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S.A.T.G Número 25 - Ano V - Dezembro de 2011 - Assinatura anual - R$ 48,00 em Revista Penas alternativas Fernando Diniz, presidente da Trâsito Amigo comparam a morte do filho a grãos de arroz e feijão Poluição de autos pode causar danos cerebrais. Editorial: Veículo por habitante crescerá 62% no Brasil. EXCLUSIVA Alfredo Peres vê omissão dos órgãos executivos na fiscalização do trânsito no país Artigo. Qual é o nível de permissividade no trânsito? Por Julyver Modesto de Araújo. Leia TRÂNSITO em Revista no site www.carrosecorridas.com.br E D I TO R I A L EM REVISTA Trânsito em Revista é uma publicação sem nenhum vínculo editorial com qualquer órgão público ou privado, de propriedade do jornalista Augusto Brandão e do publicitário Maninho Brígido Veículo por habitante crescerá 62% no Brasil Diretor Augusto C. Rêgo Brandão Editor [email protected] (85) 3279 4410 / 8868 1012 Diretor Eduardo (Maninho) Brígido Comercial [email protected] (85) 3253 5555 / 9998 8001 Jornalistas Antônio José Viana de Oliveira [email protected] (85) 8806 1354 Luiz Pedro Bezerra Neto [email protected] Cristiane Colaboradores Cristina Baddini Lucas [email protected] Dirceu Rodrigues Alves Júnior [email protected] José Antônio Sena Neto [email protected] Julieta Arsênio [email protected] Julyver Modesto de Araújo [email protected] Marcelo José Araújo [email protected] João Adjemir de Mesquita Paiva [email protected] Revisão João Adjemir de Mesquita Paiva Editoração Marcos Aurelio eletrônica [email protected] (85) 87.2221.87 Charge Marcus Antônio de Sousa Impressão Tiragem Periodicidade Circulação Print Color Editora Ltda 3257.9284 1000 exemplares bimestral Nacional Anuncie Endereço Comercial Rua Tenente Amauri Pio, 380, 10º Andar, Aldeota, 60.160.090, Fortaleza – CE Divulgue Endereço da Redação Rua João Barbosa Lima, 54, Cidade dos Funcionários, 60.822-760, Fortaleza-CE Fontes (Sites) www.denatran.gov.br www.abramet.org.br www.and.org.br www.portaldotransito.com.br www.tecnodata.com.b rwww.abraciclo.com.br www.sindivel.com.br www.criancasegura.org.br www.blogdotransito.com.br www.perkons.com.br www.yahoo.com www.g1.com.br www.escoladebicicleta.com.br Agência Senado, Agência Câmara, G1, Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A revista não se responsabiliza por opiniões de articulistas, de entrevistados e por informações veiculadas nos anúncios. Leia TRÂNSITO em Revista no site www.carrosecorridas.com.br A indústria automotiva brasileira pretende aumentar em 62,3% a taxa de motorização até 2020. A intenção é passar dos atuais 154 para 250 veículos por 1.000 habitantes, de acordo com estimativa da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Para isso, o setor planeja investimentos de US$ 21 bilhões até 2015 em ampliações e em novas fábricas. A produção anual, que neste ano foi projetada em 3,74 milhões de unidades, deve saltar para 6,3 milhões em dez anos. Considerando o mesmo percentual e a renovação da frota, as montadoras poderão produzir ao menos 37 milhões de novos veículos no período. Ao final do período, o país poderá registrar uma frota de 69 milhões de veículos. O aumento da produção considera o crescimento da economia previsto para 2011, estimado em 4% pelo setor, e outros fatores como a oferta de crédito e o aumento de renda da população. Segundo a Anfavea, 60% das vendas de veículos são feitas por meio de operações de crédito. Além disso, o crescimento está relacionado aos pacotes lançados pelo governo para incentivar a produção e evitar a demissão de trabalhadores. A última medida aumentou o IPI para carros importados a partir da segunda quinzena de dezembro. De acordo com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a taxa de motorização no Brasil cresceu 30% entre 1998 e 2008, baseada na popularização e no aumento do crédito. No México, o crescimento verificado foi de 75% no mesmo período. Já a vizinha Argentina tem taxa de motorização maior que a do Brasil. Para o presidente mundial da RenaultNissan, Carlos Ghosn, não há dúvidas de que o Brasil tem potencial para superar a taxa de motorização de países da Europa, como Portugal, atualmente com 495 veículos por 1.000 habitantes. “O Brasil tem condições de atingir a relação de 500 veículos por 1.000 habitantes. O brasileiro gosta de carro, e o país ainda tem muito a crescer no setor”, disse. Para especialistas consultados pela Folha, a meta é ambiciosa. “Parece mais um desejo do que algo que seja possível”, diz Arthur Barrionuevo, professor e economista da FGV (Fundação Getulio Vargas). “Não creio que, nem mesmo num prazo razoável de dois ou três anos, o nível de crédito possa se expandir a ponto de viabilizar um aumento substancial da demanda de veículos no Brasil”, diz Júlio Manuel Pires, professor de economia da USP. Com mais veículos nas ruas, a lógica é que o tráfego se torne cada vez mais complicado, principalmente nas grandes cidades. Porém, para a Anfavea, a culpa não pode ser atribuída somente à indústria automotiva. Segundo a associação, a questão deve ser analisada e associada a outros fatores, como a qualidade do transporte coletivo, sua eficiência, o adensamento populacional e a condição da infraestrutura viária (ruas e avenidas). Carga pesada No começo do mês, Ghosn esteve no Brasil para anunciar R$ 3,1 bilhões na construção da primeira fábrica da Nissan no país e a ampliação da unidade da Renault, em São José dos Pinhais (PR). Em entrevista à Folha, o executivo criticou o preço do aço brasileiro, a falta de infraestrutura e a alta carga tributária. “A tributação é muito grande no Brasil. De 40% a 48% do que se paga num carro é tributo”, disse. “A gente compra aço coreano feito com minério brasileiro porque custa bem menos do que o aço brasileiro. Esse é um problema que temos de resolver porque nosso interesse é baixar o preço do carro no Brasil”. Multar usando os olhos das câmeras: é legal? O envelhecimento no trânsito 08 13 14 Penas alternativas comparam a morte de seu filho a grãos de arroz e feijão Governador Cid Gomes expõe Plano de Mobilidade Urbana na AL - Ce Na contramão da vida V ivemos a era das máquinas, na qual o relógio marca sem piedade o tempo que nos resta para a realização das mais variadas tarefas. Em meio a esse caos urbano, a motocicleta tornou-se o símbolo de agilidade e também dos riscos que o trânsito oferece. Com a facilidade de acesso ao sistema financeiro, as vendas de motocicletas crescem desenfreadamente, o que aumenta ainda mais o número de pessoas que utilizam a motocicleta como uma alternativa barata de transporte, de trabalho e de passeio. Esses dois fatos, somados a um cenário em que a alta acidentalidade envolvendo motocicleta é uma constante, e ainda considerando que a maioria desses acidentes poderia ser evitada com uma melhor qualificação dos condutores de motocicletas, o Sindimoto-rs desenvolveu este manual prático de Pilotagem segura: “Guia do motociclista: pilotagem consciente”. O Sindimoto-rs tem posição clara quanto ao atual sistema de habilitação. Não concorda com o que acontece nas ruas e com o sistema de liberação de carteira de habilitação para aprendizes de piloto de moto, que apenas decoram o que tem que ser feito para o dia do exame. Com isso, recebem sua primeira CNH “permissão”, que é uma concessão feita pelo Estado ao novo condutor. Esses “pilotos” assim habilitados sentem-se psicologicamente preparados para fazer o que acham que sabem. Pois é aí onde mora o perigo, é aí onde o acidente ocorre, com sequelas imprevisíveis. Subir na moto e dar a partida no motor: aí começa o “labirinto”, sinalizando à esquerda e à direita, entrando no “oito” e fazendo a segunda marcha e, no final, repete tudo novamente. Daí o nome “labirinto”. Após esse “labirinto”, dirigem-se até o examinador para receber a aprovação. Evidentemente que, após uma rotina de repetição exaustiva de vinte horas aula, torna-se muito fácil receber a habilitação. Ocorre que, nas ruas, o candidato Escreva 4 Valter Ferreira da Silva está sujeito a inúmeras condições adversas, como pavimento, chuva, carros, pedestres, animais, etc.. Enquanto está nas aulas para habilitar-se, fica em uma pista fechada, às vezes coberta, sem qualquer adversidade, em segurança e com a certeza de que será aprovado ao final. Aí perguntamos: como será o futuro desse condutor, que enfrentará um trânsito que não perdoa, mata sem perguntar idade, cor, crença religiosa e posição social? Além disso, pelo despreparo, vai expor outras pessoas, levando-as a óbito ou deixando-as com sequelas permanentes. O recém-habilitado não recebe, em suas aulas, nenhum tipo de treinamento no trânsito das ruas, ocasionando a morte de muitos motociclistas diariamente, por inúmeras causas: excesso de velocidade, desrespeito à sinalização, combinação de álcool e drogas, e, principalmente, falta de preparo. O Sindimoto-rs, além de representante da categoria dos motociclistas profissionais, atua também na educação para o trânsito, propondo mudanças e aprimoramento, qualificação e conhecimento técnico sobre o veículo para todos os motociclistas, principalmente para os recém- habilitados. Depende apenas do setor publico para implementar um curso do gênero, já tendo sido assinado um termo técnico com o DETRAN- RS e EPTC. Todos os interessados receberão, ao final do curso, um exemplar do Guia do motociclista e certificado de conclusão. Com essa proposta. temos certeza de que mudaremos o conceito e preparo dos motociclistas, com a consequente redução de acidentes. Valter Ferreira da Silva Motociclista Profissional, Diretor Presidente do Sindimoto-RS Gestor em Transporte Terrestre, Perito em Transito, Instrutor de Pilotagem Examinador de Transito, Pós - Graduando. Porto Alegre - RS Julyver Modesto de Araújo, Mestre em Direito do Estado pela PUC/SP e Especialista em Direito Público pela Escola Superior do Ministério Público de SP - [email protected] www.transitoumaimagem100palavras.blogspot.com Seguro auto: Uma segurança de que VOCÊ precisa. Nos dias de hoje, o seguro do seu automóvel tornouse tão fundamental que deveria ser item de fábrica, como as rodas e o próprio volante. Com a chegada de tantos novos carros diariamente nas ruas e estradas do Brasil, verifica-se, com facilidade, um aumento nos índices de acidentes de trânsito, além de roubos e furtos. E como poderemos prevenir isso? Nada melhor do que proteger-se com uma apólice de seguro auto para enfrentar esses problemas. Mas para que o tiro não saia pela culatra, é preciso tomar certas medidas que ajudem a fazer um bom negócio, ou seja, um seguro com um bom preço e coberturas que satisfaçam as suas necessidades. Antes de mais nada, é preciso certificar-se sobre o corretor com quem você está fechando o negócio. Seria válido verificar se o corretor é cadastrado e se está devidamente regularizado no órgão que controla as atividades securitárias no país, a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Outra medida bastante importante é fornecer somente a verdade nas perguntas do questionário de avaliação do risco das seguradoras. A partir desse perfil é que as segurados irão taxar o seu seguro. Quaisquer informações inexatas ou circunstâncias omitidas, que possam influir sobre a aceitação do risco ou taxa do prêmio, poderá resultar na perda da garantia securitária, além de ficar obrigado ao prêmio vencido, matéria que pode ser vista no Artigo 766, do nosso Código Civil. Portanto, conhecer os benefícios que a seguradora oferece, assim como os serviços a que você tem direito de usufruir pela sua assistência 24 horas, podem lhe ajudar a desfrutar melhor de sua apólice, evitando, muitas vezes, contratar algo que você já tem direito pelo seguro auto. Por fim, é fundamental conferir todas as coberturas e dados, inclusive do questionário, tão logo você receba a apólice. Uma simples leitura do contrato fará você ciente de seus deveres e obrigações como segurado. Victor Simpson, Gerente Comercial da Você Seguros, Fortaleza-CE. Victor Simpson Gerente Comercial da Você Seguros.Fortaleza-CE Escreva para TRÂNSITO em Revista. Os textos enviados deverão ter no máximo 15 linhas ou 1000 caracteres, com nome completo, foto digital, endereço, telefones, e RG do autor, que se responsabilizará pelo conteúdo. Para publicação de comentários a matérias publicadas na revista, é necessária a identificação do nome e sobrenome do autor. Os textos poderão ser resumidos e TRÂNSITO em Revista se reserva o direito de selecioná-los para publicação. TRÂNSITO EM REVISTA Quando se perde o “Direito de Dirigir”: Diferenças entre suspensão e cassação, Parte III Frankfurt consolida a geração dos motores menores e mais potentes 1ª distinção: Tempo de duração da penalidade A suspensão é temporária, enquanto que a cassação é definitiva, com as observações a seguir. O período de suspensão deve ser determinado pela autoridade instauradora do processo administrativo, avaliando-se cada caso, no exercício do poder discricionário, e em atendimento ao escalonamento constante da Resolução do Contran n. 182/05: para a primeira suspensão, em 12 meses: de 01 a 03 meses, se as infrações cometidas não forem punidas com multas agravadas; de 02 a 07 meses, no caso de infrações punidas com multas agravadas com fator multiplicador de três vezes; de 04 a 12 meses, no caso de infrações punidas com multas agravadas com fator multiplicador de cinco vezes; e para a reincidência na aplicação da penalidade, em 12 meses: de 06 a 10 meses, se as infrações cometidas não forem punidas com multas agravadas; de 08 a 16 meses, no caso de infrações punidas com multas agravadas com fator multiplicador de três vezes; de 12 a 24 meses, no caso de infrações punidas com multas agravadas com fator multiplicador de cinco vezes. O único caso de “suspensão do direito de dirigir”, cujo período encontra-se predeterminado na lei, é o cometimento da infração do artigo 165 do CTB (“dirigir sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa”), tendo em vista que, com a alteração do Código pela Lei n. 11.705/08 (“lei seca”), a penalidade passou a ser fixada em 12 meses de suspensão, independente da quantidade de substância ingerida pelo infrator. Quanto à cassação, classifica-se como definitiva, justamente para contrapor a interpretação equivocada de algumas pessoas quanto ao disposto no artigo 263, § 2º do CTB: Decorridos dois anos da cassação da Carteira Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação, na forma estabelecida pelo Contran. O fato de o Código estabelecer o interregno de 2 anos não significa que este é o período de duração da penalidade denominada “cassação da CNH”. Diferentemente do período de suspensão, ao fim do qual o condutor já pode reaver sua CNH (bastando apresentar à autoridade de trânsito a comprovação de realização do ‘curso de reciclagem’, nos termos do artigo 20 da Resolução do Contran n. 182/05)1, o término do prazo de 2 anos, após a cassação, não garante nenhum direito ao condutor cassado. A penalidade é, realmente, definitiva, porque, para voltar a dirigir, o interessado deve refazer todo o processo de habilitação, como se estivesse se habilitando pela primeira vez. O prazo constante do texto legal tem o único propósito de evitar que seja imposta uma pena de caráter perpétuo ao indivíduo, o que contrariaria o inciso XLVII do artigo 5º da Constituição Federal: Não haverá penas ... de caráter perpétuo. 2ª distinção: Motivos determinantes. A “suspensão do direito de dirigir” é aplicada, basicamente, em 2 situações: acúmulo de 20 pontos no prontuário, no decorrer de 1 ano, e co1 Artigo 20. A CNH ficará apreendida e acostada aos autos e será devolvida ao infrator depois de cumprido o prazo de suspensão do direito de dirigir e comprovada a realização do curso de reciclagem. metimento de infração que, por si só, preveja essa consequência jurídica. O somatório de pontuação, no prontuário de cada motorista, é realizado toda vez que lhe é atribuída uma infração de trânsito, cuja gravidade determina o número devido de pontos, conforme artigo 259 do CTB: infração gravíssima – 7 pontos; grave – 5; média – 4 e leve – 3. O cálculo é feito sempre de maneira retroativa, de modo que, a cada infração registrada, somam-se, à sua pontuação, os pontos decorrentes das infrações cometidas nos 12 meses que lhe antecedem, ou seja, ao contrário do que alguns imaginam, os pontos não são “zerados” ao início de cada ano, mas cada infração tem a “validade de 12 meses”. Importante esclarecer também que o prazo máximo de 12 meses somente é exigido para o período transcorrido desde a 1ª até a última infração de trânsito que façam parte de um mesmo “bloco de contagem de pontuação”, não sendo, todavia, o prazo prescricional para instauração do processo administrativo. Na verdade, a partir da somatória de 20 pontos, ou ainda, a partir do cometimento de uma infração que, por si só, preveja a penalidade de suspensão, o órgão de trânsito tem o prazo de 5 anos, para dar início ao processo administrativo correspondente, de acordo com o artigo 22 da Resolução do Contran n. 182/05 (não adentrarei ao mérito quanto à possibilidade ou não de serem determinadas regras prescricionais em ato normativo, em vez de lei, por entender que, de toda forma, o Contran adotou a regra geral, de prescrição quinquenal da Administração pública, como consta, por exemplo, da Lei n. 9.873/99). Quanto às infrações de trânsito que estabelecem, por si só, a “suspensão do direito de dirigir”, são apenas 17 (dezessete), previstas nos artigos 165; 170; 173; 174; 175; 176, I a V; 210; 218, III e 244, I a V do CTB. 2 2 Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência. Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os demais veículos. Art. 173. Disputar corrida por espírito de emulação. Art. 174. Promover, na via, competição esportiva, eventos organizados, exibição e demonstração de perícia em manobra de veículo, ou deles participar, como condutor, sem permissão da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via. Art. 175. Utilizar-se de veículo para, em via pública, demonstrar ou exibir manobra perigosa, arrancada brusca, derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrastamento de pneus. Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima: I – de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo; II – de adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito no local; III – de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia; IV – de adotar providências para remover o veículo do local, quando determinadas por policial ou agente da autoridade de trânsito; V – de identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de ocorrência. Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário policial. Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias: III – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50% (cinqüenta por cento). Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor: I sem usar capacete de segurança com viseira ou óculos de proteção e vestuário de acordo com as normas e especificações aprovadas pelo CONTRAN; II - transportando passageiro sem o capacete de segurança, na forma estabelecida no inciso anterior, ou fora do assento suplementar colocado atrás do condutor ou em carro lateral; III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas em uma roda; IV - com os faróis apagados; V - transportando criança menor de sete anos ou que não tenha, nas circunstâncias, condições de cuidar de sua própria segurança. Os motivos determinantes da “cassação da Carteira Nacional de Habilitação”, por sua vez, estão discriminados no artigo 263 do CTB: Art. 263 - A cassação do documento de habilitação dar-se-á: I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo; II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175; III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o disposto no art. 160. Embora o artigo 263 refira-se a “documento de habilitação” e mesmo levando-se em conta que, segundo o § 3º do artigo 269, são documentos de habilitação a Carteira Nacional de Habilitação e a Permissão para Dirigir, entende-se que tal dispositivo trata tão somente da “cassação da CNH”, pois tal interpretação é a única possível para não se desprezar a penalidade específica de “cassação da PPD”, da qual trataremos mais adiante. Veja-se que, via de regra, quando se aplica a “cassação da CNH”, pressupõe-se que o condutor já foi, anteriormente, suspenso, isto é, há certa gradação na aplicação de tais penalidades: primeiro suspende e depois cassa. Entretanto, é possível imaginar situações em que se aplica diretamente a cassação, sem ter sido submetido o condutor à suspensão temporária. Imagine, por exemplo, que um motorista cometeu a infração de trânsito do artigo 165 (“dirigir sob a influência de álcool”) duas vezes em um mesmo mês, logicamente sem ter decorrido tempo suficiente para se instaurar o processo administrativo referente à 1ª infração. A constatação posterior da reincidência, na mesma infração de trânsito (veja-se que o dispositivo legal não exige reincidência na penalidade e sim na conduta praticada), deve acarretar a imposição direta da “cassação da CNH” (já que não haveria lógica em primeiro suspender, sabendo-se que, ato contínuo, deveria ser aplicada a pena definitiva). No caso previsto no inciso I, considera-se importante destacar que o Código estabelece a cassação para aquele que é surpreendido conduzindo qualquer veículo, durante o período de suspensão. A interpretação mais racional exige duas conclusões: 1ª. Não se trata de qualquer veículo, mas apenas um veículo automotor; 2ª. O infrator deve ser surpreendido, no período da suspensão, efetivamente conduzindo o veículo (somos contra, por exemplo, aplicar a “cassação do documento de habilitação” àquele que, durante o período de suspensão, deixou de indicar quem conduzia o veículo do qual é o proprietário, pois se trata de mera presunção quanto à condução). Quanto ao terceiro caso de cassação (quando condenado por delito de trânsito), embora tenhamos nossas reservas quanto à sua aplicabilidade prática, como consequência direta e indissociável de qualquer condenação por crime de trânsito (já que existem tipos penais que prevêem expressamente, como pena, a mera suspensão criminal), o fato é que o Contran regulamentou recentemente a matéria, por meio da Resolução n. 300/08. Essas são, em suma, as distinções entre as duas modalidades de extinção da licença para dirigir, constantes do CTB, no que se refere ao tempo de duração da penalidade e aos seus motivos determinantes. (Continua na próxima edição). IDEIA S 05 06 07 Quando se perde o direito de dirigir: Parte III - Julyver de Araújo Victor Simpson MENSAGENS DO S LEI TO RES SUMÁRIO SEMÁFORO Câmara dos Deputados – Cria projetos, debate emendas, mas não sai nada de lá que contribua para a segurança no trânsito. Rotatória Ciclofaixas – Iniciativas de órgãos municipais que garantem a circulação dos ciclistas pelas vias públicas das cidades. Multar usando os olhos das câmeras: é legal? A Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Rio Grande do Sul, em iniciativa inédita nas rodovias federais, começou a utilizar as 24 câmeras instaladas ao longo de 36 quilômetros da BR-116 – entre Porto Alegre e Novo Hamburgo – para multar motoristas que não respeitam as leis de trânsito. Algumas infrações são multadas pela visualização das câmeras na central da PRF e outras são informadas via rádio para que um policial faça a abordagem na rodovia, segundo informa o chefe de comunicação da PRF, Alessandro Castro. Na central, três operadores acompanham tudo o que se passa no raio de alcance das câmeras, através de seis monitores. As principais infrações são ultrapassagem pela direita ou pelo acostamento e estacionamento em local proibido. Proibição em Aracaju Em Aracaju, a prática durou pouco. A central de monitoramento foi inaugurada em setembro de 2010. Em junho, o juiz Marcos Pinto acatou uma ação popular impetrada pelo deputado estadual Gilmar Carvalho (PR) e proibiu a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) de autuar com base nas imagens das câmeras. Agora, quando um operador visualiza uma infração, avisa por rádio a um agente que está próximo para que ele autue. Contra e a favor Para Maurício Januzzi, advogado presidente da Comissão de Trânsito da OAB-SP, a multa de trânsito pode acontecer por registro de aparelho eletrônico, como os radares, ou por uma autoridade de trânsito na via. “Isto de olhar pela câmera não tem previsão no CTB [Código de Trânsito Brasileiro]. O agente pode ver pela câmera, mas não pode multar, porque não estava no local e, portanto, deixa de ter a fé pública para isto”, explica. No entanto, se há uma filmagem comprobatória do ato, ele entende que a autuação passa a ser legal. Marcelo Araújo, da OAB/PR, tem opinião similar. “Quem garantirá ao cidadão que quem está assistindo realmente será um agente de trânsito legítimo? Quem garante que esse agente está mesmo recebendo a imagem e fazendo as autuações na sede do órgão de trânsito e não em outra cidade ou até outro país, e não no local ou na via de sua circunscrição?”, questiona. 6 TRÂNSITO EM REVISTA Exemplos na América Latina O engenheiro especialista em trânsito, José Mario de Andrade, diretor da Perkons, explica que há tecnologia para armazenar imagens e trechos de vídeos e atrelar a um documento. “Isto fica como prova do auto de infração que a autoridade de trânsito preenche. A vantagem maior é que você multiplica a presença policial. Faz com que um possa estar atento a nove ou dez lugares ao mesmo tempo e isto aumenta a presença policial e a segurança”, afirma. Segundo ele, a prática é comum em vários países da América Latina, como Peru e Colômbia. São Paulo começou a multar A Polícia Rodoviária Estadual de São Paulo também começou a multar usando as câmeras, mas não são câmeras próprias, são de concessionárias do grupo CCR: 90 instaladas no Sistema Castelo-Raposo Tavares e 33 do Trecho Oeste do Rodoanel. A CCR Viaoeste e CCR Rodoanel foram as duas primeiras concessionárias a franquear o sistema de câmeras para uso da Polícia. A assessoria de imprensa informou que, desde o início de 2011, as concessionárias veiculam em seus painéis de mensagens variáveis (PMV) a informação de “fiscalização policial por câmera” atrelada à mensagem de orientação aos motoristas e que o sistema de monitoramento por câmeras está previsto em contrato. Segundo a tenente Fabiana Pane, chefe do setor de comunicações e operações rodoviárias da Polícia Militar de São Paulo, as infrações são resultado da falta de paciência, consequência da lentidão ou falta de programação de tempo estimado para realização de seu deslocamento. “Aí transgridem a lei, transitando em acostamentos, não observam a distância de segurança entre os veículos, não atentam para os cuidados indispensáveis à segurança e dirigem ao mesmo tempo que utilizam telefones celulares, dentre outras condutas imprudentes, que podem culminar em danos materiais e pessoais irreversíveis, decorrentes de acidentes de trânsito”, diz. Ela diz que é papel do policiamento rodoviário combater essas atitudes, mas que não é possível estar em toda a extensão da rodovia. “Nem por isso deixamos de estar presente, pois são utilizados equipamentos tecnológicos como sis- tema de videomonitoramento, por meio do qual o policial, presente no Centro de Controle Operacional, utiliza-se das imagens das câmeras da concessionária, dispostas ao longo da via, constatando em tempo real a infração e elaborando o auto de infração respectivo, reforçando as atividades policiais de caráter ostensivo, preventivo e repressivo e outras atribuídas por lei à Policia Militar”, afirma Fabiane Pane. Amparo legal Ela explica ainda que essa atuação está amparada pelo artigo 280, parágrafo 2º e 3º do CTB e Resolução nº 174/05 do Conselho Nacional de Trânsito. “Além de estar totalmente respaldada na lei, [a atuação] contribui para a redução de acidentes e principalmente na preservação de vidas, missão precípua desse segmento atuante no trânsito das rodovias paulistas, pois muitas mortes ocorrem no trânsito em decorrência de atitudes imprudentes dos motoristas”, finaliza a tenente. O que diz a lei - Resolução nº 174/05 do Conselho Nacional de Trânsito: altera e esclarece dispositivos da Resolução CONTRAN nº 165/04, que trata da regulamentação da utilização de sistemas automáticos não metrológicos de fiscalização, nos termos do § 2º do Artigo 280, do Código de Trânsito Brasileiro. Artigo 280 do CTB § 2º A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente da autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível, previamente regulamentado pelo Contran. § 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o fato à autoridade no próprio auto de infração informando os dados a respeito do veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no artigo seguinte. Saga apoia Fundação Volkswagen na ampliação do programa Pró-Educar Brasil no Ceará I Marcos Goldstein, CEO do Grupo Saga, assinou em São Paulo um acordo firmado com a Fundação Volkswagen para adesão ao projeto Pró-Educar Brasil. Com a assinatura, a Saga, ao lado de mais quatro concessionárias de veículos do Nordeste, assume o compromisso de formação integral de mais 80 professores de escolas da rede pública das cidades de Juazeiro do Norte, aqui no Ceará, e João Pessoa e Cabedelo na Paraíba. Atualmente, o PróEducar Brasil atende a 30 professores da região de Arcoverde, em Pernambuco, oferecendo bolsa de estudos para formação universitária a professores que possuem apenas o magistério em municípios com baixo IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Cristina Baddini Lucas, Engenheira Civil, Especialista em Urbanismo, Mestra em Engenharia de Trânsito e Transportes e Diretora do Instituto Ruaviva. ([email protected]) - olhonotransito.blogspot.com O envelhecimento no trânsito O grande perfil da vítima no trânsito é: homem, com mais idade conduzindo veículo no final de semana entre as 18h e 24h. É justamente o momento da maturidade e plenitude do indivíduo, quando ele se encontra e se sente mais firme na vida, com sua carreira encaminhada e acaba se arriscando ou se envolvendo em um acidente que pode interromper ou prejudicar seu futuro! Uma possibilidade é que a causa resida na teoria do risco aceito. Pela teoria, o indivíduo estabelece um determinado nível de risco que ele assume e considera aceitável para si. No trânsito, quanto mais equipamentos de segurança o veículo apresentar, maior será a velocidade que o homem irá considerar como controlável representando assim mais situações de risco em que o motorista acabará se expondo. Quanto mais tempo de direção ele tiver, com maior frequência ele dirigirá à noite e fará ultrapassagens arriscadas. E agora? 65 anos Nos idosos, os traumas causados por acidentes de trânsito têm recuperação demorada. Para um mesmo tipo de acidente, estudos demonstram que o tempo médio de internamento de um jovem é de aproximadamente cinco dias enquanto que, para um idoso, a internação ultrapassa duas semanas. A capacidade de dirigir significa a inde- pendência para muitos motoristas idosos. Assim é fácil concluir que a inaptidão da habilitação representa para o idoso uma dolorosa perda provocada pelo processo natural do envelhecimento, já que o ato de dirigir exige interação entre estímulos e respostas rápidas diante das muitas situações e modificações que ocorrem no trânsito no momento em que está se conduzindo um veículo. As alterações relacionadas com a idade que mais afetam a capacidade do idoso, seja na condição de motorista ou como pedestre são: prejuízos cognitivos, diminuição da velocidade psicomotora, mudanças sensório-perceptivas, doenças crônicas e uso constante de medicamentos. Andar É uma atividade sadia e que mantém a forma física do idoso que está sempre indo ao banco, fazendo compras, visitando alguém e, por conseqüência, necessita atravessar ruas, avenidas e estradas, razão pela qual sofre, nessas ocasiões, uma exposição maior ao perigo dos veículos. Devido à restrição de suas capacitações e os reflexos geralmente comprometidos nessa idade, certas dificuldades foram detectadas em motoristas idosos em pesquisas realizadas: • Manobrar à esquerda, atravessando um tráfego; • Adentrar em um via de alta velocidade; • Trocar de faixa em uma pista congestionada; • Transpor cruzamentos com alto volume de tráfego; • Parar rapidamente em uma pista de tráfego. Portanto, ações devem ser tomadas com o objetivo evitar acidentes, como construção de passarelas, melhoramento da iluminação, faixas de segurança, barreiras que impeçam travessias em locais de riscos e a conscientização na educação do trânsito, com ações efetivas tanto para os motoristas como para os pedestres, evitando assim um confronto que muitas vezes pode ser fatal. Prioridade no estacionamento O Estatuto do Idoso, segundo Lei 10.741/2003, deve ser respeitado e cumprido pelas instituições nacionais. Em seu artigo 41 ficou estabelecido: “É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso”. Vagas também devem ser asseguradas aos deficientes físicos nos estacionamentos rotativos. Se você não é idoso nem deficiente não utilize nem por um minuto as vagas a eles destinadas. NÚMERO 25 - ANO V - DEZEMBRO DE 2011 7 IDE IDÉ IA S 2014 – Atraso em todas as obras de mobilidade urbana para garantir a circulação das pessoas na Copa de 2014 no Brasil. T Frankfurt consolida a geração dos motores menores e mais potentes alvez esta seja a última geração a ver um motor V12 (doze cilindros em ‘V’) em um carro novo, a não ser que alguma montadora desenvolva um “grandalhão” desse mais econômico. Mesmo assim, não é para onde tem apontado a indústria automobilística mundial. Propulsores que consagram ainda hoje modelos como Aston Martin Zagato, Lamborghini Aventador e Ferrari FF ou até mesmo modelos menores têm sido substituídos por outros mais econômicos, porém, sem perder em torque e potência. E essa tendência foi consolidada no Salão de Frankfurt. Audi, BMW, Mercedes-Benz, General Motors, Ford, Volvo, entre tantas outras, investem no chamado “downsinzing”: motores menores que ganham em desempenho pela “ajudinha” de sistemas de injeção direta de combustível e turbo. A tecnologia vem sendo desenvolvida há não mais de cinco anos, em função da necessidade de diminuir as emissões de CO2 e da redução do consumo de combustível. Agora, torna-se uma realidade sem volta nos veículos de luxo. “Essa tecnologia tem surpreendido os usuários, porque tinha ficado na cabeça das pessoas que, quanto mais cilindros e volume, melhor o desempenho. Mas hoje o que acontece é uma inversão, as pessoas perceberam que é possível ter o mesmo prazer de dirigir de um motor aspirado, principalmente em torque (força)”, diz o diretor de comissões técnicas da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), Luso Ventura. Isso só foi possível com a evolução dos materiais, que resistem mais às cargas térmicas. “Por isso, os motores de oito cilindros, por exemplo, estão sendo substituídos pelos de quatro, de menor volume”, reforça Ventura. Na Europa, já é possível identificar essa mudança em todas as categorias de carros, por causa da demanda por veículos menos poluentes. “Estamos buscando um uso cada vez mais sustentável da tecnologia automotiva, sem abrir mão do conforto e desempenho tão valorizados por nossos clientes”, comenta sobre o assunto o diretor de vendas e pós-vendas da MercedesBenz do Brasil, Dimitris Psillakis. O desenvolvimento de motores cada vez mais potentes e com menor consumo de combustível, de acordo com o executivo, também pode ser conferido, inclusive em superesportivos da AMG, a marca de performance da Mercedes-Benz. 8 TRÂNSITO EM REVISTA A Volvo Car Corporation, por exemplo, lançou em Frankfurt a nova gama de motores da marca, que inclui propulsores de quatro cilindros à gasolina e outros a diesel. A nova linha foi batizada de VEA (Volvo Ambiental Architecture). “É hora de parar de contar cilindros”, disse o vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento da Volvo, Peter Mertens, ao apresentar no Salão de Frankfurt o novo carro-conceito da marca, o Volvo You. O que muda no carro De forma geral, a regulagem do motor é pouco modificada no “downsinzing”, segundo Ventura. No entanto, os materiais hoje explorados são diferentes, para complementar os benefícios do turbo e da injeção direta de combustível. A função do turbo é aproveitar a energia dos gases de escape. No caso do motor aspirado, os gases são mandados embora. No turbo, antes de jogar para atmosfera, eles fazem girar uma turbina ligada a um compressor que, dessa forma, injetará uma maior quantidade de ar dentro do cilindro. “Isso permite que aumente a capacidade de combustão e a entrada de mais combustível, garantindo potência maior no mesmo cilindro”, explica o especialista da SAE Brasil. Já a injeção direta, o combustível, seja gasolina ou etanol, é colocado diretamente na câmara de combustão, o que faz semelhança à tecnologia de propulsores a diesel. Nos motores convencionais, a injeção é feita na válvula de admissão, antes de entrar no cilindro. “A injeção direta controla melhor a combustão”, acrescenta Ventura. O presidente da Audi do Brasil, Paulo Sergio Kakinoff, acrescenta que esse tipo de tecnologia é acompanhado de um novo gerenciamento das trocas de marchas e carrocerias mais leves e mais resistentes, graças ao uso de aços especiais e fibra de carbono. “É o que chamamos de ‘tecnologia ultra’”, afirma o executivo. Tecnologia chegará aos populares Com a evolução da tecnologia e a aplicação em larga escala, a previsão é de que o “downsinzing” invada o mundo dos populares, como já é observado na Europa. Dessa forma, as montadoras conseguem se reposicionar no mercado. Nesse sentido, o Brasil começa a caminhar somente agora, de acordo com o diretor da SAE Brasil. Isso porque o país se concentrou exclusivamente no desenvolvimento de carros flex. “Agora a indús- “É hora de parar de contar cilindros” Peter Mertens vice-presidente de pesquisa da Volvo Linha AMG da Mercedes-Benz já vive a realidade de motores menores, mas potentes (Foto: Divulgação) Saga apoia Fundação Volkswagen na ampliação do programa Pró-Educar Brasil no Ceará O Grupo Saga, representado pelo seu CEO Marcos Goldstein, firmou no último dia 29 de novembro em São Paulo um acordo com a Fundação Volkswagen para adesão ao projeto PróEducar Brasil. Com a assinatura, a Saga, ao lado de mais quatro concessionárias de veículos do Nordeste, assume o compromisso de formação integral de mais 80 professores de escolas da rede pública das cidades de Juazeiro do Norte, no Ceará, além de João Pessoa e Cabedelo na Paraíba. Atualmente, o Pró-Educar Brasil atende a 30 professores da região de Arcoverde, em Pernambuco, oferecendo bolsa de estudos para formação universitária a professores que possuem apenas o magistério em municípios com baixo IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), todos os professores de Ensino Fundamental e Médio deveriam contar com diploma de curso superior, mas esse cenário ainda está distante da realidade. Segundo o Ministério da Educação, em todo o País, mais de 600 mil professores da Educação Básica não possuem diploma de curso no Ensino Superior. O Pró-Educar Brasil faz parte dos projetos do pilar de Educação da Fundação Volkswagen que conta também com o programa Estudar pra Valer!, destinado à formação continuada de professores da rede pública, com foco no desenvolvi- mento da leitura e da produção de textos dos alunos entre 7 e 14 anos; Brincar, voltado aos profissionais da Educação Infantil para o aprimoramento de atividades lúdicas e recreativas; Entre na Roda, de formação de orientadores de leitura; e Aprender com a Pinacoteca, para ampliação do conhecimento dos professores de artes. Marcos Goldstein Volvo lançou o protótipo You em Frankfurt juntamente com uma nova gama de motores (Foto: Michael-Probst/AP) Versão de produção do Aston Martin Zagato foi apresentado em Frankfurt; modelo tem motor 12 cilindros(Foto: Divulgação) tria começa a olhar de lado e já já terá de trazer coisas nesse sentido, de melhorias energéticas”, observa Ventura. Assim, por enquanto, apenas aqueles consumidores com poder aquisitivo para comprar carros importados poderão sentir a nova tecnologia no país. NÚMERO 25 - ANO V - DEZEMBRO DE 2011 9 slogan Complete os espaços em branco. Você certamente conhece um caso assim. Não deixe que esta história vire notícia outra vez. Respeite as leis de trânsito. Secretaria da Infraestrutura Fernando Calmon, Jornalista Especializado, Engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. [email protected] e www.twitter.com/fernandocalmon E Carga pesada m meio a tanta turbulência nas economias desenvolvidas, chega a surpreender a recuperação firme do mercado americano. Tomando 2010 como referência, as vendas de automóveis e comerciais leves devem crescer 11%. Na União Europeia não haverá crescimento. No Brasil as vendas subirão em torno de 5%. O ritmo de expansão do mercado chinês – o maior do mundo – sofre um tranco, mas ainda é o mais dinâmico. A interdependência entre os países interessa pelos reflexos que podem ocorrer nas subsidiárias brasileiras. A Fiat depende, hoje, em grande partem dos resultados no Brasil e das marcas da Chrysler nos EUA (em especial da Jeep), pois o modelo 500 enfrenta vendas modestas, depois do investimento pesadíssimo para retorno ao mercado americano. A Volkswagen construiu uma fábrica nova no Tennessee e pode oferecer modelos menos caros, como o Passat específico para os EUA, que acaba de ganhar o título de Carro do Ano, da revista Motor Trend. A Ford e GM confiam nas fábricas do México para complementar sua oferta por aqui. Nesse cenário, o Salão do Automóvel de Los Angeles (18 a 27 de novembro) exerce um papel peculiar, numa cidade que tem a maior densidade de veículos por habitante no mundo. Tradicionalmente é considerado um salão-butique (relativamente poucas marcas em exibição) e da vanguarda do pensamento californiano em favor de carros menos gastadores. Neste ano, no entanto, os carros potentes fizeram a festa: do Porsche Panamera GTS (430 cv) ao Ford Mustang GT500 (660 cv), passando pelo Chevrolet Camaro ZL1 conversível (580) e até o SUV Mercedes ML63 AMG (555 cv). Apesar dissom houve alguns lançamentos mundiais, prontos para o Brasil em 2012. Honda CR-V, inteiramente novo, agradou por suas linhas harmoniosas (versão apenas de cinco lugares) e um sistema de tração 4x4 melhorado. Hyundai Azera, 12 TRÂNSITO EM REVISTA igualmente todo novo, segue o estilo arrojado dos sedãs da marca – gama de seis modelos, todos brancos, no estande da marca sul-coreana chegavam a confundir pela semelhança. A Volkswagen guardou para esse salão o CC (cupê conforto), levemente retocado, agora sem o nome Passat, para não confundir clientes do sedã-cupê. Fabricado na Alemanha, também chegará ao Brasil no próximo ano. Desfeitos os laços com a Mazda, a Ford apresentou o SUV compacto (para eles) Escape, praticamente o europeu Kuga, baseado no Focus, porém com acabamento refinado. O novo EcoSport terá inspiração nas suas linhas. A Chevrolet elegeu esse salão para o lançamento mundial do subcompacto Spark, de origem sul-coreana, e por uma razão simples: os carros pequenos nos EUA conquistarão, em 2011, surpreendentes 18% entre os veículos leves, se bem que enquadram Civic e Corolla, por exemplo, nesse segmento. Por fim, apesar de 15 novas opções de modelos híbridos e elétricos disponíveis neste ano, os compradores esfriaram o ânimo. Só se a gasolina subir de preço, a procura aumenta. A apatia pelos híbridos ocorre pelo maior preço (25% mais) e porque novos motores quase empatam em consumo de combustível na estrada. Os alternativos são muito melhores em uso urbano, mas as distâncias menores percorridas atrapalham o retorno financeiro. Poucos sustentam essa carga extra. RODA VIVA SEGUNDO a J.D. Powers, serão vendidos 815.000 veículos híbridos e elétricos neste ano no mundo, 6% menos do que em 2010. Representam 1,1% do total mundial de 75 milhões de unidades (sem contar os pesados). Em 2012, os elétricos à bateria terão oferta bem maior. Previsão de 27.000 unidades comercializadas em 2012 nos EUA, 0,2% do mercado americano. VIDA difícil também para híbridos no Brasil, apesar de a Toyota anunciar que importará o Prius no próximo ano. A Porsche enviou uma unidade do Cayenne híbrido em 2010. Cerca de 20 jornalistas fizeram aqui rápidas avaliações do modelo, nos últimos 12 meses. Apesar dos elogios, o importador Stuttgart não conseguiu sequer um único interessado por essa opção. MINI Cooper Countryman (R$ 99.950) se afasta do Mini duas portas de chassi alongado, fabricado de 1961 a 1969. Não é feito na Inglaterra e sim na Áustria. Transformou-se em crossover, de quatro portas, com espaço interno razoável e mantendo painel, instrumentos e comandos lembrando o original. Motor 1,6 l da versão de entrada (120 cv) não faz jus à grife Cooper. CONFIRMADA, na semana passada, a construção da fábrica da JAC, em Camaçari (BA). Dos R$ 900 milhões de investimento, 80% virão de fonte nacional, do empresário e importador da marca chinesa, Sérgio Habib, com capital próprio e empréstimos. Capacidade: 100 mil unidades/ano. De lá sairá, no início de 2014, a segunda geração do J3 (hatch e sedã), abaixo de R$ 40 mil. ALEMANHA segue a Suíça e exige que, três meses após obter a carteira de habilitação definitiva, os jovens voltem a ter aulas práticas com ênfase em direção defensiva. Essa providência diminuiu em 30% os acidentes de trânsito envolvendo os motoristas de primeira viagem, naturalmente com experiência menor ao volante. I ndignação, sensação de impotência e, até mesmo, descaso são algumas das reações que os crimes de trânsito causam. Casos escandalosos, como o do motorista gaúcho que avançou numa marcha de ciclistas ou então do condutor alcoolizado de um Porsche em São Paulo, ganharam a atenção da mídia e da população, assim como a decisão dos juízes de definir os crimes como culposos e não dolosos. Teve também o caso de um motorista que atropelou e matou 12 pessoas em Viçosa, no interior do Ceará, mas que não teve repercussão nacional porque o acidente não foi filmado nem fotografado. A sutileza da linha que separa a ‘culpa’ do ‘dolo’ num trâmite judicial é um problema apontado pelos juristas, principalmente, quando o assunto é trânsito. Em seu artigo “Como diferenciar culpa e dolos eventuais nos acidentem”, o advogado e doutor Luiz Flávio Gomes ilumina os conceitos: “dolo eventual ocorre quando o agente prevê o resultado, aceita-o (assume o risco de produzilo) e atua com indiferença frente ao bem jurídico lesado. O dolo eventual não pode ser confundido com a culpa (consciente ou inconsciente), visto que nesta o agente não aceita o resultado nem atua com indiferença frente ao bem jurídico”, ensina. Na prática, a questão não é tão simples, pois nem sempre se conta com provas. Segundo Gomes, outra diferença marcante entre os conceitos é que, “no crime culposo o agente, se soubesse que iria matar alguém, não teria prosseguido na sua ação. No doloso, o agente, mesmo sabendo que pode matar alguém, prossegue no seu ato”, esclarece. Aliada à dificuldade de conclusão entre intenção ou inocência, está a sensação de impunidade muito forte sob a perspectiva das famílias das vítimas. O engenheiro Fernando Diniz perdeu seu filho de apenas 20 anos num acidente e, a partir de sua experiência pessoal, decidiu criar a ONG Trânsito Amigo, que apresenta um dos trabalhos mais relevantes em educação e militância pela segurança no trânsito brasileiro. Na opinião de Diniz, a pena para quem mata no trânsito é muito branda ou ineficaz: “Edmundo Animal, Alexandre Pires, Renner, Felipe Camargo e Fernando Carli Filho são alguns nomes que podemos citar de pessoas que receberam penas próximas do mínimo ou alternativas. Para quem tira uma vida no trânsito, a sentença é apenas o pagamento de uma cesta básica, isso compara a vida de nossos filhos a grãos de arroz e feijão”, diz. Para o professor do Complexo Educacional Damásio de Jesus e promotor do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, Luiz Fernando Vaggione, do ponto de vista legal as penas não são brandas. Num crime de homicídio culposo no trânsito, a pena mínima é de dois e vai até quatro anos. Mas, ela pode ser substituída por trabalho comunitário, multa reparatória, uma indenização mínima ou suspensão da habilitação. O que dificulta o processo é o tempo: três a quatro anos. A punição demora a vir, aí vem o esquecimento, que apaga a repercussão social do fato e gera a sensação de impunidade”, avalia. Outro fator apontado pelo promotor, que torna mais difícil a punição, é o perfil do infrator de trânsito. “Quem causa os acidentes não tem uma ficha criminal, o que repercute na pena. Assim, a interpretação do juiz tende a ficar muito próxima da pena mínima estabelecida”, explica. Os crimes de trânsito estão mais frequentes e também mais violentos, o que, de certa forma, exige uma mudança de comportamento do judiciário. As acusações são cada vez mais vistas em trâmite no Tribunal do Júri, segundo Vaggione. “Atribuo esse aumento de casos à sensação de impunidade, maior número de frota e motoristas, além do abuso de drogas e álcool”, e cita um exemplo claro da impotência do judiciário perante a falta de provas: “O crime de embriaguez ao volante é o segundo mais grave (o primeiro é o de homicídio culposo). O judiciário esbarra numa grande dificuldade, que é a ausência de perícia técnica; porque o indivíduo não é obrigado a produzir provas contra si, pode se eximir de fazer o teste do bafômetro. Porém, há maneiras de identificar a embriaguez do condutor, dependendo do estágio em que ele se encontra. Nesses casos, sou a favor da punição instantânea por parte da autoridade de trânsito”, detalha. Fernando Diniz MÁQ U INA S & M ERCA DO S Penas alternativas comparam a morte de seu filho a grãos de arroz e feijão ALTA RODA A ONG Trânsitoamigo promoveu a Caravana pela Vida, que desfilou pela orla marítima do Rio de Janeiro e de Niterói. O ponto de encontro foi a Avenida Atlântica, em Copacabana, em frente à Rua República do Peru. A caravana foi seguida pelo Bloco Alegria sem ressaca, que defende a tese de que diversão também combina com quem não bebe. Em seguida, o caminhão da Caravana Pela Vida seguiu pelas praias de Ipanema, Leblon, Botafogo e Flamengo quando, então, pegou a Ponte Costa e Silva no sentido das praias de Niterói. Inúmeros motoristas, ciclistas, motoqueiros e pedestres acompanharam todo o percurso da caminhada, numa manifestação de repudio à violência no trânsito e em defesa dos valores de respeito e amor à vida, e de solidariedade entre todos. NÚMERO 25 - ANO V - DEZEMBRO DE 2011 13 EXCLUSIVA Alfredo Peres vê omissão dos órgãos executivos na fiscalização do trânsito no país O governador Cid Gomes apresentou quarta-feira (07/11), na Assembleia Legislativa do Ceará (AL), o Plano de Mobilidade Urbana do Governo do Estado. O Projeto compreende a conclusão da Linha Sul do Metrô de Fortaleza, adequação e modernização da Linha Oeste, e a implantação da Linha Leste e do Ramal Parangaba-Mucuripe, esse último obra que está dentro do Projeto de obras estruturantes de preparação de Fortaleza para a Copa do Mundo de 2014. Sobre o Plano de Mobilidade Urbana, o Governador explicou detalhes da conclusão das obras Linha Sul do Metrô, que deverá estar concluída no final de 2012. A Linha Sul do Metrô de Fortaleza ligará Pacatuba ao Centro de Fortaleza ao longo de 24 km de extensão em via dupla, sendo 18 km de superfície, 3,8 km subterrâneo e 2,2 km em elevado. O Ramal Parangaba-Mucuripe será ope- rado com veículos leves sobre trilhos (VLT) e fará a conexão ferroviária de 12,7 quilômetros entre a Estação Parangaba e o Porto do Mucuripe. Serão 11,3 km em Superfície e 1,4 km em elevado. O Ramal Parangaba Mucuripe passará por 22 bairros da cidade e beneficiará 90 mil passageiros/dia. “Só em engenharia está previsto um investimento de R$ 205 milhões. Esse Projeto já está em fase de licitação e os trens já foram adquiridos”, explicou Cid Gomes. Segundo ele, a implantação do ramal prevê ainda uma segunda etapa, que é a eletrificação da linha. Sobre as desapropriações para sua implantação, Cid Gomes destacou que cerca de 2.900 famílias, das 3.700 que residem na área, serão indenizadas e realocados pelo Governo do Estado. “Cerca de 90 mil pessoas passarão diariamente pelas nove estações do Ramal”, ressaltou o Governador. Já a Linha Leste atenderá à região da Zona “O principal fator para a não redução dos acidentes é o fato dos órgãos fiscalizadores não atuarem para inibir as infrações que mais ocasionam mortes no trânsito” Leste, ligando o Centro de Fortaleza ao Bairro Edson Queiroz, passando por diversos centros comerciais e financeiros. A Linha deve ter 12 estações e a extensão de 12,4 quilômetros, todos em subterrâneo. Segundo o Governador, cerca de 400 mil pessoas, por dia, deverão fazer esse trajeto (o traçado da Linha seguirá da Estação Central Xico da Silva até o bairro das Seis Bocas). A nova linha também vai se integrar com as Linhas Sul e Oeste do Metrô e a toda rede de transporte público de passageiros da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O valor previsto para o empreendimento é de R$ 3 bilhões. “Nessa Linha o Governo do Estado prevê desapropriar imóveis privados para que sejam construídas estações subterrâneas. E construções verticais, como salas comerciais, também serão construídas para que possam ser exploradas e isso dê um retorno para o patrimônio do metrô. Isso vai passar por um rigoroso processo jurídico e é uma uma medida de grande economia. A minha intensão será sempre de economizar para o poder público”, ressaltou Cid Gomes. A Linha Oeste, que liga Caucaia a Fortaleza, passou por obras de melhorias da via permanente (recuperação de 17 quilômetros de via e duplicação de 2,5 quilômetros), reforma das 10 estações, sinalização das passagens de nível, recuperação de quatro locomotivas e de 31 carros de passageiros e ainda aquisição de seis veículos leves sobre trilhos (VLTs), entregues a população em junho deste ano. Cerca de R$ 124 milhões foram investidos nessas ações. Atualmente, uma média de 13 mil passageiros/dia é transportada em 46 viagens diárias. Por Jaqueline Costa Correspondente da TRÂNSITO em Revista em Brasília-DF [email protected] N ABERTURA DA 2ª TURMA NA CIDADE DE FORTALEZA/CE INÍCIO 14 e 15 de JANEIRO 2012 • INSCRIÇÕES ABERTAS FORMANDO A ELITE DOS PROFISSIONAIS DO TRÂNSITO. 14 TRÂNSITO EM REVISTA Av. Pompéia, 520 - Vila Pompéia. São Paulo - SP - CEP: 05022-000 Fone/Fax: (11) 3237-2033 - www.ceatt.com.br Matrículas e informações pelo email:[email protected] Foto: divulgação PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E DIREITO DE TRÂNSITO o último mês, o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde divulgou que, no ano passado, 40.610 pessoas foram vítimas fatais em acidentes de trânsito. É o maior número registrado nos últimos nove anos. Desse total, mais de dez mil mortes ocorreram em acidentes envolvendo motocicletas. Segundo o SIM, entre 2002 e 2010 o número de mortes no trânsito cresceu 24%. Nesse período, a quantidade de óbitos em acidentes com motos quase triplicou, indo de 3.744 para 10.143 mortes por ano. Por conta disso, vários projetos de lei tramitam nas casas do Congresso Nacional com o objetivo de tornar a legislação mais rígida. Alguns tratam, inclusive, da revisão do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que completa 14 anos de vigência em janeiro. Para entender melhor essa situação, a TRÂNSITO em Revista entrevistou o consultor Alfredo Peres da Silva, membro da comissão que elaborou o anteprojeto do CTB e que atua no setor de trânsito e transportes há mais de 30 anos. Alfredo Peres já esteve na direção de entidades como: Denatran, Contran, Confederação Nacional do Transporte (CNT) e Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas (FENATAC). Além disso, como jurista, foi ministro suplente do Tribunal Superior do Trabalho e juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região. Atualmente ocupa o cargo de vice-presidente regional da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística. O ano de 2010 teve o maior número de mortes no trânsito registrado pelo Ministério da Saúde nos últimos nove anos. Na sua avaliação o que deve ser feito para a redução desse quadro? Alfredo - O Brasil está entre os países recordistas em acidentes e mortes no trânsito. Para reduzir esses números, o governo brasileiro aderiu ao Plano de Ações da Década de Segurança no trânsito 2011 – 2020, proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU). Com isso, o governo assumiu o compromis- so internacional de reduzir o número de acidentes e de mortes no trânsito a partir de um Plano de Ação Nacional chamado “Pacto Nacional pela redução de Acidentes no Trânsito – Pacto pela Vida”. Esse plano contempla ações e metas de curto, médio e longo prazo em cinco áreas: educação, fiscalização, saúde, infraestrutura e segurança veicular. A implementação e a gestão desse pacto, na forma proposta, isto é, com ação coordenada entre a União, os Estados e os Municípios, poderá reduzir substancialmente o número de acidentes e de óbitos no trânsito. O Plano destacou ação preferencial para a fiscalização do uso da motocicleta, tendo em vista ter sido o veículo que mais contribuiu para mortes e lesões no trânsito. Em janeiro, o CTB completa 14 anos de vigência. Quais são os principais avanços e dificuldades na implantação da legislação de trânsito? Alfredo - É importante destacar que a legislação de trânsito brasileira é ótima. O CTB incorporou avanços importantes em relação ao código anterior, criando um capítulo destinado à segurança dos pedestres e outro para definir os crimes de trânsito, com as devidas tipificações. A segurança veicular também mereceu destaque, como, por exemplo, as regulamentações do Contran, que tornaram obrigatórias a realização dos testes de impacto, avaliando possíveis danos causados aos ocupantes dos veículos, como o air-bag e o sistema de freios ABS. É importante lembrar que, após a edição do CTB, houve uma redução no número de mortes: em relação a 1997, a redução foi de 13,3% em 1998, de 17,0% em 1999 e de 18,6% em 2000. Para isso, contribuiu a implantação do sistema de pontuação e o valor das multas, que atualmente precisa ser corrigido para novamente inibir o infrator. Todos os temas previstos no CTB, que exigiam especificações do Contran, foram regulamentados. Até mesmo as regras para Inspeção Técnica Veicular (ITV) foram definidas pela Resolução 84/98 do Contran, embora permaneça com a vigência suspensa. Entendo como principal fator para a não redução dos acidentes o fato de os órgãos fiscalizadores não atuarem para inibir infrações que mais ocasionam mortes no trânsito. Com exceção da velocidade, que é feita com equipamentos eletrônicos, não é dada a devida atenção à fiscalização do uso do capacete, do cinto de segurança, da cadeirinha e do uso do álcool ao dirigir, que somente pode ocorrer com a abordagem do veículo. Outro fato que não conseguimos implementar, por reação dos órgãos estaduais e municipais de trânsito, foi a delegação automática e recíproca da competência entre as duas entidades, fato que dobra a capacidade de fiscalização. Embora esteja prevista no CTB que a delegação de competência pode ser feita por meio de convênio, divergências político-partidárias ou referentes à destinação dos recursos das multas têm sido fatores impeditivos da modernidade. Existem vários projetos de lei que tratam da revisão do CTB, quais alterações são realmente necessárias? Alfredo - Tramita hoje no Congresso Nacional uma quantidade enorme de projetos de lei propondo alteração do CTB. Eu considero importantes as alterações previstas no PL 2872 de 2008, que modifica uma série de dispositivos, dentre os quais destaco: o restabelecimento do Art. 56 (vetado pelo Presidente da República, quando da edição do CTB) que proíbe ao condutor de motocicletas, motonetas e ciclomotores, a passagem entre veículos de filas adjacentes ou entre a calçada e veículos; a atualização do valor das multas; a retirada do índice de álcool no sangue como forma de caracterizar a embriaguez; a regulamentação do tempo de direção; a possibilidade da primeira habilitação já ser na categoria C; implementação da aferição do excesso de velocidade em trechos; a regulamentação do instituto da prescrição e a revogação do artigo 108 do CTB, que permite o transporte de pessoas em veículos de carga. NÚMERO 25 - ANO V - DEZEMBRO DE 2011 15 ENTREV ISTA mobilidade urbana Governador Cid Gomes expõe Plano de Mobilidade Urbana na Assembleia Legislativa do Ceará Poluição de autos pode causar danos cerebrais Pesquisas ligam emissões de automóveis com maiores índices de Parkinson, Alzheimer e autismo H á anos se fala sobre os problemas respiratórios, cardíacos e até cânceres causados pela poluição, e leis rígidas para controlá-la são colocadas em vigor em todo canto do mundo. Mas agora, um novo malefício da poluição está sendo descoberto. Pesquisas recentes divulgadas no Wall Street Journal estão mostrando que a fumaça do trânsito pode causar danos cerebrais. Em qualquer faixa etária, as partículas de carbono emitidas podem danificar as células e atrapalhar sinapses essenciais para o aprendizado e para a memória. A poluição tem um efeito negativo na capacidade mental, inteligência e controle emocional do indivíduo. Na Holanda, pesquisadores descobriram que apenas 30 minutos de exposição a níveis de fumaça encontrados na rua são o suficiente para alterar o comportamento, personalidade e decisões de uma pessoa, mudanças que sugerem estresse mental. A fumaça também pode afetar idosos, segunda a Universidade de Columbia. Bastam 90 dias de exposição ao ar de uma cidade com alto tráfego para que os efeitos comecem a se manifestar. A Universidade de Harvard mostrou que a poluição também afeta o genoma de recém-nascidos, podendo mudar o funcionamento cerebral permanentemente. A médica Heather Volk, da Universidade de São Francisco, constatou que crianças nascidas de mães vivendo próximas aos grandes centros e vias de Los Angeles e São Francisco têm duas vezes mais chances de T 16 TRÂNSITO EM REVISTA egoístas vão desde o “furar” a fila do pão no supermercado, passando pelo receber troco a mais e ficar calado, até um avanço infracional de uma rotatória ou semáforo. É alarmante a despreocupação com o bem do próximo, com a segurança da coletividade. Mais do que preocupar-se em achar culpados devemos pensar no que cada um de nós tem feito para mudar esse quadro. Que tipos de comportamento temos praticado? Quais valores e exemplos temos ensinado aos nossos filhos? Os primeiros flagrantes de infrações, como falar ao telefone celular e conduzir, dirigir depois de ter ingerido bebidas alcoólicas e praticar excesso de velocidade, muitas vezes acontecem com crianças presenciando seus pais como infratores. Não queremos aqui crucificar ninguém, mas até quando vamos ficar somente reclamando? A reforma íntima que cada um de nós pode operar é o primeiro passo para um dia a dia mais humanizado e consciente. O respeito aos mais velhos, às diferenças, aos que estão em desvantagem em relação a nós, devem estar sempre norteando nossa maneira de agir no trânsito e fora dele. Deixemos de lado a intolerância e façamos uso da paciência. Aquele que é consciente de seus direitos e deveres consegue trocar de lugar Julyver Modesto de Araújo Mesa dos trabalhos e solenidade de abertura E Trânsito e Cotidiano odos os dias nos deparamos com situações no trânsito que nos levam a crer que o respeito ao próximo e à vida humana tem ficado enfraquecido com o passar dos tempos. Vivemos sem dúvida alguma a era da motorização individual, pois basta olhar os números da média de ocupação dos veículos e do crescimento da frota. A cada dia temos um número maior de montadoras instaladas no país, oferecendo veículos de todos os tipos para todos os bolsos. Podemos inclusive comparar a massificação pela venda de veículos, com o que já acontece com os telefones celulares e computadores, que trabalham pelo prisma de que cada cidadão precisa e deve ter o seu próprio item como condição de bem-estar. A vivencia diária do American Way of Life, com um estilo totalmente baseado no consumo, tem convertido uma boa parte de nós brasileiros em pessoas extremamente autocentradas. Mas e os reflexos desse modelo? O enfraquecimento de alguns valores está presente em nosso cotidiano como um todo e pode ser apreciado também no trânsito nosso de cada dia. Os comportamentos Qual é o nível de permissividade no trânsito? desenvolver autismo. Apesar da seriedade das descobertas, a ponte entre poluição e dano cerebral ainda não está claramente estabelecido. Os pesquisadores não sabem se os danos em pessoas adultas são permanentes. E as evidências que apresentam são circunstanciais no momento. Mas os pesquisadores acreditam que estão apenas começando a descobrir os efeitos da poluição no cérebro humano. Renan da Cunha Soares Junior, Psicólogo, Mestre em Psicologia, Assessor Técnico da Diretoria de Habilitação e Educação de Trânsito do Detran-MS e Professor Assistente da Universidade Católica Dom Bosco, em Palmas-MS. Foi Secretário do Conselho Regional de Psicologia 14ª Região (2010-2013) e membro do Conselho Estadual de Trânsito – Cetran-MS (2009-2011). com o outro, procura ser mais gentil, pois no mundo da mobilidade tudo é transitório, o agora condutor é também pedestre em outro momento e vice-versa. Se sozinhos somos força insuficiente para mudar o paradigma do trânsito, somos senhores para guiar nossas próprias ações com sabedoria, tolerância e humildade. Afinal, o comportamento coletivo é o reflexo de pequenas ações de cada um de nós. Se fizermos nossa parte, que por vezes parece uma gota d’água frente a um oceano, poderemos deixar de ser a gota d’água que faz transbordar o vaso do egoísmo, para ser a gota de água que enche um pouco mais o cálice da vida. stamos no início da Década mundial de ações pela segurança do trânsito (2011/2020), instituída pela Organização das Nações Unidas e ratificada por diversos países (inclusive o Brasil), os quais se comprometeram a adotar ações para garantir a segurança do trânsito e reduzir à metade o número de mortes nos contingentes de trânsito. Para discutir sobre o assunto, a Fenasdetran – Federação Nacional de Associações de Detran-CE realizou, de 05 a 07 de outubro deste ano, o 7º Congresso Brasileiro Trânsito e Vida, em Fortaleza-CE, para o qual fomos convidados a participar, como palestrante, da mesa de debates com o tema “A formação de profissionais que integram o Sistema Nacional de Trânsito. Estamos no rumo certo? Que ações precisam ser adotadas?”. Em suma, procuramos demonstrar que não existe uma formação específica, nem tampouco exigências rigorosas, para a atuação no Sistema Nacional de Trânsito, e que os pouquíssimos Cursos de Graduação e de Pós-graduação em trânsito existentes no Brasil, pois, por não ser requisito obrigatório para o exercício das atividades dos profissionais de trânsito, são procurados apenas por aqueles que têm o desejo particular de ampliar seus conhecimentos e, efetivamente, de se tornar especialistas Procuramos demonstrar, na explanação, a partir de considerações sobre a gênese do conhecimento (comparando o empirismo, de John Locke , e o racionalismo cartesiano ), que, em geral, os profissionais do trânsito não possuem uma formação racional e consistente, mas aprendem com as experiências do dia a dia, obtendo (na melhor das hipóteses) apenas uma capacitação direcionada ao exercício de suas atividades profissionais. O que é necessário, por exemplo, para a formação de um agente da autoridade de trânsito, que será responsável pela fiscalização do comportamento dos usuários das vias públicas? Por incrível que pareça, não há regulamentação a respeito, chegando ao cúmulo de existirem órgãos de trânsito (devido, principalmente, à recente “municipalização do trânsito”), que, simplesmente, colocam tais profissionais nas ruas sem qualquer tipo de preparo (já ministramos cursos para agentes que estavam há 2 anos trabalhando nas ruas, em treinamento pela primeira vez). Apesar de o Denatran ter criado, há alguns anos, um modelo de curso para agentes de trânsito, com carga horária de 120 h/a, não há qualquer obrigatoriedade de sua realização pelos órgãos e entidades. Ressaltamos que, nos mais de 30 municípios em que já coordenamos a capacitação de agentes de trânsito, desde 2003, o órgão de trânsito que mais se destacou, em relação à preocupação do gestor pela qualidade e abrangência do treinamento, foi o Instituto ManausTrans, de Manaus/AM, que contratou um Curso de 180 h/a, no mês de agosto de 2011, para os quase 300 novos agentes, após um rigoroso processo seletivo, composto de prova escrita e exames médico, físico e psicológico. Fazemos questão de mencionar que, até este momento, não tivemos ciência de Curso mais extenso para a formação de agentes de trânsito, exceção feita apenas ao Curso de Policiamento de Trânsito Urbano, exclusivo para policiais militares, em complemento à sua formação policial, com duração de 188 h/a, que igualmente coordenamos, na Polícia Militar do Estado de São Paulo. Ao final de nossa palestra, apresentamos cinco sugestões, como resposta à segunda pergunta constante do tema do debate: “Que ações precisam ser adotadas para a formação dos profissionais que integram o Sistema Nacional de Trânsito?”. São elas: 1. Avaliação das capacidades profissionais dos que atuam nos Cetrans, Jariss e dos dirigentes dos órgãos municipais de trânsito; 2. Regulamentação, por lei federal, da profissão de agente de trânsito, com previsão de formação mínima (estabelecendo-se carga horária e conteúdo programático); 3. Cuidados na alteração da legislação de trânsito, com auditoria eficaz (para evitar os constantes erros que vêm ocorrendo), diminuição do ritmo de mudanças (pois o grande número de alterações ocorridas nos últimos anos impede uma capacitação adequada dos profissionais) e uma divulgação clara e frequente, por parte do Contran; 4. Efetiva capacitação e integração do Sistema Nacional de Trânsito, com realização de mais cursos presenciais, ampliando-se o Programa de Capacitação do Denatran e independente da Escola virtual recentemente criada (pois os encontros propiciam a troca de informações pelos profissionais do trânsito) e a programação de seminários/congressos constantes (a exemplo do Seminário Denaatran de Educação e Segurança no Trânsito, que se encontra na sua 3ª edição). Julyver Modesto de Araújo, Mestre em Direito do Estado pela PUC/SP e Especialista em Direito Público pela Escola Superior do Ministério Públicode SP; Capitão da Polícia Militar de SP, atual Chefe do Gabinete de Treinamento do Comando de Policiamento de Trânsito; Coordenador e Professor dos Cursos de Pós-graduação do CEAT (www.ceatt.com.br); Conselheiro do CETRAN/SP, desde 2003 e representante dos Cetrans da região Sudeste no Fórum Consultivo por dois mandatos consecutivos; Presidente da Associação Brasileira de Profissionais do Trânsito – Abptran (www.abptran.org); Conselheiro fiscal da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET/SP, representante eleito pelos funcionários, no biênio 2009/2011; Autor de livros e artigos sobre trânsito, além do blog www.transitoumaimagem100palavras.blogspot.com. NÚMERO 25 - ANO V - DEZEMBRO DE 2011 17 Rio sob duas rodas Comissão aprova programa que incentiva Cidade volta a apostar no aluguel uso de bicicletas de bicicletas públicas 18 TRÂNSITO EM REVISTA Jaime Martins Texto: Greenvana Style* Fotos: Paula A Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 6474/09, do deputado Jaime Martins (PR-MG), que cria o Programa Bicicleta Brasil (PBB) nos municípios com mais de 20 mil habitantes. A proposta destina 15% do valor arrecadado com multas de trânsito para financiar o programa. Entre os objetivos do PBB estão: - apoiar estados e municípios na instalação de bicicletários públicos e construção de ciclovias e ciclofaixas; - promover a integração das bicicletas ao sistema de transporte público coletivo; - promover campanhas de divulgação dos benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte econômico, saudável e ambientalmente adequado. O relator do projeto, deputado Roberto Britto (PP-BA), apresentou parecer favorável. O deputado afirmou que o transporte realizado por meio de bicicletas é alternativa para o trânsito cada vez mais congestionado, para o excesso de poluição ambiental, para o aumento dos níveis de consumo de combustíveis e para os problemas climáticos derivados do aquecimento global. Segundo ele, essa alternativa vem sendo adotada por países europeus, como França, Bélgica, Holanda e Alemanha, e por cidades brasileiras, como Joinville e Blumenau, em Santa Catarina, com resultados satisfatórios. ‘’É inegável que o uso da bicicleta como meio de transporte não tem recebido a devida atenção na formulação de políticas públicas no Brasil’’, disse. ‘’A regra geral é que os ciclistas carecem de local próprio para circular, precisando disputar com os veículos um espaço na via pública, em meio à falta de segurança, o que gera inúmeros acidentes.’’ Plano de transporte urbano A comissão aprovou emenda do relator que obriga as cidades com mais de 500 mil habitantes a incluir, no plano de transporte urbano integrado exigido pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), a previsão obrigatória da implantação de ciclovias e a promoção do transporte cicloviário. O projeto original estabelece apenas que, nessas cidades, as ações do Programa Bicicleta Brasil deverão ser compatíveis com o plano de transporte urbano integrado. Fonte de recursos Segundo o projeto, o PBB também será financiado por dotações orçamentárias de todos os níveis de governo e por contribuições e doações de organizações, pessoas físicas e jurídicas nacionais e estrangeiras. Outra fonte de financiamento serão os recursos da Cide-Combustíveis. O projeto altera a lei que fixa os critérios desse tributo (Lei 10.636/02) e o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97). De acordo com a proposta, o PBB integra a Política Nacional da Mobilidade Urbana e deverá ser coordenado pelo órgão federal responsável por essa política – atualmente a Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades. A execução do plano será feita pelos órgãos e entidades estaduais e municipais das áreas de desenvolvimento urbano, trânsito e mobilidade urbana. Também poderão implementar o programa as organizações não governamentais com atuação relacionada ao uso da bicicleta como meio de transporte e lazer e as empresas do setor produtivo, na forma de contrato ou parceria público-privada. O Rio voltou a ter um sistema de aluguel de bicicletas públicas, que ressurgiu maior e cheio de boas esperanças. O Bike Rio é uma aposta um pouco maior que o projeto anterior, o Pedala Rio – que teve problemas de furtos e limitação de estações. Agora, ao invés de 150 bicicletas, serão 600, distribuídas em 60 estações. E para reforçar a segurança, estão sendo usadas novas travas e pinos de fixação. Outra novidade é a fonte de alimentação de energia das estações: painéis solares. As estações são também interligadas pela rede 3G, que atualiza informações sobre bicicletas disponíveis em outras estações. Segundo o site O Eco, as bicicletas do sistema antigo possuíam 19 quilos. As atuais têm 15, o que facilita o deslocamento dos ciclistas. Há algumas inspirações no sistema que opera em Paris, o Velib, que estimula viagens curtas, para conquistar adeptos no dia a dia. Em Paris, os 30 primeiros minutos são de graça – desde que o usuário tenha aderido a um dos planos de aluguel. No Rio, são oferecidos sem custo os primeiros 60 minutos de todas as viagens, desde que respeitados 15 minutos entre elas. Esta foto é da matéria do salão dos antigos, em São Paulo. Veja se cabe. BMW Isetta 600 Limo é um dos muitos exemplares raros expostos no Salão de Antigos de SP