carbono e nitrogênio na biomassa microbiana em latossolo
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ONDA CINEMÁTICA NA PREDIÇÃO DE EROSÃO HÍDRICA EM BACIA HIDROGRÁFICA Cláudia Gonçalves Vianna Bacchi(1); Jorge Luis Steffen(2); Teodorico Alves Sobrinho(2);Omar Daniel(3) (1) Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Agronomia; Universidade Federal da Grande Dourados, Rod. Dourados-Itahum, km 12, Dourados, MS, CEP 79.804-970; (2) Professor Associado; Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Ambientais; Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Cidade Universitária, Cx Postal 549, Campo Grande, MS, CEP 79070-900, [email protected]; (3) Professor Titular; Universidade Federal da Grande Dourados, Rod. Dourados-Itahum, km 12, Dourados, MS, CEP 79.804-97 Resumo – O objetivo deste trabalho é propor um modelo unidimensional de predição de erosão hídrica baseado na teoria da onda cinemática com solução matemática utilizando elementos finitos e adimensionamento das variáveis conjugados a equações de capacidade de produção e transporte de sedimentos, HEROS, que apresenta grande facilidade de introduzir as variações espaciais e temporais dos parâmetros e dos processos de precipitação e infiltração. O modelo divide a bacia hidrográfica em faixas de fluxo e a partir das características físicas da bacia hidrográfica, informações topográficas, tipo de solo e uso, dados de precipitação e características dos cursos d’água prediz o aporte de sedimentos na exutória da bacia. HEROS e MUSLE foram aplicados na bacia do Taquarizinho, localizada na parte leste da bacia do Paraguai – MS/Brasil e foram comparados sendo observado um desempenho superior do HEROS. Palavras-Chave: modelagem; MUSLE; erosão laminar. onda cinemática; INTRODUÇÃO A modelagem do processo erosivo tem progredido rapidamente com o desenvolvimento dos computadores e das linguagens de programação. Existe uma variedade de modelos que foram desenvolvidos para previsão de características hidrológicas, tais como, escoamento superficial, transporte e deposição de sedimentos. Foster e Meyer (1972) desenvolveram equações de erosão, originando, então, a base dos chamados modelos matemáticos cinéticos. Os modelos baseados na teoria da onda cinemática são baseados na equação da continuidade e uma forma simplificada da equação do momento utilizada para a onda completamente dinâmica. As forças físicas consideradas no modelo são a gravitacional e o atrito. Tayfur e Singh (2006); Tufekcioglu et al. (2008) e Naik et al.(2009) são alguns dos pesquisadores que estudaram e aplicaram o modelo. A sua aplicação mais conhecida e utilizada é nos programas computacionais: ANSWERS (Beasley et al., 1983), que foi atualizado por Byne (2000) e WEPP (Water Erosion Prediction Project) (Flanagan e Nearing, 1995). Em contrapartida existem os modelos empíricos, dentre os quais a USLE (Wischmeier e Smith, 1965), a MUSLE (Williams e Berndt, 1977), amplamente utilizados no estudo do potencial erosivo. Vários pesquisadores têm avaliado a MUSLE sob diferentes condições por todo o mundo (Erskine et al. 2002; Sadeghi 2004; Mishra et al. 2006). O objetivo deste trabalho é a proposição de modelo unidimensional de escoamento superficial baseado na onda cinemática com solução matemática por elementos finitos e adimensionalização das variáveis associados a equações de produção e capacidade de transporte para a predição de erosão hídrica laminar. MATERIAL E MÉTODOS As equações usadas para o escoamento unidimensional não permanente e gradualmente variado, também conhecidas como Equações de Saint Venant. A simulação do escoamento superficial é baseada na teoria da onda cinemática com adimensionalização de variáveis. O modelo da onda cinemática é o mais utilizado para representar o escoamento superficial em bacias, já que este escoamento ocorre em planos, onde a declividade predomina em relação aos demais termos. Onde q =vazão, m³.s-1; y = área da seção molhada, m²; x=distância longitudinal, m; t = tempo, s; ie = entrada ou saída de vazão, por unidade de largura de contribuição lateral, m³.s-1m-1. O sistema proposto é o escoamento em regime não permanente, que considera a variação no tempo e no espaço das variáveis que o retratam. A precipitação pode ser variada no tempo e no espaço para a simulação dos eventos. Além das equações da continuidade e da quantidade de movimento, a equação de Manning é utilizada para relacionar a vazão com a profundidade e a declividade de fundo. Deduz-se que: Onde ; m e n são coeficientes de manning, s0 é a declividade em m.m-1 . - XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO - Resumo Expandido A simulação do escoamento superficial e de propagação em canais adota o modelo de transformação da bacia hidrográfica em dois planos retangulares, dispostos em forma de "V", representando as superfícies do terreno, e um canal de drenagem central que representa o rio, todos com larguras constantes. A solução da equação diferencial é obtida por métodos de discretização de diferenças finitas, aplicada à forma simplificada da bacia hidrográfica, sendo a variável dependente, no escoamento superficial a vazão por unidade de largura q enquanto no escoamento em rios utiliza-se a vazão Q. A produção e capacidade de transporte de sedimentos são determinadas conforme proposto por Byne (2000). Sendo Dr = taxa de desagregação pelo impacto da chuva, kg.min-1; C = fator de uso e manejo; K = fator de erodibilidade do solo, Mg.acre-1EI-1; A = incremento da área, m2 ; I = intensidade da chuva, mm.min-1. No que se refere à desagregação e transporte nas encostas, devido ao escoamento superficial, pode se expressar como: Onde Df = taxa de desagregação devido ao escoamento superficial, kg.min-1; S = declividade; q = média do fluxo por unidade de comprimento, m2.min-1. O total de solo desagregado é: Onde Dt é o total de solo desagregado. O transporte de solo por espalhamento pela ação da chuva foi assumido desprezível. O transporte do solo pelo escoamento superficial foi descrito pelas relações: para q ≤ 0,046 m2.min-1 para q>0,046 m2.min-1 Onde T = taxa potencial de transporte de sedimentos. Na aplicação do modelo HEROS foram elaboradas rotinas programadas em Visual Basic com interface direta com planilhas de dados do Excel elaboradas a partir de informações obtidas no SIG da bacia. O HEROS e a MUSLE foram aplicados na bacia do Taquarizinho de importância em estudos hidrológicos e sedimentológicos por ser contribuinte do ecossistema Pantanal Sul Matogrossense. A bacia foi dividida em 33 sub-bacias (Figura 1), buscando-se uma homogeneidade no que se refere principalmente à declividade, vegetação e uso e tipo do solo, sendo assim unidades de respostas hidrológicas (HRUs) distintas possibilitando avaliar o escoamento e o transporte de sedimentos em cada sub-bacia e a influência das variáveis envolvidas no processo erosivo. Os modelos de simulação do escoamento consideram a contribuição nas sub-bacias de acordo com o ordenamento apresentado na Figura 1. O estudo foi realizado na mesma bacia, com os mesmos dados de alimentação e metodologia de aplicação para ambos os modelos com o intuito de possibilitar o uso de índices estatísticos na avaliação do desempenho dos modelos. Devido à inexistência de dados registrados em linígrafos, utilizou-se um modelo de escoamento superficial baseado na equação de chuvas de desenvolvida a partir da relação IDF (intensidade, duração e freqüência para chuvas intensas) estabelecida por Mato Grosso do Sul (1990) para a localidade de Rio Verde, cuja área de influência abrange praticamente toda a área da bacia do Taquarizinho. Onde I = intensidade da chuva (mm.h-1); Tr = tempo de retorno (anos); t = duração da chuva (min). No trabalho desenvolvido por Oliveira et al. (2005) na bacia do Taquarizinho foram instalados provisoriamente oito pluviômetros para medida da intensidade das chuvas enquanto também foi medido o escoamento na seção exutória pelo método do molinete. Foi calculada a precipitação média sobre a bacia utilizando o método de Thiessen e registrado o hidrograma na saída. Feita a separação do escoamento de base, foram determinados o volume escoado superficialmente e o volume precipitado. Um evento com altura pluviométrica P = 80,4 mm no período de 6 horas em torno de 15% transforma-se em escoamento superficial, ou seja, Pefet = 12 mm, resultando em uma intensidade de 2 mm/h. A partir deste valor de chuva, com o mesmo período, foi considerado o escoamento superficial de 15% sobre toda bacia, e utilizada a metodologia proposta para simular o escoamento foram obtidos os hidrogramas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A previsão de produção de sedimentos na exultória da bacia em ambos os modelos de previsão são estatisticamente iguais, porém ao analisarmos os resultados de previsão por sub-bacia observamos dados bem diferentes (Figura 2). As médias foram de 4,7 Mg.km-2 e 77,59 Mg.km-2 no modelo HEROS e MUSLE respectivamente. Carvalho (2008), membro do Programa Internacional de Hidrologia (IHP) da UNESCO, em seu trabalho de caracterização hidrossedimentológica no planalto da bacia do Rio Taquari, realizou mensuração de sedimentos em suspensão e determinou uma produção específica mínima equivale a 273 Mg.km-2ano-1. Considerando estes valores, o modelo que apresenta valor médio mais coerente com as medidas realizadas é o de predição de produção de sedimentos baseado na onda cinemática. Borges et al. (2001) também realizou mensuração de sedimentos na bacia. A carga sólida total (sedimentos em suspensão) específica média da bacia, na seção de Coxim, conforme seria de 251,6 Mg.km-2ano-1, enquanto que nas cabeceiras do Rio Taquari a produção atinge um máximo da ordem de 365 Mg.km-2ano-1, decrescendo de leste para oeste ainda no planalto, até 219 Mg.km-2ano-1 e chega a 73 Mg.km-2ano-1 quando alcança a planície, fora da alta bacia. Estes valores confirmam o melhor desempenho do modelo HEROS de previsão baseado na onda cinemática. Pois, observam-se sub-bacias em que os valores de previsão de produção de sedimentos chegam a 648 Mg.km-2 pelo modelo MUSLE. Analisando-se ainda os desvios padrões de 3,57 e 177,89, e a variância de 12,83 e 31644,86 para os modelos 2 - XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO - Resumo Expandido HEROS e MUSLE respectivamente, observa-se um padrão mais uniforme na predição no modelo HEROS em relação ao modelo MUSLE. Provavelmente, porque o modelo HEROS apresenta em sua estrutura um balanço entre a quantidade de sedimento produzido e a capacidade de transporte pelo escoamento superficial, então os valores excedentes à capacidade de transporte do escoamento superficial é considerado como depositado na sub-bacia, em conformidade com as características físicas do processo erosivo. O estudo das correlações demonstra maior correlação entre as vazões de pico e os resultados de predição do modelo HEROS, 0,504, em relação ao modelo MUSLE, 0,251. Apesar das magnitudes bem diferentes, os maiores valores de produção de sedimentos previstos foram nas sub-bacias 17 e 21. Ressalta-se a importância quanto ao uso adequado, considerando-se, principalmente, as áreas de maior declividade que necessitam de proteção vegetal durante todo o ano para uma menor produção de sedimentos. O escoamento superficial é preponderante no aporte de sedimentos sendo sua correlação com os valores previstos um bom indicador de desempenho, concluindo-se que o modelo HEROS apresentou melhor desempenho. O desempenho também pode ser observado ao serem comparados os resultados de produção de sedimentos de trabalhos anteriores na bacia aos previstos, constatando-se que o modelo HEROS apresentou um desempenho superior ao modelo matemático de previsão MUSLE, com valores estimados mais próximos aos mensurados na bacia do Alto Taquari. O modelo HEROS pode ser calibrado a partir de dados de bacias devidamente monitoradas, tornando-o preciso e extremamente útil na previsão do aporte de sedimentos de bacias hidrográficas, pois o modelo calcula a produção de sedimentos nos planos das subbacias considerando a capacidade de transporte do escoamento superficial e o transporte através dos cursos d’água principais até a exutória da bacia. CONCLUSÕES 1. O modelo HEROS apresenta resultados de predição mais aproximados aos mensurados na bacia em estudo do que a MUSLE. 2. O modelo HEROS representa melhor do que a MUSLE o processo erosivo na bacia. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, FINEP e CAPES pelo apoio financeiro das pesquisas que resultaram neste trabalho. REFERÊNCIAS BORGES, A. L. O.; MERTEN, G. H.; NEARING, M. Effect of sediment load on soil detachment and deposition in rills. Soil Science Society of America Journal, Madison, WI, 65;861-868, 2001. BYNE, W. Predicting Sediment detachment and channel scour in the process-based planning model ANSWERS-2000. Virginia Polytechnic Institute and State University: M.Sc. Thesis, 2000. CARVALHO, N. de O. Hidrossedimentologia Prática. 2ed., Rio de Janeiro: Interciência, 2008. 600p. ERSKINE, W. D.; MAHMOUDZADEH A.; MYERS, C. Land use effects on sediment yields and soil loss rates in small basins of Triassic sandstone near Sydney, NSW, Australia. Catena, 49;271-287, 2002. FLANAGAN, D. C.; NEARING. M. A. USDA-Water Erosion Prediction Project hillslope and watershed model documentation. NSERL Report No. 10. West Lafayette, Ind.:USDA-ARS National Soil Erosion Research Laboratory. 1995. FOSTER, G. 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