Ler Edição - Serasa Experian
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A dedicação da alta administração é um pré-requisito para integrar os testes de estresse às decisões de negócio, risco e capital, incentivando uma exploração mais detida dos riscos extremos. Lourenço Miranda The article discusses the application of reverse stress tests and emphasizes that they are not only required by the leading international regulatory bodies, but also a crucial tool for prudential risk management. Top management commitment is a requirement to incorporate stress tests into business, risk and capital decision making, encouraging closer scrutiny of tail risks. 26 Riscos Fiscais e o Crédito Fiscal Risks and Credit Frederico Araujo Turolla Orlando Assunção Fernandes No mercado de recursos, as necessidades de financiamento do setor público competem com as necessidades de financiamento do setor privado. Assim uma redução da demanda líquida de recursos para financiamento do governo pode abrir maior espaço para o financiamento privado, estimulando o mercado de crédito. Esta relação poderá elevar o risco global das operações de crédito, e na prática pode se manifestar com defasagens e não-linearidades. In the money market, the public sector’s financing needs compete with the private sector’s. Therefore, a reduced net demand for government financing funds may create additional room for private-sector financing and provide a boost for the credit market. This may increase the overall risk of credit operations and, in practice, may create gaps and non-linearities. 46 Modelo de Mensuração da Rentabilidade do Crédito Model for Measuring the Profitability of Credit Dany Rogers Pablo Rogers O trabalho visa esclarecer como a rentabilidade da concessão de crédito ajustado ao risco de crédito pode ser mensurada em empresas comerciais e qual a influência que o cálculo desse índice pode exercer sobre a concessão de crédito. Os autores propuseram para a resolução da questão o desenvolvimento de um modelo que mensure a rentabilidade da concessão do crédito comercial ajustado ao risco de crédito, adotando o conceito de rentabilidade da Teoria das Restrições (TOC) e o modelo RAROC (Risk-Adjusted Return on Capital) para o seu cálculo. The purpose of this paper is to illustrate how the risk-adjusted return on credit facilities be measured at commercial enterprises and what kind of influence the calculation of such returns can be expected to have on the credit granting itself. The authors propose to develop a model to measure the credit risk-adjusted return on the extension of commercial credit, using the concept of returns or profitability as in the Theory of Constraints and the RAROC (Risk-adjusted Return on Capital) model for our calculations. 79 Usando Ferramentas Analíticas Champion/Challenger para uma Eficaz Estratégia de Cobrança Using Champion/Challenger Analytical Tools for the Optimum Collections Strategy “Champion/Challenger” é o termo usado para descrever a maneira como a atual estratégia de cobrança (“Champion”) é rotineiramente testada em relação a uma abordagem alternativa (“Challenger”). Para garantir a precisão, a Challenger deve ser testada num ambiente real, porém controlado para evitar perdas financeiras. Assim, a Challenger é desenvolvida e projetada com informações recentes sobre os clientes e implementada em uma amostra pequena e estatisticamente robusta, monitorando os resultados com muita atenção. Mark Keyworth Champion/Challenger is the expression used to describe how an existing collections strategy, known as the Champion, is routinely tested against an alternative approach known as the Challenger. To ensure accuracy, the Challenger should be tested in a live, but controlled, environment to avoid financial loss. Therefore, the challenger is developed and designed using recent customer information and implemented on a small, statistically robust sample with the results closely monitored. 4 Palavra do Editor A crise econômica mundial teve seus reflexos sobre os países em desenvolvimento, mas o Brasil, apesar de ter enfrentado momentos difíceis, se prepara para retornar ao crescimento. Espera-se a reabilitação da capacidade produtiva das empresas para que o País cresça 3% neste ano e 4% no próximo. O fato de o Produto Interno Bruto (PIB) ter caído menos do que o esperado, nos primeiros meses deste ano indica que a meta é factível. A expansão do crédito vem se conservando moderada, com uma pequena alta nos últimos meses, especialmente no crédito a pessoas físicas e crédito direcionado. Os financiamentos à habitação mantêm discreto incremento e, igualmente, tem crescido a carteira de crédito rural. Nosso artigo de capa “Testes de Estresse como Ferramenta Básica da Gestão Prudente do Risco” de autoria do dr. Lourenço Miranda, Senior Risk Officer da International Finance Corporation (IFC) — braço do setor privado do World Bank Group — baseado em Washington, DC. aponta a utilização de testes de estresse como ferramentas importantes para a gestão de risco. O autor enfatiza que eles deveriam ser uma parte fundamental do conjunto de ferramentas empregadas pela alta administração das instituições na tomada de decisões integradas de estratégia de negócios, gestão de risco e planejamento de capital. Lourenço Miranda acrescenta que os recentes acontecimentos registrados no mercado demonstraram a importância da existência nas instituições de um sistema forte de governança. Ele acentua que a alta administração das empresas menos afetadas vem estabelecendo, com sucesso, processos abrangentes de avaliação do risco da organização. São testes cuidadosos de estresse e cenário que representam um papel importante, pois permitem a tomada de decisões mais informadas e oportunas. From the Editor The global economic crisis had an impact on developing countries, but Brazil, despite having experienced difficult moments, is getting ready to resume growth. The country awaits corporate production capacity to step up in order to grow 3 percent this year and 4 in the next one. The fact that GDP dropped by less than expected in the early months of 2009 indicates that the goal is feasible. Credit expansion has remained moderate, with a slight growth in the past few months, particularly in consumer and targeted credit. Housing credit continues to increase slightly and so does the farming credit portfolio. Our cover feature, ”Stress Testing as a Fundamental Tool for Prudential Risk Management” by Dr. Lourenço Miranda, Senior Risk Officer with the International Finance Corporation (IFC) — the private-sector arm of the World Bank Group — with main offices in Washington, DC, discusses stress tests as important tools for prudential risk management. The author points out that stress tests should be a central element in the top management’s tool kit for integrated business, risk management and capital planning decision-making. Dr. Miranda adds that recent market developments showed how important it is for institutions to have a strong governance system in place. He notes that the top management in less affected organizations has been successfully establishing comprehensive risk assessment processes involving detailed stress and scenario tests that play an important role insofar as the allow for better informed and more timely decisions. 5 O autor recomenda a todos os bancos que adotam a Abordagem Baseada em Ratings Internos para os fins do Acordo da Basiléia a realização de testes de estresse sólidos e significativos para avaliar de forma razoavelmente conservadora sua adequação de capital. E, acrescenta que os testes de estresse devem ser interpretados no processo interno de adequação de capital — Internal Capital Adequacy Process (ICCAP) —, especialmente no que tange a estratégias de gestão de risco para lidar com os resultados dos testes. O objetivo é assegurar que as instituições financeiras disponham de capital suficiente para atender aos requisitos de capital regulador, mesmo quando sob estresse. Os professores Frederico Araujo Turolla e Orlando Assunção Fernandes abordam o tema “Riscos Fiscais e o Crédito” e informam que as necessidades de financiamento do setor público competem com as necessidades de financiamento do setor privado. Uma redução da demanda líquida de recursos para financiamento do governo abriria maior espaço para o financiamento privado, estimulando o mercado de crédito. Esta relação, segundo os professores, é esperada, pois a maior demanda de crédito por parte do setor público deve não apenas deslocar a oferta de crédito do setor privado para o setor público, mas também elevar o risco global das operações de crédito, e vice-versa, mas na prática pode se manifestar com defasagens e não-linearidades. Mesmo assim, o estoque de dívida pública e o estoque de crédito apresentam uma visível relação inversa. Eles observam que a saúde fiscal dos países desenvolvidos, que mereceu relativamente pouca atenção durante os recentes anos de forte prosperidade, poderá ganhar o centro das atenções internacionais agora, com a virada do ciclo econômico, em uma nova era que pode ser chamada de ”Era do Realismo”. The author encourages all banks adopting the Internal Ratings Based Approach for the Purposes of the Basel Accord to run sound and significant stress tests to assess their capital adequacy status in a reasonably conservative manner. And adds that the Internal Capital Adequacy Process (ICCAP) must take stress tests into consideration, particularly as regards risk-management strategies to deal with the tests’ outcomes. The goal is to make sure that financial institutions have enough capital to meet regulatory capital requirements, even when stressed. Professors Frederico Araújo Turolla and Orlando Assunção Fernandes address the topic of “Fiscal Risks and Credit” and report that the public sector’s financing needs compete with the private sector’s. A reduced net demand for government funding would create more room for private-sector funding and stimulate the credit market. This relationship, according to the authors, is as expected, since the public sector’s greater demand for credit should not only shift credit supply from the private to the public sector, but also increase the overall risk of credit transactions and vice-versa; in practice, however, this may take place with a lag and in a nonlinear manner. Even so, there is a clear inverse relationship between the stock of public debt and the stock of credit. They note that the fiscal health of developed countries, which received little attention during the recent years of prosperity, may enter the spotlight of international concern with the economic cycle downturn, in a new period that may be called the “Age of Realism.” In the case of Brazil, the fiscal package is less bold than in developed 6 No caso brasileiro, o pacote fiscal é menos ousado que o dos países desenvolvidos, mas ainda assim os números do governo ganharão atenções. Ao longo de 2009, há uma tendência de um escrutínio muito mais atento sobre a trajetória das contas públicas, tanto dos países desenvolvidos quanto das variáveis fiscais brasileiras. Os professores acentuam que nesta Era do Realismo será importante monitorar os riscos, principalmente se houver algum sinal mais evidente de deterioração no saldo primário. Além das variáveis tradicionais de dívida e déficit, como a dívida líquida e as necessidades de financiamento em proporção do PIB, é útil observar a evolução do perfil da dívida mobiliária federal, dado o peso que a mesma tem no estoque total do endividamento público brasileiro. Esta edição publica ainda artigo dos professores Dany Rogers e Pablo Rogers que propõem um modelo de mensuração da rentabilidade da concessão de crédito ajustado ao risco de crédito para empresas comerciais. A literatura selecionada para o embasamento teórico envolve o conceito de rentabilidade como discutido na Teoria das Restrições (TOC) e o cálculo da medida de desempenho como no modelo RAROC, cujo objetivo é calcular o retorno ajustado ao risco. Esse modelo foi aplicado em uma empresa do ramo atacadista-distribuidor, e os seus resultados possibilitaram concluir que a concessão de crédito a clientes classificados como de baixo risco nem sempre é a opção mais rentável. Dessa forma, em uma situação de restrição de crédito, a decisão das empresas comerciais que levam em consideração apenas o risco de crédito e o porte do cliente para estipulação do limite de crédito, ocasionará decisões que podem diminuir seu ganho. Demonstram os autores que a análise conjunta da concessão de crédito pela classificação de risco de crédito e pelo índice de rentabilidade da concessão é fundamental para que as empresas comerciais tomem decisões acertadas e que essas decisões proporcionem aumento de riqueza aos acionistas. economies, but the government’s figures will still draw attention. Throughout 2009, there is a tendency for more detained scrutiny of public accounts, both in developed countries and as regards Brazil’s fiscal variables. The authors emphasize that, in this Age of Realism, risk-monitoring will be of paramount importance, especially if clear signs of primary surplus deterioration arise. In addition to the traditional debt and deficit variables, such as net debt and financing needs-to-GDP, it will be worthwhile to watch the evolution of the Federal bond debt profile, given its weight in the overall stock of Brazilian public debt. This issue carries an article by economists Dany Rogers and Pablo Rogers, who propose a credit-risk adjusted return on credit model for commercial firms. The selected theoretical literature involves the concept of return as discussed in the Theory of Constraints (TOC) and calculating performance metrics as in the RAROC model, whose purpose is to compute riskadjusted return. The model was applied to a wholesaler and its outcomes allowed concluding that extending credit to customers with low risk ratings does not always provide the best returns. Therefore, in a credit crunch situation, commercial firms that only take into account customer credit risk and size to establish credit limits will make decisions that may reduce gains. The authors sow that joint analysis of credit applications based on credit risk and return is crucial for wholesalers to make appropriate decisions and for those decisions to increase shareholder wealth . Mark Keyworth, Principal Consultant and Head of Strategy Reviews of Ex- 7 Mark Keyworth, Principal Chefe, Líder de Revisões Estratégicas da Experian Decision Analytics, apresenta artigo propondo o uso de ferramentas analíticas Champion/Challenger para uma Estratégia de Cobrança Eficaz. “O status quo em cobranças não é mais aceitável. Para os fornecedores de crédito, a necessidade de estabelecer uma cultura de aprimoramento contínuo da cobrança é imprescindível. Os sistemas modernos de cobrança já fornecem a muitas organizações características sofisticadas de gestão de inadimplência, como segmentação altamente granularizada, estratégias individuais de cobrança e melhor gestão de agências. A inclusão de um módulo Champion/Challenger e de suas poderosas técnicas de teste e aprendizagem irá aumentar o desempenho e a agilidade das equipes de cobrança”, argumenta. Mark Keyworth acrescenta que a substituição de estratégias antigas por Challengers bem sucedidas irá acelerar a reabilitação dos devedores e atenuar as perdas, forçando a baixa antecipada de dívidas de cobrança impossível. Os resultados serão: custo de cobrança menor, fluxo de caixa melhor e redução da provisão contra perdas, ou seja, maior lucratividade. perian Decision Analytics offers an article proposing the use of Champion/Challenger analytics to deploy an Effective Collections Strategy. “The collections status quo is no longer acceptable. For credit grantors, the need to establish a culture of continuous collections improvement has never been more necessary. Modern collections systems are already providing many organizations with more sophisticated default management capabilities such as highly granular segmentation, individual collection strategies and better agency management. The inclusion of a Champion – Challenger module and its powerful test and learn techniques will improve a collection team’s performance and agility further still,” he argues. Mark Keyworth adds that replacing legacy strategies with successful Challengers will accelerate debtor rehabilitation and mitigate losses by forcing the early write-off of uncollectable debt. The results are: reduced cost to collect, improved cash flow, and reduced bad debt provision, leading to better profitability. Tecnologia de crédito ANO XII Nº 69 Publicação bimestral da Serasa Experian Technology Credit YEAR XII Nº 69 Bimonthly published by Serasa Experian Diretores Dorival Dourado Junior, Gustavo Vercinsky, José Carlos Loureiro Guimarães Alcântara, Juan Perez Carrillo, Juliano Marcílio, Laércio de Oliveira Pinto, Milton Luis Figueiredo Pereira, Paulo F. Albuquerque Melo, Ralph T. Sherman, Ricardo Loureiro e Silvânio Covas. Dorival Dourado Junior, Gustavo Vercinsky, José Carlos Loureiro Guimarães Alcântara, Juan Perez Carrillo, Juliano Marcílio, Laércio de Oliveira Pinto, Milton Luis Figueiredo Pereira, Paulo F. Albuquerque Melo, Ralph T. Sherman, Ricardo Loureiro e Silvânio Covas. Presidente da Serasa Experian Francisco Valim Editora Responsável Rosina I. M. D’Angina (MTb 8251) Assistente de Edição Nancy Galvão Projeto Gráfico Luis Barbuda Capa Luis Barbuda Editoração Eletrônica Eric Miranda Ilustração Eric Miranda Luis Barbuda Tradução Allan Hastings e Paul A. Steele Correspondência Serasa Experian - Comunicação Corporativa Al. dos Quinimuras, 187 CEP 04068-900 - São Paulo - SP Tel. (11) 2847-9979 Fax (11) 2847-9791 www.serasaexperian.com.br [email protected] Os conceitos emitidos em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não expressando, necessariamente, o ponto de vista da Serasa Experian, nem do Conselho Editorial. É proibida a reprodução total ou parcial dos artigos desta publicação. Managing Director for Serasa Experian Illustration Francisco Valim Eric Miranda Luis Barbuda Directors Responsible Editor Rosina I. M. D’Angina (MTb 8251) Assistant Editor Nancy Galvão Graphic Design Luis Barbuda Cover Luis Barbuda Desktop Publishing Eric Miranda Translation Allan Hastings and Paul A. Steele Mail Address Serasa Experian - Comunicação Corporativa Al. dos Quinimuras, 187 CEP 04068-900 - São Paulo - SP Tel. (55 11) 2847 9979 Fax (55 11) 2847 9791 www.serasaexperian.com.br [email protected] The concepts issued in the signed articles are the responsibility of the authors, which do not necessarily express the point of view of Serasa Experian and the Editorial Council. Total or partial reproduction of the articles hereby published is strictly forbidden. 8 Testes de Estresse como Ferramenta Básica da Gestão Prudente do Risco Stress Testing as a Fundamental Tool for Prudential Risk Management Lourenço Miranda 9 A crise financeira tem atraído a atenção mundial e certamente ainda o fará por algum tempo. O ano passado foi caótico para os mercados financeiros e a grande incerteza é uma das características mais marcante. Esses recentes acontecimentos no mercado destacaram a importância dos testes de estresse em bancos e outras instituições financeiras. O violento impacto da crise levou profissionais e supervisores do setor a reavaliar seus procedimentos de teste de estresse para determinar se eram adequados no período que precedeu a crise e suficientes para lidar com situações em rápida transformação. Neste artigo, trataremos de alguns conceitos e aplicações e de determinadas melhorias — como os testes de estresse reversos — para demonstrar que testes de estresse não são apenas um instrumento exigido pelos principais órgãos reguladores internacionais, mas, o que é mais importante, uma ferramenta fundamental para a gestão prudente do risco. Introdução Inicialmente, explicaremos porque os testes de estresse se tornaram assunto prioritário no setor financeiro e, concomitantemente discutiremos alguns dos fatos que podem ter originado as atuais condições do mercado. Antes do início da crise houve um longo período de grande crescimento econômico e incremento da poupança. Esse alto nível de poupança, combinado com as aparentes preferências por ativos (como Letras do Tesouro Americano) levaram a um período prolongado de taxas de juros livres de risco reais muito baixas nas economias desenvolvidas. As instituições financeiras gozavam de acesso fácil e barato a fundos e promoviam uma busca intermitente por fontes alternativas de alto rendimen- The financial crisis has been holding the world’s attention recently and surely will keep on doing so in the days to come. Last year has been hectic for the financial markets and high uncertainty has been a prevailing feature. These recent market events have highlighted the importance of stress testing within banks and other financial institutions. The overwhelming impact of the crisis has led the practitioners and supervisors to revalue whether their stress testing procedures were adequate before the crisis and whether they were sufficient in order to deal with rapidly shifting situations. In this article, we revisit some of the concepts, uses and some improvements – like reverse stress testing – showing that stress testing is not only an instrument required by the major international regulatory authorities but what is more important: it is a fundamental tool for prudential risk management. Introduction Let’s first contextualize the reason why stress testing has become a hot topic in the financial industry as we discuss some of the facts that could have been seen as the originators to the current market conditions. There had been a long period of strong economic growth and high level of savings before the present crisis started. The high level of savings combined with apparent asset preferences (e.g. US Treasuries) led to an extended period of very low real risk-free interest rates in developed economies. Financial Institutions had experienced easy and cheap access to funding and had also been in an un- 10 to. Esses dois fatores podem ter levado, entre outras coisas, a uma explosão da tomada de empréstimos no varejo no mundo desenvolvido, inclusive uma rápida expansão do crédito hipotecário, frequentemente por meio de padrões de concessão perigosamente tolerantes, inclusive aos chamados tomadores subprime nos Estados Unidos. A inovação financeira em produtos estruturados, especialmente o desenvolvimento da securitização, com seus mercados, e o setor bancário virtual — como sociedades e veículos específicos — facilitaram o desenvolvimento daquele que ficou conhecido como modelo ‘originar e distribuir’. Usando esses produtos estruturados, que poderiam representar um alívio de capital ao vender riscos inerentes a investidores, as instituições poderiam emprestar mais a contrapartes de risco mais elevado. Entretanto, a complexidade de alguns desses produtos, a busca incessante das instituições por rendimentos e a resultante falta de transparência quanto a quem estaria exposto a quais riscos, acabaram por levar a um aumento da dificuldade de avaliação dos ativos e a incertezas ainda mais generalizadas a respeito da qualidade de crédito das contrapartes financeiras. A crise sub-prime dos Estados Unidos desencadeou rapidamente uma reavaliação mais ampla do risco, inclusive uma notável perturbação dos mercados de créditos estruturados. A falta de liquidez e a reprecificação do risco de crédito levaram à desalavancagem de instituições e poderiam ter exposto relações causais até então sujeitas à avaliação insuficiente. As instituições viram-se expostas a diversos fatores que se reforçavam mutuamente, como os efeitos da contração crônica da oferta de crédito e da liquidez; a erosão de seu capital por causa do colapso dos preços dos ativos; o aumento dos requisitos de capital e liquidez devido à necessidade de manter riscos no balanço para relenting quest for alternative sources of high yield. These two factors might have lead, among other things, to soaring retail borrowing in the developed world, including a fast expansion of mortgage credit, often through riskily lax lending standards including to US so called sub-prime borrowers. Financial innovation in structured products, in particular the development of securitization capabilities and their markets and the virtual banking sector – such as special purpose vehicles and conduits – facilitated the development of the so-called ‘originate to distribute’ model. Using those structured products that would potentially relieve capital by selling away the inherent risks to investors, institutions could lend more to more risky counterparts. However, the complexity of some of these products, financial institutions incessant pursue for yield, and the resultant lack of transparency about who was exposed to which risks led ultimately to an increase in the difficulty of asset valuation and even wider uncertainties about the credit-worthiness of financial counterparties. The US sub-prime crises quickly started a broader re-evaluation of risk including a remarkable disturbance in structured credit markets. Lack of liquidity and a re-pricing of credit risk have led to institutions de-leveraging and have exposed causal relationships that were until now insufficiently valued. Firms have experienced several mutually reinforcing factors such as the effects of chronic contractions of supply of credit and liquidity; the erosion of their capital due to a collapse of asset prices; increased capital and liquidity requirements resulting from the need to retain risks on balance-sheets 11 sustentar veículos extra-balanço; e efeitos de feedback de rebaixamentos de ratings de crédito (por exemplo, gatilhos de garantias reais associados a rebaixamentos). Em meados de 2007, os mercados de securitização e outros canais de financiamento do atacado haviam diminuído significativamente, levando muitos bancos a apresentar problemas de liquidez. Os spreads interbancários aumentaram drasticamente à medida que os bancos protegiam seu caixa e relutavam em emprestar uns aos outros. Havia um considerável grau de incerteza quanto ao valor de ativos deficientes e ilíquidos e quanto a quais instituições os detinham. Para manter sua reputação, muitos bancos recolocaram em seus balanços instrumentos anteriormente transferidos para SFEs. À medida que progredia o ano, os bancos foram forçados a dar baixa de muitas de suas exposições em títulos hipotecários. Essas baixas concentraram-se, inicialmente, em créditos sub-prime norte-americanos, mas logo atingiram outras categorias de ativos e regiões geográficas. Seguradoras de linha única que prestavam garantias financeiras também se viram sob tensão, à medida que muitas instituições apresentavam aumento significativo das estimativas de perdas e sofriam com medidas deletérias por parte das agências de rating. Os desdobramentos posteriores na economia real incluíram rápida queda dos preços dos imóveis residenciais e comerciais e uma contração significativa da atividade econômica em geral. Acima de tudo, a presente crise pode ser encarada como uma série de eventos de risco operacional. Esses recentes acontecimentos destacaram a importância dos testes de estresse em bancos e outras organizações prestadoras de serviços financeiros. No caso do Brasil, muito embora a economia brasileira esteja bem posicionada para suportar um ambiente global mais difícil, a alta or to support off-balance sheet vehicles; and credit rating downgrade feedback effects (e.g. collateral triggers linked to ratings downgrades). In the middle of 2007, the securitization markets and other wholesale funding channels were significantly diminished, leading to liquidity problems for many banks. Inter-bank spreads increased dramatically as banks hoarded cash and were reluctant to lend to each other. There was significant uncertainty around the value of impaired and illiquid assets and which firms were holding them. To maintain their reputation some banks took back onto their balance sheets instruments that had been previously transferred to SPVs. As the year went on, banks were forced to writedown many of their exposures related to mortgage-backed securities. The focus of these write-downs was initially on US sub-prime, but it soon widened to other asset classes and geographies. Mono-line insurers providing financial guarantees also came under stress, as some firms suffered significant increases in loss estimates and negative rating agency actions. The subsequent developments in the real economy include rapid falls in residential and commercial property prices and a significant contraction in overall economic activity. Foremost, this crisis could be seen as a series of operational risk events. Those recent market events have highlighted the importance of stress testing within banks and other financial services organizations. In the case of Brazil, even if the Brazilian economy is well positioned to withstand the more difficult global envi- 12 administração não deve negligenciar o exercício dos testes de estresse. Tais testes devem agir, neste caso, como um mecanismo preventivo pelo qual os administradores de risco construam cenários e preparem suas instituições para piores situações. Analisemos o que ocorre atualmente no Brasil. Por exemplo, o caos financeiro mundial e a desaceleração do crescimento afetaram o País por terem desencadeado saídas de capital, reduzido os preços das commodities, enfraquecido o Real e piorado o panorama econômico. A resistência da economia decorre de uma política monetária prudente, de substanciais reservas internacionais e de um setor público com uma posição líquida positiva em moeda estrangeira. Este último fator implica que uma depreciação do real frente ao dólar irá melhorar a dinâmica da dívida pública, agindo como um estabilizador macro automático. Acrescente-se a esse cenário uma maior oferta de crédito por parte dos bancos estatais, o apoio do Banco Central à rolagem da dívida estrangeira das empresas e um afrouxamento da política monetária, que ajudarão a atenuar, mas não anular totalmente, o impacto da rápida deterioração das condições externas sobre o Brasil. Com o congelamento da oferta externa de crédito, as empresas se voltaram para o mercado local para rolar suas dívidas. O Banco Central injetou liquidez no sistema financeiro por meio de transações compromissadas de um mês. A inflação superior ao centro da meta levou a um aperto da política monetária. O lema das instituições financeiras brasileiras agora deveria ser: ‘estar preparado’ e é exatamente a isso que se refere a gestão de risco. Mesmo em épocas de vacas gordas, ou não tão magras, os testes de estresse devem ser parte integrante das práticas de gestão de risco de todas as instituições financeiras. ronment; senior management must not neglect the stress testing exercise. Stress testing must act, in this case, as a preventive mechanism as risk managers should build the scenarios so that their institutions are prepared for the worse. Let’s consider what is going on now in Brazil. For instance, the global financial turmoil and growth slowdown have affected Brazil by triggering capital outflows, lowering commodity prices, weakening the Brazilian Real and worsening the economic outlook. The economy’s resilience stems from a prudent monetary policy, substantial international reserves, and a public sector with a net foreign currency creditor position. The latter implies that a depreciation of the real against the dollar improves public debt dynamics acting as an automatic macro stabilizer. Adding to the scenario, increased lending by state banks, Central Bank support for corporate foreign debt rollovers and monetary easing will help mitigate, but not offset, the impact on Brazil of the sharp deterioration in external conditions. With external credit supply frozen, companies have turned to the local market to roll over debt. The central bank has injected dollar liquidity into the financial system via one-month repo transactions. Inflation above the midpoint of the target range has prompted a tightening of monetary policy. The motto now for the Brazilian financial institutions should be: ‘be prepared’, and that is exactly what risk management is about. Even in good times and in not-so-bad times, stress testing must be an integral part of the risk management practices in all financial institutions. 13 De sua Importância à Prática Reguladora Testes de estresse servem para alertar a administração dos bancos sobre resultados inesperados e adversos relacionados a múltiplos riscos e fornecem uma indicação de quanto capital poderá ser necessário para absorver perdas caso ocorram grandes choques. Ademais, os testes de estresse são uma ferramenta complementar em relação a outras abordagens e medidas de gestão de risco. Eles desempenham uma função de particular relevância: • no fornecimento de uma avaliação prospectiva do risco; • na superação das limitações dos modelos e dados históricos; no respaldo a comunicações internas e externas; • na geração de informações para procedimentos de planejamento de capital e liquidez; • na geração de informações para estabelecimento da tolerância do banco ao risco; e • ao facilitar o desenvolvimento de planos de atenuamento de risco ou contingenciais para uma gama de condições de estresse. Os testes de estresse são de especial importância depois de longos períodos de condições econômicas e financeiras benignas, quando a distância em relação a condições negativas pode levar a uma atitude complacente e ao apreçamento do risco abaixo dos níveis devidos. São, também, ferramentas cruciais de gestão de risco durante períodos de expansão, quando inovações levam a novos produtos que crescem rapidamente e para os quais pouco ou nada há em termos de dados sobre perdas. Segundo o princípio 1 do segundo pilar do Novo Acordo de Capital da Basiléia, os bancos devem contar com um processo de avaliação de sua adequação geral de capital em relação ao seu perfil de risco e com uma estratégia para manter seus níveis de capital. Devem ser capazes de demons- From its Importance to the Regulatory Practice Stress testing alerts bank management to adverse unexpected outcomes related to a variety of risks and provides an indication of how much capital might be needed to absorb losses should large shocks occur. Moreover, stress testing is a tool that supplements other risk management approaches and measures. It plays a particularly important role in: • providing forward-looking assessments of risk; • overcoming limitations of models and historical data; • supporting internal and external communication; • feeding into capital and liquidity planning procedures; • informing the setting of a banks’ risk tolerance; and • facilitating the development of risk mitigation or contingency plans across a range of stressed conditions. Stress testing is especially important after long periods of benign economic and financial conditions, when fading memory of negative conditions can lead to complacency and the under-pricing of risk. It is also a key risk management tool during periods of expansion, when innovation leads to new products that grow rapidly and for which limited or no loss data is available. According to the principle 1 of Pillar 2 of the Basel 2 Capital Accord banks should have a process for assessing their overall capital adequacy in relation to their risk profile and a strategy for maintaining their capital levels. They must be able to demonstrate that chosen internal capital targets are well founded and that these 14 trar que as metas internas de capital escolhidas são justificadas e condizem com seu perfil geral de risco e seu atual ambiente operacional. Ao avaliar a adequação de capital, a administração dos bancos precisa ter em mente o ponto exato do ciclo de negócios em que o banco está operando. Devem ser realizados testes de estresse rigorosos e prospectivos que identifiquem possíveis eventos ou mudanças das condições do mercado capazes de trazer consequências negativas para o banco. A administração é, evidentemente, a maior responsável por garantir que o banco conte com capital adequado para sustentar seus riscos. Os agentes de supervisão podem desejar examinar a maneira como foi realizado um teste de estresse. Os resultados dos testes contribuirão, assim, diretamente para a expectativa de que um banco opere acima dos índices mínimos de capital regulador do Pilar 1. Os supervisores irão avaliar se o banco tem capital suficiente para isso. Em caso de déficit, o supervisor irá tomar as medidas apropriadas, que geralmente dizem respeito às exigências de que o banco reduza seus riscos e/ou mantenha capital/reservas adicionais, de tal modo que os recursos de capital existentes cubram as determinações do Pilar 1 mais o resultado de um teste de estresse recalculado. Os bancos devem ter processos sólidos de teste de estresse em vigor para aplicação no processo de avaliação de sua adequação de capital. Os testes de estresse devem envolver, ainda, a identificação de eventos possíveis ou mudanças futuras das condições econômicas capazes de exercer impacto desfavorável sobre as exposições de crédito da instituição, além de uma avaliação da capacidade da instituição para suportar tais mudanças. Alguns exemplos de cenários que podem ser usados são: (i) quedas de atividade da economia ou de um setor, (ii) eventos do mercado, ou (iii) condições de liquidez reduzida. O banco deve realizar testes de estresse com as exposições que tenha a suas contrapar- targets are consistent with their overall risk profile and current operating environment. In assessing capital adequacy, bank management needs to be mindful of the particular stage of the business cycle in which the bank is operating. Rigorous, forwardlooking stress testing that identifies possible events or changes in market conditions that could adversely impact the bank should be performed. Bank management clearly bears primary responsibility for ensuring that the bank has adequate capital to support its risks. Supervisors may wish to review how the stress test has been carried out. The results of the stress test will thus contribute directly to the expectation that a bank will operate above the Pillar 1 minimum regulatory capital ratios. Supervisors will consider whether a bank has sufficient capital for these purposes. To the extent that there is a shortfall, the supervisor will react appropriately. This will usually involve requiring the bank to reduce its risks and/or to hold additional capital/provisions, so that existing capital resources could cover the Pillar 1 requirements plus the result of a recalculated stress test. A bank must have in place sound stress testing processes for use in the assessment process of capital adequacy. Stress testing must also involve identifying possible events or future changes in economic conditions that could have unfavorable effects on a firm’s credit exposures and assessment of the firm’s ability to withstand such changes. Examples of scenarios that could be used are; (i) economic or industry downturns, (ii) market-place events, or (iii) decreased liquidity conditions. The bank must stress test its counterparty exposures including jointly stress- 15 tes, inclusive testes conjuntos de fatores de risco de mercado e de crédito. Os testes de estresse do risco de contraparte devem levar em conta o risco de concentração (em uma só contraparte ou grupos de contrapartes), o risco de correlação entre riscos de mercado e de crédito (por exemplo, uma contraparte para a qual uma grande mudança do mercado poderia resultar em uma grande exposição, deterioração significativa da qualidade de crédito, ou ambas) e o risco de que a liquidação das posições da contraparte possa deslocar o mercado. Esses testes de estresse devem, também, considerar o impacto de desenvolvimentos do mercado sobre as posições da própria instituição e integrar esse impacto em sua avaliação do risco de contraparte. Os testes de estresse e com cenários deveriam ser uma parte fundamental do conjunto de ferramentas empregadas pela alta administração das instituições na tomada de decisões integradas de estratégia de negócios, gestão de risco e planejamento de capital. Recentes acontecimentos registrados no mercado demonstraram a importância da existência de um sistema forte de governança em vigor nas instituições. A alta administração das empresas menos afetadas estabelece, com sucesso, processos abrangentes de avaliação do risco da organização como um todo, em que testes cuidadosos de estresse e cenário representaram um papel importante, permitindo a tomada de decisões mais informadas e oportunas. Os testes de estresse e cenário são ferramentas importantes para a gestão prudente de risco. Mais especificamente, os testes de estresse podem ser úteis para a tomada de decisão pela alta administração ao: • permitir melhor formação do perfil de risco da instituição por meio de uma melhor compreensão dos riscos a que está exposta; • ajudar a fornecer uma avaliação mais prospectiva do risco, complementando outras fer- ing market and credit risk factors. Stress tests of counterparty risk must consider concentration risk (to a single counterparty or groups of counterparties), correlation risk across market and credit risk (for example, a counterparty for which a large market move would result in a large exposure, a material deterioration in credit quality, or both), and the risk that liquidating the counterparty’s positions could move the market. Such stress tests must also consider the impact on the firm’s own positions of such market moves and integrate that impact in its assessment of counterparty risk. Stress and scenario testing should form a key part of a set of tools used by a firm’s senior management in making integrated business strategy, risk management and capital planning decisions. Recent market events have shown the importance of strong governance in firms. Senior management at less affected firms had more successfully established comprehensive firm-wide risk assessment processes in which thoughtful stress and scenario testing played a material part, allowing better-informed and more timely decision-making. Stress and scenario testing is an important tool for firms’ prudential risk management. In particular, it can be useful to a firm’s senior management decision making by: • enabling them better to shape the risk profile of the firm through a better understanding of the risks the firm is exposed to; • helping to provide a more forward-looking assessment of risk, as a complement to other risk management tools, and helping to overcome the limitations of reliance on historical data; 16 ramentas de gestão de risco e ajudando a superar as limitações da dependência de dados históricos; • auxiliar a avaliação do impacto de eventos extremos capazes de resultar em perdas significativas; • apoiar a identificação de concentrações de risco entre diversas linhas ou unidades; • permitir melhor integração de decisões de estratégia de negócios, gestão de risco e planejamento de capital; • fornecer um arcabouço que respalde as comunicações internas e externas da instituição. De maneira geral, a necessidade de contar com testes de estresse e cenário robustos e integrados ao processo de tomada de decisão da alta administração tem aumentado nos últimos anos por causa de mudanças dos modelos de negócio das instituições e do crescimento dos produtos estruturados que trazem riscos complexos. Normalmente, qualquer falha que seja identificada no mercado só é abordada e qualquer benefício líquido dos requisitos reguladores associados só pode ser realizado quando as empresas implementam independentemente os requisitos reguladores aplicáveis. • helping to evaluate the impact of extreme events which may result in significant losses; • helping to identify risk concentrations across multiple business lines or units; • enabling them better to integrate business strategy, risk management and capital planning decisions; • providing a framework which supports a firm’s internal and external communication. The need for robust stress and scenario testing that is integrated into a firm’s senior management decision-making has generally materially increased over recent years, as a result of the changes in firms’ business models and the increase in structured products with complex risks. Usually any identified market failure is only addressed, and any identified net benefit of associated regulatory requirements is only realized, when firms adequately implement the relevant regulatory requirements. Um exercício de teste de estresse reverso exigiria que as instituições considerassem os cenários com maior probabilidade de tornar inviáveis seus atuais modelos de negócio, identificando e avaliando explicitamente tais cenários. Nesse contexto, o modelo de negócio da instituição deve ser presumido inviável no momento em que a cristalização de riscos faça com que o mercado perca sua confiança nela, levando contrapartes e outros interessados a não mais transacionar com ela ou lhe proporcionar capital. O objetivo é garantir que as instituições explorem melhor os ‘riscos extremos’ que, em Reverse Stress testing exercise would require firms to consider the scenarios most likely to cause their current business model to become unviable. Firms should explicitly identify and assess the scenarios. In this context, a firm’s business model should be assumed unviable at the point that crystallizing risks cause the market to lose confidence in it, with the consequence that counterparties and other stakeholders are unwilling to transact with it or provide it with capital. The aim is to ensure that firms more fully explore ‘tail risks’ which, if they Testes Reversos Reverse Testing 17 se concretizando, fariam com que contrapartes e investidores perdessem a confiança. Isso deixaria a instituição mais consciente das vulnerabilidades de seu modelo de negócio ao tomar decisões estratégicas, traçar planos de contingência e considerar sistemas de gestão de risco. Trata-se de um exercício holístico que, além de considerar os riscos enfrentados pela posição de capital de uma instituição, exige que sejam abordados outros riscos relevantes, inclusive o de liquidez. Tal exercício incentivaria as instituições a: explorar melhor os pontos fracos de seu modelo de negócio (inclusive ‘riscos extremos’); tomar decisões que integrem melhor o planejamento de negócio e de capital; e melhorar seus planos de contingência. Um objetivo básico deveria ser o de garantir que a empresa sobrevivesse por tempo suficiente, após a concretização de riscos, para que se verificasse uma das condições abaixo: • o mercado decidir que não há motivos para sua falta de confiança e retomar transações com a instituição; • a instituição reduzir e reestruturar suas atividades; • a instituição ser adquirida por outra, ou ter suas atividades transferidas de maneira ordeira; ou • a instituição passar ao controle do setor público, ou liquidar suas atividades de maneira ordenada. Sistemas aprimorados de testes de estresse e cenário devem ajudar as instituições a reduzir tanto a probabilidade de quebra quanto o impacto e a majoração de custos a ela inerentes. were to crystallize, would cause counterparties and investors to lose confidence in them, so that a firm is more aware of its business model vulnerabilities when making strategic business decisions, when contingency planning, and when considering its risk management arrangements. This is a holistic exercise which, in addition to any risks to a firm’s capital position, requires firms to consider other relevant risks, including liquidity risks. This exercise will encourage firms to: explore more fully the vulnerabilities of their business model (including ‘tail risks’); make decisions that better integrate business and capital planning; and improve their contingency planning. An underlying objective would be to ensure that a firm can survive long enough after risks have crystallized for one of the following to occur: • the market decides that its lack of confidence is unfounded and recommences transacting with the firm; • the firm down-sizes and re-structures its business; • the firm is taken over, or its business is transferred in an orderly manner; or • public authorities take the firm over, or wind down its business in an orderly manner. With improved stress and scenario testing arrangements at firms should help both to reduce the probability of firms failing, and also the consequent impact and wider costs of any financial failure. Pelo exposto, todos os bancos que adotem a Abordagem Baseada em Ratings Internos para os fins do Acordo da Basiléia devem realizar testes de estresse sólidos e significativos par avaliar As mentioned before, every Bank that will adopt the Internal Ratings Based Approach for Basel has to conduct sound, significant and meaningful Aspectos Técnicos Technical Part 18 de forma razoavelmente conservadora sua adequação de capital. Mais especificamente, grandes concentrações de risco de crédito deverão ser submetidas a testes de estresse periódicos. Ademais, os testes de estresse devem ser interpretados no processo interno de adequação de capital (“internal capital adequacy process” – ICCAP), especialmente no que tange a estratégias de gestão de risco para lidar com os resultados dos testes. O objetivo é assegurar que as instituições financeiras disponham de capital suficiente para atender aos requisitos de capital regulador, mesmo quando sob estresse. Nesse sentido, os bancos devem identificar, dentro do possível e plausível, eventos e mudanças futuras das condições econômicas que possam causar efeitos negativos sobre sua exposição de crédito. Além disso, é necessário avaliar a capacidade do banco de suportar tais acontecimentos desfavoráveis. No que se refere ao risco de crédito, o conceito básico de um exercício de teste de estresse envolve uma quantificação do impacto sobre os seguintes parâmetros: probabilidade de inadimplência (“probability of default” — PD), perda em caso de inadimplência (“loss given default” — LGD) e exposição inadimplente (“exposure at default” — EAD). Também devem ser levadas em consideração as migrações de ratings. Recomenda-se o emprego de eventos de queda de atividade econômica ou setorial, eventos de risco de mercado, quedas de liquidez e eventos de risco operacional. Devem ser considerados cenários de recessão, embora não sejam necessárias hipóteses pessimistas extremas. Os bancos devem usar seus próprios dados para estimar as migrações de rating e integrar insights obtidos de ratings externos. Devem, também, construir seus testes de estresse com base no estudo do impacto de uma deterioração menos intensa do ambiente de crédito. stress testing to assess the capital adequacy in a reasonably conservative way. In particular, major credit risk concentrations have to undergo periodic stress tests. Furthermore, stress tests should be interpreted in the internal capital adequacy process (ICCAP), in particular risk management strategies to respond to the outcome of stress testing. The objective is to ensure that Financial Institutions dispose of enough capital to meet the regulatory capital requirements even in the case of stress. For that matter, Banks should identify possible and plausible events and future changes in economic conditions, which could have disadvantageous effects on their credit exposure. Moreover, the ability of the Bank to withstand these unfavorable impairments has to be assessed. For credit risk, the basis design of a stress testing exercise comprises of a quantification of the impact on the parameters: probability of default (PD), loss give default (LGD) and exposure at default (EAD). Rating migrations should also be taken into account. It is recommended to use the economic or industry downturns, market-risk events, liquidity shortage and operational risk events. Recession scenarios should be considered whilst the worst case ones are not required. Banks should use their own data for estimating rating migrations and integrate the insight of rating migrations in external ratings. Banks should build their stress testing also on the study of the impact of smaller deterioration in the credit environment. 19 O elemento central do procedimento de teste de estresse está na variação dos parâmetros de risco: • Probabilidade de inadimplência (PD) • Perda em caso de inadimplência (LGD) • Exposição inadimplente (EAD) Sob esse enfoque, o papel das variações da PD é predominante, uma vez que LGD e EAD são quantidades duradouras que, por definição, estão condicionadas a situações desvantajososas — o inadimplemento do devedor. As possibilidades de efeitos de estresse ficam, portanto, restritas, especialmente no que toca à EAD. Tais efeitos podem ser agravados por certos fatores exógenos, como a taxa de câmbio, mas devem ser parcialmente considerados na EAD comum. Os fatores exógenos que afetam a EAD podem somente ser relevantes se também afetarem os demais parâmetros de risco e, portanto, puderem levar a um acúmulo de influência sobre o risco. As possíveis variâncias de LGD dependem em muito do procedimento usado na determinação desta quantidade. Assim, devem ser definidos os desvios que possam ser decorrentes de métodos de estimação, assim como os aspectos do processo que dependam das condições econômicas. Uma vez que a determinação da LGD é, por definição, condicionada à situação desfavorável de inadimplemento, deve considerar os valores duradouros das garantias reais e levar a valores que possam ser considerados conservadores. Assim, não deve haver muitos fatores restantes capazes de conduzir a mudanças extremas da LGD. É principalmente a avaliação das garantias oferecidas que poderia ter alguma influência que não venha a ser descartada ao estressar a LGD. Mais especificamente, é possível que os fatores que afetam o valor das garantias também tenham impacto so- The central point of the procedure of stress testing is the change in the risk parameters: • Probability of Default (PD) • Loss Given Default (LGD) • Exposure at Default (EAD) In this connection, a superior role is played by variations in the PD, as LGD and EAD are lasting quantities, which due to their definition already are conditioned to disadvantageous situations, namely the default of the obligor. The possibilities of stress effects are hence restricted, especially for EAD. The latter might be worsened by a few exogenous factors such as exchange rate but they should be partially considered in the usual EAD. The exogenous factor affecting the EAD might only be of interest if they also have an impact on the other risk parameters and hence could lead to an accumulation of risky influence. The possible variances for the LGD depend heavily on the procedure used to determine this quantity. Thus deviations which might arise from estimation methods, should be determined, as well as parts of the process that might depend on economic conditions. As the determination of the LGD is conditioned, by definition, to the unfavorable situation of default, it should take into account the lasting values for collaterals, and lead to values that can be seen as conservative. Thus, there should not too many factors be left that could lead to extreme changes for the LGD. Mainly the evaluation of collateral could have some influence which cannot be neglected when stressing the LGD. In particular, it might be possible that factors affecting the value of the collateral also have an impact on the 20 bre os demais parâmetros de risco e, portanto, devem ser levados em consideração. A PD é, de longe, o mais popular dentre os parâmetros de risco sujeitos a variação em testes de estresse. Há duas maneiras de integrar a PD aos processos de teste de estresse: modificação da atribuição de ratings; e modificação das PDs dos ratings atribuídos. Alterar a atribuição de ratings aos devedores no contexto de testes de estresse tem a vantagem de também permitir a inclusão de transições para créditos de liquidação duvidosa (CLDs). A variação da PD corresponde a uma mudança dos ratings. O possível desvio da atribuição de ratings pode ser promovido por meio do procedimento de rating. Assim, devem ser investigadas as variâncias possíveis e a sensibilidade dos dados de entrada do processo de rating para se obter uma estimativa inicial dos possíveis desvios. Consequentemente, além da análise de dados históricos quanto a transições de rating, o processo de teste de estresse deve incluir pareceres de peritos quanto à metodologia de rating. A modificação da PD dos diferentes ratings poderia ter raízes no risco sistêmico, ou seja, na dependência dos vetores de risco, que, como veremos adiante, são um dos principais temas no desenvolvimento de testes de estresse. Embora seja sensato estimar a volatilidade das PDs em um primeiro momento e usar o resultado desse procedimento nos testes com o capital regulador, um segundo passo deve diferenciar os efeitos dos riscos sistêmicos e idiossincráticos sobre os desvios da PD. Isso deverá levar a testes de estresse mais avançados e realistas, especialmente no que tange ao capital econômico. Uma análise da estrutura de transição de ratings também poderia ser usada para determinar PDs sob condições de estresse. A vantagem da modificação das PDs em relação à mo- other risk parameters and hence should be taken into account. PD is by far the most popular risk parameter which is varied in stress tests. There are two ways that PD can be integrated into stress testing process: through modifications either of the assignment to rating grades or of the PDs of the rating grades for stress tests. Altered assignments of rating grades for obligors in stress tests have the advantage that they also allow the inclusion of transitions to non-performing loans (NPL). The change of PD corresponds to a change on the rating grades. The possible deviation in the assignment of rating grades can be promoted by the rating procedure. Thus, the possibilities f variances and the sensitivity of the input for the rating process should be investigated in order to get a first estimate for possible deviations. Consequently, as well as the analysis of historic data for rating transitions, expert opinions on the rating methodology should be a part of the design process for the stress test. The modification of PD for the rating grades could have its origin in systemic risk, i.e. in the dependence on risk drivers, one of the main topics in designing stress tests, as will be discussed below. While it is sensible to estimate the volatility of PDs in a first step and use the outcome of this procedure for tests on regulatory capital, the differentiation of the effects of systematic and idiosyncratic risk on PD deviations should be considered in a second step. This will lead to more advanced and realistic stress tests, in particular on economic capital. An analysis of the transition structure for rating grades might also be used to determine PDs under stress conditions. The advantage of modifying PDs against modi- 21 dificação da atribuição de ratings está na maior variedade de opções de mudança; a desvantagem é a ausência de uma atribuição modificada às carteiras ativa e de liquidação duvidosa. Isso precisa ser feito além das modificações de PDs. Estimar o capital econômico, a PD, a LGD e a EAD pode não ser o bastante para a concepção de testes de estresse. São necessários, além disso, parâmetros usados para representar os efeitos sobre a carteira, inclusive as correlações entre empréstimos ou a dependência comum dos vetores de risco. As investigações do risco de crédito no contexto de crises históricas demonstram que as correlações e a concentração de risco apresentam enormes desvios sob tais circunstâncias. De qualquer forma, suas variações devem, se possível, ser consideradas sob condições de estresse nos modelos de carteira. Alguns modelos avançados de estimativa do capital econômico podem até exigir mais informações, em especial com referência à situação econômica. Quanto ao risco operacional, aqui definido como o potencial de perda resultante de eventos que envolvam pessoal, processos, sistemas e fatores externos, o desenvolvimento e a aplicação de testes de estresse é bem mais complexo. Numa instituição financeira, os processos estão interligados e há diversos sistemas que os sustentam e pessoas que os desenvolvem, operam e executam. A diferença crítica entre o risco de crédito e o risco operacional é o fato de que as causas fundamentais do risco operacional estão, na vasta maioria das vezes, dentro da instituição, enquanto as causas dos eventos de risco de crédito são exógenas à organização. Ao estressar o risco operacional, o modelo deve incluir o estado de estabilidade (meta-estabilidade) tênue e delicado da rede interna de processos e controles. As complexas interdependências dos processos de uma organização podem ser compa- fying the assignment of rating grades is a greater variety for the choices of changes; the disadvantage is the absence of a modified assignment to the performing and nonperforming portfolio. This has to take place on top of the modification of PDs. Estimating economic capital, PD, LGD, and EAD might not be sufficient to design stress tests. In addition parameters used for displaying portfolio effects, including correlations between the loans or the common dependence of risk drivers are needed. Investigations on historic crises for credit risk show that correlations and risk concentration exhibit huge deviations in these circumstances. In any case, their variations should be considered in stress with portfolio models if possible. Some advanced models for estimating economic capital might even require more information, in particular economic conditions. In the case of Operational Risk, here defined as the potential for loss resulting from events involving people, processes, systems and external events, the development and application of stress testing is far more complex. In a financial institution, processes are interconnected and there are multiple systems that support them and people that develop, operate and execute them. The critical difference between credit and operational risk is that the rootcauses of operational risk, in the vast majority of the times, reside inside the institution, while the causes to credit risk events are exogenous to the organization. When stressing operational risk the model should include the tenuous and delicate state of stability (metastability) of the internal network of processes and controls. The complex interdependencies of processes within an institution are comparable to a sand 22 radas a um monte de areia. É possível que um grande monte de areia chegue a um ponto de estabilidade, mas basta o acréscimo de um único novo grão para que grandes partes do monte desabem. O mesmo se aplica aos controles e processos internos: a organização não detectaria necessariamente o potencial para grandes perdas devidas a avalanches de falhas processuais, uma vez que tais transições não apresentam precursores detectáveis. Mesmo com um sistema de processos essencialmente inalterado, a rede toda de processos e controles internos poderia entrar em colapso e causar perdas significativas, seja por causa de tensões externas, seja devido a flutuações raras da dinâmica interna. Estressar os controles internos é a única maneira de avaliar esta frágil estabilidade e o impacto sobre a probabilidade de ocorrência de um evento de perda devido a risco operacional. Nesse caso, a probabilidade do evento é semelhante à probabilidade de inadimplência em crédito, mas as causas fundamentais são outras. Assim, o procedimento de teste de estresse e os cenários também são distintos. Como o teste de estresse deve fazer parte do processo interno de adequação de capital (ICAAP), é necessário que se entenda como usar os resultados dos testes para controlar e administrar o risco da carteira. O ponto de partida para isso deveria estar no capital regulador e econômico como resultado dos testes de estresse. O primeiro passo consiste em verificar se a instituição tem capital suficiente para cobrir as necessidades da situação de estresse. Como haveria limites, amortecedores e políticas para garantir essa condição, a avaliação dos testes também deveria ser usada para rever essas ferramentas, que devem ser analisadas detalhadamente uma vez que podem ser aplicáveis a diferentes níveis da carteira (como limites para subcarteiras, governos, ou devedores, por exemplo). pile. It is possible for an entire large sand pile to reach a point where it is stable, but the addition of a single grain causes large parts of it to collapse. The same is valid for internal controls and processes: the organization would not necessarily realize the potential for big losses due to burst and avalanches of process failures, as there are no detectable precursors to such transitions. With a basically unchanged process setup the whole network of internal processes and controls could collapse and cause significant losses, either due to external strain or some rare fluctuations of the internal dynamics. Stressing internal controls is the only way to assess this feeble stability and the impact o the probability of an operational risk loss event to occur. In this case, the probability of event is similar to the probability of default in credit, but the root-causes are different. Therefore, the stress testing procedure and the scenarios are also distinct. As stress testing should be part of the internal capital adequacy process (ICAAP), there should be an understanding of how to use the outcome of stress tests for controlling and managing portfolio risk. The starting point for this should be regulatory and economic capital as output of the underlying stress tests. The first task consists of checking whether the financial institution holds sufficient capital to also cover the requirements of the stress situation. As there should be limits, buffers and policies to guarantee this, the evaluation of stress testing should be also used to review these tools. Since the latter might be applicable to different portfolio levels (e.g. limits for sub-portfolios, sovereign, obligors) they should be checked in detail. 23 O conceito de testes de estresse estaria incompleto se não soubéssemos quando é preciso considerar medidas concretas por causa dos resultados dos testes. Faz sentido introduzir indicadores e limites que sugiram quando: • informar a administração a respeito de acontecimentos potencialmente críticos; • desenvolver diretrizes para novos negócios de maneira a evitar a ampliação de grupos de risco existentes; • reduzir o risco da carteira ou de subcarteiras com a ajuda de securitização e consórcios; • reajustar um sistema existente de gestão de limites e o amortecedor de capital em relação ao risco operacional; • reconsiderar a política de risco e a tolerância ao risco. Alguns indicadores para determinar a tomada de medidas poderiam ser: • o aumento, acima de um determinado limite ou de um certo fator, de indicadores de risco como Perda Esperada, Perda Inesperada, ou Déficit Esperado; • o aumento, acima de um determinado limite ou de um certo fator, dos requisitos de capital (regulador ou econômico); • a queda do índice de solvência do capital ou dos requisitos de capital abaixo de um determinado limite; • um baixo nível de solvência para atendimento aos requisitos de CE sob condições de estresse; • quando um quantil especificado da distribuição de perda da carteira sob estresse não se enquadrar em um quantil especificado da distribuição de perda da carteira original; • quando a perda esperada da carteira sob estresse superar o custo padrão do risco (calculado com base na Perda Esperada pelo prazo dos empréstimos) em um determinado fator ou aproximar-se demais da perda inesperada da carteira sem estresse. The concept of stress testing would be incomplete without knowing when action has to be considered as a result of the outcome of tests. It makes sense to introduce indicators and threshold for suggesting when: • To inform management about potential critical developments; • To develop guidelines for new business in order to avoid the extension of existing risky groups; • To reduce risk for the portfolio or sub-portfolios with the help of securitization and syndication; • To readjust an existing limit management system and the capital buffer for operational risk; • To rethink the risk policy and risk tolerance. Indicators for the call on action could be: • The increase of risk indicators as Expected Loss, Unexpected Loss, Expected Shortfall over a threshold or by a specific factor; • The increase of capital requirements (regulatory or economic) over a threshold or by a specified factor; • The solvency ration of capital and capital requirements under a threshold; • A low solvency level for meeting the EC requirements under stress; • A specified quantile of the loss distribution for the portfolio under stress conditions does not lie within a specified quantile of the loss distribution for the original portfolio; • Expected loss for the portfolio under stress conditions overlaps the standard risk costs (calculated on the basis of EL for the duration of the loans) by a specified factor or gets too close to the unexpected loss for the unstressed portfolio. 24 • Se a relação risco/retorno ficar acima de um determinado limite, quando medido o risco em termos de Perda Inesperada. Conclusão Os recentes acontecimentos verificados no mercado deram destaque à importância dos testes de estresse em bancos e outras organizações prestadoras de serviços financeiros. Há diversos temas importantes nas primeiras lições aprendidas com o recente caos dos mercados. Em primeiro lugar, é essencial que a alta administração esteja envolvida na supervisão de um programa abrangente e coordenado de testes de estresse e cenário. É crucial que haja análise de estresse e cenário relevantes e de alta qualidade. A dedicação da alta administração é um pré-requisito para integrar os testes de estresse às decisões de negócio, risco e capital e incentiva uma exploração mais detida dos riscos extremos, além de cenários adversos mais amenos. Em segundo lugar, o contágio. É importante que as instituições analisem melhor os mecanismos de transmissão e contágio (inclusive a extensão dos efeitos em cadeia e de reforço de um cenário de estresse inicial para outros mercados ou produtos) e reflitam melhor a respeito de como as correlações de risco podem mudar sob condições de estresse. Em terceiro lugar, uma visão holística da organização como um todo. As instituições devem ser capazes de conduzir testes de estresse e cenário que ajudem a identificar e avaliar riscos no nível da instituição como um todo. O programa de teste de estresse deve ser holístico em termos de captação de riscos e de abrangência. A instituição deve ser capaz de realizar testes de estresse em diferentes níveis (por exemplo, também nos níveis de unidade de negócio e de linha de negócio) e reunir de • The risk/return lies above a specified threshold where risk is measured in terms of UL. Conclusion The recent market events have highlighted the importance of stress testing within banks and other financial services organizations. There are several key themes in the initial lessons learned from recent market turmoil. First, it is essential that senior management is involved in overseeing a comprehensive and coordinated stress and scenario testing program. Governance is the essence for achieving high quality and relevant stress and scenario analysis. Senior management engagement is a necessary condition for integration of stress testing into business, risk and capital decisions and encourages more thorough exploration of tail risks as well as milder adverse scenarios. Second, contagion: It is important for firms to pursue more thorough analysis of risk transmission and contagion mechanisms (including ripple and reinforcing effects from a primary stress scenario extending to other markets or products) and also to better reflect how risk correlations may vary in stressed conditions. Third, firm-wide holistic view: Firms should be able to conduct stress and scenario testing that helps them identify and assess risks at a firm-wide level. A firm’s stress testing program should be holistic in terms of risk capture and coverage. A firm needs to be able to carry out stress testing at different levels (for example also at business unit, or business line, level) and to bring together top-down 25 and bottom-up risk assessment in a coherent manner. And finally, liquidity stresses: Contagion from a liquidity stress situation in one market may spread across multiple markets, and as well as affecting firms’ liquidity positions may ultimately also expose firms to capital stresses, including those arising from pipeline transactions which cannot be distributed as planned in conditions of decreased demand, and off-balance sheet exposures which are re-assumed. As observações, interpretações e conclusões aqui representadas são do autor e não refletem necessariamente as do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento / Banco Mundial e de suas coligadas, ou as dos Diretores Executivos do Banco Mundial ou dos governos que representam. The findings, interpretations, and conclusions expressed herein are those of the author, and do not necessarily reflect the views of the International Bank for Reconstruction and Development / The World Bank and its affiliated organizations, or those of the Executive Directors of The World Bank or the governments they represent. Autores/Authors forma coerente avaliações descendentes e ascendentes do risco. Finalmente, estresses de liquidez. Uma situação de crise de liquidez num mercado pode espalhar-se por contágio para muitos outros, além de, ao afetar as posições de liquidez das instituições, expô-las a estresses de capital, inclusive aqueles decorrentes de transações em cadeia que não possam ser distribuídas da maneira planejada sob condições de demanda reduzida e de exposições extra-balanço que precisem ser readmitidas. Dr. Lourenço Miranda é Senior Risk Officer da International Finance Corporation (IFC) — braço do setor privado do World Bank Group — baseado em Washington, DC. É autor de inúmeros artigos publicados em revistas e jornais internacionais, palestrante convidado em conferências no Brasil e diversos outros países e há mais de 19 anos vem lecionado em vários centros acadêmicos do Brasil e no exterior. Com larga experiência em modelagem e gestão de riscos em Bancos Comerciais brasileiros e estrangeiros atua também como consultor interno no desenvolvimento e implementação da prática de gestão de riscos operacionais no IFC. Atualmente lidera projetos de desenho e implementação da prática da gestão de riscos em instituições financeiras médias e pequenas no Sri Lanka (Risco Operacional), na Rússia (Risco de Mercado e Operacional) e na China (Risco de Crédito). [email protected] is Senior Risk Officer with the International Finance Corporation (IFC) — the World Bank Group’s private-sector arm — with headquarters in Washington, DC. He has authored several papers published in international reviews and journals, been a guest speaker at conferences in Brazil and elsewhere, and lectured for 19 years at various academic centers in Brazil and abroad. With ample experience in modeling and risk management with Brazilian and international Commercial Banks, he also serves as an IFC internal consultant on the development and implementation of operational risk management practice. He currently leads projects involving the design and implementation of risk management practices in medium and small financial institutions in Sri Lanka (Operational Risk), Russia (Market and Operational Risk) and China (Credit Risk). [email protected] 26 Riscos Fiscais e o Crédito Fiscal Risks and Credit Frederico Araujo Turolla Orlando Assunção Fernandes 27 A expansão do crédito, nesta década, certamente está alicerçada na melhora do ambiente macroeconômico, um longo processo ocorrido principalmente desde o Plano Real. A conquista da estabilidade de preços foi um elemento essencial, mas não suficiente, para a transformação do ambiente que deu suporte a um movimento de expansão do estoque de crédito oferecido pelo sistema financeiro ao setor privado nos últimos anos, ainda que recentemente o processo tenha sido impulsionado por inovações, como a expansão das operações de crédito consignado, com significativo impacto sobre este mercado, e também pelos reflexos da pujança mundial sobre o Brasil. O Gráfico 1 mostra a evolução do estoque de crédito do sistema financeiro total ao setor privado, em percentual do PIB. The expansion of credit throughout this decade is certainly based on an improved macroeconomic environment, a lengthy process that has taken place chiefly since the Real Plan. Achieving price stability was an essential – but not sufficient – element for the transformation of the environment, which sustained an expansion of the credit offered by the financial system to the private sector in recent years, even though the process has been lately boosted by innovations such as the expansion of payday loan operations, with a significant impact on the market, and by the effects of the global prosperity on Brazil. Chart 1 shows the evolution of total financial system credit to the private sector as percentage share of GDP. Gráfico 1 Crédito ao setor privado, % do PIB Chart 1 Credit to the private sector, % of GDP Fonte: BACEN, SGS série 11.399. Source: Central Bank of Brazil, SGS series 11.399. 28 Em geral, a estabilidade é um dos alicerces, mas não uma garantia da expansão do estoque de crédito. Uma rápida recapitulação da história econômica recente permite observar que, nos anos que sucederam o Plano Real, após um pico de crescimento apresentado logo nos primeiros meses que se seguiram ao Plano, o volume de crédito concedido apresentou uma trajetória declinante, dada a combinação dos efeitos, para a economia brasileira, das diferentes crises externas (mexicana, asiática, russa, argentina e atentados terroristas), juntamente com as elevadas taxas de juros praticadas no período que, além da questão que envolve o risco moral e a seleção adversa, tornaram as operações com títulos de dívida pública, por parte das instituições financeiras, mais atrativas do que as operações de crédito. Contudo, os anos noventa não foram marcados, apenas, pela conquista da estabilidade de preços, mas também por outros movimentos favoráveis ao ambiente macroeconômico. Entre os movimentos relevantes para o ambiente de concessão de crédito está o equacionamento do equilíbrio fiscal. No mercado de recursos, as necessidades de financiamento do setor público competem com as necessidades de financiamento do setor privado. Assim, é de se esperar que uma redução da demanda líquida de recursos para financiamento do governo abra maior espaço para o financiamento privado, estimulando o mercado de crédito. Esta relação é esperada, pois a maior demanda de crédito por parte do setor público deve não apenas deslocar a oferta de crédito do setor privado para o setor público, mas também elevar o risco global das operações de crédito, e vice-versa, mas na prática pode se manifestar com defasagens e não-linearidades. Mesmo assim, o estoque de dívida pública e o estoque de crédito apresentam uma visível relação inversa, como sugere o Gráfico 2. Nesta década, a correlação entre a dívida líquida e o estoque de crédito ao setor privado foi negativa em 88%. Generally speaking, stability is a pillar, but not an assurance, of expanded credit availability. A quick recap of recent economic history shows that, in the years after the Real Plan, after a peak of growth in the months immediately subsequent to implementation, the volume of credit granted shows a declining trend as result of the combined effects on the Brazilian economy of various foreign crises (Mexican, Asian, Russian, Argentinean, and terror attacks), along with the high interest rates charged in the period. These rates, along with the issues of moral hazard and adverse selection, made deals with government bonds far more attractive for financial institutions that credit operations. However, the 1990s were not marked only by the achievement of price stability, but also by other favorable macroeconomic developments. Among the most relevant to the credit environment lies achievement of fiscal balance. In the market for funds, the public sector’s financing needs compete with those of the private sector. Therefore, a reduced net demand for government financing should make additional room for private financing, stimulating the credit market. This relationship is expected, as a greater demand for credit from the public sector should not only shift credit supply from the private to the public sector, but also increase the overall risk of credit operations and vice versa; in practice, however, this effect can be lagged and non-linear. Still, total public debt and credit availability are negatively correlated, as suggested by Chart 2. In that decade, the correlation between net debt and private sector credit availability was minus 88 percent. 29 Gráfico 2 Dívida pública e crédito ao setor privado, % do PIB Chart 2 Public debt and private-sector credit, % of GDP Fonte: BACEN, SGS séries 11.399 e 4.513. Source: Central Bank of Brazil, SGS series 11.399 and 4.513. Dez Anos de Superávit Primário Várias ações foram relevantes durante os anos noventa, na área fiscal. Estas incluíram reformas sobre o texto constitucional de 1988 nas áreas previdenciária e administrativa; iniciativas infraconstitucionais, como um amplo esforço de equacionamento das dívidas subnacionais e de ajuste fiscal destes governos, juntamente com a reestruturação do sistema financeiro estadual; a Lei de Responsabilidade Fiscal; o Programa de Estabilidade Fiscal; entre outras. Um fator institucional de grande importância foi a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101 de 2000). Ainda que Ten Years of Primary Surplus During the 1990s, several relevant actions occurred in the fiscal area. These include amendments to the Constitution of 1988’s social security and administrative sections, such as a massive effort to resolve sub-national governments’ debt and fiscal adjustment issues, along with a restructuring of the State-level financial system; the Fiscal Responsibility Act; the Fiscal Stability Program; and more. A highly significant institutional factor was the Fiscal Responsibility Act (Complementary Act 101 of 2000). Although this piece of legislation became a pillar of 30 esta lei tenha se tornado uma âncora do comportamento dos entes públicos subnacionais, boa parte do trabalho de ajuste fiscal nos governos de estados e municípios brasileiros começou antes, ainda na década de noventa com o Programa de Ação Imediata. O governo federal firmou contratos com prefeituras e governos estaduais endividados, assumindo estas dívidas em contrapartida de fortes critérios de ajuste fiscal. Com isto, passou-se a exigir uma maior austeridade nas contas públicas brasileiras. Hoje, o endividamento subnacional junto ao mercado é muito pequeno e os milhares de governos locais/estaduais produzem, no seu conjunto, um superávit primário da ordem de 1% do PIB por ano. Estes acordos, em vigor, foram pouco alterados. Qualquer iniciativa neste sentido, por parte da União, deve merecer muita atenção em termos da estabilidade fiscal. Felizmente, até hoje não parece haver intenção neste sentido, exceto pela natural reivindicação dos interessados. Enquanto a maioria das iniciativas tem caráter mais estrutural, uma delas teve razoável efetividade de curto prazo, o Programa de Estabilidade Fiscal. Implementado em outubro de 1998 pelo governo federal, como uma das respostas aos desdobramentos da crise russa sobre o Brasil, foi em seguida convertido em compromisso de desempenho no acordo entre o País e o Fundo Monetário Internacional. Um importante aspecto é que o Fundo sancionou o critério primário para a medição do desempenho das contas públicas, que permitiu isolar a avaliação de esforço fiscal efetivo do pagamento de juros, ao mesmo tempo em que a situação global se deteriorava com o aumento do serviço da dívida pública. O Programa correspondeu ao início da geração de superávits primários do setor público, com metas iniciais de estabilização da ra- sub-national governments’ behavior, a good share of the fiscal-adjustment effort at Brazilian State and Local governments began earlier, in the 1990s, with the Immediate Action Program. The Federal Government entered into agreements with indebted Local and State governments, accepting the debt in exchange for the adoption of severe fiscal adjustment measures. As a result, Brazilian public accounts were handled with more austerity. Today, sub-national indebtedness is very small and the thousands of Local and State governments, taken together, produce an annual primary surplus of about 1 percent of GDP. These agreements, which are still in force, have undergone little change. Any initiative in this sense on the part of the Federal Government should be scrutinized from the angle of fiscal stability. Fortunately, there appears to be no such intent so far, except for the expected claims of interested parties. Although most of the relevant initiatives are of a chiefly structural nature, one was reasonably effective in the short run: the Fiscal Stability Program, which the Federal Government put into place in October 1998 in response to the effects of the Russian crisis on Brazil, was subsequently converted into a set of criteria as part of the agreement between Brazil and the International Monetary Fund. One important aspect is that the Fund accepted the primary-surplus standard as a measure of publicaccounts performance, which enable decoupling the assessment of the actual fiscal effort from interest payments while the global situation deteriorated and led to increased public-debt service. The Program marked the beginning of the generation of public-sector pri- 31 zão entre a Dívida Líquida do Setor Público e o Produto Interno Bruto. A política de superávits primários iniciada no Programa de Estabilidade Fiscal completou uma década de vida no fim do ano passado. Com ela, o Brasil não apenas sobreviveu aos efeitos da turbulência dos países emergentes, como também se recuperou após uma mudança mais ampla nos regimes de política econômica, incluindo também, no horizonte de alguns meses entre o fim de 1998 e início de 1999, as áreas cambial e monetária. Note-se que, apesar da geração de superávits primários, em especial, a partir do acordo com o FMI ao final de 1998, a trajetória da Dívida Líquida do Setor Público registrou ainda forte crescimento, que se deve, em especial, a impactos patrimoniais. O primeiro deles foi o efeito da exposição cambial do setor público, que serviu de anteparo do setor produtivo contra os efeitos da saída do regime de câmbio administrado. Entretanto, ainda que a dívida tenha continuado a crescer por algum tempo devido a esses efeitos patrimoniais, cessou o principal motor de sua deterioração, que era o saldo negativo no âmbito operacional do setor público. Mesmo a despesa de juros tende, estruturalmente, a reagir positivamente a melhoras nesse âmbito, inclusive pela queda do riscopaís, o que coloca o saldo primário em uma posição central sob o ponto de vista da avaliação das condições da solvência soberana. É marcante que o impacto das crises do fim dos anos noventa sobre o sistema produtivo brasileiro foi relativamente limitada em comparação com países que enfrentaram fortes contrações da produção e variações negativas do PIB em circunstâncias semelhantes de saída de regimes de câmbio fixo. Para isto, o sistema produtivo brasileiro contou com anteparo fornecido pelo setor público através de instrumentos de proteção cambial. Só assim se explica que tenha iniciado, logo após a desvalorização, uma mary surpluses, with initial goals for stabilizing the Net Public Debt-to-Gross Domestic Product ratio. The past year marked the tenth anniversary of the primary surpluses policy that began with the Fiscal Stability Program. This policy allowed Brazil to not only survive the effects of the turbulence endured by emerging economies, but also recover after a broader change to economic policy regimes to include the foreign exchange and monetary areas within a few months between late 1998 and early 1999. Note that, despite the primary surpluses, particularly after the agreement with the IMF in late 1998, Net Public Sector Debt showed marked growth due, mostly, to liability impacts. The first such was the effect of the public sector’s foreign currency exposure, which served to safeguard the productive sector against the effects of the end of the managed exchange rate regime. However, although debt continued to increase for a while as a result of these liability effects, the public sector’s negative operating balance, which was the main driver of deterioration, came to an end. Even interest expense tends to react positively to gains in this area for structural reasons such as lower sovereign risk, casting primary surplus in a leading role from the viewpoint of appraisals of national solvency. It is noteworthy that the impact of the crises of the late 1990s on the Brazilian productive system was relative limited compared to countries that endured severe production contractions and negative GDP growth under similar circumstances of exit from fixed exchange rate regimes. To this end, the Brazilian productive system relied on a safeguard provided by the public sector by means of currency-protection instruments. This is the only explanation for the 32 trajetória marcada, inicialmente, por um boom de exportações que só se esgotou nos últimos meses e, em seguida, por um forte movimento de internacionalização de suas empresas. Não há qualquer exagero em se afirmar que a continuidade da política de superávit primário, por mais de dez anos, nos colocou em condições relativamente boas para enfrentar a crise econômica atual, constituindo um verdadeiro colchão de competitividade que limita a extensão dos danos. Notadamente, além do Programa de Estabilidade Fiscal, os demais avanços institucionais foram coadjuvantes fundamentais desta conquista. Os resultados do Programa de Estabilidade Fiscal de 1998 sobre o saldo primário ficam evidenciados no gráfico 3, que apresenta a evolução das necessidades de financiamento do setor público consolidado. Esta estatística é bastante abrangente e inclui os três níveis do governo e suas estatais não-financeiras, o INSS e o Banco Central. Note-se que há impacto defasado, eventualmente mais difuso, da mudança do regime fiscal no nível primário, sobre a despesa de juros e portanto sobre o saldo total que afeta mais diretamente a dinâmica do endividamento público. O gráfico deixa clara a mudança estrutural no patamar de superávit primário, que ocorreu há mais de dez anos, com o Programa de Estabilidade Fiscal. Outro aspecto relevante da observação do gráfico é que esta política de superávit primário relativamente elevado tem sido um relevante elemento da trajetória de queda do déficit público nominal brasileiro. A redução da taxa de juros, e conseqüentemente da despesa federal com juros sobre a dívida, constitui-se em outro importante elemento desta redução. Como já foi argumentado, note-se que a redução estrutural do nível de taxa de juros está, em geral, relacionada à melhora do nível primário, pois este reflete me- emergence, immediately after the devaluation, of a path marked at first by an exports boom that only ended in recent months and, subsequently, by heavy internationalization of Brazilian firms. It is no overstatement to claim that the maintenance of the primary-surplus policy for over then years has put us in a relatively strong position to face the current economic crisis, establishing a competitive safety net that limits the extent of the damages. Take note that, besides the Fiscal Stability Program, other institutional developments were crucial supporting elements to this achievement. The impact of the Fiscal Stability Program of 1998 on primary surplus can be seen in Chart 3, which depicts the public sector’s consolidated financing needs evolution. This statistic is rather comprehensive and includes the three levels of government, their non-financial state-owned companies, the National Social Security Institute, and the Central bank. Note a lagged and more diffuse effect of primary fiscal-regime change on interest expense and, therefore, on total balance, which more directly affects the dynamics of public debt. The chart clearly shows the structural change in the primary-surplus level that took place more than ten years ago with the Fiscal Stability Program. Another relevant aspect depicted in the chart is that this policy of relatively high primary surpluses has been a relevant element of the declining path of the Brazilian nominal public deficit. The lower interest rate and the resulting drop in federal interest expense is another important factor in this decline. As discussed earlier, the structural drop in interest-rate levels is generally related with improved primary levels, as these 33 lhor as condições subjacentes de esforço de ajuste ou seu inverso. Assim, a importância da política de superávits primários pode ser bem maior que a observação fria dos dados poderia fazer supor, tendo mesmo condicionado uma evolução posterior mais favorável da despesa com juros, com impacto sobre o saldo global e sobre a trajetória da dívida. Notadamente, a despesa com juros também foi favorecida pelo excepcional ambiente de liquidez internacional dos últimos anos até o terceiro trimestre de 2008. better portray the underlying circumstances of the adjustment effort. Therefore, the importance of the primary surpluses policy may well be greater than a detached analysis of the data might lead to conclude, and has led to a more favorable subsequent evolution of interest expense, with impacts on total balance and debt trend. Please note, also, that interest expense benefited from the exceptional international liquidity environment that lasted a few years until the third quarter of 2008. Gráfico 3 Necessidade de financiamento, setor público consolidado, acumulado em 12 meses, % do PIB Chart 3 Financing needs, consolidated public sector, 12-month accumulated, % of GDP Fonte: BACEN Source: Central Bank of Brazil 34 A redução do déficit nominal contribuiu para o controle da dívida pública. No conceito de Dívida Líquida do Setor Público, que é tão abrangente quanto a medida de déficit, e desconta os haveres líquidos do setor público (como, principalmente, as reservas internacionais), o estoque no fim de 2008 atingiu 36% do PIB, conforme mostra o Gráfico 4. A reduced nominal deficit contributed to getting public debt under control. The concept of Net Public Sector Debt, which is as comprehensive as the deficit metric, but nets out the public sector’s net receivables (such as foreign reserves in particular), the balance in late 2008 was 36% of GDP, as seen in Chart 4. Gráfico 4 Dívida Líquida do Setor Público, % do PIB Chart 4 Net Public Sector Debt, % of GDP Fonte: BACEN Source: Central Bank of Brazil Riscos na Área Fiscal As ações voltadas para o equilíbrio fiscal continuam até este momento e os dados recentes ainda mostram um superávit primário razoável e um déficit nominal em trajetória de queda. Sabe-se que o novo ambiente econômico pós-crise deverá pressionar o superávit primário, principalmente pela redução do ritmo das receitas públicas em função da forte desaceleração da economia. O déficit nominal poderá contar também com a redução da taxa de Fiscal Risks Fiscal balance-oriented actions remain so far and recent data still show a reasonable primary surplus and a dropping nominal deficit. The new economic environment should put pressure on the primary surplus, particularly as a result of lower public revenues arising from the marked deceleration of the economy. Nominal deficit may still benefit from lower interest 35 juros, mas ainda assim poderá crescer ligeiramente. Este o cenário-base de muitos analistas. Entretanto, há um grande risco nesta área, que também pode pesar sobre o mercado de crédito brasileiro. Este risco está relacionado à probabilidade, ainda que baixa, de uma mudança no regime de política fiscal. Uma das justificativas para tal mudança seria, em uma visão politicamente oportunista, a imitação da ação emergencial anticrise que está sendo colocada em prática em outros países, notadamente pelos países desenvolvidos. O Gráfico 5 apresenta um diagrama de dispersão dos déficits fiscal e externo das 20 maiores economias do Planeta, onde o tamanho de cada esfera reflete o tamanho da economia medido pelo seu PIB. rates, but may, even so, rise slightly. This is the base scenario for many analysts. The area encloses a serious risk that may affect the Brazilian credit market. This risk has to do with the probability, however low, of a change in the fiscalpolicy regime. One justification for such a change might be, from a politically opportunistic perspective, emulation of emergency anti-crisis actions that are being put into place elsewhere, particularly in developed countries. Chart 5 shows a dispersion plot of the fiscal and foreign deficits of the 20 largest economies, where the size of each sphere reflects the size of the economy as measured by GDP. Gráfico 5 Situação fiscal e externa das 20 maiores economias em 2008 Chart 5 Fiscal and foreign situation of the 20 largest economies in 2008 Fonte: FMI, elaboração e estimativas realizadas pela Pezco Pesquisa e Consultoria. Source: IMF, preparation and estimates by Pezco Pesquisa e Consultoria. 36 Note-se que a saúde fiscal dos países desenvolvidos, que mereceu relativamente pouca atenção durante os recentes anos de forte prosperidade, poderá ganhar o centro das atenções internacionais agora, com a virada do ciclo econômico, em uma nova era que agora se pode chamar de Era do Realismo. Isto por que os pacotes emergenciais de salvamento lançados pelos governos de vários países podem conter bombas, com potenciais efeitos colaterais posteriores sobre as respectivas economias. O financiamento dos déficits produzidos pelos pacotes poderá se tornar uma preocupação central daqui para frente, especialmente em um ambiente em que boa parte das grandes nações apresenta não apenas déficit público, mas também déficit em conta corrente. No caso brasileiro, o déficit fiscal remanescente mereceu, também, menos atenção que deveria durante a época de prosperidade. O nosso pacote fiscal é menos ousado até o momento, relativamente ao dos países desenvolvidos, mas ainda assim os números do governo ganharão atenções. Ao longo de 2009, há uma tendência de um escrutínio muito mais atento sobre a trajetória das contas públicas, tanto dos países desenvolvidos quanto das variáveis fiscais brasileiras. Para o Brasil, seria também desejável uma mudança na composição da despesa pública que caminhasse para uma redução nas despesas de custeio em detrimento às despesas de capital, as quais poderiam produzir estímulos à demanda sem prejuízo da solvência soberana. Mas a lógica política pode gerar a recomendação contrária. Ainda que, visto de hoje, seja pequeno, não se deve desprezar o risco de uma mudança desse tipo. Seria um pacote com bomba, no Brasil, causador de instabilidade financeira. A despesa de juros tende a cair com a redução da taxa Selic, neste ano. A grande in- Note that the fiscal health of developed countries, which deserved little attention during the recent period of prosperity, may now gain center stage as the economic cycle reverses, marking the beginning of a new age that may be referred to as the Age of Realism, as the emergency rescue plans launched by several national governments may include time bombs with potential future side effects for the respective economies. The public-debt financing these plans produce may become a core concern hereafter, particularly in an environment where a significant share of major nations shows not only public deficit, but also current-account deficit. In the case of Brazil, the remaining fiscal deficit has also been given less thought than it was due in the days of prosperity. Our fiscal plan is so far not as bold as those of developed economies, but some the Government’s figures will deserve attention. Throughout 2009, there is a trend towards much closer scrutiny of public accounts, both for developed countries and for Brazil’s fiscal variables. For Brazil, a change in public spending would be desirable that led to reduced earmarks relative to capital spending, which might encourage demand without jeopardizing sovereign solvency. But the political reasoning may generate an opposite recommendation. Even if small at present, the risk of such a change cannot be disregarded. It would be a time-bomb package, a generator of financial instability. Interest expense tends to drop this year with the reduction of the Selic prime rate. The main unknown concerns primary surplus, as in recent years the Federal Government has been quickly increasing its spending, relying on the exception- 37 cógnita diz respeito ao superávit primário, pois o governo federal vem elevando velozmente, nos últimos anos, os seus gastos, contando com a excepcional arrecadação dos anos recentes de prosperidade. Entretanto, a arrecadação já mostrou perda de força, o que deve continuar ao longo deste ano. Há, por outro lado, dúvidas sobre se o governo federal teria a disposição política de reduzir os gastos. Antes, acreditamos na busca de novas receitas tributárias. O Leão poderá afiar suas garras, apertando os contribuintes, assim como o governo deverá reforçar as iniciativas legislativas para aumento da sua receita. Na mesa, estarão o eterno retorno da CPMF, com novo nome, e a PEC tributária. A emenda constitucional da reforma tributária pode ser uma excelente desculpa para acomodar uma majoração de tributos. Entretanto, seu resultado pode ser contraproducente, ao contribuir para a elevação da carga tributária, prejudicando ainda mais a competitividade da economia. Isto é de alta relevância por que o Brasil apresenta um problema crônico na área tributária, com múltiplas origens: uma carga elevada e crescente, que procura acompanhar a também crescente trajetória dos gastos; má qualidade do sistema, bastante concentrado em tributos de caráter cumulativo que desestimulam a agregação de valor na produção interna, enquanto incentivam a exportação dos nossos empregos; um baixo retorno ao cidadão desta elevada carga, tendo em vista a elevada ineficiência e a falta de foco nos gastos; e um difícil relacionamento das pessoas e empresas com o Fisco, que gera uma discricionariedade que encarece os negócios e ameaça a vida de empresas e pessoas adimplentes, muitas vezes involuntariamente favorecendo o oportunismo. Ainda que não se deva negar que o problema dos maus tributos precisa ser combati- al revenues of the recent prosperous past. But revenues already seem to be losing steam, a process that should continue as the year progresses. On the other hand, there are doubts as to the Federal Government’s political will to reduce spending. Rather, we believe it will attempt to secure new sources of tax revenues. The Federal Revenue Bureau may become more aggressive in its dealings with taxpayers and the Government should increase legislative initiatives to grow revenues. These may include the return of the CPMF (contribution on financial transactions) under a different name and the a Positional Amendment Proposal for taxes. This Amendment may be an excellent excuse to raise taxes. But the end-result may be counter-productive, leading to an increased tax burden and further hampering the economy’s competitiveness. This is of great relevance because Brazil has chronic tax problem arising from different causes: a high and growing tax burden that attempts to keep up with the growing trend of spending; poor system quality, concentrated on taxes of a cumulative nature that discourage valueadded domestic production and encourage exporting jobs; a low return to citizens of this high burden, as a result of highly inefficient and unfocused spending; and a difficult relationship between individual and corporate taxpayers and the tax authorities, leading to a discretionary behavior that makes business more expensive and threatens compliant businesses and individuals, often involuntarily favoring opportunism. Although there is no denying that the problem of poor taxation must be ad- 38 do e que há necessidade de rever as formas de incidência tributária, não basta atacar somente a febre sem combater o mal que lhe causa: o crescimento dos gastos públicos, em especial, os de custeio. Assim, a reforma seria apenas antipirética, atacando os sintomas sem tratar as suas causas. Não cabe, agora, portanto, pensar em reformas do lado da receita sem lastreá-las no controle dos gastos: as últimas iniciativas de reforma tributária se revelaram como boas Eric oportunidades para acertos entre os representantes dos entes federativos, em torno de novos aumentos da arrecadação total, com claros benefícios políticos. A solução está do lado da despesa pública: é preciso conter – e reduzir de forma decisiva – a gastança ineficiente do Estado brasileiro. A crise é uma oportunidade ímpar para avanços neste sentido. Por tudo isto, o Brasil acaba ficando com pouco espaço para usar o aumento dos gastos públicos em investimentos para estimular a economia. Nosso governo já tem um déficit, e teria dificuldade em reduzi-lo aumentando a tributação, principalmente porque já temos uma carga tributária entre as maiores e piores do mundo. Por sua vez, o histórico de nossa dívida foi muito ruim até o começo dos anos noventa, com emoções constantes para os investidores dressed and that there is a need to review the existing forms of taxation, it will not do any good to attack the symptoms without addressing the underlying disease: growing public spending, in particular earmarks. Therefore, the reform would be merely superficial, addressing the symptoms, but not their causes. Therefore, this is not the time to consider changes in the revenue side unless they are bound to spending controls: the latest tax-reform initiatives were good opportunities for arrangements among members of the Federation in terms of new total revenue gains, with clear political benefits. The solution lies in public spending: the Brazilian State’s inefficient spending must be decisively contained. The crisis is a unique opportunity to make headway in this direction. For all of the above reasons, Brazil ends up with little room to use increased public spending to invest and boost the economy. Our Government already shows a deficit and would have a hard time reducing it by increasing taxes, mainly because our tax burden is already one of the world’s highest and worst. At the same time, the history of our debt was very bad until the early 1990s, a constant roller-coaster ride for local and foreign investors. Despite recent 39 locais e estrangeiros. Ainda que tenha melhorado recentemente, a dívida brasileira completou apenas alguns meses na categoria de “grau de investimento”. Estamos ainda (o advérbio revela um desejo, não uma projeção) no nível mais baixo dessa categoria, e não seria sensato pôr esta conquista a perder. Há quem defenda que a queda da dívida pública ocorrida recentemente, em função do ajuste patrimonial da variação cambial favorável sobre os derivativos a que o setor público esteve exposto, fosse criar espaço para uma política fiscal mais frouxa. Este argumento não procede, porque esta queda decorre do efeito patrimonial de uma exposição do governo a derivativos. Na medida em que esta exposição ainda existe, há riscos no sentido contrário. Assim, não se pode confiar em um ajuste patrimonial passado como justificativa razoável para se afrouxar os controles do superávit primário. Note-se que a crítica não se refere à exposição do governo a derivativos cambiais, os quais podem fazer sentido em alguns contextos da política cambial (para uma discussão sobre este ponto, vide Turolla, 2005); o ponto é que os ganhos circunstanciais derivados desta exposição não devem servir de justificativa para uma política de deterioração do resultado primário. Por outro lado, uma política de controle da despesa pública, com conseqüente redução da carga tributária, seria um caminho direto para o crescimento econômico. Infelizmente, a agenda política brasileira não parece compatível com este desejo. Termômetros para Riscos Fiscais Já que o acompanhamento das variáveis fiscais pode ganhar um papel bem mais importante nesta Era do Realismo, será importante monitorar estes riscos, principalmente se houver algum sinal mais evidente de deteriora- improvements, Brazilian debt has only been deemed “investment grade” for a few months. We are still at the lowest level in this class and it would be unwise to jeopardize the accomplishment. Some argue that the recent drop in public debt due to the favorable adjustment in the derivatives to which the Public Sector was exposed, caused by a favorable foreign exchange movement, could create room for looser fiscal policy. The argument is flawed because the drop is due to the effects of the government’s exposure to derivatives. As the exposure remains, so does the risk of an opposite movement. Therefore, one cannot rely on a past liability adjustment as reasonable cause to loosen primary surplus controls. We point out that this is not a criticism of the Government’s exposure to foreign currency derivatives, which may make sense in some foreign exchangepolicy contexts (for a discussion of this aspect, see Turolla, 2005); our point is that the substantial gains arising from this exposure should not be used to justify a policy that erodes primary results. On the other hand, a policy of controlled public spending with a consequent reduction of the tax burden would be a straightforward path to economic growth. Sadly, the Brazilian political agenda appears to be incompatible with such a course of action. Fiscal-risk Gauges Since tracking fiscal variables may well gain a far more important role in this Age of Realism, it will be important to monitor these, particularly in the presence of clearer signs of deteriorating primary surplus. A few gauges can be proposed. 40 ção no saldo primário. Pode-se propor alguns termômetros. Além das variáveis tradicionais de dívida e déficit, como a dívida líquida e as necessidades de financiamento em proporção do PIB, é útil observar a evolução do perfil da dívida mobiliária federal, dado o peso que a mesma tem no estoque total do endividamento público brasileiro. Pode-se utilizar o Índice de Composição da Dívida Mobiliária (ICDM), cuja construção é apresentada em maior detalhe em Fernandes, Turolla e Monteiro (2008). Dois atributos são considerados: proporção de prefixados e o prazo médio da dívida, ambos relativizados pela dívida referencial. O índice é uma medida da qualidade da dívida mobiliária federal brasileira, tomando como parâmetro a dívida norte-americana, que corresponde a uma média de atributos relevantes da dívida mobiliária brasileira: a participação dos títulos prefixados na dívida brasileira (%PRE) em relação à dívida norte-americana (%PREEUA); e o prazo médio da dívida brasileira (PRAZOMEDIO) relativamente ao prazo médio da dívida norte-americana (PRAZOMEDIOEUA). A dívida norte-americana foi escolhida por seu reconhecido papel de benchmark no mercado internacional de capitais, refletindo assim uma proxy das possibilidades de alongamento e de prefixação disponíveis para uma dívida de baixíssimo risco. O índice pode ser expresso como segue: ICDM = 1 2 ( % PRE % PRE EUA Note-se que esse índice pode superar 100%, se o prazo médio ou o percentual prefixado da dívida brasileira forem superiores ao da dívida norte-americana. Entretanto, no intervalo entre 1967 e 2007, os valores do índice se situam entre um mínimo de 5,43% e máxi- In addition to the traditional debt and deficit variables, such as net debt and financing needs as percentage of GDP, there is use in watching the evolution of the federal bond debt profile, given its weight in total public indebtedness in Brazil. One possibility is the Bond Debt Composition Index (“Índice de Composição da Dívida Mobiliária” – ICDM), discussed in greater detail in Fernandes, Turolla and Monteiro (2008), and which takes account of two attributes: share of fixedincome bonds and average debt maturity, both relative to the reference debt. The index is a measure of the quality of the Brazilian Federal bond debt relative to US debt, and corresponds to an average of relevant attributes of the Brazilian bond debt: share of fixed-income securities in the Brazilian debt (%PRE) relative to US debt (%PREEUA); and average maturity of the Brazilian debt (PRAZOMEDIO) relative to the average maturity of the US debt (PRAZOMEDIOEUA). US debt was selected for its notorious role as a benchmark in the international capitals market, which makes it a proxy for the possibilities to lengthen maturity and establish a share is fixed-income bonds available to very-low risk debt. The index can be represented as follows: + % PRAZOMEDIO % PRAZOMEDIO EUA ) Note that this index may exceed 100% if the Brazilian debt’s average maturity or its fixed-income ratio exceed the US debt’s. In the 1967-2007 period, however, the index ranges between 5.43 percent and 58.97 percent, 41 mo de 58,97%, com média de 29,33% e desvio-padrão de 13,84. Embora, na prática, o índice possa superar 100%, essa não é uma possibilidade teoricamente relevante, já que o custo de manter uma dívida de qualidade superior ao da dívida de referência, em termos de alongamento e de prefixação, dadas as especificidades da dívida brasileira, superaria o benefício. Para informação, a introdução de títulos pós-fixados na dívida norte-americana, basicamente ligados a índices de preços, se deu somente a partir de 1997, enquanto no caso brasileiro foram introduzidas logo no seu nascimento, com as ORTN em 1964. Por ora, o ICDM apresenta um comportamento favorável, como mostra o Gráfico 6. Houve uma inflexão em setembro passado, mas foi circunstancial, devido ao auge da crise. with a mean of 29.33 percent and standard deviation of 13.84. Although the index may exceed 100%, the possibility is not theoretically relevant, as, given the peculiarities of Brazilian debt, the cost of maintaining a debt of higher quality than the reference debt in terms of maturity and fixed-income ratio would exceed the benefit. For information purposes, floating-income securities tied basically to price indexes only were introduced into US debt in 1997, while, in Brazil, they have existed since the beginning of the government’s bond debt, with the ORTN of 1964. For now, ICDM shows favorable behavior, as seen in Chart 6. An inflection occurred in September past, but was circumstantial and due to the height of the crisis. Gráfico 6 ICDM, Índice de Composição da Dívida Mobiliária Federal Chart 6 ICDM, Federal Boid-Debt Composition Index Fonte: elaboração dos autores e Pezco. Source: prepared by the authors and Pezco. 42 A parte mais interessante do gráfico do ICDM é a que ainda não está plotada. A projeção da trajetória futura deste índice não é simples, pois depende de decisões políticas sensíveis, a serem tomadas especialmente pelo governo federal. E uma delas é sobre a continuidade do superávit primário em torno do nível atual. O cenário-base é de normalidade; o cenário alternativo, menos provável, leva em conta uma mudança na política de superávits primários, relaxando uma importante âncora da estabilidade, e este seria um provável direcionador de uma eventual mudança mais pronunciada na trajetória do ICDM. Uma conseqüência direta do cenário alternativo seria uma elevação do prêmio de risco-país. Dependendo da magnitude, isto poderia contaminar o conjunto dos ativos financeiros. Há outro indicador útil, relacionado à composição da dívida mobiliária. Para controlar a liquidez diária do sistema, os Bancos Centrais se utilizam de operações compromissadas (repurchase agreements) que nada mais são do que operações de compra e venda de títulos em que o vendedor se compromete a recomprar os títulos em data e preço previamente estipulados. De acordo com FERNANDES (2008), estas operações são executadas através de leilões informais (go-arounds) e a sua taxa média é a taxa Selic. O problema é que estas operações já representam cerca de 18% da dívida mobiliária interna, ou R$ 284 bilhões, o que pode ser um risco em ambiente de maior dificuldade na rolagem dos leilões. Hoje, 31% destas operações têm prazo a decorrer de até 13 dias; incluindo estas, 84% têm prazo até 3 meses; o restante, vence em 5 e 7 meses, conforme mostra a Figura 1. Trata-se de um montante relativamente elevado de dívida pública, com prazo curto. The most interesting part of the ICDM chart is the one yet to be plotted. Projecting the index’s future path is no trivial affair, as it depends on sensitive political decisions to be made, in particular by the Federal Government. One such concerns maintaining the primary surplus near the current level. The baseline scenario is normalcy; the alternative – and less likely – scenario takes into account changes to the primary surpluses policy intended to loosen one important pillar of stability, which would probably drive a more pronounced change in the ICDM path. A direct consequence of the alternative scenario would be an increased sovereign-risk premium. Depending on its magnitude, this might spread to all financial assets. There is one more helpful bonddebt related indicator. To control the system’s daily liquidity, Central Banks use repurchase agreements that are nothing more than bond purchase and sale deals where the seller promises to buy the securities back on a previously agreed date, at a previously agreed price. According to FERNANDES (2008), these transactions take place by means of informal auctions (go-arounds) and their average rate is the Selic prime rate. The problem is that these operations are close to 18 percent of the domestic bond debt, or R$ 284 billion, which may be a risk in an environment of more difficult debt rolling at auctions. Today, 31 percent of these operations have maturities up to 13 days; including these 84 percent mature in up to three months; the remainder mature in 5-7 months, as seen in Figure 1. This amounts to a relatively high level of shortterm public debt. 43 Figura 1 Proporção das operações compromissadas por faixa de prazos Figure 1 Share of repurchase agreements by maturity Fonte: BACEN Source: Central Bank of Brazil Assim, um aumento da proporção de operações compromissadas pode revelar dificuldades na rolagem da dívida interna aos preços vigentes, pois o mesmo objetivo poderia ser obtido com a venda definitiva de títulos de prazo mais longo, em leilões primários. Ao optar pelas compromissadas em maior escala, promove-se um encurtamento radical dos prazos (duration) da dívida, pois, embora negocie com títulos relativamente longos, o prazo final dessas operações acaba sendo de poucos dias. É interessante observar que as operações compromissadas já estão, há algum tempo, acima dos padrões habituais. Elas superam até mesmo a proporção que foi atingida durante a crise de 2002, quando efetivamente foram verificadas condições adversas na rolagem da dívida mobiliária, como mostra o Gráfico 7. Therefore, an increased ratio of repurchase operations might indicate trouble rolling the domestic debt at the current prices, as the same goal could be attained by means of an outright sale of longer-term bonds in primary auctions. An option for repurchase operations radically shortens the debt’s duration, since, despite relatively lengthier stated maturities, these operations ultimately become due in a few days. It is worth noting that repurchase deals have for some time been exceeding usual standards. They even surpass the ratio achieved during the crisis of 2002, when adverse debt-roll circumstances were in effect, as seen in Chart 7. 44 Gráfico 7 Composição da dívida mobiliária, % Chart 7 Bond debt composition, % Fonte: BACEN Source: Central Bank of Brazil A elevada proporção das compromissadas, já antes da crise, possivelmente, se deve ao volume de operações necessárias para esterilizar a forte entrada de câmbio no país, durante o momento de grande liquidez internacional. Ainda que possa haver entrada líquida de capitais em alguns dos próximos meses, ficou muito claro que, desde o pós-crise, os fluxos se inverteram ou, pelo menos, suavizaram bastante. Assim, devemos observar uma redução na proporção de compromissadas, a não ser que haja questionamento da solvência fiscal por parte do mercado, o que seria o cenário alternativo. Vale, portanto, acompanhar este indicador. The high ratio of repurchase transactions even before the crisis is possibly due to the volume of operations needed to sterilize the high inflow of foreign currency during a moment of great international liquidity. Although net capital inflows may occur in some of the next months, it has become clear that, since the crisis, the flows have reversed, or at least dropped significantly. As a result, there should be a drop in the ratio of repurchase agreements, unless the market begins to question fiscal solvency, which would be the alternative scenario. Therefore, this indicator is worth tracking. 45 Observações Finais Autor/Author Este artigo argumentou que a crise trouxe um novo desafio na área fiscal, relacionado à redução do ritmo de crescimento das receitas em face da expansão dos gastos públicos. Apontamos as conseqüências negativas que uma reversão da trajetória de política fiscal baseada em superávits primários, e que foi iniciada no Programa de Estabilidade Fiscal, há pouco mais de dez anos, poderia trazer sobre a economia e, provavelmente, sobre o mercado de crédito. Assim, durante este ano, é conveniente, através dos indicadores tradicionais de dívida e déficit monitorar os riscos advindos da situação fiscal, bem como o perfil da dívida mobiliária federal interna (indicador ICDM) e a proporção de operações compromissadas na dívida. Todas estas, variáveis importantes que merecerão nossa atenção ao longo de 2009. Final Comments This article argues that the crisis has raised a new challenge in the fiscal arena, associated with reduced revenue growth in the presence of increasing public spending. We point out the negative consequences for the economy – and, probably, the credit market – that might arise from a reversal of the primary-surpluses based fiscal policy that began a little over ten years ago with the Fiscal Stability Plan. Therefore, over the course of the present year, it will be prudent to use traditional debt and deficit indicators to monitor risks arising from the fiscal situation, and also to track the profile of the federal domestic bond debt (ICDM indicator) as well as repurchase agreements as share of debt. All of these are important variables that will deserve close attention throughout 2009. Frederico Araujo Turolla é Sócio da Pezco Pesquisa e Consultoria Ltda, professor de Economia da ESPM e FGV. E-mail: [email protected] is a Partner with Pezco Pesquisa e Consultoria Ltda, and an Economics professor at ESPM and FGV. e-mail: [email protected] Orlando Assunção Fernandes é Professor de Economia da FAAP e ESPM. E-mail: [email protected] Bibliografia/Bibliography is an Economics professor at FAAP and ESPM. e-mail: [email protected] FERNANDES, Orlando A.; TUROLLA, Frederico A. e MONTEIRO, Erika R. A Fronteira de Escolha da Composição da Dívida Mobiliária sob a Hipótese do Pecado Original. Mimeo, 2008. FERNANDES, Orlando A. Crise financeira: é hora de despertar. Newsletter Instante No. 4, Pezco Pesquisa e Consultoria, 2008. TUROLLA, Frederico A. Política Cambial com Dívida Indexada em Moeda Estrangeira no Brasil, 1995-2004. XXXIV Encontro Nacional de Economia da ANPEC, 2006, Salvador -BA, 2006. 46 Modelo de Mensuração da Rentabilidade do Crédito Model for Measuring the Profitability of Credit Dany Rogers Pablo Rogers 47 Resumo A avaliação para concessão de crédito, principalmente em empresas comerciais, é tradicionalmente balizada no risco de crédito do cliente e na sua estrutura e/ou potencial de negócios. Não se considera a rentabilidade que a utilização do limite pode proporcionar à empresa e, em consequência, à maximização da riqueza dos seus acionistas. O objetivo deste trabalho é apresentar um modelo de mensuração da rentabilidade da concessão de crédito ajustado ao risco de crédito para empresas comerciais. A literatura selecionada para o embasamento teórico envolve o conceito de rentabilidade como discutido na Teoria das Restrições (TOC) e o cálculo da medida de desempenho como no modelo RAROC, cujo objetivo é calcular o retorno ajustado ao risco. O modelo proposto foi aplicado em uma empresa do ramo atacadistadistribuidor, e os seus resultados possibilitaram concluir que a concessão de crédito a clientes classificados como de baixo risco nem sempre é a opção mais rentável. Dessa forma, em uma situação de restrição de crédito, a decisão das empresas comerciais que levam em consideração apenas o risco de crédito e o porte do cliente para estipulação do limite de crédito, pode ocasionar decisões incorretas que estejam diminuindo o ganho da empresa ao invés de aumentar a riqueza de seus proprietários. 1. Introdução Em empresas comerciais a concessão do crédito é realizada para o cliente levando em consideração apenas o risco inerente na operação, independente se o mon- Summary The credit granting process, especially in commercial enterprises, is traditionally based on the client’s credit risk and on the business structure/ potential he offers. Consideration is generally not given to the returns that the use of credit limits can offer the company and, consequently, contribute towards maximizing shareholder value. The purpose of this paper is to present a model for measuring the returns from the risk-adjusted granting of credit by commercial enterprises. The literature used for the theoretical grounding of the model is concerned with the concept of returns, as discussed in the Theory of Constraints, and the calculations for measuring performance, as in the RAROC model, for calculating risk-adjusted returns. The model proposed here was actually applied to a real company in the distribution/wholesaling sector, and the results led to the conclusion that granting credit only to clients classified as low-risk is not always the most profitable option. In conditions of limited credit availability, the criteria used by commercial enterprises, based solely on the size and creditworthiness of the client, in order to set a credit limit may lead to incorrect decisions that actually decrease the company’s profits instead of increasing the wealth of its shareholders. 1. Introduction Commercial enterprises grant credit to their clients based solely on the risk of the transaction in hand, without considering whether the credit limit they are granting is 48 tante concedido está sendo rentável ou não. Elas não verificam se o investimento realizado no cliente através da concessão de crédito tem rentabilidade suficiente que compense o empréstimo, ou se seria melhor que este investimento fosse realizado em outro ativo mais rentável. A rentabilidade obtida por meio dos empréstimos realizados pelas instituições financeiras é usualmente avaliada e existem modelos financeiros disponíveis para obtenção deste resultado, como o modelo RAROC. Entretanto, em empresas comerciais, quando o cálculo da rentabilidade da concessão de crédito se faz necessário, não existe um modelo específico que possibilite essa mensuração. As organizações empresariais têm à sua disposição, para avaliação do risco de crédito, modelos de credit scoring, sistemas de rating, CreditRisk+, dentre outros, e lançam mão de diversas formas para concessão do limite. Porém, as mesmas não conseguem mensurar a rentabilidade dessa concessão dado o risco calculado do cliente. Essas organizações carecem de medidas de rentabilidade e eficácia da concessão do crédito para aumento da riqueza dos acionistas. Dado o exposto, o presente trabalho visa responder à seguinte questão: Como a rentabilidade da concessão de crédito ajustado ao risco de crédito pode ser mensurada em empresas comerciais e qual a influência que o cálculo desse índice pode exercer sobre a concessão de crédito? Propõe-se para resolução da questão o desenvolvimento de um modelo que mensure a rentabilidade da concessão do crédito comercial ajustado ao risco de crédito, e para isso, será adotado o conceito de rentabilidade da Teoria das Restrições (TOC) e o modelo RAROC (Risk-Adjusted Return on Capital) para o seu cálculo. profitable or not. They do not analyze whether the investment they are making in the client by granting him credit is sufficiently profitable to justify the credit facility, or whether it would not be better to invest in another, more profitable, asset. The profitability of the loans made by financial institutions, in contrast, is usually analyzed and taken into account and there exist financial models specifically designed for this purpose, such as the RAROC model. When commercial enterprises, however, want to calculate the profitability of the credit facilities they grant clients, there is no specific model available for measuring the same. Businesses have at their disposal a number of models for evaluating credit risk, such as credit scoring systems, rating systems and CreditRisk+, among others, and use a variety of procedures for granting credit limits. None of these, however, are any use when it comes to measuring the returns on the credit facilities granted, adjusted for the creditworthiness of the client. Businesses lack yardsticks for measuring the returns from their credit granting activities and the contribution of the same to maximizing shareholder value. Given the situation as described above, the purpose of this paper is to answer the following question: how can the risk-adjusted return on credit facilities be measured at commercial enterprises and what kind of influence can the calculation of such returns be expected to have on the granting of credit itself. In order to answer this question, we propose to develop a model for measuring the credit risk-adjusted return from the extension of commercial credit. We shall use the concept of returns or profitability as used in the Theory of Constraints and the RAROC (Riskadjusted Return on Capital) model for our calculations. 49 Foi aplicado o modelo em uma empresa do ramo atacadista-distribuidor. Nesse setor, 88% das vendas são financiadas via concessão de crédito (REVISTA DISTRIBUIÇÃO, 2007), e na empresa-caso, aproximadamente, 96% de suas vendas são realizadas via crédito. Todavia, como em empresas comerciais o crédito não é um fim, e sim um meio para efetivação das vendas, essas organizações não adotam como estratégia o tratamento do crédito como um investimento, mensurando seu retorno. Reconhecida essa deficiência, sob racionamento de capital a concessão de crédito pode não estar proporcionando aumento da riqueza dos acionistas pela possibilidade de não ser viável, se comparada, por exemplo, com outros ativos da empresa. Justifica-se, portanto, o desenvolvimento de um modelo direcionado a empresas comerciais, com a proposta de mensurar a rentabilidade do crédito ajustado ao risco de crédito para avaliar a operação de concessão de crédito. O presente artigo está estruturado em mais quatro seções. A segunda descreverá o referencial teórico do trabalho. Para economizar espaço não serão discutidas as políticas de crédito e a análise e seleção do crédito, apenas alguns modelos utilizados para medição do risco de crédito e a Teoria das Restrições, que embasa a medida de rentabilidade utilizada na proposta de modelo. A seção três terá como objetivo apresentar o modelo proposto, relacionando-o com o alicerce teórico que o sustenta. Na quarta seção far-se-á a aplicação prática do modelo em uma empresa comercial do ramo atacadista-distribuidor, percorrendo cada etapa para a sua implementação. A seção cinco ficará para as considerações finais. Our model was given a field test at a company in the distribution/wholesaling business. In this sector 88% of all sales are on credit (DISTRIBUIÇÃO magazine, 2007). In the company we used for our case-study, 96% of all sales were made on credit terms. In commercial enterprises, however, credit is not an end in itself, but a means of generating sales. Companies like these do not have a strategy of analyzing credit as an investment and measuring the returns it offers. Given this deficiency, the granting of credit in conditions of limited credit availability may not maximize shareholder returns. It may not even be recommendable, when compared, for example, with other types of assets on the books of the company. There are good reasons, therefore, for developing a model aimed at commercial enterprises, for the purposes of measuring the risk-adjusted profitability of their credit portfolios in order to better evaluate their credit granting activities as a whole. This paper will be structured in four more sections, not counting this one. The second section will discuss the theoretical background to the ideas expressed in this paper. In order to keep the paper short, we will not go into credit policies or credit analysis/approval, but shall restrict ourselves to certain models used to measure credit risk and to the Theory of Constraints, which is the basis for the measurement of profitability or returns used in the model proposed here. Section three will present the proposed model, illustrating the theoretical foundations on which it is based. Section four will deal with the practical application of the model to a company in the distribution/wholesaling sector, going through each phase of its implementation one by one. Section five will be dedicated to final considerations and conclusions. 50 2. Revisão da Literatura 2.1. Risco de crédito O risco de crédito pode ser definido como a probabilidade da concedente de crédito não receber do devedor no prazo e condições estipuladas. Para identificação e avaliação do risco de crédito são utilizados modelos que podem ser divididos em três categorias: 1. Modelos de classificação de risco: representados normalmente em uma escala categórica e relacionados à previsão de ocorrência ou não de inadimplência (ou default). 2. Modelos de risco de portfólio: buscam quantificar o risco de uma carteira e não de operações individuais. 3. Modelos estocásticos de risco de crédito: procuram modelar o comportamento estocástico de variáveis relacionadas ao default (ANDRADE, 2004, p. 18-19). São três os modelos tradicionais de classificação de risco: análise subjetiva tradicional baseada principalmente nos 5 C´s do crédito, ratings de crédito e sistemas de pontuação (escore) de crédito. Como modelos de risco de portfólio têm-se: modelos RAROC, o Credit Monitor da KMV, o CreditRisk+ do Credit Suisse, entre outros (SAUNDERS, 2000, p.7-15). Na análise subjetiva tradicional a decisão concentra-se nos especialistas da área que tomam as decisões de concessão com base na sua experiência adquirida, eles fazem julgamentos inferenciais e dedutivos a respeito do crédito. Os principais fatores analisados nesses modelos são os chamados 5 “C’s” do crédito, que podem ser divididos em dois grupos: relacionados aos aspectos pessoais: Caráter e Capacidade; e os relacionados aos aspectos financeiros: Capital e Condições. O outro C é o colateral, 2. A Review of Relevant Literature 2.1. Credit Risk Credit risk can be defined as the probability of a grantor of credit not receiving from the borrower payment at the time and under the conditions contractually established. The models used to identify and evaluate credit risk can be divided into three categories: 1. Risk Rating models: usually represented on a categoric scale and intended to indicate the probability or not of the occurrence of an event of default. 2. Portfolio risk models: are meant to quantify the risk in entire portfolios and not of individual credit exposures. 3. Stochastic credit risk models: try to model the stochastic behavior of the variables correlated with default (ANDRADE, 2004, p.18-19. There are three traditional risk rating models: traditional subjective credit analysis, based mostly on the five Cs of credit, credit ratings and credit scoring systems. The models used for portfolio risk analysis are: RAROC models, KMV’s Credit Monitor model and Credit Suisse’s CreditRisk+ model, among others (SAUNDERS, 2000, p.7-15). In the traditional subjective analysis model, the credit decision is concentrated in the hands of specialists in the field of credit granting, who based, upon their experience, make their judgments through inferences and deductions concerning the proposed credit. The principal credit factors analyzed by these models are the so-called five Cs of credit, which can be divided into two groups: one relating to personal aspects of the proposed borrower (Character and Capacity); and the other relating to financial aspects of the credit (Capital and Conditions).The other C stands 51 que aparece quando os aspectos financeiros não dão sustentação ao crédito almejado ou a Capacidade é questionável (SCHRICKEL, 1999, p. 48). É importante ressaltar que todos os “C’s” do crédito devem ser analisados conjuntamente e de forma complementar, “uma decisão baseada sobre apenas um dos “C” muito provavelmente gerará um problema causado por algum dos outros “C” não ponderados” (SCHRICKEL, 1999, p. 55). Os ratings de crédito, que também fazem parte deste tipo de análise de crédito, compreendem classificações em níveis de risco fundamentado em uma série de fatores, em que se atribuem notas a esses determinados quesitos e uma nota final aos conjuntos de quesitos analisados (SILVA, 2003, p. 83). Os modelos quantitativos (ou estatísticos) de medição do risco de crédito surgiram da necessidade de massificação no processo decisório de crédito e de uma maior padronização de seus procedimentos. A preocupação em se ter uma boa gestão do risco de crédito, principalmente a partir da década de 90, desencadeou-se no desenvolvimento de inúmeros modelos realizados por instituições financeiras e empresas de consultoria, particularmente o aprimoramento dos modelos quantitativos. Alguns dos modelos quantitativos mais usados são os sistemas de classificação de risco, que são processos de atribuição de pontos às variáveis de decisão mediante a utilização de técnicas estatísticas, sendo o seu objetivo a classificação dos solicitantes de crédito de acordo com a sua probabilidade de inadimplência (risco). Os sistemas de escore “definem a probabilidade de um cliente vir a ser ‘bom pagador’ ou ‘mau pagador’ com base em suas características” (AMORIN NETO e CARMONA, 2003, p. 2). for collateral, which comes into play when the financial aspects of the proposed credit are not strong enough to justify the credit on their own or when the prospective borrower’s Capacity is called into question (SCHRICKEL, 1999, p.48). It is important to note that “all the Cs of credit should be analyzed together, each one complementing the other”. A decision based on only one of the Cs is likely to later develop a problem relating to one of the other C’s that was not taken into account” (SCHRICKEL, 1999, p.55). Credit ratings, which are also part of this type of credit analysis, are classifications of credit characteristics into risk levels, based on a series of elements of creditworthiness, and where scores are attributed to each of these elements and a final rating given to the entire set of elements analyzed (SILVA, 2003, p.83). The quantitative (or statistical) models for measuring credit risk arose from the need to mass produce credit decisions, using greater standardization of the decision-making procedures involved. The desire to ensure strong credit risk management procedures, especially from the 90s onwards, led financial institutions and consulting firms to develop many different models, with particular emphasis on improvements in the quantitative models. Some of the most frequently used quantitative models are risk classification systems, which attribute points or scores to the different variables affecting the decision, through the use of statistical techniques. Their purpose is to classify credit applicants according to their probability of default (credit risk). Scoring systems “define the probability of an applicant turning out to be a ‘good payer’ or a ‘bad payer’, based on his characteristics”, (AMORIN NETO and CARMONA, 2003, p. 2). 52 Os sistemas de classificação de risco de crédito são divididos em duas categorias: modelos de aprovação de crédito ou credit scoring (também conhecidos como application scoring); e modelos de escoragem comportamental, conhecidos também como behavioral scoring. (CAOUETTE, ALTMAN e NARAYANAN, 2000). O application scoring é reservado para a classificação das solicitações de crédito de novos proponentes e o behavioral scoring é um sistema de escore com base na análise comportamental do cliente. Outro modelo quantitativo que também será importante para o trabalho é o CreditRisk+ que foi elaborado pelo Credit Suisse em 1997 e é “um modelo de modo de inadimplência” (SAUNDERS, 1998, p. 73), ou seja, somente o risco de inadimplência é modelado, “não há risco de mudança de rating” (SECURATO, 2002, p. 286). Nele a probabilidade de default de um empréstimo em determinado período é semelhante a qualquer outro período do mesmo tamanho, e o número de inadimplências ocorridas em qualquer período é independente do número de inadimplências ocorridas em qualquer outro período (CROUHY, GALAI e MARK, 2004, p. 362). Para calcular o risco no CreditRisk+, têm-se primeiramente um estágio de avaliação das incertezas (da probabilidade de default e da intensidade das perdas), para posteriormente, num segundo estágio, essas estimativas gerarem uma distribuição das perdas de toda a carteira de empréstimos. Mensurando o percentual de perda em cada rating de crédito, encontra-se a distribuição das perdas por inadimplência de toda a carteira de empréstimos. O cálculo da rentabilidade proposto no presente artigo se baseará no modelo RAROC, sendo este também um modelo quantitativo e classificado como modelo de risco de Such credit risk classification systems are divided into two categories: credit approval models or credit scoring models (also known as application scoring models); and behavioral scoring models (CAOUETTE, ALTMAN and NARAYANAN, 2000). Application scoring is used solely for classifying the credit requests of new applicants, while behavioral scoring is a scoring system based on the analysis of a broader range of client behavior patterns. Another quantitative model that will also be important for the present paper is CreditRisk+, which was developed in 1997 by Credit Suisse and is a “credit default risk model” (SAUNDERS, 1998, p.73), or, in other words, a model where only default risk is measured. “There is no risk of a rating change” (SECURATO, 2002, p.286). In this model, the probability that a loan will default in a given period of time is similar to that in any other period of equivalent length, and the number of defaults that occur in any given period is independent of the number of defaults in any other period”(CROUHY, GALAI and MARK, 2004, p.362). The first step towards calculating risk in the CreditRisk+ model is an analysis of the uncertainties (the probability of default and the extent of the loss given default). These estimates are then used in a second phase to generate a distribution of losses for the whole loan portfolio. By measuring the percentage loss in each credit rating, the model can derive the distribution of the default losses for the entire loan portfolio. The calculation of returns as proposed in this paper will be based on the RAROC model, which is also a quantitative model and is classified as a portfolio risk model, according to ANDRADE (2004). The RAROC model is a methodology for calculating the 53 portfólio, segundo ANDRADE (2004). O Modelo RAROC é uma metodologia de retorno sobre o capital investido ajustado ao risco, ele “revela o montante de capital econômico necessário para cada linha de negócios, produto ou cliente – e como essas necessidades criam o retorno total sobre o capital produzido pela empresa” (CROUHY, GALAI e MARK, 2004, p.467). A lógica da medida RAROC é a mesma das convencionais em que se tem uma relação entre um “fluxo residual de dinheiro” (lucro) e um investimento. Entretanto, ajustase o numerador para captar a perda esperada com a transação e o denominador para refletir o efetivo investimento em risco. Em termos genéricos, a equação RAROC pode ser elucidada como na equação 1: RAROC = risk-adjusted rate of return on invested capital. It “reveals the volume of economic capital needed for each line of business, product or client, and how these needs can be used to calculate the total return on the capital invested by the company” (CROUHY, GALAI and MARK, 2004, p.467). The logic behind the RAROC measurement is the same as that behind the conventional models, based on the relation between a residual cash flow (profit) and an investment. The numerator of this equation, however, has to be adjusted to capture the expected losses from the transaction and the denominator also needs to be adjusted to reflect the effective investment at risk. In general terms, the RAROC equation can be stated as in Equation 1 below”: Fluxo Residual (Lucro) Ajus tado (1) Inves timento (Capital) em Risco RAROC = Risk-adjus ted Residual Ca sh Flow (Profit) (1) Inves tment (Capital) at Risk Sobre a lógica da fórmula do RAROC, em termos da moderna teoria de carteiras, seu cálculo pode ser mais bem descrito como um coeficiente de Sharpe para unidades de negócios, clientes e, inclusive, para empréstimos. Seu numerador é alguma medida de lucro ajustado ao longo de um período futuro ou de um período passado. O denominador é uma medida da perda inesperada de capital econômico em risco (VAR - Value-at-risk) como resultado daquela atividade/ transação (SAUNDERS, 2000, p.125). A Figura 1 apresenta um esquema da equação do RAROC que elucida a sua problemática de cálculo. As to the logic of the RAROC formula, in terms of modern portfolio theory it can best be described as a Sharpe coefficient for business units, clients and even individual loans. The formula’s numerator is some adjusted measure of profit over a period in the future or in the past. The denominator is a measure of the unexpected loss of economic capital at risk (VaR – Value at Risk), as a result of that specific activity/transaction (SAUNDERS, 2000, p.125). Fig. 1 illustrates the RAROC equation and explains the calculation. 54 As shown in Fig 1. the capital invested can be adjusted for three main types of risk: credit, market and operational. Despite the acknowIedgement that market and credit risk are related (CROUHY, GALAI and MARK, 2004, p.468), in this paper capital invested will be adjusted solely for credit risk. Conforme apresentado na Figura 1, o capital investido pode ser ajustado a três principais riscos: crédito, mercado e operacional. Apesar do reconhecimento de que o risco de mercado e o de crédito estão relacionados (CROUHY, GALAI e MARK, 2004, p.468), na presente proposta procurar-se-á ajustar o capital investido unicamente ao risco de crédito. Figura 1 A equação do RAROC (=) Receita s (-) Despesa s (+) Retorno sobre o capital econômico (+/-) Preços de transferência s (-) Perda s esperada s Retorno Ajus tado ao Risco RAROC = = Capital Ajus tado ao Risco (=) Capital em Risco • Risco de Crédito • Risco de Mercado • Risco Operacional Fonte: Adaptado de CROUHY, GALAI E MARK (2004, p.470) Figure 1 The RAROC equation (=) Revenues (-) Expenses (+) Return on economic capital (+/-) Transfer pricing (-) Expected losses Risk-adjus ted return RAROC = = Risk-adjus ted capital (=) Capital at Risk • Credit Risk • Market Risk • Operational Risk Source: Adapted from CROUHY, GALAI and MARK (2004, p.470) 55 2.2. Teoria das Restrições As premissas da TOC (Theory of Constraints) foram estruturadas para problemas da linha de produção, entretanto, rapidamente adentraram nas mais diversas áreas do conhecimento gerencial e em diferentes setores (PADOVEZE, 2005, p.269). A TOC generaliza o pensamento da otimização partindo de três princípios: 1) a empresa é um sistema, um conjunto de elementos entre os quais existe uma relação de interdependência, em que cada elemento depende do outro de alguma forma e, assim, o desempenho global do sistema depende dos esforços conjuntos de todos os seus elementos (CORBETT NETO, 1997; PELEAIS, 2002); 2) o alvo das empresas deve ser ganhar dinheiro, hoje e no futuro; e 3) toda empresa, no processo de atingir sua meta, apresenta sempre uma ou mais restrições, pois, se não as apresentasse, seu desempenho seria infinito. Para a TOC, a restrição é qualquer coisa que limita um melhor desempenho de um sistema, como o elo mais fraco de uma corrente, ou alguma coisa que não se tem suficiente (GOLDRATT, 1992, p.48). Nesse sentido, qualquer recurso pode ser uma restrição: normas, procedimentos, práticas, mercados fornecedores, equipamentos, materiais, pedidos, pessoas e crédito. Para colocar a TOC em prática, existe um processo geral de tomada de decisão empresarial, e os cinco passos de focalização são: identificar as restrições do sistema, decidir como explorar as restrições do sistema, subordinar qualquer outra coisa à decisão anterior, elevar as restrições do sistema e, por último, se nos passos anteriores uma restrição for quebrada, volte ao passo 1. (GOLDRATT, 1992, p.53-57). 2.2. The Theory of Constraints The axioms of the Theory of Constraints (TOC) were originally developed for production line problems, but rapidly penetrated into the most varied areas of management theory and in different sectors of activity (PADOVESE, 2005, p.269). TOC generalizes optimization theory, starting out from three principles: 1) a company is a system, a set of different elements between which there exists a relation of interdependence, in which each element depends on the other and the overall performance of the system depends on the joint and collective effort of each of those elements (CORBETT NETO, 1997; PELEAIS, 2002); 2) the aim of all companies should be to make money, in the present and in the future; and 3) every company, on the road to meeting its targets, always runs into one or more constraints, since, if it didn’t, its performance would be infinite. For TOC, a constraint is anything that limits a system’s performance, like the weakest link in a chain, or something that is not available in sufficient quantity (GOLDRATT, 1992, p.48). Seen this way, almost anything can be a constraint: rules, procedures, practices, suppliers, equipment, materials, orders, people and credit. To put TOC into practice requires a general business decision-taking process the five Focusing Steps of which are as follows: identify the constraint; decide how to exploit the constraint; subordinate all other processes to the previous decision; elevate the constraint; and, finally, if, as a result of these steps, the constraint has moved, return to Step 1 (GOLDRATT, 1992, p.53-57). 56 A base para mensuração dos resultados na TOC está em três medidas-chave: ganho, inventários e despesas operacionais: • Ganho (G): é o índice pelo qual o sistema gera dinheiro através das vendas. Estritamente, ele corresponde à receita de vendas (R) menos o custo totalmente variável (CTV). • Inventários (I): é todo dinheiro que o sistema investe na compra de coisas que ele pretende vender. • Despesas Operacionais (DO): é todo o dinheiro que o sistema gasta para transformar o inventário em ganho, ou seja, todo dinheiro gasto com algo que não possa ser guardado para uso futuro (PADOVEZE, 2005, p.274). O objetivo da TOC é maximizar o ganho enquanto minimiza os inventários e as despesas operacionais. Ela descreve medidas voltadas para a mensuração do desempenho global da empresa: lucro líquido (LL), retorno sobre o investimento (RSI) e fluxo de caixa. 3. Modelo da Rentabilidade da Concessão do Crédito Os modelos tradicionais de concessão de crédito geralmente levam em consideração e/ou dão maior importância ao risco de crédito do cliente, a tomada de decisão em conceder ou não o crédito e o quanto conceder relaciona-se com a classificação de bom/mau pagador e, em consequência, com a classe de risco que o cliente se encontra. A rentabilidade da concessão de crédito não é considerada pelas empresas comerciais, ou seja, se realmente o crédito utilizado pelo cliente está trazendo retorno para a empresa concedente. Essa postura pode não levar a uma alocação ótima de recursos quando se considera que o crédito é uma restrição na empresa. The basis for measuring results from the application of TOC lies in three key measures: gains, inventories and operating expenses: • Gain (G): is the variable by which the system earns money from its sales. Broadly speaking, it is sales revenues (R) less totally variable costs (CTV). • Inventories (I): is all the money the system invests in buying things it intends to sell; • Operating Expenses (DO): is all the money the system spends in order to transform inventory into gain. In other words, all the money spent on something that cannot be kept for future use (PADOVESE, 2005, p.274). TOC’s objective is to maximize gain while minimizing inventories and operating expenses. TOC describes the measures to be used for measuring the company’s overall performance: Net income (LL); Return on investment (RSI); and Cash flow. 3. Credit Profitability Model The traditional models of credit analysis and approval generally take into account and/or lay the greatest stress on the client’s credit risk. The decision to grant or not the credit to the applicant and how much to grant stems from his classification as a good/bad payer and, consequently, from the credit classification he has been given. The return on the credit facility granted is not taken into account by commercial enterprises; they do not analyze whether the credit facility placed at the disposal of the client will generate a positive return for the company that granted it or not. Such a posture may lead to a less than optimal allocation of resources when you consider that credit is a constraint for a company. 57 Sob a hipótese que não é missão da empresa comercial conceder crédito, e ela só faz unicamente com objetivo de vender mais e aumentar sua rentabilidade, pode-se transpor para essas empresas a filosofia da TOC para análise de crédito: sair do “mundo dos riscos e entrar no mundo dos ganhos”. Se não há restrição de crédito, realidade não vivenciada pela maioria das empresas, a informação de risco de crédito do cliente é suficiente: basta aumentar as vendas através da concessão de crédito para os clientes “bons pagadores”. Quando se tem restrição de crédito e analisa-se a possibilidade de concessão entre clientes “bons pagadores” (mesmo grau de risco), fazendo uma analogia com a TOC, a informação do risco de crédito é insuficiente para alocação ótima dos recursos. Nesse caso, faz sentido priorizar os clientes que trazem o maior ganho por fator limitante (crédito) para empresa. Em outra condição limite, como a restrição de caixa para investimentos em clientes com discrepantes graus de risco, a informação do ganho pode ser ajustada ao risco de crédito do cliente e, assim, fundamentar o processo de tomada de decisão da concessão de crédito. A partir de elucidações trazidas dos modelos RAROC e dos fundamentos da Assuming that the mission of a commercial enterprise is not to grant credit, and that it does so solely in order to increase sales and increase its commercial profitability, TOC’s philosophy regarding credit analysis can be applied to such enterprises: leave behind the “world of risk and enter into the world of profit”. If there were no limitations on the availability of credit, a situation not enjoyed by the great majority of companies, the risk information on the client would be all that is needed: companies just have to increase Eric sales by granting credit facilities to clients identified as “good payers”. Where limitations exist, however, on the availability of credit and where enterprises have to choose between which of their “ good payer” clients (same degree of credit risk) it should extend credit terms to, risk information alone, to make an analogy with TOC, is insufficient to ensure optimal allocation of resources. In the latter case (restricted availability of credit for clients with the same credit risk profile), it makes more sense to rank clients in order of return per limiting factor or constraint (credit). If another constraint is introduced, such as limited availability of resources for investing in clients of different risk profiles, the return can also be adjusted for the degree of client credit risk and provide a riskadjusted basis for taking decisions regarding the extension of credit terms. This paper proposes a model, based on the lessons learned from the RA- 58 TOC, esse trabalho propõe um modelo de mensuração da rentabilidade da concessão de crédito comercial ajustada unicamente ao risco de crédito. Sob o ponto de vista do RAROC, a medida proposta que norteia o modelo de decisão apresentado seria a mensuração do retorno sobre o capital investido no cliente (leia-se neste caso o crédito concedido ao cliente) ajustado unicamente ao risco de crédito. E sob o ponto de vista da TOC, a adoção do conceito de rentabilidade a partir do qual a empresa deverá, em condições de restrições de crédito em que este ativo é um fator limitante, priorizar a concessão para clientes que proporcionem maior retorno sobre investimento, no caso proposto, maior rentabilidade na concessão de crédito. 3.1. Derivação da Medida de Decisão do Modelo As medidas convencionais de rentabilidade obtidas a partir dos relatórios contábeis relacionam um “fluxo residual de dinheiro” (lucro) com alguma medida de investimento. E, no cômputo da razão LUCRO/INVESTIMENTO, existem vários conceitos, tanto para o numerador quanto para o denominador (MATARAZZO, 1998). Como variáveis do numerador podese citar: lucro bruto, lucro operacional, lucro antes do imposto de renda, lucro antes da correção monetária, lucro antes das despesas financeiras, lucro líquido, vendas líquidas etc. Como variáveis do denominador têm-se: ativo (recursos de terceiros e próprios investidos na empresa), patrimônio líquido (recurso dos acionistas investidos na empresa), ativo menos passivo não-oneroso (recursos efetivamente onerosos de terceiros e próprios investidos na empresa) etc. ROC model and from the axioms of TOC, for measuring returns from the extension of commercial credit facilities, adjusted for credit risk alone. From the RAROC angle, the criterion behind the proposed decision-taking model should be measurement of the return on the capital invested in the client (meaning, here, the credit facility granted the client), adjusted for nothing else but credit risk. From the TOC angle, the criterion should be the concept of total return, according to which the company, in a situation of limited availability of credit, where this type of asset is a constraint, should give priority to extending credit terms to those clients that offer the greatest return on investment, in this case the greatest return on the credit extended. 3.1. Deriving the Model’s Decision Criterion The conventional measures of profitability drawn from financial statements measure a “residual cash flow” (profit) against some measure of investment. There exist several different ways of calculating the PROFIT/INVESTMENT ratio, as regards both the numerator and the denominator of the equation (MATARAZZO, 1998). Examples of different types of numerator include, for example: gross profit, operating profit, net income before tax, net income after monetary correction, profit before financial expenses, net income, net sales, etc.. Examples of different types of denominator include: assets (own and third-party funds invested in the enterprise), net worth (shareholders’ resources invested in the company), assets minus non-interest bearing liabilities (interestbearing third party funds and own resources invested in the company) etc.. 59 A principal limitação das medidas “clássicas” de rentabilidade refere-se ao fato de que as mesmas envolvem medidas contábeis, sem reconhecimento das várias fontes de riscos presentes a cada ramo de negócios em específico. Uma solução às limitações destas medidas seria a abordagem RAROC, tendo em vista que este modelo procura relacionar o retorno sobre o capital oferecido por uma transação, ou negócio, à taxa de risco do investimento (CROUHY, GALAI e MARK, 2004, p.467). Usada essencialmente no setor bancário, a abordagem RAROC permite comparar desempenho através de unidades de negócios, especialmente quando o capital do banco é tão caro quanto limitado (SAUNDERS, 2000, p.125). 3.1.1. O Numerador da Fórmula O que se propõe no presente estudo é ajustar a medida de desempenho usada por instituições financeiras, o RAROC, ao conceito de ganho da TOC, de forma que o ganho obtido pela diferença entre receitas de vendas em determinado período e seus custos totalmente variáveis (CTVi) sejam ainda diminuídos pela perda esperada com o crédito concedido. No numerador da abordagem tradicional do RAROC aplicada aos bancos o lucro ajustado numa transação de empréstimo obtém-se da seguinte forma: Lucro ajustado = Spread + Taxas e Comissões – (Perdas esperadas + Custos Operacionais). O fato de considerar o ganho (margem de contribuição) como medida de rentabilidade, e não qualquer outra medida que embute alocação de custos fixos, justifica-se pela TOC porque independente da venda ou não para o cliente, ou da efetuação ou não The principal limitation of such “classic” measures of returns comes from the fact that they are drawn from accounting measurements, which fail to take into account the different sources of risk inherent in each specific line of business. One solution to the limitations of such measurements would be the RAROC approach, since this model is meant to measure the return on capital allocated to a given transaction or business against the degree of risk in the investment (CROUHY, GALAI and MARK, 2004, p.467). Used principally in the banking business, the RAROC approach makes it possible to compare the performance of different business units, especially in situations where capital is not only costly for the bank but also of limited availability (SAUNDERS, 2000, p.125). 3.1.1. The Numerator of the Formula What this paper proposes is to adapt the performance measurement criteria used by financial institutions – RAROC – to the concept of gain found in TOC, in such a way that the profits earned from the difference between sales revenues for any given period and their totally variable expenses (CTVi) be adjusted downwards by the expected losses from the credit facilities granted. In the numerator used in the traditional RAROC approach used by banks, the risk-adjusted return on a loan transaction is obtained in the following way: Risk-adjusted return = Spread + Fees and Commissions – (Expected Losses + Operating Expenses). TOC defends the use of gain (contribution margin) as the measure of profitability rather than any other sort of measurement that includes an allocation for fixed costs, with the argument that fixed costs, independent of the sale 60 da transação, os custos fixos não deixaram de existir e não diminuirão, pelo menos, no curto prazo. Dessa forma, o Ganho Ajustado (GAi) em decorrência do risco de crédito seriam as receitas (Ri) provenientes das vendas após deduzidos os CTVi e as perdas esperadas devido ao risco de crédito do cliente i (Pi): or not to the client, or the execution or not of the transaction, will continue to exist and will not decrease, or not, at least, over the short term. Consequently, the Credit Riskadjusted Gain (GAi) would be the equivalent of sales revenues (Ri) minus CTVi and minus losses relating to client credit risk i (Pi): GA i = R i - CTV i - Pi Observa-se que devem entrar no cômputo dos ganhos todas as receitas com as vendas (Ri), independente da condição de pagamento. Poderiam justificar a entrada no cálculo apenas as receitas com as vendas a prazo, pois são elas os verdadeiros investimentos feitos em decorrência da concessão de crédito. Todavia, o relacionamento com o cliente através da concessão de crédito produz para a empresa concedente as vendas à vista e esse relacionamento, provavelmente, seria quebrado se a empresa parasse de conceder crédito ao cliente, perdendo assim toda fonte de ganho proveniente dele (vendas à vista e a prazo). Em relação à estimativa Pi diferentes modelos citados podem ser considerados: Credit Scoring, CreditRisk+ etc. A estimativa Pi pode ser modelada de forma simples, a partir dos históricos dos clientes na empresa (SECURATO, 2002). Para o modelo proposto, será considerado que apenas a probabilidade de inadimplência é modelada, como apresenta o CreditRisk+, e que a empresa possui um sistema de Credit Scoring em que é possível obter essa probabilidade por classe de risco de crédito. Nesse caso, (2) Note that the calculation of gains should include all sales revenues (Ri), irrespective of payment conditions. It might be possible to justify taking into account solely the revenues from sales on credit, since these are the actual investments made as the result of extending credit. On the other hand, however, the relationship with the client resulting from the extension of credit terms also results in the company making cash sales to the same client, and this relationship would probably be broken off should the company decide to cease extending credit terms and thus lose the source of profits from both the cash and credit sales. The different models mentioned above can be used for calculating Pi : Credit Scoring, CreditRisk+ etc. The Pi client credit risk can be estimated by used a simple model, based on the historical data regarding the company’s clients (SECURATO, 2002). In this model, only the probability of default is modeled, as in CreditRisk+, and it is assumed that the company operates a credit scoring system which makes it possible to calculate this probability by category of credit 61 poderia ser estimada a perda esperada com o cliente da seguinte forma, conforme Securato (2002, p.295): risk. The expected loss can be calculated for a given client using the following formula, according to Securato (2002, p.295): Pi = EDFj x LGDj Onde, EDFj representa a probabilidade de inadimplência do cliente dada a classe j de risco de crédito em que o mesmo se encontra; e LGDj (loss give default) representa a perda, dada a inadimplência (em valores monetários) do cliente em função da classe j de risco de crédito que ele se encontra, ou seja, a perda líquida da empresa após descontada a taxa de recuperação. Esta perda líquida, ou LGDj, é calculada da seguinte forma: Where EDFj (Expected Default Frequency) represents the probability of default on the part of a given client, depending on the risk category j to which he belongs; and LGDi (Loss Given Default) represents the actual loss, given the occurrence of a default (in monetary terms) on the part of the client, as a function of the risk category j to which he belongs. In other words, the net loss to the company after deducting for the respective recovery rate. This net loss, or LGDi, can be calculated in the following manner: LGDj = Ei (1 - T j ) Onde, Ei é o nível de crédito praticado no período, ou valor das vendas a prazo; e Tj a taxa de recuperação de crédito na classe j de risco de crédito em que se encontra o cliente i. Para cálculo da perda esperada pode-se mensurar a taxa de recuperação histórica tendo como base perfis semelhantes de clientes, por exemplo, mensura-se a taxa de recuperação histórica por rating de risco de crédito. Dessa forma, o numerador da fórmula pode ser calculado: (3) (4) Where Ei is equal to the volume of credit extended during the period, or, in other words, total sales on credit terms; and Ti is the credit recovery rate for the risk category j to which the client belongs. The expected loss can be calculated by measuring the historical recovery rate for similar client credit profiles. For example, the historical recovery rate for a given credit risk rating. The numerator of the formula can now be calculated as follows: GA i = R i – CTV i – [EDFj x Ei (1 – T j )] (5) 62 Caso todas as receitas da empresa sejam provenientes de vendas a prazo, o Ri tornase igual a Ei. 3.1.2. O Denominador da Fórmula Em essência, o valor do investimento em risco utilizado no denominador do modelo RAROC é calculado por alguma medida de VAR, sendo que ela “mede a pior perda esperada ao longo de determinado intervalo de tempo, sob condições normais de mercado e dentro de determinado nível de confiança” (JORION, 1998, p. 82). Em geral, as projeções são feitas para um curto período de tempo e o intervalo de confiança é de 99 ou 95%. Como na determinação do numerador, esta parte do modelo também apresenta a dificuldade de cálculo da perda esperada e, conseqüentemente, da perda inesperada. A literatura financeira (JORION, 1998; CHRISTOFFERSEN, HAHN e INOUE, 1999; SAUNDERS, 2000; BAMS, JEHNERT e WOLFF, 2001; SECURATO, 2002; CROUHY, GALAI e MARK, 2004; DUARTE JÚNIOR, 2005; AUSSENEGG e MIAZHYNSKAIA, 2006) discute duas abordagens à determinação do VAR: (a) não paramétrica (simulações históricas); e (b) paramétrica. Na abordagem não paramétrica coletam-se informações sobre os níveis atingidos pelas variáveis de mercado a cada dia para um longo período do passado; e para obter o VAR, recalcula-se o valor de mercado da posição financeira atual para cada um dos níveis históricos das variáveis de mercado, até encontrar a pior perda no nível de confiança desejado. (LEMGRUBER e OHANIAN, 2006, p. 114). Na análise paramétrica, a distribuição dos lucros e/ou perdas do ativo e/ou passivo é estimada com base em dados his- If all the company’s revenues are the result of sales on credit terms, Ri will be equal to Ei. 3.1.2. The Denominator of the Formula Basically, the value of the investment at risk used in the denominator of the RAROC model is calculated using some type of VaR formula, which “measures the worst loss that can be expected over a given period of time, in normal circumstances, within a given confidence interval” (JORION, 1998, p.82). As a rule, such projections cover a relatively short period of time, with a confidence interval of between 95% and 99%. As with the calculation of the numerator, this part of the model suffers from the difficulty in calculating expected losses and, consequently, unexpected losses. The financial literature on this topic (JORION, 1998; CHRISTOFFERSEN, HAHN and INOUE, 1999; SAUNDERS, 2000; BAMS, JEHNERT and WOLFF, 2001; SECURATO, 2002; CROUHY, GALAI and MARK, 2004; DUARTE JÚNIOR, 2005; AUSSENEGG and MIAZHYNSKAIA, 2006) discusses two approaches to calculating VaR: (a) non-parametric (historical simulations) approach; and (b) a parametric approach. In the non-parametric approach, information is collected on the values registered by the pertinent market variables day by day over a long period in the past. In order to obtain a VaR, the market value of the current or proposed financial position is recalculated for each of the historical levels for those market variables, until the worst loss within the selected confidence intervals is arrived at. (LEMGRUBER and OHANIAN, 2006, p. 114). In the parametric approach to analysis, the distribution of the gains and/or losses on the asset(s) and/or liability(ies) is either 63 tóricos, ou determinada a priori a partir de uma distribuição de probabilidade conhecida, como a normal ou t-Student. Nesse caso, são obtidas estimativas das médias e desvios-padrão, e se tiver trabalhando com carteiras de ativos e/ou passivos obtêm-se correlações das séries dos lucros e/ou perdas. Esses parâmetros, utilizados tanto de forma analítica como em uma simulação de Monte Carlo, permitem calcular a perda de pior hipótese no nível de confiança desejado de uma posição financeira. Para fins de exemplificação, simplificação e fundamentação do presente modelo, será adotada uma medida de VAR paramétrica. A Equação 6 mostra o cálculo do VAR em função das variáveis adotadas no modelo: estimated based on historical data, or it is determined a priori from a probability distribution curve such as the normal or Student’s t-distribution curve. In this case, estimates of averages and standard deviations are obtained, and, if the estimates involve portfolios of assets and/ or liabilities, correlations are obtained from the track records of gains and/or losses. These parameters, which can be used either analytically or in a Monte Carlo simulation, make it possible to calculate the losses from a given financial position in the worst possible hypothesis within the desire confidence interval. In order to exemplify, simplify and illustrate the basis for this model, a parametric VaR measure will be adopted. Equation 6 shows the VaR calculation in function of the variables adopted in the model: VAR i = PI i - Pi Em que, Pi é a perda esperada e PIi é a pior perda no nível de confiança desejado, e seu cálculo se dá de acordo com a Equação 7: Where Pi is the expected loss and PIi is the worst possible loss at the desired confidence interval. The calculation can be seen in Equation 7: PI i = c x σ j x LGDj Onde, LGDj é definido na Equação 4, c é a variável padronizada Z com distribuição normal e σj representa o desvio-padrão da probabilidade de inadimplência do cliente dada a classe j de risco de crédito em que ele se encontra. Para melhor entendimento do cálculo da perda inesperada veja-se o seguinte exem- (6) (7) Where LGDj is as defined in Equation 4, c is the standard Z variable with a normal distribution and σj represents the standard deviation of the probability of default given the risk category j to which the client belongs. The following example will help better understand the calculation of unexpected 64 plo: a Empresa Padrão adota como política uma perda líquida limite de 1% sobre o seu faturamento, dessa forma, 99% das vendas da empresa serão convertidas efetivamente em faturamento, sendo este, portanto, seu nível de confiança. Através desse nível de confiança e com uma tabela de distribuição normal é possível encontrar o c desejado. Considerando que a Empresa Padrão já tenha a LGDj, ela pode calcular o valor do desvio-padrão da perda, obtido pela aproximação da distribuição da binomial, da seguinte forma: σj = losses: a Model Enterprise establishes as policy a limit for net losses equivalent to 1% of sales revenues. In other words, 99% of the company’s sales will be effectively converted into effective sales revenues. This is its confidence interval. Using this confidence level and a normal distribution curve, it is possible to calculate the desired c. Considering that this Model Enterprise already has its LGDj, it can calculate the value of the standard deviation of the loss, obtained by approximation to the binomial distribution, as follows : √EDFj (1 - EDFj) Desse modo, a expressão geral do denominador do modelo será: (8) Thus the denominator of the model can in broad terms be expressed as follows: VAR i = [cx √EDF j (1-EDF j) x E i (1-T j)] - [EDF j x E i (1-T j)] 3.2 Philosophy of the General Formula and a Proposal for Adjustment 3.2. Filosofia da Fórmula Geral e Proposta de Ajuste A fórmula geral da medida de decisão proposta no modelo, que livremente chamou-se no trabalho de RAGOCi (risk-adjusted gain on credit), resume-se como na equação 10: RAGOC i= (9) The general formula for the decision criteria proposed in the model, which has been generally denominated RAGOCi (Risk-adjusted Gain on Credit), can be summarized as in Equation 10: R i -CTV i -[EDF j xE i (1-T j)] [cx √EDF j (1-EDF j)xE i (1-T j)]-[EDF j xE i (1-T j)] = GA i VAR i (10) 65 A derivação do modelo RAGOCi carrega algumas premissas: • O objetivo da empresa comercial é “ganhar dinheiro hoje e sempre” e seu negócio é comprar e revender mercadoria (e não emprestar dinheiro!). Ela concede crédito com o único intuito: vender mais mercadoria para ajudar cobrir seus custos fixos e gerar lucro. Caso contrário, ela poderia perder importantes fontes de margens de contribuição (inclusive aquelas obtidas com as vendas à vista), pois seus concorrentes assim o fazem. • A primeira parte do numerador (Ri – CTVi) traduz que a medida de rentabilidade relevante é o montante que o cliente contribui para cobrir os custos fixos da empresa e gerar lucro. Os custos fixos existem independentes do volume de vendas (e no curto prazo não são flexíveis), sendo assim, a verdadeira perda que a empresa tem caso não efetive a venda (ou aumente o limite de crédito) para um bom cliente é a margem de contribuição perdida pelo seu relacionamento com ele. Se a empresa não concedesse crédito não existiriam custos fixos com manutenção de um departamento. Na existência de um departamento de crédito a receita financeira seria, na verdade, uma “margem de contribuição” para pagar os custos fixos do departamento “e se sobrar, gerar lucro” (por isso a justificativa de incluir as receitas financeiras na soma das receitas totais obtidas com o cliente). • A segunda parte do numerador [EDFj x Ei (1 – Tj)] busca ajustar a medida do ganho ao risco de crédito do cliente. Visto que não é negócio da empresa “emprestar dinheiro”, quanto ela espera efetivamente ganhar com o fato de ter que conceder crédito para o cliente? A resposta a essa questão é: reduzir do ganho obtido do relaciona- The derivation of the RAGOCi model implies certain assumptions: • The objective of the commercial enterprise is to “earn money today and every day” and its business is buying and selling merchandise (and not lending money!). It has only one reason for granting credit: to sell more merchandise and help cover its fixed costs and generate profits. Were it to act otherwise, it could lose important contribution margins (including those obtained from cash sales), since its competitors offer the same. • The first part of the numerator (Ri – CTVi) shows that the most appropriate measure of profitability is how much the client contributes to covering the company’s fixed costs and to generating profits. Fixed costs are independent of sales volume (over the short term, they are not even flexible). Therefore the true loss that the company will suffer if it does not make the sale (or increase the credit limit) to a good client is the contribution margin it loses due to the relationship with the client. If the company did not extend credit terms, there would be no need to incur the fixed costs of maintaining a credit department. If it does maintain a credit department, the company’s financial revenues should really be seen as a contribution margin towards paying the fixed costs of the credit department and, “if there is anything left over, to making a profit” (which is also a justification for including financial revenues in the total income generated by a given client). • The second part of the numerator [EDFi x Ei (1 – Ti) tries to adjust the measurement of profitability by the client credit risk. Given that “lending money” is not part of the company’s business, how much should it expect to effectively earn from the fact of being obliged to extend credit terms to its clients? The answer to this question is: deduct from the gains obtained from the relationship 66 mento com o cliente a perda esperada devido à concessão do crédito. Nesse caso, a perda esperada é balanceada conforme o risco de crédito do cliente. • O denominador da fórmula tem o intuito de “normalizar” os valores para que se tornem comparáveis entre os clientes. Como o GAi (numerador) não é comparável porque os clientes têm portes diferentes, a melhor forma de normalizar esses valores é dividi-lo pelo efetivo investimento que está em risco. Em nosso caso, utilizamos uma derivação das medidas VAR para exemplificar o modelo. Até o momento relegou-se a variável “tempo” na análise. Caso não esteja modelada na variável Tj ou Ei, o fator “tempo” de pagamento das dívidas do cliente para com a empresa pode impactar a tomada de decisão baseada na medida RAGOCi. Considere uma situação em que dois clientes X e Y são semelhantes (risco de crédito, limite de crédito, negociação média etc.) e com mesma estimativa, exceto que o prazo médio de recebimento (PMR) do cliente X é de 30 dias e o PMR do cliente Y é de 60 dias. Nesse caso, considerando o período de dois meses, o ganho obtido com o cliente X poderia ser incrementado sem risco adicional, pois basta reaplicar o ganho por mais 30 dias à taxa livre de risco (IF). Através dessa situação, uma proposta natural e simples de ajuste para que o dos dois clientes se torne comparável, seria transformar essa taxa para refletir o custo de oportunidade do dinheiro da empresa. Dessa forma, basta descontar a taxa por uma taxa livre de risco. Considerando um horizonte anual (360 dias), a medida RAGOCi descontada ao custo de se investir sem risco ficaria da seguinte forma: with the client the expected losses from being obliged to extend credit terms. Depending on the level of client credit riskiness, the expected loss will be outweighed. • The purpose of the denominator of the formula is to “normalize” these values so that they can be compared between different clients. Because GAi (numerator) is non-comparable because customer profiles differ, the best way to smooth out these figures is to divide them by the effective investiment at risk. In our case, we used a derivation of VAR measurements to exemplify the model. So far, the “time” variable has been relegated to a secondary position in the analysis. Unless it is modeled in the Tj or Ei variable, the “time” factor in the payment by the client of its debts to the company can have an impact on the decision taken based on RAGOCi. Consider a situation in which two clients, X and Y, are very similar (credit risk, credit limit, average ticket size etc.) and have the same RAGOCi estimate, but with one important difference: that the average tenor (PMR) of client X’s receivables is 30 days, while that of client Y is sixty days. Compared with the 60 day tenor of client Y’s receivables, the gains from client X can be increased without additional risk. The company only has to reinvest the gain for 30 more days at the riskfree interest rate (IF). In a situation like this, the natural and simple adjustment needing to be made in order that the RAGOCi of the two clients become comparable, would be to adjust this rate to reflect the company’s opportunity cost of money. All that needs to be done is to discount the RAGOCi using the risk-free rate. Assuming a one-year (360 days) horizon, the RAGOCi measurement, discounted at the cost of a risk-free investment, would look like the following: 67 RAGOC’i = (1 + RAGOC i) (1 + IF ) Onde, RAGOC’i livremente chamouse de adjusted risk-adjusted gain on credit do cliente i; RAGOCi é o risk-adjusted gain on credit (equação 10); PMRi o prazo médio de recebimento com o cliente i em dias; I F é a taxa anual livre de risco (podendo-se usar a SELIC, CDI ou Poupança). O prazo médio de recebimento da empresa pode ser obtido mediante os balanços periódicos através da seguinte formulação. PMR i 360 Where RAGOC’i represents the i client’s adjusted risk-adjusted gain on credit extended to client i; where; RAGOCi is the riskadjusted gain on credit (Equation 10); where PMRi is the average payment tenor of client i in number of days; and IF is the annual riskfree rate (the benchmark SELIC rate, the CDI interbank rate or the passbook savings account rate can all be used). The average tenor of a client’s receivables can be calculated from its financial statements, using the following formula: PMR i = 360 [DR/V] = 360/G i Onde, DR representa a média das duplicatas a receber do ano analisado; V é o volume de vendas do ano analisado; e G i representa o giro (rotação) das duplicatas a receber (V/DR). A equação 12 mostra o PMRi da empresa e não de um cliente específico. Para o cálculo de um cliente isoladamente, deve-se analisar os prazos de suas compras e ponderar pelo valor dos seus títulos. No entanto, o PMRi como tradicionalmente calculado, pode acarretar sérios problemas na presente proposta. Na prática, as empresas comerciais concedem um “crédito pré-determinado e rotativo” para seus clientes: qualquer compra que não ex- (11) (12) Where DR represents the average volume of receivables during the year under analysis; V is the sales volume for the same year; and Gi represents the receivables turnover (V/DR). The PMRi given in Equation 12 is that of the company, not that of any one specific client. In order to perform this calculation for a client on its own, it would be necessary to analyze the payment terms of its purchases and weight the same by value of such payables. However, the PMRi as traditionally calculated, can cause serious problems for our current purposes. In practice, commercial enterprises establish a “pre-determined and revolving credit limit” for their clients: as 68 a rule, any purchase that does not go over the limit is automatically approved. If client A pays for his purchases on average in 7.5 days and has a credit limit of R$10,000, this means that he can purchase approximately R$40,000 a month from the commercial enterprise without necessarily going through any credit analysis. He can turn his credit limit over 4 times in the month. If client B has a credit limit of R$20,000, but rarely makes purchases in an amount of over R$5,000 per month, his credit limit turnover is 0.25. In any such situation, the investment at risk is the credit limit granted: Client A with a R$10,000 limit and using it to the hilt can purchase up to this amount and then default; client B, without even going over his R$20,000 limit, could tomorrow purchase merchandise worth up to that amount and fail to pay a penny of the R$20,000 he owes. A further point is that the unused portion of a revolving credit, in conditions where credit constraints are a reality, is an under-utilization of resources: the R$15,000 that Client B does not use could be allocated to another client of equal risk characteristics, with a real use for that credit limit. From this point of view, it becomes fundamentally important to understand the turnover of the “revolving credit” in order to extract information from the PMRi. This variable no longer has its traditional implications for the model, but will reflect the time taken for the credit limit to become, once again, totally available for use by the client. Assuming annual sales data, the following, then, applies: ceda o limite de crédito, em geral, é automaticamente aprovada. Se o cliente A compra em média com 7,5 dias de prazo e tem um limite de R$ 10 mil reais, significa que ele pode comprar em torno de R$ 40 mil reais da empresa no mês sem necessariamente passar pela análise de crédito, ou seja, ele tem um giro de 4 vezes o limite ao longo do mês. Se o outro cliente B possui limite de R$ 20 mil reais, mas raramente faz compras superiores a R$ 5 mil reais mensais, terá um giro de 0,25. Em qualquer situação, o investimento que está exposto ao risco é o limite de crédito concedido: o cliente A com limite de R$ 10 mil reais e utilizando-o completamente poderá comprar até esse valor e tornar-se inadimplente; e o cliente B, mesmo com limite de R$ 20 mil reais e não superando esse patamar, amanhã poderá fazer compras nesse valor e deixar de pagar o valor integral de R$ 20 mil reais. Ressalta-se ainda que crédito rotativo não utilizado, numa situação que existe restrição financeira, é subutilização de recursos: o valor de R$ 15 mil reais não utilizado pelo cliente B poderia ser alocado a outro cliente de igual risco que necessitasse do crédito. Sob essa perspectiva torna-se de fundamental importância o conhecimento do giro do “crédito rotativo” para extrair informação do PMRi. Para o modelo esta variável não tem mais o significado tradicional, mas traduzirá o tempo que o limite de crédito torna-se, mais uma vez, totalmente disponível para ser usado pelo cliente. Nessas condições, supondo dados anuais de vendas, tem-se: PMR’i = 360 Li [E ] i (13) 69 Em que, PMR’i representa o prazo médio de reconstituição do limite de crédito do cliente i em dias; Li é o limite de crédito concedido ao cliente i; Ei é o nível de crédito praticado, ou valor das vendas a prazo, pelo cliente i. 3.3. Tomada de Decisão com RAGOC´i Estimada a medida RAGOC’i (Equação 11) para cada cliente da empresa, como proceder para tomada de decisão sobre concessão de crédito tendo como base o modelo proposto? Uma alternativa de tomada de decisão proposta no trabalho será a classificação por faixa de rentabilidade e por faixa de risco, a qual será chamada de matriz conjunta de rentabilidade-risco. A partir de uma análise agregada de toda empresa, pode-se calcular a distribuição de probabilidades das medidas RAGOC’i e propor ratings destas rentabilidades. Essa classificação é flexível o suficiente de forma a contemplar diversas propostas: 1) classificação dos clientes independente do grau de risco; 2) categorização dos clientes por faixa de risco; 3) de posse da distribuição de probabilidade da taxa RAGOC’i, sob a hipótese 1 e 2, temse a opção de segregar esta distribuição: a) mediana; b) média; c) quartis; d) decis; ou e) outra classificação estatística. Feito isso far-se-á uma classificação que leve em conta o risco de crédito do cliente e o modelo proposto, ou seja, uma matriz conjunta de rentabilidade versus risco. Para exemplificar, considere dada a distribuição de probabilidade das rentabilidades dos clientes com classificação AAA e que lhe dividiu em duas partes a partir da média: rentabilidades acima da média são classificadas como A e abaixo como B. where PMR’i represents the average number of days for the credit limit to become available once more to client i; Li is the credit limit granted to client i; Ei is the volume of credit granted, or the value of sales on credit by client i. 3.3. Taking Decisions with RAGOC´i Once the RAGOC’i measurement has been estimated (Equation 11) for each of the company’s clients, what is the next step towards reaching a decision to grant credit or not, using the proposed model? One way for taking such decisions as proposed in this model is to classify clients by profitability and risk brackets, which will be called a joint risk-reward matrix. Through a comprehensive analysis of each client, a probability distribution of the RAGOC’i measurements can be calculated and a ranking of these profitabilities be proposed. Such a classification is sufficiently flexible to adapt to different proposals: 1) classification of clients irrespective of credit risk; 2) ranking of clients by level of risk; 3) once in possession of the probability distribution of the RAGOC’i rates, under 1) and 2) there exists the option of segregating this distribution into a) medians b) averages c) quartiles d) deciles or e) any other statistical classification. Once this is done, a classification can be made that takes into account the credit risk of the client and the model proposed here; in other words, a joint risk-reward matrix. By way of example, imagine a probability distribution of the profitability of clients classified AAA, divided into two halves at the middle: above-average returns are classified as A and below-average returns 70 Se a média da distribuição de probabilidades das rentabilidades dos clientes AAA foi 150%, e têm-se dois clientes, X e Y, respectivamente com medidas RAGOC’i 170% e 120%, pode-se classificá-los como AAAA e AAAB. A primeira classificação (cliente X) indica que ele tem baixíssimo risco (AAA) e rentabilidade ajustada ao risco de crédito acima da média (A). A classificação do cliente Y indica que ele é de baixo risco (AAA), porém não tem uma rentabilidade ajustada ao risco de crédito muito boa como os demais clientes da mesma faixa de risco. 4. Aplicação Prática do Modelo Essa seção buscará aplicar o modelo apresentado no capítulo anterior numa empresa comercial do ramo atacadista-distribuidor. Para estimar as variáveis relevantes do modelo fez-se uso de uma base de dados de 9.381 clientes ativos. Para levantamento da amostra selecionaram-se os clientes ativos da empresa com um histórico maior que seis meses. Essa quantidade tem validade estatística por ser representativa na quantidade total de clientes ativos da empresa e o período mínimo de 6 meses +de histórico é justificável por que neste tempo é possível conhecer o perfil de compras do cliente, e também por ser este o prazo necessário para cálculo do behavioral scoring da empresa em questão. Num primeiro momento torna-se interessante mostrar como comporta a medida definitiva de rentabilidade adotada (RAGOC’) em relação às classes de risco da empresa. A Tabela 1 apresenta como estão dispostos os clientes em relação aos ratings de crédito, assim como algumas estatísticas descritivas da variável RAGOC’. classified as B. If the average of the probability distribution of the profitability of the AAA clients is 150%, and there are two clients, X and Y with RAGOC’i measurements of 170 and 120%, respectively, they could be classified as AAAA and AAAB. The first classification (client X) indicates that he offers extremely low risk (AAA) and an aboveaverage credit risk-adjusted return for the company. The classification of client Y indicates that he is also extremely low risk (AAA) but that the credit risk-adjusted return he offers the company is not as good as other clients in the same risk category. 4. Practical Application of the Model This section deals with the application of the model presented in the previous chapter in a real-life commercial enterprise in the distribution/wholesaling business. A data base of 9,381 active clients was used in order to estimate the relevant variables. Only active clients with over six months experience with the enterprise were selected to be part of the sample. These numbers have statistical validity since they are representative of the total universe of the enterprise’s clientèle and the minimum six months of experience as a client is justified by being a sufficiently long period of time for the enterprise to become familiar with the client’s purchasing patterns and calculate the client’s behavioral scoring. Before anything else, it is interesting to show how the profitability measure adopted (RAGOC’) behaves in relation to the different client credit risk categories. Table 1 shows how the clients are ranked by credit risk ratings and by certain descriptive statistics of the RAGOC’ variable. 71 Tabela 1 Estatísticas descritivas da amostra do RAGOC’ por rating Rating de Risco Nº Clientes AAA AA A Mediana Coef. Variação 422,82% 427,52% 54,43% 231,57% 238,72% 59,32% 12,2% 113,16% 118,95% 69,11% 410 4,4% 108,57% 108,45% 56,88% 194 2,1% 107,34% 112,85% 51,52% Frequência (%) Média 3.904 41,6% 3.073 32,8% 1.141 BBB BB B 274 2,9% 73,41% 69,58% 73,98% CCC 156 1,7% 43,14% 44,31% 65,17% CC 196 2,1% 20,97% 21,45% 70,17% C 33 0,4% 11,67% 11,04% 164,68% Total 9.381 100,0% 275,89% 240,74% 91,58% Table 1 Sample RAGOC’ descriptive statistics by risk rating Risk rating Nr, Clients Frequency (%) Average Median Coef. of Variation AAA 3,904 41.6% 422.82% 427.52% 54.43% AA 3,073 32.8% 231.57% 238.72% 59.32% A 1,141 12.2% 113.16% 118.95% 69.11% BBB 410 4.4% 108.57% 108.45% 56.88% BB 194 2.1% 107.34% 112.85% 51.52% B 274 2.9% 73.41% 69.58% 73.98% CCC 156 1.7% 43.14% 44.31% 65.17% CC 196 2.1% 20.97% 21.45% 70.17% C 33 0.4% 11.67% 11.04% 164.68% Total 9,381 100.0% 275.89% 240.74% 91.58% Através do desvio-padrão em cada classe de risco, pode-se obter o coeficiente de variação descrito na Tabela 1. Essa medida possibilita identificar a homogeneidade dentro de cada classe de risco. Evidencia-se que o coeficiente de variação dos clientes AAA é baixo em comparação com os demais rating de risco, com tendência de crescimento até o rating A, para depois reduzir e crescer nova- By dint of using the standard deviation in each risk category, the coefficient of variation described in Table 1 can be obtained. This makes it possible to identify the homogeneousness within each risk category. It can be seen that the coefficient of variation of AAA clients is low when compared with that of other risk rating categories. It tends to rise until it reaches the A rating, after which it decreas- 72 mente até a classe B. A partir da classe CCC, a heterogeneidade dentro da classe aumenta quando comparado com o rating AAA. Essa informação demonstra que clientes de mais baixo risco (AAA a A) são mais homogêneos ao compará-los com os clientes de mais alto risco (CC e C). Diversas poderiam ser as propostas de rating de rentabilidade: desde a categorização baseada em medidas estatísticas até a classificação subjetiva com embasamento teórico a priori. Para fins de simplificar o entendimento, propõe-se nessa aplicação dividir a distribuição da variável RAGOC´ em decis em função da quantidade de clientes da amostra (Ver Tabela 2). Tabela 2 es and then rises again until it reaches the B rating. Moving on into the CCC rating categories, the heterogeneousness of the category increases compared with the AAA rating. These findings show that lower risk clients (AAA to A) are more homogeneous in comparison with the riskier clients (CC and C). Many types of proposals can be made for profitability ratings: from categories based on statistical measurement to subjective classification based on a prior theoretical grounding. In order to make things easier to understand, it is proposed here to divide the distribution of the RAGOC’ variable into deciles, reflecting the quantity of clients in the sample (See Table 2). Rating de rentabilidade da amostra Rating de Rentabilidade Faixa RAGOC’ Média Mediana Nº Clientes Frequência (%) AAA > 581,57% 715,44% 680,17% 938 10,0% AA 581,57% 456,43% 514,85% 513,14% 938 10,0% A 456,42% 370,07% 411,48% 409,88% 938 10,0% BBB 370,06% 300,39% 335,05% 336,22% 938 10,0% BB 300,38% 240,78% 270,19% 270,42% 938 10,0% B 240,77% 182,81% 211,65% 211,32% 938 10,0% CCC 182,80% 135,39% 158,84% 158,64% 938 10,0% CC 135,38% 88,85% 111,83% 111,62% 938 10,0% C 88,84% 34,09% 61,67% 61,95% 938 10,0% D < 34,09% Total -32,03% 1,79% 938 10,0% 275,89% 240,74% 9.380 100,0% 73 Table 2 Profitability ratings of the sample Profitability rating RAGOC’ Bracket Average Median Nr, Clients Frequency (%) AAA > 581.57% 715.44% 680.17% 938 10.0% AA 581.57% 456.43% 514.85% 513.14% 938 10.0% A 456.42% 370.07% 411.48% 409.88% 938 10.0% BBB 370.06% 300.39% 335.05% 336.22% 938 10.0% BB 300.38% 240.78% 270.19% 270.42% 938 10.0% B 240.77% 182.81% 211.65% 211.32% 938 10.0% CCC 182.80% 135.39% 158.84% 158.64% 938 10.0% CC 135.38% 88.85% 111.83% 111.62% 938 10.0% C 88.84% 34.09% 61.67% 61.95% 938 10.0% D < 34.09% Total -32.03% 1.79% 938 10.0% 275.89% 240.74% 9,380 100.0% Os ratings seguem a nomenclatura tradicional (por letras) e o escore de classificação em cada rating baseia-se no valor da variável RAGOC’: como exemplo, valores com RAGOC’ superiores a 581,57% são classificados em AAA, e clientes abaixo de 34,09% classificados em D. Note que nos extremos, em AAA e D, as distribuições das rentabilidades não são tão simétricas como na classificação por risco de crédito. Uma classificação conjunta que leva em conta o risco e a rentabilidade do crédito pode sofrer tanto variações quanto são as propostas individuais de classificação. Como extensão da classificação por decis de rentabilidade discutida acima, tem-se a Tabela 3, em que se evidencia a frequência absoluta cruzada entre os ratings de risco e rentabilidade. The ratings follow the traditional categories (letters of the alphabet) and the score attributable to each rating category is based on the value of the RAGOC’ variable: for example. RAGOC’s higher than 581.57% are rated AAA, while clients scoring less that 34.09% are rated D. Note that at the extremes (AAA and D) the distribution of the profitability is not as symmetrical as in a classification by quality of credit risk. A joint rating taking into account both credit risk and credit profitability can have as many variations as there are individual rating proposals. Table 3, as an extension of the rating by profitability deciles discussed above, gives the absolute frequency of risk ratings crossed with profitability ratings. 74 Tabela 3 Matriz de rentabilidade e risco da quantidade de clientes da amostra Rating de Rentabilidade Rating de Risco AAA AA A BBB BB B CCC CC C AAA 915 22 0 0 0 1 0 0 0 AA 824 114 0 0 0 0 0 0 0 A 637 299 2 0 0 0 0 0 0 BBB 438 492 7 0 1 0 0 0 0 BB 300 589 42 6 1 0 0 0 0 B 219 504 163 37 14 2 0 0 0 CCC 176 361 251 98 40 12 0 0 0 CC 127 263 275 122 75 68 8 0 0 C 94 196 224 102 40 153 95 33 1 D 174 233 177 45 23 38 53 163 32 Total 3.904 3.073 1.141 410 194 274 156 196 33 Table 3 Profitability and risk matrix of the clients in the sample Profitability Rating Risk Rating AAA AA A BBB BB B CCC CC C AAA 915 22 0 0 0 1 0 0 0 AA 824 114 0 0 0 0 0 0 0 A 637 299 2 0 0 0 0 0 0 BBB 438 492 7 0 1 0 0 0 0 BB 300 589 42 6 1 0 0 0 0 B 219 504 163 37 14 2 0 0 0 CCC 176 361 251 98 40 12 0 0 0 CC 127 263 275 122 75 68 8 0 0 C 94 196 224 102 40 153 95 33 1 D 174 233 177 45 23 38 53 163 32 Total 3,904 3,073 1,141 410 194 274 156 196 33 Essa Tabela traz informações contundentes para tomada de decisão em crédito: clientes de mais baixo risco são os que apresentam maior rentabilidade, entretanto essa afirmação não é regra geral. Existem clientes de baixo risco de crédito que apresentam rentabilidade baixa ou até negativa, assim como existem clientes com risco alto e boa rentabilidade, no entanto, com uma menor probabilidade de The information in this Table provides crucial input for the credit decision-taking process: lower-risk clients are the very ones offering the greatest profitability, although the rule cannot be generalized. Certain low-risk clients offer low or even negative returns, the same way that certain high-risk clients offer excellent returns, though the probability is lower. Analyzing the lowest-risk clients (AAA), it can be 75 ocorrência. Quando se analisam os clientes de baixíssimo risco (AAA), nota-se que existem 94 clientes com rentabilidade na classificação C (baixa) e 174 com a classificação D (negativa). Considerando que a empresa estudada tem como meta uma perda líquida de 0,15%, os clientes acima do rating de risco B não teriam crédito aprovado, totalizando conforme a Tabela 3, 659 clientes. Porém, grande parte dos clientes (acima do rating C) estão com rentabilidade superior ao Retorno sobre o Investimento (RSI) da empresa que foi de 33,63% nos seis meses de histórico estudado no trabalho, o que possibilita concluir que eles poderiam ter crédito aprovado mesmo estando em um nível de risco não-aceitável pela empresa. Considerações Finais O fato de o crédito ser um ativo como caixa, banco e estoques, não o faz ser tratado como um investimento pelas empresas comerciais, elas não mensuram a rentabilidade do crédito para tomada de decisão na concessão, ou mesmo se este ativo está otimizando o ganho da empresa. Neste tipo de empresa, a tomada de decisão na concessão de crédito é baseada, praticamente, no risco de crédito do cliente, ou seja, se o cliente é de baixo risco concede-se limite, se ele é de alto risco não se concede limite. Para cálculo do valor do limite disponibilizado ao cliente, utilizam-se referenciais de grandeza: faturamento bruto, capital social, volume de compras realizado no mercado etc.; e o risco de crédito calculado para o cliente. No entanto, a decisão de concessão de crédito que leva em consideração apenas o risco de crédito e o porte do cliente pode ocasionar em decisões incorretas para otimizar a riqueza do sistema. Um cliente de baixo risco e limite alto não necessariamente proporciona rentabi- seen that 94 of them have a C profitability rating (low) and 174 actually have a D (negative profitability) rating. Considering that the Company where the model was tested has 0.15% target for net losses, it would not approve any applications rated B or worse, a total of 659 clients in all, as can be seen from Table 3. On the other hand, a large majority of clients rated C or better offer gains higher than the Company’s Return on Investment (RSI), which was 33.63% for the six month period analyzed for this paper, leading one to conclude that credit facilities could, in fact, have been approved for such clients, despite the Company not considering them creditworthy. Final Considerations The fact that credit is an asset like any other asset such as cash, bank balances or inventories has not resulted in it being treated as an investment by commercial enterprises. They fail to factor in the return on credit when making their decisions regarding the granting of credit and fail to analyze whether the proposed credit is maximizing the gains to the company. In this kind of enterprise, the decision to grant credit or not is based in practice, on the client’s creditworthiness. If the client is low-risk, the credit limit is granted; if the client is high-risk, the answer is no. To calculate the volume of the limit they should grant the client, commercial enterprises rely on criteria of size: gross sales revenue, net worth, volume of purchases etc. as well as the calculation of the company’s credit risk (rating). A credit decision, however, based solely on estimates of credit risk and the size of the client can lead to decisions that fail to maximize returns. A low-risk client with a high credit limit will not necessarily offer the best return 76 lidade para empresa em termos de concessão de crédito, devendo este desempenho ser ajustado às mercadorias adquiridas pelo cliente e a rotatividade do crédito utilizado, ou seja, deve-se também analisar a rentabilidade da concessão de crédito. O objetivo principal deste trabalho foi justamente a apresentação de um modelo de mensuração da rentabilidade da concessão de crédito ajustado ao risco de crédito para empresas comerciais. A fórmula para cálculo dessa rentabilidade chamada livremente aqui de RAGOCi (risk-adjusted gain on credit) ficou da seguinte forma: RAGOC i= on credit limits granted. A commercial enterprise needs also to take into account the type of merchandise a client purchases, how frequently it uses the credit limit at its disposal. In other words, a company needs to also analyze the overall profitability of the credit facilities granted. The principal objective of this paper is precisely to present a model for commercial enterprises to measure the risk-adjusted returns from the granting of commercial credit. The formula for calculating such returns, here loosely referred to as RAGOCi (Risk-adjusted Gain on Credit), ends up as follows: R i -CTV i -[EDF j xE i (1-T j)] [cx √EDF j (1-EDF j)xE i (1-T j)]-[EDF j xE i (1-T j)] Ajustando o RAGOCi ao fator tempo e descontando-o a uma taxa livre de risco, chegase à fórmula final apresentada no trabalho: RAGOC’i = GA i VAR i Adjusting RAGOCi for the time factor and discounting it using the risk-free rate, one arrives at the final formula of this paper: (1 + RAGOC i) (1 + IF ) Através do cálculo do índice de rentabilidade da concessão de crédito ajustado ao risco de crédito, chegou-se à conclusão de que a concessão para alguns clientes de baixo risco não é viável quando esta taxa é comparada com o retorno sobre o investimento da empresa. E o contrário também se mostrou verdadeiro: clientes de alto risco que têm taxa de rentabilidade da concessão de crédito muito superior a clientes de menor risco, ou seja, a concessão em termos de rentabilidade é viável enquanto pelo risco não seria. = PMR i 360 From the calculation of the risk-adjusted return on credit it can be concluded that the granting of credit to certain low-risk clients is not in a commercial enterprise’s own interests when this rate of return is compared with the company’s return on investment. And the converse can also be true: higher-risk clients may offer far higher returns on the credit limits granted them than lower-risk clients, with the result that an approval of credit limits is viable in terms of profitability, which, from a strictly credit risk point of view, would not be the case. 77 Autor/Author Com a aplicação prática do modelo foi possível concluir que a decisão de concessão de crédito não deve apenas considerar o risco de crédito, pois este pode ser em situações de restrição de capital, e pode estar diminuindo a riqueza do sistema. Dessa forma, a análise conjunta da concessão de crédito pela classificação de risco de crédito e pelo índice de rentabilidade da concessão, se faz necessária e fundamental para que as empresas comerciais tomem decisões acertadas e que essas decisões proporcionem aumento de riqueza aos acionistas. From the practical application of the model it was possible to conclude that the decision to grant credit or not should not be based solely on considerations of credit risk, because issues of capital constraints may exist and credit risk-based decisions my end up decreasing value for a commercial enterprise. The joint analysis of credit applications from the credit risk rating angle and from the profitability angle becomes a fundamental necessity if commercial enterprises are to take the right decisions and if these decisions are to increase shareholder value. Dany Rogers é economista, contador, especialista em Finanças, mestre em Administração de empresas e Doutorando em Administração pela FGV/SP na linha de pesquisa Mercados Financeiros e Finanças Corporativas. É professor da Universidade Federal de Uberlândia e em MBA’s em Finanças e Projetos. Possui vários artigos publicados em Finanças no Brasil e exterior. Ele pode ser contactado pelo e-mail [email protected]. is an economist and accountant who specializes in Finance and holds a Master’s degree in Business Administration and a Doctor’s degree in Administration from FGV/SP in Financial Markets and Corporate Finance. He is a professor at the Universidade Federal de Uberlândia and with Project Finance MBA programs. D. Rogers has published several articles on Finance in Brazil and abroad. He can be contacted by email at [email protected]. Pablo Rogers é Economista, Contador, Especialista em Estatística, Mestre em Administração de Empresas e Doutorando em Administração pela FEA/USP na área de Finanças. É professor de Finanças e Econometria Faculdade de Gestão e Negócios (FAGEN) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Coordenador do MBA em Gerenciamento de Projetos da FAGEN/ UFU. Atua como professor em cursos de Pós-graduação e possui mais de 80 artigos publicados nos principais congressos e periódicos da área de Negócios do Brasil e exterior. Seus artigos podem ser baixados do site pessoal: www.pablo. prof.ufu.br e ele contactado pelo e-mail [email protected] is and economist and accountant who specializes in Statistics and holds a Master’s degree in Business Administration and a Doctor’s degree in Administration from FEA/USP in Finance. He is a Finance and Econometrics professor with the Management and Business school – FAGEN of Universidade Federal de Uberlândia (UFU), and Coordinator of the Project Management MBA program at FAGEN/UFU. P. Rogers is a also a professor in several post-graduate programs and has presented and published more than 80 articles in the main Business conferences and periodicals in Brazil and abroad. His articles can be downloaded from his personal website, at www.pablo.prof.ufu.br, and he can be contacted by email at [email protected] Bibliografia/Bibliography 78 AMORIN NETO, A. A.; CARMONA, C. U. de M. Modelagem do risco de crédito: um estudo do segmento de pessoas físicas em um banco de Varejo. XXVII Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em Administração, São Paulo (ENANPAD), 2003. Anais ... São Paulo: ANPAD, 2003 (CD-ROM). ANDRADE, F. W. M. de. Desenvolvimento de modelo de risco de portfólio para carteiras de crédito a pessoas físicas. 2004. 196p. Tese de doutorado apresentada ao curso de administração de empresas da Escola de Administração de Empresas de São Paulo. Fundação Getúlio Vargas, São Paulo (SP). AUSSENEGG, W.; MIAZHYNSKAIA, T. Uncertainty in Value-at-Risk estimates under parametric and non-parametric modeling. In: 55th Annual Meeting of Midwest Finance Association, Chicago, 2006. Disponível em: <http://www. ssrn.com> Acesso em: 01/09/2007. 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Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC). 79 Usando Ferramentas Analíticas Champion/ Challenger para uma Eficaz Estratégia de Cobrança Using Champion/Challenger Analytical Tools for the Optimum Collections Strategy Mark Keyworth 80 A queda da atividade econômica destacou o fato de que, após 15 anos de um ambiente de cobranças estático e tolerante, registra-se hoje uma pressão significativamente maior sobre os consumidores e sua capacidade de honrar a amortização dos compromissos de crédito assumidos. Isso desencadeou temores entre os credores quanto aos seus níveis de exposição a créditos de liquidação duvidosa, aumentando o foco sobre a eficiência de suas funções de cobrança. Cada vez mais se admite que embora as melhores estratégias de risco de aquisição de clientes devam ser constantemente revistas e reformadas para garantir um desempenho ideal, o mesmo processo não tem sido aplicado às estratégias de cobrança. Este artigo demonstra que o uso da análise Champion/Challenger pode melhorar continuadamente o desempenho em cobrança neste ambiente difícil e em constante mutação. Necessidade de Mudanças A velocidade da evolução da crise de crédito em direção a uma recessão global surpreendeu a todos. Agora, em um panorama de queda dos preços dos imóveis e de rápido crescimento dos níveis de desemprego, reduziramse os empréstimos e o crédito imobiliário sob hipoteca, enquanto um número crescente de consumidores luta para fazer frente aos compromissos assumidos. Muitas áreas de cobrança têm tido dificuldades para lidar com tão drásticas mudança da dinâmica da economia e dos tomadores de crédito. Historicamente, a concepção dos sistemas e procedimentos de gestão da dívida, criados para sustentar os negócios em tempos prósperos, esteve voltada para a estabilidade e a previsibilidade operacio- The economic downturn has highlighted that, after 15 years of a static and fairly forgiving collections environment, there are now significantly increased pressures on consumers and their ability to meet repayments on credit commitments. This has sparked greater fears among lenders about their exposure levels to bad debts and, as a result, there is increased focus on the efficiency of their collections function. It is increasingly recognised that while the best customer acquisition risk management strategies need to be constantly reviewed and amended to ensure that they are performing optimally, the same process is not being applied to collections strategies. This paper demonstrates the use of Champion/Challenger analysis as a means to continuously improve collections performance in this rapidly changing and challenging environment. The Need for Change The speed at which the credit crisis is developing into a global recession has taken everyone unawares. Now, set against a backdrop of collapsing house prices and rapidly growing unemployment levels, increased charge offs and mortgage defaults are widespread as greater numbers of consumers struggle to service debt commitments. But many collections operations are struggling to cope with such a dramatic change in economic and borrower dynamics. Historically, the design of debt management systems and procedures, set up to support business through the good times, has typically been aimed at achieving collection 81 nais da cobrança, e não para permitir flexibilidade e rapidez na implementação de mudanças. Isso está se tornando questão primordial e as instituições tentam resolver rapidamente o problema de suas carteiras em franca deterioração. A questão se agravou diante do fato de que — compreensivelmente — muitos gestores de cobrança não estão dispostos a assumir o risco de proceder a mudanças generalizadas em estratégias de cobrança, anteriormente bem sucedidas, que podem redundar em perdas ainda maiores. Em vez disso, muitos deles se concentram em tentativas de elevar a produtividade através de mudanças meramente operacionais; aumentando os recursos de pessoal, adotando novas tecnologias de call center ou recorrendo à venda antecipada de dívidas e a maiores taxas de baixa. Agora, prioritariamente, o sucesso da cobrança depende da capacidade das instituições em garantir a adoção constante da estratégia ideal para cada devedor. O desafio em tempos de turbulência é determinar qual será estratégia. O segredo está em desenvolver metodologias de teste e aprendizado que permitam aplicar novas estratégias ou roteiros em tempo real e sem impacto sobre as atividades de cobrança. Isso permite minimizar o risco de perda associado a mudanças e, ao mesmo tempo, determinar os benefícios por meio de evidências concretas. O método Champion/Challenger é um processo evolutivo que tem por meta aprimorar constantemente os procedimentos existentes e abordar proativamente um mundo em perene mudança. Essencialmente, trata-se de formalizar o processo de dar resposta às perguntas do tipo “e se?” que os profissionais de cobrança fazem regularmente a si mesmos. O que é o Teste Champion/Challenger? “Champion/Challenger” é o termo usado para descrever a maneira como a atual estra- operational stability and predictability rather than allowing for flexibility and speed of implementing change. This is now becoming a major issue as organisations try to address rapidly deteriorating portfolios. This has been compounded by the fact that many collections managers are, understandably, unwilling to take the risk of making widespread changes to previously successful collections strategies for fear of further losses. Instead, many focus on trying to increase throughput by making operational changes only; ramping up staffing resource, deploying new dialer technology or resorting to earlier debt sale and higher write-offs. But now, more than ever, collections success depends on the ability of organisations to ensure that at any given time, the most optimum strategy for each debtor is being applied. The challenge in such turbulent times is determining that strategy. The key is to develop test and learn methodologies that enable new strategies or treatment paths to be tested in real time with no impact to ongoing collections activity. This allows any downside risk of change to be minimised whilst allowing for the upside benefits to be determined using factual evidence. Champion/Challenger is an evolutionary process aimed at continually trying to improve upon the current procedures and proactively addressing an ever-changing collections world. In essence, it formalises the process of answering the ‘what if’ questions collections professionals ask themselves on a regular basis. What is Champion/ Challenger Testing? Champion/Challenger is terminology used to describe the way in which the existing 82 tégia de cobrança (“Champion”) é rotineiramente testada em relação a uma abordagem alternativa (“Challenger”). Para garantir a precisão, a Challenger deve ser testada num ambiente real, porém controlado para evitar perdas financeiras. Assim, a Challenger é desenvolvida e projetada com informações recentes sobre os clientes e implementada em uma amostra pequena e estatisticamente robusta, monitorando os resultados com muita atenção. Se a estratégia Challenger apresentar desempenho superior ao da existente, a Champion poderá, então, ser aplicada a uma proporção muito maior da carteira para dar continuidade ao processo de validação, ou até mesmo tornar-se a Champion, aplicada à maior parte da carteira. É igualmente muito importante aplicar rapidamente a nova estratégia para maximizar seus benefícios e, ao mesmo tempo, permitir a concepção e implementação da próxima Challenger. Esta busca constante por aprimoramentos é crítica no atual ambiente, em que as condições de um devedor podem mudar significativamente e fazer com que se comporte de distintas maneiras em resposta a diferentes estratégias de contato. A adaptação regular das estratégias também permite que os devedores aprendam como funciona o processo de cobrança e, com isso, posterguem a liquidação. Os Seis Principais Aspectos dos Testes Champion/Challenger Para ter sucesso na aplicação de um processo robusto de desenvolvimento, é preciso abordar várias etapas distintas. • Planejamento que abrange seleção do processo e documentação de seus benefícios financeiros esperados e dos aspectos operacionais de sua introdução. • Revisão das estratégias a serem desafiadas e exploração de seus pontos fracos. collections strategy, known as the Champion, is routinely tested against an alternative approach known as the challenger. To ensure accuracy, the challenger should be tested in a live environment but controlled to avoid financial loss. Thus the challenger is developed and designed using recent customer information and implemented on a small, statistically robust sample with the results closely monitored. If the challenger strategy is shown to outperform the existing or Champion strategy, the challenger strategy can then be rolled out to a much larger proportion of the portfolio for further validation, or may even become the next ‘Champion’ strategy on the majority of the portfolio. It is equally important that the successful new strategy be deployed quickly so as to maximise benefits, whilst allowing for the design and implementation of the next challenger in line. This constant search for improvement in process is critical in the current deteriorating environment, where a borrower’s circumstance may change significantly, causing them to react and behave differently to varying contact strategies. Adapting strategies regularly also prevents debtors from “learning” the standard collection process and avoiding timely settlement. The Six Key Considerations for Champion/ Challenger Testing In order to successfully develop a robust development process there are several separate stages that need to be addressed. • Planning which includes selection of the target process, documenting the expected financial benefits and operational considerations of its introduction. 83 • Concepção da estratégia Challenger e seleção do porte e do nível de risco da amostra. • Implementação do teste Champion/ Challenger. • Monitoramento por meio de mensuração e comparação da amostra Challenger com o grupo de controle. • Avaliação dos resultados e promoção da estratégia Challenger se for o caso. • Review the strategies to be Challenged and explore current weaknesses. • Design the Challenger strategy and select the sample size and risk level. • Implement the Champion/Challenger test. • Monitor metrics and compare challenger group to control group. • Assessment of results and promotion of Challenger if appropriate. Figura 1 Figure 1 1. Planejamento O primeiro passo em qualquer processo Champion/Challenger é decidir qual estratégia, processo ou prática passará pelo desafio. 1. Planning The first step in any Champion/ Challenger process is to decide on the current strategy, procedure or work practice that will be challenged. 84 Então é preciso desenvolver e formalizar objetivos claros para a estratégia desafiante antes das fases de concepção e implementação. Estes objetivos precisam articular os ganhos financeiros e operações que devem resultar das mudanças feitas. Parte do processo deve, ainda, projetar o porte do teste, sua duração, e a forma de mensuração de seu desempenho. Um foco insuficiente nesta etapa pode levar a uma resistência da organização à mudança. Os objetivos também devem ser comunicados com clareza. 2. Revisão Um passo essencial e frequentemente ignorado é a necessidade de identificar os pontos fracos do sistema, do processo e do procedimento vigentes que devam ser abordados na concepção da estratégia Challenger. Os processos de cobrança costumam ser complexos e conter muitas variáveis. Muitas vezes é mais fácil avaliar o impacto das mudanças por meio de concentração em alguns de seus aspectos mais importantes, em vez de tentar lidar com o processo como um todo. Por exemplo, o processo Challenger pode envolver um cronograma de contato antecipado com devedores de médio risco. A análise detalhada de elementos como ocorrência, termos e frequência da correspondência postal, duração e entonação do primeiro telefonema, experiência relativa do agente de cobranças, conjuntamente com medidas de resultados, pode apontar falhas inesperadas da estratégia existente. Esta revisão de práticas específicas de cobrança também é capaz de identificar questões que contribuam para um maior nível de inadimplência não só no ambiente de cobrança, mas que talvez ocorram também em outras partes do ciclo de crédito. Um estudo recente da Experian identificou que um aumento da inadimplência se devia a diversas causas: Clear objectives for the challenger strategy then need to be developed and agreed prior to the design and implementation phases. These objectives should articulate the expected financial and operational improvements that should result from any changes. Part of the process would also aim to plan the size of the test, how long it should run for and how success will be measured. Insufficient focus on this stage can lead to a resistance to change within the organisation. Objectives should also be clearly communicated. 2. Review An essential step, but one often overlooked, is the need to identify weaknesses in the existing system, process and procedures that may be addressed in the challenger strategy design. Collections processes are normally complex with multiple variables. By focusing on some key aspects it is often easier to assess the impact of the changes rather than trying to tackle the entire collections process. For example, the challenger process under consideration might be the early contact schedule for a medium risk debtor. Reviewing all the elements in detail such as timing, tone and frequency of mail correspondence, timing and tone of first telephone call, relative experience of the agent, in conjunction with collection metrics, may highlight some unexpected flaws in the existing strategy. This review of specific current collection working practices and metrics can also identify not only issues that contribute to an increased delinquency within the collections environment, but may extend to other parts of the credit cycle. A recent study by Experian identified that an increase in delinquency had several causes: 85 Gráfico 1 Chart 1 Assim, a etapa de revisão pode identificar questões específicas que precisam ser abordadas no contexto de um novo desafiante, além de contribuir para a identificação de influências que talvez só possam ser abordadas em pontos do fluxo anteriores à cobrança. 3. Concepção A fase de concepção do processo Champion/Challenger incorpora o que de mais importante se depreendeu na etapa de revisão e promove um equilíbrio destes pontos com o apetite da instituição pelo risco. A precisão dos testes, o risco e as chances de sucesso podem ser otimizados tendo em conta o seguinte: • Definir com clareza os parâmetros do Challenger The review stage therefore can identify specific issues that need to be addressed within a new collections challenger, as well as identifying contributing influences that may only be addressed further up-stream of collections. 3. Design The design phase of the Champion/Challenger process incorporates the key learning from the review stage and balances this with the risk appetite of the business. Test accuracy, risk and chance of success can be optimised by considering the following: • Clearly define challenger parameters 86 Os parâmetros dependerão da área específica do processo que esteja sendo revista. Quanto maior o nível das mudanças, maior o risco de que o volume existente de dívidas venha a cair em procedimento de cobrança por inação do cliente ou queda de produtividade do pessoal. Alguns exemplos são: › Refinar os critérios de segmentação: como número de pagamentos em atraso, saldo, scores de risco ou gatilhos ligados a agências de rating externas › Determinar medidas adequadas e seu timing: alterar o tipo, o momento, o tom, ou a frequência de comunicação e/ou o momento em que uma dívida é encaminhada a um terceiro ou vendida. • Identificar exclusões Identificar os grupos especiais que não serão sujeitos aos testes, mas estão sendo conduzidos pelas funções administrativas. Alguns exemplos são clientes, insolventes, falecidos, fraudulentos, etc. Outros grupos podem abranger créditos que exijam grande volume de avaliação manual para resolução de questões administrativas ou alocação a algum tratamento especial. Aqui, alguns exemplos podem ser a falta do primeiro pagamento ou estouro de limite da conta no primeiro mês de após aberta. • Determinar o porte da amostra Ao considerar como medir o sucesso de um teste, é comum compará-lo a uma amostra reservada do processo existente (Champion). A melhor maneira de atingir uma concepção livre de viés e resultados válidos é atribuir um número aleatório usado para fins de teste para designar uma conta ou cliente. Estes números aleatórios permitem que a empresa segmente a base de contas / clientes em grupos homogêneos e aleatórios. A instituição deve, então determinar o porte da implementação da estratégia desafiante, observando que o tamanho do grupo de teste dependerá do aspecto que esteja sendo testado. The parameters will depend on the specific area or process under review. The greater the level of changes, the greater the likely risk to the existing volume of debt being collected through customer inaction or a drop in staff productivity. Examples include: › Refining segmentation criterion: such as number of missed payments, balance, risk scores or triggers from external bureaux › Determine appropriate actions & timing: changing type, timing, tone or frequency of communication and/or when a debt is passed to a third party or sold. • Identify exclusions Identify the special groups that will not be subject to testing but are run through administrative functions. Examples would include bankrupt, deceased, fraud etc. Other groups may include those that need a heavy manual assessment to solve administrative issues or to allocate to appropriate special treatment. Examples here include first payment defaults and over-limit accounts within first month. • Determine sample size When considering how to measure the success of a test it is common to compare the test to an existing process hold-out sample (Champion). The best way to achieve an unbiased design and the most valid results is to assign a random number that is used for test purposes to an account or customer. These random numbers then allow the business to segment the account / customer base into equal and random groups. The business should then determine the size of the challenger test strategy to be deployed, noting that the test group size will depend on the issue being tested. 87 Como os procedimentos Challengers devem ser comparados com aqueles já estabelecidos, o principal elemento diz respeito a ter uma estimativa de quantos tratamentos diferentes ocorrem entre os grupos Champion e Challenger. A comparação entre as duas abordagens somente será válida se os resultados forem significativamente diferentes. Normalmente, o porte do grupo de teste varia entre 5% e 25%. É importante que as contas escolhidas para o exercício Champion/Challenger não tenham sido usadas em outro teste recente do mesmo tipo. Sua exposição recente a variações do processo de cobrança irá fazer com que a amostra da base de devedores não seja realmente fiel. Assim, deve ser mantido um registro atualizado de todos os participantes dos grupos Challengers. • Simulação da Estratégia / Análise “What-if?” Enquanto o objetivo maior dos testes Champion/Challenger é experimentar estratégias propostas num ambiente controlado, é crucial que o Gestor de Cobrança garanta que uma estratégia Challenger qualquer não afete negativamente a carteira, seja em termos operacionais ou financeiros. O ideal é poder estimar os resultados da proposta Challenger por meio de um exercício de simulação. Esta simulação da implementação da estratégia é por vezes chamada de análise “What if?”. A análise “What if?” envolve aplicar a estratégia a um arquivo histórico de contas / clientes num ambiente offline. Com isso é possível obter as distribuições de volumes e as medidas financeiras e de risco correlatas das contas que se enquadram em cada faixa de ações da estratégia. A análise dos resultados destas simulações permitirá aos gestores obter uma visão detalhada do impacto em potencial da implementação da nova estratégia. Alguns exemplos são: Since the challenger is to be compared to the established procedures the key measure is knowing how many different treatments are estimated to take place between the Champion and challenger groups. The comparison between the two approaches is only valid where actions are markedly different. Typically the size of the test group can vary from 5% through to 25%. It is important that accounts chosen for the Champion/Challenger exercise have not been used in any other recent challenger test. Their recent exposure to variations in collections process will not make them a true representative sample of the debtor database. An ongoing record should therefore be kept of all challenger participants. • Strategy Simulation / What If Analysis Whilst the overall objective of Champion/Challenger testing is to test proposed strategies in a controlled environment, it is crucial that the Collections Manager ensures that a proposed challenger strategy will not adversely impact the portfolio, either operationally or financially. Ideally, an understanding of the expected results of the proposed Challenger is assessed by undertaking a simulation exercise. This strategy deployment simulation is often referred to as ‘What If’ analysis. What If analysis involves running the strategy against a historical file of accounts / customers in an offline environment. Distributions of volumes and related financial and risk measures of accounts falling into each action component of the strategy can then be obtained. Analysis of these simulation results will allow the managers to gain a detailed insight into the potential impact of the implementation of the new strategy. Examples could include: 88 › Quais volumes de correspondências automáticas e/ou telefonemas serão gerados com a implementação da estratégia? Com essa informação pode-se realizar planejamento operacional para garantir que haja recursos para lidar na medida do necessário com os contatos. › Se a nova estratégia tender a resultar em um aumento das dívidas de cobrança terceirizada, qual seria o impacto sobre o custo da comissão devida e o impacto operacional do maior tempo necessário para administração da agência em relação aos ganhos em termos de valores cobrados? Uma simulação não é capaz de substituir um teste Champion/Challenger “ao vivo”, mas quando o número de variáveis é elevado e o risco para o desempenho vigente é significativo, fazer uma análise off-line pode melhorar o resultado operacional e fornecer uma previsão mais confiável do custo e do benefício de uma estratégia Challenger. Consultar profissionais da área de software de cobrança que tenham realizado testes Champion/Challenger em outra organização também faz sentido nesta etapa. Eles podem usar sua experiência para ajudar a mapear uma concepção Challenger, assessorar a escolha das amostras de controle e de teste e avaliar com precisão os níveis de risco de cada tipo de atitude que esteja em consideração. Reconfigurar os módulos de software de cobrança para que suportem dois procedimentos simultâneos também será de grande valia. 4. Implementação A implementação do teste não deve afetar os negócios normais e deve ocorrer da maneira mais suave possível. Sob condições ideais, os novos processos partirão dos existentes, de modo que não haverá necessidade de treinamento ou testes adicionais. De fato, muitas atividades da Challenger podem independer de envolvimento dire- › What volumes of automated letters and / or telephone calls will be generated as a result of the implementation of the strategy? Operational planning can then be undertaken to ensure that resources are available to deal with collection calls as required. › If the new strategy was likely to result in an increase in debt outsourced for collection, what would be the cost impact of the commission to be paid and the operational impact of increased agency management time against the lift in monies collected? A simulation is not a substitute for a Champion/Challenger test in a live environment, but when the number of variables is high and the risk to existing collections performance is significant, an offline analysis can improve operational response and provide a more confident prediction of challenger cost/benefits. Consulting with collections software professionals who have done similar Champion/Challenger tests elsewhere is also pertinent at this stage. They can use their experience to assist with mapping out a challenger design, advise on the selection of control and sample groups and accurately assess risk levels for each type of action under consideration. Reconfiguration of collections software modules to support dual and simultaneous procedures will also be highly beneficial. 4. Implementation The implementation of a test should not disrupt business as usual and should be implemented into the operational environment as seamlessly as possible. Under ideal conditions the new processes will be building onto existing methods so that additional training or testing is not necessary. 89 to dos cobradores, como a emissão automática de cartas segundo um novo cronograma. Entretanto, no que tange às atividades que exijam revisão manual ou contato telefônico de abordagem mais ‘dura’, por exemplo, há o risco de que os quadros deixem de lado os processos desafiantes e continuem a trabalhar como estão habituados. Assim, é preciso ter o cuidado em comunicar a nova estratégia e/ou introduzir novas práticas para que todos os colaboradores envolvidos estejam engajados e comprometidos antes que seja introduzido o modelo Challenger. Também é importante que a organização como um todo compreenda o cronograma do teste e que suas expectativas sejam adequadamente administradas. Normalmente, o período de testes dura de quatro a seis e é determinado pelo tipo de estratégia em implementação e pelos resultados gerados. Isto porque quando uma nova estratégia de cobrança é implementada, normalmente leva um mês para ser aplicada a toda a carteira, admitindo a existência de datas de pagamento diferentes. O teste costuma, então, ser aplicado por três meses. Isso permite que novos casos em cobrança atinjam a inadimplência no primeiro período ou passem pelo processo mais adiantado de cobrança para chegar à desvalorização e alocação a agências externas. 5. Monitoramento das Estratégias Challenger Um monitoramento atento do Challenger permitirá percepção imediata de seu desempenho em relação ao Champion e garantirá que não ocorra algum impacto indesejado capaz de degradar significativamente o desempenho em cobranças. Entretan- Indeed, many challenger activities may be fairly independent of direct collector involvement such as the automatic issuing of letters within a new timeframe. However, where activities involve a manual review or phone contact with a ‘harder’ approach for example, there is a risk that staff bypass the challenger processes and continue to work as usual. Care must therefore be taken to communicate the new strategy and/or introduce new work practices so that all relevant staff are engaged and committed ahead of challenger introduction. It is also important that the testing timeframe is understood across the wider organisation and expectations managed accordingly. Typically the collections testing period will range between 4 and 6 months and will be determined by the type of strategy being implemented and the results generated. This is due to the fact that when a new collections strategy is implemented it will typically take a whole month to be applied to the whole portfolio, assuming that different payment days occur. The test then runs for three months, typically. This would allow new collection cases to work their way through to default state in early collections, or cases to run through the late collections process through to writeoff & agency allocation elsewhere. 5. Monitoring of Challenger Strategies Close monitoring of the Challenger will give an instant impact as to its performance against the Champion and ensure that no unexpected impact of the test is being felt and significantly degrading collections performance. 90 to, novas práticas podem gerar reações diferentes ao longo da duração de um teste e questões ligadas à familiarização ou aceitação do pessoal podem distorcer os resultados iniciais. Assim, é melhor evitar reações precipitadas. As medidas de desempenho devem manter-se consistentes durante todo o teste, estar diretamente relacionadas aos objetivos da estratégia desafiante e abranger resultados financeiros correntes quantificáveis, bem serem operacionais. Aspectos estratégicos • Atraso do primeiro pagamento (Não, valor e %) • Atraso do segundo pagamento (Não, valor e %) • Atraso do terceiro pagamento (Não, valor e %) • Taxas de rolagem do atraso do 1º para o 2º para o 3º • Taxas de provisionamento • Taxas de baixa Aspectos operacionais • Número de casos tratados • % de promessas cumpridas em relação a promessas feitas • Taxa de contato com a pessoa correta Também é preciso que haja a capacidade de realizar análise em série temporal do desempenho da estratégia Challenger em relação a da Champion. A análise em série temporal permite que os gestores de risco quantifiquem melhor o desempenho das estratégias, permitindo superar efeitos sazonais que podem distorcer o efeito das estratégias se for analisado o desempenho de um só mês. 6. Avaliação Finalmente, com base apenas nos critérios de desempenho inicialmente estabelecidos, o gestor de cobrança deve decidir se However, new measures may receive different reactions over the time of a test and staff familiarisation or acceptance issues may skew initial data results. Knee jerk reactions should therefore be avoided. Performance measurements should remain consistent for the lifetime of the test, relate directly to the objectives of the challenger strategy and encompass ongoing quantifiable financial results, as well as operational metrics. Strategic • 1st Payment Delinquency (No, value and %) • 2nd Payment Delinquency (No, value and %) • 3rd Payment Delinquency (No, value and %) • 1st to 2nd to 3rd delinquency roll rates • Provision rates • Write-off rates Operational • Number of cases worked • % of promises kept v’s promises made • Right party contact rate The ability to carry out time series analysis of the respective performance of the Challenger strategy’s performance against the Champion is also required. Time series analysis allows risk managers to better quantify the performance of strategies, so that seasonal effects that may misrepresent the strategies if a single month’s performance is viewed in isolation can be overcome. 6. Assessment Finally, on the basis of the initial agreed performance criteria alone, the collections manager must decide whether it is ad- 91 é vantajoso promover a estratégia Challenger para que se torne a Champion aplicável à maioria dos casos. Se não houver benefício significativo, ou se o benefício for muito pequeno, a amostra pode ser facilmente reincorporada à estratégia Champion. Se, contudo, ficar determinado que a estratégia Challenger atingiu seus objetivos e apresentou desempenho superior ao da Champion, a Challenger poderá ser ‘promovida’ a Champion. A nova estratégia deverá, então, ser aplicada ao restante da carteira para maximizar os resultados da instituição. A geração seguinte de concepção de estratégia e testes Champion/Challenger poderá então começar. É a natureza iterada deste processo que leva a ganhos constantes de eficiência em cobrança. Estudo de Caso Os benefícios de uma revisão focada do negócio de cobrança podem ser significativos. Neste estudo de caso, um grande banco de varejo que vinha usando, havia muitos anos, tecnologia de engenho de decisão (Gestão de Sondagem e Estratégia) reviu seu processo de cobrança e determinou que seria benéfico proceder a uma reengenharia de suas práticas e cronogramas. Assim, foi desenvolvida uma Desafiante para segmentar mais adequadamente a base, mas também para ajustar o foco das práticas e dos cronogramas e maximizar o impacto sobre o cliente. A revisão analisou cada etapa da estratégia e investigou se as medidas tomadas haviam sido eficazes. A revisão inicial fez comparações com a experiência anterior e a reforma das práticas teve por objetivo aumentar a automação e os pagamentos recebidos. Os resultados gerais levaram a ganhos ao longo de todo o ciclo de delinquência. vantageous in promoting the Challenger test to become the main Champion strategy on the majority of cases. If no incremental benefit or too small a benefit was established, the sample can be easily rolled back in to the existing Champion Strategy. If, however, it is determined that the Challenger strategy has achieved its objectives and has outperformed the Champion strategy, the Challenger may then be ‘promoted’ as the new Champion. The new strategy would be then rolled out to the remainder of the portfolio so as to maximise returns to the business. The next generation of strategy design and Champion/ Challenger testing can then commence. It is the iterative nature of this process that leads to the constant improvement in collections efficiency. Case Study V, the simulated amount of each transaThe benefits of a focussed collections business review can be significant. In this case study, a large retail bank that had been using decision engine technology for several years (Probe and Strategy Management) reviewed their collections process and identified that re-engineering their action and timings may be beneficial. A Challenger therefore was developed to segment their base on a more appropriate manner but also to refocus the actions and timings to maximise customer impact. The business review looked at each step throughout the strategy and examined whether actions being taken were effective. The initial review compared against previous experience and the amendments to actions taken with a view toward more automation as well as improvement in payments received. The overall results led to improvements throughout the delinquency cycle. 92 Tabela 1 Comparação das taxas de rolagem Campeão Desafiante Variância Ciclo 1 22 18 - 18% Ciclo 2 43 37 - 14% Ciclo 3 63 57 - 10% Champion Challenger Variance Cycle 1 22 18 - 18% Cycle 2 43 37 - 14% Cycle 3 63 57 - 10% Table 1 Roll rate comparisons Para ilustrar, o diagrama a seguir representa um grupo homogêneo de clientes e suas taxas de resolução ao longo do ciclo em termos das medidas adotadas. A queda observada das taxas de resolução entre os dias 3 e 13 era típica das taxas de autorresolução observadas entre clientes de médio risco. Portanto, a primeira medida tomada no dia 3 exercia baixo impacto sobre a propensão de reação do cliente. A segunda medida apresentou impacto significativo e prolongado sobre a taxa de resolução, enquanto a terceira gerou certo impacto, mas pouco prolongado devido à proximidade do final do mês. As medidas foram revistas, sendo a primeira delas eliminada, a segunda movida para as proximidades do dia 8 e a terceira para a região do dia 20. As mudanças havidas no cenário levaram a um adiantamento do fluxo de caixa à tomada de menor número de medidas e a uma melhora geral da taxa de resolução. As an illustration the diagram below represents a single homogenous group of customers and their cure rates throughout the cycle examined in line with the actions taken. The observed fall off in cure rates between day 3 and 13 was typical for selfcure rates observed on medium risk customers. In view of this, the first action taken on day 3 had little impact on the customer’s propensity to respond. The second action did have a significant and prolonged impact on the cure rate, whilst the third did show some impact but was too near the month end to sustain prolonged impact. The actions were reviewed with action 1 being removed, action 2 moved forward in the sequence to around day 8 and the third action being moved to day 20. The changes in the scenario led to advanced cash flow, fewer actions and an overall improvement in cure rate. 93 Gráfico 2 Taxas de resolução no tempo (Ciclo 1/Risco médio e saldo) Apenas exemplificativo Chart 2 Cure rates over time (Cycle 1/Medium risk and balance) Illustration only O Status Quo em Cobranças não é Mais Aceitável Com diversos países caminhando para suas primeiras recessões desde o início da década de 1990, vem crescendo o número de consumidores que, pela primeira vez, enfrenta o desemprego e acesso restrito ao crédito. O comportamento em pagamentos será imprevisível com forte tendência a se modificar à medida que a situação for piorando. O status quo em cobranças não é mais aceitável. Para os fornecedores de crédito, a necessidade de estabelecer uma cultura de aprimoramento contínuo da cobrança é mais premente do que nunca. Os sistemas modernos de cobrança já fornecem a muitas organizações características sofisticadas de gestão de inadimplência, como segmentação altamente granularizada, The Collections Status Quo is no Longer Acceptable As many countries slide into their first recession since the early 90s, growing numbers of consumers are experiencing unemployment and restricted access to credit for the first time. Payment behaviour will be unpredictable and highly likely to change as conditions get worse. The collections status quo is no longer acceptable. For credit grantors, the need to establish a culture of continuous collections improvement has never been more necessary. Modern collections systems are already providing many organizations with more sophisticated default management capabilities such as highly granular seg- 94 Autor/Author estratégias individuais de cobrança e melhor gestão de agências. A inclusão de um módulo Champion/ Challenger e de suas poderosas técnicas de teste e aprendizagem irá aumentar o desempenho e a agilidade das equipes de cobrança. A um custo e um risco muito baixos, novas estratégias que refletem melhor a performance da clientela, em constante mutação, podem ser testadas em ambiente controlado e com a vantagem de usar dados e clientes reais. A consequente substituição acelerada de estratégias antigas por Challengers bem sucedidas irá acelerar a reabilitação dos devedores e/ou atenuar as perdas, forçando a baixa antecipada de dívidas de cobrança impossível. Os benefícios são tangíveis e significativos: redução do custo de cobrança, melhor fluxo de caixa e redução da provisão contra perdas, todos os quais contribuem para a lucratividade, que é um imperativo para qualquer negócio. Todas as empresas – e em especial os fornecedores de crédito – podem sentir-se incapazes de controlar o aumento da inadimplência frente a uma recessão crescente. Mas ao construírem uma organização de cobrança que gere melhoria continuada e alavancarem a tecnologia que a sustenta, podem reduzir o impacto da crise sobre os resultados. Mark Keyworth Principal Chefe, Líder de Revisões Estratégicas Experian Decision Analytics [email protected] Principal Consultant, Head of Strategy Reviews Experian Decision Analytics [email protected] mentation, individual collection strategies and better agency management. The inclusion of a Champion/ Challenger module and its powerful test and learn techniques will improve a collection team’s performance and agility further still. At very little cost and risk, new strategies that more accurately reflect the changing customer landscape can be trialed in a controlled manner but with the advantage of using real data from real customers. The subsequent rapid replacement of old strategies by the new successful challengers will accelerate debtor rehabilitation and/ or mitigate losses by writing off un-collectable debt sooner. The benefits are tangible and significant; reduced cost to collect, improved cash flow and reduced bad debt provision which all contribute to better profitability, an imperative of every business. All companies, and lenders in particular, may feel powerless to control rising defaults in the face of a deepening recession. But by building a collections organisation that expects continuous improvement and by leveraging the technology that supports it, they can certainly lessen its impact on their bottom line. Soluções Serasa Experian para NF-e Mais segurança e facilidade para emissão de notas fiscais eletrônicas A Serasa Experian oferece soluções que contemplam todo o cilco de NF-e, desde a formação e o enriquecimento das bases de dados já existentes, a confirmação e monitoramento dos dados fiscais com menor impacto operacional possível, a assinatura digital — lastreada pela tecnologia Serasa Experian de certificação digital — até a emissão e o armazenamento das NF-e. 0800 773 7728 serasaexperian.com.br Calcule com precisão seus próximos movimentos As soluções Serasa Experian – informações consistentes e abrangentes, scorings e ratings avançados, sistemas de decisão de alta performance e softwares de gestão completos – são peças fundamentais para as jogadas mais rentáveis em serviços de marketing e gestão de crédito. Soluções Serasa Experian para todas as Etapas do Ciclo de Negócios do Cliente Prospecção Invista apenas nos clientes com maior probabilidade de retorno. Gestão de Clientes e Prospects Fique atento ao seu maior ativo: sua carteira de clientes. Aquisição e Concessão de Crédito Antecipe as oportunidades e mantenha a carteira lucrativa. Gestão da Carteira de Crédito Potencialize seu poder de decisão para conceder crédito. serasaexperian.com.br Gestão da Cobrança Recupere mais clientes investindo menos. Gestão de Fraude e Validação Identifique inconsistências que podem ser indícios de fraude.