Dez 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino

Transcrição

Dez 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
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dez10/jan11
ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS / ARCO - ANO 4 - Nº 19 – DEZEMBRO2010/JANEIRO 2011
OS GANHOS DE
UMA BOA GENÉTICA
dez10/jan11
2
O ARCO JORNAL é o veículo informativo da
ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE
OVINOS – ARCO
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E
Editorial
Os próximos cinco anos
stamos encerrando a primeira década
do novo século e por
costume profissional,
começo a colocar no
papel idéias para um
plano de ação para os
próximos cinco anos,
para a nossa entidade, a ARCO. Já tinha
algumas coisas em mente, mas confesso que fui instigado a
elaborar este plano com mais precisão, a partir de um documento enviado pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de
Caprinos e Ovinos, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, MAPA, que justamente solicita uma Visão de
Futuro, para o setor Ovino. Eles pedem que formulemos um
manuscrito colocando idéias sobre onde pretendemos estar
(em termos de atividade) em 2015.
Para responder a este pedido, precisei fazer uma rápida revisão do que já realizamos até agora, e em que estágio estamos
neste momento. Ao longo deste ano participamos de reuniões
em Ministérios e Associações de criadores buscando estruturar ações que tragam a formalização de políticas públicas
de maior duração para o setor ovino. Fizemos o lançamento
de um livro sobre o mercado externo para a carne ovina que
traz um raio x do setor atualmente e prospecta possibilidades
de mercado para o Brasil, e concluímos a expansão do nosso
trabalho através da fundação da Associação de Criadores de
Caprinos e Ovinos do Acre. Agora existe representação para o
setor, em todo o País.
Também destaquei em minhas anotações o processo de discussão do regulamento para a criação do colégio de jurados
de exposições, uma determinação do MAPA que escolherá pessoas e os habilitará para se tornarem jurados profissionais.
Este regulamento está em fase de análise de todas as Associações promotoras de raças para indicarem alterações e posteriormente, redigirmos o documento final e aprovarmos. Ainda
vai levar o próximo ano, acredito, mas é uma realização importante de 2010.
Lembrei ainda que em vários estados acontecem reuniões
entre criadores e governos na busca de uma estruturação do
sistema produtivo, como a que ocorreu no final de outubro,
em Bagé, com representantes do atual governo e do futuro governo gaúcho além de outras entidades, com a finalidade de
elencarmos ações práticas de desenvolvimento e soluções de
alguns nós. Claro que precisamos destacar um fato que realmente está mudando a realidade da produção ovina. Em todo
o Brasil, pelas informações que recebo, o preço do quilo vivo
do cordeiro passou por um reajuste significativo, elevando-se
para patamares que até a pouco tempo era apenas um sonho.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, o valor pago gira entre R$
4.00 e R$ 5,00, quando no início do ano o valor não passava
dos R$ 2,50 a R$ 3,00.
Com base nestes pequenos apontamentos busquei ver o que
temos de importante em nível macro para realizar nos próximos anos. Creio que para alcançarmos a verdadeira estruturação do sistema produtivo precisamos, neste primeiro momento,
conscientizar a todos os criadores que é hora de aproveitar o
bom momento financeiro do cordeiro para realizar investimentos na sua propriedade e no rebanho, buscando o aprimoramento genético, a redução de perdas e de problemas sanitários
entre outros. Ou seja, fazer o tema de casa. No
que se refere à ações governamentais, queremos que definitivamente sejam reestrurados e fortalecidos todas as empresas
de extensão rural. Tenho falado nisto repetidas vezes, mas é a
melhor forma de levar orientação e conhecimento a todos os
produtores de ovinos neste País. Precisamos ainda de ter tranqüilidade no campo para trabalhar. Isto significa uma ação
mais contundente contra os abigeatários que dizimam nossos
rebanhos sem que consigamos encontrá-los e extirpar este
problema do campo que muitas vezes faz com que produtores
desistam de continuar na ovinocultura. Temos ainda que trabalhar no aumento do rebanho, pensando que em 5 anos precisamos chegar a pelo menos o dobro que temos hoje, 16 milhões
de cabeças, segundo o IBGE. Claro que ainda consta desta
lista a organização e o crescimento dos outros produtos diretos
que saem da ovinocultura como a lã, a pele e o leite. Mas no
contexto macro, precisamos buscar ainda linhas de financiamentos para retenção de matrizes com os animais servindo de
garantia e juros compatíveis com a atividade, recursos também
para a formação de agroindústrias de produtos ovinos entre
outras possibilidades. E devo colocar na lista ainda, a questão
dos abates sem fiscalização, problema que precisamos enfrentar para acabar com isto de uma vez por todas, entre outros
temas. Mas acho que se torna importante consolidar tudo isto
um plano de trabalho para todo o setor debatido entre todos.
Por isto apresento minha pequena lista, pensando que todos
podem contribuir com ela. E você, criador, já fez a sua?
Paulo A. Schwab - Presidente da ARCO
HUMOR
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Reportagem
Sheltie: da Escócia antiga aos rebanhos modernos
T
ambém conhecido como Pastor de
Shetland ou Shetland Sheepdog, esta
raça embora se pareça muito com o
Collie de pêlo longo em tamanho reduzido,
este não se trata de uma miniatura e se apresenta nas cores azul merle, marta, tricolor,
preto/branco e azul/branco. É um pequeno
cão de trabalho de pêlos longos, com juba
e pelagem abundante, a cabeça bem esculpida e expressão doce. É inteligente
e aprende com rapidez, é
observador e quer agradar o
dono. Por isso é muito importante a interação do dono
com o seu Sheltie. De acordo com o livro A Inteligência
dos Cães, de Stanley Coren,
o Sheltie encontra-se na 6ª posição no IAOC
- Inteligência a Adestramento e Obediência a
Comandos - entre as 79 raças pesquisadas.
É uma raça ativa e que acompanha o dono
aonde este for. Este cão pode muito bem viver
em apartamento, porém precisa de exercício
constante e atenção, além de serem limpos e
não necessitarem de banhos constantes, bastando uma escovação semanal.
“A história desta raça é cheia de controvérsias e suposições”, explica o criador Victor Rios, do Canil Sheltie Rivers, em Niterói,
RJ. Existem muitas versões de como a raça
evoluiu, mas pouco se sabe realmente sobre
sua história até o final do século XIX. As
Ilhas de Shetland, de onde a raça é proveniente, estão situadas no Reino Unido com
seu clima rigoroso e as incessantes tempestades que varrem o norte do Oceano Atlântico
e que comprometem muito a vegetação e as
condições de sobrevivência dos animais da
região. Por esse motivo, os nativos optaram
pela criação de animais
de tamanho reduzido.
Os pôneis e pequenos bovinos e ovelhas
(shetland Sheep), tão
necessários para a subsistência dos habitantes, se adaptaram perfeitamente ao ambiente, pastando livremente,
enquanto as poucas plantações cultivadas
eram protegidas por muros. Entretanto, esses
dois meios de sobrevivência frequentemente entravam em conflito quando os animais
pulavam esses muros e arruinavam as lavouras.
Em meados do século XIX, os habitantes começaram a criar cães pequenos e ágeis
com o intuito de manter os pôneis e ovelhas
longe de suas terras cultivadas. Em 1909 o
A raça foi criada
para proteger as
terras cultivadas
da invasão de
outros animais
A
pelagem
tem
cores
variadas
e são
aceitas
oficialmente
Fotos: Divulgação
A raça tem o pastoreio na genética, mas é preciso adestrar os animais
Shetland Collie foi oficialmente reconhecido
na Inglaterra e manteve este nome até 1914,
quando passou a ser chamado de Shetland
Sheepdog. “A raça só se tornou mais conhecida a partir da primeira década de 1900
e, nesta época, já era muito utilizada pelos
habitantes das ilhas para o pastoreio de ovelhas, atividade que continuam exercendo
com perfeição”, informa Rios. Ele recorda
que esta raça também traz em sua genética
a capacidade do pastoreio, mas será preciso
treiná-los para esta finalidade. “Esse trei-
namento o levará a ser um guardião extremamente eficiente, no entanto, não se pode
esperar que ele venha a enfrentar animais
de porte. A sua ação será manter-se sempre
atento e no momento de perigo a sua atitude
é dar o alerta latindo intensamente e permanecer assim até que a ameaça desapareça
ou receba apoio”, explica. Rios orienta que
uma boa compra significa obedecer ao padrão oficial da raça, isto é, altura ideal de
37 cm para os machos e 35,5 cm para as
fêmeas. •
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Sanidade
Sarna e piolhos: Prevenir ainda é o melhor remédio
O papiro egípcio do ano de 2130 a.C., Papyrus Veterinarius de Kahun, contém o primeiro relato do tratamento de animais doentes. Moisés, no século XIII a.C. deu o mandamento que proibia o consumo de ovelhas com marcas. Isso foi interpretado como “ovelhas
com sarna”. Já o romano Virgilio viveu do ano 70 ao 19 a.C. e parecia especialmente
interessado em doenças de pele dos animais. Ele descreveu sarna em ovelhas e listou suas
causas como chuva fria, feridas por espinhos e suor salgado depois das tosquias. Desde a
sarna incluindo muitas doenças, ainda nos dias de hoje, não podemos avaliar com precisão as causas, mesmo assim Virgilio foi um dos primeiros a pensar nas soluções dos problemas. Para tratamentos ele recomendava unguento (de fórmula complicada e secreta),
embebido em água corrente e cauterização das lesões profundas.
Nicolau Balaszow
D
esde aqueles tempos, quem se
dedica à ovinocultura sabe que
um animal com doenças significa queda de produtividade, ou seja, perdas econômicas. Para escapar às perdas,
torna-se prioritário que os criadores de
ovinos examinem diariamente seus animais, mantendo os parasitas sob controle. O pesquisador Antônio Cézar Rocha
Cavalcante, da Embrapa Caprinos e Ovinos no Ceará, explica a diferença entre a
piolheira e a sarna: “A piolheira é causada por organismos visíveis a olho nu que
se encontram principalmente sobre a pele
dos animais. Já a sarna não é possível ver
a olho nu e a doença é percebida devido
às lesões causadas, como crostas e bolhas de pus”, informa. Tanto a piolheira
quanto a sarna podem ser identificadas
pelas reações dos animais que, quando
doentes, ficam irritados, sem apetite e se
coçam muito. O tratamento indicado para
ambas as doenças é o banho de imersão
ou aspersão. O banho de aspersão consiste em pulverizar o animal e o de imersão
em mergulhar o animal em um tanque de
amianto com carrapaticida diluído em
água. O pesquisador alerta para que os
animais não bebam a solução, pois este
produto pode causar intoxicação.
Somente as fêmeas que estão para parir
e os animais com menos de um mês de
Fotos: Divulgação
Santos recomenda a quarentena para animais adquiridos recentemente
idade devem ficar sem o tratamento. Outra medida eficaz é isolar a área onde está
sendo realizado o banho, isto vai impedir
que restante do rebanho da propriedade
entre em contato com o princípio ativo
da solução do banho. Para reforçar o tratamento, depois de sete ou dez dias, uma
vistoria deve ser feita no rebanho. “Caso
ainda sejam encontrados piolhos, deve ser
feito outro banho, recomendação válida
também para a sarna”, enfatiza.
Juntamente com os ácaros da sarna, os
piolhos sugadores (malófagos) e mordedores são importantes espoliadores dos
ovinos. A Damalinia ovis é um piolho
mordedor com 1.5 - 1.7 mm de comprimento. Vive na lã perto da pele, provocando irritação pela sua extrema atividade,
explica o médico veterinário, Paulo Alexandre Santos, da Inspetoria Veterinária e
Zootécnica (IVZ), da Secretaria da Agricultura do Estado, em São Borja, RS. “As
ovelhas mordem-se a si próprias e coçamse nas vedações e árvores provocando estragos na lã”, descreve.
Ácaros da sarna
É importante ressaltar que as mudanças
estruturais no manejo da produção animal
também criam as condições favoráveis
ao desenvolvimento e multiplicação de
ectoparasitas. Essas infecções reduzem
consideravelmente a produtividade dos
animais e, por esse motivo, as medidas
que passam pela higiene e pelo manejo de
todo o rebanho são exigências básicas.
Os ácaros da sarna são transmitidos,
em sua maioria, no contato direto entre os
animais, pelo que a identificação de sarna
justifica assumir que todos os animais do
grupo podem estar infectados. A infecção
de grupos livres de ácaros resulta normalmente da introdução de animais portadores de ácaros que podem não demonstrar
sinais clínicos. Camas, boxes e vedações
são potenciais fontes de infestação, uma
vez que os ácaros sobrevivem semanas
fora do hospedeiro.
Cabe avaliar entre as variáveis apontadas a seguir, em qual delas o produtor viu
aparecer a sarna e evitar uma repetição
do problema: comércio de animais vivos;
ausência de regulamentos veterinários no
que respeita o controle de ectoparasitas
nos movimentos de animais vivos entre
>>>
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países; separação dos animais por explorações de recria e explorações de engorda;
concentração de animais de diferentes origens em unidades de engorda; controle irregular de ectoparasitas; desconhecimento dos produtores; condições climáticas
favoráveis ao desenvolvimento dos ácaros
em conjunto com produção intensiva.
Problemas no controle da sarna
Os ácaros da sarna têm por costume
afetar partes específicas do corpo, como
articulações, por baixo da cauda, ouvidos
e fossas orbitais nos ovinos. Nos tratamentos por aspersão é fácil falhar o tratamento em algumas zonas, pelo que se
deve adotar uma sequência começando
pela cabeça e acabando na cauda, tendo
a certeza de que se atingiu toda a superfície corporal dos animais. Não existe um
acaricida capaz de destruir com eficácia
todos os ovos dos ácaros. É necessário,
portanto, um segundo tratamento para
matar as larvas que eclodiram dos ovos
após o tratamento, sendo que o intervalo
de tempo bom entre os dois tratamentos é
de 7 dias na sarna psoróptica e corióptica
e de 14 dias na sarna sarcóptica. Os ácaros localizam-se profundamente na pele,
ou até sobre as crostas, pelo que é difícil
os acaricidas atingirem os ácaros diretamente por aspersão e, por isso, deve ser
utilizado um produto acaricida com efeito
vapor.
“As instalações e vedações dos potreiros também devem ser aspergidas, pois é
Santos recomenda isolar parte do rebanho
Os produtor deverá comunicar ao IVZ da presença de provável doença
no final do outono e na primavera que se
inicia a rápida propagação das sarnas”,
recomenda o veterinário que diz ser importante tratar os animais adquiridos por
duas vezes na zona de quarentena antes de
colocá-los com os demais ovinos.
Diagnóstico
Os sinais clínicos podem auxiliar no
que respeita o diagnóstico das sarnas.
Para confirmação parasitológica e identificação da espécie envolvida, é necessário
fazer uma raspagem de pele com uma lâmina de bisturi do centro da lesão ou do
limite entre a zona lesionada e a zona sã
e colocar a mesma num recipiente fechado. Ao aquecer o recipiente com as mãos,
é frequente a visualização dos parasitas
dentro do mesmo a olho nu ou com o
auxílio de uma lupa. Para o exame microscópico dos ácaros, especialmente nas
amostras obtidas por raspagem, a amostra
recolhida pode ser tratada com 5 ml de
solução a 10% de hidróxido de potássio,
cuidadosamente aquecida, detectando o
sobrenadante e colocando o material sedimentado numa lâmina para visualização
em microscópio.
O diagnóstico diferencial pode ser realizado por demonstração dos piolhos mordedores em grande quantidade nos pedaços de lã que caem do ovino. Uma vez que
o malófago suga o sangue no mesmo local
por um longo período de tempo, uma infestação conduz não só a uma irritação e
suas consequências, como lesões diretas
da pele do animal. Da mesma forma, um
único tratamento no outono, preferencialmente num tanque de imersão, é suficiente para controlar estes ectoparasitas por 6
a 12 meses.
“A piolheira e a sarna ovinas são enfermidades de notificação obrigatória, uma
vez que haja a suspeita ou confirmação da ocorrência dessas
parasitoses. O produtor deverá comunicar imediatamente à Inspetoria Veterinária
e seu município, para que
seja feita uma revisão dos
rebanhos atacados e de
seus lindeiros e, então,
determinar o tratamento da doença”, orienta Santos, ao mesmo tempo reafirmando a ideia de que o produtor deverá
ter muito cuidado para a introdução de animais procedentes de outras propriedades.
Ele precisa exigir a Guia de Trânsito Animal (GTA), emitida pela IVZ de origem e
realizar banhos preventivos, diminuindo
assim a possibilidade de ingresso da doença. “Por sua exigência, os ovinos requerem
cuidados especiais de sanidade, manejo e
alimentação, em sua criação, valendo os
ditos – ovelha não é para mato – e existem
dois tipos de produtores - o verdadeiro ovinocultor e o que tem ovelhas – estes são os
perigosos”, alerta Santos. •
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Notícias do Brete
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O ovino pantaneiro
Chip de identificação eletrônica
A
Fotos: Divulgação
O
chip de identificação eletrônica para
ovinos foi apresentado pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária
no 3º Dia de Campo de ovinocultura realizado
pela Embrapa Gado de Corte aos criadores de
ovinos na Fazenda Modelo, região de Terenos,
na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do
Sul. A ferramenta, conhecida e muita utilizada
por produtores de bovinos, agora também está
à disposição dos ovinocultores.
O pesquisador da Embrapa, Fernando Alvarenga Reis, diz que o equipamento oferece
muitos benefícios. “A identificação eletrônica
de animais ganha adeptos por se tratar de um
sistema eficiente, ágil, seguro e que facilita o
trabalho de acompanhamento e controle zootécnico do rebanho.
Uma vez implantado o chip, o criador terá
a possibilidade de observar e estimular o aumento de sua produção mediante a seleção de
animais superiores, além de conseguir avaliar
cada animal em tempo real, uma vez que os
indicadores podem ser anotados e analisados
eletronicamente. “Eles podem auxiliar a detecção de doenças, a avaliação de respostas
fisiológicas, o controle de ingestão de alimentos, a atividade física e ainda o impacto
ambiental causado pelo sistema de produção,
promovendo maior e melhor controle da propriedade”, esclarece Reis. Dentre os materiais
de identificação disponíveis no mercado estão
os transponders injetáveis, brincos eletrônicos
e o monitoramento por meio da análise de
imagem. •
Fotos: Ana Maio
ovelha crioula
ou ovelha nativa
do Pantanal está
sendo submetida a vários trabalhos de melhoramento genético com o
objetivo de aumentar
suas qualidades para incrementar a produção
e tornar a ovinocultura
ainda mais atrativa no Pantanal. Ainda que sem raça definida e material genético
específico, o “ovino pantaneiro” poderá representar uma maior geração de renda
aos produtores, especificamente no segmento da agricultura familiar, a partir da comercialização de carne e pele, juntamente com a lã, tradicionalmente utilizada para
confecção de pelegos e outros apetrechos dos peões da região.
O trabalho de melhoramento consiste no cruzamento de matrizes Sem Raça Definida (SRD), nativas do Pantanal, com reprodutores SRD, Texel e Santa Inês, visando
estabelecer os desempenhos dos animais para a produção de carne. O pesquisador
da Embrapa Caprinos e Ovinos, (Sobral - CE), Fernando Alvarenga, faz a seguinte
avaliação do que já foi testado: dos cruzamentos da ovelha do Pantanal com reprodutores as raças Santa Inês e Texel nasceram cordeiros pesados, grandes e animais
fortes e saudáveis, resistentes e menos suscetíveis à mortalidade até o desmame.
Durante o período aproximado de 64 dias em confinamento, os cordeiros dos dois
cruzamentos obtiveram ganho de peso satisfatório e atingiram em média o peso de
32 quilos de peso vivo.
O pesquisador observou ainda que a qualidade da carcaça de animais resultantes
do cruzamento com reprodutores da raça Santa Inês atende às exigências do mercado
e o pelo é de boa qualidade para a indústria coureira. Já do cruzamento das ovelhas do
Pantanal com reprodutores Texel, resultou animais com uma carne levemente gordurosa
e uma pele de excelente qualidade para trabalhos artesanais,
notadamente os destinados às
montarias.
Diante dos resultados animadores desses cruzamentos,
informa o técnico da Embrapa,
outros programas de melhoramento animal terão continuidade para obtenção de carne e
a ampliação dos plantéis desse
tipo de cordeiros para comercialização. •
O
RS tem o maior
rebanho de ovinos
Rio Grande do Sul possui o maior rebanho de ovinos do país, com 3,946 milhões de
cabeças. O Estado também conta com o sexto maior rebanho bovino do país, com
14,366 milhões de cabeças e o terceiro maior entre os equinos, com 452.965 exemplares. Entre os bubalinos, o RS ocupa a quarta posição, com 75,2 milhões de unidades. Os
dados constam do estudo Produção da Pecuária Municipal (PPM) de 2009, divulgado nesta
quarta-feira pelo IBGE.
De acordo com o levantamento, o efetivo brasileiro de bovinos em 2009 somou 205,292
milhões de cabeças, o que significou um aumento de 1,5% na comparação com o ano anterior. A região Centro-Oeste respondeu por 34,4% do total de animais, seguida pelo Norte
(19,7%) e Sudeste (18,5%). O Mato Grosso foi o principal produtor, com 13,3% do efetivo.
Entre os estados da Região Sul, o Rio Grande do Sul lidera, seguido pelo Paraná e Santa
Catarina. O município gaúcho de Alegrete está entre os 20 principais produtores do país.
Com relação aos ovinos, os outros estados mais efetivos são a Bahia, Ceará, Pernambuco,
Piauí, Paraná e Santa Catarina. Entre os 20 municípios mais efetivos na produção de ovinos,
12 são gaúchos: Santana do Livramento, Alegrete, Quaraí, Uruguaiana, Lavras do Sul, Dom
Pedrito, Rosário do Sul, Pinheiro Machado, São Gabriel, Herval, Bagé e Piratini.
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Genética
LambPlan promove melhoria genética na Austrália
complexos, obtidos por profissionais
especializados, como a espessura de
gordura dos animais, resistência a
parasitoses e volume muscular, que
vão além do tradicional método de
análise visual que levava em consideração somente fatores como peso
e gordura.
O novo banco de dados, intitulado LambPlan, passou a acumular
dados dos animais e disponibilizar
essa informação a todos os demais
criadores integrantes do serviço. No
caso dos produtores de lã, o programa foi criado com o nome de MerinoSelect, mensurando características inerentes às ovelhas e carneiros
Merino. Em geral, em ambos os
sistemas, é permitida a inserção e
comparação de dados como o peso
no nascimento e no desmame, a gordura pós-desmame e fatores reprodutivos. Os parâmetros analisados
são denominados ASBVs – Índices
de Reprodução da Ovelha Australiana, o mesmo que a conhecida DEP
(diferença esperada na progênie)
(veja Tabela 1). Atualmente, mais
de 1.4 milhão de animais de mais de
mil rebanhos estão cadastrados no
sistema.
A manutenção do sistema é feita
pela Sheep Genetics, sendo os dados
enviados diretamente pelos produtores via internet ou email. Para fazer
parte do serviço, o criador em escala comercial paga anuidade de R$
650 mais a taxa vitalícia de R$ 2,50
por animal cadastrado. No caso de
cabanhas com até 50 animais, não
há anuidade, apenas a contribuição
única por animal de R$ 14. O valor
não inclui a coleta dos dados por especialistas.
“As informações coletadas para
Luciane Lauffer
A
década era 1980 e a qualidade da ovelha e cordeiro
disponíveis no mercado
australiano estava em declínio. Na
época, somente 15% da produção
era exportada e as vendas e preços
no mercado interno decrescendo
dramaticamente. Na verdade, a marca registrada do produto australiano
era a de animais com excesso de
gordura e pouca carne. Com isso, os
produtores arcavam com os custos e
o balanço negativo da venda de seus
animais. O difícil momento pedia
ação. E numa iniciativa conjunta do
Departamento Australiano de Carne
e Animais (MLA) com a Organização para Inovação da Lã Australiana (AWI) o Serviço de Genética da
Ovelha (Sheep Genetics) investiu
no conhecimento e experiência do
pesquisador genético Dr. Robert
Banks.
Através de um sistema comparativo, Robert desenvolveu, em 1987,
um banco de dados que cruzava informações dos animais e rebanhos
do país. O sistema utiliza dados mais
O criador do Lamb Plan, Robert Banks
Tabela 1 (exemplo)
Característica Peso ao
nascer
(ASBV)
(kg)
Ovelha 1
0.3
Acurácia
43
(%)
Peso no
desmame
(kg)
4
Peso pósdesmame
(kg)
6.0
63
71
Gordura
(mm)
-1.5
59
Fotos: Divulgação
Lançado em 1989, o LambPlan permite que os criadores promovam e aperfeiçoem seus animais com
melhor performance em fatores como baixo teor de gordura, ganho de peso e resistência a parasitas
Don Pegler
administra
propriedade
com 50 mil
matrizes
controladas
pelo LambPlan
o banco de dados vêm através de
medição feita por profissionais especializados”, explica Robert Banks,
o que assegura a uniformidade e interpretação da coleta. “Os resultados
são, então, adicionados ao banco de
dados e disponibilizados aos demais
criadores, com atualização do sistema a cada duas semanas”, complementa o pesquisador. A principal
contribuição do LambPlan está no
cálculo dos resultados de pedigree e
a performance dos animais/rebanhosrefletida no banco de dados. Com
essas informações, o criador dispõe
das ferramentas necessárias para a
reprodução de exemplares com índices genéticos mais apropriados ao seu
ramo e que venham a disponibilizar
melhores matrizes e reprodutores
para a próxima geração.
Experiências – Aqueles que estão mais contentes com o surgimento
e sucesso dos sistemas LambPlan/
MerinoSelect são mesmo os criadores. Se, no começo das operações, o
banco de dados cadastrava somente
por volta de 20 mil animais por ano,
hoje, são 325 mil exemplares cadastrados em mais de mil rebanhos pelo
país. Don Pegler é um desses criadores. Dedicado à criação e reprodução
de matrizes de 12 raças diferentes,
Contagem
Musculatura
parasitária
(mm)
(%)
1.0
-10
69
37
ÍNDICE
150
entre elas Coolalee, Wiltipoll, Finn
e Coopworth, Pegler é sócio da Cabanha Cashmore Oaklea Performance, no estado da Austrália do Sul. A
cabanha conta com 50 mil matrizes,
bem como outros 8 mil destinados à
comercialização, tanto de reprodutores quanto à produção de carne.
“Adotamos o LambPlan para a
melhoria da produção porque esse
sistema é altamente superior aos demais mundialmente disponíveis”,
esclarece o criador. “A vantagem
fica por conta da análise de dados e
comparação entre rebanhos”, clarifica Don. Antes de 1989, a cabanha
adotava outro método comparativo
desenvolvido na Nova Zelândia e
outros programas utilizados na Austrália, mas o principal problema era a
dificuldade em mensurar dados mais
específicos, inerentes a animais destinados especialmente à reprodução.
“Muitas das características que precisam ser avaliadas, no nosso caso
específico, depende também dos ín-
dices dos demais animais envolvidos
no processo”, conta o criador.
Caso semelhante se aplica também
ao sócio da Cabanha Ashmore White
Suffolk, Troy Fischer. Criando cordeiros destinados à reprodução e venda
de sêmen, mas em menor escala, Troy
adotou o LambPlan em 1998, quando
suas vendas subiram de 35 animais
comercializados ao ano para o número atual de 150, destinados majoritariamente ao mercado interno. “Vejo
como principal benefício o fator de
seleção dos melhores animais através
da comparação de índices”, analisa o
criador sul-australiano, o que é muito
melhor do que a antiga seleção visual
de gordura, peso e músculo. “Agora
podemos facilmente identificar os
animais que irão refletir maior lucro”,
compara Troy, enfatizando que o sistema atual possibilitou a evolução
que o setor ovino precisava.
O criador exalta ainda outra característica importante e implícita no
sistema: o marketing dos animais. Segundo Troy, além das comparações, o
fato de ter seus animais – altamente
qualificados geneticamente – incluídos no banco de dados funciona também como forma de promoção perante os demais produtores e potenciais
compradores. “Quando os índices
são comparados, é fácil identificar
os animais com melhor performance
sem fazer esforço dentre os demais,
exaltando a alta qualidade dos nossos
animais”, complementa. •
BENEFÍCIOS DO SISTEMA
LambPlan/MerinoSelect permite que os criadores reduzam os riscos associados à seleção de seus animais, melhore a taxa de ganho genético de
seus rebanhos, atinja as especificações da demanda de mercado e melhore a
produção.
Promove um sistema de Standards em termos de qualidade animal, permitindo que criadores elevem a qualidade genética de seus rebanhos.
Fornece informação específica adaptada às necessidades apropriadas à
cada criador, permitindo o foco em características importantes ao seu rebanho e demanda comercial.
Compradores podem acessar índices para a comparação de animais e selecionar àqueles que mais se adaptam ao seu tipo de negócio.
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Especial
A Ovinocultura de Pernamb
Ainda que a grande maioria dos rebanhos sejam de animais sem padrão racial, a ovinocultura de Pernambuco tem um forte impacto social, formando ao lado dos caprinos uma dupla típica da economia rural
do Estado, em especial do sertão. Entretanto, a ovinocultura poderia ser explorada numa economia social e
ambientalmente sustentável em pelo menos metade dos 6,8 milhões de hectares da meso-região Sertão.
Luiz do Berro e Horst Knak
O
s ovinos avançaram das
terras litorâneas até os Altos Sertões, com uma forte
concentração de planteis de seleção
nas zonas da Mata e Agreste e grandes plantéis comerciais nas regiões
sertanejas: Com rebanho total superior a 1,3 milhão de cabeças, alguns
dos municípios com maior população ovina são Sertânia, 90 mil animais; Dormentes, 87 mil; Afrânio,
60,5 mil; Custódia, 60 mil; Serra
Talhada e Santa Cruz do Capibaribe, 50 mil ovinos cada.
A expansão do rebanho não só
no Pernambuco, como em todo o
Nordeste, deve-se a históricos criadores que com muita determinação
e visão patriótica enxergavam nas
criações de pequenos ruminantes
uma excelente ferramenta, não só
de redenção do semi-árido como
também geradora de prosperidade e
riqueza numa região em que é muito difícil harmonizar produção e um
meio ambiente hostil.
Estes homens, verdadeiros sacerdotes sertanejos, conhecedores
de suas terras caatingueiras, dos ciclos das águas, dos vegetais e dos
animais, perseveraram, observaram
e formaram o conhecimento necessário para engendrar e consolidar
raças, tipos e ecotipos de ovinos
plenamente aptos a viverem de
maneira produtiva nas terras semiáridas nordestinas.
Alguns destes pioneiros foram
Romero Dantas, de São José do
Egito, PE, um importante fundador
da raça Santa Inês, e Aquiles Campos, de inúmeras contribuições, en-
tre elas a segregação e consolidação
da raça Morada Nova, e Armando
da Fonte, este de Custódia, PE, que
há cerca de 50 anos já propugnava a
variedade de pelagens no Santa Inês
e mantinha um rebanho de cerca de
5 mil cabeças das diversas pelagens
da raça, inclusive o raríssimo “branco fechado”.
Nos caminhos abertos por “sacerdotes” da ovinocultura, passaram
muitos outros bons criadores e, por
isso, Pernambuco já nas décadas finais do século passado exibia várias
raças em suas exposições e feiras.
Entre as principais, figuravam Santa
Inês, Morada Nova, Suffolk, Bergamácia, Cariri, Somalis e Hampshire
Down, que foram usadas em diversos biomas e cruzamentos em busca
de um produto ideal ao mercado e
apto à vida produtiva. Os ovinos
deslanados Santa Inês, Morada
Nova e Somalis exibiram melhores
performances produtivas, passando
então a dominar o cenário no criatório regional.
No início deste século a participação de importantes grupos empresariais, que muito contribuíram
com seus aportes financeiros, visibilidade, implantação de modernas
técnicas de manejo reprodutivo e
alimentar, de sanidade animal, importações e comercializações de
produtos, vieram a consolidar um
novo e moderno perfil ao criatório
pernambucano com as raças Santa
Inês, Dorper, White Dorper, Somalis e Morada Nova.
Programas do Governo
A expansão do rebanho rumo
aos sertões e outras regiões sem
tradição na criação de ovinos deuse principalmente pelas ações dos
programas governamentais como o
Fome Zero, Leite para Todos, Merenda Escolar, Pronaf, com um forte
apoio do Sebrae e o Projeto Aprisco,
bem como a Universidade Federal
do Pernambuco, que promoveram a
assistência técnica, extensão rural e
capacitação de trabalhadores e produtores rurais.
Em pesquisa realizada pelo Departamento de Medicina Veterinária da Ufrpe, foram visitadas 150
propriedades e formatado um perfil
sanitário da caprinovinocultura do
sertão de Pernambuco. Os resultados mostraram que predominam as
instalações com piso de terra batida
(74,8%) e descobertas (61,7%) e reservatórios de água abertos (83%).
Rosângela
Ferreira,
superintendente
técnica
e Gidalte
Almeida,
presidente
da APECCO
Fotos: Divulgação
Cruzamentos em busca de um produto ideal ao mercado
Em apenas 3,4% das propriedades
a água era tratada. O registro das
ocorrências era realizado por apenas 26% dos produtores e 47,6%
tratavam o umbigo dos recém-nascidos com iodo. No que diz respeito
às carcaças, apenas 31,8% dos proprietários davam destino adequado
a elas. A higiene diária das instalações era realizada em apenas 14%
das propriedades e a desinfecção em
16,9%. A vermifugação foi a prática mais difundida (88,2%) e apenas
6,2% dos produtores dispunham
de assistência técnica contínua. Os
principais achados clínicos foram
sugestivos de doenças infecciosas e
parasitárias. Conclui-se que a caprinovinocultura do Sertão de Pernambuco é desenvolvida em instalações
modestas, o manejo sanitário é deficiente e as tecnologias disponíveis
são pouco utilizadas, impossibilitando a prevenção e controle de doenças, principalmente as de origem
infecciosa e parasitária.
A expansão do rebanho já se faz
notar no aumento da oferta de produtos e abates nos frigoríficos inspecionados do estado e no volume de
peles comercializadas nos curtumes
em todo o Estado de Pernambuco.
O ovino de abate “tipo frigorífico”,
com um peso de carcaça em torno
de 15 kg e idade média de 150 dias,
é remunerado à média de R$ 10,00,
e a pele alcança o valor de R$ 7,00
a 8,00 nos curtumes de Petrolina e
Floresta, os dois maiores do Estado.
Feiras Agropecuárias
A Associação Pernambucana de
Criadores de Caprinos e Ovinos
(Apecco) realiza, anualmente em
parceria com o Governo Estadual
e/ou Municipal, 18 Feiras Agropecuárias no Estado e criou um sistema de premiações em dinheiro e
um ranking estadual como forma
de incentivo e subsídio à participação de selecionadores nos grandes
e pequenos municípios. A Apecco
propicia, explica seu presidente,
Gidalte Almeida, “a difusão de animais geneticamente melhorados e
melhoradores nas sedes dos eventos”. A entidade também se preocupa com as melhorias nos parques de
exposições, visando o conforto animal, segurança e bom desempenho
de trabalhadores, técnicos e juízes.
Segundo o médico-veterinário e
consultor Clovis Guimarães Filho,
no campo, alguns gargalos ainda devem ser eliminados e/ou minimizados, como a Sanidade Animal, Assistência Técnica e Extensão Rural,
Capacitação de Trabalhadores e de
Produtores Rurais e principalmente
o abate clandestino de animais, “o
que certamente trará como consequência uma melhor remuneração
para o setor e a ampliação do mercado consumidor de carnes ovinas e
seus produtos derivados”.
Segundo ele, o ovinocultor comercial, aquele que cria para vender
carne e peles, segmento correspondente a cerca de 98% da pirâmide
produtiva, se vê induzido a adquirir
animais exóticos e caros, criados
em ambientes artificializados, como
a grande e definitiva solução para
sua exploração a campo. “Passam
a mudar o ambiente para adequá-lo
aos animais e a buscar o aumento de
seu porte em uma região de recursos
forrageiros escassos, contrariando
duas lições elementares da zootecnia. Melhoria da raça e inseminação
artificial não são, definitivamente,
estratégias prioritárias para o aumento da eficiência bio-econômica
dos rebanhos comerciais típicos do
sertão pernambucano”, entende.
Outro problema grave, para
Clóvis Guimarães, é a falta de um
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buco – potencial a explorar
As potencialidades da ovinocultura são muito grandes
programa de fomento à fenação, à
ensilagem ou ao cultivo de palmaforrageira. “A quantidade de forragem armazenada no estado, para
uso nos períodos de seca, é ridícula”, afirma. Segundo ele, também, a
falta de dados objetivos sobre a real
situação do produtor impede a idealização de planos de comercialização ou de fomento ao setor.
Vocação natural e histórica
Para o pesquisador Tadeu Vinhas Voltolini, zootecnista ligado à
Embrapa do Semi-Árido (Cpatsa),
sediada em Petrolina, as potencialidades da ovinocultura são muito
grandes, devido à vocação natural e
histórica para a criação, um grande
rebanho de alta rusticidade e disponibilidade de tecnologias. Tadeu
Voltolini – que atua ao lado do também pesquisador Gherman Garcia
Leal Araújo -, explica que há bom
potencial de integração dos rebanhos criados em áreas dependentes
de chuva com áreas irrigadas. Na
outra ponta, está a questão do mercado: ele é maior que a média nordestina e brasileira, e os mercados
crescentes estão insatisfeitos com
os atuais padrões de qualidade.
Entre as limitações, o pesquisador da Embrapa aponta para a baixa
eficiência bioeconômica dos siste-
Há possibilidades de consórcios com frutas nas zonas irrigadas
mas produtivos, assistência técnica
e de crédito deficientes, baixo nível
de capacitação gerencial do criador,
debilidade organizativa, estrutura
fundiária excludente, debilidade dos
segmentos transformador e distribuidor da cadeia produtiva irregularidade na oferta de matéria-prima, baixa
qualidade da matéria-prima, concorrência desleal e abate informal, altos
custos de coleta - transporte, falta de
padronização do produto, legislações
tributárias e sanitária não suficiente
adequadas às especificidades do setor, deficiente na estrutura complementar de apoio como estradas e até
a energia elétrica.
No segmento carne, explica
Tadeu Voltolini, as iniciativas ainda são muito tímidas. No norte da
Bahia, as ações estão mais avançadas, mas existe a barreira da aftosa.
Do lado pernambucano das barran-
cas do “Velho Chico”, existe a vacinação contra a febre aftosa, cuja segunda etapa foi encerrada em final
de outubro. Já a Bahia comemora
seu status de livre de febre aftosa.
Isso impede o envio de animais vivos do Pernambuco para a Bahia,
inibindo mais uma possibilidade de
mercado.
Atualmente, no submédio do São
Francisco, o abastecimento é feito
principalmente por carnes oriundas
do próprio Vale, especialmente os
municípios de Petrolina, Dormentes, Casa Nova/BA, Remanso/BA,
Sobradinho/BA. Há muita venda de
animais dessa região para o Agreste e Zona da Mata de Pernambuco,
tanto de animais para criação quanto para o abate. Há, porém, forte
concorrência de carne ovina do Sul
e igualmente do Uruguai. Com a
abertura de mercados uruguaios,
certamente esta presença vai cair,
abrindo novas possibilidades para
os criadores do estado.
Os dois curtumes instalados, um
em Petrolina/PE e outro em Juazeiro/BA, exportam para vários países,
mas não trabalham com peles de
ponta, são materiais medianos. Eles
processam atualmente mais de 3 mil
unidades de pele por dia empregando mais de 300 pessoas.
No âmbito da pesquisa, há muito
para fazer, a começar pelo melhoramento genético e conservação
das raças nativas. Segundo Tadeu
Voltolini, outro ponto é a geração
de sistemas sustentáveis para a produção de ovinos, novas alternativas
forrageiras, sistemas de produção
com menores entradas de insumos
externos (de base agroecológica) e
diversificados, Técnicas para controle de parasitas e doenças. •
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Artigo
Ectima Contagioso em Ovinos e Caprinos
Fotos: Divulgação
DVM PhD Gustave Decuadro-Hansen
Ceva Santé Animale France
A
ovinocaprinocultura é um dos segmentos da pecuária brasileira com
marcado em crescimento nestes últimos anos devido ao fato de ser, frente à pecuária bovina, uma criação que outorga um
maior retorno de quilos de carne por hectare
em um menor espaço de tempo e terra e pela
demanda crescente por produtos cárneos
ovinos nas capitais e nos grandes centros
urbanos do país.
Todos os criadores devem estar cientes
de que o sucesso desta criação exige a sanidade e esta deve ser estrategicamente vigiada. A ovinocaprinocultura intensiva tem, ao
longo de sua cadeia de produção, diversos
desafios sanitários que impactam diretamente os resultados produtivos da fazenda, afetando de forma direta a saúde financeira das
mesmas. Dentre os desafios observados no
sistema de produção aqueles relacionados
aos problemas de pele (patologia cutânea
parasitária, infecciosa e tóxica, ver quadro
1), levam tanto à perdas diretas em quadros
agudos como também em quadros crônicos,
com perdas em desempenho que em muitas
ocasiões são negligenciadas.
O Ectima contagioso (EC) também co-
nhecido como boqueira ou dermatite labial
infecciosa, é uma enfermidade da pele dos
pequenos ruminantes, altamente contagiosa
causada por um vírus (Parapoxvirus, vírus
ORF) e caracterizada por formação de vesículas, pústulas e crostas nos lábios e/ou
cavidade bucal, úbere e pele da parte externa dos genital e distal dos membros. Forem
descritas outras localizações de lesões do EC
como, por exemplo, as feitas pela equipe de
Sargison e coll. 2007 que apresentarem um
caso grave de ectima contagioso em um rebanho de ovinos Scottish Blackface e cruza
Texel após banho de imersão para controle
de ectoparasitos contaminado com o vírus.
Consequência do hábito do pastejo gregá-
Quadro 1: Principais enfermidades da pele dos ovinos e caprinos
Tipo de
enfermidade
Parasitárias
Infecciosas
Tóxicas
Enfermidade
Sarna (Psoróptica, demodécica, sarcóptica)
Carrapatos (Boophilus microplus, B .caprae,
Amblyomma cajennense)
Piolhos (mastigador e sugador), piolho falso
(Mellophagus ovino)
Miíases
Bernes (Dermatobia hominis)
Bacterianas (Dermatofilose, Impetigo)
Fungicas (Dermatofitose ou tinha)
Virais (ectima contagioso, viruela ovina, febre aftosa,
papilomatose)
Fotossensibilzação (Eczema facial)
EC labial
acompanhado
de infecção
secundária
Gustave
Hansen
rio dos ovinos e caprinos, a rapidez do contagio do EC é alto, podendo ser afetado 90
% do rebanho em poucos dias. Em regra geral, os animais jovens (cordeiros e cabritos)
são mais sensíveis ao EC alcançando taxas
de mortalidade de 10 a 15 %. A mortalidade
de crias poderá ocorrer devido às coinfecções ou miíases secundárias ou senão devido
a inanição dos cordeiros ou cabritos (lesões
na boca ou mastite secundária nas matrizes
com lesões de EC nas tetas).
As perdas econômicas induzidas pelo
EC não estão relacionadas somente com a
mortalidade, que normalmente é baixa, mas
ocorrem, principalmente, pela perda de peso,
miíases secundárias, atraso do crescimento
dos animais afetados e mão de obra e produtos veterinários para tratamento sintomático
dos animais afetados.
Dentro dos pequenos ruminantes o processo infeccioso é mais freqüente em ovinos
que em caprinos, porém em estes últimos a
enfermidade é mais grave. Os bovinos não
são suscetíveis à doença.
O EC é considerado uma zoonose (doenças de animais transmissíveis ao homem,
bem como aquelas transmitidas do homem
para os animais), porém é uma zoonose menor geralmente benigna e profissional (veterinários funcionários da fazenda, etc.). A
doença no homem se manifesta geralmente
nas mãos (pápulas e crostas) e pode ser o
resultado de contato com animais doentes ou
com vacinas.
As variações na taxa de morbidade e mortalidade estão altamente influenciada pela
presença de fatores de risco na fazenda.
Fatores que favorecem a enfermidade
são: forte densidade no campo, estação do
ano (em relação ao aumento do número de
animais suscetíveis), presença de moscas,
mau manejo do banho de imersão (contaminado, não seguir uma ordem de banho em
função do estado sanitário dos animais, carga em matéria orgânica, etc.), instrumentos
de assinalação ou tosquia contaminados, desequilíbrio na estabilidade imunológica do
rebanho (carências nutricionais), não vacinar, concentrar em uma área restrita animais
saídos e doentes (por exemplo, durante um
creep-feeding), lesões cutâneas induzidas
por capins espinhosos, etc.
Em um rebanho livre da doença, o vírus
ingressa com portadores (compra de carneiros ou borregas) ou com feno ou ferramentas (tesouras, seringas) contaminados.
Após a introdução da doença nos rebanhos
a enfermidade se torna endêmica, pela persistência do vírus por longos períodos no
ambiente ou pela presença de animais com
infecções persistentes. O vírus é resistente
no meio ambiente, sobretudo quando está
alojado nas crostas dos animais doentes que
caem no campo. Porém a persistência da enfermidade numa fazenda deve-se à presença
de animais com lesões crônicas, a ausência
de desinfecção das ferramentas de trabalho
com ovinos e caprinos e à falta de vacinação.
A infecção viral provoca uma colonização das capas superficial da epiderme que
vira edematosa (estado de pápula aonde
pode ser observado os típicos corpúsculos
de inclusão) e após contaminação ou necrose se transforma em pústula seguida de
crostas algumas espessas de aspecto ressecado e com fissuras e outras úmidas de fácil
remoção.
Em ausência de coinfecção secundária e
com um tratamento sintomático de apoio as
lesões regridem, segundo o autor, em 3 a 4
semanas.
Os animais que se recuperam da infecção
viral beneficiam de imunidade duradoura,
porém as matrizes não podem transmitir os
anticorpos aos cordeiros ou cabritos pelo
intermédio do colostro.
Sintomas
Apresentam-se diferentes formas clínicas da doença após um período de incubação de 3 a 8 dias.
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Forma cutânea:
1) Labial: a mais freqüente em cordeiros
localizada em lábios e comissuras labiais.
Às vezes se difundem para outras localizações cutâneas como orelhas, região periorbital e narinas. As lesões evoluem rapidamente de pápula para pústula e após crosta
sobrelevada difícil de eliminar, deixando na
parte profunda um tecido de granulação que
sangra facilmente. É frequente nos animais
não tratados a infecção bacteriana das lesões.
2) Genital: as lesões se concentram na
vulva das matrizes e no prep úcio dos machos.
3) Mamária: as lesões se concentram
nas tetas e parte interna das coxas. Esta forma de EC é particularmente importante por
se tratar de uma forma rápida já que induz
inanição nos cordeiros e mastite secundária
por retenção láctea e infecção secundária.
4) Podal: particularmente frequente nos
animais jovens e confinados. A umidade e a
falta de higiene são fatores predisponentes.
Formas graves: também conhecido
como ectima maligno, esta forma de ectima
cursa com sintomas de febre e gastroenterite ou pneumonia e coexiste com lesões
internas geralmente no trato digestivo superior: cavidade bucal, língua e esôfago e ela
se observa em cordeiros em confinamento
que amamentam artificialmente (biberões
contaminados) ou quando existe ectima mamário nas matrizes.
Sintomas semelhantes:
O técnico de campo deverá realizar um
diagnóstico diferencial com algumas doenças ovinas como: Língua azul; Febre aftosa; Viruela ovina e caprina; Forma podal
da dermatofilose; Eczema facial; Dermatite
pustulosa.
Diagnóstico
As lesões são características da enfermidade, porém o técnico de campo pode enviar
amostras ao laboratório como crostas frescas
Ectima contagioso no Homem
fixadas em formol a 10% (histopatológia e
microscopia eletrônica). A detecção e quantificação do vírus podem ser feita por PCR.
Tratamento
Não existe tratamento específico contra
esta doença viral. A recomendação é que o
ovinocultor ou caprinocultor adote uma serie de medidas para evitar que os doentes
contaminem todo o rebanho assim como
para reduzir o impacto da doença nos animais afetados:
Separar os animais doentes para evitar
contágio;
Somente nos casos de animais com lesões crostosas de fácil remoção, as mesmas
devem ser removidas por meio de raspagem
ou de uma escova de fios delicados, e praticar uma aplicação tópica de uma solução
fraca de glicerina iodada a 5 % ou pomada
de iodo-povidona. Nos casos de lesões crostosas aderidas, aplicar uma solução de ácido
salicílico a 3% em vaselina. Estas aplicações devem ser feitas 2 vezes ao dia durante
5 dias.
- Deve-se ter o cuidado de remover o material raspado e queimá-lo;
- Realizar um tratamento preventivo contra miíases;
- Para os animais com infecções secundárias, assim como as matrizes com a forma
mamária, o uso preventivo de amoxicilina
injetável longa ação a cada 2 dias em dose
de 15 mg / kg de peso vivo via intramuscular
(ou 1 ml / 10 kg de peso vivo) geralmente
permite-se obter bons resultados;
- Limpeza e desinfecção das instalações
com cal hidratada.
Profilaxia Sanitária:
- Evitar a compra de animais provenientes de rebanhos infectados;
- Desinfetar todo material usado (assinalação, bisturis, etc);
- Nos rebanhos afetados separar os animais doentes em uma baia hospital;
- Eliminar os animais com lesões crônicas (carneiros apresentando lesões crostosas na cabeça confundidas com lesões de
briga ou na parte interna das coxas).
Profilaxia Médica:
O uso da vacina está altamente recomendado em todo rebanho com histórico da
doença ou em aqueles livres com risco de
introdução do EC. Não se devem vacinar os
animais se não existe histórico no rebanho
da doença. A vacina deve ser usada de maneira estratégica, de modo que os animais
tenham proteção máxima nos períodos mais
favoráveis ao aparecimento da doença. Re-
comenda-se a vacinação de
todos os cordeiros após o final
da parição. Em caso de surtos
é recomendável vacinar todo o
rebanho.
A vacina contra o ectima contagioso é
uma vacina viva atenuada aplicada por escarificação.
A pele da face interna da coxa ou da paleta é escarificada em cruz (não induzir sangramento) e uma gota da vacina é depositada. A vacinação induz, na área vacinada,
a formação de pápulas e após crostas, sinal
que o animal está imunizado.
Conclusão:
Diante das perdas econômicas causadas
pelo ectima contagioso, principalmente relacionadas aos prejuízos na produção de carne, lã e couro na indústria de pequenos ruminantes e mortalidade dos animais afetados,
é de suma importância que os criadores de
ovinos e caprinos mantenham condições de
Escarificação em cruz e face
interna da coxa sem lã destinado
à vacinação contra o EC
sanidade do rebanho, respeitem a quarentena, façam o descarte dos animais acometidos
e pratiquem a vacinação. Deve-se salientar a
relevância da realização do diagnóstico correto e identificação do agente para que sejam
tomadas as devidas medidas de profilaxia e
controle dessa enfermidade por médicos veterinários. •
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Reportagem
Ovinocultura também é diversificação
A produção de peças em lã crua, fios de lã coloridos para tricô e tear, hambúrguers, iogurtes, queijos especiais e outras derivados produzidos na
fazenda são a mais nova fonte de diversificação da renda do produtor de ovinos e vieram para ficar, juntando a fome com a vontade de comer
Fotos: Divulgação
Luciana Radicione
P
ara um rebanho que soma quase 17
milhões de cabeças e diante de um
consumo em crescimento, mas ainda pequeno, nada melhor do que apostar na
diversificação para garantir ganhos financeiros com a ovinocultura. Muito além do
clichê, investir em produtos de maior valor
agregado é certeza de dinheiro no bolso, especialmente no Estado que concentra 23,5%
do efetivo total do rebanho ovino, além dos
dois maiores municípios produtores: Santana do Livramento e Alegrete, conforme
recente censo do IBGE.
Artigos produzidos a partir da carne ovina, lã de ovelha e do leite ovino começam
a cair no gosto dos consumidores de todo
o País, com o diferencial de estarem sendo
produzidos dentro de propriedades rurais.
Um bom exemplo do potencial de mercado
dessas “matérias-primas” é o da Fazenda
Caixa D´água, do município de Dilermando
Aguiar. Na fazenda, peças em lã crua e fios
de lã coloridos também são responsáveis
pelo sucesso da atividade que de tão antiga
se confunde com a própria história da fazenda. A aposta no artesanato ocorreu em
2006, num primeiro momento para escoar
os estoques de lã decorrentes do aumento
do plantel de ovelhas Crioulas. “O pelego
preto é bem mais valorizado do que os demais, então se confiou nessa frente de trabalho”, afirma Marco Righi, proprietário.
Para dar “forma” à montanha de lã parada na fazenda, sua esposa, Denise Azenha,
participou de cursos do Senar, onde a ideia
inicial era produzir e comercializar xergões
Carmem Moreira: fazendo moda
para montaria. Com o nível de profissionalização que se alcançou foi possível desenvolver uma peça diferenciada e de alta qualidade que passou a ser o xodó de correarias
e selarias; a manta de lã para montaria. Não
demorou muito para que o produto ganhasse o Estado. Hoje é vendido para pessoas
físicas e jurídicas de todo o Brasil, com a
ajuda do website da fazenda. De acordo
com Righi, mais de 3 mil peças da tapeçaria já foram negociadas e 2010 deve fechar
com vendas 100% superiores as do ano passado.
O sucesso não parou por aí: depois da
peça para montaria, o casal resolveu investir
na produção de fios de lã ovina para tricô e
tear. “Percebemos que tinha demanda, além
de ser algo sustentável, ambientalmente
correto, natural e de qualidade”, enumera o
Fazenda investe na diversificação de produtos com lã
empresário.
Com a marca “Da Fazenda Fios de Lã
Artesanal”, a Caixa D’água ampliou os negócios e a expectativa é de encerrar o ano
tendo comercializado 400 quilos de lã - produzidas em 19 cores, sendo quatro delas
naturais da ovelha.
Além de vender os fios na loja virtual e
manter um representante comercial no Rio
Grande do Sul para abrir frentes de negócios, Righi e Denise também mantêm clientes em cidades como Nova Friburgo (RJ) e
Campos do Jordão (SP). “Este é um mercado pouco explorado, mas excelente para
quem produz qualidade”, afirma Righi,
criador das raças Texel Preto e Crioula.
Extrair a lã e montar peças diferenciadas
também virou fonte de renda para a empresária Carmem Moreira, da Cabanha Amoreira, de Santana do Livramento. “Crio ovelhas, esquilo, tinjo e confecciono peças de
vestuário”, conta a empresária, que despertou para as oportunidades oferecidas pelo
mundo da moda há cinco anos, quando viu
os preços do quilo da lã despencarem de R$
16,00 para R$ 6,00.
Com a criação de Merino Australiano,
Carmem trilha passos importantes rumo à
diversificação, tanto que participa de mais
de 20 eventos por ano, onde aproveita o
fluxo de clientes para divulgar a qualidade
das roupas produzidas com lã ovina (capas,
pelerines, mantas, paschiminas e outros
modelos), processo realizado em parceria
com um lanifício. O sucesso entre a clientela feminina é garantido, tanto que desde
que iniciou no projeto, Carmem contabiliza
mais de duas mil unidades comercializadas.
“Acredito que este é um recorde, especialmente porque se trata de roupas pura lã”,
afirma a empresária, que dedica o êxito de
vendas ao amor pela ovinocultura. “Tem
que gostar do que faz e mostrar ao cliente
todo o processo que existe por trás da qualidade final”, afirma.
A capacitação de mão de obra é ponto
essencial para quem busca um lugar no
mercado. Se para atividades tradicionais
da ovinocultura a comercialização costuma ser garantida, para produtos derivados a busca pela qualidade do que é
colocado no mercado é prioridade. Foi
o que fez em São Francisco de Paula
Silvana Patzinger, ao unir a ovinocultura a causas sociais. “Formamos grupos de
capacitação voltados para mulheres e jovens, criamos produtos com público-alvo já
definido para buscar um lugar no mercado”,
conta.
Na ONG Instituto de Reciclagem SócioEducativo e Incentivo ao Desenvolvimento
Econômico (Seide), foram montadas oficinas visando a geração de renda dos alunos.
“Como temos várias oficinas que acontecem
ao mesmo tempo, acabamos desenvolvendo
produtos que utilizam papel artesanal, fuxico e lã de ovelha, mas não abandonando
nunca a tradicional coberta de lã e a meia,
sempre com o cuidado de ser matéria-prima
ecologicamente correta”, explica Silvana.
Em busca de um produto sustentável, a
ONG se juntou à Universidade Mona, que
prioriza a produção de lã ovina naturalmente colorida e ovinos tratados dentro da biodinâmica.
A partir dessa parceria, foi estabelecido
um grupo de pessoas que se dedicou à criação de acolchoados, mantas e meios de lã
para comercialização na própria universidade. “As peças serão vendidas também em
algumas lojas parceiras da ideologia, entre
elas a Santa Composição, Empório Canela
e Fio de Linha”, relata Silvana. A expectativa é que a ação comece a dar resultados
financeiro a médio e longo prazos, mas salienta que as relações humanas dentro do
grupo estão fortificadas. “Em longas conversas com amigos sempre ouvia a mesma
coisa: a lã não vale
nada, não temos
mão de obra capacitada. Mas, como
sou muito inquieta sempre pensei
em reverter esse
quadro”, confessa Silvana, que neste caso, admite que “juntou a fome com a
vontade de comer”.
13
dez10/jan11
Carne de cordeiro
no ritmo do fast food
A diversificação na ovinocultura não
se concentra apenas no segmento do artesanato e da confecção. O ramo da gastronomia também prova que é promissor para quem aposta no diferencial. E
que um sanduíche pode ser reconhecido
por suas características peculiares. Em
São José dos Campos, interior paulista,
o Tedy’s Hamburgueria e Forneria soube aproveitar a visibilidade conquistada
durante festival gastronômico - onde o
destaque do menu (variado) foi o Ray
Charles, sanduíche que leva no recheio
hambúrguer de carne ovina. O proprietário Alexandre Faria conta que a iguaria foi elaborada no ano passado e que
foi “concebida” de olho no diferencial
que poderia agregar ao negócio. “Sempre fomos reconhecidos pelos lanches
que servimos, e o Ray Charles foi uma
aposta pessoal”, conta.
O Ray Charles integrou o 3º Festival
Gastronômico de São José dos Campos,
realizado em maio deste ano. E, para surpresa de Alexandre, passou a ser “bem
consumido” por um cliente específico,
“formador de opinião”. O sanduíche foi
utilizado como “isca” para expandir o
negócio. E chamariz para aumentar o
público fiel ao Ray Charles, que hoje é
consumido por cerca de 50 clientes todas as semanas. Os ingredientes do sucesso: pão tipo focaccia, linhaça (no lugar do gergelim), hambúrguer de ovino
temperado com alho, alecrim, pimenta
do reino, queijo cheddar em fatias, alface roxa e rodelas de tomate.
A comercialização, porém, ainda esbarra no pouco conhecimento do consumidor sobre as propriedades da carne
ovina. “O sanduíche ainda tem pouca
saída em função da cultura do brasileiro
para o novo”, confessa Alexandre Faria, que agora quer levar o cardápio do
Tedy’s (tricampeão em sanduíches pelo
ranking da revista Veja) para outras re-
Baianos fazem calçados
e artesanato em couro de ovinos
Calçados feitos com couro de ovelha, além de bolsas, chaveiros, colares e outros utensílios elaborados com a mesma matéria-prima são produzidos por pequenos empreendedores do município de Batalha, no Sertão, que fazem parte da Associação Sertaneja. Há
muito tempo, a habilidade de artesãos do município de Batalha transforma couro de ovinos
em calçados e acessórios, explica a secretária de Estado da Agricultura, Inês Pacheco.
Somente em 2007, eles se agruparam em uma entidade, fundando a Associação Sertaneja. Segundo a presidente Leane Bezerra Silva, ao todo são 16 associados - os homens
produzem as peças, entre elas sandálias, colares, bolsas e chaveiros, e as mulheres fazem
a venda em feiras e eventos por todo o Estado. A Associação Sertaneja foi uma das beneficiadas do convênio do governo do Estado com o MDS, firmado em dezembro de 2008, que
beneficiou também a Associação das Artesãs de Maravilha (Natucapri) e a Cooperativa de
Agricultores Familiares do Sertão (Cafisa). •
Ray Charles faz sucesso em fast food paulista
giões do País por meio de franquias.
Tapeçarias, iogurtes,
queijos e doces
No segmento de alimentos a Cabanha
da Maya, de Bagé, também surge como
referência quando o assunto é agregar
valor. Há três anos a proprietária Zuleika Borges Torrealba percebeu o diferencial do artesanato produzido com a lã
de ovelha, quando passou a investir na
linha de tapeçarias. Embora a atividade
se mantenha até hoje, é para os alimentos que as atenções estão voltadas neste
momento. De posse de informações preciosas sobre os benefícios dos derivados
do leite de ovelha, dona Zuleika passou
a focar na linha de iogurtes, queijos e
doces diversos a partir do leite ovino.
De acordo com a médica-veterinária da
cabanha, Francine Eickhoff, os produtos são comercializados em nível municipal, mas a intenção da proprietária
da Cabanha da Maya é alcançar mercados em todo o País. Para isso, aguarda a
conquista do registro federal, o SIF.
Na propriedade estão instalados o
processo da ordenha e congelamento do
leite, para posterior entrega na queijaria.
Uma vez por mês um técnico vindo do
Uruguai visita a propriedade e atua na
formatação dos produtos e no processo
de controle de qualidade. O pequeno
“mercado” em nível municipal é o que
motiva a proprietária a buscar novos
clientes, especialmente donos de hotéis
e restaurantes no Rio de Janeiro e em
São Paulo, com quem já mantém contato. •
dez10/jan11
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Notícias da ARCO
Fabrício Willke é reconduzido à presidência do CDT
E
m reunião realizada dia 8
de novembro de 2010, foi
eleito o novo Conselho Deliberativo Técnico (CDT) da ARCO
para o próximo biênio. O presidente reeleito do CDT é o méd. vet.
Fabricio Wollmann Willke (representante da Associação Brasileira
de Criadores de Ile de France) e a
secretária é a zootecnista Melissa
da Fonseca Oliveira (representante
da ASPACO - Assoc. Paulista de
Criadores de Ovinos).
Entre os trabalhos que serão
Foto: Divulgação
Willke da Ile de France
desenvolvidos durante o primeiro semestre do próximo ano, com
reunião já marcada para janeiro de
2011, está a apresentação e aprovação do Regulamento Nacional para
Oficialização de Exposições de
Ovinos aos membros do CDT, que
terá os seguintes objetivos;
- Promover a ovinocultura em
todo território Nacional;
- Oficializar perante o MAPA
(Ministério da Agricultura e Abastecimento) as informações de premiações oriundas dos certames
chancelados pela ARCO;
- Disponibilizar oficialmente no
SRGO (Serviço de Registro Gene-
Jornal AgroValor premia Schwab
O Jornal AgroValor lançou em 2008 o título Personalidade AgroValor para pessoas que se destacaram durante o ano nas mais diversas áreas ligadas ao agronegócio
brasileiro. Neste ano a publicação relacionou o presidente da ARCO, Paulo Schwab
como um dos contemplados desta distinção. Segundo a diretora Executiva do Jornal,
Camila Bitar, já receberam o título de Personalidade AgroValor importantes figuras
públicas do cenário nacional, tais como: Reinhold Stephanes, Hermano Henning,
Ademar Silva Jr., Edilson Maia, entre outros. “Cada Personalidade AgroValor receberá, como símbolo do nosso profundo respeito e apreço, uma certificação com
o honroso título, acompanhada de um brinde exclusivo e personalizado”, assinala a
executiva.
Editado por Editora Sete, uma empresa do Grupo Brasilcred, o AgroValor foi fundado em março de 2006 com o objetivo de ser um importante instrumento de comunicação sobre o agronegócio. De Fortaleza, onde está situada a sua sede, o AgroValor
se transporta para seus assinantes e leitores em todo o país. No formato berliner, que
facilita a leitura e organiza melhor as notícias, possui vinte e oito páginas coloridas,
divididas em três cadernos: AgroValor, Agro&Cultura e Haras de Valor. •
alógico de Ovinos no Brasil), as
informações de premiações oriundas dos certames chancelados pela
ARCO .
- Proporcionar o intercâmbio de
idéias, experiências e informações
entre técnicos e criadores, ensejando a adoção de métodos racionais
de manejo, criação e seleção;
Assim, serão consideradas Exposições Oficiais todas aquelas
que solicitarem e tiverem sua oficialização aprovada pela Diretoria da ARCO, que observarem na
íntegra o Regulamento Nacional
para Oficialização de Exposições
de Ovinos, que respeitarem as
normas para escolha e atuação dos
jurados, estabelecidas pelo Colégio de Jurados das Raças Ovinas
(CRJO).
O CDT também definiu um Calendário Anual de Exposições, em
que serão divulgados os títulos de
Melhor Criador e Melhor Expositor em todos os eventos oficializados. Ao final do ano, serão conferidos os títulos de Melhor Criador
e Melhor Expositor do ano de cada
raça. •
ARCO realiza reunião de diretoria
Com a idéia de uniformizar as informações e debater as metas para 2011, a Associação Brasileira dos
Criadores de Ovinos, ARCO, reuniu toda a sua diretoria no dia 3 de dezembro, em Salvador, durante a
realização da Fenagro, uma vez que boa parte dos componentes da diretoria é do norte e nordeste do País.
Conforme o presidente da ARCO, Paulo Schwab, foram apresentadas as realizações de 2010 e novos procedimentos a nível de entidade. “Procuramos unificar as idéias para que todos possam bem representar a
entidade e o setor, onde quer que estejam”, comentou Schwab.
No evento, foram destacados os projetos de pesquisa sobre mercado interno e externo para a carne ovina,
feita em convênio com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o Programa de Sanidade
Ovina, desenvolvido pela Embrapa e as ações junto aos governos e às Câmaras Setoriais para a criação de
ambientes propícios ao desenvolvimento da ovinocultura. Durante a Fenagro, também ocorreu um encontro
com as Associações Estaduais de Criadores da região, que teve por objetivo a troca de informações entre todos. Um dos temas tratados foi a regulamentação dos julgamentos e exposições bem como os procedimentos técnicos. “Estamos aproveitando estas viagens para promover encontros com os representantes locais
da ovinocultura, a fim de saber as suas demandas e discutirmos horizontes e metas de trabalho”, resssalta
Schwab. Ele acrescentou também que houve uma reunião com dirigentes da Associação Brasileira de Santa
Inês, quando foram colocados os números atuais de registro, como também foram ouvidas reivindicações
da raça, como maior colaboração e participação nos trabalhos de melhoramento genético.
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Carne de cordeiro valoriza
no mercado interno
O
s criadores de ovinos
estão atravessando um
ótimo momento em sua
atividade, fruto da valorização do
preço da carne de cordeiro. A tendência de aumento do consumo
per capita é impulsionado pelas
comemorações de final de ano, e
pela elevação dos preços da arroba bovina, bem acima do patamar
histórico esperado para esta época
do ano. Por isso, o cordeiro também tem registrado preços crescentes no mercado nacional.
O setor vive ainda a redução
do volume de importação de carne ovina do Uruguai, concorrente
histórico do produto brasileiro,
com redução acumulada de janeiro até outubro deste ano de
35,15%, segundo dados do Instituto Nacional de Carnes (INAC)
do Uruguai. Outra razão para a
valorização do preço da carne de
cordeiro, que apesar de estar no
início fará grande diferença para
a produção mundial, é o interesse do produtor neozelandês pelo
preço do leite bovino, o que está
contribuindo para a permuta entre
as criações.
Mesmo valorizado, o cordeiro
deve continuar presente na ceia
de final de ano dos brasileiros,
quando normalmente o preço do
cordeiro cresce. E para 2011, que
também promete ser promissor, o
setor de ovinos de corte já começa
a se preparar para aumentar o volume de produção e, mais do que
isso, para oferecer um produto de
qualidade superior ao consumidor, que faça frente ao produtor
uruguaio, como meio de alavancar o consumo de carne de cordeiro entre os brasileiros.
O Brasil ainda apresenta grande possibilidade de crescimento
nesse segmento. Segundo dados
do IBGE, o rebanho ovino brasileiro está em torno de 17 milhões.
O Nordeste detém a maior parte
do rebanho ovino brasileiro –
56,4%; em seguida está o Sul com
29,1% e o Sudeste está em quarto com 4,6%. O país detém menos de 1% da produção mundial
de carne ovina, com abate médio
anual inferior a 1 milhão de cabeças. O consumo per capita da carne é de 700 g/hab/ano, enquanto
em países como Nova Zelândia
são consumidos 30kg e na Austrália 20kg. •
Informe Publicitário
Quando uma visita muito importante vem almoçar na sua casa,
uma das suas preocupações é servir algo que não faça feio; sabe
o que o Uruguai serviu ao homem mais importante do mundo?
Bush terá almoço com cordeiros POLL DORSET
temperados vivos no Uruguai
Publicidade da Ansa, em Montevidéu
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, receberá no sábado a visita do presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, com um assado de cordeiros temperados em vida através da alimentação
- os primeiros desse tipo no mundo. A visita de Bush ao Uruguai faz parte de um giro do líder
norte-americano que inclui Brasil, Colômbia, Guatemala e México.
Bush, que começa sua viagem na próxima quinta-feira, vai se reunir em um almoço com Vázquez
no sábado na estância oficial Anchorena, 200 km a oeste da capital Montevidéu.
A presidência uruguaia fez o pedido de dois exemplares da raça Poll Dorset à Cabaña de Las Rosas,
da princesa Laetitia D’Aremberg, que tenta exportar essas carnes aos mercados mais exigentes.
Fontes de Las Rosas disseram à radio El Espectador que serão usados dois dos melhores cordeiros
do Uruguai, selecionados pelo chef Esteban Briozzo.
Os animais, criados estritamente em pradarias, são os primeiros ovinos temperados através da
alimentação e com a melhor genética disponível, segundo as fontes.
Briozzo conheceu o trabalho do estabelecimento em novembro de 2006, quando cozinhou em um
almoço organizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, o Instituto de Carnes e o Instituto de
Investigação Agropecuária, no qual Las Rosas apresentou a carne desses exemplares.
As fontes disseram ao El Espectador que o trabalho tem dois anos de história em Las Rosas e que
em poucos meses seus produtos ingressarão no mercado internacional.
Fonte : http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u105246.shtml - 06/03/2007 - 16h26
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