Capítulo 9 INTEGRAÇÃO DUPLA - IME – Instituto de Matemática e
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Capítulo 9 INTEGRAÇÃO DUPLA - IME – Instituto de Matemática e
Capítulo 9 INTEGRAÇÃO DUPLA 9.1 Integração Dupla sobre Retângulos Denotemos por: R = [a, b] × [c, d] = {(x, y) ∈ R2 /a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d} um retângulo em R2 . Consideremos P1 = {x0 , x1 , ...., xn } e P2 = {y0 , y1 , ...., yn } partições de ordem n de [a, b] e [c, d] respectivamente, tais que: a = x0 < x1 < . . . . . . < xn = b e c = y0 < y1 < . . . . . . < yn = d b−a d−c e xi+1 − xi = , yj+1 − yj = . n n d yj+1 yj R R ij c a xi x i+1 b Figura 9.1: Partição de R. O conjunto P1 × P2 é denominada partição do retângulo R de ordem n. 271 CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 272 Sejam os n2 sub-retângulos Rij = [xi , xi+1 ] × [yj , yj+1] e cij ∈ Rij arbitrário (i, j = 0, ...., n − 1). Considere a função limitada f : R −→ R. A soma Sn = n−1 X n−1 X f (cij ) ∆x ∆y, i=0 j=0 onde ∆x = b−a d−c e ∆y = é dita soma de Riemann de f sobre R. n n Definição 9.1. Uma função f : R −→ R limitada é integrável sobre R se lim Sn , n→+∞ existe independente da escolha de cij ∈ Rij e da partição; em tal caso denotamos este limite por: ZZ f (x, y) dx dy, R que é denominada integral dupla de f sobre R. Teorema 9.1. Toda f : R −→ R contínua é integrável. A prova deste teorema pode ser vista em [EL]. 9.2 Significado Geométrico da Integral Dupla Se f é contínua e f (x, y) ≥ 0 para todo (x, y) ∈ R, a existência da integral dupla de f sobre R tem um significado geométrico direto. Consideramos o sólido W ⊂ R3 definido por: W = {(x, y, z) ∈ R3 / a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d, Figura 9.2: O sólido W . 0 ≤ z ≤ f (x, y)} 9.2. SIGNIFICADO GEOMÉTRICO DA INTEGRAL DUPLA 273 W é fechado e limitado superiormente pelo gráfico de z = f (x, y), inferiormente por R e lateralmente pelos planos x = a, x = b, y = c, y = d. Se denotamos por V (W ) o volume de W , então: V (W ) = ZZ f (x, y) dx dy R De fato, escolhendo cij como o ponto onde f atinge seu máximo sobre Rij (pois R é fechado, limitado e f é contínua), então f (cij )×∆x×∆y é o volume do paralelepípedo de base Rij e altura f (cij ). Figura 9.3: Partição e os paralelepípedos de W , respectivamente. n−1 X n−1 X Sn = f (cij ) ∆x ∆y i=0 j=0 é o volume do sólido circunscrito a W . Analogamente se eij é o ponto onde f atinge seu mínimo sobre Rij (pois R é fechado, limitado e f é contínua), então: sn = n−1 n−1 X X f (eij ) ∆x ∆y i=0 j=0 é o volume do sólido inscrito em W . Como f é integrável, os limites das somas de Riemann Sn e sn independem da escolha de cij e eij : ZZ lim Sn = lim sn = f (x, y) dx dy. n→∞ n→∞ R Em outras palavras os volumes dos sólidos inscritos e circunscritos a W , tendem ao mesmo limite. Portanto, é razoável chamar este limite de volume de W . 274 CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA Figura 9.4: Reconstrução do sólido. Figura 9.5: Reconstrução do sólido. Figura 9.6: Reconstrução do sólido. Novamente notamos que é possível mostrar rigorosamente que o significado geométrico da integral dupla independe da escolha da partição e dos pontos cij e eij . A integral dupla tem propriedades análogas às das integrais das funções de uma variável. 9.3. INTEGRAIS ITERADAS 275 Proposição 9.1. 1. Linearidade da integral dupla. Se f e g são funções integraveis sobre R então para todo α, β ∈ R, α f + β g é integrável sobre R, e: ZZ R α f (x, y)+β g(x, y) dx dy = α ZZ f (x, y) dx dy+β R ZZ g(x, y) dx dy. R 2. Se f e g são integráveis sobre R e g(x, y) ≤ f (x, y), para todo (x, y) ∈ R, então: ZZ R g(x, y) dx dy ≤ ZZ f (x, y) dx dy. R 3. Se R é subdividido em k retângulos e f é integrável sobre cada Ri , i = 1, ..., k então f é integrável sobre R e, ZZ f (x, y) dx dy = R k ZZ X i=1 f (x, y) dx dy. Ri 9.3 Integrais Iteradas Uma integral iterada de f sobre R é uma integral do tipo: Z d Z c b a f (x, y) dx dy. Para calculá-la fixamos y e calculamos a integral Z b f (x, y) dx como integral a de uma veriável em x; o resultado é uma função de y que é novamente integrada em y, com limites de integração c e d. A integral Z b Z a d c f (x, y) dy dx é calculada de forma análoga. Exemplos 9.1. Z 2 Z 3 2 [1] Calcule x y dy dx. 0 1 CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 276 Z 3 2 2 x y dy = x 1 [2] Calcule Z π Z 0 Z π 0 e π 0 [3] Calcule 3 2 y dy = 4x 0 0 e 1 Z π cos(x + y) dx dy = (sen(y + π) − sen(y)) dy = −4. Z 1 (x + y ) dx dy. 2 −2 1 π 3 π 6 x=1 x3 2 = 3 + 3 y2 + xy (x + y ) dx = 3 −2 x=−2 Z 4 2 2 2 1 4 2 −1 ρ e sen(φ) dρ dφ. ρ3 2 0 Z 1 (3 + 3 y 2) dy = 8. (x + y ) dx dy = 2 −2 −1 ρ3 ρ2 e sen(φ) dρ = sen(φ) 0 Z e Z Z 0 logo: logo: Z 2 32 x y dy dx = 4x2 dx = . 3 0 2 cos(x + y) dx dy. Z 1 Z Z 3 0 −1 [4] Calcule e 1 π Z 1 Z Z Z 2 Z x=π cos(x + y) dx = sen(x + y)x=0 = sen(y + π) − sen(y), Z π Z 0 Z π 3 π 6 Z 0 4 4 3 4 ρ3 4 e ; ρ2 e dρ = sen(φ) 3 0 ρ3 ρ2 eρ sen(φ) dρ == sen(φ) 0 e64 − 1 3 Z π 3 e64 − 1 sen(φ) dφ ρ e sen(φ) dρ dφ = π 3 6 2 ρ3 9.4. TEOREMA DE FUBINI Z [5] Calcule π 3 Z π 6 0 4 √ 64 3 − 1) (e − 1) ( . ρ2 e sen(φ) dρ dφ = 6 ρ3 Z 1 Z √1−y2 p 0 277 1− Z √1−y2 p 0 0 e: y 2 dx dy. 1 − y 2 dx = 1 − y 2 Z 1 Z 1 Z √1−y2 p 2 2 1 − y dx dy = (1 − y 2 ) dy = . e 3 0 0 0 [6] Seja a função f : [0, 1] × [0, 1] −→ R definida por: ( 1 se x ∈ Q f (x, y) = 2y se x ∈ / Q. Então: Z 1 Z 1 dy = 1 0 dy = Z 1 0 2 y dy = 1 0 Logo, Z 0 1 Z 1 x∈Q se x∈ / Q. dy dx = 1. 0 Por outro lado se Z 0 1 1 f (x, y) dx não existe, exceto quando y = ; logo, 2 Z 1Z 1 dx dy 0 0 não existe. Em geral, nada garante a existência das integrais iteradas. 9.4 Teorema de Fubini O seguinte teorema fundamental relaciona a integral dupla com as integrais iteradas, o que facilitará seu cálculo. CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 278 Teorema 9.2. (Fubini): Seja f : R −→ R contínua sobre R. Então: ZZ f (x, y) dx dy = R Z d Z c a b Z b Z d f (x, y) dx dy = f (x, y) dy dx a c Prova: Veja o apêndice. Observações 9.1. 1. Uma visualização geométrica do teorema de Fubini pode ser feita usando o princípio de Cavalieri: “ Dado um sólido, se denotamos por A(y) a área da seção transversal ao sólido, medida a uma distância y de Rd um plano de referência, o volume do sólido é dado por: V = c A(y) dy, onde c e d são as distâncias mínima e máxima ao plano de referência”. 2. Se f é uma função contínua e f (x, y) ≥ 0 em todo R, então: ZZ f (x, y) dx dy R representa o volume do sólido W : W = {(x, y, z) ∈ R3 /a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d, c 0 ≤ z ≤ f (x, y)}. d a b R Figura 9.7: 3. Se intersectamos o sólido por um plano paralelo ao plano yz a uma distância x da origem, obtemos uma seção plana que tem como área 9.4. TEOREMA DE FUBINI Rd A(x) = sólido é: c ZZ 279 f (x, y) dy. Pelo princípio de Cavalieri, o volume total do b Z f (x, y) dx dy = R A(x) dx = a Z b Z a d f (x, y) dy dx. c 4. Analogamente, se intersectamos o sólido por um plano paralelo ao plano xz a uma distância y da origem obtemos uma seção plana de Rb área A(y) = a f (x, y) dx e pelo princípio de Cavalieri: ZZ Z f (x, y) dx dy = R d A(y) dy = c Z d Z c b a f (x, y) dx dy. Exemplos 9.2. [1] Calcule ZZ ZZ dx dy, onde R = [a, b] × [c, d]. Z b Z d Z b dx dy = dy dx = (d − c) dx = (b − a) (d − c); R R a c a numericamente a integral dupla ZZ dx dy, corresponde a área de R ou ao R volume do paralelepípedo de base R e altura 1. ZZ [2] Calcule f (x, y) dx dy, onde R = [a, b] × [c, d] e f (x, y) = h, h constante positiva. ZZ R f (x, y) dx dy = h R ZZ R dx dy = h × A(R) = h (b − a) (d − c), onde a última igualdade expressa o volume do paralelepípedo de base R e altura h. ZZ [3] Calcule (x y + x2 ) dx dy, onde R = [0, 1] × [0, 1]. R ZZ x=1 Z 1 2 x y x3 dy + (x y + x ) dx dy = (x y + x ) dx dy = 2 3 x=0 R 0 0 0 Z 1 y 1 7 = dy = . + 2 3 12 0 2 Z 1 Z 1 2 CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 280 7 representa o volume do sólido limitado superiormente pelo 12 gráfico da função f (x, y) = x y + x2 e pelos planos coordenados. ((x, y) ∈ [0, 1] × [0, 1]). O número 0 1 1 0 Figura 9.8: Exemplo [4]. [4] Calcule ZZ R ZZ 2 x y dx dy = R [5] Calcule x y 2 dx dy, onde R = [−1, 0] × [0, 1]. 0 ZZ R ZZ Z 1 Z Z 1 1 1 2 y dy = − . x y dx dy = − 2 0 6 −1 0 2 sen(x + y) dx dy, onde R = [0, π] × [0, 2π]. sen(x + y) dx dy = R = Z Z 0 2π Z π 0 2π 0 sen(x + y) dx dy (cos(y) − cos(y + π)) dy = 0. [6] Calcule o volume do sólido limitado superiormente por z = 1 − y e inferiormente pelo retângulo definido por 0 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ 1. 9.4. TEOREMA DE FUBINI 281 0.0 0.5 1.0 1.0 0.5 0.0 0.0 0.5 1.0 Figura 9.9: Sólido do exemplo [6]. O sólido está limitado superiormente pelo plano z = 1 − y e inferiormente pelo retângulo R = [0, 1] × [0, 1]; então, o volume V é: V = ZZ R (1 − y) dx dy = Z 1 Z 0 1 0 Z 1 1 (1 − y) dx dy = (1 − y) dy = u.v. 2 0 [7] Calcule o volume do sólido limitado por z = x2 + y 2 e pelos planos x = 0, x = 3, y = 0 e y = 1. Figura 9.10: Sólido do exemplo [7]. R = [0, 3] × [0, 1]. O volume é: V = ZZ 2 2 (x + y ) dx dy = R Z 1 Z u.v. =unidades de volume. 0 0 3 Z 1 (x + y ) dx dy = (9 + 3y 2) dy = 10 u.v. 2 2 0 CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 282 [8] Calcule o volume do sólido limitado por z = 1−y 2 e pelos planos x = −1, x = 1, y = −1 e y = 1. Figura 9.11: Sólido do exemplo [8]. R = [−1, 1] × [−1, 1]. O volume é: V = ZZ 2 R (1 − y ) dx dy = Z 1 Z −1 1 Z 1 8 (1 − y ) dx dy = 2 (1 − y 2 ) dy = u.v. 3 −1 −1 2 9.5 Extensão do Teorema de Fubini Antes de estudar a integral dupla em regiões mais gerais enunciaremos uma genereralização do teorema 9.1. Definição 9.2. Seja A ⊂ R, R = [a, b]×[c, d]. O conjunto A ⊂ R tem conteúdo nulo se existe um número finito de sub-retângulos Ri ⊂ R, (1 ≤ i ≤ n) tais que A ⊂ R1 ∪ R2 ∪ . . . ∪ Rn−1 ∪ Rn e: lim n→+∞ n X i=1 |Ri | = 0; onde |Ri | é a área de Ri . Exemplos 9.3. [1] Se A = {p1 , p2 , ......., pm }, pi ∈ R, (1 ≤ i ≤ m). O conjunto A tem conteúdo nulo. Utilizando uma partição de ordem n de R como antes, temos: |Ri | = (b − a) (d − c) , n2 9.5. EXTENSÃO DO TEOREMA DE FUBINI 283 1 ≤ i ≤ n. Como cada ponto pode estar no máximo em quatro subretângulos, então: 0< n X i=1 Logo lim n→+∞ n X i=1 |Ri | ≤ 4 m (b − a) (d − c) . n2 |Ri | = 0. [2] ∂R tem conteúdo nulo. d yj+1 yj R Rij c a xi x i+1 b Figura 9.12: ∂R. Os pontos de ∂R estão distribuido em 4 n − 4 sub-retângulos Rij : 0< n X i=1 pois n−1 n |Ri | ≤ 4 (b − a) (d − c) (4 n − 4) (b − a) (d − c) ≤ , 2 n n < 1. Logo: lim n→+∞ n X i=1 |Ri | = 0. É possível provar que o gráfico de uma função contínua f : [a, b] −→ R tem conteúdo nulo. CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 284 Figura 9.13: G(f ). Teorema 9.3. Se f : R −→ R é uma função limitada e o conjunto onde f é descontínua tem conteúdo nulo, então f é integrav́el sobre R. Prova: Veja [EL] na bibliografia. 9.6 Integração Dupla sobre Regiões mais Gerais Definiremos três tipos especiais de subconjuntos do plano, que serão utilizados para estender o conceito de integral dupla sobre retângulos a regiões mais gerais 9.7 Regiões Elementares Seja D ⊂ R2 . 9.7.1 Regiões de tipo I D é uma região de tipo I se pode ser descrita por: D = {(x, y) ∈ R2 /a ≤ x ≤ b, φ1 (x) ≤ y ≤ φ2 (x)} sendo φi : [a, b] −→ R (i = 1, 2) funções contínuas tais que φ1 (x) ≤ φ2 (x) para todo x ∈ [a, b]. 9.7. REGIÕES ELEMENTARES 285 φ 2 φ2 D D φ φ1 1 a b a b Figura 9.14: Regiões de tipo I. 9.7.2 Regiões de tipo II D é uma região de tipo II se pode ser descrita por: D = {(x, y) ∈ R2 /c ≤ y ≤ d, ψ1 (y) ≤ x ≤ ψ2 (y)} sendo ψi : [c, d] −→ R (i = 1, 2) funções contínuas tais que ψ1 (y) ≤ ψ2 (y) para todo y ∈ [c, d]. d ψ 1 D ψ 2 ψ D 1 ψ 2 c Figura 9.15: Regiões de tipo II. 9.7.3 Regiões de tipo III D é uma região de tipo III se pode ser descrita como região de tipo I ou de tipo II. Observações 9.2. 1. As regiões de tipos I, II ou III são chamadas elementares. 2. As regiões elementares são fechadas e limitadas. CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 286 Exemplos 9.4. [1] A região limitada pelas curvas y = x2 e y = 4 x − x2 pode ser descrita como de tipo I: A interseção das curvas é dada pela solução do sistema: ( y = x2 y = 4 x − x2 , do qual obtemos: x = 0 e x = 2; logo, D = {(x, y) ∈ R2 / 0 ≤ x ≤ 2, x2 ≤ y ≤ 4x − x2 }. 5 4 3 2 1 0.5 1.0 1.5 2.0 Figura 9.16: Região de tipo I. [2] Seja a região D limitada pelas seguintes curvas: y 2 − x = 1 e y 2 + x = 1. A região pode ser descrita por: D = {(x, y) ∈ R2 / − 1 ≤ y ≤ 1, y 2 − 1 ≤ x ≤ 1 − y 2 }; D é uma região de tipo II. 1.0 0.5 -1.0 - 0.5 0.5 1.0 - 0.5 -1.0 Figura 9.17: Região de tipo II. 9.7. REGIÕES ELEMENTARES 287 [3] A região D limitada pela reta x + y = 2 e pelos eixos coordenados, no primeiro quadrante, pode ser descrita como de tipo II: D = {(x, y) ∈ R2 /0 ≤ y ≤ 2, 0 ≤ x ≤ 2 − y}. 2.0 1.5 1.0 0.5 0.5 1.0 1.5 2.0 Figura 9.18: Região de tipo III. [4] A região D limitada pelas curvas y = x−1 e y 2 = 2 x+6, pode ser descrita como de tipo II. A interseção das curvas é dada pela solução do sistema: ( y = x−1 y 2 = 2 x + 6, do qual obtemos: x = −1 e x = 5; logo: D = {(x, y) ∈ R2 / − 2 ≤ y ≤ 4, y2 − 3 ≤ x ≤ y + 1}. 2 3 2 1 1 2 3 Figura 9.19: Região de tipo II. CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 288 [5] Seja D a região limitada pela curva x2 + y 2 = 1; esta região é do tipo III. De fato: De tipo I: √ √ D = {(x, y) ∈ R2 / − 1 ≤ x ≤ 1, φ1 (x) = − 1 − x2 ≤ y ≤ φ2 (x) = 1 − x2 }. De tipo II: p p D = {(x, y) ∈ R2 / − 1 ≤ y ≤ 1, ψ1 (y) = − 1 − y 2 ≤ x ≤ ψ2 (y) = 1 − y 2 }. 9.8 Extensão da Integral Dupla Seja D uma região elementar tal que D ⊂ R, onde R é um retãngulo e f : D −→ R uma função contínua (logo limitada). Definamos f ∗ : R −→ R por: ( f (x, y) se (x, y) ∈ D f ∗ (x, y) = 0 se (x, y) ∈ R − D. f ∗ é limitada e contínua, exceto, possivelmente, em ∂D; mas se ∂D consiste de uma união finita de curvas que são gráficos de funções contínuas, pelo teorema 9.1, f ∗ é integrável sobre R. R R D D Figura 9.20: Gráficos de f e f ∗ , respectivamente. Definição 9.3. f : D −→ R é integrável sobre D se f ∗ é integrável sobre R e em tal caso definimos: ZZ ZZ f (x, y) dx dy = f ∗ (x, y) dx dy. D R 9.9. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 289 Se R1 é outro retângulo tal que D ⊂ R1 e f1∗ : R1 −→ R é definida como antes, então: ZZ ZZ ∗ f1∗ (x, y) dx dy, f (x, y) dx dy = R R1 pois f ∗ = f1∗ = 0 onde R e R1 diferem. f* =f* =0 1 R D R1 Figura 9.21: Logo, 9.9 RR D f (x, y) dx dy não depende da escolha do retângulo. Integral Dupla e Volume de Sólidos Proposição 9.2. Se f : D −→ R é uma função contínua e limitada sobre D, então: 1. Se D é uma região de tipo I: ZZ f (x, y) dx dy = D Z b Z φ2 (x) Z d Z ψ2 (y) a f (x, y) dy dx φ1 (x) 2. Se D é uma região de tipo II: ZZ f (x, y) dx dy = D Para a prova, veja o apêndice. c ψ1 (y) f (x, y) dx dy CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 290 Corolário 9.4. Se f (x, y) = 1 em todo D, então: ZZ dx dy = Área(D) D De fato, se D é de tipo I, temos ZZ dx dy = D Z a b φ2 (x) − φ1 (x) dx = A(D). Se f (x, y) ≥ 0 e é contínua em D, podemos novamente interpretar a integral dupla de f sobre D como o volume do sólido W limitado superiormente pelo gráfico de f e inferiormente por D. W = {(x, y, z) ∈ R3 /(x, y) ∈ D, 0 ≤ z ≤ f (x, y)} D é a projeção de W sobre o plano xy e: V (W ) = ZZ f (x, y) dx dy D 9.9.1 Exemplos [1] Calcule Z 1 Z 0 y 1 e dx dy. A integral não pode ser calculada na ordem x2 dada. Observe que: ZZ x2 e dx dy = D Z 1 Z 0 y 1 e dx dy. x2 A região D, onde está definida a integral, é de tipo II: 0 ≤ y ≤ 1 e y ≤ x ≤ 1. 1 1 Figura 9.22: A região D. 9.9. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 291 A região D é de tipo III; logo, D também é de tipo I. De fato: 0 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ x e: ZZ Z 1 Z x Z 1 1 2 x2 x2 e dx dy = e dy dx = x ex dx = (e − 1). 2 D 0 0 0 Z 1 Z 1 sen(y) [2] Calcule dy dx. y 0 x A região D, onde está definida a integral é de tipo I: 0 ≤ x ≤ 1 e x ≤ y ≤ 1. Por outro lado, D é de tipo III, logo D também é de tipo II: 0 ≤ y ≤ 1 e 0 ≤ x ≤ y: 1 1 Figura 9.23: A região D. Z 1 Z 0 x 1 Z 1 Z y Z 1 sen(y) sen(y) dy dx = dx dy = sen(y) dy = 1 − cos(1). y y 0 0 0 ZZ p [3] Calcule 1 − y 2 dx dy, onde D é a região limitada por x2 + y 2 = 1 no D primeiro quadrante. 1 1 Figura 9.24: A região D. CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 292 Consideramos D como região de tipo II: D = {(x, y) ∈ R/0 ≤ y ≤ 1, 0 ≤ x ≤ Pela proposicão: p 1 − y 2}. ZZ p Z 1 Z √1−y2 p Z 1 2 2 2 1 − y dx dy = 1 − y dx dy = (1 − y 2) dy = . 3 0 0 0 D Note que se escrevemos D como região de tipo I, a integração é muito mais complicada. ZZ [4] Calcule (x + y)2 dx dy, se D é a região limitada por y = x, 2 y = x + 2 D e o eixo dos y. 1 1 2 Figura 9.25: A região D. As retas se intersectam no ponto (2, 2). Escrevendo D como região de tipo I: x 0 ≤ x ≤ 2, x ≤ y ≤ + 1. 2 ZZ D 2 (x + y) dx dy = Z 2 Z 0 1 = 3 Z 0 2 x +1 2 2 (x + y) dy dx x 3 3x 21 + 1 − 8x3 dx = . 2 6 [5] Determine o volume do sólido limitado por y − x + z = 1 e pelos planos coordenados. Para ter uma visão geométrica do problema, fazemos o desenho do sólido, que é limitado superiormente pelo plano que passa pelos pontos (0, 0, 1), (0, 1, 0), (−1, 0, 0) e inferiormente pelo plano z = 0. 9.9. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 293 1 -1 Figura 9.26: O sólido e a região, respectivamente. A integral dupla representa o volume do sólido limitado superiormente pelo gráfico da função z = f (x, y) = 1 + x − y e, inferiormente pela região D projeção de W no plano xy. W = {(x, y, z) ∈ R3 / (x, y) ∈ D, onde D = {(x, y) ∈ R2 / − 1 ≤ x ≤ 0, volume é: V (W ) = = ZZ 1 2 0 ≤ y ≤ x + 1} é região do tipo I. Seu (1 + x − y) dx dy = D Z 0 −1 (x + 1)2 dx = 0 ≤ z ≤ 1 + x − y}, Z 0 Z 1 u.v. 6 −1 0 x+1 (1 + x − y) dy dx [6] Determine o volume do sólido limitado por z = 2 x+1, x = y 2 e x−y = 2. CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 294 5 5 4 4 3 3 2 2 1 -2 1 0 0 -2 0 4 0 4 2 2 2 0 4 2 0 4 -2 -2 Figura 9.27: O sólido do exemplo [6]. 1 1 2 -1 Figura 9.28: A região D. Observe que z = f (x, y) = 2 x + 1 e V (W ) = ZZ (2 x + 1) dx dy, D onde D é a projeção do sólido no plano xy. Considerando D como região do tipo II, ela é definida por: D = {(x, y) ∈ R2 / − 1 ≤ y ≤ 2, y 2 ≤ x ≤ y + 2}. O volume é: 9.9. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS V (W ) = = ZZ Z (2x + 1) dx dy = D 2 −1 Z 2 Z y2 −1 (5 y + 6 − y 4 ) dy = y+2 189 u.v. 10 295 (2 x + 1) dx dy [7] Calcule o volume do sólido que está acima do plano xy e é limitado por z = x2 + 4 y 2 e x2 + 4 y 2 = 4. O gráfico de z = x2 + 4 y 2 é um parabolóide elítico e o de x2 + 4 y 2 = 4 é um cilindro elítico. y y 0.5 1 0 -0.5 -1 3 3 0.5 0 -0.5 1 2 2 z z 1 1 0-2 -2 0 -1 -1 0 x 0 1 x 2 1 2 Figura 9.29: O sólido do exemplo [7]. 1 -1 1 2 -1 Figura 9.30: A região do exemplo [7]. Pela simetria do sólido, calculamos o volume no primeiro octante e multiplicamos o resultado por 4. CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 296 1 1 2 Figura 9.31: A região D. D √ é a projeção do cilindro no plano xy. D é do tipo I: 0 ≤ x ≤ 2 e 0 ≤ y ≤ 4 − x2 e, 2 V =4 =2 ZZ Z 2 2 (x + 4y ) dx dy = 4 D 2 0 2 x √ 0 √ Z 2 Z 4−x2 2 2 2 (x + 4 y ) dy dx 0 3 4− x2 (4 − x2 ) 2 dx = 4 π u.v. + 3 [8] Calcule a área da região plana limitada pelas curvas y = x2 e y = 4 x−x2 . Os pontos de interseção das curvas são: (0, 0) e (2, 4). 5 4 3 2 1 0.5 1.0 1.5 2.0 Figura 9.32: A região D. D é do tipo I: 0 ≤ x ≤ 2 e x2 ≤ y ≤ 4x − x2 . A= ZZ D dx dy = Z 2 Z 0 4x−x2 dy dx = 2 x2 Z 0 2 (2x − x2 ) dx = 8 u.a. 3 [9] Calcule o volume do sólido obtido pela interseção dos cilindros: x2 +y 2 = a2 e x2 + z 2 = a2 , a 6= 0. O sólido é simétrico em relação à origem. 9.9. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 297 Figura 9.33: Interseção dos cilindros. Calculamos o volume da porção do sólido no primeiro octante e multiplicamos o resultado por 8. Figura 9.34: O sólido no primeiro octante. Claramente D é região do tipo I: 0 √ ≤x≤ae0≤y≤ sólido W é dada por z = f (x, y) = a2 − x2 e: √ a2 − x2 . A altura do CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 298 V =8 =8 ZZ √ Z 0 =8 Z 0 a2 − x2 dx dy D √ a2 −x2 √ a Z 0 a2 − x2 dy dx a (a2 − x2 ) dx = 16 a3 . 3 [10] Calcule o volume do sólido limitado por 3 x + 4 y = 10, z = x2 + y 2 e situado acima do plano xy, no primeiro octante. 0 1 2 3 8 2 6 4 1 2 0 3 2 1 1 0 2 3 Figura 9.35: Sólido e região do exemplo [10], respectivamente. D é uma região do tipo II: 0 ≤ y ≤ V = ZZ =− 2 2 (x + y ) dx dy = D 2 81 2 =− 81 5 10 − 4y e0≤x≤ ; logo: 2 3 Z 5 Z 2 0 Z Z 5 2 0 5 2 0 0 10−4 y 3 (x + y ) dx dy 2 2 [2 y − 5] [43 y 2 − 80 y + 100] dy [86 y 3 − 375 y 2 + 600 y − 500] dy = 15625 u.v. 1296 [11] Calcule o volume do sólido limitado por z − x y = 0, z = 0, y = x2 e y 2 − x = 0. 9.9. INTEGRAL DUPLA E VOLUME DE SÓLIDOS 299 Figura 9.36: Sólido do exemplo [11]. D é uma região do tipo I: 0 ≤ x ≤ 1 e x2 ≤ y ≤ √ x, 1 1 Figura 9.37: Região D. Logo: V = ZZ D x y dx dy = Z 1 Z 0 √ x2 x 1 x y dy dx = 2 Z 1 0 [x2 − x5 ] dx = 1 u.v. 12 CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA 300 9.10 Exercícios 1. Calcule ZZ f (x, y) dx dy, se: R (a) f (x, y) = x2 y 3 e R = [0, 1] × [0, 1] (b) f (x, y) = (x + y)2 (x2 − y 2 ) e R = [0, 1] × [0, 1] (c) f (x, y) = x2 + 4 y e R = [0, 2] × [0, 3] x2 e R = [−1, 1] × [−1, 1] y2 + 1 (e) f (x, y) = ex y (x2 + y 2 ) e R = [−1, 3] × [−2, 1] (d) f (x, y) = (f) f (x, y) = x y − y 2 e R = [0, 5] × [0, 4] (g) f (x, y) = 5 x y 2 e R = [1, 3] × [1, 4] (h) f (x, y) = 2 x + c2 y e R = [−2, 2] × [−1, 1] (i) f (x, y) = x2 − y 2 e R = [1, 2] × [−1, 1]. 2. Calcule o volume do sólido limitado superiormente pelo gráfico da função e inferiormente pelo retângulo dado: (a) z = p 9 − y 2 e R = [0, 4] × [0, 2] (b) z = x2 + y 2 e R = [−2, 2] × [−3, 3] (c) z = y 2 − x2 e R = [−1, 1] × [1, 3] (d) z = 2 x + 3 y + 6 e R = [−1, 2] × [2, 3] (e) z = a cos(2 θ) + b sen(2 α) e R = [0, π2 ] × [0, π2 ] (f) z = x sen(y) e R = [0, π] × [0, π] 3. Calcule as seguintes integrais mudando a ordem de integração: (a) Z 1 0 Z 1 y 2 tg(x ) dx dy 2 x x2 dy dx (b) 2 1 1 y Z 1 Z √1−x2 p 2 1 − y dy dx (c) Z 0 Z 0 (d) Z 1 Z 1 2 sen(y ) dy dx Z 1Z y x2 (e) e dx dy 0 0 (f) Z 3 0 Z x 3y 9 y cos(x ) dx dy 2 y2 9.10. EXERCÍCIOS 301 4. Calcule as seguintes integrais sabendo que D é limitada pelas curvas dadas: ZZ y dx dy; y = 2 x2 − 2, y = x2 + x ZZ x y dx dy; (c) ZZ x dx dy; x − y 2 = 0, x = 1 (d) ZZ dx dy ; y − x2 = 0, y = 1 x2 + 1 (e) ZZ (x2 + y 2) dx dy; y = 0, y = x − 1 e x = 1, x = 0 (f) ZZ ex+y dx dy; y = 0, y = x e x − 1 = 0 (g) ZZ x cos(y) dx dy; y = 0, y = x2 e x = 1 (h) ZZ 4 y 3 dx dy; y = x − 6 e y 2 = x (i) ZZ (y 2 − x) dx dy; y 2 = x e x = 3 − 2 y 2 (j) ZZ (x2 + 2 y) dx dy; y = 2 x2 e y = x2 + 1 (k) ZZ (1 + 2 x) dx dy; x = y 2 e y + x = 2 (l) ZZ dx dy; y 2 = x3 e y = x (a) D (b) D D D D D x2 a2 + y2 b2 = 1, x, y ≥ 0 D D D D D D 302 CAPÍTULO 9. INTEGRAÇÃO DUPLA Capítulo 10 MUDANÇA DE COORDENADAS 10.1 Introdução Seja D ∗ ⊂ R2 uma região elementar no plano uv e: x, y : D ∗ −→ R, onde x = x(u, v) e y = y(u, v) são funções contínuas e com derivadas parciais contínuas num retângulo aberto R tal que D ∗ ⊂ R. Estas duas funções determinam uma transformação do plano uv no plano xy. De fato: T : D ∗ −→ R2 , onde T (u, v) = (x(u, v), y(u, v)). A transformação T é também denotada por: ( x= y= x(u, v) y(u, v), (u, v) ∈ D ∗ . Denotemos a imagen de D ∗ por T como D = T (D ∗ ), contida no plano xy. 303 CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 304 v y D T D* u x Figura 10.1: Mudança de coordenadas. Exemplos 10.1. Seja D ∗ = [0, 1] × [0, 2π] e T (r, t) = (r cos(t), r sen(t)). Determinemos D = T (D ∗ ) no plano xy. ( x = r cos(t) y = r sen(t); logo: x2 + y 2 = r 2 ≤ 1; então D = {(x, y) ∈ R2 /x2 + y 2 ≤ 1}. t y 2π T L D* D 1 1 r Figura 10.2: Definição 10.1. Uma transformação T é injetiva em D ∗ se: T (u1, v1 ) = T (u2, v2 ) implica em u1 = u2 e v1 = v2 , para todo (u1 , v1 ), (u2 , v2 ) ∈ D ∗ . x 10.2. JACOBIANO DA MUDANÇA DE COORDENADAS 305 No exemplo 10.1, temos que: D ∗ = [0, 1] × [0, 2π] e T (r, t) = (r cos(t), r sen(t)). A transformação T não é injetiva: De fato, T (0, t1 ) = T (0, t2) = (0, 0) para t1 6= t2 . Observe que: T (L) = (0, 0), onde L = {(0, t)/0 ≤ t ≤ 2 π}. Mas se D ∗ = (0, 1] × (0, 2π], T é injetiva. 10.2 Jacobiano da Mudança de Coordenadas Seja T : D ∗ −→ D uma transformação definida por: ( x = x(u, v) y = y(u, v), (u, v) ∈ D ∗ . Considere a seguinte matriz: ∂x ∂u J= ∂y ∂u ∂x ∂v ∂y ∂v onde as derivadas parciais são calculadas nos pontos (u, v) ∈ D ∗ . J é chamada matriz Jacobiana (de Jacobi) da transformação T . Definição 10.2. O determinante da matriz J, dito jacobiano de T , é denotado e definido por: ∂(x, y) ∂x ∂y ∂x ∂y = det(J) = − ∂(u, v) ∂u ∂v ∂v ∂u onde as derivadas parciais são calculadas nos pontos (u, v) ∈ D ∗ . Observação 10.1. A importância da matriz Jacobiana de uma transformação deverá ser estudada com mais rigor, em disciplinas mais avançadas. Por enquanto citaremos a seguinte proposição, sem prova: CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 306 Proposição 10.1. Se: ∂(x, y) (u0 , v0 ) 6= 0, ∂(u, v) (u0 , v0 ) ∈ D ∗ , então existe uma vizinhança do ponto (u0 , v0 ) tal que a restrição de T a esta vizinhança é injetiva. Exemplos 10.2. [1] No exemplo 10.1, temos que: D ∗ = [0, 1] × [0, 2π] e T (r, t) = (r cos(t), r sen(t)). Logo, ∂(x, y) = r. ∂(r, t) Note que para todo (r, t) ∈ L temos ∂(x, y) = 0. ∂(r, t) [2] Seja o quadrado D ∗ = [0, 1] × [0, 1] e T (u, v) = (u + v, u − v). ( x =u+v y = u − v. Se u = 0, então y = −x; se v = 0, então y = x, se u = 1; então y = 2 − x e se v = 1, então y = x − 2. A região D = T (D ∗ ) é a região do plano xy limitada pelas curvas y = x, y = −x, y = x − 2 e y = 2 − x. O jacobiano: ∂(x, y) = −2. ∂(u, v) 1 1 1 -1 1 Figura 10.3: Regiões D ∗ e D, respectivamente. 2 10.3. MUDANÇA DE COORDENADAS E INTEGRAIS DUPLAS 307 [3] Seja D ∗ a região limitada pelas curvas u2 − v 2 = 1, u2 − v 2 = 9, u v = 1 e u v = 4 no primeiro quadrante, sendo T (u, v) = (u2 − v 2 , u v). Determinemos T (D ∗) = D, fazendo: ( x = u2 − v 2 y = u v; se u2 − v 2 = 1, então x = 1; se u2 − v 2 = 9, então x = 9, se u v = 1, então y = 1 e se u v = 4, então y = 4 2 4 1 1 1 2 3 1 5 Figura 10.4: Regiões D ∗ e D, respectivamente. ∂(x, y) = 2(u2 + v 2 ), que não se anula em D ∗ . ∂(u, v) 10.3 Mudança de Coordenadas e Integrais Duplas O seguinte teorema nos ensina o comportamento das integrais duplas sob mudanças de coordenadas. Teorema 10.1. Sejam D e D ∗ regiões elementares no plano, T uma transformação de classe C 1 e injetiva em D ∗ . Suponha que T (D ∗ ) = D. Então, para toda função integrável f sobre D temos: ZZ D onde: f (x, y) dx dy = ∂(x, y) du dv f (u, v) ∂(u, v) D∗ ZZ ∂(x, y) ∂(u, v) 9 CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 308 é o valor absoluto do determinante Jacobiano e a função nas novas coordenadas f (u, v) = f (x(u, v), y(u, v)). Em particular a área de D é: A(D) = ZZ ∂(x, y) du dv dx dy = D D ∗ ∂(u, v) ZZ Observações 10.1. 1. É possível mostrar que o teorema anterior é ainda válido se T não é injetiva num subconjunto de conteúdo nulo de D ∗ , como no caso de L, no exemplo 1. 2. Observe que podemos ir do plano uv ao plano xy e vice-versa, pois T é bijetiva. 10.4 Mudança Linear de Coordenadas Consideremos a seguinte transformação: x = x(u, v) = a1 u + b1 v y = y(u, v) = a2 u + b2 v onde a1 b2 − a2 b1 6= 0. Como: ∂(x, y) ∂(u, v) = |a1 b2 − a2 b1 |, do teorema anterior, segue: Corolário 10.2. Se f (u, v) = f (a1 u + b1 v, a2 u + b2 v), então: ZZ D f (x, y) dx dy = |a1 b2 − a2 b1 | ZZ f (u, v) du dv D∗ Em particular, a área de D é: A(D) = |a1 b2 − a2 b1 | A(D ∗ ) 10.4. MUDANÇA LINEAR DE COORDENADAS 309 Observação 10.2. Note que as inversas são: b2 x − b1 y u = u(x, y) = a1 b2 − a2 b1 v = e que: , −a2 x + a1 y v(x, y) = a1 b2 − a2 b1 ∂(u, v) ∂(x, y) −1 = ∂(x, y) ∂(u, v) . Exemplos 10.3. [1] Seja D a região limitada pelas curvas y = 2 x, y = x, y = 2 x−2 e y = x+1, calcule: ZZ x y dx dy. D A presença dos termos 2 x − y e y − x sugerem a seguinte mudança: ( u = 2x− y v = y − x. A nova região D ∗ é limitada pelas seguintes curvas: u = 0, u = −2, v = 0 e v = 1. 4 1 3 2 1 1 2 3 -2 Figura 10.5: Regiões D e D ∗ , respectivamente. Note que: 1 CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 310 ( x =u+v y = u + 2 v, ∂(x, y) = 1 e f (u, v) = (u + v) (u + 2 v) = u2 + 3 u v + 2 v 2. Então: logo, ∂(u, v) ZZ x y dx dy = D Z 1 Z 0 0 2 2 (u + 3 u v + 2 v ) du dv = 1. −2 [2] Seja D a região limitada pela curva y + x = 2 e pelos eixos coordenados, calcule: ZZ y−x e x+y dx dy. D A presença dos termos x + y e x − y sugerem a seguinte mudança: ( u =x+y v = y − x. D é limitada pelas curvas x = 0, y = 0 e x + y = 2; então, D ∗ é limitada pelas curvas u = v, u = −v e u = 2, respectivamente. 2 2 1 1 1 2 -2 Figura 10.6: Regiões D ∗ e D, respectivamente. ∂(u, v) = 2 e ∂(x, y) = 1 , f (u, v) = e uv ; então: ∂(x, y) ∂(u, v) 2 2 10.4. MUDANÇA LINEAR DE COORDENADAS ZZ e y−x x+y D 311 ZZ Z Z u v v 1 2 1 dx dy = e u du dv = e u dv du 2 D∗ 2 0 −u v=u Z 1 2 v = du u eu 2 0 v=−u Z e − e−1 2 = u du 2 0 = e − e−1 . [3] Determine a área da região D limitada pela curva fechada (2 x − 4 y + 7)2 + (x − 5 y)2 = 16. Considere a mudança: ( u= v= 2x− 4y x − 5 y. D ∗ é a região limitada pela curva (u+7)2 +v 2 = 16 que é um círculo centrado em (−7, 0) de raio 4. 1 6 4 -10 -5 1 2 - 14 - 12 - 10 -8 -6 -4 -2 -2 -4 -3 -6 Figura 10.7: Regiões D ∗ e D, respectivamente. ∂(u, v) ∂(x, y) 1 ∂(x, y) = 6; então ∂(u, v) = 6 e: ZZ 1 1 8 A(D) = du dv = A(D ∗ ) = πu.a. 6 D∗ 6 3 [4] Seja D a região limitada pela curva y + x = 1 e pelos eixos coordenados, calcule: CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 312 ZZ cos D x − y dx dy. x+y A presença dos termos x + y e x − y sugerem a seguinte mudança: ( u =x−y v = x + y. 1 1 1 -1 1 Figura 10.8: Regiões D ∗ e D, respectivamente. ∗ D é a região limitada pelas seguintes curvas: u = v, u = −v e v = 1, ∂(x, y) 1 ∂(u, v) = 2 e u ; então: f (u, v) = cos v ZZ y−x 1 u cos dx dy = cos du dv x+y 2 D∗ v D Z Z v 1 1 u = du dv cos 2 0 v −v Z Z 1 1 1 v sen(1) − sen(−1) dv = sen(1) v dv = 2 0 0 sen(1) = . 2 ZZ [5] Seja D a região limitada pelas curvas y − 2 x = 2, y + 2 x = 2, y − 2 x = 1 e y + 2 x = 1, calcule: ZZ y +2x dx dy. 2 D (y − 2 x) 10.4. MUDANÇA LINEAR DE COORDENADAS 313 A presença dos termos y + 2 x e y − 2 x sugerem a seguinte mudança: ( u = y +2x v = y − 2 x. D ∗ é a região limitada pelas seguintes curvas: u = 1, u = 2, v = 1 e v = 2. 2 2 1 1 -1 -0.5 0.5 1 1 2 Figura 10.9: Regiões D ∗ e D, respectivamente. ∂(x, y) 1 u ∂(u, v) = 4 e f (u, v) = v 2 ; então: ZZ u 1 y +2x dx dy = du dv 2 4 D∗ v 2 D (y − 2 x) Z Z 2 1 2 u = du dv 2 4 1 1 v 3 = . 16 ZZ [5] Seja D a região limitada pelas curvas y + x = 1, y + x = 4, x − y = −1 e x − y = 1, calcule: ZZ (x + y)2 ex−y dx dy. D A presença dos termos y + x e y − x sugerem a seguinte mudança: ( u =x+y v = x − y. D ∗ é a região limitada pelas seguintes curvas: u = 1, u = 4, v = −1 e v = 1. CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 314 3.0 2.5 2.0 1.0 1.5 0.5 1.0 1 2 3 4 - 0.5 0.5 -1.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 Figura 10.10: Regiões D ∗ e D, respectivamente. ∂(x, y) 1 2 v ∂(u, v) = 2 e f (u, v) = u e ; então: ZZ 2 x−y (x + y) e D 10.5 ZZ 1 u2 ev du dv dx dy = 2 D∗ Z Z 4 1 1 2 v = u e du dv 1 −1 1 21 = (e − e−1 ). 2 Mudança Polar de Coordenadas Um ponto P = (x, y) em coordenadas retangulares tem coordenadas polares (r, θ) onde r é a distância da origem a P e θ é o ângulo formado pelo eixo dos x e o segmento de reta que liga a origem a P . P’ y P r r θ x Figura 10.11: Mudança polar de coordenadas. 10.5. MUDANÇA POLAR DE COORDENADAS 315 A relação entre as coordenadas (x, y) e (r, θ) é dada por: ( r θ Ou, equivalentemente: p x2 + y 2 y = arctg x 6= 0. x = ( x = r cos(θ) y = r sen(θ). Esta mudança é injetiva em: D ∗ = {(r, θ)/r > 0, θ0 < θ < θ0 + 2π}, com θ0 =constante. Note que a região circular D = {(x, y) /x2 + y 2 ≤ a2 } corresponde, em coordenadas polares, à região retangular: D ∗ = {(r, θ) /0 ≤ r ≤ a, 0 ≤ θ ≤ 2 π} = [0, a] × [0, 2 π]. Exemplos 10.4. [1] A cardióide é uma curva de equação cartesiana x2 + y 2 = em coordenadas polares fica r = 1 − sen(θ), r ≥ 0. -1 p x2 + y 2 − y; 1 -1 -2 Figura 10.12: Cardióide. [2] A lemniscata de Bernoulli é uma curva de equação cartesiana: (x2 + y 2)2 = a2 (x2 − y 2); em coordenadas polares fica r 2 = a2 cos(2θ). CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 316 Figura 10.13: Lemniscata. [3] O cilindro circular reto de raio a, em coordenadas cartesianas é definido como o seguinte conjunto: C = {(x, y, z) ∈ R3 / x2 + y 2 = a2 , a ≥ 0}; em coordenadas polares: C ∗ = {(r, θ, z) ∈ R3 /r = a, 0 ≤ θ ≤ 2 π}. Calculemos o jacobiano da mudança de coordenadas polares: ∂(x, y) ∂(u, v) = r > 0. Do teorema anterior, segue: Corolário 10.3. Se f (r, θ) = f (r cos(θ), r sen(θ)), então: ZZ f (x, y) dx dy = D ZZ r f (r, θ) dr dθ D∗ Esta igualdade ainda é válida se D ∗ = {(r, θ)/r ≥ 0, θ0 ≤ θ ≤ θ0 + 2π}. Em particular a área de D é: A(D) = 10.6 ZZ dx dy = D ZZ r dr dθ D∗ Regiões Limitadas por Círculos Seja a > 0. A região D, limitada pelo círculo x2 + y 2 = a2 , em coordenadas polares é dada por: D ∗ = {(r, θ) ∈ R2 /0 ≤ r ≤ a, 0 ≤ θ ≤ 2 π}. 10.6. REGIÕES LIMITADAS POR CÍRCULOS 317 Figura 10.14: A região D. Neste caso: ZZ f (x, y) dx dy = D Z 0 2π Z a r f (r, θ) dr dθ 0 A região D, limitada pelo círculo (x − a)2 + y 2 ≤ a2 , em coordenadas polares é: D ∗ = {(r, θ) ∈ R2 /0 ≤ r ≤ 2 a cos(θ), − π π ≤ θ ≤ }. 2 2 Figura 10.15: A região D. Neste caso: ZZ D f (x, y) dx dy = Z π 2 − π2 Z 2 acos(θ) r f (r, θ) dr dθ 0 A região D, limitada pelo círculo x2 + (y − a)2 ≤ a2 , em coordenadas polares é: CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 318 D ∗ = {(r, θ) ∈ R2 /0 ≤ r ≤ 2 a sen(θ), 0 ≤ θ ≤ π}. Figura 10.16: A região D. Neste caso: ZZ f (x, y) dx dy = D Z π Z 0 2a sen(θ) r f (r, θ) dr dθ 0 Exemplos 10.5. ZZ [1] Calcule (x2 + y 2) dx dy, onde D é a região limitada pelas curvas: D √ 3x 2 2 2 2 , x + y = 1, x + y = 4, y = x e y = 3 no primeiro quadrante. 1 1 2 Figura 10.17: A região D. Usando coordenadas polares, a nova região D ∗ no plano rθ é determinada por: 10.6. REGIÕES LIMITADAS POR CÍRCULOS D ∗ = {(r, θ) /1 ≤ r ≤ 2, 319 π π ≤ θ ≤ }. 6 4 Como x2 + y 2 = r 2 , temos: ZZ 2 2 (x + y ) dx dy = D [2] Calcule ZZ 3 r dr dθ = D∗ ZZ Z π 4 π 6 2 Z 3 r dr dθ = 1 5π . 16 ln(x2 + y 2) dx dy, onde D é a região limitada pelas curvas: D x2 + y 2 = a2 e x2 + y 2 = b2 , (0 < a < b). Usando coordenadas polares temos que D ∗ está determinada por: a ≤ r ≤ b e 0 ≤ θ ≤ 2π. Por outro lado, ln(x2 + y 2 ) = 2 ln(r), ZZ D 2 2 ln(x + y ) dx dy = ZZ = 4π 2 r ln(r) dr dθ D∗ Z b r ln(r) dr a b = π (r (2 ln(r) − 1)) 2 a = π (2 b2 ln(b) − 2 a2 ln(a) + a2 − b2 ). [3] Determine o volume do sólido situado acima do plano xy e limitado pelos gráficos de z = x2 + y 2 e x2 + y 2 = 2 y. O gráfico de z = x2 + y 2 é um parabolóide centrado na origem e o do cilindro circular reto x2 + y 2 = 2y que é centrado em (0, 1, 0) e de raio 1, pois, podemos escrever x2 + y 2 − 2 y = x2 + (y − 1)2 − 1. CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 320 x 2 1 0 0.75 -1 1 -2 0.5 0.25 0 4 3 3 2 z 2 1 1 0 02 -2 1.5 -1 1 0 1 y 0.5 0 2 Figura 10.18: O sólido do exemplo [3]. Logo D = {(x, y) ∈ R2 /x2 + (y − 1)2 ≤ 1}, em coordenadas polares é: D ∗ = {(r, θ) ∈ R2 /0 ≤ r ≤ 2 sen(θ), 0 ≤ θ ≤ π}. O sólido W é limitado superiormente pelo parabolóide; logo: V = ZZ (x2 + y 2 ) dx dy. D Utilizando coordenadas polares temos x2 + y 2 = r 2 e: V = ZZ 2 2 ZZ 3 Z π Z 2sen(θ) r dr dθ 3 (x + y ) dx dy = r dr dθ = D∗ 0 0 Z π Z π 3 cos(4θ sen(2θ 4 =4 sen (θ) dθ = 4 dθ + − 8 8 2 0 0 π 3 θ 3 3 = −sen (θ) cos(θ) − cos(θ) sen(θ) + 2 2 0 3π u.v. = 2 D [4] Calcule o volume do sólido limitado externamente por x2 + y 2 + z 2 = 25 e internamente por x2 + y 2 = 9. 10.6. REGIÕES LIMITADAS POR CÍRCULOS 321 y 0 4 3 2 1 3 z 2 1 0 0 1 2 3 4 x 5 Figura 10.19: O sólido do exemplo [4]. 5 3 3 5 Figura 10.20: A região D. Pela simetria do sólido, calculamos o volume no primeiro octante e multiplicamos o resultado por 8. ZZ p 25 − x2 − y 2 dx dy, V =8 D onde D é a projeção do sólido no plano xy. Usando coordenadas polares obtemos a nova região D ∗ definida por: π D ∗ = {(r, θ) / 3 ≤ r ≤ 5, 0 ≤ θ ≤ } 2 p √ 2 2 2 e 25 − x − y = 25 − r : Z ZZ p 2 2 25 − x − y dx dy = 8 V =8 D 0 π 2 Z 3 5 r √ 25 − r 2 dr dθ = 256π u.v. 3 CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 322 [5] Calcule Z +∞ 2 e−x dx. 0 Esta integral é muito utilizada em Estatística. Seja R = [−a, a] × [−a, a]. Então: ZZ R −(x2 +y 2 ) e dx dy = Z a Z −a a −x2 e −y 2 e −a O gráfico de f (x, y) = e−(x 2 +y 2 ) Z a Z a −x2 −y 2 dy dx = e dx e dy . −a −a é: Figura 10.21: Z a a 2 −u2 Se denotamos por L(a) = e du = 2 e−u du, temos: −a 0 ZZ 2 2 L2 (a) = e−(x +y ) dx dy. Z R Sejam D e D1 regiões elementares tais que D ⊂ R ⊂ D1 onde D é a região limitada pelo círculo inscrito em R e D1 é a região limitada pelo círculo circunscrito a R: R D D1 Figura 10.22: 10.6. REGIÕES LIMITADAS POR CÍRCULOS 2 2 323 2 2 Como f (x, y) = e−(x +y ) é contínua em D1 e e−(x +y ) > 0, para todo x, y, ZZ ZZ 2 2 −(x2 +y 2 ) 2 e−(x +y ) dx dy. e dx dy ≤ L (a) ≤ D D1 Usando coordenadas √ polares, D é definida por 0 ≤ r ≤ a e 0 ≤ θ ≤ 2π, D1 é definida por 0 ≤ r ≤ 2 a e 0 ≤ θ ≤ 2π: e−(x 2 +y 2 ) = e−r 2 e: Z 0 2π Z a 2 dr dθ = π (1 − e−a ); −r 2 re 0 então, Como: q π (1 − lim e−a2 ) a→+∞ q ≤ L(a) ≤ Z a Z +∞ −u2 e du = 0 Z π (1 − e−2a2 ). +∞ 2 e−u du, 0 temos: −u2 e du = √ 0 π . 2 [6] Se D = {(x, y) ∈ R2 /1 ≤ (x − y)2 + (x + y)2 ≤ 4, y ≤ 0, x + y ≥ 0}, calcule: ZZ x+y e x−y dx dy. 2 D (x − y) Usamos mudança linear: ( u = x−y v = x + y. Logo, a nova região D ∗ é limitada pelas curvas u2 + v 2 = 1, u2 + v 2 = 4, v ≤ u e 0 ≤ v: CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 324 2 1 1 2 Figura 10.23: Região D. ∂(x, y) 1 ∂(u, v) = 2 então = e ∂(x, y) ∂(u, v) 2 x+y ZZ ZZ v eu e x−y 1 dx dy = du dv. 2 2 D ∗ u2 D (x − y) Usando coordenadas polares obtemos a região D ∗∗ definida por: 1 ≤ r ≤ 2 π e0≤θ≤ : 4 ZZ ZZ v 1 eu r etg(θ) 1 ln(2) du dv = dr dθ = (e − 1). 2 2 2 2 D∗ u 2 D∗∗ r cos (θ) 2 10.7 Aplicação Seja D região do tipo II, limitada por curvas de equações (em forma polar): r = g(θ) e r = h(θ) e definida por: D = {(r, θ)/g(θ) ≤ r ≤ h(θ), θ1 ≤ θ ≤ θ2 }, onde g, h : [θ1 , θ2 ] −→ R são funções contínuas tais que 0 ≤ g(θ) ≤ h(θ). θ θ y h 2 D D* θ1 θ2 θ1 r Figura 10.24: g x 10.7. APLICAÇÃO 325 Então: ZZ f (x, y) dx dy = D Z θ2 Z h(θ2 ) θ1 r f (r, θ) dr dθ g(θ1 ) Em particular, a área de D é: A(D) = 1 dx dy = 2 D ZZ Z θ2 θ1 2 (h(θ)) − (g(θ)) 2 dθ Exemplos 10.6. [1] Calcule o volume do sólido limitado pelo cone z = cilindro r = 4 sen(θ), no primeiro octante. p x2 + y 2 e pelo Usando coordenadas polares temos que o cone escreve-se z = r; no plano r θ o cilindro projeta-se no círculo r = 4 sen(θ); logo 0 ≤ r ≤ 4 sen(θ) e π 0≤θ≤ . 2 y 4 0 4 2 1 3 4 3 3 2 z 2 1 1 0 0 0.5 1 -2 -1 1 1.5 2 x 2 Figura 10.25: V = ZZ D∗ 2 r dr dθ = Z π 2 0 Z 4 sen(θ) 2 r dr dθ = 0 128 u.v. 9 [2] Calcule a área da região limitada pelo interior do círculo r = 4 sen(θ) e pelo exterior do círculo r = 2. CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 326 2 -2 2 -2 Figura 10.26: Os círculos se intersectam em: θ = 1 A(D) = 2 Z 5π 6 π 6 π 6 eθ= 5π 6 e: (16 sen2 (θ) − 4) dθ = √ 2π + 2 3 u.a. 3 [3] Calcule a área da região limitada por r = 2(1 + sen(θ)). 4 3 2 1 -2 -1 1 2 Figura 10.27: 0 ≤ θ ≤ 2 π. Logo: A(D) = 2 Z 2π (1 + sen(θ))2 dθ = 6πu.a. 0 [4] Calcule a área da região limitada por r = sen(3θ). 10.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 327 Figura 10.28: 0 ≤ θ ≤ 2 π. Logo: 1 A(D) = 2 2π Z sen2 (3θ) dθ = 0 π u.a. 2 10.8 Exercícios de Mudança de Coordenadas Nesta seção apresentaremos mudanças de coordenadas não usuais. Lembremos, que utilizaremos o teorema de mudança de coordenadas e a fórmula: ZZ f (x, y) dx dy = D ∂(x, y) du dv f (u, v) ∂(u, v) D∗ ZZ onde: ∂(x, y) ∂(u, v) é o valor absoluto do determinante Jacobiano e f (u, v) = f (x(u, v), y(u, v)). Exemplos 10.7. [1] Calcule: Z 1 2 Z Primeiramente observamos que: 0 √ x √ ye x dy dx. CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 328 Z 2Z 1 √ x √ ye 0 x dy dx = onde D = {(x, y) / 1 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ ZZ √ ye x dx dy, D √ x}; D é região de tipo I. 1 1 2 Figura 10.29: A região D. Utilizemos a mudança de coordenadas: x=1 ( x = u2 x=2 =⇒ y = v; y=0 √ y= x √ Logo, D ∗ = {(u, v) / 1 ≤ u ≤ 2, 0 ≤ v ≤ u}. =⇒ u = 1 √ =⇒ u = 2 =⇒ v = 0 =⇒ v = u. 1 1 Figura 10.30: A região D ∗ . 2 10.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 329 O jacobiano da mudança é: " ∂(x, y) = det ∂(u, v) √ que é não nulo em D ∗ e f (x, y) = y e ZZ √ ye x dx dy = D =2 Z 0 x ZZ # 2u 0 1 = 2 u; = v eu . Logo: 2 u v eu du dv D∗ √ Z 1 √ 2 2 Z u u u v e dv du 0 u3 eu du 1 √ √ = 6 + 4 e 2 (2 2 − 3). = [2] Calcule: ZZ (x2 + y 2) dx dy, D onde D é limitada por x y = 2, x y = 4, x2 − y 2 = 1 e x2 − y 2 = 9, no primeiro quadrante. 2 1 1 2 3 Figura 10.31: A região D. Façamos a seguinte mudança de coordenadas: CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 330 ( u = x2 − y 2 v = 2 x y. xy = 2 x y = 4 =⇒ x2 − y 2 = 1 2 x − y2 = 9 =⇒ v = 4 =⇒ v = 8 =⇒ u = 1 =⇒ u = 9. # ∂(x, y) 1 = ; 2 ∂(u, v) 4 (x + y 2) Então D ∗ = [1, 9] × [4, 8]. Por outro lado: ∂(u, v) = det ∂(x, y) " 2 x −2 y 2y 2x = 4 (x2 + y 2) =⇒ logo: ∂(x, y) 1 = , (x + y ) ∂(u, v) 4 2 e: 2 ZZ 1 (x + y ) dx dy = du dv 4 D D∗ Z Z 1 9 8 = dv du 4 1 4 = 8. ZZ 2 2 [3] Calcule: ZZ D (y + 2 x2 ) (y − x2 ) dx dy, onde D é limitada por x y = 1, x y = 2, y = x2 e y = x2 − 1, no primeiro quadrante. 2.0 1.5 1.0 0.5 0.5 1.0 1.5 Figura 10.32: A região D. 2.0 10.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS Façamos a seguinte mudança de coordenadas: xy = 1 ( u = xy xy = 2 =⇒ 2 v =y−x y = x2 y = x2 − 1 =⇒ u = 1 =⇒ u = 2 =⇒ v = 0 =⇒ v = −1. Então D ∗ = [1, 2] × [−1, 0]. O jacobiano da mudança é: " # y x ∂(x, y) 1 ∂(u, v) = det = y + 2 x2 =⇒ = . ∂(x, y) ∂(u, v) y + 2 x2 −2 x 1 Então: ∂(x, y) = v, (y + 2 x ) (y − x ) ∂(u, v) 2 logo: ZZ 2 2 D 2 (y + 2 x ) (y − x ) dx dy = = ZZ Z v du dv D∗ 0 Z 2 1 −1 1 =− . 2 [4] Calcule: ZZ e−x 2 −x y−y 2 dx dy, D onde D é limitada por x2 + y 2 + x y ≤ 1. 1 -1 1 -1 Figura 10.33: A região D. v du dv 331 CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 332 Completando os quadrados: y 2 x2 + y 2 + x y = x + + 2 √ Utilizemos a mudança linear de coordenadas: y u = x + √ 2 3y v = 2 3 y 2 . 2 A região é dada por D ∗ = {(u, v) / u2 + v 2 ≤ 1}. Por outro lado, o jacobiano da mudança é: 1 √ √ 1 2 ∂(x, y) 2 ∂(u, v) 3 3 √ = = det =⇒ = . ∂(x, y) 2 ∂(u, v) 3 3 0 2 Então: ZZ −x2 −x y−y 2 e D √ ZZ 2 3 2 2 e−(u +v ) du dv. dx dy = 3 D∗ Utilizando coordenadas polares, temos que D ∗∗ = {(r, θ) / 0 ≤ r ≤ 1, 0 ≤ θ ≤ 2 π} e: ZZ −x2 −x y−y 2 e dx dy = D = = = √ ZZ 2 3 2 2 e−(u +v ) du dv 3 ∗ √ Z ZD 2 3 2 e−r r dr dθ 3 ∗∗ √ Z 1DZ 2π 2 3 2 r e−r dθ dr 3 √ 0 0 2π 3 (1 − e−1 ). 3 [5] Calcule: ZZ D (x2 − y 2) exy dx dy, 10.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS 333 onde D é limitada por x y = 1, x y = 4, y = x e y = x + 2 no primeiro quadrante. 4 3 2 1 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 Figura 10.34: A região D. Façamos a seguinte mudança de coordenadas: xy = 1 x y = 4 =⇒ −x + y = 0 −x + y = 2 ( u = xy v = −x + y. =⇒ u = 1 =⇒ u = 4 =⇒ v = 0 =⇒ v = 2. Logo a região D ∗ = [1, 4] × [0, 2]: 2 1 4 Figura 10.35: A região D ∗ . O jacobiano da mudança é: " # y x ∂(u, v) ∂(x, y) 1 = det = x + y =⇒ = ; ∂(x, y) ∂(u, v) x+y −1 1 CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 334 observe que como x, y > 0, temos: (x − y) (x + y) exy 2 2 xy ∂(x, y) = (x − y ) e = (x − y) exy = −v eu . ∂(u, v) x+y Então: ZZ D 2 2 xy (x − y ) e dx dy = − =− ZZ v eu du dv D∗ Z 4 1 Z 2 v eu dv du 0 4 = 2 (e − e ). [6] Calcule: ZZ e x3 +y 3 xy dx dy, D onde D = {(x, y) / y 2 − 2 x ≤ 0, x2 − 2 y ≤ 0}. 2 2 Figura 10.36: A região D. Façamos a seguinte mudança de coordenadas: ( x = u2 v y = u v 2. Então: ( y2 − 2 x ≤ 0 x2 − 2 y ≤ 0 √ =⇒ 0 ≤ v ≤ 3 2 √ =⇒ 0 ≤ u ≤ 3 2. 10.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS A região D ∗ = [0, Então: ZZ √ 3 335 √ 3 2]. Por outro lado: ∂(x, y) x3 + y 3 3 3 = 3 u2 v 2 . = u + v e xy ∂(u, v) e 2] × [0, x3 +y 3 xy dx dy = D ZZ ZDZ =3 Z =3 = 3 u2 v 2 eu Z du dv ∗ 3 3 u2 v 2 eu ev du dv D∗ √ 3 2 0 √ 3 2 0 3 +v 3 Z √ 3 2 2 2 u3 v3 u v e e du dv 0 √3 2 3 3 v 2 ev eu dv = (e2 − 1) Z √ 3 0 2 3 v 2 ev dv 0 1 = (e2 − 1)2 . 3 [7] Calcule: ZZ D x3 y 3 p 1 − x4 − y 4 dx dy, onde D = {(x, y) / x4 + y 4 ≤ 1}, no primeiro quadrante. 1 -1 1 -1 Figura 10.37: A região D. Façamos a seguinte mudança de coordenadas: CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 336 ( O jacobiano da mudança é: p x = r cos(θ) p y = r sen(θ). 1 ∂(x, y) p = p ∂(r, θ) 4 sen(θ) cos(θ) Então: p √ ∂(x, y) 1 4 4 = cos(θ) sen(θ) r 3 1 − r 2 x y 1 − x − y ∂(r, θ) 4 3 3 Logo, D ∗ = {(r, θ) / 0 ≤ r ≤ 1, 0 ≤ θ ≤ π } e: 2 ZZ p √ 1 4 4 x y cos(θ) sen(θ) r 3 1 − r 2 dr dθ 1 − x − y dx dy = 4 D D∗ Z 1 Z π/2 √ 1 3 2 = r 1 − r dr cos(θ) sen(θ) dθ 4 0 0 1 = . 60 ZZ 3 3 [8] Determine a área da região limitada por y 2 = 2 p x, y 2 = 2 q x, x2 = 2 r y e x2 = 2 s y tais que 0 < p < q e 0 < r < s. Figura 10.38: A região D. Façamos a seguinte mudança de coordenadas: 10.8. EXERCÍCIOS DE MUDANÇA DE COORDENADAS y2 u = 2x x2 v = 2y 2 y = 2px y 2 = 2 q x =⇒ x2 = 2 r y 2 x = 2sy 337 =⇒ u = p =⇒ u = q =⇒ v = r =⇒ v = s. Então D ∗ = [p, q] × [r, s]. Por outro lado: y2 y − 2x2 ∂(x, y) 4 3 ∂(u, v) x = . = − =⇒ = det ∂(x, y) 4 ∂(u, v) 3 x x2 − 2 y 2y Então: A(D) = ZZ D dx dy = ZZ D∗ 4 4 du dv = (q − p) (s − r). 3 3 [9] Determine a área da região limitada por: y= 9bx bx ey= , tal que a, b > 0. a a r x + a Figura 10.39: A região D. Façamos a seguinte mudança de coordenadas: r y = 1, b r x + a r y = 4, b CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 338 r ay u= bx r r x y v = + a b ay = bx ay = 9bx r r x y =⇒ + =1 a rb r x y + =4 a b =⇒ u = 1 =⇒ u = 3 =⇒ v = 1 =⇒ v = 4. Então D ∗ = [1, 3] × [1, 4]. Não é difícil calcular a inversa da transformação de coordenadas: a v2 x = (1 + u)2 b u2 v 2 . y = (1 + u)2 Logo: 2 v2 a − (1 + u)3 ∂(x, y) = det 2 u v2 b ∂(u, v) (1 + u)3 E: 2va (1 + u)2 4 a b u v3 . = − 2 u2 v b (1 + u)4 (1 + u)2 4 a b u v3 4 du dv D D ∗ (1 + u) Z 3Z 4 4 a b u v3 = 4 dv du 1 1 (1 + u) Z 3 u = 255 a b 4 du 1 (1 + u) 935 a b . = 64 A(D) = ZZ dx dy = ZZ [10] Calcule o volume do sólido limitado pelo elipsóide: x2 y 2 z 2 + 2 + 2 = 1; a2 b c onde a, b, c 6= 0. 10.9. OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL DUPLA 339 Pela simetria do sólido calculamos o volume relativo ao primeiro octante; logo: 2 ZZ s x y2 1 − 2 + 2 dx dy. V = 8c a b D x2 y 2 A região D é limitada pela porção de elipse 2 + 2 = 1 no primeiro quaa b drante. Usemos a seguinte mudança: ( x = a r cos(θ) y = b r sen(θ); o determinante Jacobiano da mudança é: ∂(x, y) = ∂(r, θ) " a cos (t) −ar sin (t) b sin (t) br cos (t) # = a b r. Por outro lado: s √ x2 y 2 1 − 2 + 2 = 1 − r2. a b π A região D ∗ = [0, 1] × [0, ]: 2 V = 8abc ZZ r D∗ √ 1− r 2 dr dθ = 4abcπ Z 1 r 0 √ 1 − r 2 dr = 4abcπ u.v. 3 4 π a3 Em particular, se a = b = c, temos uma esfera de raio a e V = u.v. 3 10.9 Outras Aplicações da Integral Dupla Como em uma variável, outras aplicações, além do cálculo de volumes, podem ser definidas através de integrais duplas, tais como, massa total, centro de massa e momento de inércia. CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 340 10.10 Massa Total Suponha que uma lâmina fina tem a forma de uma região elementar D e consideremos que a massa está distribuida sobre D com densidade conhecida, isto é, existe uma função z = f (x, y) > 0 em D que representa a massa por unidade de área em cada ponto (x, y) ∈ D. Se a lâmina é feita de material homogêneo, a densidade é constante. Neste caso a massa total da lâmina é o produto da densidade pela área da lâmina. Quando a densidade f varia de ponto a ponto em D e f é uma função integrável sobre D, a massa total M(D) de D é dada por: M(D) = ZZ f (x, y) dx dy D 10.11 Momento de Massa O momento de massa de uma partícula em torno de um eixo é o produto de sua massa pela distância (na perpendicular) ao eixo. Então, os momentos de massa da lâmina D em relação ao eixo dos x e dos y são respectivamente: Mx = ZZ y f (x, y) dx dy, My = D y (x,y) x Figura 10.40: ZZ x f (x, y) dx dy D D 10.11. MOMENTO DE MASSA 341 10.11.1 Centro de Massa O centro de massa da lâmina é definido por (x, y), onde: x= My , M(D) y= Mx M(D) Fisicamente (x, y) é o ponto em que a massa total da lâmina poderia estar concentrada sem alterar seu momento em relação a qualquer dos eixos. Se f (x, y) = k, (k > 0) em todo D, (x, y) é chamado centróide de D. Neste caso o centro de massa é o centro geométrico da região D. Exemplos 10.8. [1] Calcule o centro de massa do retângulo [0, 1]×[0, 1] se a densidade é dada pela função: f (x, y) = ex+y . A massa total de D = [0, 1] × [0, 1] é: Z 1 Z 1 x+y M(D) = e dx dy = e2 − 2e + 1. 0 0 Os momentos de massa respectivos são: Mx = Z 1 Z 0 1 x+y ye 0 dx dy = e − 1 e My = Z 1 Z 0 0 1 x+y xe dx dy = e − 1 1 1 , ). e−1 e−1 [2] Determine o centro de massa da região limitada por um semicírculo D de raio a centrado na origem, sabendo que sua densidade em cada ponto é proporcional à distância do ponto à origem. e o centro de massa de D é ( Exe Figura 10.41: CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 342 p f (x, y) = k x2 + y 2 . Calculamos a massa total usando coordenadas polap ∗ 2 2 res. A nova região D é definida por: 0 ≤ r ≤ a e 0 ≤ θ ≤ π; x + y = r: Z π Z a k π a3 2 . M(D) = k r dr dθ = 3 0 0 Os momentos de massa respectivos são: Mx = Z a Z 0 π 3 r cos(θ) dθ dr = 0 0 e My = Z a Z 0 π 3 r sen(θ) dθ dr = 0 a4 ; 2 3a ). 2kπ [3] Determine o centróide da região limitada pelas curvas y = x2 e y = 4 x − x2 . o centro de massa de D é (0, 4 2 1 2 Figura 10.42: Neste caso f (x, y) = 1 para todo (x, y) ∈ D, onde: D = {(x, y) ∈ R2 /0 ≤ x ≤ 2, x2 ≤ y ≤ 4 x − x2 } 8 e M(D) = A(D) = . Esta área já foi calculada anteriormente. 3 Mx = Z 2 Z 0 4x−x2 x2 16 y dy dx = 3 e My = Z 2 Z 0 4x−x2 x2 8 x dy dx = ; 3 o centróide de D é (2, 1). [4] Determine o centro de massa da região limitada pelas curvas y = x + x2 , y . y = 0 e x = 2 se a densidade em cada ponto é Exe f (x, y) = 1+x 10.12. MOMENTO DE INÉRCIA M(D) = Z 2 Z 0 Mx = Z 2 Z 0 My = Z 2 Z 0 x(x+1) Z y 10 1 2 3 (x + x2 ) dx = , dy dx = 1+x 2 0 3 x(x+1) Z y2 412 1 2 4 (x + x3 ) dx = dy dx = , 1+x 2 0 45 x(x+1) Z 26 xy 1 2 5 (x + 2 x4 + x3 ) dx = ; dy dx = 1+x 3 0 5 0 0 0 343 o centro de massa de D é ( 39 206 , ). 25 75 10.12 Momento de Inércia Sejam L uma reta no plano, D uma lâmina como antes e δ(x, y) = d((x, y), L), onde d é a distância no plano e (x, y) ∈ D. δ (x,y) L D Figura 10.43: Se f (x, y) é a densidade em cada ponto de D, o momento de inércia da lâmina em relação à reta L é: IL = ZZ δ 2 (x, y) f (x, y) dx dy D Em particular, se L é o eixo dos x: CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 344 Ix = ZZ y 2 f (x, y) dx dy D Se L é o eixo dos y: Iy = ZZ x2 f (x, y) dx dy D O momento de inércia polar em relação à origem é: I0 = Ix + Iy = ZZ (x2 + y 2 ) f (x, y) dx dy D O momento de inércia de um corpo em relação a um eixo é sua capacidade de resistir à aceleração angular em torno desse eixo. Exemplos 10.9. [1] Determine o momento de inércia polar da região limitada pelas curvas y = ex , x = 1, y = 0 e x = 0, se a densidade em cada ponto é f (x, y) = x y. Z 1 Z ex 1 x y dy dx = (3 e4 + 1), 64 0 D 0 ZZ Z 1 Z ex 1 y x3 dy dx = (e2 + 3); Iy = yx3 dx dy = 16 0 D 0 Ix = ZZ 3 xy dx dy = 3 logo, o momento de inércia polar é: I0 = Ix + Iy = 1 (3 e4 + 4 e2 + 13). 64 [2] Uma lâmina fina com densidade constante k é limitada por x2 + y 2 = a2 e x2 + y 2 = b2 , (0 < a < b). Calcule o momento de inércia polar da lâmina. Usando coordenadas polares, a nova região é definida por: a ≤ r ≤ b e 0 ≤ θ ≤ 2 π e o momento de inércia polar é: Z 2 π Z b k (b4 − a4 )π 3 I0 = k r dr dθ = . 2 0 a 10.13. EXERCÍCIOS 345 10.13 Exercícios 1. Determine o volume dos seguintes sólidos: (a) Limitado superiormente por z = x2 + y 2 e inferiormente pela região limitada por y = x2 e x = y 2. (b) Limitado superiormente por z = 3 x2 + y 2 e inferiormente pela região limitada por y = x e x = y 2 − y. (c) Limitado por y 2 + z 2 = 4 , x = 2 y, x = 0 e z = 0, no primeiro octante. (d) Limitado por z = x2 + y 2 + 4 , x = 0, y = 0, z = 0 e x + y = 1. (e) Limitado por x2 + y 2 = 1 , y = z, x = 0 e z = 0, no primeiro octante. 2. Calcule a área da região limitada pelo eixo dos y e as curvas y = sen(x) e y = cos(x). 3. Calcule a área das regiões limitadas pelas seguintes curvas: (a) (b) (c) (d) (e) y 3 = x, y = x y = x2 , y = 2x + 45 y = −x2 − 4, y = −8 y = 5 − x2 , y = x + 3 x = y 2 , y = x + 3, y = −2, y = 3 (f) y = −x2 − 1, y = −2x − 4 (g) x = y 2 + 1, y + x = 7 (h) y = 4 − x2 , y = x2 − 14 4. Determine o centro de massa da lâmina plana R, no plano xy e densidade dada f : (a) R é limitado por x2 + y 2 = 1 no primeiro quadrante e f (x, y) = x y (b) R é limitado por y = x e y = x2 e f (x, y) = x2 + y 2 5. Definimos o valor médio de f sobre a região D por: VM 1 = A ZZ f (x, y) dx dy, D onde A é a área de D. Calcule VM se: CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS 346 (a) f (x, y) = x2 , e D do retângulo de vértices (0, 0), (4, 0), (4, 2) e (0, 2) (b) f (x, y) = x2 y 2 e D do retângulo de vértices (0, 0), (4, 0), (4, 2) e (0, 2) (c) f (x, y) = x2 y 2 e D do triângulo de vértices (0, 0), (4, 0), e (0, 2) (d) f (x, y) = x2 y 2 e D do triângulo de vértices (−1, 0), (1, 0), e (0, 1) Mudanças de Variáveis 1. Utilizando a mudança de variáveis: x = u + v e y = u − v, calcule: Z 1 0 Z 1 2 x +y 0 2 dx dy. 2. Utilizando a mudança de variáveis: x + y = u e x − y = v, calcule: ZZ x+y D 2 (x − y)2 dx dy, onde D é limitado pelo quadrado de vértices (1, 0), (2, 1) e (0, 1). 3. Utilizando a mudança de variáveis: u = x − y e v = x + y, calcule: ZZ D x2 − y 2 sen2 (x + y) dx dy, onde D = {(x, y)/ − π ≤ x + y ≤ π, −π ≤ x − y ≤ π}. 4. Utilizando coordenadas polares, calcule as seguintes integrais duplas: ZZ 2 2 (a) ex +y dx dy, sendo D = {(x, y)/x2 + y 2 ≤ 1} Z ZD (b) ln(x2 + y 2) dx dy, sendo D = {(x, y)/x ≥ 0, y ≥ 0, a2 ≤ x2 + D y 2 ≤ b2 } p ZZ sen( x2 + y 2 ) p (c) dx dy, sendo D limitadas por x2 + y 2 = 2 2 x +y D x2 + y 2 = π 2 π2 4 e 5. Calcule a área da região limitada pelas seguintes curvas: x = 4 − y 2 e x + 2 y − 4 = 0. 10.13. EXERCÍCIOS 347 6. Utilizando coordenadas polares, calcule a área da região limitada pelas curvas: (a) r = 1 e r = 2cos(θ) √ 3 (fora a circunferência r = 1). (b) r = 2 (1 + cos(θ)) e r = 2 cos(θ). (c) r = 2 (1 − cos(θ)) e r = 2. ZZ 7. Calcule sen(x2 + y 2 ) dx dy, sendo D o disco unitário centrado na origem. D 8. Sendo dadas a parábola y 2 = x+1 e a reta x+y = 1, calcule o momento de inércia em relação a cada eixo e o momento de inércia polar. ZZ 9. Calcule (x2 − y 2 ) dx dy, onde D é a região limitada por x2 + y 2 ≤ 1, D y ≥ 0 e x2 + y 2 = 2. ZZ y+1 10. Calcule dx dy, onde D é a região limitada por x2 + 2 2 x + (y + 1) D y 2 ≤ 1 e y ≥ 0. ZZ y ln(x + y) 11. Calcule dx dy, onde D é a região limitada por x+y = 1, x2 D x + y = 2, y = x e y = 0. 12. Determine a área da região limitada por x2 + 3 y 2 − 2 x − 6 y + 1 = 0. 13. Determine a área da região limitada por x y = 4, x y = 8, x y 3 = 5 e x y 3 = 15. ZZ 14. Calcule cos(x + 2 y) sen(x − y) dx dy, onde D é a região limitada D por y = x, x + 2 y = 2 e y = 0. ZZ r x+y dx dy, onde D é a região limitada por y = 0, 15. Calcule x− 2y D 2 y = x e y = 1 − x. 16. Determine o momento de inércia polar da região limitada por x2 −y 2 = 1, x2 − y 2 = 9, x y = 2 e x y = 4. 348 CAPÍTULO 10. MUDANÇA DE COORDENADAS