Qual seria o melhor

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Qual seria o melhor
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2 revista anefac
CARTA AO LEITOR
Inovar é preciso
O
cenário em que vivemos atualmente pode
ser encarado de duas formas. A primeira
e mais cômoda é lamentar o momento
de crise e fechar-se em um casulo de
proteção sem vistas ao longo prazo. A
como ponto de partida para empreender
as mudanças que precisamos para um desenvolvimento
mais sólido no futuro.
Por isso, a edição que o leitor tem em mãos busca lançar vistas ao que podemos fazer agora para estarmos em
melhor posição no momento em que a turbulência atual
virar passado. Foco principal desta discussão está na reportagem especial, que traz a cobertura completa do 17º
Congresso ANEFAC, realizado pela primeira vez fora das
fronteiras brasileiras.
Diretamente de Buenos Aires, na Argentina, trazemos
uma rica discussão sobre como a inovação e o investimento em pesquisa e desenvolvimento caracterizam uma
postura positiva visando a recuperação do momento atual.
Inovar é, talvez, uma das únicas alternativas para enfrentar
os desafios econômicos deste ambiente hostil. Mais do que
nunca, é preciso mirar na inovação como modelo de gestão para criar novos mercados, antecipar oportunidades,
aprimorar mercados negligenciados e criar novos canais
de negócios.
Boa leitura!
Antonio Carlos Machado
Presidente da ANEFAC
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“Mais do
que nunca, é
preciso mirar
na inovação
como modelo
de gestão”
segunda é tomar o desconforto atual
sumário
26
36
40
10 Giro Diretor
11 Giro ANEFAC
36 Contabilidade
12 Pesquisa ANEFAC
40 Jovem executivo
14 Evento
42 Perfil
18 Especial
44 Hobby
26 Panorama
46 Reuniões Técnicas
28 Finanças
48 Artigo
32 Administração
50 Fazendo contas
Revista ANEFAC
Uma publicação da Associação
Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade
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4 revista anefac
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ENTREVISTA
A visão do jurista Ives Gandra Martins sobre o melhor
caminho para a redução da
carga tributária
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Gennaro Oddone (Presidente),
Amador Alonso Rodriguez , Andrew F. Storfer,
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e Jennifer Almeida
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As opiniões expressas nos artigos assinados são de
inteira responsabilidade de seus autores.
5
6 revista anefac
Um caminho par
entrevista
“Uma reforma
tributária
simplificadora
faz-se
necessária
para tornar
inteligível o
sistema, não
necessitando
de gênios de
exegese fiscal
para que possa
ser aplicado
com um mínimo
de riscos para o
sofrido pagador
de tributos
brasileiro”.
Esta é a opinião
do jurista Dr.
Ives Gandra da
Silva Martins,
que explica na
entrevista a
seguir sua visão
sobre o melhor
caminho para
a redução da
carga tributária.
“
Revista ANEFAC: Qual seria o melhor
caminho para aplicar a redução da
carga tributária?
Ives Gandra da Silva Martins: A alteração
da Constituição não deve ser feita nas
duas primeiras seções da Lei Maior (artigos 145 a 152 - Normas gerais e limitações constitucionais ao poder de tributar),
por serem a melhor parte do sistema e
que, em tese, visam garantir o pagador de
tributos contra a voracidade fiscal de um
Estado Mastodôntico, com 39 Ministérios,
32 partidos, quase todos sem qualquer
ideologia, que buscam usufruir o poder,
mais do que servir. A reforma deve ser
feita nas outras três seções (artigos 153
a 156) e no capítulo das contribuições
(artigo 195 e seguintes).
A primeira delas é simplificar o sistema. Em 1990 propus a adoção de um
sistema simples: os impostos ficariam na
competência da Federação, que partilharia entre União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, a receita dos impostos sobre
a renda, patrimônio imobiliário, circulação
de bens e serviços e sobre o comércio
exterior. Haveria, por outro lado, uma
única contribuição social. Tal ideia, encampada pela Comissão Arioswaldo, no
governo Collor, não chegou a ser levada
ao Congresso.
A União Europeia, pela esmagadora
maioria dos países que a compõem,
conta com um único imposto sobre circulação de bens e serviços (IVA – imposto
sobre o valor agregado). Nós temos,
sobre esta circulação, o IPI (União), o
ICMS (Estados), o ISS (Municípios), o PIS
(União)-Cofins (União), Cides (União).
A irracionalidade é de tal ordem que o
contribuinte é obrigado a estudar seis
legislações diversas para atender o regime próprio de cada um, a fim de cumprir
suas obrigações tributárias.
Em levantamento de alguns anos
atrás, o Banco Mundial e a Coopers,
analisando o número de horas que, em
média, o empresariado de cada um de
175 países pesquisados dedicava ao
cumprimento de suas obrigações tributárias por ano, verificou que o Brasil, de
longe, era aquele que mais exigências
burocráticas impunha, com uma média
de 2.600 horas anuais contra aproximadamente 100 na Alemanha, pouco
mais de 300 nos Estados Unidos e uma
média pouco superior a 500 na América
Latina. Tal custo, que obriga as pessoas
jurídicas a fazerem um trabalho burocrático não remunerado, que deveria ser
da responsabilidade do Poder Público,
demonstra, por si só, a irracionalidade
do sistema brasileiro.
Uma simplificação de legislação ordinária para tais tributos impõe-se, mas
como a legislação pátria constitui uma
colcha de retalhos, em função da gula
permanente do “Molock burocrático”
- que, tal qual um viciado em drogas,
necessita cada vez de doses maiores
de entorpecentes - todas as propostas
neste sentido têm sido fulminadas. Ao
contrário, a legislação tem sido adaptada
a cada aumento do nível de impostos,
7
7
a a reforma tributária
entrevista
8 revista anefac
com uma completa desfiguração do
sistema e da própria natureza jurídica
do tributo. E quanto mais complicada
for a legislação, mais gera sonegação e
corrupção, ingredientes que vicejam em
todos os sistemas complexos e irracionais, como é o brasileiro.
Independentemente deste aspecto,
há necessidade de balizar definitivamente a legislação do ICMS e do ISS,
geradora de guerra fiscal entre Estados
e Municípios.
O ICMS é um imposto de vocação nacional entregue à competência impositiva
dos Estados. É opção equivocada e rara,
no mundo, para um tributo de circulação
de mercadorias e serviços. Quando um
Estado dá um incentivo fiscal de ICMS,
seu produto, enviado para um outro
Estado que não tem incentivo fiscal, fica
mais competitivo. Daí a necessidade de
os Estados, por unanimidade, aprovarem
tais estímulos, como determina a Lei
Complementar nº 24/75.
A maioria dos Estados tem estuprado
a Constituição, instituindo ilegalmente
incentivos fiscais, criando a denominada
guerra fiscal, em que passam a prejudicar as empresas de outros Estados
pela agressão que fazem ao texto constitucional. O Supremo Tribunal Federal
atalhou tal maculador procedimento
dos governos, que não respeitam a lei
maior, sem êxito, pois os Estados que
pisotearam a Lei Suprema continuam
a violentá-la, malgrado as decisões do
Pretório Excelso.
Quando participei da “Comissão dos
Notáveis” - a denominação sempre nos
causou desconforto - composta de 13
especialistas para repensar o pacto
federativo, apresentamos solução para
que os incentivos pudessem ser autorizados, a saber: não serem dados
por mais de oito anos; só Estados que
tivessem renda per capita média inferior
A maioria dos
Estados tem
estuprado a
Constituição,
instituindo
ilegalmente
incentivos
fiscais, criando
a denominada
guerra fiscal,
em que passam
a prejudicar
as empresas
de outros
Estados pela
agressão que
fazem ao texto
constitucional
à média da renda per capita nacional
poderiam outorgá-los; haveria sempre
uma alíquota mínima de 4% na sua
concessão; só poderia ser dado às
indústrias desse Estado. Infelizmente,
o nosso projeto dorme, serenamente,
numa das gavetas de algum gabinete
no Senado Federal.
Outro problema a ser enfrentado é
o da guerra fiscal entre os Municípios.
Quase todos cobram duas vezes o tributo das empresas, ou seja, cobram das
que estão sediadas em seu território e
daquelas que prestam serviços em seus
burgos. Uma regulação clara faz-se necessária para evitar tal situação. As contribuições sociais também precisam ser
simplificadas, tanto aquelas no interesse
das categorias, como as de intervenção
no domínio econômico, para que não
sejam multiplicadas de acordo com as
“desnecessidades” crescentes do Erário.
O imposto sobre a renda poderia tornar-se
menos complexo com a incorporação
de contribuição social sobre o lucro ao
próprio imposto.
No “Movimento Bem Eficiente”, fundado por Carlos Schneider, Paulo Rabello
de Castro e por mim, propusemos um
modelo que, se adotado, sem queda
imediata da arrecadação, mas com notável simplificação do sistema, facilitaria
a redução gradual da carga até chegar
a 30% do PIB. A matéria, estudada
exaustivamente por empresários, políticos e técnicos na área, ainda carece de
parlamentares capazes de levá-la à discussão no Congresso Nacional. Por fim,
a aprovação de um Código de Defesa
do Contribuinte, como existe em diversos países, em nível nacional, facilitaria
a eliminação dos crimes de concussão
e as arbitrariedade constantes do Fisco
contra o contribuinte, mais preocupado
em arrecadar, o legal e o ilegal, do que
em orientar o cidadão. R.A.: O que isso representaria para as
empresas, para a sociedade e para
o governo?
I.G.S.M.: Será a única forma de oferecer ao Brasil condições de voltar a ser
competitivo no mercado internacional
e não perder mercado interno no país.
Ganhariam as empresas, haveria mais
empregos e o governo reduzindo a
carga, pelo próprio crescimento da
economia, ganharia mais. R.A.: De que forma as empresas podem usufruir de ferramentas jurídicas
como ponto de apoio para superar
crises e crescer em cenário atípico
como o que estamos vivendo?
I.G.S.M.: As ferramentas jurídicas servem
apenas para não permitir um ambiente de
grande insegurança jurídica em que autos
de infração fantásticos sejam lançados
contra os contribuintes. Mesmo assim,
R.A.: Como encontrar oportunidades de
negócios mesmo diante desse cenário?
I.G.S.M.: Como modesto operador
do Direito, não me cabe responder a
questão, lembrando, todavia, que certa
vez, o Ministro Ernane Galvêas, quando
no governo, chegou a dizer que a carga
tributária do Brasil era indecente. À época, estava em patamar inferior a 30% do
PIB, mas constituía um fator de inibição
ao crescimento do país. Quando dos
trabalhos constituintes, o então constituinte Delfim Netto, em reunião comigo e
Ozires Silva, em seu escritório, disse que
o Estado brasileiro era maior que o PIB. A
essa afirmação acrescentei, em artigo (O
custo da Federação, 23/01/1992) para “O
Estado de S. Paulo”, após a promulgação
da Constituição em 88 - que alargou a
Federação brasileira de 23 para 26 Estados e de 3.900 municípios para mais
de 5.600 -, que a “Federação brasileira
não cabia no PIB”.
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R.A.: Como driblar a insegurança
jurídica nas empresas?
I.G.S.M.: Uma reforma tributária simplificadora facilitaria a compreensão dos
empresários, sobre eliminar a concussão,
corrupção e sonegação, com fantástica
redução do custo operacional para atendimentos das obrigações tributárias.
Quase todos
os Municípios
cobram duas
vezes o tributo
das empresas,
ou seja, cobram
das que estão
sediadas em
seu território
e daquelas
que prestam
serviços em
seus burgos
R.A.: Qual a melhor forma que as
empresas podem encontrar para
gerenciar estas questões?
I.G.S.M.: Tendo bons assessores e não
entrando em planejamentos tributários
ilusórios, que dependem de discussão
judicial. Planejamento fiscal, apenas
aqueles autorizados para que surpresas desagradáveis não aconteçam,
lembrando-se que o Poder Judiciário,
cujos membros são remunerados pelos
tributos pagos, têm de mais em mais
sido favoráveis ao Erário Público.
“
R.A.: Em um cenário de redução de carga tributária, o consumidor final seria
impactado? Ou seja, as empresas devem repassar esta redução na mesma
medida para o consumidor final?
I.G.S.M.: Havendo redução da carga tributária, necessariamente haveria redução
para o consumidor do preço, com efeitos
benéficos sem a redução da inflação. O
nível de competitividade da economia,
hoje, não permite para os empresários
absorverem pro domo sua a redução da
carga. Terão que repassá-lo para o consumidor para continuarem no mercado.
pela escandalosa complexidade do
sistema, muitos erram. Por isso, o bom
aconselhamento jurídico é fundamental.
giro diretor
Entidades que compõem o Fórum Permanente em Defesa do
Empreendedor, entre elas a ANEFAC, entregaram a vereadores
paulistanos, no dia 31 de março, documento que revela a
preocupação quanto aos procedimentos de fiscalização e
desenquadramento da sistemática de recolhimento do ISS com a
base de cálculo diferenciada e fixa por profissional habilitado. Carlos
Ribeiro, superintendente da ANEFAC, participou de reunião na Câmara
de Vereadores de São Paulo.
Antonio Carlos Machado e Carlos Ribeiro, presidente e
superintendente da ANEFAC, participaram do evento em
comemoração aos 15 anos do Jornal Valor Econômico, no dia 7 de
abril, em São Paulo. O veículo é parceiro da Associação há anos.
Pelo quarto ano consecutivo, a Assembleia Legislativa de São Paulo,
maior parlamento estadual do país, promoveu sessão solene em
alusão ao Dia do Contabilista, comemorado em 25 de abril. O evento
foi realizado no dia 4 de maio, no Plenário Juscelino Kubitschek, e foi
marcado por homenagens às entidades contábeis congraçadas. Carlos
Roberto Matavelli, conselheiro da ANEFAC, representou a Associação e
recebeu uma placa de homenagem.
10 revista anefac
Compareceu à “Reunião Plenária: ISS e Simples Nacional”, do
Fórum Permanente em Defesa do Empreendedor, realizada no dia
12 de março, na sede do Sescon-SP (Sindicato das Empresas de
Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias,
Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo), Carlos Roberto
Matavelli, que faz parte da Plenária em representação à ANEFAC.
Antonio Carlos Machado, presidente da ANEFAC, compôs a mesa
da solenidade em comemoração ao Dia do Profissional Contábil,
realizado pelo Sindcont-SP (Sindicato dos Contabilistas de São Paulo)
no dia 24 de abril, na sede do Sindicato, em São Paulo. Estiveram
presentes e também comporam a mesa solene lideranças de outras
importantes entidades contábeis e representativas da categoria, entre
elas, o deputado federal Arnaldo Faria de Sá e Edir Sales, vereadora
da capital paulista.
giro anefac
MOMENTO ECONÔMICO
No programa “Momento Econômico”, produzido pela ANEFAC, veiculado ao vivo na TV Geração Z e armazenado no
Portal UOL, Roberto Vertamatti entrevistou, no dia 27 de abril,
Rubens Lopes da Silva, membro do Conselho de Administração da ANEFAC, sobre a realização do Congresso ANEFAC
e como fazer parte da Associação. No dia 4 de maio, em
conversa com Edinilson Apolinário, sócio da área tributária
da PwC, foram abordadas as tendências tributárias para o
segundo semestre, além de pacote fiscal e alterações tributárias. Acompanhe o programa ao vivo toda segunda-feira,
às 10h, em www.tvgeracaoz.com.br, ou assista as edições
anteriores em www.tvuol.com.br e www.anefac.com.br.
17
Seminário
Rio de Janeiro Se-
escrituração contábil
minário - Lei 12.973:
fiscal (ECF):
Conceitos, desafios
10 Ribeirão Preto
11 Campinas e
São Paulo
15 Curitiba
16 Porto Alegre
17 Salvador
18 Rio de Janeiro
ANEFAC Brasil
@Anefac_Brasil
e dificuldades que
as empresas enfrentarão.
26
Reunião Técnica de
Recursos Humanos em Campinas:
Mudanças da
Setembro
24
Troféu Transparência
2015
Novembro
23
Seminários de
Encerramento das
Demonstrações
Financeiras 2015
legislação e o seu
impacto na gestão
de pessoas
Agenda sujeita a alterações
www.anefac.com.br
A Crowe Horwath, uma das principais firmas mundiais nas áreas
de auditoria, impostos, consultoria,
outsourcing e gestão, tornou-se
uma das sócias-mantenedoras da
ANEFAC com objetivo de apoiar o
intercâmbio de ideias, networking e
conhecimento estratégico entre os
executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Para ser um
sócio-mantenedor da ANEFAC, a
empresa deve ter princípios éticos
estabelecidos, bem como ações que
visam o desenvolvimento da transparência na governança corporativa,
além de compartilhar do incentivo
à pesquisa, educação continuada
e promoção do networking entre os
gestores de negócios. Atualmente,
além da Crowe Horwath, a ANEFAC
também conta com BDO, PwC e
Serasa Experian em seu quadro de
sócios-mantenedores.
11
Confira a programação de eventos e reuniões técnicas da
ANEFAC para os próximos meses:
09 Belo Horizonte
ANEFAC
ANEFAC TEM NOVA
SÓCIA-MANTENEDORA
AGENDA
Junho
ANEFAC
Por Miguel Oliveira*
pesquisa anefac
12 revista anefac
As taxas de juros das
operações de crédito voltaram
a ser elevadas em abril de 2015,
sendo esta a quarta elevação
no ano e sétima elevação
consecutiva.
Estas elevações podem ser
atribuídas aos seguintes
fatores:
• Cenário econômico
que aumenta o risco do
crescimento nos índices de
inadimplência. Este cenário
se baseia no fato dos índices
de inflação mais elevados,
aumento de impostos e juros
maiores reduzirem a renda das
famílias. Agregado a isso, o
baixo crescimento econômico,
o que deve promover o
crescimento dos índices de
desemprego. Tudo isso, somado
ao fato de as expectativas
para 2015 serem igualmente
negativas quanto a todos estes
fatores, leva as instituições
financeiras a aumentarem suas
taxas de juros para compensar
prováveis perdas com elevação
da inadimplência;
• Elevação da taxa básica de
juros (Selic) promovida pelo
Banco Central em sua última
reunião do Copom;
• Expectativa de novas
elevações da Selic frente a
um cenário de elevação nos
índices de inflação.
Taxa de juros x Selic
Considerando todas as elevações da Selic promovidas pelo BC desde março de 2013, tivemos até abril
de 2015 uma elevação de seis pontos percentuais
(elevação de 82,76%), de 7,25% ao ano em março de
2013 para 13,25% ao ano em abril de 2015.
Neste período a taxa de juros média para pessoa
física apresentou uma elevação de 31,51 pontos
percentuais (elevação de 35,82%), de 87,97% ao ano
em março de 2013 para 119,48% ao ano em abril de
2015. Nas operações de crédito para pessoa jurídica
houve elevação de 15,97 pontos percentuais (elevação de 36,65%), de 43,58% ao ano em março de
2013 para 59,55% ao ano em abril de 2015.
Selic
13,25%
Abril/15
PERSPECTIVAS PARA OS PRÓXIMOS MESES
Tendo em vista o cenário econômico atual, que aumenta o risco
de elevação dos índices de inadimplência, bem como as prováveis
novas elevações da taxa básica de juros frente a uma inflação
mais elevada, a tendência é de que as taxas de juros das operações
de crédito voltem a ser elevadas nos próximos meses.
Evolução de Taxas Mensais PJ
Taxa Mês PJ • Abril/15
Pessoa Jurídica
Das três linhas de crédito pesquisadas, todas foram elevadas no mês. A taxa de juros média geral para pessoa
jurídica apresentou elevação de 0,08 ponto percentual no
mês (1,47 ponto percentual em 12 meses), correspondente a uma elevação de 2,06% no mês (2,53% em 12
meses), passando de 3,89% ao mês (58,08% ao ano) em
março para 3,97% ao mês (59,55% ao ano) em abril, sendo esta a maior taxa de juros desde novembro de 2011.
Evolução de Taxas Mensais PF
Pessoa Física
*Miguel Oliveira é sócio-diretor da
Ribeiro de Oliveira Consultores
Associados e diretor executivo de
Estudos Financeiros da ANEFAC
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Taxa Mês PF • Abril/15
Das seis linhas de crédito
pesquisadas, todas tiveram
suas taxas de juros elevadas
no mês. A taxa de juros média
geral para pessoa física
apresentou elevação de 0,06
ponto percentual no mês (1,48
pontos percentuais no ano)
correspondente a uma elevação de 0,89% no mês (1,25%
em 12 meses), passando de
6,71% ao mês (118,00% ao
ano) em março para 6,77%
ao mês (119,48% ao ano) em
abril. Esta é a maior taxa de
juros desde julho de 2011.
evento
Empresas enfrentarão desafios
com ajustes da Lei 12.973
Seminário discute conceitos e dificuldades
com a entrada em vigor da lei que revoga o RTT
14 revista anefac
A
partir de 2015 não existem mais duas contabilidades. Ou, para quem
optou pela antecipação
da Lei 12.973/14, a qual
estabelece apenas o lucro
societário como base de
tributação, isso acontece já a partir de
2014. Tudo começou com as leis 11.638
e 11.941 em 2007 e 2009, que tinham
como objetivo fazer a convergência
para as normas internacionais. Para
dar neutralidade tributária às alterações
ocorridas na contabilidade brasileira,
surgiu o RTT (Regime Tributário de Transição), o qual estabelecia que deveriam
ser considerados, para fins tributários, os
métodos e critérios contábeis vigentes
em 31 de dezembro de 2007.
“Mas se por um lado o RTT resolvia um
problema, por outro, criava limitações”,
afirmou Cláudia Lúcia Pimentel Martins da
Silva, auditora-fiscal da Receita Federal,
durante seminário realizado pela ANEFAC
e pelo Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil) no dia 15 de abril,
em São Paulo. A necessidade de substituir
o Regime por uma legislação fiscal mais
alinhada com os novos critérios contábeis
para facilitar o cumprimento das obrigações tributárias e reduzir as dúvidas e os
litígios, provocou sua revogação, com a
chegada da Lei 12.973 em 2014.
Edmir Lopes de
Carvalho, ANEFAC
e Crowe Horwath; e
Silvio Takahashi, EY
Principais mudanças
A lei disciplinou que os excedentes dos
lucros ou dividendos referentes aos anos
de 2008 a 2013 distribuídos são isentos.
Para 2015, Edison Fernandes, diretor do
Comitê Tributário da ANEFAC e sócio
do Fernandes, Figueiredo Advogados,
observou que, se não existem duas
contabilidades, não existe excesso de
dividendos. “Somente para 2014, quem
não fez a opção para adoção antecipada ainda trabalha com o RTT, portanto,
ainda existe o Lucro Fiscal e o Lucro
Societário. A maioria das empresas não
optou pela antecipação, então a maioria
está sujeita ao risco da exigência de
imposto de renda sobre o excesso de
dividendos”, considerou.
A lei disciplina ainda que, nos
anos-calendário de 2008 a 2014, o cálculo do JCP (Juros sobre Capital Próprio)
poderá utilizar as contas do patrimônio
líquido mensurado de acordo com as
“São grandes
os desafios
dos controles
contábeis em
subcontas,
considerando
que são diversos
os ajustes
contábeis”
Edmir Lopes de Carvalho
disposições da Lei 6.404, de 1976, assim
como o MEP (Método de Equivalência
Patrimonial), em que a avaliação do investimento poderá ser feita com base no
valor de patrimônio líquido da coligada
ou controlada, também determinado de
acordo com a mesma lei.
Entre outros ajustes da Lei 12.973,
Fernandes apontou o controle em subcontas de ajuste a valor justo; ajuste
a valor presente; mais/menos valia de
ativos; e ágio (goodwill) de períodos
anteriores. “São grandes os desafios
dos controles contábeis em subcontas,
considerando que são diversos os ajustes contábeis”, declarou Edmir Lopes
de Carvalho, vice-presidente de Contabilidade da ANEFAC e sócio da Crowe
Horwath. “No ano passado, poucas
empresas aderiram à nova legislação
porque era opcional. Mas, para 2015,
já se percebe que a demanda é muito
grande. As empresas vão reestruturar
seus sistemas”, afirmou.
Silvio Takahashi, sócio de Auditoria da
EY, representante do Ibracon e coordenador do Grupo de Trabalho do IASB junto ao
CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), alerta que empresas com controles
internos falhos podem complicar o processo de auditoria. “A maior integração requer
um ambiente de controles mais robusto e
provavelmente uma mudança do sistema
de TI muito grande”, disse.
Para ele, o conceito principal do RTT
se preservou na Lei 12.973. “Não houve
nenhuma mudança inesperada e isso
criou uma segurança jurídica muito grande”, disse. Takahashi afirma que, em geral, o processo de auditoria torna-se mais
fácil sob a Lei 12.973, principalmente em
15
O modelo escolhido para isso foi o de
Ajustes no Lalur, o qual, segundo Cláudia, tem como vantagens a redução das
obrigações acessórias; a rastreabilidade
das adições/exclusões (com adoção de
soluções como as subcontas e o Lalur
digital); e base tributável mantendo vinculação com os resultados societários.
“Volta-se ao modelo que tínhamos antes
do RTT. Ou seja, a ECD (Escrituação
Contábil Digital) é o ponto de partida do
Lucro Líquido. Faço as adições, exclusões e compensações, e chego ao Lucro
Real. Eliminei o Lucro Fiscal, não tenho
mais duas contabilidades e volto para a
configuração antiga”, explicou.
evento
Edison Fernandes,
ANEFAC e Fernandes,
Figueiredo Advogados;
e Cláudia Lúcia
Pimentel Martins da
Silva, Receita Federal
função da criação de subcontas, que
são mais fáceis de auditar; e da melhor
rastreabilidade dos impostos diferidos.
“Com a Receita considerando que a
contabilidade fiscal é igual à societária, há
uma mudança forte, que impacta não só
a area contábil, mas também a área fiscal
e a área de tecnologia. É preciso criar um
sistema que consiga acolher as subcontas
exigidas”, opinou Carlos Aragaki, vice-presidente de Administração e Finanças da
ANEFAC e sócio-técnico na UHY Moreira.
Cláudia reconhece que as subcontas
trazem alguma complexidade, mas destaca que as empresas precisam obter este
valor para fins de reconhecimento. “Quando você soma todas as diferenças na ECD
com FCont, isso tem que ser controlado
de alguma forma, até por necessidade das
empresas, que precisam reconhecer isso
para fins tributários”, explicou.
16 revista anefac
Adoção inicial
Esta é, aliás, a razão de existência da
adoção inicial. De acordo com Cláudia, é
preciso verificar as diferenças das contas
patrimoniais do que estaria no FCont (já
que não existirá mais o FCont) com o que
está na contabilidade societária. Ou seja,
a adoção inicial pode ser definida como
os procedimentos a serem efetuados
pelas empresas em razão de a legislação tributária voltar a adotar os valores
registrados na contabilidade societária.
Então, é o controle das diferenças
dos valores existentes entre as contas
patrimoniais da contabilidade societária
e as do FCont que deve estar registrado
em subcontas. “Como imaginamos que
haverá muita divergência, fazer todo este
“Adoção inicial
pode ser
definida como os
procedimentos a
serem efetuados
pelas empresas
em razão de a
legislação
tributária voltar a
adotar os valores
registrados na
contabilidade
societária”
Cláudia Lúcia Pimentel
Martins da Silva
controle na parte B do Lalur dificultaria
a rastreabilidade tanto para a empresa
quanto para a Receita”, justificou.
O termo “adoção inicial” tem gerado
alguma confusão, segundo Carvalho.
Isso porque a Receita resolveu aplicar, na
adoção da norma tributária (Lei 12.973),
a mesma terminologia utilizada para a
norma societária (IFRS). “São duas coisas distintas, apesar de muitas pessoas
falarem que farão agora a adoção das
normas contábeis”, observou. A confusão pode estar sendo gerada principalmente em função do CTG 1000 do CFC
(Conselho Federal de Contabilidade),
que permitiu adoção inicial do CPC PME
para exercícios iniciados em 1º de janeiro
de 2013, flexibilizando, somente para as
empresas de pequeno e médio porte, a
exigência de adoção inicial das normas
IFRS, inicialmente estabelecida em 2010.
Por isso, é possível que PMEs que ainda
não fizeram adoção inicial das IFRS resolvam fazer agora pelo benefício de usar
o custo atribuído (permitido somente na
adoção inicial das IFRS). Nestes casos,
serão adoções iniciais de duas coisas
distintas no mesmo ano.
“Já se uma empresa de grande porte
quiser fazer o custo atribuído, permitido
somente na adoção inicial, parte-se do
pressuposto que ela errou nas demonstrações financeiras dos anos anteriores,
então acredito que ela teria que refazer
e redivulgar”, cogitou Carvalho. Para
Takahashi, esta é uma discussão ainda
a ser explorada porque gera dúvidas.
Fato é que a Lei 12.973 é obrigatória para
todas as empresas a partir de 2015, e é
impossível aplicá-la fora de um ambiente
IFRS, concluiu Fernandes.
17
especial
Inovação
como melhor
estratégia para o
desenvolvimento
17º Congresso ANEFAC
mostrou que novos
modelos de gestão são
necessários para promover
o crescimento econômico e
social da América Latina
Por Marcio Ribeiro
18 revista anefac
I
nvestir em pesquisa e desenvolvimento
de novas tecnologias, modelos de gestão, processos e serviços é o caminho
para a retomada do crescimento econômico do Brasil e demais países da
América Latina. Essa foi a conclusão do
17º Congresso ANEFAC, realizado entre
os dias 14 e 17 de maio, em Buenos Aires,
Argentina. De acordo com o presidente
da Associação, Antonio Carlos Machado,
“inovar é uma variável estratégica e é, certamente, a principal alternativa que restou
aos empresários e às nações da América
do Sul para enfrentarem os desafios econômicos pelos principais países deste
continente neste momento”.
O Brasil é responsável por 65% do
PIB da América Latina, sendo assim,
sua política econômica e desdobramentos não causam impactos apenas
no mercado interno, mas também nos
demais países latinos. Baseado nestas
informações, ainda em seu discurso de
abertura, o presidente defendeu que
inovar é um modelo de gestão. “No
momento hostil atual, talvez o único que
permita às empresas e nações criarem
novos mercados, se anteciparem às
oportunidades, aprimorarem mercados
negligenciados, criarem novos canais de
negócios e melhorarem o padrão de vida
de sua população”, apontou.
19
especial
Conteúdo técnico
20 revista anefac
O evento, que contou com um público
formado por executivos, acadêmicos
e profissionais das áreas de Finanças,
Administração e Contabilidade, foi aberto
com a palestra “Estratégias em países
emergentes”, do sócio da KC&D, professor no Insper e diretor executivo na ANEFAC, David Kallas, que abordou o atual
cenário de países como Estados Unidos,
China, Japão e Alemanha – que vivem um
momento de evolução – em comparação
com a realidade da América Latina.
Ele também falou sobre os avanços
obtidos na chamada nova revolução
industrial, com a robótica se alastrando
nos Estados Unidos e Ásia, e os tor-
nando competitivos e fortalecidos economicamente, em contraponto a países
que adotam medidas populistas como
o Brasil, com falta de eficiência e transparência na administração pública. De
acordo com ele, estes últimos são países
que necessitam inovar seus modelos
de gestão. “Inovação não diz respeito
apenas a tecnologia. É preciso inovar
na gestão para deixá-la eficiente, menos
suscetível aos erros e criar novas formas
de agregar valor para o cliente, melhorar
o que se oferece”, argumentou Kallas.
A necessidade de empregar novos
modelos de gestão nos âmbitos corporativo e público, além das mudanças trazidas
pela Lei 12.846/13, também foram discuti-
das durante o “Painel Anticorrupção”, do
qual participaram Francisco Petros, sócio
da Fernandes Figueiredo Advogados;
Valdir Coscodai, sócio da PwC, e Artemio
Bertholini, membro da APC (Academia
Paulista de Contabilidade).
Durante o debate, foram levantadas
questões relativas ao mercado contábil
e suas implicações tributárias, além das
consequências esperadas no processo
de auditoria, com exemplos recentes,
como a Operação Lava Jato. A revisão
dos processos de governança, desdobramentos societários e de mercado,
reflexos na indústria financeira, no supply
chain e custos trabalhistas também foram
temas explorados pelos painelistas.
Da esq. para a dir.,
David Kallas, ANEFAC,
KC&D e Insper;
Francisco Petros,
Fernandes Figueiredo
Advogados; e Roberto
Vertamatti, ANEFAC
e Apus
“Para que o
investidor volte
a ter confiança,
é necessário
adotar uma
política mais
estruturada de
investimento
para o
desenvolvimento
econômico.
A economia
não cresce se
não tivermos
investimentos.”
Gennaro Oddone, ANEFAC e Pacto
A programação técnica do evento foi
encerrada com a participação de André
Coutinho, sócio-diretor da Symnetics;
Luis Dambra, diretor na IAE Business
School (Argentina); Marcia Vieira, diretora da MVI Bank e consultora na Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas
Contábeis, Atuariais e Financeiras); e
Glauco Arbix, professor e coordenador
do Observatório de Inovação da USP
(Universidade de São Paulo), no painel
que abordou o papel das estratégias de
inovação na adaptação às novas descobertas que agregam valor à economia. O
atual cenário brasileiro de P&D (Pesquisa
e Desenvolvimento), seu desenvolvimento nos últimos 20 anos, sua presença no
mercado internacional e a importância
de se promover uma economia amigável
à inovação também foram abordados.
Além desses assuntos, foram levantadas questões como a carência de modelos de gestão e gestores especializados
em empresas tecnológicas, de investimentos em tecnologias e recursos humanos e a importância de se promover um
relacionamento cada vez mais próximo
e sólido entre os ambientes acadêmico
(os grandes centros de desenvolvimento
de ciência e tecnologia) e corporativo.
Durante sua apresentação, Arbix
destacou que, embora o Brasil tenha
apresentado bons resultados na área
de CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação), tanto em termos de quantidade
de projetos quanto na qualidade do que
21
A palestra “Contexto da Economia e
seus reflexos na América Latina” abriu
o segundo dia da programação técnica
do 17º Congresso ANEFAC. Ministrada
pelos membros do Conselho de Administração da Associação, Roberto Vertamatti, sócio-diretor da Apus Consultoria, e
Gennaro Oddone, sócio-diretor da Pacto
Sistemas e Logística, a palestra abordou
os quatro principais problemas enfrentados pelos países latinos: crescimento
moderado da economia global, queda
nos preços das commodities, término
do Quantitative Easing e performance
diferente dos países da América Latina.
Durante sua participação, Oddone
pontuou: “Estamos vivendo um ano de
desafios e reconstrução voltado ao ajuste de contas públicas. Para que o investidor volte a ter confiança, é necessário
adotar uma política mais estruturada de
investimento para o desenvolvimento
econômico. A economia não cresce se
não tivermos investimentos”.
Para que haja desenvolvimento e,
consequentemente, um aumento do IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano),
Roberto Vertamatti considera que momentos difíceis devem ser enfrentados
com criatividade e inovação. “Os países
da América Latina são os que estão
investindo menos em pesquisa e desenvolvimento. As nações latinas são muito
criativas, mas faltam oportunidades e
investimentos em educação. Tudo deve
ser apostado em educação”, afirmou.
especial
22 revista anefac
Da esq. para a dir.,
André Coutinho,
Symnetics; Glauco
Arbix, USP; e
Marcia Vieira, MVI
Bank e Fipecafi
é desenvolvido e apresentado, outras
nações também evoluíram e, por isso, é
necessário continuar a estimular a aprendizagem e a produção. “Os demais
países concorrentes também cresceram,
mas muitos outros ascenderam mais
rapidamente e com melhor qualidade.
Os desafios e dilemas continuam muito
presentes por aqui”, disse.
Contudo, apesar das mudanças que
o Brasil enfrenta, com consequências
negativas para a economia nacional e
internacional, Marcia Vieira acredita que
resultados bons possam ser extraídos
do momento e experiência atuais. “A
crise institucional pode ser o desconforto
necessário para provocar as mudanças
que precisamos”, avaliou.
Networking
Além da oportunidade de obter e transmitir conhecimento, debater ideias e soluções, o Congresso ANEFAC também
é reconhecido como rara oportunidade
de estreitar relacionamentos e praticar
o networking.
Para proporcionar este ambiente,
a organização prepara eventos na
programação com objetivo de promover a integração entre o público
participante e suas famílias, um dos
grandes diferenciais dos encontros
Da esq. para a dir.,
Artemio Bertholini,
APC; Luis Dambra,
IAE Business
School; e Valdir
Coscodai, PwC
técnicos anuais promovidos pela
Associação.
Na edição deste ano, que teve a
capital da Argentina como cenário, as
atrações ficaram por conta de passeios
para conhecer um pouco mais a cultura
e tradição da cidade portenha. Fizeram
parte da programação do 17º Congresso ANEFAC visitas aos famosos pontos
turísticos San Telmo, Catedral Metropolitana, Recoleta e Plaza de Mayo, além
de atrações como o tradicional show
de tango.
Antonio Carlos Machado, ANEFAC
Balanço
Após uma programação intensa, o
17º Congresso ANEFAC foi encerrado
com um jantar de confraternização e a
apresentação de um show de tango no
restaurante Café de los Angelitos.
O tema inovação se fez presente
não apenas durante as plenárias, mas
também no local escolhido para sediar
o evento, o primeiro realizado fora do
Brasil. De acordo com o superintendente da ANEFAC, Carlos Ribeiro, tal
mudança exigiu muito mais dedicação
e trabalho de todos os envolvidos na
concepção e concretização do evento.
“Inovamos e nos sentimos gratificados
por sair na frente. Toda inovação exige
um compromisso e uma energia gasta
muito maior, mas ao mesmo tempo,
saímos daqui muito mais enriquecidos
em função da experiência que adquirimos em nosso primeiro congresso
internacional”, disse.
Para o sócio da Ferrari Consultoria, Roberto Ferrari, a escolha do tema inovação
para o primeiro congresso internacional
da ANEFAC foi pertinente ao momento
em que vivemos, pois, segundo ele, é
necessário inovar pensando no mercado internacional. “Não se trata de uma
opção, mas de uma necessidade, pois a
missão dos profissionais e consultores é
fazer com que suas empresas cresçam e
tenham um desenvolvimento sustentável
a partir da inovação”, analisou.
23
Tradicional
show de tango
“Temos recursos
e condições
financeiras para
fazer com que
a inovação
tome forma, vire
produto, serviço
e processo.
Mas é preciso
lutar para definir
estratégias que
eliminem as
barreiras da
corrupção e da
burocracia.”
especial
Presente no evento pela primeira
vez, a coordenadora de Contabilidade
da concessionária do Aeroporto de
Guarulhos, Natália Martins, defende a
transparência como uma das facetas
da inovação. “Falta isso para o mercado
como um todo. Falamos muito na questão da corrupção, de propina, e acho
que todos precisamos nos voltarmos
um pouco para os valores da ética e da
transparência”, declarou.
Ao fazer um balanço sobre o encontro,
o presidente da ANEFAC considerou que
a inovação deve tomar parte cada vez
mais no ambiente corporativo e nas esferas governamentais. “Por meio das informações transmitidas neste congresso,
percebemos que temos, hoje, no Brasil,
recursos e condições financeiras para
fazer com que a inovação tome forma,
24 revista anefac
Momento de
homenagem ao
associado Carlos
Prudêncio Alonso, que
auxiliou no Congresso
Carlos Ribeiro, ANEFAC; Andréia Fernandez, ANEFAC e
Serasa Experian; Clóvis Ailton Madeira, ANEFAC e Grant
Thornton; e Rubens Lopes da Silva, ANEFAC e M/Legate
vire produto, serviço e processo. Mas é
preciso lutar para definir estratégias que,
de fato, eliminem as barreiras da corrupção e da burocracia para conseguir
financiamento à pesquisa e desenvolvimento. Isso levará nossas empresas
a serem mais competitivas perante as
outras nações”, finalizou Machado.
25
panorama
Mercado de
trabalho demanda
competências
comportamentais
Pesquisa inédita ANEFAC
e DEloitte identificou
entendimento de executivos
sobre quesitos necessários
à execução de suas
atividades profissionais
26 revista anefac
C
om objetivo de entender
as lacunas entre formação
universitária e necessidade
das empresas, o estudo
“Gestão do Conhecimento
nas Empresas - Aspectos
técnicos e comportamentais presentes nas rotinas corporativas”,
realizado pela ANEFAC em conjunto com
a Deloitte, buscou identificar o entendimento de executivos da área financeira
sobre a importância de temas relacionados aos quesitos técnicos e comportamentais necessários à execução de
suas atribuições e responsabilidades. A
pesquisa foi realizada de abril a setembro
de 2014 e contou com respostas de 172
pessoas com idade média de 39 anos
e maioria (68%) do sexo masculino. No
dia 24 de março, ANEFAC e Deloitte
realizaram encontro com universidades
do Brasil para discutir e apresentar o
resultado da pesquisa.
“A grande demanda do mercado não é
por qualificação técnica. Muitos entendem
que é necessário saber de questões tributárias, de contabilidade, da taxa de juros, de
economia, etc. Mas estamos desconectados do nosso papel de ser humano, ou seja,
perdemos esta característica tão importante
de nos relacionarmos com as pessoas”,
analisa Roberto Perez Fragoso, vice-presidente de Administração da ANEFAC e sócio
do Marafon & Fragoso Advogados.
De acordo com ele, o estudo pretende ajudar as universidades a desenvolverem um currículo adequado
às necessidades das empresas. Dos
172 entrevistados, 65% consideram
necessário ter uma visão multidisciplinar da empresa, com conhecimento
mínimo de todas as áreas. Este é um
Da esq. para a dir.,
Laudio Nogues,
ANEFAC e Lifeline;
Marcos Braga,
Deloitte; e Roberto
Fragoso, ANEFAC e
Marafon & Fragoso
Advogados
do a sua parte. Dentro dos boards das
universidades já existem representantes
das empresas que estão lá justamente
para contribuir no alinhamento entre o
mercado de trabalho e o mundo acadêmico”, explica Nogues. Ele sugere que as
pessoas unam-se para decidirem o que
vai acontecer no próximo ano letivo, no
próximo ciclo de ensino, pensando em
mudanças que sejam fundamentadas
nas necessidades de mercado.
De acordo com ele, por mais que este
movimento ainda não seja percebido no
Brasil, não é certo generalizar, pois já
existem instituições consideradas centros
de excelência, as quais perceberam há algum tempo esta necessidade. “Acontece
que mesmo nas instituições em que isto
já ocorre, ainda vem acontecendo de uma
maneira unilateral”, comenta.
Outro relevante ponto abordado pela
pesquisa foi a ética. “Tivemos um percentual alto de pessoas que consideram
questões éticas muito importantes (86%),
mas quando se leva para a prática, vê-se
uma flexibilização dessa postura”, observou Nogues, referindo-se ao fato de que
apenas 51% afirmaram que a empresa
é ética e transparente nos mais diversos
processos decisórios. Para Braga, da
Deloitte, isso demonstra desequilíbrio
entre aquilo que o indivíduo valoriza e
aquilo que ele acredita que a empresa
pratica. “As respostas são um alerta
para o quanto a questão ética deve ser
trabalhada com mais ênfase na graduação”, encerra.
27
diferencial competitivo, uma vez que as
organizações vêm estimulando seus colaboradores a pensarem no todo. Além
disso, 58% estão muito preocupados em
sintetizar a apresentação e a solução
de problemas dentro da empresa em
que atuam. Outro ponto que merece
destaque é a avaliação das relações
interpessoais no ambiente de trabalho,
sendo que apenas 16% dos respondentes as consideram muito saudáveis.
Para Laudio Nogues, diretor executivo
de Educação da ANEFAC e sócio-diretor
da Lifeline Coaching & Consulting, um
dos maiores problemas na área financeira está relacionado ao desenvolvimento
de liderança, inteligência emocional e
atuação em times. Na visão de Marcos
Braga, diretor da Deloitte Educação
Empresarial, inteligência emocional
permite ao colaborador manter um nível
de convívio equilibrado com os colegas
de trabalho, e demanda características
possíveis de serem desenvolvidas.
Se por um lado as competências comportamentais estão em alta, a graduação
não tem sido tão valorizada. Apenas 37%
acreditam que a faculdade ajudou muito
nas competências técnicas exigidas na
empresa; enquanto 50% acham que a
pós-graduação e/ou MBA ajudaram muito
na prática de seu trabalho. Quanto à relação interpessoal e relacionamento com
os pares na empresa, apenas 20% consideram que a faculdade ajudou muito.
“Não precisamos reinventar a roda. Já
existem organizações que estão fazen-
28 revista anefac
finanças
Crescem as oportunidades de negócios em
energia renovável
no Brasil
País ocupa 9º
lugar em ranking
de atratividade e
desponta como
um dos principais
produtores de
energia a partir
do bagaço da
cana-de-açúcar
Por Jennifer Almeida
prova disso. Há um descompasso muito
grande entre a demanda e a geração de
energia”, explica Raimundo Batista, diretor da Enecel Energia. Para quem produz
energia ou busca a autossuficiência energética, o preço do investimento deve ser
competitivo, especialmente se a escolha
for uma fonte de energia renovável. No
Brasil, as centrais geradoras eólicas, termelétricas a biomassa e usinas de fonte
solar, além de PCHs (Pequenas Centrais
Hidrelétricas), são fontes incentivadas, ou
seja, empreendimentos de geração de
energia renovável com potência instalada
não superior a 30 MW.
Para tornar as fontes de energia
renovável mais competitivas, Andrew
Frank Storfer, membro do Conselho de
Administração, diretor de Economia da
ANEFAC e CEO da América Energia, diz
que foi concedido pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) desconto
que varia de 50% a 100% nas tarifas de
uso de sistemas, aplicadas na geração
e no consumo da energia comercializada
pelas fontes incentivadas (Tust - Tarifa do
Uso de Sistema de Transmissão, e Tusd Tarifa no Uso do Sistema de Distribuição).
Atualmente o mercado consumidor de energia elétrica no Brasil está
dividido em mercado cativo e livre,
sendo o primeiro a única opção para
os consumidores residenciais. Para os
consumidores pessoa jurídica, Andrew
chama atenção para a possibilidade de
compra de energia no mercado livre, visto que os preços são mais atraentes. As
empresas que desejarem comprar energia no mercado livre e que estiverem
dentro da faixa de demanda de 500 até
3.000 MW só podem comprar de fontes
incentivadas. “O preço é vantajoso e
29
O
Brasil ocupa o 9º lugar
no ranking geral dos países mais atrativos para as
energias renováveis, segundo o Recai (Renewable
Energy Country Atractiveness Index), divulgado pela
EY em março de 2015. O ranking, que
avalia as oportunidades e desafios para
os investidores acessarem o mercado de
energia renovável em 40 países, apontou
o Brasil como um dos principais destinos
de investimentos nesta área na América
Latina. O material destaca que quase 15
GW em projetos de energia eólica e biomassa foram registrados para participar
do leilão de energia alternativa do Brasil
em abril de 2015.
“O Brasil passa hoje por uma deficiência na sua infraestrutura de energia
elétrica, e a crise que estamos vivendo é
30 revista anefac
Fontes com
potenciais no Brasil
Uma das fontes de energia renovável
em que o Brasil é competitivo, segundo
John Forgach, presidente do Conselho
de Administração da ForestRe, é o bagaço de cana-de-açúcar. Prova disso
é a classificação no índice da EY. Na
categoria biomassa, o Brasil ficou em
4º lugar. “As usinas sucroalcooleiras
transformaram o bagaço de cana, que
antes era queimado apenas para eliminar o lixo, em usinas termelétricas. É um
sucesso econômico”, comenta.
De acordo com Forgach, o impacto
econômico para estas usinas é considerável porque há a eliminação do lixo e a
geração de energia a partir do bagaço. O
único problema na produção de energia
de biomassa é a sazonalidade das usinas, ou seja, elas produzem no período
da safra. Ele lembra ainda que a utilização do bagaço de cana para a produção
de energia faz sentido se este projeto
estiver no mesmo local que a própria
usina sucroalcooleira para evitar a perda
de dinheiro com transporte do bagaço.
Outra fonte de energia renovável citada por ele é a biomassa da madeira. Em
sua opinião, atualmente, ela é a mais ineficiente porque gasta-se mais energia no
transporte da lenha para a produção de
energia do que ela propriamente produz
de energia. No entanto, na Amazônia a
BK Energia Itacoatiara é um exemplo de
que pode dar certo. A empresa produz
desde 2002 100% de energia a partir da
fibra da madeira. Forgach acredita que,
no futuro, essa fonte de energia renovável torne-se mais eficiente por conta da
evolução tecnológica.
“O Brasil é rico em fontes de energia
renovável e durante décadas a única
fonte viável economicamente era de usina
hidrelétrica”, comenta Raimundo Batista.
Da esq. para a dir.,
Andrew Frank Storfer,
ANEFAC e América
Energia; John Forgach,
ForestRe; e Raimundo
Batista, Enecel Energia
“As usinas
sucroalcooleiras
transformaram
o bagaço de
cana, que antes
era queimado
apenas para
eliminar o lixo,
em usinas
termelétricas.
É um sucesso
econômico”
John Forgach
Foto: Farid Adur
finanças
a empresa também ganha um selo de
utilização de fonte de energia renovável,
o que demonstra que ela é socialmente
responsável”, analisa Andrew.
Segundo ele, as empresas que optaram
por investir em fonte hidrelétrica estão com
um retorno altíssimo de seu capital, o que
lhes coloca em uma posição de competitividade muito boa. No ranking da EY de
março, a atratividade hidrelétrica no Brasil
ocupou a 2ª posição. “Todas as empresas
que pensam em entrar nesse segmento
só decidem realmente entrar se tiverem
um retorno maior em relação ao que elas
pagam à concessionária ou no mercado
livre”, observa.
Batista esclarece que, quando se fala
que uma indústria utiliza fonte de energia renovável, deve-se ter em mente que
o projeto, muitas vezes, pode ficar distante do seu parque industrial (exceção
é a usina sucroalcooleira). Um exemplo
citado por ele é o primeiro parque eólico
da Honda, inaugurado em 2014 na cidade de Xangri-Lá, no Rio Grande do Sul.
“A Honda está com um parque gerador
com nove aerogeradores capazes de
gerar 27 MW localizados no Rio Grande
do Sul, e a sua indústria fica na cidade
de Sumaré, em São Paulo. Ela está produzindo mais energia do que consome
em São Paulo, e o excedente vai vender
no mercado”, comenta.
Apesar dos riscos envolvidos e de que
nem todas as empresas estão dispostas
a investir neste tipo de energia, John Forgach destaca que o potencial brasileiro
de atratividade para a energia eólica em
terra ocupa a 5ª posição na última edição
do ranking da EY. Em sua visão, a única
fonte de energia renovável que ainda
está bastante distante da realidade das
empresas, especialmente por questões
de competitividade, é a de energia solar.
“Ainda não tivemos produção em grande
escala nesta área”, conclui.
31
administração
Pensamento
enxuto melhora o
desempenho de
TI
Conceito Lean
aplicado à TI ajuda
a criar valor para
o negócio e evitar
desperdícios
Q
Por Jennifer Almeida
32 revista anefac
uando Douglas Braga,
especialista em Lean IT
e Estratégia de TI, trabalhava na indústria de
caminhões, em 2006,
seu chefe sugeriu que
ele fosse à fábrica para
aprender a fazer software. Intrigado com
a sugestão, Braga percebeu que o chefe
tinha em mente que ele aprendesse mais
sobre produtividade, qualidade e desenvolvimento de produtos com eficácia.
“Comecei a perceber que na fábrica
tudo era enxuto, não se via estoque de
produtos. Você via o caminhão saindo da
fábrica, mas não via as peças chegando.
Este é o conceito just in time, o primeiro
conceito do Lean que aprendi”, contou,
durante a palestra “Lean IT: É possível
reduzir custos e aumentar a receita?”,
realizada pela ANEFAC no dia 14 de abril,
em São Paulo.
O termo Lean significa enxuto e surgiu
no final da década de 1980, num estudo
sobre a indústria automobilística realizado pelo MIT (Massachusetts Institute
of Technology), o qual deixou evidentes
as vantagens de desempenho do sistema Toyota de produção. “Em qualquer
empresa que implementa Lean, não se
33
administração
34 revista anefac
Da esq. para a dir.,
Ricardo Motz, ANEFAC
e Joint Consulting;
Sérgio Donadio, Global
TI e ANEFAC; Douglas
Braga, especialista
em Lean IT; e Fabio
Kawasoko, gestor de TI
vê grandes estoques de peças, pois há
eficiência no processo de produção e o
fluxo é contínuo”, explicou. Para Braga,
o segredo do sucesso na filosofia Lean
não está nos grandes planejamentos,
mas nos pequenos detalhes.
“O assunto é abrangente e envolve
desde uma necessidade que surge em
determinada área da empresa, o desenvolvimento e gerenciamento de um projeto, o entendimento do cliente interno e
dos processos da empresa, até chegar a
um modelo de implantação e suporte de
um sistema”, apontou Sergio Donadio,
diretor de Negócios da Global TI.
Antes de seguir o conselho de seu
chefe na empresa onde trabalhava em
2006, de buscar insights baseados na
filosofia Lean para aplicar na área de
TI, Braga relatou que era frequente o
excesso de incidentes e problemas de
sistemas sem serem resolvidos. Nesta
época, 80% da equipe de TI concentrava-se na manutenção dos sistemas.
As consequências eram sentidas no
alto custo e os projetos importantes
sofriam atrasos devido ao foco da
equipe, constantemente desviado para
incidentes e problemas. “Em Tecnologia
da Informação, quando há um problema
é muito comum dar um jeitinho, ou seja,
apenas melhorar o sistema sem resolver
a causa”, avaliou.
Para resolver os problemas que enfrentava na área de TI, Braga utilizou o
conceito Jidoka (ji: auto; do: mover; ka:
mudar), que consistiu em parar de mexer
no sistema para analisar o que estava
causando o problema com objetivo de
resolvê-lo diretamente na fonte da causa. “Em uma indústria, quando ocorre
um problema na linha de produção, eles
“Criou-se um
pacote de
trabalho para
cada semana.
Entendemos
as demandas
e fizemos
planejamentos
semanais para
não haver
acúmulo de
demandas”
Douglas Braga
paralizam a linha de produção, entendem
o problema, resolvem na raiz e só então
retomam a produção. Eles não deixam
o problema continuar, fazendo apenas
remendos”, esclareceu.
Segundo Braga, os resultados logo
foram sentidos, especialmente com a
redução de 50% da equipe de manutenção e maior foco em projetos importantes. Outro importante conceito do Lean
aplicado por ele na empresa foi o just in
time (na hora certa). Foram identificados
gargalos de demandas, com excesso
gerando hora extra dos funcionários em
alguns dias e ociosidade devido à pouca demanda em outros. “Criou-se um
pacote de trabalho para cada semana.
Entendemos as demandas e fizemos
planejamentos semanais para não haver
acúmulo de demandas”, observou. Com
o conceito just in time, as horas extras
foram zeradas.
De acordo com Braga, no Lean, sempre que há necessidade de mapear ou
implementar um novo processo, usa-se
a expressão “ir ao gemba”, termo japonês que significa o lugar onde as coisas
acontecem. Ele sugere que este seja o
primeiro passo de qualquer equipe de TI
ao resolver um problema ou implementar
novos processos.
Fabio Kawasoko, gestor de TI, destacou que ir ao gemba significa ouvir todos
que estão envolvidos em determinado
processo ou sistema. Desta forma, é
possível fazer uma análise 360 graus do
problema. Em sua visão, a área de TI nas
empresas pode assumir duas posturas:
ser apenas reativa ou evoluir para estar
junto ao negócio. “Ter uma TI puxando
o negócio é o sonho de consumo de
qualquer empresário”, afirmou.
Equipe de alta performance
que entregar o que promete. Segundo
ele, é entender a essência das questões e propor soluções diferentes.
Em sua visão, para entregar valor é
necessário primeiro conhecer o que
é mais importante para depois fazer
o que é mais importante.
“A área de negócios pede uma coisa e tenho condições de propor uma
solução melhor à medida que entendo
a necessidade e vou até a área ver o
que está acontecendo”, exemplifica. Ele
ressalta ainda que para cada empresa, o
termo “agregar valor” tem um significado
diferente, e a equipe de TI deve estar
ciente disso.
Ouvir a voz do cliente (interno e externo) é, na visão de Braga, um importante
ponto a ser considerado quando se
pretende criar valor. O segundo ponto
é conhecer a cadeia de valor desde o
gemba. “O pessoal de TI tem o costume
de fazer software sem sair da mesa”,
criticou, lembrando que é indispensável
ir ao gemba. Para Braga, quando se cria
a cultura de fazer a equipe parar para
pensar, é inevitável que os processos
melhorem automaticamente.
35
A transformação de uma área de TI
reativa em proativa exige mudança
nas crenças e no perfil da equipe. No
entanto, a mudança deve começar na
administração da empresa, “pois se não
há gestão, não há controle”, acrescentou
Kawasoko. Para ele, evitar desperdícios
não é um processo, e sim uma maneira
de pensar.
Braga afirmou que uma TI focada
em Lean cria valor para o cliente, seja
ele interno ou externo, e à medida que
isso acontece, cria-se uma relação de
confiança. Agregar valor é mais do
36 revista anefac
contabilidade
Como se preparar para o
ajuste
fiscal
Elevação das
alíquotas do
PIS e da Cofins
e a volta
do IPI como
instrumento de
arrecadação
exigem atenção
a contratos
e operações
financeiras
Por Jennifer Almeida
o que evita embates políticos”, explica
Edinilson Apolinário, diretor executivo da
Diretoria Tributária da ANEFAC e sócio
de Tax da PwC. O assunto foi tema da
reunião técnica de Estudos Tributários
realizada pela ANEFAC no dia 27 de
abril, em São Paulo.
Por meio do Decreto Federal n°
8.426/2015, revogou-se o Decreto Federal que reduzia a 0% as alíquotas do PIS
e da Cofins incidentes sobre as receitas
financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração
não cumulativa. As novas alíquotas aplicáveis a partir de julho deste ano serão
de 0,65% de PIS e 4% de Cofins, inclusive para receitas auferidas decorrentes
de hedge. “Ficam mantidas em 1,65% e
7,6%, respectivamente, as alíquotas do
PIS/Pasep e da Cofins aplicáveis aos juros sobre o capital próprio”, acrescenta
Orlando Dalcin, gerente da PwC.
De acordo com eles, um efeito colateral da medida é o impacto nos contratos
e transações atreladas ao câmbio, em
decorrência da nova tributação do hedge.
“Um instrumento financeiro viável para
proteger as empresas num momento
de crise, como este que estamos
vivendo, acaba sendo sobretaxado”,
complementou Apolinário. Outro
ponto observado é o risco de prejuízo
com relação aos negócios jurídicos
firmados no passado que tenham
repercussão futura, como juros de
empréstimos, por exemplo.
37
U
ma das medidas do pacote
de ajuste fiscal proposto
pelo governo federal é a
retomada das alíquotas do
PIS e da Cofins sobre as
receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas
sujeitas ao regime de apuração não
cumulativa. Com o objetivo de aumentar
a arrecadação, o governo vem revisitando incentivos e temas que ficaram
dormentes, como é o caso do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
“O governo escolheu estes dois tributos
porque não depende do Legislativo, ou
seja, tem autonomia dentro de certos
patamares para retirar o benefício de
alíquota zero e/ou aumentar as alíquotas,
contabilidade
38 revista anefac
Edinilson
Apolinário, ANEFAC
e PwC; e Orlando
Dalcin, PwC
“O primeiro e talvez maior desafio
das empresas é o de se manterem
atualizadas em relação a todas estas
mudanças legislativas e como elas
afetam os negócios. Aquelas que possuírem capacidade de identificar os novos
temas e como lidar adequadamente com
eles conseguirão minimizar os impactos
tributários e terão vantagem competitiva
considerável”, destaca Dalcin.
Ele esclarece que as empresas sofrerão impactos imediatos diferentes de
acordo com o regime adotado (regime
de caixa ou regime de competência
contábil), principalmente em relação
aos contratos firmados anteriormente,
tendo em vista a data de vigência desta
alteração. De acordo com ele, há casos
nos quais esta tributação pode ter tornado menos atrativo o regime de negócio
adotado até então, razão pela qual cada
caso merece uma reflexão específica.
A fim de evitar a redução na arrecadação e o favorecimento de produtos
estrangeiros em relação aos nacionais,
foi editada este ano também a Medida
Provisória nº 668, que aumenta as
alíquotas do PIS e da Cofins sobre importação para 2,1% e 9,65%, respectivamente, havendo alíquotas diferenciadas
para determinados produtos, como
farmacêuticos, de perfumaria, máquinas e veículos, papel, entre outros. A
alíquota genérica das contribuições até
a edição da MP era de 1,65% de PIS e
7,6% de Cofins.
“Esta mudança na legislação do
PIS/Cofins-Importação pode gerar, em
algumas situações, aumento de carga
tributária e, em relação a estes casos,
“As empresas
que possuírem
capacidade de
identificar os
novos temas
e como lidar
adequadamente
com eles
conseguirão
minimizar
os impactos
tributários e
terão vantagem
competitiva
considerável”
Orlando Dalcin
há espaço para as empresas atuarem
preventivamente, a depender de como
realizarão seus negócios”, observa Dalcin. Um exemplo, segundo ele, são as
empresas sujeitas ao lucro presumido e,
consequentemente, à tributação pelo PIS/
Cofins sob o regime cumulativo. “Estas
empresas terão, em princípio, aumento
de carga tributária. Neste caso, seria o
momento de reavaliar o regime de tributação adotado pela empresa”, conclui.
A volta do IPI como
instrumento de
arrecadação
“O IPI é outro importante instrumento de
arrecadação que estava de certa forma
dormente e volta a ser fortemente considerado no programa de ajuste fiscal
em função do governo ter autonomia
em relação à majoração de alíquota via
decreto. É um tributo que até então vinha
sendo mais utilizado por conta de sua
característica extrafiscal, ou seja, a fim
de regular, intervir ou estimular determinada prioridade de natureza social ou
econômica abdicando assim dos fins de
mera arrecadação e geração de receita,
a exemplo da tributação diferenciada
de veículos importados ou fabricados
no Brasil”, comentou Apolinário. O
Executivo editou o Decreto Federal n°
8.393/2015, responsável por incluir produtos de perfumaria, cosméticos, entre
outros, na relação de mercadorias que
adquiridas pelo estabelecimento atacadista, o equiparam a estabelecimento
industrial. Ele enfatiza que esta regra
IPI”, observou. Dalcin acrescenta que
neste setor é comum a prática terceirista,
onde se tem uma fábrica produzindo
para diversas marcas de propriedade
de diferentes empresas.
Regra geral, as alíquotas variam de
0% a 300%, sendo 300% um valor excepcional, como para cigarros, por exemplo.
Dalcin esclarece que a maior parte das
alíquotas fica entre 0% e 15%. Às empresas destes setores que tenham adotado
uma estrutura de M&D (Manufacturing &
Distribution), caracterizada pela segregação em mais de uma pessoa jurídica
das atividades industriais e comerciais ou
de distribuição, os especialistas sugerem
revisitar suas políticas em operações
intercompany, especialmente para verificar a aderência entre suas práticas e as
regras de valor mínimo tributável para fins
de base de cálculo do IPI.
“Outro ponto a ser considerado é a
possibilidade de dirimir administrativa e/ou
judicialmente os pontos críticos e lacunas
decorrentes da mudança imposta pelo Decreto 8.393/2015”, complementou Orlando
Dalcin. Para estes executivos da PwC, no
momento de alterações legislativas focadas em aumento de carga tributária e/ou
diminuição de benefícios fiscais focadas
em transações ou segmentos específicos,
como é o caso, normalmente surge espaço para grandes discussões e diferentes
interpretações em matéria tributária, e
estar na vanguarda em relação a estes
temas pode ser uma das melhores maneiras de minimizar o impacto nos negócios
e de enfrentar um ano desafiador com
previsão de baixo crescimento e até de
uma possível recessão.
39
já existia para outros produtos, como
pneus. “Através da nova medida, que
efetivamente provoca aumento na carga
tributária do IPI, o governo acrescentou
a esta regra um rol de produtos de consumo vendido em grande escala, de tal
forma que contribuirá para o aumento
substancial da arrecadação”, opinou.
Apolinário ressalta que a regra se
aplica principalmente a quem tem
relação de interdependência com a
empresa, mas também se aplica a
terceiros em alguns casos, podendo
exigir uma reflexão na maneira com que
as empresas operam seus negócios.
“Em algumas situações, mesmo que a
aquisição seja de um terceiro atacadista
que não tenha relação direta com a
fábrica, ele será equiparado a industrial
e, consequentemente, contribuinte do
JOVEM EXECUTIVO
Para liderar, é preciso
autoconhecimento
Contar com ajuda de
um gestor sênior ou um
coach é um bom caminho
para encarar os
desafios da liderança
40 revista anefac
Por Jennifer Almeida
Da esq. para a dir.,
Marcos Eduardo
Gianoni; Fabio Di
Giacomo, UM%;
e Ricardo Haag,
Page Personnel
cargos de liderança. Hoje em dia, em
segmentos como o de Tecnologia, eles
já são a maioria. Com esta realidade
presente, uma das preocupações, na
visão de Di Giacomo, é certificar-se
que o executivo possui competência
para trabalhar na posição. “Ao ser
contratado, pode ser que ele não tenha
toda a competência, mas deve ter o
potencial para atingi-la”, afirma.
Autoconhecimento é um dos fatores
destacados pelo executivo como ponto
de atenção, tanto aos jovens na sua preparação, quanto às empresas na hora
de recrutá-los. Esta questão é, aliás,
fundamental em qualquer idade para o
bom andamento dos relacionamentos
dentro das organizações. “Muitas vezes
o jovem está preparado tecnicamente,
mas não tem a estrutura comportamental bem desenvolvida para exercer
o cargo de liderança”, afirma Haag,
enumerando maturidade e relacionamento interpessoal como competências
comportamentais desejadas.
No caso de Gianoni, sua primeira
reação ao receber o convite de promoção foi buscar conhecimento para lidar
com pessoas para evitar o conflito de
gerações. “Até então eu nunca tinha
gerido grandes equipes ou lidado com
pessoas que respondessem diretamente
a mim”, acrescenta. Nesta hora, recorreu a cursos de gestão de pessoas e
formação de líderes oferecidos por uma
consultoria de RH, da qual também con-
tou com acompanhamento. “O próprio
diretor-presidente, ao me convidar para
assumir o cargo, se propôs a ajudar. Ele
disse que poderíamos fazer um trabalho
conjunto no início”, recorda.
A falta de experiência acumulada em
muitos anos de carreira pode ser encarada como desafio, mas contar com a
ajuda de um gestor sênior ou um coach
pode ajudar o jovem executivo a encarar
os desafios do novo cargo, fazendo-o
sentir mais seguro, principalmente no
curto prazo, segundo Haag, da Page
Personnel. “Contar com alguém na
empresa que tenha experiência e que
a compartilhe acaba funcionando como
atalho de desenvolvimento”, analisa.
Gianoni afirma que hoje, depois de
experimentar a liderança, consegue ser
liderado com mais facilidade. “Agora
consigo entender o que meu chefe e
superiores querem e atendo suas expectativas com outra visão. Talvez uma
visão mais gerencial, de saber o que
eles esperam que eu faça antes de ser
solicitado. É uma visão mais proativa
do negócio, de entender a sistemática e
as necessidades de quem está acima”,
opina. Aos outros jovens executivos que
assumem cargos de liderança, ele sugere busca por conhecimento em leituras e
cursos para ter tato ao lidar com conflito
de gerações, sempre entendendo as
diferenças; além de respeitar cada um
nas suas limitações e otimizar o potencial
de cada membro da equipe.
41
A
os 21 anos de idade, o
engenheiro de produção
Marcos Eduardo Gianoni encarou um grande
desafio na carreira: assumir a coordenação de
processos de uma das
sete empresas do Grupo Ambipar. Um
ano e três meses antes, ele havia sido
contratado como analista júnior de Planejamento e Gestão do Grupo Suatrans,
empresa de serviços para proteção
ambiental, que posteriormente passou
a integrar o Grupo Ambipar. “A Suatrans
foi crescendo e comecei a ter mais contato com os diretores, especialmente no
processo de integração das empresas,
em questões relacionadas à gestão de
projetos”, conta.
Foi nesta época que o diretor-presidente do grupo o convidou para assumir
a coordenação de processos de uma
das empresas, a Ambclean, que enfrentava problemas na gestão de estoques
e de processos produtivos. A rápida
ascensão de Gianoni não é um caso
isolado, segundo Fabio Di Giacomo,
CEO da empresa de coaching UM%. De
acordo com ele, a contratação de jovens
executivos para cargos de liderança
é um movimento que vem crescendo
dentro das organizações.
Ricardo Haag, diretor da empresa
de recrutamento Page Personnel,
observa que há uma década era mais
raro ver executivos com 30 anos em
PERFIL
Realização profissional
42 revista anefac
e pai pela primeira vez
“I
ndependentemente do tempo que você demorar para
escolher o que vai fazer da
vida, depois de escolhido, não
recue ante nenhum pretexto,
pois o foco e a sua dedicação
serão fundamentais para o
seu sucesso profissional”, ensina Leandro Camilo, vice-presidente da regional
Curitiba da ANEFAC e sócio de auditoria
da PwC. Ele compartilha a lição aprendida ao longo da carreira e diz que é
preciso se esforçar ao máximo para fazer
o que realmente nos deixa felizes.
Devemos nos
esforçar ao
máximo para
fazer o que
realmente
importa e o que
também nos
deixa felizes”
mentais para influenciar os caminhos
que percorreu até chegar onde está hoje.
Quando iniciou a atual fase profissional,
em Curitiba, Camilo notou a ausência da
ANEFAC na região e, sabendo da importância que a Associação exerce no relacionamento e atualização de executivos,
decidiu, em conjunto com o amigo Carlos
Ercolin, um dos diretores executivos da
regional, assumir a responsabilidade de
levar a ANEFAC até a capital paranaense.
Corintiano de coração, nos momentos
de lazer gosta de estar com a família e
curtir a filha de três meses, Isabela. Além
dos momentos familiares, ele aprecia
viajar e ir a restaurantes. “Atualmente
vivo um excelente momento em minha
vida, pois, além de ser muito realizado
com a profissão que escolhi, sou pai pela
primeira vez”, comemora.
43
Formado em Ciências Sociais pela
PUC-SP (Universidade Pontifícia Católica de São Paulo) em 2000, com
MBA em Finanças Corporativas pela
FGV (Fundação Getúlio Vargas) em
2007, Camilo começou a trabalhar
muito cedo no Grupo Têxtil Vicunha.
Em 1996 foi contratado como trainee
pela PwC, onde atua até hoje. Natural de São Paulo, ele revela que,
atuando como auditor da PwC, teve
oportunidade de enfrentar grandes
desafios na carreira. Um deles foi a
participação em um programa de intercâmbio para a formação de líderes,
promovido pelo escritório da empresa
em Varsóvia, na Polônia.
Para Camilo, todo o apoio e a base
familiar que sempre teve, tanto dos pais
como da esposa Gabriela, foram funda-
hobby
Saúde!
Os prazeres da enologia
44 revista anefac
P
ara quem até os 18 anos de
idade bebia somente suco
de laranja e soda limonada,
Ricardo Ossamu Nishimura,
financial controller da Microsoft Brazil, admite que o vinho
o pegou no primeiro gole e
foi o início e também um grande salto na
evolução para o mundo etílico. Quando
se apaixonou pelo vinho, pensava então
em duas cores: vermelho e branco. Algumas dezenas de garrafas depois e vários
cursos, degustações e harmonizações,
finalmente descobriu a extraordinária
gama de cores, aromas e sabores. E foi
essa curiosidade sobre o mundo do vinho
que se transformou em hobby.
Já para o coordenador contábil da
Fibria, Ricardo Tresso Marcolino, o vinho
representa uma tradição familiar que
carrega por influência dos pais devido
à descendência italiana. Tanto é que foi
junto ao pai e aos irmãos que ele participou de seu primeiro curso de degustação e introdução à enologia, em 2013.
Já Nishimura passou a levar esse
hobby a sério nos últimos dez anos e
decidiu investir em estudos e experiências mais profundas: vitivinicultura em
Bento Gonçalves, no Rio Grande do
Sul; Senac, em São Paulo; L’Ecole du
Vin de Bordeaux, na França; e Penfolds
em Barossa Valley, na Austrália. “Tive
a grata oportunidade e felicidade de
criar, por duas vezes, meu próprio vinho.
Nada comercial, porém, felizmente, bem
apreciáveis”, conta.
De acordo com ele, existe um elo de
ligação muito forte entre o apreciador de
vinhos (enófilo), o produtor de vinhos (winemaker), o comerciante de vinhos e, por
fim, o enólogo - esse sim o respeitado
estudioso do vinho. “São os enólogos
que detêm o real conhecimento do
mundo do vinho, são alquimistas”, diz.
Hobby é aquilo que dá prazer. Nishimura conta que tem prazer em viajar
e enriquecer seus conhecimentos, e o
vinho e a enologia oferecem uma infinidade de oportunidades nessa direção:
conhecer artes e culturas diferentes,
interagir com pessoas cativantes ou,
no mínimo, intrigantes, além de beber,
degustar, apreciar. “Explorar sabores
e estilos de vinhos dos quatro cantos
do mundo, igualmente do velho e novo
mundo, sempre faz parte da minha programação de viagem de feriado com
amigos de outras profissões (médicos,
engenheiros, advogados, chefs de cozinha), e de férias com minha esposa Lídia,
que mesmo não podendo beber álcool,
é sempre companheira inseparável em
minhas experiências enológicas”, conta.
A propósito, por não beber, Nishimura
conta que a Lídia desenvolveu um olfato
mais apurado que o de muitos iniciados
e profissionais do vinho.
As chances de dividir o hobby com
amigos e família é, aliás, um grande atrativo de ter a apreciação de vinhos como
atividade de lazer. Na casa de Marcolino,
por exemplo, cerca de três vezes por
semana toma-se ao menos uma taça de
vinho para acompanhar o jantar e, aos
finais de semana, ele procura estender
o costume durante as refeições com
sua namorada em restaurantes ou em
Ricardo Marcolino,
Fibria; e Ricardo
Ossamu Nishimura,
Microsoft Brazil
“Sempre tento evitar avaliações, jargões, as obstinações extremas, lembrando os ‘enochatos’, mas gosto muito de
uma frase provocativa e extremamente
sóbria do abade Dubaquie, antigo diretor
da Faculdade de Enologia de Bordeaux:
‘O vinho não é para ser analisado, mas
para ser bebido e proporcionar prazer a
quem o bebe’, encerra Nishimura.
45
casa. Entretanto, conhecer a história dos
vinhos, tipos de uvas e harmonizar com
os mais variados cardápios é uma tarefa
difícil e que, por isso mesmo, requer
estudos mais profundos.
Nishimura destaca a importância de
obter conhecimento e experiência de forma contínua, lendo livros e revistas do gênero, ouvindo conselhos especializados
de enólogos, professores, críticos e sommeliers, conversando com profissionais
conceituados do ramo e outros enófilos
apaixonados. Contudo, mais que saber
comprar, vender, armazenar, degustar e
servir o vinho, é preciso saber apreciá-lo.
E justamente por isso, conhecer melhor o
mundo do vinho – uva, geografia (terroir),
processo de elaboração, etc, proporciona melhor compreensão sobre suas
características. Em resumo, conhecer
melhor para apreciar melhor.
reuniões técnicas
PROVISIONAMENTO DO RISCO JURÍDICO
Avaliação com terceirizados
O Comitê de Provisionamento do Risco Jurídico da ANEFAC reuniu-se no dia 19
de março, em São Paulo, para debater critérios para o provisionamento do risco
jurídico e avaliação com terceirizados. Segundo o diretor executivo, Mauro Sampaio, a reunião marcou a retomada dos trabalhos iniciados em 2014 para formatar
uma lógica sobre as tendências e caminhos do provisionamento do risco jurídico,
trabalhando em dois grandes blocos de preocupação: contábeis e jurídicos. Ou
seja, o que provisionar, a relação, os riscos, cuidados nas avaliações e diferentes
visões de advogado, contador e auditor.
Ele destacou a importância do tema na relação com terceirizados. “Uma vez
que grande parte das empresas possui um crescente leque de contratos com terceiros, isso precisa ser registrado adequadamente, pois pode afetar a percepção
que o administrador tem do todo”, afirmou.
PROCESSOS E RISCOS
Risco político das
sanções e embargos
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
46 revista anefac
Empresas ainda buscam
se adequar à lei 12.973
Muitas empresas ainda não sabem exatamente como proceder perante
as alterações promovidas pela lei 12.973/14, em vigor desde 1º de janeiro
de 2015, principalmente diante da indefinição quanto ao layout final. Para
ampliar o entendimento sobre a lei, a diretora executiva de Normas Internacionais de Contabilidade da ANEFAC, Marta Pelucio, comandou reunião
técnica no dia 20 de março. “Muitas empresas não se anteciparam às
mudanças”, observou Edmir Lopes de Carvalho, vice-presidente de Contabilidade da ANEFAC.
Durante a reunião houve troca de experiências sobre as ações que cada
empresa está tomando atualmente. Entre os pontos críticos, está a instituição
de novas obrigações acessórias com relação a controles. Na Solvay, por
exemplo, Odair Romildo Martão, gerente de Contabilidade Tributária, destacou a importância do envolvimento da área de TI para proporcionar um sistema que atendesse a necessidade de organizar as informações prestadas.
No dia 18 de março a diretoria de
Processos e Riscos discutiu sanções e
embargos durante reunião técnica coordenada pela diretora Glades Chuery.
O palestrante Gilberto Pacheco, diretor
executivo da FircoSoft, explicou que
as sanções são ferramentas políticas
diplomáticas de ameaça, atualmente
utilizados por governos como instrumentos de pressão para tomada de
decisões. “As sanções vêm crescendo
exponencialmente nos últimos anos
como forma de poder político-econômico para determinadas punições que
afetam drasticamente a economia de
uma nação”, observou.
Para ele, isso exige que as organizações conheçam efetivamente todas as
empresas ou indivíduos com os quais
se relacionam para evitar exposição aos
riscos de imagem e reputação, bem
como penalizações por operações e
transações com países, instituições ou
pessoas que estejam de alguma forma
relacionados a embargos e sanções.
PERÍCIAS CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E ARBITRAGEM
Perícia é a busca pela verdade
PERÍCIAS CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E ARBITRAGEM
A importância da arbitragem internacional
Para solucionar os conflitos
provenientes de transações
comerciais que ultrapassam
as fronteiras territoriais, surgiu
a arbitragem internacional,
como forma de suprir uma
deficiência do sistema judicial. Este assunto foi discutido na reunião técnica de
Perícias Contábeis, Econômicas e Arbitragem realizada no
dia 13 de abril, em São Paulo.
De acordo com Fernando Viana, diretor executivo responsável, uma transação
comercial realizada entre organizações em países diferentes traz consigo incertezas e inseguranças acerca de seus direitos no acordo comercial. “Nestes casos,
a arbitragem é capaz de assegurar que nenhuma das partes seja prejudicada”,
disse. A definição de arbitragem internacional pode sofrer alterações de acordo
com a definição legal adotada por cada país, segundo o advogado Ramon Alberto
dos Santos. Mas sua delimitação costuma estar associada com o fato de as partes
possuírem estabelecimentos comerciais em países distintos; e/ou a natureza da
transação/disputa econômica envolvida possuir conexão com mais de um país.
CONTROLADORIA
PMO e o desempenho
do projetos
Devido à crescente preocupação das
empresas com a concepção, implantação e finalização de seus projetos, no
dia 10 de abril, a diretoria de Controladoria abordou PMO (Project Management Office) durante reunião técnica
realizada em São Paulo. “É preciso
buscar continuamente a melhoria do
desempenho dos projetos que são
executados nas organizações”, afirmou
Marcus Beszile, diretor executivo de
Controladoria da ANEFAC.
De acordo com o palestrante Fabio
Pitorri, o PMO deve estar em consonância, dentro das empresas, com
controles internos, missão, visão,
objetivos estratégicos, planejamento
de operações e gerência de projetos.
“Para sua execução, os especialistas
devem buscar dispositivos que garantam que seus projetos sigam o seu
ciclo de vida dentro das organizações
dentro dos padrões estabelecidos de
custo, prazo e qualidade, além de ter
bem definidos os métodos de planejamento, execução e acompanhamento.
Em termos de estratégia, é preciso
analisar o pré-projeto, o projeto em si
e, por fim, o pós-projeto”, apontou.
47
A diretoria de Perícias Contábeis, Econômicas e Arbitragem
reuniu-se no dia 31 de março,
em São Paulo, para abordar a
perícia em processos administrativos e judiciais. Fernando
Viana, diretor executivo responsável, destacou que, com as recentes alterações significativas
no CPC (Código de Processo
Civil), todos os profissionais
devem estar atentos às mudanças que começam a valer em março de 2016, as
quais certamente terão impacto nos processos administrativos e judiciais.
O advogado Marcelo M. Marafon definiu a perícia como a busca pela
verdade, e destacou os tipos existentes: judicial, extrajudicial, fiscal e arbitral.
Roberto Fragoso, vice-presidente de Administração da ANEFAC, afirmou que
a perícia é necessária quando a prova depender de conhecimento especial de
técnico; quando for necessária e relevante em vista de outras produzidas e;
quando a verificação for praticável (por exemplo, livros contábeis).
artigo
48 revista anefac
Instrumentos
Financeiros
Compostos e
Instrumentos
Financeiros
Híbridos:
por que não
buscar o “caminho
do meio” para o
seu tratamento
contábil?
Por Jorge Vieira*
É
interessante notar o valor
semântico que determinadas palavras possuem
quando, num primeiro contato, somos levados a pesquisar o seu real significado. Híbridos, por exemplo.
Os dicionários mais tradicionais (Aurélio,
Houaiss) ou mesmo a Wikipédia, em
síntese, definem o termo como algo que
resulta da mistura de duas ou mais espécies. Ou ainda, aquilo que designa o cruzamento genético entre duas espécies
vegetais ou animais distintas. Buscando
imagens do termo no Google, nos deparamos com figuras mitológicas, animais
bizarros, enfim, um mundo surreal.
No mundo das finanças, os híbridos
também estão presentes. A inovação e
a sofisticação de produtos de tesouraria
num passado não muito remoto fizeram
surgir os instrumentos sintéticos ou híbridos, que são contratos hospedeiros
aos quais estão agregados um ou mais
contratos derivativos embutidos. Em
alguns casos, ditos instrumentos apresentam simultaneamente características
de passivo e de patrimônio líquido. E aí é
que reside o problema contábil e advêm
muitas controvérsias. Como reconhecer,
mensurar e divulgar contabilmente o
instrumento?
Compulsando a norma internacional
IAS 32, que espelha no Brasil o Pronun-
– risco de não performance – deve ser
construída? Como? Preparadores de
demonstrações contábeis e profissionais responsáveis pela auditoria das
mesmas têm perfil para lidar com isto?
Resta recorrer à figura do comfort letter
do especialista externo?
Uma proposta alternativa para lidar
com o problema seria, como advogam
mestres orientais de yoga, buscar o
“caminho do meio”. Abandonar os extremos. Será que os custos incorridos
com a bifurcação do IF híbrido/composto
(tempo despendido com a análise e o
estudo dos contratos para plena compreensão do IF; gastos incorridos com
a contratação de profissionais externos
para precificação do IF; volume de horas
consumido em discussões e debates
entre preparadores e auditores, e não
menos relevante, o custo de imagem
para entidade, com eventual determinação de republicação de Demonstrações
Contábeis por entendimento diverso
do regulador) suplantam os benefícios
proporcionados pela informação produzida? Por que não se pensar em um
elemento intermediário entre o passivo
e o patrimônio líquido?
A figura do mezanino, adotada por
norte-americanos, parece ser o “caminho do meio”. Todo o IF híbrido/composto seria classificado entre o Passivo e o
PL, e informações qualitativas e quanti-
tativas relevantes acerca do IF híbrido/
composto seriam complementarmente
prestadas em nota explicativa, de modo a
permitir que o próprio usuário concluísse
a respeito.
Está em curso um projeto de pesquisa
conduzido no âmbito do Programa de
Mestrado em Contabilidade da UERJ, cujo
objetivo é investigar a reação de Analistas
de Mercado no Brasil, “buy-side” (associados Anbima) e “sell-side” (associados
Apimec), em matéria de julgamento de
preço-alvo, de uma hipotética companhia, envolvida em uma hipotética
colocação privada de uma debênture
mandatoriamente conversível. A ideia
do experimento é investigar qual a
reação dos analistas ao evento e à classificação contábil dada ao IF (dos três
grupos de analistas amostrados, cada
grupo recebeu um conjunto específico
de informações para analisar, incluindo
classificações contábeis distintas para
o IF). É uma tentativa de se obter uma
evidência empírica de como o mercado
brasileiro enxerga esses instrumentos
e qual a sua reação à classificação
contábil dos mesmos. Pode ser que
o resultado do experimento indique
que o melhor a fazer de fato é seguir o
“caminho do meio”.
* Jorge Vieira é professor adjunto vinculado ao
Programa de Mestrado em Contabilidade da
UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
49
ciamento Técnico CPC 39, mais especificamente em seus itens 11, 16A, 16B,
16C e 16D, constata-se a tarefa árdua e
cansativa que envolve a compreensão
de um instrumento híbrido/composto (um
verdadeiro teste conceitual de fogo) para
fins de seu enquadramento no conceito
de passivo ou de patrimônio líquido. A
rigor, um instrumento composto para fins
contábeis deve ser bifurcado e seus itens
devem ser contabilizados separadamente, conforme seu enquadramento ou no
conceito de passivo ou no conceito de
patrimônio líquido. A mensuração separada do instrumento se dá via precificação
ao valor justo do componente de passivo
e residualmente, por diferença, chega-se
ao componente de patrimônio líquido
(se tal componente passar no teste de
enquadramento).
Ferramentas estatísticas robustas
(Regressão múltipla por MQO’s, por
exemplo) são imperativas para cômputo
do valor justo. Invariavelmente, recai-se
na medição ao valor justo no 3º nível
hierárquico para esses instrumentos.
Como computar o valor justo de um
passivo sem considerar o risco de não
performance (default do emissor)? Isto
é uma variável observada no mercado?
Há bases de dados confiáveis disponíveis, com séries históricas com um
horizonte temporal razoável, que considerem a realidade brasileira? A variável
fazendo contas
Alguns
conselhos
para sua vida
Louis Frankenberg
é diretor executivo de Finanças
Pessoais da Anefac e diretor
da Personal Financial Planning
[email protected]
www.seufuturofinanceiro.
blogspot.com
50 revista anefac
é
possível encontrar em nossa
sociedade executivos de
pequenas, médias e grandes
corporações e também profissionais liberais independentes imaginando que posição social,
cargo ocupado ou função de destaque
devem ser seus objetivos prioritários
para se tornarem homens e mulheres
bem-sucedidos. Nada mais ilusório!
O passar dos anos ensinam amargas
e, às vezes, custosas lições, que desmentem completamente esta maneira
de encarar obstáculos naturais que a
vida geralmente nos prepara. Em algum
momento, pessoas com crenças e atitudes menos altruístas e mais focadas
em si mesmas caem do pedestal. Por
que será?
Porque episódios completamente
diferentes e jamais imaginados costumam acontecer e nos fazer refletir que
determinados valores que havíamos
adotado como tipicamente nossos, nem
sempre racionais, serão menos importantes que outros comprovadamente
bem mais relevantes.
O longo ciclo de vida que se inicia na
juventude e vai até a velhice normalmente
não possui mecanismos automáticos
que possam conduzir nosso cérebro
a raciocinar em situações adversas.
Infelizmente acidentes de percurso e
imprevistos não acontecem somente
aos outros...
Confirmando esta intrínseca condição, modernos estudos de Psicologia
que envolvem o comportamento humano
dão maior ênfase aos nossos sonhos e
objetivos do que à forma como poderíamos enfrentar melhor eventuais percalços. A minha própria experiência de
vida, somada à profissão de planejador
financeiro, lidando há inúmeros anos
com meus percalços financeiros e dos
outros, fornecem respostas suficientemente comprobatórias para confirmar
e destacar a importância destas descobertas científicas.
É uma pena que apenas quando alcançamos a meia idade, ou ainda mais
tarde, é que nos damos conta que alguns
valores universalmente celebrados, os
quais anteriormente desprezávamos,
deveriam ter sido melhor apreciados e
levados em conta em nossas ações. Vou
citar alguns desses valores que considero extremamente importantes. Estou
certo de que a maioria de meus colegas
associados os conhecem, mas cultivá-los
e sempre lhes dar a devida importância
é outra questão.
Esses valores são tão fundamentais
quando transmitidos entre seres humanos que podem ser expressados por um
único vocábulo. E não se esqueçam de
transmiti-los aos filhos desde tenra idade,
servindo-lhes como modelo a ser seguido.
Vejamos quais são alguns desses
poderosos propulsores das relações
que geram bom entendimento para
com nossos familiares e não familiares:
felicidade, saúde, amizade, família, amor,
ética, compreensão, perdão, sinceridade,
sabedoria, lealdade e cooperação. Como
profissional financeiro tenho o sagrado
dever de acrescentar às preciosidades
acima destacadas que cada cidadão
tenha também suas finanças em ordem.
Enquanto “dinheiro” é igualmente
um único vocábulo, prefiro me referir
ao mesmo como apenas uma maneira
inteligente e racional de atingir sonhos
e metas. Jamais deveria tonar-se a meta
em si. No entanto, quando tomamos conhecimento das tristes e precárias condições de vida da maioria da humanidade,
tenho por obrigação moral e profissional
adicionar uma definição a mais neste
final de crônica.
A conquista da independência financeira está limitada a talvez um período
de no máximo 30 anos de vida da média
da população brasileira. Não postergue,
portanto, sua decisão de cuidar da melhor maneira possível de suas finanças
e patrimônio.
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