Edição #1

Transcrição

Edição #1
ANO I - Edição Nº 1
Brasil 2014
ENTREVISTAS
Dirigentes falam sobre
divulgação setorial
Pág. 10
FEIRAS & EVENTOS
Nãotecidos se destacam
na Hospitalar 2014 em SP
Pág. 8
Hospitalar
EM FOCO
INOVAÇÃO: estruturas
multicamadas para
cobertura de paredes
Pág. 6
Smart Jaqueta
Wall In TEX
PANORAMA DE MERCADO
TECNOLOGIA ABRE
NOVAS FRONTEIRAS
PARA OS TÊXTEIS
Pág. 3
Implantado em São Paulo
o Projeto Retalho Fashion
Pág. 7
Retalho Fashion
1
04/2014
EDITORIAL
O MUNDO SEGUNDO OS TÊXTEIS TÉCNICOS
Samuel Johnson disse certa vez: “Há conhecimentos de
dois tipos: sabemos sobre um assunto, ou sabemos onde
podemos buscar informações sobre ele”. Inspirados
nesta frase do célebre pensador britânico do século XVII,
perfeitamente atual nos dias de hoje, resolvemos lançar
esta publicação, voltada para o setor de têxteis técnicos.
Com abordagem jornalística por meio de matérias,
entrevistas e artigos especiais, vamos revelar ao leitor
uma indústria inovadora e fascinante, que têm crescido
tanto nos países desenvolvidos quanto nos emergentes.
E o que são têxteis técnicos? Esta categoria de produto,
desenvolvida para atender requisitos funcionais bem
determinados, inclui tecidos tecnológicos e nãotecidos.
A tecnologia empregada no desenvolvimento destes
materiais, sua constante inovação e o dinamismo
dos setores que os utilizam como automobilístico,
medicina, construção, agronegócio, vestuário esportivo
e profissional, etc., nos estimulou a criar um veículo
abrangente e diferenciado.
A proposta desta publicação é também se expandir,
tornando-se um canal de integração setorial. Para além
de informar sobre o que há de novidade no ramo dos
têxteis técnicos, queremos incentivar a disseminação do
conhecimento nas áreas da ciência e tecnologia. Nosso
propósito é atrair a atenção do mercado para uma
indústria que foi capaz de se reinventar, adaptando-se
às necessidades do mundo moderno, que preconiza
uma produção criativa e sustentável.
O lançamento de Têxtil Técnico Report coincide,
oportunamente, com a atual perspectiva do setor no País.
No mês de abril foi realizado no Rio de Janeiro, o I Fórum
Internacional de Inovação Têxtil - Presente e Futuro, que
trouxe um debate rico de ideias, experiências e propostas
inovadoras para o mercado brasileiro. Este evento é o
tema principal desta primeira edição, que traz também
notícias sobre o que acontece no mundo dos tecidos
técnicos e nãotecidos.
Boa leitura!
Marcia Mariano
Editora
EXPEDIENTE
TEXTIL TÉCNICO REPORT
Ano I / Número I
Diretora / Coordenação Executiva
Simone Jacob Paschoal
[email protected]
Gerente Comercial
Simone Storti
[email protected]
Conteúdo Editorial - Jornalista
Marcia Mariano MTB 16.770 - RJ
[email protected]
2
Distribuição: Mailing e Assinatura
Periodicidade: trimestral
Tiragem: 3.000 exemplares
Fone: 11 3805-8032
Celular : 11 98179-8993
Rua Paulo Bregaro, 455 Ipiranga
PARTICIPE!
Nós da Têxtil Técnico Report quemos ouvir você
Ajude-nos a fazer um informativo cada vez melhor.
Envie sua mensagem, comentários, sugestões,
[email protected]
04/2014
PANORAMA DE MERCADO
Texto: Marcia Mariano
O FUTURO DOS TÊXTEIS ESTÁ
NOS TECIDOS INTELIGENTES
Evento realizado no Rio de Janeiro reúne profissionais e acadêmicos
para discutir novas perspectivas para os têxteis técnicos.
I Fórum Internacional de Inovação Têxtil, realizado no Rio de Janeiro em abril.
O Brasil é o maior produtor e consumidor de tecidos
técnicos e nãotecidos da América do Sul, com produção
anual estimada em 600 mil toneladas e consumo
aparente de 690 mil toneladas/ano. Nos últimos cinco
anos, o número de empresas atuando neste setor
cresceu de 82 em 2008 para 88 em 2012 na área de
nãotecidos; e de 194 para 210 (mesmo período) no
segmento de tecidos técnicos, atesta pesquisa do IEMI
- Instituto Estudos e Marketing Industrial, especializado
em dados da cadeia têxtil.
Selectiva Moda (ASM) e a Associação Têxtil de Portugal
(ATP). As entidades internacionais acabaram de assinar
um importante acordo de parceria para a transferência
de tecnologia têxtil de Portugal para o Brasil, com
várias ações previstas ao longo dos próximos anos.
Entre os setores da economia brasileira que foram
cruciais para o crescimento deste mercado estão o
automotivo, calçadista, construção civil, infraestrutura
e indústria de higiene e limpeza. Mas ainda há muito
por desenvolver no país em termos de produtos
inovadores, de alto desempenho e de valor agregado.
Por esta razão foi realizado entre os dias 08 e 09
de abril no Senai-Cetiqt, Rio de Janeiro, o I Fórum
Internacional de Inovação Têxtil - Presente e Futuro.
O evento, organizado pela Abit (Associação Brasileira
da Indústria Têxtil e de Confecção), contou com apoio
da Associação Brasileira de Produtores de Fibras
Artificiais e Sintéticas (ABRAFAS); Senai-Cetiqt; Centro
Tecnológico das Indústrias Têxtil e de Vestuário de
Portugal (CITEVE), juntamente com a Associação
Uma exposição instalada no hall de entrada do
Senai-Cetiqt revelou aos participantes o que é possível
produzir com têxteis tecnológicos. “O setor têxtil e
de confecção do Brasil não se limita à moda. Temos
várias empresas que produzem têxteis técnicos, com
aplicação nas áreas médica, construção civil, no setor de
transportes, segurança, agribusiness entre outros. Temos
também alguns centros de pesquisas e universidades
desenvolvendo têxteis que a gente nem imagina, pois
ainda não estão no mercado. Tenho certeza que essa
parceria com o CITEVE, que possui expertise na área e
reúne as principais tecnologias têxteis da Europa, irá
mudar o patamar do Brasil neste setor em alguns anos”
comentou Rafael Cervone Netto, presidente da Abit.
O Fórum abordou sobre tecidos tecnológicos para
produção de vestuário, uniformes profissionais,
transportes, Forças Armadas, esportes, agricultura e
construção civil.
3
04/2014
PANORAMA DE MERCADO
O diretor geral do CITEVE, Antonio
Braz Costa, por sua vez, afirma
que este convênio irá fortalecer o
relacionamento com a entidade
têxtil brasileira. “Nosso trabalho
consiste em alertar as empresas
para as oportunidades na área de
têxteis técnicos. Esse fórum vai
trazer acesso às melhores produções
da Europa e brasileiras no âmbito
de têxteis técnicos e tecnológicos.
Esse segmento conseguiu restaurar
o setor em Portugal e hoje já
representa 25% do têxtil do nosso
país. Porque não teria sucesso no
Brasil?”, indagou Braz.
O evento foi divido em painéis
temáticos onde pesquisadores
e profissionais debateram sobre
cenário de mercado, inovação
tecnológica e novas oportunidades
de negócio. Entre as empresas
participantes estavam PSA Peugeot
Citroën, Solvay Rhodia Group, Invista,
Embraer, Cia. Cedro, Dini Têxtil,
Golden Química, Grupo Imbra, entre
outras.
Exemplo de e-textile, cortina com células
fotovoltaicas que recolhe energia do sol
durante o dia e emite luz à noite,
desenvolvida pela Têxteis Penedo, Portugal.
4
Diretor do CITEVE, Antonio Braz Costa.
Desafios da indústria brasileira
O empresário Aguinaldo Diniz
Filho, membro do conselho de
Administração da Cia. Cedro
Cachoeira e pertencente à 4ª geração
da família que fundou a tecelagem
em 1872 - considerada a mais antiga
do Brasil em funcionamento -, foi
convidado a fazer a abertura do
Fórum. Ele, que já presidiu a Abit por
duas gestões, disse que a grande
virada da indústria têxtil brasileira
se dará pela inovação. Diante das
perspectivas do acordo bilateral
entre Brasil e União Europeia (as
negociações envolvendo o bloco
Mercosul se arrastam há mais de
uma década sem avanços); Diniz
Filho lembrou que a Europa é
Tecido Vênus FR para uniformes de alta
proteção (EPIs) produzido pela Cia. Cedro.
destino de 20% das exportações
totais brasileiras. Porém, no que
se refere aos produtos têxteis, a
participação brasileira no mercado
internacional é ínfima. “A União
Europeia movimenta cerca de 120
bilhões de dólares em têxteis/
confecções por ano, se o Brasil
conseguisse exportar ao menos
5% deste volume, o salto da nossa
indústria seria enorme”, comentou
o empresário. Segundo dados
apresentados pela Abit durante
o evento, em 2013 o setor têxtil/
confecção brasileiro, que fatura
US$ 58 bilhões por ano, exportou
US$ 1.3 bilhão e importou US$ 6.8
bilhões. Por outro lado, a indústria
têxtil portuguesa comemora os
bons resultados obtidos em 2014.
Depois das dificuldades que o País
enfrentou por conta da crise que
abateu a Europa a partir de 2008, a
indústria local começa a dar sinais de
recuperação. Segundo a Associação
Têxtil e do Vestuário de Portugal
(ATP) as vendas em janeiro para o
exterior aumentaram 14%, frente
ao mesmo mês de 2013, alcançando
411 milhões de euros. A expectativa
dos empresários portugueses é
aumentar as exportações têxteis em
16% até 2018.
Peça com Emana® Denim, tecido inteligente
desenvolvido no Brasil, que absorve o calor
do corpo humano e o devolve sob a forma
de raios infravermelhos longos, estimulando
a microcirculação sanguínea.
04/2014
Futuro de oportunidades
O presidente da Abit, Rafael
Cervone Netto, destacou a
relevância dos tecidos técnicos
no mercado brasileiro. Segundo
ele, por conta do agronegócio,
os geotêxteis faturam cerca de
US$ 2 bilhões por ano, já o setor
de segurança é responsável por
impulsionar a venda anual de mais
de 500 mil coletes com blindagem.
“Com consumo aparente de 372 mil
toneladas/ano e faturamento da
ordem de U$ 20 bilhões, a indústria
que produz tecidos técnicos tem
hoje relevância dentro da cadeia
têxtil nacional”.
Em seguida, o economista
e diretor–executivo da Abit,
Fernando Pimentel, apresentou um
panorama da cadeia têxtil brasileira
e fez coro com seu colega Cervone
Netto. “Inovação é a saída definitiva
para a nossa indústria, que é a
maior e totalmente integrada
do continente sul-americano”.
Referindo-se ao estudo da Gherzi
Consulting sobre Valor Agregado
na Cadeia Têxtil Mundial, Pimentel
mostrou que os têxteis técnicos
movimentaram US$ 160 bilhões
em 2012 e a projeção até 2025 é
alcançar US$ 250 bilhões.
Entre os mercados de grande
potencial para as empresas de
têxteis técnicos no Brasil, Pimentel
apontou os setores: automotivo,
energia, aviação, ciências da vida e
do vestuário como sendo os mais
promissores.
O executivo da Abit enumera
oportunidades para novas fibras
e processos de fiação; para
acabamento digital (“fábrica do
futuro”), têxteis termoestáveis,
materiais compósitos e nãotecidos.
No campo da medicina e saúde,
por exemplo, novas aplicações
como estruturas têxteis usadas
como “implantes inteligentes”,
que auxiliam o organismo na
regeneração dos tecidos (auto-
cura). Na área de recursos naturais,
tecnologias têxteis podem ser
utilizadas como fontes de energia
renováveis, tais como tecidos com
células fotovoltaicas que absorvem
a luz. Destaque também para a
funcionalidade cada vez maior do
vestuário para a prática de esportes,
valorização do bem-estar, estética
e proteção além de acabamentos
e revestimentos de superfície que
dão propriedades e atributos como
antibacteriana, retardadores de
chama, impermeabilização, etc. No
campo industrial, aumento do uso
em telas para reforço e blindagem
a partir de compósitos com fibras
de vidro, fibras de carbono e fibras
cerâmicas.
Em perspectivas foram citados
como exemplo: fios de filamentos
auto-luminosos para aplicações
técnicas, integração de têxteis
com elementos eletrônicos, como
microcontroladores, sensores e
atuadores; maior desempenho de
estações de tratamento de águas
residuais com materiais de suporte
têxtil para micro-organismo e
têxteis adesivos.
“Há um caminho desenhado para
a nossa indústria, e vamos ter que
segui-lo para sermos inovadores.
Não dá mais para ficar vendendo
o almoço para comprar o jantar. A
indústria têxtil nacional, que tem
capacidade para fazer produto
básico, precisa investir também
nas especialidades. O setor têxtil
é o que enfrenta há mais tempo a
concorrência mundial e, portanto,
deve estar preparado para os novos
desafios de mercado”, finalizou o
diretor da Abit.
painel: Alta Performance Humana Esporte e Saúde.
Ela comentou sobre o experimento
desenvolvido na universidade para
aplicação em têxteis medicinais,
uma estrutura de fibra híbrida criada
a partir da combinação do polímero
natural liocel (celulose obtida a
partir do bagaço de cana de açúcar)
com a quitosana extraída da casca
do caranguejo. Biodegradável,
pode ser utilizada como membrana
de proteção bacteriana, aplicações
odontológicas ou bandagens para
regeneração óssea.
Silgia Costa garante que os testes
científicos provaram a eficácia do
experimento para fins medicinais.
O próximo passo é produzir a
malha com as fibras híbridas,
transformando-a num produto
em escala de produção. Agora, é
aguardar que alguma indústria
do ramo se interesse em investir
no projeto, para que o futuro dos
têxteis inteligentes se torne, de
fato, realidade no Brasil.
O encontro foi considerado pelos
organizadores como sendo muito
produtivo. Uma nova edição do
Fórum está prevista para 2015,
provavelmente em São Paulo.
Após a palestra de abertura
do Fórum, vários cases foram
apresentados pelos palestrantes
e especialistas convidados pelo
evento. Entre eles, a professora
Silgia da Costa, da Universidade de
São Paulo (USP), que participou do
5
04/2014
EM FOCO
EMANA® ATÉ NA HORA DE DORMIR
TÊXTEIS TÉCNICOS PARA AMBIENTES
O fio têxtil inteligente desenvolvido pela Rhodia,
empresa do Grupo Solvay, no Brasil, foi um dos
destaques do painel Performance Humana,
apresentado no Fórum Internacional de Inovação Têxtil.
A tecnologia, que absorve o calor do corpo humano e
o devolve sob a forma de raios infravermelhos longos,
estimula a microcirculação sanguínea na área da pele
que está em contato com a roupa. Baseado em estudos
feitos pela Unicamp, Gabriel Gorescu, gerente de
Inovação e Marketing da Rhodia, mostrou que Emana®
também contribui para recuperação muscular, no caso
de esforço físico repetitivo e anunciou que está em
fase de teste final uma nova aplicação para o produto,
a utilização em roupas de dormir. “Comprovada a
eficácia do Emana® no que se refere à redução da
fadiga muscular durante a atividade física, a aplicação
desta tecnologia em roupas intimas irá potencializar
também a recuperação muscular no momento de
repouso e relaxamento do corpo”, comenta o executivo.
A exposição de têxteis inteligentes não privilegiou
só vestuário. Duas peças para o setor de interiores
chamaram atenção dos visitantes no hall de entrada
da faculdade do Senai, o Wall In TEX, estrutura
compósito multicamadas para revestimento acústico,
com superfície decorada da Termolan Isolamentos S.A
e a cortina com células fotovoltaicas que “ilumina e
aquece” o ambiente à noite, da Têxteis Penedo, ambas
de Portugal.
SMART JAQUETA CONTRA O FRIO
Imagine uma jaqueta esportiva,
feita com três camadas distintas
de tecido – lã na parte interna
e poliamida na externa, que
conferem conforto ao corpo,
mesmo sob temperaturas de até
menos 50 graus Cº. Além disso,
é totalmente tecnológica, com
sensores de temperatura exterior,
medidores de ritmo cardíaco e
ainda vem com receptor de GPS
embutido que envia informações sobre a localização
usuário. Acompanhada de luvas com sistema de
aquecimento auto-regulável e pesando igual a uma
jaqueta de náilon comum, esta maravilha da engenharia
têxtil, lançada em 2012 pela P&R Têxteis, de Portugal, foi
um dos destaques do showroom do Fórum realizado no
Senai-Cetiq, Rio de Janeiro
CONFORTO ERGONÔMICO NA ROUPA
A marca mineira de moda masculina Kanzo expos no
evento de tecnologia têxtil o Moovexx, sistema inovador
de elástico interno que divide o cós da calça em duas
partes independentes: expande quando a pessoa
está sentada e encolhe quando fica em pé. Projetado
inicialmente para segmento de jeans, a peça pode ser
aproveitada em diversos outros tipos de vestuário como
uniformes profissionais e roupas para gestantes.
6
INTERFACE ENTRE MÁQUINA E PASSAGEIRO
A Embraer, empresa brasileira e 3ª maior fabricante
do mundo de aviões, marcou presença no I Fórum
Internacional de Inovação Têxtil. Segundo o
engenheiro João Paulo Feijão, responsável pela área de
Desenvolvimento de Produto da companhia, os têxteis
são usados no avião como carpete, forração lateral,
painéis e cortinas das aeronaves. Os bancos são de couro.
Ele disse que os fornecedores são basicamente dos
Estados Unidos. “É um produto de alto valor agregado,
mas de baixo volume. As empresas que atuam neste
mercado precisam oferecer tecidos dentro dos padrões
e especificações conforme normas internacionais. Uma
das características específicas dos têxteis para aviação
é sua maturidade, ou seja, precisa durar ao menos
10 anos mantendo propriedades de elasticidade,
ausência de pilling, abrasão, impermeabilidade e cores
indesbotáveis”.
DINI TÊXTIL MOSTRA PORTFÓLIO
Com capacidade mensal de 4 milhões de metros lineares
de tecidos voltados exclusivamente para o mercado
automotivo, a Dini Têxtil é uma das maiores indústrias do
setor. Localizada em Ferraz de Vasconcelos, São Paulo,
possui fiação, tecelagem, malharia retilínea além de setor
de dublagem e beneficiamento que inclui estamparia
digital e bordadeira. Um dos diferenciais da empresa
é trabalhar com fios reciclados. “Há montadoras que
exigem pelo menos 30% de fios reciclados em seu lote.
Cada 1 metro quadrado de tecido de poliéster reciclado
equivale a 56 garrafas PET retiradas da natureza. Isto nos
dá muita satisfação”, comenta Marcos Dini, sócio-diretor
da empresa.
DO VINIL AO TECIDO
Petras Amaral Santos, gerente corporativo de design
da Marcopolo S.A, também presente no painel sobre
têxteis industriais, disse que a aplicação dos tecidos no
interior dos ônibus trouxe mais conforto, personalidade
04/2014
e beleza aos veículos. “Até os anos 1980, as poltronas de
ônibus eram forradas com material sintético, conhecido
por vinil ou courvim, que tinham durabilidade e aspecto
de couro, mas não a aderência e conforto que só foi
possível com a introdução dos têxteis”. Santos disse
ainda que o Neoprene® (elastômero sintético) é ideal
para forração por sua durabilidade e toque aveludado
aconchegante. Outro produto utilizado pela Marcopolo
é a espuma viscoelástica que permite regulagem de
cabeça mais ergonômica das poltronas.
ESPECIALISTA EM BLINDAGEM
Com duas plantas industriais em Mauá e Rio de Janeiro,
o Grupo Imbra, 100% brasileiro, incorpora sete unidades
de negócios que atendem a diversos mercados na área
industrial. A empresa, que começou fabricando feltros no
final dos anos 1970, expandiu suas atividades em 1989
passou a atuar no segmento de balística. “Trabalhamos
com fios têxteis de alta performance e temos processo
de impregnação que nos permite construir estruturas
reforçadas para sistemas de proteção como coletes à
prova de balas masculinos e femininos, este último, uma
de nossas especialidades, pois está em conformidade
com a anatomia feminina”, detalha o diretor executivo,
Sergio Vaquelli.
NISSAN COMEÇA PRODUÇÃO NO BRASIL
Na contramão das previsões econômicas pessimistas,
a montadora japonesa consolidou sua presença no
mercado brasileiro, inaugurando no dia 15 de abril seu
complexo industrial de R$ 2,6 bilhões, em Resende
(RJ), com objetivo de atingir 5% de participação no
mercado brasileiro. Segundo a Anfavea, a produção
de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus
no Brasil bateu recorde histórico em 2013, alcançando
a marca 3,5 milhões de unidades. A nova fábrica da
Nissan tem capacidade para 200 mil carros/ano. A
empresa trabalha com cinco fornecedores japoneses,
todos instalados no polo industrial.
POLIAMIDAS PARA EXTRUSÃO
PROJETO RETALHO FASHION
Com mais de 60 anos de experiência, atualmente a BASF
é uma das empresas líderes do mundo em poliamida. O
polímero de extrusão Ultramid® baseado em PA6, PA6.6
e PA 6/6.6 é fornecido para mercados como embalagem,
monofilamentos (para produção de fios de alta
tenacidade, redes de pescas, cerdas em geral, etc.), bem
como para revestimentos de fios e cabos. Em 2012, a
BASF adquiriu o negócio de polímeros de poliamida (PA)
do Grupo Mazzaferro no Brasil, ampliando sua posição
no mercado de plásticos de engenharia e polímeros de
poliamida na América do Sul.
O Sinditêxtil-SP e a Prefeitura de São Paulo
assinaram no dia 24 de abril, o protocolo de
intenção para a implantação do projeto Retalho
Fashion, iniciado há sete anos, visa dar destino
ambiental aos resíduos gerados pelas indústrias
têxteis e de confecção. Segundo o sindicato, só
em São Paulo são gerados por dia mais de 20 mil
toneladas de retalhos e resíduos na região do Brás
e do Bom Retiro, onde se concentram mais de 1.500
estabelecimentos entre lojas, fábricas e oficinas de
costura. A ideia é fazer a coleta e triagem deste
material por meio de cooperativas de catadores
formalizados, e transporta-lo para usina de
reciclagem que ocupará uma área de 12 mil metros
quadrados, cedida pela prefeitura.
“Algumas indústrias como JF Fibras, Simpletex
e Ober S.A, já se comprometeram em comprar
os resíduos gerados pelo Retalho Fashion. Este é
um exemplo do setor têxtil que atende, de forma
pioneira, a Política Nacional de Resíduos Sólidos”,
destaca Alfredo Bonduki, presidente do SinditêxtilSP, que assinou o documento juntamente com o
Secretário de Serviços da Prefeitura, Simão Pedro e
o presidente da Amlurb, Silvano Silvério.
7
04/2014
FEIRAS & EVENTOS
NÃOTECIDOS CONFIRMAM TENDÊNCIA
DE CRESCIMENTO PELO MUNDO
Negócios voltados para o setor atraem visitantes em feiras na Europa e no Brasil.
Index é organizada a cada três anos em Genebra, na Suiça.
Enquanto a indústria global do vestuário debate
questões como ética comercial para inibir a exploração
de mão de obra em países pobres e defende a
restrição aos produtos de baixo custo vindos da Ásia,
os fabricantes de têxteis técnicos, em particular, de
nãotecidos, avançam na direção oposta. Otimistas com
o uso cada vez mais diversificado destes produtos em
substituição aos materais tradicionais em projetos como
construção civil, automotivo, agroindustria, medicina,
etc., a indústria dos nãotecidos é considerada hoje uma
das mais evoluídas e competitivas da cadeia de valor,
atuante no ramo de manufaturados têxteis se vê nos
países emergentes grandes oportunidades de negócios.
Prova disto foi a grande afluência de visitantes na última
edição da Index 14, maior feira do setor realizada de 8
a 11 de abril, em Genebra, na Suíça. Organizada pela
8
Crédito: PALEXPO SA
EDANA, associação européia de nãotecidos, a feira
reuniu 586 expositores e atraiu mais de 12.500 visitantes,
grande parte fora da Europa, que foram conferir as
novidades em máquinas e matérias-primas para os
produtores e convertedores que atuam no mercado de
têxteis técnicos. “Celebrando o 30º aniversário da Index
em Genebra, a feira permanece como a exposição mais
representativa da indústria de nãotecidos. Com mais
expositores do que edições anteriores, nós vemos isso
como um sinal que aponta para não só uma recuperação
nas economias globais, mas também para o perfil de
uma indústria saudável e diversificada”, disse Pierre
Wiertz, gerente geral da EDANA. A próxima edição da
feira, que é organizada a cada três anos, será em 2017,
de 4 a 7 de abril em Genebra.
04/2014
Mercado brasileiro
No Brasil também se verifica um aquecimento no
mercado de nãotecidos. Embora mais discreto do que
na Europa e Estados Unidos, até pelo próprio perfil das
empresas deste setor, geralmente avessas à divulgação
de seus investimentos, vendas e produção, o fato é que
nos últimos cinco anos têm se intensificado a produção
de naotecidos nas áreas da saúde, higiene, construção
e indústria automobilística. Novas fábricas têm se
instalado no País, como a Unicharm, que inaugurou,
recentemente, em Jaguariúna, interior de São Paulo,
a sua primeira fábrica na América Latina. Líder no
segmento de fraldas geriátricas no Japão, a companhia
aumentou suas vendas globais em 50% nos últimos
cinco anos. E há outros projetos de investimentos,
mantidos em segredo, por parte de empresas que
atuam no mercado de descartáveis, quase todos
visando modernização e aumento de capacidade. Não
foi por acaso que o CEO da Laroche para América Latina,
Francis Junker, ficou oito dias no Brasil, no mês de maio,
visitando indústrias para a venda de seus equipamentos.
Especializada na tecnologia airlay para produção de
nãotecidos, em máquinas para recuperação de resíduos
têxteis e processamento de fibras duras como juta,
linho, sisal, etc., a empresa francesa é um dos líderes em
seu segmento e já instalou no Brasil mais de 15 linhas
completas. “Há um mercado potencial no campo dos
têxteis técnicos no Brasil. Estou certo de que faremos
bons negócios em breve”, disse o francês durante sua
passagem por São Paulo. Outra demonstração da
importância dos nãotecidos foi revelada na Hospitalar
2014, considerada a maior feira internacional do setor
na América do Sul. Realizada em maio no ExpoCenter
Norte, em São Paulo, contou com 1.240 expositores de
34 países e atraiu cerca de 90 mil visitantes. Entre os
produtos mais divulgados na feira estavam as fraldas
descartáveis, cujo mercado somou R$ 4 bilhões em
2013, com a venda de 6,4 bilhões de unidades, segundo
atesta a empresa global de informações Nielsen. Na
próxima edição traremos as novidades desta feira.
ECONOMIA FORTE É FUNDAMENTAL
O engenheiro Laerte Guião Maroni, diretor da Ober S.A
- uma das maiores fabricantes de nãotecidos do País,
que participou do I Fórum Internacional de Inovação
Têxtil, realizado no Rio de Janeiro no mês de abril,
confirma o crescimento nas vendas. “É um mercado
que cresce de 9% a 10% ao ano, mas poderia ser
melhor se a economia brasileira crescesse no mesmo
ritmo, pois é o tipo do produto que acompanha o
poder aquisitivo das pessoas”. Maroni, que também
é diretor de relações com o mercado da Associação
Brasileira de Nãotecidos e Tecidos Técnicos (Abint),
diz que as entidades do setor têxtil e nãotecidos
estão estudando uma forma de trabalhar juntas para
o fortalecimento das ações em prol da divulgação
e fortalecimento do mercado dos têxteis técnicos.
Segundo ele, em 2015 será realizada a FINTT - Feira
Internacional da Indústria de Nãotecidos e Tecidos
Técnicos, no Anhembi em São Paulo. A expectativa é
de que o evento reúna em torno de 100 expositores e
atraia oito mil compradores.
“Hoje o consumo brasileiro de nãotecidos está
consolidado nas áreas de higiene, saúde e
automobilístico, mas os geossintéticos, por exemplo,
tem muito potencial para crescer, pois são utilizados
em barragens, estradas, etc. Espero que isso aconteça
se as obras de infraestrutura de que tanto o País precisa
deslanchem no ano que vem”, finalizou Maroni.
9
04/2014
ENTREVISTAS
O QUE DIZEM OS DIRIGENTES SOBRE
DIVULGAÇÃO SETORIAL
Após o I Fórum Internacional de Inovação Têxtil, realizado
no Rio de Janeiro, Têxtil Técnico Report entrevistou o
presidente da Abit, o engenheiro Rafael Cervone Netto,
maior entusiasta do evento e apaixonado pela área
de têxteis técnicos e também o economista Fernando
Pimentel, CEO da entidade, e profundo conhecedor do
mercado têxtil nacional. Acompanhe:
TTR: Como avalia a primeira edição do Fórum de
Inovação que aconteceu em abril no Senai/Cetiqt?
Pimentel: Vimos esta primeira edição como um grande
sucesso com perspectivas excelentes para os próximos
anos . Tivemos um público relevante, palestras e
discussões de alto nível e saímos com ainda mais certeza
o segmento de têxteis técnicos e tecnológicos têm um
potencial de mercado espetacular em nosso País.
TTR: Qual a importância da parceria com o CITEVE
para o desenvolvimento de novas ações no âmbito
dos têxteis técnicos no Brasil?
Rafael Cervone: Nosso relacionamento com o CITEVE
vem de longa data. No entanto, somente agora
formalizamos um Acordo de Parceria que abrange várias
iniciativas no âmbito da pesquisa e inovação. A primeira
ação prevista era justamente esse Fórum Internacional
de Tecidos Técnicos e Não Tecidos que conseguimos
realizar em abril, no Rio de Janeiro. O CITEVE é um
centro de pesquisas extremamente avançado e por
isso a parceria é fundamental para estimular e aplicar a
inovação no Brasil.
TTR: Quais são as perspectivas deste segmento para
o desenvolvimento da cadeia têxtil brasileira?
Pimentel: Este segmento, segundo consultoria
internacional, movimenta no mundo algo em torno de
US$ 160 bilhões anualmente e vem crescendo a taxas
superiores a 5% aa . No Brasil representa algo como
5% do mercado total tendo, porém, uma infinidade de
oportunidades nos setores de construção, esportes ,
medicina , fardamentos especializados , automotivo
e aeronáutico entre outros . Considerando os
investimentos em infraestrutura que o Brasil terá que
fazer, teremos um mercado fortemente demandado
por um largo período de tempo. Além disso, é muito
importante frisar o potencial de inovação existente
neste segmento industrial, bem como as oportunidades
10
de formação de joint ventures e acordos operacionais
com empresas estrangeiras. Esta área também é muito
promissora para o registro de patentes o que poderá
ensejar para as empresas mais inovadoras ganhos
significativos.
TTR: Na sua avaliação, quais os principais desafios
que o setor têxtil deve enfrentar para se tornar mais
dinâmico e competitivo?
Rafael Cervone: Os desafios são de toda a indústria de
transformação, pois envolve “custo Brasil”, burocracia,
infraestrutura, leis trabalhistas e carga tributária.
Especialmente na área de pesquisa, o Governo
disponibiliza várias linhas de financiamento, tanto
pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Industrias
e Comércio Exterior) quanto pela FINEP (Financiadora
de Estudos e Projetos), mas a burocracia ainda é muito
grande. Porém, para algumas pequenas e médias
empresas, o cartão BNDES já facilitou alguns processos,
como certificações.
TTR: Que produtos inovadores o mercado brasileiro
poderá ter em breve?
Rafael Cervone: Já temos muita coisa no mercado que
as pessoas desconhecem, visto que as maiores pesquisas
não estão no vestuário, mas há avanços também na
medicina, construção civil, automotivo, dentre outros.
No vestuário, as inovações são mais na área esportiva e
de uniformes de proteção.
TTR: Apesar de consolidado no País, há pouca
divulgação deste segmento no Brasil. Qual a
importância de se ter uma mídia especializada para
a promoção da indústria de têxteis técnicos e tecidos
inteligentes?
Pimentel: Acredito que o setor ainda tem muito espaço
para crescer e inovar. Existe sim um parque produtivo
já instalado que vem obtendo bons resultados, porém
ainda temos bastante chão pela frente. Com relação à
existência de uma publicação especializada nos têxteis
técnicos e tecnológicos, vejo com muito interesse e
entusiasmo dado que esta mídia poderá disseminar
conhecimento e informação sobre um mercado tão
promissor dentro da cadeia produtiva de têxteis e
confeccionados do Brasil.
04/2014
TTR: É possível no Brasil haver sinergia entre a
indústria e as entidades de ensino, a exemplo do que
ocorre na Europa e em outros países?
Rafael Cervone: Estamos elaborando a nova Agenda
Estratégica para o Setor, agora até 2030, com a
participação do governo, empresários, entidades de
classe e academia. No ano passado, dentro dessa
iniciativa, o MDIC proporcionou uma integração
entre as nossas escolas de tecnologia têxtil com as
Universidades da Carolina do Norte e Universidade de
Duke (ambas nos EUA), que são centros de excelência
em pesquisa, desenvolvimento e testes laboratoriais
para tecidos e roupas. Agora, os americanos virão visitar
as nossas instituições e em todas essas iniciativas, temos
a presença de empresários. Essa dinâmica tenderá a
aumentar nos próximos anos. As empresas não têm em
suas plantas espaço para pesquisa e testes, por isso a
necessidade de fazer parcerias com centros de pesquisa.
TTR: Haverá nova edição do Fórum em 2015? Quais
as próximas ações da Abit para dar continuidade ao
evento?
Rafael Cervone: Abit já está estudando um formato
diferente para o Fórum em 2015, selecionando as áreas
com maiores perspectivas de crescimento no Brasil,
aprofundando esses segmentos e trazendo vários
especialistas, ou seja, um pouco diferente do que
fizemos neste ano, quando abordamos um panorama
geral de vários segmentos onde os tecidos técnicos e
não tecidos são usados, para promover mesmo uma
visão global do setor. Também já nos reunimos com
a ABINT para estudar a possibilidade de parceria. Por
enquanto, fizemos a avaliação do primeiro Fórum,
encontramos muitos pontos positivos, mas também
algumas coisas que precisam ser melhoradas. Mas, no
geral, achamos que foi excelente.
Pimentel: Estamos avaliando se o próximo Fórum de
Inovação ocorrerá como um evento independente
ou integrado a outras manifestações voltadas a este
segmento de mercado. Estamos conversando com
outras instituições sobre isto, porém ainda não há
uma decisão fechada. Sabemos, porém, que dentro
do formato que for teremos, em 2015, mais uma
edição do fórum. Os resultados da primeira edição nos
encorajaram a prosseguir com esta importante iniciativa
que mixou, de forma muito relevante, a indústria,
academia, pesquisadores , estudantes e instituições
governamentais . Este conjunto de atores foi e será
fundamental para desenvolvermos de mais plataformas
inovadoras, sustentáveis e portadoras de futuro. É o que
eu acredito.
Fernando Pimentel (diretor) e Rafael Cervone Netto (presidente da Abit).
11
04/2014
AGENDA TTR
NACIONAL
INTERNACIONAL
FEBRATEX 2014
Data: 12 a 15 de agosto
Local: Parque Vila Germânica - Blumenau - SC
www.febratex-com.br
__________________________________________
IFAI EXPO 2014
Data: 14 a 16 de outubro
Local: Minneapolis, MN - Estados Unidos
TECNOTÊXTIL BRASIL 2015
Data: 7 a 10 de abril
Local: ExpoCenter Norte - Pavilhão Azul - SP
ADVANCED TEXTILES - 13 de outubro
SPECIALTY FABRICS - 14 de outubro
http://ifaiexpo.com
__________________________________________
Eventos paralelos:
ENT BRASIL - EXPOSIÇÃO DE
EQUIPAMENTOS PARA INDÚSTRIA
DE NÃOTECIDOS E TECIDOS TÉCNICOS
SERITEX - FEIRA DE SERIGRAFIA E TECIDOS
www.tecnotextilbrasil.com.br
__________________________________________
FINTT - 1ª edição
Feira Internacional da Indústria
de Nãotecidos e Tecidos Técnicos
Data: 15 a 17 de setembro de 2015
Local: Pavilhão de Convenções do Anhembi São Paulo - SP
www.fintt.com.br
12
Eventos paralelos:
TECHTEXTIL 2015
Data: 4 a 7 de maio
Local: Messe Frankfurt - Alemanha
https://techtextil.messefrankfurt.com
Eventos paralelos:
TEXPROCESS - FEIRA DE TECNOLOGIA
PARA MATERIAIS FLEXÍVEIS

Documentos relacionados