ciclo de cinema
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ciclo de cinema
www.cm-moita.pt CICLO DE CINEMA Nº 149/14-GIRP/CMM “OLHAR AUGUSTO CABRITA” 7, 14, 21 E 28 | 21:30H | MAIO | 2014 || AUDITÓRIO ENTRADA GRATUITA- LEVANTAMENTO DE BILHETES A PARTIR DE DIA 29 DE ABRIL 7 DE MAIO | 21:30H 3 CURTAS METRAGENS DE AUGUSTO CABRITA || PORTUGAL . M/12 Integrado no projeto em rede “Olhar Augusto Cabrita” que envolve vários parceiros dos concelhos da Moita e Barreiro, incluindo as comunidades educativas, pretende-se com este ciclo de cinema homenagear Augusto Cabrita enquanto cineasta e diretor de fotografia, no duplo sentido de compreender e lembrar a sua obra, vivenciando-a e contribuindo para dar a conhecer o mestre de olhar encantado, subtil e de rara sensibilidade. Com a presença de Augusto Cabrita, em representação da família (Fotógrafo e filho) HELLO JIM (1970) | 13 min. Primeiro filme realizado a solo por Augusto Cabrita, com música de Carlos Paredes. AMÁLIA CANTA “OIÇA LÁ Ó SR. VINHO” (1971) | 3 min. Um videoclip com Amália Rodrigues, filmado em Technicolor. UMA HISTÓRIA DE COMBOIOS UMA VIAGEM DE HANS-CHRISTIAN ANDERSEN (1978) | 29 min. Filmado no Ribatejo, Lisboa, Barreiro, Sintra e Arrábida, a partir do livro de Hans Christian Andersen “Uma Viagem a Portugal” (1866). Música de Fernando Lopes Graça. 14 DE MAIO | 21:30H AUGUSTO CABRITA Augusto Cabrita nasceu no Barreiro, a 16 de Março de 1923 e interessou-se pela fotografia muito novo, iniciando a sua carreira nos anos 40 com várias participações em exposições e concursos nacionais e internacionais. Como diretor de fotografia teve um papel muito importante, do ponto de vista estético, no surgimento do “cinema novo” em Portugal. Sobre o seu trabalho neste filme, o operador de câmara Fernando Matos Silva escreve: “ (...) Recordo aquele corpo a corpo permanente entre o Augusto e o Belarmino (boxeur português profissional), uma objetiva mágica contra os punhos de ouro. (...) o Augusto registava-o a preto/branco, sem sombras, num combate direto, cruel, igual à cidade que íamos desvendando, (...)”. Fotojornalista de revistas como Eva, Flama e Século Ilustrado, nelas apura o seu interesse pela fotografia. Esteve ligado à televisão portuguesa desde o seu princípio e, durante mais de 30 anos, realizou reportagens importantes como a cobertura da visita da Rainha Isabel II a Portugal (rampa de lançamento da TV no nosso País) e o Terremoto de Agadir. Colaborou de forma permanente em programas como “Horizonte “de Batista Rosa, “Curto-circuito” e “No Tempo em Que Você Nasceu” de Artur Agostinho, e realizou mais de três centenas de pequenos filmes para o programa “Vamos Jogar no Totobola”, neles fixando a sua sensibilidade de cronista da imagem. Mas terá sido “Melomania”, com João de Freitas Branco e Filipe de Sousa, o programa de TV que mais prazer lhe deu fazer, pelo encontro entre a imagem e o mundo dos sons, subjacente à sua obra. Augusto era um melómano e um exímio pianista. Desta sua prática musical e desta relação com a música que marcou a sua obra, resultou também uma proximidade afetiva com grandes artistas como Amália, Carlos Paredes, Luís Goes, Vitorino de Almeida ou Fernando Lopes-Graça, que retratou como ninguém, inclusive para capas de discos, no seu “mítico estúdio” no Barreiro. Como ele próprio diria terminamos “em apoteose” com as palavras de Baptista-Bastos, no seu texto “Os Dizeres do Olhar“: “ (…) Nas fotos de Augusto Cabrita, como nos filmes de Augusto Cabrita, não há espaços neutros, vazios, inertes. (...) A fotografia, em Augusto Cabrita, não é um objeto sem direção nem sentido. A câmara (seja ela fotográfica ou cinematográfica), nas suas mãos, toma partido. Quero dizer: não se limita à fria objetiva da câmara- olho, tão cara a Dziga Vertov; nem à decomposição laboratorial, tão cara a Henri Cartier-Bresson.” Augusto Cabrita, a câmara de Augusto Cabrita parece edificado em “húmidas ternuras” (Raul Brandão dixit): um dizer amor e um dizer olhar como se tudo pudesse caber no instante supremo em que dispara a máquina. Cabrita não coisifica nem deifica o humano. Cabrita, através de sua arte seca, expungida, magistral (...), através de mil pistas e de mil indícios, vai-nos sugerindo que só os bichos e os deuses podem viver sós. O homem esse, nunca. E, ainda com as palavras do próprio Augusto sobre a fotografia: primeiro é preciso saber olhar, depois é preciso uma tensão sobre o acontecimento. A fotografia acontece quando a vida fica suspensa e eterna. Carla Marina Santos, Comissão Coordenadora do Projeto "Olhar Augusto Cabrita" Barreiro/Moita. BELARMINO (1964) Portugal . M/12 . 72 min. Realização: Fernando Lopes || Direção de Fotografia: Augusto Cabrita Com a presença de Pedro Sena Nunes (Realizador) Primeira longa-metragem de Fernando Lopes e um dos filmes-chave do cinema novo português, para o qual terá contribuído de forma determinante a fotografia de Augusto Cabrita. Utilizando processos idênticos aos do cinema direto, o filme traça, entre o documentário, a ficção e a entrevista, o retrato de um antigo lutador de boxe, Belarmino Fragoso, acompanhando as suas deambulações por uma Lisboa que já não existe, num passeio por antigas salas de cinema e clubes noturnos onde a solidão, o medo e a derrota se cruzam. 21 DE MAIO | 21:30H CATEMBE (1965) Portugal . M/12 . 45 + 11 min. Realização: Faria de Almeida || Direção de Fotografia: Augusto Cabrita Com a presença de Maria do Carmo Piçarra (Investigadora e professora universitária) Uma das primeiras interpretações críticas sobre a realidade colonial, Catembe distingue-se pela sensibilidade estética, à qual não é alheio o contributo de Augusto Cabrita na fotografia. Este documentário procurou fixar o quotidiano de um bairro popular de Lourenço Marques, alternando, antes dos cortes impostos pela censura do regime salazarista, sequências de ficção com sequências documentais. A sua exibição acabou por ser proibida durante o Estado Novo, tendo figurado no Guinness como o filme na história do cinema que mais cortes sofreu pela censura. 28 DE MAIO | 21:30H AS ILHAS ENCANTADAS (1965) Portugal e França . M/12 . 98 min. Realização: Carlos Vilardebó || Direção de Fotografia: Augusto Cabrita e Jean Rabier Com a presença de Miguel Valverde (Diretor do Festival Indie Lisboa) Filme franco-português adaptado da novela de Herman Melville e rodado no arquipélago da Madeira, onde a fotografia de Augusto Cabrita é desde logo reconhecível, em colaboração com o francês Jean Rabier (que trabalhou, entre outros, com Claude Chabrol). Envolto por uma aura de filme maldito, ficou marcado por ter sido a única interpretação de Amália Rodrigues exclusivamente como atriz. No papel de uma mulher abandonada numa ilha inóspita, a fadista tem poucas falas e nunca canta, numa personagem trágica, de heroína grega, revelando um talento dramático poucas vezes explorado na atriz.