Ler Edição - Serasa Experian

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Testes de Estresse como Ferramenta
Básica da Gestão Prudente do Risco
Stress Testing as a Fundamental Tool
for Prudential Risk Management
O artigo versa sobre a aplicação de testes de estresse reversos e enfatiza que eles não
são apenas um instrumento exigido pelos principais órgãos reguladores internacionais,
mas uma ferramenta fundamental para a gestão prudente do risco. A dedicação da alta
administração é um pré-requisito para integrar os testes de estresse às decisões de negócio, risco e capital, incentivando uma exploração mais detida dos riscos extremos.
Lourenço Miranda
The article discusses the application of reverse stress tests and emphasizes that they are not
only required by the leading international regulatory bodies, but also a crucial tool for prudential
risk management. Top management commitment is a requirement to incorporate stress tests
into business, risk and capital decision making, encouraging closer scrutiny of tail risks.
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Riscos Fiscais e o Crédito
Fiscal Risks and Credit
Frederico Araujo Turolla
Orlando Assunção Fernandes
No mercado de recursos, as necessidades de financiamento do setor público competem
com as necessidades de financiamento do setor privado. Assim uma redução da demanda líquida de recursos para financiamento do governo pode abrir maior espaço para o financiamento privado, estimulando o mercado de crédito. Esta relação poderá elevar o
risco global das operações de crédito, e na prática pode se manifestar com defasagens
e não-linearidades.
In the money market, the public sector’s financing needs compete with the private sector’s.
Therefore, a reduced net demand for government financing funds may create additional room
for private-sector financing and provide a boost for the credit market. This may increase the overall risk of credit operations and, in practice, may create gaps and non-linearities.
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Modelo de Mensuração da
Rentabilidade do Crédito
Model for Measuring the
Profitability of Credit
Dany Rogers
Pablo Rogers
O trabalho visa esclarecer como a rentabilidade da concessão de crédito ajustado ao risco de crédito pode ser mensurada em empresas comerciais e qual a influência que o cálculo desse índice pode exercer sobre a concessão de crédito. Os autores propuseram
para a resolução da questão o desenvolvimento de um modelo que mensure a rentabilidade da concessão do crédito comercial ajustado ao risco de crédito, adotando o conceito de rentabilidade da Teoria das Restrições (TOC) e o modelo RAROC (Risk-Adjusted Return on Capital) para o seu cálculo.
The purpose of this paper is to illustrate how the risk-adjusted return on credit facilities be measured at commercial enterprises and what kind of influence the calculation of such returns can
be expected to have on the credit granting itself. The authors propose to develop a model to measure the credit risk-adjusted return on the extension of commercial credit, using the concept of
returns or profitability as in the Theory of Constraints and the RAROC (Risk-adjusted Return on
Capital) model for our calculations.
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Usando Ferramentas Analíticas
Champion/Challenger para uma
Eficaz Estratégia de Cobrança
Using Champion/Challenger
Analytical Tools for the Optimum
Collections Strategy
“Champion/Challenger” é o termo usado para descrever a maneira como a atual estratégia de cobrança (“Champion”) é rotineiramente testada em relação a uma abordagem alternativa (“Challenger”). Para garantir a precisão, a Challenger deve ser testada num ambiente real, porém controlado para evitar perdas financeiras. Assim, a Challenger é desenvolvida e projetada com informações recentes sobre os clientes e implementada em
uma amostra pequena e estatisticamente robusta, monitorando os resultados com muita atenção.
Mark Keyworth
Champion/Challenger is the expression used to describe how an existing collections strategy,
known as the Champion, is routinely tested against an alternative approach known as the Challenger. To ensure accuracy, the Challenger should be tested in a live, but controlled, environment to avoid financial loss. Therefore, the challenger is developed and designed using recent
customer information and implemented on a small, statistically robust sample with the results
closely monitored.
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Palavra do Editor
A crise econômica mundial teve seus reflexos sobre os países em desenvolvimento, mas
o Brasil, apesar de ter enfrentado momentos difíceis, se prepara para retornar ao crescimento.
Espera-se a reabilitação da capacidade produtiva das empresas para que o País cresça 3% neste ano e 4% no próximo. O fato de o Produto Interno Bruto (PIB) ter caído menos do que o esperado, nos primeiros meses deste ano indica que
a meta é factível. A expansão do crédito vem se
conservando moderada, com uma pequena alta
nos últimos meses, especialmente no crédito a
pessoas físicas e crédito direcionado. Os financiamentos à habitação mantêm discreto incremento e, igualmente, tem crescido a carteira de
crédito rural.
Nosso artigo de capa “Testes de Estresse como Ferramenta Básica da Gestão Prudente do Risco” de autoria do dr. Lourenço Miranda, Senior Risk Officer da International Finance Corporation (IFC) — braço do setor privado
do World Bank Group — baseado em Washington, DC. aponta a utilização de testes de estresse como ferramentas importantes para a gestão de risco. O autor enfatiza que eles deveriam
ser uma parte fundamental do conjunto de ferramentas empregadas pela alta administração
das instituições na tomada de decisões integradas de estratégia de negócios, gestão de risco
e planejamento de capital.
Lourenço Miranda acrescenta que os recentes acontecimentos registrados no mercado
demonstraram a importância da existência nas
instituições de um sistema forte de governança. Ele acentua que a alta administração das empresas menos afetadas vem estabelecendo, com
sucesso, processos abrangentes de avaliação
do risco da organização. São testes cuidadosos
de estresse e cenário que representam um papel importante, pois permitem a tomada de decisões mais informadas e oportunas.
From the Editor
The global economic crisis had
an impact on developing countries, but
Brazil, despite having experienced difficult moments, is getting ready to resume growth. The country awaits corporate production capacity to step up in order to grow 3 percent this year and 4 in
the next one. The fact that GDP dropped
by less than expected in the early months
of 2009 indicates that the goal is feasible.
Credit expansion has remained moderate, with a slight growth in the past few
months, particularly in consumer and targeted credit. Housing credit continues to
increase slightly and so does the farming
credit portfolio.
Our cover feature, ”Stress Testing as a Fundamental Tool for Prudential Risk Management” by Dr. Lourenço
Miranda, Senior Risk Officer with the International Finance Corporation (IFC) —
the private-sector arm of the World Bank
Group — with main offices in Washington, DC, discusses stress tests as important tools for prudential risk management. The author points out that stress
tests should be a central element in the
top management’s tool kit for integrated
business, risk management and capital
planning decision-making.
Dr. Miranda adds that recent market developments showed how important
it is for institutions to have a strong governance system in place. He notes that the
top management in less affected organizations has been successfully establishing comprehensive risk assessment processes involving detailed stress and scenario tests that play an important role insofar as the allow for better informed and
more timely decisions.
5
O autor recomenda a todos os bancos
que adotam a Abordagem Baseada em Ratings
Internos para os fins do Acordo da Basiléia a
realização de testes de estresse sólidos e significativos para avaliar de forma razoavelmente conservadora sua adequação de capital. E,
acrescenta que os testes de estresse devem ser
interpretados no processo interno de adequação de capital — Internal Capital Adequacy Process (ICCAP) —, especialmente no que tange
a estratégias de gestão de risco para lidar com
os resultados dos testes. O objetivo é assegurar que as instituições financeiras disponham
de capital suficiente para atender aos requisitos de capital regulador, mesmo quando sob estresse.
Os professores Frederico Araujo Turolla e Orlando Assunção Fernandes abordam
o tema “Riscos Fiscais e o Crédito” e informam
que as necessidades de financiamento do setor
público competem com as necessidades de financiamento do setor privado. Uma redução da
demanda líquida de recursos para financiamento do governo abriria maior espaço para o financiamento privado, estimulando o mercado de
crédito. Esta relação, segundo os professores, é
esperada, pois a maior demanda de crédito por
parte do setor público deve não apenas deslocar a oferta de crédito do setor privado para o
setor público, mas também elevar o risco global das operações de crédito, e vice-versa, mas
na prática pode se manifestar com defasagens
e não-linearidades. Mesmo assim, o estoque de
dívida pública e o estoque de crédito apresentam uma visível relação inversa.
Eles observam que a saúde fiscal dos
países desenvolvidos, que mereceu relativamente pouca atenção durante os recentes anos
de forte prosperidade, poderá ganhar o centro
das atenções internacionais agora, com a virada do ciclo econômico, em uma nova era que
pode ser chamada de ”Era do Realismo”.
The author encourages all banks
adopting the Internal Ratings Based Approach for the Purposes of the Basel Accord to run sound and significant stress
tests to assess their capital adequacy status in a reasonably conservative manner.
And adds that the Internal Capital Adequacy Process (ICCAP) must take stress
tests into consideration, particularly as regards risk-management strategies to deal
with the tests’ outcomes. The goal is to
make sure that financial institutions have
enough capital to meet regulatory capital
requirements, even when stressed.
Professors Frederico Araújo Turolla and Orlando Assunção Fernandes address the topic of “Fiscal Risks and Credit”
and report that the public sector’s financing needs compete with the private sector’s. A reduced net demand for government funding would create more room for
private-sector funding and stimulate the
credit market. This relationship, according
to the authors, is as expected, since the
public sector’s greater demand for credit should not only shift credit supply from
the private to the public sector, but also increase the overall risk of credit transactions and vice-versa; in practice, however,
this may take place with a lag and in a nonlinear manner. Even so, there is a clear inverse relationship between the stock of
public debt and the stock of credit.
They note that the fiscal health
of developed countries, which received
little attention during the recent years of
prosperity, may enter the spotlight of international concern with the economic cycle downturn, in a new period that may be
called the “Age of Realism.”
In the case of Brazil, the fiscal
package is less bold than in developed
6
No caso brasileiro, o pacote fiscal é menos
ousado que o dos países desenvolvidos, mas ainda
assim os números do governo ganharão atenções.
Ao longo de 2009, há uma tendência de um escrutínio muito mais atento sobre a trajetória das contas públicas, tanto dos países desenvolvidos quanto das variáveis fiscais brasileiras.
Os professores acentuam que nesta Era do
Realismo será importante monitorar os riscos, principalmente se houver algum sinal mais evidente de
deterioração no saldo primário. Além das variáveis
tradicionais de dívida e déficit, como a dívida líquida
e as necessidades de financiamento em proporção
do PIB, é útil observar a evolução do perfil da dívida
mobiliária federal, dado o peso que a mesma tem no
estoque total do endividamento público brasileiro.
Esta edição publica ainda artigo dos professores Dany Rogers e Pablo Rogers que propõem um modelo de mensuração da rentabilidade da concessão de crédito ajustado ao risco de
crédito para empresas comerciais. A literatura selecionada para o embasamento teórico envolve o
conceito de rentabilidade como discutido na Teoria das Restrições (TOC) e o cálculo da medida de
desempenho como no modelo RAROC, cujo objetivo é calcular o retorno ajustado ao risco. Esse modelo foi aplicado em uma empresa do ramo atacadista-distribuidor, e os seus resultados possibilitaram concluir que a concessão de crédito a clientes
classificados como de baixo risco nem sempre é a
opção mais rentável. Dessa forma, em uma situação de restrição de crédito, a decisão das empresas comerciais que levam em consideração apenas o risco de crédito e o porte do cliente para estipulação do limite de crédito, ocasionará decisões
que podem diminuir seu ganho. Demonstram os
autores que a análise conjunta da concessão de
crédito pela classificação de risco de crédito e pelo
índice de rentabilidade da concessão é fundamental para que as empresas comerciais tomem decisões acertadas e que essas decisões proporcionem aumento de riqueza aos acionistas.
economies, but the government’s figures
will still draw attention. Throughout 2009,
there is a tendency for more detained
scrutiny of public accounts, both in developed countries and as regards Brazil’s fiscal variables.
The authors emphasize that, in
this Age of Realism, risk-monitoring will
be of paramount importance, especially
if clear signs of primary surplus deterioration arise. In addition to the traditional debt and deficit variables, such as net
debt and financing needs-to-GDP, it will
be worthwhile to watch the evolution of
the Federal bond debt profile, given its
weight in the overall stock of Brazilian
public debt.
This issue carries an article by
economists Dany Rogers and Pablo Rogers, who propose a credit-risk adjusted return on credit model for commercial firms.
The selected theoretical literature involves
the concept of return as discussed in the
Theory of Constraints (TOC) and calculating performance metrics as in the RAROC
model, whose purpose is to compute riskadjusted return. The model was applied to
a wholesaler and its outcomes allowed concluding that extending credit to customers
with low risk ratings does not always provide the best returns. Therefore, in a credit crunch situation, commercial firms that
only take into account customer credit risk
and size to establish credit limits will make
decisions that may reduce gains. The authors sow that joint analysis of credit applications based on credit risk and return is
crucial for wholesalers to make appropriate decisions and for those decisions to increase shareholder wealth .
Mark Keyworth, Principal Consultant and Head of Strategy Reviews of Ex-
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Mark Keyworth, Principal Chefe, Líder de Revisões Estratégicas da Experian Decision Analytics, apresenta artigo propondo o uso
de ferramentas analíticas Champion/Challenger
para uma Estratégia de Cobrança Eficaz. “O
status quo em cobranças não é mais aceitável.
Para os fornecedores de crédito, a necessidade
de estabelecer uma cultura de aprimoramento contínuo da cobrança é imprescindível. Os
sistemas modernos de cobrança já fornecem a
muitas organizações características sofisticadas de gestão de inadimplência, como segmentação altamente granularizada, estratégias individuais de cobrança e melhor gestão de agências. A inclusão de um módulo Champion/Challenger e de suas poderosas técnicas de teste e
aprendizagem irá aumentar o desempenho e a
agilidade das equipes de cobrança”, argumenta. Mark Keyworth acrescenta que a substituição de estratégias antigas por Challengers bem
sucedidas irá acelerar a reabilitação dos devedores e atenuar as perdas, forçando a baixa antecipada de dívidas de cobrança impossível. Os
resultados serão: custo de cobrança menor, fluxo de caixa melhor e redução da provisão contra perdas, ou seja, maior lucratividade.
perian Decision Analytics offers an article
proposing the use of Champion/Challenger analytics to deploy an Effective Collections Strategy. “The collections status quo
is no longer acceptable. For credit grantors, the need to establish a culture of continuous collections improvement has never been more necessary. Modern collections systems are already providing many
organizations with more sophisticated default management capabilities such as
highly granular segmentation, individual collection strategies and better agency
management. The inclusion of a Champion – Challenger module and its powerful test and learn techniques will improve
a collection team’s performance and agility further still,” he argues. Mark Keyworth adds that replacing legacy strategies with successful Challengers will accelerate debtor rehabilitation and mitigate
losses by forcing the early write-off of uncollectable debt. The results are: reduced
cost to collect, improved cash flow, and reduced bad debt provision, leading to better
profitability.
Tecnologia de crédito
ANO XII Nº 69
Publicação bimestral da Serasa Experian
Technology Credit
YEAR XII Nº 69
Bimonthly published by Serasa Experian
Diretores
Dorival Dourado Junior, Gustavo
Vercinsky, José Carlos Loureiro
Guimarães Alcântara, Juan Perez
Carrillo, Juliano Marcílio, Laércio de
Oliveira Pinto, Milton Luis Figueiredo
Pereira, Paulo F. Albuquerque Melo,
Ralph T. Sherman, Ricardo Loureiro
e Silvânio Covas.
Dorival Dourado Junior, Gustavo
Vercinsky, José Carlos Loureiro
Guimarães Alcântara, Juan Perez
Carrillo, Juliano Marcílio, Laércio de
Oliveira Pinto, Milton Luis Figueiredo
Pereira, Paulo F. Albuquerque Melo,
Ralph T. Sherman, Ricardo Loureiro e
Silvânio Covas.
Presidente da Serasa Experian
Francisco Valim
Editora Responsável
Rosina I. M. D’Angina (MTb 8251)
Assistente de Edição
Nancy Galvão
Projeto Gráfico
Luis Barbuda
Capa
Luis Barbuda
Editoração Eletrônica
Eric Miranda
Ilustração
Eric Miranda
Luis Barbuda
Tradução
Allan Hastings e Paul A. Steele
Correspondência
Serasa Experian - Comunicação
Corporativa
Al. dos Quinimuras, 187
CEP 04068-900 - São Paulo - SP
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Testes de Estresse
como Ferramenta
Básica da Gestão
Prudente do Risco
Stress Testing as a Fundamental Tool
for Prudential Risk Management
Lourenço Miranda
9
A crise financeira tem atraído a
atenção mundial e certamente ainda o fará
por algum tempo. O ano passado foi caótico
para os mercados financeiros e a grande
incerteza é uma das características mais
marcante. Esses recentes acontecimentos
no mercado destacaram a importância
dos testes de estresse em bancos e outras
instituições financeiras. O violento impacto
da crise levou profissionais e supervisores
do setor a reavaliar seus procedimentos
de teste de estresse para determinar se
eram adequados no período que precedeu
a crise e suficientes para lidar com
situações em rápida transformação. Neste
artigo, trataremos de alguns conceitos e
aplicações e de determinadas melhorias
— como os testes de estresse reversos —
para demonstrar que testes de estresse
não são apenas um instrumento exigido
pelos principais órgãos reguladores
internacionais, mas, o que é mais
importante, uma ferramenta fundamental
para a gestão prudente do risco.
Introdução
Inicialmente, explicaremos porque os
testes de estresse se tornaram assunto prioritário no setor financeiro e, concomitantemente discutiremos alguns dos fatos que podem ter
originado as atuais condições do mercado.
Antes do início da crise houve um longo período de grande crescimento econômico
e incremento da poupança. Esse alto nível de
poupança, combinado com as aparentes preferências por ativos (como Letras do Tesouro
Americano) levaram a um período prolongado
de taxas de juros livres de risco reais muito baixas nas economias desenvolvidas. As instituições financeiras gozavam de acesso fácil e barato a fundos e promoviam uma busca intermitente por fontes alternativas de alto rendimen-
The financial crisis has been
holding the world’s attention recently
and surely will keep on doing so in
the days to come. Last year has been
hectic for the financial markets and
high uncertainty has been a prevailing
feature. These recent market events have
highlighted the importance of stress
testing within banks and other financial
institutions. The overwhelming impact
of the crisis has led the practitioners
and supervisors to revalue whether
their stress testing procedures were
adequate before the crisis and whether
they were sufficient in order to deal
with rapidly shifting situations. In this
article, we revisit some of the concepts,
uses and some improvements – like
reverse stress testing – showing that
stress testing is not only an instrument
required by the major international
regulatory authorities but what is more
important: it is a fundamental tool
for prudential risk management.
Introduction
Let’s first contextualize the reason
why stress testing has become a hot topic in the financial industry as we discuss
some of the facts that could have been
seen as the originators to the current market conditions.
There had been a long period of
strong economic growth and high level of
savings before the present crisis started.
The high level of savings combined with
apparent asset preferences (e.g. US Treasuries) led to an extended period of very
low real risk-free interest rates in developed economies. Financial Institutions
had experienced easy and cheap access
to funding and had also been in an un-
10
to. Esses dois fatores podem ter levado, entre
outras coisas, a uma explosão da tomada de
empréstimos no varejo no mundo desenvolvido, inclusive uma rápida expansão do crédito
hipotecário, frequentemente por meio de padrões de concessão perigosamente tolerantes, inclusive aos chamados tomadores subprime nos Estados Unidos. A inovação financeira em produtos estruturados, especialmente o desenvolvimento da securitização, com
seus mercados, e o setor bancário virtual —
como sociedades e veículos específicos — facilitaram o desenvolvimento daquele que ficou
conhecido como modelo ‘originar e distribuir’.
Usando esses produtos estruturados, que poderiam representar um alívio de capital ao vender riscos inerentes a investidores, as instituições poderiam emprestar mais a contrapartes
de risco mais elevado. Entretanto, a complexidade de alguns desses produtos, a busca incessante das instituições por rendimentos e
a resultante falta de transparência quanto a
quem estaria exposto a quais riscos, acabaram por levar a um aumento da dificuldade de
avaliação dos ativos e a incertezas ainda mais
generalizadas a respeito da qualidade de crédito das contrapartes financeiras.
A crise sub-prime dos Estados Unidos
desencadeou rapidamente uma reavaliação
mais ampla do risco, inclusive uma notável perturbação dos mercados de créditos estruturados. A falta de liquidez e a reprecificação do risco de crédito levaram à desalavancagem de instituições e poderiam ter exposto relações causais até então sujeitas à avaliação insuficiente.
As instituições viram-se expostas a diversos fatores que se reforçavam mutuamente, como os
efeitos da contração crônica da oferta de crédito e da liquidez; a erosão de seu capital por causa do colapso dos preços dos ativos; o aumento dos requisitos de capital e liquidez devido à
necessidade de manter riscos no balanço para
relenting quest for alternative sources of
high yield. These two factors might have
lead, among other things, to soaring retail
borrowing in the developed world, including a fast expansion of mortgage credit, often through riskily lax lending standards including to US so called sub-prime
borrowers. Financial innovation in structured products, in particular the development of securitization capabilities and
their markets and the virtual banking sector – such as special purpose vehicles and
conduits – facilitated the development of
the so-called ‘originate to distribute’ model. Using those structured products that
would potentially relieve capital by selling
away the inherent risks to investors, institutions could lend more to more risky
counterparts. However, the complexity of
some of these products, financial institutions incessant pursue for yield, and the
resultant lack of transparency about who
was exposed to which risks led ultimately to an increase in the difficulty of asset valuation and even wider uncertainties about the credit-worthiness of financial counterparties.
The US sub-prime crises quickly started a broader re-evaluation of risk
including a remarkable disturbance in
structured credit markets. Lack of liquidity and a re-pricing of credit risk have led
to institutions de-leveraging and have exposed causal relationships that were until now insufficiently valued. Firms have
experienced several mutually reinforcing
factors such as the effects of chronic contractions of supply of credit and liquidity;
the erosion of their capital due to a collapse of asset prices; increased capital
and liquidity requirements resulting from
the need to retain risks on balance-sheets
11
sustentar veículos extra-balanço; e efeitos de feedback de rebaixamentos de ratings de crédito
(por exemplo, gatilhos de garantias reais associados a rebaixamentos).
Em meados de 2007, os mercados de securitização e outros canais de financiamento do
atacado haviam diminuído significativamente, levando muitos bancos a apresentar problemas
de liquidez. Os spreads interbancários aumentaram drasticamente à medida que os bancos protegiam seu caixa e relutavam em emprestar uns
aos outros. Havia um considerável grau de incerteza quanto ao valor de ativos deficientes e ilíquidos e quanto a quais instituições os detinham.
Para manter sua reputação, muitos bancos recolocaram em seus balanços instrumentos anteriormente transferidos para SFEs. À medida que progredia o ano, os bancos foram forçados a dar baixa de muitas de suas exposições
em títulos hipotecários. Essas baixas concentraram-se, inicialmente, em créditos sub-prime norte-americanos, mas logo atingiram outras categorias de ativos e regiões geográficas. Seguradoras de linha única que prestavam garantias
financeiras também se viram sob tensão, à medida que muitas instituições apresentavam aumento significativo das estimativas de perdas e
sofriam com medidas deletérias por parte das
agências de rating.
Os desdobramentos posteriores na economia real incluíram rápida queda dos preços
dos imóveis residenciais e comerciais e uma
contração significativa da atividade econômica
em geral. Acima de tudo, a presente crise pode
ser encarada como uma série de eventos de risco operacional. Esses recentes acontecimentos
destacaram a importância dos testes de estresse em bancos e outras organizações prestadoras de serviços financeiros.
No caso do Brasil, muito embora a economia brasileira esteja bem posicionada para
suportar um ambiente global mais difícil, a alta
or to support off-balance sheet vehicles;
and credit rating downgrade feedback effects (e.g. collateral triggers linked to ratings downgrades).
In the middle of 2007, the securitization markets and other wholesale funding channels were significantly diminished, leading to liquidity problems for
many banks. Inter-bank spreads increased
dramatically as banks hoarded cash and
were reluctant to lend to each other. There
was significant uncertainty around the
value of impaired and illiquid assets and
which firms were holding them.
To maintain their reputation
some banks took back onto their balance
sheets instruments that had been previously transferred to SPVs. As the year
went on, banks were forced to writedown many of their exposures related
to mortgage-backed securities. The focus of these write-downs was initially
on US sub-prime, but it soon widened
to other asset classes and geographies.
Mono-line insurers providing financial
guarantees also came under stress, as
some firms suffered significant increases in loss estimates and negative rating
agency actions.
The subsequent developments
in the real economy include rapid falls in
residential and commercial property prices and a significant contraction in overall economic activity. Foremost, this crisis could be seen as a series of operational risk events. Those recent market events
have highlighted the importance of stress
testing within banks and other financial
services organizations.
In the case of Brazil, even if the
Brazilian economy is well positioned to
withstand the more difficult global envi-
12
administração não deve negligenciar o exercício
dos testes de estresse. Tais testes devem agir,
neste caso, como um mecanismo preventivo
pelo qual os administradores de risco construam cenários e preparem suas instituições para
piores situações.
Analisemos o que ocorre atualmente no
Brasil. Por exemplo, o caos financeiro mundial
e a desaceleração do crescimento afetaram o
País por terem desencadeado saídas de capital, reduzido os preços das commodities, enfraquecido o Real e piorado o panorama econômico. A resistência da economia decorre de uma
política monetária prudente, de substanciais
reservas internacionais e de um setor público
com uma posição líquida positiva em moeda
estrangeira. Este último fator implica que uma
depreciação do real frente ao dólar irá melhorar a dinâmica da dívida pública, agindo como
um estabilizador macro automático.
Acrescente-se a esse cenário uma
maior oferta de crédito por parte dos bancos estatais, o apoio do Banco Central à rolagem da dívida estrangeira das empresas e um
afrouxamento da política monetária, que ajudarão a atenuar, mas não anular totalmente, o
impacto da rápida deterioração das condições
externas sobre o Brasil. Com o congelamento da oferta externa de crédito, as empresas
se voltaram para o mercado local para rolar
suas dívidas. O Banco Central injetou liquidez
no sistema financeiro por meio de transações
compromissadas de um mês. A inflação superior ao centro da meta levou a um aperto da
política monetária.
O lema das instituições financeiras
brasileiras agora deveria ser: ‘estar preparado’
e é exatamente a isso que se refere a gestão de
risco. Mesmo em épocas de vacas gordas, ou
não tão magras, os testes de estresse devem
ser parte integrante das práticas de gestão de
risco de todas as instituições financeiras.
ronment; senior management must not
neglect the stress testing exercise. Stress
testing must act, in this case, as a preventive mechanism as risk managers should
build the scenarios so that their institutions are prepared for the worse.
Let’s consider what is going on
now in Brazil. For instance, the global financial turmoil and growth slowdown
have affected Brazil by triggering capital outflows, lowering commodity prices,
weakening the Brazilian Real and worsening the economic outlook. The economy’s
resilience stems from a prudent monetary
policy, substantial international reserves,
and a public sector with a net foreign currency creditor position. The latter implies
that a depreciation of the real against the
dollar improves public debt dynamics acting as an automatic macro stabilizer.
Adding to the scenario, increased lending by state banks, Central
Bank support for corporate foreign debt
rollovers and monetary easing will help
mitigate, but not offset, the impact on
Brazil of the sharp deterioration in external conditions. With external credit
supply frozen, companies have turned
to the local market to roll over debt. The
central bank has injected dollar liquidity
into the financial system via one-month
repo transactions. Inflation above the
midpoint of the target range has prompted a tightening of monetary policy.
The motto now for the Brazilian financial institutions should be: ‘be
prepared’, and that is exactly what risk
management is about. Even in good
times and in not-so-bad times, stress
testing must be an integral part of the
risk management practices in all financial institutions.
13
De sua Importância
à Prática Reguladora
Testes de estresse servem para alertar a
administração dos bancos sobre resultados inesperados e adversos relacionados a múltiplos riscos e fornecem uma indicação de quanto capital
poderá ser necessário para absorver perdas caso
ocorram grandes choques. Ademais, os testes de
estresse são uma ferramenta complementar em
relação a outras abordagens e medidas de gestão
de risco. Eles desempenham uma função de particular relevância:
• no fornecimento de uma avaliação prospectiva do risco;
• na superação das limitações dos modelos e dados históricos;
no respaldo a comunicações internas e
externas;
• na geração de informações para procedimentos de planejamento de capital e liquidez;
• na geração de informações para estabelecimento da tolerância do banco ao risco; e
• ao facilitar o desenvolvimento de planos
de atenuamento de risco ou contingenciais para
uma gama de condições de estresse.
Os testes de estresse são de especial importância depois de longos períodos de condições
econômicas e financeiras benignas, quando a distância em relação a condições negativas pode levar a uma atitude complacente e ao apreçamento
do risco abaixo dos níveis devidos. São, também,
ferramentas cruciais de gestão de risco durante
períodos de expansão, quando inovações levam a
novos produtos que crescem rapidamente e para
os quais pouco ou nada há em termos de dados
sobre perdas.
Segundo o princípio 1 do segundo pilar do
Novo Acordo de Capital da Basiléia, os bancos devem contar com um processo de avaliação de sua
adequação geral de capital em relação ao seu perfil de risco e com uma estratégia para manter seus
níveis de capital. Devem ser capazes de demons-
From its Importance to
the Regulatory Practice
Stress testing alerts bank management to adverse unexpected outcomes related to a variety of risks and provides an indication of how much capital might be needed to absorb losses should large shocks occur. Moreover, stress testing is a tool that
supplements other risk management approaches and measures. It plays a particularly important role in:
• providing forward-looking assessments of risk;
• overcoming limitations of models
and historical data;
• supporting internal and external
communication;
• feeding into capital and liquidity
planning procedures;
• informing the setting of a banks’
risk tolerance; and
• facilitating the development of
risk mitigation or contingency plans across
a range of stressed conditions.
Stress testing is especially important after long periods of benign economic and financial conditions, when fading
memory of negative conditions can lead
to complacency and the under-pricing of
risk. It is also a key risk management tool
during periods of expansion, when innovation leads to new products that grow rapidly and for which limited or no loss data
is available.
According to the principle 1 of Pillar 2 of the Basel 2 Capital Accord banks
should have a process for assessing their
overall capital adequacy in relation to their
risk profile and a strategy for maintaining their capital levels. They must be able
to demonstrate that chosen internal capital targets are well founded and that these
14
trar que as metas internas de capital escolhidas
são justificadas e condizem com seu perfil geral
de risco e seu atual ambiente operacional. Ao avaliar a adequação de capital, a administração dos
bancos precisa ter em mente o ponto exato do ciclo de negócios em que o banco está operando.
Devem ser realizados testes de estresse rigorosos
e prospectivos que identifiquem possíveis eventos
ou mudanças das condições do mercado capazes de trazer consequências negativas para o banco. A administração é, evidentemente, a maior responsável por garantir que o banco conte com capital adequado para sustentar seus riscos.
Os agentes de supervisão podem desejar
examinar a maneira como foi realizado um teste
de estresse. Os resultados dos testes contribuirão,
assim, diretamente para a expectativa de que um
banco opere acima dos índices mínimos de capital
regulador do Pilar 1. Os supervisores irão avaliar se
o banco tem capital suficiente para isso. Em caso
de déficit, o supervisor irá tomar as medidas apropriadas, que geralmente dizem respeito às exigências de que o banco reduza seus riscos e/ou mantenha capital/reservas adicionais, de tal modo que
os recursos de capital existentes cubram as determinações do Pilar 1 mais o resultado de um teste
de estresse recalculado.
Os bancos devem ter processos sólidos
de teste de estresse em vigor para aplicação no
processo de avaliação de sua adequação de capital. Os testes de estresse devem envolver, ainda,
a identificação de eventos possíveis ou mudanças futuras das condições econômicas capazes
de exercer impacto desfavorável sobre as exposições de crédito da instituição, além de uma avaliação da capacidade da instituição para suportar
tais mudanças. Alguns exemplos de cenários que
podem ser usados são: (i) quedas de atividade da
economia ou de um setor, (ii) eventos do mercado,
ou (iii) condições de liquidez reduzida.
O banco deve realizar testes de estresse
com as exposições que tenha a suas contrapar-
targets are consistent with their overall risk
profile and current operating environment.
In assessing capital adequacy, bank management needs to be mindful of the particular stage of the business cycle in which
the bank is operating. Rigorous, forwardlooking stress testing that identifies possible events or changes in market conditions that could adversely impact the bank
should be performed. Bank management
clearly bears primary responsibility for ensuring that the bank has adequate capital
to support its risks.
Supervisors may wish to review
how the stress test has been carried out.
The results of the stress test will thus contribute directly to the expectation that a
bank will operate above the Pillar 1 minimum regulatory capital ratios. Supervisors will consider whether a bank has sufficient capital for these purposes. To the extent that there is a shortfall, the supervisor
will react appropriately. This will usually involve requiring the bank to reduce its risks
and/or to hold additional capital/provisions,
so that existing capital resources could cover the Pillar 1 requirements plus the result
of a recalculated stress test.
A bank must have in place sound
stress testing processes for use in the assessment process of capital adequacy.
Stress testing must also involve identifying possible events or future changes in
economic conditions that could have unfavorable effects on a firm’s credit exposures
and assessment of the firm’s ability to withstand such changes. Examples of scenarios
that could be used are; (i) economic or industry downturns, (ii) market-place events,
or (iii) decreased liquidity conditions.
The bank must stress test its counterparty exposures including jointly stress-
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tes, inclusive testes conjuntos de fatores de risco
de mercado e de crédito. Os testes de estresse do
risco de contraparte devem levar em conta o risco de concentração (em uma só contraparte ou
grupos de contrapartes), o risco de correlação entre riscos de mercado e de crédito (por exemplo,
uma contraparte para a qual uma grande mudança do mercado poderia resultar em uma grande
exposição, deterioração significativa da qualidade
de crédito, ou ambas) e o risco de que a liquidação das posições da contraparte possa deslocar
o mercado. Esses testes de estresse devem, também, considerar o impacto de desenvolvimentos
do mercado sobre as posições da própria instituição e integrar esse impacto em sua avaliação do
risco de contraparte.
Os testes de estresse e com cenários deveriam ser uma parte fundamental do conjunto de
ferramentas empregadas pela alta administração
das instituições na tomada de decisões integradas
de estratégia de negócios, gestão de risco e planejamento de capital.
Recentes acontecimentos registrados no
mercado demonstraram a importância da existência de um sistema forte de governança em vigor
nas instituições. A alta administração das empresas menos afetadas estabelece, com sucesso, processos abrangentes de avaliação do risco da organização como um todo, em que testes cuidadosos
de estresse e cenário representaram um papel importante, permitindo a tomada de decisões mais
informadas e oportunas.
Os testes de estresse e cenário são ferramentas importantes para a gestão prudente de
risco. Mais especificamente, os testes de estresse podem ser úteis para a tomada de decisão pela
alta administração ao:
• permitir melhor formação do perfil de
risco da instituição por meio de uma melhor compreensão dos riscos a que está exposta;
• ajudar a fornecer uma avaliação mais
prospectiva do risco, complementando outras fer-
ing market and credit risk factors. Stress
tests of counterparty risk must consider
concentration risk (to a single counterparty
or groups of counterparties), correlation risk
across market and credit risk (for example, a
counterparty for which a large market move
would result in a large exposure, a material deterioration in credit quality, or both),
and the risk that liquidating the counterparty’s positions could move the market. Such
stress tests must also consider the impact
on the firm’s own positions of such market
moves and integrate that impact in its assessment of counterparty risk.
Stress and scenario testing should
form a key part of a set of tools used by a
firm’s senior management in making integrated business strategy, risk management and capital planning decisions.
Recent market events have shown
the importance of strong governance in
firms. Senior management at less affected
firms had more successfully established
comprehensive firm-wide risk assessment
processes in which thoughtful stress and
scenario testing played a material part, allowing better-informed and more timely
decision-making.
Stress and scenario testing is an
important tool for firms’ prudential risk
management. In particular, it can be useful to a firm’s senior management decision making by:
• enabling them better to shape
the risk profile of the firm through a better understanding of the risks the firm is
exposed to;
• helping to provide a more forward-looking assessment of risk, as a complement to other risk management tools,
and helping to overcome the limitations of
reliance on historical data;
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ramentas de gestão de risco e ajudando a superar as limitações da dependência de dados históricos;
• auxiliar a avaliação do impacto de eventos extremos capazes de resultar em perdas significativas;
• apoiar a identificação de concentrações
de risco entre diversas linhas ou unidades;
• permitir melhor integração de decisões
de estratégia de negócios, gestão de risco e planejamento de capital;
• fornecer um arcabouço que respalde as
comunicações internas e externas da instituição.
De maneira geral, a necessidade de contar com testes de estresse e cenário robustos e integrados ao processo de tomada de decisão da
alta administração tem aumentado nos últimos
anos por causa de mudanças dos modelos de negócio das instituições e do crescimento dos produtos estruturados que trazem riscos complexos.
Normalmente, qualquer falha que seja
identificada no mercado só é abordada e qualquer
benefício líquido dos requisitos reguladores associados só pode ser realizado quando as empresas
implementam independentemente os requisitos
reguladores aplicáveis.
• helping to evaluate the impact of
extreme events which may result in significant losses;
• helping to identify risk concentrations across multiple business lines or
units;
• enabling them better to integrate business strategy, risk management
and capital planning decisions;
• providing a framework which
supports a firm’s internal and external
communication.
The need for robust stress and
scenario testing that is integrated into a
firm’s senior management decision-making has generally materially increased over
recent years, as a result of the changes in firms’ business models and the increase in structured products with complex risks.
Usually any identified market failure is only addressed, and any identified
net benefit of associated regulatory requirements is only realized, when firms
adequately implement the relevant regulatory requirements.
Um exercício de teste de estresse reverso exigiria que as instituições considerassem os cenários com maior probabilidade de
tornar inviáveis seus atuais modelos de negócio, identificando e avaliando explicitamente
tais cenários. Nesse contexto, o modelo de negócio da instituição deve ser presumido inviável no momento em que a cristalização de riscos faça com que o mercado perca sua confiança nela, levando contrapartes e outros interessados a não mais transacionar com ela ou
lhe proporcionar capital.
O objetivo é garantir que as instituições
explorem melhor os ‘riscos extremos’ que, em
Reverse Stress testing exercise
would require firms to consider the scenarios most likely to cause their current
business model to become unviable. Firms
should explicitly identify and assess the
scenarios. In this context, a firm’s business model should be assumed unviable
at the point that crystallizing risks cause
the market to lose confidence in it, with
the consequence that counterparties and
other stakeholders are unwilling to transact with it or provide it with capital.
The aim is to ensure that firms
more fully explore ‘tail risks’ which, if they
Testes Reversos
Reverse Testing
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se concretizando, fariam com que contrapartes
e investidores perdessem a confiança. Isso deixaria a instituição mais consciente das vulnerabilidades de seu modelo de negócio ao tomar decisões estratégicas, traçar planos de contingência
e considerar sistemas de gestão de risco.
Trata-se de um exercício holístico que,
além de considerar os riscos enfrentados pela
posição de capital de uma instituição, exige que
sejam abordados outros riscos relevantes, inclusive o de liquidez. Tal exercício incentivaria
as instituições a: explorar melhor os pontos fracos de seu modelo de negócio (inclusive ‘riscos
extremos’); tomar decisões que integrem melhor o planejamento de negócio e de capital; e
melhorar seus planos de contingência.
Um objetivo básico deveria ser o de garantir que a empresa sobrevivesse por tempo
suficiente, após a concretização de riscos, para
que se verificasse uma das condições abaixo:
• o mercado decidir que não há motivos para sua falta de confiança e retomar transações com a instituição;
• a instituição reduzir e reestruturar
suas atividades;
• a instituição ser adquirida por outra,
ou ter suas atividades transferidas de maneira ordeira; ou
• a instituição passar ao controle do setor público, ou liquidar suas atividades de maneira ordenada.
Sistemas aprimorados de testes de
estresse e cenário devem ajudar as instituições a reduzir tanto a probabilidade de quebra quanto o impacto e a majoração de custos a ela inerentes.
were to crystallize, would cause counterparties and investors to lose confidence in them,
so that a firm is more aware of its business
model vulnerabilities when making strategic
business decisions, when contingency planning, and when considering its risk management arrangements.
This is a holistic exercise which, in
addition to any risks to a firm’s capital position, requires firms to consider other relevant risks, including liquidity risks. This
exercise will encourage firms to: explore
more fully the vulnerabilities of their business model (including ‘tail risks’); make decisions that better integrate business and
capital planning; and improve their contingency planning.
An underlying objective would be to
ensure that a firm can survive long enough
after risks have crystallized for one of the following to occur:
• the market decides that its lack of
confidence is unfounded and recommences
transacting with the firm;
• the firm down-sizes and re-structures its business;
• the firm is taken over, or its business is transferred in an orderly manner; or
• public authorities take the firm
over, or wind down its business in an orderly manner.
With improved stress and scenario testing arrangements at firms should help
both to reduce the probability of firms failing,
and also the consequent impact and wider
costs of any financial failure.
Pelo exposto, todos os bancos que adotem
a Abordagem Baseada em Ratings Internos para
os fins do Acordo da Basiléia devem realizar testes de estresse sólidos e significativos par avaliar
As mentioned before, every
Bank that will adopt the Internal Ratings
Based Approach for Basel has to conduct sound, significant and meaningful
Aspectos Técnicos
Technical Part
18
de forma razoavelmente conservadora sua adequação de capital. Mais especificamente, grandes concentrações de risco de crédito deverão ser
submetidas a testes de estresse periódicos.
Ademais, os testes de estresse devem ser
interpretados no processo interno de adequação
de capital (“internal capital adequacy process” – ICCAP), especialmente no que tange a estratégias
de gestão de risco para lidar com os resultados
dos testes.
O objetivo é assegurar que as instituições
financeiras disponham de capital suficiente para
atender aos requisitos de capital regulador, mesmo quando sob estresse. Nesse sentido, os bancos devem identificar, dentro do possível e plausível, eventos e mudanças futuras das condições
econômicas que possam causar efeitos negativos
sobre sua exposição de crédito. Além disso, é necessário avaliar a capacidade do banco de suportar tais acontecimentos desfavoráveis.
No que se refere ao risco de crédito,
o conceito básico de um exercício de teste de
estresse envolve uma quantificação do impacto sobre os seguintes parâmetros: probabilidade de inadimplência (“probability of default” —
PD), perda em caso de inadimplência (“loss given default” — LGD) e exposição inadimplente
(“exposure at default” — EAD). Também devem
ser levadas em consideração as migrações de
ratings.
Recomenda-se o emprego de eventos de
queda de atividade econômica ou setorial, eventos de risco de mercado, quedas de liquidez e
eventos de risco operacional. Devem ser considerados cenários de recessão, embora não sejam necessárias hipóteses pessimistas extremas. Os bancos devem usar seus próprios dados para estimar as migrações de rating e integrar insights obtidos de ratings externos. Devem,
também, construir seus testes de estresse com
base no estudo do impacto de uma deterioração
menos intensa do ambiente de crédito.
stress testing to assess the capital adequacy in a reasonably conservative way.
In particular, major credit risk concentrations have to undergo periodic stress
tests.
Furthermore, stress tests should
be interpreted in the internal capital adequacy process (ICCAP), in particular
risk management strategies to respond
to the outcome of stress testing.
The objective is to ensure that
Financial Institutions dispose of enough
capital to meet the regulatory capital requirements even in the case of stress.
For that matter, Banks should identify
possible and plausible events and future
changes in economic conditions, which
could have disadvantageous effects on
their credit exposure. Moreover, the ability of the Bank to withstand these unfavorable impairments has to be assessed.
For credit risk, the basis design
of a stress testing exercise comprises
of a quantification of the impact on the
parameters: probability of default (PD),
loss give default (LGD) and exposure at
default (EAD). Rating migrations should
also be taken into account.
It is recommended to use the
economic or industry downturns, market-risk events, liquidity shortage and
operational risk events. Recession scenarios should be considered whilst the
worst case ones are not required. Banks
should use their own data for estimating rating migrations and integrate the
insight of rating migrations in external
ratings. Banks should build their stress
testing also on the study of the impact
of smaller deterioration in the credit environment.
19
O elemento central do procedimento de
teste de estresse está na variação dos parâmetros de risco:
• Probabilidade de inadimplência (PD)
• Perda em caso de inadimplência
(LGD)
• Exposição inadimplente (EAD)
Sob esse enfoque, o papel das variações da PD é predominante, uma vez que LGD
e EAD são quantidades duradouras que, por
definição, estão condicionadas a situações desvantajososas — o inadimplemento do devedor.
As possibilidades de efeitos de estresse ficam,
portanto, restritas, especialmente no que toca à
EAD. Tais efeitos podem ser agravados por certos fatores exógenos, como a taxa de câmbio,
mas devem ser parcialmente considerados na
EAD comum. Os fatores exógenos que afetam a
EAD podem somente ser relevantes se também
afetarem os demais parâmetros de risco e, portanto, puderem levar a um acúmulo de influência sobre o risco.
As possíveis variâncias de LGD dependem em muito do procedimento usado na determinação desta quantidade. Assim, devem
ser definidos os desvios que possam ser decorrentes de métodos de estimação, assim como
os aspectos do processo que dependam das
condições econômicas.
Uma vez que a determinação da LGD
é, por definição, condicionada à situação desfavorável de inadimplemento, deve considerar
os valores duradouros das garantias reais e levar a valores que possam ser considerados conservadores. Assim, não deve haver muitos fatores restantes capazes de conduzir a mudanças extremas da LGD. É principalmente a avaliação das garantias oferecidas que poderia ter
alguma influência que não venha a ser descartada ao estressar a LGD. Mais especificamente, é possível que os fatores que afetam o valor das garantias também tenham impacto so-
The central point of the procedure
of stress testing is the change in the risk
parameters:
• Probability of Default (PD)
• Loss Given Default (LGD)
• Exposure at Default (EAD)
In this connection, a superior role
is played by variations in the PD, as LGD
and EAD are lasting quantities, which due
to their definition already are conditioned
to disadvantageous situations, namely the
default of the obligor. The possibilities of
stress effects are hence restricted, especially for EAD. The latter might be worsened by a few exogenous factors such as
exchange rate but they should be partially
considered in the usual EAD. The exogenous factor affecting the EAD might only
be of interest if they also have an impact
on the other risk parameters and hence
could lead to an accumulation of risky influence.
The possible variances for the
LGD depend heavily on the procedure
used to determine this quantity. Thus deviations which might arise from estimation
methods, should be determined, as well as
parts of the process that might depend on
economic conditions.
As the determination of the LGD
is conditioned, by definition, to the unfavorable situation of default, it should take
into account the lasting values for collaterals, and lead to values that can be seen
as conservative. Thus, there should not
too many factors be left that could lead to
extreme changes for the LGD. Mainly the
evaluation of collateral could have some influence which cannot be neglected when
stressing the LGD. In particular, it might
be possible that factors affecting the value
of the collateral also have an impact on the
20
bre os demais parâmetros de risco e, portanto,
devem ser levados em consideração.
A PD é, de longe, o mais popular dentre os parâmetros de risco sujeitos a variação
em testes de estresse. Há duas maneiras de integrar a PD aos processos de teste de estresse: modificação da atribuição de ratings; e modificação das PDs dos ratings atribuídos. Alterar a atribuição de ratings aos devedores no
contexto de testes de estresse tem a vantagem
de também permitir a inclusão de transições
para créditos de liquidação duvidosa (CLDs). A
variação da PD corresponde a uma mudança
dos ratings. O possível desvio da atribuição de
ratings pode ser promovido por meio do procedimento de rating. Assim, devem ser investigadas as variâncias possíveis e a sensibilidade dos dados de entrada do processo de rating
para se obter uma estimativa inicial dos possíveis desvios. Consequentemente, além da análise de dados históricos quanto a transições de
rating, o processo de teste de estresse deve incluir pareceres de peritos quanto à metodologia de rating.
A modificação da PD dos diferentes
ratings poderia ter raízes no risco sistêmico,
ou seja, na dependência dos vetores de risco,
que, como veremos adiante, são um dos principais temas no desenvolvimento de testes de
estresse. Embora seja sensato estimar a volatilidade das PDs em um primeiro momento e
usar o resultado desse procedimento nos testes com o capital regulador, um segundo passo deve diferenciar os efeitos dos riscos sistêmicos e idiossincráticos sobre os desvios da
PD. Isso deverá levar a testes de estresse mais
avançados e realistas, especialmente no que
tange ao capital econômico.
Uma análise da estrutura de transição
de ratings também poderia ser usada para determinar PDs sob condições de estresse. A vantagem da modificação das PDs em relação à mo-
other risk parameters and hence should
be taken into account.
PD is by far the most popular risk
parameter which is varied in stress tests.
There are two ways that PD can be integrated into stress testing process: through
modifications either of the assignment
to rating grades or of the PDs of the rating grades for stress tests. Altered assignments of rating grades for obligors in stress
tests have the advantage that they also allow the inclusion of transitions to non-performing loans (NPL). The change of PD corresponds to a change on the rating grades.
The possible deviation in the assignment of
rating grades can be promoted by the rating
procedure. Thus, the possibilities f variances and the sensitivity of the input for the
rating process should be investigated in order to get a first estimate for possible deviations. Consequently, as well as the analysis of historic data for rating transitions,
expert opinions on the rating methodology
should be a part of the design process for
the stress test.
The modification of PD for the rating grades could have its origin in systemic
risk, i.e. in the dependence on risk drivers,
one of the main topics in designing stress
tests, as will be discussed below. While it is
sensible to estimate the volatility of PDs in a
first step and use the outcome of this procedure for tests on regulatory capital, the differentiation of the effects of systematic and
idiosyncratic risk on PD deviations should
be considered in a second step. This will
lead to more advanced and realistic stress
tests, in particular on economic capital.
An analysis of the transition structure for rating grades might also be used to
determine PDs under stress conditions. The
advantage of modifying PDs against modi-
21
dificação da atribuição de ratings está na maior
variedade de opções de mudança; a desvantagem é a ausência de uma atribuição modificada
às carteiras ativa e de liquidação duvidosa. Isso
precisa ser feito além das modificações de PDs.
Estimar o capital econômico, a PD, a LGD e a
EAD pode não ser o bastante para a concepção
de testes de estresse. São necessários, além disso, parâmetros usados para representar os efeitos sobre a carteira, inclusive as correlações entre empréstimos ou a dependência comum dos
vetores de risco.
As investigações do risco de crédito no
contexto de crises históricas demonstram que
as correlações e a concentração de risco apresentam enormes desvios sob tais circunstâncias. De qualquer forma, suas variações devem,
se possível, ser consideradas sob condições de
estresse nos modelos de carteira. Alguns modelos avançados de estimativa do capital econômico podem até exigir mais informações, em especial com referência à situação econômica.
Quanto ao risco operacional, aqui definido como o potencial de perda resultante de
eventos que envolvam pessoal, processos, sistemas e fatores externos, o desenvolvimento e
a aplicação de testes de estresse é bem mais
complexo. Numa instituição financeira, os processos estão interligados e há diversos sistemas
que os sustentam e pessoas que os desenvolvem, operam e executam.
A diferença crítica entre o risco de crédito e o risco operacional é o fato de que as causas fundamentais do risco operacional estão, na
vasta maioria das vezes, dentro da instituição,
enquanto as causas dos eventos de risco de crédito são exógenas à organização. Ao estressar
o risco operacional, o modelo deve incluir o estado de estabilidade (meta-estabilidade) tênue e
delicado da rede interna de processos e controles. As complexas interdependências dos processos de uma organização podem ser compa-
fying the assignment of rating grades is a
greater variety for the choices of changes;
the disadvantage is the absence of a modified assignment to the performing and nonperforming portfolio. This has to take place
on top of the modification of PDs. Estimating economic capital, PD, LGD, and EAD
might not be sufficient to design stress
tests. In addition parameters used for displaying portfolio effects, including correlations between the loans or the common dependence of risk drivers are needed.
Investigations on historic crises
for credit risk show that correlations and
risk concentration exhibit huge deviations
in these circumstances. In any case, their
variations should be considered in stress
with portfolio models if possible. Some advanced models for estimating economic
capital might even require more information, in particular economic conditions.
In the case of Operational Risk, here
defined as the potential for loss resulting
from events involving people, processes, systems and external events, the development
and application of stress testing is far more
complex. In a financial institution, processes are interconnected and there are multiple
systems that support them and people that
develop, operate and execute them.
The critical difference between
credit and operational risk is that the rootcauses of operational risk, in the vast majority of the times, reside inside the institution, while the causes to credit risk events
are exogenous to the organization. When
stressing operational risk the model should
include the tenuous and delicate state of
stability (metastability) of the internal network of processes and controls. The complex interdependencies of processes within an institution are comparable to a sand
22
radas a um monte de areia. É possível que um
grande monte de areia chegue a um ponto de
estabilidade, mas basta o acréscimo de um único novo grão para que grandes partes do monte desabem. O mesmo se aplica aos controles
e processos internos: a organização não detectaria necessariamente o potencial para grandes
perdas devidas a avalanches de falhas processuais, uma vez que tais transições não apresentam precursores detectáveis. Mesmo com um
sistema de processos essencialmente inalterado, a rede toda de processos e controles internos poderia entrar em colapso e causar perdas
significativas, seja por causa de tensões externas, seja devido a flutuações raras da dinâmica
interna. Estressar os controles internos é a única maneira de avaliar esta frágil estabilidade e o
impacto sobre a probabilidade de ocorrência de
um evento de perda devido a risco operacional.
Nesse caso, a probabilidade do evento é semelhante à probabilidade de inadimplência em crédito, mas as causas fundamentais são outras.
Assim, o procedimento de teste de estresse e os
cenários também são distintos.
Como o teste de estresse deve fazer
parte do processo interno de adequação de
capital (ICAAP), é necessário que se entenda
como usar os resultados dos testes para controlar e administrar o risco da carteira. O ponto de partida para isso deveria estar no capital
regulador e econômico como resultado dos testes de estresse. O primeiro passo consiste em
verificar se a instituição tem capital suficiente
para cobrir as necessidades da situação de estresse. Como haveria limites, amortecedores e
políticas para garantir essa condição, a avaliação dos testes também deveria ser usada para
rever essas ferramentas, que devem ser analisadas detalhadamente uma vez que podem ser
aplicáveis a diferentes níveis da carteira (como
limites para subcarteiras, governos, ou devedores, por exemplo).
pile. It is possible for an entire large sand
pile to reach a point where it is stable, but
the addition of a single grain causes large
parts of it to collapse. The same is valid for
internal controls and processes: the organization would not necessarily realize the
potential for big losses due to burst and
avalanches of process failures, as there
are no detectable precursors to such transitions. With a basically unchanged process setup the whole network of internal
processes and controls could collapse and
cause significant losses, either due to external strain or some rare fluctuations of
the internal dynamics. Stressing internal
controls is the only way to assess this feeble stability and the impact o the probability of an operational risk loss event to occur. In this case, the probability of event is
similar to the probability of default in credit, but the root-causes are different. Therefore, the stress testing procedure and the
scenarios are also distinct.
As stress testing should be part
of the internal capital adequacy process
(ICAAP), there should be an understanding of how to use the outcome of stress
tests for controlling and managing portfolio risk. The starting point for this should
be regulatory and economic capital as
output of the underlying stress tests. The
first task consists of checking whether
the financial institution holds sufficient
capital to also cover the requirements
of the stress situation. As there should
be limits, buffers and policies to guarantee this, the evaluation of stress testing should be also used to review these
tools. Since the latter might be applicable
to different portfolio levels (e.g. limits for
sub-portfolios, sovereign, obligors) they
should be checked in detail.
23
O conceito de testes de estresse estaria
incompleto se não soubéssemos quando é preciso considerar medidas concretas por causa dos
resultados dos testes. Faz sentido introduzir indicadores e limites que sugiram quando:
• informar a administração a respeito de
acontecimentos potencialmente críticos;
• desenvolver diretrizes para novos negócios de maneira a evitar a ampliação de grupos de risco existentes;
• reduzir o risco da carteira ou de subcarteiras com a ajuda de securitização e consórcios;
• reajustar um sistema existente de gestão de limites e o amortecedor de capital em relação ao risco operacional;
• reconsiderar a política de risco e a tolerância ao risco.
Alguns indicadores para determinar a
tomada de medidas poderiam ser:
• o aumento, acima de um determinado
limite ou de um certo fator, de indicadores de risco como Perda Esperada, Perda Inesperada, ou
Déficit Esperado;
• o aumento, acima de um determinado
limite ou de um certo fator, dos requisitos de capital (regulador ou econômico);
• a queda do índice de solvência do capital ou dos requisitos de capital abaixo de um determinado limite;
• um baixo nível de solvência para atendimento aos requisitos de CE sob condições de
estresse;
• quando um quantil especificado da
distribuição de perda da carteira sob estresse
não se enquadrar em um quantil especificado da
distribuição de perda da carteira original;
• quando a perda esperada da carteira sob estresse superar o custo padrão do risco (calculado com base na Perda Esperada pelo
prazo dos empréstimos) em um determinado fator ou aproximar-se demais da perda inesperada
da carteira sem estresse.
The concept of stress testing would
be incomplete without knowing when action
has to be considered as a result of the outcome of tests. It makes sense to introduce indicators and threshold for suggesting when:
• To inform management about
potential critical developments;
• To develop guidelines for new
business in order to avoid the extension of
existing risky groups;
• To reduce risk for the portfolio
or sub-portfolios with the help of securitization and syndication;
• To readjust an existing limit
management system and the capital buffer for operational risk;
• To rethink the risk policy and
risk tolerance.
Indicators for the call on action
could be:
• The increase of risk indicators
as Expected Loss, Unexpected Loss, Expected Shortfall over a threshold or by a
specific factor;
• The increase of capital requirements (regulatory or economic) over a
threshold or by a specified factor;
• The solvency ration of capital and
capital requirements under a threshold;
• A low solvency level for meeting
the EC requirements under stress;
• A specified quantile of the loss
distribution for the portfolio under stress
conditions does not lie within a specified
quantile of the loss distribution for the
original portfolio;
• Expected loss for the portfolio
under stress conditions overlaps the standard risk costs (calculated on the basis of
EL for the duration of the loans) by a specified factor or gets too close to the unexpected loss for the unstressed portfolio.
24
• Se a relação risco/retorno ficar acima
de um determinado limite, quando medido o risco em termos de Perda Inesperada.
Conclusão
Os recentes acontecimentos verificados no mercado deram destaque à importância dos testes de estresse em bancos e outras
organizações prestadoras de serviços financeiros. Há diversos temas importantes nas primeiras lições aprendidas com o recente caos
dos mercados.
Em primeiro lugar, é essencial que a
alta administração esteja envolvida na supervisão de um programa abrangente e coordenado de testes de estresse e cenário. É crucial que haja análise de estresse e cenário relevantes e de alta qualidade. A dedicação da
alta administração é um pré-requisito para integrar os testes de estresse às decisões de negócio, risco e capital e incentiva uma exploração mais detida dos riscos extremos, além de
cenários adversos mais amenos.
Em segundo lugar, o contágio. É importante que as instituições analisem melhor os
mecanismos de transmissão e contágio (inclusive a extensão dos efeitos em cadeia e de reforço de um cenário de estresse inicial para outros
mercados ou produtos) e reflitam melhor a respeito de como as correlações de risco podem
mudar sob condições de estresse.
Em terceiro lugar, uma visão holística da organização como um todo. As instituições devem ser capazes de conduzir testes de
estresse e cenário que ajudem a identificar e
avaliar riscos no nível da instituição como um
todo. O programa de teste de estresse deve ser
holístico em termos de captação de riscos e de
abrangência. A instituição deve ser capaz de
realizar testes de estresse em diferentes níveis
(por exemplo, também nos níveis de unidade
de negócio e de linha de negócio) e reunir de
• The risk/return lies above a specified threshold where risk is measured in
terms of UL.
Conclusion
The recent market events have
highlighted the importance of stress testing within banks and other financial services organizations. There are several key
themes in the initial lessons learned from
recent market turmoil.
First, it is essential that senior
management is involved in overseeing a
comprehensive and coordinated stress
and scenario testing program. Governance is the essence for achieving high
quality and relevant stress and scenario analysis. Senior management engagement is a necessary condition for integration of stress testing into business, risk
and capital decisions and encourages
more thorough exploration of tail risks as
well as milder adverse scenarios.
Second, contagion: It is important for firms to pursue more thorough
analysis of risk transmission and contagion mechanisms (including ripple and
reinforcing effects from a primary stress
scenario extending to other markets or
products) and also to better reflect how
risk correlations may vary in stressed
conditions.
Third, firm-wide holistic view:
Firms should be able to conduct stress
and scenario testing that helps them identify and assess risks at a firm-wide level.
A firm’s stress testing program should be
holistic in terms of risk capture and coverage. A firm needs to be able to carry out
stress testing at different levels (for example also at business unit, or business
line, level) and to bring together top-down
25
and bottom-up risk assessment in a coherent manner.
And finally, liquidity stresses: Contagion from a liquidity stress situation in one
market may spread across multiple markets, and as well as affecting firms’ liquidity
positions may ultimately also expose firms
to capital stresses, including those arising
from pipeline transactions which cannot be
distributed as planned in conditions of decreased demand, and off-balance sheet exposures which are re-assumed.
As observações, interpretações e
conclusões aqui representadas são do autor e não refletem necessariamente as do
Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento / Banco Mundial e de suas
coligadas, ou as dos Diretores Executivos
do Banco Mundial ou dos governos que representam.
The findings, interpretations, and
conclusions expressed herein are those of
the author, and do not necessarily reflect
the views of the International Bank for Reconstruction and Development / The World
Bank and its affiliated organizations, or those
of the Executive Directors of The World Bank
or the governments they represent.
Autores/Authors
forma coerente avaliações descendentes e ascendentes do risco.
Finalmente, estresses de liquidez. Uma
situação de crise de liquidez num mercado
pode espalhar-se por contágio para muitos outros, além de, ao afetar as posições de liquidez
das instituições, expô-las a estresses de capital, inclusive aqueles decorrentes de transações em cadeia que não possam ser distribuídas da maneira planejada sob condições de
demanda reduzida e de exposições extra-balanço que precisem ser readmitidas.
Dr. Lourenço Miranda
é Senior Risk Officer da International Finance Corporation (IFC) — braço do setor privado do World Bank Group — baseado em
Washington, DC. É autor de inúmeros artigos publicados em revistas e jornais internacionais, palestrante convidado em
conferências no Brasil e diversos outros países e há mais de 19 anos vem lecionado em vários centros acadêmicos do Brasil e no exterior. Com larga experiência em modelagem e gestão de riscos em Bancos Comerciais brasileiros e estrangeiros atua também como consultor interno no desenvolvimento e implementação da prática de gestão de riscos operacionais no IFC. Atualmente lidera projetos de desenho e implementação da prática da gestão de riscos em instituições financeiras médias e pequenas no Sri Lanka (Risco Operacional), na Rússia (Risco de Mercado e Operacional) e na China (Risco de Crédito). [email protected]
is Senior Risk Officer with the International Finance Corporation (IFC) — the World Bank Group’s private-sector arm — with headquarters in Washington, DC. He has authored several papers published in international reviews and journals, been a guest speaker
at conferences in Brazil and elsewhere, and lectured for 19 years at various academic centers in Brazil and abroad. With ample experience in modeling and risk management with Brazilian and international Commercial Banks, he also serves as an IFC internal
consultant on the development and implementation of operational risk management practice. He currently leads projects involving
the design and implementation of risk management practices in medium and small financial institutions in Sri Lanka (Operational
Risk), Russia (Market and Operational Risk) and China (Credit Risk). [email protected]
26
Riscos Fiscais
e o Crédito
Fiscal Risks and Credit
Frederico Araujo Turolla
Orlando Assunção Fernandes
27
A expansão do crédito, nesta
década, certamente está alicerçada na
melhora do ambiente macroeconômico,
um longo processo ocorrido principalmente
desde o Plano Real. A conquista da
estabilidade de preços foi um elemento
essencial, mas não suficiente, para a
transformação do ambiente que deu
suporte a um movimento de expansão do
estoque de crédito oferecido pelo sistema
financeiro ao setor privado nos últimos
anos, ainda que recentemente o processo
tenha sido impulsionado por inovações,
como a expansão das operações de crédito
consignado, com significativo impacto
sobre este mercado, e também pelos
reflexos da pujança mundial sobre o Brasil.
O Gráfico 1 mostra a evolução do estoque
de crédito do sistema financeiro total ao
setor privado, em percentual do PIB.
The expansion of credit
throughout this decade is certainly
based on an improved macroeconomic
environment, a lengthy process that
has taken place chiefly since the Real
Plan. Achieving price stability was
an essential – but not sufficient –
element for the transformation of
the environment, which sustained an
expansion of the credit offered by the
financial system to the private sector in
recent years, even though the process
has been lately boosted by innovations
such as the expansion of payday loan
operations, with a significant impact
on the market, and by the effects
of the global prosperity on Brazil.
Chart 1 shows the evolution of total
financial system credit to the private
sector as percentage share of GDP.
Gráfico 1 Crédito ao setor privado, % do PIB
Chart 1 Credit to the private sector, % of GDP
Fonte: BACEN, SGS série 11.399.
Source: Central Bank of Brazil, SGS series 11.399.
28
Em geral, a estabilidade é um dos alicerces, mas não uma garantia da expansão do estoque de crédito. Uma rápida recapitulação da história econômica recente permite observar que, nos
anos que sucederam o Plano Real, após um pico
de crescimento apresentado logo nos primeiros
meses que se seguiram ao Plano, o volume de crédito concedido apresentou uma trajetória declinante, dada a combinação dos efeitos, para a economia
brasileira, das diferentes crises externas (mexicana,
asiática, russa, argentina e atentados terroristas),
juntamente com as elevadas taxas de juros praticadas no período que, além da questão que envolve o risco moral e a seleção adversa, tornaram as
operações com títulos de dívida pública, por parte
das instituições financeiras, mais atrativas do que
as operações de crédito. Contudo, os anos noventa
não foram marcados, apenas, pela conquista da estabilidade de preços, mas também por outros movimentos favoráveis ao ambiente macroeconômico. Entre os movimentos relevantes para o ambiente de concessão de crédito está o equacionamento
do equilíbrio fiscal.
No mercado de recursos, as necessidades
de financiamento do setor público competem com
as necessidades de financiamento do setor privado. Assim, é de se esperar que uma redução da demanda líquida de recursos para financiamento do
governo abra maior espaço para o financiamento
privado, estimulando o mercado de crédito.
Esta relação é esperada, pois a maior demanda de crédito por parte do setor público deve
não apenas deslocar a oferta de crédito do setor
privado para o setor público, mas também elevar
o risco global das operações de crédito, e vice-versa, mas na prática pode se manifestar com defasagens e não-linearidades. Mesmo assim, o estoque de dívida pública e o estoque de crédito apresentam uma visível relação inversa, como sugere
o Gráfico 2. Nesta década, a correlação entre a dívida líquida e o estoque de crédito ao setor privado foi negativa em 88%.
Generally speaking, stability is a
pillar, but not an assurance, of expanded
credit availability. A quick recap of recent
economic history shows that, in the years
after the Real Plan, after a peak of growth
in the months immediately subsequent
to implementation, the volume of credit
granted shows a declining trend as result
of the combined effects on the Brazilian
economy of various foreign crises (Mexican, Asian, Russian, Argentinean, and terror attacks), along with the high interest
rates charged in the period. These rates,
along with the issues of moral hazard and
adverse selection, made deals with government bonds far more attractive for financial institutions that credit operations.
However, the 1990s were not marked only
by the achievement of price stability, but
also by other favorable macroeconomic developments. Among the most relevant to
the credit environment lies achievement of
fiscal balance.
In the market for funds, the
public sector’s financing needs compete
with those of the private sector. Therefore, a reduced net demand for government financing should make additional
room for private financing, stimulating
the credit market.
This relationship is expected, as a
greater demand for credit from the public
sector should not only shift credit supply
from the private to the public sector, but
also increase the overall risk of credit operations and vice versa; in practice, however,
this effect can be lagged and non-linear.
Still, total public debt and credit availability are negatively correlated, as suggested
by Chart 2. In that decade, the correlation
between net debt and private sector credit
availability was minus 88 percent.
29
Gráfico 2 Dívida pública e crédito ao setor privado, % do PIB
Chart 2 Public debt and private-sector credit, % of GDP
Fonte: BACEN, SGS séries 11.399 e 4.513.
Source: Central Bank of Brazil, SGS series 11.399 and 4.513.
Dez Anos de
Superávit Primário
Várias ações foram relevantes durante os anos noventa, na área fiscal. Estas incluíram reformas sobre o texto constitucional de
1988 nas áreas previdenciária e administrativa; iniciativas infraconstitucionais, como um
amplo esforço de equacionamento das dívidas subnacionais e de ajuste fiscal destes governos, juntamente com a reestruturação do
sistema financeiro estadual; a Lei de Responsabilidade Fiscal; o Programa de Estabilidade
Fiscal; entre outras.
Um fator institucional de grande importância foi a Lei de Responsabilidade Fiscal
(Lei Complementar 101 de 2000). Ainda que
Ten Years of
Primary Surplus
During the 1990s, several relevant
actions occurred in the fiscal area. These
include amendments to the Constitution
of 1988’s social security and administrative
sections, such as a massive effort to resolve
sub-national governments’ debt and fiscal
adjustment issues, along with a restructuring of the State-level financial system; the
Fiscal Responsibility Act; the Fiscal Stability Program; and more.
A highly significant institutional factor was the Fiscal Responsibility Act
(Complementary Act 101 of 2000). Although
this piece of legislation became a pillar of
30
esta lei tenha se tornado uma âncora do comportamento dos entes públicos subnacionais,
boa parte do trabalho de ajuste fiscal nos governos de estados e municípios brasileiros começou antes, ainda na década de noventa
com o Programa de Ação Imediata. O governo federal firmou contratos com prefeituras e
governos estaduais endividados, assumindo
estas dívidas em contrapartida de fortes critérios de ajuste fiscal.
Com isto, passou-se a exigir uma
maior austeridade nas contas públicas brasileiras. Hoje, o endividamento subnacional junto ao mercado é muito pequeno e os milhares
de governos locais/estaduais produzem, no
seu conjunto, um superávit primário da ordem
de 1% do PIB por ano. Estes acordos, em vigor, foram pouco alterados. Qualquer iniciativa neste sentido, por parte da União, deve merecer muita atenção em termos da estabilidade fiscal. Felizmente, até hoje não parece haver intenção neste sentido, exceto pela natural
reivindicação dos interessados.
Enquanto a maioria das iniciativas tem
caráter mais estrutural, uma delas teve razoável efetividade de curto prazo, o Programa de
Estabilidade Fiscal. Implementado em outubro
de 1998 pelo governo federal, como uma das
respostas aos desdobramentos da crise russa
sobre o Brasil, foi em seguida convertido em
compromisso de desempenho no acordo entre o País e o Fundo Monetário Internacional.
Um importante aspecto é que o Fundo sancionou o critério primário para a medição do desempenho das contas públicas, que permitiu
isolar a avaliação de esforço fiscal efetivo do
pagamento de juros, ao mesmo tempo em que
a situação global se deteriorava com o aumento do serviço da dívida pública.
O Programa correspondeu ao início da
geração de superávits primários do setor público, com metas iniciais de estabilização da ra-
sub-national governments’ behavior, a good
share of the fiscal-adjustment effort at Brazilian State and Local governments began
earlier, in the 1990s, with the Immediate
Action Program. The Federal Government
entered into agreements with indebted Local and State governments, accepting the
debt in exchange for the adoption of severe
fiscal adjustment measures.
As a result, Brazilian public accounts were handled with more austerity.
Today, sub-national indebtedness is very
small and the thousands of Local and State
governments, taken together, produce an
annual primary surplus of about 1 percent
of GDP. These agreements, which are still
in force, have undergone little change. Any
initiative in this sense on the part of the
Federal Government should be scrutinized
from the angle of fiscal stability. Fortunately, there appears to be no such intent so far,
except for the expected claims of interested parties.
Although most of the relevant initiatives are of a chiefly structural nature,
one was reasonably effective in the short
run: the Fiscal Stability Program, which the
Federal Government put into place in October 1998 in response to the effects of the
Russian crisis on Brazil, was subsequently converted into a set of criteria as part of
the agreement between Brazil and the International Monetary Fund. One important
aspect is that the Fund accepted the primary-surplus standard as a measure of publicaccounts performance, which enable decoupling the assessment of the actual fiscal effort from interest payments while the
global situation deteriorated and led to increased public-debt service.
The Program marked the beginning of the generation of public-sector pri-
31
zão entre a Dívida Líquida do Setor Público e o
Produto Interno Bruto. A política de superávits
primários iniciada no Programa de Estabilidade
Fiscal completou uma década de vida no fim do
ano passado. Com ela, o Brasil não apenas sobreviveu aos efeitos da turbulência dos países
emergentes, como também se recuperou após
uma mudança mais ampla nos regimes de política econômica, incluindo também, no horizonte de alguns meses entre o fim de 1998 e início
de 1999, as áreas cambial e monetária.
Note-se que, apesar da geração de superávits primários, em especial, a partir do acordo com o FMI ao final de 1998, a trajetória da
Dívida Líquida do Setor Público registrou ainda forte crescimento, que se deve, em especial, a impactos patrimoniais. O primeiro deles
foi o efeito da exposição cambial do setor público, que serviu de anteparo do setor produtivo contra os efeitos da saída do regime de câmbio administrado. Entretanto, ainda que a dívida tenha continuado a crescer por algum tempo devido a esses efeitos patrimoniais, cessou
o principal motor de sua deterioração, que era
o saldo negativo no âmbito operacional do setor
público. Mesmo a despesa de juros tende, estruturalmente, a reagir positivamente a melhoras nesse âmbito, inclusive pela queda do riscopaís, o que coloca o saldo primário em uma posição central sob o ponto de vista da avaliação
das condições da solvência soberana.
É marcante que o impacto das crises do
fim dos anos noventa sobre o sistema produtivo
brasileiro foi relativamente limitada em comparação com países que enfrentaram fortes contrações da produção e variações negativas do
PIB em circunstâncias semelhantes de saída
de regimes de câmbio fixo. Para isto, o sistema
produtivo brasileiro contou com anteparo fornecido pelo setor público através de instrumentos
de proteção cambial. Só assim se explica que
tenha iniciado, logo após a desvalorização, uma
mary surpluses, with initial goals for stabilizing the Net Public Debt-to-Gross Domestic Product ratio. The past year marked the
tenth anniversary of the primary surpluses policy that began with the Fiscal Stability Program. This policy allowed Brazil to
not only survive the effects of the turbulence endured by emerging economies, but
also recover after a broader change to economic policy regimes to include the foreign
exchange and monetary areas within a few
months between late 1998 and early 1999.
Note that, despite the primary surpluses, particularly after the agreement
with the IMF in late 1998, Net Public Sector
Debt showed marked growth due, mostly,
to liability impacts. The first such was the
effect of the public sector’s foreign currency exposure, which served to safeguard the
productive sector against the effects of the
end of the managed exchange rate regime.
However, although debt continued to increase for a while as a result of these liability effects, the public sector’s negative operating balance, which was the main driver of
deterioration, came to an end. Even interest
expense tends to react positively to gains in
this area for structural reasons such as lower sovereign risk, casting primary surplus
in a leading role from the viewpoint of appraisals of national solvency.
It is noteworthy that the impact of
the crises of the late 1990s on the Brazilian productive system was relative limited
compared to countries that endured severe
production contractions and negative GDP
growth under similar circumstances of exit
from fixed exchange rate regimes. To this
end, the Brazilian productive system relied
on a safeguard provided by the public sector by means of currency-protection instruments. This is the only explanation for the
32
trajetória marcada, inicialmente, por um boom
de exportações que só se esgotou nos últimos
meses e, em seguida, por um forte movimento
de internacionalização de suas empresas.
Não há qualquer exagero em se afirmar que a continuidade da política de superávit primário, por mais de dez anos, nos colocou em condições relativamente boas para
enfrentar a crise econômica atual, constituindo um verdadeiro colchão de competitividade
que limita a extensão dos danos. Notadamente, além do Programa de Estabilidade Fiscal,
os demais avanços institucionais foram coadjuvantes fundamentais desta conquista.
Os resultados do Programa de Estabilidade Fiscal de 1998 sobre o saldo primário ficam evidenciados no gráfico 3, que apresenta
a evolução das necessidades de financiamento do setor público consolidado. Esta estatística é bastante abrangente e inclui os três níveis do governo e suas estatais não-financeiras, o INSS e o Banco Central. Note-se que há
impacto defasado, eventualmente mais difuso,
da mudança do regime fiscal no nível primário, sobre a despesa de juros e portanto sobre
o saldo total que afeta mais diretamente a dinâmica do endividamento público.
O gráfico deixa clara a mudança estrutural no patamar de superávit primário, que
ocorreu há mais de dez anos, com o Programa
de Estabilidade Fiscal. Outro aspecto relevante da observação do gráfico é que esta política de superávit primário relativamente elevado
tem sido um relevante elemento da trajetória
de queda do déficit público nominal brasileiro. A redução da taxa de juros, e conseqüentemente da despesa federal com juros sobre
a dívida, constitui-se em outro importante elemento desta redução. Como já foi argumentado, note-se que a redução estrutural do nível
de taxa de juros está, em geral, relacionada à
melhora do nível primário, pois este reflete me-
emergence, immediately after the devaluation, of a path marked at first by an exports
boom that only ended in recent months
and, subsequently, by heavy internationalization of Brazilian firms.
It is no overstatement to claim that
the maintenance of the primary-surplus
policy for over then years has put us in a
relatively strong position to face the current
economic crisis, establishing a competitive
safety net that limits the extent of the damages. Take note that, besides the Fiscal Stability Program, other institutional developments were crucial supporting elements to
this achievement.
The impact of the Fiscal Stability Program of 1998 on primary surplus can
be seen in Chart 3, which depicts the public
sector’s consolidated financing needs evolution. This statistic is rather comprehensive and includes the three levels of government, their non-financial state-owned companies, the National Social Security Institute, and the Central bank. Note a lagged
and more diffuse effect of primary fiscal-regime change on interest expense and, therefore, on total balance, which more directly affects the dynamics of public debt.
The chart clearly shows the structural change in the primary-surplus level that took place more than ten years ago
with the Fiscal Stability Program. Another relevant aspect depicted in the chart
is that this policy of relatively high primary surpluses has been a relevant element
of the declining path of the Brazilian nominal public deficit. The lower interest rate
and the resulting drop in federal interest
expense is another important factor in this
decline. As discussed earlier, the structural
drop in interest-rate levels is generally related with improved primary levels, as these
33
lhor as condições subjacentes de esforço de
ajuste ou seu inverso. Assim, a importância da
política de superávits primários pode ser bem
maior que a observação fria dos dados poderia
fazer supor, tendo mesmo condicionado uma
evolução posterior mais favorável da despesa com juros, com impacto sobre o saldo global e sobre a trajetória da dívida. Notadamente, a despesa com juros também foi favorecida
pelo excepcional ambiente de liquidez internacional dos últimos anos até o terceiro trimestre de 2008.
better portray the underlying circumstances of the adjustment effort. Therefore, the
importance of the primary surpluses policy
may well be greater than a detached analysis of the data might lead to conclude, and
has led to a more favorable subsequent evolution of interest expense, with impacts on
total balance and debt trend. Please note,
also, that interest expense benefited from
the exceptional international liquidity environment that lasted a few years until the
third quarter of 2008.
Gráfico 3 Necessidade de financiamento, setor público consolidado, acumulado em 12 meses, % do PIB
Chart 3 Financing needs, consolidated public sector, 12-month accumulated, % of GDP
Fonte: BACEN
Source: Central Bank of Brazil
34
A redução do déficit nominal contribuiu
para o controle da dívida pública. No conceito de
Dívida Líquida do Setor Público, que é tão abrangente quanto a medida de déficit, e desconta os
haveres líquidos do setor público (como, principalmente, as reservas internacionais), o estoque no fim de 2008 atingiu 36% do PIB, conforme mostra o Gráfico 4.
A reduced nominal deficit contributed to getting public debt under control. The concept of Net Public Sector Debt,
which is as comprehensive as the deficit
metric, but nets out the public sector’s net
receivables (such as foreign reserves in particular), the balance in late 2008 was 36% of
GDP, as seen in Chart 4.
Gráfico 4 Dívida Líquida do Setor Público, % do PIB
Chart 4 Net Public Sector Debt, % of GDP
Fonte: BACEN
Source: Central Bank of Brazil
Riscos na Área Fiscal
As ações voltadas para o equilíbrio fiscal
continuam até este momento e os dados recentes
ainda mostram um superávit primário razoável e um
déficit nominal em trajetória de queda. Sabe-se que
o novo ambiente econômico pós-crise deverá pressionar o superávit primário, principalmente pela redução do ritmo das receitas públicas em função da
forte desaceleração da economia. O déficit nominal
poderá contar também com a redução da taxa de
Fiscal Risks
Fiscal balance-oriented actions remain so far and recent data still show a reasonable primary surplus and a dropping
nominal deficit. The new economic environment should put pressure on the primary surplus, particularly as a result of lower public revenues arising from the marked
deceleration of the economy. Nominal deficit may still benefit from lower interest
35
juros, mas ainda assim poderá crescer ligeiramente.
Este o cenário-base de muitos analistas.
Entretanto, há um grande risco nesta
área, que também pode pesar sobre o mercado
de crédito brasileiro. Este risco está relacionado
à probabilidade, ainda que baixa, de uma mudança no regime de política fiscal. Uma das justificativas para tal mudança seria, em uma visão politicamente oportunista, a imitação da ação emergencial anticrise que está sendo colocada em prática em outros países, notadamente pelos países
desenvolvidos. O Gráfico 5 apresenta um diagrama de dispersão dos déficits fiscal e externo das
20 maiores economias do Planeta, onde o tamanho de cada esfera reflete o tamanho da economia medido pelo seu PIB.
rates, but may, even so, rise slightly. This is
the base scenario for many analysts.
The area encloses a serious risk
that may affect the Brazilian credit market. This risk has to do with the probability, however low, of a change in the fiscalpolicy regime. One justification for such a
change might be, from a politically opportunistic perspective, emulation of emergency anti-crisis actions that are being put into
place elsewhere, particularly in developed
countries. Chart 5 shows a dispersion plot
of the fiscal and foreign deficits of the 20
largest economies, where the size of each
sphere reflects the size of the economy as
measured by GDP.
Gráfico 5 Situação fiscal e externa das 20 maiores economias em 2008
Chart 5 Fiscal and foreign situation of the 20 largest economies in 2008
Fonte: FMI, elaboração e estimativas realizadas pela Pezco Pesquisa e Consultoria.
Source: IMF, preparation and estimates by Pezco Pesquisa e Consultoria.
36
Note-se que a saúde fiscal dos países
desenvolvidos, que mereceu relativamente pouca atenção durante os recentes anos de forte
prosperidade, poderá ganhar o centro das atenções internacionais agora, com a virada do ciclo econômico, em uma nova era que agora se
pode chamar de Era do Realismo. Isto por que
os pacotes emergenciais de salvamento lançados pelos governos de vários países podem
conter bombas, com potenciais efeitos colaterais posteriores sobre as respectivas economias. O financiamento dos déficits produzidos
pelos pacotes poderá se tornar uma preocupação central daqui para frente, especialmente
em um ambiente em que boa parte das grandes nações apresenta não apenas déficit público, mas também déficit em conta corrente.
No caso brasileiro, o déficit fiscal remanescente mereceu, também, menos atenção
que deveria durante a época de prosperidade.
O nosso pacote fiscal é menos ousado até o momento, relativamente ao dos países desenvolvidos, mas ainda assim os números do governo
ganharão atenções. Ao longo de 2009, há uma
tendência de um escrutínio muito mais atento
sobre a trajetória das contas públicas, tanto dos
países desenvolvidos quanto das variáveis fiscais brasileiras.
Para o Brasil, seria também desejável
uma mudança na composição da despesa pública que caminhasse para uma redução nas
despesas de custeio em detrimento às despesas de capital, as quais poderiam produzir estímulos à demanda sem prejuízo da solvência
soberana. Mas a lógica política pode gerar a
recomendação contrária. Ainda que, visto de
hoje, seja pequeno, não se deve desprezar o
risco de uma mudança desse tipo. Seria um
pacote com bomba, no Brasil, causador de instabilidade financeira.
A despesa de juros tende a cair com a
redução da taxa Selic, neste ano. A grande in-
Note that the fiscal health of developed countries, which deserved little attention during the recent period of prosperity, may now gain center stage as the economic cycle reverses, marking the beginning of a new age that may be referred to
as the Age of Realism, as the emergency
rescue plans launched by several national governments may include time bombs
with potential future side effects for the
respective economies. The public-debt financing these plans produce may become
a core concern hereafter, particularly in an
environment where a significant share of
major nations shows not only public deficit, but also current-account deficit.
In the case of Brazil, the remaining fiscal deficit has also been given less
thought than it was due in the days of
prosperity. Our fiscal plan is so far not as
bold as those of developed economies, but
some the Government’s figures will deserve attention. Throughout 2009, there
is a trend towards much closer scrutiny of
public accounts, both for developed countries and for Brazil’s fiscal variables.
For Brazil, a change in public
spending would be desirable that led to reduced earmarks relative to capital spending, which might encourage demand without jeopardizing sovereign solvency. But the
political reasoning may generate an opposite recommendation. Even if small at present, the risk of such a change cannot be
disregarded. It would be a time-bomb package, a generator of financial instability.
Interest expense tends to drop this
year with the reduction of the Selic prime
rate. The main unknown concerns primary surplus, as in recent years the Federal Government has been quickly increasing its spending, relying on the exception-
37
cógnita diz respeito ao superávit primário, pois o
governo federal vem elevando velozmente, nos
últimos anos, os seus gastos, contando com a
excepcional arrecadação dos anos recentes
de prosperidade. Entretanto, a arrecadação já
mostrou perda de força, o que deve continuar
ao longo deste ano.
Há, por outro lado, dúvidas sobre se o
governo federal teria a disposição política de
reduzir os gastos. Antes, acreditamos na busca de novas receitas tributárias. O Leão poderá
afiar suas garras, apertando os contribuintes,
assim como o governo deverá reforçar as iniciativas legislativas para aumento da sua receita. Na mesa, estarão o eterno retorno da CPMF,
com novo nome, e a PEC tributária.
A emenda constitucional da reforma tributária pode ser uma excelente desculpa para
acomodar uma majoração de tributos. Entretanto, seu resultado pode ser contraproducente, ao
contribuir para a elevação da carga tributária,
prejudicando ainda mais a competitividade da
economia.
Isto é de alta relevância por que o Brasil
apresenta um problema crônico na área tributária, com múltiplas origens: uma carga elevada e crescente, que procura acompanhar a também crescente trajetória dos gastos; má qualidade do sistema, bastante concentrado em tributos de caráter cumulativo que desestimulam
a agregação de valor na produção interna, enquanto incentivam a exportação dos nossos
empregos; um baixo retorno ao cidadão desta
elevada carga, tendo em vista a elevada ineficiência e a falta de foco nos gastos; e um difícil
relacionamento das pessoas e empresas com o
Fisco, que gera uma discricionariedade que encarece os negócios e ameaça a vida de empresas e pessoas adimplentes, muitas vezes involuntariamente favorecendo o oportunismo.
Ainda que não se deva negar que o problema dos maus tributos precisa ser combati-
al revenues of the recent prosperous past.
But revenues already seem to be losing
steam, a process that should continue as
the year progresses.
On the other hand, there are
doubts as to the Federal Government’s political will to reduce spending. Rather, we
believe it will attempt to secure new sources of tax revenues. The Federal Revenue
Bureau may become more aggressive in
its dealings with taxpayers and the Government should increase legislative initiatives to grow revenues. These may include
the return of the CPMF (contribution on
financial transactions) under a different
name and the a Positional Amendment
Proposal for taxes.
This Amendment may be an excellent excuse to raise taxes. But the end-result may be counter-productive, leading to
an increased tax burden and further hampering the economy’s competitiveness.
This is of great relevance because
Brazil has chronic tax problem arising
from different causes: a high and growing tax burden that attempts to keep up
with the growing trend of spending; poor
system quality, concentrated on taxes of a
cumulative nature that discourage valueadded domestic production and encourage exporting jobs; a low return to citizens
of this high burden, as a result of highly
inefficient and unfocused spending; and
a difficult relationship between individual and corporate taxpayers and the tax
authorities, leading to a discretionary behavior that makes business more expensive and threatens compliant businesses
and individuals, often involuntarily favoring opportunism.
Although there is no denying that
the problem of poor taxation must be ad-
38
do e que há necessidade de rever as formas de
incidência tributária, não basta atacar somente a febre sem combater o mal que lhe causa:
o crescimento dos gastos públicos, em especial, os de custeio. Assim, a reforma seria apenas antipirética, atacando os sintomas sem tratar as suas causas.
Não cabe, agora, portanto, pensar em
reformas do lado da receita sem lastreá-las no
controle dos gastos: as últimas iniciativas de
reforma tributária se
revelaram como boas Eric
oportunidades para
acertos entre os representantes dos entes federativos, em torno de novos aumentos
da arrecadação total,
com claros benefícios
políticos.
A solução está
do lado da despesa pública: é preciso conter – e reduzir de forma decisiva – a gastança ineficiente do Estado brasileiro. A crise é
uma oportunidade ímpar para avanços neste sentido.
Por tudo isto,
o Brasil acaba ficando com pouco espaço para usar o aumento dos
gastos públicos em investimentos para estimular a economia. Nosso governo já tem um déficit, e teria dificuldade em reduzi-lo aumentando a tributação, principalmente porque já temos
uma carga tributária entre as maiores e piores
do mundo.
Por sua vez, o histórico de nossa dívida
foi muito ruim até o começo dos anos noventa,
com emoções constantes para os investidores
dressed and that there is a need to review
the existing forms of taxation, it will not do
any good to attack the symptoms without
addressing the underlying disease: growing public spending, in particular earmarks. Therefore, the reform would be
merely superficial, addressing the symptoms, but not their causes.
Therefore, this is not the time to
consider changes in the revenue side unless they are bound to
spending controls: the
latest tax-reform initiatives were good opportunities for arrangements
among members of the
Federation in terms of
new total revenue gains,
with clear political benefits.
The
solution
lies in public spending:
the Brazilian State’s inefficient spending must
be decisively contained.
The crisis is a unique opportunity to make headway in this direction.
For all of the
above reasons, Brazil
ends up with little room
to use increased public
spending to invest and boost the economy. Our Government already shows a deficit and would have a hard time reducing
it by increasing taxes, mainly because our
tax burden is already one of the world’s
highest and worst.
At the same time, the history of our debt was very bad until the early 1990s, a constant roller-coaster ride for
local and foreign investors. Despite recent
39
locais e estrangeiros. Ainda que tenha melhorado recentemente, a dívida brasileira completou
apenas alguns meses na categoria de “grau de
investimento”. Estamos ainda (o advérbio revela
um desejo, não uma projeção) no nível mais baixo dessa categoria, e não seria sensato pôr esta
conquista a perder.
Há quem defenda que a queda da dívida pública ocorrida recentemente, em função
do ajuste patrimonial da variação cambial favorável sobre os derivativos a que o setor público esteve exposto, fosse criar espaço para uma
política fiscal mais frouxa. Este argumento não
procede, porque esta queda decorre do efeito patrimonial de uma exposição do governo a
derivativos. Na medida em que esta exposição
ainda existe, há riscos no sentido contrário. Assim, não se pode confiar em um ajuste patrimonial passado como justificativa razoável para se
afrouxar os controles do superávit primário.
Note-se que a crítica não se refere à exposição do governo a derivativos cambiais, os
quais podem fazer sentido em alguns contextos
da política cambial (para uma discussão sobre
este ponto, vide Turolla, 2005); o ponto é que os
ganhos circunstanciais derivados desta exposição não devem servir de justificativa para uma
política de deterioração do resultado primário.
Por outro lado, uma política de controle da despesa pública, com conseqüente redução da carga tributária, seria um caminho direto para o crescimento econômico. Infelizmente,
a agenda política brasileira não parece compatível com este desejo.
Termômetros para
Riscos Fiscais
Já que o acompanhamento das variáveis fiscais pode ganhar um papel bem mais
importante nesta Era do Realismo, será importante monitorar estes riscos, principalmente se
houver algum sinal mais evidente de deteriora-
improvements, Brazilian debt has only
been deemed “investment grade” for a few
months. We are still at the lowest level in
this class and it would be unwise to jeopardize the accomplishment.
Some argue that the recent drop
in public debt due to the favorable adjustment in the derivatives to which the Public
Sector was exposed, caused by a favorable
foreign exchange movement, could create room for looser fiscal policy. The argument is flawed because the drop is due to
the effects of the government’s exposure
to derivatives. As the exposure remains,
so does the risk of an opposite movement.
Therefore, one cannot rely on a past liability adjustment as reasonable cause to loosen primary surplus controls.
We point out that this is not a criticism of the Government’s exposure to
foreign currency derivatives, which may
make sense in some foreign exchangepolicy contexts (for a discussion of this aspect, see Turolla, 2005); our point is that
the substantial gains arising from this exposure should not be used to justify a policy that erodes primary results.
On the other hand, a policy of
controlled public spending with a consequent reduction of the tax burden would
be a straightforward path to economic
growth. Sadly, the Brazilian political agenda appears to be incompatible with such a
course of action.
Fiscal-risk Gauges
Since tracking fiscal variables
may well gain a far more important role in
this Age of Realism, it will be important to
monitor these, particularly in the presence
of clearer signs of deteriorating primary
surplus. A few gauges can be proposed.
40
ção no saldo primário. Pode-se propor alguns
termômetros. Além das variáveis tradicionais
de dívida e déficit, como a dívida líquida e as necessidades de financiamento em proporção do
PIB, é útil observar a evolução do perfil da dívida mobiliária federal, dado o peso que a mesma tem no estoque total do endividamento público brasileiro.
Pode-se utilizar o Índice de Composição da Dívida Mobiliária (ICDM), cuja construção é apresentada em maior detalhe em Fernandes, Turolla e Monteiro (2008). Dois atributos são considerados: proporção de prefixados
e o prazo médio da dívida, ambos relativizados
pela dívida referencial.
O índice é uma medida da qualidade
da dívida mobiliária federal brasileira, tomando como parâmetro a dívida norte-americana,
que corresponde a uma média de atributos relevantes da dívida mobiliária brasileira: a participação dos títulos prefixados na dívida brasileira (%PRE) em relação à dívida norte-americana
(%PREEUA); e o prazo médio da dívida brasileira
(PRAZOMEDIO) relativamente ao prazo médio
da dívida norte-americana (PRAZOMEDIOEUA).
A dívida norte-americana foi escolhida por seu
reconhecido papel de benchmark no mercado internacional de capitais, refletindo assim uma proxy das possibilidades de alongamento e de prefixação disponíveis para uma dívida de baixíssimo
risco. O índice pode ser expresso como segue:
ICDM = 1
2
(
% PRE
% PRE EUA
Note-se que esse índice pode superar
100%, se o prazo médio ou o percentual prefixado da dívida brasileira forem superiores ao
da dívida norte-americana. Entretanto, no intervalo entre 1967 e 2007, os valores do índice
se situam entre um mínimo de 5,43% e máxi-
In addition to the traditional debt and deficit variables, such as net debt and financing needs as percentage of GDP, there is
use in watching the evolution of the federal bond debt profile, given its weight in total public indebtedness in Brazil.
One possibility is the Bond Debt
Composition Index (“Índice de Composição da Dívida Mobiliária” – ICDM), discussed in greater detail in Fernandes, Turolla and Monteiro (2008), and which takes
account of two attributes: share of fixedincome bonds and average debt maturity,
both relative to the reference debt.
The index is a measure of the
quality of the Brazilian Federal bond debt
relative to US debt, and corresponds to an
average of relevant attributes of the Brazilian bond debt: share of fixed-income
securities in the Brazilian debt (%PRE)
relative to US debt (%PREEUA); and average maturity of the Brazilian debt (PRAZOMEDIO) relative to the average maturity of the US debt (PRAZOMEDIOEUA).
US debt was selected for its notorious role
as a benchmark in the international capitals market, which makes it a proxy for
the possibilities to lengthen maturity and
establish a share is fixed-income bonds
available to very-low risk debt. The index
can be represented as follows:
+
% PRAZOMEDIO
% PRAZOMEDIO EUA
)
Note that this index may exceed 100% if the Brazilian debt’s average maturity or its fixed-income ratio
exceed the US debt’s. In the 1967-2007
period, however, the index ranges between 5.43 percent and 58.97 percent,
41
mo de 58,97%, com média de 29,33% e desvio-padrão de 13,84.
Embora, na prática, o índice possa superar 100%, essa não é uma possibilidade teoricamente relevante, já que o custo de manter
uma dívida de qualidade superior ao da dívida de referência, em termos de alongamento
e de prefixação, dadas as especificidades da
dívida brasileira, superaria o benefício. Para
informação, a introdução de títulos pós-fixados na dívida norte-americana, basicamente
ligados a índices de preços, se deu somente
a partir de 1997, enquanto no caso brasileiro
foram introduzidas logo no seu nascimento,
com as ORTN em 1964.
Por ora, o ICDM apresenta um comportamento favorável, como mostra o Gráfico 6.
Houve uma inflexão em setembro passado, mas
foi circunstancial, devido ao auge da crise.
with a mean of 29.33 percent and standard deviation of 13.84.
Although the index may exceed
100%, the possibility is not theoretically relevant, as, given the peculiarities of Brazilian
debt, the cost of maintaining a debt of higher quality than the reference debt in terms
of maturity and fixed-income ratio would exceed the benefit. For information purposes,
floating-income securities tied basically to
price indexes only were introduced into US
debt in 1997, while, in Brazil, they have existed since the beginning of the government’s
bond debt, with the ORTN of 1964.
For now, ICDM shows favorable behavior, as seen in Chart 6. An
inflection occurred in September past,
but was circumstantial and due to the
height of the crisis.
Gráfico 6 ICDM, Índice de Composição da Dívida Mobiliária Federal
Chart 6 ICDM, Federal Boid-Debt Composition Index
Fonte: elaboração dos autores e Pezco.
Source: prepared by the authors and Pezco.
42
A parte mais interessante do gráfico
do ICDM é a que ainda não está plotada. A
projeção da trajetória futura deste índice não
é simples, pois depende de decisões políticas sensíveis, a serem tomadas especialmente pelo governo federal. E uma delas é sobre
a continuidade do superávit primário em torno do nível atual.
O cenário-base é de normalidade; o
cenário alternativo, menos provável, leva em
conta uma mudança na política de superávits
primários, relaxando uma importante âncora
da estabilidade, e este seria um provável direcionador de uma eventual mudança mais
pronunciada na trajetória do ICDM. Uma conseqüência direta do cenário alternativo seria
uma elevação do prêmio de risco-país. Dependendo da magnitude, isto poderia contaminar o conjunto dos ativos financeiros.
Há outro indicador útil, relacionado à
composição da dívida mobiliária. Para controlar a liquidez diária do sistema, os Bancos
Centrais se utilizam de operações compromissadas (repurchase agreements) que nada
mais são do que operações de compra e venda de títulos em que o vendedor se compromete a recomprar os títulos em data e preço
previamente estipulados.
De acordo com FERNANDES (2008),
estas operações são executadas através de
leilões informais (go-arounds) e a sua taxa
média é a taxa Selic. O problema é que estas
operações já representam cerca de 18% da
dívida mobiliária interna, ou R$ 284 bilhões, o
que pode ser um risco em ambiente de maior
dificuldade na rolagem dos leilões. Hoje, 31%
destas operações têm prazo a decorrer de
até 13 dias; incluindo estas, 84% têm prazo
até 3 meses; o restante, vence em 5 e 7 meses, conforme mostra a Figura 1. Trata-se de
um montante relativamente elevado de dívida
pública, com prazo curto.
The most interesting part of the
ICDM chart is the one yet to be plotted.
Projecting the index’s future path is no
trivial affair, as it depends on sensitive political decisions to be made, in particular by the Federal Government. One such
concerns maintaining the primary surplus
near the current level.
The baseline scenario is normalcy; the alternative – and less likely – scenario takes into account changes to the
primary surpluses policy intended to loosen one important pillar of stability, which
would probably drive a more pronounced
change in the ICDM path. A direct consequence of the alternative scenario would
be an increased sovereign-risk premium.
Depending on its magnitude, this might
spread to all financial assets.
There is one more helpful bonddebt related indicator. To control the system’s daily liquidity, Central Banks use
repurchase agreements that are nothing
more than bond purchase and sale deals
where the seller promises to buy the securities back on a previously agreed date, at a
previously agreed price.
According to FERNANDES (2008),
these transactions take place by means of
informal auctions (go-arounds) and their
average rate is the Selic prime rate. The
problem is that these operations are close
to 18 percent of the domestic bond debt,
or R$ 284 billion, which may be a risk in
an environment of more difficult debt rolling at auctions. Today, 31 percent of these
operations have maturities up to 13 days;
including these 84 percent mature in up
to three months; the remainder mature
in 5-7 months, as seen in Figure 1. This
amounts to a relatively high level of shortterm public debt.
43
Figura 1 Proporção das operações compromissadas por faixa de prazos
Figure 1 Share of repurchase agreements by maturity
Fonte: BACEN
Source: Central Bank of Brazil
Assim, um aumento da proporção de
operações compromissadas pode revelar dificuldades na rolagem da dívida interna aos preços vigentes, pois o mesmo objetivo poderia ser
obtido com a venda definitiva de títulos de prazo
mais longo, em leilões primários. Ao optar pelas
compromissadas em maior escala, promove-se
um encurtamento radical dos prazos (duration)
da dívida, pois, embora negocie com títulos relativamente longos, o prazo final dessas operações acaba sendo de poucos dias.
É interessante observar que as operações compromissadas já estão, há algum tempo, acima dos padrões habituais. Elas superam
até mesmo a proporção que foi atingida durante
a crise de 2002, quando efetivamente foram verificadas condições adversas na rolagem da dívida mobiliária, como mostra o Gráfico 7.
Therefore, an increased ratio of
repurchase operations might indicate
trouble rolling the domestic debt at the
current prices, as the same goal could
be attained by means of an outright sale
of longer-term bonds in primary auctions. An option for repurchase operations radically shortens the debt’s duration, since, despite relatively lengthier
stated maturities, these operations ultimately become due in a few days.
It is worth noting that repurchase deals have for some time been
exceeding usual standards. They even
surpass the ratio achieved during the
crisis of 2002, when adverse debt-roll
circumstances were in effect, as seen
in Chart 7.
44
Gráfico 7 Composição da dívida mobiliária, %
Chart 7 Bond debt composition, %
Fonte: BACEN
Source: Central Bank of Brazil
A elevada proporção das compromissadas, já antes da crise, possivelmente, se
deve ao volume de operações necessárias
para esterilizar a forte entrada de câmbio no
país, durante o momento de grande liquidez
internacional.
Ainda que possa haver entrada líquida de capitais em alguns dos próximos meses, ficou muito claro que, desde o pós-crise, os fluxos se inverteram ou, pelo menos,
suavizaram bastante. Assim, devemos observar uma redução na proporção de compromissadas, a não ser que haja questionamento da solvência fiscal por parte do mercado, o
que seria o cenário alternativo. Vale, portanto, acompanhar este indicador.
The high ratio of repurchase transactions even before the crisis is possibly
due to the volume of operations needed to
sterilize the high inflow of foreign currency during a moment of great international liquidity.
Although net capital inflows may
occur in some of the next months, it has
become clear that, since the crisis, the
flows have reversed, or at least dropped
significantly. As a result, there should be
a drop in the ratio of repurchase agreements, unless the market begins to question fiscal solvency, which would be the alternative scenario. Therefore, this indicator
is worth tracking.
45
Observações Finais
Autor/Author
Este artigo argumentou que a crise
trouxe um novo desafio na área fiscal, relacionado à redução do ritmo de crescimento
das receitas em face da expansão dos gastos
públicos. Apontamos as conseqüências negativas que uma reversão da trajetória de política fiscal baseada em superávits primários,
e que foi iniciada no Programa de Estabilidade Fiscal, há pouco mais de dez anos, poderia trazer sobre a economia e, provavelmente,
sobre o mercado de crédito. Assim, durante
este ano, é conveniente, através dos indicadores tradicionais de dívida e déficit monitorar os riscos advindos da situação fiscal, bem
como o perfil da dívida mobiliária federal interna (indicador ICDM) e a proporção de operações compromissadas na dívida. Todas estas, variáveis importantes que merecerão
nossa atenção ao longo de 2009.
Final Comments
This article argues that the crisis has raised a new challenge in the fiscal arena, associated with reduced revenue growth in the presence of increasing
public spending. We point out the negative consequences for the economy – and,
probably, the credit market – that might
arise from a reversal of the primary-surpluses based fiscal policy that began a little over ten years ago with the Fiscal Stability Plan. Therefore, over the course of the
present year, it will be prudent to use traditional debt and deficit indicators to monitor
risks arising from the fiscal situation, and
also to track the profile of the federal domestic bond debt (ICDM indicator) as well
as repurchase agreements as share of debt.
All of these are important variables that will
deserve close attention throughout 2009.
Frederico Araujo Turolla
é Sócio da Pezco Pesquisa e Consultoria Ltda, professor de Economia da ESPM e FGV. E-mail: [email protected]
is a Partner with Pezco Pesquisa e Consultoria Ltda, and an Economics professor at ESPM and FGV. e-mail: [email protected]
Orlando Assunção Fernandes
é Professor de Economia da FAAP e ESPM. E-mail: [email protected]
Bibliografia/Bibliography
is an Economics professor at FAAP and ESPM. e-mail: [email protected]
FERNANDES, Orlando A.; TUROLLA, Frederico A. e MONTEIRO, Erika R. A Fronteira de Escolha da Composição da Dívida Mobiliária sob a Hipótese do Pecado Original. Mimeo, 2008.
FERNANDES, Orlando A. Crise financeira: é hora de despertar. Newsletter Instante No. 4, Pezco Pesquisa e Consultoria, 2008.
TUROLLA, Frederico A. Política Cambial com Dívida Indexada em Moeda Estrangeira no Brasil, 1995-2004. XXXIV Encontro Nacional de Economia da ANPEC, 2006, Salvador -BA, 2006.
46
Modelo de
Mensuração da
Rentabilidade do
Crédito
Model for Measuring the
Profitability of Credit
Dany Rogers
Pablo Rogers
47
Resumo
A avaliação para concessão de
crédito, principalmente em empresas
comerciais, é tradicionalmente balizada
no risco de crédito do cliente e na sua
estrutura e/ou potencial de negócios.
Não se considera a rentabilidade que a
utilização do limite pode proporcionar
à empresa e, em consequência, à
maximização da riqueza dos seus
acionistas. O objetivo deste trabalho é
apresentar um modelo de mensuração
da rentabilidade da concessão de
crédito ajustado ao risco de crédito
para empresas comerciais. A literatura
selecionada para o embasamento teórico
envolve o conceito de rentabilidade como
discutido na Teoria das Restrições (TOC)
e o cálculo da medida de desempenho
como no modelo RAROC, cujo objetivo
é calcular o retorno ajustado ao risco.
O modelo proposto foi aplicado em
uma empresa do ramo atacadistadistribuidor, e os seus resultados
possibilitaram concluir que a concessão
de crédito a clientes classificados como
de baixo risco nem sempre é a opção mais
rentável. Dessa forma, em uma situação
de restrição de crédito, a decisão das
empresas comerciais que levam em
consideração apenas o risco de crédito
e o porte do cliente para estipulação do
limite de crédito, pode ocasionar decisões
incorretas que estejam diminuindo o
ganho da empresa ao invés de aumentar
a riqueza de seus proprietários.
1. Introdução
Em empresas comerciais a concessão do crédito é realizada para o cliente levando em consideração apenas o risco inerente na operação, independente se o mon-
Summary
The credit granting process,
especially in commercial enterprises, is
traditionally based on the client’s credit
risk and on the business structure/
potential he offers. Consideration is
generally not given to the returns that
the use of credit limits can offer the
company and, consequently, contribute
towards maximizing shareholder value.
The purpose of this paper is to present
a model for measuring the returns
from the risk-adjusted granting of
credit by commercial enterprises.
The literature used for the theoretical
grounding of the model is concerned
with the concept of returns, as
discussed in the Theory of Constraints,
and the calculations for measuring
performance, as in the RAROC
model, for calculating risk-adjusted
returns. The model proposed here was
actually applied to a real company in
the distribution/wholesaling sector,
and the results led to the conclusion
that granting credit only to clients
classified as low-risk is not always the
most profitable option. In conditions of
limited credit availability, the criteria
used by commercial enterprises, based
solely on the size and creditworthiness
of the client, in order to set a credit
limit may lead to incorrect decisions
that actually decrease the company’s
profits instead of increasing the
wealth of its shareholders.
1. Introduction
Commercial enterprises grant credit to their clients based solely on the risk of
the transaction in hand, without considering
whether the credit limit they are granting is
48
tante concedido está sendo rentável ou não.
Elas não verificam se o investimento realizado no cliente através da concessão de crédito tem rentabilidade suficiente que compense o empréstimo, ou se seria melhor que
este investimento fosse realizado em outro
ativo mais rentável.
A rentabilidade obtida por meio dos
empréstimos realizados pelas instituições financeiras é usualmente avaliada e existem
modelos financeiros disponíveis para obtenção deste resultado, como o modelo RAROC.
Entretanto, em empresas comerciais, quando o cálculo da rentabilidade da concessão
de crédito se faz necessário, não existe um
modelo específico que possibilite essa mensuração.
As organizações empresariais têm à
sua disposição, para avaliação do risco de crédito, modelos de credit scoring, sistemas de rating, CreditRisk+, dentre outros, e lançam mão
de diversas formas para concessão do limite.
Porém, as mesmas não conseguem mensurar
a rentabilidade dessa concessão dado o risco
calculado do cliente. Essas organizações carecem de medidas de rentabilidade e eficácia
da concessão do crédito para aumento da riqueza dos acionistas.
Dado o exposto, o presente trabalho
visa responder à seguinte questão: Como a
rentabilidade da concessão de crédito ajustado ao risco de crédito pode ser mensurada em
empresas comerciais e qual a influência que
o cálculo desse índice pode exercer sobre a
concessão de crédito? Propõe-se para resolução da questão o desenvolvimento de um modelo que mensure a rentabilidade da concessão do crédito comercial ajustado ao risco de
crédito, e para isso, será adotado o conceito de rentabilidade da Teoria das Restrições
(TOC) e o modelo RAROC (Risk-Adjusted Return on Capital) para o seu cálculo.
profitable or not. They do not analyze whether the investment they are making in the client by granting him credit is sufficiently profitable to justify the credit facility, or whether it
would not be better to invest in another, more
profitable, asset.
The profitability of the loans made
by financial institutions, in contrast, is usually analyzed and taken into account and there
exist financial models specifically designed
for this purpose, such as the RAROC model. When commercial enterprises, however,
want to calculate the profitability of the credit
facilities they grant clients, there is no specific
model available for measuring the same.
Businesses have at their disposal a
number of models for evaluating credit risk,
such as credit scoring systems, rating systems and CreditRisk+, among others, and use
a variety of procedures for granting credit limits. None of these, however, are any use when
it comes to measuring the returns on the credit facilities granted, adjusted for the creditworthiness of the client. Businesses lack yardsticks for measuring the returns from their
credit granting activities and the contribution
of the same to maximizing shareholder value.
Given the situation as described
above, the purpose of this paper is to answer
the following question: how can the risk-adjusted return on credit facilities be measured
at commercial enterprises and what kind of
influence can the calculation of such returns
be expected to have on the granting of credit itself. In order to answer this question, we
propose to develop a model for measuring the
credit risk-adjusted return from the extension
of commercial credit. We shall use the concept of returns or profitability as used in the
Theory of Constraints and the RAROC (Riskadjusted Return on Capital) model for our calculations.
49
Foi aplicado o modelo em uma empresa do ramo atacadista-distribuidor. Nesse setor, 88% das vendas são financiadas
via concessão de crédito (REVISTA DISTRIBUIÇÃO, 2007), e na empresa-caso, aproximadamente, 96% de suas vendas são realizadas via crédito. Todavia, como em empresas comerciais o crédito não é um fim,
e sim um meio para efetivação das vendas,
essas organizações não adotam como estratégia o tratamento do crédito como um
investimento, mensurando seu retorno.
Reconhecida essa deficiência, sob
racionamento de capital a concessão de
crédito pode não estar proporcionando aumento da riqueza dos acionistas pela possibilidade de não ser viável, se comparada,
por exemplo, com outros ativos da empresa. Justifica-se, portanto, o desenvolvimento de um modelo direcionado a empresas
comerciais, com a proposta de mensurar a
rentabilidade do crédito ajustado ao risco
de crédito para avaliar a operação de concessão de crédito.
O presente artigo está estruturado em
mais quatro seções. A segunda descreverá o
referencial teórico do trabalho. Para economizar espaço não serão discutidas as políticas de
crédito e a análise e seleção do crédito, apenas
alguns modelos utilizados para medição do risco de crédito e a Teoria das Restrições, que
embasa a medida de rentabilidade utilizada na
proposta de modelo.
A seção três terá como objetivo
apresentar o modelo proposto, relacionando-o com o alicerce teórico que o sustenta.
Na quarta seção far-se-á a aplicação prática do modelo em uma empresa comercial
do ramo atacadista-distribuidor, percorrendo cada etapa para a sua implementação.
A seção cinco ficará para as considerações
finais.
Our model was given a field test at
a company in the distribution/wholesaling
business. In this sector 88% of all sales are
on credit (DISTRIBUIÇÃO magazine, 2007).
In the company we used for our case-study,
96% of all sales were made on credit terms.
In commercial enterprises, however, credit is
not an end in itself, but a means of generating sales. Companies like these do not have
a strategy of analyzing credit as an investment
and measuring the returns it offers.
Given this deficiency, the granting of
credit in conditions of limited credit availability
may not maximize shareholder returns. It may
not even be recommendable, when compared,
for example, with other types of assets on the
books of the company. There are good reasons, therefore, for developing a model aimed
at commercial enterprises, for the purposes
of measuring the risk-adjusted profitability of
their credit portfolios in order to better evaluate
their credit granting activities as a whole.
This paper will be structured in four
more sections, not counting this one. The second section will discuss the theoretical background to the ideas expressed in this paper. In
order to keep the paper short, we will not go
into credit policies or credit analysis/approval,
but shall restrict ourselves to certain models
used to measure credit risk and to the Theory
of Constraints, which is the basis for the measurement of profitability or returns used in the
model proposed here.
Section three will present the proposed model, illustrating the theoretical
foundations on which it is based. Section
four will deal with the practical application
of the model to a company in the distribution/wholesaling sector, going through
each phase of its implementation one by
one. Section five will be dedicated to final
considerations and conclusions.
50
2. Revisão da Literatura
2.1. Risco de crédito
O risco de crédito pode ser definido
como a probabilidade da concedente de crédito não receber do devedor no prazo e condições estipuladas. Para identificação e avaliação do risco de crédito são utilizados modelos que podem ser divididos em três categorias:
1. Modelos de classificação de risco: representados normalmente em uma escala categórica e relacionados à previsão de
ocorrência ou não de inadimplência (ou default).
2. Modelos de risco de portfólio: buscam quantificar o risco de uma carteira e
não de operações individuais.
3. Modelos estocásticos de risco de
crédito: procuram modelar o comportamento estocástico de variáveis relacionadas ao
default (ANDRADE, 2004, p. 18-19).
São três os modelos tradicionais de
classificação de risco: análise subjetiva tradicional baseada principalmente nos 5 C´s
do crédito, ratings de crédito e sistemas de
pontuação (escore) de crédito. Como modelos de risco de portfólio têm-se: modelos RAROC, o Credit Monitor da KMV, o CreditRisk+
do Credit Suisse, entre outros (SAUNDERS,
2000, p.7-15).
Na análise subjetiva tradicional a decisão concentra-se nos especialistas da área
que tomam as decisões de concessão com
base na sua experiência adquirida, eles fazem julgamentos inferenciais e dedutivos
a respeito do crédito. Os principais fatores
analisados nesses modelos são os chamados 5 “C’s” do crédito, que podem ser divididos em dois grupos: relacionados aos aspectos pessoais: Caráter e Capacidade; e os
relacionados aos aspectos financeiros: Capital e Condições. O outro C é o colateral,
2. A Review of Relevant Literature
2.1. Credit Risk
Credit risk can be defined as the
probability of a grantor of credit not receiving from the borrower payment at the time
and under the conditions contractually established. The models used to identify and evaluate credit risk can be divided into three categories:
1. Risk Rating models: usually represented on a categoric scale and intended
to indicate the probability or not of the occurrence of an event of default.
2. Portfolio risk models: are meant to
quantify the risk in entire portfolios and not
of individual credit exposures.
3. Stochastic credit risk models: try
to model the stochastic behavior of the variables correlated with default (ANDRADE,
2004, p.18-19.
There are three traditional risk rating
models: traditional subjective credit analysis,
based mostly on the five Cs of credit, credit
ratings and credit scoring systems. The models used for portfolio risk analysis are: RAROC
models, KMV’s Credit Monitor model and
Credit Suisse’s CreditRisk+ model, among
others (SAUNDERS, 2000, p.7-15).
In the traditional subjective analysis
model, the credit decision is concentrated in
the hands of specialists in the field of credit
granting, who based, upon their experience,
make their judgments through inferences and
deductions concerning the proposed credit. The principal credit factors analyzed by
these models are the so-called five Cs of credit, which can be divided into two groups: one
relating to personal aspects of the proposed
borrower (Character and Capacity); and the
other relating to financial aspects of the credit (Capital and Conditions).The other C stands
51
que aparece quando os aspectos financeiros
não dão sustentação ao crédito almejado ou
a Capacidade é questionável (SCHRICKEL,
1999, p. 48). É importante ressaltar que todos os “C’s” do crédito devem ser analisados conjuntamente e de forma complementar, “uma decisão baseada sobre apenas um
dos “C” muito provavelmente gerará um problema causado por algum dos outros “C”
não ponderados” (SCHRICKEL, 1999, p. 55).
Os ratings de crédito, que também
fazem parte deste tipo de análise de crédito,
compreendem classificações em níveis de
risco fundamentado em uma série de fatores, em que se atribuem notas a esses determinados quesitos e uma nota final aos conjuntos de quesitos analisados (SILVA, 2003,
p. 83).
Os modelos quantitativos (ou estatísticos) de medição do risco de crédito surgiram da necessidade de massificação no processo decisório de crédito e de uma maior
padronização de seus procedimentos. A preocupação em se ter uma boa gestão do risco de crédito, principalmente a partir da década de 90, desencadeou-se no desenvolvimento de inúmeros modelos realizados por
instituições financeiras e empresas de consultoria, particularmente o aprimoramento
dos modelos quantitativos.
Alguns dos modelos quantitativos
mais usados são os sistemas de classificação de risco, que são processos de atribuição de pontos às variáveis de decisão mediante a utilização de técnicas estatísticas,
sendo o seu objetivo a classificação dos solicitantes de crédito de acordo com a sua probabilidade de inadimplência (risco). Os sistemas de escore “definem a probabilidade de
um cliente vir a ser ‘bom pagador’ ou ‘mau
pagador’ com base em suas características”
(AMORIN NETO e CARMONA, 2003, p. 2).
for collateral, which comes into play when the
financial aspects of the proposed credit are
not strong enough to justify the credit on their
own or when the prospective borrower’s Capacity is called into question (SCHRICKEL,
1999, p.48). It is important to note that “all the
Cs of credit should be analyzed together, each
one complementing the other”. A decision
based on only one of the Cs is likely to later develop a problem relating to one of the other C’s
that was not taken into account” (SCHRICKEL, 1999, p.55).
Credit ratings, which are also part
of this type of credit analysis, are classifications of credit characteristics into risk levels,
based on a series of elements of creditworthiness, and where scores are attributed to
each of these elements and a final rating given to the entire set of elements analyzed (SILVA, 2003, p.83).
The quantitative (or statistical) models for measuring credit risk arose from the
need to mass produce credit decisions, using
greater standardization of the decision-making procedures involved. The desire to ensure
strong credit risk management procedures,
especially from the 90s onwards, led financial institutions and consulting firms to develop many different models, with particular emphasis on improvements in the quantitative
models.
Some of the most frequently used
quantitative models are risk classification systems, which attribute points or scores to the different variables affecting the decision, through
the use of statistical techniques. Their purpose is to classify credit applicants according
to their probability of default (credit risk). Scoring systems “define the probability of an applicant turning out to be a ‘good payer’ or a ‘bad
payer’, based on his characteristics”, (AMORIN NETO and CARMONA, 2003, p. 2).
52
Os sistemas de classificação de risco
de crédito são divididos em duas categorias:
modelos de aprovação de crédito ou credit
scoring (também conhecidos como application
scoring); e modelos de escoragem comportamental, conhecidos também como behavioral
scoring. (CAOUETTE, ALTMAN e NARAYANAN, 2000). O application scoring é reservado
para a classificação das solicitações de crédito de novos proponentes e o behavioral scoring
é um sistema de escore com base na análise
comportamental do cliente.
Outro modelo quantitativo que também será importante para o trabalho é o CreditRisk+ que foi elaborado pelo Credit Suisse em
1997 e é “um modelo de modo de inadimplência” (SAUNDERS, 1998, p. 73), ou seja, somente o risco de inadimplência é modelado, “não
há risco de mudança de rating” (SECURATO,
2002, p. 286). Nele a probabilidade de default
de um empréstimo em determinado período é
semelhante a qualquer outro período do mesmo tamanho, e o número de inadimplências
ocorridas em qualquer período é independente do número de inadimplências ocorridas em
qualquer outro período (CROUHY, GALAI e
MARK, 2004, p. 362).
Para calcular o risco no CreditRisk+,
têm-se primeiramente um estágio de avaliação das incertezas (da probabilidade de default e da intensidade das perdas), para posteriormente, num segundo estágio, essas estimativas gerarem uma distribuição das perdas
de toda a carteira de empréstimos. Mensurando o percentual de perda em cada rating de
crédito, encontra-se a distribuição das perdas
por inadimplência de toda a carteira de empréstimos.
O cálculo da rentabilidade proposto
no presente artigo se baseará no modelo RAROC, sendo este também um modelo quantitativo e classificado como modelo de risco de
Such credit risk classification systems are divided into two categories: credit approval models or credit scoring models (also
known as application scoring models); and behavioral scoring models (CAOUETTE, ALTMAN and NARAYANAN, 2000). Application
scoring is used solely for classifying the credit requests of new applicants, while behavioral
scoring is a scoring system based on the analysis of a broader range of client behavior patterns.
Another quantitative model that
will also be important for the present paper
is CreditRisk+, which was developed in 1997
by Credit Suisse and is a “credit default risk
model” (SAUNDERS, 1998, p.73), or, in other
words, a model where only default risk is measured. “There is no risk of a rating change”
(SECURATO, 2002, p.286). In this model, the
probability that a loan will default in a given period of time is similar to that in any other period of equivalent length, and the number of
defaults that occur in any given period is independent of the number of defaults in any
other period”(CROUHY, GALAI and MARK,
2004, p.362).
The first step towards calculating
risk in the CreditRisk+ model is an analysis of
the uncertainties (the probability of default and
the extent of the loss given default). These estimates are then used in a second phase to
generate a distribution of losses for the whole
loan portfolio. By measuring the percentage
loss in each credit rating, the model can derive
the distribution of the default losses for the entire loan portfolio.
The calculation of returns as proposed in this paper will be based on the RAROC model, which is also a quantitative model and is classified as a portfolio risk model,
according to ANDRADE (2004). The RAROC
model is a methodology for calculating the
53
portfólio, segundo ANDRADE (2004). O Modelo RAROC é uma metodologia de retorno sobre o capital investido ajustado ao risco, ele
“revela o montante de capital econômico necessário para cada linha de negócios, produto
ou cliente – e como essas necessidades criam
o retorno total sobre o capital produzido pela
empresa” (CROUHY, GALAI e MARK, 2004,
p.467).
A lógica da medida RAROC é a mesma das convencionais em que se tem uma relação entre um “fluxo residual de dinheiro”
(lucro) e um investimento. Entretanto, ajustase o numerador para captar a perda esperada
com a transação e o denominador para refletir o efetivo investimento em risco. Em termos
genéricos, a equação RAROC pode ser elucidada como na equação 1:
RAROC =
risk-adjusted rate of return on invested capital. It “reveals the volume of economic capital needed for each line of business, product
or client, and how these needs can be used to
calculate the total return on the capital invested by the company” (CROUHY, GALAI and
MARK, 2004, p.467).
The logic behind the RAROC measurement is the same as that behind the conventional models, based on the relation between a residual cash flow (profit) and an investment. The numerator of this equation,
however, has to be adjusted to capture the expected losses from the transaction and the
denominator also needs to be adjusted to reflect the effective investment at risk. In general terms, the RAROC equation can be stated
as in Equation 1 below”:
Fluxo Residual (Lucro) Ajus tado
(1)
Inves timento (Capital) em Risco
RAROC =
Risk-adjus ted Residual Ca sh Flow (Profit)
(1)
Inves tment (Capital) at Risk
Sobre a lógica da fórmula do RAROC,
em termos da moderna teoria de carteiras, seu
cálculo pode ser mais bem descrito como um coeficiente de Sharpe para unidades de negócios,
clientes e, inclusive, para empréstimos. Seu numerador é alguma medida de lucro ajustado ao
longo de um período futuro ou de um período
passado. O denominador é uma medida da perda
inesperada de capital econômico em risco (VAR
- Value-at-risk) como resultado daquela atividade/
transação (SAUNDERS, 2000, p.125). A Figura 1
apresenta um esquema da equação do RAROC
que elucida a sua problemática de cálculo.
As to the logic of the RAROC formula, in terms of modern portfolio theory
it can best be described as a Sharpe coefficient for business units, clients and even
individual loans. The formula’s numerator
is some adjusted measure of profit over a
period in the future or in the past. The denominator is a measure of the unexpected loss of economic capital at risk (VaR –
Value at Risk), as a result of that specific activity/transaction (SAUNDERS, 2000,
p.125). Fig. 1 illustrates the RAROC equation and explains the calculation.
54
As shown in Fig 1. the capital invested can be adjusted for three main types
of risk: credit, market and operational. Despite the acknowIedgement that market and credit risk are related (CROUHY,
GALAI and MARK, 2004, p.468), in this
paper capital invested will be adjusted
solely for credit risk.
Conforme apresentado na Figura 1, o
capital investido pode ser ajustado a três principais riscos: crédito, mercado e operacional.
Apesar do reconhecimento de que o risco de
mercado e o de crédito estão relacionados
(CROUHY, GALAI e MARK, 2004, p.468), na
presente proposta procurar-se-á ajustar o capital investido unicamente ao risco de crédito.
Figura 1 A equação do RAROC
(=) Receita s
(-) Despesa s
(+) Retorno sobre
o capital econômico
(+/-) Preços de
transferência s
(-) Perda s esperada s
Retorno Ajus tado
ao Risco
RAROC =
=
Capital Ajus tado
ao Risco
(=) Capital em Risco
• Risco de Crédito
• Risco de Mercado
• Risco Operacional
Fonte: Adaptado de CROUHY, GALAI E MARK (2004, p.470)
Figure 1 The RAROC equation
(=) Revenues
(-) Expenses
(+) Return on
economic capital
(+/-) Transfer
pricing
(-) Expected losses
Risk-adjus ted
return
RAROC =
=
Risk-adjus ted
capital
(=) Capital at Risk
• Credit Risk
• Market Risk
• Operational Risk
Source: Adapted from CROUHY, GALAI and MARK (2004, p.470)
55
2.2. Teoria das Restrições
As premissas da TOC (Theory of
Constraints) foram estruturadas para problemas da linha de produção, entretanto,
rapidamente adentraram nas mais diversas
áreas do conhecimento gerencial e em diferentes setores (PADOVEZE, 2005, p.269). A
TOC generaliza o pensamento da otimização partindo de três princípios: 1) a empresa é um sistema, um conjunto de elementos entre os quais existe uma relação de interdependência, em que cada elemento depende do outro de alguma forma e, assim,
o desempenho global do sistema depende
dos esforços conjuntos de todos os seus
elementos (CORBETT NETO, 1997; PELEAIS, 2002); 2) o alvo das empresas deve ser
ganhar dinheiro, hoje e no futuro; e 3) toda
empresa, no processo de atingir sua meta,
apresenta sempre uma ou mais restrições,
pois, se não as apresentasse, seu desempenho seria infinito.
Para a TOC, a restrição é qualquer
coisa que limita um melhor desempenho
de um sistema, como o elo mais fraco de
uma corrente, ou alguma coisa que não se
tem suficiente (GOLDRATT, 1992, p.48).
Nesse sentido, qualquer recurso pode ser
uma restrição: normas, procedimentos,
práticas, mercados fornecedores, equipamentos, materiais, pedidos, pessoas e crédito.
Para colocar a TOC em prática, existe um processo geral de tomada de decisão
empresarial, e os cinco passos de focalização são: identificar as restrições do sistema, decidir como explorar as restrições do
sistema, subordinar qualquer outra coisa
à decisão anterior, elevar as restrições do
sistema e, por último, se nos passos anteriores uma restrição for quebrada, volte ao
passo 1. (GOLDRATT, 1992, p.53-57).
2.2. The Theory
of Constraints
The axioms of the Theory of Constraints (TOC) were originally developed
for production line problems, but rapidly penetrated into the most varied areas of management theory and in different sectors of activity (PADOVESE, 2005,
p.269).
TOC generalizes optimization
theory, starting out from three principles:
1) a company is a system, a set of different elements between which there exists
a relation of interdependence, in which
each element depends on the other and
the overall performance of the system
depends on the joint and collective effort of each of those elements (CORBETT
NETO, 1997; PELEAIS, 2002); 2) the aim
of all companies should be to make money, in the present and in the future; and
3) every company, on the road to meeting
its targets, always runs into one or more
constraints, since, if it didn’t, its performance would be infinite.
For TOC, a constraint is anything
that limits a system’s performance, like the
weakest link in a chain, or something that
is not available in sufficient quantity (GOLDRATT, 1992, p.48). Seen this way, almost
anything can be a constraint: rules, procedures, practices, suppliers, equipment,
materials, orders, people and credit.
To put TOC into practice requires
a general business decision-taking process the five Focusing Steps of which are
as follows: identify the constraint; decide
how to exploit the constraint; subordinate
all other processes to the previous decision; elevate the constraint; and, finally, if,
as a result of these steps, the constraint
has moved, return to Step 1 (GOLDRATT,
1992, p.53-57).
56
A base para mensuração dos resultados na TOC está em três medidas-chave:
ganho, inventários e despesas operacionais:
• Ganho (G): é o índice pelo qual o
sistema gera dinheiro através das vendas.
Estritamente, ele corresponde à receita de
vendas (R) menos o custo totalmente variável (CTV).
• Inventários (I): é todo dinheiro que o
sistema investe na compra de coisas que ele
pretende vender.
• Despesas Operacionais (DO): é
todo o dinheiro que o sistema gasta para
transformar o inventário em ganho, ou seja,
todo dinheiro gasto com algo que não possa ser guardado para uso futuro (PADOVEZE, 2005, p.274).
O objetivo da TOC é maximizar o ganho enquanto minimiza os inventários e as
despesas operacionais. Ela descreve medidas
voltadas para a mensuração do desempenho
global da empresa: lucro líquido (LL), retorno
sobre o investimento (RSI) e fluxo de caixa.
3. Modelo da Rentabilidade
da Concessão do Crédito
Os modelos tradicionais de concessão de crédito geralmente levam em consideração e/ou dão maior importância ao risco de crédito do cliente, a tomada de decisão em conceder ou não o crédito e o
quanto conceder relaciona-se com a classificação de bom/mau pagador e, em consequência, com a classe de risco que o cliente se encontra. A rentabilidade da concessão de crédito não é considerada pelas empresas comerciais, ou seja, se realmente o
crédito utilizado pelo cliente está trazendo
retorno para a empresa concedente. Essa
postura pode não levar a uma alocação ótima de recursos quando se considera que o
crédito é uma restrição na empresa.
The basis for measuring results
from the application of TOC lies in three
key measures: gains, inventories and operating expenses:
• Gain (G): is the variable by which
the system earns money from its sales.
Broadly speaking, it is sales revenues (R)
less totally variable costs (CTV).
• Inventories (I): is all the money
the system invests in buying things it intends to sell;
• Operating Expenses (DO): is
all the money the system spends in order
to transform inventory into gain. In other
words, all the money spent on something
that cannot be kept for future use (PADOVESE, 2005, p.274).
TOC’s objective is to maximize gain
while minimizing inventories and operating
expenses. TOC describes the measures to
be used for measuring the company’s overall performance: Net income (LL); Return
on investment (RSI); and Cash flow.
3. Credit
Profitability Model
The traditional models of credit analysis and approval generally take into account
and/or lay the greatest stress on the client’s
credit risk. The decision to grant or not the
credit to the applicant and how much to grant
stems from his classification as a good/bad
payer and, consequently, from the credit classification he has been given. The return on
the credit facility granted is not taken into account by commercial enterprises; they do not
analyze whether the credit facility placed at the
disposal of the client will generate a positive
return for the company that granted it or not.
Such a posture may lead to a less than optimal
allocation of resources when you consider that
credit is a constraint for a company.
57
Sob a hipótese que não é missão da
empresa comercial conceder crédito, e ela
só faz unicamente com objetivo de vender
mais e aumentar sua rentabilidade, pode-se
transpor para essas empresas a filosofia da
TOC para análise de crédito: sair do “mundo
dos riscos e entrar no mundo dos ganhos”.
Se não há restrição de crédito, realidade não vivenciada pela maioria das
empresas, a informação de risco de crédito do cliente é suficiente: basta aumentar as vendas através da concessão de
crédito para os clientes “bons pagadores”. Quando se tem
restrição de crédito e
analisa-se a possibilidade de concessão
entre clientes “bons
pagadores” (mesmo
grau de risco), fazendo uma analogia com
a TOC, a informação
do risco de crédito é
insuficiente para alocação ótima dos recursos.
Nesse caso,
faz sentido priorizar
os clientes que trazem o maior ganho
por fator limitante (crédito) para empresa.
Em outra condição limite, como a restrição
de caixa para investimentos em clientes
com discrepantes graus de risco, a informação do ganho pode ser ajustada ao risco
de crédito do cliente e, assim, fundamentar
o processo de tomada de decisão da concessão de crédito.
A partir de elucidações trazidas dos
modelos RAROC e dos fundamentos da
Assuming that the mission of a commercial enterprise is not to grant credit, and that
it does so solely in order to increase sales and
increase its commercial profitability, TOC’s philosophy regarding credit analysis can be applied
to such enterprises: leave behind the “world of
risk and enter into the world of profit”.
If there were no limitations on the availability of credit, a situation not enjoyed by the
great majority of companies, the risk information
on the client would be all that is needed: companies just have to increase
Eric
sales by granting credit facilities to clients identified as
“good payers”. Where limitations exist, however, on
the availability of credit and
where enterprises have to
choose between which of
their
“ good payer” clients (same degree of credit
risk) it should extend credit terms to, risk information
alone, to make an analogy
with TOC, is insufficient to
ensure optimal allocation of
resources.
In the latter case
(restricted availability of
credit for clients with the
same credit risk profile),
it makes more sense to
rank clients in order of return per limiting factor or constraint (credit). If another constraint
is introduced, such as limited availability of resources for investing in clients of different risk
profiles, the return can also be adjusted for the
degree of client credit risk and provide a riskadjusted basis for taking decisions regarding
the extension of credit terms.
This paper proposes a model,
based on the lessons learned from the RA-
58
TOC, esse trabalho propõe um modelo de
mensuração da rentabilidade da concessão
de crédito comercial ajustada unicamente
ao risco de crédito.
Sob o ponto de vista do RAROC, a
medida proposta que norteia o modelo de
decisão apresentado seria a mensuração do
retorno sobre o capital investido no cliente
(leia-se neste caso o crédito concedido ao
cliente) ajustado unicamente ao risco de crédito. E sob o ponto de vista da TOC, a adoção
do conceito de rentabilidade a partir do qual
a empresa deverá, em condições de restrições de crédito em que este ativo é um fator
limitante, priorizar a concessão para clientes que proporcionem maior retorno sobre
investimento, no caso proposto, maior rentabilidade na concessão de crédito.
3.1. Derivação da Medida
de Decisão do Modelo
As medidas convencionais de rentabilidade obtidas a partir dos relatórios
contábeis relacionam um “fluxo residual de dinheiro” (lucro) com alguma medida de investimento. E, no cômputo da razão LUCRO/INVESTIMENTO, existem vários conceitos, tanto para o numerador
quanto para o denominador (MATARAZZO,
1998). Como variáveis do numerador podese citar: lucro bruto, lucro operacional, lucro antes do imposto de renda, lucro antes da correção monetária, lucro antes das
despesas financeiras, lucro líquido, vendas líquidas etc. Como variáveis do denominador têm-se: ativo (recursos de terceiros e próprios investidos na empresa), patrimônio líquido (recurso dos acionistas investidos na empresa), ativo menos passivo
não-oneroso (recursos efetivamente onerosos de terceiros e próprios investidos na
empresa) etc.
ROC model and from the axioms of TOC,
for measuring returns from the extension
of commercial credit facilities, adjusted for
credit risk alone.
From the RAROC angle, the criterion
behind the proposed decision-taking model
should be measurement of the return on the
capital invested in the client (meaning, here,
the credit facility granted the client), adjusted
for nothing else but credit risk. From the TOC
angle, the criterion should be the concept of
total return, according to which the company, in a situation of limited availability of credit,
where this type of asset is a constraint, should
give priority to extending credit terms to those
clients that offer the greatest return on investment, in this case the greatest return on the
credit extended.
3.1. Deriving the Model’s
Decision Criterion
The conventional measures of
profitability drawn from financial statements measure a “residual cash flow”
(profit) against some measure of investment. There exist several different ways of
calculating the PROFIT/INVESTMENT ratio, as regards both the numerator and the
denominator of the equation (MATARAZZO, 1998). Examples of different types of
numerator include, for example: gross
profit, operating profit, net income before
tax, net income after monetary correction,
profit before financial expenses, net income, net sales, etc.. Examples of different
types of denominator include: assets (own
and third-party funds invested in the enterprise), net worth (shareholders’ resources invested in the company), assets minus non-interest bearing liabilities (interestbearing third party funds and own resources invested in the company) etc..
59
A principal limitação das medidas
“clássicas” de rentabilidade refere-se ao
fato de que as mesmas envolvem medidas
contábeis, sem reconhecimento das várias
fontes de riscos presentes a cada ramo de
negócios em específico. Uma solução às limitações destas medidas seria a abordagem RAROC, tendo em vista que este modelo procura relacionar o retorno sobre o
capital oferecido por uma transação, ou
negócio, à taxa de risco do investimento
(CROUHY, GALAI e MARK, 2004, p.467).
Usada essencialmente no setor bancário, a
abordagem RAROC permite comparar desempenho através de unidades de negócios, especialmente quando o capital do
banco é tão caro quanto limitado (SAUNDERS, 2000, p.125).
3.1.1. O Numerador
da Fórmula
O que se propõe no presente estudo
é ajustar a medida de desempenho usada
por instituições financeiras, o RAROC, ao
conceito de ganho da TOC, de forma que
o ganho obtido pela diferença entre receitas de vendas em determinado período e
seus custos totalmente variáveis (CTVi) sejam ainda diminuídos pela perda esperada
com o crédito concedido. No numerador da
abordagem tradicional do RAROC aplicada aos bancos o lucro ajustado numa transação de empréstimo obtém-se da seguinte forma: Lucro ajustado = Spread + Taxas
e Comissões – (Perdas esperadas + Custos
Operacionais).
O fato de considerar o ganho (margem de contribuição) como medida de rentabilidade, e não qualquer outra medida que
embute alocação de custos fixos, justifica-se
pela TOC porque independente da venda ou
não para o cliente, ou da efetuação ou não
The principal limitation of such “classic” measures of returns comes from the fact
that they are drawn from accounting measurements, which fail to take into account the
different sources of risk inherent in each specific line of business. One solution to the limitations of such measurements would be the
RAROC approach, since this model is meant
to measure the return on capital allocated to
a given transaction or business against the
degree of risk in the investment (CROUHY,
GALAI and MARK, 2004, p.467). Used principally in the banking business, the RAROC
approach makes it possible to compare the
performance of different business units, especially in situations where capital is not only
costly for the bank but also of limited availability (SAUNDERS, 2000, p.125).
3.1.1. The Numerator
of the Formula
What this paper proposes is to adapt
the performance measurement criteria used
by financial institutions – RAROC – to the
concept of gain found in TOC, in such a way
that the profits earned from the difference
between sales revenues for any given period
and their totally variable expenses (CTVi) be
adjusted downwards by the expected losses
from the credit facilities granted. In the numerator used in the traditional RAROC approach used by banks, the risk-adjusted return on a loan transaction is obtained in the
following way: Risk-adjusted return = Spread
+ Fees and Commissions – (Expected Losses + Operating Expenses).
TOC defends the use of gain
(contribution margin) as the measure of
profitability rather than any other sort of
measurement that includes an allocation for fixed costs, with the argument
that fixed costs, independent of the sale
60
da transação, os custos fixos não deixaram
de existir e não diminuirão, pelo menos, no
curto prazo.
Dessa forma, o Ganho Ajustado
(GAi) em decorrência do risco de crédito
seriam as receitas (Ri) provenientes das
vendas após deduzidos os CTVi e as perdas esperadas devido ao risco de crédito
do cliente i (Pi):
or not to the client, or the execution or
not of the transaction, will continue to
exist and will not decrease, or not, at
least, over the short term.
Consequently, the Credit Riskadjusted Gain (GAi) would be the equivalent of sales revenues (Ri) minus CTVi
and minus losses relating to client credit risk i (Pi):
GA i = R i - CTV i - Pi
Observa-se que devem entrar no
cômputo dos ganhos todas as receitas com
as vendas (Ri), independente da condição de
pagamento. Poderiam justificar a entrada no
cálculo apenas as receitas com as vendas a
prazo, pois são elas os verdadeiros investimentos feitos em decorrência da concessão
de crédito. Todavia, o relacionamento com o
cliente através da concessão de crédito produz para a empresa concedente as vendas
à vista e esse relacionamento, provavelmente, seria quebrado se a empresa parasse de
conceder crédito ao cliente, perdendo assim
toda fonte de ganho proveniente dele (vendas à vista e a prazo).
Em relação à estimativa Pi diferentes modelos citados podem ser considerados: Credit Scoring, CreditRisk+ etc. A estimativa Pi pode ser modelada de forma simples, a partir dos históricos dos clientes na
empresa (SECURATO, 2002). Para o modelo proposto, será considerado que apenas a
probabilidade de inadimplência é modelada,
como apresenta o CreditRisk+, e que a empresa possui um sistema de Credit Scoring
em que é possível obter essa probabilidade
por classe de risco de crédito. Nesse caso,
(2)
Note that the calculation of gains
should include all sales revenues (Ri), irrespective of payment conditions. It might be
possible to justify taking into account solely the revenues from sales on credit, since
these are the actual investments made as
the result of extending credit. On the other hand, however, the relationship with the
client resulting from the extension of credit terms also results in the company making cash sales to the same client, and this
relationship would probably be broken off
should the company decide to cease extending credit terms and thus lose the
source of profits from both the cash and
credit sales.
The different models mentioned
above can be used for calculating Pi : Credit
Scoring, CreditRisk+ etc. The Pi client credit risk can be estimated by used a simple
model, based on the historical data regarding
the company’s clients (SECURATO, 2002).
In this model, only the probability of default
is modeled, as in CreditRisk+, and it is assumed that the company operates a credit scoring system which makes it possible to
calculate this probability by category of credit
61
poderia ser estimada a perda esperada com
o cliente da seguinte forma, conforme Securato (2002, p.295):
risk. The expected loss can be calculated for
a given client using the following formula, according to Securato (2002, p.295):
Pi = EDFj x LGDj
Onde, EDFj representa a probabilidade de inadimplência do cliente dada a
classe j de risco de crédito em que o mesmo se encontra; e LGDj (loss give default)
representa a perda, dada a inadimplência
(em valores monetários) do cliente em função da classe j de risco de crédito que ele
se encontra, ou seja, a perda líquida da empresa após descontada a taxa de recuperação. Esta perda líquida, ou LGDj, é calculada da seguinte forma:
Where EDFj (Expected Default Frequency) represents the probability of default
on the part of a given client, depending on
the risk category j to which he belongs; and
LGDi (Loss Given Default) represents the actual loss, given the occurrence of a default (in
monetary terms) on the part of the client, as
a function of the risk category j to which he
belongs. In other words, the net loss to the
company after deducting for the respective
recovery rate. This net loss, or LGDi, can be
calculated in the following manner:
LGDj = Ei (1 - T j )
Onde, Ei é o nível de crédito praticado
no período, ou valor das vendas a prazo; e Tj a
taxa de recuperação de crédito na classe j de
risco de crédito em que se encontra o cliente i. Para cálculo da perda esperada pode-se
mensurar a taxa de recuperação histórica tendo como base perfis semelhantes de clientes,
por exemplo, mensura-se a taxa de recuperação histórica por rating de risco de crédito.
Dessa forma, o numerador da fórmula pode
ser calculado:
(3)
(4)
Where Ei is equal to the volume
of credit extended during the period, or, in
other words, total sales on credit terms;
and Ti is the credit recovery rate for the
risk category j to which the client belongs.
The expected loss can be calculated by
measuring the historical recovery rate for
similar client credit profiles. For example,
the historical recovery rate for a given credit risk rating. The numerator of the formula
can now be calculated as follows:
GA i = R i – CTV i – [EDFj x Ei (1 – T j )]
(5)
62
Caso todas as receitas da empresa sejam provenientes de vendas a prazo, o Ri tornase igual a Ei.
3.1.2. O Denominador
da Fórmula
Em essência, o valor do investimento em risco utilizado no denominador do modelo RAROC é calculado por alguma medida
de VAR, sendo que ela “mede a pior perda
esperada ao longo de determinado intervalo
de tempo, sob condições normais de mercado e dentro de determinado nível de confiança” (JORION, 1998, p. 82). Em geral, as projeções são feitas para um curto período de
tempo e o intervalo de confiança é de 99 ou
95%. Como na determinação do numerador,
esta parte do modelo também apresenta a
dificuldade de cálculo da perda esperada e,
conseqüentemente, da perda inesperada.
A literatura financeira (JORION, 1998;
CHRISTOFFERSEN, HAHN e INOUE, 1999;
SAUNDERS, 2000; BAMS, JEHNERT e WOLFF, 2001; SECURATO, 2002; CROUHY, GALAI
e MARK, 2004; DUARTE JÚNIOR, 2005; AUSSENEGG e MIAZHYNSKAIA, 2006) discute
duas abordagens à determinação do VAR: (a)
não paramétrica (simulações históricas); e (b)
paramétrica.
Na abordagem não paramétrica coletam-se informações sobre os níveis atingidos pelas variáveis de mercado a cada dia
para um longo período do passado; e para
obter o VAR, recalcula-se o valor de mercado da posição financeira atual para cada um
dos níveis históricos das variáveis de mercado, até encontrar a pior perda no nível de
confiança desejado. (LEMGRUBER e OHANIAN, 2006, p. 114).
Na análise paramétrica, a distribuição dos lucros e/ou perdas do ativo e/ou
passivo é estimada com base em dados his-
If all the company’s revenues are
the result of sales on credit terms, Ri will
be equal to Ei.
3.1.2. The Denominator
of the Formula
Basically, the value of the investment
at risk used in the denominator of the RAROC
model is calculated using some type of VaR
formula, which “measures the worst loss that
can be expected over a given period of time,
in normal circumstances, within a given confidence interval” (JORION, 1998, p.82). As a
rule, such projections cover a relatively short
period of time, with a confidence interval of between 95% and 99%. As with the calculation
of the numerator, this part of the model suffers
from the difficulty in calculating expected losses and, consequently, unexpected losses.
The financial literature on this topic
(JORION, 1998; CHRISTOFFERSEN, HAHN
and INOUE, 1999; SAUNDERS, 2000; BAMS,
JEHNERT and WOLFF, 2001; SECURATO,
2002; CROUHY, GALAI and MARK, 2004;
DUARTE JÚNIOR, 2005; AUSSENEGG and
MIAZHYNSKAIA, 2006) discusses two approaches to calculating VaR: (a) non-parametric (historical simulations) approach; and (b) a
parametric approach.
In the non-parametric approach, information is collected on the values registered
by the pertinent market variables day by day
over a long period in the past. In order to obtain
a VaR, the market value of the current or proposed financial position is recalculated for each
of the historical levels for those market variables, until the worst loss within the selected
confidence intervals is arrived at. (LEMGRUBER and OHANIAN, 2006, p. 114).
In the parametric approach to analysis, the distribution of the gains and/or losses on the asset(s) and/or liability(ies) is either
63
tóricos, ou determinada a priori a partir de
uma distribuição de probabilidade conhecida, como a normal ou t-Student. Nesse caso,
são obtidas estimativas das médias e desvios-padrão, e se tiver trabalhando com carteiras de ativos e/ou passivos obtêm-se correlações das séries dos lucros e/ou perdas.
Esses parâmetros, utilizados tanto de forma
analítica como em uma simulação de Monte Carlo, permitem calcular a perda de pior
hipótese no nível de confiança desejado de
uma posição financeira.
Para fins de exemplificação, simplificação e fundamentação do presente modelo, será adotada uma medida de VAR
paramétrica. A Equação 6 mostra o cálculo do VAR em função das variáveis adotadas no modelo:
estimated based on historical data, or it is determined a priori from a probability distribution
curve such as the normal or Student’s t-distribution curve. In this case, estimates of averages and standard deviations are obtained, and, if
the estimates involve portfolios of assets and/
or liabilities, correlations are obtained from the
track records of gains and/or losses. These parameters, which can be used either analytically or in a Monte Carlo simulation, make it possible to calculate the losses from a given financial position in the worst possible hypothesis
within the desire confidence interval.
In order to exemplify, simplify and illustrate the basis for this model, a parametric VaR measure will be adopted. Equation 6
shows the VaR calculation in function of the
variables adopted in the model:
VAR i = PI i - Pi
Em que, Pi é a perda esperada e PIi
é a pior perda no nível de confiança desejado, e seu cálculo se dá de acordo com a
Equação 7:
Where Pi is the expected loss and
PIi is the worst possible loss at the desired
confidence interval. The calculation can
be seen in Equation 7:
PI i = c x σ j x LGDj
Onde, LGDj é definido na Equação 4,
c é a variável padronizada Z com distribuição normal e σj representa o desvio-padrão
da probabilidade de inadimplência do cliente
dada a classe j de risco de crédito em que ele
se encontra.
Para melhor entendimento do cálculo
da perda inesperada veja-se o seguinte exem-
(6)
(7)
Where LGDj is as defined in Equation 4, c is the standard Z variable with a
normal distribution and σj represents the
standard deviation of the probability of default given the risk category j to which the
client belongs.
The following example will help better understand the calculation of unexpected
64
plo: a Empresa Padrão adota como política
uma perda líquida limite de 1% sobre o seu faturamento, dessa forma, 99% das vendas da
empresa serão convertidas efetivamente em
faturamento, sendo este, portanto, seu nível de
confiança. Através desse nível de confiança e
com uma tabela de distribuição normal é possível encontrar o c desejado.
Considerando que a Empresa Padrão
já tenha a LGDj, ela pode calcular o valor do
desvio-padrão da perda, obtido pela aproximação da distribuição da binomial, da seguinte forma:
σj =
losses: a Model Enterprise establishes as policy a limit for net losses equivalent to 1% of
sales revenues. In other words, 99% of the
company’s sales will be effectively converted
into effective sales revenues. This is its confidence interval. Using this confidence level
and a normal distribution curve, it is possible
to calculate the desired c.
Considering that this Model Enterprise already has its LGDj, it can calculate the
value of the standard deviation of the loss, obtained by approximation to the binomial distribution, as follows :
√EDFj (1 - EDFj)
Desse modo, a expressão geral do denominador do modelo será:
(8)
Thus the denominator of the model
can in broad terms be expressed as follows:
VAR i = [cx √EDF j (1-EDF j) x E i (1-T j)] - [EDF j x E i (1-T j)]
3.2 Philosophy of the
General Formula and a
Proposal for Adjustment
3.2. Filosofia da Fórmula
Geral e Proposta de Ajuste
A fórmula geral da medida de decisão proposta no modelo, que livremente
chamou-se no trabalho de RAGOCi (risk-adjusted gain on credit), resume-se como na
equação 10:
RAGOC i=
(9)
The general formula for the decision criteria proposed in the model, which
has been generally denominated RAGOCi
(Risk-adjusted Gain on Credit), can be summarized as in Equation 10:
R i -CTV i -[EDF j xE i (1-T j)]
[cx √EDF j (1-EDF j)xE i (1-T j)]-[EDF j xE i (1-T j)]
=
GA i
VAR i
(10)
65
A derivação do modelo RAGOCi carrega algumas premissas:
• O objetivo da empresa comercial é
“ganhar dinheiro hoje e sempre” e seu negócio é comprar e revender mercadoria (e
não emprestar dinheiro!). Ela concede crédito com o único intuito: vender mais mercadoria para ajudar cobrir seus custos fixos e
gerar lucro. Caso contrário, ela poderia perder importantes fontes de margens de contribuição (inclusive aquelas obtidas com as
vendas à vista), pois seus concorrentes assim o fazem.
• A primeira parte do numerador (Ri
– CTVi) traduz que a medida de rentabilidade relevante é o montante que o cliente contribui para cobrir os custos fixos da empresa
e gerar lucro. Os custos fixos existem independentes do volume de vendas (e no curto
prazo não são flexíveis), sendo assim, a verdadeira perda que a empresa tem caso não
efetive a venda (ou aumente o limite de crédito) para um bom cliente é a margem de
contribuição perdida pelo seu relacionamento com ele. Se a empresa não concedesse
crédito não existiriam custos fixos com manutenção de um departamento. Na existência de um departamento de crédito a receita
financeira seria, na verdade, uma “margem
de contribuição” para pagar os custos fixos
do departamento “e se sobrar, gerar lucro”
(por isso a justificativa de incluir as receitas
financeiras na soma das receitas totais obtidas com o cliente).
• A segunda parte do numerador
[EDFj x Ei (1 – Tj)] busca ajustar a medida do
ganho ao risco de crédito do cliente. Visto
que não é negócio da empresa “emprestar
dinheiro”, quanto ela espera efetivamente
ganhar com o fato de ter que conceder crédito para o cliente? A resposta a essa questão é: reduzir do ganho obtido do relaciona-
The derivation of the RAGOCi model
implies certain assumptions:
• The objective of the commercial
enterprise is to “earn money today and every
day” and its business is buying and selling
merchandise (and not lending money!). It has
only one reason for granting credit: to sell more
merchandise and help cover its fixed costs and
generate profits. Were it to act otherwise, it
could lose important contribution margins (including those obtained from cash sales), since
its competitors offer the same.
• The first part of the numerator (Ri –
CTVi) shows that the most appropriate measure
of profitability is how much the client contributes to covering the company’s fixed costs and
to generating profits. Fixed costs are independent of sales volume (over the short term, they
are not even flexible). Therefore the true loss
that the company will suffer if it does not make
the sale (or increase the credit limit) to a good
client is the contribution margin it loses due to
the relationship with the client. If the company did not extend credit terms, there would be
no need to incur the fixed costs of maintaining
a credit department. If it does maintain a credit
department, the company’s financial revenues
should really be seen as a contribution margin
towards paying the fixed costs of the credit department and, “if there is anything left over, to
making a profit” (which is also a justification for
including financial revenues in the total income
generated by a given client).
• The second part of the numerator
[EDFi x Ei (1 – Ti) tries to adjust the measurement of profitability by the client credit risk.
Given that “lending money” is not part of the
company’s business, how much should it expect to effectively earn from the fact of being obliged to extend credit terms to its clients? The answer to this question is: deduct
from the gains obtained from the relationship
66
mento com o cliente a perda esperada devido à concessão do crédito. Nesse caso, a
perda esperada é balanceada conforme o
risco de crédito do cliente.
• O denominador da fórmula tem o
intuito de “normalizar” os valores para que
se tornem comparáveis entre os clientes.
Como o GAi (numerador) não é comparável
porque os clientes têm portes diferentes, a
melhor forma de normalizar esses valores é
dividi-lo pelo efetivo investimento que está
em risco. Em nosso caso, utilizamos uma derivação das medidas VAR para exemplificar
o modelo.
Até o momento relegou-se a variável
“tempo” na análise. Caso não esteja modelada na variável Tj ou Ei, o fator “tempo” de
pagamento das dívidas do cliente para com
a empresa pode impactar a tomada de decisão baseada na medida RAGOCi.
Considere uma situação em que dois
clientes X e Y são semelhantes (risco de crédito, limite de crédito, negociação média
etc.) e com mesma estimativa, exceto que o
prazo médio de recebimento (PMR) do cliente X é de 30 dias e o PMR do cliente Y é de
60 dias. Nesse caso, considerando o período
de dois meses, o ganho obtido com o cliente X poderia ser incrementado sem risco adicional, pois basta reaplicar o ganho por mais
30 dias à taxa livre de risco (IF).
Através dessa situação, uma proposta natural e simples de ajuste para que
o dos dois clientes se torne comparável, seria transformar essa taxa para refletir o custo de oportunidade do dinheiro da empresa. Dessa forma, basta descontar a taxa por
uma taxa livre de risco.
Considerando um horizonte anual
(360 dias), a medida RAGOCi descontada
ao custo de se investir sem risco ficaria da
seguinte forma:
with the client the expected losses from being
obliged to extend credit terms. Depending on
the level of client credit riskiness, the expected loss will be outweighed.
• The purpose of the denominator of
the formula is to “normalize” these values so
that they can be compared between different
clients. Because GAi (numerator) is non-comparable because customer profiles differ, the
best way to smooth out these figures is to divide them by the effective investiment at risk.
In our case, we used a derivation of VAR measurements to exemplify the model.
So far, the “time” variable has been
relegated to a secondary position in the analysis. Unless it is modeled in the Tj or Ei variable,
the “time” factor in the payment by the client of
its debts to the company can have an impact on
the decision taken based on RAGOCi.
Consider a situation in which two
clients, X and Y, are very similar (credit risk,
credit limit, average ticket size etc.) and have
the same RAGOCi estimate, but with one
important difference: that the average tenor (PMR) of client X’s receivables is 30 days,
while that of client Y is sixty days. Compared
with the 60 day tenor of client Y’s receivables,
the gains from client X can be increased without additional risk. The company only has to
reinvest the gain for 30 more days at the riskfree interest rate (IF).
In a situation like this, the natural
and simple adjustment needing to be made
in order that the RAGOCi of the two clients
become comparable, would be to adjust this
rate to reflect the company’s opportunity cost
of money. All that needs to be done is to discount the RAGOCi using the risk-free rate.
Assuming a one-year (360 days)
horizon, the RAGOCi measurement, discounted at the cost of a risk-free investment, would look like the following:
67
RAGOC’i =
(1 + RAGOC i)
(1 + IF )
Onde, RAGOC’i livremente chamouse de adjusted risk-adjusted gain on credit
do cliente i; RAGOCi é o risk-adjusted gain
on credit (equação 10); PMRi o prazo médio
de recebimento com o cliente i em dias; I F
é a taxa anual livre de risco (podendo-se
usar a SELIC, CDI ou Poupança).
O prazo médio de recebimento da
empresa pode ser obtido mediante os balanços periódicos através da seguinte formulação.
PMR i
360
Where RAGOC’i represents the i client’s adjusted risk-adjusted gain on credit extended to client i; where; RAGOCi is the riskadjusted gain on credit (Equation 10); where
PMRi is the average payment tenor of client i
in number of days; and IF is the annual riskfree rate (the benchmark SELIC rate, the CDI
interbank rate or the passbook savings account rate can all be used).
The average tenor of a client’s receivables can be calculated from its financial
statements, using the following formula:
PMR i = 360 [DR/V] = 360/G i
Onde, DR representa a média das
duplicatas a receber do ano analisado; V
é o volume de vendas do ano analisado; e
G i representa o giro (rotação) das duplicatas a receber (V/DR). A equação 12 mostra o PMRi da empresa e não de um cliente específico. Para o cálculo de um cliente isoladamente, deve-se analisar os prazos de suas compras e ponderar pelo valor
dos seus títulos.
No entanto, o PMRi como tradicionalmente calculado, pode acarretar sérios
problemas na presente proposta. Na prática, as empresas comerciais concedem um
“crédito pré-determinado e rotativo” para
seus clientes: qualquer compra que não ex-
(11)
(12)
Where DR represents the average
volume of receivables during the year under
analysis; V is the sales volume for the same
year; and Gi represents the receivables turnover (V/DR). The PMRi given in Equation 12
is that of the company, not that of any one
specific client. In order to perform this calculation for a client on its own, it would be
necessary to analyze the payment terms of
its purchases and weight the same by value
of such payables.
However, the PMRi as traditionally
calculated, can cause serious problems for
our current purposes. In practice, commercial enterprises establish a “pre-determined
and revolving credit limit” for their clients: as
68
a rule, any purchase that does not go over the
limit is automatically approved.
If client A pays for his purchases
on average in 7.5 days and has a credit limit of R$10,000, this means that he can purchase approximately R$40,000 a month
from the commercial enterprise without
necessarily going through any credit analysis. He can turn his credit limit over 4
times in the month. If client B has a credit limit of R$20,000, but rarely makes purchases in an amount of over R$5,000 per
month, his credit limit turnover is 0.25.
In any such situation, the investment
at risk is the credit limit granted: Client A with
a R$10,000 limit and using it to the hilt can purchase up to this amount and then default; client B, without even going over his R$20,000
limit, could tomorrow purchase merchandise
worth up to that amount and fail to pay a penny of the R$20,000 he owes. A further point
is that the unused portion of a revolving credit, in conditions where credit constraints are a
reality, is an under-utilization of resources: the
R$15,000 that Client B does not use could be
allocated to another client of equal risk characteristics, with a real use for that credit limit.
From this point of view, it becomes
fundamentally important to understand the
turnover of the “revolving credit” in order to extract information from the PMRi. This variable
no longer has its traditional implications for the
model, but will reflect the time taken for the
credit limit to become, once again, totally available for use by the client. Assuming annual
sales data, the following, then, applies:
ceda o limite de crédito, em geral, é automaticamente aprovada.
Se o cliente A compra em média com
7,5 dias de prazo e tem um limite de R$ 10 mil
reais, significa que ele pode comprar em torno
de R$ 40 mil reais da empresa no mês sem necessariamente passar pela análise de crédito,
ou seja, ele tem um giro de 4 vezes o limite ao
longo do mês. Se o outro cliente B possui limite de R$ 20 mil reais, mas raramente faz compras superiores a R$ 5 mil reais mensais, terá
um giro de 0,25.
Em qualquer situação, o investimento
que está exposto ao risco é o limite de crédito concedido: o cliente A com limite de R$ 10
mil reais e utilizando-o completamente poderá
comprar até esse valor e tornar-se inadimplente; e o cliente B, mesmo com limite de R$ 20 mil
reais e não superando esse patamar, amanhã
poderá fazer compras nesse valor e deixar de
pagar o valor integral de R$ 20 mil reais. Ressalta-se ainda que crédito rotativo não utilizado, numa situação que existe restrição financeira, é subutilização de recursos: o valor de
R$ 15 mil reais não utilizado pelo cliente B poderia ser alocado a outro cliente de igual risco
que necessitasse do crédito.
Sob essa perspectiva torna-se de fundamental importância o conhecimento do giro
do “crédito rotativo” para extrair informação
do PMRi. Para o modelo esta variável não tem
mais o significado tradicional, mas traduzirá o
tempo que o limite de crédito torna-se, mais
uma vez, totalmente disponível para ser usado
pelo cliente. Nessas condições, supondo dados anuais de vendas, tem-se:
PMR’i = 360
Li
[E ]
i
(13)
69
Em que, PMR’i representa o prazo
médio de reconstituição do limite de crédito do cliente i em dias; Li é o limite de crédito concedido ao cliente i; Ei é o nível de crédito praticado, ou valor das vendas a prazo,
pelo cliente i.
3.3. Tomada de Decisão
com RAGOC´i
Estimada a medida RAGOC’i (Equação 11) para cada cliente da empresa, como
proceder para tomada de decisão sobre
concessão de crédito tendo como base o
modelo proposto? Uma alternativa de tomada de decisão proposta no trabalho será
a classificação por faixa de rentabilidade e
por faixa de risco, a qual será chamada de
matriz conjunta de rentabilidade-risco.
A partir de uma análise agregada
de toda empresa, pode-se calcular a distribuição de probabilidades das medidas
RAGOC’i e propor ratings destas rentabilidades. Essa classificação é flexível o suficiente de forma a contemplar diversas propostas: 1) classificação dos clientes independente do grau de risco; 2) categorização dos clientes por faixa de risco; 3) de
posse da distribuição de probabilidade da
taxa RAGOC’i, sob a hipótese 1 e 2, temse a opção de segregar esta distribuição:
a) mediana; b) média; c) quartis; d) decis;
ou e) outra classificação estatística. Feito
isso far-se-á uma classificação que leve em
conta o risco de crédito do cliente e o modelo proposto, ou seja, uma matriz conjunta de rentabilidade versus risco.
Para exemplificar, considere dada a
distribuição de probabilidade das rentabilidades dos clientes com classificação AAA
e que lhe dividiu em duas partes a partir
da média: rentabilidades acima da média
são classificadas como A e abaixo como B.
where PMR’i represents the average
number of days for the credit limit to become
available once more to client i; Li is the credit limit granted to client i; Ei is the volume of
credit granted, or the value of sales on credit by client i.
3.3. Taking Decisions
with RAGOC´i
Once the RAGOC’i measurement
has been estimated (Equation 11) for each
of the company’s clients, what is the next
step towards reaching a decision to grant
credit or not, using the proposed model?
One way for taking such decisions as proposed in this model is to classify clients by
profitability and risk brackets, which will
be called a joint risk-reward matrix.
Through a comprehensive analysis of each client, a probability distribution of the RAGOC’i measurements can
be calculated and a ranking of these profitabilities be proposed. Such a classification is sufficiently flexible to adapt to different proposals: 1) classification of clients
irrespective of credit risk; 2) ranking of clients by level of risk; 3) once in possession of the probability distribution of the
RAGOC’i rates, under 1) and 2) there exists
the option of segregating this distribution
into a) medians b) averages c) quartiles d)
deciles or e) any other statistical classification. Once this is done, a classification
can be made that takes into account the
credit risk of the client and the model proposed here; in other words, a joint risk-reward matrix.
By way of example, imagine a probability distribution of the profitability of clients classified AAA, divided into two halves
at the middle: above-average returns are
classified as A and below-average returns
70
Se a média da distribuição de probabilidades das rentabilidades dos clientes AAA
foi 150%, e têm-se dois clientes, X e Y, respectivamente com medidas RAGOC’i 170%
e 120%, pode-se classificá-los como AAAA
e AAAB. A primeira classificação (cliente X) indica que ele tem baixíssimo risco
(AAA) e rentabilidade ajustada ao risco de
crédito acima da média (A). A classificação
do cliente Y indica que ele é de baixo risco (AAA), porém não tem uma rentabilidade ajustada ao risco de crédito muito boa
como os demais clientes da mesma faixa
de risco.
4. Aplicação Prática
do Modelo
Essa seção buscará aplicar o modelo
apresentado no capítulo anterior numa empresa comercial do ramo atacadista-distribuidor. Para estimar as variáveis relevantes
do modelo fez-se uso de uma base de dados
de 9.381 clientes ativos. Para levantamento
da amostra selecionaram-se os clientes ativos da empresa com um histórico maior que
seis meses. Essa quantidade tem validade
estatística por ser representativa na quantidade total de clientes ativos da empresa e
o período mínimo de 6 meses +de histórico
é justificável por que neste tempo é possível conhecer o perfil de compras do cliente, e também por ser este o prazo necessário para cálculo do behavioral scoring da empresa em questão.
Num primeiro momento torna-se interessante mostrar como comporta a medida definitiva de rentabilidade adotada (RAGOC’) em relação às classes de risco da empresa. A Tabela 1 apresenta como estão dispostos os clientes em relação aos ratings de
crédito, assim como algumas estatísticas
descritivas da variável RAGOC’.
classified as B. If the average of the probability distribution of the profitability of the
AAA clients is 150%, and there are two clients, X and Y with RAGOC’i measurements
of 170 and 120%, respectively, they could be
classified as AAAA and AAAB. The first
classification (client X) indicates that he offers extremely low risk (AAA) and an aboveaverage credit risk-adjusted return for the
company. The classification of client Y indicates that he is also extremely low risk
(AAA) but that the credit risk-adjusted return he offers the company is not as good
as other clients in the same risk category.
4. Practical Application
of the Model
This section deals with the application of the model presented in the previous
chapter in a real-life commercial enterprise
in the distribution/wholesaling business. A
data base of 9,381 active clients was used
in order to estimate the relevant variables.
Only active clients with over six months experience with the enterprise were selected
to be part of the sample. These numbers
have statistical validity since they are representative of the total universe of the enterprise’s clientèle and the minimum six
months of experience as a client is justified
by being a sufficiently long period of time
for the enterprise to become familiar with
the client’s purchasing patterns and calculate the client’s behavioral scoring.
Before anything else, it is interesting to show how the profitability measure adopted (RAGOC’) behaves
in relation to the different client credit
risk categories. Table 1 shows how the
clients are ranked by credit risk ratings
and by certain descriptive statistics of
the RAGOC’ variable.
71
Tabela 1
Estatísticas descritivas da amostra do RAGOC’ por rating
Rating de
Risco
Nº Clientes
AAA
AA
A
Mediana
Coef.
Variação
422,82%
427,52%
54,43%
231,57%
238,72%
59,32%
12,2%
113,16%
118,95%
69,11%
410
4,4%
108,57%
108,45%
56,88%
194
2,1%
107,34%
112,85%
51,52%
Frequência (%)
Média
3.904
41,6%
3.073
32,8%
1.141
BBB
BB
B
274
2,9%
73,41%
69,58%
73,98%
CCC
156
1,7%
43,14%
44,31%
65,17%
CC
196
2,1%
20,97%
21,45%
70,17%
C
33
0,4%
11,67%
11,04%
164,68%
Total
9.381
100,0%
275,89%
240,74%
91,58%
Table 1 Sample RAGOC’ descriptive statistics by risk rating
Risk rating
Nr, Clients
Frequency (%)
Average
Median
Coef. of
Variation
AAA
3,904
41.6%
422.82%
427.52%
54.43%
AA
3,073
32.8%
231.57%
238.72%
59.32%
A
1,141
12.2%
113.16%
118.95%
69.11%
BBB
410
4.4%
108.57%
108.45%
56.88%
BB
194
2.1%
107.34%
112.85%
51.52%
B
274
2.9%
73.41%
69.58%
73.98%
CCC
156
1.7%
43.14%
44.31%
65.17%
CC
196
2.1%
20.97%
21.45%
70.17%
C
33
0.4%
11.67%
11.04%
164.68%
Total
9,381
100.0%
275.89%
240.74%
91.58%
Através do desvio-padrão em cada
classe de risco, pode-se obter o coeficiente
de variação descrito na Tabela 1. Essa medida
possibilita identificar a homogeneidade dentro de cada classe de risco. Evidencia-se que
o coeficiente de variação dos clientes AAA é
baixo em comparação com os demais rating
de risco, com tendência de crescimento até o
rating A, para depois reduzir e crescer nova-
By dint of using the standard deviation in each risk category, the coefficient of
variation described in Table 1 can be obtained.
This makes it possible to identify the homogeneousness within each risk category. It can be
seen that the coefficient of variation of AAA clients is low when compared with that of other risk rating categories. It tends to rise until
it reaches the A rating, after which it decreas-
72
mente até a classe B. A partir da classe CCC,
a heterogeneidade dentro da classe aumenta
quando comparado com o rating AAA. Essa
informação demonstra que clientes de mais
baixo risco (AAA a A) são mais homogêneos
ao compará-los com os clientes de mais alto
risco (CC e C).
Diversas poderiam ser as propostas
de rating de rentabilidade: desde a categorização baseada em medidas estatísticas até a
classificação subjetiva com embasamento teórico a priori. Para fins de simplificar o entendimento, propõe-se nessa aplicação dividir a
distribuição da variável RAGOC´ em decis em
função da quantidade de clientes da amostra
(Ver Tabela 2).
Tabela 2
es and then rises again until it reaches the B
rating. Moving on into the CCC rating categories, the heterogeneousness of the category increases compared with the AAA rating. These
findings show that lower risk clients (AAA to
A) are more homogeneous in comparison with
the riskier clients (CC and C).
Many types of proposals can be
made for profitability ratings: from categories
based on statistical measurement to subjective classification based on a prior theoretical grounding. In order to make things easier to understand, it is proposed here to divide the distribution of the RAGOC’ variable
into deciles, reflecting the quantity of clients
in the sample (See Table 2).
Rating de rentabilidade da amostra
Rating de
Rentabilidade
Faixa
RAGOC’
Média
Mediana
Nº Clientes
Frequência (%)
AAA
> 581,57%
715,44%
680,17%
938
10,0%
AA
581,57% 456,43%
514,85%
513,14%
938
10,0%
A
456,42% 370,07%
411,48%
409,88%
938
10,0%
BBB
370,06% 300,39%
335,05%
336,22%
938
10,0%
BB
300,38% 240,78%
270,19%
270,42%
938
10,0%
B
240,77% 182,81%
211,65%
211,32%
938
10,0%
CCC
182,80% 135,39%
158,84%
158,64%
938
10,0%
CC
135,38% 88,85%
111,83%
111,62%
938
10,0%
C
88,84% 34,09%
61,67%
61,95%
938
10,0%
D
< 34,09%
Total
-32,03%
1,79%
938
10,0%
275,89%
240,74%
9.380
100,0%
73
Table 2 Profitability ratings of the sample
Profitability
rating
RAGOC’
Bracket
Average
Median
Nr, Clients
Frequency (%)
AAA
> 581.57%
715.44%
680.17%
938
10.0%
AA
581.57% 456.43%
514.85%
513.14%
938
10.0%
A
456.42% 370.07%
411.48%
409.88%
938
10.0%
BBB
370.06% 300.39%
335.05%
336.22%
938
10.0%
BB
300.38% 240.78%
270.19%
270.42%
938
10.0%
B
240.77% 182.81%
211.65%
211.32%
938
10.0%
CCC
182.80% 135.39%
158.84%
158.64%
938
10.0%
CC
135.38% 88.85%
111.83%
111.62%
938
10.0%
C
88.84% 34.09%
61.67%
61.95%
938
10.0%
D
< 34.09%
Total
-32.03%
1.79%
938
10.0%
275.89%
240.74%
9,380
100.0%
Os ratings seguem a nomenclatura tradicional (por letras) e o escore de classificação em
cada rating baseia-se no valor da variável RAGOC’:
como exemplo, valores com RAGOC’ superiores a
581,57% são classificados em AAA, e clientes abaixo de 34,09% classificados em D. Note que nos extremos, em AAA e D, as distribuições das rentabilidades não são tão simétricas como na classificação por risco de crédito.
Uma classificação conjunta que leva em
conta o risco e a rentabilidade do crédito pode
sofrer tanto variações quanto são as propostas
individuais de classificação. Como extensão da
classificação por decis de rentabilidade discutida acima, tem-se a Tabela 3, em que se evidencia a frequência absoluta cruzada entre os ratings de risco e rentabilidade.
The ratings follow the traditional
categories (letters of the alphabet) and the
score attributable to each rating category is
based on the value of the RAGOC’ variable:
for example. RAGOC’s higher than 581.57%
are rated AAA, while clients scoring less that
34.09% are rated D. Note that at the extremes
(AAA and D) the distribution of the profitability is not as symmetrical as in a classification
by quality of credit risk.
A joint rating taking into account
both credit risk and credit profitability can
have as many variations as there are individual rating proposals. Table 3, as an extension
of the rating by profitability deciles discussed
above, gives the absolute frequency of risk
ratings crossed with profitability ratings.
74
Tabela 3 Matriz de rentabilidade e risco da quantidade de clientes da amostra
Rating de
Rentabilidade
Rating de Risco
AAA
AA
A
BBB
BB
B
CCC
CC
C
AAA
915
22
0
0
0
1
0
0
0
AA
824
114
0
0
0
0
0
0
0
A
637
299
2
0
0
0
0
0
0
BBB
438
492
7
0
1
0
0
0
0
BB
300
589
42
6
1
0
0
0
0
B
219
504
163
37
14
2
0
0
0
CCC
176
361
251
98
40
12
0
0
0
CC
127
263
275
122
75
68
8
0
0
C
94
196
224
102
40
153
95
33
1
D
174
233
177
45
23
38
53
163
32
Total
3.904
3.073
1.141
410
194
274
156
196
33
Table 3 Profitability and risk matrix of the clients in the sample
Profitability
Rating
Risk Rating
AAA
AA
A
BBB
BB
B
CCC
CC
C
AAA
915
22
0
0
0
1
0
0
0
AA
824
114
0
0
0
0
0
0
0
A
637
299
2
0
0
0
0
0
0
BBB
438
492
7
0
1
0
0
0
0
BB
300
589
42
6
1
0
0
0
0
B
219
504
163
37
14
2
0
0
0
CCC
176
361
251
98
40
12
0
0
0
CC
127
263
275
122
75
68
8
0
0
C
94
196
224
102
40
153
95
33
1
D
174
233
177
45
23
38
53
163
32
Total
3,904
3,073
1,141
410
194
274
156
196
33
Essa Tabela traz informações contundentes para tomada de decisão em crédito:
clientes de mais baixo risco são os que apresentam maior rentabilidade, entretanto essa
afirmação não é regra geral. Existem clientes
de baixo risco de crédito que apresentam rentabilidade baixa ou até negativa, assim como existem clientes com risco alto e boa rentabilidade,
no entanto, com uma menor probabilidade de
The information in this Table provides
crucial input for the credit decision-taking process: lower-risk clients are the very ones offering the greatest profitability, although the rule
cannot be generalized. Certain low-risk clients
offer low or even negative returns, the same
way that certain high-risk clients offer excellent
returns, though the probability is lower. Analyzing the lowest-risk clients (AAA), it can be
75
ocorrência. Quando se analisam os clientes de
baixíssimo risco (AAA), nota-se que existem 94
clientes com rentabilidade na classificação C
(baixa) e 174 com a classificação D (negativa).
Considerando que a empresa estudada
tem como meta uma perda líquida de 0,15%, os
clientes acima do rating de risco B não teriam
crédito aprovado, totalizando conforme a Tabela
3, 659 clientes. Porém, grande parte dos clientes (acima do rating C) estão com rentabilidade
superior ao Retorno sobre o Investimento (RSI)
da empresa que foi de 33,63% nos seis meses
de histórico estudado no trabalho, o que possibilita concluir que eles poderiam ter crédito
aprovado mesmo estando em um nível de risco
não-aceitável pela empresa.
Considerações Finais
O fato de o crédito ser um ativo como
caixa, banco e estoques, não o faz ser tratado como um investimento pelas empresas
comerciais, elas não mensuram a rentabilidade do crédito para tomada de decisão na
concessão, ou mesmo se este ativo está otimizando o ganho da empresa. Neste tipo de
empresa, a tomada de decisão na concessão
de crédito é baseada, praticamente, no risco
de crédito do cliente, ou seja, se o cliente é
de baixo risco concede-se limite, se ele é de
alto risco não se concede limite.
Para cálculo do valor do limite disponibilizado ao cliente, utilizam-se referenciais
de grandeza: faturamento bruto, capital social, volume de compras realizado no mercado etc.; e o risco de crédito calculado para o
cliente. No entanto, a decisão de concessão
de crédito que leva em consideração apenas
o risco de crédito e o porte do cliente pode
ocasionar em decisões incorretas para otimizar a riqueza do sistema.
Um cliente de baixo risco e limite alto
não necessariamente proporciona rentabi-
seen that 94 of them have a C profitability rating (low) and 174 actually have a D (negative
profitability) rating.
Considering that the Company
where the model was tested has 0.15% target
for net losses, it would not approve any applications rated B or worse, a total of 659 clients in
all, as can be seen from Table 3. On the other
hand, a large majority of clients rated C or better offer gains higher than the Company’s Return on Investment (RSI), which was 33.63%
for the six month period analyzed for this paper, leading one to conclude that credit facilities could, in fact, have been approved for such
clients, despite the Company not considering
them creditworthy.
Final Considerations
The fact that credit is an asset like
any other asset such as cash, bank balances
or inventories has not resulted in it being treated as an investment by commercial enterprises. They fail to factor in the return on credit when making their decisions regarding the
granting of credit and fail to analyze whether
the proposed credit is maximizing the gains to
the company. In this kind of enterprise, the decision to grant credit or not is based in practice,
on the client’s creditworthiness. If the client is
low-risk, the credit limit is granted; if the client
is high-risk, the answer is no.
To calculate the volume of the limit
they should grant the client, commercial enterprises rely on criteria of size: gross sales revenue, net worth, volume of purchases etc. as
well as the calculation of the company’s credit
risk (rating). A credit decision, however, based
solely on estimates of credit risk and the size of
the client can lead to decisions that fail to maximize returns.
A low-risk client with a high credit
limit will not necessarily offer the best return
76
lidade para empresa em termos de concessão de crédito, devendo este desempenho
ser ajustado às mercadorias adquiridas pelo
cliente e a rotatividade do crédito utilizado,
ou seja, deve-se também analisar a rentabilidade da concessão de crédito.
O objetivo principal deste trabalho foi
justamente a apresentação de um modelo de
mensuração da rentabilidade da concessão
de crédito ajustado ao risco de crédito para
empresas comerciais. A fórmula para cálculo
dessa rentabilidade chamada livremente aqui
de RAGOCi (risk-adjusted gain on credit) ficou
da seguinte forma:
RAGOC i=
on credit limits granted. A commercial enterprise needs also to take into account the type
of merchandise a client purchases, how frequently it uses the credit limit at its disposal.
In other words, a company needs to also analyze the overall profitability of the credit facilities granted.
The principal objective of this paper
is precisely to present a model for commercial
enterprises to measure the risk-adjusted returns from the granting of commercial credit.
The formula for calculating such returns, here
loosely referred to as RAGOCi (Risk-adjusted
Gain on Credit), ends up as follows:
R i -CTV i -[EDF j xE i (1-T j)]
[cx √EDF j (1-EDF j)xE i (1-T j)]-[EDF j xE i (1-T j)]
Ajustando o RAGOCi ao fator tempo e
descontando-o a uma taxa livre de risco, chegase à fórmula final apresentada no trabalho:
RAGOC’i =
GA i
VAR i
Adjusting RAGOCi for the time factor
and discounting it using the risk-free rate, one
arrives at the final formula of this paper:
(1 + RAGOC i)
(1 + IF )
Através do cálculo do índice de rentabilidade da concessão de crédito ajustado
ao risco de crédito, chegou-se à conclusão
de que a concessão para alguns clientes de
baixo risco não é viável quando esta taxa é
comparada com o retorno sobre o investimento da empresa. E o contrário também
se mostrou verdadeiro: clientes de alto risco
que têm taxa de rentabilidade da concessão
de crédito muito superior a clientes de menor risco, ou seja, a concessão em termos
de rentabilidade é viável enquanto pelo risco não seria.
=
PMR i
360
From the calculation of the risk-adjusted return on credit it can be concluded
that the granting of credit to certain low-risk
clients is not in a commercial enterprise’s own
interests when this rate of return is compared
with the company’s return on investment.
And the converse can also be true: higher-risk
clients may offer far higher returns on the
credit limits granted them than lower-risk clients, with the result that an approval of credit
limits is viable in terms of profitability, which,
from a strictly credit risk point of view, would
not be the case.
77
Autor/Author
Com a aplicação prática do modelo
foi possível concluir que a decisão de concessão de crédito não deve apenas considerar o risco de crédito, pois este pode ser em
situações de restrição de capital, e pode estar diminuindo a riqueza do sistema. Dessa
forma, a análise conjunta da concessão de
crédito pela classificação de risco de crédito
e pelo índice de rentabilidade da concessão,
se faz necessária e fundamental para que as
empresas comerciais tomem decisões acertadas e que essas decisões proporcionem aumento de riqueza aos acionistas.
From the practical application of the
model it was possible to conclude that the
decision to grant credit or not should not be
based solely on considerations of credit risk,
because issues of capital constraints may exist and credit risk-based decisions my end up
decreasing value for a commercial enterprise.
The joint analysis of credit applications from
the credit risk rating angle and from the profitability angle becomes a fundamental necessity
if commercial enterprises are to take the right
decisions and if these decisions are to increase
shareholder value.
Dany Rogers
é economista, contador, especialista em Finanças, mestre em Administração de empresas e Doutorando em Administração pela FGV/SP na linha de pesquisa Mercados Financeiros e Finanças Corporativas. É professor da Universidade Federal de Uberlândia e em MBA’s em Finanças e Projetos. Possui vários artigos publicados em Finanças no Brasil e exterior.
Ele pode ser contactado pelo e-mail [email protected].
is an economist and accountant who specializes in Finance and holds a Master’s degree in Business Administration and a Doctor’s
degree in Administration from FGV/SP in Financial Markets and Corporate Finance. He is a professor at the Universidade Federal de
Uberlândia and with Project Finance MBA programs. D. Rogers has published several articles on Finance in Brazil and abroad. He
can be contacted by email at [email protected].
Pablo Rogers
é Economista, Contador, Especialista em Estatística, Mestre em Administração de Empresas e Doutorando em Administração pela FEA/USP na área de Finanças. É professor de Finanças e Econometria Faculdade de Gestão e Negócios (FAGEN) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Coordenador do MBA em Gerenciamento de Projetos da FAGEN/
UFU. Atua como professor em cursos de Pós-graduação e possui mais de 80 artigos publicados nos principais congressos e periódicos da área de Negócios do Brasil e exterior. Seus artigos podem ser baixados do site pessoal: www.pablo.
prof.ufu.br e ele contactado pelo e-mail [email protected]
is and economist and accountant who specializes in Statistics and holds a Master’s degree in Business Administration and a
Doctor’s degree in Administration from FEA/USP in Finance. He is a Finance and Econometrics professor with the Management
and Business school – FAGEN of Universidade Federal de Uberlândia (UFU), and Coordinator of the Project Management MBA program at FAGEN/UFU. P. Rogers is a also a professor in several post-graduate programs and has presented and published more than
80 articles in the main Business conferences and periodicals in Brazil and abroad. His articles can be downloaded from his personal website, at www.pablo.prof.ufu.br, and he can be contacted by email at [email protected]
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79
Usando Ferramentas
Analíticas Champion/
Challenger para uma
Eficaz Estratégia de
Cobrança
Using Champion/Challenger
Analytical Tools for the
Optimum Collections Strategy
Mark Keyworth
80
A queda da atividade econômica
destacou o fato de que, após 15 anos de
um ambiente de cobranças estático e
tolerante, registra-se hoje uma pressão
significativamente maior sobre os
consumidores e sua capacidade de honrar a
amortização dos compromissos de crédito
assumidos. Isso desencadeou temores
entre os credores quanto aos seus níveis
de exposição a créditos de liquidação
duvidosa, aumentando o foco sobre a
eficiência de suas funções de cobrança.
Cada vez mais se admite que
embora as melhores estratégias de
risco de aquisição de clientes devam ser
constantemente revistas e reformadas
para garantir um desempenho ideal,
o mesmo processo não tem sido
aplicado às estratégias de cobrança.
Este artigo demonstra que o
uso da análise Champion/Challenger
pode melhorar continuadamente o
desempenho em cobrança neste ambiente
difícil e em constante mutação.
Necessidade de Mudanças
A velocidade da evolução da crise de
crédito em direção a uma recessão global surpreendeu a todos. Agora, em um panorama de
queda dos preços dos imóveis e de rápido crescimento dos níveis de desemprego, reduziramse os empréstimos e o crédito imobiliário sob
hipoteca, enquanto um número crescente de
consumidores luta para fazer frente aos compromissos assumidos.
Muitas áreas de cobrança têm tido dificuldades para lidar com tão drásticas mudança da dinâmica da economia e dos tomadores de crédito.
Historicamente, a concepção dos sistemas e procedimentos de gestão da dívida, criados para sustentar os negócios em tempos prósperos, esteve voltada para a estabilidade e a previsibilidade operacio-
The economic downturn
has highlighted that, after 15
years of a static and fairly forgiving
collections environment, there are now
significantly increased pressures on
consumers and their ability to meet
repayments on credit commitments.
This has sparked greater fears among
lenders about their exposure levels
to bad debts and, as a result, there
is increased focus on the efficiency
of their collections function.
It is increasingly recognised
that while the best customer acquisition
risk management strategies need to
be constantly reviewed and amended
to ensure that they are performing
optimally, the same process is not
being applied to collections strategies.
This paper demonstrates the
use of Champion/Challenger analysis
as a means to continuously improve
collections performance in this rapidly
changing and challenging environment.
The Need for Change
The speed at which the credit crisis is developing into a global recession has taken everyone unawares. Now,
set against a backdrop of collapsing house
prices and rapidly growing unemployment
levels, increased charge offs and mortgage
defaults are widespread as greater numbers of consumers struggle to service debt
commitments.
But many collections operations
are struggling to cope with such a dramatic
change in economic and borrower dynamics. Historically, the design of debt management systems and procedures, set up to support business through the good times, has
typically been aimed at achieving collection
81
nais da cobrança, e não para permitir flexibilidade e
rapidez na implementação de mudanças. Isso está
se tornando questão primordial e as instituições
tentam resolver rapidamente o problema de suas
carteiras em franca deterioração.
A questão se agravou diante do fato de
que — compreensivelmente — muitos gestores
de cobrança não estão dispostos a assumir o risco
de proceder a mudanças generalizadas em estratégias de cobrança, anteriormente bem sucedidas,
que podem redundar em perdas ainda maiores. Em
vez disso, muitos deles se concentram em tentativas de elevar a produtividade através de mudanças
meramente operacionais; aumentando os recursos
de pessoal, adotando novas tecnologias de call center ou recorrendo à venda antecipada de dívidas e a
maiores taxas de baixa.
Agora, prioritariamente, o sucesso da cobrança depende da capacidade das instituições
em garantir a adoção constante da estratégia ideal
para cada devedor. O desafio em tempos de turbulência é determinar qual será estratégia.
O segredo está em desenvolver metodologias de teste e aprendizado que permitam aplicar
novas estratégias ou roteiros em tempo real e sem
impacto sobre as atividades de cobrança. Isso permite minimizar o risco de perda associado a mudanças e, ao mesmo tempo, determinar os benefícios por meio de evidências concretas.
O método Champion/Challenger é um processo evolutivo que tem por meta aprimorar constantemente os procedimentos existentes e abordar proativamente um mundo em perene mudança. Essencialmente, trata-se de formalizar o processo de dar resposta às perguntas do tipo “e se?” que
os profissionais de cobrança fazem regularmente a
si mesmos.
O que é o Teste
Champion/Challenger?
“Champion/Challenger” é o termo usado para descrever a maneira como a atual estra-
operational stability and predictability rather
than allowing for flexibility and speed of implementing change. This is now becoming a
major issue as organisations try to address
rapidly deteriorating portfolios.
This has been compounded by
the fact that many collections managers
are, understandably, unwilling to take the
risk of making widespread changes to previously successful collections strategies
for fear of further losses. Instead, many
focus on trying to increase throughput by
making operational changes only; ramping
up staffing resource, deploying new dialer
technology or resorting to earlier debt sale
and higher write-offs.
But now, more than ever, collections success depends on the ability of organisations to ensure that at any given time,
the most optimum strategy for each debtor is
being applied. The challenge in such turbulent times is determining that strategy.
The key is to develop test and learn
methodologies that enable new strategies or
treatment paths to be tested in real time with
no impact to ongoing collections activity. This
allows any downside risk of change to be minimised whilst allowing for the upside benefits
to be determined using factual evidence.
Champion/Challenger is an evolutionary process aimed at continually trying
to improve upon the current procedures and
proactively addressing an ever-changing collections world. In essence, it formalises the
process of answering the ‘what if’ questions
collections professionals ask themselves on
a regular basis.
What is Champion/
Challenger Testing?
Champion/Challenger is terminology
used to describe the way in which the existing
82
tégia de cobrança (“Champion”) é rotineiramente
testada em relação a uma abordagem alternativa (“Challenger”). Para garantir a precisão, a Challenger deve ser testada num ambiente real, porém
controlado para evitar perdas financeiras. Assim,
a Challenger é desenvolvida e projetada com informações recentes sobre os clientes e implementada em uma amostra pequena e estatisticamente robusta, monitorando os resultados com muita atenção.
Se a estratégia Challenger apresentar desempenho superior ao da existente, a Champion
poderá, então, ser aplicada a uma proporção muito maior da carteira para dar continuidade ao processo de validação, ou até mesmo tornar-se a
Champion, aplicada à maior parte da carteira.
É igualmente muito importante aplicar rapidamente a nova estratégia para maximizar seus
benefícios e, ao mesmo tempo, permitir a concepção e implementação da próxima Challenger.
Esta busca constante por aprimoramentos é crítica no atual ambiente, em que as condições de um devedor podem mudar significativamente e fazer com que se comporte de distintas
maneiras em resposta a diferentes estratégias de
contato. A adaptação regular das estratégias também permite que os devedores aprendam como
funciona o processo de cobrança e, com isso,
posterguem a liquidação.
Os Seis Principais
Aspectos dos Testes
Champion/Challenger
Para ter sucesso na aplicação de um
processo robusto de desenvolvimento, é preciso abordar várias etapas distintas.
• Planejamento que abrange seleção
do processo e documentação de seus benefícios financeiros esperados e dos aspectos operacionais de sua introdução.
• Revisão das estratégias a serem desafiadas e exploração de seus pontos fracos.
collections strategy, known as the Champion, is
routinely tested against an alternative approach
known as the challenger. To ensure accuracy,
the challenger should be tested in a live environment but controlled to avoid financial loss. Thus
the challenger is developed and designed using
recent customer information and implemented
on a small, statistically robust sample with the
results closely monitored.
If the challenger strategy is shown
to outperform the existing or Champion
strategy, the challenger strategy can then
be rolled out to a much larger proportion of
the portfolio for further validation, or may
even become the next ‘Champion’ strategy
on the majority of the portfolio.
It is equally important that the successful new strategy be deployed quickly so
as to maximise benefits, whilst allowing for
the design and implementation of the next
challenger in line.
This constant search for improvement
in process is critical in the current deteriorating
environment, where a borrower’s circumstance
may change significantly, causing them to react
and behave differently to varying contact strategies. Adapting strategies regularly also prevents
debtors from “learning” the standard collection
process and avoiding timely settlement.
The Six Key
Considerations
for Champion/
Challenger Testing
In order to successfully develop
a robust development process there are
several separate stages that need to be
addressed.
• Planning which includes selection of the target process, documenting
the expected financial benefits and operational considerations of its introduction.
83
• Concepção da estratégia Challenger e seleção do porte e do nível de risco da
amostra.
• Implementação do teste Champion/
Challenger.
• Monitoramento por meio de mensuração e comparação da amostra Challenger
com o grupo de controle.
• Avaliação dos resultados e promoção da estratégia Challenger se for o caso.
• Review the strategies to be Challenged and explore current weaknesses.
• Design the Challenger strategy
and select the sample size and risk level.
• Implement the Champion/Challenger test.
• Monitor metrics and compare
challenger group to control group.
• Assessment of results and promotion of Challenger if appropriate.
Figura 1
Figure 1
1. Planejamento
O primeiro passo em qualquer processo Champion/Challenger é decidir qual
estratégia, processo ou prática passará
pelo desafio.
1. Planning
The first step in any Champion/
Challenger process is to decide on the current strategy, procedure or work practice that
will be challenged.
84
Então é preciso desenvolver e formalizar objetivos claros para a estratégia desafiante antes das fases de concepção e implementação. Estes objetivos precisam articular
os ganhos financeiros e operações que devem resultar das mudanças feitas. Parte do
processo deve, ainda, projetar o porte do teste, sua duração, e a forma de mensuração de
seu desempenho. Um foco insuficiente nesta
etapa pode levar a uma resistência da organização à mudança. Os objetivos também devem ser comunicados com clareza.
2. Revisão
Um passo essencial e frequentemente
ignorado é a necessidade de identificar os pontos fracos do sistema, do processo e do procedimento vigentes que devam ser abordados na
concepção da estratégia Challenger.
Os processos de cobrança costumam ser
complexos e conter muitas variáveis. Muitas vezes
é mais fácil avaliar o impacto das mudanças por
meio de concentração em alguns de seus aspectos mais importantes, em vez de tentar lidar com o
processo como um todo. Por exemplo, o processo
Challenger pode envolver um cronograma de contato antecipado com devedores de médio risco. A
análise detalhada de elementos como ocorrência,
termos e frequência da correspondência postal,
duração e entonação do primeiro telefonema, experiência relativa do agente de cobranças, conjuntamente com medidas de resultados, pode apontar falhas inesperadas da estratégia existente.
Esta revisão de práticas específicas de
cobrança também é capaz de identificar questões que contribuam para um maior nível de
inadimplência não só no ambiente de cobrança, mas que talvez ocorram também em outras
partes do ciclo de crédito.
Um estudo recente da Experian identificou que um aumento da inadimplência se devia a diversas causas:
Clear objectives for the challenger
strategy then need to be developed and agreed
prior to the design and implementation phases. These objectives should articulate the expected financial and operational improvements that should result from any changes.
Part of the process would also aim to plan the
size of the test, how long it should run for and
how success will be measured. Insufficient
focus on this stage can lead to a resistance
to change within the organisation. Objectives
should also be clearly communicated.
2. Review
An essential step, but one often
overlooked, is the need to identify weaknesses in the existing system, process
and procedures that may be addressed in
the challenger strategy design.
Collections processes are normally
complex with multiple variables. By focusing
on some key aspects it is often easier to assess the impact of the changes rather than
trying to tackle the entire collections process.
For example, the challenger process under consideration might be the early contact
schedule for a medium risk debtor. Reviewing all the elements in detail such as timing,
tone and frequency of mail correspondence,
timing and tone of first telephone call, relative
experience of the agent, in conjunction with
collection metrics, may highlight some unexpected flaws in the existing strategy.
This review of specific current collection working practices and metrics can
also identify not only issues that contribute to an increased delinquency within the
collections environment, but may extend
to other parts of the credit cycle.
A recent study by Experian identified that an increase in delinquency had
several causes:
85
Gráfico 1
Chart 1
Assim, a etapa de revisão pode identificar questões específicas que precisam ser
abordadas no contexto de um novo desafiante,
além de contribuir para a identificação de influências que talvez só possam ser abordadas em
pontos do fluxo anteriores à cobrança.
3. Concepção
A fase de concepção do processo Champion/Challenger incorpora o que de mais importante se depreendeu na etapa de revisão e promove um equilíbrio destes pontos com o apetite
da instituição pelo risco. A precisão dos testes,
o risco e as chances de sucesso podem ser otimizados tendo em conta o seguinte:
• Definir com clareza os parâmetros
do Challenger
The review stage therefore can
identify specific issues that need to be addressed within a new collections challenger, as well as identifying contributing influences that may only be addressed further
up-stream of collections.
3. Design
The design phase of the Champion/Challenger process incorporates the
key learning from the review stage and
balances this with the risk appetite of the
business. Test accuracy, risk and chance
of success can be optimised by considering the following:
• Clearly define challenger parameters
86
Os parâmetros dependerão da área específica do processo que esteja sendo revista.
Quanto maior o nível das mudanças, maior o
risco de que o volume existente de dívidas venha a cair em procedimento de cobrança por
inação do cliente ou queda de produtividade do
pessoal. Alguns exemplos são:
› Refinar os critérios de segmentação:
como número de pagamentos em atraso, saldo,
scores de risco ou gatilhos ligados a agências
de rating externas
› Determinar medidas adequadas e seu timing: alterar o tipo, o momento, o tom, ou a frequência de comunicação e/ou o momento em que uma
dívida é encaminhada a um terceiro ou vendida.
• Identificar exclusões
Identificar os grupos especiais que não
serão sujeitos aos testes, mas estão sendo conduzidos pelas funções administrativas. Alguns
exemplos são clientes, insolventes, falecidos,
fraudulentos, etc. Outros grupos podem abranger créditos que exijam grande volume de avaliação manual para resolução de questões administrativas ou alocação a algum tratamento
especial. Aqui, alguns exemplos podem ser a
falta do primeiro pagamento ou estouro de limite da conta no primeiro mês de após aberta.
• Determinar o porte da amostra
Ao considerar como medir o sucesso de
um teste, é comum compará-lo a uma amostra
reservada do processo existente (Champion). A
melhor maneira de atingir uma concepção livre
de viés e resultados válidos é atribuir um número aleatório usado para fins de teste para designar uma conta ou cliente. Estes números aleatórios permitem que a empresa segmente a base
de contas / clientes em grupos homogêneos e
aleatórios. A instituição deve, então determinar
o porte da implementação da estratégia desafiante, observando que o tamanho do grupo de
teste dependerá do aspecto que esteja sendo
testado.
The parameters will depend on
the specific area or process under review.
The greater the level of changes, the greater the likely risk to the existing volume of
debt being collected through customer inaction or a drop in staff productivity. Examples include:
› Refining segmentation criterion:
such as number of missed payments, balance, risk scores or triggers from external
bureaux
› Determine appropriate actions &
timing: changing type, timing, tone or frequency of communication and/or when a
debt is passed to a third party or sold.
• Identify exclusions
Identify the special groups that
will not be subject to testing but are run
through administrative functions. Examples would include bankrupt, deceased,
fraud etc. Other groups may include those
that need a heavy manual assessment to
solve administrative issues or to allocate to
appropriate special treatment. Examples
here include first payment defaults and
over-limit accounts within first month.
• Determine sample size
When considering how to measure the success of a test it is common
to compare the test to an existing process
hold-out sample (Champion). The best
way to achieve an unbiased design and
the most valid results is to assign a random number that is used for test purposes to an account or customer. These random numbers then allow the business to
segment the account / customer base into
equal and random groups. The business
should then determine the size of the challenger test strategy to be deployed, noting
that the test group size will depend on the
issue being tested.
87
Como os procedimentos Challengers devem ser comparados com aqueles já estabelecidos, o principal elemento diz respeito a ter uma estimativa de quantos tratamentos diferentes ocorrem entre os grupos Champion e Challenger. A
comparação entre as duas abordagens somente será válida se os resultados forem significativamente diferentes. Normalmente, o porte do grupo
de teste varia entre 5% e 25%.
É importante que as contas escolhidas
para o exercício Champion/Challenger não tenham sido usadas em outro teste recente do
mesmo tipo. Sua exposição recente a variações
do processo de cobrança irá fazer com que a
amostra da base de devedores não seja realmente fiel. Assim, deve ser mantido um registro
atualizado de todos os participantes dos grupos
Challengers.
• Simulação da Estratégia / Análise
“What-if?”
Enquanto o objetivo maior dos testes
Champion/Challenger é experimentar estratégias propostas num ambiente controlado, é crucial que o Gestor de Cobrança garanta que uma
estratégia Challenger qualquer não afete negativamente a carteira, seja em termos operacionais ou financeiros. O ideal é poder estimar os
resultados da proposta Challenger por meio de
um exercício de simulação. Esta simulação da
implementação da estratégia é por vezes chamada de análise “What if?”.
A análise “What if?” envolve aplicar a
estratégia a um arquivo histórico de contas /
clientes num ambiente offline. Com isso é possível obter as distribuições de volumes e as medidas financeiras e de risco correlatas das contas que se enquadram em cada faixa de ações
da estratégia.
A análise dos resultados destas simulações permitirá aos gestores obter uma visão detalhada do impacto em potencial da implementação da nova estratégia. Alguns exemplos são:
Since the challenger is to be compared to the established procedures the key
measure is knowing how many different
treatments are estimated to take place between the Champion and challenger groups.
The comparison between the two approaches is only valid where actions are markedly
different. Typically the size of the test group
can vary from 5% through to 25%.
It is important that accounts chosen
for the Champion/Challenger exercise have
not been used in any other recent challenger test. Their recent exposure to variations in
collections process will not make them a true
representative sample of the debtor database.
An ongoing record should therefore be kept
of all challenger participants.
• Strategy Simulation / What If
Analysis
Whilst the overall objective of Champion/Challenger testing is to test proposed
strategies in a controlled environment, it is
crucial that the Collections Manager ensures
that a proposed challenger strategy will not adversely impact the portfolio, either operationally or financially. Ideally, an understanding of
the expected results of the proposed Challenger is assessed by undertaking a simulation exercise. This strategy deployment simulation is
often referred to as ‘What If’ analysis.
What If analysis involves running
the strategy against a historical file of accounts / customers in an offline environment. Distributions of volumes and related financial and risk measures of accounts
falling into each action component of the
strategy can then be obtained.
Analysis of these simulation results
will allow the managers to gain a detailed insight into the potential impact of the implementation of the new strategy. Examples
could include:
88
› Quais volumes de correspondências automáticas e/ou telefonemas serão gerados com
a implementação da estratégia? Com essa informação pode-se realizar planejamento operacional
para garantir que haja recursos para lidar na medida do necessário com os contatos.
› Se a nova estratégia tender a resultar
em um aumento das dívidas de cobrança terceirizada, qual seria o impacto sobre o custo da comissão devida e o impacto operacional do maior
tempo necessário para administração da agência em relação aos ganhos em termos de valores cobrados?
Uma simulação não é capaz de substituir um teste Champion/Challenger “ao vivo”, mas
quando o número de variáveis é elevado e o risco para o desempenho vigente é significativo, fazer uma análise off-line pode melhorar o resultado operacional e fornecer uma previsão mais
confiável do custo e do benefício de uma estratégia Challenger.
Consultar profissionais da área de software de cobrança que tenham realizado testes Champion/Challenger em outra organização também faz
sentido nesta etapa. Eles podem usar sua experiência para ajudar a mapear uma concepção Challenger, assessorar a escolha das amostras de controle e de teste e avaliar com precisão os níveis de
risco de cada tipo de atitude que esteja em consideração. Reconfigurar os módulos de software de
cobrança para que suportem dois procedimentos
simultâneos também será de grande valia.
4. Implementação
A implementação do teste não deve afetar os negócios normais e deve ocorrer da maneira mais suave possível. Sob condições ideais, os novos processos partirão dos existentes,
de modo que não haverá necessidade de treinamento ou testes adicionais.
De fato, muitas atividades da Challenger podem independer de envolvimento dire-
› What volumes of automated letters
and / or telephone calls will be generated as a
result of the implementation of the strategy?
Operational planning can then be undertaken to ensure that resources are available to
deal with collection calls as required.
› If the new strategy was likely to result in an increase in debt outsourced for collection, what would be the cost impact of the
commission to be paid and the operational impact of increased agency management
time against the lift in monies collected?
A simulation is not a substitute for
a Champion/Challenger test in a live environment, but when the number of variables
is high and the risk to existing collections
performance is significant, an offline analysis can improve operational response and
provide a more confident prediction of challenger cost/benefits.
Consulting with collections software professionals who have done similar
Champion/Challenger tests elsewhere is
also pertinent at this stage. They can use
their experience to assist with mapping out
a challenger design, advise on the selection of control and sample groups and accurately assess risk levels for each type of
action under consideration. Reconfiguration of collections software modules to support dual and simultaneous procedures will
also be highly beneficial.
4. Implementation
The implementation of a test
should not disrupt business as usual and
should be implemented into the operational environment as seamlessly as possible.
Under ideal conditions the new processes will be building onto existing methods
so that additional training or testing is not
necessary.
89
to dos cobradores, como a emissão automática de cartas segundo um novo cronograma.
Entretanto, no que tange às atividades que exijam revisão manual ou contato
telefônico de abordagem mais ‘dura’, por
exemplo, há o risco de que os quadros deixem de lado os processos desafiantes e continuem a trabalhar como estão habituados.
Assim, é preciso ter o cuidado em comunicar a nova estratégia e/ou introduzir novas
práticas para que todos os colaboradores
envolvidos estejam engajados e comprometidos antes que seja introduzido o modelo
Challenger.
Também é importante que a organização como um todo compreenda o cronograma do teste e que suas expectativas sejam adequadamente administradas.
Normalmente, o período de testes
dura de quatro a seis e é determinado pelo
tipo de estratégia em implementação e pelos
resultados gerados. Isto porque quando uma
nova estratégia de cobrança é implementada, normalmente leva um mês para ser aplicada a toda a carteira, admitindo a existência
de datas de pagamento diferentes. O teste
costuma, então, ser aplicado por três meses.
Isso permite que novos casos em cobrança
atinjam a inadimplência no primeiro período ou passem pelo processo mais adiantado
de cobrança para chegar à desvalorização e
alocação a agências externas.
5. Monitoramento das
Estratégias Challenger
Um monitoramento atento do Challenger permitirá percepção imediata de seu
desempenho em relação ao Champion e garantirá que não ocorra algum impacto indesejado capaz de degradar significativamente o desempenho em cobranças. Entretan-
Indeed, many challenger activities
may be fairly independent of direct collector involvement such as the automatic issuing of letters within a new timeframe.
However, where activities involve
a manual review or phone contact with a
‘harder’ approach for example, there is a
risk that staff bypass the challenger processes and continue to work as usual.
Care must therefore be taken to communicate the new strategy and/or introduce
new work practices so that all relevant
staff are engaged and committed ahead of
challenger introduction.
It is also important that the testing timeframe is understood across the
wider organisation and expectations managed accordingly.
Typically the collections testing
period will range between 4 and 6 months
and will be determined by the type of strategy being implemented and the results
generated. This is due to the fact that when
a new collections strategy is implemented
it will typically take a whole month to be
applied to the whole portfolio, assuming
that different payment days occur. The test
then runs for three months, typically. This
would allow new collection cases to work
their way through to default state in early collections, or cases to run through the
late collections process through to writeoff & agency allocation elsewhere.
5. Monitoring of
Challenger Strategies
Close monitoring of the Challenger will give an instant impact as to
its performance against the Champion
and ensure that no unexpected impact
of the test is being felt and significantly degrading collections performance.
90
to, novas práticas podem gerar reações diferentes ao longo da duração de um teste e
questões ligadas à familiarização ou aceitação do pessoal podem distorcer os resultados iniciais. Assim, é melhor evitar reações
precipitadas.
As medidas de desempenho devem
manter-se consistentes durante todo o teste, estar diretamente relacionadas aos objetivos da
estratégia desafiante e abranger resultados financeiros correntes quantificáveis, bem serem
operacionais.
Aspectos estratégicos
• Atraso do primeiro pagamento (Não,
valor e %)
• Atraso do segundo pagamento (Não,
valor e %)
• Atraso do terceiro pagamento (Não,
valor e %)
• Taxas de rolagem do atraso do 1º para
o 2º para o 3º
• Taxas de provisionamento
• Taxas de baixa
Aspectos operacionais
• Número de casos tratados
• % de promessas cumpridas em relação a promessas feitas
• Taxa de contato com a pessoa correta
Também é preciso que haja a capacidade de realizar análise em série temporal do
desempenho da estratégia Challenger em relação a da Champion. A análise em série temporal
permite que os gestores de risco quantifiquem
melhor o desempenho das estratégias, permitindo superar efeitos sazonais que podem distorcer o efeito das estratégias se for analisado o
desempenho de um só mês.
6. Avaliação
Finalmente, com base apenas nos critérios de desempenho inicialmente estabelecidos, o gestor de cobrança deve decidir se
However, new measures may receive
different reactions over the time of a
test and staff familiarisation or acceptance issues may skew initial data results. Knee jerk reactions should therefore be avoided.
Performance
measurements
should remain consistent for the lifetime
of the test, relate directly to the objectives
of the challenger strategy and encompass
ongoing quantifiable financial results, as
well as operational metrics.
Strategic
• 1st Payment Delinquency (No,
value and %)
• 2nd Payment Delinquency (No,
value and %)
• 3rd Payment Delinquency (No,
value and %)
• 1st to 2nd to 3rd delinquency roll
rates
• Provision rates
• Write-off rates
Operational
• Number of cases worked
• % of promises kept v’s promises made
• Right party contact rate
The ability to carry out time series
analysis of the respective performance of the
Challenger strategy’s performance against
the Champion is also required. Time series
analysis allows risk managers to better quantify the performance of strategies, so that
seasonal effects that may misrepresent the
strategies if a single month’s performance is
viewed in isolation can be overcome.
6. Assessment
Finally, on the basis of the initial
agreed performance criteria alone, the collections manager must decide whether it is ad-
91
é vantajoso promover a estratégia Challenger para que se torne a Champion aplicável à
maioria dos casos.
Se não houver benefício significativo,
ou se o benefício for muito pequeno, a amostra pode ser facilmente reincorporada à estratégia Champion.
Se, contudo, ficar determinado que a
estratégia Challenger atingiu seus objetivos
e apresentou desempenho superior ao da
Champion, a Challenger poderá ser ‘promovida’ a Champion. A nova estratégia deverá, então, ser aplicada ao restante da carteira para
maximizar os resultados da instituição. A geração seguinte de concepção de estratégia e
testes Champion/Challenger poderá então começar. É a natureza iterada deste processo
que leva a ganhos constantes de eficiência
em cobrança.
Estudo de Caso
Os benefícios de uma revisão focada do negócio de cobrança podem ser significativos. Neste estudo de caso, um grande banco de varejo que vinha usando, havia
muitos anos, tecnologia de engenho de decisão (Gestão de Sondagem e Estratégia) reviu seu processo de cobrança e determinou
que seria benéfico proceder a uma reengenharia de suas práticas e cronogramas. Assim, foi desenvolvida uma Desafiante para
segmentar mais adequadamente a base, mas
também para ajustar o foco das práticas e
dos cronogramas e maximizar o impacto sobre o cliente. A revisão analisou cada etapa
da estratégia e investigou se as medidas tomadas haviam sido eficazes. A revisão inicial
fez comparações com a experiência anterior
e a reforma das práticas teve por objetivo aumentar a automação e os pagamentos recebidos. Os resultados gerais levaram a ganhos
ao longo de todo o ciclo de delinquência.
vantageous in promoting the Challenger test
to become the main Champion strategy on
the majority of cases.
If no incremental benefit or too
small a benefit was established, the sample can be easily rolled back in to the existing
Champion Strategy.
If, however, it is determined that
the Challenger strategy has achieved its objectives and has outperformed the Champion strategy, the Challenger may then be ‘promoted’ as the new Champion. The new strategy would be then rolled out to the remainder
of the portfolio so as to maximise returns to
the business. The next generation of strategy design and Champion/ Challenger testing
can then commence. It is the iterative nature
of this process that leads to the constant improvement in collections efficiency.
Case Study
V, the simulated amount of each
transaThe benefits of a focussed collections
business review can be significant. In this
case study, a large retail bank that had been
using decision engine technology for several
years (Probe and Strategy Management) reviewed their collections process and identified that re-engineering their action and timings may be beneficial. A Challenger therefore was developed to segment their base on
a more appropriate manner but also to refocus the actions and timings to maximise customer impact. The business review looked
at each step throughout the strategy and examined whether actions being taken were effective. The initial review compared against
previous experience and the amendments to
actions taken with a view toward more automation as well as improvement in payments
received. The overall results led to improvements throughout the delinquency cycle.
92
Tabela 1 Comparação das taxas de rolagem
Campeão
Desafiante
Variância
Ciclo 1
22
18
- 18%
Ciclo 2
43
37
- 14%
Ciclo 3
63
57
- 10%
Champion
Challenger
Variance
Cycle 1
22
18
- 18%
Cycle 2
43
37
- 14%
Cycle 3
63
57
- 10%
Table 1 Roll rate comparisons
Para ilustrar, o diagrama a seguir representa um grupo homogêneo de clientes e suas
taxas de resolução ao longo do ciclo em termos
das medidas adotadas.
A queda observada das taxas de resolução entre os dias 3 e 13 era típica das taxas
de autorresolução observadas entre clientes de
médio risco. Portanto, a primeira medida tomada no dia 3 exercia baixo impacto sobre a propensão de reação do cliente. A segunda medida apresentou impacto significativo e prolongado sobre a taxa de resolução, enquanto a terceira gerou certo impacto, mas pouco prolongado
devido à proximidade do final do mês. As medidas foram revistas, sendo a primeira delas eliminada, a segunda movida para as proximidades do dia 8 e a terceira para a região do dia
20. As mudanças havidas no cenário levaram a
um adiantamento do fluxo de caixa à tomada de
menor número de medidas e a uma melhora geral da taxa de resolução.
As an illustration the diagram
below represents a single homogenous
group of customers and their cure rates
throughout the cycle examined in line
with the actions taken.
The observed fall off in cure rates
between day 3 and 13 was typical for selfcure rates observed on medium risk customers. In view of this, the first action taken on
day 3 had little impact on the customer’s propensity to respond. The second action did
have a significant and prolonged impact on
the cure rate, whilst the third did show some
impact but was too near the month end to
sustain prolonged impact. The actions were
reviewed with action 1 being removed, action
2 moved forward in the sequence to around
day 8 and the third action being moved to day
20. The changes in the scenario led to advanced cash flow, fewer actions and an overall improvement in cure rate.
93
Gráfico 2 Taxas de resolução no tempo (Ciclo 1/Risco médio e saldo) Apenas exemplificativo
Chart 2 Cure rates over time (Cycle 1/Medium risk and balance) Illustration only
O Status Quo em Cobranças
não é Mais Aceitável
Com diversos países caminhando para
suas primeiras recessões desde o início da década de 1990, vem crescendo o número de consumidores que, pela primeira vez, enfrenta o desemprego e acesso restrito ao crédito. O comportamento em pagamentos será imprevisível
com forte tendência a se modificar à medida
que a situação for piorando.
O status quo em cobranças não é mais
aceitável. Para os fornecedores de crédito, a
necessidade de estabelecer uma cultura de
aprimoramento contínuo da cobrança é mais
premente do que nunca.
Os sistemas modernos de cobrança já
fornecem a muitas organizações características sofisticadas de gestão de inadimplência,
como segmentação altamente granularizada,
The Collections Status
Quo is no Longer
Acceptable
As many countries slide into their
first recession since the early 90s, growing numbers of consumers are experiencing unemployment and restricted access
to credit for the first time. Payment behaviour will be unpredictable and highly likely
to change as conditions get worse.
The collections status quo is no
longer acceptable. For credit grantors,
the need to establish a culture of continuous collections improvement has never been more necessary.
Modern collections systems are
already providing many organizations with
more sophisticated default management
capabilities such as highly granular seg-
94
Autor/Author
estratégias individuais de cobrança e melhor
gestão de agências.
A inclusão de um módulo Champion/
Challenger e de suas poderosas técnicas de teste e aprendizagem irá aumentar o desempenho
e a agilidade das equipes de cobrança.
A um custo e um risco muito baixos,
novas estratégias que refletem melhor a performance da clientela, em constante mutação,
podem ser testadas em ambiente controlado e
com a vantagem de usar dados e clientes reais.
A consequente substituição acelerada
de estratégias antigas por Challengers bem sucedidas irá acelerar a reabilitação dos devedores e/ou atenuar as perdas, forçando a baixa antecipada de dívidas de cobrança impossível.
Os benefícios são tangíveis e significativos: redução do custo de cobrança, melhor fluxo de caixa e redução da provisão contra perdas, todos os quais contribuem para a
lucratividade, que é um imperativo para qualquer negócio.
Todas as empresas – e em especial os
fornecedores de crédito – podem sentir-se incapazes de controlar o aumento da inadimplência
frente a uma recessão crescente. Mas ao construírem uma organização de cobrança que gere
melhoria continuada e alavancarem a tecnologia que a sustenta, podem reduzir o impacto da
crise sobre os resultados.
Mark Keyworth
Principal Chefe, Líder de Revisões Estratégicas
Experian Decision Analytics
[email protected]
Principal Consultant, Head of Strategy Reviews
Experian Decision Analytics
[email protected]
mentation, individual collection strategies
and better agency management.
The inclusion of a Champion/
Challenger module and its powerful test
and learn techniques will improve a collection team’s performance and agility
further still.
At very little cost and risk, new
strategies that more accurately reflect the
changing customer landscape can be trialed in a controlled manner but with the
advantage of using real data from real customers. The subsequent rapid replacement of old strategies by the new successful challengers will accelerate debtor rehabilitation and/ or mitigate losses by writing
off un-collectable debt sooner.
The benefits are tangible and significant; reduced cost to collect, improved
cash flow and reduced bad debt provision
which all contribute to better profitability,
an imperative of every business.
All companies, and lenders in
particular, may feel powerless to control
rising defaults in the face of a deepening
recession. But by building a collections
organisation that expects continuous improvement and by leveraging the technology that supports it, they can certainly lessen its impact on their bottom line.
Soluções Serasa Experian para NF-e
Mais segurança e facilidade
para emissão de
notas fiscais eletrônicas
A Serasa Experian oferece soluções que contemplam todo
o cilco de NF-e, desde a formação e o enriquecimento das
bases de dados já existentes, a confirmação
e monitoramento dos dados fiscais com menor impacto
operacional possível, a assinatura digital — lastreada pela
tecnologia Serasa Experian de certificação digital — até a
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e softwares de gestão completos – são peças fundamentais para as
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