um exemplo da pulsão que se reverte ao seu oposto. Lacan diz “ela come nada”.
Ela quer nadificar. Normalmente tem a ver com historias de histeria muito sérias. É muito
comum ter histórias muito complicadas com a questão do feminino e da mãe, que normalmente
é dominadora, que faz descer pela goela a dentro (não necessariamente comida) a anorexia
surge como um não - agora para, chega. É muito mais comum nas mulheres. Se um homem
tiver que fazer um sintoma desses é mais comum ser bulimia.
Diante de uma situação tão imperativa, de ficar submetida ao outro, é uma aparente
passividade - ela não quer nada. Mas e o trabalho que dá manter essa atividade. É preciso
pensar no dispêndio que é se manter na passividade o tempo todo, a dificuldade que é ser
vitima o tempo todo.
O importante é termos o espírito da coisa. Atividade / passividade uma coisa entra na
outra.
19-09-05
Representação da pulsão
Nesse capítulo do livro do Garcia Rosa ele condensa vários textos do Freud que tratam desse
assunto.
• Inconsciente
• A pulsão e suas vicissitudes
• Entre outros...
Representação da pulsão no psiquismo e quais são os destinos da pulsão.
Não podemos esquecer a definição da pulsão como sendo uma medida de exigência de
trabalho que pressiona o psiquismo a fazer representar psiquicamente aquela força.
•
•
•
•
•
•
•
Só temos possibilidade de apreender o que é da ordem da pulsão através de seus
representantes psíquicos: idéia e afeto.
Idéia e afeto sofrem vicissitudes (destinos) diferentes no psiquismo.
A matéria prima de cada um é diferente. O afeto é substancialmente diferente da idéia.
A idéia que Freud menciona, o representante ideativo da pulsão no psiquismo, ele está
falando de uma marca - a marca da coisa.
O afeto é de outra índole. O afeto está ligado a uma qualidade, a um resto das
representações de idéias.
Você tem no psiquismo a possibilidade de elementos completamente diferentes se juntarem
pra formar uma idéia.
O afeto está ligado a qualidade da quantidade da força pulsional.
Afeto é sempre uma resposta - aquilo que nos afeta. O que nos afeta tem alguma
qualidade. O afeto nos informa de como o sujeito é afetado por aquela representação.
A representação de idéia não tem uma qualidade em si. É o simples registro.
A pulsão é uma força sem qualidade. O sujeito, de acordo como distribui essa força, aí sim
dá qualidade a ela.
20
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
A representação da idéia teria a ver com o que Lacan vai trabalhar como os significantes que
constituem o ICs. Um significante sozinho não significa nada - é preciso que haja pelo menos 2.
Uma coisa pra ter valor é sempre em relação a alguma coisa.
O afeto surge da concatenação dos significantes - da maneira como se encadeiam as
representações.
O objetivo de Freud é trabalhar o afeto de uma forma diferente do que a Psicologia trabalha.
Último parágrafo da página 116 presta um esclarecimento sobre a palavra Vorstellung que
Freud usa pra falar da idéia - dos sentidos que ela pode assumir. Designa uma realidade
psíquica por oposição a algo que não é psíquico.
Assim o afeto é uma representação da pulsão sem ser uma Vorstellung.
Isso é importante porque a qualidade do que era psíquico, até o Freud falar do ICs, dizia
respeito só a consciência. A partir de Freud psíquico passa a englobar a Cs mas também a um
sistema ICs do pensamento. Isso modifica a forma de se aproximar e se tratar as doenças
mentais. A noção de psíquico muda. Foi ai que a histeria passou a ser reconhecida como
doença, como algo que tem a ver com o funcionamento do psíquico e não como uma coisa
demoníaca.
O que Freud esta trabalhando em relação a representação da pulsão, ele esta falando de como
a pulsão esta presente no nosso psiquismo, como ela se apresenta pro sujeito.
No item 5 da pág 17 ele diz o que é o afeto expressão qualitativa da quantidade de energia
pulsional.
O afeto e o ideativo são independentes. Os destinos são diferentes. E não se pode falar de
afeto ICs.
O que é da ordem do afeto é da ordem do eu sinto. Mas se eu sinto não tem como falar em
ICs.
Mas todo mundo já ouviu falar de sentimento ICs de culpa... e ai? como vamos dar conta
disso?
Uma experiência que é compartilhada por todo mundo é sentir angustia.
Metapsicologia do afeto
• O afeto é como resto da representação. Ele emerge como alguma coisa que iria
permanecer no "fundo" da pulsão, levando em conta a representação.
• Ele considera que é legitimo porem impróprio falar de afetos ICs.
• O afeto jamais poderá ser recalcado. O que pode ser recalcado é a idéia. O afeto pode ser
reprimido.
• O recalque inibe o desenvolvimento do afeto.
• O afeto ele é prenhe (grávido) de possibilidades.
• O afeto tampouco esta fixado ao Cs nem ao ICs.
• O afeto é nômade.
• O afeto possui uma vocação singular estar permanentemente não fixado num único lugar
(é nômade) e assim é possível de ser trocado.
• É diferente de uma idéia recalcada que fica lá fixada.
Revisão dos elementos da pulsão a partir da duvida sobre a diferença entre objetivo e
objeto levantada por uma aluna.
21
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Quatro termos definem a pulsão
• Pressão a pressão sobre o psiquismo impondo trabalho ao psiquismo é constante, só
cessa com a morte. até dormindo, o sonho é uma forma de dar destino aos representantes
ideativos.
• Fonte é sempre somática. Vem sempre do corpo. O corpo todo é erogeneizado pelo
contato do outro. A fonte esta sempre em algum lugar do corpo. O ouvido então... Ou
quantas vezes uma coisa que lemos da um estalo...
• Objeto é o que de mais variável existe na pulsão (diferente do instinto que tem objeto
fixo). O objeto da pulsão é da ordem da contingência e não da necessidade. O objeto tanto
pode ser uma pessoa, qto um objeto qualquer - é aquilo através do qual se atinge o objetivo
• Objetivo é sempre a satisfação - é imperativo. O que ocorre é que esse objetivo é
fadado ao fracasso porque a satisfação plena é impossível e é isso que nos movimenta.
• Não podemos confundir a satisfação da pulsão com realização
• A satisfação plena pra Freud só com a morte, pois seria a única forma de parar com a força.
• O sentido que Freud da a palavra satisfação é muito preciso e significa ausência de tensão.
• Satisfação é diferente de prazer. O prazer ainda sustenta algum nível de tensão.
• Exemplo paradigmático fetichismo perversão que ilustra a contingência do objeto da
pulsão.
• Prazer é uma idéia que sempre comporta limites.
Quatro Destinos pro Representante Ideativo da Pulsão
1. Reversão ao seu oposto visto na aula passada
2. Retorno em direção ao próprio eu pág 127 e 128 caracteriza-se numa mudança em
direção ao objeto. Análise dos pares de opostos: sadismo - masoquismo e voyeurismo exibicionismo.
• Freud mostra o desdobramento, as fases por que passa essa transformação.
• Interessante pra mostrar que mesmo numa situação de vicissitude da pulsão retornando
ao próprio eu
• o sujeito não prescinde de um outro.
• Não fica só na esfera do pensamento - isso se traduz em ato.
• O próprio seria admitir que a pulsão seria buscadora de objetos fora de mim, mas um
dos destinos que a pulsão pode tomar é retornar ao próprio eu, da forma mais paradoxal
possível, podendo encontrar satisfação na humilhação por exemplo. E se você disser
isso pro sujeito ele não vai aceitar - que esta se tomando como objeto de maus tratos.
• Tudo o que esta sendo dito aqui vai aparecer nas diferentes estruturas psíquicas - claro
que dependendo da estrutura você pode encontrar em maior ou menos grau.
• O retorno é comandado pelo funcionamento da fantasia. Vemos muito em crianças que
aprontam até que o pai e a mãe não agüentam e lhe dão uma palmada - O que esta
fazendo a criança funcionar nesse registro? Nem que seja de forma fantasmática.
conseguindo o que deseja.
• Texto do Freud - Bate-se numa criança.
• Fantasia fomentando os sintomas.
• Retorno ao próprio eu está inteiramente ligado à função da fantasia no nosso psiquismo
- ao papel da fantasia.
3. Recalque Mecanismo que consiste em manter uma idéia no ICs. Recalcam-se idéias,
nunca afetos. Os afetos podem ser reprimidos, jamais recalcados.
22
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
•
•
•
•
•
•
www.lessa.com/psicologia
Freud descobriu isso muito cedo, graças a hipnose.
Exemplo do caso Elizabeth diante de uma idéia intolerável para o ego "agora ele está
livre" entra em ação o mecanismo do recalque e a idéia é substituída por um sintoma.
Ela separa a idéia do afeto (histérica) e o recalque opera mantendo essa idéia no ICs. O
que está recalcado corre o risco de escapar. No ICs não vigora o principio de exclusão e
sim inclusão (não existe ou, existe e). As idéias recalcadas estão livres pra circular
livremente no ICs. O sonho é paradigmático pois é uma experiência compartilhada por
todos, o desenho do ego é de dormir, a censura baixa e as representações podem se
apresentar sob a forma pictórica pro sujeito. Toda idéia mesmo recalcada não vai
escapar ao objetivo da pulsão - satisfação. Pra Freud o prazer está ligado a descarga da
tensão e o desprazer ao acúmulo de tensão.
A idéia está no ICs e há uma pressão para que ela encontre um destino para
descarregar a quantidade de tensão que ela carrega.
A idéia no ICs triplica a sua força pois passa a ser investida pela força do ICs - a idéia
perde força pro ego.
Só que existe um movimento contrario por parte do ego pra mantê-la lá.
Quando o analista convida o paciente a falar esta convidando a dar chance da idéia
escapar num ato falho, num chiste, ou até num sintoma.
4. Sublimação possibilidade de a força pulsional ser canalizada para fins não sexuais - o
objetivo dela não é sexual. Ela não é recalcada, pois encontra um destino, consegue se
manter no movimento se ligando num objeto não sexual, Tudo que é no sentido de fluir,
caminhar, andar é salutar pro sujeito.
• Claro que existem repressões e recalques necessários - não vamos sair por ai matando
as pessoas.
• Tem uma face do recalque que é estruturante pro sujeito (no Édipo).
• Sublimação é a possibilidade de serem atingidas as exigências da pulsão sem fins
sexuais.
• Mas a sublimação não tem que vir como um consolo.
• Encontrar uma boa solução pra paixão pelo cunhado seria o melhor pra Elizabeth. A
sublimação poderia até vir junto, mas não é substituindo.
• O paradigma da sublimação seria a criação artística.
Se pegar a teoria radicalmente todos nós somos de certa forma artistas - a vida tem o sentido
que a gente dá.
Ninguém tem um itinerário pra existência.
Essa coisa sem sentido é observada nas patologias graves como melancolia - não só não
consegue dar sentido como não consegue compartilhar o sentido dado pelos outros.
O sentido vai sempre se realizando - não é realizado - e é compartilhado com os outros.
O homem tanto pode criar sentidos positivos qto negativos.
Três Destinos pro Representante Afetivo
1. Transformação do afeto histeria de conversão
Na aula que vem veremos os destinos do afeto e faremos uma revisão.
26-09-05
23
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Freud fala em representantes psíquicos da pulsão - como a pulsão se faz representar no
psiquismo.
A fonte da pulsão é sempre o próprio corpo. A pulsão tem a fonte e vai exercer pressão no
próprio corpo.
Há uma presença da pulsão - conceito fronteira entre o corpo e o psiquismo, é um conceito
dobradiça. Freud dá um passo a mais alem da filosofia e da medicina - tudo em nós é
psicossomático.
A pulsão é pura força, segundo Freud e ela impõe um trabalho pro psiquismo
constantemente. O psíquico tem o trabalho de representar essa força no psiquismo.
Garcia Roza faz uma menção a diferença de representação de Freud.
A pulsão já está no corpo, visto que a fonte é no corpo - ex: uma criança chora chamando
a mãe e se a mãe não vem ela berra - é uma reação a força que esta agindo nesse corpo,
como uma comichão mesmo.
A questão é como o psiquismo vai conseguir representar essa força.
Essa força vai compondo os traços. a memória, vai construindo o psiquismo.
Existem 2 representantes psíquicos da pulsão um ideativo, as idéias, e o afeto.
O psiquismo não vai conseguir representar toda a força. Uma parte vai continuar como pura
força. A neurose seria devido a pontos de retenção dessa força.
O homem é um ser linguareiro.
Nós nascemos mergulhados num universo simbólico da linguagem - a criança já é falada
quando ainda está no útero da mãe - a criança já nasce num mundo simbólico.
Somos lambidos pela linguagem mesmo antes de aprender a falar - por isso a criança começa
a falar repetindo o que falam "Paulinho quer água" e não "Eu quero água".
O representante ideativo tem a ver com a linguagem.
Pela maneira que somos dotados pela linguagem temos uma maneira de condensar, sintetizar,
etc. O animal tem signos apenas.
A idéia, representante ideativo, é a fixação da força pulsional numa determinada idéia - tem a
ver com a coisa da linguagem.
O tratamento de Freud de escutar a pessoa falar é baseado em escutar o texto da pessoa.
Cada pessoa tem os seus textos.
O representante ideativo da pulsão é aparelhado pela linguagem - nunca deixar de fazer
essa associação.
A idéia pode ser recalcada, pois a chegada da idéia à consciência poderia trazer desconforto.
O afeto é uma qualidade da quantidade dessa energia pulsional. Ele pode ser suprimido
mas não recalcado.
A estrutura obsessiva lida muito com esse tipo de defesa - reprimir, suprimir o afeto.
Reprimir, suprimir é diferente de recalcar.
Fica esquisito falar de afeto ICs mas na realidade você tem afetos que ficam reprimidos mas
são afetos sub-rogados.
A idéia é como a pulsão se apresenta no psiquismo e também se apresenta como afetos.
24
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Representante ideativo = idéia
Representante afetivo = afeto
A histérica dissocia a idéia do afeto - conversão.
Uma idéia pode ser recalcada, um afeto não - o afeto pode ser suprimido, reprimido.
Não confundir transformar com suprimir. O que se espera que o homem possa fazer é
justamente isso.
Nós vivemos em sociedade e são os diques que no protegem. Desde pequenos que
transformamos.
Onde houver supressão a coisa não anda bem - vai voltar sem o sujeito saber o porque.
Se você transformar a sua raiva em outra coisa, você deu um destino satisfatório.
Tudo que você tenta eliminar do psiquismo retorna com força dobrada, pois a força do ICs é
muito mais eficaz que a do Cs. Não tem censura no ICs. No ICs não tem a partícula OU, é tudo
E.
Uma força suprimida, banida da Cs, volta com muita força, haja vista o esforço que as pessoas
fazem pra segurar os seus sintomas.
O "querer" te dá forças pra lidar com os obstáculos. O termo correto seria desejo - o que nos
falta.
A consciência é um efeito de superfície.
O nosso trabalho na vida é muito grande pois quem decide como a força é direcionada é o
sujeito - o poder de escolha.
Pulsão é pura força e só tenho noticias dela pelos seus representantes. Os afetos são
muito importantes pois apontam em você de que forma essa força está sendo distribuída, se
você esta com muitos recalques, se não esta conseguindo ter soluções criativas, se esta preso
ali.
Num sentido Freudiano de sintoma posso dizer que através do sintoma posso ver como esta o
sujeito em relação a pulsão - que destinos esta dando a ela.
Usamos a linguagem não só pra nos comunicarmos, entendermos, mas também pra nos
colocarmos no mundo. O pensamento é tecido de letras - representante ideativo. Nesse sentido
tudo é sintoma - pode ver como sintoma o fato da professora estar aqui dando aula, um
sintoma bem direcionado.
A pulsão nasce no corpo e meu psiquismo vai ter que inventar um destino bom pra essa força
que faz comichão nos meus olhos, nos meus ouvidos, etc...
Não se consegue representar toda a pulsão - o que faz a idéia recalcada querer sair é
essa força pulsional não representada.
25
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Freud diz que quando seus olhos recebem um excesso de luz o primeiro movimento que
fazemos é desviar o olhar, mas quando é de dentro a forma de desviar são os destinos da
pulsão e é por isso que ele fala que esses destinos são as defesas. Temos que dar um destino
pois somos afetados o tempo todo.
O objetivo da pulsão é a satisfação - através da representação ela pode obter uma
satisfação parcial - total só com a morte.
Ex: você pode numa discussão dar um tapa num cara e saiu dali já acha que não precisava ter
chegado a isso, que o destino dado a pulsão não foi satisfatório.
Na neurose obsessiva, o uso da agressividade em que ele tenta desqualificar o que fez é
comum.
A clinica se consiste em ver como cada um construiu a sua historia e como ele lida com o que
estará construindo.
Destinos do afeto
• Transformação – ex: histeria de conversão
• Deslocamento – ex: obsessões
• Troca – ex: neurose de angústia e melancolia
Um afeto pode ter mais de um destino.
Da mesma forma a idéia - a coisa de retornar ao próprio eu não significa que não foi recalcada.
As idéias pertencem ao campo da linguagem, a força não.
Só existem pulsões parciais. A força pulsional é a força de vida. faz parta da vida. A
parcialidade nos acompanha ate o momento final - so ali o homem se totaliza.
Não nascemos com sexualidade, ela vem de fora pra dentro, o outro erogeniza o corpo da
criança.
Amor é libido Amor e ódio são expressões afetivas.
O amor nos afeta de inúmeras maneiras. Em nome do amor consegue aparecer muitas vezes o
melhor e o pior de todos nós.
É muito difícil transmitir o que é o ICs pra Freud. Não é um baú, uma profundeza, ele ta ali, pra
quem pode escutar. Não existe possibilidade de pensar o que é o ICs pra Freud sem pensar no
ENTRE - o ICs existe entre o sujeito e o mundo. O que funda o ICs é o nosso contato com o
mundo.
O ICs é E e não OU porque nele as idéias não se excluem, é uma memória viva. No ICs ha um
registro de tudo que vivemos.
Não foi só Freud que pensou em memória viva no ICs, nossas células tem memória.
Freud descobriu a psicanálise usando a hipnose, foi a hipnose que apontou para ele a instância
que ele chamou de ICs.
Ex: colocava a moça hipnotizada e no seu sono hipnótico ela fazia vir a tona elementos
banidos por ela, normalmente de natureza sexual.
A lição que Freud tirou disso foi que aquilo que havia sido banido da consciência permanecia
no ICs. Aquilo que vai pro ICs permanece ativo, saiu da Cs, mas não ficou inativo, apenas a
26
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
pessoa não pode se utilizar daquilo, mas continua gozando de uma grande eficácia em fabricar
sintomas.
Trauma pra Freud algo merece o nome de trama pra Freud é alguma experiência,
situações, que exigiram um excesso (mobilizou um excesso e força pulsional) pro sujeito
metabolizar e o sujeito não conseguiu. O trauma fica impedido de participar do nosso universo
simbólico - nem recalcado é. Um trauma não se define em função do evento em si. Ex: uma
criança que esteve perto de se afogar, viveu com todo mundo falando. Tem coisas que eu não
tenho a menor idéia, o efeito será traumático a posteriori ou não.
Trauma pra Freud é sinônimo de excesso - um excesso de afeto que não pode ser
metabolizado e portanto ficou impedido de participar do universo simbólico do sujeito - não é
nem que ele esqueceu - ele não tem registro daquilo.
Na clinica se lida com efeitos do trauma, com os rastros que ele deixa - nunca com o "em si" de
nada.
Quando você tem pontos pra associar, pra linkar, você consegue dar um destino melhor. O
trauma fica como alma penada.
Freud propõe a associação livre, um trauma tem que ser elaborado.
Elaborar trabalho - colocar em trabalho o seu capital simbólico e você conseguir fazer links.
A questão não é que houve um trauma, tramas há sempre.
A fobia é um sintoma de alguma coisa.
Toda fobia é o medo de ter medo.
A fobia é um modo do sujeito estruturar a angustia. A angustia é um afeto difuso.
O sintoma é a língua do recalque fala uma língua, por isso que cada um tem o seu
sintoma.
Cada um é um com seu sintoma.
Não ha sujeito sem sintoma,
É terrível pensar que a linguagem foi feita pros homens se entenderem - so pensando que nos
desentendemos pela linguagem que poderemos nos entender - não temos como saber o que
o outro vai entender do que você falou.
Questões para Revisão
Pulsão
1.
2.
3.
4.
A pulsão e suas representações no psiquismo
Os diferentes destinos da idéia e do afeto
Os termos que definem a pulsão
A diferença entre destino e pulsão
Primeiro Ensaio
1. A questão das perversões pra Freud
2. A diferença que Freud faz entre neurose e perversão
3. Paradigma da perversão sendo o fetichismo
Na perversão ha uma fixação e na neurose uma plasticidade maior
27
Material produzido pelos alunos Cerise, Gil e Purpurine
www.lessa.com/psicologia
Segundo Ensaio
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
A sexualidade infantil
Qual o papel do infantil na teoria de Freud
Amnésia infantil
As inibições
A sexualidade perverso-polimorfa
Relação que Freud faz entre sintoma e sexualidade
Diferença do caráter perverso-polimorfo da sexualidade infantil e a perversão propriamente
dita.
8. Período de latência
A criança é muito espontânea na sexualidade até o Édipo que vem para estruturar - Formação
de diques.
A perversão já é um efeito de como o sujeito atravessou o Édipo, a psicose é outra.
A castração é um dique bem feito - elaborar a castração é formar diques, a criança ser
educada, domesticar a força selvagem que nos habita.
Sem amnésia infantil não haveria amnésia histérica.
Se não houver o recalque das primeiras experiências infantis não haveria histeria.
O excesso é vivido pelo corpo como sofrimento - tanto coisas ruins como boas.
No ICs nem tudo é recalcado, nem tudo se faz representar psiquicamente. O que está
recalcado foi representado. A parte da força pulsional que esta no ICs não é recalcado.
28

Documentos relacionados