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Transcrição

Efeitos do envelhecimento e
do treinamento físico sobre a capacidade de
reserva em homens destreinados
Gustavo Ribeiro da Mota1 e Sebastião Gobbi2
Effects of aging and physcal
training on the reserve
capacity of untrained men
Gustavo Ribeiro da Mota1 e Sebastião Gobbi2
Resumo
O objetivo deste trabalho foi verificar se o
treinamento físico (TF) altera a capacidade
de reserva (CR) e se existem diferenças entre jovens e idosos com relação à mesma. A
CR foi definida como a diferença entre o
limiar de lactato (PLL) e a potência máxima
(PM) em teste incremental. Trinta e dois
homens foram divididos em quatro grupos:
idosos treinamento (IT) e controle (IC), jovens treinamento (JT) e controle (JC), com
média de idade de 64,6; 63,9; 21,3 e 24,9
anos, respectivamente. Para a determinação
da CR, os indivíduos empreenderam um teste incremental (cicloergômetro) com aumentos da carga a cada 2 minutos, sendo de 12,5
Abstract
The purpose of this study was to
determine whether physical training (PT)
alters reserve capacity (CR) and whether
there are differences between young
persons and the elderly with respect to
CR. Reserve capacity was defined as the
difference between power at lactate
threshold (PLT) and maximum power
(MP), as determined by an incremental
test. Thirty-two male subjects were
assigned to one of four groups: elderly in
training (IT), the elderly persons control
group (IC), young persons in training (JT)
and the young persons control group (JC),
with a mean age of 64 .6; 63 .9; 21 .3 and
1 Mestre em Ciências da Motricidade Humana, UNESP, Rio Claro,SP, Brasil
1 Coordenação Educação Física, UNIP, Araraquara e Bauru, SP, Brasil
2 Professor Doutor do Departamento de Ed. Física, UNESP, Rio
Claro,SP,Brasil
agradecimentos ao Prof. Dr. Vilmar Baldissera – UFSCar, São
Carlos,SP,Brasil e ao CNPq.
Endereço para correspondência:
Rua Cezário Romani, 158 – Ed. Coral AP 14 – Jd. Campos Prado
17208-749 - Jaú - SP
Fone: (14) 624-6056
Fax: (14) 622-9398
E-mail: [email protected]
1 Masters Degree in Human Motricity Sciences, UNESP, Rio Claro, SP, Brazil
2 Physical Education Coordination, UNIP, Araraquara and Bauru, SP, Brazil
2 Professor Doctor in the Physical Education Department, UNESP, Rio
Claro, SP, Brazil
Thanks to Professor Doctor Vilmar Baldissera – UFSCar, São Carlos, SP,
Brazil and to CNPq.
Contact Address:
Rua Cezário Romani, 158 – Ed. Coral AP 14 – Jd. Campos Prado
17208-749 - Jaú - SP
Telephone number: (14) 624-6056
Fax number: (14) 622-9398
E-mail: [email protected]
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício Volume 2
watts (idosos) e 25 watts (jovens). Em repouso e ao final de cada estágio coletavamse 25µl de sangue para posterior análise da
lactacidemia ([La]). A PLL era determinada
através do método de inspeção visual, considerando-a como sendo a intensidade de
esforço anterior a um aumento abrupto da
[La]. A PM foi considerada como a potência
mais alta encontrada no teste. Após isso, os
indivíduos treinavam 3 dias por semana,
durante 3 meses. Antes do início da 7a semana e ao final do experimento, os indivíduos
realizaram novamente o teste para ajustes
na carga do TF e encerramento do estudo,
respectivamente. A sessão de TF consistia
de 25 minutos de parte principal (PP) com
intensidade de 100% da PLL. A cada semana acrescentavam-se 2 minutos à PP, de maneira que na 12a semana de treinamento a
mesma tinha uma duração de 47 minutos.
Os resultados demonstraram que os idosos
apresentaram uma CR menor em relação aos
jovens. Conclui-se que o TF parece não alterar a CR e que idosos têm menor CR em
relação aos jovens.
Palavras-chave: envelhecimento, treinamento físico, capacidade de reserva, limiar
de lactato.
1) Introdução
O envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis, como genética, estilo de vida e doenças crônicas, as
quais interagem entre si, influenciando
grandemente a maneira como se envelhece
(ACSM, 1998). Sabe-se que com o envelhecimento ocorrem acentuadas alterações fisiológicas que são potencialmente negativas
à performance motora e a qualidade de vida
das pessoas (Evans, 1999). O limiar de
lactato (LL) tem sido um dos índices fisiológicos mais investigados da fisiologia do
exercício (Brooks, 1985; Davis, 1985;
24 .9 years, respectively. In order to
determine CR, subjects were subjected to
an incremental test (ergometric bicycle)
with a load increase corresponding to 12
.5 watts (for both groups of elderly
subjects) and 25 watts (for both groups of
young subjects) every 2 minutes. A bload
sample of 25µl was collected at rest and
at the end of each stage for lactate
concentration ([La]) analysis. PLT,
defined as intensity of effort prior to an
abrupt [La] increase, was determined by
visual inspection. MP was defined as the
highest level of power found in the test.
Subjects subsequently trained three days
a week for 3 months. At the outset of the
seventh week and at the end of the
experiment, subjects were subjected to
new tests, in order to adjust the PT and to
finish the study. The PT session consisted
of a 25-minute main section with an
intensity corresponding to 100% of the
PLT. Every week, 2 minutes were added to
the main section, so that, by the twelfth
week of training, the main section had a
duration of 47 minutes. According to the
results, elderly subjects presented a lower
CR in comparison to young subjects. It
was concluded that PT does not seem to
alter the CR and that elderly persons
possess a lower reserve capacity than
young persons.
Keywords: aging, physical training,
reserve capacity, lactate threshold.
1) Introduction
Aging is a complex process involving
many variables, such as genetics, lifestyle
and chronic diseases, that interact to
influence the manner in which one ages
(ACSM, 1998). It is known that aging
brings sharp physiological changes that
are potentially harmful to the people’s
30
Wasserman et al. 1986). Tal interesse se deve
principalmente a sua grande contribuição à
predição de performance em eventos atléticos de longa duração (Farrell et al., 1979;
Kumagai et al., 1982), avaliação dos grandes sistemas fisiológicos recrutados durante o estresse físico (Wasserman, 1984), principalmente em um acompanhamento longitudinal do treinamento aeróbio (Kohrt et al.
1989) e prescrição da intensidade adequada
de treinamento (Dwyer, Bybbe, 1983;
Kokubun, 1996). No entanto, sabe-se relativamente pouco sobre o LL em indivíduos
mais velhos quando comparado aos jovens
(Seals et al., 1984; Posner et al., 1987;
Belman et al., 1991; Massé-Biron et al.,
1992; Takeshima et al., 1993; Takeshima et
al., 1996; Bazzano et al., 1998). Apesar do
relativamente pequeno número de estudos
que investigam o LL em indivíduos idosos
submetidos a testes de caráter incremental,
uma alteração que tem sido reportada na literatura é a diminuição da capacidade de
reserva (CR) à medida que se envelhece
(Iredale, Nimmo, 1997; Wiswell et al., 2000).
A CR tem sido definida como sendo a diferença existente entre o LL e o consumo máximo de oxigênio (VO2MÁX) (Iredale, Nimmo,
1997). Considerando que o LL tem sido classificado como um marco entre a preponderância dos metabolismos aeróbio e
anaeróbio (Wasserman, 1984), pode-se inferir que, em linhas gerais, a CR representa a
capacidade de execução de atividades de
alta intensidade e, conseqüentemente, curta
duração onde o metabolismo anaeróbio para
a produção de energia prepondera sobre o
aeróbio. Apesar da perda da CR para trabalhos vigorosos estar intimamente relacionada ao processo de envelhecimento e queda
no , especula-se que esse fenômeno seja resultado de uma menor oportunidade dos idosos participarem de atividades de alta intensidade (Cunningham et al., 1985). Desta
maneira, sugere-se que quanto maior a CR,
motor performance and quality of life
(Evans, 1999). Lactate threshold (LT) has
been one of the most commonly
investigated physiological indicators in
exercise physiology (Brooks, 1985; Davis,
1985; Wasserman et al. 1986). This
interest is mostly due to LT’s significant
contribution to the prediction of
performance in long-duration athletic
events (Farrell et al., 1979; Kumagai et
al., 1982), and to the evaluation of major
physiological systems during physical
stress (Wasserman, 1984), mostly in
relation to the longitudinal monitoring of
aerobic training (Kohrt et al. 1989) and
the prescription of adequate training
intensity (Dwyer, Bybbe, 1983; Kokubun,
1996). Nevertheless, little is known about
the LT in older individuals as compared
to younger ones (Seals et al., 1984; Posner
et al., 1987; Belman et al., 1991; MasséBiron et al., 1992; Takeshima et al., 1993;
Takeshima et al., 1996; Bazzano et al.,
1998). Although there are relatively few
studies investigating LT in elderly
individuals submitted to incremental tests,
literature does report decrease in reserve
capacity (CR) an age-related (Iredale,
Nimmo, 1997; Wiswell et al., 2000).
Reserve capacity has been defined as the
difference between LT and maximum
oxygen consumption (VO2MÁX) (Iredale,
Nimmo, 1997). Considering that the LT has
been classified as a line of demarcation
between a primarily anaerobic and a
primarily
aerobic
metabolism
(Wasserman, 1984), one can infer that, in
general terms, CR represents the capacity
to perform activities of high intensity and,
consequently, of short duration, in which
the anaerobic metabolism for the
production of energy prevails over the
aerobic one. Despite the fact that a
decrease in CR for vigorous activities is
intimately related to the aging process and
31
maior também a possibilidade de sucesso em
atividades de curta duração e alta intensidade.
É sabido que a participação em atividade física regular propicia um grande número de respostas favoráveis que contribuem para um
envelhecimento mais saudável (ACSM, 1998;
Evans, 1999). Iredale e Nimmo (1997) afirmam
que a redução na CR pode ter implicações para
a manutenção da mobilidade e independência de uma população idosa, já que ela representaria a capacidade para desempenhar trabalhos vigorosos, isto é, realizados
anaerobiamente. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar se o TF altera a CR em homens destreinados (efeitos do treinamento) e
se existem diferenças entre jovens e idosos
(efeitos do envelhecimento) com relação à
mesma.
2) Metodologia
2.1) Amostragem
Para o desenvolvimento deste estudo foram
recrutados 32 (trinta e dois) voluntários do
sexo masculino, sendo que 16 (dezesseis) pertenceram ao grupo denominado jovens (GJ) e
16 (dezesseis) ao grupo de idosos (GI). Todos
voluntários passaram antes por um processo
de pré-seleção. O processo de pré-seleção dos
voluntários foi realizado visando recrutar apenas as pessoas que se enquadrassem nos seguintes critérios de inclusão e/ou exclusão:
a) Para GI: pertencer ao sexo masculino, possuir idade superior a 60 anos;
não tomar regularmente drogas com
características de betabloqueadores ou
para doença crônica obstrutiva pulmonar; não fumar, ou ter parado de fumar
por pelo menos um ano; não apresentar doença cardio-vascular, pulmonar
obstrutiva crônica ou diabetes; não ser
hipertenso (pressão arterial sistólica
superior ou igual a 160 mmHg e
diastólica superior ou igual a 95 mmHg
the decline of , it has been speculated that
this phenomenon is the result of elderly
individuals’ reduced opportunities for
participation in high-intensity activities
(Cunningham et al., 1985). Therefore, it
has been suggested that the higher a
person’s CR, the higher their possibility
of succeeding in short-duration, highintensity activities. It is known that
participation in regular physical activity
is conducive to a great number of
favorable responses that contribute to
healthier aging (ACSM, 1998; Evans,
1999). Iredale e Nimmo (1997) state that
a decrease in CR may have implications
for the maintenance of mobility and
independence in an elderly population,
since it would represent the capacity to
perform vigorous, i.e., anaerobic
activities. Thus, the purpose of this study
was to establish whether PT alters the CR
of untrained males (training effects) and
whether there are differences between
young and elderly individuals with
respect to CR (aging effects).
2) Methods
2.1) Sampling
Thirty-two males volunteered for this
study. Sixteen were assigned to the young
group (YG) and the other sixteen to the
elderly group (EG). All volunteers went
through a pre-selection process, whose
inclusion/exclusion criteria were as
follows:
a) EG: male; older than 60; not taking
beta-blockers or drugs for chronic
obstructive pulmonary disease
(COPD); non-smoker or have
stopped smoking for at least a year;
not to present cardiovascular or
COPD; not diabetic or suffering
from hypertension (systolic arterial
32
na condição de repouso); não estar com
IMC (índice de massa corporal) acima
de 27 kg/m2 (Heyward, 1998) e não
estar, no momento do recrutamento,
participando de qualquer programa de
atividade física regular ou não se exercitar mais que 1 vez por semana por
um período de pelo menos 1 ano.
b) para GJ: as condições necessárias para
participar deste grupo foram as mesmas que as dos I, com exceção da idade que poderia variar entre 18 (dezoito) e 30 (trinta) anos.
Antes de iniciarem o estudo, todos foram
informados dos procedimentos e riscos envolvidos no experimento, responderam uma
anamnese clínica e pessoal e assinaram um
termo de consentimento. Após a realização do
processo de pré-seleção, os voluntários empreenderam um teste ergométrico, em esteira
rolante, utilizando-se do protocolo de Bruce,
para monitorização através do ECG. Os indivíduos que apresentaram respostas consideradas anormais seriam excluídos do trabalho.
Após a aprovação do médico cardiologista, os
sujeitos foram liberados para participarem do
experimento. Os voluntários foram distribuídos aleatoriamente nos seguintes grupos experimentais, como demonstra a Tabela 1.
pressure greaten than or equal to
160 mmHg and diastolic greater
than or equal to 95 mmHg at rest);
a body mass index (BMI) lower than
27 kg/m2 (Heyward, 1998); and not
participating in any regular
activity program at the moment of
recruitment or not having exercised
more than once a week for at least
a year.
b) YG: same conditions as above,
except for age, which must range
from 18 to 30 years.
Before taking part in the study, all
volunteers were informed of the
procedures to be followed and risks
involved, completed a clinical and
personal history, and signed a consent
form. After the pre-selection process, they
performed a treadmill ergometric test,
following the Bruce protocol for
electrocardiogram (ECG) monitoring.
Those who presented responses
considered abnormal were excluded. Once
approved by the cardiologist, subjects
were authorized to participate in the
experiment. The volunteers were randomly
distributed in the experimental groups,
according to Table 1.
Tabela 1 - Grupos e condições experimentais
Table 1 - Experimental groups and conditions
GRUPO / GROUP
CONDIÇÃO / CONDIÇÃO
IDOSOS CONTROLE (IC)
ELDERLY PERSONS CONTROL GROUP (IC)
Idosos destreinados mantidos sem treinamento físico /
Untrained elderly individuals maintained without
physical training
IDOSOS TREINAMENTO (IT)
ELDERLY IN TRAINING (IT)
Idosos destreinados submetidos ao protocolo de
treinamento físico / Untrained elderly individuals
submitted to physical training protocol
JOVENS CONTROLE (JC)
YOUNG PERSONS CONTROL GROUP (JC)
Jovens destreinados mantidos sem treinamento físico /
Untrained young individuals maintained without physical
training
JOVENS TREINAMENTO (JT)
YOUNG IN TRAINING (JT)
Jovens destreinados submetidos ao protocolo de
treinamento físico / Untrained young individuals
submitted to physical training protocol
33
A Tabela 2 apresenta as características da
amostra recrutada
Table 2 presents characteristics of the
recruited sample.
Tabela 2 - Grupos experimentais, idade em anos, estatura em metros (m) e peso corporal em quilos (Kg) (média ±
desvio padrão). Idosos treinamento (IT), Idosos controle (IC), Jovens treinamento (JT) e Jovens controle (JC)
Table 2 - Experimental groups, age in years, stature in meters (m) and body weight mass in kilograms (Kg) (mean ±
standard devitation). Elderly in training (IT), Elderly persons control group (IC), Young in training (JT) and Young
persons control group (JC)
Grupos / Groups Idade (anos) / Age (years) Estatura (m) / St at ure (m) Peso (kg) / Weight (k g)
IT
64.6± 4.7
1.78±0.06
77.56±6.63
IC
63.9±3.7
1.74±0.06
75.5±11.1
JT
21.3±2.8
1.81±0.04
77.9±6.3
JC
24.9±4.0
1.80±0.04
75.9±6.9
2.2) Instrumental
2.2) Experimental Design
A capacidade de reserva (CR) foi determinada como sendo a diferença entre o valor
da potência no limiar de lactato (PLL) e da
potência média (PM). Como ambos, PLL e
PM, foram expressos em watts, a CR também assim o foi. Para a determinação do LL,
os voluntários empreenderam um teste, em
cicloergômetro mecânico (Monark, Brasil),
com cargas incrementais. O teste foi realizado obedecendo aos seguintes procedimentos: iniciou-se com 2 minutos de aquecimento (sem carga alguma). Após esse período de
aquecimento, a carga era incrementada de 2
em 2 minutos até a exaustão voluntária máxima. Em todos os momentos as rotações por
minuto (RPM) foram mantidas em 50, conforme o preconizado pelos fabricantes do
cicloergômetro. O padrão de incremento da
carga diferiu entre os grupos I e J. Para os I, o
incremento foi de 12,5 watts a cada 2 minutos. Para os J o aumento da carga foi de 25
watts a cada 2 minutos. Utilizando-se luvas
cirúrgicas descartáveis, após assepsia local
com álcool e punção com a utilização de
Reserve capacity (CR) was defined as
the difference between the values of
power at lactate threshold (PLT) and
maximum power (MP). Because both PLT
and MP were expressed in watts, CR was
also expressed in watts. In order to
determine LT, volunteers submitted to
testing on a mechanical cycle-ergometric
(Monark, BR), with incremental
workloads. The test commenced with a 2minute warm-up (no workload). The
workload was then incremented every 2
minutes up to the maximum voluntary
exhaustion. Rotations per minute (RPM)
were maintained constant at 50 rpm,
following the recommendations of the
bicycle manufacturer. The workload
incremental pattern differed between
elder young groups. The increment for the
elders corresponded to 12.5 watts every 2
minutes , for the young subjects 25 watts
every 2 minutes. Using disposable
surgical gloves, and following local
asepsis with alcohol and puncture with a
34
lanceta descartável, em repouso e ao final
de cada estágio, foram coletados 25
microlitros (µl) de sangue, do lóbulo da orelha, em capilares calibrados e heparinizados.
Após a coleta de cada amostra, passava-se
algodão na superfície do lóbulo para a retirada de possíveis gotas de suor, as quais poderiam contaminar as amostras. O sangue era
armazenado em tubos do tipo eppendorf que
continham 50 µl de fluoreto de sódio a 1%.
Imediatamente, após a coleta, os tubos eram
lacrados e mantidos sob refrigeração. Após
aproximadamente 24 horas, o sangue era
analisado. A preparação do material de coleta, a própria coleta do sangue, bem como
sua dosagem, foi sempre executada por um
único pesquisador e realizada no Laboratório de Biodinâmica da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Campus de Rio Claro (SP), em lactímetro YSI 1500-Sport (USA),
para a quantificação da concentração de
lactato sangüíneo ([La]). O LL foi determinado através do método de inspeção visual,
realizado por dois observadores, considerando-o como sendo a carga imediatamente
anterior a um aumento abrupto e sustentado
da [La] em relação à potência produzida
(Davis et al., 1976; Wasserman et al., 1986).
Quando a visualização e, assim, determinação do LL por parte dos observadores era
controversa e/ou a identificação era impossível, devido à distribuição dos pontos, o teste
de determinação do LL era realizado novamente o mais rápido possível. Além do sangue, foi coletada ao final de cada estágio a
percepção subjetiva de esforço (PSE), através
da indicação por parte do voluntário de uma
nota da escala de Borg. A escala variava de 6 a
20, sendo que o valor 6 era algo abaixo de
‘muito, muito leve’ e 20 acima de ‘muito, muito pesado’. A PM foi definida como a carga ou
potência mais alta encontrada no teste
incremental, que foi mantida por pelo menos
dois minutos, com a manutenção da RPM no
nível indicado previamente.
disposable lancet, 25 µl of blood were
collected from volunteers’ ear lobes in
calibrated, heparinized capillary tubes,
at rest and at the conclusion of each stage.
After each sample collection, cotton wool
was rubbed on earlobe surfaces to remove
any sweat drops, which might
contaminate the samples. Blood was stored
in Eppendorf tubes containing 50 µl of
sodium fluorate 1%. Immediately after the
collection, the tubes were sealed and
stored under refrigeration. After
approximately 24 hours, the samples were
analyzed. Preparation of the collecting
material, blood collection and blood
dosing were performed by a single
researcher in the biodynamics laboratory
at the Rio Claro (SP) campus of the State
University of São Paulo (UNESP), who
used a YSI 1500-Sport (USA) lactometer
in order to quantify blood lactate
concentration ([La]). The LT was
determined through the visual inspection
method by two observers, under the
assumption that LT consists of the
workload immediately previous to an
abrupt and sustained [La] increase in
response to the power produced (Davis et
al., 1976; Wasserman et al., 1986). When
the visual inspection and, therefore, the
LT determination was contradictory and/
or the identification was impossible due
to the distribution of data points, the LT
determination test was repeated as soon
as possible. Perceived effort (PE) was also
assessed at the end of each stage, through
self-monitoring by volunteers using the
Borg scale . This scale ranges from 6 to
20, with 6 corresponding to something less
than ‘very, very light’ and 20 to something
more than ‘very, very heavy’. MP was
defined as the highest load or power
maintained for at least 2 minutes, with
revolutions per minute maintained at the
level previously indicated.
35
2.3) Protocolo de Treinamento Físico
2.3) Physical Training Protocol
Para verificar a influência ou os efeitos do
treinamento físico regular sobre a CR, os
grupos IC e JC não participaram desta parte
do estudo. Ao contrário os voluntários pertencentes a esses grupos eram mantidos sem
treinamento físico. No entanto, os grupos IT
e JT empreenderam o seguinte protocolo de
treinamento físico:
a) Freqüência semanal: o treinamento
foi constituído de 3 sessões semanais
em dias alternados. Considerando-se
a possibilidade de ausências, por parte dos voluntários, nas sessões de treinamento físico, era permitido que o
indivíduo se ausentasse de até 4 (quatro) sessões de treinamento do total
de 36. Se o indivíduo tivesse mais do
que 4 (quatro) faltas, consecutivas ou
não, era automaticamente excluído
do experimento. De todos os indivíduos que iniciaram o experimento,
apenas um que pertencia ao grupo JT
teve que abandonar o estudo por esse
motivo.
b) Período de treinamento: 12 semanas.
c) Sessão: A sessão era dividida em aquecimento, parte principal e volta à calma. O aquecimento tinha sempre uma
duração de 5 minutos com carga correspondente a 50% da PLL do indivíduo. A parte principal tinha, na primeira semana de treinamento, 25 minutos de duração. A cada 3 sessões
ou 1 semana, o tempo de duração da
parte principal da sessão era aumentado em 2 minutos. Assim, por exemplo, na 2ª semana ou 4ª sessão de treinamento os participantes pedalavam
27 minutos (25 + 2= 27) na parte principal da sessão. A carga da parte principal era de 100% da PLL, encontrada em teste previamente realizado. A
volta à calma durava 5 minutos e sua
In order to evaluate the influence or
the effects of regular physical training
upon CR, the IC and JC groups did not
participate in this part of the study. On
the contrary, the volunteers assigned to
these groups were maintained without
physical training. Meanwhile, the IT and
JT groups were subjected to the following
physical training protocol:
a) Weekly frequency: the training
consisted of three weekly sessions
on alternating days. Taking into
account the possible absence of
volunteers, subjects were allowed
to miss up to 4 (four) training
sessions out of 36 total. Subjects
with more than 4 (four) absences,
consecutive or not, were
automatically excluded from the
experiment. Among the initial
subjects , only one, who belonged
to the JT group, had to abandon
the study for this reason.
b) Training period: 12 weeks.
c) Session: The session was divided
into a warm-up, a main section,
and a cool-down period. The
duration of the warm-up was
maintained at 5 minutes at all
times,
with
a
workload
corresponding to 50% of the
subject’s PLT. The main section
lasted for 25 minutes in the first
training week. Every 3 sessions, or
every week, the duration of the
main section was increased by two
minutes . Thus, for example, in the
2nd week or 4th session of
training, participants pedaled for
27 minutes (25 + 2= 27) in the
main section . The workload in the
main section corresponded to
100% of the PLT determined in a
previous test. The cool-down lasted
36
carga correspondia à 50% da PLL ou
menos. Os voluntários tinham livre
acesso a hidratação durante o exercício. Com este objetivo o pesquisador oferecia constantemente água aos
voluntários.
d) Aplicação de sobrecarga: Na duração, aumentou-se 2 minutos na parte
principal, a cada semana de treinamento, como citado no item “c”. A
intensidade era aumentada, com base
nas avaliações de determinação do
LL que foram realizadas antes do início da 7ª semana de treinamento. Ou
seja, até o final da 6ª semana de treinamento as cargas dos indivíduos
eram aquelas obtidas no teste inicial
(pré-treinamento). E da 7ª semana até
a 12ª, as cargas utilizadas eram as
mesmas que foram determinadas no
protocolo de avaliação do LL da 7ª
semana.
2.4) Tratamento dos Resultados
Os dados foram tratados através de Análise de Variância de três entradas para: momentos (pré-treinamento ou momento 1,
após 6 semanas de treinamento ou momento 2 e pós-treinamento ou momento 3); grupos (idosos x jovens) e estado de treinamento (treinado x não treinado ou controle). Após
a análise de interação tripla e dupla, o teste
de comparação múltipla de Scheffé foi utilizado para localizar entre quais médias ocorreram diferenças estatisticamente
significantes para um nível de significância
de p<0.05. O pacote estatístico utilizado foi
o STAT, versão 4.3.
3) Resultados
A Tabela 3 apresenta os valores médios da
PLL e da PM para os 4 grupos experimentais, nos três momentos do experimento.
Observa-se que em todos os momentos do
for 5 minutes, with a workload
corresponding to 50% or less of the
subject’s PLT . Volunteers were given
free access to hydration during
exercise. For this reason, the
researcher constantly offered them
water.
d) Overload application: Two minutes’
duration was added to the main part
of the session every training week,
as mentioned in item (c), above.
Intensity was increased based upon
the LT determination evaluations
performed at the outset of the seventh
training week. In other words, prior
to the end of the sixth week,
workloads were those obtained in
initial testing (pre-training). From
week 7 to the week 12 , the workloads
were those determined by the LT
evaluation protocol at the outset of
the seventh week.
2.4) Analysis of Results
Data was analyzed using a three- point
mean variance analysis for: training stage
(stage 1: pre-training, , stage 2: after 6
weeks of training, and stage 3: posttraining), groups (elderly versus young
subjects); and training state (trained versus
non-trained or control). After triple and
double interaction analysis, a Scheffé
multiple comparison test was performed in
order to locate the average values between
which occurred statistically significant
differences of p<0.05 . The statistical
software package used was STAT, version
4.3.
3) Results
Table 3 presents mean PLT and MP for
the four experimental groups at the 3 stages
of the experiment. It is observed that at
all stages of the experiment (pre-training,
37
experimento (pré-treinamento, após 6 semanas e pós-treinamento), os indivíduos idosos apresentaram uma PLL e uma PM
significantemente menor em relação aos jovens. Isso ocorreu, independente se os voluntários serem do grupo de treinamento ou
controle.
after 6 weeks of training , and posttraining), elderly subjects presented
significantly lower PLT and MP in
comparison to young subjects. This
occurred regardless of whether volunteers
belonged to the training or the control
groups.
Tabela 3 - Resultados nas situações pré-treinamento, após 6 semanas de treinamento e pós treinamento relativos a
PLL e a PM. Os valores estão expressos em watts (médias ± desvio padrão) para Idosos treinamento (IT),
Idosos controle (IC), Jovens treinamento (JT) e Jovens controle (JC).
Table 3 - PLT and MP results at pre-trainig, after 6 weeks of training and post-trainig. Values are expressed in watts
(mean ± standard devitation) for training elderly in training (IT), elderly persons control group (IC), young in
training (JT) and young persons control group (JC).
Momentos/Moments
Pré-treinamento
Pre-training
Variáveis / Variables PLL / PLT
Após 6 semanas
After 6 Weeks
Pós-treinamento
Post-training
PM / MP
PLL / PLT
PM / MP
PLL / PLT
PM / MP
IT
60.9±12.4
112.5±14.9
75±13.4
120.3±16.3
82.8±14.8
129.7±21.1
IC
71.9±14.6
125±25
70.3±14.8
121.9±28.1
71.9±14.6
121.9±27.3
JT
118.8±17.7* 206.3±29.1* 150.0±26.7* 221.9±33.9* 153.1±33.9* 237.4±37.8*
JC
128.1±20.9* 193.8±29.1* 128.1±16* 203.1±20.9* 131.3±22.2* 203.1±20.9*
*p<0.05 em relação a IT e IC
*p<0.05 comparatively IT and IC.
Na Figura 1 pode-se observar a análise da
interação existente entre momentos (Mom) x
estado de treinamento (EstTr) x grupos (Gr)
com relação ao comportamento da CR, para
os quatro grupos experimentais, nos três momentos do experimento: pré-treinamento
(CR1), após 6 semanas de treinamento (CR2)
e ao final do experimento ou pós-treinamento
(CR3). Nota-se que existiu interação entre
Mom x EstTr x Gr com relação ao comportamento da CR.
A Figura 2 apresenta a análise da interação
existente entre EstTr x Gr com relação ao comportamento da CR, para os quatro grupos experimentais, independente dos Mom. Pode-se
observar que não existiu interação entre EstTr
x Gr, independentes do EstTr ou dos Mom.
Figure 1 presents the analysis of the
interaction among training stage (Stage ) x
training state (EstTr ) x group (Gr) for CR
behavior for the four experimental groups,
at the three stages of the experiment: pretraining (CR1), after 6 weeks of training
(CR2), and the end of the experiment, or posttraining (CR3). One can see that there was
an interaction between Mom x EstTr x Gr in
relation to the behavior of the variable CR.
Figure 2 presents the analysis of the EstTr
x Gr interaction in relation to the behavior
of CR for the four experimental groups,
regardless of Mom. One can see that there
was no EstTr x Gr interaction, regardless of
the EstTr or Mom.
38
Figura 1 - Os valores estão expressos em watts (médias ± desvio padrão) para Idosos treinamento (IT),
Idosos controle (IC), Jovens treinamento (JT) e Jovens controle (JC) para pré-treinamento (CR1), 6 semanas
após o treinamento (CR2) e após o treinamento (CR3).
Figure 1- Values are expressed in watts (mean ± standard devitation) for elderly in training (IT), elderly persons
control group (IC), young in training (JT) and young persons control group (JC) at pre-training (CR1), after 6
weeks of training (CR2) and at post-training (CR3).
A Figura 3 apresenta a análise da interação
existente entre EstTr x Mom com relação ao
comportamento da CR, para os quatro grupos experimentais, independentemente dos
Gr. Desta maneira, os valores de T, por exemplo, são uma média dos valores de IT e JT e,
por outro lado, os de C são uma média dos
Figure 3 presents the analysis of the
EstTr x Mom interaction in relation to the
behavior of CR for the four experimental
groups, regardless of Gr. Thus, the values
of T values, for instance, are the mean of
the values of IT and JT . Likewise, the
values C are the mean values of the
Figura 2 - Os valores são médias da CR e dos três Mom para pré-treinamento (CR1), 6 semanas após o
treinamento (CR2) e após o treinamneto (CR3). (CR1+CR2+CR3/3) de ambos os grupos, treinamento
(T) e controle (C), e estão expressos em watts . Idosos (I) e Jovens (J).
Figure 2 - Values correspond to CR means at the three Mom: pre-training (CR1), after 6 weeks of training
(CR2) and at post-training (CR3). (CR1+CR2+CR3/3) for both groups, training (T) and control (C) are
expressed in watts. elderly (E) and Young (Y).
39
valores dos respectivos grupos C – IC e JC.
Verifica-se que existiu interação entre EstTr e
Mom.
respective C groups , IC and JC. One can
see that an interaction did occur between
EstTr x Mom .
Figura 3 - Os valores são médias da CR dos três Mom (CR1, CR2, CR3) para pré-treinamneto (CR1), 6
semanas após o treinamneto (CR3) e estão expressos em watts. Treinamento (T) e Controles (C).
Figure 3 - Values correspond to CR means at three Mom: (CR1, CR2, CR3) for pre-training (CR1) after 6
weeks of training (CR2) and post-training (CR3) expressed in watts. Training (T) and Control (C).
Na Figura 4 encontra-se a análise da interação
existente entre Gr x Mom com relação ao comportamento da CR para pré-treinamento (CR1), 6
semanas após o treinamento (CR2) e após o treinamento (CR3), dos quatro grupos experimentais, independente do EstTr. Desta maneira, os
valores de I, por exemplo, são uma média dos
valores de IC e IT e, por outro lado, os de J são
uma média dos valores dos seus respectivos grupos JT e JC. Pode-se observar que não existiu
interação entre Gr x Mom com relação a CR.
Enfim, a Tabela 4 apresenta os valores médios
da CR para pré-treinamento (CR1), 6 semanas
após o treinamento (CR2) e após o treinamento
(CR3) dos 4 grupos experimentais. Percebe-se
que, independentemente dos Mom do experimento e do EstTr, os idosos sempre exibiram uma CR
menor em relação aos jovens, com exceção à CR1
dos JC.
Figure 4 presents the analysis of the Gr
values Mom interaction in relation to the
behavior of CR at pre-training ( CR1), after 6
weeks of training ( CR2) and at post-training
( CR3), for the four experimental groups,
regardless of EstTr. Thus, the values of E , for
instance, are the mean of the values of IC and
IT . On the other hand, the values of J are the
mean of the values of the JT and JC groups.
One can see that there was no interaction
between Gr and EstTr in relation to CR.
Finally, Table 4 presents mean values of CR
at pre-training ( CR1), after 6 weeks if training
( CR2), and at post-training ( CR3) for the
four experimental groups. One can see that,
regardless of Mom and EstTr, the elderly
subjects presented a lower CR in relation to
the young subjects, with the exception of the
CR1 of the JC group.
40
Figura 4 - Os valores são médias da CR dos três Mom (CR1, CR2, CR3) para pré-treinamneto (CR1), 6 semanas
após o treinamento (CR2) e após o treinamento (CR3) e estão expressos em watts. Idosos (I) e Jovens (J).
Figure 4 - Values correspond to CR means at the three Mom: (CR1, CR2, CR3) for pre-training (CR1) after 6
weeks of training (CR2) and post-training (CR3) expressed in watts. Elderly (E) and young (Y).
4) Discussão
4) Discussion
A CR tem sido definida como a diferença
existente entre o LL e o VO2MÁX (Iredale,
Nimmo, 1997) e, teoricamente, indica a reserva funcional que está acima da intensidade correspondente ao LL e abaixo do
VO2MÁX. Desta forma, a CR representa a capacidade para a execução de trabalhos
anaeróbios. Neste trabalho ela foi definida
como a diferença entre o valor da PLL e da
PM. Com base na observação da Tabela 3,
pode-se verificar que tanto a PM quanto a
PLL foram significativamente menores para
os indivíduos idosos em relação aos jovens,
independentemente dos Mom. Esses resultados estão de acordo com os encontrados
na literatura, os quais demonstram que o
envelhecimento ou fatores a ele associados
provoca um declínio na PLL e na PM (MasséBiron et al., 1992; Prioux et al., 2000).
CR has been defined as the difference
between LT and VO2MÁX (Iredale, Nimmo,
1997), and theoretically indicates a
functional reserve above and beyond LTcorrespondent intensity and below
VO 2MÁX . Thus, CR represents the
capacity to perform anaerobic efforts.
In this study, CR was defined as the
difference between value of PLT and the
value of MP . Observing the results set
forth in Table 3 , one can see that both
MP and PLT were significantly lower
for the elderly subjects than for the
young ones, regardless of Mom. These
results are consistent with those found
in literature demonstrating that aging
or aging-related factors cause PLT and
MP to decrease (Massé-Biron et al.,
1992; Prioux et al., 2000).
41
Tabela 4 - Resultados nas situaçãoes pré-treinamento (CR1), após 6 semanas de treinamento (CR2) e pós
treinamento (CR3) relativos a CR. Os valores estão expressos em watts (médias±desvio padrão) para idosos
treinamento (IT), Idosos controle (IC), Jovens treinamento (JT) e Jovens controle (JC).
Table 4 - CR results at pre-training (CR1), after 6 weeks of training (CR2) and at post-training (CR3). Values are
expressed in watts (mean ± standard deviation) for elderly in training (IT), elderly persons control group (IC), young
in training (JT) and young persons control group (JC).
Momentos / Mom
Pré-treinamento /
Pre-training
Após 6 semanas / After
6 weeks
Grupos / Groups
CR1
CR2
CR3
46.9±8.8
Pós-treinamento /
Post-training
IT
51.6±8.0
45.3±9.3
IC
53.1±12.9
51.6±15.6
50.0±16.4
JT
87.5±23.1*
71.9±16.0*
84.3±12.8*
JC
65.6±22.9
75.0±13.4*
71.9±16.0*
*indica diferença significativa (P<0.05) em relação aos grupos IT e IC nos três momentos (CR1, CR2 e CR3).
*indicates significant difference (p<0.05) comparatively to IT and IC groups at the three moments (CR1, CR2 e
CR3).
Pode-se observar, através da Figura 1, que
existiu interação entre Mom x EstTr x Gr
com relação ao comportamento da CR. Isso
significa que os indivíduos idosos responderam de maneira diferente dos jovens, assim como os voluntários pertencentes aos
grupos treinamento apresentaram-se de maneira distinta em relação aos indivíduos dos
grupos controle. Assim, pode-se afirmar que
os idosos diferem dos jovens com relação a
CR e que os indivíduos submetidos à TF
respondem diferentemente aos mantidos sem
TF (grupos controle). O fato dos idosos diferirem em relação aos jovens, no que diz respeito a CR, vai de encontro aos dados da
literatura (Belman, Gaesser, 1991; Iredale,
Nimmo, 1997; Wiswell et al., 2000). Por
outro lado, o achado dos indivíduos que empreenderam o protocolo de TF diferirem em
relação aos que se mantiveram fisicamente
inativos, reflete uma adaptação fisiológica
ao estímulo do treinamento, com intensidade correspondente ao LL, corroborando com
os dados encontrados na literatura (Yoshida
et al., 1982; Belman, Gaesser, 1991; Ades et
al., 1993; Takeshima et al., 1993; Londerre,
1997).
From Figure 1, one can infer the
existence of an interaction among Mom,
EstTr and Gr in relation to the behavior
of CR. This means that the elderly subjects
responded differently from the young
ones, just as did the volunteers belonging
to the training groups differed from those
belonging to the control groups. Thus, it
can be stated that elderly subjects
differed from young ones in relation to
CR and that subjects submitted to PT
responded differently from those
maintained without PT (control groups).
The fact that elderly subjects differed from
young ones in relation to CR flies in the
face of data found in literature (Belman,
Gaesser, 1991; Iredale, Nimmo, 1997;
Wiswell et al., 2000). On the other hand,
the fact that individuals who went
through the PT protocol differed from
those who remained physically inactive
reflects a physiological adaptation to the
training stimulus with LT-correspondent
intensity, and corroborates data found in
literature (Yoshida et al., 1982; Belman,
Gaesser, 1991; Ades et al., 1993;
Takeshima et al., 1993; Londerre, 1997).
42
A Figura 2 sugere que não existiu interação
entre EstTr x Gr, independentes do EstTr ou
dos Mom. Esses resultados demonstram que,
quando se combinou jovens e idosos em
todos os Mom do experimmento (pré-treinamento, 6 semanas de treinamento e póstreinamento), não existiram diferenças
significantes entre os voluntários que treinaram e os que não treinaram (controle) em
relação a CR. O efeito de treinamento é, portanto, inócuo quando analisado de maneira
isolada (sem levar em conta as características separadas de jovens e idosos).
Pela observação da Figura 3, verifica-se
que existiu interação entre EstTr e Mom. Ou
seja, os indivíduos pertencentes aos grupos
de treinamento, tanto jovens quanto idosos,
responderam de maneira diferente aos grupos controle. Percebe-se que os grupos IT e
JT, ao final do experimento e ao contrário
dos IC e JC, apresentaram uma CR menor
em relação ao valor pré-treinamento. Essa
redução na CR, com o treinamento, se deu
provavelmente a um aumento mais acentuado na PLL do que na PM para os indivíduos que efetuaram o protocolo de TF. Um aumento mais acentuado na PLL do que na
PM era, na verdade, o esperado. Já que o TF
foi executado com intensidade correspondente ao LL e, portanto, com características
eminentemente aeróbias, esse estímulo proporcionaria apenas adaptações especificamente aeróbias como preconiza o princípio
da especificidade do treinamento (McArdle
et al., 2000). Além disso, sabe-se que o organismo envelhecido tem a capacidade de se
adaptar ao estresse do treinamento de maneira semelhante ao mais jovem (Suominen
et al., 1977; Seals et al., 1984).
Na Figura 4 pode-se observar que não existiu interação entre Gr x Mom com relação a
CR. Assim, percebe-se novamente que os
idosos respondem de maneira semelhante
aos jovens ao TF o que corrobora os dados
já existentes de que os indivíduos mais ve-
Figure 2 suggests that no interaction
exists between Mom and Gr , regardless
of EstTr or Mom. These results show that
when young and elderly individuals were
combined at all Mom of the experiment
(pre-training, after 6 weeks of training,
and post-training), there were no
significant differences between training
and non-training (control) volunteers
with respect to CR. The effect of training
is, therefore, negligible when analyzed in
isolation (not taking into account the
separate characteristics of young and
elderly individuals).
Figure 3 indicates the existence of an
interaction between EstTr and Mom. Thus,
individuals belonging to the training
groups, both young and elderly,
responded differently from those
belonging to the control groups. By the
end of the experiment, the IT and JT
groups, unlike the IC and JC groups,
presented lower CR values in comparison
with pre-training values. This decrease in
CR after training is probably due to the
fact that PLT increased more sharply than
MP for individuals who performed the PT
protocol. A sharper increase in the PLT
than in the MP was, in fact, expected .
Because PT was performed with an
intensity corresponding to LT and,
therefore, had eminently anaerobic
characteristics, this stimulus would cause
only specifically aerobic adaptations,
according to the principle of specificity
of training (McArdle et al., 2000).
Moreover, it is known that the aged
organism has the ability to adapt to the
training stress in a manner similar to that
of the young organism (Suominen et al.,
1977; Seals et al., 1984).
Figure 4 shows the inexistence of an
interaction between Gr and Mom in
relation to CR. Once again, it can be seen
that elderly individuals respond to PT in
43
lhos apresentam uma treinabilidade igual
à de mais jovens (Suominen et al., 1977;
Seals et al., 1984). Independentemente dos
Mom do experimento e do EstTr, os idosos sempre exibiram uma CR menor em
relação aos jovens, com exceção ao prétreinamento (CR1) dos JC. Esses dados
estão plenamente de acordo com aqueles
existentes na literatura os quais demonstram que a CR diminui com o envelhecimento (Belman, Gaesser, 1991; Iredale,
Nimmo, 1997; Wiswell et al., 2000). Embora a explicação para a diminuição da
CR com o envelhecimento não esteja totalmente esclarecida em nenhum dos estudos revisados, especula-se que a perda
da CR para trabalhos vigorosos se deva ao
fato dos indivíduos idosos terem mínima
oportunidade para atividades de alta intensidade (Cunningham et al., 1985).
Além disso, outra hipótese seria a perda
seletiva de fibras musculares glicolíticas
(Wiswell et al., 2000), com o envelhecimento, o que prejudicaria, pelo menos em
parte, os trabalhos acima do LL onde existe uma predominância progressiva do metabolismo anaeróbio sobre o aeróbio
(Wasserman, 1984).
Na Tabela 4, observa-se que os indivíduos idosos apresentaram uma CR menor
em relação aos jovens, em quaisquer dos
Mom do experimento e EstTr,. Esses resultados estão em linha com os encontrados na literatura (Belman, Gaesser, 1991;
Iredale, Nimmo, 1997; Wiswell et al.,
2000). Especula-se que a CR diminuída
se deva, pelo menos em parte, a menor PM
apresentada pelos idosos em relação aos
jovens. Por outro lado, essa menor PM provém, talvez, de uma menor motivação e
medo associado com os procedimentos do
teste e a características fisiológicas e metabólicas próprias dos indivíduos idosos
como, por exemplo, uma menor massa
muscular, menor quantidade de fibras
a manner similar to young individuals,
which corroborates existing data pointing
out that older individuals present the
same trainability as younger ones
(Suominen et al., 1977; Seals et al., 1984).
Regardless of the Mom and EstTr, elderly
individuals presented a lower CR than did
the young ones, except in the JC pretraining ( CR1) stage. These findings agree
entirely with data existing in literature,
which demonstrate that CR decreases with
age (Belman, Gaesser, 1991; Iredale,
Nimmo, 1997; Wiswell et al., 2000).
Although the explanation for the decrease
in CR with aging is not completely clear
in any of the revised studies, it has been
speculated that decrease in CR during
vigorous exertion is due to the fact that
elderly individuals have minimal
opportunit ies to engage in high-intensity
activities (Cunningham et al., 1985).
Another hypothesis is that the decrease is
explained by the aging-related selective
loss of fast-twitch muscle fibers (Wiswell
et al., 2000), which would compromise the
ability, at least in part, to engage in efforts
above the LT, in which there is a
progressive predominance of the
anaerobic over the aerobic metabolism
(Wasserman, 1984).
Table 4 shows that elderly individuals
presented a lower CR in comparison to
young ones, regardless of experimental
Mom or EstTr. These results are in
accordance with those found in literature
(Belman, Gaesser, 1991; Iredale, Nimmo,
1997; Wiswell et al., 2000). It has been
speculated that the lower CR is at least
partially explained by the lower MP
presented by elderly individuals in
comparison with young ones. On the other
hand, this lower MP might also be caused
by low motivation and fear associated with
the test proceedings, as well as by the
physiological
and
metabolic
44
musculares glicolíticas, menor atividade
da enzima fosfofrutoquinase e uma CR diminuída (Booth et al., 1994; Iredale et al.,
1996; Bazzano et al., 1998). No entanto, o
fato do TF não ter influenciado de maneira significante a CR, independente da idade ou do estado de treinamento, ocorreu,
na verdade, porque a PLL aumentou para
ambos os grupos que efetuaram o treinamento e, apesar disso, a PM aumentou relativamente pouco. Assim, como a CR foi
definida como a diferença entre a PM e a
PLL, o valor de CR alterou-se muito pouco.
5) Conclusão e Perspectivas de
Aplicação
Conclui-se que os indivíduos idosos
apresentam uma CR diferente e menor em
relação aos jovens, independentemente do
estado de treinamento (grupo de treinamento ou controle) corroborando os dados existentes na literatura (Belman,
Gaesser, 1991; Iredale, Nimmo, 1997;
Wiswell et al., 2000) e que o TF parece
não alterar significantemente a CR, tanto
em idosos quanto em jovens, em função
de aumentos concomitantes na PLL e na
PM.
Estes resultados deveriam ser levados
em consideração pelos profissionais que
trabalham ou que irão trabalhar com a avaliação/prescrição de exercícios em indivíduos da terceira idade, uma vez que demonstra a existência de uma capacidade
para executar atividades com predominância do metabolismo anaeróbio reduzida.
Neste sentido, cabe ao fisiologista do exercício/educador físico estabelecer as prioridades do programa de treinamento físico e saber interpretar os resultados conquistados.
characteristics of elderly individuals,
such as smaller muscle mass, smaller
amount of fast-twitch muscle fibres,
diminished
activity
of
the
phosphofructokinase enzyme, and lower
CR (Booth et al., 1994; Iredale et al.,
1996; Bazzano et al., 1998). Nevertheless,
the fact that PT has no significant
influence on CR, regardless of Gr or EstTr,
occurs, in fact, because MP increased
relatively little despite the fact that PLT
has increased for both training groups .
Thus, given that CR was defined as the
difference between the MP and the PLT,
the value of CR has been little altered.
5) Conclusion and Prospective
Applications
This study has demonstrated that elderly
individuals present different and lower
CR values in relation to young
individuals, regardless of their training
condition (training and control groups),
a finding that corroborates data found in
literature (Belman, Gaesser, 1991; Iredale,
Nimmo, 1997; Wiswell et al., 2000), and
that PT does not seem to significantly alter
CR in either elderly or young individuals,
because of a concomitant increase in PLT
and MP.
Professionals who deal with exercise
evaluation and prescription for elderly
individuals should take these results into
consideration, since such results
demonstrate a decreased capacity on the
part of such individuals to perform
predominantly anaerobic activities.
Therefore, it is the duty of the exercise
physiologist and physical educator to
establish the physical training program
priorities and to know how to interpret
the results achieved.
45
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46

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