manejo integrado em tomate industrial
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manejo integrado em tomate industrial
1 RELATÓRIO A utilização de produtos naturais (Rocksil e Microgeo) associados a defensivos biológicos (Tricodermil, Boveril, Metarril e Bac Control) em programas de manejo integrado para produção sustentável de tomate industrial (Lycopersicon esculentum Mill.), comparado a táticas convencionais. Instituição Executora: Agroteste - Pesquisa e Desenvolvimento Av: Dr. Jaime Ribeiro da Luz, 971 - Sala 59 38.408-188 - Uberlândia / MG. Autores: Jefferson Gitirana Neto Luiz Onofre Salgado Sérgio Antônio da Silva José Rodrigues 2 Uberlândia – MG Janeiro - 2005 1. INTRODUÇÃO O crescimento progressivo da população humana tem exigido o manejo de ambientes naturalmente diversificados para o exercício da agricultura, visando atender as necessidades alimentares. Estes sistemas se caracterizam pela adoção de um modelo de produção baseado na monocultura e no uso intensivo de insumos químicos acarretando em desequilíbrios biológicos e contaminação ambiental (EMBRAPA, 2005). Com o crescimento da população e a necessidade de se produzir com qualidade e menores custos, novas estratégias vem sendo adotadas, como o manejo integrado de pragas, que segundo Nakano et al. (2002), foi uma resposta da comunidade científica ao uso incorreto de produtos químicos. Na agricultura convencional, as práticas de campo se direcionam para o efeito do desequilíbrio ecológico existente. Este desequilíbrio gera a reprodução exagerada de insetos, fungos, ácaros e bactérias, que acabam se tornando "pragas e doenças" das lavouras e das criações de animais. Aplicam-se agrotóxicos nas culturas, injetam-se antibióticos e outros remédios nos animais buscando exterminar esses organismos. Contudo, o desequilíbrio quer seja no metabolismo de plantas e animais, quer seja na constituição físico-química e biológica do solo permanece. E permanecendo a causa, os efeitos (pragas e doenças) cedo ou tarde reaparecerão, exigindo maiores freqüências de aplicação ou maiores doses de agrotóxicos num verdadeiro "círculo vicioso" (Planeta orgânico, 2005). Na agricultura orgânica, por sua vez, trabalha-se no sentido de estabelecer o equilíbrio ecológico em todo o sistema. Parte-se da melhoria das condições do solo, que é à base da boa nutrição das plantas que, bem nutridas, não adoecerão com facilidade, podendo resistir melhor a algum ataque eventual de um organismo prejudicial. Cabe destacar o termo "eventual" porque num sistema equilibrado, não é 3 comum a reprodução exagerada de organismos prejudiciais, visto que existem no ambiente agentes de controle biológico, que naturalmente irão controlar a população de pragas e doenças (Planeta orgânico, 2005). A cultura de tomate é uma das que mais se utiliza à aplicação de defensivos, sendo esta uma prática que pode chegar a 46 aplicações por ciclo da cultura (100 dias). Para baixar os custos de produção e atrair os consumidores a recomendação é o manejo integrado de pragas e doenças, que pode reduzir em até 50% o uso de agrotóxicos e com possibilidade de promover redução em 30% no custo de produção (Suzuki, 2005). Aplicações constantes de inseticidas para o controle de pragas nessa cultura causam diversos problemas, como a seleção de populações resistentes aos produtos utilizados (Siqueira et al., 2000), a alteração do comportamento de inimigos naturais (Delpuech et al., 1999), além de problemas ambientais. Por essa razão, medidas que viabilizem a redução da aplicação desses produtos nas lavouras devem ser implementadas. Uma delas seria o uso de inseticidas seletivos para a manutenção de inimigos naturais das pragas. A manutenção tanto de inimigos naturais de parte aérea quanto microrganismos no solo, favorece o bom desempenho da planta. Sabe-se que fungos do tipo actinomicetos e bactérias se assentam perto das raízes, excretam enzimas que estimulam o crescimento vegetal, e antibióticos que mantém os patógenos à distância (Primavesi, 2002). Dentre os gêneros mais estudados como agentes de controle biológico estão Bacillus e Pseudomonas. Entretanto, um grande número de bactérias apresenta antagonismo contra vários tipos de fungos e bactérias patogênicas (Embrapa, 2005). Dentre os grupos de bactérias do solo, as espécies pertencentes ao gênero Pseudomonas se destacam devido à grande versatilidade nutricional e a habilidade de crescer em uma ampla variedade de ambientes. Algumas das espécies de Pseudomonas são conhecidas pelo seu efeito benéfico às plantas no controle de fungos e bactérias. Dentre estas, as espécies fluorescentes P. fluorescens e P. putida são as que mais se destacam e são apontadas como promissoras rizobactérias 4 promotoras de crescimento em plantas para utilização no controle biológico (Embrapa, 2005). Já o Bacillus thuringiensis representa um dos principais agentes de controle biológico, sendo responsável por 95% do mercado mundial de biopesticidas. A sua atividade entomopatogênica está relacionada à produção de corpos de inclusão cristalinos, compostos por uma ou mais proteínas conhecidas como d-endotoxinas, onde cada classe é codificada por um único gene cry. Assim como os fungos e bactérias outro grupo importante são os actinomicetos, que no solo, são numericamente menos dominantes do que outras populações bacterianas, porém são mais numerosos dentre as populações fúngicas. Normalmente, 10% a 50% da comunidade microbiana do solo é constituída por populações destes microrganismos. Os actinomicetos têm recebido atenção especial pelos seus diversos papéis no solo. Atuam na decomposição da matéria orgânica e contribuem na estruturação do solo, através de ligações de suas hifas com as partículas do solo. A importância destes microrganismos no solo tem sido mais relacionada com a produção de antibióticos, cuja ação é evidenciada principalmente em meio de cultura, através da produção de halos de inibição, onde se forma uma zona livre de crescimento microbiano em torno da colônia do actinomiceto, que sintetiza o antibiótico. A influência dos fatores antibióticos no equilíbrio microbiológico está condicionada à atividade dos microrganismos antagonistas no solo e à ação dos antibióticos sobre as populações sensíveis (Pereira, 2005). O objetivo deste trabalho, nas condições estabelecidas, foi à avaliação de táticas convencionais e alternativas para manejo integrado de pragas e doenças na cultura do tomateiro industrial (Lycopersicon esculentum Mill.) com vistas aos seguintes aspectos: 1. Diminuir do número de agroquímicos no manejo de pragas e doenças. 2. Comparar a viabilidade econômica de cada estratégia. 3. Verificar adicionais de produtividade e qualidade no produto final. 4. Avaliação de cada tática sob o ponto de vista técnico. 5. Incrementar as atividades de controle biológico. 5 6. Promover um aumento na diversidade microbiana do solo. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado e conduzido no município de Goiânia / GO, na Estação Experimental da Unilever Best Foods, no período de 18/06/04 a 16/10/04. A cultivar de tomate utilizado para a realização do ensaio foi a “U729”, transplantada no dia 18/06/04 com espaçamento de 1,30 m entre linhas x 0,25 m entre plantas. Para adubação de plantio utilizou-se 1,6 ton/ha da formulação 04-30-16. Como adubação complementar utilizou-se 400 Kg/ha da formulação 25-00-20. O sistema de irrigação era do tipo Pivô Central. O experimento foi conduzido em uma área de 780 m², compreendida por 6 linhas de 100 m. Os campos foram estabelecidos lado a lado e cada estratégia (convencional e alternativo) foi aplicada em uma área 390 m2. As áreas foram conduzidas segundo os métodos de Manejo Integrado de Pragas (MIP), preconizados pela Agroteste. Neste método recomenda-se o monitoramento de pragas e doenças em intervalos de 3 dias. O controle químico somente é recomendado quando as populações praga atingem os níveis de controle. As doenças são controladas com caráter preventivo sempre que as condições climáticas forem favoráveis para o seu desenvolvimento. No monitoramento é amostrada cerca de 0,5 % das plantas, sendo avaliadas as pragas vetores de viroses (pulgão, mosca branca e tripes), a traça T. absoluta, a broca pequena N. elegantalis, a minadora Liriomysa sativae, como também a ocorrência de doenças. Nesta ocasião foi utilizado o caminhamento em zique-zaque, sendo os pontos de amostragem selecionados ao acaso. Na avaliação de vetores de viroses utilizou-se a metodologia de batedura de ponteiros em caixa de PVC com 20 cm de diâmetro, 8 cm de altura e fundo branco. Para avaliação de traça foram observados em cada planta o número de larvas vivas e ovos em ponteiros, através da batedura de ponteiros e do método visual, a presença 6 de larvas vivas no exame de 1a folha atacada de cima para baixo, a presença de ovos no exame de 1 penca com frutos menores que 2 cm. No caso da broca pequena N. elegantalis, foi também observado a presença de ovos no exame de 1 penca com frutos menores que 2 cm. Para a minadora foi apenas observada a presença de larvas vivas no exame de 1 folha atacada no terço inferior (Gravena, 1991). No exame de pencas torna-se indispensável o reconhecimento dos ovos de broca pequena N. elegantalis que apresentam coloração branca translúcido de formato alongado, e dispostos na forma de escama em número de 3 a 12 ovos/fruto, preferencialmente no terço inferior do fruto, mas podendo ser encontrados na parte superior do fruto, sépalas e pedúnculo. Por ocasião do exame, ovos de traça T. absoluta também podem ser visualizados, mas caracterizam-se por possuir coloração branca intensa com formato arredondado, e dispostos individualmente em número de 1 a 2 ovos/fruto, em geral são colocados preferencialmente próximos ao pedúnculo (Gravena e Silva, 1998). Para intervenção química no caso de insetos vetor, foi considerado como nível de controle a presença de 1 vetor por ponteiro. Para a traça, o nível considerado foi de 25 % de ponteiros ou folhas com larvas vivas, como também 5 % de pencas com ovos. O nível para controle da broca pequena também foi de 5 % de pencas com ovos. Para a minadora, a observação de 25 % de folhas com larvas vivas justificou a utilização do controle químico (Gravena, 1991). Na Tabela 1, estão apresentados os tratamentos sugeridos com suas respectivas doses. 7 Tabela 1 - Tratamentos sugeridos no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. DAT¹ MIP CONVENCIONAL 0 Actara (450 g/ha) 5 Karate (300 ml/ha) 10 Orthene (700 kg/há) 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 Karate (300 ml/ha) Orthene (700 ml/há) Actara (150 g/ha) Karate (300 ml/ha) Orthene (700 kg/há) Karate (300 ml/ha) Karate (300 ml/ha) Thiobel (1,5 kg/há) Karate (300 ml/ha) Thiobel (1,5 kg/há) Karate (300 ml/ha) Thiobel (1,5 kg/há) Karate (300 ml/ha) Thiobel (1,5 kg/há) Karate (300 ml/ha) MIP ALTERNATIVO Actara (450 g/ha) + Trichoderma (3 kg/ha) + Microgeo (10 %) + Rocksil (2,5 kg/ha) Metarril (3 Kg/ha) + Boveril (3 kg/ha) + Rocksil (1 %) Metarril (3 Kg/ha) + Boveril (3 kg/ha) + Microgeo (1 %) + Rocksil (1%) Actara (150 g/há) + Rocksil (1 %) Microgeo (1 %) + Rocksil (1%) Rocksil (1,5 %)+ Actara (100 g/ha) Microgeo (1,5 %) + Rocksil (1%) Rocksil (1,5 %) Microgeo (1,5 %) + Rocksil (1,5 %) Rocksil (1,5 %) Microgeo (1,5 %) + Bac Control Rocksil (2 %) Microgeo (2%) + Bac Control Rocksil (2%)+ Trichoderma (1,5 l/ha) Microgeo (2 %) + Bac Control Rocksil (2 %) + Trichoderma (1,5 l/ha) Microgeo (2 %) + Rocksil (2 %) Rocksil (2 %)+ Trichoderma (1,5 l/ha) Microgeo (2 %) Rocksil (2 %) Microgeo (2 %) Rocksil (2 %) Microgeo (2 %) Rocksil (2 %) ¹: Dias após o transplante. Foi também sugerido, em ambos os campos, para o controle de pragas a utilização de produtos químicos específicos para se evitar o dano econômico. No controle de doenças no sistema convencional, deveriam ser utilizados produtos protetores de forma preventiva e produtos químicos específicos quando em condições climáticas favoráveis. No manejo alternativo, seriam utilizadas aplicações intercaladas de Rocksil, Microgeo e Trichoderma de forma preventiva como também produtos químicos específicos quando se observassem os primeiros sintomas de doença. 8 No término do trabalho foi determinada a produtividade, avaliando-se os aspectos qualitativos e quantitativos. Para isso foram escolhidos de forma casual 4 pontos distintos em cada estratégia, onde se procedeu a colheita de frutos em uma área de 2,6 m² / ponto. O produto originário destes pontos foi classificado em tomates maduros, verdes, descoloridos e desintegrados, para posterior pesagem. Paralelamente foi avaliado em cada campo o número de graus Brix, conforme metodologia proposta pela Unilever Best Foods. Nesta ocasião, foram também recolhidas amostras de solo em 10 pontos distintos para composição de uma amostra composta que foi enviada para o laboratório de fitopatologia, onde se procedeu a análise para reconhecimento dos níveis de microorganismos presentes. O laudo emitido encontra-se no anexo 1. 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO No sistema convencional conduzido com a utilização dos métodos de manejo integrado, foram realizadas 12 aplicações conforme descrito na Tabela 2, sendo a 1 a aplicação (18/06/04) como tratamento de rega de bandeja, antecedendo-se ao transplante, com volume de 0,5 l de calda por bandeja aplicado com o auxílio de um regador. As demais aplicações foram realizadas nos dias 15/07/04 (2ª aplicação), 30/07/04 (3ª aplicação), 11/08/04 (4ª aplicação), 27/08/04 (5ª aplicação), 01/09/04 (6ª aplicação), 10/09/04 (7ª aplicação), 14/09/04 (8ª aplicação - via pivô), 17/09/04 (9ª aplicação), 21/09/04 (10ª aplicação), 28/09/04 (11ª aplicação - via pivô) e 07/10/04 (12ª aplicação). As maiorias das pulverizações foram aplicadas com o auxílio de um pulverizador costal pressurizado a CO2 (45 lbf/pol2), munido de uma barra de alumínio com comprimento de 3,5 m, equipada com bicos do tipo cônico vazio, modelo Magno Nº 03 e 05, com vazão inicial de 300 L/ha e final de 800 L/ha. As únicas exceções foram às aplicações realizadas nos dias 14/09/04 (8ª aplicação) e 28/09/04 (11ª aplicação) que foram realizadas via água de irrigação (pivô central). Tabela 2 - Tratamentos aplicados no sistema convencional. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 9 DATA DAT¹ DESCRIÇÃO DOSE (kg ou l / ha) 18/06/04 0 Actara 15/07/04 27 Actara + Danimen 30/07/04 41 Orthene 11/08/04 53 Manzate + Recop + Orthene + Polo 3,0 + 2,0 + 0,7 + 0,64 27/08/04 70 Cercobin 700 PM + Ridomil Gold 0,56 + 2,5 01/09/04 74 Recop + Dithane + Tamaron + Danimen 2,0 + 3,0 + 1,0 + 0,4 + + Bac Control + Bion 0,45 0,15 + 0,3 0,7 1,2 + 0,033 10/09/04 83 Manzate + Recop + Orthene 14/09/04 87 Orthocide + Lorsban 17/09/04 90 Danimen + Folicur + Frowncide 21/09/04 93 Amistar + Trigard + Pólo 28/09/04 100 Sialex 07/10/04 110 Danimen + Polo + Tracer + Manzate + 0,4 + 0,64 + 0,06 + 3,0 Recop 3,0 + 2,0 + 0,7 2,5 + 1,5 0,4 + 0,75 + 1,0 0,16 + 0,12 + 0,64 2,0 + 2,0 ¹: Dias após transplante No sistema alternativo também foram realizadas 12 aplicações, conforme descrito na Tabela 3, seguindo o mesmo cronograma e metodologia de aplicação utilizado no sistema convencional. No entanto, observa-se que neste sistema foi utilizado um número bem menor de intervenções químicas, sendo apenas 7 a recomendação de medidas protetoras com o uso desse tipo de produto. Vale ressaltar também que neste sistema a aplicação desnecessária de produtos via pivô, uma vez que outros produtos estavam posicionados em pulverizações de barra para o mesmo fim. Também não precisaria ser recomendado produto para indução de resistência, uma vez que o Microgeo tem trabalhos que comprovam a sua utilização para essa mesma finalidade. Ainda considerando as misturas de tanque, no sistema convencional foram utilizados 32 produtos químicos e apenas 1 biológico, no sistema alternativo, utilizou- 10 se de apenas 14 produtos químicos, sendo os outros originários de pó de rocha natural e produtos biológicos. Tabela 3 - Tratamentos aplicados no sistema integrado de produção de tomates. Uberlândia/MG, janeiro de 2005.( pesquisa Arisco / Unilever ). DATA DAT¹ DESCRIÇÃO DOSE (kg ou l / ha) 18/06/04 0 Actara + Tricodermil + Microgeo + 0,45 + 1,0 + 25 + 2,5 Rocksil 15/07/04 27 Metarril + Boveril + Rocksil 30/07/04 41 Metarril + Boveril + Microgeo + 3,0 + 3,0 + 3,0 3,0 + 3,0 + 3,0 + 3,0 Rocksil 11/08/04 53 Actara + Rocksil + Bac Control + 0,15 + 4,5 + 1,2 + 4,5 Microgeo 27/08/04 70 Cercobin 700 PM + Ridomil Gold + 0,56 + 2,5 + 1,2 + 1,5 Bac Control + Trichodermil 01/09/04 74 Recop + Dithane + Tamaron + Danimen 2,0 + 3,0 + 1,0 + 0,4 + + Bac Control + Bion 10/09/04 83 Rocksil + Microgeo + Bac Control + 1,2 + 0,033 6,0 + 6,0 + 1,2 + 1,5 Trichodermil 14/09/04 87 Orthocide + Lorsban (via pivô) 17/09/04 90 Folicur + Frowncide + Bac Control 21/09/04 93 Microgeo + Rocksil 28/09/04 100 Sialex (via pivô) 07/10/04 110 Rocksil + Trichodermil 2,5 + 1,5 0,75 + 1,0 + 1,2 6,0 + 6,0 2,0 6,0 + 1,5 ¹: Dias após transplante Tabela 4 - Custo médio (R$) por hectare gasto com utilização de insumos. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 11 Convencional Produto x Nº Aplicação Alternativo Preço¹ / ha Produto x Nº Aplicação Preço¹ / ha 1. Actara (2x) 255,77 1. Actara (2x) 255,77 2. Orthene (3x) 125,79 2. Trichodermil (4x) 495,00 3. Cercobin (1x) 33,19 3. Microgeo (5x) 4. Rid Gold (1x) 214,00 4. Rocksil (7x) 139,50 5. Orthocide (1x) 56,15 5. Metarril (2x) 99,00 6. Lorsban (1x) 77,70 6. Boveril (2x) 112,50 7. Recop (4x) 93,92 7. Bac Control (5x) 210,00 8. Dithane (1x) 49,92 8. Cercobin (1x) 33,19 9. Tamaron (1x) 28,58 9. Ridomil (1x) 214,00 10. Tracer (1x) 72,00 10. Recop (1x) 23,48 11. Danimen (4x) 168,00 11. Dithane (1x) 49,92 12. Manzate (3x) 306,00 12. Tamaron (1x) 28,48 13. Bion (1x) 97,00 13. Danimen (1x) 42,00 14. Pólo (3x) 205,00 14. Bion (1x) 97,00 15. Folicur (1x) 92,25 15. Orthocide (1x) 56,15 16. Frowncide (1x) 209,00 16. Lorsban (1x) 77,70 17. Amistar (1x) 104,00 17. Folicur (1x) 92,25 18. Amistar (1x) 15,47 18. Frowncide (1x) 209,00 19. Bac Control 42,00 19. Sialex (1x) 336,00 Total (R$) 2576,28 Total (R$) 2581,75 5,34 ¹: Preços obtidos no mercado varejista em novembro de 2004. Na tabela 4 foi feita uma análise dos custos referente à utilização de produtos fitossanitários em cada estratégia. Observa-se que no custeio dos produtos os valores são aproximados e não indicam vantagens para nenhum dos sistemas. No entanto com discutido anteriormente, algumas aplicações foram realizadas de forma desnecessária no sistema alternativo. Acredita-se que na evolução desta tática muitos gastos poderão ser reduzidos à medida que novos conceitos e experiência sejam adquiridos e tragam 12 confiabilidade. No sistema convencional, sabe-se que os custos poderão ser ainda maiores em cultivos não manejados. No entanto não se espera novas reduções além destas que o manejo integrado já conferiu. Na Figura 1 observa-se o número de mosca branca no sistema convencional e alternativo. Nota-se que a praga foi observada sob baixos níveis populacionais no início do ciclo do tomateiro, aparecendo com maior intensidade no estágio final da cultura. Os resultados encontrados foram semelhantes, a praga flutuou nos mesmos níveis em ambas estratégias. Este resultado parece estar relacionado somente às 2 aplicações de Actara realizadas no início do cultivo, demonstrando que as aplicações adicionais e intercalares com produtos químicos de efeito de choque sobre adultos da mosca branca podem ser substituídas por produtos biológicos e naturais de baixo impacto ambiental. Vale ressaltar que por se tratar de uma espécie disseminadora de viroses, as aplicações de produtos específicos do tipo do Actara devem realizadas com caráter preventivo, a fim de diminuir riscos iniciais em condições de pleno desenvolvimento vegetativo. O sistema alternativo demonstra ser uma estratégia bastante interessante do ponto de vista técnico e ambiental uma vez que apresentou o mesmo desempenho para controle da referida praga. Figura 1. Número de mosca-branca no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 50 40 30 20 10 Alternativo 04 28 / 09 / 04 17 / 09 / 04 07 / 09 / 04 27 / 08 / 04 14 / 08 / 04 05 / 08 / 04 07 / 23 / 07 / 12 / 06 / 26 / 04 0 04 Densidade populacional 13 Convencional Na Figura 2 verifica-se a presença do tripes na cultura. Constata-se que a praga apareceu apenas no estágio inicial da cultura, porém sob baixos níveis populacionais. Observa-se novamente que o desempenho das diferentes estratégias foi semelhante e não permitiram que a praga trouxesse danos econômicos a cultura em questão. A Figura 3 mostra que o pulgão é um inseto de pouca representatividade como praga. Uma vez que foi relacionado apenas em uma das avaliações sobre na estratégia convencional, sem representar riscos à produção. É bem verdade que esta praga é tida como de fácil controle por uma gama de produtos direcionados ao manejo de outras pragas, sendo raríssimas as intervenções para seu controle exclusivo. 14 Densidade populacional Figura 2. Número médio de tripes no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 5 4 3 2 1 04 04 28 /0 9/ 04 21 /0 9/ 04 14 /0 9/ 04 07 /0 9/ 04 /0 8/ 31 04 24 Alternativo Tripes /0 8/ 04 17 /0 8/ 04 10 /0 8/ 04 03 /0 8/ 04 27 /0 7/ 04 20 /0 7/ 04 13 /0 7/ 04 /0 7/ 06 /0 6/ 04 22 /0 6/ 29 0 Convencional Tripes Quanto a minadora (Figura 4), observa-se que a mesma se apresenta de maneira constante durante o ciclo da cultura. No entanto, em momento algum, chegou a representar risco de dano econômico à cultura. Os sistemas avaliados apresentam performance semelhante na supressão populacional do inseto, não permitindo que o mesmo fosse realmente considerado como praga. Densidade populacional Figura 3. Número médio de pulgão no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 22 /0 6 29 /04 /0 6 06 /04 /0 7 13 /04 /0 7 20 /04 /0 7 27 /04 /0 7 03 /04 /0 8 10 /04 /0 8 17 /04 /0 8 24 /04 /0 8 31 /04 /0 8 07 /04 /0 9 14 /04 /0 9 21 /04 /0 9 28 /04 /0 9/ 04 6 5 4 3 2 1 0 Alternativo Pulgão Convecional Pulgão 15 20 15 10 5 Alternativo Minadora 01/10/04 25/09/04 13/09/04 31/08/04 20/08/04 11/08/04 30/07/04 20/07/04 08/07/04 0 22/06/04 Densidade populacional Figura 4. Número médio mosca-minadora no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. Convencional Minadora A traça (Tuta absoluta) em nenhuma ocasião representou riscos a cultura. Esta apareceu no final do ciclo do tomateiro sob baixos níveis populacionais. As estratégias envolvidas mais uma vez se apresentaram de foram equivalente e garantiram o controle populacional da praga (Figura 5). Densidade populacional Figura 5. Número médio de traça no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. Alternativo Traça 04 /0 9/ 04 Convencional Traça 28 21 /0 9/ 04 04 14 /0 9/ 04 07 /0 9/ 04 31 /0 8/ 04 /0 8/ 24 17 /0 8/ 04 04 10 /0 8/ 04 /0 8/ 03 27 /0 7/ 04 04 20 /0 7/ 04 13 /0 7/ 04 /0 7/ 06 /0 6/ 29 22 /0 6/ 04 6 5 4 3 2 1 0 16 Na Figura 6 verifica-se a presença da broca pequena no tomateiro industrial. Nota-se que a praga é registrada em todo o período de frutificação, representado risco de dano para a cultura. Nota-se também que em alguns momentos a população foi ligeiramente superior no sistema convencional. Este fato realça o poder controlador de produtos biológicos sobre insetos lepidópteros, evidenciando a pouca necessidade de intervenções químicas para esta finalidade. No geral observa-se que as estratégias são equivalentes para o controle de insetos com potencial de praga. Constata-se também que o sistema alternativo é eficiente para supressão populacional de insetos não representando riscos do ponto de vista técnico, podendo ainda representar ganhos adicionais do ponto de vista Figura 6. Número médio de frutos brocados no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 04 04 28 /0 9/ 04 21 /0 9/ 04 14 /0 9/ 04 07 /0 9/ 04 /0 8/ 31 04 24 Alternativo Frutos brocados /0 8/ 04 17 /0 8/ 04 10 /0 8/ 04 03 /0 8/ 04 27 /0 7/ 04 20 /0 7/ 04 /0 7/ 13 04 06 /0 7/ 04 /0 6/ /0 6/ 29 6 5 4 3 2 1 0 22 Densidade populacional econômico e ambiental. Convencional Frutos brocados Figura 7. Número médio de oídio no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 20 15 10 5 Alternativo Oídio 28/09/04 21/09/04 14/09/04 07/09/04 31/08/04 24/08/04 17/08/04 10/08/04 03/08/04 27/07/04 20/07/04 13/07/04 06/07/04 29/06/04 0 22/06/04 Densidade populacional 17 Convencional Oídio Na Figura 7, observamos um surto de oídio no estágio final do cultivo. Isto se deve provavelmente a uma redução nas lâminas de irrigação, uma vez que em meados de agosto a umidade relativa nesta região é normalmente baixa, favorecendo a ocorrência da doença. No entanto, as curvas que descrevem os níveis de infecção da doença nas 2 estratégias são praticamente iguais. Fato que demonstra a equivalência dos tratamentos. Alternativo Bactéria Convencional Bactéria 28/09/04 21/09/04 14/09/04 07/09/04 31/08/04 24/08/04 17/08/04 10/08/04 03/08/04 27/07/04 20/07/04 13/07/04 06/07/04 29/06/04 12 10 8 6 4 2 0 22/06/04 Densidade populacional Figura 8. Número médio de bactéria no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 18 Na Figura 8, também observamos um aumento de bactéria em meado de setembro, provavelmente em função das chegada das primeiras chuvas. Verifica-se ainda que este surto é maior na estratégia convencional. Fato que sugere uma maior experimentação dos produtos biológicos e naturais como alternativas ao controle químico no manejo desta doença. A Figura 9 mostra a produtividade de frutos maduros proporcionados por cada sistema de manejo. Observa-se também uma maior colheita na estratégia alternativa que produziu 131,7 ton/ha contra 117 ton/ha produzida na estratégia convencional. Um ganho de produtividade da ordem de 14,7 ton/ha, demonstrando mais uma vez a viabilidade técnica da adoção de pó de rocha natural e produtos biológicos no sistema de cultivo do tomateiro industrial. Na Figura 10, observamos a produtividade de frutos verdes, descoloridos e desintegrados. Nota-se que na estratégia alternativa foi obtido um maior número de frutos verdes, um menor número de frutos descoloridos e desintegrados. Estes resultados permitem inferir sobre uma maior qualidade do produto final com ganhos adicionais em premiações. Em cultivo precoce, outra hipótese viável seria a protelação da colheita para obtenção de uma maior produtividade de frutos maduros. (ton/ha) Figura 9 - Produtividade média de frutos maduros, no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 135,0 130,0 125,0 120,0 115,0 110,0 105,0 131,7 117,0 Fruto Maduro Convencional Alternativo 19 Figura 10 - Produtividade média de frutos verdes, descolcoridos e desintegrados no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 15,0 11,1 (ton/ha) 10,6 10,0 8,8 8,2 5,3 4,8 5,0 0,0 Fruto Verde Fruto Descolorido Convencional Fruto Podre Alternativo Figura 11 - Número médio de graus Brix avaliado em amostras do sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. 5 4,8 (Brix) 4,8 4,6 4,4 4,3 4,2 4 Brix Convencional Alternativo A Figura 11 relaciona o número médio de graus Brix avaliado em amostra de frutos colhidos no sistema convencional e alternativo. Observa-se que a utilização de Rocksil, Microgeo e defensivos naturais e biológicos proporcionou um ganho de 0,5 ponto no número médio de graus Brix. Este resultado é bastante interessante para a industria de processamento de tomate, pois permite maior conversão de matéria prima em produto acabado. 20 Na Tabela 5 observa-se o resultado do "screening" realizado pelo Dr. Eduardo Roberto de Almeida Bernardo (fitopatologista) sobre as amostras de solo recolhidas na área em estudo. Verifica-se no sistema alternativo um maior número de Pseudomonas spp. (7,0 x 10-5) e Actinomicetos (3,4 x 10-2). Fato que vai de encontro aos processos de agricultura sustentável, uma vez que incrementa as atividades de controle biológico pelo aumento de microrganismos antagonistas no solo e à ação dos antibióticos sobre as populações sensíveis (Pereira, 2005). Tabela 5 - Número médio de bactérias totais, Pseudomonas spp., Fungos totais e Actinomicetos no sistema convencional e alternativo. Uberlândia/MG, janeiro de 2005. Identificação Convencional Alternativo Bactérias totais 4,2 x 10-5 2,8 x 10-5 Pseudomonas spp. 5,0 x 10-5 7,0 x 10-5 Fungos totais 5,0 x 10-5 5,0 x 10-5 Actinomicetos 2,0 x 10-2 3,4 x 10-2 4. CONCLUSÃO De acordo com a metodologia utilizada e condições estabelecidas conclui-se que: A utilização dos produtos naturais (Rocksil e Microgeo) associados a produtos biológicos (Metarril, Boveril, Trichodermil e Bac Control), sistema alternativo, possibilita uma redução na utilização de produtos químicos para manejo de pragas e doenças na cultura do tomateiro para processamento industrial. O sistema convencional de manejo utiliza 32 produtos químicos para supressão populacional de pragas e doenças. O sistema alternativo de manejo utiliza 14 produtos químicos para supressão populacional de pragas e doenças. O sistema convencional de manejo apresenta um custo de R$ 2581,75 (Dois mil quinhentos e oitenta e hum reais, e setenta e cinco centavos), com produtos fitossanitários. O sistema alternativo de manejo apresenta um custo de R$ 2576,28 (Dois mil quinhentos e setenta e seis reais, e vinte e oito centavos), com produtos fitossanitários. 21 Do ponto de vista técnico, as estratégias envolvidas apresentam desempenho semelhante no controle fitossanitário de pragas e doenças. Em relação à produtividade de frutos maduros, observa-se a produção de 131,7 ton/ha na estratégia alternativa e 117 ton/ha na estratégia convencional. O sistema alternativo proporciona um ganho de produtividade da ordem de 14,7 ton/ha, de tomates maduros. Em relação à produtividade de frutos verdes, observa-se a produção de 10,6 ton/ha na estratégia alternativa e 8,2 ton/ha na estratégia convencional. Em relação à produtividade de frutos descoloridos, observa-se a produção de 4,8 ton/ha na estratégia alternativa e 11,1 ton/ha na estratégia convencional. Em relação à produtividade de frutos desintegrados, observa-se a produção de 5,3 ton/ha na estratégia alternativa e 8,8 ton/ha na estratégia convencional. Observa-se que a utilização de Rocksil, Microgeo e defensivos e biológicos proporcionou um ganho de 0,5 ponto no número médio de graus Brix. Em amostras de solo, verifica-se no sistema alternativo um maior número de Pseudomonas spp. (7,0 x 10-5) e Actinomicetos (3,4 x 10-2). As estratégias acima citadas, nas doses testadas e tecnologia utilizada não causam sintomas de fitotoxidez na cultura do tomateiro, podendo ser recomendado para programa de Manejo Integrado, em tomateiros para processamento industrial. LUIZ ONOFRE SALGADO JEFFERSON GITIRANA NETO Eng. Agr. CREA 6187/D Professor Titular-Doutor em Entomologia Universidade Federal de Lavras/UFLA Eng. Agr. CREA 73.209/D. Diretor Técnico - Mestre em Entomologia Agroteste - Pesquisa e Desenvolvimento 22 5 – BIBLIOGRAFIA DELPUECH, J.M.; GAREAU, E.; FROMENT, B.; ALLEMAND, R.; BOULETREAU, M. Effets de differentes doses d'un insecticide sur la communication par pheromones sexuelles du trichogramme, Trichogramma brassicae Bezdenko (Hymenoptera Trichogrammatidae). Annales de la Societe Entomologique de France, v. 35 (Supp), p. 514-516, 1999. EMBRAPA Meio ambiente. <www.cnpab.embrapa.br/pesquisas/projetos.html> Acesso em 27/01/05. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BATISTA, G. C. de; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A; ALVES, S. B.; VENDRAMIM, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, v.10, 2002. 327p. PEREIRA, J. C., Populações de Actinomicetos como componentes da comunidade bacteriana nos solos. Jornal do Endofítico. Embrapa Meio Ambiente <www.cnpab.embrapa.br/serviços/actino.html> Acesso: 26/01/04. 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